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domingo, 4 de dezembro de 2016

As 14 características do fascismo

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/12/as-14-caracteristicas-do-fascismo.html

Benito Mussolini e Francisco Franco


Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Umberto Eco (1932-2016) é uma das personalidades que melhor poderiam definir o fascismo, pois nele se
combinaram a experiência própria, a erudição e a lucidez analítica. Como italiano, viveu de perto o
fascismo e suas consequências, e como intelectual dedicou-se a estudá-lo, entendê-lo e explicá-lo, mas,
acima de tudo, a denunciá-lo e preveni-lo. De todos os males que o ser humano pode gerar a si mesmo,
poucos são tão nefastos como um regime totalitário, em que normalmente o sofrimento é muito maior do
que os possíveis benefícios.

Compartilho o fragmento de uma conferência que Eco fez em 1995 na Universidade de Columbia, em que
elaborou uma rápida caracterização do que chamou “Ur-Fascismo” ou “fascismo eterno”, quer dizer, uma
ideologia e vontade de governar que, independentemente das circunstâncias históricas, parece sempre
estar ali, à espreita, esperando um mínimo descuido para se apoderar de um governo nacional, uma
sociedade, um país. Eco reconhece que nem todos os regimes totalitários são iguais, mas ao mesmo tempo
encontrou alguns traços comuns, ou, melhor dizendo, recursos que a maioria empregou para seduzir a
população e tomar o poder político.

Muita gente acha que falar em fascismo é “banalizar” o termo, mas reparem que a extrema-direita hoje,
representada por Donald Trump e seus supremacistas brancos nos Estados Unidos e aqui pelos MBLs e
Bolsonaros da vida, se enquadra em cada uma destas características. Só não vê quem não quer. Fica a
advertência de Eco: “O Ur-Fascismo pode voltar todavia com as aparências mais inocentes. Nosso dever
é desmascará-lo e apontar o dedo sobre cada uma de suas novas formas, todo dia, em todas as partes do
mundo”.

A seguir, as 14 características do fascismo segundo Umberto Eco. Leia o texto completo da


conferência aqui.

1. Culto da tradição, dos saberes arcaicos, da revelação recebida no alvorecer da história humana, dos
hieróglifos egípcios às runas dos celtas e aos textos sagrados, ainda desconhecidos, de algumas religiões
asiáticas.
2. Rechaço do modernismo. O Iluminismo, a idade da Razão, são vistos como o princípio da depravação
moderna. Neste sentido, o Ur-Fascismo pode se definir como irracionalismo.

3. Culto da ação pela ação. Pensar é uma forma de castração. Por isso a cultura é suspeita, à medida em
que é identificada com atitudes críticas.

4. Rechaço do pensamento crítico. O espírito crítico opera distinções e distinguir é sinal de


modernidade. Para o Ur-Fascismo, estar em desacordo é traição.

5. Medo ao diferente. O primeiro chamamento de um movimento fascista, ou prematuramente fascista, é


contra os intrusos. O Ur-Fascismo é, pois, racista por definição.

6. Apelo às classes médias frustradas. Em nossa época, o fascismo encontrará seu público nesta nova
maioria.

7. Nacionalismo e xenofobia. Obsessão pelo complô. Os seguidores têm de se sentir ameaçados.

8. Inveja e medo do “inimigo”.

9. Princípio de guerra permanente, antipacifismo.

10. Elitismo, desprezo pelos fracos.

11. Heroísmo, culto à morte.

12. Transferência da vontade de poder a questões sexuais. Machismo, ódio ao sexo não-conformista,
como a homossexualidade. Transferência do sexo ao jogo das armas.

13. Populismo qualitativo, oposição aos apodrecidos governos parlamentares. Toda vez que um político
lança dúvidas sobre a legitimidade do parlamento porque já não representa a voz do povo, podemos
perceber o cheiro do Ur-Fascismo.

14. Novilíngua. Todos os textos escolares nazis ou fascistas se baseavam em um léxico pobre e em uma
sintaxe elementar, com a finalidade de limitar os instrumentos para o raciocínio complexo e crítico.
Devemos estar preparados para identificar outras formas de novilíngua, inclusive quando adotam a forma
inocente de um popular reality show.
Postado por Altamiro Borges às 00:22   
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