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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE


FACULDADE DE LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE ARTES
CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA

GLÊBERTON FREIRE MEDEIROS

“NÃO SEI ONDE EU TÔ INDO, MAS SEI QUE EU TÔ NO MEU CAMINHO”:


UMA NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA SOBRE O PERCURSO FORMATIVO
MUSICAL

MOSSORÓ
2021
2

GLÊBERTON FREIRE MEDEIROS

“NÃO SEI ONDE EU TÔ INDO, MAS SEI QUE EU TÔ NO MEU CAMINHO”:


UMA NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA SOBRE O PERCURSO FORMATIVO
MUSICAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a


Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte, como requisito parcial para aprovação
da disciplina de Monografia.

ORIENTADOR: Prof. Me. Daniel Augusto de


Lima Mariano

MOSSORÓ
2021
© Todos os direitos estão reservados a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. O conteúdo desta obra é de
inteira responsabilidade do(a) autor(a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam
infringidas as leis que regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei n° 9.279/1996 e Direitos
Autorais: Lei n° 9.610/1998. A mesma poderá servir de base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu(a)
respectivo(a) autor(a) sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

Catalogação da Publicação na Fonte.


Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

M488n Medeiros, Glêberton Freire


Não sei onde eu tô indo, mas sei que estou no meu
caminho: uma narrativa autobiográfica sobre o percurso
formativo musical. / Glêberton Freire Medeiros. - Mossoró,
2021.
54p.

Orientador(a): Prof. Me. Daniel Augusto de Lima


Mariano.
Monografia (Graduação em Música). Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte.

1. narrativa autobiográfica. 2. aprendizagem informal.


3. aprendizagem não formal. 4. aprendizagem formal. I.
Mariano, Daniel Augusto de Lima. II. Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte. III. Título.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido
pela Diretoria de Informatização (DINF), sob orientação dos bibliotecários do SIB-UERN, para ser adaptado às
necessidades da comunidade acadêmica UERN.
GLÊBERTON FREIRE MEDEIROS

“NÃO SEI ONDE EU TÔ INDO, MAS SEI QUE EU TÔ NO MEU CAMINHO”:


UMA NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA SOBRE O PERCURSO FORMATIVO
MUSICAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a


Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte, como requisito parcial e obrigatório
para aprovação da disciplina de Monografia.

ORIENTADOR: Prof. Me. Daniel Augusto de


Lima Mariano

Aprovada em: 04/11/2021.

Banca Examinadora

_________________________________________________
Prof. Me. Daniel Augusto de Lima Mariano (Orientador)
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

_________________________________________________
Prof.ª Ma. Flávia Maiara Lima Fagundes
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

_________________________________________________
Prof. Me. Alexandre Milne-Jones Náder
Universidade Do Estado do Rio Grande do Norte – UERN
AGRADECIMENTOS

Deus, em primeiro lugar.


Aos meus familiares, em especial à minha avó e mãe Marina Freire e ao meu avô e pai
Francisco Mendes (In Memorian).
Aos meus amigos e amigas que me ajudaram de muitas formas, em especial a Luan
Lima.
Agradecimento muito especial à pessoa que me deu a notícia de que eu havia entrado
na graduação em Música, e que me incentivou tanto quanto foi possível a fazer tudo aquilo
que eu amo.
Aos meus amigos e minhas amigas de classe que me ensinaram muito, em especial a
Luis Alberto.
Aos professores e professoras que compartilharam de seu tempo e conhecimento para
facilitar o caminho.
Ao meu orientador, professor Me. Daniel Mariano, que fez parte de toda a minha
graduação de forma a sempre contribuir com práticas e diálogos sobre muitas coisas da vida e
da música, além de toda a participação em meu aprendizado e desenvolvimento dos trabalhos
dentro e fora da faculdade.
Ao professor Me. Alexandre Náder e à professora Ma. Flávia Fagundes, que
complementam de forma ímpar a banca avaliadora.
Ao Instituto Beleza Interior e toda equipe por toda flexibilização e compreensão
quanto aos meus objetivos acadêmicos.
2

“E agora eu me pergunto, e daí?


Eu tenho uma porção de coisas grandes pra
conquistar e eu não posso ficar aí parado”
(OURO..., 1973).
3

RESUMO

Esta monografia surge com a necessidade da compreensão e reflexão sobre o caminho que
percorri, enquanto aprendiz, no campo da Música. Ao ingressar na Licenciatura em Música,
pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, me deparei com as literaturas sobre
múltiplos contextos de aprendizagens, sendo estes formais, informais e não formais. Quais as
diferenças entre esses ambientes e processos de ensino e aprendizagem? O que há de
convergente neles? Ocorrem de forma segregada ou podem ocorrer de forma concomitante?
Com o objetivo de entender melhor como ocorrem os processos de aprendizagem nestes
ambientes busquei, com o aporte de uma narrativa autobiográfica, rememorar minhas
aprendizagens em Música à luz dos(as) autores(as) que dissertam sobre tais ambientes e
formas de aprendizado. Este trabalho conta também com uma revisão de literatura, na qual
são apresentadas pesquisadores(as) que defendem os métodos autobiográficos, assim como
os(as) que abordam em seus trabalhos uma correlação ou estudos acerca dos três ambientes
educativos. Estes e outros trabalhos nos serviram tanto para compreender o que e como se tem
estudado estas temáticas, como também responder a questões propostas para a elaboração
deste estudo. Como resultados do trabalho desenvolvido foram feitas uma reflexão do meu
percurso formativo em Música à luz dos conceitos abordados. Dessa forma, pude apresentar
perspectivas para as questões propostas inicialmente trazendo novas questões para trabalhos
futuros.

Palavras-chave: narrativa autobiográfica; aprendizagem informal; aprendizagem não formal;


aprendizagem formal.
4

ABSTRACT

This undergraduate thesis arises from the need to understand and reflect on the way I took, as
an apprentice, in the Music field. Upon entering the Degree in Music at the State University
of Rio Grande do Norte, I came across literatures on multiple learning contexts, which are
formal, informal and non-formal. What are the differences between these teaching and
learning environments and processes? What's convergent about them? Do they occur in a
segregated way or can they occur together? In order to better understand how learning
processes occur in these environments, I sought, with the contribution of an autobiographical
narrative, to recall my learnings in Music based on the authorswho speak about such
environments and forms of learning. This work also includes a literature review, in which
researchers who defend autobiographical methods are presented, as they mention in their
work a correlation or studies about the three educational environments. These and other works
served us both to understand what and how these themes have been studied, as well as to
answer questions proposed for the preparation of this study. As a result of the work
developed, a reflection was made on my formative path in Music in light of the concepts
discussed. In this way I was able to present perspectives for the questions initially proposed,
bringing new questions for future works.

Keywords: autobiographical narrative; informal learning; non-formal learning; formal


learning.
5

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 – Porcentagem de trabalhos para cada grau acadêmico............................24


Gráfico 2 – Distribuição dos resultados em porcentagem (%) por plataforma ........25
6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resultados de busca ..................................................................................20


Tabela 2 – Lista dos trabalhos pré-selecionados........................................................21
Tabela 3 – Relação das questões e seus contextos.....................................................29
7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEM Associação Brasileira de Educação Musical


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CD Compact disc
CE Estado do Ceará
Dr./Dra. Doutor/Doutora
DVD Digital Versatile Disc
ENEM Exame Nacional do Ensino Médio
IFCE Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Km Quilômetros
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação
LP Long Play
Me./Ma. Mestre/Mestra
MPB Música Popular Brasileira
OBMEP Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas
PPC Projeto Pedagógico do Curso
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
TV Televisão
UERN Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
UFC Universidade Federal do Ceará
VHS Video Home System
11

SUMÁRIO

CAMINHOS: UMA INTRODUÇÃO ...................................................................................... 12

1 VEJA QUANTOS LIVROS NA ESTANTE: A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ..... 18

1.1 Procedimentos de pesquisa ..................................................................................... 19


1.2 Textos para uma leitura aprofundada .................................................................. 26
1.3 Outras leituras .......................................................................................................... 28
2 CADA UM DE NÓS É UM UNIVERSO: MEU PERCURSO FORMATIVO DE
APRENDIZAGEM MUSICAL ................................................................................................. 34

2.1 Aprendizagem Informal .......................................................................................... 34


2.1.1 Escolher o próprio repertório .................................................................................... 34
2.1.2 Aprender “de ouvido” ................................................................................................ 35
2.1.3 Aprendizagem em grupos .......................................................................................... 35
2.1.4 Assimilação de habilidades e conhecimentos de modo pessoal (frequentemente
desordenado) .............................................................................................................................. 36
2.1.5 Habilidades integradas ............................................................................................... 36
2.2 Aprendizagem Não Formal .................................................................................... 37
2.3 Aprendizagem Formal............................................................................................. 39
3 O INÍCIO, O FIM E O MEIO: CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTE ESTUDO ....... 45

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 49
12

CAMINHOS 1: UMA INTRODUÇÃO

“Você me pergunta aonde eu quero chegar [...]”


(CAMINHOS, 1975).

Trazer, logo no título do trabalho, uma frase que revela que não sei pra onde estou
indo pode ser muito controverso, principalmente quando finaliza dizendo: “[...] sei que estou
no meu caminho” (NO FUNDO..., 1977). Evidentemente não sei o que Raul Seixas queria
dizer com isso, mas a relação desta frase com a minha história é simples de explicar2.
Quando digo que não sei pra onde estou indo, me refiro ao fato de que não sei o que
vou encontrar pelo caminho, como muitas vezes me surpreendi ao longo desse percurso. Ao
dizer que sei que estou no meu caminho, me refiro ao fato de que sei que o que eu faço é, de
fato, o que eu quero fazer: estudar, tocar e ensinar música.
Trago na epígrafe – e em outros momentos –, algumas citações de letras das músicas
do cantor e compositor Raul Seixas. Esta relação se estabeleceu desde o primeiro momento
em que me recordo de ter escutado uma música dele, Ouro de Tolo (1973). Quando morei em
Fortaleza com minha mãe, no momento em que gestava da minha irmã Giovana, ela gostava
de escutar bastante as músicas do Raul Seixas. Uma imagem que me marcou bastante foi
quando ela estava se balançando numa rede enquanto eu brincava na sala: ela cantava,
alegremente, “eu é que não me sento num trono de um apartamento com a boca escancarada
cheia de dentes esperando a morte chegar [...]” (OURO..., 1973). Desde esse dia passei a
sentir algo diferente ao ouvir as músicas do Raul Seixas.
Outra fase importante na minha vida que está relacionada com as músicas dele, na qual
eu já atuava como músico baterista, foi quando formei a banda Sociedade Alternativa3, com
outros três amigos, para tocarmos apenas as músicas do Raul Seixas. Essa banda durou por
mais de dez anos, fazendo com que minha admiração pelas letras e músicas do cantor
aumentasse. Com isso também pude aprender bastante – e tinha que aprender mesmo, de uma
forma ou de outra –, para poder ter técnica e habilidade suficiente para executar as músicas
que gostaríamos de tocar.

1
Neste título aponto os caminhos da pesquisa, fazendo alusão à música homônima de Raul Seixas (CAMINHOS,
1975).
2
Apesar de não ser tema deste estudo, ao longo deste trabalho de conclusão de curso decidi, com o aval do meu
orientador, trazer trechos de letras das canções do cantor e compositor baiano Raul Seixas (1945-1989) para
nomear os títulos, preservando a indicação do tema tratado em cada capítulo.
3
Nome que escolhi para a banda tributo ao Raul Seixas. O título se refere a uma canção de mesmo nome,
presente no álbum Gita, lançado no ano de 1974.
13

Outra conexão com o trabalho deste artista, mas não menos importante, foram todas as
orientações que tive com o professor Me. Daniel Mariano4, que começavam e terminavam
com músicas do Raul Seixas. Sempre conversávamos bastante sobre as obras e ideias do
cantor expressas em suas letras.
O contato com a obra deste cantor e compositor é fundamental em minha história, por
isso acredito ser pertinente para compreender meu percurso formativo em Música. É comum
ver nas biografias de musicistas que o contato com o instrumento musical se deu ainda na
infância, mas, na minha trajetória, o único contato que tive foi apenas como ouvinte das
músicas que tocavam pelo rádio em casa.
Fui criado num ambiente no qual a música era constante no rádio ligado, com os
gostos musicais diferentes de cada pessoa da casa, onde morei com meus tios e avós. Cada
qual gostava de algo totalmente diferente – já que fomos criados juntos, ainda lembro bem,
cada gosto musical deles: Sertanejo da década de 90, Bregas, Cantorias... Em outro local da
casa, o grande Luiz Gonzaga vinha do rádio do meu avô; já boa parte da Música Popular
Brasileira (MPB) e Rock eu escutei através da minha mãe. Dentre muitos estilos, acabei
aprendendo ali, ainda que não soubesse como se comportavam teoricamente, as letras e
melodias enquanto convivia num ambiente musical sem nenhum músico na família.
Muito tempo depois, em 2004, aos 13 anos, comecei a conhecer outros amigos,
diferentes do meu ciclo inicial de amizade. Com isso, começava a andar por outros bairros da
cidade, conhecendo novos estilos musicais e já definindo ali o meu gosto musical, me
encontrando assim numa turma que gostasse mais de Rock. Assim, pude ter contato com a
primeira vontade de ser músico, me tornar um guitarrista, uma tentativa que me frustrou, pois
não consegui me desenvolver como gostaria. Não sabia que, se tentasse mais um pouco,
talvez o sonho fosse bem-sucedido.
A partir desta experiência, tive a oportunidade de entrar em uma banda sem saber tocar
nada – iria cantar, mas como não tinha nenhuma prática no canto, o que sobrou então foi o
instrumento percussivo que tenho como meio de trabalho até hoje: a bateria. O convite para
entrar nessa banda veio através de um amigo, Ramon Larry, que me incentivou e me
convenceu de que eu seria bom de alguma forma na bateria. Fui então fazendo, aos poucos,
alguns sons numa bateria alugada. Eu não tinha nenhuma facilidade com aquilo, mas tinha
muita vontade de aprender.

4
Professor na UERN com o qual estudei por quase toda a graduação de forma direta, sendo ele ministrante de
várias disciplinas, excetuando-se apenas nos semestres 5° e 7°, com o qual também realizamos trabalhos de
forma extracurricular e não institucionalizada.
14

Entender como consegui aprender esse instrumento é o que me motiva para a


construção deste trabalho: (re)conhecer meu próprio percurso formativo a partir da
perspectiva da narrativa autobiográfica. Hoje sei que passei por vários ambientes de ensino: a
primeira banda de rock, o que poderia estar dentro do campo que os teóricos tratam como
ensino informal; o segundo ambiente, uma escola especializada no ensino de bateria, que após
anos descobri ser o que chamam de ensino não formal5; e, depois, no Curso Técnico em
Instrumento Musical pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
(IFCE) – um curso elaborado com currículo voltado ao ensino prático e teórico da Música –,
imediatamente seguido pela Licenciatura em Música na Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte (UERN) – curso voltado à formação de professores –, e, posteriormente,
compreendido como ambiente formal de ensino. Estes termos, hoje tão utilizados no campo
da Educação, foram constituídos na segunda metade do século XX:

Os termos, formal, não formal e informal são de origem anglo-saxônica, surgidos a


partir de 1960. Vários fatores, ocasionados pela segunda Guerra Mundial,
desencadearam uma crise educacional nos países do primeiro Mundo, dentre eles: a)
os sistemas escolares não conseguiam atender à grande demanda escolar, b) os
sistemas escolares não cumpriam seu papel em relação à promoção social e, c) a não
formação de recursos humanos para as novas tarefas que surgiam com a
transformação industrial (CASCAIS; TERÁN, 2014, p. 2).

A partir da perspectiva apresentada, pretendo entender como esses ambientes me


oportunizaram a prática musical, quais os pontos comuns e divergentes entre eles e qual a
importância de cada um deles na minha formação – já que hoje busco e tenho que
compreender, como docente em formação, a relação entre meus processos de ensino e os
processos de aprendizagem nesses contextos. Neste contexto, uma das formas possíveis de
desenvolver este estudo no campo da Educação e Educação Musical se dá a partir das
narrativas biográficas e autobiográficas:

Com a construção das narrativas os professores reconstroem suas próprias


experiências de ensino e seus itinerários de formação. Tornam, desse modo,
explícitos os conhecimentos pedagógicos construídos por meio de suas experiências,
o que propicia sua análise, discussão e possibilidade de modificação (SANTOS;
GARMS, 2013, p. 4101).

Este processo de reflexão pode nos trazer grandes possibilidades para reconhecer e
relembrar como os alunos se portam em determinados ambientes, uma vez que um indivíduo,
ao ter contado com duas ou mais formas de aprendizado, pode então trazer para a sua aula a

5
Cabe um apontamento para a forma como é encontrado, ao longo deste trabalho, o termo não formal, pois
alguns textos encontrados na pesquisa, utilizam hífen (não-formal) e outros não utilizam. Sendo assim, a forma
sem hífen foi escolhida para o uso no texto quando o termo é escrito por mim.
15

sua maneira de conduzir e facilitar o aprendizado dos outros de acordo com as mudanças
ocasionadas pelas reflexões dos fatos.

A possibilidade, para além de, descrever um fato ou fenômeno, destes relatos


produzirem algum tipo de mudança nos sujeitos que contam suas histórias nos
parece um ponto chave para justificar as dinâmicas de pesquisa e ensino utilizando
as narrativas, pois se o objetivo é que os estudantes se conheçam e realizam
aprendizagens ao longo do processo de formação, essa estratégia passa a ser
fundamental (SILVA, 2019, p. 42).

Neste sentido, este trabalho será realizado com o aporte de uma narrativa
autobiográfica, pois, “o uso da biografia como fonte de informações é evidentemente legítimo
e, por vezes, necessário” (FERRAROTI, 2014, p. 34). E ainda, de acordo com o autor, a
utilização deste método pode, através da reflexão crítica, confirmar e verificar conhecimentos
adquiridos ao longo das experiências vividas. Assim, busco me orientar em uma reflexão
sobre o meu caminhar para que possa entender qual o próximo passo a ser dado. De acordo
com a minha trajetória até aqui, eu entendo que, como afirmam as autoras, Santos e Garms, “a
utilização desse método visa a não apenas colaborar com a ciência da educação trazendo
novas dimensões e conhecimentos como também colocar o sujeito na posição de protagonista
de sua formação e do processo de investigação sobre ela” (SANTOS; GARMS, 2013, p.
4099).
Para mim, nesta monografia, se fez necessário não um recorte específico de apenas um
dos quatro ambientes de ensino – e, por consequência, os processos de aprendizagem –, mas
um olhar mais amplo para cada um destes que contribuíram – e aqui, arrisco dizer –, em
parcelas iguais, que na soma me formam como, além de aprendiz, um educador musical.
Neste sentido, Arroyo aponta que “em qualquer prática musical estão implícitos o ensino e
aprendizagem de música, que nenhuma prática é melhor que outra, mas que cada uma deve
ser compreendida no seu contexto de construção e ação” (ARROYO, 2002 p. 98).
No mesmo sentido, as autoras, Santos e Garms refletem sobre as etapas e percursos
vivenciados ao longo da aprendizagem, no qual colocam estes pontos como complementares
uns aos outros, fazendo com que as etapas anteriores sejam a base para aprender sobre a outra.

Cada etapa desse percurso se constitui tanto no fim de uma interrogação como é o
ponto de partida de outra. O trabalho com narrativas autobiográficas implica a forte
participação do indivíduo que, por sua vez, se compromete com o processo de
reflexão, orientado pelo seu interesse, e que o leva a definir e a compreender seu
processo de formação (SANTOS; GARMS, 2013, p. 4099).

Partindo do levantamento de pesquisas com os temas “Educação Musical informal”,


“Educação Musical não formal” e “Educação Musical formal”, somada à metodologia de
16

pesquisa de narrativa autobiográfica, proponho neste trabalho um convergência entre estes


elementos e a minha história de aprendizado a fim de compreender como ocorreram, nos
diferentes ambientes de ensino musical, estes processos de aprendizagem, visando refletir
sobre as práticas e contribuir para possíveis inovações no ensino de Música.
Este trabalho mostra-se relevante para a contribuição das pesquisas que permeiam
tanto os processos autobiográficos quanto as reflexões coletivas – que buscam um
compartilhamento de ideias, a fim de estruturar e compor, a cada publicação, a construção
cientifica acadêmica. Se dá também pelo fato de fomentar pesquisas de mesma abordagem no
âmbito cientifico da UERN.
Ainda sobre as reflexões coletivas, sobretudo no campo da Educação e da
aprendizagem, Regiana Wille ressalta que “ao empreendermos pesquisas nesses espaços,
estaremos ampliando o conceito de educação como algo não somente restrito à escola ou
instituição” (WILLE, 2005, p. 7).
Uma vez que possamos pouco a pouco, ou seja, trabalho a trabalho, entender e
relacionar os diferentes processos e ambientes em que ocorrem a formação musical, podemos
desenvolver um olhar mais atento aos seus pontos tangentes e, com isso, compreender como
estes processos acontecem em sua individualidade e, ainda mais, na soma de seus valores.
Dessa maneira, para realizar esta pesquisa busco formular questões que surgiram ao
longo do caminhar discente, tanto no aspecto reflexivo quanto aos aspectos intuitivos ou
propostos pelos desafios diversos. Neste sentido, apresentamos as seguintes questões de
pesquisa: Quais as diferenças entre esses ambientes e processos de ensino e aprendizagem?
O que há de convergente neles? Ocorrem de forma segregada ou podem ocorrer de forma
concomitante?
Visando responder a essas perguntas, proponho o seguinte objetivo geral:
• Compreender os ambientes e processos de aprendizagem formal, não formal e informal no
meu percurso formativo através da narrativa autobiográfica.
Para contribuir com essa realização, somam-se os seguintes objetivos específicos:
• Realizar uma pesquisa bibliográfica sobre os conceitos das narrativas autobiográficas e
dos processos de aprendizagem formal, não formal e informal;
• Identificar os processos de aprendizagem e ensino de Música, vivenciados em meu
percurso formativo;
• Apontar as convergências e divergências entre os diversos espaços e processos.
17

Para o referencial teórico sobre os quatro conceitos utilizados, busquei relacionar


trabalhos específicos e também aqueles que abordam os temas de forma plural, no que diz
respeito ao campo de atuação ou estudo dos processos de ensino e aprendizagem. Inicialmente
me apoiei em publicações que defendem os métodos autobiográficos (FERRAROTTI, 2014;
FINGER; NÓVOA, 2014; SILVA, 2019; SANTOS; GARMS, 2013). Na sequência,
autores(as) que abordam em seus trabalhos uma correlação ou estudos acerca dos três
ambientes de ensino-aprendizagem, sendo estes formais, informais e não formais (WILLE,
2003; 2005; CASCAIS; TERÁN, 2014; CARVALHO, 2009), e tantos outros estudos que, da
mesma forma, contribuíram para a construção do alicerce sobre o qual foi possível a
estruturação desta monografia.
A abordagem escolhida para esta pesquisa será a descritiva, pela qual pretendo
descrever minha história, com o aporte de uma narrativa autobiográfica, correlacionando meu
processo de aprendizagem com os quatro conceitos apresentados no quadro teórico. A
relevância para trabalhos realizados com métodos autobiográficos no campo das Ciências
Sociais é fortemente defendida por Mathias Finger e António Nóvoa:

O método biográfico permite que seja concedida uma atenção muito particular e um
grande respeito pelos processos das pessoas que se formam: nisso reside uma das
principais qualidades, que distinguem, aliás, da maior parte das outras metodologias
de investigação em Ciências sociais. Respeitando a natureza processual da
formação, o método biográfico constitui uma abordagem que possibilita ir mais
longe na investigação e na compreensão dos processos de formação e dos
subprocessos que o compõem (FINGER; NÓVOA. 2014, p. 21).

O trabalho desenvolvido é apresentado nessa monografia em três capítulos. No


primeiro capítulo irei descrever como ocorreu o processo da pesquisa bibliográfica,
apresentando os dados e resultados obtidos. Já no segundo capítulo vou correlacionar meus
processos de aprendizagem à luz das abordagens apontadas na pesquisa, no que se referem à
aprendizagem formal, informal e não formal. Por último, farei reflexões sobre este trabalho,
trazendo uma revisão do que foi apresentado e elencando os objetivos alcançados, as
dificuldades dos caminhos da pesquisa, assim como as contribuições e projeções para
trabalhos futuros.
18

1 VEJA QUANTOS LIVROS NA ESTANTE 6: A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

“Acabei de dar um check-up geral na situação, o que me


levou a reler [...]” (CHECK-UP, 1988).

Neste trabalho busquei realizar uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório


através de plataformas de buscas e repositórios digitais, uma vez que a facilidade de acesso
permitia que o trabalho fosse realizado, interrompido e retomado a qualquer momento. Este
capítulo está destinado à demonstração e explicação de como ocorreu o processo de
levantamento de trabalhos que abordassem os temas em comum. Irei abordar também os
critérios para a construção do universo de buscas para a realização deste estudo, o método de
coleta de dados, como estes foram filtrados e, por fim, os motivos pelos quais foram
selecionados para compor a base argumentativa desta monografia.
Tendo como prelúdio a questão motivadora da pesquisa – que é compreender os
processos de ensino musical em relação ao meu caminho de aprendizagem –, decidi adotar a
pesquisa de abordagem qualitativa, por acreditar ser a que melhor se enquadra em relação aos
meus objetivos, pois “[...] não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o
aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.” (SILVEIRA;
CÓRDOVA, 2009, p. 31).
Esta pesquisa é de natureza básica e “objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para
o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses
universais” (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009, p. 34, grifo meu).
Para o melhor desempenho na conclusão dos objetivos, foi escolhida a pesquisa
exploratória, pois acredito que deste modo a construção de uma base segura para a busca,
leitura e reflexão do tema seria mais objetiva.

Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o


problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se
dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias
[sic] ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de
modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato
estudado (GIL, 2002, p. 41).

Para tanto, o levantamento bibliográfico foi escolhido como procedimento mais


apropriado, pois assim seria possível estruturar um norte para a leitura do material já
publicado na mesma abordagem de discussão em que caminha este trabalho.

6
Neste título descrevo a pesquisa bibliográfica, fazendo alusão à música As minas do Rei Salomão, presente no
álbum Krig-Ha, Bandolo!, de Raul Seixas (AS MINAS..., 1973).
19

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já


analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos
científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma
pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou
sobre o assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na
pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de
recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual
se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32).

A partir deste entendimento, apresento a seguir os procedimentos utilizados para a


realização desta pesquisa bibliográfica.

1.1 Procedimentos de pesquisa

O primeiro passo para realizar esta busca foi a definição das palavras-chave. Como
procedimento, realizei a busca com o auxílio dos operadores booleanos7, utilizando as
palavras chaves “Educação Musical” em combinação8 com palavras-chave que
determinariam o contexto de ensino, sendo elas, “informal”, “não formal” e “formal”. Em
outro momento foi realizada a busca, utilizando a mesma sistemática, com a palavra-chave
“aprendizagem musical” e as palavras dos contextos de ensino citadas anteriormente. Para
complementar e filtrar ainda mais o número de trabalhos adicionei a palavra-chave
“narrativas autobiográficas”, para que pudesse estar ainda mais em consonância com a minha
pesquisa e a forma de pensá-la/fazê-la.
Na sequência foram definidas as plataformas nas quais seriam feitas as pesquisas. Um
dos critérios para a escolha foi a possibilidade de realizar buscas rápidas a partir das palavras-
chave. Dessa forma, o Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES9 demonstrou-se com uma
área de busca bastante satisfatória, sobre a qual foi possível, além das buscas simples,
delimitar com filtros a área de conhecimento e ano, por exemplo, e também outros – como
autor, banca avaliadora, instituição, etc.. O Google Acadêmico, por sua vez, não permite
tantos filtros como a CAPES, uma vez que apenas o ano e um filtro de buscas por apenas
trabalhos em Português podem ser selecionados.

7
De acordo com Volpato (2013), consiste em uma linguagem escrita que tem a habilidade de ser interpretada por
um sistema de armazenamento e recuperação de informação. Utilizada como estratégias de busca.
8
Conjunção coordenativa aditiva em inglês AND, com esse operador encontram-se resultados de busca que
contenham os dois ou mais termos.
9
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
20

A plataforma SciElo10, mesmo permitindo alguns filtros que ajudaram na busca, não
comportou uma quantidade expressiva de trabalhos no momento das pesquisas, sendo
encontrado apenas um trabalho. Por sua vez, a Plataforma da Associação Brasileira de
Educação Musical (ABEM) não permite um campo de busca, sendo esta acessada apenas
através das que realizam buscas em outras plataformas e repositório digitais – como, por
exemplo, o Google Acadêmico e o Google.
Os trabalhos encontrados, dentro de um mesmo campo de estudo, foram selecionados
com base nas publicações do ano de 2017 até 2021, buscando, assim, os mais recentes. Outros
trabalhos que compusessem os conceitos de formal, informal, não formal, narrativas
biográficas e métodos de pesquisa não tiveram, por sua vez, delimitações do tipo.
O quadro a seguir demonstra os resultados encontrados durante a fase de pesquisa
bibliográfica. Foram organizados por plataforma, palavras-chaves utilizadas, quantidade de
trabalhos encontrados, aplicação de filtros e, por último, o novo resultado. É importante dizer
que não foram colocados no quadro os resultados encontrados na plataforma Google, pois esta
é uma plataforma de busca muito mais abrangente, tendo por vezes números tão expressivos
que tomariam muito tempo para filtragem e escolha. Optei, assim, por selecionar trabalhos
que fossem apenas sinalizados em uma das outras plataformas já pesquisadas. Uma vez que os
algoritmos de buscas de cada plataforma são diferentes, pude encontrar trabalhos que não
eram mostrados em suas plataformas de hospedagem primária, ou seja, aquelas que têm o
domínio de endereço eletrônico do trabalho.

Tabela 1 – Resultados de busca


PALAVRAS- RESULTADOS RESULTADOS
PLATAFORMA FILTROS
CHAVE PARCIAIS FINAIS
Educação
2017-2021
CAPES musical AND 58 8
Música
informal
Educação
2017-2021
CAPES musical AND 133 13
Música
formal
Educação
2017-2021
CAPES musical AND 53 9
Música
não formal
aprendizagem
2017-2021
CAPES musical" AND 28 5
Música
formal
Aprendizagem
2017-2021
CAPES musical AND 12 2
Música
não formal

10
A Biblioteca Eletrônica Científica Online (do inglês: Scientific Electronic Library Online - SciELO) é uma
biblioteca digital de livre acesso e modelo cooperativo de publicação digital de periódicos científicos brasileiros
(WIKIPÉDIA, 2021).
21

Aprendizagem
2017-2021
CAPES musical AND 56 6
Música
informal
Educação
SciElo musical AND 3 Português 1
formal
Educação
SciElo musical AND 3 Português 1
não formal
Educação
SciElo musical AND 1 Português 1
informal
Aprendizagem
SciElo musical AND 0 Português 0
informal
Aprendizagem
SciElo musical AND 0 Português 0
não formal
Aprendizagem
SciElo musical AND 1 Português 1
informal
2017-2021
Aprendizagem
Google Narrativas
musical AND 3.390 21
Acadêmico autobiográficas
formal
Português
2017-2021
Aprendizagem
Google Narrativas
musical AND 2.150 15
Acadêmico autobiográficas
informal
Português
2017-2021
Aprendizagem
Google Narrativas
musical AND 850 9
Acadêmico autobiográficas
não formal
Português
Fonte: Elaborada pelo autor.

Após os resultados pude selecionar, ainda que de forma prévia, alguns trabalhos cuja
temática fosse congruente à minha. Trago aqui uma nova tabela com a disposição desses
trabalhos, contendo título, autor(es) e/ou autora(as), data, instituição, categoria, link e palavras
chaves, as plataformas onde foram encontrados e uma breve síntese feita por mim.

Tabela 2 – Lista dos trabalhos pré-selecionados


As “práticas informais” e o “aprendizado não-formal” na oficina de música do projeto
Título11
PIBID/ESMU/UEMG/
Autor Fernando Macedo Rodrigues
Data 31/07/2017
Instituição Universidade Federal De Minas Gerais
Tipo TESE
Palavras-chave Aprendizado não formal; Práticas Informais; PIBID; Oficina de Música; Ensino Médio.
Plataforma CAPES
O processo de ensino/aprendizagem da viola caiçara na ilha de Valadares:
Título
possibilidades e limites de sua didatização
Autor Frederico Goncalves Pedrosa
Data 19/02/2017

11
Destacam-se os títulos para melhor visualização.
22

Instituição Universidade Federal Do Paraná


Tipo Dissertação
Palavras-chave viola caiçara; manuais didáticos; educação musical.
Plataforma CAPES
Práticas de audição musical ativa em musicalização infantil: um estudo de caso com
Título
crianças de 5 a 7 anos de idade.
Autor Juliano Andre Lamur
Data 23/02/2017
Instituição Universidade Federal Do Paraná
Tipo Dissertação
Palavras-chave Audição musical ativa; ensino-aprendizagem; musicalização infantil.
Plataforma CAPES
Os desdobramentos da educação não-formal na formação musical nos projetos sociais
de educação musical no estado do rio de janeiro e suas influências na inserção do corpo
Título
discente universitário: um estudo de caso sob a perspectiva da musicalidade abrangente
e da aprendizagem significativa
Autora Daniele Voiola
Data 11/12/2017
Instituição Universidade Federal Do Rio De Janeiro
Tipo Dissertação
Educação musical não formal; Inserção universitária; Projetos sociais de educação
Palavras-chave
musical.
Plataforma CAPES
Musica e deficiência: processos de ensino e aprendizagem em um espaço não formal de
Título
educação musical
Autor Leonnardo Limongi De Souza
Data 15/12/2017
Instituição Universidade Federal Da Paraíba
Tipo Dissertação
Pessoa com deficiência; Educação especial; Educação musical especial; Educação
Palavras-chave
musical não formal.
Plataforma CAPES
A prática profissional do músico popular: investigação sobre experiências, processos
Título
de formação e competências para atuar na cadeia produtiva da música
Autor Felipe Pacheco Dos Santos
Data 07/12/2017
Instituição Universidade Federal Do Estado Do Rio De Janeiro
Tipo Dissertação
Trabalho; Músico popular; Cadeia produtiva da economia da música; Formação
Palavras-chave
profissional; Competência.
Plataforma CAPES
O desenvolvimento profissional de professores de música da educação básica: Um
Título
Estudo A Partir De Narrativas Autobiográficas
Autor Tamar Genz Gaulke
Data 30/06/2017
Instituição Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul
Tipo TESE
Desenvolvimento Profissional De Professores De Música; Relação Professor E Escola;
Palavras-chave
Ensino De Música E Educação Básica; Narrativas Autobiográficas.
Plataforma CAPES
Título Vamos brincar de compor?” Experiências com criação na educação musical formal
Autora Kátia Maheirie e Fábio Ramos Barreto
Data 30/05/2019
Instituição Universidade Federal de Santa Catarina
Tipo Artigo
Palavras-chave Educação musical; Processo de criação; Composição.
Plataforma SciElo
Título Estado da arte: história da educação musical nos anais dos congressos nacionais da
23

associação brasileira de educação musical – ABEM (2003-2015)


Autores Ricardo dos Santos Alencar e Ednardo Monteiro Gonzaga do Monti
Data 05/07/2021
Instituição Universidade Federal do Piauí
Tipo Artigo
Palavras-chave Estado da arte; História da educação musical; Anais; ABEM.
Plataforma Google Acadêmico
Título Construção da identidade profissional docente: trajetórias de vida e formação
Autora Gislene de Araújo Alves
Data Não encontrada
Instituição Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Tipo Artigo
Construção da Identidade Profissional; Dimensões Formativas; Formação de
Palavras-chave
Professores de Música.
Plataforma Google Acadêmico
Título Experimentos sonoros: uma proposta para a educação musical no Ensino Médio
Autora Cícera Aparecida Rodrigues Silva
Data 08/09/2020
Instituição Universidade Estadual Paulista
Tipo Dissertação
Experimentos sonoros; Construção de instrumentos musicais; Instrumentos musicais
Palavras-chave
não convencionais; Educação musical; Ensino Médio.
Plataforma Google Acadêmico
Título Experiências de vida e formação como músico e guitarrista: um memorial formativo
Autor Mauricio Lucas Silva Peçanha Neves
Data 07/12/2017
Instituição Universidade de Brasília
Tipo Monografia
Palavras-chave autoaprendizagem musical; guitarra; memorial formativo.
Plataforma CAPES
Aprendendo para ensinar, trabalhando para aprender: memorial de formação e
Título
profissionalização como músico e professor
Autor Victor Hugo Barto
Data 15/10/2020
Instituição Universidade Federal de Uberlândia
Tipo Monografia
Formação musical; Profissionalização em música; Professor de música; Músico de
Palavras-chave
banda.
Plataforma Google Acadêmico
A música na formação e prática do professor unidocente: um estudo com professoras
Título
da rede adventista de educação
Autora Ester Rodrigues Fernandes Leal
Data 01/08/2019
Instituição Universidade Federal Do Estado Do Rio De Janeiro
Tipo TESE
Palavras-chave Educação musical; Professor unidocente; Educação Adventista.
Plataforma Google Acadêmico
Título Memórias da Banda: percursos de formação de ex-integrantes
Autor Rodrigo Lisboa da Silva
Data 16/05/2020
Instituição Universidade Federal da Paraíba
Tipo Dissertação
Palavras-chave Educação musical; Bandas Marciais; Percursos de formação musical.
Plataforma Google Acadêmico
Trajetórias formativas profissionais em música: um estudo com estudantes do curso
Título técnico em Instrumento Musical do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará
Autor Alexandre Vieira
24

Data 01/01/2017
Instituição Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Tipo TESE
Palavras-chave Ensino técnico; Formação profissional; Música Profissão; Trajetórias formativas.
Plataforma Google
Título Narrativas (auto) biográficas na formação docente: memórias, escolhas e expectativas
Autor Marcelo Silva da Silva
Data 01/05/2019
Instituição Universidade Federal do Paraná
Tipo Artigo
Narrativas; Prática Pedagógicas; Docência Universitária; Formação de Professores;
Palavras-chave
Educação Física.
Plataforma Google
A cigarra e a formiga: sobre trajetórias de músicos e suas inserções na educação não
Título
formal
Autor Julio Cesar Ferraz Amstalden
Data 02/02/2017
Instituição Universidade Estadual De Campinas
Tipo TESE
Palavras-chave Música como profissão; Educação não-formal; Educação musical.
Plataforma CAPES
Fonte: Elaborada pelo autor.

Foi possível realizar as leituras a partir desta tabela e, para melhor apresentação dos
resultados, preferi fazer a demonstração com gráficos, para que assim fosse possível entender
melhor o cenário encontrado durante a pesquisa, a partir de apontamentos e questões do tipo:
em qual plataforma há mais trabalhos publicados? Em quais níveis estão sendo mais
abordados essa temática? A seguir podemos verificar o primeiro gráfico com algumas
considerações sobre estes pontos:

Gráfico 1 – Porcentagem de trabalhos para cada grau acadêmico

Fonte: Elaborada pelo autor.


25

O gráfico acima nos mostra que as monografias foram os tipos de trabalhos que
apresentaram o menor número de publicações sobre o assunto, representando apenas 11,1%
dos resultados. Podemos ver que há uma maior disposição das publicações nos níveis de
Mestrado, no qual as dissertações apresentam 38,9% dos trabalhos encontrados durante a fase
de pesquisa, seguido de Teses – com 27,8% –, e Artigos, com 22,2% dos trabalhos
encontrados. Dessa forma, podemos ver que há um campo aberto para pesquisas sobre esta
mesma temática ser realizada nas graduações devido ao menor percentual de trabalhos
encontrados.
No seguinte gráfico apresento de que forma os trabalhos estão distribuídos entre as
plataformas nos quais realizei as buscas.

Gráfico 2 – Distribuição dos resultados em porcentagem (%) por plataforma

Fonte: Elaborada pelo autor.

Podemos identificar e correlacionar, com o gráfico anterior (Gráfico 1), que a


plataforma da CAPES, que dispõe de Teses e Dissertações, contém o maior número de
trabalhos encontrados com oito resultados – ou seja, 44,4% dos estudos encontrados na minha
pesquisa –, seguido do Google Acadêmico – com o segundo maior número de trabalhos
encontrados, contendo sete produções acadêmicas que contemplam um total de 38,9%. Na
plataforma Google por sua vez, foi encontrado duas produções, resultando em 11,11%.
Podemos aqui também observar uma forte ausência de textos – no período e tema escolhido
para a pesquisa – na plataforma SciElo, na qual apenas um trabalho foi encontrado,
representando 5,6% dos resultados encontrados na pesquisa.
Com os resultados à mesa pude então partir para uma nova fase do trabalho, na qual a
leitura analítica e exploratória pôde ser feita. É importante frisar que nem todos os trabalhos
26

encontrados na pesquisa foram alvos de leituras aprofundadas devido ao pouco tempo em que
se caracteriza o componente curricular referente à monografia. Dessa forma, apenas os textos
que tinham mais semelhança com as definições que eu buscava encontrar foram selecionados
para tal objetivo. A seguir, apresento a descrição do processo.

1.2 Textos para uma leitura aprofundada

Dos trabalhos encontrados, o primeiro que irei apresentar é também que mais será
utilizado dentre os textos encontrados na pesquisa, em algum momento no desenvolvimento
deste trabalho, que dialoga diretamente com os conceitos abordados. Marcelo Silva (2019)
traz um estudo acerca da formação docente com base em narrativas autobiográficas, ou seja,
contempla a mesma proposta de pesquisa que eu escolhi. Portanto, mais a frente farei
inferências entre a pesquisa deste autor e a minha.
Por sua vez, a dissertação de Daniele Voiola (2017) está voltada para os estudos na
área da educação não formal, tendo como ênfase os projetos sociais realizados no Rio de
Janeiro. Ela investiga sobre a influência desses projetos na inserção de discentes
universitários, com base em dois pilares para a pesquisa a Musicalidade Abrangente e a
Aprendizagem Significativa.
Por outro lado, Julio Amstalden (2017) foca o seu estudo sobre o entendimento das
práticas musicais e a inserção dos músicos no terceiro setor, especialmente na Educação
Musical não formal. Assim como em outros trabalhos, ele aborda a atuação profissional,
diferente do meu objetivo pretendido, que é estudar o processo de aprendizagem.
Já o texto de Mauricio Neves (2017) traz aspectos mais parecidos com a minha
proposta, utilizando um conceito diferente: ele baseia-se na narrativa como memorial, ao
invés de narrativas autobiográficas. Mauricio também aborda, para conceituar os espaços
formais e informais de aprendizagem, a autora Lucy Green (2000), à qual eu pude ter acesso à
fonte primária e assim realizar meus estudos a partir dos conceitos que a autora apresenta.
Por sua vez, Victor Barto (2020) nos mostra outro termo quando se refere à
aprendizagem: ele se baseia nos conceitos de aprendizagem orientada e autoaprendizagem,
termos estes que não são aplicados na minha pesquisa e nem nas minhas narrativas.
Já Gislene Alves (2021) se debruça, para a compreensão de processos formativos com
professores de Música, sobre o termo autobiográfico. Contudo, emprega a metodologia para
se referir a escritos de terceiros, sendo este o público-alvo de sua pesquisa, buscando
compreender os caminhos formativos através de suas narrativas.
27

Em um contexto diferente do meu tema de pesquisa, Frederico Pedrosa (2017) atua


com entrevistas e observações participantes. O autor faz relações de ensino/aprendizagem
tendo como foco a discussão sobre a utilização de um manual didático especifico para viola
caiçara – instrumento musical tradicional na Ilha dos Valadares – e suas possibilidades
didáticas.
A dissertação de Felipe dos Santos (2017) é apresentada sob a ótica dos percursos
musicais profissionais e suas relações com a Cadeia Produtiva da Música, conceito
apresentado por ele. Nesse texto ele busca compreender os contextos não formais e informais
que ocorrem nesse processo. Com o aporte de entrevistas ele busca entender a formação do
músico profissional e como esse percurso acontece.
A tese de Alexandre Vieira (2017) apresenta uma conexão quanto espaço de
aprendizagem, alvo de sua pesquisa diretamente relacionada à minha trajetória quanto ao
início do percurso formal de aprendizagem. O locus onde é feita a pesquisa é o mesmo no
qual eu estudei em Fortaleza, tendo como público-alvo os estudantes do mesmo curso que eu
concluí, o Técnico em Instrumento Musical. O texto é construído com base em entrevistas e
visa compreender as trajetórias formativas com ênfase profissional dos estudantes de Música.
Os demais trabalhos (GALKE, 2017; ALENCAR, MONTI, 2021; LAMUR, 2017;
LEAL, 2019; SILVA, 2020; MAHEIRIE; BARRETO, 2019; SOUZA, 2017; SILVA, 2020;
RODRIGUES, 2017), após uma leitura preliminar, não apontaram correlação com os temas
que proponho para desenvolver nesta monografia. Dessa forma o restante do texto será
dedicado aos diálogos, reflexões e interferências dos trabalhos que foram alvos de leituras
aprofundadas.
A pesquisa de Leonnardo Souza (2017) não foi correlacionada com minha trajetória,
mas que merece um destaque, pois foi a única encontrada que se mostrou preocupada com
pessoas com deficiência nos contextos não formais, ou seja, não encontrei outros trabalhos
que tivessem a temática relacionada às pessoas com deficiência em combinações com as
palavras-chave que utilizei para as buscas. Pode-se formular questões para essas lacunas,
como por exemplo; por quê há poucas pesquisas sobre pessoas com deficiência em processos
de aprendizagem informal ou não formal? Se há pessoas com deficiência nesses ambientes,
como esta ocorrendo o ensino e a aprendizagem nesses contextos? Neste contexto, observa-se
que há muito a se explorar nessa temática.
Durante o processo de leitura dos textos encontrados na revisão de literatura – na fase
de pesquisa exploratória e também dos trabalhos já conhecidos –, pude ampliar ainda mais o
número de estudos que serviram para a fundamentação desta monografia. Outro tipo de
28

consulta realizada deu-se de acordo com os(as) autores(as) referenciados(as) em todos os


textos que estavam sendo alvos de leituras. Dessa forma, pude conhecer outros trabalhos que
também fizeram parte desta fundamentação.

1.3 Outras leituras

Após a apresentação dos textos encontrados sobre o campo conceitual, é necessário


também elencar outros textos que também fundamentaram a pesquisa, bem como sua
tipologia, os métodos e as ferramentas utilizadas. Cabe ressaltar que os trabalhos que serão
citados neste tópico fazem parte dos textos já conhecidos em disciplinas anteriores; alguns
trabalhos foram indicados pelo meu orientador e outros foram coletados a partir das
referências encontradas nas leituras levantadas no item 1.2.
No entanto, ao realizar os estudos reflexivos – ou seja, com a finalidade de
compreender e tecer considerações em diálogos com os textos estudados –, pude perceber que
não há, de certo modo, um consenso entre os termos que se referem à educação formal,
educação não formal e educação informal. Tal dificuldade não é recente, como afirma Osmar
Fávero:

Desde esses primeiros tempos, não se consegue conceituar adequadamente educação


não-formal, nem se consegue categorizar convenientemente suas diversas
expressões em uma tipologia. Com freqüência [sic], está referida ao escolar,
considerado, nem sempre propriamente, como formal; e com freqüência [sic] maior
ainda recobre experiências as mais diversas, às vezes entendidas como educação
social, que têm entre si o traço comum de serem realizadas fora do espaço e do
tempo escolares (FÁVERO, 2007. pp. 615-616).

Com isso se faz necessário contemplar os diferentes pontos de vistas encontrados e


elencar aqueles que eu escolhi para embasar as reflexões sobre o meu processo de
aprendizagem.
Como apontamos na introdução, ao começar pela origem dos termos, Fávero (2007)
nos diz que a terminologia formal/não formal/informal, de origem anglo-saxônica, foi
introduzida a partir dos anos de 1960 no campo educacional. O autor aponta três fatores que
justificam o surgimento destes processos: após a Segunda Guerra Mundial houve crescente
demanda escolar, que por sua vez não conseguiu ser contemplada satisfatoriamente. E
continua seus argumentos dizendo que

[...] deu lugar ao questionamento desses sistemas escolares como instâncias de


promoção social. Basta lembrar a teoria de reprodução, de Bourdieu e Establet, e a
idéia [sic] da escola como aparelho ideológico do Estado, de Althusser. Em terceiro,
e talvez esse seja o argumento mais importante, questionava-se também sua eficácia
29

com vista à formação de recursos humanos para as novas tarefas de uma


transformação industrial que se fazia aceleradamente (FÁVERO, 2007, pp. 614-
615).

O trabalho da autora Maria da Glória Gohn, Educação não-formal, participação da


sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas (GOHN, 2006) traz uma demarcação que
explicita, para ela, o que seriam as definições de cada um dos três conceitos.

A educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente


demarcados; a informal como aquela que os indivíduos aprendem durante seu
processo de socialização – na família, bairro, clube, amigos, etc., carregada de
valores e cultura própria, de pertencimento e sentimentos herdados; e a educação
não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de
compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas
cotidianas (GOHN, 2006, p. 28).

Nesta definição, a educação formal está relacionada com os espaços escolares, ou seja,
escolas que contemplam a tripartição da Educação Básica12 e Instituições de Ensino Superior
onde há, portanto, sistemas organizados e conteúdos pré-definidos em níveis crescentes de
complexidade.
Maria da Glória Gohn traz ainda em seu trabalho uma constatação que revela um dos
pontos dos quais não se encontra na literatura: um consenso – pois, quando ela diz que,
“quando tratamos da educação não-formal, a comparação com a educação formal é quase que
automática o termo não-formal também é usado por alguns investigadores como sinônimo de
informal” (GOHN, 2006, p. 28). Dessa maneira, podemos questionar se há necessidade da
separação entre os termos ou uma melhor definição para eles, uma vez que podem e são
utilizados por alguns textos como sinônimos.
Ainda sob a ótica desta pesquisadora é possível encontrar a maneira como ela
formulou questões que ajudam a entender como são as divisões, mas ressalta que não
simplifica as discussões. Veremos um recorte dessas questões e respostas correlacionadas
com seus contextos, embora haja ainda outras questões que complementam e dão mais
exemplos nas seguintes respostas. A tabela a seguir foi baseada na publicação de Carvalho
(2009), que sintetizou as questões apresentadas por Maria da Glória:

Tabela 3 – Relação das questões e seus contextos

Contexto
Questões Educação Formal Educação Não Formal Educação Informal

12
No Brasil a Educação Básica está organizada em três etapas, sendo a primeira delas a Educação Infantil, em
segundo o Ensino Fundamental e, por último, o Ensino Médio, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
– LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996).
30

Pais, a família em geral,


“Quem é o educador os amigos, os vizinhos,
em cada campo de O “outro” com quem
colegas de escola, a
Os professores. interagimos ou nos
educação que estamos igreja paroquial, os
integramos.
tratando”? meios de comunicação
de massa, etc.
Territórios que A casa onde se mora, a
Território das escolas acompanham as rua, o bairro, o
são instituições trajetórias de vida dos condomínio, o clube que
regulamentadas por lei, grupos e indivíduos, fora se frequenta [sic], a
“Onde se educa”?
certificadoras, das escolas, em locais igreja ou o local de culto
organizadas segundo informais, locais onde há a que se vincula sua
diretrizes nacionais. processos interativos crença religiosa, o local
intencionais. onde se nasceu, etc.
Ambientes espontâneos,
Ambientes
onde as relações sociais
normatizados, com Ambientes e situações
se desenvolvem segundo
“Como se educa”? regras e padrões interativos construídos
gostos, preferências, ou
comportamentais coletivamente.
pertencimentos
definidos previamente.
herdados.
Formar o indivíduo
"Qual a finalidade ou como um cidadão
Abrir janelas de
objetivos de cada um ativo, desenvolver
conhecimento sobre o
dos campos de habilidades e Processo de socialização
mundo que circunda os
educação assinalados?" competências várias, dos indivíduos.
indivíduos e suas
desenvolver a
relações sociais.
criatividade, percepção,
motricidade etc.
Requer tempo, local
específico, pessoal
A educação informal não
"Quais são os especializado,
Não é, organizada por é organizada, os
principais atributos de organização de vários
séries/ idade/conteúdos; conhecimentos não são
cada uma das tipos (inclusive a
atua sobre aspectos sistematizados e são
modalidades educativas curricular),
subjetivos do grupo; repassados a partir das
que estamos sistematização
trabalha e forma a práticas e experiência
diferenciando?" seqüencial das
cultura política de um anteriores, usualmente é
atividades,
grupo. o passado orientando o
disciplinamento,
presente.
regulamentos e leis,
órgãos superiores etc.
Consciência e
organização de como
agir em grupos coletivos; Na educação informal os
resultados não são
Aprendizagem efetiva
A construção e esperados, eles
(que, infelizmente nem
"Quais são os reconstrução de simplesmente acontecem
sempre ocorre), além
resultados esperados concepção (ões) de a partir do
da certificação e
em cada campo mundo e sobre o mundo; desenvolvimento do
titulação que capacitam
assinalado?" senso comum nos
os indivíduos a seguir
Contribuição para um indivíduos, senso este
para graus mais
sentimento de identidade que orienta suas formas
avançados.
com uma dada de pensar e agir
comunidade. espontaneamente.

Fonte: GOHN (2006) apud CARVALHO (2009).


31

Em outra publicação a pesquisadora trata dos métodos relacionados à educação


informal e a educação não formal.

Ela diz que “a educação informal tem como método básico a vivência e a
reprodução do conhecido, a reprodução da experiência segundo os modos e as
formas como foram apreendidas e codificadas. Na educação não-formal, as
metodologias operadas no processo de aprendizagem parte da cultura dos indivíduos
e dos grupos. O método nasce a partir de problematização da vida cotidiana; os
conteúdos emergem a partir dos temas que se colocam como necessidades,
carências, desafios, obstáculos ou ações empreendedoras a serem realizadas; os
conteúdos não são dados a priori. São construídos no processo (GOHN, 2006, p.
30).

Por sua vez, na perspectiva de Lucy Green (2000), já tratando sobre o campo da
Educação Musical formal, esta nos traz os aspectos que, segundo ela, diferentes sociedades
desenvolveram em comum um ou mais destes aspectos:

Currículo [sic] escritos, planos de estudo ou tradições explícitas de ensino e


aprendizagem; professores reconhecidos e pagos, coordenadores ou mestres que na
maioria dos casos possuem qualificações relevantes; mecanismos de avaliação
sistemática tais como testes exames nacionais de programas ou graus e diversos
níveis; notação musical, que às vezes é entendida como secundária mas
normalmente é importante; e finalmente, bibliografia, incluindo partituras, textos
pedagógicos e manuais de ensino (GREEN, 2000, p. 65).

A autora traz em seguida a definição do processo informal que ocorre, segundo ela, em
paralelo com a Educação Musical formal:

Paralelamente à educação formal, existem em todas as sociedades, outros métodos


de transmissão e aquisição de competências e conhecimentos musicais. A isto eu
chamo práticas de aprendizagem musical informal as quais, no extremo e em
contraste com a educação formal, não recorrem a instituições de ensino, nem
curriculum escrito, programas ou metodologias específicas, nem professores
qualificados, nem mecanismos de avaliação ou certificados, diplomas e pouca ou
mesmo nenhuma anotação ou bibliografia (GREEN, 2000, p. 65).

Já Mark Smith aponta que a divisão dos conceitos se dá por caráter, segundo ele, com
distinção administrativa: “A educação formal está vinculada a escolas e instituições de
treinamento; não formal com grupos comunitários e outras organizações; e informal cobre o
que resta, por ex. interações com amigos, família e colegas de trabalho” (SMITH, 1996, n.p).
Com essa definição trazida por Smith é possível compreender de forma básica e inicial
como os ambientes podem refletir nas formalidades ou na ausência delas. Se pensarmos, por
exemplo, em ambientes em que existam organizações por gestores, colaboradores e público
alvo, como estudantes, podemos assim pensar em algo mais formal, como escolas públicas.
Mas ao excluirmos o quadro administrativo, é possível pensar em espaços de aprendizado
32

mais livres, mesmo quando não há intenções de ensino e aprendizagem, a exemplo de


ambientes como, praça publica, reuniões de amigos e cinemas. O autor ainda traz uma síntese
do que seriam as definições para os três conceitos, segundo ele, ocorrem da seguinte forma.

A; Educação formal: sistema de educação hierarquicamente estruturado e


cronologicamente graduado, da escola primária à universidade, incluindo os estudos
acadêmicos e as variedades de programas especializados e de instituições de
treinamento técnico e profissional;

B; Educação não formal: qualquer atividade organizada fora do sistema formal de


educação, operando separadamente ou como parte de uma atividade mais ampla, que
pretende servir a clientes previamente identificados como aprendizes e que possui
objetivos de aprendizagem;

C; Educação informal: verdadeiro processo realizado ao longo da vida em que cada


indivíduo adquire atitudes, valores, procedimentos e conhecimentos da experiência
cotidiana e das influências educativas de seu meio - da família, no trabalho, no lazer
e nas diversas mídias de massa (SMITH, 1996, n.p).

Outrossim, para a pesquisadora Regiana Wille (2003), o conceito do campo da


Educação Musical que se relaciona com os conceitos formais são mais amplos, ela aponta que

[...] a educação musical “formal” pode ser considerada tanto aquela que acontece
nos espaços escolares e acadêmicos, envolvendo os processos de ensino e
aprendizagem, quanto aquela que acontece em espaços considerados alternativos
(WILLE, 2003, p. 8).

Percebe-se que, quando a autora fala em espaços considerados alternativos, as


definições do que seriam estes espaços podem ser múltiplas dependendo da perspectiva
adotada e com isso, não há como delimitá-los de maneira concisa.
Com esses conceitos apresentados, foi possível estar inicialmente preparado para
identificá-los e refletir sobre estes durante a minha trajetória de aprendizado. Porém, muitos
outros textos foram encontrados nas referências destes que foram encontrados na pesquisa
inicial. Com isso, outros textos serão elencados durante o desenvolvimento deste trabalho.
Outra modalidade utilizada para a leitura reflexiva foi a pesquisa ex post facto13, isto é,
uma pesquisa “cujos delineamentos são realizados após os fatos” ocorridos (MARTINS,
2009, p. 59).
Nos apoiamos sobre a definição de Héllen Santos e Gilza Garms para referir o tipo de
narrativa autobiográfica utilizada – narrativa sobre trajetórias –, que

13
As pesquisas ex post facto lidam com variáveis que, por sua natureza, não são manipuláveis, tais como as
“características de gente”, denominadas “variáveis de status” ou demográficas, classe social, ansiedade, valores
etc. (MARTINS, 2009, p. 60).
33

[...] se constituem em uma oportunidade para que os professores reflitam sobre sua
vida e sua carreira. Esse tipo de narrativa incorpora todos os outros tipos de
narrativas, uma vez que estimula o professor a refletir sobre seu passado e projetar-
se no futuro (SANTOS; GARMS, 2013, p. 4102).

As autoras ainda complementam em seu texto que os materiais coletados podem ser de
dois tipos:

[...] os materiais primários, isto é, as narrativas (auto)/biográficos recolhidos por


um pesquisador por meio de entrevistas, e os materiais biográficos secundários, ou
materiais de toda espécie, tais como correspondências, fotografias, documentos
oficiais, processos verbais, recortes de jornal etc. (SANTOS; GARMS, 2013, p.
4097, grifo meu).

Até aqui foi possível estabelecer quais parâmetros foram encontrados e poderão ser
utilizados para correlacionar os conceitos de aprendizagem informal, não formal e formal com
uma narrativa autobiográfica, recorrendo sempre que possível aos textos selecionados para
dar base, verificar, afirmar e refletir sobre os processos ocorridos.
Através das leituras que discursam sobre estas temáticas foi possível observar que
não há, portanto, uma resposta em uníssono. De fato, ainda há divergência entre as diversas
definições destes conceitos.
Entendo que não há como separar processos que ocorrem simultaneamente, quando
pensamos, por exemplo, que quem ensina também aprende, de forma consciente ou não. Com
isso, como entender apenas o momento em que se aprende de forma informal, dentro de um
processo formal? Isso aconteceu comigo e, como relatarei, é importante descrever os dois ou
mais processos de aprendizagem, sejam eles informais, formais ou não formais, desde que se
tenha consciência deles após as reflexões.
Para o próximo capítulo irei narrar meu percurso de aprendizagem musical, em
paralelo com a literatura levantada, para compreender os processos ocorridos. Inicialmente, o
percurso de aprendizagem informal, seguido do processo de aprendizagem não formal e
finalizando com a minha aprendizagem em ambientes formais de ensino.
34

2 CADA UM DE NÓS É UM UNIVERSO 14: MEU PERCURSO FORMATIVO DE


APRENDIZAGEM MUSICAL

“E pr’aquele que provar que eu estou mentindo eu tiro o


meu chapéu” (EU NASCI..., 1976).

Para a correlação dos conceitos apresentados no capítulo anterior com o meu percurso
formativo, irei basear as minhas falas em diálogo com os conceitos apresentados por Lucy
Green (2000) quanto aos processos formais e informais de aprendizagem musical.
É importante alertar que, neste capítulo, há uma quebra no padrão de escrita, através
da qual procurei me aproximar daquilo que seria uma fala coloquail. No entanto, tive o
cuidado para não apresentar erros de português, por ainda se tratar de um trabalho acadêmico.
Com isso, quero dizer que essas falas, são, portanto, uma narrativa livre, uma lembrança do
quê e de como aconteceu meu percurso formativo, numa tentativa de aproximação da
realidade, a partir da minha perspectiva.
Outro ponto importante se refere aos fatos mais específicos do meu percurso, pois não
caberia apenas citar as situações que, por ventura, possam ocorrer com mais pessoas, como
também estaria sendo omisso com minha própria história. Neste ínterim, acho que seja
necessário citar pessoas especificas que exerceram papéis importantes nessa trajetória.

2.1 Aprendizagem Informal

Podemos aqui trazer as cinco principais características da aprendizagem musical


informal que, segundo Green (2000), se distingue da Educação Musical formal. Neste sentido,
vou apresentar um paralelo destes conceitos com meu percurso formativo de aprendizagem
musical inicial.
2.1.1 Escolher o próprio repertório

Uma prática comum nas bandas que participei quando estava aprendendo a tocar
bateria era que cada membro da banda poderia escolher proporcionalmente as músicas que
preferisse para o repertório. No meu caso, que tocava numa banda formada por quatro
pessoas, eu poderia escolher até ¼ do repertório, independente do gênero musical. Não
fazíamos, por muitas vezes, uma linha que pudesse definir um determinado estilo, exceto
quando nos limitávamos a tocar covers de uma só banda. Neste contexto, o repertório era

14
Neste título descrevo meu percurso de aprendizagem musical fazendo alusão à música Meu amigo Pedro,
presente no álbum Eu nasci há 10.000 anos atrás, de Raul Seixas (MEU AMIGO..., 1976). O trecho escolhido se
refere ao fato de que toda história é única, e esse é o meu universo.
35

montado com os gostos musicais de cada um, fazendo assim com que tivéssemos a animação
de tocar, uma vez que as músicas foram escolhidas por nós mesmos.

A aprendizagem musical nesses contextos geralmente se dá por processos naturais,


sem uma estruturação formal de ensino. O repertório musical dessas manifestações é
assimilado espontaneamente por seus participantes através da vivência direta entre
estes e seus meios culturais naturais (CARVALHO, 2009, p. 6).

Outro ponto importante, que não fazia ideia que estava acontecendo, era a ampliação
de repertório e gosto musical pessoal, pois acabávamos conhecendo outras músicas trazidas
por nossos colegas, escutando, aprendendo, tocando e, muitas vezes, ao final do processo,
gostando daquela nova música.

2.1.2 Aprender “de ouvido”


Não havia outra maneira de aprender a não ser escutando, escutando e escutando! Não
havia professores, e mesmo aqueles que já tocavam há bastante tempo não ensinavam, por
vários motivos. O principal deles era por não se acharem capaz de ensinar, pois acreditavam
que não tinham o que ensinar e também não saberiam como ensinar a não ser dizendo: — faça
assim... E assim, num processo imitativo, os outros acabavam aprendendo. Isso reforça o
apontamento de Lucy Green quando ela diz que, “a técnica de aprendizagem mais usada pelos
músicos populares é a imitação, seja de ouvido, seja de gravações, exigindo elevada atenção e
intenção auditiva” (GREEN, 2000, p. 70).
Na maioria das vezes eu e muitos outros músicos aprendíamos apenas ouvindo – e
muito – as músicas que queríamos tocar: repetindo os discos ou fitas, por várias e várias
vezes, tentando fazer igual, tentando decorar as partes das músicas, tentando errar o mínimo
possível. Assim, de tanto ouvir e tentar fazer igual, acabávamos fazendo o mais próximo
possível e, às vezes, conseguíamos até fazer igual ao CD! E quando isso acontecia, era sinal
de que a pessoa sabia tocar muito bem!

2.1.3 Aprendizagem em grupos

Não adiantava passar horas escutando as músicas e tentando reproduzi-las no


instrumento: tinha que ter o ensaio com a banda, para assim todos terem a oportunidade de
colocar em prática, mais uma vez, aquilo que passavam horas fazendo sozinhos, mas, dessa
vez, com a finalidade de sincronizar todos na mesma velocidade, no mesmo ritmo, na mesma
36

música. Dessa forma a evolução era grande também, e podíamos ver quem realmente havia
escutado bastante a música. Sempre tinha aqueles que ouviam mais do que os outros, ao ponto
de falar como o outro instrumento deveria ser tocado. Ficava nítida, nesses momentos, a
tentativa de ensinar sem a intenção.
Em correlação com um dos pontos elencados pela autora Lucy Green, ela explica que,
as atividades em grupo são muito importantes, desde o início de qualquer banda, mesmo que
seus elementos ainda “toquem pouco” (GREEN, 2000. p. 73). Assim, é perceptível hoje,
como aqueles momentos eram ricos em ensino e aprendizagens informais, queríamos
aprender para tocar com nossos amigos e se fosse oportuno, poderíamos dar dicas de como
tentar fazer algo que não estava dando certo, uma nota diferente da música que tentávamos
aprender por exemplo, caso estivesse errada na percepção de alguém, este poderia naquele
momento ensinar da forma como acreditava ser. Com isso, vejo hoje que as bandas de
garagem, por exemplo, são verdadeiras práticas de aprendizagem significativa.

2.1.4 Assimilação de habilidades e conhecimentos de modo pessoal (frequentemente


desordenado)

Cada um por si só deveria descobrir um modo de fazer igual a música que fosse alvo
de aprendizagem através da escuta, ou seja, aprender para as práticas, ensaios e possíveis
apresentações. Muitas vezes eu não sabia como, não tinha a menor ideia de como conseguir
fazer igual àquela música que eu estava ouvindo. Eu conseguia ouvir os sons, mas o corpo
muitas vezes não fazia aquilo que estava ouvindo, fosse a velocidade ou a sequência de notas
a serem executadas que eu não sabia como fazer. A coordenação motora era um desafio
constante pra mim – não havia passado por nada com sistematização crescente –, mas eu
conseguia, às vezes, escolher as músicas mais fáceis pra aprender primeiro. As outras,
lentamente, eu ia conseguindo tocar um pouco mais a cada dia.
Era possível a cada música nova, ir percebendo os padrões rítmicos que se repetiam
numa ou noutra música, e já pensava – ah! Isso aqui eu já sei! – e assim as novas músicas iam
ficando mais fáceis, tanto pela percepção mais rápida do que estava ouvindo, como também –
e eu não pensava nisso – o segundo ponto que era o avanço das práticas que vinham
ocorrendo diariamente.

2.1.5 Habilidades integradas


37

Muito tempo depois eu pude aprender e treinar as habilidades e sentidos separados.


Havia no curso técnico uma aula específica pra aprender a solfejar, uma aula específica pra
aprender ouvir e apreciar, outra pra praticar as músicas, outra aula pra entender a teoria por
trás de tudo aquilo. Mas, antes disso, todas essas habilidades eram (inconscientemente)
realizadas ao mesmo tempo: eu tinha que ouvir e já tentar reproduzir, quase que no mesmo
instante, imitando o som com a boca, buscando a coordenação motora necessária pra fazer e
sem entender nada de teoria, do que realmente estava acontecendo ali, sem saber o que eram
as divisões e subdivisões das durações das notas, mas sabia que eram de alguma forma mais
fácil ou mais difícil.

O artista, como qualquer outra categoria social, se constitui e se alimenta através das
referências e conhecimentos que constrói na família, escola, religião e demais
grupos e indivíduos com os quais interage ao longo de sua trajetória. Igualmente,
instituições específicas de ensino artístico são espaços socialmente reconhecidos,
nos quais as técnicas, habilidades, conhecimentos, sensibilidades e significados
artísticos são ensinados de maneira sistemática (VIEIRA, 2017, p. 30).

Ter que reconhecer tais habilidades e pratica-las separadamente e de forma consciente


agora, me proporcionou um melhor entendimento sobre suas interações entre si, ou seja, pude
entender, por exemplo, como a melodia15 se comporta dentro de uma harmonia16 musical, e
no caminho inverso, como uma progressão harmônica se adapta à melodia apresentada. Antes
não sabia o que era o que, pra mim era tudo uma coisa só.

2.2 Aprendizagem Não Formal

Houve um momento em que decidi estudar Música: ao chegar na minha casa depois de
um dia de trabalho despertei para a vontade de aprender de outra forma. Eu queria ter aulas de
bateria, onde e com quem fosse! Estava preparado para aquilo.
Ao realizar uma busca na internet por locais onde eu pudesse fazer aulas de bateria,
descobri uma escola – que na verdade era uma franquia –, situada em Fortaleza/CE, a 210 km
da minha casa em Tabuleiro do Norte/CE. A alegria e o desejo por aprender foram muito
maiores do que essa distância.
Precisava então, a partir daí, encontrar uma forma de ir para as aulas sem perder o
emprego que tinha na época. Conversei com o gerente da padaria onde eu trabalhava, Marcos
– (o Cara!), como eu o chamava, e ele por sua vez me chamava de (o Carinha!) devido a

15
“Conjunto de sons dispostos em ordem sucessiva” (MED, 2017, p. 11, grifo do autor).
16
“Conjunto de sons dispostos em ordem simultânea” (MED, 2017, p. 11, grifo do autor).
38

grande amizade que tínhamos e vontade para trabalhar seja em qual fosse a atividade – e
contei pra ele a verdade, que queria fazer aulas de bateria. Ele concordou que poderia me
liberar uma vez a cada 15 dias por meio período para poder viajar, realizar as aulas e voltar no
mesmo dia. Nos restava então argumentar com o irmão dele, Lauro, que tinha arrendado o
local para poder conduzir o negócio.
É preciso relatar uma esfera diferente da Música aqui, pois, naquela época, em 2011,
eu era estudante de turmas para alunos que haviam sido medalhistas na OBMEP 17 e, com isso,
deveria me dedicar aos estudos científicos na área. É evidente que era mais fácil convencer ao
patrão Lauro que era para essas aulas que eu estava indo em Fortaleza, do que dizer que eu
queria estudar Música. De algum modo eu sabia que se falasse a verdade ele não iria deixar,
sendo que eu precisava do emprego para custear as passagens, alimentação e mensalidades da
nova escola.
Eu estava no Bateras Beat18 três dias depois de decidir mudar aquele cenário de
aprendizado, mesmo sem saber que iria mudar tudo: o quê e como estudar, novas linguagens,
ressignificação de termos e experiências únicas. Dessa forma, tive meu primeiro contato com
a educação não formal:

A educação não-formal é mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática. Os


programas de educação não-formal não precisam necessariamente seguir um sistema
sequencial e hierárquico de “progressão”. Podem ter duração variável, e podem, ou
não, conceder certificados de aprendizagem. Toda educação é, de certa forma,
educação formal, no sentido de ser intencional, mas o cenário pode ser diferente: o
espaço da escola é marcado pela formalidade, pela regularidade, pela
sequencialidade. O espaço da cidade (apenas para definir um cenário da educação
não-formal) é marcado pela descontinuidade, pela eventualidade, pela
informalidade. A educação não-formal é também uma atividade educacional
organizada e sistemática, mas levada a efeito fora do sistema formal. Daí também
alguns a chamarem impropriamente de “educação informal” (GADOTTI, 2005, p.
2).

Nesse local pude, desde a primeira aula, ter um avanço muito mais rápido,
tecnicamente falando. Minha evolução foi bastante notória entre os amigos que tocavam
comigo. Todos perceberam, inclusive eu, que aquelas aulas de bateria que vinham sendo
feitas a cada 15 dias estavam surtindo efeito muito rápido. Com toda certeza era por causa da
dedicação e importância que eu dava para o conteúdo e momentos com os professores na
Bateras Beat. Nessa escola tive a oportunidade de conhecer muita gente, inclusive meu ídolo
17
Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas.
18
Escola, no modelo de franquia, especializada no ensino de bateria, fundada pelo brasileiro Dino Verdade
(1970). A Unidade Fortaleza, situada no bairro Aldeota, foi instituída em uma casa adaptada para se tornar uma
escola de Música no padrão desta franquia. Com metodologia e material didático desenvolvido por seu criador,
este modelo de franquias tem 44 unidades no Brasil, uma na Itália e uma na China.
39

Aquiles Priester 19, que tenho como maior referência nos estudos específicos relacionados ao
instrumento que tenho como trabalho principal: a bateria.
O processo de aprendizado, no que diz respeito à teoria musical, de alguma forma foi
fácil para mim: eu já conhecia as figuras para notação musical, mas não sabia seus nomes e
nem suas relações entre si. O modo como eu aprendi a “ler” partituras foi bem interessante:
antes de imaginar que iria estar numa escola, eu buscava por partituras das músicas que eu
gostava e ficava olhando para elas enquanto assistia vídeos de bateristas executando aquelas
músicas; daí então eu tentava assimilar os movimentos com os desenhos na partitura. Tanto
que, quando fui entrar no Bateras Beat, o meu primeiro professor, Thiago Henrique,
perguntou se eu sabia alguma coisa daquilo enquanto mostrava uma partitura pra mim. Eu
prontamente disse que não sabia os nomes, mas que seria capaz de executar o que estava
escrito.
O professor Thiago ficou incrédulo ao ver que eu realmente fiz o que estava escrito!
Porém seriam necessárias algumas adaptações na técnica utilizada e o entendimento do que se
tratava na teoria aquilo tudo. E era pra isso que eu estava lá!
Sempre fui muito bem recebido no Bateras Beat, com o auxílio e companheirismo de
todos os professores, colegas e diretores de lá. Até hoje mantenho uma amizade com muita
gente que conheci através dessa escola. Posso citar principalmente o professor Samuka
Rodrigues, no qual também matinha relações de amizade fora da escola, e conversávamos
bastante sobre Música e o fazer musical. Realmente esse ponto foi um divisor de águas para a
minha decisão de continuar os estudos na Música. Ainda tenho tudo guardado: passagens de
ônibus da época, recibos de pagamentos das mensalidades, ingressos para eventos realizados
pela escola, tudo documentado. O processo era tão maravilhoso pra mim que eu queria
guardar tudo o que fizesse parte dele.
Após estudar por dois anos nessa escola senti que era hora de fazer algo novo. Isso se
deu também pelo fato de que eu não tinha mais condições de manter as viagens, mensalidades
e todos os gastos que envolviam esse sonho. Com isso era necessário mudar de contexto sem
mudar a área nem a vontade de aprender.

2.3 Aprendizagem Formal

19
Aquiles Priester (1971), é Sul-africano, filho de brasileiros, ganhou fama nacional e internacional por trabalhos
realizados na banda Angra a partir de 2001, além da sua banda inicial, Hangar. Ganhou prêmios nacionais e
internacionais como melhor baterista, por vários anos, e melhor DVD institucional eleito pela revista
especializada na área Modern Drummer. Por ter contato pessoal com este professor, estas informações são de
notoriedade pública.
40

Chegou um momento em que eu percebi que deveria ir mais longe, precisava de algo
mais formal e aceito no mercado de trabalho – como, por exemplo, um diploma de uma
faculdade. Passei, a partir de então, a busca de ingressar num curso superior de Música. Mas,
no meio do caminho, por indicação de um amigo, optei por ingressar no curso Técnico em
Instrumento Musical ofertado pelo IFCE.
Enquanto ia tentando, através do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), uma
vaga nos cursos superiores, tentei e consegui por duas vezes uma vaga no curso técnico em
Fortaleza. Na primeira vez não pude entrar no curso por motivos financeiros, pois tinha
acabado de comprar uma bateria nova e não poderia pagar a bateria enquanto também teria
gastos morando fora.
Em janeiro de 2015, estava de mudança: de cidade, de vida, de relacionamento. Muitos
ciclos encerraram e outros começaram a partir daquela decisão de trabalhar com a Música. Foi
quando decidi, portanto, traçar uma carreira na Música e na Educação Musical: queria
melhorar como músico, principalmente, e também mudar na forma como eu dava aulas –
precisava ter mais conhecimento daquilo que eu fazia. Neste sentido, o curso técnico acabou
sendo mais um divisor de águas na forma como eu via e vivia no fazer musical.
Foram dois anos tentando acompanhar um ensino no qual eu não estava acostumado,
pois tive que aprender a tocar outros instrumentos uma vez que não era ofertado o ensino de
bateria. Dessa forma, tive que “me virar” para aprender violão, o que acabou não dando muito
certo por questões de adaptação em relação ao professor. Mas descobri um tempo depois que
esse problema era comum, pois muitas pessoas acabavam desistindo desse professor por conta
do mesmo não gostar de ensinar àquelas pessoas que eram iniciantes. Lembro que, na minha
turma, seis pessoas acabaram trocando de instrumento devido ao grande incentivo negativo
desse professor.
Enquanto ainda estava no primeiro semestre pedi a um outro professor que me
ensinasse teclado. Eu tinha vontade de aprender e ele, de forma muito amigável, me ensinava
nas horas vagas. Até que, quando tive a chance, mudei de instrumento no curso – o que me
levou a estudar por um semestre a mais do que o previsto para a conclusão do curso. O
“Amado Mestre Nonato”20, como eu o chamo, era paciente com todos os estudantes, sendo
notável a evolução de todos os alunos que estudavam com ele.

20
O professor Dr. Nonato Cordeiro foi meu professor de teclado, acordeom, entre outras disciplinas. Eu o
chamava dessa forma como uma citação e homenagem à fala do personagem Rolando Lero, interpretado pelo
41

A cada dia, mais eu gostava de trabalhar com música, pois já dava aulas e queria
estudar mais sobre o assunto. A medida que o tempo foi passando e foi concluído o curso
técnico, continuava a tentar uma vaga nos cursos Superiores de Música e, finalmente, havia
conseguido: no ano de 2016 fiz a prova do ENEM, para entrar em algum curso Superior, e
consegui atingir a pontuação necessária para ingressar em duas faculdades – a UERN e a
Universidade Federal do Ceará (UFC), que pra mim seria um sonho –, e consegui! Contudo,
optei por ingressar na UERN em Mossoró por ser um local mais próximo da minha casa, e
assim eu poderia diminuir os gastos com passagens, seria um custo menor para estudar
Música. Por muito tempo pensei que tivesse feito uma escolha errada – eu gostaria de ter ido
para a UFC –, mas ao longo da graduação, em Mossoró, fiz amizades incríveis e passei por
processos tão significantivos para mim que não trocaria tais experiências por nenhuma outra.
A busca pelo curso superior de Música se deu num momento em que eu entendi que
poderia melhorar naquilo que eu já fazia. Como já vinha de um curso técnico procurei na
Licenciatura, uma forma de melhorar aquilo que eu já sabia como instrumentista, para que
isso pudesse ampliar meu espaço como professor.
Quando ingressei no curso de Licenciatura em Música da UERN, em Mossoró,
acreditei que estava entrando num curso voltado à prática instrumental mais aprofundada do
que no curso técnico, pois esta era a única referência que eu tinha sobre espaços formais de
ensino – mesmo sem saber que estes eram formais. Pretendia, portanto, dar continuidade aos
trabalhos desenvolvidos no curso técnico e, com isto, pensava em aprender mais sobre os
instrumentos de teclas como piano, teclado e acordeom. Sabia também que não seria possível
ter aulas de bateria, pois este instrumento não era ofertado como componente curricular desta
graduação.
Já nas primeiras semanas do primeiro semestre, em conversa com algumas pessoas da
turma, era quase que unânime um leve desapontamento entre os colegas ao perceber que ali
não seria um local para melhorar como instrumentista, mas sim para ser docente. Eu mesmo
cogitei buscar um Bacharelado. Mas, à medida que o tempo ia passando, estava me
acostumando com aquele cenário. Decidi, então, ficar e ir até o fim.
Sobre o ingresso nos processos formais de aprendizagem trago uma frase que me diz
muito sobre esse momento: muitas vezes, “a vivência de alunos que iniciaram sua formação
em diversos contextos da música popular não é levada em consideração dentro da academia,
onde o modelo de ensino conservatorial ainda é muito forte” (PENNA; PINTO; SANTOS,

ator Rogério Cardoso, quando se dirigia ao professor Raimundo, personagem de Chico Anysio, no programa de
TV Escolinha do Professor Raimundo, transmitido pela emissora Rede Globo entre as décadas de 1950 e 1990.
42

2018, p. 8). As rupturas de aprendizagem sofridas e, de certa maneira, impostas pelo sistema
formal de Educação Musical fizeram com que eu tivesse que me adequar a questões como a
leitura de partituras, já que até então minha leitura, que antes era apenas rítmica, passava a ser
também melódica. O solfejo não foi tão difícil de aprender, pois já conhecia as figuras
musicais, me restando aprender a entoar as notas na altura21 correta.
Outro ponto que destaco foram as questões de execução instrumental – pois agora
tinha de aprender outro instrumento, já que o meu não era ofertado no técnico e nem na
graduação. Tive que deixar de lado a bateria para poder seguir nos dois cursos supracitados,
cada em seu tempo, mas, posteriormente, vi a questão como um ponto positivo para mim, pois
o fato de estudar novos instrumentos foi determinante para minhas atividades profissionais.
No entanto, penso: até que ponto posso ter sido prejudicado também por não me dedicar como
gostaria ao meu instrumento principal?
Ainda ocorreram muitas rupturas, principalmente nas relações com determinados
professores: “— Você não é ninguém aqui!” – frase que ouvi de alguns professores quando
tentava, por vezes, propor atividades de ensino nas quais eu pudesse estar à frente, ou mesmo
algum trabalho que estivesse fora do proposto pelo curso. Momentos estes são exemplos que
estão diretamente relacionados à fala das autoras e demonstram como o choque entre os
padrões musicais das vivências dos alunos e os do curso pode afetar a motivação e
aproveitamento dos estudantes (PENNA; PINTO; SANTOS, 2018, p. 9).
No meu caso, afetou de duas formas: a primeira era a garra de não desistir, de não ser
reprovado por nada; estava deixando pra trás muitas coisas, muitas pessoas e muitas outras
oportunidades para ir em busca de um sonho. Tive bastante dificuldade em acompanhar
assuntos teórico-musicais. Se fosse ter o primeiro contato com estes conteúdos na graduação,
teria sido reprovado, com certeza. O tempo que dediquei ao curso técnico – que na época eu
achava perda de tempo, pois já podia estar diretamente num curso superior –, formaram meu
alicerce, que afirmo ter sido muito bem fundado por professores que me ensinaram muito
mais do que o que seriam as notas musicais. Gratidão às pacientes Cecília Do Vale22, Costa
Holanda23 e Nonato Cordeiro, que tão bem me ensinaram sobre como se deveria levar a sério
todos os processos que ocorriam quando fazíamos música.

21
Na escrita musical é determinada “pela posição da nota no pentagrama e pela clave” (MED, 2017, p. 12).
22
Professora Dra. no IFCE com a qual estudei por quase todo o curso de forma direta, sendo ela ministrante de
várias disciplinas, também realizamos trabalhos de forma extracurricular no grupo de flautas Doces Flautas
Doces, onde eu atuava como percussionista.
23
Professor Dr. no IFCE com o qual estudei por quase todo o curso de forma direta, sendo ele ministrante de
várias disciplinas teóricas.
43

A segunda forma me afetou positivamente, pois todo aquele universo era mágico pra
mim: estava conhecendo novas pessoas, novas formas de ver, ouvir e fazer música, embora
muitas vezes eu não estivesse entendo do que os professores estavam falando. Eu chorava
emocionado com todo aquele momento: estava aprendendo algo mais, estava feliz por estar
trilhando um caminho sonhado e isso me motivava mais ainda a voltar no outro dia para a
aula, mesmo com a distância de casa.
Quanto à motivação, na licenciatura, eu queria aprender, queria mostrar o que havia
aprendido, queria dividir com os colegas de classe e da minha cidade, queria voltar e ensinar
tudo aquilo que estava vendo no mundo. Meus aproveitamentos nos cursos sempre foram
bons. Depois de muitos anos reprovando na Educação Básica e sendo um aluno de baixo
rendimento, eu estava gozando de um currículo muito bom, notas boas e boas práticas,
motivado a cada vez mais a fazer aquilo da forma correta. Isto demonstra que “os percursos
individuais de formação musical são muito específicos, influenciando diretamente o estudante
da licenciatura em música, em termos de suas motivações, aproveitamento e satisfação com o
curso” (PENNA; PINTO; SANTOS, 2018, p. 11).
Quase nunca entendi como algumas pessoas não gostavam de certas disciplinas: a
maioria delas dizia que não entendiam para que fosse servir tudo aquilo – aqueles assuntos
que ninguém sabia de onde haviam saído... Confesso que eu sempre fiquei meio calado, pois
não queria tirar a razão deles. Eu sabia que eu via aquilo de forma diferente. Cada disciplina
teve sua importância pra mim, eu faria todas elas mais uma vez.
Durante o meu percurso formativo na graduação o processo de aprendizagem
informal aconteceu sempre relacionado aos outros contextos – ou seja, ao olhar para a minha
experiência, vejo que em diversos momentos também aprendi mesmo sem intenção de
aprender. Como exemplo, posso elencar a execução do projeto Nordeste Cantado24, que
dentro de um contexto de aprendizagem voltado ao canto, numa disciplina especifica de
prática instrumental, não bastava apenas treinar o canto isoladamente: a prática de conjunto, a
produção musical, cenário, iluminação, figurino, translado de material e a organização do
processo como um todo, em ações específicas e integradas, acabaram fazendo parte de todas
as atividades relacionadas à disciplina25.

24
Projeto artístico pedagógico coordenado pelo professor Daniel Mariano junto aos(às) estudantes
matriculados(as) nas disciplinas Instrumento II (Canto), Instrumento IV (Canto) e a disciplina optativa Prática de
Conjunto, no semestre acadêmico 2018.2, que culminou na produção do espetáculo Nordeste Cantado,
apresentado em 13 de julho de 2019, no Teatro Lauro Monte Filho, em Mossoró/RN.
25
Junto a estes elementos, desenvolvemos o fazer operacional sobre o processo, desde a organização de ensaios à
logística de transporte e alimentação, assim como sobre a sustentabilidade financeira que um espetáculo musical
44

O processo não-escolar pode estar difuso nas práticas culturais, ou ser organizado
segundo os mesmos critérios escritos que estruturam a atividade escolar. Além disso,
eles podem acontecer de forma deliberada (onde o indivíduo conscientemente colhe
e trabalha informações), ou de forma não-intencional, (onde o individuo é envolvido
na atividade ou corrente de informações e acaba aprendendo sobre um determinado
assunto mesmo que não tenha tido a intenção de aprender) (PODESTÁ; BERG,
2018, p. 5).

Com isso, o professor ministrante, Daniel Mariano, nos inseriu dentro de um


contexto de aprendizado informal, ainda que tudo estivesse institucionalizado – os
conhecimentos adquiridos ali não estavam descritos em artigos ou outros textos. Embora haja
relatos de experiências sobre os processos de aprendizagem, sejam eles em quaisquer esferas,
ler não é o suficiente, pois percebo que o aprendizado de fato se dá realizando o trabalho, e
cada nova ação promove um novo aprendizado.

deve contemplar, seja em contexto artístico profissional ou mesmo no contexto artístico-pedagógico, que pode
ser aplicada na educação básica ou em outros espaços educativos.
45

3 O INÍCIO, O FIM E O MEIO 26: CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTE ESTUDO

“Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que


pensa e faz, coragem, coragem, eu sei que você pode
mais” (POR QUEM..., 1979).

Diante do que foi realizado nesse trabalho é possível compreender que, para entender
as formas como o aprendizado acontece, é necessário refletir não só sobre o outro, mas
também sobre o seu próprio caminhar. Este pode ser rico de informações, apesar de quê, no
momento em que acontecem, são difíceis de se perceber; contudo, quando há o ato de refletir
sobre o aprender, pode trazer maiores significados ao seu próprio processo de aprendizagem.
Como caminho para a reflexão busquei entender quais eram e como ocorriam tais
processos de aprendizagem, buscando na literatura os textos que pudessem ser as luzes que
tornassem possível para começar a enxergar por onde estive e como estive – em outras
palavras, me foi possível compreender o que seriam os processos de aprendizagem musical
formal, não formal e informal a partir do meu próprio percurso formativo. Também foi
possível conhecer os meios necessários a essa reflexão, como por exemplo, as narrativas
autobiográficas.
Após as leituras reflexivas sobre as diversas definições de aprendizagem informal,
não formal e formal, fica evidente que, pelo menos para a minha compreensão, as diferenças
estão mais relacionadas ao ambiente do que ao processo em que ocorrem as aprendizagens –
ou seja, existe uma tendência a separar as formas e, por que não falar, o modus operandi
daqueles que convivem em espaços diferentes. Se pensarmos, por exemplo, que um indivíduo
atua de tal maneira num espaço dito formal, como a faculdade, irá atuar de forma diferente em
espaços ditos informais.
O grau de sistematização e hierarquia entre os ambientes e práticas de aprendizagem
é o que parece ser a maior diferença entre os conceitos, uma vez que em diversos locais se
pode aprender os mesmos assuntos, observadas as distintas perspectivas e objetivos de cada
um dos ambientes. Essa afirmativa pode ser inferida ao observarmos como se pode aprender
músicas pelo processo imitativo/informal, pelo ambiente não formal – como nas aulas
particulares no Bateras Beat, que eram voltadas mais para a técnica e performance –, e por
último, na graduação, quando o foco geralmente se da a teoria que está por trás das práticas.

26
Neste título reflito sobre as considerações, fazendo alusão à música Gita, presente no álbum homônimo de Raul
Seixas (GITA, 1974). O trecho escolhido se refere ao fato de começar as considerações fazendo uma
recapitulação do que foi feito – inicio –, seguido dos apontamentos e compreensão dos objetivos alcançados – o
fim –, finalizando com o que mais poderia ser feito no trabalho, já que este é passível de continuidade em outros
contextos – o meio.
46

Pelo que pude refletir, os processos podem ocorrer de forma simultânea, uma vez que
entendo que a aprendizagem informal não deixou de ocorrer em nenhum momento no meu
percurso, pois quando estava em qualquer diálogo sobre as práticas ou teorias com colegas e
amigos, ali também estava acontecendo o ensino e aprendizagem, mesmo que não fosse a
intenção de ensinar.
Foi necessária muita atenção para realizar um trabalho sobre o meu próprio percurso
formativo, refletindo sobre as práticas de aprendizagem. Tomei muito cuidado para não
pensar que já saberia do resultado da pesquisa – afinal, eu mesmo vivi toda essa história. Mas
não poderia deixar que o eu pesquisador estivesse tão logo convencido de que seria tarefa
fácil.
Não basta apenas saber o quê e como vivemos todos esses processos: é importante
refletir sobre o momento em que se estava aprendendo, local e com quem estávamos. A
aprendizagem não acontece sem experiência, ou seja, sem a realização de uma prática. A
experiência com os outros ou com as práticas ocorrem o tempo todo, não paramos de aprender
ou dar novas perspectivas ao que aprendemos. A noção de que podemos e devemos aprender
e ensinar deve estar atenta o tempo todo.
Esta experiência de construir um Trabalho de Conclusão de Curso me deu uma maior
segurança em estar fazendo não um trabalho inédito, mas sim contribuindo ainda mais com as
pesquisas monográficas para a área de Educação Musical. Reforço aqui que o estudante de
graduação também é capaz de realizar trabalhos nos quais há poucos diálogos com seu grau
acadêmico, ainda que esteja nos primeiros passos para ser um pesquisador. Sinto-me, hoje,
totalmente ciente do que estou fazendo e, se isso me constrói enquanto pesquisador, com mais
passos terei a certeza de que o caminho escolhido pode ter sido o mais apropriado para o meu
percurso formativo, visando a continuidade das pesquisas acadêmicas em pós-graduações.
Como parte do processo de aprendizagem durante o pré-planejamento, planejamento,
execução e conclusão do projeto que hoje se torna uma monografia, destaco a orientação do
Professor Me. Daniel Mariano – este que, desde o início, ainda no primeiro semestre da
Licenciatura em Música da UERN, sempre fez de tudo para que o processo acontecesse da
forma mais proveitosa possível. Acredito que, com ele, todas as formas de aprendizagem
citadas aqui ocorreram concomitantemente, pois não era possível estarmos apenas em uma
sala de aula fechada: os corredores também eram locais de aprendizagem, os pés descalços na
47

areia eram momentos de consciência corporal, o sentir o mundo, estar sempre pronto e
disposto a realizar qualquer convite. Com o Predador27 não era possível escapar do aprender.
Ainda sobre as orientações, todas ao som de Raul Seixas, diálogos sobre aprender,
diálogos sobre Música e músicas, em nenhum momento fui pressionado com prazos, mas
sempre ciente de que eles existiam. Um dos pontos a serem destacados nessas reflexões se
trata da escolha do tema. Durante a graduação pude conhecer muitos temas com os quais não
me identificava muito, sendo que, por muitas vezes, eu disse ao meu orientador que antes que
a banca acreditasse no meu trabalho eu deveria acreditar primeiro. Não adiantava apresentar
algo no qual não tivesse um pouco daquilo que sou enquanto estudante e pesquisador iniciado.
Dessa forma, foram vários dias e diálogos acerca do que poderia vir a ser um projeto
concluído.
Preciso citar que foi pensado em realizar um trabalho que, no final, apresentasse uma
ferramenta de apoio a professoras e professores que ministravam aulas de piano/teclado. Com
isso, além de fazer o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), estaria colocando à disposição
de estudantes um dicionário de acordes para auxiliar nos estudos. Comecei a pensar e realizar
os primeiros passos desse projeto, mas não foi possível concluí-lo, pois a orientação do
Projeto Pedagógico do Curso (PPC) do curso nos diz que o TCC “trata-se de um trabalho
monográfico que visa à iniciação científica para uma pesquisa teórico-empírica”
(UNIVERSIDADE..., 2014, p. 67).
Uma das maiores dificuldades para a realização deste trabalho foi ter que dividir a
atenção entre a monografia e o relatório de estágio supervisionado: os prazos de entrega das
partes de cada um dos textos, as leituras diferentes e a divisão de tempo para me dedicar a
cada um destes, além, também, das atividades de outras disciplinas. O fato de já estar atuando
como licenciando também contribuiu para ocupar bastante tempo que poderia ser dedicado
aos estudos, mas cabe ressaltar que o ambiente do Instituto Beleza Interior 28 e toda a equipe
sempre foram solícitos e flexíveis quanto a minha prioridade de estudos, modificando meus
horários de trabalho sempre que necessário, fazendo assim, com que o Instituto se adequasse à
minha realidade.
Para trabalhos futuros pretendo estudar como pode ocorrer a aprendizagem informal
dentro de intuições formais de ensino, a exemplo da UERN. Podem os ingressantes aprender

27
Por ter cabelo dread e estar sempre em busca dos alunos para que não ficassem parados, chamávamos o
professor Daniel Mariano de predador, fazendo uma referência ao filme O Predador (1987).
28
Associação cultural localizada na cidade Alto Santo/CE, onde se desenvolve trabalhos culturais tendo como
público alvo, crianças e adolescentes. Lá tive a oportunidade de atuar como professor de Música enquanto
licenciando.
48

mais sobre os assuntos em rodas de conversa fora da sala de aula do que dentro dela, com
explicações docentes? Estar num ambiente formal é significado de aprender apenas
formalmente?
Neste sentido, espero que este trabalho possa ajudar a outros que buscam aprender a
aprender, que possa despertar a vontade de conhecer como se aprende, seja formalmente,
informalmente ou em quaisquer outras formas de aprendizado. Que possa despertar reflexões
sobre suas práticas e mostrar como aprender também com você mesmo.
49

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