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SEÇÃO DE CRIMES CONTRA A PESSOA


Seção de Localística que presta atendimento em locais de crimes contra
a vida na área de competência da Divisão Técnica da Capital.
Realizado por perito criminal em escala de plantão e prontidão (24
horas).

ÁREA DE ATENDIMENTO
A área de atuação da Divisão Técnica da Capital, abrange os seguintes
municípios: Curitiba, Araucária, Fazenda Rio Grande, São José dos Pinhais,
Piraquara, Pinhais, Quatro Barras, Campina Grande do Sul, Colombo, Almirante
Tamandaré, Bocaiúva do Sul, Rio Branco do Sul, Cerro Azul, Adrianópolis,
Campo Largo, Balsa Nova, Contenda, Mandirituba, Tijucas do Sul, Agudos do Sul,
Quitandinha, Piên, Campo do Tenente, Rio Negro, Lapa, Antônio Olinto, São João
do Triunfo, Paulo Frontin, Paula Freitas, São Mateus do Sul e outros.

COMPETÊNCIA DA SEÇÃO DE CRIMES CONTRA A PESSOA


Realizar exames em locais de:
• Homicídio, suicídio, latrocínio, infanticídio, aborto e outras causas não
naturais;
• Achado de ossada humana, feto ou embrião;
• Locais de cárcere privado, seqüestro, estupro, violência sexual, lesões
corporais;
• Exame em instrumentos, objetos, veículos e locais relacionados.

FINALIDADE DO EXAME PERICIAL


• Constatar se houve infração penal.
• Qualificar a infração penal.
• Coletar elementos que levem ao criminoso e à prova de sua culpabilidade.
• Perpetuar indícios materiais suscetíveis de serem utilizados como prova.

IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DOS LOCAIS DE CRIME NA


FORMAÇÃO DA PROVA PERICIAL
O sucesso no combate à criminalidade e o esclarecimento de fatos de
interesse da justiça depende do trabalho coordenado e integrado de todos os
elementos envolvidos.
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Prova disso é que a eficácia e valor prático do trabalho de


levantamento de locais de crime, cuja realização é de competência dos Peritos
Criminais, está diretamente ligada à qualidade da preservação dos locais,
realizada pelos primeiros policiais que ali chegam, via de regra os Policiais
Militares e Civis.
Com o intuito de esclarecer a real importância da preservação dos
locais de crimes, vale ressaltar que nenhuma utilidade terá um laboratório
policial bem aparelhado e assistido por técnicos competentes se a tarefa de coleta
da prova material for feita indevidamente.
Portanto, verifica-se que, num local onde ocorreu um ilícito penal o
sucesso da coleta da prova material depende diretamente do perfeito
entrosamento entre as equipes responsáveis pelo isolamento de local e
investigação e os peritos encarregados do exame e levantamento das
provas técnico-científicas.

LEGISLAÇÃO E O TRABALHO DO PERITO CRIMINAL


O Código de Processo Penal e a Lei 8.862/1994 tratam do exame do
corpo de delito e das perícias em geral:
Art. 60 CPP. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a
autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados
pelos peritos criminais;
...Art. 158 CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.
Art. 159 CPP. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior.
§ 10 Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas)
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na
área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a
natureza do exame.
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo.
Art. 160 CPP. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
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§ único - O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez)


dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento
dos peritos.
Art. 161 CPP. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora.
Art. 164 CPP. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem
encontrados, bem como na medida do possível, todas as lesões externas e
vestígios deixados no local do crime.
Art. 169 CPP. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o
estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos
com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do
estado das coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações
na dinâmica dos fatos.

LEVANTAMENTO TÉCNICO-PERICIAL EM LOCAIS DE CRIMES


CONTRA A PESSOA
• Levantamento descritivo: Identificação da localização e configuração do local;
dados cronológicos relacionados com o evento; condições de idoneidade do local.
• Levantamento fotográfico: Complementa e comprova os dados.
• Levantamento topográfico.
• Levantamento Papiloscópico: Impressões Papilares: latentes (secreções da
pele); visíveis (mãos ou pés impregnados com substância corante); modeladas.
• Apreensão de objetos e instrumentos.
• Coleta de materiais para exames de laboratório.
ELEMENTOS DO CADÁVER
• identificação, idade presumível;
• posição em relação à superfície;
• posição dos membros;
• posição em relação ao local;
• livores ou hipóstases;
• líquidos orgânicos;
• estado de conservação; flacidez, rigidez, putrefação;
• ESTUDO DAS VESTES: descrição, estado de conservação, objetos guardados,
vestígios aderidos, perfurações;
• Reação à Agressão
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• Vestígios de Luta
• Identificar o Instrumento
• Identificar os tipos, localização e número de lesões
INSTRUMENTOS LESÕES EXEMPLOS
PERFURANTES PUNCTÓRIAS Agulha, estoque, picada de
inseto
CORTANTES INCISAS Navalha, bisturi, faca
CONTUNDENTES CONTUSAS Pedras, barras de ferro,
quedas
PÉRFURO-CORTANTES PÉRFURO-INCISAS Faca, espada, punhal
CORTO-CONTUNDENTES CORTO-CONTUSAS Foice, facão, unhas, dentes
PÉRFURO- PÉRFURO-CONTUSAS Ponta de guarda-chuva,
CONTUNDENTES projétil de arma de fogo

LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS PERFURANTES


Lesões punctórias - atuam por pressão, afastando as fibras do tecido - compasso,
agulha, furador de gelo, estoque, picada de inseto.

LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS CORTANTES


Lesões incisas - geralmente lineares, com deslizamento sobre os tecidos -
navalha, lâmina de barbear, bisturi, faca.
ESGORJAMENTO – sobre a laringe ou entre a laringe e o osso hióide.
Afastamento acentuado das bordas.
DEGOLAMENTO – ferida localiza-se na nuca – pode ser superficial ou profunda,
atingindo a coluna vertebral.
DECAPITAÇÃO – cabeça completamente separada do corpo.

LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS CONTUNDENTES


Lesões contusas – lesões abertas – bordas irregulares – pedras, barras de ferro,
madeira, mãos, pés, quedas, etc. – produzem as mais diversas modalidades de
lesões.

LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS PÉRFURO-


CORTANTES
Lesões pérfuro-incisas - forma de casa de botão, fenda regular - instrumentos
com ponta e gume – agem por pressão e secção – faca, canivete, espada,
punhal.
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LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS CORTO-


CONTUNDENTES
Lesões corto-contusas - mesmo com gume, agem pela ação contundente, quer
pelo próprio peso ou pela força de quem maneja – foice, facão, machado, enxada,
unhas, dentes.

LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS PÉRFURO-


CONTUNDENTES
Lesões pérfuro-contusas - ponta rombuda – ponta de guarda-chuva, projétil de
arma de fogo.

MORTE POR ASFIXIA


Enforcamento - suspensão completa ou incompleta, laço acionado pelo peso da
vítima, sulco interrompido.
Estrangulamento - sulco contínuo, horizontal.
Esganadura - emprego das mãos, comum em casos com violência sexual.
Sufocação - Oclusão das vias respiratórias - direta ou indireta - Difícil detecção
no local, presença de líquidos biológicos (vômito).
Afogamento - Cogumelo de espuma, pele macerada, cianose de face.
Monóxido de carbono – Acidentais – ambientes fechados – cadáver com face
rosada e livores carminados.

DOCUMENTOS EMITIDOS
Boletim de Ocorrência
Laudo Pericial
Aditamento ao Laudo
Informação

COLHEITA, ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE DA PROVA


PERICIAL
É sabido que a competência dos Institutos de Criminalísticas é, além de
outras, proceder ao exame de armas e instrumentos relacionados com a prática
do crime.
Por não dispor de pessoal técnico em todas as unidades policiais civis
do Interior, o Instituto centraliza boa parte de suas atividades na Divisão Técnica
da Capital.
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Desta forma a autoridade policial torna-se responsável pela colheita do


vestígio no local do crime, seu acondicionamento adequado e posterior transporte
para o laboratório central.
As solicitações deverão ser feitas através de ofício endereçado ao
Diretor do Instituto de Criminalística, a quem compete designar os peritos para a
realização dos exames. No ofício devem constar informações como: no do
Inquérito, nome da vítima e/ou indiciado e natureza do fato, bem como um breve
histórico do acontecimento.
Com relação ao exame solicitado pede-se:
Objetividade – saber o que se pretende do material que é enviado ao
laboratório. Por exemplo: natureza das sujidades, procedência dos orifícios ou
amolgaduras, pesquisa do conteúdo de embalagens, se pode causar danos à
saúde do homem, ao meio-ambiente, se causa dependência física e/ou psíquica.
Para qualquer tipo de exame após acondicionar adequadamente o
material, identificar a embalagem com o nome da vítima e/ou indiciado, número
do ofício ou requisição, órgão oficial solicitante.
São requisitos básicos para que se evite a perda, extravio ou troca dos
materiais coletados nos locais de crime.

PEÇAS COM ADERÊNCIA DE MATERIAL ORGÂNICO


Sangue: vestes, objetos, instrumentos, armas ou amostras coletadas
com algodão (veículos, móveis, piso).
Esperma: todo material relacionado com o local de crime: vestes,
lençóis, papéis absorventes, preservativos, etc.
Pêlos: aderidos em objetos ou instrumentos e coletados em locais
diversos.
Somente serão enviadas a exame as peças de vestuário que tenham
algum significado ou relação com o fato delituoso.
Peças com sangue, líquidos orgânico em geral, perfuradas ou não por
projétil de arma de fogo, rompidas ou cortadas por arma branca ou outros
instrumentos, apresentando vestígios diversos relacionados com o evento, serão
objeto de exame pericial.
Acondicionar, sem amarfanhar, dobrando-a cuidadosamente e
colocando-a em pacote ou envelope de papel grosso. Procurar evitar dobras e
manuseio excessivo nas áreas manchadas, perfuradas ou rasgadas. Esse
manuseio pode dificultar o exame de determinação dos orifícios de entrada e
saída de projétil, etc.
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Peças com aderência recente de sangue, esperma ou qualquer


outro fluido biológico devem ser colocadas em local protegido para secar e,
posteriormente acondicionadas em envelope de papel grosso.
Evitar plásticos, pois não permitem aeração e facilitam o
apodrecimento do material biológico.

INSTRUMENTOS EM GERAL
Pela variedade de instrumentos utilizados na prática do crime, muitas
vezes é necessário que se use de criatividade e bom senso na colheita,
acondicionamento e transporte da peça até o laboratório.
A peça pode conter manchas, fios de cabelo, pêlos, impressões digitais,
que devem ser preservados do manuseio, atrito, umidade, poeira e contato
externo ou pode não conter vestígios aparentes.
Evitar o manuseio desnecessário.

ARMAS DE FOGO E MUNIÇÃO


Ao manusear a arma de fogo, para posterior envio ao laboratório,
envolver a mão com luva ou saco plástico, evitando-se a introdução de
impressões digitais.
Inexistindo luva ou saco plástico, pegar a arma pelas extremidades
(boca do cano e placas da coronha que por serem ásperas não guardam
impressões digitais completas), colocar em uma caixa de papelão e prender
firmemente com fita adesiva ou barbante, pelas mesmas extremidades já
manuseadas.
A arma de fogo também pode ser manuseada pelo guardamato.
Na remessa para exame, fazer um breve histórico do fato, existência de
munição intacta ou deflagrada e outras observações julgadas úteis.
Quanto menos o projétil for manuseado, maiores serão as possibilidades
de obtenção das características que permitem o confronto e a identificação da
arma de fogo. Deverá ser protegido, envolto firmemente em algodão e depois
embrulhado em papel. Não deve ser deixado solto em caixas ou vidros para que
não se destruam as características do estriamento.

DROGAS, MEDICAMENTOS, VENENOS E OBJETOS RELACIONADOS


Maconha, cocaína, crack, inalantes, estimulantes, alucinógenos,
derivados do ópio, medicamentos e venenos, agrotóxicos, seringas, maricas,
balanças e outros materiais utilizados para consumo e comercialização de drogas.
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Manusear com cuidado, não tocar os produtos sem proteger as mãos


com luvas e, se necessário, usar máscaras para evitar intoxicação (no caso de
inalantes e agrotóxicos). Embalar com cuidado de forma a se evitar a possível
perda de material.

FORMULAÇÃO DE QUESITOS
– CPP - natureza, eficiência e características dos mesmos - para peças
de vestuário com orifícios e/ou rasgaduras, armas, objetos e instrumentos.
Podem ser formulados os quesitos que forem necessários para
melhores esclarecimentos.
Em caso de dúvidas solicitar orientações de como proceder, junto ao
Instituto de Criminalística.

FONTES
O trabalho apresentado é o resultado de levantamento e síntese da literatura
pertinente a aspectos funcionais da Criminalística e dos conhecimentos
adquiridos nos atendimentos a locais de crime.

Referências Bibliográficas:
ARAGÃO, Ranvier Feitosa. Perícias em Acidentes de Tráfego. In TOCHETTO,
Domingos e outros. Tratado de Perícias Criminalísticas. Porto Alegre: Sagra-
Luzzatto, 1995.
BLUME. Orlando Arlindo Arthur. Aspectos Gerais da Criminalística. Revista da
Criminalística - Paraná: Associação de Criminalística do Estado do Paraná.
1991. vol. 7.
TOCHETTO, Domingos e outros. Tratado de Perícias Criminalísticas. Porto
Alegre: Sagra-Luzzatto, 1995.
XAVIER FILHO, Ernesto de Freitas. Rotina Médico Legal. Porto Alegre: Sagra-DC
Luzzato, 1992. 210p.
Regimento Interno do Instituto De Criminalística do Paraná.

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