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A Cultura do Cancelamento

Aurélio Schommer

Quem tirou Pol Pot do poder foi o regime comunista


(marxista, melhor definindo) do Vietnã, com apoio
soviético.

O marxismo é uma forma de totalitarismo, sim,


retira do homem a liberdade, mas a natureza do
regime de Pol Pot não era marxista. Ele, Pol Pot,
era um pós-modernista antes do tempo. Ele levou a
lógica do que hoje chamamos "política do
cancelamento" à prática simples e direta: se você
soubesse ler e escrever, se detivesse qualquer
conhecimento intelectual, era executado,
simplesmente retirado da vida para todo sempre.
Os que tivessem sinais de ter usado óculos para
ler eram os primeiros da fila do fuzilamento,
exemplo para quem ninguém ousasse sequer pensar,
quanto menos ler. Não sobrou um médico ou
professor no Cambodja inteiro.

O projeto pós-modernista teve em Pol Pot uma


amostra. Os pós-modernistas hoje dominam a quase
totalidade da mídia (no Brasil, monopólio
completo; nos EUA, há focos de resistência), o
controle das universidades ocidentais,
praticamente todas, os corações e mentes das
massas "antifas" (sim, "chame-os do que você é").

Então não olhe para a União Soviética para


entender aonde os pós-modernistas querem (e vão,
sou pessimista) chegar. Não. Stálin não apenas
deixou Shostakovitch vivo como permitiu que sua
música fosse ouvida. Ho Chi Minh era um anjo perto
do que são os pós-modernistas atuais, a turma do
cancelamento. Tanto que sob o regime dele o
cristianismo acabou se fortalecendo no Vietnã.

Os pós-modernistas enforcarão o último cristão com


as cordas do último violino, é tão simples quanto
isso. O politicamente correto, o cancelamento, é
só a amostra grátis placebo. A retroutopia não
almeja menos do que a morte tal como servida por
Pol Pot. Pol Pot está para Derrida como Stálin
esteve para Marx e Lênin, com o perdão pelo
anacronismo, mas é isso, simplesmente isso.

Facebook, 20/07/2020

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