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Unidade II

CULTURA BRASILEIRA
CONTEMPORÂNEA

Profa. Maria Almeida


As características do brasileiro

O povo brasileiro é:
 Novo porque há uma etnia nacional,
mestiça, diferente de nossas matrizes
formadoras, com uma nova cultura a
partir de várias.
 Novo, porque é uma nova forma de
organização da estrutura da sociedade.
 Novo, até mesmo, pela incrível alegria e
inacreditável vontade de ser feliz.
 Ao mesmo tempo, velho, porque
continua a ser o proletariado das nações
estrangeiras.
As características do brasileiro

 O nosso povo é conformista e isso é


resultado do comportamento aprendido
da tradição civilizatória europeia
ocidental. Ao mesmo tempo é feliz,
trabalhador, solidário, guerreiro, enfim, é
diferente, devido aos traços herdados
dos negros africanos e índios.
 A força da identidade étnica dos povos
que formaram o Brasil fez com que
sobrevivessem muitas tradições,
valores, princípios e cultos que
formaram o nosso povo e foram sendo
adaptadas às regiões e suas estruturas
econômicas.
Um povo da paz

 Apesar da grande diversidade de


culturas e etnias que estão na base da
formação do povo brasileiro,
pouquíssimos conflitos interétnicos
aconteceram no Brasil.
 Porém, unidade étnica não significa
uniformidade, pois não somos iguais.
Tivemos a influência de três forças
diferentes: ecológica (paisagens de
pessoas distintas, segundo as condições
ambientais em que viviam), econômica
(devido às formas diferenciadas de
produção – agrária e rural, industrial e
urbana; imigração (especialmente de
europeus, árabes e japoneses).
Identidade

 A identidade dos sujeitos se forma a


partir das condições históricas e
culturais em que vivem – condições que
não escolheram, pois, ao nascer, tudo já
estava pronto, então se deparam com um
grupo familiar e social, com uma língua
usada por todos e com um conjunto de
regras, hábitos e tradições utilizadas.
 A sociedade e a cultura delimitam a
nossa vida. Porém, chega um momento
da vida em que a pessoa tem a
possibilidade de negociar e alterar essas
limitações, já que a cultura é dinâmica.
 A constituição das identidades é vista
como processos de identificação.
Identidade

 Assim sendo, podemos pensar sobre as


várias identidades que utilizamos para
cada situação social, levando em
consideração os fatores que interferem
nesse processo: a idade, a participação
nos grupos, a atuação de papéis
socialmente reconhecidos. Por exemplo:
hippie, rapper, homossexual, careca,
compatriota, estrangeiro, negro, oriental,
índio. A rotulação social faz parte da
forma de categorizar as identidades
culturais na nossa sociedade. Por isso,
podemos possuir várias identidades
como: nacional, regional, de classe, de
grupo, de profissional, de gênero
(feminino/masculino) etc.
A desigualdade e a
naturalização da pobreza

 Manipulamos socialmente nossa


identidade, e também a dos outros, para
demarcar lugares. Numa sociedade com
uma hierarquia complexa como a nossa,
as categorias sociais movem-se o tempo
todo – em certos contextos, nossa
identidade nos faz ser respeitados e, em
outros, sofremos preconceito. A partir
disso, elegemos os que consideramos
diferentes simbolicamente, porém iguais
em direitos e posição social e aqueles
que consideramos iguais
simbolicamente, porém desiguais na
posição que ocupam em relação
à nossa.
Interatividade

O que é identidade cultural?


a) Aquele documento chamado RG.
b) Os traços marcantes da personalidade
de uma pessoa.
c) As caracterizações que assumimos em
cada papel social que desenvolvemos.
d) As características físicas e psicológicas
das pessoas.
e) O fato da pessoa se identificar com
ambiente geográfico.
Resposta

O que é identidade cultural?


a) Aquele documento chamado RG.
b) Os traços marcantes da personalidade
de uma pessoa.
c) As caracterizações que assumimos em
cada papel social que desenvolvemos.
d) As características físicas e psicológicas
das pessoas.
e) O fato da pessoa se identificar com
ambiente geográfico.
As variadas visões sobre o índio:

1. Visão antiga e romântica na qual o índio


como o protetor da natureza, ingênuo e
incapaz de perceber a realidade de nossa
sociedade. Sendo necessário a tutela do
Estado, por meio da Fundação Nacional
do Índio (FUNAI).
2. Visão do índio como cruel, bárbaro,
canibal, selvagem. Utilizada por grupos
de interesse econômico, que buscam a
sua extinção para utilizar suas terras,
resultando em perseguição e violência
contra os povos indígenas.
3. Visão da cidadania, com a Constituição
de 1988, os índios são sujeitos
de direitos, são cidadãos.
Cidadão indígena

“Os povos indígenas ganharam o direito de


continuar perpetuando seus modos próprios
de vida, suas culturas, suas civilizações,
seus valores, garantindo igualmente o direito
de acesso a outras culturas, às tecnologias e
aos valores do mundo como um todo. [...]
Por exemplo, é concedido a eles o direito de
terra coletiva suficiente para a sua
reprodução física, cultural e espiritual, e de
educação escolar diferenciada baseada nos
seus próprios processos de ensino-
aprendizagem e produção, reprodução e
distribuição de conhecimentos”.
(LUCIANO, 2006, p. 36)
A produção artística
e sua relação com as etnias

 O Romantismo, por exemplo, de José de


Alencar, o qual defendia que a liberdade
dos escravos deveria ser aos poucos,
pois precisavam aprender a ser
civilizados. Em sua literatura utilizava o
mito do bom selvagem para o índio.
 A Semana da Arte Moderna, em 1922,
propôs uma nova maneira de ver a
realidade social brasileira. Incorporando a
cultura indígena e africana. Mostrando
que em nossas matas há curupira e não
duendes. Buscando em todo território
elementos de nossa cultura para suas
criações, como: Anita Malfatti, Tarsila do
Amaral, Di Cavalcanti, Oswald de
Andrade, Villa-Lobos, entre outros.
Sociedade de classes:
estratificação social

 O poder de empresários que advém da


riqueza que conseguem a partir da
exploração econômica.
 O patriciado, cujo poder se deve aos
cargos que ocupam (os generais,
deputados, bispos, líderes sindicais etc.)
 Os que gerenciam as empresas
estrangeiras (controlam os meios de
comunicação, deixando o povo
conformado com miséria. Elegem
políticos (municipal, estadual, federal)
tendo poder para mandar.
Sociedade de classes:
estratificação social

 As classes intermediárias, os oficiais,


profissionais autônomos, policiais,
professores, religiosos (padres). Os que
prestam obediência aos dominantes,
para receber alguma coisa. É daqui
também que advêm os mais subversivos.
 As classes subalternas, formadas pela
aristocracia operária, os de empregos
constantes, os especialistas, os
pequenos proprietários, arrendatários,
gerentes de grandes propriedades
rurais etc.
 Por último, a grande massa dos
brasileiros, classes oprimidas,
chamados marginais.
O descompromisso
com a educação

 O padrão de educação do indígena foi


excluído e substituído pelo dos padres
jesuítas (de 1549-1759). A expulsão dos
jesuítas por Marquês de Pombal, destrói a
estrutura existente implantando Escolas
Régias, mas o caos continuou até a vinda
da Família Real (1808). Em 1824, temos a
primeira Constituição que garante
instrução primária a todos. Com a
república tentou-se muitas reformas,
porém não houve mudança significativa.
 Até hoje a educação continua como
manutenção de “status quo”
para aqueles que frequentam a escola.
Analfabeto com o estigma do dedão.
Interatividade

Qual o contexto social que influencia


consideravelmente o contexto econômico
da exploração?
a) Cultura.
b) Literatura.
c) Educação.
d) Pintura.
e) Música.
Resposta

Qual o contexto social que influencia


consideravelmente o contexto econômico
da exploração?
a) Cultura.
b) Literatura.
c) Educação.
d) Pintura.
e) Música.
Alfabetização e o analfabeto
funcional

 A apropriação das competências de leitura


e escrita traz consequências sociais,
culturais para o cidadão, já que muda sua
condição social, pois passa a ter acesso a
bens culturais produzidos por sua
sociedade. Porém, não basta aprender a
ler e escrever, é preciso saber utilizar esse
conhecimento.
 O analfabeto funcional é resultado do
pouco tempo de escolaridade (temos mais
de 30 milhões de pessoas). Por exemplo:
uma pessoa com 25 anos ou mais precisa
ter no mínimo 11 anos de estudo, porém a
média é de 6,7 anos e, para os
negros, essa média cai para
4 anos.
Impossibilidade democrática

 Não há instituições democráticas, mas o


autogoverno. O governo político, desde a
Colônia, no Império e na República
sempre foi exercido pela classe
dominante. A sociedade resultante deste
contexto não tem como garantir um
padrão de vida satisfatório para a
maioria da população brasileira.
 A única forma de mudar essa estrutura
de opressão é a partir do surgimento e
expansão do movimento operário. O
operário sindicalizado, nas cidades,
reivindica, apresentando-se como um
lutador enfrentando seu patrão.
Desigualdades históricas

 Os negros libertos abandonavam as


fazendas e procuravam um terreno
baldio para plantar e viver livres. Isso os
levou a miserabilidade, pois toda vez que
acampavam, os fazendeiros, por meio da
polícia, os expulsava, já que toda terra
tinha dono e acabaram indo para os
morros.
 As suas religiões, o candomblé e a
umbanda tratadas como coisa do
“diabo” (etnocentrismo).
 Em 1997 foi aprovada uma lei que exige
que o ensino religioso atenda à
diversidade.
Valorização Étnica

 Percentual da população brasileira


segundo a raça de 1872 a 2010.
Raça 1872 1890 1940 1950 1990 2010

Brancos 38 44 63 62 55 48

Pretos 20 15 15 11 5 8

Pardos 42 41 21 26 39 43

(Fonte: RIBEIRO (1995, p. 229). Fonte de 2010,


Censo do IBGE.
Democracia racial e racismo

 A democracia racial é um mito. É só


darmos uma olhada nos altos índices de
desigualdade racial. Os negros estão em
desvantagem em relação ao branco em
várias áreas, como: infraestrutura urbana
e habitação, acesso a educação, acesso a
justiça, mercado de trabalho e renda.
 A raça e o racismo resultam das relações
sociais, com implicações políticas,
econômicas e culturais. A classificação
como técnica política, em que se fundam a
estrutura de poder. Ao colocar um rótulo,
eu coloco nele um estigma, uma marca,
tirando-lhe possibilidades e
oportunidades, alienando ele, os
outros, a sociedade.
Ideologia racial

 A ideologia racial dos que dominam,


sejam “brancos” ou outros, dinamizam a
intolerância, xenofobia, preconceito ou
racismo. Criando uma gama de
manifestações, signos, símbolos ou
emblemas para “explicar”, “justificar”,
“naturalizar” as desigualdades raciais.
 Com a globalização da questão social,
intensificam-se os movimentos sociais
de todos os tipos. Podendo levar a
outras formas de sociabilidade, levando
a mudança no jogos de forças sociais
resultando em outro tipo de
sociedade.
Interatividade

O grupo cultural do analfabeto, tem um


lugar definido, tendo como característica da
sua identidade a negação: a de que não
sabe ler e nem escrever. Isso cria um
estigma do analfabeto. Qual é a marca que
o simboliza?
a) Cicatriz.
b) Tatuagem.
c) Dedão, a impressão digital.
d) RG.
e) Carteira de trabalho.
Resposta

O grupo cultural do analfabeto, tem um


lugar definido, tendo como característica da
sua identidade a negação: a de que não
sabe ler e nem escrever. Isso cria um
estigma do analfabeto. Qual é a marca que
o simboliza?
a) Cicatriz.
b) Tatuagem.
c) Dedão, a impressão digital.
d) RG.
e) Carteira de trabalho.
A diversidade cultural

 Uma das características da sociedade


contemporânea é a grande diversidade
interna.
 Ao estudarmos cultura no Brasil,
podemos nos preocupar em saber o que
são as várias categorias de cultura
utilizadas por pesquisadores e
intelectuais como: cultura popular, cultura
erudita, cultura de massa (ou indústria
cultural), cultura popularesca, folclore.
Existem autores que dizem já não ser
possível achar cultura simplesmente
popular ou erudita em uma sociedade
como a nossa, integrada pelos
veículos de comunicação.
Cultura erudita

 A cultura universitária, denominada


cultura erudita, pode ser delineada como
setor privilegiado, já que é instrumento de
interesse de grupos privados,
particulares, são protegidos por eles ou
pelo Estado, o qual investe
financeiramente no Ensino Superior.
Sendo o Ensino Superior meta de todos
os jovens das classes alta, média e
pobres. Tendo como apoio os veículos de
comunicação, a indústria cultural.
 Como aparelho do Estado pode levar
um conhecimento para alienação,
com conhecimento mínimo
prejudicando o pensamento crítico.
Cultura popular

 A cultura popular é elaborada fora da


universidade. No mundo elaborado fora
da universidade, a cultura por meio dos
símbolos e bens culturais é criada para
serem usados, vividos e não analisados
cientificamente.
 A cultura popular produz representações
simbólicas da vida brasileira, o seu
imaginário, dos mais variados modos,
que vão desde os rituais indígenas, ao
candomblé, ao samba de roda, à festa do
Divino, aos terreiros de umbanda etc. É
uma imensa diversidade de estilos,
cultos e expressões culturais.
Indústria Cultural

 A indústria cultural é conhecida por você,


como meios de comunicação de massa (a
televisão, o rádio, revista, jornal), é quem,
fora da universidade, quem leva,
transmite os bens culturais (novela,
música, o jogo de futebol, o jornal).
Tudo fabricado em série, a cultura
para as massas.
 Esse é o processo de difusão na
sociedade de consumo. Trabalhando
com processos psicológicos como,
sentimentalismo, agressividade,
erotismo, curiosidade. Com dosagem de
conservadorismo e realismo
mexendo com as emoções primárias.
Cultura popularesca

 Os meios de comunicação (indústria


cultural) com seu poder econômico
aboliram as manifestações da cultura
popular, reduzindo-as a chamariz para o
turismo.
 Certos programas de rádio e TV ao atingir
as classes pobres transmitem uma vida
com aparência de modernidade. Parece
até que as classes pobres não têm suas
próprias vidas (modos de ser, pensar,
sentir e falar). Ex.: a novela empata horas
de lazer, as quais poderiam ser usadas
para criar, destruindo o processo
histórico e a exibição da própria
cultura popular.
Cultura criadora individual

 A cultura criadora individual é


representada pelos artistas e escritores.
Pois a música, a pintura, o teatro, a
literatura fazem parte do dentro e fora
das instituições. Sua criação é dada do
resultado de tensões entre o artista na
busca de novos modelos e a tradição
condicionada pelos modos de
comunicação.
 O produtor do conhecimento erudito ao
apresentar a cultura popular com seu
pensamento crítico tem a possibilidade
demonstrar as contradições existentes
em nossa sociedade.
Interatividade

Qual o conceito utilizado para dizer que a


cultura popular é explorada pela indústria
cultural, transformando-a em produto de
consumo?
a) Cultura nacional.
b) Cultura popular.
c) Cultura de massa.
d) Cultura popularesca.
e) Cultura erudita.
Resposta

Qual o conceito utilizado para dizer que a


cultura popular é explorada pela indústria
cultural, transformando-a em produto de
consumo?
a) Cultura nacional.
b) Cultura popular.
c) Cultura de massa.
d) Cultura popularesca.
e) Cultura erudita.
ATÉ A PRÓXIMA!

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