O documento discute a falta de voz ativa dos povos indígenas na sociedade brasileira moderna e como eles são vistos como cidadãos de segunda classe. Também aborda como as sociedades indígenas historicamente gerenciavam os recursos naturais de forma sustentável, em contraste com os impactos ambientais da sociedade atual.
O documento discute a falta de voz ativa dos povos indígenas na sociedade brasileira moderna e como eles são vistos como cidadãos de segunda classe. Também aborda como as sociedades indígenas historicamente gerenciavam os recursos naturais de forma sustentável, em contraste com os impactos ambientais da sociedade atual.
O documento discute a falta de voz ativa dos povos indígenas na sociedade brasileira moderna e como eles são vistos como cidadãos de segunda classe. Também aborda como as sociedades indígenas historicamente gerenciavam os recursos naturais de forma sustentável, em contraste com os impactos ambientais da sociedade atual.
Critica a nossa sociedade com base em fatos indígenas
AILTON KRENAK
A sociedade de hoje diz que as comunidades indígenas tem total
liberdade cultural, no entanto se formos analisar os índios praticamente não tem voz ativa, os povos indígenas não são vistos como sujeitos sociais plenos e como tal, a fala destes povos não são levadas em conta. Pode-se lembrar ainda da "explosão étnica" que se vivencia atualmente no Brasil, populações e indivíduos que negavam sua identidade indígena, se veem em um contexto modificado, em que ser índio não é mais uma vergonha ou mesmo um perigo, a partir principalmente da Constituição de 1988, e voltam a articular sua "indianidade". O que interessa aqui é o modo como essa articulação é feita, ou seja, recuperando-se, ou mesmo construindo-se, signos de identidade indígena reconhecidos pela sociedade nacional. Embora a identidade étnica esteja juridicamente definida a partir do conceito de auto- identificação e descrição, essas populações se apercebem por meio da expectativa da população brasileira de que os índios pareçam índios e, assim, se pintam, fazem para si cocares (diante falta de penas de arara, com penas de aves criadas) e utilizam tangas. Apropriam-se, portanto, do estereótipo que nossa sociedade criou para os índios. As sociedades indígenas não se encontram em estado de total isolamento. Isso significa dizer que, antes de manterem relações com a sociedade brasileira, elas sempre mantiveram relações entre si. Em várias regiões, e de diversas maneiras, povos diferentes se inter-relacionavam por meio de guerras, de troca de objetos, de casamentos, de convites para festas, rituais, etc. Mesmo não sendo “naturalmente ecologistas”, aos povos indígenas se deve reconhecer o crédito histórico de terem manejado os recursos naturais de maneira branda. Souberam aplicar estratégias de uso dos recursos que, mesmo transformando de maneira durável seu ambiente, não alteraram os princípios de funcionamento e nem colocaram em risco as condições de reprodução deste meio.