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Nº1 - SETEMBRO 2020

RISCO EDIÇÃO
PUBLICAÇÃO TÉCNICA PARA PROFISSIONAIS DE GERENCIAMENTO DE RISCOS

RISCO
Métodos de Análise de
Risco Incêndio

Explosão de Nitrato de
Amônia em Beirute - o
que se sabe

Medicina de Catástrofe
- Triagem de Múltiplas
Casualidades 1

ANÁLISE E GESTÃO DE RISCO - SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO - BUSCA E SALVAMENTO


DEFESA / PROTEÇÃO CIVIL - PERÍCIA DE INCÊNDIO - EMERGÊNCIAS MÉDICAS - SEGURANÇA INDUSTRIAL
TÁTICA OPERACIONAL - TECNOLOGIAS
REVISTA RISCO - Nº1 - SETEMBRO 2020
RISCO

REVISTA RISCO - Nº1 - SETEMBRO 2020


ANÁ-
LISE E

RISCO
GES-
TÃO DE
Editorial
RISCO
Tempos Difíceis das reações que configuraram participação de profissionais
a ocorrência de um cenário que lidam no dia a dia com o
A pandemia do CoVID-19 explosivo cujo resultado foi Gerenciamento de Riscos, no
imprimiu um conjunto de muito além. sentido de colocar o seu co-
dificuldades adicionais a so- Nos dias de hoje temos es- nhecimento disponível para as
ciedahhde humana, fazendo ses óbices afrontando a Socie- bases de um “mundo melhor
com que muitas medidas que dade e a Cultura do Risco, por e mais seguro” para as futuras
segurança fossem implemen- outro lado vemos que muitos gerações.
tadas e prol da proteção da eventos, exposições, cursos, Procuramos assim nes-
vida humana evitando-se um demonstrações práticas, exer- te processo, envolver vários 3
cada vez maior descontrole da cícios simulados e treinamen- profissionais renomados de
propagação de um vírus do to práticos foram deixados de língua portuguesa no projeto
qual se conhece ainda muito lado, sendo em contrapartida desta publicação na qual o
pouco. nas muitas vezes substituído objetivo da troca de experiên-
102 anos depois temos de por “Lives” ainda que com a cias entre culturas por vezes
volta mais um flagelo que sua significativa importância e tão próximas mas por vezes
aterrorizou a humanidade, adaptabilidade na atual con- tão distantes no sentido da
paralisou economias, em uma juntura fez com que a forma- compreensão, forma, conhe-
escala planetária, gerou além ção e a envoltória prática do cimento e abordagem frente
de mortes incomensuráveis dia a dia, reduzem-se conside- aos mais diversos riscos, de
perdas econômicas. ravelmente, pois, “Nada subs- acordo com sua cultura e
Um claro exemplo des- titui a prática”. meio ambiente peculiar. É este
te cenário foi a explosão de Cientes de todas essas difi- o objetivo de um intercâm-
Nitrato de Amônia em Beirute culdades estamos procurando bio mas significativo e de um
no Líbano a qual provenien- ir no sentido contrário procu- processo de cooperação que
te de um simples fertilizante, rando reagir, em meio a um contra ondas gigantes nos
teve seu potencial catastrófico cenário nada favorável, procu- lançamos neste mar revolto
incrementado por determina- rando estimular e fomentar a de nosso tempo.

Direção: Sérgio Baptista de Araújo Coordenação: xxxxxxxxxxxxxxx Colaboradores Residen-


tes: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Colaboradores neste número:xxxxxxxxxxxxxxx Edição e Proprie-
dade: SYGMA SMS - Sérgio B.Araújo Consultoria CNPJ: 12.875.221/0001-92 R. 4 de Março, 347-
103 Centro- Taubaté CEP.:120020-270 São Paulo Publicidade: Sérgio B. Araújo Rua Quinta do
Abade 41 -3ºK Sernados -Feitosa Ponte de Lima 4990-351 -Portugal www.sygmasms.com e-mail:
geral@sygmasms.com Fotografia: SYGMA SMS Paginação: Sérgio B. Araújo Edição de ima-
gem :Ariane Pinto Araújo Ilustração da Capa:Sérgio B.Araújo Periodicidade:Trimestral Tiragem
e divulgação digital:9.000 Exemplares.Os artigos assinados e as opiniões expressas são de seus
respectivos autores e não refletem necessáriamente a opinião e as posições da SYGMA SMS.

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RISCO

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RISCO Nº1 - SETEMBRO 2020

Índice

RISCO
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Métodos de Análise de
Risco Incêndio

14
Explosãode Nitrato de
Amônia em Beirute - O 22 30
que se sabe

16
24 32
Medicina de Catástro-
fe - Triagem de Múltiplas 5
Casualidades

26 34
18

Publicado por:

REVISTA RISCO - Nº1 - SETEMBRO 2020


MÉTODOS DE ANÁLISE
DE RISCO INCÊNDIO

Sérgio Baptista de Araújo




RISCO

Cada vez mais ganham


mundo afora importância os
Métodos de Análise de Risco
Incêndio (ARI),não só para fins
de inspeção, projetos, serviços
de consultoria,mas também
como suporte às Prescrições conhecimento e experi-
Regulamentares em termos de Método de Gretener ência suíços e inter-
classificação de risco. nacionais.
A escolha do método mais É um Método QUALI- A NBR 14432:2000
adequado pode ser feita pelo TATIVO - QUANTITATIVO de permite o emprego do méto-
próprio avaliador, dependendo análise de EDIFICAÇÕES que do de Gretener, desde que
da qualidade e quantidade de permite ESTIMAR A SEGU- adequado à realidade bra-
informações disponíveis, do RANÇA FRENTE A INCÊN- sileira. Essa adequação é
objetivo da análise e/ou das DIOS. o objetivo da Comissão
prioridades consideradas na Em 1960, o engenhei- de Estudos da ABNT CE-
edificação. Abaixo relaionados ro Max Gretener, diretor da 24:201-03, que, após anos
seguem alguns dos vários mé- Associação de Proteção Contra de debates, optou por esse
todos mais utilizados para este Incên dio da Suíça, iniciou método para estabelecer um
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tipo de análise de risco: estudos sobre o cálculo índice global de segurança.
• O método Gretener é do risco de incêndio em
indicado para todos os indústrias e grandes edifí- Apesar de antigo ofere-
tipos de edificação. cios. Seu método, publicado ce as seguintes vantagens:
• O método FRAME é in- em 1965, visava atender às • Ser um dos mais COM-
dicado para todos os tipos necessidades das companhias PLETOS do mercado,
de edificação. de seguro. Em 1968, o Corpo • Serve de base para di-
• Fire Risk Index Method de Bombeiros suíço propôs versas normas internacio-
(FRIM) adotar esse mesmo método, nais,
ANÁLISE E GESTÃO DE RISCO

• O método MESERI é in- também, para avaliar os meios • Estar contemplado


dicado para todos os tipos de proteção contra incêndio no Brasil através da NBR
de edificação. das edificações. Em 1984, a 14432:2000 (entre outras),
• O método ARICA é Societé Suisse des Ingénieurs • Oferece resultados COE-
indicado para edificações et des Architectes (SIA) pu- RENTES e LÓGICOS.
históricas. blicou o documento SIA-81
• O método SYGMA SMS (1984), “Método de ava- Pode ser utilizado nos
liação de risco de in- seguintes tipos de edifica-
cêndio”, tendo por base os ções:
trabalhos de Gretener, revisado • Residenciais;
por um grupo de espe- • De hospedagem;
cialistas das companhias de • Comerciais varejistas;
seguro privadas e estatais e da • De serviços pessoais,
SIA. Esse grupo adaptou • Profissionais e técnicos;
o método ao atual

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• Educacionais e de cultu- Método Frame construtivas;
ra física; IV.O edifício é consi-
• De reuniões de público; O método Fire Risk derado seguro apenas se os
• De serviços automoti- Assessment Method, FRA- três riscos (R, R1e R2)resul-
vos; ME, foi desenvolvido pelo tarem em valor inferior a 1,00;
• De serviços de saúde; engenheiro belga Eric de V.O cálculo dos índices

RISCO
• Industriais. Smeta partir do método de de risco deve ser feito para
As metodologias re- Gretener e outros métodos si- cada compartimento da edifi-
lativas a cada tipo de Análise milares, com base também nas cação ou para o compartimen-
de Risco Incêndio (ARI) serão normas alemãs e austríacas. to de maior representatividade.
apresentadas nas próximas Seu objetivo é o cálculo de três Os índices R, R1e R2 são
edições da RISCO índices de risco de incêndio obtidos através de coeficien-
sendo: tes adimensionais influencia-
Fire Risk Index Method dos por diversos fatores.
(FRIM) • R para risco aos bens
patrimoniais, Comparação entre o méto-
O Fire Risk Index • R1 para risco aos ocu- do de Gretener e o método
Method (FRIM) é um método pantes e FRAME
desenvolvido para edifícios em • R2 para risco às ativida-
madeira. A estratégia do mé- des econômicas desenvol- Em análise de sensi-
todo é fornecer o nível de vidas no edifício. bilidade, comparando-se os
aceitabilidade da seguran- A segurança é verificada métodos de Gretener e FRAME,
ça ao incêndio em edifícios caso o valor para cada um concluiu-se que o método de
antigos. Tem como objetivos dos três índices seja menor Gretener considera como fator
principais a proteção da vida ou igual a um. mais importante o sistema
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das pessoas que se encon- de abastecimento de água
trem nos edifícios e proteção O FRAME é baseado em enquanto para o FRAME o
do próprio edifício.Os valores cinco princípios: fator de maior importância
deste método variam numa é o tempo de chegada dos
escala de 0 a 5. O método I. Considera-se um bombeiros ao local.
apresenta vários níveis de de- edifício protegido quando Cabe destacar a diferen-
cisão, objetivos, estratégia e há equilíbrio entre perigo e ça na verificação dos índices de
parâmetros. Um edifício que proteção; cada método.
apresente um elevado índi- II.O perigo é avaliado Os índices calculados

ANÁLISE E GESTÃO DE RISCO


ce de risco representa maior em função de dois fatores: no FRAME consideram que o
segurança contra incêndio, risco potencial e risco aceitá- risco de incêndio é aceitável
enquanto se o edifício apre- vel. O primeiro caso sejam menores que um
sentar um índice de baixo risco considera o caso mais desfa- ao passo que o índice cal-
corresponde a um nível baixo vorável enquanto o segundo culado no Gretener considera
de segurança contra incêndio. considera as possíveis conse- a segurança contra incêndio
quências; aceitável caso seja maior
III.A proteção é analisa- que 1,0.h
da de acordo com as técnicas

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Método MESERI gerar ou agravar um incêndio valores são atribuídos confor-
(fator de construção, de situa- me disposto na tabela 1. Em
O Método Simplifica- ção, de processo ou atividade, caso de se obter diferentes
do de Evaluación del Riesgo de destruição, de propagação pontuações ao comparar o nº
de Incendio (MESERI) foi e de concentração de valor) e de andares com a altura em
desenvolvido pela Fundacion dois fatores que podem reduzir metros, deve-se adotar o me-
RISCO

MAPFRE Estudios, em 1978, ou atenuar as consequências nor valor de pontuação.


voltado para a análise de risco (fator de destrutibilidade e
de incêndio em edificações fator de proteção). Os valores • Compartimentação
industriais de baixo e médio são atribuídos conforme as Este fator implica que os
risco, com características cons- respectivas tabelas consultivas elementos de compartimenta-
trutivas homogêneas. (MAP- e, quando a característica for ção tenham TRRF mínimo de
FRE, 1998) mista, deve-se adotar um valor 240 minutos e que as portas
Assim como no caso intermediário. tenham TRRF mínimo de 120
dos métodos Gretener e FRA- minutos, assim como as ve-
ME, o MESERI possibilita uma 1) Análise dos fatores dações de janelas, tubulação,
avaliação por ‘esquema de geradores ou agravantes shafts, etc. que atravessem os
pontos’ que se baseia na consi- São os fatores existentes elementos de compartimenta-
deração de diversos aspectos na edificação, devido à suas ção. Do contrário, deve-se con-
geradores, agravantes ou ate- características construtivas ou siderar que não existe compar-
nuantes do risco de incêndio, à atividade desenvolvida no lo- timentação, e analisar a área
para determinar o risco geral cal, que podem contribuir para toda como um único cômodo.
para a edificação. o início ou o desenvolvimento Quanto maior for o tamanho
Por se tratar de um de um incêndio. do cômodo sem compartimen-
método simplificado, os níveis tação, maior também será a
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de pontuação são empíricos e a) Fatores de construção facilidade de propagação do
dependem muito da experi- Os fatores de constru- incêndio dentro dele. Resis-
ência do avaliador, de seu co- ção tratam da estrutura da edi- tência ao fogo dos elementos
nhecimento sobre os sistemas ficação e os materiais utiliza- construtivos
de prevenção contra incêndio dos na construção. São quatro Este fator trata exclu-
e dos processos industriais os subfatores considerados: sivamente dos elementos
realizados na edificação. construtivos de sustentação
• Nº de andares ou altu- da estrutura da edificação, a
Quanto à aplicação do Méto- ra da edificação característica mais importan-
ANÁLISE E GESTÃO DE RISCO

do MESERI Quanto maior for a te é a estabilidade mecânica


altura do edifício, mais fácil destas estruturas em situação
A aplicação do Méto- será a propagação vertical do de incêndio. As proteções das
do MESERI consiste em uma incêndio e mais difícil será para estruturas (pinturas intumes-
inspeção visual sistemática da controlar ou extinguir o fogo. centes, revestimentos isolantes,
edificação, na qual os fatores A altura da edificação é me- etc.) devem protegê-las intei-
são valorados conforme pon- dida desde a face do piso do ramente para serem considera-
tuações pré-estabelecidas para pavimento inferior (inclusive das válidas.
cada situação. A avaliação ob- subsolos, se for o caso) até a
serva seis fatores que podem parte superior da cobertura. Os

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• Falsos pisos e tetos Trata das característicascômodo devido à atividade
Os pisos e tetos falsos que interferem no acesso para realizada neste. Organização,
propiciam um acúmulo de realizar o combate ao incêndio limpeza e manutenção
resíduos, dificultam a detecção ou outra situação que exija a Este fator analisa a organização
imediata do incêndio, atrapa- entrada dos bombeiros. Os e limpeza das instalações, bem
lham a correta distribuição dos elementos que facilitam são como a existência de pessoal

RISCO
agentes extintores e permitem portas, janelas, lacunas em especializado e plano de ma-
a movimentação descontro- fachadas, claraboias nos telha- nutenção periódica das instala-
lada de fumaça. Este método dos, etc. ções de serviço e de proteção
penaliza a existência destes contra incêndio. Armazena-
elementos, independente da c) Fatores de processo mento em altura
sua composição, formato ou ou atividade O método parte do
acabamento. Os fatores de processo princípio de que a existência
ou atividade tratam dos riscos de materiais armazenados a
b) Fatores de situação relacionados com a atividade mais de 2 metros de altura
Os fatores de situação desenvolvida no cômodo e os aumenta o risco de incêndio
tratam sobre como os bombei- materiais comumente armaze- (aumento da carga incêndio,
ros podem acessar a edificação nados devido à atividade. São maior facilidade de propa-
em caso de incêndio e quanto cinco os subfatores considera- gação, maior dificuldade de
tempo leva para esta interven- dos. combater o fogo. Sendo assim,
ção. São dois os subfatores este fator analisa a existência
considerados: • perigo de ativação ou não de materiais armazena-
Este fator avalia a exis- dos a uma altura superior a 2
• Distância dos bombei- tência e o tipo de fontes de metros, sem levar em conta a
ros ignição presentes no cômodo. natureza do material.
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Este fator analisa a carga incêndio
distância e o tempo de deslo- Este fator avalia a quan- d) Fatores de valor eco-
camento do quartel do corpo tidade de calor por unidade nômico
de bombeiros mais próximo de superfície que pode ser • Concentração de valo-
até o local da edificação. Só produzida se houver a com- res
podem ser considerados os bustão completa dos materiais Este fator analisa o valor
quartéis com equipes disponí- existentes no cômodo. Para da perda econômica ocasiona-

ANÁLISE E GESTÃO DE RISCO


veis 24 horas por dia e 7 dias esta avaliação são considera- da por um incêndio, incluindo
por semana. Em caso de se dos tanto os materiais arma- a própria edificação, o seu
obter diferentes pontuações zenados no cômodo quanto conteúdo, os meios de produ-
entre a distância e o tempo de os elementos de construção e ção, instalações de serviço, etc.
deslocamento, deve-se adotar acabamento do mesmo. Infla- não são consideradas as con-
o menor valor de pontuação. mabilidade dos combustíveis sequências das perdas ou dos
Este fator analisa a benefícios.
• Acessibilidade da edi- periculosidade de ignição dos
ficação combustíveis presentes no

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e da disposição dos materiais
e) Fatores de destruição armazenados no interior do • Detecção automática
Os fatores de destruição cômodo. Este fator não leva Trata da presença de
tratam das causas e consequ- em conta a velocidade de detecção automática em toda
ências da destruição de bens propagação das chamas nem a a edificação. Chuveiros auto-
por um incêndio. São quatro velocidade de combustão dos máticos
RISCO

os subfatores considerados. materiais. São dois os subfato- Trata da presença de


• Destruição pelo calor res considerados. chuveiros automáticos em toda
Este fator analisa o grau a edificação. Extintores portá-
de destruição que pode ser • Propagação horizontal teis
causado por um incêndio, de- Este fator analisa a Trata da presença de
pendendo do material armaze- disposição dos equipamen- extintores portáteis adequa-
nado no cômodo. tos e do material armazenado dos às classes de combustível
horizontalmente no cômodo. previstas, localizados e sinali-
• Destruição pela fuma- Propagação vertical zados corretamente. Também
ça Este fator analisa a dis- se recomenda a comprovação
Este fator analisa o grau posição dos equipamentos e de que existem aparelhos para
de destruição ou perda de do material armazenado verti- reposição, na proporção de
qualidade por efeito da fuma- calmente no cômodo. 1 para cada 20. Hidrantes de
ça. parede
2) Análise dos fatores Trata da presença de
• Destruição pela corro- atenuantes e protetores hidrantes de parede no interior
são São os fatores existen- da edificação dimensionados
Este fator analisa o grau tes na edificação que podem de forma a garantir a cobertura
de destruição causado pela impedir ou retardar o desen- de qualquer ponto da edifi-
10
liberação de gases corrosivos volvimento do incêndio ou cação, com pressão e vazão
(ácido clorídrico ou ácido sul- limitar a extensão dos danos necessários para realizar o
fúrico) provocada pela queima causados pelo mesmo. Neste combate ao incêndio.
do material combustível em caso, a pontuação é atribuí-
um incêndio. da se o fator correspondente • Hidrantes urbanos
estiver presente, for projetado Trata da presença de
• Destruição pela água adequadamente e tiver sua hidrantes urbanos no exterior
Este fator analisa o grau manutenção garantida. da edificação que garantam o
de destruição causado pela fornecimento de água à pres-
ANÁLISE E GESTÃO DE RISCO

água utilizada no combate ao a) Instalações de prote- são e vazão adequados para


incêndio. ção contra incêndio utilização no combate ao in-
Este fator trata dos sis- cêndio, bem como a existência
f) Fatores de propaga- temas de prevenção e combate de acessórios como chaves de
ção a incêndio existentes na edifi- manobra, divisores, manguei-
Os fatores de propa- cação. São cinco os subfatores ras e esguichos.
gação tratam da quantidade considerados:

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b) Organização da pro- risco superior ao das pesso- ais de sua aplicação na Análise
teção contra incêndio as que residem foram desses de Risco Incêndio do EDISE
Este fator trata dos locais; (Edifíco Sede da Petrobrás) em
meios auxiliares de intervenção • Pelo valor patrimo- 2001.
contra incêndio previstos para nial, cultural e histórico que O mesmo foi baseado nos
serem executados pelos ocu- estes edifícios representam.Os Métodos Gretener, FRAME e

RISCO
pantes. São dois os subfatores edifícios dos centros urba- na Metodologia de Análise
considerados: nos apresentam caraterísticas Preliminar de Riscos Military
• Brigada de incêndio muito específicas, o que em Standard (MIL-STD) 882E “De-
Trata da presença de muitas situações dificulta,e partment of Defense Standard
equipes para a realização de por vezes,torna-se mesmo Practice System Safety”
primeira e segunda interven- impossível a aplicação da Os principais objetivos
ção. Para que se considere a regulamentação em vigor de do Método SYGMA SMS de
pontuação deste subfator é SCIE (Segurança Contra Incên- Análise Quantitativa de Risco
preciso obedecer às três se- dio em Edificações). Incêndio são:
guintes condições: Este método tem 1. Servir de base como
1) os integrantes das como fundamento comparar instrumento prático e fácil para
equipes devem ter formação as condições de segurança ao a determinação quantitativa do
teórico-prática periódica e incêndio,existen-
estar nominalmente designado tes nesses edifí-
como integrante do grupo; cios antigos,aos
2) o grupo deve agir mesmos edifícios
em todos os turnos e áreas da depois de reabili-
empresa; tados, analisando
3) deverá existir material todos os fatores
11
de combate a incêndio ade- de risco de incên-
quadamente dimensionado, dio. O método
posicionado e manutenido. devide-se em
quatro fatores de
• Plano de emergência risco, que são: risco incêndio;
Trata da existência ou • Fator global de risco
não de um plano de auto- associado ao início do incên- 2. Avaliar os Fatores

ANÁLISE E GESTÃO DE RISCO


proteção ou de emergência, dio; Limitantes da exposição da
que preveja as ações a serem vida humana em função do
tomadas em caso de incêndio • Fator global de risco incêndio, diferenciando-a dos
associado ao desenvolvimen- demais integrantes da análise.
Método ARICA to e propagação do incêndio
no edifício; O Método SYGMA
O método ARICA (AVA- • Fator global de risco SMS de Análise Quantitativa
LIAÇÃO DO RISCO DE INCÊN- associado à evacuação do edi- de Risco Incêndio não serve
DIO EM CENTROS URBANOS fício; entretanto para análises de
ANTIGOS)., tem como obje- • Fator global de eficá- risco em que haja a necessida-
tivo avaliar o risco de incên- cia associado ao combate ao de da avaliação de impactos
dio nos centros urbanos anti- incêndio. ambientais ou que venham a
gos. O princípio fundamental afetar a comunidade ao entor-
do método é que os edifícios no da ocupação.
dos centros urbanos antigos Método SYGMA SMS O Método SYGMA
não devem estar submeti- SMS de Análise Quantitativa
dos ao risco, ou ter um ris- O método de Análise de Risco Incêndio tem como
co superior aos edifícios no- de Risco Incêndio da SYGMA o valor Risco: R = P X S X V o
vos, por dois motivos que são: SMS foi o primeiro método produto de três índices fun-
• As pessoas residentes de Análise de Risco Incêndio damentais e distintos os quais
nesses centros não podem desenvolvido no Brasil,a fim de são:
estar sujeitas a um nível de atender as exigências contratu-

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P – PROBABILIDADE, um dos elementos que possam 1. Fatores limitantes da
S – SEVERIDADE e V – VUL- constituir risco de incêndio cobertura dos dispositivos
NERABILIDADE, tendo estes específico, a saber: de detecção contra incêndio
índices os seguintes significa- (Fdi);
dos e valorações: 1. Risco associado à pro- 2. Fatores limitantes da
ximidade de outras constru- cobertura por sistemas de
RISCO

1. PROBABILIDADE ções (Rpc); supressão automática de


(P) – Estima a probabilidade da 2. Risco associado à com- incêndio (Fsa);
ocorrência de um incêndio, no bustibilidade da estrutura 3. Fatores limitantes da
local objeto da análise afetan- (Rce); proteção dada por equipa-
do A VIDA, A ESTRUTURA e 3. Risco associado à com- mentos fixos de supressão
o CONTEÚDO, se definindo bustibilidade do conteúdo de incêndio (Fef);
matematicamente pelos valo- (Rcc); 4. Fatores limitantes da
res de 1 a 3; 4. Risco associado à pro- proteção dada por equipa-
pagação horizontal do mentos portáteis de supres-
2. SEVERIDADE (S) incêndio (Rph); são de incêndio (Fep);
– Estima o grau de impacto 5. Risco associado à pro- 5. Fatores limitantes da
sobre os elementos vulnerá- pagação vertical do incêndio ignifugação de áreas com-
veis: A VIDA, A ESTRUTURA e (Rpv); bustíveisb (Fic);
o CONTEÚDO, se definindo 6. Risco associado à ener- 6. Fatores limitantes da
matematicamente pelos valo- gia térmica liberada das operacionalidade dos siste-
res de 1 a 3; substâncias do conteúdo mas de alerta e sinalização
(Ret); para escape (Foe);
3. VULNERABILIDADE 7. Risco associado à toxi- 7. Fatores limitantes da
(V) – Estima o índice de vul- dez liberada das substâncias adequação das vias de esca-
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nerabilidade de ocorrência de do conteúdo (Rtl); pe (Fae);
cada um dos elementos vulne- 8. Risco associado à cor- 8. Fatores limitantes da ca-
ráveis, a VIDA, o CONTEÜDO rosividade proveniente das pacitação técnica de pessoal
e a ESTRUTURA, se definindo substâncias do conteúdo local contra incêndio (Fct);
matematicamente pelos valo- (Rcs); 9. Fatores limitantes da
res de 6, 2 e 1 respectivamente. 9. Risco associado à pro- proximidade da unidade do
babilidade de explosão das corpo de bombeiros mais
De cada um dos 10 substâncias do conteúdo próxima (Fcb);
itens integrantes dos conjuntos (Res); 10. Fatores limitantes do
ANÁLISE E GESTÃO DE RISCO

Elementos de Risco Efetivo de 10. Risco associado à con- acesso para viaturas, equi-
Incêndio (RI) e dos Elementos centração populacional da pamento e pessoal do corpo
de Limitação da Segurança estrutura (Rpe). de bombeiros (Fab).
Contra Incêndio (SI), é tirada Os resultados finais são
a média dos valores parciais Conjunto 2: Elementos apresentados na forma de uma
obtidos, perfazendo o Valor de Limitação da Segurança matriz [ 3 x 3 ] cujo índice de
Total do Item (VTI), e este se
Contra Incêndio (SI) risco mínimo é 9 e o valor má-
somarão e serão divididos por Devendo neste ser deta- ximo 81.
20 ( quantitativo total os itens )
lhadamente avaliado cada um
dando o índice de risco. dos integrantes dos sistemas;
As análises deverão levar em suas falhas e limitações especí- Referências:
conta o conjunto de integran-ficas, de forma que não possa
tes do cenário do risco-incên-
ser conferido o adequado grau Índice de segurança
dio sendo assim subdivididos:de proteção esperado, contri- contra incêndio para edificações
buindo assim para o incremen- A fire safety index for buildings
Conjunto 1: Elementos to de risco de incêndio, em de- Valdir Pignatta e Silva Hamilton
de Risco Efetivo de Incêndio corrência de sua inexistência, da Silva Coelho Filho
(RI) obsolescência, inadequação,
Devendo neste ser tempo de atuação ou estado Avaliação Do Risco De
detalhadamente avaliado cada de conservação, a saber: Incêndio Em Edifícios Comer-

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ciais Maria Paula Silveira – Flo- Evaluación de Riesgos Arica: Método de Avalia-
rianópolis, 2017 de Incendio: Método MESERI // ção da Segurança ao Incêndio
Curso Básico. Manual de Au- em Edifícios Existentes, des-
MAPFRE, Fundación. Mé- toproteção. Material didático crição, âmbito e condições de
todo Simplificado de Evaluación da disciplina de Modelacao de aplicação - Lisboa - setembro
del Riesgo de Incendio (MESERI) Evacuação e Risco de Incêndio de 2019

RISCO
[Periódico] // Análisis. – Ma- do Curso de Doutoramento em
drid/ES : Instituto de Seguridad Engenharia de Segurança ao
Social, 1998. – Vol. GR 64. – pp. Incêndio.. – Coimbra/PT : [s.n.],
17-29. 2019.

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ANÁLISE E GESTÃO DE RISCO

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Explosão de Nitrato resultando em gases que se de distância.
de Amônio em Beirute - expandem de maneira veloz. O nitrato de amônio é maté-
Produzido como pequenas ria-prima recorrente, também,
Uma tragédia anunciada
pelotas porosas, ou “prills”, é das bombas detonadas em
como tantas outras um dos fertilizantes mais utili- atentados terroristas. Em 2011,
zados no mundo. oito pessoas morreram em
RISCO

Sérgio B. Araújo É também o principal com- Oslo após o extremista Anders


ponente em muitos tipos de Breivik explodir um carro utili-
explosivos de mineração, onde zando o composto.
O Desastre é misturado com óleo combus- Em 1995, durante um co-
Nitrato de amônio armaze- tível e detonado por uma carga nhecido atentado ocorrido
nado no porto da capital há explosiva. em Oklahoma City, os terro-

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seis anos deixou ao menos 137 Por esse motivo, o com- ristas Terry Nichols e Timothy
SEGURANÇA INDUSTRIAL

mortos e mais de 5 mil feridos, posto deve ser armazenado McVeigh utilizaram a mesma
em 4 de Agosto de 2020, em obedecendo a critérios rígidos substância para explodir um
uma explosão ocorrida por de segurança. Ele não pode, edifício. Na ocasião, 680 pesso-
volta das 18h, Como a quan- por exemplo, ser confinado em as ficaram feridas e 168 morre-
tidade de material era muito grandes quantidades ou ficar ram.
grande e ele estava confinado próximo a fontes de calor. O que aconteceu na capital
inadequadamente, a expansão do Líbano foi justamente o
dos gases resultantes ocorreu Histórico de explosões contrário: segundo o primei-
em poucos segundos, gerando O nitrato de amônio já foi ro-ministro do país, Hasan
aquela nuvem”. responsável por outros aci- Diab, o armazém continha
dentes de grande proporção. 2.750 toneladas de NH4NO3, e,
Em 1947, um navio carregava momentos antes da explosão,
Características do Nitrato cerca de 2.300 toneladas do havia um incêndio ocorrendo
de Amônio composto próximo ao porto de próximo ao local onde a subs-
O nitrato de amônio, repre- Texas City, nos Estados Unidos. tância estava acomodada. Ao
sentado pela fórmula NH4NO3, Bastou uma ponta de cigarro ser aquecida, ela começou a se
é um sólido branco estável à para desencadear uma explo- decompor, desencadeando a
temperatura ambiente e muito são violenta, que matou mais seguinte sequência de reações
solúvel em água,que, quando de 500 pessoas e cujo efeito foi químicas:
exposto a altas temperatu- sentido em até 16 quilômetros 1. NH4NO3 → N2O + H2O
ras, este sólido se decompõe,
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2. N2O → N2 + O2 rested, rede de advogados Grechushkin, o dono do navio,
Houve uma grande libera- que trata de questões jurídi- ainda deve a ele e à tripula-
ção de energia pois a decom- cas de navios cargueiros. ção dinheiro pelos serviços
posição do nitrato de amônio O ex-capitão desse navio, prestados. No entanto, suas
é exotérmica.

RISCO
o russo Boris Prokoshev, foi exigências não foram atendi-
entrevistado esta semana das porque ele não mora mais
Origem do produto pela Rádio Liberdade, da Si- na Rússia.
Todos os olhares se vol- béria, na Rússia. O ex-capitão também disse
taram para um evento que Segundo Prokoshev, o na- em entrevista à Rádio Liber-
ocorreu em 2013, quando um vio pertencia ao cidadão russo dade que o navio tinha muitos
barco de um armador russo, Igor Grechushkin, que ignorou problemas por falta de manu-
com bandeira da Moldávia, fez o assunto e não respondeu tenção e que afundou após
uma parada de emergência aos apelos da tripulação e ser liberado.
no porto de Beirute devido a dos advogados para pagar as
problemas técnicos. taxas e continuar a viagem. Os alertas
O governo não disse que Parte da tripulação do na- Apesar de o diretor geral
essa é a origem do nitrato de vio foi libertada, mas o capi- da alfândega, Badri Daher, e
amônio da explosão, mas o tão Prokoshev, outro cidadão o gerente do porto, Hassan
navio carregava justamente russo e três ucranianos foram Koraytem, alertarem repetida-
a quantidade de 2.750 tone- detidos. mente sobre o perigo de se
ladas que foram apreendidas Posteriormente, a carga manter o nitrato de amônio
pelas autoridades libanesas de de nitrato de amônio foi apre- sem as medidas de segu-
um navio cargueiro chamado endida pelas autoridades e rança exigidas, seus alertas
MV Rhosus em 2013 de ban- transferida para um contêiner foram ignorados.
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deira Moldava, que e trans- no porto por motivos de se-
portava nitrato de amônio da gurança. A Shiparrested, que Investigação em anda-
Geórgia para Moçambique, providenciou a liberação dos mento
mas sofreu problemas técni- quatro tripulantes retidos, pu- A principal pergunta da
cos durante a travessia e teve blicou que “o barco havia sido investigação é como e por
que parar em Beirute,após abandonado por seus proprie- que o nitrato de amônio foi
a aprensão a susbtnacia foi tários”. negligenciado por seis anos.

SEGURANÇA INDUSTRIAL
armazenada em silos no Porto “Os esforços para contatar Enquanto as autoridades não
de Beirute. os proprietários e arrendatá- têm explicação para isso, a
Uma vez lá, o navio foi rios do navio, bem como os resposta sobre de onde o
inspecionado pelas autorida- compradores da mercadoria composto veio está ficando
des libanesas e proibido de para pagar as taxas, não ti- mais clara.
retomar a rota por não pagar veram sucesso”, relataram os
as taxas portuárias, segundo advogados.
relatório de 2015 da Shipar- Prokoshev sustenta que

Imagem:STR/AFP

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Medicina de Catástro- e prioridade dos cuidados de START, fazem uso de dados,
fe - Triagem de Múltiplas emergência, a ordem e priori- podendo até ser calculados
dade do transporte de emer- com a ajuda de algoritmos. À
Casualidades
gência ou ainda o destino do medida que os conceitos de
transporte do paciente. triagem se tornam mais sofisti-
Sérgio B. Araújo
cados, a sua gestão é cada vez
RISCO

Seus objetivos são via de mais auxiliada pelo apareci-


regra: mento de software e hardware
A triagem teve origem na I
para uso tanto no hospital
Guerra Mundial por parte dos
1. Dar atenção ao maior como no terreno.
médicos franceses que presta-
número possível de sobrevi-
vam cuidados de emergência
ventes. A triagem simples é habitu-
nos hospitais de campanha
2. Efetuar triagem de víti- almente usada no local de um
perto das frentes de batalha.
mas. acidente ou num cenário de
Muito de sua experiência en-
3. Promover o adequado desastre com múltiplas vítimas,
tretanto se deve ao trabalho de
transporte das mesmas de forma a categorizar pacien-
Dominique Jean Larrey durante
tes entre aqueles que precisam
as Guerras Napoleônicas.
Os responsáveis pela remo- de atenção crítica e transporte
Até muito recentemente, a
ção dos feridos de um campo imediato daqueles com lesões
de batalha ou pelos cuidados menos graves. Este passo pode
médicos dividiam as vítimas ser iniciado antes mesmo do
em três categorias: transporte estar disponível.
A categorização de pacientes
• Aqueles com probabili- com base na gravidade das
dade de viver, independente- lesões pode ser apoiada pelo
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mente do tratamento recebido; uso de etiquetas de triagem ou
• Aqueles com probabili- marcação com fita colorida.
dade de morrer, independen-
temente do tratamento rece- Modelo S.T.A.R.T.
bido;
• Aqueles para quem O modelo S.T.A.R.T. (do
a atenção médica imediata Inglês Simple Triage and Rapid
poderá ter influência no prog- Treatment, ou Triagem Simples
triagem, quer fosse realizada
nóstico e Tratamento Rápido) é um
por um paramédico ou outrem,
EMERGÊNCIAS MÉDICAS

sistema de triagem simples


era frequentemente baseada
Este modelo simplista pode que pode ser executado em
na intuição, em vez de respon-
ainda ser aplicado hoje em situações de emergência por
der por uma avaliação criterio-
inúmeras situações de urgên- leigos ou pessoal com pou-
sa e sistemática.
cia, sobretudo quando apenas ca formação médica. Não se
existem um ou dois paramédi- destina, contudo, à supervisão
Triagem é o processo pelo
cos para vinte ou mais pacien- ou instrução de pessoal ou
qual se determina a prioridade
tes. Contudo, uma vez dispo- técnicas médica. O modelo foi
do tratamento de pacientes
níveis os recursos materiais desenvolvido no Hospital Hoag
com base na gravidade do seu
e humanos, os paramédicos em Newport Beach. Desde
estado. Este processo raciona
optam pelo modelo de triagem 2003, faz parte da formação
eficientemente os cuidados
adotado pela sua unidade de dos serviços de proteção civil
quando os recursos são in-
saúde. da Califórnia em caso de terra-
suficientes para tratar todos
motos e, embora fora do seu
os pacientes de imediato. O
A abordagem moderna é âmbito inicial, já foi aplicado
termo tem origem no francês
mais científica. O prognósti- com sucesso em acidentes
trier, que significa separar ou
co categorização da vítima é com múltiplas vítimas como
selecionar. Existem dois tipos
frequentemente o resultado de descarrilamentos de trems e
de triagem: simples e avança-
avaliações fisiológicas. Alguns acidentes com ônibuss.
da. A triagem pode ter como
modelos de triagem, como o A triagem separa as vítimas
objetivo determinar a ordem
REVISTA RISCO - Nº1 - SETEMBRO 2020
em quatro grupos: diatamente calcula o valor final
Aqueles a quem não há au- Triagem avançada para 75, independentemente
xílio possível; dos outros valores. Dependen-
Os feridos que necessitem Na Europa Ocidental, o cri- do da situação no momento
de transporte imediato; tério usado para a inclusão de da triagem, isto tanto pode
Os feridos cujo transporte um paciente nesta categoria é indicar que o paciente será o

RISCO
possa ser adiado; uma pontuação traumática fixa primeiro a receber tratamento,
Aqueles com ferimentos ou abaixo de 3. Isto pode ser como que não receberá qual-
ligeiros, que não necessitem de determinado através da Pon- quer tratamento em virtude
cuidados urgentes. tuação de Trauma Revista, um dos recursos serem usados em
sistema de avaliação médica vítimas com maior hipótese de
Triagem avançada integrado em algumas etique- sobrevivência.
tas de triagem.
Na triagem avançada, os Outro exemplo de um sis- Classificações de Múltiplas
médicos podem decidir que tema de avaliação médica é o Casualidades
determinados pacientes com Injury Severity Score (ISS). Esta
lesões muito graves não de- avaliação atribui uma pontu- Acidente Catastrófico
vem receber tratamento avan- ação de 0 a 75 com base na de Efeito Limitado (ACEL) -
çado porque é improvável a gravidade das lesões no corpo acidente limitado no tempo
sua sobrevivência. Os recursos humano, dividindo-as em três (algumas horas), no espaço
devem assim ser orientados categorias: A (rosto, pescoço, (confinado ao local em que se
para pacientes com lesões cabeça), B (torax, abdômen), C desencadeou ou nas proximi-
menos graves. Uma vez que o (extremidades, exterior, pele). dades), e desprovido em prin-
tratamento é intencionalmen- Cada categoria é pontuada de cípio de risco evolutivo, poden-
te retirado de determinados 0 a 5 usando a Escala Abre- do ser resolvido na maioria das
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pacientes, a triagem avançada viada de Lesões , desde sem vezes com os recursos previa-
tem implicações éticas. É usada lesões até lesões críticas, que mente existentes. (Exemplos:
para desviar recursos de pa- é depois elevada ao quadrado acidentes de avião,, de trem,
cientes com poucas hipóteses e somada para criar a ISS. Uma ou ônibus)

EMERGÊNCIAS MÉDICAS

de sobrevivência de forma a pontuação de 6, para “impro- Acidente Catastrófico de


aumentar a possibilidade de vável de sobreviver”, pode Efeito Major (ACEM) - aciden-
outros que seja mais provável também ser usada em cada te de abrangência alargada,
sobreviverem. uma das três categorias, e ime- quer em termos de implicados,

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quer no seu impacto social e de âmbito alargado geogra- Características das Múl-
político. Número de vítimas ficamente, com um número tiplas Casualidades
entre 100 a 1000. de vítimas que excede sem-
pre as 3000, caracteriza-se • Insuficiência de recur-
Catástrofe - maior abran- por uma destruição massiva sos humanos e materiais
RISCO

gência em termos de territó- numa ampla região territo- • Escassez de meios de


rio atingido, com implicações rial. (Exemplo: Tsunami de transporte de vítimas
graves na rede de distribui- 26 de Dezembro de 2004 no • Meios de comunicação
ção de água, eletricidade, Sudoeste Asiático, que viti- inadequados
gás e saneamento. Número mou 230.000 pessoas) • Inexistência \ Não res-
de vítimas superior a 1000. peito a cadeia de comando
• Interferências externas
• Descoordenação entre
Mega Catástrofe - evento os Órgãos de atuação

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EMERGÊNCIAS MÉDICAS

Imagem:Proteccción Civil - Espanha

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