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Fundamentos do Tesouro Direto


FINCLASS

ed. especial José Franco


JoséFranco e-B/05
e-B/05
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ed. especial José Franco e-B/05
e-B/05
Acesse e veja mais conteúdos exclusivos
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José Franco
ed. especial

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e-B/05
OLÁ,
Meu nome é José Franco, tenho 51 anos, nasci em Brasília.
São vinte anos de experiência na gestão da dívida pública,
na emissão de títulos públicos em geral e na gestão do
programa Tesouro Direto.

Comecei a trabalhar no Tesouro Nacional em 2001 e o


Tesouro Direto foi criado em 2002, assim que entrei; me
juntei à equipe que estudava alternativas para venda de

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títulos públicos diretamente para as pessoas físicas. Nós
estudamos as experiências de outros países como Espanha
e Inglaterra, e finalmente chegamos ao modelo que é o
Tesouro Direto. Ele não nasceu como é hoje, não era tão
ambicioso. Costumo dizer que Tesouro Direto foi a primeira
Fintech no Brasil - o interessante é que ela nasceu de um
programa do próprio governo. Escutamos falar em Fintech
hoje e logo pensamos em aplicativos, redes sociais; e o
Tesouro Direto, que desde o início usou a internet como o
principal meio para atingir o investidor final, começou dentro
do governo, em 2002.
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A ideia, no início, era vender os mesmos títulos, que se
vendem em leilões para grandes investidores institucionais,
para as pessoas físicas - pequenos investidores. Com o
tempo, percebemos que a pessoa física tem demandas
diferentes dos grandes investidores institucionais, e foram
criados títulos específicos para o pequeno investidor, para
serem vendidos por meio da plataforma do Tesouro Direto.

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Quando a pessoa compra um título público, seja por meio
do Tesouro Direto ou por um grande investidor institucional,
o que o Estado faz com o dinheiro? O Estado pode executar
as políticas públicas como educação, segurança, saúde,
ciência e tecnologia; assim como pode usar o dinheiro para
a simples rolagem da dívida pública.

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O QUE É A DÍVIDA PÚBLICA
E A SUA ROLAGEM?

Quais são as maneiras do Estado arrecadar dinheiro?


Normalmente, com tributos. As pessoas pagam impostos
ao Estado, que executa as políticas públicas, fazendo a
despesa pública. Muitas vezes esses números não batem, a
despesa é maior que a arrecadação.

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Como o Estado faz para complementar? Emite e vende
títulos públicos para os vários tipos de investidores. Dessas
várias emissões de títulos públicos surge a dívida pública
- que é algo natural, todos os países têm dívida pública -
e normalmente é rolada. Quando o título vence, o Estado
emite outro para pagar o primeiro que está vencendo.

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A compra de títulos públicos é a única maneira pela qual é
possível financiar o Estado e também receber uma rentabi-
lidade. Comparando com a tributação: o imposto você paga
para o Estado; com a compra do título público, você entrega
seu dinheiro ao Estado e algum tempo depois o dinheiro é
devolvido com rentabilidade.

Antes de 2002, as pessoas não tinham como investir dire-


tamente em títulos públicos. Só era possível por meio de
intermediários, que na época eram fundos de investimen-

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tos ou fundos de pensão. Além de ter um custo adicional
- se o intermediário existe, ele vai cobrar uma taxa - muitas
vezes as pessoas também não sabiam o que o investidor
institucional fazia com o dinheiro, qual tipo de ativo ele iria
comprar. Desde 2002, com o lançamento da plataforma do
Tesouro Direto, as pessoas passaram a ter acesso à alterna-
tiva sem intermediário. Com o Tesouro Direto a pessoa não
apenas tem acesso aos títulos públicos, mas tem a grande
vantagem de montar o próprio portfólio, montar a sua car-
teira de acordo com as necessidades e objetivos.
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QUAL O OBJETIVO DO
TESOURO DIRETO?
O Tesouro Direto nasceu como uma maneira de as pesso-
as conhecerem melhor os títulos públicos. É uma maneira
não apenas de financiarem o Estado, mas também de terem
acesso direto a uma alternativa de investimento democrá-
tica e segura; e de terem a oportunidade de aumentarem o

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nível de educação financeira. Afinal de contas, ao compra-
rem títulos públicos, as pessoas montam a própria carteira
de investimentos de acordo com os sonhos e objetivos.

Se o sonho é garantir a educação do seu filho, imagine que


pretende ter recursos suficientes para pagar a faculdade
dele daqui a vinte anos. O que você pode fazer? Comece a
acumular recursos comprando um título do Tesouro Dire-
to. Vai comprando, e vinte anos depois vai receber todo o
dinheiro investido, acrescido da rentabilidade, e vai usar os
recursos para realizar o sonho.
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Quando você, investidor, em relação ao tamanho total
compra um título público, da dívida pública. O Tesouro
está ajudando o Estado a Direto auxilia na execução

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rolar a dívida pública, e tam- das políticas públicas, mas o
bém a fazer investimentos principal objetivo é a educa-
em saúde, educação, segu- ção financeira e a democra-
rança, ciência e tecnologia, tização dos investimentos;
entre várias outras políticas afinal de contas, com um
públicas. O saldo do Tesouro pouco mais de trinta reais,
Direto é de aproximadamen- qualquer pessoa pode fazer
te sessenta bilhões de reais, um investimento no Tesouro
e a dívida pública total tem Direto.
mais de cinco trilhões de
reais. Observe que o Tesou-
ro Direto é muito pequeno
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TÍTULOS
PÚBLICOS
Os títulos públicos representam a opção de investimento
mais segura que existe. São, por natureza, os ativos consi-
derados livres de risco de crédito. Os grandes investidores
e instituições financeiras compram títulos públicos como
principal ativo livre de riscos, e o Tesouro Direto fornece a

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mesma alternativa aos pequenos investidores.

Antes da existência do Tesouro Direto, os pequenos investi-


dores não tinham essa alternativa disponível e, desde a cria-
ção em 2002, têm acesso.

Nesta Finclass, vou ensinar sobre os tipos de títulos, a ma-


neira de precificá-los, a curva de rendimentos, Marcação a
Mercado, taxa Selic, e sobre tudo o que você precisa fazer
para ter um bom diferencial na hora de investir.

Meu nome é José Franco e esta é a minha Finclass.


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FUNCIONAMENTO DO
TESOURO DIRETO
A quem se destina o Tesouro Direto? A qualquer pessoa que
tenha trinta e poucos reais já pode comprar um título pú-
blico pelo Tesouro Direto, assim como grandes investidores

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que têm um milhão de reais, também podem comprar títu-
los pelo Tesouro Direto.

É uma op¢ão de investimento acessível a


qualquer tipo de investidor.

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O PRIMEIRO PASSO NO
TESOURO DIRETO
O primeiro passo é fazer o cadastro por meio de uma Ins-
tituição Financeira. O Tesouro Direto tem cerca de setenta
instituições financeiras - que podem ser bancos ou corre-
toras - que são parceiras. Você pode fazer o cadastro de

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maneira muito fácil, muitas vezes pelo próprio celular. É o
primeiro passo, algo que se faz rapidamente.

Por que precisamos desses parceiros como canal de distri-


buição? Simplesmente porque o Tesouro Nacional não é um
banco, não é uma instituição financeira. As pessoas não po-
dem ter a conta diretamente no Tesouro Nacional; a conta
precisa ser em uma corretora ou em um banco, por meio
dos quais executam os investimentos que podem ser ações,
títulos privados e títulos públicos. ed. especial

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HORÁRIO DE
FUNCIONAMENTO DO
TESOURO DIRETO
Na prática é 24/7: vinte quatro horas por dia e sete dias por
semana. Atenção, existe uma diferença entre horários de
negociação. Se você negociar o título entre 9h30 e 18h em
dias úteis, o preço que está pagando ou recebendo pelo
título é exatamente o preço praticado no mercado secun-
dário pelos grandes investidores. No entanto, se negociar
o título após as 18h ou no final de semana, o preço de liqui-

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dação será o praticado na abertura do mercado no primeiro
dia útil seguinte.

Uma inovação para 2021: quando o investidor vender o título


para o Tesouro Direto, a liquidação ocorre em D+0, no mes-
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mo dia - desde que o investidor venda o título até às 13h. A


instituição financeira receberá os recursos no mesmo dia.

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COMO FUNCIONA A
COMPRA DE TÍTULOS
PÚBLICOS
O interessante do Tesouro Direto é poder comprar o título
que quiser, de acordo com as suas disponibilidades. Você
não precisa comprar, necessariamente, o mesmo montante
todo mês. Se ao final do mês, percebe que sobrou dinheiro,

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pode comprar um título. Se quiser se antecipar, no início do
mês, você define que vai separar 20%, 30% do salário para
comprar títulos públicos.

É interessante mencionar que o título que você compra é


fungível: se comprar um título com um prazo aproximado de
dez anos e, no mês seguinte, quiser comprar o mesmo título,
é exatamente o mesmo título que já comprou no mês pas-
sado, não é um título diferente. Todos os recursos vão ven-
cer na mesma data se assim você quiser; caso não queira,
haverá outros títulos disponíveis com datas e indexadores
diferentes.
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Ao comprar o mesmo título, você está adicionando novas
unidades do ativo à sua carteira. A única diferença é que a
rentabilidade, que está contratando, pode mudar, por exem-
plo: no mês passado você comprou um Tesouro prefixado
com taxa de 7%. Se for comprar hoje, o mesmo título pode
estar com a taxa de 6% ou de 8%. É importante saber que no
extrato do Tesouro Direto, vai estar discriminado cada com-
pra efetuada e você pode, inclusive, saber qual é a taxa mé-
dia de seus investimentos.

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Uma característica interessante do Tesouro
Direto, que o diferencia dos demais títulos
públicos negociados no mercado, em geral
é o fracionamento.

Quando o investidor do Tesouro Direto compra um título pú-


blico, na realidade está comprando uma pequena fração de
uma unidade de um título público. Parece estranho, mas va-
mos pegar como exemplo o Tesouro Selic.
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O preço de um título do Tesouro Selic é de 10 mil reais, e o
pequeno investidor, muitas vezes, não tem 10 mil reais para
investir em um único título. O que o Tesouro Direto faz é fra-
cionar esses títulos. Na realidade, você está comprando 1%
do que seria uma unidade de um Tesouro Selic. Por meio do
Tesouro Direto, o investidor pode comprar um Tesouro Selic
por 100 reais; na realidade está comprando 1% de um título
público que custa 10 mil reais. É um detalhe que não vai fa-
zer muita diferença, o que importa é que você está aplican-
do 100 reais e vai receber, com o passar do tempo, esse di-
nheiro adicionado da rentabilidade que ele vai proporcionar.

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OS CUSTOS DO
TESOURO DIRETO
Quais são os custos do Tesouro direto? Não existe taxa de
administração: ao contrário de um fundo de investimento,

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quem vai fazer a gestão dos investimentos é você mesmo.
No entanto, existe a taxa de custódia, que vai relacionar o
seu CPF aos títulos. A custódia é feita atualmente pela B3, e
não pela instituição financeira. Isso acontece para sua segu-
rança, porque se, por exemplo, a instituição financeira tem
algum problema, os investimentos no Tesouro Direto estão
totalmente isolados. Os títulos ficam custodiados no nome e
CPF, na B3; isso traz segurança para o investidor.

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RENTABILIDADE DO
TESOURO DIRETO
Para toda aplicação financeira existe uma rentabilidade bru-
ta e uma rentabilidade líquida. A rentabilidade bruta é a to-
tal; a líquida é aquela com os descontos de custos, como
por exemplo, no caso do Tesouro Direto, a taxa de custódia,
e com o desconto também da tributação - a grande maioria
dos ativos financeiros vai pagar imposto de renda. Os instru-
mentos de renda fixa, em geral, têm a seguinte escala de
tributação:

Um detalhe importante é que o Imposto de Renda é ape- José Franco


nas sobre a rentabilidade do seu título, enquanto a taxa de
custódia é sobre o estoque. O estoque é o montante total
aplicado. Agora que você sabe sobre o funcionamento do
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Tesouro Direto, vamos começar a ver os tipos de títulos dis-


poníveis e a diferença entre eles.

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TESOURO SELIC
Os investidores, em geral, têm acesso a dois tipos de inves-
timentos: Renda Variável e Renda Fixa.

Os investimentos de renda variável mais conhecidos são as


ações de empresas, e os de renda fixa fazem parte de outro

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subgrupo. Os principais ativos de renda fixa são títulos pú-
blicos e títulos privados.

Por que se chama renda fixa? Porque a regra de rentabilida-


de já é definida, depende do indexador do título. Todo título
público ou todo instrumento de renda fixa tem um indexa-
dor? Geralmente sim. Esse indexador pode ser a taxa da in-
flação, a taxa Selic ou simplesmente um título prefixado.

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EXPLICANDO A
TAXA SELIC
A taxa Selic é a chamada taxa de juros básica da economia.
Ela é definida pelo Banco Central de maneira que mantenha
a inflação controlada. Um exemplo bem simples: se a taxa
de inflação está subindo, o Banco Central sobe a taxa Selic
como uma maneira de controlar a inflação.

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VOCÊ SABIA?

TAXA SELIC META

A Taxa SELIC é a Taxa SELIC META. Ela é estabelecida pelo


COPOM (Comitê de Política Monetária) a cada 45 dias.

A principal função é como ferramenta da política monetá-


ria do Banco Central. A taxa SELIC é utilizada para conter
a inflação, ou estimular a economia quando a inflação está
muito baixa. Além disso, a alíquota definida pela equipe do
COPOM tem como objetivo servir de parâmetro para as ope-
rações financeiras do mercado.
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TAXA SELIC OVER

A Selic Over é a taxa sendo executada e calculada na prá-


tica. É a média de todas as operações que utilizam a Selic
como parâmetro.

Os bancos realizam os empréstimos diários entre si e fazem


o lastreamento das operações utilizando títulos públicos. Os
bancos utilizam, como garantia de pagamento dos créditos
solicitados, os títulos do Tesouro Direto.

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Os juros cobrados pelo empréstimo se baseiam no valor da
taxa Selic executada pelo governo. Todos os valores pratica-
dos pelos bancos são calculados e a média dá resultado à
taxa Selic Over. Apesar de ser baseada na Selic Meta, sem-
pre fica um pouco abaixo dela.

RESUMINDO: Selic Over é o número real praticado no mer-


cado da taxa Selic. A taxa Selic Meta é o parâmetro uti-
lizado pelos bancos para determinar a taxa de juros dos
empréstimos diários que fazem uns aos outros.
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CARACTERÍSTICAS
DO TESOURO SELIC
●Rentabilidade:
SELIC + Prêmio (Taxa prefixada)

●Baixa volatilidade:
Menor variação no preço unitário do título

●Indicado para reserva de liquidez

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Como é definido o prêmio na rentabilidade do Tesouro Se-
lic? Pelo mercado secundário. Quando o Tesouro Nacional
emite um título pela primeira vez, emite no mercado primá-
rio. Depois disso, os títulos ganham ‘vida própria’ e vão sen-
do negociados entre os diversos investidores. É a dinâmica
entre demanda e oferta que vai determinar qual é esse prê-
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mio; no caso, estou me referindo ao prêmio do Tesouro Se-


lic, mas na prática ele vai valer para qualquer um dos títulos
públicos.

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SPREAD NO TESOURO
Uma das características do mercado secundário é o chama-
do Spread de compra e venda. Isso vale para qualquer título
público que é negociado no mercado secundário. Os vários
investidores e os chamados market makers têm um Spread
de compra e um de venda. Normalmente o preço com que
o market maker compra é menor que o preço com que ele
vende. Esse mesmo conceito de compra e venda é pratica-
do também no Tesouro Direto, e é claro que o Spread no Te-

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souro Direto tende a ser menor que o praticado no mercado.

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QUAL É A NECESSIDADE DESSE SPREAD?

O mercado secundário é dinâmico. Os negócios vão acon-


tecendo a cada momento, e o Tesouro Direto permanece
aberto durante todo o período de 9h30 às 18h; para evitar
que o Tesouro Direto fique fora do preço praticado no mer-
cado, ele também tem o Spread de compra e venda. No

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caso do Tesouro Selic, o que pode acontecer é o investidor
fazer uma compra de mil reais, no outro dia tirar um extrato e
perceber que tem um pouco menos de mil reais. Isso acon-
tece por conta do Spread de compra e venda. Entretanto, a
tendência é que, com o passar de poucos dias, o valor do
investimento, o preço do título, vá se recuperando e, com
certeza, fique acima do montante que foi investido.

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DÁ PARA PERDER
DINHEIRO NO TESOURO
SELIC?
O Tesouro Selic tem uma característica interessante: como

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a volatilidade é baixa, fica muito difícil o investidor perder
dinheiro comprando-o. É considerado a porta de entrada no
Programa Tesouro Direto. O investidor que não está acostu-
mado com os títulos públicos faz o cadastro na instituição
financeira, e o passo seguinte é comprar os títulos. Ele entra
no site e vê que tem cinco, seis, talvez sete títulos disponí-
veis para a compra - aí vem a escolha de qual título comprar.

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Uma sugestão: se você não sabe qual
título comprar, compre o Tesouro Selic. A
volatilidade é baixa e, com o passar do tempo,
você vai aprender a investir nos demais
títulos e ficar mais à vontade.

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TESOURO IPCA
Nós já vimos a diferença entre rentabilidade bruta e rentabi-
lidade líquida. Existe outra diferença muito importante que

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é a rentabilidade real e a nominal.

Ao comprar o Tesouro IPCA+, título público indexado à taxa


de inflação, você contrata uma rentabilidade real. Significa
uma rentabilidade acima da inflação, seja com cupom ou
sem.

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IMPORTÂNCIA DA
PROTEÇÃO CONTRA
INFLAÇÃO

A inflação é o aumento ge- o custo dele vai ser indexa-


neralizado dos preços. Dos do a esse índice de preços
preços de quais bens? De- do setor da construção civil.
pende do índice de preços. Existem muitos índices de

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Existem vários índices, como preço relacionados à área da
o Índice Geral de Preços - saúde, então eles levam em
Mercado (IGP-M), calculado consideração uma cesta de
pela FGV; e o Índice de Pre- bens de remédios.
ços ao Consumidor Amplo
(IPCA), calculado pelo IBGE. O IPCA é provavelmente o
Existem outros índices de índice mais importante, por-
preços, por exemplo, índices que é o utilizado pelo Ban-
de preços relacionados a co Central para o regime de
materiais da construção civil. metas de inflação do Brasil.
Normalmente, quando você
compra um imóvel na planta,
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RENTABILIDADE DO
TESOURO IPCA
A rentabilidade do Tesouro IPCA+ pode ser dividida em duas
partes:

A primeira parte é exatamente o IPCA, a variação da infla-


ção. Não sabemos antecipadamente qual é. Quando você
compra um título, por exemplo, com vencimento para daqui
a dez anos, a rentabilidade vai ser o IPCA ao longo de dez
anos.

A segunda parte é chamada rentabilidade real. Além da


variação do IPCA, você recebe também a taxa de juros real
contratada no momento da compra. Por exemplo, você en-

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trou no site do Tesouro Direto e viu que o Tesouro IPCA+ tem
uma rentabilidade de 3,5%, ao longo do período que ficar
com o título, você receberá a variação do IPCA + 3,5%, que
é justamente a taxa de juros real. Vai se proteger contra o
aumento dos preços e adicionalmente vai receber a taxa de
3,5%, por isso ela se chama taxa de juros real.

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CUPONS
Observe que existem títulos com cupom e título sem cupom.

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O QUE É CUPOM?
É uma parcela dos juros que você vai receber a cada seis

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meses caso escolha um título com cupom - chamado tam-
bém com juros semestrais. Se você preferir um título sem
cupom, sem juros semestrais, vai receber os juros do mes-
mo jeito, porém lá no final quando o título vencer, ou quando
decidir vender o título.

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COMO ESCOLHER
ENTRE UM TÍTULO COM
CUPOM E UM TÍTULO
SEM CUPOM?

Depende dos objetivos. Se ses, por exemplo, a alíquota


você não pretende usar o tributária é de 22,5%; então, o

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dinheiro que vai receber a primeiro cupom que receber,
cada seis meses, talvez seja além de ser relativamente
melhor comprar um título baixo, ainda vai ter que pa-
sem cupom, sem juros se- gar o imposto de 22,5% so-
mestrais, e receber tudo na bre aquela parcela dos juros.
data de vencimento do título. Se você não tem um objeti-
vo claro com aquele cupom,
Outro detalhe importante: o melhor é comprar um tí-
quanto maior o período que tulo sem o pagamento de
ficar com o título, menor vai cupons.
ser a alíquota de tributação.
Em um período de seis me-
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QUANDO COMPRAR O
TESOURO IPCA
O Brasil tem um grande histórico de inflação. O país já so-
freu muito com elevadas taxas de inflação, hiperinflação e,
por essa razão, o Tesouro IPCA+ é um excelente instrumento
para a aposentadoria. Na aposentadoria o objetivo é fazer
uma poupança, uma economia para usar em um futuro dis-

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tante. Ao longo de todo o período é fundamental se prote-
ger contra a inflação, e nem sempre conseguimos alternati-
vas para essa proteção.

No período em que a taxa Selic esteve em 2%, durante o


período da pandemia, por exemplo, o próprio Tesouro Selic
perdeu para a inflação. Em algum momento naquele perío-
do, a taxa Selic estava 2% e a taxa de inflação já estava ro-
dando a 3,5%, 4%. Durante esse tempo, nem todas as opções
protegeram o investidor da variação dos preços - a inflação.
ed. especial

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Uma coisa interessante: Se você entrar no Tesouro Direto,
verá que o título prefixado mais longo tem dez anos, en-
quanto o título IPCA+ mais longo tem cerca de quarenta
anos. Essa diferença existe porque, ao comprar um título
prefixado, você não necessariamente se protege contra a
inflação; então, tanto as pessoas físicas como os grandes in-
vestidores institucionais, normalmente, têm certo receio de
comprar títulos prefixados muito longos. Para comprar títu-
los muito longos, que são muito importantes para a questão

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da previdência, o Tesouro IPCA+ é a alternativa mais interes-
sante em termos de renda fixa e títulos públicos.

Lembrando que o Brasil - com todo o histórico


de infla¢ão e de hiperinfla¢ão - já lutou
muito contra a infla¢ão, e durante um período
não conseguia de forma alguma controlá-la. ed. especial

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Eu me refiro aqui à década de 1980, início da década de
1990; por exemplo, do Plano Cruzado na década de 80, em
que a ideia para controlar os preços foi o seu congelamento.
Porém, o congelamento de preços não costuma dar certo,
porque perturba a autorregulação do mercado: a demanda
e a oferta acabam não se encontrando, para todos os bens.
Ao terem os preços congelados, os produtores preferiam
não produzir. Havia um desequilíbrio entre demanda e ofer-
ta. Quando isso ocorre, a demanda fica maior que a ofer-
ta, então é natural que ocorra um aumento de preços. Com
esse choque de oferta, com a demanda mais alta que oferta,
aconteceu a restrição de oferta - os produtos tornaram-se
escassos. Lembro quando era moleque e minha mãe me
pedia para comprar leite, tinha que ir a duas padarias. Lá em
casa costumávamos consumir dois litros de leite e só era

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vendido um litro de leite, por pessoa, nas padarias.

ed. especial

Fonte: www.bcb.gov.br/controleinflacao/planoreal

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O QUE VIMOS
ATÉ AQUI?
Acabamos de ver a diferença entre um título sem cupom

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e com cupom, o que exatamente é o IPCA, de onde vem o
nome “Tesouro IPCA+”, qual é a utilidade da proteção contra
a inflação, observamos que o Tesouro IPCA+ é um excelen-
te instrumento de proteção contra a inflação e garantia da
sua economia para a aposentadoria, vimos o que é uma taxa
real e a seguir vamos ver o que é uma taxa nominal.

ed. especial

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TESOURO
PREFIXADO
A rentabilidade real é uma taxa de juros real; e agora vamos
falar do Tesouro Prefixado, que vai proporcionar uma renta-
bilidade nominal; você não necessariamente vai se prote-

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ger contra a inflação, embora, na grande maioria das vezes,
ao longo da vida do título, vai acabar se protegendo contra
a inflação também.

Por exemplo: enquanto a taxa do Tesouro IPCA+ em um de-


terminado período está em 3,5% a taxa do Tesouro Prefixado
pode estar em 7%. Lembre-se de que no Tesouro IPCA+ você
terá que somar a variação da inflação, enquanto no Tesouro
Prefixado é uma taxa nominal.
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e-B/05
Qual é melhor? Depende das expectativas em relação ao
que vai acontecer e ao que de fato acontece ao longo da
vida dos títulos. Se ao longo da vida do título houver algum
choque inflacionário, isso vai acabar comendo a rentabilida-
de do Prefixado. Seguindo o exemplo anterior:

● Rentabilidade Tesouro IPCA+ = IPCA + 3,50%

● Rentabilidade Tesouro prefixado = 7,00%

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● Expectativa de inflação (IPCA) no período = taxa prefixado
– taxa Tesouro IPCA = 7,00% - 3,50% = 3,50%

Portanto, as expectativas de inflação estão a 3,5%, que é


justamente a diferença entre os 7% da taxa Prefixada e os
3,5% da taxa real dada pelo IPCA+.

Essa é uma maneira didática e intuitiva de explicar. A conta


é um pouco mais complexa, mas o conceito é exatamente
esse. ed. especial

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DIFERENÇA ENTRE
TESOURO SELIC E
PREFIXADO

Existe a taxa Selic, aque- O Tesouro Prefixado vai dar


la determinada pelo Banco como rentabilidade uma
Central e o Tesouro Selic vai taxa nominal prefixada, in-

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render exatamente aquela dependentemente do que
taxa, independentemente do acontecer com a taxa de ju-
nível da taxa. Por exemplo, se ros, a rentabilidade que você
a taxa Selic estiver em 3,5% contratou vai continuar sen-
e o Banco Central aumentar do a mesma. Se comprou o
para 4,5%, automaticamente título com a taxa nominal de
a rentabilidade também vai 7%, ao longo da vida do título
aumentar seguindo a taxa até o vencimento, irá receber
Selic. Ela é uma taxa flutuan- exatamente a rentabilidade
te. nominal de 7%.
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O RISCO DO TESOURO
PREFIXADO
O principal risco do tesouro prefixado é a inflação. Se a infla-
ção nesse período for maior do que aquela inicialmente es-
perada, você vai acabar tendo uma rentabilidade real menor;
por outro lado, se ao longo do período do título houver algum
choque inflacionário negativo, a inflação for menor do que a
esperada quando contratou a rentabilidade, você vai acabar
recebendo uma rentabilidade real maior do que aquela es-
perada inicialmente.

José Franco
A inflação na memória dos brasileiros é tão grande que tem
um fato interessante: o Tesouro Nacional, até 2004, 2005,
emitia títulos prefixados no mercado em geral, não para o Te-
souro Direto. O título prefixado mais longo era de cinco anos.
Em 2006, o Tesouro Nacional emitiu seu primeiro título prefi-
xado em reais no mercado internacional; os investidores ins-
titucionais estrangeiros tiveram mais confiança de comprar
um título prefixado em reais do que os próprios investidores
locais. Isso aconteceu porque, em 2006, quando houve a pri-
meira emissão de um título de dez anos para investidores
institucionais, o brasileiro ainda tinha a mentalidade de infla-
ção na cabeça, sendo que desde 1994 a inflação estava sob
ed. especial

controle - com exceção de algum período específico, mas a


inflação que existe são choques inflacionários ou uma infla-
ção decorrente de uma política econômica inadequada.

41
e-B/05
O QUE VIMOS
ATÉ AQUI?
Como vimos, o Tesouro Prefixado garante uma rentabilidade
nominal, garante previsibilidade em termos nominais. Você
estará sujeito a algum risco de inflação, e na hora de contra-
tar o título, não sabe qual vai ser a inflação; mas será remu-
nerado por esse risco.

Normalmente, o Tesouro Prefixado vai ter um prêmio em re-


lação ao Tesouro IPCA+, e o prêmio é justamente em decor-

José Franco
rência da incerteza quanto à inflação futura. Quanto maior
o prazo do título, maior vai ser a taxa, justamente porque
você vai querer uma remuneração adicional pela incerteza
adicional que terá por ficar com o título por mais tempo.

Já mencionei o Tesouro Selic e Taxa Selic, o Tesouro IPCA+ e


IPCA, que é um índice de inflação, e o Tesouro Prefixado, que
é uma taxa de juros nominal prefixada como o próprio nome
diz. Agora vamos juntar essas três variáveis de uma forma
muito simples e vamos falar da Curva de Rendimentos.

Você não vai encontrar o material a seguir, de maneira tão


didática assim, seja nos livros, seja na internet.
ed. especial

42
e-B/05
REGIME DE METAS DE
INFLAÇÃO E A SELIC
A taxa Selic é determinada pelo Banco Central. Com base
em que? O regime monetário no Brasil é de metas de in-
flação, significa que o objetivo do Banco Central é manter
a inflação dentro do intervalo da meta; e o instrumento do
Banco Central para fazer isso é justamente a Taxa Selic.

Vamos fazer uma analogia: se você tem uma meta de eco-


nomizar 20% do salário por mês, qual é a variável instrumen-
tal? São os gastos, então você vai adequar os gastos para

José Franco
cumprir a meta. O Banco Central faz algo semelhante: se
ele tem uma meta de inflação, ele vai ajustando a taxa Selic
para atingir a meta.

Qual a relação entre a taxa Selic e a inflação; qual é o canal


de transmissão?

Quando a inflação começa a ficar muito alta, existem al-


gumas causas, que podem ser variadas. Por exemplo: uma
inflação de demanda (quando a demanda, em geral, está
maior do que a oferta) é a chamada demanda agregada e
oferta agregada. As pessoas estão consumindo mais, o in-
vestimento está muito alto e o lado da oferta não reage tão
ed. especial

rapidamente; com isso, os preços tendem a subir. Essa pode


ser uma das causas da inflação.

43
e-B/05
LEI DE OFERTA x DEMANDA

José Franco
Oferta é a quantidade de um produto ou serviço disponível
para compra. Demanda é a quantidade de produtos ou ser-
viços que os consumidores estão dispostos a comprar.

Quando a demanda é maior do que a oferta, os preços dos


produtos tendem a subir, já que os consumidores se dis-
põem a pagar mais para obter um determinado item. Por
outro lado, quando a oferta é maior do que a demanda, os
preços tendem a cair.
ed. especial

44
e-B/05
EXEMPLO: durante o início da pandemia começou uma in-
tensa procura por álcool em gel. Como a oferta de álcool
em gel era para uma demanda menor, com o aumento da
demanda, naturalmente os preços começaram a subir.

José Franco
Como os preços aumentaram, novos fornecedores de álcool
em gel surgiram no mercado, o que fez a oferta aumentar.
Com o aumento da oferta e a demanda estabilizada, houve
um ajuste nos preços do álcool em gel novamente.

ed. especial

45
e-B/05
RELAÇÃO ENTRE
CÂMBIO E INFLAÇÃO
A taxa de câmbio é a relação entre duas moedas. Digamos
que 5 reais equivalem a 1 dólar. Com 5 reais você compra,
por exemplo, uma cerveja e com 1 dólar você também com-
pra uma cerveja; a relação entre eles é basicamente a mes-

José Franco
ma. No entanto, se o real perde valor em relação ao dólar,
também vai perder valor em relação à cerveja; e, nesse caso,
você não vai mais poder comprar 1 dólar com 5 reais, você
vai precisar de mais reais. Mantendo a relação com as outras
variáveis, também vai precisar de mais de 5 reais para com-
prar uma cerveja. A desvalorização cambial, o aumento da
taxa de câmbio representa uma perda no valor da moeda.
Seja em relação ao dólar ou aos demais bens como aqui, no
caso, a cerveja.
ed. especial

46
e-B/05
Se a inflação está acima da meta, ou as expectativas de in-
flação estão acima da meta, o Banco Central deve agir para
que a inflação caia ou a expectativa caia, usando como ins-
trumento a taxa Selic. Nesse caso, aumenta a taxa Selic;
com isso, o crédito tende a ficar mais caro - seja o crédito
para investimento ou para consumo - então o consumo ten-
de a diminuir.

José Franco
Ao diminuir o consumo, o equilíbrio entre
demanda e oferta faz com que os pre¢os caiam e
a infla¢ão volte a convergir para a meta.

No caso contrário, se a inflação está tendendo a ficar abaixo


da meta, o Banco Central reduz a taxa Selic. Ao fazer isso,
estimula a economia; as pessoas vão consumir mais, as em-
presas vão investir mais e o nível de preços tende a aumen-
tar um pouquinho em direção à meta. ed. especial

47
e-B/05
CURVA DE JUROS
Vamos falar agora da curva de juros prefixada. A taxa Selic
é o ponto inicial da curva, é o primeiro ponto. Os seguintes
pontos: três meses, seis meses, um ano, dois anos na ponta
curta da curva, vão refletir expectativas em relação à traje-
tória da Selic. Se o mercado em geral tem a expectativa de
que o Banco Central vai subir a taxa Selic, então, natural-
mente, a parte curta da curva vai ficar mais inclinada; essa é
uma maneira de pensar. Outra maneira: a taxa de juros é o
seu benefício por correr algum risco em relação à inflação,
então, quanto maior o prazo do título, no caso do prefixado,
maior o risco de qualquer tipo de surpresa inflacionária - e
você vai querer ser remunerado por isso. Então, é natural
que a curva de juros tenha o comportamento positivamente

José Franco
inclinado, as taxas de juros mais longas são mais altas que
as taxas de juros mais curtas.

ed. especial

48
e-B/05
O formato crescente é aquele tradicional da curva de juros.
Ela também é chamada de Estrutura a Termo da Taxa de
Juros, mas existem outros formatos possíveis. Por exemplo,
se o Mercado em geral tem expectativas de que o Banco
Central vai reduzir a taxa Selic, como aconteceu em 2016,
a curva vai ficar negativamente inclinada; desse modo, as
taxas de juros um pouco mais longas podem ficar abaixo da
taxa Selic. Isso é contraintuitivo, muitas vezes a pessoa pode

José Franco
pensar o seguinte: se a taxa Selic está 10% e o prefixado de
dois anos está a 9%, por que eu compraria um título com a
taxa de 8% se hoje posso comprar um Tesouro Selic com
taxa de 10%?

A questão é que, muito provavelmente, a Selic vai cair ao


longo do tempo e esses 8%, que estão precificados na cur-
va, podem se tornar uma rentabilidade bastante interessan-
te em relação à taxa Selic.
ed. especial

49
e-B/05
Assim como existe uma curva de juros nominal, aquela for-
mada pelo Tesouro Prefixado, existe também uma curva de
juros real, que é formada pelos títulos IPCA+. A curva nomi-
nal vai estar acima da curva real. A rentabilidade nominal,
geralmente, é maior que a rentabilidade real; essa é uma
regra, sobretudo no Brasil. A diferença entre as duas curvas
é justamente a expectativa de inflação.

José Franco
ed. especial

50
e-B/05
Outra maneira de ver qual é a expectativa de inflação do
mercado é pelo site do Banco Central. Entre no site e pes-
quise por ”Pesquisa Focus”, que são as expectativas sobre
variáveis econômicas - inflação, taxa de juros, crescimento
do PIB - dos próprios participantes do mercado, os econo-
mistas dos bancos, fundos de investimento e instituições fi-
nanceiras. Esses economistas vão falar para o Banco Central
quais são as suas expectativas, o Banco Central faz um tra-
tamento estatístico e publica para que a própria expectativa
de inflação seja uma variável transparente para as pessoas.
Você pode sempre comparar a expectativa de inflação pela
“Pesquisa Focus” com a expectativa de inflação implícita nas
taxas dos títulos públicos, aquela que está implícita na dife-
rença entre as taxas do título prefixado e do título do Tesou-
ro IPCA+.

Por exemplo: se o Tesouro Prefixado estiver com uma taxa

José Franco
de 8% e o Tesouro IPCA+ com uma taxa de 3% para prazos
semelhantes, a expectativa de inflação seria 5%, a diferença
entre elas.

ed. especial

51
e-B/05
A curva de rendimentos reflete as expectativas dos vários
agentes econômicos em relação aos fundamentos da eco-
nomia, a situação fiscal do país, a própria inflação, o cres-
cimento do PIB, entre outros fatores. Quanto melhores os
fundamentos da economia, menos inclinada é a curva de
juros; quanto piores os fundamentos da economia, mais
inclinada será a curva de juros. Isso acontece porque, ao
comprar um título prefixado, você está garantindo uma taxa
nominal que é elevada, mas está sujeita a alguns riscos - e
vai querer ser remunerado por eles. Se os fundamentos da
economia não são bons, a curva vai ficar bastante inclinada
e você vai querer ser remunerado por assumir esse tipo de
risco.

José Franco
Por exemplo, se os agentes possuem expectativas de que a
inflação vai aumentar, é natural que a taxa de juros nominal
também aumente, afetando assim o formato da curva de ju-
ros. Por outro lado, se existe a expectativa de que reformas
estruturais serão aprovadas, que haverá melhorias na situa-
ção fiscal do país, a inflação vai se reduzir; então a curva da
taxa de juros vai se deslocar para baixo.

É importante ter em mente que a taxa de juros não é única,


não é apenas a taxa Selic. Existe uma curva de juros que
nada mais é do que várias taxas de juros para vários prazos
distintos. Isso vale tanto para a curva nominal do Tesouro
ed. especial

Prefixado, quanto para a curva real do Tesouro IPCA+.

52
e-B/05
IMPACTO DAS
EXPECTATIVAS NO
TESOURO DIRETO
Vamos falar mais um pouco taxas para que você efetue
das expectativas dos agen- o negócio em linha com os
tes. Quando digo que os preços e com as taxas prati-
agentes têm uma expectati- cadas no mercado secundá-
va de aumento da inflação e rio. É por isso que, algumas
as taxas de juros aumentam, vezes, ao tentar comprar o

José Franco
esses agentes não são ne- título, recebemos uma men-
cessariamente os investido- sagem dizendo “taxas e pre-
res do Tesouro Direto como ços em atualização”. Isso
você, porém as taxas que acontece porque as taxas de
encontra lá no site do Te- mercado variaram muito e a
souro Direto vão refletir tudo equipe do Tesouro Nacional,
isso. percebendo o movimento,
travam as negociações por
No Tesouro Nacional tem um pequeno intervalo de
uma equipe que observa o tempo para esperar as taxas
mercado e monitora todos de mercado se estabilizarem
os negócios que aconte- e poderem disponibilizar o
cem com os títulos públi- novo patamar de taxa para
ed. especial

cos no mercado secundário investir, comprar ou vender


em tempo real. Eles olham os títulos públicos no Tesou-
as variações das taxas e vão ro Direto.
disponibilizar exatamente as

53
e-B/05
O QUE VIMOS
ATÉ AQUI?

Vimos aqui que a curva de juros nada mais é que uma taxa
de juros para diferentes momentos do tempo. O ponto ini-
cial da curva é a taxa Selic. A parte curta da curva, equiva-
lente a um ano, talvez dois anos, vai refletir expectativas em
relação à taxa Selic. A parte mais longa da curva reflete
a dinâmica de mercado, os fatores técnicos de mercado e
principalmente os fundamentos da economia.

José Franco
Observamos aqui a taxa Selic, a sua relação com a inflação,
a taxa prefixada, a curva prefixada, os riscos que você está
assumindo, sobretudo em relação a eventuais surpresas in-
flacionárias; e quando digo surpresa são para os dois lados,
o positivo e o negativo. Cada instrumento de renda fixa, cada
título público ou privado tem as suas características especí-
ficas, que vão ser traduzidas em determinados tipos de ris-
cos. Em seguida, veremos quais tipos de riscos o investidor
ed. especial

está assumindo ao comprar cada tipo de título.

54
e-B/05
O QUE É MARCAÇÃO
A MERCADO?

O Tesouro Nacional emite os títulos em leilão e vários agen-


tes os compram. Depois disso, eles ganham ‘vida própria’ e
são livremente negociados no mercado secundário. A qual
preço e a qual taxa serão negociados, depende das condi-
ções de mercado e de tudo o de que já falamos: fundamen-
tos macroeconômicos, inflação, expectativas dos agentes,
entre outros.

O que é interessante saber em relação a Marcação a Mer-


cado: depois que você compra o título no Tesouro Direto e
entra para ver o extrato, o título vai estar com um preço dife-

José Franco
rente do que você comprou; e com uma taxa diferente - na
maioria das vezes - e essa taxa vem do mercado secundário.
Como disse, a equipe do Tesouro Nacional observa as nego-
ciações no mercado secundário e coloca no site do Tesouro
Direto as taxas praticadas para que você tenha uma ideia do
valor atualizado da aplicação financeira.

A taxa contratada na hora de comprar o


título vale se você mantiver o título até o
vencimento. Se por alguma razão você decidir
vender antes, o Tesouro Direto vai comprar
ed. especial

o seu título, mas vai pagar pelo título


exatamente o pre¢o e a taxa praticados no
mercado secundário.

55
e-B/05
RELAÇÃO ENTRE TAXA
E PREÇO DO TÍTULO
Temos falado do preço e da taxa do título, e agora vamos
entender a relação entre eles. Prefiro falar sobre a taxa, por-
que a taxa fica mais fácil de materializar. Sabemos qual é a

José Franco
Taxa Selic, por exemplo, que é considerado o custo de opor-
tunidade; então, você vai querer receber pelo menos a Taxa
Selic. Quando falamos em preço, acabamos perdendo um
pouco a noção: 700, 900 reais é muito ou é pouco? O prin-
cipal parâmetro acaba sendo a taxa de juros, porque é isso
que você vai querer saber, e é isso que importa no final das
contas.

ed. especial

56
e-B/05
QUAL É A RELAÇÃO ENTRE A TAXA E O PREÇO?

Vamos pensar em um exemplo hipotético: Tesouro Prefixa-


do, sem pagamento de cupom, vai ser sempre 1.000,00 re-
ais no vencimento. Quando o título vencer você vai receber
1.000,00 reais, e o quanto você vai pagar hoje vai depender
da taxa do título que estiver contratando. Vamos supor uma
taxa de 10%, se daqui a um ano você for receber 1.000,00
reais e a taxa for de 10%, isso quer dizer que o preço do título
hoje vai ser de 909,09 reais.

José Franco
ed. especial

57
e-B/05
Importante observar que existe uma relação inversa entre
preço e taxa (taxa aumenta, preço do título diminui). Diga-
mos que o título que comprou a 10%, e por alguma razão, a
taxa sobe a 15% - isso é uma variação muito grande, dificil-
mente vai acontecer na prática, é um exemplo hipotético.
Você comprou a 10% e pagou 909,09 reais, e por alguma ra-
zão a taxa subiu para 15%; o preço inicial passou para 869,56
reais, nesse caso, teoricamente você perdeu dinheiro.

José Franco
ed. especial

58
e-B/05
Agora vamos pensar na situação inversa, você comprou o
título a 10% e poucos dias depois, por alguma razão a taxa
caiu para 5%, então o preço inicial de 910,00 reais, passou
para 950,00, você teve um ganho imediato na compra do
título.

José Franco
Esses são apenas exemplos hipotéticos para fixar que existe
sempre uma relação inversa entre o preço e a taxa do títu-
lo. Podemos demonstrar por um gráfico simétrico: sempre
que a taxa aumenta, o preço do título cai; e, analogamente,
quando a taxa cai, o preço aumenta. O que vai determinar
se está ganhando ou perdendo dinheiro com a aplicação fi-
nanceira é justamente a variação do preço; e a variação do
preço decorre de uma variação da taxa; que por sua vez de-
ed. especial

corre de vários fatores, como já vimos anteriormente.

59
e-B/05
Para ilustrar a relação inversa entre o preço e a taxa do título,
trouxe um exemplo: Trata-se de um título real, com preços e
taxas históricos e um título ao longo do tempo. O preço está
em preto e a taxa está em verde.

José Franco
ed. especial

60
e-B/05
Para ilustrarmos um pouco o risco que o investidor está cor-
rendo ao comprar esse título, observem o que aconteceu,
por exemplo, em 2015: os fundamentos da economia pio-
raram bastante. Ficou muito claro que o Brasil tinha um pro-
blema fiscal estrutural. O Brasil perdeu o chamado Grau de
Investimento, e a consequência foi o aumento demasiado
da taxa. Quando isso aconteceu, o preço caiu.

Quais são as alternativas? Vários investidores acabam fican-


do preocupados porque percebem o preço do título caindo e
começam a querer vender, porque não querem perder mais
dinheiro; mas nessa situação seria recomendado ‘segurar
a onda’, porque provavelmente vai passar. Foi justamente o

José Franco
que aconteceu: quando a situação melhora, as taxas voltam
a cair e o preço do título se recupera.

Se, por alguma razão, quiser vender o título naquele momen-


to, vai vender o título provavelmente com algum prejuízo.
Por outro lado, é uma situação interessante para quem não
está aplicando ainda. Se você tem uma reserva de liquidez
é um bom momento para efetuar a compra de títulos públi-
cos. Se a taxa sofre uma variação muito grande em um dia
ou dois dias, em geral é uma boa oportunidade de compras,
desde que a situação volte à normalidade. Mas reconheço
que naquele momento de tensão, as incertezas são muito
grandes. Lembre-se do que eu disse, a taxa vai refletir a
ed. especial

sua recompensa pelo risco que está assumindo.

61
e-B/05
Em 2019, houve a aprovação
da Reforma da Previdência e
isso quer dizer que a situação
fiscal do Brasil tinha uma ex-
A situação oposta também pectativa grande de melhora
pode acontecer. Nesse mes- com o tempo. A Reforma da
mo gráfico, tem uma situa- Previdência trouxe uma eco-
ção positiva que aconteceu nomia para os cofres públi-
em 2019, que foi a aprovação cos de aproximadamente oi-
da Reforma da Previdência. tocentos bilhões de reais ao

José Franco
longo do tempo. Os agentes
O que a reforma da previ- trazem isso ao valor presen-
dência tem a ver com o títu- te, a situação melhorou mui-
lo do Tesouro Direto ou com to e, quando isso acontece,
os seus investimentos? Os a taxa de juros cai, em geral
fundamentos macroeconô- os preços das ações aumen-
micos são importantíssimos, tam, e a performance dos in-
quanto melhores forem, me- vestimentos melhora.
lhor será a performance dos
seus investimentos, seja ren-
da fixa, seja renda variável.
ed. especial

62
e-B/05
MARCAÇÃO
PELA CURVA

Outro termo muito comum é a Marcação por Curva. Já fala-


mos do que é a Marcação a Mercado, que é simplesmente
a atualização do preço do título em tempo real; a cada dia,
atualiza-se o preço do título de acordo com a dinâmica do

José Franco
mercado secundário.

A Marcação pela Curva é uma precificação hipotética, su-


pondo que a taxa do título que você contratou permanece
igual, permanece sempre a mesma; então, no caso do Te-
souro Direto Prefixado, sem pagamento de cupom (sem ju-
ros semestrais), você sabe que lá na data de vencimento do
título, o preço vai ser 1.000,00 reais; e sabe também o preço
que contratou. O que você não sabe é o preço do mercado
secundário, que vai depender das condições de mercado e
da dinâmica do mercado secundário.
ed. especial

63
e-B/05
Então, de acordo com a Marcação pela Curva, vai ser uma
linha reta. Se você comprou o título por 800,00 reais, por
exemplo, vai ser uma relação linear até o 1.000,00. Você pa-
gou 800,00 reais e ele vai chegar a 1.000,00; porém, é uma
relação teórica, porque, na prática, vai ter uma certa volati-
lidade. A taxa que contratou não vai permanecer fixa, a taxa
de mercado pode aumentar ou diminuir. Se a taxa aumen-
tar, o preço do título vai ficar abaixo do preço pela Marcação
pela Curva, se a taxa diminuir o preço vai ficar acima desse
preço hipotético dado pela Marcação pela Curva.

José Franco
ed. especial

64
e-B/05
DURATION
É outro conceito importantíssimo. Já falamos que existe uma
relação inversa entre preço e taxa do título, mas como se dá
essa relação? É uma relação de sensibilidade, uma variação
na taxa vai sensibilizar o preço; e essa sensibilidade é direta-
mente proporcional ao tamanho do prazo do título. O nome

José Franco
técnico é Duration.

Quanto maior o prazo do título, maior vai ser a Duration, maior


será a sensibilidade do preço a variações na taxa de juros
do título. Em outras palavras, quanto mais longo o prazo de
vencimento do título, mais você vai ganhar dinheiro se a taxa
de juros praticada no mercado secundário diminuir. Por ou-
tro lado, quanto mais longo o prazo do título, mais você vai
perder dinheiro se a taxa do título aumentar.
ed. especial

65
e-B/05
Um exemplo para resumir: dois títulos semelhantes, sejam
dois títulos prefixados ou dois títulos IPCA+. Quanto maior o
prazo, maior a Duration; e quanto maior o prazo, mais risco
você está correndo (PRAZO = DURATION = RISCO). O concei-
to de risco pode ter uma conotação negativa, mas, na reali-
dade, risco é uma incerteza e vale para os dois lados: se por
um lado você pode perder mais, por outro lado pode ganhar
mais. Lembrando sempre que uma outra relação inexorá-
vel em finanças é aquela entre risco e retorno. Quanto mais
longo o prazo do título, maior o risco e maior é o retorno es-
perado do investimento. Essa é uma das razões pelas quais

José Franco
um título mais longo, em geral, oferece uma rentabilidade
ex-ante, de partida, maior do que a rentabilidade de um títu-
lo um pouco mais curto.

ed. especial

66
e-B/05
José Franco
Todo título que tem uma taxa prefixada ou uma parcela pre-
fixada vai ter algum tipo de Duration, tendo, assim, algum
tipo de risco.

Em geral, o título prefixado para o mesmo prazo vai ter um


risco maior do que um Tesouro IPCA+, porque a parcela pre-
fixada é maior. Lembrando que o Tesouro IPCA+ tem uma
parte flutuante que é o IPCA, não sabemos qual é, temos
uma expectativa; e tem uma parte de juros real (prefixada).
Sobre a parte de juros real, você vai correr também um risco
de mercado.
ed. especial

67
e-B/05
E o Tesouro Selic? O Tesouro Selic, afinal de contas, o mais
recomendado para reserva de liquidez, qual é o risco que o
investidor está correndo? Tem algum risco também, mas é
um risco muito pequeno. O Tesouro Selic também tem uma
pequena parcela prefixada, que pode causar algum tipo de
volatilidade, uma variação no preço decorrente de uma va-
riação na taxa. Isso aconteceu, por exemplo, no Tesouro Se-
lic, em 2020, quando, em decorrência da crise gerada pela
pandemia, os preços de todos os títulos, praticamente, as-
sim como as taxas, se ajustaram no mercado e essa parcela
prefixada do Tesouro Selic aumentou, e assim o preço do
título Tesouro Selic caiu.

José Franco
ed. especial

68
e-B/05
É importante ressaltar que, se mantiver o investimento até o
vencimento do título, vai receber exatamente aquela renta-
bilidade contratada no início da compra. O grande risco que
existe é que o comportamento natural de muitas pessoas é,
ao perceber que houve alguma volatilidade, se perdeu di-
nheiro, sai vendendo e vai vender muitas vezes na hora er-
rada.

José Franco
O ideal é realmente segurar a onda porque,
em geral, a volatilidade passa e os pre¢os
acabam se recuperando; e no vencimento você
vai ter exatamente aquilo que foi contratado.

ed. especial

69
e-B/05
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Por outro lado, se você qui-
ser realizar o lucro para fazer
A Marcação a Mercado pode outro tipo de investimen-
ser tanto positiva quanto ne- to, pense o seguinte: a taxa
gativa para o detentor do tí- de juros em geral vai estar
tulo. Vamos pensar no caso mais baixa. Aquele investi-
da Marcação a Mercado po- mento que contratou a 10%,
sitiva, um exemplo hipoté- se vender hoje para reinves-
tico também: um investidor tir o custo de oportunidade,

José Franco
contratou uma rentabilida- vai ser 7%. Dificilmente, vai
de de 7%, viu na Marcação encontrar alguma alternati-
a Mercado que a taxa caiu va de investimento no mun-
para 5%, o detentor do título do de renda fixa tão atrativa
está tendo um ganho. O que quanto aqueles 10%, que já
fazer nesse caso? O compor- tem. Então, se você não tem
tamento natural é vender o a necessidade de vender o
título e realizar um ganho, título para comprar algum
mas pense no que vai fazer bem, para realizar o seu so-
com o dinheiro depois. Se nho, o melhor a fazer é dei-
tem a expectativa de con- xar. Porque está mantendo
sumir alguma coisa de fato, uma rentabilidade muito boa
é um bom momento, porque comparada com os níveis de
ed. especial

vai realizar esse lucro. rentabilidade atuais.

70
e-B/05
RISCO DE CRÉDITO
DO TESOURO

José Franco
Vamos falar, agora, dos riscos de qualquer investimento em
geral e claramente com foco no Tesouro Direto.

Em geral, qualquer tipo de investimento está sujeito a al-


guns tipos de riscos e vamos tentar diferenciá-los.

ed. especial

71
e-B/05
O QUE É RISCOS
DE LIQUIDEZ?
Suponhamos que você tenha um ativo e quando for vender,
não vai encontrar um comprador facilmente. É um ativo pou-
co líquido, então fatalmente o preço vai acabar se reduzindo
pela falta de liquidez ou baixa liquidez.

José Franco
Um exemplo claro: uma cobertura, um imóvel, normalmente
tem uma liquidez muito menor do que um flat. Um flat, por
ser menor, é mais barato; as pessoas acabam negociando
mais. Já a cobertura é mais cara, então não é qualquer um
que compra esse tipo de ativo.

Com ativos financeiros é a mesma coisa. No caso do Tesou-


ro Direto, o risco de liquidez não existe porque o próprio
Tesouro Direto se disponibiliza a recomprar, diariamente,
pelo preço praticado no mercado secundário. Então o Te-
souro Direto não tem risco de liquidez.
ed. especial

72
e-B/05
RISCO DE MERCADO
Risco de mercado, aquilo de que nós já falamos, a própria
Marcação a Mercado, o nome já diz, é um risco de mercado.

Você contrata certa rentabilidade, mantém o título até o


vencimento, e a rentabilidade será exatamente aquela. Po-
rém, se decidir vender, por alguma razão, ao longo da vida
do título, estará sujeito a variações de Mercado. O preço do
título, nesse caso, pode ser maior ou menor do que aquele
contratado. Em alguns casos pode ter alguma perda, e em

José Franco
outros, algum ganho acima daquele projetado.

ed. especial

73
e-B/05
RISCO DE CRÉDITO

O principal tipo de risco talvez seja o risco de crédito. O que


é exatamente o risco de crédito? É a qualidade de crédito do
emissor do título. No caso do Tesouro Nacional, o risco de
crédito também é muito baixo. Vou fazer uma comparação
aqui com algumas situações: no mundo da renda fixa você
pode comprar um título público ou um título privado. O pri-
vado é um título de uma empresa, em geral a rentabilidade
dos títulos de qualquer empresa vai ser superior à rentabi-
lidade do Tesouro Direto. Isso acontece porque o risco de

José Franco
crédito de uma empresa, qualquer que seja ela, é maior do
que o risco de crédito do Tesouro Nacional. Existe um termo
que é o ativo livre de risco.

Em cada país o título emitido pelo governo é considerado


um ativo livre de risco.

Um exemplo interessante do risco de crédito é o que acon-


tece com o FGC (Fundo de Garantia ao Crédito). Os bancos,
em geral, captam recursos, emitem títulos por meio de um
instrumento chamado CDB (Certificado de Depósito Bancá-
rio). Se o banco quebrar, esse instrumento CDB está garan-
tido pelo FGC.
ed. especial

74
e-B/05
O Tesouro Direto não tem garantia do FGC, mas é porque
não é necessário. Se você analisar a carteira do FGC, vai en-
contrar, principalmente, ativos de títulos públicos. Se o ban-
co quebrar, tem o título público que é por natureza o instru-
mento financeiro livre de riscos; e ele vai vender os títulos
no mercado para honrar os compromissos e fazer a garantia
aos compradores do CDB.

RESUMINDO: o Tesouro Direto não precisa do FGC, porque


o Tesouro Nacional já é a garantia do Tesouro Direto. O seu
investimento vai ser sempre remunerado e você vai sempre
receber aquilo que lhe cabe, na data de vencimento do tí-
tulo, ou se decidir vender ao longo do período - lembrando

José Franco
que ao longo do período, está sujeito ao risco de mercado,
mas o risco de crédito é basicamente nulo.

ed. especial

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Vamos analisar uma situação hipotética em que o Estado
brasileiro está em uma situação gravíssima. A situação fiscal
não melhora, os fundamentos macroeconômicos estão bas-
tante deteriorados, a taxa de câmbio vai estar muito pres-
sionada, o real vai perder valor em relação ao dólar e em
relação às outras moedas, vai ter muita inflação. Pensando
nos ativos do Tesouro Direto:

TESOURO IPCA+

José Franco
O IPCA+ tem uma parcela indexada à inflação, então essa
parcela está relativamente protegida.

TESOURO SELIC

Nesse cenário hipotético de ruptura, que dificilmente vai


acontecer no nosso país, o real vai estar tão depreciado, que
o Banco Central vai ter que subir muito a taxa Selic, então o

Tesouro Selic, nesse cenário, também vai estar relativamen-


te protegido.
ed. especial

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e-B/05
TESOURO PREFIXADO

Nesse cenário você ainda vai receber o dinheiro, mas lem-


bre-se de que, ao contratar a taxa prefixada, está sujeito ao
risco de inflação; então, na prática vai receber o dinheiro, só
que ele vai valer menos. Justamente porque a inflação vai
ser tão alta que, de certa maneira, vai ‘comer’ a rentabilida-
de, o valor real do seu investimento.

José Franco
Esse último cenário que analisamos é
hipotético, são casos extremos, em que o
povo brasileiro já aprendeu com os erros
do passado. Os fundamentos da Economia
Brasileira estão muito mais sólidos do
que eram vinte ou trinta anos atrás; e são
situa¢ões hipotéticas que, tenho certeza, não
ocorrerão novamente no Brasil. ed. especial

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e-B/05
CONCLUSÃO
Nesta Finclass vimos um pouco do funcionamento do Te-
souro Direto, quais são os títulos disponíveis, os instrumen-
tos disponíveis, as características de cada um, os tipos de
riscos inerentes, a relação entre a rentabilidade dos títulos e
as variáveis macroeconômicas.

Acho importante ressaltar que títulos públicos são um ins-


trumento importantíssimo para ter na carteira, mas é claro
que não são os únicos. Eles acabam funcionando muito bem
como a porta de entrada. Fazendo uma analogia, pense em
uma casa: o título público é a fundação, é o cimento. É claro

José Franco
que, com uma base sólida, você vai adicionando outros ins-
trumentos, vai ficando exposto a outros tipos de riscos. No
mundo de renda fixa existem os títulos privados; no mundo
de renda variável, as ações; cada um com as suas peculia-
ridades.

Título público é um instrumento fundamental para ter na


carteira, mas não é único; é importante diversificar não ape-
nas entre os diversos títulos públicos, mas também entre os
variados instrumentos financeiros.

Espero que eu tenha ajudado a construir a base da sua


carteira de investimentos. Meu nome é José Franco e esta
foi a minha Finclass.
ed. especial

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