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GUIA MINICURSO

PREVISÃO
DAS ONDAS
INTRODUÇÃO
Fala Surfista, beleza? Lucas Aqui!

Nesse Guia você vai ter acesso a tudo, e muito mais,


que você precisa saber para saber ler de forma precisa os
gráficos de previsões de ondas!

Eu vou primeiro te ensinar tudo sobre as ondulações,


ventos, marés, os 5 fatores que afetam as ondas na praia
e no final eu vou te revelar breve passo a passo simples e
descomplicado para você ver a previsão das ondas e
saber se vai dar altas ou se é melhor ficar em casa!

Ou, quando o mar estiver gigante, saber aonde pode


ter ondas surfáfeis para você!

Se você tiver acesso à aula que eu gravei, onde eu


mostro o passo a passo, clique a clique, na tela do meu
computador exatamente como eu faço para ver as previ-
sões de ondas e todos os sites confiáveis, recomendo
fortemente que também a veja!

Então surfista, partiu dropar essa onda comigo?

Eu te desejo uma excelente leitura!

Aloha,

Lucas.
1. ONDULAÇÃO
As ondulações são geradas através da ação de fortes ventos e
tempestades no meio do oceano. Esses ventos e tempestades agem
sobre uma grande superfície do mar, superfície essa que chamamos de
Pista de Ventos, e por um longo período de tempo, dando origem ao que
chamamos de ondas oceânicas.

Os ventos que geram as ondas no oceano possuem uma determi-


nada direção principal, o que gera arcos de ondas cuja abertura é de,
aproximadamente, 45° da direção predominante do vento gerador
dessas ondas.

Conforme as ondas vão se deslocando no oceano, esses arcos


ficam cada vez maiores, o que faz a Energia da onda se espalhar por
uma área maior, o que faz com que a ondulação perca Altura.

Muito parecido quando jogamos uma pedra no lago, quando a pedra


cai, cria-se vários arcos de ondas que vão aumentando com o tempo.
Se você notar, vai perceber que conforme os arcos caminham e aumen-
tam, a Altura das ondas geradas vai diminuindo

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AMPLITUDE BAIXA

AMPLITUDE ALTA

Muitos surfistas acham que as ondas são geradas pelos ventos


locais da praia, mas na verdade esses ventos não são os geradores das
ondas e sim os que estão em alto mar, esses sim possuem força e
energia suficiente para gerar as ondas que pegamos.

Essas ondas geradas em alto mar viajam milhares de quilômetros


do meio do oceano até nossos picos onde surfamos, ou seja, você
sempre surfou o passado e nem sabia disso! Os famosos Swells são
formados assim.

Agora você pode querer me perguntar: “Lucas, o que é esse bendito


do Swell?”

Então, temos dois tipos de ondas oceânicas: as Vagas e o Swell.

As Vagas são ondas geradas por ventos fortes em alto mar, só que
em locais relativamente próximos do litoral, isso gera ondas cuja Pista
de Vento é um pouco menor que as que geram um Swell e com ventos
um pouco mais fracos dos que geram um Swell.

Isso gera ondas que percorrem pouca distância do local de sua


origem até a praia, chegando no litoral mais bagunçadas e mexidas,
tendem a produzir mares piores e com períodos mais baixos.

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O Swell também são ondas oceânicas gerada por ventos, mas são
oriundas por tempestades mais severas e em locais do oceano bem
mais distantes da costa. Isso gera ondas com maior Pista de Vento,
maior Período e com mais Tamanho.

Elas viajam uma distância muito maior do que as Vagas até o


nosso litoral, o que faz com que elas tenham mais tempo para se ali-
nharem melhor devido aos ventos mais calmos no caminho. Ou seja,
tendem a formar mares mais alinhados e perfeitos.

Essa ação dos ventos e tempestades geram padrões de ondas de


Tamanho (Altura), Direção e Período definidos.

Esses são os três fatores mais importantes da ondulação que


iremos analisar nas previsões de ondas para o nosso surf. Então, partiu
falar sobre eles!

a) Tamanho ou Altura
O Tamanho da ondulação, ou Altura da onda, é a distância da Base
ou Cavado da onda até a sua crista.

ALTURA DA ONDA CRISTA

CAVADO

Esse tamanho é geralmente mostrado nos gráficos de previsão de


onda em metros (m) ou em pés (ft) mas eles não indicam o tamanho da
onda na praia!

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ALTURA
TOTAL
ALTURA DO DIREÇÃO
SWELL
PRIMÁRIO

PERÍODO
https://www.magicseaweed.com

A Altura total das ondas é a Altura da ondulação quando unimos os


efeitos dos Swell Primário, Secundário e Terciários, se houver. Mas pode
ficar tranquilo, vamos falar sobre eles mais tarde.

No caso da figura acima, nós vemos que a Altura total pode variar
de 1m até 1,5m. Ela representa a Altura Significativa das ondas, ou a
média do terço superior de todas as ondas presentes.

“É O QUE MANO??”
Hahaha, não se assuste! De maneira bem simples, é como se você
pegasse a leitura de 300 ondas por um período de tempo e para calcular
a média do terço superior, você vai pegar os 1/3 maiores dos 300, ou
seja, as 100 maiores ondas dessas 300 que você mediu, e você vai tirar
a média dessas 100 maiores ondas.

Porém, o importante aqui é saber que esse valor que encontramos


nas previsões é uma média! Ou seja, podem existir ondas durante o seu
surf que são maiores ou menores do que as que você previu pelos grá-
ficos.

O tamanho das ondas na praia que surfamos tem relação com o


tamanho das ondas que vemos nas previsões, mas ele sofre diversas
influências como: Período, vento, formação do fundo, obstáculos natu-
rais, desenho da costa, maré, interferência entre Swells etc.

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O que na verdade vemos nos sites de previsão de ondas é um com-
pilado de informações de sistemas de previsão de ondas, cujos mode-
los matemáticos são alimentados com informações de boias oceâni-
cas, satélites, estações atmosféricas e outros. Esse compilado é orga-
nizado e mostrado de maneira amigável para você nas plataformas dos
sites.

Portanto, o que vemos muitas vezes nos sites é uma previsão ma-
temática do tamanho, direção e período das ondas que chegarão na
costa. Muitos acham que o que está no site é de fato a leitura das boias
em alto mar, mas isso não é verdade!

Inclusive, as previsões de ondas para o litoral do Brasil são muito


mais estatísticas do que de fato por medição de boias. Podemos perce-
ber isso quando vemos o número de boias oceânicas ativas (em amare-
lo) no litoral brasileiro, mostrado na imagem abaixo.

https://www.ndbc.noaa.gov/

Isso nos mostra que as previsões de ondas para o nosso querido


Brasil são criadas a partir de poucos dados de sua costa, sendo muito
pautadas em modelos matemáticos de aproximação com base nessas
poucas informações e de informações de outras boias espalhadas pelo
mundo.

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b) Direção
A Direção da ondulação é a definida pela origem relativa de onde as
ondas estão vindo. Complicado? Fica tranquilo, eu vou explicar melhor.

Ondas andam uma atrás da outra, como se fossem um trem, e elas


andam em formato de Arcos, como mostrei na figura lá em cima
quando falamos sobre como elas são geradas. Esses Arcos se abrem
tanto até chegarem no nosso litoral que, ao chegarem, parece que elas
estão praticamente retas.

E na prática você pode considerar isso sim.

A direção dessa ondulação é como se fosse a direção que aponta


do centro desses arcos, onde elas foram originadas, até a praia aonde
você está surfando.

Na prática, como os arcos são gigantescos, a ondulação vem como


se fosse um comboio de retas, então para definir a Direção da ondula-
ção precisamos apenas pegar uma seta perpendicular as ondas, apon-
tar para a praia e pronto, essa é a Direção delas.

SE 155º

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Nos sites de previsão de onda, em geral, a Direção é mostrada por
uma seta e uma medida em graus. A seta indica para onde a ondulação
está indo e a medida em graus é uma convenção para tornar a direção
da ondulação um número que seja lido facilmente pelo computador ou
por pessoas que preferem números.

Nos sites de previsão de onda, quando falamos que vemos uma


ondulação, ou Swell, de sudeste (SE), isso quer dizer que a ondulação
vem do Sudeste e segue para o noroeste!

Quando falamos uma ondulação, ou Swell, de Leste, isso quer dizer


que ela vem do Leste e está caminhando para o Oeste! Sua Direção é de
onda ela vem e não para onde vai!

Assim como a direção, o valor em graus é também determinado de


aonde a onda vem, como se você pegasse a medida em graus do início
da seta na figura abaixo.

N - 0º
SE 155º

O - 270º (W) L - 90º (E)

S - 180º

Ao chegar mais próximas da costa, a Direção da ondulação pode


mudar se encontrar obstáculos naturais, como ilhas ou formações em
L, mas isso a gente vai falar mais tarde, beleza?

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c) Período
O Período da ondulação é o tempo em segundos que leva para duas
cristas de onda passarem por você quando está sentado no Outside es-
perando a boa.

PERÍODO

VELOCIDADE VELOCIDADE

O Período é diretamente proporcional a Velocidade da onda. Por


consequência, a Energia da onda também é proporcional ao Período da
onda.

A Energia é uma fórmula matemática que não convém colocar


aqui, mas o importante é saber que ela é proporcional ao Período (ou
Velocidade) e ao Tamanho da onda, quanto maior cada um desses dois
fatores, maior será a Energia da onda.

Ou seja, quanto maior o Período, maior a Velocidade e Energia da


onda. Quanto maior é a Energia, maior será a massa d’água que a onda
será capaz de levantar ao passar por um ponto. Exato, apenas levantar,
pois a onda não transporta massa, apenas energia.

2m

Vol 1 Vol 2 > Vol 1

Vol 2 2m

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E o que isso significa para o nosso surf? MUITO!

Quanto mais Energia a onda tiver, maior será a pressão e velocida-


de que ela irá te entregar quando você estiver surfando nela.

Inclusive, na última sessão deste manual você vai entender como


que o Período das ondas afeta diretamente o Tamanho das ondas
quando elas quebram na praia. Isso tem profunda relação com como
Fundo da Bancada (Fundo do Pico) afeta a onda.

Além disso, Períodos maiores tentem a deixar as ondas com uma


Formação melhor e mais perfeitas para serem surfadas!

Chamamos de Formação a forma geral da onda, se é regular ou


irregular.

Quando dizemos que a Formação está boa, ou regular, significa que


as ondas estão vindo de forma regular, quebrando em um local com
uma certa constância e a parede da onda é lisinha quando você está
surfando nela.

Quando falamos que a Formação está ruim, ou irregular, significa


que a onda não está quebrando em um local muito definido, ela vem
meio bagunçada e cheio de “bumps” na parede, sua prancha fica baten-
do muito quando você surfa uma onda com essa formação.

O Período que está representado nos sites de previsão de ondas é


o que chamamos de Período de Pico, que representa o Período Médio
das ondas com maior energia no mar.

“Aliás Lucas, o que são as séries?”

Falamos aqui que as ondas são geradas em alto mar e elas cami-
nham como se fossem comboios de ondas, certo?

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Falamos aqui que as ondas são geradas em alto mar e elas cami-
nham como se fossem comboios de ondas, certo?

O que acontece é que no caminho elas vão se unindo com outras


Vagas ou Swells Secundários que criam um padrão que chamamos de
Padrão de Interferência.

Eu explico melhor sobre esses padrões e explico de maneira bem


simples porque existem as séries em um material bem completo que
escrevi. Nele eu não só falo desse assunto, como também de outros as-
suntos relacionados ao surf, como tipos de manobras, técnicas de ma-
nobras, como cuidar de sua prancha, técnicas de drop e muito mais.

Esse material está no livro digital que escrevi e chamado Surf Para
Leigos. Basta clicar no link aqui embaixo.

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SURF PARA LEIGOS

2. VENTO
Os ventos são muito importantes para o surf, não só por eles
darem origem aos nossos queridos Swells, como também contribuem
em muito na qualidade da Formação das ondas quando elas quebram
na praia.

Em relação ao vento, vamos analisar ele em três aspectos: Intensi-


dade, Direção e Rajadas.

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a) Intensidade
A Intensidade do vento é basicamente a medida de velocidade do
vento.

É medida muitas vezes em nós (1 nó = 1,852 Km/h) ou as vezes em


km/h, mas recomendo que você se acostume com a nomenclatura em
nós, pois em geral ela aparece mais constantemente em sites de previ-
são de onda.

https://www.ndbc.noaa.gov/

Para o surf, a Intensidade interfere muito na Formação das ondas,


ventos muito fortes podem acabar deixando a onda mexida, cheia de
“bumps” ou pode deixar a onda alinhada e lisinha.

Em geral, para o surf, costuma-se falar que ventos até 10nós são
amenos e ideais para o surf. Acima disso, pode dificultar um pouco a
caída, mesmo tendo uma Direção favorável.

Com Intensidades bem baixas (1,2 até 3 nós) independente da Dire-


ção do vento, você pode encontrar uma condição bem lisinha (ou glassy
como chamam os gringos).

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b) Direção
A Direção do vento tem o mesmo padrão da Direção de ondulação
e segue as mesmas regras que eu te expliquei anteriormente.

https://www.ndbc.noaa.gov/

Para o surf o melhor vento é o que chamamos de vento Terral,


vento esse que vai da terra para o mar. Esse vento vai de encontro as
ondas e molda elas de maneira a deixá-las mais lisas, perfeitas e um
pouco mais tubulares.

TERRAL

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O contrário do Terral é o Maral, que é o pior tipo de vento no surf.
Esse vento pega a onda de costas e faz algumas partes da onda que-
brar primeiro, quando elas não deveriam quebrar, isso faz com que a
onda perca força e Energia e deixe o mar fraco e cheio de “bumps”.

MARAL

Alguns surfistas também chamam de “Ladal” o nome para o vento


que vem de lado para a onda, mais ou menos perpendicular a ela, o que
as vezes é bom e as vezes é ruim, depende se você está surfando a
onda no sentido do vento ou contra ele.

Há vezes que o Maral, quando bem fraco, pode ajudar dando aquele
empurrãozinho para entrar mais fácil nas ondas. Alguns surfistas
avançados até preferem pegar dias assim, pois fica mais fácil de
mandar aéreos, pois o Maral ajuda a deixar a prancha grudada no pé
dele durante o voo.

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O Terral também pode ser ruim quando forte demais, ele vai difi-
cultar bastante sua entrada na onda, empurrando o bico da sua prancha
para cima e te impedindo de conseguir ganhar velocidade o suficiente
para entrar na onda.

Mas quando as ondas estão mais tubulares e o terral sopra com


mais Intensidade, pode rolar altos tubos e o Terral ajuda a segurar as
ondas para elas quebrarem um pouco mais devagar.

Mas, você pode adotar como regra básica do surf o seguinte: Surf
é melhor com pouco vento! E se for de Terral, melhor ainda!

c) Rajadas
As Rajadas são como se fossem as Séries (As ondas maiores que
do nada aparecem no horizonte) dos ventos. Elas vêm de vez em
quando e tem uma Intensidade maior do que a do vento predominante
no local.

Elas possuem a mesma Direção do vento estabelecido no local e


dura alguns segundos ou, no máximo, alguns poucos minutos.

Geralmente as Rajadas são apresentadas juntas com o vento e


com a mesma nomenclatura/indicativo.

https://www.ndbc.noaa.gov/

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3. MARÉ
a) Variação
A Maré é a medida da altura relativa, em metros, do nível d’água no
local em determinado momento em relação a uma medida referência
pré-estabelecida como a média de todas as Marés registradas naquele
local, a Maré 0m. Ou seja, podemos ter Marés negativas! Isso só vai sig-
nificar que ela está abaixo da referência.

Chamamos basicamente a Maré de: Prea-mar (maré alta), Maré Va-


zante (meia maré descendo), Baixa-mar (maré baixa) e Maré Enchente
(meia maré subindo).

https://www.magicseaweed.com

As Marés são causadas pela ação gravitacional da Lua e do Sol na


massa d’água em volta da terra. Não entrarei muito em detalhes aqui
sobre isso, porque isso seria mais como curiosidade e não faria muita
diferença para sua leitura dos gráficos, mas tem um pequeno detalhe
importante sobre isso que vou comentar em breve.

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O fato é que o importante para você saber aqui é: As variações das
Marés são diferentes em cada local!

Por exemplo: No Rio de Janeiro, onde eu moro, a Altura da Maré (va-


riação entre Prea-mar e Baixa-mar) não varia muito além de 1m. Já em
Fortaleza, na cidade da minha mãe lá no Nordeste, a Maré pode chegar
a variar até 3 metros no verão na lua cheia!

Tem locais, como no Maranhão e Belém, onde a Altura da Maré


pode chegar a 9 metros!!

Em alguns locais particulares no Brasil, nas regiões do Nordeste


por exemplo, a Maré varia tanto que o que dita se haverá ondas ou não
é mais a Maré do que a ondulação em si.

Portanto, se você mora em algum local onde a maré varie muito


(2m ou mais), eu aconselho a você a ficar super ligado na Maré e na
Lua! Nesses locais em geral rola mais ondas quando a variação da Maré
é maior, o que ocorre nas luas cheias e novas.

Quando falamos de Maré não há muita regra, é mais avaliar as


tábuas de maré e ir observando como seu pico se comporta, e com o
tempo você vai ver o que funciona melhor. Mas em geral, Maré alta
deixa as ondas mais cheias e Maré baixa deixa as ondas mais tubula-
res, mas isso também dependerá da formação do fundo, claro.

Uma última observação sobre a Maré é que, igual as ondas com as


séries e os ventos com as rajadas, a Maré também possui suas
“séries”. O valor absoluto da variação (o quanto ela sobe e desce) varia
ao longo do tempo, tem períodos que ela tem pouca variação (Marés de
Quadratura) e períodos em que ela tem grande variação (Marés de Sizí-
gia).

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b) Intervalo entre Marés
O período de tempo, em horas, entre uma Prea-mar e Baixa-mar
nós chamamos de Intervalo entre marés ou Período entre marés.

https://www.magicseaweed.com

Há Marés com intervalos de 6h (Rio de Janerio), marés semidiurnas


(12h) e marés diurnas (24h) e mistas (6h com variação de Altura), mas
na grande parte das vezes essas variações podem ser um pouco irregu-
lares, mas seguem mais ou menos um desses três padrões.

Esses Intervalos podem variar de região para região. Isso você pode
verificar em tábuas de maré da Marinha ou de sites de previsão de
onda que possuam essa informação.

4. GEOGRAFIA DE PICO
A Geografia do Pico será importante quando formos relacionar sua
praia com a Direção de vento e ondulação nos sites de previsão de
ondas para prevermos se teremos boas ondas ou não, se Terral ou não.

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Vamos falar de dois aspectos básicos: Localização e Orientação.

a) Localização do Pico

Basicamente a Localização do Pico é obtida no Google Maps, para


sabermos onde ele se encontra e qual a variação de Maré do local.

Nesse passo você já vai saber identificar a tábua de Marés do seu


pico e saber como a Maré funciona ali.

Muito importante perguntar para os locais e acompanhar o com-


portamento do pico ao longo do tempo com a variação das Marés, para
você identificar quando ocorre as Marés favoráveis ao pico.

b) Orientação do Pico
A Orientação do Pico também pode ser vista no próprio Google
Maps e comparando com a Rosa dos Ventos. O que é importante aqui na
orientação é verificar as direções favoráveis de ondulação e vento.
Sempre buscando ondulações que entrem bem no pico e ventos
amenos que peguem o pico de Terral.

Vamos pegar como exemplo a Praia da Macumba no Rio de Janeiro

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Então você irá verificar quais as janelas de ventos favoráveis e a
janela de ondulações favoráveis para o seu pico.

Com essas informações, você será capaz de prever se a previsão


na noite anterior indica ventos e ondulações favoráveis ou não.

4. OS 5 FATORES QUE
INFLUENCIAM O TAMANHO
E FORMAÇÃO DAS ONDAS
NA PRAIA
Existem 5 fatores que mais afetam o Tamanho e Formação das
ondas quando elas chegam na sua praia. São eles:

a) Intensidade
Um aspecto importante sobre o fundo que afeta muito as ondas
que quebram na praia é a inclinação do fundo. A inclinação do fundo
interfere diretamente na Formação e Tamanho com que as ondas que-
bram no pico.

Quando uma onda vem se aproximando da costa, ela estava em um


ambiente que chamamos de águas profundas e começa a interagir
com uma região que chamamos de águas rasas.

Quando a onda começa a interagir com as águas rasas, um efeito


hidrodinâmico ocorre, efeito esse que não irei entrar em muitos deta-
lhes aqui. O fato é que esse efeito de fundo gera uma desaceleração na
porção da onda que está na região de profundidade mais baixa, é como
se a onda “sentisse” o fundo e desacelerasse.

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Esse efeito faz com que a onda jogue água para cima, o que au-
menta o tamanho da onda e diminui o seu Comprimento de Onda. A
onda “levanta”.

V V V V V V V

A porção de cima da onda, por inércia, continua com uma velocida-


de maior do que o resto da onda toda, porque ela sente menos o efeito
do fundo que as porções mais próximas a base da onda, e então a onda
quebra!

Quando temos um fundo menos íngreme, a diferença de velocidade


entre a porção da frente e de atrás da onda é pequena, o que faz a onda
“levantar” menos e quebrar de forma mais suave, formando uma onda
mais cheia e fácil de surfar.

Quando o fundo é mais íngreme, a diferença de velocidade entre a


porção da frente e de trás da onda é maior, o que faz a onda “levantar”
de forma mais abrupta e quebrar de forma mais agressiva, formando
uma onda mais tubular e rápida para surfar.

Outro aspecto do fundo importante é o tipo de fundo. Nós temos


basicamente 3 tipos de fundos: Os Beach Breaks, Point Breaks e Reef
Breaks.

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Os Beach Breaks são os que encontramos em maior parte na costa
brasileira, fundos formados por areia.

Esses fundos de areia, em sua maioria, são muito suscetíveis as


ondas e as correntes marinhas, por isso eles sempre estão em cons-
tante mudança. Em um dia você pode ter uma previsão de ondas per-
feita e dar altas ondas e uma semana depois, por exemplo, a previsão
pode se repetir e quando você chega na praia o mar está muito diferen-
te do que você surfou antes.

Existem praias com areias mais finas e com areias mais grossas,
com mais correntes e menos correntes, esses fatores ditam se o fundo
será um Beach Break mais constante ou não. Essa constância também
dependerá do tipo e densidade do grão de areia.

Somente com um tempo de observação você irá saber se o fundo


da sua praia tem um tipo de formação de areia mais constante ou
muito variável, isso claro se você surfar em picos de areia.

Se você não entende muito de correntes e correntezas, eu escrevi


um material que fala tudo o que você precisa saber sobre elas para
você saber aonde entrar no mar para chegar no outside mais facilmen-
te e surfar com segurança e tranquilidade.

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Esse material está no livro digital que escrevi e chamado Surf Para
Leigos. Basta clicar no link aqui embaixo.

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SURF PARA LEIGOS

O outro tipo de fundo é o Point Break que são os famosos fundos


de pedra. Existem vários tipos de Point Breaks, desde pedras afiadas
como em Punta Roca e El Salvador ou redondas como em Sunzal,
também em El Slavador.

Os fundos de pedra são bem constantes, dificilmente você observa


mudança de formação no fundo por causa de correnteza, a não ser que
o mar fique GIGANTE e isso não ser comum no local. Mas em geral,
mesmo com um mar super power os fundos de pedra se mantem.

Os Point Breaks costumam ter períodos de Marés específicos para


que eles funcionem, o lance quando você for surfar em um pico desse
é prestar atenção em qual Maré o pico funciona e, ao chegar na praia,
observar por onde os locais estão entrando, pois neles também há
canais bem específicos para você entrar mais facilmente.

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Há também mistura de fundos como fundos com pedra e areia,
como na Cacimba do Padre em Noronha. Quando o mar fica um pouco
maior, a laje de pedra fica exposta e o fundo passa de um Beach Break
para um Point Break com laje de pedra e areia. Por isso a Cacimba
segura os big swells que entram em Noronha, graças a essa laje.

Point Breaks podem gerar tanto ondas tubulares como ondas


cheias, isso dependerá de sua Inclinação e da Maré no local. Isso só
temos como saber conhecendo o pico.

Os Point Breaks, por serem tão constantes, costumam proporcio-


nar ondas perfeitas e que abrem por longas distancias. Normalmente
são locais onde o período dos Swells é um pouco maior e proporcionam
ondas com mais pressão e mais perfeitas.

Esse é um dos motivos de nós, brasileiros, gostarmos tanto de


viajar para fora do país para surfar ondas gringas. Não só pela viagem
em si e surfar uma onda nova, mas também o fato de pegar ondas em
fundos de pedra ou fundos de coral, os famosos Reef Breaks.

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Reef Breaks são os famosos e cortantes fundos de coral, nele o
fundo do pico é literalmente vivo. As pedras de um fundo de pedra têm
uma pequena possibilidade de se mexerem, agora os fundos de coral
são adaptados para as condições de mar severas e correntes fortes,
tornando esse tipo de pico o mais constante de todos.

Podem gerar ondas tubulares e cheias, mas as mais famosas


ondas de Reef Breaks são as super tubulares como Pipeline (Havai),
Uluwatu (Indonésia) e Teahupoo (Taiti).

O que foi dito, em relação a Marés e entrada no mar para os Point


Breaks, também é valido para os Reef Breaks. Se for preciso, leia nova-
mente! Hahaha!

b) Período
Com os conhecimentos que você adquiriu nesse material, agora
fica simples visualizar porque o período influencia tanto no tamanho
das ondas ao chegarem na praia. Vamos comparar duas ondas de
mesmo tamanho e períodos diferentes.

Quando elas começam a sentir o fundo, a onda com maior período


tem mais massa d’água para “levantar” do que a com menor período, o
que faz com que a onda de maior período fique maior ao sentir o fundo.

14s
1,5m
1m

10s
1,2m
1m

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Ou seja, quanto maior o período, maior será a Energia, Tamanho e
qualidade da onda que irá quebrar na praia.

c) Obstáculos Naturais
Eu chamo aqui de obstáculos naturais: Ilhas, Rochas, Pequenas Pe-
nínsulas etc.

Eu digo isso porque eles têm um grande efeito no tamanho das


ondas que chegam na costa. Vamos ver o exemplo abaixo da zona sul
do Rio de Janeiro, em Ipanema.

Podemos ver que na região na frente das ilhas as ondas perdem


muita força, se você observar na figura. Na praia mais a esquerda (São
Conrado) o gráfico mostra uma ondulação com mais de 1m de Altura
enquanto na região de Ipanema, vemos uma ondulação chegando com
um pouco mais de 0,5m.

Essas ilhas fazem um papel de bloqueadores, quando a onda passa


por alí, ela dissipa sua Energia batendo contra as ilhas, e quando a on-
dulação passa, todo o resto da onda tem que “compensar” a parte da
onda que foi bloqueada, então ela perde força.

E conseguimos perceber pelas cores, que o efeito das ilhas não se


restringe apenas a Ipanema, também podem geram efeitos em São
Conrado.
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Esses obstáculos podem ser prejudiciais ao seu surf, como nesse
caso, ou benéficos como por exemplo no caso de um dia de mar muito
grande, suficiente para fazer você não conseguir cair em uma praia
mais aberta, como em São Conrado, mas conseguir cair em um local
com proteção de ilhas, como em Ipanema, pois lá estará menor e mais
surfável.

Esse efeito de redistribuição da Energia para recompor a onda


quando passa por um obstáculo se chama Dispersão mas não entrare-
mos em detalhes aqui para não fugirmos do foco principal, você saber
ler a previsão das ondas!

d) Desenho da Costa
Alguns desenhos da costa podem influenciar muito no Tamanho
das ondas ao chegarem nas praias. Vemos que, por exemplo, quando
temos um Desenho de Costa em “L”, como no caso das praias da Arma-
ção e da Joaquina.

Nesse caso, com uma ondulação vindo de Sul (S 180°), vemos que
o Tamanho da ondulação que vai atingir a praia da Armação é bem
menor do que a que vai atingir a praia da Joaquina.

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Essa espécie de “L” não impede de ter ondas na praia protegida,
elas serão menores.

O que pode ser bom em dias de mar gigante, porque você vai saber
procurar cantos assim para surfar ondas mais surfáveis nesse dia.

Outros formatos de costa que influenciam bastante são os forma-


tos em “C” e “V”.

Geralmente costas em C tendem a diminuir o tamanho da ondula-


ção, pois ela entra na enseada do local por uma passagem menor do
que a largura da praia, e ocorre o efeito da Dispersão novamente.

Podemos ver que a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, sofre


esse efeito, de maneira bem branda.

A formação em V tende e aumentar o Tamanho das ondas que


quebram na praia, pois uma onda cuja largura é maior que a praia entra
na sua enseada e é espremida, concentrando sua energia em uma lar-
gura menor, aumentando assim seu tamanho. Como no caso da
famosa Prainha, conhecida por sempre ter alguma coisa, mesmo
quando o resto está flat. Será por quê?

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Essa espécie de “L” não impede de ter ondas na praia protegida,
elas serão menores.

O que pode ser bom em dias de mar gigante, porque você vai saber
procurar cantos assim para surfar ondas mais surfáveis nesse dia.

Outros formatos de costa que influenciam bastante são os forma-


tos em “C” e “V”.

Geralmente costas em C tendem a diminuir o tamanho da ondula-


ção, pois ela entra na enseada do local por uma passagem menor do
que a largura da praia, e ocorre o efeito da Dispersão novamente.

e) Interferência entre Swells:


Secundários e Terciários
O que muitos não compreendem é o que diachos são esses Swells
Secundários e Terciários que alguns sites de previsão de ondas forne-
cem. Mas pode acalmar o coração, que você vai entender tudo aqui e
agora.

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Portanto teremos dois Swells formados, só que um de maior Ener-
gia e outro de menor Energia. O de maior de Energia chamamos de
Swell Primário ou apenas o Swell. O Swell de menor Energia chamamos
de Swell Secundário.

Podem existir Swell Primário com Tamanho menor do que um


Swell Secundário, pois o que importa aqui é a quantidade de Energia da
onda. Nesse caso, o Swell Primário deve ter um período bem maior do
que o Secundário.

https://www.magicseaweed.com

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5. O PASSO A PASSO
O passo a passo eu vou mostrar para você no vídeo, mostrando a
tela do meu computador, onde eu vou te revelar como faço para ver
as previsões das ondas e os sites que eu mais utilizo. O resumo do
passo a passo é o seguinte:

01_
Encontre seu Pico no Maps;

02_
Identifique a Janela de Ventos Terral;

03_
Identifique a Janela de Ondulação Favoráveis;
04_
Identifique a Maré Adequada Para o Pico;
05_
Verifique na Previsão qual horário do dia o
Vento e a Ondulação Possuem Intensidades
Adequadas e Direções Dentro das Janelas de
Vento e Ondulação que você identificou.

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