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E.

E PROF CARAN APPARECIDO GONÇALVES

JOÃO VITOR DE JESUS NASCIMENTO 3°RK

Frantz Fanon

SÃO PAULO - SP
2022
VIDA

20 de julho de 1925 nascia Frantz Fanon, um dos pensadores pretos


mais importantes do século XX. Nasceu em Forte de France, Martinica. Em
1944 se alistou no exercito francês para lutar contra a invasão alemã
ocorrida durante a 2° Guerra Mundial e posteriormente seguiu para Lyon
para estudar medicina e psiquiatria. 

Em 1950 Fanon escreveu uma tese doutorado em psiquiatria


discutindo os efeitos psíquicos do racismo colonial. Entretanto, a tese foi
rejeitada por confrontar as correntes positivistas então hegemônicas em
sua área de estudos. Escreve então uma segunda tese de doutorado no
ano seguinte nomeada: Troubles mentaux et syndromes psychiatriques
dans l’hérédo-dégénération-spino-cérébelleuse: Um cas de maladie de
Friereich avec délire de possession . 

Em 1951 Fanon conheceu o psiquiatra marxista Dr Tosquelles, o


qual se torna amigo e discípulo. Em 1952 Fanon participou de diversos
debates universitários e seminários onde entrou em contato com
renomados pensadores franceses. Neste mesmo ano, publicou uma série
de ensaios sobre a situação do negro na França e escreveu um drama
sobre os trabalhadores de Lyon . Ainda com 27 anos de idade, revisou o
texto que utilizara em sua primeira tese rejeitada e o publicou com o
título: Peau noir, masques blancs , livro que com o advento da viragem
pós-colonial na década de 80 marcaria definitivamente a história dos
estudos sobre o racismo. 
O ano de 1956 foi marcado por seu casamento e a posterior
mudança para a Argélia por motivos profissionais. Segundo Oto (2003)
estes momento foi fundamental para Fanon compreender os impactos do
colonialismo na estrutura psíquica humana. Neste ano o autor presencia o
nascimento da revolução nacionalista na Argélia e a violenta repressão
francesa que daí resulta. Neste contexto, em meio às contradições de toda
ordem que se agudizavam, Fanon renuncia ao seu cargo no Hospital
psiquiátrico para se filiar à Front de Liberation Nationale – FLN onde
contribuirá ativamente como escritor do jornal El Moudjahid, na Tunísia.

Os anos seguintes foram marcados por intensa agitação política e


participação em fóruns internacionais dos movimentos de libertação no
continente africano. Em 1959 publica L’an V de la Révolution Algérienne ,
que também ficou conhecido como Sociologia de uma revolução pois,
como um etnógrafo, retrata de maneira sistemática o desenrolar da
revolução anticolonialista da Argélia. 
Em 1961, aos 36 anos e num contexto de intensas atividades
políticas, Fanon foi diagnosticado com leucemia descobrindo, portanto,
que lhe restava pouco tempo de vida. Inicia então uma corrida contra o
tempo para escrever o seu último livro: Les dammés de la terre. Antes da
publicação do livro, Fanon encontrou-se com J. P. Sartre e S. Beauvoir para
discutir a luta anticolonial e encomendar a Sartre o prefacio de seu futuro
livro. Fanon chega a viver para ver uma versão impressa do livro, mas
morre logo em seguida em 6 de Dezembro do mesmo ano. 
OBRAS
As suas ideias estimularam obras influentes no pensamento político
e social, da teoria da literatura, aos estudos culturais passando pela
filosofia. Deixou livros fundamentais sobre a diáspora africana:

- Os Condenados da Terra (1961)


- Peles Negras, Máscaras Brancas (1952),  
- Sociologie d’une revolution: l’an V de la révolution algérieene (1959).
-intitulada Pour la  révolution africaine (1964).

PENSAMENTO  
Fanon considera que as estruturas sociais coloniais são introjetadas
na subjetividade do colonizado e a mudança dependeria de uma
transformação radical das estruturas da sociedade.

Na obra Pele negra, máscaras brancas (1952), Fanon afirma:


“Reagindo contra a tendência constitucionalista em psicologia do fim do
século 19, Freud, através da psicanálise, exigiu que fosse levado em
consideração o fator individual. Ele substituiu a tese filogenética pela
perspectiva ontogenética. Veremos que a alienação do negro não é só
uma questão individual. Ao lado da filogenia e da ontogenia, há a
sociogenia. De certo modo, para responder à exigência de Leconte e
Damey, digamos que o que pretendemos aqui é estabelecer um sócio-
diagnóstico. Qual o prognóstico? A Sociedade, ao contrário dos processos
bioquímicos, não escapa a influência humana. É pelo homem que a
sociedade chega ao ser. O prognóstico está nas mãos daqueles que
quiserem sacudir as raízes contaminadas do edifício”.

Tem-se, assim, uma “reificação” da alienação colonial que será


expressa também na própria “invenção” do ser negro feito pelo outro
demonstrada por Fanon nesta passagem:

“’Olhe, um preto!’ Era um stimulus externo, me futucando quando eu


passava. Eu esboçava um sorriso. ‘Olhe, um preto!’ É verdade, eu me
divertia. ‘Olhe, um preto!’ O círculo fechava-se pouco a pouco. Eu me
divertia abertamente. ‘Mamãe, olhe o preto, estou com medo!’ Medo!
Medo! E começavam a me temer. Quis gargalhar até sufocar, mas isso
tornou-se impossível. Eu não aguentava mais, já sabia que existiam lendas,
histórias, a história e, sobretudo, a historicidade que Jaspers havia me
ensinado. Então o esquema corporal, atacado em vários pontos,
desmoronou, cedendo lugar a um esquema epidérmico racial. No
movimento, não se tratava mais de um conhecimento de meu corpo na
terceira pessoa, mas em tripla pessoa. Ia ao encontro do outro… e o outro,
evanescente, hostil mas não opaco, transparente, ausente, desaparecia. A
náusea…”

Estes construtos psíquicos do ser negro advindos desta reificação do


processo colonial coloca o pensamento de Fanon próxima a uma
perspectiva descolonial. Isto porque a superação do racismo aqui se
articula com a descolonização – a “descolonização das mentes”, como ele
afirma em Os condenados da terra (1961) – o que significa uma
transcendência do racismo do comportamento expresso nas relações
individuais para uma estrutura social que reifica o pensamento
colonizador. E, assim, a construção de um verdadeiro Humanismo só se
daria com o fim da exploração do ser humano pelo outro ser humano, ou
seja, com o fim de todas as hierarquias.

Por isso, o pensamento de Fanon tem sido apropriado por vários


pensadores que se colocam na perspectiva descolonial, combatendo o que
Quijano chama de “colonialidade do poder”, de reposicionamento das
nações do chamado Terceiro Mundo no sistema global.

Fontes

https://revistacult.uol.com.br/home/fanon-racismo-e-pensamento-
descolonial/

https://mobile.publishnews.com.br/materias/2022/08/01/frantz-fanon-
vida-e-obra

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