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Tratactus de Substantiis Separatis S. Thomas
Tratactus de Substantiis Separatis S. Thomas
Tratactus de Substantiis Separatis S. Thomas
De Substantiis Separatis
SOBRE OS ANJOS
Tradução
Luiz Astorga
Apresentação:
Paulo Faitanin
SETTMO SEXO
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o tempo de Tomás de Aqui-
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SOBRE OS ANJOS
TRATACTUS DE
SUBSTANTIIS SEPARATIS
Santo Tomás de Aquino
SOBRE OS ANJOS
Tradução:
Luiz Astorga
Apresentação:
Paulo Faitanin
SÉTIMO SELO
© 2006, Sétimo Selo Editora Ltda,
www.edsetimoselo.com.br - (21) 2242 7634
Título original
Tratactus de Substantiis Separatis
Tradução
LuizAstorga
Apresentação
Paulo Faitanin
Revisão
Carlos Nougué
Imagem da Capa
“ L'ange apparaît à Balaam" (0 anjo aparece a Balaão)
Ilustração de Gustave Doré para a Bíblia
Capa
César Buscado
Coordenação editorial
Octacilio Freire e Sidney Silveira
ISBN 8 5-99255-05-3
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
T611S
A presentação i
SO B R E OS A N JO S
A metafísica tomista e o
problema dos anjos
“Ser a form a de algo é ser seu ato.
Logo, nenhuma parte daquilo que é a form a
de algo pode ser matéria, que é potência pura”.
Paulo Faitanin
1 .I ntrodução
34- C ollins , James. The Thom istic Philosophy o f the Angels. Washington,
D.C: The Catholic University of Am erica Press, Philosophical Studies, Vo
lume 89. 1947.
35- Tratado que, para alguns tomistas, com o Cornelio Fabro, representa a
chave para a interpretação da metafísica do Aquinate, pois nele se encontra
uma sintese perfeita entre a metafísica do ato e da potência de Aristóteles e
a noção de participação em Platão, harmonizadas por Santo Tomás. O livro
De Substantiis Separatis, considerado por Fabro como a última explicitação
do Doutor Angélico acerca de sua metafísica, estabelece a emergência do ato
de ser (actus essendi) sobre todas as formas e sobre todos os atos — visão
metafísica que o Aquinate elaborou a partir da especulação neoplatônica de
Pseudo Dionísio Areopagita, e pode ser resumida da seguinte forma: o ato de
ser é a atualidade de todos os atos, e, em relação a ele, todas as formas se
comportam como potência. O momento crucial dessa dialética é que, para o
Aquinate, a noção intensiva de esse, na medida em que subordina as formas
e perfeições ao actus essendi, como participações suas, acaba por também
fazer da metafísica platônica da participação o cume (ou a abóbada) da meta
física aristotélica do ato e da potência. Cf. Fabro, Cornelio. Drama dei Hombre
S Mistério de Dios. Madrid: Ediciones Rialp. 1977, pp; 373-390.
36- A ristóteles, Metafísica, 980a 21.
37- A ristóteles, Sobre a alma, 402a, T 5.
38- Vale lembrar que, para a Escolástica, a alma é forma substancial do
corpo, além de ser ato primeiro de um corpo natural organizado, de acordo
com a definição de Aristóteles em Sobre a Alma, 412b, 5.
h l. Origem
1.2. Natureza
T a u l o F a i t a n i n é professor de Filosofia
da Universidade Federal Fluminense (U FF)
TRATACTUS DE
SUBSTANTIIS SEPARATIS
Prooemium
CAPUT I
C A PÍTU LO 1
3i'i Cf. S anto A gostinho , De Civitate Dei, VIII, 13, 16; IX, 8; XIII, 16. Sobre
na dnmôníos na literatura neoplatônica, cf. P roclo, Elementatio Theologica,
pmps. 294-296; 313-321; T omás de A quino , In Librum de Causis, Prop. 19.
ít P roclo , Elementatio Theologica, P ro p . 1 9 6 .
De opinione Aristotilis
De convenientia positionum
Aristotilis et Platonis
De differentia dictarum
positionum Aristotilis et Platonis
S o b r e a d if e r e n ç a e n t r e as m e n c io n a d a s
p o s iç õ e s d e A r is t ó t e l e s e P la tã o
102 - Cf. acima, cap. V, n°s 19-23; para outras refutações de Avicebrão, vide
Tomás de A quino , De Ente et Essentia, V; De Spirítualibus Creaturis, a. 1, a. 3;
Summa Theologiae, I, 50, 2; In II Sententiarum, d. 3, q. 1, a. 1.
103 - A ristóteles, Metafísica, II, 1 (993b 24-31); T omás de A quino , Summa
contra Gentiles, I, 13.
104 - Cf. acima, cap. I, nos 4-7; A ristóteles, Metafísica, I, 7 (988a 34-988b 6);
P roclo, Elementatio Theologica, Prop. 18.
105 - Cf. acima, cap. I, n° 2.
106 - Ibid.
107 - Cf. acima, cap. V, n0! 20, 21.
108 - Cf. acima, cap. V, n° 19.
109 - Cf. acima, cap. V, n° 20.
110 - Cf. acima, cap. V, n° 21; A vicebrão, Fons Vitae, IV, 2 ss; cf. G undissali-
nus ,Dominicus, De Anima, VII.
111 - Lat. passiones. Trata-se da tradução, para o latim, do grego filosófico
páthos (“ afecção” ), uma das dez categorias de Aristóteles. Santo Tomás vai
além da concepção aristotélica e aceita a definição de “ paixão da alma”
dada por São João Damasceno: “ Movimento do apetite sensitivo pela imagi
nação de um bem ou de um mal” (Tomás de A quino , Summa Theologiae, lalla,
q. 22, a.3.). Antes, porém, nesta mesma questão da Summa, quando analisa
as paixões em geral, o Aquinate pré -id e n tifica trê s sentidos para a passio: a)
com o simples recepção (receptio) da ação de outrem; b) com o movimento
(in viam motus); c) como transm utação corporal (transmutationem corpora-
lem), que ocorre quando a receptio, em um homem, resulta na alteração do
seu estado psicofísico. Esta perspectiva é m uito mais abrangente do que
a da psicologia moderna, habituada a conceber as paixões da alma como
existentes apenas na instância dos afetos psíquicos, não relacionados com
o âm bito corporal. Na m agistral síntese de Santo Tomás, a paixão será o
m ovimento em um sujeito corporal, que passa de uma qualidade a outra
contrária, como efeito da ação de um agente (T omás de A quino , Scriptum
su p e r Sententiis, III, d istin ctio 15). Neste horizonte, a paixão é mais
com plexa do que a sim ples afecção aristotélica e, tam bém , do que os
c o n ce itos de paixão para a psicologia posterior a Santo Tomás, desde o
século XIII até hoje. Conforme salienta Manuel Llbeda P urkiss (in T omás de
A quino , Suma Teológica, Tomo IV, Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos,
1954, pp. 577-585), para o Aquinate, a alma é apenas sujeito acidental (per
accidens) do movimento das paixões; ademais, de um ser incorpóreo não se
pode dizer, em sentido próprio, que tenha paixões. Assim, a paixão se atribui
à alma humana acidentalm ente de duas maneiras: primeira, quando se inicia
no corpo e termina na alma, no caso específico de uma lesão fisica, quando
se dá a paixão corporal; segunda, quando a paixão se inicia na alma, como
princípio de movimento do corpo, e se consuma conjuntam ente nela e no
corpo, e então temos a paixão animal. Este último tipo de paixão tem lugar na
apreensão de algo pela alma com a consequente alteração corporal, como,
por exemplo, nos movimentos de ira ou cólera. (Ver T omás de A quino , De
Veritate, q. 26, a.2). Este preâm bulo da definição das paixões em sentido
geral perm itirá a Santo Tomás aprofundá-las como próprias do apetite sen
S o b r e n ão p o d e r h a v e r u m a s ó m a t é r ia
PARA AS SUBSTÂNCIAS ESPIRITUAIS E PARA AS CORPÓREAS
De solutione
rationum Avicebron
S o br e a refu ta çã o d o s
RACIOCÍNIOS DE AviCEBRÃO
S o b r e o p a r e c e r d o s q u e a f ir m a m q u e
AS SUBSTÂNCIAS ESPIRITUAIS NÃO FORAM CRIADAS
C o n t r a o s q u e a f ir m a m q u e n e m to d a s a s su bstâ n c ia s
ESPIRITUAIS PROCEDEM IMEDIATAMENTE DE ÜEUS
178 - Para a referência, Cf. acima, cap. IX, n° 46; vide também A lgazel , Me-
taphysica, V.
179 - A vicena , Metaphysica, IX, 4 (fol. 104va); cf. P lotino , Enéadas, V, 2, 4;
G ilson , Étienne, H istory o f Christian Philosophy in the M iddle Ages, pp. 187-
216; G oichon , Amelie-Marie, La Distinction de l'Essence et de l'Existence
d'après Ibn Sina (Avicenne), Paris: Desclée de Brouwer, 1937, II, Cap. Il, A,
B (pp. 201-243); Lexique de la Langue Philosophique d'Ibn Sina (Avicenne),
Paris: Desclée de Brouwer, 1938, p. 421, par. 754; p. 20, par. 45; p. 327, par.
604; pp. 228-231, par. 439, nos. 3, 8; p. 239, par. 450; p. 41, par. 91.
180 - Escrito provavelmente por um autor árabe, entre os séculos IX e X,
o Livro sobre as Causas, que recebeu substancioso com entário de Santo
Tomás, é uma reelaboração — com m arcantes diferenças metafísicas e de
estrutura do texto — dos Elementos de Teologia (Elementatio Theologica),
de Proclo, e, de acordo com a crítica recente, recebeu o influxo de diversos
escritos neoplatônicos também lidos pelo Aquinate, como por exemplo o
livro Sobre os Nomes Divinos (De Divinis Nominibus), do Pseudo Dionísio
Areopagita — este último, comentado por Santo Tomás em sua juventude.
De acordo com o espanhol Juan Cruz Cruz, ao fazer a sua exposição sobre
o Liber de Causis, já em plena maturidade filosófica e num momento de febril
produção intelectual, no ano de 1272, o Aquinate tinha consigo três obras:
o próprio De Causis, de autor desconhecido; a Elementatio Theologica, esta
sim, de Proclo; e todo o corpus doutrinal do Pseudo Dionísio, além de textos
de Plotino. Cf. C ruz C ruz , Juan, “ Fuentes Neoplatónicas de la Metafísica
de la Causalidad en Super Librum de Causis Expositio", in T omás de A quino ,
Exposición sobre el Libro de las Causas, Navarra; Ediciones Universidad de
Navarra (EUNSA), 2000, pp. 7-16. Para outras informações sobre a autoria
do De Causis, ver J oseph ter R eegen, Jan Gérard, tradução, introdução e no
tas a O Livro das Causas (Liber de Causis). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000,
pp. 17-30. [n . do e.]
181 - Cf. acima, cap. IX, n° 49.
182 - Ibid.
183 - Cf. acima, cap. VIII, n°s37, 41. — Nos entes gerados por movimento, a
matéria é sempre anterior à forma, a qual lhe sobrevém apenas no término
do processo gerativo. Em contrapartida, nos caso de entes materiais incor
ruptíveis (os corpos celestes, na doutrina aristotélico-tom ista), a matéria, tal
como neles disposta, não lhes pôde ser anterior, segundo Santo Tomás, por
não terem eles sido gerados por movimento, [ n . do t.)
184 - Cf. acima, cap. IX, nos 49, 50.
185 - A ristóteles, Metafísica, I, 6; 9 (987b 1-14; 991a 20-991 b 1); III, 2 (997b
8); VII, 8 (1033b 19-1034a 8); XII, 5 (1071a 17-30).
186 - A ristóteles, Física, II, 2 (194b 13).
187 - Ou seja, carente de forma.
188 - Ou seja, distante do ato.
189 - Cf. acima, cap. IX, n°s 49, 50; cap. X, n° 56. Cf. S weeney, C.L., Divine
Infinity in the Writings o f St. Thomas Aquinas (Dissertação de Doutorado
não-publicada), University of Toronto, 1954, II, Caps. 2, 3 (pp. 283-300).
C o n t r a p l a t ô n ic o s q u e a f i r m a m q u e c e r t a s
PERFEIÇÕES ESSENCIAIS DAS SUBSTÂNCIAS ESPIRITUAIS
NÃO PROCEDEM IMEDIATAMENTE DE ÜEUS
C o n t r a O r íg e n e s , q u e p r o p ô s t e r e m s id o t o d a s
AS SUBSTÂNCIAS ESPIRITUAIS CRIADAS IGUAIS POR DEUS
S o b r e o e r r o d e a l g u n s a c e r c a d a c o g n iç ã o
E DA PROVIDÊNCIA DAS SUBSTÂNCIAS ESPIRITUAIS
205 - Trata-se quase certam ente dos averroístas de Paris, cujas doutrinas
foram atingidas pelas condenações de 1270 e 1277. Santo Tomás observa a
mesma ordem e c ita quase literalmente as Props. 10,11 e 12 da Condenação
de 1270. Vide a respeito Chartularium, I, p. 487; M andonnet , Pierre, op. e it, I,
p. 111; II, p. 175. Com relação à doutrina averroísta sobre os anjos, cf. V acant,
Alfred, “Angélologie parmi les averroistes latins” in Dictionnaire de Théologie
Catholique, vol. I, coll. 1260-1264, especialmente col. 1262.
206 - Cf. Chartularium, I, Props. 76 e 85; M andonnet, Pierre, op. c it. Il, p. 180.
207 - Cf. Chartularium, I, Prop. 3; M andonnet , Pierre, op. cit., Il, p. 177.
208 - Cf. Chartularium, I, Props. 21 e 42; M andonnet , Pierre, op. cit., Il, pp.
177-178, 183.
209 - A ristóteles, Metafísica, VI, 3 (1027a 29-1027b 16); cf. S iger de B ra
bant, De Necessitate et Contingentia Causarum, in M andonnet , Pierre, op.
cit., Il, pp. 111-114; M aurer , Armand, Siger o f B rabant’s De Necessitate et
Contingentia Causarum and MS Peterhouse 752, in Mediaeval Studies 14,
1952, pp. 4 8 -6 0 ; V an S teenberghen , Fernand, Siger de Brabant d'après ses
oeuvres inédites (Les Philosophes Belges, XIII), Louvain: Institut Supérieur
de Philosophie de l’Université , 1942, II, pp. 606-607.
210 - Cf. Chartularium, I, Prop. 21; M andonnet, Pierre, op. c it , II, p. 183.
211 - Cf. acima, cap. VIII, n° 43; cap. IX, nos 48 e 49; cap. X, n° 58.
212 - A ristóteles, Metafísica, XII, 7 (1072b 26-30).
213 - Intuição: apreensão e conhecimento imediatos da essência de algo
em sua plenitude. E dizia Santo Tomás de Aquino a respeito de Deus: ‘‘Sua
intuição versa sobre todas as coisas, as quais estão diante dele em sua
presencíalídade” (Summa Theologiae, I, q. 14, a. 13; cf. também q. 14, a. 9).
[n . do r.]
214 - Cf. acima, cap. VI, n° 24; cap. VIII, n°s 41 e 42.
215 - A ristóteles, Sobre a Aima, I, 5 (410b 4-7); T omás de A quino , In De A n i
ma, I, lect. 12.
216 - A ristóteles, Metafísica, III, 4 (1000b 4-6).
217 - T omás de A ouino , In Librum de Causis, Prop. I.
218 - Ou seja, os averroístas.
219 -A ristóteles, Metafísica, XII, 7 (1072b 23-23); 9 (1074b 15-1075a 10).
220 - Cf. acima, cap. I, n°s 4 -6 .
221 - A ristóteles, Metafísica, XII, 7 (1072b 22).
222 - A ristóteles, Metafísica, XII, 9 (1074b 15).
223 -Ib id . (1074b 18).
224 - A ristóteles, Metafísica, XII, 9 (1074b 20).
225 - Ibid. (1074b 25).
226 - Cf. acima, cap. XIII, n° 73.
227 - A ristóteles, Metafísica, XII, 9 (1074b 28-30).
228 - A ristóteles, Metafísica, XII, 9 (1074b 28).
S o b r e a D iv in a P r o v id ê n c ia
SE ESTENDER A TODAS AS COISAS
De errore Manichaeorum
circa substantias spirituales
S o b r e o e r r o d o s m a n iq u e u s
ACERCA DAS SUBSTÂNCIAS ESPIRITUAIS
De origine substantiarum
spiritualium secundum Catholicam fidem
S o b r e a o r ig e m das su b s tâ n c ia s
ESPIRITUAIS SEGUNDO A FÉ CATÓLICA
253 - Cf. acima, cap. I, nos 4-7; cap. III, nos 15-18; cap. XI, nM 60-61.
254 - Cf. acima, cap. II, n° 8; cap. IV, n° 18.
255 - Cf. acima, cap. V, n° 19; cap. X, n° 59; cap. XII. N° 62; cap. XVI, n° 90.
256 - Pseudo Dionísio Areopagita, grego em verdade anônimo (séculos V e
VI) cujos escritos muitos creditaram a Dionísio Areopagita, ou seja, o santo
e m ártir ateniense convertido ao Cristianismo por São Paulo (cf. At., XVII,
34) e primeiro bispo de sua cidade. Por essa razão, aquele foi por muito
tem po (até o século XIX) confundido com este, o que certam ente lhe valeu
enorme prestígio. Contra, porém, os que vêem no Pseudo Dionísio um mero
neoplatônico em vestes cristãs, escreve S tiglmayr, Joseph (apud B oehner ,
Philotheus, e G ilson, Étienne, História da Filosofia Cristã, Petrópolis: Vozes,
1985, p. 124): “ Mais acertado seria ver nele um cristão revestido de man
to filosófico neoplatônico”. Ademais, como se vê especialmente neste De
Substantiis Separatis e na Suma Teológica (I, q. 108, a. 2), Santo Tomás de
Aquino aceitou a sistematização de De Caelesti Hierarchia proposta pelo
Pseudo Dionísio, segundo o qual ela é constituída por nove ordens angéli
cas, distribuídas em três grupos; o primeiro é o dos Serafins, dos Querubins
e dos Tronos; o segundo é o das Dominações, das Virtudes e das Potes
tades; e o terceiro é o dos Principados, dos Arcanjos e, stricto sensu, dos
Anjos. [n. do T.]
257 - Cf. IV Concílio de Latrão, ano 1215 (D enzinger , Henrique, 428). — As
teses a respeito dos Anjos contidas no decreto Firmiter, do IV Concílio de
Latrão (1215), foram essencialmente reafirmadas pela constituição Dei Filius,
do Concílio Vaticano I (1870). [n . do r.]
258 - Sal. CXLVIII, 2, 5.
259 - P seudo D ion Isio , De Caelesti Hierarchia, IV, 1 .
260 - Ibid., IV, 2.
261 - P seudo D ion Isio , De Divinis Nominibus, IV, 1.
262 - Ibid., V, 8.
263 - P seudo D ion Isio , De Caelesti Hierarchia, IV, 1.
264 - Mat., XIX, 17.
265 - Ex., III, 14.
266 - Deut., XXX, 20.
267 - P seudo D ion Isio , De Divinis Nominibus, V, 2.
268 - P roclo, Eiementatio Theologica, Props. 8, 13.
269 - Ibid., Prop. 138.
270 - Cf. acima, cap. XI, nos 60-61.
271 - P seudo D ion Isio , De Divinis Nominibus, XI, 6.
272 - Cf. T omás de A quino , De Aeternitate M undi contra Murmurantes, [ n. do t.]
273 - Cf. acima, cap. IX, nos 46-52; S anto A gostinho , De Civitate Dei, IX, 8,
12, 13, 23; X, 31.
2 7 4 -Is ., XL, 26.
275 - l.e., os corpos celestes, [n. do t.]
S o b r e a c o n d iç ã o d a s s u b s t â n c i a s e s p i r i t u a i s
S o b r e a d is t in ç ã o e n t r e o s e s p í r i t o s a n g é l ic o s
112 - Por outro lado, um apetite não pode existir senão pelo
que é bom ou pelo que parece bom; pois é o bem o que apetece a
todos. E não é pelo fato de desejar o bem verdadeiro que alguém
se torna mau. É necessário, portanto, em todo aquele que se
torna mau por apetite próprio, que ele deseje um bem aparente
como se este fosse um bem verdadeiro. E isto não pode ocorrer
a não ser que esteja enganado em seu julgamento, o que não
parece poder acontecer a uma substância incorpórea intelectual,
a qual, como é patente, não pode ser capaz de falsa apreensão;
pois até em nós mesmos, no momento em que compreendemos
um fato, já não podemos deixar de compreendê-lo. Donde dizer
Agostinho, no Livro das 83 Questões,362 que “todo aquele que
3 1 8 - Heb., I, 14.
319 - Mat., XII, 43, 45.
320 - S anto A gostinho , De Civitate Dei, IX, 1 ss.
321 - Cf. acima, nota 25. [ n. do r .]
322 - S anto A gostinho , De Civitate Dei, IX, 20. Neste capítulo, Santo Agos
tinho parece adotar a etimologia proposta por Platão (in Crátilo, 398), pela
qual daímon teria origem no termo daémon, “aquele que sabe”, “conhece
d o r”. Enquanto os bons demônios receberam a denominação de anjos (isto
é, “ m ensageiros” ) por se terem m antido na função de transm itir a ordem
divina, Santo Tomás observa, aqui, por que os maus demônios continua
ram a ser representados adequadamente apenas pelo term o “demônios".
E, citando o Bispo de Hipona, e utilizando a referência deste a São Paulo,
o Aquinate aponta o aspecto corruptor da ciência sem caridade. Assim, um
“ dem ônio”, ao ser tão-som ente um “ conhecedor” desprovido de bondade,
é im ediatamente um "mau dem ônio” — o que dispensa outra nomenclatura.
Aos que acusam o Cristianismo de haver usurpado a term inologia grega
clássica e ter, por assim dizer, “demonizado" os daímones, atribuindo-lhes
um sentido negativo, eis, neste ponto do De Substantiis Separatis, a respos
ta do Aquinate. [n. do t.]
3 2 3 - I Cor., VIII, 1.
324 - Cf. acima, cap. XVI, nos 86-90.
325 - P seudo D ion Isio , De Dívinis Nominibus, IV, 23.
326 - Cf. acima, cap. IX, nos 4 9 -5 0 ; cap. X, nos 56, 58, 59.
327 - No referido trecho da versão latina da obra de Pseudo DionIsio (cf.
nota 325), tem-se et sunt, et vivunt, e t intelligunt, et omnino est quidam
in eis concupiscentiae m otus”. Entenda-se como o “m otus da concupiscên
cia” em Pseudo Dionísio o desejo de algum bem que, a p riori, poderia ser
verdadeiro ou aparente. Esta, pelo menos, foi a interpretação do Angélico
ao texto do Pseudo Areopagita, conform e pode ver-se na citação que faz
no escrito In De Divinis Nom inibus Expositio, IV, lectio 19: “ ...inquantum sunt
et vivunt et intelligunt et inquantum est in eis aliquis motus desiderii, qui non
tendit nisi in bonum verum vel apparens". Tal “ correção” ao texto do autor
neoplatônico tem uma razão de ser: para Santo Tomás, há concupiscência
nas criaturas espirituais apenas em sentido m etafórico. Cf. Tomás de A quino ,
Summa Theologiae, I, 59, a.4., ad.2. Na referida exposição do Aquinate, a
troca da expressão “m odo de concupiscência" (concupiscentiae motus) por
“ modo de desejo” (motus desiderii) é coerente com a doutrina segundo a
qual os apetites irascível e concupiscível pertencem exclusivamente à par
te sensitiva da alma humana (a sensualitas), que os anjos não possuem;
por isto, dada a sua natureza puramente espiritual, neles não poderá haver
propriamente concupiscência. Partindo da premissa de que os sentidos
não apontam para a razão de bem, mas impulsionam o apetite aos bens
deleitáveis para o corpo, Santo Tomás define a sensualidade como potência
apetitiva da parte sensitiva, e a divide em irascível e concupiscível. Cf. Tomás
de A quino , De Veritate, 25, a.2. Resp. Por não possuírem o impulso sensitivo,
por meio do qual se manifestam as paixões (que, na obra do Aquinate, são
paixões do corpo e da alma, e não só da alma), nos anjos o apetite do bem
De Substantiis Separatis
SOBRE OS ANJOS
“ (...) Tomás de Aquino soube distinguir entre o neoplatonismo
greco-romano e o greco-árabe, ou seja, entre a metafísica do Líber de
C au sis, a de Alfarabi e Avicena e a do Pseudo Dionísio Areopagita.
Tal distinção histórico-doutrinal é decisiva para a crítica filosófica
de Avicena e de Avicebrão, apontados como os que se desviaram do
espírito metafísico de Platão e de Aristóteles.
“ (...) Com efeito, Tomás de Aquino realiza uma verdadeira síntese
entre Platão e Aristóteles, ao conceber a complementaridade entre o
princípio platônico de participação e o aristotélico do ato e da potência.
O sentido e o alcance dessa complementaridade são proporcionais à
originalidade da descoberta tomista do ser como ato intensivo dos entes.
Para o Doutor Angélico, o ser é o ato de todos os atos e a perfeição de
todas as perfeições.
“ ( ...) Sobre os A njos, que a Sétimo Selo apresenta em excelente
tradução, dirige-se, enfim, ao homem — cujo ser está no limite entre o
tempo e a eternidade. Afinal, de acordo com a filosofia tomista, dentre
todas as criaturas, somente o homem compartilha com os anjos o dom
da espiritualidade. E somente ele retira da meditação sobre os anjos o
sentido transcendente de seu próprio ser.”
S É T IM O S E IO