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Primeiros Passos
FIN CLASS

ed. especial Breno Perrucho


BrenoPerrucho e-B/03
e-B/03
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CAPÍTULO 1

Introdução

ed. especial Breno Perrucho e-B/03


e-B/03
DESDE OS
PRIMÓRDIOS

12 ANOS Começou a produzir conteúdo musical no canal do


Youtube. Por influência do pai, teve desde cedo contato
com instrumentos musicais. Acessava, do Youtube,
conteúdos de músicos jovens que tocam vários
instrumentos, no mesmo enquadramento. Decidiu que
queria fazer isso também e passou a editar os próprios
vídeos, fazendo edição de vídeo e tratamento de áudio.

Breno Perrucho
13 ANOS Com o falecimento do pai, recebeu um valor
significativo de herança e não sabia o que fazer com o
dinheiro.

18 ANOS Até essa idade não tinha conseguido descobrir como


gastar a herança que havia recebido.

“Acredito que a melhor coisa que me aconteceu


foi não ter encontrado a resposta; voltei a recorrer
ao Youtube, o ‘melhor professor que tive na vida’
e coloquei lá: como começar a investir? Conheci
pessoas, educadores financeiros, que depois
moldaram e trilharam o meu caminho nesse mundo;
ed. especial

e depois, li livros e artigos em blogs de corretoras


de valores. E comecei a entender a importância do
dinheiro na vida das pessoas”.

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Não é preciso ser rico para come¢ar a
investir, mas se algum dia você quiser
enriquecer é absolutamente necessário
saber investir.

Breno Perrucho
“Comecei a pensar, cara, será que consigo pegar esses
conhecimentos que são tão relevantes para a vida de
qualquer pessoa e falar de um jeito jovem? Subverter o
paradigma de que educação financeira ou finanças preci-
sa ser falado só por sujeito engravatado no horário nobre
da Globo News”.

Reuni todos os conhecimentos adquiridos e criei o canal Jo-


vens de Negócios para falar de educação financeira e em-
preendedorismo com uma linguagem jovem e simples. ed. especial

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PONTO DE INFLEXÃO

Na época, estava na faculdade cursando engenharia de


produção e comecei a refletir sobre a didática empregada:
aquela forma de ensinar, com uma pessoa falando para ou-
tras 50, sem considerar gostos, paixões, talentos. O modelo
era voltado para desenvolver um senso crítico, para identifi-
car e sanar os problemas do Século 21? Ou era simplesmen-
te um modelo criado pra resolver as necessidades de uma

Breno Perrucho
sociedade industrial de 150 anos atrás?

Fiquei desmotivado com a parte acadêmica do ensino e per-


cebi que era muito mais produtivo procurar os assuntos do
meu interesse e fazer uma prospecção de conhecimento.

Muito motivado com o alcance e feedback dos meus vídeos,


resolvi interromper o curso na faculdade. Fui questionado
por familiares: sem uma formação acadêmica, qual seria a
minha credibilidade para difundir o conteúdo? Sem o res-
paldo acadêmico, como vai ser visto como uma autoridade
para falar sobre educação financeira?

Preferi aceitar o questionamento como um desafio, em vez


de aceitar que os sonhos eram fruto de uma ingenuidade
ed. especial

infantil.

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"E foi com isso, com a consistência ao longo
do tempo, de acordar cedo e dar conta do
trabalho, disciplinadamente, abrindo mão
das tenta¢ões e gratifica¢ões instantâneas
do curto prazo e, dia após dia, cada vez mais
vídeos eram postados, as pessoas come¢aram
a ver. E hoje, a Jovens de Negócios é uma
plataforma que impacta mais de 3 milhões de
pessoas em todas as redes, todos os meses".

Breno Perrucho
O objetivo deste material é compartilhar um pouco dos
aprendizados em educação financeira, que tive ao longo
da trajetória de forma acessível: saber gerenciar melhor o
próprio dinheiro, saber a diferença entre bons e maus inves-
timentos, saber a diferença entre investimento e especula-
ção. Afinal, Bolsa de Valores é, realmente, um cassino?

Meu nome é Breno Perrucho e essa é minha FinClass.


ed. especial

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CAPÍTULO 2

Breno Perrucho
O que ensinaram errado?

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A ECONOMIA
CAPITALISTA

O mundo dos investimentos é maravilhoso! É como se, ao


começar a aprender sobre educação financeira, retirásse-
mos um véu que permite ver o mundo de outra forma. Antes
de aprender o que são investimentos é preciso rever alguns
paradigmas:

Breno Perrucho
1 - INVESTIR É ENRIQUECER RÁPIDO

Culturalmente, entendemos que a Bolsa de Valores é algo


que pode nos fazer enriquecer ou perder tudo muito rápido.
Analisando friamente, se o risco fosse tão grande não ha-
veria tantas pessoas interessadas em investir. De 2019 para
2021, a Bolsa de Valores aumentou imensamente o núme-
ro de investidores, de menos de um milhão de investidores,
chegou a mais de 3 milhões. Isso ainda é pouco, se compa-
rado aos Estados Unidos, que tem o mercado de capitais
mais desenvolvido do mundo, em que mais de 60% da po-
pulação estadunidense investe em renda variável. Aqui no
Brasil o mercado de capitais ainda tem um enorme poten-
cial de crescimento.
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[É preciso] se abster do pensamento de que
investir na Bolsa de Valores é enriquecer
rápido, de que investir é aquela coisa que
a gente vai ou perder tudo ou ganhar muito
dinheiro. Porque na verdade, investir é um
trabalho de disciplina e consistência
a longo prazo.

Breno Perrucho
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METODOLOGIA
SEGURA

A metodologia que vamos As histórias dos maiores in-

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abordar é provada. Com con- vestidores de todos os tem-
sistência e disciplina, ao lon- pos como o Ray Dalio e War-
go do tempo, vai possibilitar ren Buffet têm similaridades,
que alcance uma liberdade que não podem ser ignora-
financeira, enquanto alguém das: todos tiveram resulta-
motivado pela ganância e dos consistentes ao longo
imediatismo, pode tomar de décadas, que possibilita-
ações precipitadas e acabar ram acumular um patrimô-
tendo prejuízo. nio que os tornam alguns
dos homens mais ricos do
mundo.
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2 - INVESTIR É ARRISCADO

Esse segundo paradigma é um desdobramento da ideia de


enriquecimento rápido.

Ouvimos histórias de pessoas que venderam um carro ou


uma casa para investir na bolsa de valores e perderam tudo.
O que há de comum nas histórias é a falta de conhecimento.
Pra quem não tem conhecimento, tudo é arriscado.

Breno Perrucho
O conhecimento é o maior minimizador de
riscos que existe.

Um cassino é feito para o jogador perder, porque precisa se


tornar um negócio sustentável. A probabilidade de perder
dinheiro jogando em um cassino é muito maior do que a de
ganhar. Mas com investimentos é diferente.
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INVESTIMENTO X
ESPECULAÇÃO
Investimento não é igual a especulação.

Breno Perrucho
Uma operação de investimento é uma que, após análise mi-
nuciosa, promete a segurança do capital e uma remuneração
apropriada. As operações que não cumprem esses requisitos
são especulativas.
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- Benjamin Graham

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Uma “análise minuciosa” não é uma aposta. Permite de-
monstrar maiores probabilidades de que o investimento vai
trazer retornos tangíveis em longo prazo.

Exemplificando: qual a probabilidade de uma empresa como


a Ambev de ir à falência?

Breno Perrucho
Se você respondeu: “Nenhuma, pois ela tem mais de 70% do
mercado”, talvez não seja exatamente uma análise precisa.
É preciso aprofundar a análise, entender os fundamentos,
os balanços, os números, as métricas do que existe dentro
da empresa, se a marca é reconhecida pela população, para
entendermos se o negócio é viável para investirmos o nosso
dinheiro. Sem fazer estas análises, o que estamos fazendo é
uma especulação.

Bolsa de Valores é cassino? A resposta é não. Bolsa de Va-


lores é um dos maiores instrumentos de multiplicação de
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capital, quando utilizada de forma inteligente e analítica.

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3 - INVESTIR É ‘COISA DE GENTE RICA’

Ora, se acabamos de definir investimento de longo prazo


como um dos maiores instrumentos de multiplicação de
capital, praticamente partimos do pressuposto de que co-
meçamos com pouco.

No entanto, o conhecimento que dá a segurança do aporte


consistente ao longo do tempo se sustenta em três pilares:

i. A rentabilidade ano a ano, que vai depender dire-


tamente do seu conhecimento para conseguir maiores ren-

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tabilidades: tudo vai depender da estratégia para alocar o
patrimônio e diversificar a carteira.

ii. Tempo de investimento. Não adianta ter uma ren-


tabilidade muito alta em um ano se, nas outras décadas, não
existir o trabalho dos juros compostos de incidirem sobre o
patrimônio.

iii. O tamanho do aporte realizado mês a mês. Ao as-


sumir o compromisso de se planejar financeiramente e ga-
nhar muito dinheiro ao longo do tempo, isso é um trabalho
de consistência e disciplina. É preciso abrir mão de gratifi-
cações instantâneas. Resistir à tentação de gastos no curto
prazo vai fazer com que o dinheiro, ao longo do tempo, sob
efeito dos juros compostos, se multiplique e gere a sua fon-
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te de renda passiva.

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Renda passiva é a quantidade de
dinheiro que você recebe com consistência e
previsibilidade, ao longo do tempo, depois que

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você coloca o dinheiro para trabalhar
por você.

Quando você tem uma fonte de renda passiva você não pre-
cisa mais vender as suas horas de trabalho para obter o sus-
tento: o dinheiro trabalha por você, gerando rendimentos,
dividendos, juros sobre capital próprio.

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4 - ESTOU MUITO VELHO PARA COMEÇAR A INVESTIR

Se você passou muito tempo da vida sem investir e acha


que vai entrar muito atrasado nesse mundo, mais um motivo
para começar a investir o mais rápido possível.

Quem quer ter rentabilidade precisa equilibrar as próprias


desvantagens. E a seu favor, a pessoa mais velha tem a pro-
babilidade de possuir uma renda maior do que alguém jo-
vem, que está começando.

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5 - POUPANÇA É O INVESTIMENTO MAIS SEGURO

No Brasil, o investimento que combina maior segurança à


maior rentabilidade é o Tesouro SELIC. Tesouro SELIC é uma
modalidade de investimento do tesouro direto, que rende a
taxa SELIC ano a ano com a garantia do Tesouro Nacional. O
Tesouro Nacional vai garantir qualquer quantia de patrimô-
nio que se dispuser a investir. Não tem o risco de quebrar,
além do risco do próprio país.

Se você achar que o Brasil (em que vivemos hoje) tem um


risco de quebrar e não conseguir arcar com seus próprios
compromissos, então o investimento mais seguro de to-
dos vai ser somente a pontinha do iceberg de tudo que vai
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acontecer para a população.

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A poupan¢a rende menos que o Tesouro SELIC.

Quando a taxa SELIC fica abaixo de 8,5% ao ano, a taxa da


poupança será 70% disso. De cara, 30% da SELIC, que você

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deixou de ter, simplesmente, por escolher colocar o seu di-
nheiro no tipo de aplicação que é mais comum, e que as
pessoas acham que não tem risco.

Em todos os cenários, o Tesouro SELIC vai render mais do


que a poupança.

Se SELIC < 8,5%: Rentabilidade da poupança = 70% SELIC +


TR (Taxa referencial).

Se SELIC ≥ 8,5%: Rentabilidade da poupança = 0,5% ao mês.


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Obs: SELIC com rentabilida- Se considerarmos que exis-
de de 8,5% ao ano, é igual a te uma modalidade que é
uma rentabilidade de 0,68% mais segura e que rende
ao mês. Se considerarmos mais, então poupança não é
um imposto de renda de investimento. Acabamos se-
22,5%, essa rentabilidade duzidos pela previsibilidade
mensal é de 0,53% ao mês. e pela segurança de saber
Portanto, a rentabilidade do que todo mês, no aniversá-
tesouro SELIC é maior do rio, a poupança vai render
que a da poupança. 0,5%. Entretanto, a inflação

Breno Perrucho
não tem dia do mês para fa-
A poupança acaba sendo a zer aniversário, ao contrário
escolha mais óbvia, mais co- da poupança.
mum, considerada menos
arriscada. Não podemos nos É possível que você coloque
esquecer de que a poupan- o dinheiro na poupança hoje
ça foi confiscada no governo e resgate daqui a 29 dias
Collor. exatamente a mesma quan-
tia. A inflação acumulou ao
longo do tempo e você per-
deu poder de compra, por-
que ela não foi reajustada. Já
o tesouro SELIC rende todos
os dias.
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6 - PARA INVESTIR É PRECISO ACOMPANHAR O MERCADO
FINANCEIRO ININTERRUPTAMENTE

Se fizermos uma análise cuidadosa das empresas em que


vamos investir e nos títulos que vamos comprar, sabemos,
com alguma segurança, que esses investimentos vão se
perpetuar a longo prazo. Estamos falando de uma coisa es-
tudada, com previsibilidade.

Breno Perrucho
Por outro lado, se estivermos falando de pequenas movi-
mentações de mercado, que acontecem no espaço de um
dia, são as que remetem à imagem de um trader com cinco
telas de computador na sua frente, que fica acompanhando
gráficos, códigos e luzinhas piscando e nos dão a impressão
de algo impossível de fazer.

Investir no longo prazo não é assim.

Se nos permitirmos estar abertos para absorver conheci-


mento, quebrar paradigmas e olhar para o mundo da equa-
ção financeira com novos olhos, passaremos a estar abertos
para uma rentabilidade muito maior.
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O QUE É
INVESTIR?
Você soube até aqui, o que não é investir. Agora vou fazer
um breve compilado do que é investir.

- Investir é um exercício de prospecção de conheci-


mento e aprendizado, e execução desde agora com
pensamento de longo prazo.

- É você se dispor a abrir mão de tentações no curto


prazo para pensar em como fazer o dinheiro render
da melhor forma possível, para que lá na frente você

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possa viver de renda.

- Investir é ter consciência, é ser inteligente, é pegar o


balanço patrimonial, demonstração de resultado do
exercício de uma empresa, fluxo de caixa e entender.
Porque isso é fácil, isso é simples de fazer com a me-
todologia certa.

- É necessário se munir de conhecimentos para fazer


uma análise do que pode e deve acontecer no futuro
de forma que as probabilidades de ganho sejam mui-
to maiores do que as probabilidades de perda.

Com a probabilidade de ganho, com o quanto você é capaz


de gerar com o seu conhecimento, do tempo que tem para
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investir, dos aportes e do tamanho dos aportes mês a mês, a


sua carteira, ao longo do tempo, vai ter mais dinheiro do que
aquele que você aplicou no primeiro momento.

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VOCÊ SABIA?

Quando começamos a in-


vestir, a primeira coisa que
nos chama atenção é a ren-
tabilidade, quanto vamos
ganhar. Esse é um erro muito
comum para os investidores
iniciantes. A rentabilidade é
apenas uma das 3 principais
características dos investi-

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mentos.

As outras duas são: segurança/risco e a liquidez. Essas 3


juntas formam a “tríade dos investimentos”:

Rentabilidade: Retorno esperado do investimento.

Segurança ou risco: É o risco ou segurança de um determi-


nado investimento. Quanto mais seguro, menor o risco do in-
vestimento. Se menos seguro, maior o risco do investimento.

Liquidez: É o tempo necessário para que um ativo/inves-


timento se torne dinheiro disponível para ser utilizado sem
perdas significativas em seu valor. Maior liquidez, menor o
tempo necessário para a conversão. Menor liquidez, maior o
tempo necessário para ter acesso ao capital.
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VOCÊ SABIA?

Em todo investimento precisamos olhar as 3 características


antes de definir se é ou não um bom investimento. O melhor
cenário seria um investimento com as 3 características ao
mesmo tempo.

- Alta rentabilidade;
- Alta segurança ou baixo risco;
- Alta liquidez.

Breno Perrucho
Seria o investimento perfeito, mas isso não existe. Se te ofe-
recerem algo assim, existe uma grande chance de ser gol-
pe. Tome cuidado.

Se você quer um investimento com alta rentabilidade e bai-


xo risco, precisará se afastar da ponta da liquidez. Portanto,
será um investimento com baixa liquidez.

Caso você queira um investimento de baixo risco com alta


liquidez, por consequência terá uma baixa rentabilidade. Por
esse motivo, quando for investir, é importante saber qual é o
seu objetivo. Assim, você saberá quais são as características
principais e escolherá um produto com o perfil desejado.
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CAPÍTULO 3

Ativos e passivos

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Existem alguns conceitos que a gente precisa entender
antes de botar a mão na massa e começar a investir. Um

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conceito importante que precisamos aprender para gerir
melhor as finanças e planejar melhor o futuro é: a diferença
entre ativos e passivos.

Você já deve ter ouvido falar sobre eles, mas talvez não com
o embasamento necessário para saber o que significam.

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PASSIVOS
O que que são passivos? Exemplo: digamos que você tem
um sonho de comprar um automóvel SUV e agora, final-
mente, vai chegar na concessionária para levar o carro. No
momento em que você tira da concessionária o carro já per-
de 20% do valor.

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Ele sofre uma depreciação anual de 10%. É, basicamente,
como se você perdesse 10% do valor do carro a cada ano
que o mantivesse. E, ainda, precisa arcar com os custos de
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manutenção, gasolina, reparos, com IPVA, todas as coisas


que tiram dinheiro do seu bolso para manter o carro dos so-
nhos.

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ATIVOS

Breno Perrucho
Um ativo é algo que tem o potencial de se valorizar ao longo
do tempo, e de colocar dinheiro no seu bolso ao longo do
processo.

Quero dar um senso crítico para entender as escolhas que


você decide fazer na vida, porque ao munir-se de conhe-
cimento pode conseguir uma casa no seu nome antes do
que o faria, caso tivesse simplesmente a vontade de ter
um financiamento. Porque você soube investir.

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SÍNTESE
Resumindo, para ficar bem internalizada a diferença entre

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ativos e passivos.

- Ativo é tudo aquilo que tem o potencial de se valo-


rizar ao longo do tempo e de colocar dinheiro no seu
bolso, ao longo do processo.

- Passivo, ao contrário, é tudo aquilo que tem o po-


tencial de se depreciar ao longo do tempo e tirar di-
nheiro do bolso, ao longo do processo.

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ACUMULAÇÃO

O que acontece quando a gente se dispõe a acumular ati-


vos: a gente acaba sofrendo um fenômeno chamado de
“renda passiva”. É justamente o nosso dinheiro trabalhando
por nós, diferente de quando compramos passivos. Eles vão

Breno Perrucho
cumprir o propósito de tirar dinheiro do seu bolso.

Acumular passivos te prendem a uma renda ativa porque


você precisa, o tempo todo, trabalhar ativamente para ter
dinheiro. Enquanto o acúmulo de ativos pode te isentar
deste trabalho.

As pessoas acham que alguém que é rico, é rico por gastar


um milhão. Se você tivesse um milhão de reais para gastar e
comprasse passivos, teria na verdade comprado um monte
de coisas que iriam tirar dinheiro, você teria de arcar ao lon-
go do tempo - o que inevitavelmente o faria liquidar, vender
esses passivos para ter um mínimo de qualidade de vida de
novo.
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AÇÃO DO INVESTIDOR

Investidores compram ativos e assim enriquecem ao longo


do tempo. Pessoas com mentalidade de pobreza compram
passivos, porque elas ficam acorrentadas, presas às circuns-
tâncias, por querer a curto prazo a gratificação instantânea,

Breno Perrucho
realizar os sonhos sem planejamento. Simplesmente por sa-
berem que podem pegar algum financiamento a qualquer
momento para realizar os sonhos, que poderiam ser realiza-
dos lá no futuro.

Isso impede que no futuro você possa ter tudo aquilo que
poderia ter se tivesse deixado acumular ativos antes.

Investidores compram ativos e os ativos


compram o luxo.
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O QUE SÃO
ATIVOS?

Ativos são basicamente bens ficiar de todas as coisas que


que você sabe que podem um sócio da empresa pode.
se valorizar, podem colocar Aí estão inclusos os proven-
dinheiro no seu bolso. tos, que são dividendos e ju-
ros sobre capital próprio.
Alguns exemplos são: Ações,
fundos imobiliários, ETF’s Ao comprar ativos que pa-

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BDR’s, stocks, todas essas gam proventos, como ações,
modalidades de investi- ou então que pagam rendi-
mento, que com o trabalho mentos, como fundos imobi-
de acumulação ao longo do liários, você acaba formando
tempo vão garantir renda. um fluxo de renda consis-
tente que pode, previsivel-
Ações: ações são partes, mente, usar para custear a
pequenas partes de empre- sua qualidade de vida.
sas que são simplesmente
negociadas em um meio, Digamos que o seu custo de
chamado Bolsa de Valores. vida mensal seja R$ 2.000,
Investidores que querem se então para que não precise
tornar sócios, acionistas das trabalhar para ganhar essa
empresas vão até a Bolsa de quantia, você precisa acu-
Valores, por intermédio do mular um patrimônio cuja
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home broker, do site da cor- renda gerada com os ativos


retora de valores, para poder paguem os R$ 2.000 por
ganhar o direito de se bene- mês.

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COMO OS ATIVOS
COLOCAM DINHEIRO NO

Breno Perrucho
NOSSO BOLSO?
Existem duas formas principais: digamos que comprou uma
ação por R$ 10,00 e em seis meses a ação se valoriza e pas-
sa a valer na sua corretora R$ 15,00. Ela teve uma rentabili-
dade de 50% e assim você ganhou dinheiro.

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a) Ganho de capital por valorização das ações:

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Além de ela ter se valorizado ao longo deste tempo, cada
ação desta empresa distribuiu dividendos, ou seja, distribuiu
os lucros para seus acionistas. Simplesmente porque você
tomou a iniciativa de comprar ativos.

b) Distribuição de lucros:

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FUNDOS
IMOBILIÁRIOS

O mesmo pode acontecer para fundos imobiliários, com a

Breno Perrucho
diferença de que fundos imobiliários têm a característica de
pagar como um reloginho: pagam todo mês.

Fundos imobiliários nada mais são do que empreendimen-


tos imobiliários com ‘inquilinos’, empresas que pagam alu-
guel para o fundo para distribuir o dinheiro gerado para os
cotistas, que foram à Bolsa de Valores e se tornaram parte
do fundo.

Então de 1 em 1, de 2 em 2, de 10 em 10, de 100 em 100, va-


mos cada vez mais aumentando nosso patrimônio.
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JUROS COMPOSTOS

Com estes rendimentos, proventos como dividendos e juros

Breno Perrucho
sobre capital próprio, você ainda pode reinvestir comprando
mais ativos. Isso cria um efeito de bola de neve chamado
de juros compostos: quando, cada vez mais, os rendimentos
que recebe são utilizados para acumular ativos.

Assim, você pode finalmente chegar a um momento em que


todos os rendimentos dados pelos ativos vão custear a sua
qualidade de vida, para que assim possa deixar de trabalhar,
porque o seu dinheiro vai trabalhar por você.

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CAPÍTULO 4

Simulações

ed. especial Breno Perrucho e-B/03


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Vimos que existem três pilares que garantem o ganho de

Breno Perrucho
mais dinheiro ao longo do tempo:

i. A rentabilidade dos ativos que compramos;


ii. O tempo de que dispomos para investir nosso dinheiro;
iii. O tamanho dos aportes que fazemos.

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JUROS COMPOSTOS
NA PRÁTICA

Agora vamos ver na prática, com números reais, o que acon-


tece quando você deixa os seus ativos criarem o efeito dos
juros compostos.

Caso 01. R$500,00, 10 anos a 10%

Breno Perrucho
Digamos que você tem R$ 500,00 por mês para investir. Este
é o dinheiro que você separa todo mês, e usa para comprar
ativos, fazendo aportes regulares, que, a cada ano, dão uma
rentabilidade de 10%.

Se você simplesmente depositasse esse dinheiro na conta


corrente, depois de 10 anos teria R$ 60.000,00.

No entanto, com o efeito dos juros compostos, se você con-


seguisse uma aplicação que gerasse 10% ao ano de ren-
tabilidade, depois de 10 anos teria, aproximadamente, R$
100.000,00. Isso é um ganho de mais de 66%, só por investir
bem o seu dinheiro. São R$ 40.000,00 a mais!
ed. especial

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Caso 02. R$500,00, 20 anos a 10% a.a.

Mudando um pouco as variáveis, vamos considerar agora


que vai investir, não durante 10 anos, mas, mantendo a disci-

Breno Perrucho
plina, durante 20 anos. De novo, se o dinheiro fosse simples-
mente colocado todos os meses na conta corrente, teria ao
final de 20 anos R$ 120.000,00.

Nesta conta não estão inclusos os juros compostos. Os


mesmos valores investidos, pelo mesmo período, com uma
rentabilidade de 10% ao ano, resultariam em R$ 360.000,00
com os juros compostos. Três vezes mais dinheiro do que
teria caso não se dispusesse a investir.

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Caso 03. R$500,00, 30 anos a 10% a.a.

Uma outra simulação que irá te surpreender: digamos que


você é uma pessoa jovem e paciente e pode se dar ao luxo
de esperar 30 anos mantendo a consistência de investir R$
500,00 por mês, com uma rentabilidade de 10% ao ano du-
rante estes 30 anos. A totalidade do dinheiro que teria ao fi-
nal do período seria de, aproximadamente, R$ 1.040.000,00.

Seriam R$ 180.000,00 caso você tivesse simplesmente


colocado o dinheiro na conta corrente, mas você terá R$
1.040.000 porque soube investir. E isso se considerarmos a

Breno Perrucho
rentabilidade de 10% ao ano, o que é uma rentabilidade
absolutamente alcançável.

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Caso 04. R$500,00, 10 anos a 15% a.a.

Você pode ir além e conseguir mais: vamos considerar que


tenha 15% ao ano de rentabilidade. Durante 10 anos, com
aporte de R$ 500,00 mensais e rentabilidade de 15% ao ano
resultaria em R$ 130.000,00.

Comparados aos R$ 100.000,00 do exemplo anterior, não


parece muita diferença.

Caso 05. R$500,00, 20 anos a 15% a.a.

Breno Perrucho
Se nas mesmas condições continuarmos por mais 10 anos,
em 20 anos, teria um patrimônio de R$ 660.000,00. Compa-
rando com o exemplo anterior com a contabilidade de 10%,
o resultado seria R$ 360.000,00, são R$ 300.000 a mais por
conseguir um ganho anual de 5% a mais.

Caso 06. R$500,00, 30 anos a 15% a.a.

E caso você se disponha a manter a rotina com a disciplina


de aporte de R$ 500,00 mensais durante 30 anos e com a
rentabilidade de 15% ao ano, o patrimônio acumulado seria
de R$ 2.800.000,00.

Só por comparação: o motivo para desenvolvermos este ra-


ciocínio é para que consiga entender o quanto de capital
ed. especial

tem que acumular para conseguir custear a qualidade de


vida que você gostaria de ter.

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NO SEU CUSTO
DE VIDA

Faça a conta: quanto você gasta todo mês? Qual é o total do


seu custo de vida? O que gasta com água, luz, roupas, com
os seus filhos, com academia… a somatória de tudo isso é o
seu custo de vida por mês.

Breno Perrucho
Com R$ 2.800.000,00 se você comprou fundos imobiliários,
por exemplo, que rendem 0,5% ao mês, teria de rendimento
todo mês R$ 14.000,00 que se reajustam com a inflação ao
longo do tempo, e com consistência, porque você decidiu
investir agora.

Caso 07. Aportes de R$1000,00.

Por último, gostaria de fazer mais uma simulação. Talvez


você ache que R$ 500,00 é pouco e talvez a média dos apor-
tes que faça por mês, ao longo do tempo, seja maior do que
isso. Suponhamos que você faça o aporte de R$ 1.000,00
mensais. Veja, na tabela a seguir, os valores corresponden-
tes aos investimentos em 10, 20 e 30 anos com aporte men-
sal de R$ 1000,00 e rentabilidade de 15% ao ano.
ed. especial

41
e-B/03
Tabela comparativa

Da próxima vez que sair na rua e tiver múltiplas tentações

Breno Perrucho
de consumo, pense no quanto o valor daquilo vai render
em longo prazo. De quantas coisas poderia abrir mão e não
iriam influenciar na sua qualidade de vida, na forma com que
você lida com outras pessoas, na sua felicidade por causa
da disciplina, que é a consciência do que você consegue
acumular lá na frente?

A gratificação em curto prazo é momentânea, fugaz. A


quantidade do que conseguimos realizar ao longo do
tempo, com disciplina e consistência, abrindo mão da gra-
tificação instantânea, é infinitamente maior do que o foco
no presente.
ed. especial

42
e-B/03
VOCÊ SABIA?

Convertendo juros anuais em mensais. Quando falamos de


investimentos sempre falamos de rentabilidades anuais.
Mas, você faz aportes anuais ou mensais? Acredito que a
grande maioria faça aportes mensais.

Quando vamos fazer simulações precisamos converter as


taxas de juros anuais para mensais. Você sabe fazer essa
conta? Não, não é simplesmente dividir a taxa anual por 12.
Por causa dos juros compostos essa conta não é tão sim-
ples. Vamos a fórmula:

Breno Perrucho
E se você quiser converter de mensal para anual?

ed. especial

É um pouco mais chato de calcular do que só dividir ou mul-


tiplicar por 12. Mas, calculadora nos ajuda nessa hora!

43
e-B/03
CAPÍTULO 5

Breno Perrucho
Reserva de emergência

ed. especial

44
e-B/03
Chegou a hora, depois de falar sobre a teoria, o embasa-
mento, os fundamentos, para você começar a investir. Neste
capítulo você vai dar o primeiro passo.

A primeira coisa com que precisa se preocupar


no mundo dos investimentos é construir a sua
"reserva de emergência".

Breno Perrucho
O que isso significa? Vamos pegar a quantidade de gastos
que você tem mês a mês. Escreva no papel o quanto você
gasta de conta de luz, água, com seus filhos, com atividades
recorrentes, supermercado: quanto custa a sua vida naque-
le mês.

Esse valor você vai multiplicar de 6 a 12 vezes, ou seja, 6 a


12 meses o valor do seu custo de vida. É exatamente esse
dinheiro que é a sua ˜reserva de emergência˜, e você vai co-
locar em um investimento que tenha baixo risco e que seja
altamente “líquido”.
ed. especial

45
e-B/03
Como definir capital necessário para sua reserva de emer-
gência?

Breno Perrucho
Liquidez é a facilidade que o investidor tem
de se desfazer de um ativo, transformando-o
em dinheiro sem perdas significativas
em seu valor.

Exemplo: quando falamos do investimento mais seguro do


Brasil, falamos do Tesouro SELIC. Qual é a liquidez do Te-
souro SELIC uma vez que você compra o título? O Tesouro
SELIC tem liquidez D+0, o que significa que caso você venda
o título, o dinheiro vai cair líquido na sua conta no mesmo dia
que você fez esta venda.
ed. especial

Bons investimentos para comporem a reserva de emer-


gência devem ser investimentos de baixo risco e investi-
mentos altamente líquidos.

46
e-B/03
Um outro exemplo de investimento que pode cumprir esse
propósito: os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários)
de liquidez diária. São títulos emitidos principalmente por
instituições bancárias que emitem títulos de dívida, prome-
tendo pagar ao investidor exatamente o valor daquele título
no futuro, mais os juros. Apenas ressaltando algo importan-
te, para reserva de emergência em CDB é importante que
este seja um CDB de liquidez diária.

É assim que o investidor ganha dinheiro com a modalidade

Breno Perrucho
de investimento chamada de renda fixa. Siglas, que vamos
abordar mais à frente.

ed. especial

47
e-B/03
FUNÇÃO
DA RESERVA

Para que serve a reserva “Ah, mas não tenho emer-


de emergência? Serve para gências, sou muito seguro
quando “der ruim” na vida. com tudo que faço, não so-
Digamos que está em casa e, fro riscos”. O princípio básico
do nada, tem uma briga com de construirmos uma reser-
a sua mulher e ela te expul- va de emergência é que sa-
sa de casa; ou então passou bemos que em algum dia vai
por alguma dificuldade mé- ter uma emergência.

Breno Perrucho
dica e tem que arcar com a
cirurgia; o seu filho sofreu Não construímos uma reser-
alguma coisa, precisa do di- va de emergência porque
nheiro naquela hora e você teve alguma coisa que pre-
não pode ter risco sobre o cisamos naquele momento.
capital.
Construímos na expectativa
Por quê? Imagine se estiver de que, em algum momento,
desesperado, precisando de vai acontecer algo imprevi-
dinheiro por algo pontual, sível. Algum imprevisto que
se não tivesse dinheiro para vai requerer que gastemos
usar quando mais precisa? dinheiro. Imprevistos são
É por isso que todo mun- previstos. Precisamos es-
do precisa de um fundo de perar que aconteçam, e por
emergência. isso o primeiro passo para
ed. especial

todos deve ser, independen-


temente das circunstâncias,
construir uma reserva de
emergência.

48
e-B/03
SEGURANÇA

Breno Perrucho
Se olharmos para a realidade da pandemia, recentemente,
em março 2020, quando tivemos uma desvalorização de
quase 50% na nossa Bolsa de Valores. Imagine quando pes-
soas sem conhecimento, por ganância, imediatismo, pela
mentalidade de ganhar dinheiro rápido, colocaram dinheiro
na Bolsa para poderem antecipar os seus sonhos, e assim,
acabaram perdendo o dinheiro que elas não poderiam se
dar ao luxo de perder. O dinheiro que você não pode se dar
ao luxo de perder é o dinheiro da sua reserva de emergên-
cia.

ed. especial

49
e-B/03
VOCÊ SABIA?

Boas opções para Reserva de Emergência:

Pensando na tríade de investimento (Rentabilidade, liquidez


e Segurança/risco), as características mais importantes para
reserva de emergência são: Segurança e Liquidez!

Não estamos focados em rentabilidade nessa parte da car-


teira, que serve para nos proteger. Algumas opções são:

Breno Perrucho
- Tesouro SELIC;
- CDB com liquidez diária – rentabilidade 100% CDI;
- Fundos de investimento Renda fixa DI, sem taxa de admi-
nistração (Taxa adm: 0%)
ed. especial

50
e-B/03
Você precisa se munir de investimentos que são seguros,
Como Tesouro SELIC, um CDB de liquidez diária. Um tipo de
aplicação que vá dar pouca rentabilidade, afinal tem baixo
risco, mas que vai dar muita liquidez.

Breno Perrucho
Reserva de emergência não é para dar dinheiro, é para
dar segurança, conforto, para dar tranquilidade; porque
os outros investimentos vão dar a possibilidade de ganhar
muito dinheiro.

É óbvio, depois de já ter feito a reserva de emergência. Não


adianta tentarmos ser os investidores de longo prazo se não
conseguimos nem ter o nosso curto prazo garantido.

ed. especial

51
e-B/03
CAPÍTULO 6

Breno Perrucho
Renda fixa e variável

ed. especial

52
e-B/03
Ao longo da jornada no mundo dos investimentos, você vai

Breno Perrucho
entrar em contato com conceitos que podem parecer um
pouco “bicho de sete cabeças”.

Vamos falar sobre a diferença entre investimentos de renda


fixa e investimentos de renda variável.

ed. especial

53
e-B/03
RENDA FIXA

Existem duas modalidades:

- Renda fixa pública;


- Renda fixa privada.

Breno Perrucho
Renda fixa pública é quando você empresta o seu dinheiro
para o governo.

Tesouro SELIC, Tesouro IPCA, Tesouro Prefixado, são os tí-


tulos que o nosso governo emite para captar dinheiro, e as-
sim conseguir rodar as operações na sociedade, conseguir
financiar novos projetos ou destinar os recursos da forma
como ele achar melhor.

O governo se endivida com você, investidor,


e promete pagar de volta, no futuro, mais os
juros. Essa é a premissa básica para qualquer
investimento de renda fixa.
ed. especial

54
e-B/03
A renda fixa privada segue os mesmos princípios, só que ao
invés de você emprestar o seu dinheiro pro governo, você
está emprestando para uma iniciativa privada, como por
exemplo, quando você compra um CDB, um LC, um LCI, um
LCA, um CRI, um CRA, uma debênture. O que está fazendo
é, basicamente, comprando o título de investimento que foi

Breno Perrucho
emitido por uma empresa. No caso desses CDBs, LCs, LCIs,
LCAs, são emitidos por bancos que querem captar o seu di-
nheiro para usar os recursos para fazer empréstimos pesso-
ais, financiar obras, financiar empreendimentos e assim ter
lucros.

De todos esses investimentos, tanto os de renda fixa pública


quanto os de renda fixa privada, têm uma coisa em comum:
você consegue saber antecipadamente as condições de
rendimento até a data do vencimento.

ed. especial

55
e-B/03
A renda fixa possui 3 modalidades principais:

Breno Perrucho
ed. especial

56
e-B/03
Breno Perrucho
A renda fixa não vai fugir disso.

ed. especial

57
e-B/03
RENDA VARIÁVEL
Agora vamos entrar no mundo da renda variável. Para dei-
xar você visualizar a diferença, vou colocar no primeiro grá-
fico a rentabilidade do tesouro SELIC e a variação das ações
da AMBEV, ao longo do tempo.

Breno Perrucho
Você consegue perceber que, no primeiro, tem uma linha
reta. É esperado que você pode projetar para frente porque
é previsível: ela sempre sobe. Enquanto a renda variável, por
ed. especial

definição da palavra, varia, não existe previsibilidade. Tem


altos e baixos, ela sobe e desce, e você nunca sabe de fato
para onde vai.

58
e-B/03
Por que me preocupar com parte da economia real, isso
renda variável se não tenho é participação em empresas,
a menor segurança do que empreendimentos imobiliá-
vai acontecer com o meu di- rios, em ações estrangeiras,

Breno Perrucho
nheiro? em fundos de investimento
que compilam todos esses
Porque os investimentos que ativos diferentes e que são
fazemos em renda variável, geridos por pessoas alta-
bem fundamentados, são mente qualificadas para fa-
aqueles que vão dar maior zer, única e exclusivamente,
multiplicação ao longo do você ganhar dinheiro.
tempo. Porque eles fazem

ed. especial

59
e-B/03
ANÁLISE
FUNDAMENTALISTA

“Não fui convencido ainda, Pessoas que simplesmente


prefiro a segurança da renda compram uma ação sem dar
fixa, previsibilidade, eu te- o devido estudo, sem saber o
nho aversão a risco”. Enten- que estão fazendo, simples-
da, pessoas que investem na mente selecionando alguma
renda variável não se sen- coisa que aparece primeiro
tem tão confortáveis quando no home broker, compran-
o patrimônio diminui tam- do só pra dizer que está em

Breno Perrucho
bém. Pode acontecer, só que renda variável, vão perder di-
eles sabem que a probabili- nheiro.
dade de valorizar, ao longo
do tempo, é muito maior do Como é que você sabe, com
que o dinheiro cair, porque garantia, sem uma análise
fizeram uma análise muito fundamentada, qual inves-
bem fundamentada, conhe- timento que fez em renda
cida como análise funda- variável vai vingar? Se inves-
mentalista. Eles identificam tir em renda fixa pública, já
todas as nuances intrínsecas sabe qual é a garantia: a do
ao negócio, assim como seu Tesouro Nacional. Você não
mercado de atuação, a cul- vai perder o seu dinheiro
tura dentro da empresa, a porque o caixa do governo, o
satisfação das pessoas, to- Tesouro Nacional, por defini-
das as nuances dentro de ção, está lastreando o seu tí-
ed. especial

uma empresa para saber se tulo, garantindo que você vá


ela tem a projeção de ser um receber o dinheiro de volta.
negócio de sucesso ainda no
longo prazo.

60
e-B/03
FUNDO GARANTIDOR
DE CRÉDITOS

Breno Perrucho
E para renda fixa privada? Existe também uma instituição
chamada de Fundo Garantidor de Créditos, ou comumente
conhecida como FGC. O FGC assegura até R$ 250.000,00 por
instituição financeira, em que você tem dinheiro investido,
em renda fixa privada, tudo que você investiu mais os juros.
Isso no caso da instituição financeira quebrar. Então, caso
tenha dinheiro em uma corretora de valores só poderá rece-
ber até R$ 250.000,00 de todo o valor que investiu, mais os
juros. Agora, se você tem dinheiro investido em quatro cor-
retores diferentes, esse teto aumenta para R$ 1.000.000,00
ed. especial

61
e-B/03
Breno Perrucho
Uma regra de ouro é entender que o FGC somente vai cobrir
investimentos, títulos, emitidos por instituições financeiras.
Por mais que ainda fique um pouco confuso de dizer qual a
proporção do patrimônio que vai alocar em renda fixa, qual
a proporção que você vai ter em renda variável, o importante
é entender que independentemente do seu perfil de inves-
tidor, se é moderado, conservador ou arrojado, que o mer-
cado de capitais possui opções de investimento para todos
os investidores.
ed. especial

62
e-B/03
CAPÍTULO 7

Breno Perrucho
Guia prático para começar

ed. especial

63
e-B/03
Tantos investimentos, tantos ativos, que podemos até per-
der a direção do que fazer com o nosso dinheiro.

Quero dar um direcionamento para você entender as possi-


bilidades do que fazer com o dinheiro, a partir do momento

Breno Perrucho
em que ele entra na conta todo mês, seja com o seu salário,
seja com qualquer outro tipo de renda que tenha.

Um ‘disclaimer’ antes de começarmos: as percentagens que


vou citar são meramente ilustrativas. Você deve olhar para as
suas circunstâncias e tentar identificar como os ensinamen-
tos aqui podem ser pertinentes para sua realidade. Pode ser
que os percentuais, que uso, não façam sentido para você,
e tudo bem. O conceito é atemporal. Os princípios nos quais
vai se basear para distribuir o seu dinheiro não mudam.

ed. especial

64
e-B/03
NECESSIDADES
BÁSICAS

Vamos supor que você receba a renda no mês, um salário


‘x’. Considere estabelecer um limite para que, a cada mês,
gaste 60% com as necessidades básicas. O que são neces-
sidades? São custos de vida mês a mês, conta de luz, conta
de água, o gasto que tem com os filhos, com academia, com
supermercado, gastos recorrentes que você tem previsibi-
lidade de ter todo mês. Estes são seus custos fixos, são os

Breno Perrucho
custos de necessidade.

Nesse exemplo, a pessoa pode pegar 60% do dinheiro e co-


locar numa conta corrente, em uma conta do banco, por-
que sabe que aquele dinheiro vai embora todo mês.

ed. especial

65
e-B/03
LAZER
Outra parte importante do orçamento é o lazer. Se quiser
abrir mão de lazer, pelo pensamento frenético de enrique-
cer o mais rápido possível, vai ficar bitolado, depreciando
sua saúde mental.

Se quiser jogar um jogo de videogame com o seu filho, se


quiser ir ao bar com os amigos, isso tem que estar planejado
nos gastos.

Esses 10%, que vai separar todo mês para quando sua renda
cair, vai ser destinado principalmente ao seu lazer. Onde é
que fica esse dinheiro? Pode ficar também na sua conta cor-

Breno Perrucho
rente, porque ele vai durar no máximo 30 dias.

É o dinheiro que você usa para curtir o processo. Afinal, de


que adianta resistir a tantas tentações, abrir mão de tan-
ta coisa em prol do planejamento financeiro, alcançando
enriquecimento no longo prazo se não aproveitar todo o
processo?

ed. especial

66
e-B/03
OBJETIVOS DE CURTO
E MÉDIO PRAZO

Outros 10% que pode alocar de destino ao dinheiro que cai

Breno Perrucho
na conta todo mês são objetivos de curto e médio prazo.

Digamos que você tem um sonho momentâneo, de curto


prazo, de comprar um carro, de comprar uma casa, de fazer
uma cerimônia de casamento, de viajar para o exterior com
a família. Tudo isso tem que estar planejado.

Você não vai fazer um financiamento para pagar juros sobre


a dívida, que contraiu ao longo do tempo, só pra ter a grati-
ficação instantânea de realizar um sonho. Não! Você vai se
planejar. Porque com o dinheiro que recebe mensalmente,
você consegue dar conta das coisas. ed. especial

67
e-B/03
Você pode pegar 10% todo mês e alocar em títulos de ren-
da fixa. Títulos de renda fixa, porque imagine a seguinte si-
tuação: para conseguir realizar o sonho, por ganância, o mais
rápido possível, você coloca na bolsa de valores, em renda
variável. E acontece uma crise como aconteceu em 2020
com a pandemia. Você pode perder 50% do seu patrimônio?
Vai acabar retrocedendo em alguns anos o tempo que leva-
ria para realizar o sonho.

Para esses investimentos tão importantes para a realidade,


investir em renda fixa é a melhor forma de assegurar que vai,

Breno Perrucho
a cada dia que passa, estar mais perto de conquistar esses
sonhos.

ed. especial

68
e-B/03
EDUCAÇÃO
O próximo percentual do dinheiro de cai na conta, mês a
mês, e que você deve dar alocação é de 5% para o que vai
ser um curso.

Breno Perrucho
O tipo de investimento mais rentável que
jamais vai fazer na vida: educa¢ão. Quanto
mais aprendemos, mais ganhamos.

Da mesma forma que o dinheiro entra recorrentemente na


nossa vida, precisamos de conhecimento adquirido, recor-
rentemente, também. Munindo-se com livros, cursos, semi-
nários, networking, dispondo-se a viver novas experiências
que possam dar novos aprendizados, vai saber o que fazer
a mais para conseguir aumentar sua renda, para aumentar a
rentabilidade.
ed. especial

69
e-B/03
Então, aloca 5% do que você receber todos os meses para
comprar e gastar todo mês, imprescindivelmente, nessas
coisas. Onde é que você deixa esse dinheiro? Também você
pode deixar na sua conta corrente do banco, porque você
quer consumir durante todo o mês. Então, lembre-se: 5%
para a educação porque o melhor ativo que vai poder com-
prar na vida é você mesmo.

Breno Perrucho
ed. especial

70
e-B/03
INDEPENDÊNCIA
FINANCEIRA
A próxima percentagem de alocação sobre a renda mensal:
10% devem ir para, aí sim, a tão sonhada, a famigerada, in-
dependência financeira. São os objetivos de longo prazo,
acúmulo de capital, comprar ativos, investimentos que você
vai comprar com foco em viver de renda.

Como ações, fundos imobiliários, stocks, REITs, ETF’S, todos


que vão ter o potencial de se valorizar ao longo do tempo e
de colocar dinheiro no seu bolso ao longo do processo.

Breno Perrucho
É com aporte consistente e regular em cada um desses in-
vestimentos que você vai conseguir viver de renda, vai ter
uma quantidade consistente de fluxo de renda entrando
no seu bolso, todos os meses, para que você consiga se
ausentar do trabalho; porque o seu dinheiro vai estar lá
trabalhando por você.

ed. especial

71
e-B/03
CAIXA
Se você acompanhou essa conta junto comigo e foi percep-
tivo, sabe que ainda faltam 5% da nossa conta sobre a tota-
lidade de renda que recebe todos os meses. Esses 5%, por
último, são para manter dinheiro em caixa.

Perceba o seguinte: quando digo caixa, não quero dizer


fundo de emergência. O seu fundo de emergência nem
entra nessa conta, porque aqui eu estou partindo do prin-
cípio de que você já criou o seu fundo de emergência.

O caixa é completamente diferente. Por que que devemos


ter caixa? Porque o caixa vai ser o nosso melhor instrumen-

Breno Perrucho
to para conseguir comprar bons ativos quando estão na
baixa, em momentos de recessão econômica, de crises, em
que vemos empresas negociadas na Bolsa de Valores muito
abaixo do valor intrínseco. Essas são as melhores oportuni-
dades para conseguirmos multiplicar o capital ao longo do
tempo.

ed. especial

72
e-B/03
Como sabemos quando usar o nosso caixa? Se considerar
que tem um percentual fixo da quantidade de dinheiro, que
quer manter em caixa, da totalidade de seu patrimônio:

Você tem um patrimônio de R$ 100.000,00 e quer que, des-


se patrimônio, sempre 20% esteja em caixa. Então, sabe
que, pontualmente, nesse momento, 20% equivalem a R$
20.000,00.

Vamos supor o seguinte cenário: se uma nova crise surge, e


aquele percentual que tinha em renda variável, por motivos
didáticos, nesse exemplo, são 80%, todo o resto. Aí a Bolsa
se desvaloriza e você acaba perdendo R$ 40.000,00. Aque-
les R$ 80.000,00, que equivaleriam a 80% passaram a ser

Breno Perrucho
simplesmente R$ 40.000,00. Ou seja, o seu patrimônio total,
no caso passou a ser R$ 60.000,00, R$ 40.000,00 em renda
variável e R$ 20.000,00 em caixa.

Percebeu o que aconteceu? O caixa passou a assumir 33,3%


do seu patrimônio. Representa 1/3 de tudo que você tem.
Só que, com base no quanto você tinha estipulado para si
mesmo, ele deveria ser 20% e não 33,33%. O que você pode
fazer: você pegar esses 13,3 % excedentes que ultrapassa-
ram os 20%, e comprar renda variável.

ed. especial

73
e-B/03
Porque assim terá um método, um sistema, que com recor-
rência e consistência, saberá que quando o que tem renda

Breno Perrucho
variável cair, você pode pegar o excedente percentual do
caixa para comprar mais, aproveitando todas as oportuni-
dades. Defina arbitrariamente o quanto de cada um desses
destinos você vai dar para o seu dinheiro, que realisticamen-
te consegue ter.

Aqui eu quis trazer um panorama, um exemplo, do que você


poderia fazer, mas cada um tem a sua realidade, as suas cir-
cunstâncias. Caso, por exemplo, em necessidades, você não
consiga manter somente em 60% os gastos mensais, então,
que isso sirva de incentivo para que consiga ganhar mais
dinheiro, manter a qualidade de vida e aí finalmente chegar
aos 60%. Ou, quem sabe, diminuir 50, 40, 30% só alocados
para necessidades.

É um exercício constante de corte de gastos e de aumento


ed. especial

de ganho de capital.

74
e-B/03
CAPÍTULO 8

Breno Perrucho
Como lidar com as crises

ed. especial

75
e-B/03
PERCEPÇÕES
DISTINTAS
Conhece aquela pessoa sempre tende a puxar para o lado
negativo? Você chega com uma ideia, quer começar um

Breno Perrucho
projeto, só quer compartilhar e a pessoa meio que pega e te
coloca para baixo. Acho que todo mundo conhece alguém
que é o estraga-prazer.

Em outra perspectiva: você já pensou ‘meu deus, não devia


ter falado isso’, aí a pessoa olha para você e ri, como se esti-
vesse gostando e compartilhando aquele momento.

É a mesma informação que você passa para pessoas dife-


rentes, mas elas podem levar de formas completamente di-
ferentes. A percepção do indivíduo sobre o que acontece ao
seu redor é uma percepção subjetiva, ela é fruto de um filtro
para processar diferentes ‘inputs’ que existem na nossa vida.
ed. especial

76
e-B/03
PERCEPÇÕES
SOBRE CRISES
Quando falamos de crise, tendemos a encarar isso com uma

Breno Perrucho
conotação negativa. O pensamento comum é que as pes-
soas vão perder emprego, que as empresas vão falir, que no
geral as pessoas não vão ter dinheiro e a economia vai ruir.

Só que se tentarmos olhar com uma outra perspectiva, se fi-


zermos um exercício de ver oportunidades nos problemas
e não problemas nas oportunidades, conseguimos perce-
ber que, na verdade, as crises são os melhores momentos
sobre os quais podemos comprar excelentes negócios, fa-
zer excelentes investimentos a bons preços.

ed. especial

77
e-B/03
Sabemos que existe um pessimismo, que existe um fator
emocional humano envolvido na precificação de ativos no
mercado, ou seja, quando todo mundo está achando que
não existe probabilidade nenhuma da economia melho-
rar, aí é que encontramos os melhores ativos aos melhores
preços.

Breno Perrucho
ed. especial

78
e-B/03
PRECIFICAÇÃO
EMOCIONAL DO
MERCADO
Quer entender esse fenômeno de precificação emocional
do mercado?

Quanto estaria disposto a pagar por um guarda-chuva se es-


tivesse caindo o mundo de chuva, se não conseguisse nem

Breno Perrucho
cruzar a rua sem ficar completamente encharcado? Prova-
velmente muito dinheiro, se precisasse.

Agora, digamos que o dia está ensolarado, que está abafa-


do, que sabe que tudo de que precisava era de um belo de
um ar-condicionado, quanto é que custaria o guarda-chuva,
agora? Muito pouco! Você nem estaria procurando por aqui-
lo. A lei da oferta e da procura, em mudanças circunstanciais,
é regida com base na necessidade humana, nas perspecti-
vas que veem no mercado, e é por isso que às vezes o pes-
simismo acontece de forma exagerada, e vemos empresas
que são negociadas a um preço muito abaixo do que elas de
fato valem em condições normais, por conta da crise.

Mas se está em crise eles não deveriam valer menos, mes-


mo? Precisamos entender que a Bolsa de Valores é nego-
ed. especial

ciada entre seres humanos, e seres humanos erram.

79
e-B/03
Com o pessimismo exacerbado de mercado, bons
ativos acabam sendo negociados a pre¢os
abaixo do que valem.

Numa simples análise de todas as crises que permearam

Breno Perrucho
a humanidade, como a crise de 1929, a crise do petróleo, a
crise subprime, do governo Dilma e da pandemia, a Bolsa
sempre se recuperou. Vez e vez, as mesmas coisas acon-
teceram e os mesmos resultados vieram à tona. Não só as
Bolsas de Valores chegaram a se equilibrar no mesmo nível
de antes das crises, mas também foram muito além do que
elas jamais estiveram.

É a diferença entre quem compra o guarda-chuva quando


está chovendo versus a pessoa que compra no dia ensola-
rado pagando pouco para esperar um dia de chuva.
ed. especial

80
81
CAPÍTULO 9

Diversificação

ed. especial Breno Perrucho e-B/03


e-B/03
PRECIFICAÇÃO
EMOCIONAL DO
MERCADO
Quer entender esse fenômeno de precificação emocional
do mercado?

Quanto estaria disposto a pagar por um guarda-chuva se es-


tivesse caindo o mundo de chuva, se não conseguisse nem

Breno Perrucho
cruzar a rua sem ficar completamente encharcado? Prova-
velmente muito dinheiro, se precisasse.

Agora, digamos que o dia está ensolarado, que está abafa-


do, que sabe que tudo de que precisava era de um belo de
um ar-condicionado, quanto é que custaria o guarda-chuva,
agora? Muito pouco! Você nem estaria procurando por aqui-
lo. A lei da oferta e da procura, em mudanças circunstanciais,
é regida com base na necessidade humana, nas perspecti-
vas que veem no mercado, e é por isso que às vezes o pes-
simismo acontece de forma exagerada, e vemos empresas
que são negociadas a um preço muito abaixo do que elas de
fato valem em condições normais, por conta da crise.

Mas se está em crise eles não deveriam valer menos, mes-


mo? Precisamos entender que a Bolsa de Valores é nego-
ed. especial

ciada entre seres humanos, e seres humanos erram.

82
e-B/03
Acho que agora você já tem munição suficiente para enten-
der que, quando alguém pergunta: qual é o melhor investi-
mento? Saber que não existe uma resposta.

Breno Perrucho
Existem melhores investimentos para
diferentes propósitos.

Agora vamos falar especificamente sobre como diversificar


a carteira, para garantir que consiga cumprir os propósitos
com os menores riscos e ainda podendo ter os maiores ga-
nhos. ed. especial

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e-B/03
Existem três formas principais com que podemos diversifi-
car o patrimônio:

A PRIMEIRA DELAS é em tipo de ativo. Falamos, por exem-


plo, sobre renda fixa e renda variável, mas na própria Bolsa
de Valores existem diferentes tipos de ativos: as ações, os
fundos imobiliários, os ETFs; e ao diversificar o patrimônio,
estamos garantindo não colocar todos os ovos numa cesta

Breno Perrucho
só.

ed. especial

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e-B/03
A SEGUNDA FORMA de diversificar o patrimônio é em dife-
rentes setores da economia. Digamos um mundo, em que,
ainda, não existia o WhatsApp, ou alternativa para as pesso-
as se comunicarem. Vamos dizer que nesse mundo utópico,

Breno Perrucho
surja o WhatsApp. A receita da empresa vinha com o paga-
mento de SMS, ou ligações. O que acontece com a recei-
ta quando chega o WhatsApp? Ela basicamente vai a zero;
uma fonte enorme de receita (das empresas que eram ne-
gociadas na Bolsa) deixou de existir por causa de um agente
externo e não se esperava que iria acontecer. Se você colo-
cou todo seu dinheiro numa empresa de telefonia, por cau-
sa da falta de diversificação, acabou sofrendo um risco não
sistêmico.

ed. especial

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e-B/03
VOCÊ SABIA?

RISCO NÃO SISTÊMICO: É aquele risco reservado para ape-


nas uma empresa, ou para um setor especifico da economia.
Você corre esse risco quando tem total opção de investir em
vários ativos que iriam mitigar esses riscos. Você preferiu só
investir nas empresas de telefonia porque era muito fã delas.
Agora, se diversificasse o patrimônio também em empresas
de tecnologia, quem sabe compraria uma empresa como o
Facebook, que hoje é detentora do WhatsApp, e por isso são
ações que iriam se valorizar, em detrimento das empresas
de telefonia.

Breno Perrucho
Você percebeu o que aconteceu? A diversificação de car-
teira existe para o risco de alguma empresa inserida em de-
terminado setor, ou o setor ficar obsoleto; as outras empre-
sas, nos outros setores, acabam subindo e compensando as
perdas daquele setor que se deu mal. Pode acontecer de a
crise bater em todas as empresas na economia brasileira? É
verdade, e este se chama risco sistêmico.

RISCO SISTÊMICO: o risco de acontecer alguma crise, uma


recessão econômica, algo sobre o qual não temos controle
e vai ter um baque na Bolsa como um todo. ed. especial

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É por isso que existe mais de uma forma de diversificar a
carteira para conseguir mitigar o risco sistêmico. Uma forma
é a diversificação em moeda.

Existe uma correlação inversamente proporcional entre a


desvalorização da nossa Bolsa e a valorização do dólar. Pa-
rece que quase toda vez que a Bolsa de Valores cai o dólar
sobe e vice-versa. Para a gente conseguir diminuir essa os-
cilação e mitigar os riscos, ter parte do patrimônio investido
em dólar, é uma excelente forma de, não só ter um colchão

Breno Perrucho
de segurança sob o nosso patrimônio, mas também de in-
vestir nas empresas do país, com a maior cultura de empre-
endedorismo do mundo, e que tem as maiores facilidades
de empreendedorismo.

ed. especial

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e-B/03
Como você investe em dólar? Existem duas formas:

uma delas é investir diretamente lá fora com a aber-

1 tura de conta em uma corretora de valores norte-a-


mericana e comprando direto ações estrangeiras.

Breno Perrucho
a outra forma é com BDRs (Brazilian Depositry Re-

2 ceits). São recibos emitidos pelas empresas estran-


geiras para serem negociados no Brasil acompanhan-
do toda a flutuação de preços que essas empresas
têm lá fora, inclusive a flutuação cambial. O benefício
dos BDRs é que eles são negociados na nossa pró-
pria Bolsa de Valores. Quais são as limitações? É que
existem menos BDRs do que existem possibilidades
de investimento caso você vá diretamente investir no
mercado de capitais norte-americano.

ed. especial

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e-B/03
POR ÚLTIMO, mais uma forma de diversificar a nossa cartei-
ra: com o número de ativos. Qual você acha que é a melhor
forma de diversificarmos? Com uma carteira enxuta, com
poucos ativos somente, mais diversificada em setores, em

Breno Perrucho
moeda, ou uma carteira repleta de ativos diferentes?

Temos grandes referências no mercado de capitais brasilei-


ro e estrangeiro que têm dezenas, senão centenas ou milha-
res de ativos dentro de uma carteira. Só que não deveríamos
nos dar ao luxo de expor o patrimônio à maior quantidade
de ativos possível, simplesmente, por motivos de diversifi-
cação.

ed. especial

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CARTEIRA
ENXUTA

O que você pode fazer, por outro lado, é ter um número de


ativos, na carteira, que seja capaz de acompanhar com
a consistência e recorrência, que vá ler os relatórios das
empresas, que saiba o que está acontecendo. Porque as-
sim, vai ter bala para movimentar a carteira, porque é enxu-

Breno Perrucho
ta, porque você sabe que existe um limite de tudo que pode
acompanhar.

Se uma carteira é gigantesca, com milhares de ativos, é pre-


potência nossa, pensar que sejamos tão capacitados quanto
um gestor de um fundo bilionário e, por isso, precisa ter mi-
lhares e milhares de ativos. Acaba sendo meio incomparável
a realidade de um investidor que tem uma equipe de, às ve-
zes dezenas, ou centenas de pessoas com a de um investi-
dor individual.

O investidor individual tem recursos limitados de tempo e


dinheiro para conseguir analisar os ativos que irão compor
sua carteira, enquanto um gestor não só tem uma equipe
gigantesca, como tem muito dinheiro para remunerar muito
ed. especial

bem, para fazerem um bom trabalho na gestão da carteira.

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DIVERSIFICAÇÃO

Um exemplo, na prática, de Comecei a pensar por ga-


como diversificação é impor- nância, por imediatismo, por
tante. A primeira ação que achar que tinha feito um
comprei (e sobre a qual co- único aporte acertado, que
loquei muito dinheiro inves- iria ganhar mais dinheiro do
tindo), foi uma que na época que se tivesse diversificado.

Breno Perrucho
chamava-se Senior Solutions. Me deixou com dor no peito,
com angústia, com frustra-
Peguei o dinheiro que meu ção, de não ter simplesmen-
pai tinha deixado e coloquei te ouvido a voz da razão e di-
logo uns R$10.000,00. A em- versificado a minha carteira
presa, depois de uma sema- logo de cara.
na, subiu um pouquinho, eu
fiquei feliz para caramba. Eventualmente ela subiu de
Pensei que acertei. Só que novo, mas assim que fiquei
passou outra semana e ela no zero a zero, vendi tudo
se desvalorizou mais de 10% e diversifiquei do jeito que
do valor inicial. achava que era necessário,
para não precisar mais sentir
a preocupação de que tinha
feito algo por ingenuidade.
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A importância de termos, dentro da nossa
carteira, ativos descorrelacionados entre si
é irrefutável.

ATIVOS DESCORRELACIONADOS - são aqueles que não tem


correlação nenhuma com quando um sobe, o outro cai, ou
quando um sobe outro sobe também, enfim, eles simples-
mente andam separados em diferentes vertentes. Se nos

Breno Perrucho
dispusermos a diversificar a carteira em tipos de ativos,
em setores diferentes da economia, em moeda, em núme-
ro, vamos mitigar os riscos sobre o patrimônio e aumentar as
chances de rentabilidade no longo prazo.

Não faz sentido, simplesmente, apreciarmos muito o setor


industrial e só termos empresas que fabricam. Ou então,
não faz sentido termos somente empresa de banco, porque
sabemos que se acontecer alguma coisa na economia, que
ataca o setor ou aquele tipo de ativo e empresa, vai tomar
uma proporção grande do patrimônio e não vamos ter previ-
sibilidade do quando vai retomar, e pode ser até que nunca
retome.
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OBSOLESCÊNCIA
Existe um processo chamado de obsolescência. Os setores
acabam ficando obsoletos e reciclados na economia, subs-
tituídos por iniciativas que são mais pertinentes, dada à rea-
lidade mutável e acelerada que vivemos.

O dia mais louco foi o dia seguinte de quando eu comprei


Tesla. Porque comecei a investir no exterior com a ideia de
gravar um vídeo mostrando como fazer. Um dos ativos que
mais admirava era a Tesla, empresa norte-americana de car-
ros elétricos que, para mim, sempre foi um sonho de consu-

Breno Perrucho
mo. No dia seguinte ao do investimento, a Tesla se valorizou
17%. Havia sido liberado, pela primeira vez, um balanço tri-
mestral da Tesla, que tinha dado um lucro. A empresa bom-
bou e não parou mais. Desde aquele dia de outubro de 2019,
a empresa já se valorizou mais de mil por cento e o dólar,
que antes estava R$ 3,70, agora, no momento, está em R$
5,20.

Isso traz uma lição muito importante: as pessoas acreditam


que precisam encontrar a próxima a próxima Tesla, ou a
próxima Magazine Luiza, fazendo um paralelo com a rea-
lidade brasileira. O princípio básico para conseguirmos é
com diversificação. Porque Tesla não foi o único ativo, que
comprei naquele dia. Comprei vários, mas, ainda assim, a
diversificação, o princípio da diversificação foi justamente
ed. especial

o que garantiu que pudesse me expor à possibilidade de


que algum deles desse a pancada.

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CAPÍTULO 10

Breno Perrucho
Considerações finais

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E aí? Valeu de alguma coisa os conhecimentos? Vai usar es-
ses princípios e começar a investir? Espero que tenha sido
engrandecedor.

Queria deixar algumas palavras finais, para ter certeza de


que vai sair daqui e colocar a mão na massa, de que vai in-
vestir e vai colocar todas as desculpas que você sempre
teve de lado e conseguir dar conta do trabalho.

Breno Perrucho
Vai ter o momento em que você vai ficar ansioso, vai ficar
com medo, que vai achar que não sabe o que fazer. Mas com
base nos princípios que vimos ao longo dos capítulos, você
sempre pode voltar, reler, internalizar de novo os conceitos,
porque eles são atemporais.

Fica tranquilo: essa insegurança, esse medo, faz parte do


processo. Você não precisa se deixar afobar por causa de
sentimentos, porque é tudo questão de hábito. A única for-
ma de garantir que você vai deixar de sentir a angústia, a
frustração, a insegurança é começando.
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Depois, ao longo do tempo, vai ficando tão comum e cos-
tumeiro para você, que investir não vai ser mais um dilema,
mas um hábito que implementou na rotina e dá conta todos
os dias.

Se você internalizar os conhecimentos e todos os princípios


que abordamos, vai estar mais do que preparado para co-
meçar a investir o seu dinheiro. Seja em renda fixa, renda

Breno Perrucho
variável ou qualquer modalidade.

Pode até ficar receoso de que não tem o conhecimento ne-


cessário. Lembre-se: as pessoas que tiveram os maiores
prejuízos na Bolsa de Valores não foram as que tinham me-
nos conhecimento. Foram as pessoas que se deixaram levar
pela ganância, pelo medo, pelo imediatismo.

Peço para que você confie em mim agora e vá fazer um pas-


so-a-passo de tudo que leu aqui e comece a investir. Tudo
isso só vai se realizar, todos esses sonhos, metas que você
colocou para sua vida, se você der o primeiro passo.
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VOCÊ SABIA?

AS 5 LEIS DO OURO

1) O ouro vem de bom grado e numa quantidade crescente


para todo homem que separa não menos de um décimo de
seus ganhos, para criar um fundo para seu futuro e o de sua
própria família.

2) O ouro trabalha diligente e satisfatoriamente para o ho-


mem prudente que, possuindo-o, encontra para ele um
bom emprego lucrativo, multiplicando-o como os flocos de
algodão no campo.

Breno Perrucho
3) O ouro busca a proteção do proprietário cauteloso, que o
investe de acordo com os conselhos de homens sábios em
seu manuseio.

4) O ouro foge do homem que o emprega em negócios ou


propósitos com os quais não está familiarizado ou que não
contam com a aprovação daqueles que sabem poupá-lo.

5) O ouro escapa ao homem que o força a ganhos impossí-


veis ou que dá ouvidos aos conselhos enganosos de trapa-
ceiros e fraudadores ou que confia em sua própria inexperi-
ência e desejos românticos na hora de investi-lo.
ed. especial

Trecho extraído do livro: O homem mais rico da babilônia


Autor: George Samuel Clason
Data da primeira publicação: 1926

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Quero parabenizar você por estar aqui com a confiança no
trabalho que eu venho despendendo para entregar os prin-
cípios em que acredito. Saiba, sem a menor sombra de dúvi-
da, que o bastão está na sua mão e você tem todo o conhe-
cimento necessário para começar.

Você tem uma riqueza tão grande de conteúdo que pode


absorver, internalizar, nessa plataforma aqui, agora. Depen-
de de você explorar todo esse mundo magnífico de educa-
ção financeira e investimentos para conseguir implementá-
-lo na sua própria vida.

Breno Perrucho
Eu incentivo a busca de outros professores, outras aulas, ou-
tros livros, para absorver tudo que essa plataforma tem para
dar. Lembre-se: os 5% de educação que você precisa alocar
todos os meses podem, muito bem, estar aqui. A qualida-
de do conteúdo que estamos dispondo para você aprender
certamente está aqui. São 5% que, com certeza, vão dar ren-
dimentos maiores do que qualquer outra aplicação finan-
ceira. O maior ativo que você pode comprar é você mesmo.
Conhecimento é o maior minimizador de riscos que existe.

Agora que você já tem os primeiros passos, os próximos


passos são para os que você dará. Sem mais, sei que o seu
tempo é valioso e que tem muito estudo pela frente.
ed. especial

Meu nome é Breno Perrucho e essa foi a minha FinClass.

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pela Lei 9.610 de 19/02/1998.

Nenhuma parte deste guia poderá ser reproduzida ou


transmitida sem autoriza¢ão prévia da marca FinClass.

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