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A Origem da Filosofia

A Origem da Palavra

FILOSOFIA: Palavra composta dos termos gregos philo e sophía.


Philo quer dizer ‘aquele ou aquela que tem um sentimento amigável’,
pois deriva de philía, ‘amizade e amor fraterno’. Sophía quer dizer
‘sabedoria’ e dela vem a palavra sophós, ‘sábio’. Filosofia significa,
portanto, ‘amizade pela sabedoria’, e filósofo, ‘o que tem amizade
pelo saber’. Convite à Filosofia, Pág. 33
Conforme a tradição histórica, a palavra Filosofia foi usada
pela primeira vez pelo pensador grego Pitágoras de Samos (570-
490 a.C.), quando o príncipe Leonte perguntou-lhe sobre a natureza
de sua sabedoria. Pitágoras respondeu: “Sou apenas um filósofo”.
Com essa resposta, pretendia esclarecer que não detinha a posse da
sabedoria. Assumia a posição de “amante do saber”, isto é, alguém
que quer, ama e deseja o saber. Fundamentos de Filosofia, Pág. 19

Os Três Tipos de Amor

Para a Psicologia, valendo-se de substantivos gregos, afirma-


se que são três os tipos de amor: o amor ágape, amor philia e
amor eros. Comecemos pelo último, o amor eros, do qual deriva o
adjetivo erótico. Esse é um tipo de amor. É o da posse que se
materializa na atração pelo corpo do outro para satisfazer o desejo.
Trata-se do amor que sente falta de algo, e quer ter a posse dele. Ao
ser saciado, esse amor cessa. O amor philia (amizade) é o
sentimento de simpatia natural que temos por alguém ou por
familiares. Trata-se de um amor que exige presença do outro, de
modo que, nas relações, ambos crescem e se complementam. E o
amor ágape? É o amor incondicional, que não espera nada do outro.
É um modo raro de amar. Ele é para poucos.

A Origem da Filosofia

A filosofia, como termo ou conceito, é considerada pela quase


totalidade dos estudiosos como criação própria do gênio dos gregos.
Efetivamente, enquanto todos os outros componentes da civilização
grega encontram correspondência junto aos demais povos do
Oriente que alcançaram elevado nível de civilização antes dos
gregos (crenças e cultos religiosos, manifestações artísticas de
natureza diversa, conhecimentos e habilidades técnicas de vários
tipos, instituições políticas, organizações militares etc.), no que se
refere à filosofia encontramo-nos, ao invés, diante de um fenômeno
tão novo que não só não encontra correspondência precisa junto a
esses povos, mas tampouco nada tem de estreita e especificamente
análogo.
Dessa forma, a superioridade dos gregos em relação aos
outros povos nesse ponto específico é de caráter não puramente
quantitativo, mas qualitativo, pois o que eles criaram, instituindo a
filosofia, constitui novidade absoluta. [...]
Pois bem, por causa de suas categorias racionais, foi a filosofia
que possibilitou o nascimento da ciência e, em certo sentido, a gerou.
E reconhecer isso significa também reconhecer aos gregos o mérito
de terem dado uma contribuição verdadeiramente excepcional à
história da civilização. História da Filosofia “Filosofia Pagã antiga” – Reale e Antiseri –

Pág. 3
A Filosofia se constituiu quando alguns gregos, insatisfeitos
com as explicações sobre a realidade dadas pela tradição por meio
dos mitos, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para
elas. Convite à Filosofia, Pág. 33

O Nascimento da Filosofia

Na história do pensamento ocidental, a filosofia nasceu na


Grécia entre os séculos VII e VI a.C., promovendo a passagem do
saber mítico (alegórico) ao pensamento racional (logos). Essa
passagem ocorreu durante longo processo histórico, sem um
rompimento brusco e imediato com as formas de conhecimento
utilizadas no passado. Fundamentos de Filosofia, Pág. 205

Pode-se dizer, portanto, que a Filosofia é a passagem do pensamento mítico para o


pensamento racional, ou seja, a passagem do mito à razão.
Mito: É uma narrativa de caráter simbólico, relacionada a uma da cultura. O mito procura
explicar a realidade, os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as
origens do mundo e do homem por meio de deuses, semideuses e heróis.
Razão: Faculdade (capacidade) da mente à qual corresponde o raciocínio (ou
encadeamento lógico das ideias) e a possibilidade de compreender intelectualmente as
coisas. (Razão = Pensamento Crítico).

Os historiadores da Filosofia dizem que ela (Filosofia) tem data


e local de nascimento: fim do século VII a.C. e início do século VI
a.C., na cidade de Mileto, uma colônia grega no território da atual
Turquia. E o primeiro filósofo foi Tales de Mileto (c. 624 a.C. –c. 546
a.C.), porque foi o primeiro a afirmar que a razão pode conhecer a
causa da origem, permanência e transformação de todas as coisas.
Além de ter data e local de nascimento e seu primeiro autor, a
Filosofia apresenta um conteúdo preciso ao nascer: é uma
cosmologia. Convite à Filosofia, Pág. 34

Cosmologia: Palavra composta de cosmo (kósmos), que significa ‘a


ordem e organização do mundo’ ou ‘o mundo ordenado e organizado’, e
logia, que vem de logos, ‘pensamento racional, discurso racional,
conhecimento’. Assim, a filosofia nasce como conhecimento racional da
ordem do mundo. Convite à Filosofia, Pág. 34

O Que Perguntavam os Primeiros Filósofos

Por que os seres nascem e morrem? Por que os semelhantes


dão origem aos semelhantes, de uma árvore nasce outra árvore, de
um cão nasce outro cão, de um ser humano nasce outro? Por que os
diferentes também fazem surgir os diferentes: o dia faz nascer a
noite, o inverso faz surgir a primavera, um objeto escuro clareia com
o passar do tempo, enquanto um objeto claro escurece?
Por que tudo muda? Por que um dia luminoso e ensolarado, de
céu azul e brisa suave, repentinamente se torna sombrio, coberto de
nuvens, varrido por ventos furiosos, tomado pela tempestade, pelos
raios e trovões?
Por que a doença invade os corpos, rouba-lhes a cor, a força?
Por que o alimento que sempre me agradou agora, que estou doente,
me causa repugnância?
Por que o que parecia uno se multiplica em tantos outros? De
uma só árvore, quantas flores e quantos frutos nascem! De uma só
gata, quantos gatinhos nascem!
Por que as coisas se tornam opostas ao que eram? A brasa
vermelha e quente se torna um carvão negro e frio. A água tépida
pode tornar-se uma barra dura e gelada, deixando de ser líquida e
transparente para tornar-se sólida e opaca.
Por que nada permanece idêntico a si mesmo? De onde vêm
os seres? Para onde vão, quando desaparecem? Por que se
transformam? Por que se diferenciam uns dos outros? Mas, também,
por que tudo parece repetir-se? Depois do dia, a noite; depois da
noite, o dia. Depois do inverno, a primavera, depois da primavera, o
verão, depois deste, o outono, e depois deste, novamente o inverno.
O calor leva as águas para o céu e as traz de volta pelas chuvas.
Ninguém nasce adulto ou velho, mas sempre criança, que se torna
adulto e velho.
Foram perguntas como essas que os primeiros filósofos
fizeram e, para elas, buscaram respostas. A religião, as tradições e
os mitos explicavam todas essas coisas, mas suas explicações e
respostas já não satisfaziam a quem desejava conhecer as causas
da mudança, da permanência, da repetição, da desaparição e do
ressurgimento dos seres. Convite à Filosofia, Pág. 33/34

Do Senso Comum ao Senso Crítico

O Senso Comum é a soma dos saberes do cotidiano e é


formado a partir de hábitos, crenças, preconceitos e tradições.
Na filosofia, o termo é utilizado para explicar as interpretações
feitas pelos indivíduos à realidade que os cercam sem estudos
prévios ou provas científicas.

Características: O Senso Comum é transmitido de geração para


geração nas sociedades. Por meio dele, o homem embasa o
cotidiano e explica a realidade em que vive.

O Senso Comum tem como característica a subjetividade que


reflete sentimentos e opiniões construídos por um grupo de
indivíduos. Por conseguinte, pode variar de pessoa para pessoa e de
grupo para grupo. Assim, o conhecimento do senso comum possui,
habitualmente, as seguintes características gerais:

 Imprecisão: Conceitos vagos, sem rigor, que não definem


claramente seu conteúdo e seu alcance.

 Incoerência: Associação, num mesmo raciocínio, de conceitos


contraditórios, que se anulam em termos lógicos;

 Fragmentação: Conceitos soltos, que não abrangem, de modo


amplo e sistemático, o objeto estudado.

Por sua vez, o Senso Crítico significa a capacidade de


questionar e analisar de forma racional e inteligente. Ou seja, é a
capacidade de analisar, discutir, refletir ou buscar informações antes
de tomar uma decisão ou tirar uma conclusão.

Portanto, podemos concluir que a Filosofia surge quando


deixamos de lado os conhecimentos do Senso Comum e passamos
a utilizar a razão para a produção do conhecimento, ou seja, quando
passamos a ter Senso Crítico.
“Passar do senso comum à consciência filosófica significa passar de
uma concepção fragmentária, incoerente, desarticulada, implícita,
degradada, mecânica, passiva e simplista a uma concepção unitária,
coerente, articulada, explícita, original, intencional, ativa e cultivada.”
Dermeval Saviani

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