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Vibrações

Mecânicas e
Acústicas
PROFESSORES
Me. Jacqueline Terre de Souza
Me. Nelson Legat

ACESSE AQUI O SEU


LIVRO NA VERSÃO
DIGITAL!
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria
de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula
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de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine
Cristina da Silva Gerência de Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais Edison Rodrigo Valim Supervisora de Produção Digital Daniele Correia

PRODUÇÃO DE MATERIAIS

Coordenador de Conteúdo Fábio Gentilin Designer Educacional Antonio Nicacio Revisão Textual Meyre Aparecida
Barbosa da Silva Editoração Juliana Duenha Ilustração Bruno Pardinho Realidade Aumentada Cesar Henrique Seidel;
Maicon Douglas Curriel; Matheus Alexander de Oliveira Guandalini Fotos Shutterstock.

FICHA CATALOGRÁFICA

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


Núcleo de Educação a Distância. SOUZA, Jacqueline Terre de;
LEGAT, Nelson.

Vibrações Mecânicas e Acústicas. Nelson Legat e Jacqueline


Terre de Souza. Maringá - PR.: Unicesumar, 2021.

272 p.
ISBN: 978-65-5615-591-3
“Graduação - EaD”.

1. Vibração 2. Mecânica 3. Acústica. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 534

Impresso por:

Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
Diretoria de Design Educacional

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


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A UniCesumar celebra os seus 30 anos de
história avançando a cada dia. Agora, enquanto
Universidade, ampliamos a nossa autonomia Tudo isso para honrarmos a
e trabalhamos diariamente para que nossa nossa missão, que é promover
educação à distância continue como uma das a educação de qualidade nas
melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro diferentes áreas do conhecimento,
pilares que consolidam a visão abrangente do formando profissionais
que é o conhecimento para nós: o intelectual, o cidadãos que contribuam para o
profissional, o emocional e o espiritual. desenvolvimento de uma sociedade
justa e solidária.
A nossa missão é a de “Promover a educação de
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento,
formando profissionais cidadãos que contribuam
para o desenvolvimento de uma sociedade
justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar
tem um gênio importante para o cumprimento
integral desta missão: o coletivo. São os nossos
professores e equipe que produzem a cada dia
uma inovação, uma transformação na forma
de pensar e de aprender. É assim que fazemos
juntos um novo conhecimento diariamente.

São mais de 800 títulos de livros didáticos


como este produzidos anualmente, com a
distribuição de mais de 2 milhões de exemplares
gratuitamente para nossos acadêmicos. Estamos
presentes em mais de 700 polos EAD e cinco
campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa
e Corumbá, o que nos posiciona entre os 10
maiores grupos educacionais do país.

Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima


história da jornada do conhecimento. Mário
Quintana diz que “Livros não mudam o mundo,
quem muda o mundo são as pessoas. Os
livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à
oportunidade de fazer a sua mudança!

Reitor
Wilson de Matos Silva
Olá, futuro(a) engenheiro(a) mecânico(a)!
Meu nome é Jacqueline, nasci numa pequena cidade chamada
Marechal Cândido Rondon. Quando eu tinha 14 anos, descobri
o que eu queria ser quando crescesse. Comecei a ter certa fixa-
ção por carros, culpa de Need for Speed, Velozes e Furiosos e
Transformers. Foi então que decidi fazer Engenharia Mecânica.
No ano de 2010, iniciei meu curso de graduação em Enge-
nharia Mecânica, na Faculdade Assis Gurgacz (FAG). Durante a
época de estágio, trabalhei em uma retífica de motores, na área
de retífica de cilindro, mas sempre que tinha um tempinho, eu
ia até as outras áreas para ver como eram os processos.
Assim que terminei a graduação, iniciei o curso de mestrado,
na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), na área
de Mecânica dos Sólidos, com linha de pesquisa em Vibrações
e Acústica. Depois do mestrado, ingressei no doutorado, na
mesma instituição, e, durante o curso, percebi que eu gostaria
de continuar no meio acadêmico como docente. Imaginem a
minha felicidade quando eu consegui uma vaga para ser tutora
facilitadora na UniCesumar.
Aqui você pode Mas como a vida não é feita apenas de estudo, e minhas horas
conhecer um de lazer, eu gosto muito de ver séries e filmes, e não gosto de
pouco mais sobre
spoiler. Sou fã de Harry Potter (eu nasci em 92, tá?) e, mesmo já
mim, além das
informações do tendo visto infinitas vezes, fico emocionada toda vez. Aqueles
meu currículo. que já viram algum vídeo no meu canal do Youtube devem ter
percebido que eu tenho muitos livros porque também gosto
muito de ler. E quando você pesquisar o meu nome, pode ser
que apareça um vídeo da minha época como modelo, porque
também gosto muito de uma passarela.
Espero que você tenha conseguido conhecer um pouco sobre
mim e se sinta inspirado a nunca desistir e sempre correr atrás
dos seus sonhos!
Um grande abraço!
Muito sucesso!

http://lattes.cnpq.br/5205669155809883
Olá, futuro(a) engenheiro(a) mecânico (a)!
Eu me chamo Nelson, sou de Ponta Grossa, Paraná, famosa ci-
dade conhecida pelo time de futebol do Trem Fantasma, Operário
Ferroviário, e pelo parque estadual de Vila Velha. Nasci e morei em
Ponta Grossa por quase 20 anos e fui para Curitiba para cursar
engenharia mecânica. Para ser sincero, não sabia se era realmente
o curso que eu gostaria de seguir profissionalmente, mas uma
coisa era certa, sempre tive curiosidade de fuçar em eletrônicos
e saber como eram feitos, principalmente os computadores.
Em contrapartida, como qualquer aluno de engenharia me-
cânica, sabia que minha vida não seria fácil, e sim, ralei muito
durante os anos de estudo para me graduar. Além das inúmeras
DP’s, consegui concluir o curso em cinco anos e meio (dentro da
média de formação). E um dos motivos das DP’s foi consequên-
cia do meu passatempo preferido, jogar no computador. Além
de ser um jogador viciado em World of Warcraft, sempre gostei
muito de praticar esportes, principalmente basquete e jiu-jitsu,
em que sou faixa marrom. Também sempre gostei de cozinhar,
pescar (típico hobby de alguém com nome Nelson) e tocar con-
trabaixo, junto com a minha banda de rock n’ roll. Quem resiste Aqui você pode
a um bom e velho Led Zeppelin, não é mesmo? conhecer um
pouco mais sobre
Hoje, aos 32 anos, ainda me dedico aos estudos e, com isso,
mim, além das
consegui terminar o mestrado em Acústica, em 2015, e, atual- informações do
mente (2021), estou finalizando meu doutorado na área de Acús- meu currículo.
tica com ênfase em Silenciadores Automotivos, o que, durante
seis meses, tive a oportunidade de estudar no exterior. Além
disto, sou extremamente feliz em ser professor e lecionar para
os alunos dos cursos de engenharia.
Espero que faça um bom proveito e, com um pouquinho de
dedicação aos estudos, tenho certeza de que será excelente
profissional na Engenharia.
Um abraço e bons estudos!

http://lattes.cnpq.br/7102373114630774
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RODA DE CONVERSA

Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas.

PÍLULA DE APRENDIZAGEM

Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido

PENSANDO JUNTOS

Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite


este momento.

EXPLORANDO IDEIAS

Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do


assunto discutido, de forma mais objetiva.

EU INDICO

Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.

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VIBRAÇÕES MECÂNICAS E ACÚSTICAS

Você já se deparou com alguma notícia sobre terremoto ou abalo sísmico que destruiu prédios e
casas? Ou pontes e passarelas que caem de uma hora para outra? Ou, então, se você trabalha em
uma indústria com vários maquinários, já viu parafusos se soltando sozinhos? Já percebeu que
algumas máquinas fazem muito barulho quando estão em funcionamento? E quando você ouve
um barulho tão alto que chega a deixá-lo(a) irritado(a)? Ou, ainda, quando você ouve uma música
tão tranquila que o(a) deixa calmo(a)?
À princípio, parece que uma situação não tem relação com a outra, e que são perguntas alea-
tórias sem nada em comum. Porém estas são apenas algumas situações em que podemos aplicar
o conteúdo que será visto na disciplina Vibrações Mecânicas e Acústicas. Você deve estar se per-
guntando, o que uma música tem a ver com uma ponte caindo, não é mesmo? Em todos os casos
mencionados, estamos analisando as vibrações. No caso de estruturas, o fenômeno da vibração é
mais visível do que as vibrações relacionadas à acústica, porque não vemos o som.
Nesta disciplina, você verá que tudo ao nosso redor está vibrando, claro que nem sempre é per-
ceptível a olho nu, mas está. Cada estrutura possui uma maneira de vibrar, e isso é o que chamamos
de frequência natural. Uma estrutura pode ter uma ou várias frequências naturais, e, se a excitarmos
com uma força na mesma frequência que a frequência natural, ela entra em ressonância. A ampli-
tude da frequência do sistema crescerá ao ponto de causar dano à estrutura, podendo levá-la ao
colapso. Um exemplo clássico deste fenômeno é o acidente que ocorreu na ponte de Tacoma, EUA.
No caso das pontes e passarelas, este pode ser um dos fatores que pode causar dano à estru-
tura, porém ainda há outros a serem analisados, como a qualidade do material, se o projeto foi
feito corretamente, as cargas aplicadas, as condições ambientais, entre outros. Percebe como o
conhecimento sobre várias outras disciplinas é necessário para resolver um problema?
Em uma indústria, quando analisamos equipamentos rotativos, precisamos verificar se os eixos
estão alinhados e balanceados. Caso não estejam, isso pode fazer com que os parafusos se soltem
e, também, gerar muito barulho, o que pode causar desgaste da máquina, superaquecimento e um
produto final com pouca qualidade.
Falaremos, agora, sobre as vibrações acústicas, que usam os mesmos princípios das vibrações
mecânicas, porém com as suas especificidades. Podemos definir som como tudo o que é agradável
ao ouvido, e ruído como tudo o que é desagradável, por isso, estes conceitos podem mudar de
pessoa para pessoa. Algumas faixas de frequências podem ser prejudiciais não somente ao ouvido,
mas a todo o corpo humano, podendo causar danos reversíveis, como estresse e irritabilidade, ou
permanentes, como a surdez permanente.
Chegamos ao ponto em que perguntamos: Mas como saber qual é a frequência de vibração de
uma estrutura ou de uma fonte sonora? É aí que entram os sensores de medição. Para o caso de
vibrações mecânicas, costumamos usar acelerômetros, e para as vibrações acústicas, usamos mi-
crofones. Depois disso, é preciso analisar os sinais obtidos, por meio dos sensores, e traduzir para
uma linguagem em que seja possível identificar as características das estruturas ou de um material.
É neste ponto que o engenheiro mecânico atuará, será necessário interpretar e apontar possíveis
soluções para o problema relacionado a vibrações, seja mecânica seja acústica.
Esperamos que você possa tirar um grande proveito desta disciplina!
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM

1
13 2
29
INTRODUÇÃO ÀS CLASSIFICAÇÃO,
VIBRAÇÕES MECÂ- COMPONENTES
NICAS DE VIBRAÇÕES E
MOVIMENTO HAR-
MÔNICO

3
53 4
83
VIBRAÇÃO LIVRE VIBRAÇÃO LIVRE
NÃO AMORTECIDA AMORTECIDA

5 115 6
143
VIBRAÇÃO FOR- VIBRAÇÃO FORÇA-
ÇADA NÃO DA AMORTECIDA
AMORTECIDA
7
173
8
199
FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTA-
ACÚSTICA ÇÃO DE VIBRAÇÃO,
ACÚSTICA E EPI’S

9
225
MATERIAIS DE AB-
SORÇÃO, FILTROS
E RESSONADORES
ACÚSTICOS
1
Introdução às
Vibrações Mecânicas
Me. Jacqueline Terre de Souza

Nesta unidade, você conhecerá um pouco da história da vibração


e como iniciaram os estudos acerca desta ciência. Além disso, será
demonstrada a importância desse estudo por meio de exemplos
comuns a muitos de nós em nosso dia a dia, e, com isso, será pos-
sível entender como a vibração pode nos ajudar e, também, causar
muitos problemas. Serão definidos os principais conceitos, como
vibração, componentes de um sistema vibratório, grau de liberdade
e tipos de sistemas. E, para finalizar, você relembrará algumas de-
finições importantes, como ciclo, amplitude, frequência e período.
UNICESUMAR

Quando você ouve falar sobre vibração, o que passa pela sua cabeça? Você pensa em algo bom ou
ruim? Em que situações do seu dia a dia você presencia vibração? Quando você anda de carro e sente
o carro vibrando? Quando você coloca roupa para bater e vê a máquina se mexendo? Com o barulho
que ela faz, dá até uma batida legal, não acha? Ou ainda, quando você vê uma cortina mexendo por
causa do vento? Esses são alguns dos exemplos que a maioria de nós já presenciamos e em todos esses
casos, temos um sistema sofrendo vibração.
Agora, vamos pensar se nos casos citados a vibração é benéfica ou maléfica. No carro, a vibração
causada pelo movimento dos pistões e demais componentes pode trazer desconforto às pessoas dentro
do veículo, portanto, busca-se diminuir, ao máximo, essa vibração. Na máquina de lavar, a vibração é
que ajuda a deixar as roupas mais limpas, mas também não pode ser exagerada, ou a máquina começa
a “andar” pela casa. O vento é um meio de excitação, em dias muitos quentes ele traz um alívio, mas
quando começa a derrubar coisas dentro de casa, torna-se um problema.
Um exemplo clássico de vibração é um pêndulo, pois é possível observar o seu movimento com
clareza, facilitando a compreensão de todos os conceitos envolvidos. Para melhor demonstração, sugiro
a montagem de um pêndulo simples. Para isso, você precisará de um barbante e de um objeto não
muito leve para amarrar em uma das pontas do barbante. Um pouco de fôlego também é importante,
já que precisamos ter uma fonte de excitação e esperar por um vento bater no pêndulo, o que pode
levar algum tempo. Você verá que, no decorrer da unidade, o pêndulo será utilizado como exemplo
para relembrar alguns conceitos.

14
UNIDADE 1

Para esta atividade, teremos que voltar à disciplina de Física, lá em Movimento Circular Uniforme,
o MCU, está lembrado? Utilizando o seu Diário de Bordo, descreva o movimento do pêndulo e os
conceitos envolvidos. Você também pode utilizar fórmulas, ou desenhar um pêndulo, demonstrando
os conceitos de que você lembra.

DIÁRIO DE BORDO

Para iniciarmos o estudo de vibrações, voltaremos alguns séculos na história para rever nomes já co-
nhecidos, como Pitágoras, Vitrúvio, Galilei, Hooke, Bernoulli, entre outros, e como eles foram moldando
o que conhecemos por vibração, atualmente.
De acordo com Rao (2008), “as pessoas começaram a se interessar pela vibração quando foram
descobertos os primeiros instrumentos musicais, provavelmente apitos e tambores”. Porém, apesar de
a música ser muito desenvolvida, desde 4000 a.C., a vibração das cordas ainda não era considerada
uma ciência.

15
UNICESUMAR

Figura 1 - Linha do tempo dos estudos sobre Vibrações / Fonte: o autor.

16
UNIDADE 1

Você já parou para pensar como são produzidos os sons? Por que um violão possui cordas
com diferentes diâmetros? E por que o comprimento da corda faz com que ela produza sons
diferentes?

A partir daqui, muitas outras descobertas foram feitas, tais como o estudo das vibrações de vigas
delgadas apoiadas e engastadas, a teoria da vibração de placas, o princípio da conservação da energia
ou o método de Rayleigh e sua extensão, o método de Rayleigh-Ritz. Mais recentemente, estão sendo
desenvolvidos estudos de sistemas não lineares, o que se torna possível, graças ao avanço tecnológico,
a computadores cada vez mais potentes e o auxílio do método do elemento finito.
Com esta breve história da vibração, é possível perceber que ela teve início com os instrumentos
musicais e, por muito tempo, tentaram entender como o som era produzido. Algum tempo depois, foi
possível aplicar a vibração em outros sistemas, e seus estudos continuam, até hoje, em sistemas cada
vez mais complexos.
Agora que já conhecemos um pouco da história acerca da vibração, veremos a aplicabilidade deste
conhecimento, além de instrumentos musicais com cordas e lustres. Como já mencionado, a vibração
está presente em várias situações do nosso cotidiano. A seguir, veremos alguns casos em que ela é
fundamental, como no corpo humano, nos transportes e nas indústrias, no entanto ela, também, pode
ser prejudicial. Por isso, você, como futuro(a) engenheiro(a), precisa ter esse conhecimento para saber
quando evitar e quando utilizar a vibração a seu favor.
Conforme explicado por Rao (2008, p. 5):


A maioria das atividades humanas envolve vibração de uma forma ou de outra. Por
exemplo, ouvimos porque nossos tímpanos vibram e vemos porque as ondas de luz
sofrem vibração. A respiração está associada à vibração dos pulmões e andar envolve
movimento oscilatório (periódico) de pernas e mãos. Falamos devido ao movimento
oscilatório da laringe.

Como já vimos, a vibração está ligada com a produção de sons em instrumentos musicais, seja por
meio de uma corda sendo dedilhada seja o bater em um tambor. Os microfones também captam ondas
sonoras, por meio de uma membrana sensível à pressão. Na natureza, é possível perceber a vibração
causada pela ação de ventos em estruturas (Figura 2), como prédios e pontes, e durante um terremoto
(Figura 3), que pode causar rachaduras em estruturas, podendo levar a colapsos.

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UNICESUMAR

Figura 2 - Casa destruída por um furacão

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma casa com partes destruídas, devido à ação de ventos fortes.

Figura 3 - Estrada com rachaduras por conta de terremotos

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma estrada com várias rachaduras, devido a terremoto.

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UNIDADE 1

A vibração está relacionada com a maioria dos problemas mecânicos, por conta de desbalanceamento
e desalinhamento. Em máquinas, a vibração pode levar a falhas devido à fadiga, causando desgaste
mais rápido de peças, além de gerar muito ruído. Em suspensão de carros, é importante encontrar
maneiras de diminuí-la para que a viagem se torne mais confortável e segura, bem como para fazer
um isolamento acústico adequado. Outro problema que pode ocorrer é o fenômeno da ressonância,
considerada a pior condição operacional, pois pode levar estruturas ao colapso. Por isso, o estudo sobre
vibração é muito relevante para reduzi-lo ou mesmo evitá-lo, e não se torne, assim, um grande problema.

Você já andou em um carro mais antigo e em um mais moderno e sentiu a diferença de vibra-
ção? Em qual deles você se sentiu mais confortável? E quanto ao ruído, qual faz mais ou menos
barulho quando o motor é acionado?

Apesar de todos estes problemas que a vibração pode causar, ela ainda pode ser utilizada a nosso favor
em várias situações, como em esteiras transportadoras, peneiras, compactadores, máquinas de lavar,
escovas de dentes elétricas, brocas odontológicas, entre outros.

Nas indústrias, a vibração é utilizada como parâmetro na manuten-


ção preditiva, por meio da análise de frequência ou pressão, a fim de
identificar possíveis comportamentos irregulares do equipamento.
Este é o assunto discutido no podcast desta unidade em que são
abordados dois problemas que ocorrem em equipamentos mecâni-
cos e como a análise de vibração pode ajudar na detecção. Ouça o
podcast para saber quais são esses problemas.

Para concluir, de acordo com Inman (2007), “vibração pode ser prejudicial e deve ser evitada, ou pode
ser extremamente útil e desejada. Em ambos os casos, o conhecimento sobre vibração – como analisar,
medir e controlar – é necessário”.
A partir de agora você verá alguns conceitos fundamentais para o início do estudo de vibração.
A vibração, também chamada oscilação, é qualquer movimento que se repete após um intervalo de
tempo. Como exemplo o movimento de uma corda de um instrumento, quando ela é tocada, ou o
movimento de um pêndulo, como estudou Galilei. De forma sintética, Rao (2008) afirma que a teoria
de vibração trata do estudo de movimentos oscilatórios de corpos e as forças associadas a eles.
Um sistema vibratório é composto por três partes elementares: a massa, meio para armazenar
energia cinética; a mola, meio para armazenar energia potencial e o amortecedor, meio de dissipar

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UNICESUMAR

energia. Como exemplo, podemos citar um sistema massa-mola, representado na Figura 4, e um sistema
mola-amortecedor, como mostra a Figura 5.

Figura 4 - Sistema massa-mola

Descrição da Imagem: a imagem apresenta várias molas presas a uma superfície e, na outra extremidade, vários pesos diferentes,
indicando as diferentes deformações da mola, representando um sistema massa-mola.

Figura 5 - Sistema mola-amortecedor

Descrição da Imagem: a imagem


mostra um sistema de suspensão,
que representa um sistema mola-a-
mortecedor.

20
UNIDADE 1

Voltando ao exemplo do pêndulo, o movimento realizado por ele é uma sequência de trans-
formações de energias, como veremos mais adiante. Mas, por enquanto, relembraremos as
fórmulas das energias:
Energia cinética (J) Energia potencial gravitacional (J) ‘

m.v2 E pg = m.g .h k .x 2
Ec = E pe =
2 2
Em que:
m : massa (kg)
v : velocidade (m/s)
g : aceleração da gravidade (m/s²)
h : altura (m)
k : constante elástica ou rigidez da mola (N/m)
x : deformação da mola (m)

Um sistema vibratório pode ser classificado de acordo com o número de graus de liberdade. O grau de
liberdade de um sistema vibratório é definido, segundo Rao (2008), como “o número de coordenadas
independentes requeridas para determinar completamente as posições de todas as partes de um sistema
a qualquer instante”. Isto é, pensando no movimento de um corpo sendo representado em um plano
cartesiano, o número de graus de liberdade é o número de eixos necessários para representar esse movi-
mento. E dependendo do número de graus de liberdade, os sistemas recebem diferentes denominações.
Sistemas que possuem um número finito de graus de liberdade são chamados de sistemas discretos
ou sistemas de parâmetros concentrados. Já os sistemas que possuem infinitos graus de liberdade
são chamados de sistemas contínuos ou sistemas distribuídos. Os sistemas contínuos, geralmente,
são aproximados como sistemas discretos para que as soluções sejam encontradas da maneira mais
simples. E, também, porque, segundo Rao (2008), “os métodos analíticos disponíveis para lidar com
sistemas contínuos estão limitados a uma pequena seleção de problemas como vigas uniformes, hastes
delgadas e placas finas”.
Como já foi possível perceber, vários conteúdos estudados no decorrer no curso, principalmente
na disciplina de Física, reaparecem no estudo de vibrações. Na atividade proposta anteriormente,
você deveria desenhar ou explicar o movimento de um pêndulo. Pois bem, agora veremos se você
conseguiu lembrar de todas as terminologias envolvidas. Para isso, vamos analisar o movimento do
pêndulo representado na Figura 6:

21
UNICESUMAR

Figura 6 - Movimento de um pêndulo / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem é de um pêndulo simples, uma bola sendo sustentada por uma corda amarrada em uma superfície,
movimentando-se, inicialmente, para a esquerda e, posteriormente, para a direita.

Inicialmente, o pêndulo está em equilíbrio (Figura 6a) com a corda que o sustenta, perpendicularmente,
em relação ao solo. Agora, vamos imaginar que uma pessoa segura esse pêndulo à esquerda da imagem
(Figura 6 b), a partir do momento em que ela o solta, o pêndulo se move em direção à direita da imagem.
Quando chega na extremidade direita (Figura 6 c), ele para e começa a fazer o movimento contrário, em
direção ao ponto de equilíbrio. Este deslocamento máximo do pêndulo com relação ao seu ponto de
equilíbrio é chamado de amplitude.
Supondo que o movimento inicia quando o pêndulo passa pelo ponto de equilíbrio pela primeira
vez, ele se movimenta para a direita, quando atinge a extrema direita, ele faz o movimento contrário e,
quando atinge a extrema esquerda, ele começa a retornar ao ponto de equilíbrio. Quando ele atinge o
ponto de equilíbrio novamente, ele completou um ciclo, rotação ou revolução. Portanto, ciclo é quando
o pêndulo completa uma volta e retorna à sua posição inicial.
A partir de agora, acrescentaremos uma variável na história, o tempo. O tempo que esse pêndulo leva para
completar um ciclo, é chamado de período ou período de oscilação ( t ), representado em s (segundos).
2π (1)
τ=
ω
Sendo w a representação da frequência angular ou da velocidade angular em rad.
Agora, analisaremos o contrário, o número de ciclos por unidade de tempo. Esta informação é o
que conhecemos por frequência ou frequência de oscilação ( f ), representada em Hz (Hertz =
rotações por segundo) ou em rpm (rotações por minuto).
1 ω (2)
f= =
τ 2π

Voltando ao exemplo do pêndulo, que é arrastado até a extremidade esquerda e, em seguida, solto,
se, após esta perturbação inicial, o pêndulo continuar vibrando sem nenhuma força externa atuando
sobre ele, a frequência com que ele oscila é chamada frequência natural. Cada sistema possui a sua
frequência natural de vibração, podendo ter mais de uma. A quantidade de frequências naturais dis-
tintas depende, geralmente, do número de graus de liberdade.

22
UNIDADE 1

Agora, consideraremos que o pêndulo em equilíbrio represen-


ta a posição 0. Quando ele se encontra na extremidade esquerda,
é posição -1, quando ele atinge a extremidade direita, posição
1. Após uma perturbação inicial, ele inicia o seu movimento a
partir da posição de equilíbrio, então, no primeiro momento, ele
se encontra na posição zero. Em um segundo momento, ele está
na posição 1, em seguida, fazendo o movimento inverso, pas-
sando pela posição 0 e indo em direção a posição -1 e finaliza o
ciclo retornando para a posição 0. Como mostrado na Figura 7.
Figura 7 - Imagem do pêndulo com as suas respectivas posições / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa o movimento de um pêndulo, considerando seu ponto de equilíbrio como posição zero,
e as extremidades esquerda e direita como posições -1 e 1, respectivamente.

Este movimento pode ser representado em um gráfico deslocamento versus tempo, por meio de uma
função seno, como mostra a Figura 8. Aqui, também são representados todos os conceitos apresentados
anteriormente, como mostrado no gráfico.

Figura 8 - Gráfico deslocamento x tempo para um sistema conservativo / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa o movimento de um pêndulo por meio de um gráfico deslocamento versus tempo,
considerando um sistema conservativo.

Neste caso, não existem estas forças agindo na direção contrária ao movimento, e ele permanece em
movimento contínuo a partir da força aplicada, inicialmente, o que configura um sistema conservativo,
já que não há dissipação de energia. Porém, na prática, não é isso que acontece, pois existem forças
externas atuando contra o movimento do pêndulo, como o atrito com o ar. E é possível perceber que,

23
UNICESUMAR

eventualmente, a vibração será tão pequena que não será mais perceptível, dando a sensação de que o
pêndulo está parado na posição de equilíbrio. Como representado na Figura 9.

Figura 9 - Gráfico deslocamento x tempo para um sistema dissipativo / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem:a imagem representa o movimento de um pêndulo por meio de um gráfico deslocamento versus tempo, con-
siderando um sistema dissipativo.

O gráfico representa um sistema dissipativo, isto é, em que há dissipação ou transformação de energia


por meio de atrito na forma de calor e som. Como o amortecedor representa um meio de dissipar
energia, esse sistema, também, pode ser dito amortecido.
Depois de relembrar algumas definições importantes, vamos a mais um assunto que nos ajudará
nas próximas unidades, que é o estudo de movimento. Começando pela velocidade escalar ( v ), repre-
sentada em m/s, que é definida como:
Ds
v= (3)
Dt
Em que Ds representa o deslocamento (m), e Dt a variação de tempo (s).
A velocidade escalar é utilizada em movimento retilíneo uniforme (MRU) e movimento retilíneo
uniformemente variado (MRUV), mas, para o estudo de vibrações, precisamos relembrar o movimento
circular uniforme (MCU). Considerando o movimento representado na Figura 10, analisaremos as
suas características.

24
UNIDADE 1

Figura 10 - Movimento circular uniforme


Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra deslocamen-


to angular representado por uma distância entre dois
pontos de uma circunferência e indica a direção da ve-
locidade angular.

Considerando uma volta completa, para a velocidade escalar (m/s) o deslocamento é o comprimento
da circunferência, que é dado por 2pr , e o tempo é o período, portanto:

DS 2πr
=v = = 2πrf (4)
Dt τ
Sendo que r representa o raio da circunferência em m.
Seguindo o mesmo raciocínio, definiremos a velocidade angular ( w ), representada em rad/s, em
que o deslocamento passa a ser medido em ângulo, nesse caso θ  360  2π rad, então:

Dθ 2π (5)
=
ω = = 2π f
Dt τ

É importante que estes conceitos estejam claros, porque eles serão utilizados no decorrer da disciplina.
Nesta unidade, você revisou alguns conceitos fundamentais para darmos início aos cálculos de
sistemas de vibração. Você aprendeu que existem sistemas com diferentes características, e que movi-
mentos vibratórios podem ser representados por meio de gráficos, e você, como futuro(a) engenheiro(a),
precisa saber interpretar estas informações. E mais importante, saber em que momento a vibração atua
a favor do processo e em que situações ela pode se mostrar como um grande problema. Na próxima
unidade, veremos com mais detalhes os elementos que compõem os sistemas vibratórios e como são
classificadas as vibrações. Aguardo você!

25
Vamos, agora, fazer um mapa mental do conteúdo desta unidade para quando for preciso, você possa
volte aqui e encontre todas as informações em um só lugar. Há espaço para as fórmulas também.

26
1. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.

1- Ciclo ( ) Deslocamento máximo do pêndulo com


2- Amplitude relação ao seu ponto de equilíbrio.
3- Período de oscilação ( ) Número de ciclos por unidade de tempo.
4- Frequência de oscilação ( ) Maneira de vibrar de um corpo ou um
sistema.
5- Frequência natural
( ) Uma volta completa, rotação ou revolução.
( ) Tempo para completar um ciclo.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

a) 1 - 4 - 5 - 2 - 3.
b) 3 - 4 - 5 - 2 - 1.
c) 1 - 2 - 3 - 4 - 5.
d) 2 - 4 - 5 - 1 - 3.
e) 5 - 4 - 3 - 2 - 1.

2. Na figura a seguir, explique quais energias estão atuando no movimento do pêndulo


e como acontece a conversão entre elas.

3. Com base no que você estudou quanto aos conceitos de vibrações:


I) Os sistemas com um grau de liberdade classificam-se como discretos.
II) As molas são um meio para armazenar energia cinética.
III) As massas são um meio para armazenar energia potencial.
IV) Os sistemas que não possuem dissipação de energias são chamados de sistemas
conservativos, e os amortecedores são um meio para dissipar energia.

É correto o que se afirma em:

a) II e V, apenas.
b) III e IV, apenas
c) I e IV, apenas.
d) II e III, apenas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

27
4. Considerando que um pêndulo leva 12 segundos para completar 30 ciclos, calcule a
frequência de oscilação e o período de oscilação.

5. Considerando um pêndulo como um sistema conservativo, que atinge altura máxi-


ma de 8 cm, calcule a velocidade máxima que esse pêndulo pode atingir. Considere
g = 9, 81 m/s².

28
2
Classificação,
Componentes
de Vibrações
e Movimento
Harmônico
Me. Jacqueline Terre de Souza

Nesta unidade, veremos as classificações de vibrações e como elas


podem se combinar para formar um sistema. Também, serão vis-
tos, mais detalhadamente, os elementos mencionados na unidade
anterior – elementos de massa ou inércia, elementos de mola ou
elasticidade e elementos de amortecimento – suas equações, as-
sociações e aplicações. E, por último, conheceremos o movimento
harmônico, suas representações, suas operações e suas análises.
UNICESUMAR

Caro(a) aluno(a), na unidade anterior, você conheceu os elementos que compõem um sistema vibrató-
rio, mas você sabe em quais situações eles são necessários? É possível encontrar sistemas com mais de
um elemento? Para exemplificar, analisaremos a bicicleta da Figura 1. Antigamente, havia apenas um
sistema de molas abaixo do banco para tornar o trajeto mais confortável para o ciclista. Porém, com
o avanço da tecnologia, as bicicletas passaram a ser melhor projetadas, conforme mostra a Figura 2,
com sistema de amortecimento na roda dianteira e sistema de suspensão no quadro, que é um siste-
ma composto de dois elementos, mola e amortecedor. Mas por que, em alguns casos, apenas a mola é
suficiente e, em outros casos, é necessária a atuação de mais elementos em conjunto?

Figura 1- Bicicleta antiga

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma bicicleta antiga


com sistema de molas abaixo do banco.

Figura 2 - Bicicleta moderna

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma bicicleta mo-


derna, com elemento de amortecimento na roda dianteira e
sistema de suspensão no quadro.

Analisaremos os exemplos das duas bicicletas. Na bicicleta mais antiga, todo impacto, ou vibração, será
transmitido por meio do quadro da bicicleta, diretamente, para o ciclista, visto que este é considerado
um corpo rígido. A função das molas embaixo do banco é diminuir o efeito deste impacto, fazendo
com que o ciclista oscile para cima e para baixo de acordo com o movimento da mola, trazendo mais
conforto. Já na bicicleta moderna, os elementos de mola e amortecedor estão no quadro da bicicleta,
assim, o impacto será transmitido e dissipado por estes componentes antes de chegar ao ciclista, isto
é, evita que este sinta toda a vibração causada pelo impacto.
Em muitos casos, a mola supre a função desejada para o projeto, mas, nas situações em que os im-
pactos são mais fortes, é necessário que tenham mais elementos para amortecer a vibração transmitida
pelo impacto. Para uma pessoa que deseja utilizar a bicicleta para andar na cidade, onde as ruas são

30
UNIDADE 2

asfaltadas e não há muitos obstáculos, não há a necessidade de um


sistema de amortecimento muito avançado. Mas, em casos em
que se deseja praticar algum esporte com a bicicleta, como trilhas,
é preciso que haja um sistema de amortecimento adequado para
que o ciclista não sinta os efeitos do impacto.
Portanto, geralmente, os sistemas são compostos por mais ele-
mentos, visto que, atuando em conjunto, apresentam resultados
melhores quando a intenção é diminuir os efeitos da vibração.
Na internet, existem diversos simuladores que podem exempli-
ficar e demonstrar o funcionamento de um sistema massa-mola-a-
mortecedor. Neste caso, utilizaremos o simulador disponível no QR Code, que servirá para exemplificar
uma suspensão de um veículo. Para fazer esta análise, você deverá alterar apenas duas constantes: k
(constante referente à mola) e c (constante referente ao amortecedor). Quanto maior o valor de
k, mais rígida a mola, e quanto maior o valor de c, maior a taxa de amortecimento do sistema. Caso
você queira visualizar como seria um sistema sem amortecedor, isto é, somente com a mola, basta
colocar o valor da constante c como 0,01, uma vez que o simulador não aceita o valor 0, não alterar
o valor k, e apertar o botão play.
Após explorar o simulador, você fixará os valores m = 8, k = 5 e alterará os valores de c para c = 0, 01
, c = 0, 8 e c = 2 . A partir desta análise, o que você notou no comportamento do sistema? Anote as
suas observações em seu Diário de Bordo.

DIÁRIO DE BORDO

31
UNICESUMAR

Agora que conhecemos os elementos de um sistema vibratório e sabemos que a função deles é arma-
zenar ou dissipar energia, veremos os tipos de vibrações que podem estar presentes em um sistema
dependendo dos elementos utilizados. Iniciaremos o nosso estudo classificando os tipos de vibrações.
As vibrações podem ser classificadas entre livre e forçada, não amortecida e amortecida, linear e não
linear e determinística e aleatória. Os sistemas podem combinar diferentes tipos de vibrações, como
vibração livre e não amortecida ou vibração livre e amortecida. A seguir, veremos algumas características
de cada tipo de vibração e, nos próximos capítulos, analisaremos alguns dos sistemas mais comuns.

• Vibração livre e vibração forçada

Em um sistema vibratório, se, após uma perturbação inicial, o ele continuar oscilando sem que nenhuma
força externa seja aplicada, a vibração resultante é chamada de vibração livre. No caso de uma força externa
continuar sendo aplicada ao sistema, a vibração resultante é chamada de vibração forçada. Se a frequência
dessa força externa coincidir com
uma das frequências naturais do
sistema, ocorre o efeito da resso-
nância. Este efeito pode causar
grandes estragos em estruturas,
pois os sistemas tendem a oscilar
cada vez mais, levando à ruptura.
Um exemplo clássico desta si-
tuação é a Ponte de Tacoma, apre-
sentada na Figura 3, que, por causa
da vibração induzida pelo vento,
caiu alguns meses após ser cons-
Figura 3 - Movimento da ponte de Tacoma / Fonte: Kristen Moore ([2021], on-line) . truída, como mostra a Figura 4.
1

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma foto da ponte de Tacoma, com torção.

Outro exemplo de ressonância pode ser visto nas asas de


aviões. Conhecido como efeito flutter, é uma vibração ins-
tável, devido às forças desenvolvidas pelo ar que flui ao
redor da asa.

Figura 4 - Momento da ruptura da ponte de Tacoma / Fonte: Kristen Moore


([2021], on-line)1.

Descrição da Imagem: a imagem mostra o momento da ruptura da ponte


de Tacoma, por conta do movimento que sofreu.

32
UNIDADE 2

Assista ao vídeo que mostra o efeito da ressonância na asa de um


avião e na ponte de Tacoma, apresentando seu movimento e ruptura:
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Na internet é possível encontrar muitos outros exemplos do efeito da ressonância em estruturas, não
apenas causada pela ação dos ventos, mas também pela ação da água.

Você já parou para pensar em que acontece com as estruturas que ficam submersas em
hidrelétricas ou nas bases de petróleo? A água não fica parada, ela está sempre se movimen-
tando em determinada frequência, e é importante conhecer essa frequência para que ela não
coincida com uma das frequências naturais das estruturas.

• Vibração não amortecida e amortecida

Em um sistema vibratório, quando nenhuma energia é perdida ou dissipada por atrito ou qualquer
outra forma de resistência ao movimento, a vibração resultante é chamada de vibração não amorte-
cida. Já se o sistema dissipar energia de alguma maneira, a vibração resultante é chamada de vibração
amortecida. Nos carros, os amortecedores são utilizados para diminuir a vibração da mola quando
passamos por uma lombada ou por um buraco na estrada, tornando o trajeto mais confortável. Por
isso, a suspensão também é chamada de conjunto mola-amortecedor.

• Vibração linear e não linear

A vibração é chamada de vibração linear quando todos os componentes básicos (massa, mola, amor-
tecedor) comportam-se de maneira linear (sofrem pequenos deslocamentos). Porém, se qualquer um
desses elementos se comportar de maneira não linear, a vibração é chamada de vibração não linear.
Todos os sistemas tendem a se comportar de maneira não linear com o aumento da amplitude. As téc-
nicas matemáticas de análise de vibração linear são bem desenvolvidas, e o princípio da superposição
é válido (soma de duas ou mais funções lineares), enquanto as de vibração não linear são bem menos
conhecidas, e o princípio da superposição não é válido.

33
UNICESUMAR

• Vibração determinística e aleatória

Quando um sistema recebe, em um dado instante, uma excitação de valor ou magnitude conhecida, esta
é denominada excitação determinística, e a vibração resultante é chamada de vibração determinística
(Figura 5). No caso de sistemas em que a excitação é aleatória e, portanto, o valor da excitação não
pode ser previsto, a excitação é dita não determinística, ou aleatória, e a vibração resultante é chamada
de vibração aleatória (Figura 6).

Figura 5 - Gráfico representando uma vibração determinística / Fonte: Rao (2008).

Descrição da Imagem: a imagem é de um gráfico força versus tempo representando uma vibração determinística, em que o compor-
tamento da resposta, amplitude e frequência permanecem constantes durante todo o tempo.

Figura 6 - Gráfico representando uma vibração aleatória / Fonte: Rao (2008).

Descrição da Imagem:a imagem é de um gráfico força versus tempo representando uma vibração aleatória, em que a amplitude e a
frequência não seguem um padrão e, portanto, o comportamento da resposta é imprevisível.

A partir de agora, veremos os componentes básicos de um sistema de vibração. Lembra que já vimos
estes elementos na unidade anterior? Chegou o momento de estudar, separadamente, cada um desses
elementos para, depois, poder aplicar este conhecimento em sistemas com mais elementos.

34
UNIDADE 2

Massa/Inércia A seta indica o sentido adotado para o movimen-


to: positivo para a direita.
O primeiro elemento que estudaremos é o ele- Para o movimento de rotação, analisaremos o
mento de massa, ou inércia, que também pode caso mostrado pela Figura 8, em que temos uma
ser considerado um corpo rígido. Para este ele- viga com massa engastada na sua extremidade
mento, primeiramente, precisamos analisar o livre, e a força peso faz com que a viga rotacione
movimento que sofre este corpo. São dois tipos no sentido horário.
de movimentos possíveis, translação e rotação.
Começaremos pelo estudo da translação, anali-
sando a Figura 7, que representa uma força apli-
cada em uma massa que se move para a direita,
desprezando o atrito com o solo.

Figura 8 - Movimento de rotação de um corpo rígido / Fonte:


os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma barra hori-


zontal com uma extremidade esquerda engastada, e a outra
livre com uma massa presa na ponta e, ainda, o movimento
de rotação dessa barra.

Novamente, partiremos do princípio da 2° Lei


Figura 7 - Movimento de translação de um corpo rígido / Fonte:
os autores. de Newton, porém adaptando para movimentos
circulares, como mostra a equação (3).
Descrição da Imagem: a imagem mostra uma massa sobre dv (3)
roletes para representar um deslocamento sem atrito. Apre- F ma
= = m
senta a força sendo aplicada nessa massa, a direção da força dt
e do movimento.

Neste caso, precisamos relembrar a 2ª Lei de Ne- Lembrando que a velocidade angular pode ser ex-
wton, representada pela equação (1): pressa por v = w R , em que R é o raio da circunfe-
F = ma (1) rência. Assim, substituindo na equação (3), temos:
d (w R )
F =m
Em que m representa a massa em kg e a repre- dt
senta a aceleração em m/s².
Sabendo que a aceleração é a segunda deriva- Considerando que o raio é um valor constante, po-
da do deslocamento, podemos escrever como  x, demos passar para fora da derivada. Na sequência,
reescrevendo a equação (1) como um somatório multiplicamos os dois lados da equação por R .
das forças, temos: d (w )
 FR = RRm
 SF  mx (2) dt

35
UNICESUMAR

2
Sabe-se que o momento de inércia angular é dado por I 0 = mR , e que a derivada da velocidade angular
pelo tempo é a aceleração angular ( q ou a ). Por fim, o momento é definido por M 0 = FR , sendo assim,
tem-se a equação para a análise de rotação em sistemas vibratórios, representada pela equação (4).

  M 0  I 0q (4)

Em que I 0 representa o momento de inércia em kgm² e q representa a aceleração angular em rad/s².
A seta indica o sentido adotado para o movimento, isto é, positivo no sentido horário.

Mola/Elasticidade

O segundo elemento que estudaremos é o elemento de mola ou elasticidade que, de acordo com
Rao (2008), “é um tipo de elo mecânico cuja massa e amortecimento são, de modo geral, considerados
desprezíveis”. A força de uma mola linear é definida pela Lei de Hooke e descrita pela equação (5):
F = kx (5)

Em que k representa a constante de rigidez ou constante elástica da mola, medida em N/m e x re-
presenta a deformação sofrida pela mola em m.

O comportamento de molas reais segue a Lei de Hooke até o seu limite de escoamento (regime
elástico). Depois deste ponto, elas passam a ter um comportamento não linear (regime plástico).
Contudo o comportamento dessas molas é, frequentemente, aproximado como linear, e esta
aproximação é conhecida como processo de linearização.
Fonte: adaptado de Rao (2008).

O deslocamento pode ser definido como a deformação da mola em relação ao comprimento da mola
indeformada ou, também, como o deslocamento de uma extremidade em relação a outra. Desta forma,
podemos reescrever a equação (5) como:
F  k Dx  k ( x2  x1 ) (6)

Em que x1 e x2 representam os deslocamentos das extremidades da mola em m. Conforme mostra


a Figura 9.

36
UNIDADE 2

Figura 9 - Representação de molas / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa uma mola e os deslocamentos das extremidades.

Nem sempre a mola aparece sozinha em um sistema e, geralmente, temos um conjunto de molas. Quando
isso acontece, precisamos encontrar a constante de rigidez equivalente destas molas. As molas podem
estar associadas em série ou em paralelo, assim como os resistores vistos na disciplina de Física II, e para
cada associação existe uma maneira para encontrar o coeficiente de rigidez equivalente ( keq ).
Consideremos as molas em paralelo apresentadas na Figura 10. Inicialmente em (a), o sistema está em
equilíbrio; já em (b) é aplicada uma carga, fazendo com que essas molas sofram deformação e o sistema
encontre um novo ponto de equilíbrio. Dizemos, então, que o sistema sofreu uma deflexão estática dst .

Figura 10 - Molas em paralelo / Fonte: Rao (2008).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um sistema composto por duas molas associadas em paralelo, inicialmente, sem defor-
mação e, na sequência, é aplicada uma massa, causando uma deformação nas molas, fazendo com que o sistema encontre um novo
equilíbrio.

Na situação (c), está representado o diagrama de corpo livre (DCL) deste sistema. Nesse diagrama,
são representadas todas as forças atuando no sistema e, a partir disso, é possível encontrar a equação
de equilíbrio:
  SF  0 (7)

37
UNICESUMAR

Adotando sinal positivo para baixo, temos:


W  Fmola1  Fmola 2  0
W  Fmola1  Fmola 2
W  k1dst  k2dst (8)

Em que W representa a força peso, em N, e k1 e k2 representam os coeficientes de rigidez das molas


1 e 2, respectivamente, em N/m.
Então, para a mesma deflexão estática, temos:

W = keq dst (9)

Igualando as duas equações, temos:


keq dst  k1dst  k2dst
keq dst  dst (k1  k2 )

Sendo assim:
keq  k1  k2

Aplicando a equação (10) para n molas, temos:

keq  k1  k2    kn (10a)
n
keq   ki (10b)
i 1

Para as molas em série, consideraremos o sistema apresentado na Figura 11, como aconteceu no
exemplo anterior, em (a) o sistema está em equilíbrio, passando para (b) percebemos que uma carga
foi aplicada, deformando as molas e encontrando um novo equilíbrio. Porém, nesse caso, a deflexão
estática é a soma dos alongamentos sofridos pelas molas, sendo assim:

dst  d1  d2 (11)

38
UNIDADE 2

Figura 11 - Molas em série / Fonte: Rao (2008).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um sistema composto por duas molas associadas em série, inicialmente, sem deformação
e, na sequência, é aplicada uma massa, causando deformação nas molas, fazendo com que o sistema encontre um novo equilíbrio.

Analisando o DCL em (c), é possível encontrar duas equações que definem o comportamento das molas:
W = k1d1 (12a)
W = k2d2 (12b)

Então, para a mesma deflexão estática, temos:


W = keq dst (13)

Igualando as equações (13), (12a) e (12b), temos:


keq= dst k=
1d1 k2d2

Isolando d1 e d2 , temos:
keq dst
d1 = (14a)
k1
keq dst
d2 = (14b)
k2

39
UNICESUMAR

Substituindo (14 a) e (14 b) em (11): keq dst keq dst


dst   (15)
k1 k2
Simplificando dst nos dois lados da equação e colocando keq em evidência, temos:
1 1 
1  keq   
 k1 k2 
1
keq 
1 1

k1 k2

Aplicando esta equação para n molas, temos:


1
keq  (16a)
1 1 1
  
k1 k2 kn
1
keq  n
(16b)
1
k
i 1 i

A seguir, apresentaremos alguns casos possíveis que poderemos encontrar nos sistemas daqui
em diante. O exemplo 3 é uma exceção, em que duas massas presas por molas deslocam-se em
sentidos opostos.
Caso 1 – Uma massa presa por uma mola se deslocando em um sentido.

Figura 12 - Massa se deslocando em um sentido / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa uma massa sobre roletes presa em uma superfície vertical, por meio de uma mola, e o
seu diagrama de corpo livre em que são apresentadas as forças envolvidas no movimento e a direção.

40
UNIDADE 2

Caso 2 – Duas massas presas por molas se deslocando no mesmo sentido.

Figura 13 - Duas massas se deslocando em um sentido / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta duas massas ligadas por meio de três molas, uma delas faz a ligação entre as duas massas,
e as outras duas ligam-se com as massas 1 e 2 e uma superfície vertical à esquerda e à direita, respectivamente. O diagrama de corpo
livre mostra que as duas massas se movem na mesma direção e apresenta as forças envolvidas no movimento.

41
UNICESUMAR

Caso 3 – Como no exemplo anterior, duas massas presas por molas, porém se deslocando em sen-
tidos opostos.

Figura 14 - Duas massas se deslocando em sentidos opostos / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta duas massas ligadas por meio de três molas, uma delas faz a ligação entre as duas massas,
e as outras duas ligam-se com as massas 1 e 2 e uma superfície vertical à esquerda e à direita, respectivamente. O diagrama de corpo
livre mostra que as duas massas se movem em direções contrárias e apresenta as forças envolvidas no movimento.

Amortecimento

E, por fim, o terceiro elemento que veremos é o elemento de amortecimento. O amortecedor é um


mecanismo pelo qual a energia de vibração do sistema é, gradativamente, convertida em calor ou som.
Em sistemas práticos, é difícil determinar as causas do amortecimento, portanto, ele é modelado como
um ou mais tipos, descritos a seguir.
O primeiro tipo que veremos é o amortecimento viscoso, por ser o mais comumente utilizado
em análise de vibração. Esta forma de amortecimento acontece quando o sistema vibra em meio a um
fluido (ar, gás, água e óleo), e esse fluido oferece resistência (atrito) ao movimento do corpo. Esta resis-
tência, que pode ser medida como a quantidade de energia dissipada, depende de vários fatores, como
o tamanho, a forma e a velocidade do corpo em vibração. A força deste amortecimento é proporcional
à velocidade do corpo vibratório.
O amortecimento Coulomb ou por atrito seco “é causado pelo atrito entre superfícies em contato
que estejam secas ou não tenham lubrificação suficientes” (RAO, 2008, p. 18). Diferentemente do caso
anterior, a força desse amortecimento é constante. E, por último, temos o amortecimento material
ou sólido ou por histerese, que é a resistência oferecida pelo próprio material, correspondendo à
energia que o material absorve ao ser deformado.

42
UNIDADE 2

Conhecidos os tipos de amortecimento, agora, focaremos no estudo do amortecimento viscoso.


De acordo com Rao (2008, p. 18), “admite-se que um amortecedor não tem nem massa nem elastici-
dade, e que a força de amortecimento só existe se houver uma velocidade relativa entre as suas duas
extremidades.” Dito isso, podemos escrever a equação que define a força de um amortecedor como:
F  cDx  c( x2  x1 ) (17)

Em que c representa a constante de amorte-


cimento, em Ns/m e x1 e x2 representam as
velocidades das extremidades do amortecedor,
em m/s, conforme mostra a Figura 15.

Figura 15 - Representação de amortecedores / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa um amortecedor e as velocidades das extremidades.

A velocidade é escrita como a primeira derivada do deslocamento. Os coeficientes de amortecimento


equivalentes ( ceq ) são calculados da mesma maneira que os coeficientes de rigidez equivalente ( keq ).
Assim, como vimos para as molas, os amortecedores apresentam os mesmos casos possíveis, e o
último exemplo sendo uma exceção. Vejamos a seguir.
Caso 1 – Uma massa presa por um amortecedor se deslocando em um sentido.

Figura 16 - Massa se deslocando em um sentido / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa uma massa sobre roletes sem atrito, presa em uma superfície vertical, por meio de um
amortecedor, e o seu diagrama de corpo livre em que são apresentadas as forças envolvidas no movimento e a direção.

43
UNICESUMAR

Caso 2 – Duas massas presas por amortecedores se deslocando no mesmo sentido.

Figura 17 - Duas massas se deslocando em um sentido / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta duas massas ligadas por meio de três amortecedores, um deles faz a ligação entre as duas
massas, e os outros dois ligam-se com as massas 1 e 2 e uma superfície vertical à esquerda e à direita, respectivamente. O diagrama de
corpo livre mostra que as duas massas se movem na mesma direção e apresenta as forças envolvidas no movimento.

44
UNIDADE 2

Caso 3 – Como no exemplo anterior, duas massas presas por amortecedores, porém se deslocando
em sentidos opostos.

Figura 18 - Duas massas se deslocando em sentidos opostos / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta duas massas ligadas por meio de três amortecedores, um deles faz a ligação entre as duas
massas, e os outros dois ligam-se com as massas 1 e 2 e uma superfície vertical à esquerda e à direita, respectivamente. O diagrama de
corpo livre mostra que as duas massas se movem em direções contrárias e apresenta as forças envolvidas no movimento.

Quanto aos tipos de sistemas amortecidos, existem três classificações:


• Sistemas subamortecidos.
• Sistemas criticamente amortecidos.
• Sistemas superamortecidos.
Esta característica depende do fator de amortecimento ( z ), que será visto em sistemas amor-
tecidos.

45
UNICESUMAR

Dentro da engenharia mecânica, podemos ver diversas aplicações


de sistemas amortecidos, não apenas o exemplo da bicicleta que foi
citado no início da unidade. Além disso, o uso de amortecedores não
se limita apenas à engenharia mecânica, mas também traz grandes
benefícios para outras áreas, como as engenharias elétrica e civil.
Para saber mais sobre as várias aplicações de amortecedores ouça
o Podcast.

Movimento Harmônico

Agora que já conhecemos os elementos de um


sistema vibratório e suas características, passa-
remos a outro assunto importante no estudo
da vibração, que é o movimento harmônico.
Sabemos que vibração é uma oscilação, ou
movimento oscilatório, de um corpo ou siste-
ma. Essa oscilação é a repetição do movimento,
que pode ocorrer de forma regular ou irregular.
Quando acontece de forma regular, chamamos
de movimento periódico, que, como você já
deve imaginar, é aquele que se repete em de-
terminado período, isto é, em intervalos de
tempo iguais. O harmônico é o exemplo mais
simples de movimento periódico. Este movi-
mento pode ser representado como funções
seno e cosseno no domínio do tempo. Para
Figura 19 - Representação de números complexos por funções entender melhor, analisaremos a Figura 19:
seno e cosseno / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra o movimento circular uniforme, apresenta o raio da circunferência descrita pelo movimento,
o ângulo formado e as medidas dos deslocamentos no eixo x e eixo y.

O raio da circunferência é chamado de A , portanto, é possível descobrir o deslocamento em x e y ,


por meio das funções seno e cosseno. Para isso, recordaremos um pouco a trigonometria. Espero que
você se lembre da disciplina de Geometria Analítica e Álgebra Linear.
x y
cos q = sen q =
A A
x = A cos q (18) y = A sen q (19)

46
UNIDADE 2


Sabemos que ω = , portanto, θ = ωt . Substituindo nas equações (18) e (19), temos:
Dt

x = A cos(wt ) y = Asen(wt )

A partir disso, podemos encontrar a velocidade e aceleração, por meio da primeira e segunda derivada
em relação ao tempo, respectivamente.
dx dx
x   w A sen(wt ) (20a) y   w A cos(wt ) (21a)
dt dt
d2x 2 2 d2x
x
 2
 w A cos(wt )  w x (20b) y
 2
 w 2 A sen(wt )  w 2 y (21b)
dt dt

Portanto, a aceleração é diretamente proporcional ao deslocamento. Esta vibração é


conhecida como movimento harmônico simples.
Um exemplo clássico de movimento harmônico simples é o diapasão (Figura 20),
instrumento musical com um formato semelhante a um garfo, inventado no século XVII,
com objetivo de afinar outros instrumentos musicais ou, até mesmo, para uso terapêu-
tico. Este instrumento emite um tom puro, isto é, um som com apenas uma frequência,
geralmente, 440 Hz (nota musical “Lá” ou “A”), e este tom puro tem comportamento de
um movimento harmônico que pode ser representado por uma senoide.
Uma senoide é semelhante ao movimento do pêndulo visto na unidade anterior,
em que o movimento acontece, periodicamente.

Figura 20 - Diapasão de 440 Hz

Descrição da Imagem: a imagem mostra um diapasão, que emite um tom puro da nota musical “Lá”, em uma
frequência de 440 Hz.

E você aí achando que a disciplina de cálculo tinha ficado no passado, não é mesmo? Mas, nesse
ponto do curso, já deve ter percebido que não. Por isso, é importante que você esteja afiado em
derivada e funções trigonométricas já que elas serão a base para os movimentos vibratórios.

47
UNICESUMAR

Depois de vistos todos os elementos que podem compor um sistema vibratório e de que forma eles
podem estar associados, você já é capaz de simplificar modelos reais para modelos teóricos. Voltaremos
ao exemplo das bicicletas mencionadas no começo na unidade.
A bicicleta moderna possui um amortecedor na roda dianteira e uma suspensão (sistema mola-a-
mortecedor) no quadro. Não podemos esquecer da massa da própria bicicleta, e que os pneus possuem
massa e rigidez. Desta forma, representaremos o sistema da seguinte maneira:

Figura 21- Representação do sistema da bicicleta moderna / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra a representação do sistema de uma bicicleta com amortecimento na roda dianteira e um
sistema de suspensão no quadro, representa, também, a massa e a rigidez do pneu. E, na sequência, uma representação simplificada.

Na Figura 21(a), é representada a massa da bicicleta apoiada tanto no amortecedor dianteiro quanto
na suspensão do quadro, que estão apoiados nos pneus. Para cada pneu, precisamos representar a
sua massa e a sua rigidez. A rigidez pode ser representada por uma mola, e todos estes componentes
apoiados no chão. Na Figura 21(b), é feita uma simplificação do sistema, utilizando os conceitos de
coeficientes equivalentes, o que facilita a análise deste sistema vibratório.
Conhecendo o comportamento de cada um destes elementos, separadamente, você tem condições
de analisar a resposta de um sistema como um todo. Você, futuro(a) engenheiro(a), terá que analisar
um sistema real, mas, para isso, precisará simplificar para um modelo teórico, como este apresentado
nesta unidade. Além disso, por meio de softwares, você fará simulações e analisará o comportamento
do sistema em estudo, determinando o tempo de vida útil, qual a carga suportada, os maiores pontos
tensão e várias outras informações que podem influenciar no sistema. Nas próximas unidades, veremos
exemplos de sistemas vibratórios, combinando as características e os elementos que vimos nesta unidade.

48
Vamos, agora, fazer um mapa mental do conteúdo desta unidade para que, sempre que for pre-
ciso, você possa voltar aqui e encontrar todas as informações em um só lugar. Há espaço para
as fórmulas também.

49
1. Com base no que você estudou sobre vibrações e as classificações, enumere a segunda
coluna de acordo com a primeira: e assinale a alternativa correta.

1. Vibração livre
( ) Quando um sistema recebe, em dado instante, uma ex-
2. Vibração forçada
citação de valor ou magnitude conhecida.
3. Vibração não amortecida
4. Vibração amortecida ( ) Quando o sistema dissipa energia de alguma maneira.
5. Vibração linear ( ) Quando, após a perturbação inicial, o pêndulo continua
6. Vibração não linear oscilando sem que alguma força externa seja aplicada.
7. Vibração determinística ( ) Quando qualquer um dos componentes básicos se com-
8. Vibração aleatória
porta de maneira não linear.
( ) Quando o valor da excitação não pode ser previsto.
( ) Quando uma força externa é aplicada ao sistema, conti-
nuamente, durante o movimento.
( ) Quando todos os componentes básicos se comportam
de maneira linear.
( ) Quando nenhuma energia é dissipada por atrito ou qual-
quer outra forma de resistência ao movimento.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.


a) 8 - 5 - 2 - 7 - 1 - 3 - 6 - 4.
b) 2 - 4 - 6 - 8 - 1 - 3 - 5 - 7.
c) 1 - 3 - 5 - 7 - 2 - 4 - 6 - 8.
d) 7 - 4 - 1 - 6 - 8 - 2 - 5 - 3.
e) 5 - 2 - 7 - 4 - 6 - 8 - 3 - 1.

2. Com relação ao que foi estudado sobre o


elemento de mola ou elasticidade, encontre
o coeficiente de rigidez do sistema seguinte,
lembrando que, para elementos de mola, a
massa e o amortecimento são desprezíveis.

Sendo:

k=
1 k=
5 k8 = 4000 N/m
k=
2 k=
3 k7 = 2000 N/m
k=
4 k=
6 3000 N/m

50
3. Com base do que você já aprendeu sobre as funções seno e cosseno, faça o gráfico
destas funções, considerando dois ciclos (4prad  720) .
Para isso, comece desenvolvendo a tabela para os seguintes valores:

q f (q ) = cos q f (q ) = sen q

p
90 
2
180  p
3p
270 
2
360  2p
5p
450 
2
540  3p
7p
630 
2
720  4p

51
52
3
Vibração Livre Não
Amortecida
Me. Jacqueline Terre de Souza

Nesta unidade, você fará a análise do sistema mais simples que


se pode encontrar em análise de vibrações, que é o sistema com
vibração livre e não amortecida. Esse sistema possui características
que não sofrem influência do meio externo e, portanto, há menos
variáveis para serem analisadas. A partir deste estudo, você conse-
guirá dar seguimento aos outros sistemas vibracionais, adicionando
elementos a um sistema já conhecido.
UNICESUMAR

Caro(a) estudante, na unidade anterior, vimos como simplificar um sistema real para um sistema vi-
bratório teórico. Várias outras situações do nosso dia a dia são sistemas vibratórios e, muitas vezes, nem
nos damos conta disso, como um guindaste de demolição, em que a bola vibra, livremente, a partir de
um impulso inicial. Acontece, também, com uma criança, em um parque, ao se balançar. Mas, a partir
disto, como podemos determinar as características básicas de um sistema vibratório? Quais são estas
características? Por que é importante que elas sejam conhecidas?
As características básicas de um sistema vibratório são: frequência natural, taxa de amortecimento e
modos de vibrar. Neste momento, focaremos em uma destas características, que é a frequência natural.
Como já vimos, é importante conhecer esta informação para evitar que fontes de excitação externa
estejam na mesma frequência para que o sistema não entre em ressonância.
Já sabemos que, em um sistema com vibração livre não amortecida, a frequência natural corres-
ponde à frequência de oscilação. Então, para descrever este sistema, analisaremos o salto de bungee
jumping (Figura 1), esporte radical em que uma pessoa é amarrada por uma corda elástica e salta de
plataformas em alturas elevadas. Para facilitar esta análise, podemos simplificar este sistema prático
em um teórico, utilizando os elementos já conhecidos e, a partir dele, determinar suas características.

Figura 1 - Bungee Jumping

Descrição da Imagem:a imagem representa uma pessoa realizando o salto de bungee jumping

54
UNIDADE 3

Você pode representar o sistema de bungee jumping em sua casa. Vamos


utilizar o simulador disponível no QrCode. Para darmos início, selecione a
aba “Lab”. Dentro deste simulador, estarão os parâmetros necessários para si-
mular o movimento realizado pelo bungee jumping. Em seguida, utilizaremos
o corpo com massa igual a 100g e selecionaremos a rigidez da mola (String
Strenght 1) como small (pequeno), que representa uma baixa constante de
rigidez. Feito isso, arraste a massa até a extremidade da mola, onde se encaixará e, com o cursor, arraste,
levemente, a massa para baixo, esticando a mola e, em seguida, solte o cursor. O movimento descrito
representa o mesmo movimento mencionado pelo exemplo do bungee jumping, porém de uma forma
idealizada, isto é, o simulador não considera o atrito do corpo com o ar e as perdas da mola.
Com os conhecimentos adquiridos na unidade anterior, em seu diário de bordo, analise o compor-
tamento do sistema quando há a alteração da massa ou da constante de rigidez do sistema. Dentro do
simulador, utilize a régua para medir a deformação da mola, devido ao peso do corpo, sabendo que a
aceleração da gravidade é 9,81 m/s², é possível calcular a força peso. A partir destas informações, de-
termine o coeficiente de rigidez aplicando a Lei de Hooke, tanto para a mola small (baixo coeficiente
de rigidez) quanto para a mola large (alto coeficiente de rigidez). Depois disso, calcule a frequência
natural ( wn ) deste sistema. Para isso, utilize a seguinte equação: wn = k m . Lembre-se que no Sis-
tema Internacional (S.I.) a unidade é rad/s.
Dica: para determinar a deformação da mola, ative a opção Unstretched Lenght (comprimento da
mola indeformada) e a opção Resting Position (comprimento da mola deformada devido ao peso).

DIÁRIO DE BORDO

55
UNICESUMAR

Nas unidades anteriores, fizemos uma revisão de conceitos já vistos em outras disciplinas e vimos
os tipos de vibração, seus elementos e caraterísticas. A partir de agora, focaremos em sistemas com
características específicas. Começaremos nosso estudo sobre sistemas determinísticos com 1 grau de
liberdade (G.L.) analisando quatro diferentes sistemas, com vibração livre não amortecida e amortecida
e com vibração forçada não amortecida e amortecida, apresentando cada um com suas especificidades.

Vários sistemas mecânicos e estruturais podem ser idealizados como sistemas com um grau
de liberdade. Estes são denominados assim, pois, com apenas uma coordenada (coordenada
x), já temos informação suficiente para especificar a posição da massa a qualquer tempo.
Fonte: adaptado de Rao (2008).

Iniciaremos pelo sistema mais simples possível que pode ser encontrado e nas próximas unidades,
serão acrescentados mais elementos, tudo bem?
Nesta unidade, analisaremos o sistema com vibração livre não amortecida, isto é, um sistema
em que não há o elemento de amortecimento. Portanto, há elemento de massa e elemento de mola
combinados, realizando diferentes movimentos.

Na teoria, a amplitude do movimento permanece constante ao longo do tempo, pois é um


sistema não amortecido. Na prática, exceto no vácuo, a amplitude de vibração livre diminui,
gradativamente, com o tempo devido à resistência oferecida pelo meio circundante (como o ar).
Fonte: Rao (2008).

Movimento de Translação

Para começar, analisaremos o movimento de translação horizontal e, para isso, observe a Figura 2:

56
UNIDADE 3

Figura 2 - Movimento de translação horizontal / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma mola presa a uma parede vertical e, na outra extremidade, está presa uma massa
sobre roletes para representar um deslocamento sem atrito. É apresentado o diagrama de corpo livre, que indica a força da mola e o
sentido do movimento.

Para o deslocamento da mola (isto se aplica para amortecedores), será utilizada a seguinte convenção: A
diferença entre o deslocamento da extremidade presa ao corpo em análise e o deslocamento da outra
extremidade. Portanto, para  x - 0  , a extremidade da mola que está presa ao corpo, possui o mesmo
deslocamento do movimento  x  e a outra extremidade da mola está conectada à parede engastada,
em que não há deslocamento, sendo assim, igual a zero.
Pelo diagrama de corpo livre (DLC), é possível observar que há o deslocamento do corpo e a força
realizada pela mola. Antes de mais nada, é preciso indicar o sentido do movimento considerado que,
neste caso, consideramos movimento positivo para a direita, como indicado no desenho. Fazendo o
somatório das forças e partindo da 2ª Lei de Newton, temos:

 SF  ma  mx
kx  mx
mx  kx  0 (1)

Em que: SF : Somatório de forças (N)


m : massa (kg)
a ou x : aceleração (m/s²)
k : constante de rigidez (N/m)
x : deformação da mola (m)
A mesma análise será feita para o movimento de translação vertical. Vamos analisar a Figura 3.

57
UNICESUMAR

Figura 3 - Equilíbrio estático de translação vertical / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma mola pendurada, verticalmente, sem deformação, e, na sequência, uma massa posta
na extremidade inferior, causando uma deflexão estática. É apresentado o diagrama de corpo livre, que indica as forças atuando nessa
massa.

Para começar, faremos o somatório das forças do sistema em equilíbrio estático:


SF  0
Fpeso  Fmola  0
mg  k dst  0 (2)

Em que g representa a aceleração da gravidade (m/s²) e dst é a deflexão estática (m).


Agora que já temos as informações do sistema estático, faremos o cálculo para o sistema dinâmico,
isto é, em movimento. Como mostra a Figura 4:

58
UNIDADE 3

Figura 4 - Movimento de translação vertical / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma mola pendurada, verticalmente, com uma massa posta na extremidade inferior. É
apresentado o diagrama de corpo livre, que indica a força da mola e o sentido do movimento.

Considerando o sentido positivo do movimento para baixo e, novamente, partindo da 2ª Lei de Ne-
wton, temos:
  SF  ma  mx
mg  k (dst  x)  mx
mg  k dst  kx  mx

Pelo equilíbrio estático, conforme a equação (2), temos que mg  k dst  0 , portanto:
mg  k dst  kx  mx&&
1424 3
0
mx&&  kx  0 (3)

Quando a massa se movimenta em uma direção vertical, podemos ignorar seu peso, contanto
que “x” seja a medida em relação à sua posição de equilíbrio estático.
Fonte: Rao (2008).

59
UNICESUMAR

Fazendo um comparativo entre as equações (1) e Então:


(3), é possível observar que a equação é a mesma, wn2 x(t )  wn2 x(t )  0
tanto para o movimento de translação horizontal
como para o vertical. Como esta equação repre- Como a igualdade é verdadeira, podemos concluir
senta uma equação diferencial ordinária (EDO) que a solução proposta é válida.
de segunda ordem homogênea, podemos propor Agora, encontraremos os valores das constan-
algumas soluções, como já visto na disciplina de tes A e B e, para isto, são necessárias duas con-
Cálculo. A primeira solução proposta é a seguinte: dições de contorno. Normalmente, são usadas as
x(t )  A cos(wnt )  B sen(wnt ) (4a) condições de contorno iniciais:
x(= t 0=) x0 (m)
Em que A e B são constantes, wn representa a x (=
t 0=) v0 (m/s)
frequência natural (rad/s) e t é o tempo (s).
Para saber se a solução proposta é válida e pode Considerando t = 0 na equação (4a), temos:
ser utilizada como uma solução, encontraremos x(0) A cos(0) B sen(0)
a velocidade ( x ) e a aceleração ( 
x ) deste movi- x(t 0) x0 A (6a)
mento por meio da derivada primeira e derivada
segunda do deslocamento ( x ), respectivamente,
com relação ao tempo ( t ): Considerando t = 0 na equação (4b), temos:
x (t )  wn A sen(wn t)  wn B cos(wnt ) (4b) x (0) ωn A sen(0) ωn B cos(0)
2 2
x(t )  wn A cos(wnt )  wn B sen(wnt ) (4c)
 v0
x (t 0) v0 ωn B B (6b)
2
ωn
Colocando −wn em evidência na equação (4c),
temos:
x(t )  wn2 ( A cos(wnt )  B sen(wnt ))
&& E, por fim, substituindo as equações (6a) e (6b) na
1444 424444 3 equação (4a), chegamos a uma solução:
x (t )
2
x(t )  wn x(t ) (4d) v0
&& x(t )  x0 cos(wnt )  sen(wnt )
wn
Substituindo a equação (4d) na equação (1) ou
(3), chegamos em: Como a solução se apresentou válida para a pro-
mwn2 x(t )  kx(t )  0 posta anterior, sabemos que ela também será vá-
lida para as funções trigonométricas, separada-
Dividindo pela massa: mente. A partir disto, podemos propor mais duas
k soluções. Primeiro, utilizando a função cosseno:
wn2 x(t )  x(t )  0
m x(t )  X cos(ωnt  φ) (7a)

E, sabendo que: Em que X representa a amplitude (m) e f é o


k ângulo de fase (rad).
wn = (5)
m

60
UNIDADE 3

O ângulo de fase, representado na Figura 5, é a defasagem do sinal em relação a origem do


sistema de referência, e o ângulo defasado é a diferença de ângulos de fase de diferentes sinais.

Figura 5 - Ângulo de fase / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra a representação gráfica da função seno e a mesma função com defasagem, mostrando o
ângulo de fase.

Fazendo as derivadas da equação (8) com relação ao tempo ( t ):


x& (t )  ωn X sen(ωnt  φ) (7b)
x(t )  ωn2 X cos(ωnt  φ)
&&
144244 3
x (t )

&x&(t )  ωn2 x(t ) (7c)

Utilizando, novamente, as duas condições de contorno iniciais da solução anterior:


x(= t 0=
) x0 (m)
x (=
t 0=
) v0 (m/s)

Considerando t = 0 na equação (7a), temos:


x(0)  X cos(0  f)
x(t  0)  x0  X cos( f) (8a)

61
UNICESUMAR

Considerando t = 0 na equação (7b), temos:


x (0)  ωn X sen(0  φ)
v0
x (t  0)  v0  ωn X sen(φ)    X sen(φ) (8bb)
ωn

Elevando as equações (8a) e (8b) ao quadrado e somando os resultados:


2
 v 
x0    0   X 2 cos2 (φ)  X 2 sen 2 (φ)
2
 ωn 
2
 v 
x0    0   X 2 (ccos2 (φ)  sen 2 (φ))
2
144424443
 ωn  1
2
 v 
2
X  x0    0 
 ωn 

Substituindo pelos valores das constantes encontrados na primeira solução, equações (6a) e (6b):
X  ( A)2  ( B)2

X  A2  B2

Ou podemos, ainda, dividir a equação (8b) pela (8a):


v X sen(φ)
 0   tg(φ)
ωn x0 X cos( φ)
 v 
φ  tg 1   0 
 ωn x0 
De acordo com a relação trigonométrica: tg ( x)  tg ( x) . Portanto:
 v 
φ   tg 1  0 
 ωn x0 
B
φ  tg 1  
 A
E como última solução, a função seno:
x(t )  X 1 sen(ωnt  φ1 ) (9a)

Fazendo a derivada com relação ao tempo ( t ):


x& (t )  ωn X 1 cos(ωnt  φ1 ) (9b)
x(t )  ωn2 X 1 sen(ωnt  φ1 )
&&
1442443
x (t )
2
x(t )  ωn x(t ) (9c)
&&

62
UNIDADE 3

Utilizando as mesmas condições de contorno iniciais das soluções anteriores:


x(= t 0=
) x0 (m)
x (=
t 0=
) v0 (m/s)

Considerando t = 0 na equação (9a), temos:


x(0)  X 1 sen(0  f1 )
x(t  0)  x0  X 1 sen(f1 ) (10a)

Considerando t = 0 na equação (9b), temos:


x (0)  ωn X 1 cos(0  φ1 )
v0
x (t  0)  v0  ωn X 1 cos(φ1 )   X 1 cos(φ1 ) (110b)
ωn

Elevando as equações (10a) e 10b) ao quadrado e somando os resultados:


2
v 
x0   0   X 12 sen 2 (φ1 )  X 12 cos2 (φ1 )
2
 ωn 
2
v 
x0   0   X 12 (sen 2 (φ1 )  cos2 (φ1 ))
2
 ωn  14442444 3
1
2
v 
2
X 1  x0   0 
 ωn 

Substituindo pelos valores encontrados na primeira solução:


X 1  A2  B2

Ou podemos, ainda, dividir a equação (10a) pela (10b):


x0 ωn X 1 sen(φ1 )
  tg (φ1 )
v0 X 1 cos(φ1 )
x ω 
φ1  tg 1  0 n 
 v0 
 A
φ1  tg 1  
B

Sendo assim, existem várias soluções para a equação.


Para ficar mais clara essa situação, resolveremos um exercício.

63
UNICESUMAR

01. EXEMPLO Utilizaremos o exemplo citado no começo desta unidade, o bungee jumping, e deter-
minar a frequência natural ( wn ) do movimento com a pessoa suspensa e seu deslo-
camento máximo. Para isto, considere que a pessoa que saltará possui uma massa de
75 kg, e que a corda possui uma constante de rigidez de 1700 N/m. Quando ela está
lá embaixo pendurada oscilando, a deflexão máxima é de 1,5 m.

Para determinar a frequência natural, basta substituirmos os dados à fórmula. Desta forma, temos que:
k 1700 rad/s
=wn = = 4, 76
m 75

Das soluções apresentadas, precisamos escolher uma que se enquadra às informações que nós temos.
No caso da primeira solução, é necessário que sejam informadas as condições de contorno, como não
temos, usaremos uma das outras soluções. Escolhemos, então, a função cosseno e as suas derivadas.
x(t )  X cos(ωnt  φ) (7a)
x (t )  ωn X sen(ωnt  φ) (7b)
x(t )  ωn2 x(t ) (7c)


No enunciado, pede que calculemos os valores máximos. Sabendo que o máximo valor que as funções,
tanto seno quanto cosseno, podem assumir é 1, e substituindo nas equações, temos:
x(t )  X cos(ωnt  φ)  X
14243
1
x& (t )  ωn X sen(ωnt  φ)  ωn X
14243
1

x(t )  ωn x(t )  ωn2 X


&& 2

É importante, também, observarmos que o sinal negativo indica apenas o sentido do movimento, mas
o que nos interessa, neste caso, é a intensidade. Portanto, podemos apresentar os resultados em valores
absolutos, sendo assim:
x(t )  X  1, 5 m
x (t )  wn X  4, 76  1, 5  7, 14 m/s
x(t )  wn2 X  4, 762  1, 5  34 m/s†


Movimento de Rotação

Esperamos que o movimento de translação tenha ficado claro para você, porque, a partir de agora,
analisaremos o movimento de rotação, iniciando pelo movimento de rotação horizontal. Para
isso, observe a Figura 6, em que L representa o comprimento da barra (m) e qst é deslocamento
angular estático (rad):

64
UNIDADE 3

Figura 6 - Movimento de rotação horizontal / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma barra engastada, horizontalmente, pela extremidade esquerda, enquanto a outra
extremidade está presa por uma mola vertical e, também, apresenta o deslocamento angular estático.

Já está claro o que é deslocamento estático? Este conceito já foi visto nas equações de molas
e é chamado de deflexão estática. A diferença é que, agora, esse deslocamento não é mais
representado em metros, mas em ângulo. Portanto, deslocamento angular estático é o deslo-
camento sofrido pelo corpo devido ao próprio peso.

Para pequenos deslocamentos angulares, consideramos:


cos q ≅ 1
sen q ≅ q
A Tabela 1 a seguir explica a razão disto:

q (graus) q (rad) cos q sen q


0 0 1 0
5 0,087 0,996 0,087
10 0,174 0,985 0,174
15 0,262 0,966 0,26
20 0,35 0,94 0,342
25 0,436 0,906 0,423
Tabela 1 - Representação trigonométrica para pequenos deslocamentos / Fonte: os autores.

65
UNICESUMAR

Fazendo o DCL (Figura 7) do sistema representado na Figura 6, é possível notar que o deslocamento
da barra aproxima-se do formato de um triângulo retângulo.

Figura 7 - Diagrama de corpo livre do movimento de rotação horizontal / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa o diagrama de corpo livre de uma barra engastada, horizontalmente, pela extremidade
esquerda enquanto a outra extremidade está presa por uma mola e, também, apresenta o deslocamento angular estático e as forças
atuando sobre a barra.

A partir disso é possível determinar as medidas aproximadas dos seus catetos, sendo:
y  L cos qst  L
xst  L sen qst  Lqst

Sendo que xst é o deslocamento sofrido pela mola (deflexão estática), portanto:
Fmola
= kx =st kLqst

Nesta situação, houve a rotação da barra com relação a um ponto fixo (O), em que a barra encontrou
um novo equilíbrio, portanto, precisamos fazer o somatório de momento, considerando o sentido do
movimento positivo horário:
  SM 0  0
mg L2  Fmola L  0
mg L2  kLqst L  0

66
UNIDADE 3

Na disciplina de Física, você estudou o momento de uma força em relação a um ponto, que é
definido como

M 0 = Fd

Em que F representa a força aplicada (N) e d é o ponto de aplicação dessa força ou a distância
do ponto de rotação (m). E, para que um corpo esteja em equilíbrio, duas condições precisam
ser satisfeitas: ur
SF = 0 e SM 0 = 0

Vamos, agora, supor que a barra sofreu um novo deslocamento, além do deslocamento causado pelo
peso. Analise a Figura 8:

Figura 8 - Diagrama de corpo livre do movimento de rotação horizontal / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o diagrama de corpo livre de uma barra pendurada, horizontalmente, pela extremidade
esquerda enquanto a outra extremidade está presa por uma mola, e, também, apresenta os deslocamentos e as forças atuando sobre
a barra.

O valor do primeiro deslocamento já foi encontrado, agora, determinaremos o valor do segundo


deslocamento, em que:
x  Lsenq  Lq

Sendo assim:
xst = Lqst
x = Lq

67
UNICESUMAR

Portanto, o deslocamento total da mola:


xT  xst  x

A força da mola é, então:


Fmola  kxT  k ( xst  x)  k ( Lqst  Lq )
Fmola  kLqst  kLq

Façamos, novamente, o somatório de momento, considerando que, agora, o corpo não está mais em
equilíbrio, pois uma força agiu sobre ele. Para isso, utilizaremos o momento de inércia de massa:
  SM  I α  I θ&& 0 0 0
L
mg  Fmola L  I 0θ&&
2
mg L2  (kLθst  kLθ ) L  I 0θ&&
mg L2  kLθst L  kLθ L  I 0θ&&
144244 3
0

I 0θ&&  kL2θ  0 (11)

Em que I 0 representa o momento de inércia de massa (kgm²) e a ou q é a aceleração angular (rad/s²).
Agora, analisaremos o movimento de rotação vertical, utilizando os conceitos já vistos na rotação
horizontal. Para isso, observe a Figura 9:

Figura 9 - Movimento de rotação vertical / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem:a imagem representa uma barra engastada, verticalmente, pela extremidade superior enquanto a outra extre-
midade está presa por uma mola horizontal.

68
UNIDADE 3

Neste caso, não há a deformação estática como na da força peso (Figura 11), pois a força precisa ser
situação anterior. Portanto o movimento inicia perpendicular ao comprimento da barra. Volte-
com a atuação de uma força externa. Analisaremos mos, então, ao DCL:
o DCL, representado na Figura 10, para darmos
seguimento aos cálculos:

Figura 11 - Diagrama de corpo livre da decomposição da força


peso / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa o diagrama de


corpo livre de uma barra pendurada verticalmente pela ex-
tremidade superior enquanto a outra extremidade está presa
Figura 10 - Diagrama de corpo livre do movimento de rotação por uma mola horizontal, indicando a direção da força peso
vertical / Fonte: os autores. e a sua decomposição.

Descrição da Imagem: a imagem representa o diagrama de


corpo livre de uma barra pendurada, verticalmente, pela ex-
Sendo assim, a decomposição da força peso per-
tremidade superior, enquanto a outra extremidade está presa pendicular à distância é dada por:
por uma mola horizontal, indicando as forças atuantes e o
deslocamento. Fx  mg sen q  mg q

Novamente, temos o formato de um triângulo Com todas as informações encontradas, vamos


retângulo, portanto: ao somatório de momento, considerando movi-
x  L sen q  Lq mento positivo anti-horário:
y  L cos q  L   SM 0  I 0α
L
Sendo que x é o deslocamento sofrido pela  Fx  Fmola L  I 0θ
2
mola, portanto: L
mg θ  kLθ L  I 0θ
Fmola= kx
= kLq 2
 L 
Como utilizaremos o somatório de momento no-   mg  kL2  θ  I 0θ
 2 
vamente, o próximo passo é fazer a decomposição
 L 
I 0θ   mg  kL2  θ  0
 2 

69
UNICESUMAR

Generalizando:
I 0q  k R q  0 (12)

Em que:
k R = kL2 para rotação horizontal

L
k R  mg  kL2 para rotação vertical
2
Para determinar a frequência natural, tanto da translação quanto rotação, é feita a relação entre o
coeficiente que multiplica o deslocamento pelo coeficiente que multiplica a aceleração. Portanto, a
frequência natural é:
kR
wn = (13)
I0

A partir das soluções propostas para o movimento de translação, veremos se elas servem de solução
para o movimento de rotação. Iniciando pela primeira solução proposta, temos:
θ (t )  A cos(ωnt )  B sen(ωnt ) (14a)
θ(t )  ω A sen(ω t)  ω B cos(ω t ) (14b)
n n n n
2 2
θ(t )  ωn A cos(ωnt )  ωn B sen(ωnt ) (14c)
E aplicando as condições de contorno iniciais:
t 0=
θ (= ) θ0 (rad)
θ(=
t 0=) ω (rad/s)
0

Considerando t = 0 na equação (14a), temos:


θ (0) A cos(0) B sen(0)
θ (t 0) θ0 A (15a)

Considerando t = 0 na equação (14b), temos:


θ(0) ωn A sen(0) ωn B cos(0)
ω0
θ(t 0) ω0 ωn B B (15b)
ωn

E, substituindo as equações (15a) e (15b) na equação (14a):


ω0
θ (t )  θ0 cos(ωnt )  sen(ωnt )
ωn

70
UNIDADE 3

Segunda solução proposta:


θ (t )  F cos(ωnt  φ) (16a)
θ&(t )  ωnF sen(ωnt  φ) (16b)
θ&&(t )  ωn2 F cos(ωnt  φ)
144244 3
θ (t )

θ&&(t )  ωn2θ (t ) (16c)

Em que F representa a amplitude (rad).


Com condições de contorno iniciais:
t 0=
θ (= ) θ0 (rad)
θ(=
t 0=) ω (rad/s)
0

Considerando t = 0 na equação (16a), temos:


θ (0)  F cos(0  φ)
θ (t  0)  θ0  F cos(φ ) (17a)

Considerando t = 0 na equação (16b), temos:


θ(0)  ωnF sen(0  φ )
ω
θ(t  0)  ω0  ωnF sen(φ )   0  F sen(φ ) (177b)
ωn

Elevando as equações (17a) e (17b) ao quadrado e somando os resultados:


2
 ω 
θ0    0   F2 cos2 (φ)  F2 sen 2 (φ)
2
 ωn 
2
 ω 
θ0    0   F2 (ccos2 (φ)  sen 2 (φ))
2
144424443
 ωn  1
2
 ω 
2
F  θ0    0 
 ωn 

Substituindo pelos valores encontrados na primeira solução:


F  ( A)2  ( B )2

F  A2  B2

71
UNICESUMAR

Ou podemos, ainda, dividir a equação (17b) pela (17a):


ω F sen(φ)
 0   tg(φ)
ωnθ0 F cos( φ)
 ω 
φ  tg 1   0 
 ωnθ0 
De acordo com a relação trigonométrica: tg ( x)  tg ( x) . Portanto:
 ω 
φ   tg 1  0 
 ωn X 0 
B
φ  tg 1  
 A
E a terceira solução:
θ (t )  F1 sen(ωnt  φ1 ) (18a)
θ&(t )  ωnF1 cos(ωnt  φ1 ) (18b)
θ&&(t )  ωn2 F1 sen(ωnt  φ1 )
1442443
θ (t )
2
θ&&(t )  ωn θ (t ) (18c)

Utilizando as mesmas condições de contorno iniciais das soluções anteriores:


t 0=
θ (= ) θ0 (rad)
θ(=
t 0=) ω (rad/s)
0

Considerando t = 0 na equação (18a), temos:


θ(0) Φ1 sen(0 φ1 )
θ(t 0) θ0 Φ1 sen(φ1 ) (18a)

Considerando t = 0 na equação (18b), temos:


θ&(0) ωnΦ1 cos(0 φ1 )
ω0
θ&(t 0) ω0 ωnΦ1 cos( φ1 ) Φ1 cos(φ1 ) (118b)
ωn

Elevando as equações (19a) e (19b) ao quadrado e somando os resultados:

72
UNIDADE 3

2
ω 
θ0   0   F12 sen 2 (φ1 )  F12 cos2 (φ1 )
2
 ωn 
2
ω 
θ0   0   F12 (sen 2 (φ1 )  cos2 (φ1 ))
2
 ωn  14442444 3
1
2
ω 
F1  θ02   0 
 ωn 

Substituindo pelos valores encontrados na primeira solução:


F1  A2  B2

Ou podemos, ainda, dividir a equação (19a) pela (19b):


θ0 ωn F1 sen(φ1 )
  tg(φ1 )
ω0 F1 cos(φ1 )
θ ω 
φ1  tg 1  0 n 
 ω0 
 A
φ1  tg 1  
B

Antes de finalizarmos a unidade, precisamos falar sobre o momento de inércia de massa e sobre como
calcular. Como você deve se lembrar, na disciplina de Resistência dos Materiais, foi visto momento de
inércia de área, em que era necessário encontrar o centroide e multiplicar pela área da seção. Porém,
para os cálculos de vibrações, será utilizado o momento de inércia de massa e, neste caso, é necessário
o comprimento do corpo e a sua massa.
Podemos encontrar três situações diferentes, analisaremos cada uma delas e, depois, faremo um
exercício para exemplificar.
Situação 1: momento de inércia de uma barra uniforme em torno de um eixo, passando pelo C.G.
(centro de gravidade), é definido pela equação:
mL2
I CG =
12

Em que m representa a massa da barra (kg) e L é o comprimento da barra (m). Um exemplo desta
situação é apresentado na Figura 12.

73
UNICESUMAR

Figura 12 - Barras engastadas no centro de gravidade / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra duas barras, uma vertical e outra horizontal, ambas engastadas no centro de gravidade.

Situação 2: momento de inércia de uma barra uniforme em torno de um eixo fora do C.G. Para esta
situação, precisamos usar o Teorema dos eixos paralelos:
I 0  I CG  md 2

Em que m representa a massa da barra (kg), e d é a distância do C.G. ao ponto de interesse (m). Um
exemplo desta situação é apresentado na Figura 13.

Figura 13 - Barras engastadas fora do centro de gravidade / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra duas barras, uma vertical e outra horizontal, ambas engastadas em um ponto fora o centro
de gravidade.

74
UNIDADE 3

Situação 3: momento de inércia de corpos de massas concentradas (sem dimensões), é definido pela
equação:
I 0  m1d12  m2 d22

Em que d1 e d2 representam as distâncias das massas m1 e m2 ao ponto de interesse (m), respectiva-


mente. Um exemplo desta situação é apresentado na Figura 14.

Figura 14 - Massas concentradas / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra duas massas concentradas com distâncias diferentes do ponto de engaste.

02. EXEMPLO Encontraremos o momento de inércia de massa do sistema apresentado na Figura 15:

Figura 15 - Duas barras engastadas / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra duas barras, uma vertical e outra horizontal, fixas pelo mesmo engaste, porém a horizontal
está engastada na extremidade, e a vertical no centro de gravidade. A massa está fixa na outra extremidade da barra horizontal.

Para encontrar o momento de inércia de massa deste sistema, precisamos somar os momentos de inércia
de todos os elementos. Dividiremos em três partes, conforme mostra a Figura 16: barra vertical, barra
horizontal e massa concentrada. Sendo assim:
I 0  I v  I h  I1

75
UNICESUMAR

Figura 16 - Componentes do sistema / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma vista explodida com todos os componentes do sistema. A barra vertical e a barra horizon-
tal com seus comprimentos e a indicação do centro de gravidade e a massa concentrada com a distância em relação ao eixo de rotação.

Começaremos pela barra vertical (Figura 16a). Essa barra se encaixa na primeira situação apresentada,
em que o engaste está no C.G. Portanto:
mv Lv2
Iv =
12

Em que mv é a massa (kg) e Lv é o comprimento da barra vertical (m).


Na sequência, a barra horizontal (Figura 16b), em que o engaste está fora do C.G. Portanto:
I h  I CG  mh d h2
2
mh Lh2 L 
Ih   mh  h 
12  2 
mh Lh2 mh Lh2
Ih  
12 4
mh Lh2  3mh Lh2
Ih 
12
mh Lh2
Ih 
3

Em que mh é a massa (kg) e Lh é o comprimento da barra horizontal (m).


Finalizando com a massa concentrada (Figura 16(c)). Portanto:
I1 = m1 Lh2

Somando todos os momentos de inércia, temos:


mv Lv2 mh Lh2
I0    m1Lh2
12 3

76
UNIDADE 3

Agora que já relembramos conteúdos impor-


tantes, vamos a um exemplo de movimento de
rotação.

03. EXEMPLO Analise o sistema representado


na Figura 17:

Figura 18 - Diagrama de corpo livre do sistema massa-mola-


Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra o diagrama de


corpo livre do sistema composto por uma barra horizontal
e duas molas.
Figura 17 - Sistema massa-mola / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma barra horizon- Determinaremos os deslocamentos:


tal com a extremidade esquerda engastada e sustentada por
duas molas, uma no meio da barra e abaixo, e outra na outra x1  L1 sen q  L1q  Lq
extremidade e acima.
L
x2  L2 sen q  L2q  q
2
Sendo a massa da barra 2 kg, o comprimento 0,8
m, e as constantes de rigidez k1 e k2 das molas E, agora, o somatório dos momentos, consideran-
400 N/m e 600 N/m, respectivamente, calcule: do movimento positivo no sentido horário:
a) A frequência natural deste sistema.   SM  I q0 0
b) A função deslocamento. Sabendo que
 F1L1  F2 L2  I 0q
q0 = 0, 025 rad e w0 = 0, 5 rad/s.
k1 x1L1  k2 x2 L2  I 0q
Em primeiro lugar, faremos o diagrama de corpo k L q L  k L q L  I q
1 1 1 2 2 2 0
livre da figura anterior, representada pela Figura 18:  2
L
  k1 L2  k2    q  I 0q
  2  

 L2 
I 0q   k1L2  k2  q  0

 4 

77
UNICESUMAR

Lembrando que a força exercida pela massa é a mesma que a exercida pelas molas na deflexão estática,
sendo assim, elas se anulam, e não estão contabilizadas na equação final. O momento de inércia para
uma barra horizontal com o engaste na extremidade já foi encontrado no exercício anterior. Substi-
tuindo pelos valores fornecidos no enunciado, temos:
mL2 2  0, 82
I0    0, 4267 kgm†
3 3

Para encontrar a frequência natural, precisamos dos coeficientes que multiplicam o deslocamento e
a aceleração, isto é, k R e I 0 .
2 L2 2 0, 82
k R  k1 L  k2  400  0, 8  600   352 Nm
4 4

kR 352
=
wn = = 28, 7217 rad/s
I0 0, 4267

Para encontrar a função deslocamento, podemos utilizar a primeira solução, já que temos as condições
de contorno iniciais:
θ (t )  A cos(ωnt )  B sen(ωnt ) (14a)

A 0 0, 025
= θ=
ω0 0, 5
B
= = = 0, 0174
ωn 28, 7217

q(t )  0, 025 cos(28, 7217t )  0, 0174 sen(28, 7217t )

Com o auxílio de softwares (Matlab, Octave, Fortran, Python, Excel, entre outros), é possível representar
esta função, por meio de um gráfico de deslocamento versus tempo, como mostrado na Figura 19:

78
UNIDADE 3

Figura 19 - Gráfico deslocamento versus tempo / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o gráfico deslocamento versus tempo do sistema, composto por uma barra horizontal e
duas molas.

Para esclarecer alguns pontos sobre esta unidade, gravamos um


podcast falando sobre os principais tópicos. Neste podcast, escla-
receremos os parâmetros necessários para determinar tanto o
movimento de translação, quanto o movimento de rotação de um
sistema vibratório livre não amortecido. E, também, quais são as ca-
racterísticas destes movimentos, bem como o comportamento do
sistema com relação ao deslocamento. Então, se você ainda ficou
com alguma dúvida, ouça o Podcast!

Nesta unidade, você conheceu o funcionamento de sistemas com vibração livre não amortecida. Apren-
deu a encontrar a função que descreve o seu deslocamento, a velocidade e a aceleração no domínio do
tempo e qual é o formato de um sinal para este tipo de sistema. Este conhecimento será útil para fazer
análises, por meio de gráficos, e você será capaz de identificar, apenas pelo formato da curva, qual é
o sistema analisado. Na próxima unidade, veremos mais um tipo de sistema com vibração livre, mas
com um elemento a mais, o amortecedor. Aguardamos você lá!

79
Agora, você fará um Mapa Mental do conteúdo desta unidade. Não se esqueça de colocar equa-
ções para cada movimento e quando há alguma diferença entre horizontal e vertical também.

80
1. Com base no que você aprendeu sobre o movimento de translação, analise o sistema
a seguir. Considerando que a massa do corpo é 1,4 kg, e a constante de rigidez das
molas é, respectivamente, 600 N/m e 800 N/m, a deflexão máxima da mola é de 3,4
mm, calcule os valores máximos de deslocamento, velocidade e aceleração.

2. O movimento de inércia de massa é necessário para que possamos encontrar as ca-


racterísticas de um sistema rotacional. Portanto, utilizando os conceitos vistos nesta
unidade, calcule o momento de inércia do sistema apresentado a seguir. Sabendo que
a massa da barra é 2 kg, o seu comprimento é 8 m e a massa concentrada é 0,7 kg.

81
3. Ao sistema apresentado no exercício anterior, foram acrescentados dois elementos de
mola de constante de rigidez 380 N/m e 750 N/m, respectivamente.

Com base no seu conhecimento sobre movimentos de rotação, calcule:

a) A frequência natural deste sistema.


b) A função deslocamento, sabendo que q0 = 0, 06 rad e w0 = 0, 8 rad/s.

82
4
Vibração Livre
Amortecida
Me. Jacqueline Terre de Souza

Nesta unidade, você fará a análise de um sistema similar ao apre-


sentado na unidade anterior, porém com um elemento a mais, o
amortecedor. Desta forma, aprofundaremos o sistema com vibração
livre, incluindo o elemento de amortecimento no desenvolvimento
dos cálculos.
UNICESUMAR

Imagine que, na empresa onde você trabalha, está sendo desenvolvida uma bicicleta para prática do
esporte mountain bike. Este modelo deve suportar as irregularidades de diferentes terrenos, portanto,
precisa ser muito resistente. E você, como o(a) engenheiro(a) desta empresa, precisa desenvolver testes
para determinar se os componentes utilizados são os ideais para este tipo de bicicleta. Pensando nas
análises que você já conhece, quais testes você faria? Quais componentes seriam necessários consi-
derar? Os componentes considerados no projeto suportam os esforços exigidos? Seria preciso inserir
ou modificar algum elemento?
Como já foi visto na Unidade 2, as bicicletas utilizadas neste esporte contam não apenas com molas,
mas também com amortecedores. No final na unidade, também, foi representado o sistema da bicicleta
bem como uma simplificação dele, espero que você se lembre, pois utilizaremos esta simplificação
para a nossa análise. Um dos testes que podem ser realizados é uma análise de vibração. Neste teste,
são determinadas as principais características do sistema e, a partir disso, é possível prever o compor-
tamento bem como as cargas suportadas pelo sistema em estudo.
Pesquise, em catálogos de fabricantes de suspensões de bicicletas, e verifique que tipos de suspensões
existem no mercado. Além disso, analise quais informações dos catálogos podem ser utilizadas para
o projeto descrito no começo desta unidade.
Em seu Diário de Bordo, apresente o diagrama de corpo livre da bicicleta, representando todas as
forças atuando neste sistema, depois, faça o somatório de forças e desenvolva a equação que representa
este sistema. O que você consegue inferir com os resultados alcançados?

DIÁRIO DE BORDO

84
UNIDADE 4

Nesta unidade, daremos continuidade ao estudo sobre sistemas determinísticos com 1 grau de liber-
dade (G.L.), analisando o sistema com vibração livre amortecida. Isto significa que, quando com-
parado ao sistema da unidade anterior, estamos acrescentando mais um elemento, o amortecedor. A
utilização de amortecedores será fundamental para a diminuição da taxa de vibração de um sistema,
ou para evitar que ele entre em ressonância. Em indústrias, é muito comum a utilização de sistemas
de amortecimento na base de equipamentos rotativos, como é possível observar na Figura 1, onde um
sistema motobomba (motor elétrico e bomba hidráulica) está fixado ao chão por um amortecedor.

Figura 1- Motobomba fixado por amortecedores

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um motor elétrico acoplado a uma bomba, apoiados por amortecedores em sua base.

Movimento de Translação

Como já foi calculado na unidade anterior, a equação para translação tanto horizontal quanto vertical
é a mesma. Portanto, quando analisamos movimento de translação, os mesmos cálculos se aplicam
para ambas as situações. Sendo assim, analisaremos o movimento descrito na Figura 2:

85
UNICESUMAR

Figura 2 - Movimento de translação horizontal / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa um sistema de vibração livre amortecida para um movimento de translação horizontal,
assim como as forças que atuam neste sistema, descrito pelo diagrama do corpo livre (DCL).

Pelo diagrama de corpo livre (DLC), é possível observar os seguintes aspectos: deslocamento do corpo,
força realizada pela mola e força realizada pelo amortecedor. Antes de mais nada, é preciso indicar o
sentido do movimento considerado, neste caso, movimento positivo para a direita, como indicado no
desenho. Fazendo o somatório das forças e partindo da 2ª Lei de Newton, temos:
  SF  ma  mx
 Famort  Fmola  mx
cx  kx  mx
mx  cx  kx  0 (1))
Em que: SF : Somatório de forças, em N
m : massa, em kg
a ou  x : aceleração, em m/s²
c : constante de amortecimento, em Ns/m
x : velocidade, em m/s
k : constante de rigidez, em N/m
x : deformação da mola, em m
Na Figura 3, é apresentado um gráfico que faz um comparativo entre a resposta de um sistema
sem amortecimento, como o visto nas unidades anteriores, e um sistema com amortecimento, como
o estudado nesta unidade.

86
UNIDADE 4

Figura 3 - Gráfico deslocamento versus tempo / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: o gráfico de deslocamento versus tempo representa as curvas do deslocamento de um sistema sem amorte-
cimento e de um sistema com amortecimento, sendo que a curva sem amortecedor permanece constante durante o tempo, e a curva
com amortecedor diminui a amplitude com o passar do tempo.

Como já é sabido, precisamos propor uma solução para a equação que, neste caso, é a seguinte:
x(t ) = De st (2a)

Sendo que D e s representam constantes, e s representa os autovalores da equação. Fazendo a


primeira e a segunda derivada do deslocamento em relação ao tempo para encontrar a velocidade e
aceleração, respectivamente, temos:
x (t ) = sDe st (2b)
x(t ) = s 2 De st (2c)


Substituindo as equações (2a), (2b) e (2c) em (1), temos:


ms 2 De st  csDe st  kDe st  0
(ms 2
De st  0
142cs43k ) {
0 0

st
Sabendo que De representa o deslocamento, e esta variável é diferente de zero, portanto, a única
2
maneira desta equação ser verdadeira é se ms + cs + k for igual a zero.

87
UNICESUMAR

Nas aulas de Cálculo, foi apresentado o polinômio característico da solução homogênea:


as 2  bs  c  0
Para resolução de equações polinomiais de 2º grau, é utilizada a fórmula de Bháskara para
encontrar as raízes:

b  b2  4 ac
s1,2 
2a
D  b2  4 ac
Portanto, existem três diferentes soluções para esta equação. Dependendo do resultado de
D , podemos ter:
• Duas raízes reais e iguais ( D = 0 )
b
y (t )  D1e st  tD2e st  ( D1  tD2 )e st Em que: s
2a
• Duas raízes reais e distintas ( D > 0 )
b  D
y (t )  D1e s1t  D2 e s2t Em que: s1,2  2a
• Duas raízes complexas conjugadas ( D < 0 )
b D
y (t )  D1eρt cos(ωt )  D2 eρt sen(ωt ) Em que: ρ e ω
2a 2a

Vamos, então, resolver esta equação e encontrar os valores de s , conhecidos como as raízes ou au-
tovalores da equação.
c  c2  4 mk
s1,2 
2m
c c2 4 mk
s1,2   
2m (2m)2 (2m)2
2
c  c  4 mk
s1,2     
2m  2 m  4 m2
2
c  c  k
s1,2     
2m  2m  m

Vamos estudar, separadamente, cada uma das soluções para esta equação.

88
UNIDADE 4

Caso 1
Sistema criticamente amortecido ( z =1)

2
 c  k
   0
 2m  m

Podemos definir o amortecimento crítico ( cc ) como o valor da constante de amortecimento ( c )


para o qual o radical é igual a zero ( D = 0 ). Como este é o caso estudado, para encontrar o valor deste
parâmetro, basta fazer c = cc , sendo assim:
2
 cc  k
 2m   m  0
 
2
 cc  k
 2m   m
 
cc k

2m m
k
cc  2m  2 mk  2mwn (3)
m

Outro parâmetro vibratório importante é o fator de amortecimento ( z ), definido como a razão entre
a constante de amortecimento do sistema e a constante de amortecimento crítico, isto é:
c c c
=
ζ = = (4)
cc 2 mk 2mωn

Neste caso ( D = 0 ), teremos duas raízes reais e iguais, correspondendo a:


c
s1,2 
2m

Fazendo um comparativo com o fator de amortecimento, temos:


c
ζωn = (5)
2m
c
E sabendo que, para o caso criticamente amortecido, c = cc , então, =
z = 1 , portando, os autova-
cc
lores são:
c
s1,2   ζωn  ωn
2m

89
UNICESUMAR

E, assim, a solução proposta para este caso é:


x(t )  D1e s1t  tD2 e s2t
x(t )  D1ewnt  tD2 ewnt
x(t )  ( D1  tD2 )ewnt (6a)
x (t )   D1wn e wnt  D2 e wnt  tD2 wn ewnt
x (t )  D2 ewnt  ( D1  tD2 )(wn e wnt ) (6b)

y  uv
Relembrando derivada:
y '  u 'v  v 'u

Aplicando as condições de contorno iniciais em (6a) e (6b):


x(= t 0=
) x0 (m)
x (=
t 0=
) v0 (m/s)

Temos:
 wn 0
x(0)  ( D1  0 D2 ) e{
{
0 0

x(t  0)  x0  D1 (7a)

 wn 0  wn 0
x& (0)  D2 e{  ( D1  0 D2 )(wn e{ )
{
1 0 1

x& (t  0)  v0  D2  wn D1  D2  v0  wn D1  v0  wn x0 (7b)

Substituindo as equações (7a) e (7b) em (6a), temos:


x(t )  [ x0  t (v0  wn x0 )]e wnt

Esta equação é apresentada no gráfico da Figura 4, em que é possível perceber que a resposta tende
ao equilíbrio sem oscilação.

90
UNIDADE 4

Figura 4 - Gráfico deslocamento versus tempo de um sistema criticamente amortecido / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o gráfico de deslocamento versus tempo da função do movimento criticamente amortecido,
que é representada por uma curva que decresce, rapidamente, no decorrer do tempo.

Caso 2
Sistema subamortecido ( z < 1)

2
 c  k
   0
 2m  m

Vamos encontrar a relação com o amortecimento crítico e o fator de amortecimento:

91
UNICESUMAR

2
 c  k
   0
 2m  m
2
 c  k
  
 2m  m
c k

2m m
c  2mωn  cc
c
ζ 1
cc

Neste caso ( D < 0 ), teremos duas raízes complexas e diferentes, e elas serão iguais a:
2
c  c  k
s1,2     
2m  2m  m
c k
Do caso anterior, temos que = ζωn , e, sabendo que wn2 = , substituindo na equação:
2m m

s1,2  ζωn  ζωn 2  ωn2


s1,2  ζωn  ωn ζ 2  1

s1,2  ζωn  iωn 1  ζ 2

Portanto, a solução proposta para este caso é:


x(t )  D1eρt cos(ωt )  D2 eρt sen(ωt )

Sendo que:
b c
ρ   ζωn
2a 2m
D   c 2 k 
ω        ζωn 2  ωn2  ωn2 (ζ 2  1)  ωn 1  ζ 2
2a  2m  m 

A partir desta equação, podemos definir mais um parâmetro importante, a frequência amortecida (
wd ), representada em rad/s. E, relacionando com outras equações de frequência, temos que:

ω d  ω n 1  ζ 2  2π f d  (8)
τd

Sendo que f d é a frequência amortecida, em Hz, e t d é o período amortecido, em s. Portanto, os


autovalores são:

92
UNIDADE 4

s1,2  ζωn  iωn 1  ζ 2  ζωn  iωd

Substituindo r e wd na solução proposta, temos:


x(t )  D1eζωnt cos(ωd t )  D2 eζωnt sen(ωd t ) (9a)
x (t )  ζωn eζωnt [ D1 cos(ωd t )  D2 sen(ωd t )]  e ζωnt [ωd D1 sen(ωd t )  ωd D2 cos(ωd t )] (9b)
A equação (9a) pode ser representada pela Figura 5.

Figura 5 - Gráfico deslocamento versus tempo de um sistema subamortecido / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o gráfico de deslocamento versus tempo da função do movimento subamortecido, que é
representada por uma curva harmônica em que a amplitude decresce, gradativamente, no decorrer do tempo.

Aplicando as condições de contorno iniciais em (9a) e (9b):


x(= t 0=
) x0 (m)
x (=
t 0=
) v0 (m/s)

93
UNICESUMAR

temos:
x(0)  e ζωn 0 [ D1 cos(ωd 0)  D2 sen(ωd 0)]
x(t  0)  x0  D1 (10a)

x (0)  ζωn eζωn 0 [ D1 cos(ωd 0)  D2 sen(ωd 0)]  eζωn 0 [ωd D1 sen(ωd 0)  ωd D2cos(ωd 0)]
x (t  0)  v0  ζωn D1  ωd D2
v0  ζωn D1 v0  ζωn x0
D2   (10b)
ωd ωd

Podemos propor, ainda, outra solução:


x(t )  eζωnt X cos(ωd t  φ) (11a)
x (t )  ζωn eζωnt X cos(ωd t  φ)  eζωnt X sen(ωd t  φ) (11b)
Sendo que X e f são constantes, representadas em m e rad, respectivamente.
Aplicando as condições de contorno iniciais em (11a) e (11b):
x(= t 0= ) x0 (m)
x (=
t 0= ) v0 (m/s)

temos:
x(t )  eζωn 0 X cos(ωd 0  φ)
x(t  0)  x0  X cos( φ ) (12a)

x (t )  ζωn eζωn 0 X cos(ωd 0  φ)  eζωn 0 X ωd sen(ωd 0  φ)


x (t  0)  ζωn X cos( φ )  X ωd sen(φ)
x (t  0)  v0  ζωn x0  X ωd sen(φ)
v0  ζωn x0
  X sen(φ) (12b)
ωd

Elevando as equações (12a) e (12b) ao quadrado e somando os resultados:


2
 v  ζωn x0  2 2
   X cos( φ)    X sen(φ) 
2
x0    0
 ωd 
2
2 v  ζωn x0  2 2 2
x0   0   X cos (φ)  sen (φ) 
 ω d 
2
 v  ζωn x0 
2 2 2
X  x0   0   D1  D2
 ωd 

94
UNIDADE 4

E dividindo a equação (12b) pela (12a):


v  ζωn x0 X sen(φ)
 0   tg(φ)
ωd x0 X cos( φ)
 v  ζωn x0  1  D2 
φ  tg 1  0   tg  
 ωd x0   D1 

Caso 3
Sistema superamortecido ( z >1)

2
 c  k
   0
 2m  m

Vamos encontrar a relação com o amortecimento crítico e o fator de amortecimento:


2
 c  k
   0
 2m  m
2
 c  k
  
 2m  m
c k

2m m
c  2mωn  cc
c
ζ 1
cc

Neste caso ( D > 0 ), teremos duas raízes reais e diferentes, e elas serão iguais a:
2
c  c  k
s1,2     
2m  2m  m
c k
Dos casos anteriores, temos que = ζωn , e sabendo que wn2 = , substituindo na equação:
2m m

s1,2  ζωn  ζωn 2  ωn2


s1,2  ζωn  ωn ζ 2  1

Portanto, a solução proposta para este caso é:

95
UNICESUMAR

x(t )  D1e s1t  D2 e s2t


ζ 2 1 )t ζ 2 1 )t
x(t )  D1e( ζωn ωn  D2 e( ζωn ωn
 ζ 2 1t ζ 2 1t 
x(t )  eζωnt  D1eωn  D2 eωn  (13a)
 
 ζ 2 1t ζ 2 1t  ζωnt  ζ 2 1t ζ 2 1t 
x (t )  ζωn eζωnt  D1eωn  D2 eωn e
2
 ωn ζ  1D1e
ωn
 ωn ζ 2  1D2 e ωn  (13b)
   

Aplicando as condições de contorno iniciais em (13a) e (13b):


x(= t 0=
) x0 (m)
x (=
t 0=
) v0 (m/s)

temos:
 ζ 2 10 ζ 2 10 
x(0)  e ζωn 0  D1eωn  D2eωn 
 
x(t  0)  x0  D1  D2 (14aa)
 ζ 2 10 ζ 2 10  ζωn 0  ζ 2 10 ζ 2 10 
x (0)  ζωn e ζωn 0  D1eωn  D2e ωn e
2
 ωn ζ  1D1e
ωn
 ωn ζ 2  1D2 eωn 
   
x(t  0)  v0  ζωn ( D1  D2 )  ωn ζ 2  1D1  ωn ζ 2  1D2

v0  ζωn x0  ωn ζ 2  1( D1  D2 ) (14b)

Vamos, agora, isolar D1 na equação (14a) e substituir na equação (14b):


D1  x0  D2

v0  ζωn x0  ωn ζ 2  1( x0  D2  D2 )

v0  ζωn x0  ωn ζ 2  1( x0  2 D2 )

v0  ζωn x0  ωn ζ 2  1x0  2ωn ζ 2  1D2

v0  ζωn x0  ωn ζ 2  1x0
D2  
2ω n ζ 2  1

e isolar D2 na equação (14a) e substituir na equação (14b).

96
UNIDADE 4

D2  x0  D1

v0  ζωn x0  ωn ζ 2  1( D1  ( x0  D1 ))

v0  ζωn x0  ωn ζ 2  1( x0  2 D1 )

v0  ζωn x0  ωn ζ 2  1x0  2ωn ζ 2  1D1

v0  ζωn x0  ωn ζ 2  1x0
D1 
2ω n ζ 2  1

O gráfico do amortecimento do sistema superamortecido é representado na Figura 6.

Figura 6 - Gráfico deslocamento versus tempo de um sistema superamortecido / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra o gráfico de deslocamento versus tempo da função do movimento superamortecido, repre-
sentada por uma curva que decresce, rapidamente, no decorrer do tempo.

Sistemas superamotecidos são encontrados em robôs industriais, já que o equipamento precisa realizar
movimentos rápidos e com precisão, sem que haja oscilações, como mostra a Figura 7.

97
UNICESUMAR

Figura 7- Braço de robô mecânico / Fonte: Os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um braço mecâ-


nico de um robô industrial.

A Figura 8 faz uma comparação da resposta para


os três casos, que representam os três sistemas
apresentados anteriormente:

Figura 8 - Gráfico comparativo de deslocamento versus tempo dos três sistemas vibratórios / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra o gráfico de deslocamento versus tempo comparando as curvas formadas pelos três casos
estudados anteriormente (sistema criticamente amortecido, subamortecido e superamortecido), com a curva formada pelo movimento
de um sistema sem amortecimento, em um mesmo período.

98
UNIDADE 4

Observando o gráfico da Figura 8 é possível concluir que:


• A amplitude máxima é inversamente proporcional à quantidade de amortecimento, isto é, quanto
maior a amplitude, menor o amortecimento.
• Quanto maior o amortecimento, maior será o tempo para o sistema atingir a posição de equilíbrio.

REALIDADE
AUMENTADA
Utilize o seu leitor de QR Code para acessar a realidade aumentada
e veja um sistema massa-mola sendo introduzido em diferentes flui-
dos, caracterizando diferentes amortecimentos. Observe, também, as
curvas formadas em cada situação, por meio de um gráfico de deslo-
camento versus tempo, assim como o gráfico apresentado na Figura 8.

As diferentes formas de amortecimento

Decremento logarítmico

O decremento logarítmico ( d ) representa a taxa de redução da amplitude de uma vibração livremente


amortecida. É definido como o logaritmo natural da razão entre duas amplitudes (deslocamentos)
sucessivas e, portanto, é adimensional.
x 
d  ln  1 
 x2 

Sendo que x1 e x2 representam as amplitudes nos tempos t1 e t2 , respectivamente, e assim sucessi-


vamente, conforme apresentado na Figura 9.

99
UNICESUMAR

Figura 9 - Decremento logarítmico / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem mostra o decremento logarítmico de um sistema subamortecido, em que as amplitudes decaem ao
longo do tempo, mas com período constante.

Utilizando a segunda proposta de solução (equação 11a) para o sistema subamortecido ( z < 1 ), temos:
x(t )  eζωnt X cos(ωd t  φ) (11a)
x1 (t )  x(t  t1 )  e ζωnt1 X cos(ωd t1  φ) (15a)
x2 (t )  x(t  t2 )  e ζωnt2 X cos(ωd t2  φ) (15b)

Sabendo que t2  t1  t d , substituiremos na função trigonométrica de (15b):


cos(ωd t2  φ)  cos(ωd (t1  τ d )  φ )  cos(ωd t1  ωd τ d  φ )

Sabendo que, pela equação 8, temos: ωd τ d = 2π , então:


cos(ωd t2  φ)  cos(ωd t1  2π  φ )  cos(ωd t1  φ )

Fazendo uma relação entre as amplitudes x1 e x2 , temos:

100
UNIDADE 4

x1 eζωnt1 X cos(ωd t1  φ) eζωnt1 eζωnt1 1


 ζω t  ζω (t τ )  ζω t ζω τ  ζω τ
x2 e n 2 X cos(ωd t1  φ) e n 1 d e n1 n d e n d
x1
 eζωnτ d
x2

Com isso, o decremento logarítmico é:


x 
δ  ln  1   ζωn τ d (16)
 x2 
2π ζωn 2π
δ  ζωn τ d  ζωn 
ωd ω 1  ζ 2
n
ζ 2π
δ
1ζ2
Elevando os dois lados da equação ao quadrado e isolando z , temos:
δ
ζ (17)
δ 2  (2π )2

Agora, generalizaremos estas equações para quaisquer amplitudes, sendo sucessivas, ou não, portanto,
consideraremos:
x1  x(t  t1 )  e ζωnt1 X cos(ωd t1  φ)
x1 n  x(t  t1 n )  eζωnt1 n X cos(ωd t1 n  φ)
Sendo n o número de períodos entre t1 e t1+ n , e sabendo t1 n  t1  nt d , substituiremos na função
trigonométrica:
cos(ωd t1 n  φ)  cos(ωd (t1  nτ d )  φ)  cos(ωd t1  nωd τ d  φ)  cos(ωd t1  n2π  φ)

Considerando que n é um valor inteiro, podemos fazer:


cos(ωd t1 n  φ)  cos(ωd t1  φ )

Portanto:
x1 e ζωnt1 X cos(ωd t1  φ) eζωnt1 e ζωnt1 1
 ζω t  ζω (t  nτ )  ζω t nζω τ   nζω τ
x1 n e n 1 n X cos(ωd t1  φ) e n 1 d e n1 n d e n d

x1
 enζωnτ d
x1 n

101
UNICESUMAR

Com isso, o decremento logarítmico é:


1  x1 
δ ln    ζωn τ d (18)
n  x1 n 

Logo:
δ
ζ (19)
2 2
δ  (2π )

Sendo assim, é possível fazer algumas observações quanto às equações para dois picos em sequência e
a generalização para quaisquer picos. As equações 16 e 18, que representam o decremento logarítmico,
são semelhantes, e, na generalização, é necessário dividir o logaritmo natural pelo número de períodos.
Já as equações 17 e 19, que representam o fator de amortecimento, é igual para os dois casos.

01. EXEMPLO Considere o sistema representado na Figura 10, sabendo que o corpo suspenso tem
massa igual a 8 kg, a constante de rigidez da mola é 200 N/m e a constante de amor-
tecimento de ambos os amortecedores é igual a 1,8 Ns/m.

Figura 10 - Exemplo de translação vertical / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma massa suspensa por meio de uma mola em seu centro e dois amortecedores, um
em cada extremidade.

Encontre:
a) Frequência natural em rad/s.
b) Fator de amortecimento.
c) Frequência amortecida em rad/s.
d) Período amortecido em s.
e) Decremento logarítmico.

102
UNIDADE 4

Antes de iniciar qualquer atividade, é preciso organizar todas as informações que possuímos para,
então, encontrar as que faltam, portanto:
m = 8 kg
k = 200 N/m
c=
1 c=2 1, 8 Ns/m

Em seguida, precisamos fazer o diagrama de corpo livre (DCL) e, com isso, o somatório de forças
atuando no sistema:

  SF  ma
 Famort1  Fmola  Famort2  ma
c1 x  kx  c2 x  mx
mx   c1  c2  x  kx  0
Figura 11- Diagrama de corpo livre do exemplo de translação vertical / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o diagrama de corpo livre do exemplo de translação vertical, indicando a força da mola e
dos amortecedores vertical para cima e o deslocamento e velocidade com sentido positivo para baixo.

Portanto: c  c1  c2  1, 8  1, 8  3, 6 Ns/m .
a)
k 200
=
wn = = 5 rad/s
m 8
b) ζ  c  c  c  3, 6  0, 045
cc 2 mk 2mωn 2  8  5

2 2
c) ωd  ωn 1  ζ  5 1  0, 045  5 rad/s

2π 2π
d) τ d    1, 26 s
ωd 5
e) δ  ζωn τ d  0, 045  5  1, 26  0, 2835

103
UNICESUMAR

Se você ainda ficou com alguma dúvida sobre os três casos de sis-
temas amortecidos, confira o Podcast, em que faremos uma aná-
lise sobre cada caso, explicando o comportamento de cada curva.
Também falaremos sobre os parâmetros de amortecimento, como a
constante de amortecimento e o fator de amortecimento, bem como
as frequências e períodos amortecidos.

Movimento de Rotação

O movimento de rotação também pode ser horizontal ou vertical, como visto na unidade anterior.
Podemos generalizar a equação para este movimento, alterando apenas a componente de amorteci-
mento. Agora, analisaremos como se comporta o amortecimento para estes movimentos. Para isso,
primeiramente, analisaremos o movimento horizontal descrito na Figura 12:

Figura 12 - Movimento de rotação horizontal / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa um sistema livre amortecido em uma barra horizontal e seu diagrama do corpo livre (DCL).

Considerando o que já sabemos sobre as funções trigonométricas seno e cosseno para pequenos
deslocamentos, temos que:
L L
= xa = sen q q
2 2
= xm L= sen q Lq

Podemos definir as forças do amortecedor e da mola como:

104
UNIDADE 4

L
Famort
= cxa c
= q
2
Fmola
= kxm kLq
=

Fazendo o somatório de momento, temos:


  SM 0  I 0q
L
 Famort  Fmola L  I 0q
2
L L
c q  kLq L  I 0q
2 2
L2 
I 0q  c q  kL2q  0
4

E, agora, analisaremos o movimento vertical descrito na Figura 13:

Figura 13 - Movimento de rotação vertical / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa um sistema livre amortecido em uma barra vertical engastada na sua extremidade su-
perior, com uma mola presa na sua outra extremidade, e um amortecedor no meio dela; e, também, o diagrama de corpo livre (DLC)
deste sistema, em que são apresentadas as forças que atuam bem como a decomposição da força peso.

Comparando as imagens dos dois movimentos, é possível perceber que elas são similares, portanto,
já definimos as distâncias e as forças do amortecedor e da mola. Porém há uma informação a mais,
a força peso:
= Fx F= peso sen q Fpeso q = mg q

105
UNICESUMAR

Fazendo o somatório de momento, temos:


  SM 0  I 0q
L L
 Fx  Famort  Fmola L  I 0q
2 2
L L L
mg q  c q  kLq L  I 0q
2 2 2
L2   2 L
I 0q  c q   kL  mg  q  0
4  2

Generalizando, temos:
I 0q  cR q  k R q  0 (20)

cL2
cR =
Para os dois movimentos, 4 , e o que difere, como já vimos na unidade anterior, é o k R , sendo
que para o movimento horizontal é k R = kL2 e para o movimento vertical L.
k R  kL2  mg
2

A solução proposta para a equação 17 é a mesma proposta para o movimento de translação, portanto:
q(t ) = De st (21a)

Em que D e s representam constantes, e s representa os autovalores da equação. Fazendo a primeira e


a segunda derivada do deslocamento para encontrar a velocidade e a aceleração, respectivamente, temos:
q(t ) = sDe st (21b)
q(t ) = s2 De st (21c)
Substituindo as equações (21a), (21b) e (21c) em (20), temos:
I 0 s 2 De st  cR sDe st  k R De st  0
De st  0
( I 0 s 2  cR s  k R ) {
1442443
0 0

st
Sabendo que De representa o deslocamento, esta variável é diferente de zero, portanto, a única
2
maneira desta equação ser verdadeira é se I 0 s + cR s + k R for igual a zero. Sendo assim, as raízes ou
autovalores da equação são:
 cR  cR 2  4 I 0 k R
s1,2 
2 I0
2
c c  k
s1,2  R  R   R
2 I0  2 I0  I0

106
UNIDADE 4

Como já vimos no movimento de translação, existem três soluções diferentes.

Caso 1
Sistema criticamente amortecido ( z =1)

2
 cR  k R
   0
 2 I0  I0

Sabendo que o amortecimento crítico ( cc ) é o valor da constante de amortecimento ( c ) para


o qual o radical é igual a zero ( D = 0 ), podemos encontrar este parâmetro neste caso. Porém será
preciso fazer isto em duas etapas. Na primeira, encontramos uma variável auxiliar cRc , fazendo
cR = cRc , sendo assim:
2
 cRc  k R
   0
 2 I0  I0
2
 cRc  kR
  
 2 I0  I0
cRc k
 R
2 I0 I0

kR
cRc  2 I 0  2 I 0 k R  2 I 0 wn (22)
I0
cL2
Na segunda etapa, explicitaremos a constante cc usando o parâmetro cR . Sabendo que cR = ,
4
fazemos c = cc , portanto . Agora, igualando à equação anterior, temos:

cc L2
cRc = 2 I=
= 0kR 2 I 0 wn
4
2 I 0 k R 2 I 0 wn cc L2
=cc = cRc =
L2 L2 4
4 4

Calculando o fator de amortecimento ( z ), que é a razão entre a constante de amortecimento do


sistema e a constante de amortecimento crítico, temos:
c cR cR cR
=
ζ =
= = (23)
cc cRc 2 I 0 k R 2 I 0 ωn

107
UNICESUMAR

Neste caso ( D = 0 ), teremos duas raízes reais e iguais, e elas serão iguais a:
c
s1,2  R
2 I0

Fazendo um comparativo com o fator de amortecimento, temos:


c
ζωn = R (24)
2 I0
c c
z = R =1 ,
E sabendo que, para o caso criticamente amortecido, c = cc , e cR = cRc , então, =
cc cRc
sendo assim, os autovalores são:
 cR
s1,2   ζωn  ωn
2 I0

Portanto, a solução proposta para este caso é:


θ (t )  D1e s1t  tD2 e s2t
θ (t )  D1eωnt  tD2 eωnt
θ (t )  ( D1  tD2 )eωnt (25a)
θ(t )  D2 eωnt  ( D1  tD2 )(ωn e ωnt ) (25b)

Aplicando as condições de contorno iniciais em (25a) e (25b):


t 0=
θ (= ) θ0
θ(=
t 0=) ω 0

Temos:
 ωn 0
θ (0)  ( D1  0 D2 ) e{
{
0 1

θ (t  0)  θ0  D1 (26a)

 ωn 0  ωn 0
θ&(0)  D2 e{  ( D1  0 D2 )(ωn e{ )
{
1 0 1

θ&(t  0)  ω0  D2  ωn D1  D2  ω0  ωn D1 (26b)

Substituindo estes valores da função resposta, temos:


θ (t )  [θ0  t (ω0  ωnθ0 )]e ωnt

108
UNIDADE 4

Esta equação é a mesma apresentada no gráfico da Figura 4, porém, neste caso, estamos mudando as
unidades de deslocamento e velocidade, de m para rad e m/s para rad/s, respectivamente.
Comparando a resolução do Caso 1 para o movimento de rotação com o Caso 1 para o movimento
de translação, é possível perceber que as fórmulas e as equações são muito similares, mudando apenas
algumas variáveis. Sendo assim, é possível prever os resultados para os próximos dois casos bem como
o decremento logarítmico para o movimento de rotação.
Portanto, não serão desenvolvidos os cálculos para estas situações. Caso você, estudante, tenha
curiosidade, fique à vontade para desenvolver os cálculos.
Nesta unidade, estudamos um sistema que se aproxima mais da realidade, diferente do sistema da
unidade anterior. Agora, você já é capaz de fazer a análise de um sistema massa-mola-amortecedor e
encontrar as características mais importantes e, com isso, prever o seu comportamento. Saber como
um sistema se comporta diante de algum esforço, como a bicicleta utilizada no exemplo no início da
unidade, é importante para definirmos se o sistema suportará toda a carga e o esforço que será aplicado.
Por meio da análise de vibração, é possível identificar os parâmetros como frequência natural e fator
de amortecimento, que auxiliarão o engenheiro a definir o comportamento do sistema com base nos
esforços definidos no projeto.
Assim, finalizamos o estudo de sistemas vibrató-
rios com vibração livre. Nas próximas unidades,
veremos sistemas com vibração forçada e, nesses
sistemas, abordaremos o fenômeno de resso-
nância. Esperamos você lá!

109
Para ajudar você a organizar bem este assunto, foi preparada uma tabela com todas as equações
vistas nesta unidade, porém ainda faltam algumas. Finalize o preenchimento da tabela a seguir
com as equações que faltam e, sempre que você precisar, poderá voltar a estas páginas para
relembrar alguma equação importante.

Vibração Livre
Translação Rotação
Equação do movimento

  SF  ma  mx   SM 0  I 0q
mx  cx  kx  0 I q  c q  k q  0
0 R R

Frequência Natural

k Preencha aqui
wn = (rad/s)
m
Condições iniciais
t 0=
θ (= ) θ0 (rad)
Preencha aqui
θ(=
t 0=
) ω0 (rad/s)
Autovalores

c  c2  4 mk  cR  cR 2  4 I 0 k R
s1,2  s1,2 
2m 2 I0
Fator de amortecimento
c cR cR cR
Preencha aqui =
ζ == =
cc cRc 2 I 0 ωn 2 I 0 k R

Caso 1 – Sistema Criticamente Amortecido ( z =1 )


x(t )  ( D1  tD2 )e wnt
D1  x0 Preencha aqui
D2  v0  wn x0

Para encontrar cc

1º encontra-se cRc

cRc 2=
= I 0 wn 2 I 0 k R
c = cc
2º encontra-se cc
Preencha aqui
2 I 0 wn 2 I 0 k R
=cc =
L2 L2
4 4

110
Caso 2 – Sistema subamortecido ( z < 1)
Frequência amortecida
2
2 k c 
Preencha aqui ωd  ωn 1  ζ  R   R  rad(s)
I0  2 I0 
1ª solução

θ (t )  eζωnt [ A cos(ωd t )  B sen(ωd t )]


A  θ0
Preencha aqui
ω0  ζωnθ0
B
ωd
2ª solução

θ (t )  eζωnt F cos(ωd t  φ)

Preencha aqui F  A2  B2
B
φ  tg 1  
 A
Decremento Logarítmico
θ1
 e nζωnτ d
θ1 n
1 θ
Preencha aqui δ ln 1  ζωn τ d
n θ1 n
δ
ζ
δ 2  (2π )2

Caso 3 – Sistema Superamortecido ( z >1 )


ζ 2 1t ζ 2 1t
θ (t )  eζωnt ( D1eωn  D2 eωn )

ω0  ζωnθ0  ωn ζ 2  1θ0
D1 
Preencha aqui 2ω n ζ 2  1

ω0  ζωnθ0  ωn ζ 2  1θ0
D2  
2ω n ζ 2  1

111
1. Uma suspensão traseira está sendo desenvolvida para
uma motocicleta. Você, futuro(a) engenheiro(a), foi
escolhido(a) para calcular os parâmetros deste com-
ponente. A moto em teste, tem massa de 200 kg. O
teste realizado para verificar o comportamento desta
suspensão foi analisado após a passagem da suspen-
são traseira por uma lombada. Nesta análise, notou-se
que a mola teve um deslocamento máximo de 200
mm, a frequência natural é de 2,5 Hz e o amortecedor
possui um coeficiente de amortecimento de 0,4. A
partir destes dados, determine:
a) A frequência natural do sistema em rad/s.
b) A constante de rigidez das molas em N/m.
c) A frequência e o período amortecidos, em rad/s e
segundos, respectivamente.
d) A constante de amortecimento do amortecedor em Ns/m.

2. Com base no que você sabe so-


bre o movimento de rotação,
analise o sistema representado
a seguir, sabendo que as mas-
sas das barras vertical e hori-
zontal são, respectivamente,
4,0 e 2,7 kg, e os comprimen-
tos 1,2 e 0,8 m. A constante de
rigidez da mola é 400 N/m, e a
constante de amortecimento
do amortecedor é 40 Ns/m.

Encontre:

a) Frequência natural em ra-


d/s.
b) Fator de amortecimento.
c) Frequência amortecida em rad/s.
d) Período amortecido em s.
e) Decremento logarítmico.

112
3. Encontre a função deslocamento para os dois sistemas apresentados nas questões
1 e 2, sabendo que ambos os sistemas são subamortecidos. Dada as condições de
contorno iniciais:
x0 = 0, 001 m
v0 = 0, 05 m/s
θ0 = 0, 25 rad
ω0 = 0, 75 rad/s

113
114
5
Vibração Forçada Não
Amortecida
Me. Jacqueline Terre de Souza

Nesta unidade, você fará a análise de um sistema semelhante ao


visto na Unidade 3, porém com uma propriedade a mais, uma força
de excitação externa. Caracterizando, assim, um sistema com vibra-
ção forçada e não amortecida. Neste caso, o sistema sofre influência
do meio externo, o que pode se tornar um grande problema, caso
esta nova excitação coincida com a frequência natural do sistema,
podendo levar o sistema ao colapso por conta do efeito chamado
de ressonância.
UNICESUMAR

Aposto que você já viu vários acidentes com prédios, pontes ou passarelas que, de um momento para o
outro, simplesmente caem. Você já se perguntou o que acontece com esta estrutura a ponto de chegar
ao colapso? Será que ela dá algum sinal de que algo não está certo? Quais sinais são estes? E como
podemos identificá-los?
Vamos pensar em outras situações, como a famosa cena da cantora de ópera quebrando uma taça de
vidro, ou quando ligamos o som do carro e, conforme aumentamos o volume, sentimos que as janelas
começam a tremer. Você consegue imaginar o que todas estas situações têm em comum?
Todos estes exemplos têm algo em comum, a vibração, é claro. Mas, além disso, em todas as situa-
ções, há uma força de excitação externa. Os vidros vibram devido à força exercida pelas ondas sono-
ras emitidas pelos alto-falantes. O mesmo acontece com a taça, que vibra devido às ondas sonoras
emitidas pela cantora. E, no caso de estruturas, temos como fonte excitadora o vento e os terremotos,
por exemplo. O que leva as estruturas ao colapso ou à quebra, como no caso da taça, é que essa força
de excitação tem a mesma frequência que a frequência natural do sistema, isso faz com que o sistema
vibre em amplitudes cada vez maiores, levando a estrutura ao colapso.
Estas são apenas algumas situações em que a análise de vibração se faz tão importante. Assim como
uma pessoa que vai ao médico fazer exames porque não se sente muito bem, na engenharia, também
é importante fazer um diagnóstico da saúde estrutural destes componentes, porque eles dão sinais de
que não estão funcionando como deveria. A diferença é que as estruturas não “reclamam de dor” nem
decidem quando é a hora de “procurar um médico”, por isso, é importante que essa análise seja feita
em intervalos curtos de tempo, para que seja possível determinar se há algum dano.
Para entender melhor o conceito de uma vibração forçada não amor-
tecida, utilizaremos o seguinte simulador, disponível no QrCode em que
existem três molas com coeficientes de rigidez diferentes, 50, 100 e 200 N/m,
respectivamente, e com mesma massa de 2 kg. Estes três componentes estão
conectados, simultaneamente, em um motor rotativo, que vibra em determi-
nada frequência em Hertz. Desta forma, determine as frequências naturais
dos três sistemas e, após isto, estabeleça a frequência de oscilação do motor
por meio da barra que indica low e high, sendo 0,63662 Hz a menor frequência do motor, e 1,7507 Hz
a maior. Selecione a frequência desejada para o motor com base nos cálculos e clique na opção RUN.
Com isso, podemos ver a importância do estudo teórico da Unidade 3, pois, por meio do conteúdo
visto, podemos calcular as frequências naturais de cada um destes três sistemas. A importância do
engenheiro mecânico em determinar estas frequências é, justamente, evitar que uma força externa,
neste caso o motor, vibre, exatamente, na mesma frequência natural, como dito antes, para evitar o
fenômeno da ressonância. Quais outras conclusões podem ser extraídas por meio deste experimento?
Utilize o seu Diário de Bordo para anotar as suas conclusões.

116
UNIDADE 5

DIÁRIO DE BORDO

Nas unidades passadas, vimos sistemas com vibração livre sem e com amortecimento. A partir desta
unidade, estudaremos os sistemas com vibração forçada, isto significa que há uma força de excitação
externa atuando sobre este sistema, e que, também, será dividida em sistemas amortecidos e não amor-
tecidos. Nesta unidade, analisaremos o sistema com vibração forçada não amortecida.

Translação

Como de costume, estudaremos dois tipos de movimento, começando pelo movimento de translação.
Já sabemos que o somatório de forças é igual tanto para o movimento vertical quanto para o horizontal.
Neste sentido, analisaremos o sistema apresentado na Figura 1.

117
UNICESUMAR

Figura 1- Movimento de translação / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma massa sustentada por uma mola fixa ao chão e uma força externa atuando sobre a
massa, bem como o diagrama de corpo livre deste sistema, que indica o sentido do movimento vertical para baixo, já que a força de
excitação possui este sentido e, como consequência, a mola exerce uma forma de mesma direção, porém sentido contrário.

Fazendo um comparativo com os sistemas abordados anteriormente, é possível perceber que, neste
caso, temos uma força externa atuando no sistema, representada por f (t ) . Assim como nos casos
anteriores, é preciso iniciar fazendo o somatório de forças, portanto:
  SF  ma
f (t )  Fmola  ma
f (t )  kx  mx
mx  kx  f (t ) (1)

A natureza da força aplicada ou da excitação de deslocamento pode ser de natureza harmô-


nica, não-harmônica, mas periódica, não-periódica ou aleatória. A resposta de um sistema à
excitação harmônica é denominada resposta harmônica, enquanto a resposta de um sistema
à excitação não-periódica aplicada, repentinamente, é denominada resposta transitória.
Fonte: adaptado de Rao (2008).

118
UNIDADE 5

Para os nossos estudos, será considerada apenas força de excitação harmônica. Portanto, considerando
que f (t ) = F0 cos(wt ) , em que F0 é a amplitude, em N, e w é a frequência de excitação, em rad/s, temos:
mx  kx  F0 cos(wt ) (2)

Caracterizando um sistema não homogêneo


Como já visto na disciplina de Cálculo, a solução geral do sistema não homogêneo é dada pela soma
da solução homogênea com a solução particular, e possui a seguinte forma:
x(t )  xh (t )  x p (t )

Sendo que xh (t ) representa a solução homogênea da equação, em que temos f (t ) = 0 e x p (t ) re-


presenta a solução particular, em que f (t ) ≠ 0 .
A solução homogênea representa a vibração livre, que já foi estudada nos capítulos anteriores,
portanto, como já sabemos, a solução homogênea de (2) pode escrita como:
xh (t )  A cos(wnt )  B sen(wnt )

Agora, analisaremos a solução particular. Como a força de excitação é harmônica, a solução parti-
cular também é harmônica e tem a mesma frequência. Como exemplo temos:

f (t )  F0 cos(wt ) x p (t )  X cos(wt )
f (t )  F0 sen(wt ) x p (t )  X sen(wt )
f (t )  F1 cos(w1t )  F2 sen(w2t ) x p (t )  X 1 cos(w1t )  X 2 sen(w2t )

Portanto, a solução particular de (2) pode ser escrita como:


x p (t ) = X cos(wt ) (3a)

Em que X representa a amplitude, em m, e w representa a frequência de excitação, em rad/s.


Fazendo as derivadas primeira e segunda com relação ao tempo, obtemos a velocidade e a acele-
ração, respectivamente.
x p (t )  w X sen(wt ) (3b)
x p (t )  w 2 X cos(wt ) (3c)


Substituindo (3a) e (3c) em (2), temos:

119
UNICESUMAR

mw 2 X cos(wt )  kX cos(wt )  F0 cos(wt )


mw 2 X  kX  F0


X k  mw 2  F0 
F0
X (4a)
k  mw 2

Dividindo (4a) pela constante de rigidez, temos:


F0 F0
X k  k 2 (4b)
2
k  mw w
1 2
k wn
X 1
 (4c)
F0 w2
1 2
k wn
De acordo com Rao (2008), F0 k denota a deflexão da massa sob uma força F0 e, às vezes, é deno-
minada deflexão estática (dst ) . Sendo assim, X dst representa a razão entre a amplitude dinâmica e
a amplitude estática do movimento e é denominada fator de ampliação, fator de amplificação ou
coeficiente de amplitude.
Analisando a equação (4c), podemos observar que há três tipos de resposta do sistema:

Caso 1
Quando 0 < w 2 wn2 < 1 , diz-se que a resposta harmônica do sistema está em fase
com a força externa, conforme mostra a Figura 2.

Figura 2 - Gráfico f (t ) versus tempo / Fonte: Rao (2008).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta, em (a), o gráfico da força de excitação versus tempo, e, em (b), a solução particular versus
tempo. Os dois gráficos apresentam uma curva que descreve uma função cosseno.

120
UNIDADE 5

Caso 2
Quando w 2 wn2 > 1 , diz-se que a resposta harmônica do sistema está defasada em
180° em relação à força externa, conforme mostra a Figura 3.

Figura 3 - Gráfico x p (t ) versus tempo / Fonte: Rao (2008).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta, em (a), o gráfico da força de excitação versus tempo, em que a curva descreve uma função
cosseno, e, em (b), a solução particular versus tempo, em que a curva representa uma função cosseno iniciando o movimento em
−X

Caso 3
Quando w 2 wn2 = 1 , a amplitude X torna-se infinita. Esta condição é denominada
ressonância, conforme mostra a Figura 4.

Figura 4 - Gráfico x p (t ) versus tempo

Fonte: Rao (2008).

Descrição da Imagem: a imagem


apresenta o gráfico da solução par-
ticular versus tempo, descrevendo
uma curva para a situação em que
ocorre a ressonância, e a amplitude
aumenta com o passar do tempo.

121
UNICESUMAR

O gráfico da Figura 5 representa estas condições para o fator de amplificação, sendo que, quando
w ≈ wn , ocorre o efeito da ressonância e, neste caso, o denominador tende a 0, portanto, X .

F0 k

Figura 5 - Gráfico fator de amplificação versus frequência angular / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa o gráfico da relação de amplificação versus frequência de excitação, em que há duas
curvas, e ambas tendem ao infinito quando a frequência de excitação se aproxima da frequência natural do sistema, passado deste
ponto, a curva diminui até se aproximar do eixo x, em que a amplificação é igual a um.

REALIDADE
AUMENTADA
Utilize o seu leitor de QR Code para acessar a realidade aumentada
e observe os efeitos da ressonância em uma estrutura e como é o
comportamento do gráfico da amplitude versus tempo. Também ob-
serve como é o deslocamento do corpo à medida que sua frequência
de excitação chega próximo da frequência natural do sistema.

Efeitos da Ressonância

122
UNIDADE 5

No Podcast desta unidade, falaremos um pouquinho mais sobre o


assunto ressonância. Abordaremos sobre seu conceito e como fazer
para evitá-la. Se você ainda ficou com alguma dúvida sobre este as-
sunto, ou gostaria de saber mais, confere aqui!

Portanto, a solução geral pode ser escrita como:


x(t )  xh (t )  x p (t )
x(t )  A cos(wnt )  B sen(wnt )  X cos(wt ) (5a)

Em que A e B são constantes e dependem da solução completa. Fazendo a derivada primeira para
encontrar a velocidade, temos:
x (t )  wn A sen(wnt )  wn B cos(wnt )  w X sen(wt ) (5b)

Aplicando as condições de contorno iniciais em (5a) e (5b):


x(t  0)  x0  A  X  A  x0  X
v0
x (t  0)  v0  wn B  B 
wn

Como a força externa é uma excitação harmônica, esta pode ser escrita tanto como uma função cosseno,
como já foi visto, quanto como uma função seno, pois ambas descrevem o movimento harmônico. E, sa-
bendo que a solução particular tem a mesma forma da força externa, também podemos descrevê-la como:
x(t )  A cos(wnt )  B sen(wnt )  X sen(wt ) (6a)
x (t )  wn A sen(wnt )  wn B cos(wnt )  w X cos(wt ) (6b)

Aplicando as condições de contorno iniciais em (6a) e (6b):


x(t  0)  x0  A
v0  w X
x (t  0)  v0  wn B  w X  B 
wn

123
UNICESUMAR

Ressonância

O efeito da ressonância é uma exceção ao caso e, como já foi visto, acontece quando w ≈ wn . Portanto,
podemos reescrever a equação (2) para a ressonância:
mx  kx  F0 cos(wnt ) (7)

Diferente do que vimos no exemplo anterior, quando ocorre a ressonância, há uma inversão de fases,
portanto, a solução particular é inversa à força de excitação, como apresentado a seguir:

f (t ) = F0 cos(wnt ) x p (t ) = tX sen(wnt )
f (t ) = F0 sen(wnt ) x p (t ) = tX cos(wnt )

A solução particular para a equação (7), fica:


x p (t )  tX sen(wnt ) (8a)
x p (t )  X sen(wnt )  t wn X cos(wnt ) (8b)
x p (t )  wn X cos(wnt )  wn X cos(wnt )  tX wn2 sen(wnt ) (8c)


Substituindo (8a) e (8c) em (7), temos:


m 2wn X cos(wnt )  tX wn2 sen(wnt )   ktX sen(wnt )  F0 cos(wnt )
 

Dividindo pela massa:


k F
2wn X cos(wnt )  tX wn2 sen(wnt )  tX sen(wnt )  0 cos(wnt )
m m
F
2wn X cos(wnt )  tX wn2 sen(wnt )  wn2tX sen(wnt )  0 cos(wnt )
m
F
2wn X cos(wnt )  0 cos(wnt )
m
F
2wn X cos(wnt )  0 cos(wnt )
m
F
X  0 (9)
2mwn

124
UNIDADE 5

A Figura 6 apresenta o gráfico do deslocamento, descrito pela equação (8a), em que é possível notar
que a amplitude aumenta, significativamente, ao longo do tempo.

Figura 6 - Gráfico solução particular versus tempo para a ressonância / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o gráfico do deslocamento versus tempo, representando o aumento da amplitude de um
sistema em ressonância, com o decorrer do tempo.

Com isto, a solução geral na ressonância pode ser escrita como:


x(t )  xh (t )  x p (t )
x(t )  A cos(wnt )  B sen(wnt )  tX sen(wnt ) (10a)
x (t )  wn A sen(wnt )  wn B cos(wnt )  X sen(wnt )  t wn X cos(wt ) (10b)

Aplicando as condições de contorno iniciais em (10a) e (10b):


x(t  0)  x0  A
v0
x (t  0)  v0  wn B  B 
wn

Na Figura 7, está representado o ângulo de fase versus a relação da frequência de excitação externa
pela frequência natural. Nota-se que, quando a relação é menor que a unidade, o ângulo de fase é de
0°. Já quando o sistema está em ressonância, isto é, a relação é uma unidade, ocorre a inversão de fase
em 90°. E, por fim, quando a força de excitação é maior que a unidade, o ângulo de fase é de 180°.

125
UNICESUMAR

Figura 7- Gráfico do ângulo de fase versus frequência / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o gráfico do ângulo de fase versus a relação da frequência de excitação externa pela fre-
quência natural, representando a variação do ângulo de fase com o aumento desta relação, em que o ângulo de fase é igual a zero graus
até que a relação seja igual a um, isto é, quando ocorre a ressonância, para valores da relação maiores que um, o ângulo de fase é 180°.

01. EXERCÍCIO Considere o sistema apresentado na Figura 8, em que temos um corpo de massa igual
a 2 kg sendo sustentado por uma mola de coeficiente de rigidez igual a 450 N/m e
sobre o qual é aplicada uma força externa f (t ) = 90 cos(wt ) , excitando o sistema.
Encontre a frequência natural deste sistema e monte o gráfico do fator de amplificação
versus frequência. Depois encontre a solução particular para a ressonância.

Figura 8 - Movimento de translação / Fonte: os


autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta


uma massa sustentada por uma mola fixa ao
chão e uma força externa atuando sobre a mas-
sa no sentindo de comprimir esta mola, bem
como o diagrama de corpo livre deste sistema,
que indica o sentido do movimento vertical para
baixo, já que a força de excitação possui este
sentido e, como consequência, a mola exerce
uma forma de mesma direção, porém sentido
contrário.

126
UNIDADE 5

Inicialmente, extrairemos as informações contidas no enunciado e calcularemos a frequência natural


do sistema.
m = 2 kg
k = 450 N/m
k 450
=
wn = = 15 rad/s
m 2

Sabendo que o fator de amplificação é definido pela equação (4c), montaremos uma tabela com valores
de frequência de excitação a fim de ter dados suficientes para que seja construído o gráfico. Utilizare-
mos o valor absoluto do fator de amplificação para a construção do gráfico, apresentado na Figura 9.

X 1
 (4c)
F0 w2
1 2
k wn

w (rad/s) X
F0 k

0 1
5 1,12
10 1,80
14 7,76
14,5 15,25
14,9 75,25
15 ∞
15,1 74,75
15,5 14,75
16 7,26
20 1,28
Tabela 1- Fator de amplificação em função da frequência de excitação / Fonte: os autores.

127
UNICESUMAR

Figura 9 - Gráfico fator de amplificação em valores absolutos versus frequência / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o gráfico de fator de amplificação versus frequência em valores absolutos, em que se
observa duas curvas, a primeira iniciando em um e tendendo ao infinito quando se aproxima da frequência natural, e a segunda, com
a frequência de excitação superior à frequência natural, vindo do infinito e diminuindo até se aproximar do eixo x.

Para encontrar a solução particular para a ressonância, primeiro analisaremos a força de excitação dada
por f (t ) = 90 cos(wt ) , como para a ressonância ocorre uma inversão de fases, a solução particular é
dada pela equação:
x p (t ) = tX sen(wnt ) (8a)

O valor de X é definido pela equação (9), portanto:


F 90
X 0   1, 5
2mwn 2  2  15

Substituindo os valores, temos:


x p (t ) = 1, 5t sen(15t )

A partir disso, podemos construir o gráfico da solução particular versus tempo para a ressonância,
apresentado na Figura 10.

128
UNIDADE 5

Figura 10 - Gráfico solução particular versus tempo / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o gráfico da solução particular para o caso da ressonância versus tempo, representando
o aumento da amplitude de um sistema em ressonância, com o decorrer do tempo.

Em termos de aplicação prática de um sistema como o


apresentado no Exercício 1, podemos assimilar o mesmo
modelo a uma peneira industrial, utilizada em processos
de separação de minérios, onde há uma base que realiza
a vibração para a separação dos minérios de acordo com
seu tamanho, como mostra a Figura 11.

Figura 11 - Peneira industrial de minérios

Descrição da Imagem: a imagem representa uma esteira de alimenta-


ção de amêndoas para uma peneira industrial. A placa perfurada e sua
base vibratória fazem com que as amêndoas sejam separadas de suas
cascas. Os resíduos das cascas ultrapassam os furos da peneira, restando
apenas o produto final.

129
UNICESUMAR

Excitação pela base

Agora, analisaremos o movimento de translação vertical de uma massa apoiada em uma mola, porém
em uma superfície que não é fixa. Podemos ter uma excitação pela base ou uma massa se deslocando
em uma superfície senoidal, o diagrama de corpo livre (DLC) para os dois casos é o mesmo, como
indica a Figura 12.

Figura 12 - Massa excitada pela base / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta dois sistemas: o primeiro é uma massa sustentada por uma mola fixa a uma base móvel,
excitando o sistema que descreve um movimento de translação vertical; o segundo sistema é uma massa sustentada por uma mola que
está apoiada em uma roda em movimento por uma superfície senoidal, descrevendo um movimento de translação vertical. Também
é apresentado o diagrama de corpo livre, que é o mesmo para os dois sistemas, representando sentido do movimento vertical para
cima e a mola com sentido contrário.

Analisaremos este sistema e, para isto, iniciamos fazendo o somatório de forças atuando neste sistema,
em que temos:
  SF  ma
k ( x  y )  mx
mx  kx  ky (11)

A seta indica o sentindo do movimento positivo para cima, e, sabendo que y é o deslocamento da
base e é uma informação conhecida, consideraremos:
y (t ) = y0 cos(wt )

em que y0 representa a amplitude, em m, e w é a frequência de excitação, em rad/s. Substituindo em


(11), obtemos:
mx  kx  ky0 cos(wt )  F0 cos(wt ) (12)

130
UNIDADE 5

Sendo que F0 = ky0 , em N. E a solução particular de (12) é:


x p (t )  X cos(wt ) (13a)
x p (t )  w X sen(wt ) (13b)
x p (t )  w 2 X cos(wt ) (13c)


Substituindo (13a) e (13c) em (12):


mw 2 X cos(wt )  kX cos(wt )  F0 cos(wt )
X (k  mw 2 )  F0  ky0
ky0
X (14a)
k  mw 2

Dividindo por k :
ky0
X k  y0 (14b)
k  mw 2 w2
1 2
k wn
X 1
 (14c)
y0 w2
1 2
wn

A equação (14c) é a relação de amplificação. E, portanto, quando w ≈ wn ocorre o efeito da ressonância


e, neste caso, o denominador tende a 0, portanto, X , como representado no gráfico da Figura 13.

y0
Figura 13 - Gráfico fator de ampli-
ficação versus frequência angular
para excitação pela base / Fonte: os
autores.

Descrição da Imagem: a imagem


representa o gráfico do fator de
amplificação versus frequência
de excitação, em que há duas
curvas e ambas tendem ao infi-
nito quando a frequência de ex-
citação se aproxima da frequên-
cia natural do sistema, passado
deste ponto, a curva diminui até
se aproximar do eixo x, em que a
amplificação é igual a um.

131
UNICESUMAR

Podemos simplificar os terremotos por meio de sistemas com exci-


tação pela base. Para ficar mais clara esta situação, sugiro que você
assista ao vídeo, que representa uma simulação para demonstrar o
comportamento de estruturas quando atingem a ressonância. É possí-
vel notar o deslocamento significativo das estruturas neste fenômeno.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Desbalanceamento rotativo

Antes de vermos um sistema com desbalanceamento rotativo, relembraremos alguns conceitos. Para
isso, observe o sistema circular representado na Figura 14.

Figura 14 - Sistema rotativo / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa, em (a), o movimento circular de um corpo de massa m 0 , em uma circunferência de
raioe em velocidade angular w no sentido anti-horário, e, em (b), o diagrama de corpo livre deste sistema, que mostra as direções
das acelerações tangencial e normal da massa.

132
UNIDADE 5

A Figura 14(a) representa o movimento circular de uma massa desbalanceada m0 , em kg, em uma
circunferência de raio e , em m, a uma velocidade angular w , em rad/s, no sentido anti-horário. Já a
Figura 14(b) apresenta todas as forças agindo na massa, em que podemos observar as direções normal
e tangencial, representadas por n e t , respectivamente. A partir disso, podemos calcular a:
• Aceleração normal, igual a aceleração centrípeta, que vai em direção ao centro da circunferência,
portanto, ela só não existe quando w = 0 .
w 2 ew 2
an r=
=

• Aceleração tangencial, sempre 90° com relação à direção normal, que só existe quando w é
variável.
a=
t r=
a ea

Sendo que a é a aceleração angular, em rad/s².


A partir da 2ª Lei de Newton, podemos fazer o somatório de forças das duas direções, assim, temos:
SFt = m0 at
2
SFn m=
= 0 an m0 ew

Agora, analisaremos o sistema rotativo apresentado na Figura 15(a), que pode ser simplificado pelo
sistema da Figura 15(b) e descrito pelo diagrama de corpo livre (DCL):

Figura 15 - Movimento de translação em um sistema rotativo / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa, em (a), um sistema rotativo sustentado por uma mola e apoiado, lateralmente, em uma
carcaça, permitindo apenas o movimento de translação vertical, em (b), é feita uma simplificação do sistema de modo que o movimento
de rotação da massa pode ser traduzido como uma força de excitação vertical, e, em (c), é apresentado o diagrama de corpo livre com
movimento vertical para baixo, respeitando o sentido da força e a mola em sentido oposto.

133
UNICESUMAR

Começando pelo somatório de forças deste sistema, temos:


  SF  ma
f d  kx  mx
mx  kx  f d  m0 ew 2 sen(wt )  FD sen(wt ) (15)
2
Sendo que FD = m0 ew , em N. E a solução particular de (15) é:
x p (t )  X sen(wt ) (16a)
x p (t )  w X cos(wt ) (16b)
x p (t )  w 2 X sen(wt ) (16c)


Substituindo (16a) e (16c) em (15):


mw 2 X sen(wt )  kX sen(wt )  FD sen(wt )
X (k  mw 2 )  FD
FD m0 ew 2
X  (17a)
k  mw 2 k  mw 2

Dividindo por m :
m0 ew 2 2
X m  m0e w (17b)
k  mw 2 m wn2  w 2
m
mX w2
 2 (17c)
m0 e wn  w 2

A equação (17c) representa o fator de amplificação em valores absolutos. E, portanto, quando w ≈ wn


ocorre o efeito da ressonância e, neste caso, o denominador tende a 0, portanto, mX , como re-

presentado no gráfico da Figura 16. m0 e

134
UNIDADE 5

Figura 16 - Gráfico fator de amplificação versus frequência angular / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa o gráfico do fator de amplificação versus frequência de excitação com valores absolutos,
em que há duas curvas, e ambas tendem ao infinito quando a frequência de excitação se aproxima da frequência natural do sistema,
passado deste ponto, a curva diminui até se aproximar do eixo x.

Dado o problema acima de desbalanceamento,


é importante verificar se elementos rotativos,
como motores elétricos ou rotores de bombas,
por exemplo, não estão desbalanceados. É comum
um eixo ficar desbalanceado devido a um esfor-
ço maior ser aplicado em relação à resistência
do material, podendo deformá-lo. Para isto, são
realizados testes para verificar a excentricidade
dos eixos em mancais, como mostra a Figura 17.

Figura 17 - Eixo e rotor de bomba

Descrição da Imagem: a imagem representa um rotor de


bomba acoplado a um eixo rotativo apoiado sobre rolamen-
tos para verificar desbalanceamentos e irregularidades.

135
UNICESUMAR

Rotação

Analisaremos, agora, o movimento de rotação, como mostra a Figura 18, em que temos uma barra
horizontal engastada em uma das extremidades e, na outra, está apoiada em uma mola fixa ao chão.
No meio da barra, é aplicada uma força de excitação:

Figura 18 - Movimento de rotação / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma barra horizontal engastada na sua extremidade esquerda e está apoiada na ex-
tremidade direita por uma mola, e uma força está sendo aplicada em direção descendente, no meio da barra. Também apresenta o
diagrama de corpo livre do sistema.

Como já vimos nas unidades anteriores, precisamos iniciar definindo a distância referente à posição
da mola e, com isso, definimos a força.
xm = Lq
Fm kx
= =m kLq

Fazemos, agora, o somatório de momento:


  SM 0  I 0q
L
f (t )  Fm L  I 0q
2
L
I 0q  kLq L  f (t )
2
L
I 0q  kL2q  f (t ) (18)
2
L
Considerando que M (t ) = f (t ) é o momento da força externa, em N/m, podemos generalizar a
2
equação (18):
I 0q  k R q  M (t ) (19)

136
UNIDADE 5

L
2 M (t ) = f (t )
Sendo que k R = kL e 2 .
Agora, consideraremos que f (t ) = F0 cos(wt ) , assim, temos:
L
I 0θ  k R θ  F0 cos(ωt )  M 0 cos(ωt ) (20)
2
L
Sendo que M 0 = F0 é a amplitude do momento da força externa, em N/m. Como a equação (20) é
2
uma EDO não homogênea, a solução geral da equação é:
q (t )  qh  q p

Sendo para a solução homogênea (qh ) , M (t ) = 0 , e, para a solução particular, (q p ) , M (t ) ≠ 0 . A so-


lução homogênea já é conhecida de unidades anteriores, e a solução particular tem as mesmas forma
e frequência do M (t ) , portanto:
θ p (t ) = F cos(ωt ) (21a)

em que F é a amplitude, em rad, e w é a frequência de excitação, em rad/s. Podemos encontrar,


também, a velocidade e a aceleração, por meio das derivadas primeira e segunda do deslocamento,
representado pela equação (21a):
θ (t )  ωF sen(ωt ) (21b)
p

θp (t )  ω 2F cos(ωt ) (21c)

Substituindo (21a) e (21c) em (20), temos:


 I 0 w 2F cos(wt )  k RF cos(wt )  M 0 cos(wt )
F(  I 0 w 2  k R )  M 0
M0
F (22a)
k R  I0w 2

Dividindo por k R :
M0 M0
kR kR
F 2
 (22b)
k R  I0w w2
1 2
kR wn
F 1
 (22c)
M0  w 
2
kR 1   
 wn 

137
UNICESUMAR

A equação (22c) representa o fator de amplificação. E, portanto, quando w ≈ wn ocorre o efeito da


ressonância e, neste caso, o denominador tende a 0, portanto, F   , como representado no
gráfico da Figura 19. M 0 kR

Figura 19 - Gráfico fator de amplificação versus frequência angular para rotação / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa o gráfico do fator de amplificação versus frequência de excitação, em que há duas curvas,
e ambas tendem ao infinito quando a frequência de excitação se aproxima da frequência natural do sistema. Passado deste ponto, a
curva diminui até se aproximar do eixo x.

Solução Geral:
θ (t )  θh  θ p
θ (t )  A cos(ωnt )  B sen(ωnt )  F cos(ωt ) (23a)
θ(t )  ωn A sen(ωnt )  ωn B cos(ωnt )  ωF sen(ωt ) (23b)
Aplicando as condições de contorno iniciais em (23a) e (23b):
θ (t  0)  θ0  A  F  A  θ0  F
ω
θ(t  0)  ω0  ωn B  B  0
ωn

138
UNIDADE 5

Como já vimos, a força externa pode ser escrita tanto como uma função cosseno quanto como uma
função seno, portanto, também, podemos descrevê-la como:
θ (t )  A cos(ωnt )  B sen(ωnt )  F sen(ωt ) (24a)
θ(t )  ω A sen(ω t )  ω B cos(ω t )  ωF cos(ωt ) (24b)
n n n n

Aplicando as condições de contorno iniciais em (24a) e (24b):


θ (t  0)  θ0  A
ω  ωF
θ(t  0)  ω0  ωn B  ωF  B  0
ωn

Nesta unidade, foi possível estudar e exemplificar situações que estão no cotidiano do engenheiro me-
cânico. Agora, você já é capaz de fazer análises de sistemas reais e as aplicar em projetos de engenharia.
Estudar o comportamento de um sistema e determinar seus parâmetros é de suma importância para
evitar fenômenos, como a ressonância. Saber como uma estrutura está se comportando diante de algum
esforço nos diz se é o adequado, ou se está excedendo o que é suportado. A partir disso, podemos tomar
alguma atitude para impedir que ela sofra danos permanentes, evitando muitos acidentes
Na próxima unidade, veremos nosso último conteúdo de vibrações, desta vez, incluiremos o amor-
tecimento, que é uma maneira de minimizar os efeitos das vibrações indese-
jadas nos sistemas, entre eles, a ressonância. Assim, reuniremos todos
os conteúdos vistos anteriormente. Esperamos você lá!

139
Para ajudar você a assimilar o conteúdo desta unidade, complete o Mapa Mental preenchendo
os espaços em branco com as equações das respectivas situações. Algumas já estão preenchidas
para dar um direcionamento.

140
1. Entende-se por vibração forçada aquela em que o sistema está sujeito a uma força de
excitação externa, e não amortecida aquela que não está sujeita a esforços de amor-
tecimento. Com base no que você estudou sobre vibração forçada e não amortecida,
analise as afirmativas a seguir:
I) Vibração forçada ocorre quando há uma força externa excitando o sistema.
II) A força de excitação de natureza harmônica é periódica.
III) A equação de deslocamento é definida pela soma das soluções harmônica e parti-
cular.
IV) Quando a frequência de excitação é próxima da frequência natural do sistema, ocorre
o efeito da ressonância.
V) Na ressonância, ocorre uma inversão de fases, portanto, a solução particular é inversa
à força de excitação.

Assinale a alternativa correta.

a) Estão corretas as afirmativas I, II, III e IV.


b) Estão corretas as afirmativas I, II, IV e V.
c) Estão corretas as afirmativas I e IV.
d) Estão corretas as afirmativas II, III e V.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

2. O motor elétrico de 20 kg, mostrado pela figura a seguir, está apoiado em uma mesa
suspensa por quatro molas com rigidez de 1000 N/m. Considerando que o rotor está
desbalanceado, e que este efeito seja similar a uma massa de 3,5 kg, localizada a 30 cm
do eixo de rotação, determine qual a amplitude de vibração do motor, sabendo que o
rotor gira com velocidade de 800 rpm, e qual a rotação do motor em rpm para que o
sistema entre em ressonância.

141
3. Um bloco de massa m=2 kg está apoiado em uma viga de massa desprezível. Se o motor
gira e causa um deslocamento harmônico de ym = 0, 2cos (12t ) m , em que t está em
segundos. Determine a amplitude de vibração do bloco “m” e a frequência natural do
sistema em rad/s.

142
6
Vibração Forçada
Amortecida
Me. Nelson Legat

Nesta unidade, você estudará o sistema com vibração forçada amor-


tecida, o qual se aproxima mais da realidade, sendo uma junção
de todos os sistemas vistos anteriormente. Assim como no sistema
da unidade anterior, teremos uma força de excitação externa que
pode atingir a frequência natural do sistema, causando o efeito da
ressonância, porém, agora, veremos como evitar que esta situação
aconteça. Conhecendo a frequência natural do sistema e a frequên-
cia da força externa, é possível instalar amortecedores para evitar
que este efeito ocorra.
UNICESUMAR

Você já se perguntou como os países que possuem altas incidências de terremotos fizeram para solu-
cionar os problemas de suas moradias? Como um país desenvolvido, como o Japão, que possui grandes
metrópoles, descobriu como evitar que os terremotos destruíssem grandes construções? Como estas
estruturas devem ser adaptadas para que suportem uma força gerada pelos grandes terremotos?
Para solucionar este problema, uma das soluções que os engenheiros encontraram foi a utilização
de amortecedores acoplados a estas estruturas, como mostra a Figura 1. Como dito em unidades an-
teriores, o amortecedor tem a função de dissipar energia, e, para este caso, será utilizado para absorver
a energia causada pelos abalos sísmicos. Digamos que o prédio é construído em um terreno, e que este
seja a base do nosso sistema, e o prédio, o conjunto da massa da estrutura, mola (rigidez das vigas) e
amortecedores, que são acoplados às vigas. Porém, como foi visto na unidade anterior, a base gerará
um deslocamento provocado pelo terremoto, e isto fará com que o sistema (prédio) oscile conforme
a excitação da base. Desta forma, avaliaremos este comportamento nesta unidade.

Resistência Sísmica Controle de Vibração Isolamento de Base

Figura 1- Influência dos abalos sísmicos sobre estruturas

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o comportamento de três sistemas com incidência de um abalo sísmico. À esquerda, é
apresentada uma estrutura comum, sem adaptações e com uma alta amplitude de oscilação. A imagem central apresenta uma estru-
tura adaptada com amortecedores e com amplitude de oscilação reduzida. E, por último, à direita, uma estrutura com base isolada por
rolamentos e com pouca amplitude de oscilação.

Para representar um sistema similar ao descrito anteriormente, utilizaremos


o simulador (acesse o QRcode) para demonstrar um exemplo de vibração
forçada e amortecida. Ao clicar no link, você será direcionado para a página
mostrada na Figura 2. Clique na opção Simulator e selecione a última opção
(expR – for Non-Flash Users).

144
UNIDADE 6

Figura 2 - Interface inicial do site do simulador / Fonte: Virtual Labs (2016, on-line)1.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta a interface do site de acesso para o simulador, em que há uma lista de menus ao centro,
com as palavras Theory, Procedure, Self Evaluation, Simulator, Assignment, Quiz, Videos, References, “Feedback”. A opção Simulator está des-
tacada com uma seta vermelha. Abaixo, estão apresentadas três opções do Simulator: expN, expR, expR (for Non-Flash Users). A opção
expR (for Non-Flash Users) está sinalizada com uma seta vermelha.

Logo após selecionar a opção descrita, o simulador aparecerá, como mostrado na Figura 3.

Figura 3 - Aplicação do simulador / Fon-


te: Virtual Labs (2016, on-line)1.

Descrição da Imagem: a imagem


apresenta a interface para acessar o
simulador. À esquerda, um sistema
de translação com um grau de liber-
dade contendo uma massa, mola e
amortecedor, e à direita, dois grá-
ficos, o primeiro gráfico descreve a
força aplicada versus tempo e o se-
gundo, o deslocamento versus tem-
po. A imagem também apresenta os
parâmetros que podem ser modifi-
cados neste sistema, como rigidez,
massa, fator de amortecimento,
amplitude da força e frequência de
excitação.

145
UNICESUMAR

Agora, analisaremos os parâmetros descritos. Na coluna em azul, temos as variáveis do sistema (Varia-
bles) que já são conhecidas das unidades anteriores, isto é, a rigidez da mola (Stiffness), a massa do corpo
suspenso (Mass), o fator de amortecimento do amortecedor (Damping Ratio), a força que é aplicada
sobre o corpo (Force Amp) e a frequência de excitação do sistema (Forcing Freq). Ao lado do desenho
do sistema, há dois gráficos: a aplicação da força sobre o corpo ao longo do tempo (Applied Force) e o
deslocamento do sistema ao longo do tempo (Displacement). Estes dois parâmetros, respectivamente,
F(t) e x(t), já foram vistos nas unidades anteriores.
Logo abaixo dos gráficos, existem informações do sistema, em laranja, como a frequência natural
do sistema ( wn ), a relação entre a frequência de excitação e a frequência natural ( η = ω ωn ) que,
posteriormente será nominada como r , nesta unidade, e, por fim, o fator de amortecimento ( z ).
Por último, ainda na coluna azul, estão os controles. A primeira opção play iniciará a simulação de
acordo com os parâmetros selecionados. A segunda opção mostrará os gráficos do fator de amplificação
e o ângulo de fase, respectivamente, como mostra a Figura 4.

Figura 4 - Interface dos gráficos / Fonte: Virtual Labs (2016, on-line)1.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta a interface para acessar o simulador, em que há dois gráficos resultantes da simulação. O
primeiro gráfico descreve a magnitude do fator de amplificação versus a relação de frequências, e segundo gráfico representa o ângulo
de fase versus a relação de frequências.

146
UNIDADE 6

Com estas informações, verifique o comportamento do sistema ajustando os parâmetros. Para uma
primeira análise, utilize o menor valor de amortecimento, z = 0, 01 , e ajuste a frequência de excitação
com um valor próximo à frequência natural, descrito em laranja, para que o sistema entre em resso-
nância. Em seguida, verifique os gráficos e compare com os conceitos mostrados na Unidade 5.
Após feita esta análise, verifique a influência da taxa de amortecimento neste sistema e os gráficos
representados. O que se pode notar diante da influência do amortecedor em um sistema forçado e
amortecido? Em seu Diário de Bordo, anote estas observações, pois discutiremos este tema, no decor-
rer desta unidade. A partir desta experimentação com o simulador, é possível compreender melhor a
importância dos amortecedores e qual a influência deste componente na presença de um sistema com
a aplicação de uma força externa. Podemos encontrar este tipo de sistema na suspensão automotiva,
nos equipamentos mecânicos, entre outros.

DIÁRIO DE BORDO

Nas unidades anteriores, vimos sistemas que não existem na prática e fomos nos aproximando de
sistemas cada vez mais parecidos com a realidade. Este conhecimento é fundamental para que você,
futuro(a) engenheiro(a) mecânico(a), compreenda sistemas que descrevem situações reais. Portanto,
nesta unidade, veremos um sistema que é a junção de tudo o que já foi visto até agora.

147
UNICESUMAR

Para finalizar o assunto vibrações mecânicas, estudaremos o sistema com vibração forçada
amortecida, isto significa que há uma força de excitação externa atuando sobre este sistema, porém
encontraremos meios para que ela não seja maléfica para a estrutura, como a adição de amortecedores.
Este tipo de sistema é a representação mais próxima da realidade. Grande parte dos materiais, das
estruturas, dos equipamentos etc. possuem amortecimento. Um exemplo que podemos utilizar é a pró-
pria mola que aplicamos nas unidades anteriores. Na teoria, são desprezadas todas as perdas, e a mola
oscila com a mesma amplitude por tempo indeterminado. Na prática, a mola tem um decréscimo da
amplitude relacionado com as perdas do componente, como o atrito com ar e as perdas térmicas de sua
estrutura, por exemplo. Estas perdas também podem ser classificadas como um fator de amortecimento.

Translação

Iniciaremos nosso estudo pelo sistema de translação. Como já sabemos, a equação que define este
movimento é a mesma tanto para o movimento vertical quanto para o horizontal. Neste sentido, ana-
lisaremos o sistema apresentado na Figura 5.

Figura 5 - Movimento de translação / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma massa sustentada por uma mola e um amortecedor fixos ao chão e uma força externa
atuando sobre a massa. Também, apresenta o diagrama de corpo livre deste sistema.

Como no sistema da unidade anterior, temos uma força externa, representada por f (t ) , atuando neste
sistema, a diferença é que, agora, temos a adição de um amortecedor ao sistema, como visto nos sistemas
da Unidade 4. Utilizando os conhecimentos prévios, podemos fazer o somatório de forças deste sistema:

148
UNIDADE 6

  SF  ma
f (t )  Famort  Fmola  ma
f (t )  cx  kx  mx
mx  cx  kx  f (t ) (1)

Sabemos, também, que a força externa é harmônica e, portanto, pode ser descrita por meio de funções
seno e cosseno. Sendo assim, consideraremos que f (t ) = F0 cos(wt ) , em que F0 é a amplitude, em N,
e w é a frequência de excitação, em rad/s. Substituindo em (1), temos:
mx  cx  kx  F0 cos(wt ) (2)

Como já era de se esperar, esta equação é caracterizada como um sistema não homogêneo, e a solução
geral de um sistema não homogêneo é dada pela soma da solução homogênea com a solução particular:
x(t )  xh (t )  x p (t )

Assim, xh (t ) representa a solução homogênea da equação, em que f (t ) = 0 e x p (t ) representa a


solução particular, em que f (t ) ≠ 0 . Outra informação já conhecida é que a solução particular tem
as mesmas forma e frequência da força de excitação, mas, agora, é necessário acrescentar um ângulo
de fase, portanto:
f (t )  F0 cos(wt ) x p (t )  X cos(ωt  φ)
f (t )  F0 sen(wt ) x p (t )  X sen(ωt  φ)
f (t )  F1 cos(w1t )  F2 sen(w2t ) x p (t )  X 1 cos(ω1t  φ1 )  X 2 sen(ω2t  φ2 )

Sendo assim, a solução particular de (2) pode ser escrita como:


x p (t )  X cos(ωt  φ) (3a)

em que X representa a amplitude, em m, w representa a frequência de excitação, em rad/s, e f


é o ângulo de fase, em rad, que representa a defasagem da solução em relação à força de excitação.
Fazendo as derivadas primeira e segunda com relação ao tempo, obtemos a velocidade e a acelera-
ção, respectivamente:
x p (t )  ω X sen(ωt  φ) (3b)
x p (t )  ω 2 X cos(ωt  φ) (3c)


149
UNICESUMAR

Substituindo (3a), (3b) e (3c) em (2), temos:


mω 2 X cos(ωt  φ)  cω X sen(ωt  φ)  kX cos(ωt  φ)  F0 cos(ωt )

 k  mω2  X coos(ωt  φ)  cω X sen(ωt  φ)  F0 cos(ωt )

Relações trigonométricas: subtração de arcos


sen(a  b)  sen a  cos b  cos a  sen b
cos( a  b)  cos a  cos b  sen a  sen b

Fazendo uso de algumas relações trigonométricas para o desenvolvimento da equação, obtemos:


 k  mω2  X cos(ωt )  cos(φ)  sen(ωt )  sen(φ)
cω X sen(ωt )  cos(φ )  cos(ωt )  sen(φ )  F0 cos(ωt )

Agora, separaremos os termos que estão multiplicando a função cos(wt ) .


 k  mω2  X cos(φ)  cω X sen(φ)  F0 (4a)
e os termos que estão multiplicando a função sen(wt ) .
 k  mω2  X sen(φ)  cω X cos(φ)  0 (4b)
Como X e f são constantes, podemos utilizar outras constantes para representá-las para facilitar
os cálculos:
A = X cos(f) (5a)
B = X sen(f ) (5b)

Substituindo em (4a) e (4b) as novas constantes, obtemos um sistema de equações:


 k  mw2  A  cw B  F0
 k  mw2  B  cw A  0

150
UNIDADE 6

Transformando este sistema para o formato matricial:


 k  mw 2 cw   A  F0 
     
 cw k  mw 2   B   0 
assim, conseguimos encontrar as constantes A e B por meio da Regra de Cramer e, fazendo o de-
terminante, temos:
 F0 cw 
 
 0 k  mw 2  F0 (k  mw 2 )
A  2 2 2
(6a)
 k  mw 2 cw  (k  mw )  (cw )
 
 cw k  mw 2 
 k  mw 2 F0 
 
 cw 0 F0 (cw )
B  2 2 2
(6b)
 k  mw 2
cw  (k  mw )  (cw )
 
 cw k  mw 2 

Sabendo que um sistema de equações pode ser reescrito em formato matricial como uma
multiplicação de matrizes, temos:
A x  B
A solução pela Regra de Cramer é dada pela substituição da j-ésima coluna de A pela matriz
dos termos independentes, B.

Elevando (5a) e (5b) ao quadrado e somando os resultados:



A2  B2  X 2 cos2 (f)  X 2 sen 2 (f)  X 2 cos2 (f)  sen 2 (f) 
X 2  A2  B2
X  A2  B2

substituindo pelos valores encontrados em (6a) e (6b):

151
UNICESUMAR

2 12
  
2
 F0 (k  mw 2 )   F0 (cw )
X   2 2 2
 2 2 2 
  (k  mw )  (cw )   (k  mw )  (cw )  
12
 
 F02 (k  mw 2 )2 F02 (cw )2 
X  2
 2 
 (k  mw 2 )2  (cw )2  (k  mw 2 )2  (cw )2  
    
12
 2 2 2 2 2

 F0 (k  mw )  F0 (cw ) 
X  2 
 (k  mw 2 )2  (cw )2  
   
12
 
 (k  mw 2 )2  (cw )2 
X  F0  2
 (k  mw 2 )2  (cw )2  
  
F0
X (7a)
(k  mw 2 )2  (cw )2

E, agora, dividindo (5b) por (5a) e substituindo pelos valores encontrados em (6a) e (6b):
B X sen(φ)
  tg(φ)
A X cos(φ)
F0 (cω )
(k  mω 2 )2  (cω )2 F0 (cω ) cω
tg(φ)  2
 
F0 (k  mω ) F0 (k  mω ) k  mω 2
2

(k  mω 2 )2  (cω )2
 cω 
φ  tg 1   (8a)
 k  mω 2 

Partindo da equação (7a), dividiremos pela massa:


F0 F0
X m  m
1 2 2 2 2
(k  mω )  (cω )  k  mω 2   cω 2
m     
 m  m
F0 m
X (7b)
 ωn 2
ω 
2 2 2
  2ζωn ω 

152
UNIDADE 6

Da equação (7b), passaremos a massa para o denominador da fração e dividiremos pelo coeficiente
de rigidez:
F0 k F0 k
X 
m
  1
 
2 2 2 2
ωn2  ω 2   2ζωn ω  2
ωn2  ω 2   2ζωn ω 
k ωn
F0 k
X
2 2
 ωn2  ω 2   2ζωn ω 
 2    2 
 ωn   ωn 
w
Para facilitar a visualização, novamente faremos uma substituição, fazendo r = , sendo que r é
wn
uma relação de frequências e, portanto, um fator adimensional, assim, temos:
F0 k
X (7c)
1  r 
2 2 2
  2z r 

Agora, faremos as operações com a equação (8a), iniciando pela divisão pela massa:
 cω 
 
φ  tg 1  m 
 k  mω 2 
 
 m 
 2ζω ω 
φ  tg 1  2 n 2  (8b)
ω ω 
 n 

2 w
E, na sequência, dividindo o resultado por wn e substituindo r = :
wn
 2ζωn ω 
 
1  ω 2 
φ  tg  2 n 2 
ω ω
 n 
 ω 2 
 n 
 2ζ r 
φ  tg 1   (88c)
 1  r2 

Rearranjando a equação (7c), construiremos o gráfico do fator de amplificação versus r , conforme


apresentado na Figura 6.

153
UNICESUMAR

Figura 6 - Gráfico do fator de amplificação versus r / Fonte: os autores.

r
Descrição da Imagem: a imagem apresenta o gráfico do fator de amplificação versus , em que são apresentadas curvas com diferen-
tes fatores de amortecimento, todas atingindo o pico em r =1 , visto que esta condição significa que o sistema está em ressonância.

Analisando o gráfico pela curva que representa o fator de amortecimento z = 0 , isto é, um sistema
sem amortecimento.
X
Para r = 1 , temos que w = wn e, portanto, o fator de amplificação tende ao infinito, ,
F0 k
representando, assim, a condição em que o sistema entra em ressonância.
Agora, encontraremos o valor de r para X , sabendo que é um sistema sem amortecimen-
=1
F0 k

to, portanto, z = 0 . Para isto, utilizaremos a equação 7c.

154
UNIDADE 6

X 1

F0 k
1  r 2 
2 2
  2z r 
1
1
1  r 2 
2

   1
2
2
1  2r 2  r 4

1  2r 2  r 4  1


r 2 2  r 2  0 
r2  2
r 2

Desta forma, temos que:


X
• Para r < 2 , temos > 1 , caracterizando uma amplificação.
F0 k
X
• Para r > 2 , temos < 1 , caracterizando uma isolação.
F0 k
Agora, analisaremos as curvas que representam o fator de amortecimento z > 0 , isto é, sistemas
com amortecimento.
X
Neste caso, mesmo com r = 1 , o fator de amplificação possui um valor, e este valor é inver-
F0 k
samente proporcional ao amortecimento, portanto, quanto maior o amortecimento, menor é a ampli-
tude máxima. O valor máximo de X ocorre quando:
r  1  2ζ 2

ω  ωn 1  2ζ 2

O amortecimento é muito efetivo próximo de r = 1 , efetivo para r < 2 e pouco efetivo para r > 2 .
Desta forma, é possível verificar que amortecedores possuem grande influência sobre a ressonância. A
utilização deste componente pode evitar que equipamentos mecânicos ou estruturas entrem em colapso.
A partir da equação (8c), construiremos o gráfico do ângulo de fase versus r , conforme apresen-
tado na Figura 7.

155
UNICESUMAR

Figura 7 - Gráfico do fator de amplificação versus r / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o gráfico do ângulo de fase versus r cujas curvas são apresentadas com diferentes ân-
gulos de fase com seus respectivos fatores de amortecimento, em que todas convergem em 90°, e há uma inversão de fase em 180°
devido à ressonância.

Analisando o gráfico pela curva que representa o fator de amortecimento z = 0 .


Para r < 1 , temos que f  0 , isto significa que o sistema está em fase.
Para r > 1 , temos f  180 , isto significa que o sistema está em anti-fase.
Agora, analisaremos curvas que representam o fator de amortecimento z > 0 .
Para r < 1 , temos 0  f  90 , isto significa que a resposta se atrasa em relação à excitação.
Para r > 1 , temos 90  f  180 , isto significa que a resposta se adianta em relação à excitação.
Para r = 1 (ressonância), temos f  90 , isto significa que a diferença de fase entre a excitação e
a resposta é 90°.

Para entender melhor sobre vibração forçada e amortecida e como


interpretar os gráficos deste sistema, dê uma conferida no Podcast.
Nele, discutiremos este assunto e citaremos mais alguns exemplos
que podemos encontrar na prática de engenharia.

156
UNIDADE 6

Analisaremos um sistema similar, utilizado, anteriormente, mostrado pela


Figura 8.
Se considerarmos que 0 < w / wn < 1 , isto é, antes de o sistema entrar em
ressonância, o denominador do fator de amplificação (equação 7c) será posi-
tivo. Portanto, a solução particular, na Figura 9 (b), terá o mesmo comporta-
mento da força de excitação externa mostrada na Figura 9 (a). No entanto, se
w / wn > 1 , o denominador será negativo, e a solução particular para este caso
será x p (t )   X cos(wt ) , mostrado pela Figura 10 (b), porém a força aplicada
permanecerá a mesma, conforme mostra a Figura 10 (a).

Figura 8 - Sistema com vibração forçada e amortecimento / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um sistema com uma massa sustentada por uma mola
e um amortecedor fixos ao chão e uma força externa aplicada sobre o corpo.

Figura 9 - Gráfico f (t ) versus tempo / Fonte: Rao (2008).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta, em (a), o gráfico da força de excitação versus tempo, e, em (b), a solução particular versus
frequência para quando a relação de frequências estiver entre zero e um.

Conhecendo a forma da força de excitação, podemos encontrar a solução particular para os dois casos,
como representado pela Figura 10.

Figura 10 - Gráfico x p (t ) versus tempo / Fonte: Rao (2008).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta, em (a), o gráfico da força de excitação versus tempo, e, em (b), a solução particular versus
frequência, para quando a relação de frequências for maior que um.

157
UNICESUMAR

Como sabemos, a solução geral de um sistema com vibração forçada é:


x(t )  xh (t )  x p (t )

Sendo que a solução homogênea é dependente do fator de amortecimento. Desenvolveremos os


cálculos para os três casos possíveis, como já visto nas unidades anteriores. A excitação harmônica
pode ser representada tanto por uma função seno quanto por cosseno, por isso, utilizaremos as duas,
simultaneamente, em nossos cálculos, utilizando as seguintes forças de excitação:
x p=
(t ) f=
(t ) F0 cos(wt )
x p=
(t ) f=
(t ) F0 sen(wt )

Caso 1
Sistema criticamente amortecido z  1

 X cos(ωt  φ) 
x(t )   D1  tD2  e ωnt    (9a)
 X sen(ωt  φ) 
ω X sen(ωt  φ) 
 
x (t )  D2 e ωnt   D1  tD2  ωn eωnt    (9bb)
 ω X cos(ωt  φ) 

Aplicando as condições de contorno iniciais para os dois casos, temos:


 X cos( φ)   X cos( φ) 
x(t  0)  x0  D1     D1  x0   
 X sen(φ)   X sen(φ) 
ω X sen(φ)   ω X sen(φ) 
x (t  0)  v0  D2  ωn D1     D2  v0  ωn D1   
 ω X cos( φ)  ω X cos( φ) 

Caso 2
Sistema subamortecido z  1

 X cos(ωt  φ) 
x(t )  eζωnt  D1 cos(ωd t )  D2 sen(ωd t )     (10a)
 X sen(ωt  φ) 
x (t )  ζωn e ζωnt  D1 cos(ωd t )  D2 sen(ωd t )   e ζωnt  ωd D1 sen(ωd t )  ωd D2 cos(ωd t )  
ω X sen(ωt  φ) 
  (10b)
 ω X cos(ωt  φ) 

158
UNIDADE 6

Aplicando as condições de contorno iniciais, temos:


 X cos( φ)   X cos( φ) 
x(t  0)  x0  D1     D1  x0   
 X sen(φ)   X sen(φ) 
 ω X sen(φ) 
v0  ζωn D1   
ω X sen(φ)   ω X cos( φ) 
x (t  0)  v0  ζωn D1  ωd D2     D2 
 ω X cos(φ)  ωd

Caso 3
Sistema superamortecido z  1

 ζ 2 1t ζ 2 1t   X cos(ωt  φ) 


x(t )  eζωnt  D1eωn  D2 eωn    X sen(ωt  φ)  (11a)
   
 ζ 2 1t ζωnt 
ζ 2 1t  ζ 2 1t ζ 2 1t 
x (t )  ζωn e ζωnt  D1eωn  D2 eωn e
2
ωn ζ  1D1e
ωn
 ωn ζ 2  1D2 e ωn 
   
ω X sen(ωωt  φ ) 
  (11b)
 ω X cos(ωt  φ) 

Aplicando as condições de contorno iniciais, temos:


 X cos(φ)   X cos( φ)   E1 
x(t  0)  x0  D1  D2     D1  D2  x0    
 X sen(φ)   X sen(φ)   E1 
ω X sen(φ)   E2 
x (t  0)  v0  ζωn  D1  D2   ωn ζ 2  1  D1  D2     
 ω X cos( φ)   E2 

2
Sendo que E  ωn ζ  1
E 
v0  ζωn  D1  D2    2   ωn ζ 2  1  D1  D2 
 E2 
E  E 
v0  ζωn  1    2   E  D1  D2 
 E1   E2 

E E1  D1  D2  D1  E1  D2
E  E   E  D2  D2 
v0  ζωn  1    2   E  1 
 E1   E2   E1 

159
UNICESUMAR

 v  ζωn E1  E2  EE1 
D2    0 
 2E 

E  E   D ( E  D1 ) 
v0  ζωn  1    2   E  1 1 
 E1   E2   E1 

v0  ζωn E1  E2  EE1
D1 
2E

Excitação pela base

Agora, analisaremos o movimento de translação vertical de uma massa apoiada em uma mola e em
um amortecedor, porém em uma superfície que não é fixa nem retilínea. Podemos ter uma excitação
pela base ou uma massa se deslocando em uma superfície senoidal, o diagrama de corpo livre (DLC)
para os dois casos é o mesmo, como indica a Figura 11.

Figura 11 - Massa excitada pela base / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta, em (a), uma massa sustentada por uma mola e um amortecedor fixos ao chão, e, em (b),
um sistema em que o conjunto mola-amortecedor está apoiado em uma roda em movimento por uma superfície senoidal. Também,
apresenta o diagrama de corpo livre dos sistemas em (c).

Iniciaremos a análise do sistema por meio do somatório de forças atuando neste sistema, assim, temos:
  SF  ma
k ( x  y )  c( x  y )  mx
mx  cx  kx  ky  cy (12)

160
UNIDADE 6

A seta indica o sentindo do movimento positivo para cima, sendo y o deslocamento e y a velocidade
da base, então, consideraremos:
y (t )  y0 cos(wt )
y (t )  w y0 sen(wt )

Em que y0 representa a amplitude, em m, e w é a frequência de excitação, em rad/s. Substituindo em


(12), obtemos:
mx  cx  kx  ky0 cos(wt )  cw y0 sen(wt )
mx  cx  kx  F1 cos(wt )  F2 sen(wt ) (13)

Sendo que F1 = ky0 e F2  cw y0 , em N. E, de acordo com o princípio da superposição, a solução


particular de (13) é:
x p (t )  x p1 (t )  x p2 (t ) (14)

Neste sentido, x p1 (t ) é solução de mx  cx  kx  F1 cos(wt ) , portanto:


x p1 (t )  X 1 cos(ωt  φ1 ) (15a)
F1
X1 
 k  mω2 
2
 (cω )2

 cω 
φ1  tg 1  
 k  mω 2 
E x p2 (t ) é solução de mx  cx  kx  F2 sen(wt ) , portanto:
x p2 (t )  X 2 sen(ωt  φ2 ) (15b)
F2
X2 
 k  mω2 
2
 (cω )2

 cω 
φ2  tg 1  
 k  mω 2 

161
UNICESUMAR

Relembrando algumas equações já definidas em unidades anteriores:

x(t )  A cos(ωnt )  B sen(ωnt )


x(t )  X cos(ωnt  φ)

X  A2  B2
B
φ  tg 1  
 A

Analogamente:

x(t )  X 1 cos(ωt  φ)  X 2 sen(ωt  φ)


x(t )  X cos(ωt  φ  α )
X  X 12  X 22
X 
φ  tg 1  2 
 X1 
Podemos utilizar como base para desenvolver os cálculos.

Substituindo (15a) e (15b) em (14) e considerando que f = f= 1 f2


x p (t )  X 1 cos(ωt  φ)  X 2 sen(ωt  φ)

x p (t )  X cos(ωt  φ  φ3 )

Em que X representa a amplitude, em m, e f3 é o ângulo de fase, em rad. Podemos definir o valor


da amplitude com base em cálculos passados, assim, chegamos em:
1
  2
 F12  F22 
X  X 12  X 22  

 k  mw

2 2

 (cw )2 

1 1
 2   
2 2
2 2
  ky0    cw y0    k 2   cw  
X    y0  
 2 2
  
2
 k  mw  (cw )2   k  mw
2
 (cw )2 
   
1
 2  2
X  k 2   cw  
 (16a)
y0  k  mw 2 2  (cw )2 

   


162
UNIDADE 6

c c c
Dividindo pela massa e sabendo que =
ζ = e, portanto, = 2ζωn :
cc 2mωn m
1
 2 2  2
  k    cω  
X   m   m  
 
y0   k  mω 2 2 2
 cω  
      
  m   m  
1
 2  2
X  ωn 4   2ζωn ω  
 (16b)
2
 
y0 2
2
 ωn  ω
2
  2ζωn ω  
 
2 w
E, agora, dividiremos por w e substituiremos na equação a relação r = .
wn
1
 4  2  2
ω 2ζω ω 
 n  n
 
X  ωn 4  ωn2  
 
y0   ω 2  ω 2 2  2ζω ω 2 
  n 2    n
2 
 
  ωn   ωn  
1
 2  2
X  1   2ζ r  
 (16c)
2
y0
 1 r
 2 2

  2ζ r  


Definindo f3 , temos:
X  F   cω 
φ3  tg 1  2   tg 1  2   tg 1  
 X1   F1   k 

Dividindo pela massa e substituindo a relação:


 cω
  
φ3  tg1  m   tg 1  2ζωn ω   tg 1  2ζ r 
 k   ω 2 
 m   n 

Um exemplo prático de excitação pela base é a suspensão veicular. Quando um veículo passa por uma
lombada, esta exerce um deslocamento na suspensão, devido ao seu formato, como mostra a Figura 12.

163
UNICESUMAR

(a) b)

Figura 12 (a) - Veículo passando por uma lombada; (b) Simplificação de uma suspensão veicular / Fonte: (a) Shutterstock; (b)
os autores.

Descrição da Imagem: a imagem, em (a), mostra um veículo passando por uma lombada, e a imagem, em (b), representa uma sim-
plificação deste sistema como uma massa sustentada por um conjunto mola-amortecedor, apoiado em uma roda em movimento, por
uma superfície senoidal que representa o formato da lombada, indicando movimento vertical para cima.

REALIDADE Utilize o seu leitor de QR Code para acessar a realidade aumenta-


AUMENTADA da e veja um sistema excitado pela base, por meio de simulações
de terremotos, e que possui amortecedores acoplados na base da
estrutura para absorver os efeitos dos abalos sísmicos. Observe a
resposta deste sistema quando atinge frequências próximas à fre-
quência natural do sistema. Analise o comportamento do gráfico
da amplitude versus tempo.

Influência dos amortecedores em


estruturas sujeitas a abalos sísmicos

164
UNIDADE 6

Desbalanceamento rotativo

Agora, analisaremos o sistema rotativo apresentado na Figura 13 (a), que pode ser simplificado pelo
sistema da Figura 13 (b) e suas forças descritas pelo diagrama de corpo livre (DCL) pela Figura 13 (c):

Figura 13 - Sistema com desbalanceamento rotativo: (a) - Sistema rotativo sustentado por conjunto mola-amortecedor e apoiado
em uma carcaça; (b) simplificação do sistema com movimento de rotação da massa traduzido como força de excitação vertical;
(c) diagrama de corpo livre com movimento vertical para baixo, respeitando o sentido da força e a mola e amortecedor em
sentido oposto / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa, em (a), um sistema rotativo sustentado por um conjunto mola-amortecedor e apoiado,
lateralmente, em uma carcaça, permitindo apenas o movimento de translação vertical; em (b), é feita uma simplificação do sistema
de modo que o movimento de rotação da massa pode ser traduzido como uma força de excitação vertical, e, em (c), é apresentado o
diagrama de corpo livre com movimento vertical para baixo, respeitando o sentido da força e a mola e amortecedor em sentido oposto.

Fazendo o somatório de forças, temos:


  SF  ma
f d  cx  kx  mx
mx  cx  kx  f d  FD sen(wt ) (17)

Portanto, a solução particular é x p (t )  X sen(ωt  φ) , e a amplitude é:


FD m0ew 2
X  (18a)
 k  mw  2 2
 (cw ) 2
 k  mw 
2 2
 (cw ) 2

c c c
Dividindo pela massa e, sabendo que =
ζ = , portanto, = 2ζωn :
cc 2mωn m

165
UNICESUMAR

m0 eω 2 m0 eω 2
X m  m
1
 k  mω 2 2 2
 (cω )2  k  mω 2   cω 2
m     
 m  m
m0 e ω2
X (18b)
m
 ωn 2
ω 
2 2
  2ζωn ω 
2

A partir da equação (18b), podemos definir o fator de amplificação como sendo:


mX ω2

m0 e
 ωn2  ω 2 
2 2
  2ζωn ω 

2
Realizaremos, ainda, mais uma operação com a equação (18b), dividindo por w e substituindo na
equação a relação r = w .
wn
ω2
me ωn2
X 0
m 2 2
 ωn2  ω 2   2ζωn ω 
 2    2 
 ωn   ωn 
m0e r2
X (18c)
m
1  r  2 2
  2ζr 
2

O ângulo de fase  f  é análogo ao apresentado no sistema de translação, representado pelas equações


8a, 8b e 8c.
Para o caso de desbalanceamento rotativo, podemos exemplificar um torno mecânico, utilizado
para a usinagem de peças, como mostra a Figura 14. Equipamentos mecânicos e de precisão como este,
geralmente, são chumbados ao chão, isto é, são instalados e fixados, diretamente, no local de operação.
Neste tipo de instalação, também são colocados tapetes de borracha para atenuar a vibração gerada
pelo elemento rotativo, que, neste caso, seria a castanha (componente rotativo para usinagem de peças).

166
UNIDADE 6

Figura 14 - Torno mecânico

Descrição da Imagem: a imagem representa um torno mecânico convencional com um painel de controle à esquerda; também, à
esquerda, encontra-se a castanha, em que será fixada a peça a ser usinada. No restante do equipamento, há o fuso, que é um eixo
horizontal onde é possível movimentar a torre de ferramentas, local onde é acoplada a ferramenta de corte. Na outra extremidade, à
direita, encontra-se o contraponto para centralizar peças esbeltas e determinar sua altura de usinagem.

Portanto, podemos simplificar a castanha como um sistema rotativo, forçado e amortecido, como
mostra a Figura 15, em que a castanha é o elemento rotativo. Lembrando que esta simplificação é
válida caso a peça presa à castanha esteja desbalanceada, isto é, rotacionando fora do seu próprio eixo.

Figura 15 - Peça acoplada à castanha sendo usinada

Descrição da Imagem: a imagem representa uma peça cilíndrica presa à castanha de um torno e sendo usinada por uma broca, apre-
senta também o cavaco gerado por esta usinagem.

167
UNICESUMAR

Rotação

Por fim, analisaremos, agora, o movimento de rotação, como mostra a Figura 16, em que temos uma
barra horizontal engastada em uma das extremidades, e a outra está apoiada em uma mola fixa ao
chão e, no meio, em um amortecedor. Também, no meio da barra, é aplicada uma força de excitação:

Figura 16 - Movimento de rotação / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma barra horizontal engastada na sua extremidade esquerda e está apoiada, na extremi-
dade direita, por uma mola, e, no meio, por um amortecedor, ainda, uma força está sendo aplicada em direção descendente no meio da
barra. Também apresenta o diagrama de corpo livre (DCL) do sistema, com os deslocamentos sofridos pela mola e pelo amortecedor,
bem como o sentido de suas forças, vertical para cima, oposto ao sentido da força externa.

Desta forma, realizando o somatório dos momentos em relação ao ponto de giro e adotando o sentido
de rotação horário, temos:
  SM  I q 0 0
L L
f (t )  Fa  Fm L  I 0q
2 2
L L L
I 0q  c q  kLq L  f (t )
2 2 2
L2  L
I 0q  c q  kL2q  f (t ) (19)
4 2
L
Considerando que M (t ) = f (t ) é o momento da força externa, em Nm, podemos generalizar a
2
equação (19):
I 0q  cR q  k R q  M (t ) (20)

168
UNIDADE 6

L2 L
cR = c 2
M (t ) = f (t )
Sendo que 4 é dado em Nsm, k R = kL em Nm e 2 em Nm.
Agora, consideraremos que a força de excitação é dada por f (t ) = F0 cos(wt ) , assim, temos:
L
I 0θ  cR θ  k R θ  F0 cos(ωt )  M 0 cos(ωt ) (21)
2
L
Sendo que M 0 = F0 2 é a amplitude do momento da força externa, em Nm. Como a equação (20) é
uma EDO não homogênea, a solução geral da equação é:
q (t )  qh  q p

Sendo que para a solução homogênea (qh ) , M (t ) = 0 , e para a solução particular (q p ) , M (t ) ≠ 0


. A solução homogênea já é conhecida de unidades anteriores. E a solução particular tem as mesmas
forma e frequência do M (t ) , portanto:
θ p (t )  F cos(ωt  φ) (22)

Por fim, a solução geral para o caso subamortecido  z  1 será:


θ (t )  eζωnt  A cos ωd t  Bsenωd t   F cos  ωt  φ 
θ(t )  ζωn e ζωnt  A cos ωd t  Bsenωd t   eζωnt  ωd Asenωd t  Bcosωd t   ωFsen  ωt  φ 

Aplicando as condições de contorno iniciais, temos que:


θ (t  0)  θ0  A  F cos  φ 
θ(t  0)  ω0  ζωn A  ωd B  ωFsen  φ 

Assim, as constantes serão:


A  θ0  F cos  φ 
ω0  ζωn A  ωFsen  φ 
B
ωd

Com o desenvolvimento dos sistemas nas unidades anteriores, foi possível perceber que as equações
para os sistemas de translação e rotação são similares. Portanto, tendo desenvolvido as equações para
um sistema, podemos encontrar as equações para o outro sistema. Sendo assim, a amplitude ( F ) e o
ângulo de fase ( f ) para o sistema de rotação podem ser facilmente deduzidas:
M0
F
( k R  I 0 ω 2 )2  ( c R ω )2

 cR ω 
φ  tg 1 
 k  I ω 2 
 R 0 

169
UNICESUMAR

Com o conhecimento adquirido nestas unidades sobre vibrações mecânicas, você já tem a habilidade
para reconhecer e diferenciar sistemas vibratórios e, a partir disso, conseguirá fazer as análises necessá-
rias para determinar as características básicas de uma estrutura. Com estas informações, você poderá
encontrar soluções para os problemas que estiverem acontecendo.
Um dos problemas citados é o desbalanceamento e desalinhamento de máquinas rotativas e que,
quando solucionados, evitam o desgaste precoce de peças de equipamentos, melhoram o acabamento
superficial de peças usinadas, diminuem vibrações indesejadas, entre vários outros benefícios. Em
carros, por exemplo, um controle da vibração é importante para garantir conforto e segurança aos
passageiros. Em construções, este estudo ajuda a encontrar soluções para que as estruturas, como
casas e prédios, não sofram danos permanentes após a ação de terremotos, garantindo também maior
segurança aos moradores e trabalhadores. Em estruturas maiores, como pontes, essa análise pode trazer
resultados e informações suficientes para que seja tomada alguma providência para evitar a ruptura
da estrutura, bem como muitos desastres que poderiam acontecer.
As análises de vibração ainda são estudos muito recentes e em constante evolução, por isso, se você
pretende seguir esta área, precisa se manter atualizado e, quem sabe, fazer novas descobertas que podem
mudar o mundo, já pensou nisso? Na próxima unidade daremos
continuidade às vibrações, mas agora voltadas para a área da
acústica. Aguardamos você lá!

170
Nesta unidade, encerramos o assunto de vibrações mecânicas com vibração forçada e, para ajudar
você a organizar bem esse assunto, fizemos uma tabela com as principais equações, algumas já
foram preenchidas, mas o restante é com você. Vamos lá?!

Vibração forçada
Translação Rotação
Equação do Movimento

PREENCHER I 0θ  cR θ  k R θ  M 0 cos(ωt )

Solução Particular

PREENCHER x p (t )  F cos(ωt  φ)

Amplitude
F0
X PREENCHER
(k  mw 2 )2  (cw )2
Ângulo de fase

 cω 
φ  tg 1   PREENCHER
 k  mω 2 
Amplitude (dividindo por m ou I0)
M 0 I0
F
 ωn2  ω 2 
PREENCHER 2 2
  2ζωn ω 

Amplitude (dividindo por k ou kR)


M 0 kR
F
PREENCHER
1  r 2 
2 2
  2z r 
Ângulo de fase (dividindo por m ou I0)

 2ζω ω 
φ  tg 1  2 n 2 
ω ω 
 n 

Ângulo de fase (dividindo por w2 )

PREENCHER

171
1. Podemos encontrar sistema sem amortecimento e com amortecimento, quando pre-
sente, ainda pode ser classificado de acordo com o grau de amortecimento. A partir do
que foi estudado quanto aos tipos de amortecimento, analise as opções apresentadas
a seguir e assinale a alternativa que contém os três tipos de amortecimento existentes.
I) Criticamente amortecido.
II) Hiperamortecido.
III) Subamortecido.
IV) Superamortecido.
V) Supercrítico.

Quanto às afirmativas, estão corretas:

a) I, II e III.
b) I, II e V.
c) I, III e IV.
d) II, III e V.
e) III, IV e V.

2. Uma suspensão automotiva precisa ser avaliada para andar em determinado terreno.
Sabe-se que uma suspensão, das quatro que o veículo possui, suporta 250 kg e possui
um conjunto mola e amortecedor com seus respectivos coeficientes de 100000 N/m e
5500 Ns/m. Além disto, o terreno onde será testado possui um comportamento similar
à expressão y (t ) = y0 cos(wt ) , com amplitude y0 = 0, 025 m e frequência de excitação
igual a 10 Hz. A partir destas informações, determine a amplitude do sistema.

3. Um motor elétrico está apoiado em uma barra horizontal com comprimento de 1,5 m
e massa de 10 kg, suspensa por duas molas e um amortecedor, como mostra a figura a
seguir. As constantes das molas e do amortecedor são de 4500 N/m e 800 Ns/m, respec-
tivamente. O motor tem um movimento rotativo harmônico que corresponde à função
M (t ) = M 0 cos(wt ) , gerando um torque com amplitude M 0 = 85 Nm e rotaciona
com 1500 rpm. Determine a solução particular do deslocamento para este sistema.

172
7
Fundamentos de
Acústica
Me. Nelson Legat

Nesta unidade, você conhecerá os conceitos básicos sobre a dis-


ciplina de acústica aplicada à engenharia mecânica. Alguns deles,
como frequência, período e amplitude, já foram vistos no estudo de
Vibrações, porém, agora, será com uma visão mais voltada à acústi-
ca. Além destes, veremos alguns conceitos relacionados ao som e,
também, a diferença entre som e ruído. E, para finalizar, algumas
situações específicas como o efeito doppler, difração e reflexão.
UNICESUMAR

A partir de agora, daremos início ao estudo da Acústica. Você deve estar se perguntando:
Como o estudo de acústica está relacionado com o curso de Engenharia Mecânica? Ou,
então, em que momento o(a) engenheiro(a) aplicará conceitos de acústica para resolver
problemas de engenharia?
O estudo de Acústica não está apenas relacionado com música, como muitos podem
pensar, mas é, também, um ramo muito importante da engenharia mecânica, juntamente
com vibrações mecânicas. Em ambos os ramos, estamos estudando a frequência que os
corpos vibram, seja um prédio ou a corda de um violão, e, também, maneiras de evitar
essas frequências que podem causar algum dano. Na acústica, não é diferente. Você pode
não ter notado, mas o estudo da acústica está presente em diversas situações do nosso
dia a dia, geralmente, como forma de isolante acústico.
Caso não tenha ficado claro, tomaremos como exemplo uma motocicleta. Quem nunca
fez cara feia quando uma moto em alta velocidade passa do seu lado fazendo aquele barulho
extremamente desconfortável?
Este desconforto, geralmente, ocorre devido ao condutor remover, ou substituir o
escapamento original da motocicleta para emitir um ronco mais esportivo. No entanto,
este ruído acaba sendo desconfortável para muitos e gera o que chamamos de poluição
sonora. Esta poluição sonora pode causar danos irreversíveis em nosso organismo, como
exemplo a surdez permanente. Sem contar a dor de cabeça, a irritação e a diminuição
da concentração, né?
Ao iniciar os estudos de acústica, faremos um teste com seus ouvidos. Para este expe-
rimento, utilizaremos um aplicativo de celular que gerará um tom puro, que é um som
de apenas uma frequência. Este conceito você verá, com mais detalhes, nesta unidade.
Existem diversos aplicativos que simulam este tipo de tom puro. Porém, é recomendado
para usuários de celulares com sistema operacional Android, o aplicativo Frequency Ge-
nerator e usuários com sistema iOS, o Frequency Sound Generator App. Em ambos os
aplicativos, é possível ajustar a frequência desejada. Para este experimento ser realizado
de forma eficiente, utilize fones de ouvido e esteja em um ambiente silencioso.
Segundo Vér e Beranek (2006), uma pessoa jovem com boa audição consegue ouvir
frequências entre 15 e 16000 Hz. Com o aplicativo mencionado, qual a frequência míni-
ma e qual a máxima que você consegue ouvir? Se possível, peça para outra pessoa fazer
o teste também, e discutam sobre as faixas de frequência que cada um de vocês ouve.
Lembrando que este não é um teste oficial para detectar problemas de audição. Para
isto, deve-se consultar um especialista.
Após a realização do seu experimento e com os conceitos vistos, como frequência,
período e amplitude estudados em vibrações, o que você notou ao ouvir sons de baixa
e alta frequência? Qual conceito pode estar relacionado com a dificuldade de escutar
frequências baixas em relação às altas frequências?

174
UNIDADE 7

DIÁRIO DE BORDO

A acústica é um ramo da física que estuda o comportamento da onda sonora. Como visto na primeira
unidade de Vibrações, o próprio conceito sobre vibrações mecânicas surgiu a partir de instrumentos
musicais de cordas. Então, pode-se concluir que o estudo de acústica foi pioneiro e essencial para o
estudo de vibrações. O som emitido por estes instrumentos musicais nada mais é do que oscilações
provocadas pelas cordas em um meio, neste caso, o ar. Portanto, o som pode ser definido como qualquer
perturbação que é propagada em um meio elástico, seja gasoso, líquido seja sólido.
Quando a corda do instrumento é tocada, o movimento provoca oscilações de pressão no ar,
emitindo as ondas. Esta oscilação de pressão é captada pelo ouvido humano e processada pelo nosso
sistema nervoso em forma de som. Qualquer variação de pressão, acima ou abaixo da pressão atmos-
férica, é denominada pressão sonora. No entanto, nem toda variação de pressão é captada pelos nossos
ouvidos. Existe um limite de faixa de frequência, chamada campo auditivo, em que o ouvido humano
pode detectar e identificar estas oscilações. Normalmente, esta faixa está entre 20 Hz e 20 kHz, depen-
dendo de pessoa para pessoa, como foi feito no experimento no início desta unidade. A sensibilidade
do ouvido humano é capaz de detectar uma onda sonora com uma pressão até de 20 μPa (20x10-6 Pa).
Em termos de referência, a pressão atmosférica é, aproximadamente, 101325 Pa, isto é, nosso ouvido
é capaz de detectar uma pressão, aproximadamente, 5 bilhões de vezes menor.

175
UNICESUMAR

Som e Ruído

Um conceito importante e que pode ter definições semelhantes é a diferença entre som e ruído. Este
conceito é relativo pois, atualmente, o ruído é definido como um som desagradável que traz descon-
forto e que pode ser prejudicial ao nosso organismo, enquanto o som traz uma sensação agradável e
de conforto ao ser escutado. Podemos utilizar como exemplo a motocicleta citada no começo desta
unidade. Para o seu condutor, que fez a substituição ou a remoção do silenciador, o som transmitido
por ela, na opinião dele, pode ser chamado de som, pois é agradável para seus ouvidos, já para outra
pessoa pode significar um ruído, pois sente incômodo ao ouvir este barulho. Podemos citar alguns
exemplos de diferença de som e ruído, mostrados nas Figuras 1 e 2.

Figura 1 - Fontes sonoras / Fonte: adaptada de Bruel & Kjaer Basic Concepts of Sound

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um homem ouvindo diversos tipos de sons, representados pelas imagens de um pássa-
ro cantando, uma pessoa tocando um instrumento musical, a chuva, duas pessoas conversando, um caminhão em movimento, um
telefone e uma chaleira.

176
UNIDADE 7

Figura 2 - Fontes de ruídos / Fonte: adaptada Bruel & Kjaer Basic Concepts of Sound

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um homem ouvindo diversos tipos de ruídos, representados pelas imagens de uma
pessoa cortando grama com um cortador elétrico, um avião, um aparelho de som em volume alto, uma britadeira e uma gota de água
caindo na pia.

Como dito anteriormente, a onda sonora é gerada pela variação da pressão no meio. Um dos motivos
pelo qual o som não se propaga no vácuo deve-se ao fato de que nele não há matéria para a onda se
propagar. Desta forma, as ondas podem ser classificadas em: ondas mecânicas e ondas eletromag-
néticas. As mecânicas propagam-se apenas em meios materiais, como ar, água, terra etc. Já as eletro-
magnéticas, além de se propagarem em meios materiais, também se propagam no vácuo, como a luz
visível, micro-ondas, raios gama etc.
Quanto à sua forma de propagação, as ondas podem ser ondas longitudinais ou ondas transver-
sais. As longitudinais propagam-se na mesma direção da fonte sonora, já as transversais propagam-se
de forma perpendicular à fonte sonora, como mostra a Figura 3.

177
UNICESUMAR

Figura 3 - Ondas longitudinais e ondas transversais

Descrição da Imagem: a imagem representa um exemplo de onda longitudinal e mecânica emitida por um aparelho de som propagando
em um meio até o ouvinte, e uma televisão emitindo ondas eletromagnéticas e transversais à visão do observador.

Portanto, podemos concluir que as ondas sonoras são ondas mecânicas e longitudinais. As flutua-
ções de pressão estão representadas em forma de compressão e rarefação, no sentido longitudinal de
propagação. Para exemplificar este fenômeno, observe a Figura 4, que apresenta o funcionamento
de um diapasão, instrumento metálico capaz de emitir um tom puro, isto é, um som em apenas uma
única frequência, como foi visto no experimento com o aplicativo de frequência pelo celular. Em um
primeiro momento, o instrumento está parado, sem emitir som, e as moléculas de ar representadas
pelas esferas na vertical também estão estáticas. Quando o instrumento é tocado (segunda linha da
figura), é possível notar que houve uma perturbação das moléculas de ar, devido ao movimento do
instrumento. Esta perturbação é propagada ao longo do ar, transmitindo o som do diapasão até que
sua energia seja dissipada, e o som deixa de ser ouvido. Em determinados momentos, as moléculas de
ar estão comprimidas, ou afastadas, de acordo com a movimentação do instrumento, isto é, realizando
movimentos de compressão e rarefação.

178
UNIDADE 7

Figura 4 - Propagação da onda sonora

Descrição da Imagem: a imagem mostra um diapasão, inicialmente, parado, com a moléculas de ar estáticas e sem emitir som. Após
ser tocado, o diapasão vibra, criando perturbações nas moléculas de ar, propagando o som característico deste instrumento em forma
de compressões e rarefações.

Para darmos continuidade à disciplina de Acústica, estudaremos alguns conceitos básicos aplicados em
acústica, porém algumas definições já foram vistas em capítulos anteriores, quando vimos o conteúdo
de Vibrações Mecânicas, o que servirá como uma revisão para o conteúdo de Acústica.
É importante ressaltar que as ondas sonoras apenas transportam energia, e não matéria. Basta
utilizar como exemplo uma boia de pesca em um lago. Ao jogar uma pedra próxima a esta boia, as
ondas geradas pela pedra e transmitidas pela água não a deslocarão, mas fazem com que ela oscile

179
UNICESUMAR

apenas para cima e para baixo, permanecendo na mesma posição (desconsiderando o vento local ou
o caso de a pedra atingir a boia).
A taxa com que as ondas se propagam na água por meio da boia é denominada frequência, que, por
definição, é o número de oscilações completas em uma unidade de tempo. A unidade de frequência é
determinada em Hertz (Hz), ou ciclos por segundo, em homenagem ao físico alemão Heinrich Rudolf
Hertz, que provou a existência das ondas eletromagnéticas.
As frequências podem ser classificadas, de acordo com a Figura 5, como:
• Infrassônicas – frequências abaixo de 20 Hz.
• Baixas frequências – frequências entre 20 e 100 Hz.
• Baixa-Alta frequência – frequências entre 150 e 300 Hz, aproximadamente.
• Média frequência ou intermediária – frequências entre 300 e 3000 Hz (3 kHz), aproximadamente.
• Média-alta frequência – frequências entre 3 e 5 kHz.
• Alta frequência – frequência entre 5 e 20 kHz.
• Frequência supersônica ou ultrassônica – frequências acima de 20 kHz.

Figura 5 - Espectro do som

Descrição da Imagem: a imagem apresenta a classificação das faixas sonoras de acordo com as faixas de frequência e os respectivos
tipos de alto faltantes utilizados para a propagação para cada faixa de frequência, assim como seu comprimento de onda audível.
Da esquerda para à direita, temos ondas infrassônicas, abaixo de 20 Hz; baixas frequências, entre 20 e 100 Hz; baixa-alta frequência,
entre 150 e 300Hz; média frequência, entre 300 e 3000 Hz; média-alta frequência, entre 3 e 5 kHz; alta frequência, entre 5 e 20 kHz e
frequência supersônica, acima de 20 kHz.

180
UNIDADE 7

Como mostra a Figura 5, existem quatro tipos de alto falantes: subwoofer, mid-range, corneta e tweeter.
O diâmetro do alto falante diminui quando há o aumento da frequência, devido à energia necessária
para propagar em determinada faixa de frequência. Baixas frequências necessitam de grande quantidade
de energia para serem propagadas, enquanto frequências altas utilizam menor quantidade de energia.
Isto se dá pelo fato de que ondas de baixa frequência possuem um comprimento de onda maior em
relação às ondas de alta frequência, que possuem um comprimento de onda menor.
Portanto, o comprimento de onda, representado pela letra grega λ (lambda), é definido como a
distância entre dois pontos (picos ou vales) de pressão sonora quando se completa um ciclo. A partir
deste ciclo, podemos determinar o período (T), que é um intervalo de tempo decorrido para que este
ciclo se complete (BISTAFA, 2006). Junto a isto, a amplitude (A), que representa o valor máximo da
pressão sonora em um determinado ponto de propagação cujo valor pode ser tanto positivo quanto
negativo. Estas definições características da onda podem ser observadas na Figura 6.

Figura 6 - Propriedades da onda transversal

Descrição da Imagem: a imagem apresenta as propriedades de uma onda sonora transversal, como o pico, a amplitude, o vale e o
comprimento de onda.

Para determinar o valor do comprimento de onda, em metros, utilizamos a seguinte equação:


c
l=
f

Em que c é a velocidade de propagação do som no meio, em m/s, e f é a frequência de oscilação,


em Hertz (Hz).

181
UNICESUMAR

O som propaga-se em um meio, seja um fluido (líquido ou gás) seja um sólido. Sua velocidade de
propagação pode ser determinada a partir da seguinte expressão:
c  331  0, 6  T C

Em que T °C é a temperatura do meio, em graus Celsius. Esta equação, geralmente, é utilizada para
determinar a velocidade de propagação no ar. Caso, seja necessário determinar a velocidade do som
em outros meios (sólidos, líquidos ou gasosos), podemos utilizar a seguinte expressão:
γP
c  γ R(273  T C )
ρ

Em que g é a razão de calores específicos dos gás com pressão constante (C p ) e o valor específico
do gás com volume constante (Cv ) , P é a pressão atmosférica do meio, em Pascal, r é a densidade
do meio de propagação, em kg/m³, e R é a constante universal dos gases, que equivale a 287 J kg ⋅ K
Os valores da razão dos calores específicos do ar podem ser determinados a partir da Tabela 1.

Cp Cv y
Temp. K
Ar

250 1,003 0,716 1,401


300 1,005 0,718 1,400
350 1,008 0,721 1,398
400 1,013 0,726 1,395
450 1,02 0,733 1,392
500 1,029 0,742 1,387
550 1,04 0,753 1,381
600 1,051 0,764 1,376
650 1,063 0,776 1,370
700 1,075 0,788 1,364
750 1,087 0,8 1,359
800 1,099 0,812 1,353
900 1,121 0,834 1,344
1000 1,142 0,855 1,336
Tabela 1 - Calores específicos do ar kJ/kg.K / Fonte: Moran e Shapiro (2008).

01. EXEMPLO Qual o comprimento de onda de uma onda sonora de frequência 100 Hz que se
propaga no ar em uma temperatura de 20°C?
Antes de determinar o comprimento de onda, precisamos calcular a velocidade
de propagação da onda no meio, utilizando as equações vistas anteriormente. Desta
forma, temos:

182
UNIDADE 7

c  331  0, 6(20)
c  343 m/s
E o comprimento de onda será:
(343)
=l = 3, 43 m
(100)

Portanto, a distância entre dois picos em uma onda de 100 Hz é de 3,43 m. Por este motivo é que ondas
de baixa frequência precisam de mais energia para serem geradas. Se analisarmos uma onda de 1000
Hz, por exemplo, seu comprimento de onda será dez vezes menor, isto é, 0,343 m ou 34,3 cm; conse-
quentemente, a fonte sonora utilizará menos energia para gerá-la.
A intensidade sonora está relacionada com o nível de pressão sonora (NPS) da onda, ou, como
dizemos em nosso dia a dia, o volume. Quando aumentamos o volume da televisão, por exemplo, es-
tamos aumentando, na verdade, a intensidade do som, que está, diretamente, ligado com a amplitude
da onda, como mostra a Figura 7.

Figura 7- Intensidade sonora / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta três diferentes ondas sonoras com mesma frequência. A primeira, em cor azul, apresenta
menor volume, pois possui menor amplitude; a onda na cor preta possui um aumento da amplitude intermediária, superior à onda
anterior. E, por último, na cor vermelha, uma onda com amplitude superior às duas anteriores, representando a onda com maior volume.

183
UNICESUMAR

A altura do som (Figura 8) é uma característica relacionada à frequência. Desta forma, podemos
determinar se o som é grave ou agudo. Sons graves são característicos de ondas de baixa frequência,
e sons agudos são característicos por serem ondas de alta frequência, mas que podem possuir uma
mesma amplitude.

Figura 8 - Altura do som / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem representa duas ondas sonoras de mesma amplitude: a primeira é característica de uma onda de
alta frequência comparada à segunda de menor frequência. Esta diferença é determinada pelo comprimento de onda. A onda de alta
frequência possui um comprimento de onda menor em relação a uma onda de baixa frequência.

O timbre é uma característica que permite distinguir sons de mesma frequência e mesma inten-
sidade, desde que as ondas sonoras correspondam a sons diferentes. Nós conseguimos diferenciar
um violão de uma flauta, por exemplo, sem precisar olhar para estes instrumentos, apenas escutando,
devido ao timbre. Na Figura 9, estão representadas algumas fontes sonoras com diferentes timbres.

184
UNIDADE 7

Figura 9 - Timbres

Descrição da Imagem: a imagem mostra diferentes fontes sonoras, como: diapasão, flauta, voz e violão e suas respectivas ondas
sonoras representadas por gráficos. O diapasão possui comportamento de onda senoidal, devido à emissão de um tom puro. A flauta,
a voz e o violão possuem ondas periódicas, com picos e vales distribuídos aleatoriamente, porém cada um com sua característica,
determinando seu timbre.

O efeito doppler é a mudança de frequência percebida devido ao movimento relativo de aproximação


ou afastamento entre a fonte sonora e o ouvinte, que foi descrita pelo físico Austríaco Christian Do-
ppler, em 1842.
À medida em que a fonte se aproxima do ouvinte, o som será mais agudo, devido às compressões
e à diminuição do comprimento de onda realizadas a partir da fonte e a aproximação com a pessoa.
E à medida que a fonte se afasta do ouvinte, há um aumento do comprimento de onda, característica
de sons graves. Este efeito é bem comum quando uma ambulância, um caminhão de bombeiros ou
viatura policial passa próximo de você, como mostra a Figura 10.

185
UNICESUMAR

EFEITO DOPPLER

Baixa Frequência Alta Frequência

Figura 10 - Efeito Doppler

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma ambulância como fonte sonora se deslocando da esquerda para a direita e dois
observadores. A primeira observadora está atrás da fonte, à esquerda, onde há ondas de baixa frequência, já que a fonte está se
afastando dela; e o outro observador está à frente da fonte, à direita, e está escutando som com alta frequência, já que a fonte está
se aproximando dele.

Para entender melhor os conceitos básicos de acústica, neste Pod-


cast, serão utilizados exemplos com áudios para apresentar a distin-
ção entre as definições de intensidade e altura sonora, timbres de
instrumentos, baixa e alta frequências e efeito Doppler. Para uma
melhor experiência, é recomendada a utilização de fones de ouvido.

186
UNIDADE 7

Se você não conhece o Efeito Do-


ppler por este nome, provavel-
mente, você já o presenciou em
seu dia a dia. Que tal relembrar?
O vídeo a seguir demonstra este
fenômeno pelo ponto de vista de
um observador e um ciclista com uma fonte sonora,
como mostrado pela Figura 10. Lembre-se: para melhor
experiência, utilize fones de ouvido.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Além do Efeito Doppler, outro conceito que envolve a propagação


de ondas é a difração. Esta é causada por qualquer elemento que
altere o caminho de propagação da onda através de um obstáculo,
seja uma parede seja um seja orifício. Pode ser um furo em uma
chapa metálica ou em uma janela. De maneira simplificada, são os
obstáculos que o som percorrerá a partir da fonte até o receptor.
Como exemplo, podemos citar dois vizinhos conversando, um de
cada lado do muro, ou a mãe chamando o filho, pela janela da co-
zinha, para almoçar.
A difração é dependente do comprimento de onda do som emi-
tido. Se o orifício for menor que o comprimento de onda, então
esta parede se comportará como uma fonte secundária, e a difração
será mais perceptível. Se o orifício for maior que o comprimento de
onda, a difração será menos perceptível. Para ilustrar melhor este
fenômeno, podemos observar a Figura 11.

187
UNICESUMAR

Figura 11 - Difração do som

Descrição da Imagem: a imagem representa quatro situações de difração. No sentido horário, a primeira imagem representa uma
onda propagando-se em um orifício estreito, em que a difração é mais acentuada. Na segunda imagem, a onda se propaga em uma
barreira com dois pequenos orifícios, com duas difrações acentuadas sobrepostas. Na terceira imagem, a onda propaga-se em uma
barreira com um orifício maior, onde a difração é menos acentuada. Por último, a onda está se propagando através de um obstáculo
similar a um muro.

Para uma melhor experiência sobre o comportamento das ondas


em orifícios, ou do fenômeno da difração, acesse o simulador. Neste
simulador, você poderá alterar o tamanho dos orifícios, adicionar mais
de um orifício na barreira e verificar como a onda se propaga por estes
obstáculos. Ao acessar o link, clique na opção Slits, e a interface do
simulador será como mostrado na Figura 12.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

188
UNIDADE 7

Figura 12 - Interface do simulador de difração / Fonte: Phet Colorado ([2021], on-line)1.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta a interface do simulador de difração, em que é apresentada a fonte das ondas, a barreira
e a distância da fonte até a barreira. Há, também, as informações que podem ser definidas pelo usuário, como frequência (Frequency),
amplitude (Amplitude) e tipos de fontes. Ainda podemos alterar o formato da barreira (Slits), definindo a configuração dos orifícios, a
largura dos orifícios (Slits Width) e a distância entre os orifícios, e, por fim, definir a velocidade de propagação da onda (Normal ou Slow).

E, por último, temos a reflexão. Este efeito ocorre quando a onda sonora atinge um obstáculo, como
mostra a Figura 13. Neste processo, não há troca de energia, isto é, a energia do som incidente, ou som
emitido pela fonte sonora, será a mesma da onda refletida. O som refletido terá a mesma frequência
de propagação. Um exemplo conhecido deste fenômeno é o eco, que são reflexões que ocorrem acima
de 50 ms (milissegundos), isto é, o tempo que a onda leva para sair da fonte, atingir um obstáculo e
retornar é de 0,05 segundos.

189
UNICESUMAR

Figura 13 - Reflexão da onda

Descrição da Imagem: a imagem representa uma onda sonora sendo emitida pela fonte (onda incidente) e atingindo um obstáculo,
refletindo em direção oposta (onda refletida).

Efeitos ao nosso organismo exposto ao ruído

No começo desta unidade, vimos a diferença entre som


e ruído. Muitas vezes, não percebemos que o ruído
pode ser prejudicial à saúde, pois não conseguimos
vê-lo. Porém uma exposição prolongada ao ruído
pode causar ao ser humano efeitos colaterais.
Nosso corpo está, constantemente, exposto
ao ruído seja em grandes centros de cidades, nas
indústrias, em casas noturnas, seja em shows etc.
Entre estes exemplos, trabalhadores que operam
maquinários em indústrias ou em obras de
rodovias e construções estão mais propícios
a esta exposição.
Segundo Gerges (2000), os efeitos não
auditivos ocorrem quando estamos ex-
postos a ruídos acima de 100 dB (de-
cibéis). Estes efeitos podem ser: dor de
cabeça, estresse, irritabilidade, depres-
são, vertigens, cansaço excessivo, insô-
nia, hipertensão, zumbido, entre outros,
como mostrado na Figura 14.

190
UNIDADE 7

Figura 14 - Efeitos no corpo humano quando exposto a ruídos

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um corpo humano com alguns órgãos sendo apontados e com a descrição dos efeitos
quando expostos a ruídos. Ao ouvido, pode causar surdez, zumbido e falta de coordenação motora; ao sistema cardíaco, pode causar
aumento de risco de infarte, ineficiência da circulação sanguínea e alta pressão sanguínea; ao sistema nervoso, pode causar nervosis-
mo, distúrbio de sono, irritabilidade, diminuição de rendimento e dificuldades de aprendizagem; ao sistema hormonal, pode causar
problemas devido ao aumento de hormônios relacionados ao estresse, como cortisol, adrenalina e noradrenalina. Além disso, os ruídos
podem causar, também, problemas digestivos e respiratórios.

191
UNICESUMAR

Já na Figura 15, estão citados diversos exemplos de fontes sonoras e seus respectivos níveis de potência
sonora em uma escala decibel (dB), nome dado em homenagem ao cientista escocês Alexander Graham
Bell. É possível observar quais fontes podem, ou não, representar riscos ao nosso organismo. Com base
na figura, as fontes emissoras de ruídos são classificadas em: sem risco (0 a 80 dB), sussurros, bibliotecas,
salas de aula; limiar do som lesivo (80 a 90 dB), tráfego rodoviário, recreio escolar; perigo (90 a 115
dB), música em fones de ouvido de alta intensidade, martelo pneumático, bares e discotecas; e sons
excepcionais (acima de 115 dB), tiro de uma arma, buzina, decolagem de uma aeronave e explosões.

Figura 15 - Escala Decibel / Fonte: Camilleri e Trigueiros-Cunha ([2021], on-line)2.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma escala de ruídos com intensidade entre 0 e 140 decibéis de diferentes fontes sonoras,
sendo que, entre 0 e 80 decibéis, não apresentam risco para a saúde auditiva, ruídos entre 80 e 90 decibéis estão no limiar do som
lesivo, entre 90 e 115 decibéis, aproximadamente, indica perigo, e os sons são lesivos. Acima de 115 decibéis, são sons excepcionais
e causam lesão irreversível.

192
UNIDADE 7

Quanto maior o nível de ruído na escala decibel, menor deve ser o tempo de exposição para que não
ocorram danos em nosso organismo. Segundo a Norma Regulamentadora 15 (Anexo 1) (BRASIL,
2011), existem limites de tolerância para exposição ao ruído contínuo ou intermitente, para que o
operador não sofra danos permanentes. Por exemplo, em ruído de 85 dB, o operador tem uma máxima
exposição diária de 8 horas, já para 90 dB, o tempo máximo permitido é de 4 horas, em 100 dB, 1 hora,
e em 115 dB, de apenas 7 minutos.
Além disso, segundo a mesma norma, existem limites de tolerância para ruídos de impacto, que são
considerados como picos de energia acústica com duração inferior a um segundo, e com intervalos
superiores a um segundo. O limite de exposição para este intervalo de tempo é 130 dB, caso seja em
um intervalo menor de tempo, será considerado como ruído contínuo. Exposições a impacto acima
de 140 dB e sem o uso de proteção adequada são considerados graves e de risco iminente.
Portanto, para determinar o nível de ruído de uma fonte sonora, utilizamos a unidade bel, que, por
definição, pode ser escrita como:
P
bel  log10  
 P0 

Sendo P a potência do sistema, e P0 uma potência arbitrária de referência. O bel é uma medida do
nível de potência em relação à potência de referência, portanto, pode assumir valores negativos (po-
tência de referência é maior que a potência do sistema) ou valores positivos (potência de referência é
menor que a potência do sistema).
Como zero bel (0 B) corresponde a P = P0 , e um bel (1 B) a P = 10 P0 , os engenheiros da Bell Labs
criaram o decibel (dB), como submúltiplo do bel, assim, 1 B equivale a 10 dB. Além disso, um físico
norte-americano chamado Harvey Fletcher verificou que 1 dB era a mínima variação de potência
sonora detectável pelo nosso sistema auditivo (BISTAFA, 2006).
Em atividades industriais, a emissão de ruídos é constante, principalmente pelos equipamentos
presentes no processo de fabricação. A exposição do corpo humano a estes ruídos, em longo prazo,
pode comprometer a saúde. Os efeitos nocivos podem ser classificados como: auditivos e não auditivos.
Problemas auditivos podem causar deslocamento temporário do limiar auditivo (surdez temporária,
que pode ser recuperada com descanso) ou surdez profissional (quando há ruptura do tímpano, ou
outra estrutura dos ouvidos). Já os efeitos não auditivos (ruídos acima de 100 dB), podem causar danos
fisiológicos, psicológicos e sinérgicos (falta de concentração e queda na atividade motora).
Por este motivo, é indispensável a utilização de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) para
prevenir e evitar que efeitos auditivos e não auditivos prejudiquem a saúde, pois alguns destes efeitos
podem ser irreversíveis.
Para determinar a emissão do ruído de um equipamento, é feita a análise do Nível de Pressão So-
noro (NPS), ou, em inglês, Sound Pressure Level (SPL), medido em decibéis e pode ser calculado por
meio da seguinte equação:
2
P
NPS  10 log10  
 P0 

193
UNICESUMAR

Ou, aplicando a propriedade logarítmica, podemos reescrever como:


P
NPS  20 log10  
 P0 

Sendo P a amplitude da pressão sonora do meio e P0 a pressão de referência do ar, equivalente a


2.105 Pa .

02. EXEMPLO O nível de pressão sonora presente em um show de uma banda de rock é de, aproxi-
madamente, 110 dB. Portanto, pode-se dizer que a amplitude da pressão sonora vale:
P
NPS  20 log10  
 P0 
110  P 
 log10  
20  2.105 
 110 
  P
10 20  
2.105
P  6, 34 Pa

Para um caso com n fontes sonoras, podemos generalizar para determinar o nível de pressão sonora como:
n  NPSi 
NPSTotal  10 log10  10 10 
i 1  
 
 NPS1 NPS2 NPSn 
NPSTotal  10 log10 10 10  10 10    10 10 
 
 

Sendo que o somatório dos níveis de pressão sonora varia de i = 1, 2, 3...n fontes sonoras.
Nesta unidade, você aprendeu a diferença entre som e ruído, e que o que é barulho para você pode
ser um som agradável para outra pessoa; relembrou alguns conceitos já vistos no começo do livro e
aprendeu outros relacionados à acústica e ao som. Também, compreendeu a importância do estudo da
acústica para a saúde humana, assim como os riscos que os ruídos podem causar para nosso organismo.
A partir de agora, você já é capaz de identificar e diferenciar as propriedades da onda emitida por
uma fonte sonora e sabe quais frequências são aceitáveis e quais os níveis de ruídos que são maléficos
para o ouvido humano. A grande questão, agora, é como identificar essa frequência, por isso, o próxi-
mo passo será conhecer os instrumentos de medição e, também, os equipamentos de segurança que
prevenirão efeitos nocivos à saúde causados pelo ruído.

194
Como forma de organizar todos os conceitos e as definições que foram vistos nesta unidade,
faremos um Mapa Mental. Logo a seguir, iniciei o preenchimento e, agora, você termina, beleza?

195
1. Com base nos conceitos de acústica que foram vistos nesta unidade, analise as afir-
mativas:
I) Frequência é o número de oscilações de um sinal periódico em determinado tempo.
II) Quando falamos em aumentar o volume, estamos relacionando com a altura do som.
III) Som grave e som agudo podem ter uma mesma amplitude.
IV) A intensidade sonora está relacionada com a amplitude da onda.
V) Som de alta frequência precisa de uma potência sonora maior em relação a um som
de baixa frequência para ser gerada.

Assinale a alternativa correta.

a) Estão corretas as afirmativas I, II, III e IV.


b) Estão corretas as afirmativas I, II, IV e V.
c) Estão corretas as afirmativas I, III e IV.
d) Estão corretas as afirmativas II, III e V.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

2. Em uma indústria, existem duas bombas que são utilizadas para encher um reservatório
de água. Foi constatado que a primeira bomba emite um ruído de 86 dB, e a segunda
89 dB. Qual é o nível de potência sonora total gerado pelas duas bombas?

196
3. Nesta unidade, vimos vários conceitos aplicados à acústica. Dentro destes conceitos,
relacione sua definição com exemplos que são aplicados no dia a dia.

Conceito: Casos:

a) Altura ( ) Abaixar o volume da música em um


b) Intensidade rádio.

c) Timbre ( ) Distinguir uma única nota grave to-


cada por um contrabaixo e uma nota
d) Tom puro
aguda por um violão.
( ) Uma única nota emitida por um dia-
pasão.
( ) Distinguir o som de uma guitarra e
um violino.

Assinale a alternativa com a sequência correta.

a) a, d, b, c.
b) b, a, d, c.
c) b, d, a, c.
d) a, c, d, b.
e) b, c, a, d.

197
198
8
Instrumentação de
vibração, acústica e
EPI’s
Me. Nelson Legat

Nesta unidade, você verá os principais instrumentos de medição


para práticas de vibração e acústica, assim como EPI’s (Equipamen-
tos de Proteção Individual) para realizar alguns experimentos espe-
cíficos. Também verá gráficos de medições realizadas em campo e
como interpretá-los.
UNICESUMAR

De todo o conteúdo visto até agora, incluindo vibrações e acústica, foram men-
cionados diversos problemas, como vibrações forçadas, ressonância, poluição so-
nora, vibrações em equipamentos rotativos, entre outros. Mas como é possível o
engenheiro mecânico identificar e solucionar estes problemas na prática? Além
das ferramentas matemáticas, como visto nas unidades anteriores, como realizar
os experimentos em campo?
Para isto, nesta unidade, estudaremos alguns dos equipamentos necessários para
realizar estas medições, analisaremos os gráficos e verificaremos se há inconformi-
dades, ou não. Assim, o(a) engenheiro(a) mecânico(a) saberá qual o equipamento
apropriado para detectar e solucionar estes problemas.
Para o estudo de instrumentação de vibrações mecânicas e acústicas, faremos
um experimento prático e bem interessante para avaliar a frequência natural. Neste
caso, será feita uma análise acústica por meio de um aplicativo simples de celular e
de fácil acesso. Para usuários Android, é possível encontrá-lo como Sound Monitor
FFTwave, e, para usuários iOS (Apple), o mesmo aplicativo encontra-se com o nome
de FFTWave (veremos mais adiante, nesta unidade, o significado de FFT).
Neste experimento, se houver em sua casa uma taça de vinho, seria o objeto mais
recomendado, mas, se você possuir instrumentos musicais, como violão, baixo, violino,
piano ou outro instrumento que emita apenas uma única nota musical, é indicado
também. Para demonstrar o aplicativo, será utilizada uma taça de vinho.
Após a instalação, o aplicativo pedirá permissão para o uso do microfone de seu
celular, pois ele captará o som emitido da fonte sonora, portanto, você deverá per-
mitir este acesso. É recomendado, para este experimento, que seja feito em um lugar
isolado ou com o menor ruído possível, evitando outros ruídos externos que afetarão
o experimento. Assim, você deve posicionar o microfone de seu celular próximo à
fonte sonora. Neste exemplo, será colocada a taça próxima ao celular e, com o dedo
indicador, será aplicada uma força contra a taça que seja o suficiente para que ela
emita um som alto e claro.
É possível observar, no aplicativo, dois gráficos, como apresentado na Figura
1(a). Na parte superior, é indicado o nível de pressão sonora, que está sendo cap-
tado pelo microfone, em tempo real, isto é, um gráfico de Pressão versus Tempo.
O gráfico a seguir é representado em Nível de Pressão Sonora (NPS), em decibéis,
versus Frequência.
Após excitar a taça com o dedo indicador, o som captado pelo microfone é pro-
cessado pelo aplicativo, instantaneamente, e resulta em uma frequência como a
indicada pela Figura 1(b).

200
UNIDADE 8

(a)

80

70 635.2Hz
60

50

40
dB 30
20

10
0

-10

-20
0.00 1000.00

(b)

Figura 1- (a) Dado da taça obtido pelo aplicativo FFT Wave, (b) Ampliação do dado obtido / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem (a) apresenta a interface do aplicativo com dois gráficos. Na parte superior, é apresentado o gráfico
de Pressão versus Tempo, e, na parte inferior, o gráfico de NPS versus Frequência. Em (b) está representado o resultado do experimento
com a taça de vinho, ampliado para melhor visualização da frequência natural do objeto, que é definida por meio do pico de frequência.

Portanto, a taça utilizada neste experimento possui uma frequência natural de 635,2 Hz, com um NPS
de, aproximadamente, 60 dB, mostrada pelo pico em vermelho, mostrado pela Figura 1(b). Desta forma,
para evitar a ressonância, é preciso evitar que uma fonte externa emita um ruído nesta mesma frequência.
Agora, anote em seu Diário de Bordo, quais fontes sonoras foram utilizadas em seu experimento,
assim como sua frequência de ressonância. A partir dos gráficos do aplicativo, escreva suas observações
contemplando o conhecimento básico sobre ondas, descrito na unidade anterior.

201
UNICESUMAR

DIÁRIO DE BORDO

Dentro deste capítulo, estudaremos as etapas essenciais para realizar uma análise experimental de
vibração e acústica. Para fins acadêmicos, a análise experimental tem como objetivo comparar o
comportamento de um sistema vibratório com os métodos matemáticos que estudamos nos capítu-
los anteriores. Com isto, é possível verificar e comprovar que a metodologia usada tanto nos cálculos
quando na bancada experimental é válida.
Já os ensaios realizados em campo, como nas indústrias e nas estruturas, dependerão da comple-
xidade construtiva do sistema e, também, de como serão adquiridos os dados para análise, porém o
fundamento para realizar as análises é semelhante.

Análise de vibrações mecânicas

Em vibrações mecânicas, a análise experimental é indicada para avaliar se equipamentos possuem


falhas, ou não, como uma forma de manutenção preventiva. Um dos parâmetros determinado é a fre-
quência natural. Determinar este parâmetro é de suma importância para evitar que algum componente
mecânico opere próximo da ressonância.

202
UNIDADE 8

É importante ressaltar que as análises matemáticas, ou analíticas, fornecem uma boa convergência
dos resultados, mas que, quando realizados os ensaios práticos, pode haver divergências, como: ins-
trumentos de medição não calibrados, posicionamento inadequado dos instrumentos, manipulação
incorreta dos dados, entre outros. Por este motivo, é recomendado fazer comparações entre resultados
experimentais e resultados matemáticos.
Segundo Rao (2008), para realizar as medições, deve-se incluir os seguintes passos, como mostra a Figura 2.

Figura 2 - Etapas de medições de vibração / Fonte: adaptada de Rao (2008).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um fluxograma com as etapas para a realização de experimentos de análises vibratórias:
Máquina ou estrutura vibratória, Transdutores ou sensores de vibração, Instrumento de conversão de sinal, Unidade de apresentação,
registrador ou computador e Análise de dados.

A seguir, serão explicados, detalhadamente, os cinco passos citados.

Máquina ou estrutura vibratória

São estruturas ou equipamentos mecânicos submetidos a ensaios vibratórios. Na prática, podemos


utilizar algumas bancadas para realizar estes testes, e uma delas é a bancada apresentada pela Figura 3,
utilizada para determinar a frequência natural de um sistema, composto por uma barra apoiada pela
extremidade, com vibração livre com e sem amortecimento.

203
UNICESUMAR

Figura 3 - Bancada de experimento de vibração / Fonte: Essom Engineering Education Equipment

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma bancada de experimento para análises de vibração para sistemas com um grau de
liberdade. Uma barra horizontal é apoiada em uma extremidade fixa (à esquerda), contendo um amortecedor viscoso, uma mola, um
medidor de deslocamento, respectivamente, e, também, um analisador de sinais com uma tela embutida.

A representação matemática desta bancada pode ser simplificada pela Figura 4.

Figura 4 - Simplificação da bancada / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma simplificação da bancada de experimentos de um sistema, com um grau de liberdade,
com vibração livre e amortecida, contendo uma barra horizontal fixa em sua extremidade esquerda, quase no meio da barra atua um
amortecedor e na extremidade direita há uma mola.

Lembrando que, para que um sistema vibre, é preciso tirá-lo do equilíbrio estático. Para isto, podem
ser utilizados martelos de impacto (Figura 5), que são utilizados para dar o estímulo inicial a fim de
que o sistema saia do ponto de equilíbrio. As informações sobre a magnitude do impacto serão trans-
mitidas pelo analisador de sinais e computador, posteriormente. Estas informações serão vistas logo
mais nesta unidade.

204
UNIDADE 8

Figura 5 - Martelo de impacto / Fonte: os autores. Figura 6 - Mini Shaker Type 4810 / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um martelo Descrição da Imagem: a imagem apresenta um shaker
para estimular e medir forças de impacto de estruturas que tem a função de estimular estruturas ou componentes
ou componentes mecânicos. mecânicos.

Além dos martelos, é possível utilizar agitadores, também chamados de shakers, para simular uma
vibração forçada pela base, excitando um sistema vibratório em frequências específicas, mostrado
pela Figura 6.
Os shakers podem ser encontrados em diferentes tamanhos e aplicação de força variável. Como
exemplo, o shaker da Figura 6 pode excitar um sistema com uma força máxima de máxima de 10 N e
uma faixa de frequência de 10 a 18 000 Hz (dados fornecidos pelo fabricante). Este tipo de equipamento
é recomendado para pequenas estruturas.
Também podemos encontrar bancadas com massas concentradas na extremidade e com motores
com desbalanceamento rotativo, mostrado pelas Figuras 7 e 8, respectivamente. Suas simplificações
são análogas à Figura 4.

205
UNICESUMAR

Figura 7 - Bancada de vibração com massa concentrada / Fonte: Essom Engineering Education Equipment

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma bancada de experimento para análises de vibração para sistemas com um grau de
liberdade. Uma barra horizontal é apoiada em uma extremidade fixa (à esquerda), contendo uma massa concentrada na extremidade
à direita. Também apresenta um analisador de sinais com uma tela embutida.

Figura 8 - Bancada de vibração com motor rotativo / Fonte: Essom Engineering Education Equipment

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma bancada de experimento para análises de vibração para sistemas com um grau de
liberdade. Uma barra horizontal é apoiada em uma extremidade fixa (à esquerda), contendo um amortecedor, um motor rotativo e
uma mola, respectivamente, e, também, há um analisador de sinais com uma tela embutida.

206
UNIDADE 8

Todas as bancadas representam sistemas de vibrações livres ou forçadas com e sem amortecimento.
O objetivo deste aparato é determinar qual a frequência natural da barra que está apoiada e qual a
influência dos componentes instalados (mola, amortecedor, motores rotativos, massas concentradas
etc.). O próximo passo será determinar quais os instrumentos necessários para a aquisição do com-
portamento de como a barra vibrará.

Sensores de vibração

Segundo Rao (2008), transdutores são dispositivos que transformam valores de variáveis físicas em
sinais elétricos equivalentes. Há diversos tipos de transdutores no mercado, porém apenas alguns são
utilizados para ensaios de vibração, sendo o mais comum o acelerômetro, mostrado na Figura 9.

Figura 9 - Acelerômetros / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta tipos e tamanhos diferentes de acelerômetros.

O acelerômetro é um instrumento de medição capaz de medir a aceleração de um corpo submetido


à vibração. Além de serem utilizados em componentes mecânicos, os acelerômetros também têm
aplicabilidade para detectar abalos sísmicos, como os terremotos. Como mencionado anteriormente,
ele é utilizado para determinar a frequência natural do sistema, isto quer dizer que, dependem de dois
parâmetros: da massa e da rigidez. Este equipamento é recomendado para análise de vibrações, pois
possuem alta sensibilidade, e o mais importante, sua massa é, significativamente, menor que o sistema
em análise, portanto, o acelerômetro não interferirá na massa do total do sistema, consequentemente,
a frequência natural do sistema será a mesma.

207
UNICESUMAR

Instrumento de conversão de sinal

A partir dos dados captados pelo acelerômetro, é preciso converter o sinal por meio de um analisador
e um conversor de sinais, como os mostrados na Figura 10. Estes equipamentos processarão a medição
feita no domínio do tempo e a converterão para domínio da frequência, utilizando a transformada
rápida de Fourier (FFT – Fast Fourier Transform).
Figura 10 - Módulo de aquisição de da-
dos / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem


apresenta dois módulos de aquisi-
ção e conversão de dados. O primei-
ro (à esquerda), possui seis canais
de entrada, e o segundo (à direita),
possui seis canais, sendo quatro de
entrada e dois de saída.

Cada módulo possui diferentes


entradas para equipamentos di-
ferentes. É possível utilizar em
conjunto com acelerômetros,
microfones, shakers, motores
rotativos, entre outros. Depen-
dendo do experimento, é possí-
vel utilizar mais de um equipa-
mento, simultaneamente, isto é,
quanto mais instrumentos de medição na análise do ensaio, maior o número de canais dos módulos.
A transformada rápida de Fourier (FFT) é uma ferramenta matemática que facilitará a leitura do sinal,
pois o objetivo da medição é determinar a frequência natural do sistema, com isso, a análise no domínio
do tempo dará uma previsão deste parâmetro. A transformação do domínio do tempo para o domínio
da frequência facilita a leitura sobre o comportamento do sistema analisado.
A Figura 11 apresenta dois gráficos, referentes a ensaios experimentais que foram realizados em
uma bancada de um sistema vibratório com 1 G.L. No primeiro gráfico, estamos analisando dois sinais
no domínio do tempo. É possível notar que, em linha preta, está representado um sinal característico
de um sistema livre e não amortecido, pois a aceleração captada pelo acelerômetro, no decorrer do
tempo, permanece, praticamente, constante. Já na linha representada pela cor azul, é possível notar
que o sistema estava estático até, aproximadamente, 3,2 segundos, e que, após isso, houve a excitação
do sistema. Também se observa que houve um decaimento da aceleração no decorrer do tempo, entre
3,3 e 4,25 segundos, caracterizando um sistema subamortecido, como visto nos capítulos de vibrações.
Aplicando a FFT no sinal no domínio do tempo, temos o segundo gráfico, representando o sinal
no domínio da frequência. Nota-se que a leitura da frequência natural no domínio da frequência é
explícita, já que não era possível determinar este parâmetro por meio do primeiro gráfico. Desta for-

208
UNIDADE 8

ma, conclui-se que, como o sistema possui 1 G.L., ele possuirá uma única frequência natural, sendo
que este parâmetro fica mais evidente na curva sem amortecimento, denotado pela linha preta, cujo
valor é 7,8 Hz. E que a inclusão de um amortecedor reduz drasticamente sua aceleração, neste mesmo
ponto representado pela linha azul, evitando que haja um colapso do sistema caso seja submetido à
frequência de ressonância.

Figura 11- Ensaios experimentais / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta dois gráficos de ensaios realizados em um sistema vibratório, com um grau de liberdade,
utilizando um acelerômetro. O primeiro gráfico apresenta dois sinais medidos em função da aceleração versus tempo. A linha preta
representa um sistema composto apenas por uma mola, isto é, sem amortecimento. Já no sistema representado pela linha azul, foi
incluído um amortecedor, caracterizando um sistema livre e amortecido. No segundo gráfico, houve a conversão para o domínio da
frequência, portanto, um gráfico de aceleração versus tempo, utilizando a FFT. Neste gráfico, há dois sinais: a linha preta indica a fre-
quência natural de um sistema livre e sem amortecimento, e a linha azul uma curva caraterística de um sinal amortecido.

209
UNICESUMAR

Unidade de apresentação, registrador ou computador e


análise de dados

Nesta etapa, todo o sinal obtido e convertido será processado por meio de um computador. Na sequên-
cia, serão geradas as informações necessárias para que o engenheiro analise e interprete os dados por
meio de gráficos, animações ou planilha de dados, como fizemos anteriormente, na interpretação do
sinal experimental. Veja exemplo representado pela Figura 12.

Figura 12 - Análise e interpretação de dados

Descrição da Imagem: a imagem apresenta três monitores com gráficos e imagens de dados adquiridos e uma pessoa fazendo a
interpretação dos resultados.

Na maioria dos casos, os equipamentos presentes em uma linha de produção são adquiridos por meio
de outros fabricantes, especializados em maquinários. Desta forma, a empresa que faz a fabricação
dos equipamentos realiza testes adequados para verificar se a máquina está operando, corretamente
e sem irregularidades. Neste caso, a empresa que adquiriu este equipamento, direto do fabricante,
não precisa realizar testes de conformidades, pois certificados de conformidades devem ser emitidos
junto com o equipamento.
O recomendado para estes casos é, assim que uma empresa adquirir um equipamento, realize
um ensaio de vibração com o produto novo e armazene estes dados e, posteriormente, após o uso do
equipamento, realize outras medições de vibração, pois, assim, será possível comparar os resultados e
verificar se há divergência do comportamento deste equipamento. Desta forma, é possível avaliar se há
alguma inconformidade nos dados quando comparados aos testes iniciais. Este tipo de manutenção
preventiva pode detectar trincas no interior do equipamento ou algum tipo de mal funcionamento,

210
UNIDADE 8

apenas pela divergência do sinal, já que o equipamento vibrará de outra forma. Uma maneira forma
de realizar um ensaio com acelerômetro é o que mostra a Figura 13.

Figura 13 - Análise do comportamento de um equipamento com acelerômetros

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um conjunto bomba e motor elétrico. Acima do motor elétrico (imagem ampliada), há um
acelerômetro posicionado e conectado por um instrumento de leitura para medir o nível de vibração, sendo que este é manuseado
pelo operador.

Sensores acústicos

Vistas a instrumentação e a análise de dados em Vibrações Mecânicas, agora, veremos as etapas ne-
cessárias para realizar os ensaios acústicos. Também serão vistos os equipamentos apropriados para
realizar um ensaio de alta qualidade. As etapas são similares às vistas em vibrações, mudando apenas
as duas primeiras, sendo elas: fonte sonora para estudo e sensores acústicos.

Fonte sonora para estudo

Nesta etapa, é preciso saber qual a fonte sonora que será avaliada. Podemos citar alguns exemplos, como:
uma bomba hidráulica emitindo excesso de ruído, devido a um mau funcionamento, um escapamento
automotivo desgastado, avaliação de isolamento de um estúdio de música ou do interior de um carro,
entre outras aplicações, como mostra a Figura 14.
Desta forma, com um ensaio acústico, é possível identificar se um equipamento está emitindo ruídos de
forma excessiva, devido a uma possível irregularidade interna de um componente. Também, é possível verificar
se uma rua está com níveis de emissão sonora dentro de normas específicas, para evitar a exposição prolongada
do ser humano neste ambiente, ocasionada pela poluição sonora decorrente do tráfego de veículos na região.

211
UNICESUMAR

Figura 14 - Avaliação de ruídos em ambientes

Descrição da Imagem:a imagem apresenta um edifício em construção e um operador manuseando um medidor de nível de pressão
sonora para avaliar o nível de ruído emitido durante o processo de construção civil.

212
UNIDADE 8

Sensores acústicos - micro-


fones

Em análises acústicas, o instrumento essencial é o


microfone (Figura 15), que pode ser encontrado
em diversos diâmetros e diversas faixas de ope-
ração de frequências variáveis. Os microfones são
instrumentos de alta sensibilidade que detectam
as variações de pressão emitidas pelas fontes so-
noras e, por este motivo, eles são os equipamentos
mais caros em uma análise acústica.
É possível encontrar os microfones em
diferentes diâmetros, tais como 1”, ½”, ¼” e 1/8”.
Quanto menor o diâmetro do microfone, menor
a sensibilidade e maior a faixa de captação de fre-
quência. Além disso, quanto maior o diâmetro,
mais sensível e menor será a faixa de operação,
como mostra a Figura 16. Lembrando que, quanto
maior a frequência, menor seu comprimento de
onda, consequentemente, os microfones de menor
diâmetro possuem uma faixa de captação maior.
Figura 15 - Pré-amplificador e Microfone de ½ ’’ / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um pré-amplificador, um microfone de ½’’ e a caixa do produto com a carta de especifi-
cações do microfone.

213
UNICESUMAR

(a)

(b)

Figura 16 - (a) Gráfico da tensão de alimentação versus frequência, para quatro diâmetros de microfones, (b) Gráfico da faixa
do nível de pressão sonora versus diâmetro do microfone / Fonte: adaptada de Brüel e Kjær, ([2021], on-line)¹.

Descrição da Imagem: as imagens em (a) e em (b) apresentam diferentes tamanhos de microfones, com 1/8”, ¼”, ½” e 1” de diâmetro e
suas respectivas faixas de operação, representados pelas cores preta, vermelha verde e azul, respectivamente. Em (a), está representado
um gráfico da Tensão média versus Frequência de operação para cada tamanho citado, e, em (b), está representada a faixa de captação
do nível de pressão sonora (NPS) para cada diâmetro do microfone.

214
UNIDADE 8

Portanto, para cada aplicação, é necessário verificar qual a faixa de operação que será estudada e, assim,
determinar o diâmetro correto e o equipamento adequado.
Em ensaios acústicos, seja em laboratórios seja em campo aberto, é utilizado o transdutor acústico.
Tem-se o costume de chamar o instrumento de medição acústica de microfone, porém este é apenas um
dos elementos que compõe o transdutor, que é composto por três partes: o microfone, mostrado, ante-
riormente, na Figura 15, o pré-amplificador e a conexão do cabo de transmissão de sinais, mostrados na
Figura 17. O pré-amplificador tem como função auxiliar na captação sonora de níveis de pressão maiores.

Figura 17 - Microfone e pré-amplificador / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um microfone acoplado ao pré-amplificador.

Os microfones também podem ser classificados como:


• Microfone de Campo Livre: perturba o campo sonoro quando ele é introduzido no meio,
compensando sua própria presença.
• Microfone de pressão: utilizado para realizar medições em campo livre, porém ele deve estar
posicionado, perpendicularmente, em relação a este campo. Isto evita que as perturbações do
meio não interfiram no experimento.
• Microfone de Incidência Aleatória: projetado para responder, de maneira uniforme, para os
sinais que incidem, simultaneamente, por todos os ângulos dentro do campo sonoro.

As três classificações estão representadas na Figura 18.

215
UNICESUMAR

Campo Sonoro

Campo Livre

Incidência
Aleatória
Pressão

Figura 18 - Tipos de microfone / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta os três tipos de microfones: o de campo livre, paralelo às ondas sonoras, o de pressão,
perpendicular às ondas sonoras, e o de incidência aleatória, que recebe sinais de todas as direções.

Sensores acústicos – Medidores de Nível de Pressão Sono-


ra (NPS) ou Sound Pressure Level (SPL)

Como o próprio nome sugere, são instrumentos para medir níveis de pressão sonora em ambientes.
Estes equipamentos são capazes de medir o nível global de ruído de uma fonte sonora ou de um am-
biente qualquer. Um microfone é acoplado em sua extremidade como receptor da pressão sonora ou
adaptado por uma extensão, caso necessite realizar uma medição a longa distância. Os dados são pro-
cessados pelo próprio aparelho e disponibilizados em tempo real em sua tela, como mostra a Figura 19.

216
UNIDADE 8

Figura 19 - Medidor de NPS / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um medidor de nível de pressão sonora. O equipamento eletrônico apresenta formato
triangular (nas cores preta e branca), sendo que, em sua base, apresenta um display em formato retangular, ao centro, teclas com as
funções do equipamento e, em sua extremidade superior, há um adaptador para a inserção do microfone.

Na Figura 20, nota-se que o equipamento


possui uma espuma protegendo o mi-
crofone, com objetivo de evitar que
ruídos externos, como o vento, sejam
captados e o experimento seja preju-
dicado. Assim como é possível notar,
também, na mesma figura, como é re-
presentado o dado obtido pelo microfo-
ne e processado pelo equipamento. Em sua
tela, verifica-se que o NPS medido é de 125,1 dB.
Tanto para vibrações quanto para acústica, os
analisadores e os conversores de sinais são simila-
res. Neste caso, a pressão sonora medida pelo micro-
fone é transformada em sinal elétrico, sendo convertida
pelo analisador de sinais e, posteriormente, processada pelo
computador e interpretada pelos engenheiros.

Figura 20 - Medidor de Pressão Sonora e display

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um medidor de pressão sonora. Este equipamento


apresenta formato retangular. Na extremidade superior está localizado o microfone acoplado
a uma espuma de formato esférico, logo abaixo há um display retangular e, abaixo deste, três
seletores de configurações do equipamento.

217
UNICESUMAR

O medidor de nível pressão sonora é amplamente utilizado para determinar os


níveis de ruídos de ambientes, principalmente em indústrias com maquinários pe-
sados e utilizado, também, em câmaras acústicas próprias para realização de ensaios
acústicos. Por meio de normas de controle de ruído, o ambiente deve ser apropriado
para o trabalho, indicando se há, ou não, a necessidade de uso de EPI’s (Equipamentos
de Proteção Individual).

Além dos exemplos que foram citados nesta unidade, você gostaria
de saber mais sobre outras aplicações em que podemos encontrar
experimentos de vibrações e acústica na prática do engenheiro me-
cânico? Venha dar uma conferida em nosso Podcast.

Equipamentos de proteção individual (EPI)

Como mencionado na unidade anterior, a exposição prolongada ao ruído pode preju-


dicar nosso organismo e até causar danos irreversíveis, como a surdez permanente. Por
isto, a melhor maneira de evitar que estes danos sejam causados é a utilização de EPI’s.
Dentro de todos os EPI’s existentes no mercado, mencionaremos apenas os protetores
auriculares, utilizados quando há excesso de emissão de ruídos. Nesta classe, podemos
encontrar dois tipos de protetores: os plugs de ouvidos e os abafadores de ouvido.
Os plugs de ouvido (Figura 21) são protetores intra-auriculares, geralmente, com
baixo custo e com boa eficiência contra ruídos, porém com um pouco de desconfor-
to ao ser utilizado e em questões higiênicas. Cada fabricante possui um modelo de
plug com um nível de atenuação sonora diferente, portanto, é importante verificar
as especificações de cada produto e as declarações de conformidade para ter certeza
de que o produto foi testado e aprovado pelas normas responsáveis.

218
UNIDADE 8

Figura 21- Plugs de ouvido

Descrição da Imagem: a imagem apresenta dois protetores do tipo plug para ouvidos. À esquerda, um plug com três flanges presos
a um barbante, e, à direta, dois plugs de espuma.

Já os abafadores de ouvido (Figura 22) possuem uma construção maior, protegendo os ouvidos,
externamente, por meio de conchas preenchidas com materiais absorventes em seu interior. Estes
abafadores possuem melhor conforto e melhores condições higiênicas, além possuir mais atenuação
sonora, porém seu preço é mais elevado em comparação aos plugs de ouvido.
É de extrema importância
que a empresa fornecedora
emita um certificado de
conformidade e com as
instruções necessárias para o
uso do EPI. A Tabela 1 apresenta
o desempenho de um protetor
auricular do tipo plug, e a Tabe-
la 2, o desempenho do protetor
auricular do tipo concha. Nestas
tabelas, são fornecidas as faixas
de frequências de operação do
EPI, sua respectiva atenuação,
Figura 22 - Abafadores de ouvido o seu desvio padrão, e o Nível
de Redução de Ruído Subject
Descrição da Imagem: a imagem apresenta dois abafadores de ouvido do tipo concha,
nas cores vermelha e preta. Fit (NRRst), isto é, o nível de
redução global do EPI.

219
UNICESUMAR

PROTETOR AURICULAR TIPO PLUG

Frequência (Hz) 125 250 500 100 2000 4000 8000 NRRsf

Atenuação (dB) 21 22 23 21 26 31 36 16 dB

Desvio Padrão (dB) 7 7 7 5 5 6 5

Tabela 1 - Tabela de desempenho do protetor auricular tipo PLUG / Fonte: adaptada de 3M ([2021], on-line)².

PROTETOR AURICULAR TIPO CONCHA

Frequência (Hz) 125 250 500 100 2000 4000 8000 NRRsf

Atenuação (dB) 14 19 26 37 31 30 29 21 dB

Desvio Padrão (dB) 3 3 3 3 2 4 5

Tabela 2 - Tabela de desempenho do protetor auricular tipo CONCHA / Fonte: adaptada de 3M ([2021], on-line)³.

É possível notar que a atenuação global dos atenuadores em concha é, significativamente, maior,
comparado ao plug.

Além dos protetores auriculares, podemos encontrar as barreiras


acústicas em construções, como residências, apartamentos e estúdios
musicais. As barreiras acústicas são paredes preenchidas com mate-
riais absorventes, em forma de sanduíches. Estas barreiras possuem
alta eficiência de atenuação sonora. Para verificar o comportamento
destas barreiras, será utilizado o simulador. Ao acessar o site, primei-
ramente, você fará o teste de uma banda de rock tocando sem qualquer tipo de isolamento
acústico, e, para uma melhor experiência, coloque fones de ouvido. Para escutar a banda,
sem isolamento, clique no botão Play em No Partition, do lado esquerdo da página, e, para
escutar com barreira acústica, clique no botão Play, conforme mostra a Figura 23.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

220
UNIDADE 8

Figura 23 - Página do simulador de barreiras acústicas / Fonte: Haverstick Designs ([2021], on-line)4.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta, à esquerda, uma coluna com a simulação sem isolamento acústico (No Partition), e, em
seguida, os tipos de barreiras acústicas do fabricante. No centro da imagem, está representada uma estrutura da barreira, e, acima,
no botão Play, o seu comportamento acústico.

Nesta unidade, estudamos quais os equipamentos e os instrumentos necessários para realizar ensaios
experimentais de vibração e acústica. Além disto, com estas ferramentas, você será capaz de interpretar
o comportamento destes sistemas. Também vimos a importância da utilização de equipamentos de
proteção, indispensáveis quando se trata da saúde do ser humano.
Ao final desta unidade, há uma breve introdução sobre materiais acústicos utilizados nos EPI’s e em
barreiras acústicas. Na próxima unidade, veremos qual a influência destes materiais quando o assunto
é ruído. Não deixe de acompanhar em nossa última unidade deste módulo. Até breve!

221
Como forma de organizar todos os conceitos e as definições que foram vistos nesta unidade,
faremos um Mapa Mental. Logo a seguir, iniciei o preenchimento, e, agora, você termina, beleza?

Bancadas de vibrações

Estrutura vibratória Fonte sonora


microfone
ANÁLISE de campo livre
Sensores Sensores NPS

Acelerômetros conversão de sinais

Unidade de
domínio da frequência
apresentação de
frequência

222
1. A manutenção tem como objetivo manter a disponibilidade de um equipamento na
indústria, isto é, fazer com que ele funcione, adequadamente. Uma manutenção bem
planejada pode evitar que ocorram problemas de parada por falhas nos equipamentos,
consequentemente, a interrupção da produção da uma linha de processo e, assim,
prejuízo para a fábrica. Uma das maneiras preventivas de manutenção é verificar o
comportamento de vibração e de emissão de ruído. Com relação a este tipo de manu-
tenção, analise as afirmativas a seguir:
I) A utilização de acelerômetros pode detectar irregularidades de vibração caso um
equipamento rotativo esteja com folgas, trincas ou com algum componente defei-
tuoso, ou com peças não ajustadas, adequadamente.
II) Os microfones podem ser utilizados na manutenção para medir o nível de pressão
sonora (NPS) de equipamentos em operação, verificando se há excesso de emissão
de ruído, o que pode se caracterizado por uma irregularidade do funcionamento
deste equipamento.
III) A utilização dos acelerômetros é indicada para realizar testes em equipamentos fora
de operação, evitando o risco de acidentes.
IV) A utilização de protetores auriculares em ambientes com excesso de ruído pode
evitar danos permanentes e não permanentes em nosso organismo, como surdez
permanente, estresse, zumbido, fadiga, ansiedade, entre outros.

Quanto às afirmativas, pode-se dizer que estão corretas:

a) I, III e IV.
b) I, II, III e IV.
c) I e IV.
d) I, II e IV.
e) I e II.

2. Uma empresa fabricante de motores elétricos solicitou um ensaio de vibração para


verificar em qual rotação o motor não poderá operar, para evitar uma possível res-
sonância. Das alternativas a seguir, assinale a que apresenta a melhor solução para
resolver este problema.
a) Realizar um protótipo 3D em um software de simulação de vibração e determinar sua
frequência natural por meio de simulações.
b) Contratar uma equipe de consultoria para realizar este experimento.
c) Realizar um ensaio com acelerômetros e com um martelo de impacto, excitar o motor
elétrico para que o acelerômetro capte as frequências naturais.
d) Posicionar um acelerômetro, ligar o motor elétrico e verificar rotação por rotação do
motor elétrico até que o acelerômetro capte o maior pico na frequência de ressonância.
e) Não há necessidade de realizar este tipo de ensaio para motores elétricos.

223
3. Uma empresa realizou monitoramento de uma bomba hidráulica utilizando um acele-
rômetro para verificar seu comportamento. O acelerômetro captou o sinal vibratório
da bomba, durante 50 milissegundos, como mostra a figura a seguir:

Utilizando artifícios matemáticos, pode-se transformar o sinal obtido no domínio do tempo em


domínio da frequência. Assim, obteve-se o seguinte gráfico:

A partir destas duas figuras, qual artifício matemático foi utilizado para transformar o sinal
no domínio do tempo para o domínio da frequência? E, por meio da segunda imagem, qual
o significado dos dois picos? Quais seus respectivos valores e o que eles representam dentro
deste sistema?

224
9
Materiais de absorção,
filtros e ressonadores
acústicos
Me. Nelson Legat

Nesta unidade, veremos elementos de redução de energia acústica,


utilizadas para inibir ruídos gerados pelas fontes sonoras. Apre-
sentaremos alguns dispositivos que podemos encontrar na prática
de engenharia mecânica e uma breve descrição de seu comporta-
mento, como silenciadores automotivos e câmaras acústicas. Den-
tro destes, aprofundaremos sobre materiais absorventes, filtros e
ressonadores acústicos.
UNICESUMAR

Você já parou para pensar que o escapamento de veículos de motores à combustão, como carros, mo-
tos e caminhões, é projetado por um engenheiro mecânico? Apesar de ser apenas um entre os vários
componentes de um veículo, ele é de extrema importância e está ligado, diretamente, com a acústica.
Você consegue imaginar como?
Você, como futuro(a) engenheiro(a) mecânico(a), já deve saber que o escapamento de automóveis
serve para liberar o resultado da queima de combustível que acontece no cilindro do motor. Mas,
neste momento, trataremos de outro componente que faz parte do sistema de exaustão, o silenciador.
Espero que você se lembre do exemplo da motocicleta utilizado na Unidade 7, em que falamos sobre
o barulho, alto e desconfortável, produzido pelo escapamento quando este é removido ou substituído.
Este ruído é chamado de poluição sonora e pode ser prejudicial ao nosso organismo, podendo, no pior
dos casos, causar danos irreversíveis, como a surdez permanente.
Neste momento, porém, deixaremos de lado os efeitos no corpo humano e focaremos mais no
funcionamento do silenciador. Você sabe quais são os componentes e do que ele é feito? Como você
deve imaginar, em um silenciador, são utilizados materiais de absorção acústica. Mas você conhece
materiais com esta característica? E o que faz de cada material um bom absorvedor acústico?
Com um experimento simples, que você pode fazer em sua casa, é possível observar o funciona-
mento de silenciadores de carros e motocicletas. Você precisará de uma garrafa PET de dois litros,
aquelas garrafas de refrigerante, e, com ela em mãos, remova seu fundo com cuidado e retire a tampa.
Se você emitir um som através do furo onde estava localizada a tampa, você conseguirá escutar todo
o som emitido, ou seja, a garrafa PET apenas redirecionará o som em seu interior. Agora, aprimorare-
mos nosso aparato. Pegue uma esponja de lavar louça, de preferência uma nova, e coloque no interior
da garrafa, em qualquer posição, e, após isto, emita o mesmo som feito anteriormente. Mais uma vez,
acrescente mais uma esponja e repita o passo anterior até que a garrafa PET esteja completamente
preenchida por esponjas de lavar louça.
Em seu diário de bordo, anote o que você observou com a criação deste aparato. Quais mudanças
houve ao acrescentar mais esponjas no interior da garrafa PET?

DIÁRIO DE BORDO

226
UNIDADE 9

O experimento que você acabou de realizar representa o funcionamento de um silenciador. Este compo-
nente é utilizado para atenuar o ruído proveniente das explosões que ocorrem dentro do motor, durante
a queima do combustível. Porém o silenciador não é o único componente capaz de atenuar o som.
Nesta unidade, estudaremos o comportamento e a aplicação de materiais acústicos, também chamados
de materiais absorventes. De modo geral, os materiais absorventes são caracterizados por possuírem poros
(espumas) ou fibras (fibra de vidro, lã de rocha, algodão, fibra de coco etc.) em seu interior.
Os materiais acústicos possuem boa eficiência quando se trata de absorção sonora, como você deve
ter notado no experimento da garrafa PET. Este fenômeno ocorre quando a onda sonora, gerada pela
fonte, entra em contato com os espaços de ar contidos no interior do material absorvente, assim, parte
da energia acústica da onda gerada é transformada em energia térmica por meio do atrito viscoso entre
o ar e o material absorvente. As Figuras 1 e 2 mostram uma vista microscópica de material poroso e
fibroso, respectivamente.

Figura 1- Vista microscópica de um material poroso

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma vista microscópica característica de um material poroso, de estrutura emaranhada
com diferentes tamanhos de poros.

227
UNICESUMAR

Figura 2 - Vista microscópica das fibras de coco e seus respectivos diâmetros em micrometros / Fonte: Legat Filho (2017).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta a vista microscópica de uma fibra de coco e seus respectivos diâmetros em micrometros.
Na vista microscópica, as fibras se assemelham a tubos cilíndricos, dispostos de forma aleatória.

É possível notar grandes espaços de ar dentro da vista microscópica, onde ocorre a dissipação de
energia. Da mesma forma, é importante que os materiais absorventes apresentem estes poros ou as
fibras para que haja um fluxo de ar por toda a espessura do material, pois isto garantirá a propagação
das ondas sonoras no interior do material, ocorrendo a transformação da energia acústica em térmica
e, consequentemente, a absorção sonora.
Assim, o coeficiente de absorção sonora ( a ) pode ser definido como a razão entre a energia acústica
absorvida pelo material ( Wa ), pela energia incidente pela fonte sonora ( Wi ), como mostra a Equação 1.
W
a = a (1)
Wi

Considerando a variação do coeficiente de absorção, 0 < a < 1, sendo que 0 indica que não há absorção
pelo material, isto é, sem transformação de energia acústica em térmica, e, para valor igual a 1, indica
que toda energia incidente pela fonte sonora será absorvida pelo material, avaliaremos a eficiência da
espuma de poliuretano.

228
UNIDADE 9

A Figura 3(a) apresenta uma amostra de espuma de poliuretano (PU). Já na Figura 3(b), é representado
o comportamento característico do coeficiente de absorção em uma faixa de frequência de 0 a 1600
Hz desta espuma. Nota-se que há duas curvas da mesma espuma, porém com espessuras diferentes.
O aumento da espessura implica um volume maior, consequentemente, haverá maior quantidade de
material para dissipar a energia emitida pela fonte sonora.
Portanto, a amostra de maior espessura possui um coeficiente de absorção maior quando compa-
rado ao de menor espessura, analisando frequência por frequência. Como exemplo, em 900 Hz, este
material é capaz de absorver, aproximadamente, 90% (0,9) da energia emitida pela fonte sonora, e
apenas 10% desta energia é refletida.

(a) (b)
Figura 3 (a) - Amostra de espuma comum; (b) - comportamento acústico da espuma / Fonte: Legat Filho (2017).

Descrição da Imagem: a imagem, em (a), apresenta uma amostra cilíndrica de espuma comum de poliuretano (PU), e, em (b), é repre-
sentado seu comportamento acústico por meio gráfico do coeficiente de absorção versus frequência para amostras de 42 e 84 mm
de espessura. As amostras de 42 mm estão representadas pela linha preta, tem a forma aproximada de uma reta que apresenta uma
trajetória crescente do coeficiente de absorção, conforme aumenta a frequência. As amostras de 84 mm estão representadas pela
linha azul, tem a forma de uma parábola que apresenta um crescimento até a frequência de, aproximadamente, 1100 Hz, e, após este
ponto, inicia um pequeno decréscimo.

Também, pode-se verificar que, com o aumento da frequência, maior é o coeficiente de absorção (para
esta amostra em análise). Como dito anteriormente, ondas de baixa frequência possuem um compri-
mento de onda maior e necessitam mais energia para se propagarem, dificultando a troca de energia
dentro dos poros do material absorvente. Já em altas frequências, devido ao comprimento de onda ser
menor, assim como a energia de emissão, há transformação de energia acústica em energia térmica de
forma mais eficiente, implicando em uma maior eficiência de absorção do material. Outros materiais
absorventes comumente usados são as fibras de vidro e lãs de rocha (Figura 4).

229
UNICESUMAR

Estes materiais, além de possuírem uma eficiência acústica, são utilizados como isolantes térmicos
em revestimentos de residências, ou, até mesmo, em aplicações navais, como barcos

(a) (b)
Figura 4 (a) - Placas de lã de rocha; (b) caiaque fibra de vidro

Descrição da Imagem: a imagem apresenta, em (a), placas de lã de rocha aplicadas a uma parede de uma residência para revestimento
acústico e térmico, e, em (b), um caiaque preto sendo moldado a partir de fibra de vidro e resina.

Para obter a curva característica do coeficiente de absorção de um material poroso/fibroso, é utiliza-


da uma bancada de análise, chamada tubo de impedância, ou tubo de Kundt, como apresentado na
Figura 5. Com esta bancada, é possível verificar a eficiência do material absorvente em uma faixa de
frequência desejada, assim como mostrada na Figura 3(b).

Figura 5 - Tubo de impedância / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma bancada do tubo de Kundt, ou tubo de impedância, separado por duas seções cilín-
dricas. No tubo menor (à esquerda), localiza-se a terminação rígida e o porta amostras. No tubo maior (à direita), ocorre a propagação
da onda, na parte superior deste tubo, encontram-se cinco porta microfones equidistantes entre si, e, na extremidade, está localizada
a fonte geradora de ruídos.

A bancada do tubo de impedância (Figura 6) consiste nos seguintes componentes:


• Fonte sonora: onde serão emitidas as frequências desejadas.
• Tubo: para que a onda seja propagada em seu interior.
• Microfones: para a captação do sinal emitido.

230
UNIDADE 9

Figura 6 - Representação do tudo de impedância / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta a esquematização da bancada do tubo de impedância, com a fonte sonora posicionada
na extremidade esquerda do tubo, indicando o sentido da onda incidente e refletida, dois microfones posicionados na parte superior
do tubo, e, na extremidade direita, está o material absorvente seguido por uma terminação rígida.

Dentro do tubo, a fonte sonora é configurada por um analisador digital de sinal para emitir a faixa de
frequência desejada. Os microfones detectam o sinal saindo da fonte sonora (onda incidente). Após
isto, a onda incidente aproxima-se do material em análise e, por fim, chega à terminação rígida (mate-
rial de alta densidade, como o latão ou bronze), que tem como função fazer com que a onda não seja
transmitida para fora do tubo, e sim refletida. O fato de a terminação rígida evitar a transmissão da
onda não significa que ela é absorvida, pois toda energia que incide em uma parede rígida não porosa
é refletida com a mesma intensidade.
Com a diferença da pressão da onda incidente com a refletida, é possível estimar a eficiência do ma-
terial absorvente e, com isto, seu coeficiente de absorção. Esta metodologia experimental é normalizada
pela ASTM E1050-10 – Método de Teste Padrão para Impedância e Absorção de Materiais Acústicos
usando um Tubo, Dois Microfones e um Sistema Analisador Digital de Frequências (Standard Test
Method for Impedance and Absorption of Acoustical Materials Using a Tube, Two Microphones and
a Digital Frequency Analysis System) (ASTM, 2010).
Desta forma, o coeficiente de absorção é determinado pela Equação 2.
2
a( f )  1  R (2)

Sendo R o módulo do coeficiente de reflexão, adimensional, isto é, quanto menor o coeficiente de


reflexão da amostra em análise, maior é a energia dissipada pelo material e, portanto, maior é seu
coeficiente de absorção e vice-versa.
A determinação do coeficiente de absorção e do comportamento de um material acústico é realizada
por engenheiros e, além de aplicações em estúdios musicais e isolamentos acústicos em residências,
existem as câmaras anecoicas (do inglês anechoic: an – sem, echo - eco), que são câmaras especiais

231
UNICESUMAR

utilizadas em ensaios de engenharia, como teste de motores à combustão, fabricação de abafadores


auriculares, aeronaves, entre outros, que possuem alta absorção e evitam reflexões do som (eco), con-
forme mostra a Figura 7. Estas câmaras podem ser classificadas em totalmente anecoica, em que todas
as paredes e o chão da câmara possuem material absorvente, e semi-anecoica, caso o chão não possua
material, apenas as paredes.

Figura 7- Câmara anecoica

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o interior de uma câmara totalmente anecoica, com cunhas em todas as superfícies e os
equipamentos que estão sendo analisados.

As cunhas (espinhos) localizadas nas paredes das câmaras são materiais porosos de alta eficiência
acústica e têm como função aumentar a absorção das ondas emitidas pela fonte sonora. Como visto
anteriormente, sons de baixa frequência são difíceis de serem atenuados e, neste caso, o tamanho das
cunhas auxiliará a eficiência da absorção nestas faixas. Geralmente, quanto maior as cunhas, maior é
a área de contato e, portanto, melhor é a absorção em baixas frequências.
Além do coeficiente de absorção, outros três parâmetros essenciais devem ser analisados em um
material acústico: resistividade ao fluxo, porosidade e tortuosidade.

Resistividade ao fluxo de ar ( r0 )

Este parâmetro define a resistência ao fluxo de ar que o material absorvente oferece, e sua unidade
no sistema internacional (SI) é Rayl ou Pa ⋅ s m . A resistividade ao fluxo é definida como a razão
da variação de pressão pela velocidade de escoamento de ar e a espessura do material em análise, ou

232
UNIDADE 9

a resistência ao fluxo pela espessura. Quanto maior a diferença de pressão, maior sua resistividade,
representada pela Equação 3.
Dp
r0  (3)
ux  t

Em que:
r0 : valor da resistividade ao fluxo, em Rayl/m ou Pa ⋅ s m2 .
Dp : diferença de pressão antes e depois da amostra, em Pa.
u x : velocidade do escoamento no eixo longitudinal a amostra, em m/s.
t : espessura da amostra, em m.
A análise de resistividade ao fluxo é mostrada pela Figura 8.

Figura 8 - Representação da bancada de resistividade ao fluxo / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma simplificação do funcionamento da bancada de resistividade ao fluxo, representando
o eixo de coordenadas com o sentido do movimento do escoamento sendo direcionada, perpendicularmente, à amostra em análise.
Dois medidores de pressão estão posicionados antes e depois da amostra para a obtenção da pressão.

O procedimento experimental para determinar a resistividade ao fluxo é normalizado pela ASTM


(American Society for Testing Materials) C-522-03. Segundo a norma, para que os valores de
resistividade ao fluxo ( r0 ) possam ser válidos, os resultados devem estar na faixa de 100 a 10.000
rayl (ASTM, 2003).
A bancada de experimentação deve conter uma fonte contínua de ar controlada por um rotâmetro
(dispositivo de controle de vazão volumétrica) para determinar a velocidade específica do escoamento.
Usa-se uma mangueira pneumática para fazer a conexão entre a fonte pneumática e o difusor, que
distribuirá o escoamento de forma laminar por toda a seção contínua do tubo. Pode ser utilizado um
manômetro digital para determinar as pressões, antes e depois da amostra, alimentado por uma fonte

233
UNICESUMAR

de corrente elétrica com o auxílio de um multímetro para controlar e não danificar nenhum compo-
nente elétrico. Um modelo real desta bancada é apresentado na Figura 9.

Figura 9 - Bancada de resistividade ao fluxo / Fonte: adaptada de Legat Filho (2017).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma bancada de resistividade ao fluxo e seus componentes. Da esquerda para direita,
está o rotâmetro, mangueira pneumática, difusor, alimentador de corrente, tubo de seção contínua, multímetro, manômetro digital e
um porta amostra.

A análise da resistividade ao fluxo só é possível se ocorrer um fluxo de ar pela amostra em análise.


Desta forma, a amostra do material deve ser de natureza porosa ou fibrosa. Assim, outro conceito que
analisaremos é a porosidade, que é definida como a razão do volume de ar dos poros contidos no
material absorvente ( Var ) pelo seu volume total ( Vt ), representada pela Equação 4.
V
W = ar (4)
Vt

Sendo 0 < W < 1 , em que 0 corresponde a um material sem poros, isto é, totalmente sólido, e 1 quando
a porosidade é igual a 100%, a amostra possui somente ar.
Para aplicações em acústica, materiais absorventes com boa eficiência para absorção sonora, como
as espumas, possuem porosidade entre 0,85 e 0,95 e densidade volumétrica entre 20 e 100 kg/m³ (GER-
GES, 2000), pois são os poros que farão a dissipação da energia acústica fornecida pela fonte sonora e
a transformarão em energia térmica, fazendo com que haja diminuição desta energia de propagação,
isto é, absorvendo o som.
Além da quantidade de poros ou fibras contidas no material absorvente, a distribuição em seu
interior também afetará o comportamento acústico da amostra, e este comportamento é chamado de
tortuosidade. Este conceito está relacionado com as irregularidades internas do material absorven-
te. Quanto maior as irregularidades, maior a dificuldade de o som propagar dentro deste material e,
consequentemente, maior sua tortuosidade, como ilustrado na Figura 10.

234
UNIDADE 9

Figura 10 - Tortuosidade em uma amostra porosa / Fonte:


os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta duas amostras


porosas distintas. A primeira (à esquerda) apresenta uma
tortuosidade menor, onde a linha em vermelho representa
o caminho percorrido pelos poros, sem irregularidades. A
segunda amostra (à direita) apresenta uma distribuição dos
poros diferente cujo caminho é mais tortuoso.

Materiais absorventes, fibrosos ou porosos, não


possuem uma estrutura homogênea, isto é, seus
poros ou fibras não são, uniformemente, distri-
buídos, o que caracteriza a diferença de compor-
tamento de amostra para amostra. No entanto,
é possível idealizar uma amostra homogênea a
fim de estimar sua eficiência acústica. Neste caso,
algumas espumas possuem diâmetros dos poros
próximos, podendo, desta forma, caracterizar
como um material homogêneo, como as placas
de espuma na Figura 11.

Figura 11- Placas de Espuma

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma placa de espuma comum de poliuretano na cor azul.

235
UNICESUMAR

Por fim, os três parâmetros citados anteriormente são as principais características de um material ab-
sorvente, em que o principal objetivo é verificar o comportamento do coeficiente de absorção sonoro.

Filtros e Ressonadores Acústicos

O material absorvente não é a única forma de diminuir a energia acústica de uma fonte sonora. A
utilização de filtros e ressonadores acústicos, muitas vezes, podem suprir a eficiência acústica apenas
com sua forma construtiva. Filtros e ressonadores são dispositivos utilizados para atenuar o som. Estes
componentes podem ser classificados em reativos, os quais não apresentam o material absorvente em
seu interior, e dissipativos, em que há a presença do material absorvente.
No caso dos reativos, estes dispositivos utilizam sua forma geométrica para realizar a atenuação
sonora em faixas específicas de frequência (tons puros). Sendo assim, a forma geométrica cria obs-
táculos, dificultando a passagem sonora, reduzindo a energia emitida pela fonte sonora por meio de
reflexões. Ao contrário dos materiais absorventes, os filtros acústicos reativos e os ressonadores não
são avaliados pelo coeficiente de absorção, pois não dissipam a energia acústica em energia térmica,
mas sim pela Perda de Transmissão (PT), ou do inglês Transmission Loss (TL) (LENZI, 2017).
A perda de transmissão é definida como uma relação da energia acústica da onda incidente pela
energia acústica da onda transmitida entre dois ou mais meios distintos, como mostra a Figura 12.

Figura 12 - Transmissão do som de um material para outro / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um obstáculo separando dois meios. No meio 1, a onda é incidida (representada por seta
ondulada, em direção ao obstáculo) e parte dela é refletida pelo obstáculo (representada por seta ondulada, em direção contrária ao
obstáculo), e, no meio 2, mostra que parte da onda incidente (representada por seta ondulada, atravessando o obstáculo) é transmitida
através do obstáculo.

236
UNIDADE 9

Segundo Barron (2003), a perda de transmissão pode ser calculada pela Equação 5.
 W  1
TL  10 log10  incidente   10 log10   (5))
 Wtransmitida   at 

Sendo W a potência acústica e at o coeficiente de transmissão. A perda de transmissão determina o


nível de pressão sonora em dB.
Já o coeficiente de transmissão pode ser obtido pela Equação 6:
W 4 Z1Z2
at  transmitida  (6)
Wincidente ( Z1  Z2 )2

Sendo Z1 e Z2 as impedâncias características do meio, em Rayl (kg/m²s).


A impedância característica é uma propriedade relacionada ao meio, que impede ou cria uma
resistência acústica. Este parâmetro depende, diretamente, da densidade do meio e da velocidade em
que o som se propaga neste mesmo meio, como mostra a Equação 7:
Z c = rc (7)

Sendo r a densidade do meio, em kg/m³, e c a velocidade de propagação, em m/s. Como o ar é uti-


lizado amplamente em acústica, podemos considerar que a uma temperatura ambiente de 25°C e 1
atmosfera de pressão (atm), o ar possui densidade 1,184 kg/m³ e o som se propaga a uma velocidade
de 346,1 m/s. Portanto, sua impedância será:
= Z0 r= 0 c0 (1, 184)(346, 1)
Z0 = 409, 8 Rayl

O subíndice 0 é utilizado quando o meio em análise é o ar.


Para analisar o coeficiente de transmissão entre outros materiais, é necessário utilizar uma tabela
determinando estas propriedades. Barron (2003) cita alguns destes materiais, mostrado na Tabela 1.

Material Densidade (kg/m³) Velocidade do som Impedância Caracte-


(m/s) rística (Rayl)

Gases (25 °C e 1 atm)


Ar 1,184 346,1 409,8
Dióxido de carbono 1,799 269,5 484,7
Metano 0,666
Líquidos (25 °C e 1 atm)
Gasolina 700 1171 8,20E+05
Querosene 823 1320 1,09E+06
Água 997 1494,5 1,49E+06

237
UNICESUMAR

Sólidos
Alumínio 2700 6400 1,73E+07
Concreto 2400 3100 7,44E+06
Gelo 920 3200 2,94E+06
Vidro 2500 6000 1,50E+07
Zinco 7140 4270 3,05E+07
Tabela 1- Propriedades dos materiais / Fonte: adaptada de Barron (2003).

01. EXEMPLO Uma pessoa está utilizando um alto-falante que emite onda sonora de intensidade 95
dB. Outra pessoa está dentro de casa, deitada em sua cama. Ambas estão separadas
por uma parede de concreto, como mostra a Figura 13. Considerando que a tempe-
ratura ambiente é de 25 °C, e a pressão é de 1 atm, qual é a perda de transmissão da
parede de concreto?

Figura 13 - Ilustração do Exemplo 1 / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma pessoa à esquerda, com um alto-falante emitindo um ruído incidindo em uma parede
de concreto, e outra pessoa deitada em sua cama do outro lado da parede.

O primeiro passo é determinar o coeficiente de transmissão por meio das impedâncias características,
considerando que o som emitido pelo alto-falante se propaga pelo ar e incide na parede de concreto.
Zconcreto (2400
= = )(3100) 7, 44 x10 6 Rayl
Zar = 409, 8 Rayl

O coeficiente de transmissão será:

238
UNIDADE 9

4 Zar Zconcreto 4(409, 8)(7, 44 x10 6 )


at  
( Zar  Zconcreto )2
 409, 8  7, 44x106 
2

at  2, 023x104 Rayl

Por fim, a perda de transmissão será:


 1 
TL  10 log10  4   36, 56 dB
 2, 203 x10 

Neste caso, a onda transmitida através da parede será de 58,43 dB (95 – 36,56 dB).
A perda de transmissão é amplamente aplicada em filtros acústicos, e o exemplo mais comum são
os silenciadores automotivos. Em acústica, os silenciadores também são conhecidos por câmaras de
expansão, nas quais sua forma construtiva baseia-se em um duto de entrada, que é ligado ao motor do
veículo, e um de saída, onde a exaustão dos gases gerados pela queima do combustível são eliminados.
Entre a entrada e a saída, está a câmara de expansão, como mostra a Figura 14.

Figura 14 - Simplificação de um silenciador / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma fonte sonora e um silenciador reativo, representado por um duto de entrada de
área de seção transversal 1, uma câmara de expansão de área de seção transversal 2 e um duto de saída com a mesma área de seção
transversal 1.

É possível estimar, analiticamente, a eficiência de um silenciador reativo, mostrado pela Figura 14, por
meio de seu coeficiente de transmissão ( aT ),definido pela Equação 8.

239
UNICESUMAR

4
aT  2
(8)
S S 
4 cos2 (kL)   2  1  sen2 (kL)
 S1 S2 

Sendo S1 e S2 as áreas das seções transversais, em m², k = w c o número de onda de propagação no


meio, em m-1, e L o comprimento da câmara de expansão, em m.
E, com isso, por meio da Equação 9, é possível determinar a perda de transmissão em decibéis:
 1 
TL  10 log10   (9)
a
 T

No mercado de silenciadores automotivos, no entanto, é possível encontrar diversos tipos com tamanhos
e formas geométricas distintas. Estas características determinarão um comportamento diferente
quanto à sua performance. Como mencionado, os filtros são classificados como dissipativos e reativos.
A Figura 15 mostra um exemplo de silenciador reativo e, dentro de sua câmara de expansão, existem
tubos perfurados, que têm como função criar obstáculos para reduzir a energia acústica proveniente
do motor, reduzindo seu ruído.

Figura 15 - Interior de um silenciador automotivo / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um silenciador automotivo com um recorte em sua carcaça, mostrando seu interior,
contendo um tubo perfurado e outro tubo sem perfuração.

A Figura 16 mostra um exemplo de silenciador dissipativo, pois há a presença de matéria absorvente


em seu interior.

240
UNIDADE 9

Figura 16 - Silenciador automotivo dissipativo / Fonte: adaptada de Magnaflow ([2021], on-line)1

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o interior de um silenciador dissipativo automotivo. O silenciador é composto por um tubo
passante perfurado e três camadas. Do interior para o exterior: uma camada de palha de aço e lã de rocha (materiais absorventes) e
a carcaça metálica do silenciador.

Em termos de eficiência, o silenciador dissipativo possui uma perda de transmissão maior devido à
presença do material absorvente, pois, além de sua forma geométrica, os poros auxiliarão na dissipa-
ção sonora. Porém, com a adição do material, seu preço é mais elevado e, à medida que o silenciador
é utilizado, o material absorvente perde sua eficiência acústica, devido aos gases de alta temperatura
e fuligens, resultantes da queima do combustível, danificando, assim, as fibras e obstruindo os poros.
A Figura 17 apresenta a comparação da perda de transmissão entre dois tipos de silenciador, um
reativo e o outro dissipativo, realizada em uma bancada de experimento. Nota-se que o silenciador
reativo possui uma melhor perda de transmissão entre 1700 e 2300 Hz, chegando até 50 dB de atenua-
ção sonora em, aproximadamente, 1800 Hz. Contudo o silenciador dissipativo abrange uma faixa de
frequência maior, com uma melhor eficiência, entre 1 e 1700 Hz e de 2300 a 3000 Hz. Ainda, é possível
notar que, em frequências abaixo de 500 Hz, a perda de transmissão de ambos os silenciadores é baixa.

241
UNICESUMAR

Figura 17- Perda de transmissão entre um silenciador reativo e um dissipativo / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico da perda de transmissão (TL) versus frequência de dois tipos de silenciadores,
um reativo, representado pela linha azul, e o outro, dissipativo, representado pela linha preta.

Já vimos, nesta unidade, que, tanto materiais absorventes quanto silenciadores automotivos possuem
baixa eficiência em baixas frequências. Para resolver este problema, existem os ressonadores de Hel-
mholtz (Figura 18), desenvolvidos pelo físico alemão Hermann Ludwig Ferdinand von Helmholtz.
Como o próprio nome sugere, ressonadores estão relacionados com a ressonância, portanto, este
dispositivo consegue agir em frequências específicas e com alta atenuação.

Figura 18 - Ressonadores de Helmholtz

Descrição da Imagem: a imagem apresenta sete bulbos com volumes diferentes, com uma pequena abertura em seu topo, caracte-
rísticas de ressonadores de Helmholtz.

242
UNIDADE 9

Na Pílula de Aprendizagem, demonstraremos como determinar


a frequência de ressonância de um ressonador de Helmholtz, por
meio das equações vistas e como fazer um experimento simples
e rápido, em casa, para comprovar esta teoria. Confira no vídeo e
aproveite para testar em casa.

Segundo Gerges (2000), quando as dimensões de uma cavidade em uma análise acústica são menores
que o comprimento de onda, pode-se adotar como sistema, com um grau de liberdade, com elementos
vistos em vibrações mecânicas: massa, mola e amortecedor. Os ressonadores de Helmholtz consistem
em um enclausuramento com um volume V , ligados por um pequeno canal que conecta o duto com
o volume, chamado também de pescoço, como mostra Figura 19.

Figura 19 - Analogia dos ressonadores em sistemas vibratórios / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem, à esquerda, apresenta uma esquematização simplificada de um ressonador de Helmholtz, e, à direita,
uma analogia com um sistema massa-mola com um grau de liberdade.

É possível determinar a massa efetiva de ar contida no pescoço, por meio da multiplicação do volume
do pescoço e a densidade do meio, definida pela Equação 10.
m  ρ0 SPesc ço L ' (10)

Sendo que r0 é a densidade do ar, em kg/m³, S Pescoço é a área da seção transversal do pescoço, em m², e
L ' é o comprimento efetivo do pescoço, em m. Para o comprimento efetivo, existem duas terminações.

243
UNICESUMAR

• Terminação Flangeada
L '  L 1, 7 a (11a)

Terminação não Flangeada


L '  L 1, 5a (11b)

Sendo L o comprimento do pescoço, em m, e a o raio do pescoço, em m.


Assim, é possível fazer uma analogia do volume da cavidade com o coeficiente de rigidez e do pes-
coço do ressonador com a massa do sistema vibratório. Com estes parâmetros, é possível determinar a
frequência de ressonância que o ressonador atuará, por meio das equações 12a e 12b, respectivamente:
SPesco�o
ω0  c0  rad/s  (12a)
L 'V
ou
c0 SPesco�o
f   Hz  (12b)
2π L 'V

Sendo V o volume, em m³, e w0 a frequência natural do ressonador, em rad/s.


Por fim, para determinar a perda de transmissão do ressonador, utilizam-se as equações 13a ou
13b (GERGES, 2000).
2
 
S  V  
  Pesco�o
 
 
TL  10 log10 1  L '   (13a)
  
  2 S  w  w0   
   w0 w   
 

ou

2
 
S  V  
  Pesco�o
 
  L '   (13b)
TL  10 log10 1 
  
  2 S  f  f0   
   f0 f   
 

Sendo w a frequência de excitação, em rad/s e S a seção transversal do tubo, em m².


A curva característica da perda de transmissão é mostrada na Figura 20. Nota-se que a perda de
transmissão do ressonador é de, aproximadamente, 50 dB a 90 Hz, isto é, o ressonador possui uma boa
eficiência de atenuação sonora nesta frequência, pois é considerada uma baixa frequência. Contudo os

244
UNIDADE 9

ressonadores de Helmholtz atuam em faixas estreitas de frequência. Caso fosse necessário atenuar ou-
tras frequências, seria necessário adicionar mais ressonadores, com volume e comprimento de pescoço
diferentes, associados com a atenuação de frequência desejada, como vimos nas equações desta unidade.

Figura 20 - Perda de transmissão de um ressonador de Helmholtz / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico da perda de transmissão (TL) versus frequência de um ressonador de Helmholtz,
com o pico da curva indicando 90 Hz.

Os ressonadores de Helmholtz podem ser aplicados em silenciadores automotivos, barreiras acústicas,


tijolos acústicos, entre outros.

No Podcast desta unidade, comentaremos mais a fundo sobre o


comportamento dos materiais absorventes, filtros e ressonadores
acústicos e que outras aplicações podemos encontrar no ramo da
engenharia mecânica. Se você ainda ficou com alguma dúvida sobre
o comportamento destes elementos, venha conferir!

245
UNICESUMAR

Nesta unidade, você estudou diversas maneiras de reduzir a energia acústica, seja
com a utilização de materiais absorventes ou filtros/ressonadores acústicos. Além
disso, dentro do conteúdo visto, foi possível associar qual dispositivo se assemelha
ao experimento com a garrafa PET, visto no começo desta unidade. Caso você não
tenha realizado o experimento, o aparato mostrado é semelhante a um silenciador
dissipativo (em que há a presença de material absorvente), porém com uma forma
mais simplificada e didática.
Chegamos, assim, ao final da nossa última unidade e, consequentemente, ao fi-
nal do livro. Nesta disciplina, vimos vários conceitos importantes para o estudo de
vibrações, bem como os diferentes sistemas que podemos encontrar no nosso dia
a dia e os componentes que podem fazer parte destes sistemas, assim como as suas
características e funções. Conforme fomos nos aprofundando no conteúdo, estudamos
sistemas mais complexos e mais próximos da realidade.
Na sequência, vimos equipamentos que fazem a captação e a análise destas vi-
brações e convertem em sinais que são possíveis de serem entendidos por pessoas
especializadas. E, para finalizar o conteúdo, vimos as vibrações acústicas, suas carac-
terísticas e também seus efeitos no corpo humano e a importância de se ter conhe-
cimento sobre som e ruído.
Esperamos que, assim, você já tenha uma base para fazer análises de sistemas
mais simples e tenha o conhecimento necessário para identificar os tipos de sistemas
com base nas respostas que cada sistema apresenta. E, também, que tenham ficado
claros os efeitos de ruídos excessivos e o que acontece quando em contato por tempo
prolongado.
Desejamos que você tenha muito sucesso na vida pessoal e profissional.
Até a próxima!

246
Agora, chegou a hora de você testar o seu conhecimento, veremos se você lembra dos assuntos
abordados nesta unidade. Para ajudar você nesta tarefa, iniciamos um Mapa Mental, e cabe a
você finalizá-lo.

247
1. A partir do que você estudou a respeito de materiais absorventes, que podem ser po-
rosos ou fibrosos, analise as afirmativas a seguir quanto aos parâmetros analisados
para identificar as características destes materiais:
I) O coeficiente de absorção sonora pode ser definido pela razão entre a energia acús-
tica absorvida pelo material, pela energia incidente pela fonte sonora.
II) O coeficiente de absorção varia entre 0 < a < 1 , sendo que 0 indica que toda energia
incidente será absorvida pelo material, e 1 indica que não há absorção pelo material.
III) A resistividade ao fluxo é definida como a razão da variação de pressão pela velo-
cidade de escoamento de ar e a espessura do material em análise, ou a resistência
ao fluxo pela espessura.
IV) A porosidade é definida como a razão do volume de ar dos poros contidos no material
absorvente pelo seu volume total.
V) O conceito de tortuosidade está relacionado com as irregularidades internas do
material absorvente, sendo assim, quanto maiores essas irregularidades, menor
sua tortuosidade.

Assinale a alternativa correta.

a) Estão corretas as afirmativas I, II e IV, apenas.


b) Estão corretas as afirmativas I, III e IV, apenas.
c) Estão corretas as afirmativas II, III e IV, apenas.
d) Estão corretas as afirmativas II, III e V, apenas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

248
2. Você foi escolhido(a) para estimar a eficiência de um silenciador automotivo do tipo
reativo (sem material absorvente) com as dimensões mostradas na figura a seguir. A
análise em que o silenciador será testado está em uma faixa de frequência de 200 a
1600 Hz, com incremento de 10 Hz. Qual o comportamento da perda de transmissão
versus frequência deste silenciador? Considere que a velocidade do som se propaga a
343 m/s neste meio.

3. Um ressonador de Helmholtz será utilizado para reduzir o ruído gerado pelo escoa-
mento, em um duto de ventilação de uma indústria alimentícia, onde a área de seção
transversal do duto é 0,0028 m². Constatou-se que o ressonador deve possuir cavidade
com volume interno de 0,00112 m³, comprimento de pescoço de 6 mm e raio 15,5 mm
conectado ao duto com terminação flangeada. Em qual frequência, em Hertz, este
ressonador atuará? Qual a perda de transmissão deste ressonador na ressonância,
considerando a faixa de frequência de 151 a 300 Hz? Elabore um gráfico da perda de
transmissão versus frequência (Hz).

249
Unidade 1
1. D.

2. No ponto de equilíbrio, o pêndulo não possui energia, porque está em repouso e não tem al-
tura. Porém, a partir do momento em que uma pessoa o segura na posição -1, ele possui certa
altura, tendo, assim, energia armazenada, a energia potencial gravitacional ( E pg ) , mas está
parado (v = 0) , ou seja, sem energia cinética ( Ec ) . Quando ele é solto, inicia o seu movimento
(v ≠ 0) , começando a transformação da E pg em Ec . No ponto 0, ele não tem altura, portanto,
a E pg = 0 , e a sua velocidade é máxima. Quando passa desse ponto, a velocidade começa
a diminuir, e a altura começa a aumentar, começando a transformação da Ec em E pg . Até
o momento em que atinge o ponto 1, em que não possui velocidade ( Ec = 0) , e sua altura é
máxima. A seguir, começa a sua queda, transformando a E pg em Ec e assim, sucessivamente.
Nesse exemplo, não há mola, portanto, não há energia potencial elástica. Para ficar mais claro,
veja o esquema a seguir.

3. C.

ciclo 30
=
4. Frequência: f = = 2, 5 ciclos/s = 2, 5 Hz
segundo 12
1 1
Período: t= = = 0, 4 s
f 2, 5
5. Em primeiro lugar, é preciso que todas as informações estejam na mesma unidade, ou seja:

h = 8 cm = 0, 08 m

250
O pêndulo atinge sua altura máxima na posição -1 ou 1, quando Ec = 0 . E a velocidade é
máxima na posição 0, quando E pg = 0 . Ou seja, uma energia se converte na outra, durante o
movimento. Portanto, Ec no ponto 0 é igual a E pg no ponto -1 ou 1.

Ec = E pg
m.v2
= m.g .h
2
v2
= 9, 81.0, 08
2
v2 = 0, 7848.2
=v 1, 5696 1, 25 m s
=

Unidade 2
1. D.

2. keq = 1961, 54 N/m

Passo 1: Calcular o keq das duas molas em paralelo, na parte superior:

keq1  k2  k3  2000  2000  keq1  4000 N/m

Passo 2: Calcular o keq das três molas em série, à esquerda:


1 1
keq 2    keq 2  1200 N/m
1 1 1 1 1 1
   
k1 keq1 k4 4000 4000 3000

Passo 3: Calcular o keq das duas molas em série, à direita:

1 1
keq 3    keq 3  1714, 28 N/m
1 1 1 1
 
k5 k6 4000 3000

Passo 4: Calcular o keq dos keq2 e keq3 , que estão em paralelo:

keq 4  keq 2  keq 3  1200  1714, 28  keq 4  2914, 28 N/m

Passo 5: Calcular o keq das duas molas em paralelo, na parte inferior:

keq 5  k7  k8  2000  4000  keq 5  6000 N/m

Passo 6: Calcular o keq das duas molas em série e, com isso, o keq do sistema:
1 1
keq    keq  1961, 54 N/m
1 1 1 1
 
keq 4 keq 5 2914, 28 6000

251
3.

q f (q ) = cos q f (q ) = sen q

0° 1 0

p 0 1
90 
2
180  p -1 0

3p 0 -1
270 
2
360  2p 1 0

5p 0 1
450 
2
540  3p -1 0

7p 0 -1
630 
2
720  4p 1 0

252
Unidade 3
1. O primeiro passo é encontrar uma solução que seja adequada ao problema e as informações
dadas no enunciado. Como para a primeira solução são necessárias condições de contorno,
que não são fornecidas no exercício, optaremos por uma das outras soluções, neste caso, a
segunda. E, sabendo que os valores máximos ocorrem quando seno e cosseno são máximos,
isto é, iguais a 1, temos:

x(t )  X cos(ωnt  φ)  X
14243
1
x(t )  ωn X sen(ωnt  φ)  ωn X
14243
1

x(t )  ωn X cos(ωnt  φ)  ωn2 X


2
14243
1
O próximo passo é calcular o keq e encontrar o valor da frequência natural.

1 1
keq    342, 86 N/m
1 1 1 1
 
k1 k2 600 800
keq 342, 86
wn    15, 65 rad/s
m 1, 4
E substituir estes valores nas equações, considerando apenas os valores absolutos:

x(t )  X  3, 4 mm
x (t )  wn X  15, 65  3, 4  53, 21 mm/s
x(t )  wn2 X  15, 652  3, 4  832, 74 mm/s†

2. Para começar, precisamos separar a barra e a massa concentradas, calcular suas inércias, se-
paradamente, e, depois, somar para encontrar o momento de inércia do sistema.

I0  Ib  I m

Momento de inércia da barra horizontal:

2
m L2 L
2
I b  I CG  mb d  b  mb  
12 4
mb L2 mb L2 4 mb L2  3mb L2
Ib   
12 16 48
7 mb L2
Ib 
48

253
Momento de inércia da massa concentrada:

2
 3L 
I m  mm d 2  mm  
 4 
9mm L2
Im 
16

Somando os momentos de inércia:

7 mb L2 9mm L2
I0  
48 16
7  2  82 9  0, 7  82
I0  
48 16
I 0  43, 87 kgm†
3. Em primeiro lugar, é preciso fazer o diagrama de corpo livre:

Agora, determinaremos os deslocamentos:

L
x1  L1 sen q  L1q  q
4
3L
x2  L2 sen q  L2q  q
4

E, agora, o somatório dos momentos, considerando movimento positivo no sentido horário:

  SM 0  I 0q
 F1L1  F2 L2  I 0q
L 3L
k1 x1  k2 x2  I 0q
4 4
L L 3L 3L
k1 q  k2 q  I 0q
4 4 4 4
 L2 9 L2 
  k1  k2
 16  q  I 0q
 16 
 k L2 9k L2 
I 0q   1  2  q  0
 16 16 


254
Para encontrar a frequência natural, precisamos dos coeficientes que multiplicam o desloca-
mento e a aceleração, isto é, k R e I 0 .

k1 L2 9k2 L2 380  82 9  750  82


kR      28520 Nm
16 16 16 16

kR 28520
=
wn = = 25, 5 rad/s
I0 43, 87
Para encontrar a função deslocamento, podemos utilizar a primeira solução, já que temos as
condições de contorno iniciais:

θ (t )  A cos(ωnt )  B sen(ωnt )

A 0 0, 06
= θ=
ω0 0, 8
B
= = = 0, 0314
ωn 25, 5

q(t )  0, 06 cos(25, 5t )  0, 0314 sen(25, 5t )

Unidade 4
1. a) O primeiro passo será converter a frequência natural dada em Hertz para rad/s. Lembrando
que a frequência natural pode ser escrita da seguinte forma:

ω n = 2π f n
=ωn 2=
π (2, 5) 15, 71 rad/s
b) Dada a massa do sistema e a frequência natural calculada no item a), pode-se encontrar as
constantes de rigidez da suspensão. Lembre-se de que as molas estão em paralelo, portanto a
rigidez equivalente neste sistema é a soma das molas.

keq
wn = .
m
Elevando ambos os termos ao quadrado e substituindo os valores, tem-se:

2
2  keq 
 wn  
 m


 
2k w 2m
wn2  k  n
m 2
2
k
15, 71 200
 24674 N/m
2
255
c) Para determinar a frequência amortecida, utilizaremos a seguinte equação:

ωd  ωn 1  ζ 2
2
ωd  (15, 71) 1   0, 4   14, 39 rad/s

Analogamente à frequência natural, a frequência amortecida pode ser escrita como:

ω d  2π f d
ωd 14, 39
fd    2, 29 Hz
2π 2π
1 1 1
fd   τd    0, 43 s
τd f d 2, 29

d) Para determinar a constante de amortecimento, podemos utilizar a equação do amorteci-


mento crítico.

cc  2mωn  2  200  15, 71  6284 Ns/m


c  ζ cc  0, 4  6284  2513, 6 Ns/m
2. Em primeiro lugar, ordenaremos todas as informações:

mv = 4 kg
mh = 2, 7 kg
Lv = 1, 2 m
Lh = 0, 8 m
k = 400 N/m
c = 40 Ns/m
Depois, faremos o diagrama de corpo livre e o somatório das forças:

  SM 0  I 0q
Lh
 Famort  Fmola Lh  I 0q
2
L
cxa h  kxm Lh  I 0q
2
L L
c h q h  kLhq Lh  I 0q
2 2
Lh2 
I 0q  c q  kLh2q  0
4

256
Portanto:

mv Lv2 mh Lh2 4  1, 22 2, 7  0, 82
I0  I v  I h      1, 056 m4
12 3 12 3
cLh2 40  0, 82
cR    6, 4
4 4
k R  kLh2  400  0, 82  256
kR 256
a) =
wn = = 15, 57 rad/s
I0 1, 056
c c cR c 6, 4
b) ζ   R   R   0, 1946
cc cRc 2 I 0 k R 2 I 0 ωn 2  1, 056  15, 57

c) ωd  ωn 1  ζ 2  15, 57 1  0, 19462  15, 27 rad/s

2π 2π
d) τ=
d = = 0, 4114 s
ωd 15, 27

e) δ  ζωn τ d  0, 1946  15, 57  0, 4114  1, 2465


3. O exercício 1 representa um movimento de translação, portanto, o seu deslocamento é descrito
pela equação:

x(t )  eζωnt [ A cos(ωd t )  B sen(ωd t )]


A  x0  0, 001
v0  ζωn x0 0, 055  0, 4  15, 71  0, 001
B   0, 0039
ωd 14, 39
Substituindo todas as informações na equação, temos:

x(t )  e6,284t [0, 001 cos(14, 39t )  0, 0039 sen(14, 39t )]

257
E exercício 2 representa um movimento de rotação, portanto, o seu deslocamento é descrito
pela equação:

θ (t )  eζωnt [ A cos(ωd t )  B sen(ωd t )]


A  θ0  0, 25
ω0  ζωnθ0 0, 75  0, 1946  15, 57  0, 25
B   0, 0987
ωd 15, 27
Substituindo todas as informações na equação, temos:

q(t )  e3,03t [0, 25 cos(15, 27t )  0, 0987 sen(15, 27t )]

Unidade 5
1. B. A equação de deslocamento é definida pela soma das soluções homogênea e particular.

2. Para determinar a amplitude do sistema, primeiramente, é necessário determinar alguns pa-


râmetros.

Precisamos converter a rotação de rotações por minuto (RPM) para rotações por segundo (RPS)
que é análogo à rad/s. Neste caso, podemos fazer por regra de três:

800
RPS
= = 13, 33 rad/s
60
Assim, a força desbalanceada será:

.an m.r.w 2
FD m=
=
FD = (3, 5)(0, 3)(13, 33)2
FD = 186, 5 N

Portanto, a força de excitação do sistema pode ser descrita como:

F = FD sen(wt )
F = 186, 5sen(13, 33t )
Também, é preciso determinar a frequência natural. Lembrando que são quatro molas em
paralelo.

keq 4.(1000)
=
wn = = 14, 14 rad/s
m 20

258
Agora, é possível determinar a amplitude do sistema:

m0 e w 2 (3, 5)(0, 3) (13, 33)2


X 
m wn2  w 2 20 (14, 14)2  (13, 33)2
X  0, 419 m  419 mm
O sistema oscila com uma amplitude de 419 mm, devido ao desbalanceamento do motor elétrico.

Para o sistema em ressonância, o motor deve girar 14,14 rad/s, transformando para RPM:

=RPM (14
= , 14 rad/s )(60 s ) 848, 4 rot/min

3. Para começar a resolução do exercício, faremos o DCL:

Realizando o somatório dos momentos em relação ao ponto “O”.

  SM 0  I 0q
k  x  y  Lv  I 0q
kxL  kyL  I q
v v 0
I 0q  kxLv  kyLv
Sabendo que xm = Lvq , onde Lv é o comprimento da barra vertical :

I 0q  kLvq Lv  kyLv


I 0q  kLv2q  kyLv

259
Para o momento de inércia, será considerada apenas a massa concentrada na extremidade da
barra horizontal. Portanto,
I 0 = (md 2 ) , e, para o deslocamento realizado pelo motor elétrico,
pode ser escrito como y (t ) = y0 cos(wt ) .

 md 2  θ  kLv2θ  ky0 cos(ωt ) Lv


A solução particular desta equação é: θ p (t ) = F cos(ωt ) . Fazendo as derivadas e substituindo
na equação anterior.

 md 2   w2F cos(wt )   kLv2 F cos(wt )   ky0 cos(wt ) Lv


Simplificando cos(wt ) :

 md 2   w2F cos(wt )   kLv2 F cos(wt )   ky0 cos(wt ) Lv


F  w 2 md 2  kLv2   ky0 Lv
ky0 Lv
F
 w2md 2  kLv2 
Substituindo os valores:

ky0 Lv
F
 w md 2  kLv2 
2

(30)(0, 2)(1, 0)
F
 (12)2 (2.(0, 52 ))  (30)(11, 0)2 
F  0, 143 m
Calculando a frequência natural:

keq kLv2 (30)(1, 0)2


=
wn == = 7, 74 rad/s
I0 (md 2 ) (2.0, 52 )

Unidade 6
1. C. Os sistemas amortecidos são classificados em criticamente amortecido, subamortecido e
superamortecido.

2. Este problema é similar ao da excitação da base, mostrado na figura 11 da Unidade 6. Para


determinar a amplitude do movimento, utilizaremos a equação 16c da mesma unidade, que
representa este sistema, mas, antes, é preciso determinar a frequência natural do sistema e o
fator de amortecimento para classificar em qual caso este sistema se encaixa. Portanto:

260
k 100000
ωn    20 rad/s
m 250
c 5500
ζ=   0, 55 (subamortecido)
2mωn 2  250  20

A relação das frequências r será:

ω 2π f 2π (10)
r
= == = π
ωn ωn 20
A amplitude será:

1 1
 2  2  2  2
X  1   2ζ r    1   2  0, 55  π  
 =
2 2
   
y0 2 2
 1 r
2
  2ζ r    1 π
2
  2  0, 55  π  
   
X
 0, 1428
y0
X  0, 1428  0, 025  3, 571.103 m

3. O primeiro passo é tirar o sistema do equilíbrio (impulso inicial para o sistema começar a vibrar)
e, representar todas as forças do sistema, através do DCL.

As forças das molas e do amortecedor são:

L L
Fm  kx1  k senq  k q
4 4
L L
Famort  cx2  c senq  c q
4 4
L L 3L
Fm  kx3  k    senq  k q
4 2 4

261
Fazendo o somatório dos momentos, utilizando o apoio como referência, temos:

  SM 0  I 0θ
L L L L
 Fm    Famort    Fm     M (t )  I 0θ
4 4 4 2
LL L L 3L  3L 
I 0θ  c   θ  k θ    k θ    M (t )
44 4 4 4  4 
L2  L2 9 L2
I 0θ  c θk θk θ  M (t )
16 16 16
2 2
L 10 L
I 0θ  c θ  k θ  M (tt )
16 16
L2  5 L2
I 0θ  c θk θ  M 0 cos  ωt 
16 8
Agora, é preciso determinar o momento de inércia, rigidez e amortecimento equivalentes. Para
a inércia, utilizamos o Teorema dos Eixos Paralelos:

I 0  I CG  md 2
2
mL2 L 7 mL2
I0   m  
12 4 48
7 mL2 7(10)(1, 5)2
I0    3, 2812 kg.m†
48 48
Para as constantes equivalentes:

2
5 L2 5 1, 5 
keq k  4500  6328, 12 N/m
8 8
L2 (1, 5)2
ceq  c  800  112, 5 Ns/m
16 16

Determinando a frequência natural do sistema.

keq 6328, 12
=
wn = = 43, 91 rad/s
I0 3, 2812
Neste caso, adotaremos a solução particular com a mesma função do momento descrita pela
equação (21a).

θ p (t )  F cos(ωt  φ)

262
Sabe-se que o motor gira a 1500 rpm, portanto, em rps, temos:

1500(2π )
=ω = 157, 08 rad/s
60
E a amplitude do movimento é dada por:

M0
F
 keq  I0w2    ceqw 2
2

(85)
F
6328,12  (3, 2812)(157, 08)2 
2 2
  (112, 5)(157, 08) 

F  1, 11.103 rad
E o ângulo de fase, em radiano:

 ceq ω   (112, 5)(157, 08) 


φ  tg 1    tg 1 
 (6328, 12)  (3, 2812)(157, 08)2 
 keq  I 0 ω 2   
 
φ  0, 232 rad = -13,32o
Por fim, a solução particular será:

q p (t )  1, 66.102 cos(25t  0, 232)

Unidade 7
1. C. Quando aumentamos o volume, estamos aumentando a intensidade do som, que está rela-
cionado com a amplitude. A altura do som está relacionada com sons graves e agudos.

Som de alta frequência precisa de uma potência sonora menor em relação ao som de baixa
frequência, devido ao seu comprimento de onda ser menor, já o som de baixa frequência tem
um comprimento de onda maior, portanto, precisa de uma potência maior.

2. Observação: Como se trata de uma soma logarítmica, não podemos dizer que o ruído total
gerado é 86+89=175 dB, então:

 NPS1 NPS2 
NPSTotal  10 log10 10 10  10 10 
 
 
 86 89 
NPSTotal  10 log10 10  10 
 10 10
 
 
NPSTotal  90, 76 dB
3. B. (b, a, d, c)

263
Unidade 8
1. D.

III – Incorreta. Os ensaios com a utilização de acelerômetros devem ser realizados em equipa-
mentos em operação, caso contrário, o instrumento não irá detectar a vibração. Contudo, a
inserção do instrumento poderá ser realizada com o equipamento desligado.

2. As alternativas A, B, e D podem ser realizadas, porém o tempo de avaliação dos parâmetros é


maior. Por isto, a melhor alternativa encontra-se na alternativa C. Apenas excitar o motor com
um martelo de impacto e captar os sinais de vibração por meio de acelerômetros e processá-los
em um computador é a maneira mais rápida e eficiente para determinar a frequência natural
deste sistema.

3. Para transformar o sinal representado no domínio do tempo para o domínio da frequência, foi
utilizada a transformada rápida de Fourier (FFT). Os dois picos representam as frequências natu-
rais da bomba hidráulica, que equivalem, respectivamente, 50 Hz e, aproximadamente, 120 Hz.

Unidade 9
1. B. O coeficiente de absorção igual a 0 indica que não há absorção pelo material, e igual a 1 indica
que toda energia incidente será absorvida pelo material.

Quanto maiores as irregularidades do material, maior será sua tortuosidade.

2. A primeira etapa é determinar o coeficiente de transmissão. Para isto, é preciso determinar o


número de onda e as áreas das seções transversais das tubulações. Para avaliar este problema,
é necessário montar uma planilha em função da frequência, que varia de 200 a 1600 Hz, com
um incremento de 10 Hz. Portanto:

π (0, 035) 2
S1   9, 62  104 m†
4

π (0,127) 2
S2   1, 27  102 m†
4

ω 2π f
k 
c (343)

264
Então, o coeficiente de transmissão será:

4
αT ( f )
2 4 2
2 2π f 1, 27 10 9, 62 10 2π f
4 cos (0, 286) 4 2
sen2 (0, 286)
(343) 9, 62 10 1, 27 10 (343)

Rearranjando a equação:

4
αT ( f ) 2 3
4 cos (5, 24 10 f ) 176, 29sen2 (5, 24 10 3
f)
Com a equação pronta, a única variável é a frequência, desta forma, será montada uma tabela
de acordo com a faixa de frequência especificada.

f(Hz) TL (dB) f(Hz) TL (dB) f(Hz) TL (dB) f(Hz) TL


(dB)
200 15.165 610 0.5101 1020 14.57 1430 15.81
210 15.404 620 1.7039 1030 14.232 1440 15.964
220 15.615 630 3.1464 1040 13.856 1450 16.094
230 15.798 640 4.5757 1050 13.44 1460 16.198
240 15.954 650 5.8933 1060 12.98 1470 16.279
250 16.086 660 7.0774 1070 12.472 1480 16.335
260 16.192 670 8.134 1080 11.911 1490 16.368
270 16.274 680 9.0767 1090 11.289 1500 16.378
280 16.332 690 9.92 1100 10.601 1510 16.364
290 16.367 700 10.677 1110 9.8358 1520 16.327
300 16.378 710 11.358 1120 8.9827 1530 16.266
310 16.366 720 11.972 1130 8.0288 1540 16.182
320 16.33 730 12.528 1140 6.9594 1550 16.073
330 16.271 740 13.03 1150 5.7613 1560 15.939
340 16.189 750 13.485 1160 4.4302 1570 15.78
350 16.081 760 13.897 1170 2.9929 1580 15.594
360 15.949 770 14.269 1180 1.5605 1590 15.38
370 15.792 780 14.604 1190 0.4165 1600 15.138
380 15.608 790 14.905 1200 0.0025
390 15.396 800 15.173 1210 0.543
400 15.156 810 15.412 1220 1.7523
410 14.885 820 15.622 1230 3.1976
420 14.582 830 15.804 1240 4.624
430 14.244 840 15.96 1250 5.937

265
f(Hz) TL (dB) f(Hz) TL (dB) f(Hz) TL (dB) f(Hz) TL
(dB)
440 13.87 850 16.09 1260 7.1164
450 13.455 860 16.195 1270 8.1688
460 12.997 870 16.276 1280 9.1078
470 12.491 880 16.334 1290 9.9478
480 11.931 890 16.367 1300 10.702
490 11.312 900 16.378 1310 11.38
500 10.626 910 16.365 1320 11.993
510 9.8639 920 16.329 1330 12.546
520 9.0142 930 16.269 1340 13.047
530 8.064 940 16.185 1350 13.5
540 6.9989 950 16.077 1360 13.911
550 5.8055 960 15.944 1370 14.281
560 4.4789 970 15.786 1380 14.615
570 3.0441 980 15.601 1390 14.915
580 1.608 990 15.388 1400 15.182
590 0.4468 1000 15.147 1410 15.42
600 0.0006 1010 14.875 1420 15.628

266
Construindo o gráfico a partir dos dados, tem-se a perda de transmissão versus frequência do
silenciador automotivo.

3. Com os dados fornecidos, é possível determinar o comprimento efetivo do pescoço e a frequência


natural (ressonância) em que o ressonador atuará, respectivamente.

SPesco�o  p(0, 0155)2  7, 55  104 m2

Lef  (0, 006)  1, 7(0, 0155)  0, 0324 m

(343) (7, 55  104 )


f0   249 Hz
2p (0, 0324)(0, 00112)
Assim, a perda de transmissão na ressonância será:

2
  4  
  (7, 55  10 )(0, 00112)  
  (0, 0324)  
TLres  10 log10 1    
  2(0, 0028)  f  249   
   249 f   
   

Em que f varia de 151 a 300 Hz.

Em uma planilha, os dados são distribuídos, conforme a tabela a seguir:

f(Hz) TL (dB) f(Hz) TL (dB) f(Hz) TL (dB)


151 2.4662 201 7.3615 251 35.844
152 2.5206 202 7.5305 252 32.096
153 2.5762 203 7.704 253 29.497
154 2.6329 204 7.8822 254 27.507
155 2.6909 205 8.0653 255 25.897
156 2.7501 206 8.2535 256 24.545
157 2.8105 207 8.447 257 23.382
158 2.8722 208 8.646 258 22.361
159 2.9353 209 8.8508 259 21.453
160 2.9997 210 9.0616 260 20.635
161 3.0654 211 9.2788 261 19.892
162 3.1326 212 9.5025 262 19.212
163 3.2013 213 9.7333 263 18.585
164 3.2714 214 9.9713 264 18.004
165 3.343 215 10.217 265 17.463

267
f(Hz) TL (dB) f(Hz) TL (dB) f(Hz) TL (dB)
166 3.4162 216 10.471 266 16.957
167 3.491 217 10.733 267 16.482
168 3.5674 218 11.005 268 16.035
169 3.6455 219 11.286 269 15.612
170 3.7253 220 11.577 270 15.213
171 3.8069 221 11.88 271 14.833
172 3.8903 222 12.193 272 14.472
173 3.9755 223 12.52 273 14.129
174 4.0626 224 12.859 274 13.801
175 4.1517 225 13.214 275 13.487
176 4.2427 226 13.583 276 13.187
177 4.3358 227 13.97 277 12.899
178 4.431 228 14.375 278 12.623
179 4.5284 229 14.8 279 12.358
180 4.6279 230 15.247 280 12.102
181 4.7298 231 15.719 281 11.856
182 4.8339 232 16.217 282 11.619
183 4.9405 233 16.746 283 11.39
184 5.0495 234 17.309 284 11.17
185 5.1611 235 17.91 285 10.956
186 5.2753 236 18.555 286 10.75
187 5.3922 237 19.251 287 10.55
188 5.5118 238 20.007 288 10.357
189 5.6343 239 20.834 289 10.169
190 5.7597 240 21.746 290 9.9877
191 5.8881 241 22.762 291 9.8115
192 6.0196 242 23.911 292 9.6405
193 6.1544 243 25.232 293 9.4744
194 6.2924 244 26.785 294 9.3131
195 6.4339 245 28.672 295 9.1563
196 6.5789 246 31.076 296 9.0038
197 6.7276 247 34.4 297 8.8554
198 6.8801 248 39.823 298 8.7111
199 7.0364 249 57.144 299 8.5705
200 7.1969 250 42.625 300 8.4337

268
E o comportamento do ressonador em um gráfico TL versus frequência será:

Em 249 Hz, o ressonador terá uma perda de transmissão de, aproximadamente, 57 dB.

269
Unidade 1
INMAN, D. J. Engineering Vibration. 3rd edition. New Jersey: Pearson Prentice Hall, 2007.

RAO, S. S. Vibrações Mecânicas. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

Unidade 2
INMAN, D. J. Engineering Vibration. 3rd edition. New Jersey: Pearson Prentice Hall, 2007.

RAO, S. S. Vibrações Mecânicas. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

SILVA, S. Vibrações Mecânicas. 2. ed. Foz do Iguaçu: Unioeste, 2009.

Referência on-line

Em: https://sites.lsa.umich.edu/ksmoore/research/tacoma-narrows-bridge/. Acesso em: 22 jul. 2021.


1

Unidade 3
RAO, S. S. Vibrações Mecânicas. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

Unidade 4
HIBBELER, R.C. Engineering Mechanics Dynamics. 12th edition. New Jersey: Pearson Prentice
Hall, 2010.

INMAN, D. J. Engineering Vibration. 3rd edition. New Jersey: Pearson Prentice Hall, 2007.

KREYSZIG, E. Advanced Engineering Mathematics. 8th edition. New York: John Wiley & Sons,
1999.

RAO, S. S. Vibrações Mecânicas. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

RISPOLI, V. C.; FRAGELLI, R. R.; AMORIM, R. G. G. de. Cálculo Diferencial e Integral II. Maringá:
UniCesumar, 2018.

Unidade 5
HIBBELER, R. C. Engineering Mechanics Dynamics. 12th edition. New Jersey: Pearson Prentice
Hall, 2010.

INMAN, D. J. Engineering Vibration. 3rd edition. New Jersey: Pearson Prentice Hall, 2007.

270
KREYSZIG, E. Advanced Engineering Mathematics. 8th edition. New York: John Wiley & Sons,
1999.

RAO, S. S. Vibrações Mecânicas. 4. edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

RISPOLI, V. C.; FRAGELLI, R. R.; AMORIM, R. G. G. de. Cálculo Diferencial e Integral II. Maringá:
UniCesumar, 2018.

Unidade 6
HIBBELER, R. C. Engineering Mechanics Dynamics. 12th edition. New Jersey: Pearson Prentice
Hall, 2010.

INMAN, D. J. Engineering Vibration. 3rd edition. New Jersey: Pearson Prentice Hall, 2007.

KREYSZIG, E. Advanced Engineering Mathematics. 8th edition. New York: John Wiley & Sons,
1999.

RAO, S. S. Vibrações Mecânicas. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

RISPOLI, V. C.; FRAGELLI, R. R.; AMORIM, R. G. G. de. Cálculo Diferencial e Integral II. Maringá:
UniCesumar, 2018.

Referências on-line
1
Em: http://mdmv-nitk.vlabs.ac.in/exp4/index.html#. Acesso em: 30 ago. 2021.

Unidade 7
BISTAFA, R. B. Acústica Aplicada ao Controle de Ruído. 1. ed. São Paulo: Blücher, 2006.

BRASIL. NR-15: Atividades e Operações Insalubres. Brasília: Ministério do Trabalho e Previdência,


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