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REGIME ESPECIAL DE ISENÇÃO DO ARTIGO 53.

º DO CIVA
– Análise das alterações de enquadramento a efetuar em janeiro de 2022
– Revisão aos restantes aspetos do regime

Por Paulo Marques 3. Sujeitos passivos com início de atividade em 2021


Contabilista Certificado 3.1 Ato isolado e início de atividade no mesmo ano
Consultor fiscal 4. Alteração para o regime normal por opção
Formador 5. Esclarecimentos sobre o volume de negócios
so.proveitos.consultoria@asconta.pt 6. Enquadramento no art. 53.º vs. importações e expor-
tações
7. Enquadramento no art. 53.º vs. compras ou vendas de
bens a outros Estados-Membros da União Europeia
O art. 53.º do Código do Imposto Sobre o Valor Acrescen- 7.1 Aquisições de bens – declaração periódica e paga-
tado (CIVA) estabelece um regime especial de isenção mento do IVA
aplicável às pequenas unidades de produção, de comér- 7.2 Transmissões de bens
cio ou de prestação de serviços que, devido à sua reduzi- 7.3 Vendas à distância intracomunitárias de bens
da dimensão, não possuem a estrutura administrativa 8. Enquadramento no art. 53.º vs. aquisição ou presta-
necessária ao cumprimento das obrigações decorrentes ção de serviços a outros países
da aplicação do imposto às suas operações. Neste traba-
8.1 Obrigação declarativa e de pagamento em caso de
lho, fazemos uma revisão dos mais pertinentes aspetos
aquisição de serviços
relacionados com este regime especial, com particular
8.2 Declaração recapitulativa em caso de prestação de
atualidade para as alterações de regime que poderão ter
serviços
que ser feitas durante o corrente mês de janeiro de 2022.
8.3 Serviços por via eletrónica, de telecomunicações e
A abordagem está organizada em função do seguinte ín- outros
dice de temas: 9. Reinício após a cessação da atividade
10. Outras obrigações
1. Alteração para o regime normal por obrigação
11. Pessoas coletivas e art. 53.º do CIVA
1.1 O limite do art. 53.º e a dispensa de retenção de
12. IVA liquidado indevidamente
IRS na fonte
13. Ato isolado
2. Alteração para o regime do art. 53.º por opção

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REGIME ESPECIAL DE ISENÇÃO DO ARTIGO 53.º DO CIVA

Prevê o n.º 1 do art. 53.º (na redação dada pela Lei n.º mês, quer ativas quer passivas, não são incluídas na de-
2/2020 de 31 de março, que publicou o Orçamento do claração do primeiro trimestre de 2022. Se o sujeito pas-
Estado para 2020 ) que beneficiam da isenção do imposto sivo eventualmente optar por periodicidade mensal de
os sujeitos passivos que, não possuindo nem sendo obri- IVA, naturalmente que a primeira declaração a entregar
gados a possuir contabilidade organizada para efeitos do em 2022 reporta-se ao mês de fevereiro.
IRS ou IRC, nem praticando operações de importação,
Por outro lado, um sujeito passivo que há vários anos
exportação ou atividades conexas, nem exercendo ativi-
venha desenvolvendo a sua atividade enquadrado no art.
dade que consista na transmissão dos bens ou prestação
53.º do CIVA e, em 2021, não tenha registado volume de
dos serviços mencionados no anexo E do presente Códi-
negócios superior a 12.500 €, continuará enquadrado no
go, não tenham atingido, no ano civil anterior, um volu-
mesmo regime durante o ano de 2022. A não ser que, tal
me de negócios superior a 12.500 €. (1)
como previsto no art. 55.º do CIVA, e adiante analisare-
Os sujeitos passivos que beneficiem da isenção do impos- mos, seja sua opção renunciar a este enquadramento e
to nos termos do art. 53.º do CIVA estão excluídos do optar pela aplicação normal do imposto às suas opera-
direito à dedução previsto no art. 19.º, tal como referido ções tributáveis ou, no caso de serem retalhistas, pelo
no n.º 3 do art. 54.º regime especial previsto no art. 60.º

Quando deixe de se verificar qualquer das restantes con-


dições referidas no n.º 1 do art. 53.º, a obrigação de apre-

1. ALTERAÇÃO PARA O REGIME NORMAL sentação da declaração de alterações deve ser cumprida
no prazo de 15 dias a partir do momento em que ocorra o
facto determinante.
POR OBRIGAÇÃO
Dispõe o art. 25.º do CIVA que se os sujeitos passivos pas-
sarem a praticar operações sujeitas que conferem direito
O n.º 2 do art. 58.º do CIVA determina que, quando dei- à dedução, por motivo de alteração da atividade ou por
xarem de se verificar as condições de aplicação do regime imposição legal, podem deduzir o imposto relativo aos
de isenção do art. 53.º, os sujeitos passivos são obrigados bens do ativo imobilizado em determinadas condições aí
a apresentar a declaração de alterações de atividade, definidas. Nomeadamente, quanto a bens móveis adqui-
prevista no art. 32.º, durante o mês de janeiro do ano ridos nos quatro anos civis anteriores, em que o imposto
seguinte àquele em que tenha sido atingido um volume dedutível é proporcional ao número de anos que faltem
de negócios superior aos limites de isenção previstos no para completar o período de cinco anos a partir do ano
art. 53.º Como definido no n.º 5 do mesmo art., é devido em que iniciou a utilização dos bens. Porém, o n.º 6 deste
imposto com referência às operações efetuadas pelos artigo impede esta possibilidade aos sujeitos passivos
sujeitos passivos a partir do mês seguinte àquele em que que, à data da alteração, se encontrassem no regime es-
se torne obrigatória a entrega da declaração de altera- pecial de isenção do art. 53.º do CIVA. Assim, um sujeito
ções. passivo que em 2021 estava enquadrado no art. 53.º e,
por exemplo tenha adquirido uma viatura de mercadori-
Ou seja, os sujeitos passivos que, em 2021, tenham ultra- as ou mobiliário administrativo, se em 2022 passa para o
passado o referido limite, ficam obrigados a liquidar IVA regime normal de IVA por obrigação não pode recuperar
sobre as suas transmissões de bens e prestações de servi- qualquer montante do IVA que suportou naquelas aquisi-
ços a partir do dia 1 de fevereiro de 2022. E, durante o ções e se viu impedido de deduzir.
mês de janeiro de 2022, estão obrigados a entregar uma
declaração de alterações de atividade informando o volu-
me de negócios obtido em 2021.
1.1 O LIMITE DO ART. 53.º E A DISPENSA
As operações faturadas durante janeiro de 2022 enqua- DE RETENÇÃO DE IRS NA FONTE
dram-se ainda no regime de isenção do art. 53.º e todas
as operações do sujeito passivo realizadas durante este É pertinente aqui referir que o limite de 12.500 € previsto

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no art. 53.º do CIVA releva para efeitos de dispensa de


retenção de IRS na fonte, nas prestações de serviços em
que a retenção está prevista no art. 101.º do Código do
2. ALTERAÇÃO PARA O REGIME ESPECIAL
IRS (CIRS). Conforme n.º 1 do art. 101.º-B deste Código, DE ISENÇÃO POR OPÇÃO
estão dispensados de retenção na fonte, exceto quando
esta deva ser efetuada mediante taxas liberatórias, os
rendimentos da categoria B, com exceção das comissões A passagem dos regimes de tributação ao regime especial
por intermediação na celebração de quaisquer contratos, de isenção está prevista no art. 54.º do CIVA e será sem-
quando o respetivo titular preveja auferir, nesta catego- pre uma opção do sujeito passivo. Como previsto no nú-
ria, um montante anual inferior ao fixado no n.º 1 do art. meros 1 e 2 do art. 54.º, se verificados os condicionalis-
53.º do CIVA. mos previstos no art. 53.º, os sujeitos passivos não isen-
Esta dispensa de retenção na fonte é de aproveitamento tos [pelo art. 9.º do CIVA] que pretendam a aplicação do
facultativo pelos titulares de rendimento e, como decorre regime especial de isenção, devem apresentar a declara-
do n.º 3 do art. 101.º-B do CIRS, não pode ser exercida ção de alterações a que se refere o art. 32.º durante o
por titulares que, no ano anterior, tenham auferido rendi- mês de janeiro do ano seguinte àquele em que se verifi-
mentos de montante igual ou superior aos 12.500 €, e quem os condicionalismos referidos, produzindo efeitos a
cessa no mês seguinte àquele em que tiver sido atingido partir de 1 de janeiro do ano da apresentação.
este limite. Por exemplo, um sujeito passivo enquadrado no regime
normal trimestral de IVA, que durante todo o ano de
2021 faturou 11.000 € mais IVA, pode em 2022, se for seu
Enquanto que a passagem por obrigação para o regime desejo, enquadrar-se no regime especial de isenção do
do IVA só ocorre com efeitos a 1 de fevereiro do ano se- art. 53.º do CIVA. Para o que deverá, durante o mês de
guinte em que são ultrapassados os 12.500 €, a dispensa janeiro de 2022, entregar uma declaração de alterações
de retenção na fonte deixa de poder ser utilizada desde o informando o volume de negócios obtido em 2021, na
mês seguinte em que se ultrapasse este limite. Por exem- sequência da qual é enquadrado no regime especial de
plo, um sujeito passivo há vários anos enquadrado no art. isenção com efeitos a 1 de janeiro. Assim, em todas as
53.º do CIVA, e que aproveitava a dispensa de retenção suas vendas ou prestações de serviços realizadas desde o
na fonte, ultrapassou os 12.500 € de faturação em outu- início do ano já não liquidará IVA.
bro de 2021. Deste facto, resultam as seguintes conse-
quências: Se esta declaração de alterações for entregue para além
do mês de janeiro, não produzirá efeitos. Como está pre-
– Os rendimentos, se enquadrados no art. 101.º do CIRS, visto que “só pode ser apresentada durante o mês de
estão obrigatoriamente sujeitos a retenção na fonte em janeiro”, uma entrega fora deste prazo não produz quais-
novembro e dezembro de 2021, por impossibilidade de quer efeitos retroativos.
utilização da dispensa;
Importa ter em conta que nestas alterações, tal como
– Durante janeiro de 2022 entrega declaração de altera- impõe o n.º 4 do art. 54.º, os sujeitos passivos devem
ções com o volume de negócios obtido em 2021, e fica proceder, nos termos do n.º 5 do art. 24.º, à regulariza-
enquadrado no regime normal de IVA em 1 de fevereiro ção da dedução efetuada quanto a bens do ativo imobili-
de 2022; e zado e, quando anteriormente abrangidos pelo regime
normal, devem também efetuar a regularização do im-
– Durante todo o ano de 2022 não pode aproveitar a dis-
posto deduzido e respeitante às existências remanescen-
pensa de retenção na fonte, qualquer que seja o volume
tes no fim do ano, devendo, em qualquer dos casos, as
de negócios previsto para este ano (pois no ano anterior,
referidas regularizações ser incluídas na declaração ou
auferiu rendimentos de montante igual ou superior aos
guia referente ao último período de tributação (no caso, a
12.500 €).
última declaração a apresentar para o ano de 2021).

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Ter ainda em conta que, como previsto no n.º 6 do art.


22.º do CIVA, no caso de existência de reporte do crédito
de IVA de valor igual ou superior a 25 €, o sujeito passivo
pode solicitar o seu reembolso na última declaração do
IVA que entregar no regime normal.

3. SUJEITOS PASSIVOS COM INÍCIO


DE ATIVIDADE EM 2021

Desde logo, há que ter em conta que, no início de ativida-


de, o volume de negócios a tomar em consideração é es-
tabelecido de acordo com a previsão efetuada relativa ao
ano civil corrente, após confirmação pela Autoridade Tri-
butária. É o que define o n.º 3 do art. 53.º do CIVA. Assim,
para os sujeitos passivos que iniciaram a sua atividade VnAC = VnP x 12 : Nm
durante o ano de 2021, haverá que ter cuidados adicio- em que:
nais na ponderação de alterações a efetuar em janeiro de VnAC significa o volume de negócios anual corresponden-
2022, pois deverá ter-se em conta o volume de negócios te;
anualizado.
VnP significa o volume de negócios previsto; e
Estipula o n.º 4 do art. 53.º do CIVA que, quando o perío- Nm significa o número de meses que decorre entre o mês
do em referência for inferior ao ano civil, deve converter- correspondente à data de início declarada e o mês de
se o volume de negócios relativo a esse período num vo- dezembro, inclusive.
lume de negócios anual correspondente, quer para efei- 3. O volume de negócios assim apurado, porque se trata
tos de enquadramento aquando do início de atividade, de uma previsão, releva unicamente para efeitos do en-
quer para verificação de condições para o sujeito passivo quadramento em IVA aquando do início de atividade.
se poder manter enquadrado neste regime. Será o volume de negócios anual correspondente, con-
Como clarificado no Ofício Circulado n.º 30138, de 2012- vertido com base no volume efetivamente realizado nes-
12-27, da Direção de Serviços do IVA: se ano, que determina a continuação, ou não, no regime
especial de isenção, no ano seguinte.
“1. Os sujeitos passivos que iniciem a sua atividade de-
vem declarar, na respetiva declaração de início de ativida- 4. Em qualquer das situações, quando o período em refe-
de, a previsão do volume de negócios relativo ao ano civil rência é inferior ao ano civil, a conversão efetuada tem
corrente, a qual, depois de confirmada pela AT, é tida em como única finalidade determinar se o sujeito passivo
consideração no enquadramento desse mesmo ano (n.º 3 pode, ou não, permanecer, no ano seguinte, no regime
do art. 53.º). especial de isenção estabelecido no art. 53.º do CIVA.

2. No entanto, quando o período em referência for inferi- Esta conversão não altera o volume de negócios efetiva-
or ao ano civil, deve converter-se o volume de negócios mente realizado pelo sujeito passivo, definido nos termos
relativo a esse período num volume de negócios anual do art. 42.º do Código (n.º 5 do art. 53.º), o qual releva,
correspondente (n.º 4 do art. 53.º), mediante a aplicação nomeadamente, para efeitos de IRS.”
da fórmula Vejamos dois exemplos de início de atividade durante
2021, interligados com enquadramentos possíveis em

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2022: quadramento no art. 53.º do CIVA, seja no momento de


início de atividade, seja em
janeiro do ano seguinte.

Como exemplo, vejamos um


sujeito que em fevereiro de
2021 emitiu um ato isolado
no valor de 3.000 € mais IVA,
assumindo-se como pressu-
posto a verificação das con-
dições que justificaram tal
situação. Em junho de 2021,
as circunstâncias mudam e
apresentou declaração de
início de atividade, ficando
enquadrado no art. 53.º do
CIVA. De junho a dezembro
faturou 6.000 €. Em 2022
tem obrigatoriamente que
passar para o regime normal
de IVA?

Não. O volume de negócios


anual correspondente é cal-
culado tendo apenas em
conta a faturação feita ao
abrigo do art. 53.º do CIVA,
pelo que temos 12.000 €
[ 6.000 X 12 / 6 ]. Sendo de-
sejo do sujeito passivo man-
ter-se enquadrado no regime especial de isenção, nada
terá a fazer em janeiro de 2022.
3.1 ATO ISOLADO E INÍCIO DE ATIVIDADE
NO MESMO ANO
Situação que por vezes acontece é uma pessoa praticar
num dado ano um ato isolado e, ainda nesse ano, depois
4. ALTERAÇÃO PARA O REGIME NORMAL
iniciar uma atividade com carácter de habitualidade. Co- POR OPÇÃO
loca-se a questão de se o valor faturado no ato isolado é
ou não considerado para efeitos de possível enquadra-
mento no art. 53.º do CIVA. Sobre o ato isolado e as suas Os sujeitos passivos suscetíveis de beneficiar da isenção
implicações em IVA, ver o ponto 13 deste trabalho. Mas do imposto nos termos do art. 53.º do CIVA podem a ela
abordamos já esta questão. renunciar e optar pela aplicação normal do imposto às
suas operações tributáveis ou, no caso de serem retalhis-
O CIVA é omisso em relação a esta matéria. Todavia é
tas, pelo regime especial previsto no art. 60.º
entendimento da Autoridade Tributária que o valor fatu-
rado em ato isolado não se considera para efeitos de en- Este direito de opção é exercido mediante a entrega da

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declaração de início ou de alterações, consoante os casos,


produzindo efeitos a partir da data da sua apresentação.
Tal como previsto nos números 1 e 2 do art. 55.º do CIVA.

Reforça-se que esta opção, quando feita em declaração


de alterações, produz efeitos a partir da data da sua apre-
sentação. Pelo que pode ser feita a qualquer momento,
isto é, em qualquer data no decorrer do ano, com obriga-
ção de liquidação de IVA desde esse dia. Esta opção pode,
desde logo, ser feita na declaração de início de atividade,
por quem vai coletar-se e prevê volume de negócios que
o enquadraria no regime especial de isenção.

Recorda-se que a possibilidade de dedução de IVA previs-


ta no art. 25.º do CIVA não é aplicável aos sujeitos passi-
vos que, à data da alteração para o regime normal, se
encontrassem no regime especial de isenção do art. 53.º
(sobre este assunto, ver explicação dada no ponto 1 des-
te trabalho).
negócios, dado que o mesmo sujeito passivo de IVA pode,
Importa ainda ter em conta que, sendo exercido o direito em simultâneo, praticar operações que beneficiem de
de opção como referido, o sujeito passivo é obrigado a isenções nas operações internas previstas no art. 9.º do
permanecer no regime por que optou durante um perío- CIVA e atividades enquadradas no regime especial de
do de, pelo menos, cinco anos, devendo, findo tal prazo, isenção do art. 53.º
apresentar a declaração de alterações, no caso de desejar
voltar ao regime de isenção. O que só poderá fazer du- Como prevê o n.º 5 do art. 53.º do CIVA, o volume de
rante o mês de janeiro de um dos anos seguintes àquele negócios a ter em consideração é o definido nos termos
em que se tiver completado o período obrigatório de cin- do art. 42.º. Segundo este artigo, o volume de negócios
co anos e produzirá efeitos a partir de 1 de janeiro do ano para efeitos de enquadramento em IVA é constituído pe-
da sua apresentação (números 3 e 4 do art. 55.º). lo valor, com exclusão do imposto, das transmissões de
bens e prestações de serviços efetuadas pelo sujeito pas-
Por fim, o n.º 5 desde mesmo artigo prevê que, no caso sivo, com exceção das operações referidas nos números
de modificação essencial das condições de exercício da 27) e 28) do art. 9.º, quando constituam operações aces-
atividade económica, pode o sujeito passivo, independen- sórias; das operações referidas nos números 29) e 30) do
temente do referido prazo de cinco anos, solicitar, medi- art. 9.º, quando relativamente a elas se não tenha verifi-
ante requerimento a entregar no serviço de finanças cado renúncia à isenção e constituam operações acessó-
competente, a passagem ao regime de isenção, com efei- rias; das operações sobre bens de investimento corpó-
tos a partir da data para o efeito mencionada na notifica- reos ou incorpóreos.
ção do deferimento do pedido.
Porém, o art. 81.º do CIVA refere-se ao volume de negó-
cios dos sujeitos passivos isentos com atividade acessória
tributável e prevê que os sujeitos passivos que pratiquem

5. ESCLARECIMENTOS SOBRE O VOLUME operações isentas, sem direito a dedução, e desenvolvam


simultaneamente uma atividade acessória tributável po-
DE NEGÓCIOS dem calcular o seu volume de negócios, para efeitos do
disposto nos artigos 42.º e 53.º, tomando em conta ape-
nas os resultados relativos à atividade acessória.
Importa deixar alguns esclarecimentos sobre o volume de Não há uma definição (percentual, por exemplo) que per-

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mita delimitar “atividade acessória”. Mas a Autoridade isenção de IVA, que passe a realizar importações (nos
Tributária, na Informação n.º 1280/1997 da DSIVA, escla- termos do art. 5.º do CIVA) ou exportações (nos termos
receu que “atividade acessória tributável” refere-se a dos números 1 ou 2 do art. 14.º do CIVA), ou atividades
“situações em que o sujeito passivo desenvolva simulta- conexas, deve entregar a declaração de alterações previs-
neamente duas atividades, não tendo que haver conexão ta no art. 32.º do CIVA no prazo de 15 dias a contar do
de objeto entre elas, independentemente da forma como momento em que passa a realizar as referidas operações
sejam elencadas no quadro 08 da declaração de início ou (n.º 2, c) do art. 58.º do CIVA).
de alterações”. Em janeiro de 2015, em mensagem de
Conforme n.º 6 do art. 58.º do CIVA, a aplicação do regi-
correio eletrónico enviada a sujeitos passivos enquadra-
me normal de tributação produz efeitos a partir do mo-
dos no art. 53.º do CIVA, a Autoridade Tributária informa-
mento em que se deixam de verificar as circunstâncias
va que “Caso exerça, em simultâneo, operações isentas
que obrigam à saída do regime especial de isenção. Neste
ao abrigo do art. 9.º do CIVA, os rendimentos resultantes
caso, desde a data em que realize a primeira operação de
das mesmas podem não ser incluídos no cálculo de volu-
importação, exportação ou atividades conexas.
me de negócios.”

Logo, para verificação da eventual manutenção no art.


53.º do CIVA durante o ano de 2022, poderá considerar-
se apenas o volume de negócios em 2021 das atividades
sujeitas a IVA e não isentas pelo art. 9.º, ou seja, apenas o
7. ENQUADRAMENTO NO ART. 53.º
volume de negócios naquele ano isento pelo art. 53.º do vs. COMPRAS OU VENDAS DE BENS
CIVA.
A OUTROS ESTADOS-MEMBROS
Por exemplo: sujeito passivo com serviços em 2021 de DA UNIÃO EUROPEIA
enfermeiro (art. 9.º) no valor de 11.800 €, e formador
(art. 53.º) de 4.000 € – em 2022 pode continuar no art.
53.º Os sujeitos passivos enquadrados no regime especial de
Num outro exemplo: sujeito passivo com serviços em isenção não efetuam, por regra, operações enquadradas
2021 de explicador (art. 9.º) no valor de 3.000 €, e conta- no Regime do IVA nas Transações Intracomunitárias
bilista (art. 53.º) de 12.000 € – em 2022 pode continuar (RITI). Mas não estão impedidos de realizar transações
no art. 53.º com bens (vendas ou compras) com sujeitos de outros
Estados-Membros da União Europeia. Confuso? Vamos
explicar.

O art. 1.º do RITI (Incidência objetiva), para o qual reme-


6. ENQUADRAMENTO NO ART. 53.º temos, define as aquisições de bens que, no âmbito deste
regime, estão sujeitas a IVA em território nacional, e o n.º
vs. IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES 1 do art. 2.º do RITI (Incidência subjetiva) considera sujei-
tos passivos do imposto pela aquisição intracomunitária
de bens:
O sujeito passivo que pratique operações de importação,
a) As pessoas singulares ou coletivas mencionadas na
exportação ou atividades conexas não pode beneficiar da
alínea a) do n.º 1 do art. 2.º do CIVA que realizem trans-
isenção de IVA ao abrigo do art. 53.º do CIVA, tal como
missões de bens ou prestações de serviços que conferem
expressamente previsto no n.º 1 deste artigo. As
direito à dedução total ou parcial do imposto;
“atividades conexas” são, por exemplo, as previstas no
art. 14.º do CIVA, como as comissões por intermediação b) As pessoas singulares ou coletivas mencionadas na
em operações de exportação. alínea a) do n.º 1 do art. 2.º do CIVA que realizem exclu-
sivamente transmissões de bens ou prestações de servi-
Portanto, um sujeito enquadrado no regime especial de

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ços que não conferem qualquer direito à dedução; nacional as aquisições intracomunitárias de bens efetua-
das por sujeitos passivos enquadrados no art. 53.º do
c) O Estado e as demais pessoas coletivas de direito públi-
CIVA, quando o respetivo valor global, líquido de IVA,
co abrangidas pelo disposto no n.º 2 do art. 2.º do CIVA
tenha excedido, no ano civil anterior ou no ano civil em
ou qualquer outra pessoa coletiva não compreendida nas
curso, o montante de 10.000 € (IVA excluído), pelo que,
alíneas anteriores.
para as aquisições intracomunitárias de bens abaixo de
Incluídos naquela alínea b), como ‘pessoas singulares ou tal montante é aplicável a regra da tributação no país de
coletivas mencionadas na alínea a) do n.º 1 do art. 2.º do origem. Assim, em respeito por este limite, e desde que
CIVA que realizem exclusivamente transmissões de bens não se trate de aquisição de meios de transporte novos
ou prestações de serviços que não conferem qualquer nem bens sujeitos a impostos especiais de consumo, um
direito à dedução’ temos os sujeitos passivos enquadra- sujeito passivo enquadrado no art. 53.º do CIVA em Por-
dos no art. 53.º do CIVA. tugal pode perfeitamente efetuar aquisições de bens a
sujeitos passivos de outros Estados-Membros, suportan-
Contudo, o n.º 1 do art. 5.º do RITI prevê um regime de do o IVA na origem. E sem sujeição a imposto em Portu-
derrogação nos seguintes termos: gal por essa aquisição.
Não obstante o disposto nas alíneas a) e d) do art. 1.º, Ultrapassado que seja aquele limite, ou conforme opção
não estão sujeitas a imposto as aquisições intracomunitá- prevista no n.º 3 do art. 5.º do RITI (os sujeitos passivos
rias de bens quando se verifiquem, simultaneamente, as abrangidos pelo disposto no n.º 1 podem optar pela apli-
seguintes condições: cação do regime de tributação previsto no art. 1.º, deven-
a) Sejam efetuadas por um sujeito passivo dos referidos do permanecer no regime de sujeição durante um perío-
nas alíneas b) e c) do n.º 1 do art. 2.º; do de dois anos) deverá ser entregue declaração de alte-
rações onde é assinalado o campo 8 do quadro 11 (2), bem
b) Os bens não sejam meios de transporte novos nem como o campo 4 do quadro 13 em caso de opção (3). Este
bens sujeitos a impostos especiais de consumo; procedimento fará com que o seu número de identifica-
ção fiscal seja incluído no cadastro VIES (Sistema de Infor-
c) O valor global das aquisições, líquido do IVA, devido ou
mação de Trocas Intracomunitárias) para efeitos de ope-
pago nos Estados-Membros onde se inicia a expedição ou
rações intracomunitárias.
transporte dos bens, não tenha excedido no ano civil an-
terior ou no ano civil em curso o montante de 10 000 Nesta situação, embora o sujeito passivo mantenha en-
(euro) ou, tratando-se de uma única aquisição, não exce- quadramento no regime de isenção previsto no art. 53.º
da esse montante. do CIVA, sempre que efetue aquisições intracomunitárias,
e após comunicação do seu número de identificação fiscal
O n.º 3 do mesmo artigo dá a possibilidade a estes sujei-
precedido do prefixo PT, os seus fornecedores de outros
tos passivos de poderem optar pela aplicação do regime
Estados-Membros estão em condições de não liquidar
de tributação previsto no art. 1.º (sujeição a IVA em Por-
imposto nas transmissões de bens que lhe efetuarem.
tugal das aquisições de bens feitas noutros Estados-
Membros), para valores inferiores aos 10 000 €, devendo Contudo, quando efetuadas aquisições intracomunitárias
permanecer no regime de sujeição durante um período de bens, dado que as mesmas se encontram desonerados
de dois anos. Opção que será vantajosa, caso a taxa de de imposto (o fornecedor não liquida IVA na origem),
IVA no país de origem seja superior à que vigorar no nos- deve o adquirente proceder à liquidação do imposto que
so país para esses bens. se mostre devido sobre a aquisição desses bens à taxa em
vigor no território nacional, relevando o mesmo numa
declaração periódica (preenchimento dos campos 12 e 13
7.1 AQUISIÇÕES DE BENS – DECLARAÇÃO do quadro 06) que apenas será entregue para os meses
PERIÓDICA E PAGAMENTO DO IVA em que haja operações tributáveis. A entrega da declara-
ção e o pagamento devem ser feitos até ao final do mês
Nestes termos, só são sujeitas a imposto em território seguinte àquele em que foi efetuada a aquisição intraco-

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REGIME ESPECIAL DE ISENÇÃO DO ARTIGO 53.º DO CIVA

munitária, conforme n.º 2 do art. 22.º do RITI. efetuar aquisições de bens em território nacional, com
isenção do art. 53.º do CIVA, sem que haja sujeição a im-
posto por essas aquisições nos Estados-Membros de des-
7.2 TRANSMISSÕES DE BENS tino dos bens.

Quanto às transmissões de bens, mesmo que efetuadas a


sujeitos passivos de outros Estados-Membros, prevalece- 7.3 VENDAS À DISTÂNCIA
rá sempre a isenção do art. 53.º do CIVA, dado o enqua-
dramento do sujeito passivo neste regime. A isenção da
INTRACOMUNITÁRIAS DE BENS
alínea a) do n.º 1 do art. 14.º do RITI é para aplicar, nas Justifica-se ainda uma referência às vendas à distância
condições aí previstas, às transmissões de bens efetuadas intracomunitárias de bens que, como previsto na alínea
pelos sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do q) do n.º 2 do art. 1.º do CIVA, consistem em transmis-
art. 2.º do RITI, ou seja, aqueles que realizam transmis- sões de bens expedidos ou transportados pelo fornece-
sões de bens ou prestações de serviços que conferem dor ou por conta deste, inclusive quando o fornecedor
direito à dedução total ou parcial do imposto. Onde, na- intervenha indiretamente no transporte ou na expedição
turalmente, não se incluem os sujeitos passivos enqua- dos bens, a partir de um Estado-Membro que não seja o
drados no art. 53.º do CIVA. Estado-Membro de chegada da expedição ou transporte
E o adquirente noutro Estado-Membro, se sujeito passivo com destino ao adquirente, quando se verifiquem, simul-
de imposto em regime normal de IVA, mesmo que regis- taneamente, as seguintes condições:
tado para efeito de aquisições intracomunitárias de bens, i) O adquirente não se encontre abrangido por um regime
não terá que autoliquidar imposto sobre esta aquisição. de tributação das aquisições intracomunitárias no Estado-
A alínea a) do n.º 1 do art. 1.º do RITI prevê que estão Membro de chegada da expedição ou transporte dos
sujeitas a IVA as aquisições intracomunitárias de bens bens, ou seja um particular;
efetuadas no território nacional, a título oneroso, por um ii) Os bens não sejam meios de transporte novos nem
sujeito passivo dos referidos no n.º 1 do art. seguinte, bens a instalar ou montar.
agindo como tal, quando o vendedor for um sujeito passi-
vo, agindo como tal, registado para efeitos do IVA noutro Derrogando as regras de localização definidas nos núme-
Estado-Membro que não esteja aí abrangido por um qual- ros 1 e 2 do art. 6.º do CIVA, o art. 10.º do RITI localiza a
quer regime particular de isenção de pequenas empre-
sas…

“Um qualquer regime particular de isenção de pequenas


empresas” será o equivalente no CIVA de qualquer outro
Estado-Membro ao nosso art. 53.º

Portanto, se um sujeito passivo em regime normal de IVA,


localizado em território nacional, faz uma aquisição de
bens a um sujeito passivo que noutro Estado-Membro se
encontra abrangido por um regime particular de isenção
de pequenas empresas, e esses bens são transportados
desse Estado-Membro para Portugal, não está a efetuar
uma aquisição intracomunitária de bens sujeita a IVA em
território nacional, que obrigue à autoliquidação do im-
posto por parte do adquirente. É por aplicação de norma
similar, prevista no RITI dos outros Estados-Membros,
que os sujeitos passivos de IVA desses estados podem

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REGIME ESPECIAL DE ISENÇÃO DO ARTIGO 53.º DO CIVA

tributação destas vendas no Estado-Membro de destino: As prestações de serviços ficam sujeitas a IVA no territó-
não são tributáveis em território nacional as vendas à rio determinado pelas regras de localização previstas nos
distância intracomunitárias de bens quando o lugar de números 6 a 15 do art. 6.° do CIVA. O n.º 6 contém as
chegada da expedição ou transporte dos bens com desti- duas regras gerais e os números seguintes preveem dife-
no ao adquirente se situe fora do território nacional. rentes exceções às regras gerais. Para desenvolvimento
sobre as regras de localização das prestações de serviços,
Por seu lado, o art. 6.º-A do CIVA prevê uma derrogação à
consulte o nosso trabalho https://lnkd.in/gdNXeu5C.
regra de localização no Estado-Membro do adquirente.
Não obstante o disposto na alínea a) do art. 10.º do RITI, Conforme aquele n.º 6, são tributáveis em território naci-
as vendas à distância intracomunitárias de bens aí referi- onal as prestações de serviços efetuadas a:
das, são tributáveis, nos termos do n.º 1 do art. 6.º (ou
a) Um sujeito passivo dos referidos no n.º 5 do art. 2.º,
seja, no território nacional, local de partida), quando es-
cuja sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, o do-
tejam reunidas as seguintes condições:
micílio, para o qual os serviços são prestados, se situe no
a) O transmitente tenha sede, estabelecimento estável território nacional, onde quer que se situe a sede, estabe-
ou, na sua falta, o domicílio em território nacional e não lecimento estável ou, na sua falta, o domicílio do presta-
esteja sediado, estabelecido ou domiciliado noutro Esta- dor (regra geral relativa a serviços prestados entre dois
do-Membro; sujeitos passivos);

b) Os bens sejam expedidos ou transportados para outros b) Uma pessoa que não seja sujeito passivo, quando o
Estados-Membros; e prestador tenha no território nacional a sede da sua ativi-
dade, um estabelecimento estável ou, na sua falta, o do-
c) O valor total, líquido do IVA, das vendas não seja supe-
micílio, a partir do qual os serviços são prestados (regra
rior, no ano civil anterior ou no ano civil em curso, a
geral relativa a serviços prestados por sujeito passivo a
10.000 €.
não sujeito passivo).
Em conclusão, o regime especial de isenção é compatível
Devido à harmonização comunitária do IVA, as operações
com vendas à distância intracomunitárias de bens, sendo
serão localizadas noutros Estados-Membros, com base
estas faturadas ao abrigo do art. 53.º do CIVA, desde que
em normas reflexas (a contrário das normas constantes
as vendas à distância intracomunitárias de bens não ul-
no CIVA), bastando-nos perceber que se a condição pre-
trapassem os 10.000 € por ano e o sujeito passivo não
vista para localização da operação em Portugal não se
opte pela sujeição a tributação dessas vendas à distância
cumpre, ela deverá ser considerada localizada no outro
no Estado-Membro de chegada da expedição ou trans-
País, onde a condição se mostra cumprida, pois no CIVA
porte dos bens. Caso exerça esta opção, prevista no n.º 4
de lá existe uma norma igual à que está no nosso art. 6.º
do art. 6.º-A do CIVA, com registo no OSS, o sujeito passi-
vo mantém o seu enquadramento no art. 53.º para efeito O n.º 5 do art. 2.º é uma disposição específica no CIVA
das suas operações internas, mas – nas vendas à distância que considera sujeitos passivos do imposto, relativamen-
intracomunitárias de bens – fica obrigado a liquidar IVA te a todos os serviços que lhes sejam prestados no âmbi-
às taxas dos Estados-Membros de chegada desses bens. to da sua atividade, as pessoas singulares ou coletivas
referidas na alínea a) do n.º 1 do art. 2.º do CIVA (inclui,
para além dos sujeitos passivos que realizam operações
que conferem direito à dedução de IVA, os sujeitos que
8. ENQUADRAMENTO NO ART. 53.º realizam exclusivamente transmissões de bens ou presta-
ções de serviços que não conferem qualquer direito à
vs. AQUISIÇÃO OU PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS dedução: atividades do art. 9.º ou enquadrados no art.
53.º do CIVA) e outras pessoas coletivas que devam estar
A OUTROS PAÍSES
registadas para efeitos do art. 25.º do RITI. Nestas últimas
incluem-se o Estado e demais pessoas coletivas de direito
público quando realizam operações no exercício dos seus

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REGIME ESPECIAL DE ISENÇÃO DO ARTIGO 53.º DO CIVA

poderes de autoridade – estas não são sujeitos passivos imposto (sem direito à dedução) relativamente a todas as
de IVA cf. n.º 2 do art. 2.º do CIVA. prestações de serviços que lhes sejam feitas, qualquer
que seja o seu montante, desde que localizadas em terri-
E as alíneas e) e g) do n.º 1 do art. 2.º do CIVA preveem
tório nacional e o imposto não tenha sido liquidado pelo
que serão sujeitos passivos do imposto as pessoas singu-
prestador numa das condições anteriormente referidas.
lares ou coletivas referidas na alínea a), pela aquisição
dos serviços abrangidos pela alínea a) do n.º 6 do art. 6.º, No caso de AQUISIÇÃO de serviços a sujeitos passivos
quando os respetivos prestadores não tenham, no terri- localizados noutros Estados-Membros, ou em países/
tório nacional, sede, estabelecimento estável ou, na sua territórios terceiros:
falta, o domicílio, a partir do qual os serviços são presta-
– Deve enviar declaração de IVA correspondente às ope-
dos; e as pessoas singulares ou coletivas referidas na alí-
rações tributáveis realizadas;
nea a), que sejam adquirentes em transmissões de bens
ou prestações de serviços efetuadas no território nacio- – Se serviços adquiridos a sujeitos passivos localizados
nal por sujeitos passivos que aqui não tenham sede, esta- noutros Estados-Membros, com preenchimento dos cam-
belecimento estável ou domicílio nem disponham de re- pos 16 e 17 do quadro 06;
presentante nos termos do art. 30.º
– Se serviços adquiridos a sujeitos passivos localizados em
Fica assim claro que o enquadramento no regime especial países/territórios terceiros, com preenchimento dos cam-
de isenção do art. 53.º do CIVA é compatível com a pres- pos 3 e 4 do quadro 06 e campo 98 do quadro 06-A;
tação ou aquisição de serviço a (ou de) outros territórios,
importando analisar as diferentes implicações práticas. – E efetuar o pagamento do respetivo imposto autoliqui-
dado, até ao final do mês seguinte a que respeitam as
A aplicação das regras gerais de localização das presta- aquisições de serviços.
ções de serviços previstas no art. 6.º do CIVA não distin-
gue se os clientes ou os fornecedores dos serviços se situ- É o que decorre do n.º 3 do art. 27.º do CIVA: os sujeitos
am em Estados-Membros da União Europeia ou em terri- passivos abrangidos pelas alíneas e), g) e h) do n.º 1 do
tórios terceiros (embora para a aplicação de algumas das art. 2.º, que não estejam obrigados à apresentação da
exceções esta distinção seja necessária). declaração periódica nos termos do art. 41.º, devem envi-
ar, por transmissão eletrónica de dados, a declaração
Um sujeito passivo enquadrado no art. 53.º do CIVA que correspondente às operações tributáveis realizadas e efe-
vá efetuar serviços a clientes comunitários, ou adquirir tuar o pagamento do respetivo imposto, nos locais de
serviços a prestadores situados noutros Estados- cobrança legalmente autorizados, até ao final do mês
Membros, está obrigado a comunicar o facto à Autorida- seguinte àquele em que se torna exigível. Conforme n.º 5
de Tributária, para que o seu número de identificação do mesmo art., esta obrigação só se verifica relativamen-
fiscal seja incluído no cadastro VIES. Tal é feito no quadro te aos meses em que haja operações tributáveis.
26 da declaração de início de atividade, ou no quadro 27
da declaração de alterações, onde responderá que ‘Sim’ à
questão ‘Efetua ou adquire prestações de serviços intra-
8.2 DECLARAÇÃO RECAPITULATIVA
comunitários?’
EM CASO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
Se em função das regras de localização do art. 6.º os ser-
8.1 OBRIGAÇÃO DECLARATIVA viços prestados a clientes de outros territórios se consi-
E DE PAGAMENTO EM CASO derarem nestes localizados, não estaremos perante a
aplicação da isenção do art. 53.º mas, antes, perante uma
DE AQUISIÇÃO DE SERVIÇOS
não sujeição da operação em território nacional. E com o
Da conjugação de todas as normas referidas, os sujeitos IVA devido no território onde o serviço se considera loca-
passivos enquadrados no regime de isenção do art. 53.º lizado, existindo diferentes situações possíveis:
do CIVA estão obrigados a proceder à autoliquidação do

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– Autoliquidação por parte do adquirente sujeito passivo


noutro Estado-Membro;

– No caso de serviços prestados a não sujeitos passivos,


necessidade de o prestador nacional se registar/
representar nesse território, para lá liquidar o IVA e cum-
prir as demais obrigações relacionadas;

– Ou, ainda, poder cumprir essas obrigações a partir de


Portugal, registando-se no “regime da União” do balcão
único (OSS) se o cliente for um não sujeito passivo com
domicílio noutro Estado-Membro. Esta última possibilida-
de vigora desde 01 de julho de 2021.

No caso de PRESTAÇÃO de serviços a sujeitos passivos


localizados noutros Estados-Membros:

– A emissão das faturas será feita com indicação do moti-


vo ‘M08 – IVA - autoliquidação’;

– E, conforme n.º 1 do art. 58.º do CIVA, os sujeitos passi- Ou, desde 01 de julho de 2021, tem a alternativa de po-
vos isentos nos termos do art. 53.º devem cumprir o dis- der cumprir essas obrigações a partir de Portugal, regis-
posto na alínea i) do n.º 1 do art. 29.º; tando-se no “regime da União” do balcão único (OSS).
– Isto é, entregar a declaração recapitulativa a que se Nestas situações, em que o cliente do serviço seja um não
refere a alínea c) do n.º 1 do art. 23.º do RITI, nos prazos sujeito passivo com domicílio noutro Estado-Membro, há
e nas condições previstos no art. 30.º desse Regime, e que dar particular atenção aos serviços de telecomunica-
nela indicar as prestações de serviços efetuadas a sujeitos ções, de radiodifusão ou televisão e serviços por via ele-
passivos que tenham noutro Estado-Membro da União trónica, nomeadamente os descritos no anexo D do CIVA.
Europeia a sede, um estabelecimento estável ou, na sua É que, conforme alínea h) do n.º 9 do art. 6.º do CIVA,
falta, o domicílio, para o qual os serviços são prestados, todos estes serviços, quando prestados por sujeito passi-
quando tais operações não sejam tributáveis em territó- vo nacional aos referidos clientes, não são tributados em
rio nacional em resultado da aplicação do disposto na Portugal e são tributados no território onde o cliente tiver
alínea a) do n.º 6 do art. 6.º o seu domicílio.
Se serviços prestados a sujeitos passivos localizados em E a obrigação de liquidação de IVA à taxa do país do clien-
países/territórios terceiros, não existe qualquer obriga- te é obrigatoriamente cumprida através do balcão OSS,
ção declarativa em sede de IVA. com registo no “regime da União”. Este regime especial
permite aos sujeitos passivos o registo para efeitos do
IVA e a entrega das declarações e do imposto num único
8.3 SERVIÇOS POR VIA ELETRÓNICA, Estado-Membro, sendo o IVA liquidado às taxas dos dife-
DE TELECOMUNICAÇÕES E OUTROS rentes países dos adquirentes dos serviços.

Mas, também para estes serviços em particular (e apenas


Como referido, no caso de serviços prestados a não sujei-
para estes, quando estamos perante serviços prestados a
tos passivos, que conforme regras de localização do art.
clientes não sujeitos passivos), há que atender à derroga-
6.º do CIVA sejam tributados noutros Estados-Membros
ção à regra de localização no Estado-Membro do adqui-
da União Europeia, há a necessidade de o prestador naci-
rente prevista no n.º 1 do art. 6.º-A do CIVA:
onal se registar ou representar nesse território, para lá
liquidar IVA e cumprir as demais obrigações relacionadas. Assim, não obstante o disposto na alínea h) do n.º 9, as

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prestações de serviços de telecomunicações, de radiodi-


fusão ou televisão e serviços por via eletrónica, nomeada-
mente os descritos no anexo D, efetuadas a uma pessoa
9. REINÍCIO APÓS A CESSAÇÃO
que não seja sujeito passivo, são tributáveis nos termos DA ATIVIDADE
da alínea b) do n.º 6 do art. 6.º quando estejam reunidas
as seguintes condições:

a) O prestador tenha sede, estabelecimento estável ou, O art. 53.º do CIVA exige a verificação cumulativa dos
na sua falta, o domicílio em território nacional e não este- requisitos nele previstos, para que os sujeitos passivos
ja sediado, estabelecido ou domiciliado noutro Estado- possam beneficiar da isenção aí consagrada. Contudo, o
Membro; n.º 2 do art. 56.º do CIVA impõe duas limitações à aplica-
ção do regime especial de isenção previsto no art. 53.º,
b) As prestações de serviços sejam efetuadas a destinatá- quando os sujeitos passivos reiniciem a atividade após
rios estabelecidos ou domiciliados em outros Estados- cessação, não obstante preencherem as condições exigi-
Membros; e das nesta norma legal.
c) O valor total, líquido do IVA, destas prestações de ser- O n.º 2 do art. 56.º do CIVA determina que não se podem
viços não seja superior, no ano civil anterior ou no ano beneficiar do regime de isenção:
civil em curso, a 10 000 €.
a) Nos 12 meses seguintes ao da cessação, os sujeitos
Reunidas que estejam estas condições, para os serviços passivos que, estando enquadrados num regime de tribu-
de telecomunicações, de radiodifusão ou televisão e ser- tação à data de cessação de atividade, reiniciem essa ou
viços por via eletrónica, nomeadamente os descritos no outra atividade;
anexo D, efetuadas por um sujeito passivo nacional a uma
pessoa que não seja sujeito passivo domiciliada noutro b) No ano seguinte ao da cessação, os sujeitos passivos
Estado-Membro, deixam de estar localizadas no território que reiniciem essa ou outra atividade e que, se não tives-
do cliente e pode ser liquidado IVA português. Ou, se sem declarado a cessação, seriam enquadrados, por força
prestados por sujeitos passivos enquadrados no art. 53.º da alínea a) do n.º 2 do art. 58.º, no regime normal.
do CIVA, faturados ao abrigo deste regime especial de Para uma mais fácil compreensão da aplicação destas
isenção, sem necessidade de cumprimento de qualquer normas apresentamos exemplos adaptados e atualizados
obrigação adicional. a partir dos constantes no Ofício Circulado n.º 30138, de
Em conclusão, o regime especial de isenção é compatível 2012-12-27, da Direção de Serviços do IVA:
com prestações de serviços de telecomunicações, de radi- Exemplo 1 – O sujeito passivo "E" iniciou a atividade no
odifusão ou televisão e serviços por via eletrónica, nome- ano de 2021, encontrando-se enquadrado, desde então,
adamente os descritos no anexo D, sendo estas faturadas no regime de tributação. Cessou a atividade em fevereiro
ao abrigo do art. 53.º do CIVA, desde que as referidas de 2022.
prestações de serviços não ultrapassem os 10.000 € por
ano e o sujeito passivo não opte pela sujeição a tributa- Em dezembro de 2022 iniciou uma nova atividade, verifi-
ção desses serviços no Estado-Membro em que o adqui- cando-se que reúne todas as condições para beneficiar do
rente estiver estabelecido ou domiciliado. Caso exerça enquadramento no regime de isenção do art. 53.º do
esta opção, prevista no n.º 4 do art. 6.º-A do CIVA, com CIVA.
registo no OSS, o sujeito passivo mantém o seu enqua- Dado que na data do reinício de atividade (dezembro de
dramento no art. 53.º para efeito das suas operações 2022) ainda se encontra a decorrer o período de 12 me-
internas, mas – nos serviços em causa – fica obrigado a ses após a data da cessação (fevereiro de 2022), a norma
liquidar IVA às taxas dos Estados-Membros em que o ad- prevista na alínea a) do n.º 2 do art. 56.º do CIVA tem
quirente estiver estabelecido ou domiciliado. aqui plena aplicação, pelo que deve manter o enquadra-
mento no regime de tributação.

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REGIME ESPECIAL DE ISENÇÃO DO ARTIGO 53.º DO CIVA

Contudo, se no final do ano de 2023 se encontrarem veri- aos limites de isenção previstos no art. 53.º (ver ponto 1
ficados todos os condicionalismos previstos no art. 53.º, o deste trabalho);
sujeito passivo pode, no ano de 2024, beneficiar do cita-
b) No prazo de 15 dias a contar da fixação definitiva de
do regime de isenção. Para tal, deve apresentar a declara-
um rendimento tributável do IRS ou IRC baseado em vo-
ção de alterações durante o mês de janeiro de 2024, a
lumes de negócios superiores àqueles limites;
qual produz efeitos desde o dia 1 deste mesmo mês (n.º 1
e 2 do art. 54.º). Note-se que a apresentação da declara- c) No prazo de 15 dias a contar do momento em que se
ção de alterações é facultativa e, não sendo apresentada deixar de verificar qualquer das demais circunstâncias
no prazo referido (janeiro de 2024), o sujeito passivo per- referidas no n.º 1 do art. 53.º
manece no regime de tributação.
Prevê ainda o art. 58.º que:
Exemplo 2 – O sujeito passivo "F" iniciou a atividade em
janeiro de 2022 tendo ficado enquadrado no regime de Sempre que a Autoridade Tributária disponha de indícios
isenção previsto no art. 53.º do CIVA. Em setembro de seguros para supor que um sujeito passivo isento ultra-
2022 cessou a atividade tendo, até essa data, auferido passou em determinado ano o limite de isenção, procede
um volume de negócios de € 13.000. à sua notificação para apresentar a declaração a que se
refere o art. 31.º ou art. 32.º, conforme os casos, no pra-
Em novembro de 2023 reinicia a atividade. Tendo em zo de 15 dias, com base no volume de negócios que con-
conta o volume de negócios que auferiu em 2022, caso o siderou realizado (n.º 4).
sujeito passivo não tivesse cessado a atividade naquele
ano, ficava obrigatoriamente enquadrado, em 2023, no É devido imposto com referência às operações efetuadas
regime de tributação, por força da alínea a) do n.º 2 do pelos sujeitos passivos a partir do mês seguinte àquele
art. 58.º do CIVA. em que se torne obrigatória a entrega das declarações a
que se referem os números 2 ou 4 (n.º 5).
Nesta situação, por aplicação da alínea b) do n.º 2 do art.
56.º do CIVA, este sujeito passivo, aquando do reinício, Não obstante o disposto no número anterior, nos casos
deve ser enquadrado no regime de tributação. em que se deixam de verificar as circunstâncias a que se
refere a alínea c) do n.º 2, a aplicação do regime normal
de tributação produz efeitos a partir desse momento (n.º
6).

10. OUTRAS OBRIGAÇÕES Também de acordo com o n.º 1 do art. 58.º do CIVA, de-
vem cumprir o disposto na alínea b) do n.º 1 do art. 29.º
do CIVA: emitir obrigatoriamente uma fatura por cada
transmissão de bens ou prestação de serviços, tal como
Conforme n.º 1 do art. 58.º do CIVA, os sujeitos passivos vêm definidas nos artigos 3.º e 4.º, independentemente
isentos nos termos do art. 53.º estão obrigados à entrega da qualidade do adquirente dos bens ou destinatário dos
das declarações de início de atividade (art. 31.º do CIVA), serviços, ainda que estes não a solicitem, bem como pe-
de alterações (art. 32.º) e de cessação de atividade (art. los pagamentos que lhes sejam efetuados antes da data
33.º). da transmissão de bens ou da prestação de serviços.
Em particular, como prevê o n.º 2 do mesmo artigo, Conforme art. 57.º do CIVA, as faturas emitidas pelos su-
quando se deixarem de verificar as condições de aplica- jeitos passivos referidos no art. 53.º no exercício da sua
ção do regime de isenção do art. 53.º, os sujeitos passivos atividade devem sempre conter a menção «IVA - regime
são obrigados a apresentar a declaração de alterações de isenção».
prevista no art. 32.º, nos seguintes prazos:
Por fim, determina o art. 59.º do CIVA que, sem prejuízo
a) Durante o mês de janeiro do ano seguinte àquele em do disposto no art. 58.º, os sujeitos passivos isentos nos
que tenha sido atingido um volume de negócios superior termos do art. 53.º estão dispensados das demais obriga-

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REGIME ESPECIAL DE ISENÇÃO DO ARTIGO 53.º DO CIVA

ções previstas no CIVA.

11. PESSOAS COLETIVAS


E ART. 53.º DO CIVA

Particularidade desta norma do CIVA é depender a sua


aplicação do regime contabilístico adotado pelo sujeito
passivo. Como previsto no âmbito de aplicação, benefici-
am da isenção do imposto os sujeitos passivos que, entre
outros requisitos, não possuam nem sejam obrigados a
possuir contabilidade organizada para efeitos do IRS ou
IRC.

É um regime mais comum em sujeitos passivos pessoas


singulares, sujeitos passivos de IRS, com utilização condi-
cionada a não possuírem contabilidade organizada. Mas todas as condições previstas no art. 53.º do CIVA.
também certas pessoas coletivas, sujeitos passivos de IRC
poderão, na mesma condição, enquadrar-se no art. 53.º
do CIVA, se cumpridos os restantes requisitos.

Falamos de entidades do setor não lucrativo. Importa 12. IVA LIQUIDADO INDEVIDAMENTE
recordar que, conforme n.º 2 do art. 10.º do Decreto-Lei
n.º 158/2009 de 13 de julho, alterado e republicado pelo
Decreto-Lei n.º 98/2015 de 2 de junho, ficam dispensadas
Naturalmente, os sujeitos passivos enquadrados no art.
da aplicação do SNC (Sistema de Normalização Contabilís-
53.º do CIVA não liquidarão imposto nas suas vendas de
tica) as entidades do setor não lucrativo cujo volume de
bens ou prestações de serviços. Se o fizerem por engano,
negócios líquido não exceda 150 000 € em nenhum dos
tornar-se-ão sujeitos passivos por este facto, com obriga-
dois períodos anteriores, salvo quando integrem o perí-
ção de pagamento do IVA indevidamente liquidado.
metro de consolidação de uma entidade que apresente
demonstrações financeiras consolidadas ou estejam obri- Conforme alínea c) do n.º 1 do art. 2.º do CIVA, são sujei-
gadas à apresentação de qualquer das demonstrações tos passivos do imposto as pessoas singulares ou coleti-
financeiras referidas no n.º 1 do art. 11.º, por disposição vas que mencionem indevidamente IVA em fatura.
legal ou estatutária ou por exigência das entidades públi-
Determina o n.º 2 do art. 27.º do CIVA que este imposto
cas financiadoras. Define o n.º 4 daquele artigo que as
seja entregue nos locais de cobrança legalmente autoriza-
entidades do setor não lucrativo dispensadas da aplica-
dos no prazo 15 dias a contar da emissão da fatura. Por-
ção do SNC, e que não optem pela sua aplicação ficam
que estes sujeitos passivos nunca estão obrigados à en-
obrigadas à prestação de contas em regime de caixa.
trega de declaração periódica de IVA por força das suas
Assim, associações e outras entidades do setor não lucra- operações ativas, o pagamento do imposto indevidamen-
tivo, que prestem contas em regime de caixa, podem apli- te liquidado deve ser feito através da emissão no Portal
car o regime especial de isenção nas suas transmissões de das Finanças de Guia de Pagamento Modelo P2, na qual
bens e prestações de serviços sujeitas a imposto e dele deve ser indicado o motivo ‘Outras Op. Sujeitas’ na opção
não isentas pelo art. 9.º do CIVA, desde que cumpridas ‘Tipo de Pagamento’.

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REGIME ESPECIAL DE ISENÇÃO DO ARTIGO 53.º DO CIVA

inferior a 12 500 €, que, se tributados, preencheriam as


13. ATO ISOLADO condições de inclusão no regime dos pequenos retalhis-
tas;
b) Que, não tendo atingido um volume de negócios supe-
rior a 12 500 € no ano civil anterior e nos três anos civis
A alínea a) do n.º 1 do art. 2.º do CIVA começa por consi- precedentes, tenham cumprido as condições previstas no
derar como sujeitos passivos de imposto as pessoas sin- n.º 1.
gulares ou coletivas que, de um modo independente e
(2)
com carácter de habitualidade exerçam uma determina- Transações intracomunitárias de bens cuja realização
da atividade ou de prestação de serviços incluindo as das determina a obrigação de registo por força dos arts. 25.º
profissões livres, mas inclui também naquele conceito as e 26.º do RITI. (Se esse registo for efetuado por opção,
que de modo independente, pratiquem uma só operação assinale esse facto no quadro 13).
tributável, desde que tal operação preencha os pressu- Se, embora não sujeito ou isento nos termos do Código
postos da incidência real de IRS. do IVA, realiza aquisições intracomunitárias e, por ultra-
passarem o limite previsto na alínea c) do n.º 1 do art. 5.º
A prática de uma só operação tributável é o que se desig- do Regime do IVA nas Transações Intracomunitárias, está
na de ‘ato isolado’, isto é, a prática de uma só operação obrigado a registar-se por força do art. 25.º do mesmo
tributável, que resulta de uma atividade de natureza co- diploma, assinale…
mercial, industrial ou de prestação de serviços não efetu-
(3)
ada com caráter de continuidade. Conforme n.º 3 do art. Transações intracomunitárias de bens
31.º do CIVA, não há lugar à entrega da declaração de Se, apesar de não ter sido ultrapassado o limite previsto
início de atividade quando se trate de pessoas sujeitas a na alínea c) do n.º 1 do art. 5.º do Regime do IVA nas
IVA pela prática de uma só operação tributável, exceto se Transações Intracomunitárias, pretende exercer o direito
a mesma exceder o valor de 25.000 € (nestes casos, tem de opção previsto no n.º 3 do mesmo art., assinale…
que ser assinalado o campo 7 do quadro 8).
Viseu, 2022.01.03
O ato isolado pode beneficiar das isenções previstas no
art. 9.º do CIVA. Mas se se reportar a atividades não pre-
vistas no art. 9.º, o ato isolado, independentemente do
seu montante, será sempre faturado com liquidação de Consulte todas
IVA, dado não se aplicar o limite previsto para a isenção
no art. 53.º do CIVA. as formações que temos
Conforme n.º 2 do art. 27.º do CIVA, o imposto liquidado
em ato isolado deve ser entregue nos locais de cobrança disponíveis para si em:
legalmente autorizados até ao final do mês seguinte ao
da conclusão da venda ou da prestação do serviço, com
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emissão no Portal das Finanças de Guia de Pagamento
Modelo P2.
_________________________

(1)
Este limite foi, até 31 de março de 2020, de 10.000 €.
Entretanto, a Lei n.º 75-B/2020, de 31 de dezembro deu a
seguinte redação ao n.º 2:
Não obstante o disposto no número anterior, são ainda
isentos do imposto os sujeitos passivos:
a) Com um volume de negócios superior a 10 000 €, mas

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