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DEUS
3) Pode-se também dizer que o autor sagrado, utilizando o esquema
6†1=7, quer realçar a índole boa da obra de Deus. Sete é, sim, um símbolo de
perfeição conforme os antigos; essa índole é enfatizada pelo fato de se pôr em
evidência a sétima unidade (há seis dias de trabalho, homogêneos entre si, e um
último, o sétimo, de índole diferente). Estes ensinamentos, como se vê, não
pretendem dirimir questões de ciências naturais. Podem parecer pobres aos olhos
de quem procura na Bíblia uma resposta para indagações de astronomia,
cosmologia, geologia, botânica, zoologia... Todavia, são de enorme valor, pois
nenhum povo anterior a Cristo, fora Israel, chegou a tão sublime conceito de
Deus e de origem do mundo. O Deus da Bíblia é o Senhor único que, com sua
onipotência, domina a natureza; por conseguinte, tudo produz a partir do nada ou
por sua vontade criadora. Aliás, o verbo bará (= fez), ocorrente em Gn 1,1, é
sempre usado na Bíblia para indicar a ação prodigiosa e singular de Deus; cf. Is
48,7; 45,18; Jr 31,22; SI 50(51), 12; 103(104), 30...
Resta ainda observar que os dias do hexaémeron não significam eras ou
períodos geológicos. No século passado, quando as ciências naturais mostraram
claramente que o mundo não pode ter surgido em seis dias de 24 horas, muitos
autores julgaram que os dias de Gn 1 eram períodos longos correspondentes aos
da formação do globo terrestre (era azóica, primária, secundária...). Assim a
Bíblia teria antecipadamente descrito a origem do mundo, que só a ciência do
século XIX conseguiu averiguar! Tal atitude chama-se "concordismo", porque
tenciona obter concórdia (ainda que forçada) entre a Bíblia e as ciências, como
se visassem ao mesmo objetivo de narrar os fenômenos físicos da origem do
mundo. O concordismo é errôneo por causa deste seu pressuposto. O autor
sagrado não tinha as preocupações de um cientista; não queria senão oferecer um
ensinamento religioso tal como acabamos de enunciar; por isto ele tinha em mira
dias de 24 horas (nos quais houve tarde e manhã, cf. 1, 5.8.13.1923.31); em
outras palavras: ele imaginou uma semana como a nossa, mas uma semana que
nunca existiu,... a semana na qual Deus, como primeiro trabalhador, teria
fabricado o mundo.
Dito isto, ficam ainda abertas certas questões como "monogenismo ou
poligenismo?", "fixismo ou evolucionismo?", "origem das raças?"... que serão
abordadas no Módulo seguinte. Recomenda-se, pois, o estudo deste.
Para ulterior aprofundamento:
BALLARINI, T., Introdução à Bíblia, 11/1. Ed, Vozes, Petrópolis, 1975.
DANIELOU, J., No princípio... Ed. Vozes, Petrópolis.
DE TILLESSE, C.M., Hino da criação, em "Revista Bíblica Brasileira",
ano 1/1, pp. 7-39.
LEON-DUFOUR, X., Vocabulário de Teologia Bíblica, E. Vozes,
Petrópolis, verbete Criação.
* * *
PERGUNTAS
1) Os dias de Gn 1,1-2,4a são dias de 24 horas ou são eras?
2) Como se explica que, conforme o hexaémeron, a luz e a vegetação
tenham sido criadas antes do sol?
3) Que é que o hexaémeron quer dizer de válido para todos os tempos?
4) O dia do Senhor é sábado ou domingo?
Escreva suas respostas em folhas à parte, e mande-as, com o nome e o
endereço do(a) Cursista, para: CURSOS POR CORRESPONDÊNCIA, Caixa
Postal 1362, 20001-970 Rio de Janeiro (RJ).
ESCOLA "MATER ECCLESIAE"
CURSO BÍBLICO POR CORRESPONDÊNCIA
4a ETAPA: EXEGESE DE TEXTOS SELETOS