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KEILER CHAVES DE VASCONCELOS

‘Um grupo de cientistas colocou cinco macacos


numa jaula, em cujo centro pôs uma escada e, sobre
ela, um cacho de bananas.
Quando um macaco subia a escada para apanhar as
bananas, os cientistas lançavam um jato de água
muito fria nos que estavam no chão. Depois de certo
tempo, quando um macaco ia subir a escada, os
outros o enchiam de pancada. Passado mais algum
tempo, nenhum macaco subiu mais a escada, apesar
da tentação das bananas. Então os cientistas
substituíram um dos cinco macacos.
A primeira coisa que ele fez foi subir a escada,
dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que
lhe bateram. Depois de algumas surras, o novo
integrante do grupo não subia mais a escada.
Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu,
tendo o primeiro substituto participado, com
entusiasmo, na surra ao novato.
Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato.
Um quarto, e finalmente, o último dos
veteranos foi substituído. Os cientistas
ficaram, então, com um grupo de cinco
macacos que, mesmo nunca tendo tomado
um banho frio, continuavam a bater naquele
que tentasse chegar às bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles
porque batia em quem tentasse subir a
escada, com certeza a resposta seria:

“Não sei, as coisas sempre foram assim por


aqui...”
O que a história dos macacos têm
a ver com a Filosofia?

E o que a Filosofia tem a ver comigo


ou com a minha vida?
Porquê ?
Como?
Para quê?
Com quê?
Quando?
Onde?
O medo do desconhecido e a necessidade de
dar sentido ao mundo que o cerca levaram o
homem a fundar diversos sistemas de
crenças, cerimônias e cultos -- muitas vezes
centrados na figura de um ente supremo --
que o ajudam a compreender o significado
último de sua própria natureza.
Mitos, superstições ou ritos mágicos que as
sociedades primitivas teceram em torno de uma
existência sobrenatural, inatingível pela razão,
eqüivaleram à crença num ser superior e ao
desejo de comunhão com ele, nas primeiras
formas de religião.
A curiosidade humana levou o homem a
buscar explicações para os fenômenos do
cotidiano. Numa época em que não havia
nenhuma fundamentação científica capaz
de fornecer base para o conhecimento, o
homem encontrou na mitologia antiga
(ou cosmogonia) uma forma de entender o
mundo que o cercava.
Por isso mesmo, nós podemos afirmar
que o conhecimento mitológico
representou uma das primeiras tentativas
de organizar um conhecimento sobre a
realidade. De acordo com alguns autores,
na mitologia nada existe em uma única
forma. Existe sempre o antagonismo: a
comunhão dos opostos.
Assim, é impossível pensar vida sem morte,
trevas sem luz, saúde sem doença, bonito
sem feio, bem sem mal, ordem sem caos.
O mito, ao considerar os opostos, é um
movimento de passagem de uma situação
para outra: permanência e mutabilidade.
De acordo com a crença mitológica, para que
algo novo seja construído é preciso que haja
uma destruição da forma anterior. A morte,
por exemplo, seria uma eterna condição de
renascimento. Etimologicamente, a palavra
MITO vem do grego MYTHOS e significa
FÁBULA; NARRATIVA; PALAVRA.
Na crença grega, o mito era um fato narrado
pelo poeta-rapsodo, um escolhido dos deuses,
para quem era revelada a origem de todas as
coisas e seres, ficando ele incumbido de
transmiti-la aos ouvintes. A narrativa, mesmo
sendo fabulosa, incompreensível ou
contraditória, tornava-se confiável e sagrada.
Confiável devido à autoridade religiosa do
narrador. Sagrada porque tinha origem divina.
Mitos
- Narrativas de origens.
- Contos fabulosos.
- Narrativas de passados longínquos.
- Contos de uma Era de Ouro.
- Genealogias das coisas.
- Origens de rivalidades e alianças divinas.
- Origem dos próprios deuses e de todas as coisas e
fenômenos do mundo natural explicados mediante
narrativas mágicas e não naturais.
Uma segunda importância creditada à
Mitologia é que ela contribuiu para o
surgimento da Filosofia, uma vez que a
Filosofia nasceu justamente questionando
a validade do conhecimento mitológico
A Filosofia, ao contrário do Mito, não
aceita fabulação, contradição ou
incompreensibilidade. Ela busca respostas
lógicas, coerentes e racionais. Na Filosofia, a
confiança não está assentada na autoridade
do filósofo, mas na razão, que é a mesma em
todas as pessoas.
O que perguntavam os primeiros filósofos ?
Por que os seres nascem e morrem ?

?
?
Por que os semelhantes dão origem
aos outros semelhantes ?

? ?
Por que os diferentes também
fazem surgir os diferentes ?

? ?
Por que tudo muda ?

? ?
De onde vêm os seres ?
Para onde vão quando desaparecem ?

? ?
Por que tudo parece repetir – se ?

? ?
é o estudo de problemas fundamentais
relacionados a existência, ao conhecimento, à
verdade, aos valores morais e estéticos, à
mente e à linguagem, é uma palavra
grega, que significa "amor à sabedoria" .
A Filosofia é uma atividade racional,
com base em ARGUMENTOS e na critica das
evidências.
“A Filosofia das religiões é o estudo lógico
dos conceitos religiosos e das concepções,
argumentos e expressões teológicas: o
escrutínio de várias interpretações da
experiência e das atividades religiosas. O
filósofo que pratica a mesma não precisa
dedicar-se a religião que estiver estudando.
A Filosofia das Religiões é um ramo filosófico
que investiga a esfera espiritual inerente ao
homem, do ponto de vista da metafísica, da
antropologia e da ética. Ela levanta
questionamentos fundamentais, tais como:
o que é a religião? Deus existe? Há vida depois
da morte? Como se explica o mal? Estas e
outras perguntas, idéias e postulados religiosos
são estudados por esta disciplina.
Há uma infinidade de religiões, compostas de
distintas modalidades de adoração, mitologias e
experiências espirituais, mas geralmente os
estudiosos se concentram na pesquisa das
principais vertentes espirituais, como o Judaísmo,
o Cristianismo e o Islamismo, pois elas oferecem
um sistema lógico e elaborado sobre o
comportamento do planeta e de todo o Universo,
enquanto as orientais normalmente se centram
em uma determinada filosofia de vida.
Razão, para a Filosofia, é uma forma de
organizar a realidade de modo que esta se
torne compreensível.
O conhecimento mitológico é anterior ao
conhecimento filosófico.
Diante disso, uma pergunta que ocupou a
mente dos estudiosos de Filosofia foi:
A Filosofia nasceu a partir de uma
transformação do conhecimento mitológico
ou de uma ruptura desse conhecimento?
As duas hipóteses já foram consideradas e
aceitas, mas, atualmente, admite-se que a
Filosofia, ao perceber que o conhecimento
mitológico era contraditório e limitado,
reformulou-o, racionalizando-o e
transformando-o num conhecimento novo e
diferente.
Pode-se definir filosofia, sem trair seu sentido
etimológico, como uma busca da sabedoria,
conceito que aponta para um saber mais profundo
e abrangente do homem e da natureza, que
transcende os conhecimentos concretos e orienta o
comportamento diante da vida.
A filosofia pretende ser também uma busca e
uma justificação racional dos princípios
primeiros e universais das coisas, das ciências e
dos valores, e uma reflexão sobre a origem e a
validade das idéias e das concepções que o
homem elabora sobre ele mesmo e sobre o que o
cerca.
FILOSOFIA ORIENTAL E OCIDENTAL:

1- A Filosofia Oriental é influenciada em muito pela


religião, pois no oriente não houve a separação entre
filosofia e religião, lá elas permanecem atreladas até
hoje. Como exemplos o Hinduísmo, o Budismo, O
Taoísmo e o Confucionismo, que são uma mistura
de religião e filosofia de vida; dentre elas o
Confucionismo é a mais racional.
2- Na Ocidental a separação entre filosofia e
religião foi mais delineada, porque a filosofia
ocidental foi emancipada pelos gregos, e os gregos
possuíam uma apelo forte à razão. Sendo assim a
filosofia ocidental como a conhecemos nasceu na
Grécia como um ato de fé na razão humana.
Muito embora a Filosofia Ocidental foi
incorporada à religião com a vitória do
Cristianismo, após um período de mil anos tal
divisão voltou á tona.
É fato hoje bastante aceito que o nascimento
da Filosofia na Grécia Antiga, não resultou
de um “milagre” realizado por um povo
privilegiado, e sim resultou de um processo
lento e gradual, influenciado por mudanças
sociais, políticas e econômicas.
Para o estudo filosófico da religião, vários são os
métodos utilizados:
-Método histórico-crítico comparativo – comparar as
várias religiões no tempo e no espaço, buscando seus
traços comuns e suas diferenças específicas, para
verificar o que constitui a essência do fenômeno
religioso;
-Método Filológico – mediante o estudo comparado das
línguas, busca encontrar nas línguas parentes o que
pensavam e acreditavam os povos antes de se dividirem
em línguas distintas (quais as palavras utilizadas para
descrever e expressar o sagrado e suas raízes comuns);
-Método Antropológico – reconstruir o passado
religioso com base na etnologia, estudando os
povos primitivos atuais (suas instituições,
crenças, rituais e tradições). A filosofia da
religião deve conjugá-los, para obter a melhor
soma de elementos para chegar às suas
conclusões sobre a essência das manifestações
religiosas e suas características universais.
-Método metafísico – busca o fundamento do
fenômeno religioso.
Condições históricas para o nascimento da
filosofia na Grécia:

• Viagens Marítimas: Os gregos voltaram a


colonizar novas terras e a navegar pelo Mar
Mediterrâneo e perceberam que não existiam
monstros ou criaturas mágicas no mar como
afirmado nos mitos homéricos, tal como na
Odisseia.
• Criação do Calendário: Os gregos racionalizaram
o tempo para navegar, colonizar e comercializar. O
cálculo de tempo abstrato favoreceu o
desenvolvimento do logos e a linearidade do tempo
colocou em dúvida o tempo cíclico dos mitos.
• Comércio, artesanato e utilização da moeda:
Com as navegações e novas colonizações de terras
além-mar os gregos voltaram ao comércio e ao
artesanato e tiveram que usar abstração para criar
formas de pesos e medidas de modo a facilitar o
comércio. A moeda favoreceu o pensamento lógico,
visto a necessidade de generalizar para vender e
comprar.
• Escrita alfabética e fonética:
Os gregos se apropriaram da escrita fenícia em
razão do comércio e essa escrita igualmente
desenvolveu a capacidade de abstração. Na
escrita pictórica, imagens são signos de coisa
assinalada, na fonética, ao contrário, as imagens
assinalam apenas ideias. Antes, a escrita era
sagrada ou voltada para uma elite, agora era uma
escrita laica e que aos poucos se difundiu para
muitos.
• Política de debate:
A política se diferenciou do poder despótico do rei.
Na política existe a necessidade do debate, da livre
argumentação e demonstração de ideias para que
a polis pudesse livremente escolher o melhor para
si mesma e isso exigiu a articulação de pensamento
e de discurso. O pensamento e a palavra para
convencer a outrem igualmente desenvolveu o
logos, o raciocínio e isso ajudou a filosofia a nascer
e florescer.
Logos e Filosofia
- Explicações das coisas como são, que possuem
temporalidade, dentro de um tempo linear.
- Coisas explicadas em sua essência, como elas são e
como foram criadas, dentro de um raciocínio lógico,
racional, verossímil e verdadeiro.
- Procura de elementos naturais primordiais (a physis
dos pré-socráticos) ou mesmo da essência das coisas
humanas (Pós-Sócrates e Pós-Platão).
- Pensamento sem contradições internas.
O momento inicial da expansão do pensamento
grego, uma prévia do que viria a ser a
expansão do “ocidentalismo” , foi a conquista da
Grécia pelos macedônicos, no Século IV.
Após conquistar os gregos, o Império
Macedônico adotou a cultura grega como o
princípio da cultura a ser levada na expansão
territorial.
As vitórias macedônicas se consolidaram na
Ásia Menor, no Egito e em todo o Mediterrâneo
Oriental. Os povos que foram submetidos por
Alexandre, o Grande, foram subordinados não
só a sua força militar, mas tiveram que
conviver com a cultura grega. Instituições
políticas e língua, por exemplo, passaram a ser
introduzidas nos “quatro cantos” do Império.
A influência não foi superficial como uma
mancha em um tecido, ela se aprofundou e
passou a ser incorporada nas práticas
comerciais, na vida pública na produção do
conhecimento, a orientação filosófica dos
pensadores gregos ganhou novo sentido.
O Império Macedônico não foi duradouro, na
prática, sua decomposição começou com a morte
de Alexandre (323 a.C), o seu fundador. Dividido
pelos generais, foi aos poucos conquistado por
romanos e árabes. Territórios foram retomados
pelos persas, e os egípcios se libertaram da
dominação macedônica, mas a cultura grega ficou,
deixou suas marcas e orientou o destino do
conhecimento do universo em muitas regiões onde
os macedônicos percorreram.
O clima de insegurança em que o Império
Macedônico se decompôs gerou uma angústia que
predominou também no pensamento filosófico do
período. Um pensador que expressa esse clima é
Diógenes (404 a 323 a.C). Um discípulo de
Antístenes, um seguidor de Sócrates, ele
questionava a vida mundana, a sedução pela
matéria e buscava uma vida simples.
Segundo a lenda, Diógenes andava perambulando
pelas ruas de Atenas e depois de ser expulso, pela
cidade de Corinto. Morava em um barril e andava
pelas ruas em plena luz do dia com uma
lamparina. Ele afirmava que fazia aquilo por estar
à procura de um homem honesto.
Sua atitude despertou a curiosidade do Imperador
Alexandre, que um dia quis conhecê-lo.
Quando o encontrou, ele estava deitado dentro
do barril onde vivia. O imperador teria dito
que ele poderia fazer o pedido que quisesse e
prontamente seria atendido. Diógenes teria
dito para que Alexandre saísse de sua frente e
parasse de roubar sua luz com a sombra.
Encantado pela convicção do “andarilho”
filósofo, o imperador teria afirmado que se
não fosse Alexandre, gostaria de ter sido
Diógenes.
Os pré-socráticos são os filósofos que
primeiramente aprenderam a olhar o mundo de
uma forma científica e filosófica. Foram eles
que substituíram o olhar mítico pelo olhar do
logos, do racional. Os cientistas de hoje podem
se orgulhar de suas vastas descobertas, mas não
podem se esquecer daqueles que deram os
primeiros passos na busca do conhecimento, do
conhecimento pelas causas. Em se tratando dos
filósofos pré-socráticos, há quatro conceitos
fundamentais: kosmos, physis, arché e logos.
Kosmos. É o universo. O substantivo kosmos
deriva de um verbo cujo significado é "ordenar",
"arranjar", "comandar". Um "cosmo" é um
arranjo ordenado. Mais que isso, é um arranjo
dotado de estética, algo que embeleza, que é
agradável de se contemplar. Se é ordenado, deve,
em princípio, ser explicável. Desta palavra
surgiram: cosmogonia (lendas e teorias sobre as
origens do universo), cosmopolita (cidadão do
mundo), cosmético (relativo à beleza humana).
Physis ou "natureza". O termo deriva de um
verbo cujo significado é "crescer". Introduz uma
clara distinção entre o mundo natural e o
artificial, entre as coisas que se "desenvolvem" e
aquelas que são fabricadas, entre a physis e a
techne. Uma mesa provém da techne; uma árvore,
da physis. Em muitos casos, physis e kosmos
passam a ter o mesmo significado. Em outro
sentido, o mais importante para eles, é que physis
passa a denotar algo existente no próprio objeto.
Arché. É um termo de difícil tradução. Seu
verbo cognato tanto pode significar "começar",
"iniciar", como também "reger", "dirigir". Arché
é um princípio; physis, é crescimento. Os filósofos
pré-socráticos perguntavam: de onde se origina
então o crescimento? Como este teve origem?
Quais são seus princípios originais? Estas
questões tinham por fim achar o “arché “ das
coisas. Tales de Mileto, por exemplo, achou que o
primeiro princípio era a água.
Logos. É de tradução ainda mais difícil do que
a de arché. É cognato do verbo legein, que
normalmente significa "enunciar" ou "afirmar".
Assim, logos é por vezes enunciado ou afirmação.
Apresentar um logos ou um relato de algo é explicá-lo,
desdobrá-lo. Quando Platão afirma que um homem
inteligente é capaz de apresentar um logos das coisas,
ele não queria dizer que essa pessoa era capaz de
descrevê-las, mas de explicá-las, ou seja, de apresentar
razões dessas coisas. Em síntese, logos é razão,
racionalidade, raciocínio, argumentação e evidência.
Os Filósofos Pré-Socráticos

1. Escola Jônica: Tales, Anaximandro, Anaxímenes

2. Escola Pitagórica: Pitágoras e Filolau

3. Escola Eleata: Parmênides, Heráclides e Zenão

4. Escola da Pluralidade: Empédocles, Anaxágoras


de Clausomêna e os Atomistas
OS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS
Concentraram-se, basicamente, em duas questões:

Qual é a origem, a matéria ou


principio da Natureza? Qual é a autêntica realidade?

DEPENDENDO DAS ESCOLAS,


HAVERÁ DIFERENTES O que nos oferece os sentidos
RESPOSTAS: ou o que oferece a razão?
FOGO, ÁGUA, ÁPEIRON, ETC.
Período Pré-Socrático ou Cosmológico

- Temporalidade: Fim do século VII a.C ao fim


do século V A.C (Arcaico).

- Localização: Jônia – Mileto –Éfeso – Samos,


além da Magna Grécia.

- Objetivo: Busca da Physis, algo que faz


surgir, brotar, produzir e da Kínesis, o
movimento, o devir.
- Busca da origem de todas as coisas, a natureza
tomada em sua totalidade, natureza entendida
como coisa primordial e causa da existência, a
realidade e os seres humanos.

- Não trata-se mais de uma cosmogonia ou teologia,


mas de uma cosmologia, ou seja, a compreensão
da criação de todas as coisas por elementos
naturais, indivisíveis, válidos e possíveis.
Tales de Mileto
620 – 540 A.C
Filosofia Pré-Socrática

Nenhuma obra de Tales chegou até nós.


Sabemos de Tales por fontes como Heródoto, Plutarco,
Aristóteles e Diógenes

• Considerado o primeiro filósofo da Grécia Antiga.


• Aristóteles e Heródoto afirmaram que para Tales, a água
seria o elemento essencial da existência humana.
• Primeiro cientista natural e filósofo analítico da história,
prevendo um eclipse solar em Mileto.
• Primeiro pensador a retirar os deuses das explicações de
todas as coisas, fugindo das explicações míticas épicas
homéricas.
A origem da Natureza é um
elemento natural e
determinado
Tales de Mileto

Água
• Não se conhecem textos de Tales.
• Aristóteles via em Tales o primeiro “físico” Inquieto, viajante, matemático,
(equivalente a filósofo). astrônomo e político
• É o mais antigo dos Sete Sábios.

Teorema de Tales Previu um Eclipse do Sol


(585 a.C)
• Segundo sua metafísica, a água seria o primeiro
princípio das coisas, por se transformar em vapor
ou sólido em determinadas temperaturas.
• Também era conhecido por antecipar as ideias
sobre placas tectônicas, acreditando que a terra
boiava em água e que ondas subterrâneas
sacudiam as rochas da terra, ocasionando os
terremotos (não havia mais o deus Poseidon nas
explicações desses eventos).
• Afirmava também que o mundo teria uma mente
e essa mente seria Deus, ideias essas que se
assemelham a alguns aspectos do budismo.
Anaximandro de Mileto
(Aprox. 610-545 a.C.)
Estabelece que o elemento originário é
indeterminado e eterno:

Ápeiron ()
Chegou-nos um único fragmento:
“Onde as coisas têm sua origem, aí ocorre sua
dissolução, segundo a necessidade. Pois pagam
reciprocamente a penitência por sua injustiça,
conforme a ordem do tempo”.
O Cosmos como dependente de forças
polares primordiais ou idênticas
(calor e frio; água e terra; masculino e
feminino)
Ápeiron → Opostos → Mundo
Atribuem–se-lhe múltiplas investigações e a afirmação de que a Terra é esférica.
Anaxímenes (Aprox. 585-524)
Indica uma substância
determinada e infinita como
elemento primeiro:

O Ar
O ar é divino e gera
divindades a partir de si, é
nossa alma e o que
mantém nossos corpos
unidos.

A Terra é plana e passeia no


ar, e os demais corpos
celestes giram em torno
(Geocentrismo ??)
dela.
Escola Pitagórica ou
Itálica:
Pitágoras de Samos

“todas as coisas são


números”.
Influirá na ideia platônica da transmigração das almas:
um modo de vida consciencioso e pautado pela moderação para
salvá-lo das sucessivas reencarnações (orfismo)
(584-496 a. C.)

O conhecimento como Introduz a dualidade mente e corpo


instrumento de purificação da
alma
•A Justa medida entre os opostos (métron): a sua inexistência seria o caos.
•Sua doutrina, durante muito tempo, foi transmitida apenas oralmente e as
lendas se encarregaram do restante.
Pitágoras de Samos
570 – 480 A.C
Filosofia Pré-Socrática

Nenhuma obra chegou até nós


Seguidores diziam: “autos ephe” (ele mesmo disse)

• Teorema de Pitágoras teria sido extraído de ensinamentos


babilônicos (em triângulos retângulos, a soma dos quadrados dos
catetos é igual ao quadrado da hipotenusa).
• Tinha fama de ser místico, sua escola sendo considerada um
culto religioso que ensinava a abstinência, a reencarnação da
alma e a numerologia, mais tarde influenciando Nostradamus.
• A realidade última da natureza seriam os números, ideia
desenvolvida a partir da música, visto que os intervalos dos
compassos poderiam ser expressos na proporção entre os quatro
primeiros números inteiros.
• Os pitagóricos veneravam padrões numéricos,
especialmente o número triangular dez, o
tetractys, um diagrama que representa os quatro
primeiros números inteiros em um triângulo de
dez pontos.
• Para ele o número dez era perfeito por ser a soma
dos quatro primeiros números inteiros.
• Os pitagóricos também acreditavam haver dez
corpos celestes, cinco planetas, o sol a lua, a terra
e dois astros invisíveis no qual a terra girava,
todos igualmente girando ao redor do fogo.
Escola Pitagórica
"A natureza (o cosmo e tudo
nele contido) formam um todo
Filolau de Crotona

harmônico, composição de
finito e infinito“
O cosmos está formado por um fogo
central (Hestia) e nove corpos que
giram a seu redor: Antiterra, Terra,
Lua, Sol, e os cinco planetas
observáveis além da esfera das estrelas
fixas:

O Sistema Pirocêntrico

Doutrina dos Números:


"A unidade [o um] é o princípio
(Séc.V a. C.)

de todas as coisas”
Escola Eleata
Esta escola é de caráter exclusivamente filosófico; as anteriores foram físicas ou religiosas

• Parmênides
• Heráclito
• Zenão de Eléia
Parmênides (540-470 a.C.)

Opõe-se a Heráclito

Não admite a mudança e


o movimento
O ser é único, imutável e
eterno = Ideias platônicas
Introduz a diferença entre conhecimento

• Pensa o Uno-Eterno-Imóvel.
• Mostra o Múltiplo-Cambiante.
• Única via para o conhecimento.
• Não válida para o conhecimento.
Influenciou Platão e Aristóteles
Suas reflexões tratam sobre:
Heráclito de Éfeso

O Mundo :
a) Está em estado de contínua
mudança: a luta entre contrários;
b) Está impregnado de constantes
opostos:
“O ser é e não é ao mesmo tempo”;
“Tudo flui” – tudo está em movimento
e nada dura para sempre;
• Introduz a ideia
“Não podemos entrar no mesmo rio
de que os
duas vezes”;
sentidos nos
A essência de todas as coisas é o enganam.
(544-484 a. C.)

• Considerado o
Fogo. “pai” da
Dialética.
Zenão de Eléia (490-420 a.C.)

 Paradoxo:

“Em uma corrida, o mais lento nunca será alcançado pelo


mais rápido”.
 Argumentos através de paradoxos:
iniciador da dialética.
 Paradoxo de Aquiles e a tartaruga, segundo o qual, o
corredor nunca alcançaria o animal.
 Uma flecha em voo está a qualquer instante em repouso
(argumentos contra o movimento).
 Características atribuídas a Deus:
 Eternidade;
 Uno;
 A forma Esférica;
 Nem limitado nem ilimitado; nem móvel nem imóvel.
Escola da Pluralidade
 Corrente materialista e mecanicista –
 A única realidade existente são os corpos em movimento

Empédocles
Anaxágoras
Atomistas
Reagem contra as ideias de Heráclito e
Parmênides
Os elementos originários
seriam:
Empédocles de Agrigento

Fogo;
Água;
Concilia o
pensamento de
Ar;
seus antecessores Terra.
•Estes quatro elementos, mesclando-se uns com os
(493-433 a.C.)

outros, formam os diferentes objetos.


•Concepção cíclica do tempo e da natureza.
Anaxágoras de Clazômena (500-428 a.C)

O ser é imutável.

Os objetos surgem quando as sementes


estão reunidas de forma tal, que no
objeto resultante predomina as de uma
espécie determinada.
O tudo está em tudo.
Os Atomistas
(Desenvolveram a filosofia de Empédocles)
Há um número infinito de unidades indivisíveis.

Átomos
Leucipo e Demócrito
de Abdera (470-370 a.C.)

Diferem em tamanho e forma mas são


idênticos entre si.
Têm as mesmas características que o ser de Parmênides.

Não têm nenhuma qualidade, exceto a de serem sólidos e impenetráveis.

Infinitos em seu número, agitam-se no vazio


ao acaso.
CONCLUSÕES
Tema central de estudo: a NATUREZA

Soluções:
Monismo Dualismo Pluralismo

Físicos jônios Empédocles,


Pitagóricos Anaxágoras,
+ Demócrito
Parmênides

Questão do CONHECIMENTO

Começa-se a levantar a distinção entre verdade e aparência.

Razão
Sentidos
CONCLUSÕES

Escola Jônica: em busca do “arché”.


Tales, Anaximando e Anaxímenes.

Pitagóricos: os números.
Pitágoras e Filolau de Crotona.
Período Pré-Socrático
(VII-V a.C)
Escola Eleata: reflexões sobre o mundo.
Parmênides, Heráclito e Zenão.

Escola da Pluralidade: movimento.


Empédocles, Anaxágoras e os Atomistas.
Período Socrático/Antropológico

• Época Clássica da Grécia (V – IV A.C)


• Atenas como polo cultural.
• Esplendor de Atenas e Século de Péricles (Imperialismo).
• Florescimento da Democracia e da Cidadania.
• Economia citadina do artesanato e do comércio.
• Ultrapassagem da noção aristocrática da aretê, em que
somente os eupátridas detinham a superioridade e
excelência.
• Paideia: ideal de educação não mais voltada para a
formação do bom guerreiro somente, do belo e do virtuoso
que descendia de heróis ou deuses, mas sim a formação do
bom cidadão.
• O bom cidadão deveria falar bem na Eclésia, a assembleia
dos cidadãos.
• Surgimento dos sofistas, tais como Protágoras, Górgias e Isócrates.
• Desses temos apenas fragmentos e opiniões depreciativas de Platão
e Aristóteles.
• Muito se diz que queriam ensinar políticos a mentir, a falar bem e
vencer o jogo das ideias, independentemente do conteúdo
(retórica).
• Hoje sabemos que eram difusores de ideias democráticas.
• Criticaram os cosmologistas, visto que suas ideias não tinham
utilidade para a polis.
• Sócrates seguiu essa crítica, mas igualmente criticou os sofistas,
afirmando que nem eles tinham utilidade, pois não ensinavam
qualquer verdade.
• Iniciava-se o período antropológico, em que o homem era o centro
das divagações filosóficas e não mais a Physis.
Sócrates
470 – 399 A.C
Filosofia Socrática

Nenhuma obra deixada por ele.


Sabemos sobre suas ideias nos escritos de Platão:
Apologia de Sócrates, Críton e Fédon

• Crítica as certezas conhecidas e ao conhecimento aristocrático.


• Homem como centro das divagações em torno da ética e da reflexão
críticas.
• “O homem é a medida de todas as coisas” e “Só sei que nada sei”.
• Método: maiêutica e as vezes, dialética.
• Busca da essência das coisas e divagações sobre certo e errado.
• Busca da formulação dos conceitos, dentro de princípios de validades
racionais.
• Pensamento que procura compreender as ações humanas, as ideias e as
crenças, o pensamento e sua capacidade de conhecer, a busca da verdade e
da essência das coisas.
• Filosofia voltada para a definição das virtudes dos
indivíduos e dos cidadãos (ética e política).
• Primeira separação entre tradição e opinião (dóxa) de
verdade, entre pensamento puro e sentidos.
• Informações sensoriais seriam fontes de erros e
falsidades.
• Acusado pelos juízes de Atenas de asebéia, ou seja, de
corromper os jovens.
• Morto ao ingerir cicuta.
• Platão narrou seu julgamento e seus últimos dias em
Fédon.
Platão
427 – 347 A.C
Período Socrático ou Antropológico

Obras: A República; Memo; Parmênides; Theatetus; Simpósio, mais


as obras sobre Sócrates.

• Teoria das Formas: formas eternas e imutáveis como sendo a


perfeição dos fenômenos efêmeros e materiais da experiência,
fenômenos esses que se apresentam imperfeitos a nossos sentidos.
• Mundo das Idéias e Alegoria da Caverna (idealismo e amor
platônico).
• Método Dialético.
• Busca de uma verdade transcendente ao homem e ao mundo
(supremo bem, supremo belo).
• Busca de um regime político ideal e justo (República de Platão).
• República de Platão e o governo do rei Filósofo e da
cidadania, cada cidadão com suas funções (soldados,
agricultores, comerciantes e artesãos).
• Teorias das formas de governos (Aristocracia –
Tirania/Oligarquia/Democracia).
• Separação entre o mundo sensível e o inteligível, entre
verdade e dóxa (opiniões baseadas em sentidos e muito
na tradição).
• Mito do Er e o esquecimento (Teoria da Reminiscência).
• Inatismo platônico – a razão é inata aos homens.
• Conhecer não é aprender, conhecer é recordar a
verdade.
Aristóteles
384 – 322 A.C
Período Sistemático

Obras: Ética a Nicômaco; Política; Física.

• Pai da analítica, chamada de lógica, que seria o estudo dos


princípios e das formas do pensamento, sendo um instrumento para
os conhecimentos.
• Era chamado de Estagirista.
• Chamado de Peripatético e fundador do Liceu ou Escola
Peripatética.
• Sistematizou os saberes em uma enciclopédia.
• Filosofia estabelece uma diferenciação entre os conhecimentos,
sendo cada campo do conhecimento uma epistéme.
• Conhecimento depende de demonstrações e provas.
• Conhecimentos distribuídos por campos
(produtivo/prático/teorético).
• Trata da filosofia primeira ou metafísica, o ato de
chegar ao pensamento puro (intuição intelectual) a
partir de sensações/percepções/memória/linguagem e
raciocínio.
• Nega a ideia de um mundo “extra-mundo” ou um
princípio filosófico universal.
• Cada ciência admite axiomas diferentes e níveis
variados de precisão.
• Busca de um telos, uma finalidade. Todas as coisas
possuem uma função e uma causalidade.
• Na questão ética, o agente ou é moralmente bom ou
mal, sendo que pensar bem é pensar de acordo com sua
virtude.
Logos é o termo grego que significa "a Palavra".
Filósofos gregos (como Platão) mencionavam Logos
não só quando se referindo à palavra falada, mas
também à palavra não dita, a que ainda está na
mente -- a razão, o pensamento. Quando aplicada
ao universo, os gregos estavam falando sobre o
princípio racional que governa todas as coisas.
Um filósofo grego chamado Heráclito usou pela
primeira vez o termo Logos cerca de 600 AC
para designar o plano divino que coordena todo
o universo. Os judeus monoteístas usavam
Logos para se referir a Deus, já que Ele era a
mente racional - a razão - por trás da criação e
coordenação do universo.
GRANDE IMPÉRIO GREGO (333 - 63 aEC)

Alexandre Magno ascendeu ao poder (336) e


conquistou o mundo durante 12 anos apenas.
Conquistou a Síria (333), Tiro e Gaza (332) entrou
no Egito e fundou Alexandria (332/331), destruiu o
império persa na batalha de Arbelas (331),
conquistou as províncias (satrapias) orientais
na India (330-326) e morreu na Babilônia (323).
Após sua morte (323), seus generais disputaram
o controle dos territórios conquistados por
Alexandre. Cassandro ficou com o reino da
Grécia e da Macedônia; Ptolomeu, com o reino
do Egito; Seleuco, com o reino da Síria, Pérsia e
Mesopotâmia. Assim surgiram as monarquias
helenísticas e uns pequenos reinados gregos de
pouca duração, na Índia.
Sob o domínio selêucida (a partir de 187) , diversos
conflitos, de ordem cultural e religiosa, começaram a
acontecer na Palestina. O processo de foi
massivo e opressivo para os mais resistentes. Aspectos
da cultura grega como: filosofia, religião, literatura,
política e principalmente a língua invadiram as
fronteiras dominadas. A cultura de cada povo foi
sendo mesclada à dos gregos. Cada povo falava sua
própria língua e o grego como idioma principal. Os
que resistiam a estas mudanças passaram a ser
perseguidos.
A INVASÃO CULTURAL GREGA E A
RESISTÊNCIA JUDAICA

O judaísmo exclusivista, monoteísta e segregador


de outras etnias estava em seu ápice pois aos
poucos os samaritanos foram se afastando até
deixar de pertencer a Israel. O monoteísmo zeloso
e étnico, recém conquistado, centrado nos três
pilares* estava começando a enraizar-se. A invasão
cultural dos gregos não foi bem recebida.
* Teshuvá (arrependimento), Tefilá (prece) e Tsedacá
(caridade); Teshuvá (Torá), Tefilá (Avodá) e Tzedacá
(Guemilut Chassadim)
Os gregos tratavam as tradições judaicas com
desprezo e provocação. A observância da Torá
foi proibida sob severas penas; os exemplares
das Escrituras que foram encontrados foram
queimados. É até possível que muitos livros
deste período nunca tenham sido encontrados
ou só o foram posteriormente. Deste período
advém os apócrifos e pseudepígrafos do AT.
Os judeus foram duramente perseguidos.
Durante mais de três anos foram completamente
privados de seus direitos civis e religiosos; os
sacrifícios diários foram proibidos; em
Jerusalém foi erigido um altar ao deus Júpiter.
No grande altar do sacrifício foi sacrificada uma
porca e a água em que foi servida sua carne foi
salpicada sobre os rolos da lei e sobre as
principais partes do templo.
Antíoco despojou o templo, o tesouro, matou
muita gente, deportou mulheres e crianças,
construiu a cidadela grega no meio de Jerusalém
conhecida como Antioquia. Construiu a imagem
do Zeus Olímpico sobre o altar dos holocaustos (a
abominação da desolação de Daniel), condenou à
morte os que detinham o livro da Aliança e as
mães que circuncidavam os filhos. Instituiu os
jogos olímpicos que obrigavam os atletas judeus a
competirem nus.
A maior comunidade judaica da diáspora, com
mais de cem mil judeus, encontrava-se em
Alexandria, um importante centro disseminador
da cultura helênica, onde os judeus eram parte
da população local e falavam a língua grega, a
educação e os costumes adotados eram helenicos.
Muitos judeus que partiram para a diáspora ,
falando grego em suas novas colônias, tiveram
necessidade de ler as Escrituras. Os lugares onde
isto era feito aos sábados foram chamados
sinagogas. Neste importante momento, atendendo
à demanda dos judeus na diáspora, que não
falavam o hebraico, apenas o grego, ocorre a
tradução do AT, com todos os seus livros, para o
idioma grego, surgindo assim a Septuaginta. Essa
tradução data de 200 a 100 a.C.
Setenta e dois estudiosos foram reunidos na capital
ptolomaica para esta tradução, a Septuaginta. A
influência dos textos sagrados em grego foi
expressiva, pois se tornou a escritura judaica
padrão e ainda foi pertinente na formação do Novo
Testamento, o livro do Cristianismo, já que as
citações foram extraídas da Septuaginta (versão dos
Setenta).
A Septuaginta foi usada extensamente pelos
judeus de língua grega antes e durante o
tempo de Jesus Cristo e seus apóstolos. Muitos
dos judeus e dos prosélitos reunidos em
Jerusalém no dia de Pentecostes de 33 EC
eram do distrito da Ásia, do Egito, da Líbia,
de Roma e de Creta — regiões em que se
falava grego.Sem dúvida, eles costumavam ler
a Septuaginta (Atos 2:9-11). De modo que essa
versão influiu na divulgação das boas novas no
primeiro século.
De início o monoteísmo judaico conservador do
templo, ofereceu resistência ao sincretismo
religioso helenístico. A fusão de costumes gregos,
persas, egípcios, mesopotâmicos, deflagrou ao
judeu de Jerusalém um universo confuso e
oposto às suas aspirações estritamente religiosas
e morais.
Muitos desses judeus viam no helenismo a
possibilidade da quebra com o tradicionalismo e
eram atraídos pela liberdade grega. Essa
aculturação helenística sobre os judeus pode ser
notada com grande rigor já na segunda metade do
século I a.C. e no século I d.C. Quando o
helenismo alcançou a elite de Jerusalém, os
saduceus sucumbiram a magnificência da
arquitetura helenística e do prazer heleno.
No reinado de Herodes o grande, final do séc. I a.C.
quando a Judéia era província romana, Herodes
criou cidades helenizadas, com anfiteatro,
hipódromo, palácios com grandes colunas.
Construções monumentais todas em arquitetura
helenística. Demonstram que mesmo sob forte
devoção espiritual, o helenismo permaneceu.
Jerusalém possuía uma população de
aproximadamente 120.000 habitantes, e que no
período das peregrinações religiosas ao Templo
chegavam a 500.000 (dados descritos por Josefo).
A historiografia grega inventariava fragmentos
históricos restritos, esmiuçando a historicidade nas
interpretações, ao passo que a judaica preocupava-se em
relatar a história desde a criação do mundo, numa
pesquisa ampla. Entretanto historiadores e filósofos
judeus foram considerados helenistas. Como o
historiador Flávio Josefo (37d.C. – 100d.C.) que acredita-
se ter escrito apenas “Guerra Judaica” em aramaico.
Sua grande obra, Antiguidades Judaicas, um paralelo a
bíblia hebraica, foi escrita em grego, assim como todo o
restante de sua obra.
Fílon (20 a.C.- 50 d.C) é outro exemplo clássico de
judeu helenista nascido na Judéia, mas domiciliado
em Alexandria, tentou integrar a filosofia grega a
teologia mosaica, escreveu toda sua obra em língua
grega. Ele foi um platônico e pitagórico firme, mais
um escritor filosófico do que um escritor de filosofia.
Era um poeta escrevendo sobre religião em prosa
filosófica. Provavelmente nenhum escritor da era
helenística, judeu ou gentio, podia-se comparar com
ele quanto ao estilo literário cristalino.
Judeus helenizados provenientes da diáspora e de
língua grega, já na primeira metade do séc. I d.C.
enfadados com o sistema religiosos tradicional, pelo
desprezo a que eram submetidos pelos diferentes
partidos políticos religiosos, se enveredavam para o
cristianismo primitivo, seguindo os apóstolos
cristãos. A literatura judaica esteve apoiada nas
bases da literatura helenística.
A utilização da língua grega como veículo de
comunicação entre várias cidades helenizadas
propiciou a expansão do cristianismo, a
influência nos judeus helenísticos é facilmente
observada nos registros dos escritos sagrados,
um exemplo foi o estilo literário do Novo
Testamento que apresenta explicações por
parábolas e epístolas.
O helenismo chegou a Judéia, não nos moldes de
outras cidades helenizadas, que de início
aceitaram a helenização como aculturamento, e
até mesmo como doutrina civilizatória. O
helenismo teve profundo impacto sobre os judeus
da diáspora, que estavam longe do templo em
Jerusalém.
Mas foi relevante também sobre a Judéia
(Cesaréia que foi capital da Judéia, estava
debruçada sobre o helenismo).
Jerusalém não escapou a um verniz helenístico
motivado pelos interesses da elite. O
tradicionalismo judaico sacerdotal tentou
minimizar essa influência, e até por
determinados períodos resistiu, como na revolta
macabéia.
• UM JUDEU QUE DEIXE DE PRATICAR O
JUDAÍSMO E SE TRANSFORME EM UM JUDEU
NÃO PRATICANTE CONTINUA A SER
CONSIDERADO JUDEU.

• UM JUDEU QUE NÃO ACEITE OS PRINCÍPIOS


DE FÉ JUDAICOS E SE TORNE AGNÓSTICO
OU ATEU TAMBÉM CONTINUA A SER
CONSIDERADO JUDEU.
• Um judeu que se converte a outra religião perde
lugar como membro da comunidade judaica e
torna-se um apóstata. Família e amigos tomam
luto por ele, pois para um judeu abandonar a
religião é como se morresse.

• Só três proibições são maiores do que a


preservação da vida: Incesto, assassinato e
idolatria.
Fílon de Alexandria
FILOSOFIA E MUNDO JUDAICO
 Fílon de Alexandria (ou Filo judeu/ Philo Judæus)
 Viveu aproximadamente de 20 aC à 50 dC (nasceu 15 e 10 a.C.?).
Umúltimo
O
poucoperíodo conhecido da vida de Fílon é 38/41 d.C., quando
dalidera
sua vida
uma eembaixada ao imperador Caio Calígula enquanto
representante
trajetória dos judeus alexandrinos.
 O pouco que se sabe de sua vida pessoal é que fazia parte de uma rica e
como
influente família judaica de Alexandria, tendo por irmão Alexandre
pensadorsupostamente um funcionário ligado à administração
Lysímaco,
econômica da região, referido por Josefo.
 Um judeu da diáspora.
 O Terapeuta
O seu “sincretismo”
Heleno-judaico

 União da filosofia e formação helênica com a


teologia e exegese judaica. (Teologia mosaica)

 Absorve da Estoá o conceito de Logos, e de Platão a


estrutura do mundo suprassensível.
“Alegorese”: Método
de interpretação.

Sentido literal:
com pouca importância

Sentido oculto:
As personagens e eventos bíblicos eram símbolos de
conceitos e verdades morais, espirituais e metafísicas.
Percebê-las requer disposição.
Alegorias - Busca de um sentido mais profundo
filosófico, moral.
CRIAÇÃO:
Deus cria do nada, e
dá forma a tudo,
mas antes cria o
cosmos inteligível,
como modelo ideal.
Conceitos
“Filonianos”
os frutos de união entre helenismo e judaísmo
COSMOS
INTELIGÍVEL:
Logos de Deus no
ato de formar o
mundo.
LOGOS
 Logos significa também "palavra" e no
texto bíblico indica a PALAVRA CRIADORA de
Deus ou a Sabedoria.
 Uma hipóstase (substância) criadora na qual se
formam o projeto ideal do mundo ( cosmo inteligível = mundo das
Ideias ) durante a criação
 Identificado também como "Arcanjo", "Mente de Deus", "Filho
primogênito de Deus“, Mediador entre Deus e o homem.
 Semelhanças com o prólogo do Evangelho de João.
Os poderes de
Deus

 Poder criador: com


o qual o Criador
produz o universo.

 Poder régio: com o


qual o Criador governa aquilo que criou.

A esses dois principais se submetem as


demais atividades de Deus.
 Interpretao homem como constituído por
três elementos: o corpo, a alma-intelecto
e o Espirito; apenas este ultimo seria
imortal, porque diretamente inspirado por
Deus

 ÉTICA como um itinerário para Deus,


uma “migração”.
“A vida feliz consiste precisamente nessa
transcendência do humano na dimensão
do divino:
"vivendo inteiramente para Deus ao invés de viver
para si mesmo".
Entre suas obras numerosas,
destaca-se a série de tratados que
constituem um Comentário
alegórico do Pentateuco :
 A criação do mundo,
 As alegorias das leis,
0 herdeiro das coisas divinas,
 A migração de Abraão
 A mutação dos nomes
As origens da Filosofia Cristã

• A religião cristã originária do judaísmo


surge e se desenvolve no contexto do
helenismo.
• A cultura ocidental da qual somos herdeiros
até hoje é a síntese entre o judaísmo, o
cristianismo e a cultura grega.
• O helenismo permitiu a aproximação entre a
cultura judaica e a filosofia grega que
tornará possível mais tarde, o surgimento de
uma filosofia cristã.
• Em Alexandria essas culturas convivem e se
integram e são faladas várias línguas.
• Nessa época encontra-se uma aproximação
entre a cosmologia platônica e a narrativa
da criação do mundo.
• Inicialmente o cristianismo não se
distinguia claramente do judaísmo e era
visto como uma seita reformista dentro da
religião e da cultura judaica.
• Paulo defende a concepção de uma religião
universal (esta é uma diferença básica em
relação ao judaísmo e as demais religiões da
época).
• Podemos dizer que a cultura de língua grega
hegemônica permitiu a concepção de uma
religião universal e que corresponde no plano
espiritual e religioso a concepção de império no
plano político e militar.
• Consolidou-se com o imperador Constantino
batizado em 337 e sua institucionalização como
religião oficial.
• Entretanto não havia ainda uma unidade no
cristianismo, mas a filosofia grega terá uma
importância fundamental nesse processo,
quando as discussões levaram a formulação
de uma unidade doutrinária hegemônica,
ortodoxa.

• Os primeiros representantes pertencem a


escola neoplatônica cristã de Alexandria.
Uma questão que acompanhará
todo o pensamento cristão é um
foco permanente de tensão que
ficou conhecido como o conflito
entre razão e fé.
•Os Concílios fixaram a doutrina considerada
legítima e condenaram os que não aceitavam
esses dogmas expulsando-os da Igreja.
•Podemos dizer que a filosofia grega é
incorporada de maneira definitiva à tradição
cristã.
• A lógica e a retórica fornecem meios de
argumentação.
• A metafísica de Platão e de Aristóteles
fornecem conceitos chaves (substâncias,
essências e etc.), em função dos quais
questões teológicas serão discutidas
1- JESUS É O DEUS ETERNO (1-3)
Logov - Logos

No princípio era aquele que é aPalavra


Palavra. Ele estava com
Deus, e era Deus.
Ela estava com Deus no princípio.
Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele,
nada do que existe teria sido feito.ibém vós creiais.
1- JESUS É O DEUS ETERNO (1-3)
O “Logos” aponta para a pré existência de
Jesus

No
No princípio
princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com
Deus, e era Deus.
Ela estava com Deus no princípio.
Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele,
nada do que existe teria sido feito.ibém vós creiais.
1- JESUS É O DEUS ETERNO (1-3)
O “Logos” aponta para a pré existência de
Jesus
O “Logos” aponta para a divindade de Jesus

No princípio era aquele que é a Palavra. Face


Ele estava
a face com
Deus, e era Deus.
Ela estava com Deus no princípio.
Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele,
nada do que existe teria sido feito.ibém vós creiais.
1- JESUS É O DEUS ETERNO (1-3)
O “Logos” aponta para a pré existência de
Jesus
O “Logos” aponta para a divindade de Jesus

O “Logos” aponta para Jesus como o agente


da criação

No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com


Deus, e era Deus.
Ela estava com Deus no princípio.
Todas as coisas foram feitas por intermédio dele;
dele sem ele,
nada do que existe teria sido feito.ibém vós creiais.
1- JESUS É O DEUS ETERNO (1-3)
O “Logos” aponta para a revelação de Deus
no A.T.
No A.T., “a Palavra” (hebr. Dâbâr) de Deus está
ligada com:

 A poderosa atividade de Deus na criação (Gn


1.3; Sl 33.6)
 Sua revelação (Jr 1.4; Is 9.8; Ez 33.7)
 Sua libertação (Sl 107.20)
1- JESUS É O DEUS ETERNO (1-3)
O “Logos” aponta para a pré existência de
Jesus
O “Logos” aponta para a divindade de Jesus

O “Logos” aponta para a revelação de Deus


no A.T.
Como esse “Logos” existia no princípio, pode-se
supor que ele estava com Deus, ou era o próprio
Deus. João insiste que as duas afirmações são
verdadeiras. E com isto, ele pretende que o todo de
seu evangelho deva ser lido à luz desse versículo.
“os feitos e as obras de Jesus são os feitos e as
obras de Deus”
1- JESUS É O DEUS ETERNO (1-3)
ENTÃO: O que você precisa entender sobre Jesus
ser o “logos” de Deus?
 Ele já existia antes da ordem criada existir
 Ele tem um relacionamento pessoal e íntimo com
Deus
 Ele, em essência, é totalmente divino
A cultura ocidental é chamada impropriamente
de Judaico-Cristã, quando na realidade ela é
Heleno-Judaica. E isso faz alguma diferença?
Sim, muita. Porque o primeiro nome (Heleno)
indica a origem, como nipo-brasileiro, ítalo-
americano, greco-romano etc.
A propósito, o islamismo também é uma cultura
helenojudaica.
Na Antiguidade o ódio não era feio. Os gregos quase
faziam do ódio uma virtude e da vingança um dever.
Insistiam em que os amigos deveriam partilhar ódios
e afeições do mesmo modo. Para eles, não havia mal
no ódio, desde que tivesse uma razão de ser,
geralmente eram motivados por injúrias feitas à
honra. Sempre que isso acontecia, a única solução
era uma vingança sangrenta, o que explica as suas
inumeráveis guerras fratricidas.
O Judaísmo partilhava destas concepções com
poucas diferenças. O Cristianismo primitivo
advoga o contrário de tudo isso. Desta forma o
cristianismo não é continuação e nem reforma
do Judaísmo, como se faz acreditar. São
muitíssimo diferentes. Portanto, a história é
outra.
“No ano décimo-quinto do império de Tibério
César, sendo governador da Judéia Pôncio Pilatos,
tetrarca da Galiléia Herodes, Filipe seu irmão
tetrarca da Ituréia e da Traconites, e Lisânias
tetrarca de Abilene, sob o pontificado de Anás e
Caifás, foi dirigida a palavra de DEUS a João, filho
de Zacarias, no deserto. E ele percorreu toda a
região do Jordão, pregando o batismo de penitência
para a remissão dos pecados ”
(Lc 3:1-3).
O exórdio solene com o qual Lucas introduz a
pregação de João Batista, indica a natureza
complexa da situação histórica na qual vai
inserir-se a vida e pregação de JESUS. Não é
difícil deslindar e discernir no texto evangélico
citado os três elementos culturais romano,
helenístico e judaico.
Contudo, por mais estranho que possa parecer,
entendemos que boa parte dos pressupostos
cristãos se originaram no pensamento filosófico
grego, através do Helenismo.
Este Helenismo, numa análise histórica, foi um
processo, essencialmente cultural, baseado na
influência da cultura grega sobre o Oriente,
incluindo-se aí o próprio Cristianismo,
inicialmente uma seita judaica isolada na Judéia.
Estes contatos culturais que ocorrem entre as
civilizações não são unilaterais; ou seja, quando
culturas ou determinadas práticas culturais de
um povo entram em contato com as de outro
povo, o que ocorre é uma espécie de
“contaminação cultural” mútua. Partindo dessa
premissa teórica da História Cultural , podemos
afirmar então que, ao passo que o Cristianismo
foi um desafio à cultura grega, esta cultura
também foi um desafio ao Cristianismo.
O primeiro desafio foi justamente o da chegada da
cultura grega ao Cristianismo, ainda uma seita cristã
da Judeia, uma vez que com a difusão do idioma grego
koiné pelo Oriente, graças a atuação primeva de
Alexandre, os judeus tiveram que passar por um amplo
processo de helenização. Ou seja, se deixaram levar
pela tendência da época e aprenderam a língua grega,
entretanto, ao constatarmos o uso do koiné por judeus-
cristãos, cabe considerar que esses palestinos
apropriaram-se também de um conjunto de conceitos
próprios da linguagem e cultura grega helenística.
Esse desafio enfrentado na Judéia, foi relativamente
facilitado, uma vez que o Cristianismo,
originalmente, foi um movimento judaico e os
próprios judeus tinham consciência de sua própria
helenização já nos tempos de Paulo, não somente
por conta da Diáspora, mas dentro da própria
Palestina; tanto é que foi em direção a essa parcela
de judeus já helenizados que os missionários
cristãos atuaram.
O segundo desafio é inversamente proporcional
ao primeiro, uma vez que movimenta-se do
Cristianismo para o Paganismo grego. O kérygma
ou a transmissão da “boa nova” não se limitou ao
isolamento da Judéia e na medida em que o
Cristianismo ganhou força, principalmente após a
conversão do imperador Constantino, tornou-se
necessário fundamentar as bases do movimento
em sólidos argumentos filosóficos.
Paulo de Tarso- uma nova visão

1-Uso do Antigo Testamento no Novo Testamento:

O testemunho neotestamentário está profundamente


ligado com as expectativas e esperanças do judaísmo.
Grande parte dos conceitos do Novo Testamento são
ecos ou releituras do ambiente veterotestamentário.
Existe uma forte vinculação evidente entre os dois
Testamentos, recuperando assim o tema do judaísmo no
cristianismo. A Igreja não criou uma linguagem
teológica nova, mas apropriou-se de grande parte da já
conhecida linguagem veterotestamentária e a ampliou.
2-A Influência de Jesus e da Igreja Primitiva em
Paulo:

Uma vez compreendido o Novo Testamento e sua


vinculação com o Antigo, parte-se para a
vinculação de Paulo com o chamado “kérygma”
(querigma) cristão. As semelhanças e diferenças
existem, e precisam ser devidamente nvestigadas
e apontadas.
Muitos temas da pregação de Jesus estão
ausentes da pregação de Paulo. Não há registros
de parábolas, os ditos de Jesus praticamente
não aparecem nas epístolas, e não há uma
descrição pormenorizada da relação de Jesus
com o farisaísmo. Por outro lado, alguns temas
tratados por Jesus estão presentes em Paulo,
mesmo que não sejam citações explícitas da
pregação de Jesus.
O primeiro tema que pode ser destacado é a
atitude em relação à Lei. Jesus coloca-se acima
da Lei, alinhando-se aos profetas. Paulo, de
igual modo, afirma ser superior à Lei,
estabelecendo uma significativa oposição entre
Lei e Graça, além de desenvolver a doutrina da
Justificação pela Fé.
O segundo tema está ligado ao anterior: Jesus
e Paulo diminuíram a importância dos
sacrifícios. Eles nunca atacaram diretamente o
Templo e os piedosos que ali se reuniam, mas
acentuaram mais o “espírito” daquele que ali
oferecia sacrifícios, do que o sacrifício
propriamente dito.
O terceiro tema está ligado ao combate ao
particularismo judaico. Jesus e Paulo
rompem particularismos, em nome da
autoridade dada por Deus. Jesus elogia a fé
do centurião e da estrangeira. Paulo, por sua
vez, rompeu com particularismos afirmando
sua missão e apostolado como advindos do
próprio Cristo.
O quarto tema comum é a compreensão de
Deus como Pai, tipificada na expressão
aramaica “Abba”. Tanto Jesus quanto
Paulo entendiam a relação com Deus como
uma relação filial (Pai-filho).
3- Paulo Sob o Signo do Judaísmo e do Helenismo:

Um resumo da pregação neotestamentária está em


I Ts 1:9s. Esta pregação, em primeiro lugar, parte
da pregação missionária do judaísmo helenista,
que convida para a repulsa aos ídolos e a dedicação
ao Deus verdadeiro – e acrescenta a afirmação de
que os cristãos aguardam o retorno do
Filho de Deus.
Em segundo lugar, apontam para a ação de
Deus na cruz e na ressurreição de Jesus, e
destacam o testemunho daqueles que aceitaram
esta mensagem.(Rm 1:16 e 10:9 e 12; Lc 12:8s,
Jo 1:20s). Esta confissão se faz pelos títulos que
Jesus recebe (I Co 12.3; Fl 2.11; I Co 8.5s, Rm
3.30, Gl 3.20, Tg 2.19).
Para que se situem melhor as relações entre
estoicismo e cristianismo, devemos considerar
igualmente que é um equivoco identificar
o cristianismo dos primeiros séculos com uma
doutrina unitária e sólida.
Há uma luta entre aqueles que pretendem mantê-lo
vinculado à tradição oriental, não dualista, mas
monista, como era a cultura semita - e os fundadores
da Escola do Pórtico, Zenão e Crisipo, têm formação
semita - e os que procuram, talvez com o objetivo de
divulgar mais rápida e eficazmente a religião,
"encarná-la", revesti-la com a linguagem greco-
romana.
É com Paulo (rabino, apóstolo, filo-grego e
Semita) que se dá a passagem do cristianismo
orientalizado para aquele helenizado, e que no
embate, às vezes áspero e nunca tranquilo, entre
os primeiros teólogos, acaba vencendo o
cristianismo helenizado, sucessiva base da
cultura filosófica medieval. A obra de Paulo de
Tarso serve de paradigma para toda a tradição
posterior.
É conhecido o discurso do apóstolo aos
atenienses no Areópago, hoje inscrito em pedra
ao sopé do Partenon, e que nos remete
diretamente a conceitos estóicos. Os Atos
dos Apóstolos referem-se explicitamente à
discussão de Paulo com "filósofos epicureus e
estóicos“. Para apresentar a nova religião, o
pregador usa de todos os recursos para mostrá-
la não como ruptura, mas como complemento e
acabamento da teologia grega.
Deus é apresentado como o "deus desconhecido",
cujo único templo é o universo, da mesma forma
como, para os estóicos, o logos habita o universo.
Contudo, o intento de convencer os atenienses
redunda em fracasso. Por isso, a seguir, Paulo
muda radicalmente de discurso:
"Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a
inteligência dos inteligentes...
Porventura não tornou Deus louca a sabedoria
deste mundo?... os judeus pedem sinal, e os
gregos buscam sabedoria. Mas nós pregamos a
Cristo crucificado, que é escândalo para os
judeus e loucura para os gregos"
(1 Cor.1:19-23).
Ptóxima aula: Filosofia Patrística

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