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ESTUDANTE MATRÍCULA FICHA DE LEITURA

ALEXANDRE PEREIRA SANTOS 13102351/2013

TÍTULO GÊNERO Sociologia


PLANETA FAVELA TEMA Sociologia urbana
1ª.ED./PER. DAVIS, M. Planeta Favela. 1a ed. São Paulo: Boitempo Ed., 2006. ASSUNTO Favelas
AUTOR(ES) DAVIS, Mike FORMAÇÃO Los Angeles
LOCAL, DATA ~1970
DATA LEIT. 05jan2012
TEMA Quadro mundial do fenômeno de formação de favelas em escalas inéditas advindas das ações do capitalismo avançado (neo
GERAL liberal) sobre as cidades.
TEMAS A) Favelas ao redor do mundo, seus números, a escala de seu crescimento. Quadro mundial da favelização e da
PRINCIPAIS formação do “novo proletariado”
B) A megacefalia das mega e hiper cidades, as rede de cidades médias e regiões metropolitanas: novos modos de
urbanização (e suburbanização) mais desiguais, mais especializados e estratificados.
C) Pobreza urbana exacerbada pelo avanço do capitalismo no início do século XXI: renovação da crítica marxista
aplicada a cidade.
TESES A) Novo A formação de uma nova condição de classe: não mais ligada ao trabalho, mas excluída deste na forma de um
proletariado “excesso de humanidade” que acumula-se ao redor das cidades em busca de oportunidades. São desprovidos de
meios de sustentação, produção ou moradia, deslocados pela fome, guerra e fim da produção rural como fonte de
sobrevivência.
B) Cresci- A “volta a Dickens” (2006, p. 196) sem a atividade industrial enquanto motor do crescimento. Este último ocorre
mento urbano não devido a economia, mas a sua ausência: a pauperização e fragilização de todos os vínculos trabalhistas e
desigual produtivos joga contingentes populacionais desprovidos às cidades em busca de qualquer coisa.
C) Divisão por A forma urbana da cidade expressa de forma cada vez mais literal as desigualdades extremas que abriga: de um
enclaves lado territórios de exclusão e pobreza desprovidos de tudo e tanto quanto possível oculto dos olhos dos
“stakeholders” dos circuitos financeiros e turísticos; de outro, os “parques temáticos residenciais” da burguesia.
D) Hierarquia Davis ressalta a diversidade entre as situações de pobreza do redor do mundo e, dentro das favelas, os diversos
entre pobres graus de miséria e exposição à exploração que existem. Cada canto do mundo com uma cara e um processo de
formação e aumento da miséria, mesmo que alguns processos (e.g.: PAEs, globalização) afetem a todos. Dentro
destes processos, a microexploração dos mais fragilizados e os graus acima disto, até alcançar o limite da
burguesia urbana.
E) diferença Favela não é pobreza, e pobreza não é informalidade. Os fenômenos são próximos, mas não idênticos, pois há
informalidade renda (às vezes razoável) na informalidade, que é ferramenta para fugir da espoliação do mercado “formal” e
e pobreza buscar alguma rentabilidade para o pequeno burguês (também excluído do “grande mercado”). Há grande
diferença entre os tipos de “desempregados ativos”.
Os pobres em grande parte estão nas favelas e usualmente ocupam os seus piores lugares, mas também estão
fora delas, submetidos a aluguéis caros que só podem enfrentar através do adensamento em cortiços ou
condições de ocupação insalubres.
F) o impacto O Big Bang da pobreza urbana: impacto dos Programas de Ajuste Estrutural (PAE) do FMI nas cidades do terceiro
das politicas mundo: a dissolução da classe média e a separação da sociedade entre uma ínfima minoria de ricos – ligados ao
do FMI capital internacional – e a enorme massa do “novo proletariado”. Como diz, citando Balogun “privatizar a todo
vapor e ficar mais faminto a cada dia”(2006, p. 203).
G) a salvação A substituição da ideologia de esquerda, que aburguesa-se pela fé popularizada (e populista) muçulmana ou
pela fé e não pentecostal que “sempre exerceu atração especial sobre ‘o estrato mais empobrecido das classes empobrecidas’:
pela luta as esposas abandonadas, as viúvas e as mães solteiras” (2006, p. 216) e “Com o declínio do Sendero Luminoso,
o pentecostalismo surgiu como vencedor na luta pelas almas dos peruanos pobres” (2006, p. 218)
PASSAGENS A) “O crescimento da população urbana, apesar do crescimento econômico urbano zerado ou IMPORTÂNCIA
PP. 195 negativo é a face extrema do que alguns pesquisadores rotularam de “superurbanização”. É Ǒ 2 Ǒ Ǒ Ǒ
apenas uma das várias ladeiras inesperadas para as quais a ordem mundial neoliberal empurrou
a urbanização do milênio.”
B) “Do mesmo modo, Kinshasa, Cartum, Dar-es-Salaam, Daca e Lima cresceram de modo
PP. 196 prodigioso, apesar da ruína da indústria de substituição de importações, do encolhimento do Ǒ 2 Ǒ Ǒ Ǒ
setor público e da decadência da classe média. As forças globais que “empurram” as pessoas
para fora do campo – a mecanização em Java e na Índia, a importação de alimentos no México,
no Haiti e no Quênia, a guerra civil e a seca de modo generalizado na África e, por toda parte, a
consolidação de pequenas propriedades em grandes e a competição do agronegócio em escala
industrial – parecem manter a urbanização mesmo quando a “atração” da cidade é enfraquecida
drasticamente pelo endividamento e pela depressão. Ao mesmo tempo, o rápido crescimento
urbano no contexto do ajuste estrutural, da desvalorização da moeda e da redução do Estado foi
a receita inevitável da produção em massa de favelas. Assim, boa parte do mundo urbano corre
de volta para a época de Dickens.”
C) “[The challenge of the][ Slums, é verdade, negligencia (ou guarda para outros relatórios do UN-
PP. 197 Habitat) algumas das questões mais importantes sobre o uso da terra causadas pela Ǒ Ǒ Ǒ 4 Ǒ
superurbanização e pelo assentamento informal, como o espalhamento, a degradação ambiental
e os perigos urbanos.”
D) “Os moradores de favela constituem espantosos 78,2% da população urbana dos países menos
PP. 198 desenvolvidos e o total de um terço da população urbana global. Extrapolando a estrutura etária Ǒ Ǒ 3 Ǒ Ǒ
da maioria das cidades do Terceiro Mundo, pelo menos metade da população favelada tem
menos de vinte anos.“
E) “Pode haver mais de 250 mil favelas na Terra. Sozinhas, as cinco maiores metrópoles do sul da Ǒ Ǒ 3 Ǒ Ǒ
PP. 200 Ásia (Karachi, Mumbai, Délhi, Kolkata e Daca) somam cerca de 15 mil comunidades faveladas
diferentes com um total de mais de 20 milhões de habitantes.”

FICHA DE LEITURA INTERPRETATIVA 18 de junho de 2013 1

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PASSAGENS F) “É paradoxal que os tijolos desse planeta-favela sejam ao mesmo tempo totalmente 1Ǒ Ǒ Ǒ Ǒ
(CONT.) PP. 201 intercambiáveis e espontaneamente únicos, como os bustees de Kolkata, os chawls e zopadpattis
de Mumbai, os katchi abadis de Karachi, os kampungs de Jacarta, os iskwaters de Manila, as
shammasas de Cartum, os umjondolos de Durban, os intra-murios de Rabat, as bidonvilles de
Abidjan, os baladis do Cairo, os gecekondus de Ancara, os conventillos de Quito, as favelas do
Brasil, as villas miseria de Buenos Aires e as colônias populares da Cidade do México.”
G) “Na verdade, a máquina política nacional e local costuma aceitar o assentamento informal (e a Ǒ Ǒ Ǒ Ǒ5
PP. 201 especulação privada ilegal) enquanto conseguir controlar a compleição política das favelas e
receber um fluxo regular de propinas ou aluguéis. Sem títulos formais de propriedade da terra ou
da casa própria, impõe-se aos moradores das favelas uma dependência quase feudal de
autoridades e líderes partidários locais.”
H) “Paralelamente, por toda parte os pobres urbanos são forçados a habitar terrenos perigosos e Ǒ Ǒ Ǒ 4Ǒ
PP. 202 nada apropriados para a construção – encostas muito íngremes, margens de rios e alagados. Do
mesmo modo, instalam-se à sombra mortal de refinarias, indústrias químicas, depósitos de lixo
tóxico ou à margem de ferrovias e auto-estradas.”
I) “Mas as favelas, apesar de mortais e inseguras, têm um futuro brilhante. Por um curto período o Ǒ Ǒ Ǒ Ǒ 5
PP. 202 campo ainda conterá a maioria dos pobres do mundo, mas esse título de reputação duvidosa
passará para as favelas urbanas por volta de 2035. Pelo menos metade da próxima explosão
populacional urbana do Terceiro Mundo será creditada às comunidades informais. Dois bilhões
de favelados em 2030 ou 2040 é uma possibilidade monstruosa, quase incompreensível, mas a
pobreza humana por si só superpõe-se às favelas e excede-as.”
J) “A evolução da nova pobreza urbana foi um processo histórico não-linear. O acréscimo lento de Ǒ Ǒ Ǒ Ǒ 5
PP. 203 cortiços e barracos ao invólucro da cidade é marcado por tempestades de pobreza e explosões de
construção de favelas.”
L) “Em toda parte o FMI, agindo como delegado dos grandes bancos e apoiado pelos governos Ǒ 2 Ǒ Ǒ Ǒ
PP. 204 Reagan e Bush, ofereceu aos países pobres o mesmo cálice envenenado de desvalorização,
privatização, remoção dos controles da importação e dos subsídios aos alimentos, redução
forçada dos custos com saúde e educação e enxugamento impiedoso do setor público.”
M) “No Rio de Janeiro, a desigualdade, medida pelos coeficientes Gini clássicos, disparou de 0,58 Ǒ Ǒ Ǒ Ǒ 5
PP. 206 em 1981 para 0,67 em 1989. Na verdade, em toda a América Latina a década de 1980
aprofundou os vales e elevou os picos da topografia social mais contrastada do mundo. (Segundo
um relatório de 2003 do Banco Mundial, os coeficientes Gini são 10 pontos mais altos na
América Latina que na Ásia; 17,5 pontos mais altos que na OCDE; e 20,4 pontos mais altos que
na Europa oriental.”
N) “Em relação à África, onde o símbolo do setor informal são as mulheres que abrem biroscas e Ǒ Ǒ Ǒ Ǒ 5
PP. 207 vendem produtos agrícolas nas ruas, Christian Rogerson nos recorda que a maioria dessas
trabalhadoras informais não é autônoma nem economicamente independente, mas trabalha para
outras pessoas. (Essas redes onipresentes e cruéis de microexploração, com pobres explorando
os muito pobres, costumam ficar ocultas nas descrições do setor informal.)”
O) “[diferença entre] pequena burguesia informal (“a soma dos donos de microempresas informais, Ǒ Ǒ 3 Ǒ Ǒ
PP. 209 que empregam menos de cinco trabalhadores, mais os profissionais e técnicos que trabalham por
conta própria”) e o proletariado informal (“a soma dos trabalhadores autônomos, menos
profissionais liberais e técnicos, com empregados domésticos e trabalhadores pagos e não-pagos
de microempresas informais”).”
P) “Segundo os pesquisadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento, a economia informal Ǒ Ǒ Ǒ Ǒ 5
PP. 210 emprega atualmente 57% da força de trabalho latino-americana e oferece quatro de cada cinco
novos ‘empregos’[...]Slums estima, ainda, que um total de 90% das novas vagas urbanas da
África na próxima década virão, de algum modo, do setor informal.”
Q) “Orlandina de Oliveira e Bryan Roberts enfatizam corretamente que os estratos inferiores da força Ǒ Ǒ Ǒ Ǒ 5
PP. 210 de trabalho urbana deveriam ser identificados “não só pelo título de suas ocupações ou pelo
emprego formal ou informal, mas pela estratégia da família para obter renda”. A massa de pobres
urbanos só consegue existir mediante a “soma dos rendimentos, a divisão da moradia, da
alimentação e de outros recursos” com familiares ou conterrâneos (“Urban development and
social inequality in Latin America”, em Gugler, Cities in the developing world, cit., p. 290).”
G) “Na verdade a favela desafia a teoria social a perceber a novidade de um verdadeiro resíduo Ǒ 2 Ǒ Ǒ Ǒ
PP. 212 global sem o poder econômico estratégico da mão-de-obra socializada, mas maciçamente
concentrado num mundo de barracos em torno dos enclaves fortificados dos ricos urbanos.”
R) Na definição original e inimitável de Clifford Geertzs, “involução” é “a ultrapassagem de uma Ǒ Ǒ 3 Ǒ Ǒ
PP. 213 forma estabelecida, de modo a torná-la rígida mediante a superelaboração interna dos detalhes”.
Agricultural involution: social development and economic change in two Indonesian towns
(Chicago, 1963), p. 82. De forma mais prosaica, a “involução” agrícola ou urbana pode ser escrita
como o aumento incessante da auto-exploração da mão-de-obra (mantendo fixos os outros
atores), que continua, apesar da redução do rendimento, enquanto produzir algum retorno ou
incremento.
CONCLUSÕES Davis projeta um quadro inédito por seu alcance global da “condição de AUTORES A) ONU-Habitat
favela” que se torna um verdadeiro modo de urbanização contemporâneo. RELACIO- B) de Soto (contrário)
Expõe de maneira firme os processos econômicos, políticos e mesmo sociais NADOS C) Harvey
que a propagam e a antepõe aos demais modos de produção de cidade. Não
foca no território, mas na sociedade e seus processos.
CONCORDA?

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ESTUDANTE MATRÍCULA RESUMO
ALEXANDRE PEREIRA SANTOS 13102351/2013

TÍTULO GÊNERO Sociologia


PLANETA FAVELA TEMA Sociologia urbana
1ª.ED./PER. DAVIS, M. Planeta Favela. 1a ed. São Paulo: Boitempo Ed., 2006. ASSUNTO
AUTOR(ES) DAVIS, Mike FORMAÇÃO Los Angeles ~1970
LOCAL, DATA
DATA LEIT. 05jan2012
RESUMO Ao olhar o lado avesso da maciça urbanização mundial desde os anos 1960, Mike Davis expõe as a
DESCRITIVO
realidade de um mundo paralelo às megalópoles mundiais: as favelas. Realiza esta análise a partir da
crítica à urbanização contemporânea nas megacidades e hipercidades revelando o custo oculto dos
processos de desenvolvimento, na forma das favelas que de exceções às cidades burguesas,
agigantam-se e tornam-se uma nova forma de ocupação informal do território difundida no hemisfério
sul. Ressalta o papel dos países e especialmente de algumas cidades em explosivo crescimento
urbano – como Kinshasa, Cartum, Dar-es-Salaam, Daca e Lima – que não tem motor na
industrialização como Europa vitoriana, ao contrário, crescem pela desindustrialização, penúria da
produção agrícola e na fragilização do trabalho na informalidade do setor de serviços. Além deste
papel descritivo, o texto de Davis é claro em sua crítica às políticas neoliberais promulgadas pelo FMI
nos Programas de Ajuste Estrutural dos anos 1980 e 1990, fornecendo um amplo e detalhado relato
de seus devastadores impactos locais (e mesmo em regiões e nações inteiras), tanto na economia
quanto na forma urbana de onde foram implementados, creditando-os como o “big bang” da
favelização mundial. É a partir de análise de estatísticas oficiais de urbanização, tendências
demográficas, padrões de ocupação e desenvolvimento das cidades e análise de casos reais que
propõe uma visão aterradora para as próximas décadas: incremento desenfreado da desigualdade,
crescimento de favelas ao ponto de concentrarem mais de 2 bilhões de pessoas e a consolidação de
um novo tipo de proletariado – um “excedente de humanidade” – através da “involução urbana”.
PALAVRAS-
CHAVE

RESUMO
ANALÍTICO

RESUMOS 18 de junho de 2013 3

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