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PRIMITIVAÇÃO POR

PARTES

Apresentam-se as principais
sugestões para efectuar a
primitivação por partes com sucesso
e uma proposta de resolução dos
exercícios apresentados
PRIMITIVAÇÃO POR PARTES

PRIMITIVAÇÃO POR PARTES

Quando se pretende primitivar um produto de duas funções e não se está perante uma
primitiva imediata, usa-se, de um modo geral, o método de primitivação por partes, que é um
método baseado na expressão da derivada do produto de duas funções:


Ond
f1 ex f2f2
f1 é uma função derivável
  x  função
é uma f2  x  

primitivável.
 f1(x)
e

 
f1( x) f2 x
A fórmula acima apresentada, resulta da seguinte identidade: 
Seja F (x)   f2  x e G(x)   f1  x
Derivando o produto de F (x) f1  x  , obtemos :

 F (x) f  x    F (x)  f  x   F (x) f  x 


1 1 1

 F(x)  f  x    F(x). f  x    F (x). f   x 
1 1 1

Mas da definição de primitiva de uma função podemos escrever que F ( x)  f2  x  , e então

a igualdade anterior ficará:

f  x  x   F 
2 1  x    F (x). f  x 
1
f (x). f
Primitivando esta igualdade obtemos:

 f2  x f1  x  F (x).  x    F (x). f1 x 



 f 1

 f2  x  f1  x    F (x). f1(x)    F(x). f1( x)
 f1  x f2  x  f1(x) 
  f1( x) f2  x  
f2  x

que é a fórmula apresentada inicialmente


O sucesso da aplicação deste método está na escolha da função pela qual se começa a
primitivar, assim sendo, apresentam-se abaixo algumas sugestões, todas baseadas no princípio

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PRIMITIVAÇÃO POR PARTES

de que se deve escolher para primitivar a função que mais se complica quando se deriva:

4
PRIMITIVAÇÃO POR PARTES

1) Sabendo-se primitivar apenas um dos factores, é por ele que se começa.

 x ln  x
dx f1  ln
 x  f2  x

2) Se a função a primitivar é o produto de um polinómio por uma função


transcendente:

2.1) Se a função transcendente é tal que a sua derivação conduz a outra


função transcendente que lhe é semelhante ( por exemplo as funções circulares
e exponencial), deve-se começar a primitivar por ela.

  x  1sen  x
dx f1   x  1
f2  sen  x 

2.2) Quando a derivação da função transcendente conduz a uma função não


transcendente ( por exemplo a função logarítmica e as funções circulares
inversas), começa-se a primitivar pelo polinómio.

 x ln  x
dx f1  ln 
x  f2  x

3) Quando existe apenas uma função cuja primitiva não se conhece, multiplica-se a
função pelo factor 1 e começa-se a primitivar por este.

 ln  x dx 
1 ln  x
dx f1  ln
 x  f2  1

4) Quando se aplica a regra da primitivação por partes várias vezes seguidas, pode
obter-se no segundo membro uma primitiva igual à que se pretende calcular. Neste

5
PRIMITIVAÇÃO POR PARTES

caso, isola-se essa primitiva num dos membros e a igualdade passa a tratar-se
como uma equação, onde a incógnita é a primitiva em causa.

 sen ln  x
dx f  sen
1

ln  x 
f2  1

5
PRIMITIVAÇÃO POR PARTES

EXERCÍCIO 1

Calcule as seguintes primitivas

a)  x lnxdx
b)  x  1 senxdx

x
c)  xe dx
x
d)  x5 dx

 2x
2
e)  ln5xdx

3 
f)  lnxdx
g)  senln
xdx

EXERCÍCIO 2
Calcule as seguintes primitivas

3x
a)  3  2xe dx
b)  2x 31ln

xdx
c)  arctg  dx
 
2x
d)  x sec xdx
lnln x
e)  dx, x  2
x
f)  arcsenxdx
3
g) x lnxdx

h)  senxln 1  x dx
sen
x3
i)  1  x 2 dx
j)  senxarcsencos xdx
2
x
k)   x  dx
e
5
PRIMITIVAÇÃO POR PARTES

 

2cos x lnsen xdx


2
l)

m)  xsenxcosxdx

5
PRIMITIVAÇÃO POR PARTES

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

a)  x lnxdx
EXERCÍCIO 1

Vamos começar a primitivar por x, pois não conhecemos


 lnxdx . Temos então
f1  ln x, f 2  x . Aplicando a fómula da primitivação por partes, temos:
   
 x ln x dx = ln x  x dx   ln x   x dx dx
f f  f 
1 2  f 1 2 
2 2
= lnx   1 x
 dx
 x 
 2 x 2
2 1
= lnx
 x   xdx
 
 2 2

2
= lnx  1 x2  C, C 
x
 2 2
 
2 
 2
= x lnx  x  C 
C,
 
 2 4
2 1
= 
 x  lnx   C 
C, 
  2
 2 

b)  x 
senxdx
1

Vamos começar a primitivar por senx, pois a sua derivada é ainda uma função
transcendente . Temos então f1  x 1, f2  senx. Aplicando a fómula da
primitivação por partes, temos:

 x 
1
senx dx = x 1 senx dx   x  1  senxdxdx
= x 1 cosx    cosxdx
= x 1 cosx senx  C, C 

= - x 1cosx senx  C,

5
PRIMITIVAÇÃO POR PARTES

C 

5
PRIMITIVAÇÃO POR

x
c)  xe dx
Vamos começar a primitivar por x
e , pois a sua derivada é ainda uma função
transcendente . Temos então f1  x, x
f2  e . Aplicando a fómula da primitivação
por partes, temos:

 xe
x
dx = x  e dx  
x
x  e dxdx
x

x x
= xe   e dx
x x
= xe  e  C, C 

x
=e x 1  C 
C,

x
d)  x5 dx
Vamos começar a primitivar por x
5 , pois a sua derivada é ainda uma função
transcendente . Temos então f  x, x
1 f2  5 . Aplicando a fómula da primitivação
por partes, temos:

 x5
x
dx = x  5 dx  
x
x  5 dxdx
x

x
5
=x  5
x
ln 5 dx
 l
x 5
=x 5  1  C 
C, x
ln 5 ln 5 ln 5
5x  1 
  C, C 
= x 
ln 5 ln 5
 

 2x
2
e)  ln5xdx

3 
 2

Vamos começar a primitivar por 2x  3 , pois a derivada de ln 5x  já não é uma

função transcendente (também não conhecemos  ln5xdx ). Temos então


f1  ln5x,

5
PRIMITIVAÇÃO POR

2
 2x  3
2 f2  2x  3 . Aplicando a fórmula da primitivação por partes, temos:

 2
  
 2
 
ln 5x dx = ln 5x  2x  3 dx   ln 5x   2x  3 dx dx
2 3   5  2 3 
= ln5x x  3x   x  3x dx
    
 3 5x
   3 

5
PRIMITIVAÇÃO POR

2 3   5  2 3 
= x  3x ln5x  x  3x dx
    
2 3  5x
 2  3 
 3  2 
=  x x 3x  ln5x    3dx
 3   3 

 2 3  3x 2 3  3x  C, C 
=  x  9 x
 3
ln5x

f) 
lnxdx

Quando existe apenas uma função cuja primitiva não se conhece, multiplica-se a
função pelo factor 1 e começa-se a primitivar por este.Teremos então

f1  f2  1
lnx,

 lnxdx = 1.lnxdx
= ln x  1dx   lnx 1dxdx
1 
= lnxx   x dx
 
 x 
=
x lnx x  C, C 

=
xlnx1  C 
C,
g)  senln
xdx
Quando existe apenas uma função cuja primitiva não se conhece, multiplica-se a
função pelo factor 1 e começa-se a primitivar por este.Teremos então

f1  senln f2  1
x,

 senln xdx = 1.senln xdx


= senln x  1dx   senln x 1dxdx
 1
= senln xx   x cosln x dx

= xsenln
 x
x 

5
PRIMITIVAÇÃO POR


cosln xdx 
temos aqui novamente uma
primitiva por partes semelhante à anterior.

5
PRIMITIVAÇÃO POR

 senln xdx = xsenln x  cosln x.1 dx



senln xdx = xsenln x   
  cosln x 
 cos ln x 1dx  1dx dx
 

= senln xdx xsenln x  



  x

senln x
1 
dx
cos ln x x  
  x

 senln xdx = xsenln x  cosln xx   senln xdx

Surge no segundo membro uma primitiva igual à do primeiro membro. Nestes casos, isola-se
essa primitiva num dos membros e a igualdade passa a tratar-se como uma equação, onde a
incógnita é a primitiva em causa.

2 senln xdx xsenln x x cosln x


=
xsenln x   x cosln x C 

 senln xdx = C,
2
C 
 senln xdx xsenln x   cosln x

= C,
2

EXERCÍCIO 2

3x
a)  3  2xe dx

3x
Vamos começar a primitivar por e , pois a sua derivada é ainda uma função transcendente .
Temos então 3x
f1  3  f2  e . Aplicando a fórmula da primitivação por partes,
temos: 2x,

 3  2x e dx = 3  2x  e dx   3  2x   e 
3x 3x  3x
dx dx
e
3x
 3x

= 3  2x     2 e dx
33x  3
e  e 3x 
= 3  2x   2   C 
C,
5
PRIMITIVAÇÃO POR

3  9
=
e
3x
 
3  2x   2  C 
C,
3 3

5
PRIMITIVAÇÃO POR

b)  2x  3lnxdx
Vamos começar a primitivar por 
 3 , pois não conhecemos  lnxdx
2x
 2x  3ln x dx = ln x 
 

 3 dx   ln x   2x  3dx dx 
2x
 2   1  x 2  3x dx
= ln x  x  3x  

= ln x x  3x   2xx  3dx


2

  2     
x

= ln x x 3x 3x C, C
22
  
2 x
    
= ln x x 3x 3x C, C
2

1
c)  arctg  dx
 
Quando xexiste apenas uma função cuja primitiva não se conhece, multiplica-se a
função pelo factor 1 e começa-se a primitivar por este.Teremos então
1
f1  arctg , f2  1
x
 
1 1
 arctg

dx = 1arctg

dx
   
x x   
1   1  
= arctg 1dx     1dx dx
arctg
x   x  



1
1  
x
= arctg   x   2 xdx
x 1
1 
x

1 1
= arctg x   x dx
 2
 x x1

5
PRIMITIVAÇÃO POR

x2

5
PRIMITIVAÇÃO POR

1 x
= xarctg  xdx
 2
 x x1
 1  1 2x
= xarctg   xdx
  2
 x 2 x  1
= xarctg
1 1 2
 ln x  1  
C 

C,
 
 x 2

2
d)  x sec xdx
Vamos começar a primitivar por
2
sec x, pois a sua derivada é ainda uma função
2
transcendente. Temos então f1  x, f2  sec x. Aplicando a fórmula da
primitivação por partes, temos:

 x sec x dx = x  sec x dx   x   sec x dx dx


2 2  2

= xtg  x   tgxdx
senx
= xtg  x   
= xtg  x   ln  C, C 
cosx

lnln x
e)  dx, x  2
x
lnln x 1
ln ln x  dx
 x dx   x
1
Vamos começar a primitivar por
x
, pois não conhecemos  lnln xdx . Temos então
1
f1  lnln f2  . Aplicando a fómula da primitivação por partes, temos:
x
x 1  , 1 
lnln  lnln x dx   lnln x  dx dx
x 
dx  
x x  x 
 1 
 
 lnln xln x    x ln x dx
 ln x
  lnln xln x 

6
PRIMITIVAÇÃO POR
1 
dx 
x 
 lnln xln x  ln x 
C,
C 

6
PRIMITIVAÇÃO POR

 ln xlnln x 1  C 
C,

f)  arcsenxdx
Quando existe apenas uma função cuja primitiva não se conhece, multiplica-se a
função pelo factor 1 e começa-se a primitivar por este.Teremos então

f1  arcsenx, f2  1

 arcsenx dx = 1arcsenx dx


= arcsenx  1dx   arcsenx   1dx dx 
 1 
= arcsenxx   x dx
 2 
 1  x 
1
 1 
 xarcsen x 


 2x 1    2 dx
2 
x 
2 

1
 xarcsen x  12 x 
C,  2  C 

3
g) x lnxdx
Vamos começar a primitivar por
 ln xdx . Temos então
3
x , pois não conhecemos
f1  ln x 3
f2  x . Aplicando a fómula da primitivação por partes, temos:

 ln x x
3 3
  3
dx  ln x  x dx   ln x   x dx dx
4 4

x 1x
 lnx   dx
4 x4
1
x4 lnx
5
x  C, C 
 4 20

h)  senxln 1  sen xdx


 ln 1  sen x dx
Vamos começar a primitivar por senx, pois não conhecemos

6
PRIMITIVAÇÃO POR


Temos então f1  ln 1  sen f2  senx . Aplicando a fómula da primitivação

 x  ,
por partes, temos:

6
PRIMITIVAÇÃO POR

 senxln 1

 x 

x dx   
sen
ln 1  x   senxdx   ln 1 

 senxdx dx
 
 sen
= ln 1  sen  x  cosx    
 co
 cos x dx

 
1  sen x 
= ln 1  sen  x  cosx     cos dx

 
1  sen x 
= ln 1  sen x  cosx    1  dx

 
1  sen x
 
 1  sen x 1  sen x  
= ln 1  sen x  cosx   dx
 1 x  
 sen



= ln 1 sen x cosx   1  xdx
= ln 1 sen sen  C, C 

x  cosx   x  cos


x

x 1
i) 
1x2
3
dx =  1   2 dx
3 2
x x 1

= 

x 1x
2
 2 dx
fx 1 
f2
 1
1 
2
= x  x 1 dx   x
 2 


2
x 2
x 1x 
2 2 
dx dx

   
 
1  1 
x 1x
= 2 2  
   2x 1  2 dx
 
2
2
x 

2 1
2 
 

 1  x 32
2
2
= x 1x 
3
6
PRIMITIVAÇÃO POR
 C, C 
2

1  3  C,
2 2
=x
1  x 2
C 


2
x
3

1  x 2   2 1  x 2  1  x 2 
2
=x
C 
 C,
3 2
= 1  x 
2  2
x  1x
2 

 C  
C,
 
 3 

6
PRIMITIVAÇÃO POR

j)  senxarcsencos xdx
 senxarcsencos xdx = 
s e n x a rc se nc o s x dx =
        
f2 f1


arcsencos x  senx dx    arcsencos x   senx dx dx
 
  senx 
= arcsencos x cosx   
 cosx dx
 1  cos2x 
 
Como 1 cos2x  sen2x, temos
 senxcosx
= arcsencos x cosx dx . Considerando senx  0 ,
 senx 

 
temos:

= arcsencos x cosx

cosxdx C 
=  cosxarcsencos x   senx
C,

2
x
k)   x  dx
e 
2
x
 x2e dx
 x  dx 2x
= Vamos começar a primitivar por e2x , pois a sua derivada ainda é

e
uma função transcendente.Temos então:
 2  2 x 
   x   e dx dx
2 2x 2 x
x e dx  x 2
e dx 

f 
 
1 f  
2
x 1
2  2xe

2 x 2 x
e 2 dx
=
2
1 
2
x 2 x 2 x

2   f1 f 2 
= e   2xe dx
2

6
PRIMITIVAÇÃO POR

 x2
= e2x 
1
 xe 2 x
  e2 x dx 
2 2
x 1 1
2   xe 2  2 x  C 
e 2 x
x 
= 2  e C,
2 
2

6
PRIMITIVAÇÃO POR

1 1 1
= x2e2x  xe2x  e2x 
C 
C,
2 2 4
 1 1 1 
= e 2x  x2  x  
C, C 
 
 2 2 4

 
l) 2cos x ln sen2x dx . 
Vamos começar a primitivar cosx, pois não conhecemos a primitiva de ln sen2x  .
2cos x lnsen xdx =
2


2cos xlnsen xdx  
2
   
2
 cos xdx    ln  sen
2
x   cos  x dx dx


 2 ln sen x  
 
f
f1 
= 
2

    2senx cos x  sen x dx dx 


2

2ln sen x sen x  


  sen2x
   

    
= 2 senx ln sen2 x  2cosx dx

= 2senxlnsen x 2senx C,C 


2

m)  xsenxcosxdx
Vamos primitivar a função transcendente, pois a sua derivada conduz a outra função
transcendente.
sen2x  sen2 x 
 xsenxcosxdx =  xsenxcosx dx = x
2
  1.
2
dx
f1 f2  
sen2x 1
=x   sen x sen x dx 
2 2

 sen xdx .
2
Vamos calcular

 sen xdx  senx cos x  cos xdx


2 2

 =  senx cos x  1 sen xdx


2

sen2xdx

 sen xdx =  senx cos x  x   sen xdx


2 2

6
PRIMITIVAÇÃO POR

2 sen2xdx   senx cos x  x

 senx cos x  x
sen xdx 
2
2
Então, voltando à primitiva inicial, temos:

6
PRIMITIVAÇÃO POR

   
sen2x

1   
xsen x cos x dx x sen x sen x dx =
2 2
sen2x 1   senx cos x  x 
=x 
2 2 2   C 

 C,

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