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Cultura

Prof. Filipi Limonta


A cultura e a diversidade
Os elementos da nossa identidade
A cultura
Consiste em um conjunto
de saberes coletivos,
compartilhados pelos
membros de uma
sociedade;
Material e Imaterial
A cultura de uma sociedade compreende tanto aspectos imateriais
(crenças, ideias, valores etc.) quanto materiais (objetos, símbolos,
tecnologias etc.)
ATENÇÃO!!!

Esses saberes culturais são aprendidos, e não


herdados!

Lembremos que ninguém nasce pronto para


viver em sociedade. Dependemos do processo
de socialização.

Logo, em se tratando de cultura, nada é


natural.
A nossa identidade não é natural. Nós não a trazemos em nosso
sangue!

A nossa identidade é cultural. Aquilo que nós somos depende da


cultura da sociedade em que nós vivemos.
É natural que a mulher seja dona de casa?

É natural que o homem seja o provedor econômico da família?


A fome é natural ou
Cultural?

O homem é
naturalmente bom ou
naturalmente mau?

Fonte: Fotografia de Sebastião Salgado


Sentir fome é da natureza, mas a organização
da produção para saciar a fome é cultural, é
determinada pelo ambiente e pelo modo de
produzir.
Acontecem guerras por todo o mundo, mas as
causas e motivações dos conflitos são
diferentes e diversificadas.
O homem é um ser determinado pela sua
natureza e cultura ao mesmo tempo.
A evolução da cultura no homem

Fonte: MediaLibrary/Imagens/sedentário-evolução.jpg

A imagem destaca a passagem do homem nômade para o


grande sedentário que é a marca da cultura contemporânea.
Seria correto falar em “A
CULTURA”?

Assim mesmo, no
singular?
Nenhuma cultura é superior ou inferior
a outra, pois todas são formas
genuínas de encarar o mundo e de
viver humanamente.

11-11-2022
A diversidade cultural
• É notável a diversidade de práticas e do
comportamento humanos;

• As formas aceitáveis de comportamento


variam de cultura a cultura e, não raramente,
contrastam com aquilo que consideramos
“normal”.
A diversidade cultural
• Em sociedades ocidentais, crianças de 12 ou 13 anos são
consideradas muito novas para o casamento. No entanto, em
outras culturas, é comum que casamentos sejam arranjados já
nessa faixa de idade;
A diversidade cultural
• Não comemos gatos ou animais de estimação. Porém, os
mesmos são considerados iguarias em outras partes do mundo;
A diversidade cultural
• Em nossa sociedade, o beijo é considerado uma parte normal
do comportamento sexual. Só que, em outras culturas, esta
atitude pode ser considerada repulsiva!
Diversidade cultural
Engloba as normas de conduta
O que nos diferencia uns dos outros?
e de pensamento aprendidas e
Grupo de indivíduos que
• A cultura
Saudação
partilhadasMatinalque em são
apresenta
diferentes um línguas
conjunto de
características de uma
• A etnia características sociais comuns
sociedade.
como:
Boma dia
língua, os costumes e a
(português)
• A fisionomia religião.
Buenos dias (espanhol)
• A língua Bon jour (francês)
Good morning (inglês)
• A religião Gutten morgen (alemão)
Bon giorno (italiano)
• As características
geográficas Dzin Dobruy (polaco)

• As condições
econômicas
ETNOCENTRISMO
• Um indivíduo etnocêntrico considera as normas e valores da
sua própria cultura melhores do que as das outras culturas. Isso
pode representar um problema, porque frequentemente dá
origem a preconceitos e ideias infundamentadas.
Quais os perigos da atitude etnocêntrica?

A negação da diversidade
cultural humana (como se uma só
Ku Klux Klan
cor fosse preferível ao arco-íris)
gera sobretudo, os crimes,
massacres e extermínios. A
conjugação dessa atitude
ilegítima sempre com ambições
econômicas capitalistas provocou
grandes prejuízos sociais ao
longo da História.
Depois da Segunda Guerra
Mundial e do extermínio de
milhões de indivíduos
pertencentes a povos que
“pretensos representantes de
valores culturais superiores”
definiram como sub-humanos,
a antropologia cultural
promoveu a abertura das
mentalidades, a compreensão e
o respeito pelas normas e
valores das outras culturas.
O Racismo
O racismo é a tendência
do pensamento, ou do
modo de pensar em que
se dá grande
importância à noção da
existência de raças
humanas distintas e
superiores umas às
outras.
A crença da existência
de raças superiores e
inferiores foi utilizada
muitas vezes para
justificar a escravidão,
o domínio de
determinados povos
por outros, e os
genocídios que
ocorreram durante toda
a história da
humanidade.
Xenofobia
é o ódio, aversão ou a
profunda antipatia em
relação aos
estrangeiros, a
desconfiança em relação
a pessoas estranhas ao
meio daquele que as
julga ou que vêm de fora
do seu lugar ou país com
uma cultura, hábito ou
religião diferentes.
Xenofobia
Casos relacionados à xenofobia
são de pessoas que sofrem
preconceito e repudio em
relação a sua nacionalidade,
classe social e cor. A xenofobia
está intimamente ligada ao
etnocentrismo e ao racismo,
pois são práticas onde as
pessoas se julgam de certo
modo melhores que as outras, e
que essas outras contaminam o
ambiente em que vivem.
RELATIVISMO CULTURAL
• Relativismo cultural é uma perspectiva da antropologia que vê
diferentes culturas de forma livre de etnocentrismo, o que
quer dizer sem julgar o outro a partir de sua própria visão e
experiência.
Cultura erudita
• A cultura erudita, pressupõe uma elaboração de um saber institucionalizado,
ou seja, o domínio da cultura erudita passa não pela tradição familiar, mas por
academias, bibliotecas, conservatórios musicais, etc, que selecionam o
material e impõem regras rígidas e complexas elaborações para a sua
realização. Evidentemente, os conceitos popular e erudito escondem também
uma valoração. Por muitos anos, a cultura popular foi considerada inferior à
erudita; e erudito mesmo era aquilo que era europeu, sofisticado.
• Os produtores da chamada cultura erudita fazem parte de uma elite social,
econômica, política e cultural e seu conhecimento é proveniente do
pensamento científico, dos livros, das pesquisas universitárias ou do estudo
em geral (erudito significa que tem instrução vasta e variada adquirida
sobretudo pela leitura).
• A arte erudita e de vanguarda é produzida visando museus, críticos de arte,
propostas revolucionárias ou grandes exposições, público e divulgação.
Cultura popular
• A cultura popular aparece associada ao povo, às classes excluídas
socialmente, às classes dominadas. A cultura popular não está ligada ao
conhecimento científico, pelo contrário, ela diz respeito ao conhecimento
“vulgar” ou “espontâneo”, ao senso comum.
• O mais importante na arte popular não é o objeto produzido, e sim o
próprio artista, o homem do povo, do meio rural ou das periferias das
grandes cidades. Por isso também a arte popular é sempre contemporânea a
seu tempo.
• O artista popular tira sua “inspiração” de acontecimentos locais rotineiros.
A arte popular é regional.
• A cultura popular seria aquela que é produto de um saber não
institucionalizado, que não se aprende em colégios ou academias; exemplo
disso é o crochê, ou a culinária tradicional, ou ainda a literatura de cordel.
Cultura de massa
• A expressão ‘cultura de massa’, também identificada por “indústria cultural”, é aquela criada
com um objetivo específico, atingir a maioria de uma população, ultrapassando, assim, toda e
qualquer distinção de natureza social, étnica, etária, sexual ou psíquica. Todo esse conteúdo é
disseminado por meio dos veículos de comunicação de massa (cinema, rádio, televisão,
computadores).
• O termo ‘Indústria Cultural’. Foi criado pelos filósofos alemães, Theodor W. Adorno e Max
Horkheimer.
• Antes do aparecimento da cultura de massa, havia diversas configurações culturais – a popular,
em contraposição à erudita; a nacional, que simbolizava a identidade de uma população; a
cultura no sentido geral, definida como um conglomerado histórico de valores estéticos e
morais; e outras tantas culturas que produziam diversificadas identidades populares.
• Com o nascimento do século XX e, com ele, dos novos meios de comunicação, estas
modalidades culturais ficaram completamente envolvidas sob o domínio da cultura de massa.
O cinema, o rádio e a televisão, ganharam notório destaque e se dedicaram, em grande parte, a
homogeneizar os padrões da cultura.
• Como esta cultura é, na verdade, produto de uma atividade econômica estruturada em larga
escala, de estatura internacional, hoje global, ela está vinculada, inevitavelmente, ao poderoso
capitalismo industrial e financeiro. A serviço deste sistema, ela oprime incessantemente as
demais culturas, valorizando tão somente os gostos culturais da massa.
• O pensador francês Edgar Morin, define a cultura de
massa ou indústria cultural como uma elaboração do
complexo industrial, um produto definido,
padronizado, pronto para o consumo.

• Esta cultura é hipnotizante, entorpecente, indutiva.


Ela é introjetada no ser humano de tal forma, que se
torna quase inevitável o seu consumo, principalmente
se a massa não tem o seu olhar e a sua sensibilidade
educados de forma apropriada, e o acesso
indispensável à multiplicidade cultural e pedagógica.
Com este manancial de recursos, é possível criar
modalidades de resistência a essa cultura impositiva.

• Do contrário, com os apelos desta indústria,


personificados principalmente pela publicidade,
principalmente aquela voltada ao sensacionalismo, é
quase impossível resistir à avalanche de imagens e
símbolos que inundam a mente humana o tempo todo.
Este é o motor que move as engrenagens da indústria
cultural e aliena as mentalidades despreparadas.
• “Cultura de massa” e cultura
popular é a mesma coisa?
• Em nossos dias o conceito de
cultura de massa aparece
erroneamente associado às
atividades ditas “populares”.
Assim sendo, do carnaval ao rock,
do jeans à coca-cola, das novelas
de televisão às revistas em
quadrinhos, tudo hoje, estaria
inserido no cômodo e amplo
conceito de cultura de massa. É
isso mesmo?
• Segundo o Papa Pio XII (1944), o “povo” é formado por indivíduos que se
movem por princípios, é ativo e consciente, agindo de acordo com
determinadas idéias fundamentais, das quais decorrem posições definidas
diante das diversas situações em que vivem. Categoria que se distingue da
“massa” constituída por um grupo que não se move, a massa é sempre passiva.
Ela não age racionalmente e por sua conta, mas se alimenta de paixões,
entusiasmos e é sempre escrava das influências instáveis da maioria, das
modas e dos caprichos..."
• De acordo com tal citação,
podemos concluir que as massas
jamais discordam da maioria.
Jamais procuram estipular
pontos reflexivos que os levem a
um senso crítico sobre as
informações que estão sendo
assimiladas no momento. A
inserção na massa lhe impõe que
se vista como os outros, que
coma como os outros, que goste
do que gostam os outros. Ser,
pensar, agir, estar sempre,
obrigatoriamente, "como os
outros“, é renunciar à própria
individualidade.
• Segundo Eclea Bosi a cultura de massa não passa, de imposições
ditadas pelos meios de comunicação, muitas vezes identicamente
destinadas às mais diferentes regiões e povos. Não é por outro motivo
que as massas, sejam da América, Europa ou Ásia, apreciam e
produzem a mesma arte, vestem as mesmas roupas, gostam das
mesmas comidas. Não é por razão diversa que os estilos, as maneiras,
as tradições, enfim, a cultura peculiar de cada povo vem dando lugar,
em larga medida, a uma triste vitrine universal. (BOSI,2000:102)
• Ao contrário da chamada "cultura" de
massa, a cultura popular tem suas
raízes nas tradições, nos princípios, nos
costumes, no modo de ser daquele
povo. Desta forma, cada povo produz,
por exemplo, uma arte peculiar, reflexo
de suas específicas qualidades,
necessariamente diversa das artes de
outros povos.
• A cultura de massa é uma cultura
fabricada pela ideologia que tenta se
apresentar como sendo a própria
cultura. A cultura de um povo jamais
poderá ser a cultura de massa, já que
a construção da cultura popular se dá
pela experiência histórica de um
povo, que mediante sua própria
história constrói sua identidade.
Por ideologia entende-se duas concepções
com significados distintos: a primeira
pertencente ao senso comum compreende
o termo como sinônimo de um conjunto de
ideias ou visões de mundo de um indivíduo
ou de um grupo orientado para suas ações
sociais e políticas. A segunda abrange uma
visão crítica entendendo ideologia como um
ocultamento da realidade, um instrumento
de dominação que age por meio do
convencimento, alienando a consciência
humana, utilizando-se de idéias e
representações difundidas pela classe
dominante para legitimar interesses
econômicos, sociais e políticos. Tais ideias e
representações procuram disfarçar o modo
como as relações sociais foram produzidas,
fazendo com que pareçam “justas” e
“verdadeiras”.

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