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CLÉCIO RIBEIRO COSENZA

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
Parte II
( Notas de aula )

ITABUNA – BAHIA
FEV 2016
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1- INTRODUÇÃO

2- SIMBOLOGIA

3- ILUMINAÇÃO

4- TOMADAS DE USO GERAL

5- DIVISÃO DAS INSTALAÇÕES

6- CONDUTORES UTILIZADOS

7- ESQUEMAS FUNDAMENTAIS DE LIGAÇÃO

8 – OBTENÇÃO DA POTÊNCIA INSTALADA E DEMANDA

9- DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES

9-1 ESCOLHA DO CONDUTOR PELO CRITÉRIO DE CAPACIDADE DE


CORRENTE (AQUECIMENTO).

9-2 ESCOLHA DO CONDUTOR PELO CRITÉRIO DE MÁXIMA QUEDA DE


TENSÃO ADMISSÍVEL.
10 –ATERRAMENTO
11 – DIMENSIONAMENTO DA PROTEÇÃO
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INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS

1- INTRODUÇÃO

- O projeto de uma instalação elétrica representa a previsão escrita da instalação,


com todo os seus detalhes, localização dos pontos de utilização de energia elétrica,
comandos, trajeto dos condutores, divisão de circuitos, seção dos condutores,
dispositivos de manobras, carga de cada circuito, carga total, etc.
- A definição de um projeto de instalação residencial começa a partir do ponto de
entrega da concessionária, onde será colocado o medidor.

- A norma fundamental sobre a qual o projeto de uma instalação elétrica se baseia é a


norma brasileira NBR 5410 “Instalações elétricas de baixa tensão”.

- Os projetos em geral são constituídos de:


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1. MEMORIAL DESCRITIVO E DE CÁLCULO: Memória de cálculo


em que o projetista descreve de forma sucinta as instalações a serem
executadas, justificando quando necessário as opções adotadas. São
apresentados os cálculos para carga instalada, demandadas, seções dos
condutores, nº de circuitos,etc.

2. ESPECIFICAÇÕES: Descrição dos materiais a serem empregados,


normas e métodos de execução dos serviços. Relação de materiais com
sua respectiva quantidade.

3. CONJUTO DE PLANTAS OU PROJETOS PROPRIAMENTE


DITO: Esquemas e detalhes em desenho que deverão conter todos os
elementos necessários à perfeita execução do projeto. Exemplos: planta
de instalação elétrica do subsolo, térreo, garagem, pavimentos, cobertura
ou telhado, Subestação (Se houver), local dos medidores, quadro de
carga e diagrama unifilares.

4. ORÇAMENTO: Apresentam os custos da implantação da instalação


elétrica, projeto, materiais e mão de obra para execução.

- Para execução do projeto de instalações elétricas prediais necessita-se de


informações preliminares sobre a construção além das plantas e cortes de
arquitetura, a finalidade a que se destina a instalação, os recursos disponíveis, a
localização da rede mais próxima e características da mesma como por exemplo se
é aérea, subterrânea, nº de fases,etc)
Exemplo: Planta da situação do prédio ou residência com identificação de sua
numeração, planta de arquiteturas diversas, plantas de estrutura referentes às
peças estruturais mais importantes como lajes, pilares, vigas, etc.

EXEMPLO RESUMIDO DE UM PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS:

1- PROJETO:
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2- QUADRO DE LUZ:

3- POTÊNCIA INSTALADA POR CÔMODO:

4- POTÊNCIA INSTALADA POR CÔMODO:

5- MEMÓRIA DE CÁLCULO
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- ETAPAS DO PROJETO: O desenvolvimento de um projeto de instalações


elétricas pode ser dividido nas seguintes etapas principais:

1) Definição ou levantamento das cargas (Lâmpadas e tomadas) a


serem instaladas no projeto de acordo com a NBR5410

2) Divisão das instalações ou circuitos para atendimento a estas cargas

3) Dimensionamento dos circuitos: Condutores a serem utilizados


definidos pela sua seção transversal em mm² e obtidos em função de
sua capacidade de condução de corrente (através de tabelas pré-
definidas) e pela queda máxima de tensão admissível (através de
cálculos e tabelas)

4) Definição de aterramento e proteção (capacidade dos disjuntores


termomagnéticos de entrada e de cada circuito)

5) Execução do projeto de instalações em cima de uma planta baixa


utilizando-se de uma simbologia adotada pela NBR5410.

2- SIMBOLOGIA
- Com o objetivo de facilitar a execução do projeto, melhorando o entendimento do
eletricista executor, é identificado os diversos pontos de utilização através de
símbolos gráficos.

- Esta simbologia é normalizada pelas pela ABNT, embora o projetista possa, a seu
critério adotar outras representações desde que bem explícitas em legendas do
projeto. Ex: Luz incandescente de parede

Usual NBR 5444

- Normas relacionadas com a simbologia para instalações elétricas prediais pela


ABNT: NBR 5446/80 – Símbolos gráficos utilizados na confecção de esquemas.
NBR 5444/77 – Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais.
NBR 5453/77 – Sinais e símbolos para eletricidade.
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- Os símbolos gráficos usados nos diagramas unifilar são definidos pela norma
NBR5444, para serem usados em planta baixa (arquitetônica) do imóvel. Neste tipo
de planta é indicados a localização exata dos circuitos de luz, de força, de telefone e
seus respectivos aparelhos.

- As tabelas a seguir mostram a simbologia do sistema unifilar para instalações


elétricas prediais (NBR5444).
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3- ILUMINAÇÃO

- O Nº de luminárias necessárias para produzir determinado iluminamento em


ambientes pode ser obtido:

→ Pela carga mínima exigida por normas – NBR 5410

Pelo método dos lumens


Pelo método das cavidades zonais NBR 5413 ABNT
Pelo método ponto a ponto

- Adotaremos o método da carga mínima que define:

• Se área do cômodo S≤6m² => Introduz-se carga mínima


de 100VA

• Se área do cômodo S>6m² => Introduz-se carga mínima


de 100VA para os primeiros 6m² acrescidos de 60VA para
aumentos de 4m² de área.

EXEMPLO:
Obter a potencia que deve ser instalada para iluminação numa área de 80m²

OBS: Os valores obtidos correspondem à potência destinada à iluminação para efeito de


dimensionamento dos circuitos e não necessariamente á potência nominal das lâmpadas.
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4- TOMADAS DE USO GERAL

Em unidades residenciais, hotéis ou similares:

• Banheiro: No mínimo 1 tomada junto ao lavatório

• Cozinha/copa-cozinha/área de serviço/lavanderia: !tomada para cada 3,5m de


perímetro espaçados uniformemente.
Acima de cada bancada com largura igual ou superior a 30cm deve ser previsto
1 tomada no mínimo.

• Em subsolos/garagens/sótãos/halls de escadaria/varandas/sala de manutenção ou


equipamentos deve ser previsto ao menos 1 tomada de 1000VA.

• Nos demais cômodos e dependências:


Se área do cômodo S ≤ 6m² => 1 tomada de 100VA
Se área do cômodo S > 6m² => 1 tomada para cada 5m de perímetro
espaçados uniformemente.
EXEMPLO:
Num cômodo de 20m² ( 4mx5m) quantas tomadas de 100VA são necessárias?

OBS:
• No caso de varandas, quando não for possível a instalação de tomada no próprio
local, esta deverá ser instalada próxima ao seu acesso.
• Em banheiros, cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias e análogos deve-se prever
no mínimo 1 e no máximo 3 tomadas de 600VA, sendo 100VA para os
excedentes.
• Nos demais cômodos somente 100VA por tomada
• São chamadas tomadas de uso específicos, as tomas com potência igual a
potência nominal do equipamento instalado. Devem ser instalados a no máximo
1,5m do local de instalação do equipamento.
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5- DIVISÃO DAS INSTALAÇÕES

- A ligação de uma instalação à rede de distribuição se dá pelo circuito secundário (


circuito elétrico de BT vindo do transformador de distribuição) através de um ramal
de ligação, constituído de 2 partes:

- Ramal externo ou de ligação: Trecho compreendido entre a rede de


distribuição e o limite da propriedade particular e via pública.

- Ramal interno ou de entrada: Trecho situado na propriedade particular


desde o limite da via pública até o equipamento de medição.

*(figs 2.4 a 2.9 p33 a p 36 – Niskier)

- Quadro geral ou de comando de distribuição é de onde partem os diversos


circuitos da instalação com a devida proteção através de disjuntores
termomagnéticos (quick lag). Podem ser representados como:
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OBS: Em geral para prédios com apartamentos ou lojas tem-se:


1- Quadro de distribuição geral: Que liga o ramal interno aos medidores e
condutores de circuito de distribuição principal.
2- Quadro terminal: Que liga com quadro de distribuição geral através de um
condutor de circuitos terminais divididos para alimentação de pontos de luz,
tomadas de cada apto. *(fig 3.1 p44 Niskier)

3- Em geral ficam instalados em locais pouco visíveis, mas de fácil acesso. P. ex.
atrás da porte de entrada da A.S. ou cozinha.

- Circuito terminal de uma instalação é o conjunto de pontos de consumo,


alimentados pelo mesmo condutor ligados ao mesmo dispositivo de proteção (quick
lag) no quadro terminal.

- Toda a instalação deve ser dividida em vários circuitos de modo a:


• Limitar as conseqüências de uma falta a um só circuito.
• Facilitar a manutenção
• Evitar perigos que possam resultar da falha de um circuito.
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- Em instalações de alto padrão técnico deve haver circuitos normais e circuitos de


segurança separados. O primeiro é ligado somente ao sistema da concessionária. Já
o circuito de segurança, além da concessionária, deve ser ligado a um sistema
auxiliar “no break” garantindo o fornecimento de energia, na falta do atendimento
convencional. Estes circuitos são, por exemplo, os de alarmes, proteção contra
incêndio, iluminação de emergência, etc. Neste tipo de instalação os circuitos de
iluminação devem ser separados dos da tomada.

- Em unidades residenciais, hotéis e similares são permitidos pontos de iluminação e


tomadas em um mesmo circuito, nas seguintes condições:

• Aparelhos com potência ≥1.500VA => Define-se um circuito


independente para eles. Ex. Chuveiro, ar condicionado.
• No caso específico de serem alimentados por 1 só alimentador, deve
haver uma proteção geral para o alimentador e uma junto a cada
aparelho.
• Cada circuito deverá ter seu próprio condutor neutro.
• No caso de residências, lojas e escritórios, teremos:
Para residências: 1 circuito no mínimo para cada 60m² ou fração.
Para escritórios e lojas: 1 circuito no mínimo para cada 50m² ou
fração.
OBS: Em geral é recomendável um circuito para cozinha/área de serviço em
separado.

6- CONDUTORES UTILIZADOS:
- Condutor elétrico é um corpo constituído de material bom condutor destinado a
transmissão de eletricidade. Em geral é de cobre eletrolítico ou de alumínio.
- Fio é um condutor sólido maciço, em geral de seção circular com ou sem
isolamento.
- Cabo é um conjunto de fios encordoados, não isolados entre si. Pode ser isolado ou
não em função do uso a qual se destina. São mais flexíveis que o fio de mesma
capacidade de carga.
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- Para isolar eletricamente um condutor de outro e da terra, usa-se revesti-lo de uma


camada de material mau condutor de eletricidade.
- Os cabos podem ser :
• Unipolares: Quando constituídos por um condutor de fios trançados com
cobertura isolante protetora.
• Multipolares: Quando constituídos por 2 ou mais condutores isolados,
protegidos por uma camada protetora de cobertura comum.

- O dimensionamento dos fios e cabos são dados por seções nominais S, geralmente
em mm², que representa a área da secção transversal do fio condutor ou soma das
secções dos fios condutores componentes que constituem um cabo. Não se leva em
conta a parte isolante do cabo ou fio.
- Os condutores utilizados por tipo de instalação são:
• Instalações residenciais: Só condutores de cobre.
• Instalações comerciais: Permitido o emprego de condutores de
alumínio para seções iguais ou superiores a 50mm²
• Instalações industriais: A utilização de condutores de alumínio deve
obedecer as seguintes condições:
1- Seção nominal dos condutores ≥ 10mm²
2- Potência instalada ≥ 50KW
- Os valores da seção mínima dos condutores para fase e neutro são mostrados na
tabela abaixo. (tabela 4.1.0 e 4.1.1 p97 Niskier)
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Num circuito trifásico com neutro e cujos condutores de fase tenham uma seção
superior a 25 mm², a seção do condutor neutro pode ser inferior à dos condutores de
fase, sem ser inferior aos valores indicados na tabela abaixo, em função da seção dos
condutores de fase, quando as três condições seguintes forem simultaneamente
atendidas:
a) o circuito for presumivelmente equilibrado, em serviço normal;
b) a corrente das fases não contiver uma taxa de terceira harmônica e múltiplos superior
a 15%; e
c) o condutor neutro for protegido contra sobrecorrentes.

7- ESQUEMAS FUNDAMENTAIS DE LIGAÇÃO

Os esquemas apresentados a seguir representam trechos construtivos de um circuito de


iluminação e tomadas

O condutor neutro é sempre ligado ao receptáculo de uma lâmpada e á tomada.

O condutor fase alimenta o interruptor e a tomada

O condutor retorno liga o interruptor ao receptáculo da lâmpada.


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1. Ponto de luz e interruptor de uma secção

2. Ponto de luz, interruptor de uma secção e tomada.

3. Ponto de luz no teto, arandela e interruptor de duas secções


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4. Dois pontos de luz comandados por um interruptor simples

5. Dois pontos de luz comandados por um interruptor de duas secções:

6. Dois pontos de luz comandados por um interruptor de duas secções e


tomada de 300VA
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7. Lâmpada acesa por interruptor de uma secção, pelo qual chega a


alimentação.

8. Duas lâmpadas acesas por um interruptor de duas secções, pelo qual chega
a alimentação.

9. Duas lâmpadas comandadas por interruptores independentes, de uma seção


cada.
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10. Circuito three - way

- Lâmpada apagada :

- Lâmpada acesa:
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8 – OBTENÇÃO DA POTÊNCIA INSTALADA E DEMANDA


- Potência instalada:
Soma das potências nominais de placa dos aparelhos elétricos e lâmpadas em uma
unidade consumidora. Abaixo tabela de consumo em W por aparelhos eletrodomésticos
adotados pela concessionária:
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PINST = ΣP110V + ΣP220V (W)


Onde:

PINST – Potência ou carga instalada


ΣP110V – Soma das potências das cargas atendidas na tensão de 110V
ΣP220V – Soma das potências das cargas atendidas na tensão de 110V
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- Tensões de fornecimento :
• Compete à concessionária estabelecer e informar ao interessado a tensão
de fornecimento, alternada na freqüência de 60 Hz, padronizada pela
ANEEL e disponível para as edificações da localidade.
• Para determinação do tipo de ligação da unidade consumidora, deve-se
considerar a sua carga instalada ou demanda máxima, a existência de
motores, máquinas de solda ou outras cargas especiais e a tensão de
fornecimento secundária da localidade.
• As tensões de fornecimento e os tipos de ligação para unidades
consumidoras de baixa tensão na área de concessão da Coelba devem ser
conforme seguinte tabela:

Não é permitida ligação de unidade consumidora em tensões diferentes das


padronizadas.

A escolha do tipo de ligação para a unidade consumidora é determinada pela tabela


abaixo e pela maior opção identificada nas tabelas, correspondentes a carga instalada
(para unidades consumidoras monofásicas e bifásicas); demanda máxima (para unidades
consumidoras trifásicas); maior motor ou máquina de solda trifásica; maior motor ou
máquina de solda bifásica; maior motor ou máquina de solda monofásica.
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- Potência Demandada:
Por não ocorrer em geral o funcionamento ao mesmo tempo de todos os pontos de
consumo e como seria anti-econômico dimensionar o circuito pela soma de todas
potências nominais instaladas, defini-se a potência demandada como o produto da
potência instalada por um fator de demanda FD aplicável para instalações cuja a
potência instalada seja superior a 8,8KW. Abaixo deste valor considera-se FD=1 e,
portanto, a potência instalada igual à potência demandada.
A demanda das edificações (De), deve ser calculada pelo método da carga instalada,
utilizando-se a seguinte metodologia:

De = a + b + c + d + e + f + g
Onde as parcelas a,b,c,d,e,f e g são obtidas pela multiplicação da potência instalada (P)
e seus respectivos fatores de demanda (FD), conforme segue:

- A primeira parcela (a) representa a soma das demandas referentes a iluminação e


tomadas calculadas com base respectivamente na seguinte tabela:
As tabelas abaixo indicam alguns fatores de demanda para os diversos tipos de
instalações comerciais/industriais:

Para instalações do tipo residencial, muitas concessionárias utilizam a tabela abaixo:


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- A segunda parcela (b) pode ser obtida pela expressão: b = b1+b2+b3+b4+b5 que

representa a soma das demandas dos aparelhos eletrodomésticos e de aquecimento,


calculadas utilizando as duas tabelas seguintes, cujos fatores devem ser aplicados
separadamente por grupos homogêneos de equipamentos.
I) Eletrodomésticos em geral, exceto fogões elétricos.

II) Fatores de demanda para fogões elétricos

ONDE:
b1- chuveiros, torneiras e cafeteiras elétricas;
b2- aquecedores de água por acumulação ou por passagem;
b3- fornos, fogões e aparelhos tipo Grill;
b4- máquinas de lavar e secar roupas, máquinas de lavar louça e ferro;
b5- demais aparelhos (TV, conjunto de som, ventilador, geladeira, freezer, torradeira,
liqüidificador,batedeira, exaustor, ebulidor, etc.
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- A terceira parcela (c), representa a demanda dos aparelhos de ar condicionado tipo


janela calculada, aplicando-se os fatores de demanda da tabela seguinte:

- A parcela (d) representa a demanda dos motores monofásicos e trifásicos


calculada, utilizando-se os valores das duas tabelas seguintes:

I) Demanda individual de motores monofásicos

II) Demanda individual de motores trifásicos


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Notas:
1. Fator de potência e rendimento são valores médios, referidos a 3600 rpm;
2. Para cálculo da demanda os motores devem ser agrupados em 3 (três) classes:
− Pequenos motores M ≤5 Cv;
− Médios motores 5 Cv < M ≤ 10Cv;
− Grandes Motores 10 Cv < M.
3. Aplica-se a tabela para os dois primeiros grupos separadamente e somam-se as
parcelas;
4. Calcula a demanda dos grandes motores de modo semelhante às máquinas de solda à
transformador e acrescenta-se as demandas dos grandes motores ao subtotal já
calculado.

- A parcela (e) representa a demanda das máquinas de solda a transformador,


calculada conforme seguinte critério:
a) 100% da potência do segundo maior aparelho;
b) 70% da potência do segundo maior aparelho;
c) 40% da potência do terceiro maior aparelho;
d) 30% da potência dos demais aparelhos.

- A parcela (f) representa a demanda dos aparelhos de raios X, calculada da seguinte


forma:
a) 100% da potência do maior aparelho;
b) 10% da potência do segundo maior aparelho.

- A parcela (g) representa a demanda para bombas e banheiras de hidromassagem,


que deve ser calculada utilizando-se os fatores de demanda da seguinte tabela:
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EXEMPLOS:
1- Calcular a Carga instalada e demanda para uma residência de 180m² de área útil com
as seguintes cargas:
- Iluminação e tomadas : 7.200W
- 2 chuveiros de 3200W
- 1 motor de ½ CV
- 2 ar condicionados : 12.000 BTUs

2- Calcular a demanda para uma escola com 1.500m² de área útil, tendo as seguintes
cargas instaladas:
- Iluminação e tomadas: 47.000W
- 5 chuveiros de 2.500W
- 6 aparelhos de ar condicionado de 7000BTU
- 2 motores de 5CV
- 3 motores para elevadores de 10CV
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- Cálculo da intensidade de corrente


1- Por equipamento instalado:
O valor da corrente nominal para cada aparelho ou equipamento instalado pode ser
obtido a partir da potência nominal de cada aparelho PN (em W) como:

PN
IN =
KxVxcosфxη
Onde,
PN – Potência nominal do equipamento em W
V – Tensão fase neutro (K=1 atendimento monofásico e K=3 atendimento trifásico)
Tensão fase-fase (K=1,73)
Cosф – Fator de potência (FP)
Tabela 3.4 p62 Niskier
η – Rendimento do equipamento

VALORES DO FATOR DE POTÊNCIA E DO RENDIMENTO PARA EQUIPAMENTO


DE USO MUITO COMUM (NISKIER)
EQUIPAMENTO FP REND.
Iluminação
Incandescentes 1,00 1,00
Mista 1,00 1,00
Com aparelhos não compensados (baixo FP)
Fluorescente com Starter 18 a 65W 0,50 0,6 a 0,83
Fluorescente com partida rápida 20 a 110W 0,50 0,54 a 0,80
Vapor de mercúrio 220V - 50 a 1000W 0,50 0,87 a 0,95
Vapor de sódio alta pressão 70 a 1000W 0,40 0,90
Com aparelhos compensados (alto FP)
Fluorescente com Starter 18 a 65W 0,85 0,6 a 0,83
Fluorescente com partida rápida 20 a 110W 0,85 0,54 a 0,80
Vapor de mercúrio 220V - 50 a 1000W 0,85 0,87 a 0,95
Vapor de sódio alta pressão 70 a 1000W 0,85 0,90
Motores trifásicos
até 600W 0,50 -
de 1 a 4 CV 0,75 0,75
de 5 a 50CV 0,85 0,80
mais de 50CV 0,90 0,90
Resistores de aquecimento elétrico 1,00 1,00
EXEMPLO:
Obter o valor da corrente elétrica requerida por um motor trifásico de 3CV e um
conjunto de 10 lâmpadas de vapor de sódio de 200W cada. O primeiro ligado na tensão
de 380V e as Lâmpadas num circuito fase-neutro de 220V.
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2- Por circuito:
O valor da corrente nominal para cada circuito e geral do projeto pode ser obtido a partir
da potência demandada PD do circuito (em W) como:

PD
IP =
KxVxcosф

PD – Potência demandada do circuito (em W) = FD x Potência Instalada do circuito


V – Tensão fase neutro ou Tensão fase-fase
Cosф – Fator de potência (FP)
K=1, para circuito monofásico a 2 fios
K=2, para circuito bifásico + neutro
K=3, para circuito trifásico + neutro
K=1,73, para circuito trifásico sem neutro

OBS: Se as cargas do circuito estão dadas em VA o cosф=1

EXEMPLO:
Calcular a corrente total para considerando a demanda de entrada para a residência e
escola do exemplo anterior para uma tensão de entrada de 127V Fase-neutro.
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9- DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES


- Após o cálculo da intensidade da corrente de projeto IP de um circuito procede-se o
dimensionamento do condutor capaz de permitir a passagem de corrente elétrica
sem excessivo aquecimento e com queda de tensão dentro dos limites.

- Utiliza-se então dois critérios para seu dimensionamento: Capacidade de corrente


(aquecimento) ou pela queda de tensão admissível.

- Uma vez determinadas as secções possíveis para o condutor, calculadas de acordo


com os critérios referidos, adota-se o de maior seção.

OBS:
- Em instalações residenciais geralmente é suficiente a escolha do condutor baseado
somente no critério de capacidade de corrente.
- Já em instalações industriais/comerciais/escritórios deve-se adotar os dois critérios.

9-1 ESCOLHA DO CONDUTOR PELO CRITÉRIO DE CAPACIDADE DE


CORRENTE (AQUECIMENTO).
- O condutor não pode ser submetido a um aquecimento exagerado provocado pela
passagem da corrente elétrica, para não danificar sua isolação e cobertura.

- Entre os fatores que devem ser levados em conta na determinação da seção do fio
ou cabo tem-se:
• Tipo de isolação e de cobertura do condutor:
PVC (Cloreto de polivinila): São os mais utilizados por serem
não propagadores de chama.
EPR ou XLPE (Etileno propileno ou polietileno reticulado): São
do tipo propagadores de chama.
• Nº de condutores carregados, ou seja, percorridos por corrente elétrica. Para
cada circuito tem-se:
2 condutores carregados: F-N ou F-F
3 condutores carregados 2F-N ou 3F
4 condutores carregados 3F-N
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• Maneira de instalar os cabos: As tabelas a seguir apresentam diversas


maneiras de instalação dos condutores sempre identificada por uma
letra/número. Em geral, a maneira adotada para instalações elétricas prediais é a
com eletroduto embutido (Nºs 1, 2 ou 7)
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- Para a obtenção da bitola do condutor pela capacidade de condução utiliza-se as


tabelas abaixo para condutores com isolação de PVC ou XLPE e EPR para 2 ou 3
condutores carregados. (tabela 4.7 p106 p/ PVC e 4.8 p108 e 109 p/ EPR ou XLPE
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–Niskier).
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39

-
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- Para situações com mais de 3 condutores carregados deve-se utilizar um fator k de


correção conforme temperatura acima de 30ºC – K1 (tabela 4.10 p110 – Niskier),
agrupamentos dos condutores – K2 (tabela 4.11 p111 –Niskier) e conforme
agrupamentos dos eletrodutos – K3 (tabela 4.12 p112 – Niskier)
Fator K1
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Fator K2

Fator K3

- Assim a corrente a ser utilizada para a obtenção da secção ou bitola dos condutores
pelas tabelas anteriores na coluna de 3 condutores carregados será:
IP
IPcorrig =
K1xK2xK3
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EXEMPLO:
Uma instalação, atendida por um circuito bifásico com neutro (3 fios), alimenta um
circuito de iluminação com 30 lâmpadas de 100W cada, 20 tomadas de 100W, 5 de
600W e 3 de 1.200W, cada. Sabendo que a tensão entre fases é 220V o fator de potência
médio da instalação é 0,92, qual a seção mínima (em mm²) do cabo de PVC capaz de
atender estas cargas considerando a tabela abaixo de capacidade de corrente, para
maneira B1(Condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto de seção circular
embutido em alvenaria) com temperatura ambiente de 30º.

OBS:
- Não há necessidade de aplicar o fator de correção quando a soma das áreas totais
dos condutores contidos no eletroduto não ultrapasse 1/3 da área do mesmo.
- Deve-se observar se a bitola encontrada não é inferior a mínima especificada em
normas.
- Deve-se fazer a seguir uma verificação se condutor encontrado pelo critério de
capacidade de corrente satisfaz o critério de queda de tensão admissível
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9-2 ESCOLHA DO CONDUTOR PELO CRITÉRIO DE MÁXIMA QUEDA DE


TENSÃO ADMISSÍVEL.
- Para que os aparelhos, motores e demais equipamentos possam funcionar de forma
satisfatória é necessário que a tensão aplicada a eles esteja dentro dos limite pré-
fixados por normas.

- Em função da característica resistiva inerente aos condutores, ocorrerá uma queda


de tensão desde o quadro geral ou distribuição até o ponto de utilização. Assim, é
necessário também dimensionar os condutores para que esta redução de tensão não
ultrapasse os limites pré-estabelecidos pela norma NBR 5410, ou seja:

• Alimentação em AT a partir da SE: 7%


• Alimentação em BT: 4%
• Iluminação e tomadas partindo do quadro de luz: 2%

2%
SE QGD QL L/T

4%

QF M

7%

- A obtenção da queda de tensão pode ser dada por:

Vent – Vcarga
∆V% = x100
Vent

Vent – Tensão de entrada (pontos de entrega)


Vcarga – Tensão na carga mais distante do ponto de entrega
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Sabendo que:
Vent-Vcarga = ∆V = 2ΣRI;
R = ρl/S;
I = P/Vent

CHEGA-SE A:

2xρx100
S = ∆V% x (V )² x Σ (Pxl) em mm²
ent

Onde:

S – Seção mínima do condutor para atender os critérios de queda de tensão em mm²

ρ – Resistividade do condutor em Ωmm²/m


∆V% - Queda de tensão admissível em %
P – Potência do circuito de iluminação/tomada ou força
l - Distância entre o quadro geral e a carga com potência P

EXEMPLO:
Dimensionar o alimentador e os circuitos terminais na tensão de 127V, conforme
disposição das cargas abaixo. Dado: ρ = 1/58 (Ωmm²/m)

Q Circuito 1
U 5m 8m 2m
A
27m D
MEDIDOR 100W 60W 600W
R
O
6m 5m 10m 4m Circuito 2
D
I
40W 100W 130W 600W
S
T.
45

TABELA DE QUEDA% DE TENSÃO vs SOMA DO PRODUTO POTÊNCIAxDISTÂNCIA


P/ 110V

P/ 220V
46

10 –ATERRAMENTO
- Ligação de equipamento ou sistema a terra por motivo de proteção ou exigência
quanto ao funcionamento do mesmo.

- Assegura sem perigo o escoamento para a terra de correntes indesejáveis de falta e


fuga satisfazendo as necessidades de segurança das pessoas e funcionamento das
instalações.

- Em geral é composto de dois elementos principais:


Condutor de proteção (PE): É o condutor que liga as massas e os
elementos condutores estranhos à instalação entre si e a um terminal de
aterramento principal.
Eletrodo de aterramento: Haste ou conjunto de hastes de cobre
interligadas (malha de terra), condutores, em contato direto com o solo.

- Esquemas de aterramento conf. norma NBR 5410:


As figuras a seguir mostram esquemas de aterramentos combinados com o condutor
neutro. As simbologias utilizadas são:

Na classificação dos esquemas de aterramento é utilizada a seguinte simbologia:


Primeira letra: Situação da alimentação em relação à terra:
· T = um ponto diretamente aterrado;
· I = isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou aterramento de um ponto
através de impedância;

Segunda letra: Situação das massas da instalação elétrica em relação à terra:


· T = massas diretamente aterradas, independentemente do aterramento eventual de um
ponto da alimentação;
· N = massas ligadas ao ponto da alimentação aterrado (em corrente alternada, o ponto
aterrado é normalmente o ponto neutro);

outras letras (eventuais): Disposição do condutor neutro e do condutor de proteção:


· S = funções de neutro e de proteção asseguradas por condutores distintos;
· C = funções de neutro e de proteção combinadas em um único condutor (condutor
PEN).
47

Esquema TN

O esquema TN possui um ponto da alimentação diretamente aterrado, sendo as massas


ligadas a esse ponto através de condutores de proteção. São consideradas três variantes
de esquema TN, de acordo com a disposição do condutor neutro e do condutor de
proteção:
a) esquema TN-S, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção são distintos
(figura 1);
b) esquema TN-C-S, em parte do qual as funções de neutro e de proteção são
combinadas em um único condutor (figura 2);
c) esquema TN-C, no qual as funções de neutro e de proteção são combinadas em um
único condutor, na totalidade do esquema (figura 3).

OBS: As funções de neutro e de condutor de proteção são combinadas num único


condutor em parte do esquema.

OBS: As funções de neutro e de condutor de proteção são combinadas num único


condutor, na totalidade do esquema.

Esquema TT
48

O esquema TT possui um ponto da alimentação diretamente aterrado, estando as massas


da instalação ligadas a eletrodo(s) de aterramento eletricamente distinto(s) do eletrodo
de aterramento da alimentação (figura 4).

Esquema IT
No esquema IT todas as partes vivas são isoladas da terra ou um ponto da alimentação é
aterrado através de impedância. As massas da instalação são aterradas, verificando-se as
seguintes possibilidades:
1- Massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da alimentação, se existente;
2- Massas aterradas em eletrodo(s) de aterramento próprio(s), seja porque não há
eletrodo de aterramento da alimentação, seja porque o eletrodo de aterramento das
massas é independente do eletrodo de aterramento da alimentação.

1) O neutro pode ser ou não


distribuído;

A = sem aterramento da
alimentação;

B = alimentação aterrada
através de impedância;

B.1 = massas aterradas em eletrodos separados e independentes do eletrodo de aterramento da alimentação;


B.2 = massas coletivamente aterradas em eletrodo independente do eletrodo de aterramento da alimentação;
B.3 = massas coletivamente aterradas no mesmo eletrodo da alimentação.
- A seção dos condutores de proteção deve ser definida de acordo com a seção da
fase do ramal de entrada, conforme tabela abaixo:
49

Seção da fase do Seção mínima do condutor


ramal de entrada de proteção (PE)

até 16 mm² S

De 16 até 35mm² 16 mm²

Maior que 35mm² 0,5S

- O condutor neutro deve ser aterrado na entrada do quadro geral do medidor.


50

11 – DIMENSIONAMENTO DA PROTEÇÃO

- O tempo máximo necessário t para que uma corrente de curto circuito, de duração
maior que 5 segundos eleve a temperatura dos condutores até a temperatura limite
para sua isolação pode ser dada por:

K² x S²
t≤

Onde:
t – Duração da corrente de curto circuito em segundos
I – Corrente de curto circuito (A)
S – Seção do condutor (mm²)
K – Constante que varia com o tipo de isolamento (tabela abaixo)

EXEMPLO:
Qual o tempo máximo para abertura de um circuito com seção de 10mm² que sofre um
curto circuito de 10KA, considerando o condutor do circuito como de cobre e alumínio
e a isolação de PVC e EPR. Obter o tempo também em nº de ciclos de 60hz.
51

- Os dispositivos mais comuns empregados na proteção de instalações elétricas são


os fusíveis e disjuntores.

Fusíveis:
Quanto a características construtivas os tipos mais comuns são rolha
(NH), cartucho, faca ou diazed.

Para curtos-circuitos de duração no máximo igual a 5 s, os dispositivos


fusíveis devem atender à seguinte condição:

Ia ≤ Ikmin

onde:
Ia é a corrente correspondente à intersecção das curvas C e F da figura 10
Ikmin é a corrente de curto-circuito mínima presumida.
52

Quanto ao modo de operação os mais comuns são os fusíveis tipos:

Diazed (D): Os fusíveis DIAZED são utilizados na proteção de curto-


circuito em instalações elétricas residenciais, comerciais e industriais e
que quando normalmente instalados, permitem o seu manuseio sem
riscos de toque acidental. Em três tamanhos (DI, DII e DIII) atendem as
correntes nominais de 2 a 100A. Possui tempo de interrupção muito
curto. São classificados em retardado e rápido de acordo com sua curva
de atuação.

NH: Os fusíveis NH são aplicados na proteção de subcorrentes de curto-


circuito e sobrecarga em instalações elétricas industriais. Em cinco
tamanhos, atendem as correntes nominais de 6 a 1250A. Limitadores de
corrente, possuem elevada capacidade de interrupção de 120kA em até
500VCA. Com o uso de punhos garantem manuseio seguro na montagem
ou substituição dos fusíveis. Dados aos seus valores de energia de fusão
e interrupção facilitam a determinação da seletividade e coordenação de
proteção
53

Disjuntores:
São equipamentos de proteção e manobra utilizados também em BT, neste caso
conhecidos como “quick lag” em geral termomagnéticos, ou seja, possuem lâminas de
metais que aquecidas por uma corrente de sobrecarga moderada de longa duração, faz
interromper a passagem da corrente no circuito.
54

Os disjuntores devem atender às duas condições a seguir (NBR 5410):

a) Ia ≤ Ikmin;

b) Ib ≥ Ik.

onde:
Ia é a corrente correspondente à interseção das curvas C e D1 da figura 11;
Ikmin é a corrente de curto-circuito mínima presumida;
Ib é a corrente correspondente à interseção das curvas C' e D2 da figura 12; e
Ik é a corrente de curto-circuito máxima presumida no ponto de instalação do disjuntor.
55

- O tipo apropriado de disjuntores termomagnéticos em instalações elétricas prediais


deve ter capacidade (em A) no máximo de 80% da corrente nominal do circuito,
conf. tabela abaixo:

CAP. NOMINAL DO CORRENTE NOMINAL POTÊNCIA DO


DISJUNTOR (A) MÁXIMA DO CIRC. (A) CIRC. P/ 120V F-N
10A 8 960
15A 12 1.440
20A 16 1.920
25A 20 2.400
30A 24 2.880
35A 28 3.360
40A 32 3.840
50A 40 4.800
60A 48 5.760
70A 56 6.720
80A 64 7.680
90A 72 8.640
100A 80 9.600

- Abaixo, tabela para escolha do disjuntor termomagnético em função da seção dos


condutores e nº de circuitos por eletroduto.
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DISJUNTOR DR
57

DIMENSIONAMENTO DO ELETRODUTO
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59
60

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