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Filipe Deschamps
Por Que Esse Livro Existe? 2
O Combustível Vermelho 11
Os 3 Estágios De Atenção 15
O Pior Pesadelo 20
O Balanço Da Ambição 47
Os Dois Venenos 61
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Por Que Esse Livro Existe?
Desde que eu me conheço por gente, lembro que a ansiedade faz parte da
minha vida agindo como uma influência negativa em tudo o que eu fazia e
pensava, me impedindo de desfrutar do caminho e das conquistas que
aconteceram ao longo desse tempo. Obviamente frustrado com isso, dediquei
anos após anos me observando, estudando e testando técnicas para o controle
dessa condição, e agora eu finalmente me sinto extremamente seguro em
passar esses conhecimentos para frente. Eu fiz isso através de um vídeo no
YouTube que pode ser encontrado por esse link: https://youtu.be/dZJbORri0ro
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Revisão Dos Pontos Mais Importantes
Sugiro não ler estes pontos antes de assistir ao vídeo ou ler o conteúdo
completo deste livro, pois faltará o contexto necessário para real compreensão.
1. No máximo que conseguir, procure você ser o remédio que possa levar
para qualquer lugar que precisar.
3. Você não consegue ficar bravo por mais do que 1 segundo, a não ser que
fique colocando combustível para manter essa emoção viva.
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9. Se você não consegue escolher no que você quer dar atenção nos dias de
hoje, você tem um problema gigantesco nas suas mãos, pois o mundo
está brutal na guerra pela sua atenção.
10. Foram 13 bilhões de anos para o universo chegar até aqui sem sua
influência. Então calma, não se leve tão a sério. O universo vai continuar
funcionando.
11. No calendário do universo, você é uma faísca, e você só tem esse breve
momento agora para se perceber melhor.
12. Faça o exercício de projetar todos os passos até chegar no seu pior
pesadelo e note que, a cada passo, ele se torna mais improvável.
13. Talvez, tudo de ruim que você está pensando e sentindo, você está
escolhendo assim por acreditar ser benéfico para você.
14. Nunca ninguém faz nada por mal. Independente do que seja, as pessoas
sempre estão fazendo algo que, na visão delas, é benéfico no final das
contas.
17. Você não deve se enganar e você é a pessoa mais fácil de enganar, fique
vigilante.
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18. Antes de iniciar qualquer tarefa, coloque na cabeça: “Isso vai ser
divertido”
20. Perceba quantas horas do seu dia, da sua semana, do seu ano você está
trabalhando de graça com curadoria de conteúdo.
21. Para descansar do seu trabalho normal, você trabalha com curadoria de
conteúdo.
24. Para evitar o tédio, nós escolhemos distrações sem objetivo algum, só
para conseguirmos fugir de olhar de verdade como estão as coisas
dentro da nossa mente e nos confortar de forma falsa.
25. O rei era cercado por pessoas cujo único objetivo era entretê-lo e
impedi-lo de pensar sobre si mesmo. E hoje em dia, você é o rei ou a
rainha, e o seu celular é o bobo da corte.
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28. Você terá uma fonte de ansiedade inesgotável se a quantidade de
problemas que você precisa resolver ou consegue imaginar for maior
que a sua ambição.
29. Note como sua mente pode estar se comportando como um punho
fechado.
30. Você confecciona emoções para conseguir atingir algum objetivo que
você acredita ser benéfico para você.
31. Treine ser honesto com você para descobrir o objetivo que sobrepõe
todos os outros objetivos. Quando conseguir fazer isso, troque esse
objetivo por outra coisa e note como outras emoções serão disparadas.
34. Toda vez que você se apega ou tem aversão a algo, instantaneamente
você está produzindo veneno de volta.
35. Toda vez que você está apegado a algo que existe e você perde essa coisa,
você fica triste. E toda vez que você está apegado em algo do futuro, você
fica ansioso.
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36. Você consegue imaginar vários cenários no futuro, e no momento que
você se apega a uma dessas imaginações, não vai querer largar e isso vai
gerar ansiedade.
37. Você tem uma quantidade limitada de encontros com todas as pessoas
que você conhece.
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Início Do Conteúdo Completo
E como bônus, eu vou talvez te dar o maior puxão de orelha que você vai levar
esse ano, e vai valer muito a pena. Então eu sinceramente sugiro você consumir
os conteúdos deste livro não só por você, mas pelas pessoas que estão ao seu
redor.
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Peso Da Ansiedade, Médicos E Remédios
Ansiedade na minha vida era algo constante e interminável, era uma skin na
minha vida. Era literalmente um tema constante que participava de tudo o que
eu fazia.
Para piorar, eu sempre evitei ir em médicos porque eu tinha certeza que eu iria
sair entupido de remédios, dado a gravidade do que eu sentia. Então eu queria
uma solução que eu conseguisse resolver por conta própria sabe... eu ser o
“remédio” que eu vou conseguir levar para qualquer lugar que eu precisar.
Demorei para achar esse caminho, mas eu achei e eu to notando que, quanto
mais eu ando por ele, melhor tudo tá ficando, de pouco em pouco.
Mas antes de tudo que eu vou ensinar nesse livro, cuidado! Eu não sou médico,
não sou psicólogo, eu não estou aqui para substituir profissionais da área da
saúde, e se você desconfia ter sinais de depressão, por exemplo, depressão a
doença, ansiedade grave, ou qualquer outra doença, você precisa ser
diagnosticado e tratado de forma adequada. Não faça isso por dentro do
YouTube ou por um livro como esse. Eu recomendo que você vá num
especialista para fazer uma avaliação geral em você primeiro. Às vezes você
pode descobrir alguma coisa que está te prejudicando e isso pode tirar um peso
grande em apenas uma consulta.
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Então por favor, encare esses conteúdos aqui como um amigo que está tendo
uma conversa informal, abrindo o coração com coisas sensíveis e até então
privadas, para ser julgado por você. E ao longo dessa conversa eu vou
compartilhar minhas experiências pessoais sobre como eu me resolvi com o
tema ansiedade e diversas outras frustrações da vida. São 100% experiências
reais.
Para isso, além de separar o conteúdo em 3 grandes seções, eu vou separar cada
conhecimento em uma peça de um quebra-cabeça, porque apesar de eu
conseguir te entregar essas peças, eu não conheço nada da sua vida e só você
consegue montar o quebra-cabeça dela aí pelo seu lado.
Então algumas peças vão se encaixar muito bem, algumas você vai falar:
“Nossa nada a ver” e tudo bem... é para ser assim mesmo, pois ela vai se
encaixar no momento de vida de outra pessoa ou da sua própria vida, mas no
futuro. Então basta você seguir com o conteúdo até porque, as últimas peças,
ahh essas vão te deixar desconfortáveis e inicialmente eu diria até arrependido
por não ter sido exposto a isso antes.
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O Combustível Vermelho
Eu não sei se... o que eu vou te falar agora sobre uma das características dos
sentimentos vai te deixar confuso, mas você não consegue, por exemplo, ficar
“bravo” por mais do que 1 segundo… sem você ficar fabricando e colocando
combustível nessa sensação.
Assim como a voz das pessoas que você conhece, onde muitas vezes você lê
uma mensagem que ela escreveu usando a voz dela dentro da sua cabeça. Você
literalmente não está escutando ela, a não ser que você continue fabricando
essa voz na sua cabeça, gastando energia.
Então entender que a gente só fica originalmente bravo ou ansioso por não
mais de um instante foi massa aprender… difícil de genuinamente aceitar e
controlar, mas é algo realmente sensacional e assustador perceber sobre a
mecânica do nosso cérebro que é: As coisas literalmente existiram somente no
momento que elas existiram... depois, é o seu cérebro remoendo as
informações.
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E agora vem um ensinamento muito... mas muito importante e que eu gostaria
que você começasse a notar em tudo daqui para frente:
Isso é óbvio para as coisas vivas, mas não tão óbvio para os seus pensamentos,
para as suas emoções, sentimentos e o tempo que vai levar entre o nascimento
e a morte de algo na sua consciência é o quanto você vai se apegar a ela. Guarda
essa palavra que a gente vai usar mais para frente... apegar.
O Guga, meu irmão, me contou recentemente uma história que ele passou
esses dias. Ele estava quase dormindo, quando um carro acelerou e saiu
derrapando com tudo na rua de onde ele mora, e como esse evento de poucos
segundos fez ele ficar horas remoendo a cena dentro da cabeça.
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Enfim, super natural o que o Guga passou com o carro e o barulhão e, de uma
forma ou outra, dentro da cabeça dele, da minha e da sua, a gente está
injetando constantemente “sangue” - combustível vermelho - para esses
objetos mentais ficarem vivos, só que sem realmente perceber ou sem controle
e isso está nos ferindo aos poucos.
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O quão perigoso será que é isso para sua saúde?
E ego é muito disso, ficar pensando em algo sem saber ou perceber que você
está pensando ao ponto de não perceber mais onde está a sua atenção.
E eu notei que eu vivo em alguns estágios de atenção e esse vai ser o salto para
a próxima peça desse quebra-cabeça: “Os 3 estágios de atenção”.
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Os 3 Estágios De Atenção
A primeira reação para esse segundo estágio, de ter acordado desse sonho ou
pesadelo, é de vergonha, vergonha de ter perdido esse tempo. Principalmente
quando você ficou com a cabeça em outro lugar em um evento importante da
sua vida ou da vida das pessoas próximas de você, como por exemplo um
encontro ou jantar.
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Não encara dessa forma. Toda vez que você acorda desse “sonho acordado” é
um motivo de vitória. O importante agora é entender como não ser sequestrado
pelos próprios pensamentos e qual a relação com as emoções como ansiedade,
porque daí você consegue ir para o terceiro estágio.
Mas enquanto isso, como desafio para você agora é, daqui para frente, ficar
realmente vigilante sobre quantos litros do seu sangue - de combustível
vermelho - você está jogando em pensamentos que geram ansiedade ou
sensações ruins, principalmente aqueles que você não percebeu que está
pensando a respeito. Por exemplo, quantas vezes você já se pegou (ou não
pegou, o que é pior) dando o replay dentro da sua cabeça de uma conversa que
você teve ontem e que não andou muito bem. Talvez você falou alguma besteira
ou alguém tratou de algo sem a devida atenção e isso impactou você e o seu
tempo. A situação já passou, mas você fica assistindo esse “filme”, se
identificando com ele e até sendo o diretor / produtor, fazendo novos cortes,
novas cenas e outras falas que ficariam melhores e seriam mais justas.
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Fora que, se você não consegue escolher no que você quer dar atenção, nos dias
de hoje, você tem um problema gigantesco nas suas mãos, pois o mundo está
brutal... está brutal na guerra pela sua atenção.
Por enquanto, como eu falei, esses tópicos iniciais são para te tirar da lama e a
próxima peça do quebra-cabeça que ajuda nisso é: “O seu tamanho perante o
universo”.
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O Seu Tamanho Perante O Universo
Talvez você esteja num estágio tão ruim de ansiedade, num estágio derrotado
como eu já tive no passado, que não dá nem vontade de aplicar nada do que eu
falei até agora e eu entendo perfeitamente. Então se você está assim ou quer se
preparar para um dia conseguir se recuperar de uma situação como essa, deixa
eu passar rapidamente por esse conhecimento.
Essa é uma das técnicas que eu já usei no passado e usei apenas em casos mais
extremos, que é onde ela vai ter mais efeito na verdade. É uma técnica que tem
cara de ser besta mas que me ajudou muito a parar de lutar contra a maré e
voltar a ganhar momentum, ganhar velocidade na direção certa, você já vai
entender.
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Isso é uma verdade, até porque foram 13 bilhões de anos para chegar aqui sem
a minha ou a sua influência (onde pro calendário do universo a gente é uma
faísca) e depois vai continuar andando normalmente. Então calma... não se
leve tão a sério.
Aproveita o fato de que, você existir hoje e estar lendo essa última palavra aqui
é um milagre improvável se a gente colocar em comparação ao tamanho físico
e esses 13 bilhões de anos de existência do universo. E você só tem esse breve
momento agora para se perceber melhor, se valorizar e a gente vai fazer mais
isso durante esse livro.
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O Pior Pesadelo
Essa é outra técnica com cara de besta mas que me ajudou muito para me
deixar de ser teimoso com algumas coisas e também a me tirar da lama. E me
ajudou muito mesmo porque eu sinto que as minhas costas até relaxaram logo
depois de fazer o que ela propõe e não é nada loucura.
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9. Não tenho dinheiro para pagar nada, inclusive não estou nem pagando os
impostos devidos.
10. Começo a ser procurado pela polícia de imigração aqui do Canadá.
11. Sou extraditado e volto para o Brasil sem nada.
12. No Brasil não consigo mais emprego porque meu nome está queimado
internacionalmente.
13. A Interpol me acha, me prende e eu perco tudo o que eu tenho... tudo.
E daí quando eu fiz esse exercício, uma coisa maravilhosa aconteceu: quanto
mais eu descia no nível de desgraça, eu percebi que mais improvável esse
cenário se tornava. A cada descida que eu dava eu já tava pensando várias
formas de me ver fora desse problema, por exemplo, se eu deletasse o canal do
YouTube, em seguida eu procuraria um emprego de programador aqui no
Canadá e só isso já mudaria toda a lista para baixo.
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extremamente improvável de acontecer. Ter isso de forma esclarecida me deu
muito mais coragem de dizer “Agora não” para várias coisas, principalmente
alguns fantasmas na minha cabeça. E ter coragem de fazer isso é fundamental
principalmente para você parar de, num pulo só, saltar do primeiro para o
último item do pior pesadelo, pois eu tenho certeza que isso é um fantasma seu
também. Toma muito cuidado, até porque isso está conectado com a próxima
peça: “Você não faz nada por mal”.
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Você Não Faz Nada Por Mal
Primeiro, importante destacar que, o que eu vou falar aqui tem um limite, e se
você for diagnosticado com alguma doença como depressão, novamente, não
recomendo navegar por essas águas, não aqui por esse livro ou YouTube. Eu
não sou um profissional da saúde e como eu falei no começo, isso aqui é um
papo entre duas pessoas íntimas. Eu estou abrindo aqui meu coração para
gente conversar como amigos querendo compartilhar conhecimentos e
experiências, sem querer ser o dono da verdade em nada. Eu antecipo isso
porque eu tenho certeza que esse tópico pode deixar muita gente
desconfortável, irritada e eu não tenho interesse nisso (não sei porque eu
teria). Eu to compartilhando ele porque fez parte da minha busca, do que eu
precisei raciocinar para chegar onde eu cheguei na questão da ansiedade e
como o meu cérebro estava operando, combinado?
Massa, então olha que interessante: no Grego as palavras bem e mal não tem
dentro delas um significado moral que vem junto quando a gente pensa na
briga clássica entre “o bem e o mal”. O “bem” significa somente “benéfico” e
o “mal” significa “não benéfico”. E dado a isso, o que eu vou te falar agora
pode machucar porque me machucou muito:
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Talvez, tudo de ruim que você está
pensando e sentindo, você está
escolhendo assim por acreditar ser
benéfico para você.
Eu sei... me dá uma chance para explicar.
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Um caso simples e clássico meu e que revela um pouco dessa dinâmica é,
quando eu to muito estressado, eu compenso em comida. Mas não é comida
“alimento”, é comida do tipo Cheetos, sacão de Doritos, que como vocês
sabem, é isopor com tempero de radiação e que claramente é uma péssima
escolha no quesito saúde, principalmente para esse momento em específico
que eu estou completamente estressado. Só que quando eu estou dentro dessa
situação de stress extremo, todos os meus sistemas (ou pelo menos antes de eu
ser exposto aos conhecimentos desse livro aqui), os meus sistemas chegavam
num consenso que: a melhor decisão a se fazer, a escolha que vai me fazer
melhor, a escolha benéfica… é comer um sacão de Doritos. Aí eu como... e sabe
como eu me sinto logo depois? Um lixo, arrependido, só piorou e caramba era
óbvio que ia piorar, o que diabos eu estava fazendo?!?! Argh!!
E se você se reconheceu nisso, ótimo! Tem muita coisa para gente ver ainda e
quando eu entrar na seção em que eu explico algumas mecânicas do cérebro eu
vou começar ela com uma analogia que é reveladora.
Mas voltando sobre a parte que dói, a de eu ter falado que há uma probabilidade
de as coisas ruins que você está sentindo e pensando é porque você acha
benéfico para você, isso é difícil de engolir porque às vezes o seu contexto ao
redor de fato está ruim, é injusto e você gostaria de fazer algo a respeito ou que
de alguma forma fosse resolvido.
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habilidades me impediam de mostrar pro mundo quanta diferença eu poderia
fazer… no fundo no fundo, de uma forma muito sorrateira e analisando sob
essa nova ótica, eu tava julgando que isso era o que tinha de melhor para mim.
Hmmm… “não tenha dúvidas”? Tem certeza disso senhor Filipe Deschamps?
Porque sob essa nova ótica, se você está nesse contexto por muito tempo, fica
cada vez mais claro que por enquanto esse contexto é o que você acreditou ser o
mais prático para você, para os seus medos, pela avaliação real da sua
capacidade, das suas condições, do seu apetite a risco, da sua síndrome do
impostor, da sua coragem, etc.
Então senhor Filipe, uma parte de você - não toda - mas uma parte com
certeza quer que as coisas fiquem como elas estão. E é óbvio que isso é
verdade, porque é esperado que essa “parte” meio que aprendeu a lidar com
essas circunstâncias. Ela sabe exatamente o que esperar e o que vai acontecer
no futuro.
“Oh.. viu lá? Sabia... fulano de novo... agora 16 vezes já que ele me atrapalha,
e contando…”
Então talvez não seja tão alienígena a ideia de, numa parte bem escondida do
seu cérebro ele chegar a conclusão que, pior do que um contexto ruim porém
previsível, é um contexto imprevisível, que você não conhece, que você não
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sabe o que vai acontecer. Como você vai precisar se comportar diante de tudo
de novo que pode acontecer? Inclusive correndo o risco de perder tudo, não é
mesmo?
Por isso que é comum ter situações em que uma pessoa não para de reclamar de
algo, pode ser de qualquer coisa, e você chega com a solução: “Oh, tá aqui... isso
deve resolver” e a pessoa instantaneamente reage: “Não, calma... calma... sem
movimentos precipitados sem pensar”... Mas ué, sem pensar? Você não parava de
pensar naquilo, tava pensando verdadeiramente no que?
Então não se assuste se você começar a perceber que uma boa parte das pessoas
escolhem a tristeza sobre a incerteza. Eu não estou falando todas, não estou
falando a maioria, não estou falando de você nem de alguém que você conhece.
Eu só estou explicitando que existem sim pessoas que escolhem a tristeza
sobre a incerteza.
Reconhecer que essa é a outra parte da natureza das coisas ajuda você a
reconhecer um pouco mais sobre a natureza de tudo que está em jogo. Mas isso
a gente vai se aprofundar um pouco mais na peça do quebra-cabeça em que eu
falo da função real das nossas emoções, dos nossos sentimentos, é brilhante.
Mas antes, e conectado um pouco nisso, a última coisa que eu gostaria de falar
aqui dentro da seção de conseguir tirar a gente da lama, e também antes de
entrar na seção que vai deixar a gente um pouco mais feliz, é sobre a peça
“Real, mas não verdadeiro”.
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Real Mas Não Verdadeiro
Sentimentos e pensamentos são reais, não há dúvidas sobre isso. Eles de fato
estão acontecendo fisicamente dentro do nosso cérebro ao ponto de ser
possível mensurar a existência deles. Mas tirando isso, nem sempre eles são
verdadeiros.
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O primeiro princípio é que você não
deve se enganar, e você é a pessoa mais
fácil de enganar. Portanto, você deve
ter muito cuidado com isso.
Muito cuidado mesmo, ao ponto da gente agora usar justamente isso para
entrar na seção que pode deixar você um pouco mais feliz, começando com a
peça mais simples dessa parte do quebra-cabeça, mas também a com impacto
mais rápido e que se chama: “Isso vai ser divertido”.
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Isso Vai Ser Divertido
Essa peça pode mudar completamente a perspectiva sobre as coisas que você
precisa fazer, sobre as tarefas ainda em aberto e que geram muitas vezes uma
ansiedade num nível que você nem consegue começar a trabalhar nela ou toda
hora está evitando compromissos que você não está muito afim de participar
mas que são importantes.
Eu aprendi essa técnica com um outro youtuber chamado Ali Abdaal e é tão
simples quanto: no momento que bater aquela ansiedade porque você se
lembrou de algo que precisa resolver, ao invés de nutrir a situação com “Puts, ai
que saco”... começa a nutrir exclusivamente com:
“Isso vai ser divertido”.... põe isso na cabeça até mesmo de forma falsa... sério.
É a coisa mais maluca do mundo no quanto isso ajuda a digerir muito melhor
qualquer tipo de tarefa. Tanto que o Ali falou que ele mantém um post-it
colado de forma fixa no monitor dele dizendo “Isso vai ser divertido” e toda
hora que bate um desânimo para começar algo, ele olha pro post-it e se
convence… “Isso vai ser divertido”.
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E se você pegar o jeito nisso e de fato se lembrar dessa frase, um dos efeitos
colaterais que vai acabar acontecendo é que você vai começar a encarar as
tarefas de forma sincera ao invés de séria. E isso faz toda diferença porque você
começa a se machucar quando você para de se divertir com uma tarefa e
começa a lidar com ela de forma extremamente séria. É um saco da mesma
forma que é um saco você jogar um jogo com alguém que tá levando ele muito a
sério.
Então usar ou não essa técnica para uma exata mesma tarefa é a mesma coisa
que mudar a música de fundo imaginária da sua vida. Como se fosse a cena de
um filme mesmo. Se for a cena de, por exemplo, ter que se encontrar com uma
pessoa que você não gosta, tem uma treta ou uma coisa não resolvida. Serão
duas cenas completamente diferentes se você imaginar ela com uma música de
ação bem estressante ou imaginar “Isso vai ser divertido” e uma música mais
apropriada para esse novo tema.
E vamos combinar, você não tem como esperar resolver todos os seus
problemas para daí conseguir ser feliz ou se divertir com o que faz. Problemas
na vida a todo momento não pode ser considerado uma anomalia. Você não
pode pensar “tem algo de errado porque todo dia eu estou envolvido com treta”.
Talvez a escala e o impacto de um dos problemas sim pode ser uma anomalia,
mas não a quantidade. Então, pelo menos para aqueles que são problemas em
quantidade, pinte por cima a camada do “Vai ser divertido” e note o que
acontece.
Mas, às vezes, você se convence que vai ser divertido só que mesmo assim sobe
uma ansiedade fora do controle, onde muitas vezes você nem sabe de onde ela
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está vindo. Você até se pergunta: “Caramba... porque eu to ansioso? Eu não
consigo me lembrar de nada que possa ser o causador disso”.
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Perca A Guerra Contra O Bully
Sabe “Bullying”? Quem faz bullying é o “Bully”. Eu não sei como traduzir isso,
mas é a pessoa que se diverte e se enche de energia com o sofrimento dos
outros. Então a regra é clara: se você sofreu - ou na verdade - quanto mais você
sofrer e se irritar, mais feliz e energizado essa pessoa fica.
Com isso, uma das técnicas para você desarmar ou desmotivar o bully de
continuar te enchendo o saco é: quando ele chegar e te ofender de alguma
forma, você falar com total segurança: “Boaaa, é isso mesmo… concordo!” … No
mínimo o Bully vai se confundir todo.
Então uma técnica muito boa quando você está feliz, mas do nada vem um pico
de ansiedade bem ruim, é você pensar:
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Esses dias eu tava caminhando com a Renata e o Oliver (esposa e filho), e do
nada eu tive um pico de ansiedade num nível que eu me recordo exatamente
onde eu estava, que era atravessando uma faixa de pedestre em um
cruzamento aqui mais pro começo da rua de casa. É uma faixa mais longa e eu
já tinha pego o jeito com essa técnica e na hora que começou a ansiedade, eu
não consegui identificar a origem dela, mas pensei: “Se eu precisar viver o resto
da minha vida sentindo isso… ok” e turma... antes de terminar de atravessar a
faixa eu já tinha voltado 100% ao normal.
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Você Se Esqueceu Como Se Descansa
Foi um choque para mim entender que tem coisas que você só percebe quando
desacelera e não tem jeito de ser o contrário. Por exemplo, se você tiver num
carro andando a 150 quilômetros por hora, apesar de que esse carro pode estar
chegando mais rápido no objetivo final, o trade-off dessa situação é que você
não vai conseguir ver, de verdade, as coisas que estão passando perto na sua
frente de tão borrado que tudo vai ficar, num ponto que é cruel até para as
outras pessoas que são próximas de você, pois até elas irão ficar borradas pela
velocidade na qual você está andando.
E talvez um choque maior que eu tive foi perceber que dormir não é
necessariamente descansar. Dormir, apesar de parecer um estado
completamente separado de corpo e mente, na verdade está integralmente
conectado com o que aconteceu no seu dia, com o tempo que você gasta
acordado.
Então numa fase que eu estava realmente incomodado com a qualidade do meu
sono e com o quão nebuloso tava a minha capacidade de raciocínio, resolvi
fazer um teste que até pouco tempo atrás poderia parecer ser algo
completamente fora do comum. Eu diria até que vai ser qualificado por
algumas pessoas como uma estupidez, algo desnecessário, mas que me
revelou algo crucial sobre o que estava causando essa nebulosidade na minha
cabeça e que está fazendo você trabalhar - trabalhar de verdade - sem
perceber, mesmo quando você está descansando. Olha só que interessante:
O teste é simples e foi pegar um dia na semana para me banir de usar o celular,
notebook e tudo que seja eletrônico no sentido de que tenha poder
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computacional, porque eu não deixei de usar o microondas, por exemplo. Mas
eu realmente me desconectei de tudo. Sugiro você fazer esse teste e escolha 1
dia em que você não esteja precisando receber uma ligação, não precise de
verdade usar o computador para algo importante e simplesmente desligue
tudo.
Quando eu fiz o meu teste eu quase tive um treco, pois eu literalmente tinha
reflexos de uma pessoa viciada. Por exemplo, sem nenhum motivo eu botava a
mão no bolso para ver se o celular estava ali, inventava algum motivo para dar
uma conferida nas estatísticas do YouTube ou ver algum comentário de algum
Membro aqui do canal.
O meu dia passou truncado por esses momentos, só que 2 coisas interessantes
e importantes aconteceram: uma que está relacionada a esse dia especial,
vamos colocar assim, e outra relacionada a todos os outros dias dali para
frente.
Então no dia especial, sabe aquela coisa chata da casa que você precisava fazer,
mas estava se enrolando, como por exemplo, varrer o chão ou lavar a louça?
Você vai fazer de tudo para poder lavar aquela louça ou varrer o chão. Inclusive,
se você for mais além e decidir não fazer nada de nada, em pouquíssimos
minutos você vai suplicar para estar fazendo qualquer coisa, coisas que você
teria uma aversão infinita no seu modo “normal” de ontem.
Eu esbarrei recentemente com uma frase escrita pelo filósofo Blaise Pascal que
diz o seguinte, olha só que interessante:
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“Todos os problemas da humanidade
derivam da incapacidade do homem
de se sentar em silêncio em uma sala
sozinho.”
A primeira leitura eu achei super exagerado, mas hoje depois de todo o loop que
eu dei em tudo que eu estudei e observei em mim e em outras pessoas, olha...
no mínimo é uma frase interessante.
O Blaise Pascal falava que para evitar o tédio, a gente escolhe distrações sem
objetivo algum, o tempo todo, só para conseguir fugir de olhar de verdade
como estão as coisas dentro da nossa mente, e com isso se confortar de forma
falsa. E esses conhecimentos do Pascal parecem recentes, mas ele escreveu
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tudo isso por volta do ano 1600. Para comparação, a lâmpada elétrica foi
inventada em 1879. Olha outra coisa interessante que ele escreveu num livro:
- O rei está cercado por pessoas cujo único objetivo é entretê-lo e impedi-lo
de pensar sobre si mesmo.
- Por mais rei que ele seja... ele ficará triste se pensar a respeito.
Eu não sei se isso vai ser uma surpresa para você, mas dessa história... você é o
rei ou a rainha e o seu celular é o bobo da corte.
Com uma diferença grande, grande mesmo e que eu gostaria que você pensasse
muito a respeito: diferente do rei da história, você tá levando o seu bobo da
corte até junto no banheiro para não sentir tédio e acabar tendo que pensar
sobre si mesmo. Ou pior, no trânsito. Quantos acidentes já aconteceram porque
quem estava no volante estava sendo distraído por esse bobo da corte, de uma
forma ou outra. E isso está se espalhando por todos os lugares.
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Bom, essa foi a primeira coisa que eu consegui perceber depois de começar a
reservar esses dias especiais e eu falei que eu percebi duas coisas. A segunda
está conectada também com tédio, mas é principalmente sobre curadoria de
conteúdo e isso também foi um susto.
Primeiro perceba que você pode estar pagando um preço muito caro por não
saber mais o que tem lá do outro lado, do lado do tédio. O tédio é como se fosse
um oásis ao contrário, dado que um oásis convencional é uma situação onde só
existe areia e deserto ao seu redor e você vê lá longe uma lagoa, com árvores,
mas chegando lá… é uma ilusão. Já o oásis ao contrário, algo muito comum hoje
para evitar o tédio, é que tudo está verde ao seu redor, piscando, e lá longe você
vê um pequeno deserto e você pensa: “Blergh… não vou lá nem a pau”... mas na
verdade esse deserto também é uma ilusão.
Então a segunda coisa que eu percebi indo ver com os próprios olhos esse
“deserto” é que todo mundo se esqueceu como se descansa e nos horários de
descanso você, na verdade, está trabalhando... trabalhando com curadoria de
conteúdo.
Quando você está navegando por um feed do Instagram por exemplo, naquela
parte de busca que aparece um monte de quadradinho com um monte de coisa,
se de tudo o que apareceu você escolheu ver tal imagem, você trabalhou como
curador de conteúdo pro Instagram. De um monte de coisa meio nada a ver que
um monte de usuário criou e que o app jogou na sua mesa, você trabalhou para
ele analisando: “Isso aqui não... isso aqui não... opa.. isso aqui tem valor”. Aí desse
conteúdo que sobrou que tem valor, ele joga tudo isso de volta para daí todo
mundo trabalhar de novo, clicando, dando coraçãozinho, para selecionar os
melhores dos melhores, subindo na pirâmide do que engaja. Isso fica
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acontecendo dia e noite, de segunda a segunda, e você ali, funcionário do mês,
ajudando com o seu tempo, trabalhando para separar o que é conteúdo ruim de
conteúdo bom. E trabalhar cansa, como qualquer outro trabalho, super
normal. O problema começa quando:
E essa curadoria não para no momento que você desligou o celular ou fechou o
app, e é por isso que a gente tem a próxima peça desse quebra cabeça: “Não vou
falar de meditação”.
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Não Vou Falar De Meditação
Eu sei que esses assuntos são chatos para caramba, então eu vou prometer que
dentro desse livro eu não vou falar de me... med... oh, até a palavra eu estou
proibido de falar, combinado?
Então como a base deste livro é um vídeo que foi publicado em um canal sobre
tecnologia e programação, eu vou me dar o direito de abordar essa situação
sob outro ângulo. Quem é programador já vai estar acostumado e quem não é,
não tem problema, porque vai entender tudo também, olha só: Quando você
quer programar um software, ou já está com ele rodando, é comum ele
apresentar bugs. E quando isso acontece, você faz a coisa mais clássica que
existe nessa área que é “debugar”.
Tem um sistema, uma caixa preta, vamos colocar assim, que está se
comportando de uma forma que você não quer que se comporte. Então você vai
lá, abre essa caixa, analisa e tenta identificar qual peça está com problema. E os
problemas podem ser de diversas naturezas, por exemplo, uma peça lá está de
um jeito que de fato está com um problema. Mas ao mesmo tempo, é
interessante notar que, em alguns casos, nenhuma peça em si está com
problema, mas é o ambiente que está com problema. Por exemplo, está
faltando memória RAM ou o processamento está sendo todo consumido por
outros processos, e várias outras condições.
Nesses casos não adianta mexer na peça em questão, porque ela está
funcionando corretamente e você tem que começar a prestar atenção no que
está acontecendo no ambiente inteiro, e é isso que eu quero propor para você
nesse tópico aqui. Então dado a isso, na minha opinião “debugar o cérebro” é
41
um termo que pode surgir quando a gente navega por essas águas, mas eu
sinceramente acho um termo meio cafona. Só que pelo menos mantém o
princípio ou o interesse de se investigar. E não acha que isso é bobo não, muito
pelo contrário. Eu digo isso porque imagina um software que consegue se
auto-analisar e consertar é brilhante e hiper sofisticado. Não pense que pro seu
cérebro fazer isso vai ser uma tarefa fácil, porque não vai. Então eu vou passar
aqui uma das tarefas que vai ajudar você a se manter um pouco mais feliz e vai
parecer que não tem correlação, mas tem correlação total.
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Navegar pelo mundo, ou pelas redes sociais, não sai de graça como a gente viu
na seção sobre a curadoria, mas também deixa um resíduo que ocupa espaço
mesmo depois de você ter desconectado.
Eu já vou passar uma ferramenta para limpar um pouco esse espaço, mas antes
eu queria destacar um conhecimento de um economista chamado Herbert
Simon. Ele fez várias contribuições no campo da inteligência artificial, na
psicologia da cognição humana, ganhou um Nobel de economia, também
ganhou o Turing Award que é tipo o Nobel da ciência da computação.
E ele era considerado um Polímata, que é uma pessoa que tem um extenso
conhecimento em assuntos diversos e o que ele falou sobre informação e
atenção é o seguinte:
43
“O que a informação consome é
bastante óbvio: ela consome a atenção
dos seus destinatários. Portanto, uma
riqueza de informações cria uma
pobreza de atenção e uma necessidade de
alocar essa atenção de forma eficiente
entre a superabundância de fontes de
informação que podem consumi-la.”
“Uma riqueza de informações cria uma pobreza de atenção”... simplesmente
sensacional. Mas o mundo hoje é inundado de informação ao ponto de ser
difícil evitar, correto?
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seu cérebro, eu te garanto que em menos de um minuto você será sequestrado
por pensamentos, principalmente se você fizer um compromisso com seu
cérebro de se esforçar a não pensar em nada. É batata que sua atenção vai ser
sequestrada em poucos segundos, sem você perceber.
Essa foi uma das melhores formas que eu encontrei para conseguir matar
processos fantasmas que estavam ocupando parte da minha atenção ao longo
do dia e que me causavam inquietação de noite. E eles são fantasmas mesmo,
não aparecem em condições normais, mas estão lá, ocupando um pouquinho
de processamento, memória, ocupando uma porta e assim vai.
Uma outra forma de ver esse problema é uma casa cheia de tomadas e você não
está conseguindo mais encontrar espaço dentro da cabeça para ler um livro -
ligar o livro na tomada - porque todas elas estão ocupadas.
45
pessoa ou a situação se conectar com você? Você não estava trabalhando, você
nem estava com o celular, mas ao mesmo tempo não haviam recursos
disponíveis dentro da sua cabeça para integralmente se conectar com a
situação. E putz, como faz diferença para você e para outra pessoa quando você
consegue genuinamente se conectar com a situação.
Então eu retomo aqui a ideia de você tirar um dia para desplugar todas as
tomadas para você ver o que vai acontecer. E eu já adianto, quanto mais você
fizer, mais atento e feliz você vai ficar com tudo que estiver fazendo. O que me
faz pensar: em que momento a gente foi educado, e por quem, que a gente
precisa estar com 100% dos recursos ocupados 100% do tempo?
Porque novamente, a gente pode estar pagando um preço muito alto por não
saber o que existe do outro lado, do lado do tédio, e poderiam existir várias
descobertas diferentes ao longo dos diferentes estágios da vida. Não estou
falando para ficar no modo tédio 100% do tempo... até porque você tem
ambição na vida, correto?
Ótimo, porque isso se conecta com ansiedade e com a próxima peça do quebra
cabeça, que é a última antes da gente pular para próxima seção, e se chama: “O
balanço da ambição”.
46
O Balanço Da Ambição
Esse conhecimento vai ser rápido, mas eu aprendi na pele recentemente depois
do nascimento do Oliver, onde naturalmente eu parei de fazer um monte de
coisas do trabalho. Minha vida estava bem mais relaxada nesse sentido, mas ao
mesmo tempo eu tive um salto de ansiedade.
Foi ótimo porque eu consegui perceber mais uma mecânica bem simples da
ansiedade e que funciona da seguinte forma: Você vai ter uma fonte de
ansiedade inesgotável, se a quantidade de problemas que você precisa resolver
ou consegue imaginar for maior que a sua ambição.
Então resumindo de uma forma grosseira, nesse ponto eu vejo duas soluções:
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Mantenha isso de forma balanceada, porque se não, vai ser mais uma fonte de
ansiedade garantida.
E é importante destacar que você não deveria acreditar em nada do que eu falei
até então e nada do que eu vou falar daqui para frente. Tudo deveria ser
encarado como um convite para você experimentar e ver por conta própria o
que eu vou falar. Quem sabe uma das coisas que você consiga ver é como a sua
mente possa estar se comportando como um punho fechado, tenso, e todos
esses conhecimentos aos poucos vão soltando ele.
Quanto mais eu percebi que a minha mente estava num estado de punho
fechado, mais eu comecei a notar isso em outras pessoas, em como elas muitas
vezes estão interagindo com situações corriqueiras, só que com a mente no
formato de um punho super contraído. E você humano sabe a diferença de
interagir estando com a mão livre e com movimentos refinados ou com ela
travada e fechada... meio que só dá para dar porrada com a mão fechada.
Pode revisitar aí na sua memória todas as vezes que você tomou uma
“porrada” de uma pessoa e não entendeu de onde veio, ainda mais quando
você não tinha feito nada de errado. Só que, a partir de agora, você vai entender
de onde veio ou entender porque é você quem pode estar dando essas
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“porradas”. Então... a primeira peça dessa seção se chama “Emoção como
Função”.
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Emoção Como Função
De tudo o que eu falei até agora nesse vídeo, talvez não vai ter algo mais
importante do que eu vou falar agora: As emoções não são algo que
simplesmente acontecem. Na verdade você manualmente confecciona elas
para conseguir atingir algum objetivo que você acredita ser benéfico para você.
Parece que a gente já viu isso em tópicos anteriores aqui do vídeo... e sim, mas
agora a gente vai se aprofundar um pouco mais.
Então começa a notar que, pode não existir esse papo de “Ah eu sou muito pavio
curto, daí infelizmente estouro toda hora” ou “Putz, não consigo fazer
apresentações em público porque eu morro de vergonha” ou até “Nossa, minha
ansiedade e timidez me inibem de fazer tantas coisas”.
De tudo isso que você sente, existe em você um mecanismo que acredita isso
ser benéfico para o que você realmente quer, e eu vou contar agora um caso
bem rápido desse livro que eu comentei e que ilustra exatamente isso. Esse
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caso é sobre raiva, mas se você entender o princípio dele, vai perceber que dá
para aplicar para qualquer outro sentimento, inclusive ansiedade:
E agora eu te pergunto, qual a leitura que você tem dessa situação? Bom, a
princípio a sequência dos eventos é:
Correto? Errado!
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Então quando uma pessoa estoura muito rápido, sempre fica brava toda hora,
não é porque ela tem “o pavio curto”, é porque claramente ela está usando a
raiva simplesmente como meio para conseguir atingir um nível de
comunicação que ela acha efetivo. Ela não aprendeu ou não sabe navegar pelo
mundo de outra forma, usando outras ferramentas, até porque possivelmente
tem funcionado até agora e tudo o que ela conquistou foi navegando dessa
forma.
Então o convite que eu faço para você é começar a perceber como que a emoção
é usada como uma ferramenta, um meio, que tem uma função perfeita para
você conseguir atingir um objetivo que foi estabelecido anteriormente, nem
que seja microssegundos antes, onde novamente no caso do moço da jaqueta
era de berrar e exercer um poder de domínio sobre o garçom. Era isso que ele
queria de verdade e isso veio antes da emoção. Porque se ele quisesse como
objetivo outra coisa, por exemplo, se ele quisesse que o garçom não se sentisse
mal e envergonhado, a escolha de qual emoção usar como ferramenta para
conseguir chegar nesse outro objetivo seria completamente outra.
Outro caso comentado no livro e que dá um passo ainda mais para dentro na
compreensão disso é de uma moça que foi se informar com um filósofo porque
ela estava com um problema sério na vida pessoal dela. E esse problema sério
era o medo de ficar vermelha quando ela ficava envergonhada. Isso acontecia
toda vez que ela estava fora de casa ou conversava com pessoas e fazia de tudo
para se esconder dessas situações e ninguém ver isso. Daí o filósofo perguntou:
“Bom, se você pudesse curar isso... o que você faria com a sua vida?” Aí ela falou
que tinha um homem na qual ela secretamente tinha sentimentos por ele, mas
que não estava pronta para falar isso para ele, mas que se ela conseguisse curar
esse problema de ficar vermelha, ela com certeza ia falar com ele.
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Você entendeu o que está acontecendo nessa situação? É bem interessante
porque é natural a gente pensar que sim: No momento que a gente conseguir
consertar o problema de ficar vermelho e envergonhado é que a gente vai
conseguir interagir com as pessoas, fazer outras coisas que a gente não
consegue por conta da timidez, por exemplo. Principalmente no caso da moça,
dado que o objetivo dela era conversar com aquele moço, correto? Correto...
mas na verdade ela precisa desse sentimento de vergonha e “precisar” é a
palavra mais certa para esse caso.
E agora você pode estar se perguntando: “Como assim ela precisa ficar vermelha?
Isso está sendo péssimo para ela e pro objetivo dela” ... e não. Nessa situação, não
existe um único objetivo, tem um outro escondido que é muito mais
importante do que “conseguir conversar com a pessoa e revelar os seus
sentimentos”... que é “não ser rejeitada pela pessoa”.
“Não ser rejeitada” no caso dela é um objetivo que sobrepõe todos os outros
objetivos e para atender com sucesso esse principal objetivo, o cérebro vai
produzir tudo o que ele pode produzir de emoção para que isso seja atendido,
para que ela evite ser rejeitada com sucesso. Até porque, é muito mais seguro
continuar sonhando “estar um dia com essa pessoa” do que se deparar com a
amarga realidade de “se declarar e ser rejeitada” e saber que, para o resto da
vida, não vão ficar juntos. Inclusive parte disso é que faz surgir o amor
platônico.
Só que o mais importante é, enquanto essa pessoa não resolver o problema real
de rejeição, ter esse bloqueio de ficar vermelha é importante, porque se não
tivesse esse bloqueio e isso fizesse ela toda hora ser rejeitada de forma
desenfreada e sem ter aprendido a lidar com os impactos de uma rejeição, a
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cada tentativa com fracasso, essa pessoa vai ficar mais machucada até chegar a
um ponto de sucumbir.
Então olha que poderosa é a função das emoções sobre esse ângulo, o que
liberta você a partir de agora a pensar toda vez que estiver sentindo algo,
ansiedade por exemplo, perguntar: “Ok... qual que é a função real dessa ansiedade
que eu estou sentindo?” e também “Qual é o real objetivo que está sobrepondo
todos os outros objetivos e que está fazendo meu corpo se comportar desse jeito,
através das emoções, para atingir esse objetivo com sucesso?”
No momento que você faz isso, parece que se torna a mesma coisa do que
aquela brincadeira de projetar sombra na parede usando a sua mão e uma
lanterna. Na parede o negócio projetado é assustador, mas se você se exercitar
em olhar para mão perto da lanterna, vai conseguir ver a origem real e meio
que o negócio se desmancha.
Fora que, quanto mais eu treino pensar: “Ok, estou sentindo isso... Qual a função
dessa emoção e o que eu honestamente estou tentando evitar?”, melhor minha
vida está ficando e é avassalador o resultado de descobrir o meu objetivo real,
trocar ele para outra coisa, e com isso disparar outras funcionalidades, outras
emoções mais integradas e construtivas dentro do meu corpo.
Por exemplo, eu marquei uma ligação no Zoom esses dias com uma pessoa
muito importante e que eu admiro muito e é óbvio que bateu em mim
ansiedade e medo. Só que no passado, para tentar consertar o problema, eu
mirava no alvo errado e tentava acabar com essas emoções ou abafar elas,
porque elas costumavam ficar tão fortes ao ponto de eu arranjar alguma
desculpa para cancelar a ligação ou pelo menos deixar para outro dia. Só que
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obviamente essas emoções não sumiam, nem quando o dia da reunião tinha
sido remarcado, para justamente atender ao meu objetivo principal dessa
situação, que não era “querer mandar bem na ligação”. Porque pode parecer ser
isso dado que todo mundo gostaria de mandar bem numa situação como essa.
Mas o objetivo maior do que todos os outros objetivos era na verdade não
mandar mal na ligação, não parecer um tonto, não descobrirem que eu sou
burro, uma fraude, e que foi tudo só sorte. E dado a esse objetivo real, as
emoções davam um jeito de eu nem me encontrar dentro dessa ligação para
não correr o risco de descobrirem isso.
E como eu falei, a partir do momento que você treinar isso, eu te garanto que a
sua vida vai começar a mudar para muito melhor. Não é rápido, não é fácil, mas
ser honesto consigo mesmo e conseguir identificar o real objetivo, o objetivo
que sobrepõe todos os outros objetivos, e daí conseguir mudar ele para outra
coisa, onde no caso da ligação mudar de “mandar bem” ou “não mandar mal”
para somente “quero ver como é essa experiência de conversar com alguém
importante, sem querer mandar bem ou mal”, vai mudar suas emoções para
atingir esse objetivo e vai mudar toda a sua experiência daqui para frente.
E domar tudo isso é a diferença entre aprender a usar uma ferramenta ou ser
usado por ela. Lembrando que “ser usado por ela” é muito mais confortável,
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pois dá para justificar e se afastar da responsabilidade. Por isso, este é o
comportamento padrão e quase que vem instalado de fábrica.
Mas falando em comportamento padrão, tem outro que eu fico muito feliz em
ter aprendido e que você já sabe, mas não sabe na verdade, e que é a próxima
peça do quebra cabeça: “É óbvio que tudo muda... certo?”.
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É Óbvio Que Tudo Muda... Certo?
Se eu te perguntar: “As coisas mudam?” você sem pensar muito vai falar: “Sim”.
Se a gente perguntar para qualquer pessoa passando na rua: “As coisas
mudam?” novamente é altamente provável que a resposta seja algo como: “Sim,
mudam a toda hora, a todo momento”.
E como eu falei, essa resposta você já sabia, mas infelizmente você se esquece
dela no momento que ela mais serve, que é quando você está triste, ansioso,
sentindo qualquer outra coisa ruim ou passando por qualquer dificuldade e tem
algo a mais que mesmo assim você não percebe, já vamos chegar lá. Mas então
sim, tudo muda é a natureza das coisas, inclusive é a natureza dos seus
pensamentos, das suas sensações, emoções e se lembrar que essa é a natureza
das coisas ajuda a concluir um ciclo muito importante.
Então eu peço que você preste muita atenção no que eu vou falar agora e você
não pode se esquecer disso, principalmente se você já sabe que as coisas
mudam, e também porque você já leu isso no livro, mas que agora irá fazer
muito mais sentido. Então vamos lá:
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Não banaliza esse conhecimento assim como está banalizado o conhecimento
que tudo muda. Presta muita atenção na profundidade das raízes que isso tem
em você e de tudo o que você já sentiu até hoje. Todos os pensamentos e
sensações que foram fabricadas dentro de você, nasceram e morreram.
Algumas viraram memórias, mas até isso um dia vai embora.
Então uma coisa que você precisa aprender é que nossos pensamentos e nossos
sentimentos não são confiáveis, não por estarem certos ou errados, mas
porque eles são efêmeros e eles vão nascer e morrer o tempo todo. Esse
mecanismo é incontrolável e você não consegue desligar ele (a gente pode
discutir numa outra oportunidade porque é justo ser assim), mas de qualquer
forma isso gera um efeito colateral avassalador nas nossas vidas quando a
gente se apega a cada tentativa do nosso cérebro de pensar em algo.
Então quando isso acontecer, de você estar feliz e depois ficar triste, não fica
duplamente triste que é ficar mais triste por estar triste, porque isso é
extremamente comum.
Tem uma palavra em Páli que é uma língua indo-europeia e eu aprendi sobre
essa palavra com um professor chamado Joseph Goldstein, mas tanto faz os
detalhes sobre isso agora, e essa palavra tem um significado interessante. A
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palavra é Dukkha e a tradução dela é uma confusão entre os tradutores. Já foi
mudada algumas vezes para abranger mais coisas, mas de uma forma grosseira
e inicial a tradução é “Sofrimento”. Mas para você entender a complexidade
desta tradução, em muitas situações ela é traduzida como “Alegria e
Sofrimento” juntos. Ou num contexto que abrange a nossa vida, a palavra pode
ser interpretada como: “A vida é sofrimento”. E por mais revoltante que seja
escutar que “A vida é sofrimento” - eu pelo menos fiquei super revoltado
quando escutei isso - se você pensar bem, não é algo tão improvável. O que é
improvável é o efeito positivo que domar isso vai causar em você.
Então nota que a todo momento você está evitando o Dukkha, ou pelo menos
quase que está mascarando ele com outras coisas, sem parar e em qualquer
cenário. Mesma coisa para situações que são super famosas por serem felizes e
positivas, como ir para Disney. Disney é massa para caramba, mas se você ficar
5 anos preso lá dentro, tudo aquilo vai virar um inferno e você vai procurar por
mudança.
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Então uma das formas de ajudar a trazer tranquilidade para sua cabeça, mesmo
até diante de uma fase ruim, é ter a certeza que essa fase vai morrer... de uma
forma ou outra. E também como falei antes, vai ajudar a você não ficar
duplamente triste quando uma fase boa passar, porque novamente, isso faz
parte da natureza das coisas.
E perder a mão nisso faz a gente produzir um veneno, um veneno bem diluído
que parece ser projetado para ser assim, mas que corrói por completo nossa
tranquilidade ao longo da vida. Inclusive é sobre isso a próxima peça do quebra
cabeça e é a peça que mais está fazendo diferença no meu dia a dia, sem sombra
de dúvidas alguma. Onde na verdade eu não vou falar sobre um só veneno, mas
sobre: “Os dois venenos”.
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Os Dois Venenos
Essa é a última peça antes do puxão de orelha que eu vou dar em você no final
desse livro e se você chegou até aqui, meus sinceros parabéns e eu gostaria de
aproveitar a oportunidade para deixar claro que só foi possível tirar um tempo
para organizar e produzir um material desse tamanho por conta do apoio dos
Membros da Turma. Então você que é Membro do canal que eu tenho no
YouTube, muito obrigado pelo seu apoio e também por estar comigo nos vídeos
dos bastidores de sexta. É sempre o momento mais legal da minha semana
nessa plataforma.
Bom, esses dois venenos vão explicar muito das sensações ruins da sua vida e
vão explicar a principal mecânica da ansiedade, pelo menos a que eu pude
notar até agora ao ficar me analisando ao longo de todos esses meses.
O primeiro veneno vamos chamar de Apego e por mais simples que isso pareça
na superfície, é talvez a coisa com a raiz mais profunda do que foi falado até
agora. Então quanto mais você se investigar, mais você vai observar que um
dos maiores vilões da sua vida é o apego a ideias, emoções, objetos, tudo que
possa fazer o seu cérebro ficar fisgado, tanto faz o que seja, e a mecânica é o
seguinte:
61
Toda vez que você se apega a algo,
instantaneamente você está
produzindo veneno de volta.
Da mesma forma que quando você levanta um peso, no mesmo instante você já
está gastando energia. É uma troca que não tem como não existir, dado ao
objetivo de, nesse exemplo, levantar um peso. E obviamente quanto mais
tempo você ficar segurando esse peso, mais esgotado você vai ficando e a
dinâmica - o trade-off do apego versus veneno - é a mesma coisa. Fica fácil de
observar isso em pessoas que passaram décadas apegadas a algo, ou toda hora
apegada a alguma coisa, chegando em algumas situações ficar visível na pessoa
que ela foi consumida pelo veneno produzido por essa relação, por essa troca.
Mas o importante agora não são as outras pessoas, é você e você não escapa
disso… eu não escapo disso… é uma luta constante e se você parar para
observar, é como se o mundo inteiro, incluindo você, fossem feitos de velcro.
Toda hora você está se fisgando num clickbait do mundo real, do mundo
material e pior ainda, muito pior na verdade, toda hora você está se fisgando
num clickbait criado pela sua mente. Ela é a melhor de todas em pegar uma
notícia que vai morrer no tempo naturalmente, mas fazer um drama em cima
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para você ser fisgado. E ela faz isso trocentas vezes durante o dia, desde que
você acorda até a hora que vai tentar dormir. Então dado a isso, toda hora que
você precisar se mexer ou mudar algo, quanto mais fisgado, agarrado ou
apegado, mais tudo fica truncado e com atrito, ao ponto de você se perguntar
se a vida deveria ser tão sofrida assim. E a resposta é... assim não. E no
momento que você começar a abrir a caixinha do apego para ver o que tem
dentro, você vai falar: “Não é possível que isso também faça parte desse
problema”. E muita coisa faz, incluindo as mais bobas, mas que o trade-off
continua sendo veneno. Por exemplo, esses dias eu estava explicando um
negócio para a Renata e ela estava sentada no computador e eu falei para ela
clicar em tal lugar, só que ela não tava achando o cursor na tela e eu já tinha
achado. E ela ficou lá “Caramba onde tá esse treco" e ficou movendo o mouse
para lá e para cá e eu ali, super apegado em já saber onde tava o mouse, onde
tinha que clicar, querendo que o negócio fosse clicado, me sentindo frustrado...
até eu me tocar: “Caramba, pra que tanto apego em querer que o treco fosse
clicado? Eu tô ultra apegado ao que... meu tempo? Mas caramba, vai ser uma
situação de segundos!” E no momento que eu percebi isso, percebi meu apego ao
tempo, cortei isso pela raiz e voltei ao normal.
Da mesma forma que o apego, toda vez que você sente aversão (extrema ou
não), você gera veneno. Parece até um mecanismo de soma zero. Por exemplo,
num ápice de aversão você se afastou de uma situação, de uma ideia, mas como
troca, levou consigo algo ruim que não dá para descrever em palavras. E não
precisa ser nenhuma situação grave, pode até ser sei lá, pingos de chuva caindo
em você que tem o desconforto da diferença de temperatura da água com a sua
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pele, até aí ok é um sinal importante, mas em cima disso a maioria das pessoas
vão criar uma aversão a essa situação que muitas vezes gera um sofrimento
muito maior do que o próprio sinal sensorial da água encostando na pele.
E para completar sua visão sobre tudo isso, sabendo como o mundo está hoje,
para um pouco para lembrar quantas pessoas você conhece que estão super
apegadas a certas ideias, tem super aversão a outras e como que está a “alma”
dessa pessoa na sua percepção. Ou até quando você entrou em certas
discussões, como ficou a sua sensação quando você estava super apegado a
uma ideia e quando você não estava apegado. A diferença absurda entre essas
duas situações, incluindo como que você contribui de formas diferentes e como
você sai delas para fazer outras coisas. Até porque, você pode ter ficado tão
apegado a sua ideia ou ao que aconteceu que você vai arrastando isso por sei lá
quanto tempo.
Você vai começar a perceber que o apego se torna tão estúpido quanto você
acordar um dia sozinho e a sua casa inteira está em chamas, tudo pegando
fogo. Toda a sua família já tá lá fora te chamando, e a coisa mais sábia a se fazer
é sair correndo pela porta da casa. Mas ao longo disso, você vai parando para
pegar a escova de dente, depois uma caneta, depois ver um stories… até porque
você tem uma justificativa muito clara e inquestionável que é o fato de um
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stories sumir em 24 horas, não é mesmo? E assim você vai na sua jornada
truncada até conseguir sair pela porta.
E sabe porque eu gosto dessa analogia? Porque a nossa vida é isso, o nosso dia a
dia é exatamente isso. Você acorda, a chapa tá quente e você tá fazendo o que
ao longo do dia? Está se apegando em quais coisas exatamente?
Mas agora, como que essa mecânica de ficar travado ao se apegar às coisas gera
ansiedade? Ótima pergunta e é extremamente simples.
E você consegue imaginar várias coisas lá nesse futuro, e no momento que você
se apega a uma dessas imaginações, você não vai querer perder, não vai querer
largar... e isso vai gerar ansiedade.
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Imagina que você tem um carro em que você é super apegado e alguém rouba
esse carro. Naturalmente você fica triste, você não fica ansioso. Agora, se você
fez uma contraproposta para comprar um carro que você se apaixonou, mas
não sabe da resposta ainda, se vão aceitar ou não... só que você já imaginou o
seu futuro andando com o carro, em como as coisas ficariam mais fáceis na sua
vida, você já se apegou a essa imaginação... ferrou... ansiedade.
E pimba... é tão óbvio agora que o bug foi encontrado. Bom, eu tinha imaginado
a minha vida no futuro com a ajuda dessas pessoas e todo o tempo que isso ia
me liberar para trabalhar em outras coisas de valor. Um cenário sensacional, no
futuro, que eu tinha me apegado e que não queria perder mais, me gerando
ansiedade. Aí o exercício foi perceber que o futuro não existe, não somente eu
não tenho nada lá como eu não tenho nada aqui. Eu não sou o dono de ninguém
e no limite, eu querendo ou não, tudo é um “empréstimo”. Até meu corpo é
algo emprestado e vai ser devolvido para natureza... lembra que as coisas que
tem a propriedade de nascer tem a propriedade de morrer.
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Só que aí você pode estar se perguntando: “Ah... então dado a isso, eu não vou me
apegar a nada, não vou gostar de nada” e não... mas obrigado, porque isso foi o
gancho para o primeiro puxão de orelha, porque sim, vão ter dois. Você que
chegou aqui vai ganhar o prêmio de receber dois puxões de orelha e o primeiro
se chama: “Quantidade limitada de interações”.
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Quantidade Limitada de Interações
Sabendo que você não deve se apegar a nada, porque no limite nada é seu e
nada vai ficar com você, valoriza enquanto essa “coisa” está com você.
Valoriza porque você tem uma quantidade limitada de encontros com essa
coisa e esse conhecimento é chocante. Quem me ensinou isso foi um
neurocientista e filósofo chamado Sam Harris.
Por exemplo, eu não me lembro qual foi a última vez que eu pisei numa praia,
praia de verdade com areia, solzão, pessoal curtindo e o que me deixa encucado
é que, na última vez que eu estava na praia, eu não fazia a mínima ideia que
aquela lá era a última vez... pelo menos até então. Eu não gosto muito de praia,
mas dado a isso, sabendo que eu tenho uma quantidade limitada de interações
com algo, me fez pensar que a próxima vez que eu botar o pé numa praia eu vou
sinceramente curtir, porque eu vou ter consciência que essa pode ser a última
vez que eu vá a uma.
E quando você projeta isso para tudo na sua vida que é onde vem o choque. Por
exemplo, meus dois pais estão vivos, sou muito grato por isso, mas é
inquestionável que eu tenho uma quantidade limitada de encontros com eles.
Eu não sei quantos encontros ainda vou ter, mas você concorda que é um
número limitado, correto? Um dia vai ter um último encontro e eu não sei qual
é. Um dia vai ter um último encontro com o meu irmão o Guga, com a Renata e
eu não sei qual é. Um dia vai ter uma última vez que eu vou pegar o meu filho
no colo como um neném, e eu não sei qual vai ser. Então curta esses
momentos, tente ao máximo ficar no presente. Eu sei que é difícil. Apesar de
que eu fiz esse vídeo, isso não me transforma em alguém especial, é difícil para
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mim também. Eu também preciso de “bobos da corte” para me distrair em
vários momentos.
Mas é um exercício muito bom, você estar atento, no presente, e sabendo que
esse pode ser o último com uma certa pessoa ou situação. Eu faço isso agora
toda vez que eu preciso ninar o Oliver quando ele está se matando de chorar. Ao
invés de ter aversão natural a essa situação (os berros e choros), eu me esforço
ao máximo para pensar que, talvez, essa possa ser a última vez que eu nino ele
na cobertinha dele... e se for, eu queria estar consciente disso.
Mas aí um contraponto e super válido que você possa falar é que: “Minha vida
não é tão calma assim para eu conseguir pensar dessa forma”. Excelente, eu
entendo perfeitamente e isso abre a oportunidade pro último puxão de orelha:
“Minha vida é ruim”.
69
Minha Vida É Ruim
Isso também aprendi com o Sam Harris, inclusive vários conhecimentos nesse
vídeo foram extraídos do trabalho dele e tem esse último que não foi um puxão
de orelha, foi na verdade um tapa de mão aberta... foi ótimo. Foi tão bom que eu
vou precisar deixar ele dar em você, porque mistura um pouco de várias coisas
que conversamos. Ele começa super simples e depois o caldo começa a
engrossar... olha só:
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- E então eu reflito que, se eu estivesse no lugar delas, eu estaria
desesperado para voltar precisamente à situação na qual eu estou agora,
simplesmente preso no trânsito e atrasado para um compromisso, mas
sem nenhuma real preocupação.
- Percebi isso no jantar outra noite com a minha família.
- Todos pareciam estar em um estado de espírito bastante medíocre.
- Estávamos todos de alguma forma descontentes ou estressados.
- Eu estava pensando em um milhão de coisas… e, de repente, percebi com
quão pouca alegria estávamos na companhia uns dos outros.
- E então pensei… se eu tivesse morrido ontem e pudesse ter a
oportunidade de estar de volta com minha família, eu pensei o quanto
aproveitaria este momento agora.
- E isso completamente transformou o meu humor.
- Me deu acesso instantâneo a minha melhor versão, e a um sentimento de
pura gratidão pelas pessoas em minha vida.
- Apenas pense em como seria perder tudo, e então ser restaurado ao
momento em que você está agora, independentemente do quão comum
seja.
- Você pode reiniciar sua mente desta forma e não leva nenhum tempo.
- A verdade é que você sabe exatamente como é sentir uma gratidão
enorme por sua vida.
- Você está em uma situação incomum.
- Há pelo menos um bilhão de pessoas na Terra neste momento que
considerariam suas orações atendidas se pudessem trocar de lugar com
você.
- Há pelo menos um bilhão de pessoas que estão sofrendo de dores
debilitantes, ou opressão política, ou estágios agudos de privação.
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- Ter a sua saúde, mesmo que mais ou menos. Ter amigos, mesmo que
sejam poucos. Ter hobbies ou interesses, e ter a liberdade de
persegui-los.
- Poder ter passado esse dia livre de encontros aterrorizantes com o caos, é
ser afortunado.
- Apenas olhe ao seu redor e tire um tempo para sentir o quão afortunado
você é.
- Você tem um outro dia para viver na Terra… aproveite!
E eu vejo que a única forma de você conseguir sair dessa estágio natural do
cérebro, desse desejo insaciável que faz ele precisar de algo toda hora, de
parecer estar com sede, tomar água e continuar com sede, é você ser vigilante
sobre os seus pensamentos. Ser vigilante a toda hora parece ser uma prisão,
algo que vai gastar uma energia absurda fazendo mas por algum motivo é o
contrário.
Escolher ser vigilante a todo momento sobre os seus próprios pensamentos vai
ser a coisa mais libertadora que você possa fazer nos próximos meses e anos e
vai habilitar espaço para o que realmente possa ser construtivo para você.
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Capítulo Extra: Inclinação
Note que, por natureza, a sua mente sempre está inclinada a fazer algo, sentir
algo, pensar em algo ou se apegar a algo. Por um lado isso é ótimo, pois faz
você avançar nos assuntos, conquistar coisas, se sentir vivo, mas tendo como
consequência o sofrimento. Tanto que em algumas filosofias, atingir a
“iluminação máxima” é você conseguir desinclinar e manter sua mente 100%
centrada, ou seja, ter 0% de apego, 0% de aversão, e como consequência, 0%
de sofrimento. Mas eu me pego pensando: “Se isso for a iluminação máxima,
espera então só mais um pouquinho que eu quero curtir algumas coisas aqui antes”.
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químicos, na verdade em qualquer tipo de vício, e em como a recuperação fica
exponencialmente mais difícil a cada ângulo da inclinação que passa e no que
acontece com uma pessoa quando ela chega no ângulo máximo dessa
inclinação.
Mas até vários passos antes desse ponto você facilmente consegue identificar
quando a sua mente está inclinada a um ponto não saudável. Um dos exemplos
que citei nesse material foi sobre o que eu faço com a minha alimentação
quando estou estressado e cansado. Os abusos que eu cometo na procura de um
pouco de prazer, com um sofrimento seguidamente garantido. Isso é muito
comum à noite, quando a energia que é usada para se controlar está mais baixa
e os “crimes gastronômicos” acabam se tornando mais comuns. Nessas horas,
e principalmente quando você quer seguir uma dieta, seria ótimo não estar
com a mente tão inclinada e realmente deixar de lado esse prazer
momentâneo, não é mesmo?
Então fica como desafio para mim e para você: vamos ficar vigilantes a todo
momento sobre a inclinação da nossa mente e em que momento o saldo entre o
prazer e o sofrimento fica negativo. De todas as vezes que você não ultrapassar
essa linha, garanto que vai ser uma vitória.
No mais, muito obrigado por ler até aqui e vamos procurar formas de sermos a
nossa melhor versão possível, tanto por nós quanto, principalmente, para
melhorar a vida das pessoas que estão ao nosso redor.
Filipe Deschamps
https://youtube.com/FilipeDeschamps
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