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Thiago Nigro como montar uma carteira de investimentos focada em
dividendos para receber todos os meses um “segundo salário” em sua conta.

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DIVIDENDOS COM AÇÕES E SEU
SEGUNDO SALÁRIO
Qual é a principal crítica de quem não gosta de investir com foco em
dividendos? Em uma busca na internet, o que mais se vê é a reclamação de que
o dividendo que cai na conta do investidor é baixo.

O caso clássico para descer o malho nos dividendos é o da Itaúsa, que nos
últimos anos andou pagando dividendos de 2 centavos por ação em alguns
trimestres.
Mal sai o comunicado dos dividendos de 2 centavos e as redes sociais já ficam
repletas de memes dizendo que isso é mixaria, além dos comentários de
sempre: que ninguém vai ficar rico recebendo dividendos e que isso só funciona
com bilionário.

Como piada, até que alguns desses posts ficaram engraçados e devem ter
rendido alguns cliques para o autor. A criatividade do brasileiro para criar
memes – e construir versões para tudo – tem que ser reconhecida.

Agora, ao trabalhar com educação financeira, é preciso (por obrigação) separar


narrativas de realidade e impedir que você tome decisões erradas, com base
em visões distorcidas.

Thiago Nigro diz estar convicto da relevância dos dividendos no processo de


construção de patrimônio de qualquer investidor – e diz que pode provar. Mas
pede que, para isso, você aprimore sua forma de pensar.

A proposta é que, primeiro, você divida sua renda em duas partes: o dinheiro do
presente e o dinheiro do futuro.

O dinheiro do presente é o dinheiro que você usa para pagar suas contas a
cada mês. E o dinheiro do futuro é o que você guarda ou para realizar um sonho
como a compra de uma casa, um carro ou uma viagem. Ou para ter uma
aposentadoria confortável e deixar algo para seus familiares.

Segue um exemplo para ficar mais claro.

Imagine que você ganha R$ 5.000 por mês. E você gasta R$ 4.500 por mês
para arcar com todas suas contas, como alimentação, moradia, saúde, lazer.
Isso quer dizer que seu dinheiro do presente são R$ 4.500 por mês. E os R$ 500
que sobram são seu dinheiro do futuro, que é a grana que você vai investir.

O plano é que, como investidor, a partir de hoje, você só pense em termos de


dinheiro do futuro – porque o dinheiro do presente desaparece em até 30 dias
de qualquer forma.

A pergunta que você tem que fazer é a seguinte: quanto meu eu do futuro
ganha por mês? A resposta: R$ 500.

Seu eu do futuro não ganha R$ 5.000, como talvez você ache hoje. Porque R$
4.500 não existem para seu eu do futuro.

O dinheiro do presente é o que você gasta – e você não deve considerar esse
valor quando pensa em realização dos seus sonhos.

“Mas, Primo, por que pensar assim faz toda a diferença?”

Porque se seu eu do futuro ganha R$ 500 por mês, quanto você precisa obter
por mês de renda passiva com dividendos para dobrar a renda do seu eu do
futuro? R$ 500.

Antes você tinha uma renda do trabalho de R$ 5.000 e poupava 10% disso – ou
seja, R$ 500. Ao montar sua carteira de dividendos, você vai seguir poupando
R$ 500 por mês do seu salário. Mas vai receber mais R$ 500 por mês de
dividendos, passando agora a poupar 1.000 por mês.
Logo, seu eu do futuro vai ter o dobro do dinheiro que ele teria se você não
tivesse tomado a decisão de assistir a esse curso.

Se você estava se preparando para se aposentar com R$ 1 milhão na conta,


agora você vai criar as condições para pendurar as chuteiras com um
patrimônio de R$ 2 milhões.

Porque você já fazia sobrar R$ 500 por mês. E agora você vai montar uma
carteira de dividendos com vista a poupar outros R$ 500 por mês em renda
passiva, que não depende de seu trabalho.

Talvez você esteja agora com uma dúvida mais ou menos assim:

“Primo, já entendi que R$ 500 a mais todos os meses vão fazer uma baita
diferença para meu eu do futuro. Mas quanto eu preciso investir para ter uma
renda em dividendos de R$ 500 por mês?”

A resposta para essa pergunta está na primeira aula desse curso gratuito do
“Seu Segundo Salário (com Dividendos)”, em que você aprendeu que a geração
de R$ 500 por mês em renda passiva depende de onde você vai investir seu
dinheiro.

Do maior para o menor, em 2022, esses foram os retornos em dividendos dos


principais investimentos:
• Fiagro: 14,58%
• Fundos imobiliários: 11,92%
• Títulos públicos prefixados: 10%
• Ações brasileiras: 8,98%
• Títulos públicos atrelados à inflação: 6%
• Imóveis comerciais: 5,9%
• Imóveis residenciais: 5,19%
• Fundos imobiliários americanos: 3,88%
• Ações americanas 1,76%

Ainda assim, você segue com dúvida sobre “quanto é preciso investir para ter
uma renda em dividendos de R$ 500 por mês?”

A resposta considera os investimentos em ações e fundos imobiliários, que são


os temas principais desse curso gratuito.

Considerando que você vai investir todo seu dinheiro em fundos imobiliários,
que renderam dividendos de quase 12% no ano passado, seria preciso ter um
patrimônio de R$ 50.000 para receber R$ 500 por mês.

Tendo em conta que você vai investir tudo em ações, é preciso ter cerca de R$
67.000, considerando o retorno em dividendos de quase 9% das ações no ano
passado.

Percebeu que, se você poupa R$ 500 do seu salário todos os meses, basta que
você invista de R$ 50.000 a R$ 70.000 para ter renda passiva suficiente para
dobrar sua capacidade de poupança?

E aí vem o guru de investimentos revolucionário do Instagram dizer para você


que “dividendo só funciona para bilionário”, “que o que cai na sua conta é
migalha” e que “ninguém fica rico com dividendos”.

Quando na verdade, se você quiser afirmar algo com base em fatos e dados,
vai chegar à conclusão que não precisa nem de R$ 100 mil para dobrar o
patrimônio do seu eu do futuro.

Definitivamente, ter várias fontes de renda passiva e receber dividendos todos


os meses pode mudar para sempre sua condição financeira.

Só que essa história na verdade é ainda melhor. Porque você alcançar R$ 500
por mês em renda passiva deveria ser só sua primeira meta.
O caso do próprio Nigro é um exemplo. Veja o que ele recebeu em dividendos
desde que tornou pública sua carteira de investimentos:

Ø R$ 8.000 em 2018
Ø R$ 75.000 em 2019
Ø R$ 317.000 em 2020
Ø R$ 499.000 em 2021
Ø R$ 712.000 reais no ano passado

Percebeu que quando você segue poupando parte do salário e reinvestindo sua
renda passiva, seus dividendos crescem como uma bola de neve?

Então acredite: lá na frente você também pode alcançar dividendos mensais de


R$ 1.000, R$ 5.000, R$ 10.000 ou até mais que isso.

Ah, e sobre as pessoas que fazem piada com dividendos a partir do caso da
Itaúsa: o que acontece é que a ação da Itaúsa tem um preço nominal baixo.
Custa cerca de R$ 8. E a empresa costuma pagar dividendos entre 6 e 9 vezes
ao ano.

Então, quando você pega um dividendo isolado de 2 centavos em um mês, ele


pode parecer sim uma piada. Mas, neste ano, a ação da Itaúsa já garantiu um
retorno em dividendos de mais de 4%. Ou seja, é um dividendo bem maior que
a Selic do primeiro trimestre.

E nos últimos 3 anos, a Itaúsa pagou cerca de 5,7% ao ano em dividendos para
seus acionistas, o que também é um retorno ok se comparado a Selic que ficou
em 2% ao ano em boa parte desse período.

Percebeu como tem muita gente por aí que fala qualquer coisa para aparecer
na internet? Para eles, não importa se você está aprendendo direito ou se vai
ganhar mais dinheiro. Só importa o clique.
SEU DINHEIRO TRABALHANDO
PARA VOCÊ
O plano é você aprender a montar uma carteira de dividendos com ações e
começar a construir diversas fontes de renda passiva.

Porque você já deve ter seu salário normal ou alguma remuneração que é fruto
de seu trabalho. Seu segundo salário será criado assim que você aprender a
fazer seu dinheiro trabalhar por você.

Na primeira aula, a gente viu que há motivos técnicos e psicológicos para


investir em ativos que geram renda.

O motivo técnico é que, historicamente, investimentos que pagam dividendos


rendem muito mais que a média. A gente viu que isso é verdade no Brasil, nos
Estados Unidos e no resto do mundo.

Você já sabe também que há um motivo psicológico para investir com o


objetivo de receber dividendos. Quando cai dinheiro na sua conta, seu cérebro
se enche de dopamina. E quando você sente prazer ao investir, se torna um
investidor que tende a permanecer mais tempo no mercado financeiro.

Como os juros compostos são uma alavanca importantíssima para seu sucesso
nos investimentos, o fato de você ficar mais tempo investido aumenta
absurdamente suas chances de êxito.

Agora, vamos conhecer quais são as ações que mais pagam dividendos na
Bolsa. E muito mais importante do que isso: vamos aprender a não cair na
armadilha do dividendo alto.

Porque de nada adianta você puxar a lista dos maiores dividendos do último
ano e investir nessas ações. Você precisa aprender a identificar quando esse
dividendo não é só grande, mas também seguro.

Se você comprar alguma ação com dividendo alto hoje e a empresa reduzir
drasticamente as distribuições de dividendos nos próximos meses, existe uma
grande chance de que essa ação também se desvalorize.
Então você vai perder dinheiro de duas formas. Seus dividendos serão aquém
do que você estava esperando. E no futuro seus investimentos vão ter um valor
de mercado menor do que têm hoje.

Um retorno em dividendos extremamente alto é um prenúncio de que uma


empresa terá grandes problemas mais adiante. Dividendo muito alto também é
sinal de que esses dividendos serão cortados no futuro.

Então vamos para a lista das ações que mais pagam dividendos.

Antes de apresentá-la, é preciso entender dois conceitos bem básicos. O


primeiro é o significado do próprio dividendo.

Dividendo é a parte do lucro de uma empresa que é distribuída a seus


acionistas.

Isso é muito importante por um motivo: uma empresa que vem registrando
prejuízo há vários anos não vai distribuir dividendos a seus acionistas. Porque se
a empresa está perdendo dinheiro, não sobra nada para os acionistas.

Ainda que uma empresa possa distribuir dividendos num ano específico de
prejuízo se tiver dinheiro em caixa, isso não pode ser feito de maneira
recorrente. Então, no longo prazo, só empresas lucrativas vão distribuir
dividendos aos acionistas.

Vamos supor que uma empresa registra um lucro líquido de R$ 1 milhão em um


ano. Desse total, ela usa R$ 200 mil para pagar dívidas. Com outros R$ 300 mil,
ela compra novos equipamentos. E sobram R$ 500 mil no caixa, que ela resolve
distribuir a seus acionistas. Esses R$ 500 mil são os dividendos.

Mas quanto cada acionista recebe? Esse valor é proporcional ao número de


ações detidas por cada um.

Vamos supor que o capital dessa empresa que distribuiu R$ 500 mil em
dividendos está dividido em 500 mil ações. Você concorda que o dividendo
pago aos acionistas será de R$ 1 por ação? Então o controlador da empresa,
que é dono de 400 mil ações, vai receber R$ 400 mil. E o diretor da empresa
que tem 10 mil ações vai receber R$ 10 mil.

Agora que você já aprendeu, de uma forma bem simples, o que é dividendo e
como eles são distribuídos, vamos para o segundo conceito.
Você precisa aprender o que é o retorno em dividendos – ou o “dividend yield”
de uma ação.
Qualquer investimento gerador de renda possui duas fontes de lucro para o
investidor. O primeiro deles é a valorização.

Se você compra uma casa por R$ 700 mil e anos depois vende por R$ 1 milhão,
seu investimento se valorizou R$ 300 mil. Na prática você ganhou R$ 300 mil.

Se você compra R$ 15 mil em ações da Vale e depois vende por R$ 20 mil, você
lucrou R$ 5 mil com essa valorização.

Então, esse é o primeiro componente do lucro do investidor: a diferença entre o


preço de compra e o de venda.

O segundo componente de lucro é o retorno em dividendos, ou “dividend yield”.

Imagine que você comprou uma casa de R$ 500 mil e anos depois vendeu por
R$ 600 mil, obtendo um lucro de R$ 100 mil. Na prática, você registrou um lucro
de 20% porque seu imóvel que custava R$ 500 mil se valorizou R$ 100 mil.

Mas durante o tempo em que essa casa foi sua propriedade, você manteve o
imóvel alugado e recebeu mês a mês um total de R$ 50 mil de seu inquilino.
Como você investiu R$ 500 mil e recebeu R$ 50 mil em aluguéis, seu retorno em
aluguéis – ou seja, seu “yield” – foi de 50 mil dividido por 500 mil, que é igual a
10%.

Agora vamos olhar para o retorno total. Seu lucro com o negócio foi de R$ 100
mil da valorização mais R$ 50 mil dos aluguéis, ou seja, R$ 150 mil. Quer dizer
que você investiu R$ 500 mil e teve um lucro de R$ 150 mil. Seu retorno total foi
de 150 mil dividido por 500 mil, que é igual a 30%, e englobou a valorização
mais os aluguéis recebidos.

No mercado acionário é a mesma coisa. Se você compra R$ 15 mil reais em


ações da Vale e depois vende por R$ 20 mil, você lucrou R$ 5 mil com essa
valorização. Você teve um retorno de 33,3%.

Mas se nesse tempo que você possuiu essas ações, a Vale também te pagou
mais R$ 10 mil em dividendos, seu retorno total foi de 100%.

Porque você investiu R$ 15 mil, suas ações se valorizaram R$ 5 mil e você ainda
recebeu mais R$ 10 mil em dividendos. Na prática você investiu R$ 15 mil e tirou
R$ 30 mil, dobrando seu capital.
Agora você já entendeu o que é o retorno total do acionista – e guarda isso
porque esse conceito vai ser muito importante mais para frente.

“Agora, Primo, qual é a importância dos dividendos e da valorização na


composição do retorno total ao investidor?”

Por aqui, não há esse número para ações brasileiras. Mas, nos Estados Unidos,
há um dado bem interessantes desenvolvido por Charles Carlson, que, escreveu
os melhores livros já publicados sobre dividendos.

Carlson levantou dados sobre os


investimentos em ações nos
Estados Unidos desde 1926 –
portanto, são quase 100 anos de
indicadores. E ele concluiu que
43% dos retornos dos
investidores devem-se aos
dividendos recebidos e depois
reinvestidos.

Ou seja, a cada US$ 100 que o


investidor ganhou, quase a
metade veio dos dividendos.

E aí o guru do Instagram diz que


dividendos são migalha...

Outra vantagem dos dividendos é que geralmente eles também são pagos
quando a Bolsa cai.

Por exemplo, a Itaúsa – sim, a mesma Itaúsa lá do começo – vem pagando


dividendos em todos os anos desde 1980. As ações da Itaúsa não se valorizaram
em todos esses 43 anos. Em alguns deles, o investidor amargou desvalorização.
Mas algum dividendo caiu na conta do investidor em todos esses anos.

Portanto, o dividendo é uma renda mais estável que os ganhos de capital.

Finalmente, vamos ver quais são as maiores pagadoras de dividendos da Bolsa.

Em quase todos os conteúdos sobre o assunto, o criador sempre deixa para


mostrar a lista das maiores pagadoras de dividendos da Bolsa no final. Porque é
importante ir explicando os conceitos mais importantes.
Aqui, a lista dos maiores dividendos tem sua importância. Mas ela é apenas o
ponto de partida, porque a gente já viu que o retorno em dividendos é um dos
dois componentes da sua equação de retorno.

Tem o retorno em dividendos e a valorização do ativo. Só que você não sabe


qual será a valorização de um ativo no momento em que faz o investimento.
Inclusive, esse ativo pode até se desvalorizar.

Não adianta nada você fazer um investimento que te garante 15% ao ano em
dividendos no primeiro ano se suas ações caírem 30%.

Imagine que você compra R$ 100 mil em ações da Petrobras e recebe R$ 15 mil
em dividendos no primeiro ano. Só que ao mesmo tempo suas ações da
Petrobras se desvalorizam 30%.

O que você comprou por R$ 100 mil agora está valendo R$ 70 mil. Seu retorno
total é igual aos R$ 100 mil investidos, menos R$ 30 mil devido à desvalorização
de suas ações mais os R$ 15 mil que você recebeu em dividendos.

Na prática, seus R$ 100 mil se transformaram em 85 mil reais – mesmo você


recebendo R$ 15 mil em dividendos, que é um excelente retorno em proventos.

Esse exemplo serve para mostrar que investir em ações olhando somente o
retorno de dividendos é o erro mais comum que todo investidor iniciante
comete. Você precisa olhar o retorno total do seu investimento – e não só o
retorno em dividendos.

E as ações que oferecem um retorno em dividendos muito alto, geralmente,


estão com problemas graves que podem levar a uma forte desvalorização das
ações.

Porque o retorno em dividendos de uma empresa pode subir de duas formas:

1) o dividendo sobe;
2) e/ou o preço da ação cai.

A partir de agora, você pode reparar que geralmente um retorno em dividendos


extraordinariamente alto não é observado na Bolsa devido ao aumento dos
dividendos. Eles resultam do colapso do preço de uma ação.

Isso aqui, inclusive, é muito parecido com o que acontece na renda fixa.
Tanto que em inglês é usada a mesma palavra para designar o retorno em
dividendos e o retorno da renda fixa, que é o “yield”. O “yield” na renda fixa é o
retorno prefixado de um título.

Por exemplo, um CDB paga 15% ao ano em juros. Ou seja, o “yield” desse CDB é
de 15%. Já uma ação que custa R$ 20 e pagou R$ 2 de dividendos nos últimos
12 meses tem um “yield” de 2 dividido por 20, que é igual a 10%.

A comparação com a renda fixa é útil porque na renda fixa todo mundo já
percebe que quanto maior é o “yield” oferecido por um ativo, maior é o risco do
investidor.

Vamos pensar numa empresa que está em sérias dificuldades financeiras. Por
exemplo, a Lojas Americanas, que pediu recuperação judicial.

Se a Lojas Americanas tivesse que captar dinheiro no mercado financeiro agora,


provavelmente ela teria que oferecer uma série de garantias para que alguém
aceitasse emprestar dinheiro à empresa.

Mais do que isso, a Lojas Americanas precisaria garantir ao investidor um


retorno muito alto para captar o dinheiro dele.

Hoje a taxa básica de juros da economia brasileira está em 13,75% ao ano.


Grosso modo é mais ou menos isso que um investidor recebe se comprar um
título público do governo federal.

Para captar dinheiro de um investidor, a Lojas Americanas, que está com sua
credibilidade abalada após a descoberta de uma fraude contábil de mais de R$
20 bilhões, precisaria pagar 20%, 30% ou 50% de juros ao ano para encontrar
investidores dispostos a emprestar dinheiro a ela.

Na renda fixa, se uma empresa está pagando juros muito altos para tomar
dinheiro emprestado, é porque o risco desse negócio é visto como muito alto
por quem tem dinheiro para emprestar.

Os investidores e bancos só aceitam financiar a Americanas se receberem um


“yield” muito alto.

No mundo dos dividendos, é a mesma coisa – mas isso não parece ser tão claro
para a maioria dos investidores.

Se uma empresa pagou um retorno em dividendos muito alto nos últimos 12


meses e não tem um monte de investidores fazendo fila para receber os
dividendos que virão no próximo ano, deve haver um excelente motivo para
isso.

Por “excelente motivo”, leia-se um risco bem elevado de comprar esses papéis e
sofrer com uma forte desvalorização.

Talvez você esteja pensando: “mas não dizem que quanto maior é o risco,
maior é o retorno? Não é justamente porque o risco está elevado que eu tenho
tudo para obter um retorno também elevado?”. A resposta na verdade é não.

No mercado, é muito comum o mantra de que “quanto maior é o risco, maior é


o retorno”. Mas tem um bilionário americano chamado Howard Marks que
explica isso melhor do que ninguém.

A empresa do Howard Marks gere mais de US$ 150 bilhões e o Thiago Nigro já
teve a honra de entrevistá-lo uma vez para a Finclass.
O Marks é um gênio. O próprio Warren Buffett recomenda a investidores que
leiam as cartas que ele publica de tempos em tempos.

Marks diz que está errada a premissa de que “quanto maior é o risco, maior é o
retorno”. Na verdade, quanto maior é o risco, maior é a expectativa de retorno
se tudo der certo. Agora se tudo der errado, o investidor pode perder tudo que
investiu.

Quem ouve a frase “quanto maior é o risco, maior é o retorno” pensa em um


gráfico assim:
Se o gráfico acima fosse verdade, seria muito fácil investir. Bastaria você ser o
investidor que mais toma risco para ser também o que obtém o maior retorno.

Mas na verdade o gráfico de risco x retorno deveria ser assim:

Aqui fica claro que quanto mais o investidor toma risco, mais ele pode ganhar
se tudo der certo. Agora também fica claro que se tudo der errado, o investidor
pode perder tudo que investiu.

E não só isso: se tomar risco demais, por exemplo, com investimentos


alavancados, o investidor pode perder tudo que investiu e ainda ficar devendo
para a corretora.

E como esse ensinamento de Howard Marks se aplica a uma carteira de


dividendos?

Se você comprar só as ações que estão pagando os maiores dividendos, você


está comprando as ações que mais correm risco de ter seus dividendos
reduzidos nos próximos meses.

E se os dividendos caírem de forma drástica no futuro, é muito provável que


você também sofra com a desvalorização de seus papéis.

A grande sacada é que você não pode olhar só o componente do “yield”. Você
não pode olhar só o retorno em dividendos das ações. Você precisa olhar tanto
o “yield” quanto a expectativa de valorização (ou desvalorização) da ação.
Essa é a mensagem mais importante dessa aula: olhar só o “yield” é coisa de
novato. Esse é o maior erro do investidor inexperiente que vai montar sua
carteira de dividendos.

Não é intuitivo, e tem muito investidor experiente que também cai nessa cilada.
No cemitério dos investidores da Bolsa, está cheio de gente que só olhou o
“yield”.

Você vai aprender aqui como fazer uma análise completa para não cair nessa
ratoeira.

AS AÇÕES QUE MAIS PAGAM


DIVIDENDOS E COMO FUGIR
DAS ARMADILHAS
A lista das ações que garantiram os maiores retornos em dividendos em 2022
considera apenas as ações do Ibovespa, o índice que reúne as maiores
empresas brasileiras listadas na Bolsa.

E como orienta um estudo do escritor de best-sellers sobre dividendos, Charles


Carlson, se concentre nas maiores empresas, uma vez que são elas que
distribuem os maiores dividendos.

Carlson diz ter uma explicação para isso: empresas menores costumam ter mais
alternativas para o reinvestimento dos lucros. Como nem sempre não são
líderes do segmento onde atuam, acabam investindo o caixa gerado para
ampliar a operação e tentar ganhar participação de mercado, por exemplo.

Já as grandes empresas, muitas vezes, não têm onde investir o caixa gerado –
e nem precisam de tanto dinheiro. E acabam retornando mais dinheiro a seus
acionistas.

Quanto à lista dos dividendos das companhias do Ibovespa, em 2022, das 88


ações que compõem o índice, só 15 deram ao investidor um retorno em
dividendos superior a 10%. Esse é o foco da análise aqui.

O grande destaque do ano passado foram as ações da Petrobras. As ações


preferenciais da Petrobras garantiram ao investidor um retorno em dividendos
de 57,5%, enquanto as ordinárias renderam dividendos de 53,1% do valor da
ação.

Em seguida, aparecem as ações da estatal paranaense de energia Copel, com


um “dividend yield” de 15,4%, seguida de Banco do Brasil com 14,5%, da
empresa de energia Taesa com 13,4%, da siderúrgica Gerdau e da holding
Bradespar com 13,3% e da CSN Mineração com 13,1%.

Na sequência, estão a CPFL Energia com 12,5%, a empresa de cartões Cielo com
11,5%, a Gerdau Metalúrgica com 11,1%, a Energias do Brasil, o frigorífico Marfrig
e a empresa de energia Cemig com 10,6% e, fechando a lista, a siderúrgica CSN
com 10,5% de retorno em dividendos.

Vale lembrar: não pegue essa lista e compre essas ações só porque elas
pagaram os maiores dividendos de 2022.

Essa relação vai ser super útil porque, a partir dela, você vai aprender a forma
correta de montar sua carteira de dividendos. Com o método a ser
apresentado, você vai avaliar se os dividendos de uma empresa são uma
oportunidade ou uma armadilha.
PETROBRAS: A SUPERCAMPEÃ
DOS DIVIDENDOS EM 2022
A análise começa pela Petrobras. A empresa de petróleo talvez seja um ótimo
exemplo da armadilha dos dividendos.

Isso porque empresas que pagam elevados dividendos só são um investimento


interessante quando os dividendos são elevados e também seguros. No caso da
Petrobras, o dividendo com certeza é elevado. Mas o que é um dividendo
“seguro”?

Um dividendo seguro é aquele em que a gente tem a expectativa de que a


distribuição se repita nos próximos anos. Como é muito difícil prever o que vai
acontecer no futuro, o ideal seria analisar a empresa e ter a convicção que o
dividendo vai crescer.

Uma vez que seja possível enxergar motivos para o dividendo crescer nos
próximos anos, mesmo que muita coisa dê errado, ainda assim esse dividendo
pode não cair ou cair só um pouco, o que já seria muito positivo.

No caso da Petrobras, vamos ver se é provável que a empresa siga distribuindo


mais de 50% do valor da ação em dividendos neste e nos próximos anos.

É sempre muito difícil dizer para onde vão o lucro e os dividendos da Petrobras
porque uma nova gestão acaba de assumir o comando da empresa, sem definir
o que pretende ser mudado.

Então, já há alguns sinais. Mas o primeiro indício de que esse super dividendo da
Petrobras não é sustentável não tem nada a ver com política ou com a nova
gestão.

O principal indicador para se concentrar é o “payout”, que é o percentual do


lucro de uma empresa a ser distribuído como dividendos.

O “payout” é calculado da seguinte forma: a divisão do total de dividendos


distribuídos por uma empresa pelo lucro líquido da empresa.

Por exemplo, imagine que uma empresa tem um lucro de R$ 1 milhão e distribui
R$ 500 mil em dividendos aos acionistas.
Nesse caso o “payout” vai ser igual a 500 mil dividido por 1 milhão. Ou seja, o
“payout” é de 50%.

Agora por que o “payout” é importante? Porque o maior indicativo de que um


dividendo não é sustentável é quando o “payout” é muito alto.

Por quê? Porque uma empresa tem várias opções para a utilização do caixa
que ela gera.

A companhia pode usar o caixa para:

- Pagar dívidas
- Fazer investimentos e ampliar suas operações
- Comprar concorrentes
- Recomprar as próprias ações
- Ou pagar dividendos

Por isso, a maioria das empresas brasileiras opta por distribuir cerca de 25% do
lucro líquido para seus acionistas na forma de dividendos. O resto é utilizado de
outras formas.

Uma empresa pode, inclusive, decidir que vai distribuir todo seu lucro para os
acionistas. Mas isso é sustentável? Não.

Uma empresa como a Petrobras precisa investir bilhões de reais todos os anos
apenas para manter sua capacidade de produção. E o petróleo é um recurso
finito.

A Petrobras pode começar a extrair petróleo de um campo, mas daqui a pouco


o petróleo ali acaba e a estatal tem que investir em outro campo para repor
essa produção.

Para você ter uma ideia, a Petrobras planeja investir US$ 78 bilhões até 2027. E
uma boa parte desse dinheiro vai ser usado apenas para não perder
capacidade de produção nos próximos anos.

Então, se a Petrobras distribuir todo o lucro para os acionistas na forma de


dividendos, ela só consegue levar adiante um plano de investimentos de US$ 78
bilhões se tomar muita dívida.

Mas o mais racional seria distribuir só uma parte do lucro aos acionistas e não
se endividar dessa forma.
Em 2022, a Petrobras pagou um super dividendo de mais de R$ 16 por ação. O
lucro foi de R$ 188 bilhões e, ao mesmo tempo, a estatal distribuiu R$ 216
bilhões em dividendos.

Aplicando a fórmula do “payout”, que é a divisão do dividendo pelo lucro, a


Petrobras teve um “payout” de 114,6%.

No mercado financeiro, são poucas as certezas ao se analisar o futuro de uma


empresa. Trabalha-se com probabilidades.

Mas uma das poucas coisas que é líquida e certa é que um “payout” de mais de
100% não é sustentável.

Porque uma empresa pode distribuir mais que todo o lucro líquido em um ano
ou outro se tiver reservas em caixa, mas reservas não duram para sempre. Vai
chegar uma hora que a empresa terá de reduzir seu “payout”.

No caso da Petrobras, mesmo um “payout” de 100% seria insustentável. No


negócio de petróleo, uma empresa do porte da Petrobras precisa investir muitos
bilhões de dólares todos os anos.

Na verdade, o nível de “payout” da Petrobras no longo prazo deve ser inferior a


50%. Ao considerar períodos mais longos, é possível ver que os anos em que o
“payout” da Petrobras foi superior a 50% são exceção.
Vale trazer uma regra de bolso de Charles Carlson, autor de livros sobre
dividendos citado agora há pouco.

Carlson é investidor, gestor de fundos e possui negócios ligados à educação


financeira. No livro “The Little Book of Big Dividends”, Carlson afirma que o
investidor deveria ficar muito alerta sempre que uma empresa distribuir mais de
60% do lucro em dividendos.

Para ele, um “payout” acima de 60% já é sinal de que o dividendo é


insustentável.

Carlson admite que em alguns setores específicos esse limite pode ser superado
sem problemas. É o caso de fundos imobiliários ou empresas do setor imobiliário
que não estão investindo em novos imóveis e podem distribuir um percentual
maior do lucro.

Empresas com essas características recebem aluguéis e precisam apenas fazer


alguma manutenção em seus imóveis. Então, nesse caso específico, o “payout”
poderia ser superior a 60% sem problemas. Mas, via de regra, ele não
recomenda investir em empresas com “payout” superior a 60%.

Em empresas como a Petrobras ou a Vale, que estão no setor de commodities e


precisam fazer pesados investimentos todos os anos, o “payout” de longo prazo
acaba sendo muito inferior a 60%.

Carlson não inventou esse número de 60% da cabeça. Ele fez um estudo bem
completo sobre dividendos nos Estados Unidos, analisando o comportamento
de todas as ações com dividendos altos desde 1994.

E sua conclusão foi que, estatisticamente, existe uma chance muito alta de
uma empresa ter de reduzir seus dividendos futuros sempre que o “payout”
supera 60%.

O “payout” é o principal indicador para você definir quais investimentos vai ou


não colocar na sua carteira geradora de renda.

Mas existem outros componentes importantes. Um fator a ser analisado é se o


dividendo pago por uma ação costuma ser recorrente em termos históricos.
Para considerar um dividendo “seguro”, a empresa tem que distribuir proventos
todos os anos, de forma razoavelmente estável.
Se historicamente o retorno em dividendos varia muito, se a empresa fica dois
anos sem pagar dividendos e depois libera uma bolada, não dá para considerar
esse dividendo seguro.

Voltando ao caso da Petrobras, a supercampeã dos dividendos em 2022. Veja


os dividendos pagos pela empresa nos últimos anos e avalie se são confiáveis
ou não.

Em 2018 o retorno em dividendos da Petrobras foi de 4,2%. Em 2019 caiu para


3,5% e em 2020 pagou zero de dividendos. No auge da pandemia de Covid-19,
que encheu o mundo de insegurança, a empresa preferiu fazer caixa, reduzir
sua dívida, e os acionistas ficaram chupando o dedo.

Em 2021 tudo mudou. A Petrobras pagou um dividendo de 25,4%. E no ano


passado, um dividendo maravilhoso, correspondente a 57% do valor da ação.

No mundo inteiro, só uma empresa pagou um dividendo maior que o da


Petrobras em 2022: a mineradora BHP. Mesmo empresas gigantes como a
Apple pagaram menos dividendos que a Petrobras.
É possível perceber que, apesar do dividendo fantástico dos últimos dois anos, a
Petrobras tem um dividendo que não é recorrentemente alto. E ela pode até
não pagar dividendos nos anos ruins.

Só que para investir, você precisaria acreditar que o dividendo normalizado da


companhia seguirá sendo atrativo.

A gente vê que, na média, o dividendo da Petrobras nos últimos 5 anos foi de


cerca de 18%. Se voltar para a média, o dividendo futuro da Petrobras deve ser
muito menor do que o do ano passado.

No entanto, o dividendo médio de 18% ao ano da Petrobras segue sendo muito


atrativo. A segunda maior pagadora de dividendos do Ibovespa no ano
passado entregou um retorno em dividendos de 15% em 2022.

Mas e a Petrobras será capaz de entregar 18% de dividendos?

Na avaliação de Nigro, neste ano talvez consiga. O primeiro trimestre da


Petrobras continuou forte. Mas depois o negócio fica mais nebuloso.

Ao fazer uma análise mais qualitativa do resultado da Petrobras, vê-se que o


lucro do ano passado foi impulsionado pelos altos preços do petróleo. A guerra
na Ucrânia começou em 2022 e impactou diretamente o preço do barril, que
inclusive chegou a ser cotado em US$ 128 no ano passado.

Atualmente, o preço está mais próximo de US$ 80 o barril. Mas, antes da


guerra, o preço costumava rondar os US$ 60. E em 2020, no auge da
pandemia, o preço do petróleo chegou a ser negociado pela primeira vez na
história por um valor negativo.

É isso aí: tinha gente pagando para você receber o petróleo dele lá no Texas
em 2020.

O que se sabe é que o preço do petróleo, hoje, está muito superior ao do pré-
guerra. E que quando essa guerra acabar, é provável que o preço ceda.

E vale uma máxima sobre ações de empresas de commodities: a cotação


dessas empresas depende muito da cotação da commodity que elas produzem.

Por exemplo, empresas de petróleo lucram muito quando o petróleo está caro e
lucram pouco quando o petróleo está barato. E ninguém sabe o preço do
petróleo no futuro. Pode ser muito acima ou muito abaixo do preço atual.

A única coisa que é possível afirmar é que o momento certo de você investir em
uma empresa de commodity é quando o preço dessa commodity está no chão.

Isso porque os preços de qualquer commodity são determinados pela oferta e


demanda. Se o preço de uma commodity está muito alto, uma hora ele vai cair.
Se o preço fica muito acima do custo de produção, muita gente vai começar a
fazer investimentos para também começar a produzir essa commodity.

Quem tinha poços de petróleo fechados pela baixa competitividade vai reabri-
los. Quem tinha projetos prontos para serem iniciados, mas não conseguia
financiamento bancário quando o petróleo custava US$ 30 por barril, agora
com o petróleo a US$ 80 recebe ofertas de crédito de banqueiros a toda hora.

O empresário que tinha dúvida sobre investir ou não em um novo poço, agora,
está cheio de otimismo e vai desengavetar seus melhores projetos. E quando
essa capacidade for adicionada à oferta mundial, isso vai contribuir para o
preço cair.

Mas o preço também pode cair por uma brusca redução de demanda. Foi o
que aconteceu em 2020 no auge da pandemia de Covid-19. De uma hora para
outra, ninguém queria mais petróleo e ele foi negociado pelo menor valor da
história.

Mas, de volta aos dividendos, o ponto aqui é que você deveria investir em
empresas de commodities quando os preços estão baixos, considerando a
média histórica, ou até próximos dos custos de produção.
Porque a gente já sabe que é incapaz de prever o preço futuro de uma
commodity. Mas a gente também sabe que, se o preço está próximo do custo
de produção, os campos de petróleo menos competitivos em breve vão deixar
de produzir. E isso vai fazer com que os preços retornem à média.

O único jeito de você investir em commodities com alta margem de segurança


é quando o preço dessa commodity está muito baixo. Infelizmente para quem
decidiu montar suas carteiras de dividendos agora, essa não é uma boa notícia.

Porque o preço da maioria das commodities está bem mais alto que a média
história desde o início da guerra na Ucrânia. Porque a Rússia é um grande
produtor de commodities. Mas boa parte do mundo deixou de importar
qualquer coisa da Rússia em boicote à decisão do país de invadir a Ucrânia.

Isso criou uma restrição importante de oferta e elevou bastante os preços das
commodities.

Agora voltando à Petrobras, a gente já viu alguns motivos para desconfiar


desses dividendos absurdamente altos da companhia:

§ O “payout” é superior a 100%;


§ O dividendo atual é muito maior que a média histórica;
§ E o preço do petróleo está em patamares historicamente muito
elevados.

Tudo isso leva a desconfiar bastante da sustentabilidade dos dividendos da


Petrobras.

Agora, nesse caso, ainda temos um quarto fator que é muito importante – mas
que é difícil precificar.

Como já falamos, a Petrobras acaba de passar por uma mudança de gestão.


Seria especulação dizer o que vai ou não mudar – porque possivelmente que
nem o presidente Lula sabe isso.

Mas o que temos visto é uma série de declarações de pessoas do alto escalão
do governo defendendo políticas que não favoreceriam de forma nenhuma a
empresa.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, já defendeu que a Petrobras mude sua


política para que os preços dos combustíveis no Brasil não sejam mais atrelados
aos preços internacionais do petróleo.
Também temos o presidente da Petrobras defendendo o fim da paridade de
preços no Brasil e no exterior.

O próprio presidente Lula já afirmou que os altos dividendos distribuídos pela


Petrobras são inaceitáveis:

Não há como saber o que vai acontecer. Mas já se sabe que Dilma Rousseff
também desatrelou o preço dos combustíveis do preço internacional do
petróleo. E não é exagero nenhum dizer que, por pouco, não quebrou a
Petrobras.

As ações da estatal chegaram a valer só R$ 4 no governo Dilma. As dívidas


chegaram a mais de R$ 500 bilhões.
Pouco antes do impeachment de Dilma, analistas do BTG Pactual divulgaram
relatório afirmando que as ações da Petrobras deveriam valer zero.

As políticas que a Petrobras vai adotar no futuro são uma incógnita. É preferível
esperar para ter mais visibilidade.

Agora, o que o preço tão amassado das ações da Petrobras deixa claro é que,
quando seu dividendo parece ser grande demais para ser verdade, geralmente,
não é verdade mesmo.

O que a cotação atual da Petrobras indica é que vai ter uma queda brusca do
dividendo mais adiante. Daí, a escolha de ficar fora.

Aqui vale de novo traçar um paralelo com aquele investimento num título de
renda fixa da Americanas. Mesmo se a Americanas hoje quiser emitir um título
de dívida pagando 30% de juros, será muito difícil encontrar comprador.

Porque todo mundo quer ganhar 30% ao ano – mas ninguém quer emprestar
para alguém que depois não vai pagar.
Nos Estados Unidos tem uma sabedoria popular sobre quem empresta dinheiro
a maus pagadores que é assim: “Não estou tão preocupado com o retorno de
meus investimentos quanto estou preocupado com o retorno do meu
investimento.”

No caso da Petrobras é igual. Todo mundo quer um retorno em dividendos de


50% ao ano, mas quase ninguém acredita que a Petrobras vai conseguir repetir
essa façanha.

Está todo mundo com medo de comprar ações da Petrobras para receber um
retorno em dividendos de 20%, mas a ação se desvalorizar 30%.

É por isso que a segunda maior pagadora de dividendos do mundo em 2022


vale só que o vale hoje.

OUTRAS EMPRESAS DE
COMMODITIES (OU QUASE
ISSO)
Naquela lista das ações que mais pagaram dividendos no ano passado, há
também outras empresas de commodities, como Gerdau, CSN Mineração,
Gerdau Metalúrgica, Marfrig e CSN.

Todas essas cinco empresas foram beneficiadas por altos preços de seus
produtos e distribuíram no ano passado dividendos atipicamente altos. Esses
também não são dividendos seguros, que são aqueles que devem ser buscados.

A ação de commodities dessa lista que pode estar mais próxima de ter um
dividendo alto e seguro, na avaliação de Nigro, é a da Bradespar. A Bradespar é
uma holding que detém ações da Vale.

Portanto, se você investe em Bradespar, está indiretamente investindo em


ações da Vale. A diferença é que a Bradespar tem um desconto em relação à
Vale, que é comum a qualquer holding.

Agora, vale analisar a Bradespar à luz dos critérios estabelecidos aqui.


A gente busca empresas que distribuem menos de 60% do lucro líquido como
dividendos. E o “payout” da Bradespar foi de 41,8% no ano passado. Ponto para
a empresa.

A gente busca empresas que estão distribuindo dividendos próximos ao nível


que pode ser considerado recorrente. A Bradespar garantiu um retorno em
dividendos médio de 9,3% ao ano nos últimos 5 anos e no pior ano desde 2018 o
retorno em dividendos foi de 5%. Mais um ponto para a Bradespar.

Empresas siderúrgicas como a Gerdau, a Gerdau Metalúrgica e a CSN não têm


essa recorrência. Na verdade, elas ficaram próximas de zerar seus dividendos
nos piores momentos dos últimos 5 anos.

Um terceiro fator em que a Bradespar também se sai bem é que não é uma
empresa que se beneficiou de um preço absurdo do minério de ferro para ter
um lucro que nunca mais vai ser visto. O preço do minério está, na verdade,
muito próximo à média dos últimos 10 anos. Outro ponto para a Bradespar.

Por último, a Vale é uma empresa que historicamente consegue expandir suas
receitas. A mineradora faz investimentos em expansão de capacidade e
consegue alcançar um retorno atrativo nas novas minas que compra ou
constrói.

Entre os dividendos mais altos no setor de commodities, a Vale é uma opção


dentro dos critérios adotados para a formação de carteira.

EMPRESAS DO SETOR
FINANCEIRO
Já no setor financeiro, há duas empresas na lista das maiores pagadoras de
dividendos da Bolsa: a Cielo e o Banco do Brasil.

Entre essas duas, a que parece ter um histórico de dividendos mais elevados e
seguros é o Banco do Brasil – Nigro, inclusive, diz ter comprado R$ 700 mil em
ações do Banco do Brasil recentemente.

No passado, a Cielo já foi uma máquina de geração de caixa e de distribuição


de dividendos. A empresa já foi representante exclusiva da Visa no Brasil – ou
seja, só a Cielo podia processar transações com cartões da maior bandeira do
mundo no país.

Mas esse monopólio foi quebrado há mais de uma década, a concorrência veio
e hoje temos no setor de cartões um mercado extremamente competitivo. Hoje,
as margens da Cielo a cada transação são uma fração do que foram no
passado.

Seguindo as regras para analisar dividendos, há vários indícios que os


dividendos da Cielo podem não se sustentar nos patamares atuais.

O dividendo é pouco recorrente. Em 2020, a Cielo quase zerou seu dividendo,


por exemplo. O do ano passado é mais do que o dobro do dividendo médio dos
últimos 5 anos – o que é outro sinal de alerta.

A companhia vem sofrendo com a redução das receitas nos últimos anos.

Por último, o “payout” da Cielo alcançou 69% nos últimos 12 meses, o que
também indica que o dividendo do ano passado talvez não seja sustentável no
longo prazo.

Na lista das maiores pagadoras, a Cielo também é o maior exemplo de que o


investidor não pode olhar só para dividendos.

No passado, quando a concorrência no setor de cartões era menor, as ações da


Cielo chegaram a ser negociadas por mais de R$ 30.
Mesmo com múltiplos caros, como a empresa tinha um “payout” alto, ela era
comumente incluída em carteiras de dividendos em meados da década
passada. E quem comprou Cielo há alguns anos com a expectativa de receber
gordos dividendos se deu muito mal.

Porque por mais que o retorno em dividendos não tenha sido ruim, a brutal
desvalorização das ações destruiu o retorno do investidor. Nos últimos 5 anos, o
retorno total ao acionista da Cielo foi uma perda de 73,4% do patrimônio.

Esse é o risco de você olhar só o retorno em dividendos ao fazer seus


investimentos.

Quem só olha “yield” e investiu na Cielo teve um retorno em dividendos médio


de 5% ao ano nos últimos cinco anos.

Por outro lado, as ações da empresa se desvalorizaram cerca de 85% no


período. E no somatório, o investidor perdeu três quartos do dinheiro que
investiu.

EMPRESAS DO SETOR
DE ENERGIA
Por último, a tabela das maiores pagadoras de dividendos da Bolsa traz quatro
empresas de energia: Taesa, Copel, Energias do Brasil e Cemig.

A Copel e a Energias do Brasil distribuíram dividendos elevados às custas de um


“payout” muito maior que 100%, o que é sabido aqui que é um forte sinal de
dividendo insustentável. Para piorar, a Energias do Brasil pode sair da Bolsa em
breve porque seu controlador quer recomprar as ações e fechar o capital.

Restam então a Cemig e a Taesa. Entre as duas, a preferida, sem dúvidas, é a


Taesa.

O retorno em dividendos de 13,4% no ano passado está em linha com a média


dos últimos 5 anos. O “payout” da empresa está em 40%, em um sinal de
sustentabilidade.

A empresa tem conseguido elevar suas receitas e seus dividendos ao longo dos
últimos anos.
E o negócio da Taesa é maravilhoso por natureza. A empresa atua com
transmissão de energia. Os clientes da Taesa pagam um valor predeterminado
para poderem usar suas linhas de transmissão.

Não importa se chove muito ou não chove nada em um ano, e se isso afeta a
geração de energia de um cliente: ele vai pagar à Taesa a tarifa de transmissão
da mesma forma.

Além disso, o negócio da Taesa está bem protegido contra a inflação. Isso
porque boa parte de seus contratos estão indexados ao IGP-M. Em 2020, por
exemplo, o IGP-M apontou inflação de mais de 23%. O repasse do IGP-M à
tarifa fez com que o lucro da Taesa disparasse.

Na prática, é uma empresa com forte geração de caixa, que distribui elevados
dividendos. É possível que o dividendo dos próximos anos não seja tão generoso
quanto o de 2022. Mas ainda assim, diversos analistas – como os do Bank of
America – estimam que a empresa siga garantindo um retorno em dividedos
próximo a 10% ao ano.

Então dessa lista de 15 ações do Ibovespa que pagaram dividendos superiores a


10% no ano passado, as que passaram com louvor pelos filtros estabelecidos
foram a Bradespar, o Banco do Brasil e a Taesa.

Aproveitando para recapitular tópicos importantes da segunda aula do curso


online e gratuito “Seu Segundo Salário (Com Dividendos)”.

Ø Dividendo alto pode ser bom, mas também uma enorme cilada.
Ø Um dividendo alto só é bom quando é seguro e deve seguir elevado nos
anos seguintes.
Ø Os principais sinais de que um dividendo não vai se repetir são:
- Um payout superior a 60%;
- Um dividendo muito maior que a média dos últimos anos;
- A empresa não tem perspectiva de aumento de receitas;
- Empresas de commodities que se beneficiaram de preços bem maiores
que a média histórica dessa commodity;
- O negócio em si não é bom e não gera valor aos acionistas no longo
prazo.
Nesta aula, acabaram ficando de fora preços e “valuation” de ações.

Uma das vantagens de investir em ações neste momento é que os preços em


geral estão bastante amassados.
Com o aumento dos lucros e a queda das cotações nos últimos dois anos,
praticamente, só tem ação negociada com múltiplos atrativos na Bolsa. Então,
neste momento, a preocupação com “valuation” é menor – porque o risco de
pagar caro é baixo.

Mas há outros cuidados adicionais que são válidos para quem planeja investir
em ações.

O primeiro é que a única forma de você investir em ações com segurança é ter
um pensamento de longo prazo. Você não pode montar sua carteira de
dividendos pensando em ganhos rápidos.

Inclusive porque as ações de dividendos estão entre as mais bem precificadas


da Bolsa.

Tem muita gente que compra esses papéis e segura por décadas para receber
dividendos. Então, quando tem uma queda, não é aquele deus-nos-acuda de
um monte de investidor correndo para vender para estancar suas perdas.

Como a volatilidade dessas ações também costuma ser menor que a média, os
especuladores que estão atrás de ganhos de curto prazo também acabam
ficando longe dessas pagadoras de dividendos, o que também contribui para
que essas ações tenham uma volatilidade menor.

Se por um lado isso protege o investidor se tudo der errado, também é baixa a
probabilidade de você comprar ações de dividendos e ganhar 10% ou 20%
numa semana.
E sinceramente você nem deveria esperar por isso.

A ideia aqui é que você compre para receber dividendos por muitos anos.

Se por acaso suas ações dobrarem de valor num curto espaço de tempo, talvez
você possa avaliar a possibilidade de vender seus papéis para comprar outros
que não tenham ficado tão caros.

Mas excluído esse caso, é interessante que você monte sua carteira de
dividendos com a expectativa de segurar seus papéis por muitos anos.

O segundo cuidado que você tem que tomar é com a qualidade do negócio em
que está investindo.

Se você quer comprar ações para revender daqui a uma semana, não importa
a qualidade da empresa – desde que suas ações se valorizem.

Agora, se você está comprando ações para segurar por uma década, é
importante vislumbrar uma alta probabilidade de que esse negócio ainda
esteja de pé e distribuindo fartos dividendos daqui a 10 anos.

Você teve aqui uma série de filtros sendo aplicados na lista de maiores
pagadoras de dividendos da Bolsa e chegou à conclusão de que Bradespar,
Banco do Brasil e Taesa seriam as melhores escolhas em termos de
sustentabilidade dos proventos.
Não por acaso, são também empresas que não devem quebrar no futuro.

O Banco do Brasil tem mais de 200 anos de história – e vai ser preciso alguém
fazer muita besteira para ele quebrar.

A Bradespar é uma holding que controla ações da Vale – que, por sua vez, é a
maior empresa do Brasil e seguramente é muito difícil de quebrá-la.

E a Taesa está inserida no bastante seguro negócio de transmissão de energia


e tem receitas estáveis e corrigidas pela inflação.

Esse é o tipo de empresa pagadora de dividendo que o investidor de longo


prazo pode se interessar.

No Ibovespa como um todo, tem negócios muito mais arriscados, endividados,


voláteis, cíclicos – empresas aéreas ou empresas de varejo, por exemplo.

Se você é um investidor de longo prazo, procure ficar longe deles.

O terceiro cuidado é não entrar em pânico se uma crise vier.

Na verdade, se você planeja comprar ações no futuro, deveria ficar eufórico


com crises. Porque você terá a chance de comprar muito mais ações e receber
muito mais dividendos no futuro.

A única certeza que a gente tem na Bolsa é que o preço das ações vai
chacoalhar. Uma hora todo mundo quer as ações que você possui e ela vai
subir. Outra hora ninguém vai querer suas ações e elas vão cair.

Em alguns momentos, muita gente vai entrar em pânico por qualquer motivo, e
as ações vão despencar. Quando isso acontecer, você não pode entrar em
pânico também porque essa é a receita de fracasso certo na Bolsa.

Quando todo mundo entrar em pânico, você não só deve permanecer de


cabeça fria como deve aproveitar as promoções para aumentar sua posição.

É claro que é mais fácil falar isso do que de praticar.

Quando suas ações estiverem em baixa, você estará sentindo dor e vai ser difícil
tomar coragem para comprar mais ações. Mas é exatamente isso que os
investidores mais bem-sucedidos vão fazer.
Então, esteja preparado. Use os dividendos que você estiver recebendo para
comprar mais ações baratas.

Por último, o quarto e mais importante de todos os cuidados: nunca faça


investimentos a partir de suas necessidades.

Por exemplo, imagine que você tem R$ 100.000 para investir, não está
trabalhando e precisa de R$ 50.000 por ano para pagar suas contas.

Você consulta a lista das maiores pagadoras de dividendos da Bolsa no ano


passado e percebe que a única empresa que pagou mais de 50% em
dividendos foi a Petrobras. Daí você vai lá e investe tudo em Petrobras com a
expectativa de receber R$ 50.000 em dividendos neste ano.

Ao fazer isso, você pode perder dinheiro de duas maneiras: com a


desvalorização de seus papéis e com a queda dos dividendos. Um retorno em
dividendos de 50% é estupidamente superior à média do mercado brasileiro.

Ao investir somente em Petrobras, que embute um risco altíssimo, você está


fazendo uma aposta de baixa probabilidade de que o dividendo da estatal
possa se tornar recorrente. E você vai aumentar ainda mais seu risco ao
concentrar todo seu patrimônio em uma única ação.

Não é que você vai perder dinheiro. Se tudo der certo, você pode até ganhar
um dinheirão. Mas é uma aposta arriscada – e Bolsa não deveria ser cassino.

Se você toma muito risco, uma hora ou outra esse risco vai se materializar em
perda. Porque o mercado não se importa se você necessita de 50% de retorno
em dividendos.

Se você errar, o mercado vai dragar a maior parte de seu patrimônio. Então
você deve escolher as empresas em que vai investir pelo mérito de seus
negócios – e não com base em suas necessidades.

Na próxima aula do “Seu Segundo Salário (Com Dividendos)”, o tema será


fundos imobiliários. Esse investimento é uma excelente opção para quem está
atrás de ativos geradores de renda.

Uma característica interessante deles é que eles geralmente pagam dividendos


maiores que os das ações.
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