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AÇÃO EXECUTIVA

CURSO DE SOLICITADORIA
ANO 2019/2020
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

QUALQUER PRECEITO LEGAL REFERIDO SEM INDICAÇÃO DA RESPETIVA


PROVENIÊNCIA RESPEITA AO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

PENHORA
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

PENHORA
Consiste num ato de apreensão judicial de bens
ou direitos do executado, tendo em vista a
concretização e satisfação da obrigação.

É um meio de obter o cumprimento coercivo da


obrigação, consistindo na apreensão do bem
para, através dele (venda ou adjudicação) os
Tribunais se substituírem ao executado no
cumprimento da respetiva obrigação pecuniária.
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PENHORA

Inicia-se com:
i) as consultas (art. 748/2 e 717)
ii) as diligências prévias à penhora (art. 749)
iii) as diligências subsequentes (art. 750)

Na forma ordinária, as consultas e diligências prévias


à penhora têm lugar depois de o agente de
execução (AE) ser notificado, para o efeito, pela
secretaria - art. 748/1, al. a), b) …
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Devendo o AE começar pela consulta ao registo


informático de execuções – art. 748/2.

O registo informático de execuções – art. 717 -


disponibiliza informação útil sobre os bens do
executado e sobre outras execuções pendentes
contra o mesmo.
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i) CONSULTA DO REGISTO INFORMÁTICO DE EXECUÇÕES – ART. 718/4


O registo informático de execuções pode ser consultado
por:

• magistrado judicial ou do Ministério Público,


• pessoa capaz de exercer o mandato judicial ou AE,
• titular dos dados,
• por quem tenha uma relação contratual ou pré-contratual
com o titular dos dados ou revele outro interesse atendível
na consulta, se, nesse caso, houver consentimento do titular
ou autorização da entidade, nesse sentido.
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REGISTO INFORMÁTICO DE EXECUÇÕES – ART. 717/1 E 2.

Contém o rol das execuções pendentes, findas ou


suspensas em relação a um determinado executado
e, a informação sobre:

• a identificação do processo de execução, do AE e


das partes,
• o pedido,
• os bens indicados para penhora e os penhorados,
• a identificação dos créditos reclamados.
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Quanto às execuções findas ou suspensas, o registo informático


contém, ainda, a seguinte informação:

• a extinção com pagamento parcial,


• a extinção da execução, por não terem sido encontrados bens
penhoráveis,
• a declaração de insolvência e a nomeação de um administrador da
insolvência, bem como o encerramento do processo de insolvência,
• o arquivamento do processo executivo laboral, por não terem sido
encontrados bens para penhora,
• a extinção da execução por acordo de pagamento em prestações
por acordo global,
• a conversão da penhora em penhor,
• o cumprimento do acordo de pagamento em prestações ou do
acordo global.
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Registo da execução finda

Quando a execução é extinta por pagamento


integral da dívida exequenda, determina o n.º 3
art. 718 que o agente de execução deve eliminar
de forma imediata e oficiosa o registo dessa
execução.
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ii) DILIGÊNCIAS PRÉVIAS À PENHORA

As estatuídas no art. 748/3 e 749.


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iii) DILIGÊNCIAS SUBSEQUENTES

As estatuídas no art. 750.


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EFEITOS DA PENHORA

I. Ineficácia da disposição, oneração ou arrendamento


de bens penhorados
II. Direito de preferência legal
III. Perda do poder de fruição ou limitação ao seu exercício
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I. Ineficácia da disposição, oneração ou


arrendamento de bens penhorados

Visa impedir que o executado possa diminuir o


valor dos bens penhorados ou frustrar a venda
executiva.

Determina o art. 819 cc que, “Sem prejuízo das


regras do registo, são inoponíveis à execução os
actos de disposição, oneração ou arrendamento
dos bens penhorados.”
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Quer isto significar que a disposição, a oneração


ou o arrendamento de um bem penhorado são
atos válidos ( a penhora não extingue o direito
de propriedade do executado), porém a
eficácia plena desses atos fica dependente do
resultado da execução, sendo inoponíveis à
própria execução.

Assim, a haver a prática desses atos, a execução


prossegue os seus termos habituais, como se o
ato não houvesse sido praticado – daí a
ineficácia ser apelidada de ineficácia relativa.
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Conquanto, haverá que distinguir se está em causa um


bem imóvel ou móvel sujeitos a registo OU bem móvel
não sujeito a registo:

Se estiver em causa a penhora de um bem imóvel ou


bem móvel sujeitos a registo - regulam as regras gerais
do registo - são inoponíveis à execução os atos de
disposição, oneração ou arrendamento que tenham
sido constituídos e/ou registados após o registo da
penhora dos respetivos bens.
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Se estiver em causa a penhora de um bem


móvel não sujeitos a registo - são inoponíveis à
execução os atos de disposição, oneração ou
aluguer que sejam praticados em momento
posterior à data e hora constantes no auto de
penhora - art. 766/1.
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Exemplo:
Numa ação executiva foi penhorado o bem “C”, propriedade
do executado “A” e, este após a efetivação dessa penhora
vende-o a “B”.

Na verdade, através da compra e venda, “B” adquiriu o direito


de propriedade sobre o bem “C” – mas esse direito (de B.) é
inoponível à execução.
Pois, se o bem “C” vier a ser vendido na execução, o direito de
“B” vai caducar.
Já se a penhora vier, por qualquer razão, a ser levantada sobre
o bem “C”, “B” irá poder exercer plenamente o direito que
adquiriu.
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II. Direito de preferência legal

Determina o n.º 1 do art. 822 CC que, "salvo nos casos


especialmente previstos na lei, o exequente adquire pela
penhora o direito de ser pago com preferência a qualquer
outro credor que não tenha garantia real anterior".
Assim, após a realização/registo da penhora o exequente
adquire um direito de preferência legal, pois passa a ter o
direito de obter a satisfação patrimonial do seu direito de
crédito antes de qualquer outro credor que não tenha
obtido ou registado uma garantia anterior à penhora.
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III. Perda do poder de fruição sobre o bem penhorado

A penhora priva o proprietário do bem penhorado do


pleno exercício de poderes sobre esse bem.
Pois, após a realização da penhora, ainda que o
executado, conserve na sua posse o bem penhorado,
passa a detê-lo como fiel depositário, com as limitações
decorrentes do exercício dessa função.
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Objeto da penhora – art. 735

A penhora incide sobre todo o património do devedor


principal ou subsidiário, que seja suscetível de penhora,
uma vez que, a garantia geral das obrigações é, em
princípio, constituída pela totalidade dos bens que
constituem o património do devedor.

Decorre das disposições conjugadas dos art. 601, 817 e 818,


todos do CC e art. 735 que, em princípio, todo o património
do devedor, e só ele, responde pelas dívidas que o mesmo
tenha contraído.
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A regra que vigora no processo executivo é a de que só


podem ser penhorados bens que pertençam ao
devedor.
Assim sendo, podemos dizer que todos os bens que
constituem o património do devedor, podem ser objeto
de penhora ( à exceção de bens inalienáveis e de
outros que a lei declare impenhoráveis) para satisfação
dos direitos dos credores.
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Conquanto,
a penhora de bens de terceiro (perante a relação
obrigacional) será, excecionalmente, admissível nos casos
especiais previstos na lei, desde que a execução tenha sido
movida contra o terceiro - art. 735/2.

Assim, só podem ser objeto de penhora em duas situações:


• quando sobre o bem de terceiro incida direito real
constituído para garantia do crédito exequendo;
• quando tenha sido julgada procedente impugnação
pauliana de que resulte para o terceiro a obrigação de
restituição dos bens objeto de impugnação – art. 616/1 e
818 CC.
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Impenhorabilidade resultante da lei


Essas impenhorabilidades têm em conta certos interesses
gerais, interesses essenciais do executado ou de
terceiros que o sistema jurídico faz sobrepor aos
interesses do próprio exequente.
Falamos de:
I. Impenhorabilidade absoluta ou total
II. Impenhorabilidade relativa e
III. Impenhorabilidade parcial
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I. Bens absoluta ou totalmente impenhoráveis - art.


736…

Impenhorabilidade absoluta ou total – quer significar


que os bens não podem, em absoluto e na sua
totalidade, ser penhorados, seja qual for a dívida
exequenda.

Está em causa a impossibilidade absoluta de penhora


de determinados bens ou direitos do executado.
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I. Bens absoluta ou totalmente impenhoráveis - art.


736… NUNCA PODEM SER PENHORADOS

Este regime é uma exceção ao princípio geral da


responsabilidade patrimonial do devedor – art. 735/1,
uma vez que restringe a possibilidade de o credor atingir
todo o património do devedor, visando a satisfação do
seu direito de crédito.
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al. a) coisas ou direitos inalienáveis.


Quer isto significar que são absolutamente impenhoráveis
os bens ou direitos que não sejam suscetíveis de alienação,
como é o caso:

• direitos de personalidade - art. 70 e ss CC,


• direito de uso e habitação - art. 1488 CC,
• direito do arrendatário no contrato de arrendamento para
fins habitacionais - art 1038, al. f) e 1059 CC,
• direito à indemnização pelos danos não patrimoniais
sofridos pela vítima antes da morte,
• baldios.
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al. b) …
Assenta na presunção de que tais bens estão, pela sua
própria natureza, afetos exclusivamente a fins de utilidade
pública.

Bens de domínio público:


• águas territoriais com os seus leitos, fundos marinhos, lagos, lagoas;
• estradas e linhas férreas nacionais;
• palácios, monumentos, museus, bibliotecas, arquivos e
• teatros nacionais.
• …
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al. c) …
O legislador teve em vista garantir a tutela da dignidade
do executado, evitando, por essa forma, que a penhora
seja empregue como forma de coação, vexame ou
humilhação da sua pessoa do executado.
Ex: vestuário interior
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al. d) …
Há uma tutela dos interesses sócio religiosos, que o
legislador sobrepõe aos interesses particulares do
exequente quanto à satisfação do seu direito de
crédito.
Ex: capelas, santuários e paramentos religiosos.

Mas, já não serão abrangidos por esta limitação os bens


que, apesar de possuírem natureza religiosa, não se
destinem ao culto público.
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al. e) …
Desde que se encontrarem implantados no cemitério; esta
limitação existe por razões de natureza moral, social e religiosa.
al. f)…
A razão de ser desta limitação é de natureza social e humanitária,
visando a proteção da dignidade da pessoa humana.
al. g) …
A sua impenhorabilidade foi reconhecida pela Lei n° 8/2017, de
03.03, que estabelece um estatuto jurídico dos animais e reconhece
a sua natureza de seres vivos dotados de sensibilidade e, por isso
alvo de proteção jurídica.
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II. Bens relativamente impenhoráveis – art. 737

Falamos aqui daqueles bens que, em princípio, não


podem ser penhorados.
Quer isto significar que só poderão ser penhorados em
determinadas circunstância ou para pagamento de
certas dívidas.
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art. 737/1…
Estão isentos de penhora, os bens do domínio privado
do Estado e das restantes pessoas coletivas públicas, de
entidades concessionárias de obras ou serviços públicos
ou de pessoas coletivas de utilidade pública, que se
encontrem especialmente afetados à realização de fins
de utilidade pública – exceto se estiver em causa uma
execução para pagamento de uma dívida que
beneficie de uma garantia real sobre esses bens.
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art. 737/2…

A razão de ser desta norma é de natureza económica e


social.
E não é aplicável às pessoas coletivas e às sociedades
comerciais.

Se bem que, tais bens poderão já ser objeto de penhora


nas situações previstas nas al. a), b) e c) do citado
normativo.
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art. 737/3…

São os bens que são absolutamente indispensáveis à


satisfação das necessidades básicas e diárias da
generalidade das pessoas.
A jurisprudência tem vindo a considerar que esse conceito
deve ser aferido em função do nível sociocultural e
económico de qualquer família média.
Ex: fogão, frigorifico, mesa e cadeiras, louça …
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art. 737/3…

Se bem que, tais bens, só estarão isentos de penhora se se


encontrarem na casa de habitação efetiva do executado,
já não, se se encontrarem numa outra habitação do
executado.

Também, só serão impenhoráveis se a dívida exequenda


não disser respeito ao pagamento do preço da sua
aquisição ou do custo da sua reparação.
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III. Bens parcialmente penhoráveis – art. 738

Este artigo dá acolhimento ao princípio da dignidade


da pessoa humana inerente a um Estado de Direito,
com consagração constitucional.
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art. 738/1
Determina que, são impenhoráveis 2/3 da parte líquida
dos vencimentos, salários, prestações periódicas pagas
a título de aposentação ou de qualquer outra regalia
social, seguro, indemnização por acidente, renda
vitalícia ou prestações de qualquer natureza que
assegurem a subsistência do executado.
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art. 738/3 … limites da impenhorabilidade

A impenhorabilidade dos 2/3 (n.º 1), encontra duas


limitações no n.º 3, isto é:
limite máximo - não pode ser superior ao montante
equivalente a três salários mínimos nacionais à data de
cada apreensão;
limite mínimo – não pode ser inferior ao montante
equivalente ao salário mínimo nacional, quando o
executado não tenha outra fonte de rendimento.
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€ 750,00 - vencimento
738/1 = 2/3 Impenhoráveis 1/3 Penhorável
500,00 ( < 635,00 SMN) 250,00
+135,00 - 135,00
____________ _____________
€ 635,00 115,00

art. 738/3 =/= € 135,00

SMN – 635,00
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Quanto aos interesses protegidos

A existência de um limite máximo à impenhorabilidade


tem em vista a proteção dos interesses do exequente, já
o limite mínimo tem em vista a defesa da situação
económica e social do executado.
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Caso prático:
1. Supondo que o executado aufere um vencimento
mensal líquido de € 1.200,00, indique qual o montante
penhorável.

2. Suponha, agora, que o referido vencimento era de €


3.200,00, indique o montante penhorável.
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€ 1.200,00
A lei prevê a impenhorabilidade de 2/3 do vencimento
líquido do executado – assim, será impenhorável o
montante de € 800 (2/3), e penhorável o montante de €
400,00 (1/3).

Neste caso, não é necessário fazer qualquer correção


quanto à parte impenhorável da remuneração, pois fica
assegurado o recebimento da quantia correspondente
a um salário mínimo nacional (€ 635,00).
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€ 3.200,00
A lei prevê a impenhorabilidade de 2/3 do vencimento
líquido do executado – assim, será impenhorável o
montante de € 2.133,33 (2/3), e penhorável o montante de
€ 1.066,66 (1/3).
Neste caso, importará fazer a correção quanto à parte
impenhorável da remuneração, pois excede três SMN (€
1.905,00)
Assim, a parte impenhorável da remuneração do
executado (€ 2.133,33) terá, forçosamente, de ser reduzida
[€ 2.133,33 - € 1.905,00 (3 SMN)= € 228,33].
Verificando-se equivalente aumento da parte penhorável.
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Assim, a parte penhorável


será de:

€ 1.066,66 (1/3 penhorável art.738/1 a contrário)


+ € 228,33 (art. 738/3 – correção do limite máximo)
______________
€ 1.294,99

reduz-se à parte impenhorável [€ 2.133,33 -


€ 1.905,00 (3 SMN)= € 228,33 – que irá
acrescer à parte penhorável.
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Conquanto, por disposição da lei – art. 738/4 - estes


limites não têm aplicação nos casos em que o crédito
exequendo seja de alimentos, nestes casos só é
impenhorável a quantia equivalente à totalidade da
pensão social do regime não contributivo, que no ano
de 2020 se acha fixada em € 211,79.
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Caso prático:
Suponha que na primeira hipótese, em que o vencimento
mensal líquido do executado era de € 1.200,00, o crédito
exequendo era de alimentos.
Indique o montante penhorável.

Porque o crédito exequendo é de alimentos, não há lugar à


impenhorabilidade dos 2/3 referidos no n.º 1 do art. 738, assim
sendo, apenas é impenhorável a quantia equivalente à
totalidade da pensão social do regime não contributivo, ou
seja, € 211,79, por aplicação do estatuído no art.738/4, logo
a parte penhorável, neste caso, será de € 988,21 ( €1.200,00 - €
211,79 = € 988,21).
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IMPENHORABILIDADE DE RENDIMENTOS DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS

O n.º 8 do art. 738 - estende a possibilidade de redução da


penhora dos créditos auferidos no exercício de tais
actividades, quando os rendimentos se destinem a
assegurar a sua subsistência, à semelhança do previsto no
n.º 1 para outras prestações.
Garante assim, que os rendimentos dos profissionais liberais
são protegidos em caso de penhora de rendimentos, de
forma a garantir a subsistência do executado.
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art. 738/8 … é aplicável às atividades previstas na tabela a que se reporta o art. 151 do código do IRS:

 Arquitectos, engenheiros …

 Artistas plásticos, actores e músicos

 Economistas, contabilistas, …

 Advogados, solicitadores, juristas, notários …

 Médicos, dentistas …

 Amas;

 Decoradores;

 Desportistas;

 Esteticistas, manicuras e pedicuras;

 Guias intérpretes;

 Jornalistas e repórteres;

 Louvados;

 Massagistas;

 Mediadores imobiliários;

 Peritos avaliadores …

 …
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O objectivo deste normativo é limitar a penhora sobre os rendimentos


dos profissionais liberais, de forma a garantir a subsistência do
executado.
Para beneficiar desta medida, o executado tem de comunicar a sua
opção à Autoridade Tributária (AT), através do Portal das Finanças e
prestar as informações constantes dos itens i), ii) e iii) da al. d) do n.º 8
do art. 738.
Com base nas quais, será emitida uma certidão relativa aos limites
máximos e mínimos da impenhorabilidade de todas as entidades
pagadoras, acessível no Portal das Finanças pelo exequente e
entidades devedoras dos rendimentos, a quem o executado deverá
fornecer um código de acesso concedido pela AT para o efeito.
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Esta impenhorabilidade cessa, pelo período de dois anos, se o


executado prestar com inexatidão as comunicações referidas
na al. d) do n.º 8 do art. 738 por forma a impossibilitar a
penhora do crédito – al.f) do n.º 8.
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Exemplo:
 Executado (profissional liberal) recebe 4 avenças:
 1ª - 250,00
 2ª - 100,00
 3ª - 300,00
 4ª - 200,00

O total perfaz a importância de 850,00, acrescida do valor de IVA à


taxa de 23% e deduzidas da retenção na fonte de 25%.

O rendimento líquido total para efeitos da alínea a) do nº 8 é de


637,50 [850,00 x 0,75], e é sobre este que se faz a aplicação do
disposto no nº 1 a 4 do art. 738:

Parte impenhorável 637,50 x 2/3 = 425,00 – mas porque é inferior ao


SMN - o valor a penhorar é de 637,50 - 635,00 = € 2,50.
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O art. 739, determina que “São impenhoráveis a quantia


em dinheiro ou o depósito bancário resultantes da
satisfação de crédito impenhorável, nos mesmos termos
em que o era o crédito originariamente existente”

Quer isto significar que se o executado receber o seu


vencimento por transferência para conta bancária e se
for penhorado o saldo dessa conta, continua a ter
aplicação ao depósito o regime da limitação da
penhora estatuído no art. 738.
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REDUÇÃO OU ISENÇÃO DA PENHORA – ART. 738/6

Prevê excecionalmente a possibilidade de redução ou


mesmo de isenção de penhora, isso poderá suceder
quando a penhora afete a subsistência condigna do
executado e do seu agregado familiar.
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Contudo, esse benefício tem carácter de excecionalidade e


será de conceder, uma vez ponderados os pressupostos nele
definidos, nomeadamente, o montante e natureza do crédito
exequendo e as necessidades do executado e do seu
agregado familiar ( salvaguarda de uma existência com o
mínimo de dignidade).
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RESPONSABILIDADE DOS CÔNJUGES PELAS DÍVIDAS PRÓPRIAS OU


COMUNS

I. Penhora de bens comuns do casal em execução movida


contra um dos cônjuges.
II. Incidente de comunicabilidade da dívida:
i. Comunicabilidade da dívida suscitada pelo exequente
ii. Comunicabilidade da dívida suscitada pelo executado
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I. Penhora de bens comuns do casal em execução


movida contra um dos cônjuges – art. 740
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Solicita-se aos alunos que rememorem, as seguintes


matérias lecionada na Unidade Curricular de Direito da
Família:

REGIMES DE BENS DO CASAMENTO …


RESPONSABILIDADE POR DÍVIDAS DOS CÔNJUGES
DÍVIDAS PRÓPRIAS E DÍVIDAS COMUNS
BENS QUE RESPONDEM PELAS DÍVIDAS DOS CÔNJUGES
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Limitando-nos, por isso, a umas breves notas:

O regime das dívidas conjugais encontra-se regulado no art.


1690 e ss. CC – do qual decorre que qualquer dos cônjuges
tem legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento do
outro.

Distinção entre dívidas próprias de um dos cônjuges e dívidas


comuns de ambos os cônjuges - art. 1691 e ss. CC.
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BENS QUE RESPONDEM PELAS DÍVIDAS DOS CÔNJUGES

Havendo dívidas, estas podem ser da responsabilidade:


• de ambos os cônjuges (art. 1691, 1693/2 e 1694/1, todos do CC) ou
• da responsabilidade de um só cônjuge (art. 1692, 1693/1 e 1694/2,
todos do CC).

A partir dessa distinção determinam-se quais os bens (próprios de


cada um ou comuns) que respondem por determinada dívida - art.
1695, 1696, ambos do CC.
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Instituindo o art. 1695/1 CC que,


pelas dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges,
respondem os bens comuns do casal e, na falta ou
insuficiência daqueles, solidariamente, os bens próprios de
qualquer dos cônjuges.

O art. 1696/1 CC determina que,


pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos
cônjuges, respondem, em primeiro lugar, os bens próprios
do cônjuge devedor e, subsidiariamente, a sua meação
nos bens comuns.
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art. 740/1…

ocupar-se da situação particular da penhora de bens


comuns do casal em execução movida apenas contra um
dos cônjuges.
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Cabem aqui as situações em que foi intentada ação


executiva somente contra um dos cônjuges ( casado sob o
regime da comunhão geral de bens ou comunhão de
adquiridos), mas aí foram penhorados bens comuns do casal,
por não se conhecerem bens suficientes próprios do
executado.
Nestes casos, o seu cônjuge será citado para, no prazo de
vinte dias:
• requerer a separação de bens ou
• juntar certidão comprovativa da pendência de ação em
que a separação já tenha sido requerida.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

A citação é efetuada pelo agente de execução, concluída a


fase da penhora e apurada a situação registral dos bens - art.
719/1, 786/1, al. a) e n.º 8.

Se o cônjuge do executado citado nada fizer - a execução


prosseguirá sobre os bens comuns do casal que tiverem
penhorados – art. 740/1

Mas, se o cônjuge do executado provar que requereu a


separação de bens ou que, esta ação já se achava pendente,
a ação executiva fica suspensa até à partilha – art. 740/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Se, na sequência dessa partilha, os bens penhorados


forem adjudicados ao executado na partilha - a
execução prossegue sobre esses bens;
mas se o não forem, poderão ser penhorados outros
bens que lhe sejam adjudicados, mantendo-se a
anterior penhora até que seja realizada a nova
apreensão.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

II. Incidente de comunicabilidade da dívida

A lei trata separadamente o incidente suscitado pelo


exequente (art.741) e o incidente suscitado pelo
executado (art.742).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

i) Incidente de
comunicabilidade da dívida suscitada pelo exequente – art.
741

Possibilita ao exequente a alegação, de forma fundamentada, de


que a dívida é comum do casal, quando a execução seja movida
apenas contra um dos cônjuges ( por só ele figurar como no TE) e
se funde em título executivo extrajudicial.

(alegar factos dos quais se extraia nos termos do direito substantivo,


que a dívida é comum)
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

A alegação da comunicabilidade da dívida pode ser


efetuada:

• no requerimento executivo - art. 724/1, al. e)


OU
• em requerimento autónomo - art. 293 a 295 ss - até ao
inicio das diligências para a venda ou adjudicação de
bens – e autuado por apenso.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Quando houver lugar à alegação da comunicabilidade


da dívida ao cônjuge, por parte do exequente no
requerimento executivo - a ação executiva para
pagamento de quantia certa seguirá a forma ordinária
- art. 550/3, al. c).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Trata-se de um incidente de natureza declarativa, cuja


finalidade é estender a eficácia do título executivo
extrajudicial ao cônjuge do executado.

Cuja dedução determina a suspensão quer da venda


dos bens próprios do executado já penhorados, quer
dos bens comuns, até ser proferida decisão no incidente
– art. art. 741/4 – pois esta irá ter reflexo no que respeita
aos bens que irão responder pela dívida exequenda.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Pressupostos para a dedução do incidente da comunicabilidade


da dívida ao cônjuge do executado:

• execução movida apenas contra um dos cônjuges,


• o título executivo seja extrajudicial,
• A sua invocação terá de ser deduzida no requerimento executivo
ou em requerimento autónomo, e neste caso, até ao início das
diligências para venda ou adjudicação,
• A alegação da comunicabilidade da dívida terá que ser
fundamentada.

art. 741/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Suscitada a comunicabilidade da dívida ao cônjuge do


executado, este é citado para, no prazo de 20 dias:

• declarar se aceita a comunicabilidade da dívida baseada no


fundamento alegado pelo exequente,
• Sendo advertido da cominação em que incorre na eventualidade
de nada dizer - a de que a dívida será considerada comum, sem
prejuízo da oposição que contra ela venha a ser deduzida.

art. 741/2
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Uma vez citado, poderá adotar por uma das posições seguintes:

• aceitar a comunicabilidade da dívida – prosseguindo a execução, de


agora em diante, contra ambos os cônjuges;
• Nada dizer, equivalendo o silêncio a aceitação - prosseguindo a
execução, de agora em diante, contra ambos os cônjuges;
• impugnar a comunicabilidade da dívida, que poderá fazer:
• se a comunicabilidade da dívida foi evocada no requerimento executivo:
• e pretender deduzir oposição à execução – sê-lo-á em sede de oposição à
execução por embargos [ seguindo-se os termos da oposição à execução (art.
732)).
• se não pretender deduzir oposição à execução - sê-lo-á em articulado próprio.
OU
• em oposição ao incidente – se a comunicabilidade da dívida foi
alegada em incidente autónomo.

art. 741/3
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Em função do que se apure no incidente de


comunicabilidade, a decisão pode concluir que:

• a dívida é comum
• a dívida não é comum
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Se se conclui que a dívida é comum - art. 741/5, 1.ª parte.

A execução prossegue também contra o cônjuge não executado,


cujos bens próprios podem ser nela subsidiariamente penhorados.

E se antes da penhora dos bens comuns tiverem sido penhorados


bens próprios do executado inicial, pode este requerer a respetiva
substituição ( 2ª p.)

Na verdade, estende-se a eficácia do título executivo ao cônjuge


do executado, que passa também a ser executado.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Se se conclui que a dívida não é comum

O cônjuge do executado deve (se tiverem sido


penhorados bens comuns do casal), no prazo de 20 dias
após o trânsito em julgado da decisão, requerer a
separação de bens ou mostrar que a mesma já foi
requerida - sob pena de a execução prosseguir sobre
esses bens - art. 741/6.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

ii) Incidente de comunicabilidade da dívida suscitada pelo


executado – art. 742

Possibilita ao executado, que em face da penhora de


bens próprios, deduza oposição à penhora alegando
fundamentadamente que a dívida é comum, indicando
logo os bens comuns que podem ser penhorados.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Suscitada a comunicabilidade da dívida ao cônjuge do


executado, este é citado para, no prazo de 20 dias:

• declarar se aceita a comunicabilidade da dívida baseada


no fundamento alegado pelo executado,
• sendo advertido da cominação em que incorre na
eventualidade de nada dizer - a de que a dívida será
considerada comum, sem prejuízo da oposição que contra
ela venha a ser deduzida.

art. 741/2, por determinação do art. 742/1


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Caso o exequente se oponha ao incidente deduzido ou se


o cônjuge do executado tiver impugnado a
comunicabilidade da dívida - a questão será resolvida pelo
juiz de execução no âmbito do incidente de oposição à
penhora.

Suspendendo-se até lá, a venda dos bens próprios do


executado e aplicando-se o disposto nos n.ºs 5 e 6 do art.
741, conforme a dívida venha a ser declarada comum ou
não, respetivamente ex vi art. 742/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Questão:

No caso de ser suscitado o incidente de


comunicabilidade da dívida, pelo executado, indique
qual a forma de processo comum que a ação
executiva para pagamento de quantia certa seguirá?
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Resolução:

Seguirá a forma ordinária ou sumária consoante o titulo


executivo ( sempre diverso de sentença)que lhe serve
de base.

Pois, o incidente de comunicabilidade suscitado pelo


executado, não afeta a forma de processo aplicável,
nos termos do art. 550/3 al.c), a contrário.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

PENHORA EM CASO DE COMUNHÃO OU DE COMPROPRIEDADE - ART. 743

No caso de a execução ser intentada apenas contra algum


contitular de património autónomo (herdeiro) ou bem indiviso
(comproprietário), apenas pode ser penhorado o direito do
executado nesse património autónomo (herança) ou a quota
parte abstrata do executado no bem indiviso, na proporção dos
respetivos titulares.
Mas já não o bem compreendido no património comum, nem
uma parte especificada do bem indiviso, por força do disposto
no art. 743/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

BENS A PENHORAR NA EXECUÇÃO CONTRA HERDEIRO – ART. 744


Na execução movida contra o herdeiro, só podem ser
penhorados os bens que ele tiver recebido do autor da
herança, atento o princípio segundo o qual, pelas
dívidas da herança, apenas respondem os bens da
herança – art. 2068 CC.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Quer significar que o património de uma determinada pessoa só


pode ser penhorado na falta ou insuficiência do património de uma
outra pessoa distinta.
Exemplo disso é o caso da fiança – garantia pessoal da obrigação
(art. 627 CC), mas o fiador goza, em regra, do benefício da
excussão prévia, ( podendo recusar o cumprimento enquanto o
credor não tiver excutido todos os bens do devedor), exceto se
tiver renunciado a esse benefício - art. 638 CC.

Se o devedor subsidiário beneficiar da excussão prévia e o invocar (


art. 745/1) não podem ser penhorados os seus bens enquanto não
estiverem excutidos todos os bens do devedor principal.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Se for intentada execução só contra o devedor subsidiário


e se este invocar o benefício da excussão prévia, o
exequente pode requerer, no próprio processo, o
chamamento à execução do devedor principal, que será
citado para pagar – art. 745/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Já se a execução tiver sido intentada só contra o


devedor principal e os bens deste forem insuficientes,
pode o exequente requerer, no mesmo processo,
(incidente de intervenção principal provocada), a
execução contra o devedor subsidiário, que é citado
para pagar o remanescente da dívida exequenda - art.
745/3.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Se a execução tiver sido intentada contra ambos (


devedor principal e devedor subsidiário) e tendo os
bens do devedor principal sido excutidos em primeiro
lugar, pode o devedor subsidiário fazer sustar a
execução nos seus próprios bens, indicando bens do
devedor principal que hajam sido posteriormente
adquiridos ou que não fossem conhecidos – art. 745/4.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA – ART. 745/5 …

Há casos em que só se pode penhorar um determinado


bem depois de ter sido penhorado um outro bem, que
não foi suficiente para garantir a satisfação da dívida
exequenda.

Nestes casos, o exequente pode requerer a penhora


imediata de bens que só subsidiariamente responderiam
pela dívida, mas, terá de demonstrar a manifesta falta ou
insuficiência dos bens que deviam responder
prioritariamente.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA
É o que ocorre:
i. nas dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges -
em que os bens próprios de qualquer um deles só podem
ser penhorados na falta ou insuficiência dos bens comuns -
art. 1695 CC,
ii. nas dívidas da responsabilidade exclusiva de um dos
cônjuges - em que os bens comuns só podem ser
penhorados na falta ou insuficiência de bens próprios do
cônjuge devedor - art. 1696 CC,
iii. nas dívidas com garantia real que onerem bens
pertencentes ao devedor - em que o restante património
do devedor só pode ser penhorado depois de executados
os bens onerados em garantia - art. 752/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

ORDEM DE REALIZAÇÃO DA PENHORA

A penhora deve começar pelos bens cujo valor pecuniário


seja de "mais fácil realização" e se mostrem adequados ao
montante do crédito exequendo – art. 751/1.

Devendo o AE respeitar as indicações do exequente sobre os


bens que pretende ver prioritariamente penhorados, exceto se
as indicações violarem normas legais imperativas, ofenderem o
princípio da proporcionalidade da penhora ( art. 735/3) ou
infringirem de forma manifesta a regra do no n.º 1 do art. 751 –
art. 751/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

O princípio da proporcionalidade da penhora, acha-se


estatuído no art. 735/3 – e determina que a penhora se
deve limitar aos bens do devedor que sejam necessários e
suficientes para garantir a satisfação da dívida exequenda
e das despesas previsíveis da execução.

20% do valor da execução – nas execuções de valor até €


5.000,00
10% do valor da execução – nas execuções de valor acima de
€ 5.000,00 e até € 120.000,00.
5% do valor da execução – nas execuções de valor superior a
€ 120.000,00.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Conquanto, existem exceções ao referido princípio:

A admissibilidade da penhora de bens imóveis, que não sejam a


habitação própria permanente do executado ou do estabelecimento
comercial de que o executado seja titular, desde que a penhora de
outros bens do executado não permita, presumivelmente, a satisfação
integral do credor no prazo de seis meses – art. 751/3.

A admissibilidade da penhora de bem imóvel que seja a habitação


própria permanente do executado (n.º 4):
i) Em execução de valor igual ou inferior a €10.000,00, se a penhora
de outros bens não permita, presumivelmente, a satisfação integral
do credor no prazo de 30 meses;
ii) Em execução de valor superior a €10.000,00, se a penhora de
outros bens não permita, presumivelmente, a satisfação integral do
credor no prazo de 12 meses.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

REFORÇO OU SUBSTITUIÇÃO DA PENHORA – art. 751/5 – a penhora


pode ser reforçada ou substituída pelo AE, nos termos das
alíneas a) a f) …

BENS ONERADOS COM GARANTIA REAL – ART. 752/1


Estando em causa execução de dívida com garantia real que
onere bens do devedor, a penhora terá de iniciar por esses
bens.
E só poderão ser penhorados outros bens que integrem o
património do executado se se reconhecer que aqueles bens
são insuficientes para satisfazer a dívida exequenda.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

FORMAS DE EFETIVAÇÃO DA PENHORA

A lei diferencia a penhora de:


I. Bens Imóveis
II. Bens Móveis
III. Direitos

Tripartição legal que se deve à forma de realizar a sua penhora.


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

I. PENHORA DE BENS IMÓVEIS - art. 755 a 763

Formalidades – a penhora concretiza-se via comunicação


eletrónica do AE (art. 755/1) ao serviço de registo competente,
com o valor de apresentação registral - penhora e ato de
apresentação confundem-se.

 Tem lugar uma transferência de posse meramente jurídica.


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Inscrita a penhora, é enviada ou disponibilizada por via


eletrónica ao AE certidão dos registos em vigor sobre o prédio
penhorado, nos termos do n.º 2 do 755 e que releva para
efeitos de:
 conhecimento e posterior citação de credores que sejam
titulares de direitos reais de garantia sobre o prédio
penhorado - art. 786/1, al. b,),

 suspensão das diligências executivas, quando sobre esse


bem já se encontre anteriormente registada uma penhora
à ordem de outro processo executivo - art. 794.

Seguindo-se a feitura do Auto da Penhora (art. 753/1 e 755/3) e a


afixação dum edital na porta ou noutro local visível do prédio
penhorado (art. 755/3) e a tradição material da coisa para o
depositário (art. 757).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

DEPOSITÁRIO
Na penhora de bens imóveis e de bens móveis não sujeitos a
registo, cabe ao AE a função de depositário, com exceção das
execuções concretizadas por oficial de justiça, cabendo a este
designar quem fique com essa competência – art. 756/1, 1ª parte.
Salvo se:
i) o exequente consentir que seja nomeado como fiel
depositário o próprio executado ou outra pessoa
designada pelo AE
ii) ocorrer alguma das circunstâncias das al. a) a c) do
citado normativo.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

ENTREGA EFETIVA DO IMÓVEL – ART. 757

O depositário deve tomar posse efetiva do bem imóvel


penhorado, sem prejuízo dos casos previstos nos n.º 1 e 2
do art. 756.
Deparando-se o AE com alguma impossibilita de concretizar a
diligência, designadamente quando as portas se encontrem
fechadas e seja necessário proceder ao seu arrombamento,
pode solicitar diretamente o auxílio das autoridades policiais;
mas, tratando-se do domicílio do executado o AE terá que
solicitar ao juiz despacho de autorização de auxílio da força
policial - art. 757/ 3 e 4.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

DEVERES DO DEPOSITÁRIO

Deveres gerais previstos art. 1187 CC


Dever de administrar os bens – art. 760/1
Dever de apresentação dos bens - art. 771/1
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

REMOÇÃO DO DEPOSITÁRIO E ESCUSA DO CARGO – art. 761

O depositário (que não seja o AE) pode ser removido se não


cumprir os deveres do seu cargo – art. 761/1
Sendo depositário o AE, a violação dos seus deveres (art. 720/4 )
pode levar à sua destituição.

Escusa do cargo – art. 761/3


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

PENHORA DA CASA DE HABITAÇÃO EFETIVA DO EXECUTADO – DEFESAS

Enquanto a sentença estiver pendente de recurso e


haja sido penhorada essa habitação, o juiz pode, a
solicitação do executado, determinar que a venda
aguarde a decisão definitiva, quando a venda possa
causar prejuízo grave e dificilmente reparável – art.
704/4.
• art. 733/5 - o juiz pode determinar, a solicitação do
embargante, que a venda aguarde a decisão proferida em
primeira instância sobre os embargos, quando a venda seja
capaz de causar prejuízo grave e de difícil reparação.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

II. PENHORA DE BENS MÓVEIS – art. 764 a 772

Subdivide-se em dois grupos:

a) Bens móveis não sujeitos a registo


b) Bens móveis sujeitos a registo
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

a) PENHORA DE BENS MÓVEIS NÃO SUJEITOS A REGISTO

Concretiza-se com a efetiva apreensão dos bens e a


sua imediata remoção para depósitos, ficando o AE
depositário dos bens - art. 764/1.

Caso não se proceda à remoção dos bens penhorados


o legislador impõe que se proceda à sua descrição
pormenorizada – art. 764/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

O n.º 3 do citado artigo faz presumir que pertencem ao


executado os bens que sejam encontrados na sua posse,
podendo, no entanto, essa presunção ser ilidida perante o
juiz, quer pelo executado ou por alguém em seu nome,
quer por terceiro, mediante a apresentação de prova
documental inequívoca do direito de terceiro sobre eles.

Também, nos termos do art. 747, se o bem do executado se


encontrar na posse de um terceiro esse bem pode ser
apreendido pelo AE, sem prejuízo dos direitos que seja lícito
ao terceiro opor à execução.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Auto de penhora – art. 766


O AE deve elaborar um auto de penhora, no qual são
relacionados e discriminados os bens penhorados (
identificando a quantidade, a espécie, a marca, o modelo)
de forma a permitir a sua perfeita identificação e
individualização, indicando-se, sempre que possível, o valor
dos bens.
Valor que é fixado pelo AE.
Do referido auto tem de constar a data e a hora da
realização da diligência, menções que são importantes
para efeitos das regras da prioridade da penhora, da
ineficácia dos atos de disposição oneração ou
arrendamento de bens penhorados (art. 819 CC) e da
suspensão da execução do bem ou direito que tenha sido
penhorado em segundo lugar (art. 794/1).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

b) PENHORA DE BENS MÓVEIS SUJEITOS A REGISTO


À penhora de bens móveis sujeitos a registo, são aplicáveis, com
as devidas adaptações, as disposições previstas para a de bens
imóveis, assim, faz-se por comunicação à conservatória para
efeitos da sua inscrição no registo.

i) Penhora de veículos automóveis


É realizada através de comunicação eletrónica do AE ao
serviço de registo competente e depois o AE lavra o auto de
penhora – art. 755 ex vi art. 768.
A imobilização do veículo pode preceder a penhora.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

A penhora deve ser registada junto da conservatória do registo


automóvel e acarreta a proibição de o veículo circular, sob
pena de o depositário incorrer na prática de um crime de
desobediência qualificada.
art. 768/3 – “Após a penhora e a imobilização, deve proceder-se:
a) À apreensão do documento de identificação do veículo, se
necessário por autoridade administrativa ou policial, segundo o
regime estabelecido em legislação especial;
b) À remoção do veículo, nos termos prescritos em legislação
especial, salvo se o agente de execução entender que a
remoção é desnecessária para a salvaguarda do bem ou é
manifestamente onerosa em relação ao crédito exequendo.”
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Quer isso significar que é permitido ao AE proceder à


imobilização do veículo automóvel antes mesmo de proceder
à sua penhora.
Conquanto, a lei impõe um espaço temporal de um dia útil
para proceder ao registo dessa penhora, sob pena da
apreensão perder o seu efeito – art. 768/1 e 2.

A antecipação da diligência de imobilização em relação à


penhora veio permitir ao exequente avaliar a viabilidade dessa
penhora.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

ii) Penhora de navios – art. 768/4


(Dec.Lei n.º 201/98, de 10.07 estabelece o estatuto legal do navio)

É realizada através de comunicação do AE à


conservatória do registo competente.
art. 769 e 770 – o código prevê a possibilidade de o
navio penhorado continuar a navegar.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

iii) Penhora de aeronaves – art. 768/5

É realizada mediante registo apresentado junto da


autoridade nacional de aviação civil, entidade
responsável pela organização e gestão do Registo
Aeronáutico Nacional – Dec.Lei n° 40/2015, de 16.03.
A penhora é seguida de notificação à autoridade de
controlo de operações do local onde a aeronave se
encontre estacionada, à qual compete a apreensão
dos respetivos documentos.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

III. PENHORA DE DIREITOS

• Penhora de créditos – art. 773


• Penhora de títulos de crédito – art. 774
• Penhora de direitos ou expetativas de aquisição – art. 778
• Penhora de rendas, abonos, vencimentos, salários ou rendimentos
periódicos – art. 779
• Penhora de depósitos bancários – art. 780
• Penhora de direito a bens indivisos e de quotas em sociedade – art.
781
• Penhora de estabelecimento comercial – art. 782
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Penhora de créditos – art. 773

Ex: um direito de crédito que resulte da celebração de um


contrato de prestação de serviços; da venda de bens; do
direito ao reembolso de IRS ou IRC, etc …
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

A penhora de créditos realiza-se através da notificação


ao devedor do executado (com as formalidades da
citação pessoal e com a indicação expressa da
cominação em que o terceiro incorre na eventualidade
de nada dizer), de que o crédito fica à ordem do AE -
art. 773/1.
Esta informação tem de constar de forma expressa na
notificação.
Querendo isso significar que o terceiro deverá efetuar o
pagamento do crédito penhorado diretamente ao AE e
não ao executado.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Após a notificação, o devedor pode adotar um dos


seguintes comportamentos:

1) Reconhecer expressamente que o crédito existe – neste


caso deverá depositar o crédito penhorado em instituição
de crédito à ordem do AE, logo que o mesmo se vença -
art. 777/1, al. a).
2) Nada dizer nos10 dias a contar da notificação – então
presume-se que reconhece a existência da obrigação, nos
termos da indicação do crédito à penhora – art. 773/3 e 4,
e por isso terá que cumprir a obrigação aquando do seu
vencimento, sob pena de, não o fazendo, poder o
exequente exigir, nos próprios autos da execução, a
satisfação coerciva da prestação, servindo de TE a
notificação realizada pelo AE ao devedor e a falta de
declaração.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

3) Negar a existência do crédito – neste caso o AE notifica o


exequente e o executado para que estes, no prazo de 10
dias, se pronunciem quanto à negação da existência do
crédito, devendo o exequente declarar se mantém a
penhora do crédito ou dela desiste – art. 775.

Se o exequente mantiver a penhora, o crédito passa a ser


considerado litigioso e será adjudicado ou transmitido com
essa natureza ( competindo ao adquirente intentar ação
declarativa contra o executado e o seu devedor, tendente à
declaração e reconhecimento da existência e do montante
do crédito).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

art. 776/1/2 …
4) Declarar que o crédito existe, mas que a exigibilidade da obrigação
está dependente de uma prestação por parte do executado – art.
776/1.
• Se o executado confirmar a declaração do devedor ou se nada
disser – é notificado para satisfazer a sua prestação em relação ao
devedor, no prazo de 15 dias a contar da notificação.
• Se o executado satisfizer a sua prestação, a obrigação do
devedor torna -se exigível, prosseguindo a execução quanto ao
direito de crédito que foi penhorado.
• Se o executado não satisfizer a sua prestação, tanto o exequente,
como o devedor, podem exigir o cumprimento, promovendo a
respetiva execução contra o executado, servindo de TE a sua
declaração de reconhecimento de dívida; pode, ainda, o
exequente substituir-se ao executado, efetuando a prestação ao
terceiro, caso em que ficará sub-rogado nos direitos do devedor
contra o executado – art. 776/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Penhora de títulos de crédito – art. 774

A penhora de direitos incorporados em títulos de crédito


e valores mobiliários titulados que não se encontrem
integrados em sistema centralizado, registos ou
depositados em intermediário financeiro ou registados
junto respetivo emitente, é realizada mediante a
apreensão do título.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Penhora de direitos ou de expetativas de aquisição - art.


778
O executado pode ser titular de um direito ou de uma
expetativa de adquirir alguma coisa.

Exemplos:
• Promitente-comprador no âmbito de um contrato promessa
de compra e venda, com eficácia real, referente a um
determinado bem imóvel - art. 413 do CC
• Titular de um direito de preferência, legal ou convencional,
com eficácia real - art. 421 do CC
• Adquirente de um bem transmitido com cláusula de reserva
da propriedade - art. 409/1CC
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Penhora de direitos ou de expetativas de aquisição - art.


778

Nestes casos, não é admissível a penhora da coisa(


objeto do contrato) – já que o terceiro poderá reagir
contra essa penhora mediante embargos de terceiro –
art. 342 – apenas poderá ser penhorado o direito ou a
expetativa de o executado vir a adquirir a coisa.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Esta penhora, do direito ou da expectativa de aquisição é


realizada através da notificação à contraparte do contrato
celebrado com o executado de que a posição contratual
deste ( a qual lhe permitirá adquirir a coisa no termo ou em
execução do contrato) fica à ordem do AE, considerando-se a
penhora realizada no momento em que é realizada a
notificação.
Uma vez notificado, o terceiro deve declarar se esse direito
existe ou não, quais as garantias que o acompanham, em que
data se vence e quaisquer outras circunstancias que possam
interessar à execução - art. 773/2 ex vi art. 778/1.

Se o objeto a adquirir for uma coisa que esteja na posse ou


na detenção do executado, observar-se-á, conforme o
caso, o regime da penhora de bens imóveis ou móveis - art.
778/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Realizada a penhora da expectativa da aquisição, esta


fica dependente das ocorrências posteriores do negócio
jurídico que deu origem a essa expectativa de aquisição.

Assim, se a aquisição:
• se vier a consumar - a penhora passa a incidir sobre o
próprio bem transmitido ( património do executado).
• não se consumar - a penhora extingue-se, devendo ser
levantada.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Penhora de rendas, abonos, vencimentos, salários ou


rendimentos periódicos – art. 779

Realiza-se mediante notificação do AE ao locatário, ao


empregador ou à entidade que os deva pagar para
que faça, nas quantias devidas, o desconto
correspondente ao crédito penhorado e proceda ao
depósito em instituição de crédito.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Art. 779/ 2/3/4 …


As quantias penhoradas ficam à ordem do AE ou se as diligências
de execução forem realizadas por oficial de justiça, da secretaria,
mantendo-se indisponíveis até ao termo do prazo para a oposição
do executado, caso este não se oponha /ou, caso contrário, até
ao trânsito em julgado da decisão que vier a recair sobre a
oposição - art. 779/2.
Terminado o prazo de oposição, se esta não tiver sido deduzida /ou
sendo a oposição julgada improcedente (e havendo outros bens
penhoráveis), o AE, depois de descontado o montante relativo às
despesas de execução (art. 735/3) entrega ao exequente as
quantias já depositadas, que não garantam o crédito reclamado e
adjudica as quantias vincendas, notificando a entidade pagadora
para as entregar diretamente ao exequente – art. 779/3.
Mas, caso não sejam identificados outros bens penhoráveis, o AE
depois de assegurado o pagamento das quantias que lhe sejam
devidas a título de honorários e despesas entrega ao exequente as
quantias já depositadas, que não garantam o crédito reclamado, e
adjudica as quantias vincendas, notificando a entidade pagadora
para as entregar diretamente ao exequente, extinguindo-se a
execução – art.779/4.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Penhora de depósitos bancários – art. 780


A penhora de depósito bancário é realizada através de
comunicação eletrónica à instituição bancária legalmente
autorizada a receber depósitos bancários, na qual o
executado disponha de conta aberta.

Da comunicação terão de constar os elementos referidos


no art. 780/3 …
Se forem vários os titulares do depósito, o bloqueio incide
sobre a quota-parte do executado na conta comum,
presumindo-se que as quotas são iguais - art. 780/5.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

art. 780/7 …

Critérios de preferência na escolha das contas para efeitos de


bloqueio de saldo:

• contas de que o executado seja único em detrimento


daquelas de que seja contitular e, entre estas, as que têm
menor número de titulares àquelas de que o executado é
primeiro titular;
• contas de depósito a prazo preferem às contas de depósito à
ordem.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

art. 780/8 …

Após a comunicação da penhora de saldo bancário, a


instituição de crédito dispõe do prazo de dois dias úteis
para comunicar ao AE:

• o montante bloqueado,
• saldo existente, mas sem possibilidade de bloqueio,
• a inexistência de conta bancária ou saldo.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

art. 780/10 …
Recebida a comunicação da instituição de crédito, o AE deve, no
prazo de 5 dias, comunicar, por via eletrónica, àquela a penhora
dos montantes dos saldos existentes que se mostrem necessários
para satisfação da quantia exequenda e o desbloqueio dos
montantes não penhorados, após o que a instituição de crédito
deve comunicar de imediato, ao executado a penhora efetuada.

Todavia, o saldo bloqueado ou penhorado pode ser afetado, quer em benefício,


quer em prejuízo do exequente, em consequência de:
a) Operações de crédito decorrentes do lançamento de valores anteriormente
entregues e ainda não creditados na conta à data do bloqueio;
b) Operações de débito decorrentes da apresentação a pagamento, em data
anterior ao bloqueio, de cheques ou realização de pagamentos ou
levantamentos cujas importâncias hajam sido efetivamente creditadas aos
respetivos beneficiários em data anterior ao bloqueio.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

art. 780/13 …

Terminado o prazo de oposição, sem que esta tenha


sido deduzida, ou quando a oposição venha a ser
julgada improcedente, o AE deve entregar ao
exequente as quantias que não garantam nenhum
crédito reclamado, até ao valor da dívida exequenda,
depois de descontado o montante relativo às despesas
de execução.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Penhora de direito a bens indivisos e de quotas em


sociedades – art.781

O executado pode ser titular de um direito a um bem


indiviso ou de um quinhão num património autónomo.

Nestes casos, a penhora, realiza-se através da notificação


do facto ao administrador do bem, se o houver, e aos
contitulares, com a expressa advertência de que o direito
do executado fica à ordem do AE - art. 781/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

art. 781/2 …
Os notificados, poderão fazer as declarações que
entendam quanto ao direito do executado e ao modo
de o tornar efetivo, podendo os contitulares dizer se
pretendem que a venda tenha por objeto todo o
património ou a totalidade do bem.

Neste caso, o património ou o bem são vendidos na sua


totalidade - art. 781/4.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Quanto à penhora de quotas em sociedades - esta


realiza-se por comunicação a conservatória de registo
competente e por notificação à sociedade em causa -
art. 781/6.
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Penhora de estabelecimento comercial – art. 782

A penhora efetiva-se por auto, no qual se relacionam os


bens e direitos que essencialmente o integram,
aplicando-se ainda o disposto para a penhora de
créditos, se do estabelecimento fizerem parte bens
dessa natureza, incluindo o direito ao arrendamento -
art. 782/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

A penhora do estabelecimento comercial não impede


o seu normal funcionamento - art. 782/2.
Sob gestão do executado, salvo se o exequente se
opuser, caso em que o juiz designa um administrador,
com poderes para a respetiva gestão ordinária - art.
782/3.
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OPOSIÇÃO À PENHORA
A lei processual prevê vários mecanismos de oposição à penhora:

I. OPOSIÇÃO POR SIMPLES REQUERIMENTO


tem lugar no próprio processo executivo

II. INCIDENTE DE OPOSIÇÃO À PENHORA


tem lugar no próprio processo executivo, mas por apenso

III. EMBARGOS DE TERCEIRO


constitui verdadeira ação declarativa, processada por apenso e é o meio
mais específico de reação contra a ilegalidade da penhora e qualquer
diligência judicial de apreensão - art. 342 …

IV. AÇÃO DE REIVINDICAÇÃO


constitui ação declarativa, plenamente autónoma da ação executiva
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

A ilegalidade da penhora pode decorrer por:

i) Terem sido penhorados bens que não deviam ser penhorados:


• em absoluto
• naquelas circunstâncias
• sem excussão de todos os outros
• por aquela dívida
Isto é quando ultrapassados os limites objetivos da penhorabilidade – a
impenhorabilidade diz-se, neste caso, OBJETIVA.
O meio de reagir à IMPENHORABILIDADE OBJETIVA é o Incidente de Oposição
à Penhora ( II).

ii) Terem sido penhorados bens que não são do executado aqui a penhora é
subjetivamente ilegal – a impenhorabilidade diz-se SUBJETIVA.
O meio de reagir à IMPENHORABILIDADE SUBJETIVA é através dos demais
meios ( I, III, IV).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

I.OPOSIÇÃO POR SIMPLES REQUERIMENTO – art. 764/3

Os bens móveis encontrados em poder do executado presume-


se pertencerem-lhe – contudo, essa presunção pode ser ilidida -
mediante prova documental inequívoca de que pertence a
terceiro, por simples requerimento – art. 764/3.

Para ilisão da presunção, de modo a que as consequências da


penhora efetuada não se mantenham e a coisa seja restituída,
é exigido um documento que inequivocamente mostre que os
bens pertencem a terceiro, ou que possua sobre ele um direito
real menor de gozo que implique a usufruição (doc. autêntico
ou doc. particular autenticado com data anterior à da penhora
é bastante para o efeito).
Ex. bens à consignação, bem vendido com reserva de
propriedade.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Oposição por simples requerimento


A simples circunstância de o executado ou um terceiro, no ato da
penhora, argumentarem diante do AE de que os bens não são
propriedade do executado, não é impeditivo da efetivação da
penhora, pois a referida presunção só pode ser ilidida perante o juiz.

Conquanto, mesmo que o juiz não determine o levantamento da


penhora, não fica prejudicado o direito de o terceiro deduzir
Oposição por Embargos, mesmo quando tenha sido ele a requerer
o levantamento.

A lei admite, também, o requerimento – art. 738/6 e 744/2.


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

II. Incidente de Oposição à penhora – art. 784

Meio de Oposição privativo do executado ( e do


cônjuge, nos casos do art. 786/1 al. a) e 787/1) - trata de
casos de Impenhorabilidade objetiva.

O art. 784, apresenta vários fundamentos de oposição à


penhora – referentes a ilegalidades objetivas do ato de
penhora:
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

al. a) …
reporta-se aos casos de impenhorabilidade processual,
quer absoluta (art. 736), quer relativa, esta apenas fora
das hipóteses autorizadas (art. 737) e na sua segunda
parte, aos casos de impenhorabilidade parcial (art.738).
Ou seja, aos casos em que a penhora foi realizada com
violação das normas que fixam as impenhorabilidades
e, ainda, do princípio da proporcionalidade (art. 735/3).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

al. b) …
Estamos perante a penhora de bens em casos de responsabilidade
subsidiária, o executado pode opor-se à penhora de bens seus que
só deviam responder na falta de outros (igualmente seus ou de
outro património), se, existindo estes, por eles não tiver começado a
penhora.
Ex:
Se o executado é fiador e goza do benefício da excussão prévia
(BEP) e o tiver invocado, constituirá fundamento de Oposição à
penhora o facto de não terem sido previamente penhorados e
vendidos os bens do património do devedor principal ( os bens do
fiador só deviam responder em caso de incumprimento por parte
do devedor principal).

Se não gozar do BEP - a oposição poderá fundar-se no facto de


não terem sido previamente penhorados os bens, seus ou alheios,
que respondiam em primeiro lugar /ou/ no facto de não ter sido
verificada a sua insuficiência para o pagamento da dívida.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

No caso de dívidas da responsabilidade de ambos os


cônjuges, tenham sido penhorados bens próprios de
qualquer um deles, quando existam bens comuns do casal
- art. 1695 CC.

No caso de dívidas da responsabilidade exclusiva de um


dos cônjuges, hajam sido penhorados bens comuns do
casal, quando o cônjuge devedor dispõe de bens
próprios - art. 1696 CC.
No caso de dívidas com garantia real que onerem bens
pertencentes ao devedor, a penhora haja iniciado por
outros bens do devedor que não os bens onerados em
garantia - art. 752/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Mas, quando a oposição à penhora se funde na


existência de patrimónios separados o executado tem
logo de indicar no articulado os concretos bens que
deveriam ter sido penhorados em seu lugar. – art. 784/2.

Isto porque, se na verdade não existirem outros bens


que devam responder em primeiro lugar, não existe
igualmente qualquer ilegalidade no ato da penhora.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

al. c) …
Reporta-se às causas de impenhorabilidade, específica
ou derivada dum regime de indisponibilidade objetiva,
resultantes do direito substantivo.
Ex:
Bens excluídos de penhora por convenção entre o
credor e o devedor - art. 602 CC.
Bens do herdeiro, que este não tenha recebido do autor
da herança - art. 744.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Em súmula
A ilegalidade da penhora pode resultar:

a) Da violação dos limites impostos pela lei de processo à


penhorabilidade dos bens;

b) De não ter sido respeitada norma que considera como


meramente subsidiária a penhorabilidade de certos bens do sujeito
passivo da execução, condicionando-a à prévia excussão de outro
património ou à verificação de insuficiência dos bens que
respondem prioritariamente pela dívida exequenda;

c) De a penhora haver preterido normas de direito material que,


criando um regime de autonomia ou separação de patrimónios,
vinculam especificamente determinados bens à responsabilidade
de certas dívidas.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Processamento do Incidente de Oposição à Penhora


O incidente corre por apenso – art. 732/1 ex vi 785/2.

A oposição será apresentada no prazo de 10 dias a contar da


notificação do ato da penhora - art. 785/1.
O incidente está sujeito às normas gerais constantes dos art. 293 a
295 (art. 785/2), bem como às do art. 732/1/3 em tudo quanto não
esteja especialmente regulado no art. 785/ 2/3/4.

Com o requerimento de oposição deve o executado oferecer o rol


de testemunhas (5 máximo) e requerer os outros meios de prova.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Há lugar a Despacho Liminar, indeferindo o juiz a


Oposição à Penhora quando:

• for deduzida fora do prazo;


• não se funde em causa de impenhorabilidade objetiva
prevista no art. 784/1, al. a), b) e c);
• seja manifestamente improcedente.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Recebida a oposição à penhora, o exequente é


notificado para contestar no prazo de 10 dias, devendo
também oferecer logo o rol de testemunhas e requer
outros meios de prova - art. 293/1/2 ex vi art. 785/2.

A falta de resposta ou a omissão de impugnação tem


efeito cominatório semipleno - não sendo, considerados
provados os factos alegados pelo executado que
estiverem em oposição com o que o exequente tenha
dito no requerimento executivo – art. 732/3.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Recebida a oposição à penhora:


A execução só é suspensa, na sequência da admissão
da Oposição e limitadamente aos bens em causa, se o
executado prestar caução - art. 785/3.

Mas, quando a Oposição respeite à casa de habitação


efetiva do executado e a venda possa causar prejuízo
irreparável ou de difícil reparação, o juiz pode
determinar que a venda aguarde a decisão a proferir
em primeira instância sobre a oposição à penhora - art.
785/4.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Prosseguindo a execução:

Nem o exequente nem outro credor pode, na


pendência da Oposição obter pagamento sem prestar
caução – art. 785/5

Relativamente aos bens cuja penhora haja suscitado a


sua intervenção na execução, o cônjuge do executado
tem os mesmos poderes processuais que este – art.
787/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Caso a oposição à penhora seja julgada procedente –


o AE deve proceder ao levantamento da penhora e,
sendo o caso, ao cancelamento do respetivo registo -
art. 785/6.
Se a oposição for julgada improcedente a penhora
mantém-se.

O incidente de oposição à penhora pretende, assim,


reagir contra penhoras ilegalmente inadmissíveis.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

III. EMBARGOS DE TERCEIRO – ART. 342 E SS

Impenhorabilidade Subjetiva

Processualmente, são um incidente de intervenção


de terceiros numa instância já constituída, pois
permitem a um terceiro intervir na ação executiva
para fazer valer, no confronto com o exequente e o
executado, um direito próprio, total ou parcialmente
incompatível com as pretensões por aqueles
deduzidas.

Constituem um meio de defesa da posse ou de um direito


incompatível do terceiro sobre um determinado bem,
traduzindo-se, por isso, num meio de reação contra a penhora
desse bem.
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Requisitos para a dedução dos embargos de terceiro – art.


342:

i) Que o embargante seja terceiro (não ser parte na


execução);
ii)Que o terceiro tenha a posse do bem penhorado ou que
seja titular de um direito incompatível com a penhora desse
bem;
iii) Que a posse ou o direito tenha sido ofendido (embargos
repressivos), ou possa vir a sê-lo (embargos preventivos),
pela penhora ou ato judicial de apreensão ou entrega de
bens.
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Âmbito objetivo

Os embargos surgem assim, como meio de defesa da


posse contra a penhora ou ato judicial de apreensão de
bens.

Noção de Posse – art. 1251 CC ( acolhe a conceção


subjetivista da posse) e neste contexto só o possuidor em
nome próprio pode deduzir embargos de terceiro com
fundamento na posse da coisa objeto de penhora – art.
1285 CC.
Já não, o detentor ou possuidor precário ( art.1253 CC).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Âmbito objetivo

Surgem, ainda, para proteger o Direito de terceiro


incompatível com a penhora:

Sê-lo-á sempre que seja apto a


impedir a concretização da venda
ou se não se extinguir com ela.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

DIREITOS REAIS DE GARANTIA


art. 824/2 CC
“ 2. Os bens são transmitidos livres dos direitos de garantia que
os onerarem, bem como dos demais direitos reais que não
tenham registo anterior ao de qualquer arresto, penhora ou
garantia, com excepção dos que, constituídos em data
anterior, produzam efeitos em relação a terceiros
independentemente de registo.”

Quer isto significar que os direitos reais de garantia que


incidam sobre os bens penhorados não são incompatíveis
com a penhora - pois a venda executiva extingue-os.

Consequentemente, esses direitos, não permitem a


dedução de embargos de terceiro ao seu titular.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

art. 824/3 CC
“3. Os direitos de terceiro que caducarem nos termos do
número anterior transferem-se para o produto da venda dos
respectivos bens.”

No entanto, penhorado um bem sobre o qual um terceiro


seja titular de um direito real de garantia, este transfere-
se para o produto da venda dos respetivo bem.
Recaindo sobre o terceiro o ónus de reclamar o seu
crédito na execução - art. 786/1, al. b), sob pena perder
a sua garantia sobre o produto da venda.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Integram DIREITOS REAIS DE GARANTIA:

• Consignação de rendimentos - art. 656 ss CC


• Penhor - art. 666 ss CC
• Hipoteca - art. 686 ss CC
• Privilégios creditórios - art. 733 ss CC
• Direito de retenção - art. 754 ss CC
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DIREITOS REAIS DE GOZO

• Propriedade - art. 1302 ss CC


• Usufruto - art. 1439 ss CC
• Uso e habitação - art. 1484 ss CC
• Direito real de habitação periódica - DL n.º 275/93, de
05.08, aprova o regime jurídico da habitação periódica
- versão mais recente (DL n.º 245/2015, de 20.10)
• …
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Direitos reais de gozo com registo anterior ao registo da penhora


Quanto ao Direito de Propriedade
Se for penhorado um bem que pertença a um terceiro, este poderá
deduzir embargos de terceiro contra a penhora desse bem ( se a
execução não houver sido intentada contra ele).

Conquanto, importa referir as seguintes singularidades, penhora de:


i. Bem vendido ao executado com reserva de propriedade – art.
409 CC
ii. Bem em regime de compropriedade – art. 1403 CC
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

i. o vendedor é que poderá deduzir embargos de terceiro


com base na reserva de propriedade (o terceiro/vendedor
conservou para si a propriedade do bem).Nesta situação,
somente poderia ter sido penhorada a expetativa de
aquisição do bem.

ii. os comproprietários ( não executados) poderão deduzir


embargados de terceiro contra a penhora do bem. Pois,
neste caso, só deveria ter sido penhorada a quota ideal do
executado sobre o bem, já não a sua totalidade ou parte
especifica dele.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Quanto ao Direito de Usufruto, Uso e habitação e Direito real de


habitação periódica

Admitem a dedução de embargos de terceiro, se a


titularidade desse direito tiver sido registada antes do
registo da penhora e se tiver sido penhorada a
propriedade plena em execução intentada somente
contra o proprietário da raiz.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Direitos reais de gozo que não tenham registo anterior ao registo da


penhora

Se não tiverem registo anterior ao da penhora ( exceto os direitos


reais constituídos em data anterior e produzam efeitos em relação
a terceiros independentemente do registo) não pode o seu titular
embargar de terceiro, se de constituição posterior ao registo da
penhora.

art. 819 CC – “Sem prejuízo das regras do registo, são inoponíveis


em relação à execução os actos de disposição, oneração ou
arrendamento dos bens penhorados.”
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

E se existir um conflito entre o direito de propriedade


decorrente de uma aquisição anterior ao registo da penhora,
mas não registada, e uma penhora posterior a essa aquisição
(registada), poderá o terceiro opor o seu direito de
propriedade ao exequente ( registo da penhora)mediante a
dedução de embargos de terceiro?
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Aqui importará ter presente a finalidade do registo predial, o qual se


destina essencialmente a dar publicidade à situação jurídica dos
prédios, tendo em vista a segurança do comércio jurídico imobiliário
– art. 1 CRPredial ( é da informação disponibilizada pelo registo que
se conhece a composição de determinado prédio, a quem
pertence e que tipo de encargos (hipotecas, penhoras) sobre ele
incidem).
Assim, o art. 5/1 CRPredial estatui que, “Os factos sujeitos a registo só
produzem efeitos contra terceiros depois da data do respetivo
registo.”
No entanto, não produz efeitos constitutivos de direito ( art. 7
CRPredial), só constitui presunção de que o direito existe e que
pertence ao titular inscrito – art. 7 CRPredial.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Importa, ainda, ter presente a adoção do conceito de


“terceiros para efeitos de registo” no AUJ n.º 3/99 do STJ
que alterou o art. 5/4 do CRPredial, passando a estatuir
que, "terceiros, para efeitos de registo, são aqueles que
tenham adquirido de um autor comum direitos
incompatíveis entre si".
O que permitiu defender determinadas situações em
que o direito não registado pode ser oponível a
terceiros, dependendo dos terceiros que são
considerados.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Assim, havendo conflito entre o direito de propriedade


decorrente de uma aquisição anterior ao registo da
penhora, mas não registada, e uma penhora posterior a
essa aquisição (registada), a aquisição antecedente
prevalece sobre a penhora.
Pois, o exequente e o proprietário (
embargante) não são terceiros para efeitos de registo –
já que não adquiriram de um autor comum direitos
incompatíveis entre si.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

A resposta à questão colocada, seria a de que o


terceiro (B) poderia deduzir embargos de terceiro contra
a penhora do bem.

Pois B e C não são terceiros para efeitos de registo.


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

O atual conceito de "terceiros para efeitos de registo"


implica que, no conflito entre a presunção derivada do
registo e a resultante da posse da coisa pelo adquirente,
seja esta última a prevalecer, pelo que o direito de
propriedade constituído em data anterior à penhora,
ainda que a aquisição não tenha sido registada,
prevalece sobre a penhora.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Procurando reforçar a segurança jurídica, veio,


entretanto, o Dec.Lei n° 116/2008, de 04.07 aditar ao
CRPredial o art. 8-A, que instituiu o princípio da
obrigatoriedade do registo.

Designadamente, “Os factos jurídicos que determinem a


constituição, o reconhecimento, a aquisição ou a
modificação dos direitos de propriedade, usufruto, uso e
habitação, superfície ou servidão" - art. 2/1, al. a)
CRPredial.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

DIREITOS REAIS DE AQUISIÇÃO

Neste âmbito obtêm especial relevância:

• O contrato promessa com eficácia real – art. 413 CC


• O pacto de preferência com eficácia real - art. 421CC
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Contrato promessa com eficácia real

O promitente comprador não pode deduzir embargos


de terceiro contra a penhora desse bem, já que tem a
possibilidade de o adquirir em sede executiva.

Nos termos do art. 831, que prevê a possibilidade de


venda direta do bem penhorado nos casos em que este
tenha sido prometido vender, com eficácia real, a um
terceiro, titular de um direito real de aquisição,
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Pacto de preferência com eficácia real

O terceiro titular de um direito de preferência com


eficácia real, também, não pode deduzir embargos de
terceiro contra a penhora do bem que seja objeto do
pacto de preferência, porque nos termos do art. 800/2 o
titular do direito de preferência, legal ou convencional
com eficácia real, é notificado do dia, hora e local
designado para a abertura das propostas, a fim de
poder exercer nessa sede o seu direito de preferência
na venda executiva do bem penhorado.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

DIREITOS PESSOAIS DE GOZO

Em regra, os titulares de direitos pessoais de gozo não


podem deduzir embargos de terceiro com fundamento
na titularidade de um direito incompatível com a
penhora – pois tais direitos extinguem-se com a venda
executiva, e por isso, não são incompatíveis com a
penhora - art. 824/2 CC.
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DIREITOS PESSOAIS DE GOZO

Pois que, possuam a coisa penhorada em nome do


executado não podem deduzir embargos de terceiro
com fundamento nessa posse, o bem penhorado
pertence ao executado, sendo os titulares desses
direitos havidos como meros detentores ou possuidores
precários - art.1253, al.a)e b) CC.
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DIREITOS PESSOAIS DE GOZO

Todavia, os titulares destes direitos já podem deduzir


embargos nos casos em que tenha sido penhorado um
bem pertencente a um terceiro, exercendo esses meios
de tutela possessória, contra o exequente e o
executado, em nome desse terceiro.
Neste caso, invocará a qualidade de possuidor em
nome do terceiro ( proprietário do bem).
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Mas, ainda há o caso especial do locatário,


pois este pode deduzir embargos de terceiro, mesmo que
possua em nome do executado, desde que a relação de
locação haja sido constituída antes da penhora do bem
objeto de locação.

De resto, estatui o art. 1057 CC que, “O adquirente do


direito com base no qual foi celebrado o contrato sucede
nos direitos e obrigações do locador, sem prejuízo das
regras de registo.”
Assim, se o prédio penhorado se encontrar onerado com
um arrendamento a favor de terceiro, quem adquire esse
bem, em sede executiva, vai suceder na posição jurídica
do senhorio, sem que se afete a posição jurídica do
arrendatário (o arrendamento não caduca com a venda
executiva).
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Contudo, só teremos o locatário a deduzir embargos de


terceiro se precisar de acautelar a sua posição jurídica
face à venda executiva do bem, o que poderá
acontecer se no auto de penhora não for feita alusão à
circunstância de o bem se encontrar onerado com um
arrendamento – neste caso deverá deduzir embargos
de terceiro, não para obstaculizar à venda executiva do
bem, mas para garantir que o bem é vendido com a
ressalva de se encontrar onerado com um
arrendamento constituído a favor do embargante.
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Âmbito subjetivo
Legitimidade ativa

Tem legitimidade para deduzir embargos de terceiro


quem seja terceiro em relação à execução ( não é
exequente nem executado, nem foi citado para a
execução), seja possuidor do bem penhorado ou titular
de um direito que seja incompatível com a venda
executiva do bem.
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Legitimidade ativa do cônjuge do executado

Também o cônjuge do executado que tenha a posição de


terceiro ( desde que não seja parte nem cônjuge citado), pode
defender por meio de embargos os direitos relativamente aos
bens próprios e aos bens comuns que tenham sido
indevidamente atingidos pela penhora - art. 343.
O que pode suceder em duas situações:
1ª - Quando a penhora incide sobre um bem próprio do
cônjuge não executado, em divergência com o estatuído no
art. 735/2, tratando-se de bens próprios a penhora não pode
subsistir, pois quando respondem pela dívida segundo o direito
substantivo, não podem ser apreendidos sem que o seu
proprietário seja executado.
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2ª - Quando em execução movida contra um dos


cônjuges, por dívida própria deste, sejam penhorados
bens comuns do casal, sem que o cônjuge do
executado haja sido citado para requerer a separação
de bens – art. 740/1 e art. 786/1, al. a) in fine.
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Legitimidade passiva

Tem legitimidade passiva o exequente e o executado,


pois são estes as partes primitivas na ação executiva –
art. 348.
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A oposição por embargos de terceiro é deduzida mediante


petição inicial.

Prazo - dedução da petição de embargos


art. 344/2 – com função repressiva - nos 30 dia subsequentes
à realização da penhora ou em que o embargante dela
teve conhecimento, mas jamais depois de os respetivos
bens terem sido judicialmente vendidos ou adjudicados.
art. 350/1 – com função preventiva - podem ser deduzidos
antes de realizada, mas depois de ordenada, a diligência
de penhora ou de apreensão de bens.
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art. 344/2 - conhecimento posterior

O embargante, para que os embargos não sejam


rejeitados, deverá provar a data concreta em que
tomou conhecimento, que deverá ter ocorrido nos 30
dias antecedentes à dedução de embargos.
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Apresentada a petição e não havendo razão para o


imediato indeferimento realizar-se-ão as diligências
probatórias necessárias para a decisão de recebimento
ou de rejeição dos embargos, conforme exista ou não
probabilidade séria quanto à existência da posse ou de
um direito incompatível do embargante com a
penhora, invocado pelo embargante – art. 345.
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Efeitos da rejeição dos embargos – art. 346

A sua rejeição não impossibilita que o embargante


proponha ação em que peticione a declaração da
titularidade do direito que obsta à realização ou ao
âmbito da diligência, ou reivindique a coisa
apreendida.
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Efeitos do recebimento dos embargos – art. 347

O despacho os receba determina a suspensão da


execução quanto aos bens penhorados que tenham
sido objeto de embargos, bem assim como a restituição
provisória da posse desses bens - se o embargante a
tiver requerido na petição, podendo ser condiciona à
prestação de caução.
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Processamento subsequente – art. 348

Recebidos os embargos, o exequente e o executado são


notificados para contestar ( 30 dias – art. 569) seguindo-se
os termos do processo comum declarativo.

O exequente poderá, em lugar de contestar, requerer ao


AE a substituição do bem penhora objeto de embargos por
um outro bem do executado – art. 751/4, al. d).
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Se os embargos de terceiro vierem a ser julgados


procedentes, o juiz determinará o levantamento da
penhora contra a qual foram recebidos os embargos.

Se os embargos forem julgados improcedentes, a


execução irá prossegue os seus termos sobre os bens
cuja penhora se pretendia levantar.
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III. AÇÃO DE REIVINDICAÇÃO – ART. 1311 CC

É uma ação declarativa que serve como meio de


reação de um terceiro à penhora de um bem.

De condenação que o proprietário pode instaurar,


contra quem tenha a posse ou detenção da coisa que
lhe pertence, visando o reconhecimento do seu direito
de propriedade e a restituição da coisa reivindicada.
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Pode ser intentada a todo o tempo (o respetivo direito


não prescreve, exceto o limite de aquisição por
usucapião da coisa reivindicada – art. 1313 CC), e
mesmo depois do termo da ação executiva,
contrariamente aos embargos de terceiro, que são um
incidente do processo executivo e apenas podem ter
lugar enquanto a ação executiva se não extinguir.
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Esta ação não suspende a execução sobre os bens


reivindicados, contrariamente aos embargos de
terceiro, até porque, após o reconhecimento judicial do
direito de propriedade a coisa terá de ser restituída.

O direito real não caduca por efeito da venda


executiva, (art. 824/2 CC), pois se existir venda, terá sido
de coisa alheia e o adquirente terá recebido um direito
que não estava no domínio do executado.
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Podendo levar a todo o tempo à anulação da venda


que for efetuada, como estatui o art. 839/1, al. d):
“1. Além do caso previsto no artigo anterior, a venda só fica
sem efeito:
(…)
d) Se a coisa vendida não pertencia ao executado e
foi reivindicada pelo dono”.
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O proprietário do bem indevidamente apreendido, no


âmbito da penhora, pode usar alternativamente o meio
de embargos de terceiro ou o da ação de
reivindicação,
OU
até usar conjuntamente os dois, se os embargos forem
fundados na posse, caso contrário, haverá
litispendência.
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LEVANTAMENTO DA PENHORA

Realizada a penhora ela poderá persistir até à venda do


bem penhorado OU extinguir-se por causa diversa da
venda executiva (pagamento imediato/consignação de
rendimentos), quer acarrete ou não o fim da execução.
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Casos em que ocorre o levantamento da penhora:

• Quando o exequente requerer a substituição do bem


penhora objeto de embargos por um outro bem do
executado – art. 751/4, al. d).
• Quando a execução estiver parada por mais de 6
meses por culpa imputada ao exequente - art. 763/1.
• Em consequência da procedência do incidente de
oposição à penhora - art. 785/6
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA ORDINÁRIA

Credor com crédito vencido e reclamado que queira


travar o levantamento da penhora poderá nos termos
do art. 763/4 … Mas, já não poderá substituir-se ao juiz/
AE/ funcionário judicial, negligente.

Determinado o levantamento da penhora procede-se


ao cancelamento do respetivo registo se tiver havido
lugar a ele – art. 101/2, al. g) CRPredial.

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