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Coração De Herói - Parte 4

Dava para sentir o bafo das chamas esquentarem a pele, a estrutura


do edifício rangia, devido ao impacto da rajada de energia que um dos
vassalos dos Haiirogitsune havia disparado.
As labaredas corriam pelas paredes, dificultando a saída dos
moradores daquele edifício, em meio a uma guerra urbana onde seria o
lugar mais seguro para se procurar abrigo?
O pensamento mais óbvio seria correr para sua casa, pois a casa de
um indivíduo é o seu abrigo, mas quando a guerra vem até o seu quintal,
não respeitando o espaço sagrado do lar, então o pânico se espalha e não há
mais onde ir, em momentos como esse os que estão em perigo precisam de
ajuda, precisam que alguém os salve.
Uma vez me disseram um ditado, que ao decorrer de minha vida vem
se provando verdadeiro: “A necessidade é a mãe da criatividade.”
É no caos que heróis nascem, na necessidade que se torna latente, os
homens precisam se tornar a resposta mais criativa para o problema que se
apresenta sem aviso prévio.
Foi o caos que vivi na minha infância, quando o meu mundo
desabava pelo mal que se proliferava... por entre as chamas vi a mim
mesmo criança, encarando o espelho em meio aos destroços do que um dia
chamei de lar.
Encarei o medo que sentia e mais, fechei o punho com os dedos
apertados, segurando a coragem nas mãos, jurando mais que nunca mais
permitiria que o mal prevalecesse.
Corri para dentro do fogo e chutei a porta que ardia em chamas, a
S.R.U Resgate já havia chegado com a viatura e com jatos de água
tentavam aplacar a força do fogo.
- Shin, na escuta? As colunas do prédio estão comprometidas. – fui o
primeiro a entrar e não poderíamos subir os andares sem antes
fortalecermos provisoriamente as colunas de sustentação.
- Positivo, já estou levando os suspensores magnéticos.
Uma tecnologia desenvolvida pela a unidade de resgate, duas bolachas
feitas de ímãs, com polaridades opostas, quando acionadas uma repele a
outra. Sendo assim podem atuar como colunas provisórias, tendo uma das
partes sustentando um peso e a outra parte apoiada ao chão, a polaridade
oposta dos ímãs mantem o peso sustentado.
- Pode avançar Yuri! – não pensei duas vezes, junto a unidade de resgate
fomos arrebentando as portas conduzindo os moradores para fora do
prédio.
- Socoooorro! Socoooro! – era a voz do garotinho ele estava no último
andar.
- Eu vou buscar o garoto. – o soldado da unidade de resgate segurou meu
braço.
- Tenente não vai dar o prédio logo vai ceder. – eu não podia deixar o mal
prevalecer.
- Leve todos em segurança soldado!
Sem mais explicações peguei o machado que o soldado carregava e
fui abrindo caminho em meio aos escombros até chegar à sala de onde os
gritos vinham.
A sala coberta por fumaça e o corpo de uma criança franzina caído
perto a janela, ele já estava sem ar, se não tivesse atendimento rápido
morreria asfixiado.
Eu o peguei no colo, porém toda a estrutura do prédio tremeu, eu
sabia que não tinha muito tempo, o prédio desabaria antes que pudesse
chegar ao chão.
- Unidade de Resgate na escuta? – eu prendi o garoto nas minhas costas e
tomei uma certa distância.
- Na escuta tenente!
- A cama tá pronta?
- O senhor vai pular? – falou o soldado assustado.
- Sim! – era a única maneira de sair daquele prédio.
- Estamos movendo a cama para da janela do senhor! – todo o prédio
estremeceu, não dava mais para esperar.
- Façam o possível, sejam os heróis que foram treinados para ser. – corri
com todas as forças e joguei meu corpo do 6° andar sabendo que mesmo
que eu morra, o mal não prevalecerá na vida deste menino.
Porém eu tinha fé que os meus heróis salvariam a minha vida,
confesso que não foi a melhor das aterrisagens, porém os soldados da
unidade de resgate haviam trazido o trampolim inflável para a aterrisagem.
Mas o equipamento não tomou o ar suficiente para amortecer a queda, por
isso os soldados se amontoaram encima do equipamento para de alguma
forma ajudar a amortecer a minha queda.
Não foi uma das melhores aterrisagens, porém estávamos vivos,
entreguei o garoto aos paramédicos e Shin me ajudou a levantar.
- Você é maluco irmão! – eu respirava com um pouco de dificuldade, pois
as costelas doíam.
- Alguém na escuta? – eu conhecia a voz que falava ao rádio, na verdade
todos nos conhecíamos. – Preciso de reforços agora, muita gente ferida. –
era o símbolo da paz: Nana Shimura. – Estou próximo ao reservatório de
água da cidade, preciso de ajuda câmbio.
Eu olhei para o lado e vi uma das motos dos socorristas, não pensei
duas vezes eu precisava agir, o mal não poderia prevalecer, pois a minha
missão não havia acabado ainda.

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