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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA ARQUITETURA E ESTÉTICA DO PROJETO

AUH-240 “HISTÓRIA DO URBANISMO CONTEMPORÂNEO”


2º SEMESTRE 2009

Prof. Dr Jorge Bassani


Prof. Dra Marta Dora Grostein
Prof. Dra Regina Maria Prosperi Meyer

AULA 09.1: Os caminhos do urbanismo depois do Movimento Moderno

Novas abordagens para prática.


Renovação do campo teórico
Contestações e alinhamentos

Prof. Dra Regina Maria Prosperi Meyer

Questões “externas” ao urbanismo que tiveram papel importante no


encaminhamento de novas abordagens e na construção de práticas
inovadoras.

O pós guerra e a presença do Estado na reconstrução das cidades. A demanda


habitacional junta-se às questões urbanas.

A presença da Guerra Fria.

A população urbana ganha em todo mundo força sobre a rural.

As metrópoles iniciam um processo de crescimento rumo à superação do


urbano pelo rural. A metropolização. Inicio do processo das megacidades.

A planificação urbana se impõe como uma necessidade vital.

Surgimento do conceito de “aldeia global”.

Os centros das cidades tornam-se objeto de renovação urbana. Distinções na


prática da renovação.

O universo teórico e militante da arquitetura e do urbanismo depois da


instalação dos questionamentos ao pensamento modernista.

1. A crise interna dos CIAMs ao longo da década de 1940 e seu


encerramento nos anos 1960 criou novas vertentes de teoria e
proposta.

2. A busca dos modelos de apreensão da complexidade urbana.


3. Os manifestos: Archigram; Situacionismo; MARS; Superstudio.

4. Novos aspectos do planejamento urbano como prática estatal.

5. Compromisso didático. Em Havard inicia um novo enfoque onde o principal


ponto é o surgimento da vertente do desenho urbano e a landscape
architecture.

Os planos de reconstrução das cidades destruídas. A presença, os desafios e


as promessas de um novo perfil para o planejamento urbano.

Demanda habitacional: as novas organizações periféricas.


O caminho para fora das cidades.

Demanda habitacional: as novas organizações periféricas.

New towns (Inglaterra);

Villes satellites (França);

Suburbanização americana

Periferização nos países pobre.

A crise dos centros urbanos.

A emergência da “renovação urbana” como forma de ação na cidade existente.

The Greater London Plan, 1944. PLANO ABERCROMBIE


From Destruction to Constuction

Em 1945 foi solicitado ao London Council o - Greater London Plan. Patrick


Abercrombie ficou encarregado de coordenar os trabalhos.
“A destruição de partes das cidades podem oferecer alguma compensação se
aproveitarmos a oportunidade. Já era óbvio que depois da guerra teríamos uma
crise econômica. A imediata atitude de planejar e reconstruir em larga escala é
uma forma de compensar o sofrimento e retomar a vida”.
Great London Plan

Dois fortes componentes do plano eram os seguintes:

1. promover uma política de diminuição da densidade na área central da cidade


de Londres. A palavra de ordem era levar a moradia para fora do Centro.

2. Criar um sistema de vias expressas que garantissem o deslocamento da


população com alta eficiência.

O Great London Plan nasceu, por isso mesmo conjugado ao New Towns Plan.
Os moradores dos bairros centrais deveriam ocupar os espaços criados nas
novas cidades.

A Região Metropolitana de Londres foi dividida em círculos concêntricos:

1. Inner; 2.Suburban; 3. Green Belt e 4. Outer Country.

A transferência da população seria massiva:


618,000 para a área controlada pelo LCC, e mais 415,000 para áreas
adjacentes. Um total de 1.033,000 pessoas estavam previstas deixar o centro
de Londres neste que foi o maior esforço de planejamento do pós guerra.
Cada “nova cidade” deveria receber inicialmente 60,000 habitantes divididos
em vizinhanças (neighbourhoods) de 5,000 a 10,000 habitantes.

A densidade da população da área central de Londres deveria ser reduzida


nesse processo a 136 habitantes por hectare. No início do processo o número
era de 200 habitantes por hectare.

Na Inglaterra as questões urbanas foram conduzidas através da publicação do


relatório Distribuição da População Industrial que indicou a construção de 33
cidades.

Todas estavam situadas num raio de 129 Km de Londres. Cerca de 2 milhões


de pessoas transferiram-se para essas novas cidades ao longo das décadas de
50 e 60.As dimensões das New Towns variava entre 1.500 e 2.500 hectares. A
dimensão populacional ficava em torno de 120.000 pessoas.
Programa das cidades novas (villes nouvelles) na França.

Definição de 5 novas cidades no entorno de Paris.

A política pública urbana de criação das cidades novas nasceu com a


expectativa de absorver uma parte significativa do crescimento demográfico
das duas grandes metrópoles francesas: Paris e Lyon.

Paris foi cercada por 5 cidades novas (Cergy-Pontoise, Marne-la-Vallée,


Sénart, Evry et Saint-Quentin en Yvelines).
As cidades novas tiveram também a tarefa de organizar o desenvolvimento
regional que vinha ocorrendo de forma pouco planejada. Foram perseguidas
três idéias força o policentrismo; a luta contra a construção dos conjuntos
residenciais (grands ensembles) e garantir a mistura social.

As 9 villes nouvelles acolhem hoje mais de 1 milhão de habitantes e oferecem


400 mil postos de trabalho.

Funcionam como consideráveis pólos urbanos regionais.


Os espaços periurbanos
A crise interna dos CIAMs clara na década de 40, e seu encerramento na
década de 60 criou novas vertentes de discussão entre os chamados herdeiros
do Movimento Moderno.

Na medida que os CIAMs, desde sua fundação em La Sarraz (1928) não


criaram seus próprios temas, pois esses estavam disseminados na prática e na
teoria de seus participantes, seu encerramento não significou também uma
interrupção na pesquisa e discussão destes mesmos temas.

A partir da década de 50 o esforço de substituir os princípios da Cidade


Funcional prescrita pela Carta de Atenas pelos novos pontos contidos na Carta
do Habitat

O principal ponto das contestações era então o projeto urbano resultante


da separação das funções e usos urbanos.
Em 1963 Jacob Bakema em famosa entrevista na revista Nieuwe
Rotterdamse Courant fala do livro “Morte e vida das Grandes Cidades
Americanas” de Jane Jacobs. O livro faz uma forte critica das cidades
projetadas a partir dos princípios estabelecidos na Carta de Atenas onde
prevalece a separação funcional. Segundo a autora a mescla funcional e a
combinação de sistemas urbanos diversos garantem a vitalidade urbana.

Jacob Bakema frequentava então a Universidade de Pensilvânia que naquele


momento defendia com grande energia o “advocacy planning",

Proposta para o centro de St. Louis no qual J. Bakema coloca ênfase nas
relações urbanas através de uma análise do tecido urbano 1959.
NAI Collection, Archives:

Jacob Bakema reinpterpreta as relações urbanas


Diagrama de J. Bakema mostrando o desenvolvimento da “intertrama dos espaços e seus ursos”
(interwovenness of spaces and uses‘) – 1960.

Plano de expansão de Amsterdam elaborado por Jacob Bakema e Van den Broek (1965)

“A Cidade não é uma árvore” de Christopher Alexander.


(The city is not a tree)

O impacto no pensamento urbanístico modernista estava associado às


simplificações que o urbanismo modernista vinha estabelecendo em torno da
organização da vida urbana.

Crítica contundente aos princípios da hierarquia das funções e dos usos do


espaço urbano.

O esquema em árvore simplifica e reduz drasticamente as possibilidades de


relações sempre renovadas entre as partes (setores) da cidade. A estrutura em
semi-trama (semilatice) é aberta e propicia permanentes reinvenções dos usos
urbanos.
Podemos visualizar essas relações, ilustrando-as de duas maneiras. No
Diagrama A, cada conjunto, escolhido para ser uma 'unidade', está envolto por
uma linha. No Diagrama B, os conjuntos selecionados estão dispostos em
ordem crescente de magnitude, de tal forma que, quando um conjunto contém
outro – como o [345] contém o [34] –, existe um caminho vertical interligando-
os. Por razões de clareza e economia visual, é comum se desenhar linhas
apenas entre os conjuntos que não possuam conjuntos intermediários [further
sets] e linhas entre eles; assim, já havendo uma linha entre os conjuntos [34] e
[345] e uma linha entre os conjuntos [345] e [3456], torna-se desnecessário
desenhar uma linha entre os conjuntos [34] e [3456].
O modelo de militância – os manifestos

O grupo formado inicialmente por Peter Cook, Ron Herron, Warren Chalk,
Dennis Crompton, David Greene e Mike Webb, todos membros da
ARCHITECTURAL SCHOOL OF ARCHITECTURE em LONDRES,
compartilhava a idéia de que era possível e necessário transformar por meio da
tecnologia emergente, a arquitetura e o urbanismo.

Propostas com caráter inovador, rompiam com os padrões estabelecidos. As


idéias eram pensadas como fenômeno de comunicação e divulgadas de
maneira estratégica, principalmente através de eventos midiáticos.
Em 1958, Yona Friedman publicou o Manifesto denominado “Mobile
Architecture“. Ao mesmo tempo fundou um grupo denominado Groupe d'Etude
d'Architecture Mobile - GEAM.

Os manuais para a construção sem arquitetos – Pro Domo.

A Cidade Espacial (Ville Spatiale) de Yona Friedman é um projeto teórico


inspirado nas possibilidades técnicas e na demanda habitacional durante o pós
guerra na década de 50.

Com ma crítica implícita do deslocamento periférico para saldar a dívida da


habitação social Friedman propõe o uso intenso da cidade infra-estruturada
ocupando de forma apropriada os espaços sobre a cidade existente.

Kukutake, projeto cidade marinha. 1958


Kenzo Tange, projeto para a Baia de Tókio.
Novos programas urbanos
A expansão do Shopping Mall – shoppings centers
Suburbanização residencial.
Programas de freeways

Obsolescência das áreas centrais.


O deslocamento dos grandes equipamentos urbanos – os mercados de
abastecimento.
Os equipamentos culturais como estratégia de renovação. As demolições de
grandes proporções (demolition by yhe acre).

O surgimento do desenho urbano como uma disciplina de projeto que articula


vários escalas e conhecimentos (Harvard).

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