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Terror e miséria no III Reich

Bertolt Brecht:

10 de
fevereiro de 1898
Augsburg, Baviera
 Império Alemão

Morte 14 de
agosto de 1956 (58 anos)
Berlim Leste, Estado de
Berlim
 República Democrática
Alemã

Nacionalidade  Alemão

Ocupação Poeta, dramaturgo, contista

Livro escrito entre: 1933-1935


A chegada dos nazistas ao poder colocou fim à República de Weimar, uma
democracia parlamentar estabelecida na Alemanha após a Primeira Guerra
Mundial. Com a nomeação de Adolf Hitler como chanceler, em 30 de janeiro de
1933, a Alemanha nazista (também chamada de Terceiro Reich) 

Desde a década de 1920, o dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-


1956) já era conhecido por seu teatro renovador e marxista com peças
como O Casamento do Pequeno Burguês,  Tambores na Noite e A
Ópera dos Três Vinténs. Com a eleição de Hitler, Brecht saiu da
Alemanha exilando-se primeiro na Áustria, depois Suíça, Dinamarca,
Finlândia, Suécia, Inglaterra, Rússia e, finalmente nos Estados Unidos.
No exílio recebia notícias do que acontecia na Alemanha por meio de
jornais, rádio ou informações passadas pela resistência alemã. O
material coletado inspirou-lhe escrever, entre 1935 e 1938, Terror e
Misérias no III
Em 1933, Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha. Suprimiu as liberdades e
as instituições democráticas e instaurou uma ditadura ainda mais violenta que
o fascismo da Itália, instalado havia onze anos. O Estado passou a controlar
toda a nação e impôs sua presença policial-militar nos meios de comunicação,
na economia, no trabalho, nas artes, na educação. Interferiu até no convívio
familiar como mostra uma cena da peça Terror e misérias no III Reich, de
Bertolt Brecht, em que um professor de História sente a opressão do nazismo
na escola e na vida doméstica.

Terror e misérias no III Reich apresenta um painel da repressão e do terror


nazista em 35 cenas curtas que denunciam os efeitos desse regime no
cotidiano do povo alemão. São cenas de julgamentos, da vida de trabalhadores
socialistas e comunidades judaicas e da vida escolar da juventude hitlerista
onde se percebe, em cada diálogo, o medo de uma sociedade sufocada pelo
nazismo de Hitler. As cenas são aparentemente desconexas e independentes,
mas cada uma delas mostra uma faceta do nazismo. Foi encenada pela
primeira vez em Paris, em 1938. Em seguida em Londres, Estocolmo e Nova
York. O trecho que selecionamos, “O espião” (cena X) abre-se com o narrador
alertando para a inversão de papéis na sociedade nazista: o aluno ensina o
professor a se alinhar às normas do regime, o filho denuncia o próprio pai. Cada
criança é um espião em potencia

nicia-se a cena onde estão pai, mãe, filho e a empregada servindo o café. O
casal discute sobre política e o marido faz críticas ao regime insinuando que
nele existe corrupção. Dão-se conta, então, que o filho não está mais presente
na sala e se apavoram com a possibilidade do garoto denunciá-los.

A demora do garoto em aparecer faz aumentar o medo do casal. Eles se


lembram do Fiscal de Quarteirão, um agente nazista, a quem os vizinhos
adulam com presentes para não serem ameaçados. A empregada é filha do
Fiscal e ela também pode denunciá-los. O telefone toca e eles têm medo de
atender. Desesperam-se e correm pela casa para buscar objetos que os
identifique como seguidores do nazismo: condecorações militares, retrato de
Hitler, etc. Neste momento a mulher pergunta ao marido se não havia nada
contra ele no colégio. É quando sabemos que se trata de um professor de
História obrigado a ensinar a História Alemã segundo a versão nazista. O casal
escuta passos na escada e batidas na porta. O desespero transforma-se em
pavor. É a cena final, cujo clímax nos deixa perplexos e nos incita a refletir
sobre os horrores de um regime não democrático que suprime a liberdade de
pensamento e expressão, condena a pluralidade de ideias e enquadra a
população nos mesmos pensamentos e interesses impostos pelo Estado.

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