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Craig
MATERIAIS
/

DENTARIOS
RESTAURADORES
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_ra1g

13ª EDIÇÃO

EDITADO POR

Ronald L. Sakaguchi, DDS, MS, PhD, MBA


Associate Dean for Research and Innovation
Professor
Division of Biomaterials and Biomechanics
Department of Restorative Dentistry
SchoolofDentistry
Oregon Health and Science University
Portland, Oregon

John M. Powers, PhD


Editor
The Dental Advisor
Dental Consultants, Inc
Ann Arbor, Michigan
MOSBY
Professor of Oral Biomaterials
Department of Restorative Dentistry and Biomaterials
UTHealth School of Dentistry
The University of Texas Health Science Center at Houston
ELSEVIER
Houston, Texas
© 2012 Elsevier Editora Ltda.
Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por Mosby, Inc. um selo editorial Elsevier Inc.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19 /02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam
quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
ISBN: 978-85-352-6833-1

Copyright © 2012, 2006, 2002, 1997, 1993, 1989, 1985, 1980, 1975, 1971, 1968, 1964, 1960 by Mosby Inc., an affiliate of
Elsevier Inc.
This edition of Craig's Restorative Dental Materiais, Thirteenth Edition by Ronald L Sakaguchi, John M. Powers. is
published by arrangement with Elsevier Inc.
ISBN: 978--0-323-08108-5

Capa
Studio Creamcrackers

Editoração Eletrônica
Thomson Digital

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e as contraindicações. É responsabilidade do médico, com base em sua experiência pessoal e no conhecimento de seus
pacientes, determinar as posologias e o melhor tratamento para cada paciente individualmente, e adotar t<}das as
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radores, assumem qualquer responsabilidade por qualquer efeito danoso e/ou malefício a pessoas ou propriedades
envolvendo responsabilidade, negligência etc. de produtos, ou advindos de qualquer uso ou emprego de quaisquer
métodos, produtos, instruções ou ideias contidos no material aqui publicado.
O Editor

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
G77
Graig, materiais dentários restauradores / [editado por Ronald L. Sakaguchi, John M. Powers;
tradução de Cintia Garcia Cardoso ... et ai.]. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 416p.: il.; 24cm

Tradução de: Graig's Restorative dental materiais, 13th ed.


Inclui bibliografia e índice
ISBN 978-85-352-6833-1

1. Materiais dentários. I. Craig, Robert G. (Robert George), 1923-. Il. Powers,


John M., 1946-. IlL Sakaguchi, Ronald L. L Título.

12-3583. CDD: 617.695


CDU: 616.314:315.46
Revisão Científica e Tradução

REVISÃO CIENTÍFICA
Roberto Ruggiero Braga
Professor Titular do Departamento de Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo (USP)

TRADUÇAO -
Caroline Cotes Marinho (Caps. 11 e 14)
Mestre e Doutoranda em Odontologia Restauradora (Prótese Dentária) pela Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos - UNESP

Cintia Garcia Cardoso (Caps. 7, 12 e 13)


Especialista em Dentística pela ABO-RJ
Mestre em Saúde Pública pela ENSP da Fundação Oswaldo Cruz

Fernanda Campos (Cap. 5)


Mestre e doutoranda em Odontologia Restauradora (Prótese Dentária) pela Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos - UNESP
,
Igor Iuco Castro da Silva (Cap. 6, Apêndice e Indice)
Professor da Faculdade de Odontologia da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO)
Especialista em Gestão de Saúde Pública pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(UNIRIO)
Mestre em Patologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
Doutorando em Odontologia pela UFF

Marcela Filizola (Cap. 10)


Graduada em Língua e Literatura pela PUC-Rio

Mariana Marquezan (Cap. 1)


Mestre e Doutoranda em Odontologia (Ortodontia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ)

Mayra Cardoso (Cap. 15)


Doutoranda em Odontologia Restauradora (Prótese Dentária) pela UNESP
Mestre em Prótese Dentária pela UERJ
Especialista em Prótese Dentária pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio)

Mônica Tirre de Souza Araújo (Cap. 8)


Professora Adjunta de Ortodontia da UFRJ
Especialista em Dentística
Mestre e Doutora em Odontologia (Ortodontia)

V
.
Vl REVISÃO CIENTIFICA E TRA DUÇÃO

Rodrigo Tiossi (Caps. 3 e 16)


Professor convidado do Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico (ILAPEO)
Especialista em Prótese Dental
Mestre e Doutor em Reabilitação Oral pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (USP)
Pós-doutorando pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (USP)

Sueli Toledo Basile (Cap. 2)


Tradutora
Consultora Empresarial para Registro de Produtos na ANVISA - Ministério da Saúde.

Taís Munhoz (Caps. 4 e 9) ,


Mestre e Doutora em Engenharia de Materiais - Area de Concentração Biomateriais
(PEMM-COPPE-UFRJ)
Colaboradores

Roberto R. Braga, DDS, MS, PhD Grayson W. Marshall, DDS, MPH, PhD
Professor Distinguished Professor and Chair
Department of Dental Materials Division of Biomaterials and Bioengineering
School of Dentistry Vice-Chair, Department of Preventive and
University of São Paulo Restorative Dental Sciences
São Paulo, SP, Brazil School of Dentistry
Capítulo 5 University of California San Francisco
Capítulo 13 San Francisco, California
Capítulo 2
Isabelle L. Denry, DDS, PhD
Professor Sally J. Marshall, PhD
Department of Prosthodontics and Dows Institute Vice Provost, Academic Affairs
for Dental Research Director of the Office of Faculty Development and
College of Dentistry Advancement
The University of Iowa Distinguished Professor Division of Biomaterials
lo'"'ª City, Iowa and Bioengineering
Capítulo 11 Department of Preventive and Restorative Dental
Sciences
Jack L. Ferracane, PhD School of Dentistry
Professor and Chair University of California San Francisco
Department of Restorative Dentistry San Francisco, California
Division Director, Biomaterials and Biomechanics Capítulo 2
School of Dentistry
Oregon Health & Science University John C. Mitchell, PhD
Portland, Oregon Associate Professor
Capítulo 6 Division of Biomaterials and Biomechanics
Department of Restorative Dentistry
Sharukh S. Khajotia, BDS, MS, PhD School of Dentistry
Professor and Chair Oregon Health and Science University
Department of Restorative Dentistry Portland, Oregon
College of Dentistry Capítulo 6
University of Oklahoma Health Sciences Center Capítulo 15
Oklahoma City, Oklahoma Capítulo 16
Capítulo 2
Sumita B. Mitra, PhD
David B. Mahler, PhD Partner
Professor Emeritus Mitra Chemical Consulting, LLC
Division of Biom.aterials and Biomechanics West St. Paul, Minnesota
Department of Restorative Dentistry Capítulo9
School of Dentistry Capítulo 13
Oregon Health and Science University
Portland, Oregon Kiersten L. Muenchinger, AB, MS
Capítulo 10 Program Director and Associate Professor
Product Design
School of Architecture and Allied Arts
University of Oregon
Eugene, Oregon
Capítulo 3

••
Vll
...
Vlll COLABORADORES

Carmem S. Pfeifer, DDS, PhD Ronald L. Sa.kaguchi, DDS, MS, PhD, MBA
Research Assistant Professor Associate Dean for Research and Innovation
Department of Craniofacial Biology Professor
School of Dental Medicine Division of Biomaterials and Biomechanics
University of Colorado Department of Restorative Dentistry
Aurora, Colorado School of Dentistry
Capftulo 4 Oregon Health and Science University
Capftulo 5 Portland, Oregon
Capftul.o 1
John M. Powers, PhD Capftul.o 3
Editor Capftul.o 4
The Dental Advisor Capftul.o 5
Dental Consultants, Inc. Capftul.o 7
Ann Arbor, Michigan Capftul.o 8
Professor of Oral Biornaterials Capftul.o9
Department of Restorative Dentistry and Capftul.o 1O
Biomaterials Capftul.o 14
UTHealth School of Dentistry Capftul.o 15
The University of Texas Health Science Center at
Houston
Houston, Texas
Capftulo 12
Capftulo 14
1

Para os n1uitos mentores e colegas


que colaboraram conosco.
Agradecimentos

Nós somos profundamente gratos a John Dolan, vários outros da Elsev:ier por seu trabalho e con-
Editor-Executivo da Elsevier, por sua orientação tribuições ao livro.
no planejamento inicial e aprovação deste projeto, Por último, agradecemos aos nossos colegas em
e a Brian Loher, Editor de Desenvolvimento Sênior nossas respectivas instituições por muitos diálogos
da Elsevier, por suas muitas sugestões, apoio e informais e sugestões oferecidas e às nossas famílias,
estímulo ao longo do processo do projeto e da es- que se colocaram conosco em nossos computadores
crita do manuscrito. Jodie Bernard e sua equipe de até tarde da noite e em muitos finais de semana.
programadores visuais foram surpreendentes na Isso verdadeiramente leva uma comunidade a criar
habilidade de criar novas imagens de quatro cores uma linha de trabalho como este livro didático e nós
a partir das figuras originais em preto e branco. agradecemos a todos.
Nós agradecemos a Sara Alsup, Gerente de Projetos
Associada da Elsevier, e sua equipe de editores de
texto pela grandiosa melhora de estilo, consistência Ronald L. Sakaguchi
e legibilidade do texto. Agradecimentos também a John M. Powers

X
Prefácio

A 13ª edição deste livro didático clássico foi reescrita de Odontologia da Northwestern University. Os dou-
para incluir os desenvolvimentos mais recentes na tores Bill e Sally Marshall foram instrutores para
ciência dos biomateriais dentários e novos materiais aqueles cursos. Após muitos anos de preceptoria
para uso clúúco. Um de nossos objetivos para esta recebida dos doutores Bill Douglas e Ralph DeLong
edição foi incluir mais aplicações e exemplos clúú- e da Sra. Maria Pintado, da University of Minnesota.,
cos, com a esperança de que este livro seja mais útil Dr. Sakaguchi juntou-se à equipe de pesquisa em
para os dentistas atuantes na clínica. O livro conti- biomateriais na Escola de Odontologia de OHSU
nua a ser planejado para estudantes de graduação com os doutores David Mahler, Jack Mitchem e Jack
em Odontologia e também propicia uma excelente Ferracane. O laboratório de OHSU beneficiou-se
atualização da ciência de biomateriais dentários de contribuições de muitos professores visitantes,
e aplicações clínicas de materiais restauradores colegas de pós-doutorado e alunos de gradução,
para estudantes em programas de pós-graduação incluindo a Dra. Carmem Pfeifer, que conduziu
e residências. sua pesquisa de doutorado em nosso laboratório.
O Dr. Ronald L. Sakaguchi é o novo editor-chefe Nossos agradecimentos aos muitos mentores que
desta edição. Dr. Sakaguchi obteve bacharelado em generosamente contribuíram, direta ou indireta-
Cibernética pela University ofCalifárnia, Los Angeles mente, para esta edição do livro.
(UCLA), graduação em Odontologia pela North- Nós acolhemos os seguintes novos colaborado-
rvestern University, mestrado em Prótese Dentária res para a 13ª edição e agradecemos a todos por seus
pela University of Minnesota e doutorado em Bioma- esforços e sua experiência: Drs. Bill e Sally Marshall,
teriais e Biomecânica pela Tharnes Polytechnic (hoje da University of Califórnia, San Francisco (UCSF);
University of Greenwich, Londres). Ele é atualmente Dr. Sumi.ta Mitra, da Mitra. Chemical Consulting, LLC,
Pró-Reitor Associado de Pesquisa e Inovação e pro- e muitos anos da 3M ESPE; Dr. Jack Ferracane, da
fessor na Divisão de Biomateriais e Biomecânica OHSU; Dr. Roberto Braga, da Universidade de São
no Departamento de Odontologia Restauradora Paulo; Dr. Sharukh Khajotia, da University of Okla.-
na Oregon Health & Science University (OHSU), em hama; Dra. Carmem Pfeifer, da UniversihJ ofColora.do;
Portland, Oregon. e Professor Kiersten Muenchinger, da University of
O Dr. John M. Powers é o novo coeditor desta Oregon. Nós também agradecemos aos seguintes
edição. Ele atuou como editor-chefe da 12ª edição e autores, citados por suas valorosas contribuições e
contribuiu com oito edições anteriores. Dr. Powers refinamentos de conteúdo na 13ª edição: Dr. David
obteve bacharelado em Química e doutorado em Mahler, da OHSU; Dr. John Mitchell, da OHSU; e
Engenharia Mecânica e Materiais Dentários pela Dra. Isabelle Denry, da UniversihJ of Iowa. (anterior-
University of Michigan, foi membro de faculdade mente, The Ohfo State University).
da Escola de Odontologia da University of Mi- A organização desta edição foi modificada
chigan por muitos anos, e atualmente é professor bastante para refletir a sequência de conteúdo
de Biomateriais Orais no Departamento de Odon- apresentado a estudantes de graduação em Odon-
tologia Restauradora e Biomateriais na UTHealth tologia da OHSU. Os capítulos foram organizados
School of Dentistn;, Th.e University of Texas Health por procedimentos clúúcos principais. O Capítulo 2
Science Center, em Houston. Ele foi primeiramente apresenta novo conteúdo sobre esmalte, dentina,
Diretor do Houston Bio·materials Research Center. junção amelodentinária e biofilmes. O Capítulo 3,
Dr. Powers é também vice-presidente sênior da outro capítulo novo, descreve os conceitos do
Dental Consulta.nts, Inc., e é coeditor de The Dental projeto do produto e suas aplicações na seleção de
Advisor. materiais restauradores e no plano de tratamento.
A equipe de editores e autores para esta edição Fundamentos de ciência dos materiais, incluindo
abrange três gerações de pesquisadores e educa- a apresentação de propriedades físicas e mecâni-
dores em Odontologia. Dr. Sakaguchi teve seu cas, os conceitos de biomecânica, química de su-
primeiro contato com a ciência de biomateriais perfície e propriedades ópticas são consolidadas
dentários como aluno do primeiro ano na Escola no Capítulo 4. Testes de materiais são discutidos

.
Xl
XII PREFÁCIO

no largamente revisado Capítulo 5, que tem maior cessamento e aos materiais para esses métodos.
ênfase em métodos de teste e padronizações con- Todos os outros capítulos foram reorganizados
temporâneos. O Capítulo 14, novo nesta edição, e atualizados com a ciência e as aplicações mais
é dedicado às técnicas de imagem digital e pro- recentes.
Sumário

Capítulo 1: Curvas Tensão-Deforrriação, 39


Viscoe/asticidade, 47
O Papel e a Importância dos Materiais Propriedades Mecíinicas Diníimicas, 51
D entários Restauradores, 1 Propriedades Mecíinicas de Superft.cie, 53
Estado Coloidal, 55
Escopo dos MaterÚlis Utilizados ern Odontologia
Difusão através de Membranas e Pressão
Restauradora, 2
Osmótica, 56
Ciências Básicas Aplicadas aos Materiai,s
Adsorção, Absorção e Sorção, 56
Restauradores, 2
Tensão Superficial e Molhamento, 56
Aplicação de Várias Ciências, 3
Adesão, 59
Futuros Desenvolvimentos em BiornaterÚli,s, 3
Propriedades Ópticas, 59
Propriedades Térmicas, 66
Capítulo 2: Propriedades Elétricas, 71
Outras Propriedades, 76
O Ambiente Oral, 5 Resurrw, 77
Esmalte, 6
O Mineral, 8 Capítulo 5:
Dentina, 10
Propriedades Físicas e Mecíinicas, 15 Testes de Materiais D entários e
A função Arrielodentinária, 18 Biomecânica, 8 9
Bwfilmes Orais e Materiais Dentários
Resistência à Compressão, 90
Restauradores, 18
Flexão, 90
Resistência. à Flexão, 91
Capítulo 3: Flexão Permanente, 92
Resistência à Tração Diametral, 92
Critérios para o Desenvolvimento Resistência. ao Cisalhamento, 93
de Materiais D entários Torçã.o, 93
Restauradores, 2 7 Resistência à Fadiga, 94
Ciclo de Projeto, 28 Tenacidade à Fratura, 95
Evidêncíos Usadas no Desenvolvirriento Análise Fractográfica, 95
de Produtos, 29 Resistência. ao Rasgamento e Energia de
OdontologÚl Baseada erri Evidências, 29 Rasgamento, 96
Evidência do Paciente, 29 Dureza, 97
Evidências de Laboratório (ln Vitro), 30 Teste de Dureza Brinell, 97
Criando o Plano, 31 Teste de Dureza Knoop, 97
Construindo a Restauração, 33 Teste de Dureza Vickers, 98
Teste de Dureza Rockwell, 98
Teste de Dureza de Barco!, 99
Capítulo 4: Teste de Dureza Shore A, 99
Nanoindentaçã.o, 99
Fundamentos da Ciência
Desgaste, 100
dos Materiais, 3 5 Tempo de Presa, 101
Propriedades Mecíinicas, 36 Definição e Irr1portilncia, 101
Força, 36 Medição, 101
Tensão, 37 Análise Mecânica Dinâmica, 102

...
Xlll
.
XlV SUMARIO

Reologia, 102 Reação do Osso e Tecidos Moles a Materiais de


Ca.lorirnetria Diferencial de Varredura, 102 Implante, 137
Técnicas de Espectometria, 103 Surnário, 138
Picnornetria, 104
Métodos de Teste da Resistência de União, 104 Capítulo 7:
Teste de Macrocísalha1nento, 105
Teste de Macrotração, 105 Classes Gerais de Biomateriais, 145
Teste de Microtração, 105 Metais e Ligas, 146
Testes de Microcisalha1nento, 106 Estrutura Qufrnica. e Atômica dos Metais, 146
Teste de Push-out, 106 Estrutura Atômica, 147
Métodos para Medição da Contração e da Tensão Propriedades Físicas dos Meta.is, 148
durante a Polirnerização de Compósitos Polirneros, 149
resinosos, 106 Natureza. Básica dos Polímeros, 149
Dilatômetro de Mercúrio, 106 Cerílmicas, 153
Disco Aderido, 106 Compósitos, 154
AcuVol, 107
Teste MARC (Managing Accurate Capítulo 8:
Resin Curing), 107
Fator de Configuraçãn Cavitária, 108 Materiais Preventivos
Análise de Tensões e Desenho das Estruturas e Intermediários, 159
Dentárias, 109
Análise por Elementos Finitos, 109 Selantes de Fóssu/as e Fissuras, 160
Testes de Tensão de Polimerização, 110 Sei.antes Fotopolirnerizáveis, 160
Tensilômetro, 110 Inibição da Polimerização por Ar, 160
Tensômetro, 110 Propriedades dos Selantes, 160
Análise de Trincas, 110 Estudos Clínicos, 162
Especificações para Materiais Restauradores, 111 Aplicação de Selantes, 162
Especificações da Arnerican Dental Ionômeros de Vidro corno Selantes, 163
Association, 112 Cornpósitos de Baix.a Viscosidade
Programa de Aprovaçãn da American Dental como Selantes, 164
Ionômero de Vidro para Prevenir a Progressão
, Association, 113
Indice de Especificações e Normas Federais, 113 da cárie, 164
Cornposição e Reaçãn, 164
Propriedades, 165
Capítulo 6: Ionômero de Vidro Modificado por Resina, 166
Cornposição e Reaçãn, 166
Biocompatibilidade e Reação Tecidual a Propriedades, 166
Biomateriais, 11 7 Manipulação, 166
Avaliandn a Bincompatibilid.ade, 118 Ionômeros de Vidro Modificados por Resina. conw
Testes ln Vitro, 118 Forradores Cavítários, 167
Testes em Anírnais, 121 Hidroxido de Cá.leio corno Forradnres Cavitários, 168
Testes de Uso, 122 Vernizes Flunretados, 169
Correi.ação entre Testes ln Vitro, ln Vivo e Remineralização, 169
Testes de Uso, 123
Usando Testes ln Vitro, ln Vivo e Clínicos Capítulo 9:
Juntos, 124
Materiais Restauradores - Compósitos e
Normalizações que Regularn a Mensuração da
Biocompatibilidade, 125 Polímeros, 175
Biocornpatibilidade dos Materiais Dentários, 126 Compósitos Universais, 177
Reações da Polpa, 126 Con1posição, 177
Reações de Outros Tecidos Moles Orais a Reações de Polírnerização, 185
Materiais Restauradores, 134 Apresentação Con1ercíal, 188
SUMARIO XV

Propriedades dos Coinpósitos, 190 Ligas de Au-Pt-Pd, 244


Visão Gera.!, 190 Ligas de Au-Pd, 245
Propriedades Físicas, 190 Ligas Au-Pd-Ag, 245
Propriedades Mecânicas, 193 Ligas Pd-Ag, 245
Propriedades Clinicas, 194 Ligas Pd-Cu, 245
Compósitos para Aplicações Especiais, 196 Ligas de Metais Básicos, 245
Co1npósitos Microparticulados, 196 Exigências Gerais para Ligas de Metais básicos
Co1npósitos Compactáveis (packable para Uso Odontológico, 246
cornposites), 196 Ligas de Cobalto-cromo e Nfquel-crorr1.o para
Co1npósitos de Baixa Viscosidade (júnoable Fundição de Próteses Parciais Removíveis, 247
cornposites), 197 Titíinio e Ligas de Titíinio, 253
Co1npósitos para Uso Laboratorial, 197 Ligas Forjadas, 257
Co1npósitos para Confecção de Núcleos, 197 Ligas de Aço Inoxidável Forjado, 258
Co1npósitos Provisórios, 198 Liga Forjada de Níquel-titíinio, 260
Ionôrneros de Vidro, 198 Liga Forjada de Beta-titíinio, 261
Co1nponentes e Reação de Presa de Ionôrneros
de Vidro Convencionais, 198
Cennets, 199 Capítulo 11:
Co1nponentes e Reação de Presa de Ionôrneros Materiais
de Vidro Modificados por Resina, 199
Restauradores - Cerâmicas, 2 7 5
Sistema de Ionômero com Tripla Cura, 200
Nanoionômero, 202 Classificação das Ceríimicas Odontológicas, 276
Ernbalagern dos Ionôrneros de Vidro, 202 Classificação pela Indicação, 277
Aplicações Clinicas dos Ionômeros Classificação pelo Método de Fabricação, 277
de Vidro, 204 Classificação pela Fase Cristalina, 277
Propriedades dos Ionôrn.eros de Vidro, 204 Aplicações Gerais das Ceríimicas erri Próteses
Compômeros, 206 Odontológicas, 277
Co1nposição e Reação de Presa, 206 Coroas e Próteses Parciais Fixas
Propriedades, 206 Metalocerâmicas, 277
Manipulação, 206 Coroas, Inlays, On.lays e Facetas Totalrr1ente
Aparelhos FotopolilnerizJJdores, 206 Cerârnicas, 2 78
Visão Gera.!, 206 Propriedades Mecíinicas e Térmicas das Ceríirriicas
Aparelhos de Luz Halógena de Odontológicas, 278
Quartzo-Tungstênio-Halogênio, 206 Métodos de Tenacificaçã.o, 278
Aparelhos LED, 207 Métodos de Teste, 279
Aplicações dos Polímeros ern Prótese, 208 Dados Comparativos, 280
Fonna e Composição, 208 Propriedades Ópticas das Ceríirr1icas
Odontológicas, 281
Restaurações Totalmente Ceríirr1.icas, 282
Capítulo 1 O: Materiais Totalmente Cerí:tmicos
SinterizJJdos, 282
Materiais Restauradores - Metais, 21 7 Materiais Totalmente Cerí:tmicos Prensados a
Amálgama, 218 Quente, 283
Ligas de Amálgama dentário, 218 Materiais Totalmente Cerí:tmicos Produzidos
Processo de Arrialga1nação, 223 pela. Técnica da Colagem (Slip-Cast), 285
Propriedades Físicas e Mecíinicas, 225 Materiais Totalmente Cerí:tmicos
Propriedades do Mercúrio, 229 Usináveis, 285
Adesão do Arruílgarria, 230 Restaurações Metaloceríirr1.icas, 287
Ligas para Fundiçíio Odontológica, 230 Requisitos de um Sistema Metaloceríirrúco, 288
Tipos e Composição, 230 União Metalocerí:tmica, 289
Elerrientos Metálicos Usados Ceríimicas para Restaurações
ern Ligas Dentárias, 232 Metal.oceríimicas, 291

XVl SUMARIO

Composiçãn e Fabricação de Porcelanas Dureza Superficial e Resistência à Abra.são, 333


Odontol6gi,cas, 291 Reprodução de Detalhes, 334
Co1nposição, 291 Expansãn de Presa, 334
Fabricaçíio, 292 Manipulação, 335
Efeito do Desenho das Restaurações Revestimentos para Fundição, 336
Metalocertlrnicas, 293 Propriedades Necessárias em urn
Falha e Reparo ein Restaurações Revestimento, 336
Metalocertlrnicas, 293 Composiçãn, 337
Revestimentos Aglutinadns por Sulfato de
Cálcio, 337
Capítulo 12: Propriedades dos Revestimentos Aglutinados
Materiais para Replicação - Moldagem e por Sulfato de Cálcio, 337
Fundição, 301 Efeito da Temperatura sobre
o Revestimento, 337
Finalidade dos Materiais de Moldagem, 302 Expansãn de Presa do Revestimento Aglutinadn
Qualidades Desejáveis, 303 por Sulfato de Cálcio, 339
Tipos de Materiais de Moldagern, 304 Revestimento Térrnico e Higroscópico para
Hidrocoloides de Alginato, 304 Fundição, 340
Co1nposição e Química, 305 Revestimento Térmico-Higroscópico para.
Proporção e Manipulação, 307 Fundiçãn de Ouro, 341
Propriedades, 307 Revestimento para Fundiçãn de Ligas de Alto
Materiais de Moldagern Elastornéricos, 311 Ponto de Fusão, 341
Consistências, 311 Revestimento para Soldagem, 343
Sistemas de Mistura, 311 Revestimento para Restaurações de Cerâmica
Técnicas de Moldagern, 312 Pura, 344
Corriposição e Reações, 313
Propriedades de Presa, 315
Propriedades Mecânicas, 318 Capítulo 13:
Molhabilidade e Hidrofilização dos Materiais de
Materiais para Adesão
Moldagem Elastoméricos, 321
Desinfecção de Moldes Elastornéricos, 322 e Cimentação, 35 3
Relaçãn das Propriedades e Aplicaçãn Princípios de adesão, 354
Clínica, 323 Sistemas Adesivos, 355
Materiais de Registro Oclusal, 323 Adesão a Outros Substratos, 361
Materiais de Registro Elastoméricos, 323 Reparo de Restaurações de Corr1pósito, Cerâmica
Moldeiras, 324 e Metalocerí:tmica, 362
Materiais para Troquel e Modelo, 324 Classificação e Características dos Agentes de
Qualidades Desejáveis de urn Material para Cirnentação, 363
Modelo ou Troquei, 324 C/assificaçãn, 363
Gesso Comum e Gesso-pedra, 325 Biocorr1patibilidade, 363
Materiais de Ep6xi para. Troquei, 325 Selamento Inteifacial e Atividade
Corriparação de Materiais de Moldagerri e de Anticariogênica, 363
Troquel, 325 Adesão, 364
Produtos de Gipsita, 326 Propriedades Mecí:tnicas, 364
Natureza Química e Fisica dos Produtos de Propriedades de Ma.nipulação
Gipsita., 326 e Radwpacidade, 364
Fabricaçíio de Gesso Comurn, Pedra e Pedra de Viscosidade e Espessura da Película, 364
Alta Resistência, 326 Solubilidade, 364
Reaçíio Química, 328 Estética.,, 364
Propriedades, 330 Cimentos Acido-base, 365
Terripo de Presa, 330 Cirr1.entos de Óxido de Zinco corri Eugennl e
Viscosidade, 332 Livres de Eugenol, 365
••
SUMARIO XVll

Ionôrn.ero de Vidro, 366 Superfícies


. e Bioco1npatibilidade,
,
389
Ionôrn.ero de Vidro Modificado por Resina, 368 Liberação de Ions, 389
Cimentos à Base de Resina, 370 Superfícies, 389
Cimento de Resina, 370 Alterações de Superfície, 390
Cimentos Resinosos Autoadesivos, 372 Recobrimentos de Superfície, 391
Cimentos Resinosos para. Restaurações Materiais e Processa1nento dos Implantes, 392
Provisórias, 372 Desafios e o Futuro, 392

Capítulo 14: Capítulo 16:


Imagem e Processamento Digital para Engenharia Tecidual, 397
Restaurações, 377 Enxerto Autógeno, 398
Siste11111S CAD/CAM Odontológicos, 378 Enxerto Alógeno, 399
Moldagem Digital, 378 Enxerto Xenógeno, 399
Programas de Desenho, 379 Aloplásticos, 399
Dispositivos de Processamento, 380 Estratégias para Engenharia Tecidual, 401
Resultados Clínicos, 381 Injeção de Células, 401
Regeneração Tecidual Guiada, 401
Capítulo 15: Indução Celular, 402
Células Dentro de Arcabouços Matriciais, 403
Implantes Dentários e Orofaciais, 383 Células-Tronco, 404
Classificação, 384 Biomateriais e Arcabouços, 406
Implante Endósseo, 384 Materiais Biológicos, 406
Osseointegração e biointegração, 385 Materiais Cerílrnicos e Vítreos, 406
Fatores que Afeta1n o Implante Endósseo, 387 Materiais Poliméricos, 407
Geometria, 387 Métodos de Cultura Celular, 408
Magnitude da Força, 387 Tecidos Dentários Originados da Engenharia
Duração da Força, 388 Tecidual, 408
Tipo de Força, 388 Apêndice 415
Diilmetro do Implante, 389 ,
Co1nprimento do Irnplante, 389 lndice 419
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CAPÍTULO

1
O Papel e a Importância
dos Materiais Dentários
Restauradores

SUMÁRIO

Escopo dos Materiais Utilizados Aplicação de Várias Ciências


em Odontologia Restauradora Futuros Desenvolvimentos em Biornateriais
Ciências Básicas Aplicadas aos Materiais
Restauradores

1
2 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Desenvolvimentos nas ciências dos materiais, na acrílicas e outros materiais utilizados em proce-
robótica e na biomecânica mudaram radicalmente a dimentos restauradores. As exigências quanto às
forma como olhamos para a substituição de compo- características e ao desempenho do material vão
nentes da anatomia humana. Ao longo da história, desde alta flexibilidade, exigida pelos materiais de
encontramos muitas abordagens visando repor estru- moldagem, até alta rigidez, necessária em coroas e
turas dentárias perdidas ou dentes inteiros. A subs- próteses fixas. Materiais para implantes dentários
tituição de estruturas perdidas por doença e trauma requerem ainda integração com o osso.
continua sendo uma grande parcela da prática odon- Alguns materiais são desenvolvidos para atin-
tológica. Materiais dentários restauradores são a base girem excelente adaptação à estrutura dentária,
para a substituição da estrutura dentária. enquanto outros são usinados para reproduzirem
Forma e função são aspectos importantes na dimensões e geometrias definidas. Ao descrever
substituição da estrutura dentária perdida. Embora esses materiais, características físicas e químicas
a forma e a aparência dos dentes sejam aspectos são muitas vezes utilizadas como critérios para
mais facilmente reconhecidos, a função dos dentes comparação. A fim de entender como um material
e dos tecidos de suporte contribui muito para a qua- funciona, estudamos sua estrutura química, suas ca-
lidade de vida. A relação entre saúde bucal e saúde racterísticas físicas e mecânicas, e como ele deve ser
geral é amplamente aceita. O bom funcionamento manipulado para atingir o melhor desempenho.
dos elementos da cavidade oral, incluindo os dentes A maioria dos materiais restauradores é caracte-
e os tecidos moles, é necessário para a mastigação, a rizada por parâmetros físicos, químicos e mecânicos
fala, a deglutição e a respiração adequadas. derivados de dados experimentais. Melhoras nes-
Materiais dentários restauradores tornam pos- sas características podem se mostrar interessantes
sível a reconstrução dos tecidos dentários duros. em estudos laboratoriais, mas o verdadeiro teste é
Em muitas áreas, o desenvolvimento dos materiais o desempenho do material na boca e a capacidade
dentários progrediu mais rapidamente do que para deste material ser manipulado adequadamente pela
outras próteses anatômicas. Por causa de seu sucesso equipe odontológica. Em muitos casos, erros de
a longo prazo, muitas vezes os pacientes esperam que manipulação podem se contrapor aos avanços tec-
próteses dentárias tenham um desempenho supe- nológicos do material. Por isso, é muito importante
rior ao dos materiais naturais que elas substituem. A que a equipe odontológica entenda os fundamentos
aplicação da ciência dos materiais em Odontologia é da ciência dos materiais e da biomecânica a fim de
única devido à complexidade da cavidade oral, que selecionar e manipular os materiais odontológicos
inclui bactérias, forças elevadas, variações constantes de forma correta.
de pH, e ambiente quente e úmido. A cavidade oral
é considerada o meio mais hostil para um material
no corpo. Além disso, quando materiais dentários CIÊNCIAS BÁSICAS
são colocados diretamente em cavidades como APLICADAS AOS MATERIAIS
restaurações, há exigências muito específicas para RESTAURADORES
sua manipulação. O conhecimento de ciência dos
materiais e de biomecânica é muito importante A prática odontológica depende não apenas do
na escolha de materiais para aplicações dentárias entendimento completo das várias técnicas clínicas,
especificas e no planejamento da melhor solução mas também da valorização dos princípios biológicos,
para a restauração da estrutura dentária e para a químicos e físicos fundamentais que dão suporte às
reposição de dentes. aplicações clínicas. É importante compreender o
'como' e o 'porquê' associados à função de materiais
dentários naturais e sintéticos.
ESCOPO DOS MATERIAIS A avaliação conjunta dos aspectos físicos, quí-
UTILIZADOS EM ODONTOLOGIA micos e de engenharia dos materiais dentários
RESTAURADORA e da função oral, juntamente com estudos sobre
os tecidos de suporte, sua fisiologia, patologia e
Materiais dentários restauradores incluem re- demais aspectos biológicos, proporcionam os me-
presentantes das grandes classes de materiais: me- lhores resultados para o paciente. Esta abordagem
tais, polímeros, cerâmicas e compósitos. Materiais integral, quando combinada com a melhor evidên-
dentários incluem itens como resinas compostas, cia científica disponível, a experiência do clínico,
cimentos, ionômeros de vidro, cerâmicas, metais as preferências do paciente e a orientação dada ao
nobres e básicos, ligas de amálgama, gessos, reves- paciente, resultam no melhor tratamento que pode
timentos, ceras, materiais de moldagem, resinas ser oferecido ao indivíduo.
1. O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DOSMATERIAISDENTÁRIOSRESTAURAOORES 3

APLICAÇÃO DE VÁRIAS periodontal, falha no tratamento endodôntico ou


CIÊNCIAS cárie dentária. Entre 64 e 65 anos de idade, 25º/o dos
adultos perderam todos os dentes naturais. Entre
Nos capftulos que se seguem, características fun- crianças de seis a oito anos, 26% apresentam cáries
damentais dos materiais são apresentadas juntamente dentárias não tratadas, ao passo que 50% necessi-
com numerosos exemplos práticos de corno os prin- taram de tratamento contra cáries. A demanda por
cípios básicos se relacionam com aplicações clínicas. cuidados restauradores é muito grande. Avanços na
Procedimentos de teste e técnicas de manipulação endodontia e na periodont:ia tomam possível que as
são discutidos brevemente, mas não enfatizadas. pessoas mantenham seus dentes por mais tempo,
Um entendimento mais completo dos princípios modificando o caráter da odontologia restauradora
fundamentais de materiais e de mecânica é importan- de substituição de dentes para sua restauração e
te para o clinico planejar e fornecer prognósticos para manutenção. O desenvolvimento de terapias com
restaurações. Por exemplo, o prognóstico de próteses implantes bem-sucedidas estimula pacientes a subs-
fixas extensas, ou pontes, é dependente da rigidez e da tituírem dentes perdidos por meio de restaurações
elasticidade dos materiais. Ao se considerar a estética, unitárias em vez de próteses fixas ou removíveis.
a dureza do material é uma propriedade importante Para pacientes com bom acesso ao tratamento bucal,
porque influencia na capacidade de polimento do ma- a substituição de um único dente perdido por meio
terial. Alguns materiais liberam flúor quando expostos de implante está se tornando urna opção popular,
à água, o que pode ser benéfico para pacientes com pois não envolve o preparo de dentes adjacentes
alto risco de cárie. Ao se selecionar uma cerâmica para para instalação de uma prótese fixa . Pesquisas sobre
uma coroa de cerâmica pura fabricada no consultório, implantes envolvendo revestimentos, texturas d e
as características de usinagem de materiais cerâmicos superfície, propriedades variáveis, materiais alter-
são importantes. Os implantes apresentam comporta- nativos e novas geometrias vão continuar a crescer.
mentos diversos no que se refere à adaptação aos ossos Para aqueles com acesso menos adequado, próteses
e tecidos moles, que são dependentes de sua textura removíveis continuarão a ser utilizadas.
superficial, revestimento externo e geometria. Esses A ênfase na estética é comum entre os consumido-
são apenas alguns exemplos das muitas interações en- res, e isso continuará a incentivar o desenvolvimento
tre o desempenho clínico de materiais odontológicos de sistemas de clareamento dental e de restaurações
e os princípios científicos fundamentais. estéticas. Parece haver uma tendência crescente por
A toxicidade e as reações teciduais aos materiais uma aparência mais natural, com alguma individua-
dentários têm recebido mais atenção à medida que lidade em oposição à dentição uniforme e puramente
uma grande variedade de materiais vem sendo branca que era solicitada por muitos pacientes. Isso vai
utilizada e à medida que as agências federais têm incentivar os fabricantes a desenvolverem materiais
demonstrado maior preocupação nesta área. Outro que mimetizem a dentição natural de maneira ainda
indício da importância desse tópico é o desenvolvi- mais próxima, fornecendo as mesmas caracteristicas
mento de recomendações para práticas e testes para ópticas e profundidade de cor dos dentes naturais.
interação biológica de materiais promovido pela Com o envelhecimento da população, restaura-
American Dental Association (ADA). ções em superfícies radiculares expostas e dentições
Depois de muitos séculos de prática odontológi- desgastadas se tomarão mais comuns. Esses materiais
ca, continuamos a ser confrontados com o problema deverão desempenhar suas funções num ambiente
da substituição de dentes perdidos por acidente ou com redução do fluxo salivar, pH e qufmica atípicos.
por doença. Em um esforço para melhorar cons- A adesão a essas superfícies será mais desafiadora.
tantemente nossos recursos restauradores, a Odon- Este segmento da população apresentará múltiplas
tologia continuará a recorrer à ciência dos materiais, doenças crônicas, utilizará muitos medicamentos e
ao design de produtos, à engenharia, à biologia, à terá dificuldade em manter um regime adequado de
química e às artes para desenvolver uma prática atendimento oral domiciliar. Os materiais restaura-
odontológica integrada. dores serão desafiados nesse ambiente diffcil.
A interação entre os campos de biomateriais e bio-
logia molecular está crescendo rapidamente. Avanços
FUTUROS DESENVOLVIMENTOS na regeneração de tecidos irão se acelerar. Em breve,
EM BIOMATERIAIS os desenvolvimentos em nanotecnologia terão um
grande impacto na ciência dos materiais. As proprie-
Nos Estados Unidos, mais de 60o/o dos adultos dades que atualmente entendemos em nfveis macro e
com idades entre 35-44 anos perderam pelo me- micro serão muito diferentes no rúvel nano. Métodos
nos um dente permanente por acidente, doença de biofabricação e bioimpressão estão criando novas
4 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

estruturas e materiais. Este é um momento muito Nakamura M, l\\•anaga S, Henmi C, et al: Biomatrices and
estimulante para pesquisa de materiais e os clínicos biomaterials for future developments of bioprinting
têm muito que esperar num futuro próximo, à me- and biofabrication, Bfofaúricatian 2(1): 014110, 2010
dida que o conjunto de pesquisas desenvolve novos Mar 10. Epub.
National Center for Chronic DL<;ease Prevention and Health
materiais para aplicações clínicas.
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gurn disease, tooth loss, and oral cancers, at a glance,
2010.
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Kohn DH: Current and future research trends in dental Dental and Craniofacial Research, National lnstitutes
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2

O Ambiente Oral


Esmalte Biofilmes Orai~ e Materiais Dentários
O Mineral Restauradores
Dentina
Propriedades Físicas e Mecânicas
Dificuldades em Testes
A Junção Amelodentinária

5
6 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

O dente contém três tecidos calcificados dife- de materiais que deverão mimetizar sua estrutura
renciados: esmalte, dentina e cemento (Fig. 2-1). O e função. Adicionalmente, muitas aplicações, tais
esmalte é único, pois é o tecido do corpo com maior como a adesão dentária, necessitam que apliquemos
teor mineral e menor conteúdo orgânico. O esmalte materiais sintéticos nos tecidos calcificados, e esses
fornece o revestimento externo duro da coroa procedimentos são baseados no conhecimento deta-
dentária, permitindo uma mastigação eficiente. A lhado da estrutura e das propriedades dos sub~
dentina e o cemento, como o osso, são estruturas tratos adesivos teciduais.
compósitas biológicas, hidratadas, vitais, formadas
principalmente de uma matriz de colágeno do tipo
1, reforçada com um mineral de fosfato de cálcio ESMALTE
denominado a:patita. A dentina forma a maior parte
do dente e está unida ao esmalte pela junção ame- A Figura 2-1 apresenta um diagrama esquemático
lodentinária (JAD). A dentina da raiz do dente é de um dente posterior seccionado para evidenciar a
revestida pelo cemento, que propicia a conexão do dentina e o esmalte. O esmalte forma o revestimento
dente com o osso alveolar por meio do ligamento externo duro da coroa dentária e, sendo o tecido
periodontal. Embora a estrutura desses tecidos seja mais calcificado, é bastante adequado para resistir
frequentemente descrita em textos odontológicos, ao desgaste devido à mastigação.
suas propriedades são, em geral, discutidas apenas O esmalte é formado pelos ameloblastos, inician-
superficialmente. Entretanto, essas propriedades do na junção amelodentinária (JAD) e prosseguindo
são importantes no que diz respeito ao inter- em direção à superfície externa do dente. Os amelo-
relacionamento dos fatores que contribuem para blastos trocam sinais com os odontoblastos localiza-
o desempenho necessário ao bom funcionamento dos do outro lado da JAD no início da formação da
desses tecidos. dentina e do esmalte, e os odontoblastos se movem
Na odontologia restauradora, estamos interes- no sentido interno ao JAD, enquanto os ameloblastos
sados em oferecer tratamentos preventivos que que formam o esmalte se movem no sentido externo
manterão a integridade dos tecidos e substituirão os para formar o esmalte da coroa dentária. A maior
tecidos danificados com materiais que, idealmente, parte da matriz orgânica do esmalte dentário com-
irão mimetizar a aparência natural e o desempe- posta de amelogeninas e enamelinas é reabsorvida
nho daqueles tecidos. Portanto, o conhecimento durante a maturação do dente, deixando um tecido
da estrutura e das propriedades desses tecidos é calcificado que é amplamente composto de minerais
importante como referência na determinação das e de uma matriz orgânica escassa. A disposição es-
propriedades e no desempenho de materiais restau- trutural do esmalte forma estruturas com o aspecto
radores e como parâmetro para o desenvolvimento de um buraco de fechadura conhecidas como pris-
mas de esmalte, que apresentam cerca de 5 µm de
diâmetro, conforme observado na Figura 2-2.
A composição geral é cerca de 96'Yo de mineral
Esmalte Dentina

""- Externo
em peso, com 1 o/o de lipídio e proteína, e o res-
tante sendo de água. A porção orgânica e a água
provavelmente desempenham papéis importantes
na função e na patologia do dente, e muitas vezes
é mais útil descrever a composição em relação
ao volume de seus componentes. Desta forma,

•••
Interno
observamos que os componentes orgânicos cons-
Polpa
••• Cervical
•..
tituem cerca de 3ºk e a água aproximadamente12%
da estrutura. O mineral cresce na forma de cristais
interno
hexagonais muito longos com cerca de 40 nm de
largura; esses cristais ainda não foram duplicados
FIGURA 2-1 Diagrama esquemático de um dente cor- sinteticamente. Existe alguma evidência de que os
tado longitudinalmente para expor o esmalte, a dentina cristais podem, em seu comprimento, atingir toda
e a câmara pulpar. No lado direito, estão as ilustrações
a espessura do esmalte; porém, isso é difícil de ser
com a vista superior dos túbulos dentinários, mostran-
do a variação do número de túbulos de acordo com a
comprovado, pois a maioria dos procedimentos de
localização. À esquerda, há uma ilustração da alteração preparo de amostra causa fratura dos cristalitos
na direção dos túbulos dentinários primários, quando a individuais. Aparentemente, esses cristais apre-
dentina secundária é formada (De Marshall Sj, et ai.: Acto sentam pelo menos milhares de nanômetros de
Mater. 46, 2529-2539, 1998). comprimento. Se isso for verdade, os cristais do
2. O AMBIENTE ORAL 7

Esmalte
-+-7.-~I
interprismático
Cabeça -+>~'·:.:·:.' ~.. '.,.
......
•... ."
Cauda _,.__,...·. •··
.

40.0

30.0

20.0

10.0

o
o 10.0 20.0 30.0 40.0
e
FIGURA 2-2 Microestrutura de esmalte dentário mostrando um diagrama esquemático dos prismas de esmalte
arranjados sob a forma de um buraco de fechadura com cerca de 5 µ.m em diâmetro (B). Imagens de microscopia de
força atômica (MFA) mostrando seções transversais do prisma em A, e os longos eixos dos prismas em C. A orientação
de cristalitos se desvia nas áreas entre os prismas na região de cauda, e o conteúdo orgânico aumenta na área entre os
prL>mas (Modificado de Habelitz S, et ai.: Ardi. Oral Bü:JI. 46, 173·183, 2001).

esmalte oferecem uma razão de "aspecto" extraor- são necessários para formar o diâmetro de um
dinário (razão comprimento/largura) para um prisma, e os longos eixos dos cristais tendem a se
material em nanoescala e são muito diferentes dos alinhar ao longo dos eixos dos prismas, conforme
cristais de dentina, muito menores. Os cristais são observado na Figura 2-2.
empacotados dentro dos prismas de esmalte, que Os cristais próximos da periferia de cada prisma
têm cerca de 5 µ.m de diâmetro, conforme mostra- desviam-se um pouco do eixo longo em direção à
do na Figura 2-2. Esses prismas são evidenciados interface entre prismas. O desvio na extremidade do
facilmente por meio de condicionamento ácido e se prisma é ainda maior. Os cristais individuais dentro
estendem em um arranjo densamente empacotado de um prisma são revestidos com uma camada fina de
a partir da JAD até a superfície do esmalte e se lipídios e/ ou proteínas que desempenham papéis
dispõem de forma aproximadamente perpendicu- importantes na mineralização, embora necessite
lar ao JAD, exceto nas áreas de cúspides onde os muito ainda serem aprendidos sobre os detalhes.
prismas se torcem e se cruzam, efeito conhecido Trabalhos recentes sugerem que esse revestimento
como "esmalte nodoso", que pode aumentar are- proteico pode proporcionar um aumento da tenaci-
sistência à fratura. Cerca de 100 cristais do mineral dade do esmalte. As interfaces entre os prismas do
8 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

esmalte contêm os principais componentes orgâni- externa da coroa, também denominada esmalte apris-
cos dessa estrutura e funcionam como vias de passa- ·rnático. Essa camada é observada com mais frequên-
gem para água e movimento iônico. Essas áreas são cia em dentes decíduos e é, muitas vezes, removida
também conhecidas como bainhas dos prismas. Essas por desgaste nos dentes permanentes. Entretanto,
regiões são de grande importãncia nos processos se estiver presente, causa alguma dificuldade na ob-
de condicionamento associados a procedimentos tenção de um padrão de condicionamento efetivo e
adesivos e outros processos de desmineralização, pode necessitar de desgaste para aumentar a rugosi-
como a cárie. dade da superfície ou de tratamentos condicionantes
O condicionamento do esmalte dentário com áci- adicionais. A superfície externa do esmalte apresenta
dos, tais como o ácido fosfórico, usado geralmente grande significado clínico, pois é a superfície sujeita
na adesão ao esmalte, elimina camadas de esfregaço ao desgaste diário, e passa por repetidos ciclos de
(smear layers) associadas ao preparo cavitário, dissol- desmineralização e remineralização. Como resultado
ve camadas remanescentes de esmalte aprismático desses ciclos, a composição dos cristais do esmalte
em dentes decíduos e dissolve seletivamente os pode se alterar, por exemplo, como resultado de ex-
cristais do esmalte em cada prisma. O padrão de posição ao flúor. Assim, as propriedades do esmalte
condicionamento do esmalte é classificado como: podem variar da superfície externa para a superfície
tipo 1 (condicionamento preferencial do núcleo do interna. Essas variações, incluindo uma camada fina
prisma, Fig. 2-2, A); tipo 2 (condicionamento prefe- de cristais de apatita ricos em flúor, criam diferenças
rencial da periferia do prisma, Fig. 2-3, C); e tipo 3 regionais nas propriedades do esmalte de um mesmo
(misto ou uniforme). Algumas vezes, esses padrões dente. O esmalte dentário é normalmente mais duro
aparecem lado a lado na mesma superfície do dente nas áreas oclusais e nas cúspides e é menos duro
(Fig. 2-3, E). Não foram estabelecidas diferenças na na proximidade da JAD. A Figura 2-4 mostra um
resistência de união micromecânica dos diferen- exemplo da diferença em dureza.
tes padrões de condicionamento. Em um preparo
cavitário padrão para compósito, a orientação das
superfícies do esmalte que são condicionadas pode O MINERAL
ser perpendicular aos prismas (na área adjacente
às margens da cavidade), oblíqua aos prismas (no O mineral encontrado em todos os tecidos cal-
caso de as margens proximais ou oclusais serem cificados é um similar extremamente imperfeito do
biseladas) e paralelas às paredes axiais dos prismas mineral hidroxiapatita ou HA. As apatitas biológicas
(paredes do preparo cavidade). Durante os estágios de tecidos calcificados são diferentes da estrutura
iniciais do condicionamento, quando ocorre somente ideal da hidroxiapatita pelo fato de que defeitos e
uma pequena quantidade de dissolução de cristais substituições químicas, de modo geral, as tomam
de esmalte, pode ser difícil ou impossível detectar mais fracas e mais solúveis em ácidos. A hidroxia-
a extensão do processo. Entretanto, à medida que o patita apresenta a fórmula simples Ca1o(P04) 6 (0H)z,
padrão de condicionamento começa a se desenvol- com uma razão molar ideal de cálcio para fósforo
ver, a superfície condicionada com ácido fosfórico (Ca/P) de 1,67 e uma estrutura cristalina hexagonal.
adquire uma aparência opaca (Fig. 2-3, B), que tem A apatita de esmalte e dentina apresenta uma com-
sido usada tradicionalmente como o indicador posição muito mais variável que depende de sua
clínico para um condicionamento suficiente. Essa história formativa e de outras exposições químicas
s uperfície rugosa oferece o substrato para a infil- durante a maturidade. Assim, o mineral existente
tração de agentes de união, que são polimerizados no esmalte e na dentina é deficiente em cálcio, rico
após a penetração na estrutura condicionada, de em carbonato e uma forma altamente substituída
modo a formar uniões micromecânicas ao esmalte. de hidroxiapatita (HA). fons metálicos tais como
Com sistemas adesivos autocondicionantes, essa o magnésio (Mg) e o sódio (Na) podem substituir
aparência opaca não pode ser detectada. o cálcio, enquanto o carbonato substitui o fosfato e
Existem duas outras importantes variações es- os grupos hidroxila. Essas substituições distorcem
truturais de esmalte. Próxima da JAD, a estrutura do a estrutura e a tornam mais solúvel. Talvez a subs-
prisma do esmalte não é tão bem desenvolvida no tituição mais benéfica seja o ion flúor (F), que subs-
primeiro esmalte formado, de modo que o esmalte titui o grupo hidroxila (OH) na fórmula e torna a
muito próximo da JAD pode aparecer aprismático, estrutura mais forte e menos solúvel. A substituição
ou sem estrutura prismática. De forma similar, na completa do (OH) pelo flúor na hidroxiapatita re-
superfície externa do esmalte, na terminação dessa sulta no mineral fluorapatita, Ca11i(P04) 6 (F)z, que é
superfície, os ameloblastos degeneram e deixam uma muito menos solúvel do que HA ou do que a apatita
camada sem características definidas na superfície defeituosa dos tecidos calcificados. É importante
2. O AMBIENTE ORAL 9

FIGURA 2-3 Condicionamento de esmalte dentário. A, Gel condicionador aplicado na região do preparo em esmalte.
B, Aparência opaca após condicionamento, lavagem e secagem. C, Visão ampliada de padrão de condicionamento com
condicionamento preferencial da periferia do prisma (tipo 1). D, Agente de wúão evidenciado após dissolução do esmalte.
E, Padrões de condicionamento mistos mostrando condicionamentos do tipo 1 (prismas claros com periferia escura) e
do tipo 2 (núcleos escuros com periferia clara) na mesma superfície. Após Marsha11 et al, 1975 [DR. Marshall GW, O/son
LM, Lee CV: SEM Inve.stigatian of the variability of erunnel surfaces after simulated clinicai acid etching for pit an fiss11re sealants,
f Dent Res 54:1222-1231, 1975. Part C de Marshall, O/son and Lee, [DR 1975 (o mesmo especificado anteriormente) e Parte E
fram Ma.rshall, Marshall and Bayne, 1988: Marshall GW, Marshal Sj, Bayne SC: Restorative dental materiais: scanning electron
111icroscopy and x-ray microanalysis, Scanning 1\Aicrosc 2:2007-2028, 1988.
10 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

por processos fisiológicos, de envelhecimento e


Resistência (GPa = Gigapascals) 6 de doença que resultam em formas diferentes de
dentina. Essas formas alteradas de dentina podem
Superflcie bucal SuperHcie lingual 5,5
ser consideradas justamente as mais importantes
5 para a odontologia restauradora. Algumas das
variações reconhecidas incluem primária, secun-
dária, reparadora ou terciária, esclerótica, trans-
parente, cariosa, desmineralizada, remineralizada,
4
e hipermineralizada. Esses termos refletem altera-
3,5 ções nos componentes fundamentais da estrutura,
conforme definido por modificações em seu ar-
3 ranjo, inter-relações ou quimica. Algumas dessas
variações podem ter implicações importantes para
2,5
nossa capacidade de conseguir adesão ou uniões
duráveis à dentina.
FIGURA 24 Mapeamento por nanoindentação das pro- A dentina primária é formada durante o desen-
priedades mecânicas do esmalte dos dentes molares hwna- volvimento do dente. Seu volume e conformação,
nos (De Cuy JL, et ai.: Ardt. Oral Biol. 47(4), 281-291, 2002). refletindo a forma do dente, variam com o tama-
nho e o formato do elemento dentário. A dentina
observar que a HA tem atraído consideravelmente a é composta por cerca de 50°/c, em volume (vol%)
atenção como um substituto implantável de tecidos de apatita rica em carbonato e pobre em cálcio;
calcificados. Ela apresenta a vantagem de ser uma 30 volºk de material orgânico, que é em sua maior
forma purificada e mais forte do mineral natural e parte colágeno do tipo I; e cerca de 20°/o em volume
não libera agentes nocivos durante a degradação de fluido similar ao plasma. Acredita-se que ou-
biológica. A maior limitação desse tecido é que ele é tras proteínas não colagenosas estão envolvidas
extremante frágil e sensível a porosidades ou defei- na mineralização da dentina e em outras funções,
tos e, dessa forma, fratura-se facilmente em aplica- tais como controlar o tamanho e a orientação dos
ções nas quais está sujeito a cargas mecânicas. cristalitos; entretanto, essas funções não são discu-
Os conteúdos aproximados de carbonato das tidas em detalhes neste texto. Os principais com-
apatitas de esmalte e de dentina são significante- ponentes estão distribuídos dentro de estruturas
mente diferentes, cerca de 3o/o e 5%, respectiva- morfológicas distintas para formar um composto
mente. Se todos os outros fatores forem iguais, isso hidratado vital e complexo, no qual a morfologia
por si só tomaria a apatita da dentina mais solúvel varia com a localização e sofre alterações com a
em ácidos do que a apatita do esmalte. Todavia, os idade ou doenças.
cristais de apatita de dentina são muito menores Os túbulos, uma característica importante edis-
do que os cristais de esmalte. Isso significa que os tinta da dentina, representam o caminho traçado
cristais de dentina apresentam uma maior área de pelas células odontoblásticas a partir da JAD ou do
superfície exposta ao ataque de ácidos e contêm cemento (na raiz) para a câmara pulpar, e aparecem
muito mais defeitos por unidade de volume e, por como túneis que penetram a estrutura da dentina
esses motivos, exibem uma solubilidade considera- (Fig. 2-5). Os túbulos convergem para a câmara
velmente superior. Finalmente, conforme discutido pulpar e, dessa forma, a densidade e a orientação
em detalhes a seguir, o mineral da dentina repre- dos túbulos variam de acordo com a localização
senta somente cerca de 50% de sua estrutura, de (Fig. 2-1 ). A densidade numérica dos túbulos é mais
modo que não existe tanta apatita na dentina como baixa na JAD e mais elevada na superfície da pré-
existe no esmalte. Todos esses fatores multiplicam dentina, na junção com a câmara pulpar, onde os
a susceptibilidade da dentina ao ataque de ácidos corpos de células odontoblásticas permanecem or-
e ajudam a explicar a propagação rápida de cáries denados em um arranjo compacto. As densidades
quando esses ácidos ultrapassam a JAD. mais baixas dos túbulos são encontradas na raiz.
Os conteúdos dos túbulos incluem prolongamentos
odontoblásticos, em toda ou parte da sua trajetória,
DENTINA e fluido. A extensão dos prolongamentos odonto-
blásticos ainda é incerta, porém existem evidências
A dentina é uma estrutura compósita biológi- crescentes de que esse prolongamento se estende
ca hidratada complexa que forma a maior parte até o JAD. Na maior parte de sua extensão, a luz
do dente. Além disso, a dentina é modificada dos túbulos dentinários é revestida por uma faixa
2. O AMBIENTE ORAL 11

altamente mineralizada de dentina peritubular com dentina peritubular não contém colágeno e, dessa
aproximada.mente 0,5 a 1 µm de espessura (Fig. 2-6). forma, pode ser considerada um tecido calcificado
Tendo em vista que a dentina peritubular se forma à parte. Os túbulos são separados por dentina in-
após a luz dos túbulos, existe alguma discussão tertubular composta por uma matriz de colágeno
sobre se uma denominação mais apropriada seria do tipo 1 reforçada por apatita (Figs. 2-5 e 2-6).
dentina intratubula:r. A dentina peritubular contém Esse arranjo significa que a quantidade de dentina
principalmente cristais de apatita com pouca ma- intertubular varia com a localização. Os cristais
triz orgânica. Diversos estudos concluíram que a de apatita são muito menores (aproximada.mente

-
.. -,.-
.,
.._
...... •
5 x 30 x lOOnm) do que a apatita encontrada no
esmalte dentário e contêm 4o/o a 5% de carbonato.
O pequeno tamanho dos cristalitos, a estrutura

-- •
• defeituosa e o teor mais elevado de carbonato cau-
sam a maior susceptibilidade à dissolução descrita
anteriormente.
Estimativas do tamanho dos túbulos, a espessura
da região peritubular e a quantidade de dentina in-
tertubular foram apresentadas em diversos estudos.
Os cálculos para a dentina oclusal em função da
posição mostram que a área percentual dos túbulos
e seu diâmetro variam de 22% e 2,5 µ.m próxima
da polpa a 1°/o e 0,8 µ.m na JAD. A área da matriz
intertubular varia de 12°/o na pré-dentina para 96°/o
próxima da JAD, ao passo que a dentina peritubular
FIGURA 2-5 Imagem de microscópio eletrônico de varia entre mais de 60o/o até 3% na JAD. As densi-
varredura (MEV) de dentina normal evidenciando sua dades dos túbulos são comparadas na Tabela 2-1
estrutura única observada de duas direções. Na parte com base no trabalho realizado por vários investi-
superior encontra-se uma visão dos túbulos, cada um gadores. É evidente que os componentes estruturais
circundado pela dentina peritubular. Os túbulos se ini- podem variar de forma considerável durante as
ciam na junção arnelodentinária (JAD) e convergem em suas trajetórias e isso necessariamente resulta em
direção à câmara pulpar. A superfície perpendicular na
variações locais na morfologia, distribuição dos
parte inlerior da imagem mostra urna superfície de fratura
revelando alguns dos túbulos, que constituem vias de
elementos estruturais e propriedades importantes
comunicação como túneis em direção à polpa. A luz dos como permeabilidade, conteúdo de umidade e área
túbulos normalmente contêm fluido e prolongamentos de superfície disponível para adesão. Essas varia-
das células odontoblásticas (De Marshall GW: Quintessettce ções podem afetar também a resistência de união,
Int.24, 606-617, 1993). a dureza e outras propriedades.

.
....""

FIGURA 2-6 Superfície de fratura da dentina vista por oclusal em A e longitudinalmente em B. Dentina Peritubular
(P) (denominada também intratubular) forma uma faixa ou um revestimento ao redor de cada túbulo. Os túbulos são
separados entre si pela dentina intertubular (I). (Cortesia.de G. W. Mn.rshall.)
12 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 2-1 Comparação da Densidade Numérica limite entre a dentina primária e a secundária é geral-
Média de Túbulos na Dentina Oclusal* mente evidenciado por uma mudança na orientação
dos túbulos dentinários. Além disso, os odontoblastos
Dentina Externa Dentina Média Dentina Interna
reagem a estímulos irritantes, tais como cárie ou pre-
15.000/mm2 35.000/mm2 65.000/mm2 paros cavitários para formar a dentina terciária, e essa
forma de dentina é muitas vezes menos organizada
20.000/mm2 35.000/mm2 43.000/mm2
do que a dentina primária ou secundária.
24.SOO/mm2 40.400/mm2 51.100/mm2 Lesões cariosas iniciais em esmalte podem ser
18.000/mm2 39.000/mm2 52.000/mm2 revertidas por tratamentos remineralizadores. En-
tretanto, tratamentos remineralizadores efetivos
*De dados relatndüs na.literatura (MarsliaU GW: Q11intessence ainda não estão disponíveis para dentina e, dessa
Int. 24, 606-617, 1993).
forma, o padrão atual de tratamento determina in-
tervenção cirúrgica para remover o tecido altamente
Pelo fato de os odontoblastos se localizarem na danificado e depois a restauração, se for necessário.
dentina e revestirem as paredes da câmara pulpar Assim, é importante entender as formas alteradas de
após a formação do dente, o complexo dentina-polpa dentina e os efeitos de tais intervenções clinicas.
pode ser considerado um tecido com vitalidade. Isso é Quando a dentina é cortada ou desgastada por
diferente do que ocorre com o esmalte dentário madu- instrumentos dentários, uma camada de esfregaço
ro. Ao longo do tempo, a dentina secundária se forma se desenvolve, recobrindo a superfície e impedindo
e a câmara pulpar gradualmente se torna menor. O o acesso à estrutura subjacente (Fig. 2-7).

FIGURA 2-7 Formação de camada de esfregaço. A, Marcas do instrumento cortante rotatório no preparo em dentina
B, Ampliação maior mostrando a superfície da camada de esfregaço e detritos de cortes. C, Região mostrando a camada
de esfregaço (SL) e tampões de esfregaços (smearplugs) (S.P.) (A e B de Marshall GW, et ai: Scanning Microsc. 2, 2007-2028,
1988; C de Pashley DH, et ai.: Arch. Oral Biol. 33, 265-270, 1988).
2. O AMBIENTE ORAL 13

As marcas de corte produzidas por instrumentos da dentina superficial, abrindo canais para a infil-
rotatórios são mostradas na Figura 2-7, A, e em maior tração dos agentes de união. A Figura 2-8 mostra o
aumento na Figura 2-7, B. A Figura 2-7, C, mostra a que acontece nesse tratamento. A luz dos túbulos
espessura da camada de esfregaço em vista lateral, e aumenta quando a dentina peritubular é removida
tampões de esfregaço (s·mear plugs) formados pelos preferencialmente, pois seu conteúdo é predomi-
resíduos de dentina cortada forçados para o interior nantemente mineral, com proteína distribuída de
do túbulo. As vantagens e desvantagens da camada forma esparsa. Os túbulos dilatados adquirem uma
de esfregaço têm sido discutidas intensamente du- forma de funil que não é muito retentiva.
rante muitas décadas. Ela reduz a permeabilidade, A Figura 2-9 mostra esses efeitos de uma forma li-
auxiliando na manutenção de um campo mais seco, geiramente diferente. A dentina não condicionada na
e reduz a infiltração de agentes nocivos dentro dos Figura 2-9, A, apresenta túbulos pequenos e dentina
túbulos e possivelmente na polpa. Entretanto, atual- peritubular, que é removida após o condicionamento
mente é aceito que a camada de esfregaço representa (parte inferior). A rede bidimensional de fibras de
um obstáculo para os procedimentos adesivos em colágeno tipo 1 é mostrada após o tratamento na
dentina e, assim, é normalmente removida ou modifi- Figura 2-9, A . A Figura 2-9, B, evidencia a desmine-
cada por alguma forma de condicionamento ácido. ralização progressiva de uma fibrila de colágeno da
O ataque ou condicionamento ácido permite dentina, na qual o mineral externo e as proteínas são
a remoção da camada de esfregaço e a alteração removidos lentamente para revelar padrões de faixas

-===- -
o
o o
o

FIGURA 2-8 Etapas de desmineralização da dentina. A, Diagrama esquemático mostrando as etapas progressivas de
desmineralização da dentina. B a D, Imagens de microscopia de força atômica (MFA) mostrando as etapas de condicio-
namento. O condicionamento conduz a túbulos com luz mais ampla à medida que a dentina peritubular é dissolvida e
são formadas aberturas com o formato de funil (Imagens de MFA de Marshall GW: Quintessence ltrt. 24, 606-617, 1993).
14 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES


Não condicionado

FIGURA 2-9 O condicionamento da dentina remove o mineral da matriz da dentina intertubular, deixando uma
camada rica em colágeno e ampliando os orifícios dos túbulos dentinários. A, Após o condicionamento, a luz dos
túbulos é aumentada e a rede de colágeno circundando os túbulos pode ser vista após o tratamento complementar.
B, A fibra de colágeno de dentina isolada é lentamente desmineralizada, revelando o padrão de repetição de 67 nm típico
do colágeno tipo 1. C, Vista em maior aumento das fibras de colágeno em A (A e C de Marshall GW, et aí: Surface Science.
491, 444-455, 2001; B modificndo de Balooch M, et al: }. Struct. Bü:JI. 162, 404-410, 2008).

típicas de colágeno tipo I. Na Figura 2-9, C, esse pa- cariosas que ocorrem em várias regiões e incluem
drão é observado em maior aumento da dentina também a dentina transparente que se forma sob a
tratada na Figura 2-9, A. camada de dentina infectada por cárie. A dentina
Se a dentina desmineralizada estiver seca, a ma- transparente ocorre quando os túbulos dentinários
triz da dentina remanescente contrai-se e as fibrilas ficam preenchidos com mineral, o que muda o ín-
de colágeno formarão uma camada emaranhada e dice de refração dos túbulos e produzem uma zona
densa, de difícil penetração pelos agentes de união. translúcida ou transparente.
Isso é mostrado na Figura 2-10, que compara a den- A Figura 2-11 mostra um corte através de um
tina desmineralizada e seca à dentina desminerali- dente com uma lesão cariosa, que foi corada para
zada e hidratada. revelar suas regiões. A zona cinza sob a dentina
A maioria dos procedimentos restauradores en- corada e severamente desmineralizada é a camada
volve a dentina que foi alterada de alguma forma. transparente (Fig. 2-11, A). A Figura 2-11, B, mos-
As alterações comuns incluem a formação de lesões tra a dentina transparente na qual a maior parte
2. O AMBIENTE ORAL 15

FIGURA 2-10 A dentina desmineralizada é sensível à umidade, contraindo-se durante a secagem. A, A dentina
desmineralizada sofre contração quando é seca com o ar, formando uma camada colapsada de colágeno que é difícil para
infiltrar com agentes de união. B, Quando mantida úmida, a rede de colágeno permanece aberta e pode ser penetrada
pelos agentes de união. (De Marshall GW, et nl: f. Dent. 25, 441-458, 1997).

da luz dos túbulos está preenchida com mineral. lesões de cáries estacionárias conterão dentina
Após o condicionamento, conforme evidenciado transparente denominada muitas vezes de dentina
na Figura 2-11,C, a dentina peritubular foi remo- esclerótica, uma terminologia que significa que ela
vida, mas os túbulos retêm os tampões de mineral pode ser mais dura do que a dentina normal. En-
precipitado, que são mais resistentes ao condiciona- tretanto, outros estudos indicam que as proprie-
mento. Essa resistência ao condicionamento toma o dades elásticas da dentina intertubular podem ser
procedimento adesivo mais difícil. inalteradas ou inferiores àquelas apresentadas pela
Diversas outras formas de dentina transparente dentina normal.
são formadas como resultado de diferentes proces-
sos. Uma segunda forma de dentina transparente é
consequência de bruxismo. Uma forma adicional de Propriedades Físicas e M ecânicas
dentina transparente é resultado de envelhecimen- Variações marcantes nos elementos estruturais
to, quando a dentina da raiz se toma gradualmente da dentina localizados dentro de um mesmo dente
transparente. Além dessas, as lesões cervicais não significam que as propriedades da dentina podem
cariosas (LCNC), com frequência denominadas variar consideravelmente dependendo da locali-
de lesões de abfração ou de en.talhe, formam-se nas zação. Em outras palavras, uma estrutura variável
junções esmalte-cemento ou esmalte-dentina, nor- conduz a propriedades variáveis.
malmente nas superfícies vestibulares. A etiologia Tendo em vista que uma das principais funções
dessas lesões não é clara até o momento; sua forma- da estrutura dentária é resistir à deformação sem
ção tem sido atribuída à abrasão, à flexão do dente, se fraturar, é interessante conhecer as forças a que
à erosão ou alguma combinação desses processos. são submetidos os dentes durante a mastigação.
De qualquer forma, essas lesões ocorrem com maior Mensurações apresentam valores nas pontas das
frequência com o envelhecimento, e a dentina ex- cúspides de cerca de 77 kg distribuídos sobre a área
posta se torna transparente quando os túbulos são das pontas das cúspides de 0,039 cm2, o que resulta
preenchidos. A Figura 2-12 mostra exemplos de em uma tensão de cerca de 200 MPa.
dentina transparente na qual a luz dos túbulos está
completamente preenchida. Dificuldades em Testes
As propriedades da dentina transparente podem Na Tabela 2-2, são apresentados valores para
diferir de uma para outra, dependendo do proces- algumas propriedades importantes do esmalte e
so que levou ao depósito do mineral nos túbulos. da dentina. A ampla dispersão dos valores encon-
Diversos estudos mostraram que as propriedades trados na literatura é notável. Algumas das razões
elásticas da dentina intertubular não são alteradas para essas discrepâncias devem ser compreendidas
pelo envelhecimento, embora a estrutura possa se e levadas em consideração na prática, ou ao se es-
tomar mais susceptível à fratura. De forma similar, tudar a literatura.
16 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

/Trans

FIGURA 2-11 Dentina transparente associada a lesões cariosas. A, Lesão cariosa mostrando zonas de dentina cariosa
reveladas por coloração, incluindo a zona transparente acinzentada. B, Microscopia de força atômica (MFA) de dentina
transparente cariosa antes do condicionamento. C, Após o condicionamento, a luz dos túbulos permanece preenchida,
mesmo quando a dentina peritubular foi removida pelo condicionamento (A de Zheng L, et nl.: Eur. f. Oral Sei. 111,
243-252, 2003; B e C de Marshall GW, et ai: Derll. Mater. 17, 45-52, 2001b).

Em primeiro lugar, dentes humanos são peque- toma-se claro também que testar amostras tão hete-
nos e, portanto, é difícil obter amostras grandes e rogêneas e pequenas significa que as propriedades
fixá-las de tal forma que seja possível medir suas não serão uniformes.
propriedades. Isso torna difícil o uso de testes Outro problema é a grande variação na estrutura
mecânicos padrões, tais como os testes de tração, em ambos os tecidos. Os prismas do esmalte geral-
compressão ou cisalhamento. Quando dentes são mente são alinhados de forma perpendicular à JAD,
testados em relação a procedimentos adesivos, o ao passo que os túbulos dentinários alteram sua
problema é ainda mais complicado, e testes es- densidade numérica com a profundidade, à medida
peciais foram desenvolvidos para conhecer essas que se aproximam da câmara pulpar. O preparo de
propriedades com maior profundidade. A partir uma amostra uniforme, com as estruturas seguindo
da discussão anterior sobre as variações estruturais, uma única direção, é desafiador. Além disso, as
2. O AMBIENTE ORAL 17

FIGURA 2-12 Dentina transparente. Quando observada a partir das direções transversal, A, e longitudinal B. A
dentina transparente é resultante do preenchimento dos túbulos com depósitos de trúneral que alteram as propriedades
ópticas do dente (Cortesia de Marshall GW).

TABELA2-2 Propriedades do Esmalte e da Dentina devem ser tratados como potencialmente infeccio-
sos. Como você esteriliza os dentes sem alterar suas
Propriedade Esmalte Dentina propriedades? A autoclavagem, sem dúvida algu-
Densidade 2,96g/cm3 2,1 g/cm3 ma, altera as propriedades de proteínas e, portanto,
não é adequada para a dentina, podendo também
Compressão afetar o esmalte.
Módulo de elasticidade 6(}-120 GPa 18-24GPa Finalmente, o conteúdo de fluido desses tecidos
7(}-353 MPa
deve ser considerado. A umidade é um componente
Limite proporcional 100-190MPa
muito importante em ambos os tecidos (esmalte e
Resistência 94-450MPa 230-370MPa dentina) e as condições in vivo não podem ser re-
Tração plicadas se os tecidos forem desidratados (Fig. 2-10).
Isso se toma criticamente importante na adesão a
Módulo de elasticidade 11-19 GPa
esses tecidos, conforme é discutido em detalhes
Resistência 8-35MPa 3Q-65MPa no Capítulo 13. Em contraste com a importância
Resistência ao cisalhamento 90MPa 138MPa dessa questão, está a conveniência. É muito mais
difícil testar os tecidos em uma condição comple-
Resistência flexural 6(}-90 MPa 245-280MPa tamente hidratada do que em uma condição seca.
Dureza 3-6GPa 0,13-51 GPa Todos esses fatores e muitos outros, tais como a
temperatura de teste, influenciarão os resultados
e contribuirão para a variação nos valores de pro-
propriedades geralmente variam com a direção e priedades relatados.
a localização, e o material não é isotrópico; dessa Apesar dessas limitações, algumas generaliza-
forma, o melhor que um valor isolado pode repre- ções sobre as propriedades desses tecidos são úteis
sentar é um valor médio para o material. (Tabela 2-1). A dentina radicular é geralmente mais
O armazenamento e o tempo decorrido desde fraca e menos dura do que a dentina coronária. O es-
a extração são também considerações importantes. malte parece também variar em suas propriedades,
As propriedades que existem em uma situação com o esmalte das cúspides sendo mais resistente e
natural ou in situ ou in vivo são aquelas de maior mais duro do que em outras áreas, provavelmente
interesse. Evidentemente, essa condição é prati- como uma adaptação às forças mastigatórias. A
camente impossível de ser alcançada na maioria dentina é menos rígida do que o esmalte (ou seja,
dos testes de rotina e, desse modo, as alterações apresenta um módulo de elasticidade inferior), e
que ocorreram como resultado das condições de apresenta uma maior tenacidade à fratura. Isso pode
armazenamento antes do teste devem ser levadas ser contraintuitivo, porém ficará mais bem esclare-
em consideração. Também é importante avaliar os cido quando definirmos esses termos no Capítulo 4.
riscos biológicos, uma vez que os dentes extraídos Adicionalmente, a dentina é viscoelástica, o que
18 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

significa que suas características de deformação me- mensurações das variações de propriedade ao longo
cânica são dependentes do tempo e a recuperação da espessura da JAD evidenciam que essa é uma in-
elástica não é instantânea. Assim, a dentina pode terface graduada com propriedades variando entre
ser sensível ao quão rapidamente ela é deformada, aquelas do esmalte e da dentina ao longo de toda a
um fenômeno denominado sensibil-idade à taxa de sua extensão. Esse gradiente, que é devido em parte
defarmação. A sensibilidade à taxa de deformação é à natureza dos recortes da JAD, torna a espessura
característica de materiais poliméricos; a matriz de funcional da JAD muito mais ampla do que sua
colágeno é responsável por essa propriedade em espessura anatômica aparente e reduz ainda mais as
tecidos como a dentina. Em circunstâncias normais, tensões. Adicionalmente, embora o colágeno esteja
o esmalte e outros materiais cerâmicos não apre- ausente do esmalte, as fibras de colágeno cruzam
sentam essa característica em suas propriedades a JAD a partir da dentina para dentro do esmalte,
mecânicas. aumentando a integração entre os dois tecidos. Até
o momento, nenhum componente que tivesse a
função de um adesivo especial para unir esmalte e
A Junção Amelodentinária dentina, como proteínas, foi identificado.
A junção amelodentinária GAD) é muito mais do
que o limite entre o esmalte e a dentina. Tendo em
vista que o esmalte é muito duro e a dentina é mui- BIOFILMES ORAIS E MATERIAIS
to mais macia e tenaz, eles precisam estar unidos DENTÁRIOS RESTAURADORES
para constituírem um sistema biomecanicamente
compatível. A junção de materiais tão heterogêneos Biofilmes são comunidades polimicrobianas
é um desafio, e não está completamente esclarecido organizadas espacialmente, complexas, aderentes
como a natureza alcançou este feito. Entretanto, a às superfícies, que contêm bactérias circundadas
JAD não apenas faz a junção desses dois tecidos, por uma matriz de polissacarídeos. Os biofilmes
mas parece também impedir que trincas no esmalte orais que se formam nas superfícies dos dentes
penetrem na dentina, levando à fratura do dente, e nos biomateriais na cavidade oral também são
conforme é mostrado na Figura 2-13, A. Existem conhecidos como placa bacteriana. Quando a dieta
no esmalte muitas dessas trincas, porém elas não humana é rica em carboidratos fermentáveis, os or-
parecem se propagar dentro da dentina. Se a JAD ganismos mais predominantes na placa bacteriana
estiver intacta, não é comum que o dente sofra fratu- são as bactérias aderentes acidogênicas e acidúri-
ra, exceto no caso de trauma grave. Na Figura 2-13, cas, tais como estreptococos e lactobacilos, que são
B, indentações de microdureza foram introduzidas primariamente responsáveis pela cárie dentária.
para orientar as trincas em direção à JAD (na cor la- Outras consequências a longo prazo do acúmulo de
ranja). A interrupção da trinca ocorre na interface ou biofilme oral podem incluir doenças periodontais
logo após ultrapassar a JAD. Essa imagem mostra e peri-implantite (inflamação dos tecidos moles e
também que a JAD apresenta diversas concavidades duros que circundam um implante), dependendo
direcionadas para o esmalte. Isso significa que a do local de fixação do biofilme.
maior parte das trincas se aproxima da JAD de for- A formação de biofilme nas superfícies duras da
ma não perpendicular e isso pode levar à contenção cavidade oral é um processo sequencial. Um filme
de muitas dessas trincas. A estrutura recortada apre- condicionante proveniente da saliva (conhecido
senta atualmente três níveis: recortes, microrrecortes como película) que contém macromoléculas adsor-
dentro dos recortes e uma estrutura mais fina. As vidas, tais como fosfoproteínas e glicoproteínas, é
Figuras 2-13, C, e 2-13, D, mostram imagens de re- depositado na estrutura do dente e biomateriais
cortes mais amplos nos molares (- 24 µ.m de largura) minutos após uma limpeza minuciosa. Essa etapa é
e recortes menores (-15 µ.m de largura) nos dentes seguida pela fixação de bactérias planctônicas (livre
anteriores após a remoção do esmalte. Modelos de flutuação) na película. A divisão das espécies bacte-
elementos finitos sugerem que os recortes reduzem rianas colonizadoras inicial produz microcolônias,
a concentração de tensões na interface. Porém, não e a fixação subsequente de espécies de colonização
existe conhecimento se o recorte de tamanho mais posterior resulta na formação de biofilmes multies-
amplo nos dentes posteriores é uma adaptação para pécies. Esses biofilmes podem amadurecer ao longo
as cargas mastigatórias maiores ou uma variação do tempo se não forem removidos mecanicamente
de desenvolvimento. Na Figura 2-13, E, os cristais de ou por fatores intrínsecos.
dentina estão quase em contato com os cristais do A formação de biofilme ocorre por meio de
esmalte, de forma que a JAD anatômica é consi- complicadas interações celulares e físicas entre o
derada como sendo opticamente fina. Entretanto, substrato, a película e as bactérias. Essas interações
2. O AMBIENTE ORAL 19

. . •

- •
·-- . • •
~




• .. •
50µm \

-

FIGURA 2-13 As trincas no esmalte parecem interromper-se na junção amelodentinária QAD). A, Trincas no esmalte
vistas em pequeno aumento. B, As trincas geradas por indentação terminam próximas ou na JAD recortada (na cor laranja).
C, Recortes amplos nos molares. D, Recortes menores nos dentes anteriores. E, Cristais de esmalte estão praticamente em
contato com os cristais da dentina na JAD, formando uma união opticamente fina, porém funcionalmente ampla. (A, C-E
de Marsliall S], et ai: f. European Ceram. Soe. 23, 2897-2904, 2003; B fram Imben'Í V, et ai: Nature Mater. 4, 229-232, 2005).
20 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

ocorrem em diversos níveis e podem incluir proxi-


midade física, troca metabólica, comunicação por
sinal mediado por molécula, troca de material ge-
nético, produção de fatores inibidores e coagregação
("reconhecimento especifico célula a célula entre
tipos de células geneticamente distintas" conforme
definido por Kolenbrander et ai., 2006).
A película contém uma variedade de moléculas
receptoras que são reconhecidas principalmente
pelos estreptococos (Fig. 2-14). Isso é evidente em
indivíduos saudáveis, que apresentam tipicamente
biofilmes que contêm uma fina camada de cocos
gram-positivos aderentes. A capacidade de ligar-se
a superfícies estáveis como a do esmalte propor-
ciona aos estreptococos uma enorme vantagem e
é consistente com a observação de que os estrepto-
cocos formam 60'% a 90o/o da flora bacteriana inicial
no esmalte in situ. Além disso, os estreptococos são
menos sensíveis à exposição ao ar do que a maioria
das bactérias orais, pois eles são facultativamente
anaeróbicos, e podem participar na modificação
do ambiente do biofilme para um estado mais re-
duzido, uma condição frequentemente associada Película adquirida
a uma mudança ecológica favorável a anaeróbios Superfície do dente
gram-negativos.
As interações entre as bactérias orais humanas FIGURA 2-14 Modelo Espaço-Temporal de coloni-
são fundamentais para o desenvolvimento de biofil- zação bacteriana oral, mostrando o reconhecimento de
mes orais (Fig. 2-14). Nas primeiras quatro horas de receptores da película salivar por bactérias de coloniza-
ção inicial e coagregações entre colonizadores iniciais,
formação do biofilme, os cocos gram-positivos pare-
fusobactérias e colonizadores tardios da superfície
cem predominar, particularmente os estreptococos dentária. Iniciando na parte inferior, os colonizadores
do grupo mitis. Após oito horas de crescimento, a primários se ligam através de adesinas (símbolos cor preta
maior parte da população bacteriana continua a e extremidades redondas) aos receptores salivares com-
ser amplamente cocoide; entretanto, organismos plementares (colunas de extremidade redonda verdes)
sob a forma de bastonetes são também observados. no revestimento de película adquirida pela superfície do
Após 24 a 48 horas, podem ser detectados depósitos dente. Os colonizadores secW1dários se ligam às bactérias
espessos de células com morfologias variadas, delimitadas previamente. A ligação sequencial resulta no
incluindo cocoides, cocobacilares, sob a forma de aparecimento de superfícies nascentes que estabelecem
bastonetes, e bactérias filamentosas. Em quatro uma ligação com a próxima célula de coagregação. As
células bacterianas mostradas são: Actinobacillus actino-
dias de crescimento do biofilme, é observado um
mycetemcomitans, Actinomyces israelii, Actinomyces naes-
aumento no número de anaeróbios gram-negativos, lundii, Capnocytophaga gingivalis, Capnocytophnga odrracea,
e particularmente de Fusobacterium nucleaturn. Es- Capnocytophaga sputigenn, Eikenella corrodens, Eubacteri11n1
te último apresenta a excepcional capacidade de spp., Fusobacterium nudeatum, Hnemophilus parninftuen:z.ae,
coagregar-se com uma ampla variedade de bacté- Porplryrorrwnas gitrgivalis, Prevotelúi.denticola, Prevotella itt-
rias, e acredita-se que esse organismo desempenhe termedin, Prevotella loescheii, Propionibacterium acnes, Sele-
um papel fundamental na maturação do biofilme, ttomonns ftueggei, Streptococcus gordonii, Streptoroccus mitis,
pois forma elos de coagregação tanto com bactérias Streptococc11s ora/is, Streptococcus sanguis, Treponema spp. e
colonizadoras precoces quanto tardias. À medida Veillone/ln atypica (De Kolenbrander PE, et ai: Microbiol. Mo/.
Biai. Re-v. 66, 486-505, 2002).
que o biofilme amadurece, uma alteração é obser-
vada no sentido de urna composição de morfotipos
amplamente gram-negativos, incluindo bastonetes, Muito embora biofilmes se acumulem em bioma-
organismos filamentosos, víbrios e espiroquetas. teriais restauradores, ortodônticos, endodônticos e
Essas alterações na composição microbiana do bio- de implantes, o restante deste tópico destaca apenas
filme são importantes, pois estão correlacionadas os biofilmes que se acumulam nas superfícies de
com o desenvolvimento de gengivite (inflamação materiais restauradores e de implante. Os meca-
dos tecidos gengivais). nismos precisos de adesão bacteriana e a formação
2. O AMBIENTE ORAL 21

de biofilme nas superfícies de materiais dentários alta de lesões de cárie secundárias observadas no
ainda não foram identificados, apesar de décadas esmalte nas margens de restaurações em compósito
de esforços em pesquisas, mas são considerados e em amálgama.
como processos complexos que dependem de um As investigações de biofilmes orais depositados
grande número de fatores. Os estudos in vitro têm sobre materiais restauradores podem, de forma
demonstrado que a adesão de proteínas salivares geral, ser divididas em estudos in vivo, in situ e in
e bactérias em distâncias pequenas (5-lOOnm) a vitro, esse último abrangendo investigações mo-
partir de superfícies de biomateriais é influenciada noespécies ou multiespécies. Biofilmes formados
por uma combinação de forças de Lifshitz-van der sobre materiais restauradores podem variar em
Waals, interações eletrostáticas e união ácido-base. espessura e viabilidade. Estudos in vivo e in situ
Outras propriedades, tais como hidrofobia do subs- sobre a formação de biofilme em materiais dentários
trato, energia livre de superfície, carga de superfície têm produzido resultados inconsistentes, e até o
e rugosidade de superfície têm sido geralmente in- momento não existe consenso sobre uma possível
vestigadas in vitro para a correlação com o número tendência para o acúmulo sobre os materiais.
de bactérias aderentes. Muitas das propriedades Os níveis mais elevados de organismos cario-
das superfícies ora mencionadas estão descritas em gênicos (capazes de produzir ou facilitar o de-
capítulos posteriores. senvolvimento de cáries), tais como Streptococcus
O papel da rugosidade superficial na formação mutans, foram encontrados em biofilmes adjacentes
do biofilme tem sido amplamente investigado. As a restaurações posteriores em compósito do que
superfícies lisas têm demonstrado menor atrativi- em biofilmes ao redor de restaurações de amál-
dade para os biofilmes in vivo do que as superfí- gama ou de ionômero de vidro. A formação de
cies rugosas. Tem sido observado também que as biofilmes orais está associada a um aumento na
superfícies hidrofóbicas que estão localizadas na rugosidade da superfície de compostos de resina,
região supragengival são menos atrativas para os à degradação do material devido à produção de
biofilmes in vivo do que as superfícies hidrofflicas ácidos por organismos cariogênicos, à hidrólise da
durante um período de nove dias. Um aumento na matriz resinosa e a uma redução na microdureza
média do parâmetro de rugosidade superficial (R0 ) da superfície de restauração. Adicionalmente, foi teo-
acima de um valor limite de 0,2 µ.m ou um aumento rizado que bactérias planctônicas podem penetrar
na energia livre de superfície resultaram em um na interface adesiva entre o material restaurador
acúmulo maior de biofilme em materiais dentá- e o dente, levando a cáries secundárias e a pato-
rios. Quando ambas as propriedades de superfície logias pulpares. Por outro lado, foi demonstrado
interagem entre si, observou-se que a rugosidade que quantidades muito pequenas de resina não
tem um efeito maior no acúmulo de biofilme. A polimerizada, monômeros resinosos e produtos de
criação de uma restauração com superfície rugosa biodegradação da resina modulam o crescimento
causada por abrasão, erosão, polimento com ar ou de bactérias orais nas proximidades de restaurações
instrumentação ultrassónica, ou uma falta de poli- de resina. Todos esses fatores criam um ciclo de
mento após a confecção de uma restauração, tem interação bactéria-superfície, que contribui para
sido associada à formação de biofilme. aumentar a rugosidade superficial e para estimular
A aderência bacteriana in vivo é reduzida de a fixação bacteriana na superfície, colocando desse
forma considerável pela formação de uma película, modo o esmalte dentário adjacente em maior risco
independentemente da composição do substrato de desenvolvimento de cáries secundárias.
subjacente. A formação de películas também tem A aderência bacteriana em ligas para fundição
demonstrado certo efeito de mascaramento em e amálgamas dentários tem recebido uma atenção
características específicas das superfícies de bioma- reduzida em tempos recentes. Os biofilmes nas
teriais. Superfícies com uma energia de superfície ligas de ouro são considerados de baixa viabilida-
baixa retêm uma quantidade menor de biofilme de, possivelmente devido ao efeito bacteriostático
aderente, devido às forças de ligação reduzidas do ouro. Os biofilmes em amálgama também são
entre bactérias e substratos, mesmo após vários considerados de baixa viabilidade, o que poderia
dias de exposição na cavidade oral humana. Reci- ser atribuído à presença de mercúrio (Hg-11) em
procamente, a energia de superfície mais alta de amálgamas dentários. É interessante ressaltar que
muitos materiais restauradores comparada àquela restaurações de amálgama parecem aumentar os
da superfície dentária pode resultar em uma maior níveis de bactérias resistentes ao mercúrio in vitro e
tendência da superfície e margens da restauração em in vivo. Resistência a antibióticos, especificamente à
acumular detritos, saliva e bactérias. Isso pode, em tetraciclina, é uma característica concomitante à re-
parte, ser responsável pela incidência relativamente sistência ao mercúrio nas bactérias orais. Entretanto,
22 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

é importante observar que as bactérias resistentes ao papéis fundamentais na aderência bacteriana sobre
mercúrio foram também encontradas em crianças materiais de implantes dentários. Além disso, as
sem restaurações de amálgama ou sem exposição características da superfície da bactéria, o dese-
prévia ao amálgama. nho do implante e dos conectores e a microfenda
As informações referentes à morfologia de bio- entre o implante e o conector têm demonstrado in-
filmes sobre restaurações cerâmicas são limitadas, fluenciar a colonização microbiana sobre implantes
embora geralmente se considere que coroas cerâmi- dentários.
cas acumulam menos biofilme do que a estrutura A razão mais comum para a substituição de
do dente adjacente. A demonstração recente do restaurações dentárias é a incidência de cárie se-
aumento da rugosidade superficial de superfícies cundária nas margens gengivais das restaurações. É
de zircônia in vitro, após o uso de instrumentos estimado que 50%. a 80'% das restaurações de resina
manuais ou ultrassónicos, permite inferir que, teo- sejam substituídas anualmente apenas nos Estados
ricamente, haveria um acúmulo maior de biofilme Unidos. O custo da substituição de restaurações é
nas restaurações de zircônia após os procedimentos estimado em bilhões de dólares em todo o mundo,
de profilaxia dentária. e o número e os custos dessas substituições estão
Os biofilmes que aderem às resinas para base aumentando anualmente. Embora os estudos bac-
de próteses totais contêm predominantemente le- teriológicos sobre cáries secundárias indiquem que
veduras do gênero Candida. Entretanto, a aderência sua etiologia é similar àquela das cáries primárias,
inicial de bactérias, tais como estreptococos sobre a os mecanismos pelos quais as cáries secundárias
base da prótese, deve ocorrer antes que as espécies ocorrem são objeto de pesquisas atualmente em
de Candida possam formar biofilmes. Isso é atribuí- curso.
do à observação de bactérias nas próteses em horas A remoção de biofilmes orais de firme aderência
e de espécies de Candida após dias, e também da de superfícies rígidas é crucial para o controle das
capacidade das espécies de Candida de se ligarem cáries, e é conseguida mais efetivamente pela esco-
aos receptores da parede celular em estreptococos. vação mecânica com creme dental, especialmente
Os biofilmes nas próteses têm sido associados ge- nas regiões interproximais e nos dentes posteriores,
ralmente à estomatite protética (inflamação crônica juntamente com agentes químicos acessórios. Apesar
da mucosa oral) em idosos e pacientes imunocom- de a escovação dentária estar associada ao aumento
prometidos. A remoção de biofilmes das próteses da rugosidade superficial de restaurações com o
necessita tipicamente de meios mecânicos e/ou passar do tempo devido ao processo de desgaste
químicos e é um problema clinico importante por que poderia permitir a fixação bacteriana adicional
causa da aderência do biofilme nas resinas para base na superfície, a remoção mecânica tem demons-
de próteses totais. trado ser mais efetiva do que a intervenção química.
O acúmulo de biofilmes sobre titânio e ligas de Isso ocorre porque as bactérias nos biofilmes estão
titânio que são usados nos implantes dentários tem tipicamente bem protegidas da resposta imune do
recebido muita atenção, pois os biofilmes desempe- hospedeiro, de antibióticos e de antibacterianos
nham um papel significativo na determinação do quando envoltas por uma matriz complexa de bio-
sucesso de um implante. A sequência de colonização filmes. Além disso, a maioria dos agentes antimi-
microbiana e a formação de biofilmes nos implantes crobianos são comumente testados contra bactérias
dentários são semelhantes às dos dentes, porém di- planctônicas, que são mortas por concentrações mais
ferem nos padrões de colonização precoce. Diversos baixas de antimicrobianos do que as bactérias do
estudos in vivo têm confirmado que uma redução na biofilme. O controle químico de biofilmes também
rugosidade média das superfícies (R.) de materiais tem sido limitado por preocupações referentes ao
de implantes abaixo do valor limite de 0,2 µm não desenvolvimento de micro-organismos resistentes
apresenta maiores efeitos na aderéncia, colonização resultantes do uso prolongado de antimicrobianos.
ou na composição microbiana. Comparadas a su- Além disso, acredita-se na hipótese de que a micro-
perfícies de titânio polido, superfícies de implantes flora não deve ser eliminada, devendo-se, em vez
de titânio que foram modificadas com nitrito de disso, prevenir que uma ecologia favorável mude
titânio (TiN) evidenciaram aderência bacteriana para uma ecologia que favoreça doenças orais.
e formação de biofilmes in vivo significantemente O acúmulo de biofilmes nos ionômeros de vidro
menores, desse modo minimizando potencialmente e nos ionômeros de vidro modificados por resina é
o acúmulo de biofilmes e a peri-implantite subse- um fator que está associado a um aumento na rugo-
quente. Outros fatores envolvidos, tais como a hi- sidade superficial desses biomateriais. Materiais que
drofobia, a química da superfície e a energia livre de liberam flúor, ionômeros de vidro e compômeros
superfície do material de implante, desempenham em particular podem neutralizar ácidos produzidos
2. O AMBIENTE ORAL 23

pelas bactérias nos biofilmes. O flúor pode oferecer vidro podem ser recarregados pela exposição diária
benefícios cariostáticos e pode afetar o metabolismo aos cremes dentais que contêm flúor, compensando
bacteriano sob condições cariogênicas simuladas desse modo a redução significativa na liberação
in vitro. Embora se acredite que o grande volume de flúor que ocorre com o passar do tempo. É in-
de saliva normalmente presente na cavidade oral teressante observar que estudos clínicos não de-
resulte em concentrações de flúor muito baixas monstraram claramente que a liberação de flúor
para proteger a cavidade oral como um todo, a dos materiais restauradores reduz a incidência de
quantidade de flúor liberada poderia teoricamente cáries secundárias, em comparação a biomateriais
ser suficiente para minimizar a desmineralização que não liberam flúor. Assim, estudos adicionais são
na estrutura dentária adjacente às restaurações de necessários para determinar o impacto da liberação
ionômero de vidro e de ionômeros de vidro modi- de flúor de restaurações no desenvolvimento e na
ficados por resina. Adicionalmente, ionômeros de progressão de cáries secundárias.

P.ROBLEMAS

PROBLEMA 1 Entretanto, o tamanho do cristalito é diferente, com


A microestrutura do esmalte é única entre os teci- o esmalte tendo cristais mais largos que abrangem 85
dos dentários calcificados, pois é o tecido mais duro vol0/o da estrutura, comparados a cerca de 50 vol% na
do corpo. Explique o motivo pelo qual essa estrutura dentina. A maior área de superfície da apatita den-
única é importante para a função do esmalte, e como tinária aumenta sua susceptibilidade à dissolução
isso tem sido usado nos tratamentos restauradores quando exposta a ácidos. Essa susceptibilidade é
para proporcionar uma adesão confiável. ainda maior devido ao conteúdo mais elevado de
carbonato do mineral da dentina. Desse modo, o
Solução mineral da dentina é dissolvido mais rapidamente
O esmalte apresenta o conteúdo de mineral mais do que o mineral do esmalte; também pelo fato de
elevado entre os tecidos calei.ficados, oferecendo alta existir um teor menor de mineral na dentina do que
dureza e resistência ao desgaste necessárias para a no esmalte, o ataque ácido avança mais rapidamente
mastigação. A pequena quantidade de substâncias na dentina. Os túbulos dentinários também oferecem
orgânicas reveste cada cristalito e aumenta a tenaci- vias para essa dissolução. Dessa forma, lesões de cárie
dade em comparação com a apatita pura. Os cristais avançam mais rapidamente na dentina, e geralmente
muito longos são empacotados dentro de prismas necessitam de intervenção cirúrgica e restauração.
de esmalte com formato de buraco de fechadura, Em contraste, as cáries precoces de esmalte podem
que são separados por regiões de conteúdo orgânico ser tratadas e o esmalte remineralizado.
mais elevado. Essa estrutura apresenta padrões de
condicionamento diferentes quando exposta a ácidos,
tais como o ácido fosfórico, criando uma superfície de PROBLEMA 3
alta energia, limpa e com rugosidade variável, dentro Os túbulos dentinários são uma característica
e entre os prismas. estrutural importante da dentina, e são as vias utili-
Quando infiltrada com resinas que são subsequen- zadas pelos odontoblastos durante a sua formação,
temente polimerizadas, uma colagem firme e confiável iniciando a partir da JAD e seguindo em direção à
é conseguida entre a estrutura do esmalte e a resina. câmara pulpar. Por que isso resulta em um número
diferente de túbulos por unidade de área e na dife-
PROBLEMA 2 rença no nível de umidade com a distância a partir
da polpa?
A apatita é o componente mineral do esmalte e
da dentina, porém existem diferenças importantes
entre essas formas críticas de apatita. Quais são as
Solução
diferenças críticas, e como essas diferenças afetam a Cada odontoblasto forma um túbulo durante a
odontologia restauradora? dentinogênese. Pelo fato de a superfície da JAD ser
maior do que a superfície da câmara pulpar, os túbulos
Solução estão mais concentrados em níveis mais profundos,
O mineral do esmalte e da dentina contém hi- resultando em um aumento do número de túbulos
droxiapatita rica em carbonato e pobre em cálcio. por unidade de área. Considerando que os túbulos
24 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

são preenchidos com fluido e existe uma pressão PROBLEMA 5


positiva a partir da polpa, o número mais elevado de
A junção amelodentinária (JAD) é a superfície
túbulos na dentina mais profunda (e com diâmetro inicial (linha inicial) para a dentinogênese. Após a
um pouco maior) resulta em mais umidade quando a
formação do dente, a JAD une esmalte e dentina e é
dentina profunda é cortada do que quando a dentina uma importante interface de contenção de trincas. A
superficial é cortada. Desse modo, a dentina profunda
JAD é também um importante ponto de referência
é intrinsecamente mais únúda do que a dentina su- para procedimentos restauradores. Quais são os
perficial. Esse fato apresenta implicações importantes
conceitos atuais pertinentes a essa junção e como
para a adesão, pois a umidade pode interferir nos pro- ela auxilia a função dentária, minimiza a fratura dos
cedimentos de colagem, e existe menos dentina sólida
dentes e define um ponto de referência importante
na dentina profunda disponível para a colagem. para determinar o tratamento?

Solução
PROBLEMA 4
O esmalte tende a ser frágil e menos tenaz do
Preparos cavitários na coroa quase sempre en- que a dentina. A dentina é necessária para suportar
volvem o esmalte e a dentina, e muitas vezes ao e distribuir tensões. A JAD une esses dois tecidos
menos algumas porções da dentina podem ter sido calcificados diferentes e auxilia no estabelecimento
afetadas pelas cáries. Quais as dificuldades que essa de uma estrutura integrada que resiste à propagação
situação apresenta para os tratamentos dentários de trincas do esmalte para a dentina. Parece funcio-
restauradores? nar desse modo por proporcionar uma superfície
geométrica complexa que ajuda a desviar trincas, e
Solução proporciona para a estrutura dentária uma transição
Essas dificuldades são particularmente impor- mais gradual nas propriedades do esmalte para a
tantes na adesão a substratos mistos e são menos im- dentina. Tanto a complexidade geométrica quanto o
portantes para o amálgama ou preparos para coroas gradiente de propriedades melhoram a união entre os
protéticas. Nos procedimentos adesivos, procuramos tecidos e evitam as transições bruscas nas proprieda-
estabelecer ligações micromecânicas ao esmalte e à des mecânicas. Essas alterações repentinas poderiam
dentina. Isso geralmente é mais fácil para o esmalte produzir tensões mais elevadas na interface, as quais,
do que para a dentina, e as regiões de esmalte da de outro modo, poderiam favorecer a separação entre
maior parte dos preparos são em esmalte sadio. esmalte e dentina. Adicionalmente, a JAD é uma in-
Além disso, o esmalte não é tão sensível ao teor de dicação de diagnóstico-<liave na prática atual, pois as
umidade, e o esmalte dentário pode ser secado com- cáries que progridem além dessa junção são tratadas
pletamente, se necessário, para realizar procedimento de forma restauradora, enquanto lesões restritas ao
adesivo. A dentina é intrinsecamente únúda com o esmalte podem ser tratadas pela remineralização.
nível de umidade aumentando com a profundidade Nos tratamentos restauradores em que é necessário
na coroa dentária. Na dentina desmineralizada pelo remover a estrutura do dente além da JDE, o dente
condicionamento ou pelas cáries, a secagem causa restaurado provavelmente se toma mais fraco e mais
colapso da matriz exposta, o que toma difícil a pene- propenso à fratura.
tração dos agentes adesivos. Além disso, o corte da
dentina resulta na formação de camada de esfregaço,
que pode interferir na adesão. Isso pode ser menos PROBLEMA 6
preocupante com alguns sistemas autocondicionan- Enumere alguns dos fatores que contribuem para
tes, que incorporam a camada de esfregaço ou seus o aumento do acúmulo de biofilmes orais sobre res-
fragmentos na camada adesiva. Além disso, o subs- taurações de compósitos resinosos.
trato dentinário pode ter sido alterado por cáries.
Essas alterações podem incluir perda de mineral, Solução
tornando-o mais susceptível aos condicionadores, ou A aderência bacteriana e a formação de biofilmes
a formação de uma camada transparente que bloqueia nas superfícies de biomateriais dentários são proces-
os orifícios dos túbulos, e pode restringir a adesão. A sos complexos que dependem de um grande número
maioria das pesquisas tem sugerido que a resistência de fatores. Um aumento na rugosidade superficial de
de união em dentina alterada por cárie são inferiores uma restauração devido a um processo de abrasão ou
àquelas apresentadas pela dentina normal. de erosão e fatores que possam afetar a degradação da
2. O AMBIENTE ORAL 25

restauração de resina, tais como a produção de ácidos de limpeza com ultrassom. Com o que você deve se
pelos organismos cariogênicos e a hidrólise da matriz preocupar a esse respeito?
da resina pela saliva, são capazes de influenciar no
acúmulo de biofilmes em urna restauração de resina. Solução
O polimento insuficiente de urna restauração de resina A criação de uma superfície rugosa na restauração
também está associado à formação de biofilmes. Além por abrasão, erosão, polimento com ar ou instrumen-
disso, a liberação de quantidades diminutas de resina tação ultrassônica tem sido associada ao aumento na
não polimerizada e os produtos de biodegradação da formação de biofilme. As restaurações poderiam ser
resina podem afetar o crescimento de bactérias orais polidas novamente ou recobertas com um selante de
próximas das restaurações em compósito. superfície para retificar a rugosidade das superfícies.
As restaurações devem ser monitoradas periodica-
mente, pois os estudos clínicos não têm demonstrado
PROBLEMA 7 claramente que a liberação de flúor por biomateriais
Você tem um paciente que apresenta um grande dentários reduz de forma significativa a incidência
número de restaurações cervicais feitas de ionômero de cáries secundárias, e também porque as cáries
de vidro modificado por resina. As restaurações e secundárias ocorrem geralmente na margem gengival
os dentes passaram recentemente por um processo das restaurações.

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3
Critérios para
o Desenvolvimento
de Materiais Dentários
Restauradores

SUMÁRIO

Ciclo de Projeto Criando o Plano


Evidências Usadas no Desenvolvimento Construindo a Restauração
de Produtos
Odontologia Baseada em Evidências
Evidência do Paciente
Evidências de Laboratório (In Vitro)

27
28 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Conforme discutido no Capítulo 2, os materiais Para ilustrar como este processo pode ser aplica-
restauradores estão expostos a desafios químicos, do ao desenvolvimento de produtos relacionados a
térmicos e mecânicos no ambiente oral. A combi- materiais para higiene dental, vamos usar o simples
nação de forças, deslocamentos, bactérias, biofilme, exemplo do fio dental. O trabalho que esse produto
fluidos, flutuações térmicas e alterações no pH con- precisa realizar é a remoção da placa e dos resíduos
tribuem para a degradação de biomateriais naturais interproximais. As regiões e superfícies interproxi-
e sintéticos. Cada paciente possui uma combinação mais não são iguais. Alguns contatos interproximais
única desses fatores. Ao considerar a necessidade são apertados, outros são abertos e algumas regiões
de uma nova restauração ou substituição de uma podem ter restaurações proximais com graus varia-
restauração antiga em um paciente, o histórico do dos de adaptação marginal. O desenvolvimento de
desempenho das restaurações existentes do pacien- um novo fio dental pode começar com o problema
te pode fornecer informações importantes para o de um cliente em potencial que tem uma restauração
prognóstico da nova restauração. A avaliação do de- posterior com duas faces, com excesso na região pro-
sempenho de materiais em condições controladas, ximal. Os produtos atuais disponíveis no mercado se
in vitro e in vivo, também é eficiente na seleção de desfiam ou se rompem quando usados em tal região.
materiais e estimativas sobre sua vida útil. Fazer a Esta observação principal é analisada e considerada
escolha final sobre o material a ser utilizado envolve significativa porque muitas pessoas com esse pro-
um complexo processo de tomada de decisões que blema e problemas similares poderiam ser ajudadas
pode ser guiado por princípios de desenvolvimento por uma mudança de projeto para este fio dental.
de produtos. Ideias diversas e variadas são geradas para solucio-
nar o problema: (1) a seção transversal do fio dental
poderia ser uma fita em vez de um fio, para facilitar
CICLO DE PROJETO a passagem sobre o degrau proximal; (2) o produto
poderia ter um fio simples em vez de um trançado de
Considerar muitos fatores e integrar muitas múltiplos fios, para reduzir o número de superfícies
especificações em um produto final é uma exigên- no fio que poderiam se prender ao degrau; ou (3) o
cia de qualquer objeto que requer fabricação. Em fio poderia ser feito de um material diferente, ou uma
desenvolvimento de produtos, uma abordagem camada lisa poderia ser acrescentada para reduzir o
cíclica de análise e teste de problemas é usada para atrito (note que todas essas soluções foram apresen-
determinar o melhor desenho para o produto final. tadas aos consumidores em diferentes ocasiões).
Três categorias de solução de problemas são usadas Com base nestas possíveis alterações de projeto,
no ciclo de desenvolvimento: observe, planeje e um plano é feito incorporando um método ou com-
construa. Então esses passos são repetidos conforme binação de métodos que parecem ser mais promis-
o tempo, o número de problemas e a dificuldade dos sores no sentido de abordar o problema observado.
problemas permitirem (Fig. 3-1). Todas essas possibilidades podem ter méritos, mas
ao escolher aquelas que abordem o problema obser-
vado mais diretamente, podemos testar as soluções
de forma mais precisa. Neste exemplo, diremos que
Observe
o fio será formado com seção transversal em forma
de fita e uma alteração no material será feita para
reduzir o atrito. O novo fio dental é construído e
testado em ambientes simulados e reais.
Um ciclo de nosso processo de desenvolvimento
de um novo fio dental foi concluído. Esperamos des-
cobrir em nossos testes que o problema observado
foi resolvido. Que a solução mostrou-se eficaz. Po-
rém, ao testar nosso produto construído, poderíamos
Construa Planeje
notar que o material é muito liso e escorregadio para
remover efetivamente a placa, ou a fita é muito larga
para ficar plana quando passada através do contato
interproximal e nos sulcos gengivais. Com base nes-
sas observações, um novo plano é traçado, uma nova
versão do produto é criada, e nós percebemos que
FIGURA 3-1 O ciclo de projeto: Observe, Planeje, concluímos um novo ciclo do projeto. Repetimos este
Construa, .... Repita. processo, criando versões mais refinadas do produto
3. CRITÉRIOS PARA O DESENVOLVJMENTO DE MATERIAIS DENTÁRJOS RESTAURADORES 29

que forneçam soluções mais adequadas para os pro-


blemas observados. Para assegurar que o produto
aborde as necessidades do mercado-alvo, também
Evidência
observamos o uso do produto em uma faixa tão am-
científica
pla de grupos de consumidores quanto possível.
O ciclo de desenvolvimento para a criação de
novos produtos também pode ser usado no planeja-
mento de restaurações. Ao selecionar materiais para
restaurações, a condição oral e médica do paciente J
deve ser observada, e os problemas observados,
priorizados. Os dados de observação são integrados Experiência e Necessidades do
com dados válidos de desempenho de materiais pa- conhecimento paciente, condições
ra criar um plano de tratamento. Uma restauração é do clínico e preferências
construída e testada para oclusão, compatibilidade,
estética, impressão do paciente, e assim por diante.
Os ajustes são feitos em passos recorrentes de "ob-
serve, planeje, construa", refinando a restauração
FIGURA 3-2 Elementos da odontologia baseada em
para satisfazer tanto o paciente quanto o clínico. evidências.

EVIDÊNCIAS USADAS relacionadas à condição e história oral e médica


NO DESENVOLVIMENTO do paciente, juntamente com a especialidade clí-
DE PRODUTOS nica do dentista e as necessidades de tratamento e
preferências do paciente (http://ebd.ada.org). Essa
O ciclo inteiro do projeto é baseado em evidências. abordagem é centralizada no paciente e ajustada
A observação fornece evidências sobre o histórico do às suas necessidades e preferências. Nossa meta é
desempenho de materiais e das soluções existentes, praticar na interseção dos três ciclos (Fig. 3-2).
e identifica a função que as novas soluções devem
realizar. O cuidado e a qualidade da fase de observa-
ção dependem das habilidades e da experiência do Evidência do Paciente
projetista. Na fase de planejamento, as proprieda- Necessidades, condições e preferências do paciente
des e características do material e os dados sobre o são consideradas ao longo de todo o processo de pla-
desempenho de materiais em condições controladas nejamento do diagnóstico e tratamento. A observação
são adicionados aos dados decorrentes da observa- das necessidades do paciente e seu histórico médico/
ção. A fase "construa" integra o conhecimento da dentário devem ser realizados primeiro. Nesta fase,
função a ser realizada pelo produto (ou problema) o desempenho de restaurações anteriores e daquelas
com a habilidade e experiência do projetista, consi- presentes, em termos de sucesso ou fracasso, deve ser
derando também as variações nas condições de uso, observado. Este é frequentemente um bom indicador
as propriedades e o desempenho conhecido dos ma- das condições no ambiente oral e do prognóstico
teriais. Sem esta abordagem sistemática e integrada, de sucesso de materiais similares neste ambiente. O
o processo de desenvolvimento seria desordenado perfil facial do paciente e sua musculatura orofacial
e ineficaz. O ciclo de desenvolvimento baseado em é um bom indicador de potenciais forças de oclusão.
evidências recém-descrito é análogo à tomada de de- Padrões de desgaste em superfícies oclusais são in-
cisão baseada em evidências em cuidados médicos dicadores de bruxismo, apertamento, forças oclusais
e na odontologia baseada em evidências. e movimentos mandibulares. Abfrações cervicais
podem indicar forte contato oclusal acompanhado
por bruxismo, ou interferências oclusais. Erosão de
ODONTOLOGIA BASEADA dentes anteriores sugere elevados níveis de ácidos na
EM EVIDENCIAS dieta e o desgaste generalizado sem trauma oclusal
poderia envolver uma desordem sistêmica tal como
A American Dental Association (ADA) define doença de refluxo gastrointestinal. Quaisquer dessas
odontologia baseada em evidências como uma abor- condições comprometeriam a longevidade da terapia
dagem ao cuidado com a saúde oral que requer a restauradora. Ambientes excepcionalmente hostis
integração cuidadosa de avaliações sistemáticas requerem um planejamento restaurador e seleção de
de evidências científicas clinicamente relevantes materiais cuidadosos, às vezes diferentes da norma.
30 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

As opções de materiais a serem selecionadas evidência", porque uma correlação clínica pode ser
devem ser consideradas de acordo com os proble- feita apenas como uma extrapolação dos dados de
mas e necessidades exibidas pelo paciente. Esses laboratório. A classificação de pesquisa de bancada
dados são encontrados na literatura científica. A ou laboratório como "outras evidências" não deve
integração de dados do paciente com dados dos ser interpretada como se a pesquisa de bancada não
materiais ajuda a fazer um plano de tratamento seja válida. A hierarquia de evidências, conforme
mais completo. apresentada para dados baseados nelas, baseia-se
em dados clínicos humanos, para os quais dados de
bancada podem somente ser substitutos.
Evidências de Laboratório (ln Vitro) Ao se buscar evidências cientificas, os melhores
Na busca por evidências científicas, a melhor dados disponíveis, ou mais válidos, devem ser esco-
disponível, geralmente compilada de uma revisão lhidos. Desenvolvimentos de novos materiais que
da literatura cientifica, fornece indícios científicos são aperfeiçoamentos de produtos existentes não
para informar o clínico e o paciente. O nível de precisam passar por testes clínicos segundo a Food
validade mais alto é escolhido para minimizar in- and Drug Administration (FDA). Estudos publicados
formações tendenciosas. Esses estudos são tipica- feitos em laboratório ou in vitro são frequentemente
mente meta-análises de estudos clínicos randomi- as únicas formas de evidência cientifica disponível
zados (randornized clinicai triais, ou RTCs), revisões para os materiais. Isto não significa que nenhuma
sistemáticas ou RCT individuais. Níveis mais bai- evidência esteja disponível. É simplesmente uma
xos de evidência são encontrados em estudos de indicação que estudos de laboratório devem ser
casos, estudos de grupos (cohort) e relatos de casos. admitidos como evidência para a tomada de uma
Estudos de laboratório são listados como "outra decisão clínica (Tabela 3-1).

TABELA 3-1 Avaliando a Qualidade da Evidência

Tratamento/Prevenção(
Qualidade do Estudo Diagnóstico Análise Prognóstico

Nível 1: boa qualidade, Regra de decisão clínica validada SR/meta-análise ou RCTs SR/ meta-análise de estudos
evidência orientada SR/meta-análise de estudos com achados consistentes em grupo de boa qualidade
ao paciente de alta qualidade RCT individual de alta Estudo em grupo
Estudo de grupo de diagnóstico qualidadet prospectivo com bom
de alta qualidade* Estudo tudo ou nada* acompanhamento
Nível 2: evidência Regra de decisão clínica não SR/ meta-análise de SR/ meta-análise de estudos
de qualidade limitada validada experimentos clínicos em grupo de qualidade
orientada ao paciente SR/ meta-análise de estudos de qualidade inferior ou inferior ou com resultados
de qualidade inferior ou a<>tudos de estudos com achados inconsistentes
com achados inconsistentes inconsistentes
Estudo de diagnóstico de Experimento clínico Estudo em grupo
qualidade inferior ou estudo de qualidade inferior retrospectivo ou estudo
diagnóstico de controle de caso Estudo em grupo em grupo prospectivo com
acompanhamento ruim
Estudo de controle de caso
Estudo de controle de caso Série de caso
Nível 3: outras Orientações de consenso, extrapolações de pesquisa laboratorial, prática comum, opinião,
evidências evidência orientada à doença (resultados intermediários ou fisiológicos apenas), ou série de
casos para estudos de diagnóstico, prevenção ou análi~e.
De Newman MG, Weyant R, Hujoel P: J. Evid. Based Dent. Pract 7, 147-150, 2007.
*Esh100 em gn1po diagnóstico de alta qualidade: projeto em grupo, tama11ho adequado, espectro adequa® do pacimte, cegmmmto e um
padrífo de referbicia C011sistente e bem definido.
tRcr de alta qualidade: aloc:aÇt1o oculta, cegamento, se possível, análise de intençifo de tratamento, poder estatfstico adequa®,
acompanhamento adequadb (maior crue 80%).
1Em um eshtdb tudo ou nada, o tratamcmto causa uma.mudança dramática nos resultados, tais COTPW anh11i6tico para meningite ou cin1rgia
para apendicite, o que impede o estudo em um experimento controlado.
SR, Rroisífo sisten1ática; RCT, estudb clbrico ra1100111iz:ado.
3. CRITÉRIOS PARA O DESENVOLVJMENTO DE MATERIAIS DENTÁRJOS RESTAURADORES 31

Pesquisadores da área de ciência de materiais pilares, hábitos parafuncionais, higiene oral, res-
dentários têm buscado correlacionar uma ou duas taurações existentes nos dentes pilares, forma da
propriedades físicas ou mecânicas de materiais com área edêntula e aspectos estéticos. Outros elementos
desempenho clínico. Embora seja possível usar para o plano e projeto integrados são a geometria
testes de laboratório para classificar o desempe- tridimensional da área edêntula, a força de oclusão
nho de diferentes formulações da mesma classe de potencial que pode ser gerada, o histórico de ou-
material, o preditor clínico perfeito ainda não foi tras restaurações na região, a causa da perda do
encontrado. Com frequência, a comparação de es- dente e os materiais potenciais e suas propriedades.
tudos laboratoriais é difícil, devido a uma descrição O preparo do dente ocorre após a restauração ser
incompleta dos métodos e materiais. Pesquisadores conceitualmente projetada, uma vez que o projeto
em materiais dentários são encorajados a fornecer da restauração determinará a quantidade e forma
um conjunto completo de condições experimentais do preparo e redução do dente.
para possibilitar a comparação de dados entre estu- Ao criar um plano, a meta é ser sucinto, o que é
dos. Esse processo facilitará revisões sistemáticas de difícil fazer considerando que um dos objetivos da
estudos de laboratório que podem ser usados como fase de observação deve ser abrangente na coleta
fonte de evidência científica quando estudos clínicos de dados. Algumas informações serão externas ao
não estiverem disponíveis. problema a ser tratado e isso pode impedir que se
Cada paciente é único, inclusive seu ambiente chegue ao melhor plano de tratamento. Haverá
oral e sua fisiologia geral. Isto fornece um conjunto opções que se complementam e outras contradi-
único de circunstâncias e desafios para implementar tórias para os possíveis planos de ação. Haverá
escolhas de materiais bem-sucedidos em um plano características e restrições apresentadas em cada
de tratamento. Os elementos da odontologia baseada escolha possível de materiais. A priorização dessas
em evidências (evi.dence-based dentistn;, ou EBD) e as informações guiará o clínico para as soluções que
propriedades de materiais devem ser considerados serão mais eficazes.
como um sistema para propiciar o melhor cuidado Alguns diagnósticos de uma situação clínica
centralizado no paciente. A evidência observada du- podem ter uma forte influência do tratamento que
rante a avaliação do paciente, a evidência analisada foi anteriormente dado. Um paciente pode ter um
dos dados de laboratório, a experiência do clínico e dente posterior superior que apresenta desgaste ex-
as necessidades e desejos do paciente estão todas cessivo. Uma coroa posterior inferior com superfície
relacionadas e tudo tem impacto sobre o prognóstico oclusal cerâmica poderia ser o culpado. A cerâmica
da restauração. Embora possa ser tentador catego- foi escolhida por razões estéticas. Porém, a super-
rizar as necessidades de um paciente por idade, fície oclusal dura da cerâmica está atritando com o
gênero ou aspecto clínico geral, coleta cuidadosa dente superior, resultando em severo desgaste oclu-
de dados, planejamento e análise fornecem a me- sal da superfície do esmalte. Este prognóstico pode-
lhor solução. Esta visão é a base para o complexo ria ser abordado restaurando-se o dente superior,
processo de reabilitação oral (Fig. 3-3). e/ ou trocando-se a restauração do dente inferior
por um material menos duro ou menos abrasivo.
Como a preservação de material do dente natural
CRIANDO O PLAN O é de alta prioridade, a substituição da coroa inferior
por um material mais harmonioso com o esquema
Afase de planejamento associa elementos de tomada oclusal seria a melhor solução para o paciente. A
de decisão baseada em evidências e considerações importância de uma abordagem sistemática na
sobre propriedades e desempenho de materiais. O observação e planejamento é ilustrada aqui, onde
processo de planejamento de tratamento é familiar todos os fatores devem ser considerados juntos,
a clínicos, mas a prática de projetar restaurações seguido por priorização.
tendo as propriedades do material em mente talvez Priorização também é uma oportunidade para
não seja feita rotineiramente. Inicialmente, as exi- educar o paciente e realçar seu nível de ativação.
gências de desempenho são analisadas. O ambiente Não é raro pacientes não terem consciência de sérios
no qual a restauração irá trabalhar é usado como problemas orais. Por exemplo, cáries interproxirnais
um modificador das exigências de desempenho. ou lesões orais podem não ser evidentes ao paciente,
Por exemplo, ao planejar o tratamento com uma enquanto um simples dente anterior descolorido
prótese parcial fixa posterior de três elementos, as pode ser notado. Embora o desejo do paciente possa
considerações usuais incluirão comprimento do vão ser tratar o dente descolorido, priorizar o tratamento
protético, localização, condição dos dentes pilares, no sentido de atuar primeiramente contra o perigo
condições oclusais, suporte periodontal dos dentes de infecção imediata e progressão da doença ajuda
32 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

a saúde oral total do paciente. As prioridades e ex- material cerâmico poderia não ser a escolha mais
pectativas podem ser alteradas de modo que os pro- sábia devido ao potencial para lascamento ou des-
blemas mais sérios são abordados primeiro. gaste do dente oposto. Neste caso, um compósito
O paciente pode chegar com um material espe- resinoso é uma melhor escolha para longevidade da
cífico em mente, tal como uma faceta cerâmica no dentição natural. Uma discussão sobre os materiais
dente descolorido mencionado anteriormente. Se disponíveis e os planos potenciais podem modificar
o dente estiver com má oclusão ou potencialmente o entendimento do paciente quanto ao problema,
tocando a superfície de esmalte natural oposta, um enfatizando a natureza única do caso, o desejo por

Coleta de Dados
1. lnfonnações
2. Queixa principal
3. Histórico médico e odontológico
Observe 4. Avaliação física
5. Exame clínico
6. Exame radiográfico
7. Desempenho de restaurações existentes/
materiais
8. Avaliação do risco

Integração de dados e análise de s istema

Planeje

Sumário de dados significantes e relevantes


e conclusões
Modificadores de paciente 1
1. Condições do paciente e
nível de ativação - •
2. Referências do paciente Lista de pro blemas
3. Desempenho dos Diagnósticos 1. Médicos/sistêmicos
materiais 2. Orais
1

Modificadores clínicos
1. Experiência clínica
2. Manuseio dos materiais
- Objetivos do tratamento integrativo

''
Projeto de tratamento Plano de tratamento
Evidência científica 1. Opções de procedimento 1. Procedimentos
1. Revisões sistemáticas 2. Restauração e opções do 2. Projeto da restauração
>-- -
2. Experimentos clínicos projeto de preparo e do preparo
3. Estudos laboratoriais 3. Opções de materiais 3. Materiais selecionados
4. Resultados previstos 4. Justificativa
5. Prognóstico
''
1

Tratamento Tratamento
definitivo - provisório -
Con strua
' '

Revisão de desempenho,
manutenção e preven ção

FIGURA 3-3 Um diagrama de processo que ilustra a integração de tomada de decisão clinica, evidência e o ciclo de projeto.
3. CRITÉRIOS PARA O DESENVOLVJMENTO DE MATERIAIS DENTÁRJOS RESTAURADORES 33

uma restauração de aspecto natural, duradoura e restauração é uma aplicação direta ao dente. As
os materiais mais adequados para atender à meta propriedades de manipulação de um material são
inicial do paciente. O planejamento, então, desvia-se uma importante consideração que é frequentemente
da faceta cerâmica inicialmente pensada. Incluir o difícil de mensurar e descrever.
paciente no estabelecimento de prioridades para Em restaurações indiretas que requerem várias
seu tratamento fornece um ciclo de feedback pes- visitas e um procedimento laboratorial, a prototipa-
soal imediato que pode ser incorporado na fase de gem ocorre antes da construção. Ela também pode
planejamento. ser feita com restaurações diretas, por exemplo,
Os materiais restauradores representam ao mes- simulando a forma e a cor da faceta de resina com-
mo tempo uma solução e uma limitação. Resinas posta sem polimerizar o material. Para restaurações
compostas, cerâmicas e metais oferecem caracte- indiretas, a prototipagem é feita rotineiramente.
rísticas importantes e limitações que fazem com Criar modelos da restauração final é útil porque
que seu uso varie sutilmente de caso a caso. O ciclo permi te ao clinico e ao paciente discutirem e
observe, planeje, construa ...repita é um processo que concordarem sobre os resultados do tratamento.
auxilia na identificação e análise de características Esta discussão inicial reduz surpresas quando a
e limitações. Cada passo do ciclo oferece oportuni- restauração final for entregue ao paciente. O uso de
dades para priorizar as características e limitações modelos também é excelente auxilio para projetar
de materiais para o caso e selecionar aqueles que preparos dentários que transfiram força oclusal
melhor se encaixam no esquema oclusal. Em cada através da restauração ao dente e tecidos de apoio
ciclo do projeto, solução e problema tomam-se mais de maneira ideal.
convergentes e a qualidade do produto final ou do O conceito de prototipagem também é útil na fa-
serviço aumenta. bricação de restaurações provisórias ou temporárias
para restaurações indiretas. Quando a restauração
provisória simula com precisão o projeto final em
CON STRU INDO A RESTAURAÇÃO forma e aparência, o paciente e o clinico podem
discutir resultados do projeto, expectativas e mo-
Construir é a próxima fase. A construção da dificações necessárias. A estética é particularmente
restauração pode ocorrer diretamente no dente ou importante de ser simulada da forma mais precisa
pode requerer vários passos sequenciais para criar possível, devido à sua subjetividade. Cor, forma,
o produto final, incluindo um procedimento de tamanho e posição são todos importantes fatores
laboratório. Em muitas restaurações intracoronárias a serem avaliados para garantir a satisfação do pa-
e em algumas facetas, a restauração é aplicada dire- ciente com a restauração. Restaurações provisórias
tamente ao dente e tipicamente finalizada em uma também atuam como importante auxilio diagnóstico
visita. Essas são mencionadas como procedirnentos para estudar oclusão, forças oclusais, hábitos para-
diretos. Para esses procedimentos, as decisões sobre funcionais, higiene oral e resposta do tecido mole. A
o material final são tomadas antes de qualquer pro- análise do desempenho de restaurações temporárias
cedimento de "construção". O plano de tratamento cuidadosamente fabricadas pode fornecer muitas
deve incluir todas as escolhas de materiais. Ajustes sugestões para o projeto ideal e fabricação da res-
finos são feitos acrescentando e/ ou removendo ma- tauração permanente. A restauração temporária é
terial baseado na avaliação oclusal, questionando o onde se deve testar e fazer rnodificafões sequenciais
paciente sobre sentido tátil e avaliando a estética e aos conceitos do projeto antes da fabricação da
harmonia da restauração com o restante da dentição restauração permanente. Observações de facetas
e ambiente oral. de desgaste oclusal, trincas, deslocamentos, des-
Alguns materiais restauradores são mais sen- coloração e desconforto da restauração provisória
síveis a variações de técnica do que outros. Por são indicadores de condições de que o projeto pode
exemplo, colocação de restaurações de compósito estar extrapolando seus limites. O estudo das causas
em dentes posteriores requer mais passos do que desses eventos pode auxiliar o laboratório protético
para um amálgama. Cada um desses passos requer na determinação das propriedades necessárias para
um nível específico de precisão que, quando tota- material permanente.
lizados, resultam em um processo mais complexo. A seleção do material é preferencialmente reali-
Um erro em qualquer passo pode afetar o sucesso zada durante o planejamento e projeto, em vez de
da restauração. Conheci·mento clínico, portanto, é após o preparo do dente. Opções de material para
um fator importante quando do desenvolvimento um cenário restaurador particular irá diferir em
de um plano de tratamento e da seleção de ma- suas propriedades mecânicas e físicas. Por exemplo,
teriais restauradores, particularmente quando a ligas fundidas para uma prótese fixa diferem em
34 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

sua rigidez, dureza, maleabilidade e resistência à Bibliografia


corrosão. Ligas com alta rigidez transferirão mais American Dental Association: ADA Center for Evidence-
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mem alimentos e fluidos com alto potencial de cau- Ashby MF, Johnson K : Materiais and Design, tire Art nnd
sar manchas. Em outro exemplo, a cerâmica pode Science of Materiais Selection in Product Design, 2002,
atender às exigências estéticas da restauração, mas Butten'l'orth Heinemann, Oxford.
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pode não ser adequada para as altas cargas oclusais
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Os conceitos do processo de desenvolvimento - Forrest JL: Introduction to the basics of evidence-based
observe, planeje, construa ...repita - integram bem a dentistry: concepts and skills, ] Evid Based Dent Pract
tomada de decisão e a seleção de material baseada 9(3):108, 2009.
em evidências. Quando todos esses elementos são Forrest JL, Miller SA: Translating evidence-based decision
considerados conjuntamente, um plano e um projeto making into practice: EBDM concepts and fi nding the
de tratamento integrados podem ser conseguidos evidence,] Evid Based Dent Pract 9(2):59, 2009.
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O ciclo de projeto em etapas também dá muitas opor- 85(6):60, 2007.
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tunidades para discussão entre o clínico e o paciente
making into practice: appraL~ing and applying the
para chegarem a um acordo sobre suas expectativas evidence,] Evid Based Dent Pract 9(4):164, 2009.
bem antes da finalização da restauração. Ne\'l'man MG, Weyant R, Hujoel P: JEBDP improves gra-
O Capítulo 4 apresenta conceitos de ciência ding system and adopts strength of recommendation
dos materiais, incluindo as propriedades físicas e taxonomy grading (SORT) for guidelines and systema-
mecânicas dos materiais. Um bom entendimento tic revie\'IS, J Evid Based Dent Pract 7:147- 150, 2007.
das propriedades fundamentais de materiais pos- Sakaguchi RL: Evidence-Based DentL~try: Achieving a
sibilita ao clínico projetar o tratamento e preparar Balance, JAm Dent Assoe 141(5):496-497, 2010.
os tecidos orais para melhor distribuir as forças no Vossoughi S: Designing the 'care' into health care, Business
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ambiente oral.
CAPÍTULO

4
Fundamentos da Ciência
dos Materiais

SUMÁRIO

Propriedades Mecânicas Atrito


Força Desgaste
Forças Oclusais Estado Coloidal
Forças em Restaurações Natureza dos Col.oides
Tensão Sistemas Coloidais Típicos
Tipos de Tensao Difusão através de Membranas e Pressão
Deformação Os1uótica
Curvas Tensão-Deformação Adsorção, Absorção e Sorção
Limite de Proporcionaliàade e Limite Tensão Superficial e Molhamento
Elástico Adesão
Resi.stência à Deformação Plástica Considerações sobre a Superfície
Resi.stência Máxima Coeficiente de Penetração
Resi.stência à Fratura -
Propriedades Opticas
Al.angamento Cor
Módulo de Elasticiàade Medidas de Cor
Coeficiente de Poi.sson Equipamentos para Medição da Cor
Ductilidade e Maleabilidade Método Visual
Resiliência Acabamento de Superfície e Espessura
Tenacidade Pigmentação
Tenacidade à Fratura Metamerismo
Propiiedades e Curvas Tensao-Deformação Fluorescência
Propiiedades de Traçao de Materiais Opacidade, 'I'ranslucidez,
Frágeis ,
Transparência e Opalescência
Viscoelasticidade Indice de Refração
,
Comportamento e Viscosidade de Fluidos Constantes Opticas
Materiais Vi.scoelásticos Coeficiente de Espalha1uento
Relaxamento por C?·eep Coeficiente de Absorção
Propriedades Mecânicas Dinâmicas Refletividade de Luz
Módulo Dinâmico Razão de Contraste
Propriedades Mecânicas de Superfície Capacidade
Dureza de Mascaramento

35
36 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Propriedades Ténnicas Força Eletromotriz


Temperatura Galvanismo
Temperaturas ele Transição Corrosão Eletroquímica
Calor Latente Potencial Zeta
Condutividade T é1mica Outras Propriedades
Calor Espedfico Manchamento,
e Descoloração
Difusividade Térmica Sorção de Agua
Coeficiente de Expansão T é1mica Tempo de Presa
Propriedades Elétricas Pi·azo de Validade
Condutividade e Resistividade Elétrica Resumo
Constante Dielétrica

Os materiais dentários restauradores são subme- bem confeccionadas ficam inutilizadas porque o
tidos a um ambiente muito hostil, em que o pH, o tecido de suporte falha. Neste caso, esta é uma falha
fluxo salivar e as forças mecânicas oscilam de forma de interface ou de substrato. Consequentemente,
constante e, muitas vezes, rapidamente. Esses desa- no planejamento de restaurações e na interpretação
fios exigem pesquisas e desenvolvimentos substan- dos resultados de ensaios, é importante lembrar que
ciais para oferecer produtos para o dentista clinico. o sucesso de uma restauração depende não só de
Muitas dessas pesquisas são possíveis por meio da suas qualidades físicas, mas também da qualidade
aplicação de conceitos fundamentais de ciência dos biofísica ou fisiológica dos tecidos de suporte.
materiais. O conhecimento das propriedades de po- As propriedades físicas descritas neste capítulo
límeros, cerâmicas e metais é crucial para a seleção e incluem propriedades mecânicas, térmicas, elétricas
para o planejamento de restaurações dentárias. e eletromecânicas, de cor e ópticas.
Não existe uma propriedade única que defina a
qualidade de um material. De modo geral, muitas
propriedades, determinadas a partir de ensaios PROPRIEDADES MECÂNICAS
laboratoriais padronizados e testes clínicos, são
utilizadas para descrever tal qualidade. Ensaios No meio oral, os materiais restauradores estão
laboratoriais, embora sejam apenas substitutos para expostos a desafios químicos, térmicos e mecânicos.
ensaios clínicos, fornecem medições padronizadas Esses desafios podem causar a deformação do mate-
para comparar materiais e orientar a interpretação rial. A ciência que estuda como materiais biológicos
dos testes clínicos. interagem e se deformam é chamada biomecânica.
A padronização dos ensaios de laboratório é Esta seção apresenta os conceitos de deformação
essencial para controlar a qualidade e permitir a elástica, plástica e viscoelástica e de grandezas mecâ-
comparação dos resultados entre os diferentes gru- nicas, incluindo força, tensão, deformação, resistên-
pos de pesquisa. Quando possível, o corpo de prova cia, tenacidade, dureza, atrito e desgaste em termos
deve simular o tamanho e a forma de uma estrutura do desempenho dos materiais no meio oral.
no ambiente clinico, devendo ser os procedimentos
de mistura e manipulação equivalentes às condições
clinicas de rotina. Força
Embora seja importante conhecer os valores Quando um corpo interage com outro, uma
comparativos das propriedades dos diferentes força é gerada. As forças podem ser aplicadas pelo
materiais restauradores, também é essencial co- contato real entre os corpos envolvidos ou à dis-
nhecer a qualidade dos tecidos duros e moles de tância (p.ex., a força da gravidade). O resultado da
suporte e revestimento. Muitas restaurações fa- aplicação de uma força sobre um corpo é a trans-
lham clinicamente pela ocorrência de fratura ou de lação ou deformação do corpo, dependendo se o
deformação. Essa é uma questão pertinente à pro- corpo é rígido ou deformável e se esse corpo está
priedade do material. Mesmo algumas restaurações fixo. Se o corpo está fixo (ou seja, não se move ou
4. FUNDAMENTOS DA Cl~CIA DOS MATERIAIS 37
transla~a), a força causa a deformação do corpo ou Tensão
alteraçao de sua forma. Se o corpo está livre para
se movimentar, a aplicação de uma força resulta em Quando uma força age sobre um corpo fixo, esse
movimento ou translação. corpo resiste à força. Esta reação interna é igual
Uma força é definida por três características: o em magnitude e oposta em direção à força externa
ponto de aplicação, sua magnitude e a direção da aplicada e é chamada de tensão, normalmente re-
aplicação. A direção de uma força é característica do presentada por Sou a. Tanto a força aplicada quan-
tipo da força. A unidade de força de acordo com o to a resistência interna (tensão) são distribuídas ao
Sistema Internacional de Unidades (SI) é Newton (N). longo de uma área do corpo, de modo que a tensão
Uma libra-força (lb-f) equivale a 4,4 Newtons (N). em um objeto é definida em força por área, ou ten-
são= força/área. É difícil medir a tensão diretamen-
Forças oclusais te, de forma que se mede a força e a área na qual
A faixa de forças oclusais máximas varia de a força é aplicada, e calcula-se a tensão a partir da
200 a 3.500 N. As forças oclusais entre os dentes razão entre a força pela área. A unidade de tensão
de um adulto são mais altas na região posterior é, ~ortanto, a unidade de força (N) dividida pela
mais próxima do eixo de articulação mandibular urudade de área e é comumente expressa em uni-
~ v~~ diminuindo da região molar em direção aos dades SI como Pascal (1Pa=1N/m2=1MN/mm2).
mos1vos. As forças no primeiro e segundo molares É comum expressar uma tensão em megapascaJs
variam de 400 a 800 N. A força média nos pré- (MPa) ou milhões de Pascal, 1MPa=l06Pa.
molares, caninos e incisivos é de cerca de 300, 200 Uma vez que a tensão em urna estrutura varia
e lSON, respectivamente. Um tipo de aumento de diretamente com a força e inversamente com a área
alguma maneira não linear mas bem definido, de a área sob ação de uma força é uma consideraçã~
235 para 494.N, ocorre em crianças em crescimento, importante. Isto é especialmente verdadeiro em
com um aumento médio anual de cerca de 22N. restaurações dentais em que a área sob ação das
forças, muitas vezes, é extremamente pequena.
Forças em Restaurações Por exemplo, a área de contato transversal de uma
Forças oclusais entre dispositivos protéticos cúspide pode ser de apenas 0,16 a 0,016cm2.
dentários são geralmente inferiores em relação à Como um exemplo numérico, um fio ortodôn-
dentição natural. Pacientes com próteses parciais tico de calibre 20 tem um diâmetro de 0,8mm e
removíveis geram forças oclusais na faixa de 65 a uma área transversal de 0,5 rru:n2. Se uma força de
235N. Para os pacientes com próteses totais, a força 220N é aplicada a um fio desse diâmetro, a tensão
média sobre os molares e pré-molares é de cerca de desenvolvida é equivalente a 220N/0,5 mm2 ou
lOON; as forças médias sobre os incisivos é de 40N. 440N/mm2 (MPa).
As variações de gênero e de idade nas diferentes A tensão é sempre normalizada para uma área
populações de pacientes contribuem para a gran- de 1 m 2, mas uma restauração dental, como um
de variação de valores de força. Em geral, a força ponto oclusal pequeno, pode ter não mais que
oclusal produzida pelas mulheres é cerca de 90N 4mm 2 de superfície, se a restauração tem 2mm de
menor do que a aplicada pelos homens. O formato lado. Se uma força oclusal de 440 N for concentrada
da fac~ e a definição muscular são bons preditores da nesta área, a tensão resultante seria de lOOMPa.
capacidade de força oclusal. Pacientes com ângulos Portanto, tensões de várias centenas de MPa podem
mandi~ulares grandes geralmente apresentam forças ocorrer em muitos tipos de restaurações. Tensões na
oclusais menores em relação aos pacientes com ângu- faixa de milhares de MPa podem ser produzidas
los pequenos e formato mandibular quadrado. quando a área de urna cúspide ou de uma sonda
A força oclusal máxima e a resposta dos tecidos explodadora é utilizada para aplicar urna força. Esta
subjacentes mudam de acordo com a localização é uma razão para que os contatos prematuros, em
anatômica, a idade, o esquema oclusal e a presença que pequenas áreas de superfície estão recebendo
de uma prótese dentária. Ao projetar restaurações grandes forças oclusais, sejam tão prejudiciais.
e selecionar os materiais, é importante considerar a Em uma oclusão equilibrada, múltiplos contatos
localização, a dentição antagonista e a capacidade simultâneos oclusaís são desejáveis. A distribuição
de geração de forças pelo paciente. Esses fatores das forças oclusais sobre áreas de superfície maiores
muitas vezes podem. ser estimados pelo sucesso reduz as tensões oclusais locais.
ou falha de outras restaurações presentes na boca
do paciente. Um material ou um desenho capaz de Tipos de Tensão
suportar as forças de oclusão no segmento anterior Uma força pode ser aplicada de qualquer ân-
pode não ser suficiente para o segmento posterior. gulo ou direção, e muitas vezes, várias forças se
38 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

FORCA DEFORMA CÃO

Axial, tração Alongamento -c:::J--

Axial, compressão Com pressão ~

Cisalhamento Cisalhamento 1 1

Momento de torção Torção ·(J


- ti·
Momento de flexão Flexão (1 1) A

FIGURA 4.1 Esqu ema dos diferentes tipos de tensões


e das deformações correspondentes.

combinam e resultam em tensões complexas em


uma determinada estrutura. É raro as forças e as
tensões serem isoladas em um único eixo. Aplicadas
individualmente, as forças podem ser caracteriza-
das como axial, de cisalhamento, de flexão ou de
torção. Essas forças direcionais são ilustradas de
forma simplificada na Figura 4.1. Todas as tensões,
no entanto, podem ser resolvidas em combinações
de dois tipos básicos - axial e de cisalhamento.
A trafão resulta de um conjunto de duas forças B
que se afastam uma da outra na mesma linha reta
FIGURA 4.2 Distribuição de tensões em uma restaura-
ou quando uma das extremidades é fixa e a outra
ção implanto-suportada. A, Tensões no ombro do implante
extremidade é submetida a uma força que se afasta resultante de uma carga oclusal oblíqua. B, Tensões dentro
do ponto de fixação . A compressão resulta de um do pilar do implante e do osso alveolar. (Cortesia de Dr.
conjunto de duas forças direcionadas uma contra a Svenn Borgersen, Eagan, 1\AN e Dr. Ronald Sakaguchi).
outra na mesma linha reta ou quando uma super-
fície é fixa de um lado e o outro lado é submetido a
uma força na direção do ponto de fixação. O cisalha- oral é mostrado na Figura 4.2, na qual um modelo
ment.o ocorre quando um conjunto de duas forças são de elementos finitos de um implante dentário é
direcionadas paralelamente uma a outra, mas não na submetido à compressão. A Figura 4.2, A, mostra
mesma linha reta. A torção resulta da aplicação de um as tensões no ombro do implante, resultantes das
momento ao longo do eixo longitudinal do objeto, e forças oclusais. A Figura 4.2, B, mostra a distribuição
o dobramento ou flexão resulta da aplicação de um das tensões no corpo do implante.
momento de flexão. Quando uma força de tração
é aplicada, as moléculas que compõem o corpo Deformação
resistem a serem separadas. Quando uma força Cada tipo de tensão é capaz de produzir uma
de compressão é aplicada, elas resistem a serem deformação correspondente em um corpo (Fig.
forçadas a ficar mais próximas. Como resultado 4.1). A deformação resultante de uma força de
de uma aplicação de força de cisalhamento, uma tração é um alongamento no eixo de aplicação da
parte do corpo deve resistir a deslizar em outra. força, enquanto uma força compressiva provoca
Essas resistências de um material à deformação re- compressão ou encurtamento do corpo no eixo de
presentam as características básicas da elasticidade aplicação de força. A deformação, e, é descrita como
dos corpos sólidos. a mudança no comprimento (LiL= L-L0 ) dividida
Um exemplo da complexidade, das direções pelo comprimento original (LJ do corpo quando
variadas e da magnitude das tensões na cavidade submetido a uma carga. As unidades de medida
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 39

(comprimento/ comprimento) se anulam no cálculo permanente ao removê-lo das retenções em tecido


da deformação. duro.
Deformação (e)= Deformação/Comprimento
Original= (L-Lo)/Lo= L1L/Lo Curvas Tensão-Deformação
Se uma carga é aplicada a um fio com compri- Se uma barra de material é submetida a uma for-
mento original de 2mm, resultando em um novo ça aplicada, F, a magnitude da força e o alongamento
comprimento de 2,02mm, ela o teria deformado em resultante (8) podem ser medidos. Em outra barra,
0,02 milímetros e a deformação seria de 0,02/2 = 0,01 do mesmo material, mas com diferentes dimen-
ou l 'Yo. A deformação é muitas vezes reportada em sões, uma mesma força aplicada produz diferentes
porcentagem. Embora as unidades de comprimento características de força-alongamento (Fig. 4.3, A).
se cancelem no cálculo de deformação, é melhor se No entanto, se a força aplicada é normalizada pela
referir à deformação final resultante na escala de área da seção transversal A da barra (tensão) e o
medidas (m/m; mm/mm; µm/µm).Aquantidade alongamento é normalizado pelo comprimento
de deformação varia com o tipo de material e com original da barra (deformação), a curva de tensão-
a magnitude da carga aplicada. Observe que, in- deformação resultante se torna independente da
dependentemente da composição ou da natureza geometria da barra (Fig. 4.3, B). Desta maneira, é
do material ou da magnitude e do tipo de carga preferível se referir a relação tensão-deformação de
aplicada, a deformação do material irá ocorrer como um objeto em vez de se referir às características de
o resultado de cada tensão aplicada. A deformação força-alongamento. A relação tensão-deformação
é uma consideração importante a ser feita para os de um material dentário pode ser estudada pela me-
materiais dentários restauradores, como os fios de dição da carga e do alongamento, e calculando em
ortodontia ou parafusos de implante, em que uma seguida a tensão e a deformação correspondentes.
grande quantidade de deformação pode ocorrer Durante o ensaio de um material, as cargas
antes da falha. Fios podem ser dobrados e ajustados devem ser aplicadas a uma taxa uniforme e o
sem que ocorra fratura. A deformação também é alongamento deve ocorrer a uma taxa uniforme.
importante nos materiais de moldagem, em que Uma máquina típica de ensaios universais pode
o material precisa se recuperar sem deformação analisar os materiais em tração, compressão ou

F
F

B Inclinação= E = FIAI &'L


A

FIGURA 4.3 Características de força e alongamento. A, Características de força e alongamento para um mesmo
material, mas com diierentes dimensões. B, Características de tensão-deformação do mesmo grupo de barras. A curva
tensão-deformação é independente da geometria da barra.
40 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Célula de carga 100


1 1 B C
90 D
80 I
I

~70 A /
~60 I
/
';'50 /
·~ 40 ,'
=xtensômetro - <::: I
~30 /

' -
Amostra 20
10
I
/
/

0 +-~~'~~~~~~~~~~~~~~
o 2 4 6 8 10 12 14
A Deformação (mm/mm)

SF --------- ~
--~-~
--~
--~-~
--~
--~-~~l\lrm
Parte móvel

e '...> o
FIGURA 4.4 Máquina de ensaios Universal.
"""'"'
~

cisalhamento. No esquema ilustrado na Figura 4.4,


uma haste é fixada entre duas garras e uma força Deformação Deformação
de tração é aplicada. A carga é medida por uma B elástica ylástica
Deformaçao (mm/mm)
célula de carga e o alongamento é medido por um
extensõmetro preso em um comprimento especifico FIGURA 4.5 Curvas tensão-deformação. A, Curva
da amostra. É produzido um gráfico carga versus tensão-deformação para um material submetido a uma
alongamento, que pode ser convertido em um gráfi- tensão de tração. As amostras mostram a quantidade de
co tensão versus deformação (Fig. 4.5) pelos cálculos alongamento em cada ponto (A-D). B, a deformação elás-
simples descritos anteriormente. Por convenção, a tica é exibida até o limite de proporcionalidade (LP) e a
deformação é plotada no eixo x como uma variável deformação plástica é exibida a partir de LP até o ponto
independente, uma vez que a maioria dos ensaios é de falha (PF).
operada com controle da deformação, ou seja, com
a aplicação de urna deformação constante à amos- de dimensões pequenas, a área da secção trans-
tra, e a força resultante é medida como a variável versal original é utilizada para calcular a tensão
dependente, ou eixo y. porque geralmente é muito difícil medir tal área,
No cálculo da tensão, supõe-se que a área trans- uma vez que essa muda ao longo o experimento. A
versal da amostra permanece constante durante tensão de engenharia será utilizada na apresentação
o ensaio. Partindo dessa premissa, a curva de das curvas de tensão-deformação obtidas sob tração
tensão-deformação é chamada de curva de tensão- neste capítulo.
deJarmação de engenharia, e as tensões são calculadas
usando a área transversal original. Quando gran- Limite de Proporcionalidade
des cargas são aplicadas ou o objeto é testado em e Limite Elástico
tração, a área da secção transversal pode mudar Uma curva tensão-deformação para um material
significativamente durante o ensaio. Neste caso, hipotético submetido a uma tensão de tração cres-
a tensão verdadeira, calculada com a área trans- cente até a fratura é mostrada na Figura 4.5. Com o
versal real no denominador, é muito diferente da aumento da tensão, a deformação aumenta. Na par-
tensão de engenharia, calculada com a área da seção te inicial da curva, de Oa A, a tensão é linearmente
transversal original. Se a área da secção transver- proporcional à deformação. Com o dobro de tensão,
sal diminui durante o ensaio, a tensão verdadeira a deformação também é dobrada. Após o ponto
será maior do que a tensão de engenharia porque A, a tensão não é mais linearmente proporcional
o denominador é menor. Na maioria dos ensaios à deformação. Neste ponto, o valor da tensão em
mecânicos, especialmente naqueles com amostras A é conhecido como limite de proporcionalidade (SLP
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 41

ou crLP) e é definido como a maior tensão na qual


a curva tensão-deformação é uma linha reta, isto
é, quando a tensão é linearmente proporcional à
deformação. Abaixo do limite de proporcionali-
dade, nenhuma deformação permanente ocorre
em uma estrutura. Quando a força é removida, o
objeto volta às suas dimensões originais. Abaixo do A
limite de proporcionalidade, o material é elástico
por natureza. Tensão de
A região da curva tensão-deformação antes do cisalhamento
limite de proporcionalidade é chamada de regi.ão
elástica. Quando um objeto experimenta uma tensão
maior do que o limite de proporcionalidade, ocorre
uma deformação permanente ou irreversível. A
região da curva tensão-deformação além do limite Deformação
i-+--..i elástica por
de proporcionalidade é chamada de região plástica. B cisa1namento
Esta caracterização refere-se a materiais linearmente
elásticos, como muitos metais, em que a relação FIGURA 4.6 Representação de um modelo atômico
entre tensão e deformação é linear até o limite de mostrando átomos em A, posição original, e B, após defor-
proporcionalidade e não linear após. No entanto, mação elástica. (Modificado de At1usavice Kf:. Phillips Science
of Dental Materials, ed 11, Sautrders, St. Louis, p. 79, 2003)
há exceções a esta regra geral. Os materiais des-
critos como su.pere/ásticos exibem um comportamento
elástico não linear, isto é, a relação tensão-deformação
na região elástica não segue uma linha reta, mas
-':-...;.~
Tensão de
com a remoção da carga o resultado é o retorno à Força de cisalnamento
deformação zero. :lsalhamento d Força de
O limite elástico (SLE ou crLe) é definido como a
tensão máxima a que um material irá resistir sem A
T cisalhamento

deformação permanente. Para materiais linearmente


elásticos, o limite de proporcionalidade e o limite
elástico se referem à mesma tensão dentro da es-
trutura e esses termos podem ser muitas vezes
usados de forma intercambiável. A exceção ocorre
quando materiais superelásticos são considerados. É
Deformaç~o
importante lembrar, no entanto, que os dois termos elástica por
B clsalhamento.
diferem no seu conceito fundamental: um trata da
proporcionalidade entre deformação e tensão na es-
FIGURA 4.7 Representação de um modelo atômico mos-
trutura, enquanto o outro descreve o comportamento
trando átomos em A, posição original, e B, após a deforma-
elástico do material. Para um mesmo material, os va- ção plástica. (Modificado de An11savice K}:. Phillips Science af
lores para os limites de proporcionalidade e elástico Dental Mn.teria/s, ed 11, Saunders, St. Louis, p. 79, 2003)
obtidos sob tração ou compressão serão diferentes.
Os conceitos de comportamento elástico e plás-
tico podem ser ilustrados pelo modelo esquemático mação irreversível, permanente. Quando a tensão
simples de deformação de átomos em um sólido sob é menor do que o limite de proporcionalidade ou
tensão (Figs. 4.6 e 4.7). Os átomos são mostrados na elástico, a tensão é reversível, enquanto, quando a
Figura 4.6, A, sem tensão, e na Figura 4.6, B, com tensão é maior do que o limite de proporcionalidade
uma tensão resultante abaixo do valor do limite ou elástico, há uma deformação irreversível ou per-
de proporcionalidade. Quando a tensão mostrada manente no objeto.
em B é removida, os átomos retomam às posições
indicadas em A, indicando que a deformação foi Resistênda à Deformaçã.o Plástica
reversível. Quando a tensão é maior do que o limite Muitas vezes, é difícil medir explicitamente os
de proporcionalidade, os átomos se movem para limites de proporcionalidade e elástico porque é
uma posição como mostrado na Figura 4.7, B, e na complicado determinar o ponto exato do desvio
remoção da tensão, os átomos permanecem nessa de linearidade da curva tensão-deformação. A
nova posição, indicando que ocorreu uma defor- resistência à deformação plástica (também traduzida
42 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

como limite de escoamento, do original yield brar também que uma maloclusão altera as tensões
strength, YS ou ay) de um material é uma proprie- desenvolvidas em uma restauração; uma restaura-
dade que pode ser determinada imediatamente e ção deformada pode, portanto, estar submetida a
é usada com frequência para descrever a tensão tensões superiores àquelas originalmente planeja-
na qual o material começa a funcionar de maneira das porque a oclusão que seria distribuída por um
plástica. Neste ponto, uma pequena quantidade maior número de contatos oclusais pode agora se
de deformação permanente ocorre no material. A concentrar em um número menor de contatos. Sob
resistência à deformação plástica é definida como a essas condições, não ocorre fratura se o material for
tensão na qual o material se deforma plasticamente capaz de se deformar plasticamente. O resultado
e está presente uma quantidade definida de defor- é a deformação permanente, o que representa um
mação permanente. A quantidade de deformação exemplo destrutivo de deformação. A deformação
permanente é arbitrariamente selecionada para permanente e as tensões além do limite elástico são
o material a ser examinado e pode ser indicada desejáveis durante a dobra de um fio ortodôntico
como 0,1 'Yo, 0,2o/o ou 0,5% (0,001, 0,002, 0,005). A ou o ajuste de um grampo de uma prótese parcial
quantidade de deformação permanente é conhecida removível. Nestes exemplos, a tensão deve exceder
como percentual de dejormaçiio. Muitas especificações a resistência à deformação plástica para dobrar o
utilizam 0,2°/o como convenção, mas isso depende fio ou para adaptar o grampo permanentemente.
do comportamento plástico do material ensaiado. A deformação elástica ocorre quando o fio ou o
Para materiais rígidos, com pequeno alongamento, grampo entra e sai de uma região retentiva na área
o cálculo da resistência à deformação plástica irá cervical de um elemento dental. A retenção é obtida
considerar valores de deformação maiores do que pela deformação elástica em pequena escala. Essa
os materiais que sofrem maior alongamento ou deformação elástica ou reversível descreve a função
deformação. dos elásticos, grampos, o-rings e parafusos de im-
A resistência à deformação plástica é determi- plantes.
nada selecionando a deformação desejada no eixo
x e traçando uma linha paralela à região linear da Resistênda Máxima
curva de tensão-deformação. O ponto em que a Na Figura 4.5, o corpo de prova apresenta tensão
linha paralela cruza a curva de tensão-deformação máxima no ponto C. A tensão ou resistência ·máxima
é a resistência à deformação plástica. Na curva à tração (RMT) é definida como a tensão máxima
tensão-deformação mostrada na Figura 4.5, por que um material pode suportar antes da falha sob
exemplo, a resistência à deformação plástica é re- tração, enquanto a tensão ou resistência máxima à com-
presentada por B. Este valor representa uma tensão pressiio (RMC) é a tensão máxima que um material
de cerca de 360MPa com 0,25% de deformação. A pode suportar em compressão. A tensão máxima
resistência à deformação plástica é ligeiramente de engenharia é determinada dividindo a carga
maior do que o limite de proporcionalidade, uma máxima em tração (ou compressão) pela área ori-
vez que inclui uma quantidade específica de defor- ginal da secção transversal do corpo de prova. A
mação permanente. Observe que, quando uma es- resistência máxima à tração do material na Figura
trutura é permanentemente deformada, mesmo em 4.5 é de cerca de 380 MPa.
pequeno grau (como a quantidade de deformação A resistência máxima de uma liga utilizada em
no limite de escoamento), ela não retorna comple- odontologia determina a carga máxima e a área
tamente para as suas dimensões originais quando a transversal mínima ao se projetar uma restauração.
tensão é removida. Por esta razão, o limite elástico e Observe que uma liga que tenha sido tensionada
a resistência à deformação plástica de um material até próximo de sua resistência máxima terá sido
estão entre as suas propriedades mais importantes permanentemente deformada, de forma que uma
porque definem a transição do comportamento restauração que recebe esta quantidade de tensão
elástico para o plástico. durante função se torna inútil. Uma margem de
Qualquer restauração dentária permanente- segurança deve ser considerada durante o projeto
mente deformada por forças mastigatórias em de uma restauração e a escolha do material deve
geral indica um "fracasso funcional" em algum garantir que a resistência máxima não será exigi-
grau. Por exemplo, uma prótese parcial fixa per- da em função normal. A resistência à deformação
manentemente deformada por forças oclusais ex- plástica é muitas vezes mais importante do que a
cessivas exibirá contatos oclusais alterados. Uma resistência máxima para o planejamento de uma
restauração é permanentemente deformada por restauração e para a seleção dos materiais, pois é
causa da ação de uma tensão igual ou superior à sua urna estimativa de quando o material começa a se
resistência à deformação plástica. É importante lem- deformar permanentemente.
4. FUNDAMENTOS DA CJ~CIA DOS MATERIAIS 43

Rl!sistência à Ft'a tut'a Um material que apresenta um alongamento total


Na Figura 4.5, o corpo de prova fraturou no pon- de 20°/o no momento da fratura aumentou 1/5 do
to D. A tensão sob a qual um material frágil fratura seu comprimento original. Esse material, como em
é chamada de resist~ncia à fratura ou tensão de fra.tura muitas ligas de ouro odontológicas, apresenta um
(RF ou aí"). Observe que um material não necessa- alto valor de alongamento plástico ou permanente
riamente fratura no ponto em que a tensão máxima e, em geral, é um tipo de liga dúctil, enquanto um
ocorre. Depois que uma força de tração máxima é material com apenas 1% de alongamento possui
aplicada a alguns materiais, a amostra começa a se pouco alongamento permanente e pode ser consi-
alongar excessivamente, resultando em um "empes- derado frágil.
coçamento" ou em uma redução da área transversal Uma liga que tem um alto valor de alongamento
(Fig. 4.5). A tensão calculada com a força e a área da total pode ser dobrada de forma permanente, sem
secção transversal original pode cair antes da fratura risco de fratura. Grampos podem ser ajustados,
final ocorrer por causa dessa redução na área trans- fios ortodônticos podem ser adaptados e as coroas
versal. Assim, a tensão no fim da curva é menor ou incrustações podem ser polidas, se ligas com
do que em algum ponto intermediário da curva. altos valores de alongamento são utilizadas. O alon-
Portanto, em materiais que apresentam empescoça- gamento e a resistência à deformação plástica são
mento, a resistência máxima e a resistência à fratura geralmente correlacionados em muitos materiais,
são diferentes. No entanto, para o caso específico incluindo ligas de ouro, em que, geralmente, quanto
de muitas ligas e cerâmicas dentárias submetidas à maior a resistência à deformação p lástica, menor o
tração, a resistência máxima e a resistência à fratura alongamento.
são semelhantes, como é mostrado mais adiante
neste capítulo. Observe que a redução da tensão Módulo de Elasticidade
observada após a tensão máxima em materiais que A medida de elasticidade de um material é des-
apresentam empescoçamento é um artefato, pois crita pelo módulo elástico, também conhecido como
se utiliza a área da secção transversal original no módulo de clasticidade ou nuídulo de Young, representa-
cálculo da tensão. Se a área da secção transversal da pela variável E. A palavra n16dulo significa razão.
verdadeira fosse utilizada, a tensão aumentaria. O módulo de elasticidade representa a rigidez de
um material na região elástica. O módulo de elas-
Alongamento ticidade pode ser determinado a partir da curva
A deformação que resulta da aplicação de uma tensão-deformação (Fig. 4.5), pelo cálculo da razão
força de tração é o a/ongar11e11to. O alongamento é entre a tensão e a deformação ou da inclinação da
extremamente importante porque dá uma indicação região linear da curva. O módulo é calculado a partir
da possível manipulação de uma liga. Como pode da seguinte equação:
ser observado na Figura 4.5, o alongamento de um Módulo de elasticidade =Tensão /Deformação
material durante um ensaio de tração pode ser di-
vidido convenientemente em duas partes: (1) o au- ou
mento do comprimento da peça abaixo do limite de E= <J/E
proporcionalidade (de Oa A), que não é permanente
e é proporcional à tensão; e (2) o alongamento além Esta equação também é conhecida como lei
do limite de proporcionalidade e até o ponto de de Hooke. Uma vez que a deformação não tem
fratura (de A a D), que é permanente. A deformação unidade, o módulo tem a mesma unidade da ten-
permanente pode ser medida por um extensômetro são e normalmente é reportado em MPa ou GPa
enquanto o material está sendo ensaiado e pode (lGPa=l.OOOMPa).
ser calculado a partir da curva tensão-deformação. As características elásticas de um material re-
O alongamento tota l é comumente expressado em presentam uma p ropriedade fundamental do ma-
percentuais. O alongamento percentual é calculado terial. As forças interatômicas ou intermoleculares
da seguinte maneira: do material são responsáveis pela propriedade de
elasticidade (Fig. 4.6). Quanto maiores as forças
Alongamento º/o= (Aumento do
básicas de atração, maiores os valores do módulo
comprimento/Comprimento original) X lOOo/o de elasticidade e a rigidez do material. Como essa
O alongamento percentual total inclui tanto o propriedade está relacionada às forças de atração
alongamento elástico como o alongamento plásti- no interior do material, o módulo é geralmente o
co. O alongamento plástico é geralmente o maior mesmo quando o material é submetido a forças
entre os dois, exceto em materiais que são muito de tração ou compressão. Esta propriedade é
frágeis ou aqueles com uma rigidez muito baixa. geralmente independente de qualquer tratamento
44 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 4-1 Módulo de Elasticidade (GPa)


400 A z z' de Alguns Materiais Dentários
B
I yN
I Módulo de
X I Material elasticidade (GPa)
cu 300+---,c-I
a_ I
I
I
::!: I Esmalte 84
~
I
o
•gi 200
e: I
,!j Dentina
Liga de ouro (tipo IV)
17
90-95
{E I
I
I
I Amálgama 28-59
100 I
I Liga de cobalto-cromo para prótese 218-224
I
I parcial removível
I
0+-''-l--+--,,--.,._.--...--,-__,~,---.---,----r--,.--
Porcelana Feldspática 69-70
0 5 1o 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Deformação (x 1o-a) Compósito resinoso híbrido 17-21
Poli(metacrilato de metila) 2,4
FIGURA 4.8 Curvas de tensão-deformação de dois
materiais hipotéticos submetidos à tensão de tração. Elastômero à base de silicone para 0,002-0,003
prótese maxilofacial

térmico ou mecânico que um metal ou liga tenha


recebido, mas é bastante dependente da composição aplicada. A equação para o módulo de elasticidade
do material. para B é:
O módulo de elasticidade é determinado pela
inclinação da região elástica da curva tensão- E= 300MPa/0,020=15.000MPa=15 GPa
deformação, que é calculada escolhendo quaisquer O fato de o material A ter uma inclinação mais
duas coordenadas de tensão e deformação na região acentuada na região elástica do que o material B
elástica ou linear. Como exemplo, para a curva da significa que uma força maior é necessária para de-
Figura 4.5, a inclinação pode ser calculada, esco- formar em uma determinada quantidade o material
lhendo as duas seguintes coordenadas: A do que é necessário para o material B. Pelas cur-
cr1 =150 Mpa, e1 = 0,005 vas mostradas na Figura 4.8, pode-se observar que
uma tensão de 300 MPa é necessária para deformar
e elasticamente A na mesma intensidade em que B é
deformado por uma tensão de 150 MPa. Portanto,
A é mais mais rígido que B. Por outro lado, B é mais
A inclinação é, portanto: flexível que A. Materiais como elastômeros e outros
(<Y2-cri) / (e2-Bt)= (300-150)/ (0,010-0,005) polimeros apresentam baixos valores de módulo de
= 30.000 MPa=30 GPa elasticidade, enquanto muitos metais e cerâmicas
têm valores muito mais elevados, como mostra a
Curvas tensão-deformação para dois materiais Tabela 4.1.
hipotéticos, A e B, de composições diferentes, são
mostradas na Figura 4.8. A observação das curvas Coeficiente de Poisson
mostra que, para uma dada tensão, A é menos elas- Durante o carregamento axial em tração ou com-
ticamente deformado do que B, como resultado do pressão, há urna deformação simultânea nas dire-
fato de o módulo de elasticidade de A ser maior ções axial e transversal, ou lateral. Sob cargas de tra-
do que o de B. Essa diferença pode ser demonstrada ção, como o material alonga na direção da carga, há
numericamente por meio do cálculo dos módulos uma redução na seção transversal, conhecida como
de elasticidade para os dois materiais submetidos empescoçamento. Sob carregamento compressivo, há
à mesma tensão de 300 MPa. A uma tensão de um aumento na secção transversal. Dentro da região
300MPa, o material A é deformado em 0,01 (l'Yo) e elástica, a razão entre a deformação axial e a lateral
o módulo de elasticidade é o seguinte: é chamada de coeficiente de Poisson (v). Sob tração,
o coeficiente de Poisson indica que a redução na
E= 300 MPa/0,010 = 30.000 MPa = 30 GPa
secção transversal é proporcional ao alongamento
Por outro lado, o material B é deformado em 0,02 durante a deformação elástica. A redução na secção
(2'Yo) ou o dobro do material A para a mesma tensão transversal continua até que o material fratura. O
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 45

coeficiente de Poisson é um valor sem unidade,


porque é a relação de duas deformações.
A maioria dos materiais rígidos, como esmalte,
dentina, amálgama e compósitos odontológicos,
exibem um coeficiente de Poisson de cerca de 0,3.
Materiais frágeis, tais como ligas de ouro mais
l
o
·::ie
duras e o amálgama dental, apresentam pouca re- ~
dução permanente da secção transversal durante
um ensaio de tração. Materiais mais dúcteis, tais Deformação -__,~
como ligas de ouro amaciadas, ricas em conteúdo
A
de ouro, mostram um grau mais elevado de redu-
ção da área transversal e coeficientes de Poisson
mais altos.

l
Ductilidade e Maleabilidade
Duas propriedades significativas de metais e
ligas são a ductilidade e a maleabilidade. A ducti- o
•<li
lidade de um material representa sua capacidade <J)
e Tenacidade
de ser transformado e moldado em forma de fio ~
por meio de tração. Quando forças de tração são
aplicadas, um fio é formado por deformação per- Deformação--.,_
manente. A maleabilidade de um material representa
sua capacidade de ser laminado ou enrolado em fo-
B
lhas finas, sem que ocorra a fratura. Maleabilidade
FIGURA 4.9 Curvas tensão-deformação mostrando
vem do latim mal/eus, martelo.
A, a área indicando a resiliência e B, a área representando
Um alto grau de alongamento indica boa ma- a tenacidade de um material.
leabilidade e ductilidade, embora alguns metais
sejam uma exceção a essa regra. A redução da área
de uma amostra, juntamente ao alongamento no elástica de uma curva tensão-deformação, como
ponto de ruptura, é, no entanto, uma boa indicação ilustrado na Figura 4.9, A.
da ductilidade relativa de um metal ou liga. A resiliência tem uma importância especial na
A ductilidade é uma propriedade que tem sido avaliação dos fios ortodônticos. Um exemplo é a
relacionada à trabalhabilidade de um material na quantidade de trabalho que se espera de uma deter-
boca (p. ex., a brunidura das margens de uma res- minada mola para mover um dente. A quantidade de
tauração fundida). Apesar da ductilidade ser impor- tensão e deformação no limite de proporcionalidade
tante, a quantidade de força necessária para causar também é de interesse porque esses fatores determi-
deformação permanente durante um procedimento nam a magnitude da força que pode ser aplicada a
de brunidura também deve ser considerada. Um ín- um dente e o quanto este dente pode se mover antes
dice de brunidura tem sido usado para classificar a da mola deixar de ser funcional. Por exemplo, a Figu-
facilidade das ligas para sofrer brunidura e é igual à ra 4.10 ilustra uma curva de carga-deflexão de um fio
ductilidade (alongamento) dividida pela resistência ortodôntico de níquel-titânio (Ni-Ti). Observe que a
à deformação plástica. região da curva sob ação de carregamento (ativação)
O ouro e a prata, usados extensivamente em é diferente da região sem carregamento (desativação).
odontologia, são os metais mais maleáveis e dúcteis; Esta diferença é chamada de histerese. As unidades de
entretanto, outros metais não seguem o mesmo pa- resiliência são m.MN/m3 oumMPa/m.
drão para maleabilidade e ductilidade. Em geral, os
metais tendem a ser dúcteis, enquanto as cerâmicas Tenacidade
tendem a ser frágeis. A tenacúiade, que é a capacidade de um material
de resistir à fratura, é uma indicação da quantidade
Resiliência de energia necessária para provocar a fratura. A
Resiliência é a capacidade de um material para área sob as regiões elástica e plástica de uma curva
resistir à deformação permanente. Ela indica a tensão-deformação, como mostrado na Figura 4.9,
quantidade de energia necessária para deformar B, representa a resistência do material. As unidades
o material até o limite de proporcionalidade. Are- de resistência são as mesmas que as unidades de
siliência é, portanto, medida pela área sob a região resiliência - m.MN/ m 3 ou mMPa/ m. A tenacidade
46 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

FIGURA 4.10 Curvacarga-


deftexão para fio ortodôntico M
de Ni-TI. Observe que a parte
da curva sob carregamento
(ativação) é diferente da
parte sob descarregamento
(desativação), indicando ~ Martensitacarregamento B
histerese no material. Ni-Ti, T= 37°C
Níquel-Titânio. o ~ A
o
•CU ,g.~
~
Ul
e:
~
~
/--~~e
~ Descarregamento

emax = 8%

Deformação e (°lo)

representa a energia necessária para tensionar o Fratura


material até o ponto de fratura. Observe que um
material pode ser tenaz por ter uma combinação
de alta resistência à deformação permanente e re-
(......_) _ ___,),..._______,)
sistência máxima e deformação moderadamente Cilindro de vidro
alta na ruptura, ou por ter resistência à deformação
permanente e resistência máxima moderadamente
altas e uma grande deformação na ruptura. Mate- Deformação
riais frágeis tendem a ter baixa tenacidade porque plástica
sofrem pouca deformação plástica antes da falha; Entalhe
assim, as áreas sob as regiões elástica e plástica da ' . ..:'.•".:
curva não são significativamente diferentes da área
apenas sob a região elástica. Cilindro de cobre
Sulcos atuam
como pequenos
Tenacidade à Fratura
entalhes
Recentemente, os conceitos de mecânica das
fraturas vêm sendo aplicados a uma série de pro-
blemas em materiais dentários. A mecânica das
fraturas caracteriza o comportamento de materiais Lima de aço endurecido
com trincas ou defeitos. Trincas ou defeitos podem
surgir naturalmente em um material ou nuclear FIGURA 4.11 Esquema de diferentes tipos de deforma-
depois de um tempo de atividade. Em ambos os ção em materiais frágeis (vidro, lima de aço) e dúcteis (co-
casos, qualquer defeito geralmente enfraquece o bre) do mesmo diâmetro e com um entalhe com a mesma
material e, como resultado, fraturas súbitas podem dimensão. (De Flirm RA, Trojan PK: Materiais Egineering and
Their Applications Houghüm Miffiin, Bostan, p. 535, 1981)
acontecer em tensões abaixo da tensão de ruptura.
Fraturas súbitas, catastróficas, ocorrem tipicamente
em materiais frágeis que não têm a capacidade de se cadas. Ambos são difíceis de quebrar sem a linha do
deformar plasticamente e redistribuir as tensões. O risco ou sem um defeito. Se o mesmo experimento é
campo da mecânica das fraturas analisa o compor- realizado em um material dúctil, o pequeno entalhe
tamento dos materiais nestes tipos de falhas. na superfície não tem efeito sobre a força necessária
Dois exemplos simples ilustram a importância para quebrar a placa, e a placa dúctil pode ser do-
dos defeitos na fratura dos materiais. Placas de vidro brada sem que ocorra fratura (Fig. 4.11). Para um
ou telhas de cerâmica são frequentemente riscados material frágil como o vidro, não há a correlação en-
com um instrumento de diamante ou de um metal tre a deformação plástica local e a fratura, enquanto,
duro. O propósito do risco é a criação de um defeito para um material dúctil, a deformação plástica, tal
que se propaga quando tensões adicionais são apli- como a capacidade de ser dobrado, ocorre sem fra-
1
4. FUNDAMENTOS DA CJ~CIA OOS MATERIAIS 47

TABELA 4-2 Tenacidade à Fratura (K1c ) de Alguns o Rlgldo Rlgldo


Materiais Dentários Dúctil Frágil
o Rfgido
«1J Rlgido
Material K 1c (MN m -312) "'e: OllClll Frágil
~ 1 2 3 4
Esmal te 0,7-1,3
Resistente Resistente Fraco Fraco
Dentina 3,1 Tenaz
Deformação - e
Amálgama 1,3-J,6
w
Cerâmica 1,2-3,0 Ftexivel Flexivel
o 1 1 Frágil
Compósito resinoso 1,4-2,3 ·~e: Flexlvel
Dúctil
Ftexlvel
Frágil
Q)
Porcelana 0,9-1,0 1- 5 6 7 8
Resistente Resistente Ollelil Fraco
Resiliente Resiliente Fraco
tura. A capacidade de ser p lasticamente deformado Deformação - e
sem fratura ou a quantidade de energia necessária
FIGURA 4.12 Curvas tensão-deformação para mate-
para a fratura é a tenacidade à fratura.
riais com várias combinações de propriedades.
Em geral, quanto maior o d efeíto p resente, me-
nor a tensão necessária para provocar fratura. Isso
ocorre porque as tensões, que normalmente seriam materiais com várias combinações de propriedades
s uportadas pelo material, estão agora concentradas físicas. Por exemplo, os materiais de 1 a 4 têm alta
na ponta do defeito. A capacidade de uma falha rigidez, os m ateriais 1, 2, 5 e 6 têm alta resistência
causar fratura depende da tenacidade à fratura do e os materiais 1, 3, 5 e 7 têm alta ductilidade. Se o
material. A tenacidade à fratura é urna propriedade único requisito para uma determinada aplicação é a
inen:nte ao material e é proporcional à energia con- rigidez, os materiais de 1 a 4 são todos satisfatórios.
swruda durante a deformação plástica. No entanto, se os requisitos são rigidez e resistência,
A tenacidade à fratura (K1J vem sendo medida apenas os materiais 1 e 2 são aceitáveis. Se entre
para uma série de materiaís restauradores rele- requisitos também se inclui a ductilidade, a esco-
vantes, incluindo amálgama, acrllico para bases lha estaria limitada ao material 1. Está claro q ue as
de prótese, compósitos, cerâmicas, bráquetes orto- propriedades de rigidez, resistência e ductilidadde
dõnticos, cimentos e esmalte e dentina humanos. são independentes, e os materiais podem apresentar
Va lores típicos para compósitos, cerâmicas, esmalte várias combinações dessas três propriedades.
e dentina estão listados na Tabela 4.2.
Propriedades de Tração de Materiais Frágeis
A presença de cargas nos polímeros aumenta s ubs-
tancialmente a tenacidade à fratura. Presume-se que Muitos materiais restauradores, incluindo amál-
os mecanismos de tenacificação sejam interações entre gamas dentaís, cimentos, cerâmicas e gesso pedra,
a carga e a matriz, mas estes ainda não foram bem são muíto mais fracos em tração do que em com-
estabelecidos. Da mesma forma, a adição de até 50"/o pressão. Ensaios tradicionalmente indicados para
em peso de zircônia à cerâmica aumenta a tenacidade materiais dúcteis podem ser a d aptados para mate-
à fratura. Bem como outras propriedades mecânicas, o riais frágeis, como aqueles listados anteriormente,
envelhecimento ou armazenamento e.m um ambiente mas os materiais frágeis devem ser tes tados com
oral simulado ou em temperaturas elevadas pode cautela, pois qualquer concentração de tensões nos
diminuir a tenacidade à fratura, mas não há um con- disposítivos ou em qualquer outro lugar na amostra
senso sobre esse assunto na literatura. Tentativas de pode levar a uma ruptura prematura. Como resulta-
correlacionar a tenacidade à fratura com a resistência do, há uma grande variabilidade nos resultados d e
ao desgaste apresentaram resultados diferentes. A tração dos materiais frágeis. Embora dispositivos es-
tenacidade à fratura não é um indicador confiável peciais sejam utilizados para aplicar a carga de tração
para o desgaste dos materiais restauradores. axial com um mfnimo de concentração de tensão, a
obtenção de resultados uniformes é ainda difícil, e tal
Propriedades e Curvas Tensão-Deformação ensaio é relativamente lento e demorado.
O forma to de uma curva tensão-deformação
e a magnitude da tensão e da deformação per- Viscoelasticidade
ntite a classificação dos materiais em relação às As propriedades mecânicas de muitos materiaís
suas propriedades geraís. Curvas idealizadas de dentários, como a lginato, materiais de moldagem
tensão-deformação na Figura 4.12 representam elastoméricos, ceras, amálgamas, polímeros, osso,
48 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

dentina, mucosa oral e os ligamentos periodontais,


dependem da velocidade da aplicação das cargas.
Para esses materiais, o aumento da taxa de carre-
gamento (ou de deformação) produz uma curva
tensão-deformação diferente, com taxas mais altas, .
resultando em valores mais altos de módulo de
~

elasticidade, limite de proporcionalidade e resis- u.


~

tência máxima. Materiais que têm propriedades Ol


e:- f
mecânicas independentes da taxa de carregamen- & Inclinação (k) X
to são denominados elásticos. Nesses materiais, a
t
deformação ocorre quando a carga é aplicada. Ou- F
tros materiais apresentam uma demora na resposta
quando uma carga é aplicada. Este intervalo de Deslocamento (x) F
tempo é chamado de resposta viscosa. Materiais que
possuem propriedades mecânicas dependentes da FIGURA 4.13 Relação entre força e deslocamento de
taxa de carregamento e apresentam tanto o com- uma mola, que pode ser usada para modelar a resposta
portamento elástico como o viscoso são chamados elástica de um sólido. (De Park JB:. Bwmnt.erials Scknce and
de viscoe/ásticos. Esses materiais têm características Engineering Plenum Press, New York, p. 26, 1984.)
tanto de um sólido elástico como de um fluido vis-
coso. As propriedades de um sólido elástico foram constante de proporcionalidade é a v iscosidade.
previamente discutidas. Antes da apresentação dos A tensão é, portanto, dependente do tempo, pois é
materiais viscoelásticos e de suas propriedades, o uma função da taxa de deformação ou da taxa de
comportamento fluido e a viscosidade são revisados carregamento. Para melhor compreender o conceito
a seguir. de dependência da taxa de deformação, considere
dois casos limite - deformação rápida e lenta. Um
Comportamento e Viscosidade de Fluidos
material puxado extremamente rápido (dt-.+O) re-
Além dos muitos materiais dentários sólidos sulta em uma tensão infinitamente alta, enquanto
que exibem algumas caracterlsticas de um fluido, um material puxado infinitamente lento resulta
muitos materiais dentários, como cimentos e mate- em uma tensão zero. Este conceito será importante
riais de moldagem, estão no estado Liquido quan- para a compreensão de relaxação de tensões e em
do formados. Desta maneira, fenômenos Liquidos fenômenos de gelei.ficação tardia, explorados mais
(viscosos) são importantes. A viscosidade (11) é a adiante neste capítulo. O comportamento de sólidos
resistência de um fluido a escoar e é igual à tensão elásticos e fluidos viscosos pode ser entendido a
de cisalhamento dividida pela taxa de deformação partir do estudo de modelos mecânicos simples. Um
de cisalhamento ou: sólido elástico pode ser entendido como uma mola
'1 = r/[de/ dt] (Fig. 4.13). Quando a mola é esticada por uma força,
F, ela é deslocada uma distância, x. A força aplicada
Quando um cimento ou um material de molda- e o deslocamento resultante são proporcionais, e a
gem toma presa, a viscosidade aumenta, tomando-o constante de proporcionalidade é a constante da
mais parecido com um sólido. A unidade de vis- mola, k. Portanto, de acordo com a Lei de Hooke:
cosidade é poise, p (lp=O,lPa s=O,lN s/m2), mas
muitas vezes os dados são apresentados em centi- F=kx
poise, cp (lOOcp= lp). Note que esta relação é equivalente à equação
Reorganizando a equação de viscosidade, vemos apresentada na seção sobre tensão X deformação
que o comportamento fluido pode ser descrito em deste capítulo.
termos de tensão e deformação, assim como sólidos
cr=Ee
elásticos.
Observe também que o modelo para um ele-
r= 17/(de/dt] mento elástico não envolve tempo. A mola age ins-
No caso de um sólido elástico, a tensão (cr) é tantaneamente quando esticada. Em outras pala-
proporcional à deformação (e), com a constante de vras, um sólido elástico é independente da taxa de
proporcionalidade sendo o módulo de elasticidade carregamento.
(E). A equação anterior indica uma situação similar Um fluido viscoso pode ser entendido como
para um fluido viscoso, em que a tensão (cisalha- um amortecedor, ou um pistão que se move
mento) é proporcional à taxa de deformação e a através de um fluido viscoso (Fig. 4.14). Quando
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 49

de moldagem são newtonianos. A viscosidade de


um fluido pseudoplástico diminui com o aumento
da taxa de cisalhamento. Materiais de moldagem
Ciiindro elastoméricos monofásicos são pseudoplásticos.
com fluido Quando submetidos a baixas taxas de cisalhamento
·mo newtoniano
.__. durante a espatulação ou o posicionamento em uma
e Inclinação (t\) ___l_ "==ir=" moldeira a ser preparada para ser colocada na boca,
~ X

Taxa de deformação (dE/dt) ! t i


F
esses materiais têm alta viscosidade e permanecem
no local sem escorrer. No entanto, também podem
ser utilizados em uma seringa, uma vez que, com as
taxas de cisalhamento mais elevadas à medida que
FIGURA 4.14 Tensão versus taxa de deformação para passam através da ponta da seringa, a viscosidade
um amortecedor, que pode ser usado para modelar ares- pode diminuir cerca de dez vezes. Essa característica
posta de um fluido viscoso. (De Park fB:. Biomaterials Science é, por vezes, conhecida como tixotropia, embora esse
and Etrgirwer;ng Plenum Press, New York, p. 26, 1984.) termo na verdade descreva a variação da viscosida-
de de um material com tempo. O ketchup é também
pseudoplástico, o que o toma difícil de ser removido
um cilindro cheio de fluido é puxado, a taxa de de uma garrafa. Agitar o frasco ou bater ao lado da
deformação (dddt) é proporcional à tensão ('t) e a garrafa aumenta sua taxa de cisalhamento, diminui
constante de proporcionalidade é a viscosidade a sua viscosidade e melhora a sua capacidade de
do fluido (n). escoamento. A viscosidade de um fluido dilatante
Embora a viscosidade do fluido seja proporcio- aumenta com taxas de cisalhamento crescentes.
nal à taxa de cisalhamento, a proporcionalidade Exemplos de fluidos dilatantes em odontologia in-
é diferente para os diferentes fluidos. Os fluidos cluem as resinas fluidas para base de prótese.
podem ser classificados como newtonianos, pseu-
doplásticos ou dilatantes, dependendo de como Materiais Viscoelásticos
sua viscosidade varia com a taxa de cisalhamento, Para os materiais viscoelásticos, a taxa de defor-
como mostrado na Figura 4.15. A viscosidade de um mação pode alterar as suas propriedades de tensão-
fluido nev.1toniano é constante e independente da deformação. A resistência ao rasgamento do algi-
taxa de cisalhamento. Alguns cimentos e materiais nato, por exemplo, aumenta cerca de quatro vezes
quando a taxa de carregamento é aumentada de 2,5
para 25 cm/ min. As moldagens com alginato devem
ser retiradas da boca rapidamente para melhorar a
sua resistência ao rasgamento. Outro exemplo de
dependência da taxa de deformação é o módulo
de elasticidade do amálgama, que é de 21 GPa a
-eo
<1l
baixas taxas de carregamento e de 62 GPa a altas
taxas de carregamento. Um material viscoelástico,
E portanto, pode ter propriedades mecãnicas muito
<U
.s:::
<U diferentes dependendo da taxa de carregamento
.!!l aplicada e, para esses materiais, é especialmente
(.)
<1l importante especificar a taxa de carregamento uti-
"O
o lizada no ensaio junto aos resultados.
><U
(/)
e Materiais que têm propriedades dependentes da
<1l
1- taxa de deformação são mais bem caracterizados
relacionando a tensão ou a deformação em função
do tempo. Duas propriedades de importância para
materiais viscoelásticos são o relaxamento de tensões
e a deformação. O relaxamento de tensões é a redução
Taxa de cisalhamento da tensão em um material submetido a uma defor-
mação constante, enquanto o creep é o aumento da
FIGURA 4.15 Diagramas de cisalhamento de fluidos deformação de um material sob tensão constante.
newtoniano, pseudoplástico e dilatante. A viscosidade é Como um exemplo de relaxamento de tensões,
demonstrada pela inclinação da curva em uma dada taxa considere a importância das curvas de carregamento
de cisalhamento. e tempo a uma deformação constante na avaliação
50 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

500 0,24

400
,g 0, 16
'Oi 300 °"
(1!
~

E
Q
Plástico ~ 0,08
Liga de alta performance
100 ~--------~~~~~~~..-!:la
~ tex
2 4 8 12 16 20 24
Tempo (horas)
12345678 1 5 10 15 20
Horas Dias FIGURA 4.1 7 Curvas de creep para um amálgama
convencional (baixo cobre) e de alta performance (alto
FIGURA 4.16 Diminuição da carga aplicada em anéis cobre). (De O'Brien Wf: Dental Materiais: Properties and
de látex e de plástico em função do tempo sob extensão SelecN.on. Quintessence, Chicago, p. 25, 1989)
constante de 95mm. (De Craig RG (Ed.): Dental Materiais: A
Problem-ariented Approach Mosby-Year Book, St. Louis, 1978)

de elásticos ortodônticos. O efeito da diminuição


da carga (ou força) com o tempo, para amostras
de látex e plástico do mesmo tamanho e com um
comprimento constante de 95 mm é mostrado na
Figura 4.16. A força inicial foi muito maior para o -----1------------1
A
plástico, mas a diminuição da força com o tempo
foi muito menor para o látex. Portanto, anéis de ------------{B
plástico são úteis para a aplicação de forças mais
elevadas, embora a força diminua rapidamente com
o tempo, enquanto elásticos de látex aplicam menos
----1e
força, mas a força diminui lentamente com o tempo
na boca; os elásticos de látex são, portanto, úteis
para a aplicação de cargas continuas.
t
Aplicação Remoção da carga
A importância do creep pode ser observada pela da carga
Tempo
interpretação dos dados apresentados na Figura
4.17, que mostra curvas de creep para amálgamas
FIGURA 4.18 Curva de recuperação de creep, mostran-
de baixo e alto conteúdo de cobre. Para uma de- do deformação A., elástica, B, anelástica e C, viscosa.
terminada carga, em um determinado momento, o
amálgama de baixo teor de cobre tem uma maior
deformação. As implicações e a importância clínica As curvas de recuperação de creep são obtidas
são que um maior creep nos amálgamas com baixo durante a remoção de uma carga (Fig. 4.18). Em
teor de cobre os toma mais suscetíveis ao acúmulo tal curva, após a remoção da carga, há uma queda
de deformação, fratura e também defeitos margi- instantânea na deformação e um decréscimo lento
nais, o que pode levar à cárie secundária. O com- da mesma até um ponto em que se mantém cons-
portamento de creep elevado para os amálgamas tante, e pode ser diferente de zero. A queda ins-
com baixo teor de cobre contribuiu para o declínio tantânea da deformação representa a recuperação
da sua popularidade. da deformação elástica. A recuperação mais lenta
representa a deformação inelástica, e a manutenção
Relaxamento P""' Creep da deformação em um valor constante representa a
A curva de creep dá uma ideia quanto à resposta deformação viscosa. Uma série de curvas de creep
relativa elástica, viscosa e inelástica de um material pode ser determinada pela aplicação de diferentes
viscoelástico; tais curvas podem ser interpretadas cargas. Uma maneira mais útil de apresentar esses
considerando-se a estrutura molecular dos materiais dados é pelo cálculo do relaxamento por creep (creep
associados, que possuem estruturas que funcionam c:ompliance). O relaxamento por creep (J1) é definido
como elementos viscosos, elásticos e inelásticos. como a deformação dividida pela tensão em um
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 51

propriedades dos materiais sujeitos a carregamen-


~~ ------------------------- to dinâmico. O ensaio estático refere-se à aplicação
contínua de força em baixas taxas decarregamento,
enquanto o ensaio dinârnico envolve carregamento
cíclico ou carregamento a taxas elevadas (impacto).
Métodos dinâmicos, incluindo uma técnica de osci-
lações forçadas utilizada para determinar o módulo
dinâmico e um pêndulo de torção utilizado para
ensaios de impacto, têm sido usados para estudar
materiais viscoelásticos como os polímeros odon-
tológicos. Técnicas de ultrassom têm sido usadas
Tempo
para determinar as constantes elásticas de materiais
viscoelásticos, como amálgamas dentais e dentina.
FIGURA 4.19 Creep versus tempo para um material
Os ensaios de impacto têm sido indicados princi-
viscoelástico. (Modificado de Durnn RL, Powers /M, Craig
RG: /. Dent Res 58, 1801, 1979) palmente para materiais dentários frágeis.

Módulo Dindmico
determinado momento. Uma vez que uma curva O módulo dinârnico (E 0 ) é definido como a razão
de creep é obtida, uma curva de relaxamento por entre tensão e deformação para pequenas defor-
creep correspondente pode ser calculada. A curva mações cíclicas em uma dada frequência e em um
de relaxamento por creep mostrada na Figura 4.19 ponto determinado da curva tensão-deformação.
é caracterizada pela seguinte equação: Quando medido em um instrumento de oscilação
dinâmica, o módulo dinâmico é calculado por:
f1 = Jo + fR + (t/'Y})
ED= mqp2
em que Jo é o relaxamento elástico instantâneo,
JR é o relaxamento elástico tardio (inelástico) e em que m é a massa do elemento de carrega-
t/'Y] representa a resposta viscosa no tempo t para mento, q é a altura dividida por duas vezes a área
uma viscosidade TI· A deformação associada a Jo e da amostra cilíndrica e p é a frequência angular
JR é completamente recuperável após a remoção das vibrações.
da carga; no entanto, a deformação associada a JR Em geral, o módulo de elasticidade calculado a
não é recuperada imediatamente e requer algum partir de ensaios dinâmicos é maior do que quando
tempo finito. A deformação associada a t/'Y] não é calculado por ensaios estáticos. Para materiais elásti-
recuperada e representa a deformação permanente. cos ideais submetidos a uma deformação oscilatória,
Se uma única curva de relaxamento por creep for a onda senoidal da tensão resultante combina perfei-
calculada a partir de uma família de curvas de creep tamente a onda de deformação; é dito, portanto, que
determinadas por diferentes cargas, o material é a tensão e a deformação estão "em fase" (Fig. 4.20, A
dito linearmente viscoelástico. Neste caso, as qua- e B) ou que não há energia perdida para o ambiente,
lidades viscoelásticas podem ser descritas de forma porque toda a energia é usada para gerar deforma-
concisa por uma única curva. ção. Para os fluidos newtonianos (líquidos ideais), a
A curva de relaxamento por creep, portanto, per- resposta à deformação acontece com atraso, e a fase
mite estimar a quantidade relativa de comportamen- se atrasa equivalente ao maior ângulo possível (8 = 90
to elástico, inelástico e viscoso de um material. Jo graus) entre ondas de tensão e deformação, para
indica a flexibilidade e recuperação inicial após a de- qualquer dado ciclo (Fig. 4.20, A). Conforme discu-
formação, JR a quantidade de recuperação tardia que tido anteriormente, um módulo complexo (E*) pode
pode ser esperada e t/'Y] a magnitude de deformação ser calculado a partir das curvas tensão-deformação.
permanente esperada. Curvas de relaxamento por O módulo complexo, portanto, é a razão entre a am-
creep para materiais de moldagem elastoméricos são plitude de tensão e a amplitude de deformação e
mostradas no Capítulo 12, Figura 12-17. representa a rigidez do material.
A maioria dos materiais reais sujeitos a tensões
oscilatórias comporta-se em algum ponto entre
Propriedades Mecânicas Dinâmicas perfeitamente elásticos e perfeitamente plásticos e,
Embora as propriedades estáticas possam mui- nesses casos, resolvendo o módulo complexo (E*)
tas vezes estar relacionadas à função de um mate- em um componente elástico "em fase" (chamado de
rial sob condições dinâmicas, existem limitações rnndulo de armazena·mento ou E') e um componente
ao uso de propriedades estáticas para estimar as viscoso "fora de fase" (chamado rrtódulo de perda ou
52 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

- - Tensão o
- - Deformação e

...
rnt

A E*
E'

- - Tensão o
- - Deformaçao e e E"

rol

FIGURA 4.20 Oscilação sinusoidal e resposta de (A) um líquido ideal e (B) um material puramente elástico; 8 =ângulo
de fase. (C) correlação matemática do módulo complexo (E*), de armazenamento (E') e de perda (E").

E"), é possível ter uma ideia dos componentes elás- TABELA 4-3 Valores de Módulo Dinâmico e
ticos e viscosos, respectivamente (Fig. 4.20, B). Eles Resiliência Dinâmica em Função da Temperatura de
se relacionam de acordo com a relação matemática Alguns Elastômeros Odontológicos
mostrada na Figura 4.20, C, em que E'= E• sen 8 e
Módulo Resiliência
E" =E* cos 8. Um conceito útil que surge é o fator de
Temperatura Dinâmico Dinâmica
perda tg 8 (calculada como tg 8=E' /E"). Essa relação Material (º C) (MPa) (o/o)
nos permite determinar se um material apresentares-
posta predominantemente elástica ou viscosa quando MATERIAIS MAXILOFACIAIS
submetido a uma carga quando em serviço. Poliuretano - 15 5,98 15,0
Em conjunto com o módulo dinâmico, valores
de atrito interno e resiliência dinâmica podem ser 37 3,06 19,9
determinados. Por exemplo, alongamento cíclico ou Cloreto de - 15 12,2 6,0
compressão de um elastômero resultam em perda Polivinila (PVC)
irreversível de energia, que é exibida na forma de
37 2,51 19,6
calor. O atrito interno de um elastômero é compa-
rável à viscosidade de um líquido. O valor de atrito Elastômero à - 15 2,84 16,0
interno é necessário para o cálculo da resiliência base de silicone
dinâtn.ica, que é a razão entre a energia perdida e 37 2,36 23,2
a energia gasta.
PROTETOR BUCAL DE POUACETATO
O módulo dinâmico e a resiliência dinâmica de DE VINILA-POUETILENO
alguns elastômeros odontológicos estão listados
na Tabela 4.3. Essas propriedades são afetadas pela Novo 37 9,39 23,4
temperatura (de -15 a 37ºC) para alguns elastôme- Usado 37 7,23 20,2
ros maxilofaciais, como o policloreto de vinila e o
poliuretano plastificados, mas nem tanto em silico-
nes. Conforme mostrado na Tabela 4.3, o módulo concreto, a resiliência dinâmica de um polímero
dinâmico diminui e a resiliência dinâmica aumenta utilizado em um protetor bucal para esportes é uma
com o aumento da temperatura. Como um exemplo medida da capacidade do material de absorver a
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 53

energia de um impacto e, assim, proteger as es- Knoop, Vickers, Rockwell, Barco) e ensaios de du-
truturas orais. reza Shore A. Cada um desses ensaios se diferencia
um pouco em relação ao indentador utilizado e ao
cálculo da dureza. Cada um apresenta algumas
Propriedades Mecânicas de Superfície vantagens e desvantagens, descritas em detalhes
Até agora, introduzi.mos e discutimos as proprie- no Capítulo 5. Eles têm uma característica comum,
dades mecânicas que são principalmente dependen- no entanto, já que cada um depende da penetração
tes das características "de corpo" do material. Nesta de um pequeno indentador de formato simétrico na
seção, propriedades mecânicas que estão mais rela- superfície do material a ser ensaiado. A escolha do
cionadas ao estado da superfície do material serão ensaio de dureza depende do material de interesse,
apresentadas. Em particular, serão abordados os da faixa de dureza esperada e do grau desejado da
conceitos de dureza, atrito e desgaste. localização.

Dureza Atrit.o
A dureza pode ser definida de um modo geral O atrito é a resistência entre corpos em contato
como a resistência à penetração ou à indentação quando um se move em relação ao outro (Fig. 4.22).
superficial permanente. Elaborar uma definição A força de contenção que resiste ao movimento é a
mais rigorosa de dureza é difícil, pois qualquer mé- força de atrito (estática) e resulta da ligação entre
todo de ensaio envolve morfologias complexas de moléculas dos dois objetos cujas superfícies estão
superfície e tensões no material ensaiado, em nível em contato próximo. A força de atrito, F 01, é pro-
microscópico, englobando assim, uma variedade de porcional à força normal (N) entre as superfícies e
qualidades em um único ensaio de dureza. Apesar o coeficiente de atrito (estático) (fl5):
desta condição, o conceito mais comum de subs-
tâncias duras e moles é a sua resistência relativa à
Fat=11sN
penetração. A dureza é, portanto, uma medida da O coeficiente de atrito varia entre Oe 1 e é uma
resistência à deformação plástica e é medida como função do contato entre os dois materiais, suas
força por unidade de área da identação (Fig. 4.21). composições, acabamento de superfície e lubrifi-
Com base nessa definição de dureza, está claro o cação. Materiais semelhantes em contato têm um
porquê desta propriedade ser tão importante para maior coeficiente de atrito e, se um meio lubrificante
a odontologia. A dureza influencia a facilidade de está presente na interface, o coeficiente de atrito é
corte, o acabamento e o polimento de um objeto e reduzido.
sua resistência ao risco durante o uso. O acabamento
ou o polimento de uma estrutura é importante para
fins estéticos e, conforme discutido anteriormente,
riscos podem comprometer a resistência à fadiga e
levar a falhas prematuras.
Alguns dos métodos mais comuns de ensaio
de dureza dos materiais restauradores são Brinell,

p
i t
Indentador .-Q
o' Q Deformação
plastica

.,.,- A

FIGURA 4.21 Representação esquemática de um en-


saio de dureza. A, Área de deformação plástica; P, carga FIGURA 4.22 Área de contato microscópica entre dois
normal. (De Park fB: Biamaterials Science and Engineering. objetos. A força de atrito, que resiste ao movimento, é
Plen'Um Press, New Yark, p. 18, 1984). proporcional à força normal e ao coeficiente de atrito.
54 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

O movimento é possível quando a força aplicada


é maior do que a F01 • Uma vez que o movimento
ocorre, as ligações moleculares são feitas e desfei-
tas, e pedaços microscópicos se desprendem das
superfícies. Com o movimento, um deslizamento
ou atrito cinético é produzido, e a força de atrito
cinético se opõe ao movimento:
Fk-µ,kN
O comportamento de atrito, portanto, surge a
partir de superfícies que, por causa de microrru-
gosidades, têm uma pequena área de contato real
(Fig. 4.22). Essas pequenas áreas de superfície
resultam em altas tensões de contato, que cau-
sam deformação permanente local. A resistência
ao cisalhamento das ligações resulta na força de
atrito. Quando o atrito estático é superado e um
movimento relativo ocorre, é acompanhado da mo-
dificação da interface por meio do atrito cinético e
do desgaste. FIGURA 4.23 Distribuição de tensões em um modelo
Um exemplo da importãncia do atrito em odon- de elementos finitos de um molar com carga oclusal de
tologia reside no conceito de mecânica de desliza- lOON. (Magne P: Dettt Mater 23 (5), 539-548, 2007)
mento utilizado em ortodontia. Uma força de atrito
conhecida e controlada é necessária quando um fio
ortodôntico desliza por um bráquete. A combinação dos. O bruxismo é um exemplo de uma forma pa-
de diferentes materiais resulta em diferentes forças tológica de desgaste em que o apertar e ranger dos
de atrito. O atrito é também uma consideração im- dentes produz desgaste oclusal e incisa!. O desgaste
portante quando diferentes materiais restauradores abrasivo ocorre quando são usados dentífricos ex-
fazem contato e deslizam um contra o outro na ca- cessivamente abrasivos e escova com cerdas muito
vidade oral, como na protrusão ou nos movimentos duras durante a escovação dos dentes.
de excursão da mandíbula. O desgaste ocorre em função de uma série de
fatores relacionados aos materiais envolvidos e
Desgaste fatores ambientais, incluindo as características das
O desgaste é uma perda de material resultante superfícies desgastadas (ou seja, falta de homo-
da remoção e da realocação de materiais por meio geneidade, orientação cristalina, fases e inclusões
do contato de dois ou mais materiais. Quando dois presentes); o contato microscópico; a interação entre
materiais sólidos estão em contato, eles tocam ape- superfícies deslizantes (ou seja, tensões elevadas,
nas nas pontas das suas asperezas mais salientes temperatura e fluxo nos pontos de contato, levando
(Fig. 4.23). O desgaste é normalmente indesejável, a escoamento, fusão e endurecimento localizados); a
mas, sob condições controladas durante o acaba- lubrificação; e diferentes combinações de materiais.
mento e polimento, o desgaste controlado pode Em geral, o desgaste é uma função de materiais
ser muito útil. antagonistas e da interface entre eles. A presença de
Vários fatores tomam o desgaste dos bioma- uma película lubrificante, como a saliva, separa as
teriais único. Mais importante, o desgaste pode superfícies durante um movimento relativo e reduz
produzir partículas que podem provocar uma res- as forças de atrito e o desgaste.
posta inflamatória. O processo de desgaste também Em geral, existem quatro tipos de desgaste:
pode resultar em mudanças no formato do objeto (1) desgaste adesivo (2); desgaste corrosivo; (3) des-
que podem afetar a sua função. Por exemplo, o gaste por fadiga de superfície; e (4) desgaste abrasi-
desgaste dos dentes e dos materiais restauradores vo. O desgaste adesivo é caracterizado pela forma-
é caracterizado pela perda da forma anatômica ori- ção e rompimento de microjunções. Microáreas são
ginal do material. O desgaste pode ser resultado de puxadas de um objeto e transferidas para o outro. O
condições mecânicas, fisiológicas ou patológicas. A desgaste abrasivo envolve um material mais duro
mastigação normal pode provocar desgaste da es- cortando ou sulcando um material mole. Pode haver
trutura dentária ou dos materiais, em particular em dois tipos de desgaste abrasivo: desgaste abrasivo
populações que consomem alimentos não processa- de dois ou de três corpos. Este tipo de desgaste pode
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 55

ser minimizado se as superfícies são lisas e duras e de superfície e à energia de superfície. Não apenas a
se partículas de um terceiro material são mantidas energia de superfície é importante, mas a interface
fora de contato com as superfícies. O desgaste cor- entre as duas fases também contribui com impor-
rosivo é secundário em relação à remoção física de tantes propriedades e características ao sistema.
uma camada protetora e, portanto, está relacionado Exceto pela dispersão de um gás em um gás, que
à atividade química das superfícies de desgaste. A é uma solução verdadeira, cada um dos três estados
ação de deslizamento entre superfícies acelera a da matéria - gás, liquido e sólido - pode ser disperso
corrosão. No desgaste de fadiga de superfície, as- como partículas coloidais em outro e também em si
perezas ou partículas livres com pequenas áreas de mesmo. A fase dispersa, que pode estar na forma de
contato contribuem para altas tensões localizadas e gás, liquida ou sólida, também pode existir em uma
produzem fissuras superficiais ou subsuperficiais. variedade de condições. Alguns exemplos dessas
As partículas se rompem sob carregamento cíclico fases dispersas são (1) sílica coloidal como carga em
e deslizamento. compósitos resinosos, (2) sílica coloidal em água para
Em geral, os metais são suscetíveis ao desgaste ser misturada com gesso pedra de alta resistência
adesivo, corrosivo e de três corpos, enquanto os para melhorar a resistência à abrasão, (3) gotas de
polfmeros são mais suscetíveis ao desgaste abrasivo óleo em água para a esterilização a vapor evitando a
e de fadiga. ferrugem do instrumental odontológico, (4) cargas em
materiais de moldagem elastoméricos para controlar
propriedades como a viscosidade e (5) aglomerados
Estado Coloidal de moléculas de detergente em água que servem
Os coloides foram primeiramente descritos por como agentes umectantes para padrões de cera.
Thomas Graham (1861) como resultado de seus
estudos de difusão em soluções. Ele observou que Sistemas Coloidais Típicos
substâncias como o amido, a albumina e outros Alguns sistemas coloidais são mais importantes
materiais gelatinosos não se comportavam da que outros em relação aos materiais restauradores.
mesma maneira que os ácidos, as bases e os sais. O Por exemplo, a distinção entre um sol e um gel é im-
termo coloide agora é utilizado para descrever um portante porque vários exemplos de cada uma dessas
estado da matéria, em vez de um tipo de matéria. A formas são encontrados em aplicações dentárias. Um
principal característica dos materiais coloidais é o sol se assemelha a uma solução, mas é composto de
seu alto grau de microssegmentação. Estas partícu- partículas coloidais dispersas em um liquido. Quando
las finas também têm certas propriedades físicas, um sol é refrigerado ou posto a reagir pela adição de
como cargas elétricas e energias de superfície que produtos químicos específicos, pode ser transformado
controlam as características dos coloides. O tama- em um gel. Na forma de gel, o sistema assume uma
nho das partículas, por si só, não define de forma característica de semissólido ou gelatinoso.
adequada os coloides. A fase liquida de qualquer sol ou gel normal-
mente é a água, mas pode também ser um liquido
Natureza dos Coloides orgânico, como o álcool. Sistemas que têm a água
As substâncias são chamadas de coloides quando como componente são chamados de hidrossóis ou
apresentam duas ou mais fases, em que as unidades hidrogtis. Um termo mais geral pode ser hidroco-
de pelo menos uma das fases tem dimensão ligeira- loide, que é frequentemente usado em odontologia
mente maior do que o tamanho de uma molécula para descrever os géis de alginato utilizados como
simples. Embora a faixa de tamanho seja um tanto materiais de moldagem flexíveis. Um termo geral
arbitrária, é geralmente definida como tendo de para descrever um sistema que possui um liquido
cerca de 1 a SOOnm em sua maior dimensão. Desta orgânico como componente seria organossol ou
forma, os sistemas coloidais podem ser dispersões organogel.
finas, géis, filmes, emulsões ou espumas. Em outras Dois exemplos de materiais que envolvem estru-
palavras, o estado coloidal representa um sistema turas em gel são o ágar e os materiais de moldagem
altamente disperso, de partículas finas de uma fase hidrocoloide alginato. Os géis possuem uma rede
na outra, e com uma propriedade característica em emaranhada de partículas coloidais sólidas na qual
que a fase dispersa possui uma enorme área de su- um liquido é aprisionado nos interstícios e mantido
perfície. Isso é verdade quando urna fase dispersa assim por capilaridade. Tais géis possuem algum
de gotículas de óleo em uma emulsão ou um sólido grau de rigidez, dependendo da quantidade de
finamente dividido suspenso em um liquido são sólidos estruturais presentes.
considerados. Este aumento na área de superfície Os géis que se formam com água são hidrofili-
dá origem a um aumento correspondente às reações cos (possuem afinidade por água) por natureza e
56 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

tendem a absorver grandes quantidades de água se à adsorção. Considera-se que uma substância que
forem mantidos submersos. A embebição é acompa- é facilmente molhada pela água em sua superfície,
nhada de inchaço e mudança nas dimensões físicas. como o vidro, a porcelana ou o esmalte dental, possui
No ar seco, o gel perde água para o meio, acompa- uma camada de moléculas de água adsonridas em
nhando uma contração. Tais mudanças podem ser sua superfície. Quando a superfície do esmalte huma-
observadas facilmente em géis de alginato. no molhado é dessecada, as primeiras moléculas de
água a evaporar são aquelas presentes no seu interior,
deixando a água física e quimicamente adsorvida.
Difusão através de Membranas e Pressão
Uma quantidade de calor considerável é necessária
Osmótica para remover a água adsonrida fisicamente, e tem-
A pressão osmótica é a pressão resultante da peraturas ainda mais elevadas são necessárias para
dllusão de um líquido ou solvente através de uma remover a água quimicamente adsonrida. Assim,
membrana. O solvente passa da solução mais qualquer tentativa de aderir um material restaurador
diluída para a mais concentrada através de uma ao esmalte deve considerar que tal adesão será à água
membrana que separa as duas soluções. A presen- adsonrida e não à hidroxiapatita. Superfícies com alta
ça de material dissolvido em um solvente reduz a energia, como a dos metais, irão adsonrer moléculas
tendência das moléculas de solvente de escapar; mais rapidamente do que as superfícies de baixa
quanto maior a concentração, mais essa tendência energia, como a das ceras. Já os óxidos apresentam
é reduzida. Assim, o solvente se difunde ou passa energia de superfície intermediária.
através desta membrana para a solução de maior O processo de adsorção difere um pouco do
concentração, diluindo assim, a solução. processo de absorção. No processo de absorção, a
O conceito de pressão osmótica tem sido utilizado substância absonrida se difunde no material sólido
para explicar a hipersensibilidade dentinária. A mu- por um processo de difusão, sendo esse processo
dança de pressão na dentina exposta e cariada, pelo caracterizado pela concentração das moléculas na
contato com a saliva ou com soluções concentradas, superfície.
provoca difusão em toda a estrutura, o que aumenta Nos casos em que ambos os processos, de ad-
ou diminui a pressão sobre o sistema nervoso. sorção e absorção, ocorrem e não é claro qual deles
Assim como a difusão através de membranas predomina, todo o processo é conhecido como
é importante, a difusão de uma substância a uma sorção. Na medição do teor de umidade em resinas
dada concentração para outra é importante em odontológicas, o processo é descrito como sorção
muitos materiais odontológicos. Sais e corantes se de umidade pela resina.
difundem através da dentina humana. Manchas e Numerosos exemplos desses processos ocorrem
agentes clareadores se difundem pelos materiais com o uso dos diferentes materiais restauradores
restauradores poliméricos. A difusão de sais e áci- odontológicos. O processo de absorção de água
dos através de agentes forradores de cavidade é um por materiais de moldagem à base de alginato é
problema potencial. particularmente importante para a sua estabilidade.
Quando a quantidade de líquido absorvido por
uma substância é relativamente grande, é provável
Adsorção, Absorção e Sorção que seja acompanhada de inchaço do absonrente.
No processo de adsorção, um líquido ou gás se
adere firmemente à superfície de um sólido ou de
um líquido pela ligação entre moléculas, reduzindo Tensão Superficial e Molhamento
assim a sua energia livre de superfície. No sentido A tensão superficial é medida em força (dinas)
físico, se as duas substâncias são semelhantes, como, por centímetro de superfície do líquido. No caso
por exemplo, duas peças sólidas de um mesmo metal da água a 20 ºC, o valor é de 72,8 dinas /cm. À mes-
pressionadas juntas, a massa é dita coerente. Quando ma temperatura, o benzeno possui 29dinas/cm; o
substâncias diferentes, como um gás ou líquido, estão álcool, 22dinas/ cm; e o éter, 17 dinas/ cm. Em con-
em contato íntimo com a superfície do sólido, diz-se traste, o mercúrio a 20 ºC possui tensão superficial
que são aderentes à superfície. O processo de adsor- de 465 dinas /cm. Os valores para cada uma dessas
ção ou adesão de uma substância a uma superfície é substâncias são influenciados por fatores como
importante no processo de molhamento, no qual uma temperatura e pureza. Em geral, há uma redução
substância é recoberta ou umedecida com uma subs- na tensão superficial de todos os líquidos com o
tância diferente, como um líquido. O grau em que a aumento da temperatura. Por exemplo, a tensão
saliva, por exemplo, molha ou adere à superfície do superficial da água (em dinas/cm) é de 76 a OºC,
esmalte dental depende da tendência da superfície 72 a 25 ºC, 68 a 50ºC e 59 a lOO ºC.
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 57

A tensão superficial de líquidos também é de molhamento de um líquido é representado por


reduzida pela presença de impurezas, algumas sua tendência de se espalhar sobre a superfície
sendo extremamente eficazes. Detergentes, como de um sólido. Em procedimentos laboratoriais de
o lauril sulfato de sódio ou ingredientes de sabões, prótese restauradora, são feitos padrões de cera
incluindo o estearato de sódio ou o oleato de sódio, que serão molhados por água ou por suspensões
que possuem longas cadeias de hidrocarbonetos de água e revestimento para fundição. A cera não é
ligados a grupos hidrofílicos (tais como COONa), bem molhada pela água, de modo que uma solução
são particularmente eficazes na redução da tensão diluída de algum agente umectante (como o aerosol
superficial da água. a 0,01 'Yo) é inicialmente aplicada na superfície da
Estes agentes tensoativos afetam a tensão de su- cera em pequenas quantidades, para ajudar no
perfície por se concentrarem na interface líquido-ar espalhamento do gesso. Sem um molhamento ade-
ou nas outras interfaces e superfícies. Como estas quado, o gesso não poderia fluir sobre a superfície
moléculas ocupam posições na superfície água-ar, da cera e reproduzir os detalhes mais finos.
elas deslocam as moléculas de água da superfície, Muito pode ser aprendido sobre a difusão de
reduzindo a força de coesão entre as moléculas de líquidos em sólidos, ou a tendência de molhamento
água na área da superfície, uma vez que a coesão das superfícies, medindo o ângulo de contato en-
entre a água e o agente tensoativo é menor do que tre o líquido e a superfície sólida. Os ângulos de
entre água e água. Este efeito é demonstrado na contato para gotas de diferentes líquidos sobre uma
Figura 4.24, que representa duas gotas sobre a superfície de vidro plano são ilustrados na Figura
cera, uma das quais é água e a outra é água com 4.25. O ângulo de contato resulta do equilíbrio entre
detergente. A presença de moléculas do agente as energias de superfície e interfacial. Quanto maior
tensoativo na camada superficial reduz o efeito de a tendência a molhar a superfície, menor o ângulo
puxar as moléculas de superfície em direção à mas- de contato, até o umedecimento completo, quando
sa líquida. A tensão superficial é reduzida e assim o ocorre um ângulo igual a zero.
molhamento aumenta. As moléculas de sabão são
orientadas de modo que a porção hidrofílica fica
na água e o final hidrofóbico (hidrocarbonetos) fica
orientado para a cera ou para o ar.
A molhabilidade aumentada dos sólidos por
líquidos com tensão superficial reduzida é impor-
tante em várias aplicações odontológicas. O poder

Agua

Cera
e
o Água

Sabão-Água

Cera
e
ÓSabão
FIGURA 4.25 Relação entre ângulo de contato com
FIGURA 4.24 Espalhamento de água pura (acima) e o espalhamento ou molhamento de um liquido em um
água que contém moléculas de sabão (abaixo) em cera. sólido.
58 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Angulos de contato da água e da saliva em TABELA 4-5 Molhabilidade e Reprodução de


materiais dentários: a determinação do ângulo de Detalhes de Gessos Pedra em Materiais de Moldagem
contato é importante em uma série de situações Flexívei~
clinicamente relevantes. Por exemplo, o ângulo
Ângulo de Reprodução de
de contato da água e da saliva com próteses totais
Contato Detalhes de Misturas de
poliméricas está relacionado à retenção da prótese. da Água Água e Gesso Pedra (%)
O ângulo de contato e a tendência de uma gota de (graus)
água de se espalhar na parafina e no metacrilato
de metila são mostrados em comparação na Silicone de 98 30
Figura 4.26. O ângulo de contato da saliva recém- condensação
-colocada em uma superfície de acrílico é similar Silicone de adição 98 30
ao da água. Esse ângulo diminui se a saliva fica em - hidrofóbico
contato com o material polimérico durante uma Polissulfeto 82 44
noite, o que mostra um umedecimento da superfície
um pouco maior. A Tabela 4.4 mostra os valores Poliéter 49 70
Silicone de adição 53 72
- hidrofóbico

de ângulo de contato para a água colocada sobre


alguns materiais.
Os ângulos de contato também fornecem
A B informações importantes sobre a molhabilidade dos
materiais elastoméricos odontológicos, que define
a facilidade de despejar uma mistura de gesso
odontológico e água para a produção de um modelo.
Os ângulos de contato da água nos vários materiais
de moldagem elastoméricos odontológicos estão
listados na Tabela 4.5, juntamente à capacidade de
reprodução de detalhes em um molde obtido a partir
e D de um modelo em formato de pente, muito difícil
de ser copiado. Agentes surfactantes podem ser
FIGURA 4.26 Diagramas mostram o ângulo de contato
adicionados à superfície para reduzir artificialmente
formado por uma gota de água ou saliva em cera e em
acrílico. A, Água em cera. B, Água em acrílico. C, Saliva o ângulo de contato.
fresca em acrílico. D, Saliva depois de mantida em contato Ângulos de contato entre metais durante a
com o acrílico. fundição, solda e amalgamação: a tensão superficial
dos metais é relativamente alta em comparação à
de outros líquidos, por causa das maiores forças
A ,
coesivas entre os átomos do metal líquido na
TABELA 4.4 Angulos de Contato da Agua em interface ar-líquido em comparação à água. A
Sólidos a 27 ºC tensão superficial da maioria dos metais, exceto
do mercúrio, não pode ser medida à temperatura
Sólido Ângulo (graus)
ambiente por causa de seus pontos de fusão
Acrílico 74 elevados. Valores típicos de alguns metais estão
mostrados na Tabela 4.6. Isto é importante porque
Teflon 110
define a facilidade de espalhamento do metal
Vidro 14 fundido ou da liga na superfície do gesso durante
Amálgama 77 a fundição e determina a precisão e a reprodução
de detalhes na restauração final. O mesmo se aplica
Material restaurador acrílico 38 ao espalhamento de um fundente para solda em
Material restaurador compósito 51 um metal quente durante a fusão ou soldagem. Se
Modificado de O'Brien WJ: Capilla:ry Penetration of Liquíds
o ângulo de contato da solda for muito alto, ela não
Between Díss&nílar Solids, tese de dtnstorado, U11iversídade de irá penetrar nos detalhes mais finos das estruturas
Miclrigan, Ann Arbor, p.40, 1967 a serem unidas.
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 59

TABELA4-6 Tensão Superficial de Metais crescimento de sólidos e muitos outros fatores de


interesse crucial para a aplicação dos biomateriais.
Tensão Superficial A química da superfície dental pod e ser ob-
Metal Temperatura ( C)
0
(dinas/cm)
servada na escolha dos elementos para as ligas
Chumbo 327 452 metálicas. O aço inoxidável usado principalmente
em ortodontia é composto de 72'% a 74°/o de ferro,
Mercúrio 20 465
mas tem resistência à corrosão aceitável na boca
Zinco 419 758 porque o teor de cromo, de 18'Yo, forma uma camada
Cobre 1.131 1.103 de óxido aderente na superfície, que proporciona
resistência à corrosão. O titânio e suas ligas, e as
Ouro 1.120 1.128 ligas nobres, contendo pequenas quantidades de
índio e estanho, possuem excelentes propriedades
de biocompatibilidade, como resultado dos óxidos
Adesão de titânio, de índio e estanho na superfície.

Considerações sobre a Superfície Coeficiente de Penetração


Átomos ou moléculas na superfície dos sólidos A taxa de penetração de um líquid o em uma
ou líquidos diferem muito daqueles do interior do fenda é um aspecto importante dos fenômenos de
sólido ou do líquido, e os átomos vizinhos podem capilaridade. Um exemplo é a penetração de um
ser organizados anisotropicamente. Além disso, selante polimérico líquido em fissuras microscó-
alguns átomos ou moléculas podem se acumular picas e nos espaços criados pelo condicionamento
na superfície e assim gerar propriedades físicas e ácido da superfície do esmalte. As propriedades
químicas incomuns. Essas superfícies sólidas têm do líquido que afetam a taxa de penetração podem
átomos com maior energia do que os átomos do estar relacionadas ao coeficiente de penetração (CP)
interior por causa da ausência de alguns átomos em que -y é a tensão superficial, 11 é a viscosidade e e
vizinhos e assim podem facilmente adsorver áto- é o ângulo de contato do selante no esmalte:
mos ou moléculas do ambiente. Para produzir uma
CP= ycos IJ /2ri
superfície sólida limpa, com menos de 1°/o de uma
monocamada adsorvida, um vácuo de 10-9 Torrou Os coeficientes de penetração dos selantes têm
1,33X10-?Pa é necessário para manter essa super- sido reportados com uma variação de 0,6 a 12 cm/s.
fície limpa por cerca de uma hora. Em um vácuo de Fissuras oclusais estreitas podem ser quase com-
cerca de 3 x 10-6 Torr, uma superfície recém-limpa pletamente preenchidas se o valor do coeficiente de
seria recoberta por átomos ou moléculas doam- penetração for pelo menos de 1,30 cm/s, desde que
biente em apenas alguns segundos. Portanto, todos não haja bolhas de ar presas nas fendas. A mesma
os materiais odontológicos e superfícies dentárias análise se aplica à penetração de líquidos selantes
estariam recobertos de uma camada de átomos ou nas superfícies do esmalte tratadas para formar tags,
moléculas do ambiente e, assim, os adesivos esta- como mostrado na Figura 4.27.
riam sendo aderidos a essas monocamadas.
,
A energia envolvida na adsorção de átomos ou
Propriedades Opticas
moléculas na superfície de um substrato pode ser no
nível de uma reação quimica, ou quimissorção, ou Cor
pode ser no nível de uma reação de van der Waals, A percepção da cor é resultado de uma resposta
ou fisiosorção. A primeira é irreversível, enquanto fisiológica a um estímulo físico. A sensação é uma
a segunda é reversível. experiência subjetiva, enquanto o feixe de luz, que
Portanto, um conceito importante na quimica de é o estímulo físico que produz a sensação, é inteira-
superfície é que as propriedades com importãncia mente objetivo. A percepção de cor resulta ou de um
crítica para um material podem estar mais rela- feixe de luz branca refletido ou transmitido, ou de
cionadas à química da camada superficial e à sua uma parte deste feixe. De acordo com uma das leis
composição do que às propriedades do seu interior. de Grassmann, o olho humano é capaz de distinguir
Tais efeitos de superfície dominam as propriedades diferenças em apenas três parâmetros de cor. Esses
mecânicas da superfície como a adesão e o atrito, os parâmetros são o comprimento de onda dominante,
fenômenos ópticos da superfície como a percepção a reflectância luminosa e a pureza da excitação.
de cor e textura, a reação tecid ual aos materiais, a O comprimento de onda dominante (À) de uma
fixação de células aos materiais, a molhabilidade cor é o comprimento de onda de uma luz mono-
e a capilaridade das superfícies, a nucleação e o cromática que, quando misturado em proporções
60 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

FIGURA 4.2 7 Micrografia eletrônica


de varredura da interface entre selante
(S) e esmalte (E), mostrando projeções de
selante que penetraram na superfície do
esmalte condicionado. (De O'Brien Wf, Fan
PL, Apostnlidis A: Oper Dent 3, 53, 1978)

adequadas a uma cor acromática (cinza), irá coin- 100


- Antes do envelhecimento
cidir com a cor percebida. Uma luz com compri- - Depois do envelhecimento Fundo Branco
mentos de onda curtos (400nm) é violeta, e uma 80
~

-;R
luz com comprimentos de onda longos (700nm) é e.,
60
vermelha. Entre esses dois comprimentos de onda "'eo Fundo Preto
estão aqueles comprimentos que correspondem ao ""u
azul, verde, amarelo e laranja. Este atributo da per-
cepção de cor também é conhecido como matiz.
-
"'
Q)
a:
40

20
De todas as cores e tons visíveis, existem apenas
três cores primárias: vermelho, verde e azul (ou
o
violeta). Qualquer outra cor pode ser produzida 400 soo 600 700
pela combinação adequada dessas cores. Por exem- Comprimento de onda (nm)
plo, a luz amarela é uma mistura da luz verde com
a vermelha. FIGURA 4.28 Curvas de reftectância espectral versus
A reflectância luminosa de uma cor classifica um comprimento de onda de um compósito resinoso antes e
objeto dentro de uma escala acromática de cinza, após exposição a condições de envelhecimento acelerado.
A amostra foi exposta ininterruptamente por 300 horas
que vai do preto ao branco para objetos que difun-
à radiação de uma lâmpada de xenon de 2.500 \Vatts e
dem a luz e do preto ao perfeitamente transparente
pulverizada intermitentemente com água. A câmara de
e incolor para objetos transmissores de luz. A um envelhecimento foi mantida a 43 ºC e 90o/o de umidade
padrão preto é atribuída uma reflectância luminosa relativa. Curvas de reflectância espectral para amostras
de O, enquanto a um padrão branco é atribuída 100. translúcidas são frequentemente obtidas sobre fundos
Este atributo da percepção da cor é descrito como preto e branco.
valar em um sistema visual de medição de cor.
A pureza da excitação ou da saturação de uma
cor descreve o grau da sua diferença em relação EQUIPAMENTOS PARA MEDIÇÃO DA COR
à percepção de cor acromática mais próxima. Os As curvas de reflectância espectral versus com-
números que representam a pureza de excitação primento de onda podem ser obtidas na faixa vi-
variam de Oa 1. Este atributo da percepção da cor sível (de 405 a 700nm) com um espectrofotômetro
é também conhecido como cro·ma. e uma esfera integradora. Curvas típicas para um
compósito resinoso antes e após 300 horas de enve-
Medidas de C01' lhecimento acelerado em câmara de envelhecimento
A cor dos materiais restauradores dentários é são mostradas na Figura 4.28. A partir dos valores
mais comumente medida pela luz refletida, por de reflectância e das funções de correspondência
um instrumento de medição de cor ou pelo método de cor tabuladas, os valores triestimulares (X, Y, Z)
visual. podem ser determinados em relação a uma fonte
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 61

0,8 520
C.l.E. 1931

0,6 -ti• - a•
azul verde
500

+bw
amarelo

FIGURA 4.30 Arranjo de cores OE L*a• b*. (De Seghi


RR, fofmston WM, O'Brien W]: f. Dent Prostltet 56, 35, 1986)
FIGURA 4.29 Diagrama de cromaticidade (x, y) de
acordo com a Padrão Observer CIE 1931 e um sistema
de coordenadas. Valores de comprimento de onda domi- TABELA 4-7 Faixas de Valores de CIE L* a* b*
nantes determinam a posição do espectro. A pureza da (055, 10 º, CIE 1964) para Resinas Compostas para
excitação é a razão entre doL~ comprimentos (AB/AC) no Dentes Clareados
diagrama de cromaticidade, onde A se refere à fonte de
luz padrão e B refere-se à cor considerada. O ponto C, a Material L* a• b*
intersecção da linha AB, com o locus de espectro, é o com-
primento de onda dominante. Compósito 56,3 a 82,4 ~,4 a-3,8 -4,1a3,3
micro-lubrido

de luz específica. Esses valores triestimulares estão Compósito 62,1 a 77,8 - 1,9 a -2,8 - 2,9 a 1,7
microparticulado
relacionados à quantidade de cada uma das três
cores primárias necessárias para resultar, pela mis- Cor controle 1Ml 62,9 ~,8 2,9
tura de aditivos, na cor considerada. Tipicamente, Cor controle 81 58,2 ~,8 1,5
os valores triestimulares são dados em relação à
Commission Intemationale de l'Eclairage (CIE) Modificado de Pnravina RD, Ontiveros JC, Powers JM:]. Esthet.
(Comissão Internacional de Iluminação), fonte 055, Restar. Dent., 16, 117, 2004.
065 ou C. A proporção de cada valor triestimular de
uma cor para a soma desses valores é chamada de
coordenada de cromaticiàade (x, y, z). O comprimento ciação de cor. Tal fórmula tem a seguinte apre-
de onda dominante e a pureza de excitação de uma sentação:
cor podem ser determinados em relação às suas
~Eab*(L*a*b*) = [(õL*)2+ (8a*) 2 + (8b*)2]!7
coordenadas de cromaticidade em um diagrama
de cromaticidade, como mostrado na Figura 4.29. em que L •,a• e b* dependem dos valores triesti-
A refletância luminosa é igual ao valor do segundo mulares da amostra e de um objeto perfeitamente
(Y) dos três valores triestimulares. branco. Um valor de ~E· igual a 1 pode ser obser-
Um diagrama do espaço de cor CIE L *a• b* é vado visualmente apenas pela metade dos observa-
mostrado na Figura 4.30. O espaço de cor L•a* b* dores em condições controladas. Já um valor de 8E*
é caracterizado por cromaticidades uniformes. O igual a 3,3 é considerado clinicamente perceptível.
valor (preto a branco) é indicado como L •, enquanto
o croma (a* b*) é indicado como o vermelho(+ a*), MÉTODO VISUAL
verde (- a*), amarelo (+ b*) e azul (- b*). Intervalos Um sistema popular para a determinação visual
de valores de CIE L•a• b* para diferentes resinas da cor é o sistema de cores Munsell, cujos parâmetros
compostas com tons de clareamento estão listados são representados em três dimensões, como mostrado
na Tabela 4.7. na Figura 4.31. Um grande conjunto de guias de cor é
As diferenças entre duas cores podem ser de- utilizado para determinar a cor. O valor (luminosida-
terminadas a partir de uma fórmula de diferen- de) é determinado primeiro pela seleção de um guia
62 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

luz refletida pelo corpo do material e dilui a cor. Como


resultado, uma superfície extremamente áspera parece
mais clara do que uma superfície lisa de um mesmo
material. Este problema está associado a restaura-
ções de ionômero de vidro e de resina composta não
polidas ou desgastadas. Por exemplo, como a matriz
da resina composta se desgasta, a restauração parece
mais clara e menos cromática (acinzentada).
A espessura de uma restauração pode afetar sua
aparência. Por exemplo, com o aumento da espes-
sura de uma restauração de compósito contra um
fundo branco, a claridade e a pureza de excitação
diminuem. Isto é observado com o aumento da
FIGURA 4.31 Escalas Munsell de matiz, valor e croma
opacidade em função do aumento da espessura.
no espaço de cor. (Imagem cortesia de Munsel/ Calor, Grand
Rapids, Michigari.)
Pigmentação
Caracterizações estéticas podem ser adicionadas
que corresponde mais adequadamente à claridade ou a uma restauração pela incorporação de pigmentos
escuridão da cor. O valor varia de branco (10 /)a preto em materiais não metálicos, como compósitos resi-
(0/). O croma é determinado pelas abas próximas ao nosos, acrílicos para prótese, materiais de silicone
valor medido e são crescentes em relação à saturação maxilofacial e cerâmicas dentais. O resultado é per-
da cor. O croma varia de acromático ou cinza (/0) a cebido pela absorção da luz em comprimentos de
uma cor altamente saturada (/18). A tonalidade da cor onda específicos pelos pigmentos e pela reflexão
é finalmente determinada pela correspondência com dos outros comprimentos de onda.
as abas de cor do valor e de croma já determinadas. O O sulfeto de mercúrio, ou cinábrio, é vermelho
matiz é medido por uma escala com incrementos de porque absorve todas as cores, exceto o verme-
2,5 a 10 variando em 2,5 entre cada uma das 10 famílias lho, e reflete o vermelho. A mistura de pigmentos,
de cores (vermelho, V; amarelo-vermelho, AV; amarelo, portanto, envolve um processo de subtração de
A; verde-amarelo, VA; verde, V; azul-verde, AV; azul, cores. Por exemplo, uma cor verde pode ser obtida
A; azul-púrpura, AP; roxo, R; vermelho-púrpura, VP). pela mistura de um pigmento tal como o sulfeto de
Por exemplo, a cor da gengiva inserida de um paciente cádmio, que absorve o azul e o violeta, com o ul-
saudável foi medida como 5V 4/6 para indicar uma tramarino, que absorve vermelho, laranja e amarelo.
tonalidade de SV, um valor 6 e um croma 4. A única cor refletida de tal mistura de pigmentos é
Duas cores semelhantes também podem ser a verde, que é a cor observada.
comparadas utilizando o sistema de cores Munsell Pigmentos inorgânicos são muitas vezes prefe-
por uma fórmula de diferenciação de cor, como esta ridos aos corantes orgânicos porque são pigmentos
derivada de Nickerson: mais permanentes e duráveis em termos da quali-
I=(C/5) (2.óH)+6 .ó V+3 .ó C dade da cor. Quando as cores são misturadas com
translucidez adequada, os materiais restauradores
em que C é o croma médio e AH, AV e AC as podem ser desenvolvidos para se assemelharem à
diferenças de matiz, valor e croma das duas cores. estrutura dental ou aos tecidos moles circundantes.
Por exemplo, se a cor da gengiva inserida de um Para apresentar o aspecto do tecido dentário, vários
paciente com doença periodontal for 2,5V 6/5, a dife- tons de amarelo e de cinza são misturados com o
rença de cor, I, entre o tecido doente e o tecido sadio material de base branca e, ocasionalmente, alguns
comentado anteriormente (5V 4/6) seria o seguinte: pigmentos azuis ou verdes são adicionados. Para apa-
I= (5/5) (2) (2,5)+ (6) (1)+ (3) (2)= 17 rentar os tecidos gengivais rosados, várias misturas
de vermelho e branco são utilizadas, acrescentando,
Um observador calibrado pode detectar uma ocasionalmente, azul, marrom e preto em pequenas
diferença de cor, I, igual a 5. quantidades. A cor e a translucidez dos tecidos gen-
givais variam muito de paciente para paciente e de
ACABAMENTO DE SUPERFÍCIE uma região da cavidade bucal para outra.
E ESPESSURA
Quando a luz branca ilumina um sólido, parte da Metamerismo
luz se reflete diretamente a partir da superfície e per- Cores metaméricas são cores de valores triestimu-
manece como luz branca. Essa luz se mistura com a lares idênticos sob uma fonte de luz em particular,
4. FUNDAMENTOS DA Cl~CIA DOS MATERIAIS 63

Opacidade, Translucidez, Transparência


e Opalescência
A cor de um objeto é modificada não só pela in·
tensidade e cor de um agente pigmentante ou coran·
te, mas também pela translucidez ou opacidade do
objeto. Os tecidos duros e moles variam em seu grau
de opacidade, sendo que a maioria apresenta algum
grau de translucidez. Isto é especialmente verdadei·
ro para o esmalte dental e a gengiva circundante
A opacidade é uma propriedade do material que
impede a passagem de luz. Quando todas as cores do
espectro de uma fonte de luz branca, como a luz do sol,
são refletidas por um objeto com a mesma intensidade
que aquela recebida, o objeto aparece como branco.
Quando todas as cores do espectro são absorvidas
FIGURA 4.32 Exempl o de metamerismo: a maçã da mesma maneira, o objeto aparece como preto. Um
muda d e cor dependendo da fonte de l uz usada para material opaco pode absorver parte da luz e refletir o
iluminá-la. restante. Se, por exemplo, vermelho, laranja, amarelo,
azul e violeta são absorvidos, o material se apresenta
como verde quando sob luz branca refletida.
mas com diferentes distribuições de energia espec- A translucidez é uma propriedade das substân-
tral. As curvas de reflectância espectral de dois pares cias que permite a passagem da luz, mas dispersa
de cor como este seria complicado, talvez com três a luz, de forma que objetos não podem ser vistos
ou mais pontos de cruzamento. Sob algumas luzes, através do material. Alguns materiais translúcidos
os pares parecem combinar, mas sob outras luzes, u tilizados em odontologia são as cerâmicas, os
elas seriam diferentes (Fig. 4.32). compósitos resinosos e os acrílicos.
A qualidade e a intensidade da luz são fatores que Os materiais transparentes permitem a passagem
devem ser controlados durante a seleção de cor nas de luz com distorção tão reduzida que os objetos po-
restaurações dentárias. Uma vez que o espectro de dem ser vistos claramente através deles. Substâncias
luz das lâmpadas incandescentes, das lâmpadas fluo- transparentes como os vidros podem ser coloridas
rescentes e do sol diferem uns dos outros, a seleção de se elas absorverem certos comprimentos de onda e
cor de um material restaurador em relação à estrutura transmitirem outros. Por exemplo, se um pedaço de
dental sob diferentes condições de iluminação podem vidro absorve todos os comprimentos de onda exceto
não corresponder entre si. Sempre que possível, a o vermelho, ele aparece como vermelho em função da
seleção de cor deve ser feita nas condições em que luz transmitida. Se um feixe de luz que não contém
ocorre a maioria das atividades do paciente. comprimentos de onda vermelhos for direcionado
para o vidro, ele parece opaco, pois os comprimentos
Fluorescência de onda restantes seriam absorvidos.
Fluorescência é a emissão de energia luminosa Os materiais opalescentes, como o esmalte den-
por um material quando um feixe de luz o ilu- tal, são capazes de espalhar comprimentos de onda
mina. O comprimento de onda da luz emitida é da luz mais curtos. Sob luz transmitida, esses ma-
geralmente maior do que o da radiação excitante. teriais aparecem marrom/amarelo, enquanto, sob
Normalmente, a luz azul ou ultravioleta produz luz luz refletida, os tons de azul são mais perceptíveis
fluorescente na faixa visível. A luz da maioria das (Fig. 4.33). Para confeccionar restaurações altamente
substâncias fluorescentes é emitida em uma curva estéticas que realmente simulam a aparência natural
única, ampla e bem definida com a largura e a altura do dente, materiais com propriedades opalescentes
do pico dependendo da siibstância fluorescente. devem ser utilizados. Isto tem se popularizado no
Os dentes humanos sadios emitem luz fluores- uso de materiais de revestimento de porcelana, bem
cente quando excitados pela radiação ultravioleta como nos compósitos restauradores diretos.
(36Snm), sendo a fluorescência policromática e com
maior intensidade na região azul (450nm) do espec- Índice de Refrllfão
tro. Alguns materiais restauradores anteriores e O índice de refração (n) de qualquer substância
porcelanas dentárias são formulados com agentes é a razão entre a velocidade da luz no vácuo (ou ar)
fluorescentes para reproduzir a aparência natural e a velocidade da luz no meio. Quando a luz entra
da estrutura dental. em um meio, a sua velocidade no ar (300.000 km/s)
1
64 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Absorção (K)

Luz
incidente (1 0 ) ;f /"'
)Ili Espalhamento~ Jlr TransmissãQ
/ (~) \ ....... ...........
Reflexão de
superfície /
Retroespalhamenlo

- Espessura-
FIGURA 4.33 Demonstração de opalescência em uma
restauração cerâmica. O dente parece marrom sob luz FIGURA 4.34 Esquema das possíveis interações da
transmitida e azul sob luz refletida. luz com um sólido.

TABELA 4-8 fndicede Refração (n) de Diversos


Materiais pode ser refletida, absorvida, espalhada (ou retro-
espalhada) ou transmitida. Todos esses parâme-
Material Índice de Refração tros podem ser calculados para caracterizar mais
Porcelana feldspática
objetivamente as propriedades ópticas do material
1,504
(Fig. 4.34). Os materiais para estética dental, como
Quartzo 1,544 cerâmicas, compósitos resinosos e mesmo a estru-
Hidroxiapatita sintética 1,649 tura dental são materiais opacos ou que disper-
sam intensamente a luz. Em um material opaco,
Estrutura dental, esmalte 1,655
a intensidade da luz incidente diminui considera-
Água 1,333 velmente quando a luz passa através da amostra.
Essas considerações são importantes não apenas
para fazer a seleção de cor, mas também em situa-
é retru-dada e sua direção pode ser mudada. Por ções em que o material restaurador é usado para
exemplo, quando um feixe de luz viajando no ar esconder imperfeições no dente a ser restaurado,
atinge a superfície da água em um ângu lo oblíquo, como manchas ou outros defeitos. As propriedades
os raios de luz são desviados em direção à normal. ópticas dos materiais restauradores são descritas
A 11or"1al é uma linha perpendicuJar à superfície da pelas equações d e Kubelka-Munk, nas quais são
água no ponto de contato da luz com a superfície da estabelecidas relações da luz monocromática entre
água. Se a luz estiver viajando pela água e encontrar reflexão por uma camada de espessura infinita de
uma superfície água-ar em ânguJo oblíquo, o feixe um material e de seus coeficientes de absorção e
de luz é desviado ou refratado para ma is distante espalhamento. Estas equações podem ser resolvidas
da normal. O índice de refração é uma propriedade algebricamente por funções hiperbólicas desenvol-
característica de cada substância (Tabela 4.8) e é vidas por Kubelka.
utilizado extensivamente para identificação das Constantes ópticas secundárias (a e b) podem
substâncias. Uma das aplicações mais importantes ser calculadas da seguinte forma:
da refração é o controle do índice de refração da fase
a= [R(P) -R(B)-Rp+R 8 - R(P)R(B)Rr
dispersa e da matriz em materiais como compósitos
+R(P)R(B)Rs+R(P)RpR 6 - R(B)RrR 6
resinosos e cerâmicas dentais, desenvolvidos para
-R(B )RpR 8 )/{2[R(P)R 6 -R(B)Rrll
terem a aparência translúcida dos tecidos dentários.
Uma combinação perfeita entre os índices de re- e
fração em um sólido resuJta em um material tran&-
b = (a 2 -1)*
parente, enquanto grandes diferenças entre esses
índices resuJtam em materiais opacos. em que Rr é a reflectância de um fundo escuro (o
padrão preto), Rs é a reflectância de um fundo claro
Constantes Ópticas (o padrão branco), R (P) é a reflectância de luz da
Quando a luz interage com um objeto, vários amostra sobre o fundo escuro e R (B) é a reflectância
fenômenos podem ser observados. A luz incidente de luz da amostra sobre o fundo claro.
4. FUNDAMENTOS DA Cl~CIA DOS MATERIAIS 65

Essas equações são usadas sob os pressupostos COEFICIENTE DE ABSORÇÃO


de que (1) o material é opaco e com espessura finita O coeficiente de absorção é a fração do feixe de
e constante; (2) as bordas são negligenciadas; (3) as luz incidente perdida por absorção em uma camada
inomogeneidades ópticas são muito menores do elementar. O coeficiente de absorção, K, para uma
que a espessura da amostra e são distribuídas de espessura de material é definido como segue:
maneira uniforme; e (4) a iluminação é homogênea
e difusa. K=S(a-l)mm- 1
O coeficiente de absorção também varia com o
COEFICIENTE DE ESPALHAMENTO comprimento de onda da luz incidente e a nature-
O coeficiente de espalhamento é a fração do feixe za da camada de corante, conforme mostrado na
de luz incidente perdida pela reversão da direção Figura 4.36 para os diferentes tons de compósito
em uma camada elementar. O coeficiente de es- resinoso. Os compósitos com maiores valores de
palhamento, S, para uma espessura de material é coeficiente de absorção são mais opacos e mais in-
definido como segue: tensamente coloridos.
5=(1/bX) arccotg [1-a (R +RJ+RRglb (R-Rg)]
mm - 1 REFLETIVIDADE DE LUZ
A refletividade de luz, RI, é a reflexão de luz de
em que X é a espessura real da amostra, arccotg é um material de espessura infinita e é definida da
uma cotangente hiperbólica inversa e R é a reflexão seguinte forma:
de luz pela amostra com reflectância Rg.
O coeficiente de espalhamento varia de acordo RI=a-b
com o comprimento de onda da luz incidente e a Esta propriedade também varia com o co m-
natureza da camada corante, conforme mostrado primento de onda da luz incidente e a natureza
na Figura 4.35 para os diferentes tons de compósito da camada de corante. A refletividade de luz pode
resinoso. Os compósitos com maiores valores de ser usada para calcular a espessura, XT, na qual a
coeficiente de espalhamento são mais opacos. refletância de um material sobre um fundo negro

2,6 2,0
CAE -
co
CO -
CCL
cu CA -
cc
-
~

-e 2.2 CA ~

• CCL -
E CA E E 1,5
~

g E CT
CT ~

o cu
e
Q) cc •<G
~
E
<O 1,8 o
.e.
~
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~
1,0
"'
Q) -8
Q)
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$ 1,4
e
-
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'<.>
·~
;,:
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Q)
0,5
ü
~
ü 1,0
- - -
0,8
o.z....~~~~~~~~~~~~-----<
600 700
0,0 -1------------~--.
400 500 600
-- 700
400 500
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)

FIGURA 4.35 Coeficiente de espalhamento vers11s FIGURA 4.36 Coeficiente de absorção versus com-
comprimento de onda para diferentes cores de um com- primento de onda para cores de um compósito, C. As
pósito, e. As cores são O, opaca; CL, clara; U, universal; A, cores são AE, amarelo escuro; O, opaco; A, amarelo; C,
amarelo;AE, amarelo escuro;T, translúcida e C, cinza. (De cinza; CL, clara; T, translúcido e U, universal (De Yeh CL,
Yeh CL, Miyagawa Y, Powers /M: /. Dent Res. 61, 797, 1982.) Miyagmua Y, Powers /M: f. Dent. Res. 61, 797, 1982.)
66 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

10,0
cu
CT
~ CCL
E 7,5
E CA

-""
~

<1l cc
e
CAE
.s
<1l co
...,
u 5,0
a.

<1l
~
:l
(/)

~
a.
(/) 2,5
w

500 600 700


Comprimento de onda (nm)

FIGURA 4,3 7 Espessura ópt ica infinita verst1s comprimento de onda para cores de um compósito, C. As cores são
U, universal; T, translúcida; CL, clara; A, amarelo; C, cinza; AE, amarelo escuro e O, opaco. (De Yeh CL, Miyngawa Y,
Powers ]M: ]. Derll. Res. 61, 797, 1982.)

ideal atingiria 99,9o/o de sua refletividade de luz. o caso em pacientes que apresentam pigmentação
A espessura óptica infinita, XI, é definida para luz devido a fatores intrínsecos ou extrínsecos (p. ex.,
monocromática como segue: a coloração por antibióticos e o tabagismo, res-
pectivamente) ou em restaurações nas quais uma
XI= (1/bS) arccotg [(1-0,999aRI)/0,999bRI] mm
estrutura opaca de reforço é necessária, como no
A variação de XI com o comprimento de onda é caso da indicação de materiais metálicos ou pinos
mostrada na Figura 4.37 para um compósito resinoso. de cerâmica altamente cristalina. A capacidade de
É interessante que os compósitos são mais opacos ao mascaramento de materiais restauradores depende
azul do que à luz vermelha, já que a luz azul é aquela de suas constantes ópticas, como descrito anterior-
utilizada para fotopolimerizar os compósitos. mente, e de sua espessura. Na Figura 4.34, há exem-
plos de materiais com a mesma espessura, mas com
RAZÃO DE CONTRA STE diferentes propriedades ópticas contra um fundo
Uma vez que a, b e S são obtidos, a reflexão de preto e branco para demonstrar as variações em
luz (R) para urna amostra de qualquer espessura (X) suas capacidades de mascaramento.
sobre um fundo de qualquer refletância (Rg) pode
ser calculada pela seguinte fórmula: Propriedades T érmicas
R= (1-Rg(a-b ctgh bSX]/(a+bctgh bSX-R8) Temperatura
Uma estimativa da opacidade de uma amostra A temperatura de urna substância pode ser me-
de 1 mm de espessura pode ser calculada a partir dida com um termômetro ou com um termopar.
da relação de contraste (C) como segue: Uma importante aplicação da medição da tempe-
ratura em odontologia é a medida do calor produ-
C=Ro!R zido durante um preparo cavitário ou durante a
em que R0 é a reflexão de luz registrada para a fotoativação de compósitos resinosos. Exemplos do
amostra sobre um fundo preto. efeito da velocidade de rotação de urna peça de mão
e de substâncias refrigerantes na temperatura da es-
Capacidade de Mascaramento trutura dental durante o preparo cavitário são mos-
Restaurações dentárias são frequentemente in- trados na Figura 4.38. Neste caso, a temperatura foi
dicadas para resolver problemas estéticos, mesmo medida por um termopar inserido em urna pequena
quando lesões de cárie não estão presentes. Este é abertura através da junção amelodentinária. O den-
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 67

66,6 FIGURA 4.38 Elevações de


Sem refrigeração 2,2N Broca carbide 37 temperatura provocadas por
brocas de carbide durante o cor-
55.5 te de tecido dentário, utilizadas
em diferentes velocidades, com
e sem refrigeração. (Modificado
~ 44 ,4 de Peyton FA: f. Am. Det1t. Assoe.
2 56, 664, 1958.)
~
~
E 33,3
2 Spray de ar - 37ºC H20
"'
'O
2
8,5cc/min 1, 1N

~ 22,2 Refrigeração a ar 2,2N Spray de ar - 2s•c H20


8,5cc/min 1,1N
§
<(
Stream - 25' C
11'1 Spray de ar - 25' C H20 H20 125cc/min 1, 1N

o 1~~B,
o
~5 c
~c~/§m ~
i
25
n ~
2~, 2§N~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
50 75 100 125 150 175 200
Velocidade de rotação (rpm x 1.000)

o o
31 ,5 35
-05
' 25
68,7
~
-10
• o~
~

ü 50 o
o ~
1-- -1 •5
<J

75
-"'
<U
~

e
Ql
[l_
-20
'
DTA
-25 100
' - TMA 0,013 MN/m2
TMA 0,26 MN/m 2
52
20 40 60 80 100 120
•e

FIGURA 4.39 Termogramas de uma mistura de para.fina a 75o/o e cera de carnaúba a 25°/o.

te foi, então, cortado na direção do termopar e a O termograma foi obtido quando a diferença de
temperatura máxima registrada. temperatura entre a cera e o padrão de referência
foi registrada sob as mesmas condições de aqueci-
Temperaturas de Transição mento, ensaio em que são utilizados termopares. A
O arranjo atômico e das moléculas nos materiais diferença de temperatura foi registrada como uma
é influenciado pela temperatura e, desta forma, a ca- função da temperatura ambiente. A diminuição
racterização térmica é importante na compreensão do valor da l!.T indica um processo endotérmico
das propriedades dos materiais dentários. na amostra. As endotermas em 31,5 e 35 ºC são
A análise térmica diferencial (ATO) tem sido transições sólido-sólido que ocorrem na cera de
aplicada para estudar os componentes das ceras parafina como resultado de uma mudança na es-
odontológicas. A curva ATO de uma mistura de pa- trutura cristalina. A endoterma a 52 ºC representa
rafina e cera de carnaúba é mostrada na Figura 4.39. uma transição sólido-líquido na parafina, enquan-
68 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

to as endotennas em 68,7 e 80,2 ºC representam o peratura. O valor da T8 identifica a temperatura


derretimento da cera de carnaúba. O calor das duas na qual um polímero vítreo passa para um estado
transições sólido-sólido é de cerca de 8cal/g e a mais mole, borrachoide, durante o aquecimento,
transição de fusão de parafina e cera de carnaúba é que por sua vez se relaciona ao aumento do núme-
de aproximadamente 39 e 11 cal/ g, respectivamente. ro de graus de liberdade dado às moléculas pelo
Estes e outros termogramas mostram que a adição aumento da entropia. Um valor mais baixo de T8
de 25o/o de cera de carnaúba à cera de parafina pode ser resultado de um menor grau de conversão
não tem efeito sobre o ponto de fusão da cera de das ligações duplas, menor reticulação, estrutura
parafina, mas aumenta a faixa de fusão em cerca mais flexível ou resultante de maior saturação pela
de28 °C. água. Conforme discutido mais adiante, o valor do
A análise termomecânica (A1M) da mistura de coeficiente de expansão térmica de um polímero
cera de carnaúba e parafina também é mostrada na muda de acordo com a T8 .
Figura 4.39. A penetração de uma sonda cilíndrica
na mistura de ceras é mostrada em porcentagem Calor Latente
para duas tensões de 0,013 e 0,26 MPa. A pene- O calor latente, L, é a quantidade de calor em
tração na cera sob a menor tensão foi controlada calorias ou em joules, J, necessária para conver-
pela transição de fusão do componente de cera de ter lg de um material no estado sólido ao estado
carnaúba, enquanto a penetração sob a maior tensão líquido na temperatura de fusão. A equação para
foi dominada pela transições sólido-sólido e sólido- o cálculo do calor de fusão é L=Q/1n, na qual Q
líquido dos componentes da cera de parafina. é o calor total absorvido e m é a massa da subs-
Cerca de 44% da penetração está relacionada ao tância derretida. Portanto, em aplicações práticas,
escoamento, antes que o ponto de fusão da cera de é evidente que, quanto maior a massa do material
parafina seja alcançado. que está sendo derretido, mais calor é necessário
Outras propriedades se correlacionam aos ter- para alterar a massa total para o estado líquido.
mogramas. O coeficiente de expansão térmica da O calor latente está intimamente relacionado aos
cera de parafina aumenta de cerca de 300 X 10-6 / C pontos de fusão ou de congelamento de uma subs-
para 1.400X10-6 / C pouco antes da transição sólido- tância porque, quando ocorre mudança de estado,
sólido e o fluxo aumenta muito nesta faixa de tem- é sempre necessária a aplicação de calor adicional
peratura. à massa para provocar liquefação e, enquanto
A análise mecânica dinâmica (AMD) de um copo- a massa permanecer fundida, o calor latente é
Iímero de dimetacrilato é mostrada na Figura 4.40. mantido pelo líquido. Quando a massa for con-
Uma película fina do copolímero foi submetida à gelada, ou solidificada, o calor que estava sendo
deformação sinusoidal em tração a uma frequência mantido no estado líquido é liberado. A diferença
de 11 Hz. Com o aumento da temperatura, os valores no conteúdo de energia é necessária para manter
do módulo de elasticidade (E') e da tangente de per- o movimento cinético molecular, que é caracte-
da (tg 8) foram obtidos. A temperatura de transição rístico do estado líquido.
vítrea (T8) foi determinada a partir da identificação Os valores de calor latente de algumas subs-
do início de uma rápida redução do E' com a tem- tâncias comuns (dados em números arredondados)
estão listados na Tabela 4.9. Pode-se observar que os
valores de calor latente do ouro e dos metais usados
11 4 nas ligas de ouro odontológicas (prata e cobre) são
T9 = 25ºC
3 inferiores aos de muitos outros metais e compósitos.
~ 10 Isto é verdade também para o calor especifico do
N E' 2
E ouro e de suas ligas.
~ 9 1 '°e
(/)
<1l 48"C o s
e
Condutividade Térmica
15
~ 8 1~
[u Tan õ A condutividade térmica, K, de uma substân-
2
O> 7 cia é a quantidade de calor, em calorias ou joules
.2 -3
por segundo, transmitida por um corpo de 1 cm
6 -4
de espessura com uma secção transversal de 1 cm2
100 50 o 50 100 150 200 250
Temperatura (ºC) devido à uma diferença de temperatura de 1 ºC. As
unidades são cal/s / cm2 / (ºC/ cm). A condutividade
FIGURA 4.40 Propriedades mecânicas dinâmicas de de um material muda um pouco com a mudança da
um copolímero 75o/o em peso de Bis-GMA e 25°/o TEGD- temperatura ambiente, mas geralmente esta diferen-
MA. (De Wilsoo TW, TI1rner DT: }. Dent Res 66, 1032, 1987) ça resultante da mudança de temperatura ambiente
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 69

TABELA4-9 Calor Latente (L) de Alguns Materiais TABELA 4-10 Condutividade Térmica (K)
de Diversos Materiais
Temperatura Calor Latente
Material (ºC) (cal/g ij/g)) Condutividade T érmica

METAIS cal/s/cm2 J/s/cm2


Material (ºC/cm) (ºC/cm)
Mercúrio -39 3 (12)
METAIS
Ouro 1.063 16 (67)
Prata 1,006 4,21
Prata 960 26 (109)
Platina 1.773 27 (113) Cobre 0,918 3,84

Cobre 1.083 49 (205) Ouro 0,710 2,97

Cobalto 1.495 58 (242) Platina 0,167 0,698

Cromo 1.890 75 (314) Amálgama dental 0,055 0,23


Mercúrio 0,020 0,084
Compostos de 660 94 (393)
alumínio NÃO METAIS
Álcool -114 25 (104) Gesso 0,0031 0,013
Parafina 52 35 (146) Cimento de fosfato de zinco 0,0028 0,012
Cera de abelha 62 42 (176) Compósito resinoso 0,0026 0,011
Glicerina 18 47 (196) Porcelana 0,0025 0,010
Gelo o 80 (334) Esmalte 0,0022 0,0092

Dentina 0,0015 0,0063


Cimento de óxido de zinco e 0,0011 0,0046
é muito menor do que a diferença existente entre os eugenol
diferentes tipos de materiais.
Resina acrílica 0,0005 0,0021
Existem diversas aplicações importantes da
condutividade térmica nos materiais dentários. Por Cera de abelha 0,00009 0,0004
exemplo, uma grande restauração de amálgama ou
uma coroa de ouro em proximidade com a polpa
pode causar desconforto considerável ao paciente de temperatura em um material isolante depende
quando alimentos quentes ou frios produzirem do tempo de aquecimento ou de resfriamento e da
mudanças de temperatura. Este efeito é atenuado magnitude de tal diferença de temperatura.
quando uma quantidade adequada de estrutura
dental está presente ou quando materiais de base Calor Especifico
são colocados entre a estrutura dental remanescente O calor específico, e, de uma substância é a
e o material restaurador para prover isolamento. Os quantidade de calor necessária para elevar em 1 ºC
materiais para base de cavidades são condutores a temperatura de 1 g de tal substância. A água é
térmicos relativamente ruins e isolam termicamente normalmente escolhida como substância padrão e
a região da polpa. 1 g como a massa padrão. O calor necessário para
Um melhor conhecimento da condutividade elevar a temperatura de 15 a 16 º C de 1 g de água
dos vários materiais restauradores é desejável é de 1 cal, que é usado como o base para a defini-
para promover um grau adequado de isolamento ção da unidade de calor. Considerando-se massas
térmico pulpar, comparável ao do dente natural. A iguais, a maioria das substâncias é mais facilmente
condutividade de certos materiais dentários está aquecida do que a água.
listada na Tabela 4.10. Os materiais não metálicos Obviamente, a quantidade de calor necessária
têm menor condutividade térmica do que os metais, para elevar em 1 º C a temperatura de uma substân-
e por isso são bons isolantes. Os cimentos têm uma cia depende da massa total e do calor específico. Por
condutividade térmica semelhante à da dentina e do exemplo, 100 g de água requer mais calorias do que
esmalte. Note que a cond utividade térmica de um 50 g de água para elevar em 1 º C a sua temperatura.
material de forro ou base é importante para reduzir Da mesma forma, por causa da diferença do calor
a transferência térmica à polpa e que a diferença específico da água e do álcool, 100 g de água requer
70 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 4-11 Calor Específico (Cp) de Materiais TABELA 4-12 Difusividade Térmica (o.)
Diversos de Materiais Diversos

Material Calor Específico (cal/g/ºC [J/g/°C]l Difusividade


Material Térmica (mm2/5)
SÓLIDOS
Ouro puro (calculada) 119,0
Ouro 0,031 [O,13)
Amálgama 9,6
Platina 0,032 [0,13)
Compósito resinoso 0,675
Prata 0,056 [0,23)
Porcelana 0,64
Cobre 0,092 [0,38)
Esmalte 0,469
Esmalte 0,18 [0,75)
Cimento de óxido de zinco e eugenol 0,389
Quartzo 0,19 [0,79)
Cimento de fosfato de zinco 0,290
Alumínio 0,21 (0,88)
Godiva 0,226
Porcelana 0,26 [l,09)
Cimento policarboxilato de zinco 0,223
Dentina 0,28 [l,17]
Cimento ionômero de vidro 0,198
Resina acrlliai 0,35 (l,46)
Dentina 0,183
LÍQUIDOS
Resina acrílica 0,123
Água 1,0 (4,18)
Parafina 0,69 (2,88)
Glicerina 0,58 (2,42) A unidade da difusividade térmica é mm2 / s.
A difusividade térmica descreve a taxa na qual um
Álcool (etil) 0,547 (2,29)
c?rpo em ~ temperatura não uniforme se apro-
Mercúrio 0,033 [0,14) xuna do equilíbrio. Para uma coroa de ouro ou um
amálgama dental, o baixo calor específico combinado
à alta condutividade térmica é capaz de criar um
choque térmico mais facilmente do que a estrutura
mais calor do que 100g de álcool para provocar o dental normal. Os valores de difusividade térmica de
mesmo aumento de temperatura. Em geral, o calor
alguns materiais estão listados na Tabela 4.12. Esses
espeófico dos líquidos é maior do que aquele dos
valores podem variar um pouco com a composição
sólidos. Alguns metais têm valores de calor especí-
do material restaurador em particular.
fico de menos de 10°/o que o da água. Conforme mencionado na discussão sobre con-
Durante os procedimentos de fusão e de injeção
dutividade térmica, a espessura do material é um
de ligas para a confecção de restaurações metálicas
parâmetro importante. Os parâmetros que regem
~didas, o calor especifico do metal ou da liga é
a eficiência do isolamento (Z) estão relacionados
importante por indicar a quantidade total de calor à espessura (E) e à difusividade térmica (a), como
que deve ser aplicada para elevar a temperatura
segue:
da massa até o ponto de fusão. Felizmente, o calor
específico do ouro e dos metais utilizados em ligas Z= E/(cx)*
de ouro é baixo, de forma que um aquecimento
prolongado é desnecessário. O calor específico do
Coeficiente de Expansão Térm.ica
esmalte e da dentina é maior do que o de metais _A mudança de ~omprimento (lrmnl - Long1no1) por
utilizados para a confecção de restaurações, como urudade de compn:mento de um material, decorren-
mostrado na Tabela 4.11. te da mudança em 1 ºC na temperatura é chamada
de coeficiente de expansão térmica linear, a, e é
calculado da seguinte forma:
Difusividade Térmica
A difusividade térmica, a, é uma medida de (Lw,a1 - Loriginal) / [Longina!X (ºCrina! - ºCorigino1)] =a
fluxo de calor transiente e é calculada como a con-
As unidades são representadas pela notação /ºC
dutividade térmica, K, d ividida pelo produto do
e, pelo_fato de os valores serem geralmente peque-
calor específico, c, vezes a densidade, p:
nos, sao expressos na forma exponencial, como
a=Kl(cp) 22X10"6 /ºC. Uma forma menos comum é o de
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 71

TABELA 4-13 Coeficiente de Expansão Térmica Tanto a expansão linear como a expansão vo-
Linear (u) de Materiais Diversos lumétrica são importantes em materiais e proce-
dimentos restauradores. É óbvio que, com uma
Material Coeficiente (x 10.,;/ºC)
redução de temperatura, ou resfriamento, há uma
Ceras para inlay 350 - 4.50 contração do material, que é igual à expansão que
resulta do aquecimento. Assim, a estrutura dental e
Material de moldagem à base 210
de silicone
os materiais restauradores presentes na boca se ex-
pandem quando aquecidos por alimentos e bebidas
Material de moldagem à base 140 quentes, mas se contraem quando expostos a subs-
de polissulfeto tâncias frias. Tais expansões e contrações podem
Selante.~ de cicatrículas e fissuras 71 - 94 romper o selamento marginal de uma restauração
com o dente, principalmente se a diferença entre
Resina acrílica 76
o coeficiente de expansão do dente e do material
Mercúrio 60,6 restaurador é grande. O alto coeficiente de expansão
Compósito resinoso 14-50 de ceras padrão é um fator importante na confecção
de restaurações com as dimensões adequadas. A
Cimento de óxido de zinco 35 mudança de volume como resultado de um res-
e eugenol
friamento é responsável pela formação de pontos de
Amálgama 22-28 contração e fissuras superficiais, que muitas vezes
Prata 19,2 se desenvolvem em ligas de ouro durante a solidi-
ficação. A compensação da contração que ocorre
Cobre 16,9 durante o resfriamento das ligas de ouro deve ser
Ouro 14,4 feita para que se obtenham peças fundidas em ouro
precisas. Os valores da Tabela 4.13 mostram que,
Porcelana 12
com mudanças de temperatura semelhantes, ma-
Dente (porção coronária) 11,4 teriais como resina acrílica e amálgama expandem
lonômero de vidro (tipo 2) 10,2 -11,4 mais do que o tecido dental, enquanto as cerâmicas
se expandem menos. O coeficiente das ceras padrão
utilizadas em inlays é excepcionalmente elevado
quando comparado ao de outros materiais.
As propriedades de expansão térmica de três
apresentar tal coeficiente em partes por milhão formas polimórficas cristalinas de sílica são de parti-
(ppm) e, neste caso, o número anterior seria ex- cular importância em revestimentos para fundição.
presso como 22 ppm. Sendo um dos principais componentes dos revesti-
Os coeficientes de expansão térmica linear para mentos, os quais devem ser aquecidos como parte
alguns materiais importantes na odontologia restau- do processo de fundição, a quantidade de expansão
radora estão apresentados na Tabela 4.13. Embora nestes materiais nas diferentes temperaturas é im-
o coeficiente seja uma constante do material, ele portante e crítica. Essas propriedades dos compostos
não permanece constante ao longo de uma faixa de sílica em relação ao seu uso como revestimentos
de temperatura ampla. Por exemplo, o coeficiente de para fundição foram descritas em 1932. As curvas
expansão térmica linear de uma cera odontológica na Figura 4.41 ilustram a porcentagem relativa de
pode ter um valor médio de 300X10-6 / ºC até 40°C, expansão térmica das quatro formas de sílica em
enquanto entre 40 e 50 ºC esta cera pode apresentar diferentes temperaturas, abaixo de 800 ºC. Das
um valor médio de 500 X 10-6 / ºC. O coeficiente de formas cristalinas, a cristobalita apresenta a maior
expansão térmica de um polímero muda conforme expansão na temperatura mais baixa e o quartzo
o polímero sai do estado vítreo para um estado em requer uma temperatura mais alta para atingir uma
que o material está mais macio, como uma borra- quantidade igual de expansão como a cristobalita. A
cha. Esta mudança no coeficiente corresponde à sílica fundida tem sido reconhecida por apresentar
temperatura de transição vítrea (Tg). uma expansão térmica extremamente baixa.
Tanto o coeficiente de expansão térmica linear
quanto o volumétrico podem ser medidos e, para a Propriedades Elétricas
maioria dos materiais que funcionam como sólidos
isotrópicos, o coeficiente de expansão térmica volu- Condutividade e Resistividade Elétrica
métrico pode ser considerado três vezes maior do A capacidade de um material de conduzir uma
que o coeficiente de expansão térmica linear. corrente elétrica pode ser expressa quer como con-
72 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

2,0 TABELA 4.14 Valores de Resistividade (r)


1,8 da Estrutura Dental Humana e de Diversos Cimentos
Cristobalita Dentários
1,6
~

~
o
1,4 Material Resistividade
~

o 1,2
""e:
(/)
1,0 T ridimita ESMALTE HUMANO

~ 0,8 Bjom (1946) 2,9 - 3,6X106


X
w 0,6 Mumford (1967) 2,6 - 6,9 X 106
0,4
Dentina humana
0,2 Silica fundida
Bjom (1946) 0,7 - 6,0 X104
o 100 200 300 400 500 600 700 800 900 Mumford (1967) 1,1 - 5,2X104
Temperatura (ºC)
Cimento dental
FIGURA 4.41 Curvas de expansão térmica para quatro lonômero de vidro 0,8 - 2,5 X104
t ipos de sílica. (Modificado de Volland RH, Paffenbarger GC: óxido de zinco e eugenol 109 - 1010
f Am Dent Assoe 19, 185, 1932)
Policarboxilato de zinco 0,4 - 4X10~

Fosfato de zinco 2 X 10~


dutância ou condutividade específica, ou inversa-
mente, como resistência ou resistividade especifica.
Resistividade é o termo mais comumente emprega- elétricos e de deslocamento de fluidos nos dentes,
do. A resistência de um condutor homogêneo com causados por movimentos iônicos. A resistência elé-
secção transversal uniforme a uma temperatura trica dos dentes íntegros e dos dentes acometidos por
constante varia diretamente com o comprimento cárie é diferente, sendo que o tecido cariado oferece
e inversamente com a área da seção transversal da menos resistência. O esmalte sadio é um condutor
amostra, de acordo com a equação: relativamente pobre de eletricidade, enquanto a
dentina é um pouco mais cond utora (Tabela 4.14).
R=pl/A
A condutividade dos materiais utilizados para
em que Ré a resistência em ohms, p (rho) é a substituir os tecidos dentais é um tema de interesse
resistividade, l é o comprimento e A é a área de em odontologia restauradora. A eficácia de cimentos
secção. A resistividade depende da natureza do e de outros materiais restauradores não metálicos
material. Se um cubo unitário de 1 cm de compri- como base isolante ainda não está bem estabelecida.
mento da aresta é utilizado, o l e o A são iguais a Vários estudos mediram a resistividade de cimentos
1 e, neste caso, R=p. A resistividade é expressa em dentários (Tabela 4.14). Os cimentos de óxido de
ohm-centímetros onde Ré em ohms, l em centíme- zinco e eugenol têm a resistividade mais alta, segui-
tros e A em centímetros quadrados. do pelo policarboxilato de zinco e o cimento fosfato
A mudança na resistência elétrica tem sido de zinco. Os cimentos de ionômero de vidro são os
usada para estudar alterações na estrutura interna cimentos mais condutores e possuem os valores
de várias ligas como resultado de um tratamento mais semelhantes à dentina.
térmico. Uma investigação inicial do sistema de
uma liga de ouro e cobre por métodos de conduti- Constante Dielétrica
vidade elétrica revelou uma mudança na estrutura Um material que fornece isolamento elétrico é
cristalina interna acompanhando a condutividade. conhecido como dielétrico. Os valores da constante
A correlação desses estudos sobre a condutivida- dielétrica da dentina humana e de vários cimentos
de com as mudanças relacionadas a outras pro- odontológicos estão listados na Tabela 4.15. A cons-
priedades estabelecem as bases fundamentais que tante dielétrica de um cimento dental geralmente
correlacionam as mudanças estruturais resultantes diminui à medida que o material toma presa. Essa
dos tratamentos térmicos à manipulação das ligas diminuição reflete a mudança de uma pasta que é
de ouro odontológicas. relativamente iônica e polar para uma menos iônica
Os valores de resistividade da estrutura do dente e polar. Como mostrado pelos altos valores de per-
humano estão apresentados na Tabela 4.14. A resis- missividade do ionômero de vidro e dos cimentos
tividade é importante nos estudos de percepção do de policarboxilato de zinco na Tabela 4.15, esses ci-
limiar de dor resultante da aplicação de estímulos mentos têm um alto conteúdo iônico e são bastante
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 73

polares em comparação com os cimentos de óxido efetivamente um dente de forma a atingir o estado
de zinco e eugenol e a dentina humana. original de equilíbrio não são dados conhecidos.
O problema de isolamento elétrico torna-se mais
complexo pela presença de correntes galvânicas na Força Eletromotriz
cavidade bucal, resultantes de células formadas entre
as restaurações metálicas. Estudos recentes indicam Trabalhar com metais e ligas metálicas para res-
tauração odontológica ou com instrumentos que são
que uma base de cimento não isola efetivamente a
polpa das correntes elétricas produzidas entre as res- suscetíveis à corrosão requer algum entendimento
da posição relativa do metal na série de força eletro-
taurações metálicas presentes na cavidade bucal. O
quanto de isolamento é necessário ou como restaurar motriz. A série eletromotriz é uma lista de potenciais
de eletrodo de metais de acordo com a tendência
decrescente a oxidar em solução. Esta série serve de
TABELA 4-15 Constante Dielétrica (E,.) base de comparação da tendência de metais a oxidar
para a Dentina Hu1nana e Diversos Cimentos Dentários no ar. Metais com um alto potencial de eletrodo
Material Constante Dielétrica
negativo são mais resistentes a manchas do que
aqueles com um alto potencial de eletrodo positivo.
Dentina humana 8,6 Em geral, os metais acima do cobre na série, tais
Cimentos dentários (curados) como alumínio, zinco e níquel, tendem a oxidar de
forma relativamente fácil, enquanto os abaixo do
lonômero de vidro 2a7X1(}5
cobre, como prata, platina e ouro, são resistentes à
óxido de zinco e eugenol 10 oxidação. Alista de potenciais de oxidação-redução
para algumas reações de corrosão comuns em água
Policarboxilato de zinco 4 X 1(}1 a 2 X 1(}5
e em água salgada é apresentada na Tabela 4.16.

TABELA 4-16 Potenciais de Oxirredução para ReaÇÕes de Corrosão e1n Á gua e em Água com Sal

Em Água, Potencial de filetrodo Em Água com Sal, Potencial


a 25 ºC (Volts vers11s Eletrodo de Eletrodo a 25 ºC (Volts versus
Metal Reação de Corrosão Normal de Hidrogênio) 0,1N na Escala Calomel)

Alumínio AJ"°' AJ3• + 3e +1,662• +0,83


Zinco +0,763 +1,10
Cromo +0,744 +0,4 a -0,18
Ferro +0,440 +0,58
Cobalto C°""Co2 • + 2e +0,277
Níquel +0,250 +0,07
Estanho +0,136 +0,49
Hidrogênio H 2"°'2H• + 2e 0,000
Cobre Cu"°'Cu2 •+2e --0,337 +0,20
4(0H-)"°'02 + 2H20+ 4e --0,401
Mercúrio 2Hg"°'Hgi2• + 2e -0,788
Prata Ag"°'Ag++e -0,799 +0,08
Paládio Pd"°'"°'Pd2 • + 2e -0,987
Platina Pt"°'Pt2• + 2e - 1,200
-1,229
Ouro -1,498
Modificado de Flinn RA, Trojan PK Materiais f.ngineering and Their Applications, ed 4, Boston, Houglitm1 Mifflin, 1990.
*Um valor positivo indica uma forte tendincia do metal a entrar en1 soluçilo. 1\Aaíares valares positivos indicam 111aterial 111ais an6dioo,
ao passo que maiores valores negativos, mais cat6dioo.
74 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 4-17 Série Galvânica de Algumas Ligas


Odontológicas em Saliva Artificial a 35 ºC .- .
- ..
Material Volts*
# . . .. , . . • •

.•..,.,
• ·'· o •
-.-~
"·'
., ,,
Coroa de estanho +0,048
Hidrogênio/H 0,000
Amálgama
Convencional esférica --0,023
Dispersa alto conteúdo de cobre --0,108 . . ..
Liga de níquel-cromo --0,126 a 0,240 ,,. .. · ;
Liga de cobalto-cromo --0,292
Liga de ouro
' .•••
. . .
Au-Cu-Ag
Au-Pt-Pd-Ag
--0,345
. •
.. ' . .·"'.
., .v. ' . ·' ••'
--0,358 a --0,455 ~

Modificado de Ar11idson K, fohnnsso11 EG: Scand. J. Dent. Res. 85, FIGURA 4.42 Polpa humana capeada com cimento
485,1977. de hidróxido de cálcio. Período de observação: 70 dias.
*Sinal de alta positivo indica 11111a farte tendt ncin do metal a.entrar Uma fina ligação de tecido duro revestida por células está
em soluçao. cobrindo a maior parte do local da exposição (Classe B).
Tecido calcificado em relação a partículas de cimento de
hidróxido de cálcio deslocadas (seta) (Hematoxilina-eosina,
Os valores de potencial de eletrodo e a ordem da aumento original x 100). (De Horsted Binds/ev-P, Vilkinis V,
série muda quando este é medido em uma solução Sidlauskas A: Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radio/
salina em vez de água. Os potenciais de eletrodo de Endod 96 (5), pp 591 -600, 2003)
algumas ligas dentais medidos em saliva artificial a
35 ºCestão listados na Tabela 4.17.
Da mesma forma, é possível determinar a partir quando elas são postas em contato. Essa corrente
da série de força eletromotriz que a redução dos cai rapidamente se as restaurações são mantidas
óxidos de ouro, platina e prata para metal puro em contato, provavelmente como resultado da po-
pode ser realizada mais rapidamente do que entre larização da célula. A magnitude da voltagem, no
os metais que têm um maior valor de força ele- entanto, não é de primordial importância, porque
tromotriz. há indícios mostrando que a sensibilidade do pa-
ciente à corrente é que tem urna influência maior na
Galvanismo possibilidade de sentir dor. Embora a maioria dos
A presença de restaurações metálicas na boca pacientes sinta dor quando expostos a um valor
pode causar um fenômeno chamado açiio galvânica, entre 20 e 50 µA, alguns podem sentir dor em 10 µA,
ou galvanismo. Esse fenômeno é resultado de uma enquanto outros não experimentam dor mesmo até
diferença de potencial entre diferentes materiais 110 µA. Esta é uma possível explicação para o fato
restauradores em dentes antagonistas ou adjacentes. de que alguns pacientes se incomodam com a ação
Esses materiais, combinados a saliva ou fluidos den- galvânica e outros não, apesar de apresentarem
tais como eletrólitos, formam uma célula elétrica. condições bucais semelhantes.
Quando dois materiais restauradores antagonistas As correntes galvânicas resultantes do contato
fazem contato entre si, a célula fica em curto-circuito entre duas restaurações metálicas dependem da
e, se ocorre um fluxo de corrente para a polpa, o composição das ligas e da área de superfície. Uma
paciente sente dor e a restauração mais anódica liga de aço inoxidável desenvolve uma maior den-
pode sofrer corrosão. Uma única restauração mais sidade de corrente do que as ligas de ouro ou as de
o fluido salivar e os fluidos dentais podem também cobalto-cromo quando em contato com uma restau-
constituir uma célula do tipo junção líquida. Con- ração de amálgama. Com o aumento do tamanho do
forme mostrado na Figura 4.42, os íons capazes de catodo (como uma liga de ouro) em relação ao ano-
conduzir eletricidade podem facilmente migrar pela do (como um amálgama), a densidade de corrente
dentina e ao redor das margens da restauração. pode aumentar. Da mesma forma, quanto maior o
Estudos têm indicado que correntes relativa- catodo, maior o poder de corrosão de restaurações
mente altas fluem através de restaurações metálicas menores que funcionam como anodo. Densidades
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 75

Amálgama
Amálgama
AgSn + AgCu
AgSn
0,2

w
o
ü
e,
>• - 02
• --Quebrada
ai
·o _..-/----""'~passividade
e
~ - 0,4 Oxidação do Cu
Q_

0,6
------...,,...__ Oxidação do Sn

- 08

7 6 5 4 3 2
- Log da densidade da corrente (A/cm2)

FIGURA 4.43 Curvas de polarização anódica de dois tipos de amálgama em saliva sintética. (Modificado de Fairl111rst
CW, Marek 1\.11 MB Butts, et ai: f. Dent Res 57.725, 1978)

associadas a amálgamas livres de "'2 parecem ser Estudos de corrosão do aço inoxidável cirúrgico
menores do que aquelas associadas aos amálgamas e de braquetes ortodônticos de aço inoxidável têm
que contêm fase -y 2 • sido reportados na literatura. A corrosão dessas
ligas e de outras pode resultar no comprometi-
Corrosão Eletroquímica mento das propriedades mecânicas e na formação
O comportamento eletroquímico e o compor· de produtos de corrosão, que em alguns casos se
tamente frente à corrosão dos materiais restaura- acumulam nos órgãos humanos. Como mostrado
dores recebeu um novo interesse com o estudo de anteriormente na Tabela 4.16, a corrosão pode ser
sistemas multifásicos, como as ligas de ouro e o afetada pelo ambiente, e certos metais, como o co-
amálgama. Por exemplo, a corrosão das fases -y, -y1 e balto e o cobre, corroem mais rapidamente quando
-y2 no amálgama foi estudada por análises eletroquí· em uma solução salina que contém proteínas do
micas. Medidas de polarização anódica e catódica soro, como a albumina e o fibrinogênio.
não indicam um comportamento fortemente p~
sivo dessas fases em saliva artificial. Amostras de Potencial Zeta
amálgama dentário apresentam pontos de corrosão Uma partícula carregada suspensa em uma
nos limites entre tais fases ou na fase -y 2 • Outros solução eletrolítica atrai os íons de carga oposta
estudos, no entanto, indicam que as ligas de amál- que estiverem próximos à sua superfície. A camada
gama apresentam um decréscimo dos potenciais formada por esses íons é chamada de camada de
eletroquímicos, resultando em valores equivalentes Stern. Para manter o equilíbrio elétrico do fluido em
a metais nobres, quando armazenados em soluções suspensão, os íons de cargas opostas são atraídos
neutras. A adição de cobre às ligas de amálgama pa- para a camada de Stern. O potencial na superfície
ra formar compostos cobre-estanho durante a presa desta parte da dupla camada difusa de íons é cha-
do material melhora a resistência do amálgama à mado de eletrocinética ou potencial zeta.
corrosão em cloreto e à corrosão galvânica. Confor- A eletroforese pode ser utilizada para aumentar
me mostrado na Figura 4.43, a atividade anódica de a estabilidade dos coloides, estimular a adsorção de
amálgamas à base de AgSn é bastante diferente dos íons e caracterizar a superfície das partículas. Os
amálgamas à base de AgSn + AgCu. O amálgama efeitos do pH, de agentes ativos de superfície e de
AgSn + AgCu permanece passivo nas condições do enzimas sobre o potencial zeta são importantes. O
ensaio, enquanto o amálgama AgSn não. potencial zeta pode afetar as propriedades mecâni-
76 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 4.18 Potencial Zeta (~)de Alguns em sulfetos, cloretos e fosfatos. Mais recentemente,
Materiais Dentários a descoloração de ligas expostas a tais soluções foi
avaliada por métodos espectrofotométricos, a fim
Material Potencial Zeta
de determinar parâmetros de diferença de cor dis-
Hidroxiapatita - 9,0 a - 10,9 cutidos anteriormente neste capítulo.
,
Estrutura dental* Sorção de Agua
Cálculo - 15,3 A sorção de água por um material representa a
Cemento quantidade de água adsorvida na superfície e absor-
vida pelo corpo do material durante a preparação ou
Exposto -6,96 enquanto a restauração está em serviço. A sorção de
Não exposto - 9,34 água por uma base de acrílico de uma prótese, por
exemplo, é medida gravimetricamente em µg/ mm3
Dentina -6,23
após sete dias em água. A tendência de materiais
Esmalte - 9,04 a - 10,3 poliméricos para bases de prótese apresentarem um
*Medido em solução de Hnnks salina balanceada.n 30 °C. alto grau de sorção de água é a razão para esta pro-
Modificado de O'Brien WJ (Ed.): 1997. Materiais Dentários e suas priedade ter sido incluída na especificação n°12 do
Seleç!ÜJ, ed 2, Carol Stream, Q11íntessence. Instituto Americano Nacional de Normatização/
American DentalAssociation (ANSI/ ADA) para este
tipo de material. Geralmente um empenamento e
cas próximas à superfície (tais como o desgaste) de uma alteração dimensional séria do material estão as-
um material. Os potenciais zeta de alguns materiais sociados a uma alta porcentagem de sorção de água.
estão listados na Tabela 4.18. A tendência dos materiais de moldagem à base de
alginato a embeber em água, se permanecerem imer-
sos, e alterar suas dimensões requer procedimentos
Outras Propriedades de desinfecção cuidadosos e vazamento do gesso
Certas propriedades são por vezes muito im- dentro do tempo recomendado pelo fabricante.
portantes na seleção e na manipulação de materiais
com indicação para uso na cavidade bucal ou nas Tempo de Presa
aplicações laboratoriais. Cinco dessas propriedades As características do tempo de presa estão as-
são a tendência ao manchamento e à descoloração, sociadas à velocidade da reação e afetam as aplica-
a sorção de água, a solubilidade e a desintegração, ções práticas de muitos materiais em odontologia
o tempo de presa e o praz-0 de validade. restauradora. Materiais como cimentos, materiais
de moldagem, gesso comum, gesso pedra e reves-
Manchamento e Descoloração timentos dependem de um tempo de reação e de
A descoloração de um material restaurador por uma taxa de endurecimento críticos para o sucesso
qualquer causa é um fenômeno muito problemático. da sua aplicação. Do ponto de vista prático de ma-
O manchamento de restaurações metálicas pela ação nipulação e do sucesso da aplicação, o tempo neces-
de óxidos, sulfetos ou qualquer outro material, cau- sário para um material tomar presa ou endurecer a
sando uma reação na superfície é uma propriedade partir do seu estado plástico ou fluido pode ser sua
fundamental das restaurações metálicas presentes qualidade mais importante. O tempo de presa não
na cavidade bucal e do instrumental laboratorial indica a conclusão da reação, que pode continuar
e clínico. O processo de esterilização a vapor do por períodos muito mais longos. Esse tempo varia
instrumental cirúrgico há muito tempo apresenta para os diferentes materiais, dependendo de cada
um sério problema de escurecimento e corrosão. aplicação em particular, mas a reprodutibilidade
Muitos materiais não metálicos, como cimentos e dos resultados de um lote para outro ou de uma
restaurações em compósito, apresentam tendência marca comercial para outra é altamente desejável.
a descolorir ou manchar em serviço, uma vez que A influência dos procedimentos de manipulação no
substâncias pigmentantes penetram no material e tempo de presa dos diversos tipos de materiais é
reagem com seus componentes. importante para o dentista e para o assistente.
Vários ensaios in vitro têm sido propostos para
estudar o manchamento e perda de brilho, particu- Prazo de Validade
larmente em ligas para coroas, próteses fixas e pró- Prazo de validade é um termo aplicado à deterio-
teses parciais. Esses ensaios geralmente se baseiam ração geral e mudança na qualidade dos materiais
na exposição controlada da liga a uma solução rica durante o transporte e o armazenamento. A tempe-
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 77

ratura, a umidade e o tempo de armazenamento, Materiais restauradores são geralmente menos


bem como o volume do material em questão e o tipo resistentes sob tração do que sob compressão. As res-
de recipiente de armazenamento, são fatores signifi- taurações devem ser concebidas para minimizar áreas
cativos que variam muito de um material para outro. de alta tração. A presença de defeitos no material pode
Um material que possui propriedades excepcional- contribuir ainda mais para áreas suscetíveis a falhas.
mente boas quando produzido pela primeira vez po- A fadiga também é uma consideração importante.
de ser pouco prático se este se deteriora seriamente Por exemplo, repetidas flexões de uma restauração
após alguns dias ou semanas. Essas qualidades são implanto-suportada carregada incorretamente pode
discutidas nos capítulos que tratam dos materiais concentrar tensões no parafuso do conector ou no
como gesso e materiais de moldagem. Alguns estu- corpo do implante, levando à fratura por fadiga.
dos sobre essas características nos vários materiais Muitas vezes, o dentista não está preocupado
têm sido feitos nos últimos anos e às vezes podem com a fratura de uma prótese, mas sim com a de-
ser feitas melhorias quanto a este aspecto por meio flexão que ocorre quando uma força é aplicada.
de ensaios de envelhecimento acelerado. Filmes Este é o caso de uma prótese parcial fixa, que pode
radiográficos, anestésicos e alguns outros produtos ser confeccionada como um corpo único ou pode
carregam data de validade posteriores àquela em consistir em unidades soldadas. Conforme discu-
que não se espera mais a atividade do material. Esta tido anteriormente neste capítulo, a deflexão de
prática garante ao usuário que o material não sofreu uma viga, ou neste caso de uma prótese parcial
deterioração pelo tempo. A maioria dos materiais fixa, apoiada em cada extremidade com uma carga
que atendem aos requisitos das especificações da concentrada no centro está diretamente relacio-
American Dental Association (ADA) apresenta a nada ao comprimento da viga elevado ao cubo e
data de produção como parte do número de série indiretamente à espessura elevada ao cubo. Du-
ou como uma observação em separado. plicando o comprimento da viga, portanto, a de-
flexão é aumentada em oito vezes. Isto também
indica que, diminuindo a espessura da viga na
RESUMO metade, a deflexão aumenta em oito vezes. Se um
volume muito grande for necessário para fornecer
As propriedades físicas das restaurações orais a rigidez desejada, a utilização de um material com
devem suportar adequadamente as tensões masti- maior módulo de elasticidade ou rigidez estaria
gatórias. Vários métodos podem ser utilizados para indicada. Se a falha se repetir, considere aumentar a
garantir o desempenho adequado de uma restau- dimensão oclusogengival dos conectores proximais,
ração. Com uma força constante, a tensão é inver- equilibrando a oclusão sobre uma maior área de
samente proporcional à área de contato; portanto, superfície e estreitando a mesa oclusal.
as tensões podem ser reduzidas pelo aumento da Estes exemplos isolados do conhecimento apli-
área sobre a qual a força é distribuída. Em áreas sob cado sobre as forças de mordida e tensões em es-
altas tensões, devem ser usados materiais com mó- truturas dentais indicam por que o entendimento
dulo de elasticidade e propriedades de resistência deste assunto é necessário para o dentista prático.
altas, se possível. Se um material menos resistente Em resumo, três fatores inter-relacionados podem
apresenta outras propriedades desejáveis, como ser considerados importantes na função a longo pra-
características estéticas, pode-se minimizar o efeito zo dos materiais restauradores odontológicos: (1) a
das tensões aumentando o volume do material, escolha do material, (2) a geometria do componente
quando possível, ou assegurando uma oclusão (p. ex., para minimizar a concentração de tensões) e
correta sobre a restauração. (3) o desenho do componente (p. ex., para distribuir
Restaurações e próteses devem ser projetadas as tensões o mais uniformemente possível). Note
de modo que as forças resultantes da mastigação que as falhas podem ocorrer e ocorrem. Nestes casos,
sejam distribuídas o mais uniformemente possível. uma análise da falha deve ser feita para responder
Além disso, ângulos agudos, áreas não uniformes a várias perguntas: (1) Por que ocorreu a falha?
e superfícies entalhadas, riscadas ou corroídas de- (2) Como ocorreu a falha? (3) Será que foi uma falha
vem ser evitadas para minimizar a concentração de de material ou de planejamento? e (4) Como prevenir
tensões. Por exemplo, os conectores entre os pilares essa falha no futuro? Por último, lembre-se de que
e os pônticos das próteses parciais fixas devem ser o comportamento dos materiais dentários depende
devidamente arredondados para distribuir melhor da inter-relação entre propriedades físicas, químicas,
a tensão durante a função. Parafusos de implantes ópticas, mecânicas, térmicas, elétricas e biológicas e
não devem ser riscados ou indentados quando que a melhora em uma propriedade específica muitas
colocados em posição. vezes leva a uma redução em outra propriedade.
78 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

PROBLEMAS SELECIONADOS

Propriedades Mecânicas da margem de uma peça, deve ser aplicada força


suficiente para exceder a resistência à deformação
PROBLEMA 1 permanente do material. Portanto, as ligas com alta
Com uma força média oclusal de 565N no primei- resistência à deformação permanente são difíceis de
ro ou no segundo molar, como é possível um paciente brunir, mesmo quando apresentam altos índices de
fraturar uma prótese fixa de uma liga de ouro em alongamento.
serviço, quando a liga tem uma resistência à tração
de690MPa?
PROBLEMA 4
Solução Por que uma restauração de amálgama mesio-
A tensão produzida pela força oclusal é uma fun- oclusal-distal (MOO) falha sob tração mesmo quan-
ção da secção transversal da prótese e do tamanho do são aplicadas forças compressivas pelos dentes
da área de contato sobre a qual a força é aplicada. antagonistas?
Quando a área de contato do dente antagonista é
muito pequena e localizada perto de uma porção Solução
da prótese com uma pequena seção transversal, a A carga compressiva produz flexão do amálga-
flexão pode produzir tensões de tração que podem ma MOO, o que resulta em tensões de compressão
ultrapassar a resistência à tração da liga de ouro. Por na superfície oclusal e tensões de tração na base da
exemplo, no problema 1, relacionando a força oclusal restauração. O amálgama é um sólido frágil com
de 565 N à resistência à tração de 690 MPa indica que resistência à tração muito menor do que a resistência
uma área mínima de 0,82 mm2 é necessária nesta à compressão e, portanto, o material falha primeiro
prótese. na base da restauração e a trinca se propaga para a
superfície oclusal do amálgama.

PROBLEMA 2
Por que a resistência à deformação permanente (li- PROBLEMA 5
mite de escoamento ou yield strength) de um material Considerando que o módulo das ligas de níquel-
restaurador é uma propriedade tão importante? cromo é cerca duas vezes aquele mostrado pelas
ligas de ouro, por que não é correto reduzir a es-
Solução pessura pela metade e esperar obter a mesma de-
A resistência à deformação permanente define a flexão?
tensão no ponto em que o material muda de compor-
tamento elástico para comportamento plástico. Na Solução
região elástica, as tensões e deformações retomam a Embora a deflexão seja diretamente proporcional
zero depois que as forças de mastigação são removi- ao módulo, é inversamente proporcional ao cubo da
das, enquanto na região plástica, alguma deformação espessura. Portanto, apenas reduções mínimas na es-
permanente é observada após a remoção da força. pessura são possíveis para que a liga de níquel-cromo
Uma deformação permanente significativa pode re- mantenha a mesma deflexão.
sultar na falha funcional de uma restauração, mesmo
que a fratura não ocorra.
PROBLEMA 6
Como é possível usar um único material de mol-
PROBLEMA 3 dagem elastomérico e ainda ter a viscosidade correta
Por que o valor de alongamento de uma liga fun- para usar na seringa e na moldeira?
dida nem sempre indica a capacidade de brunidura
de tal peça? Solução
A composição correta do polímero e das cargas
Solução produz um material que tem a característica de pseu-
Embora o alongamento de uma liga dê uma indi- doplástico. Esse material diminui sua viscosidade
cação de sua ductilidade ou de sua capacidade de ser quando sob altas taxas de cisalhamento, como du-
conformada em fio sem se romper, para a brunidura rante espatulação ou aplicação em seringa, e possui
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 79

uma viscosidade mais elevada quando sob baixas complacência viscosa muito baixa, como o produto
taxas de cisalhamento, como quando ele é utilizado seria caracterizado?
em moldeira.
Solução
O material seria altamente flexível, deve se recu-
PROBLEMA 7 perar de deformação moderadamente rápido e a recu-
Depois que um elástico ortodôntico é estendido peração da deformação deve ser quase completa.
e colocado em posição, a força aplicada dirrUnui ao
longo do tempo mais do que o esperado para a mo-
vimentação dental. Por quê? PROBLEMA 9
Por que o desgaste é um motivo de preocupação
Solução quando da seleção do material e do planejamento
Elásticos de látex se comportam elasticamente e da restauração?
viscoelasticamente. É principalmente a deformação
viscosa, que não é recuperável, que é responsável Solução
pela maior diminuição da força na medida em que o O desgaste dos materiais dentários pode ser pro-
bandão elástico se encurta como resultado do movi- vocado, por exemplo, por restaurações antagonistas
mento do dente. Este efeito é ainda mais pronunciado com valores de dureza diferentes, um problema que
quando são utilizados plásticos em vez de látex. é ainda mais evidente em pacientes com hábitos pa-
rafuncionais. Por essa razão, a seleção dos materiais
a serem utilizados em áreas com elevada solicitação
PROBLEMA 8 oclusal tem que ser criteriosa. A resistência ao des-
Se um fabricante de material dentário mostra gaste dos compósitos em restaurações posteriores
uma curva de complacência versus tempo para o seu tem melhorado ao longo dos últimos anos com o
material de moldagem elastomérico e afirma que o desenvolvimento de polímeros capazes de atingir
material apresenta um elevado grau de complacência maior conversão, mas, principalmente, devido a
elástica, complacência viscoelástica moderada e uma modificações nos sistemas de carga.
80 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

PROBLEMAS SELECIONADOS

Estado Coloidal, Membranas, Tensão Solução


Superficial, Ângulo de Contato, A colagem de selantes de fóssulas e fissuras ao
Adesão, Capilaridade esmalte depende da penetração capilar do selante nos
espaços microscópicos produzidos pelo condiciona-
PROBLEMA 1 mento ácido. A taxa de penetração capilar depende do
Por que é difícil lidar com o mercúrio sem qual- umedecimento e da viscosidade do selante. A baixas
quer contaminação na prática? temperaturas, a viscosidade de selantes pode ficar
muito alta para permitir uma rápida penetração. Por
Solução isso, é necessário deixar que um selante refrigerado
A alta tensão superficial do mercúrio e os altos atinja a temperatura ambiente antes da aplicação.
ângulos de contato na maioria das superfícies fazem
com que o mercúrio mantenha a sua coesão e deslize
sobre a maioria das superfícies. A pressão de vapor PROBLEMA 4
de mercúrio à temperatura ambiente é alta o sufi- Gesso pedra de alta resistência foi vertido em um
ciente para que sua concentração no ar seja tóxica. molde de silicone, mas foi difícil de reproduzir as
A solução é a utilização de sistemas de amálgama margens finas dos preparos cavitários. Qual poderia
encapsulados. ter sido o problema?

Solução
PROBLEMA 2
Com grande probabilidade, um material de mol-
Inlays de ouro confeccionadas pelo processo de dagem à base de silicone hidrofóbico foi utilizado e
cera perdida ficaram ásperas. O que poderia ter sido o molhamento desta superfície pela mistura de gesso
o problema? pedra de alta resistência seria problemático. Confira a
bula do fabricante e observe que provavelmente não
Solução há nenhuma indicação de que este é um material do
Pode haver várias causas para próteses fundidas tipo hidrofílico. Os fabricantes deverão especificar
ásperas. Por exemplo, a ausência de um detergente se um material de moldagem de silicone de adição é
ou agente umectante no padrão de cera antes da in- hidrofílico, mas não se ele é hidrofóbico.
clusão em revestimento. Os padrões de cera não são
facilmente molhados por um revestimento à base
gesso e água, a menos que um agente umectante seja PROBLEMA 5
utilizado. Se não for usado, as superfícies internas do
molde ficam ásperas, produzindo peças ásperas. Um paciente com prótese total está tendo difi-
culdade com a retenção da prótese maxilar. Quais
Por outro lado, a aplicação de agente umec-
tante em excesso na cera irá interferir na presa do os fatores que você deve verificar para melhorar a
retenção?
revestimento e da mesma maneira, resulta em uma
superfície áspera. O agente umectante é pincelado
sobre o padrão de cera e o excesso é removido pelo Solução
pincelamento com um pincel seco. Muito pouco de Certifique-se de que a extensão das bordas da
agente umectante é necessário. prótese está adequada, de forma que o selamento não
seja rompido quando ocorrer movimentação.
O ajuste, especialmente nas bordas, é importante
PROBLEMA 3 porque irá controlar a espessura da película de saliva
A adesão entre um material de selante que tinha entre a prótese e os tecidos e a força necessária para
acabado de ser retirado do refrigerador e o esmalte con- remover a prótese. Quanto mais fina a película de
dicionado foi observada como insuficiente. Por quê? saliva, maior a retenção.
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 81

PROBLEMAS SELECIONADOS

Corrosão, Propriedades Ópticas e Solução b


Propriedades Térmicas A cerâmica é um material translúcido, de modo
que a sua cor pode ser afetada pela cor do cimento
PROBLEMA 1
utilizado para retenção da restauração, principalmen-
Foi feito um acesso através de uma coroa de ouro te se a faceta não tem uma camada opaca. Selecione
para facilitar um procedimento endodôntico. Poste- um cimento resinoso com cor adequada para fazer a
riormente, tal acesso foi preenchido com amálgama colagem da faceta.
dentário. Depois de vários meses o amálgama se
apresentou descolorido e corroído. O que causou esse
PROBLEMA 3
problema e como ele poderia ter sido evitado?
Um material glazeador aplicado a uma restauração
Solução cerâmica apresenta rachaduras após o resfriamento.
O amálgama funciona como um anodo para a liga O que provoca as rachaduras no material glazeador
de ouro. Além disso, a área da superfície da restau- e como esse problema pode ser evitado?
ração de ouro é muito maior do que a do amálgama. Solução
Ambos os fatores fizeram com que o amálgama cor-
As cerâmicas possuem baixa difusividade tér-
roesse por ação galvânica. O acesso deve ser preen-
mica e estão sujeitas à formação de fissuras como
chido com uma folha de ouro para minimizar tal
resultado do choque térmico. Certifique-se de resfriar
corrosão.
urna restauração cerâmica conforme recomendado
pelo fabricante para minimizar o efeito de grandes
PROBLEMA 2 gradientes térmicos.
Uma faceta laminada cerâmica a ser cimentada em
um dente anterior coincide na escala de cores, mas não PROBLEMA 4
com o dente adjacente. Qual é a provável causa para
esse problema e como poderia ter sido evitado? Uma prótese limpa em água quente distorceu e já
não se encaixa mais na boca do paciente. Por quê?
Solução a
Se diferentes fontes de luz são u tilizadas para Solução
combinar tons metaméricos, a cor pode parecer corre- Se a temperatura da prótese durante a limpeza
ta quando observada sob uma determinada luz, mas ultrapassa a temperatura de transição vítrea da re-
não sob outra. Certifique-se de fazer a seleção entre sina, é muito provável que ocorra uma distorção em
dentes e escalas de cor sob condições de iluminação seguida. Certifique-se de usar água fria ao limpar
apropriada. uma prótese.
82 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

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CAPÍTULO

5
Testes de Materiais Dentários
e Biomecânica

SUMÁRIO

Resistência à Compressão Técnicas de Espectrometria


Flexão Picnometria
Resistência à Flexão Métodos de Teste da Resistência de União
Flexão Permanente Teste de Macrocisalha1nento
Teste de Macrotração
Resistência à Tração Diametral
Teste de Microtração
Resistência ao Cisalhamento Teste de Microcisalha1nento
Torção Teste de Push-out
Resistência à Fadiga Métodos para Medição da Contração e
Tenacidade à Fratura da Tensão durante a Polimerização de
Compósitos Resinosos
Análise Fractográfica
Dilatômetro de Mercúrio
Resistência ao Rasgamento e Energia Disco Aderido
de Rasgamento AcuVol
Dureza Teste MARC (Managing Accurate Resin Curing)
Teste de Dureza Brinell Fator de Configuração Cavitária
Teste de Dureza Knoop Análise de Tensões e Desenho das Estruturas
Teste de Dureza Vickers Dentárias
Teste de Dureza Rocbvell Análise por Elementos Finitos
Teste de Dureza Barco!
Testes de Tensão de Polimerização
Teste de Dureza Shore A
Tensilômetro
Nanoindentação Tensôn1etro
Desgaste Análise de Trincas
Tempo de Presa Especificações para Materiais Restauradores
Definição e Importância Especificações da American Dental
Medição Association
Análise Mecânica Dinâmica Programa de Aprovação da American Dental
Reologia Association
,
Calorimetria Diferencial de Varredura Indice de Especificações e Normas Federais

89
90 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

No Capítulo 4, introduzimos conceitos funda- TABELA 5-1 ResL~tência à Compressão de Alguns


mentais de biomecânica e propriedades físicas dos Materiais Dentários
materiais dentários. Os dados apresentados foram
coletados com uma variedade de instrumentos de Resistência à
Material Compressão (MPa)
teste. Neste capítulo, descrevemos individualmente
os testes com mais detalhes. Esmalte 384

A ' -
Dentina 297
RESISTENCIA A COMPRESSAO Amálgama 189

Quando um objeto é testado em compressão, Hidróxido de cálcio 8


a falha pode ocorrer como resultado de tensões Porcelana feldspática 149
complexas neste objeto. As forças de compressão
Gesso especial 81
aplicadas em cada extremidade do espécime são
transformadas em tensões de cisalhamento ao longo Compósito resinoso 225
de uma área em forma de cone localizada em cada Cimento de fosfato de zinco 110
extremidade do cilindro e, como resultado da ação
dos dois cones nesse cilindro, são transformadas
em tensões de tração na porção central da massa
do corpo. Por causa desta configuração de tensões
de prova é muito curto, a distribuição de tensões se
no corpo, torna-se necessário adotar tamanhos e di-
torna mais complicada como resultado da formação
mensões padronizados para se obterem resultados
de cones sobrepostos nas extremidades do cilindro.
reprodutíveis. A Figura 5-1 mostra que se um corpo
Se o espécime for muito comprido, pode ocorrer
encurvamento. Portanto, o cilindro deve ter um
comprimento equivalente ao dobro do diâmetro
TC para se conseguir resultados mais satisfatórios.
O teste de compressão é o mais adequado para
comparar materiais que são friáveis e geralmente
pouco resistentes em tração. O teste de compressão
é, portanto, uma propriedade útil para comparação
de amálgamas dentais, compósitos resinosos e ci-
mentos e para determinar as qualidades de outros
materiais como gesso e revestimentos. Valores típi-
cos de resistência à compressão de alguns materiais
dentários restauradores são dados na Tabela 5-1.

FLEXÃO
As propriedades de flexão de diversos materiais
são muitas vezes mais importantes que suas pro-
priedades de tração ou compressão. As proprie-
dades flexurais de fios de aço inoxidável, limas e
afastadores endodônticos e agulhas hipodérmicas
são especialmente importantes. Por exemplo, a
especificação nº 28 do American National Stanàards
Institute/American Dental Association (ANSI/ ADA)
para limas e afastadores endodônticos exige testes
de flexão.
As propriedades de flexão são mensuradas pelo
encurvamento de um corpo de prova em formato de
FIGURA 5-1 Padrão de tensões complexas desenvolvi- barra. Em uma configuração de cantilever simples,
do em um cilindro submetido a uma carga de compres- a barra é fixada em uma extremidade e uma força é
são. Tensão de compressão (TC), Tensão de cisalhamento aplicada em uma distância determinada da extremi-
(TCis), Tensão de tração (TT). dade que está fixada. Na configuração de cantilever
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 91

Compressão
~ 60 70 Eixo neutro
E
E Tração
z'
~

o 60
l!ll
X
Q)
40 FIGURA 5-3 Esquema do teste de flexão em três pon-
tos. Os três pontos são os dois suportes na região inferior e
Q)
-o o ponto central de carregamento na região superior.
-o
eQ) 50
~ 20

r
40 666 N
~
30
20 EN
5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deflexão angular (graus)

FIGURA 5-2 Curvas de momento de ftexão- deflexão


angular para afastadores endodônticos de tamanhos de Tração
20 a 70. A

666 N
duplo, as duas extremidades da barra são fixadas
e a carga é posicionada no centro da viga. Em uma
configuração de flexão de três ou quatro pontos, a
barra é apoiada em dois roletes e a carga é aplicada
na parte superior da barra. Os corpos de prova são
submetidos a condições que se assemelham à flexão
pura, e a teoria das vigas é usada para analisar os B
dados. Conforme a força é aumentada e o corpo
de prova é flexionado, valores correspondentes ao FIGURA 5-4 Análise fotoelástica do teste de resistência
ângulo de flexão e o momento fletor (força x distân- à flexão. A, Modelo fotoeláslico com franjas isocromáticas.
cia) são obtidos. Gráficos do momento fletor versus B, Ilustração para mostrar a ordem das franjas isocromáti-
o ângulo de flexão são semelhantes em aparência a cas. Eixo neutro (EN).
curvas de tensão-deformação. Como exemplo, uma
série de curvas para vários tamanhos de afastado- TABELA 5-2 ResL~tência à Flexão de Alguns
res endodônticos são mostrados na Figura 5-2. Um Materiais Dentários
instrumento será permanentemente dobrado se o
ângulo de flexão exceder o valor que está no fim Resistência à
da porção linear da curva. Os instrumentos maiores Material Flexão (MPa)
são mais rígidos, como mostrado pela inclinação
Compósito resinoso 139
inicial mais acentuada. A porção linear inicial da
curva é mais curta para os instrumentos maiores e, Amálgama em forma de aparas 124
portanto, o desvio da linearidade ocorre em ângulos Porcelana feldspática 65
de flexão menores.
Gesso especial 17
lonõmero de vidro modificado por resina 42-68
A ' -

RESISTENCIA A FLEXAO Cimento resinoso 66-121

A resistência à flexão de um material é obtida


quando se carrega uma barra simples, apenas teste é chamada de resistência àflexão. Os valores de
apoiada (não fixada) em cada extremidade, com resistência à flexão de diversos materiais dentários
uma carga aplicada no meio (Figs. 5-3 e 5-4). Este são mostrados na Tabela 5-2. Este teste determina
teste é chamado de flexão ern três pontos (3PC) ou não só a resistência de determinado material, mas
teste de flexão, e a tensão máxima mensurada no também a quantidade de distorção esperada. O teste
92 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

de resistência à flexão é parte da especificação nº 12 é influenciado por sua composição e dimensões,


(ISO 1567) da ANSI/ ADA para resinas para base de assim como seu tratamento durante a fabricação.
prótese total. A resistência à flexão e a deformação Esses testes são importantes porque esta informação
correspondente são importantes também em es- não é prontamente relacionada aos dados de testes
paços protéticos amplos de próteses parciais fixas, mecânicos padronizados, tais como propriedades em
em que as tensões decorrentes de cargas oclusais tração ou dureza. Tensões de tração e compressão
podem ser severas. severas podem ser introduzidas em um material
A equação para a tensão máxima desenvolvida submetido à flexão permanente. É em parte por essa
em uma barra retangular carregada no centro da razão que os dados de testes de tração e compressão
distância entre os apoios é a seguinte: para um material são tão importantes.
Tensão= 3 X carga X comprimento/
(2 X largura X espessura2) A

RESISTENCIA A TRAÇAO
' -

Ou DIAMETRAL
e;= 3Pl/2bd2
A deformação resultante ou o deslocamento Um método alternativo para testar materiais
nesta barra ou ponte pode ser calculada a partir da frágeis, em que a resistência à tração é determinada
seguinte equação: através do teste de compressão, é popular devido
a sua relativa simplicidade e reprodutibilidade. O
Deformação = carga x comprimento3 / 4 X método é descrito na literatura como o teste de co·m-
módulo de elasticidade X largura X espessura3 pressão dia:metral pa:ra tração ou o teste brasileiro. Neste
Ou teste, um disco de um material frágil é comprimi-
8 = P1!4Ebd3 do diametralmente em uma máquina de ensaios
A flexão em quatro pontos é frequentemente mecânicos até a fratura ocorrer, como mostrado
preferida ao teste de flexão em três pontos quando na Figura 5-5. A carga de compressão aplicada ao
se quer medir módulo de flexão e resistência à espécime introduz uma tensão de tração no material
flexão. Se um material que se deforma facilmente no plano da aplicação de força da máquina de teste
for testado com dispositivos de carregamento e de por causa do efeito de Poisson. A tensão de tração
( c;x) é diretamente proporcional à carga (P) aplicada
suporte inadequados, os elementos podem causar
em compressão através da seguinte fórmula:
deformações localizadas. Isto é indesejável porque
a teoria da viga utilizada para calcular a deflexão c;x = 2P /nDT
assume que ocorre uma deformação uniforme na Note que este teste é desenhado para materiais
barra, sem tensões localizadas ou fatores que pos- frágeis. Se o espécime deforma significantemente
sam impedir essa deformação. Uma configuração
de flexão em quatro pontos utiliza dois elementos de Carga (P)
carregamento em vez de um utilizado na flexão em
três pontos. Os dois elementos de carregamento
aplicam uma carga mais uniforme à barra, o que
previne sua deformação em formato de "V" e con-
centração de tensões no meio do corpo, como acon-
tece quando um único elemento de carregamento 1
1
é utilizado. Nesta configuração, uma área maior e .. 1 ,.. \.k'+- Espessura
1
mais representativa do espécime é testada. Tensão de 1
• 1 ,.
tração O"x 1 D
~ 1 ,...
1
FLEXÃO PERMANENTE 1 Diâmetro
1

Durante a fabricação, várias restaurações dentá-


rias são submetidas à flexão permanente. O ajuste de
grampos de próteses parciais removíveis e a confor-
mação de fios ortodônticos são dois exemplos. Com-
parações de fios e agulhas de diferentes composições
t
Suporte de compressão
e diâmetros submetidos a repetidas flexões em 90
graus são frequentemente realizadas. O número de FIGURA 5,5 Como uma força compressiva desenvolve
dobramentos a que um corpo de prova irá resistir tensões de tração em materiais frágeis.
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 93

TABELA 5-3 ResL~tência à Tração de Alguns TABELA 5-4 Valores de Resistência ao


Materiais Dentários CL~alhamento de Alguns MateriaL~ Dentários
Restauradores Testados pelo Método do Push-out
Resistência à Tração Resistência à
Material Diametral (MPa) Tração (MPa) Resistência ao
Material Cisalhamento (MPa)
Esmalte 10
Esmalte 90
Dentina 106
Dentina 138
Amálgama 54 32
Resina acrílica 122
Hidróxido de cálcio 1 2,3
Amálgama 188
Cerâmica feldspática - 25
Porcelana 111
Gesso especial 8 6
Cimento de fosfato de zinco 13
Cimentos de fosfato 8 10
de zinco

antes de falhar ou fraturar em mais de dois pedaços e tem sido usado extensivamente. Alternativamen-
iguais, os dados podem não ser válidos. Alguns te, as propriedades de cisalhamento podem ser
materiais exibem diferentes valores de resistência determinadas submetendo-se um corpo de prova
à tração diametral quando testados em diferentes ao carregamento torcional. Valores de resistência
trocas de carregamento e são descritos como sendo ao cisalhamento de alguns materiais estão listados
sensíveis à relação taxa de deformação. O teste de na Tabela 5-4. As especificidades do teste de cisa-
tração diametral não é válido para esses materiais. lhamento para interfaces adesivas são discutidas
Valores de resistência à tração diametral e à tração em detalhes na seção de métodos de resistência de
para alguns materiais dentários são listados na união neste capítulo.
Tabela 5-3.
TORÇAO -
RESISTÊNCIA AO
CISALHAMENTO Outro modo de carregamento importante para a
Odontologia é a torção. Por exemplo, quando uma
lima endodôntica está presa na ponta e a parte su-
A resistência ao cisalhamento é a tensão máxi-
perior é rotacionada, o instrumento é submetido à
ma a que um material pode resistir antes de falhar
torção. O fato de a maioria das limas e dos afastado-
em um modo de carregamento em cisalhamento.
res serem rotacionados no canal radicular durante
Isto é particularmente importante no estudo de in-
o tratamento endodôntico toma suas propriedades
terfaces entre dois materiais, como uma interface
em torção de particular interesse. A especificação nº
cerâmica- metal ou implante-osso. Um método para
28 para limas e afastadores endodônticos da ANSI/
testar a resistência ao cisalhamento de materiais
ADA descreve um teste para medir a resistência à
dentários é o método da perfuração (punch) ou
fratura por torção com um torquímetro. A torsão
push-out, em que um carregamento axial é apli-
resulta em tensões de cisalhamento e rotação do
cado para empurrar um material através de outro.
espécime. Neste tipo de aplicação, estamos interes-
A resistência ao cisalhamento ('t) é calculada pela
sados na relação entre o momento torcional (M. =
seguinte fórmula:
força de cisalhamento X distância) e rotação angular
Resistência ao cisalhamento ('t) = F /mi.h n. Urna série de gráficos em que o momento torcio-
Em que Fé a força de compressão aplicada ao nal é medido como uma função de torção angular
espécime, d é o diâmetro do perfurador e h é a es- é mostrada na Figura 5-6. Neste exemplo, os ins-
pessura do corpo de prova. Note que a distribuição trumentos foram rotacionados no sentido horário,
das tensões causada por este método não é um cisa- contra o sentido das espiras do instrumento. Como
lhamento puro e que os resultados frequentemente no caso da flexão, as curvas se parecem com curvas
diferem por causa das diferenças em dimensões dos tensão-deformação, com urna porção linear inicial
corpos de prova, geometria da superfície, composi- seguida de uma porção não linear. Os instrumen-
ção e preparação, e procedimento mecânico do teste. tos devem ser usados clinicamente de modo a não
No entanto, este é um teste simples de ser realizado apresentarem rotação angular permanente; assim,
94 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

60
E ~

E 40 &. 1500
z'
~
55 ~
o
"'
e:
o
·13
50
45
'"'e:
(/)

~
~
.9
.9 20 40
e: 750
Q)
E
o 1 10 100
~ 30
Ciclos x 1os
oL..:~==:=:=:==::=::::;::==!
o 30 60 90 120 150 180 FIGURA 5-7 Curva de fadiga em ftexão para liga de
Rotação angular (graus) cobalto-cromo- niquei utilizada para próteses parciais
removíveis.
FIGURA 5-6 Curvas de momento torcional- rotação an-
gular para limas endodõnticas de tamanhos de 15 até 60.
sob carregamento repetitivo ou cíclico é, portanto,
dependente da magnitude de carga e do número
os ângulos de rotação devem ser limitados a valo- de repetições do carregamento. Dados de fadiga
res dentro da porção linear das curvas momento são frequentemente representados pela curva S-N,
angular torcional-rotação angular. Os instrumentos uma curva que representa a tensão (ou deforma-
maiores são mais rígidos em torção do que os me- ção) (S) em que o material irá falhar em função
nores, mas sua porção linear é menor. O formato do número de ciclos de carregamento (N). Um
irregular das curvas em alta rotação angular é resul- exemplo de curva S-N é mostrado na Figura 5-7.
tado da distorção dos intrumentos. A torção é uma Quando a tensão é suficientemente alta, a amostra
consideração importante para fixações rosqueadas irá fraturar em um número de ciclos relativamente
como aquelas utilizadas em restaurações com im- pequeno. Conforme a tensão diminui, o número
plantes. O uso de um torquímetro é recomendado de ciclos necessários para causar fratura aumenta.
para rosquear parafusos de conectores para preve- Portanto, quando um valor de resistência à fadiga
nir uma sobrecarga sobre o parafuso e uma possível é especificado, o número de ciclos também deve
fratura torcional no pescoço do parafuso. ser especificado. Para alguns materiais, um valor
de tensão a que a amostra pode ser submetida a
A '
um número infinito de ciclos sem se fraturar é
RESISTENCIA A FADIGA eventualmente utilizado. Esta tensão é chamada
litnite de fadiga.
Baseado nas discussões prévias, um objeto sub- A determinação de propriedades de fadiga é de
metido a tensões abaixo do limite de elasticidade e importância considerável para restaurações dentais
subsequentemente aliviado dessa tensão deve re- submetidas a forças cíclicas durante a mastigação.
tornar à sua forma original sem nenhuma mudança A aplicação de cargas durante a mastigação pode
em sua estrutura interna ou propriedades. Alguns ser de aproximadamente 300 mil flexões por ano.
ciclos de carregamento e descarregamento não afe- Como os materiais dentários podem ser submetidos
tam sensivelmente um material. Entretanto, quando a tensões moderadas repetidas um grande número
essa tensão é repetida muitas vezes, a resistência do de vezes, é importante durante o planejamento
material pode ser drasticamente reduzida e por fim da restauração sabermos qual tensão ela pode su-
causar a fratura. Fadiga é definida como uma fratura portar para um número de ciclos predeterminado.
progressiva sob carregamento repetido. Os testes As restaurações devem ser planejadas com uma
de fadiga são realizados submetendo-se um corpo de margem de segurança de forma que as tensões cí-
prova à aplicação de tensões alternadas abaixo do clicas desenvolvidas clinicamente estejam abaixo
limite de elasticidade até a fratura ocorrer. Testes do limite de fadiga.
de fad iga por tração, compressão, cisalhamento, As fraturas por fadiga se desenvolvem a partir
flexão e torção podem ser realizados. de pequenas falhas que coalescem e por fim levam
A resistência àfadiga é o nível de tensão em que a uma falha macrocópica e à fratura catastrófica.
o material falha sob carregamento repetitivo. Falha Áreas de concentração de tensão, como defeitos de
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 95

superfície e ranhuras, são particularmente perigosas muda com o comprimento da trinca e com o es-
e podem levar a falhas catastróficas. As proprie- tresse de acordo com a seguinte fórmula:
dades de fadiga são principalmente dependentes K = Ycra17
da microestrutura do material e da história de fa-
Em que Y é uma função que é dependente do
bricação e tratamento; portanto, elas nem sempre
tamanho e da geometria da trinca. Um material
se correlacionam a outras propriedades mecânicas.
fratura quando a intensidade de tensão alcança um
Além disso, o ambiente também influencia, pois o
valor critico, K,,. Esse valor de intensidade de tensão
meio em que o material está submerso quando em
no momento da fratura é chamado de tenacidade à
uso também pode causar degradação. Temperatu-
fratura. A tenacidade à fratura dá um valor relativo
ras elevadas, umidade, meio aquoso, substâncias
da habilidade do material de resistir à propagação
biológicas e desvios do pH neutro podem reduzir
da falha. As unidades de Kcsão unidades de tensão
as propriedades de fadiga. Como resultado, os da-
(força/comprimento2) X unidades de comprimen-
dos de fadiga, que tipicamente são apresentados
to17, ou força X comprimento17, e são tipicamente
com base em testes feitos em laboratório a seco e à
reportadas como MN m.:!/2 ou MPa ml/2.
temperatura ambiente, nem sempre são relevantes
para as condições de uso na cavidade oral. A tem-
peratura elevada, a umidade, o ambiente salino
com proteínas e pH variável tendem a reduzir a ANÁLISE FRACTOGRÁFICA
resistência à fadiga-nível em relação aos valores
obtidos no laboratório. A análise fractográfica tem sido usada em enge-
nharia por muitos anos para ajudar a definir a causa
de falhas e ajudar em desenhos de estruturas, assim
TENACIDADE À FRATURA como para melhorar materiais existentes. Sua utili-
zação em odontologia é relativamente recente, mas
O teste de tenacidade à fratura é geralmente avanços neste campo têm ajudado a identificar opa-
realizado utilizando barras em flexão com um pel das tensões residuais, temperatura e defeitos pree-
entalhe, em cuja extremidade uma falha é in- xistentes na longevidade de restaurações dentais.
troduzida com uma ponta de tamanho nanomé- Materiais frágeis são mais fáceis de analisar com
trico. Nesta configuração, os materiais podem ser fractografia, pois eles tipicamente falham catastrofi-
caracterizados pela taxa de liberação de energia, camente. As caraterísticas típicas da propagação de
G, e o fator de intensidade de tensão, K. A taxa trincas (Fig. 5-8) são prontamente identificadas e a
de liberação de energia é uma função da energia origem da fratura pode ser determinada. A origem
envolvida na propagação da trinca, enquanto o da fratura é o ponto em que a pior combinação de
fator de intensidade de tensão descreve a tensão na severidade do defeito (determinada pelo tamanho
ponta da trinca. O fator de intensidade de tensão e pela forma do mesmo) e solicitações de tensão

Origem Espelho

FIGURA 5-8 Características típicas da superfície de fratura frágil. A, Ilustração de uma superfície de fratura. B, A
fotografia mostra uma superfície de fratura em um bastão de quartzo que falhou catastroficamente. É possível identificar
uma região "espelho", com linhas "hackle" apontando a origem da fratura. (Parte B de Quim, GD: Fracwgraplty ofCernmics
attd G/asses, NIST, U.S. Depnrtment ofCmnmerce, Specia/ pub/icati.on 960-16,2007).
96 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

estão presentes. Diferenças no processamento das fractográfica permite que a origem seja identificada,
cerâmicas, por exemplo, podem levar a estruturas mas, nesses casos, as características da fratura são
significamentemente diferentes, como mostrado na muito mais complexas. Na Figura 5-10, o lascamento
Figura 5-9, em uma estrutura homogênea. O cres- causou uma falha catastrófica na margem onde a es-
cimento de defeitos é observado a partir de erros trutura da porcelana estava excessivamente fina.
cumulativos durante o processamento. Defeitos
maiores que aqueles mostrados na Figura 5-9, D são
considerados críticos. Na Figura 5-9, D, o problema RESISTÊNCIA AO RASGAMENTO
é maximizado pela presença de um defeito muito E ENERGIA DE RASGAMENTO
agudo que concentra tensões.
Nas situações clinicas, um planejamento ruim Resistência ao rasga·mento é uma medida de re-
de próteses também podem levar à falha, mesmo sistência de um material a forças de rasgamento. A
na ausência de um defeito preexistente. A análise resistência ao rasgamento é uma importante pro-
priedade de polímeros dentários utilizados em finas
camadas, como materiais de moldagem flexíveis em
áreas proximais, materiais maxilofaciais e reembasa-
dores resilientes para próteses totais. Espécimes para
o teste de resistência ao rasgamento são geralmente
de formato de arco e com entalhe. A resistência ao
A _B rasgamento de amostra com entalhe é calculada di-
vidindo a carga máxima pela espessura do espécime.
A unidade para resistência ao rasgamento é N/m.
\
Por causa da natureza elástica dos materiais
testados, a resistência ao rasgamento depende da
taxa de carregamento. Taxa de carregamento altas
resultam em valores maiores de resistência ao ras-
e D \ gamento. Clinicamente, a remoção rápida de um
molde de alginato é recomendada para aumentar
a resistência ao rasgamento e também para mini-
FIGURA 5-9 Micrografias de microscópio eletrônico
mizar deformações permanentes. Valores típicos
de varredura (MEV) de materiais cerâmicos. A, Mostra
um material bem processado, com poucos ou nenhum
de resistência ao rasgamento para alguns materiais
defeitos presente. A sequência de B a te D mostra materiais dentários estão listados na Tabela 5-5.
com defeitos cada vez maiores e mais nítidos, resultante de A energia de rasgamento (T) é uma medida da ener-
processamento ruim (cortesia de Scherrer SS, Universidade gia por unidade de área de superfície recém-rasgada
de Genebra). e é determinada a partir da força (F) necessária

3 4 K
-- 5 1
~
r----.=__:l~n~fra:;::e:_:s:::tr:utura \

A
FIGURA 5-10 Determinação da origem da fratura em uma restauração cerâmica. Uma ilustração esboçada dos achados
em e_<;tereomicrocópio (A) assim como uma imagem do mapeamento em MEV da direção geral da propagação da fratura de
parte de uma coroa fraturadade Procera AllCeram quebrada (B). (De Scherrer SS, et ai: Dent. Mater. 24, 1107-1113, 2008.)
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 97

TABELA 5-5 ResL~tência ao Rasgamento de Alguns que pode ser medida através de um microscópio
Materiais Dentários para determinação da sua profundidade, área ou
largura. As dimensões da indentação são então re-
Resistência ao lacionadas a valores de dureza tabelados. Com urna
Material Rasgamento (KN/m)
carga fixa aplicada a um aplicador padronizado,
Reembasadores de prótese 2,6-45 as dimensões da indentação variam inversamente
com a resistência à penetração do material testado.
Material de duplicação à base 0,22
de ágar Assim, cargas menores são utilizadas para materiais
menos duros.
MateriaL~ de moldagem
Ágar-ágar 1,0
Teste de Dureza Brinell
Alginato 0,47
O teste de dureza Brinell é um dos métodos
Polissulfeto 3,6 mais antigos utilizados para testar metais e ligas
Protetores bucais de 114 usadas em Odontologia. O método depende da
polivinilacetato-polietileno (EVA) resistência à penetração de urna esfera de aço ou
carbeto de tungstênio, tipicamente com 1,6mm de
diâmetro, quando submetida a urna carga de 123N.
TABELA 5-6 Energia de Rasgamento* (T) de Durante o teste de dureza Brinell de um material, o
Alguns Materiais Dentários penetrador permanece em contato com a amostra,
testado por um período fixo de 30 segundos, depois
Energia de do qual é removido e o diâmetro da indentação é
rasgamento cuidadosamente medido. Um diagrama mostrando
Material (J/m2 [mergs/cm2])
o principio do teste de dureza de Brinell, junto a
MATERIAIS DE MOLDAGEM urna vista microscópica de indentações em uma liga
de ouro, é mostrado na Figura 5-11. Como o teste de
Silicone de adição 390-1150 (0,39 - 1,15) dureza Brinell produz uma área de indentação
Alginato 66 [0,066) relativamente grande, ele é bom para determinar
valores médios de dureza e é pobre para determinar
Poliéter 64-0 [0,64)
valores muito localizados.
Po!L~sulfeto 1.100 - 3.000 (1,1 - 3,0)
MATERIAIS MAXJLOFACIAIS Teste de Dureza Knoop
Poliuretano 1.800 [1,8) O teste de dureza Knoop foi desenvolvido para
Poli(cloreto de vinila) 11.000 (11) satisfazer as necessidades de um método de micro-
indentação. Esse método é adequado para plásticos
Silicone 660 [0,66)
finos ou folhas de metal, ou materiais frágeis em que
a força aplicada não exceda 3,6Kgf (quilograma-
força; 35N). O método Knoop foi projetado de
modo que cargas variadas possam ser aplicadas ao
para propagar o rasgamento em uma amostra em
instrumento de indentação. A área de indentação
forma de "calça" como segue:
resultante, portanto, varia de acordo com a força
T = (F/t) (>.. +1) aplicada e a natureza do material testado. A vanta-
Em que t é a espessura da amostra e A é uma gem desse método é que materiais que apresentam
relação de extensão. Valores típicos de energia de grandes variações em dureza podem ser testados
rasgamento determinados para alguns materiais de simplesmente variando a carga do teste. Como a
moldagem e materiais maxilofaciais estão listados aplicação de cargas muito leves produzem microin-
na Tabela 5-6. dentações extremamente delicadas, esse método po-
de ser utilizado para examinar materiais que variam
em dureza ao longo de uma área de interesse. As
DUREZA principais desvantagens desse método são a neces-
sidade de amostras altamente polidas e planas e o
O teste de dureza consiste na aplicação de uma tempo necessário para completar a operação, o qual
força ou um peso padronizado a um indentador. Es- é consideravelmente maior do que o requerido por
te produz urna indentação de um formato simétrico outros métodos menos precisamente controlados.
98 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

p
p

1
1

.. .. 1

.. ..
1

A B 8
FIGURA 5-11 Teste de dureza Brinell. A, Indentação em material macio. B, Indentação em material mais duro.
C, Vista microscópica das indentações.

TABELA 5-7 Número de Dureza Knoop (KHN) de p p


Alguns Materiais Dentários

Material KNH (Kg/mm2)

Esmalte 343 1 '


Dentina 68 '
1
1
1 '"1- ,
Cemento 40 1 1 1 1
1 1 1 1
Liga de cobalto-cromo para prótese 391 '
1 1
parcial removível 1 1
1 1 1
1 1
Acrílico para prótese total
Porcelana feldspática
21
460
A
l_.J
B $
Abrasivo de carboneto de silício 2.480 FIGURA 5-12 A, Princípio da medição da dureza
Knoop. B, O teste de indentação com o cliamante em for-
Cimento de fosfato de zinco 38 mato de pirâmide (Vickers).

Os valores KHN (número de dureza Knoop) de quadrada, cujas diagonais são medidas como mos-
alguns materiais estão listados na Tabela 5-7. trado na Figura 5-12.

Teste de Dureza Vickers Teste de Dureza Rockwell


O teste de dureza Vickers utiliza como inden- O teste de dureza Rockwell foi desenvolvido
tador um diamante de base quadrada. O princípio como um método rápido para determinação de
deste método é semelhante aos testes Knoop e dureza. Um indentador metálico esférico ou cônico
Brinell, exceto pelo fato de que o indentador de é normalmente utilizado, e a profundidade da in-
diamante com formato de pirâmide de 136 graus é dentação é medida com um micrômetro adaptado
forçado no material com a aplicação de uma carga ao indentador. Os indentadores podem apresentar
definida. O indentador produz uma indentação vários diâmetros, assim como diferentes cargas
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 99

TABELA 5-8 Profundidade de Indentação TABELA 5-9 Valores de Dureza Shore A para
e Porcentagem de Recuperação de Alguns Polímeros Alguns Polímeros DentaL~
Dentais
Material Dureza Shore A
Profundidade de •;.,de
Material Indentação (µ.m) Recuperação Reembasador resiliente de prótese 48-85
Protetores bucais de polivinilacetato- 67
Dentes de estoque 93 88
polietileno (EVA)
Selante de fóssulas e 85-158 74-86
Elastômero maxilofacial de silicone 25
fissuras
Compósito resinoso 56-72 70-83

variando em espessura entre 0,5 e 6 mm ou mais, em


podem ser aplicadas (60 a lSOKgf [588 a 1.470N]), incrementes de 0,5 mm. Então, a superfície superior
com cada combinação descrita como uma escala de uma amostra é ativada por um fotopolimerizador.
especial de Rock'l<lrell, Rockwell A a G, denominadas A dureza Barco) da superfície superior é comparada
RA, R 6, e assim sucessivamente. à da superfície inferior. A profundidade de poli-
O método Rockwell superficial tem sido utilizado merização é definida como a espessura máxima na
para testar plásticos usados em Odontologia. Esse qual a leitura Barco) da superfície inferior não difere
método usa uma carga relativamente baixa (30 Kgf mais do que 10% da leitura da superfície superior.
[294 N]) e uma esfera de diâmetro grande (12,7 mm) Pesquisas mostram que um decréscimo de 10% na
em comparação aos métodos Rockwell padrão. O dureza Barco) de uma resina composta resulta em um
teste é feito primeiramente aplicando-se uma pré- descrécimo de 20% na resistência à flexão.
carga de 3Kgf (29,4N). Uma carga maior de 30Kgf
(294 N) é em seguida aplicada ao espécime por Teste de Dureza Shore A
10 minutos antes da leitura ser feita. Como os plásti-
cos dentais são viscoelásticos, uma recuperação da in- Os testes de dureza descritos previamente não
dentação ocorre assim que a carga maior é removida. podem ser usados para determinar a dureza de
A porcentagem de recuperação pode ser determinada elastômeros porque a indentação desaparece após a
na mesma amostra pela seguinte equação: remoção da carga. Um instrumento chamado durâme-
tro Shore A é utilizado na indústria da borracha para
Porcentagem de recuperação =
determinar a dureza relativa de elastômeros, em que a
[(A - B)/ A] X lOOo/o
dureza é medida em termos da elasticidade do mate-
Em que A é a profundidade da indentação cau- rial. O instrumento consiste em um indentador rombo
sada pela aplicação da carga maior por dez minutos com 0,8mm de diâmetro na ponta que se estreita
e B é a profundidade da indentação dez minutos a partir de um cilindro de 1,6mm. O indentador é
após a carga maior ter sido removida. Valores de ligado por uma alavanca a uma escala que é graduada
profundidade de indentação e porcentagem de re- de O a 100 unidades. Se o indentador penetra com-
cuperação para alguns plásticos odontológicos estão pletamente no espécime, uma leitura de Oé obtida, e
listados na Tabela 5-8. A vantagem do teste de dure- se não ocorre penetração, obtém-se uma leitura de 100
za Rockwell é que a dureza é lida diretamente, e isso unidades. Devido ao fato de elastômeros serem vis-
é bom para testar materiais viscoelásticos. As des- coelásticos, uma leitura precisa é díficil de ser obtida,
vantagens são a necessidade de pré-carregamento, pois o indentador continua a penetrar o elastômetro
maior tempo e a possibilidade da indentação desa- em função do tempo. O método usual é pressionar o
parecer imediatamente após remoção da carga. indentador para baixo firme e rapidamente e gravar
a leitura máxima para a dureza Shore A. O teste tem
Teste de Dureza de Barcol sido utilizado para avaliar reembasadores resilientes
de prótese, protetores bucais e elastômeros maxilofa-
O teste de dureza Barco! é um método utilizado ciais, cujos valores estão listados na Tabela 5-9.
para estudar a profundidade de polimerização de
compósitos resinosos. O indentador Barco! é uma
agulha com diâmetro de lmm que é pressionada por NANOINDENTAÇÃO
uma mola contra a superfície a ser testada. A leitura
na escala diminui à medida que o indentador penetra Os testes tradicionais de dureza utilizam cargas
a superfície. A profundidade de polimerização de um da ordem de alguns quilogramas e resultam em
compósito é testada pela preparação de espécimes indentações de cerca de 100 µ,m. Embora sejam
100 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 5-10 Propriedades dos Tecidos Dentários Determinadas em Testes de Nanoindentação

Tecido Nanodureza Dureza Dinâmica Módulo de Elasticidade

GPa Kg/mm2 GPa Kg/mm2 GPa

Esmalte 4,48 (0,44)< 457 (45) 2,90 (0,23) 295 (23) (87,7 95,9)

JAD 2;37 242 53,2


Dentina 0,70 (0,12) 71 (12) 0,55 56(9) 24 (3,9)

valiosos para avaliações iniciais de materiais e para respectivamente. É de interesse especial o módulo
determinar valores relativos entre diferentes mate- de elasticidade de 53,2 GPa para a região de junção
riais, esses testes estão sujeitos a limitações. Alguns dentina-esmalte, o qual é intermediário entre os
materiais têm constituintes microestruturais ou, no valores para esmalte e dentina. O teste de nanoin-
caso de compósitos microparticulados, fases das dentação é especialmente útil no estudo dessa
partículas que são substancialmente menores que a pequena região, o que não é possível com testes de
dimensão do indentador. Para medir precisamente compressão ou tração.
as propriedades dessas microfases, é necessário que Nano-DMA (dynamic mechanical analysis ou
se consiga criar indentações em menor escala e con- análise mecãnica dinâmica) é possível com alguns
trolar espacialmente a localização as indentações. nanoindentadores pela medição da resistência à
Estas técnicas, comumente referidas como nanoin- força de indentação durante a remoção da força.
dentação, são capazes de aplicar cargas que variam Esse método permite a medição do módulo de ar-
de 0,1 a 5.000 mg-f (miligrama-força), resultando mazenagem e de perda em materiais viscoelásticos.
em indentações de tamanho aproximado de 1 µm. DMA é descrita de forma mais completa ainda neste
Adicionalmente, a profundidade de indentação é capítulo.
continuamente monitorada, eliminando a necessi-
dade de realizar uma imagem da indentação para
calcular as propriedades mecãnicas. Embora mais DESGASTE
comumente utilizada para medir dureza de fases de
micrométricas, a técnica é também útil para medir O desgaste tem sido estudado (1) pelo teste em
o módulo de elasticidade. Para materiais frágeis, o serviço ou clinico, (2) por medições de serviço simu-
limite de escoamento e a tenacidade à fratura po- lado, (3) por sistemas que utilizam várias máquinas
dem ser determinados. de desgaste, (4) por medições de propriedades me-
Os valores de nanodureza, dureza dinâmica e cãnicas relacionadas, tais como a dureza, e (5) por
módulo de elasticidade do esmalte e da dentina exame da quantidade e do tipo de falha superficial
humana estão listados na Tabela 5-10, juntamente a partir de um único ou de um pequeno número de
com a nanodureza e o módulo de elasticidade para golpes deslizantes.
a região da junção amelodentinária. A nanodureza Teste de abrasão de dois corpos têm sido uti-
da dentina de 71 kg/ mm2 (696MPa) concorda com o lizados para classificar a resistência ao desgaste
valor Knoop de 68kg/mm2 (666MPa) reportado na dos materiais restauradores. Como mostrado na
Tabela 5-7; entretanto, a nanodureza de 457 kg/ mm2 Tabela 5-11, a resistência à abrasão de compósitos
(4,48 GPa) para o esmalte é consideravelmente maior resinosos depende da natureza das partículas de
que o valor Knoop de 343 Kg/mm2 (3,36GPa). Essa carga (vidro ou quartzo) e da silanização das cargas.
diferença pode ser resultante da indentação bem Os testes de abrasão de três corpos são frequen-
menor usada no teste de nanoindentação em relação temente utilizados para comparar a resistência à
ao tamanho dos prismas do esmalte. Os valores de abrasão da estrutura dentária à dos dentifrícios ou
dureza dinâmica são inferiores aos correspondentes materiais de profilaxia. O esmalte é cerca de cinco
à nanodureza porque eles são calculados a partir a vinte vezes mais resistente à abrasão do que a
do máximo deslocamento, enquanto os valores de dentina. O cemento é o menos resistente. Medições
nanodureza são calculados a partir de deformações de perda de esmalte durante uma profilaxia de
permanentes. O módulo de elasticidade de 87,7 e 30 segundos têm mostrado que o flúor é removi-
24 GPa para esmalte e dentina pela nanoindentação do da superfície do esmalte e têm permitido uma
estão razoavelmente de acordo com os valores de estimativa de remoção do esmalte de 0,6 a 4 µm,
amostras de testes de compressão de 84,1e18,3GPa, dependendo do abrasivo.
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 101

TABELA 5-11 Abrasão de Dois Corpos gesso é o tempo decorrido em que a massa semiflui-
de Materiais Restauradores Dentários da já não pode escoar facilmente dentro dos finos
detalhes de um molde. Um exemplo para mate.riais
Abrasão de dois
de moldagem é o tempo decorrido em que a pasta
corpos (10~'/mm
Material
se torna muito rígida para registrar os detalhes dos
de percwso)
tecidos duros e moles.
AMÁLGAMA O tempo de presa final é definido como o tempo
em que um material como o alginato pode ser retira-
Esférico 7,0
do sem distorção ou rasgamento. Para o gesso, esse
AgSn/ AgCu 5,6 é o tempo em que ele pode ser separado do molde
COMPÓSITO RESINOSO sem fratura. O tem.po de presa inicial é o tempo em
que certo estágio arbitrário de consitência sólida é
Partículas de vidro 7,7 alcançado no processo de presa.
Partículas de vidro - sem silano 13,8
Partículas de quartzo 3,8 Medição
Partículas de quartzo - sem silano 5,6
O tempo de presa inicial é geralmente medido
Microparticuladas 12,0 arbitrariamente por algumas formas de teste de
Resina de cliacrilato 17,0 penetração, embora ocasionalmente o utros tipos
de testes tenham sido desenvolvidos. Por exemplo,
Selante de fóssulas e flssu ras 21,5
a perda de brilho da superfície da massa misturada
Resina acrilica sein carga 13,3 do gesso comum ou do gesso pedra é uma indicação
deste estágio na reação química e algumas vezes
pode ser usada para indicar a presa inicial da mas-
Infelizmente, raras vezes existe uma relação de sa. Da mesma forma, o tempo de presa pode ser
1:1 entre o desgaste observado clinicamente e aquele mensurado pelo aumento da temperatura da massa,
medido no laboratório. Assim, a maioria dos testes porque a reação química é exotérmica.
se esforça para classificar os mate.riais na ordem que O aparelho de Vicat mostrado na Figura 5-13 é
são vistos clinicamente. Os testes tradicionais de comumente utilizado para medir o tempo de presa
desgaste medem o volume de material perdido, mas inicial de produtos de gesso. Ele consiste em um
não revelam os mecanismos de desgaste, enquanto bastão que pesa 300 g com uma agulha de 1 mm
uma técnica de única passagem deslizante pode ca-
racterizar os m odos de falha na superfície. Em geral,
os dados de desgaste não se correlacionam bem com
dados de outra propriedade mecânica, fazendo com
que seja mais díficil inferir propriedades de desgaste
a partir de outros testes laboratoriais mais simples.

TEMPO DE PRESA
Definição e Importância
O tempo necessário para a reação ser completada
é chamado ternpo de presa final. Se a taxa de reação
é muito rápida ou se o material tiver um tempo de
presa pequeno, a mistura pode endurecer antes
que o operador possa manipulá-la corretamente.
Por outro lado, se a taxa de reação for muito lenta,
um tempo excessivamente longo é necessário para
completar a operação. Portanto, um tempo de presa
apropriado é uma das características mais impor-
tantes de materiais como o gesso.
O tempo de trabalho se refere ao tempo após o qual
o material não pode ser manipulado sem originar FIGURA 5-13 Penetrômetro Vkat utilizado para deter-
distorções no produto final. Um exemplo para o minar o tempo de presa iniàal de produtos de gesso.
102 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

de diâmetro. Um anel é preenchido com a mistura estrutura. Embora virtualmente todos os materiais
cujo tempo de presa será medido. O bastão é abai- utilizados em Odontologia apresentem TsS bem aci-
xado até que ele toque a superfície do material, em ma da temperatura corporal ou ambiente, uma boa
seguida a agulha é solta, permitindo-se que pene- correlação entre outras propriedades mecânicas e T
tre a ~sa. Q~a~do a agulha não penetra a parte faz com que este seja um preditor útil da resistênci!
supenor do reop1ente, o material terá alcançado o e da estrutura dos materiais.
Vicat ou o tempo de presa inicial. Outros tipos de
instrumentos, como a agulha de Gillmore, podem
REOLOGIA
ser utilizados para obterem-se os tempos de presa
inicial e final de produtos de gesso.
A reologia é o estudo da deformação e da fluidez
dos materiais. Semelhante ao DMA, este teste envolve
, ~

ANALISE MECANICA DINÂMICA a aplicação de uma deformação de cisaJhamento osci-


latória ao material, posicionado entre placas circulares
(paralelas ou em uma configuração cone-placa), a uma
Atra_vés da an~lise mecânica dinâmica (dyna1nic
determinada frequência, geralmente sob condições
1nechan1cal analysrs, DMA) algumas propriedades
isotérmicas. Neste caso, o módulo de cisalhamento
muito úteis dos materiais podem ser mensuradas,
complexo (G*) é calculado e transformado em módulo
como o módiilo de elasticidade dinâmico (E') e a
de cisalhamento de armazenagem (G') e perda (G").
tem~eratura de transição vítrea (T ) em polímeros.
8 Como previamente discutido no Capítulo 4, a relação
Os cálculos desses valores estão descritos nas normas
en~ módulo de cisalhamento e taxa (ou frequência)
de teste ASTM D 4.092 (ASTM internacional). O teste
de osalhamento fornece a viscosidade. Viscômetros
pode ser realizado em várias conformações: tração,
são versões muito simples de reômetros. Os tempos
flexão em cantilever único ou duplo, flexão em três
de trabalho e presa em cimentos e compósitos com
pontos, compressão ou cisalhamento e é adequado
para líquidos e sólidos (na forma de barras ou pós),
carga para uso direto têm sido tradicionalmente deter-
minados pela reologia, com o aumento da viscosidade
aumentando a gama de aplicação a vários materiais
sendo monitorado durante a presa.
diferente~. Uma deformação sinusoidal é aplicada
Mais recentemente, a determinação do ponto
ao material a uma certa frequência, enquanto a
de gel em polímeros tem sido realizada com esta
temperatura é aumentada ou diminuída ao longo
técnica. O ponto gel define o ponto na reação de con-
do tempo através de um intervalo tipicamente entre
versão em que ocorre a transição do material de um
-50 e 220 ºC para a maioria dos polímeros, entre 25 e
liquido viscoso para um sólido viscoelástico, e pode
600ºC para a maioria dos vidros e cerâmicas e entre
ser correlacionado ao cruzamento entre as curvas de
50 e 600°C para metais. Conforme o teste progride,
desenvolvimento G' e G" durante a polimerização.
a força resultante é registrada por um transdutor
No cruzamento, as propriedades elásticas começam
e um gráfico de tensão-deformação é gerado. O
a predominar sobre a resposta viscosa e isto é um
módulo complexo (E•) é calculado a partir da in-
reflexo do desenvolvimento da rede polimérica. Isto
clinação desta curva e, a partir de E•, os módulos
é especialmente importante durante a polimerização
de anruu:enagem (E') e de perda (E") são obtidos,
dos compósitos dentários, ocorrendo sob confina-
como previamente explicado no Capítulo 4.
mento pela adesão às paredes cavitárias. Para os di-
A relação entre E'e E" fornece o fator de perda,
metacrilatos convencionais encontrados na maioria
tan 8. Em uma reta de aumento de temperatura, a
das formulações comerciais, a vitrificação se segue
evolução típica das propriedades é a seguinte: à
logo após a geleificação, como representado pelo
medida que o movimento molecular é favorecido
gráfico da cinética da reação. Neste ponto, as tensões
pelo_ aumento de temperatura, o módulo de perda
na interface aderida tornam-se mais significantes e,
ou viscoso aumenta e o módulo de armazenamento ou
portanto, materiais com geleificação mais demorada
elástico diminuí. A temperatura em que o máximo
são desejados. Assim, essa técnica é muito prática
no pico de tan delta é observado é T e define 0
ponto de transição do material de um ~stado elás-
para o desenvolvimento de novos materiais.
tico para um estado borrachoide. Através da análise
de largura do pico de tan delta, também é possível CALORIMETRIA DIFERENCIAL
ter uma ideia do grau de homogeneidade da es- DE VARREDURA
~t_w°ª do material Picos de tan delta mais amplos
indicam materiais mais homogêneos, e a presença A calorimetria diferencial de varredura (Differen-
de dois picos de tan delta na mesma reta é uma tial Scanning Calori"retry, DSC) é outra ferramenta
forte evidência da presen.ça de duas fases dentro da para determinar uma série de temperaturas de
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 103

1.6 2.2
1,4 2,0
1,2 1,8
1,0 1,6
o ,g 1,4
'@-0,8
o o~ 1,2
.l!l
0,6 (/)

~ 1,0
~ 0,4
0,8
0,2
0,6
o.o 0,4
- 02
• 0.2
4.000 3.000 2.000 1.000 7.000 6.000 5.000 4.000
1
A Números de onda (cm- ) B Números de onda (cm- 1)

FIGURA 5-14 Espectro no infravermelho do Bis-GMA nas regiões de IV médio, a, e IV próximo, b.

transição dos materiais, como a T8 e a temperatu- fornecendo uma imagem muito precisa da estru-
ra de fusão (Tm). O calorímetro mede a diferença tura molecular. Utilizando este método, materiais
de fluxo de calor entre a amostra e uma referên- recém-sintetizados podem ser caracterizados e rea-
cia controle ao longo de um intervalo amplo de ções podem ser acompanhadas através do apareci-
temperaturas ou ao longo de um fenômeno não mento ou desaparecimento de determinadas bandas.
isotérmico, como a polimerização e a fusão de me- Isto é de particular interesse para reações de polime-
tais, respectivamente. Durante um experimento rização, por exemplo, de monômeros vinílicos, em
utilizando variações de temperatura, picos endo- que a vibração de estiramento da dupla ligação de
ténnicos são observados à medida que o material carbono C-H pode ser acompanhada. O espectro do
passa pela transição vítrea e fusão. A endotermia Bis-GMA, um monômero muito comumente utiliza-
é provocada pelo súbito aumento no número de do em materiais restauradores dentais, no infraver-
graus de liberdade molecular nestas transições, as melho médio e próximo, é mostrado na Figura 5-14,
quais requerem ganho de energia do ambiente. Para A e B. Esta ligação tem picos tanto nas regiões do
reações dinâmicas exotérmicas, como é o caso de infravermelho médio (400-4.000cm-1) quanto nas
polimerizações ativas, o calor liberado pelo material regiões do infravermelho próximo (4.000-7.000cm-1).
durante experimentos exotérmicos pode estar corre- Outros picos de interesse incluem vibração de es-
lacionado à quantidade de ligações duplas vinílicas tiramento de C-H de anéis aromáticos. A amostra-
formadas e ao grau de conversão em tempo real. gem na região do infravermelho médio é um pouco
Este método mede uma manifestação indireta da complicada porque as absorções são tipicamente
reação (entalpia) e, portanto, não é preciso para a muito altas, requerendo a utilização de amostras bem
avaliação de estruturas químicas. finas. Outra preocupação é que a água e o dióxido
de carbono têm absorções muito fortes nesta região
e, portanto, o sistema necessita ser purgado (limpo)
TÉCNICAS DE ESPECTOMETRIA com um gás inerte para permitir medições precisas.
Para compósitos dentários, outro obstáculo é a banda
A espectroscopia no infravermelho transformada muito ampla das partículas de vidro, que encobre
de Fourier (Ft'IR) é uma ferramenta muito útil para a muitas bandas de interesse no infravermelho médio.
caracterização molecular e para acompanhar reações Isto requer o uso de placas de sal como substrato. Na
químicas. Cada ligação química entre os átomos de região do infravermelho próximo, absorções são rela-
um material tem uma vibração característica espe- tivamente mais fracas, então amostras relativamente
cífica, que produz interferência em ondas eletro- mais espessas podem ser utilizadas. Adicionalmen-
magnéticas, em comprimentos de onda altamente te, o vidro ou o dióxido de carbono não mostram
específicos. Conforme a luz é transmitida através absorção nesta região, eliminando a necessidade de
da amostra, as ligações químicas podem ser identi- purga e permitindo o uso de amostras prensadas
ficadas com o uso de um detector de infravermelho entre lâminas de vidro para uma preparação mais
(IV) de bancada. O algoritmo tranformado de Fou- conveniente dos espécimes. Isto também permite o
rier produz um espectro com bandas características uso de fibras ópticas para monitoramento remoto da
ao longo de uma série de comprimentos de onda, conversão de duplas ligações de carbono.
104 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Técnicas espectrocópicas podem ser combinadas a contração volumétrica durante a polimerização


com outros instrumentos de teste para monitorar comparando-se as densidade do material nos estado
a conversão ou para caracterização molecular monomérico e polimérico.
simultaneamente ao desenvolvimento de outras
propriedades. Por exemplo, espectroscopia no infra-
vermelho próximo pode ser combinada com reome- MÉTODOS DE TESTE DA
tria para determinar o grau de conversão exato do RESISTÊNCIA DE UNIÃO
polímero no momento da geleificação. O mesmo é
verdade para a contração volumétrica e para men- Testes de resistência de união são abundantes na
suração de tensões de contração, descritas na seção literatura odontológica, em parte porque eles são
MÉTODOS PARA MEDIÇÃO DE CONTRAÇÃO relativamente fáceis de executar e não necessitam de
E TENSÕES DURANTE A POLIMERIZAÇÃO DE muitos equipamentos. Eles, no entanto, apresentam
COMPÓSITOS RESINOSOS, mais adiante. várias limitações que reduzem sua utilidade como
um critério de seleção na prática clínica. Esses obs-
táculos são brevemente explicados a seguir.
PICNOMETRIA As tensões na interface não siüJ uniforinemente dis-
tribuídas - a resistência de união é relatada como o
A picnometria é uma técnica utilizada para de- valor de tensão nominal (em MPa), isto é, a força
terminar a densidade dos materiais. A picnometria que causou a falha (em Nev.rt:ons) dividida pela área
em água é baseada no princípio de Arquimedes de união total (em mm2). Isto frequentemente não
e baseia-se na flutuabilidade de um material na é preciso, pois a distribuição da tensão na interface
água. Esta é considerada uma medição bruta porque é heterogênea. O descolamento ocorre devido à
pequenos poros aprisionados no material não são concentração de tensões ao redor de uma falha de
ocupados pelas moléculas de água e o oxigênio tamanho crítico, ou um vazio, na interface que faz
dissolvido não é purgado da amostra. Assim, os com uma trinca se propague. O nível real de tensão
valores obtidos tendem a ser subestimados. A pic- que inicia a propagação da trinca pode ser muitas
nometria a gás, por outro lado, utiliza a diferença vezes maior que o valor nominal (ou médio). Por-
em volume ocupado pelo material e por moléculas tanto, o valor nominal da resistência de união não
de gás hélio em uma câmara de volume conhecido. representa a tensão de ruptura (Fig. 5-15).
Se a massa do material é conhecida, a densidade é Alta incidência de falhas rnístas e coesivas - a
então calculada através de uma simples reação d concentração de tensões de tração no substrato
= m/V (d= densidade; m =massa; V= volume). dentário durante a aplicação da carga pode causar
Como as moléculas de hélio são bem menores que a propagação da trinca para a dentina ou o esmalte,
as da água, elas podem ocupar espaços vazios impedindo a avaliação da resistência interfacial.
do material e também deslocar parte do oxigênio Resultados de diferentes estudos não são campa:ráveis
dissolvido e umidade, fornecendo uma precisa - valores de resistência de união para um material
medida da densidade. Também é possível calcular específico podem variar muito entre os estudos

FIGURA 5-15 Distribuição de O'max 'tmax O'max 'tmax


tensões (tensão máxima principal,
O' max, e tensão máxima cisalhan-
te, 't max) no lado da dentina de
uma interface dentina/compósito
carregada em tração (esquerda)
ou cisalhamento, utilizando
um cinzel de 0,2 mm aplicado
a 0,2 mm da interface (direita).
Linha A-B indica o diâmetro da
área adesiva (De Braga. RR, Meira
]B, Boaro LC, et al: Dent Mater. 26
(2), e38, 2010).
max: 20 MPa max: 6 MPa max: 178 MPa max: 105 MPa
min: O M Pa min: O MPa min: -8 MPa min: O MPa

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 O -10 (% max)


5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 105

devido a diferenças no substrato de adesão, pre- onde a carga é distribuída por uma área maior. Va-
paro do espécime, condições de armazenagem e lores típicos de resistência de união à dentina com
método de aplicação da carga. Infelizmente, existe testes de cisalhamento situam-se entre 10 a 50 MPa.
pouquíssima padronização entre os laboratórios Falhas coesivas e mistas são muito frequentes e
de pesquisa. Comparações entre diferentes estudos podem afetar mais de 55o/o dos espécimes.
devem ser feitas cuidadosamente. Outro aspecto interessante é o módulo de elas-
Carência de significância clínica dos testes de resistên- ticidade do compósito utilizado para confeccionar
cia de união - baseado no que foi descrito anterior- o cilindro do corpo de prova. Quanto maior a dife-
mente, não pode ser determinado um valor mínimo rença entre o módulo de elasticidade do compósito
de resistência de união que pode ser associado a um e o módulo de elasticidade do substrato, maior é a
bom desempenho clínico. Entretanto, podem ser concentração de tensões na interface. Isto diminui
encontradas na literatura tendências semelhantes os valores de resistência de união obtidos.
para alguns sistemas adesivos. Sistemas que exibem
desempenho insatisfatório in vitro geralmente têm
desempenho clínico ruim. Teste de Macrotração
A resistência de união de uma interface pode ser A distribuição de tensões no teste de tração é
testada por uma variedade de métodos. Utilizando mais uniforme do que em testes de cisalhamen-
as dimensões da área de adesão, os métodos de to. Isto fornece uma estimativa mais fiel do nível
resistência de união podem ser classificados como de tensão que iniciou o descolamento. Nos testes de
macro (4-28mm2) ou micro (aproximadamente macrotração, um alinhamento perpendicular da
1 mm2) . A interface pode ser carregada tanto em interface de adesão ao eixo de carregamento é muito
tração quanto em cisalhamento. importante. Caso contrário, tensões de flexão serão
desenvolvidas. A preparação da amostra é, portan-
to, mais difícil para testes de tração do que para
Teste de Macrocisalhamento testes de cisalhamento.
Em um teste de rnacrocisalhamento, um cilindro Assim como o teste de cisalhamento, uma di-
de compósito é construído no substrato de adesão. ferença entre os módulos de elasticidade entre o
Após um tempo predeterminado de armazenagem, compósito e o substrato também influencia os va-
o espécime é posicionado em uma máquina uni- lores de resistência de união. Valores de resistência
versal de ensaios na qual um cinzel biselado, uma de união à dentina típicos são em tomo de lO:MPa.
haste de extremidade plana ou um fio é acoplado Falhas coesivas e mistas podem acontecer em 35°/o
ao atuador usado para deslocar o cilindro de com- das amostras.
pósito do substrato.
É importante notar que em testes de cisalha-
mento é uma tensão de tração que realmente causa Teste de Microtração
o rompimento da adesão. Em outras palavras, o Os testes de rnicrotração utilizam amostras
termo teste de cisalhamento refere-se ao modo de em formato de palito ou de ampulheta com uma
carregamento, e não à tensão que causa a falha in- área de colagem de aproximadamente 1 mm2• Este
terfacial. Quando a distância entre dispositivo de método fornece uma incidência bem menor de fa-
aplicação da carga e a interface aumenta, as tensões lhas mistas e coesivas comparado a outros métodos
de tração também aumentam devido à criação de (menos de 20%). A preparação do espécime é mais
um momento fletor no cilindro de compósito. trabalhosa do que para testes "macro", porque en-
A localização e configuração do dispositivo de volve o seccionamento com discos diamantados de
carregamento influenciam a distribuição de tensões grandes interfaces de união em fatias finas. Essas
na interface adesiva e, portanto, afetam a resistência fatias são desgatadas para obter amostras em ampu-
de união. Simulações em computador utilizando lheta ou novamente seccionadas para obterem-se
o método de elementos finitos mostram que, para palitos. Dependendo das condições de teste ou
uma tensão nominal de 15 MPa, a máxima tensão dos materiais, um número significante de falhas
de tração na interface é 178:MPa quando um cinzel pré-teste podem ocorrer. Não há consenso entre
é usado para carregamento. Com o fio, a máxima os pesquisadores do tratamento estatístico dessas
tensão de tração é 69 MPa. Quanto maior é a concen- falhas pré-teste.
tração de tensões na área de aplicação da carga, me- Vários equipamentos de teste estão disponíveis
nor é a resistência de união. Portanto, a utilização de para os testes de microtração. As amostras podem
cinzéis biselados resulta em valores de resistência ser coladas utilizando adesivo de cianoacrilato ou
de união mais baixos do que quando se utiliza o fio, acoplados ativa ou passivamente aos dispositivos
106 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

de teste com garras. O método de garra interfere MÉTODOS P~ MEDIÇÃO_DA


na distribuição de tensões no corpo de prova. Os CONTRAÇAO E DA TENSAQ
valores de resistência de união à dentina variam DURANTE .A POLIMERIZAÇAO
de entre 30 e 50 MPa. Valores obtidos a partir deste DE COMPOSITOS RESINOSOS
método são bem maiores do que aqueles encon-
trados com testes de macrotração porque o tamanho Existem muitos métodos descritos na literatura
crítico para falha é menor em uma rnicroin.terface. para medição da contração que acompanha a presa
A teoria da mecânica das fraturas mostra que o ta- dos compósitos resinosos restauradores. Alguns
manho da falha crítica é inversamente relacionado deles registram a variação total de volume durante
à intensidade de tensão necessária para iniciar a a polimerização, enquanto outros medem suas fases
propagação da trinca. especificas. Em compósitos, a contração que ocorre
Um aspecto relativo à preparação da amostra após o desenvolvimento de uma rigidez mensurável
esmalte/compósito é a inclusão de defeitos na pe- da pasta é referida como a contração pós-gel Alguns
riferia da interface adesiva durante o seccionamento métodos são também afetados pela restrição imposta
com discos diamantados. Esses defeitos concentram à amostra, que define o vetor de força da contração.
tensão e iniciam a falha em cargas relativamente Finalmente, alguns métodos registram a contração
baixas e contribuem para valores de resistência linear, enquanto outros registram a contração volu-
"falsos". métrica. Os valores de contração linear podem ser
convertidos em contração volumétrica simplesmente
pela multiplicação do valor linear por três, se o ma-
Testes de Microcisalhamento terial for isotrópico. Os dados de diferentes métodos
Cilindros de compósitos são construidos no não podem ser diretamente comparados por causa
substrato utilizando tubos de silicone de 0,5 mm desses aspectos, embora a alteração dimensional du-
em altura e 0,7mm em diâmetro. Geralmente, até rante a polimerização seja uma propriedade básica
seis segmentos de tubo são colados à uma superfície dos materiais. Alguns métodos mais frequentemente
e preenchidos com compósito. O procedimento do utilizados são descritos a seguir.
teste é semelhante ao dos de macrocisalhamento. De
modo semelhante, todos os problemas relacionados Dilatômetro de Mercúrio
à distribuição de tensões também se aplicam. Os
O método do dilatômetro de mercúrio utiliza a
valores de resistência de união são em torno de
variação da altura da coluna de mercúrio causada
20 MPa e a incidência d e falhas mistas e coesivas
pela contração do compósito para calcular a contração
é de 50'Yci.
volumétrica total. A amostra de compósito é colocada
em uma lâmina de vidro e imersa em mercúrio, preen-
chendo um tubo capilar de vidro. Um transdutor li-
Teste de Push-out near diferencial variável (linear mriable dijferential tmns-
Outra opção para testar a resistência de união é ducer, LDVI) flutua na superfície, no topo da coluna de
o teste de push-out. Quando utilizado para testar mercúrio. Após a estabilização da sonda, o compósito
a resistência de união de adesivos à dentina, uma é fotopolimerizado a partir da região inferior, através
fatia de 1-2 mm de espessura de dentina é perfurada da lâmina de vidro, e a mudança em altura da coluna
para criar um oriffco cônico. A superfície interna da é monitorada em tempo real. Uma desvantagem desse
perfuração é tratada com um adesivo e, em seguida, método é a sensibilidade à temperatura do mercúrio
preenchida com compósito. Após armazenamento, na coluna. Para corrigir isto, um termopar monitora
o cilindro de compósito é empurrado através da a variação da temperatura do mercúrio causada pelo
dentina a partir do lado de menor diâmetro e a resis- calor liberado pela lâmpada polimerizad ora e a va-
tência de união é calculada pela divisão da força de riação correspondente na altura da coluna é ajustada
extrusão pela área lateral do tronco de cone. Este no final da execução do teste. Os valores de contração
método simula a condição clinica mais aproxima- são calculados utilizando a massa inicial da amostra
damente do que os testes de cisalhamento/tração e a gravidade especifica do compósito.
porque incluem o confinamento do compósito du-
rante a contração da polimerização e a tensão de
Disco Aderido
polimerização associada. Alguns autores se referem
a esse método como "micropush-out" quando en- Para o método do disco aderido, um disco de
volve discos de dentina radicular e o canal radicular compósito, 8 X 1,5 mm, é colocado dentro de um
é preenchido pelo material testado. anel de bronze de aproximadamente 16 mm em
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 107

diâmetro e 1,Smm de altura colado a uma lâmina da parte inferior do espécime, através da lâmina de
de vidro. O compósito, que não toca o anel de bron- vidro. Conforme o compósito polimeriza e se contrai,
ze, é coberto com uma lâminula (aproximadamente ele puxa a lamínula para baixo e sua deflexão é moni-
0,1 mm de espessura). Uma sonda LVDT é colocada torada pela sonda TLDV. Os dados de deslocamento
em contato com o centro do anel de bronze (Fig. 5-16). (em µ.m) são obtidos a partir da saída do sinal do
A amostra de compósito é fotopolimerizada a partir transdutor (em m V) e são aplicados a uma curva de
calibração. A contração é calculada dividindC>-\5e a de-
flexão mensurada da lâminula pela altura inicial do
compósito. Como a amostra de compósito necessita
possuir certa rigidez para defletir a lâminula, esse
método é mais indicado para medir a contração pós-
gel No entanto, os valores registrados são geralmen-
te maiores que aqueles obtidos por outros métodos
usados na determinação da contração pós-gel

AcuVol
É um dispositivo de vídeo desenvolvido para me-
dir a contração de compósitos que utiliza uma câmera
CCD (charge-coupled device) para capturar e analisar
perfis do corpo de prova. Uma amostra de compósito
de 12 µ,L é acomodada em formato de semiesfera e
posicionada em um pedestal de Teflon®. A ponta da
unidade de fotopolimerização é colocada 1 mm acima
da amostra. As curvas de contração-tempo são obti-
das de uma única vista ou com a amostra rodando no
pedestal (modo de multivistas). O modo de multivista
permite a correção de assimetrias na superfície da
amostra. Os valores medidos expressam o volume de
contração do compósito e são bastante semelhantes
àqueles obtidos com o dilatômetro de mercúrio.
FIGURA 5-16 Visão esquemática de um corte trans-
versal de um dispositivo de teste para contração. A, Trans- Teste MARC (Managing Accurate
dutor; B,Amostra de teste; C, Lamínula; D, Suporte de anel Resin Curing)
de cobre; E, Placa rígida de vidro; F, Fotopolimerizador; G,
Parafuso de ajuste da altura (De Watts DC, Cash A],: Denl O teste MARC mede a contração do compósito
1\Aater. 7, 281, 1991). em uma configuração confinada (Fig. 5-17). As

Fotopolimerizador

r -.....
r
"
~

4mm

Detector
o
<I>
<D
' a.m
lll ~
-
o
o
~
1\)
3
3
e:
N
ãl
3
e:

1
lll
!5-
• '
Classe 1 Classe V

FIGURA 5-17 MARC (Managing Acc11rate Resin C11ring). Esquema da localização dos detectores de luz colocados
em preparos Classe I e Classe V. Os dentes são colocados dentro de um manequim simulador da cabeça (De Price RBT,
Felix CM, Wlralen /M: f. Can. Dent. Assoe, 76:a94,2010).
108 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

paredes internas de um anel de vidro, 5 mm de de contração podem ser avaliados, por exemplo, por
diâmetro e 2 mm em altura, são condicionadas com testes de rnicroinfiltração in vitro, de resistência de
ácido hidrofluorídrico. O volume e a densidade do união e de deflexão de cúspides.
anel são medidos, e ele é então revestido por um A tensão de polimerização dos compósitos é
primer de cerâmica e uma camada de resina sem definida pela combinação de propriedades do dente
carga. O anel é preenchido com o compósito e, após e dos materiais restauradores envolvidos: a geome-
a polimerização, o espécime é novamente medido tria (ou anatomia) do dente e da restauração, a qua-
para volume e densidade. O volume do compósito lidade da interface adesiva e a técnica restauradora
polimerizado é calculado pela diferença entre os utilizada (preenchimento em bloco único ou em
volumes do anel de vidro preenchido com compó- incrementos e protocolo de polimerização). Entre
sito e o anel vazio. A contração de polimerização é os fatores relacionados à geometria da restauração,
calculada como a porcentagem de variação entre o fator de configuração cavitária (fator C), definido
o volume interno do anel de vidro e o volume de pela relação entre as áreas aderidas e não aderidas
compósito polimerizado. da restauração, é um índice utilizado para expres-
sar o nível de confinamento imposto ao material
restaurador durante sua contração (Fig. 5-18). Este
Fator de Configuração Cavitária índice foi desenvolvido com base em experimentos
Quando uma resina composta ou um cimento laboratoriais em que a força de contração gerada
de ionõmero de vidro polimerizam aderidos às por espécimes cilíndricos de compósito foi deter-
paredes de um preparo cavitário e sua reação de minada para diferentes razões de aspecto (ou seja,
presa é acompanhada de contração volumétrica relação entre altura e diâmetro). Para um dado
e desenvolvimento de módulo de elasticidade, material e condição laboratorial, quanto maior o
tensões se desenvolvem no material, na interface fator C do corpo de prova, maior a tensão nominal
dente/restauração e na estrutura dentária. As ten- calculada.
sões são induzidas no dente pela resistência deste à Baseada nesses achados, uma restauração de
contração. Essas tensões têm relevância clínica por- classe I representa uma situação menos favorável
que podem ser criados espaços na interface ou, se a que uma configuração classe Il devido ao seu maior
adesão é suficientemente forte, causar deformação fator C. Uma cavidade classe Item uma relação
do dente ou deflexão de cúspides. Infelizmente, a de área de superfície aderida/ não aderida maior
tensão de polimerização não pode ser diretamente do que uma cavidade classe II típica. Pelo mesmo
medida em dentes restaurados. Somente os efeitos motivo, restaurações de classe V em forma de caixa

I
{

Classe IV Classe 11mésio·oclusal Classe 1e V

;1t.-":_-.::.::.:::::;:/7'1
-+-1-- não aderida- - - + - -

aderida
____,......___. ,,,
t . C _ 1 superfície aderida _ 5 superfícies aderidas
1 1 t0 r C = 4 superfícies aderidas
ª or -5 superfícies não aderidas ª f t C
2 superfícies não aderidas a or - 1 supe rf'1cre
. nao
- ad err'da

0,2 0.5 1,0 2,0 5,0


tensão baixa fator e tensão alta

FIGURA 5-18 Fator C. Relação entre preparos retangulares, valores C correspondentes e preparos cavitários padrão
(Modificado de Feilzer, AJ, De Gee A/, Davidson CL: f Denl Res. 66(11), 1636-1639,1987).
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 109

devem gerar maiores tensões do que aquelas con- extensa e além do propósito deste texto para ser
feccionadas em cavidades com fundo arredondado. revisada. Somente um breve resumo da análise por
Esses pressupostos parecem ser válidos em linhas elementos finitos é apresentado aqui.
gerais. No entanto, a aplicabilidade do fator C em
situações clínicas, de forma generalizada, deve ser
cuidadosamente considerada, pois a complexidade Análise por Elementos Finitos
das situações clínicas não permite a predição de O método ou análise por elementos finitos (FEM,
níveis de tensão baseado somente no fator C. finite e/ement method ou FEA, finite element analysis)
Outro aspecto importante relacionado à dis- é um método numérico e oferece vantagens con-
tribuição de tensões em um dente restaurado é a sideráveis sobre os métodos de modelagem física
quantidade de estrutura dentária remanescente. Em (Fig. 5.19). O método é útil para analisar geometrias
uma restauração classe Il extensa, a rigidez reduzi- complexas e pode determinar as tensões e deforma-
da das paredes cavitárias aumenta a concentração ções em toda a extensão de um objeto tridimensio-
de tensões no dente. Uma classe II pequena com nal. Neste método, um número finito de elementos
relação de área aderida/não aderida semelhante, estruturais discretos é interligado por um número
por outro lado, mostra altas tensões na interface de finito de pontos ou nós. Esses elementos finitos são
adesão e no compósito. Portanto, duas restaurações formados quando a estrutura original é dividida
com o mesmo fator C podem apresentar distribui- em diversas áreas com formas definidas, onde para
ção das tensões muito diferentes e, possivelmente, cada elemento é atribuído as propriedades mecâ-
diferentes resultados clínicos. Embora alguns estu- nicas do material a ser simulado. As informações
dos in vitro tenham verificado um efeito significante necessárias para calcular a tensão e o deslocamento
do fator C na resistência de união na interface e no modelo de elemento finito são (1) a descrição do
na microinfiltração, outros não confirmaram esses nó e do elemento, (2) o módulo de elasticidade e o
achados. Até mesmo no mesmo estudo, a influência coeficiente de Poisson para os materiais associados
do fator e na integridade interfacial pode variar a cada elemento, (3) o tipo de condição de contorno
dependendo do sistema adesivo testado. Um estudo de cada elemento, (4) a descrição de forças aplicadas
clínico a longo prazo também não verificou um aos nós externos, e (5) uma descrição do comporta-
efeito significativo do fator e na longevidade de mento mecânico do material, por exemplo, linear ou
restaurações de compósito classe I. não linear elástico, viscoelástico, isotrópico, aniso-
trópico e ortotrópico.
Observe que os métodos de elementos finitos
ANÁLISE DE TENSÕES E são puramente numéricos e são baseados em muitas
DESENHO DAS ESTRUTURAS
DENTÁRIAS
As propriedades mecânicas dos materiais utili-
zados em restaurações dentárias devem ser capazes
de suportar as tensões e deformações causadas pelas
forças mastigatórias repetitivas. O desenho das res-
taurações é particularmente importante para tirar
proveito das melhores propriedades do material
restaurador. Um bom planejamento evita tensões
ou deformações que excedam as propriedades de
resistência do material em situações clínicas.
Tensões nas estruturas dentárias têm sido
estudadas por técnicas tais como análise de re-
vestimentos friáveis, extensômetros (strain gages),
holografia, fotoelasticidade bidimensional e tridi-
mensional, análise por elementos finitos e outros
métodos numéricos. Estudos de análise de tensões
em inlays, coroas, bases de restaurações, próteses
fixas, próteses totais, próteses removíveis, pinos FIGURA 5-19 Análise por elemento finito das ten-
endodônticos e implantes têm sido relatados, assim sões resultantes da contração de polimerização de uma
como estudos sobre dentes, ossos e tecidos moles restauração Classe II de compósito (Cortesia de Sr. Svenn
orais. A literatura de análise de tensões é muito Borgersen, Eagnn, MN).
110 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

hipóteses limitantes. A análise de elementos finitos (em ordem decrescente de módulo de elasticidade)
é utilizada no delineamento de experimentos labo- os materiais mais comuns (Fig. 5-20). As hastes são
ratoriais, incluindo tamanho do espécime e desenho conectadas a uma máquina ou a um sistema univer-
do acessório fixação. Ela também é útil para inter- sal de testes com um extensõmetro, onde um bastão
pretar resultados desses experimentos. A simulação é conectado ao atuador e o outro é fixo. Este é o
por FEA pode reduzir o número de testes necessá- único sistema no qual um extensõmetro é ligado aos
rios e otimizar o delineamento de experimentos por bastões para manter uma distância constante entre
meio de predições de resultados e desempenho. as duas interfaces adesivas durante o teste. A com-
Quando a análise por elementos finitos é realizada, placência do sistema é muito baixa, e isto pode ser
é importante entender os materiais que estão sendo adicionalmente controlado pelo ajuste do módulo
testados e como avaliar os dados da simulação. de elasticidade dos bastões. A célula de carga na
Essa é uma ferramenta poderosa, mas que pode ser máquina de ensaio universal grava a força exercida
facilmente mal utilizada se os conceitos envolvidos pelo material durante a polimerização sob estas
não estiverem completamente entendidos e se o condições de confinamento, e a tensão é calculada
modelo numérico não estiver validado através de dividindo-se a carga pela área da secção transversal
experimentos físicos ou outros métodos. inicial do corpo de prova.

TESTES DE TENSÃO Tensômetro


DE POLIMERIZAÇÃO
Semelhante aos procedimentos que utilizam o
tensilõmetro, com o tensõmetro o material testado
Os testes de tensão de polimerização in vitro
é aderido entre dois bastões de vidro. Um bastão é
foram projetados para avaliar as tensões desen-
fixado à base do instrumento e o outro bastão é liga-
volvidas na interface adesiva devido à polimeri-
do à barra do cantilever (Fig. 5-21). À medida que o
zação de um compósito resinoso unido às paredes
material polimeriza, ocorre uma deflexão na barra,
cavitárias. O princípio básico é comum para todos
registrada por uma sonda LVDT. Neste sistema,
os testes: a resina ou o compósito é unido a duas
não existe célula de carga. Um.a curva de calibração
superfícies, sob graus variados de confinamento, e
de pressão x deslocamento é criada antes do teste.
então polimerizado. À medida que a polimerização
Depois, pela aplicação da curva de calibração e da
se desenvolve, a contração inerente que se segue
teoria da deflexão de vigas, a tensão é calculada e
tende a aproximar as duas superfícies aderidas,
corrigida para a área da secção transversal da amos-
de forma semelhante ao que acontece no preparo
tra. O extensõmetro não é utilizado neste caso, e a
cavitário. Força e/ ou deslocamento são exercidos
complacência do sistema é controlada pelo módulo
sobre o substrato adesivo e a tensão é calculada
de elasticidade da barra em cantilever e/ou pela
com base na área da secção transversal do espécime.
localização da haste de vidro em relação ao fulcro da
Uma consideração importante nesses métodos é a
barra. Cabos de fibra ótica podem ser utilizados para
complacência do sistema, que define a quantidade
a determinação do grau de conversão do compósito
de deformação permitida pelo sistema de teste
através das técnicas de espectrometria near-IR, des-
à medida que as tensões são desenvolvidas. Isto
crita anteriormente neste capítulo, para mensuração
depende do módulo de elasticidade do substrato
concomitante da extensão da polimerização e do
adesivo, bem como da rigidez do instrumento de
desenvolvimento de tensão em tempo real.
teste. O fator de configuração da cavidade também
pode ser acomodado de forma relativamente fácil
em todos os sistemas, dentro de limites, pelo ajuste Análise de Trincas
do diâmetro do bastão que constitui o substrato
Tensões de contração localizadas podem ser cal-
adesivo e da altura do corpo de prova. Apesar de
culadas pela análise da propagação das indentações
todos os testes serem úteis para classificar os ma-
iniciais feitas num material frágil. Utilizando um
teriais em relação ao desenvolvimento de tensão,
indentador, trincas iniciais são produzidas adja-
eles não simulam as condições clínicas, e correla-
centes a um.a cavidade preparada no material frágil
ções diretas com as observações in vivo devem ser
que simula o esmalte dentário, tal como vidro ou
cuidadosamente consideradas.
cerâmica. À medida que o compósito aderido às
paredes da cavidade polimeriza, tensões de tração
Tensilômetro são desenvolvidas e a trinca se propaga. Os com-
Nesse sistema de teste, o material é unido entre primentos das trincas são mensurados antes e após
dois bastões, sendo aço, vidro e polimetilmetacrilato a polimerização, e a tensão resultante é calculada
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 111

FIGURA 5-20 Tensilômetro para mensuração da tensão de polimerização durante a cura de compósitos, mostrando
a fonte de luz, o corpo de prova e o extensõmetro para mensuração do deslocamento.

com base na mudança no comprimento da trinca e Conselho de Assuntos Científicos da ADA, o qual é
da tenacidade à fratura do substrato frágil. responsável pela adoção das especificações. Até o
momento, 68 especificações foram adotadas (Tabela
1 do Apêndice). Um grupo mais amplo, denominado
ESPECIFICAÇÕES PARA de Especificações e Normas Federais, é designado para
MATERIAIS RESTAURADORES regular os requisitos das agências de serviços fede-
rais governamentais para aquisição e utilização dos
As propriedades descritas neste e em outros materiais. Normas deste tipo têm estado disponíveis
capítulos servem como a base para uma série de es- desde a metade do século passado, e especificações
pecificações que foram desenvolvidas para materiais adicionais continuam a ser acrescentadas em cada
restauradores, instrumentos e equipamentos. Um grupo. Uma série de especificações similares estão
grupo é o Instituto de Normas Nacionais America- disponíveis para produtos na Austrália, Japão e em
nas (American National Standards Institute, ANSI)/ alguns outros países. Em 1963, um programa para
Comitê de Normas sobre Produtos Odontológicos da normas internacionais que combinava os esforços
American Dental Association. As normas desenvol- da Federação Odontológica Mundial (FDI) e a Or-
vidas e aprovadas por esse comitê são revisadas pelo ganização Internacional para Normatização (ISO) foi
112 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Complacência do cantilever

Amostra

Luva

Bastão de quartzo
silanizado/ fotopolimerizador

FIGURA 5-21 Tensômetro ADAF para mensuração da tensão de polimerização d urante a cura dos comp ósitos.
Configuração do teste antes da exposição da luz (A); durante a exposição da luz (C); ilustração do dispositivo de teste
(B) e a ampliação da região mostrada nas partes A e C.

estabelecido. A prática de utilização de testes físicos especificações foram ou estão sendo formuladas,
através da aplicação de métodos descritos nas nor- como indicado na Tabela 1 do Apêndice.
mas é bem estabelecida e provavelmente continuará Cópias das especificações e planilhas para
a existir. Tanto o estudante de odontologia quanto o auxílio no registro de dados estão disponíveis no
dentista devem não somente saber da existência de Conselho de Assuntos Científicos da American
normas para certos materiais, mas também aprender Dental Association em Chicago. O site do Conse-
quais qualidades são controladas por cada especifica- lho lista os nomes comerciais e os fabricantes dos
ção. Através das especificações, a qualidade de cada produtos odontológicos aceitos. Esta publicação
produto é mantida e melhorada. pode também ser obtida na American Dental
Association.
ESPECIFICAÇÕES DA Um exame de cada especificação revela um
AMERICAN DENTAL padrão geral de normatização comum para cada
material.
ASSOCIATION
1. Estas características incluem um item sobre
A primeira especificação da American Dental o objetivo e a classificação do material, o
Association foi para liga de amálgama, formulada que define a aplicação e a natureza de cada
e publicada em 1930. Desde este período, outras material.
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 113

2. Cada especificação inclui informações sobre PROGRAMA DE APROVAÇÃO


outras especificações aplicáveis. DA AMERICAN DENTAL
3. As exigências de cada material consideram ASSOCIATION
os fatores como uniformidade, cor ou
características gerais de trabalho do material, A American Dental Association, através do
assim como as limitações gerais de valores dos Conselho de Assuntos Científicos, mantém um pro-
testes. grama de aceitação para produtos direcionados aos
4. Os métodos de amostragem, inspeção e consumidores, como adesivos para próteses, fio
procedimentos de teste incluem detalhes da dental e escovas de dente.
preparação dos espécimes e dos testes físicos a
serem realizados.
5. Cada especificação inclui informação sobre ÍNDICE DE ESPECIFICAÇÕES
o preparo para entrega, com instruções E NORMAS FEDERAIS
relativas a embalagem, instruções de uso e
marcações com o número de lote e a data de O índice de Especificações e Normas Federais
fabricação. inclui especificações para diversos materiais odon-
6. Cada especificação inclui notas que fornecem tológicos restauradores que não estão descritas
informações adicionais sobre o uso pretendido em nenhum outro lugar. Essas especificações são
e referências à literatura ou outros itens utilizadas primeiramente pelos serviços federais
especiais. para manutenção de alguns controles de qualidade
de produtos odontológicos e são valiosas para os
Os principais itens de cada uma dessas especifi- fornecedores destes materiais. Em alguns casos,
cações são descritas nos capítulos seguintes. serão feitas referências a especificações e normas
federais específicas nos próximos capítulos.

PROBLEMAS SELECIONADOS

PROBLEMA 1 mecânica com o material que se comportará da me-


lhor maneira naquela situação.
Como a remoção rápida de um molde de alginato
maximiza sua resistência ao rasgamento?
PROBLEMA 3
Solução Nos compósitos resinl)SOS, por que o grau de con-
Assim como outros materiais de moldagem, a vis- versão do polímero é uma propriedade útil? Como
coelasticidade natural dos materiais faz com que a taxa isto pode ser correlacionado com ou tras propriedades
de deformação seja um fator importante na determina- do material?
ção da sua resistência final. Com a remoção rápida do
molde, não há tempo suficiente no estado deformado, Solução
e isto aumenta não só a resistência ao rasgamento como O grau de conversão, avaliado tanto diretamente
também aumenta a estabilidade dimensional. através de técnicas de espectometria quanto indireta-
mente através de calorimetria de varredura dinâmica,
se relaciona com a resistência e a contração do ma-
PROBLEMA2 terial. Em termos gerais, quanto maior a conversão,
Por qu e é importante conhecer as propriedades maior a resistência ao desgaste, maiores as proprie-
dos materiais quando submetidos a diferentes tipos de dades mecânicas gerais e a contração volumétrica.
carregamento (tração, compressão, cisalhamento)? Isto tamb ém gera tensões na interface adesiva da
restauração, o que pode aumentar a incidência de
Solução fendas e cáries recorrentes. Muitas pesquisas têm
Porqu e os materiais na cavidade oral vão ser sido realizadas para tentar minimizar tais tensões e ao
submetidos a formas complexas de carregamento, mesmo tempo mantendo-se uma alta conversão para
e tanto a escolha do material quanto o desenho da conservação das propriedades mecânicas aceitáveis
restauração deverão equilibrar o tipo de solicitação durante o uso.
114 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

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6
Biocompatibilidade e Reação
Tecidual a Biomateriais


Avaliando a Biocompatibilidade B iocompatibilidade dos Materiais Dentários
Testes ln Vitro Reações da Polpa
Testes de Citotoxicidaáe Microinfilti·açao
Testes de Metabolismo Celular ou Função Adesao Dentinária
Celular Agentes de Uniao
Testes Que Usam Ban·eiras (Testes Indiretos) Materiais Resinosos
Outros Ensaios de Funçao Celular Amálgama e Ligas para Fundiçéio
Ensaios de Mutagênese Ionômei·os de Vidro
Testes em Animais Forradores, Vernizes e Cimentos Nao
Testes de Uso Resinosos
Testes de lrritaçéio da Polpa Dentária Agentes Clareadores
Implantes Dentáiios em Osso Reações de Outros Tecidos Moles Orais
Testes Clínicos em Mucosa e Gengiva a Materiais Restauradores
Correlação entre Testes ln Viti·o, ln Vivo Reação do Osso e Tecidos Moles
e Testes de Uso a Materiais de Implante
Usando Testes ln Vitro, ln Vivo e Clínicos Reações a Mateiiais de Implante Cerâmicos
Juntos Reações a Metais e Liga.s para Impla.nte
Nonnalizações que Regula1n a Mensuração Reações a Mateiiais Reabsorvíveis
de Bioco1npatibilidade Resumo
Especificaçao n." 41 ANSI!ADA
ISO 10993

117
118 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

A biocompatibilidade é formalmente definida dentre outros. No desenvolvimento de qualquer


como a habilidade de um material provocar uma res- biomaterial, deve-se considerar a resistência, os as-
posta biológica apropriada em uma dada aplicação pectos funcionais e estéticos do material, bem como
no corpo. Inerente a essa definição é a ideia de que um a sua biocompatibilidade. Além disso, demandas
material único pode não ser biologicamente aceitável por respostas biológicas estão aumentando à medi-
em todas as aplicações. Por exemplo, um material que da que se espera que os materiais realizem funções
é aceitável como uma coroa total fundida pode não mais sofisticadas no corpo por periodos mais longos.
ser aceitável como um implante dentário. Também Então, considerações sobre biocompatibilidade são
implícita a esta definição está uma expectativa pelo importantes para fabricantes, clínicos, cientistas e pa-
desempenho biológico do material. No implante ós- cientes. O campo da biocompatibilidade é interdisci-
seo, a expectativa é de que o material permita ao osso plinar e se baseia no conhecimento da ciência dos
se integrar com o implante. Dessa forma, uma respos- materiais, bioengenharia, bioquímica, biologia mo-
ta biológica apropriada para o implante é a osseointe- lecular, engenharia tecidual e de outros campos.
gração. Em coroas totais fundidas, a expectativa é Este capítulo descreve brevemente os testes usados
de que o material não cause inflamação dos tecidos para avaliação da biocompatibilidade de materiais
pulpares ou periodontais, mas a osseointegração não dentários e como eles se relacionam entre si, revisa
é esperada. Se um material é ou não biocompatível, as especificações que orientam cada teste e descreve
isso depende da função física para a qual o material os aspectos positivos e negativos dos métodos de
será usado e a resposta biológica que será exigida teste. A maior parte do capítulo é dedicada à discussão
dele. Usando essa definição, faz pouco sentido dizer da biocompatibilidade dos vários materiais usados
que um material é ou não biocompatível - como o em odontologia à luz desses princípios.
material será usado deve ser definido antes que sua
biocompatibilidade possa ser avaliada.
A esse respeito, biocompatibilidade é como a cor. AVALIANDO
Cor é uma propriedade de um material interagindo A BIOCOMPATIBILIDADE
com seu ambiente (luz), e a cor de um material de-
pende da fonte luminosa e do observador da luz. De Avaliar a biocompatibilidade de um material
forma similar, a biocompatibilidade é a propriedade não é simples e os métodos de medição estão evo-
de um material interagindo com seu ambiente. A luindo rapidamente à medida que mais informações
resposta biológica mudará se mudanças ocorrerem são geradas sobre as interações entre os materiais
no hospedeiro, na aplicação biológica do material dentários e os tecidos orais e à medida que as tec-
ou no próprio material (Fig. 6.1). nologias para teste se aprimoram. Historicamente,
A odontologia compartilha conceitos sobre bio- novos materiais eram simplesmente testados em
compatibilidade com outros campos da medicina, humanos para avaliar sua biocompatibilidade. En-
como ortopedia, cardiologia e biologia vascular, tretanto, essa prática não é aceita há muitos anos e
atualmente os materiais devem ser extensivamente
examinados quanto à biocompatibilidade antes
~ de serem usados em humanos. Muitas variedades de
\ ;•; "' Observador
testes são atualmente usadas para assegurar que
novos materiais sejam biologicamente aceitáveis.
''
'' Esses testes são classificados como testes in vitro,
' ', em animais e testes de uso. Esses três tipos de teste
Fonte ''
luminosa '' incluem ensaios clínicos, que é realmente um caso
especial de teste de uso realizado em humanos.
Esta seção discute exemplos de cada tipo de teste,
Material suas vantagens e desvantagens, como os testes são
associados e normalizações que utilizam esses testes
FIGURA 6.1 Biocompatibilidade. Assim como a cor, a bio- para regular o uso de materiais em odontologia.
companbilidade não é uma propriedade apenas do material,
mas também uma propriedade de como um material interage
com seu ambiente. A cor de um material depende do caráter Testes ln Vitro
da fonte luminosa, de como a luz interage com o material e de
como o obseivador interpreta a luz refletida. Neste sentido, a Testes in vitro para biocompatibilidade, fora de um
cor do material depende do seu ambiente. A biocompatibili- organismo vivo, requerem a colocação de um material
dade de um material é similar, no sentido em que depende do ou um componente de um material em contato com
seu ambiente tal como da natureza do material uma célula, enzima ou algum outro sistema biológico
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 119

isolado. O contato pode ser direto, quando o material são as células coletadas diretamente de um animal
contacta o sistema celular sem barreiras, ou indireto, e cultivadas. Essas células crescerão somente por
quando existe algum tipo de barreira entre o material um tempo limitado em cultura, mas normalmente
e o sistema celular. Testes diretos podem ser subdivi- retêm muitas das características das células in vivo.
didos naqueles em que o material está fisicamente pre- Células de crescitnento contínuo ou linhagens celulares
sente com as células e naqueles em que algum extrato são células que foram previamente transformadas
do material entra em contato com o sistema celular. para que consigam crescer em cultura por períodos
Os testes in vitro podem ser basicamente subdivididos mais ou menos indefinidos. Devido a essa transfor-
naqueles que medem citotoxicidade ou crescimento mação, essas células não conservam todas as carac-
celular, naqueles que medem alguma função da célula, terísticas in vivo, mas podem exibir as características
metabólica ou outra, e naqueles que medem o efeito que elas retêm de forma consistente. As culturas de
sobre o material genético na célula (ensaios de mutagê- células primárias são vistas como mais relevantes
nese). Muitas vezes existe uma sobreposição em o que do que as linhagens celulares contínuas para men-
um teste avalia. Testes in vitro têm um número de van- suração da citotoxicidade de materiais. Contudo,
tagens significantes sobre outros tipos de testes de bio- células primárias, sendo de um único indivíduo,
compatibilidade (Tabela 6.1). Eles são relativamente têm uma variabilidade genética limitada, podem
rápidos, geralmente custam menos do que os testes em abrigar agentes virais ou bacterianos que alteram
animais ou testes de uso, podem ser padronizados, são seu comportamento e muitas vezes perdem sua
apropriados para exames em larga escala e podem ser funcionalidade in vivo quando mantidas em cultura.
bem controlados para direcionar questões científicas Além disso, a estabilidade genética e metabólica de
específicas. A principal desvantagem dos testes in vi- linhagens celulares contínuas contribui significati-
tro é sua relevância questionável para o uso final in vivo vamente para padronização dos métodos de ensaio.
(consulte última seção sobre a correlação entre testes na Por fim, ambas as células primárias e contínuas exi-
página 123). Outra vantagem significante inclui a falta bem papéis importantes nos testes in vitro e ambas
de mecanismos inflamatórios e protetores do tecido podem ser usadas para avaliar materiais.
no ambiente in vitro. Deve ser enfatizado que os testes
in vitro por si só não podem predizer inteiramente a Testes de Citot.oxicúlade
biocompatibilidade de um material Os testes de citotoxicidade avaliam a morte celular
A padronização dos testes in vitro é uma preo- causada por um material por meio da mensuração
cupação fundamental. Dois tipos de células podem do número ou do crescimento de células antes e após
ser usados para ensaios in vitro. Células pritnárias a exposição àquele material. Materiais de controle

TABELA 6.1 Vantagens e Desvantagens dos Testes de Biooompatibilidade

Teste Vantagem Desvantagem

Testes ln Vitro Rápidos para realizar Relevância para itr vivo


Menos dispendiosos é questionável
Podem ser padronizados
Screening em larga escala
Bom controle experimental
Excelentes para mecani>mos de interações
Testes ln Vivo Permitem interações sistémicas complexas Relevância para uso do material
Resposta mais compreensível que os testes itr vitro é questionável
Mais relevantes que os testes in vitro Dispendiosos
Demorados
Preocupações legaL>-éticas
Dificuldade para controlar
Dificuldade para interpretar e quantificar
Testes de uso Relevância para uso do material é garantida Muito dispendiosos
Muito demorados
Questões legais-éticas maiores
Podem ser difíceis de controlar
Dificuldade para interpretar e quantificar
120 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

devem ser bem definidos e disponíveis comer- Testes de Metabolismo Celular ou Função
cialmente para facilitar comparações entre outros Celular
laboratórios de teste. Testes de permeabilidade de rnem- Alguns testes in vitro para biocompatibilidade
brana são usados para mensurar citotoxicidade pela usam a atividade biossintética ou enzimática
facilidade com que um corante consegue passar de células para avaliar a resposta citotóxica. Testes
pela membrana celular, porque a permeabilidade que medem a síntese de ácido desoxirribonucleico
da membrana é equivalente ou quase equivalente à (DNA) ou a síntese d e proteínas são exemplos
morte celular (Figuras 6.2 e 6.3). comuns desse tipo de teste. Um teste enzimático
comumente usado para citotoxicidade é o teste
do MTT [3-(4,5-dimetiltiazol-2-yl)-2,5-difenil bro-
meto de tetrazólio], bem como o NBT (nitroazul
de tetrazólio), XTT [sal 2,3-bis-(2-metoxi-4-nitro-5
-sulfofenil)-2H-tetrazólio-5-carboxanilida] e WST
(um tetrazólio solúvel em água), todos esses sendo
ensaios colorimétricos baseados em diferentes sais
de tetrazólio. Os testes de azul de Alamar medem
quantitativamente a proliferação celular usando um
indicador fluorescente que permite monitoramento
contínuo das células ao longo do tempo.

Testes Que Usam Barreiras (Testes Indiretos)


Como contato direto muitas vezes não existem
entre células e materiais durante uso 'in vivo, muitos
testes in v'itro de barreira foram desenvolvidos para
FIGURA 6.2 Interação não citotóxi ca. Vista em mi-
croscópio óptico de uma interação não citotóxica entre um
mimetizar condições in vivo. Esses testes incluem
material (imagem escura ao fundo) e fibroblastos do ligamen- um método de difusão em ágar, que usa ágar para
to periodontal em um teste (in vitro) de cultura celular. A formar uma barreira entre as células e o material, e o
morfologia dos fibroblastos indica que eles estão vivos e ensaio com filtro Millipore, em que uma monocama-
não estão sofrendo com uma resposta tóxica (consulte a da de células é cultivada em um filtro que é inver-
Figura 6.3 para contraste). O material neste caso foi um tido de modo que os materiais testados são fixados
agente capeador pulpar de hidróxido de cálcio. sobre o filtro e os produtos de difusão lixiviáveis
interagem com as células. Os testes de difusão em
ágar e em filtro Millipore podem oferecer, na melhor
, ...
,~~., -~----·-
~l',~ ~'. ·----, ,.._ das hipóteses, um posicionamento qualitativo de
- citotoxicidade dentre os materiais (Fig. 6.4).
Diversos estudos têm mostrado que a dentina
forma uma barreira através da qual materiais
tóxicos devem se difundir para alcançar o tecido
pulpar, com a espessura da dentina diretamente

Controle+ Amostra Controle -

Camada de células
coradas com VN
FIGURA 6.3 Interação citotóxica. Vista em microscó-
pio óptico de uma interação citotóxica entre um material FIGURA 6.4 Método de difusão em ágar. O método
(imagem escura ao fundo) e fibroblastos de ligamento pe- de difusão em ágar é usado para avaliar a citotoxicidade
riodontal em um teste de cultura celular. Os libroblastos de materiais dentários. Acamada de células, que é previa-
estão arredondados e soltos (consulte a Figura 6.2 para mente corada com Vermelho Neutro (Vl\0, é coberta com
contraste), indicando que eles já morreram ou estão mor- uma camada fina de Ágar (A). As amostras são colocadas
rendo. O material é um tipo de agente capeador pulpar em cima do ágar por um tempo. Se o material é citotóxico,
de hidróxido de cálcio, diferente daquele mostrado na irá lesionar as células e o vermelho neutro será liberado,
Figura 6.2. deixando uma zona de irubição.
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 121

tumoral por alteração da bioquímica celular, alterando


o sistema imune, atuando sobre hormônios ou por
outros mecanismos. Carci:nogênese é a habilidade de
causar câncer in vivo. Mutágenos podem ou não ser
carcinógenos, e carcinógenos podem ou não ser mu-
tágenos. Portanto, a quantificação e a relevância dos
testes que medem mutagênese e carcinogênese são
FIGURA 6.5 Método de teste com barreira usando extremamente complexos. Diversos programas patro-
disco de dentina. Um disco de dentina é usado como uma cinados pelo governo avaliam a habilidade de ensaios
barreira em testes de citotoxicidade que tentam prever a de mutagênese in vitro em prever carcinogênese.
toxicidade de materiais colocados sobre a dentina 'in vivo. O O teste de Ames é o mais amplamente usado
material é colocado sobre um lado (A) do disco de dentina teste de mutagênese a curto prazo e o único de curto
(B) no dispositivo usado para suportar o disco de dentina.
prazo que é considerado completamente validado.
Um fluido de coleta (meio de cultura ou salina) está no outro
Ele examina a conversão de uma espécie mutante de
lado do disco (Q. Células podem também ser cultivadas no
lado de coleta. Componente.~ do material podem se difundir Salmonel/.a typhimurium de volta para a cepa nativa,
através da dentina e o efeito do meio no metabolismo celular porque substâncias químicas que aumentam a fre-
pode então ser medido. Para se avaliar a taxa de difusão, quência de reversão de volta ao estado nativo têm
o fluido de coleta pode ser distribuído dentro e fora da uma probabilidade alta de serem carcinógenos em
câmara de coleta (q. mamíferos. Um segundo teste para mutagênese é o
teste de transformação celular de Styles. Esse teste em
células de mamíferos oferece uma alternativa a testes
correlacionada com a proteção oferecida para a polpa. com bactérias (como teste de Ames), que podem não
Esses ensaios, que incorporam discos de dentina entre ser relevantes para sistemas de mamíferos. Contudo,
a amostra teste e o sistema celular de ensaio, têm a como o teste de Ames é amplamente usado, exten-
vantagem adicional de difusão direcional entre o samente descrito na literatura e tecnicamente mais
material restaurador e o meio de cultura (Fig. 6.5). fácil de ser realizado em laboratório do que o outro
teste, este é muitas vezes o mais conduzido em um
Outros Ensaios de Função Celu"lar programa de testes preliminares.
Ensaios in vitro para medir função imune ou ou-
tras reações teciduais têm sido usados. Esses ensaios
medem produção de citocinas por linfócitos e ma- Testes em Animais
crófagos, proliferação de linfócitos, quimiotaxia ou Testes em animais para biocompatibilidade,
formação de rosetas de linfócitos T com eritrócitos normalmente envolvendo mamíferos tais como
de ovelhas. Outros testes medem a habilidade de camundongos, ratos, hamsters ou porquinhos-da
um material em alterar o ciclo celular ou ativar o -índia, são distintos de testes de uso (que são também
complemento. A significância in vivo desses ensaios muitas vezes feitos em animais), em que o material
ainda está para ser esclarecida, mas muitos deles não é colocado no animal reproduzindo sua aplica-
se mostram promissores para reduzir o número de ção final. O uso de um animal permite avaliar um
testes em animais para avaliar a biocompatibilidade sistema biológico completo, com interações com-
de um material. plexas entre o material e seu funcionamento. Isso é
extremamente difícil de mimetizar em um sistema de
Ensaios de Mutagênese cultura celular. Dessa forma, as respostas biológicas
Ensaios de mutagênese avaliam o efeito de um de testes em animais são mais abrangentes e podem
biomaterial sobre o material genético da célula. Exis- ser mais relevantes do que os testes in vitro e essas
te uma ampla gama de mecanismos pelos quais o características são as maiores vantagens desses testes
material pode afetar os genes da célula. Mutágenos (Tabela 6.1). As principais desvantagens de testes em
genotóxi.cos alteram o DNA celular diretamente por animais são que eles podem ser difíceis de interpretar
meio de vários tipos de mutação. Cada substância e controlar, são dispendiosos, demorados e muitas
química pode estar associada a um tipo específico de vezes envolvem preocupações éticas significantes
mutação de DNA. Substâncias químicas genotóxi.cas e fiscalização. Além disso, a relevância do teste in
podem ser mutágenos em seus estados nativos ou po- vivo para o uso do material é muitas vezes incerta,
dem necessitar de ativação ou biotransformação para especialmente quando se tenta estimar a adequação
serem mutágenos, caso em que elas são chamadas de de espécies animais para representar o homem. Uma
prarnutágenos. Mutágenos epigenéticos não alteram o variedade de testes em animais tem sido usada para
DNA por si próprios, mas possibilitam o crescimento avaliar a biocompatibilidade.
122 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

O teste de irritação da mernbrana rnucosa determina os dentes são extraídos e seccionados para exame
se o material causa inflamação a membranas muco- microscópico, com tecido necrótico e reações infla-
sas ou em pele abrasionada. No teste de sensiUilidade matórias classificadas de acordo com a intensidade
cu.tâ.nea, materiais são injetados intradermicamente da resposta. Embora a maioria dos testes de irrita-
para testar o desenvolvimento de reações de hi- ção da polpa dentária envolva dentes intactos, não
persensibilidade na pele, seguidas de tratamento cariados, sem polpa inflamada, existe uma crescente
secundário com curativos adesivos que contêm a preocupação com o fato de o tecido pulpar inflamado
substância teste. Testes de im.plantação são usados poder responder diferentemente de polpas normais
para avaliar materiais que irão contactar tecido aos forradores, cimentos e agentes restauradores. Por
subcutâneo ou osso. A localização do sítio de im- isso, testes de uso em dentes com pulpite induzida,
plantação é determinada pelo uso do material e que permitem avaliação do tipo e quantidade de
pode incluir tecido conjuntivo, osso ou músculo. dentina reparadora formada, provavelmente conti-
Embora amálgama e ligas sejam testados porque nuarão a ser desenvolvidos e aperfeiçoados.
as margens de materiais restauradores contactam a
gengiva, a maioria dos testes subcutâneos é usada Implantes Dentários em Osso
para materiais que entram em contato direto com No momento, os melhores preditores do sucesso
tecidos moles durante a implantação, tais como ma- de implantes são a seleção cuidadosa do paciente e as
teriais de tratamento endodôntico e periodontal. condições clinicas ideais. Os termos a seguir são usa-
dos para definir vários graus de sucesso: sucesso inicial
de implante para sobrevida de implantes de um a três
Testes de Uso anos, sucesso intermediário de implante para sobrevida
Testes de uso podem ser feitos em estudos animais de implantes de três a sete anos e sucesso a longo prazo
ou com participantes humanos. Eles são distintos de para sobrevida de implantes maior que sete anos.
outros testes animais porque requerem que o material Como tal, existem três tipos de testes comumente
seja disposto em uma situação idêntica ao seu uso usados para predizer o sucesso do implante: (1) pene-
clínico pretendido. A utilidade para a previsão da tração de sonda periodontal ao longo da lateral do im-
biocompatibilidade é diretamente proporcional à fide- plante, (2) mobilidade do implante e (3) radiografias
lidade com que o teste mimetiza o uso clínico do ma- que indicam ou integração óssea ou radioluscência
terial em cada aspecto, incluindo tempo, localização, ao redor do implante. Um implante ósseo é consi-
ambiente e técnica de colocação. Por essa razão, testes derado bem-sucedido se ele não exibe mobilidade,
de uso em animais normalmente empregam animais não tem evidência radiográfica de radioluscência
maiores que têm ambiente oral similar aos humanos, peri-implantar, tem mínima perda óssea vertical,
como cães, miniporcos ou macacos. Quando huma- é completamente envolto pelo osso e tem ausência
nos são usados, os testes de uso são chamados testes de complicações peri-implantares persistentes dos
clí:nicos. A impressionante vantagem para testes de tecidos moles. Qualquer formação de cápsula fibrosa
uso é a sua relevância (Tabela 6.1). Esses testes são é um sinal de irritação e inflamação crônica, o que pro-
o padrão-ouro, pois fornecem a principal resposta se vavelmente leva a micromovimentos do implante e,
o material é ou não biocompatível e clinicamente apli- em última análise, ao seu afrouxamento e fracasso.
cável. Alguém poderia perguntar, então, por que se
preocupar com testes in vi.tro ou animais para os ma- Testes Clínicos em Mucosa e Gengiva
teriais. A resposta está nas significantes desvantagens A resposta tecidual a materiais em contato direto
do teste de uso. Esses testes são extremamente caros, com os tecidos gengivais e mucosos é avaliada pela
duram um longo período, envolvem várias questões sua inserção em preparos cavitários com extensões
éticas e muitas vezes legais, são excepcionalmente subgengivais. O efeito do material sobre os tecidos
difíceis de controlar e interpretar de forma precisa e gengivais é observado e as respostas são categoriza-
podem prejudicar os participantes do teste. Adicio- das como suave, moderada ou severa, dependendo
nalmente, a análise estatística desses testes é muitas do número de células inflamatórias polimorfonu-
vezes um processo assustador. Em odontologia, polpa cleares (neutrófilos) e mononucleares (especialmen-
dentária, períodonto e tecido gengival ou mucoso são te linfócitos) no epitélio e nos tecidos conjuntivos
os principais alvos de testes de uso. adjacentes. A dificuldade com esse tipo de estudo
é a presença frequente de algum grau preexistente de
Testes de Irritação da Polpa Dentária inflamação no tecido gengival devido à presença
Geralmente, materiais testados na polpa dentária de placa bacteriana, rugosidade de superfície do
são colocados em preparos cavitários de classe 5 em material restaurador, margens abertas ou com ex-
dentes intactos, não cariados. Ao final do estudo, cesso e sobre ou subcontomo da restauração.
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TEC!DUAL A BIOMATERIAIS 123

Correlação entre Testes ln Vitro, ln Vivo enxertados subcutaneamente em tecido conjuntivo


e Testes de Uso em tubos de polietileno (teste secundário) e obser-
vações foram feitas em 7, 30 e 90 dias. Reações aos
No campo da biocompatibilidade, alguns cien- sete dias não puderam ser determinadas devido à
tistas questionam a utilidade de testes in vitro e em inflamação causada pelo procedimento operatório.
animais à luz da perda aparente de correlação com Aos 30 dias, o OZE causou uma reação mais severa
testes de uso e história clinica dos materiais. Entre- do que o cimento de silicato. As reações inflamatórias
tanto, perda de correlação não é surpreendente à luz aos 90 dias causadas por OZE e silicato foram suaves,
das diferenças entre esses testes. Testes in vitro e em enquanto a reação ao compósito resinoso foi modera-
animais muitas vezes avaliam aspectos da resposta da Quando os três materiais foram avaliados em pre-
biológica que são mais sutis ou menos proeminentes paros cavitários de classe 5 sob condições definidas de
do que aqueles observados durante o uso clínico tamanho e profundidade (teste de uso), os resultados
do material. Além disso, barreiras entre o material foram muito diferentes daqueles obtidos pelos outros
e os tecidos podem existir em testes de uso ou testes métodos. O silicato provocou a reação inflamatória
clínicos, que podem não estar presentes em testes in mais severa, o compósito teve uma reação suave a
vitro ou em animais. Então, é importante lembrar que moderada e o OZE teve pouco ou nenhum efeito.
cada tipo de teste foi planejado para medir diferen- Contradições aparentes nesse estudo são expli-
tes aspectos da resposta biológica a um material e a cadas considerando-se os componentes que foram
correlação não deve ser sempre esperada. liberados dos materia is e os ambientes em que estes
O melhor exemplo de barreira que ocorre no uso foram liberados. O cimento de silicato liberou íons
mas não durante a avaliação ín vitro é a barreira den- hidrogênio que foram provavelmente neutralizados na
tinária. Quando materiais restauradores são coloca- cultura celular e em testes de implantação, mas não
dos no dente, a dentina geralmente estará interposta foram adequadamente neutralizados pela dentina
entre o material e a polpa. A barreira de dentina, em testes de uso. Microinfiltração de bactérias ou
ainda que possivelmente somente uma fração de produtos bacterianos podem ter ocorrido na rea-
espessura milimétrica, é eficaz na modulação do ção inflamatória nesses testes funcionais. Assim,
efeito tóxico de um material dentário. Esse efeito da o material aparentou ser mais tóxico no teste de
barreira dentinária é ilustrado pelo estudo clássico uso. Os compósitos liberaram resinas de baixo peso
a seguir (Tabela 6.2). Três métodos foram utilizados molecular e o OZE liberou eugenol e íon zinco. Em
para avaliar os seguintes materiais: cimento de OZE testes de cultura celular, esses componentes tiveram
(óxido de zinco e eugenol), compósito resinoso e acesso direto às células e provavelmente causaram a
cimento de silicato. Os métodos de avaliação incluí- citotoxicidade moderada a severa. Nos testes de
ram (1) quatro diferentes testes em cultura celular, implantação, os componentes liberados podem ter
(2) um teste de implantação e (3) um teste de uso em causado alguma citotoxicidade, mas a severidade
preparos cavitários classe 5 em dentes de macacos. pode ter sido reduzida devido à capacidade do
Os resultados dos quatro testes em cultura celular tecido circundante de dispersar as toxinas. Em tes-
foram relativamente consistentes, com silicato tendo tes de uso, esses materiais provavelmente foram
somente um efeito suave sobre as células cultivadas, menos tóxicos porque o gradiente de difusão da
com compósito um efeito moderado e com OZE um barreira de dentina reduziu as concentrações das
efeito severo. Esses três materiais foram também moléculas liberadas para níveis baixos. A pequena
reação observada com compósitos pode também
ter sido causada em parte pela microinfilitração
TABELA 6.2 Comparação das Reações de Três
Materiais por Testes de Screening e de Uso ao redor dessas restaurações. O OZE não mostrou
essa reação, todavia, porque o eugenol e o zinco
Cultura Implantação em Resposta provavelmente mataram bactérias na cavidade e o
Material Celular Tecido Conjuntivo Pulpar OZE pode ter reduzido a microinfiltração.
Outro exemplo de perda de correlação de testes
Silicato + + ++
de uso com testes de implantação é a resposta in-
Compósito ++ ++ + flamatória da gengiva nas margens gengival e in-
Resínoso terproximal de restaurações que acumulam placa
OZE +++ + o bacteriana e cálculo. Placa e cálculo não podem ser
acumulados em materiais implantados e, por esse
De Mji!r IA, Hensten-Pettersen A, Skogtilal O: lnt. De11t. f.
motivo, o teste de implantação não pode ser espe-
27,127, 1977.
+++, serJtTa; ++,moderada;+, suave; O, setn reaçao. rado para duplicar o teste funcional. Não obstante,
OZE, Óxido de zinco e eugenol testes de implantação em tecido conjuntivo são de
124 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

grande valor na demonstração de efeitos citotóxicos refletiam aquelas do uso do material. O próximo
de materiais e avaliação de materiais que serão usa- nível mostra testes de toxicidade específica que pre-
dos em contato com osso alveolar e tecidos conjun- sumidamente lidaram com condições mais relevantes
tivos periodontais. Nestes casos, o local do implante para uso do material. A camada final representava
e os locais de uso são suficientemente similares para os ensaios clínicos do material. Mais tarde, outro
comparar os resultados de testes desses dois sítios. esquema em pirâmide foi proposto, dividindo os
testes em primários, secundários e testes de uso. A
filosofia foi similar ao primeiro esquema, exceto os
Usando Testes ln Vitro, ln Vivo tipos de testes que foram ampliados para abranger
e Clínicos Juntos outras respostas biológicas além de toxicidade, como
Por cerca de 25 anos, cientistas, indústria e go- imunogenicidade e mutagenicidade. O conceito de
verno têm reconhecido que os meios mais precisos testes de uso em um animal foi também adicionado
e de maior custo-benefício para avaliar biocompa- (contra um ensaio clínico em humanos). Há muitas
tibilidade de um novo material é a combinação de características importantes nesses esquemas iniciais.
testes in vitro, em animais e testes de uso. Implícito a Primeiro, somente materiais que "passaram" pela
essa filosofia é o conceito de que nenhum teste isola- primeira fase de testes foram habilitados para a segun-
do será adequado para caracterizar completamente da fase, e somente aqueles que passaram pela segunda
a biocompatibilidade de um material. As maneiras fase foram habilitados para os ensaios clínicos.
em que esses testes são associados, entretanto, são Presumidamente, então, esse esquema canalizou
controversas e têm evoluído ao longo de muitos materiais seguros para a área de ensaios clínicos e
anos à medida que o conhecimento tem crescido e eliminou materiais inseguros. Essa estratégia foi
novas tecnologias são desenvolvidas. É esperado bem-vinda porque ensaios clínicos são os mais
que essa evolução continue na medida em que se dispendiosos e demorados entre os testes de bio-
exija dos materiais a realização de funções mais compatibilidade. Segundo, qualquer material que
sofisticadas por períodos mais longos. resistisse às três fases de testes era considerado
Esquemas de combinação mais antigos propu- aceito para uso clínico. Terceiro, cada fase do sis-
seram um protocolo de teste piramidal, em que tema dava grande importância aos testes usados
todos os materiais eram testados a partir da base da para avaliar se o material estaria" dentro" ou "fora"
pirâmide e iam sendo eliminados à medida que os da fase seguinte. Embora ainda usado em princípio
testes progrediam até o topo da pirâmide (Fig. 6.6). até hoje, a inabilidade de testes in vitro e em animais
Testes na base da pirâmide eram testes de "toxici- para inequivocadamente selecionar materiais levou
dade inespecífica" de qualquer tipo (in vitro ou em ao desenvolvimento de novos esquemas em testes
animais) com condições que não necessariamente de biocompatibilidade.

Ensaio
clínico t Uso

Progresso
cios
Toxicidade específíca testes Secundário

Número de testes Número de testes


A B
FIGURA 6.6 Estratégia inicial e atual para uso de testes de biocompatibilidade para avaliar a segurança de materiais.
Os testes começam na base da pirâmide em direção ao topo. O número de testes necessários diminui com o progresso
do procedimento porque materiais inaceitáveis são teoricamente eliminados em estágios iniciais de teste. A, A estratégia
mais antiga, focada apenas na toxicidade. Toxicidade iru?specífica.se refere aos testes não necessariamente relacionados ao
uso do material, enquanto testes sob toxicidade específica são mais relevantes. Ensaios clin.icos são equivalentes aos testes
de uso neste esquema. B, A estratégia contemporânea usada na maioria dos documentos normativos.
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 125

Dois novos esquemas de teste foram desenvol- Infelizmente, as recomendações para materiais e
vidos nos últimos cinco anos com relação ao uso de condições de compatibilidade biológica não manti-
associações de testes de biocompatibilidade para veram o ritmo com o desenvolvimento tecnológico
avaliar materiais (Fig. 6.7). Ambos os esquemas aco- dos materiais dentários. As razões para isso são:
modaram muitas ideias importantes. Primeiro, todos (1) o avanço rápido da biologia celular e molecular,
os testes (in vitro, em animais e de uso) continuam a (2) a variedade de testes disponíveis para avaliar a
ser de valor na avaliação de biocompatibilidade de biocompatibilidade de materiais e (3) a carência de
um material durante seu desenvolvimento e mesmo normatização desses testes.
em seu emprego clínico. Por exemplo, testes de res- Anormatização é um processo difícil e demora-
posta inflamatória em animais podem ser úteis não do, tornado mais difícil pela discordância na per-
somente durante o desenvolvimento do material, mas tinência e na significância de testes específicos. Uma
também se um problema for notado com o material das primeiras tentativas para deselvolver um teste
após este ter entrado no mercado há algum tempo. uniforme para todos os materiais foi o estudo de
Segundo, esses novos esquemas reconhecem a ina- Dixon e Rickert em 1933, em que a toxicidade da
bilidade dos métodos de teste atuais para selecionar, maioria dos materiais dentários em uso naquele
de maneira precisa e absoluta, quais materiais devem tempo foi investigada por meio de implantes dos
continuar sendo avaliados e quais não. Finalmente, materiais em bolsas cirúrgicas no tecido subcutâ-
eles incorporam a filosofia de que a avaliação de bio- neo. Pequenos fragmentos padronizados de ouro,
cornpatibilidade de um material é um processo contí- amálgama, guta-percha, silicatos e amálgama de co-
nuo. Sem dúvida alguma, novas estratégias surgirão bre foram esterilizados e inseridos em bolsas de
para combinações de testes de biocompatibilidade, à tamanho padronizado dentro do tecido muscular
medida que os papéis do material se modificam e as esquelético. Amostras biopsiadas foram avaliadas
tecnologias de teste são aprimoradas. rnicroscopicamente após seis meses. Outra tentativa
inicial para padronizar técnicas foi conduzida por
Mitchell (1959) no tecido conjuntivo e por Mas-
Normalizações que Regulam sler (1958) no tecido pulpar. Até a criação da Lei
a Mensuração da Biocompatibilidade de Dispositivos Médicos pelo Congresso dos Es-
Os primeiros esforços da American Dental Asso- tados Unidos em 1976, os testes biológicos para
ciati.on (ADA) para estabelecer diretrizes para ma- todos os dispositivos médicos (incluindo mate-
teriais dentários vieram em 1926, quando cientistas riais dentários) não tiveram alta prioridade. Em
do Natianal Bu.reau ofStamiards (NBS), agora Nati.onal 1972, o Conselho da ADA em Materiais Dentários,
Institu.te of Science and TechnolngtJ (NIST), desenvol- Instrumentos e Equipamentos (agora Conselho em
veram especificações para o amálgama dentário. Assuntos Científicos) aprovou a especificação N°.

t [ uso l
~
Progresso

~
de
teste
Uso

Secundário Primério -+--- @ecundárioJ

A B
FIGURA 6. 7 Duas futuras estratégias sugeridas para testes de biocompatibilidade de materiais. A, O esquema
piramidal da Figura 6.6 é mantido, mas é reconhecido que os testes primários e secundários representarão um papel
contínuo (mas menor) enquanto o progresso dos testes continua. B, Os testes de uso têm maior importância e a progressão
mais comum de testes é de primário para secundário para uso, mas a necessidade de realizar muitas interações entre os
tipos de testes é reconhecida. Além disso, a natureza contínua da biocompatibilidade é reconhecida pela necessidade de
testes primários e secundários após avaliação clínica de um material. Neste esquema, a ordem de teste é determinada
conforme os testes e o uso clínico do material continua a fornecer novos dados.
126 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

41 para Recomendações de Práticas Padronizadas disponível para testes de biocompatibilidade de


para Avaliação Biológica de Materiais Dentários. materiais dentários.
O comitê que desenvolveu esse documento reco- A norma divide os testes em iniciais e suplernentares
nheceu a necessidade de normatizar métodos de para avaliar a resposta biológica a materiais. Testes
teste e para testes sequenciais de materiais para re- iniciais são testes para citotoxicidade, sensibilização
duzir o número de componentes que necessitariam e toxicidade sistémica. Alguns desses testes são feitos
serem testados clinicamente. Em 1982, um adendo in vitro, outros em animais em situações não fun-
foi realizado a esse documento, que foi atualizado cionais. A maioria dos testes suplementares, para
para sua forma atual em 2005. avaliar objetos como toxicidade crônica, carcinogeni-
cidade e biodegradação, é feita em sistemas animais,
Especificação N°. 41 ANSIIADA muitos em situações funcionais. Significantemente,
Três categorias de testes são descritas na especifi- embora diretrizes para a seleção de testes sejam da-
cação N° 41de2005da ANSI/ADA (Ameri.can National das na parte 1 da norma e sejam baseadas em quanto
Standards Institu.te/American Dental Association): testes tempo o material estará presente, se ele irá contactar
iniciais, secundários e de uso. Esse documento usa o somente a superfície corporal, sangue ou osso, e se
esquema de teste demonstrado na Figura 6.6, B. Os o dispositivo se comunica externamente ao corpo, a
testes iniciais incluem ensaios in vitro para citotoxi- seleção definitiva de testes para um material especí-
cidade, lise da membrana de eritrócitos (hemólise), fico é deixada para o fabricante, que deve divulgar e
mutagênese e carcinogênese ao nível celular e dano defender os resultados do teste.
fisiológico agudo in vivo e morte ao nível do orga-
nismo. Baseado nos resultados desses testes iniciais,
materiais promissores são testados por um ou mais BIOCOMPATIBILIDADE
testes secundários em animais de pequeno porte (in DOS MATERIAIS DENTÁRIOS
vivo) para potencial inflamatório ou imunogênico
(p. ex., irritação dérmica, implantação subcutânea Reações da Polpa
e óssea e testes de hipersensibilidade). Finalmente,
os materiais que passam nos testes secundários e Microinftltração
ainda mantêm potencial são sujeitos a um ou mais Há evidências de que materiais restauradores
testes de uso in vivo, primeiramente em animais podem não aderir ao esmalte e à dentina com resis-
de maior porte, muitas vezes primatas e, final- tência suficiente para suportar forças de contração
mente, com aprovação da Food and Dru.gs Adminis- durante polimerização, desgaste ou ciclagem térmica
tration (FDA), em humanos. O adendo de 1982da Se a adesão não se forma, ou ocorre descolamento,
especificação Nº 41 da ANSI/ADA adicionou dois bactérias, restos alimentares ou saliva podem pene-
ensaios para mutagênese - o teste de Ames e o trar na fenda entre a restauração e o dente por ação
teste de transformação celular de Styles. A norma- capilar. Este efeito foi denominado 1nicroinfiltração. A
lização foi mais recentemente revisada conforme importância da microinfiltração na irritação pulpar
a normalização da ISO (Internatianal Organization tem sido extensamente estudada. Muitos estudos
for Standardization) a seguir, e foi liberada como iniciais relataram que vários materiais dentários
especificação N°. 41 da ANSI/ADA, Práticas Padro- restauradores irritaram o tecido pulpar em testes em
nizadas Recomendadas para Avaliação Biológica animais. Contudo, muitos outros estudos levantaram
de Materiais Dentários (2005). a hipótese de que os produtos da microinfiltração, e
não os materiais restauradores, causaram a irritação.
ISO 10993 Subsequentemente, numerosos estudos mostraram
Na década de 1980, esforços internacionais que as bactérias presentes sob as restaurações e em
foram iniciados por várias organizações para de- túbulos dentinários poderiam ser responsáveis pela
senvolver normas internacionais para materiais e irritação pulpar. Outros estudos mostraram que as
dispositivos biomédicos. Muitos grupos de trabalho bactérias ou produtos bacterianos, como lipopolissa-
multinacionais, incluindo cientistas da ANSI e da carídeos, poderiam causar irritação pulpar algumas
ISO, foram formados para desenvolver a norma- horas após aplicados na dentina.
lização ISO 10993, publicada em 1992. A revisão Finalmente, um estudo animal clássico elucidou
dos componentes dentários desse documento re- o papel dos materiais restauradores e da microinfil-
sultou na ISO 7405:2008 "Avaliação pré-clínica de tração na irritação pulpar. Amálgama, compósito,
biocompatibilidade de dispositivos médicos usados cimento de fosfato de zinco e cimento de silicato
em Odontologia - Métodos de teste para materiais foram usados como materiais restauradores em
dentários". Esta é a normalização ISO mais recente preparos cavitários classe 5 em dentes de macaco.
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 127

Esses materiais foram inseridos diretamente sobre benefícios que possam derivar dessas interações. Ex-
o tecido pulpar. Metade das restaurações foram posição subtóxica a certos materiais dentários, como
seladas superficialmente com cimento de OZE. Em- condicionadores ácidos, resinas adesivas, forradores
bora alguma irritação tenha sido evidente em todas e bases, cimentos e materiais restauradores, pode
as restaurações aos sete dias, após 21 dias as restau- solubilizar moléculas sequestradas dentro da dentina
rações seladas mostraram menor irritação pulpar do durante o desenvolvimento dentário. Essas moléculas
que as não seladas, presumidamente devido à eli- incluem fatores de crescimento e outras proteínas e en-
minação da microinfiltração. Somente o cimento de zlinas capazes de estimular odontoblastos existentes
fosfato de zinco causou uma resposta inflamatória a ou sinalizar para células indiferenciadas a migrarem
longo prazo. Além disso, os dentes selados exibiram para o local e começar o processo de regeneração den-
uma incidência muito maior de ponte de dentina sob tinária. Esses eventos podem ocorrer caso o material
o material. Somente o amálgama pareceu impedir produza ou não uma margem vedada com o dente e
a formação dessa ponte. Esses estudos sugerem que a é provavelmente moderada pela saúde do dente em
microinfiltração tem importante papel na irritação relação ao nível de inflamação e à presença de in-
pulpar, mas que os materiais podem também alterar fecção bacteriana. O aspecto interessante de adquirir
a reparação normal da polpa e da dentina. esse novo conhecimento é o potencial de formular
Recentemente, o conceito de nanoinfiltração foi materiais dentários capazes de iniciar o processo de
apresentado. Assim como a microinfiltração, a na- reparo dentário de uma forma sistemática em vez
noinfiltração se refere à infiltração de saliva, bactérias de aleatória. Isto é discutido em maior profundidade
ou componentes de material através da interface en- no Capítulo 16.
tre um material e a estrutura dentária. Contudo, a
nanoinfiltração refere-se especificamente à adesão Adesão Dentinária
dentinária e pode ocorrer entre a dentina mineralizada Tradicionalmente, a resistência de adesivos ao
e um material adesivo em espaços muito pequenos de esmalte tem sido maior do que à dentina. A adesão
matriz colágena desmineralizada na qual o material à dentina tem se mostrado mais difícil por causa de
adesivo não penetrou. Assim, a nanoinfiltração pode sua composição (tanto orgânica quanto inorgânica),
ocorrer mesmo quando a adesão entre o material e a sua umidade e seu menor conteúdo mineral. Amo-
dentina está intacta. Não é sabido o quão é significante Jhabilidade da matriz colágena de dentina desmi-
o papel de uma nanoinfiltração na resposta biológica neralizada também tem se mostrado problemática.
a materiais, mas considera-se que tenha alguma in- Como os túbulos dentinários e seus odontoblastos
fluência e que é suspeito de contribuir para a degra- são extensões da polpa, a adesão à dentina envolve
dação hidrolítica da união dentina-material, levando questões de biocompatibilidade.
a uma microinfiltração muito mais séria. Após ser seccionada, como ocorre em um prepa-
A totalidade dos efeitos biológicos de materiais ro cavitário, a superfície de dentina que permanece
restauradores sobre a polpa não está ainda clara. está recoberta por uma camada de 1 a 2 µ.m de re-
Materiais restauradores podem afetar tecidos pul- síduos orgânicos e inorgânicos. Essa camada tem
pares diretamente ou podem ter um papel auxiliar sido chamada de camada de esfregaço ou smear /.ayer
causando mudanças subletais nas células pulpares, (Fig. 6.8). Além de recobrir a superfície da dentina,
tomando-as mais sucetíveis a bactérias ou neutró- os resíduos da smear layer também estão deposita-
filos. Está claro, entretanto, que o delineamento de dos dentro dos túbulos para formar tampões den-
testes de mensuração da irritação pulpar a materÍilis tinários. A stn.ear layer e os tampões dentinários,
deve incluir medidas para eliminação de bactérias, que parecem impermeáveis quando vistos por
produtos bacterianos e outras microinfiltrações. microscopia eletrônica, reduzem o fluxo de fluido
Além disso, o papel da dentina em atenuar os efei- (transporte convectivo) significantemente. Contudo,
tos da microinfiltração precisa ser completamente pesquisas mostraram que a difusão de moléculas tão
entendido. Uma pesquisa recente focou nos efeitos grandes quanto albumina (66 kDa) ocorre através
que componentes de resinas apresentam sobre a da smear layer. A presença da camada de esfregaço
habilidade dos odontoblastos de formar dentina se- é importante para a resistência de união a materiais
cundária. Outra pesquisa estabeleceu as taxas com restauradores e para a biocompatibilidade desses
as quais esses componentes atravessam a dentina materiais colados.
(próxima seção Adesão Dentinária). Numerosos estudos têm mostrado que a remoção
Embora seja verdade que a maioria dos estudos da smear layer melhora a resistência da união en-
nessa área tenha no passado focado sobre os efeitos tre a dentina e os materiais restauradores mediada
danosos de materiais em células da polpa e da dentina, por agentes de união dentinários atuais, embora
uma evidência mais recente sugere que há potenciais pesquisas anteriores com agentes de união antigos
128 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Do ponto de vista da biocompatibilidade, a remo-


ção da camada de esfregaço pode representar uma
ameaça para a polpa por três razões. Primeiro, sua
remoção justapõe materiais resinosos e dentina sem
uma barreira e, portanto, aumenta o risco de que esses
materiais possam se difundir e causar irritação pul-
par. Segundo, a remoção da srnear layer torna qualquer
microinfiltração mais significante porque uma barrei-
ra importante à difusão de bactérias ou produtos
bacterianos em direção à polpa é removida. Terceiro,
os ácidos usados para remover a lama dentinária são,
por si só, uma fonte potencial de irritação. Todavia,
atualmente, a remoção da camada de esfregaço é um
procedimento de rotina porque maiores resistências
de união são alcançadas. Algumas técnicas recentes
que condicionam e "colam" exposições pulpares tor-
nam a biocompatibilidade de agentes de urúão ainda
mais crítica, uma vez que a barreira dentinária entre
os materiais e a polpa está totalmente ausente.
A biocompatibilidade de ácidos usados para
remover a sm.ear layer tem sido extensamente es-
tudada. Numerosos ácidos, incluindo ácido fos-
fórico, clorídrico, cítrico e lático, têm sido usados
para remover a camada de esfregaço. Os efeitos
desses ácidos nos tecidos pulpares dependem de
diversos fatores, incluindo espessura da dentina en-
tre a restauração e a polpa, força do ácido e grau de
FIGURA 6.8 Eletromicrogra.fia de varredura de um condicionamento. A maioria dos estudos tem mos-
corte da dentina. Quando uma superfície dentinária é trado que a dentina é um neutralizador de prótons
desgastada com uma broca, uma camada de resíduos, bastante eficiente e que a maior parte dos ácidos
chamada camada de esfregaço (smear Jayer, S), permanece nunca alcança a polpa se há dentina remanescente
na superfície. A camada de esfregaço é constituída por
suficiente. Uma espessura da dentina de 0,Smm tem
resíduos orgânicos e inorgânicos que cobrem a superfície
dentinária e os túbulos (T). Muitas vezes, os debris preen-
se mostrado adequada neste aspecto. Ácido cítrico
chem a parte distal dos túbulos em um tampão de dentina ou lático não são tão bem neutralizados, provavel-
(smear plug, P) (De Briintrstrom M: Dentin and Pulp in Resto- mente porque esses ácidos fracos não se dissociam
rative Dentistry.Denta/ Therapeutics AB, Stocklrolm, 1981). tão eficientemente. Testes de uso que estudaram o
efeito de ácidos mostraram que os ácidos fosfórico,
pirúvico e cítrico produzem respostas inflamatórias
tenham mostrado o efeito oposto. Uma variedade de pulpares moderadas, que se resolvem após oito
agentes tem sido usada para remover a smea:r layer, semanas. Uma pesquisa recente mostrou que, na
incluindo ácidos, agentes quelantes tais como ácido maioria dos casos, a profundidade de penetração
etilenodiamina tetracético (EDTA), hipoclorito de do ácido na dentina é menor que 100 µm. Contudo,
sódio e enzimas proteoliticas. Removendo-se a cama- a possibilidade de efeitos adversos desses áci-
da de esfregaço, aumenta-se a umidade da dentina dos não pode ser descartada, já que os processos
e toma-se necessário que o agente de união esteja odontoblásticos nos túbulos poderiam ser afetados
apto a molhar a dentina e deslocar o fluido dentiná- apesar de os ácidos propriamente não alcançarem
rio. O mecanismo preciso pelo qual a união ocorre a polpa.
permanece desconhecido. Contudo, parece que os Um aspecto mais positivo dessa dissolução da
agentes de união mais bem-sucedidos são capazes dentina por ácidos usados em agentes de união
de penetrar no interior da camada de colágeno dentinários pode ser a liberação de moléculas
que permanece após o condicionamento ácido. Lá, potencialmente bioativas aprisionadas durante o
criam uma carnada híbrida de resina e colágeno em desenvolvimento. Pesquisas significantes mostra-
contato íntimo com dentina e túbulos dentinários. A ram que proteínas extraídas de matriz dentinária,
resistência do próprio colágeno tem sido vista como que contém uma grande variedade de proteínas
importante para a resistência de união. fosforiladas e não fosforiladas, proteoglicanas,
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 129

metaloproteinases e uma variedade de fatores de pressão pulpar normal. O efeito do HEMA em células
crescimento, podem ser liberadas da dentina in- da polpa in situ não é conhecido, mas foi observado
tacta por substâncias químicas básicas ou ácidas, in- que o HEMA estimula a expressão de fatores de cres-
cluindo condicionadores ácidos usados em adesivos cimento em células odontoblastoides murinas.
dentários. Estudos têm mostrado que muitas dessas Outros estudos estabeleceram a citotoxicidade in
moléculas podem servir como agentes de sinaliza- vitro da maioria das resinas comuns em agentes de
ção celular para recrutar células indiferenciadas união, como Bis-GMA, dimetacrilato de trietileno-
ou como estimulantes diretos à sobrerregulação da glicol, dimetacrilato de uretano (UDMA) e outros.
produção da matriz extracelular como uma fase do Combinações de HEMA e outras resinas encontradas
processo de remineralização da dentina. O papel em agentes de união dentinária podem agir sinergica-
específico de cada molécula nesse processo não é mente para causar efeitos citotóxicos in vitro. Poucos
atualmente conhecido, nem é conhecida qual é a estudos clínicos sobre a difusão dos componentes resi-
concentração desejada de uma proteína específica nosos hidrofílicos e hidrofóbicos ao longo da dentina
ou da combinação de moléculas para produzir estão disponíveis. Esses estudos indicam que alguma
resultados ótimos. Contudo, o fato de que essas difusão desses componentes ocorre também in vivo.
moléculas naturalmente presentes podem ser libe- É interessante destacar a existência de um relato no
radas por procedimentos rotineiros de restauração qual alguns componentes resinosos aumentam o cres-
dentária e servem como participantes no processo cimento de bactérias orais. Se confirmado, isso seria
de reparo fornece uma oportunidade para o desen- motivo de preocupação pela possibilidade de mate-
volvimento e planejamento de futuros materiais. riais resinosos aumentarem a formação de placa.
Finalmente, estudos mostraram também a libera-
Agentes de União ção de metaloproteinases da matriz (MMPs) denti-
Numerosos agentes de união foram desenvolvidos nária em virtude de sua interação com componentes
e são aplicados à dentina preparada durante a restau- ácidos em adesivos dentinários, que podem causar
ração do dente. Diversos estudos sobre biocompati- degradação da união adesiva por ação enzimática
bilidade desses sistemas de união foram realizados. sobre o colágeno exposto dentro da camada híbrida.
Muitos desses agentes são citotóxicos para células in A aplicação de um inibidor de MMP, como clorexidina,
vitro se testados isoladamente. Contudo, quando colo- tem minimizado esse efeito e tem sido recomendado
cados na dentina e lavados com água entre aplicações para manter a durabilidade da união dentinária. Con-
dos reagentes subsequentes, conforme prescrito pelo tudo, o efeito geral da clorexidina nas células pulpares
fabricante, a citotoxicidade é reduzida. Estudos in tem ainda que ser determinado.
vitro de longo prazo sugerem, entretanto, que com-
ponentes dos agentes de união podem penetrar até Materiais Resinosos
O,Smm da dentina e causar supressão significante Para restaurações dentárias, materiais resinosos
do metabolismo celular por até quatro semanas após têm sido usados como cimentos e materiais restau-
a aplicação. Isto sugere que constituintes residuais radores. Devido à sua combinação de fases orgâni-
livres podem causar reações adversas. ca e inorgânica, esses materiais são chamados de
O metacrilato de hidroxietila (HEMA), uma resina compósitos resÍ'lwsos. ln vitro, resinas quimicamente
hidrofílica presente em muitos sistemas adesivos, é ativadas ou fotoativadas recém-manipuladas fre-
no mínimo 100 vezes menos citotóxica em cultura quentemente causam reações citotóxicas moderadas
celular do que o Bis-GMA. Estudos que utilizam em células cultivadas em períodos de exposição de
sistemas in vitro de longo prazo têm mostrado, 24 a 72 horas, embora muitos novos sistemas tenham
contudo, que efeitos adversos causados por resinas apresentado toxicidade mínima. A citotoxicidade é
ocorrem em concentrações muito menores (por um significativamente reduzida em 24 a 48 horas após a
fator de 100 ou mais) quando tempos de exposição exposição e pela presença de urna barreira de dentina
são aumentados para quatro a seis semanas. Muitos Muitos estudos têm mostrado que alguns materiais
efeitos citotóxicos de componentes de resinas são são persistentemente citotóxicos in vitro mesmo em
reduzidos significativamente pela presença de uma até quatro semanas, enquanto outros gradualmente
barreira de dentina. Contudo, se a dentina no soalho melhoram, e alguns poucos sistemas mais recentes
do preparo cavitário é fina ( <0,1 mm), há alguma mostram baixa toxicidade mesmo inicialmente. Em
evidência de que o HEMA é citotóxico in vivo. Além todos os casos, considera-se que a citotoxicidade é
disso, estudos têm mostrado que o HEMA é capaz de mediada por componentes resinosos liberados do
se difundir através da dentina, presumidamente via material. Evidências indicam que resinas fotoativadas
túbulos dentinários, mesmo em oposição a um fluxo são menos citotóxicas que sistemas quimicamente
de fluido dentinário em sentido oposto resultante da ativados, mas esse efeito é altamente dependente da
130 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Testes de implantação mostram que amálgamas


com baixo teor de cobre são bem tolerados, mas
amálgamas com alto teor de cobre causam reações
severas quando em contato direto com o tecido. O
mercúrio não reagido ou o cobre desprendido des-
sas ligas de alto teor de cobre são normalmente os
principais causadores da resposta adversa. Um es-
tudo in vitro dos efeitos de amálgamas particulados
e suas fases individuais sobre macrófagos mostrou
que todas as partículas, exceto -y2, são efetivamente
fagocitadas por macrófagos. Foi visto dano celular
em culturas tratadas expostas a -y1 particulado. Em
testes de uso, a resposta da polpa ao amálgama
em cavidades rasas ou em profundas com forra-
FIGURA 6.9 Fotomicrografia da resposta pulpar e den-
mento é mínima, e o amálgama raramente causa
tinária a um compósito sem forramento em macaco após
cinco a oito semanas. A dentina primária é a camada mais dano irreversível à polpa. Contudo, uma resposta
clara vista na parte superior. Os túbulos são evidentes. dolorosa ocorre em restaurações de amálgamas em
Dentina secundária está presente (cmr111da média extensa, cavidades profundas sem forramento (O,Smm ou
escura) e está bastante próxima aos odontoblastos intactos menos de dentina remanescente), com uma resposta
na polpa. Poucas células inflamatórias estão presentes. inflamatória ocorrendo após três dias.
A resposta vista nesta micrografia é indicadora de uma Essa dor pode estar relacionada à alta condutibili-
resposta favorável ao material (Cartesia de A.K Avery, Arm dade térmica e elétrica do material, que é significan-
Arbor, Michigatt).
temente diminuída pela presença de uma barreira
de dentina remanescente ou material forrador isolante.
Então, em cavidades com menos de 0,5até1,0mm de
eficiência de fotopolimerização e do tipo de sistema dentina remanescente no soalho, o preparo cavitário
resinoso. Testes de uso in vivo têm sido utilizados deve ser forrado por duas razões. Primeiro, a trans-
para avaliar a resposta biológica a compósitos. A ferência de estimulo de quente e frio, principalmente
resposta inflamatória pulpar a compósitos resinosos de comida e bebida, através do amálgama pode ser
quimicamente ativados e fotoativados foi de baixa a substancial. Segundo, margens de restaurações de
moderada três dias após a colocação em cavidades amálgama recém-colocadas mostram microinfiltra-
com aproximadamente 0,Smm de dentina remanes- ção significante. A infiltração marginal de produtos
cente. Qualquer reação observada diminuiu conforme salivares e microbianos é provavelmente aumentada
os períodos pós-operatórios aumentavam de cinco pelo ciclo térmico diário natural na cavidade oral,
a oito semanas e foi acompanhada pelo aumento que pode expandir e contrair a fenda marginal le-
de dentina reparadora (Fig. 6.9). Com a presença de vando à percolação de fluidos. Embora o selamen-
um material para forramento ou agente de wúão, a to a longo prazo das margens ocorra por meio do
reação da polpa a materiais compósitos resinosos é acúmulo de produtos de corrosão, o prazo em que
mínima. Os efeitos a longo prazo de resinas inseridas isso ocorre é em parte determinado pela composição
diretamente sobre o tecido pulpar não são conheci- do amálgama, sendo maior para os amálgamas de
dos, mas suspeita-se que sejam menos favoráveis. alto teor de cobre em uso hoje em dia.
Testes de uso relataram que, após três dias, a
Amálgama e Ligas para Fundifão resposta pulpar a amálgamas de alto teor de cobre
O amálgama dentário tem sido extensamente parece similar à obtida por amálgamas de baixo teor
usado para restaurações dentárias. A biocompati- de cobre em cavidades profundas e não forradas. Em
bilidade do amálgama é determinada largamente cinco semanas, eles provocam somente uma resposta
pelos produtos de corrosão liberados quando em pulpar suave. Em oito semanas, a resposta inflama-
função. A corrosão, por sua vez, depende do tipo de tória é reduzida. Testes bacterianos em precipitados
amálgama, se ele contém a fase -y2 e sua composição. de amálgama de alto teor de cobre têm revelado pe-
Em testes de cultura celular, o mercúrio livre ou não queno efeito inibitório em sorotipos de Streptoroccus
reagido do amálgama é tóxico. Com a adição de rnutans, sugerindo que elementos metálicos não fo-
cobre, os amálgamas se tomam tóxicos para células ram liberados em quantidade necessária para matar
em cultura, mas amálgamas com baixo teor de co- esses micro-organismos. Embora os amálgamas de
bre cristalizados a mais de 24 horas não inibem o alto teor de cobre sejam biologicamente aceitáveis
crescimento celular. em testes de uso, forradores são sugeridos para todas
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 131

as cavidades profundas. Novamente, isso pode es- conter alumínio, cálcio, manganês, zinco, estrôncio
tar mais relacionado à necessidade de isolamento e outros elementos metálicos.
térmico e elétrico do que a uma preocupação com a A biocompatibilidade pulpar, de modo geral, dos
citotoxicidade. Além disso, a difusão dos elementos materiais de ionômero de vidro tem sido atribuída
metálicos liberados dentro da estrutura dentária pro- à natureza fraca do ácido poliacrílico, tal como ao
duz descoloração e pode ser minimizada pela presen- seu alto peso molecular. Dessa forma, o ácido polia-
ça de um forrador interposto. Existem alguns relatos crilico não está apto a se difundir através da dentina
de reações inflamatórias da dentina e polpa, similar devido ao seu tamanho grande. Em testes de uso,
a reações a outros materiais restauradores. Mercúrio a reação pulpar a esses cimentos é suave e estudos
tem sido encontrado em lisossomos de macrófagos e histológicos mostram que qualquer infiltrado in-
fibroblastos em alguns pacientes com lesões. flamatório provocado pelo ionômero é mínimo ou
Embora não seja um material comumente usado, ausente após um mês. Existem muitos relatos de
o amálgama à base de gálio foi desenvolvido para hiperalgesia pulpar por curtos períodos (dias) após
proporcionar materiais restauradores diretos livres de colocação de ionômeros em cavidades cervicais. Este
mercúrio. Em cultura celular, essas ligas não parecem efeito é provavelmente o resultado da permeabilida-
ser mais citotóxicas do que os amálgamas com alto teor de dentinária aumentada após o condicionamento
de cobre tradicionais. Essas restaurações liberam quan- ácido. De qualquer forma, ionômero de vidro não
tidades significantes de gálio in vitro, mas o significado é bem tolerado quando colocado diretamente sobre
biológico dessa liberação não é conhecido. Em testes o tecido pulpar vivo como agente capeador pulpar
de implantação, ligas de gálio causaram uma reação direto.
de corpo estranho significante. Clinicamente, esses Como previamente discutido com os agentes
materiais mostram maiores taxas de corrosão do que de união dentinários, os materiais dentários ácidos
os amálgamas que contém mercúrio. Isso leva à rugo- têm a capacidade de desmineralizar dentina e ainda
sidade de superfície e à descoloração. Existem poucos liberar moléculas bioativas presentes dentro deste
relatos de respostas pulpares a esses materiais. tecido. Embora esse efeito não tenha sido visto espe-
Ligas para fundição têm sido usadas para res- cificamente para ionômeros de vidro até o momento,
taurações unitárias, próteses parciais fixas, coroas é razoável assumir que isso ocorra clinicamente. Em
metalocerãmicas e próteses parciais removíveis. O estudo recente em primatas não humanos, foi mostra-
conteúdo de ouro nessas ligas varia de Oo/o a 85% do que proteínas da matriz dentinária aumentaram a
(em peso). Essas ligas contêm muitos outros me- formação de dentina reacional sobre as polpas expos-
tais nobres e não nobres que podem ter um efeito tas, comparado a hidróxido de cálcio ou ionômero
adverso em células se eles forem liberados das de vidro modificado por resina. Embora a resposta
ligas. Contudo, os íons metálicos liberados desses ao ionômero de vidro modificado por resina tenha
materiais mais provavelmente entram em contato sido menos consistente do que o hidróxido de cálcio,
com tecidos gengivais e mucosos, enquanto a polpa em muitos casos seu uso resultou em formação de
é provavelmente mais afetada pelo cimento usado nova dentina, até mesmo quando diretamente expos-
para reter a restauração. to à polpa. É importante notar que o processo natural
de reparo do dente para produzir dentina reacional
Ionômeros de Vidro ocorre, seguindo uma reação inflamatória inicial, sob
O ionômero de vidro tem sido usado como um o ionômero de vidro quando o material é colocado
cimento (agente de fixação), forrador, base e mate- sobre uma superfície dentinária existente. Portanto,
rial restaurador. Sistemas ionoméricos fotoativados é possível que o processo de reparo seja novamen-
foram introduzidos no mercado; esses sistemas usam te auxiliado pela presença de moléculas bioativas
HEMA ou outros monômeros ou oligômeros como liberadas da dentina pela suave desmineralização
aditivos ou como cadeias ramificadas da cadeia prin- produzida pelo material sob essas condições.
cipal de ácido poliacrílico. Em testes iniciais, o ionô-
mero recém-preparado é levemente citotóxico, mas Forradores, Vernizes e Cimentos Não
esse efeito é reduzido ao longo do tempo. O fluoreto Resinosos
liberado desses materiais, que é provavelmente de Forradores cavitários de hidróxido de cál.cio se apre-
algum valor terapêutico, tem sido implicado nessa sentam de diversas formas, variando de suspensões
citotoxicidade in vitro. Alguns pesquisadores têm salinas com pH muito alcalino (acima de 12) a formas
relatado que certos sistemas são mais citotóxicos modificadas que contêm óxido de zinco, dióxido de
que outros e, embora as razões para isso não sejam titânio e resinas. Formulações que contêm resina
claras, presumidamente isso está relacionado à com- podem ser polimerizadas quimicamente, mas siste-
posição de vidros usados no material, que podem mas fotoativados estão também disponíveis. O alto
132 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

pH do hidróxido de cálcio em suspensão leva à ex-


trema citotoxicidade em testes de screening. Cimentos
de hidróxido de cálcio que contêm resinas causam
efeitos citotóxicos suaves a moderados em cultura de
tecidos em ambas as condições de presa inicial e a
longo prazo após a presa. A inibição do metabolismo
celular é reversível em cultura de tecidos pelos altos
níveis de proteínas do soro, sugerindo que proteínas
que se ligam ou tamponam o tecido pulpar inflamado
poderiam ter um papel importante na detoxificação
desses materiais in vivo. A resposta inicial após a ex-
posição do tecido pulpar a esses agentes capeadores
pulpares aquosos e altamente alcalinos é a necrose
para uma profundidade de lmm ou mais. O pH al-
calino também auxilia a coagular qualquer exsudato
hemorrágico da polpa superficial.
Logo após a necrose, neutrófilos se infiltram den-
tro da zona subnecrótica. Após cinco a oito semanas,
somente uma suave resposta inflamatória permane-
ce. Dentro de semanas a meses, contudo, a zona
necrótica sofre calcificação distrófica, que parece ser
um estímulo para formação de ponte de dentina.
Quando resinas são incorporadas na composição,
esses compostos de hidróxido de cálcio se tornam me-
nos irritantes e são capazes de estimular a formação
de ponte de dentina reparadora mais rapidamente
do que a suspensão de Ca(OH)2 sozinha. Signifi-
cantemente, isso não ocorre em zona de necrose, e FIGURA 6.10 Fotomicrografia de uma ponte de den-
a dentina reparadora é depositada sob e adjacente tina formada entre um material e a polpa em macaco.
ao forrador (Fig. 6.10). Isso indica que odontoblastos Inicialmente, a polpa dentária foi propositalmente ex-
de reposição formam a ponte de dentina em contato posta (canto superi.or direito) com uma broca. A exposição
com o capeador. Contudo, alguns desses materiais foi coberta com um agente capeador pulpar de hidróxido
evidentemente se quebram com o tempo e criam uma de cálcio por cinco semanas antes da análi~e histológica.
Uma camada de dentina secundária foi formada no local
fenda entre a restauração e a parede cavitária. Agentes
da exposição pulpar, formando uma ponte de dentina.
capeadores pulpares de hidróxido de cálcio que con- Algumas células inflamatórias são evidentes sob a ponte,
têm resina são os forradores mais efetivos disponíveis mas a resposta pulpar é no geral favorável (Cortesia de D.R.
para tratamento de exposições pulpares, e após o tra- Heys, Atitr Arbor, Michigan).
tamento, a polpa não infectada vivencia um processo
de reparação tecidual relativamente simples.
Evidências recentes sugerem que o hidróxido Essas células podem então se diferenciar em
de cálcio colocado sobre a dentina residual em um células odontoblastoides que iniciam o processo
preparo dentário pode também ter um efeito esti- de formação de ponte de dentina descrito anterior-
mulante na remineralização da dentina por meio mente. Existe evidência em cultura celular e in situ
da solubilização de proteínas não colagenosas, in- de que as células pulpares expostas ao MTA sofrem
cluindo fatores de crescimento tais como fator de proliferação e migração, seguidas pela diferenciação
crescimento transformante-betal (TGF-~1), e glico- para células odontoblastoides. Além disso, estudos
saminoglicanos da dentina. O agregado de trióxido têm mostrado que produtos derivados do MTA po-
mineral (MTA) tem o mesmo efeito, e possivelmente dem estimular células odontoblastoides e fibroblas-
em um nível ainda maior. Isso não surpreende, uma tos a expressar proteínas, tais como osteonectina,
vez que o principal componente solúvel do MTA é osteocalcina e osteopontina, que estão envolvidas
o hidróxido de cálcio. Então, quando colocado em na formação de matriz extracelular e mineralização.
contato com a dentina, esses materiais podem causar Então, o modo da formação de ponte de dentina
a liberação dessas moléculas bioativas, que depois sob materiais tais como hidróxido de cálcio e MTA
servem como agentes sinalizadores para recrutar pode ser mais complexo do que simplesmente uma
células indiferenciadas para o local da ferida. reação a um estímulo de elevado pH.
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 133

Muitos pesquisadores analisaram os efeitos da cultura e com o pH reduzido. Alguns pesquisadores


aplicação de forradores finos tais como verniz copa! sugerem que essa citotoxicidade é um artefato da
e poliestirenos resinosos sob restaurações. Esses cultura de tecidos porque os tampões fosfatos no
materiais não são geralmente usados sob mate- meio de cultura facilitam o desprendimento de íons
riais resinosos, porque os componentes de resina de zinco do cimento. Suportando essa teoria, a ini-
dissolvem o filme fino do verniz. Pelo fato de os bição do crescimento celular pode ser revertida se
forradores serem usados em camadas finas, eles não o EDTA, que quela o zinco, for adicionado ao meio
podem fornecer isolamento térmico, mas inicial- de cultura. Além disso, inibição de células diminui
mente isolam os conteúdos dos túbulos dentinários à medida que o cimento toma presa. O componente
do preparo cavitário. Eles podem também reduzir polimérico do cimento pode também ser uma preo-
a penetração de bactérias ou substâncias químicas cupação porque concentrações de ácido poliacrilico
por um tempo. Contudo, devido à baixa espessura acima de l 'Yo parecem ser citotóxicas em testes de
do filme e à formação de poros, a integridade desses cultura de tecidos. Por outro lado, testes de implan-
materiais não é confiável como aquela de outros for- tação em tecido subcutâneo e osso pelo período de
radores pulpares aplicados em maior espessura. um ano não indicaram citotoxicidade a longo prazo
O fosfato de zinco tem sido largamente usado desses cimentos. Então, outros mecanismos tais
como um cimento para fixação de fundições e ban- como neutralização e ligação de proteinas desses
das ortodônticas e como base isolante térmica sob materiais podem neutralizar esses efeitos in vivo ao
restaurações metálicas, visto que a condutividade longo do tempo. Cimentos de poliacrilato provocam
térmica desse cimento é aproximadamente igual uma resposta pulpar similar àquela causada pelo
àquela do esmalte e é consideravelmente menor OZE, com resposta suave a moderada após três
do que a de metais. Testes de screening in vitro in- dias e somente inflamação crônica suave após cinco
dicam que cimento fosfato de zinco causa reações semanas. A formação de dentina reparadora é mí-
citotóxicas fortes a moderadas que diminuem com nima com esses cimentos, e dessa forma eles são
o tempo. O desprendimento de íons zinco e um recomendados somente em cavidades com dentina
pH baixo explicam esses efeitos. Foi demonstrado intacta no soalho de preparos cavitários.
que a diluição dos produtos liberados pelo cimento Cimentos de OZE têm sido usados em odonto-
por meio da filtragem dentinária protege a polpa logia há muitos anos. ln vitro, o eugenol do OZE
da maioria dos efeitos citotóxicos. Necrose focal, se fixa às células, deprime a respiração celular e
observada em testes de implantação com cimentos reduz a transmissão nervosa com contato direto.
de fosfato de zinco injetados na polpa de ratos, con- Surpreendentemente, ele é relativamente inócuo
firma os efeitos citotóxicos desse cimento quando em testes de uso com preparos cavitários classe
em contato com o tecido pulpar. Em testes de uso 5. Isso não é contraditório por diversas razões. Os
em preparos cavitários profundos, o dano pulpar efeitos do eugenol são dose-dependentes e a difusão
localizado moderado a severo é produzido dentro através da dentina dilui eugenol em muitas ordens
de três dias, provavelmente devido ao baixo pH inicial de magnitude. Então, embora a concentração de
(4,2 aos três minutos). Contudo, o pH dos cimentos eugenol nos preparos cavitários logo abaixo do OZE
aproxima-se da neutralidade após 48 horas. De cinco tenha sido relatada como sendo I0-2 M (bactericida),
a oito semanas, somente a inflamação crônica leve a concentração no lado pulpar da dentina pode ser
está presente, e a dentina reparadora é normalmente de lo-4 M ou menos. Essa concentração mais baixa
formada. Devido à dor inicial e aos efeitos prejudi- supostamente suprime a transmissão nervosa e
ciais na polpa por esse cimento quando colocado em inibe a síntese de prostaglandinas e leucotrienos
preparos cavitários profundos, a colocação de uma (ação anti-inflamatória). Além disso e conforme
camada protetora de agente de união dentinário, descrito anteriormente, o OZE pode selar tempora-
OZE, verniz ou hidróxido de cálcio é recomendada riamente a dentina contra a invasão bacteriana. Em
em preparos com dentina remanescente mínima preparos cavitários em dentes decíduos (testes de
cobrindo a polpa. uso), o OZE causou somente uma reação inflamató-
Cimentos de poliacrilato de zinco (cimentos de po- ria suave a moderada na primeira semana. Isso foi
licarboxilato) foram desenvolvidos para combinar reduzido a uma reação inflamatória crônica suave,
a resistência dos cimentos de fosfato de zinco com com alguma formação de dentina reparadora (den-
a adesividade e a biocompatibilidade dos cimentos tro de cinco a oito semanas), quando as cavidades
de OZE. Em testes de cultura de tecidos em curto eram profundas. Por essa razão, ele tem sido usado
praz-0, a citotoxicidade de cimentos recém-prepara- como uma substância de controle negativo para
dos e completamente endurecidos foi relacionada comparação com procedimentos restauradores em
à liberação de íons de zinco e fluoreto no meio de testes de uso.
134 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Agentes Clareadores documentado inflamação aumentada ou retração


Agentes clareadores têm sido usados em den- gengival adjacente a restaurações em que os índices
tes vitais e não vitais há muitos anos, mas seu uso de placa são baixos. Nesses estudos, produtos libe-
em dentes vitais tem crescido vertiginosamente rados pelos materiais poderiam causar inflamação
em anos recentes. Esses agentes normalmente con- na ausência de placa ou poderiam inibir a formação
têm alguma forma de peróxido (geralmente peróxi- de placa e causar inflamação na gengiva. Pesquisas
do de carbamida ou de hidrogênio) em um gel que in vitro mostraram que componentes de materiais
pode ser aplicado aos dentes tanto pelo dentista dentários e placa podem agir sinergicamente para
como em casa pelo paciente. Os agentes podem estar aumentar as reações inflamatórias.
em contato com os dentes por alguns minutos ou Cimentos exibem alguma citotoxicidade em te-
até muitas horas, dependendo da formulação do cidos moles no estado recém-espatulado, mas isso
material. Agentes para clareamento caseiro podem diminui substancialmente ao longo do tempo. Os
ser aplicados por semanas ou até meses em alguns efeitos de neutralização e ligação de proteínas da
casos. Estudos in vitro têm mostrado que peróxidos saliva parecem diminuir esses efeitos citotóxicos.
podem rapidamente (dentro de minutos) atravessar Campósitos resinosos em contato direto com fi-
a dentina em concentrações suficientes para serem broblastos são inicialmente muito citotóxicos in
citotóxicos. A citotoxicidade depende em grande vitro. Essa citotoxicidade provavelmente resulta
medida da concentração do peróxido no agente de componentes não polimerizados na camada
clareador. Outros estudos têm mostrado que pe- inibida pelo ar que se desprendem dos materiais.
róxidos podem até mesmo penetrar rap idamente Outros estudos in vitro, nos qua is os compósitos
o esmalte intacto e alcançar a polpa em poucos foram envelhecidos em saliva artificial por até seis
minutos. Estudos in vitro têm demonstrado efeitos semanas, têm mostrado que a toxicidade diminui
pulpares adversos ao clareamento, e a maioria com alguns materiais, mas permanece a lta para
dos relatos concorda que uma preocupação legítima outros. Alguns dos novos compósitos com matrizes
existe sobre o uso a longo prazo desses produtos sem Bis-GMA e sem UDMA têm citotoxicidade sig-
em dentes vitais. Em estudos clínicos, a ocorrência nificantemente mais baixa in vitro, presumidamente
de sensibilidade dentária é muito comum com o devido às quantidades menores de componentes
uso desses agentes, embora a causa dessas reações desprendidos. Compósitos polidos mostram cítoto-
não seja conhecida. Agentes clareadores também xicidade claramente menor in vitro, embora alguns
queimam quimicamente a gengiva se o agente não materiais sejam persistentemente tóxicos mesmo
for mantido adequadamente na moldeira de clarea- no estado polido.
mento. Isso não é um problema com uma adequada Recentemente, tem havido uma grande contro-
moldeira fabricada; mas, a longo prazo, os efeitos vérsia sobre a possibilidade de o bisfenol A e dimeta-
em baixa dose de peróxidos nos tecidos gengivais crilato de bisfenol A causarem respostas similares ao
e periodontais não são conhecidos. estrógeno in vitro. Esses compostos são componentes
básicos de vários compósitos comerciais. Contudo,
não há evidência de que efeitos xenoestrogênicos
Reações de Outros Tecidos Moles Orais sejam uma preocupação in vivo de qualquer resina
a Materiais Restauradores comercial. Relativamente pouco é conhecido sobre
Materiais restauradores podem causar restau- outros efeitos in vivo de componentes liberados de
rações em tecidos moles orais como a gengiva. compósitos em tecidos moles, embora as preocupa-
Não está claro o quanto da citotoxicidade iri vivo ções sejam similares àquelas existentes para resinas
observada é causada pelos materiais restauradores para base de prótese total e reembasadores resilien-
e o quanto é causada pelos produtos da placa bacte- tes (ver a seguir discussão nesta seção na página
riana que se acumula em dentes e restaurações. Em 137). Existe alguma evidência de que componentes
geral, condições que promovem retenção de placa, d e comp ósitos de metacrila to podem causar taxas
tais como superfícies rugosas ou margens abertas, significantes de hipersensibilidade, embora existam
aumentam reações inflamatórias ao redor desses poucos estudos clfnicos.
materiais. Contudo, produtos liberados de mate- Amálgamas têm sido usados há 150 anos; cerca
riais restauradores também contribuem tanto direta de 200 milhões de amálgamas são inseridos a cada
quanto indiretamente para essa inflamação. Isso é ano nos Estados Unidos e na Europa. Mesmo com
particularmente verdadeiro em áreas nas quais os seu histórico substancial, periodicamente surgem
efeitos do fluxo salivar são mínimos, tais como em questionamentos sobre a biocompatibilidade
áreas interproxirnais, em bolsas gengivais profundas do amálgama. Reações alérgicas a restaurações
ou sob aparelhos removíveis. Muitos estudos têm de amálgama são raras, embora existam relatos de
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 135

casos de dermatite de contato alérgica, gengivite, pela presença de infiltrado inflamatório intenso no LP
estomatite e reações cutâneas remotas. Isso não é adjacente aos amálgamas ao longo de duas semanas.
surpreendente, porque não existe material ao qual Um efeito similar foi observado de três a seis meses
100°/o da população seja imune em lOO'Yo do tempo. com compósitos resinosos. Esse resultado sugere
Tais respostas normalmente desaparecem em pou- que compósitos resinosos e amálgama liberam ma-
cos dias ou, se não, com a remoção do amálgama teriais citotóxicos que causam respostas teciduais,
ou com o uso de um forrador cavitário. Outros pelo menos nos locais de implantação. Para mate-
efeitos locais ou sistêmicos do mercúrio contido no riais inseridos em locais onde existe ação do fluxo
amálgama dentário não foram demonstrados. Em salivar, esses agentes citotóxicos são provavelmente
nenhum estudo científico bem conduzido foi mos- lavados antes que prejudiquem a gengiva.
trado conclusivamente que o amálgama dentário, Contudo, superfícies rugosas nesses tipos de
inserido e usado corretamente, produz qualquer restaurações têm sido associadas à inflamação
efeito prejudicial. aumentada in vivo. Testes de uso em que restaura-
Em pacientes com lesões orais próximas a locais ções foram estendidas para o sulco gengival mos-
com anuílgama, testes de contato positivos foram traram que o material com acabamento provocou
relatados. Contudo, o teste de contato apropriado uma resposta inflamatória muito mais leve do que
ainda não foi determinado. Restaurações de amál- os materiais sem acabamento. O efeito prejudicial
gama subgengivais podem causar inflamação da da rugosidade de superfície tem sido atribuído à
gengiva por causa dos produtos de corrosão ou retenção de placa aumentada nessas superfícies.
de placa bacteriana. Sete dias após colocação do Todavia, superfícies rugosas em restaurações de
amálgama, aparecem algumas células inflamató- ligas também causaram efeitos citotóxicos aumen-
rias no tecido conjuntivo gengival, e degeneração tados in vitro, em que a placa estava ausente. Este
hidrópica de algumas células epiteliais pode ser e outros estudos in vitro novamente sugerem que
vista. Alguma proliferação de células epiteliais no a resposta citotóxica a ligas pode estar associada
tecido conjuntivo pode também ocorrer em 30 dias, à liberação de elementos das ligas, e que a área de
e um infiltrado crônico de células mononucleares superfície aumentada de uma superfície rugosa
no tecido conjuntivo é evidente. A vascularização pode aumentar a liberação desses elementos.
aumentada persiste, com mais células epiteliais Estudos de implantação têm mostrado que o
invaginando no tecido conjuntivo. Algumas dessas amálgama é razoavelmente bem tolerado pelos te-
mudanças podem ser urna resposta crônica da gen- cidos moles e duros. Em modelo de implantação em
giva à placa nas margens do amálgama. Todavia, músculo de coelho, reações biológicas ao amálgama
produtos de corrosão do amálgama não podem ser se mostraram dependentes do tempo de implanta-
descartados neste período já que amálgamas im- ção. Todos os amálgamas foram altamente tóxicos
plantados produzem respostas similares em tecidos urna hora após a presa. Após sete dias, somente um
conjuntivos de animais. Além disso, embora o cobre amálgama de alto teor de cobre mostrou alguma
melhore as propriedades físicas do amálgama e sua reação.
ação bactericida, ele é também tóxico a células do Em outra série de estudos, pós de amálgamas
hospedeiro e causa reações teciduais severas em de baixo e alto teor de cobre e várias fases de amál-
testes de implantação. Com o uso aumentado de gama foram implantados subcutaneamente em
amálgamas mais resistentes à corrosão, o volume porquinhos-da-índia. Após 1,5 a 3 meses, pequenas
de produtos de corrosão e as reações subsequentes partículas secundárias que continham prata e esta-
são reduzidos. Estudos de implantação em animais nho estavam distribuídas ao longo de toda a lesão.
têm mostrado reações severas às ligas de gálio que Isso resultou em uma tatuagem macroscópica da
têm sido usadas em substituição ao amálgama. pele. Material secundário e partículas primárias,
Existe um relato na literatura em que restau- pequenas e em degradação, de ambos os tipos
rações de amálgama e compósito resinoso foram de amálgama foram detectadas em linfonodos
colocadas em preparos cavitários em incisivos cen- submandibulares. Níveis elevados de mercúrio
trais de macacos menos de uma hora pós-extração. foram detectados no sangue, bile, rins, fígado, baço
As cavidades, com profundidades de cerca de e pulmões, com concentrações mais altas no córtex
2 mm, foram preparadas na metade da distância renal. Em outro estudo, primatas receberam restau-
entre a junção cemento-esmalte e a ponta da raiz. Os rações oclusais de amálgama ou implantes ósseos
dentes foram imediatamente reimplantados após maxilares de amálgama por um ano. Restaurações
a restauração, e os animais foram sacrificados em de amálgama causaram deposição de mercúrio
intervalos de até seis meses. O reparo do ligamento em gânglios espinhais, pituitária anterior, adrenal,
periodontal (LP) ocorreu de maneira normal exceto medula, fígado, rins, pulmões e glândulas linfáticas
136 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

intestinais. Implantes de amálgama maxilar libe- 300


raram mercúrio nos mesmos órgãos, exceto para A:71
~ 250 B: A: 71 + Sn 1 ,5°/o
fígado, pulmões e glândulas lifáticas intestinais. "'E C: A: y1 + Sn 5°/.
Órgãos de animais controle não apresentaram esse .§. 200 D: A: y 1 + Sn 1.5°/o
precipitado. Contudo, nenhum desses estudos nem .,,roro + Zn 1,5%
qualquer outro demonstraram alguma mudança
na função bioquímica de qualquer dos órgãos
-
~
150 E: 'Y2
.
F.·v
ro 100
afetados. ~
·-o: 50
Note que estudos que utilizam amálgama pul-
verizado possivelmente superestimam a quanti- o
dade de produtos liberados e, portanto, a resposta A B e D E F
biológica, porque a área superficial dos pós pode Fase do amálgama
ser de cinco a 10 vezes a área superficial de um
FIGURA 6.12 Representação quantitativa de áreas de
componente sólido. É necessário também ser en-
ftbroblastos afetadas revela a magnitude da citotoxicidade
fatizado que qualquer reação ao amálgama, seja das fases do amálgama. Desvios-padrão estão representa-
em cultura celular, resposta tecidual local, seja res- dos por barras verticais (De Kaga M, Sea/e NS, Hanawa T,
posta sistêmica, não necessariamente implica uma et a/:Dent. Mater.7,68,1991).
reação ao mercúrio. Tais reações poderiam ser em
resposta a algum outro constituinte do amálgama
ou produto de corrosão. Por exemplo, um teste dade do amálgama e adições excessivas de selênio
in vitro em cultura celular que mediu fibroblastos aumentam a citotoxicidade. A citotoxicidade de
afetados por vários elementos e fases do amálgama amálgamas diminui após 24 horas, possivelmente
mostrou que o cobre e o zinco puros apresentam a partir de efeitos combinados de oxidação super-
maior citotoxicidade do que prata e mercúrio ficial e amalgamação adicional. Os resultados desse
puros. Estanho puro não mostrou ser citotóxico estudo sugerem que o principal contribuinte para
(Fig. 6.11). A fase -y1 é moderadamente citotóxica. a citotoxicidade dos pós de ligas para amálgama
A citotoxicidade é diminuída pela adição de 1,5'Yo e seja provavelmente o cobre, ao passo que para o
5% de estanho (Fig. 6.12). Contudo, a adição de 1,5% amálgama seja o zinco.
de zinco à -y1 contendo1,5°k de estanho aumenta a Ligas para fundição têm um longo histórico de
citotoxicidade para o mesmo nível que o do zinco uso in vivo com, de modo geral, um bom histórico
puro. Sempre que o zinco estiver presente, maior de biocompatibilidade. Algumas questões sobre as
citotoxicidade é revelada. Amálgamas com alto consequências biológicas da liberação de elemen-
teor de cobre mostram a mesma citotoxicidade que tos de muitas das formulações desenvolvidas nos
um amálgama com baixo teor de cobre e livre de últimos 10 anos têm surgido, mas não há evidência
zinco. A adição de selênio não reduz a citotoxici- clinica de que a liberação desses elementos seja um
problema, com a exceção da hipersensibilidade.
A alergia ao níquel é um problema relativamente
300 comum, ocorrendo de 10% a 20ºk das mulheres.
Esse é um risco significante em ligas de níquel, pois
N' 250
E a liberação de íons de níquel dessas ligas é geral-
.§.. 200 mente maior do que em ligas nobres ou altamente
ro nobres. Aços inoxidáveis, comumente usados em
~ 150
coroas pediátricas pré-fabricadas, também con-
~
ro 100 têm uma concentração significante de Ni em sua
ro
!!! composição. A sensibilidade ao paládio tem sido
•<{
50 uma preocupação em alguns países, embora a in-
o cidência de alergia verdadeira ao paládio seja um
Ag Sn Cu Zn Hg terço da alergia ao níquel. Contudo, tem sido clini-
Elemento camente documentado que pacientes com alergia
ao paládio são virtualmente sempre alérgicos ao
FIGURA 6.11 Representação quantitativa de áreas de
níquel. Entretanto, o oposto não é verdadeiro.
fibroblastos afetadas revela a magnitude da citotoxici-
dade de elementos do amálgama. Desvios-padrão estão Diversos artigos foram publicados sobre os efei-
representados por barras verticais. Ag, Prata; Sn, Estanho; tos in vitro de íons metálicos em células de tecidos
Cu, Cobre; Zn, Zinco; Hg, Mercúrio (De Kaga M, Sea/e NS, gengivais, como células epiteliais, fibroblastos e
Hanawa T, et aí: Dent. Mater.7,68,1991). macrófagos. Na maior parte, a concentração de íons
1
6. BJ()(X)MPATIB!LIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 137

metálicos necessária in vitro para causar problemas Reação do Osso e Tecidos Moles
com essas células foram maiores do que aquelas libe- a Materiais de Implante
radas da maioria das ligas para fundição. Contudo,
algumas pesquisas recentes mostraram que exposi- O interesse na biocompatibilidade de materiais
ções prolongadas a doses baixas de íons metálicos de implante te.m crescido porque o uso de implantes
podem também ter consequências biológicas. &ses na prática clínica aumentou substancialmente nos
novos dados são dignos de nota porque as concen- últimos 10 anos. Materiais de implante dentário
trações em baixa dose se aproximam daquelas sabi- bem -sucedidos promovem osseointegração ou
damente liberadas por algumas ligas. A significância biointegração (Imp lantes Dentários e Orofaciais,
clínica dessa pesquisa, contudo, não é conhecida. Capítulo 15).
Materiais de base para prótese total, especialmente
metacrilatos, têm sido associados a reações de Reações a Materiais tk Implante Cert'imicos
hipersensibilidade imune da gengiva e mucosa Materiais cerâmicos podem ser convenientemen-
mais do que qualquer outro material dentário. O te divididos em dois grupos: materiais bioativos e
maior potencial para hipersensibilização é para as cerâmicas não bioativas. A maioria dos materiais
equipes de laboratório ou o consultório dentário, cerâmicos de implante tem efeitos tóxicos muito
que são expostos repetidamente a uma variedade baixos nos tecidos, uma vez que eles estão em um
de componentes não regidos. A hipersensibilidade estado oxidado e são resistentes à corrosão. Como
também é registrada em monômeros acrílicos e dia- um todo, eles não apenas são minimamente tóxicos
crllicos, certos agentes ativadores, antioxidantes, como também são não imunogênicos e não carcino-
aminas e formaldeído. Para os pacientes, contudo, gênicos. Contudo, mecanicamente, eles são frágeis
a maioria desses materiais já sofreu a reação de po- e não apresentam resistência ao impacto e ao cisa-
limerização e a incidência de hipersensibilização lhamento. Adicionalmente, materiais cerâmicos não
é muito baixa. Testes de screening para o potencial bioativos geralmente causam encapsulação fibrosa,
de sensibilização incluem testes com ingredientes como mencionado anteriormente.
não reagidos, substância polimérica após a reação
e extratos oleosos, salinos ou aquosos do polímero Reações a M etais e Ligas para Implante
usando os testes in vitro previamente descritos. Em Metais puros e ligas são os tipos mais antigos de
adição à hipersensibilidade, resinas fotoativadas materiais para implante oral. Todos os implantes
para base de prótese total e selantes resinosos para metálicos compartilham a qualidade da resistência.
base para prótese total têm demonstrado evidências Inicialmente, materiais metálicos para implante
de citotoxicidade às células epiteliais em cultura. foram selecionados com base na facilidade de fabri-
Algumas respostas de tecidos moles a reem.basa- cação. Ao longo do tempo, contudo, a biocompatibi-
dores resilientes para prótese total e adesivos para.prótese lidade com tecidos ósseos e moles e a longevidade
total são de interesse porque esses materiais são usa- do implante se tornaram mais importantes. Embora
dos em contato íntimo com a gengiva. Plastificantes, uma variedade de materiais para implante tenha
incorporados em alguns materiais para torná-los sido usada previamente (incluindo aço inoxidável
macios e flexíveis, são liberados in vivo e in vitro. e cromo-cobalto-molibdênio), os únicos materiais
Testes em cultura celular têm mostrado que alguns metálicos para implante dentário habitualmente
desses materiais são extremamente citotóxicos e usados hoje são as ligas de titânio.
afetam diversas reações metabólicas celulares. Em Titânio é um metal puro quando inicialmente
testes em animais, muitos desses materiais têm fundido. Contudo, em menos de um segundo uma
causado alterações epiteliais significantes, presu- fina camada conformacional de vários óxidos de
midamente de plastificantes liberados. Em testes titânio se forma na superfície. Essa camada de óxi-
de uso, os efeitos dos p lastificantes liberados são dos é resistente à corrosão e possibilita a osseointe-
provavelmente muitas vezes mascarados pela in- gração. A principal desvantagem desse metal é sua
flamação já presente nos tecidos em que esses ma- dificuldade de fundição. Ele pode ser usinado nas
teriais são postos. Adesivos para prótese total têm mais variadas formas, mas esse processo introduz
sido avaliados in vitro e mostram reações citotóxicas impurezas metálicas em sua superfície que podem
severas. Muitos tiveram um conteúdo substancial afetar adversamente a resposta das células ósseas, a
de formaldeído. Os adesivos também permitiram menos que um cuidado extremo seja tomado duran-
um crescimento microbiano significante. Novas te sua fabricação. Os implantes de titânio têm sido
formulações que adicionam agentes antifúngicos ou usados com sucesso como "raízes" para suportar
antibacterianos não tiveram sua efetividade clínica uma prótese. Com acompanhamento frequente e
demonstrada. boa higiene oral, os implantes têm se mantido em
138 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

tecidos sadios por mais de três décadas. Ligas de um copolímero de ácido polilático (PLA) e ácido
titânio-alumínio-vanádio (Ti-6Al-4V) também têm poliglicólico (PGA). Quando implantados no corpo,
sido usadas com sucesso. Essa liga é significativa- eles sofrem uma decomposição em COz e H 20. No
mente mais resistente do que o titânio comercial- meio da década de 1980, o uso clínico de suturas
mente puro (Ti PC), tem melhor resistência à fadiga, poliméricas reabsorvíveis se tomou bastante difun-
mas tem a mesma rigidez desejável e propriedades dido. Logo em seguida, surgiram placas e parafusos
térmicas do metal comercialmente puro. Embora reabsorviveis para fixação de fraturas, membranas
implantes de titânio e de liga de titânio tenham de regeneração tecidual guiada e sistemas con-
taxas de corrosão que são marcadamente menores trolados de liberação de medicamentos. Embora
do que outros implantes metálicos, eles liberam geralmente bem tolerados pelos tecidos in vivo, a
titânio no corpo. Atualmente, não há evidência de reabsorção desses materiais depende do volume de
que a liberação de íons de titânio seja um problema material implantado e, pelo fato de esses materiais
local ou sistêmico. Contudo, permanecem questões se degradarem em subprodutos ácidos, a subse-
sobre o risco representado pelo alumínio e pelo quente queda no pH nos tecidos circundantes pode
vanádio liberados das ligas. causar uma resposta inflamatória. Outros materiais
Em tecidos moles, a ligação que o epitélio forma poliméricos como policaprolactona e derivados do
com o titânio é morfologicamente similar àquela hialuronato, bem como polímeros naturais como
formada com o dente, mas essa interface não foi colágenos reticulados, amido e celulose estão atual-
totalmente caracterizada. O tecido conjuntivo apa- mente sendo investigados pela sua capacidade de
rentemente não se liga ao titânio, mas forma uma reabsorção in vivo após cumprirem sua função como
interface selada bastante efetiva que limita o in- um implante.
gresso de bactérias e produtos bacterianos. Técnicas
estão sendo desenvolvidas para limitar a migração
apical do epitélio e a perda de altura óssea ao redor
RESUMO
do implante porque isso levará à perda do implante.
Peri-implantite é agora uma doença registrada ao
A biocompatibildiade de um material dentário
redor dos implantes e envolve muitas das mesmas
depende de sua composição, localização e interação
bactérias da periodontite. O papel do material de
com a cavidade oral. Materiais metálicos, cerâmicos
implante ou dos componentes liberados por ele na
e poliméricos causam respostas biológicas dife-
progressão da peri-implantite não são conhecidos.
rentes devido às diferenças na composição. Além
disso, respostas biológicas diversas desses materiais
Reações a Materiais Reabsorviveis dependem se eles liberam seus componentes e se
Inicialmente, a escolha de materiais para implan- esses componentes são tóxicos, imunogênicos ou
tes na cavidade oral dependeu da disponibilidade mutagênicos nas concentrações liberadas. A locali-
comercial do material, com a maioria dos materiais zação do material na cavidade oral determina, em
objetivando minimizar a resposta imune ao material parte, a sua biocompatibilidade. Materiais que são
implantado. Com a sobrevida dos materiais implan- biocompatíveis em contato com a superfície da mu-
tados por mais de décadas, o pensamento predomi- cosa oral podem causar reações adversas se forem
nante começou a mudar, da ênfase de alcançar ex- implantados subjacentes a ela. Materiais que são
clusivamente uma reposta tecidual benigna (ou de tóxicos em contato direto com a polpa podem ser
tolerância) para a produção de materiais bicativos essencialmente inócuos se colocados em dentina ou
que pudessem estimular ação e reação controladas esmalte. Finalmente, as interações entre o material
no ambiente fisiológico. Continuando nesse sentido, e o corpo influenciam a biocompatibilidade do
foram desenvolvidos biomateriais reabsorvíveis material. Uma resposta do material a mudanças
que exibem degradação e reabsorção química con- de pH, a aplicação de força ou o efeito de fluidos
troladas e clinicamente apropriadas. Nesses ma- biológicos podem alterar sua biocompatibilidade.
teriais, o problema da interface tecido-material é Características superficiais de um material podem
resolvida, porque os materiais provocam uma res- promover ou dificultar a adesão de bactérias, célu-
posta fisiológica para a substituição do material com las do hospedeiro ou moléculas biológicas. Esses
tecidos regenerados. Um dos exemplos mais antigos efeitos também determinam se o material promo-
desses materiais foi o desenvolvimento de suturas verá retenção de placa, integração com o osso ou
reabsorvíveis. Esses materiais foram compostos de adesão à dentina.
1
6. BJ()(X)MPATIB!LIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 139

PROBLEMAS SELECIONADOS

PROBLEMA 1 Solução
Você tem um grupo de seis materiais, todos os Você poderia produzir o material em discos e
quais podem ser classificados como compósitos pos- deixá-lo tomar presa por vários períodos (de um
teriores, mas cada um deles tem uma fórmula ligeira- a muitos dias). Depois, o disco correspondente a
mente diferente. C()mo você p()deria determinar qual cada período d everia ser colocad() em um poço
dl'SSes materiais recém-manipulad()S 6 o menos tóxico de cultura celular ou extraído com um solvente
usando testes menos dispendiosos e demorados? que seria colocado no p()ÇO de cultura celular. Em
seguida, suas opções deveriam ser as m esmas que
1 e 1t aquelas apresentadas nas solu ções dos Problemas
Você poderia escolher um teste i11 vitro d ireto, 1ou2.
usando cultura celular para avaliar os materiais. Com
esse teste, discos de dimensões equivalentes são pro-
duzidos com os materiais. Os discos devem ser esta- PROBLEMA 4
bilizados na base dos poços da cultura celular. Células Você leu um artigo de pesquisa sobre a citotoxi-
então são semeadas nos poços com os materiais e s<'l.o cidade i11 vitro de compósitos que mostra que alguns
incubadas em meio de incubação e ambiente apropria- compósitos são inicialmente muito citotóxicos mas
dos por 24 horas ou mais. Depois, os discos e os poços melhoram com() tempo de eluição em saliva artificial,
são observados e fotografados sob um microscópio enquanto outros continuam a ser tóxicos. Como você
de contraste de fase, tomando-se nota especialmente pode interpretar esses resultados em termos d e u so
dos efeitos citopáticos ao redor de cada disco para clínico dos compósitos?
determinar os resultados semiquantitativos.
Soh.:ção
A extrapolação dos testes in tJitro para situações
PROBLEMA 2 clínicas é sempre difíàl, mas uma interpretação po-
Se você tem a mesma situação apresentada no Pro- deria ser de que os compósitos que melhoram com o
blema 1, mas você quer quantificar seus resultados, tempo in vitro refletem menores riscos a longo prazo
quais são s uas opções? do que aqueles que continuam a ser citotóxicos. Con-
tudo, essa linha de raciocínio pode ser perigosa se o
Soluçao material for projetado para liberar uma substância
Vod} poderia escolher o mesmo modelo de teste cC>- que é tóxica in v itro mas terapêutica in vivo. É esse
mo foi usado na solução para o Problema l, mas você de- o caso da liberação de fluoretos a partir de alguns
veria medir a ~-posta celular quantitativamente em vez cimentos compósitos e de ionômero de vidro.
da observação visual. Existem duas opções principais:
(1) medir a permeabilidade da membrana de células que
se mantém ao redor dos discos usando vennelho neutro PROBLEMA 5
ou 51Cr ou (2) medir alguns aspectos da biossfntese ou Se você tem uma ~rie de compósitos e quer clas-
do metabolismo celular (teste do MIT, síntese de DNA, sificá-los de acordo com a toxicidade qu e eles devem
síntese proteica, protefnas totais). Você poderia também ter especificamente para os tecidos pulpares, o que
escolher algum outro modelo de teste como aquele em você deveria fazer?
que amostras são extraídas por um a três dias em dados
volumes de solvente, tendo depois as células tratadas Solução
com diluiçõt"S seriadas desses eluentes. Você pod eria escolher um modelo de teste em
que a dentina estivesse intercalada entre o material
e o sistema de teste celular. A barreira de dentina
PROBLEMA 3 poderia alterar os efeitos de componentes liberados
Se você encontra a mesma situação no Problema do material e mudar a resposta das células pul-
1, mas quer conhecer o efeito da reação ou do tempo pares. Sem tal barreira, os compósitos pareceriam
de presa na citotoxicidade do material, como você mais citotóxicos i11 vitro do q u e eles devem ser
deveria proceder? clinicamente.
140 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

PROBLEMA 6 e moles de pequenos animais, testes de irritação da


membrana mucosa e testes de hipersensibilidade. Se
Um de seis materiais compósitos é consistente-
feitos concomitantemente, cerca de um mês poderia
mente associado à pulpite quando usado por você
decorrer antes do início do preparo histológico. O
ou seus colegas clínicos. O teste de citotoxicidade que
tempo requerido para histologia e leitura de lâminas
você escolheu indica que esse material não é muito
pode variar, dependendo do tamanho do projeto.
mais tóxico do que os outros materiais. Qual teste
Testes de uso (implantes percutâneos) em mandíbulas
adicional poderia ajudar você a entender melhor o
de animais de maior porte podem requerer que os
que está causando a pulpite?
implantes permaneçam no local por um a dois anos,
Solução seguidos de processamento e análise histológicos.
A pulpite pode ser causada pela microinfil-
tração de bactérias ou pela habilidade do material PROBLEMA 8
em causar resposta inflamatória crônica (contra a
toxicidade). Se meios estiverem disponíveis, você Você é um dentista com experiência em clínica
há 20 anos e gosta de fazer muito do seu próprio
pode realizar testes de quimiotaxia in vitro, usan-
do leucócitos periféricos humanos com a amostra trabalho laboratorial. Você tem notado que, quando
manipula metacrilato para base de prótese total e
teste para determinar quais materiais poderiam ser
responsáveis pela inflamação. Testes em mon6citos monômero, uma assadura se desenvolve em suas
mãos. Qual é o problema e o que você pode fazer a
poderiam também ser feitos, usando materiais ou
componentes dos materiais em concentrações não esse respeito?
tóxicas. Se o material não mostra uma resposta infla-
matória nestes testes, em seguida, testes de uso em Solução
animais poderiam ser usados para verificar a pulpite Você provavelmente desenvolveu hipersensibi-
in vivo em um ambiente mais controlado. Depois, se lidade ao monômero e deve vestir luvas de borra-
os testes de uso em animais substanciarem a pulpite, cha quando próximo ao monômero e ao metacrilato
você deve ficar altamente desconfiado de micro- recém-polimerizado. Tente evitar qualquer contato
infiltração de materiais ou produtos bacterianos porque o monômero pode penetrar a luva de borra-
no ambiente. Para confirmar essa suspeita, testes cha.
de uso adicionais poderiam ser realizados onde as
margens da restauração são seladas na superfície,
PROBLEMA 9
para prevenir a microinfiltração.
Um paciente chega a você interessado na estroge-
nicidade de compósitos dentários que você colocou.
PROBLEMA 7 O que você poderia dizer para ele?
Você tem uma nova substância polimérica que vo-
cê acredita poder funcionar bem como um implante Solução
cilíndrico radicular. Quais tipos de testes você deveria Primeiro, é verdade que alguns componentes
conduzir para responder a questões de segurança de (bisfenol A e seu dimetacrilato) mostram tipos de
acordo com as normalizações da Food and Drugs Admi- reações estrogênicas em testes in vitro. Contudo, as
nistration (FDA), e quanto tempo isso levaria? concentrações desses compostos nas resinas disponí-
veis comercialmente hoje são muito bai:cas. Segundo,
Solução não há evidência clínica verificável de que esses
Testes iniciais devem incluir testes de citotoxicida- compostos ou outros sejam liberados em concen-
de, um teste de hemólise, um teste para mutagênese trações suficientes para causar reações estrogênicas.
ou toxicidade genética e provavelmente um teste Por exemplo, a concentração do bisfenol A requerida
oral de LD50 . (Todos os testes, exceto de mutagênese, para causar uma resposta estrogênica é 1.000 vezes
podem ser realizados e analisados em cerca de duas superior àquela de hormônio estradiol que ocorre
a três semanas se corridos continuamente. Os testes naturalmente. Finalmente, não existem casos docu-
de mutagênese pode requerer entre um a três me- mentados desses materiais exibindo qualquer tipo de
ses para realização da análise.) Testes secundários reação estrogênica em pacientes, apesar da colocação
poderiam incluir a implantação nos tecidos ósseos de milhões dessas restaurações.
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 141

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7

Classes Gerais de Biomateriais

Metais e Ligas Estrutura Espacial


Estrutura Química e Atômica dos Metai~ Polímeros Termoplásticos e Termofixos
Estrutura Atômica Cerâmicas
Propriedades Físicas dos Metais Compósitos
Polímeros
Natureza Básica dos Polí1neros
Composição Química
Peso Molecular

145
146 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Os biomateriais dentários são geralmente categori- diretas, implantes e instrumentos usados no preparo
zados em quatro classes: metais, polímeros, cerâmicas dos dentes. Metais e ligas têm propriedades ópticas,
e compósitos. As quatro classes são claramente diferen- físicas, químicas, térmicas e elétricas que são únicas
tes umas das outras em termos de densidade, rigidez, dentre os tipos básicos de materiais e adequadas pa-
translucidez, método de processamento, aplicação e ra muitas aplicações em Odontologia. Apesar de os
custo. Uma classe, a dos compósitos, é uma combina- materiais estéticos serem frequentemente desejados
ção de duas ou mais classes que produz materiais que para restaurações, metais proporcionam resistência,
podem ser desenvolvidos para aplicações especificas. rigidez e longevidade para aplicações dentárias de
Para algumas aplicações, como restaurações intraco- longo prazo que são frequentemente inalcançáveis
ronárias, várias classes oferecem materiais adequados. com outras classes de materiais. Evidências sobre o
Para outras aplicações, como implantes intraósseos, desempenho clínico para essa classe de material são
somente uma classe é apropriada. Requisitos como bastante extensas na literatura científica.
estética, rigidez e osteointegração ditam a escolha Como classe, metais são dúcteis e maleáveis e, por-
da classe do material. O desenho da restauração e tanto, exibem comportamento elástico e plástico; eles
a classe de material estão sempre associados para são bons condutores elétricos e térmicos, têm densida-
alcançar o melhor resultado para o paciente. de maior do que outras classes, eXIbem boa tenacidade,
Este capítulo está organizado em quatro sessões são opacos, e podem ser polidos para obter brilho.
divididas pela classe de material. Conceitos funda- Metais podem ser fundidos, trefilados ou usinados
mentais de cada classe são apresentados aqui. Deta- para criar restaurações dentárias e instrumentos.
lhes adicionais são apresentados em outros capítulos,
quando aplicações específicas são discutidas.
EST13.UTURA QUÍMICA E
ATOMICA DOS METAIS
METAIS E LIGAS
Um metal é qualquer elemento que ioniza po-
Metais e ligas são usados em quase todos os aspec- sitivamente em solução. Como um grupo, metais
tos da prática odontológica, incluindo o laboratório de constituem aproximadamente dois terços da tabela
prótese dentária, restaurações dentárias diretas e in- periódica (Fig. 7-1). Durante a ionização, metais

H He

Li Be e e N o F Ne

Na Mg AI Si p s CI Ar

K Ca Se Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
Rb Sr V Zr Nb Mo Te Ru Ah Pd Ag Cd ln Sn Sb Te 1 Xe
Cs Ba La* Hf Ta w Re Os 1r Pt Au Hg TI Pb Bi Po At Rn

Fr Ra Ae' *

. , Ce 1 Pr 1Nd1Pm1Sm 1Eu 1Gd 1Tb 1Dy 1Ho 1 Er 1Tm 1Yb1 Lu 1

.. , Th 1 Pa 1 U 1Np 1 Pu 1Am 1Cm 1 Bk 1 Cf 1 Es 1Fm 1 Md 1 No 1 Lr 1

FIGURA 7-1 Tabela periódica de elementos. A tabela periódica dos elementos pode ser subdividida em metais (fundos
azuis), rnetaloides <fundos roxos) e não metais <fundos amarelos). Elementos em negrito são utilizados em ligas odontológicas
ou como metais puros. Os metais são elementos que se ionizam positivamente em solução e abrangem a maioria dos
elementos da tabela periódica. Note que nem todos os elementos são mostrados. O hidrogênio é frequentemente incluído
no grupo IA (coluna da esquerda) porque ele forma compostos com números de oxidação tanto +1 corno -1. Além di~so,
sob pressões muito altas, o hidrogênio exibe as propriedades de um metal. O asterisco simples indica o ponto de inserção
na tabela para a série de elementos lantanídeos, enquanto o asterisco duplo indica o ponto de inserção para a série de
elementos actinideos. Referência: The AJnerican Chemicnl Society.
7. CLASSES GERAIS DE BIOMATERIA IS 147

liberam elétrons. Esta habilidade de existir como puros não têm carga liquida (ou seja, não apresentam
ions livres estáveis, carregados positivamente, é o resultante de carga positiva ou negativa).
fator-chave no comportamento dos metais e é As relações entre os centros atômicos em um
responsável por muitas propriedades dos metais arranjo cristalino metálico nem sempre são unifor-
que são importantes em Odontologia. Outro grupo mes em todas as direções. As distâncias nos eixos x,
importante de elementos mostrados na Figura 7-1 y (horizontais) e z (vertical) podem ser as mesmas
são os metaloides ou semimetais, incluindo carbo- ou diferentes, e os ângulos entre esses eixos po-
no, silício e boro. Embora metaloides nem sempre dem ou não ser de 90 graus. Ao todo, existem seis
formem íons positivos livres, suas propriedades sistemas cristalinos (Fig. 7-3), e eles podem ainda
condutoras e eletrônicas fazem deles componentes ser divididos em 14 arranjos cristalinos. Núcleos
importantes de muitas ligas odontológicas. metálicos podem ocorrer no centro das faces ou
vértices do cristal. Dentro de cada arranjo, a menor
unidade repetida que captura todas as relações en-
Estrutura Atômica tre os centros atômicos é chamada de célu/.a unitária
No nível atômico, metais puros existem como (Fig. 7-2). As células unitárias dos arranjos mais
estruturas cristalinas (Fig. 7-2) que são contínuas em comuns nos metais odontológicos são apresentadas
três dimensões. Nestes arranjos, os núcleos e os elé- na Figura 7-4. No arranjo cúbico de corpo centrado
trons próximos ao núcleo ocupam o centro do átomo, (CCC), todos os ângulos são de 90 graus e todos os
com os elétrons ionizáveis flutuando livremente en- átomos são equidistantes entre si nas direções ho-
tre as posições atômicas. A mobilidade dos elétrons rizontal e vertical. Átomos metálicos estão localiza-
de valência é responsável por muitas propriedades dos nos vértices da célula unitária, e um átomo está
dos metais, como a condutividade elétrica. É im- no centro da célula unitária (dai o nome cúbico de
portante notar que os centros atômicos carregados corpo centrado). Esta é a estrutura do cristal do ferro e
positivamente são mantidos unidos pelos elétrons e é comum em muitas ligas de ferro. O arranjo cúbico
sua carga positiva é simultaneamente neutralizada de face centrada (CFC) tem ângulos de 90 graus e
pelos elétrons negativos. Como resultado, metais centros atômicos que são equidistantes horizontal
e verticalmente (assim como o CCC), mas átomos
estão localizados nos centros das faces com nenhum
átomo no centro da célula unitária (dai o nome cú-
bico de face centrada). A maioria dos metais puros e
ligas de ouro, paládio, cobalto e níquel exibem o
arranjo CFC. O titânio exibe um arranjo hexagonal
compacto, mais complexo. Neste arranjo, os átomos
são equidistantes entre si no plano horizontal, mas
não na direção vertical.

1 Tricl~nico 1 Ortorr!mbico 1 Mon~línico


Cubico Tetragonal Hexagonal
1
Simples Simples Simples
de corpo centrado ·de corpo centrado de base centrada
de lace centrada "de lace centrada
de base centrada

FIGURA 7-2 Uma grade cristalina metálico típica, Simples


neste caso uma grade cúbica de corpo centrado. Toda de corpo centrado
grade tem uma célula unitária (mostrada.em negritn) que se Romboédrico
estende (repete) nas três dimensões por grandes distâncias.
Os elétrons estão apenas de maneira relativamente fraca FIGURA 7-3 Grades cristalinas. Todos os metais ocor-
ligados aos núcleos atômicos e aos elétrons centrais. Os rem em uma das estruturas mostradas. Existem seis famí-
núcleos ocupam locai~ específicos (mostrados como pontos lias de grades, quatro das quai~ podem ser subdivididas.
ern uma célula utritária) na grade, enquanto os elétrons estão Cada família é definida pelas distâncias entre os vértices
relativamente livres para se movimentarem pela grade. e os ângulos nos vértices. As grades cúbica de corpo cen-
Na realidade, os átomos de metal são grandes o suficiente trado, cúbica de face centrada e hexagonal (asteriscos) são
para se tocarem entre si. os mai~ comuns em ligas odontológicas e metais puros.
148 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

A B e
FIGURA 7-4 As três células unitárias de grades cristalinas mais comuns em metais e ligas odontológicas. A, Célula
cúbica de corpo centrado; B, Célula cúbica de face centrada; e C, Célula hexagonal compacta. Os átomos (circulos) em
todos os três casos seriam maiores e encostando uns nos outros. Eles estão desenhados menores para tornar as estruturas
mais fáceis de visualizar.

Em um cristal metálico, os centros atômicos são pode ganhar quando diluído em solução. Para me-
carregados positivamente porque os elétrons deva- tais como sódio e potássio, a ligação metálica é mais
lência livre flutuam no cristal. Embora pudéssemos fraca porque os elétrons de valência são mantidos
esperar que os centros atômicos se repelissem, os frouxamente, e a energia de solvatação é alta. Assim,
elétrons que flutuam livremente unem os centros e esses metais corroem em água, com liberação de
criam uma grande força entre os centros atômicos. energia explosiva. Para metais como ouro e platina,
Isto é conhecido como ligaç.ão metálica e é um tipo a ligação metálica é mais forte; elétrons de valência
fundamentalmente importante de ligação primária. estão mantidos mais firmemente, e as energias de
A ligação metálica é fundamentalmente diferente de solvatação são relativamente baixas. Assim, ouro e
outras ligações primárias, como as ligações covalen- platina são muito menos suscetíveis à corrosão. A
tes que ocorrem em compostos orgânicos, e ligações corrosão de metais sempre envolve oxidação e redu-
•A • A •
iorucas que ocorrem em cerarrucas. ção. O íon liberado é oxidado porque os elétrons são
abandonados e os elétrons (que não podem existir
sozinhos) são incorporados a algumas moléculas da
Propriedades Físicas dos Metais solução (que são, portanto, reduzidas).
Todas as propriedades dos metais resultam da Pelo fato de que as distâncias entre átomos
estrutura metálica cristalina e ligações metálicas. do metal em uma grade cristalina podem ser di-
Em geral, metais têm altas densidades resultantes ferentes nas direções horizontal e vertical (Fig.
de um eficiente empacotamento dos centros atô- 7-4), propriedades como condutividade elétri-
micos no reticulado cristalino. Metais são elétrica e ca e térmica, magnetismo, e resistência podem
terrnicamente condutores por causa da mobilidade também variar em função da direção se um
dos elétrons de valência no reticulado cristalino. A único cristal é observado. Essas propriedades
opacidade e a natureza refletiva dos metais resultam direcionais dos metais e metaloides têm sido ex-
da habilidade dos elétrons de valência em absorver ploradas na indústria de semicondutores para fa-
e emitir luz. Sua fusão ocorre conforme a energia da bricar microchips para computadores. Contudo,
ligação metálica é superada pelo calor aplicado. É em odontologia, um único cristal é raramente
interessante notar que o número de elétrons deva- observado. Em vez disso, uma coleção de cris-
lência por centro atômico influencia de certo modo tais aleatoriamente orientados, cada uma delas
o ponto de fusão. Conforme o número de elétrons denominada grão, geralmente compõe uma liga
de valência aumenta, a ligação metálica desenvolve odontológica. Neste caso, as propriedades dire-
um caráter covalente que contribui para pontos de cionais estão distribuídas por todo o material. Em
fusão mais elevados. Este fenômeno ocorre com o geral, uma estrutura de granulação fina é desejável
ferro (F&+) e com o niquei (Ni2+). para se obter ligas com propriedades urriformes em
As propriedades de corrosão dos metais depen- qualquer direção. Não uniformidade das proprie-
dem da habilidade dos centros atômicos e dos elé- dades direcionais recebe o nome de anisotrapia.
trons de serem liberados em troca de energia. A quan- Assim como as propriedades físicas, as proprie-
tidade de energia necessária depende da resistência dades mecânicas dos metais são também resultado
da força metálica, que está relacionada à liberdade da estrutura metálica cristalina e ligações metálicas.
do elétron de valência e à energia que o íon liberado Metais geralmente têm boa ductibilidade (habili-
7. CLASSES GERAIS DE BIOMATERIA IS 149

FIGURA 7-5 Diagramas representando um cristal e os mecanismos de deslizamento resultantes do movimento de


uma discordância. Pela movimentação da discordância através do metal, um plano de cada vez (A para B para C para
D), muito menos energia é necessária para deformar o metal. Além di~so, o movimento ocorre sem fratura ou falha do
reticulado cristalino.

dade de ser esticado em um fio) e maleabilidade com 15 cm de largura e 6 mm de espessura. Suponha


(habilidade de ser martelado numa lâmina fina) em que ela tenha uma trinca de 5 cm correndo em um
comparação aos polímeros e cerâmicas. Em grande lado. A força necessária para fazer a fenda correr os
parte, essas propriedades resultam da habilidade 10 cm restantes seria por volta de 1.800 Newtons (N).
dos centros atômicos de escorregar uns contra os Sem a ajuda da fenda, 2,2 milhões de Ne\"ltons
outros para novas posições no interior da mesma (MN) seriam necessários se o aço fosse da melhor
grade cristalina. Tal escorregamento é possível classe comercial disponível. Se o aço fosse um único,
porque as ligações metálicas são essencialmente cristal perfeito, 44 MN seriam necessários! A fratura
não direcionais. de metais depende fortemente das discordâncias e
Se os cristais metálicos fossem perfeitos, cálculos da ruptura local da grade cristalina.
têm mostrado que a força necessária para deslizar
os átomos na grade seria centenas de vezes maior
do que indicam os experimentos. Menos força é POLÍMEROS
necessária porque os cristais não são perfeitos; eles
têm falhas chamadas di.scordâ.ncias. Discordâncias Polímeros são comumente utilizados para aplica-
permitem que os centros atômicos escorreguem ções como restauradores dentários, selantes, cimen-
uns sobre os outros um plano por vez (Fig. 7-5). tos, mantenedores de espaço e elásticos ortodônti-
Uma vez que o movimento pode ocorrer um pla- cos, obturadores de fendas palatinas, materiais de
no por vez, a força necessária é muito menor do moldagem, restauradores provisórios, materiais
que se as forças de todos os planos tivessem que obturadores de canal, bases de próteses totais e pro-
ser superadas simultaneamente. Uma analogia é tetores bucais para atletas. Além disso, polímeros
mover um tapete grande e pesado formando uma são tipicamente um dos componentes da quarta
pequena prega ou dobra no tapete e empurrar a classe de materiais, compósitos, que são discutidos
prega de uma ponta do tapete à outra. Existem posteriormente neste capítulo. Enquanto classe,
vários tipos de discordâncias, mas todos servem polímeros são modeláveis, podem ser feitos trans-
para permitir a deformação relativamente fácil dos lúcidos ou opacos, com baixa densidade, baixa
metais. Todos os métodos para aumentar a resis- dureza, e são maus condutores de temperatura
tência dos metais agem impedindo o movimento e eletricidade. Das quatro classes de materiais
das discordâncias. apresentadas, os polímeros têm a menor rigidez,
Metais fraturam quando os centros atômicos a menor estabilidade funcional e o menor ponto de
não conseguem escorregar uns sobre os outros fusão ou de transição vítrea.
livremente. Por exemplo, esta falha pode acon-
tecer quando impurezas bloqueiam a fluência Natureza Básica dos Polímeros
das discordâncias (Fig. 7-6). A impossibilidade de as
discordâncias se movimentarem através do sólido Composição Química
resulta numa ruptura local da grade. Uma vez que O termo polímero denota uma molécula que é
esta pequena trinca é iniciada, é preciso pouca força feita de muitas (poli) partes (meros). A terminação
para propagar a trinca através da grade. Um exem- tn.ero representa a mais simples unidade química
plo ilustra essa ideia. Considere uma placa de aço estrutural repetitiva da qual o polímero é compos-
150 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Carregamento Carregam ento

' '. ' ' -


' ''
j_' , j_'
~

A B

•~t--41.._11._--411._-9-•-•-a Carregamento
..

e D

Carregamento
)lo

E F
FIGURA 7-6 Diagramas mostrando o cisalhamento plástico com formação de trinca no lugar de uma impureza
(círculos Tara11ja). Sem a impureza (A, B, C), a carga força as discordâncias completamente através do reticulado sem
fratura (note a progressão dos círculos vermelhos da esquerda para a direita). Contudo, quando a impureza está presente
(D, E, F), ela para o progresso da discordância. Conforme outras discordâncias se acumulam, a grade abaixo, então, não
consegue acomodá-las e uma trinca se forma na grade (E). Em E, note as ligações quebradas entre os átomos. Uma vez
formada, uma trinca pode crescer rapidamente e de maneira relativamente fácil e levar a uma falha catastrófica.
7. CLASSES GERAIS DE BIOMATERIA IS 151

to. Dessa forma, poli(metacrilato de metila) é um derivadas do metacrilato de metila, como indicado
polímero que possui unidades químicas estruturais pela reação simplificada e fórmula estrutural I.

1
CHa
1
o
1
CHs CH3 CHs C= O CHs
1 1 1 1 1
n CH 2=C ~ · ·· -CH 2-C-CH2-C-CH2-C- ·.. or CH2-C--+-
1 1 1 1 I
C= O C= O C= O CHa C= O
1 1 1 1 n
o o o o
1 1 1 1
CH3 CHa CHa CHa

Metilmetacrilato Poli (metilmetacrilato}

As moléculas a partir das quais o polímero é mero são distribuídas numa orientação aleatória
construído são chamadas mon6meros (uma parte). ao longo da cadeia do polímero. É possível, con-
Moléculas poliméricas podem ser preparadas a par- tudo, produzir copolímeros com unidades mero
tir de uma mistura de tipos diferentes de monôme- arranjadas de tal forma que um grande número
ros. Eles são chamados capolímeros se contêm duas de determinado tipo de mero esteja conectado a
ou mais unidades químicas diferentes e terpolímeros um grande número de outro tipo de mero. Este
se contêm três unidades diferentes, como indicado tipo especial de polímero é chamado polímero e·m
pelas fórmulas estruturais, II e III. bloco. Também é possível produzir polímeros tendo
unidades mero com arranjo espacial especial com
li relação às unidades adjacentes; estes são chamados
polímeros estereoespecíficos.
CHa CHa Os meros dos polímeros estão unidos através de
1 1
CH2-C--+ CH2-C--+- ligações covalentes tipo C-C. Tipicamente, durante
1 I o processo de polimerização, ligações duplas e= e
C=O C=O são convertidas em ligações simples C-C e um mero
1 n 1 m
é ligado a um dos átomos de carbono que fazia parte
o o da ligação dupla C=C. A próxima seção descreve
1 1
CH 3 CH2CH3 várias configurações de rede para meros, incluindo
ligação cruzada, onde cadeias são ligadas numa
Metilmetacrilato-Copolfmero etilmetacrilato configuração não linear.

Ili Peso Molecular


O peso molecular da molécula do polímero, o
qual equivale ao peso molecular dos vários meros
multiplicado pelo número de meros, pode variar de
milhares a milhões de unidades de peso molecular,
dependendo das condições de preparação. Quanto
maior o peso molecular do polímero feito a partir de
um único monômero, maior é seu grau de polimeri-
zação. O termo polimerização é frequentemente usado
Copolfmero ou Terpolfmero Metll-, etll-, propll metacrllato num sentido qualitativo, mas o grau de polimeri.zação
é definido como o número total de meros numa mo-
Como uma conveniência para expressar as fór- lécula de polímero. Em geral, o peso molecular de
mulas estruturais dos polímeros, as unidades mero um polímero é informado como o peso molecular
são colocadas entre parênteses, e subscritos como médio porque o número de unidades repetitivas
n, rrt e p representam o número médio das várias pode variar muito de uma molécula para outra.
unidades mero que compõem as moléculas do polí- Como poderia se esperar, a fração de moléculas de
mero. Note que, em polímeros normais, as unidades baixo, médio e alto peso molecular em um mate-
152 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

rial ou, em outras palavras, a distribuição do peso processo de polimerização. Esses materiais, então,
molecular tem um pronunciado efeito nas proprie- não possuem nenhuma constante física precisa,
dades físicas assim como o peso molecular médio. como ponto de fusão, da maneira que ocorre com
Portanto, dois corpos de prova de poli(metacrilato moléculas pequenas comuns. Por exemplo, quanto
de metila) podem ter a mesma composição quimica, mais alto o peso molecular, maiores os pontos de
mas propriedades físicas bastante diferentes porque amolecimento e fusão e mais rígido é o polimero.
um dos espécimes tem uma alta porcentagem de
moléculas de baixo peso molecular, enquanto o Estrutura Espacial
outro tem uma alta porcentagem de moléculas de Além da composição química e do peso mole-
alto peso molecular. Variações na distribuição do cular, a estrutura física e espacial das moléculas do
peso molecular podem ser obtidas alterando-se o polímero é também importante na determinação de

LINEAR RAMIFICADO

Homopolímero Homopolfmero

Copolímero, aleatório Copolímero, aleatório

Em bloco Grafitizado

Polímero reticulado

FIGURA 7-7 Homopolimeros e copolimeros lineares, ramificados e reticulados. Circulos vermelhos, um tipo de unidade
mero; círculos azuis, outro tipo de unidade mero; linhas tracejadas, continuação do segmento de polímero.
?. CLASSES GERAIS DE BIOlvlATERIAIS 153

suas propriedades. Existem três tipos básicos CERÂMICAS


de estruturas: linear, ramificada e com ligações
cruzadas (ou reticuladas). Eles estão ilustrados na O termo cerârnica se refere a qualquer produto feito
Figura 7-7 como segmentos de polímeros lineares, essencialmente de material inorgânico não metálico,
ramificados e reticulados. O homopolimero linear tem normalmente processado por aquecimento a um.a
meros do mesmo tipo, e o copolfmero aleatório do tipo temperatura alta para alcançar as propriedades desejá-
linear tem as duas unidades mero distribuidas aleato- veis. Cerâmicas são óxidos metálicos. Enquanto classe,
riamente ao longo da cadeia. O copolfmero linear em cerâmicas são duras, rígidas, más condutoras térmica e
bloco tem segmentos, ou blocos, ao longo da cadeia na elétrica, apresentam baixa tenacidade comparadas aos
qual os meros são os mesmos. O homopolimero rami- metais e podem ser fundidas ou usinadas para fabricar
ficado novamente é formado pelos mesmos meros, en- restaurações dentárias. A translucidez e a opacidade
quanto o copolirnero enxertado consiste em um tipo de de uma cerâmica odontológica podem ser modifica-
mero na cadeia principal e outro mero para os ramos. O das para aplicações onde a cor e a translucidez sejam
polímero mostrado é composto de um homopolirnero essenciais. Cerâmicas demonstram comportamento
cruzado com um único agente de ligação cruzada. plástico bastante limitado e são, portanto, considera-
As moléculas lineares e ramificadas são separa- das frágeis. Suas curvas tensão-deformação são ge-
das e distintas, enquanto as moléculas com ligações ralmente lineares com nenhuma deformação plástica.
cruzadas são estruturas em rede que podem resultar Cerâmicas são utilizadas em odontologia resta·u radora
na criação de uma molécula polimérica gigante. A es- em coroas totais ou parciais, dentes de prótese e como
trutura espacial dos polfmeros afeta suas proprieda- partículas d e carga em compósitos resinosos.
des de escoamento, mas é difícil fazer generalizações O termo mais restritivo, porcelana, refere-se a
porque tanto a interação entre moléculas de polímero um.a variedade de materiais cerâmicos de composi-
linear quanto o comprimento dos ramos nas molécu- ção esp ecifica, feitos misturando-se caulim, quartzo
las ramificadas podem ser mais importantes em um e feldspato, e aquecendo-os a altas temperaturas.
exemplo particular. Em geral, contudo, os polímeros Cerâmicas odontológicas para restaurações meta-
reticulados escoam em temperaturas mais altas do locerâmicas possuem esse tipo de composição e são
que polímeros lineares ou ramificados. Outra carac- com.um.ente referidas como porcelanas odontológicas.
terística que distingue alguns polímeros reticulados A porcelana odontológica é utilizada em recobri-
é que eles não absorvem líquidos tão prontamente mento de infraestruturas metálicas (restauração me-
como materiais lineares e ramificados. talocerâmica), em dentes anteriores minimamente
preparados e em dentes de prótese.
Polímeros Termoplás ticos e Termojixos A fase laboratorial de uma restauração cerâmica
Além de sua estrutura espacial, um método adi- é feita geralmente em um. laboratório odontológico
cional de classificação dos polímeros consiste em comercial por um técnico qualificado que trabalha
dividi-los em temroplástiros ou tem1ojixos. O termo ter- com equipamento especializado para obter as espe-
moplástico se refure a polímeros que podem ser amole- cificações de forma e sombra fornecidas pelo den-
cidos por aquecimento e solidificados por resfriamen- tista. Técnicos e artesãos qualificados são também
to, podendo o processo ser repetido. Exemplos típicos empregados pelos fabricantes de dentes artificiais
de polímeros deste tipo são poli(metacrilato de meti- de prótese para produzir os muitos tipos, formas e
la), polietileno-polivinílacetato (EVA) e poliestireno. sombras necessários nessa indicação da porcelana. O
O termo ternwfixo ou tem1orrfgüio se refere a polimeros software Desenho efabricação ou fresage1n assistidos por
que se solidificam durante fabricação, mas não po- computador (CAD-CAM) é a base para a aquisição de
dem ser amolecidos por reaquecimento. Esses polí- imagens digitais dos preparas dentários e o desenho
meros geralmente se tomam não fundíveis por causa das restaurações assistido por computador. Máqui-
d e uma reação de ligação cruzada e da formação de nas portáteis d e fresagem sob controle d igital fresam
uma estrutura espacial. Exemplos típicos odontoló- blocos d e cerâmica usináveis para criar restaurações
gicos são poli(metacrilato de metila) com agentes de finais. A discussão adicional sobre moldagem digital
ligação cruzada, silicones, cis-pollisopreno e dimeta- pode ser encontrada no Capítulo 14.
crilatos. As propriedades das cerâmicas odontológicas
Polímeros, enquanto classe, têm propriedades dependem da sua composição, sua microestrutura
únicas e, por meio da variação da composição e sua população de defeitos. A natureza e a quanti-
química, peso molecular, distribuição do peso dade presente de fase cristalina de reforço ditam a
molecular ou arranjo espacial das unidades mero, resistência do material e a resistência à propagação
as propriedades físicas e mecânicas dos polímeros de trincas, assim como suas propriedades ópticas.
podem ser alteradas. Discussão adicional sobre Cerâmicas são frágeis e contêm pelo menos duas
polímeros está incluída no Capítulo 9. populações de falhas: defeitos de fabricação e trincas
154 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

superficiais. Os mecanismos de fratura envolvem uma pasta. A utilização isolada de um polímero não
propagação de trincas a partir dessas falhas. Defeitos alcançará rigidez e estabilidade suficientes, que são
de fabricação são criados durante o processamento e propriedades conferidas pelas partículas cerâmi-
consistem em inclusões no estágio de condensação cas. Compósitos resinosos continuam a crescer em
ou em vazios gerados durante sinterização. Inclusões popularidade conforme as preocupações sobre os
são frequentemente ligadas à limpeza inadequada da efeitos na saúde e no ambiente do mercúrio presen-
estrutura metálica ou ao uso de instrumentos sujos. te no amálgama aumentam. O polímero utilizado
Porosidades na superfície interna de restaurações em muitos compósitos odontológicos, metacrilato
fraturadas de vitrocerâmicas foram identificadas de glicidila bisfenol A (Bis-GMA), tem sido objeto de
como o local de origem da fratura. Microtrincas análise minuciosa devido a uma notada conexão com o
também se desenvolvem com o resfriamento em bisfenol A, que apresenta alguns riscos à saúde. Até
porcelanas feldspáticas e isso pode ser devido à con- o momento, nenhum risco significante à saúde foi
tração térmica desencontrada entre os cristais de associado ao Bis-GMA utilizado em resinas compostas
Jeucita e a matriz vítrea ou ao choque térmico, se a odontológicas.
porcelana foi resfriada muito rapidamente. Em indústrias e profissões outras que não a Odon-
Trincas superficiais são induzidas por meio de tologia, outras classes são combinadas para formar
usinagem ou de desgaste. O tamanho médio de um compósitos, tais como compósitos metalocerâmicos
defeito natural varia de 20 a 50 µ.m. Geralmente, a utilizados na indústria aeroespacial. Um material
fratura da cerâmica se origina no maior defeito. comumente utilizado na indústria da construção,
Cerâmicas odontológicas estão sujeitas a cargas concreto, é um compósito de areia, cascalho e cimen-
repetidas (cíclicas) em um ambiente úrnido (masti- to Portland. Assim como ocorre com os compósitos
gação), condições que são ideais para o crescimento resinosos, o cimento no concreto é o aglutinante para
dos defeitos ou trincas preexistentes. Este fenôme- as partículas de areia e cascalho. Compósitos diferem
no, chamado crescimento lento de trincas, pode con- das ligas no fato de que, no nível microscópico, os
tribuir para uma grave redução da probabilidade de componentes individuais do compósito são visíveis.
sobrevivência de restaurações cerâmicas. No caso do concreto, um fator limitante é a adesão
entre o cimento Portland e as partículas de areia-casca-
lho. Na superfície, o cimento é removido com o uso,
COMPÓSITOS deixando as partículas rodeadas de maneira incomple-
ta pelo cimento. Essas partículas são, então, facilmente
Os compósitos são uma combinação de duas ou desalojadas, deixando um espaço vazio na superfície
mais classes de materiais. Em Odontologia, o compó- do concreto. Nos compósitos resinosos odontológicos,
sito mais comum é uma combinação de um polímero agentes de união são utilizados para melhorar a ade-
e cerâmica, em que o polímero é usado para ligar as são entre as partículas cerâmicas e a matriz polimérica,
partículas de cerâmica. O polímero funciona como aumentando dessa forma sua resistência ao desgaste
a matriz em compósitos odontológicos e as partícu- e integridade de superfície a longo prazo.
las são materiais de reforço. Compósitos de matriz Atenção considerável tem sido voltada à con-
polimérica, também conhecidos como compósitos tração de polimerização dos compósitos restaurado-
resinosos, são usados como selantes, restaurações in- res. Durante polimerização, ocorre uma contração
tracoronárias e extracoronárias, restaurações provisó- volumétrica da matriz polimérica que resulta em
rias, facetas, dentes de prótese, cimentos e núcleos de tensão no interior da matriz. Essa contração está
preenchimento. Enquanto classe, compósitos odon- associada ao aumento do módulo de elasticidade
tológicos são modeláveis, opacos ou translúcidos, conforme o compósito polimeriza. A combinação
moderados em rigidez e dureza, isolantes térmico e da contração e desenvolvimento do módulo de elas-
elétrico, pouco solúveis e podem ser feitos para ser ticidade produz tensões no interior do compósito
usinados. Muitos avanços foram conseguidos recen- porque a periferia da restauração está contida pela
temente na tecnologia das partículas (Capítulo 9). adesão ao esmalte e dentina das paredes cavitárias.
Em um compósito, as propriedades são inter- Métodos para reduzir a tensão residual incluem o
mediárias entre os dois materiais que o compõem. uso de polímeros com reduzida contração durante
O benefício de combinar duas classes de material é a cura, inserção incremental do material no preparo
a possibilidade de produzir um novo material com dentário, unidades fotopolimerizadoras com intensi-
propriedades de manipulação desejáveis, não alcan- dades de luz moduladas e uso de agentes forradores
çáveis com um material isoladamente. Por exemplo, sobre as paredes cavitárias. Mais detalhes sobre a
partículas cerâmicas individuais não são condensáveis determinação da contração de polimerização podem
ou compactáveis, mas a adição de um polímero para ser encontrados no Capítulo 5 e o mecanismo de
ligá-las possibilita ao compósito ser utilizado como polimerização pode ser encontrado no Capítulo 9.
7. CLASSES GERAIS DE BIOMATERIA IS 155

PROBLEMAS SELECIONADOS

PROBLEMA 1 átomos naquelas direções. Como a conformação dos


átomos em um reticulado hexagonal compacto é dife-
Na grade cristalina metálica, os elétrons de valên-
rente nas direções horizontal e vertical, as resistências
cia são relativamente desacoplados dos seus centros
horizontal e vertical irão variar. Para a amostra com
atômicos. Que propriedades dos metais resultam
muitos cristais pequenos, a resistência será a mesma em
desta configuração?
qualquer direção (pelo menos teoricamente) porque os
Solução cristais diferentes estão aleatoriamente orientados com
Os elétrons de valência são móveis e permitem que relação uns aos outros e qualquer diferença direcional
os metais prontamente conduzam calor e eletricidade. nas propriedades é uma média ao longo da amostra.
Os elétrons podem também acomodar mudanças dos
centros nucleares, que frequentemente fazem com PROBLEMA 4
que os metais sejam maleáveis e dúcteis. A alta re-
A você são dados dois fios do mesmo diâmetro e
fletividade (superfície semelhante a espelho) de uma
comprimento. Um é forjado e o outro é fundido. Qual
superfície metálica polida ocorre porque os elétrons
deles terá a melhor porcentagem de alongamento?
de valência refletem a luz que incide na superfície.
Solução
PROBLEMA 2 As chances são de que o fio fundido tenha o melhor
alongamento. Ao trabalhar o fio mecanicamente até sua
Uma pessoa entrega a você duas amostras do mes- forma forjada, as discordâncias que permitem alonga-
mo metal. Na primeira amostra (A), ela informa que mento são "esgotadas" e portanto, a tensão adicional
não há absolutamente nenhuma falha da estrutura resultará em fratura, não alongamento. Por outro lado, a
cristalina do metal. Na segunda amostra (B), existem resistência à tração do fio forjado é provavelmente maior
numerosas falhas nos cristais. Como se comparam as porque ele resiste à deformação, levando à fratura.
resistências de A e B, e por quê?

Solução PROBLEMA 5
A será mais resistente por pelo menos uma ordem Um paciente apresentou desgaste considerável
de magnitude. Sem falhas, nenhum escorregamento do esmalte no dente em oclusão com coroas de por-
mediado por discordâncias pode acontecer e o total celana. Explique.
de ligações metálicas pode ser superado de uma só
vez. Com a presença de falhas, o metal pode deformar Solução
uma fileira de átomos por vez e, assim, a deformação A porcelana odontológica é mais dura que o
ocorre sob menor tensão (Fig. 7-5). esmalte dental e pode desgastá-lo. Restaurações
metalocerâmicas com superfícies linguais em metal
em coroas anteriores resultam em menos desgaste.
PROBLEMA 3 Contudo, como as coroas de porcelana já estão ci-
Se a você é dado um único cristal de um metal mentadas, a utilização de uma placa oclusal no caso
puro com um reticulado hexagonal compacto no for- de bruxismo pode ser indicada.
mato de um cubo com 3 mm em um lado, e você testa
a resistência à compressão nas direções horizontal e
vertical, as resistências seriam as mesmas? Se você PROBLEMA 6
pega uma amostra, do mesmo tamanho, que é feita Duas amostras de poli(metacrilato de metila)
de uma coleção de cristais microscópicos, qual seria foram listadas pelo fabricante como sendo 100°/o pu-
o resultado das resistências medidas? ras, o que era verdade; mesmo assim uma tinha uma
temperatura de amolecimento significativamente
Solução menor do que a outra. Por quê?
Para o cristal isolado, as resistências não serão
as mesmas vertical e horizontalmente porque a dis- Solução
tribuição dos átomos numa grade de cristal não é iso- As duas amostras podem ter pesos moleculares
trópica (independente da direção). Como a amostra de médios diferentes, distribuição de peso molecular
metal é um cristal único puro, a resistência nas direções diferentes ou estruturas espaciais diferentes (linear,
horizontal e vertical irão depender da conformação dos ramificada ou com ligação cruzada).
156 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

PROBLEMA 7 dos dois ou mais componentes. Esta afirmação é


Dois produtos para base de prótese de poli(meta- correta?
crilato de metila) foram aquecidos. Foi averiguado
que uma amostra amoleceu e fluiu, enquanto a segun-
Solução
da se decompôs em vez de derreter. Qual é a razão As propriedades não são uma simples média
mais provável para essa observação? ponderada elas proporções dos dois ou mais compo-
nentes. Uma abordagem da fração volumétrica para
Sotuçã calcular propriedades alcançará resultados razoáveis,
A primeira amostra de poli(metacrilato de me- porém as interações entre componentes não serão
tila) era mais provavelmente um polímero linear e levadas em conta.
assim, termoplástico, enquanto a segunda era um po-
li(metilmetacrilato) com agentes de ligação cruzada
que não era tennoplástico.
PROBLEMA 10
Ligas metálicas são misturas de dois ou mais ele-
mentos; logo, elas deveriam ser consideradas como
PROBLEMA 8 compósitos. Essa é uma afirmação verdadeira?
Um pesquisador determinou o grau de polimeriza-
ção de um material de poli (metacrilato de metila) e uti- Solução
lizou esta informação para calcular o grau de conversão. Não. No nível microscópico, os elementos indivi-
Este procedimento forneceria um resultado correto? duais não são distinguíveis; então, uma liga metálica
não é um compósito.
Solução
Não. O grau de polimerização mede o número de
unidades mero na molécula do polímero, enquanto o PROBLEMA 11
grau de conversão mede o número de ligações duplas Compósitos sofrem perda de partículas de carga de
de carbono que não reagiram. reforço quando a superfície é desgastada ou quando o
material absorve água. Essa afirmação é verdadeira?

PROBLEMA 9 Solução
Pelo fato d e os compósitos serem misturas de um Não. Um agente de união silano melhora a união
ou mais classes de materiais, o produto resultante entre a matriz polimérica e a carga de reforço para
exibe propriedades que são uma média ponderada prevenir a perda de partículas de carga.

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Esta página foi deixada intencionalmente em branco
CAPÍTULO

8
Materiais Preventivos
e Intermediários

SUMÁRIO

Selantes de Fóssulas e Fissuras lonômeros de Vidro Modificado por Resina


Selantes Fotopolimerizáveis Composição e Reação
Inibição da Polimerização por Ar Propriedades
Propriedades dos Selantes Manipulação
Estudos Clínicos lonômeros de Vidro Modificados por Resina
Aplicação de Selantes como Forradores Cavitários
Preparo da Superfície do Esmalt.e
Hidróxido de Cálcio como Forradores
Ionô1neros de Vidro como Selantes
Cavitários
Compósitos de Baixa Viscosidade como
Selantes Vernizes Fluoretados
lonômero de Vidro para Prevenir Remineralização
a Progressão da Cárie
Composição e Reação
Propriedades

159
160 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Prevenção é a base da Odontologia. A incor- Selantes Fotopolimerizáveis


poração de baixos níveis de fluoretos na água de
abastecimento é altamente benéfica na redução da Hoje, a maioria dos selantes são fotopolimerizá-
incidência de cárie dentária em crianças. Fluoretos veis, ativados por urna dicetona e uma amina alifáti-
podem ser introdU2idos na água de abastecimento ca. As reações completas das resinas compostas estão
das comunidades, garantindo a ingestão sistêmica descritas no Capítulo 9. Selantes fotopolimerizáveis
nas fases iniciais da vida, quando os dentes estão se são fornecidos em embalagens protegidas da luz
formando. O flúor também pode ser fornecido como e devem ter uma vida útil de mais de 12 meses. O
suplemento na dieta para previnir a cárie onde a selante é aplicado às fóssulas e fissuras com um apli-
água potável não é fluoretada. Pacientes que apre- cador apropriado e é polimerizado pela exposição à
sentam alto risco para o desenvolvimento de cárie, luz durante 20 segundos com a ponta do fotopoli-
além de receber flúor sistêmico, também podem merizador afastada cerca de 1 a 2 mm da superfície.
receber aplicações tópicas, como em pastas de dente, Selantes são aplicados em camadas finas; portanto, o
enxaguatórios bucais, géis e vernizes. A combinação tempo de 20 segundos de exposição é adequado para
das aplicações de flúor sistêmico e tópico tem con- garantir uma boa profundidade de polimerização,
tribuído para urna redução drástica na prevalência mesmo para materiais opacos. A vantagem de usar
da cárie de superfície lisa ao longo dos últimos 50 um selante fotopolimerizável é que o tempo de traba-
anos. Fóssulas e fissuras nas superfícies oclusais dos lho pode ser totalmente controlado pelo operador.
dentes posteriores, no entanto, são mais resistentes à
absorção de flúor por causa da morfologia irregular
da superfície oclusa1. Isto, combinado com a retenção
Inibição da Polimerização por Ar
de alimentos e a dificuldade de escovação adequa- Durante a polimerização, há uma camada super-
da na região posterior, pode levar ao início de uma ficial q ue é inibida pelo ar e que varia em profundi-
lesão de cárie. Uma terapia preventiva consistindo dade de acordo com as diferentes marcas comerciais.
em um selante para preencher as irregularidades Quantidade suficiente de material deve ser aplicada
pode reduzir o risco de cárie pela criação de uma para recobrir todas as fóssulas e fissuras com uma
superfície mais lisa, mais fácil de limpar e menos camada espessa o suficiente para garantir a poli-
propensa a reter alimentos e bactérias. merização completa após a remoção dessa camada
superficial viscosa, não polimerizada. A camada que
sofre inibição pelo ar, pode ser facilmente removida
SELANTES DE FÓSSULAS após a polimerização usando urna pasta abrasiva de
E FISSURAS pedra-pomes, aplicada em uma bolinha de algodão
ou com uma taça de borracha em instrumento rota-
Os selantes mais comuns têm como base resina tório. Esses procedimentos são mais eficazes do que
Bis-GMA e são fotopolimerizáveis, embora alguns a limpeza ou lavagem.
produtos autopolime.r izáveis ainda estejam dispo-
níveis. O nome do Bis-GMA é 2,2-bis [4 (2-hidro-
xi-3-methacriloiloxi-propiloxi)-fenil] propano. A Propriedades dos Selantes
química dos selantes Bis-GMA é a mesma descrita Relatos sobre as propriedades físicas dos selan-
para resinas compostas no Capítulo 9. A principal tes são escassos, pois o preparo de amostras com
diferença é que os selantes são muito mais fluidos, materiais de baixa viscosidade é difícil. Pelo fato de
o que lhes permite penetrar nas fóssulas, fissuras e os selantes estarem completamente circundados por
áreas condicionadas do esmalte, promovendo a sua esmalte e não serem sujeitos a tensões ocl usais, suas
retenção. A resina Bis-GMA viscosa é misturada com propried ad es mecânicas são menos importantes
um diluente, como o dimetacrilato de trietilenoglicol, do que as de compósitos resinosos restauradores.
resultando em uma resina com viscosidade razoavel- A adição de partículas de carga de cerâmica ou de
mente baixa, de fácil escoamento. Uma base de oli- vidro em até 40o/o em peso, como nos compósitos
gômero alternativa, porém semelhante, é o dimeta- restauradores, melhora todas as propriedades, ex-
crilato de uretano; alguns materiais são formulados a ceto a resistência à tração. O módulo de elasticidade
partir de uma combinação dessas duas resinas-base. apresenta a melhora a mais substancial, e a maior
Para proporcionar rigidez ao material e melhorar a rigidez faz com que o material sofra menos deflexão
resistência ao desgaste, partículas de carga de sílica sob tensão oclusal. As partículas também são adi-
coloidal ou vidros inorgânicos silanizados podem cionadas com o intuito de melhorar a resistência ao
ser adicionados para formar compósitos de baixa desgaste e tornar o material mais visível ao exame
viscosidade. clínico (Fig. 8-1).
8. MATERIAIS PREVENTIVOS E INTE!Uv!EDIÁRIOS 161

FIGURA 8-1 Molar típico com fissuras e manchas e sem diagnóstico de cárie. A, Antes da aplicação de selante,
e B, após a aplicação de selante com cor natural (De Hatrick CD, Eakle WS, Bird WF: Dental materials: clinicai applications
for dental assis-tants and dental hygienists, ed 2, Sa11t1ders, St. Louis, 2011).

A ótima adesão do selante ao esmalte ocorre


quando o selante apresenta baixa tensão superficial,
boa molhabilidade e baixa viscosidade. Essas pro-
priedades permitem ao selante fluir facilmente ao
longo da superfície do esmalte. A molhabilidade de
superfície é demonstrada pelo ângulo de contato
de uma gota de líquido na superfície do esmalte.
Uma gota que se espalha rapidamente produz um
baixo ângulo de contato. Esta superfície com alta
molhabilidade é favorável a uma ligação adesiva
resistente. Prolongamentos de polímero se formam
quando a resina flui para as irregularidades criadas
na superfície pelo condicionamento ácido e são res-
ponsáveis pela união mecânica que retém o selante
ao esmalte. A durabilidade funcional do selante está
relacionada às tensões induzidas pela contração da
resina durante a polimerização, à termociclagem, à
deflexão das forças oclusais, à absorção de água e
à abrasão, sendo que o fracasso total se manifesta
pela perda clínica do material.
Os selantes têm uma variedade de característi-
cas que devem ser selecionadas com cuidado pelo
profissional. Materiais mais atuais são fotopolimeri-
záveis, em vez de quimicamente ativados, devido à
facilidade do controle da polimerização. São encon-
tradas resinas da cor do dente ou transparentes,
que dão uma aparência muito natural quando se
olha para a superfície dentária, mas materiais opa-
cos ou coloridos também estão disponíveis para FIGURA 8-2 Molar superior com selante opaco no
tomar o controle clínico mais fácil (Fig. 8-2). Uma local por cinco anos.
nova categoria de selantes fotossensíveis, com cor
reversível, foi recentemente desenvolvida. Eles são
muito parecidos com os selantes fotopolimerizáveis verificação da qualidade da aplicação. A mudança
na composição de resina e porcentagem de carga. de cor pode ser repetida em visitas de retomo com
Nesses materiais, adicionam-se pigmentos fotossen- novas exposições à luz do fotopolimerizador.
síveis, que normalmente são incolores, mas setor- Um número crescente de selantes tem sido co-
nam verdes ou cor-de-rosa quando expostos à luz mercializado com a alegação de liberarem flúor. A
do fotopolimerizador. A mudança de cor dura cerca de taxa de liberação é mais alta nas primeiras 24 horas
cinco a 10 minutos após a exposição, para auxiliar na após a colocação e, em seguida, reduz-se a um nível
162 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

constante baixo, que pode ou não ser suficiente para definidas e retentivas aos alimentos, e em pacientes
fornecer proteção adicional clinica contra a cárie. com risco elevado de cárie nessas superfícies.

Estudos Clínicos Aplicação de Selantes


Muitos estudos clinicos que utilizam resinas à As características de manipulação de um selante
base de Bis-GMA têm sido relatados. Em estudos dependem da composição do material e da superfí-
mais antigos sobre a eficácia do tratamento com cie à qual é aplicado. O preparo ideal do dente e do
selante em dentes recém-erupcionados, um selante selante levará a uma adaptação perfeita do selante
fotopolimerizável demonstrou uma taxa de retenção ao esmalte dos dentes, que promoverá um vedação
de 42°/o e uma eficácia de 35°/o na redução de cárie resistente à entrada de fluidos orais e detritos, e
após cinco anos. Em um estudo semelhante, um retenção do material a longo prazo.
selante com carga mostrou uma taxa de retenção de
53o/o e uma eficácia clinica de 54% após quatro anos. Preparo da Superfície do Esmalte
Resultados envolvendo um selante resinoso sem A penetração de qualquer selante no fundo da
carga de polimerização rápida com uma penetração fóssula é importante. A molhabilidade do esmalte
muito boa mostrou uma taxa de retenção de 80%. e pelo selante é melhorada por meio do condiciona-
uma eficácia de 69o/o após três anos. O estudo mais mento ácido e alguns defendem pré-tratamento com
longo publicado sobre a eficácia de selante é uma solução de silano. Preencher a fóssula ou fissura
avaliação de 15 anos de um material autopolime- sem deixar espaços vazios é crucial. Ar ou detritos
rizável, sem carga, que mostrou 27,6% de retenção podem ficar presos no fundo da fissura, impedindo
completa e 35,4% de retenção parcial. o completo preenchimento, conforme mostrado na
Nas comparações pareadas, primeiros molares Figura 8-3. Controle da viscosidade do selante é
que receberam tratamento apresentaram 31,3% das importante para se obter os melhores resultados. A
superficies de dentes decíduos cariados e restaurados, viscosidade determina a penetração da resina nas
enquanto os controles não tratados apresentaram áreas de esmalte condicionado, fornecendo adequa-
82,8% de superfícies afetadas por cárie e restauradas. da retenção do selante. A penetração do selante, for-
Mais recentemente, um estudo de quatro anos com- mando tags (prolongamentos), a uma profundidade
parando um selante que libera flúor a um material de 25 a 50 µ.m é mostrada na Figura 8-4.
não fluoretado, as taxas de retenção foram 91 o,{, para É recomendado o condicionamento da fóssula
o material com flúor (77% completo e 14% parcial) ou fissura por um tempo determinado (15 a 30 se-
e 95% para o selante sem flúor (89ºk completas e 6ºk gundos é adequado para o esmalte com conteúdo
parcial). Embora a retenção tenha sido um pouco normal de minerais e flúor) com uma solução ou um
menor no selante que continha flúor, a incidência gel de ácido fosfórico com concentração entre 35°/o
de cárie para ambos os grupos foi idêntica (lOºk). e 40%. O ácido deve ser lavado cuidadosamente
Em um estudo realizado em consultório particular, com água e a área seca com ar aquecido. Lavagem
a taxa de retenção em dois anos para duas novas inadequada permite que os sais de fosfato perma-
resinas contendo flúor foi superior a 90% e não fo- neçam sobre a superfície como um contaminante,
ram detectadas cáries nos dentes avaliados. Em um interferindo na adesão. A superfície do esmalte não
estudo ainda em andamento, no qual os selantes são deve ser esfregada durante o condicionamento e
examinados semestralmente e aqueles defeituosos a secagem porque a rugosidade criada pode ser
são reaplicados, os dentes foram mantidos livres de facilmente destruída. O isolamento do local é im-
cárie por um período de cinco anos. A taxa de re- prescindível durante todo o procedimento, para
tratamento foi mais alta (18%) aos seis meses e depois conseguir a formação ideal de prolongamentos de
diminuiu ao longo do tempo; no entanto, em cada resina e o sucesso clínico. Se ocorrer contaminação
nova avaliação semestral, pelo menos dois dentes por saliva durante o tratamento, a superfície deve
(cerca de 4%) necessitam de reaplicação. ser lavada e o condicionamento repetido. Na ins-
Quase todos os estudos mostram uma relação peção clínica, o esmalte condicionado por ácido
direta entre a retenção do selante e proteção contra deve estar branco e sem brilho, com uma textura
a cárie. Portanto, é importante o uso de materiais claramente áspera. Se a aparência não for uniforme,
que sejam retentivos ao esmalte, resistentes ao um condicionamento adicional de 30 segundos deve
desgaste oclusal e de fácil aplicação, com mínimas ser feito. A área condicionada deve se estender para
chances de contaminação da superfície. Evidências além da área prevista para aplicação do selante a
atuais indicam que os selantes são mais eficazes em fim de garantir aderência ótima ao longo das mar-
superfícies oclusais, onde fossas e fissuras são bem gens e reduzir o risco de infiltração inicial, mas
8. MATERIAIS PREVENTIVOS E INTE!Uv!EDIÁRIOS 163

sem recobrimento extensivo. Um agente de união pode introduzir poros que aparecem mais tarde
fotoativado (Capítulo 13) aplicado sobre o esmalte como defeitos de superfície.
recém-condicionado antes da aplicação do selante A camada superficial que sofre inibição por ar
irá melhorar a retenção. deve ser removida imediatamente após a polimeri-
Sistemas adesivos de passo único (all-in-one) zação e a camada de selante deve ser inspecionada
parecem fornecer uma união mais fraca ao esmalte com cuidado para detecção de vazios ou áreas com
intacto, quando comparados ao esmalte desgastado cobertura incompleta. Defeitos podem ser reparados
ou biselado por pontas diamantadas. e cobertos neste momento, repetindo-se todo o pro-
cedimento de aplicação e incluindo-se o condicio-
APLICAÇÃO DO SELANTE namento ácido e a aplicação de selante apenas nas
Dependendo de sua viscosidade e tempo de áreas com cobertura insuficiente. Após o selante ser
presa, o selante pode ser aplicado de maneira mais aplicado e totalmente polimerizado, a oclusão deve
eficiente com um pincel fino, um aplicador ou uma ser checada e ajustada se necessário, para eliminar
seringa. Material em excesso deve ser evitado, pois contatos prematuros.
pode interferir na oclusão. Uma quantidade suficien-
te de material deve ser colocada cobrindo completa-
mente todas as fóssulas expostas e proporcionando lonômeros de Vidro como Selantes
uma transição suave ao longo das vertentes das Devido à sua comprovada capacidade de liberar
cúspides. Excesso de manipulação durante a apli- flúor e fornecer alguma proteção contra cárie em
cação, até mesmo dos selantes fotopolimerizáveis, superfícies dentárias, ionômeros de vidro têm sido
propostos e testados quanto à capacidade de fun-
cionar como selantes de fissuras. O ionômero de
vidro é, de forma geral, viscoso e sua penetração
em toda a profundidade de uma fissura é difícil Sua
falta de penetração também torna difícil a obtenção
do mesmo grau de retenção mecânica na superfície do
esmalte conseguida com resinas de Bis-GMA. Eles
também são mais frágeis e menos resistentes ao des-
gaste oclusal. Estudos clinicos que utilizam várias
formulações de ionômero de vidro têm demonstra-
do taxas de retenção significativamente menores do
1
que os selantes resinosos, mas uma maior deposição
100 µ m de flúor na superfície do esmalte. Assim, há um
maior potencial para a proteção contra lesões de
cárie latentes após a perda do selante, caso ocorra.
A

20 µm too µm

FIGURA 8-3 Seção mostrando uma fL~sura incom-


pletamente preenchida com selante como resultado de FIGURA 8-4 Penetração de selante no esmalte condicio-
incorporação de ar (A) e detritos (B) (De Gwinnett Af: f. nado. Esses tags são responsáveis pela colagem ao esmalte
Anr. Soe. Preveni. Derll. 3,21, 1973). (De Gwinnett Af: f. Am. Soe. Pre-c.Jent. Dent. 3,21, 1973).
164 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Em áreas em que crianças com alto risco de cárie


não têm acesso a tratamentos definitivos, uma téc-
nica conservadora pode ser aplicada, selando-se
cáries remanescentes em um ambiente rico em flúor
e estabelecendo algum grau de remineralização.
Tratamentos restauradores atraumáticos (atraumatic
restorative treatments, ARTs) envolvem a abertura
da lesão, remoção do tecido cariado amolecido e
preenchimento ou selamente da superfície com
ionõmero de vidro com alto conteúdo de carga e
presa rápida. Estudos futuros nesta área podem
produzir uma nova geração de materiais selantes
caracterizados por sua deposição de flúor em vez
de sua obturação mecânica.

Compósitos de Baixa Viscosidade


como Selantes
Compósitos de baixa viscosidade conhecidos
como compósitos flowable são comercializados para
uma ampla variedade de aplicações, como res-
taurações preventivas (conservadoras) de resina,
forradores (z.in.ers) cavitários, reparo de restaura-
ções e restaurações cervicais. As propriedades dos
compósitos de baixa viscosidade são descritas no
Capítulo 9.
Compósitos fluidos são geralmente embalados
em seringas ou em "compules" (Fig. 8-5) para a
aplicação direta na fóssula ou fissura. Assim como FIGURA 8-5 Seleção de compósitos fluidos com siste-
nos selantes de resina de menor viscosidade, o ma de aplicação com seringa e em compule (Cortesia da
aprisionamento de ar deve ser evitado. Por terem CUnica Pentron, Orange, CA).
maior quantidade de carga do que os selantes de
resina, compósitos de baixa viscosidade possuem
melhor resistência ao desgaste. Compósitos de de vidro é usado em restaurações cervicais quando
baixa viscosidade parecem oferecer boa retenção e a estética não é crítica. Eles são especificamente
resistência à cárie após 24 meses. recomendados para pacientes com alto risco de
Quando compósitos de baixa viscosidade são cárie (Tabela 8-1). Uma descrição detalhada da
usados como restaurações preventivas, sua baixa química do ionõmero de vidro pode ser encontrada
viscosidade é uma vantagem, pois estende a res- no Capítulo 9.
tauração até fissuras adjacentes, funcionando como
um selante. A eficácia clinica de longo prazo dos
compósitos de baixa viscosidade como material Composição e Reação
restaurador preventivo ainda está para ser esta- Ionõmero de vidro é apresentado como pó de
belecida. diferentes tonalidades e um líquido. O pó é um
vidro de aluminossilicato capaz de liberar íons, e o
líquido é uma solução aquosa de polímeros e co-
IONÔMERO DE VIDRO PARA polímeros do ácido acrílico. O material toma presa
PREVENIR A PROGRESSÃO como resultado da formação de pontes de sais
DA CÁRIE metálicos entre os íons Al•• e Ca•• lixiviados do
vidro e os grupamentos ácidos dos polímeros. A
Os últimos materiais que devem ser conside- reação ocorre lentamente, com a formação de uma
rados para o controle e prevenção da cárie são matriz gel reticulada durante a presa inicial e uma
ionõmero de vidro e ionõmero híbrido (ionõmero troca iônica pelo alumínio que reforça a reticulação
de vidro modificado por resina). Por causa de sua na presa final. Um efeito de quelação ocorre com o
liberação lenta de flúor comprovada, o ionõmero cálcio na superfície dentária exposta, criando uma
8. MATERIAIS PREVENTIVOS E INTE!Uv!EDIÁRIOS 165

TABELA 8-1 Usos de Co1npósitos, Compômeros, TABELA 8-2 Ranqueamento das Propriedades
Ionômeros Híbridos e Ionômero de Vidro de lonômeros Híbridos e lonômero de Vidro

Tipo Emprego Ionômero Ionômero


Propriedade Híbrido de Vidro
Compósito multiuso/ Classes 1, 2, 3, 4, 5, paciente
híbrido/microparti- com baixo risco de cáries Resistência à compressão Med Baixa-Med
culado
Classes 1, 3, 4, pacientes com Resistência à flexão Med Baixa-Med
médio risco de cáries
Módulo de elasticidade Med Med-Alto
Compô mero Dentes decíduos,restaurações em flexão
classes 1, 2 em crianças
Resistência ao desgaste Med Baixa
Lesões Cervicais, classes 3, 5,
Liberação de flúor Med-Alta Alta
pacientes com médio risco
de cáries Recarga de flúor Med-Alta Alta
lonômero híbrido Lesões cenricais, classes 3, 5, Estética Boa Aceitável
Dentes decíduos, técnica do
sanduíche, classe 5, pacientes
com alto risco de cárie, Cáries
de raiz observada. A reação pulpar aos ionômeros de vi-
lonômero de vidro Lesões cervicais, restaurações dro é leve e, se a espessura de dentina for menor
classe 5 em adultos em que a que 1 mm, um forramento com hidróxido de cálcio
estética não é importante, cárie é recomendado. Embora a superfície permaneça
radicular ligeiramente rugosa, restaurações cervicais não con-
tribuem para a inflamação dos tecidos gengivais.
Menos Streptococcus ·mutans são encontrados na
união adesiva. A superfície de restaurações novas placa adjacente às restaurações de ionômero de vi-
deve ser protegida da saliva durante a presa inicial dro quando comparados a regiões controles sem
com uma camada protetora. ionômero de vidro.
Ionômeros de vidro são embalados em vidros
e em cápsulas a vácuo para uso em misturador
Propriedades mecânico. Na apresentação a granel, pó e líquido
As propriedades do ionômero de vidro são com- são colocados nas quantidades recomendadas so-
paradas qualitativamente a outros materiais restau- bre o bloco de papel e metade do pó é incorporado
radores na Tabela 8-2. Propriedades significativas para produzir uma consistência leitosa homogênea.
são (1) módulo de elasticidade semelhante à dentina, O restante do pó é adicionado e um tempo total
(2) resistência de união à dentina de 2 a 3MPa, (3) de mistura de 30 a 40 segundos é usado, com um
coeficiente de expansão comparável à estrutura tempo de presa inicial típico de quatro minutos. De-
do dente, (4) baixa solubilidade e (5) opacidade pois de inserir o material restaurador e contorná-lo
razoavelmente elevada. O flúor presente no vidro corretamente, a superfície deve ser protegida de
é liberado lentamente proporcionando um efeito contaminação por meio da aplicação de uma bar-
anticariogênico sobre a placa dental e estrutura reira protetora. Remoção de excessos e acabamento
dentária adjacente. devem ser feitos após 24 horas.
Embora a resistência de união de ionômero de Na apresentação em cápsulas, o líquido é pres-
vidro à dentina seja menor que a dos compósitos sionado contra o pó e misturado mecanicamente. A
resinosos, estudos clínicos têm mostrado que a mistura é injetada diretamente no preparo cavitário
retenção de ionômero de vidro em áreas de erosão com uma seringa especial. O tempo de trabalho é
cervical é consideravelmente melhor do que para curto e crítico; por isso, é imperativo colocar o ma-
os compósitos. Quando a dentina é condicionada terial com um mínimo de manipulação. Se a fase
utilizando-se uma solução diluída (15o/o a 25%) de gel é interrompida durante os estágios iniciais da
ácido poliacrílico, o ionômero de vidro pode ser reação, as propriedades físicas serão muito baixas
aplicado sem preparo cavitário. Dados clínicos de e a aderência pode ser perdida.
quatro anos mostraram uma taxa de retenção de 75o/o Os melhores resultados são obtidos se as ins-
de restaurações cervicais com ionômero de vidro. truções do fabricante forem seguidas cuidadosa-
As superfícies das restaurações se apresentavam mente, mantendo-se o isolamento, utilizando-se
visivelmente ásperas e alguma descoloração foi procedimentos adequados de condicionamento,
166 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

protegendo-se a restauração da saliva após a inser- nômero híbrido é quase o dobro da apresentada por
ção do material e adiando-se o acabamento final por um ionômero de vidro padrão. Ionômeros híbridos
um dia ou mais, se possível. liberaram mais flúor do que compõmeros e compósi-
tos, mas quase a mesma quantidade que o ionômero
de vidro. A Figura 8-7 ilustra a liberação de íons de
IONÔMERO DE VIDRO flúor a partir de um ionômero de vidro padrão e de
MODIFICADO POR RESINA um ionômero de vidro modificado por resina ao
longo de um período de 30 dias. Há um período
Ionômeros de vidro modificados por resina, tam- inicial de alta liberação, que diminui após cerca de
bém conhecidos como ianômeros híbridos, são usados 10 dias, chegando a 1 ppm. Ionômeros de vidro e
para restaurações em áreas de baixa solicitação oclu- ionômeros híbridos recarregam quando expostos a
sal e são recomendados para pacientes com alto tratamentos com flúor ou a dentifrícios fluoretados.
risco de cárie (Tabela 8-2). Essas restaurações são A Figura 8-8 ilustra essa capacidade de recarga com
mais estéticas do que o ionômero de vidro por causa uma curva de liberação tempo-dependente similar.
de seu conteúdo de resina. Exemplos de erosões Na avaliação da eficácia desta liberação, o flúor tem
cervicais, abfrações e restaurações com ionômeros sido medido em amostras de placa imediatamen-
híbridos são mostrados na Figura 8-6. te adjacente a restaurações de ionômero de vidro
(Fig. 8-9). Para esses dois materiais do mesmo fabri-
cante, a placa adjacente à restauração de ionômero
Composição e Reação de vidro modificado por resina apresentou conteúdo
O pó do ionômero de vidro modificado por resi- de flúor significativamente maior do que a placa ad-
na é semelhante ao do ionômero de vidro. O líquido jacente a restaurações de compômero entre dois e 21
contém monômeros, poliácidos e água. O ionômero dias após a inserção das restaurações.
de vidro modificado por resina toma presa pela
combinação de uma reação ácido-base ionoméri-
ca e a polimerização fotoativada do 2-hidroxietil Manipulação
metacrilato. O uso de um agente de união antes Um exemplo de um ionômero híbrido embalado
da inserção do ionômero de vidro modificado por em cápsulas é mostrado na Figura 8-10. Para ionô-
resina é contraindicado porque diminui a absorção meros híbridos embalados a granel, como pó e líqui-
de flúor pela dentina e esmalte. do, a manipulação é aquela conforme descrita para
o ionômero de vidro padrão. A mistura mecânica
das cápsulas de dose unitária fornece uma massa
Propriedades uniforme com muito menos poros grandes que
O ionômero de vidro modificado por resina se podem ser introduzidos durante a espatulação ma-
une à estrutura dentária sem o uso de um agente de nual. Respeitar a relação pó /líquido recomendada é
união. Normalmente, o dente é condicionado com o fundamental para a manutenção das propriedades
ácido poliacrílico ou um primer antes da colocação físicas a longo prazo e sucesso clínico das restaura-
do ionômero híbrido. A resistência à flexão de um io- ções. Ao contrário das restaurações de ionômero de

FIGURA 8-6 Restauração de lesões da superfície radicular. A, Lesões na superfície vestibular de pré-molares inferiores
abrasão/ erosão. B, Restaurações com cimento de ionõmero de vidro modificado com resina e compósitos (Cmtesin de
Dr. Thomas}. Hilton, Portlnnd, OR).
8. MATERIAIS PREVENTIVOS E INTE!Uv!EDIÁRIOS 167

6
Photac-Fill

5 Ketac-Fill
::;; Tetric
Cl.
Cl.
Esmalte
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1
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"O
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1

oL-..:::::;;;;=======::;:===================================-
1 2 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Dias

FIGURA 8-7 Liberação de flúor de cimentos de ionômero de vidro e resina composta em água destilada por 30 dias
(Modificados de Strothers, ]M, Kohn, DH, Dennison, [B, et. AI. 1998. Dent. Mater. 14, 129).

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Photac-Fill
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Dias

FIGURA 8-8 Recaptação de flúor e nova liberação de flúor dos cimentos de ionômero de vidro após a recarga do material
com 1,1% de fluoreto de sódio gel neutro (Modificado de Strothers fM, DH Kohn, fB Dermison, et ai: Dent.Mater 14, 129, 1998).

vidro, ionômeros híbridos tomam presa imediata- IONÔMEROS DE VIDRO


mente quando fotopolimerizados e pode ser subme- MODIFICADOS POR RESINA
tidos a acabamento cinco a 10 minutos após a presa COMO FORRADORES CAVITÁRIOS
inicial. A cor pode ser mantida e a textura da su-
perfície pode ser melhorada pelo acabamento da Ionômeros de vidro modificados por resina tam-
superfície das restaurações de ionômero híbrido bém podem ser usados para revestir as paredes da
em meio úmido (spray de água ou lubrificantes so- dentina de uma cavidade profunda. Quando usado
lúveis em água) e então recobertos com um verniz como um revestimento de cavidade, esses materiais
de proteção ou agente de união. Ionômeros de vidro oferecem isolamento térmico. A técnica dD sa:ruJ.uíche
são uma parte cada vez mais importante da dentís- utiliza um ionômero de vidro modificado por resina
tica operatória tanto para a população mais velha para selar a dentina e oferecer o benefício da liberação
com alta incidência de cárie radicular, pacientes com de flúor e sobre essa camada é aplicado um compó-
xerostomia e fluxo salivar reduzido quanto para as sito resinoso para preencher o restante da cavidade.
crianças com alto risco de cárie. Alguns defendem o uso do ionômero de vidro como
168 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

1.4 ação antibacteriana do hidróxido de cálcio faz com


D Teste que esses cimentos sejam úteis em capeamentos
1,2 • Controle pulpares indiretos envolvendo dentina cariada.
1 Forradores cavitários de hidróxido de cálcio são
fornecidos como pastas que, quando misturadas,
0,8 transformam-se em uma massa dura. A pasta base
1
lJ.. de um produto típico contém tungstato de cálcio,
0,6 fosfato de cálcio tribásico e óxido de zinco em salici-
lato glicólico. A pasta catalisadora contém hidróxido
0,4
de cálcio, óxido de zinco e estearato de zinco em
0,2 sulfonamida de etileno-tolueno. Os ingredientes res-
ponsáveis pela presa são o hidróxido de cálcio e um
o salicilato, que reagem para formar um disalicilato
PF2 PF 21 Hytac 2 Hytac 21 de cálcio amorfo. Partículas tais como tungstato de
dias dias dias dias
cálcio ou sulfato de bário fornecem radiopacidade.
FIGURA 8-9 Total de concentração de flúor na placa Um cimento forrador de hidróxido de cálcio
(micrograma de fluoreto por mg de placa) adjacentes às fotopolimerizável consiste em hidróxido de cálcio
restaurações de ionômero de vidro modificado por resina e sulfato de bário dispersos em uma resina de dime-
e compômero por 21 dias; dentes teste restaurados verst1s tacrilato de uretano. As propriedades importantes
dentes controle não restaurados. dos cimentos de hidróxido de cálcio são as pro-
priedades mecânicas e térmicas, solubilidade e pH.
Pesquisas também mostram que esses cimentos
podem criar pontes de dentina secundárias quando
3MESPE
Kctuc'" Nano __, _ ....
1.Jpt.C.rina (:Ir;~ 1-mtr RMionlh't
aplicados diretamente sobre exposições pulpares.
Cimentos de hidróxido de cálcio (autopolimeri-
9 0..11• ~rre kNK>1111tt
phucotU(ym(Tlillblt do ttt<C11un1flon zaveis) têm baixos valores de resistência à tração
co 11111.llwro dtdllrlo rr~tAur14')r
flllupnthMrlnhlfl e à compressão, ou módulo de elasticidade, em
comparação a bases de alta resistência. Embora os
tempos de presa variem entre 2,5 e 5,5 minutos, a
resistência à compressão desses cimentos continua
aumentando ao longo de um período de 24 horas.
Para um grupo de cinco produtos comerciais, a re-
sistência à compressão variou entre 6,5 e 14,3 MPa
FIGURA 8-10 Ionômero de vidro modificado por em 10 minutos para valores entre 9,8 e 26,8 MPa
resina disponível para espatulação manual ou encap- em 24 horas. O baixo módulo de elasticidade dos
sulados para mistura mecânica (Cortesia de Produtos 3M cimentos de hidróxido de cálcio restringe seu uso a
ESPE Dental, St. Paul, MN). áreas especificas que não são essenciais para suportar
a restauração.
forrador para aliviar tensões resultantes da contração A solubilidade do hidróxido de cálcio foi medida
do compósito durante de polimerização. Cimentos de em vários solventes em diversos períodos de imer-
ionômero de vidro forradores se unem à dentina com são e foi considerada significativa. Alguma solubili-
resistência de união medida em tração que varia entre dade do hidróxido de cálcio é necessária para atingir
2,0 e 4,9 MPa. Esses cimentos também aderem a com- suas propriedades terapêuticas, apesar de um valor
pósitos restauradores. Cimentos de ionômero de vidro ideal não ser conhecido. O condicionamento ácido e
forradores liberam ions flúor e são radiopacos. Mais o uso de verniz na presença de cimento de hidróxido
aspectos sobre o ionômero de vidro utilizado como de cálcio devem ser feitos com cuidado. O pH dos
cimento podem ser encontrados no Capítulo 13. produtos comerciais foi determinado entre 9,2e11,7.
Hidróxido de cálcio livre em excesso é necessário
para formar o disalicilato de cálcio, que estimula a
HIDROXIDO DE CÁLCIO COMO dentina secundária em proximidade com a polpa
FORRADORES CAVITÁRIOS e mostra atividade antibacteriana. Cimentos de hi-
dróxido de cálcio são usados principalmente na pro-
Cimentos de hidróxido de cálcio são usados para teção pulpar direta e em áreas profundas especificas
o revestimento de áreas específicas de cavidades de um preparo cavitário. O cimento de ionômero de
profundas ou para o capeamento pulpar direto. A vidro modificado por resina fotopolimerizável é a
8. MATERIAIS PREVENTIVOS E INTE!Uv!EDIÁRIOS 169

melhor escolha para o revestimento de cavidades frequente consumo de carboidratos fermentáveis e


em geral por causa de sua liberação de flúor, da (3) fluxo e função salivares abaixo do normal. Os
diminuição da solubilidade e das propriedades três fatores protetores são (1) fluxo e componentes
A • •
mecarucas superiores. salivares normais, (2) flúor e (3) antibacterianos.
Os dois componentes salivares necessários para
remineralização são o cálcio e o fosfato. O fluoreto
VERNIZES FLUORETADOS aumenta a remineralização.
Formulações de fosfato de cálcio têm sido de-
Vernizes que contêm flúor o liberam topicamente senvolvidas para serem adicionadas a dentifrícios,
para a superfície dos dentes em pacientes com risco vernizes e goma de mascar (Fig. 8-11). Uma tecno-
de cárie. Os vernizes são usados rotineiramente para logia remineralizadora com base em fosfopeptideos
aplicação tópica, geralmente após uma profilaxia. de caseína - fosfato de cálcio amorfo (CPP-ACP)
Produtos contêm fluoreto de sódio a So/o (2,26°/o P- se mostrou eficaz na remineralização de lesões de
ou 22.600 ppm) ou difluorsilano a 1º/o (0,1 % F- ou esmalte subsuperficiais, estabilizando íons cálcio e
1.000ppm). O flúor é dissolvido em um solvente fosfato em níveis elevados. Quando adicionado à
orgânico que evapora quando aplicado ou toma goma de mascar sem açúcar em um ensaio clínico
presa quando exposto à umidade, deixando uma fina randomizado controlado, foi demonstrada uma
película de material que cobre todas as superfícies ex- redução de 18% na progressão da cárie após 24
postas do dente. O mecanismo de ação de um verniz meses. Em forma de pasta, o complexo CPP-ACP
fluoretado é semelhante ao de um bochecho com tem se mostrado eficaz em reverter lesões iniciais
flúor. Fluoreto de cálcio é depositado sobre a superfí- de cárie e estabilizar sua progressão.
cie do dente e, mais tarde, convertido em fluorapatita Um vidro bicativo (fosfossilicato de cálcio e só-
por meio de uma reação de remineralização. dio), originalmente desenvolvido como um material
Uma vantagem do verniz fluoretado é o tempo de regeneração óssea, é capaz de se depositar sobre
prolongado de exposição do ingrediente ativo flúor superfícies de dentina e ocluir mecanicamente os
contra a superfície do dente. Em vez de segundos, co- túbulos dentinários quando liberado em um den-
mo acontece com um enxaguatório bucal, pode levar tifrício. Quando combinado com níveis de flúor
horas até o verniz desaparecer. Foi relatado que um terapêuticos, esse material aumenta a remineraliza-
verniz à base de ionõmero de vidro modificado por ção de lesões de cárie in situ..
resina libera flúor por até seis meses. Estudos clínicos
têm documentado a eficácia do verniz em tratamento
de crianças com risco de cárie, com redução de inci-
dência por volta de 700/o. Outro potencial uso para esse • •CG, 1

tipo de material é na prevenção de cáries radiculares


GC /
em populações idosas, que tem as superfícies radi- MI
culares expostas, e com risco de exposição cada vez Pfste
maior com o envelhecimento. A aplicação semestral Ptus~
de verniz fluoretado parece ser altamente eficaz. São
necessárias mais pesquisas para documentar a impor-
tância da utilização desses materiais em pacientes com
risco de cáries moderado a elevado.

REMINERALIZAÇÃO
Remineralização é um processo natural de re-
paro de lesões de cárie. Níveis elevados de flúor
em dentifrícios têm se mostrado eficazes na remi-
neralização da cárie radicular. Uma pasta de den-
tes com S.OOOppm F- remineraliza 76% das lesões
em comparação a 35% de um grupo de 1.lOOppm
F·. O conceito de equilíbrio da cárie proposto por
Featherstone descreve três fatores patológicos e três
fatores de proteção da cárie dentária. Os fatores pa- FIGURA 8-11 Pasta para remineralização do esmalte
tológicos são (1) bactérias produtoras de ácido, (2) (Orrtesia da GC A111erica, Alsip, IL).
170 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

PROBLEMAS SELECIONADOS

PROBLEMA 1 PROBLEMA 5
Qual é a vantagem de um verniz fluoretado diante Avaliação pós-operatória de um selante recém-co-
de outros meios de aplicação de flúor para os dentes? locado pode revelar alguns poros na subsuperfície ou
alguma comunicação com a superfície externa. Que
Solução variáveis podem ser controladas para minimizar esse
São duas vantagens: uma delas é a maior concen- problema?
tração de flúor utilizada, e a outra o tempo prolongado
de exposição dos dentes ao ingrediente ativo de flúor Solução
em comparação a outras formas de aplicação tópica. O problema pode ser minimizado por meio do
controle das seguintes variáveis: (1) se possível, evitar
misturar ou agitar o selante depois que ele é dispen-
PROBLEMA 2 sado para aplicação, ou usar um resina fotoativada;
Por que os selantes de fóssulas e fissuras são (2) evitar o uso de um pincel para aplicação, que
necessários para controle da cárie em superfícies tende a levar excesso de material e incorpora ar; (3)
oclusais de dentes permanentes? uso de um aplicador com ponta de bola, o que per-
mite a aplicação de quantidades menores de material
Solução para locais específicos na superfície do dente com
Fóssulas e fissuras nas superfícies oclusais dos manipulação mínima do selante; (4) evitar a conta-
dentes permanentes são suscetíveis à cárie porque seu minação por umidade durante a aplicação, pois pode
tamanho e sua morfologia servem como abrigo para produzir vazios subsuperficiais por meio da absor-
organismos e obstruem os procedimentos de higiene ção de água; (5) evitar o uso de um material além de
oral. Como resultado, tratamentos à base de aplicação sua vida útil ou que tenha sido armazenado em um
de flúor não são eficazes na redução da cárie em fóssu- ambiente quente, porque o aumento da viscosidade
las e fissuras oclusais. resulta em aprisionamento de ar durante a aplicação e
(6) evitar a aplicação do selante em uma superfíáe sem
molhabilidade ou inadequadamente condicionada.
PROBLEMA 3
Ao selecionar-se um material como selante de
fóssulas e fissuras, quais características de um selante PROBLEMA 6
de resina com carga são relevantes? Seis meses após a aplicação do selante, um pri-
meiro molar foi clinicamente avaliado em consulta de
Solução revisão e não foi encontrado nenhum selante. Quais
As características relevantes são melhores pro- são as possíveis causas para esse fracasso precoce?
priedades físicas e resistência à abrasão melhorada
(mas interferências oclusais devem ser ajustadas após Solução a
a inserção); uma viscosidade ligeiramente superior a Urna das causas pode ser a superfície do esmalte
um selante sem carga, mas urna vi~cosidade muito inadequadamente preparada, possivelmente o re-
menor do que um compósito; e um melhor controle sultado de (1) falha em remover película e detritos
nos procedimentos de aplicação. da superfície por falta de profilaxia pré-operatória;
(2) condicionamento ácido inadequado por utilização
de condicionador concentrado ou diluído, exposição
PROBLEMA 4 ao condicionador por tempo insuficiente ou presença
Ao selecionar-se um selante, quais características de esmalte ácido-resistente com alta composição de
de um selante resinoso sem carga são relevantes? flúor; (3) lavagem insuficiente da solução de ácido
ou gel, deixando os sais contaminantes presentes
Solução reduzir a energia de superfície; (4) contaminação ou
As características relevantes são menor viscosidade; umidade salivar durante a aplicação do selante; ou
menor resistência ao desgaste (mas, em presença de con- (5) contaminação do local do esmalte condiáonado
tatos prematuros oclusais, vai se desgastar rapidamen- por óleo ou água do ar comprimido utilizado para
te); e menor controle nos procedimentos de aplicação. a secagem.
8. MATERIAIS PREVENTIVOS E INTE!Uv!EDIÁRIOS 171

Solução b PROBLEMA 8
Um segundo fator causal pode ser a p olimerização Embora a resistência de união do ionômero de
inadequada do selante fotoativado, possivelmente o vidro à dentina seja menor do que a de compósitos,
resultado de (1) a fonte emissora de luz foi mantida experiências clínicas têm demonstrado qu e a retenção
m uito acima da superfície do dente; (2) fracasso em de ionômero de vidro para áreas de erosão cervical
fazer múltiplas aplicações de luz para expor com- são melhores. Por quê?
p letamen te toda a superfície; (3) tempo de exposição
inadequado para a fon te de luz; (4) uso de um selante Solução
que tenha sido previamente exposto à luz ou qu e te- Embora a resistência de união de ionômero de
nha sido usado além de sua vida ú til; ou (5) uso de vidro à dentina seja de apenas 2 a 3MPa, durante
um selante opaco ou com cor forte, sem aumentar o a reação de presa ocorre quelação com o cálcio na
tempo de exposição. superfície dentária, produzindo uma união adesiva,
enquanto a união de compósitos à estrutura dentária
é essencialmente micromecânica.
PROBLEMA 7
Nas avaliações periódicas, selantes podem apre-
sentar uma mancha laranja-marrom junto a áreas PROBLEMA 9
marginais específicas, o que é um indicativo de fa- Em comparação a ionômeros de vidro e compó-
lha de união e de infiltração marginal. Quais são os sitos, quais são as vantagens de ionômeros tubridos
fatores causais para esse fracasso? para regiões de baixa solicitação oclusal?

Solução Solução
Os fatores causais são preparo inadequado do A resistência à flexão de ionômeros tubridos é
esmalte no local da falha ou contaminação do esmalte cerca de duas vezes maior do que aquela apresentada
condicionado; sobre-extensão do selante além da pelo ionômero de vidro. Eles liberam mais fluoreto
periferia do esmalte adequadamente condicionado; e do que os compósitos e são mais estéticos do que o
força oclusal funcional diretamente sobre as extensões ionômero de vidro.
finas de selante, produzindo tensões que excedem a
resistência de união do selante ao esmalte.

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CAPÍTULO

9
Materiais Restauradores -
Compósitos e Polímeros

SUMÁRIO

Compósitos Universais Compósitos para Aplicações Especiais


Composição Compósitos Microparticulados
Visão Geral e Classificação Compósitos Co1npactáveis (packnble
Mat?iz Resinosa composites)
Cargas e Classificação dos Compósitos Co1npósitos de Baixa Viscosidade (flowable
Nanocargas e Nanocompósitos composites)
Inte:tface e Agentes de Ligação Compósitos para Uso Laboratorial
Iniciadores e Aceleradores Compósitos para Confecção de Núcleos
Pigmentos e Outros Componentes Compósitos Provisórios
Reações de Polimerização lonômeros de Vidro
Polimerização de Compósitos de Metacrilato Componentes e Reação de Presa de
Polimerização de Compósitos de Silorano Ionômeros de Vidro Convencionais
Apresentação Con1ercial Cermets
Compósitos Fotoativados Componentes e Reação de Presa de Ionômeroo
Compósitos Ativados Quimicamente e de de Vidro Modificados por Resina
Cura Dual Siste1na de Ionômero co1n Tripla Cura
Propriedades dos Cornpósitos Nanoionôn1ero
Visão geral Embalage1n dos Ionômeros de Vidro
Propriedades Físicas Aplicações Clínicas dos Ionômeros de Vidro
Tempos de Trabalho e de Presa Propriedades dos Ionô1neros de Vidro
Contração e Tensao de Polimerização Propriedades Físicas, Me_cânicas e Térmicas
, Térmicas
Propiiedades Liberação e Captura de Ions Fluoreto
Sorçào de Agua Adesão
Solubilidade Compômeros
Cor e Estabilidade de Cor Composição e Reação de Presa
Propriedades Mecânicas Propriedades
Resi.stência e Módulo Manipulação
Dureza Knoop Aparelhos Fotopolimerizadores
Resi.stência Adesiva a Substratos Dentários Visão Geral
Esmalte e Dentina
Aparelhos de Luz Halógena de
Out?·os Substratos
Quartzo-Tungstênio-Halogênio
Propriedades Clínicas
Aparelhos LED
Profundidade de Polimeiização (compósitos
fotoativados) Aplicações dos Polímeros em Prótese
Radiopacidade Forma e Composição
Taxas de Desgaste Pó
Biocompatibilidade Uquido

175
176 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Um biomaterial compósito, conceito introduzido apresentarem propriedades mecânicas elevadas


no Capítulo 4, pode ser descrito como um sólido para uso em áreas de tensões elevadas. O ionômero
que contém dois ou mais materiais ou fases cons- de vidro e o ionômero de vidro modificado por re-
tituintes distintas, considerando-se uma escala sina são indicados em alguns casos como materiais
maior que a atômica. Nesses materiais, as proprie- restauradores, geralmente em pequenas lesões,
dades mecânicas, como o módulo de elasticidade, especialmente quando uma ou mais margens estão
são significativamente modificadas em compara- em dentina e em áreas com atividade de cárie.
ção com um material homogêneo, constituído por Os compósitos à base de resina foram inicial-
apenas uma das fases. Esmalte, dentina, osso e mente desenvolvidos no início dos anos 1960 e re-
polímeros reforçados são considerados compósitos, sultaram em materiais com propriedades mecânicas
mas não ligas, como as de bronze. A capacidade de superiores aos acrílicos e silicatos, menor coeficiente
modificar as propriedades de um objeto na escala de dilatação térmica, menor alteração dimensional
macro, baseada no controle dos seus constituintes durante a cura e maior resistência ao desgaste,
individuais, é uma grande vantagem no uso de apresentando portanto um melhor desempenho
materiais compósitos. clínico. Os primeiros compósitos eram quimicamen-
Em odontologia, o termo compósito resinoso* te ativados; na geração seguinte, eram compósitos
geralmente se refere a um sistema polimérico refor- fotoativados, cuja reação era iniciada por radiação
çado, indicado para a restauração de tecidos duros, com comprimentos de onda ultravioleta (UV). Es-
como esmalte e dentina. O termo adequado em tes foram mais tarde substituídos por compósitos
ciência dos materiais é campósito de ·matriz polimérica ativados por luz com comprimentos de onda vi-
ou, para aqueles compósitos com cargas particula- síveis. Aperfeiçoamentos contínuos na tecnologia
das geralmente indicados para restaurações diretas, de compósitos resultaram nos materiais modernos,
campósito de matriz polimérica reforçadn por partículas. com excelente durabilidade, resistência ao desgaste
Neste capítulo, o termo compósito resinoso se refere e que mimetizam a estética dos dentes naturais. Em
aos materiais de matriz polimérica reforçada, in- particular, a incorporação da nanotecnologia no
dicados como materiais restauradores. A classe controle da arquitetura das cargas trouxe melhorias
de materiais denominados ionômeros de vidro ainda mais dramáticas para estes materiais. Além
convencionais (glass ionnmers, Gis) e ionômeros de disso, o desenvolvimento de agentes de união com
vidro modificados por resina (resin-modified glass a função de aderir os compósitos à estrutura dental
ionomers, RMGI) também estão incluídas na classe (Capítulo 13) também melhorou a longevidade e
científica dos materiais compósitos, mas como estes o desempenho das restaurações. A classificação
materiais são à base de água e possuem reação de quanto ao tipo de preparo e à categoria de com-
presa do tipo ácido-base, eles vêm sendo tradicio- pósito recomendada está listada na Tabela 9-1. As
nalmente categorizados como uma classe à parte. características dessas categorias de compósito estão
É importante lembrar, entretanto, que um grande resumidas na Tabela 9-2.
número de materiais biológicos, incluindo esmal- Os ionômeros de vidro também foram desenvol-
te, dentina, osso, tecido conjuntivo, músculo e até \ridos na década de 1960 e baseiam-se numa reação
mesmo células são classificados como compósitos ácido-base entre um pó de vidro de fluoroaluminos-
dentro da ampla gama da engenharia de materiais silicato (FAS), similar aos utilizados em cimentos de
biológicos. silicato, e uma solução aquosa de ácidos policar-
Compósitos resinosos são indicados para a boxilicos, resultando na formação de um cimento.
substituição de estrutura dentária ausente e pa- Estes eram menos propensos à dissolução que os
ra modificar a cor e o contorno dos dentes, me- silicatos, mas os primeiros materiais sofriam com
lhorando assim a estética. Um grande número a difícil manipulação, a sensibilidade de técnica
de compósitos comerciais está disponível para as e a estética ruim. Os avanços nesses materiais con-
diferentes aplicações. Tradicionalmente, alguns tinuaram e os materiais modernos apresentam pro-
foram otimizados para uma melhor estética e ou- priedades melhoradas. Os ionômeros de vidro mo-
tros foram projetados para áreas sujeitas a tensões dificados por resina foram inventados no final dos
mais elevadas. Recentemente, surgiram os nano- anos 1980 com a intenção de manter as vantagens
compósitos, desenvolvidos tanto para fornecerem da liberação de flúor e da adesão clínica dos GICs
características estéticas excelentes quanto para convencionais e ainda proporcionar a facilidade
da fotopolimerização e a boa estética dos materiais
•Nota da Revisão Científica: o termo "resina com- resinosos. O uso de nanotecnologia nos ionômeros
posta", apesar de consagrado pelo uso, constitui uma de \ridro modificados por resina resultou em estética
tradução incorreta do termo original. melhorada destes materiais.
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 177

TABELA 9-1 Tipos de restauração e compósitos COMPÓSITOS UNIVERSAIS


recomendados

Tipo de Compósitos recomendados Composição


restauração Visão Geral e Classificação
Classe 1 Universal, nanocompósito, micropar- A resina composta é constituída por quatro com-
ticulado condensáveis (posterior)• ponentes principais: matriz polimérica orgânica,
e compômero (posterior)• partículas de carga inorgânica, agente de ligação e o
Classe li Universal, nanocompósito, conden- sistema iniciador-acelerador. A matriz de polímero
sável, laboratorial, microparticulado orgânico na maioria dos compósitos comerciais
(posterior)• e compômero (posterior)• atuais é uma matriz reticulada de monômeros de
dimetacrilato. Os monômeros mais comuns são
Classe lll Universal, nanocompósito, micropar-
os dimetacrilatos aromáticos. As ligações duplas
ticulado e compômero
presentes em cada extremidade dessas moléculas
Classe IV Universal e nanocompósito apresentam polimerização por adição iniciada por
Classe V Universal, nanocompósito, micropar- radicais livres. Embora esses monômeros possam
ticulado e compômero fornecer propriedades ópticas, mecânicas e clinicas
excelentes, eles são bastante viscosos e precisam ser
Classe VI (MOD) Compactável, nanocompósito
misturados com diluentes monoméricos de baixo
Lesões cervicais flowable e compõmero peso molecular para que tenham uma consistência
Restaurações flowable e compõmero clinica trabalhável quando da incorporação das car-
pediátricas gas. Mais recentemente, compósitos de baixa con-
tração foram introduzidos, contendo, por exemplo,
Coroa ou ponte Laboratorial (reforçado por fibras)
monômeros com grupos funcionais terminais epóxi
de três elementos
(também conhecido como oxirano). A polimerização
Infraestrutura Laboratorial (aderida) desses monõmeros é iniciada por cátions. Outras
metálica resinas compostas comerciais utilizam vários monô-
Núcleo de preen- compósito para núcleo meros e tecnologias de carga diferentes para reduzir
chimento a contração ou a tensão de polimerização.
As partículas de carga inorgânica dispersas
Restauração compósito provisório
temporária podem ser constituídas por um ou mais materiais
inorgânicos, como quartzo ou vidro finamente
Pacientes com alto lonõmero de vidro, ionõmero híbrido moído, cerâmicas obtidas por síntese sol-gel, sílica
risco para cárie (Capítulo 8) microfina ou, mais recentemente, nanopartículas.
MOD, Mésio-oc/uso-distal Diagramas bidimensionais de partículas finas e
*Cm11p6sitos e compômeros especiais de micropart(culas estílo microfinas circundadas por uma matriz de polímero
disponfveis para uso post.eri&r são mostrados na Figura 9-1.

TABELA 9-2 Características dos diferentes tipos de compósitos resinosos

Tamanho das Volume de Características e propriedades de manuseio


partículas partículas
Tipo de compósito de carga (µm) inorgânicas (0/o) Vantagens Desvantagens

Universal 0,04; 0,2-3,0 6(}-70 Alta resistência, alto módulo


Nanoparticulado 0,002-0,075 78,5 Alto polimento, alta resistência,
alto módulo
Micropartículado 0,04 32-50 Melhor polimento, melhor estética Maior contração
Compactável 0,04; 0,2-20 59-80 Compactável, menor contração,
menor desgaste,
Flowable 0,04; 0,2-3,0 42-62 Uso em seringas, baixo módulo Maior desgaste
Laboratorial 0,04; 0,2-3,0 6(}-70 Melhor anatomia e contatos, Custo de laboratório,
menor desgaste equipamento especial,
requer cimento resinoso
178 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

dimetacrilato (UDMA). Ambos contêm ligações


:"\ ..... \
..-: .. ' .

......•• ...
••


. .
. .....
•••• •

• • • • • ••• • •••
..

,
duplas de carbono reativas em cada extremidade,
que podem sofrer polimerização por adição ini-
ciada por radicais livres. O uso de grupamentos
. .• '
,.• •·.a. ....
1
•• • •
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;t• ...
• ·. •:
~
•• ,· .1.
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••
aromáticos oferece uma boa equiparação de seus
, ..
• • • •• • indices de refração aos índices de refração dos vi-
• • •
, ., ..
JO

• ••
••••

•• .,. • ....• ••

• •• • •
• dros radiopacos e, sendo assim, estes grupamentos
fornecem de modo geral melhores propriedades
•• ••
• • :·• ópticas aos comp6sitos. Alguns produtos utilizam
A . ....•• • tanto o monômero Bis-GMA quanto o UDMA .
A viscosidade dos monômeros, principalmente
a do Bis-GMA, é tão alta que é necessário adicionar
•• •••••• diluentes para atingir uma consistência clínica ade-
' .. ...•.•.r·.. • ..........

.• •. ••
• •• "•"' I • • •

..........'......, . . .......... ................. \ quada, quando a resina é combinada com as partí-


..
1 •••• • • • •• •• •

...... '·, ..............


,., ....... __ ,., . culas de carga. Compostos de baixo peso molecular
.• ..,..............
........ .. ,." º.• \ •.º ": . :••º\ ,.. .
com ligações duplas de carbono difuncionais, como o
• • •• .
.... ••• •,• .. ,,• .... • • • • :···.• dimetacrilato de trietileno glicol (TEGDMA) ou
•• •
~.-.: ·'·" ............... :..
• • . . . .• "' 1 • • • • •
o Bis-EMA 6, apresentados a seguir, são adicionados
• .• ..,,.,
• • .. ...
• •, • • • • ••.• ...
•"•º"""}"'·············· ·
• • .. 1 • • • •

• • pelos fabricantes p ara reduzir e controlar a viscosi-


.• •••..l..• .• • .• .• .... '. ...
• •• ···:.·: •.•• •\º•.· •••
• .. ' • • •• 1 • •• •• .. • ..
dade dos comp6sitos.
......,..:. .•.....
...,..·,'· .,......
...
'
1 • • • .,.

MONÔMEROS METACRILATO S DE BAIXA


B • • ••• •
CONTRAÇÃO
Uma variedade de monômeros de metacrilato tem
FIGURA 9-1 Diagramas bid lmensionais de compósitos
sido utilizada em produtos comerciais novos, introdu-
com partículas A, finas e, B microfinas (De Craig RG, Powers
/M, WataJm /C: Malerin·is De11Mrios: Propriedades e Manip11la- zidos desde 2008, para controlar a contração volumé-
ção, ed 8 Mosby: SI. Louis, 2004). trica e as tensões de polimerização dos compósítos.
Em linhas gerais, a abordagem se baseia no aumento
da clistância entre os grupos metacrilato, resultando
O agente de ligação, um organosilano (muitas em uma menor densidade de ligações cruzadas ou no
vezes chamado de si/ano), é aplicado pelo fabricante aumento da rigidez dos monômeros. Alguns exem-
às partículas inorgânicas para tratar a superfície das plos incluem o uso de dímeros ácidos, a incorporação
cargas antes de estas serem adicionadas à mistura de unidades cicloalifáticas e unidades fotocliváveis
de monômeros não reagidos. Silanos são chamados de para aliviar as tensões pós-polimerização.
agentes de ligaçào porque eles fazem a união entre as Os agentes de união (sistemas adesivos) utiliza-
fases orgânicas e inorgânicas do compósito. Uma dos com esses comp6sitos também são preparados a
das extremidades da molécula contém grupos fun- partir de monômeros orgânicos similares, de modo
cionais (como o n1etoxi), que hidrolisam e reagem que sejam compatíveis com os compósitos.
com as cargas inorgânicas; e a outra extremidade
tem uma ligação dupla de metacrilato que copoli- MONÔMERO SILORANO D E BAIXA
meriza com os monômeros. CONTRAÇÃO
O papel do sistema iniciador-acelerador é de Um novo sistema monomérico chamado silo.,a-
polimerizar e reticular o sistema para formar uma no foi desenvolvi.do para reduzir a contração e as
massa endurecida. A reação de polimerização pode tensões internas resultantes da polimerização. O
ser desencadeada por fotoativação, autopolimeriza- nome si/urano foi cunhado a partir de sua co.mposição
ção (ativação química) e cura dual (ativação química química em blocos de süoxano e oxi'fano (também co-
e através da luz). nhecido como epóxi). O composto qu!mico siloxano
fornece hidrofobicidade ao composto. O composto
Ma.t riz Resinosa oxirano apresenta reticulação pela abertura dos anéis
MONÔMEROS M ETACRILAT O S epóxi via polimerização catiônica. Sistemas iniciado-
Os monômeros utilizados na composição da res especiais são necessários para a polimerização
matriz resinosa, em sua maioria, são compostos dos siloranos (descrito na seção sobre iniciadores).
dímetacrilatos. Os dois oligômeros utilizados mais A escolha do L de carga deve ser feita com cuidado,
comumente são o 2,2-bis[4(2-hidroxi-3-metacrilo- pois se a superfície da partícula apresentar qual-
xi-propiloxi)-fenil] propano (Bis-G.MA) e o uretano quer basicidade residual (como em alguns vidros
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 179

Estrutura do Bis-GMA

Estrutura do UDMA.

Estrutura do TEGDMA.

Estrutura do Bis-EM A 6.

e sistemas obtidos por sol-gel), o compósito pode mais eficiente. Recentemente, cargas nanométricas,
se tomar instável. Além disso, um sistema adesivo que serão descritas na seção Na.nncargas e Na:TWcom-
especifico deve ser usado para a adesão destes ma- pósitos, foram introduzidas em compósitos.
teriais durante o procedimento clinico. Há um método prático para classificar os com-
pósitos dentários pelo tamanho, pelo formato e
Cargas e Classificação dos Comp6sitos pela distribuição das partículas. Esta classificação
As cargas compõem uma parte importante em é apresentada a seguir.
volume ou em peso do compósito. A função da
carga é reforçar a matriz resinosa, fornecer o grau MACROPARTÍCULAS
adequado de translucidez e controlar a contração Os compósitos mais antigos eram de macropar-
volumétrica do compósito durante a polimeriza- tículas. Estes compósitos continham partículas es-
ção. As cargas têm sido tradicionalmente obtidas féricas grandes ou de formato irregular com tama-
pela moagem de minerais como quartzo, vidros nho médio de 20 a 30 µ.m. Os compósitos resultantes
ou cerâmicas obtidas por síntese sol-gel. A maioria apresentavam grande opacidade e baixa resistência
dos vidros contém metais pesados, como óxidos de ao desgaste.
bário ou zinco, para fornecer radiopacidade e per-
mitir a visualização do compósito quando exposto COMPÓSITOS HÍBRIDOS E
a raios-x. É vantajoso ter uma distribuição de tama- MICRO-HÍBRIDOS
nho das cargas para que as partículas menores se Os compósitos híbridos são preparados com dois
encaixem nos espaços entre as partículas de maior tipos de cargas misturadas: (1) partículas finas com
tamanho, atingindo, assim, um empacotamento tamanho médio de 2 a 4 µ.me (2) 5 a 15%, de partículas
180 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

o
o~

Estrutura de u1n monômero com unidades cicloalifáticas

Estrutura de um monômero com unidades fotocliváveis

o
o

Siloxano

Ox irano
o
Silorano

Eatrutura do sil orano

microfinas, geralmente sílica, com tamanho de par- dos para suportar as tensões de certas aplicações. No
tículas de 0,04 a 0,2 µ.m. Em compósitos micro-hi- entanto, eles perdem o polimento superficial com o
bridos, partículas finas de menor tamanho médio tempo e se tomam ásperos e rugosos.
(0,04 a 1 µ,m) são misturadas com sílica microfina.
As partículas finas podem ser obtidas por moagem NANOCOMPÓSITOS
de vidro (p. ex., vidro de borossilicato, vidro de Recentemente, a incorporação da nanotecnologia
aluminossilicato de lítio ou de bário, vidro de estrôn- na concepção e na fabricação de compósitos tem me-
cio ou de zinco), quartzo ou materiais cerâmicos e têm lhorado muito suas propriedades. Os nanocompósi-
formatos irregulares. A distribuição de partículas de tos descrevem essa classe de compósitos. A tecnologia
carga fornece empacotamento eficiente de modo que a de nanopartículas é descrita na próxima seção.
incorporação de uma alta porcentagem de carga é pos-
sível mantendo-se uma boa consistência e pegajosida- Nanocargas e Nanocomp6sitos
de para utilização clinica. Compósitos micro-híbridos O mais recente avanço na tecnologia de compó-
podem conter de 60o/o a 70% em volume de carga, sitos tem sido o uso da nanotecnologia no desenvol-
o que, dependendo da densidade da carga, resulta vimento de cargas. A nanotecnologia é a produção
em 77°k a 84% em peso do compósito. A maioria dos de materiais e estruturas funcionais na faixa de 1 a
fabricantes reporta a concentração de partículas de 100 nanômetros (nm) - a nanoescala - por vários
preenchimento em porcentagem em peso (rveighí % ou métodos físicos e químicos. A nanotecnologia re-
v.rt%). Uma micrografia típica de cargas de vidro finas quer dispositivos e sistemas para criar estruturas
é mostrada na Figura 9-2, A. Compósitos lubridos e que têm novas propriedades e funções por causa
micro-híbridos possuem boa resistência ao desgaste de seu tamanho pequeno. Assim, implica na capaci-
clinico, boas propriedades mecânicas e são adequa- dade de controlar e manipular estruturas em escala
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 181

do o tipo mais prevalente de nanomaterial utilizado


em compósitos odontológicos. Atualmente, existem
dois tipos diferentes de compósitos odontológicos
disponíveis que contêm nanopartículas:
a. Nanocompósitos - estes contêm partículas
de tamanho nanométrico (1-lOOnm) em toda a
matriz de resina. Partículas maiores não estão
presentes.
b. Nano-híbridos - consistem em partículas
grandes (0,4 a 5 microns) com a adição de
partículas nanométricas. Desta forma, eles
são materiais híbridos, e não nanocompósitos
verdadeiros.

NANOCOMPÓSITOS
Todas as partículas de um nanocompósito ver-
dadeiro estão na escala nanométrica. Existem vários
motivos para se incorporar cargas nanométricas em
compósitos odontológicos. Primeiro, o tamanho das
nanopartículas é menor que o do comprimento de
onda da luz visível (400-800nm), o que oferece a
possibilidade de desenvolvimento de materiais alta-
mente translúcidos. Além disso, a área de superfície
das nanopartículas é bastante grande em relação ao
volume. Os tamanhos das menores nanopartículas
se aproximam daqueles das moléculas de polímero
e, desta forma, elas podem interagir em escala mo-
lecular com a matriz de resina.
Dois tipos de nanopartículas vêm sendo sinteti-
zadas e utilizadas para a elaboração dessa classe de
compósito. O primeiro tipo consiste em partículas
nanométricas, essencialmente partículas de sílica ou
zircônia, monodispersas, não agregadas e não aglo-
meradas. A superfície das nanopartículas é tratada
com agentes de ligação silano que lhes permitem
serem ligadas à matriz de resina quando o compó-
sito é polimerizado. Nanômeros são sintetizados
a partir de sols, resultando em todas as partículas
com o mesmo tamanho. Por este motivo, se apenas
partículas nanoméricas forem usadas para preparar
composições com alto teor de carga, as propriedades
reológicas do compósito serão bastante ruins. Para
superar esse problema, um fabricante desenvolveu
FIGURA 9-2 Eletromicrografias de varredura dos um segundo tipo de nanocarga, que é chamado de
tipos de cargas. A, Cargas inorgânicas finas; B, Cargas de na1waglomerado. O nanoaglomerado é composto
sílica microfinas; C, Cargas de sílica microfinas em matriz por óxidos nanoméricos levemente sinterizados,
polirnérica.
formando aglomerados com distribuição controlada
de tamanho de partículas. Nanoaglomerados vêm
atômica e/ ou molecular. Apesar de nanocompósitos sendo sintetizados a partir de sois de sílica, bem co-
verdadeiros deverem apresentar todas as partículas mo de óxidos mistos de sílica e zircônia. O tamanho
no tamanho nanométrico, o termo nanotecnologia é principal dos nanômeros utilizados para preparar
utilizado de maneira exagerada e muitas vezes é mal- os aglomerados varia de 5 a 75 nm.
-empregado, quando da descrição de um material. É importante lembrar que, em um nanoaglome-
Até o momento, as nanopartículas de óxidos têm si- rado, as nanopartículas ainda mantêm sua forma
182 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

individual, tal qual um cacho de uvas. Os aglome- dos nanômeros, nanoaglomerados e partículas mi-
rados podem ser produzidos para apresentarem cro-híbridas convencionais são facilmente percep-
uma distribuição de tamanho ampla, variando de tíveis em micrografias por microscopia eletrônica
lOOnm até o nível submicrométrico, e têm um tama- de transmissão (transrnission electronic tn.icroscopy,
nho médio de 0,6 micrômetros. A Figura 9-3, A, TEM) de compósitos preparados a partir dessas
mostra uma imagem de microscopia eletrônica de cargas. A Figura 9-4, A, mostra uma imagem de
varredura (MEV) de um nanoaglomerado de sílica TEM de um nanocompósito preenchido apenas
em um produto comercial após a matriz de resina com nanopartículas de 75 nm de diâmetro; Figu-
ter sido removida por lavagem com acetona. Neste ra 9-4, B, mostra um nanocompósito preenchido
material, a superfície dos nanoaglomerados é tra- com uma mistura de nanoaglomerados apenas e
tada com um agente de ligação silano para fornecer a Figura 9-4, C, mostra uma composição micro-hí-
compatibilidade e ligação química com o sistema de brida convencional. Até o momento, há apenas um
resina. A Figura 9-3, B, mostra a imagem de uma nanocompósito odontológico verdadeiro disponível
micrografia de um nanoaglomerado constituído comercialmente. Na fabricação desse compósito,
por sílica e zircônia. As diferenças na arquitetura uma combinação de partículas nanoméricas e na-
noaglomerados é utilizada em um proporciona-
mento ideal. A Figura 9-5, A, mostra um diagrama
esquemático desse nanocompósito contendo uma
mistura de nanoaglomerados e partículas de preen-
chimento nanoméricas e a Figura 9-5, B, um TEM do
nanocompósito, mostrando a presença de ambos os
tipos de carga nanométricas.
O que toma o nanocompósito um material
único é que ele tem a resistência mecânica de um
micro-híbrido, mas ao mesmo tempo mantém a li-
sura durante seu uso clínico como um compósito de
micropartículas. O brilho inicial de muitos compósi-
tos restauradores é muito bom, mas em compósitos
híbridos (micro-híbridos, nano-Jubridos) a perda das
partículas de preenchimento maiores leva à perda de
brilho. Por outro lado, no nanocompósito, os nanoa-
glomerados se desgastam em uma taxa semelhante
à da matriz circundante durante a abrasão. Isso
permite a restauração manter sua superfície mais
lisa com retenção do polimento em longo prazo. A
análise óptica da manutenção do polimento pode ser
feita usando-se microscopia de força atômica após o
ensaio de abrasão por escovação prolongada.
Cargas nanométricas também oferecem van-
tagens quanto às propriedades ópticas. Em geral,
é desejável que os compósitos odontológicos não
pigmentados possuam opacidade visual baixa. Isto
permite a criação de uma ampla gama de tons e opa-
cidades, de modo que o clínico possa projetar uma
restauração altamente estética. Em compósitos do
tipo híbridos, as partículas variam de 0,4 a 3,0 µ.m de
tamanho. Quando as partículas e a resina possuem
FIGURA 9-3 A, Micrografia eletrônica de varredura índices de refração diferentes, que medem a capaci-
(MEV) de um nanoaglomerado de sílica em um compósito dade do material de transmitir luz, as partículas es-
comercial 3Ml'M ESPETMFiltek'rMSupreme. B, Imagem
palharão a luz, resultando em um compósito opaco.
de um nanoaglomerado de zircônia-sOica em FiltekTM
Supreme Ultra (A, cortesia do Dr. ]arge Perdigão, Uniuersity of
As partículas de preenchimento nanométricas são
Minnesota; B, de SARodrigues fr., SS Sdierrer, ]LFerracane, A muito menores do que o comprimento de onda da
Della Bona Microstructural characterization and frachtre beha- luz, tornando-as não mensuráveis quanto ao ín-
vior ofa nricrohybrid anda nanofill cmttposite. Dental Materiais, dice de refração. Quando a luz entra, os maiores
Volume 24, Issue 9, September 2008, Pages 1281-1288). comprimentos de onda atravessam diretamente o
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 183

FIGURA 9,4 A, Imagem de Micrografia eletrônica de transmissão (TEM) de compósitos com nanoaglomerados de
partículas (x 300.000 de aumento). B, TEM de compósitos com partículas nanoméricas (x 60.000 de aumento). C, Imagem
de TEM de compósito com cargas lubridas (x 300.000 de aumento) (A, B e C de SB Mitra, Wu D, BN Holmes: Dent }. Atn
Assoe 134, 1382, 2003).

compósito e o material aparenta alta translucidez.


Nanoaglomerado Como mostra a Figura 9-6, os discos feitos com
cargas híbridas e de micropartículas são bastante
opacos. A amostra de nanocompósito feita predo-
minantemente com cargas nanoméricas é bastante
A clara; o fundo pode ser facilmente visto através do
compósito. Além disso, quando colocados contra
um fundo preto, as nanopartículas e os nanoa-
glomerados preferencialmente espalham luz azul,
dando um efeito opalescente ao compósito. Isto dá
uma aparência mais natural, semelhante ao esmalte
dentário, que também apresenta o mesmo efeito.
A capacidade de criar um nanocompósito com
opacidade muito baixa oferece a possibilidade de
formular uma vasta gama de opções de cor e opa-
cidade, desde os tons mais translúcidos necessários
para a borda incisai e para a última camada de res-
taurações de múltiplas camadas, até os tons mais
opacos desejados para o esmalte, corpo e dentina.
Isso permite ao clínico a flexibilidade de escolher
entre a técnica de cor única ou de estratificação com

Híbrido Microparticulado Nanocompósito

1o •9 22.b -
100

-
<
1 1.7 22 -

• 77.4 o
. .J. I) 93.l J.2) 94.5 (0.3) 96.8 (Ó

FIGURA 9,5 A, Diagrama esquemático de um com-


pósito com nanopartículas contendo nanoaglomerados
- •
. ~
--
e nanômeros. B, Imagem de TEM de um nanocompósito FIGURA 9-6 Translucidez de um compósito híbrido,
com nanoaglomerados e cargas nanoméricas (Cortesia. de um compósito microparticulado e um nanocompósito
3M ESPE, St. Paul, MN). (Cortesia de 31\.1 ESPE, St. Paul, MN).
184 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

várias tonalidades, dependendo das necessidades adjacentes dos silanos hidrolisados ou com a água
estéticas. A resistência ao desgaste desse material absorvida na superfície da partícula. Isso resulta
após 3 ou 5 anos de uso clínico se mostrou seme- na formação de um filme polimérico muito fino em
lhante à do esmalte humano. mono- ou multicamadas na superfície da partícula
com ligações duplas não reagidas. Durante a reação
COMPÓSITOS NANO-HÍBRIDOS do compósito, as ligações duplas dos grupos meta-
Vários fabricantes têm adicionado partículas na- criloxi das superfícies tratadas correagem com as
nométricas em seus micro-híbridos. Estes compósitos resinas monoméricas. O agente de ligação desempe-
têm sido descritos como nano-lubridos. Uma vez que nha um papel crítico no compósito. As suas funções
a lisura e o desgaste de qualquer compósito muitas estão resumidas a seguir:
vezes são determinados pelo tamanho de suas partí- • Fazer uma ponte interfacial que liga
culas maiores, como nos micro-híbridos, a superfície fortemente as cargas à matriz de resina.
dos nano-lubridos torna-se gradualmente mais rugo- • Melhorar as propriedades mecânicas do
sa depois de alguns anos em função clínica. compósito e minimizar a perda de cargas
da matriz durante o desgaste decorrente do
Interface e Agentes de Ligação uso clínico.
Para um compósito apresentar desempenho cli- • A fase interfacial resultante fornece um
nico satisfatório, uma boa adesão entre as partículas meio para distribuição de tensões entre as
inorgânicas e a matriz orgânica resinosa deve ser partículas e a matriz de polímero adjacente.
assegurada durante a polimerização. Isto é possível • Fornecer um ambiente hidrofóbico
pelo uso de agentes de ligação, sendo os mais comuns que minimiza a absorção de água pelo
deles os compostos orgânicos de silício, chamados compósito.
agentes de ligação silâtticos. A superfície das partículas
é tratada com um agente de ligação durante a fa-
Matriz
bricação do compósito. Um agente de ligação silâ-
1 1 1
nico típico é o 3-metacriloxipropiltrimetoxisilano R
r r R

r1~~
(MPTS), cuja estrutura é mostrada a seguir. 1
nCH30.,~0CH3
o OCH3
Carga

Inidadores e Aceleradores
A polimerização dos compósitos é deflagrada
por luz ou por uma reação química, sendo a primei-
Em compósitos de baixa contração à base de si- ra a mais comum. A ativação pela luz é conseguida
loranos, um agente de ligação funcionalizado com com luz azul, com um pico de comprimento de onda
grupos epóxi, 3-glicidoxipropiltrimetoxisilano, é uti- em aproximadamente 465nm, o qual é geralmente
lizado para unir as partículas à matriz de oxirano. absorvido por um fotoativador, como a canforo-
quinona, adicionado pelo fabricante à mistura de
monômeros durante o processo de fabricação, em
"'-o quantidades que variam de 0,1 a 1,0°/o.
/O'-~i~O~ Em compósitos de metacrilato, os radicais livres
1 o são gerados após a ativação. A reação é acelerada
o.....__, pela presença de uma amina orgânica e várias ami-
nas têm sido utilizadas, tanto aromáticas quanto
Durante o processo de tratamento das partícu- alifáticas. Exemplos de tais aminas são mostrados a
las de carga, os grupamentos metóxi hidrolisam e seguir. A amina e a canforoquinona são estáveis na
geram grupos hidroxila por meio de uma reação presença do oligômero à temperatura ambiente en-
catalisada por ácido ou base. Estes grupos hi- quanto o compósito não for exposto à luz. Embora
droxila, em seguida, passam por um processo de a canforoquinona seja o fotoativador mais comum,
condensação com os grupos hidroxila presentes na outros compostos são por vezes usados para atingir
superfície da partícula e assim se unem por ligações condições estéticas especiais, uma vez que a canfo-
covalentes (veja o desenho esquemático a seguir). A roquinona traz uma leve coloração amarela para a
condensação também é possível com os grupos -OH pasta de compósito não polimerizado. Embora a cor
9. MATERIAIS RESTAURAOORES - C01'~PÓSITOS E POLfMEROS 185

do compósito se torne mais clara durante a reação, Agentes fluorescentes são por vezes adicionados
em alguns casos, os clinicos acham difícil fazer a para melhorar a vitalidade óptica do compósito e
seleção de cor em função dessa mudança. mimetizar a aparência dos dentes naturais. São
corantes ou pigmentos que absorvem luz na região
do ultravioleta e violeta do espectro eletromagnético
(entre 340-370nm) e reemitem Luz na região azul
(tipicamente420-470nm). Estes aditivos são frequen-
./'"'.o f ' I temente utilizados para melhorar a aparência da cor,
\ causando um efeito de "branqueamento" e fazendo
C.nforoquinon1 Amina típica com que o material pareça menos amarelo por au-
mentar a quantidade total de luz azul refletida.

A ativação química é realizada à temperatura


ambiente por uma amina orgânica (pasta catalisa-
Reações de Polimerização
dora), que reage com um peróxido orgânico (pasta Polimerização de Compósitos de M et.acrllato
universal) para produzir radicais livres, que por sua Os compósitos de metacrilato são o carro-chefe
vez atacam as ligações duplas de carbono, resultan- dos materiais restauradores diretos. A rede polimé-
do na polimerização. Após a mistura das pastas, a rica desses compósitos é formada por um processo
reação de polimerização se processa rapidamente. chamado de polirr1eriz.açào por adiçilo de radica.is livres
Alguns compósitos, como os produtos para dos mon&rneros tnetacrilatos correspondentes. A reação
provisórios e para núc leos de preenchimento, de polimerização ocorre em três etapas: iniciação,
são de ativação dupla. Essas formulações contêm propagação e terminação e é mostrada no esquema
iniciadores e aceleradores que permitem a ativa- a segwr.
ção pela luz seguida da autoativação ou apenas a A reação de polimerização de compósitos auto-
autoativação. polimerizáveis é iniciada quimicamente à tempera-
No compósito à base de silorano, o sistema de tura ambiente com um iniciador à base de peróxido
iniciação gera cátions quando irradiado com luz. e um acelerador à base de amina. A polimerização
Um dos componentes é o fotoativador canforoqui- de compósitos fotopolimerizáveis é deflagrada pela
nona, possibilitando que o compósito possa ser luz azul visível. Os fotoiniciadores usados são des-
curado por um fotopolimerizador odontológico. critos na seção sobre iniciadores e aceleradores.
Outros componentes do sistema de iniciação são Produtos duais usam uma combinação de ativa-
sais de iodônio e doadores de elétrons, que geram dores químicos e por luz para realizar a reação de
espécies catiônicas reativas que iniciam o processo polimerização. Nesta fase, um radical livre ativo,
de polimerização de abertura do anel. designadas como R • no esquema anterior, é ini-
cialmente formado como molécula iniciadora. Este
Pigmentos e Outros Componentes radical livre se liga a uma espécie monomérica, ge-
Óxidos inorgânicos são normalmente adicio- rando um radical monomérico com centro ativo.
nados em pequenas quantidades para fornecer O estágio de iniciação é seguido pelo estágio
tonalidades que correspondem à maioria das cores de propagação, durante o qual ocorre uma rápida
dos dentes. Os pigmentos mais comuns são os adição de outros monômeros ao centro ativo para
óxidos de ferro. Vários tons podem ser utilizados, promover o crescimento da cadeia polimérica. A
que vão desde tons muito claros ao amarelo ou ao reação de propagação continua para formar um
cinza. Diferentes escalas de cores são utilizadas para determinado peso molecular e densidade de liga-
determinar a cor dos compósitos. Um composto que ções cruzadas até que o radical livre crescimento
absorve radiação ultravioleta pode ser adicionado seja terminado. A etapa de terminação pode ocorrer
para minimizar as mudanças de cor causadas pela de várias maneiras, conforme indicado, em que n
oxidação. Os tons mais escuros e mais opacos não representa o número de meros.
são polimerizados na mesma profundidade que os
compósitos com tons mais claros e translúcidos.

A-

o + Q-1-0 + Doador de elétrons - ->• Espécies catiônicas reativas


186 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Iniciação

Luz, calor
Iniciador- - - - - - - - - - - _ _ _ .... Radical livre (R')
ou reação química

Exemplo
o o o
11 11 11
>--- c --o--o-- c -~ ~ 2 >---C--O·
IÍ IÍ
Peróxido de benzofla Radical livre (R )

Luz Radical livre


_ _._ (R.)

Canforoquinona Amina

CH 3 CH 3
1 1
R' + CH2 e R CH 2 e·
1
1
C02CH3 C02CH3
Radical
livre Monõmero

Propagação

CH3 CH 3 CH3 CH3


1 1 1 1
R CH2 e· + CH 2 e R CH 2 e- cH 2 -c·
1 1 1 1
C02CH3 C02CH 3
C02 CH3 C02CH 3

Cadeia em crescimento

A resina polimerizada possui muitas ligações acordo com a distância entre o compósito e a luz e
cruzadas devido à presença das ligações duplas a duração da exposição à luz. A porcentagem de li-
d isfuncionais de carbono. O grau de conversão gações duplas que reagem pode variar de 35 a 80'%.
varia, dependendo da região do compósito se si- O grau de conversão é mais alto para os compósitos
tuar no interior ou na superfície inibida pelo ar. A laboratoriais que são posteriormente polimerizados
polimerização dos compósitos fotoativados varia de em temperaturas e intensidade de luz elevadas.
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 187

Terminação

Reação de combinação

CH3 CH 3 CH3
1 1 1
R-CH2 e CH 2 e· + R. R CH2 e R
n n+1
1 1 1
C02CH3 C02CH 3 C02CH3

Polimerização via radicais livres

Reação de desproporcionamento

CH3 CH3 CH3 CH 3

1 1 1 1
R- CH 2 - c· + • C-CH 2R RCH e + HC-CH2R

1 1 1 1
C02CH 3 C02CH3 C02CH 3 C02R

Reacão
, de transferência

CH 3 CH 3 CH3 CH3

1 1 1 1
R CH 2 e· + CH 2 e RCH e + CH3 e·
1 1 1
C0 2R C0 2R C02R C02R

Durante a polimerização, as moléculas têm esquemática da polimerização de resina à base de


que se aproximar de seus "vizinhos" para formar metacrilato, resultando em contração, pode ser vista
ligações químicas com eles. A redução de volume, na Figura 9-7.
ou contração, é geralmente observada durante a Os fabricantes têm tomado várias medidas
polimerização, uma vez que dois fatores são redu- para minimizar a contração de polimerização em
zidos: o volume de Van der Waals e o volume livre.
O volume de Van der Waals é o volume de molécula
propriamente dita, derivado de seus átomos e dos
comprimentos das ligações. A redução do volume
de Van der Waals ocorre durante a polimerização
por causa da mudança nos comprimentos das liga-
ções (conversão de ligações duplas para simples).
O volume livre de uma espécie molecular, seja um
monômero ou um polímero, é o volume ocupado
por essa espécie devido aos movimentos aleató- Contração volumétrica do
rios rotacionais e térmicos. Quando os monômeros metacrilato
se convertem em polímeros, ocorre a redução do
volume livre porque a rotação de uma cadeia de FIGURA 9-7 Ilustração esquemática da polimeriza-
polímero é mais limitada do que a de moléculas ção da resina de metacrilato e contração volumétrica
de monômero não polimerizadas. Uma ilustração resultante.
188 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

compósitos de metacrilato, lançando mão de um A química da abertura do anel de siloranos co-


ou mais dos seguintes métodos: meça com a clivagem e a abertura do anel oxirano.
Esse processo ganha espaço e neutraliza um pouco
• Preencher o monômero com resinas
da redução de volume quando as ligações químicas
pré-polimerizadas
são estabelecidas para formar o polimero. Um dia-
• Maximizar a quantidade de carga
grama esquemático representando a polimerização
inorgânica
é mostrado na Figura 9-8.
• Usar monômeros de metacrilatos de alta
Os compósitos de silorano geram menor con-
massa molecular
tração volumétrica e tensão de polimerização. Ainda
Além disso, a técnica incremental de preenchi- é importante fazer a colocação destes compósitos em
mento da cavidade dental se faz necessária pela incrementos, por causa da limitada profundidade de
profundidade limitada de cura, controlando assim cura. Além disso, adesivos especiais são necessários.
as tensões de contração, de modo que o sucesso
clínico final dos compósitos de metacrilato atuais
seja excelente. Apresentação Comercial
Os compósitos, como aqueles fornecidos pelos
Polimerlz"fão de Comp6sitos de Silorano fabricantes, estão em seu estado pré-cura e, portan-
A polimerização d a molécula de silorano to, têm de ser embalados com proteção adequada
acontece por meio de um processo de iniciação contra qualquer reação indesejável. A embalagem
catiônica durante o qual os segmentos de oxirano básica é feita de um material plástico que permite a
sofrem abertura do anel para formar ligações sim- difusão do oxigênio (que funciona como um inibidor
ples covalentes com seus vizinhos. A química da para a polimerização dos metacrilatos) e também
polimerização é mostrada a seguir evita a absorção de umidade do ambiente.

Luz azul
Fotoiniciador catiônico - ---.

r
lrl

ô o~

o
ó
H•

Iniciação por próton Expansão pela


abertura de anéis

lrl

Q i +

~~
'- / º
Contração por
b ,
:
p

Propagação estabelecimento Expansão


de ligação

,O
'

Contração Expansão Contração...•


9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 189

Compósitos Fotoativados
Uma vez que a cura de compósitos fotopolimeri-
záveis é deflagrada pela luz visível, esses materiais

• têm de ser protegidos de qualquer cura prematura


quando fornecidos pelos fabricantes e armazenados
no consultório odontológico. Portanto, eles são emba-
lados em seringas opacas, na maioria das vezes preta,
de plástico ou em cápsulas de dose única, por vezes
chamadas de campules. Neste último caso, uma pis-
Contração volumétrica tola para a inserção intraoral direta é fornecida. Uma
do silorano vantagem da colocação do compósito em cápsula é o
menor risco de infecção cruzada. As embalagens de
FIGURA 9-8 Ilustração esquemática da polimeriza- compósitos e os sistemas de inserção são mostrados
ção do compósito d e silorano e contração volumétrica
na Figura 9-9. Os compósitos são fornecidos em uma
resultante.
variedade de tonalidades e opacidades. Alguns
fabricantes codificam as cápsulas e as seringas
com diferentes cores para facilitar a identificação
das diferentes tonalidades e/ ou opacidades.

Compósitos Ativados Quimicamente


e de Cura Dual
Materiais autopolimerizáveis e de cura dual
são fornecidos em duas seringas. Duas pastas são
misturadas para iniciar a polimerização química.
Um exemplo de um compósito para confecção de
núcleo preenchimento em duas pastas é mostrado
na Figura 9-10. É aconselhável armazenar esses

.,
LuxaCore• z Ili
Du~I

..._...._........,._
---
. . . . _ _ ............ 1.............. $1 . .

--·-- -
c.....,_-lo-..iu.. .._ _

...........
~I* .. -~.

....... -~- •-..

FIGURA 9-9 Compósito em pasta única fotopolimeri- FIGURA 9-1 O Compósito de cura dual para confecção
zável em seringa (A) e cápsulas (B) (Cortesia de 3M ESPE, de núcleos (Cortesia de DMG Chemisch-Pfwrmazeutische
St. Pa1d, 1\AN). Fabrik Gn1bH, Hamburgo, Alemanha).
190 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

materiais em baixas temperaturas para prolongar sua capacidade de fluir facilmente sobre o dente
seu prazo de validade. e trabalhar com o material na cavidade se torna
difícil. A pasta retirada da seringa pode ser coberta
com uma tampa opaca ou cor de laranja para evitar
a exposição prematura à luz.
Os tempos de presa dos compósitos quimicamen-
te ativados podem variar entre 3 e 5 minutos. Estes
tempos de presa curtos foram conseguidos contro-
Visão Geral
lando-se a concentração de iniciador e acelerador.
A fim de garantir uma boa atuação clínica, os
compósitos têm de cumprir determinados critérios Contração e Tensão de Polimerização
de desempenho. Propriedades físicas, mecânicas e Como explicado na seção sobre Reações de Po-
clínicas importantes são descritas nesta seção. Algu- limerização, todos os compósitos sofrem contração
mas propriedades para vários tipos de compósitos de polimerização durante a presa. Valores típicos de
estão listadas na Tabela 9-3. Os valores das pro- contração estão listados na Tabela 9-3. A contração
priedades para materiais restauradores poliméricos de polimerização resulta do desenvolvimento de
com base na ISO 4049 (ANSI/ ADA nº . 27) estão tensões de contração tão elevadas quanto 13 MPa
resumidos na Tabela 9-4. entre o compósito e a estrutura dental. Estas ten-
sões deformam severamente a interface de adesão
Propriedades Físicas entre o compósito e o dente, levando à formação de
pequenas fendas que podem permitir a infiltração
Tempos de Trabalho e de Presa de saliva e micro-organismos para o seu interior.
Para compósitos fotopolimerizáveis, a reação Como resultado, podem ocorrer cárie recorrente e
pode ser considerada "sob demanda". A polimeri- pigmentação marginal. Esta tensão pode ultrapassar
zação é iniciada no momento em que o compósito a resistência à tração do esmalte e resultar em fis-
é exposto à luz do fotopolimerizador. O enrije- suras e fraturas ao longo da interface com o esmalte.
cimento acontece em questão de segundos após Uma vez que as tensões de contração dependem da
o inicio da exposição à luz de uma fonte de alta deformação decorrente da contração volumétrica
intensidade. Embora a restauração de compósito e da rigidez do compósito no momento d a con-
pareça dura e completamente polimerizada após a tração, os compósitos de baixa contração podem
exposição à luz fotopolimerizadora, a reação conti- apresentar altas tensões internas se o compósito
nua por um período de 24 horas. Não são todas as tiver um alto módulo de elasticidade. O efeito da
ligações duplas de carbono insaturado disponíveis contração de polimerização pode ser reduzido
do compósito de metacrilato que reagem; estudos adicionando-se o compósito em incrementos de
mostram que 25'% permanecem não reagidas no 2 mm e polimerizando cada incremento de forma
interior da restauração. Uma fina camada de ma- independente. A tensão resultante da contração é
terial inibida por ar permanece não polimeriz.ada menor porque um volume menor de compósito se
na superfície da camad a polimerizada, o que é contrai antes de cada adição sucessiva. Um estudo
vantajoso para a colocação incremental das cama- recente analisou as propriedades clínicas e labora-
das subsequentes. É útil proteger a superfície da toriais de diversos compósitos de baixa contração/
restauração com uma matriz transparente, para baixa tensão. Esses produtos, em sua maioria, são
minimizar a quantidade de resina não polimeri- compósitos universais, mas dois produtos são des-
zada na restauração final. Embora, para alguns critos como compósitos floivable. Os valores de
compósitos, as propriedades físicas finais não contração são dependentes do método utilizado.
sejam atingidas até cerca de 24 horas após o inicio A contração volumétrica de compósitos universais
da reação, grande parte da resistência mecânica é de baixa contração medida por picnometria varia
atingida imediatamente após a exposição à luz, de entre 0,9o/o e 1,8%, enquanto que a dos compósitos
modo que a restauração pode ser acabada e polida fluidos é de 2,4% a 2,5%. Quando um linômetro
com abrasivos e entrar em função. ACTA é utilizado, os valores variam de 1,0% a
Para a maioria dos compósitos que são iniciados 1,4%, e 2,6°/o a 2,9%, respectivamente. A tensão de
pela luz visível, a iluminação brilhante do refletor polimerização é de 1,2 a l,6MPa. Em comparação,
pode iniciar a reação prematuramente se o com- para os compósitos universais tradicionais, tem sido
pósito for deixado desprotegido em um bloco de relatadas tensões de polimerização de 0,8 a 2,4MPa
mistura. Entre 60 a 90 segundos de exposição à luz e, para os compósitos flowable, os valores de tensão
ambiente, a superfície do compósito já pode perder variam de 1,3 a 3,2MPa.
TABELA 9.3 Propriedades de várioo tiins de oomjXÍ5it05 resinosoo, oom~meroo, ionômeros ele vidro convencionais eionômeros ele vidro modiúcados (Xlr resina

Propriedade Nanocompórito' CompÍl5ito Compósito Compósito Compósito CompÍl5itn Compórito Ionômero lonômero de
universal microparticulado compactável de baixa laboratorial para núcleo de vidro vidro modificado
'~scoridade convencional por resina

Resistência àflexão 180 8().160 00-120 &5-110 70-120 9().15()1 7-15 51}{:A) IO
.
(MPa)
Módulo flex11tAf (GPa) 8,8-13 4,o-6,9 9,0-12 2,6-5~ 4,7-151
1
....
;i.
Limite de fadiga àflexão - 00-110 00

(MPa) ~
Resistência àcompres- 4W 240-m 240-300 220-300 210-300 210-280 210-250 10-15 21J0.250 ~
são~11Pa)

Móduloem compressão - 5,5-8~ 2,6-4,8 5,8-9P 2,6-5,9 7{J-'ll. 7)-10~ 3)-6,9 1


(GPa) m
1
Resistência àtração 81 25-40 40-50 7-15 30-40 ()
o
diametrAf ~11Pa) .,,~
Contração depolimeri- 0,7-1,4 2-3 0,6--0,9
o
(/)

zação linear(%) ~
(/)

Estabilidade de cor, en- 1~ 15 1,1-~ .,,ll1


velh~ento acelerado o
-450kf/m1(iIB')1
e
Estabilidade decor, 4~ 1,7-3,9 ~o
(/)
pigmentação por suco/
dlá (i\E')1
'Milra SB, Wu D, Hulmes BN: l Am De11t Allioc 134:1382, 2003.#Mitra S, G~ ÍOIWllm and re~Wl~ling maftrinls.ln Dlmru VB ed.C011~ fknlal Mlllerill~, O.eford, Nw Dellli, &!ilia:
Orford 2004:66-80.
1Sem refarfV oom fibras

IAE <3,3 éconsidemdo cliàmte 1•w pemptfuel


192 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA9-4 Requisitos para materiais A condutividade térmica de compósitos com par-


restauradores à base de polímeros, conforme a norma tículas finas (25 a 30 X 104 cal/seg/cm2 [ºC/cm]) é
ISO 4049 superior àquela de compósitos com partículas micro-
finas (12a 15X104 cal/seg/cm2 [ºC/cm]), por causa
Propriedade Oassel Classe 2 Oasse3
da maior condutividade das cargas inorgânicas
Tempo de trabalho (min, s) 90 90 quando comparada com a da matriz de polímero.
No entanto, para variações de temperaturas altas,
Tempo de cura (max, min) 5 10
os compósitos não mudam de temperatura tão
Profundidade de cura rápido quanto a estrutura do dente. Essa diferença,
(mio, mm) entretanto, não representa um problema clínico.
Cores opacas 1,0 ,
Sorção de Agua
Outras cores 1,5
A sorção de água de compósitos com partículas
Sorção de água 4-0 40 4-0 híbridas (5 a 17 µ,g/ mm3) é menor do que a de com-
(max, µg/ mm3) pósitos com partículas microfinas (26 a 30 µ,g/ mm3)
Solubilidade 7,5 7,5 7,5 por causa da menor fração de volume de polímero
(max, µg/mm 3) nos compósitos com partículas finas. A qualidade e
a estabilidade do agente de ligação silânico são im-
Resistência à flexão (MPa)
portantes para minimizar a deterioração da ligação
Tipo 1 80 80* 80 entre as cargas e o polimero e a quantidade de água
1oot absorvida. A expansão associada à absorção de água
Tipo2 50 50* 50 a partir dos fluidos orais pode aliviar um pouco a
tensão de polimerização, mas a absorção de água
*Grupo 1: polimerizaçílo mtra&ral.
é um processo lento quando comparado com o
tGntpo 2: polímerízaçi'lo extraoral.
desenvolvimento de tensões provocadas pela con-
tração de polimerização. Na medição da expansão
higroscópica, começando 15 minutos depois da po-
Propriedades Ténnicas limerização inicial, a maioria das resinas necessita
O coeficiente de expansão térmica linear (a) dos de 7 dias para atingir o equilíbrio e cerca de 4 dias
compósitos varia de 25-38 X 10"6/ ºC para os compó- para mostrar a maior expansão. Uma vez que os
sitos com partículas finas a 55-68 X 10-6 / ºC para os compósitos com partículas finas têm valores de ab-
compósitos com partículas microfinas. Os valores de sorção de água menores do que os compósitos com
a para compósitos são menores do que a média dos partículas microfinas, eles exibem menor expansão
seus constituintes somados; no entanto, os valores quando expostos à água.
são superiores aos da dentina (8,3 X lo-6 / ºC) e aos
do esmalte (11,4 X 10-6/ºC). Os valores mais ele- Solubilidade
vados para os compósitos microparticulados estão A solubilidade dos compósitos em água varia de
relacionados principalmente à maior quantidade 0,25 a 2,5mg/mm3 . Intensidades de luz e tempos
de polímero presente. Alguns vidros podem ser de exposição inadequados podem resultar em po-
mais eficientes na redução do efeito das alterações limerização insuficiente, particularmente a grandes
térmicas do que outros e algumas resinas têm mais profundidades da superfície. Compósitos inade-
que um tipo de partículas de preenchimento para quadamente polimerizados possuem maior sorção
compensar taxas diferenciais. e solubilidade na água, possivelmente manifestada
Tensões térmicas acrescentam uma deformação clinicamente como alteração precoce da cor.
adicional à união com a estrutura do dente, o que Durante o armazenamento de compósitos mi-
contribui para o efeito deletério provocado pela con- cro-híbridos em água, é possível detectar a liberação
tração de polimerização. As variações térmicas são de íons inorgânicos; estes íons estão associados a
de natureza cíclica e, embora a restauração inteira uma quebra da ligação matriz-carga. A liberação
possa nunca atingir o equilíbrio térmico durante da maior quantidade de silício (15 a 17µg/mL)
a aplicação de estímulos quentes ou frios, o efeito acontece durante os primeiros 30 dias de armazena-
cíclico pode levar à fadiga do material e à falha mento em água e diminui com o tempo de exposição.
precoce da união. Caso seja formada uma fenda, Compósitos microparticulados liberam silício de
a diferença entre o coeficiente de dilatação térmica forma mais lenta e mostram um aumento de 100'%
dos compósitos e o dos dentes pode permitir a per- durante o segundo período de 30 dias (14,2 µg/
colação dos fluidos orais. mL). Boro, bário e estrôncio, que estão presentes
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 193

nas cargas de vidro, são liberados em vários níveis resistência, (3) tenacidade à fratura, (4) resistência ao
(6 a 19µg/mL) pelos vários sistemas de carga. A desgaste, (5) expansão térmica e (6) resistência
" .
perda da união e a infiltração podem ser fatores con- q=ca e a.. corrosao.
,..,

tribuintes para a redução da resistência ao desgaste


e à abrasão dos compósitos. Resistênda e Módulo
Os valores de resistência à compressão, tração (tes-
Cor e Estabilidade de Cor tada pelo método diametral) e flexão e o módulo para
A cor e a combinação de cores são importantes os compósitos dentários estão listados na Tabela 9-3.
para as restaurações estéticas. As caracteristicas da cor A resistência à compressão é importante por causa
são discutidas no Capítulo 4 e estes princípios podem das forças mastigatórias. Os módulos de flexão e
ser aplicados especificamente em compósitos para de compressão dos compósitos rnicroparticulados e
determinar as cores apropriadas para o uso clínico. compósitos de baixa viscosidade são cerca de 50o/o
As tonalidades universais variam entre os produtos inferiores aos valores dos híbridos universais e dos
comercializados no mercado. Atualmente, os com- compósitos compactáveis, o que é reflexo da menor
pósitos são muitas vezes fornecidos pelo fabricante porcentagem em volume de carga presente no com-
com múltiplas opacidades. Isto permite um melhor pósito rnicroparticulado e no fl.owab/e (Tabela 9-2).
resultado estético final quando se usa as várias cores e Em comparação, o módulo de elasticidade em com-
diferentes opacidades na confecção da restauração. pressão é cerca de 62GPa para o amálgama, 18-24GPa
A alteração da cor e a perda da compatibilidade para a dentina e 60-120GPa para o esmalte.
com a cor da estrutura dentária circundante são mo-
tivos para a substituição de restaurações. Fraturas Dureza. Knoop
decorrentes de tensões internas na matriz de polí- A dureza Knoop dos compósitos (22 a 80kg/
mero e o descolamento parcial das cargas da resina, mm2) é menor do que a do esmalte (343kg/mm2)
como resultado da hidrólise, tendem a aumentar ou a do amálgama dentário (110kg/mrn2). A dureza
a opacidade e alterar a aparência. A descoloração Knoop de compósitos com partículas finas é um
também pode ocorrer por oxidação, como resultado pouco maior do que a de compósitos com partículas
do trânsito de água no interior matriz de polímero e microfinas por causa da dureza e da fração de vo-
da sua interação com sítios de polímero não reagidos lume das partículas de carga. Estes valores indicam
e ainda iniciadores ou aceleradores não utilizados. urna resistência moderada à indentação sob tensões
A estabilidade de cor dos compósitos tem sido funcionais para compósitos com mais carga, mas
estudada por envelhecimento artificial por meio da essa diferença não parece ser um fator importante
exposição à luz UV e a temperaturas elevadas em na resistência ao desgaste funcional.
tomo de 70 ºC em câmaras especiais e por imersão A medição da rnicrodureza Knoop pode ser
em substâncias corantes diversas (café/ chá, suco de enganosa em compósitos com grandes partículas
mirtilo/uva, vinho tinto, óleo de gergelirn). Como de carga(> 10 µm de diâmetro), uma vez que a pe-
mostrado na Tabela 9-3, os compósitos são resis- quena indentação pode ser feita exclusivamente em
tentes a mudanças de cor causadas pela oxidação, cima da fase orgânica ou apenas na fase inorgânica.
mas são suscetíveis ao manchamento. No entanto, na maioria dos produtos atuais, os ta-
manhos das partículas de carga são muito menores
( <1 µm), de forma que os valores de rnicrodureza
Propriedades Mecânicas parecem ser mais confiáveis.
Apesar de os compósitos se beneficiarem das
propriedades específicas de seus componentes, Resistênda Adesiva a Substratos Dentários
as propriedades físicas e mecânicas dos compósi- A união dos compósitos à estrutura dental e ou-
tos são diferentes daquelas de cada uma das fases tros substratos dentais é discutida em detalhes no
separadamente. Capítulo 13. Uma breve descrição da união de com-
Os fatores que afetam as propriedades dos com- pósitos dentais a substratos é apresentada aqui.
pósitos incluem (1) o estado da matéria da segunda
fase (dispersa); (2) a geometria da segunda fase; (3) Esmalte e DenHna
a orientação da segunda fase; (4) a composição da A resistência de união dos compósitos ao esmal-
fase dispersa e da fase contínua; (5) a relação entre te e dentina, após condicionamento, se situa tipica-
as quantidades de cada fase e (6) a ligação entre as mente entre 20 e 30MPa. A adesão é principalmente
fases. Exemplos de propriedades que podem ser resultado de retenção rnicromecânica do agente de
modificadas (melhoradas, se os compósitos forem união com as superfícies condicionadas de esmalte e
criteriosamente desenvolvidos) são (1) módulo, (2) dentina. Em dentina, frequentemente se forma urna
194 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

FIGURA 9-11 Seção transversal de um compósito aderido à dentina mostrando o compósito (C), a camada de
adesivo (A), a camada híbrida (H) e os prolongamentos de resina (P).

camada híbrida de adesivo e colágeno, e o adesivo como um compósito particulado, a intensidade da


penetra nos túbulos dentinários (Fig. 9-11). luz é reduzida. A profundidade de penetração
da luz em uma restauração de compósito depende
Outros Substratos do comprimento de onda da luz, da sua irradiãncia e
Os compósitos podem ser colados a restau-
rações preexistentes de compósito, cerâmica e
ligas metálicas quando a superfície do substrato TABELA 9-5 RequL~itos clínicos para compósitos

é áspera o suficiente e adequadamente preparada resinosos indicados para uso irrestrito, incluindo
substituição de cúspides em dentes posteriores
(Capítulo 13). Em geral, a superfície a ser colada
é asperizada com jato de alumina de 50 µm e, em Propriedade Critério
seguida, tratada com um primer contendo silano e
resina para os compósitos, um primer silãnico para Manutenção da cor (18 meses) Não mais que 5o/o
as cerâmicas à base de sílica, um monômero acídico de falhas
de fosfato para a zircônia ou um primer especial Descoloração marginal Não mais que 5%
para ligas. A resistência de união às superfícies (18 meses) de falhas
tratadas é normalmente maior que 20MPa. Integridade marginal Não mais que 5%
(18 meses) de falhas
Propriedades Clínicas Cárie recorrente ou marginal Não mais que 5%
(18 meses)
Os requisitos clínicos para compósitos aceitos para
uso irrestrito, incluindo a reconstrução de cúspides Manutenção dos contatos 95% não apresentando
em dentes posteriores, como definido pelas Dire- interproximais (18 meses) contatos abertos
trizes (Propostas) para Compósitos à base de Resina Sensibilidade pós-operatória Por meio do histórico de
para Restaurações Posteriores da A.merican Dental sensibilidade adversa
Association (ADA), estão listados na Tabela 9-5. ao calor, frio e estímulos
mastigatórios
Profundidade de Polimerização
Falha (18 meses) Não mais que 5%
(comp6sitos fotoativados)
A intensidade da luz diminui à medida que a fonte Desgaste entre 6 e 18 meses Não mais que 50 µm
de luz é afastada da superfície do objeto. Além disso, à Fa11te: American Dental Association Acceptance Program guidelines
medida que a luz viaja através de um meio dispersivo, far resin-based camposi!J!s for posteriar restarations, 2001.
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 195

do espalhamento que ocorre dentro da restauração. Radiopacidade


Uma série de fatores influencia o grau de conversão É muito difícil localizar radiograficamente os
em uma determinada profundidade a partir da su- limites entre esmalte e compósito devido à ra-
perfície após a fotoativação. A concentração de fotoi- diopacidade relativamente baixa dos compósitos.
niciador ou absorvedor de luz no compósito deve ser Compósitos modernos incluem vidros contendo
tal que seja suficiente para reagir ao comprimento de elementos com números atômicos altos, como o
onda adequado. Tanto o conteúdo de partículas quan- bário, o estrôncio e a zircônia. Algumas cargas, co-
to o tamanho destas partículas são essenciais no espa- mo o quartz-0, os vidros de lítio-alumínio e a sílica,
lhamento do feixe de luz. Por esta razão, compósitos não são radiopacas e devem ser misturadas com
microparticulados, com partículas menores e mais outras cargas para produzir um compósito radio-
numerosas, espalham mais a luz do que compósitos paco. Mesmo com uma maior fração volumétrica
micro-lubridos, com partículas de vidro maiores e em de carga, a radiopacidade é visivelmente menor
menor número. Tempos de exposição mais longos são nos compósitos do que a exibida por um material
necessários para se obter a adequada polimerização restaurador metálico como o amálgama. Alguns
de compósitos microparticulados. compósitos micro-híbridos conseguem alguma
Outra consideração importante é a cor e a opa- radiopacidade com a incorporação de partículas
cidade dos compósitos utilizados. Muitas cores são de vidro de metais pesados finamente dispersas.
intencionalmente opacificadas e têm mais pigmen- Outros utilizam partículas de cerâmica contendo
tos para mascarar dentes descoloridos após a re- óxidos de metais pesados. Nos compósitos nano-
moção do tecido cariado. Estes materiais têm maior particulados, a radiopacidade é conseguida por
concentração de agentes opacificantes e pigmentos meio de zircônia nanométrica (5-7 nm) ou por meio
que difratam mais a luz e, portanto, têm menor da incorporação de nanoaglomerados de zircônia,
profundidade de cura. Nesses casos, tempos de juntamente com a sílica.
exposição mais longos e incrementos menores são
essenciais para o sucesso clínico. Taxas de Desgaste
A intensidade de luz na superfície é um fator Sob condições clínicas, uma restauração de
crítico para a cura completa na superfície e no in- compósito entra em contato com outras superfí-
terior do material. A ponta da fonte de luz deve cies, como o dente antagonista, as partículas de
ser posicionada a 1 mm da superfície para fornecer alimentos e os fluidos orais, o que pode resultar
a melhor exposição. Cores mais opacas reduzem em desgaste e degradação da superfície. A extensão
a transmissão da luz e polimerizam apenas a pro- do desgaste é um fenômeno complexo e depende
fundidades mínimas (1 mm). Um tempo de exposi- de vários fatores intrínsecos e extrínsecos que são
ção padrão, utilizado com a maioria dos fotopolime- abordados nos Capítulos 4 e 5. Muitos estudos de
rizadores, é de 20 segundos. Em geral, esse tempo desgaste in vitro têm sido publicados, mas, pelo
é suficiente para polimerizar compósitos de cores fato de existirem muitas metodologias diferentes
claras a uma profundidade de 2 ou 2,5 mm, assu- utilizadas, a padronização e a comparação desses
mindo que a ponta do aparelho está imediatamente resultados com o desempenho clínico real não é
adjacente à superfície da restauração. A anatomia possível. É aconselhável consultar estudos clínicos
do dente muitas vezes impede o posicionamento da controlados quando da escolha de um compósito,
ponta do fotopolimerizador perto da superfície principalmente para restaurações posteriores.
da restauração. Uma exposição de 40 segundos Estudos clínicos têm mostrado que os compósi-
melhora o grau de conversão em todas as profun- tos são ideais para restaurações anteriores em que
didades e se faz necessário para se obter uma po- a estética seja essencial e as forças oclusais sejam
limerização suficiente nos tons mais escuros. Uma baixas. As taxas de desgaste são uma preocupa-
vez que o feixe de luz é parcialmente colimado e ção maior nos segmentos posteriores, em que as
não se espalha suficientemente além do diâmetro da forças oclusais e laterais dos contatos excursivos
ponta da superfície emissora, em restaurações ex- são maiores do que no segmento anterior. Embora
tensas é necessário aplicar a luz em etapas para que as gerações mais antigas de compósitos exibam
esta atinja toda a superfície do compósito. Pontas atrito e desgaste por abrasão, as formulações mais
maiores têm sido fabricadas para utilização com recentes tendem a minimizar o problema. A de-
a maioria das unidades fotopolimerizadoras. No gradação marginal ainda é recorrente e é atribuída
entanto, como o feixe de luz é distribuído por uma a desenhos de preparo impróprios, à adesão inade-
superfície maior, a intensidade em cada ponto é quada, à contração de polimerização do compósito
reduzida. Um tempo de exposição longo, de até 60 e a microfissuras marginais. A degradação e o man-
segundos, deve ser usado quando pontas emissoras chamento marginal às vezes são interpretados como
maiores são utilizadas. cárie recorrente, embora não seja sempre o caso.
196 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Dos compósitos atualmente aceitos para uso na dessas reações ocorre com os dentistas ou o pessoal
região posterior, são exigidos estudos clínicos que técnico que regularmente manipula o compósito não
demonstrem, ao longo de um período de 18 meses, polimerizado e, portanto, têm maior exposição. Não
perdas de contorno da superfície inferiores a 50 µ,m. existem bons trabalhos documentando a frequência
Diversos estudos clínicos têm sido publicados mos- de alergia aos compósitos na população em geral.
trando que a última geração de compósitos com Por fim, tem havido alguma controvérsia sobre
carga (nanocompósitos) tem excelente resistência a capacidade dos componentes de compósitos em
ao desgaste. Os compósitos nanoparticulados têm atuar como xenoestrógenos. Estudos mostram que o
demonstrado resistência ao desgaste semelhante bisfenol A é estrogênico em testes in vitro que me-
ao esmalte humano natural em estudos clínicos de dem este efeito no crescimento de células cance-
3 anos e 5 anos. rosas de mama. Traços desses componentes têm
sido observados em alguns compósitos comerciais
Biocompatibilidade não polimerizados. No entanto, a estrogenicidade
Detalhes sobre a biocompatibilidade dos compó- de compósitos comerciais polimerizados não foi
sitos são discutidos no Capítulo 6, mas alguns dos demonstrada. Além disso, há considerável con-
temas centrais serão discutidos aqui. Quase todos os trovérsia sobre a precisão e a utilidade dos ensaios
principais componentes de compósitos (Bis-GMA, in vitro utilizando células de câncer de mama para
TEGDMA e UDMA, entre outros) são citotóxicos medir um verdadeiro efeito estrogênico. Um es-
in vitro, se testados na forma de um bloco de mo- tudo anterior nesta área, alegando que os selantes
nômero; mas o risco biológico de um compósito dentários e os compósitos sejam estrogênicos em
polimerizado depende do grau de liberação destes crianças, tem sido, desde então, desacreditado.
componentes pelo material. Apesar de os compósi-
tos poderem liberar baixos níveis de componentes , -
COMPOSITOS PARA APLICAÇOES
por semanas após a cura, há uma considerável con-
trovérsia sobre os efeitos biológicos desses compo- ESPECIAIS
nentes. A quantidade liberada depende do tipo de
compósito, do método e da eficiência da polimeriza- Compósitos Microparticulados
ção. Uma barreira dentinária reduz acentuadamente Compósitos microparticulados são indicados
a possibilidade desses componentes atingirem os para restaurações de classe IlI e classe V submeti-
tecidos pulpares, mas estes componentes podem das a baixas tensões, nas quais um alto polimento
atravessar tais barreiras, embora em concentrações e estética são importantes. Um produto tem sido
menores. Os efeitos da exposição prolongada e de utilizado com sucesso em restaurações posteriores.
baixas doses dos componentes da resina às células São compostos por resinas de dimetacrilato fotoa-
não são, de modo geral, conhecidos. Por outro lado, tiváveis com carga de 0,04 µ,m de sílica coloidal e
o uso de materiais compósitos como agentes capea- resinas pré-polimerizadas, que por vezes contêm
dores pulpares diretos representa um risco maior sílica coloidal. A porcentagem de carga inorgânica
de respostas biológicas adversas, uma vez que não total é de 32°/o a SOo/o em volume (Tabela 9-2).
existe barreira dentinária para limitar a exposição Propriedades típicas dos compósitos micropar-
da polpa aos componentes liberados. ticulados estão listadas na Tabela 9-3. Por apresen-
Os efeitos dos componentes liberados pelos tarem quantidade de carga relativamente baixa, os
compósitos para os tecidos orais ou outros tecidos compósitos microparticulados sofrem mais sorção
não são conhecidos completamente, embora ne- de água e dilatação térmica do que compósitos
nhum estudo tenha documentado efeitos biológicos micro-híbridos ou nanocompósitos. Dependendo
adversos. A norma da Organização Internacional da quantidade de resina pré-polimerizada, a con-
para Padronização (International Organization for tração pode ser maior que a de micro-híbridos ou
Stamiardization, ISO) para os ensaios de toxicidade de nanocompósitos.
de materiais dentários exige o teste de compósitos
após imersão em vários meios de eluição aquosos e
orgânicos seguido pela avaliação do eluato parares-
Compósitos Compactáveis (packable
postas biológicas adversas. O tecido com maior risco
composites)
para esse tipo de liberação parece ser a mucosa em O termo compactável é usado para compósitos
contato direto e de longo prazo com os compósitos. que têm alta viscosidade e reduzida pegajosidade.
Os componentes dos compósitos são conhecidos Estes materiais não são condensáveis como amál-
como alergênicos e, de fato, há alguma literatura gamas, mas podem ser comprimidos e forçados a
sobre alergia de contato com compósitos. A maioria escoar com o uso de instrumentos de ponta plana.
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 197

Esses compósitos (Tabela 9-1) são indicados para uso Propriedades típicas de compósitos de labora-
em preparos cavitários classes 1e II. Estes materiais tório estão listadas na Tabela 9-3. Para maior resis-
contêm resinas de dimetacrilato fotoativáveis com tência e rigidez, os compósitos de laboratório po-
carga (partículas porosas ou irregulares), ocupando dem ser reforçados por fibras. As restaurações são
66o/o a 70o/o em volume (Tabela 9-2). A interação entre geralmente cimentadas com cimentos resinosos.
as partículas e modificações na fase resinosa tornam
esses compósitos compactáveis.
Propriedades típicas dos compósitos compac- Compósitos para Confecção de Núcleos
táveis estão listadas na Tabela 9-3. Propriedades Se existe estrutura dentária suficiente para reter e
importantes incluem uma maior profundidade de suportar uma restauração com cobertura total, mas
cura, menor contração de polimerização, radiopaci- regiões extensas de dentina tenham sido perdidas, o
dade e menor taxa de desgaste (3,5 µm/ ano). Vários núcleo do dente pode ser refeito antes do preparo e da
compósitos condensáveis são apresentados em moldagem final. Compósitos são comumente utiliza-
cápsulas de dose unitária. A técnica de inserção dos nesta aplicação. Compósitos para confecção de
em bloco única é recomendada pelos fabricantes, núcleos estão disponíveis como produtos autopolime-
mas sua eficácia ainda não foi demonstrada em rizáveis (Fig. 9-4), fotopolimerizáveis e duais. Compó-
estudos clínicos. sitos para núcleos geralmente contêm corantes (azul,
branco ou opaco) para contrastar com a estrutura do
dente. Alguns produtos liberam flúor. Um exemplo de
Compósitos de Baixa Viscosidade um núcleo confeccionado com compósito é mostrado
(flowable composites) na Figura 9-12. Propriedades típicas de compósitos
Compósitos e baixa viscosidade, fotoativados, para núcleos estão listadas na Tabela 9-3.
são recomendados para lesões cervicais, restaurações Núcleos confeccionados em compósito têm as
em dentes decíduos e outras restaurações pequenas e seguintes vantagens em comparação ao amálgama:
submetidas a baixa ou nenhuma tensão (Tabela 9-1). eles podem ser aderidos à dentina, podem receber
Contêm resinas de dimetacrilato e cargas inorgânicas acabamento imediatamente, são fáceis de esculpir e
com tamanho de partícula de 0,4 a 3,0 µ,m e porcenta- fornecem uma cor mais natural sob restaurações de
gem de carga de 42% a 53% em volume (Tabela 9-2). cerâmica. Núcleos confeccionados em compósito são
A nova geração de compósitos fluidos contém na- aderidos ao esmalte e à dentina remanescente por
noparticulas em um volume de carga um pouco meio de agentes de união. Deve-se usar um agente
menor que nos compósitos universais ou multiuso. adesivo recomendado pelo fabricante do material do
Recentemente, compósitos de baixa viscosidade núcleo, pois alguns materiais de núcleo autopolime-
autoadesivos foram lançados no mercado. rizáveis são incompatíveis com alguns agentes de
Propriedades típicas de compósitos de baixa vis- união fotopolimerizáveis. A retenção da restauração
cosidade estão listadas na Tabela 9-3. Compósitos de final não deve contar apenas com a estrutura de com-
baixa viscosidade têm um baixo módulo de elastici- pósito, uma vez que somente a adesão do núcleo de
dade, o que pode tomá-los úteis em áreas de abfra- compósito à dentina remanescente é insuficiente para
ção cervical. Por causa do menor conteúdo de carga, resistir às rotações e aos deslocamentos da coroa.
eles apresentam maior contração de polimerização e
menor resistência ao desgaste do que os compósitos
universais. A viscosidade desses compósitos permite
que eles sejam dispensados com uma seringa com
ponta de agulha, para fácil manuseio. Um aqueci-
mento leve de compósitos com maior viscosidade
pode aumentar o seu escoamento e permitir-lhes
serem inseridos como compósitos fluidos.

Compósitos para Uso Laboratorial


Coroas, inla:ys e facetas coladas em capings me-
tálicos podem ser confeccionados com compósitos
processados em laboratório (Tabela 9-1) usando
várias combinações de luz, calor, pressão e vácuo FIGURA 9-12 Um núcleo de resina composta recons-
para aumentar o grau de conversão, densidade, truído preparado para receber uma coroa metálica fundi-
propriedades mecânicas e resistência ao desgaste. da (Cortesia de Dr. Charles Mark Mallay, Portlnnd, OR).
198 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Compósitos Provisórios este é formulado como um líquido aquoso concen-


trado. O ácido tartárico é adicionado para controlar
As restaurações provisórias mantêm a posição do
as características de trabalho e de presa do material.
dente preparado, vedam e isolam termicamente o
O pó consiste em um vidro de fluoroaluminossilicato
preparo, protegem as margens, estabelecem dimen-
triturado reativo em meio ácido, contendo íons, como
são vertical adequada, auxiliam no diagnóstico e no
cálcio, estrôncio e lantãnio. Quando íons de metais
plano de tratamento e ajudam a avaliar potenciais
pesados são utilizados, o material se toma radiopaco
candidatos para substituições estéticas. Inlays, coroas
após a presa. Quando o pó e o líquido são misturados,
e próteses parciais fixas provisórias são geralmente
uma reação de presa ácido-base começa entre o vi-
confeccionadas com resinas acrílicas ou compósitos.
dro de fluoraluminossilicato e o ácido carboxílico.
Restaurações provisórias confeccionadas em compó-
Uma presa inicial é alcançada dentro de 3 a 4 minutos
sito são geralmente mais duras, rígidas e com cores
após a mistura, mas a reação iônica continua por pelo
mais estáveis do que aquelas feitas de acrílico.
menos 24 horas ou mais para que a maturação seja al-
cançada, muito mais tarde. O tempo de maturação foi
melhorado em formulações mais recentes para per-
IONÔMEROS DE VIDRO mitir um acabamento após 15 minutos da inserção da
mistura. O processo de liberação de íons e formação
Ionômeros de vidro são materiais restauradores
do complexo é bastante elaborado; todavia, os passos
autoadesivos à base de água, nos quais a carga é um
essenciais estão descritos no esquema mostrado a
vidro reativo conhecido como vidro de fiuoroalutni-
seguir. Todos os ácidos carboxílicos têm um grupo
.,wssilicato e a matriz é um polímero ou copolimero
orgânico funcional comum representado pelo COOH.
de ácidos carboxílicos. A reação de presa destes
Na presença de água, o grupo COOH sofre ionização
materiais envolve uma reação ácido-base. Eles são
parcial para produzir um ãnion carboxilato COO- e
usados como materiais restauradores em situações
um próton hidratado, H3 0 + (esquema 1, reação 1).
clinicas que o isolamento é um problema e a libe-
O próton hidratado ataca a superfície das partículas
ração de flúor é desejável para o paciente. Existem
de vidro, liberando íons cálcio e alumínio. Os íons
dois tipos principais de ionômero de vidro:
carboxilato do polímero reagem com esses íons
• Ionômero de vidro convencional metálicos para formar uma ponte salina, resultando
• Ionômero de vidro modificado por resina em geleificação e presa. Durante a presa inicial, os
íons cálcio são mais rapidamente ligados às cadeias
de poliacrilato; a ligação com os íons de alumínio
Componentes e Reação de Presa de ocorre numa fase posterior. A resistência do cimento
lonômeros de Vidro Convencionais aumenta com o tempo. Inicialmente, é formado o
O ionômero de vidro, inventado na década de ácido silicico quando o vidro é atacado, mas este
1970, combina a tecnologia e a química dos cimen- rapidamente se polimeriza para formar um hidrogel
tos de silicato e dos cimentos de policarboxilato de sílica (reação 4). Um importante subproduto da
de zinco de forma a incorporar as características reação de presa é a liberação de íons fluoreto pelo
desejáveis de ambos. Assim, eles contêm vidros vidro. Este processo de liberação do flúor é sustentá-
de fluoroaluminossilicato finamente moídos que vel e ocorre durante um longo período de tempo. É
liberam íons, mas evitam a suscetibilidade à dis- importante compreender que esta liberação de íons
solução (a desvantagem dos silicatos) pela subs- flúor é resultado da reação de presa e do processo de
tituição do ácido fosfórico pelos ácidos poliméri- troca iônica no cimento. Neste processo, o flúor do
cos carboxílicos do policarboxilato de zinco. Os vidro está sendo substituído por carboxilatos e água.
materiais são fornecidos como um sistema de duas Portanto, se adequadamente formulada, há pouca
partes, pó e líquido, que necessitam de mistura. Os chance de o cimento ir perdendo sua resistência com
sistemas originais sofreram várias modificações, o tempo. Um número considerável de pesquisas não
mas todos os ionômeros de vidro convencionais têm mostra perda de resistência do cimento após 1 ano de
os seguintes componentes essenciais: armazenamento em água.
A água desempenha vários papéis importantes
• Ácido policarboxílico
na presa. Primeiro, ela fornece o transporte dos íons
• Vidro de fluoroaluminossilicato (FAS)
necessários para a reação ácido-base e para a libera-
• Água
ção de flúor. Segundo, uma parte da água também é
• Ácido tartárico
quimicamente ligada ao complexo formado depois
A matriz polimérica da maioria dos ionômeros da reação de presa e proporciona estabilidade para
de vidro é um copolimero de ácido acrílico e ácido o material restaurador. A água também fornece
itacônico ou ácido maleico. Na maioria dos casos, plasticidade durante as fases de manipulação.
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 199

O cimento, depois da reação de presa, é cons- ouro, prata e titânio, para melhorar sua resistência.
tituído por um hidrogel de poliacrilatos de cálcio, Esses materiais são chamados de cermets. Os siste-
alumínio e fluoroalumínio envolvendo as partículas mas comercialmente disponíveis são produzidos
de vidro não reagidas, as quais estão envolvidas com prata fundida ao vidro. Embora a resistên-
por uma camada de hidrogel de sílica fracamente cia ao desgaste seja melhor que a dos materiais
aderida. Cerca de 20'Yo a 30% do vidro é dissolvido convencionais, a resistência à flexão e à abrasão
na reação. Partículas menores de vidro podem ser não são significativamente melhoradas, enquanto
totalmente dissolvidas e substituídas por partícu- que a liberação de flúor é reduzida. Por causa da
las de hidrogel de silício contendo cristalitos de presença de fase metálica, os cimentos tipo cermets
fluorita. A estabilidade da matriz é dada por uma apresentam cor cinza.
combinação do entrelaçamento das cadeias, ligações
cruzadas iônicas fracas e pontes de hidrogênio. Componentes e Reação de Presa
Avanços significativos foram feitos na formulação de lonômeros de Vidro Modificados
do ionômero de vidro convencional nos últimos anos por Resina
para melhorar a sua manipulação e suas proprieda-
des mecânicas. Uma presa mais rápida foi conseguida Com a intenção de desenvolver tempos de traba-
pela alteração do tamanho e da distribuição de tama- lho mais longos e ainda assim uma presa rápida de
nho das partículas do pó de vidro. Um fabricante forma a permitir o acabamento imediato, foi intro-
recobre as partículas de pó com um material poli- duzido o conceito ionômero de vidro modificado por
mérico para facilitar a mistura. resina no final dos anos 1980. Os componentes essen-
ciais são semelhantes aos cimentos convencionais em
que uma solução aquosa de ácido carboxílico sofre
Cennets uma reação ácido-base com um vidro de fluoroalu-
Os primeiros ionômeros de vidro convencionais minossilicato. O cimento de ionômero de vidro modi-
não eram muito resistentes mecanicamente. Por ficado por resina também contém alguns compostos
isso, os vidros eram fundidos com metais, como de metacrilato comuns em compósitos resinosos.

Co,H

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H,o· + Vidro de FAS _ _.. •
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! (3)

Onde M+n significa ion metâlico

Si(OH), Hidrogel de sllica


(4)

lVlecanismo de presa de ionômeros de vidro convencionais


200 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Além desses metacrilatos, são adicionadas peque- vidro modificado por resina, o polímero é o ácido
nas quantidades de outros componentes de forma carboxílico sem modificacões. Neste caso, o líquido
a permitir uma reação de polimerização fotoativada é formulado como uma mistura de monômeros
ou ativada quimicamente (redox) das ligações du- de metacrilato hidrofílicos e água. Geralmente, o
plas de carbono. Embora os materiais comerciais teor de água desses materiais é menor e o teor de
A ; • ..., • •

variem muito na composição, os componentes es- monomero e maior em comparaçao com o pnmerro
senciais de ionômeros de vidro modificados por tipo. Como resultado, o coeficiente de expansão tér-
resina "verdadeiros" são as seguintes: mica desses ionômeros de vidro é alto. Iniciadores
de radicais livres são adicionados para desencadear
• Polímero do ácido policarboxílico - um
a reação de polimerização dos grupos metacrilato.
fabricante usa um ácido carboxílico no qual
Iniciadores sensíveis à luz visível e/ ou iniciadores
alguns grupos metacrilato pendentes estão
redox autopolimerizáveis são utilizados para desen-
presentes
cadear a formação de ligações cruzadas covalentes.
• Vidro de fluoroaluminossilicato
O vidro do FAS dos sistemas de ionômero de vi-
• Água
dro modificado por resina possui composição similar
• Monômero metacrilato hidrofilico
ao descrito para os vidros de ionômero de vidro
• Iniciadores de radicais livres
convencionais, apesar de algumas variações terem
Há duas maneiras de se introduzir os componen- sido feitas de forma a coincidir o índice de refração
tes de metacrilato. No primeiro tipo de sistema de do vidro com o da matriz. Também é comum tratar a
ionômero de vidro modificado por resina, as cadeias superfície do vidro com um modificador orgânico.
do polímero de ácido carboxílico são modificadas Dois tipos distintos de reação de cura ocorrem em
de modo a apresentarem um grupo metacrilato um ionômero de vidro fotopolimerizável verdadeiro,
pendente. Uma maneira comum de fazer isso é a tradicional cura por meio da reação ácido-base dos
reagir alguns dos grupamentos de ácido carboxílico ionômeros de vidro e a polimerização dos meta-
com metacrilato de isocianatoetila, resultando em crilatos por meio de radicais livres. Em laboratório,
grupos metacrilato pendentes unidos através de liga- a primeira reação pode ser monitorada por espec-
ções hidrolíticamente estáveis tipo amida. O primeiro troscopia no infravermelho (FTIR) mediante o sur-
ionômero de vidro modificado por resina lançado gimento dos picos relativos aos íons carboxilato.
comercialmente apresentava esse tipo de química. Isto é mostrado no esquema de reação a seguir. A
reação do metacrilato, sendo uma reação tipo po-
limerização em cadeia, progride a uma taxa que é
HOOC várias ordens de grandeza maior do que a taxa da
reação ácido-base. Na prática, a fração em que cada
uma dessas duas reações ocorre é muito dependente
COOH de cada sistema em particular. Se o sistema possui
n
baixa quantidade de água e alta quantidade dos
HOO componentes de metacrilato, a ionização do ácido
\ carboxílico será suprimida severamente, resultando
NH
em pouca reação ácido-base. A quantidade de reação
ácido-base é facilmente detectada por técnicas quí-
micas como a Espectroscopia no Infravermelho com
Transformada de Fourier (FTffi) e por Espectrosco-
o pia Eletrônica para Análises Químicas (ESCA).
>==O
Sistema de lonômero com Tripla Cura
Estes ionômeros de vidro modificados por resina
apresentam um modo de cura adicional. Se apenas
Componente polimérico frequente em alguns
ionô1neros de vidro modificados por resina
fotoiniciadores forem utilizados para fazer as ligações
cruzadas dos grupos metacrilato, o ionômero de vidro
modificado por resina de tem de ser polimerizado em
Além do ácido carboxílico modificado por meta- camadas, uma vez que a penetração da luz visível só
crilatos, o líquido contém um monômero metacrilato ocorre até uma profundidade limitada. Esta não é uma
miscível em água, por exemplo, o metacrilato de desvantagem nas aplicações em que finas camadas de
hidroxietila (HEMA) ou o dimetacrilato de glicerol materiais sejam necessárias, por exemplo, em forra-
(GOMA). No outro tipo de sistema de ionômero de mentos ou bases. No entanto, para aplicações como
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 201

material restaurador e na confecção de núcleos de ativada por luz. A introdução da tecnologia tri-cura
preenchimento, a necessidade de inserção incremental permite que o ionômero de vidro modificado por
é uma desvantagem. Este problema foi eliminado pelo resina possa ser inserido em volumes maiores,
chamado sistema de ionômero de vidro tri-cura. Aqui, poupando tempo do cirurgião-dentista. Em um
além dos fotoiniciadores, são adicionados iniciadores sistema comercial, os iniciadores redox são micro-
redox de autopolimerização para que a polimerização encapsulados e adicionados ao pó. A espatulação
do metacrilato possa continuar mesmo na ausência de e a mistura do pó com o liquido desencadeiam
luz. As três reações de cura são as seguintes: a liberação dos catalisadores das microcápsulas,
resultando na autocura.
1. Reação ácido-base do ionômero de vidro
Apesar de vários produtos comerciais alegarem
2. Polimerização ativada pela luz
ter a química tri-cura, é importante se familiarizar
3. Polimerização quimicamente ativada
com as instruções de uso e perceber que existem
As reações 2 e 3 são quimicamente semelhantes, diferenças significativas entre eles. Em um sistema
mas diferem no modo de iniciação. As reações 1 e 3 verdadeiramente tri-cura, a polimerização redox é
ocorrem espontaneamente quando o pó e o liquido bastante rápida e permite que o material seja colo-
são misturados. A reação 2 ocorre somente quando cado em grandes quantidades, se desejado.

(1)

H' +Vidro de FAS HiO (2)

+3 "2 •
+ AI • AIF • AIF2 elo. (3)

l
(4)

h• j HEMA

(5)

Reação de presa de ionômeros de vidro modificados por resina


(tipo fotopoli 1nerizável)
202 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

CO,H CO,H + Poliácido


lunclonallzado
__.Cl.._H__._lO,_H _l
Vidro G)
de tluoroalumlnossilicato ~o Reação
ácido-base

o,c
'Ar-?°2
C-
"' + ,,.
,

0
o,c
1
Co,H
1 r 0
Cura por luz Luz Catalisadores redox Cura no escuro tipo
tipo Radical livre Oxidação-Reduçll<>
HEMA HEMA

Reações de presa em sistemas de ionômero de vidro de tripla cu ra

Nanoionômero líquido recomendada pelas instruções do fabricante,


os componentes são espatulados manualmente. Em
O mais recente avanço em ionômeros de vidro alguns casos, é recomendável que o material mis-
modificados por resina é o nanoionômero, dis-
turado seja transferido para uma seringa e injetado
ponível comercialmente desde 2007. Este material
no dente preparado.
é um ionômero de vidro modificado por resina em
Para auxiliar no proporcionamento e na mistura,
que algumas nanopartículas, como nanômeros e o ionômero de vidro também é fornecido na versão
nanoaglomerados (ver seção sobre Nanocompósi-
encapsulada em dose única (Fig. 8-10). Pó e líquido
tos) são adicionados ao vidro de FAS. Como todos
são mantidos separados dentro da cápsula para
os ionômeros de vidro modificados por resina, eles
garantir a durabilidade e o prazo de validade. Antes
apresentam o componente aquoso formado por do uso clínico, a cápsula é ativada e, em seguida,
um ácido carboxílico e monômeros de metacrilato
triturada em um amalgamador para a mistura de
miscíveis em água. A adição das nanopartículas
ambos os componentes. Um aplicador é fornecido
melhora o polimento e as características ópticas do
para extruir o material misturado através de uma
ionômero curado. O vidro de FAS deste material
ponta estreita, fazendo com que ele possa ser colo-
apresenta uma área de superfície muito alta, de
cado diretamente no preparo dentário.
forma que a liberação de flúor não seja comprome- Recentemente, os ionômeros de vidro modifica-
tida. Análises de Infravermelho e ESCA confirmam
dos por resina foram formulados em sistemas pas-
a presença significativa de reação ácido-base.
ta-líquido ou pasta-pasta. Durante a fabricação, o
pó de vidro de FAS é misturado com uma pequena
Embalagem dos Ionômeros de Vidro quantidade de resina para fornecer uma consistência
Os ionômeros de vidro são um sistema em duas pastosa. O líquido pode ser mantido inalterado ou,
partes. Até recentemente todos os ionômeros de vi- alternativamente, formulado com um vidro não reati-
dro eram compostos de um componente em pó e um vo e também fornecido como uma pasta. O fabricante
componente na forma líquida. O pó é comumente fornece os dois componentes em um tipo de seringa
fornecido em um frasco e é dispensado com uma co- com saída dupla (Fig. 9-13). Durante o uso, os dois
lher de medida, enquanto que o liquido é fornecido componentes são extruídos por um êmbolo em uma
em um frasco conta-gotas utilizado para dispensar proporção pré-determinada, na quantidade neces-
o produto. Depois de dispensar a proporção de pó e sária para a utili:zação clínica. Espera-se que varia~
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 203

devido ao proporcionamento sejam menores com minimisturador estático. No momento do uso, o


esses tipos de seringas. Além disso, a espatulação é bico é levantado e posicionado paralelamente aos
mais fácil do que a de materiais tipo pó-liquido. recipientes das pastas. Em seguida, um aplicador
O último avanço na manipulação de materiais empurra as duas pastas para dentro do bico, onde
com sistema pasta-pasta é um dispositivo para acontece a mistura mecânica e a pasta é extruída pe-
cápsulas de dose única que possibilita a automis- la ponta diretamente no preparo dental. Acredita-se
tura e a inserção na cavidade (Fig. 9-14). Nesse dis- que esse sistema produza menos microbolhas na
positivo, as duas pastas são colocadas em compar- restauração, uma condição que pode surgir durante
timentos lado a lado. O bico da cápsula contém um a manipulação.

FIGURA 9, 13 Dispensadores de ionômero de vidro modificado por resina pasta-liquido (A & B) (A. Cortesia de GC
América, Alsip, IL; B. Cortesia de 3M ESPE, St. Paul, MN).

FIGURA 9-14 Cápsulas de automistura em dose única para um ionômero de vidro modificado por resina pasta-pasta.
A ponteira contém um minimisturador estático para automistura quando acionado pelo dispositivo (Cortesia. de 3M
ESPE, St. Paul, MN).
204 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Aplicações Clínicas dos lonômeros são indicados para restaurações conservadoras. As


de Vidro propriedades físicas dos ionômeros de vidro modifi-
cados por resina, incluindo a resistência ao desgaste e
Cinicamente, tanto os ionômeros de vidro con- a estabilidade dimensional, são melhores quando são
vencionais quanto os modificados por resina são usa- comparadas com os correspondentes convencionais.
dos para uma variedade de aplicações restauradoras, As ligações cruzadas covalentes adicionais na matriz,
especialmente em situações com alta atividade ou devido à polimerização dos grupos metacrilato, con-
alto risco de cárie, em que seja provável a recorrência. tribuem para esta melhora. O módulo do ionômero
As principais indicações clínicas são lesões pequenas de vidro modificado por resina é inicialmente baixo
(restaurações de longo prazo em dentes permanentes durante a polimerização por luz, mas aumenta com
em regiões não submetidas a tensões, restaurações o tempo conforme a reação ácido-base vai sendo
provisórias em dentes permanentes e no Tratamen- concluída. Esta caracterfstica toma os ionômeros
to Restaurador Atraumático [ART]), especialmente de vidro modificados por resina particularmente
quando uma ou mais margens estão em dentina. Eles interessantes quando aplicados como forramento
atuam como um excelente forramento ou base em ou base de restaur ações tipo sanduíche com com-
lesões profundas, em que alguma dentina desmine- pósitos resinosos, pois eles podem aliviar as tensões
ralizada ainda permanece no assoalho da cavidade, resultantes da contração de polimerização desses
passível de ser remineralizada. Eles também são in- materiais.
dicados para uma técnica conhecida como sanduíche, A difusividade térmica e o coeficiente de ex-
ern ca:rnadas ou de estratificação, em que um compósito pansão térmica (CET) de vários ionômeros de vidro
resinoso é colado sobre uma base de ionôm.ero de convencionais e modificados por resina são mais
vidro. Por causa de seu baixo módulo, os ionômeros próximos daqueles da estrutura dental (dentina)
de vidro são muitas vezes indicados para restaura- do que aqueles apresentados por compósitos resi-
ções classe V e lesões de abfração nas quais a flexão nosos. Tais materiais se.rvem, portanto, como bons
do dente é mais pronunciada. O ionômero de vidro isolantes contra choques térmicos, principalmente
modificado por resina é, muitas vezes, o material de quando usados como base. No entanto, como os
escolha para restaurações pediátricas e aplicações produtos variam muito entre os diferentes fabrican-
preventivas (preenchimento direto, bem como para tes em termos de coeficiente de expansão térmica, é
a confecção de núcleos) porque eles permitem um aconselhável verificar esses valores para cada ma-
procedimento de passo único e requerem isolamento terial individualmente. Em geral, os produtos que
mínimo durante a inserção. Alguns produtos são têm a menor quantidade do componente resinoso
indicados para primeiros e segundos molares per- apresentam os valores mais baixos de coeficiente de
manentes em erupção com sulcos parcialmente expansão térmica.
expostos e que ainda não podem ser selados com ,
selantes resinosos convencionais. Liberação e Captura de Ions Fluoreto
Uma característica particularmente benéfica dos
P ropriedades dos lonômeros de Vidro ionômeros de vidro convencionais ou modificados
Como muitos dos materiais apresentados como por resina é que estes materiais funcionam como um
sistemas com dois componentes, as propriedades dos reservatório de íons fluoreto. O flúor é liberado por
ionômeros de vidro, tanto do tipo convencional do um mecanismo de troca iônica que ocorre nesses
tipo modificado por resina, são bastante dependentes materiais. Pesquisas mostram que os íons de flúor
da proporção entre o ácido policarboxíli.co e o vidro liberados são capturados pelo esmalte e dentina
de fluoroaluminossilicato utilizado. Deve-se tomar adjacentes, tornando estas estruturas dentárias
um cuidado especial com o proporcionamento dos menos suscetíveis aos desafios ácidos por uma
sistemas pó /líquido espatulados manualmente para combinação tanto de uma menor solubilidade como
garantir as proporções exatas . A norma ISO 9917- da interferência sobre a atividade das bactérias ca-
1 para cimentos à base de água estabelece alguns riogênicas. A liberação de íons fluoretos se mantém
requisitos para os ionômeros de vidro restauradores e por períodos prolongados (Fig. 9-15). Sabe-se que
a ISO 9917-2 abrange as propriedades dos ionômeros esses materiais também atuam como reservatórios
de vidro modificados por resina. Comparações entre de flúor no meio bucal, absorvendo o flúor salivar
propriedades são apresentadas na Tabela 9-3. proveniente de dentifrícios, enxaguatórios bucais
e soluções tópicas de flúor. É possível detectar a
Propriedades Físicas, M ednicas e Térmicas presença de fluoretos em amostras de placa imedia-
As propriedades ffsicas e mecânicas dos ionô- tamente adjacente às restaurações de ionômero de
meros apresentam valores mais baixos que as de vidro modificado por resina (Fig. 8-9). A dinâmica
compósitos resinosos e, portanto, esses materiais dos íons fluoretos é particularmente vantajosa para
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 205

4.000
E
2: 3.500
Vitremer
.~ 3.000 Fuji li LC
õí
:::> Ketac Nano
§ 2.500
<..>

~ 2.000
o
~ 1.500
~
o 1.000
•<li
'-"'
~
500
i
0 -1-~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~__,

o 60 120 180 240 300 360 420 480


Tempo (dias)

FIGURA 9-15 Liberação de ftúor por ionômeros de vidro típicos.

aqueles pacientes com alto risco de cárie dental. O mecanismo de adesão à estrutura dental é
Uma vasta quantidade de pesquisas in vitro e in principalmente de natureza quimica e ocorre por
situ e um número limitado de estudos clínicos têm meio da troca iônica entre o dente e a restauração.
sido realizados para avaliar o benefício clínico do As ligações poliacrilato-cálcio foram estudadas em
flúor. A maioria destes estudos tem demonstrado a alguns produtos in vitro por Espectroscopia Eletrô-
eficiência desses materiais quando altas e médias nica para Análise Química (ESCA). Uma pequena
atividades de cáries estão presentes. quantidade de ligações micromecânicas tem sido
observada com alguns ionômeros de vidro modi-
Adesão ficados por resina.
Os ionômeros de vidro apresentam boa adesão As forças de adesão dos ionômeros de vidro
clínica à estrutura dental. Ao contrário dos compó- convencionais e modificados por resina à estrutura
sitos à base de resina, o condicionamento ácido da dental, medidas em laboratório, geralmente pos-
superfície do esmalte e da dentina com ácido fosfóri- suem valores menores quando comparados com a
co não é necessário. Assim, estes materiais são por combinação de adesivos resinosos e compósitos. A
vezes considerados autoadesivos. Um pré-condicio- falha é geralmente coesiva no ionômero de vidro;
namento da superfície dental é recomendado apenas portanto, pode-se questionar sobre o quanto essas
para alguns produtos, especialmente aqueles com medições laboratoriais refletem a adesão interfacial
alta proporção pó/líquido para garantir um bom real. No entanto, estudos retrospectivos de análises
molhamento da superfície. Um dos procedimentos clínicas in vivo têm mostrado que os ionômeros de
a seguir pode ser usado como pré-tratamento: vidro modificados por resina proporcionam excelente
retenção e vedação do dente. Uma das razões para is-
• Condicionar a superfície do preparo,
to é o alívio de tensões externas resultante das reações
usando ácido poliacrilico entre lO'Yo e 20%
de cura dual que ocorrem nessa classe de material.
por 10 segundos, lavar bem para remover
Os ionômeros de vidro modificados por resina
o condicionador e os resíduos presentes na
têm sido reconhecidos como um dos melhores tra-
superfície e secar.
tamentos para minimizar a sensibilidade pós-ope-
• Para alguns ionômeros de vidro modificados
ratória em dentes restaurados. Há duas razões para
por resina restauradores, uma solução
isto. Primeiro, porque o condicionamento prévio não
à base de ácido policarboxílico diluído
é necessário para a colocação do material e, como
(identificados pelos fabricantes como primer
resultado, as fibrilas de colágeno não são desmine-
ou autocondicionador) é aplicada sobre a
ralizadas e não existe risco de colapso da camada de
superfície do preparo e toma presa pela luz.
colágeno exposto. Segundo, o mecanismo de presa
Isto garante um bom contato da mistura
é dual e o aumento do valor do módulo é gradual,
viscosa do ionômero de vidro com o dente,
permitindo que o material possa absorver uma
sem impedir as trocas iônicas.
quantidade considerável de tensões de contração,
206 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

minimizando o efeito das forças de contração nas APARELHOS


interfaces dente-restauração. FOTOPOLIMERIZADORES

Visão Geral
COMPÔMEROS
As fontes de luz mais comuns utiliVldas em odon-
Compômeros ou compósitos modificados por tologia para fotoativar compósitos são as de quart-
poliácido são indicados para restaurações em regiões :zo-tungstênio-halogênio e as luzes tipo LED (liglzt-ciút"
submetidas a baixas tensões, embora um produto ting diode). As definições dos termos utilizados para
recente venha sendo recomendado pelo fabricante descrever as fontes de luz utilizadas para ativar resinas
para restaurações classe 1e II em adultos (Tabela 9-1). odontológicas estão listadas na Tabela 9-6.
Compômeros são recomendados para pacientes com
risco médio de desenvolvimento de cárie. Aparelhos de Luz Halógena de
Quartzo-Tungstênio-Halogênio
Composição e Reação de Presa Um exemplo de um aparelho fotopolimerizador
Os compômeros contém monômeros modifi- de quartzo-tungstênio-halogênio (QTH) utilizado
cados por poliácidos com vidros de silicato que para ativar a polimerização dos compósitos é mostra-
liberam fluoretos e são formulados sem água. do na Figura 9-16. O pico do comprimento de onda
Alguns compômeros possuem monômeros modi- varia entre os aparelhos entre aproximadamente 450
ficados, que permitem liberação adicional de flúor. a 490nm. Normalmente, os intervalos de irradiância
A fração volumétrica de carga varia entre 42o/o e são de 400 a 800mW /cm2, mas unidades de QTH
67°/o e o tamanho médio das partículas varia de com maiores intensidades estão disponíveis. Algu-
0,8 a 5,0 µ.m. Os compômeros são apresentados na mas unidades podem ser controladas para fornecer
forma de uma pasta única e embalados em seringas duas ou três intensidades diferentes (polimerização
o u compules. em etapas) ou com intensidade continuamente cres-
A reação de presa ocorre principalmente por cente (polimerização em rampa). Um incremento tí-
meio da polimerização fotoativada, mas uma reação pico de 2mrn de espessura para uma restauração de
ácido-base também ocorre à medida que o compô- resina composta requer urna exposição radiante
mero absorve água em contato com a saliva após sua de8J/cm 2 (400mW/cm2 x 20s= 8.000mW s/cm2)
inserção na cavidade. A a.bsorção de água também é para uma polimerização suficiente.
importante para a transferência de flúor.
TABELA 9-6 DeJiniçX\es de termos utilizados JYdra
Propriedades descrever as fontes de luz para polimerização de resinas
odontológicas
As propriedades típicas de compômeros estão
listadas na Tabela 9-3. Os compômeros liberam Tenno Unidade Definição
fluoretos por um mecanismo semelhante ao dos
Emissão nm Amplitude efetiva dos com-
ionômeros de vidro convencionais e híbridos. Por
espectral primentos de onda emitidos
causa da menor quantidade de vidro de ionômero pela fonte de luz
presente nos compômeros, a quantidade de flúor
liberado e a duração da liberação são menores do Requisitos nm Faixa de comprimentos de
que em ionômeros de vidro convencionais e lubri- espectrais onda necessária para ativar o(s)
foto.injciador(es) das resinas
dos. Além disso, os compômeros não se recarregam
tanto quanto os ionô.m eros de vidro convencionais Fluxo mW Número de fótons por segul\do
e híbridos quando expostos a tratamentos à base emitidos pela fonte de Luz
de flúor ou com a escovação com dentifrícios fluo- lrradiância mW/cm 2 Número de fótons por segundo
retados. ou excitação emitidos pela fonte de luz
radi<mte por unidade de área da ponta
polimerizadora
Manipulação
Energia J* Potência x tempo
Os compômeros necessitam de um agente de
união para aderirem à estrutura dental. O mate- Densidade J/cm2 lrradiãncia x tempo
rial deve ser fotoativado em incrementos de 2 a de energia
2,Smm. 'Joide (JJ = 1000mW r s
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 207

Uma diminuição de 6o/o na voltagem da rede


elétrica causa uma redução de cerca de 25% na in-
tensidade em algumas lâmpadas, mas de apenas
10% em lâmpadas com reguladores de tensão em
seus circuitos. Em geral, a potência de saída das di-
ferentes luzes diminui com o uso continuo e a inten-
sidade não é uniforme para todas as áreas da ponta
condutora de luz, sendo maior no centro. Além dis-
so, a intensidade da luz diminui com a distância da
fonte. Embora a intensidade seja importante no que
diz respeito à profundidade de cura, foi mostrado
para alguns produtos que variações de intensidade
entre aparelhos de até três vezes resultam em uma
diferença de apenas 15% na profundidade de cura.
A vida útil da lâmpada varia de 50 a 75 horas.
Embora haja um potencial mínimo de danos
provocados pela radiação aos tecidos moles cir-
cundantes expostos inadvertidamente à luz visível,
o maior cuidado deve ser tomado para prevenir
danos à retina ocular. Devido à alta intensidade
da luz, o operador não deve olhar diretamente
para a ponta emissora ou para a luz refletida pelos
dentes. Uma série de dispositivos de segurança são
comercializados para filtrar o feixe de luz visível de
forma que o operador possa observar diretamente
o processo de cura e estar protegido, bem como o
paciente e os funcionários. Estes dispositivos de cor
laranja são disponíveis na forma de óculos, placas
protetoras que podem ser posicionadas sobre o
campo de visão e ainda placas curvas, que podem
B ser adaptadas diretamente na peça de mão emissora
do feixe de luz.
FIGURA 9-16 Fonte de luz visível para fotoiniciação Algumas lâmpadas produzem considerável
de materiais restauradores ativados por luz (A. ó:>rtesia aquecimento na extremidade da ponta condutora,
de Discus Dental, Cu/ver City, CA;. B. Cortesia de lvocla.r o que pode provocar irritação pulpar. Quando não
Vivadent, Amherst, NY). se pode manter o dedo de 2 a 3 mm da ponta por
20 segundos, muito calor está sendo gerado. A ma-
Uma fonte de luz QTH consiste em uma lâmpada nutenção das luzes de QTH deve ser feito de forma
de amplo espectro (tipicamente 75W), vários filtros, regular, conforme resumido na Tabela 9-7.
um refletor, um ventilador, uma fonte de alimenta-
ção e uma ponta condutora de luz. A luz de saída
da lâmpada de QTH possui um amplo espectro e Aparelhos LED
é filtrada de modo a permitir a passagem de uma Os diodos emissores de luz (LEDs) de estado
estreita faixa de comprimento de onda, centrado em sólido utilizam junções de semicondutores dopados
tomo de 470-480nm (comprimentos de onda azuis) (junções p-n) baseadas em nitreto de gálio para emi-
para depois ser transferida para a ponta conduto- tirem a luz azul. A faixa espectral dos LEDs azuis
ra de luz. Um filtro UV bloqueia a passagem de está entre 450 e 490nm e são, portanto, eficazes para
comprimentos de ondas UV. Um refletor dicroico a polimerização de materiais fotoiniciados por can-
focaliza a luz na extremidade da ponta condutora. foroquinona. Os aparelhos de LED não necessitam
O refletor também permite a passagem de com- de um filtro, têm vida útil longa e não produzem
primentos de onda infravermelhos para dissipar o tanto calor como os aparelhos de QTH. O calor se
calor através da parte traseira do aparelho. Uma vez toma uma preocupação, mesmo com fontes de LED,
que uma quantidade de calor substancial é gerada apenas quando arranjos de grandes dimensões são
pela lâmpada de 75W, um ventilador é necessário utilizados. Uma vez que o espectro de emissão
para esfriar a lâmpada e o aparelho. dos LEDs azuis corresponde mais ao espectro de
208 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 9-7 Fatores que causam a diminuição na faz as fontes de LED mais eficientes na ativação da
intensidade da luz de aparelhos fotopolimerizadores canforoquinona do que as fontes de QTH. A geração
de quartzo-tungstênio-halogênio (QTH) e dicas de de fótons depende apenas da energia aplicada nos
manutenção comprimentos de onda absorvíveis.
Fatores Dicas de manutenção
Compósitos fotoativados com unidades de LED
têm propriedades em flexão semelhantes àqueles
Pó ou deterioração do refletor Limpeza ou troca do fotoativados com unidades de QTH. A profundida-
refletor de de cura com as unidades LED parece ser maior.
Queima do filamento da Troca da lâmpada
lâmpada
APLICAÇÕES DQS POLÍMEROS EM
Escurecimento/ opacidade da Troca da lâmpada
lâmpada
PROTESE
Idade dos componentes Monitorar intensidade, Polímeros acrílicos têm uma ampla variedade
trocar o aparelho de aplicações em odontologia restauradora, como
Lascamento na ponta Trocar a ponteira bases de próteses, dentes artificiais, materiais
para reparo de próteses, moldeiras, restaurações
Restos de resina na ponta Limpeza ou troca da
ponteira provisórias e no reparo de defeitos do esqueleto
maxilofacial. A grande maioria das próteses confec-
Flutuações na voltagem da Providenciar um cionadas atualmente é fabricada com poli(metacri-
rede regulador de voltagem lato de metila) ativado pelo calor e poli(metacrilato
Falta de uniformidade ao Sobrepor fotopofuneri- de metila) reforçado com borracha. Fraturas das
longo da ponteira de luz zações nas superfícies próteses ainda ocorrem, mas são geralmente as-
maiores sociadas a negligência ou uso inadequado pelo
Distância aumentada entre a Manter a ponteira paciente. Considerando-se as tensões funcionais,
ponteira e o material próxima ao material o meio oral e a vida útil esperada, o desempenho
dos materiais para base de próteses se mostra ex-
tremamente satisfatório.
absorção da canforoquinona do que o espectro das
fontes de QTH, supõe-se que as fontes de LED azuis
sejam mais eficientes. Nas fontes de QTH, a maioria Forma e Composição
da energia da luz é filtrada e descartada, já que a A resina acrílica para base de prótese é comu-
lâmpada de QTH é uma fonte de amplo espectro e mente apresentada na forma de pó e líquido ou na
somente os comprimentos de onda absorvidos pela forma de um gel. Materiais apresentados na forma
canforoquinona são desejados. Para as fontes de pó-líquido podem conter os materiais listados no
LED, a emissão não é filtrada. Isso, no entanto, não Quadro 9-1.

QU ADR0 9.1

INGR
, E DIENTE
, S PRINCIPAIS DE A C RÍLICO
, S
PO - LIQUIDO PARA BA S ES D E PROTESE
P6 Líquid o
Pérolas de polímero (ou copolímero) acrílico Monõmero
Iniciador Inibidor
Pigmentos Acelerador
Corantes Plastificante
Opacificante Agente de ligações cruzadas
Plastificante
Fibras orgânicas tingidas
Partículas inorgânicas
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLfMEROS 209

Pó Quando se utiliza um acelerador quimico em


A maioria dos materiais comerciais contêm po- vez de calor para acelerar a decomposição do pe-
li(metacrilato de metila), modificado por pequenas róxido e permitir a polimerização do monômero à
quantidades de etila, butila, ou metacrilatos de alquila temperatura ambiente, adiciona-se um acelerador
para produzir um polímero mais resistente à fratura ao líquido. Aceleradores comuns são as aminas,
por impacto. O pó também contém um iniciad or, tal como N,N-dimetil-para-toluidina e N,N-dihidro-
como o peróxid o de benzofla ou a diisobutilizonitrila xietil-para-toluidina. Estes sistemas são chamados
para dar início à polimerização do monômero líq ui- de autopolimeriz.áveis, de cura a frio, ou de acn1icos
do depois de ter sido incorporado ao pó. O iniciador autopolimerizantes. Resinas injetáveis (pour-type)
de peróxido pode ser adicionado ao polímero ou es- para prótese também se incluem nesta categoria.
tar presente como resíduo da polimerização, estando Por vezes se adicionam plastificantes para
presente e.m quantidades de O,So/o a 1,5%. produzir um polimero mais macio e resiliente. São
Polímeros puros, como o poli(metacrilato de me- utilizados ésteres com peso molecular relativamente
tila), são claros e aceitam bem uma ampla gama de baixo, como o dibutil ftalato. As moléculas de plas-
pigmentos. Os corantes são adicionados para obter tificante não entram na reação de polimerização,
os tons d os diversos tecidos naturais e os óxidos mas interferem na interação entre as moléculas d e
de zinco ou de titânio são utilizados como agentes polímero, fazendo com que o polimero plastificado
opacificadores. Fibras sintéticas confeccionadas fique mais mole do que o polímero puro. Uma des-
de nylon ou de acrili co tingidos são usualmente vantagem do uso de p lastificantes é que eles vão
adicionadas para simular os p equenos capilares da gradualmente sendo liberados para os fluidos orais,
mucosa oral. resultando no endurecimento d a base da prótese.
Plastificantes como o dibutil ftalato podem ser Um polímero também pode ser plastificado p ela
incorporados no pó ou no monômero. A adição de adição de alguns ésteres maiores, como o butil ou
fibras de vidro e fibras curtas de alumina (safira) au- octil metacrilato ao metacrilato de metila. Os ésteres
menta a rigidez, diminui o coeficiente de expansão polimeri2am-se e formam um plástico mais flexível.
térmica e aum enta a difusividade térmica. Fios de Este tipo de plastificação interna não se libera nos
polietileno e tecidos de poliaramida também têm si- fluidos orais e o material permanece flexível.
do utilizados para reforçar os polímeros acrllicos. Se um polímero reticulado é desejável, compostos
orgânicos, como o dimetacrilato glicólico, são adicio-
Líquido nados ao monômero. Os compostos de ligação cru-
O componente líquido da resina acrllica do tipo zada são caracterizados por grupos-CR-CH- reativos
pó-líquido é o metacrilato de metila, mas este pode nos extremos opostos das moléculas e servem para
ser modificado pela adição de outros monômeros. ligar longas moléculas de polimero. A utilização de
Urna vez que estes monômeros polimeri2am-se pela agentes de ligação cruzada proporciona urna maior
ação do calor, da luz ou do oxigênio, são adiciona- resistência a fraturas pequenas na superfície, denomi-
dos inibidores para garantir um prazo de validade nadas crazing, e pode diminuir a solubilidade e sorção
adequado aos líquidos. O irubidor mais comumente de água. Os agentes de ligação cruzada podem estar
usado para prevenir a polimerização prematura é a presentes em quantidades de 2% a 14%, mas têm pou-
hidroquinona, que pode estar presente em concen- co efeito sobre a resistência à tração, as propriedades
trações de 0,003% a 0,1 º/o. de flexão ou sobre a dureza de resinas acrilicas.

PROBLEMAS SELECIONADOS
PROBLEMA 1 mente atingida por meio da aplicação de incrcmcntos
Na seleção de um compósito a ser utilizado em uma de compósitos de cores diferentes e menos excesso de
restauração d e classe IV extensa, quais as vantagens material estará presente após a inserção e a cura da
em se utiliz."lr um compósito fotopolimerizável? restauração, facilitando assim o acabamento.

Solução PROBLEMA 2
O contorno pode ser mais adequadamente alcan- A confecção de um núcleo extenso posterior é ne-
çado por meio da técnica incremental; menos bolhas cessária em um molar inferior. Por que um compósito
d e ar são incorporadas, pois a mistura d e duas pastas tipo autopolimerizável para o núcleo é o material de
não é necessária; a cor adequada pode ser mais facil- escolha?
210 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Solução PROBLEMA 6
É possível atingir a cura uniforme sob uma coroa Que variáveis de manipulação podem ser con-
usada como molde para o núcleo; compósitos de troladas para melhorar a profundidade de cura de uma
baixa viscosidade se adaptam melhor aos pinos e restauração de compósito fotopolimerizável extensa?
compósitos opacos ou coloridos podem ser utiliza-
dos para diferenciar o núcleo da estrutura dentária Solução
durante a preparação da coroa. As seguintes variáveis podem ser controladas: o
tempo de exposição à luz pode ser aumentado para
os tons mais escuros e para os incrementos maiores
PROBLEMA 3 (maiores que 2 mm); a fonte de luz pode ser mantida
Quando pequenas bolhas de ar aparecem na su- a 1 mm da superfície da resina e a extremidade da
perfície de urna restauração de compósito fotopoli- ponta do fotopolimerízador pode ser distribuída
merizável durante o acabamento, quais são os fatores sobre a superfície do compósito em etapas, com
causais relacionados à manipulação? várias exposições, garantindo a uniformidade da
polimerização.
Solução
O problema pode ter sido causado por exposição
do compósito dispensado à luz operatória antes da PROBLEMA 7
inserção incremental; pelo trabalho prolongado em Quais são as propriedades dos compósitos mi-
cada incremento, a ponto de incorporar vazios entre cro-Ju'bridos que os tornam o material de escolha para
as camadas; pela mistura de incrementos de pastas a restauração de uma classe IV anterior extensa com
de dois tons diferentes em um bloco de mistura antes significativa função incisai?
da inserção ou pelo uso excessivo de álcool como
lubrificante do instrumento de inserção. Solução
As propriedades positivas são mais resistência
e maior módulo de elasticidade, menor contração
PROBLEMA 4 de polimerização, menor coeficiente de expansão
Há alguma razão para se esperar que a cor de uma térmica, baixa absorção de água e maior resistência
restauração classe IV extensa seja mais estável quando ao desgaste.
um compósito fotopolimerizado é utilizado em vez
de um compósito quimicamente ativado? Por quê?
PROBLEMA 8
Solução A avaliação clínica de uma restauração após 2 anos
Sim. Um compósito autopolimerizável contém mostra uma descoloração marginal que parece penetrar
um acelerador à base de arnina aromática que é mais em profundidade na interface da restauração. Que
suscetível à degradação por oxidação do que a arnina fatores contribuem para esse fracasso na adesão?
alifática, presente no sistema fotopolimerizável.
Solução
Os fatores que contribuem são a tensão residual
PROBLEMA 5 decorrente da contração de polimerização; tensões
Quando uma faceta fina anterior de compósito é de fadiga sobre a interface decorrentes de ciclagem
indicada para modificar a cor dos dentes, quais são as térmica; contaminação da área de adesão durante a
vantagens de uma resina composta microparticulada? inserção do material; tensões de flexão nas margens
da restauração causadas pela aplicação de forças fun..
Solução cionais intermitentes na restauração e na degradação
As vantagens são as seguintes: uma maior trans- hidrolítica da interface adesiva (especialmente se for
lucidez melhora o aspecto final; uma textura de su- em dentina).
perfície mais lisa fornece uma superfície brilhante e
com padrões de reflexão da luz semelhantes ao do
esmalte; em uma camada fina aderida ao esmalte, PROBLEMA 9
elevadas propriedades mecânicas e físicas não são tão Durante o reparo de uma restauração de faceta an-
importantes como em uma restauração classe IV. terior com uma pequena área de infiltração marginal
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 211

severa, o compósito pigmentado é removido e a área PROBLEMA 10


atingida é recoberta com material novo. Quais são as
Ao se avaliar o uso de compósitos em dentes pos-
características da adesão entre o compósito antigo teriores, quais são os fatores que contribuem para o
e o novo? desgaste precoce e o fracasso?

Solução Solução
A adesão é principalmente micromecânica e é Esses fatores são a perda de material, como resulta-
formada na superfície áspera do compósito origi- do da deterioração do agente de ligação silano entre as
nal. Uma ligação química fraca pode ocorrer entre partículas de preenchimento e a matriz; a contração de
o adesivo antigo exposto não reagido e o adesivo/ polimerização excessiva em restaurações com volume
compósito novo. O compósito reparado tem menos relativamente grande, a propagação de trincas através
força de coesão do que o compósito original e será das interfaces entre as partículas de preenchimento
mais durável se a área adjacente de esmalte também com o polímero e a baixa resistência à abrasão de um
puder ser condicionada por ácido. volume relativamente grande da matriz polimérica.

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10

Materiais Restauradores - Metais


Amálgama Ligas para Fundição Odontológica
Ligas de amálgama dentário Tipos e ComposiÇio
História Elementos Metálicos Usados en1 Ligas
Composição e Mmfologia Dentárias
Produção Metais Nobres
Liga de Pi·ata-estanlw Metais Básicos
Processos de An1algamaÇio Combinações Binárias de Metais Nom·es
Ligas de Baixo Teor de Cobre Tamanho do Grão
Ligas de Alto Teor de Cobre Propiiedades
Microestrutura do Amálgama Composição e Prop?iedades de Ligas de
Propriedades Físicas e Mecânicas Metais Nobres para Restaurações
Especificação ANSI/ADA para Liga Metalocerâmicas
de Amálgama Ligas de Metais Básicos
Mercúrio na Mistura Exigências Gerais para Ligas de Metais
Resi.stência à Compressao Básicos para Uso O dontológico
Resi.stência à Traçao Ligas de Cobalto-cromo e Níquel-cromo
Resi.stência à Flexao para FundiÇio de Próteses Parciais
Módulo de Elasticidade Re1novíveis
Creep* Especificação ANSI/ADA No.
Alw·ação Dimensional 14 (ISO 6871)
Con·osão Composição
Propriedades do Mercúrio Microest?-u.tura de Ligas de Metais Básicos
Adesão do A1nálgan1a pai·a Fundição
Tratamento Ténnico de Ligas de Metais Básicos
*Nota da R evisão C ientífica: O cermo "creep" não foi Prop?iedades Físicas
traduzido por não existir na lfngua porcuguesa palavra Propiiedades Mecânicas
que expresse o seu significado de forma inequívoca.
Cm·rosão
Po..<>síveis craduções co1no "escoa1ne11to" ou "fluê11cia"
se refe.r em a outras propriedades. Em engenharia, o
Ligas de Fundição de Metais Básicos para
termo "creep" é algumas vezes craduzido como "es- Pi·óteses Fixas
corregan1e11to" ou 11 ra.c;cejan1ento11, referindo.-se a um Out?·as Aplicações para Ligas de Metais
fenômeno lento e progressivo. Básicos Fundidas

217
218 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Titânio e Ligas de Titânio


Titânio comercialmente Puro
Ligas de Aço Inoxidável Forjado
Composição
1
Ligas de Titânio: Geral Função dos Elemencos da Liga e Resist2ncia
Ti-6AHV Química
Ticânio Usinado para Implantes Traramentos para alívio de tensões
Denrários Liga Forjada de Níquel-titânio
Ticânio Fundido Composição e Efeico de Memória de Forma
Ligas Forjadas Propriedades e Manipulação
Microestrutura Liga Forjada de Beta-titânio
Composição Composição e Microesr.rutura
Propriedades Propriedades

AMÁLGAMA são um pouco frágeis, estão sujeitas à corrosão e


ação galvânica, podem demonstrar alguma deterio-
Um amálgama é uma liga composta por mercúrio ração nas margens do dente e do amálgama e não
e um ou mais .metais. O amálgama dentário é pro- ajudam a reforçar a estrutura dentária enfraquecida.
duzido misturando mercúrio líquido com partículas Finalmente, há questões de regulamentação sobre
sólidas de uma liga contendo predominantemente resíduos de amálgama que são lançados no sistema
prata, estanho e cobre. Zinco e paládio também po- de coleta de esgoto. Apesar destas deficiências, o
dem estar presentes em pequenas quantidades. Esta amálgama dentário é um material restaurador al-
combinação de metais sólidos é conhecida como liga tamente bem-sucedido e de baixo custo. Contudo,
de amálg1111111. É importante marcar a diferença entre os alternativas como ouro fundido, cerâmica e com-
termos amálgama dentário e liga de amálgama, que é pósitos resinosos são competitivas em termos de
produzida e vendida comercialmente como pequenas frequência de uso. Muitos argumentam, no entanto,
limalhas, partículas esferoidais, ou uma combinação que o uso do amálgama deve ser fortemente apoiado
dessas, adequada para misturar com mercúrio liqui- dado o seu grande benefício à saúde pública nos
do para produzir o amálgama dentário. Estados Unidos e em muitos outros países.
Uma vez que a liga de amálgama é recém-mistu- Neste capítulo, a composição e a morfologia dos
rada ao mercúrio líquido, tem-se uma plasticidade diferentes amálgamas dentários são apresentadas,
que a permite ser convenientemente comprimida seguindo-se uma discussão sobre os amálgamas de
ou condensada em uma cavidade preparada no baixo e alto teor de cobre, as reações químicas que
dente. Após ser condensado, o amálgama dentário ocorrem durante a amalgamação e as microestrutu-
é esculpido para gerar as características anatômicas ras resultantes. Na próxima seção, abordam-se as di-
necessárias e, então, endurece com o tempo. O amál- versas propriedades físicas e mecânicas, assim como
gama é mais comumente usado para restaurações fatores relacionados à manipulação de amálgama.
posteriores diretas definitivas e para grandes infra-
estruturas de restaurações, ou núcleos, que antece-
Ligas de Amálgama Dentário
dem a colocação de coroas. Restaurações dentárias
de amálgama são relativamente simples de serem História
confeccionadas, não são excessivamente sensíveis à O amálgama tem sido usado como material den-
técnica, mantêm a forma anatômica, têm resistência tário restaurador por muitos anos. Antes de 1900,
à fratura razoavelmente elevada, impedem infil- experimentaram-se muitas composições, mas poucas
tração marginal após um período de tempo na boca, obtiveram sucesso quando colocadas no ambiente
podem ser usadas em áreas sujeitas a tensões e têm oral Por volta de 1900, métodos científicos foram apli-
uma vida útil relativamente longa. cados ao problema, o que levou à chamada co111posição
A maior desvantagem do amálgama dentário é equilibrada de prata e estanho na forma de Ag;i.Sn com
que a sua cor prateada não corresponde à da estrutu- a adição de pequenas quantidades de cobre e, ocasio-
ra do dente. Além disso, restaurações de amálgama nalmente, zinco. Restaurações de amálgama feitas com
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 219

essa fórmula balanceada foram razoavelmente bem-


-sucedidas, e não era incomum ver restaurações de
amálgama com 10 a 20 anos ainda em uso. Contudo,
uma desvantagem que permanecia era a propensão
para fratura na margem da restauração de amálgama
próxima à estrutura dentária, comumente chamada
fratura marginal. Tais fraturas eram exacerbadas pela
presença da fase estanho-mercúrio (Sn7-aHg), que se
forma quando o Ag3Sn reage com mercúrio. Esta fase
se mostrou ser a mais fraca do amálgama endurecido
e está sujeita à falha por corrosão, particularmente na
margem restauração/ dente em que uma forma mais
ativa de corrosão conhecida como corrosão de frest.a é
de ocorrência mais provável. Embora uma quantida- FIGURA 10-1 Restaurações de amálgama de uma
de significativa de fratura marginal fosse observada liga de partículas tipo limalha com baixo teor de cobre
entre as ligas comerciais da época, aceitou-se esse (esquerda) e de uma liga do tipo mistura com alto teor de
tipo de fratura como uma característica intrínseca de cobre (direita) após 3 anos de serviço clínico (Cortesia de
restaurações dentárias de amálgama. D.B. Mahler, OHSU School o/Dentistry, Portland, Oregon).
Em 1962, introduziu-se uma nova liga de amál-
gama, chamada Dispersalloy, que consistia na adição mesmo tempo no mesmo paciente. A restauração
de uma partícula esférica de eutético prata-cobre à à esquerda foi feita com uma liga de baixo teor
tradicional partícula de limalha A&Sn na proporção de cobre, enquanto que a restauração à direita foi
1:2. A mistura desses dois tipos de partículas levou feita com uma liga de alto teor de cobre. Mostra-se
ao termo liga do tipo rnistura. Embora a razão para claramente a maior extensão de fratura marginal
essa liga mista fosse o fortalecimento do amálgama, para a liga de baixo teor de cobre.
um benefício inesperado que se provou, porém, ser Observe também que, na restauração de baixo
altamente significativo foi a eliminação da fase de teor de cobre, existem marcas profundas na restaura-
estanho-mercúrio (Sn7-a8g). Esta eliminação ocorre ção, resultantes da força oclusal agindo através das
porque o elevado teor de cobre no eutético prata-co- cúspides de dentes opostos, o que não é mostrado
bre reage preferencialmente com estanho de modo na restauração de alto teor de cobre. Esta observação
que a fase Sn7.gHg não era formada. Os resultados sugere que o comportamento viscoelástico ou o creep
iniciais do uso clínico desse novo amálgama mostra- do amálgama dentário tem implicações clínicas.
ram o que parecia ser uma melhora na integridade
marginal. No entanto, foram necessários estudos Composição e Morfologia
clínicos cuidadosamente delineados para mostrar, A especificação No. 1 (ISO 24234) da ANSI/
inequivocamente, que a extensão da fratura margi- ADA (American National Standards Institute/
nal era eliminada ou significativamente reduzida American Dental Association) para ligas de amál-
nas restaurações feitas com Dipersalloy. gama inclui alguns requisitos de composição. Essa
Cerca de 10 anos depois, introduziu-se outra especificação não declara precisamente qual deve
liga, chamada Tytin, usando o mesmo princípio de ser a composição das ligas; em vez disso, permite
adicionar um teor elevado de cobre para eliminar alguma variação na composição. Especificamente,
a fase de estanho-mercúrio. Contudo, nesse caso, declara que a composição química deve se cons-
fez-se isso combinando uma quantidade significa- tituir principalmente de prata, estanho e cobre. É
tiva de Cu3 Sn junto com Ag3Sn na forma de uma possível incluir também índio, paládio, platina,
partícula esférica unicomposicional. zinco e mercúrio em quantidades menores.
Ambas as ligas aumentaram o teor de cobre de A especificação do ANSI/ ADA também inclui
So/o, presente na antiga liga de composição balan- uma nota sobre a presença de zinco nas ligas de
ceada, para cerca de 13%. Portanto, o termo ligas de amálgama, com ligas contendo mais de 0,01 % de
baixo teor de cobre se refere às ligas que não contêm zinco classificadas como "ligas com zinco" e aquelas
cobre suficiente para evitar a formação de Sn7.sHg; com menos de 0,01% como "ligas sem zinco". O zinco
enquanto que o termo ligas de alto teor de cobre se é incluído em ligas de amálgama como um auxiliar
refere às ligas que têm cobre suficiente para evitar durante a fabricação; ele ajuda a produzir fundições
a formação de S~.sHg. limpas e de boa qualidade dos lingotes usados para
A Figura 10-1 mostra duas restaurações, após produção de ligas de partículas usinadas. No entanto,
3 anos de uso clínico, que foram colocadas ao a presença de zinco mostrou produzir uma expansão
220 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 10-1 Composição aproximada de ligas de amálgama com baixo e alto teor de cobre

Elemento (o/o em peso)

Liga Forma da partícula Ag Sn Cu Zn ln Pd

Baixo cobre Irregular ou esférica 63-70 26-28 2-5 0-2 o o


Alto cobre
Mistura regular Irregular 40-70 26-30 2-30 0-2 o o
Esférica 40-65 0-30 20-40 0-1 o 0-1
Mistura de Irregular 52-53 17-18 29-30 o o 0,3
composição única Esférica 52-53 17-18 29-30 o o 0,3

Composição única Esférica 40-60 22-30 13-30 o 0-5 0-1

Ag, prata; Cu, cobre; In, fndio; Pd, paládio; Sn, estanho; Zn, zi11co.

tardia, caso fluidos à base de água, como sangue ou 33°/o a 60% de partículas esféricas que têm uma com-
saliva, estejam presentes no interior do amálgama posição próxima à composição eutética de A~Cu2
durante a condensação. Por isso, profissionais são (Fig. 10-2); o restante são partículas irregulares.
informados desse possível problema. Possíveis solu- Como nas ligas do tipo mistura, as ligas uni-
ções incluem o uso de ligas sem zinco e atenção redo- composicionais têm maior teor de cobre do que
brada ao isolamento do campo operatório. A presença as ligas tradicionais em limalha ou as esféricas de
de contaminação dentro do amálgama precisa ser baixo teor de cobre, mas todas as partículas são
evitada porque pode comprometer a integridade da esféricas, como visto na Figura 10-2. O teor de prata
restauração. A composição aproximada de ligas de das ligas unicomposicionais varia de 40% a 60%,
amálgama comerciais é mostrada na Tabela 10-1. o teor de cobre varia de 13% a 30% e o de estanho
As ligas são classificadas, em linhas gerais, como varia apenas ligeiramente.
ligas de baixo teor de cobre (So/o ou menos cobre) e de Também se encontra disponível uma liga tipo
alto teor de cobre (13o/o a 30% de cobre). As partícu- mistura de alto teor de cobre, em que ambas as partí-
las podem apresentar formato irregular, esférico de culas esféricas e irregulares têm a mesma composição
diferentes tamanhos ou uma combinação de ambos. e o teor de cobre está entre 29% e 30%. Ligas de alto
A Figura 10-2 mostra imagens das partículas obtidas teor de cobre com partículas unicomposicionais e ir-
em microscópio eletrônico de varredura. As ligas regulares podem ser encontradas, porém são menos
de baixo teor de cobre têm partículas irregulares comuns. Essas ligas em forma de aparas (limalhas)
ou esféricas. Ambos os tipos morfológicos contêm de alto teor de cobre contêm mais de 23% de cobre.
prata e estanho em uma proporção que se aproxima Estima-se que mais de 90% d os amálgamas
do composto intermetálico Ag3Sn. As ligas de alto dentários utilizados atualmente sejam de ligas de
teor de cobre contêm partículas esféricas da mesma alto teor de cobre. Das ligas de alto teor de cobre,
composição (unicomposicional) ou uma mistura de ligas do tipo mistura são mais utilizadas do que
partículas irregulares e esféricas de composições as esféricas, e ligas de partículas irregulares são
diferentes ou semelhantes (mistura). as menos utilizadas. Uma liga de alto teor de co-
Quando as partículas têm composições diferen- bre é selecionada para obter uma restauração com
tes, fazem-se as ligas mistas, misturando-se partí- alta resistência inicial, baixo creep, boa resistência à
culas de prata e estanho com partículas de prata e corrosão e boa resistência à fratura marginal.
cobre. A partícula de prata-estanho é normalmente Em geral, a composição da liga - tamanho, for-
de forma irregular, enquanto que a partícula de ma e distribuição de partículas - e o tratamento
prata-cobre é normalmente esférica. A composi- térmico controlam as propriedades características
ção de partículas de prata-estanho na maioria das do amálgama.
ligas comerciais é a mesma encontrada nas ligas
de baixo teor de cobre. Diferentes fabricantes, no
Produção
entanto, têm composições um pouco diferentes para PARTÍCULAS IRREGULARES
a partícula de prata-cobre. A Tabela 10-1 mostra as Para produzir ligas com partículas em forma de
variações composicionais das partículas esféricas de limalha, é preciso aquecer os ingredientes metálicos
prata-cobre. A liga do tipo mistura regular contém e protegê-los da oxidação até que sejam fundidos,
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 221

FIGURA 10-2 Microscopias eletrônicas de varredura. A, limalha; B, esférica; e C, mi<>tura de ligas de amálgama.

e então derramá-los em um molde para formar um cidas, mas algum envelhecimento da liga é desejado
lingote. O lingote é resfriado de forma relativamente para aumentar a vida útil do produto. O envelhe-
lenta, levando à formação principalmente de Ag3Sn cimento está relacionado ao alívio de tensões nas
(-y) e algum Cu3 Sn (e), Cll6Sns (Tt ')e Ag.iSn ([3). Após partículas produzidas durante o corte do lingote. As
o lingote esfriar completamente, é preciso aquecê-lo partículas da liga são envelhecidas sujeitando-as a
por períodos de tempo variados (normalmente 6 a 8 uma temperatura controlada de 60° a lOOºC por 1 a
horas) a 400ºC para produzir uma distribuição mais 6 horas. Partículas de alto teor de cobre com formas
homogênea de Ag3Sn. Reduz-se, então, o lingote irregulares são confeccionadas borrifando-se a liga
a limalhas cortando-o em um tomo e moendo as fundida em água sob alta pressão.
aparas. As partículas são passadas por uma peneira
fina e são novamente moídas para atingir o tama- PARTÍCULAS ESFÉRICAS
nho de partícula desejado. As partículas têm tipica- Partículas esféricas de ligas de baixo ou alto teor
mente de 60 a 120 µ.m de comprimento, 10 a 70 µ.m de cobre são produzidas quando todos os elementos
de largura e 10 a 35 µ,m de espessura. A maioria desejados são fundidos juntos. Na fase de fundição, os
dos produtos é rotulada como contendo aparas de ingredientes metálicos formam a liga desejada. A liga
corte fino. A Figura 10-2, A, mostra o tamanho e líquida é então borrifada, sob alta pressão de um gás
a forma das partículas em ligas de amálgama do inerte, através de uma fenda fina de um cadinho para
tipo limalha. uma grande câmara. Dependendo da diferença na
Em geral, ligas recém-usinadas reagem e tomam energia de superfície da liga fundida e do gás usado
presa mais rapidamente do que partículas envelhe- no spra11 a forma das partículas pode ser esférica ou
1
222 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

um pouco irregular, como mostrado na Figura 10-2, Se a concentração de estanho for menos do que 26%,
B. O diâmetro das esferas varia de 2 a 43 µm. a fase beta (13), que é uma solução sólida de prata e
estanho, se forma. A substituição da prata por uma
Liga de Prata-estanho quantidade igual de cobre produz um composto de
Uma vez que dois dos principais ingredientes na cobre-estanho (Cu$n).
liga de amálgama são prata e estanho, é importante Em geral, quantidades maiores (acima de 30%)
conhecer o diagrama de equilíbrio de fases para ou menores (abaixo de 26°/o) de estanho na liga são
estes dois metais, mostrado na Figura 10-3. prejudiciais para as propriedades finais do amálga-
A característica mais importante nesse diagrama, ma.Considera-se como a razão para essa mudança
no que se refere à liga de prata-€stanho, é que, quan- desfavorável nas propriedades uma redução na
do uma liga contendo aproximadamente 27o/o de quantidade de Ag3 Sn em casos em que a porcen-
estanho esfria-se lentamente abaixo da temperatura tagem de estanho é alterada além dos limites in-
de 480ºC, produz-se um composto intermetálico dicados. Esta é a base para os limites relativamente
(Ag$n) também conhecido como fase gama (-y). Este estreitos das composições das ligas encontradas em
composto Ag3 Sn é um ingrediente essencial na liga produtos com propriedades aceitáveis.
de amálgama de prata e se combina ao mercúrio Ligas de amálgama de prata-€stanho compos-
para produzir um amálgama dentário de pro- tas para produzir em grande parte Ag3 Sn reagem
priedades mecânicas e características de manuseio favoravelmente com mercúrio para produzir apenas
desejadas. Este composto de prata-estanho é for- ligeiras alterações dimensionais de presa quando
mado apenas sob uma faixa estreita de composição. devidamente manipuladas. Além disso, encurta-se
O teor de prata para uma liga como esta seria de o tempo de presa ao se aumentar o teor de prata, e
aproximadamente 73%. Em termos práticos, o teor as propriedades mecânicas são superiores quando
de estanho se mantém entre 26'% e 30o/o, e o restante se usa uma liga de Ag$n em vez de uma com teor
da liga consiste em cobre e, em alguns casos, zinco. mais alto de estanho.

1.000
960,5º

800
Líquido

13 +Líquido
~

9 600

480°

400 (Ag3 Sn)


1
((
1 232º
1 'Y ~ Líquido

a +
1
1
J3: J3 J3
'Y

221º \
200
"'{, 1
1
1
+
'Y 96,5'%_/
11 1 'Y + õ

r
11 1
11
, 1
1 õ
1
1, 1 26,8"/o
11 1
o
Ag 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Sn
Porcentagem de peso de estanho

FIGURA 10-3 Diagrama de fase de equilíbrio para prata e estanho. Ag, prata; Sn, estanho. (modificado de Murphy
Af, ltrst. Metais. f. 35, 107, 1926).
10. MATERIAIS RESTAURAOORES - METAIS 223

Processo de Amalgamação porcentagens das fases 'Y e 'Y2 são 27o/o a 35o/o e 11% a
13%, respectivamenre. A fase Agifi& serve como a fase
Ligas de Baixo Teor de Cobre matriz em torno das partículas não reagidas da liga,
Todas as ligas de amálgama dentário, inclusive enquanto a fase S~.afig (-y2) permeia a estrutura em
ambos os tipos de baixo e alto teor de cobre, têm urna forma do tipo de esqueleto contínuo.
Ag 3Sn como o componente principal, que reage
com mercúrio para formar Ag2Hg3, a fase princi- Ligas de Alto Teor de Cobre
pa l da matriz do amálgama cristalizado. Por causa A principal diferença entre ligas de amálgama d e
dessa semelhança básica, uma discussão inicial da baixo e alto teor de cobre não é meramente a porcen-
amalga mação de ligas de baixo teor de cobre é uma tagem de cobre, mas também o efeito que o teor de
preliminar importante para aquela das ligas de alto cobre mais alto tem na reação do amálgama. O maior
teor de cobre. teor de cobre nessas ligas é fornecido pelo eutético
A liga de amálgama é intimamente misturada prata-<:obre ou pela fase Cu~n (e). Essa quantidade
com mercúrio líquido para molhar a superfície das de cobre resulta na eliminação da fase Sn 7.gHg ('Y2),
partículas de modo que a reação entre o mercúrio que é a fase mais fraca e mais suscetível à corrosão
líquido e a liga possa proceder a uma velocidade em um amálgama de baixo teor de cobre. Portanto,
razoável. Essa mistura é chamada de trituração, cuja restaurações usando amálgamas feitos com cobre
dupla função é a de misturar os ingredientes e remo- suficiente tendem a ter propriedades físicas e me-
ver camadas superficiais de óxido que se formam nas cânicas superiores e um período mais longo de uso
partículas da liga. Durante esse processo, o mercúrio clínico do que as restaurações feitas com amálgamas
se d ifunde para o interior das partículas da liga e de baixo teor de cobre.
reage com as porções de prata e estanho para formar
predominantemente compostos de prata-mercúrio REAÇÃO DO M ERCÚRIO EM UMA LIGA
e estanho-mercúrio. O composto de prata-mercúrio é DE AMÁLGAMA D E ALTO TEOR DE
Ag2H~ e é conhecido como a fase gama um ('Y1), e o COBRE DO TIPO MISTURA
composto de estanho-mercúrio é SI?-sfig, conhecido Em ligas do tipo mistura com alto teor de cobre,
como fase gan111 dais ('Y0· Contudo, as fases prata-es- cobre adicional é fornecido, acrescentando-se partí-
tanho, prata-mercúrio e estanho-mercúrio não são culas esféricas da liga eutética de prata-cobre à liga
puras. Por exemplo, as partículas da liga normalmen- de limalha de baixo teor de cobre em urna proporção
te contêm pequenas quantidades de cobre na forma de 1:2. As solubilidades da prata, estanho e cobre no
de Cu3Sn e, ocasionalmente, pequenas q uantidades mercúrio diferem-se consideravelmente. Um mg d e
de zinco. Ag2Hg3 contém 1o/o a 2% de estanho. cobre, 10mg de prata e 170mg de estanho podem se
Enquanto os cristais das fases 'Yi e 'Y2 estão sen- dissolver no mercúrio, todos na mesma temperatura.
do formados, o amálgama é relativamente mole, Portanto, o mercúrio dissolve principalmente a prata
sendo facilmente condensado e esculpido. À medi- e o estanho presentes na Ag_.,Sn, enquanto que muito
da que o tempo avança, formam-se mais cristais de pouco das partículas eutéticas de prata-<:obre é dis-
'Yt e 'Y 2; o amálgama se torna mais duro e resistente solvida. Durante a trituração, a prata dissolvida das
e não pode mais ser condensado ou esculpido. O partículas de prata-estanho reage, assim como em
lapso de tempo entre o fim da trituração e quando o ligas de baixo teor de cobre, para formar a fase 'Y1 en-
amálgama endurece (cristaliza) e não é mais traba- quanto o estanho dissolvido migra para a superfície
lhável é denominado tempo de trabalho. das partículas de prata-cobre para formar CUi;Sns,
A quantidade de mercúrio líquido usada para fase eta. prime (11') do sistema cobre-estanho. Assim,
amalgamar as partículas da liga não é suficiente o estanho se une com o cobre suficiente para evitar
para reagir completamente com as partículas. Por- a formação de -y2. fl possível simplificar a reação da
tanto, a massa cristalizad a do amálgama contém por amalgamação como se segue:
volta de 27% de partículas não reagidas. É possível
y(A~Sn)+Ag-Cu (eutético)+Hg~
resumir de forma simplificada a reação de uma liga
'Y1 (Ag2H~) +ri'(Cu&Sns) +1(A~Sn) não
de amálgama de baixo teor de cobre com mercúrio
reagido+Ag-Cu não reagido (eutético)
do seguinte modo:

'Y(A&Sn)+Hg-+ REAÇÃO DO MERCÚRIO EM UMA LIGA


'Yt (AgiH~) +1i(Sn7.sHg) +'Y (A~n) não reagido DE COMPOSIÇÃO ÚNICA
A fase dominante em um amálgama dentário bem- Em ligas de composição única de alto teor de
-<:ondensado de baixo teor de cobre é a fase Ag2Hg3 cobre, as partículas da liga contêm tanto Ag3Sn(-y)
('Y 1), que ocupa cerca de 54°/u a 56°/o em volume. As quanto Cu3Sn(e), semelhantemente às ligas de
224 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

limalha de baixo teor de cobre, mas a quantidade da


fase Cu 3Sn(e) é muito maior para acomodar o cobre
adicional. Essas ligas são normalmente esféricas por
natureza e, como partículas esféricas esfriam muito
rapidamente, a fase Cu3Sn se encontra finamente
dispersa no interior da fase Agj)n. Quando se mis-
tura mercúrio líquido com essas ligas, ele se difunde
na superffcie dessas partículas e formam-se Agifig3
e Cu,$n5. A reação ocorre em um anel em volta das
particulas esféricas e consiste em 'Yi e 11' sem que
reste nenhum 'Y ou E nesse anel. É possível resumir
esta reação como segue:
[y (Ag3Sn)+e (Cu3Sn)]+Hg-7
'Y1(AS3HS3) e 11' (Cu6Sns)
+['Y (Ag_~Sn)+E (Cu3Sn)] não reagidos
Assim, a reação do mercúrio com as ligas do
tipo mistura ou de composição única de alto teor
de cobre resulta em uma reação final com produção
de Cu6Sns (11') em vez de Sn1-sHg ('Y2).

Microestrutura do Amálgama
Em aplicações dentárias, a quantidade de mercú-
rio líquido usada na amalgamação com partículas da
liga é menor do que aquela exigida para completar a
reação. Assim, a massa do amálgama cristalizado é
composta por partículas que não reagiram rodeadas
por uma matriz dos produtos da reação. A reação é
principalmente uma reação de superfície, e a matriz
une as partículas que não reagiram. A difusão e a
reação inicial de mercúrio e liga são relativamente
rápidas, e a massa muda rapidamente de uma con-
sistência plástica para uma massa dura. A reação
completa pode levar vários dias a semanas, o que FIGURA 10-4 Microestruturas de amálgamas cristalim-
se reflete na mudança das propriedades mecânicas dos dos tipos (A) baixo teor de cobre, limalha, (B) alto teor
ao longo do tempo. de cobre, mistura e (C) alto teor de cobre, composição úni-
ca. Estas fotografias foram feitas sobrepondo-se varreduras
A Figura 10-4 mostra a microestrutura de amál-
de microssonda de raios-x dos elementos através de filtros
gamas cristalizados dos tipos de baixo teor de cobre coloridos; azul para prata, vermelho para cobre e verde
em forma de limalha, de alto teor de cobre do tipo para estanho. A fase da matriz azul/ preta é A2HSJ (-y1) para
mistura e de alto teor de cobre do tipo composição todos os amálgamas. A fase Sn7 .aHg (-yJ de cor verde está
única. Estas fotografias foram feitas superpondo presente somente na liga de baixo teor de cobre A. A fase
varreduras de microssonda de raio&-x através de Cu~lló (11') de cor tangerina é mínima na liga A, mas subs-
filtros coloridos; azul para prata, vermelho para tancial nas ligas B e C. Na Liga B, a fonte do aumento de
cobre e verde para estanho. A fase azul/ preta da cobre está na fase eutética de prata-cobre esférica em que
matriz é AiHg3 ( 'Yi) para todos os amálgamas. A fase o 11' envolve esta partícula esférica. Na liga C, a fonte do
aumento de cobre está no CUJSn ad idoJ1a 1 acrescentado à
Sn1-sHg ('Y2) de cor verde está presente somente na
partícula Ag3Sn esférica e fases Cu~Sns (11') estão presentes
liga de baixo teor de cobre A. A fase C~Sn5 (11 ') de em volta dessa particula esférica (Corlesin de Mnhler 08,
cor tangerina é mínima na liga A, mas substancial OHSU School o/Dentistry, Portland, Oregon).
nas ligas B e C. Na liga B, a fonte do aumento de
cobre é a fase eutética esférica de prata-cobre em
que 11' rodeia esta partícula esférica. Na liga C, a A RESISTÊNCIA DAS VÁRIAS FASES
fonte do aumento de cobre está no Cu3Sn adicional As resistências relativas das diferentes fases do
acrescentado à partícula esférica A&Sn, e a fase amálgama são importantes. Ao estudar a iniciação e a
CllóSns(ll ') está presente ao redor dessa partícula propagação de uma trinca em amálgama cristalizado,
esférica. é possível observar a resistência relativa das diferen-
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 225

..
FIGURA 10-5 Propagação de uma trinca em um amálgama dentário. A, sem condicionamento. B, após condiciona-
mento (de Asgar K, Sutfin L: }. Dent. Res. 44, 985, 1965).

tes fases. A Figura 10-5 mostra a propagação de uma tário. A especificação lista três propriedades físicas
trinca em um corpo de prova de amálgama dentário. como meio de medir a qualidade do amálgama:
É possível ver a iniciação e propagação da trinca de resistência à compressão, creep e alteração dimensio-
um corpo de prova de amálgama sob um micros- nal. A resistência à compressão mínima permitida é
cópio metalográfico com um visor de deformação. de 80MPa para 1 hora após a presa e 300MPa para
A propagação da trinca pode ser interrompida e o 24h após a presa; o creep máximo permitido é 1 o/o e
espécime condicionado para identificar as várias a alteração dimensional entre 5 minutos e 24 horas
fases. O resultado de tais estudos levou ao seguinte deve estar dentro do intervalo de - 15 a +20 µ,m/
ordenamento das diferentes fases de um amálgama cm. A Tabela 10-2 mostra as propriedades físicas
de baixo teor de cobre cristalizado, do mais forte para de diversos amálgamas.
o mais fraco: Ag:$n (-y), a fase prata-mercúrio (-y1), a
fase estanho-mercúrio (-y2) e os vazios. Mercúrio na M istura
Prata-mercúrio e estanho-mercúrio agem como Em geral, partículas irregulares têm áreas de
uma matriz para unir a liga de amálgama que não superfícies mais elevadas do que partículas esfé-
reagiu. Quando quantidades relativamente menores ricas e, portanto, precisam de mais mercúrio para
das fases prata-mercúrio e estanho-mercúrio se for- molhar suas superfícies. Por sua vez, porcentagens
mam, até um mínimo exigido para unir as partículas mais altas de mercúrio na mistura resultarão em
que não reagiram, o amálgama cristalizado é mais maiores teores de mercúrio e menores resistências
resistente. Quando uma porcentagem mais alta de dos amálgamas endurecidos. Mostra-se claramente
mercúrio é deixada na massa final, ele reage com este efeito na Tabela 10-2.
volumes maiores da liga de amálgama, produzindo
maiores quantidades das fases prata-mercúrio e Resistênd a à Compressão
estanho-mercúrio e deixando relativamente me- Resistência a forças de compressão é uma im-
nores quantidades de partículas não reagidas. O portante característica de resistência do amálgama.
resultado é uma massa mais fraca. Em amálgamas Como o amálgama é mais resistente na compressão
de alto teor de cobre, a propagação de trincas ocorre e muito mais fraco na tração e no cisalhamento, o
preferencialmente através da fase -y1 e ao redor de modelo de preparo cavitário deveria maximizar
partículas contendo cobre. tensões de compressão durante o uso e minimi-
zar tensões de tração e cisalhamento. Quando sub-
Propriedades Físicas e Mecânicas metido a uma rápida aplicação de carga gerando
tensões em tração ou em compressão, um amálgama
Especificação ANSYADA para Liga dentário não apresenta deformação ou alongamento
de Amálgama significativos e, como resultado, funciona como um
A especificação ANSI/ ADA No. 1 (ISO 24234) material frágil. Portanto, uma aplicação repentina
para liga de amálgama contém requisitos que aju- de força excessiva no amálgama pode levar à fratura
dam a controlar as qualidades do amálgama den- da restauração de amálgama.
226 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 10-2 Mercúrio na mistura, resistência à compressão, resistência à tração, creejJ e alteração dimensional
Resistência à Resistência à tração
compressão (MPa) (MPa) Alteração
Mercúrio na dimensional
mistura (0/o) lhr 7 dias 15min 7 dias Creep (%) (mm/cm)

BAIXO COBRE

Ligas
Limalha

Caulk 20th Cent 53,7 45 302 3,2 51 6,3 -19,7


Esférica
Caulk Esférica 46,2 141 366 4,7 55 1,5 -10,6
ALTO COBRE

Ligas

Mistura
Dispersalloy 50,0 118 387 3,8 43 0,45 -1,9
composição única
Sybraloy 46,0 252 455 8,5 49 0,05 --S,8
Tytin 43,0 292 516 8,1 56 0,09 --S,1
(Adaptado de 1\Aalhotra lvtL, Asgar K: JAmer Dent Assoe 96:44<i, 1978)

A Tabela 10-2 lista as resistências à compressão são; portanto, o desenho do preparo cavitário deve
iniciais após 1 hora de cristalização para diversas tentar reduzir as resistências à tração resultantes
ligas de baixo e alto teor de cobre. Os materiais de das forças de mordida. As resistências à tração aos
alto teor de cobre de composição única apresentam 15 minutos para ligas de alto teor de cobre de com-
as resistências à compressão iniciais mais altas, aci- posição única são significativamente mais altas do
ma de 250'MPa. A resistência à compressão após 1 que para outras ligas.
hora é mais baixa com a liga de baixo teor de cobre
do tipo limalha (45'MPa). Esses dados indicam que Resistênda à Flexão
somente algumas das ligas em forma de limalha Determina-se a resistência à flexão (também
mais antigas atenderiam à exigência para resistência conhecida como resistência transversal) por meio
à compressão no limite de 1 hora da especificação da aplicação de carga para provocar dobramento
ANSI/ ADA No. 1. Valores altos para resistência em um corpo de prova retangular de amálgama.
à compressão inicial são uma vantagem para um Neste teste, a camada superior do espécime está sob
amálgama, pois reduzem a possibilidade de fratura tensões de compressão enquanto a camada inferior
pela aplicação prematura de forças oclusais altas está sob tensões de tração. Os resultados desse teste
pelo paciente antes da resistência final ser atingida. se correlacionam com a resistência à tração e o teste é
As resistências à compressão em 7 dias são nova- muito mais fácil de conduzir.
mente mais altas para ligas de alto teor de cobre de
composição única, com apenas diferenças modestas Módulo de Elastiddade
nas outras ligas. Quando se determina o módulo de elasticidade
para um amálgama dentário, obtêm-se valores
Resistênda à Tração entre 40 a 60 GPa. Como comparação, o módulo
A Tabela 10-2 lista também as resistências à de elasticidade para um compósito resinoso é
tração de diversos amálgamas após 15 minutos e somente de 5 a 20 GPa, o que pode ser importante
7 dias. As resistências à tração em 7 dias para ambas ao considerar amálgamas versus compósitos em
as ligas não contendo -y2 e contendo -y2 são mais certas aplicações clinicas. Ligas de alto teor de
ou menos as mesmas. As resistências à tração são cobre tendem a ser mais rígidas do que as ligas
apenas uma fração de suas resistências à compres- com baixo teor.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 227

Creep quatro horas de testes, e a especificação define um


Creep é a deformação plástica tempo-dependen- limite aceitável de creep de 1,0o/o.
te dos materiais que são usados em temperaturas Contudo, amálgamas cujos valores de creep
que estão próximas aos seus pontos de fusão. Ex- variam em uma faixa abaixo de 1,0% não mostram
pressado em temperaturas absolutas, o ponto de diferenças no desempenho clínico. Por exemplo, re-
fusão da fase (-y1) principal da matriz do amálgama ferindo-se à Tabela 10-2, ligas de composição única
dentário é 400!<, enquanto que o material é usado na com valores de creep entre 0,05 e 0,09 não demons-
temperatura da boca de 310K, resultando em uma tram um desempenho clínico superior em compa-
razão de 0,8. Em metais, razões que excedem 0,5 ração à liga do tipo mistura com valor de creep de
são consideradas indícios para examinar o compor- 0,45. Portanto, propriedades físicas são úteis na
tamento de creep. Portanto, o amálgama dentário é previsão de desempenho clínico, mas deve-se ter
um candidato apropriado para esse exame. cautela ao interpretá-las.
Uma série de ligas de amálgama, que incluíam a A importância do creep na determinação das
recentemente introduzida liga de alto teor de cobre propriedades anelásticas do amálgama dentário no
ambiente clínico é demonstrada na Figura 10-1. No
DispersaJJoy, foram submetidas a testes de creep. Os
entanto, a importância fundamental do creep é a de de-
resultados foram surpreendentes pelo fato de que o
creep do DispersaJJoy era de uma ordem de magnitu- terminar a presença e a ausência da fase estanho-mer-
cúrio ('12), que tem importânáa na predição da ex-
de menor do que as outras ligas testadas, que eram
tensão de fratura marginal durante o uso clínico.
todas ligas tradicionais de baixo teor de cobre.
O Dispersalloy foi então si1bmetido à análise em Alteração Dimensional
microscópio eletrônico, e um segundo acontecimento
A alteração dimensional durante a cristalização
surpreendente foi a observação de que não havia
do amálgama é uma das suas propriedades mais
Sn,,.aHg ('12) presente no amálgama de Dispersalloy. importantes. Amálgamas modernos misturados com
Além disso, estudos clínicos subsequentes mos- amalgamadores mecânicos normalmente têm alte-
traram que as restaurações feitas com D·ispersalloy ração dimensional negativa. Acredita-se que a con-
apresentaram uma redução significativa na fratura tração inicial após um curto período (os primeiros 20
marginal normalmente apresentada pelos amál- minutos) esteja associada à dissolução das partículas
gamas de baixo teor de cobre tradicionais. Testes de liga no mercúrio. Após esse período, ocorre uma
adiáonais com outras ligas de alto teor de cobre, à expansão que se acredita ser resultado da reação
medida que se tomavam disponíveis, comprovaram de mercúrio com prata e estanho e a formação de
essa diferença. Um valor de 1,0"/o de creep passou a compostos intermetálicos. As dimensões se tomam
ser considerado uma referência como valor máximo quase constantes após 6 a 8 horas e, assim, os valores
aceitável. Amálgamas apresentando valores aáma de após 24 horas são valores finais. A única exceção a
1,0o/o continham -y2 enquanto amálgamas com valores essa afirmação é a grande alteração dimensional
de creep menores do que 1,0"k eram livres de -y2• As- tardia resultante da contaminação da liga contendo
sim, o creep se tomou um teste valioso para prever a zinco com fluidos à base de água durante a tritura-
presença e a ausência de Sn 7.jig (-y2) e o desempenho ção ou a condensação.
clínico de restaurações de amálgama, e foi subse- A alteração dimensional é mensurada por meio
quentemente adotado como um dos principais testes da mudança de comprimento de um modelo cilín-
nas especificações da American Dental Assoáation drico de Bmm entre 5 minutos e 24 horas após a
(ADA) e da FOI World Dental Federation (FOI). trituração. A mudança do comprimento pode ser
O mecanismo de creep no amálgama dentário determinada continuamente, embora a especificação
é o deslizamento dos grãos de -y1 . Nos amálgamas ANSI/ ADA No. 1 exija apenas o va lor observado
de baixo teor de cobre, a fase -y 2 se encontra difusa após 24 horas.
entre os limites dos grãos de 'Yv assim agravando A Tabela 10-2 lista as alterações dimensionais
a ação de deslizamento, o que leva a um aumento em micrômetros por centímetros para várias ligas.
nos valores de fluência. Nos amálgamas de alto teor A maior alteração dimensional de -19,7 µm/ cm
de cobre, valores de creep mais baixos prevalecem ocorre com a liga de baixo teor de cobre, com par-
porque a fase '(2 foi eliminada. tículas em forma de limalha, e a menor alteração
O teste de creep é conduzido por meio da apli- de -1,9 µ.m/ cm foi para a liga do tipo mistura com
cação de uma carga compressiva de 36MPa em um alto teor de cobre. Todos os amálgamas cumprem
corpo de prova cilindrico de 7 dias de idade em um as exigências da especificação ANSI/ ADA No. 1 de
ambiente a 37°C. O creep é determinado por meio do -15 a +20µm/cm, mas são suscetíveis à influência
encurtamento do espécime observado entre uma e de vários fatores de manipulação.
228 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

25,0 . -s ......s S - Ligas esféri cas


20,0 • Sensibilidade pós-operatória
15,0 . ss

10,0 s
n s
~

e 5,0 Obseive mudança de escala


E
::::.
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Ligas

FIGURA 10-6 Microinfiltração in vitro de diversos amálgamas comerciais (Malrler DB, Nelsoo LW: }. Anr. Detrt. Assoe.
125, 282, 1994).

Uma importância clínica adicional da alteração de classe l simuladas. Estes estudos mostraram
d imensional está relacionada à ocorrência oca- que ligas de partículas esféricas apresentavam
sional de sensibilidade pós-operatória associada maior microinfiltração do que ligas de partículas
a restaurações de amálgama recém-colocadas. O tipo limalha, apesar de suas respectivas altera-
amálgama não adere à estrutura dentária; portanto, ções dimensionais não serem significativamente
uma alteração dimensional negativa resultaria na diferentes. Um exame mais aprofundado revelou
presença de uma fenda interfacial entre a restaura- que as superfícies desses amálgamas próximos às
ção de amálgama e a estrutura do dente. Quando a paredes da cavidade apresentavam uma textura
dentina é cortada durante um preparo cavitário, o relativamente irregular para as ligas de partículas
fluido pulpar nos túbulos tende a ocupar a fenda esféricas se comparada à textura mais lisa das ligas
na interface. As alterações na pressão desse fluido de limalha. Assim, o espaço interfacial preenchido
são uma das principais causas de sensibilidade pós por fluido pulpar foi maior para as ligas de partí-
-operatória. Aparentemente, o tamanho das fendas culas esféricas, o que não é detectado pelo teste de
interfaciais é um fator chave para determinar se a alteração dimensional. Na Figura 10-6, mostra-se
sensibilidade ocorrerá, com fendas maiores sendo a microinfiltração de uma série de amálgamas
particularmente propensas a desencadear esse dentários em que as ligas de partículas esféricas
problema. são marcadas com um S maiúsculo. Está claro que
Embora muitas das ligas que cumprem a a presença de valores mais altos de microinfil-
especificação ANSI/ ADA No. 1 para alterações tração está associada a ligas esféricas. As barras
dimensionais negativas de - 15 µ.m/ cm ou menos sombreadas se referem a ligas em que existiam
não mostrarem uma frequência incomum de sen- dados para indicar uma propensão incomum para
sibilidade pós-operatória, alguns dos amálgamas sensibilidade pós-operatória.
de alto teor de cobre mais recentes consistindo O uso de materiais formadores de películas
apenas de partículas esféricas parecem mostrar como agentes de adesão dentinária para selar os
uma propensão para esta ocorrência. Descobriu-se túbulos dentinários antes da colocação da restaura-
a razão para esta anomalia por meio de estudos ção de amálgama provou ser uma solução eficiente
de microinfiltração in vitro usando-se pressão de para o problema da sensibilidade pós-operatória de
ar através das fendas marginais de restaurações amálgamas de partículas esféricas.
l O. MATERIAJS RESTAURADORES - METAIS 229

Corrosão fase 'Y2 na massa do conjunto final, mas elas têm


Em linhas gerais, corrosão é a destruição progres- uma quantidade significativa da fase Cu 6Sns ou ri'.
siva de um m.etal por meio de reação química ou ele- A fase ri' é a fase menos resistente à corrosão em
troquímica com seu ambiente. Corrosão excessiva amálgamas de alto teor de cobre, mas não é uma fa-
pode levar ao aumento da porosidade, à redução se interconectada como a fase 'Y2 nos amálgamas de
da integridade marginal, à perda de resistência e à baixo teor de cobre e, portanto, não contribui signifi-
liberação de produtos metálicos no ambiente oral. cativamente com a corrosão pelo amálgama. Tem-se
Os seguintes compostos foram identificados associado o produto da corrosão, Cu03 Cu(OH):z, ao
na superfície de restaUiações de amálgama em armaz.enamento de amálgamas na saliva artificial,
pacientes: SnO, SnOi, Sn4 (0H)6 Cl:z, Cu 20, Cu02 · como mostrado aqui:
3Cu(OH):z, CuCI, CuSCN e AgSCN. Cue$n5 +1hO:z + H 20 + Cl-
Por causa das suas composições químicas di- ~Cu02·3Cu(OH)2 +SnO
ferentes, as distintas fases de um amálgama têm
diferentes potenciais de corrosão. Medições ele- Soluções de tampão de fosfato inibem o processo
troquímicas em fases puras têm mostrado que a fase d e corrosão; então, a saliva pode oferecer alguma
Ag2H83 ('Y1) tem a mais alta resistência à corrosão, proteção ao amálgama dentário contra a corrosão.
seguida por Ag3Sn ('Y), A83Cu2, Cu3Sn (e), Cu6Sns Um estudo avaliando amálgamas que estiveram
(ri') e Sn1.RHg ('Y2). Contudo, a ordem de corrosão em serviço por 2 a 25 anos revelou que as composições
atribuída é verdadeira somente para as fases puras, elementais do corpo das restaurações eram seme-
e elas não estão em seu estado puro no amálgama lhantes a amálgamas recém-prepa rados, exceto pela
dentário. presença de uma pequena quantidade de cloreto e ou-
A presença de pequenas quantidades de estanho, tros contaminantes. As composições das fases também
prata e cobre que podem se dissolver nas várias fases eram semelhantes a novos amálgamas, exceto pela
do amálgama tem uma grande influência na sua amalgamação interna de partículas 'Y· A distribuição
resistência à corrosão. A fase 'Yi tem uma composição de fases nos amálgamas clinicamente envelhecidos,
próxima a A&Hg3 com 1o/o a 3% de estanho dissol- contudo, diferia daquela de novos amálgamas. Os
vido. Quanto mais alta a concentração de estanho amálgamas de baixo teor de cobre tiveram quantida-
em Ag2Hg3 ('Y1), menor a sua resistência à corrosão. des reduzidas de "f, 'Y1 e 'f2 e elevadas de (31 e cloreto de
Em geral, o teor de estanho na fase 'Yt é maior para estanho. Amálgamas do tipo mistura de alto teor de
ligas de baixo teor de cobre do que para as ligas com cobre tiveram 'Yt reduz.ido, f3i elevado e anéis de rea-
alto teor. A profundidade média de corrosão para a ção aumentados de 'Yt e 11'. Também houve evidência
maioria das ligas de amálgama é de 100 a SOO µm, de uma conversão de 'Yt para f3 1 e 'f2 para ri'.
medida a partir da margem amálgama/dente. O manchamento na superfície de amálgamas de
Em amálgamas de baixo teor de cobre, a fase baixo teor de cobre é mais associado a 'Y do que a 'Yi.
mais corrosiva é a fase Sn 7.sHg ou 'Yi· Embora uma ao passo que, em amálgamas de alto teor de cobre,
parte relativamente pequena (11 o/o a 13%) da massa o manchamento na superfície está relacionado às
do amálgama consista da fase 'Y:z, com o tempo e no fases ricas em cobre, 11' e eutético prata-cobre.
ambiente oral a estrutura de tal amálgama irá conter
uma maior porcentagem de fase corroída. Por ou- Propriedades do Mercúrio
tro lado, nem a fase 'Y nem a 'Yt são corroídas tão
facilmente. Estudos mostraram que a corrosão da A especificação ANSI/ ADA No. 6 (ISO 24234)
fase 'Y2 ocorre por toda a restauração porque é uma para mercúrio dentário requer que o mercúrio
estrutura em rede. A corrosão resulta na formação tenha uma superfície limpa e reflexiva que esteja
de oxicloreto do estanho na "(2, e também libera livre de película superficial quando agitada em ar.
mercúrio, como mostrado na seguinte equação: Não deve apresentar nenhu ma evidência visível
de contaminação de superfície e conter menos do
que 0,02% de resíduo não volátil. O mercúrio que
cumprir com as exigências da Farmacopeia dos
A reação do mercúrio liberado com 'Y que não Estados Unidos também cumprirá os requisitos de
reagiu pode produzir 'Yi e 'Y 2adicionais. Foi proposto purez.a na ISO 24234.
que a dissolução de óxido de estanho ou cloreto de Mercúrio, cujo ponto de solidificação é-38,87" C,
estanho e a produção de 'Yi e 'Y2adicionais resultem é o único metal que se mantém no estado líquido em
em porosidade e menor resistência. temperaturas ambientes. Ele combina prontamente
As ligas do tipo mistura e de composição única para formar amálgamas com diversos metais, como
com alto teor de cobre não apresentam nenhuma ouro, prata, cobre, estanho e zinco.
230 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Mercúrio com um grau muito alto de pureza Outros estudos mostraram que a retenção de MODs
apresenta um ligeiro manchamento após um curto de amálgama adesivo era tão grande quanto a dos
tempo, porque impurezas contaminam o metal amálgamas retidos com pino. Além disso, restaura-
e produzem uma aparência de superfície opaca. ções adesivas de amálgama reduziram a infiltração
Impurezas no mercúrio podem reduzir a velocidade marginal em restaurações de classe 5 comparadas
em que ele se combina com a liga de prata. com amálgamas não adesivos. Finalmente, os
agentes adesivos para amálgama não foram bem-
-sucedidos em aumentar a resistência adesiva entre
Adesão do Amálgama amálgamas em casos de reparos de restaurações.
Embora o amálgama seja um material restaura-
dor altamente bem-sucedido quando usado em res-
taurações intracoronárias, ele não adere à estrutura LIGAS PARA Fl)NDIÇÃO
do dente e, portanto, não restaura a resistência da ODONTOLOGICA
coroa clinica. Para grandes restaurações, recursos
para retenção adicional, como pinos, ranhuras, pe- Esta seção é dividida em ligas nobres e ligas de
quenas cavidades e sulcos, devem estar presentes, metais básicos. As flutuações no preço do ouro, da
mas elas não reforçam o amálgama ou aumentam platina e do paládio influenciam a seleção de ligas
a sua resistência. para restaurações fundidas. Cada liga tem proprie-
Com o desenvolvimento de sistemas adesivos dades físicas e mecânicas específicas que afetam sua
para compósitos dentários surgiu a oportunidade manipulação e aplicação. O preparo do dente e o de-
de tentar aderir amálgamas à estrutura dentária. senho de restauração determinarão quais proprieda-
Agentes adesivos contendo 4-META, um acrônimo des físicas e mecânicas serão exigidas da liga; assim,
para 4-metacriloxietil anidrido trimelitico (Capí- todos esses fatores devem ser considerados durante
tulo 13), têm sido os produtos mais bem-sucedidos. o processo de planejamento do tratamento.
Tem-se relatado resistências ao cisalhamento do
amálgama à dentina tão altas quanto lOMPa usan-
do esses adesivos, enquanto os valores comparáveis Tipos e Composição
para a resistência ao cisalhamento de compósitos A especificação ADA para as ligas de fundição
microparticulados à dentina usando esses mesmos odontológicas classifica as ligas por composição,
adesivos são da ordem de 20 a 22MPa. dividindo-as em três grupos: (1) altatn.ente nobres,
Não há verdadeira adesão entre o amálgama e a com um teor de metais nobres de pelo menos 60°/o
estrutura dentária. A adesão mostrada por testes de em peso e um teor mínimo de ouro de 40ºk; (2) no-
cisalhamento é estritamente produzida pela interpe- bres, com um teor de metais nobres de pelo menos
netração de agentes de união e o amálgama em suas 25% (nenhuma especificação para o teor de ouro);
interfaces comuns. A técnica para colocação de um e (3) predotnina.ntemente de tn.eta.is básicos, com um
amálgama adesivo consiste em inicialmente colocar o teor de metais nobres inferior a 25% (Tabela 10-3).
agente adesivo na cavidade e, antes do agente adesivo É importante ter em mente que as porcentagens
polimerizar completamente, condensar-se o amálga- usadas como limitadoras na especificação são de
ma na cavidade. Isto representa o desafio técnico de certa forma arbitrárias.
preencher as formas de retenção adicionais do preparo A especificação ANSI/ ADA No. 5 (ISO 1562)
com amálgama misturado a agentes adesivos. utiliza um sistema de classificação de tipos I a
A resistência à fratura de dentes restaurados IV, no qual cada tipo de liga é recomendado para
com restaurações MOO (mésio-oclusal-distal) de aplicações específicas, além da classificação com
amálgama adesivo foi mais do que o dobro daquela base na composição previamente descrita (Tabela
de restaurações contendo amálgamas não adesi- 10-4). Assim, uma liga altamente nobre pode ser
vos. Além disso, apesar da menor resistência ao tipo I ou tipo IV, dependendo de suas propriedades
cisalhamento do amálgama aderido à dentina em mecânicas. Esta situação é de certo modo confusa,
comparação aos compósitos, a resistência à fratura pois na antiga especificação o tipo da liga era de-
de MODs em dentes restaurados com amálgamas finido pela sua composição e praticamente todas
adesivos foi tão alta quanto a de dentes restaurados as ligas eram à base de ouro. No sistema atual, os
com compósitos, embora nenhuma tenha sido tão diferentes tipos de liga são recomendados para uso
alta (45'Yo a 80%) quanto os valores obtidos para o intraoral com base na quantidade de tensões a que
dente intacto. Como esperado, MODs de amálga- provavelmente estará submetida a restauração. Os
ma adesivo com preparos estreitos tinham maior tipos I e II têm alongamento elevado e são, portanto,
resistência do que aqueles com preparos amplos. facilmente brunidos, mas estão indicados somente
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 231

em situações de baixa tensão, como -inlays que não vem tensões muito altas, como próteses fixas com
experimentam forças oclusais. As ligas do tipo IV vão protético amplo. As ligas do tipo m são as mais
devem ser usadas em situações clinicas que envol- comumente usadas na prática dentária.
Embora o número de ligas de fundição seja imen-
so, é possível subdividir cada grupo composicional
TABELA 10-3 Classificação de ligas de prótese do ADA em diversas classes (Tabela 10-5). Estas
da America.n Dental A~sociation revisada. classes são simplesmente um modo conveniente de
Teor Teor de Teor de organizar as diversas estratégias que foram usadas
nobre ouro titânio para formular as ligas de fundição. Para cada classe
exigido exigido exigido de liga mostrada na Tabela 10-5, há muitas varia-
O asse (ºlo) (%) (%) ções; as composições mostradas são apenas exem-
plos representativos. Observe que na Tabela 10-5
Ligas altamente nobres >60 >40
são mostradas ambas as composições das ligas em
Titânio e ligas de titânio :<:85 wto/o (porcentagem em peso) e ato/o (porcentagem
Ligas nobres >25 atômica). Para fins de simplificação, a discussão a
seguir será em termos de composição percentual
Predominantemente >25 em peso. A maioria das ligas contém algum zinco
de metais básicos como desoxidante e irídio (Ir) ou rutênio (Ru) como
De Givan DA: Dent. Clin. N. Am. 51, 591-601, 2007. refinadores de grãos. Algumas dessas composições

TABELA 10-4 Especificação ANSI/ADA No. 5, Propriedades mecânicas de ligas para fundição odontológica.

Resistência à deformação Alongamento


Tipo de liga Descrição Uso plástica (recozido, MPa) (recozido, o/o)
1 Macia Restaurações submetidas a tensão baixa: <140 18
algumas inlays
n Média Restaurações submetidas a tensão média: 140-200 18
inlays e rm./ays
m Dura Restaurações submetidas a tensão alta: 201-340 12
coroas, coroas com recobrimento espesso,
próteses fixas de vão pequeno
IV Extra.dura Restaurações submetidas a tensão muito >340 10
alta: coroas de recobrimento fino, próteses
fixas extensas, próteses parciais removíveis

TABELA 10-5 ComposiÇÕes típicas (peso%/at%) de ligas nobres para fundição dentárias

Tipo de liga Ag Au Cu Pd Pt Zn Outra

ALTAMENTE NOBRE

Au-Ag-Pt 11,5/19,3 78,1/71,4 9,9/9,2 Ir (traço)

Au-Cu-Ag-Pd-1 10,0/13,6 76,0/56,5 10,5/24,2 2,4/3,4 0,1/0,1 1,0/2,0 Ru (traço)


Au-Cu-Ag-Pd-H 25,0/30,0 56,0/36,6 11,8/23,9 5,0/6,1 0,4/0,3 1,7/3,4 Ir (traço)
NOBRE

Au-Cu-Ag-Pd-IH 47,0/53,3 40,0/24,8 7,5/14,4 4,0/4,7 1,5/2,8 Ir (traço)


Au-Ag-Pd-Jn 38,7/36,1 20,0/10,3 21,0/33,3 3,8/5,8 Jn 16,S
Pd-Cu-Ga 2,0/1,0 10,0/15,8 77,0/73,1 Ga 7,0/10,1
Ag-Pd 70,0/69,0 25,0/25,0 2,0/3,3 Jn 3/2,3
Nota: A soma das porcentagetrs pode ser exata:metrte 100,0 por causa do erro de a:rredondamento 110 cálculo das porcentagens at/Jmicas
(at%). Ag, prata; Au, ouro; Cu, cobre; Ga, gálio; Jn, fndio; Ir, irídio; Pd, paltfdio; Pt, platina; Ru, rutlnio; Zn, rinco.
232 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

são usadas tanto para peças totalmente metálicas As composições das ligas determinam suas cores.
quanto para restaurações metalocerâmicas. Em geral, se o teor de paládio for acima de 10 \.vtºk,
Existem três classes de ligas altamente nobres: as a liga será branca. Então, as ligas de Pd-Cu-Ga e
ligas de Au-Ag-Pt; as ligas de Au-Cu-Ag-Pd com um Ag-Pd na Tabela 10-5 são brancas, enquanto que as
teor de ouro maior do que 70 wto/o (Au-Cu-Ag-Pd-I outras ligas são amarelas. As ligas de Au-Ag-Pd-In
na Tabela 10-5); e as ligas de Au-Cu-Ag-Pd com um são uma exceção porque elas têm um teor de paládio
teor de ouro por volta de 50°/o a 65°k (Au-Cu-Ag-Pd- acima de 20% e retêm uma cor amarelo claro. A cor
-ll). As ligas de Au-Ag-Pt tipicamente consistem de dessa liga é resultado da interação do índio com o
78 wto/o de ouro com quantidades mais ou menos paládio na liga. Entre as ligas amarelas, a compo-
iguais de prata e platina. Estas ligas são usadas sição modificará a tonalidade de amarelo. Geral-
para fundição de peças totalmente metálicas e em mente, o cobre dá uma cor avermelhada e a prata cla-
restaurações metalocerâmicas. As ligas de Au-Cu- reia os tons avermelhados ou amarelados das ligas.
·Ag-Pd-I contêm tipicamente 75 wt% de ouro com
aproximadamente 10 wt% cada de prata e cobre e
2 a 3 wt% de paládio. As ligas de Au-Cu-Ag-Pd-II
Elementos Metálicos Usados
tipicamente têm menos de 60 wt% de ouro, com o em Ligas Dentárias
teor de prata aumentado para acomodar a redução Para restaurações dentárias, vários elementos
do teor de ouro. Ocasionalmente, essas ligas podem são combinados para produzir ligas com proprie-
apresentar porcentagens de paládio ligeiramente dades adequadas às aplicações dentárias porque
maiores e conteúdos de prata menores. nenhum dos elementos isoladamente apresenta
Existem quatro classes de ligas nobres: as ligas propriedades satisfatórias. É possível usar essas
deAu-Cu-Ag-Pd (Au-Cu-Ag-Pd-III na Tabela 10-5); ligas para a obtenção de restaurações fundidas ou
as ligas de Au-Ag-Pd-In; as ligas de Pd-Cu-Ga; conformá-las em fios ou outras formas forjadas. Os
e as ligas de Ag-Pd. As ligas de Au-Cu-Ag-Pd elementos metálicos que compõem as ligas dentá-
-III tipicamente têm um teor de ouro de 40 wt%. rias podem ser divididos em dois grupos principais:
Compensa-se a redução de ouro principalmente os metais nobres e os metais básicos.
com prata, então os teores de cobre e paládio não
mudam muito em relação às ligas de Au-Cu-Ag-Pd- Metais Nobres
·II. As ligas de Au-Ag-Pd-In têm um teor de ouro Metais nobres são elementos com uma boa
somente de 20 wt% e têm por volta de 40 \.vi:% de superfície metálica que retêm suas característi-
prata, 20 wt0/o de paládio e 15 wtºk de índio. As cas superficiais quando expostos ao ar seco. Eles
ligas de Pd-Cu-Ga têm pouco ou nenhum ouro, reagem facilmente com enxofre para formar sulfitos,
por volta de 75 wt% de paládio e aproximadamente mas a sua resistência à oxidação, ao manchamento
quantidades iguais de cobre e gálio. Finalmente, as e à corrosão durante o aquecimento, a fundição, a
ligas de Ag-Pd não têm nenhum ouro, mas têm 70 soldagem e o uso na boca é muito boa. Os metais
v,rt% de prata e 25 wt% de paládio. Pela especifica- nobres são o ouro, a platina, o paládio, o irídio, o
ção ADA, essas ligas são consideradas nobres por ródio, o ósmio e o rutênio (Tabela 10-6). É possível
causa de seus teores de paládio. subdividir esses metais em dois grupos. Os metais
Como mostra a Tabela 10-5, o wt% e o at% das do primeiro grupo, composto por rutênio, ródio e
ligas para fundição odontológica podem diferir paládio, têm massas atômicas de aproximadamente
consideravelmente. Por exemplo, por peso, as ligas 100 e densidades de 12 a 13g/cm3. Os metais do
Au-Cu-Ag-Pd-I têm 76% de ouro. Contudo, somen- segundo grupo, composto por ósmio, irídio, platina
te 57°/o dos átomos nessas ligas são de ouro. Ou- e ouro, têm massas atômicas de aproximadamente
tros elementos que têm menos massa do que ouro 190 e densidades de 19 a 23g/cm3. Os pontos de
aumentam em porcentagem atômica. Para estas fusão de membros de cada grupo diminuem com
mesmas ligas, o teor de cobre por peso é de lOºk, o aumento da massa atômica. Assim, o rutênio se
mas por átomos é de 24°/o. Para outras ligas cujos funde a 2.310ºC, o ródio a 1.966ºC e o paládio a
elementos têm massa semelhante, as diferenças entre 1.554°C. No segundo grupo, os pontos de fusão
v.rt% e at°/o são menos acentuadas. Por exemplo, nas variam de 3.045ºC para o ósmio a l.064ºC para o
ligas Ag-Pd, as porcentagens em peso e atômicas são ouro. Os metais nobres, junto com a prata, são às
semelhantes. Porcentagens em peso de ligas são mais vezes chamados de metais preciosos. O termo precioso
comumente usadas por fabricantes na produção e na vem do custo relativamente alto desses metais e
venda das ligas. No entanto, as propriedades físicas, por serem negociados no mercado de comtnodities.
químicas e biológicas são melhor entendidas em Alguns metalúrgicos consideram a prata como um
termos de porcentagens atômicas. metal nobre, mas ele não é considerado um metal
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 233

TABELA 10-6 Propriedades de elementos em ligas de fundição dentárias

Número Massa Densidade Temp.de


Elemento Símbolo atômico atômica (glcm3) fusão (ºC) Cor Comentários

NOBRE
Rutênio Ru 44 101,07 12,48 2.310,0 Branco Refinador de grão, duro
Ródio Rh 45 102,91 12,41 1.966,0 Prata-branco Refinador de grão, macio,
dúctil
Paládio Pd 46 106,42 12,02 1.554,0 Branco Duro, maleável, dúctil
Ósmio Os 76 190,20 22,61 3.045,0 Branco-azulado Não se usa em odontologia
lrfdio 1r 77 192,22 22,65 2.410,0 Prata-branco Refinador de grão, muito
duro
Platina Pt 78 195,08 21,45 1.772,0 Branco-azulado Rígido, dúctil, maleável
Ouro Au 79 196,97 19,32 1.064,4 Amarelo Dúctil, maleável, macio,
condutor
BASE
Níquel Ni 28 58,69 8,91 1.453,0 Branco Duro
Cobre Cu 29 63,55 8,92 1.083,4 Avermelhado Maleável, dúctil, condutor
Zinco Zn 30 65,39 7,14 419,6 Branco-azulado Macio, frágil, oxida
Gálio Ga 31 69,72 5,91 29,8 Branco-acinzen- Fusão baixa
tado
Prata Ag 47 107,87 10,49 961,9 Macio, maleável, dúctil,
condutor
Estanho Sn 50 118,71 7,29 232,0 Branco Macio
Índio ln 49 114,82 7,31 156,6 Cinza-branco Macio

nobre na odontologia porque corrói consideravel- Ar ou água em qualquer temperatura não


mente na cavidade oral. Então, os termos n~bre e afetam ou mancham o ouro. O ouro não é solúvel
precioso não são sinônimos em odontologia. nos ácidos sulfúrico, nítrico e clorídrico. Contu-
do, ele dissolve-se prontamente em combinações
OURO (AU) de ácidos nítrico e clorídrico (água-régia, 18 vol%
O ouro puro é um metal macio, maleável e dúctil ácido nítrico e 82 volº/o ácido clorídrico) para
que tem uma cor amarela intensa com um forte bri- formar o tricloreto de ouro (AuC13 ). É também
lho metálico. Embora o ouro puro seja o mais dúctil dissolvido por outros poucos químicos, como cia-
e maleável de todos os metais, sua resistência é re- neto de potássio e soluções de bromo ou cloro.
lativamente baixa. A densidade do ouro depende Como o ouro é quase tão macio quanto o chum-
de certa forma na condição do metal, se é fundido, bo, é preciso associá-lo ao cobre, à prata, à platina
laminado ou trefilado. Pequenas quantidades de e a outros metais para desenvolver a d ureza, a
impurezas têm um efeito pronunciado nas proprie- durabilidade e a elasticidade necessárias em li-
dades mecânicas do ouro e de suas ligas. A presença gas dentárias, moedas e joias (Tabela 10-7). Por
de menos de 0,2o/o de chumbo torna o ouro extrema- meio de refinamento e purificação apropriados,
mente frágil. Mercúrio em pequenas quantidades produz-se ouro com um grau extremamente alto
também tem um efeito prejudicial. Portanto, não de pureza. O ouro pode ser trabalhado a frio para
se devem misturar restos de outras ligas dentárias, melhorar suas propriedades físicas . Sem esses
como ligas de metais básicos, inclusive amálgama, recursos, o ouro fundido não teria resistência e
com ouro usado em restaurações dentárias. dureza suficientes.
234 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

QUTLATE E PUREZA DE LIGAS À BASE DE se deve listar um valor exato. Um ouro 18k seria
OURO chamado ouro 750, ou, quando se usa o sistema
Há muitos anos tem-se descrito o teor de ouro decimal, seria 0,750; isto indica que 750/1.000 do
em ligas contendo ouro com base em quilates, ou em total é ouro. A comparação entre quilate, pureza
termos de pureza, em vez de baseado em porcenta- e porcentagem em peso de ouro é apresentada na
gem de massa. O termo quilate se refere somente ao Tabela 10-8. Tanto o número inteiro quanto o sis-
conteúdo de ouro na liga; um quilate representa uma tema decimal são de uso comum, especialmente
parte de V2• do todo. Assim, 24 quilates indicam ouro para soldas nobres odontológicas. O sistema de
puro. O quilate de uma liga é designado pela letra pureza é, de certo modo, menos relevante nos dias
minúscula k, por exemplo, ouro 18k ou 22k. de hoje por causa da introdução de ligas que não
O uso do termo quilate para designar o teor de contêm ouro. É importante enfatizar que os termos
ouro na liga dentária é menos comum hoje. Não é quilate e pureza se referem somente ao conteúdo em
incomum encontrar a porcentagem de massa de ouro, e não ao conteúdo de metais nobres.
ouro listada ou ter a liga descrita nos termos de
pureza. Pureza. também se refere somente ao con- PLATINA (Pt)
teúdo de ouro, e representa o número de partes do A platina é um metal branco azulado. É tenaz, dúctil
ouro em cada 1.000 partes da liga. Então, ouro 24k e maleável, podendo ser produzida como folha ou fios
é o mesmo que lOOo/o de ouro ou 1.000 de pureza finos. A platina tem a dureza semelhante à do cobre.
(p. ex., ouro 1.000 ou ouro puro). A pureza repre- Platina pura tem inúmeras aplicações na odontologia
senta uma medida precisa do teor de ouro na liga e por causa de seu elevado ponto de fusão e resistência
é normalmente o parâmetro a ser utilizado quando às condições orais e temperaturas elevadas.

TABELA 1O-7 Propriedades físicas e mecânicas de ouro puro fundido, ligas de ouro e folha de ouro condensada

Dureza (VHN/BHN) Resistência à tração


Material Densidade (g/cm3) (kg/mm2) (MPa) Alongamento (ºlo)

Ouro fundido 24k 19,3 28(VHN) 105 30


Ouro fundido 22k 60(VHN) 240 22
Ouro moeda 85(BHN) 395 30
Liga de fundição à 15,6 135/195 (VHN) 425/525 30/12
base de Au típica (70o/o
empesoAu)•
Folha de ouro 19,1 60(VHN) 250 12,8
condensadat
*Valores s!ÜJ para.ccmdiçffo macia/endurecida.
tModificado de Rule, R. W., 1937. J. Am. Dent. Assoe. 24, 583.
VHN/BHN, Número de dureza Vickers/número de dureza Brinell.

TABELA 10-8 Comparação de quilate, pureza e porcentagem de peso do ouro em liga~ de ouro

Pureza

Quilate Quantidade de ouro por quilates Peso (%) do ouro Partes/1000 Decimal

24 "h4 100,0 1.000,00 1.000


22 ~24 91,7 916,66 0,916
20 'o/,. 83,3 833,33 0,833
18 'o/24 75,0 750,00 0,750
16 'o/24 66,7 666,66 0,666
14 '~ 58,3 583,33 0,583
9 '}',. 37,5 374,99 0,375
10. MATERIAIS RESTAURAOORES - METAIS 235

A platina aumenta a dureza e as qualidades elás- Metais Básicos


ticas do ouro, e algumas ligas para fundição odon- Diversos metais básicos são combinados com
tológica e fios contêm até 8°/o de platina com.binada metais nobres para desenvolver ligas com pro-
com outros metais. A platina tende a clarear a cor priedades adequadas para restaurações dentárias.
amarela de ligas à base de ouro. Metais básicos usados em ligas dentárias incluem
prata, cobre, zinco, índio, estanho, gálio e níquel
PALÁDIO (Pd) (Tabela 10-6).
O paládio é um metal branco um pouco mais
escuro do que a platina. A sua densidade é um pouco PRATA (Ag)
mais da metade que a da platina e do ouro. O paládio A prata é um metal branco maleável, dúctil. É o
tem a qualidade de absorver ou aprisionar grandes condutor de calor e eletricidade mais conhecido e
quantidades de gás hidrogênio quando aquecido. é mais resistente e duro do que ouro, porém, mais
Isto pode ser uma qualidade indesejável quando se macio do que cobre. Localizado a 961,9°C, o ponto
aquecem ligas contendo paládio com um maçarico de fusão da prata está abaixo dos pontos de fusão
gás-ar com a chama inadequadamente ajustada. tanto do cobre quanto do ouro. Não é alterado em ar
O paládio não é usado em seu estado puro na limpo, seco em qualquer temperatura, mas com.bina
odontologia, mas é usado extensivamente em ligas com enxofre, cloro, fósforo e vapores contendo estes
dentárias. O paládio pode se combinar com ouro, elementos ou seus compostos. Comidas contendo
prata, cobre, cobalto, estanho, índio ou gálio para compostos de enxofre provocam manchamento na
ligas dentárias. Ligas são prontamente formadas entre prata e, por esta razão, não se considera a prata um
ouro e paládio, e quantidades de paládio tão baixas metal nobre na odontologia.
quanto So/o por peso têm um efeito pronunciado em Não se usa a prata pura para restaurações den-
embranquecer ligas amarelas à base de ouro. Ligas de tárias por causa do sulfato preto que se forma sobre
paládio-ouro com um teor de paládio de 10"/o ou mais o metal na boca. Adicionar pequenas quantidades
em peso são brancas. Ligas de paládio e dos outros de paládio às ligas contendo prata impede a rápida
elementos previamente mencionados estão disponí- corrosão destas ligas no ambiente oral.
veis como substitutas para ligas de ouro amarelas, e A prata forma uma série de soluções sólidas
as propriedades mecânicas das ligas à base de paládio com paládio (Fig. 10-7, D) e ouro (Fig. 10-7, C), e
podem ser tão boas quanto ou melhores do que mui- é, portanto, comum em ligas dentárias à base de
tas ligas tradicionais à base de ouro. Embora muitas ouro e paládio. Em ligas à base de ouro, a prata é
das ligas à base de paládio sejam brancas, algumas, eficaz em neutralizar a cor avermelhada de ligas
como as ligas de paládio-índio-prata, são amarelas. contendo quantidades consideráveis de cobre. A
prata também endurece as ligas à base de ouro por
IRÍDIO (lr), RUTÊ NIO (Ru) E RÓDIO (Rh) meio de um mecanismo de endurecimento por
Irídio e rutênio são usados em pequenas quanti- solução sólida. Em ligas à base de paládio, a prata
dades em ligas dentárias como refinadores de grão é importante no desenvolvimento da cor branca
para manter o tamanho do grão pequeno. Um grão da liga. Embora a prata seja solúvel no paládio, a
de tamanho pequeno é desejável porque melhora adição de outros elementos a essas ligas, como cobre
as propriedades mecânicas e uniformidade das ou índio, pode causar a formação de fases múltiplas
propriedades em uma liga. Uma quantidade tão e a corrosão elevada.
reduzida quanto 0,00So/o (50ppm) de irídio é eficaz
na redução do tamanho do grão. O rutênio tem um COBRE(Cu)
efeito semelhante. As propriedades de refinamento O cobre é um metal maleável e dúctil com alta
de grãos desses elementos se devem e m grande condutividade térmica e elétrica e cor vermelha
parte aos seus pontos de fusão extremamente altos. característica. O cobre forma uma série de soluções
o irídio se funde a 2.410° e e o rutênio a 2.310° e. sólidas tanto com o ouro (Fig. 10-7, A) quanto com o
Então, esses elementos não se derretem durante a paládio (Fig. 10-7, B), e é, portanto, um importante
fundição da liga e, durante o resfriamento, servem componente de ligas dentárias nobres. Quando adi-
como centros de nucleação para a liga fundida, cionado a ligas à base de ouro, o cobre confere uma
resultando em uma liga de grão fino. cor avermelhada ao ouro e endurece a liga por meio
O ródio também tem um alto ponto de fusão de um mecanismo de solução sólida ou solução or-
(1.966ºC) e é usado em ligas de platina para formar denada. A presença do cobre em ligas à base de ouro
fios para termopares. Estes termopares ajudam a em quantidades aproximadamente entre 40°/o e 88°/o
medir a temperatura em fomos de porcelana usados por peso permite a formação de uma fase ordenada.
para fazer restaurações dentárias. Também se usa cobre comumente em ligas à base
236 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

de paládio, nas quais ele pode ser utilizado para de fusão muito baixo de 29,SºC e uma densidade de
reduzir o ponto de fusão e aumentar a resistência da somente 5,91'Yo g/ cm3 . Não se usa o gálio em sua
liga por meio de solução sólida de endurecimento e forma pura na odontologia, mas usa-se como um
formação de fases ordenadas quando Cu está pre- componente de algumas ligas dentárias à base de
sente entre 15 e 55 \.Vto/o. A proporção entre prata e ouro e paládio, especialmente ligas cerâmicas. Os
cobre deve ser cuidadosamente balanceada em ligas óxidos do gálio são importantes para a ligação da
à base de ouro e paládio, porque prata e cobre não cerâmica ao metal.
são miscíveis. O cobre é também um componente
comum da maior parte das soldas dentárias. NÍQUEL (Ni)
O níquel tem uma aplicação limitada em ligas
ZINCO (Zn) dentárias à base de ouro e paládio, mas é um compo-
O zinco é um metal branco-azulado com uma nente comum em ligas dentárias não nobres. O niquei
tendência ao mancharnento em ar úmido. Em sua tem um ponto de fusão de 1.453° c e uma densidade
forma pura, é um metal macio, frágil e com pouca re- de 8,91 g/ cm3 . Quando usado em pequenas quanti-
sistência. Quando aquecido ao ar, o zinco oxida pron- dades em ligas à base de ouro, o niquei embranquece
tamente para formar um óxido branco de densidade a liga e aumenta a resistência e a dureza.
relativamente baixa. Esta propriedade de oxidação é
aproveitada nas ligas dentárias. Embora o zinco pos- Combirnlfões Binárias de Metais Nobres
sa estar presente em quantidades de somente 1% a Embora a maior parte das ligas nobres para fun-
2'Yo por peso, ele age como um "caçador" de oxigênio dição tenha três ou mais elementos, as propriedades
quando a liga é fundida. Assim, refere-se ao zinco de certas ligas binárias são importantes porque es-
como um agente desoxüian.te. Por causa da sua baixa tas combinações binárias constituem a maior parte
densidade, durante o procedimento de injeção da da massa de muitas ligas nobres. A compreensão
liga fundida no interior do molde de revestimento, das propriedades físicas e de manipulação dessas
o óxido de zinco não ganha tanta aceleração quanto ligas binárias é, portanto, útil para se entender o
o restante da liga. Por isso, não ocupa as partes mais comportamento de ligas mais complexas. Entre as
importantes da peça fundida final, sendo facilmente ligas nobres, seis combinações binárias de elementos
removido durante o acabamento. Se muito zinco são importantes: Au-Cu, Pd-Cu, Au-Ag, Pd-Ag,
estiver presente, ele aumentará marcadamente a Au-Pd e Au-Pt. Diagramas de fases para esses sis-
fragilidade da liga. temas binários são apresentados na Figura 10-7.
Diagramas de fases são ferramentas importantes
ÍNDIO (ln) para o entendimento das propriedades físicas e de
O índio é um metal branco-acinzentado, macio e manipulação das ligas binárias.
com ponto de fusão baixo de 156,6°C. O índio não se
mancha pelo ar ou pela água. É usado em algumas COMPOSIÇÃO DA LIGA E TEMPERATURA
ligas à base de ouro como um substituto para o zin- Em cada diagrama de fases na Figura 10-7, o
co e é um componente menor comum em algumas eixo horizontal representa a composição da liga
ligas nobres para metalocerâmica. Recentemente, binária. Por exemplo, na Figura 10-7, A, o eixo
tem-se usado o índio em maiores quantidades (até horizontal representa uma série de ligas binárias
30°/o por peso) para fornecer uma cor amarela a ligas de ouro e cobre variando na composição de Oo/o de
de paládio-prata. ouro (ou 100% de cobre) a 100% de ouro. É possível
dar a composição em porcentagem atômica (ato/o)
ESTANHO (Sn) e porcentagem em peso (wtºk). Composições em
O estanho é um metal branco, macio e brilhante porcentagem em peso dão a massa relativa de cada
que não está sujeito a manchas no ar normal. Al- elemento na liga, enquanto que porcentagens atô-
gumas ligas à base de ouro contêm quantidades micas dão os números de átomos relativos nas ligas.
pequenas de estanho, normalmente menos de 5ºk É um cálculo simples para converter porcentagens
em peso. O estanho também é um ingrediente em em peso para porcentagens atômicas, e vice-versa.
soldas dentárias à base de ouro. Combina-se com Observe que, para as ligas binárias mostradas na
platina e paládio para produzir um efeito endure- Figura 10-7, a composição em porcentagem atômica
cedor, mas também aumenta a fragilidade. é mostrada ao longo da parte inferior do diagrama
de fases, enquanto que se mostra a composição
GÁLIO (Ga) percentual em peso na parte superior.
O gálio é um metal acinzentado que é estável em As composições em porcentagem atômica e em
ar seco, mas mancha em ar úmido. Tem um ponto peso das ligas binárias podem diferir consideravel-
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 237

Composição (wt . o/o Au)


25 50 75 25 50 75
1.200 ~-~-~---~------~ 1.600 ~---~· ----~
· ---~
· --~

L /
~ 900 1.083
7 1.200
L 1.555
ü s 884 1.064 s
~
"' 600 800 '--962

~
~ 300 I ,.
396
-,
' V
, ./'
-- ...' '
424

\ 400
I 1
I AuCU3 1 AuCu \
1 1 \
• ' '
Cu 25 50 75 Au Ag 25 50 75 Pd
A Composição (at. % Au) D at. ºlo Pd

25 50 75 25 50 75
1.600 ..,.....-~---~·------''-------. 1.600 ..,....-_...___ ___.__ _ _ _ ~------.

-
L
7
:::::--;.554
1.554
1.200
•- s
~ \
"' 800 - 1.083 800
"§ 600 1.064
Q)
500 --.,
~ 400 -
.-.... ,' \
400
~ I
/ \
\ /
I \
\
1PdCu3\ / PdCu \
! 1! . 1

Cu 25 50 75 Pd Pd 25 50 75 Au
B at. 0/o Pd E at. 0/o Au

25 50 75 25 50 75
1.200 ~-.....__
· _ _...__ _ ____.._ _ _ _____
L
L
s / 1.064
G 900-I'\ 1.064 1.500

~
962 L~s:-;::::=r-:::::_----
"'
~
~
E
~
600 -

300 -
1.000

500
975
----'
" PtAu3
1.250

, .,,. ,
-:_o_,...AgAu
....
'
Ag 25 50 75 Au Au 25 50 75 Pt
e at. % Au F at. % Pt

FIGURA 1O-7 Diagramas de fase para composições b inárias. A, Cobre (Cu) e ouro (Au); B, cobre e paládio (Pd); C,
prata e ouro; D, prata e paládio; E, paládio e ouro; e F, ouro e platina (Pt). As porcentagens atômicas são mostradas ao
longo da parte inler ior de cada gráfico; as porcentagens em peso são mostradas ao longo da parte superior. L, liquidus;
S, solidus (Modificado de Hansen M: C1mstit11tion of binnry allnys. McGraw Hill, New York, 1958).

mente. Por exemplo, para o sistema Au-Cu mostra- em peso. A diferença entre porcentagens atômicas
do na Figura 10-7, A, uma liga que é 50°/o de ouro em e em peso depende da massa atômica do elemento
peso é somente 25'Yo de ouro em átomos. Para outros envolvido. Quanto maior for a diferença na mas-
sistemas, como o sistema Au-Pt na Figura 10-7, F, sa atômica, maior a diferença entre porcentagens
há pouca diferença entre porcentagens atômicas e atômicas e de peso no diagrama de fases binárias.
238 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Por ser mais conveniente usar massas na fabri- -Au (Fig. 10-7, E) são exemplos de sistemas de solu-
cação de ligas, o método mais comum para relatar ção sólida. Se a área abaixo da linha solidus contiver
a composição é por meio de porcentagens em pe- linhas pontilhadas, então uma solução ordenada
so. Contudo, as propriedades físicas e biológicas está presente dentro das linhas pontilhadas.
das ligas se relacionam melhor com porcentagens Uma solução ordenada ocorre quando os dois
atômicas. É, portanto, importante ter em mente a elementos na liga assumem posições específicas e
diferença entre porcentagem atômica e em peso ao regulares na grade cristalina da liga. Esta situação
selecionar e usar ligas dentárias nobres para fundi- difere daquela de uma solução sólida em que as
ção. Ligas que parecem altas em ouro por meio da posições dos elementos na rede cristalina são alea-
porcentagem em peso podem, em realidade, conter tórias. Exemplos de sistemas contendo soluções
bem menos átomos de ouro do que se pensa. ordenadas são o sistema Au-Cu (Fig. 10-7, A), o
Outros aspectos dos diagramas de fases que sistema Pd-Cu (Fig. 10-7, B) e o sistema Au-Ag
merecem atenção são as linhas li.quidus e solidus. O (Fig. 10-7, C). Observe que as soluções ordenadas
eixo-y na Figura 10-7 mostra a temperatura. Se a ocorrem em uma faixa limitada das composições
temperatura estiver acima da linha lii/uidus (mar- porque as relações entre os elementos precisam
cada L), a liga estará completamente fundida. Se a estar corretas para permitir as posições regulares
temperatura estiver abaixo da linha solidus (marcada nas grades cristalinas.
S), a liga estará sólida. Se a temperatura ficar entre Se a área abaixo da linha solidus contiver uma
as linhas liquidus e solidus, a liga estará parcialmente linha sólida, isso indica a existência de uma segunda
fundida. Observe que a distância entre as linhas fase. Uma segunda fase é uma área com uma com-
lii/uidus e solidus varia entre sistemas na Figura 10-7. posição claramente diferente da primeira fase. No
Por exemplo, a diferença de temperatura entre essas sistema Au-Pt (Fig. 10-7, F), uma segunda fase se
linhas é pequena para o sistema Ag-Au (Fig. 10-7, C), forma entre 20 e 90 at'Yo de platina. Se a temperatura
é muito maior para o sistema Au-Pt (Fig. 10-7, F) e varia estiver abaixo da linha de limite da fase, dentro desta
consideravelmente com a composição para o sistema faixa de composições existirão duas fases na liga.
Au-Cu (Fig. 10-7, A). A presença de uma segunda fase é importante
Do ponto de vista de manipulação, é desejável porque muda significativamente as propriedades de
ter uma variação estreita de lii/uidus-solidus porque corrosão de uma liga. A Figura 10-8 mostra micro-
é interessante manter a liga no estado líquido pelo grafias eletrônicas de ligas com fases únicas e múlti-
menor tempo possível antes da fundição. Enquanto plas. A liga de fase única tem pouca microestrutura
em estado líquido, a liga está suscetível à oxidação visível porque a sua composição é mais ou menos
e à contaminação significativas. Se a variação li- homogênea. Na liga de múltiplas fases, áreas que
quidus-solidus for ampla, a liga permanecerá pelo têm composições distintas são claramente visíveis.
menos parcialmente fundida por um período de Essas áreas correspondem às diferentes fases sob o
tempo mais longo após ser injetada para o interior solidus em um diagrama de fases. Uma vez que as di-
do molde de revestimento. ferentes fases podem interagir eletroquímicamente,
A temperatura da linha liquidus também é im- a corrosão de ligas de múltiplas fases pode ser mais
portante e varia consideravelmente entre ligas e alta do que para uma liga de fase única.
com a composição. Por exemplo, a linha li.quidus
do sistema Au-Ag varia de 962º a l.064ºC (Fig. 10- ENDURECIMENTO DE LIGAS NOBRES
7, C), mas a linha liquidus do sistema Au-Pd varia O uso de ouro puro fundido não é prático para
de 1.064° a 1.554°C (Fig. 10-7, E). É frequentemente restaurações dentárias porque ouro fundido não
desejável ter uma liga com uma linha liquidus em tem resistência e dureza suficientes. Endurecimento
temperaturas mais baixas; o método de aquecimen- por solução sólida e por solução ordenada são duas
to é mais fácil, menos reações colaterais ocorrem e a maneiras comuns de aumentar suficientemente a
contração é geralmente menos problemática. resistência das ligas dentárias nobres para uso na
boca. Ao se misturar dois elementos aleatoriamente
ESTRUTURA DE FASES DAS LIGAS NOBRES na grade cristalina (formando uma solução sólida),
A área abaixo das linhas solidus na Figura 10-7 a força necessária para distorcer a rede pode ser
também é importante para o comportamento da significativamente aumentada. Por exemplo, ao se
liga. Se essa área não tiver limites, então o sistema adicionar só 10°/o em peso de cobre ao ouro, a resis-
binário é uma série de soluções sólidas. Isto significa tência à tração aumenta de 105 para 395l'v!Pa e a
que os dois elementos são completamente solúveis dureza Brinell aumenta de 28 para 85 (Tabela 10-7).
um no outro em todas as temperaturas e composi- Se as posições de ambos os elementos se tornarem
ções. O sistema Ag-Pd (Fig. 10-7, D) e o sistema Pd- ordenadas (formando uma solução ordenada), as
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 239

FIGURA 10-8 Microscopia eletrônica de varredura de ligas de fase única (A) e fases múlt iplas (B). A, Veem-se
poucas características de núcroestrutura porque a liga é praticamente homogênea. São apenas visíveis alguns arranhões
do polimento e alguns detritos na superfície. B, É evidente uma microestrutura rica, refletindo as diversas fases presentes.
Cada fase tem uma composição diferente.

propriedades da liga melhoram ainda mais (Tabe- O resfriamento rápido preservará a solução sólida
la 10-7). Para uma típica liga para fundição à base e a condição macia, ao passo que um resfriamento
de ouro, a formação de uma solução ordenada pode lento permitirá a formação da solução ordenada e a
aumentar a resistência à flexão em 50°/o, a resistência à condição endurecida. Em ligas de ouro e cobre com
tração em 25'Yo e a dureza em ao menos 100/o. É impor- outros elementos, soluções ordenadas de Au-Cu ain-
tante observar que se reduz o alongamento de urna da são possíveis contanto que a razão do cobre para o
liga pela formação da solução ordenada. Para a liga ouro seja maior do que 30:70 (at%). Como mostrado
à base de ouro típica, a porcentagem de alongamento na Figura 10-8, a formação de soluções ordenadas é
diminuirá de 30% para por volta de 12%. possível em outros sistemas de liga nobre, como Pd-
A formação de soluções ordenadas tem sido uti- -Cu e Au-Pt. A solução ordenada do sistema Ag-Au-
lizada comumente para aumentar a resistência de existe, mas não é possível usá-la porque a tempera-
restaurações dentárias fundidas, particularmente em tura de transição é muito baixa (quase a temperatura
ligas à base de ouro. Como mostrado na Figura 10-7, do corpo).
A, o sistema Au-Cu apresenta soluções ordenadas Também se tem usado a formação de uma
entre 20 e 70 at% de ouro. No entanto, a manipulação segunda fase para endurecer ligas dentárias, mas
da liga durante a fundição determinará se a solução este método não é comumente usado para ligas
ordenada se formará. Se Au-Cu contendo por volta dentárias nobres. A dispersão da segunda fase é
de 50 at% de ouro for aquecida para o estado liquido muito importante para a eficácia do endurecimento.
e então lentamente resfriada, a massa solidificará por Evidência recente indica que algumas ligas à base
volta de 880ºC como uma solução sólida. À medida de Au podem conter precipitados coerentes ricos em
que a massa esfria lentamente até 424°C, a solução Ag que, junto com soluções ordenadas, contribuem
ordenada se formará e permanecerá presente à para o endurecimento da liga. Devem-se equilibrar
temperatura ambiente. Contudo, se a massa esfriar as vantagens do endurecimento com vulnerabili-
rapidamente para temperatura ambiente após a dade à corrosão elevada frequentemente vistas em
solidificação inicial, a solução ordenada não se for- sistemas de múltiplas fases. É preciso observar que,
mará porque não há tempo suficiente para a massa ao contrário das soluções ordenadas, a formação de
se reorganizar. Então, a liga ficará aprisionada em segundas fases não é normalmente controlada com
um estado de não equilíbrio de urna solução sólida facilidade por meio de tratamentos térmicos e pode
e será mais macia, menos resistente e apresentará não ser reversível no estado sólido. Na verdade, o
maior alongamento. tratamento térmico normalmente causa uma dete-
A conversão entre solução ordenada e solução rioração das propriedades com estes sistemas.
sólida é reversível no estado sólido. Ao se aquecer
a liga em qualquer das condições acima de 424ºC FORMULAÇÃO DE LIGAS NOBRES
(mas abaixo do solidus), o estado da liga pode ser As qualidades desejáveis em urna liga nobre para
selecionado ao se escolher a taxa de resfriamento. fundição odontológica determinam a seleção de
240 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

elementos que serão usados para formulá-las. A liga SOppm) de elementos como irídio e rutênio, produ-
nobre ideal deveria ter: (1) um intervalo de fusão zem-se fundições de granulação fina. Acredita-se
pequeno e um intervalo de temperatura solidus-li- que, ao se adicionar um desses elementos à liga,
qu:i.dus estreito; (2) resistência, dureza e alongamento centros para nucleação dos grãos se desenvolvem
adequados; (3) urna baixa tendência à corrosão no por toda a liga. A maior parte dos fabricantes de
ambiente oral; e (4) baixo custo, entre outras proprie- ligas usa refinamento de grão nos produtos atuais.
dades. Tradicionalmente, os elementos nobres ouro As propriedades mecânicas de resistência à tração e
e paládio têm sido geralmente a fundação à qual do alongamento são melhoradas significativamente
outros elementos são adicionados para formular (30o/o) pela estrutura de grãos finos em fundições, o que
ligas para fundição dentárias. O ouro e o paládio são contribui com a uniformidade das propriedades
preferíveis a outros elementos porque apresentam de uma fundição para a outra. Outras propriedades,no
pontos de fusão relativamente baixos, baixa corrosão entanto, como a dureza e a resistência à flexão, mos-
e formam soluções sólidas com outros elementos tram menos efeitos do refinamento de grãos.
da liga, como cobre ou prata (Fig. 10-7). Sistemas
de solução sólida são desejáveis para a formulação Propriedades
de ligas porque eles são geralmente mais fáceis de INTERVALO DE FUSÃO
fabricar e de manipular, têm urna menor tendência Ligas de fundição dentárias não têm ponto de
à corrosão do que sistemas de múltiplas fases e fusão, mas sim intervalo de fusão, pois são combi-
fornecem resistência elevada pelo endurecimento nações de elementos em vez de elementos puros. A
por meio de solução sólida e de solução ordenada. magnitude do intervalo de fusão do solidus-liqui.dus
Além disso, os sistemas mostrados na Figura 10-7 é importante para a manipulação das ligas (Fig. 10-7
geralmente têm intervalos liqui.dus-soli.dus estreitos. e Tabela 10-9). A variação solidus-liquidus deveria ser
Portanto, não é surpreendente que a combinação estreita para evitar manter a liga no estado fundido
desses elementos tenha sido extensamente usada por longos períodos durante a fundição. Se a liga
na formulação de ligas nobres. permanecer por muito tempo no estado parcialmen-
te fundido, cria-se mais oportunidade para a forma-
Tamanho do Grão ção de óxidos e para contaminação. A maioria das
Estudos mostraram que quantidades mínimas ligas na Tabela 10-9 tem variações solidus-liquidus
de diversos elementos podem influenciar o tama- de 70°C ou menos. As ligas Au-Ag-Pt, Pd-Cu-Ga e
nho do grão de ligas para fundição odontológica. Ag-Pd têm variações mais amplas, o que as faz mais
Com a adição de pequenas quantidades (0,00So/o ou difíceis de se fundir sem problemas.

TABELA 10-9 Propriedades físicas e mecânicas de diversos tipos de ligas nobres para fundição dentária

Propriedades

Resistência à
deformação Dureza
permanente Alongamento Vickers
Liquidus Densidade a 0,2 (macio/ (macio/duro) (Macio/duro)
Liga SoUdus (ºC) (ºC) Cor (g/cm3 ) duro) (MPa) (º/o) (kg/mm2 )

ALTAMENTE NOBRE

Au-Ag-Pt 1.045 1.140 Amarelo 18,4 420/470 15/9 175/195


Au-Cu-Ag-Pd-1 910 965 Amarelo 15,6 270/400 30/12 135/195
Au-Cu-Ag-Pd-il 870 920 Amarelo 13,8 350/600 30/10 175/260
NOBRE
Au-Cu-Ag-Pd-IIJ 865 925 Amarelo 12,4 325/520 27,5/10 125/215
Au-Ag-Pd-In 875 1.035 Amarelo claro 11,4 300/370 12/8 135/190
Pd-Cu-Ga 1.100 1.190 Branco 10,6 1.145 8 425
Ag-Pd 1.020 1.100 Branco 10,6 260/320 10/8 140/155
Ag, prata; Art, ouro; Cu, cobre; Ga, gálio; ln, fndio; Pd, paládio; PI, platí11a.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 241

A temperatura do liqui.dus das ligas determina contêm maiores quantidades de elementos mais
a temperatura de injeção, o tipo de revestimento densos, como o ouro e a platina. Assim, as ligas de
e o tipo de fonte de calor que precisa ser usado Au-Ag-Pt e Au-Cu-Ag-Pd-I estão entre as ligas para
durante a fundição. Em geral, a temperatura de fundição mais densas.
injeção precisa ser por volta de 500ºC abaixo da
temperatura liquidus. Para as ligas Au-Cu-Ag-Pd-I, RESISTÊNCIA
portanto, uma temperatura de injeção de cerca de A resistência das ligas pode ser medida por
450° a 475° C deveria ser usada. Se a temperatura meio da resistência à flexão ou da resistência à de-
de injeção se aproximar de 700ºC, um revestimento formação plástica (yield strength). Embora a resis-
aglutinado por gesso não pode ser usado porque tência à tração represente a resistência máxima da
o sulfato de cálcio irá se decompor e fragilizar as liga, a resistência à deformação plástica é mais útil
ligas. Em temperaturas próximas a 700°C ou mais, em aplicações dentárias porque representa o valor
um revestimento aglutinado por fosfato é usado. de tensão em que ocorre deformação permanente
Como mostrado na Tabela 10-9, um revestimento das ligas (Capítulo 4). Como a deformação per-
aglutinado por gesso pode ser usado com as ligas manente da peça metálica fundida é geralmente
Au-Cu-Ag-Pd-I, e III e Au-Ag-Pd-In, mas um re- indesejável, a resistência à deformação plástica é
vestimento aglutinado por fosfato é aconselhável um valor de resistência máxima de maior impor-
para outras ligas. Um maçarico gás-ar aquecerá tância na prática. As resistências à deformação
adequadamente ligas com temperaturas liquidus plástica para as diferentes classes de ligas são mos-
abaixo de 1.lOOºC. Acima dessa temperatura, um tradas na Tabela 10-6. Onde aplicável, as condições
maçarico gás-oxigênio ou um método de indução endurecida e amaciada, resultantes da formação
elétrica deve ser usado. Novamente pela Tabela 10-9, de soluções ordenadas, são mostradas. Para várias
um maçarico gás-ar seria somente aceitável para ligas, como Au-Cu-Ag-Pd-I, II e III, a formação
ligas de Au-Cu-Ag-Pd-I, II e ili e Au-Ag-Pd-In. da fase ordenada aumenta a resistência à defor-
A composição das ligas determina as temperatu- mação plástica significativamente. Por exemplo,
ras de liquidus. Se uma liga contém urna quantidade a resistência à deformação plástica das ligas Au-
significativa de um elemento que tem um alto ponto -Cu-Ag-Pd-II aumenta de 350 para 600 MPa com a
de fusão, é provável que tenha um liquidus alto. formação de uma fase ordenada. Para outras ligas,
Então, ligas que contêm quantidades significativas como as ligas Au-Ag-Pt e Ag-Pd, o aumento na
de paládio ou platina, ambas das quais têm altos resistência à deformação plástica é mais modesto
pontos de fusão (Tabela 10-6), terão altas tempera- na condição endurecida. As ligas Pd-Cu-Ga não
turas de liqui.dus. Na Tabela 10-9, essas ligas incluem suportam a formação da fase ordenada porque a
as ligas de Pd-Cu-Ga, Ag-Pd e Au-Ag-Pt. proporção de paládio e cobre não está no intervalo
A temperatura de solidus é importante para correto para formação da fase ordenada (Tabela
soldagem e formação de fases ordenadas porque, 10-9 e Fig. 10-7, B).
durante ambas as operações, o formato das ligas As resistências à deformação plástica destas
deve ser mantido. Portanto, durante a soldagem ligas variam de 320 para 1.145MPa (condição du-
ou o endurecimento-amaciamento, a liga pode ser ra). A liga mais resistente é Pd-Cu-Ga, com uma
aquecida somente até o solidus antes que a fusão resistência à deformação plástica de 1.145"MI'a. As
ocorra. Na prática, é desejável limitar o aquecimen- outras ligas apresentam valores de resistência entre
to até 50ºC abaixo do solidus para evitar fusão local 320 e 600MPa. Estes valores são adequados para
ou distorção da peça fundida. aplicações odontológicas e estão geralmente na
mesma variação daquelas encontradas para as ligas
DENSIDADE de metais básicos, que variam de 495 a 600 MPa. O
A densidade é importante durante a aceleração efeito do endurecimento por solução sólida pela
da liga fundida para o interior do molde durante o adição de cobre e prata à base de ouro ou paládio é
processo de fundição. Ligas com altas densidades significativo para estas ligas. O ouro fundido puro
geralmente irão acelerar mais rápido e tendem a tem uma resistência à tração de 105 MPa (Tabela
formar fundições completas mais facilmente. Entre 10-7). Com a adição de 10 v.1 t'Yo de cobre (ouro
as ligas mostradas na Tabela 10-9, todas têm densi- de moeda), o endurecimento por solução sólida
dades suficientes para fundições sem inconvenien- aumenta a resistência à tração para 395MPa. Com
tes. Densidades mais baixas (7 a 8 g/ cm3) vistas nas a adição a mais de 10 wt0/o de prata e 3 wt%1 de
ligas contendo predominantemente metais básicos paládio (Au-Cu-Ag-Pd-I), a resistência à tração
às vezes apresentam problemas a esse respeito. Li- aumenta para cerca de 450 MPa e 550 MPa na con-
gas na Tabela 10-6 com altas densidades geralmente dição endurecida.
1
242 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

DUREZA biológica adversa é essencialmente influenciada por


A dureza é um bom indicador da capacidade de elementos liberados por essas ligas para a cavidade
uma liga em resistir à deformação permanente local oral. A resposta biológica também é influenciada
devido a cargas oclusais. Embora as relações sejam significativamente por quais elementos são especi-
complexas, a dureza está relacionada com a resistên- ficamente liberados, por suas concentrações e pela
cia à deformação plástica e dá alguma indicação da duração da exposição aos tecidos orais. Por exemplo,
dificuldade de polimento da liga. Ligas com dureza a liberação a c urto prazo (mais de 1 a 2 dias) d e
alta normalmente terão resistência à deformação per- zinco pode não ser biologicamente significativa,
manente alta e são mais difíceis de polir. Conforme a mas liberações em prazos mais longos (mais de 2 a 3
Tabela 10-9 mostra, os valores de dureza geralmente anos) podem ter efuitos mais significativos. De forma
são paralelos àqueles de resistência à deformação semelhante, quantidades equivalentes (em mols) de
permanente. Na condição endurecida, a dureza zinco, cobre ou prata terão efeitos biológicos bas-
dessas ligas varia de 155kg/mm2 para ligas de Ag- tante diferentes, porque cada um dos elementos é
-Pd a 425kg/mm2 para as ligas de Pd-Cu-Ga. Mais único em sua interação com tecidos.
tipicamente, a dureza das ligas nobres é de cerca de Infelizmente, não existe atualmente urna forma
200 kg/ mm2• As ligas de Ag-Pd são particularmente de avaliar de forma abrangente a biocompatibilidade
macias por causa da alta concentração de prata, que de ligas nobres (ou qualquer outro material), porque
é um metal macio. As ligas de Pd-Cu-Ga são parti- os efeitos da liberação dos se us elementos cons-
cularmente duras por causa da alta concentração de tituintes nos tecid os não são completamente com-
Pd, que é um metal duro. A dureza da maioria das preendidos. Contudo, em geral, diversos princípios
ligas nobres é menor do que a do esmalte (343kg/ se aplicam à biocompatibilidade de ligas. A liberação
mm 2), e tipicamente menor do que a das ligas de de elementos de ligas nobres não é proporcional à
metais básicos. Se a dureza de uma liga for maior do composição das fases. Em geral, ligas de múltiplas
que a do esmalte, pode causar desgaste do esmalte fases liberam mais massa do que ligas de fase única.
do dente oposto à restauração. Alguns elementos, como cobre, zinco, prata, cádmio
e níquel, são inerentemente mais propensos a serem
ALONGAMENTO liberados de ligas dentárias do que outros, com o
O Alongarnento é urna medida da d uctilidade da ouro, paládio, platina e índio. Ligas com alto teor de
liga. Em prótese, um valor baixo de alongamento metais nobres geralmente liberam menos massa do
para uma liga não é geralmente uma g rande preo- que ligas com pouco ou nenhum teor de metal no-
cupação, pois a deformação permanente das ligas bre. Contudo, a única maneira confiável de avaliar a
não é desejável. Contudo, o alongamento indica se liberação de elementos da liga é pela medição direta,
a liga pode ser brunida. Ligas com alto alongamento porque há exceções para cada uma das generaliza-
podem ser brunidas sem fratura. O alongamento ções há pouco me ncionadas. Da mesma forma, é
é sensível à presença ou à ausência de uma fase difícil prever, mesmo sabendo a liberação elemental
ordenada, como mostra a Tabela 10-9. Na condição de uma liga, qual será a resposta biológica à liga.
endurecida, o alongamento cai significativamen- Então, a única maneira confiável é medir a resposta
te. Por exemplo, para as ligas Au-Cu-Ag-Pd-II, o biológica diretamente, seja in vitro, em animais ou
alongamento é 30% na condição amaciada contra em humanos (Capítulo 6). É importante lembrar
somente lOo/o na condição endurecida. Na condição também que combinações de ligas usadas na boca
amaciada, o alongamento de ligas nobres varia en- podem alterar sua corrosão e biocompatibilidade.
tre 8% e 30°/o. Essas ligas são substancialmente mais O programa Tdentalloy foi desenvolvido em
dúcteis do que as ligas de metais básicos, que têm um esforço para tornar dentistas e pacientes mais
alongamento na ordem de 1ºlo a 2º/o. conscientes da composição das ligas dentárias que
são usadas. Sob esse programa, cada liga tem um
BIOCOMPATIBILIDADE certificado (Fig. 10-9) q ue lista a composição com-
A biocon1panbilidade de ligas nobres é tão impor- pleta da liga, seu fabricante, nome e a classificação
tante quanto outras propriedades físicas ou quími- composicional ADA (altamente nobre, nobre ou
cas. Uma discussão detalhada sobre os princípios predominantemente de metais básicos). Quando
da biocompatibilidade pode ser encontrada no a prótese dentária é entregue pelo laboratório ao
Capítulo 6, mas alguns princípios gerais são men- consultório odontológico, um certificado é colocado
cionados aqui. A biocompatibilidade de ligas nobres na ficha do paciente. Desta forma, todas as partes
está principalmente relacionada com a liberação de envolvidas sabem a composição exata do material
elementos destas ligas (p. ex., sua corrosão). Assim, usado. Esta informação pode ser inestimável mais
qualquer efeito tóxico, alérgico ou outra resposta tarde se houver problemas com a restauração; por
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 243

IDENTALLOY® IDENTALLOV-
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COMPOSlllON

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DENTISI CERnFICAIE (ottoch to potlent record)
www ldent<:*>y.org

FIGURA 10-9 Um exemplo de um certificado Idental-


loy mostrando o nome da liga, o fabricante, a composição
e a classificação da American Dental Association (ADA).
Esta parte do certificado é para o registro do dentista. Não FIGURA 10-1O Microscopia eletrônica de varredura da
se mostra aqui uma duplicata retida pelo laboratório. réplica da superfície de uma liga de Au-Pt-Pd (ouro-pla-
Muitos dentistas darão esta informação ao paciente no tina-paládio) oxidada replicada (XS.000) (Kelly M, Asgrrr K,
momento de entrega da prótese. O'Brietr Wf: f. Biameá. Mater. Res. 3, 403, 1969).

exemplo, se o paciente desenvolver uma reação P P._


I _ _ __.
'------~-"
alérgica. Essa informação também é útil ao se pia- CET = 13,s x 10•1•c Nenhum•
nejar restaurações adicionais que podem entrar em M1 1 ligt>Çilô
contato com a restauração existente ou caso alguma CET = 14,0 x 10 •,.c M~'--~I
modificação (como ajuste oclusal ou recontorno) se
tome necessária.
Composiçã.o e Propriedades de Ligas - + p :~~~~~~Jl1Ligação
M
de Metais Nobres para Restaurações
Temperatura de queima Temperatura ambiente
Metalocertimicas
Restaurações metalocerâmicas consistem em FIGURA 10-11 Diagrama da ligação metalocerâmica.
uma estrutura metálica fundida sobre a qual pelo Mostrado na temperatura de queima e na temperatura am-
menos duas camadas de cerâmica são aplicadas biente, quando o coeficiente de expansão térmica do metal é
e sinterizadas. É essencial que o coeficiente de 0,5 X 10<>/ º C maior do que o da cerâmica, assim colocando
expansão térmica da liga seja ligeiramente mais a cerâmica em compressão na temperatura ambiente. CET,
alto do que o da cerâmica de recobrimento para Coeficiente de expansão térmica; M, metal; P, porcelana (De
assegurar que a cerâmica esteja em ligeira com- Crnig RG, Powers fM, Wataha fC: Dental materiais: properties
and mrrnipulntian, 9th ed. Mosby, St Louis, 2008).
pressão após o resfriamento. Isto irá estabelecer
uma maior resistência à propagação de trincas da
3. Os coeficientes de expansão térmica da
restauração metalocerâmica. Existem vários requi-
cerâmica e do metal devem ser compatíveis
sitos para uma liga em um sistema metalocerâmico
para que a cerâmica não trinque durante a
(uma lista completa dos requisitos tanto para a
fabricação. O sistema é desenvolvido de modo
liga quanto para a cerâmica pode ser encontrada
que o valor para o metal seja ligeiramente
no Capítulo 11).
maior do que para a cerâmica, colocando-se
1. A liga deve ter uma temperatura de fusão alta. assim a cerâmica em compressão (condição em
O intervalo de fusão deve ser substancialmente que ela é mais resistente) após o resfriamento
mais alto (acima de lOOºC) do que a temperatura (Fig. 10-11).
de queima da cerâmica e das soldas usadas para 4. Rigidez e resistência adequadas da
unir os segmentos de uma ponte. infraestrutura metálica são especialmente
2. Uma boa ligação entre a cerâmica e o metal é importantes para próteses fixas e coroas
essencial e é conseguida pelas interações da unitárias posteriores. Rigidez alta na liga reduz
cerâmica com óxidos metálicos na superfície as tensões na cerâmica ao reduzir a deflexão e
do metal (Fig. 10-10) e pela rugosidade do a deformação. A alta resistência é essencial nas
cop-ing metálico. regiões interproximais de próteses fixas.
244 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

5. A alta resistência ao escoamento a altas corrosão. índio, estanho e ferro (Fe) estão presentes
temperaturas é essencial. Os capings metálicos e formam óxidos para produzir uma ligação entre o
são relativamente finos; nenhuma distorção metal e a cerâmica. Rênio (Re) é adicionado como refi-
deve ocorrer durante a queima da cerâmica, nador de grão. O endurecimento das ligas de Au-Pt-
caso contrário o ajuste da restauração será -Pd é resultado de endurecimento por solução sólida
comprometido. e da formação do precipitado FePt3. O tratamento
6. Um processo de fundição preciso do caping térmico ideal para o endurecimento é de 30 minutos a
metálico é necessário mesmo com o intervalo SSOºC, mas praticamente o endurecimento ocorre du-
mais elevado de fusão da liga. rante a queima da cerâmica. Durante a fundição des-
7. Um desenho adequado da restauração é sas ligas, alguns desses elementos básicos se perdem.
crucial. O preparo deve prever uma espessura Portanto, é recomendado que SO'Yo de liga nova seja
adequada da liga, bem como espaço suficiente usada com o botão de fundição se este for utilizado
para uma espessura adequada da cerâmica para em uma segunda fundição. A nova liga fornecerá
permitir uma restauração estética. elementos básicos em quantidade suficiente para a
formação de óxidos e para o endurecimento.
A variação de composição e cores dos cinco tipos
Pela Tabela 10-11, vê-se que essas ligas têm alta
de ligas nobres para restaurações metalocerâmicas
rigidez (módulo de elasticidade), resistência, dure-
estão listadas na Tabela 10-10. As propriedades
za e alongamento razoável; contudo, elas têm de
dessas ligas são mostradas na Tabela 10-11.
certo modo baixa resistência à deformação a altas
temperaturas. As ligas são bastante caras por causa
Ligas de Au-Pt-Pd de seu alto teor de metais nobres e alta densidade;
As ligas de Au-Pt-Pd contêm um teor muito alto elas são vendidas com base no peso, mas usadas
de metal nobre, principalmente ouro com platina e com base no volume. A temperatura de fusão é
paládio, para aumentar o intervalo de fusão. O alto razoavelmente alta e, embora relativamente d e
teor de metais nobres fornece uma boa resistência à fácil soldagem, é preciso tomar cuidado porque a

TABELA 10-10 Intervalos de composição e cores de ligas nobres para restauraç:ões metalocerâmicas (wt %)

Teor de metal
Tipo Au (%) Pt (o/o) Pd (%) Ag (º/o) Cu(%) O utra (o/o) nobre total (0/o) Co r

Au-Pt-Pd 84-86 4-10 5-7 0-2 Fe, ln, Re, Sn 2-5 96-98 Amarelo
Au-Pd 45-52 38-45 o Ru, Re, ln 8,5, Ga 1,5 89-90 Branco
Au-Pd-Ag 51-52 26-31 14-16 Ru, Re, ln 1,5, Sn 3-7 7S-83 Branco
Pd-Ag 53-88 30-37 Ru, ln 1-5, Sn 4-8 49-62 Branco
Pd-Cu 0-2 74-79 10-15 ln,Ga9 76-81 Branco
Ag, prata; Au, auro; Cu, cobre; Fe, Ferro; Ga, gâlio; ln, fndio; Pd, paládio; Pt, platina; Re, r2'1io; Ru, n1ttnio; Sn, estanho.

TABELA 10-11 Propriedades de temperaturas de fundição de ligas nobres usadas em restauraçX'íes


metalocerâmicas

Resistência à
deformação Mód ulo de Temperatura
Tensão de plástica a 0,2 elasticidade Alongamento VHN Densidade de fundição
Tipo ruptura (MPa) (MPa) (GPa) (%) (kg/rnm2 ) (glcm3) (º C)

Au-Pt-Pd 480-500 40o-420 81-96 3-10 175-180 17,4-18,6 1.150


Au-Pd 700-730 550-575 100-117 S-16 210-230 13,5-13,7 1.320-1.330
Au-Pd-Ag 650-680 475-525 100-113 S-18 210-230 13,6-13,8 1.320-1.350

Pd-Ag 550-730 400-525 95-117 10-14 185-235 10,7-11,1 1.310-1.350


Pd-Cu 690-1.300 5SO-l.100 94-97 S-15 350-400 10,6-10,7 1.170-1.190

Ag, prata; Au, m1ro; Cu, cobre; Pd, paládio; Pt, platina; VHN, número de dureza de Vickers.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 245

temperatura de soldagem é só cerca de SOOC abaixo índio e estanho para ligação e rutênio para melhorar
do intervalo de fusão das ligas. Finalmente, embora a reprodução de detalhes do molde de revestimento.
uma quantidade considerável de platina e paládio Suas propriedades são semelhantes àquelas das ligas
esteja presente, essas ligas ainda são amarelas, o que Au-Pd-Ag, exceto pelo fato de serem menos densas
toma a produção de uma estética agradável com a (.,llg/cm3 contra 14g/cm3). Algumas cerâmicas
cerâmica mais fácil do que com ligas brancas. usadas com essas ligas de ouro alto resultaram no
que se chamou "esverdeamento", na verdade uma
Ligas de Au,Pd tendência de alteração de cor para o amarelo. Con-
taminação e dificuldades com a técnica utilizada
As ligas altamente nobres de Au-Pd com uma boa foram responsabilizados por esse problema.
resistência à corrosão têm um teor de ouro menor,
mas um teor de paládio maior. Essas ligas não contêm
platina ou ferro e, assim, são endurecidas por meio Ligas Pd,Cu
de solução em vez de precipitação. Elas contêm índio As ligas Pd-Cu contêm um teor muito alto de
para união, gálio (Ga) para diminuir a temperatura de paládio e lOo/o a 15% de cobre. Elas contêm fndio
fusão, rênio para refinamento de grão e rutênio (Ru) para união à cerâmica e gálio para controlar a tem-
para melhorar a reprodução de detalhes do molde de peratura de fundição. Estas ligas têm alta resistência
revestimento. Por causa de seu alto teor de paládio, e d ureza, rigidez e alongamento moderados e baixa
as ligas são brancas (alguns a chamam de cinza) em densidade. Contudo, elas têm baixa resistência à
vez de amarelas, apesar d.e conterem cerca de 50°/o de deformação em altas temperaturas e formam óxidos
ouro. Essa cor causa maior dificuldade na p rodução escuros. São ligas brancas, como todas as outras,
de restaurações estéticas. exceto as ligas Au-Pt-Pd amarelas.
Essas ligas são mais resistentes, rígidas e duras
do que as ligas de Au-Pt-Pd e têm maior alonga-
mento (mais dúctil) e temperaturas de fundição LIGAS DE METAIS BÁSICOS
(mais fácil de soldar). Elas têm densidades mais
baixas e, quando foram introduzidas no mercado, Ligas de metais básicos são extensivamente
eram menos caras do que as ligas de Au-Pt-Pd por- usadas em odontologia para uma variedade de res-
que o paládio era mais barato do que o ouro. Com taurações e instrumentos, como mostra o Quadro
o paládio sendo agora mais caro do que o ouro, 10-1. Ligas de cobalto-cromo têm sido utilizadas
não há mais uma vantagem de custo. A diminuição há muitos anos para fabricar estruturas de próteses
da densidade indica que mais cuidado deve ser parciais removíveis e praticamente substituíram as
tomado durante o procedimento de injeção por ligas de ouro tipo IV para essa aplicação. Ligas de
causa da diminuição na força com que a liga en- níquel-cromo e cobalto-cromo são usadas em res-
tra no anel de fundição. Contudo, essas ligas são taurações metalocerâmicas.
fáceis de se fundir e a soldagem é fácil por causa A adição de berilio a ligas de metais básicos me-
da temperatura de fusão mais alta. lhora a qualidade das peças fundidas, pois diminui a
temperatura de fusão e a tensão superficial, e melhora
Ligas Au,Pd,Ag a resistência da união metal/ porcelana. Contudo, o
AsligasAu-Pd-Ag contêm menos paládio do que berílio, em forma de vapor ou particuJada, está asso-
as ligas Au-Pd; essa diminuição é compensada pela ciado a várias doenças, incluindo dermatite de conta-
adição de prata. Contudo, elas ainda têm boa resistên- to, doença pulmonar crônica, carcinoma de pulmão e
cia à corrosão. Novamente, adicionam-se índio e esta- osteossarcoma. Técnicos atuantes em laboratórios de
nho para união com a cerâmica, rutênio para melhorar prótese correm grande risco de exposição ao berílio
reprodução de detalhes do molde de revestimento e ao realizarem procedimentos de fusão, desgaste,
rênio para o refinamento de grão. O endurecimento polimento e acabamento. A norma de segurança para
resulta da formação de solução sólida. Como visto na o pó do berílio é de 2 µ,g/ m 3 de ar para um período
Tabela 10-11, as propriedades das ligas Au-Pd-Ag são de oito horas diárias. Um limite mais alto de 25 µ,g/
semelhantes àquelas das ligas Au-Pd. m3 é permitido para um tempo de exposição mínimo
menor do que 30 minutos. Sistemas de exaustão local
e filtragem eficientes, assim como ventilação geral
Ligas Pd,Ag adequada, deveriam ser usados durante a fundição,
As ligas Pd-Ag, que não contêm ouro e têm um acabamento e polimento de ligas contendo berílio.
teor de prata moderadamente alto, têm o menor teor O Conselho para Assuntos Científicos da ADA re-
de metal nobre das cinco ligas nobres. Elas contêm comenda que, sempre que possível, ligas contendo
246 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

QUADRO 10- 1

A p l ic a ções dent á ri as pa r a li gas d e m e t a i s


básicos fun di d as e f o rj a d as
Ligas de cobalto-cromo fundido Implantes
Estruturas de próteses parciais removíveis Coroas
Restaurações metalocerâmicas Próteses parciais fixas
Ligas de niquei-cromo fundido Ligas de aço inoxidável forjado
Restaurações metalocerâmicas Instrumentos endodônticos
Titânio fundido e ligas de titânio Fios e bráquetes ortodônticos
Coroas Coroas pré-formadas
Próteses parciais fixas Ligas forjadas de cobalto-cromo-niquei - fios
Estruturas de próteses parciais removíveis ortodônticos e limas endodônticas
Implantes Ligas forjadas de niquei-titânio - fios
Titânio forjado e ligas de titânio ortodônticos e limas endodônticas

berílio não devam ser utilizadas na fabricação de O uso de titânio e de ligas de titânio está aumen-
restaurações dentárias. Se for necessário usar ligas tando rapidamente para implantes, fios ortodônti-
contendo berílio, deve-se seguir as diretrizes des- cos e limas endodônticas. Ligas de aço inoxidável
critas no Boletim Informativo de Riscos da OSHA são usadas principalmente nos fios ortodônticos,
02-04-19 (Occupational Safety and HealthAdminis- na fabricação de instrumentos endodônticos e em
tration). Diversos fabricantes eliminaram o berilio coroas pré-fabricadas.
nas suas ligas. O padrão ISO limita o teor de berilio
em 0,02'Yo em peso. A Food and Drug Administra-
tion (FDA) aceitou o padrão ISO, mas isentou ligas Exigências Gerais para Ligas de Metais
contendo berílio no mercado antes de 1976 de se Básicos para U so Odontológico
adequarem às novas normas. Ligas contendo berílio
Os metais e as ligas usados como substitutos
não serão enfatizadas neste capítulo.
para ligas nobres em restaurações dentárias pre-
A presença de niquei em ligas de niquei-cromo
cisam possuir certas características fundamentais
e em aço inoxidável é de importância significativa
mínimas:
por se tratar de um conhecido alergênico. Tem-se
reportado que a incidência de sensibilidade alérgica 1. A natureza química da liga não deve
a niquei é de 5 a 10 vezes mais alta para mulheres do produzir efeitos tóxicos ou alérgicos no
que para homens, com So/o a 8% de mulheres mostran- paciente ou no operador.
do sensibilidade. No entanto, não se encontrou uma 2.. As propriedades químicas da prótese
correlação entre a presença de restaurações intraorais devem fornecer resistência à corrosão e a
à base de niquei e sensibilidade. Deve-se usar uma liga mudanças físicas quando em fluidos orais.
de cobalto-cromo sem niquei ou outra liga que não 3. As propriedades físicas e mecânicas, como
contenha níquel em pacientes com um histórico médi- condutividade térmica, temperatura de
coindicando uma resposta alérgica a níquel. O padrão fusão, coeficiente de expansão térmica e
de segurança para o níquel puro é de 15 µ,g/ m 3 de ar resistência, devem ser todas satisfatórias,
para uma semana de 40 horas. A quantidade de níquel cumprindo certos valores mínimos,
em ligas de metais básicos usadas em contato direto variáveis entre as diferentes aplicações.
com tecidos moles, como em estruturas de próteses 4. O conhecimento técnico necessário para
parciais removíveis, está diminuindo. Encontra-se fabricação e uso deve ser viável para o
níquel principalmente em ligas para restaurações me- dentista e o técnico especializado médio.
talocerâmicas e em fios. Para minimizar a exposição 5. Os metais, as ligas e materiais acessórios
de pacientes a pó metálico contendo niquei ou berílio, para fabricação devem ser abundantes,
o acabamento intraoral deve ser feito com um sistema relativamente baratos e prontamente
de evacuação de alta velocidade e preferivelmente em disponíveis, mesmo em períodos de
um ambiente úmido. emergência.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 247

Quando ligas de metais básicos são usadas em sentativas de cinco ligas comerciais para fundição
sistemas metalocerâmicos, as mesmas exigências odontológica, incluindo três que são usadas para
listadas para as ligas nobres se aplicam. restaurações metalocerâmicas, estão listadas na
A lista de exigências para o substituto ideal Tabela 10-12. Cromo, cobalto e niquei compõem
para ligas nobres chama atenção para o fato de que cerca de 85% do peso total dessas ligas, mas mesmo
uma combinação de qualidades químicas, físicas, assim seus efeitos nas propriedades físicas são bas-
mecânicas e biológicas está envolvida na avaliação tante limitados. Como discutido neste capítulo, as
de cada liga. Propriedades dependem de fatores propriedades físicas dessas ligas são controladas
relacionados ao material, sua composição e seu pela presença de elementos menores da liga como
processamento. carbono, molibdênio, tungstênio, manganês, ni-
Ligas de metais básicos para fundição e forja, trogênio, tântalo, gálio e alumínio.
incluindo-se as ligas cobalto-cromo-niquei, ní-
quel-cromo-ferro, titânio comercialmente puro, titâ- A FUNÇÃO DE VÁRIOS ELEMENTOS
nio-alumínio-vanádio, aço inoxidável, niquei-titânio DE LIGA
e titânio-molibdênio (beta-titânio), são discutidas O cromo é responsável pela resistência ao man-
nesta seção. A discussão se baseia na relação de si- chamento e à corrosão dessas ligas. Quando o teor
nergia entre processamento, composição, estrutura de cromo de uma liga é maior do que 30%, é mais
e propriedades dos materiais. difícil de fundi-la. Com essa porcentagem de cromo,
a liga também forma uma fase frágil, conhecida
como fase sigma (cr). Portanto, ligas dentárias de
Ligas de Cobalto-cromo e Níquel-cromo metais básicos não devem conter mais de 28% ou
para Fundição de Próteses Parciais 29% de cromo. Em geral, cobalto e niquei, até certa
Removíveis porcentagem, são elementos intercambiáveis. O
Quase todas as estruturas metálicas para pró- cobalto aumenta o módulo de elasticidade, a resis-
tese parcial removível são feitas de ligas de cobal- tência e a dureza da liga mais do que faz o niquei.
to-cromo. O efeito de outros elementos nas propriedades
dessas ligas é muito mais pronunciado. Uma das
Especificação ANSYADA No. 14 (ISO 6871) maneiras mais eficazes de aumentar a dureza das
De acordo com a especificação ANSI/ ADA No. ligas à base de cobalto é aumentando o seu teor
14, o conteúdo de cromo em peso não deve ser de carbono. Uma mudança no teor de carbono de
inferior a 20°/o e o peso total de cromo, cobalto e aproximadamente 0,2% muda as propriedades a
niquei não deve ser inferior a 85o/o. Ligas com ou- tal ponto que a liga não seria mais utilizável na
tras composições também podem ser aceitas pela odontologia. Por exemplo, se o teor de carbono é
ADA, desde que cumpram satisfatoriamente com aumentado 0,2°k acima da quantidade desejada,
as exigências de toxicidade, hipersensibilidade e a liga se torna muito dura e frágil e não deve ser
corrosão. A embalagem da liga deve trazer a com- usada para próteses dentárias. Reciprocamente,
posição elementar arredondada para mais próximo uma redução de 0,2% no teor de carbono reduziria
de 0,5%, juntamente com a presença e a porcen- as resistências à deformação plástica e à fratura para
tagem de elementos de risco e as recomendações valores tão baixos que, mais uma vez, a liga não
para processamento dos materiais. A especificação seria utilizável na odontologia. Além disso, quase
também exige valores mínimos para alongamento todos os elementos nestas ligas, como cromo, silício,
(1,5°/o), resistência à deformação plástica (500MPa) molibdênio, cobalto e niquei, reagem com carbono
e módulo de elasticidade (170GPa). para formar carbonetos, que mudam as proprie-
Uma importante característica dessa especi- dades das ligas. Observe que, como mostrado na
ficação é que descreve um método padronizado Tabela 10-12, as ligas de níquel-cromo usadas com
de teste, o que tornou possível a comparação de cerâmica contêm significativamente menos carbo-
resultados entre diferentes investigações. no do que as ligas usadas para próteses parciais
removíveis. A presença de 3% a 6°/o de molibdênio
Composiçã.o contribui para a resistência das ligas.
ELEMENTOS PRINCIPAIS
Os principais elementos presentes em metais bá- Microestrutura de Ligas de Metais Básicos
sicos para fundição de próteses parciais removíveis para Fundição
são cromo, cobalto e niquei, que juntos respondem A microestrutura de qualquer substância é o fator
por 82 a 92% do peso da maioria das ligas usadas básico que controla as propriedades. Em outras pala-
em restaurações dentárias. Composições repre- vras, uma mudança nas propriedades físicas de um
248 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 10-12 Composição das principais ligas de metaL~ básicos para fundição usadas em odonto logia

Liga (o/o peso)

Liga Ni-Cr Liga Ni-Cr Co-Cr com alguns


filementos Vitallium• Ticoni1111i* com Bet sem Bet Liga Co-Crt metais nobres•

Cromo(Cr) 30 17 13 22 26 30
Cobalto (Co) o restante o restante o restante
Níquel (Ni) o restante o restante o restante
Mohbdênio (Mo) 5 5 5,5 9 6 4
Tungstênio (W) 5
Nióbio (Nb) 3,5
Alumínio (AJ) 5 2,5 0,25 2
Ferro (Fe) 1 0,5 1,75 0,5
Carbono (C) 0,5 0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0.1
Berílio (Be) 1,0 1,9
Silicone (Si) 0,6 0,5 0,6 1
Manganês (Mn) 0,5 5 0,3 4

Ouro (Au) 2
Gálio (Ga) 6
Terras raras 0,5 <0,25
*Dados de Asgar K: An overall study of partia! dentures, USPHS Researcli Gra:nt DE-02017. Natumal Instit11te of Health (NIH):
Viashington, DC; Bara:n G: J. Prostlret. Dent. 50, 539, 1983.
1Tfpicas ccmposiçlfes de ligas para.restaurações metalocerhmicas com porcelanas ccnvencumais.
1Uga adequada para porcelana.de alta expa:nsíJo.

material é uma forte indicação de que deve ter havido pode formar muitos tipos de carbetos. Além disso,
alguma alteração na sua microestrutura. Algumas a disposição desses carbetos pode também variar
vezes essa variação na microestrutura não pode ser dependendo da condição de manipulação.
detectada por meios comuns. Nem as ligas de cobal- A microestrutura de uma liga de cobalto-cro-
to-cromo nem as de níquel-cromo têm microestrutu- mo comercial é ilustrad a na Figura 10-12. Na
ras simples e as suas microestruturas mudam com Figura 10-12, A, os carbetos são contínuos ao longo
ligeiras alterações das condições de manipulação. dos limites de grãos. Tal estrutura é obtida quando
A microestrutura das ligas de cobalto-cromo na o metal é injetado assim que ele é completamente
condição fundida é não homogênea, consistindo em fundido. Nessa condição, a liga fundida apresenta
uma matriz austenítica composta de uma solução valores de alongamento baixos com uma superfície
sólida de cobalto e cromo envolvendo uma estrutura boa e limpa. Carbetos esféricos e descontínuos, como
dendrítica tubular. As regiões dendríticas são ricas ilhas, são mostrados na Figura 10-12, B. É possível
em cobalto, enquanto que as regiões interdendríticas obter uma estrutura como essa se a liga for aquecida
podem ser misturas quaternárias consistindo em a cerca de lOOºC acima de sua temperatura de fusão
uma fase -y rica em cobalto; uma fase M 23C 6 rica em normal; isto resulta em uma fundição com bons
cromo, em que M é Co, Cr ou Mo; uma fase de carbe- valores de alongamento, mas com uma superfície
tos ~C3; e uma fase <J' rica em cromo e molibdênio. muito ruim por causa de uma maior reação com o
Associa-se também a essa estrutura a porosidade revestimento. A superfície é tão ruim que a peça
interdendrítica resultante da fundição. fundida não poderia ser usada em odontologia.
Muitos dos elementos presentes nas ligas de Áreas eutetoides escuras, que são lamelares por
metais básicos fundidas, como cromo, cobalto e mo- natureza, são mostradas na Figura 10-12, C. Tales-
libdênio, são elementos formadores de carboneto. trutura é responsável por valores de alongamento
Dependendo da composição de uma liga de metais muito baixos, mas uma fundição boa e limpa. Por
básicos e as suas cond ições de manipulação, ela esses três exemplos, é claro que a microestrutura
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 249

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FIGURA 10-12 Microestrutura de ligas. A, Liga de cobalto-cromo fundido, em que os carbetos são contínuos em
volta dos limites granulares. B, As estruturas tipo ilha são carbetos, que estão dispersos por toda a área. C, As áreas
escuras são eutetoides, que são lamelares por natureza. D, núcroestrutura de uma liga de níquel-cromo contendo berílio.
E, microestrutura de uma liga de níquel-cromo contendo boro e silicio (A, B, mui C Jrotn Asgar K, Peyt.on FA: f. Dent.Res.
40, 68, 1961; D and E, Cm1rtesy of G. Barnn, Ternple University).

pode afetar fortemente as propriedades físicas e Tratamento Térmico das Ligas


mecânicas. A microestrutura das ligas de Ni-Cr é de Metais Básicos
fortemente dependente da composição da liga. As primeiras ligas de metais básicos usadas em
Ligas que não contêm Be têm microestruturas próteses parciais removíveis eram primariamente
multifásicas complicadas, tais como a mostrada de cobalto-cromo e eram relativamente simples. O
na Figura 10-12, E. Os precipitados dispersos na tratamento térmico dessas ligas por até uma hora a
matriz incluem carbetos complexos e, em ligas em 1.000° C não alterava suas propriedades mecânicas
que nióbio (Nb) está presente, compostos Mo-Nb-Si. consideravelmente. As ligas de metais básicos dis-
Todos esses precipitados são relativamente insensí- poníveis hoje para próteses removíveis, contudo, são
veis aos ciclos de tratamento térmico curtos a que mais complexas. Atualmente, são utilizadas ligas
são submetidas as ligas durante os procedimentos complexas de cobalto-cromo, ligas de níquel-cromo
de queima da cerâmica. e de ferro-cromo para essa finalidade.
250 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Estudos mostram que muitos tratamentos RESISTÊNCIA À DEFORMAÇÃO


térmicos de ligas à base de cobalto reduzem a re- PERMANENTE (YIELD STRENGTH)
sistência à deformação permanente (.yield strength) A resistência à deformação permanente oferece
e o alongamento. Se, por qualquer motivo, for um parâmetro importante para instrumentos e
necessário realizar soldagem nessas próteses grampos retentores de próteses parciais removíveis.
removíveis, deve-se usar a menor temperatura Como tal, é uma das propriedades importantes das
possível e elevar-se a temperatura o mais rapida- ligas destinadas a essas indicações. Acredita-se que
mente possível. ligas dentárias devam ter resistências à deformação
plástica de ao menos 415:tv1Pa para suportar a de-
Propriedades Físicas formação quando usadas como grampos de próte-
TEMPERATURA DE FUSÃO se removível. Pode ser visto pela Tabela 10-13 que
A temperatura de fusão de ligas de metais básicos ligas de metais básicos dentárias têm resistências à
difere significativamente daquelas de ligas de ouro deformação plástica (ou permanente) maiores do
para fundição. A maioria das ligas de metais básicos que 600 :tv1Pa.
se funde em temperaturas de 1.150° a 1.500° C, em
comparação a ligas de ouro dos tipos 1 a IV, que RESISTÊNCIA À TRAÇÃO
fundem em temperaturas entre 800° a 1.050° c. A resistência à fratura por tração de ligas de
metais básicos para fundição é menos influenciada
DENSIDADE por variações no preparo dos corpos de prova e con-
A densidade média de ligas de metais básicos é dições de teste do que outras propriedades, como
entre 7 e 8 g/ cm3, que é cerca de metade da densi- o alongamento. A Tabela 10-13 mostra que a resis-
dade da maioria das ligas de ouro odontológicas. A tência à tração de ligas de metais básicos é maior
densidade é de alguma importância em próteses su- do que 800 :tv1Pa. A Tabela 10-13 também demonstra
periores volumosas, nas quais a força da gravidade que ligas de ouro endurecidas para próteses parciais
resulta em um peso relativo maior da peça metálica removíveis podem ter resistência à tração quase
sobre os dentes-pilares da prótese. Com algumas iguais àquelas de ligas de metais básicos.
próteses, portanto, a redução de peso como resulta-
do da menor densidade das ligas fundidas de metais ALONGAMENTO
básicos pode ser considerada uma vantagem. A porcentagem de alongamento de uma liga
é importante como uma indicação da fragilidade
Propriedades Mecllnicas ou ductilidade relativas que uma restauração
Propriedades mecânicas típicas das ligas para exibirá. São muitos os casos, portanto, nos quais o
prótese parcial removível listadas na Tabela 10-12 alongamento é uma propriedade importante para
foram reproduzidas na Tabela 10-13, juntamente a comparação de ligas para próteses parciais remo-
com um intervalo de valores representativos para víveis. Por exemplo, como descrito no Capítulo 4,
ligas de ouro do tipo IV submetidas a tratamento a combinação do efeito do alongamento e da resis-
endurecedor. tência à tração é uma indicação da tenacidade de

TABELA 10-13 Propriedades mecânicas de ligas usadas em próteses parciais removíveis

Resistência à Número de
deformação Módulo de dureza
plástica a 0,2o/o Resistência à Alongamento elasticidade de Vickers
(MPa) tração (MPa) (%) (GPa) (kglmm2)

Ligas de metais básicos para


fundição•
Vi ta lium 644 870 1,5 218 380

Ticonium 710 807 2,4 186 340


Ligas de ouro endurecidas para 480-510 700-760 5-7 90-100 220-250
próteses parciais removíve;st
•Dados de Asgar K, Tec!unv BO, facobscn fM f. Prostliet. Dent. 23, 36, 1970; 1\Aorris HF, Asgar K: f. Prosthet. Dent. 33, 36, 1975;
tDados de Oi/o G, Gjerdet NR: Acta. Odontal. Scnnd. 41, 111, 1983.
Moffa JP, L11gassy AA, G11ckes AD, et ai: f. Prostlret. Dent. 30, 424, 1973.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 251

um material. Por causa da sua tenacidade, grampos 10-13. Em geral, ligas de metais básicos têm valores
de próteses parciais removíveis feitos com ligas de dureza cerca de um terço maiores do que as ligas
com um alto alongamento e resistência à tração não de ouro usadas para a mesma finalidade.
fraturam em serviço tão frequentemente quanto A dureza é uma indicação da facilidade de
aqueles com baixo alongamento. acabamento da estrutura e sua resistência ao risco
A porcentagem do alongamento é uma pro- durante o uso. A maior dureza das ligas de metais
priedade critica em relação à sua determinação básicos quando comparadas com as ligas de ouro
em laboratório, exigindo testes precisos e controle requer o uso de equipamentos para polimento e
adequado durante a preparação dos corpos de abrasivos diferentes, o que pode ser considerado
prova. Por exemplo, uma pequena quantidade de uma desvantagem, mas a operação de acabamento
microporosidades no corpo de prova reduz conside- pode ser realizada sem dificuldade por operadores
ravelmente o valor de alongamento, enquanto que experientes.
o efeito sobre a resistência à flexão, módulo de elas-
ticidade e resistência à tração é bastante limitado. FADIGA
Portanto, pode-se presumir que da mesma forma, na A resistência à fadiga das ligas usadas para
prática, peças metálicas fundidas podem apresentar próteses parciais removíveis é importante quando
variações com relação ao alongamento. Até certo se leva em consideração que estas próteses são in-
ponto isso se confirma, com algumas fundições do seridas e removidas diariamente. Nestas horas, os
mesmo produto mostrando uma tendência maior grampos são deformados ao serem deslizados sobre
para fragilidade do que outras. Esta observação in- os dentes-pilares, e a liga sofre fadiga. Comparações
dica que o controle das variáveis de fusão e injeção entre as ligas de cobalto-cromo, titânio e ouro mos-
da liga é de extrema importância para a obtenção tra que as ligas de cobalto-cromo possuem maior
de resultados reproduzíveis. resistência à fadiga, como é indicado pelo maior
Embora níquel e cobalto sejam intercambiáveis número de ciclos necessário para fraturar o grampo.
em ligas de cobalto-níquel-cromo, aumentar o Quaisquer procedimentos que resultem em um au-
teor de níquel com uma redução correspondente mento da porosidade ou do teor de carbetos na liga
no cobalto geralmente aumenta a ductilidade e o reduzirão a resistência à fadiga. Também, uniões
alongamento. Valores de alongamento altos são soldadas, que frequentemente contêm inclusões
obtidos ao se fundir a liga utilizando a tempera- ou poros, representam elos fracos na resistência à
tura de fusão recomendada e ao não se aquecer a fadiga da prótese.
liga lOOºC acima da sua temperatura de fundição
normal. Um alto alongamento pode ser conseguido Corrosão
sem sacrificar a resistência pela combinação correta Em sua maioria, os trabalhos recentes sobre ligas
e exata dos conteúdos de carbono, nitrogênio, silí- para fundição odontológica se referem a estudos de
cio, manganês e molibdênio. corrosão e potenciais efeitos biológicos da liberação
de íons metálicos. Em geral, testes de corrosão in
MÓDULO DE ELASTICIDADE vitro avaliam uma série de variáveis importantes,
Para uma peça metálica fundida com dimensões como os efeitos de meios eletroliticos e saliva artifi-
definidas, quanto mais alto o módulo de elastici- cial, composição da liga, microestrutura da liga e o
dade da liga, tanto mais rígida é uma estrutura. estado superficial do metal. Estas variáveis são res-
Alguns profissionais da odontologia recomendam ponsáveis por variações da ordem de 2 a 4 ordens de
o uso de uma prótese rígida e bem planejada, pois magnitude na quantidade espécies liberadas. O es-
assim as forças nos tecidos de apoio serão distri- tado da superfície do metal é um fator de influência
buídas adequadamente quando em função. Com extremamente importante na corrosão, porque a
um módulo de elasticidade maior, é possível dese- composição da superfície da liga é quase sempre
nhar a restauração com dimensões ligeiramente diferente daquela encontrada em regiões subsuper-
reduzidas. Pela Tabela 10-13, pode-se ver que o ficiais. Outra consideração importante é a corrosão
módulo de elasticidade das ligas de metais básicos associada ao desgaste. Em ligas de níquel-cromo
é aproximadamente o dobro do valor apresentado (Ni-Cr), a massa de íons metálicos, como níquel (Ni),
por ligas de ouro do tipo IV. liberada durante o atrito oclusal em combinação
com a corrosão é três vezes maior do que durante
DUREZA a corrosão isoladamente. Não existe nenhum es-
Diferenças na composição das ligas de metais tudo de longo prazo para monitorar o impacto da
básicos para fundição têm algum efeito na sua du- liberação dessas concentrações tão grandes de íons
reza, como indicado pelos valores dados na Tabela metálicos para a saúde geral dos pacientes.
252 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Ligas de Fundição de Metais Básicos para nos pesos atômicos do níquel e cromo, 2% em peso
Próteses Fixas é aproximadamente igual a 6'Yo em átomos.
A maioria das ligas de níquel-cromo contém Essas ligas são mais duras do que as ligas nobres,
60o/o a 80% de níquel, 10% a 27% de cromo e 2% mas normalmente têm resistências à deformação
a 14% de molibdênio. Como comparação, as ligas plástica menores. Elas também têm módulos de
de cobalto-cromo contêm 53% a 67°/o de cobalto, elasticidade mais altos, e acreditava-se que capings e
25% a 32% de cromo e 2°/o a 6% de molibdênio. estruturas mais finas seriam possíveis. Elas têm den-
Elas também podem conter pequenas quantidades sidades muito mais baixas (7 a 8g/ cm3) e geralmente
de alumínio, carbono, cobalto, cobre, cério, gálio, temperaturas de fundição mais elevadas. As vezes, a
ferro, manganês, nióbio, silício, estanho, titânio e correta compensação da contração de fundição é um
zircónio. As variações de composição de ligas de problema, assim como o ajuste do caping.
metais básicos para restaurações metalocerâmicas LIGAS DE COBALTO-CROMO (Co-Cr)
são dadas na Tabela 10-14, e propriedades típicas
Novamente, o cromo fornece resistência ao man-
dessas ligas estão listadas na Tabela 10-15. Variações
chamento e à corrosão. Ao contrário das ligas de
consideráveis na composição e nas propriedades
Co-Cr para prótese parcial removível, as ligas para as
são mostradas nestas duas tabelas.
restaurações metalocerãmicas têm sua resistência au-
Ligas de fundição de metais básicos apresentam
mentada por meio de endurecimento por solução em
dureza e módulo de elasticidade mais altos do que
vez de formação de carbetos. O molibdênio ajuda a
as ligas nobres, mas elas exigem uma abordagem
reduzir o coeficiente de expansão, e o rutênio melhora
ligeiramente diferente na fundição e na soldagem
a reprodução de detalhes do molde de revestimento.
para acomodar sua maior contração de solidifi-
Ligas de Co-Cr são mais resistentes e duras do que a
cação e geralmente menores densidades do que
nobre e ligas de Ni-Cr e têm aproximadamente ames-
ligas nobres.
ma densidade e temperatura de fusão do que ligas
Ni-Cr. A fundição e soldagem dessas ligas são mais
LIGAS DE NÍQUEL-CROMO (Ni-Cr) difíceis do que para ligas nobres, bem como a obten-
O cromo fornece resistência ao manchamento e ção de um alto grau de precisão nas fundições.
à corrosão, enquanto que ligas contendo alumínio
(AI) são fortalecidas pela formação de precipitados TITÂNIO (Ti) E LIGAS DE TITÂNIO
coerentes de Ni3 Al. Molibdênio (Mo) é adicionado Titânio puro (Tt) e titânio em liga com alumínio e
para diminuir o coeficiente de expansão térmica. vanádio (Tt-6Al-4V) podem, futuramente, se tomar
Observe que, por causa dessas grandes diferenças importantes para restaurações, mas atualmente são

TABELA 10-14 Intervalos de composição de metais básicos para restauraÇÕes metalocerâmicas (wt%)
Tipo Ni Cr Co Ti Mo A1 V Fe Be Ga Mn Nb w B Ru

Ni-Cr 69-77 13-16 4-14 0-4 0-1 0-2 0-2 0-1


Co-Cr 15-25 55-58 0-4 0-2 0-1 0-7 0-3 0-5 0-1 0-6
Ti 90-100 0-6 0-4 0-0,3

AI, alumb1io; B, boro; Be, berilío; Co, cobalto; Cr, cromo; Fe, Ferro; Ga, gálio; Mo, molibd2nio; Mn, manganês; Nb, ni6bio; Ni, niquei;
Ru, rutênio; Ti, titflnio, V, vanádío; W, t1111gstr!nio.

TABELA 10-15 Propriedades de ligas de metaL~ básicos para restauraÇÕes metalocerâmicas

Resistência à
deformação Módulo de Temperatura
Resistência à plástica a elasticidade Alongamento VHN Densidade de fundição
Tipo tração(MPa) 0,2•;. (MPa) (GPa) (%) (kg!mm2) (g/cm3 ) (º Cl

Ni-Cr 400-1.000 255-730 150-210 8-20 210-380 7,5-7,7 1.300-1.450


Co-Cr 520-820 460-640 145-220 6-15 330-465 7,5-7,6 1.350-1.450
1i 240-890 170-830 103-114 10-20 125-350 4,4-4,5 1.760-1.860
Co, cobalto; Cr, cromo; Ni, niquei; TI, tiltl11io; VHN, niímero de dureza.de Vickers.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 253

importantes apenas para implantes e fios ortodônti- Titânio e Ligas de Titânio


cos. Elas têm biocompatibilidade superior compa-
A resistência do titânio à degradação eletro-
radas a outras ligas de metais básicos, mas Ti e Ti-
química; sua resposta biológica benigna; o peso
-6Al-4V apresentam dificuldades de processamento,
relativamente baixo; e a baixa densidade, o baixo
como indicado por suas temperaturas de fundição de
módulo e a alta resistência fazem materiais à base
1.760° a 1.860º c, pelas baixas densidades e facilidade
de titânio atraentes para usos odontológicos. O
de oxidação. Novas técnicas, como usinagem e erosão
titânio forma uma camada de óxido muito estável
por faiscamento para fabricar copings, podem aumen-
com uma espessura na ordem de angstroms, e
tar o uso desses metais. Uma discussão adicional
sofre repassivação em um tempo na ordem de
sobre titânio e ligas de titânio aparece abaixo.
nanossegundos (l0-9 segundo). Essa formação
de óxido é a base para a resistência à corrosão
Outras Aplicações para Ligas de Metais e biocompatibilidade do titânio. Portanto, tem-
Básicos Fundidas -se chamado o titânio de material de eleição na
odontologia.
Ligas de cobalto-cromo fundidas servem a um
Titânio comercialmente puro (CP Ti) é usado
propósito útil em próteses além de próteses parciais
para implantes dentários, revestimentos de super-
removíveis. Em reparos cirúrgicos de fraturas ós-
fície e, mais recentemente, para coroas, próteses
seas, ligas desse tipo têm sido usadas para placas
parcialmente removíveis e fios ortodônticos. Di-
ósseas, parafusos, aparelhos para tratamento de
versas ligas de titânio também são usadas. Dessas
fraturas diversas e splints. Obturadores e implan-
ligas, Ti-6Al-4V é a mais amplamente utilizada.
tes metálicos para várias finalidades podem ser
Ligas forjadas de titânio e níquel-titânio-molibdênio
confeccionados em ligas de metais básicos fundidas.
são usadas para fios ortodônticos. O termo titânio é
O uso de ligas de cobalto-cromo para fins cirúrgi-
frequentemente usado para incluir todos os tipos de
cos é bem estabelecido, e essas ligas têm diversos
titânio puro e em ligas. Contudo, é preciso observar
usos cirúrgicos orais. Elas podem ser implantadas
que o processamento, a composição, a estrutura e
diretamente na estrutura do osso por longos pe-
as propriedades dos vários tipos de ligas de titânio
ríodos de tempo sem reações adversas. A resposta
são bastante diferentes, e também que diferenças
favorável do tecido é provavelmente atribuível à
existem entre as formas forjada e fundida de um
baixa solubilidade e à ação eletrogalvânica da liga;
dado tipo de titânio.
o metal é inerte e não produz qualquer resposta
inflamatória. O produto conhecido como Vitallium
cirúrgico é usado extensivamente para esse fim. O Titânio Comercialmente Puro
principal metal usado em implantes dentários hoje Titânio comercialmente puro (CP Ti) está dispo-
é o titânio (Capítulo 16). nível em quatro graus, que variam de acordo com
A tecnologia de fabricação rápida avançada o teor de oxigênio (0,18 a 0,40o/o em peso) e de ferro
chamada sinterização metálica a laser direta (DMLS - (0,20 a O,SOo/o em peso) (Tabela 10-16). Estas dife-
dired metal laser sintering) está sendo usada para criar renças de concentração aparentemente pequenas
coroas de cobalto-cromo puras e estruturas de próte- têm um efeito substancial nas propriedades físicas
ses parciais fixas. Este método usa um laser de alta e mecânicas.
potência para fundir sucessivas camadas de 0,02mm Em temperatura ambiente, CP Tt tem uma grade
de espessura de metal em pó. Após a construção de cristalina hexagonal compacta (HC), que é deno-
todas as camadas, os capings e as estruturas sólidas minada fase alfa (ex). No aquecimento, uma trans-
são removidas da máquina, jateadas, polidas e lim- formação de fase alotrópica ocorre. A 883ºC, uma
pas, prontas para a aplicação da cerâmica. Também é fase cúbica de corpo centrado (CCC), denominada
possível usinar o cobalto-cromo usando técnicas cujo fase beta(~), se forma. Um componente apresentan-
desenho e fabricação da peça sejam mediados por do predominantemente a fase ~ é mais resistente,
computador. Máquinas de fresagem de alta veloci- porém mais frágil do que um componente com uma
dade sob controle numérico reproduzem geometrias microestrutura de fase ex. Assim como com outros
criadas em programas de computador a partir de metais, a temperatura e o tempo de processamento
scanners ou outros sistemas de desenho com auxílio do e tratamento térmico ditam a quantidade, a propor-
computador odontológicos (CAD). Esses dispositivos ção e a distribuição das fases, a composição geral e a
processam zircônia, cobalto-cromo, titânio e plásticos. microestrutura, além das propriedades resultantes.
Uma máquina de cinco eixos permite a criação de Como resultado, a temperatura de fundição e o
vãos, retenções e outras geometrias intrincadas sem processo de resfriamento são fatores críticos para
a necessidade de cortes ou ajustes manuais. se assegurar uma fundição bem-sucedida.
254 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 10-16 Composição de titânio CP e Liga (por cento em peso)

Titânio N e H Fe o AI V Ti
CP série I 0,03 0,10 0,015 0,02 0,18 o restante
CP série II 0,03 0,10 0,015 0,03 0,25 o restante
CPsérieill 0,03 0,10 0,015 0,03 0,35 o restante
CP série IV 0,03 0,10 0,015 0,05 0,40 o restante
Liga TI-6A1-4V 0,05 0,08 0,012 0,25 0,13 5,50-6,50 3,50-4,50 o restante
C, carbono; CP, comercialme.1te p1tr0; Fe, ferro; H, hidrogênio; N, nitrogtnio; O, oxigênio; TI, tit1tnio.
Dados de 1\1cCrncke11 1\1. JProsthodcnt 1999 8(1):40-43.

TABELA 10-17 Propriedades mecânicas de titânio Em geral, o alfa-titânio é soldável, mas difícil de
e outros materiaL~ selecionados conformar ou trabalhar em temperatura ambiente.
Beta-titânio, no entanto, é maleável em temperatura
Material Módulo de Resistência à Resistência à
ambiente e, assim, é usado em ortodontia. As ligas
elasticidadde tração (MPa) deformação
plástica (a + 13) são resistentes e conformáveis, mas difíceis
(MPa) de soldar. Tratamentos térmicos e termoquímicos
podem refinar as microestruturas depois de fundi-
316LSS 200 965 690 das e melhorar as propriedades.
Co-Cr-Mo 240 700 450
Ti-6Al-4V
Ouro tipo IV 90 770 >340
Em temperatura ambiente, Ti-6Al-4V é uma
CP série 1 Ti 102 240 170 liga de duas fases (a + 13). A cerca de 975°C, ocorre
CP série4 Ti 104 550 483 uma transformação da fase alotrópica, modifican-
do a microestrutura em uma liga de fase única 13
Ti-6Al-4V 113 930 860
CCC. Tratamentos térmicos ditam as quantidades
Co, cobalto; CP, comercialmente p11ro; Cr, cromo; Mo, molibdtnio; relativas das fases a e 13 e as morfologias da fase e
n, tiltlnio. permitem diversas microestruturas e variações de
Data de McCracken M: JProsthodont 8(1): 40-43, 1999 e Watahn
propriedades mecânicas. Variações microestruturais
J:J Prostli Dent 87:351-63, 2002.
variam em função da realização os tratamentos a
frio e térmicos acima ou abaixo da temperatura de
A densidade do CP Ti (4,5 g/ cm3) é cerca de transição 13 e da velocidade de resfriamento.
metade do valor de muitos outros metais básicos. Seguindo-se à forja em temperaturas no interva-
O módulo (lOOGPa) também é cerca de metade do lo de 700° a 950°C, tratamentos térmicos abaixo da
valor dos outros metais básicos. As resistências à temperatura de transição 13 (tipicamente realizado
deformação plástica e à fratura variam, respectiva- a aproximadamente 700° C) produzem micro-
mente, de 170 a 480MPa e 240 a SSO:tv!Pa, depen- estruturas recristalizadas tendo grãos a equiaxiais
dendo do grau do titânio. A Tabela 10-17 lista as finos (Fig. 10-13). Microestruturas equiaxiais são
propriedades mecânicas para o TI CP de graus 1 a caracterizadas por grãos pequenos (3 a 10 µm) e
4 para comparação com ligas nobres e outras ligas arredondados que têm razões de aspecto próximas
de metais básicos. a um. Essa classe de microestrutura é recomendada
para implantes cirúrgicos TI-6Al-4V.
Ligas de TiMnio: Geral As propriedad es mecânicas de ligas de titânio
Elementos de liga são adicionados para estabili- (a + 13) são ditadas pela quantidade, pelo tama-
zar ou a fase a ou a 13, pela mudança da temperatura nho, pela forma e pela morfologia da fase a e a
de transformação 13. Por exemplo, no TI-6Al-4V, o densidade das interfaces a/13. As propriedades de
alumínio é um estabilizador a, que expande o cam- tração e fadiga de Ti-6Al-4V foram estudadas ex-
po da fase a ao aumentar a temperatura de trans- tensivamente. Microestruturas com um grão a de
formação (a+ 13) para 13, enquanto que o vanádio, tamanho pequeno (menos de 20 µm), uma fase 13
assim como o cobre e o paládio, são estabilizadores bem dispersa e uma área de interface a/13 pequena,
13, que expandem o campo da fase 13 ao reduzir a como em uma microestrutura equiaxial, resistem
temperatura de transformação (a + 13) para 13. melhor à iniciação d e trincas por fadiga e têm a
l O. MATERIAJS RESTAURADORES - METAIS 255

Os dois fatores mais importantes ao se fundir


mateàais à base de titânio são os seus altos pontos de
fusão (1.700ºC para CP TI) e sua reatividade química.
Por causa do alto ponto de fusão, são necessários
procedimentos de fusão especiais, ciclos de resfria-
mento, revestimentos e equipamento de fundição
para evitar a contaminação do metal. O titânio reage
prontamente com elementos gasosos, tais como hi-
drogênio, oxigênio e nitrogênio, particularmente em
temperaturas altas (maiores do que 600ºC). Como
resultado, qualquer manipulação de titânio em tem-
peraturas elevadas deve ser feita em ambiente de
vácuo bem controlado ou em uma atmosfera inerte.
Sem esses controles, as superfícies de titânio serão
FIGURA 10-13 Mkroestrutura de TI~Al-4V equiaxial contaminadas com a case, uma camada superficial
(x200). As microestruturas equiaxiais caracterizam-se por
rica em oxigênio e endurecida, que pode ser tão es-
grãos cx pequenos e arredondados, com razão de aspecto
pessa quanto 100µ.m. Camadas superficiais dessa
próximas à unidade.
espessura reduzem resistência e ductilidade e pro-
movem o surgimento de trincas por causa do efeito
melhor resistência à fadiga de alto ciclo (aproxima-
de fragilização do oxigênio. A tecnologia necessária
damente 500 a 700MPa). Microestruturas lamelares,
para superar esses fatores é o que toma a fundição
que têm uma maior área de superfície cx/f3 e colô-
de titânio relativamente mais cara.
nias mais orientadas, têm resistência à fadiga mais
Por causa da alta afinidade que o titânio tem
baixa (aproximadamente 300 a 500 MPa) do que têm
com hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, não é pos-
microestruturas equiaxiais.
sível usar cadinhos e materiais de revestimento
Tittinio Usina.do para Implantes Dentários padrão. Materiais de revestimento ou películas de
Implantes dentários endósseos são usinados a recobrimento para os padrões de cera precisam ter
partir de tarugos de titânio. Materiais típicos são óxidos que são mais estáveis do que o extremamen-
CP 1i ou a liga TI-6Al-4V. Têm-se publicado estudos te estável óxido de titânio, e precisam também ser
sobre o potencial de substituir vanádio com nióbio, capazes de suportar uma temperatura suficiente
o que poderia melhorar a adesão celular. Pesquisas para fundir o titânio. Se isso não ocorrer, o oxigênio
recentes focaram em alterar a textura da superfície provavelmente irá se difundir no metal fundido.
de titânio usinado para melhorar o grau de os- Materiais de revestimento que usam uma combina-
seointegração, assim como melhorar a adaptação de ção de uma pelicula de recobrimento de~, que é
tecido mole ao pescoço do implante. Para aumentar recoberto por um revestimento de silício aglutinado
a área de superfície para contato por células ósseas, o por fosfato ou materiais de revestimento de fosfato
titânio usinado pode ser jateado com óxido metálico contendo materiais de carga inertes (Zr~ AJ2 0 3,
ou partículas de hidroxiapatita. A superfície tam- MgO), conseguem esse objetivo.
bém pode ser pulverizada com plasma, titânio ou Por causa da baixa densidade do titânio, é difícil
revestida com hidroxiapatita. Mais discussões sobre utilizar máquinas de fundição de força centrífuga
modificações em superfícies de implantes podem ser convencionais. Nos últimos 10 a 15 anos, têm-se
encontradas no Capítulo 16. desenvolvido técnicas de fundição avançadas, que
combinam fundição centrífuga, vácuo, pressão
Titiinio Fundido e gravidade, novos materiais de revestimento e
Baseado nos atributos, no conhecimento extenso técnicas avançadas de fusão (p. ex., fusão a arco
e no sucesso clinico de implantes de titânio forjado, voltaico). Estes avanços têm melhorado a viabili-
desenvolveu-se um interesse em titânio fundido dade de fundição de materiais à base de titânio em
para aplicações dentárias. Embora se tenha fundido laboratórios dentários.
titânio por mais de 50 anos, apenas recentemente Titânio puro e ligas de Ti, como Ti-6Al-4V, têm
fundições quase precisas foram conseguidas. Para sido fundidas em coroas e estruturas de próteses
componentes aeroespaciais e médicos, prensagem parciais removíveis. Ligas de titânio têm um ponto
isostática a quente e técnicas específicas de acaba- de fusão menor do que titânio puro. Ao se combinar
mento são rotineiramente utiJiudas. Contudo, essas o titânio com outros metais, a temperatura de fusão
técnicas estão além da capacidade e acessibilidade pode ser diminuída para a mesma temperatura das
de custo da maioria dos laboratórios dentários. ligas de niquei-cromo e cobalto-cromo. Por exem-
256 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

pio, as ligas de Ti-Pd e TI-Cu têm pontos de fusão próximas à unidade e limite de grão a descontí-
de 1.350° C. Temperaturas de fundição mais baixas nuo, atributos microestruturais que aumentam
também podem reduzir a reatividade do titãnio com resistência à tração e à fadiga. Essas mudanças na
oxigênio e outros gases. Outras ligas de titãnio, co- forma e na estrutura microestruturais resultam em
mo Ti-6Al-4V, TI-15V, TI-20Cu, TI-30Pd, TI-Co, TI-Cu aumentos significativos na resistência à deformação
e TI-Cu-Ni, estão ainda em estágios experimentais e permanente (974 al.119MPa), na resistência à tração
não foram avaliadas em grandes estudos clínicos. (1.025 a 1.152MPa) e na resistência à fadiga (643 a
As rnicroestruturas de materiais de titãnio fundido 669 MPa), se comparadas com os respectivos valores
são semelhantes àquelas descritas previamente, ou para as m.icroestruturas lamelar (902, 994 e 497MPa)
seja, grãos lamelares grossos, um resultado do res- e equiaxial (914, 1.000 e 590MPa).
friamento lento mediante a temperatura de transfor- O titãnio puro é normalmente fundido utilizan-
mação de f3 para a ou de f3 para (a + f3) (Fig. 10-14). do-se uma máquina de fundição de pressão por vá-
As propriedades mecãnicas de CP TI fundido são cuo. Outros fabricantes desenvolveram máquinas de
semelhantes àquelas das ligas de ouro dos tipos me fundição centrifugas que usam um arco elétrico para
Jv, enquanto que TI-{ÍAl-4V e TI-15V fundidos apresen- fundir o titânio em uma atmosfera de argônio ou
tam propriedades, exceto para o módulo, semelhantes hélio. A fusão é realizada em um cadinho de cobre,
àquelas de ligas de niquei-cromo e cobalto-cromo. seguido pela injeção centrífuga em um molde que
Recentemente, microestruturas de Ti-6Al-4V usa revestimento. Tais máquinas proporcionam um
fundido têm sido refinadas pela formação de ligas ambiente relativamente livre de oxigênio e, com
temporárias com hidrogênio. As microestruturas o uso de um arco de tungstênio, podem chegar a
resultantes (Fig. 10-15) podem ter grãos a de ta- temperaturas de 2.000ºC. Este método é utilizado
manhos menores do que 1 µ.m, razões de aspecto para fundir coroas de CP TI. Coroas fundidas dessa
maneira foram avaliadas clínicamente e os resultados
revelaram que, embora o ajuste seja inferior àquele
da liga de prata-paládio, é superior ao do níquel-cro-
mo. Ajuste oclusal não foi mais difícil do que com
coroas convencionais, e a descoloração, o desgaste
oclusal e a retenção de placa foram semelhantes para
outros metais.
Observações de coroas aleatoriamente escolhidas
fundidas usando máquinas antigas e revestimentos
contendo sílica revelaram porosidades de superfície
grosseiras, até uma profundidade de 75 µ.m, tanto na
superfície interna e externa. Polimento mecãnico é
insuficiente para remover esta porosidade. Porosida-
des internas, às vezes, medindo até 30°/o da área de se-
ção transversal, também são facilmente observadas.
FIGURA 10-14 Microestrutura de Ti-6Al-4V fundido. A superfície também pode estar contaminada com a
case. A causa do a case é provavelmente um controle
de atmosfera ruim ou a contaminação proveniente
do cadinho e do revestimento. Para funcionalidade
ideal da fundição final, a camada superficial deve ser
removida durante o acabamento. Contudo, mesmo
após a remoção do a case, a oxidação interna pode
permanecer e comprometer as propriedades mecâ-
nicas da prótese final Um exame mais aprofundado
dessas fundições também revelou múltiplas microfis-
suras nas extremidades das margens. Algumas
fissuras apresentavam 100 µm de comprimento. Fis-
suras deste comprimento são catastróficas para um
material sensível a defeitos como o titãnio.
Conforme descrito, as dificuldades com titânio
fundido para fins dentários incluem alto ponto de
FIGURA 10-15 Microestrutura de Ti-6Al-4V tratado fusão e alta reatividade, baixa eficiência de fundição,
com hidrogênio (X200). expansão inadequada do revestimento, porosidade
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 257

de fundição e dificuldade de acabamento desse me- Microestrutura


tal. Do ponto de vista técnico, o titânio é difícil de A microestrutura de ligas forjadas é fibrosa. Esta
soldar, usinar, polir e ajustar. A fundição de titânio estrutura fibrosa resulta do trabalho a frio aplicado
requer equipamentos caros. durante as operações, que dão à liga a sua forma
final. Fios e outras formas forjadas normalmente
têm um aumento mensurável na resistência à tração
Ligas Forjadas
e na dureza quando comparados com estruturas
Ligas que são trabalhadas e adaptadas em formas fundidas correspondentes. O aumento nessas
pré-fabricadas para uso em restaurações dentárias propriedades resulta da estrutura interna fibrosa,
são denominadas ligas ferjadas. Uma forma forjada emaranhada, criada pelo trabalho a frio.
é uma que foi trabalhada ou conformada de modo Formas forjadas irão recristalizar durante proce-
a atingir uma configuração utilizável para uma pró- dimentos que envolvam aquecimento a menos que se
tese (Fig. 10-16). A liga é normalmente trabalhada a tenha cuidado. Durante a recristalização, converte-se
uma temperatura bem abaixo do solidus e, portanto, a microestrutura fibrosa a uma estrutura de grãos se-
refere-se a esse procedimento como tra.balho niecâ- melhante à estrutura da forma fundida. Em geral, a
n.ico a frio. Formas forjadas podem incluir encaixes quantidade de recristalização aumenta à medida que
de precisão, apoios para dentes artificiais e fios com o tempo e a temperatura de aquecimento aumentam.
várias formas de seção transversal. Ligas forjadas Por exemplo, na maioria dos fios dentários nobres,
são usadas de duas maneiras em próteses dentárias. um ciclo de aquecimento curto durante a soldagem
Primeiro, é possível soldá-las a uma restauração não é suficiente para recristalizar consideravelmen-
previamente fundida. Um exemplo é um grampo te o fio, mesmo que a temperatura se aproxime da
de fio forjado em uma estrutura de prótese parcial temperatura de fusão. Contudo, um período de 30
removível. Segundo, é possfvel embuti-las em uma a 60 segundos ou mais de aquecimento prolongado
estrutura fundida durante o procedimento de fundi- pode causar recristalização, dependendo do tempo,
ção e injeção da liga, como um encaixe de precisão da temperatura, da composição da liga e maneira
é fundido ao retentor de uma coroa, uma prótese como se fabricou o fio. A recristalização causa uma
fixa ou removível. As propriedades físicas exigidas redução nas propriedades mecânicas proporcional
das ligas forjadas dependerão na técnica usada e na à quantidade de recristalização. Recristalização
composição da liga na prótese existente. severa pode tornar peças forjadas frágeis na área
em que ocorreu a recristalização. Portanto, é preciso
minimizar os procedimentos de aquecimento ao se
trabalhar com metais forjados.

Composição
Fundida Pelas definições ADA atuais, todas as ligas usadas
na forma forjada são ligas altamente nobres exceto
uma, que é uma liga nobre (Tabela 10-18). Assim
como com as ligas para fundição, diversas estraté-
gias são usadas para formular ligas com diferentes
Trabalho mecânico

I
TABELA 10-18 Composição de típicas ligas
forjadas de uso odontológico ( % em peso)

Liga Ag Au Cu Pd Pt Outra

Pt-Au-Pd 27 27 45
Au-Pt-Pd 60 15 24 Ir 1,0
Forjada Au-Pt-Cu-Ag 8,S 60 10 S,S 16
Au-Pt-Ag-Cu 14 63 9 14
FIGURA 10-16 Diagrama do processo de trabalho Au-Ag-Cu-Pd 18,S 63 12 s Zn 1,5
mecânico que transforma estruturas fundidas em es- Pd-Ag-Cu 39 16 43 1
truturas forjadas. A míc.r oestrutura e propriedades mecã-
rúcas de formas fundídas e forjadas são fundamentalmente Ag, prata; Au, auro; Cu, cobrt; Ir, irldio; Pd, pal4dio; Pt, platina;
diferentes. Zn, zinco.
258 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

propriedades. As composições na Tabela 10-16 não peça fotjada for fundida ou soldada, o solidus precisa
incluem todas as ligas fotjadas disponíveis, mas mos- ser suficientemente alto para que esta não derreta
tram ligas típicas. Essas composições foram definidas ou perca a sua estrutura fibrosa durante as fases de
para fornecer uma gama de intervalos de fusão e queima ou injeção. O solidus necessário dependerá
propriedades mecânicas apropriadas para aplicações dos metais a serem unidos, da solda e das tempera-
de ligas fotjadas. As ligas Pt-Au-Pd contêm princi- turas de queima e fundição usadas. Em geral, ligas
palmente platina com quantidades iguais (27o/o em com temperaturas solidus altas tambêm têm tempe-
peso) de paládio e ouro. Usam-se comumente essas raturas de recristalização mais altas. Essas ligas são
ligas POP (platina-ouro-paládio) como grampos em na sua maioria brancas por causa dos altos teores de
próteses parciais removíveis. As ligas de Au-Pt-Pd platina e paládio. Exceções são as ligas Au-Pt-Ag-
são principalmente ouro com platina e paládio. As -Cu e Au-Ag-Cu-Pd, que são de cor amarelo claro e
ligas de Au-Pt-Cu-Ag, Au-Pt-Ag-Cu eAu-Ag-Cu-Pd amarelo, respectivamente. Resistência à deformação
contêm aproximadamente 60%. em peso de ouro, plástica, alongamento e dureza são propriedades
mas apresentam diferentes estratégias para os 40°/o importantes para ligas fotjadas (Tabela 10-19). A peça
restantes da massa. As duas primeiras ligas contêm fotjada precisa geralmente ter resistência à deforma-
cerca de 15o/o de platina e o restante de prata, cobre e ção plástica baixa o suficiente para permitir ajustes
paládio, enquanto que a terceira liga não contêm ne- (de um grampo ou encaixe), mas ser alta o suficiente
nhuma platina e quantidades mais altas de prata. A para que deformações permanentes não ocorram du-
última liga mostrada na Tabela 10-7 não contém ouro rante o uso clinico. Além disso, o alongamento deve
ou platina em quantidades consideráveis, contendo ser suficiente para permitir ajustes sem fratura. Três
paládio e prata em quantidades aproximadamente das ligas fotjadas, como mostradas na Tabela-10-19,
iguais e cerca de 16°/o em peso de cobre. A liga fotjada podem ser endurecidas pela formação de fases orde-
de Au-Ag-Cu-Pd (Tabela 10-16) é semelhante à liga nadas. As ligas de Au-Pt-Ag-Cu e de Au-Ag-Cu-Pd
de fundição Au-Cu-Ag-Pd-II (Tabela 10-5). Estas são endurecidas por uma fase ordenada de Au-Cu,
ligas se diferem apenas ligeiramente nas proporções enquanto que as ligas de Pd-Ag-Cu são endurecidas
de ouro/prata. Outras ligas fotjadas diferem de ligas por uma fase ordenada de Pd-Cu. Assim como ocorre
de fundição principalmente em seus teores de platina com as ligas para fundição, a fase ordenada confere à
mais altos e na ausência dos refinadores de grão irí- liga resistência e dureza significativamente maiores e
dio e rutênio. Adiciona-se platina para aumentar as menor alongamento.
temperaturas de fusão das ligas. O refinador de grãos
não é necessário porque essas ligas são trabalhadas
a frio em suas formas finais. Ligas de Aço Inoxidável Forjado
O aço é uma liga de ferro-carbono. Aplica-se
Propriedades o termo a.ço inoxidá.vel a ligas de ferro e carbono
As propriedades de ligas fotjadas são mostradas que contêm cromo, níquel, manganês e talvez ou-
na Tabela 10-19. O solidus dessas ligas varia de 875ºC tros metais para melhorar as propriedades e dar a
para Au-Ag-Cu-Pd a 1.SOOºC para Pt-Au-Pd. Se a qualidade inoxidável ao aço. Essas ligas diferem

TABELA 10-19 Propriedades de típicas ligas dentárias forjadas

Propriedade

Solidus 0,2o/o de deformação plástica Alongamento Dureza Vickers (macio/


Liga (º C) Cor (macio/duro) (MPa) (macio/duro) (ºlo) duro) (kg/mm2)

Pt-Au-Pd 1.500 Branco 750 14 270


Au-Pt-Pd 1.400 Branco 4.50 20 180
Au-Pt-Cu-Ag 1.045 Branco 400 35 190
Au-Pt-Ag-Cu 935 Amarelo 4.50/700 30/10 190/285
claro
Au-Ag-Cu-Pd 875 Amarelo 400/750 35/8 170/260
Pd-Ag-Cu 1.060 Branco 515/810 20/12 210/300
Ag, prata; Au, atiro; Cu, cobre; Pd, paládio; Pt, platina.
Data de Lynran T: Metais handbook, vol. 1. Properties e Selection de Metais, Ed 8. Anrerícnn Society de Metais, J\1etais Park, Ohio, 1961.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 259

em composição das ligas para fundição de cobalto- liga, e nenhum outro elemento adicionado ao ferro
cromo, niquei-cromo e titânio. Normalmente, ligas é tão eficaz em produzir resistência à corrosão. O
de aço inoxidável não são fundidas, sendo usadas ferro não pode ser usado sem a adição de cromo
em odontologia na forma forjada, o que representa porque o óxido de ferro (Fe2(h), ou ferrugem, não é
uma segunda diferença entre o aço inoxidável e as aderente ao corpo do metal. Cerca de 11% de cromo
ligas de metais básicos fundidas. Como resultado, são necessários para produzir resistência à corrosão
os tipos de próteses construídas a partir desses dois em ferro puro, e a quantidade necessária aumenta
materiais diferem. As aplicações mais comuns do com a adição de carbono para formar o aço. O cromo
aço inoxidável para fins dentários atualmente são resiste bem à corrosão por causa da formação de um
na preparação de aparelhos ortodônticos e na fa- revestimento de óxido fortemente aderido à super-
bricação de instrumentos endodônticos, tais como fície, o que evita que a reação de oxidação progrida
limas e alargadores. Algumas aplicações especiali- subsuperficialmente. A formação dessa camada de
zadas de aço inoxidável existem para mantenedores óxido é chamada passÍV11fãO. Essa camada superficial
de espaço temporários, coroas pré-fabricadas ou não é visível, mesmo em grande ampliação, mas a
outras próteses colocadas na boca, e para vários película aumenta brilho metálico da liga. O grau de
instrumentos clínicos e de laboratório. passividade é influenciado por uma série de fatores,
como composição da liga, tratamento térmico, con-
Composiçã.o dição da superfície, tensão na prótese e ambiente em
Diversas classificações abrangentes de aço ino- que a prótese é colocada. Em aplicações dentárias, as
xidável são geralmente reconhecidas. Os vários características inoxidáveis das ligas podem, portanto,
grupos são referidos como ferríticos, martensíticos e ser alteradas ou perdidas por aquecimento excessivo
austeníticos, e eles têm diferentes composições, pro- durante a confecção ou adaptação da peça, o uso
priedades e aplicações. Os aços inoxidáveis ferritices de abrasivos ou agentes de limpeza reativos, o que
são aços de cromo empregados na fabricação de ins- pode alterar as condições de superfície da prótese,
trumentos ou partes de equipamentos em que algum e até mesmo por meio de práticas de higiene oral
grau de resistência ao manchamento é desejável. deficientes durante períodos prolongados.
Uma ampla variedade de composições está dispo- Das ligas de aço inoxidável de uso geral, o tipo
nível nesse grupo, no qual quantidades de cromo, o austenitico de aço inoxidável 18-8 mostra a maior
principal elemento que contribui para sua qualidade resistência à corrosão e ao manchamento. Nessas
inoxidável, podem variar de 15°/o a 25o/o. Elementos ligas, cromo e niquei formam soluções sólidas com o
como carbono, silício e molibdênio estão inclusos, ferro, o que dá proteção contra corrosão. O conteúdo
mas são mantidos dentro de limites estreitos. de cromo nessas ligas deve ser entre 13% e 28% para
Os aços martensíticos também são principal- a melhor resistência à corrosão. Se o teor de cromo
mente aços de cromo com um teor de cromo mais for menor do que 13%, a camada de óxido de cromo
baixo (cerca de 12°/o a 18o/o). Estes aços podem ser aderente não se forma. Se houver mais de 28% de
endurecidos até certo ponto por meio de tratamento cromo, carbetos de cromo se formam nos limites de
térmico, e eles têm uma resistência moderada ao grãos, fragilizando o aço. A quantidade de carbono
manchamento. Eles são usados principalmente na também precisa ser rigidamente controlada. Do con-
fabricação de instrumentos e, de forma limitada, trário, o carbono reagirá com o cromo, formando
para aparelhos ortodônticos. limites de grãos de carbeto de cromo, o que leva ao
Os aços austeniticos representam as ligas usadas esgotamento do cromo no limite granular e diminui
mais extensivamente para próteses dentárias. O aço a resistência à corrosão em um processo conhecido
austenitico mais comum usado em odontologia como sensibilizaçiW. O molibdênio aumenta a resis-
é o aço inoxidável 18-8, assim chamado porque tência à corrosão localizada.
contém aproximadamente 18°/o de cromo e 8% de Os elementos presentes em pequenas quantida-
niquei. O teor de carbono está entre 0,08°/o a 0,20°/o des tendem a evitar a formação de carbetos entre
e titânio, manganês, silício, molibdênio, nióbio e o carbono presente na liga e o ferro ou o cromo
tântalo estão presentes em menores quantidades e, como resultado, são frequentemente descritos
para dar importantes modificações às propriedades. como elernentos estabilizadores. Alguns aços, cunha-
O restante ("'72%) é ferro. dos aços inoxidáveis estabilizados, contêm titânio,
nióbio ou tântalo, para que os carbetos que de fato
Função dos Elementos da Liga de formam sejam carbetos de titânio em vez de
e Resistência Química carbetos de cromo.
A resistência à corrosão do aço inoxidável é A resistência química de ligas de aço inoxidável
atribuída em grande parte à presença de cromo na é maior se a superfície estiver limpa, lisa e polida.
260 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Irregularidades promovem ação eletroquímica na da m, uma liga pode ser deformada plasticamente.
superfície da liga. Procedimentos de soldagem em Quando a liga é então aquecida de uma temperatura
aço inoxidável com solda de ouro e prata podem abaixo da m para uma temperatura acima desta,
contribuir para uma redução nas qualidades ino- uma transformação cristalográfica, induzida pela
xidáveis por causa da ação eletrogalvânica entre temperatura, de uma microestrutura martensítica
metais diferentes ou por causa de composição loca- para uma austenitica ocorre e a liga irá retornar
lizada imprópria do fio de aço inoxidável. para sua forma original. Por isso, niquei-titânio é
chamado de uma liga ccrrn rnemória de forma. A liga
Tratamentos para Alivio de Tensões ortodôntica contém diversas porcentagens de cobal-
As ligas 18-8 não estão sujeitas à melhora nas to para diminuir a m. Uma série de variações da
propriedades por meio de tratamento térmico, mas liga de Ni-Ti foram desenvolvidas na odontologia.
respondem ao encruamento como resultado de tra- Variações composicionais levam a mudanças nas
balho a frio durante ajuste e adaptação da liga para temperaturas iniciais e finais e nas propriedades
formar a prótese. O tratamento térmico acima de mecânicas martensíticas e austeníticas. Somente fios
650ºC resulta em recristalização da microestrutura, com temperatura austenítica finais menores do que
mudanças composicionais e formação de carbeto 37ºC apresentam superelasticidade.
de cromo, três fatores que podem reduzir as pro-
priedades mecânicas e a resistência à corrosão. Propriedades e Manipulação
Próteses formadas por essas ligas podem, no As propriedades mecânicas de uma liga orto-
entanto, ser submetidas a um procedimento de alí- dôntica de niquei-titânio com aquelas de uma liga
vio de tensões para remover os efeitos do trabalho de aço inoxidável e titânio beta em tração, flexão
mecânico a frio durante a fabricação, aumentar a e torção são comparadas na Tabela 10-20. A liga
ductilidade ou produzir algum grau de endureci- de níquel-titânio tem o módulo de elasticidade e
mento em algumas ligas. Caso o tratamento térmico a resistência à deformação plástica mais baixos,
seja realizado, devem-se utilizar temperaturas entre mas o mais alto retomo elástico (deflexão elástica
400° e 500ºC por 5 a 120 segundos, dependendo máxima). Como mostram as Figuras 10-17e10-18,
da temperatura, do tipo de prótese e da liga sendo
aquecida. Em média, um tempo de 1 minuto a 450ºC
TABELA 10-20 Propriedades de fios ortodônticos
representaria um tratamento usado em aparelhos
na tração, flexão e torção
ortodônticos. Tenha em mente que temperaturas
acima de 650ºC irão amolecer e recozer a liga, e as Propriedade 18-SAço Níquel- Titânio-
propriedades não podem ser restauradas com mais inoxidável -titânio -beta
tratamento. A principal vantagem em realizar um
TRAÇÃO
tratamento térmico à baixa temperatura é que se
estabelece uma uniformidade das propriedades Resistência ao 1.200 343 960
em toda a prótese após adaptação e fabricação, o escoamento, 0,1% de
que pode reduzir a tendência à fratura durante o compensação,:r.Jl"a
uso. Fatores que afetam a suscetibilidade da liga ao Módulo Elástico, GPa 134 28,4 68,6
tratamento térmico e ao alívio de tensões incluem
composição da liga, histórico de trabalho (p. ex., Mola lateral (CT,/E), 10-2 0,89 1,40 1,22
processo de fabricação), e a duração, a temperatura FLEXÃO
e a atmosfera do tratamento térmico.
Resistência ao escoa- 1.590 490 1.080
mento, 2,9 graus de
Liga Forjada de Níquel-titânio compensação,:r.Jl"a

Uma liga de níquel-titânio forjada conhecida Módulo Elástico, GPa 122 32,3 59,8
como Nitinol é usada como fio para aparelhos Constante de mola, 0,80 0,17 0,37
ortodônticos. Nitinol é caracterizado por sua alta mm-N/grau
resiliência, conformabilidade limitada e memória
TORÇÃO
térmica.
Constante de mola, 0,078 0,020 0,035
Composiçã.o e Efeito de Memória de Forma mm-N/grau
A liga industrial é composta por 55'% de níquel Modificado de Drake SR, Way11e DM, Powers JM, et ai: Am. J.
e por 45°/o titânio e possui um intervalo de tempe- Orthod. 82, 206, 1982. Os valores sífo para fios retangulares de
ratura de transição (ITT). Em temperaturas abaixo 0,43 X 0,64-rmn.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 261

6,0 AI

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X ____ rs 4,0
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E
o 1
::? 2,0
o 30 60 90
Deflexão angular (graus) NT

FIGURA 10-17 Momento de flexão versus deflexão an-


gular. Energia armazenada em um momento de flexão fixo
abaixo do limite proporcional para 0,48-mm por 0,64-mm
fios de ligas de aço inoxidável (Al), beta-titânio (TB) e
níquel-titfulio (N1). A energia armazenada é igual às áreas O ~-'-~..__~~-'-~~~~~
sombreadas abaixo da curva para cada fio. A flexibilidade é o 30 60 90
igual à inclinação de cada curva (De Drake SR, Wayne DM, Ângulo de Iorque (graus}
Pmoers fM, et ai: A111. f. Ortlrod. 82, 206, 1982).
FIGURA 10-18 Energia armazenada em um momento
de torção fixo abaixo do limite proporcional para fios
níquel-titânio tem a menor efeito de mola, mas a de ligas de aço inoxidável (AI), titânio-beta (TB) e ní-
maior resiliência em flexão e torção das três ligas quel-titânio (NT) com 0,4S-mm por 0,64-mm. A energia
usadas para fios ortodônticos. Oinicamente, o mó- armazenada é igual à área sombreada abaixo da curva
dulo de elasticidade baixo e a alta resiliência signifi- para cada fio. A fleXtbilidade é igual à inclinação de cada
cam que forças mais baixas e mais constantes podem curva (De Drake SR, Wayne DM, Pmoers fM, et ai: Am. f.
ser aplicadas com ativações e um maior intervalo Orthod. 82, 206, 1982).
de trabalho. O retomo elástico alto é importante
no caso de grandes deflexões, como com dentes tos. A liga de beta-titânio para uso dentário tem
mal-alinhados. Fios de Nitinol exigem técnicas de composição de 78°/o de titânio, 11,So/o de molibdê-
flexão especiais e não podem ser conformados sobre nio, 6o/o de zircónio e 4,5% de estanho e é fornecida
uma borda afiada ou na forma de um arco com- como fio forjado.
pleto; assim, o fio é mais adequado para uso com
bráquetes com torque e angulação pré-ajustados. A Propriedades
liga é frágil e, portanto, não pode ser soldada; então Comparados com fios de aço inoxidável, o fio
os fios precisam ser unidos mecanicamente. de beta-titânio tem menores magnitudes de força,
menor módulo de elasticidade, maior retomo elás-
Liga Forjada de Beta,titânio tico (deflexão elástica máxima), menor resistência
à deformação permanente e boa ductilidade, solda-
Composiçã.o e Microestrutura bilidade e resistência à corrosão. As propriedades
Uma liga de titãnio-molibdênio conhecida mecânicas da liga de beta-titânio em tração, flexão
como beta-titânio é usada como fio ortodôntico e torção são comparadas com ligas de aço inoxidá-
forjado. Como discutido previamente, CP TI apre- vel e níquel-titânio na Tabela 10-20 e nas Figuras
senta uma grade cristalina hexagonal compacta 10-17e10-18. A liga de beta-titânio tem valores de
a temperaturas abaixo de 883ºC e em uma grade resistência à deformação plástica, módulos de elas-
cristalina cúbica de corpo centrado a temperaturas ticidade e retomo elástico intermediários àqueles do
mais altas. Referem-se a essas estruturas como aço inoxidável e do Nitinol. Sua conformabilidade e
alfa-titânin e beta-titânio, respectivamente. A forma soldabilidade são vantagens sobre o Nitinol, e tem
beta do Ti pode ser estabilizada em temperatura uma maior gama de trabalho do que têm os fios de
ambiente ao se compor a liga com certos elemen- aço inoxidável.
262 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

PROBLEMAS SELECIONADOS

Amálgama PROBLEMA 3
PROBLEMA 1 Quando se realizam procedjmentos restaurado-
res extensos com amálgama, o amálgama é diffcil
Está difícil remover da cápsula uma mistura de de esculpir e parece cristalizar antes que se possa
amálgama, que parece excessivamente molhada. O que completar a escultura adequadamente. O que pode
pode ser feito para se obter uma mistura melhor? causar esse problema?
S:ll
Solução a
A causa mais comum é relacionada à supertritura-
ção. É preciso diminuir o tempo de trituração em um O tempo de trabalho de uma liga pode ser influen-
ou dois segundos, e a mistura deve então ser testada ciado pela composição específica (ou pelo tamanho
quanto à plasticidade. da partícula) e pelo tratamento de envelhecimento
durante a fabricação. Se as características de trabalho
Soluçao b de uma liga parecem mudar daquelas previamente
A velocidade da trituração pode ter sido muito experimentadas, é possível que a causa seja uma al-
alta; uma velocidade majs lenta deve ser escolhida teração feita pelo fabricante. Por outro lado, se uma
para a próxima mistura. Lembre que a energia da reação mais rápida ocorrer em testes iniciais com ligas
trituração é importante para a obtenção de uma novas ou pouco familiares, isto pode simplesmente
mistura normal e que a energia é uma função da indicar que a liga tem um tempo de cristalização curto
velocidade e da duração da trituração; aumentan- e é inadequada para uso por certos operadores ou
do-se qualquer um dos dois, aumenta-se a energia com técnicas específicas.
da trituração.
Solução b
PROBLEMA 2 As duas variáveis de manipulação mais comuns
que podem acelerar a reação e tornar a escultura
Misturas de amálgama estão secas e sem plastici-
difícil são a supertrituração e a diminuição na pro-
dade durante a condensação. Qual pode ser a causa
porção mercúrio/liga. Uma mistura supertriturada
de uma mistura seca e como é possível corrigi-la?
é reconhecível pela sua aparência brilhante e muito
So. i. molhada e pela sua alta plasticidade inicial. Uma
proporção mercúrio/liga baixa parece bastante seca
Em contraste ao Problema 1, uma mistura seca é
durante a condensação e apresenta dificuldade no
normalmente causada por subtrituração. Diversas
manuseio.
misturas deveriam ser feitas em tempos maiores de
trituração (um a dois segundos adicionais), e cada
uma deveria ser testada para plasticidade. Procure
Solução e
escutar mudanças significativas de som durante a É possível compensar o aumento na velocidade
trituração; o pistilo pode ficar preso pelos primeiros da reação ao se fazer diversas misturas menores à
segundos, e a energia de trabalho durante este tempo medida que se usa o material. Não tente completar
é perdida. Outra opção seria usar uma velocidade grandes restaurações a partir de uma única mistura
mais alta no amalgamador. ou continuar usando uma mistura depois de ela ter
excedido a faixa utilizável para plasticidade. Al~m
Solução b disso, a técnica d eve ser avaliada; a maioria dos pro-
Uma mistura seca pode ser o resultado de uma blemas ao esculpir pode ser remediada obtendo ajuda
perda de m.e rcúrio da cápsula duran te a trituração. e melhorando a velocidade do operador.
As duas partes da maioria das cápsulas pré-medidas
mantêm-se juntas por um encaixe de atrito e, oca-
sionalmente, algum mercúrio pode vazar durante a PROBLEMA 4
mistura. Verifique o interior da caixa que cobre a área Ao experimentar uma nova liga, alguns amál-
da cápsula para pequenas gotas de mercúrio, que gamas parecem secos e frágeis na fase de esculpir e
também podem se assemelhar a um pó. Sugere-se tendem a romper em grandes incrementos cm vez
mudar para uma cápsula hermeticamente selada se de serem esculpidos suavemente. O que pode causar
o problema persistir com o produto usado. esse problema?
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 263

Soluç 1o 1 chas em restaurações de amálgama. Uma superfície


Deve-se fazer uma verificação com um cronô- bem-polida é a melhor medida preventiva para mi-
metro para determinar o primeiro ponto, depois do nimizar as manchas.
início da mistura, em que se nota essa fragilidade ou Solução e
perda de plasticidade. A condensação prolongada A textura da su perfície tamb.:!m (! importante
envolve trabalhar o material além do seu limite de na prevenção da corrosão. Pequenos arranhões e
plasticidade, e a perda de coesão entre incrementos irregularidades expostos desenvolvem células de
é uma complicação ao esculpir. A condensação atra- concentração, com a saliva sendo o eletrólito. Assim,
sada, em que há uma interrupção curta e inevitável
a corrosão enfraquece o amálgama em áreas críticas
durante o procedimento, também pode resultar em como a margem e começa o processo de degradação.
trabalhar o material após formação significativa de
Uma das maiores vantagens de polir as superfícies do
matriz, levando à fratura da matriz. O resultad o é amálgama para uma textura lisa é que o polimento
uma superfície fraca e friável, que não será esculpida minimiza os efeitos da corrosão e melhora o desempe-
suavemente. É muito importante condensar e esculpir nho clínico.
a liga em uma operação contínua e dentro d os limites
de tempo da reação para a liga usada. Solução d
A ação galvânica também p()de se desenvolver
Soluçao b
na boca quando dois metais diferentes entram em
O tempo de cristalização ou d e trabalho da liga
contato. A causa mais comum da ação galvânica é a
pode se muito curto para o procedimento realizado.
colocação de ouro e amálgama em dentes adjacen-
Ligas mais novas parecem ser mais rápidas na presa
tes. Os efeitos podem ser vistos nos problemas d e
e, de algum modo, menos cons istentes em relação ao
corrosão escurecidos que aparecem na superfície do
tempo do trabalho. As causas para o encurtamento do
amálgama. Isto não ocorre em toda boca, e a gravi-
tempo de cristalização ou um aumento na velocidade
dade pode estar relacionada à composição salivar e
de reação são revistas no Problema 3.
à sua função como um eletrólito.
Soluç10 l
Solução e
Em certos casos, uma falta de força de conden-
A contaminação por umidade durante a conden-
sação pode resultar em uma restauração com um
sação leva ao desenvolvimento de poros em toda a
grande número de poros e baixa coesão entre os incre-
massa da restauração e leva a corrosão a progredir a
mentas. Isto normalmente ocorre quando o preparo
urna velocid ade mais rápida.
cavitário não confina totalmente o material e a técnica
de matriz é instável. Também pode ocorrer quando
a contaminação de um.idade interfere com a coesão PROBLEMA 6
entre os incremcntos. À medida que as restaurações de amálgama
desgastam, a integridade marginal é normalmente
PROB LEMA 5 a primeira área a mostrar sinais de falha. Pequenos
incrementas de amálgama ou fraturas e fissuras no
Quais fatores se relacionam a manchas e a cor-
esmalte sem suporte se desenvolvem, levando assim
rosão excessivas que aparecem diversos anos após
ao aumento da infiltração e a eventuais cáries secun-
a colocação7 dárias. Quais fatores contribuem para deterioração
Solução a marginal desse tipo?
Um alto nível de mercúrio residual na restauração
Solução a
final pode levar ao aumento da corrosão como resul-
tado de um aumento na fase (-y.i ) de estanho-mercúrio. Inicialmente, cada margem de um preparo deve-
Esta situação pode ser resultado de uma proporção de ria ser examinada para áreas potenciais de fa lha do
mercúrio/liga que está muito alta na mistura inicial esmalte. Prismas de esmalte sem suporte e paredes
ou de uma condensação inadequada para remover o retentivas são locais potenciais para fratura quando
excesso de mercúrio. submetidos a forças oclusais. As margens cavitárias
devem apresentar curvas suaves e liVTCs de esmalte
Soluçao b sem suporte. Paredes da cavidade devem encontrar
Pacientes em dietas ou fazendo uso de suplemen- a superfície externa do dente em um ângulo de 90
tos dietéticos com enxofre alto mostram mais man- graus para fornecer o melhor suporte possível para o
264 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

dente e volume suficiente no amálgama para resistir Solução e


à fratura ao longo da margem. Um condensador menor deve ser usado na área
de istmo para que a condensação adequada possa ser
::,olu\àO b realizada. O amálgama condensado inadequadamen-
O processo de esculpir o amálgama deve ser te resulta em um enfraquecimento da área e em uma
contínuo com a forma existente do dente e deve predisposição à fratura.
fornecer uma adaptação precisa para a margem da
cavidade exposta. Sobre-extensões finas do amálga- Solução d
ma além das margens e no esmalte podem fraturar Caso se remova dentina suficiente durante apre-
prontamente a massa do amálgama e deixar uma paração da cavidade que tome necessária a colocação
fenda. de uma base de ómento, um material sufióentemente
rígido precisa ser escolhido para uso. Cimento de
fosfato de zinco é o melhor material com módulo
A condensação inadequada do amálgama em alto o sufióente para deflexão do amálgama. Outros
áreas adjarentes às margens, especialmente nas áreas cimentos dentários, particularmente os tipos de óxido
de excesso oclusal, leva um alto nível de mercúrio de zinco e eugenol, têm módulos baixos; sob ação
residual a permanecer na interface da margem. A oclusal, eles permitem muita deflexão e é provável
fase -y2 excessiva naquela área leva a um aumento no que ocorra uma fratura frágil n o amálgama. O ângu-
fluxo e na corrosão e a uma redução na resistência lo da linha axiopulpar é uma área crítica e deve ser
que predispõe a restauração à fratura. reconstruída em uma base de suporte de ómento de
fosfato de zinco.
Soluç~o d
O uso de uma liga com um valor de creep mais alto,
como uma liga de aparas micro, resulta em evidência PROBLEMA 8
de fraturas marginais precoces quando sujeitadas à Um amálgama com alto teor de cobre e presa rápi-
função oclusal. As ligas de alto teor de cobre têm da não pode ser concluído pelo procedimento de poli-
menos creep e demonstram adaptação marginal mais mento imediato até 20 minutos após a amalgamação
durável. e não foi possível obter um acabamento satisfatório.
Qual foi a causa e qual seria o procedimento clínico
adequado a essa altura?
PROBLEMA 7
Pequenas restaurações interproximais frequente- Solução
mente falham ao se fraturar através do istmo oclusal. Para amálgamas desse tipo serem polidos na
Como esse tipo de falha pode ser evitado? primeira consulta, deve-se começar o acabamento 8
a 10 minutos após a trituração, dependendo da liga.
1 10 Caso se atrase o acabamento até 20 minutos após
A principal causa de fratura das restaurações de a trituração, a cristalização do amálgama avançou
amálgama é geralmente encontrada no desenho do demais, e a resistênóa da liga é muito grande para
preparo cavitário. Massa sufióente de material preósa completar o acabamento com sílex triplo-x e água.
ser fornecida para resistir às forças oclusais. Tsto pode Se o acabamento se atrasar muito, as tentativas de
ser melhor realizado mantendo-se o istmo estreito acabamento imediato devem ser interrompidas, e
e foml'Cendo profundidade de cavidade adequada; deve-se fazer o acabamento final da maneira padrão
contudo, por vezes, o inverso pode ser necessário em uma segunda consulta.
para evitar envolvimento pulpar. O ângulo da linha
axiopulpar deve ser arredondado para reduzir a
concentração de tensões naquela área. PROBLEMA 9
Uma mistura de amálgama esférica foi condensa-
-:>lui.. 10 b da com um condensador de 2mm de diâmetro para
Contatos oclusais devem ser ajustados para evitar se obter uma pressão de condensação alta e uma
contato excessivo na crista marginal. Uma ação de restauração bem condensada. Contudo, o resultado
torque coloca o istmo em tensão e resulta em fratura foi uma restauração de amálgama de baixa resistência
prematura. que se fraturou. Por quê?
l O. MATERIAJS RESTAURADORES - METAIS 265

Soluç 'io restaurações dentárias, porém a folha de ouro, que


Llgas esféricas trituradas com mercúrio não re- também é ouro 24k, tem três vezes a dureza e mais
sistem bem a pontas de condensadores pequenas, de duas a resistência à tração. Por quê?
pois as pennitem penetrar a massa e assim reduzir a
pressão da condensação. Condensadores com pontas Solução
de diâmetro maior que não penetram a massa de- A fabricação da folha de ouro começa com a
vem ser usadas, permitindo assim pressões maiores forma fundida do elemento, seguida de trabalho a
e melhor condensação. Esses amálgamas parecem se frio severo até se tornar muito fina. Assim, a folha
condensar facilmente e há uma tendência a se usar de ouro tem uma microestrutura forjada e apresenta
uma força de condensação menor do que a desejada. propriedades mecânicas superiores por causa da sua
Para força ideal, uma pressão de condensação de forma fibrosa. A condensação da folha na restauração
7MPa deve ser usada. representa trabalho de endurecimento adicional ao
metal. Observe, contudo, que o alongamento da folha
de ouro é menos da metade do ouro 24k fundido ori-
PROBLEMA 10 ginal. Ent.'io, ao fortalecer o ouro por meio de trabalho
Por que se deve armazenar resíduo de amálgama de endurecimento, ele também se tomou mais frágil.
em uma solução de tiossulfato de sódio como fixador Esta tendência é típica de metais forjados cm relação
fotográfico em vez de simplesmente na água? aos seus homólogos fundidos.

Solução
Qualquer vapor de mercúrio liberado irá reagir PROBLEMA 13
com os íons de tiossulfato e diminuir a pressão de Uma revisão da Tabela 10-5 indica que a maior
vapor do mercúrio para níveis abaixo do nível de parte de ligas de fundição nobres tem como base
detecção do instrumento de 0,01 mg/m3. Caso ar- ouro, paládio ou prata, com menores quantidades
mazenar o resíduo de amálgama apenas embaixo de de cobre, platina e zinco adicionadas. Por que fa-
água, a quantidade de mercúrio no ar acima da água bricantes dentários escolhem esses elementos para
aumenta com o tempo. ligas dentárias de fundição nobres?

Solução
PROBLEMA 11 Ouro e paládio são selecionados como os prin-
Quais garantias são possíveis dar a um paciente cipais elementos para ligas de fundição nobres por-
para afastar medos da toxicidade do mercúrio a partir que eles dão resistência à corrosão para as ligas e
de amálgamas dentários? são miscíveis (livremente solúveis) com os outros
elementos (Fig. 10-7). No passado, o paládio era fre-
s, . .10 quentemente usado porque era consideravelmente
Exceto por reações aMrgicas raras, não há docu- mais barato do que o ouro, e mantinha a resistência
mentação científica de efeitos locais ou sistêmicos à corrosão da liga. Contudo, o preço do paládio se
de amálgamas dentários. Pacientes com nove su- aproximou e até mesmo ultrapassou aquele do ouro
perfícies oclusais de amálgama irão inalar menos em tempos recentes. Não obstante, o paládio é usado
de 1'Yo de mercúrio do que uma pessoa iria inalar para adicionar resistência e dureza sem sacrificar
em um ambiente de trabalho tendo um nível per- a resistência à corrosão.A prata é usada como uma
mitido pela Occupational Safety and HealthAdminis- alternativa menos cara ao paládio, mas não pode
tration (OSHA). Elimina-se o mercúrio ingerido por fornecer tanta resistência à corrosão porque não é
fezes e urina. A ingestão diária de mercúrio do ar, da um metal nobre. Além disso, a prata não é misdvel
água e de alimentos excede aquela dos amálgamas com o cobre. Outros elementos na Tabela 10-5 (cobre,
dentários. zinco, gálio, irídio, rutênio e índio) são inadequados
como elementos principais. Cobre, zinco, gálio e ín-
Ligas nobres dio não têm resistência à corrosão, e irídio e rutênio
têm pontos de fusão extremamente altos e são muito
PROBLEMA 12 caros. Esses elementos menores são usados porque
A Tabela 10-7 mostra que ouro 24k fundido tem melhoram as propriedades dos elementos principais.
uma dureza e resistência que não são suficientes para Por exemplo, o cobre fornece um endurecimento de
266 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

solução sólida, o zinco é um desoxidante durante a Solução


fundição e o irídio é um re.fin.~dor de grão. A platina, Neste caso, o laboratório está correto em perguntar
embora seja um metal nobre, não é geralmente usada sobre a composição da liga. A Tabela 10-4 mostra que
como um elemento principal por causa do seu custo e a liga do tipo m é uma liga dura adequada para res-
Porque não é misclvel com Au ou Pd (Fig. 10-7). taurações sujeitas a altas tensões, mas o tiPo m não dá
nenhuma indicação da composição. Portanto, uma série
de composições, nobres ou altamente nobres, pode cum-
PROBLEMA 14
prir as exigências de uma liga tipo m, e o laboratório es-
Uma liga foi listada por um fabricante como uma tá correto em perguntar. A confusão sobre esta questão
liga de llk contendo 4,2o/o de Pd, 25% de Cu e 25% de vem da definição passada do termo tipo m. No passado,
Ag (todos% em peso). Qual é a porcentagem atômica a classificação das ligas à base de ouro especificava a
de Au nessa liga? O quilate baseia-se na porcentagem composição e as propriedades físicas. Contudo, quando
atômica ou na de peso? o uso de outras ligas se tomou comum, a composição e
as propriedades físicas foram separadas. Esta mudança
Solução ainda causa confusão entre dentistas.
A liga contém 25,9 at0/o de ouro. Chega-se à res-
posta da seguinte maneira: uma liga de 11 quilates
contém 11 /24 X 100 = 45,8 'Yo cm peso de ouro. Então, PROBLEMA 17
o quilate baseia-se na porcentagem do peso. Divide-se Na Tabela 10-5, as porcentagens atômicas dos
a porcentagem de peso de cada elemento pelo peso elementos nas ligas são, às vezes, diferentes das suas
atômico respectivo, dando os seguintes resultados: porcentagens em peso correspondentes e às vezes
Au 45,8/197 = 0,232; Cu 25/63,5 = 0,394; Ag25/208 b astante semelhantes. Por quê?
=0,231; Pd 4,2/106,5 =0,039. A porcentagem atômica
de Au é 0,232 X 100/(0,232 + 0,394 + 0,231 + 0,039) Solução
= 25,9 ato/o. Se uma liga contém elementos com pesos atômicos
bastante diferentes, então as porcentagens atômicas
e as porcentagens em peso serão significativamente
PROBLEMA 15 diferentes. Os elementos mais pesados serão menores
Após a inspeção dos elementos na Tabela 10-6, que em porcentagem atômica do que em porcentagem em
elementos você acha que seriam candidatos a refina- peso, e os elementos mais leves serão maiores em por-
dores de grãos e Por quê? (Dica: avalie a variação de centagens atômicas do que em porcentagens em peso.
fusão da maior parte das ligas na Tabela 10-9 antes Se uma liga contém elementos que são comparáveis em
de responder a esta questão.) pesos atômicos, as Porcentagens atômicas e em peso
dos elementos não irão diferir tanto. Então, na Tabela
Solu ·e. 10-5, as porcentagens atômicas e em peso das ligas de
Como a Tabela 10-9 mostra que o liquid11s da maio- Ag-Pd são semelhantes porque a maior parte da liga
ria das ligas nobres e altamente nobres para fundição é é composta de prata, paládio e índio, que são muito
inferior a 1.200°C, qualquer refinador de grão teria que próximos em peso atômico (Ag = 107,9; Pd = 106,4 e
ter um ponto de fusão bastante acima (maior do que ln = 114,8). O outro elemento nessa liga, o zinco, não
500° a 600ºC) desse valor. Os elementos que são me- altera muito porque é um componente menor. Se o
lhores a esse respeito são rut6nio, ródio, ósmio e irídio. zinco fosse mais prevalente nessa liga, as porcentagens
Todos, exceto 6smio, que é caro demais para justificar o atômicas e em peso dela seriam significativamente
seu uso sobre os outros, são usados na prática. diferentes p orqu e o seu peso atômico (Zn = 65,4) é
bastante diferente daquele dos outros componentes.

PROBLE MA 16
Um dentista diz para um técnico de laboratório que PROBLEMA 18
deseja urna liga do tipo .m para uma restauração. O U ma coroa de ouro feita em liga Au-Cu-Ag-Pd-I
laboratório então pergunta ao dentista se ele quer uma foi inadvertidamente resfriada lentamente em tem-
liga altamente nobre ou nobre. O dentista acredita que a peratura ambiente após a fundição. Como a coroa
pergunta do laboratório é desnecessária, pois o tipo m estava então na condição endurecida, foi colocada em
especifica a composição da liga. Quem está correto? um fogão a 400ºC por 20 minutos e então resfriada
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 267

em água. Contudo, o acabamento da fundição ainda podem ser feitas e ainda manter a mesma rigidez que
estava difícil. Por quê? a viga da liga de ouro.

Solução
Para converter a liga endurecida a uma condição PROBLEMA 20
amolecida, é preciso aquecê-la acima de 424ºC para Durante a solda da prótese parcial removível
afetar a conversão (diagrama de fase na Fig. 10-7, de cobalto-cromo, a temperatura do maçarico ficou
A). Ligas dessa composição são frequentemente muito alta. Quais podem ser os efeitos esperados nas
aquecidas a 700ºC, o que está acima da temperatura propriedades da estrutura fundida?
de transição da fase ordenada, mas bem abaixo da
solidus, para afetar a conversão. A essa temperatura, Solução
a liga se converte para a condição amolecida, então O aquecimento excessivo da estrutura irá resultar
o resfriamento a mantém na condição amolecida ao em uma redução da resistência à deformação per-
esfriá-la tão rápido que ela não tem tempo suficiente manente e da porcentagem de alongamento. Isto pode
para formar a fase ordenada. resultar da migração de átomos e da formação de
carbetos, resultando na diminuição de cromo nos
Ligas de metal base
grãos, o que pode levar à corrosão elevada.
PROBLEMA 19
Os valores do módulo de elasticidade das ligas
de níquel-cromo e cobalto-cromo são cerca do dobro
PROBLEMA 21
daqueles das ligas de ouro; assim, a espessura de uma Ligas de níquel-cromo que podem ser fundidas
restauração na direção de uma resistência à flexão em revestimentos aglutinados por gesso contêm até
pode ser de cerca de metade e ainda ter a mesma 2o/o de berílio para reduzir a temperatura de fusão.
deflexão. Isto é uma conclusão justificável? Defenda Uma liga classificada como contendo 77% de níquel,
a sua resposta. 21°/o de cromo e 2% de berílio (Be) contém 2 at% de Be.
Esta afirmação está correta? Defenda a sua resposta.
Solução
Não. Embora uma curva de tensão-deformação Solução
em tração possa levar você a responder afirmativa- Não. Os valores listados são porcentagens de pe-
mente, é preciso lembrar que, embora a deflexão de so. Para obter a porcentagem atômica, você precisa
uma viga seja diretamente proporcional ao módulo, primeiramente dividir a porcentagem do peso de
é inversamente proporcional ao cubo da espessura. cada elemento pelo número atômico respectivo. Esses
Como resultado, reduzir pela metade a espessura quocientes são então adicionados, e a porcentagem
da viga de níquel-cromo irá aumentar dramatica- atômica calculada ao dividir cada quociente pela
mente a deflexão se comparada com aquela da viga soma vezes 100. Por exemplo, 77 \vt% Ni 59 = 1,305,
de ouro, mesmo que tenha duas vezes o módulo de 21 wt% Cr + 52 = 0,404 e 2 \vt% Be + 9 = 0,222. A
elasticidade. Pode ser mostrado que somente peque- soma dos quocientes é 1,931, e 0,222 + 1,931 X 100
nas reduções na espessura da viga de níquel-cromo = 11,5 ato/o Be.

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11
Materiais Restauradores
Cerâmicas

Classificação das Cerâmicas Odontológicas Materiais Totalmente Cerâ1nicos


Classificação pela Indicação Produzidos pela Técnica de Colagem
Classificação pelo Método de Fabricação (Slip-Cast)
Classificação pela Fase Cristalina Cerâmicas de Slip..Cast à Base de Alumina
Aplicações Gerais das Cerâmicas em e de Espinélio
Próteses Odontológicas Cerâmicas de Slip-Cast de Alumina
Coroas e Próteses Parciais Fixas Reforçada por Zircônia
Metalocerâ1nicas Materiais Totalmente Cerâ1nicos Usináveis
Coroas, Inlays, Onlays e Facetas Totalmente Usinagem Pós-sinterizaçao
Cerâmicas Usinagem P1·é-sinterizaçao Seguiàa de
Sinterizaçao
Propriedades Mecânicas e Térmicas das
Cerâmicas Odontológicas Restaurações Metalocerâmicas
Métodos de Tenacificação Requi~itos para um Sistema Metalocerâmico
Métodos de Teste União Metalocerâmica
Dados Comparativos
, Cerâmicas para Restaurações
Propriedades Opticas das Cerâmicas Metalocerâmicas
Odontológicas
Composição e Fabricação de Porcelanas
Restaurações Totalmente Cerâmicas Odontológicas
Materiais Totaltnente Cerâ1nicos Composição
Sinterizados Fabricação
Cerâmicas à Base de Alumina
Efeito do Desenho em Restaurações
Cerâmicas Refcrrçadas por Leucita
Metalocerâmicas
Materiais Totaltnente Cerâ1nicos Prensados
a Quente Falha e Reparo em Restaurações
Cerâmicas à Base de Leucita Metalocerâmicas
Cerâmicas à Base de Dissilicato de Lítio

275
276 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

O termo cerâtn.ica se refere a qualquer produto cidas pelo dentista. Técnicos e artesãos habilidosos
confeccionado com material inorgânico não me- são também responsáveis pela fabricação de dentes
tálico geralmente preparado pela queima em alta artificiais de prótese, para produzir variadas formas,
temperatura para alcançar propriedades desejáveis. tipos e tonalidades necessárias nessa aplicação da
O termo mais limitado, porcelana, se refere a uma porcelana. Entretanto, uma variedade de cerâmicas
classificação composicional específica de materiais usinadas está também disponível para a confecção
cerâmicos originalmente confeccionados por uma de restaurações totalmente cerâmicas no consultório
mistura de caulim (silicato de alumínio hidratado), por meio do softv.rare Desenho Assistido por Com-
quartzo (sílica), e feldspato (silicato de alumínio de putador/U.sinagem Assistida por Computador (CAD/
sódio e potássio), e aquecidas em alta temperatu- CAM). Uma discussão sobre os sistemas CAD/
ra. As cerâmicas odontológicas para restaurações CAM é apresentada no Capítulo 14.
metalocerâmicas pertencem a essa classificação
composicional e são comumente denominadas de - A

porcelanas odontológicas. CLASSIFICAÇAO D5\S CERAMICAS


A fase laboratorial das restaurações cerâmicas ODONTOLOGICAS
é geralmente realizada em um laboratório odonto-
lógico comercial por técnicos habilidosos usando As cerâmicas odontológicas podem ser classifi-
equipamento especializado para dar forma e colorir cadas de acordo com suas indicações, métodos de
a restauração de acordo com as informações fome- fabricação ou fase cristalina (Tabela 11-1).

TABELA 11-1 Classificação dos Materiais Odon tológicos Cerâmicos co1n Exe1nplos de Produtos e Seus
Fabricantes

Indicação Fabricação Fase Cristalina Produ tos Fabricantes


TOTALMENTE Usinadas pré- Zittônia (3Y-TZP) Cercon® Dentsply Internacional
CERÂMICAS sinterização lavaThf 3MESPE
IPS e.max ZiICAD Ivoclar Vivadent
In-Ceram® YZ Vident
Procera Nobel B;ocare
In-Ceram®Al Vident
Usinadas pré- Alurnina (Al20 3 ) In-Ceram®Alurnina Vident
sinterização e infiltradas Espinélio (MgAI20 4) In-Ceram®espinélio Vident
porvtdro
Zircônia (12Ce-TZP/ Alp3 ) In-Ceram® Zircônia Vident
Usinadas pós- Dissilicato de lítio (Ll2SiP5 ) !PS e.max CAD Ivoclar Vívadent
sinterização Feldspato ((Na,K)AJS;.30a) Vita Mark II Vídent
leucita (KA!Si20 6 ) IPS Empress CAD Ivoclar Vívadent
Colagem (Slip-Cast) Alurnina (Al20 .3) In-Ceram®Alurnina Vident
Espinélio (MgAl20•) In-Ceram®Espinélio Vident
Zircônia (12Ce-TZP/ Ali.0.3) In-Ceram® Zircônia Vident
Prensada a quente IPSEmpress Ivoclar Vívadent
Dissilicato de lítio (L~Sip5) !PS e.max Press Ivoclar Vívadent
Fluorapatita (Cas(P04)#') !PS e.max ZirPress Ivoclar Vivadent
Sinterizadas CerânUca estratificada Ivoclar Vívadent
IPSEmpress
Alurnina (Al20,3) Procera Alkeram Nobel B;ocare
Fluorapatita (Cas(P04)#') CerânUca estratificada Ivoclar Vivadent
!PS e.max Ceram
M"ETALOCBRÂ- Sinterizada V};([(-995 Vídent
MlCA
DENTES PARA Fabricados Feldspato Trubytt!"1' Dentsply Intemational
PRÓTESE Feldspato Vita lurnin®Vacuum Vídent
t !. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂtvllCAS 277

Classificação pela Indicação mentar a quantidade de fase cristalina pode levar


a um reforço cristalino e aumentar a resistência à
As cerâmicas têm duas principais indicações em
propagação de trincas, mas também leva à queda da
odontologia: (1) cerâmicas para coroas metalocerâ- translucidez. Os materiais para restaurações total-
micas (Fig. 11-1, direita) e próteses parciais fixas,
mente cerâmicas têm aumentado as quantidades de
(2) coroas totalmente cerâmicas (Fig. 11-1, esquer-
fase cristalina (entre 35o/o para cerâmicas reforçadas
da), inlays, anlays, facetas e próteses parciais fixas. por leucita e mais de 99"/o para cerâmicas policristali-
Adicionalmente, bráquetes ortodônticos cerâmicos, nas de zircônia, como a 3Y-TZP) para a melhoria das
conectores de implantes odontológicos e dentes propriedades mecânicas, mas elas são geralmente
cerâmicos para próteses estão disponíveis.
mais opacas do que as porcelanas odontológicas
para restaurações metalocerâmicas, com baixa crista-
Classificação pelo Método de Fabricação linidade. A Tabela 11-1 lista as combinações variadas
das técnicas de fabricação e fases cristalinas encon-
A classificação pelo método de fabricação está
tradas para as cerâmicas odontológicas.
resumida na Tabela 11-1, que também inclui exem-
plos das cerâmicas comerciais e seus fabricantes. A
técnica de fabricação mais comum para restaura- APLICAÇÕES GERAJS DAS
ções metalocerâmicas é chamada de sinterizaçãa. A CERÂMICAS EM PRÓTESES
sinterização é o processo de queima do pó cerâmico ODONTOLÓGICAS
compactado em altas temperaturas para garantir
a maior densidade possível ao material. Isto ocor- As cerâmicas permanecem como o melhor ma-
re pela eliminação dos poros e pelo escoamento terial disponível para se igualar a estética complexa
quando a temperatura de queima é atingida. As do dente humano. Suas indicações em odontologia
restaurações totalmente cerâmicas também podem estão em constante expansão com a introdução de
ser produzidas pela sinterização, mas elas englobam novos materiais e técnicas. Nos sistemas totalmente
uma ampla gama de técnicas de processamento, in- cerâmicos, suas indicações incluem inlays, onlays,
cluindo o slip-cast, a prensagem a quente e a usina- facetas e coroas. O desenvolvimento de sistemas
gem por CAD/ CAM. Algumas dessas técnicas, tais de alta resistência à base de zircônia tem criado
como usinagem e prensagem, podem também ser a possibilidade de confecção de conectores para
combinadas para produzir a restauração final. implantes odontológicos e próteses parciais fixas.
Além disso, as cer âmicas são também utilizadas
Classificação pela Fase Cristalina para fabricação de dentes para próteses. Entretanto,
as cerâmicas são geralmente friáveis, com baixa
Independentemente da indicação ou da técnica resistência à tração, e seu desempenho é altamente
de fabricação, após a queima, as cerâmicas odonto- dependente tanto da sua microestrutura quanto
lógicas são compostas por uma fase vítrea e uma ou da qualidade de seu processamento desde seus
mais fases cristalinas, juntamente com quantidades componentes brutos até a etapa final de coloração
diversas de porosidades. Dependendo da natureza ou glazeamento.
e da quantidade de fase cristalina e de porosidades
presentes, as propriedades mecânicas e ópticas das
cerâmicas odontológicas variam amplamente. Au- Coroas e Próteses Parciais Fixas
Metalocerâmicas
As cerâmicas são amplamente utilizadas como
material de recobrimento em coroas metalocerâ:mi-
cas e próteses parciais fixas. Este desenvolvim.ento
foi resultado da combinação bem-sucedida do
coeficiente de expansão térmica das porcelanas
com o das ligas metálicas e da obtenção da união
entre o metal e a cerâmica. A restauração fi nal
glazeada tem cor estável, biocompatibilidade, é
inerte biologicamente e quimicamente durável.
Restaurações metalocerâ:micas ainda são ampla-
mente utilizadas. Entretanto, enquanto a taxa de
FIGURA 11-1 Cortes de coroa totalmente cerâmica sobrevivência da maioria dos sistemas totalmente
(esquerda) e coroa porcelana unida ao metal. (Cortesia de cerâmicos para coroas se compara favoravelmente
Dr. Charles Mark Mnlloy, Portland, Orego11). à das coroas metalocerãmicas para restaurações
278 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

unitárias, a taxa de sobrevivência de próteses PROPRIEDADES MECÂNICAS


parciais fixas múltiplas totalmente cerâmicas em E TÉRMICAS DAS CERÂMICAS
10 anos é consideravelmente menor. Mas a taxa ODONTOLÓGICAS
de sobrevivência em cinco anos para os sistemas
totalmente cerâmicos à base de zircônia parece Métodos de Tenacificação
promissora.
Os métodos de tenacificação para vidros e ce-
râmicas podem ser intrínsecos à composição do
Coroas, Inlays, Onlays e Facetas material ou à fase cristalina. O reforço cristalino e
Totalmente Cerâmicas a tenacificação por transformação de fase são exem-
As cerâmicas eram utilizadas para fabricação plos de mecanismos de tenacificação intrínsecos.
de coroas de jaqueta desde o início do ano de 1900. Etapas especificas do processamento, como têmpera
Neste período, as porcelanas feldspáticas eram térmica, têmpera química ou aplicação de glaze
utilizadas na sua fabricação. As cerâmicas reforça- podem também estar envolvidas no aumento da
das por alumina com a melhora das propriedades resistência.
mecânicas foram desenvolvidas no início do ano O princípio da tenacificação por re.forço cristalino
de 1960. Durante os últimos 30 anos, numerosos é aumentar a resistência da cerâmica à propagação
materiais e técnicas novas foram introduzidos. de trincas pela introdução de uma fase cristalina
Como mencionado anteriormente neste capítu- disp ersa com alta tenacidade. Os cristais também
lo, elas incluía m p rensagem por calor, colagem podem agir como d efletor de trincas quando se u
(slip-cast) e us inagem de materiais totalmente coeficiente de expansão térmica é maior que o da
cerâmicos Estes novos materiais e técnicas am- matriz vítrea circundante, colocando-os sobre ten-
pliaram o alcance das indicações das cerâmicas sões compressivas tangenciais depois que a cerâmi-
e, em alguns casos, tornou seu processamento ca foi resfriada até a temperatura ambiente.
mais fácil. A tenaci.ficação por transformação de fase é ob-
111/ays e 011/ays cerâmicas têm se tornado cada vez tida, por exemplo, em cerâmicas que apresentam
mais populares como uma alternativa aos compósi- zircônia tetragonal parcialmente estabilizada. A
tos resinosos para dentes posteriores. Elas possuem zi.rcôni.a (Zr02) existe em algumas formas cristalo-
melhor resistência à abrasão em dentes posteriores gráficas. A forma monoclínica é estável em todas
do que compósitos resinosos e por isso são mais as temperaturas inferiores a 1.170 ºC. A forma
duráveis. Entretanto, os ajustes oclusais são mais tetragonal é estável entre 1.170 ºC até 2.370 ºC. A
difíceis e podem levar ao desgaste subsequente do transformação da forma tetragonal para monoclínica
dente antagonista se não forem adequadamente durante o resfriamento é associada ao aumento de
ajustados e polidos. A fenda marginal é clinicamen- volume da célula unitária. Esta é a razão pela qual
te aceitável, ainda que maior do que em anlays e blocos compactos de zircônia pura não podem ser
i111ays de ouro. obtidos em temperatura ambiente; o bloco se que-
A faceta estética cerâmica (faceta laminada) é braria espontaneamente durante o resfriamento,
uma camada de cerâmica unida à superfície vesti- devido à sua transformação. A forma tetragonal
bular do dente preparado para recobrir uma área pode ser parcialmente estabilizada e.m temperatura
na qual a estética foi perdida. As facetas cerâmicas ambiente pela adição de vários óxidos, tais como
são personalizadas e fabricadas em um laboratório óxido d e ítria (Y20 3) ou óxido de cério (Ce02). As
odontológico. Inicialmente, as facetas cerâmicas cerâmicas odontológicas à base de zircônia, con-
confeccionadas com porcelanas feldspáticas eram feccionadas pela técnica da usinagem seguida de
sinterizadas. Atualmente, a maioria das facetas sintetização em alta temperatura, contém policristais
cerâmicas são confeccionadas pela prensagem a de zircônia tetragonal, parcialmente estabilizados
quente ou por usinagem, utilizando tanto as ce- com três por cento em mol de ftria (3Y-TZP). Esta
râmicas reforçadas por leucita quanto aquelas à estabiliz.ação parcial ou metaestabilidade da fase
base de dissilicato de lf.tio. Para a obtenção de uma tetragonal permite que ocorra a transformação de te-
boa adesão, o esmalte dentário é condicionado com tragonal para monoclínica sob a aplicação de cargas.
ácido fosfórico e a superffcie de união da cerâmica A transformação é também chamada de induzida par
é condicionada com gel de ácido fluorídrico de 5 tensões e é acompanhada pelo aumento de volume
a 9°/o e tratada com o agente de ligação silânico. com tensões compressivas associadas nas proxi-
Compósitos resinosos especificamente formulados midades da extremidade da trinca, eventualmente
para união à cerâmica são utilizados como cimentos conduzindo a um enclausuramento da trinca na
adesivos. zona de transformação (Fig. 11-2). A tenacificação
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 279

Direção da propagação
da trinca

O Zircônia monoclínica
transformada
o Zircônia tetragonal
parcialmente estabilizada

FIGURA 11-2 Esquema do mecanismo de tenacificação por transformação de fase em zircônia parcialmente
estabilizada.

resfriamento rápidas, porém controladas, enquanto


a têmpera química baseia-se na substituição de íons
pequenos por íons grandes pela difusão a partir
de banho salino, no qual a cerâmica ou o vidro é
imerso. Embora estas duas técnicas sejam utilizadas
amplamente nos vidros industriais, elas não são
utilizadas para cerâmicas odontológicas.
O glazeamento é a etapa final da confecção das
restaurações metalocerâmicas. Esta técnica padro-
nizada, também chamada de autoglazeamento, não
aumenta significativamente a resistência flexural
de porcelanas feldspáticas odontológicas. Entretan-
to, o vidro de baixa expansão, denominado glaze,
também pode ser aplicado na superfície cerâmica
e depois aquecido em alta temperatura. Após o
resfriamento, essa camada de glaze é colocada em
compressão devido à maior contração da cerâmica
subjacente. Tal camada é conhecida também por
reduzir a largura e a profundidade dos defeitos
FIGURA 11-3 Indentação Vickers sob aplicação de superficiais, aumentando a resistência à propagação
carga de 98.1-N em uma cerâmica odontológica à base de trincas da cerâmica.
de zircônia.

por transformação de fase é responsável pelas Métodos de Teste


excelentes propriedades mecânicas da 3Y-TZP. A Numerosos métodos de teste estão disponíveis
Fig. 11-3 mostra a indentação Vickers na cerâmica para avaliar as propriedades mecânicas das cerâ-
odontológica 3Y-TZP sob carga de 98.1 N. Somente micas. Os estudos sobre a influência do método de
uma pequena trinca pode ser vista com origem em teste na tensão de ruptura dos materiais odontoló-
uma extremidade da indentação. gicos friáveis têm demonstrado que a espessura do
A têmpera química e a têmpera térmica são espécime, a área de contato de aplicação da carga, a
técnicas de fortalecimento extrínsecas baseadas homogeneidade e porosidade do material, e a taxa
na criação de camadas de tensão compressiva na de aplicação de carga são importantes parâmetros de
superfície de um vidro ou cerâmica. O processo de teste. Por esta razão, existem discrepâncias entre
têmpera térmica é realizado utilizando-se taxas de os valores das propriedades mecânicas publicados
280 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

para um dado material. Os fabricantes avaliam as Dados Comparativos


cerâmicas odontológicas utilizando uma padroniza-
Os dados de resistência à flexão para cerâmicas
ção (ISO 6872), publicada e regularmente revisada
odontológicas estão resumidos na Tabela 11-2. As
pela Organização Internacional para Padronização.
porcelanas feldspáticas, para restaurações metalo-
Um conjunto de protocolos é proposto para avaliar cerâmicas, têm resistência à flexão média entre 60 e
a radioatividade, a resistência à flexão, o coeficiente
80MPa. Este valor é menor do que aqueles listados
de expansão térmica linear, a temperatura de tran- para os materiais totalmente cerâmicos; entretanto,
sição vítrea e a solubilidade quúnica. devido à restauração metalocerâmica ser suportada
Algumas vezes, os pesquisadores utilizam meios pela infraestrutura metálica, sua p robabilidade de
para tentar simular a morfologia dentá ria. Entre- sobrevivência a longo prazo é geralmente maior.
tanto, as variáveis experimentais podem se tornar Dentre os materiais totalmente cerâmicos atual-
extremamente complexas e difíceis para serem re- mente disponíveis, a cerâmica de zircônia (3Y-TZP)
produzidas nesses tipos de testes. A análise por exibe os maiores valores (800-1300MPa), seguida
elemento finito (FEA) se constitui em outra abor- pelas cerâmicas confeccionadas pela técnica da co-
dagem para a simulação das condições clínicas. As lagem (378 a 630MPa) e cerâmicas reforçadas por
previsões de falha de inlays cerâmicas pela técnica dissilicato de lítio (262 a 306MPa). A resistência à
de FEA têm sido validadas pela análise fractográ- flexão de cerâmicas reforçadas por leucita é em tor-
fica de restaurações que falharam clinicamente. A no de lOOMPa. Como mencionado anteriormente, a
fractografia é bem estabelecida como uma técnica natureza e a quantidade de fase cristalina presente
de análise de falha para v idros e cerâmicas . Ela no material cerâmico influencia fortemente as pro-
também tem sido reconhecida como uma ferra- priedades mecânicas do produto fina 1. A resistência
menta analítica poderosa em odontologia. A tensão ao cisalhamento das porcelanas feldspáticas é de
de ruptura in vivo d e coroas totalmente cerâmicas llOMPa, e a resistência à tração diametral é menor
fraturadas clinicamente pode ser determinada com que 34MPa. A resistência à compressão é por volta
o uso da fractografia (Capftulo 5). de 172MPa, e a dureza Knoop é de 460Kg/mm2•

TABELA 11-2 Resistência à Flexão de Algumas Cerâmicas Odontológicas

Porcentagem
Técnica de Processamento Fase Cristalina Resistência à Flexão (MPa) de Cristalinidade

Usinadas pr~interízac;ão Zircônia (3Y-TZP) 1087±173 Altamente cristalina


Alumina (Al2 0:J ~700' Altamente cristalina

Usinadas pós-sinterização Feldspato ([Na,K]AISi3Üa) 122± 13 .. 30

Dissilicato de lítio (4Si20s) 262±88 65


Leucita (KA1Si20 6) ~160" .. 35
Slip-Cast Alumina (Al2Qi) 594±52 65-68
Espinélio (MgA120 4) 378 ±65 67-68
Zircônia (Zr~) 630±58 67
Prensadas a quente Leucita (KA1Sii06) 106±17 35
Díssilicato de lítio (Li2Si20s) 306±29 65
Sinterizadas Leucita (KAISi20 6) 104 35.40
Fluorapatita (C~[P04]JF) ~80• 10
Metalocerâmícas sinterizadas Leucita (KAJSi206) 61±5 15-25

Dados de: Guazzato M, Albakary M, Ringer SP, et ai: Dent. Mater. 20, 441-448, 2004; G11azzato M, Albakary M, Rít1ger SP, et ai: Dent
Mater. 20, 449-456, 2004; D1mry TL, Holl111aay, JA, Tarr LA: J. Biomed. Mater. Res. (Appl. Biomater.), 48, 791-796, 1999; Dei/a Bona
A, Mecholsky fr. Jf, An11savice T<f: Dent. Matn. 20, 956-962, 2004; Hõland W, Beall G: Glass-ceramic technology. The American Ceramic
S-OCiety, Westeruille, 011, 2002.
•Dados do fabricante.
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 281

A tenacidade à fratura também é uma proprieda-


de importante das cerâmicas; ela mede a resistência
à fratura frágil quando uma trinca está presente.
A tenacidade à fratura de porcelanas feldspáticas A seleção da cor é um problema crítico na subs-
convencionais é muito próxima a dos vidros de tituição de dentes naturais. Além disso, a porcelana,
soda-cal (0,78 MPa • m 0-5). As cerâmicas reforçadas sendo em sua maior parte de estrutura amorfa, não
por leucita exibem valores de tenacidade à fratura consegue igualar completamente as propriedades
um pouco maiores (1,2 MPa • m 0,s), seguidas pelas ópticas do esmalte cristalino. Como resultado, os
cerâmicas reforçadas por dissilicato de lítio (3,0 MPa raios da luz ultravioleta (UV) e visível são refletidos
• mº-5). As cerâmicas 3Y-TZP têm a maior tenacida- e absorvidos de diferentes maneiras pela combinação
de à fratura dentre todos os materiais totalmente de dentina/ esmalte, em comparação com a porcela-
cerâmicos (maior que 5,0MPa • m 0-5). na, e as restaurações visualizadas por certo ângulo
As constantes elásticas das cerâmicas odontológi- de incidência podem não parecer as mesmas quando
cas são necessárias no cálculo tanto da resistência à elas são vistas de um ângulo de incidência diferente.
flexão quanto da tenacidade à fratura. O coeficiente O meio de cimentação é um fator importante na apa-
de Poisson varia entre 0,21 e 0,26 para as cerâmicas rência final da restauração totalmente cerâmica. Por
causa de sua opacidade, uma restauração totalmente
odontológicas. O módulo de elasticidade é de apro-
cerâmica de alumina pode ser cimentada com uma
ximadamente 70GPa para porcelana feldspática,
grande variedade de agentes cimentantes. Entretanto,
llOGPa para cerâmicas de dissilicato de lítio prensa-
restaurações totalmente cerâmicas mais translúcidas,
das por calor, 210GPa para cerâmicas 3Y-'IZP e alcan-
tais como inlays reforçadas por leucitas prensadas
ça 350 GPa para as cerâmicas à base de alumina.
ou usinadas, coroas, ou facetas, ou inlays ou facetas
A contração continua a ser um problema para to- usinadas, geralmente necessitam da utilização de
dos os materiais totalmente cerâmicos, com exceção agentes cimentantes resinosos translúcidos que são
das cerâmicas usinadas a partir de blocos cerâmicos disponíveis em várias tonalidades.
completamente sinterizados e cerâmicas prensadas As tonalidades dos pós comerciais pré-fabricados
a quente. A contração da cerâmica de cobertura de porcelana odontológica variam entre o amarelo
aplicada sobre infraestruturas totalmente cerâmicas e o amarelo-avermelhado. Devido à variedade de
deve ser cuidadosamente compensada durante a tonalidades do dente natural ser muito maior do
confecção da porcelana. A alta contração das restau- que a variedade disponível em um kit de porcelanas
rações de zircônia sinterizadas após a usinagem (por pré-fabricadas, modificadores de porcelanas são tam-
volta de 25o/o) é compensada na etapa do desenho bém fornecidos para ajustes. Esses modificadores são
da restauração pela criação, em computador, de um porcelanas fortemente pigmentadas, fornecidas nas
modelo com dimensões aumentadas da mesma. cores azul, amarela, rosa, laranja, marrom e cinza. O
A densidade das porcelanas feldspáticas com- técnico pode adicionar os modificadores de porce-
pletamente sinterizadas é em tomo de 2,45 g/ cm3 e lana à porcelana opaca ou de corpo durante a cons-
poderá variar com a porosidade do material. A den- trução da coroa. A coloração da superfície extrínseca,
sidade dos materiais cerâmicos também depende da outra forma de mudar a aparência da coroa cerâmica,
quantidade e da natureza da fase cristalina presente. envolve a aplicação de um glaze altamente pigmen-
A densidade teórica da cerâmica odontológica 3Y- tado. As principais desvantagens da coloração da
superfície são a baixa durabilidade (resultado da
TZP é de 6,08 g/ cm3, presumindo-se que o material
solubilidade) e a redução da translucidez.
é livre de poros. Uma densidade maior que 98,7%
A translucidez é outra propriedade critica das
da densidade teórica é necessária para cerâmicas
cerâmicas odontológicas. Os níveis de transluci-
3Y-TZP de grau médico.
dez das porcelanas opacas, da dentina (corpo) e
As propriedades térmicas da porcelana felds- do esmalte (incisa!) diferem consideravelmente.
pática incluem condutividade de 0,0030cal/sec/ As porcelanas opacas têm baixíssima transluci-
cm 2 (ºC/ cm), difusividade de 0,64 mm2 / sec e dez, permitindo que elas mascarem as superfícies
um coeficiente de expansão térmica linear (CET) das subestruturas metálicas. O óxido de estanho
próximo de 12,0 x 10-6/ º C, entre 25 ºC e 500 º C. O (Sn02) e o óxido de titânio (TI02) são importantes
CET é em tomo de 10 x 10-6/º C para cerâmicas de óxidos opacificadores para as cerâmicas odonto-
alumina e de dissilicato de lítio, 10,5 x 1Q-6/ °C para lógicas. Os valores de translucidez da porcelana
cerâmicas à base de zircônia (3Y-TZP) e 14 a 18 x de dentina variam entre 18°/o e 38%, como pode
10-6/ º C para cerâmicas reforçadas por leucita. ser visto na Tabela 11-3. A porcelana de esmalte
282 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 11-3 Porcentagem de Transmissão de Luz de Porcelanas de Dentina com 1 mm de Espessura

Tonalidade Ceramco Vita Neydium Wtll-Ceram Steeles

59 29,97 22,66 31,93 26,06 27,23

62 27,85 27,88
65 23,31 20,39 35,39 33,50 22,10

67 26,32 18,04 23,58 19,03 23,42

91 31,81 38,41

Adaptado de Brodbelt RHW, O'Brien Wf, Fnn PL: f. Dent. Res. 59, 70, 1980.

tem os maiores valores de translucidez, variando RESTAURAÇÕf:S TOTALMENTE


entre 45o/o e 50º/o. A translucidez dos materiais CERAMICAS
para restaurações totalmente cerâmicas varia de
acordo com natureza da fase cristalina de reforço. Os materiais para as restaurações totalmente
Os sistemas à base de alumina e alguns à base de cerâmicas utilizam uma ampla variedade de fases
zircônia são opacos, enquanto que os sistemas cristalinas como agentes de reforço e podem conter
reforçados por leucita são mais translúcidos. Re- até 99% do volume em fase cristalina. A natureza, a
centemente, os sistemas de zircônia translúcida se quantidade e a distribuição das partículas da fase
tornaram acessíveis. A translucidez dos sistemas à cristalina influenciam diretamente nas proprieda-
base de espinélio é comparada com a dos sistemas des ópticas e mecânicas do material. A combinação
à base de dissilicato de lítio, e intermediária en- entre os índices de refração da fase cristalina e os da
tre sistemas à base de alumina e reforçados por matriz vítrea é um fator importante para controle
leucita. Com o objetivo de mimetizar as proprieda- da translucidez da porcelana.
des ópticas do esmalte humano, a opalescência é Como mencionado anteriormente, algumas
geralmente desejada. A opalescência é uma forma técnicas de processamento estão disponíveis para
de dispersão e ocorre quando o tamanho do cristal fabricação de restaurações totalmente cerâmicas:
é maior ou igual ao comprimento de onda da luz. sinterização, prensagem a quente, colagem (slip-
Na luz refletida, os menores comprimentos de casting), e CAD/ CAM. A Figura 11-1, esquerda, ilus-
onda azul-violeta são propagados, enquanto que, tra a secção transversal de uma coroa totalmente
na luz propagada, os comprimentos de onda ver- cerâmica.
melho-alaranjados mais longos são transmitidos
através da porcelana.
O esmalte dentário também exibe fluores- Materiais Totalmente Cerâmicos
cência. Esta característica é alcançada em por- Sinterizados
celanas odontológicas pela adição de óxidos de Dois tipos principais de materiais totalmente
terras-raras (como o óxido de cério). Pelo fato cerâmicos estão disponíveis para técnica de sin-
de as camadas externas da coroa cerâmica serem terização: cerâmica à base de alumina e cerâmica
translúcidas, a cor aparente é afetada pela reflexão reforçada por leucita.
da cerâmica opaca ou de infraestrutura interna.
Para restaurações metalocerâmicas, a mistura de Ceríimicas à Base de Alumina
tonalidades resulta da combinacão >
da luz interna A infraestrutura cerâmica à base de alumina utili-
refletida, da superfície opaca da porcelana e da zada na coroa de porcelana aluminizada desenvolvida
luz transmitida através do corpo da porcelana. A por McLean em 1965 é um típico exemplo de reforço
espessura da camada de porcelana de corpo deter- pela dispersão de fase cristalina. A alumina tem um
mina a tonalidade obtida com a porcelana opaca. alto módulo de elasticidade (350GPa) e uma tenaci-
Este efeito da espessura pode ser minimizado se dade à fratura relativamente alta (3,5 a4MPa • m0P),
a porcelana de corpo e a porcelana opaca forem comparados às propriedades da porcelana feldspática.
da mesma cor, como ocorre em alguns sistemas Sua dispersão em uma matriz vítrea com coeficiente
comerciais. de expansão térmica similar leva a um significativo
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 2 83

efeito de reforço. Considera-se que a excelente adesão As restaurações totalmente cerâmicas sinteri-
entre a alumina e a fase vítrea é responsável por esse z.adas estão sendo atualmente substituídas pelas
aumento na resistência, comparado às cerâmicas à restaurações cerâmicas prensadas a quente ou
base de leucita. A primeira porcelana de infraestru- usinadas, com melhor controle das etapas de pro-
tura aluminizada continha 40°/o a 50°/o de alumina em cessamento.
peso, dispersa em uma matriz vítrea de baixa fusão.
A infraestrutura era queimada em uma placa de
platina e depois recoberta com uma porcelana com Materiais Totalmente C erâmicos
expansão semelhante. Cerâmicas de infraestrutura de Prensados a Quente
alum.ina são atualmente queimadas diretamente no A prensagem a quente se baseia na aplicação
modelo refratário. As porcelanas de infraestrutura de de pressão externa em alta temperatura para
alum.ina têm resistência à flexão aproximadamente sinterizar e dar forma à cerâmica. A prensagem a
duas vezes maior (139 a 145 MPa) do que a das por- quente é utilizada em odontologia para produzir
celanas feldspáticas. coroas totalmente cerâmicas, inlays, onlays, facetas
As cerâmicas à base de alumina densamente e, mais recentemente, próteses parciais fixas. Du-
sinterizadas podem também ser produzidas por rante a prensagem a quente, os lingotes cerâmicos
pressão a seco, seguida por sinterização. Com o são levados a altas temperaturas num molde de
objetivo de compensar a contração de sinterização revestimento aglutinado por fosfato, produzido
(linear de 12o/o a 20%), um modelo aumentado é pela técnica da cera perdida. A temperatura da
gerado pelo desenho auxiliado por computador. prensagem é próxima ao ponto de amolecimento
Uma cerâmica à base de alumina de alta pureza é da cerâmica. Em seguida, uma pressão de 0,3 a
depois fabricada por pressão a seco e sinterizada 0,4MPa é aplicada por meio de um êmbolo re-
em altas temperaturas (1.550 ºC). O produto final é fratário, resultando no preenchimento do molde
uma cerâmica altamente cristalina com o tamanho com a cerâmica amolecida. A alta temperatura
médio do grão por volta de 4 µ.m e resistência à é mantida durante 10 a 20 minutos. A prensagem
flexão em tomo de 600 MPa. Todo o processo deve a quente requer um forno automático de pressão
ser controlado cuidadosamente pelo fabricante. Os especialmente projetad o para essa finalid ade
últimos passos consistem em recobrimento com (Fig. 11-4) e classicamente promove uma boa
porcelana translúcida, caracterização e glazeamen- dispersão da fase cristalina no interior da matriz
to. O desempenho clínico dessa cerâmica in vivo vítrea. As propriedades mecânicas de muitos sis-
após 15 anos é considerado excelente. A mesma temas cerâmicos são maximizadas com a excelente
tecnologia está também disponível para cerâmicas dispersão dos cristais, alta cristalinidade e menor
de infraestrutura à base de zircônia. tamanho dos cristais, comparada aos sistemas
totalmente cerâmicos sinterizados.
Cerllmicas Reforçadas por Leucita
As cerâmicas reforçadas por leucita, com conteú-
do de mais de 45% de volume de leucita tetragonal,
estão disponíveis para a fabricação de restaurações
totalmente cerâmicas sinteriz.adas. A leucita atua
como uma fase de reforço; o maior conteúdo de
leucita (comparado com as porcelanas feldspáticas
convencionais para restaurações metalocerãmicas)
levam a uma alta resistência à flexão (104MPa) e
resistência compressiva. A grande quantidade de
leucita no material também contribui para o alto
coeficiente de contração térmica. Além disso, a
grande diferença na contração térmica entre a leu-
cita (20 a 25 x 10-6/ ºC) e a matriz vítrea (8 x 10-6/ ºC)
resulta no desenvolvimento de tensões compressi-
vas tangenciais no vidro em tomo dos cristais de
leucita durante o resfriamento, porque os cristais
contraem mais do que a matriz vítrea adjacente.
Essas tensões pod em atuar como defletores de
trinca e contribuem para aumento da resistência FIGURA 11-4 Forno para porcelan a. (Modificado de
da cerâmica à propagação de trincas. Whip Mix Corporntian, Louisville, KY).
284 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Ceriimicas à Base de Leucita do que a do material utilizado para infraestrutura


A primeira geração de cerâmicas prensadas para a técnica de caracterização extrínseca (18 x
contém leucita (KAISi20 6 ou K20 • Al30.J • 4Si02) 10-6 / ºC). A resistência à flexão dessas cerâmicas
como fase de reforço, com quantidades variando (120 MPa) é aproximadamente o dobro do valor das
entre 35% e 55o/o em volume. A temperatura da porcelanas feldspáticas convencionais. O aumento
prensagem para este sistema é entre 1.150 ºC e da resistência pode ser explicado pelo fato de que
1.180 ºC, com permanência nesta temperatura em essas cerâmicas possuem alta cristalinidade e o pro-
tomo de 20 minutos. Os lingotes cerâmicos estão cesso de prensagem leva a uma excelente dispersão
disponíveis em uma variedade de tonalidades. A desses cristais finos de leucita. Além disso, como
microestrutura final destas cerâmicas prensadas mencionado anteriormente, a tensão térmica em
consiste de cristais de leucita, 1 a 5 µ.m, dispersos torno dos cristais de leucita promove a deflexão
em uma matriz vitrea (Fig. 11-5, A). A quantidade da trinca e contribui para um melhor desempenho
de porosidade na cerâmica prensada é 9 vol%. mecânico. As principais desvantagens são o custo
Duas técnicas estão disponíveis: a técnica da ca- inicial do equipamento e a resistência relativamente
racterização extrmseca e a técnica da estratificação baixa comparada com outros sistemas totalmente
envolvendo a aplicação de uma cerâmica de reco- cerâmicos.
brimento. As duas técnicas apresentam valores de
resistência à flexão comparáveis. Para assegurar Ceriimicas à Base de Dissilicato de Lttio
a compatibilidade com o coeficiente de expansão A segunda geração das cerâmicas prensadas a
térmica da cerâmica de cobertura, o coeficiente de quente contém dissilicato d e lítio (Li2Si20 5) como
expansão térmica do materia l da infraestrutura a principal fase cristalina. Elas são prensadas em
para técnica de cobertura (14,9 x 10-6/ ºC) é menor temperaturas entre 890 ºC e 920 ºC, utilizando-se
o mesmo equipamento da s cerâmicas à base de
leucita. As restaurações prensadas são depois
recobertas com cerâmicas de expansão térmica
semelhante. A microestrutura final consiste de
aproximadamente 65°/o em volume de cristais
prismáticos de dissilicato de lítio interligados
(5,2 µ.m em comprimento, 0,8 µ.m de diâmetro)
dispersos em uma matriz vítrea (Fig. 11-5, B). A
quantidade de porosidade depois da prensagem
é em tomo de 1 vol%. Comparada à primeira ge-
ração de cerâmicas à base de leucita, as p rincipais
vantagens das cerâmicas à base de dissilicato de
lítio são sua resistência à flexão (300 MPa) e sua
tenacidade à fratura (2,9 MPa • mº-5). Isto pode ser
explicado pelo fato de que, semelhante a cerâmicas
à base de leucita, existe uma diferença na expansão
térmica entre os cristais de dissilicato de lítio e a
matriz vítrea, potencialmente responsáveis pela
deflexão da trinca. Além disso, a microestrutura
consistindo de cristais alongados altamente en-
trelaçados p ode levar a múltiplas deflexões d e trin-
cas, consequentemente aumentando a resistência à
propagação de trincas. Finalmente, alguns estudos
têm relatado que a prensagem a quente promove
o alinhamento dos cristais ao longo da direção
FIGURA 11-5 Micrografias eletrônicas de varredura da prensagem devido à alta razão de aspecto dos
mostrando a microestrutura de materiais totalmente ce· cristais. Isto conduz a uma resistência ainda maior
râmicos selecionados (s uperfícies polidas e condiciona-
à propagação de trincas na direção perpendicular
das). A, Cerâmica reforçada por leucita prensada a quen-
te; B, cerâmica de dissilicato de lítio prensada a quente;
do alinhamento dos cristais. A melhora das pro-
C cerâmica à base de alumina para colagem (slip-cast); priedades mecânicas desta segunda geração de
D, cerâmica de alumina/zircônia para slip-aist; E, cerâmica cerâmicas prensadas a quente aumentou sua gama
à base de feldspato para usinagem; F, cerâmica de zircônia de indicações, tomando possível a confecção de
para usinagem pré-sinterização (3Y·TZP). próteses parciais fixas.
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 285

Materiais Totalmente Cerâmicos opacidade nesse sistema totalmente cerâmico. As


P roduzidos pela T écnica da Colagem cerâmicas de slip-cast à base de espinélio são mais
(Slip-Cast) translúcidas porque a fase de espinélio permite uma
melhor sinterização, mas a resistência à flexão é
O slip-cast foi introduzido na odontologia em ligeiramente menor (378MPa) que a do sistema à
1990. O primeiro passo do processo envolve a con-
base de alumina.
densação da barbotina de porcelana em um modelo
refratário. O termo barbotina se refere a uma pasta Cerllm icas de Slip-Cast de Alum ina
aquosa fluida contendo partículas cerâmicas finas. Reforçada por Z ircônia
A porosidade do modelo refratário ajuda a conden-
Após o processamento, as cerâmicas de slip-cast
sação pela absorção da água da barbotina pela ação de alurnina reforçada por zircônia são compostas por
capilar. A restauração é confeccionada de forma
34 vol'Yo de alumina, 33 vol'Yo de zircõnia estabilizada
incremental, modelada e finalmente sinterizada com 12 molº/o de cério (12Ce-TZP), 23 vol'Yo de fase
em alta temperatura sobre o modelo refratário.
vítrea e 8 vol% de porosidade residual. A microestru-
Geralmente, o modelo refratário contrai-se mais tura é mostrada na Fig. 11-5, D. Os grãos de alumina
do que a barbotina condensada e, desta forma, a
aparecem em contraste mais escuro enquanto que os
restauração pode ser separada facilmente depois grãos de zircônia são mais claros. A combinação entre
da sinterização. A infraestrutura porosa sinterizada
alumina e zircõnia permite dois tipos de mecanismos
é depois infiltrada por vidro, um processo no qual de reforço. A transformação induzida por tensões da
o vidro fundido é atraído para o interior dos poros
12Ce-TZP e o aumento de volume associado produ-
pela ação capilar em alta temperatura. Isto conduz zem uma tensão compressiva dentro dos grãos de
a uma rnicroestrutura consistindo de duas redes
zircõnia. Além disso, os grãos maiores de alumina
interpenetradas, uma formada pela infraestrutura causam deflexão da trinca. A resistência à flexão
cristalina e a outra pela fase vítrea. Três tipos de
desse sistema é de cerca de 630MPa.
cerâmicas estão disponíveis para o slip-cast: à base
A principal vantagem das cerâmicas slip-cast é
de alumina (Al20 3 ), à base de espinélio (MgAl04) e
sua alta resistência: as desvantagens incluem alta
alurnina reforçada por zircõnia (12Ce-TZP-Ali()3 ).
opacidade (com exceção dos materiais à base de
espinélio) e longo tempo de processamento.
Cerllm icas de Slip-Cast à Base de Alumina
e de Espinélio
O conteúdo de alumina da barbotina das ce-
Materiais Totalmente Cerâmicos
râmicas à base de alumina é maior do que 90'%, U sináveis
com tamanho de partícula entre 0,5 e 3,5 µ,m. Após Na usinagem pós-sinterização de materi ais
secagem a 120ºC por seis horas e sinterização por totalmente cerâmicos, a restauração é usinada di-
duas horas a 1.120ºC e duas horas a 1.180°C, a in- retamente no tamanho final. Alguns materiais total-
fraestrutura porosa de alumina é infiltrada com mente cerâmicos podem também ser usinados em
vidro contendo lantânio durante a terceira queima a um estado parcialmente sinterizado e depois serem
1.140 º C por duas horas. Após a remoção do excesso completamente sinterizados, isto é denominado
de vidro, a restauração é recoberta utilizando-se uma usinagem pré-sinterizaçã.o. Esta última técnica requer
cerâmica de cobertura de expansão compatível. Esta a fresagem de uma restauração com tamanho maior
técnica de processamento é única em odontologia e para compensar a contração de sinterização e é in-
conduz a um material de alta resistência por causa teressante no caso de cerâmicas que são difíceis de
da presença de partículas de alumina densamente usinar no estado completa.mente sinterizado, como a
compactadas. A rnicroestrutura desse material é alumina e a zircônia.
demonstrada na Fig. 11-5, C. Ela é constituída por
68 volº/o de alurnina, 27 vol'Yo de vidro e 5 vol'Yo de Usinagem P6s-sinterlzação
porosidade. Grãos de alumina de vários tamanhos As cerâmicas usináveis podem ser fresadas
e formas aparecem em cor mais escura. A resistência para confecção de inlays, onlays, facetas e coroas
à flexão da alumina slip-cast é em tomo de 600 MPa. utilizando a tecnologia CAD/CAM para produzir
Devido à alta resistência da infraestrutura, pró- restaurações em uma única consulta. Após o dente
teses parciais fixas anteriores de vãos protéticos ser preparado, o preparo é opticamente escaneado
pequenos podem ser confeccionadas utilizando e a imagem é digitalizada. A restauração é projetada
esse processo. Entretanto, a presença de cristais de com a ajuda do computador, como é mostrado na
alumina com alto índice de refração, junto com 5°/o Figura. 11-6. A restauração é depois usinada a partir
de porosidade, são responsáveis por certo grau de de blocos cerâmicos pela unidade de fresagem con-
286 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Algumas cerâmicas usináveis estão atualmente


disponíveis para o uso com estes sistemas: à base
de feldspato, leucita e dissilicato de lítio. A cerâmica
à base de feldspato contém aproximadamente 30
volo/o de feldspato (Na,K A1Si3 0 8) como a princi-
pal fase cristalina, dispersa em uma matriz vítrea
(Fig. 11-5, E). Sua resistência à flexão é classificada
como moderada (120MPa). Os blocos cerâmicos re-

forçados por leucita e de dissilicato de lítio também

- estão disponíveis para fresagem pós-sinterização


em CAD/CAM. Os blocos cerâmicos reforçados
por leucita são semelhantes na microestrutura e
nas propriedades mecânicas às cerâmicas refor-
çadas por leucita da primeira geração, prensada a
quente. Os blocos cerâmicos de dissilicato de lítio
são usinados completamente sinterizados, mas em
um estado parcialmente cristalizado, o que torna
mais fácil a usinagem do que quando o bloco se
encontra no estado completamente cristalizado. No
estado parcialmente cristalizado, a cerâmica contém
núcleos de cristais tanto de metassilicato de lítio
(Li2Si03 ) quanto de dissilicato de lítio (Li2Si 20 5 ).
A translucidez da cerâmica pode ser ajustada pela
variação do tratamento térmico de cristalização, o
que dita o tamanho do cristal e a cristalinidade. São
sugeridos blocos de baixa, média e alta transluci-
dez. Após o completo tratamento térmico a 850ºC
FIGURA 11-6 Sistema CAD/CAM de consultório para
fabricação de restaurações totalmente cerâmicas. (O:!rtesia por 10 minutos, as cerâmicas de alta translucidez
de Sirann Dental Systems, LLC, Cltarlotte, NC). exibem cristais de dissilicato de lítio (1,5 x 0,8 µ.m)
em uma matriz vítrea, enquanto que a cerâmica de
baixa translucidez apresenta um número elevado
trolada pelo computador. O processo de usinagem de densidade de pequenos (0,8 x 0,2 µ.m) cristais
leva somente alguns minutos. As restaurações de dissilicato de lítio entrelaçados. A resistência à
são unidas aos dentes preparados com cimentos flexão após o tratamento térmico de cristalização
resinosos. As versões mais recentes do programa completa é 360 MPa, de acordo com as informações
de moldagem digital (3M ESPE Lava Chairside do fabricante. Um estudo relatou uma resistência à
Oral Scanner C.O.S., 3M ESPE; CEREC AC, Sirona flexão (flexão em três-pontos) de 262 + 88 MPa após
Dental Systems, LLC; E4D Dentist, D4D Technolo- a cristalização completa.
gies; iTero, Cadent, Inc.) permitem a visualização
tridimensional completa da restauração projetada Usinagem Pré-sinterização Seguúla
com o recurso do assentamento (ajuste) virtual. As de Si nterlzação
várias superfícies da restauração virtual podem Os sistemas de CAD/ CAM e de pantografia tam-
ser modificadas em todas as três dimensões antes bém podem ser utilizados para usinar blocos pré-sin-
da fresagem. Mais informações sobre os sistemas terizados de alumina, espinélio ou alumina reforçada
de moldagem digital podem ser encontradas no por zircônia para fabricação de infraestruturas para
Capítulo 14. coroas e próteses parciais fixas. As infraestruturas
Outro sistema para cerâmicas usináveis é a for- usinadas são infiltradas por vidro, resultando em
mação de in/ays, on/ays, facetas e coroas utilizando uma microestrutura similar à das cerâmicas slip-cast.
pantografia (Celay®, Mikrona Technologie AG). As propriedades mecânicas destes materiais são
Neste sistema, um padrão de resina rígida é confec- comparáveis àquelas da versão slip-cast, com uma
cionado num modelo de gesso tradicional. Esse pa- precisão marginal final inferior a 50 µ.m.
drão feito à mão é depois copiado e fresado a partir Em 2002, a primeira cerâmica à base de zircônia
do bloco cerâmico, utilizando-se um dispositivo de para usinagem pré-sinterização foi introduzida
pantografia semelhante àquele utilizado para du- no mercado odontológico. O material consiste em
plicação de chaves domésticas. policristais de zircônia tetragonal parcialmente
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 287

estabilizada pela adição de 3o/o em mols de ítrio efeitos a longo prazo podem ser prejudiciais devi-
(3Y-TZP). Restaurações unitárias ou múltiplas são do à presença de tensões de tração subjacentes. É
produzidas pela fresagem direta da cerâmica (FDC) por isso que as instruções do fabricante devem ser
de blocos pré-sinterizados de 3Y-TZP. Os blocos seguidas com extremo cuidado nos sistemas à base
são fáceis de usinar, o que leva a uma economia de zircônia parcialmente estabilizada.
considerável de tempo e de desgaste das fresas. O As técnicas de fresagem pós-sinterização tomam
processo envolve a confecção um padrão de cera possíveis a fabricação de restaurações no consultório
completo da restauração, que é posteriormente di- odontológico com uma única consulta. Entretanto,
gitalizado com um escãner a laser. As restaurações os materiais totalmente cerâmicos disponíveis com
são maiores no desenho e no estágio de usinagem, essa técnica exibem somente resistência de baixa a
para compensar a grande contração (20°/o a 25%) moderada, restringindo as indicações para restau-
que ocorre durante o processo de sinterização em rações unitárias.
alta temperatura (1.350 ºC por duas horas). O benefício da fabricação da restauração em uma
Desde a introdução da técnica de FDC, uma consulta é perdido com as técnicas de fresagem pré-
larga variedade de blocos de 3Y-TZP parcialmente sinterização, porque as restaurações necessitam
sinterizados se tomou disponível para fresagem pré- de sinterização a altas temperaturas após serem
-sinterização por CAD/CAM. Neste caso, a etapa usinadas. Esta desvantagem é contrabalanceada
do enceramento é eliminada, a moldagem digital pelas propriedades mecânicas ímpares da 3Y-TZP,
do preparo é realizada e o desenho da restauração tomando possível a realização de restaurações tanto
é executado pelo computador. Semelhante à técnica unitárias quanto múltiplas anteriores ou poste-
de FDC, as restaurações usinadas são completamen- riores. Inicialmente uma preocupação, a precisão
te sinterizadas em altas temperaturas. marginal é atualmente aceitável com essas técnicas.
A microestrutura destas cerâmicas 3Y-TZP poli- O impacto negativo da alta opacidade da zircônia é
cristalinas consiste em grãos de zircônia tetragonal atenuado pela habilidade de redução da espessura
densamente compactados com tamanho médio do da infraestrutura para 0,4 a 0,5mm.
grão de 0,2 a 0,7 µ,m, dependendo da temperatura e
da duração da sinterização (Fig. 11-5, F). Dependen-
do do fabricante, as temperaturas de sinterização RESTAURA,ÇOES -
recomendadas variam de 1.350° C a 1.550° C e a METALOCERAMICAS
duração de duas a seis horas. Elas exibem a maior
resistência à flexão (900-1500 MPa) e a maior tenaci- As restaurações metalocerâmicas consistem em
dade à fratura (maior que 5 MPa • m 0,5) entre todas uma infraestrutura metálica fundida sobre a qual,
as cerâmicas odontológicas atualmente disponíveis. no mínimo, duas camadas de cerâmica são queima-
Em todos os sistemas, o último passo consiste na das (Fig. 11-7). A primeira camada aplicada é a ca-
cobertura da infraestrutura da cerâmica 3Y-TZP mada opaca, que consiste em porcelana modificada
com porcelana de expansão térmica compatível. É por óxidos opacificadores. Sua função é mascarar a
importante ressaltar que a maioria dos problemas coloração escura da infraestrutura de metal oxidado
clínicos enfrentados até o momento com esses sis- para atingir uma estética satisfatória. Esta camada
temas envolve o aparecimento de microfissuras ou fina de opaco também contribui para a união entre
trincas na interface entre porcelana de cobertura e metal e cerâmica. O próximo passo é a construção
cerâmica da infraestrutura. Estes achados têm sido de porcelanas para dentina e esmalte (mais trans-
explicados pela desestabilização da fase tetragonal lúcidas) para obtenção de aparência estética similar
na interface entre cobertura/infraestrutura, com a à dos dentes naturais. O pó de porcelana de dentina
transformação para a fase monoclínica, causando ou esmalte é misturado a um líquido modelador
tensões localizadas devido à diferença do coeficiente (basicamente água destilada) até atingirem uma
de expansão térmica entre as duas fases cristalo- consistência pastosa, e então aplicados sobre a
gráficas. camada de opaco. A porcelana é condensada por
A metaestabilidade das cerâmicas 3Y-TZP deve vibração (sendo o excesso de água removido com
ser lembrada quando são realizados tratamentos papel absorvente) e é lentamente secada para per-
que alteram a superfície, como o desgaste e o ja- mitir a difusão e a evaporação da água. A aplicação
teamento. Dependendo do tamanho do grão, tais da porcelana deve ser em tamanho aumentado para
tratamentos tem o potencial de disparar a transfor- compensar a grande contração (25o/o-30%) associada
mação da fase tetragonal para monoclínica, com a ao processo de sinterização. Após a aplicação do pó
consequência benéfica inicial imediata de produzir de porcelana, as restaurações metalocerâmicas são
tensões compressivas na superfície. Entretanto, os sinterizadas sob vácuo num forno para porcelana.
288 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Figura. 11-8. Os estudos têm demonstrado que a


sinterização a vácuo reduz a quantidade de poros
de 5,6o/o em porcelanas sinterizadas sob pressão at-
Dentina - - -- -
mosférica para 0,56%. As porcelanas opacas, dentina
e esmalte estão disponíveis em várias tonalidades.
A Figura. 11-9 mostra duas próteses parciais fixas
metalocerâmicas de três elementos. Quando fabri-
cada por técnicos habilidosos, essas restaurações
proporcionam estética excelente, juntamente com
Infraestrutura--_,,_-',---~
metálica ' ~-~----
resistência adequada devido ao suporte da infra-
estrutura metálica. As ligas utilizadas para as infra-
Opaco
estruturas são geralmente à base de ouro contendo
Corpo------- índio e estanho.
É essencial que o coeficiente de expansão térmica
da porcelana de cobertura seja levemente menor
que o da liga para garantir que a cerâmica esteja sob
leve compressão após o resfriamento. Isto estabelece
Esmalte ______\_ uma melhor resistência à propagação de trincas da

~
porção cerâmica da restauração.

REQUISITOS DE U,M SISTEMA


FIGURA 11-7 Seção transversal de uma coroa metalo- METALOCERAMICO
cerâmica mostrando a infraestrutura metálica, camada de
porcelana opaca, corpo (dentina) e camada de porcelana
de esmalte.
1. A liga deve ter alta temperatura de fusão. A
temperatura deve ser substancialmente maior
(superior a 100° C) do que a temperatura de
A sinterização a vácuo ajuda na eliminação dos queima da porcelana de cobertura e das soldas
poros. Assim que a porta do forno é fechada, a utilizadas para unir os segmentos da prótese
pressão é reduzida a O,OlMPa (0,1 atmosfera). A parcial fixa.
temperatura é aumentada até que a temperatura de 2.. A porcelana de cobertura deve ter baixa
sinterização seja atingida, o vácuo é então liberado temperatura de fusão, de modo que nenhuma
e a pressão do forno retorna a 0,1 MPa (1 atmos- deformação, escoamento ou distorção da
fera). Combinado com a fluidez viscosa em alta infraestrutura ocorra durante a sinterização.
temperatura, o aumento da pressão ajuda a fechar 3. A porcelana deve molhar a liga facilmente
poros residuais. O resultado é uma porcelana densa, quando aplicada como pasta fluida para
relativamente livre de poros, como é mostrado na prevenir a formação de vazios na interface

FIGURA 11-8 Porcelanas sinterizadas sob pressão atmosférica e a vácuo. A, Micrografia óptica da porcelana
sinterizada sob pressão atmosférica, mostrando a porosidade. B, Micrografia óptica de porcelana sinterizada a vácuo,
mostrando porosidade minima (Cortesia de f. O. Semmelman, York, PA, 1959, Dentsply Internacional).
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 289

assim como espaço suficiente para a espessura


adequada da porcelana, para resultar em uma
restauração estética. Durante o preparo da
infraestrutura metálica, antes da aplicação da
porcelana, é importante que todos os ângulos
agudos sejam eliminados e arredondados
para, mais tarde, evitar a concentração de
tensões na porcelana. Se não for utilizada a
cobertura total de porcelana (por exemplo,
uma superfície oclusal metálica), a posição da
junção metalocerâmica deve ser localizada no
mínimo a l,Smm de todos os contatos oclusais
cêntricos.
FIGURA 11-9 Visão de próteses parciais fixas metaloce-
râ.micas. (O:>rl:esia de Dr. Charles Mark Malloy, Partland, OR). - A
UNIAO METALOCERAMICA
metalocerâmica. Geralmente, o ângulo de
contato deve ser de 60 graus ou menos. A resistência de união entre porcelana e metal é
4. A boa adesão entre a cerâmica e o metal é um requisito importante para o bom desempenho
essencial e é alcançada pela reação química a longo prazo das restaurações metalocerâmicas.
da porcelana com os óxidos metálicos Geralmente, a união é o resultado da quimissorção
na superfície do metal (Fig. 10-10) e pelo pela difusão entre a camada superficial de óxido
embricamento mecânico possibilitado pela na liga e a porcelana. Para ligas metálicas que não
rugosidade da infraestrutura metálica. sofrem oxidação facilmente, essa camada de óxido
5. Os coeficientes de expansão térmica (CET) da é formada durante um ciclo especial de queima
porcelana e do metal devem ser compatíveis antes da aplicação da porcelana opaca. Para ligas
para que a porcelana de cobertura nunca metálicas que sofrem oxidação facilmente, a camada
esteja sob tensões de tração, o que pode levar de óxido é formada durante o molhamento da liga
à fratura. Os sistemas metalocerâmicos são, pela porcelana e subsequente ciclo de queima. O
portanto, desenhados para que o CET do metal mecanismo de falha mais comum em restaurações
seja levemente maior que o da porcelana, metalocerâmicas é o descolamento entre porcelana e
colocando assim a porcelana de cobertura sob metal. Muitos fatores controlam a adesão metaloce-
compressão (na qual é mais resistente) após o râmica: a formação de uma forte ligação quimica, o
resfriamento (Fig. 10-11). Isto supõe que tanto embricamento mecânico entre os dois materiais e as
o coeficiente de expansão térmica linear da tensões térmicas residuais. Adicionalmente, como
porcelana quanto o do metal sejam idênticos observado anteriormente, a porcelana deve molhar
ao coeficiente de contração térmica linear. e unir-se à superfície para formar uma interface uni-
6. A resistência e a rigidez adequadas da forme sem espaços vazios. Esses fatores também são
infraestrutura metálica são especialmente importantes para recobrimentos cerâmicos sobre
importantes para próteses parciais fixas e implantes metálicos.
coroas posteriores. A alta rigidez do metal Do ponto de vista prático, a rugosidade super-
reduz tensões de tração na porcelana pela ficial na interface metalocerâmica tem um grande
limitação da amplitude de deflexão e da efeito na qualidade da união metalocerâmica. A
deformação. A alta resistência é essencial para abrasão por jateamento de partículas é rotineira-
as áreas interproximais dos conectores das mente utilizada na infraestrutura metálica de res-
próteses parciais fixas. taurações metalocerâmicas para produzir uma su-
7. A alta resistência à deformação em altas perfície limpa com rugosidade controlada. Durante
temperaturas é essencial. As infraestruturas o ciclo de queima, a porcelana amolece, sua viscosi-
metálicas são relativamente delgadas (0,4 a dade diminui e a porcelana primeiramente molha a
0,5 mm); nenhuma distorção deve ocorrer superfície metálica antes de o embricamento entre a
durante a queima da porcelana, ou a adaptação porcelana e o metal ser criado. A área aumentada da
das restaurações pode ficar comprometida. superfície metálica rugosa também permite a forma-
8. O desenho adequado da restauração é crítico. ção de uma maior densidade de ligações químicas.
O preparo deve proporcionar a espessura O ângulo de contato entre a porcelana e o metal é
adequada da infraestrutura metálica (Cap. 7), uma medida do molhamento e, de certa forma, da
290 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

qualidade da união que se forma. Angulos de con- na porcelana durante a queima, conduzindo a uma
tato pequenos indicam bom molhamento. O ângulo descoloração visível em áreas onde a porcelana é
de contato da porcelana numa liga áurica (Au) é mais delgada, por exemplo, próxima à margem
em tomo de 60 graus. Uma micrografia eletrônica gengival da restauração. Algumas ligas formam
de varredura da superfície oxidada de uma liga camadas de óxidos ricas em Cri03 , que não se unem
nobre de 98'Yo ouro (Au)-platina (Pt)-paládio (Pd) ou não aderem bem à liga. Essas ligas tipicamente
é mostrada na Fig. 10-10. Entretanto, a rugosidade exigem a aplicação de um agente de união na sua
da superfície pode reduzir a adesão se a porcelana superfície para modificar o tipo de óxido formado.
não molhar a superfície e vazios permanecerem na Em alguns casos, o fabricante recomenda uma quei-
interface. ma para oxidação sob pressão reduzida para limitar
A formação de uma camada de óxido na super- a espessura da camada de óxido. Uma queima de
fície metálica é a chave para a adesão metalocerâ- oxidação sob pressão atmosférica pode produzir
mica. Ligas metálicas nobres, que são resistentes à camadas de óxido mais espessas.
oxidação, geralmente têm outros elementos mais Tensões térmicas residuais elevadas entre o metal
facilmente oxidáveis adicionados, como o índio (ln) e a porcelana podem levar ao insucesso. Se o metal
e o estanho (Sn), para formar uma camada oxidada e a cerâmica apresentarem coeficientes de expansão
e melhorar a união. A camada de óxidos é formada térmica muito diferentes, os dois materiais vão se
durante um ciclo especial de queima antes da apli- contrair em taxas diferentes durante o resfriamento
cação da porcelana. Algumas ligas nobres contendo e uma grande tensão residual térmica se formará ao
prata causam descoloração ou o esverdeamento da longo da interface metalocerâmica. Se essas tensões
porcelana, explicado pela difusão iônica da pra- forem muito altas (seja de compressão ou tração),
ta na porcelana. Ligas de metais básicos contêm a porcelana irá se quebrar e/ou se delaminar do
elementos como o niquei (Ni) e o cromo (Cr), que metal. Mesmo se essas tensões não causarem fa-
oxidam facilmente, e deve ser tomado cuidado para lha imediata, elas podem ainda assim enfraquecer
evitar a formação de camadas de óxido espessas a união e levar a uma fratura tardia. Para evitar
demais. Os fabricantes especificam as condições esses problemas, as porcelanas e as ligas são elabo-
de queima para a formação de uma camada de radas para terem coeficiente de expansão térmica
óxido ideal e geralmente indicam a cor do óxido. compatíveis. Muitas porcelanas têm seu coeficiente
Os óxidos ricos em niquei (NiO) tendem a ser cinza de expansão térmica entre 13,0 e 14,0 x 10·6/°C,
escuro, enquanto que os ricos em cromo (Cr2(h) são e os metais entre 13,5 e 14,5 x 10-6/ ºC. A diferença
esverdeados. Se as recomendações de queima não de 0,5 x 10·6/ ºC na contração térmica entre metal
forem seguidas, esses óxidos podem se dissolver e porcelana faz com que o metal se contraia ligei-
ramente mais do que a cerâmica durante o res-
friamento. Esta condição coloca a porcelana sobre
uma leve compressão residual, o que a torna menos
sensível a tensões de tração induzidas por cargas
1---------~--i -Falha A •
mecarucas.
A A adesão metalocerâmica pode falhar em qual-
quer dessas possíveis três localizações (Fig. 11-10).
Conhecer o local da fratura fornece informações
importantes sobre a qualidade da união. A maior
1---------~--1 -Falha
resistência de união conduz à falha no interior
B
da porcelana quando testada (Fig. 11-10, C); essa
fratura coesiva é observada com algumas ligas es-
-Falha pecialmente preparadas para promover uma mo-
lhabilidade excelente pela porcelana. Testando essas
e amostras de alta resistência, utilizando o teste de
cisalhamento (ou push-out), foi demonstrado que a
D CerãmicaD Óxido D Metal
resistência de união é aproximadamente a mesma
FIGURA 11-1 O Diagrama demonstrativo dos três da resistência ao cisalhamento da porcelana. Outra
tipos de falhas de união observadas em sistemas me- possível falha coesiva está no interior da camada
talocerâ.micos. A , Metal - óxido metálico (adesiva); de óxido (Fig. 11-10, B). As falhas que ocorrem na
B,ÓXidometálico-óxidometálico(coesiva);eC,cerâmica- interface entre metal e camada de óxidos (Fig. 11-10,
cerãmica (coesiva). NITTA: as dimensões das camadas não A) são chamadas de falhas aàesivas e são comumente
estão em escala. observadas com ligas metálicas que são resistentes
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 291

à formação de óxidos superficiais como ouro puro A presença de grande quantidade de fase vítrea
ou platina, e exibem adesividade baixa. Ligas de em porcelanas odontológicas (80-90 volº/o) permite
metais básicos comumente exibem falhas no interior uma translucidez semelhante à do esmalte. Óxidos
da camada de óxidos se a camada de óxido for ex- corantes e opacificadores permitem o ajuste fino
cessivamente espessa. da aparência final e o controle da tonalidade. A
porcelana é fornecida como um pó fino.

CERÂMICAS PARA
COMPOSIÇÃO E FABRICAÇÃO DE
RESTAURA,ÇÕES
METALOCERAMICAS PORCELANAS ODONTOLÓGICAS

As cerâmicas para restaurações metalocerâmicas Composição


devem preencher cinco requisitos: (1) elas devem A qualidade de qualquer cerâmica depende da
simular aparência dos dentes naturais, (2) devem escolha dos componentes, do proporcionamento
se fundir em temperaturas relativamente baixas, (3) correto de cada componente e do controle do pro-
devem ter coeficiente de expansão térmica compa- cedimento de queima. Somente componentes puros
tível com o das ligas utilizadas para infraestrutura são usados na fabricação de porcelanas odonto-
metálica, (4) devem suportar bem o ambiente oral lógicas devido aos requisitos rigorosos das pro-
e (5) devem ter baixa abrasividade. As porcelanas priedades ópticas e de inércia química, combinados
são cuidadosamente formuladas para cumprir estes com adequada resistência, tenacidade e expansão
requisitos. Estas cerâmicas são compostas por uma térmica.
fase cristalina (leucita) dispersa em uma matriz ví- Em seu estado mineral, o feldspato, principal
trea (amorfa). Sua composição química inclui sílica componente bruto das porcelanas odontológicas para
(Si0 2), alumina (Al03 ), óxido de sódio (Na 20) e restaurações metalocerâmicas, é cristalino e opaco.
óxido de potássio (K20) (Tabela 11-4). Opacifica- Quimicamente, ele é denominado aluminossilicato de
dores (Ti02, Zr02, Sn02), vários óxidos coloridos potássio, com uma composição de KAlSiJ08 ou K20 •
estáveis ao calor e pequena quantidade de óxidos Ali03 • 6Si02• O feldspato sofre fusão incongruente
fluorescentes (Ce02) são adicionados para imitar a em tomo de 1.150° e, formando leucita (KA1SiiÜ6 ou
aparência da complexa estrutura dentina/ esmalte. K20 • Ali03 • 4Si0i) e vidro fundido.

TABELA 11-4 Composição das Cerâmicas Odontológicas para Uso com Ligas de Alta fusão
Opaco Biodent Opaco Ceramco Opaco V.M.K. Dentina Biodent Dentina Ceramco
Composto BG 2 (o/o) 60 (ºlo) 131 (%) BD27(%) T 69 (%)

SiOi 52,0 55,0 52,4 56,9 62,2


Alp,, 13,55 11,65 15,15 11,80 13,40
CaO 0,61 0,98

KiO 11,05 9,6 9,9 10,0 11,3

Na20 5,28 4,75 6,58 5,42 5,37


TI02 3,01 2,59 0,61
Zr0i 3,22 0,16 5,16 1,46 0,34
Sn02 6,4 15,0 4,9 0,5
Rh20 0,09 0,04 0,08 0,10 0,06
BaO 1,09 3,52
ZnO 0,26
uo.,
JliO_,, C02, e H20 4,31 3,54 3,24 9,58 5,85

De Nnlly JN, Meyer JM: Schweíz, Monatsschr, Zahnlteilked. 80, 25, 1970.
292 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

de ferro para marrom, óxido de cobalto para azul,


Fabricação
óxido de cobre ou cromo para verde e óxido de ní-
Muitos fabricantes de porcelanas odontológicas quel para marrom. No passado, o óxido de urãnio
compram feldspato como um pó já selecionado: foi utilizado para prover fluorescência; entretanto,
limpo de impurezas, de acordo com suas especi- devido à pequena quantidade de radioatividade,
ficações. Outros materiais brutos utilizados na fa- foram substituídos pelos óxidos de lantanídeos (co-
bricação de porcelanas odontológicas são os vár~os mo óxido de cério). Os óxidos de estanho, titãnio e
tipos de sllica (SiOV na forma de pó fino, alumma zircônio são utilizados como opacificadores.
(Al20 3), bem como álcalis e carbonatos terrosos Após esse processo de fabricação estar completo,
alcalinos como fundentes. Durante o processo de a porcelana odontológica feldspática consiste em
fabricação, os componentes moídos são misturados uma fase vítrea (ou amorfa) e em uma fase cristalina
cuidadosamente e aquecidos a aproximadamente de leucita (KAISi20 6). A fase vítrea formada durante
l.200 ºC em grandes cadinhos. Como mencionado o processo de fabricação tem propri~des tí~ic:i5 ~e
anteriormente, o feldspato se funde de forma incon- vidro1 tais como baixa tenacidade, baixa resistenc1a
gruente em 1.150º C para formar a fase vítrea com e alta transl.ucidez. A estrutura cristalina da leucita
estrutura amorfa, como ilustrado na Figura. 11-11, e é tetragon.al na temperatura ambiente (Fig. 11-12).
a fase cristalina formada por Jeucita, um aluminos- A leucita sofre uma transformação de fase cristalo-
silicato de potássio (KAISi206). gráfica reversível em 625 °C, temperatura acima
A mistura de leucita e fase vítrea é depois res- da qual sua estrutura se torna cúbica. Esta trans-
friada rapidamente em água, o que causa a quebra formação é acompanhada pela expansão térmica,
da massa em pequenos fragmentos. O produto ob- resultando em um aumento de 1,2 vol0/o da unidade
tido, chamado de frita <jrit), é moído em moinho de de célula. Isto explica o alto coeficiente de expansão
bolas para se alcançar a distribuição de tamanho de térmica associado à leucita tetragon.al (maior que 20
partículas apropriada. Os pigmentos em p~uenas x 1()-ó/ºC). Como resultado, a quantidade de leucita
quantidades são adicionados nesse estagio para presente (10 a 20 volº/o) controla o coeficiente ~e
obtenção de tonalidades necessárias para imitar os expansão térmica da porcelana, de modo que esteja
dentes naturais. Os pigmentos metálicos incluem compatível ao das ligas odontológicas.
óxido de titãnio para tonalidades marrom-ama- A microestrutura das porcelanas feldspáticas
reladas, óxido de manganês para lavanda, óxido convencionais é mostrada na Figura. 11-13; a fase
vítrea foi levemente condjcionada com ácido para
revelar os cristais de leucita. Na Tabela 11-4, podem
ser vistas as composições típicas dos pós de porce-
lana opaca e dentina.
As porcelanas feldspáticas têm outras qualidades
que as tornam adequadas para restaurações metalo-
cerâmicas. Elas se fundem em temperaturas meno-
res que os outros materiais cerâmicos, diminuindo
assim o potencial de distorção para a infraestrutura

GO CINa
(Si, AI) 0 4
FI GURA 11-11 Estrutura bidimensional do vidro
de silicato de sódio. Si, silício; O, oxigênio; Na, sódio.
(Modificado de Warren Be, Biscoe f: f . Am. Ceram. Soe. 21, FIGURA 11-12 Estrutura tridimensional da leucita
259, 1938). (KAISi20 6 ). K, potássio; Si, silício; AI, alumfnio; O, oxigênio.
l 1. MATERIAJS RESTAURADORES - CERÂMICAS 293

espessura da infraestrutura poder ser reduzida pela


metade. Entretanto, as cargas na restauração causam
deflexão, e a deflexão está relacionada ao módulo
elevado à primeira potência e à espessura elevada ao
cubo. Desta forma, para uma restauração metaloce-
râmica típica, a espessura de um copi11g construído
com uma liga de metais básicos pode ser reduzida
somente em tomo de í"'k devido ao maior módulo
de elasticidade. Portanto, as vantagens dos maiores
módulos para ligas de metais básicos são mínimas.
A margem vestibular das próteses metaloce-
râmicas é uma área crítica em relação ao desenho
porque existe pouca espessura de porcelana na
margem para mascarar a aparência da infraestru-
tura metálica e para resistir à fratura. Os desenhos
FIGURA 11-13 Micrografiaeletrônicadevarredurada recomendados para as margens incluem ombro de
porcelana feldspática para restaurações metalocerâmicas. 90 graus, ombro de 120 graus ou ombro biselado.
MV, matriz vítrea; CL, cristaís de leucita. Prevendo que a profundidade do ombro seja de
pelo menos 1,2mm, estes desenhos poderiam todos
metálica. Isto se torna possível pela presença de proporcionar espessura de porcelana suficiente para
óxidos álcalis (Na 20 e K20) na matriz vítrea, os minimizar o risco de fratura da porcelana.
quais são responsáveis para a criação de oxigênios Quando se utiliza cobertura parcial de porcelana,
não ligantes na cadeia vltrea, reduzindo-se assim a tal como quando urna superfície oclusal metálica é de-
temperatura de fusão para o intervalo de 930 ºC a sejada, a posição da junção metalocerâmica é crítica.
980ºC. As porcelanas apresentando uma tempera- Devido à grande diferença no módulo de elasticidade
tura de fusão ainda mais baixa (760ºC a 780ºC) e entre porcelana e metal, tensões se desenvolvem na
alto coeficiente de expansão térmica (15.8 x 10'6/ºC) interface quando a restauração é submetida a cargas.
também estão disponíveis. Estas porcelanas foram Essas tensões podem ser minimizadas pela colocação
desenvolvidas para serem compatíveis na adesão da junção metalocerâmica distante no mínimo de
com ligas com alto-Au amarelas, que tem coeficiente 1,Smm dos contatos oclusais cêntricos.
de expansão térmica entre 16,1e16,8 x 10-6/°C. A geometria da área interproximal do conector
Elas podem, entretanto, ser abrasivas aos dentes entre a coroa do dente-suporte e o põntico é critica
antagonistas devido à sua dureza; isto se toma um no desenho das próteses parciais fixas metalocerâ-
problema significativo se a superfície da porcelana micas. A espessura incisocervical do conector deve
for asperizada por ajustes oclusais ou pelo enve- ser extensa o suficiente para prevenir a deformação
lhecimento no ambiente oral. ou a fratura, pois a deflexão diminui com o cubo
da espessura; espessuras maiores minimizam a
deflexão da infraestrutura, reduzindo o risco de
EFEITO DO DESENHO descolamento ou a fratura da porcelana. Deve ser
DAS RESTAUJ3AÇÕES lembrado que a prótese parcial fixa não é uma barra
METALOCERAMICAS uniforme; a deflexão máxima com a aplicação de
carga poderá ocorrer na seção transversal mais fina,
Devido às cerâmicas serem fracas em tração e que corresponde à área do conector interproximal.
suportarem pouquíssima deformação antes da fra- Entretanto, a espessura do conector não pode pres-
tura, a infraestrutura metálica deve ser rígida para sionar os tecidos gengivais ou restringir o acesso
minimizar a deformação da porcelana. Entretanto, para procedimentos de higiene oral.
a infraestrutura deve ser a mais delgada possível
para disponibilizar espaço suficiente para a porce-
lana mascarar a infraestrutura metálica sem causar FALHA E REPA~O
sobrecontomo da porcelana. Esta consideração é es- EM RESTAU}\AÇOES
pecialmente válida para ligas de cor cinza. Isto pode METALOCERAMICAS
conduzir à conclusão de que ligas de níquel-cromo
(Ni-Cr) ou cobalto-cromo (Co-Cr) poderiam ser As restaurações metalocerâmicas continuam
superiores às ligas nobres devido ao seu módulo sendo a combinação de materiais mais popular
de elasticidade (rigidez) ser 1,5 a 2 vezes maior e à para uso em coroas e pontes, apresentando taxas
294 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

de sucesso, em 10 anos, em tomo de 95°/o. A maioria procedimento demorado. Assim, diversas técnicas
dos retratamentos são devido a fatores biológicos, foram desenvolvidas para reparos de porcelanas
como fratura do dente, doença periodontal e cáries utilizando compósitos odontológicos. Todas essas
secundárias. A fratura da prótese e as falhas estéti- técnicas apresentam o desafio da adesão química
cas representam somente 20'Yo dos casos de retrata- entre materiais diferentes. Quando os fragmentos
mento das restaurações unitárias. Para as próteses da porcelana estão disponíveis e nenhuma carga
parciais fixas (PPF) metalocerâmicas, a fratura da funcional é exercida na posição da fratura, os agen-
prótese é a causa mais comum de retratamento, com tes de ligação silânicos podem ser utilizados para
PPF com espaços protéticos longos (cinco ou mais uma boa adesão entre o compósito e a porcelana;
unidades) tendo aproximadamente duas vezes mais entretanto, ligas metálicas não possuem tal agente
incidências de falhas quando comparadas às PPF de de união e este tipo de reparo é considerado somen-
espaços protéticos pequenos. te temporário. Existem sistemas disponíveis para
Quando uma prótese metalocerâmica falha, ge- recobrimento da superfície metálica com partículas
ralmente ocorreu falha adesiva entre porcelana e de sílica por meio de jatos abrasivos. As partículas
metal ou falha coesiva dentro da cerâmica próxima são embebidas em uma superfície metálica por
à interface metalocerâmica. Idealmente, a prótese impacto, e depois um agente de ligação silânico
deveria ser retirada, a superfície do metal deveria pode ser aplicado. Alternativamente, as ligas de
ser limpa, e uma nova camada de óxido deveria ser metais básicos podem ser recobertas com estanho
formada na área exposta do metal antes da aplicação seguida pela aplicação de um primer ácido. Ambos
e da queima da porcelana. Entretanto, isto não pode os métodos levam a uma resistência de união ade-
ser feito intraoralmente, e a remoção da prótese quada e podem impedir a necessidade eventual de
é tanto desagradável para o paciente quanto um reparo da prótese.

Coroas totalmente cerâmicas PROBLEMA 2


PROBLEMA 1 Uma coroa totalmente cerâmica, prensada a quen-
te, foi prensada de forma incompleta. Explique as
Uma coroa de leucita prensada a quente fraturou possíveis causas da prensagem incompleta
após a queima da cerâmica de cobertura. Explique a
provável causa. Solução a
A temperatura de prensagem não foi atingida
Solução a devido à calibração inadequada da temperatura. Os
Foi utilizado um material impróprio para a infra- fomos de prensagem a quente devem ser calibrados
estrutura. Os lingotes cerâmicos prensados a quente regularmente. Se a temperatura de prensagem não
estão disponíveis tanto para técnica de caracterização for atingida, a viscosidade do lingote cerâmico será
extrfuseca quanto para técnica de recobrimento. Esses muito maior para permitir a prensagem completa
lingotes tem diferentes coeficientes de expansão tér- da coroa.
mica. Se a cerâmica de cobertura foi queimada sobre
o material da infraestrutura indicado para a técnica Solução b
da caracterização, a expansão térmica diferente entre A pressão do ar no forno de prensagem foi muito
as duas cerâmicas pode ter resultado na fratura ou no baixa. A pressão ideal deve ser no mínimo de 0,45 MPa
surgimento de trincas durante o resfriamento. (65 psi) para a prensagem apropriada.

Solução b Solução e
Foi utilizada uma cerâmica imprópria para a Somente um lingote cerâmico foi utilizado quando
cobertura; por exemplo, urna cerâmica de cobertura eram necessários dois. Os padrões de cera devem ser
aluminízada com coeficiente de expansão térmica pesados antes da prensagem para assegurar que exis-
incompatível. te material suficiente disponível para prensagem.
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 295

PROBLEMA 3 Solução
Uma coroa sinterizada totalmente cerâmica fratu- Qualquer sistema cerâmico rico em fase vítrea
rou como resultado da porosidade excessiva. O que com sílica pode ser quimicamente condicionado
pode ser feito para prevenir a porosidade? com soluções condicionantes à base de ácido fluorí-
drico. Isto inclui os sistemas totalmente cerâmicos
Solução a reforçados por leucita e por dissilicato de lítio. Os
Deve-se tomar cuidado ao se misturar a porcelana sistemas totalmente cerâmicos à base de alumina
com o líquido modelador em uma consistência pas- ou zircônia não oferecem uma fase vítrea rica em
tosa sem aprisionar bolhas de ar. sílica e portanto não podem ser condicionados com
soluções condicionantes à base de ácido fluorídrico,
Solução b independentemente da concentração.
A porcelana deve ser aquecida gradualmente na
primeira queima para evaporar a água que aglutina Sistemas metalocerâmicos - porcelana
as partículas sem a criação de vapor. Se a taxa de PROBLEMA 6
evaporação da água for maior que a taxa de difusão
Um paciente apresentou desgaste de esmalte con-
da água, o vapor produzido pode criar porosidade.
siderável no dente natural antagonista a uma restaura-
Solução e ção metalocerâmica. Explique as possíveis causas.
O nível de vácuo no forno de porcelana foi regu-
Solução
lado de maneira incorreta. A queima a vácuo reduz a
pressão do forno para em tomo de 0,1 atm; quando a A porcelana odontológica é mais dura do que o
temperatura de queima é atingida, o vácuo é hberado e esmalte humano e pode causar desgaste excessivo.
a pressão do forno torna-se pressão atmosférica (1 atm). Isto é particularmente verdadeiro se os ajustes oclu-
Isto favorece a sinterização e a eliminação de poros. A sais tiverem sido realizados na superfície cerâmica
queima sob pressão atmosférica não permite a elimina- sem o polimento cuidadoso para alisar a superfície.
ção apropriada dos poros durante a sintetização. As restaurações metalocerâmicas com superfícies
oclusais metálicas resultam em menor desgaste. A
superfície oclusal de porcelana deve ser evitada nos
PROBLEMA 4 casos de bruxismo.
Em uma cerâmica de cobertura que normalmente
é glazeada a 982 ºC, foi verificada a necessidade de
1.010° C para o glazeamento. Explique por quê. PROBLEMA 7
A superfície de urna coroa metalocerâmica finali-
Solução a zada exibe algumas inclusões escurecidas. Quais são
Um forno de porcelana necessita de calibração as possíveis causas desses defeitos?
periódica de temperatura. Isto é geralmente realizado
com discos ou filamentos de prata que se fundem Solução a
na temperatura fixa de 962ºC e são fornecidos pelo São inclusões metálicas criadas durante o pre-
fabricante do forno. paro e o desgaste da infraestrutura. Elas não foram
eliminadas devido à limpeza inadequada após o
Solução b desgaste. Elas são depois incorporadas na porcelana
Se o tamanho da partícula do pó da porcelana for durante a aplicação e ficam embebidas após a queima
alterado, as temperaturas de sinterização e glazea- subsequente.
mento também são alteradas. É importante agitar
o frasco do pó da porcelana antes de usá-lo, para Solução b
neutralizar qualquer fixação de partículas grandes no Pincéis ou espátulas contaminadas com fragmentos
fundo do frasco e garantir uma distribuição uniforme metálicos foram utilizados para mi~turar ou aplicar a
dos tamanhos das partículas. mistura da porcelana sobre a infraestrutura metálica.

Solução e
PROBLEMA 5
Instrumentos metálicos foram utilizados em
Quais sistemas totalmente cerâmicos podem ser qualquer momento da preparação ou da aplicação
quimicamente condicionados? da porcelana.
296 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

PROBLEMA 8 lana. Quais fatores podem ter causado este insucesso


A cerâmica da coroa metalocerâmica inserida na
e como ele pode ser prevenido?
boca fraturou-se a partir da subestrutura metálica.
Quais fatores podem ter produzido tal falha e como Solução a
ela pode ser evitada? A seleção inadequada da porcelana e da liga
poderá causar tais trincas. Os fabricantes projetam
Solução a as porcelanas com características específicas para
A contaminação da superfície da liga antes da igualar as propriedades de expansão térmica de urna
aplicação da porcelana pode ser um fator. Impurezas liga particular. Quando outra liga é utilizada com a
na superfície metálica, tais como pó orgânico origi- mesma porcelana, a diferença nos coeficientes de
nado dos instrumentos de abrasão ou lubrificantes e expansão térmica pode ser suficiente para causar
óleos dos dedos, podem prejudicar a boa molhabili- a formação de trincas. Somente a liga e a respecti-
dade do metal, e bolhas de ar poderão se formar na va porcelana sugeridas pelo fabricante devem ser
interface metalocerâmica. Este problema pode ser utilizadas.
evitado pelo uso de pedras de desgaste vitrificadas
e pela limpeza cuidadosa da superfície metálica para Solução b
eliminar todos os detritos e contaminantes. Outro fator pode ser o glazeamento ou a queima
excessiva da porcelana que não é mais compatível
Solução b com a liga. Isto pode ser causado, por exemplo, pelo
Uma camada de opaco sintetizada inapropriada- mau funcionamento do forno.
mente pode ser um fator. Quando a porcelana opaca
não atinge sua temperatura de fusão, a completa Solução e
molhabilidade da superfície do metal pode não ser
Quando uma restauração metalocerâmica é res-
atingida, resultando em urna baixa adesão entre metal
friada no forno após o ciclo de queima da porcelana,
e porcelana. Respeitar o programa de queima reco-
serão produzidas trincas no material da porcelana.
mendado pelos fabricantes e calibrar regularmente o
Uma restauração metalocerâmica não deve ser res-
forno de porcelana prevenirá esse problema.
friada no forno porque o resfriamento lento pode
mudar algumas propriedades físicas da cerâmica,
Solução e
criando uma incompatibilidade com a liga.
Outra causa para a fratura pode ser a espessu-
ra inadequada do metal. Uma espessura metálica
uniforme é muito importante para prevenir falhas
Solução d
na adesão metalocerâmica. A espessura mínima de Quando a porcelana é tocada com um instrumento
0,4mm é aceitável. Subestruturas metálicas muito resfriado enquanto ela permanece quente, o choque
delgadas podem causar quebra da porcelana. térmico pode produzir trincas.

Solução d
PROBLEMA 10
A reutilização de ligas metálicas pode ser prejudicial
para a qualidade da camada de óxidos. Quando botões Uma restauração metalocerâmica está finalizada,
de fundição são reciclados e utilizados para fundir uma porém sua coloração parece muito acinzentada. O que
nova subestrutura, a quantidade de Estanho ou Índio pode ter sido a causa da diferença de cor, e como isto
pode ser significativamente reduzida, e o resultado é pode ser evitado?
uma adesão muito frágil com a porcelana. O uso de
ligas novas para fundição da subestrutura é ideal, mas Solução a
a combinação de 50o/o (75°/o é melhor) de ligas novas Quando a camada de porcelana opaca é muito
com25% a 500/o de ligas recicladas podem ser utilizadas fina, a translucidez da porcelana de corpo permitirá
sem efeitos maléficos na adesão metalocerâmica. a exibição, através dela, da infraestrutura metálica
escurecida oxidada. A camada opaca deve ser exa-
minada nas áreas escurecidas que podem se mostrar
PROBLEMA 9 inteiramente e uma segunda queima de opaco deve
Quando uma restauração metalocerâmica foi ser realizada se quaisquer destas áreas estiverem
removida do forno, observaram-se trincas na porce- presentes.
l 1. MATERIAJS RESTAURADORES - CERÂMICAS 297

Solução b cadinhos que foram utilizados para fundição de


Se a camada de opaco for submetida à queima qualquer outra liga. Somente cadinhos limpos sem
várias vezes, a porcelana do opaco pode se tomar revestimentos cerâmicos ou fundentes podem ser
muito glazeada e perder algumas das suas quali- empregados para fundir as ligas para restaurações
dades de opacificação, permitindo assim ao metal metalocerâmicas.
aparecer através da camada do opaco e criando uma
tonalidade acinzentada. Os fabricantes s ugerem Solução d
que as técnicas de queima do opaco sejam seguidas Ligas metálicas não nobres podem contaminar
cuidadosamente. o forno. Outra fonte de contaminação do forno (! a
formação de impurezas voláteis quando o forno da
Soluç.1o e. porcelana for utilizado algumas vezes para procedi-
A tonalidade escurecida pode também ser devido mentos de soldagem e de desgaseificação. Quando
ao próprio metal. Quando (! utilizado um cadinho os contaminantes se acumulam no forno, a porcelana
contaminado por diferentes ligas contendo metais pode ser descolorida ou ter aparência acinzentada.
básicos, poderá ser obtida uma tonalidade escure- Para evitar esse problema, o forno de porcelana deve
cida. Para evitar este problema, não se deve utilizar ser limpo regularmente.

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CAPÍTULO

12
Materiais para Replicação
Moldagem e Fundição

SUMÁRIO

Finalidade dos Materiais de Moldagem Resistência ao Rasgamento


Qualidades Desejáveis Creep
Reprodução de Detalhes
Tipos de Materiais de Moldagem
Molhabilidade e H idrofilização dos
Hidrocoloides de Alginato Materiais de Moldage1n Elastoméricos
Composição e Química Desinfecção de Moldes Elasto1néricos
Proporção e Manipulação Relação das Propriedades e Aplicação Clínica
Propriedades
Materiais de Registro O clusal
Tempo de Trabalho
Materiais de Registro Elastoméricos
Tempo de Presa
Recuperaçao Elástica Moldeiras
Flexibilidade Materiais para Troquei e Modelo
Resi.stência Qualidades Desejáveis de un1 Material para
Compatibilidade com a Gipsita Modelo ou Troquei
Estabilidade Dimensional Gesso Con1um e Gesso-Pedra
Desinfecção Materiais de Epóxi para Troquei
Materiais de Moldagem Elastoméricos Comparação de Materiais de Moldagem e
Consistências de Troquei
Sistemas de Mistura Produtos de Gipsita
Técnicas de Moldagem N atureza Química e Física dos Produtos
Composição e Reaç:Des de G ipsita
Silicone de Adiçéio Fabricação de Gesso Comun1, Pedra e Pedra
Poliiter de Alta Resistência
Propriedades de Presa Reação Q uí1nica
Viscosidade P1·op01·çao Água/Pó do Gesso-Pedra e
Tempos de Traballio e de Presa Gesso-Pedra de Alta Resistência
Alteração Dimensional na Presa Mecanismo de Presa
Propriedades Mecânicas Cont1·ação Volumétrica
Recuperaçao Elástica Efeito do Espatulação
Def01maçé1o em Compressão Efeito do Temperatura
Fluidez Efeito do Umidade
Dureza Efeito dos Sistemas Coloidais e PH

301
302 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Propriedades Efeito da Temperatura nos Aglutinantes de


Tempo de Presa Sulfato de Cálcio
Definição e Importâ.ncia Resfiiamento do Revestimento
Medição Expansão de Presa do Revestimento
Control.e do Tempo de Presa Aglutinado por Sulfato de Cálcio
Viscosidade Tamanho das Partículas de Sílica
Resi.stência à Compressão Proporção Sílica/
,
Agl.utinante
Dureza Superficial e Resistência à Abrasão Proporção Agua/Pó
Reprodução de Detalhes Espatulaçao
Expansão de Presa Idade do Revestimento ,
Manipulação Temperatura do Banho de Agua
Revestimentos para Fundição Revestimento Térmico e Higroscópico para
Propriedades Necessárias em um Fundição
Revestimento Revestimento Térmico-Higroscópico para
Composição Fundição de Ouro
Mateiial Refratáiio Revestimento para Fundição de Ligas
Mateiial Aglutinante de Alto Ponto de Fusão
Outi·as Substâncias Químicas Revestimento Aglutinado pai· Fosfato
Revestimento Aglutinado pai· Sílica
Revestimentos Aglutinados por Sulfato de Cálcio
Revestimento para Soldagem
Propriedades dos Revestimentos
Aglutinados por Sulfato de Cálcio Revestimento para Restaurações
Efeito da Temperatura sobre o Revestimento de Cerâmica Pura
Efeito da Temperatura nos Refratários
de Dióxido de Silício

Materiais de moldagem são utilizados para regis- modelos. Um modelo positivo que pode ser removi-
trar ou reproduzir a forma e a relação dos dentes do depois que o seu material do modelo toma presa
e tecidos orais. Os hidrocoloides e os polímeros é obtido. Um molde e um modelo de gesso-pedra
elastoméricos sintéticos estão dentre os materiais feitos a partir do molde são apresentados na
mais comumente utilizados para fazer moldagens de Figura 12-1. Modelos da cavidade oral são utiliza-
várias regiões dos arcos dentários. Cada uma dessas dos para avaliar a dentição em casos de problemas
classes de materiais tem certas vantagens e desvan- ortodônticos, oclusais ou outros e na fabricação em
tagens. A compreensão das características físicas e laboratório de restaurações e próteses.
das limitações de cada material é necessária para Geralmente o material de moldagem é levado à
sua utilização bem-sucedida na odontologia clínica. boca, numa condição não endurecida (plástica), numa
Moldagens digitais são descritas no Capítulo 14. moldeira e aplicado à área sob tratamento. Quando o
material de moldagem toma presa, ele é removido da
boca com a moldeira. O modelo é obtido pelo preen-
FINALIDADE DOS MATERIAIS chimento do molde com gesso-pedra ou outro mate-
DE MOLDAGEM rial para modelo. A precisão, reprodução de detalhes
e qualidade desta réplica final são da maior importân-
Materiais de moldagem são utilizados para fazer cia. Quando a reprodução positiva tem a forma dos
uma réplica precisa ou molde dos tecidos duros e tecidos dos arcos superior ou inferior e serve para a
moles orais. A área envolvida pode variar de um confecção de próteses totais, coroas, próteses fixas e
dente isolado até a dentição inteira, ou uma molda- outras restaurações, ela é denominada nwdeln. Are-
gem feita de uma boca edêntula. O molde é uma re- produção positiva da forma de um dente preparado
produção negativa dos tecidos e pelo preenchimento apenas constitui um troquei para o preparo de inlays
do molde com gesso-pedra ou outro material para ou próteses dentais fixas. Às vezes os materiais de
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 303

FIGURA 12-1 Molde de alginato (A) e modelo de gesso-pedra (B) (Cortesia do Dr. Charles Mark Malloy e Dr. Kyle
1\Aalloy, Portland, OR).

FIGURA 12-2 A, moldeiras superior e inferior com frisos para retenção. B, moldeira individual (Cortesia do Dr. Charles
Mark Malloy, Portlattd, OR).

moldagem são utilizados para duplicar um modelo QUALIDADES DESEJÁVEIS


que foi obtido quando mais de uma reprodução po-
sitiva é necessária. Tais materiais de moldagem são Proporcionar contato seguro com os tecidos bu-
descritos como materiais de duplica.ção. cais e ter a habilidade de satisfazer as necessidades
Uma variedade de moldeiras é utilizada para dos procedimentos clínicos são requisitos críticos que
moldagens. Exemplos de moldeiras típicas são ditam as propriedades físicas dos materiais odontoló-
apresentados na Figura 12-2. Amoldeira é colocada gicos de moldagem. Nenhum material de moldagem
de tal forma que o material é contido e levado em preenche todos os requisitos e a seleção do material e
contato com os tecidos orais, depois é mantido imó- da técnica mais indicados para uma situação clinica
vel até que o material de moldagem tome presa. A específica fica a critério do dentista. As propriedades
moldeira com o material de moldagem são então desejáveis de um material de moldagem podem ser
removidos da boca e o molde está pronto para de- brevemente resumidas como segue:
sinfecção e vazamento com um material de modelo 1. Odor e gosto agradáveis e cor aceitável
para fazer a réplica positiva. A técnica clínica de 2. Ausência de constituintes tóxicos ou irritantes
moldagem e a produção do modelo variam para 3. Prazo de validade adequado para as
cada material de moldagem. As propriedades das necessidades de armazenamento e distribuição
moldeiras individuais são discutidas posteriormen- 4. Economicamente compatível com os
te neste capítulo. resultados obtidos
304 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

5. Fácil de utilizar com o múúmo de equipamento para registro dos tecidos moles e relações oclu-
6. Características de presa que atendam aos sais.
requisitos clínicos
7. Consistência e textura satisfatórias HIDROCOLOIDES DE ALGINATO
8. Se espalha prontamente sobre os tecidos orais
9. Propriedades elásticas que permitam remoção Materiais para moldagem odontológica do tipo
fácil do material que tomou presa da boca e alginato mudam da fase sol para a fase gel por causa
boa recuperação elástica de uma reação química. Uma vez que a geleifica-
10. Resistência adequada para evitar quebra ou ção se completa, o material não pode ser liquefeito
rasgamento durante sua remoção da boca novamente para o estágio sol. Estes hidrocoloides
11. Estabilidade dimensional sob intervalos são chamados irreversíveis para distingui-los dos
de temperatura e umidade encontradas hidrocoloides reversíveis do tipo ágar. Os moldes
normalmente em procedimentos clínicos e de de alginato são amplamente utilizados para fazer
laboratório por um periodo longo o suficiente para modelos de estudo utilizad os para planejar o
permitir a produção de um modelo ou troquei tratamento e monitorar alterações das condições
12. Compatibilidade com os materiais para bucais ao longo do tempo e fabricar restaurações
modelos e troquéis provisórias e próteses parciais removíveis.
13. Precisão no uso clínico O alginato para moldagem tem propriedades
14. Desinfetados imediatamente sem perda de elásticas aceitáveis. A preparação para o uso requer
precisão somente a mistura de quantidades bem determinadas
15. Não há liberação de gás ou outros subprodutos de pó e água. A pasta resultante flui bem e registra os
durante a reação de presa dos materiais para detalhes anatômicos de maneira aceitável. Modelos de
moldagem ou para modelo e troquei. gesso são feitos a partir do vazamento de gesso comum
ou gesso-pedra no molde; nenhum meio de separação
TIPOS DE MATERIAIS é necessário. O pó é fornecido em grandes recipientes
DE MOLDAGEM com medidores apropriados para a dosagem das
quantidades corretas de pó e água. O pó também está
Hidrocoloides de alginato e materiais de mol- disponível em pequenos pacotes selados contendo
dagem elastoméricos são os mais amplamente uti- uma quantidade suficiente para uma única molda-
lizados atualmente e as propriedades destes serão gem e pronta para misturar com uma quantidade
examinadas primeiro. Os materiais de moldagem bem definida de água. Estes métodos de embalagem
elastoméricos substituiram materiais rígidos como juntamente com os dispositivos medidores fornecidos
gesso comum, godiva e óxido de zinco e eugenol pelo fabricante são mostrados na Figura 12-3.

A B
FIGURA 12-3 Materiais de moldagem tipo alginato (A, rortesia da Dentsply Rait1tree Essix, Bradentnn, FL; B, cortesia da
DUX Dental, Oxnn.rd, CA).
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 305

Composição e Química matéria-prima do alginato dependem amplamente


Os sais de potássio e sódio do ácido algini- do grau de polimerização e da razão entre blocos de
co têm propriedades que os tornam adequa- guluronano e manuronano nas moléculas polimé-
dos para constituírem um material de mol- ricas. As regiões de manuronano são alongadas e
dagem odontológico. O ácido algínico, que é planas, enquanto que as regiões de guluronano con-
preparado a partir de uma alga marinha, é um tribuem com menos flexibilidade. Além disso, princi-
copolimero em bloco de alto peso molecular de palmente os blocos de guluronanos, se ligam ao Ca +2 •
ácido anidro-f3-d-manurônico e ácido anidro-f3-d- Por isso, alginatos ricos em guluronano formam géis
gulurônico conforme apresentado na parte superior resistentes e frágeis, enquanto que aqueles ricos em
da fórmula do alginato a seguir. As propriedades da manuronano formam géis mais fracos e elásticos.

Ãcido algínico Sol (cadeias)

HO.. __e-7-0 H H HO.. __e


-7-0 H H
1
e-o
1 1
e-e
1
e-o
1 1
e-e
'- e71~ \ e/O...__e/óH Hó\7e e7/~ \ e/O...__e/óH Hó\e /
' o / \?H HO/il 1~7 / '-o/ \?H H?/il 1~7 Jil '-o/
c-6 H He-o e-e H He-o H
I
H HI e1 H
1 1
H e1
HO/ ~o HO/ ~o

Alginato de Na/Ca Gel (cadeias reticuladas)

o·"
1
Na

H H H H

Na
1
306 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

CaS04 - 2H2 0(s) ---~ Ca2 • (aq) + so42 - (aq)


Na - Alginato(s) _ _ _____,, Na•(aq) + Alginato-(aq)
Na4 P2 0 7(s) (retardador)--~ 4Na•(aq) + P2 0 74-(aq)
2Ca2 •(aq) + P2 0 74-(aq) ) Ca2 P2 0 7 (s)

COONa o 'o
OH

HO NaOOC

Manuronato Guluronato
Sol

Ca2•(aq) + Alginato-(aq) ---7 Ca -Alginato•

''
Gel
reticulado

Soluções destes sais solúveis, quando reagem formação torna o material um gel. Esta reação é
com um sal de cálcio, produzem um gel elástico irreversível; não é possível converter o alginato de
insolúvel comumente denominado de alginato de cálcio em sol após a presa.
cálcio; as estruturas são apresentadas acima. Quan- Para atender os requisitos críticos de um mate-
do misturados com água, o material de moldagem rial de moldagem odontológico, esta reação deve ser
de alginato primeiro forma um sol. Após a reação controlada para alcançar as propriedades desejáveis
quúnica descrita anteriormente, a presa do material de consistência, tempo de trabalho, tempo de presa,
se caracteriza pela formação de um gel. A habilidade resistência, qualidade elástica e superfícies lisas e
dos alginatos em formar um gel está principalmente duras nos modelos de gesso. Estes requisitos são
relacionada à proporção de blocos de L-guluronan. alcançados pela adição de agentes para controlar
Os conceitos de sol e gel são apresentados na ~ a taxa de reação, desenvolver resistência e elasti-
cussão sobre coloides no Capítulo 4. cidade no gel e neutralizar o efeito retardador do
A natureza desta reação química está apresen- alginato sobre a presa de produtos à base de gesso.
tada acima para o sal de sódio. O sal de potássio, A adição de cargas inertes produz uma consistência
também utilizado com frequência, reage de maneira compatível com vários usos clínicos.
semelhante. No alginato para moldagem, sulfato A composição de um alginato típico e a função dos
de cálcio <li-hidratado, alginato solúvel e fosfato de seus ingredientes são apresentados na Tabela 12-1.
sódio estão presentes no pó. Quando a água é adi- Os fabricantes ajustam a concentração de fosfato de
cionada ao pó, os compostos se dissociam conforme sódio para produzirem alginatos de presa normal
é mostrado. Os íons de cálcio do sulfato de cálcio e rápida. Eles também ajustam a concentração de
<li-hidratado reagem preferencialmente com os íons carga para controlar a flexibilidade do material de
fosfato do fosfato de sódio e pirofosfato para formar moldagem pós-presa. Embora as moldagens com
fosfato de cálcio insolúvel. O fosfato de cálcio é for- alginato sejam geralmente feitas em moldeiras,
mado, em vez de alginato de cálcio, porque ele tem existem alginatos injetáveis, que são muito mais
uma menor solubilidade; assim, o fosfato de sódio é fluidos após mistura e mais flexíveis após a presa.
chamado de retardador e proporciona um tempo de Os fabricantes adicionam glicóis orgânicos ao pó do
trabalho suficientemente longo para o alginato. alginato a fim de reduzir a poeira. A terra de dia-
Depois que os íons fosfato são esgotados, os íons tomácea ou partículas finas de sílica são utilizadas
cálcio reagem com o alginato solúvel para formar como carga. Pelo fato destas partículas poderem ser
o alginato de cálcio insolúvel o qual, junto com a irritantes respiratórios, a inalação da poeira deve
água, forma o gel de alginato de cálcio irreversí- ser minimizada. Os moldes devem ser desinfetados
vel. O alginato de cálcio é insolúvel em água e sua com uma solução em spray após a remoção da boca
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 307

TABELA 12-1 Ingredientes do Pó de A lginato Para Moldagem e Suas Funçiíes

Ingrediente Peso (o/o) Função

Alginato de potássio 18 Dissolver em água e reagir com os íons cálcio


Sulfato de cálcio 14 Reagir com aJginato de potássio para formar um gel de aJginato de cálcio
di-hidratado insolúvel
Sulfato de potássio e 10 Neutralizar o efeito inibitório do hidrocoloide nos fluoretos, silicatos ou
potássio zinco baratos de presa do gesso, dando uma superfície de alta qualidade ao troquei
Fosfato de sódio 2 Reagir preferencialmente com os íons cálcio para proporcionar tempo de
trabalho antes da geleificação
Terra diatomácea ou 56 Controlar a consistência do alginato manipulado e a flexibilidade do pó do
silicato molde após presa
Glicóis orgânicos Pequeno Fazer com que o pó não faça poeira
Menta, hortelã e Traço Produzir um gosto agradável
erva-doce
Pigmentos Traço Dar cor
Desinfectantes (p .ex., 1-2 Auxiliar na desinfecção de organismos viáveis
sais quaternários de
amônia e clorexidine)

TABELA 12-2 Propriedades Típicas dos MateriaL~ de Moldagem Hidrocoloides do Tipo Alginato e Ágar de
ConsL~tência Pesada

Tempo de Resistência ao
Trabalho Tempo de Geleificação Recuperação• Flexibilidadet Resistência à Rasgamento§
(min) Presa (min) (ºCl (%) (%) Compressão* (MPa) (kN/m)

Alginato 1,25-4,5 1,5-5 98,2 8-15 0,49-0,88 0,4-0,7


Agar 37-45 99 4-15 0,78 0,8-0,9
*A compressilo de 10% por 30 segundos; t Sob tensão de 1.000 g/cm2; ;/:Sob uma taxa de cm-regamento de 10 kg/min; § ASTM Tear Die C
a 25 cm/min.

e antes de vazar o material do modelo. Outros in- presa rápida devem ser misturados com água por
gredientes em alguns produtos incluem agentes 45 segundos. O pó e a água devem ser misturados
antimicrobianos e indicadores de pH que mudam vigorosamente em uma cuba flexível de borracha
de cor quando a presa ocorre. com uma espátula para alginato ou uma espátula
para gesso. Também estão disponíveis equipamen-
Proporção e Manipulação tos para manipulação mecânica.
A proporção de pó e água antes da manipulação
é critica para a obtenção de resultados consistentes. Propriedades
Mudanças na proporção pó/ água irão alterar a con- Algumas propriedades típicas de um alginato pa-
sistência e o tempo de presa do material manipula- ra uso em moldeiras estão listadas na Tabela 12-2.
do, assim como a resistência e qualidade do molde.
Geralmente, os fabricantes fornecem recipientes Tempo de Trabalho
para a dosagem do pó e da água por volume e estes Os materiais de presa rápida têm tempos de tra-
são suficientemente precisos para o uso clinico. balho de 1,25 a dois minutos, enquanto o tempo do
O tempo de manipulação para o alginato do material de presa regular é comumente três minu-
tipo "regular" é de um minuto; o tempo deve ser tos, mas pode chegar a 4,5 minutos. Com um tempo
cuidadosamente medido, porque tanto a submani- de manipulação de 45 segundos para os alginatos de
pulação quanto a sobremanipulação são prejudiciais presa rápida, sobram 30 a 75 segundos de tempo
à resistência do molde após a presa. Os alginatos de de trabalho para completar a inserção da moldeira
308 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

na boca. Para os materiais de presa regular, um 7


tempo de manipulação de 60 segundos deixa 2 a 30% 1 O segundos
3,5 minutos de tempo de trabalho para materiais
que tomam presa entre 3,5 a 5 minutos. Em ambos 6
os casos, o alginato manipulado deve ser carregado
na moldeira e a moldagem feita prontamente. 30%. 5 segundos
1
1
Tempo de Presa
-- -
5 \
1 \
O tempo de presa varia de um a 5 minutos. A Es- o
'lll
' ... ----- -
pecificação Nº 18 (ISO [Intemational Organizatian for (/)

Standardiza.tian] 1563) da ANSI/ ADA (American Na- ~ 4


a.
20% 1 O segundos
tianal Standards Institute/ American Dental Associa:tian) E 1
oo
exige que o tempo de trabalho seja pelo menos aquele .,
valor listado pelo fabricante e pelo menos 15 segundos "O
20%, 5 segun
3
mais longo do que o tempo de trabalho indicado. O
tempo de presa pode ser prolongado de forma mais -.,
~
e
!::?
''
' ... ---- -- ---
eficiente reduzindo a temperatura da água utilizada
na manipulação do que reduzindo a proporção de pó. if 2
Reduzir a proporção pó/ água reduz a resistência e a 1
1oo;., 1 O segundos
precisão do alginato. Selecionar um alginato com um
tempo de presa diferente é uma alternativa melhor do
que mudar a proporção pó/ água.
1 "--....
_____
...
--- ----
10°/o 5 segundos
A reação de presa é uma reação química típica e a
taxa de reação pode ser aproximadamente duplicada
pelo aumento de lO ºC na temperatura. Contudo,
o
o 5 10 15
utilizar água mais fria do que lS ºC ou mais quente
Tempo (minutos) ~
do que 24 ºC não é aconselhável. O tempo de presa
clínico é detectado por uma perda de pegajosidade na
FIGURA 12-4 Variação da compressão com o tempo de
superfície. Se possível, o molde deve ser mantido em um material de moldagem tipo alginato em deformações
posição na boca por dois ou três minutos após a perda de 10o/o, 20% e 30% aplicadas por cinco e dez segundos
de pegajosidade, porque a resistência ao rasgamento (Modificado de Wilson H]:Br. Dent. }. 121, 466, 1966).
e a recuperação elástica (recuperação da deformação)
aumenta significativamente durante este período.
Alginatos que mudam de cor proporcionam uma ilustrado na Figura 12-4. Note que a deformação per-
indicação visual do tempo de trabalho e do tempo de manente é uma propriedade tempo-dependente. Uma
presa. O mecanismo de mudança de cor é uma mu- menor deformação permanente (maior recuperação
dança relacionada ao pH de um corante. Um destes elástica) ooorre (1) quando o percentual de oompressão
alginatos muda sua cor de rosa claro para branco. é menor, (2) quando o molde fica sob compressão por
um tempo menor e (3) quando o tempo de recuperação
Recuperação Elástica é mais longo, por volta de 8 minutos após a liberação
Um molde de alginato típico é comprimido cerca da carga. Clinicamente, estes fatores se traduzem na
de lO'Yo em áreas retentivas durante a remoção. A necessidade de existir um volume razoável de alginato
magnitude real depende da dimensão das retenções entre a moldeira e os dentes, retenção apropriada do
e espaço entre a moldeira e os dentes. A especifica- alginato na moldeira e uma rápida remoção do molde
ção da ANSI/ ADA exige que a recuperação elástica da boca. Os procedimentos habituais seguidos para
seja maior do que 95% quando o material é compri- desinfetar o molde e produzir um modelo de gesso
mido em 20% por 5 segundos no tempo equivalente fornecem tempo adequado para qualquer recuperação
àquele em que normalmente seria removido da que possa ooorrer.
boca. Conforme indicado na Tabela 12-2, um valor
típico para a recuperação elástica é de 98,2°/o. A de- Flexibilidade
formação permanente correspondente é de 1,8%. A especificação da ANSI/ ADA permite uma
A deformação permanente, indicada como a por- taxa de 5% a 20% sob tensão de 0,lMPa e a maioria
centagem de compressão após a presa, está relacionada dos alginatos tem um valor típico de 14%. Contudo,
à porcentagem de compressão, tempo sob oompressão alguns dos materiais que se tomam relativamente
e tempo após remoção da carga oompressiva, conforme mais rígidos após a presa (hard-set) têm valores de
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 309

7,0
~

E
~ 6,0
e

-
~

o
e 5,0
Q)

FIGURA 12-5 Esboço de uma amostra de resistência ao E


<lS
rasgamento com a carga aplicada nas direções das setas; a ~ 4,0
amostra rasga na ranhura em V. ~
o
<lS 3,0
<lS
So/o a 8%. Uma quantidade razoável de flexibilidade ºõ
e 2,0
é necessária para facilitar a remoção do molde. ~
C/)
º<ij
Resistênd a a: 1,0
Q)

As resistências à compressão e ao rasgamento dos


alginatos estão listadas na Tabela 12-2. Ambas as pro-
10 20 30 40 50
priedades são tempo-dependentes, com os valores
mais altos obtidos nas taxas de carregamento mais Taxa de carga (cm/min)
altas. A resistência à compressão varia de aproxima-
FIGURA 12-6 Resistência ao rasgamento (N/cm) de
damente 0,5MPa a 0,9MPa. A especificação da ANSI/
materiais de moldagem tipo alginato em função da taxa
ADA exige que os produtos certificados tenham uma
d e carregamento (cm/min). Os materiais A, B e C são
resistência à compressão de pelo menos 0,35MPa. concebidos para ser utilizados em uma moldeira; D é um
A resistência ao rasgamento varia de 0,4kN/m a material injetável (Modificadn de MncPherson GW, Craig RG,
0,7kN / m e esta propriedade é provavelmente mais Peyton FA: }. Dent. Res. 46, 717, 1967).
importante do que a resistência à compressão. A
resistência ao rasgamento é uma medida da relação
força/espessura necessária para iniciar e propagar O molde deve ser bem lavado em água fria para
o rasgamento e é frequentemente determinada em remover a saliva e qualquer vestígio de sangue e,
uma amostra com a forma mostrada na Figura 12-5. O então, desinfetado. Em seguida, toda a água da su-
rasgamento ocorre nas seções finas do molde e a pro- perfície livre deve ser removida antes de preparar
babilidade de rasgamento diminui com aumento das um modelo de gesso. A saliva e o sangue interferem
taxas de remoção. O efeito da taxa de carregamento na na presa do gesso e se água livre estiver presente,
resistência ao rasgamento de vários alginatos é mos- ela tende a se acumular nas partes mais profundas
trado na Figura 12-6. Os valores para os materiais para do molde e diluir o material do modelo de gesso,
uso em moldeira variam de 0,38N /mm a 0,4SN/mm produzindo uma superfície mole e esbranquiçada.
em 20mm/mina0,6N/mm a 0,7N/mmem500mm/ A água de superfície em excesso pode ser considera-
min. A menor resistência ao rasgamento dos materiais da removida quando a superfície reflexiva se torna
injetáveis reflete o seu menor conteúdo de alginato. opaca. Se o molde de alginato é armazenado por
30 minutos ou mais antes de preparar o modelo,
Compatibilidade com a Gipsita ele deve ser lavado com água fria para remover
A seleção de uma combinação alginato-gesso qualquer exsudato superficial causado por sinérese
que produza boa qualidade de superfície e detalhe do gel de alginato; o exsudato irá retardar a presa do
é muito importante. A qualidade de superfície e gesso. Depois disso, ele deve ser embrulhado frou-
habilidade das combinações de alginato-gesso em xamente em um papel toalha úmido e selado em
reproduzir sulcos finos em forma de V são apre- uma bolsa plástica para evitar perda de umidade.
sentados na Figura 12-7, A e B. Um gesso comum O modelo de gesso que tomou presa não deve
para modelo tipo III foi vazado em alginato na permanecer em contato com o molde de alginato
Figura 12-7, A e gesso-pedra tipo IV foi vazado no por muitas horas porque o contato do sulfato de
mesmo alginato na Figura 12-7, B. O sulco mais fino cálcio <li-hidratado levemente solúvel com o gel de
apresentava 0,025mm de largura em cada caso. A alginato contendo uma grande quantidade de água
combinação na Figura 12-7, B não foi tão compatível é prejudicial à qualidade de superfície do modelo.
como a da Figura 12-7, A, no que diz respeito tanto
à qualidade de superfície quanto ao detalhe. Para Estabilidade Dimensional
fins de comparação, na Figura 12-7, C o mesmo Os moldes de alginato perdem água por evapora-
gesso-pedra tipo IV utilizado na Figura 12-7, B foi ção e contraem quando permanecem no ar. Moldes
vazado em um molde de polissulfeto. deixados na bancada por tempos tão curtos quanto
3 10 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

•..

•'

FIGURA 12-7 Qualidade de superfície e reprodução utilizando gesso comum e gesso-pedra. A, gesso comum vazado
contra o alginato; B, gesso-pedra vazado contra o mesmo alginato; e C, o mesmo gesso-pedra vazado contra polissulfeto.
Deve ser enfatizado que outro alginato com o mesmo gesso comum e pedra poderia produzir resultados opostos (De
Craig RG, MacPherson GW: University of Michigatr School of Dentistry, Ann Arbor, 1965).

30 minutos podem se tomar imprecisos o suficiente Estabilidade dimensional de alginato


a ponto de ser necessário refazê-los. Mesmo se o mol- a rmazenados em umidade relativa de 1 00~.,.
de armazenado por mais de 30 minutos no ar fosse
~
o
imerso em água, não seria viável d eterminar quando <ü' -0,50
a quantidade correta de água teria sid o absorvid a e, e:
o -1
mesmo assim, as dimensões anteriores não seriam re- C/)

cuperadas. Para uma precisão máxima, o material do :ij - 1,50


E
modelo deve ser vazado no molde de alginato o mais i5 -2
breve possível. Se por algum motivo os modelos não o
<<11 - 2 50.
puderem ser preparados imediatamente, os moldes g' ' - ID
Q.; -3 - JL
devem ser armazenados em 100°/o de unúdade relati- .:: - KP
<( -3, 50 -'--,,-----,,,,.,----,.;:;----=---:;-""""-'
va em uma sacola plástica ou embrulhada num papel 24 48 2 100
toalha úmido (mas não encharcados). Quanto mais Tempo, ho ras
tempo o molde é armazenad o, maior a chance de
distorção (Fig. 12-8). Os novos alginatos melhoraram FIGURA 12-8 Alteração dimensional de materiais
o armazenamento em longo praz-0, variando de 48 de moldagem tipo alginato armazenados em umidade
relativa de 100°/o (Modificado de Lu H, Frey GN, Powers JM.
a 120 horas quando armazenados em uma sacola
Dado não publicado).
plástica. Agora, ortodontistas rotineiramente enviam
moldes de alginato a companhias que oferecem
fabricação digital de aparelhos. moldes também podem ser imersos em desinfetan-
tes. O efeito da desinfecção em hipoclorito de sódio
Desinfecção a l 'Yo ou soluções de glutaraldeído potencializado
A d esinfecção de moldes é uma preocupação no a 2°/o na precisão e na qualid ade de superfície foi
que diz respeito às doenças virais tais como hepatite medida após 10 a 30 minutos d e imersão. Mudanças
B, síndrome da imunodeficiência adquirida e herpes dimensionais estatisticamente significantes foram
simples porque os vírus podem ser transferidos aos observadas; contudo as mudanças foram d a ordem
modelos de gesso e representar um risco ao pessoal de 0,1 'Yo e a qualidade da superfície não foi com-
que trabalha em laboratórios de prótese. prometida. Tais mudanças seriam insignificantes
Todos os moldes de alginato devem ser desin- para as aplicações clínicas tais como a preparação
fetados antes de serem vazados com gesso para de modelos de estudo e modelos de trabalho. Em
formar um modelo. A forma mais comum d e desin- outro estudo, desinfecção de alginatos por imersão
fecção é spray, mas estudos demonstraram que estes demonstrou pequeno efeito na precisão e qualidad e
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 311

de superfície, mas foi mostrado que um produto de "dobrados" um sobre o outro várias vezes conforme
alginato foi melhor imerso em iodóforos, enquanto eles são empurrados através da espiral, resultando
outra marca foi melhor em glutaraldeido glioxal. O numa mistura uniforme ao final da ponta. Como um
efeito da desinfecção em materiais de moldagem cilindro pode estar levemente mais preenchido do
do tipo ágar não foi relatado, mas considerando a que o outro, a primeira parte da mistura de um
semelhança dos dois hidrocoloides, recomendações novo cartucho deve ser descartada.
semelhantes são raz-0áveis. O material misturado pode ser dispensado dire-
tamente numa seringa de injeção ou no interior de
uma moldeira. Pontas intraorais de inserção podem
MATERIAIS DE MOLDAGEM ser colocadas no fim da ponta de mistura estática e o
ELASTOMERICOS material misturado pode ser injetado no interior e ao
redor do preparo cavitário. A ponta pode ser remo-
Existem quatro tipos de materiais de moldagem vida e mais material misturado pode ser dispensado
elastoméricos sintéticos disponíveis para registro de no interior da moldeira. Os sistemas de automistura
moldagens odontológicas: polissulfetos, silicones de resultam em misturas com muito menos porosi-
condensação, silicones de adição (polivini.lsiloxanos) dade do que as misturas manuais. Embora para
e poliéteres. Os polissulfetos foram os primeiros cada mistura o material que sobra na ponta dela seja
materiais de moldagem elastoméricos sintéticos desperdiçado, a perda média é de apenas 1- 2 mL
introduzidos (1950). Os silicones de condensação dependendo do fabricante da ponta, enquanto que
foram disponibilizados para dentistas em 1955, o em uma mistura manual a quantidade desprezada é
poliéter em 1965 e os silicones de adição em 1975. três ou quatro vezes maior, como resultado de uma
Polivinilsiloxanos e poliéteres formam a grande superestima da quantidade necessária. Inicialmente,
maioria dos moldes elastoméricos utilizados no a automistura foi utilizada para baixas consistências,
mundo inteiro atualmente. Mudanças em anos re- mas novos designs de pistolas e pontas de mistura
centes proporcionaram mais opções de consistência permitem que todas as consistências, com exceção
e novas técnicas de manipulação. da massa densa, sejam utilizadas neste sistema. Os
silicones de adição e poliéteres estão disponíveis
com estes meios de manipulação.
Consistências O segundo e mais novo sistema é um mistura-
Os materiais de moldagem elastoméricos são dor mecânico dinâmico, ilustrado na Figura 12-9. O
tipicamente fornecidos em diversas consistências catalisador e a base são fornecidos em embalagens
(viscosidades) para acomodar uma gama de téc- plásticas grandes e alojadas em um cartucho, que é
nicas de moldagem. Os silicones de adição estão inserido na parte de cima do dispositivo de mistu-
disponíveis: consistências extrabaixa, baixa (de se- ra. Uma ponta plástica de mistura nova é colocada
ringa ou ivash), média (regular), monofase, alta (de na parte da frente da máquina e quando o botão é
moldeira) e massa densa (extra-alta). Os materiais pressionado, êmbolos paralelos empurram as bolsas
de moldagem de poliéter estão agora disponíveis plásticas, forçando o material para dentro da ponta de
em consistências baixa, média e alta. mistura dinâmica. Esta ponta de mistura difere da de
automistura pelo fato que a espiral interna é movida
Sistemas de Mistura
Existem dois tipos de sistemas disponíveis para
misturar o catalisador e a base cuidadosamente
antes de fazer a moldagem: automistura estática e
·mistura mecânica dinâmica. Um meio bem popular
de misturar o catalisador e a base é com o chamado
sistema de a.utomistura. Base e catalisador estão em
cilindros separados do cartucho plástico. O cartucho •
é colocado numa pistola de mistura contendo dois
êmbolos que avançam por um mecanismo de que
permite seu movimento em apenas uma direção para
FIGURA 12-9 Materiais de moldagem tipo silicone de
dispensar quantidades iguais de base e catalisador. adição embalados com cartuchos para automi'ltura, pis-
A base e o catalisador são forçados através da ponta tola de mistura e pontas de mistura estática e misturador
de mistura estática contendo uma espiral interna mecânico dinâmico (O:!rtesia da 3M ESPE Dental Products,
estacionária de plástico; os dois componentes são St. Paul, MN).
312 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

a motor e rotaciona. Assim, a mistura é realizada


por esta rotação associada ao do material através
da espiral em direção à ponta. Dessa forma, uma
mistura completa é garantida e o material de alta
viscosidade pode ser misturado com facilidade. A
vantagem deste sistema é a facilidade de uso, rapidez
e perfeição da mistura; porém, o investimento é maior
na compra do sistema em comparação com o manual
e o de automistura. Além disso, a quantidade de ma-
terial retido na ponta de mistura é ligeiramente maior
do que com a automistura, mas menos do que aquele
desperdiçado pela mistura manual. Os materiais de
moldagem de poliéter e silicone de adição estão dis-
FIGURA 12-10 Um molde elastomérico de silicone
poníveis para manipulação por este sistema.
de adição. O material turquesa é de consistência baixa ou
Há uma variação na manipulação com o sistema de injeção e o material marrom de consistência alta ou de
de duas massas densas de silicone de adição mistura- moldeira (Cortesia de Dr. Charles Malloy, Portúmd, OR).
das manualmente. O fabricante fornece conchas para
o proporcionamento e as massas densas são mais
frequentemente amassadas com os dedos até que es- material de viscosidade média. Silicone de adição
tejam isentas de estrias. Os materiais de massa densa e poliéteres são bem indicados para esta técnica
que possuem um catalisador liquido são inicialmente porque ambos são pseudoplásticos. Conforme des-
misturados com uma espátula até que o catalisador crito no Capítulo 4, materiais pseudoelásticos apre-
seja razoavelmente incorporado e a mistura é com- sentam viscosidade reduzida quando sujeitos a altas
pletada manualmente. Deve-se notar que as luvas taxas de cisalhamento, assim como ocorre durante
de látex podem interferir na presa dos silicones de a manipulação e a injeção com a seringa. Quando
adição, conforme discutido posteriormente. o material de viscosidade média é forçado através
da seringa de moldagem, sua viscosidade diminui,
enquanto que a viscosidade do mesmo material
Técnicas de Moldagem que permanece na moldeira não é afetada. Dessa
Três métodos comuns para obter moldes para maneira, estes materiais podem ser utilizados em
restaurações fixas são uma técnica simultânea de du- seringas e em moldeiras, conforme descrito previa-
pla viscosidade; uma da viscosidade única ou mono- mente na técnica simultânea de dupla viscosidade.
fásica; e uma de massa densa e pasta fluida. Em quase O mecanismo de pseudoplasticidade é discutido na
todos os casos, o material de moldagem é injetado seção posterior sobre a viscosidade dos materiais
diretamente sobre e no interior dos dentes preparados de moldagem.
e uma moldeira contendo a maior parte do material A técnica de massa densa e pasta fluida é um
de moldagem é colocada subsequentemente. Depois procedimento de moldagem de dois passos onde
que o molde toma presa, a moldeira é removida. uma moldagem preliminar é realizada em material
A técnica simultânea de dupla viscosidade é de alta consistência ou de massa densa antes do
aquela na qual o material de baixa consistência preparo cavitário ser feito. O espaço para o mate-
é injetado com uma seringa em áreas críticas e o rial de baixa viscosidade é proporcionado por uma
material de alta consistência é misturado e colocado variedade de técnicas e, após o preparo cavitário,
em uma moldeira. Após injetar o material de baixa um material de baixa viscosidade é injetado com se-
viscosidade, a moldeira contendo o material de ringa na área e o molde preliminar é reinserido. Os
alta viscosidade é colocado na boca. Deste modo, o materiais de baixa e alta consistência aderem, e após
material da moldeira, de maior viscosidade, força o a presa do material de baixa viscosidade, a molda-
material de baixa viscosidade a fluir para as regiões gem é removida. Este procedimento é chamado às
finas das áreas de interesse. Devido ao fato de serem vezes de wash technique. O material de consistência
ambos manipulados quase ao mesmo tempo, os ma- tipo massa densa e esta técnica foram desenvolvi-
teriais se unem, aderem e tomam presa juntos. Após dos para silicones de condensação para minimizar
a presa dos materiais, a moldeira e o molde são os efeitos das alterações dimensionais durante a
removidos. Um exemplo de um molde utilizando polimerização. A maior parte da contração durante
este procedimento é apresentado na Figura 12-10. a polimerização ocorre no material de massa densa
Na técnica da viscosidade única ou monofásica, durante a moldagem preliminar, limitando a con-
as moldagens são frequentemente feitas com um tração final à camada fina do material fluido. Cuida-
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 313

Grupos hidrosilano Grupos hidrosilano


pendentes terminais
CH3 CH3
1 1
-O-Si-O- -0-Si-H-
I I
H CH3
Poli (metil-hidrosiloxano)

CH3 CH3 CH3


FIGURA 12-11 Várias consistências e tipos de embala- 1 1 1
CH3 - Si O- Si-t---1- Si- O
gens de um material de moldagem do tipo silicone de adição 1 1 1
(Cortesia de OJltene/Whaleden.t lttc, Cuyaltoga Falls, OH). CH3 CH3 x H

AS1 Vinil polisiloxano


dos devem ser tomados para que o material fluido
possa escapar livremente através de canais abertos CH3 CH3
no material de massa densa durante a moldagem 1 1
com material fluido. Senão, o material fluido pode CH2=CH-Si O-Si CH=CH2
comprimir o material denso no segundo estágio 1 1
CH3 CH3 n
da moldagem, induzindo a distorção permanente
e imprecisões no molde. A técnica de massa densa
e pasta fluida foi estendida aos silicones de adição,
apesar da sua contração de polimerização destes O acelerador (catalisador) e a pasta base contém
materiais ser significativamente menor. um polímero dimetilsiloxano com grupos terminais
Os fabricantes adicionam agentes corantes ao ace- vinila, acrescido de carga. O acelerador também con-
lerador ou base como uma ajuda na determinação do tém um catalisador de platina do tipo Karstedt, que
tempo de mistura. Normalmente, uma cor diferente é é um composto complexo que consiste de platina e
utilizada para cada consistência de uma linha de pro- 1,3-diviniltetrametildisiloxano. Diferente do silicone
duto específica de tal forma que se possa distinguir a de condensação, a reação de adição normalmente
de viscosidade fluida (baixa) da de consistência para não produz um subproduto de baixo peso molecular,
moldeira no molde que tomou presa. Retardadores como indicado na reação mostrada adiante (AS2).
podem ser adicionados também para controlar os Uma reação secundária pode ocorrer, contudo,
tempos de trabalho e presa dos produtos. com a produção de gás hidrogênio se estiverem
presentes grupos -OH. A fonte mais importante
de grupos -OH é a água (H-OH), cuja reação com
Composição e Reações unidades SI-H é ilustrada acima (AS3). Outra fonte
As duas seções a seguir descrevem a compo- possível de gás hidrogênio é uma reação secundária
sição geral e as reações de presa dos materiais de das unidades Si-H do poli(metilhidrosiloxano) en-
moldagem do tipo silicone de adição e poliéter. Em tre si, sob a influência do catalisador de platina,
seguida, suas propriedades físicas são detalhadas, também mostrada acima (AS3).
permitindo uma comparação mais direta entre os Nem todos os materiais de moldagem do tipo
vários tipos e suas propriedades. silicone de adição liberam gás hidrogênio. Porém,
como não são conhecidos quais liberam e quais não,
Silicone de Adição é recomendado que se espere pelo menos 30 minutos
O silicone de adição está disponível nas consis- para que a reação de presa se complete antes que os
tências extra-baixa, baixa, média, pesada e muito modelos e troquéis de gesso sejam vazados. Tuoquéis
pesada (massa densa). Uma linha de produtos re- de epóxi não devem ser vazados até que o molde te-
presentativa do silicone de adição é apresentada na nha descansado por uma noite. A diferença na espera
Figura 12-11. A pasta base desta classe de materiais com o gesso e epóxi é devido ao fato de que os produ-
de moldagem contém um polímero de peso mole- tos de gipsita têm um tempo de presa muito menor
cular moderadamente baixo (polimetilhidrosiloxa- do que os materiais de epóxi para troquei. Alguns
no) com mais de três e até dez grupos hidrosilano produtos contêm um absorvedor de hidrogênio tal
pendentes ou terminais por molécula (fórmulas a como o paládio e, portanto, gesso e epóxi podem ser
seguir e fórmula 1 [ASl] do silicone de adição). A vazados assim que possível. Na Figura 12-12 são mos-
base também contém carga. trados exemplos de gesso-pedra de alta resistência
314 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

CH3
~1 . 1
O-S1-CH=CH2 + H-Si-CH3
1 1
CH3 o CH3
Catalisador de Platina 1 1. ~
CH3- Si- H + CH2= CH - S1- 0
1 1
CH3 o CH3
~1. Catalisador de Platina
1
o-s1-CH= CH2 + H-Si-CH3
1 1
CH3
Catalisador de Platina

CH3 AS2
~ 1 1
O-Si-CH2-CH2-Si-CH3
1 1
CH3 O CHa
1 1 ~
CH3- Si- CH2- CH2 - Si- O
1 1
CH3 O CH3
~ 1 1
O- Si- CH2- CH2 - Si- CH3
1 1
CH3

1 1
o o
CH3- Si- H
1
+ O
Catalisadoi 1.
de Platina CHa- T1 - 0H + Hz
oI H/ \H
o
1 1
AS3=
1 1 1 1
o o o o
CH 3 -Si-H
1 1
+ H-Si-CH3 catar158dor) CH -Si-Si-CH3
1 1
+ H2
3
I 1 de Platina I I
o o o o
1 1 1 1


•• 1
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1
, ••• • • •
• • • •

A


• ..•.



• •• B
"
• •
FIGURA 12-12 Moldes de silicone de adição vazados com gesso-pedra de alta resistência aos 15 minutos. A, as
bolhas são causadas pela liberação de hidrogênio. B, não há bolhas aparentes porque o paládio absorvedor de hidrogênio
está incltúdo no material de moldagem.
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 3 15

IR" l R"
CH3- TH - R' - o-l:.tH- (CH2)n - o_ktH- (CH 2)n- 0 - R' - H?- CH 3 PE1
R R
vazado após 15 minutos sobre o silicone de adição,
Anel terminal
com e sem absorvedor de hidrogênio. reativo
Foi demonstrado que as luvas de látex afetam
adversamente a presa dos moldes de silicone de
adição. Compostos de enxofre que são utilizados na (_, + (\ -----+
) %D PE2
vulcanização das luvas de látex de borracha podem 1niciador W
catiônico
migrar para a superfície das luvas armazenadas. Estes
compostos podem ser transferidos aos dentes prepa-
rados e tecidos moles adjacentes durante o preparo
do dente e quando da colocação do fio de retração.
Eles podem também ser incorporados diretamente no
interior do material de moldagem quando da mani-
Copolímero-
pulação manual de duas massas densas. Estes com-
postos podem "envenenar" o catalisador contendo
platina, o que resulta no retardamento ou na ausência
+
de polimerização na área contaminada do molde.
Uma lavagem criteriosa das luvas com detergente (D--copolímero-
e água imediatamente antes da manipulação pode
minimi2ar este efeito e algumas marcas de luvas in-
terferem mais na presa do que outras. Luvas de vinil
e nitrila não têm este efeito. O monômero residual
PE3
l
de restaurações acrílicas provisórias e de núcleos D
em compósito tem um efeito inibidor semelhante na Copolfmero-
presa de silicones de adição. O preparo e os tecidos
moles adjacentes podem também ser limpos com
clorexidine a 2o/o para remover os contaminantes. - Copolímero

Poliéter
Os poliéteres são fornecidos em consistências
baixa, média e pesada. A pasta base consiste de um catalisadora e podem então, como um cátion, atacar e
copolimero poliéter de cadeia longa com átomos al- abrir anéis adicionais. Sempre que um anel é aberto, a
ternados de oxigênio e grupos metileno (0-[CHi].,) e função catiônica permanece ligada, alongando assim
grupos terminais reativos (poliéter 1 [PEl]). Há tam- a cadeia (PE3). Por causa da base química idêntica, to-
bém incorporação de carga de sílica, plastificantes das as consistências do poliéter podem ser livremente
compatíveis do tipo não ftalato e triglicerídeos. Na combinadas entre si. Durante a cura se desenvolve
pasta catalisadora, o antigo 2,5-dicloro benzeno sulfo- uma adesão quimica entre todos os materiais.
nato foi substituído por um iniciador catiônico alifáti-
co como um agente de ligação cruzada. O catalisador Propriedades de Presa
também inclui carga de sílica e plastificantes. Agentes Os valores típicos das propriedades de presa dos
corantes são adicionados à base e ao catalizador para materiais de moldagem elastoméricos são apresen-
auxiliar no reconhecimento dos diferentes tipos de tados na Tabela 12-3. O aumento da temperatura
materiais. Na Figura 12-9 são mostrados exemplos em misturas típicas de materiais de moldagem foi
de materiais de moldagem do tipo poliéter. destacado na seção anterior, mas a Tabela 12-3 ilus-
O mecanismo de reação é mostrado (PE2) de uma tra que o aumento de temperatura é pequeno e não
maneira simplificada O elastômero é formado por po- é motivo de preocupação clínica.
limerização catiônica pela abertura dos anéis terminais
reativos. Acredita-se que a espinha dorsal do polímero Viscosidade
seja um copolímero de unidades de óxido de etileno e A viscosidade dos materiais 45 segundos após a ma-
óxido de tetrametileno. Os anéis terminais reativos se nipulação está listada na Tabela 12-3. Como esperado,
abrem sob a influência do iniciador catiônico da pasta a viscosidade aumenta para o mesmo tipo de material
3 16 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 12-3 Propriedades de Presa dos Materiais de Moldagem Elastoméricos

VJScosidade 45 Tempo d e Alte ração


Elevação d a Segundos Ap ós Trabalho Temp o d e D ime nsional em
Material Consistência Temperatura (ºC) Manipulação (cp) (min) Presa (min ) 24 horas (o/o)

P OUSSULFETOS

Baixa 3,4 60.000 4-7 7-10 --0,40


Média 110.000 3-6 6-8 --0,45
Alta 450.000 3-6 6-8 --0,44
SILICONES

Condensação Baixa 1,1 70.000 2,5-4 6-8 --0,60


Muito Alta 2-2,5 3-6 --0,38
Adição Baixa 2-4 4-6,5 --0,15
Média 150.000 2-4 4-6,5 --0,17
Alta 2,5-4 4-6,5 --0,15
Muito Alta 1-4 3-5 --0,14
P OUÉTERES

Baixa 4,2 3 6 --0,23


Média 130.000 2,5-3 6 --0,24
Alta 2,5 5,5 --0,19

da consistência baixa para a alta. A viscosidade é uma silicones de adição de consistência única (monofá-
função do tempo depois do inicio da manipulação. sicas) é apresentado na Figura 12-14. Embora todos
Uma força de cisalhamento pode afetar a visco- os produtos tenham demonstrado uma redução
sidade de materiais de moldagem do tipo poliéter e na viscosidade com um aumento da taxa de cisa-
silicone de adição, conforme foi mencionado na seção lhamento, o efeito foi muito mais pronunciado para
sobre técnicas de moldagem. Este efeito é chamado de dois produtos, Ba e Hy, com diminuição de cerca
pseudaplasticidade. Para os materiais de moldagem que de oito a 11 vezes da menor para a maior taxa de
possuem esta característica, a viscosidade do material cisalhamento. A redução substancial na viscosidade
antes da presa diminui com uma força externa cres- em alta tensão de cisalhamento, a qual é comparável
cente ou um aumento na velocidade de cisalhamento. com a redução durante a injeção pela seringa, per-
Quando esse fator externo é interrompido, a viscosi- mite a utilização de uma mistura única do material,
dade aumenta imediatamente. Esta propriedade é com uma porção a ser utilizada como material para
muito importante para a utilização de materiais de seringa e outra porção a ser utilizada como material
moldagem monofásicos e está ilustrado para o polié- de moldeira na técnica da seringa-moldeira.
ter na Figura 12-13. No caso do poliéter, as proprie-
dades de pseudoplasticidade são influenciadas por Tempos de Trabalho e de Presa
uma fraca rede de cristais triglicerideos. Os cristais se Os tempos de trabalho e de presa dos materiais
alinham quando o material de moldagem é cisalhado, de moldagem do tipo poliéter e silicone de adição
como ocorre quando é misturado ou extruido através estão listados na Tabela 12-3. Em geral, para uma
da ponta da seringa. A rede microcristalina de tri- dada classe de material de moldagem elastomérico
glicerideos assegura que o poliéter permaneça viscoso de um fabricante especifico, os tempos de trabalho e
na moldeira ou no dente, mas flua sob pressão. Isto de presa diminuem conforme a viscosidade aumen-
permite que um material único ou monofásico seja ta de baixa para alta. Os poliéteres apresentam um
utilizado como um material de consistência baixa e tempo de trabalho bem definido com uma súbita
média. O resfriamento das pastas resulta em aumento mudança para o estado de presa. Este comporta-
substancial de viscosidade. Antes de usar, as pastas mento é frequentemente chamado de sna:p-set. Esta
devem ser trazidas a temperatura ambiente. transição da condição plástica para propriedades
O efeito da taxa de cisalhamento (velocidade elásticas é um tanto curta comparada a silicones
rotacional do viscosímetro) na viscosidade dos de adição mais antigos, conforme demonstrado
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 3 17

A B

e
FIGURA 12-13 Demonstração do mecanismo da pseudoplasticidade em poliéteres. A rede de triglicerídeos, A, dentro
do material de moldagem alinha quando sob tensão como na injeção pela seringa, e B, para alcançar uma viscosidade
menor. Uma vez que a força de cisalhamento é removida, a viscosidade aumenta com conformação aleatória da rede
de triglicerídeos, e.

em investigações das propriedades reológicas de


materiais após presa (Fig. 12-15).
Ba Note que os tempos de trabalho e de presa dos
300 materiais de moldagem elastoméricos são encurta-
dos por aumentos de temperatura e umidade; em
dias quentes e úmidos, este efeito deve ser conside-
rado na aplicação clínica destes materiais.
~
a. Os tempos de presa inicial (ou de trabalho) e
o
b final podem ser determinados com bastante preci-
~200
são utilizando um penetrômetro com agulha e peso
~
compatíveis com estes materiais. O penetrômetro
~
•<JJ
de Vicat, conforme mostrado na Figura 12-16, com

§
5 Rede forte Re4e fo1te:
100 poli merização das
cadeiasde
copolfmeros do
poli·eter

Rede Re4s fraca: 1nteração


0-1-~~~~~~~~~~~..-~~r-
fraca de g licerideos. efeitos
O,O 2,0 4,0 6,0 8,0 1o.o de eristalização
Velocidade rotacional (rpm)
' •
3 6
FIGURA 12-14 Viscosidadeemcentipoiseemfunçãoda
taxa de cisalhamento (velocidade rotacional do viscosime-
(tempo de trabalho) (tempo de presa)
tro) para cinco silicones de adição de consistência única. Tempo (minutos)
Uma velocidade rotacional de 0,5 rpm representaria uma
taxa de cisalhamento comparável com aquela observada FIGURA 12-15 Ilustração do comportamento sttap-set
quando se coloca o material numa moldeira e uma velo- do poliéter. A viscosidade inicial do material antes da
cidade de 10 rpm representará uma taxa de cisalhamento presa é influenciada pelos triglicerídeos estruturais, en-
comparável com aquela experimentada quando se utiliza quanto que a polimerização das cadeias de copolimeros
o material na seringa (Dados de Kim KN, Craig RG, Koratt A subsequentemente proporciona o aumento rápido na
111: }. Prosthet. Dent. 67, 794, 1992). viscosidade conforme o material toma presa.
3 18 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Materiais de moldagem do tipo silicone de adi-


ção e poliéter sofrem contração devido à polimeriza-
ção. A alteração dimensional linear entre um troquei
e o molde após 24 horas está listada na Tabela 12-3.
Os silicones de adição têm a menor alteração, cerca
de -0,15o/o, seguidas pelos poliéteres com cerca de
-0,2%. A contração é baixa para estes dois produtos
porque não há perda de subprodutos.
A taxa de contração dos materiais de moldagem
elastoméricos não é uniforme durante as 24 horas
após remoção da boca. Em geral, por volta de meta-
de da contração observada em 24 horas ocorre du-
rante a primeira hora depois da remoção; para maior
precisão, portanto, os modelos e troquéis devem ser
preparados imediatamente, embora os materiais de
moldagem elastoméricos sejam muito mais estáveis
no ar d o que os produtos hidrocoloides.

Propriedades Mecânicas
FIGURA 12-16 O penet:rômetro Vicat utilizado para Propriedades mecânicas típicas dos materiais de
determinar o tempo de presa dos materiais de moldagem moldagem elastoméricos estão listadas na Tabela 12-4.
e outros materiais restauradores. A deformação permanente (na especificação atual,
recuperação elástica, a qual é lOOo/o menos a defor-
mação permanente), a deformação em compressão e
uma agulha de três milímetros de diâmetro e um
a alteração dimensional são propriedades utilizadas
peso total de 300 g, foi utilizado por diversos pes-
na Especificação Nº 19 (ISO 4823) da ANSI/ ADA para
quisadores. Um anel de metal com oito milímetros
classificar materiais de moldagem elastoméricos como
de altura e 16 mm de diâmetro é preenchido com
tipos de viscosidade baixa, média, alta e muito alta.
material recém-misturado e colocado na base do
Os requisitos para estas propriedades são dados na
penetrômetro. A agulha é aplicada à superfície do
Tabela 12-5. Mais requisitos desta especificação para os
material de moldagem por dez segundos e uma
materiais de moldagem elastoméricos estão indicados
leitura é feita. Isto é repetido a cada 30 segundos. A
na Tabela 12-6. O diâmetro de consistência é utilizado
presa inicial é aquele tempo no qual a agulha não
para classificar a viscosidade através da mensuração
penetra mais completamente a amostra até o fun-
do diâmetro do disco formado quando 0,5 mL de
do do anel. A presa final é o tempo da primeira de
material manipulado é sujeito a 5,6-N de peso por
três leituras idênticas de penetração não máximas.
12 minutos, iniciando 1,5 minuto depois de manipula-
Quando o material tomou presa, sua elasticidade
do. Como os tempos de presa dos materiais de molda-
ainda permite penetração da agulha, mas esta é a
gem elastoméricos variam, o diâmetro de consistência
mesma em cada aplicação.
é afetado não apenas pela viscosidade, mas também
pelo tempo de presa. A classificação de um material
Alteração Dimensional na Presa
pelo diâmetro de consistência pode ser diferente da-
O material de moldagem sofre alteração dimen- quela por verdadeira medição da viscosidade.
sional durante a presa. O fator principal para a con-
tração durante a presa é o estabelecimento de ligações Recuperação Elástica
cruzadas e rearranjo de ligações intra moleculares e A ordem na qual a deformação permanente dos
entre as cadeias de polímeros. Moldes podem ex- materiais de moldagem e lastoméricos está listada
pandir se ocorrer absorção de água e um molde na Tabela 12-4 demonstra que os silicones de adição
pode ser distorcido se for assentado depois que o têm a melhor recuperação elástica dura,nte a remo-
material já tomou presa em algum grau. Finalmente, ção da boca, seguidas pelos poliéteres. Um material
distorção (ou creep) vai ocorrer se o material não se com uma deformação permanente de 1°/o tem uma
recuperar elasticamente quando o molde que tomou recuperação elástica de 99%.
presa é removido de áreas retentivas. Embebição é
discutida na seção sobre desinfecção de moldes e DeforttrafãoemCompressão
distorção induzida por creep é discutida em recu- A deformação em compressão sob uma tensão de
peração elástica. 0,1 MPa é uma medida da flexibilidade do material.
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 319

TABELA 12-4 Propriedades Mecânicas dos Materiais de l\iloldagem Ela~toméricos

Resistência ao
Deformação Deformação em Dureza Rasgamento
Material Consistência Permanente• (ºlo) Compressão (o/o) Fluidez(%) ''Shore A'' (kN/m)

POUSSULFETOS

Baixa 3-4 14-17 0,5-2 20 2,5-7


Média 3-5 11-15 0,5-1 30 3-7
Alta 3-6 9-12 0,5-1 35
SILICONES

Condensação Baixa 1-2 4-9 0,05-0,1 15-30 2,3-2,6


Muito Alta 2-3 2-5 0,02-0,05 50-65
Adição Baixa 0,05-0,4 3-6 0,01-0,03 35-55 1,5-3
Média 0,05-0,3 2-5 0,01-0,03 50-60 2,2-3,5
Alta 0,1-0,3 2-3 0,01-0,03 60-70 2,5-4,3
Muito Alta 0,2-0,5 1-2 0,01-0,1 50-75
POUÉTERES

Baixa 1,5 3 0,03 35-40 1,8


Média 1-2 2-3 0,02 40-60 2,8-4,8
Alta 2 3 0,02 40-50 3
*A rec11peraç4o elástica da deformação é 100% menos o percentual de deJonnaçilo permanente.

TABELA 12-5 Requisitos de Recuperação Elástica, Deformação em Compressão e Alteração Ditnensional para
Materiais de Moldagem Elastoméricos

Deformação em Compressão (%)


Recuperação Elástica Alteração Dimensional
Tipo de Viscosidade Mínima (%) Mínimo Máximo Máxima em 24 horas (%)

Baixa 96,5 2 20 1,5


Média 96,5 2 20 1,5
Alta 96,5 0,8 20 1,5
Muito Alta 96,5 0,8 20 1,5
Modificado da Especificaçilo ISO Nº 4823.

TABELA 12-6 Requisitos da Especificação Nº 13 (ISO 4823) da ANSI/ADA para as Vária~ Viscosidades dos
Materiais de Moldagem Elastoméricos

Diâmetro do Disco
de Consistência (mm) Reprodução de Detalhes
Tempo de
Tempo Máximo de nabalho Largura de Linha Largura de Linha
VJScosidade Manipulação (min) Mínimo (min) Mínimo Máximo no Molde (mm) no Gesso (mm)

Baixa 1 2 36 0,020 0,020


Média 1 2 31 41 0,020 0,020
Alta 1 2 35 0,050 0,050
Muito Alta 1 2 35 0,075 0,075
Modificado da Especificaçilo ISO Nº 4823.
320 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

A Tabela 12-4 mostra que, em geral, os materiais resistências ao rasgamento listadas na Tabela 12-4
de baixa consistência são mais flexíveis do que os são uma medida da força necessária para iniciar
moldes elastoméricos de alta consistência. Para uma e continuar rasgando uma amostra de espessura
dada consistência, os poliéteres são geralmente mais unitária. Conforme a consistência aumenta, a resis-
rígidos, seguidos pelos silicones de adição. tência ao rasgamento sofre um pequeno aumento,
mas a maioria dos valores estão entre 2 e3,9 kN/m.
Fluidez Os valores para os tipos de consistência muito alta
A fluidez é medida em uma amostra cilíndrica não estão listados porque esta propriedade não é
com uma hora de idade e o percentual de fluidez é importante para estes materiais. Idealmente, valo-
determinado 15 minutos após a aplicação de uma car- res de resistência ao rasgamento ainda mais altos
ga de 1 N. Conforme pode ser visto na Tabela 12-4, os seriam desejáveis para materiais de moldagem
silicones e poliéteres têm baixos valores de fluidez. elastoméricos, mas comparados aos valores para
Os materiais de moldagem elastoméricos típicos os materiais de moldagem hidrocoloides de 0,3 a
aparentemente não tem dificuldade em alcançar os re- 0,7kN/m, os elastômeros são muito superiores.
quisitos de propriedades mecânicas da Especificação
Creep
Nº 19daANSI/ADA (Tabela 12-6). Embora a fluidez,
dureza e as resistências ao rasgamento dos materiais Os materiais de moldagem elastoméricos são
de moldagem elastoméricos não sejam mencionadas viscoelásticos e suas propriedades mecânicas são
na especificação, estas são propriedades importantes; tempo-dependentes. Por exemplo, quanto maior a
elas estão também listadas na Tabela 12-4. taxa de deformação, maior é a resistência ao rasga-
mento; e quanto mais tempo os moldes ficam sob
Dureza deformação, maior a deformação permanente. Como
A dureza "Shore A" aumenta de baixa para alta um resultado, curvas de creep versus tempo descre-
consistência. Quando são dados dois números, o pri- vem melhor as propriedades destes materiais do que
meiro representa a dureza um minuto e meio após curvas tensão-deformação. As curvas de creep para
remoção da boca e o segundo número é a dureza polissulfetos, silicones de condensação e silicones
após duas horas. Os silicones de adição de baixa, de adição de baixa viscosidade e poliéter de média
média e alta viscosidade não mudam de dureza sig- consistência são mostrados na Figura 12-17. O creep
nificativamente com o tempo, enquanto que a dureza
dos poliéteres aumenta com o tempo. Além disso, a
dureza e a deformação em compressão afetam a força 3,5
necessária para remover o molde da boca. A baixa 3,0
flexibilidade e alta dureza podem ser compensadas
2,5
clinicamente se o espaço para o material de moldagem
2,0
entre a moldeira e os dentes for aumentado. Isto pode
ser conseguido aumentando-se a camada de alívio na 1,5
~

confecção de moldeiras individuais ou pela seleção de í 1,0


uma moldeira de estoque um pouco maior. &.
:1:
~º·ª
Uma nova variação na formulação dos polié-
teres proporciona menor resistência à deformação ci. Q)
durante a remoção do molde da boca e do modelo ~ 06
de gesso do molde. Para alcançar isto, o conteúdo (.) '
de carga foi reduzido de 14 para seis partes por
unidade, reduzindo assim a dureza Shore A de 46 0,4
para 40 após 15 minutos e de 61 para 50 após 24 ho-
ras. A proporção de amaciante de alta viscosidade 0,2
para amaciante de baixa viscosidade foi modificada
para alcançar a consistência semelhante àquela do
poliéter monofásico convencional. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1o 11 12
Tempo (min)
Resistênda ao Rasgamento
FIGURA 12-17 Creep dos materiais de moldagem
A resistência ao rasgamento é importante porque elastoméricos no tempo recomendado para remoção da
indica a habilidade de um material de resistir ao boca. Curvas de cima para baixo: polissulfeto, silicone de
rompimento em áreas interproximais finas e mar- condensação, silicone de adição e poliéter (Dados de Craig
gens de dentes com envolvimento periodontal. As RG: f. Mich. Dent. Assoe. 59, 259, 1977).
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 321

inicial ilustra que o polissulfeto é o mais flexível e o TABELA 12-7 Capacidade de Molhainento dos
poliéter é o menos flexível. O nivelamento ou para- Materiais de Moldage1n Elastoméricos
lelismo das curvas com respeito ao eixo do tempo
indica baixa deformação permanente e excelente Reprodução
Ângulo de de Detalhes do
recuperação da deformação durante a remoção de Gesso-Pedra de Alta
Contato Inicial
um material de moldagem; os silicones de adição e os Material da Água (graus) Resistência (o/o)
poliéteres possuem a melhor recuperação elástica.
A qualidade viscoelástica recuperável dos mate- Polissulfeto 82 44
riais é indicada por diferenças entre o creep inicial e Silicone de 98 30
o valor do creep obtido por extrapolação da porção condensação
linear da curva no tempo zero. Como resultado, sili-
Silicone de
cones de adição têm a menor qualidade viscoelástica
adição
e requer menos tempo para recuperar a deformação
viscoelástica, seguida pelos poliéteres. Hidrofóbico 98 30
Hidrofílico 53 72
Reprodução de Detallu!s
Poliéter 49 70
Os requisitos dos materiais de moldagem
elastoméricos estão listados na Tabela 12-6. Todos
devem reproduzir um sulco em forma de V e uma mais precisamente chamada de silicones de adição
linha de 0,02 mm de largura, exceto os produtos de hidrofilizadas. Mais comumente, são utilizados sur-
altíssima viscosidade. O molde deve ser compatível factantes não iônicos. Estas moléculas consistem de
com produtos de gipsita de modo que a linha de uma subestrutura de oligoéter ou poliéter como a
0,02 mm seja transferida para os modelos de gesso. parte hidrofílica e uma parte hidrofóbica compatí-
Os materiais de moldagem elastoméricos de baixa, vel com silicone (Fig. 12-18, A). Acredita-se que o
média e alta viscosidade têm uma pequena dificul- modo de ação destes agentes de molhamento seja a
dade em alcançar este requisito. transferência por difusão controlada de moléculas
de surfactante do polivinilsiloxano para o interior
da fase aquosa, como mostrado, alterando dessa
Molhabilidade e Hidrofilização dos forma a tensão superficial do líquido ao redor. Co-
Materiais de Moldagem Elastoméricos mo resultado, uma redução da tensão superficial
A capacidade de molhamento pode ser avaliada e uma maior capacidade de molhamento do poli-
pela medição do ângulo de contato inicial da água na vinilsiloxano são observados (Fig. 12-18, B). Este
superfície do material de moldagem após a presa ou mecanismo difere dos poliéteres, que possuem um
pela utilização de um tensiõmetro para medir forças alto grau de molhabilidade porque sua estrutura
enquanto o material é imerso e removido (técnica de molecular contém átomos polares de oxigênio, que
Wilhelmy). Os ângulos de contato iniciais para os têm afinidade por água. Por causa dessa afinidade,
materiais de moldagem elastoméricos estão listados poliéteres fluem por sobre as superfícies intraorais
na Tabela 12-7. De todos os materiais de moldagem hidratadas e são, portanto, mais facilmente preen-
discutidos neste capítulo, apenas os alginatos podem chidos pelo gesso do que os silicones de adição.
ser considerados verdadeiramente hidrofílicos. Todos Esta afinidade também permite que os moldes de
os materiais de moldagem elastoméricos possuem poliéter consigam aderir fortemente aos tecidos
ângulos de contato inicial e final maiores do que moles e duros.
45 graus. Existem, contudo, diferenças no molhamen- Ao observar as gotículas de água nas superfícies
to entre os tipos de materiais de moldagem elastomé- do molde, foi demonstrado que os silicones de adi-
ricos e entre materiais do mesmo tipo. Os silicones ção hidrofilizados e os poliéteres apresentam maior
de adição tradicionais não são tão molháveis quanto molhamento do que os silicones de condensação e
o poliéter. Quando o gesso é vazado nos silicones silicones de adição convencionais. A capacidade de
de adição - hidrofóbicos - grandes ângulos de molhamento foi diretamente correlacionada à faci-
contato são formados, fazendo com que a preparação lidade de vazamento de modelos de gesso-pedra de
de modelos livres de porosidades seja difícil. alta resistência de um troque! extremamente crítico,
Surfactantes foram adicionados aos silicones conforme mostrado na Tabela 12-7. Utilizando um
de adição pelos fabricantes para reduzir o ângulo tensiõmetro para registrar as forças das amostras de
de contato, melhorar o molhamento e simplificar moldes imersos (método de Wilhelmy), o poliéter
o vazamento dos modelos de gesso. Esta classe mostrou se molhar significativamente melhor do que
com características de molhamento melhoradas é os silicones de adição hidrofilizados para ambos os
322 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

~----- Gota avançando

Água

Água

- ----'- Hidrofílico
--- Lipofílico

A B
FIGURA 12-18 Hidrofilização dos silicones de adição. A, A hidrofilização dos silicones de adição é obtida com a
incorporação de surfactantes não iônicos mostrados como micelas. Estas moléculas consistem de uma parte hidrofílica e
uma parte hidrofóbica compatível com o silicone. O modo de ação destes surfactantes é considerada uma transferência
por difusão controlada de moléculas de surfactante do polivinil siloxano para a fase aquosa, como mostrado. Dessa
maneira, a tensão superficial do liquido ao redor é alterada. B, Esta capacidade de molhamento aumentada permite ao
silicone de aclição se espalhar mais livremente pela superfície. PVS, Polivinilsiloxan.

ângulos de contato, ou seja, no momento da imersão 3


em água (74° versus 108°), e no momento da remoção 2,5 • Seco
da amostra do meio aquoso, (50° versus 81 º).
Para avaliar a habilidade dos materiais de mol-
Padrão
'
• Úmido

dagem em reproduzir detalhes sob condições de


superfície úmida e seca, os moldes foram feitos de
um padrão com linhas onduladas utilizado para
calibrar os analisadores de superfície. A rugosidade 0,5
média após presa das superfícies dos moldes foram o --1
mensuradas para determinar sua habilidade de Poliéter Silicone de Adição
reproduzir detalhes do padrão, cuja dimensão é
FIGURA 12-19 Habilidade dos materiais de poliéter e
indicada pela linha dupla na Figura 12-19. Do ponto
silicone de adição hidrofilizado em reproduzir detalhes
de vista clinico, a maioria dos materiais de molda- sob condições seca e úmida. A rugosidade média, Ra,
gem produziu detalhes aceitáveis sob condições do padrão do qual as moldagens foram feitas é mostrada
úmidas e secas. Os poliéteres produziram deta- (linha dupla). Os poliéteres produziram o melhor detalhe
lhes levemente superiores aos silicones de adição e não foram afetados pela umidade. O detalhe capturado
e, em geral, não foram afetados pela presença de pelo silicone de aclição dinúntúu levemente na presença
umidade, enquanto que a reprodução de detalhes de umidade (Dados de fohnson GH, l.epe X, Berg }C: f. Detrt.
foi reduzida para silicones de adição sob condições Res. 77 [Spec Jssue B], 798, 1998).
úmidas, mesmo se hidrofilizadas.

trabalha no laboratório. Vários estudos confirmam


Desinfecção de Moldes Elastoméricos que moldes de silicone de adição e poliéter podem
Todos os moldes devem ser desinfetados após ser desinfetados por imersão em vários desinfetan-
serem removidos da boca para prevenir transmissão tes por até 18 horas sem a perda de qualidade de
de organismos aos modelos de gesso e para quem superfície e de precisão.
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 323

Relação das Propriedades tência ou consistência de massa densa não interfere


e Aplicação Clínica na precisão do molde e, embora a porcentagem de
alteração dimensional do material de baixa consis-
A habilidade de registrar detalhes, facilidade de tência ainda seja grande, sua espessura é tão pequena
manuseio e características de presa são de impor- que a alteração dimensional real é pequena. A técnica
tância primordial em moldagens odontológicas. da dupla moldagem é indicada para utilização com
Os silicones em geral têm tempos de trabalho moldeira de estoque, porque o molde preliminar ser-
mais curtos do que os polissulfetos, mas por vezes ve como uma moldei.ra individual. Com as técnicas
tempos maís longos do que os poliéteres. Materiais monofásica e simultânea de dupla viscosidade, uma
de mistura (mica possuem alguma vantagem nesse leve melhora na precisão é observada quando uma
aspecto, na medida que devido à pseudoplastici- moldeira individual é utilizada, pois ela permite uma
dade eles apresentam baixa viscosidade quando espessura uniforme do material de moldagem. Vá-
misturados ou extruidos da seringa, porém visco- rios estudos têm mostrado, contudo, que moldeiras
sidade mais alta quando inseridos numa moldeira. de estoque de metal ou plástico relativamente ógidas
O tempo de inserção de um material de moldagem
produzem quase a mesma precisão. . .
elastomérico é critico porque a viscosidade aumenta Estudos clínicos demonstraram que a v15cos1-
rapidamente com o tempo como resultado da reação dade do material de moldagem é o fator mais im-
de polimerização. Se o material é colocado na boca portante na produção de moldes e troquéis com o
depois que a consistência ou viscosidade aumentou mínimo de bolhas e o máximo de detalhes. Como
pela polimerização, tensões internas induzidas.no resultado, a técnica da seringa-moldeira produziu
molde são liberadas depois que o molde é removido resultados clínicos superiores na reprodução de
da boca, resultando em uma moldagem imprecisa. detalhes finos internos de caixas proximais.
Uma mistura cuidadosa é essencial; caso con- A precisão do molde pode ser afetada quando a
trário, porções da mistura podem conter acelerador porcentagem de deformação e o tempo envolvido na
insuficiente para polirnerizar completamente ou po- remoção do molde são aumentados. Em ambos os ca-
de não tomar presa na mesma velocidade de outras sos, a deformação permanente aumenta, dependen-
porções do molde. Neste caso, a recuperação el~stica do do tipo de material de moldagem elastomérico.
após a remoção do molde seria menor e resultana em Devido ao fato de que moldes elastoméricos não
um molde impreciso. Os sistemas de automistura se recuperam de deformações instantaneamente,
e manipulação mecânica produzem misturas com algum aumento na precisão pode ser esperado
menos aprisonamento de ar do que a manipulação durante um determinado intervalo de tempo após
manual, economizam tempo na manipulação e resul- a sua remoção da boca. Contudo, a contração de
tam em moldes mais livres de bolhas. polimerização também está ocorrendo e a precisã.o
A polimerização dos materiais de moldagem total é determinada pela combinação destes do!S
elastoméricos continua depois que o material tomou efeitos. Uma recuperação elástica insignificante
presa e as propriedades mecânicas melhoram com ocorre após 20 a 30 minutos, assim, troquéis devem
o tempo. A remoção muito precoce pode resultar ser preparados imediatamente depois deste ~empo,
em alta deformação permanente; contudo, tempos para maior precisão. Silicones de adição que liberam
excessivamente longos na boca são inaceitáveis para hidrogênio são uma exceção a essa recomendação.
o paciente. O fabricante geralmente recomenda um Os segundos vazamentos de gesso em moldes
tempo mínimo para deixar o molde na boca e este elastoméricos produzem troquéis menos precisos
mínimo é utilizado para testar os materiais de acor- do que o primeiro porque o molde pode deformar
do com a Especificação N º 19daANSI/ ADA. durante a remoção do primeiro troque!; contudo,
Alterações dimensionais de presa podem ser com- eles são, geralmente, suficientemente precisos para
pensadas pela utilização de uma d·~pla moldagem serem utilizados como troquei de trabalho.
ou técnica massa densa e pasta flwda. Quando se
utiliza a técnica da dupla moldagem, uma moldagem MATERIAIS DE REGISTRO
preliminar é feita com o material de consistência
OCLUSAL
alta ou tipo massa densa, proporcionando algum
espaço para a moldagem final com o material de
baixa consistência. O molde preliminar é removido,
Materiais de Registro Elastoméricos
a cavidade é preparada e a moldagem final é feita Os silicones de adição e poliéteres foram formu-
com o material de baixa consistência, utilizando o lados para serem utilizados como materiais de re-
molde preliminar como uma moldeira. Dessa forma, gistro oclusal. A maioria dos produtos são silicones
a alteração dimensional no material de alta consis- de adição e a maioria é fornecida em cartuchos de
324 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 12-8 Propriedades dos Materiais de Moldagem Elastoméricos Utilizados para RegL~tros Oclusais

Alteração Dimensional
Tipo de Tempo de Tempo na Deformação em
Material Manipulação Trabalho (min) Boca (min) Compressão (o/o) Fluida(%) 1 Dia (0/o) 7 Dias(%)

Silicone
de adição
Auto mistura 0,5-3 1-3 1-2,9 0-0,01 ºª -0,15 -0,04 a -0,20

Silicone Mistura 1,4 2,5 0,92 o -0,06 -0,08


de adição Manual
Poliéter Mistura 2,1 3 1,97 o -0,29 -0,32
Manual

automistura. As propriedades destes materiais para fazer, não contêm metacrilato de metila e apresen-
registro oclusal estão listados na Tabela 12-8. Estes tam uma contração de polimerização insignificante
materiais são caracterizados por tempos de traba- na câmara de luz onde ocorre a fotoativação. Eles
lho e o período de tempo deixado na boca curtos, podem ser utilizados logo após seu processamento
quando comparados a materiais de moldagem elas- porque não há alteração dimensional clinicamente
toméricos típicos. Eles também são conhecidos por significante após a polimerização.
sua alta rigidez, indicados pelo baixo percentual de
deformação em compressão, e pela sua baixa fluidez
e alteração dimensional mesmo após sete dias. A MATERIAIS PARA TROQUEL
propriedade que distingue os silicones de adição E MODELO
dos poliéteres é sua menor alteração dimensional
após remoção; contudo, ainda é superior à estabili- Os gessos-pedra, gesso comum, resina epóxi e
dade das ceras para fazer registros oclusais. materiais refratários são alguns dos materiais utili-
zados para construir modelos ou troquéis a partir
MOLDEIRAS de moldes. A seleção de um destes é determinada
pelo material de moldagem específico em uso e
Moldeiras individuais proporcionam uma distân- pelo objetivo para o qual o troque! ou modelo vai
cia quase constante entre a moldeira e os tecidos, per- ser utilizado.
mitindo uma distribuição mais uniforme do material Moldes em hidrocoloide do tipo alginato podem
de moldagem durante o procedimento de moldagem ser utilizados somente com gesso comum, pedra
e maior precisão. Polimeros fotoativados e formados ou revestimento para fundição. Vários materiais
a vácuo têm sido utilizados mais frequentemente do de moldagem elastoméricos podem ser utilizados
que acrílico quimicamente ativado para produzir mol- para preparar troquéis de gesso ou epóxi.
deiras individuais por causa da volatilidade do monô-
mero acrílico e da sensíbilidade ao monômero relatada
pela equipe odontológica. O poliestireno conformado Qualidades Desejáveis de um Material
a vácuo é popular em laboratórios comerciais porque para Modelo ou Troquei
as moldeiras podem ser feitas rapidamente. Estas Os materiais para modelo e troque! devem re-
moldeiras devem ser manuseadas cuidadosamente produzir um molde com precisão e permanecerem
porque elas são mais flexíveis do que as moldeiras estáveis dimensionalmente sob condições normais de
de acrílico e podem ser deformadas facilmente pela utilização e armazenamento. Expansão e contração de
aplicação de calor. Moldeiras pré-fabricadas são muito presa, bem como as variações dimensionais em respos-
populares. Estas moldeiras de estoque variam conside- ta às mudanças de temperatura devem ser mantidas
ravelmente entre fabricantes. Quando uma moldeira ao mínimo. O modelo não apenas deve ser preciso,
de estoque é escolhida, devem ser tomados cuidados mas também deve reproduzir satisfatoriamente deta-
para assegurar que a moldeira está bem adaptada aos lhes finos e ter uma superfície lisa e dura. Um modelo
tecidos e adequadamente reforçada para evitar flexão ou troquei tão preciso também deve ser resistente e
durante a fabricação e remoção do molde. durável e suportar os procedimentos de manipulação
Os materiais fotoativados para moldeira têm subsequentes sem fratura ou abrasão da superfície.
muitas vantagens sobre o acrílico quimicamente Qualidades como resistência, resistência às forças de
ativado. Eles são semelhantes aos materiais fotoa- cisalhamento ou resistência ao Jascamento e resistên-
tivados para base de dentadura, mas têm uma cor cia à abrasão são, portanto, importantes e necessárias
diferente. As moldeiras são resistentes, fáceis de em diferentes graus, de acordo com o objetivo para o
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 325

qual o modelo ou troquei será utilizado. Por exemplo, a maioria dos procedimentos de manipulação envolvi-
como não será submetido a muitas tensões no uso, um dos na produção de dispositivos e restaurações.
modelo de estudo satisfatório pode ser feito de gesso Previamente à construção de padrões de cera
comum, no qual as qualidades supracitadas estão sobre troquéis de gesso-pedra de alta resistência,
em seu mínimo. Contudo, um molde elastomérico algum agente separador ou lubrificante de troquei é
utilizado para produzir um inlay indireto deveria ser necessário para prevenir que a cera fique aderida ao
vazado em gesso-pedra de alta resistência ou epóxi gesso. O lubrificante é aplicado generosamente ao tro-
para produzir um troquei no qual estas qualidades são quei de gesso-pedra de alta resistência e é absorvido;
suficientes para resistir à escultura e procedimentos de geralmente, várias aplicações podem ser feitas antes
acabamento que são uma parte desta técnica. que qualquer excesso se acumule na superfície. O
A cor de um modelo ou troquei pode facilitar os excesso é removido com um jato de ar antes de se
procedimentos de manipulação, tais como enceramen- prosseguir na construção do padrão de cera.
to de padrões de inlay, apresentando um contraste
de cor com a cera do inlay. A facilidade com a qual o
Materiais de Epóxi para Troquei
material pode ser adaptado ao molde e o tempo neces-
sário antes do modelo ou troquei estarem prontos para Até recentemente, os materiais de epóxi eram
o uso são de considerável significado prático. fornecidos na forma de uma pasta à qual um líquido
ativador (amina) era adicionado para iniciar o endu-
recimento. Por causa da toxicidade dos ativadores,
Gesso Comum e Gesso-pedra eles não devem entrar em contato com a pele durante
A química e as propriedades físicas do gesso a mistura e a manipulação do material que ainda
comum, do gesso-pedra e do gesso-pedra de alta não tomou presa. Durante o endurecimento, que
resistência (também conhecido como gesso-pedra pode levar 24 horas, ocorre uma contração de 0,1°/o.
melhorado ou gesso especial) são discutidas poste- A resina endurecida é mais resistente à abrasão e
riormente neste capítulo. Os materiais de gipsita são mais forte do que um troquei de gesso-pedra de alta
utilizados extensivamente para construir modelos e resistência. A pasta viscosa não escoa tão prontamen-
troquéis a partir de moldes odontológicos e podem ser te nos detalhes de um molde extenso quanto o faz o
utilizados com qualquer material de moldagem. Os gesso-pedra de alta resistência; urna máquina cen-
modelos de gesso-pedra, os quais são mais resistentes trífuga para modelos foi desenvolvida para auxiliar o
mecanicamente e à abrasão do que os modelos de ges- vazamento de resinas epóxi. Materiais epóxi de presa
so comum, são utilizados sempre que uma restauração rápida são fornecidos em sistemas de automistura
ou dispositivo serão confeccionados sobre o modelo. semelhantes àqueles descritos para automisturar
O gesso comum pode ser utilizado para modelos de os silicones de adição. A resina epóxi fica em um
estudo, destinados apenas para fins de registro. cartucho e o catalisador em outro. Ao se forçar as
Soluções endurecedoras, geralmente contendo duas pastas através da ponta de mistura estática,
30o/o de sol de sílica em água, são misturadas com o ocorre a mistura completa do material, o qual pode
gesso-pedra. O aumento da dureza dos troquéis de ser injetado diretamente em um molde de borracha.
gesso-pedra vazados em moldes varia de 2% para Uma pequena ponta intraoral de inserção pode ser
silicones a llOo/o para poliéter. A alteração dimen- acoplada à ponta de mistura estática se for desejado
sional na presa dos gessos-pedra misturados com o injetar nas áreas mais detalhadas do molde. O epóxi
endurecedor é levemente maior do que quando as de presa rápida endurece rapidamente, tanto que o
misturas são feitas com água, 0,07% versus 0,05%. troquei pode ser utilizado 30 minutos após o epóxi
Na maioria das vezes, a resistência à abrasão ou ao ter sido injetado no molde. Como a água retarda a
lascamento das misturas de gesso-pedra feitas com polimerização da resina, resinas epóxi não podem ser
soluções endurecedoras é maior do que misturas utilizadas com materiais de moldagem que contêm
comparáveis feitas com água. Uma variedade de água, como ágar e alginato, e por isso são limitadas
efeitos dos tratamentos de superfície dos gessos- ao uso com materiais de moldagem elastoméricos.
pedra na resistência à abrasão foi relatada. Os sprays
de troquei geralmente aumentam a resistência ao las-
camento, enquanto que lubrificantes podem diminuir
Comparação de Materiais
a dureza superficial e a resistência o lascamento. de Moldagem e de Troquei
Os gessos-pedra de alta resistência fazem excelentes Os troquéis de gesso-pedra de alta resistência po-
modelos ou troquéis, facilmente reproduzem detalhes dem ser de 0,35ºk maiores a 0,25% menores do que o
finos de um molde e ficam prontos para o uso após modelo-mestre (padrões metálicos utilizados em es-
aproximadamente uma hora. O modelo resultante é es- tudos laboratoriais para avaliar a precisão de moldes
tável dimensionalmente por longos períodos e suporta e modelos), dependendo do local em que é realizada
326 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

a medição e do material de moldagem utilizado. Em no processamento de próteses totais. A principal razão


geral, as alterações oclusogengivais (verticais) são para tal uso diversificado é que as propriedades dos
maiores do que as alterações bucolinguais ou me- materiais de gipsita podem ser facilmente modificadas
siodistais (horizontais). A contração do material de por meios físicos e químicos.
moldagem na direção das superfícies da moldeira no A forma <li-hidratada do sulfato de cálcio, chama-
sentido horizontal geralmente resulta em dimensões da gi.psita, geralmente tem aparência branca a ama-
maiores do que o modelo-mestre. No sentido vertical, relado Jeitoso e é encontrada na natureza como uma
a contração é para longe da superfície livre do molde massa compacta. A gipsita mineral tem importância
e na direção da moldeira e, portanto, são obtidas di- comercial como uma fonte de gesso de Paris. O termo
mensões menores do que o modelo-mestre. gesso de Paris foi dado a este produto porque ele foi
A precisão dos materiais de moldagem elasto- obtido pela queima da gipsita extraída de depósitos
méricos está na seguinte ordem de melhor a pior, próximos à Paris, França. Depósitos de gipsita, no
independente de serem utilizados troquéis de ges- entanto, são encontrados na maioria dos países.
so-pedra ou metal: silicones de adição e poliéter.
Todos os troquéis de epóxi exibem alguma con-
tração de polimerização, com valores variando de NATUREZA QUÍMICA E FÍSICA
0,1'Yo a 0,3'Yo e, como resultado, o troquei é reduzido DOS PRODUTOS DE GIPSITA
em seu tamanho.
Classificar os materiais pela habilidade da as- A maioria dos produtos de gipsita são obtidos
sociação troquei-molde em reproduzir detalhes de da rocha natural de gipsita. Devido ao fato da gip-
superfície produz resultados diferentes de classifi- sita ser a forma <li-hidratada do sulfato de cálcio
cá-los por valores de alterações dimensionais. Se um (CaS04 · 2H20), no aquecimento, ela perde 1,5 g mol
agente de separação não é necessário na superfície dos seus 2 g molde H20 e é convertida em sulfato de
do molde, os troquéis de epóxi são os melhores cálcio hemi-hidratado [CaS04 ·1h H20], às vezes, es-
para reproduzir detalhes (10 µm), seguidos pelos crito como [CaSOJ 2 · H20. Quando o sulfato de cál-
troquéis de gesso-pedra de alta resistência (170 µm). cio hemi-hidratado é misturado com água, a reação
A combinação silicone-epóxi produz o detalhe mais reversa acontece e o sulfato de cálcio hemi-hidratado
nítido, embora nem todos os materiais epóxi para é reconvertido a sulfato de cálcio di-hidratado. Sen-
troquei sejam compatíveis com todos os materiais do assim, a desidratação parcial da rocha de gipsita
de moldagem de silicone. e reidratação do sulfato de cálcio hemi-hidratado
As resistências à abrasão e lascamento devem constitui uma ração reversível. Quimicamente, a
também ser consideradas. Os troquéis de epóxi têm reação é expressa como mostrado adiante.
boa resistência, e os troquéis de gesso-pedra de alta
resistência têm a menor resistência.
CaS04 · 1h H20 + 1 lh H20 °"'
Gesso de Paris Água
CaS04 · 2 H 20 + 3.900cal/g mol
PRODUTOS DE GIPSITA Gipsita
A reação é exotérmica e sempre que 1 g mol de
Os produtos de gipsita provavelmente servem à sulfato de cálcio hemi-hidratado reage com 1,5 g mol
profissão odontológica mais adequadamente do que de água, 1 g mol de sulfato de cálcio di-hidratado se
quaisquer outros materiais. O gesso comum, a pedra, a forma e 3.900 calorias são produzidas. Esta reação
pedra de alta resistência/ alta expansão e o revestimen- química acontece independentemente se o material
to para fundição constituem este grupo de produtos de gipsita é utilizado como um material de molde,
intimamente relacionados. Com leves modificações, os um material de troquei ou um aglutinante em re-
produtos de gipsita são utilizados para várias finalida- vestimento para fundição.
des diferentes. Por exemplo, o gesso comum para fazer
moldes de bocas edêntulas ou para montar modelos
em articulador, enquanto que o gesso-pedra para fa-
Fabricação de Gesso Comum, Pedra
zer um modelo que duplica a anatomia oral quando
e Pedra de Alta Resistência
vazado em qualquer tipo de molde. Os produtos de Três tipos de matérias-primas básicas são obtidas
gipsita também são usados como aglutinantes para a pela desidratação parcial da rocha de gipsita, de-
sílica no revestimento para fundição de ligas áuricas, pendendo da natureza do processo de desidratação.
revestimento para solda e revestimento para ligas ní- Gessos co·muns são moles, porosos e menos densos,
quel-cromo de baixo ponto de fusão. Estes produtos enquanto que a variedade hidrocal tem uma densida-
também são utilizados como um material de molde de maior e é mais cristalina. O Densite é a mais densa
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 327

das matérias-primas. Estes três tipos de matérias-


primas são utilizados para formular os quatro tipos
de produtos de gipsita relativamente pura utilizados
em odontologia. Eles são classificados como gesso
comum (para modelo e laboratório), gessos-pedra
de baixa a moderada resistência; gessos-pedra de
alta resistência/baixa expansão (também chamados
de gesso-pedra melhorado ou gesso especial), e
gesso-pedra de alta resistência/alta expansão, ou,
alternativamente, como tipos dois, três, quatro e cinco
na Especificação nº 25da ANSI/ ADA (ISO 6873).
Embora estes tipos tenham fórmulas químicas
idênticas de sulfato de cálcio hemi-hidratado,
CaS04 · '.\-2 H20, eles possuem propriedades físicas
diferentes, o que faz com que cada um deles seja
indicado para finalidades diferentes. Todas as qua-
tro formas são derivadas de depósitos naturais de
gipsita, com a principal diferença sendo a maneira
de remover parte da água do sulfato de cálcio <li-
-hidratado. A gipsita sintética pode também ser
utilizada para formular alguns produtos, mas é
menos popular por causa dos custos de fabricação FIGURA 12-20 Cristais de gesso comum.
mais elevados.

Desidratação por
aquecimento ou
Gipsita outros meios Gessos Formulação Gesso comum para
mineral comuns modelo
Gesso ele laboratório
Hidrocal - - - - > Gesso-pedra
Densite Gesso-pedra de
alta resistência

Os gessos comuns são produzidos quando a


gipsita mineral é aquecida numa caldeira aberta
a uma temperatura de cerca de llOºC a 120°C. O
hemi-hidratado produzido é chamado de [3-sulfato
de cá.leio he·rni-hidratado. Esse pó é caracterizado
por apresentar partículas de formato irregular e
é poroso por natureza. Estes gessos são utilizados
para formular gessos comuns para modelo e de
laboratório. Os cristais do modelo de gesso são mos-
trados na Figura 12-20.
Se a gipsita é desidratada sob pressão e na
presença de vapor de água a aproximadamente
125 ºC, o produto é chamado hidrocal. As partículas
do pó deste produto têm formato mais uniforme
e são mais densas do que as partículas do gesso
comum. Cristais de um gesso-pedra são mostrados
na Figura 12-21. O sulfato de cálcio hemi-hidratado
produzido desta forma é designado como ex-sulfa- FIGURA 12-21 Estrutura típica de cristal do gesso-pedra.
to de cá.leio hemi-hidrata.do. O hidrocal é utilizado
para produzir gesso-pedra de baixa a moderada
resistência. de alta densidade chamada densite. Esta variedade
Os gessos-pedra de alta resistência dos tipos qua- é feita pela ebulição da rocha de gipsita em uma
tro e cinco são fabricados com uma matéria-prima solução de cloreto de cálcio a 30o/o, depois da qual o
328 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

cloreto é lavado com água quente (100 ºC) e o mate- ção química. Quando o material que tomou presa
rial é moído até a granulação desejada. O pó obtido seca, o excesso de água evapora, deixando poros na
por este processo é o mais denso de todos os tipos. estrutura, enfraquecendo-a. Sendo assim, o modelo
Estes materiais são geralmente formulados como de gesso comum é mais fraco do que o de gesso-pe-
gesso-pedra de alta resistência e baixa expansão ou dra, o qual, por sua vez, é mais fraco que o de gesso-
gesso-pedra de alta resistência e alta expansão. pedra de alta resistência. Se 100 g de gesso comum
Os produtos de gipsita podem ser formulados são misturados com 50 g de água, a massa resultan-
com substâncias químicas que modificam suas te é mais diluída, sendo mais facilmente espatulada
características de manipulação e propriedades. O e vazada no molde, mas o gesso após a presa é in-
sulfato de potássio, K2S04 e terra alba (outra deno- ferior e mais fraco do que quando são utilizados 45 g
minação para o sulfato de cálcio <li-hidratado) são de água. Quando o gesso comum é misturado com
aceleradores eficazes. O cloreto de sódio em pe- uma quantidade menor de água, a massa misturada
quenas quantidades acelera a reação de presa, mas é mais espessa, mais difícil de manipular e aprisiona
aumenta a expansão de presa da massa de gesso. O bolhas de ar facilmente quando é vazada em um
citrato de sódio é um retardador confiável. O bórax, molde, mas o gesso após a presa é geralmente mais
Na2B40 7, é tanto retardador como acelerador. Uma resistente. Portanto, o controle cuidadoso da quan-
mistura de óxido de cálcio (0,1 'Yo) e goma-arábica tidade de água na mistura é necessário para uma
(1%) reduz a quantidade de água necessária para manipulação apropriada e a qualidade da massa
misturar produtos de gipsita, resultando em pro- pós-presa.
priedades melhoradas. O gesso tipo quatro difere ,
do tipo cinco devido ao fato do tipo quatro conter Proporção Agua/Pó do Gesso-Pedra
sais extras para reduzir sua expansão de presa. e Gesso-Pedra de Alta Resistência
A razão para as diferenças entre as quantida-
des recomendadas de água para manipulação do
Reação Química gesso comum, gesso-pedra e gesso-pedra de alta
A reação química que acontece durante a presa dos resistência está no formato dos cristais de sulfato de
produtos de gipsita determina a quantidade de H 20 cálcio hemi-hidratado. Alguns cristais deste sulfato
necessária para a reação. A reação de 1 g mo! de gesso são comparativamente irregulares no formato e
comum com 1,5 g molde água produz 1 g molde gesso. porosos, como o são os cristais no gesso comum,
Em outras palavras, 145 g de gesso comum necessitam enquanto que os cristais do gesso-pedra e dos dois
de 27 g de água para reagir e formar 172 g de gesso, gessos-pedra de alta resistência são densos e mais
ou 100 g de gesso comum requerem 18,6 g de água regulares no formato, conforme demonstrado nas
para formar 118 g de sulfato de cálcio <li-hidratado. Figuras 12-20 e 12-21. Esta diferença no formato
Contudo, na prática, uma quantidade tão pequena físico e na densidade dos cristais torna possível
de água não é suficiente para produzir uma massa obter consistências semelhantes com menos excesso
adequada para manipulação. A Tabela 12-9 mostra a de água com os gesso-pedra e gesso-pedra de alta
água recomendada para mistura, a necessária para a resistência em comparação ao gesso comum.
reação e o excesso de água para gesso comum, gesso- Quando misturados com água, gesso comum,
pedra e gesso-pedra de alta resistência. gesso-pedra ou gesso-pedra de alta resistência to-
Por exemplo, para misturar 100 g de gesso co- mam presa formando uma massa dura de gipsita.
mum a uma consistência fluida utilizável, utilize 45 g Os produtos de gesso conhecidos como gesso-pedra
de água. Perceba que somente 18,6 g dos 45 g de água de alta resistência (tipos quatro e cinco) são os mais
reagem com os 100 g de gesso comum; o excesso resistentes; a massa produzida como gesso comum
(45 g - 18,6 g = 26,4 g) é distribuído como água livre é a mais fraca e o gesso-pedra produz um material
na massa que tomou presa sem tomar parte na rea- de resistência intermediária. Perceba, contudo, que

TABELA 12-9 Água Necessária e em Excesso para Materiais de Gifh~ita*

Gesso Água para manipulação Água necessária Água em excesso


(mUlOO g de pó) (mL/100 g de pó) (mUlOO g de pó)

Gesso comum para modelo 37-50 18,6 18-31


Gesso-pedra 28-32 18,6 9-13
Gesso-pedra de alta resistência 19-24 18,6 0-5

*Proporçilo água-pó varia cem cada.produto.


12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 329

todos os produtos de gipsita têm a mesma fórmula a expansão de presa do material. Dentro de limites
química e que a natureza química das massas pro- práticos, um aumento na velocidade de espatulação,
duzidas pela mistura deles com água é também no tempo ou em ambos reduz o tempo de presa. Ob-
idêntica; as diferenças entre eles são, principalmen- viamente, quando o pó é colocado na água, a reação
te, em suas propriedades físicas. química se inicia e algum sulfato de cálcio <li-hidra-
tado é formado. Durante a espatulação, o sulfato de
Mecanismo de Presa
cálcio di-hidratado recém-formado é quebrado em
A teoria mais importante e bem reconhecida para cristais menores e inicia novos centros de nuclea-
o mecanismo de presa é a teoria cristalina. Ela foi ção, sobre os quais o sulfato de cálcio <li-hidratado
desenvolvida em 1887 por Henry Louis Le Chatelier, pode precipitar. Como uma maior espatulação
um químico francês. A teoria recebeu total apoio de causa formação de mais núcleos de cristalização,
Jacobus Henricus van't Hoff, um famoso qtúrnico a conversão de sulfato de cálcio hemi-hidratado a
holandês em Berlim no começo do século XX. De <li-hidratado é acelerada.
acordo com a explicação de van't Hoff, a reação de
presa da água com sulfato de cálcio hemi-hidratado
Efeito da Temperatura
para formar o sulfato de cálcio <li-hidratado é cau-
sada pela diferença de solubilidade entre estes dois A temperatura da água utilizada para a mistura,
componentes. Sulfato de cálcio <li-hidratado é menos assim como a temperatura ambiente, tem um efeito
solúvel do que a forma hemi-hidratada. Quando na reação de presa dos produtos de gipsita. O tempo
o hemi-hidrato dissolve na água, o <li-hidratado de p resa provavelmente é mais afetado por mu-
formado, menos solúvel, se torna supersaturado e danças na temperatura do que por qualquer outra
precipita ("sai" da solução) em centros denucleação propriedade física. Evidentemente, a temperatura
sob a forma de cristais em forma de agulha. A união tem dois efeitos principais na reação de presa dos
produtos de gipsita.
entre os cristais que entram em contato é responsável
pela coesão da estrutura final. O primeiro efeito do aumento da temperatura é
urna alteração nas solubilidades relativas do sulfato de
Contração Volumétrica cálcio hemi-hidratado e sulfato de cálcio di-hidratado,
Teoricamente, o sulfato de cálcio hemi-hidratado a qual altera as taxas de reação. A razão entre as
deve contrair volumetricamente durante o processo de solubilidade do sulfato de cálcio di-hidratado e
sulfato de cálcio hemi-hidratado a 20 º C é por volta
presa Contudo, experimentos determi.naram que todos
os produtos de gipsita expandem linearmente durante de 4,5. Conforme a temperatura aumenta, as razões
a presa. Conforme indicado anteriormente, quando de solubilidade diminuem, até que se alcance lOO ºC
145,15 g de sulfato de cálcio hemi-hidratado reage com e a razão se tome igual a 1 (um). Conforme a razão
de solubilidades se torna mais baixa, a reação se
'lJJYl. g de água o resultado é a produção de 172,17 g de
sulfato de cálcio d.i-hidratado. Contudo, se o volume, torna mais lenta e o tempo de presa aumenta. As
em vez do peso, de sulfato de cálcio hemi-hidratado solubilidades do sulfato de cálcio hemi-hidratado
é adicionado ao volume de água, a soma dos volumes e sulfato de cálcio di-hidratado são mostradas na
será cerca de 7"/o menor do que o volume de sulfato de Tabela 12-10.
cálcio <li-hidratado. Na prática, cerca de 0,2o/o a 0,4%
de expansão linear é obtida. De acordo com a teoria
cristalina de Le Chatelier e van't Hoff, a expansão é TABELA 12-10 Solubilidade do Sulfato de Cálcio
resultado da ação de empurramento dos cristais de Hemi-Hidratado e Sulfato de Cálcio Di-hidrdtado em
gesso, CaS04 · 2H20, durante seu crescimento em Diferentes Temperaruras
urna solução supersaturada. O fato de que a contração
CaSO, · 'h H10 CaS0, · 2 H10
do gesso não é visível não invalida sua existência e Temperatura (ºC) (g/100 g de água) (g/100 g de água)
quando a contração volumétrica é mensurada por um
dilatômetro, este determina que ela é de cerca de 7"/o. 20 0,90 0,200
Por causa da expansão linear das dimensões externas, 25 0,80 0,205
a qual é causada pelo crescimento do sulfato de cálcio
di-hidratado, com uma simultânea contração volumé- 30 0,72 0,209
trica verdadeira do sulfato de cálcio d.i-hidratado, estes 40 0,61 0,210
materiais são porosos após a presa
50 0,.50 0,205

Efeito da Espatulação 100 0,17 0,170


O processo de mistura, chamado espatulação, Modificado tk Partridge EP, Whitt' AH:/. Am. Chem. Soe. 51,
tem um efeito marcante sobre o tempo de presa e 360, 1929.
330 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

O segundo efeito é a mudança na mobilidade estão em contato com CaS04 • ~ H20 durante a presa,
iônica com a temperatura. Em geral, conforme a uma superfície mole e facilmente abrasionável é ob-
temperatura aumenta, a mobilidade dos íons cálcio tida. Aceleradores como sulfato de potássio são adi-
e sulfato aumenta, o que tende a aumentar a taxa cionados para melhorar a qualidade de superfície do
de reação e reduzir o tempo de presa. CaS04 • 2H20 após presa contra ágar ou alginato.
Praticamente, os efeitos destes dois fenômenos Estes coloides não retardam a presa por alterar a
são superpostos e o efeito total é observado. Desse razão de solubilidade das formas hemi-hidratada e
modo, aumentando a temperatura de 20 ºC para <li-hidratada, mas sim por serem adsorvidos nos sí-
30°C, a razão de solubilidade diminui de 0,90/0,200 = tios de nucleação do hemi-hidratado e di-hidratado,
4,5 para 0,72/0,209 = 3,4 - o que normalmente de- interferindo, assim, na reação de hidratação. A
ve retardar a reação. Ao mesmo tempo, contudo, a adsorção destes materiais nos sítios de nucleação
mobilidade dos íons aumenta, o que deve acelerar a retarda a reação de presa mais efetivamente do que
reação de presa. Portanto, de acordo com os valores a adsorção no sulfato de cálcio hemi-hidratado.
da solubilidade, a reação deve ser retardada, enquan- Llquidos com pH baixo, como a saliva, retardam a
to que, de acordo com mobilidade dos íons, a reação reação de presa. Líquidos com pH alto a aceleram.
deve ser acelerada. Experimentos demonstraram que
o aumento da temperatura entre 20ºC (temperatura
ambiente) para 37ºC (temperatura corporal) aumenta PROPRIEDADES
a taxa de reação levemente e reduz o tempo de presa.
Contudo, conforme a temperatura é elevada acima Propriedades importantes dos produtos de
de 37°C, a taxa de reação diminui e o tempo de presa gipsita incluem qualidade, fluidez no momento
aumenta. A lOO ºC as solubilidades do <li-hidratado do vazamento, tempo de presa, expansão linear
e hemi-hidratado são iguais, caso em que não ocorre de presa, resistência à compressão, dureza e resis-
reação e o gesso não toma presa. tência à abrasão e reprodução de detalhes. Alguns
destes requisitos de propriedades, descritos pela
Efeito da Umidade Especificação Nº 25da ANSI/ ADA (ISO 6873), estão
A partir de 70'Yo de umidade relativa, a umidade no resumidos na Tabela 12-11.
ar pode causar alguma conversão de hemi-hidratado
a di-hidratado. Pelo fato dos cristais de <li-hidratos Tempo de Presa
acelerarem a reação ao fornecerem mais núcleos para
Definição e Importância
cristalização, o resultado inicial é uma presa mais
rápida. Contudo, um excesso de contaminação por O tempo necessário para que a reação se com-
umidade pode reduzir a quantidade de hemi-hidrato plete é chamado de tempo de presa final. Se a taxa de
remanescente para formar gesso e isto acarretará reação é muito rápida ou o material tem um curto
retardo na presa. Sendo assim, todos os produtos tempo de presa, a massa espatulada pode endurecer
de gipsita devem ser mantidos em um recipiente antes que o operador possa manipulá-la apropria-
fechado e bem protegido da umidade do ar. damente. Por outro lado, se a taxa de reação é muito
lenta, um tempo excessivamente longo é necessário
Efeito dos Sistemas Coloidais e pH para se completar a operação. Sendo assim, um tem-
Sistemas coloidais como ágar e alginato retardam po de presa apropriado é uma das características
a presa dos produtos de gipsita. Se estes materiais mais importantes dos materiais de gipsita.

TABELA 12-11 Requisitos de Propriedades para Materiai~ de Gipsita


Resistência à
Variação de Compressão (MPa) Reprodução
Tempo de Expansão de de Detalhe
Tipo Presa (min) Presa (ºlo) Mínima Máxima (µm)

1. Gesso comum para moldagem 2,5-5 0-0,15 4 8 75±8


2. Gesso comum para modelo ±20o/o* 0-0,30 9 75±8
3. Gesso-pedra ±20% 0-0,20 20 50±8
4. Gesso-pedra de alta resistência/baixa expansão ±20% 0-0,15 35 50±8
5. Gesso-pedra de alta resistência/alta expansão ±20% 0,16-0,30 35 50±8
*O tempo de presa deve ser dentro de 20% do valer afim1adc pelo fabricante.
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 331

A reação química se inicia no momento que o TABELA 12-12 Efeito da Propo~o Água/Pó no
pó é misturado à água, mas na fase inicial somente Tempo de Presa
uma pequena porção do hemi-hidratado é conver-
tida em gesso. A massa recém-espatulada tem uma Tempo
Inicial
consistência sem.ifluida e pode ser vertida em um
Proporção Voltas na (VlcaO de
molde de qualquer formato. Conforme a reação Material A/P (mUg) Espatulação Presa (min)
prossegue, contudo, mais e mais cristais de sul.fato
de cálcio di-hidratado são p roduzidos. A viscosi- Gesso comum 0,45 8
dade da massa aumenta e ela não consegue mais 0,50 100 11
fluir facilmente pelos detalhes finos do molde. &te
tempo é chamado de tettrpo de trabalho. 0,55 14
O tempo de presa final é definido como o tempo Gesso-pedra 0,27 4
no qual o ma teria! pode se.r separado do molde sem
0,30 100 7
distorção ou fratura. O tempo de presa inicial é o
tempo necessário para que os produtos de gipsita 0,33 8
alcancem um estágio arbitrário de consistência em Gesso-pedra de 0,22 5
seus processos de presa. Este estágio arbitrário é re- alta resistência
0,24 100 7
presentado por uma massa semiendurecida que ul-
trapassou a fase de trabalho, mas ainda não tomou 0,26 9
presa completamente. Na presa final, a conversão
de sulfato de cálcio h.emi-hidratado em sulfato de
(A/P) p ode também afetar o tempo de presa; utili-
cálcio di-hidratado está virtualmente completa.
zar mais água na mistura pode prolongar o tempo
Medição de presa, conforme é mostrado na Tabela 12-12.
O tempo de presa inicial é geralmente medido A maneira mais fácil e mais confiável de mudar
arbitrariamente por alguma forma de teste de pene- o tempo de presa é adicionar diferentes substâncias
tração, embora existam outros métodos de teste. químicas. O sulfato de potássio, K:z&)4, é conhecido
Por exemplo, a perda de brilho da superfície da como um efetivo acelerador, e a utiliz.ação de uma
massa misturada de gesso comum ou gesso-pedra solução aquosa a 2°,{, deste sal em vez de água reduz
é uma indicação deste estágio na reação química e o tempo de presa do gesso comum de aproximada-
é utiliz.ado, às vezes, para indicar a presa inicial da mente dez minutos para cerca de quatro minutos. Por
massa. Da mesma forma, o tempo de presa pode outro lado, citrato de sódio é um retardador seguro. A
ser medido pela elevação da temperatura da massa, utiliz;ição de uma solução aquosa a 2o/o de bórax para
porque a reação química é exotérmica. misturar com o pó pode prolongar o tempo de presa
O aparelho de Vicat, mostrado na Figura 12-16, de alguns produtos de gipsita para algumas horas.
é comumente utilizado para medir o tempo de presa Se uma quantidade pequena de sulfato de cálcio
inicial dos produtos de gipsita. Ele consiste de uma di-hidratado é desgastada e misturada com gesso
haste que pesa 300 g com uma agulha de 1 mm de comum, ela fornece núcleos de cristalização e age
diâmetro. Um anel é preenchido com a mistura e como um acelerador. O gesso após presa utilizado
a haste é abaixada até entrar em contato com a su- como um acelerador é eh.amado de terra alba e tem
perficie do material. Então, a agulha é liberada para um efeito pronunciado em concentrações baixas.
penetrar a mistura. Quando a agulha não penetra O tempo de presa muda significativamente se a
até o fundo do recipiente, o material alcançou o quantidade de terra alba presente na mistura é
Vicat ou o tempo de presa inicial. Outros tipos de modificada de 0,5o/o para 1%. Contudo, as concen-
instrumentos, tais como as agulhas de Gillmore, trações de terra alba acima de 1°/o têm menos efeitos
podem ser utilizados para obter os tempos de presa no tempo de p resa. Os fabricantes geralmente tiram
inicial e final dos materiais de gipsita. vantagem deste fa to e adicionam cerca de 1% de
terra alba ao gesso comum. Assim, o tempo de presa
Controle do Tempo de Presa do gesso comum é menos alterado no uso normal
Métodos para controlar o tempo de presa foram pela abertura e fechamento do recipiente.
discutidos previamente. Inicialmente, o fabricante A proporção A/P tem um efeito pronunciado
pode adicionar vários componentes que agem tanto no tempo de presa. Quanto mais água houver na
como aceleradores quanto como retardadores. O mistura do gesso comum, gesso-pedra ou gesso-pe-
operador pode alterar o tempo de presa modifican- dra de alta resistência, mais longo será o tempo de
do a temperatura da água da mistura e mudando a presa, conforme é mostrado na Tabela 12-12. O efeito
intensidade da espatulação. A proporção água-pó da espatulação no tempo de presa do gesso comum
332 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 12-13 Efeito da Espatulação no Tempo TABELA 12-15 Viscosidade de Vários Gessos-Pedra
de Presa de Alta Resistência e Gessos-Comum para Moldagem

Proporção Voltas na Tempo de Material Viscosidade (cp)t


Material AIP(mUg) Espatulação Presa (min)
Gesso-pedra de alta resistência•
Gesso comum 0,50 20 14
A 21.000
para modelo
0,50 100 11
B 29.000
0,50 200 8
e 50.000
Gesso-pedra 0,30 20 10
D 54.000
0,30 100 8
E 101.000
Gesso comum para moldagem 23.000
TABELA 12-14 Propriedades de um Gesso-Pedra Mndificndo de Garber DK, Powers JM, Brandau HE: J. 1\Aich.
de Alta Resistência ML~turado Manualmente e por u1n Dent. Assoe. 67, 133, 1985.
Misturador Auto1nático à Vácuo *Gessos-pedra.Jorart1 rt1isturados com solrtÇt1o de cilTato de sódio a
1% para retardar a presa.
Mistura Mistura Automática t A viscosidadefoi rt1ensurado a q11atro minutos do início da rt1m1ipulaçilo.
Manual à Vácuo
Tempo de presa 8 7,3
relacionada à proporção A/P da mistura. Quanto
Resistência à compressão 43,1 45,5 mais água é utilizada para fazer a mistura, mais
em 24 horas (MPa) baixa é a resistência à compressão.
Expansão de presa em 0,045 0,037 O gesso comum tem a maior quantidade de
duas horas (o/o) água em excesso, enquanto que o gesso-pedra de
alta resistência contém o menor excesso de água.
VJSCOsidade,centipoL-;e (cp) 54.000 43.000
O excesso de água é uniformemente distribuído na
Modificado de Garber DK, Powers ]i'vf, Brando11 HE: J. Mich. mistura e contribui para o volume, mas não para a
Dent. Assoe. 67, 133, 1985. resistência do material. O gesso comum após presa
é mais poroso do que o gesso-pedra após a presa,
e gesso-pedra são mostrados na Tabela 12-13. A es- fazendo com que a densidade aparente do gesso
patulação prolongada encurta o tempo de presa. As comum seja menor. Devido ao fato do gesso-pedra
propriedades de um gesso-pedra de alta resistência de alta resistência ser o mais denso, ele apresenta a
misturado manualmente e por um misturador au- maior resistência à compressão, com o gesso comum
tomático à vácuo são mostradas na Tabela 12-14. O sendo o mais poroso e, assim, o mais fraco.
tempo de presa é geralmente reduzido para a mistura Os valores de resistência à compressão após uma
automática se comparado à mistura manual. hora são em torno de 12,5 MPa para o gesso comum,
31 MPa para o gesso-pedra e 45 MPa para os gessos-
Viscosidade pedra de alta resistência. Estes valores são representa-
As viscosidades de diversos gessos-pedra de tivos para as misturas normais, mas eles variam con-
alta resistência e gessos comuns para moldagem forme a proporção A/Pé aumentada ou diminuída. O
são listadas na Tabela 12-15. Uma variedade de efeito da proporção A/P na resistência à compressão
viscosidades de 21.000 a 101.000 centipoises (cp) destes materiais é dado na Tabela 12-16. Conforme é
foi observada para cinco gessos-pedra de alta resis- mostrado na Tabela 12-14, a resistência à compressão
tência diferentes. Mais bolhas foram observadas em de um gesso-pedra de alta resistência é melhorada
modelos utilizando gessos-pedra com viscosidades levemente pela mistura à vácuo. Evidentemente, quan-
mais altas. O gesso comum é utilizado com pouca do o gesso-pedra é misturado com a mesma proporção
frequência para moldagens, mas sua baixa visco- A/P do gesso comum, a resistência à compressão do
sidade possibilita moldagens com um mínimo de gesso-pedra é quase a mesma daquela do gesso co-
força dos tecidos moles (técnica mucostática). mum. Da mesma forma, a resistência à compressão do
gesso-pedra de alta resistência com proporções A/P
Resistênda à Compressão de 0,3 e 0,5 é semelhante à resistência à compressão
Os produtos de gipsita apresentam valores re- normal do gesso-pedra e do gesso comum.
lativamente altos de resistência à compressão após Após uma ou duas horas do tempo de presa final,
presa. A resistência à compressão é inversamente o material de gipsita endurecido parece seco e ter
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 333

TABELA 12-16 Efeito da Proporção Água/Pó


na Resistência à Compressão do Gesso Comum,
Gesso-Pedra e Gesso-Pedra de Alta Resistência*
60
Proporção Resistência à ~

Material A/P (mUg) Compressão (MPa) <ti


a_
~
~

Gesso comum 0,45 12,5 o


•<ti 50
0,50 11 :ll
~
0,55 9 a.
E
o
Gesso-pedra 0,27 31 ü
-<ti 40
0,30 20,5 <ti
o

Gesso-pedra 0,24
0,50 10,5

38
-
e
<Q)

"'
·u;
Q)

de alta resistência a: 30
0,30 21,5
0,50 10,5

"Todns ns mistrtrns espnt11/ndns cem voltns e testadas uma /tora


20-i-~~..--~---.~~--...~~~~~~~
depois do infcio da 111nnip11laçl'lo.
o 2 4 6 8 10
Perda de peso (0/o)
atingido sua máxima resistência. Na verdade, este
não é o caso. A resistência úmida é a resistência de FIGURA 12-22 Efeito da perda do excesso de água na
materiais de gipsita com algum ou todo o excesso de resistência à compressão do gesso-pedra.
água presente na amostra. A resistência seca é a resis-
tência do material de gipsita com todo o seu excesso à sua resistência à compressão. Altas resistências à
de água removido. A resistência seca à compressão é compressão da massa endurecida correspondem a
geralmente cerca de duas vezes a resistência úmida altas durezas superficiais. Depois que a presa final
Perceba que confonne a massa endurecida vagarosa- ocorre, a dureza superficial permanece praticamente
mente perde seu excesso de água, a resistência à com- constante até que a maior parte do excesso de água
pressão do material não aumenta uniformemente. seja evaporado da superfície, depois do que sua
O efeito da secagem na resistência à compressão do elevação é semelhante à elevação na resistência à
gesso-pedra é mostrado na Figura 12-22. Teoricamen- compressão. A dureza superficial aumenta em uma
te, cerca de 8,8o/o do excesso de água está presente na taxa mais rápida do que a resistência à compressão,
massa endurecida do gesso-pedra. Conforme a massa porque a superfície da massa endurecida alcança um
perde até 7"/o de água, nenhuma mudança apreciável estado seco antes da porção mais interna da massa.
se desenvolve na resistência à compressão do mate- Tentativas têm sido feitas para aumentar a du-
rial. Quando a massa perde 7,5% do seu excesso de reza dos produtos de gipsita pela impregnação do
água, contudo, a resistência aumenta bruscamente, e gesso após presa com epóxi ou monômero metacri-
quando todo o excesso (8,8°/o) é perdido, a resistência lato de metila polimerizáveis. Aumentos na dureza
do material é superior a 55 MPa. foram obtidos para o gesso com.um, mas não para
O tempo de secagem para os materiais de gip- o gesso-pedra ou gesso-pedra de alta resistência.
sita variam de acordo com o tamanho da massa Aumentos na resistência ao risco de 15% para 41 'Yo
de gesso e a temperatura e umidade da atmosfera foram observados para um gesso-pedra de alta
de armazena mento. Em temperatura ambiente e resistência impregnado com resinas epóxi ou uma
umidade média, são necessários cerca de sete dias resina dimetacrilato fotopolimerizável. Geralmente,
para o gesso preenchendo uma mufla de tamanho impregnar o gesso após presa com resina aumenta
médio perder o excesso de água. a resistência à abrasão, mas diminui a resistência à
compressão e à dureza superficial.
A ideia de secar moldes, modelos ou troquéis em
Dureza Superficial e Resistência um forno para obter uma rápida resistência seca à
à Abrasão compressão e dureza superficial seca de um material
A dureza superficial de materiais de gipsita não é prática porque o gesso seria desidratado, o
não modificados está relacionada de modo geral que reduziria a resistência ao invés de aumentá-la.
334 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Imergir os troquéis ou modelos de gesso em glicerina


ou diferentes óleos não melhora a dureza superficial,
mas toma a superfície mais lisa, de forma que um ..
esculpidor de cera ou outro instrumento não cortará
' í
o gesso-pedra ao deslizar sobre sua superfície. A
espatulação do gesso-pedra de alta resistência com
um endurecedor comercial contendo sílica coloidal
(cerca de 30"/o) melhora sua dureza superficial após
a presa. A dureza Knoop de duas marcas comerciais
de gesso-pedra de alta resistência foram 54 Kg/ mm2
e 77Kg/mm2 quando misturados com água. Quando
a solução endurecedora foi utilizada, estes valores
aumentaram para 62 Kg/mm2 e 79 Kg/mm2, res-
pectivamente. A dureza superficial aumentada não
significa necessariamente uma melhor resistência à
abrasão, porque a dureza é apenas um dos muitos FIGURA 12-23 Fotonúcrografia eletrônica de varredura
fatores que podem afetar a resistência ao desgaste. da superfície de um troquei de gesso-pedra de alta-
Estudos de abrasão a dois corpos sugerem que as resistência após presa. (De Craig RG, Powers /M, Wataha
soluções comerciais endurecedoras não melhoram /C: Dental niateria/s: properNes nnd n1an'Íp11/aHan, ed 8. Mosby,
a resistência à abrasão dos gessos-pedra de alta re- St. Louis, 2004).

sistência. Contudo, a relevância clínica do teste de


abrasão a dois corpos no gesso ainda não foi estabele- do molde no qual o troquei de gesso é vazado por
cida. Mais estudos de resistência à abrasão e métodos saliva ou sangue também pode afetar a reprodução
de avaliação são necessários. Como foi discutido no de detalhes. Enxaguar o molde e eliminar o excesso
capítulo sobre materiais de moldagem, troquéis de de água pode melhorar esta reprodução.
gesso sofrem abrasão mais facilmente do que os de
Expansão de Presa
epóxi, ainda que os primeiros sejam mais duros.
Embora a utilização de desinfetantes químicos nos Após a presa, todos os produtos de gipsita apre-
troquéis de gesso destruam efetivamente os organis- sentam uma expansão linear mensurável. A porcen-
mos potencialmente perigosos, alguns podem danifi- tagem de expansão de presa, contudo, varia de um
car a superfície de um troquei. As superfícies podem tipo de material de gipsita a outro. Sob condições
sofrer erosão e a dureza superficial pode ser afetada normais, o gesso comum tem 0,2'Yo a 0,3ºk de expan-
adversamente pelo tratamento com alguns desinfe- são de presa, o gesso-pedra de baixa a moderada
tantes comumente utilizados. Outros desinfetantes, resistência cerca de 0,15% a 0,25% e gesso-pedra de
inclusive soluções de hipoclorito de sódio, têm muito alta resistência somente 0,08ºk a 0,10%. A expansão
pouco efeito nas superfícies dos troquéis de gesso. de presa do gesso-pedra de alta resistência/ alta ex-
pansão varia de 0,10% a 0,20ºk. Tipicamente, acima
de 75% da expansão observada em 24 horas ocorre
Reprodução de Detalhes durante a primeira hora de presa.
A Especificação Nº 25da ANSI/ ADA exige que A expansão de presa pode ser controlada por di-
os tipos um e dois reproduzam um sulco com 75 mm ferentes condições de manipulação e pela adição de
de largura, enquanto que os tipos três, quatro e algumas substâncias químicas. A manipulação mecâ-
cinco reproduzam um sulco com 50 mm de largura nica diminui a expansão de presa. Conforme mostrado
(Tabela. 12-11). Os troquéis de gesso não reproduzem na Tabela 12-14, um gesso-pedra de alta resistência
detalhes de superfície tão bem quanto os metaliza- misturado à vácuo expande menos em duas horas do
dos ou os troquéis de epóxi porque a superfície do que quando misturado manualmente. A mistura au-
gesso após presa é porosa num nível microscópico tomática parece causar urna maior contração volumé-
(Fig. 12-23). Bolhas de ar são frequentemente formadas trica inicial do que a observada para a mistura manual.
na interface do molde e do modelo de gesso porque A proporção A/P da mistura também tem um efeito,
o gesso recém-misturado não molha bem alguns com um aumento na proporção reduzindo a expansão
materiais elastoméricos de moldagem (silicones de de presa. A adição de diferentes substâncias químicas
condensação). A incorporação de surfactantes não afeta não apenas a expansão de presa dos produtos
iônicos nos materiais de moldagem do tipo silicone de gipsita, mas pode também modificar outras pro-
melhora o molhamento do molde pela mistura. O priedades. Por exemplo, a adição pelo fabricante de
uso de vibração durante o vazamento de um modelo cloreto de sódio (NaO) numa concentração pequena
reduz a presença de bolhas de ar. A contaminação aumenta a expansão de presa da massa e encurta o
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 335

tempo de presa. Por outro lado, a adição de sulfato


de potássio a lo/o diminui o tempo de presa, mas não
tem nenhum efeito na expansão de presa.
Se durante o processo de presa, os materiais de
gipsita são imersos em água, a expansão de presa
aumenta. Isto é chamado de expansão higroscópica.
Um típico gesso-pedra de alta resistência tem urna
expansão de presa de cerca de 0,08o/o. Se durante o Vibrator
processo de presa a massa é imersa em água, ela
expande cerca de 0,10%. Uma expansão aumentada
é observada quando o gesso-pedra toma presa em
contato com um molde dehidrocoloide. Uma expli-
cação mais detalhada sobre a expansão higroscópica
é apresentada posteriormente, ao tratarmos de reves-
timentos para fundição com aglutinante de gesso.

MANIPULAÇÃO FIGURA 12-25 Um vibrador é usado para promover


a liberação de bolhas na mistura de gesso e para facilitar
Quando qualquer dos produtos de gipsita é mis- o vazamento do molde (Cortesia de Whip Mix Corporatian,
turado com água, ele deve ser espatulado apropria- Louisville, KY).
damente para obter uma mistura uniforme. A água
é dispensada em um gral de borracha de tamanho e
formato apropriados (Fig. 12-24). O pó é adicionado
e deixado assentar na água por cerca de 30 segundos.
Esta técnica minimiza a quantidade de ar incorporado
na mistura durante a espatulação inicial manual. Aque
pode ser feita manualmente utilizando uma espátula
com uma lâmina rígida (Fig. 12-25) com a cuba sobre
um vibrador (Fig. 12-25) ou um espatulador mecânico ... ....__ ,,
'" 'Jll!!-~~ "·
automático (Fig. 12-26). Um resumo do efeito das di- ~ ~-:.;:_
versas variáveis de manipulação nas propriedades dos
produtos de gipsita é apresentado na Tabela 12-17.
A espatulação manual compreende a mistura vi-
rL
• ~~
gorosa enquanto as superfícies internas do gral são
raspadas à espátula. A espatulação manual requer
cerca de um minuto a duas rotações por segundo.
,.
A espatulação com um espatulador mecânico au-
tomático requer que o pó seja inicialmente molhado
pela água como na mistura manual. A mistura é então
espatulada por 20 segundos na unidade de baixa velo-
cidade do misturador. O vácuo durante a espatulação

FIGURA 12-24 Cuba de borracha flexível para ma- FIGURA 12-26 Espatulador mecânico automático com
nipulação e espátula de metal com uma lâmina rígida um acessório à vácuo (Cortesia de Whip Mix Corporatian,
(Cortesia de Whip Mix Corporatian, Louisvil/e, KY). Louisville, KY).
336 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

TABELA 12-17 Resumo do Efeito das Variávei~ de Manipulação nas Propriedades dos Produtos de Gipsita

Resistência à
Variável de Manipulação Tempo de Presa Consistência Expansão de Presa Comp ressão

Aumento da proporção água/pó Aumenta Aumenta Diminui Diminui


Aumento da energia de espatulação Diminui Diminui Aumenta Sem efeito
Aumento da temperatura da água da Diminui Diminui Aumenta Sem efeito
mistura de 23 ºC para 30ºC

reduz o ar aprisionado na mistura. A vibração imedia- Propriedades Necessárias


tamente após mistura e durante o vazamento do gesso em um R evestimento
mirúmiza as bolhas de ar na massa após presa.
Vazar um molde com gesso requer cuidado para 1. Fácil manipulação: não apenas deve ser possível
evitar o aprisionamento de ar em áreas críticas. O misturar e manipular a massa prontamente
gesso espatulado deve ser vazado vagarosamente ou e pincelar o padrão de cera facilmente, mas o
adicionado ao molde com um instrumento pequeno, revestimento deve também endurecer dentro de
tal como uma espátula de cera. A massa deve escorrer um tempo relativamente curto.
pelo molde lavado sob vibração de forma que empur- 2. Resistência suficiente à temperatura ambiente:
re o ar para frente de si enquanto preenche os moldes o revestimento d eve permitir facilidade no
dos dentes. Comumente, os dentes de um modelo manuseio e proporcionar resistência suficiente
são vazados em gesso-pedra ou gesso-pedra de alta a altas temperaturas para suportar a força de
resistência, enquanto que a base é vazada com gesso impacto do metal fundido. A superfície interna
comum para um recorte mais fácil. d o molde não deve se fragmentar em altas
Uma vez preenchido, o material de gipsita deve temperaturas.
ser deixado endurecer por 45- 60 minutos antes do 3. Estabilidade em altas temperaturas: o
molde e do modelo serem separados e desinfetados. revestimento não deve se decompor e liberar
Os modelos podem ser desinfetados por imersão gases que possam danificar a superfície da liga.
em uma diluição 1:10 de hipoclorito de sódio por 4. Expansão suficiente: ele deve se expandir
30 minutos ou com um spray de iodóforo seguindo o suficiente para compensar a contração do
as instruções d o fabricante. padrão de cera e do metal que ocorre durante
o procedimento de fundição.
REVESTIMEN TOS PARA FUNDIÇAO - 5. Temperaturas de fundição apropriadas:
preferencialmente, a curva de expansão
térmica versus temperatura deve manter um
A adoção da prática da fundição na odontologia
platô de expansão térmica ao longo de um
para a confecção inlays, coroas, pontes e outras res-
amplo intervalo de temperaturas de injeção.
taurações utilizando ligas de ouro representa um
6. Porosidade: ele d eve ser poroso o suficiente
d os principais avanços na odontologia restaurad ora.
para permitir que o ar e outros gases na
Em anos recentes, ligas com pontos de fusão mais
cavidade do molde escapem facilmente
altos, o paládio e ligas de metais básicos têm sido
d urante o procedimento d e fundição.
utilizados para fundir coroas e próteses parciais
7. Superfície lisa: detalhes finos e margens na
removíveis e fixas utilizando basicamente a mesma
fundição devem ser preservados.
técnica da cera perdida utilizada para as ligas áu-
8. Facilidade na desinclusão: o revestimento deve
ricas. Todos estes procedimentos envolvem (1) um
se separar facilmente da superfície do metal e
padrão de cera do objeto que será reproduzido; (2)
não deve ter reagido quimicamente com ele.
um material de molde ad equado, conhecido como
9. Custo baixo.
revestimento, que é aplicado e toma presa ao redor
d o padrão; (3) fornos a d equados para derreter os Estes requisitos descrevem um revestimento id eal.
padrões de cera e aquecer o molde de revestimento; Nenhum material conhecido preenche todos estes re-
e (4) instalações apropriadas para fundir e injetar a quisitos. Contudo, mescland o diferentes ingredientes
liga. Um revestimento pode ser descrito como um pode-se desenvolver um revestimento que possua a
material cerâmico utilizado para formar um molde maioria das qualidades exigidas. Estas qualid ades
d entro d o qual um metal ou liga é injetada. A opera- ideais são a base para considerar o comportamento e
ção de formar o molde é descrita como inclusão. características dos revestimentos para fundição.
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 337

Composição odontológicas de fundição em ouro. Contudo, uma


lista de composições especificas é de pouco valor,
Em geral, um revestimento é uma mistura de
porque as propriedades finais dos produtos são in-
três distintos tipos de materiais: material refratário,
fluenciadas tanto pelos ingredientes presentes no
material aglutinante e outras substâncias químicas.
revestimento quanto pela maneira pela qual a massa
Materia.l R efratário é manipulada e utilizada para obter o molde.
O material refratário é geralmente uma forma Os revestimentos com sulfato de cáJcio hemi-hi-
de dióxido de silício, tal como quartzo, tridimita, dratado como aglutinante são relativamente fáceis
cristobalita ou uma mistura destes. Os materiais de manipular e existe mais informação disponível
refratários estão contidos em todos os revestimentos sobre o efeito de diferentes aditivos, assim como das
odontológicos, seja para ouro fundido ou para ligas várias condições de manipulação para este tipo de
de alto ponto de fusão. revestimento do que para aqueles que utilizam sili-
catos ou fosfatos como aglutinantes. O revestimento
Material Aglutinante aglutinado por sulfato de cálcio é geralmente limitado
Devido ao fato de os materiais refratários isola- a fundições de ouro e não é aquecido acima de 700 ºC.
damente não formarem uma massa sólida coesa, é A porção de sulfato de cálcio do revestimento se de-
necessário algum tipo de aglutinante. O aglutinante compõe em dióxido de enxofre e trióxido de enxofre a
comumente utilizado para fundição de ligas de ouro temperaturas acima de 700 ºC, tendendo a fragilizar o
odontológicas é o a-sulfato de cálcio hemi-hidratado. metal fundido. Por isso, o aglutinante do tipo sulfato
Fosfato, etil-silicato e outros materiais semelhantes de cálcio geralmente não é utilizado em revestimentos
também servem como aglutinantes para revesti- para fundição de metais de alto ponto de fusão, tais
mentos para fundição a altas temperaturas. Estes como paládio ou ligas de metais básicos.
últimos revestimentos são descritos posteriormente
juntamente com o revestimento para fundição de Propriedades dos Revestimentos
ligas de alto ponto de fusão. Aglutinados por Sulfato de Cálcio
AEspecificaçãoNº 126 (ISO 7490)daANSI/ADA
Outras Substâncias Químicas para revestimentos para fundição aglutinados por
Geralmente uma mistura contendo apenas mate- gesso aplica-se a dois diferentes tipos de revestimen-
riais refratários e um aglutinante não é suficiente para tos para fundição de restaurações de ligas áuricas:
prodU2ir todas as propriedades desejáveis requeridas
em um revestimento. Outras substãncias químicas, Tipo um: para fundição de inlays e coroas
tais como cloreto de sódio, ácido bórico, sulfato de Tipo dois: para fundição de bases de próteses
potássio, grafite, pó de cobre ou óxido de magnésio, paroatS removíveis
são frequentemente adicionados em pequenas quan- Ambos os tipos têm sulfato de cálcio como um
tidades para modificar várias propriedades físicas. material aglutinante. As propriedades físicas incluí-
Por exemplo, pequenas quantidades de cloretos ou das nesta especificação são aparência do pó, fluidez
ácido bórico aumentam a expansão térmica dos re- no tempo de trabalho, tempo de presa, resistência
vestimentos aglutinados por sulfato de cálcio. à compressão, expansão linear de presa e expansão
térmica linear. Os valores permitidos para estas
REVESTIMENTOS AGLUTINADOS propriedades estão resumidas na especificação.
POR SULFATO DE CÁLCIO
Efeito da Temperatura sobre
A literatura odontológica e diversas patentes des- o Revestimento
crevem a quantidade e a finalidade de cada um dos Na fundição pelo processo da cera perdida, opa-
ingredientes existentes nos revestimentos odonto- drão de cera é incluído e colocado em um forno em
lógicos para fundição. Em geral, os revestimentos uma temperatura que derrete e elimina o padrão, dei-
para fundição de ligas áuricas contêm 65%. a 75°/o xando assim uma cavidade molde no interior da qual
de quartzo ou cristobalita ou uma mescla dos dois, o metal fundido é injetado. Esta temperatura do forno
em variáveis proporções; 25°/o a 35o/o de a-sulfato de varia em função da técnica empregada, mas em ne-
cálcio hemi-hidratado; e cerca de 2o/o a 3% de modi- nhum caso ela é menor do que 550°C ou maior do que
ficadores químicos. Com uma mistura apropriada 700ºC para os revestimentos aglutinados por sulfato
destes ingredientes básicos, o fabricante é capaz de de cálcio. Durante o processo de aquecimento, o ma-
desenvolver um revestimento com um conjunto terial refratário e o aglutinante de gesso são afetados
de propriedades físicas adequado para as práticas pelas mudanças térmicas de maneiras diferentes.
338 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Efeito da Temperatura nos Refratários estáveis. Assim, as temperaturas de 220ºC para a cris-
de Dióxido de Sil{ci.o tobalita, 573 ºC para o quartzo e 105ºCe160°C para a
Cada uma das formas polimórficas da sílica - tridimita são temperaturas de transição displacivas.
quartzo, tridimita e cristobalita - expande quando Uma mudança displaciva envolve expansão ou con-
aquecida, mas a porcentagem de expansão varia de tração no volume da massa sem quebrar nenhuma
um tipo para outro. A cristobalita pura expande 1,6o/o ligação. Na mudança da forma a (que é a forma mais
a 250 ºC, enquanto que o quartzo expande cerca de estável em temperatura ambiente) para a forma 13 (que
1,4% a 600 º C e a e.x pansão térmica da tridimita a é estável em altas temperaturas), todas as três formas
600º C é menor que 1%. A porcentagem de expansão de sílica expandem. A quantidade d e expansão é mais
dos três tipos de sílica versus a temperatura é mos- alta para cristobalita e menor para a tridirnita.
trada na Figura 4-41. Como visualizado na figura, A sílica na forma de quart2o é encontrada abun-
nenhuma das três formas de sílica expande uniforme- dantemente na natureza e pode ser convertida a
mente; todas elas apresentam uma quebra (não linea- cristobalita e tridimita ao ser aquecida através de
ridade) nas suas curvas de expansão térmica. No caso urna transição reconstrutiva durante a qual as liga-
da cristobalita, a expansão é razoavelmente uniforme ções são quebradas e uma nova estrutura de cristal
até 200 ºC. Nesta temperatura, sua expansão aumenta é formada. O quartzo a é convertido em quartzo
bruscamente de 0,5o/c> para 1,2o/o e, então, acima de 13 a uma temperatura de 573 º C. Se o quartzo 13 é
250°C, a expansão se torna novamente uniforme. A aquecido a 870 ºC e mantido nesta temperatura, ele
573ºC o quartzo também apresenta uma quebra na é convertido a tridimita 13. Da trldimita 13, é possível
curva de expansão e trldimita apresenta urna quebra obter tanto a tridimita a corno a crlstobal ita 13. Se a
semelhante em uma temperatura bem mais baixa. tridimita 13 é resfriada rapidamente a 120 ºC e man-
As quebras nas curvas da expansão versus tem- tida nesta temperatura, ela é transformada em tridi-
peratura indicam que cristobalita e quartzo existem mita a, estável em te mperatura ambiente. Por outro
em duas formas polimórficas, uma das quais é mais lado, se a tridimita 13 é aquecida a 1475 ºC e mantida
estável e m temperaturas mais altas e a outra em urna nesta temperatura ela é convertida em cristobalita
temperatura mais baixa. A forma que é mais estável 13. Mais aquecimento da cristobalita 13 produz sílica
em temperatura ambiente é chamada a farn111 a, e a fundida, mas se ela é resfriada a 220 ºC e mantida
mais estável em altas temperaturas é designada como nesta temperatura, cristobalita a é formada. Estas
forma {3. A tridimita tem três formas polimórficas transições são mostradas na equação a seguir.

14750
quartzo 13
8700
e) tridimita ~ e> cristobalita p 1700
º e> sílica fundida
J1so e0

573° e tridimita intermediária 220" e

J 105• e
quartzo a tridimita a cristobalita a

Todas as formas de sílica estão em sua forma mistura como excesso de água. Durante as fases
a no revestimento e durante o processo de aque- iniciais do aquecimento, o excesso de água evapora.
cimento elas são convertidas completamente ou Conforme a temperatura sobe a cerca de 105 º C, o
em parte para suas formas ~ correspondentes. Esta sulfato de cálcio di-hidratado começa a perder água.
transição envolve uma expansão da massa, a qual A massa de revestimento é, então, aquecida ainda
ajuda a compensar as contrações de fundição. mais até a temperatura apropriada para a injeção do
metal Dessa forma, s ulfato de cálcio anidro, sllica e
Efeito da Temperatura nos Aglutinantes certos aditivos químicos permanecem para formar o
de Sulfato de Cálci.o molde no interior do qual a liga áu rica é injetada.
O aglutinante utilizado para os revestimentos de Experimentalmente, foi observado que o reves-
fundição de liga áurica em Odontologia é o a-sulfato timento expande quando é aquecido da tempera-
de cálcio hemi-hidratado. Durante o processo de tura ambiente até cerca de 105 ºC, então ele contrai
inclusão, um pouco da água misturada com o re- levemente ou permanece sem mudanças até cerca
vestimento reage com o hemi-hidratado e é conver- de 200 ºC e registra graus de expansão variados,
tido em sulfato de cálcio di-hidratado, enquanto o dependendo da composição de sílica do revesti-
restante da água é uniformemente distribuído na mento, entre 200 ºC e 700 º C. Estas propriedades
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 339

1,4 1,0
B
1,2 0,8
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1,0 ~
~ <U 0,6
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o
o 200 400 600 -0,4
Temperatura (ºC)
-0,6 +----~---.,...----.--=-
200 400 600
FIGURA 12-27 Curvas de expansão térmica para
revestimentos aglutinados por sulfato de cálcio. A, tipo
º Temperatura (ºC)
higroscópico; B, Tipo de expansão térmica (Modificndo de
Asgnr, K., 1976. Casting Restorntions. ln: Clark,}. W [Ed}., FIGURA 12-28 Curvas de expansão térmica e contração
1976. Clit1ical dentistry, vol 4. Harper & Row, New York). para revestimento aglutinado por sulfato de cálcio (usado
com técnicas térmicas). Curva 1 é primeiro aquecimento,
curva 2 é resfriamento e curva 3 é reaquecimento.
são explicadas como segue. Até cerca de 105°C, a
expansão térmica comum ocorre. Acima de 105 ºC, o mensões antes do aquecimento. No reaquecimento à
sulfato de cálcio di-hidratado é convertido a sulfato temperatura anteriormente alcançada, o revestimento
de cálcio anidro. A desidratação do di-hidratado não expande termicamente ao nível anterior; além
e uma mudança de fase do sulfato de cálcio ani- disso, o processo de resfriamento e reaquecimento
dro causam uma contração. Contudo, a forma ex da causa rachaduras internas no revestimento que po-
tridimita (que pode estar presente como uma impu- dem afetar a qualidade da fundição.
reza) está se expandindo e compensa a contração do
sulfato de cálcio suficientemente a ponto de evitar
que o revestimento registre um grau de contração Expansão de Presa do Revestimento
significativo. Em temperaturas elevadas, as formas u Aglutinado por Sulfato de Cálcio
de sílica presentes no revestimento são convertidas a Todos os revestimentos aglutinados por sulfato
formas 13, que causam alguma expansão adicional. de cálcio atualmente disponíveis para fundição de
As curvas de expansão térmica para um reves- ligas áuricas têm expansão de presa e térmica. A soma
timento tipo higroscópico atualmente disponível destas duas expansões resulta em uma alteração di-
contendo quartzo (A) e um tipo de revestimento mensional total que é uma propriedade essencial dos
com expansão térmica contendo cristobalita (B) são revestimentos odontológicos para fundição porque
mostrados na Figura 12-27, a qual ilustra o grau ela proporciona a compensação para a contração de
esperado de expansão em diferentes temperaturas. fundição das ligas. A expansão de presa de um reves-
A expansão do conteúdo de sílica do revestimento timento, assim como aquela dos outros produtos de
deve ser não somente suficientemente alta para gipsita discutidos anteriormente neste capítulo, é a
superar toda a contração, mas também deve ocorrer expansão linear que ocorre durante a presa do revesti-
em temperaturas próximas das temperaturas em mento. Se o revestimento toma presa rodeado por ar, a
que ocorre a contração do hemi-hidratado. expansão é referida como expansão de presa normal. Por
outro lado, se o revestimento manipulado toma presa
Resfriamento do R evesHment.o em contato com água, a expansão é substancialmente
Quando o revestimento é resfriado, o refratário maior e é chamada de expansão higroscópica de presa.
e o aglutinante contraem de acordo com uma curva Tal contato com água pode ser alcançado nas técnicas
de contração térmica, que é diferente da curva de ex- de fundição comumente utilizadas de (1) colocar um
pansão térmica do revestimento (Fig. 12-28). No res- forro molhado dentro do anel de fundição no interior
friamento até a temperatura ambiente, o revestimento do qual o revestimento é vertido, ou (2) se após a in-
exibe uma contração total comparada com suas di- clusão, o anel de fundição é colocado em um banho de
340 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

água. O mecanismo atualmente aceito para a expansão hidratado e cerca de 2% a 3% de alguns aditivos
higroscópica de presa também está relacionado com a químicos para controlar as diferentes propriedades
expansão normal de presa que ocorre quando a mistu- físicas e para dar cor aos revestimentos. Se a pro-
ra do revestimento toma presa em contato com o ar. A porção sílica/ gesso-pedra é aumentada, a expansão
base para este mecanismo está no papel desempenha- higroscópica do revestimento também aumenta,
do pela tensão superficial da água da mistura e pode mas a resistência do revestimento diminui.
ser descrito como segue. Depois que o revestimento ,
é manipulado, a água circunda os componentes do Proporção Agua/Pó
revestimento. Conforme a reação do aglutinante de Assim como ocorre com a expansão de presa dos
sulfato de cálcio progride, a água circundante é redu- produtos de gesso, quanto mais água na mistura
zida e cristais de gesso em crescimento colidem com (quanto mais diluída a mistura ou quanto maior a
a superfície da água restante, cuja tensão superficial proporção A/P), menores são as expansões de presa
inibe o crescimento externo do cristal. Quando a água normal e higroscópica. Uma menor expansão térmica
necessária para a reação é esgotada e a reação está também é obtida com uma mistura mais diluída.
virtualmente completa, o crescimento de cristais de Espatulação
gesso para na sua forma inibida.
O efeito da espatulação na expansão de presa e
Se o revestimento é vertido no interior de um anel
higroscópica do revestimento é semelhante àquele na
de fundição que contenha um forro molhado, os cristais
expansão de presa de todos os produtos de gipsita.
de gesso podem crescer mais; porém, somente até que
a nova superfície de água proporcionada pela água Idade do Revestimento
adicional no forro seja alcançada; a tensão superficial, Revestimentos que têm dois ou três anos não
então, inibe que haja mais crescimento. Se for fornecida expandem tanto quanto os revestimentos recém-
água à massa do revestimento por imersão do anel em fabricados. Por esta razão, os recipientes do reves-
um banho de água, após inclusão, nenhuma superficie timento devem ser mantidos fechados o melhor
nova está próxima o bastante para proporcionar a ini- possível, especialmente se o revestimento é arma-
bição do crescimento do cristal. A expansão de presa zenado em uma atmosfera úmida.
higroscópica resultante na completa imersão conforme ,
mensurada em um recipiente não confinado (Especi- Temperatura do Banho de Agua
ficação N º 126da ANSI/ ADA) é mais do que duas Para a técnica da imersão no banho de água, a
vezes aquela da expansão normal. Contudo, quando temperatura do banho tem um efeito mensurável
o revestimento toma presa em um anel confinado, a no padrão de cera. Em temperaturas mais elevadas
expansão higroscópica é limitada pelo confinamento do mesmo, o padrão de cera expande, necessitando
do anel. Para a expansão higroscópica, a água adicional de uma menor expansão do revestimento para com-
deve ser fornecida ao revestimento durante a presa Isto pensar a contração total de fundição. Além disso,
é significativamente diferente de adicionar mais água temperaturas maiores do banho de água amolecem
aos componentes no momento da manipulação (isto a cera. A cera amolecida, então, proporciona menor
é, aumentar a proporção A/P). Outro requisito para resistência à expansão do revestimento; portanto,
a expansão higroscópica é que a água adicional seja faz com que a expansão de presa seja mais efetiva. O
fornecida antes da perda de brilho ser observada, o que efeito final é maior expansão do molde com maiores
se dá quando a reação de presa não está completa e a temperaturas do banho de água.
água usada na manipulação pode ainda ser observada
na superfície do revestimento. Isto permite que a água
adicional possa se juntar à água de mistura remanes-
REVESTIMENTO
, TÉRMICO E
HIGROSCOPICO PARA FUNDIÇAO
-
cente e ampliar sua superfície de maneira que a ação da
tensão superficial seja ou atrasada ou inativada.
As técnicas de fundição que envolvem revesti-
Tamanho das Particulas de saica mentos aglutinados por gesso são frequentemente
O tamanho da partícula de sulfato de cálcio classificadas como técnicas térmica ou higroscópica.
hemi.-hidratado tem pouco efeito na expansão hi.- Na técnica térmica, o anel de fundição é colocado
groscópica, enquanto que o tamanho da partícula de dentro do forno após a presa do revestimento a uma
sílica tem um efeito significativo. A sílica mais fina temperatura relativamente alta (649 º C), enquanto
produz maiores expansões de presa e higroscópica. que na técnica higroscópica o anel é imerso antes
da presa do revestimento em um banho de água e,
Proporção saica!Aglutinante então, após a presa, ele é colocado dentro do forno,
Os revestimentos geralmente contêm 65o/o a ajustado para uma temperatura relativamente baixa
75% de sílica, 25°/o a 35% de sulfato de cálcio hemi- (482 ºC). Embora todos os revestimentos aglutinados
1
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 341

1
Temperatura de fundição
1,2 para a técnica térmica 1,4
xpansão higroscópica
(sob água)
,g
·~ãi 1 1,2
<J)
e:

~ [ 1,0
Q) 0,8 X
Q)

~ ~ 0,8
Temperatura de fundição
~ 0 ,6
-
eQ)
higroscópica
<11
~
e:
Q)
0 ,6
~ 0,4 ~
a. rl1'. 0,4 Expansão normal de presa
0 ,2 0 ,2

o o
o 100 200 300 400 500 600 700 o 15 30 45 60 75 90 105 120
Temperatura (ºC) Tempo em minutos
FIGURA 12-29 Expansão térmica de revestimento FIGURA 12-30 Expansão de presa e higroscópica de
higroscópico-térmico para fundição de ouro (Cartesi11 de revestimento higroscópico-térmico para fundição de ou:ro
Wl1ip Mix Corporntiori, Louisville, KY). (Cortesia de Whip Mix CorpornNori, Louisville, KY}.

por gesso exibam tanto expansão térmica quanto


liga de metal básico para aplicações odontológicas
h.igroscópica de presa, a proporção relativa destas
possui um ponto de fusão baixo o suficiente para ser
duas expansões pode variar. Os revestimentos uti-
fundida em um molde a 700°C com um aglutinante de
lizados na técnica térmica geralmente contêm cris--
sulfato de cálcio. Esta liga é uma exceção, porque ligas
tobalita como ingrediente refratário, que tem uma
de metais básicos são geralmente injetadas em moldes
alta expansão térmica. Os revestimentos utilizados
mantidos a 850ºC até llOO ºC. Para sup ortar estas
na técnica higroscópica geralmente contêm quartzo
temperaturas altas, os moldes requerem tipos diferen-
ou tridimita, que têm expansão térmica menor, mas
tes de aglutinantes, tais como compostos de silicato
maiores expansões higroscópicas de presa.
e de fosfato. Este tipo de revestimento geralmente
Revestimento Ténnico-Higroscópico tem menos do que 20o/o de aglutinante e o restante do
revestimento é quartzo ou outra forma de sílica.
para Fundição de Ouro
Existe um revestimento para fundição de ouro no Revestimento Aglutinado por Fosfato
mercado que foi projetado para utilização tanto para O tipo mais comum de revestimento para fundi-
técnica de fundição do tipo higroscópica quanto ção de ligas de alto ponto de fusão é o revestimento
térmica. A Figura 12-29 apresenta a alta expansão aglutinado por fosfato. Este tipo de revestimento
térmica deste revestimento na faixa entre 482 ºC e consiste em três componentes diferentes. Um com-
649ºC. Esta expansão é alta o suficiente para utilizar ponente contém um íon fosfato solúvel em água.
o revestimento com a técnica de fundição térmica, O segundo componente reage com os fons fosfato
sem imersão em água. Contudo, quando imerso a temperatura ambiente. O terceiro componente é
em um banho de água, o revestimento expande hi- um refratário, tal como a sllica. Diferentes materiais
groscopicamente (Fig. 12-30). Com a técnica higros- podem ser utili zados em cada componente para
cópica, o revestimento precisa ser aquecido a apenas desenvolver diferentes propriedades físicas.
482 ºC para proporcionar a expansão apropriada. O sistema agli1tinante de um revestimento aglu-
tinado por fosfato tfpico sofre uma reação ácido-base
Revestimento para Fundição de Ligas entre o ácido fosfato monoamônico <NH4H2P04) e
de Alto Ponto de Fusão magnésio básico (MgO). O fosfato solúvel em água
A maioria das ligas de paládio e de metais básicos reage com o magnésio levemente solúvel em sua
utili:rodas para próteses parciais removíveis e restau- superfície, formando um meio aglutinante com
rações metalocerâmicas têm temperaturas de fusão partículas de carga embebidas na matriz. A reação
elevadas. Elas devem ser fundidas com o molde a uma química à temperatura ambiente pode ser expressa
temperatura maior que 700ºC. Por esta razão, revesti- de forma simples como segue:
mentos aglutinados por sulfato de cálcio geralmente NH4H2P04+ MgO+ H:P~
não são utilizados para fundir estas ligas. Apenas uma NH4MgP04 · 6H:P+ H20
342 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

A água produzida por esta reação à temperatura água. Com uma mistura contendo sol de sílica, a
ambiente reduz a viscosidade da mistura conforme massa do revestimento é capaz de expandir higros-
a espatulação continua. copicamente, enquanto que se a mistura é só com
Conforme a reação acontece, são formadas partí- água, a expansão higroscópica de tal revestimento é
culas coloidais com forte interação entre si. Durante insignificante. Porém, nem todos os revestimentos
a presa e a eliminação (queima) do padrão de cera, a aglutinados por fosfato podem expandir higrosco-
sequência de reações químicas e térmicas causa várias picamente. Utilizando o sol de sílica em vez de água
mudanças de fase, proporcionando resistência em com revestimentos aglutinados por fosfato também
temperatura ambiente (resistência verde) e resistência aumenta sua resistência consideravelmente. A Figura
em altas temperaturas que possibilita ao revestimento 12-32 mostra as curvas de expansão térmica de duas
suportar o impacto das ligas de alto ponto de fusão. marcas comerciais de revestimentos aglutinados
As fases formadas em altas temperaturas incluem por fosfato misturados de acordo com a proporção
MgiP2ÜJ, e subsequentemente, M~(P04)2• Para pro- líquido/ pó recomendada pelos fabricantes. Tanto a
duzir maior expansão, uma combinação de diferentes expansão de presa como a térmica devem ser consi-
tamanhos de partículas de sílica é utilizada. deradas na seleção destes revestimentos.
Estes revestimentos podem ser misturados com A Especificação Nº 126da ANSI/ ADA (ISO 9694)
água ou com um líquido especial fornecido pelo para os revestimentos para fundição aglutinados por
fabricante. O líquido especial é uma forma de sol de fosfato especifica dois tipos de revestimentos para ligas
sílica em água. Conforme mostrado na Figura 12-31, que têm temperatura de solidus acima de 1.080°C:
revestimentos aglutinados por fosfato possuem Tipo 1: para in/ays, coroas e outras restaurações
maior expansão de presa quando eles são misturados fixas.
com o sol de sílica do que quando misturados com Tipo 2: para próteses parciais removíveis.

1,2
1,2

A I
1,0 I A
I 1,0
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o 25 75 50 100 o 200 400 600 800
Concentração de sol ("%) Temperatura (ºC)

FIGURA 12-31 Efeito da concentração de sol de sílica FIGURA 12-32 Curvas de expansão térmica de dois
na expansão térmica (linhas sólidas) a 800 ºC e expansão de revestimentos aglutinados por fosfato manipulados em
presa (tiniras pontilhadas) de dois revestimentos aglutinados proporções recomendadas de líquido/ pó. A, indicado
por fosfato. A, indicado para técnicas térmicas; B, indica- para técnicas térmicas; B, indicados para técnicas higros-
dos para técnicas higroscópicas (Dados de Zarb GA, Bergman cópicas (Dados de Zarb GA, Bergnran G, Clayton JÁ, MacKay
G, Clayt.on JÁ, MacKay HF [Eds].: Prostlrodnntic treatmentfar HF [Eds.]: Prosthodontic treatment for partially edent1llous
partially edentulous patients. Mosby, SI. Louis, 1978). patients. Mosby, St. Louis, 1978).
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 343

As seguintes propriedades e seus valores especifi- uma solução ácida adequadamente diluída, tal co-
cados são descritos pela especificação: fluidez, tempo mo uma solução de ácido clorídrico. Os conteúdos
de presa inicial, resistência à compressão e expansão de cada frasco podem ser armazenados quase inde-
térmica linear. O tempo de presa não deve diferir por finidamente. Antes de usar, volumes iguais de cada
mais de 30'Yo do tempo estabelecido pelo fabricante. frasco devem ser misturados e deve-se aguardar
A resistência à compressão em temperatura ambiente tempo prescrito pelo fabricante para que a hidrólise
não deve ser menor do que 2,5 MPa para os revesti- possa ocorrer, com a formação de ácido silicico.
mentos tipo 1, e 3 MPa para os revestimentos tipo 2. A Especificação Nº 126 (ISO 11246) da ANSI/ ADA
A expansão térmica linear não deve diferir por mais para revestimentos para fundição de silicato de etila
do que 15% do valor estabelecido pelo fabricante. discrimina o tempo de presa, resistência à compres-
são e expansão térmica linear. O tempo de presa não
Revestimento Aglutinado por Sllica deve diferir por mais de 30o/o do tempo estabelecido
Outro tipo de material aglutinante para revesti- pelo fabricante. A resistência à compressão em tem-
mentos utilizado na fundição de ligas de alto ponto peratura ambiente não deve ser menor que 1,5 MPa.
de fusão é um aglutinante de sílica. Este tipo de reves- A expansão térmica linear não deve diferir por mais
timento pode derivar sua ligação de sílica do silicato que 15% do valor estabelecido pelo fabricante.
de etila, uma dispersão aquosa de sílica coloidal, ou
do silicato de sódio. Tal revestimento consiste de sílica
Revestimento para Soldagem
refratária, a qual é unida pela hidrólise do silicato de
etila na presença do ácido clorídrico. O produto da Quando da soldagem de partes de uma restaura-
hidrólise é uma solução coloidal de ácido silicico e ção, tais como grampos de uma prótese odontológica
álcool etílico, que pode ser escrito como segue: removível, as partes devem ser envolvidas por uma
cerâmica ou um material de revestimento antes da
operação de aquecimento. As partes posicionadas
são temporariamente unidas com cera pegajosa até
Na prática, contudo, a reação é mais complicada que estejam envolvidas pelo material de revestimen-
e, em vez do ácido tetrasilicico, que é convertido em to, depois do que a cera é amolecida e removida. A
Si02 - 2H20, um composto polimerizado de silicio porção a ser soldada é deixada exposta e livre de
é formado com a estrutura abaixo: revestimento para permitir a remoção da cera e o efe-
tivo aquecimento antes de ser unida com a solda.
A Especificação Nº 126 da ANSI/ ADA (ISO
1 1
-Si-0-Si- 11244) para revestimentos para soldagem odonto-
I 1 lógica define dois tipos de revestimento:
o o
1 1 Tipo 1: revestimentos odontológicos para
-Si-0-Si- soldagem aglutinados por gesso.
I 1
Tipo 2: revestimentos odontológicos para
o o soldagem aglutinados por fosfato.
1 1
-Si-0-Si-
I 1 A especificação determina a qualidade, fluidez,
tempo de presa, resistência à compressão, expansão
Este material tem um conteúdo ainda maior de térmica linear e expansão de presa linear. O tempo de
sílica e propriedades refratárias melhores do que presa não deve diferir por mais de 30°/o do tempo es-
Si02 · 2H20. O silicato de etila tem a desvantagem tabelecido pelo fabricante. A resistência à compressão
de desprender componentes inflamáveis durante deve estar na faixa de 2 MPa a 10 MPa. As expansões
o processamento e o método é caro; assim, outras lineares de presa e térmica não devem diferir por mais
técnicas e métodos foram desenvolvidos para redu- que 15% do valor estabelecido pelo fabricante.
zir a utilização deste material. O silicato de sódio O revestimento para soldagem de ligas de bai-
e a sílica coloidal são os aglutinantes mais comuns xo ponto de fusão é semelhante aos revestimentos
à base de sílica. para fundição contendo quartzo e um aglutinante
Atualmente, este revestimento é geralmente de sulfato de cálcio hemi-hidratado. Para ligas de
fornecido com dois frascos de liquido especial, alto ponto de fusão, é utilizado um revestimento
em vez de água, com o qual o pó do revestimento aglutinado por fosfato.
deve ser misturado. Em um dos frascos o fabricante Os revestimentos para soldagem são projetados
geralmente fornece uma solução diluída de silicato para ter menores expansões de presa e térmica do que
solúvel em água. O outro frasco geralmente contém os revestimentos para fundição, uma característica
344 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

que é desejável para que as partes montadas não de revestimento para fazer restaurações de cerâmica
mudem de posição durante a presa e o aquecimento pura é um material para troque! refratário, que é
do revestimento. Revestimentos para soldagem são utilizado para facetas, inlays e coroas de cerâmica
frequentemente constituidos por ingredientes que pura. Troquéis refratários são feitos pelo vazamento
não têm um tamanho de partícula tão fina quanto o de revestimento nos moldes. Quando o revestimento
revestimento para fundição, porque a lisura da massa toma presa, o troque! é removido e é aquecido para
é menos importante. Existe relativamente pouca in- remover gases que podem ser prejudiciais à cerâmica
formação disponível na literatura odontológica sobre (desgaseificação). Um espaçador de troque! refratá-
as propriedades dos revestimentos para soldagem. rio pode ser adicionado à superfície. Posteriormente,
a porcelana ou outros pós de cerâmica são adicio-
nados à superfície do troque! e levados ao forno
REVESTIMENTO_ para sinterização. Estes materiais devem reprodu-
PARA RE§TAURAÇOES zir precisamente o molde, permanecer inalterados
DE CERAMICA PURA durante a queima da porcelana e ter uma expansão
térmica compatível com aquela da cerâmica (senão,
Dois tipos de materiais de revestimento foram a cerâmica pode rachar durante o resfriamento).
desenvolvidos recentemente para a confecção de Estes materiais são também aglutinados por fosfato
restaurações de cerâmica pura. O primeiro tipo é e geralmente contêm cargas refratárias de grão fino
utilizado com cerâmicas injetáveis. Este revesti- para permitir a reprodução precisa de detalhes. A
mento é fornecido pelo fabricante do equipamento Especificação Nº 126 (ISO 11245) da ANSI/ ADA
para injeção de lingotes cerâmicos e é composto de para materiais de troque! refratários aglutinados por
refratários aglutinados por fosfato. O segundo tipo fosfato descreve as propriedades exigidas.

PROBLEMAS SELECIONADOS

PROBLEMA 1
Uma mistura de alginato foi feita e o tempo de alta, porque a densidade aparente do pó é maior de-
presa foi mais curto do que o experimentado anterior- vido ao assentamento. A quantidade aumentada de
mente com esta marca. No momento da inserção, o pó faz com que o tempo de presa ou geleificação seja
material estava muito rígido para obter assentamento menor do que o experimentado normalmente.
adequado e detalhe de superfície. Que fatores devem
ser considerados na correção deste problema? Solução e
O envelhecimento do pó do alginato em uma
Solução a atmosfera quente e úrnida pode afetar a presa pela
A causa mais comum para o tempo mais curto redução da efetividade do retardador, resultando em
de presa é urna temperatura muito alta da água da um tempo de presa mais curto do que o normal.
mistura. A reação de presa é uma típica reação quí-
mica que é acelerada pelo aumento na temperatura;
PROBLEMA 2
um aumento de 10 ºC na temperatura quase dobra a
taxa de reação. Em muitas operações, uma torneira só Uma mistura de alginato pareceu mais grossa do
de água está presente, com urna válvula misturadora que o normal. Depois que o molde foi obtido, sua su-
para controlar a temperatura da água. Uma falha gra- perfície parecia granulada e com falta de detalhes de
dual da válvula misturadora pode, inadvertidamente, superfície. Que precauções devem ser tomadas para
resultar na utilização de água substancialmente mais evitar esta condição quando o molde for refeito?
quente do que os 21 ºC geralmente recomendados.
Solução
Solução b Uma consistência mais grossa pode resultar ou da
O tempo de presa também pode ser encurtado pelo falta de descompactação do pó antes do proporcio-
proporcionarnento incorreto, resultando em uma pro- narnento ou de um número incorreto de medidas de
porção pó/líquido muito alta. Se o pó do alginato não pó e água. Contudo, uma mistura grossa e granulada
é descompactado antes de cada proporcionamento, a pode ocorrer pela espatulação incorreta. Uma mistura
massa dispensada em cada porção de pó será muito inadequada pode ser causada por urna espatulação
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 345

"casual", em vez de vigorosa, ou por não espatular boca pode ser atrasada até próximo do fim do tempo
pelo tempo recomendado. A água quente utilizada de trabalho, mas permitindo tempo suficiente para
em combinação com dois fatores que acabaram de assentar a moldeira. O molde deve então ser removi-
ser mencionados acentuam o problema das misturas do no tempo mais cedo possível depois da presa, mas
grossas e granuladas. Se a próxima mistura for cuida- quando já apresenta propriedades adequadas. Assim,
dosamente proporcionada, a temperatura da água for o molde fica na boca o menor tempo possível.
checada e a duração da manipulação for cronometrada,
o resultado será uma consistência lisa e cremosa.
Solução b
Um alginato de presa rápida pode ser selecio-
nado, pois não somente toma presa em um tempo
PROBLEMA 3
mais curto, mas também tem melhores propriedades
Um molde de alginato foi tomado de um paciente mecânicas em um menor tempo do que o material
com aparelho fixo e o rasgamento do molde ocorreu
de presa normal.
em áreas críticas como resultado de áreas severamen-
te retentivas. O que pode ser feito para melhorar a Solução e
próxima moldagem, uma vez que moldes de alginato Deve-se tornar cuidado durante o preenchimen-
são supostamente elásticos? to da moldeira superior com o material para evitar
quantidade excessivas de alginato na porção poste-
Solução
rior da moldeira. A parte posterior da moldeira deve
A flexibilidade das moldagens de alginato é verda-
ser assentada antes da porção anterior, com a cabeça
deira, embora não sejam inteiramente elásticos (eles
do paciente numa posição que evite que o excesso de
exibem recuperação incompleta), e têm uma resistência
alginato escorra numa direção posterior no palato.
ao rasgamento muito baixa se comparados a materiais
elastoméricos de moldagem. Várias precauçfies podem
ser tomadas para melhorar as chances de um molde PROBLEMA 5
aceitável. As áreas severamente retentivas podem O molde de alginato soltou da moldeira durante
ser aliviadas, colocando menos tensão no alginato sua remoção da boca, resultando em distorção e ras-
durante a sua remoção. Lembre-se que a resistência gamento. O que pode ser feito para evitar isso?
do alginato melhora muito rapidamente por cinco a
dez minutos após a presa e o molde pode ser deixado Solução
na boca alguns minutos extras antes da sua remoção. Duas escolhas podem ser feitas. Urna mudança
Lembre-se também que a resistência ao rasgamento na marca do alginato para um que consiga aderir
é urna função da velocidade de remoção do molde à moldeira de metal é uma opção. Contudo, se for
e velocidades rápidas aumentam as chances de um desejada a utilização de um alginato não adesivo,
molde aceitável. Por fim, misturas com alta proporção escolha uma moldeira com perfurações que propor-
pó/líquido têm resistência ao rasgamento mais altas; cionam retenção mecânica. Segundo, utilize adesivos
contudo para obter uma consistência lisa que irá re- de moldeira comerciais formulados especificamente
gistrar o nível desejado de detalhes de superfície, a para retenção de moldes de alginato.
proporção não deve ser aumentada além do limite.

PROBLEMA 4 PROBLEMA 6
Um modelo impreciso é obtido, apesar do uso
Um molde de alginato está para ser obtido em um
correto da técnica de manipulação para o alginato
paciente conhecido por ter um problema de náusea.
Que passos podem ser tomados na manipulação dos
e do procedimento de vazamento apropriado para
o modelo de gesso. Que possíveis fatores devem ter
materiais para reduzir o problema e ainda obter um
resultado em um molde impreciso?
molde satisfatório?

Solução a Solução a
A viscosidade do alginato após mistura permane- A moldeira selecionada pode ter sido muito
ce razoavelmente constante até o tempo de presa pequena, proporcionando, assim, pouco alginato
ser alcançado porque a reação de retardamento pre- entre a moldeira e os tecidos. Durante a remoção do
vine a formação do gel de alginato de cálcio. Quando alginato após presa, o percentual de compressão pode
os tempos de trabalho e de presa são precisamente ter sido muito alto quando a parte mais volumosa do
conhecidos, a inserção do material de moldagem na dente comprimiu o alginato nas áreas retentivas. Esta
346 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

compressão excessiva resulta em deformação per- esperar até que o solvente orgânico volátil evapore e o
manente mais alta do que o normal. Corrija o pro- adesivo seque. Quando a moldeira é preenchida com
blema selecionando uma moldeira que proporcione o material de alta consistência logo depois de aplicado
cerca de 5 mm de espaço entre a moldeira e os tecidos. o adesivo, a retenção falha e o material de moldagem
Com a mesma quantidade de retenção, o alginato se separa da moldeira. Neste momento, uma distorção
é sujeito a um menor percentual de compressão e do molde está sempre presente e resulta em mode-
resulta em menor deformação permanente. lo e troquéis distorcidos. É melhor refazer o molde
do que continuar com o procedimento. Quando a falha
Solução b é causada pelo adesivo em si, uma melhor retenção
Uma segunda causa possível do problema pode mecânica para o material de moldagem pode ser ob-
ser a remoção prematura do molde. A deformação tida fazendo perfurações com uma broca na moldeira
permanente do molde durante a remoção diminui individual. Estas travas mecânicas retêm o material de
com o tempo pós-presa. Portanto, a remoção pre- moldagem na posição e a espessura uniforme do ma-
matura do molde, mesmo que o material não esteja terial de moldagem na moldeira personalizada ajuda a
mais pegajoso, pode ser a causa de deformação per- controlar a contração de polimerização do material.
manente excessiva do molde nas áreas retentivas.
Solução e PROBLEMA 8
Uma terceira causa possível do molde impreciso
Um molde de um quadrante com dentes foi feita
pode ser uma velocidade muito lenta de remoção do
com um material de moldagem do tipo poliéter, de con-
material de moldagem após presa. Com todo o resto
sistência média, em uma moldeira individual de acríli-
sendo igual, uma velocidade lenta de remoção, ao invés
co. O alívio normal de 2 mm foi feito entre a moldeira e
de uma remoção vigorosa, resulta em quantidades de
as estruturas orais. Depois da remoção do molde, vários
deformação permanente mais altas do que a normal.
locais apresentaram rasgamento. Que ajustes podem
Solução d ser feitos para que a possibilidade de rasgamento seja
Uma quarta razão para a dificuldade pode ser minimizada na retomada da moldagem?
sobre-extensão do alginato em áreas não apoiadas Solução a
pela moldeira. O peso destas áreas sobre-extendidas
Os poliéteres aderem muito bem aos tecidos duros
pode deformar o molde; se elas não são cortadas,
e moles e a consistência média é bem rígida quando
pode ocorrer a deformação e distorção permanente
toma presa (baixa deformação em compressão). A
do molde nestas áreas.
adesão e rigidez, combinada à uma resistência ao
Solução e rasgamento moderada, aumentam a probabilidade de
Por fim, o molde de alginato pode ser distorcido rasgamento do molde. Antes de sua remoção, primeiro
permanentemente se após a sua remoção ele é arma- rompa o selamento do molde aos tecidos puxando
zenado de maneira que o molde se deforme. Duas levemente o molde na área vestibular.Jogar água com
possíveis condições podem causar este efeito: colocar a seringa na área também pode ajudar a romper o
o molde voltado para baixo com o peso da moldeira selamento. Por fim, aumente o espaço de alívio entre
sobre ele e envolver o molde com muita força em a moldeira e os tecidos pelo menos 4 mm para per-
uma toalha úmida. mitir maior flexibilidade do material de moldagem,
aumentando, assim, a facilidade de remoção.

PROBLEMA 7 Solução b
Quando um molde de silicone de adição foi retira- Utilize o novo material de moldagem tipo poliéter
do da boca, o material de moldagem estava separado "macio" de consistência média na moldeira; ele é menos
da moldeira em algumas áreas. O que causou esta rígido e possui dureza "Shore A" reduzida na condição
separação e o quão precisos são os troquéis obtidos após presa. Também, propicie um espaço de alívio adi-
de tal molde? cional entre a moldeira e os tecidos (pelo menos 4 mm)
para aumentar a flexibilidade efetiva do elastômero.
Solução
A adesão de um material de moldagem à moldeira
individual é obtida revestindo a moldeira com um ade- PROBLEMA 9
sivo. Para conseguir uma boa adesão à moldeira, utilize O fabricante de um silicone de adição para mol-
camadas suficientes de adesivo. Também é necessário dagem especificou que os troquéis de gesso-pedra de
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 347

alta resistência não devem ser vazados até uma hora parando o dente. Em termos da precisão dimensional
depois. Um troquei de epóxi ia ser feito e, assim, o da moldeira, o que deve ser considerado?
vaz;imento foi atrasado em uma hora. Na separação,
o troquei estava coberto com bolhas negativas. O que Solução
causou o problema e como ele pode ser evitado? Materiais para moldeira autopolimerizados con-
tinuam a se alterar dimensionalrnente durante as pri-
Solução meiras horas depois de serem feitas. A utilização de
Algumas marcas de silicones de adição liberam uma moldeira antes desta polimerização se completar
hidrogênio após sua presa. Esperando por uma hora pode afetar a precisão do molde. Duas coisas podem
antes de vazar o gesso-pedra de alta resistência e ser feitas para eliminar este problema: (1) pedir ao
presa rápida permite que a taxa de hidrogênio li- assistente que ferva a moldeira por um curto tempo
berado seja reduzida suficientemente para troquéis para forçar a reação de polimerização completa ou (2)
livres de bolhas possam ser produzidos. Contudo, utilizar um material de moldeira fotopolimerizável
muitos materiais epóxi para troquel tomam presa que não apresente alteração dimensional significativa
vagarosamente se comparados com o gesso-pedra após processada.
de alta resistência, e hidrogênio suficiente ainda está
sendo liberado após uma hora para produzir bolhas
PROBLEMA 12
na superfície do troquei de epóxi. Mesmo e.-perando
por quatro horas. pode não resultar em um troquel de Os troquéis de gesso-pedra de alta resistl?ncia às
epóxi livre de bolhas. Permitir que o molde descanse vezes fraturam durante a separação dos moldes elasto-
durante a noite, antes de vazar o troquei de epóxi, méricos. Como podemos minimizar esta dificuldade?
resolve o problema. Perceba também que a precisão Solução a
de moldes com silicone de adição é excelente após
Deve ser utilizada a proporção de água/pó reco-
24 horas, mesmo com a liberação de hidrogênio. mendada. A proporção de água/pó pode variar de
0,19 a 0,24 para vários tipos de produtos de gipsita. A
P ROBLEMA 10 água e o pó devem ser proporcionados precisamente.
Um molde feito com um silicone de adição não A resistência ótima é atingida somente na proporção
hidrofilizado foi obtido pela t<?cnica da espatulação correta de água/pó.
manual. O troquei de gesso-pedra de alta resistência Solução b
resultante tinha muitas bolhas positivas e negativas,
Mistura à vácuo do gesso-pedra de alta resistílncia
especialmente ao longo dos ângulos internos e térmi-
garante resistência máxima por minimizar a poro-
no dos preparos; então, uma repetição da moldagem
sidade.
foi necessária. O que poderia ser feito para reduzir o
número de bolhas? Solução e
O troquel vazado deve ser deixado para tomar
Solução presa por pelo menos 20 minutos ou até a presa final
Mudar para um silicone de adição fornecido em antes de removê-lo do molde.
cartuchos para automistura reduz substancialmente
o número de bolhas na mistura, quando comparada Solução d
com uma preparada por espatulação manual e mi- Aumentar a espessura de materiais rígidos de
nimiza o número de bolhas positivas. Além disso, moldagem (poliéter) aumenta a facilidade de remo-
mudar para um silicone de adição hidrofilizado e por ção do troquei.
automistura diminui o número de bolhas negativas
no troquei por causa do melhor molhamento do mol-
de pela mistura de gesso-pedra de alta resistência.
PROBLE MA 13
As superfícies oclusais dos dentes de um modelo
vazado com gesso tipo três de um molde de alginato
PROBLEMA 1 1
apresentavam aspecto de giz e friáveis. O que pode ter
Um paciente fraturou uma cúspide lingual e vem acontecido e oomo este problema pode ser resolvido?
ao consultório para cuidados de emergência. Você
gostaria de preparar o dente para uma coroa de ouro Solução
e pede ao assistente para fazer uma moldeira indivi- O excesso de água da lavagem nas depressões de
dual para a moldagem final enquanto você está pre- uma moldagem de alginato (ou qualquer moldagem)
348 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

aumenta a proporção água/pó do gesso-pedra. San- por imersão do modelo em "água de gesso", que é
gue e saliva remanescentes no molde retardam a presa utilizada para minimizar a dissolução da superfície
do gesso-pedra. Ambas as condições podem fazer durante a imersão.
com que o gesso-pedra fique com aspecto de giz e
friável. Lave cuidadosamente e remova o excesso de PROBLEMA 17
água do molde antes de vazá-lo em gesso-pedra.
Um revestimento aglutinado por gesso foi mistu-
rado com água nas proporções recomendadas pelo
PROBLEMA 14 fabricante, mas o tempo de trabalho foi muito curto
A superfície de um troquei de gesso-pedra de para incluir o padrão de cera. O que pode ter aconte-
alta resistência sofreu abrasão durante preparo do cido e como este problema pode ser resolvido?
padrão de cera. O gesso tipo 4 pode ser tratado para
Solução a
criar uma superfície mais resistente à abrasão que
O pó pode ter sido contaminado por água, devido
seja menos suscetível a danos durante a construção
a uma alta umidade ou uma colher dosadora mo-
do padrão e acabamento da fundição?
lhada. O revestimento deve ser armazenado em um
Solução recipiente hermético e à prova d'água.
Aparentemente não, porque as soluções endure-
Solução b
cedoras disponíveis e várias técnicas de impregnação
A temperahrra da água da mistura deve ter sido
têm pouco efeito na resistência à abrasão do gesso
mais alta do que 23ºC. A recomendação é água em
tipo 4. As soluções endurecedoras resultam em urna
20 ºC a 23 ºC. Maiores temperaturas encurtam o
expansão de presa levemente maior de troquéis de
tempo de trabalho.
gesso-pedra de alta resistência.
Solução e
PROBLEMA 15 A espatulação deve ter sido feita incorretamente
com um mishrrador mecânico. Manipulação excessi-
Um modelo-mestre de gesso-pedra para uma pró-
va, muito longa ou muito rápida encurtam o tempo
tese total foi colocado numa vasilha de água antes de
de trabalho.
ser montado em um articulador. Inadvertidamente, o
modelo foi deixado na água durante a noite. Depois Solução d
que o modelo foi montado e seco, uma superfície A cuba de manipulação ou a espátula podem ter
incomumente áspera apareceu. O que aconteceu? sido contaminadas com partículas de revestimento
Solução endurecido contendo sulfato de cálcio di-hidratado,
acelerando a reação. Instrumentos de mishrra devem
O gesso-pedra é levemente solúvel em água. Dei-
ser limpos após o uso.
xar o modelo em água por um tempo extenso pode
dissolver parte da superfície, tomando o modelo ás-
pero. Esta rugosidade é transferida para a superfície PROBLEMA 18
da prótese. Se o modelo for ser armazenado em água, Uma fundição de uma coroa total preparada por
utilize urna solução sahrrada de sulfato de cálcio <li- uma técnica de imersão higroscópica ficou muito
-hidratado ("água de gesso"). frouxa. Que condições devem ter causado este proble-
ma e como podemos obter urna coroa mais justa?
PROBLEMA 16 Solução a
As margens de um modelo-mestre em gesso-pedra O banho de água deve ter sido mais quente do que o
foram aparadas em um recortador de modelos vários normal Quando é utilizada água mais quente, o padrão
dias depois de ter sido vazado. O recorte foi muito mais de cera oferece menor resistência à expansão do revesti-
difícil do que quando feito logo após o gesso-pedra ter mento, produzindo um molde maior. A temperatura do
tomado presa. Por que o modelo estava mais difícil de banho de água deve ser monitorada regularmente.
cortar e como esta dificuldade pode ser corrigida?
Solução b
Solução Uma mistura de revestimento mais espessa do que
Conforme o gesso-pedra seca durante um período a média deve ter sido utilizada, causando expansões
de vários dias, sua resistência à compressão aumenta de presa e higroscópica aumentadas. A proporção
para cerca de duas vezes aquela de quando estava água/pó recomendada pelo fabricante deveria ser
molhado. A resistência molhada pode ser recuperada utilizada e a água e o pó precisamente dispensados.
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 349

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352 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

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CAPÍTULO

13
Materiais para Adesão
e Cimentação

SUMÁRIO
,
Princípios de Adesão Cimentos Acido-Base
,
Siste1nas Adesivos Cimentos de Oxido de Zinco com Eugenol
Classificação e Componentes Básicos e Livres de Eugenol
Avaliação ln Vin·o do Desempenho Adesivo Composição
Biocompatibilúiade Reação de Presa e Estrutura
Desempenho Clínico Propiiedades
Adesão ao Esmalte Ionômero de Vidro
Adesão à Dentina Composição
Adesão a Outros Substratos Reação de Presa e Estrutura
Ligas Fundúias Propiiedades
Cerâmicas Ionô1nero de Vidro Modificado por Resina
Compósitos Indiretos (de Laboratório) Composição
Amálgama Reação de Presa e Estrutura
Pinos de Fibra Propiiedades
Reparo de Restaurações de Compósito, Cimentos à Base de Resina
Cerâmica e Metalocerâmica Cimento de Resina
Classificação e Características dos Agentes Visão Geral
de Cimentação Composição
Classificação Reação de Presa e Estrutura
Biocon1patibilidade Propiiedades
Sela1nento lnterfacial e Atividade Cimentos Resinosos Autoadesivos
Anticariogênica Composição
Adesão Reação de Presa e Estrutura
Propriedades Mecânicas Propiiedades
Propriedades de Manipulação e Cimentos Resinosos para Restaurações
Radiopacidade Provisórias
Viscosidade e Espessura da Película
Solubilidade
Estética

353
354 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

A cimentação é um dos passos finais na sequên- mente a interface da restauração contra penetração
cia de procedimentos clínicos para restaurações de bactérias que possam causar cáries secundárias.
indiretas. Há dois objetivos para a cimentação: Reduz a necessidade de áreas retentivas no preparo,
ajudar a reter a restauração no lugar e manter a as quais exigiriam remoção de estrutura dentária
integridade da estrutura dental remanescente. A sadia. Em alguns casos, a adesão pode ajudar a
retenção é alcançada por atrito (ou embricamento reforçar a estrutura dental remanescente. O de-
micromecânico), por uma junta adesiva que con- senvolvimento das técnicas de cimentação adesiva
siste em dente preparado, cimento e restauração, ampliou a aplicação de materiais como cerâmicas
ou uma combinação de ambos os mecanismos. Um de baixa resistência e compósitos indiretos para
selamento interfacial efetivo depende da habilidade coroas, in/.ays e onlays.
do cimento em preencher as irregularidades entre O termo adesão se refere ao estabelecimento de
o dente e a restauração e em resistir à ação do meio interações moleculares entre um substrato (aderente)
ambiente oral, a curto e longo prazo. Adesão é tam- e um adesivo colocados em íntimo contato, criando
bém importante neste contexto porque uma união uma junção adesiva (Fig. 13-1). Já o termo coesão
forte entre o agente de cimentação e os substratos é utilizado para descrever a interação de átomos
dentais pode ajudar a prevenir a colonização bacte- similares e moléculas no interior de um material,
riana na interface e minimizar o trânsito de fluidos envolvendo ligações primárias (p. ex., covalente ou
que possam causar hipersensibilidade dentinária. iônica) ou ligações secundárias fortes (p. ex., pontes
Este capítulo apresenta os aspectos básicos da de hidrogênio).
aplicação da ciência da adesão à odontologia e des- Em odontologia, a adesão química verdadeira
creve a composição, as propriedades, a manipulação entre estrutura dentária e materiais restauradores ou
e as indicações de cimentos ácido-base e à base de de cimentação é muito difícil de ser conseguida por
resina. Cimentos ácido-base são fáceis de usar e, causa da composição complexa de alguns substratos
quando indicados corretamente, proporcionam bom como a dentina, da presença de contaminantes e a
resultado clínico a longo prazo. Alguns liberam flúor presença de água. Cimentos de policarboxilato de
e aderem às estruturas dentárias. Cimentos resinosos zinco, ionõmero de vidro, ionômero de vidro modi-
têm sua química baseada nos compósitos resinosos. ficado por resina, e cimentos resinosos autoadesivos
Eles apresentam alta resistência de união às estru- são exemplos de materiais dentários capazes de
turas dentárias. Alguns produtos contêm também estabelecer interação química com a hidroxiapatita.
monõmeros ou são compatíveis com primers que Contudo, na prática diária, a adesão é acompanha-
permitem adesão a ligas metálicas e cerâmicas. Em da por um embricamento micromecânico entre o
geral, cimentos resinosos têm melhores propriedades adesivo e o substrato. É importante ressaltar que
mecânicas do que os cimentos ácido-base, contudo o quando dois materiais estão em íntimo contato,
processo de cimentação é mais sensível à técnica.
As bases tecnológicas e químicas utilizadas para
formular os vários tipos de adesivos e cimentos
para fixação são derivadas de seus correspondentes
materiais restauradores. Contudo, na maioria dos Adesão
Interface 1 - Adesivo
dental
casos foram necessárias modificações para adequar
as formulações para tal aplicação clínica em termos
de viscosidade e características de manipulação.
Sistema adesivo ou
Diferentes situações clínicas requerem diferentes cimento para cimentação
agentes de cimentação e não há um só material in-
dicado para todos os casos. Portanto, é importante
diferenciar os cimentos para fixação com base em Interface 1 ~~ Interface 2
suas propriedades mecânicas e características gerais
Junta
para identificar as melhores opções disponíveis Aderente 1 Aderente 2 dentária
para cada situação clínica.

PRINCÍPIOS DE ADESÃO
FIGURA 13.1 Definições da terminologia associada
A criação de uma interface resistente, durável com os sistemas adesivos (adesivos, aderentes ou subs-
e aderida com o esmalte ou a dentina proporciona tratos e interfaces). A maioria das uniões dentárias envolve
importantes benefícios. Ela protege significativa- pelo menos um adesivo, dois substratos e duas interfaces.
1
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 355

adesão física está sempre presente (p. ex., forças


de van der Waals ou dipolo induz.ido); contudo,
é fraca e não contribui significativamente para a
integridade da junta adesiva.
Um selante dental unido ao esmalte é um exem-
plo de uma junta adesiva simples com uma interfa-
ce. Muitas vezes, porém, juntas adesivas envolvem
mais de uma interface (p. ex., dente/adesivo e ade-
sivo /material restaurador ou de cimentação), o que
representa um desafio extra porque um adesivo não
necessariamente adere igualmente bem a substratos
diferentes (Fig. 2-1).
O aspecto mais básico a ser observado na cria-
ção de qualquer união adesiva é a limpeza do subs-
trato. Saliva, biofilme e outros detritos orgãnicos
estão sempre presentes na superfície dentária. As
paredes de um preparo cavitário são cobertas por
uma camada de esfregaço (smear layer). Todos estes
contaminantes reduzem a energia de superfície
do substrato de adesão e, consequentemente, sua
molhabilidade. Portanto, é muito importante que
a superfície que entrará em contato com o adesivo
seja cuidadosamente limpa e, em alguns casos, que FIGURA 13.2 Relação do ângulo de contato com o espa-
a smear layer seja removida pelo condicionamento lhamento ou molhamento de um líquido em um sólido.
ácido. Restaurações indiretas também necessitam
ter suas superfícies internas limpas e livres de Sistemas Adesivos
peHculas que possam impedir a penetração do
adesivo. Classifiazfão e Componentes Básicos
A molhabilidade é o resultado de interações Sistemas adesivos podem lançar mão de dife-
moleculares entre o adesivo e o substrato, assim rentes abordagens para obter uma adesão resis-
como das forças de coesão do adesivo, especial- tente e durável à dentina e ao esmalte. Eles são
mente sua tensão superficial. Líquidos tendem a classificados, de acordo com a estratégia de con-
formas esféricas quando colocados numa super- dicionamento, como de condicionamento e enxágu.e
fície porque essa é a forma com a menor área de (etch-a.nd-rinse) ou autocondicionante (seif-etch). Os
superfície e, assim, a mínima energia de superfície sistemas de condicionamento e enxágue (também
(Fig. 13-2). O molhamento é geralmente avaliado chamados de condicionamento total) podem ser
pelo ãngulo de contato (0), que é o ãngulo interno apresentados como sistemas de três passos, que
entre o líquido e o substrato. Geralmente, ãngulos são condicionamento, aplicação do primer e união
de contato pequenos são obtidos quando um lí- propriamente dita em passos separados de apli-
quido de baixa tensão superficial é colocado num cação. Alternativamente, sistemas de dois passos
substrato com alta energia de superfície. Ângulos apresentam primer e resina adesiva (bonding resin)
de contato menores que 90 graus indicam um mo- misturados em um único componente. O condi-
lhamento favorável da superfície. O molhamento cionamento utiliza géis de ácido fosfórico 30o/o a
ideal ocorre quando o líquido se espalha por toda a 40% para desmineralizar a estrutura dentária. Os
superfície com 0 "'O graus. A rugosidade superficial condicionadores ácidos são também chamados
aumenta a capacidade de molhamento da superfície de condicionadores para disfarçar o fato de que, em
por líquidos. sua maioria, se trata de ácidos relativamente fortes
A viscosidade influencia o contato do adesivo (pH menor que 1,0). Originalmente, as soluções
com o substrato. Ela deve ser baixa o suficiente para condicionantes eram líquidos de escoamento livre
permitir ao adesivo fluir facilmente e penetrar nos e eram difíceis de controlar durante sua aplicação.
detalhes da superfície do substrato, sem deixar Condicionantes em gel foram desenvolvidos por
porosidades na interface. Por fim, para alcançar meio da adição de pequenas quantidades de micro-
retenção micromecãnica, o adesivo deve tomar pre- particulas ou agentes espessantes à base de celulose.
sa a fim de criar ernbricamentos resistentes com a Esses géis fluem sob leve pressão, mas não fluem
microestrutura do substrato. sob seu próprio peso.
356 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Os pri·mers são monômeros, oligômeros ou Os testes de resistência de união são, sem


polímeros hidrofílicos, geralmente transportados sombra de dúvida, os mais populares dentre os
em um solvente. Os solventes usados em primers métodos in vitro. A ISO/TS11405 (2003) descreve
são acetona, etanol-água, ou essencialmente água. os protocolos dos testes tanto para os testes de re-
Em alguns primers, os níveis de solvente podem sistência de união ao cisalhamento quanto para os
chegar a 90°/o. Sendo assim, primers têm taxas de testes de tração (Fig. 13-3). Ambos os testes utilizam
evaporação, padrões de secagem e características áreas de adesão relativamente amplas (3-6mm no
de penetração diferentes, todos estes podendo in- diâmetro, 7-28 mm2 ). O valor nominal (médio)
fluenciar a resistência de união resultante. Oligô- da resistência de união é calculado dividindo-se
meros de dimetacrilatos e monômeros de menor a carga de ruptura pela área de seção transversal da
peso molecular podem ser adicionados ao pri-mer amostra. A alta incidência de falhas coesivas do
nos sistemas de dois passos da técnica de condi- substrato observada com esses testes levou ao
cionamento e enxágue, ou apresentados como um desenvolvimento de testes de resistência de uniiín
passo separado nos sistemas de três passos ou em "micro" (Fig. 13-4), utilizando-se amostras com
sistemas autocondicionantes de dois passos. áreas adesivas muito menores (1 mm2). A principal
Os sistemas autocondicionantes contêm monô- limitação dos testes de resistência de união, apesar
meros tipo éster com grupos fosfato ou carboxílicos de sua grande popularidade, é que os resultados
ácidicos enxertados e dissolvidos em água. De acor- de estudos diferentes não podem ser diretamente
do com sua agressividade, esses sistemas podem comparados por causa da falta de padronização
ser divididos em fortes (pH igual a 1 ou menos), entre os grupos de pesquisa. Além disso, por causa
·rnoderados (pH entre 1 e 2) ou suaves (pH de 2 ou da distribuição heterogênea das tensões ao longo da
mais). Eles podem ser apresentados como sistemas interface aderida, o valor nominal da resistência de
de dois passos, com uma resina adesiva hidrofóbica união está longe de representar a tensão verdadeira
em um frasco separado (também conhecido como que iniciou o descolamento.
prirners autocondicionantes) ou sistemas monocom- A qualidade do selamento marginal obtido com
ponentes (sistemas all-in-one). os sistemas adesivos pode ser estimada por dife-
A maioria dos agentes adesivos é fotopolimeri- rentes métodos. Testes de microinfiltração utilizam
zável e contém um ativador tal como a canforoqui- a imersão de um dente restaurado numa solução
nona e uma amina orgânica. Agentes adesivos de
polimerização dual incluem um catalisador para
promover a autopolimerização. Embora a maio-
ria dos agentes adesivos seja sem carga, alguns .1 1 e-
produtos contêm cargas nanométricas e vidros
submicrométricos que variam de 0,5°/o a 40°/o do d
peso. Cargas são descritas com mais detalhes no •
Capítulo 9. Agentes adesivos com carga podem ser
mais fáceis de aplicar no dente e podem produzir

valores de resistência de união in vitro mais altas.
Agentes adesivos podem conter flúor, ingredientes
antimicrobianos ou dessensibilizantes, tal como o
glutaraldeído. A efetividade da liberação de flúor e
de agentes antimicrobianos não foi demonstrada.

Avaliação ln Vitro do Desempenho Adesivo


Testes de laboratório têm sido extensivamente 9
utilizados para comparar o desempenho de siste-
mas adesivos. Embora a relevância clínica das ava- •
liações in vitro seja questionável, elas certamente
representam uma ferramenta valiosa na avaliação

~
8
inicial de novos produtos. Além disso, diferente
A
i 1 o- B
dos estudos clinicos, avaliações de laboratório per-
mitem o isolamento de variáveis específicas que
podem interferir com o desempenho adesivo, por FIGURA 13 .3 Testes de resistência de união. A, Dia-
exemplo, condições do substrato, contaminantes, grama da montagem do teste de tração; B, diagrama da
procedimentos de aplicação, ciclos térmicos e montagem do teste de cisalhamento (De Cardoso PEC, Braga
' .
mecarucos. RR, Carrilho MRO: Dent. Mnter. 14, 394-398, 1998).
o

A /

FIGURA 13.5 Seção de dente restaurado mostrando


microinfiltração na interface compósito/esmalte (Cartesia
B de Dr. Fernanda C. Calheiros, São Paulo, Brazil).

traçadora (p. ex., azul de metileno ou nitrato de


prata). O dente é seccionado e a extensão da pene-
tração do corante é avaliada, tanto qualitativamente
(usando escores) como quantitativamente. Fendas
interfacirus podem ser medidas por um microscó-
pio eletrônico de varredura (MEV). Pelo fato de
o processamento da amostra para visualização
no MEV ser crítico e de mais fendas poderem ser
e criadas inadvertidamente, são preferíveis réplicas
da interface adesiva feitas em resina epóxi. O termo
nanoinfiltração se aplica a um método no qual amos-
tras previamente imersas em nitrato de prata são
observadas em um microscópio eletrônico de trans-
missão (MET). A presença de depósitos de prata
demonstra a presença de fendas e espaços vazios
na interface adesiva (Fig. 13-5).
D
Outros métodos in vitro para avaliação da per-
formance dos sistemas adesivos são os testes de
tenacidade à fratura, que quantificam o nível crítico
de tensão responsável por iniciar o descolamen-
to, e os testes de fadiga, nos quais é calculada a
resistência à fadiga cíclica depois de um número
predeterminado de ciclos de carga (geralmente 105
ciclos).
E
Biocompatibilidade
FIGURA 13.4 Testes de resistência de união "micro". A, Os solventes e os monômeros dos agentes ade-
preparação de amostras de esmalte envolvendo a remoção sivos são tipicamente irritantes à pele. Por exem-
de uma porção do tecido superficial sem expor a dentina plo, metacrilato de 2-hidroxietila- (HEMA) pode
subjacente. B, Dente preparado para teste em dentina: o terço produzir reações locais e sistêmicas em dentistas e
oclusal foi removido com um disco diamantado, criando assistentes de consultório suficientes para impedir
uma superfície plana. C, Bloco de compósito construido seu uso no consultório odontológico. Portanto,
sobre o esmalte e a superfície da dentina. D, Corte do dente
é muito importante que a equipe do consultório
ao longo dos eixos X- e Y- e os bastões resultantes. E, Procedi-
mento para o preparo das amostras em forma de ampulheta: odontológico se proteja da exposição prolongada.
o dente é seccionado em múltiplas placas. Em cada placa, As técnicas de proteção incluem utilização de luvas,
uma seção transversal mais estreita é criada na interface, reposição imediata de luvas contaminadas, utiliza-
desgastando-se com uma ponta diamantada (De Goracci C, ção de sucção de alta velocidade, manter todos os
Sadek FT, Montice/li F, et ai: Dent. Mater. 20, 643-654, 2004). frascos bem fechados ou utilizar sistemas de dose
358 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

única e dispor os materiais de tal maneira que os


monômeros não possam evaporar para o ar do con-
sultório. Até mesmo com luvas duplas, o contato
com solventes e monômeros agressivos produzirá
contato efetivo com a pele em poucos minutos.
Todas as precauções razoáveis devem ser seguidas
e, se o contato indesejado ocorrer, as áreas afetadas
devem ser lavadas imediatamente com quantidade
abundante de água e sabão. Urna vez que os mate-
riais são polimerizados, o risco de efeitos colaterais
é muito pequeno. Os materiais adequadamente
polimerizados não têm se mostrado perigosos para
os pacientes, embora estes devam ser protegidos
durante procedimentos adesivos,.

Desempenho Clinico FIGURA 13.6 Micrografia eletrônica de varredura


As orientações da American Dental Association (MEV) da réplica em epóxi mostrando uma fenda de
(ADA) exigem que os adesivos sejam testados em contração entre esmalte (direita) e cimento resinoso
restaurações de lesões classe V não retentivas. (esquerda) (De Braga RR, Ferracane JL, O:mdott }R: f. Dent.
30, 333-340, 2002).
As lesões podem ser em formato de prato ou de
cunha, e devem apresentar esmalte ao longo da
margem oclusal e dentina ao longo da margem Os sistemas de três passos com técnica de
cervical. O sucesso de um agente adesivo é ava- condicionamento-enxágue permanecem sendo o
liado indiretamente examinando-se a performance "padrão-ouro" dos sistemas adesivos, tanto em
das restaurações diante da (1) sensibilidade pós- avaliações de laboratório como clinicas.
-operatória, (2) manchamento interfacial, (3) cáries
secundárias e (4) retenção ou fratura acompanhada Adesão ao Esmalte
por 18 meses. Estes ensaios clínicos testam a reten- A adesão ao esmalte ocorre por retenção mi-
ção em curto prazo e selamento inicial. cromecânica depois que o condicionamento ácido
A maioria dos sistemas adesivos comercializa- é utilizado para dissolver preferencialmente os
dos são bem-sucedidos em ensaios clínicos. Contu- cristais de hidroxiapatita na superfície externa do
do, estes ensaios geralmente combinam adesão ao esmalte (Fig. 13.7). O adesivo fluido penetra nas
esmalte e à dentina. Não existe nenhum esquema irregularidades de superfície recém-produzidas e
clinico aceitável para testar criticamente somente a fica preso no lugar após a sua polimerização.
adesão à dentina em preparos não retentivos. Como Os condicionadores em gel (tipicamente ácido
os ensaios clínicos são, de modo geral, altamente fosfórico) são dispensados de uma seringa na su-
controlados, muitas vezes eles não são preditivos do perfície do dente a ser condicionado. Os tempos de
uso na rotina clinica do clinico geral. A longevidade condicionamento do esmalte variam, dependendo
da adesão na clinica geral pode ser somente 40'Yo do tipo e qualidade do esmalte. Geralmente, um
daquela obtida em ensaios clínicos controlados. condicionamento de 15 segundos com ácido fos-
A performance clínica a longo prazo dos sistemas fórico de 30 a 40°/o é suficiente para se alcançar o
adesivos para uma ampla variedade de materiais ponto final clinico característico de um esmalte
não foi ainda relatada. com aparência de "congelado". O esmalte deciduo
Os locais de falha para a maioria das restaurações imaturo geralmente contém algum esmalte apris-
adesivas ocorrem ao longo das margens cervicais mático que ainda não foi desgastado e requer tem-
em que a adesão se dá especialmente em dentina pos maiores de condicionamento (20-30 segundos)
(Fig. 13-6). Estudos de compósitos utilizados em para criar um padrão retentivo. O esmalte pode ser
restaurações classe 2 têm demonstrado que 95o/o de mais insolúvel como resultado de fluorose. Nesses
todas as cáries secundárias associadas à restauração casos, são necessários tempos de condicionamen-
em compósito estão na área interproximal. Essas to estendidos (15-30 segundos) para assegurar
margens são as mais difíceis de selar durante a que uma suficiente adesão micromecânica possa
inserção da restauração porque são tipicamente ocorrer. O único cuidado é que a dentina deve ser
aderidas à dentina e ao cemento em vez de esmalte protegida da exposição do ácido porque a dentina
e são difíceis de acessar com a fonte de luz para uma com fluorose é mais susceptível ao ácido do que a
adequada polimerização. dentina regular.
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 359

mais numerosos e contribuem com a maior parte


da retenção rnicromecãnica.
Adesivos autocondicionantes fortes produzem
um padrão no esmalte semelhante ao obtido com
ácido fosfórico. Sistemas autocondicionantes mo-
derados apresentam menor resistência de união ao
esmalte, se comparados aos sistemas do tipo condi-
cionamento-enxágue, provavelmente por causa de
um padrão de condicionamento mais superficial.

Adesão à Dentina
O alto conteúdo de água na dentina representa
um desafio extra para o estabelecimento de uma
zona de interdifusão. Para lidar com esse problema,
os prfrners têm componentes hidrofílicos tais como
HEMA, que umedecem a dentina e penetram na
sua estrutura. Nos sistemas do tipo condicionamen-
to-enxágue, o condicionamento com ácido fosfórico
remove o conteúdo mineral, criando microporosi-
dades em meio à rede de colágeno. Uma vez que
o componente de hidroxiapatita da camada mais
externa da dentina é removi.do, a dentina contém
aproximadamente 50'% de espaço não preenchido
e aproximadamente 20%. de água remanescente.
Depois que o ácido é enxaguado, a secagem da
dentina deve ser feita cuidadosamente. Até mesmo
um pequeno jato de ar de um spray ar-água pode
inadvertidamente desidratar a superfície mais ex-
FIGURA 13.7 Micrografia eletrônica de varredura terna e causar colapso da rede colágena. Uma vez
(MEV) do esmalte e dentina condicionados. A, MEV por que isso ocorre, a malha colágena prontamente
emissão de campo da dentina condicionada com ácido impede a penetração do primer e a adesão falhará.
fosfórico a 40o/o por 15 segundos. Note as fibras colágenas Contudo, a umidade excessiva tende a diluir o
desprovidas de cristai~ de hidroxiapatita como resultado primer e interferir com a interpenetração da resi-
da desmineralização ácida. A descalcificação mais intensa na. O nível ideal de umidade da dentina varia de
em torno da área peritubular pode ser um resultado tanto acordo com o solvente presente no adesivo. A esse
do alto conteúdo mineral da região peritubular como da respeito, sistemas autocondicionantes têm a enorme
penetração mais fácil do ácido por meio da luz tubular. B,
vantagem de eliminar este passo tão subjetivo do
Esmalte condicionado com ácido fosfórico a 38°/o (Pulp-
procedimento adesivo.
dent) por 15 segundos (De Perdigão f: Dent. Clin. N. Am.
51, 333-357, 2007). A infiltração da resina por dentro da rede de
colágeno é chamada de hibridização (Fig. 13.8). O
resultado desse processo de difusão é chamado zona
Depois do tempo de condicionamento desejado, de interpenel:rt1fãO da resina ou zona de interdifusão da
o gel ácido é enxaguado e a estrutura dentária é resina ou simplesmente camada h:fbrida. Concomitan-
seca para receber a resina adesiva. Se um prirner temente com a formação da camada híbrida, ocor-
hidrofflico ou um sistema de dois passos do tipo re a penetração do primer no interior dos túbulos
condicionamento-enxágue é usado, a superfície dentinários preenchidos de fluidos. Isto cria tags de
pode ser mantida úrnida para o próximo estágio do resina bem longos. Contudo, estes parecem ser de
procedimento adesivo. Então, o primer pode ser apli- pequeno valor para o todo da adesão. Esse material
cado sobre a superfície para penetrar nas irregulari- é geralmente subpolimerizado e se comporta como
dades de superfície criadas. Após a polimerização, tags flexíveis e macios. Se a dentina é desidratada
o prirner e o adesivo produzem macrotags de resina antes da aplicação do primer e do adesivo, estes tags
ao penetrar no espaço que circunda os prismas de de resina tendem a ser bem extensos.
esmalte. Microtags se formam onde o adesivo flui Os primers contêm solventes para deslocar a
pelos prismas condicionados que envolvem cristais água e carregar os monômeros por entre as micro-
individuais de hidroxiapatita. Microtags são muito porosidades na rede colágena. Durante a aplicação
360 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

~-Microtag
Macrotag~ --- --
Partículas residuais -- ~ _ _ _ }Compósito
de smear layer """lf _ } Adesão }
Partículas residuais ~~li ' <:;1r ~} Aplicação Condicionamento
~
1
de smear ptug < do Pnmer.
Dentina intertubular - i
Dentina pe!itubular ---,
Túbulo dentinário----'

CAMADA HÍBRIDA: microtags de resina que estão na dentina


in tertubular e circundam as fibras colágenas.
Fibras colágenas

8
FIGURA 13.8 Adesão à dentina. A, Micrografia eletrônica de varredura da interface aderida com um adesivo dental
(magnificação final: x4000). Note a espessura visível da camada de adesivo (A, pontas de seta) abaixo da resina composta
(RC). A camada híbrida (H, pontas de seta) tem 2 µm de espessura. Os tags de resina tubular (T) apresentam ramificações
laterais (asteriscos). B, Esquema mostrando que o condicionamento remove os cristais de hidroxiapatita na dentina
intertubular e ao longo da dentina peritubular. O primer penetra nos espaços intertubulares e nos espaços tubulares
cheios de fluido. O primer polimerizado forma micrrYtags na dentina intertubular e macrotags dentro dos túbulos (A, de
Fnmkenberger R, Perdigão}, Rosa BT, et a!: Dent. Mater. 17, 373-380, 2001).

do primer, a maior parte do solvente evapora ra- A espessura de uma camada híbrida não é um
pidamente. Por isso, geralmente várias camadas requisito crítico para o sucesso. A resistência de
devem ser aplicadas para assegurar uma completa união à dentina é provavelmente proporcional ao
impregnação. Como regra geral, devem-se aplicar embricamento entre resina e colágeno, assim como
tantas camadas quantas forem necessárias para à "qualidade" da camada híbrida, não à sua espes-
produzir uma aparência brilhante persistente na sura. O condicionamento efetivo da dentina não
dentina. requer tempos longos para produzir resistências de
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 361

união à dentina aceitáveis. Geralmente, 15 segundos mentos resinosos. Ele cria uma superfície rnicrorre-
são empregados. Se o tempo de condicionamento tentiva, com alta energia. O ataque eletrolítico pode
é muito longo e a zona condicionada é muito pro- ser usado com ligas de metais básicos, mas não é
funda, a dentina descalcificada pode não ser com- tão efetivo com ligas nobres por causa de sua rnicro-
pletamente impregnada. O espaço condicionado estrutura homogênea. Eletrodeposição de estanho
mas não impregnado pode permanecer como uma pode ser usada para melhorar a retenção de ligas
zona mecanicamente fraca e promover nanoinfil- nobres aos cimentos resinosos. Sistemas comerciais
tração. Embora essa zona tenha sido detectada em que utilizam revestimento de sílica a altas tempera-
experimentos de laboratório, os resultados clínicos turas ou aplicação triboquímica de uma camada de
desse processo nunca foram demonstrados como sílica utilizando óxido de alumínio modificado por
um problema. ácido silicico também são encontrados. Em ambos
Após aplicar o prirner à superfície, um adesivo os casos, uma solução de silano é aplicada ao metal
é aplicado e fotopolimerizado. As superfícies dos tratado para criar uma superfície capaz de aderir às
agentes adesivos polimerizados são inicialmente ini- resinas à base de dimetacrilatos.
bidas pelo ar e não reagem imediatamente. Contudo, Monômeros como o 10-MDP e o 4-META são
conforme o compósito é colocado sobre a superfície, usados nas formulações de cimentos resinosos para
o ar é deslocado e ocorre a copolimerização. melhorar a retenção a restaurações de ligas fundi-
Sistemas autocondicionantes têm as grandes van- das. Eles parecem ser mais efetivos com ligas de
tagens de eliminação do risco de penetração incomple- metais básicos, em comparação com as ligas nobres.
ta do primer/adesivo na rede colágena e também de Primers para metal desenvolvidos para melhorar
eliminação da subjetividade, quando da determinação a resistência de união entre a liga e os cimentos
da quantidade de umidade na superfície da dentina resinosos também são úteis. Contudo, resultados de
ideal para a difusão do primer. Com estes sistemas, pesquisas laboratoriais são inconsistentes.
a smear layer é dissolvida e incorporada na camada
híbrida. O mecanismo de adesão para adesivos auto- Cer8micas
condicionantes fortes é muito semelhante àquele dos As cerâmicas de baixa resistência, à base de
sistemas de condicionamento-enxágue. Sua resistência sílica, têm sido coladas aos cimentos resinosos
de união, especialmente para os sistemas all-in-ane, é com sucesso, utilizando-se o condicionamento da
relativamente baixa, provavelmente por causa da sua superfície interna da restauração com uma solução
acidez inicialmente alta e alto conteúdo aquoso. Os sis- de ácido fluorídrico, seguida pela aplicação de um
temas autocondicionantes moderados desmineralizam primer silânico (Fig. 13.9). Diferentes concentrações
a dentina somente superficialmente (poucos micrôme- de ácido estão disponíveis comercialmente, de
tros) e deixam a hidroxiapatita residual unida às fibras 2,S'Yo a lOo/o, nas formas líquida ou gel, e os tempos
colágenas. Embora o principal mecanismo de adesão recomendados de condicionamento variam de 1 a
seja o embricamento entre fibras colágenas e a resina 4 minutos. O ácido fluorídrico ataca a fase vítrea
polimerizada, monômeros como o 4-META (4-meta- das cerâmicas, até o ponto em que cristais são re-
criloxietil-trimetil anidro) e 10-MDP (10-metacriloxietil movidos, deixando uma superfície microrretentiva,
dihidrogênio fosfato) podem aderir à hidroxiapatita com alta energia, semelhante a um favo de mel.
residual. Também a presença de hidroxiapatita pode A aplicação do silano melhora a capacidade de
ajudar a proteger o colágeno contra a degradação, a molhamento do cimento resinoso na superfície da
qual enfraquece a interface adesiva. Sistemas auto- cerâmica e estabelece ligações covalentes tanto com
condicionantes moderados podem apresentar valores a superfície cerâmica (via ligações siloxano, -Si-O
de resistência de união relativamente baixos quando -Si) como com o cimento resinoso (por polimeri-
aplicados em dentina esclerótica. Outra desvantagem zação das ligações duplas de carbono). A hidrólise
associada aos sistemas all-in.-ane é que, devido ao seu da molécula de silano é necessária para converter
alto conteúdo de água, eles se comportam como mem- os grupos metoxi (-OCH3) em silanol (-Si-OH). Os
branas semipermeáveis, o que aumenta a degradação silanos são apresentados de forma não hidrolisada
por hidrólise. (dois frascos) ou pré-hidrolisada (frasco único).
Em geral, os silanos pré-hidrolisados são menos
estáveis, com prazo de validade mais curto do que
Adesão a Outros Substratos
as soluções não hidrolisadas.
Ligas Fundidas Adesão às cerâmicas de alta resistência continua
A limpeza com jatos de óxido de aluminio é o sendo um tema de debate entre clínicos e pesquisa-
método mais comumente usado para preparar subs- dores. Quanto maior o conteúdo cristalino, menos
tratos metálicos para receber resinas adesivas ou ci- eficiente é o condicionamento ácido. Abrasão por
362 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

com o amálgama na restauração conhecida como


amálgama adesivo. O propósito dessa técnica é re-
duzir a necessidade de retenção macromecânica, o
que preservaria estrutura dentária e reforçaria a es-
trutura remanescente ao criar urna interface adesiva
entre o material restaurador e as paredes cavitárias.
A adesão entre o adesivo e o amálgama é obtida
pelo estabelecimento de uma zona de interpene-
tração. Embora estudos laboratoriais demonstrem
melhores resultados para amálgamas adesivos com-
parados aos amálgamas convencionais não adesivos
em termos de resistência de união, microinfiltração
A e retenção, esses achados não encontram suporte em
dados clínicos, que mostram não haver diferença
entre restaurações adesivas e aquelas retidas por
retenções mecânicas.
Esmalte
( --
ln/ay -- Pinos de Fibra

..
Esmalte cond1c10nado-
f f cerâmico A adesão de pinos de resina reforçados por fi-
bra à dentina radicular é uma das situações mais
por ácido -Superticie condicionada desafiadoras enfrentadas pelo clínico. A aplicação do
Sistema adesivo- -
I por ácido fluorídrico
adesivo é crítica, porque é praticamente impossível
L.._superf icie silanizada
ao esmalte controlar a umidade dentro do canal radicular. O uso
e adenda
Cimento
de sistemas adesivos autocondicionantes não é indi-
compósito,t
do inlay j. cado porque sua acidez impediria a ativação química
do cimento resinoso. O uso de cimentos resinosos
B autoadesivos tem demonstrado resultados promis-
sores nas avaliações de laboratório. O tratamento da
FIGURA 13.9 Porcelana condicionada. A, Micrografia superfície do pino também tem sido debatido. A si-
eletrônica de varredura (MEV) de porcelana condicionada. lanização, o jateamento ou a associação de ambos os
B, Esquema dos materiais e interfaces envolvidas na ade- tratamentos são frequentemente citados como sendo
são de restaurações de cerâmica pura à estrutura dentária
procedimentos efetivos para melhorar a adesão entre
(Parte A de Cesar PF, Yoshimum HN, Miranda Junior WG, et nl:
Correlations bel:ween fracture toughness and leucite contenl: in
o cimento resinoso e o pino de fibra.
dental porce/ains. }. Dent. 33 (9): 721-729, 2005).
Reparo de Restaurações de Compósito,
jateamento de alumina com partículas de 110 µme Cerâmica e Metalocerâmica
revestimento triboquimico com sílica são recomenda- O reparo de restaurações fraturadas é indicado
dos com cerâmicas de alumina infiltradas por vidro quando a extensão da fratura não recomenda a
ou densamente sinterizadas, assim como zircõnia. substituição da restauração ou quando há outros
Cimentos resinosos autoadesivos também têm mos- fatores a serem levados em consideração, tais como
trado bons resultados com restaurações de zircônia. conservação da estrutura dental, custo, tempo ou,
em caso de prótese fixa, substituição de múltiplos
Compósitos Indiretos (de Laboratório) elementos.
Uma superfície microrretentiva de união é obti- O envelhecimento de restaurações de compósito
da com jateamento com alumina. Condicionamento no ambiente oral diminui severamente a resistência
com ácido fosfórico a 37'Yo é usado para limpar a da união compósito-compósito. Portanto, o uso de
superfície de detritos, previamente à aplicação do sistemas adesivos para mediar a adesão entre o
cimento resinoso. O condicionamento com ácido compósito antigo e o novo é recomendado. A super-
fluorídrico não é recomendado porque causa de- fície pode ser asperizada com o uso de jateamento
gradação da superfície do compósito. intraoral ou brocas diamantadas, seguido por apli-
cação de ácido fosfórico para limpeza previamente
Amálgama à aplicação do adesivo.
Sistemas adesivos, adesivos com carga e cimen- O reparo de restaurações cerâmicas lascadas
tos resinosos podem ser utilizados em associação inclui condicionamento com ácido fluorídrico,
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 363

silanização, aplicação de uma resina adesiva e óxido de zinco e eugenol, policarboxilato de zinco
restauração com resina composta. O uso intraoral e fosfato de zinco) e aqueles que tomam presa por
de ácido fluorídrico deve ser feito sob isolamento polimerização (cimentos resinosos, compômeros e
absoluto com dique de borracha por causa do seu cimentos resinosos autoadesivos). Em alguns casos,
efeito cáustico em tecidos moles. esta classificação se refere ao mecanismo de presa
O reparo de restaurações metalocerãmicas inclui predominante porque ionômeros de vidro modifica-
a adesão a diferentes substratos. Quando há uma dos por resina contêm grupos polimerizáveis, assim
grande área da infraestrutura metálica exposta, é como compômeros e cimentos resinosos autoadesi-
recomendado o jateamento com alumina ou alu- vos podem apresentar reação ácido-base.
mina modificada com ácido silicico, seguido pela Os requisitos físicos dos cimentos para fixação
aplicação de silano e resina adesiva previamente são descritos nas seguintes normas da Intema-
à aplicação do compósito. A superfície fraturada tional Association for Standardization: normas
da cerâmica pode ser jateada e condicionada com ISO 3107:2004 (óxido de zinco e eugenol e livres
ácido fluorídrico antes da silanização, da aplicação de eugenol), ISO 9917-1:2007 (cimentos tipo áci-
do adesivo e da restauração com compósito. do-base em pó/líquido ISO 9917-2:2010 (cimentos
modificados por resina) ISO 4049:2009 (cimentos à
base de polímeros) (Quadro 13.1). Esses requisitos,
CLASSIFIC~ÇÃO juntamente com outras características importantes,
E CARACTERISTICAS são descritas abaixo.
DOS AGENTES DE CIMENTAÇÃO
Biocompatibilidade
Classificação
Os agentes de cimentação são frequentemente
Os agentes de cimentação podem ser classifi- colocados em contato com grandes áreas de dentina
cados de acordo com o período de tempo que se
exposta. Além disso, a espessura da dentina rema-
espera que eles fiquem em função como provisório nescente pode ser insuficiente para proteger o tecido
ou definitivo. Cimentos provisórios (temporários)
pulpar dos estímulos externos. A maioria dos agentes
são indicados para fixação de restaurações tempo- de cimentação apresenta citotoxicidade in vitro, em
rárias usadas entre as consultas clínicas necessárias
diferentes graus. Estudos histológicos também de-
para finalizar a restauração definitiva. Como as monstram uma reação inflamatória inicial a cimentos
restaurações temporárias frequentemente precisam
colocados perto do tecido conjuntivo. Tais respostas
ser removidas durante o tratamento, os cimentos estão geralmente associadas ao pH inicial baixo dos
provisórios devem ter uma resistência relativamen-
cimentos ácido-base e dos cimentos resinosos autocon-
te baixa e ser facilmente manipulados. Eles também dicionantes ou monômeros presentes em ionômeros de
não devem irritar a polpa. São exemplos de agentes
vidro modificados por resina e cimentos resinosos.
de cimentação temporários os cimentos de óxido
de zinco e eugenol, os sem eugenol e as pastas de
hidróxido de cálcio. Cimentos definitivos devem
Selamento Interfacial e Atividade
permanecer em função pelo maior tempo possível Anticariogênica
e devem apresentar propriedades para tal. O perfeito selamento da interface dente/res-
De acordo com o mecanismo de presa, os tauração é importante para prevenir penetração
agentes de cimentação são divididos naqueles que bacteriana que possa levar a cáries secundárias e
apresentam reação ácido-base (que inclui ionômero também, quando a dentina está envolvida, preve-
de vidro, ionômero de vidro modificado por resina, nir movimento excessivo de fluidos nos túbulos

QUADRO 13.1

Normas ISO para cimentos dentais

ISO 3107:2004 (cimentos de óxido de zinco ISO 9917-2:2010 (cimentos modificados por
e eugenol e sem eugenol) resina)
ISO 9917-1:2007 (cimentos ácido-base ISO 4049:2009 (cimentos à base de polímero)
pó:líquido)
364 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

dentinários que possa causar hipersensibilidade. O porários, por outro lado, devem ter uma resistência
se!amento está relacionado à capacidade do cimento relativamente baixa, ou a remoção da restauração
de penetrar nas irregularidades de ambos os subs- temporária pode se tomar uma tarefa diffcil.
tratos e estabelecer um íntimo contato com eles.
Idealmente cimentos para fixação não deveriam
contrair durante a presa; do contrário, vazios po- Propriedades de Manipulação
dem se desenvolver na interface. A adesão também e Radiopacidade
contribui para um bom selamento interfacial. Ci- Facilidade de utilização, tempo de trabalho longo
mentos que contém flúor supostamente inibem a e tempo de presa curto são características desejáveis
atividade bacteriana; contudo, a significância clínica dos cimentos para fixação. Juntamente com os ma-
da liberação de flúor pelos cimentos para fixação teriais do tipo pó e liquido, produtos recentes são
ainda está para ser confirmada. encapsulados ou apresentados como duas pastas,
sistemas de automistura, o que faz com que o propor-
cionamento e a mistura sejam mais rápidos e menos
Adesão propensos ao erro. Um tempo de trabalho longo é
A falta de retenção é uma causa comum de fa- importante para assegurar que o cimento apresente
lha de restaurações indiretas. O uso de materiais baixa viscosidade enquanto a restauração é assentada.
adesivos pode reduzir o risco de deslocamento. Em Caso contrário, a adaptação pode ficar comprometida.
alguns casos (p.ex., coroas de porcelana) a adesão Para alguns materiais (p. ex., cimentos resinosos), a
pode reduzir o risco de fratura da restauração. A remoção dos excessos de cimento também precisa ser
adesão pode também ajudar a melhorar o sela- feita antes da presa. A radiopacidade é importante
mento interfacial. A adesão pode ocorrer por união para permitir diagnóstico radiográfico.
química ou física, embricamento rnicromecânico
ou atrito. Alguns cimentos ácido-base e cimentos
resinosos autoadesivos aderem aos tecidos dentais Viscosidade e Espessura da Película
por quelação, envolvendo ions metálicos e grupos Uma pequena espessura de película é importante
carboxilicos ou fosfato. Cimentos resinosos reque- para permitir o correto assentamento da restauração.
rem o uso de sistemas adesivos para estabelecer A espessura de película é geralmente determinada
uma adesão forte à dentina e ao esmalte. pelo tamanho médio das partículas do cimento e
sua viscosidade. Alguns cimentos são pseudoplás-
ticos, parecendo excessivamente espessos ao fim do
Propriedades Mecânicas período de mistura, mas fluem bem sob carga. Em
Mecanicamente, os cimentos para fixação são geral, se for devidamente manipulado e aplicado
descritos em termos de resistência (geralmente à dentro do tempo de trabalho recomendado, todos
compressão ou à flexão), módulo de elasticidade, os materiais disponíveis atualmente são capazes
resistência à fadiga, resistência à fratura e desgaste. de alcançar uma espessura abaixo da exigida pelas
Desgaste é um problema menor quando a linha de normas ISO. Todavia, alguns cimentos podem de-
cimento não está exposta às forças mastigatórias monstrar um súbito aumento da viscosidade e da
(p. ex., uma coroa total). A resistência à fadiga é espessura de película em curtos intervalos após o
geralmente considerada mais representativa do fim do tempo de trabalho recomendado.
tipo de carga que os cimentos devem enfrentar na
clínica. Contudo, testes de fadiga consomem muito
mais tempo do que testes de resistência estática. O Solubilidade
módulo de elasticidade expressa a quantidade de A solubilidade se refere à resistência à desinte-
deformação elástica (recuperável) que o cimento gração e à dissolução quando o cimento é imerso
apresenta com relação a um estado de tensão cau- em água ou outras soluções. Ela afeta a integrida-
sado por uma carga externa. A tenacidade à fratura de marginal na restauração indireta, o que pode
descreve a resistência à propagação instável de trin- aumentar o acúmulo de placa. Cimentos à base de
cas que causará falha catastrófica do material. resina apresentam solubilidade muito menor do que
Cimentos para fixação permanente devem ter alta os cimentos ácido-base.
resistência (tanto estática quanto à fadiga) e tenaci-
dade à fratura e boa resistência ao desgaste. Valores
ideais para o módulo de elasticidade são discutíveis, Estética
e os valores podem variar substancialmente mesmo Quando utilizados com materiais translúci-
entre os cimentos permanentes. Os cimentos tem- dos ou quando as margens da restauração estão
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 365

expostas, a tonalidade e a translucidez do cimento Um importante desenvolvimento dos cimentos


são aspectos importantes a serem considerados, de OZE foi o desenvolvimento de materiais nos
porque elas podem afetar o resultado estético final quais o líquido é uma mistura de ácido 2-etoxi-
da restauração. Elas são particularmente críticas benzóico (EBA) e eugenol, aproximadamente
com facetas laminadas de porcelana. Os cimentos numa proporção de 2:1. Em vez de formar uma
resinosos são os materiais de cimentação mais esté- matriz mais forte, a adição de EBA permite o uso
ticos disponíveis. O ionômero de vidro, o ionômero de proporções pó:líquido muito altas (6:1) que, per
de vidro modificado por resina, o compômero e os se, aumentam a resistência do cimento após a presa.
cimentos resinosos autoadesivos também têm boa Nestes materiais, a alumina (30°/o) foi adicionada
estética. O poliacrilato de zinco, o óxido de zinco e ao pó como um agente de reforço. A incorporação
eugenol, e o fosfato de zinco são opacos. de 20o/o de poli (metacrilato de metila) particulado
é também utilizada para melhorar as propriedades
mecânicas em alguns produtos.
CIMENTOS ÁCIDO-BASE
, Reaçã.o de Presa e Estrutura
Cimentos de Oxido de Zinco com A reação do óxido de zinco com o eugenol re-
Eugenol e Livres de Eugenol sulta na formação de um quelato de eugenolato de
A reação entre o óxido de zinco e o eugenol zinco, que é um complexo no qual um átomo
tem diversas aplicações em odontologia, tais como de zinco (Zn) se liga a duas moléculas de eugenola-
cimentos endodônticos, materiais retrobturado- to. Como mencionado anteriormente, a constante de
res radiculares, curativo periodontal, materiais dissociação do eugenol é pequena. Portanto, a taxa
inelásticos de moldagem, bases de restaurações, de reação é aumentada com o uso de óxidos mais
e restaurações temporárias. Para propósitos de reativos, juntamente com a presença de aceleradores.
cimentação, diferentes formulações de cimentos A reação ácido-base não acontece em um meio aquo-
de óxido de zinco e eugenol (OZE) estão disponí- so; contudo, a água desempenha um papel muito
veis tanto para cimentação temporária como para importante na reação porque ela reage com o óxido
fixação permanente de coroas e próteses metálicas de zinco formando íons ZnOH• que se dissociam
e metalocerâmicas. Devido a um efeito inibitório em Zn•2 e OH-. Os cátions de zinco então reagem
do eugenol na polimerização de resinas à base de com o eugenolato, enquanto os ânions de hidroxila
metacrilato e compósitos para cimentação, os ci- reagem com o H • formando água. Como a água está
mentos temporários utilizando componentes não presente como reagente e produto final, a reação é
fenólicos são frequentemente preferidos, em vez autocatalítica. A presença de ácido acético elimina a
de formulações convencionais. Sua popularidade necessidade de água para iniciar a reação.
é justificada pela sua facilidade de uso, sua ação A estrutura do cimento após a presa é formada
antibacteriana e seu efeito analgésico (anódino) por partículas de óxido de zinco unidas entre si por
sobre a polpa dentária. uma matriz amorfa de eugenolato de zinco. EBA
também forma um quelato com o óxido de zinco,
Composiçã.o e fases cristalinas foram identificadas em meio à
O pó é basicamente o óxido de zinco, com até matriz dos cimentos de EBA-eugenol.
8°/o de outros sais de zinco (acetato, propionato, ou
succinato) como aceleradores. Breu/colofônia (áci- Propriedades
do abiético) é adicionado para reduzir a fragilidade Cimentos de OZE são considerados biocompatí-
e aumentar o tempo de trabalho e resistência. O veis por causa do seu pH neutro, ação antibacteriana
líquido contém eugenol (4-alil-2-metoxifenol), um e efeito analgésico no tecido pulpar hiperêmico. Sua
ácido fraco. O ácido acético (até 2'%) é adicionado atividade antibacteriana in vitro se mostrou mais efi-
como acelerador. Nos materiais de duas pastas ciente do que aquelas apresentadas por ionômeros
utilizados para cimentação temporária, uma pasta convencionais e modificados por resina. Essa carac-
contém óxido de zinco misturado com óleos mine- terística associada com um bom selamente marginal
rais ou vegetais, enquanto cargas são incorporadas favorece a recuperação da polpa. A liberação de
no eugenol para formar a outra pasta. Os materiais eugenol da matriz pode contribuir para o alivio
livres de eugenol utilizam ácidos alifáticos de cadeia da dor em prepares com remanescente dentinário de
longa ou ácido butírico contendo um grupo arila pequena espessura. Contudo, em altas concentra-
para reagir com as partículas de óxido de zinco. ções ou quando colocados diretamente em contato
Outros óleos podem ser adicionados para ajustar a com o tecido conjuntivo, pode aumentar a resposta
consistência da pasta. inflamatória por causa da sua citotoxicidade.
366 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

A baixa resistência apresentada pelos cimentos de três a sete vezes maior para um cimento de EBA-
de OZE fazem deles um material adequado para alurnina comparado a outros cimentos de reação
cimentação temporária. A norma ISO 3107 (2004) ácido-base. Clinicamente, próteses fixas cimentadas
estabelece uma resistência máxima à compressão com cimento de EBA-alurnina mostraram uma taxa
em 24 horas de 35MPa para os materiais do tipo 1 de sucesso de 92% após 2,5 anos, enquanto que,
(isto é, destinados à cimentação temporária). Um para o policarboxilato de zinco, a taxa foi de 95%.
aspecto importante relacionado ao comportamento O fosfato de zinco, o "padrão-ouro" para os agentes
mecânico dos cimentos de OZE é que suas pro- de cimentação permanente por muitas décadas,
priedades são muito sensíveis à temperatura. Por apresentou urna taxa de sucesso de 98%.
exemplo, a resistência à compressão a 37ºC pode O efeito inibitório dos metoxifenóis, tais como o
representar somente 20o/o do que foi encontrado a eugenol, na polimerização de resinas de metacrilato
23 ºC. Cimentos de EBA-eugenol podem ser várias é de importância clínica. O eugenol é considerado
vezes mais resistentes do que a formulação básica um destruidor de radicais livres, devido à presença do
(72MPa versus 26MPa, à compressão em tempera- grupo alil na sua estrutura, atuando como um agente
tura ambiente). Cimentos de EBA-alumina podem de transferência de cadeia degradativo (isto é, quan-
apresentar resistência 20% mais alta se comparados do ativado, ele preferencialmente promove termina-
aos materiais de EBA-eugenol. Ainda que esses ção em vez de propagação). Cimentos temporários
valores estejam acima da resistência à compressão que contêm eugenol podem afetar negativamente
mínima exigida para os materiais do tipo 2 (isto é, a polimerização do metacrilato de metila usado em
cimentos para cimentação permanente) de 35 MPa, restaurações provisórias. Se a restauração final for
ambos os cimentos de OZE reforçados são os mais aderida ao dente preparado, a polimerização tanto
fracos dentre os agentes de cimentação utilizados do sistema adesivo como do cimento resinoso pode
para cimentação permanente. O módulo de elasti- ser inibida, aumentando o risco de descolamento, ou
cidade dos cimentos de EBA-€ugenol (determinado até mesmo fratura em caso de cerâmica de baixa re-
a temperatura ambiente) é de 3GPa. sistência ou restaurações de compósito indireto. De
Cimentos de OZE apresentam plasticidade au- fato, nas interfaces do cimento de OZE/ compósito,
mentada mesmo depois de endurecidos e se defor- as propriedades mecânicas do compósito foram
mam sob carga. A deformação plástica residual após reduzidas até 100 µm além da interface, o que pode
fratura mostrou-se acima de 15% a 37°C, contra ser relevante se o cimento resinoso é aplicado a
um valor máximo de 4% apresentado por outros uma superfície contaminada por eugenol. Contudo,
cimentos de reação ácido-base e resinosos. Este creep várias investigações in vitro têm demonstrado que a
pode explicar o bom selamento marginal alcançado resistência de união à dentina não é adversamente
com estes materiais, mesmo considerando-se sua afetada se a superfície for cuidadosamente limpa
contração de presa. Os valores de contração linear antes da aplicação do adesivo.
de amostras úmidas após 24 horas mostraram ser
de 0,31% para os cimentos de OZE de formulação
básica, de 0,38% para os de EBA-€ugenol e de 0,12% lonômero de Vidro
para os de EBA-eugenol/alumina. O cimento de ionômero de vidro (ou polialceo-
A espessura de película medida de acordo com nato de vidro) é, sem dúvida, um dos materiais mais
a norma ISO varia entre 16 e 28 µm para materiais populares para cimentação permanente utilizados
de EBA/alumina; portanto, é próximo do valor na clinica, juntamente com os cimentos resinosos.
máximo permitido. Coroas simuladas cimentadas A química que é a base para esses cimentos é seme-
com uma formulação básica e um cimento de EBA- lhante àquela de materiais de ionômero de vidro
-€ugenol apresentaram espessuras de película seme- para restauração, base e prevenção (Capítulo 9),
lhantes na superfície oclusal (20-25 µm), enquanto embora haja algumas diferenças importantes nas
que, para o cimento de EBA-alumina, a espessura características de trabalho e presa para atender às
de película foi maior (57 µ,m). necessidades dos agentes para cimentação. Além
O quelato de eugenolato de zinco da matriz é das boas propriedades físicas, ionômeros de vidro
muito instável em água. Sua hidrólise forma eu- aderem à estrutura dental e a metais e, o mais im-
genol e hidróxido de zinco, liberando as partículas portante, libera quantidades significativas de flúor,
de óxido de zinco expostas no processo. Estudos in que aumenta a resistência do esmalte e da dentina à
vitro mostraram que a matriz de 2-etoxibenzoato de dissolução ácida e tem ação bacteriostática. A libe-
zinco formada em cimentos de EBA-eugenol é ainda ração de flúor faz desse material a primeira escolha
mais propensa à hidrólise do que o eugenolato de para cimentação de bandas ortodônticas. Ele é in-
zinco. ln vivo, a perda de material após seis meses foi dicado para cimentação de restaurações metálicas
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 367

e metalocerâmicas, assim como coroas cerâmicas la geral: [Si0x(OH)4-zxln. Consulte a página 198 do
de alta resistência e próteses fixas. Sua reação de Capítulo 9. O ácido silícico se condensa na camada
presa é sensível às condições de umidade e, por mais externa da partícula (na qual os íons foram
esta razão, é extremamente importante proteger o removidos), formando uma camada de gel de sílica.
cimento contra o ganho e a perda de água durante Íons de cálcio são preferencialmente liberados do
as primeiras 24 horas. vidro. Conforme a concentração de íons aumenta na
solução, o pH se eleva e os íons metálicos começam
Composiçã.o a se condensar entre as cadeias de ácido poliacrílico,
Os detalhes da composição química e da reação de precipitando os sais de poliacrilato, inicialmente
presa são fornecidos no Capítulo 9. O pó é um vidro em estado de sol (presa inicial) e posteriormente se
de fluoraluminossilicato de cálcio com tamanho de transformando em um gel. A precipitação de sais
partícula máximo de 15 µ.m. Outros vidros, nos quais de alumínio tem início algumas horas após o início
o cálcio é substituído por estrôncio ou Jantânio para da reação porque é liberado do vidro na forma de
aumentar a radiopacidade, podem ser formulados. O um forte complexo com flúor. A reação continua até
caráter básico do vidro é definido por sua proporção que todos os íons se unam ao poliacrilato. Do ponto
de alumina:sílica e a fim de reagir com ácidos; ela de vista clínico, o fato de os íons permanecerem
deve exceder 1:2 em massa. Grandes quantidades de em solução por períodos extensos antes de reagir
flúor são incorporadas ao vidro pela adição de fluo- com os poliânions, mesmo depois da presa inicial,
reto de cálcio e sódio aos outros óxidos. O flúor é um é crítico. Se os íons forem lavados (lixiviados) para
componente importante porque ele diminui o ponto fora do cimento, a estrutura da matriz do polissal
de fusão, aumenta a translucidez do pó e melhora a é irreversivelmente comprometida. Além disso,
consistência da pasta e a resistência do material após o poliacrilato de cálcio é mais vulnerável à disso-
a presa. A presença de íons eletropositivos, tais como lução em água do que o poliacrilato de aluminio
Ca•2 e Na•, é importante para balancear as cargas formado nos estágios mais avançados. Por outro
elétricas na grade básica do aluminossilicato. óxido lado, a água desempenha um importante papel na
de zinco e vidros de bário podem ser adicionados ao reação e na presa do cimento, porque ela permanece
pó para aumentar a radiopacidade. fortemente unida à estrutura do cimento, hidratando
O líquido contém homopolírneros de ácido acrí- a camada de gel de sílica e envolvendo as ligações
lico ou copolímeros de ácidos acrílico, itacõnico, cátion-poliacrilato. Portanto, uma umidade relativa
maleico e tricarboxílico. Em geral, altos pesos mole- alta (aproximadamente 80o/o) é a condição ideal para
culares e concentrações maiores de ácido melhoram que a reação de presa aconteça.
as propriedades físicas do cimento após a presa, mas O ácido (+)-tartárico é mais forte do que o ácido
também aumentam a viscosidade do líquido. Por- poliacrílico e, portanto, reage primeiro com o vidro
tanto, materiais comerciais geralmente empregam e pode formar complexos com cátions metálicos
poliácidos de peso molecular médio de 10.000 g/ mol em pH mais baixo. Sua presença estende o tempo
e concentrações por volta de 45°/o em massa. O ácido de trabalho por atrasar a formação do poliacrilato
dextrotartárico, ou (+)- tartárico (por volta de 5%, em de cálcio e após geleificação ele acelera a presa,
massa), é um componente importante do líquido, aumentando a taxa de deposição de poliacrilato
porque ele acelera a presa sem diminuir o tempo de alumínio.
de trabalho. Sua presença aumenta a resistência do O cimento endurecido é constituído por um hi-
cimento e permite o uso de vidros com maior con- drogel de poliacrilatos de cálcio, alumínio e fluora-
teúdo de flúor e, portanto, maior translucidez. luminio envolvendo as partículas de vidro que não
Para impedir o aumento de viscosidade do líquido reagiram revestidas por uma camada de hidrogel
após armazenamento prolongado, alguns produtos de sílica fracamente aderida. Cerca de 20% a 30%
contêm poliácido liofilizado e adicionado ao pó. Nes- do vidro é dissolvido na reação. Partículas meno-
te caso, o pó é misturado à água destilada ou a uma res de vidro podem ser inteiramente dissolvidas
solução de ácido tartárico. Tal apresentação adiciona e substituídas por partículas de hidrogel de sílica
a vantagem de permitir o uso de poliácidos com peso contendo cristais de fluoreto. A estabilidade da ma-
molecular mais alto e em concentrações mais altas, o triz é dada por uma associação de entrelaçamento
que aumenta a resistência do material endurecido. de cadeia, ligação iônica cruzada fraca e pontes de
hidrogênio.
Reaçã.o de Presa e Estrutura
Quando o pó é colocado em contato com a solu- Propriedades
ção ácida, o H• do ácido ataca o vidro, liberando íons Os cimentos de ionõmero de vidro são conside-
metálicos (AJ3+, ea2+, Na•e F) e ácido silícico (fórmu- rados suaves para a polpa se comparados a seus
368 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

antecessores, os quais usavam soluções de ácido hibridização superficial da dentina parcialmente


fosfórico. Contudo, a resposta inflamatória é mais desmineralizada. O tratamento da superfície den-
intensa do que aquela associada com cimentos de tinária com ácido poliacrílico lOo/o a 20°/o por 5 a 20
OZE. De fato, a biocompatibilidade dos ionôme- segundos (menores tempos para maiores concen-
ros de vidro é controversa e os resultados in vitro trações) aumenta significativamente a resistência
parecem variar de acordo com a marca comercial de união por remover a smear layer, desmineralizar
testada. Em geral, há algum consenso quanto ao fato parcialmente a superfície criando microporosidades
de que cimentos recentemente manipulados po- para o embricamento micromecânico e melhorar a
dem apresentar diferentes graus de citotoxicidade interação química do ácido polialcenoico com a hi-
e causar uma resposta inflamatória suave transitória droxiapatita. Uma solução contendo ácido cítrico de
quando colocados em contato com o tecido conjun- 3°/o a 10'% também é efetiva porque os íons de Fe+3
tivo pulpar, mas tal resposta é bastante atenuada depositados na superfície dentinária aumentam
se uma camada de dentina de pelo menos 1 mm a interação com o cimento. A resistência de união
estiver presente. Além de uma pequena espessura do ionômero de vidro à dentina e ao esmalte varia
dentinária remanescente, o risco de sensibilidade de acordo com o produto comercial testado; mas,
pós-operatória aumenta se é usada uma técnica quando testado em cisalhamento, é por volta de 2
falha. Misturas muito fluidas parecem aumentar o a 5 :MPa. Os cimentos de ionômero de vidro aderem
risco de sensibilidade. Em vez de a irritação pulpar, bem ao aço inoxidável, ligas nobres e não nobres e
é possível que a dor pós-operatória esteja relaciona- titânio, mas não a cerâmicas para infraestrutura de
da com a pressão hidrostática exercida pelo cimento alta resistência.
através dos túbulos dentinários. Suas propriedades mecânicas são superiores a
Cimentos de ionômero de vidro liberam quan- outros cimentos ácido-base e aumentam signifi-
tidades significantes de flúor, tanto a curto prazo cativamente por longos períodos. A resistência à
como a longo prazo, o que foi demonstrado ter um compressão é entre 100 e 150 MPa; portanto, ela
importante efeito anticariogênico. A liberação de se encontra muito além do mínimo de 70 MPa es-
flúor aumenta a resistência do esmalte à dissolução pecificado pela norma ISO 9917. Esses cimentos
ácida e inibe o crescimento bacteriano por interferir são muito mais fracos em tração por causa da sua
no metabolismo da placa dental. O uso de ionômero natureza frágil, com resistências à tração diametral
de vidro para adesão em ortodontia reduziu o risco em torno de 6MPa. O módulo de elasticidade é em
de formação de manchas brancas quase pela meta- tomo de 15 GPa. A espessura de película está abaixo
de, comparado a um cimento resinoso. Contudo, do máximo permitido pela norma ISO (25 µ.m) e não
quando os pacientes foram expostos à pasta de den- deve impedir o assentamento correto da restaura-
te fluoretada, não foi observada nenhuma diferença ção, se o cimento é manipulado adequadamente.
a curto prazo na desmineralização no esmalte ou Testes de erosão in vitro usando ácido cítrico
dentina sob placa acumulada entre um cimento mostraram que os ionômeros de vidro completa-
ionomérico e um resinoso. Deve ser enfatizado que mente endurecidos são mais resistentes do que
a área de superfície do cimento para fixação exposta cimentos ácido-base para fixação não adesivos e
ao ambiente oral é pequena. Portanto, a quanti- sofrem desgaste em níveis semelhantes àqueles
dade de flúor liberado nas estruturas adjacentes, apresentados pelo esmalte e dentina. Tal compor-
assim como a habilidade da camada de cimento tamento pode estar relacionado à camada de sílica
de se recarregar de flúor deve ser menos relevante gel que envelopa as partículas de vidro.
clinicamente comparado a restaurações diretas de
ionômero de vidro.
A adesão às estruturas dentárias é uma das lonômero de Vidro Modificado
principais características dos ionômeros de vidro. por Resina
Isso ajuda a melhorar o selamento marginal da res- Os ionômeros de vidro modificados por resina (ou
tauração comparado aos cimentos não adesivos, híbridos) tomam presa tanto por reação ácido-base
mas não é alta o suficiente para aumentar signifi- como por polimerização. A tecnologia foi original-
cativamente a retenção. O mecanismo de adesão mente desenvolvida para restaurações diretas; mas,
proposto é duplo: ocorre por substituição dos íons assim como com os cimentos resinosos, a química foi
de fosfato e cálcio da hidroxiapatita por íons de adaptada para formular materiais para cimentos de
carboxilato pendentes da ligação das cadeias de po- cimentação. Embora detalhes da química e reações de
liácido e a incorporação destes grupos carboxilato presa dos sistemas de ionômero de vidro modificados
na estrutura da hidroxiapatita e ocorre também por por resina sejam fornecidos no Capítulo 9, esta seção
embricamento micromecânico alcançado por urna dá uma breve visão geral pertinente aos cimentos
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 369

para fixação. Esta classe de cimentos não apresen- uma reação de polimerização foto ou autoativada dos
ta a sensibilidade inicial às condições de umidade grupos metacrilatos, presentes como grupos penden-
apresentada pelos ionômeros de vidro convencionais tes na cadeia do ácido poliacrílico, na molécula de
por causa da presença de uma fase polimérica que HEMA ou nos monômeros de dimetacrilatos. Con-
previne a perda de água e íons metálicos pela matriz sulte as reações no Capítulo 9. A reação ácido-base,
de polissais imatura. Disponível como pó-líquido, descrita na seção anterior, é mais lenta do que nos io-
pasta-pasta ou cápsulas, cimentos para fixação de nômeros de vidro convencionais por causa do menor
ionômeros de vidro modificados por resina auto- conteúdo de água. O polímero de HEMA e o polissal
polimerizáveis são indicados para cimentação per- são unidos por pontes de hidrogênio. Contudo, po-
manente de coroas metalocerãmicas e próteses fixas; de ocorrer separação de fase entre as duas matrizes
inlays, onlm;s e coroas metálicas; pinos pré-fabricados formadas. O uso de um ácido poliacrílico modificado
ou fundidos; cerâmicas para infraestrutura de alta previne a separação de fases, porque a ligação dupla
resistência; e cimentação de aparelhos ortodônticos. de carbono na estrutura do HEMA pode polimerizar
Uma versão fotopolimerizável indicada para adesão com o metacrilato pendente da cadeia do poliácido.
de bráquetes foi também desenvolvida. Como resultado, a matriz do cimento é formada por
ligações cruzadas iônicas e covalentes. Para discussão
Composiçã.o adicional, consulte o Capítulo 9.
A química dos ionômeros de vidro modificados
por resina é mais complexa do que aquela dos io- Propriedades
nômeros de vidro convencionais (Capítulo 9). Nos Os ionômeros de vidro modificados por resina
sistemas pó-líquido, o pó contém partículas de vidro são considerados menos biocompatíveis do que os
de fluoraluminossilicato semelhantes em compo- ionômeros de vidro convencionais por causa da
sição àqueles encontrados em ionômeros de vidro presença de HEMA. Além do seu efeito alergênico
convencionais. Catalisadores para a autopolimeri- já mencionado, ele é uma fonte potencial de reação
zação (redox) são adicionados ao pó. O líquido pode adversa na polpa. A maior quantidade de HEMA
conter ácidos poliacrílicos modificados com grupos é liberada nas primeiras 24 horas, mas a liberação
metacrilatos pendentes substituindo uma pequena continua por vários dias. Quando o ionômero de
parte dos radicais carboxílicos, HEMA (metacrilato vidro modificado por resina é colocado em contato
de 2- hidroxietila), água e ácido tartárico. O HEMA direto com o tecido conjuntivo pulpar humano,
substitui parte da água e é uma molécula pequena respostas inflamatórias de suaves a severas e uma
(peso molecular: 130g/mo!) solúvel em água devido grande área necrótica foram observadas após quase
à presença de um grupo hidroxila em sua estrutura. um ano. Ele é volátil; portanto, há risco de inalação
Outra formulação do líquido contém concentrações e irritação dos olhos. A liberação de HEMA livre do
semelhantes (em torno de 25'%-30'% cada) de um cimento é mais elevada em materiais subpolime-
copolímero de ácido poliacrílico, HEMA e água e pe- rizados. Portanto, uma técnica de mistura correta
quenas quantidades de resinas dimetacrilato de baixa deve ser usada para otimizar a polimerização. Em
viscosidade (tais como uretano ou dimetacrilato de materiais fotopolimerizáveis, o tempo de exposição
trietilenoglicol). Iniciadores para a fotopolimerização, recomendado deve ser seguido.
se presentes, são encontrados no líquido. Foi descoberto que a liberação de flúor in vitro
As formulações dos materiais pasta-pasta são pelos ionômeros de vidro para cimentação con-
específicas para cada marca comercial. Basicamen- vencionais e modificados por resina é semelhante
te, uma das pastas contém as partículas de vidro, ao longo de um período de 28 dias, variando de
HEMA e um agente de dispersão. A água e o agente 99 a 198ppm. Perda mineral e profundidade de
redutor da autoativação podem estar presentes, ou lesão ao redor de bráquetes ortodônticos -ili vitro
um dimetacrilato de uretano. A outra pasta contém foram significativamente menores com ionômeros
o ácido poliacrílico modificado, a água e o agente de vidro modificados por resina comparados a um
oxidante do sistema de ativação e cargas, podendo cimento resinoso e um compômero de cimentação.
apresentar HEMA ou um monômero dimetacrilato A liberação de flúor é mais alta depois de 24 horas,
de alta viscosidade, tal como o Bis-GMA (meta- estabilizando-se depois de duas semanas.
crilato de glicidila bisfenol A). Cimentos de ionômero de vidro modificados
por resina apresentam resistência de união ao cisa-
Reaçã.o de Presa e Estrutura lhamento em dentina (ácido cítrico a 10'%, cloreto
A reação de presa do cimento de ionômero de férrico a 2o/o por 20 segundos) ou em esmalte (solução
vidro modificado por resina compreende dois me- de ácido poliacrílico a 10% por 20 segundos) condi-
canismos diferentes. A presa inicial é o resultado de cionados na faixa de 8 a 12MPa. Os mecanismos de
370 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

adesão são os mesmos descritos para os ionõmeros -fabricados e aparelhos ortodônticos. São mate-
de vidro convencionais. A resistência de união ao riais mandatórios para cimentação de cerâmicas
esmalte mais baixa comparada aos cimentos resi- de baixa resistência e de compósitos processados
nosos pode, na verdade, facilitar o descolamento de em laboratório, mas podem também ser usados
bráquetes ortodônticos. Eles aderem a ligas metálicas com restaurações fundidas, especialmente em casos
e cerâmicas de alta resistência, com resistências de em que é necessária retenção extra. A especificação
união ao cisalhamento iniciais de 2 a 5 MPa. A resis- ISO 4049 (2009) classifica os cimentos resinosos de
tência de união à liga metálica é significativamente acordo com o modo de polimerização como classe
aumentada com o uso de primers para metal. Por 1 (auto), classe 2 (foto) ou classe 3 (dual). A maioria
causa da presença de grupos metacrilatos, estes ci- dos produtos comerciais é de polimerização dual,
mentos aderem bem a resinas compostas. A retenção combinando mecanismos de ativação químico e
de coroas metalocerâmicas aos dentes preparados foto. Esses materiais apresentam um tempo de
pode variar significativamente entre as versões de trabalho confortável e a cura sob controle carac-
duas pastas e de pó-líquido do mesmo produto e é terísticas dos compósitos fotoativados e também a
geralmente maior na última. segurança de altos graus de conversão mesmo em
Em termos de propriedades mecânicas, cimen- áreas não alcançadas pela luz. Os materiais classe
tos de ionômero de vidro modificados por resina 1 e classe 3 são tipicamente sistemas de duas pas-
apresentam resistência à compressão semelhante tas misturadas manualmente ou apresentadas em
aos ionômeros de vidro convencionais, entre 90 e sistemas de automistura (base e catalisador). Os
140MPa e módulo de elasticidade mais baixo (3- materiais autopolimerizáveis e de presa dual po-
6 GPa). A resistência à flexão pode variar entre 15 dem ser opacos ou translúcidos e aqueles indicados
e 30MPa. A espessura de película determinada em para cimentação de restaurações de cerâmica são
temperatura ambiente dois minutos após o inicio geralmente fornecidos em várias cores. Os materiais
da mistura pode variar entre 9 e 25 µ,m. Contudo, a fotopolimerizáveis são indicados para adesão de
espessura de película pode aumentar substancial- facetas laminadas cerâmicas (cimentos estéticos) ou
mente se a restauração não for inserida com o tempo bráquetes ortodônticos. Alguns cimentos resinosos
de trabalho recomendado. estéticos usados para cimentação de facetas incluem
A presença de REMA aumenta a absorção de pastas "teste" à base de glicerina e solúvel em água
água dos ionômeros de vidro modificados por resina para ajudar na seleção de cor.
comparados aos ionômeros de vidro convencionais
e cimentos resinosos. De fato, alguns fabricantes não Composição
recomendam seu uso para cimentação de coroas A maioria dos cimentos resinosos compartilha
de cerâmica de baixa resistência por causa do risco uma composição muito semelhante àquela dos
de fratura causado pela dilatação do cimento. A compósitos restauradores que são descritos no Ca-
absorção de água após sete dias, medida de acordo pítulo 9. A matriz orgânica contém monõmeros e
com a ISO 4049, pode ser três a nove vezes mais alta oligômeros dimetacrilato. Moléculas com alto peso
comparada aos cimentos resinosos. A solubilidade molecular tais como Bis-GMA (dimetacrilato de
em água é também mais elevada comparada aos glicidila bisfenol A, peso molecular=512 g/mol),
cimentos resinosos, em tomo de duas a quatro vezes. UDMA (dimetacrilato de uretano, peso molecular=
Em ácido lático (pH = 4) a solubilidade de alguns io- 480 g/mol) e Bis-EMA(Bis-GMAetoxilado, peso mo-
nômeros de vidro modificados por resina é em tomo lecular = 540 g/mol) são combinados com molécu-
de 10 vezes maior do que os cimentos resinosos. las menores geralmente derivadas do dimetacrilato
de etilenoglicol (DEGDMA, peso molecular = 242 g/
mo! e TEGDMA, peso molecular= 286 g/mol) para
' BASE DE RESINA
CIMENTOS A alcançar um alto grau de conversão com uma con-
tração volumétrica relativamente baixa. A fração
Cimento de Resina de carga pode variar entre 30o/o e 66°/o por volume
e contém vidros radiopacos silanizados, tais como
Visão Geral bário, estrôncio ou zircônia, juntamente com partí-
Cimentos resinosos são materiais compósitos de culas de sílica. O tamanho médio das partículas de
baixa viscosidade com distribuição de carga e con- carga pode variar entre 0,5 µ,m e 8,0 µ,m. Cimentos
teúdo de iniciadores ajustados para permitir uma microparticulados estão também disponíveis com
espessura de película baixa e tempos de trabalho e tamanho médio de partículas de carga de 40 nm.
presa adequados. Eles têm uma ampla variedade Pigmentos e opacificadores também estão presentes
de aplicações, de inlays a pontes fixas, pinos pré- em ambas as pastas.
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 371

Alguns cimentos resinosos adesivos contêm mo- tomo de 70'Yo e depende da formulação da matriz,
nômeros especiais. Um exemplo combina 10-meta- da viscosidade inicial e do modo de cura. A conver-
criloxietil dihidrogênio fosfato (MDP), um éster são é geralmente maior nos casos em que o cimento
de ácido fosfórico polimerizável, com o Bis-GMA. é dual, comparado ao autopolimerizável.
Outro produto contém 4-metacriloxietil-trimetil
anidro (4-META) e metacrilato de metila no liquido, Propriedades
poli(metacrilato de metila) no pó e tri-n-butilborano Sabe-se que os monômeros liberados pelos
(TBB) como catalisador. cimentos resinosos produzem efeitos citotóxicos
A canforoquinona e uma amina terciária estão nas células do tecido conjuntivo. Os cimentos
presentes em uma das pastas a fim de iniciarem a resinosos duais apresentam maior citotoxicidade
reação fotoativada. Peróxido de benzoíla, o ativa- nas fases mais iniciais de presa quando testados no
dor da autopolimerização, está presente na pasta modo autopolimerizado, comparados a amostras
catalisadora. A amina funciona como doadora de expostas a fotopolimerização. Depois de sete dias
prótons e é considerada um acelerador da pro- de incubação, cimentos duais à base de Bis-GMA
dução de radicais livres. Aminas aromáticas (tais são menos citotóxicos do que policarboxilato de
como 4-dimetilaminobenzoato de etila, EDMAB) zinco, ionômero de vidro modificado por resina e
são consideradas mais eficientes do que as aminas um cimento resinoso contendo monômero MDP.
alifáticas (tais como metacrilato de 2-dimetilamino As propriedades mecânicas dos cimentos resi-
etila, DMAEMA). A presença da amina na matriz de nosos são definidas por seu conteúdo de carga e
compósitos levanta algumas preocupações clinicas grau de conversão alcançado pela matriz orgânica.
relevantes. Primeiro, sabe-se que as aminas se de- Como regra geral, níveis mais elevados de carga
gradam com o tempo, alterando a cor do cimen- e conversão mais alta correspondem a melhores
to. Segundo, elas se tomam inativas quando em propriedades mecânicas. O grau de conversão dos
contato com sistemas adesivos ácidos e, quando cimentos duais está entre 50% e 73% no modo au-
a polimerização do cimento acontece na ausência topolimerizável e entre 67% e 85°/o quando fotopoli-
de fotoativação, o efeito deletério sobre o grau de merizados. A resistência à compressão dos cimentos
conversão pode aumentar o risco de descolamen- resinosos duais e fotopolimerizados são de 180 a
to da restauração. É importante assinalar que as 300 MPa, portanto muito superior aos cimentos áci-
quantidades relativas de iniciadores de autopoli- do-base. A resistência à flexão é entre 80 a lOOMPa,
merização e fotopolimerização variam muito dentre mais elevadas do que o valor mínimo exigido pela
as marcas comerciais. Consequentemente, alguns norma 1504049 (50Jv1Pa). O módulo de elasticidade
materiais são mais dependentes da fotoativação pode variar significativamente dentre as marcas
para alcançar um alto grau de conversão. Da mesma comerciais, entre 4 e lOGPa, valores comparáveis a
forma, alguns materiais comerciais polimerizam outros cimentos. Para cimentos duais, as proprie-
mais prontamente na ausência de luz do que os dades mecânicas são ligeiramente mais elevadas
outros. quando o cimento é fotopolimerizado.
As espessuras de película medidas de acordo
Reação de Presa e Estrutura com as normas ISO estão entre 13 e 20 µ,m, por-
Os cimentos resinosos tomam a presa por poli- tanto, dentro do máximo de 50 µm exigido pela
merização via radical livre, resultando na formação ISO 4049. A sorção de água e a solubilidade dos
de uma estrutura densamente reticulada envol- cimentos resinosos é muito menor do que aquelas
vendo as partículas de carga. Os radicais livres dos cimentos de ionômero de vidro modificados por
são gerados pela fotoativação, na qual a canforo- resina. Contudo, a linha de cimento pode se tomar
quinona no estado ativado se combina com duas aparente depois de um período prolongado de uso
moléculas de amina para gerar dois radicais livres. clinico por causa de descoloração. A contração dos
Na ausência da luz, os radicais livres são formados cimentos resinosos varia entre 2% e 5%.
por reação redox do sistema amina-peróxido. Uma A resistência de união imediata ao cisalhamento
ligação cruzada é formada quando uma cadeia em em dentina dos cimentos resinosos varia entre 12 e
propagação encontra uma ligação dupla de carbono 18 MPa. MDP consegue aderir a estruturas dentais,
não reagida em uma cadeia de polimero diferente. cerâmicas e ligas fundidas pela reação entre seus
A polimerização prossegue até que a mobilidade grupos fosfato e cálcio ou com óxidos metálicos. A
das espécies reativas se torna restrita pelo aumento integridade da interface adesiva é desafiada pelo
de viscosidade do material e os radicais livres não desenvolvimento de tensões de polimerização.
conseguem mais se propagar, tornando-se aprisio- Tensões de polimerização surgem por causa da
nados no polimero. O grau de conversão final é em contração de polimerização do cimento resinoso,
372 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

associada ao desenvolvimento de comportamento unido covalentemente às partículas de carga pela


elástico. Em geral, cimentos duais desenvolvem camada de silano. Algumas pontes iônicas entre
valores de tensão de polimerização mais elevados grupos carboxílicos e íons liberados pelo vidro
quando fotopolimerizados porque a reação de podem também estar presentes.
cura é mais rápida do que a reação quimicamente
ativada, permitindo menos tempo para o escoa- Propriedades
mento viscoso acomodar a contração antes de a Em termos de biocompatibilidade, os cimentos
resina composta alcançar o estágio de vitrificação. resinosos autoadesivos apresentam maior citoto-
Depois que o cimento resinoso alcança o grau de xicidade do que os cimentos resinosos e cimentos
conversão correspondente ao ponto de vitrificação ácido-base. A citotoxicidade é reduzida quando os
da matriz orgânica, toda a contração vai contribuir cimentos são usados no modo dual. Suas proprieda-
para gerar tensões. Quando a tensão na interfaces des mecânicas variam entre os materiais comerciais;
supera a resistência de união da camada adesiva à mas, em geral, são inferiores àquelas dos cimentos
dentina ou ao esmalte, pode se formar uma fenda resinosos convencionais. A resistência à flexão está
de contração. no intervalo de 50 a lOOMPa e a resistência à com-
pressão está entre 200 e 240 MPa. Os valores mais
baixos estão geralmente associados ao cimento
Cimentos Resinosos Autoadesivos testado no modo autopolimerizado, enquanto que
Os cimentos resinosos autoadesivos foram de- os valores mais elevados são obtidos com a fotoati-
senvolvidos para fornecer aos clínicos um agente vação. A espessura de película está entre 15 e 20 µm.
de cimentação com um procedimento de aplicação O mecanismo de adesão às estruturas dentárias,
muito simples, combinando as vantagens dos io- acredita-se, ocorre por embricamento micromecã-
nômeros de vidro (adesão, liberação de flúor) com nico e interação química entre os grupos ácidos e
propriedades mecânicas comparáveis àquelas dos a hidroxiapatita. A resistência de união inicial ao
cimentos resinosos. Apresentados como duas pastas cisalhamento no esmalte varia de 3 a 15 MPa, inter-
ou pó-liquido, esses materiais são indicados para mediário entre cimentos resinosos e ionômeros de
cimentação de restaurações unitárias e próteses me- vidro. Na dentina, alguns produtos têm resistências
tálicas fundidas, coroas e próteses metalocerâmicas, de união comparáveis aos cimentos resinosos. Eles
cerâmica (exceto facetas) e restaurações indiretas de apresentam bons valores de resistência de união
compósitos. Bons resultados são também obtidos às ligas metálicas e cerâmicas de alta resistência. A
na cimentação de pinos pré-fabricados e cerâmicas presença de grupos ácidos não reagidos aumenta
de alta resistência. a absorção de água em comparação aos cimentos
resinosos convencionais. Seu conteúdo de flúor é
Composiçã.o baixo (por volta de 10'%) e seus efeitos benéficos
As formulações são de segredos comerciais e não foram clinicamente comprovados.
variam dentre os fabricantes. Em geral, os materiais
de duas pastas contêm monômeros multifuncionais
com grupos de ácido fosfórico, resinas dimetacri- Cimentos Resinosos para Restaurações
lato e iniciadores tanto para reação foto como para Provisórias
reação de autopolimerização em uma das pastas. A Estes cimentos provisórios são sistemas pasta-
outra pasta contém fluorsilicato de alumínio, vidros pasta, que podem ser na forma dual ou fotopo-
de bário silanizados ou ambos e partículas de sílica limerizáveis. Eles são úteis para cimentação de
silanizadas, iniciadores e monômeros metacrilato. A restaurações temporárias em regiões estéticas da
fração de carga é por volta de 70°/o por massa (50°/o boca, porque são da cor dos dentes e levemente
por volume). translúcidos. Eles são fáceis de limpar e alguns li-
beram flúor. A cimentação resinosa de restaurações
Reaçã.o de Presa e Estrutura provisórias é útil quando o cimento final também
O mecanismo principal de cura é via polimeriza- será resinoso porque não há eugenol presente para
ção por radical livre, tanto nos autoativados como impedir potencialmente a polimerização do cimento
nos dual. Um pH inicial baixo é necessário para final. Cimentos resinosos usados para cimentação
o mecanismo de adesão (descrito a seguir). Nos de restaurações provisórias têm uma resistência
estágios finais, a acidez é neutralizada em alguns à compressão substancialmente menor do que os
cimentos pela reação entre grupos de ácido fosfórico cimentos resinosos usados para cimentação per-
e o vidro alcalino. A estrutura do material após a manente (25 a 70 MPa e 180 a 265 MPa, respecti-
presa é principalmente um polímero reticulado, vamente).
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 373

PROBLEMAS SELECIONADOS

PROBLEMA 1 assentamento quando cimentada com um cimento de


ionômero de vidro. Que fatores podem ter causado
A porção de esmalte de um dente foi condicionada
com ácido fosfórico por 15 segundos e lavado. Quan- esta dificuldade e como isso pode ser corrigido?
do observado, ele não tinha aparência de congelado.
Solução
O que pode explicar o condicionamento inadequado
U rna espessura de película excessiva de cimento
e qual é o método possível para se ob ter um melhor
de ionômero de vidro pode resultar de: (1) proporção
condicionamento?
pó/líquido muito alta, (2) um tempo muito longo en-
Solução tre a completa mistura e a cimentação ou (3) cimento
O dente deve conter um nível mais elevado do sendo colocado no dente antes de ser colocado na
que o normal de flúor e então deve ser resistente ao restauração.
condicionamento normal. Apliqu e o ácido fosfórico
por um período mais longo (até 120 segundos) para
PROBLEMA 5
obter um esmalte com aparência de congelado.
Para obter urna unidade entre raiz-cimento-pino
e núcleo bem colada, que tipo de cimento seria o me-
PROBLEMA 2 lhor para utilizar e quais são algumas armadilhas a
Durante a remoção de um molde de um primeiro evitar?
molar com um núcleo de preenchimento em comp6-
sito, o material do núcleo se descolou. O qu e pode ex- Solução
plicar a adesão falha e qual é a solução possível para O cimento resinoso dual ou autopolimerizável
obter urna adesão adequada do material compósito com um sistema adesivo compatível é a melhor opção
do núcleo ao dente? para cimentação de pino. Cimentos resinosos fotopo-
limerizáveis podem não polimerizar completamente
Solução a no término apical da raiz. Muitos sistemas contêm
Materiais comp6sitos au topolimerizáveis para nú- materiais para confecção de núcleos que são compa-
cleos são populares porque eles são estéticos e fáceis tíveis com o cimento. Um tipo de cimento adesivo
de usar. Contudo, alguns compósitos de núcleo au to- forma ligações fortes ao metal, cerâmica e estrutura
polimerizáveis são incompatíveis com certos agentes dental; contudo, ele torna presa em condições anaeró-
adesivos fotopolimerizáveis. Assegure-se de escolher bicas. Assim, esse tipo de cimento nunca deveria ser
materiais compósitos para núcleos compatíveis para colocado dentro do canal radicular, mas somente no
esta aplicação. pino antes de assentá-lo.

Solução b
Escolha um agente adesivo dual ou use um mate- PROBLEMA 6
rial comp6sito para núcleo fotopolimerizável. U rna coroa cerâmica prensada à base de leucita
foi cimentada com cimento de ionômero de vidro
PROBLEMA 3 modificado por resina. Subsequentemente, a coroa
Depois do condicionamento, um dentista inadver- se fraturou e teve de ser substituída. O que poderia
tidamente secou excessivamente o dente. Explique o ter sido feito para prevenir esta falha?
problema e ofereça uma solução.
Solução
Solução Qualquer cerâmica à base de leucita é condicioná-
A maioria dos agentes adesivos modernos adere vel e também não tão forte quanto os materiais à base
melhor a um dente úmido. Se a dentina está exces- de alumina ou zircônia. Assim, essa restauração deve-
sivamente seca, é melhor reidratá-Ja aplicando uma ria ter sido condicionada com gel de ácido fluorídrico,
bolinha de algodão úmida por 15 segundos antes de silanizada e então unida com um cimento resinoso.
aplicar o primer do sistema adesivo. O procedimento adesivo fornece resistência a todo o
complexo restauração-dente. Outros materiais de ce-
râmica pura tais como restaurações à base de zircônia,
PROBLEMA 4 ou alumina não são condicionáveis, mas são muito
U rna restauração feita em liga de ouro assentou mais fortes e, dessa forma, podem ser cimentados
corretamente antes da cimentação, mas falhou no com cimentos à base de água.
374 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

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14
Imagem e Processamento
Digital para Restaurações


Sistemas CAD/CAM Odontológicos Dispositivos de Processamento
Moldagem Digital Resultados Clínicos
Programas de Desenho

377
378 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

conveniência de, em urna única sessão, realizar o


preparo, a moldagem, confecção e instalação, mas
inclui um período de espera durante a fresagem
O CAD/CAM, desenho auxiliado por computa- da restauração e o custo adicional da unidade de
dor/ fabricação auxiliada por computador (do inglês, fresagem.
carnputer-aiàed design/camputer-aiàed manufacturing), Os sistemas CAD/ CAM odontológicos apresen-
descreve um processo no qual imagens digitais ou tam os seguintes benefícios:
modelos de objetos são criados e utilizados para o Fornecem resultados precisos e consistentes
desenho e a fabricação de protótipos ou de produtos Possibilitam a visualização do preparo na tela
finais por meio do controle computacional numérico do computador por diversas perspectivas
(camputer nurnerical contrai, CNC) ou outros métodos Permitem ao clínico desenhar a restauração
de fabricação como a estereolitografia. Esse processo no computador enquanto visualiza a dentição
tem sido usado por décadas em diversas áreas da antagonista
indústria e se tomou um método popular na odon- Fornecem um método de moldagem limpo e
tologia restauradora para criar moldes, modelos e direto, sem a complexidade da utilização dos
troquéis, e restaurações provisórias ou finais. Estudos muitos materiais necessários para a moldagem
com acompanhamento por 10 anos de um desses sis- convencional com materiais elastoméricos
temas demonstraram bons resultados, os quais têm Oferecem visualização e feedback instantãneo
sido melhorados com cada evolução tecnológica. para realização imediata de correções
Os sistemas CAD/CAM odontológicos são Reduzem o impacto ambiental da eliminação
compostos por três componentes: dos materiais necessários para a moldagem
1. Um escãner ou um instrumento de convencional
digitalização que transforma a geometria física Atualmente, existem diversos sistemas odonto-
em dados digitais. lógicos CAD/CAM no mercado (Tabela 14-1). Dois
2. Programas que processam os dados desses sistemas (CEREC AC, Fig. 14-1, A e E4D Den-
escaneados e que criam imagens dos objetos tist, Fig. 14-1, B) oferecem a opção do desenho e da
digitalizados. Alguns sistemas então permitem fresagem no próprio consultório ou em laboratório,
que restaurações sejam projetadas para o pelos técnicos odontológicos. Dois outros sistemas
objeto digitalizado. (iTero, Fig. 14-2, A e Lava Chairside Oral Scanner
3. Tecnologia de fabricação que transforma C.O.S., Fig. 14-2, B) produzem moldes digitais que
os dados digitalizados da restauração em exigem que o desenho e a fresagem sejam realiza-
produtos físicos. Os diferentes sistemas dos em laboratório odontológico ou em centros de
utilizam a tecnologia de fabricação no fresagem. Todos estes sistemas podem produzir
consultório odontológico, no laboratório modelos a partir de arquivos digitais.
odontológico ou em uma central remota.
Os dois tipos de sistemas CAD/CAM para
consultórios odontológicos são de aquisição (mol- MOLDAGEM DIGITAL
dagem digital) apenas ou de escaneamento e fresa-
gem. Sistemas de aquisição criam moldes digitais Após a finalização do preparo dentário e a reali-
pela obtenção de imagens do preparo e depois a zação do afastamento gengival para a visualização
enviam em um arquivo digital para um centro onde das margens do dente, o dente é seco e preparado
o modelo é confeccionado, sobre o qual o técnico para o escaneamento. Alguns sistemas de escanea-
de laboratório pode fabricar a restauração final. O mento exigem o uso de um pó de óxido no dente
sistema de escaneamento e fresagem adiciona um para eliminar áreas de maior brilho ou contraste
dispositivo de fabricação da restauração no próprio óptico da superfície do preparo e melhorar a quali-
consultório ao instrumento de moldagem digital, dade do escaneamento. Os digitalizadores utilizam
permitindo que a restauração seja desenhada, con- urna série de imagens estáticas ou urna transmissão
feccionada e entregue em urna única consulta. Para de imagens sequenciais para capturar a geometria
o sistema apenas de aquisição, muitas consultas do dente preparado.
são necessárias, como na confecção de restaurações O CEREC AC com o CEREC Bluecam tem um
indiretas convencionais, e uma restauração provi- diodo emissor de luz (LED) azul e um sistema de câ-
sória é colocada enquanto a restauração definitiva mera, e utiliza triangulação ativa para criar imagens
está sendo fabricada pelo técnico de laboratório. da superfície do dente. Imagens estáticas do dente
Os sistemas de escaneamento e fresagem oferecem a são "montadas" para criar um modelo único em
14. ltv!AGBv! E PROCESSAMENTO DIGITAL PARA RESTAURAÇÕES 379

TABELA 14-1 Sistemas de Moldagem Digital

Número de imagens Fresagem Fresagem


Produto Fabricante Fonte de luz necessárias em consultório em laboratório

3MESPELava 3M ESPE (St. Paul, MN) LED Vídeo continuo Não Sim
Chairside Oral
Scanner C.0.S.
CERECAC Sirona Dental Systerns BluecamLED 1-3 Sim Sim
(Charlotte, NC)
E4D Dentist D4D Technologies Laser 9+ Sim Sim
(Richardson, TX)
iTERO Cadent, lnc. (Carlstadt, NJ) Laser 21 Não Sim
LED, Diodb emissor de luz.

de diferentes tipos e cores de superfícies sem a


necessidade de utilização do agente contraste (pó).
Estes escaneamentos são agrupados para formar
um modelo 3D único. O iTero utiliza imagens confo-

- .. cais paralelas pata criar mapas com 100.000 pontos


em 300 profundidades focais espaçadas entre si a
cada 50 micrometros. Uma série de 15 a 30 imagens
gravam o preparo, o dente antagonista e a relação
oclusal. Oescãner LAVAC.O.S. é baseado no princí-
pio da "amostragem ativa da frente óptica", no qual
a informação 3D é coletada pelo sistema de imagem
de lente única. Três sensores coletam os dados de
A vídeo de perspectivas diferentes, simultaneamente.
Vinte conjuntos de dados 3D são capturados por
segundo. Pata um modelo volumétrico digital com-
pleto, em tomo de 2.400 conjuntos de dados 3D ou

• 24 milhões de dados por arco são reconstruídos.

PROGRAMAS DE DESENHO
Cada sistema inclui um programa próprio
para a visualização dos dados escaneados e para
o desenho da restauração. Uma ampla variedade
de restaurações podem ser desenhadas, incluindo
B inlays, onlays, coroas totais e próteses parciais fixas.
Os troquéis e modelos digitalizados podem ser vi-
sualizados por qualquer perspectiva, com e sem a
FIGURA 14-1 Sistemas CAD/CAM para consultório.
A, CEREC AC. B, E4D Dentist. (A, ó:>rtesin de Sirona Dental dentição antagonista. As restaurações são desenha-
Systems LLC, Charlotte, NC; B, Cortesia de 040 Technologies, das interativamente pelo clínico e pelo computador,
Richardson, TX.) adaptando os contornos pata se harmonizarem com
os dentes antagonistas e adjacentes. Uma "argila"
virtual é utilizada para modelar a restauração a
3D. O sistema E4D Dentist utiliza uma varredura perfis de emergência, contatos interproximais e
em alta velocidade com feixe de laser associada a planos oclusais adequados. A dentição antagonista
uma câmera pata obter uma série de escaneamentos pode ser movida por meio de trajetórias excursivas
3D do dente usando o princípio da triangulação do para promover o desenvolvimento de um perfil de
laser. A utilização do laser permite o escaneamento oclusão funcional.
380 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

B
'e
FIGURA 14-2 Sistemas de moldagem digital. A, iTero. B, Lava Chairside Oral Scanner C.0.S. C,CEREC AC.
(A, Cortesia de Cadent, Inc., Car/stadt, N/; B, OYrtesia de 3M ESPE, St. Paul, MN; C, Cortesia de Sirona, Charlotte, NC.)

DISPOSITIVOS acrílica também podem ser fresados. Os modelos


DE PROCESSAMENTO produzidos digitalmente podem ser utilizados para
confeccionar restaurações pelos métodos tradicio-
Os centros de fresagem e os laboratórios odonto- nais em laboratório odontológico.
lógicos produzem restaurações diretamente a partir Os dispositivos de fresagem são diferenciados
dos dados do molde digital e do desenho da restau- pelo número de eixos de fresagem. A qualidade
ração. As restaurações podem ser fresadas em uma do produto final não depende necessariamente do
variedade de materiais, como compósitos, cerâmicas número de eixos de fresagem, mas essa característica
feldspáticas, cerâmicas reforçadas por leucita, cerâ- afeta a grau de geometrias complexas que podem
micas de dissilicato de lítio e zircônia (Tabela 14-2). ser produzidas. Dispositivos de três eixos podem se
Padrões de cera e restaurações provisórias em resina movimentar nas três dimensões do espaço. Eles não

TABELA 14-2 Sistemas de l\iloldagem Digital- Escolha de Materiais (2010)


Ligas de metais Dissilicato Reforçada
Produto Companhia básicos/Ouro de Lítio por Leucita Zircõnia

iTero Cadent, lnc. Sim Sim Sim Sim


E4D Dentist D4D Technologies Sim (via E4D Sky) Sim Sim Sim (via E4D Sky)
CERECAC Sirona Dental Systems Sim (Via CEREC Sim Sim Sim (Via CEREC
Connect) Connect)
3MESPELava 3MESPE Sim Sim Sim Sim
Chairside Oral
Scanner C.0.S.
Cortesia de Jolrn M. Powers, Am1 Arbor, MI.
14. ltv!AGBv! E PROCESSAMENTO DIGITAL PARA RESTAURAÇÕES 381

são capazes de fresar divergências e convergências TABELA 14-3 Comparação de Restaurações


entre os eixos. Os dispositivos de três eixos podem Confeccionadas por Molde Digital versus Molde
girar o bloco do material utilizado para fresagem em com Material Elastomérico
180 graus durante o processamento. Os dispositivos
Molde com material
de quatro eixos acrescentam a habilidade de girar elastomérico (o/o de
Molde Digital
o bloco do material infinitamente. Isso permite a Parâmetro (% de perfeição) perfeição)
confecção de próteses fixas com grande diferença de
altura vertical. Os dispositivos de cinco eixos adicio- Qualidade dos 62 46
nam a habilidade de rotação do eixo de fresagem pa- contatos
ra que geometrias complexas possam ser fresadas em Adaptação 92 71
seções. Isso permite que geometrias como a de dentes
Oclusão 74 48
pilares convergentes possam ser executadas.
Metais, resinas, compósitos e cerâmicas podem Modificado de Farah JW, Brown L: Dent. Advis. Res. Rpt. 22, 1-3,
ser fresadas por dispositivos de fresagem. Titânio 2009.
comercialmente puro, ligas de titânio e ligas de co-
balto cromo são metais utilizados comumente nestes
dispositivos. Resinas podem ser fresadas para criar lhor qualidade dos contatos, melhor adaptação e
padrões de fundição e próteses provisórias de longo melhor oclusão quando comparados a moldes rea-
prazo. Blocos para fresagem em compósito que são lizados com materiais elastoméricos (Tabela 14-3).
pré-fabricados para simular o esmalte e a dentina em Moldes digitais normalmente apresentam tempos
sua translucidez e cor podem ser fresados para criação de adaptação e assentamento 33o/o menores e menos
de restaurações finais anteriores. A zircõnia, descrita casos de repetição quando comparados a moldes de
no Capítulo 11, é uma cerâmica de alto desempenho materiais elastoméricos. Em um estudo de 10 anos
com características mecânicas excelentes. É utilizada com 308 restaurações cerâmicas colocadas em 74
em dispositivos de fresagem para coroas, próteses pacientes entre 1991e1994, a taxa de sobrevivência
parciais removíveis e conectores de implantes. foi de 94,7% depois de 5 anos e de 87,7% depois de
10 anos, o que é comparável à taxa de sobrevivência
RESULTADOS CLÍNICOS das restaurações fundidas em ouro. Uma revisão
sistemática de quatro estudos sobre restaurações
O desempenho das restaurações produzidas pe- implantossuportadas confeccionadas pelo CAD/
lo sistema CAD/CAM melhorou significativamente CAM encontrou uma taxa de sobrevivência acumu-
na última década. A ideia antiga de que restaura- lada de cinco anos para coroas unitárias totalmente
ções confeccionadas pelo CAD/ CAM apresentavam cerâmicas de 100% (intervalo de confiança a 95%:
integridade marginal deficiente não é mais real. O 92,4% a 100°/o). Uma revisão sistemática demonstrou
aperfeiçoamento na captura da imagem, no pro- que restaurações unitárias fabricadas pela tecnologia
grama de desenho e na tecnologia de fresagem, CAD/CAM entre 1985 e 2007 apresentaram a taxa
junto à melhora dos materiais, contribuíram para de insucesso de 1,75% por ano, em um total de 1957
resultados clínicos superiores. A escolha do pacien- restaurações e um tempo de observação médio de 7,9
te e o cuidado com o desenho das margens e com anos. A revisão estimou a taxa de sobrevivência após
o afastamento gengival são fatores importantes, cinco anos em 91,6°/o (intervalo de confiança a 95%:
assim como devem ser considerados em todos os 88,2% a 94,1°/o). A taxa de sobrevivência a longo prazo
procedimentos restauradores. das restaurações unitárias confeccionadas por CAD/
Nos estudos recentes das restaurações à base de CAM foi similar àquela apresentada por restaurações
zircõnia, moldes digitais resultaram em uma me- confeccionadas pelo método convencional.

PROBLEMAS SELECIONADOS

PROBLEMA 1 Solução
Quais os tipos de materiais que podem ser usina- As restaurações podem ser fresadas com uma
dos com os sistemas CAD /CAM? variedade de materiais, como compósitos, cerâmicas
feldspáticas, cerâmicas reforçadas por leucita, cerâ-
micas de dissilicato de lítio e zircônia.
382 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

PROBLE MA 2 PROBLEMA 3
Por que é necessário pulverizar o preparo com o A taxa de sobrevivência a longo prazo das restau-
pó de dióxido de titânio em alguns sistemas? rações fabricadas pelo CAD/CAM é similar àquela
das que foram confeccionadas com a utilização de
Sou. métodos convencionais?
Os sistemas CAD/CAM utilizam vídeos ou ima-
gens estáticas que apresentam melhores resultados Solução
quando o preparo é isento de reflexão especular. O Sim. As revisões sistemáticas mostram taxas de
pó proporciona superfícies uniformes em cor e re- sobrevivência após cinco anos entre 92o/o e 95%, o
fletância. que se compara favoravelmente às restaurações fa-
bricadas pelos métodos convencionais.

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15
Implantes Dentários
e Orofaciais

Classificação Comprimento do ln1plante


Implante Endósseo Superfícies e Biocompatibilidade
Osseointegração e Biointegração Liberação de Íons
Fatores que Afetam o Implante Endósseo Superfícies
Geo1netria Alterações de Superfície
Magnitude da Forçi Recobrimentos de Superfície
Duração da Forçi Materiais e Processamento dos Implantes
Tipo de Forçi Desafios e o Futuro
Diâmetro do Implante

383
384 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

A prática da odontologia restauradora busca implantes mais comumente usados nos últimos
devolver a forma e a função da estrutura dentária 40 anos são o implante subperiostal, o implante
perdida. Por isso, era esperado que a odontologia transósseo e o implante endósseo (Tabela 15-1).
seguisse a medicina ortopédica no uso de im-
plantes para ancorar peças protéticas e, como as
previsões, isso aconteceu. Em 2010, o mercado Implante Endósseo
mundial de implantes movimentou $3,2 bilhões. Os implantes endósseos são, sem dúvida, o tipo
Espera-se que em 2015 as vendas alcancem apro- mais comum de implante instalado atualmente. Os
ximadamente $4,2 bilhões em uma taxa composta implantes são instalados diretamente na mandí-
de crescimento anual de 6'Yo. Em 2010, a Europa bula ou maxila (Fig. 15-1). Uma perfuração piloto
exibiu uma participação no mercado de 42%. Até é realizada no osso alveolar ou basal subjacente
2015, a região da Ásia-Pacífico terá a maior taxa de (nos casos em que o osso alveolar tenha sido parcial
crescimento anual. ou totalmente absorvido), e o corpo do implante é
Os implantes dentários são pilares que servem inserido neste local. O topo do implante é posicio-
como substitutos para as raízes de um dente natu- nado de tal forma que fique ligeiramente acima da
ral perdido. Os implantes devem ser instalados na lâmina cortical ou fique nivelado com a superfície
mandíbula ou na maxila. Quando adequadamente do osso. Normalmente, uma sobrestrutura contendo
desenhados e instalados, ligam-se ao osso ao longo
do tempo e servem como pilares para as próteses
dentárias. Os implantes dentários são usados para
IMPLANTES ENDÓSSEOS
repor um único dente perdido ou vários dentes, ou
para suportar uma prótese total removível.
Em todo o mundo, os implantes unitários mo-
dernos têm uma taxa de sobrevida após 15 anos
de aproximadamente 95%. Os implantes são dis- Cilindro Parafus()
positivos permanentes, cirurgicamente ancorados
na cavidade oral, que geralmente proporcionam /
1
vantagens significativas em relação a outras opções
protéticas fixas ou removíveis. São geralmente mais
.....··-·
conservadores do que as próteses fixas tradicionais,
pois conservam a estrutura dental, eliminando a
necessidade de desgaste dos dentes pilares adja-
centes, e favorecem a manutenção de osso saudável
.
-
Osso maxilar
inferior
(mandíbula)
L
' ~

na região. Os implantes são instalados


dentro do osso maxilar

FIGURA 15-1 Desenhos de implantes endósseos. São


CLASSIFICAÇÃO mostrados aqui três diferentes desenhos de implantes
endósseos. Note que todos eles são implantados direta-
Historicamente, os implantes dentários têm mente dentro do osso. Embora o desenho em lâmina tenha
sido classificados de acordo com o seu desenho. O caido em desuso, as versões cilíndricas e em forma de
desenho, por sua vez, foi baseado na maneira como parafuso continuam sendo os desenhos de implantes mais
eram implantados cirurgicamente. Os três tipos de largamente utilizados.

TABELA 15-1 Esque1na de classificação dos desenhos de implantes

Desenho do Implante Contato com o Osso Composição Localidade de Uso

Subperiostal Diretamente na superfície óssea sob os Co-Cr-Mo (Vitallium) Maxila e mandíbula


tecidos gengivais; não há penetração óssea
Transósseo Transpassa completamente o osso; Titânio ou liga de titânio Apenas mandíbula
penetra a tábua óssea cortical duas vezes
Endósseo Dentro do osso, penetrando a cortical Titânio ou liga de titânio Maxila e mandíbula
ós..~ea uma \rez

Co-Cr-Mo, Cobnlto-crcnno-molibídênio
15. ltv!PLANTES DENTARIOS E OROFACIAIS 385

um ou vários dentes protéticos se liga ao corpo do do que 10 nm e não deve conter tecido fibroso, e a
implante por meio de um conector que é parafusado interface osso-implante deve ser capaz de suportar
diretamente pela mucosa. cargas de uma prótese dentária. Na prática atual, a
osseointegração é um requisito absoluto para o su-
cesso de urna prótese dentária implantossuportada.
OSSEOINTEGRAÇ_Ã-0 Para atingir a osseointegração entre um implante
E BIOINTEGRAÇAO e o osso, diversos fatores devem estar corretos. O
osso deve ser preparado de uma maneira que não
Uma questão importante no projeto de um ocorra necrose ou inflamação. Ao implante deve
implante é o desenvolvimento de materiais que ser permitido cicatrizar por um tempo sem carga.
sejam física e biologicamente compatíveis com o Finalmente, um material apropriado deve ser im-
osso alveolar. De forma ideal, o osso deve se in- plantado, pois nem todos os materiais promoverão
tegrar ao material, substância ou dispositivo, e osseointegração.
remodelar a estrutura óssea ao seu redor, em vez Nos últimos anos, diversas configurações de
de responder ao material como um corpo estranho, superfície foram propostas como maneiras de me-
encapsulando-o com tecido fibroso. Sob circuns- lhorar a coesividade da interface implante/tecido,
tâncias ótimas, a diferenciação óssea ocorre direta- maximizar a transferência de carga, minimizar a
mente adjacente ao material (osseointegração). De movimentação relativa entre implante e tecido,
forma ideal, essa ossseointegração proporciona uma minimizar a fibrointegração e a perda e aumen-
conexão osso-implante estável, que pode suportar tar a vida útil do conjunto. Devido à necessidade
uma prótese dentária e transferir as cargas aplicadas de se desenvolver uma interface estável antes do
sem concentrar tensões na interface entre o osso e carregamento, esforços vêm sendo empregados no
o implante. desenvolvimento de materiais e métodos para ace-
A osseointegra.ção é hoje formalmente definida lerar a aposição de tecido à superfície do implante.
como a aproximação íntima do osso a um material Implantes com superfícies rugosas e coberturas
de implante (Fig. 15-2). Para se alcançar a osseoin- cerâmicas vêm sendo implementados na prática
tegração, o osso deve estar em boas condições, o clínica. Além disso, outras técnicas experimentais
espaço entre o osso e o implante deve ser menor incluem estimulação elétrica, enxertos ósseos, uso

FIGURA 15-2 Osseointegração e biointegração. A, Na osseointegração o material do implante (à esquerda) e o osso


(à direita) estão intimamente próximos um do outro. Esta aproximação deve ser de menos de 10 nm (setas). No espaço
entre eles não pode haver tecido conjuntivo. B, Na biointegração, o implante e o osso estão fundidos e contínuos um
com o outro. A osseointegração ocorre comumente com ligas de titânio, enquanto a biointegração ocorre com cerâmicas
e implantes metálicos revestidos por cerâmica.
386 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

de fatores de crescimento e outras abordagens de Entretanto, a transformação de fase induzida


engenharia tecidual descritas no Capítulo 16. pela temperatura durante o processamento da HA
A aplicação de cerâmicas bioativas como mate- provoca mudanças consideráveis no seu compor-
riais de implantes foi tradicionalmente limitada ao tamento de dissolução in vitro, e essa alteração es-
seu uso como materiais de união óssea e de enxerto. trutural modifica a reação biológica ao material.
Havia o interesse em se recobrir ligas de titânio com Dada a variedade de composições químicas e estru-
materiais bioativos para se promover uma conexão turas resultantes do processamento das cerâmicas
entre osso e implante. Os materiais cerâmicos bio- bioativas e o fato resultante de que a HA pura é
ativos são mais do que apenas biocompativeis. O raramente utilizada, o termo mais amplo cerâmicas
uso do termo bioativo implica que eles tenham a defosfato de cálcio (CPCs) tem sido proposto em subs-
capacidade de extrair uma resposta favorável do tituição ao termo mais específico h:iàroxia:patita. Cada
tecido quando implantados in vivo. Estas cerâmicas cerâmica de fosfato de cálcio individual é então
formam uma união química direta com os tecidos definida pelo seu conjunto único de propriedades
naturais e são mais frequentemente desenvolvidas químicas e físicas.
para serem bioabsorvidas ou biodegradadas, apre- Embora as cerâmicas de fosfato de cálcio sejam
sentando alta solubilidade. As cerâmicas dentárias muito friáveis e muito rígidas para servir como
comumente implantadas incluem os fosfatos de um material único para implantes para reposição
cálcio com várias proporções cálcio/fósforo (p. ex., protética de dentes, tem havido um interesse con-
hidroxiapatita e fosfato tricálcico), vidros bioativos tínuo em se usar uma fina camada (de 50 a 75 µ.m)
(misturas de Si02, CaO, P 20 5 e, às vezes, Na20 e de materiais cerâmicos para revestir a superfície
MgO) e cerâmicas vítreas. de implantes metálicos. Isto proporciona as carac-
Exemplos importantes de vidros bioativos e terísticas benéficas de osseointegração da cerâmica
cerâmicas vítreas incluem Bioglass® (um vidro combinadas à alta resistência das ligas metálicas.
contendo uma mistura de sílica, fosfato, cálcia e A maioria dos fabricantes fornecem implantes re-
soda); Ceravital® (que possui uma concentração vestidos com cerâmicas de fosfato de cálcio para
diferente de óxidos alcalinos em comparação ao o uso em locais onde o osso presente é de baixa
Bioglass®); Biogran® (que possui uma conformação qualidade. A principal limitação em se usar este
física diferente em comparação ao Bioglass®); e ce- conceito para todas as situações clínicas, no entanto,
râmica vítrea A-W®(uma cerâmica vítrea contendo gira em tomo da impossibilidade de se predizer e
oxiapatita cristalina e fluorapatita (Ca10[P04 fo[O,Fi]) manter a resistência da união entre o revestimento
e (3-wollastonita (Si02Ca0) em uma matriz vítrea e o metal. Quando o material cerâmico bioativo
de Mg0-Ca0-Si02). Além dessas, muitas outras é reabsorvido in vivo, uma alteração imprevisível
composições de vidros e cerâmicas vítreas, baseadas ocorre na interface implante-osso, e pode ocorrer
em métodos recentes de síntese sol-gels, estão sendo a micromovimentação e "afrouxamento" do im-
desenvolvidas. As cerâmicas de fosfato de cálcio plante. Isso toma a estabilidade destes implantes a
variam em composição, dependendo das mudanças longo prazo incerta.
físicas e químicas induzidas pelo processamento. Se bem-sucedida, a cobertura cerâmica se toma
Neste grupo estão as cerâmicas de apatita, e é de completamente fusionada ao osso circundante. Nes-
particular interesse a hidroxiapatita (HA). Esta é a te caso, a interface é denominada biointegração em
versão sintética da fase inorgânica encontrada em vez de osseointegração, e não existe espaço entre o
dente e osso e é o material cerâmico bioativo que osso e o implante (Fig. 15-2). Uma variedade de co-
tem sido mais extensivamente investigado. berturas cerâmicas tem sido usada desta maneira.
O impulso para se usar HA sintética decorre da Normalmente, estes recobrimentos têm sido
notável vantagem de se utilizar um material simi- aplicados à superfície de um implante via um pro-
lar à fase mineral dos tecidos naturais para subs- cesso de deposição por spray de plasma. Isto resulta
tituir estes materiais. Por causa desta similaridade, em uma mistura complexa de HA, fosfato tricálcico
espera-se uma melhor união tecidual. Vantagens e fosfato tetracálcico na cobertura, em vez de uma
adicionais percebidas da HA e outras cerâmicas reprodução da mistura original de pós. As pro-
bioativas incluem baixa condutividade elétrica e priedades físicas importantes à funcionalidade das
térmica, propriedades elásticas semelhantes àquelas cerâmicas de fosfato de cálcio incluem o tamanho
do osso, controle das taxas de degradação in vivo por das particulas de pó, a forma das partículas, o tama-
meio do controle das propriedades dos materiais e nho do poro, o formato do poro, a distribuição dos
a possibilidade de a cerâmica funcionar como uma poros por tamanho, a área de superfície específica,
barreira aos produtos de corrosão metálica quando as fases presentes, a estrutura cristalina, o tamanho
aplicada a um substrato metálico. dos cristais, o tamanho dos grãos, a densidade, a
15. HvfPLANTES DENTÁRIOS E OROFACIAIS 387

espessura do recobrimento, a dureza e a rugosidade 100


da superfície. Homem, 1
A integridade a longo prazo da cobertura de 80
cerâmica in vivo não é conhecida, mas evidências "'e!
indicam que essas coberturas serão absorvidas ao ..o
60
longo do tempo. Além disso, resultados de testes E
de push-out ex vivo indicam que a união cerâmi-
ca-metal falha antes da união cerâmica-tecido, e é
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o
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o elo mais frágil do sistema. Assim, a fraca união lL Direita Esquerda


cerâmica-metal e a integridade desta interface no 20
decorrer de uma longa vida útil são motivos de
preocupação.
A B e D E
Posição de mordida
FATORES QUE AFETAM FIGURA 15-3 Força de mordida média de um adulto
O IMPLANTE ENDóSSEO em diferentes posições na mandíbula. (De Rug/1 50, 5ol-
berg WK: Be/1av. Res. Meth. Ins/rum. 4,125, 1972.)
Geometria
Dois objetivos principais influenciam a decisão de carga suportada pelos dentes e pelo osso de su-
de um paciente d e buscar o tratamento com im- porte dita as diferenças nos requisitos mecânicos
plantes dentários: estética e função. Para alcançar entre implantes anteriores e p osteriores. Pelo fato
esses objetivos ao longo de períodos extensos, um de que as tensões dependem não apenas da carga
implante dentário deve ser capaz de suportar as aplicada, mas também da área sobre a qual estacar-
tensões oclusais geradas no ambiente oral e, por ga é distribuída, a perda de alguns dentes por um
sua vez, transferir estas cargas para os tecidos de paciente aumentará significativamente as tensões
suporte. As cargas não apenas devem ser trans- aplicadas aos dentes remanescentes e aos implantes
feridas, elas devem também ser de direção e em pacientes parcialmente edêntulos.
magnitude apropriadas para que seja mantida a Um requisito básico para qualquer implante
viabilidade do tecido. Neste aspecto, o implante dentário é a existência de altura, largura e densida-
age principalmente para minimizar e distribuir as de adequadas do osso de suporte. Está bem estabe-
forças biomecânicas. As forças são caracterizadas lecido que o osso cresce em resposta à deformação,
por sua magnitude, duração e tipo. A capacidade e a presença de tensões de magnitude crescente
de transferir forças depende amplamente de se aplicadas ao osso resultará em uma magnitude cres-
alcançar fixação interfacial. A interface entre o im- cente de reabsorção ou perda de osso. Entretanto,
plante e o osso deve se estabilizar no menor tempo na ausência de um nível crítico de deformação para
pós-operatório possível e, uma vez estável, deve se a manutenção de um osso normal, o osso também
manter estável ao longo de toda a vida útil. Obter será reabsorvido. Portanto, se o paciente é edêntulo
um implante "ideal" que satisfaça todos os objeti- por um temp o prolongado, o osso subjacente terá
vos previamente mencionados requer a integração sido reabsorvido e será menos denso. tl comum
de fatores materiais, físicos, químicos, mecânicos, instalar-se implantes preferencialmente na região
biológicos e econômicos. anterior da mandtôula, pois esta região apresenta
trabeculado ósseo de maior densidade quando
comparada às regiões de pré-molares ou molares,
Magnitude da Força tanto em pacientes dentados quanto em edêntulos.
A quantidade de carga aplicada durante a masti- Quando se planeja um tratamento com implantes,
gação normal varia enormemente, dependendo da deve-se observar cuidadosamente a distribuição
localização e do estado da dentição do paciente. Os de cargas.
valores de força de mordida relatados na literatura A grande maioria dos materiais considerados
variam de aproximadamente 40 a 1250 N. A magni- biocompatíveis não são adequados para o uso como
tude da força é maior na região de molares porque implantes, pois sua resistência à fratura não é alta
esta área age como a dobradiça de uma alavanca o suficiente para suportar as forças às quais são
(Fig. 15-3). A região de incisivos, em comparação, submetidos durante a função normal. Todavia, para
experimenta aproximadamente 10°/o da magnitude sobreviver e continuar efetivamente em função,
observada no segmento posterior. Essa diferença não é apenas a resistência à fratura, mas também
388 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

o módulo de elasticidade (ou rigidez) do material desfavorável possível. Estes desenhos de implantes
que deve ser considerado. A menos que o osso ex- se baseiam tanto na textura microscópica do corpo
perimente pelo menos 50 microdeformações rotinei- do implante para oferecer algum embricamento
ramennte, ele começará a ser reabsorvido. A maioria mecânico e promover retenção ou ainda eles bus-
dos materiais cerâmicos é extremamente rígido, por cam retenção no recobrimento. Se o recobrimento
exemplo, o óxido de alumínio policristalino possui sobre o implante falha ou é reabsorvido, a perda
um módulo de elasticidade de aproximadamente óssea normalmente resulta da ausência de trans-
372 GPa. Tal rigidez é demasiadamente alta para ferência de carga.
transferir ao osso uma quantidade adequada de Em contrapartida, implantes em forma de para-
força aplicada. Em vez disso, o material de implante fuso possuem roscas que travam no osso sob com-
mais rígido absorverá uma quantidade despropor- pressão e transferem a carga aplicada. Os desenhos
cional da carga, evitando que o osso seja estimulado. das roscas têm sido extensivamente estudados para
Em contraste, o titânio apresenta módulo de elasti- promover o mínimo de forças de cisalhamento e o
cidade de aproximadamente 100 GPa, ainda muito máximo de compressão ao osso. Isto permite uma
alto para ser o ideal, mas bem mais perto daquele resposta óssea mais favorável. Foi apresentada recen-
do osso (aproximadamente 20 GPa). Isto permitirá temente uma variedade de desenhos de roscas que
um carregamento fisiológico normal do osso. possuem pontas arredondadas (para reduzir as forças
de cisalhamento na ponta), mudanças no ângulo das
roscas (para maximizar a compressão), dois ou mais
Duração da Força perfis de roscas no mesmo implante (que cortarão
Quando se consideram cargas repetitivas como em diferentes localidades durante a osteotomia, au-
as que ocorrem durante a mastigação, é mais apro- mentando assim a área de contato), e/ ou uma altura
priado considerar o limite de tolerância de um ma- de rosca reduzida acompanhada de um aumento do
terial em vez de sua resistência máxima. O limite de passo da rosca (difundindo a carga sobre uma maior
tolerância é a quantidade máxima de tensão à qual área de contato e aumentando simultaneamente a
um material pode ser repetidamente submetido resistência do corpo do implante).
sem falhar. Esse limite, em geral, é apenas cerca de O conceito de osseointegração ao redor de im-
metade da resistência à fratura do material. plantes cilíndricos ou em forma de parafuso re-
O implante em forma de raiz dentária é desen- presenta urna situação de crescimento ósseo sobre
volvido para receber cargas paralelas ao longo eixo a superfície. Um método alternativo de fixação de
e é vulnerável à falha por fadiga oriunda de cargas implantes baseia-se no crescimento do tecido ósseo
de flexão cíclicas. Estas cargas de flexão frequente- em superfícies ásperas ou porosas tridimensionais.
mente resultam de contatos prematuros, bruxismo, Tais desenhos incorporando pérolas sinterizadas
esquema oclusal incorreto e uso de conectores angu- ou uma tela metálica sinterizada são típicos de im-
lados. Cargas fora do longo eixo devem ser evitadas plantes ortopédicos. Recentemente, implantes com
no planejamento da sobrestrutura do implante. corpos metálicos porosos têm sido desenvolvidos e
comercializados. Estes novos desenhos incorporam
porosidade em macroescala ou estruturas celulares
Tipo de Força porosas, assemelhando-se ao osso esponjoso. Isso
Um implante experimenta três tipos de carga resulta em um módulo de elasticidade próximo
em função: forças de tração, forças de compressão àquele do osso, reduzindo assim a remodelação
e forças de cisalhamento. Conforme discutido, um óssea proximal adaptativa indesejável em conse-
implante bem planejado transfere e distribui essas quência de urna transferência de cargas desfavorá-
forças ao osso de suporte. O osso é composto tanto vel. Tais sistemas de retenção demonstram possuir
de constituintes inorgânicos quanto de orgânicos, e uma maior resistência ao cisalhamento osso/ metal
os componentes inorgânicos se tornam mais fortes do que outros tipos de fixação. O aumento da resis-
quando carregados em compressão. O osso é apro- tência ao cisalhamento interfacial resulta em urna
ximadamente 30'Yo mais fraco quando submetido à melhor transferência de tensões do implante para o
tração, e aproximadamente 70% mais fraco quando osso circundante, uma distribuição de tensões mais
submetido às forças de cisalhamento. Por isso, a uniforme entre o implante e o osso e tensões mais
oclusão é uma consideração crucial quando se pla- baixas no implante. E, em princípio, o resultado
neja o carregamento do implante. de uma união interfacial mais forte é uma menor
Os desenhos de implantes cilíndricos lisos colo- propensão à perda do implante. A progressão teó-
cam a interface entre o osso e o implante sob cisalha- rica dos efeitos de superfície em macroescala, da
mento quase puro, o cenário de carregamento mais mais baixa à mais alta resistência ao cisalhamento
15. ltv!PLANTES DENTARIOS E OROFACIAIS 389

implante/tecido, é a seguinte: modelo liso, texturi- relativamente fina (na ordem de 0,1 nm), seus cons-
zado, em forma de parafuso, com spray de plasma tituintes (óxidos metálicos heterogêneos, camada pro-
e com recobrimento/ corpo poroso. téica e tecido conjuntivo) têm um efeito substancial na
manutenção da integridade interfacial Além disso, a
integridade interfacial depende de fatores materiais,
Diâmetro do Implante mecânicos, químicos, de superfície, biológicos e do
Um aumento no comprimento ou no diâme- ambiente local, todos os quais se alteram em função
tro do implante aumenta a área total da superfície do tempo in vivo. Assim, o sucesso do implante é urna
do implante. Em consequência, aumenta-se a área função de fatores biomateriais e biomecânicos, tanto
para distribuição das forças oclusais e se diminui quanto de técnicas cirúrgicas, cicatrização tecidual e
a tensão no osso. A resistência à fratura sob flexão do estado geral e dentário do paciente.
(e consequentemente a rigidez) do implante au-
menta enormemente com o aumento da largura ,
e está relacionada ao raio do implante elevado à Liberação de Ions
quarta potência. Este aumento significativo pode Os materiais de implantes podem sofrer corrosão
ser deletério se o diâmetro escolhido causar uma ou desgaste, levando à formação de partículas de
remodelação óssea proximal adaptativa por reduzir detritos, que podem, por sua vez, evocar respostas
as deformações no osso a níveis subfisiológicos. biológicas locais e sistêrnicas. Os metais são mais
suscetíveis à degradação eletroquímica do que as
cerâmicas. Por esse motivo, um critério fundamental
Comprimento do Implante ao se escolher um material de implante metálico é
Assim como o aumento da largura, o aumento que ele não deve provocar urna resposta biológica ad-
do comprimento do implante também aumenta a versa relevante. As ligas de titânio são bem toleradas
área da superfície e reduz as tensões no osso. En- pelo organismo por causa de suas camadas passivas
tretanto, recomenda-se uma análise cuidadosa da de óxidos. Os ingredientes elementares principais,
qualidade óssea. No tipo de osso altamente denso a exemplo dos constituintes menores das ligas, são
que é normalmente encontrado na região anterior tolerados pelo organismo em pequenas quantida-
da mandíbula, o sobreaquecimento do osso durante des. No entanto, grandes quantidades de qualquer
a perfuração é a principal causa de falhas futuras. A metal não podem ser toleradas. Assim, minimizar
preparação do local para um implante extralongo a degradação mecânica e química dos materiais de
tende a aumentar o aquecimento neste tipo de osso. implantes é um objetivo primário.
Quaisquer vantagens de uma estabilidade imediata O titânio e outros metais para implantes estão em
promovida por estes implantes longos são transi- estado passivo sob condições fisiológicas típicas, e
tórias, pois uma vez que o implante osseointegra, a quebra da passividade não deve ocorrer. O titânio
sua região apical recebe uma transferência mínima comercialmente puro (Ti CP) e a liga de titânio Ti
de tensões. A maioria das tensões ainda estarão -6Al-4V possuem uma excelente resistência à corro-
concentradas ao redor da tábua óssea cortical su- são para urna gama completa de estados oxidativos
perior de onde o implante emerge. Por outro lado, e níveis de pH. É a camada de óxido extremamente
em regiões de qualidade óssea pobre, encontradas coerente e adaptada e o fato de que o titânio repas-
normalmente nas regiões posteriores de maxila e siva quase que instantaneamente por meio de uma
mandíbula, considerações anatômicas ditam o com- cinética de oxidação controlada superficial que dá ao
primento do implante instalado. titânio tanta resistência à corrosão. A baixa taxa de
dissolução e a quase inércia química dos produtos
de dissolução do titânio permitem ao osso crescer e
SUPERFÍCIES assim osseointegrar ao titânio. Entretanto, mesmo
E BIOCOMPATIBILIDADE em sua condição passiva, o titânio não é inerte. A
liberação de íons de titânio ocorre como resultado
Ao se analisar um sistema implante/tecido, da dissolução química do óxido de titânio.
três aspectos são importantes: (1) os constituintes
individuais, ou seja, os materiais do implante e os
tecidos; (2) o efeito do implante e de seus produtos Superfícies
de decomposição nos tecidos locais e sistêrnicos e A análise da superfície do implante é necessária
(3) a zona interfacial entre o implante e o tecido. Em para garantir um duplo requisito. Primeiramen-
relação à ultraestrutura da interface implante-tecido, te, os materiais d o implante não podem afetar
é importante entender que, embora esta área seja adversamente os tecidos locais, os sistemas orgânicos
390 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

e as funções orgârúcas. Em segundo lugar, o ambiente sulcos e cristas nano a micrométricos na superfície
in vivo não pode degradar o implante e comprometer de um implante. Estes minúsculos sulcos influen-
sua função a longo prazo. A zona interfacial entre o ciam o comportamento das células por causar seu
implante e o osso circundante é, portanto, a entidade alinhamento na direção do sulco e sua migração
mais importante na definição da resposta biológica ao guiada pelos sulcos da superfície (Fig. 15-4). Além
implante e da resposta do implante ao organismo. disso, a modificação da superfície do implante pa-
O sucesso de qualquer implante depende das pro- ra incorporar características de superfície nano e
priedades do seu corpo e da sua superfície, do local micrométricas sobre a macrotexturização aumenta
de implantação, do trauma tecidual durante a cirur- a área de contato osso-implante e a interação bio-
gia e da movimentação na interface implante-tecido. mecânica entre o implante e o osso de ancoragem,
Por isso, a análise de superfície em implantodontia especialmente no período imediato, após a implan-
auxilia na caracterização do material, determinando tação. O formato das células, a taxa de proliferação
alterações estruturais e de composição ocorridas e a taxa de diferenciação também dependem em
durante o processamento, identificando reações de grande parte da textura da superfície do implante.
superfície induzidas biologicamente e analisando os Entretanto, ainda não existem evidências conclu-
efeitos ambientais nas interfaces. sivas de que esta textura de nano a micrométrica
A superfície de um material é sempre diferente tenha um papel relevante na ancoragem do im-
em composição quimica, forma e estrutura do corpo plante in vivo.
do material, porque os átomos da superfície são Um segundo princípio é de que a variação ma-
fundamentalmente diferentes daqueles do corpo crométrica da textura de superfície de um material
do metal do implante. A superfície de um metal de implante afeta significativamente a interface
pode ser considerada uma interrupção abrupta do entre o implante e o osso in vivo. Em geral, implan-
empilhamento ordenado dos átomos subjacentes. tes com superfícies rugosas exibem resistências de
Assim, o número de coordenação destes átomos é união ao cisalhamento maiores do que os implantes
diferente e, consequentemente, suas propriedades com superfícies lisas. Sob exame microscópico, os
físicas e quimicas são diferentes das de átomos mais implantes rugosos exibem aposição óssea direta,
profundos no corpo, decorrentes de seu arranjo enquanto os implantes lisos exibem vários graus
molecular, reações de superfície e contaminação de encapsulação por tecido fibroso. Pelo fato de que
potencial com outras variedades. esta aposição óssea direta é o método pelo qual os
Neste sentido, a quimica da interface é principal- implantes dentários são retidos nos ossos maxilares,
mente determinada pelas propriedades dos óxidos eles parecem ser significativamente influenciados
metálicos e não tanto pelo metal propriamente dito. pela textura superficial macroscópica. Nem todas
Existe pouca ou nenhuma semelhança entre as pro- as superfícies rugosas, no entanto, apresentam os
priedades do metal e as propriedades do óxido, mas mesmos efeitos desejáveis. As dimensões exatas ou
os fenômenos de adsorção e dissolução podem ser
influenciados pelas propriedades do metal subja-
cente. Por isso, a caracterização da composição, do
estado de ligação, da forma e da função da super-
fície são importantes na análise das superfícies dos
implantes e das interfaces implante-tecido.

Alterações de Superfície
No esforço para melhorar o desempenho in vivo
dos implantes dentários, muitas pesquisas estão
sendo conduzidas para investigar os efeitos de
características superficiais macro, micro e nanomé-
tricas na osseointegração. Embora muitas destas
pesquisas sejam contraditórias e poucos dados defi-
nitivos tenham sido identificados, alguns princípios
orientadores estão surgindo lentamente. O primeiro
deles é de que células in vitro (e possivelmente in FIGURA 15-4 Imagem de microscopia óptica de cé-
vivo) são guiadas por contato sobre a superfície do lulas cultivadas sobre uma superfície padronizada. É
implante. Em outras palavras, as células crescem possível observar o crescimento guiado pelo contato das
preferencialmente dentro e ao longo de padrões de células com a textura da superfície.
15. ltv!PLANTES DENTARIOS E OROFACIAIS 391

o grau de rugosidade ideal ainda é ambíguo até o união à superfície metálica. Além disso, o resfria-
presente momento. mento rápido da cerâmica fundida pulverizada so-
Como resultado destas observações, durante os bre a superfície produz alterações cristalinas incon-
últimos 10 a 15 anos, as superfícies de implantes troláveis dentro do material e resulta em trincas em
mudaram de forma significativa. Anteriormente, larga escala desta camada de recobrimento. Embora
superfícies usinadas eram a norma. Hoje, superfí- os estudos científicos tenham notado uma melhora
cies preparadas por jateamento, seguido por condi- da bioatividade com estes tipos de recobrimento,
cionamento ácido ou revestimento para melhorar seu uso tem sido limitado na odontologia, pois esta
a topografia e/ ou remover partículas abrasivas camada, em última análise, cria interfaces adicionais
incorporadas, dominam o mercado. As caracte- que podem sofrer falhas induzidas por tensões que
rísticas retentivas resultantes em microescala não levam a incertezas quanto a sua vida útil, conforme
apenas tomam a superfície rugosa, criando uma discutido previamente.
maior área de contato implante-osso, mas também Uma outra abordagem de recobrimento sob in-
desempenham um papel na ativação de sequências vestigação envolve a incorporação de mediadores
bioquímicas importantes que aceleram o processo biológicos à superfície do implante. Em particular,
de cicatrização e estimulam a osteogênese. tem sido demonstrado que a imobilização de pe-
Está bastante claro que a química da superfície quenas sequências de peptideos sobre a superfície
do implante também desempenhará um papel rele- do implante influencia a resposta celular in vitro.
vante na ancoragem do implante no osso. Esta é uma As integrinas celulares, que se aderem a pequenas
área de intensa pesquisa comercial. Recentemente, sequências especificas de peptideos, são responsá-
uma técnica de modificação de superfície que incor- veis por estas respostas celulares. Em particular,
pora jateamento seguido de condicionamento ácido a sequência de tripeptideos L-arginina, glicina e
com uma solução que resulta em íons fluoreto sobre ácido L-aspártico (RGD) desempenha um papel
a superfície do implante foi trazida ao mercado. importante na adesão celular. Esta sequência está
Este procedimento resulta em uma superfície com presente em muitas proteínas da matriz extracelu-
composições químicas variadas dentro da camada lar, incluindo a fibrina, o colágeno, a vitronectina,
superficial de óxidos. Esta superfície contendo fluo- a fibronectina e a osteopontina, e ajuda a mediar a
retos mostrou melhorar a expressão genética e levar adesão celular a superfícies. A ligação covalente de
a uma melhora na osteogênese. Outros tratamentos formas recombinantes destes compostos, via quí-
quimicos de superfície que estão sendo investigados mica do silano, sobre a superfície de um implante
incluem a hidroxilação da superfície para melhorar pode estimular a aderência de células mesenqui-
sua hidrofilia e a anodização eletroquímica para mais e provocar a proliferação e a diferenciação de
crescer camadas de óxidos espessas e porosas com osteoblastos no local. Outras sequências de peptí-
quimica variada. O tipo de óxido metálico na super- deos sob investigação incluem as seguintes: YIGSR,
fície do implante dita o tipo de células e proteínas IKVAV e KRSR (para melhorar a adesão celular)
que se aderem a essa superfície. Os óxidos da su- e FHRRIKA (para aumentar a mineralização dos
perfície são continuamente alterados pela difusão osteob lastos).
de oxigênio para o seu interior e pela formação de Além das pequenas sequências de peptideos, o
hidróxidos e pela saída de ions metálicos. Assim, um uso de proteínas recombinantes inteiras na super-
óxido de estequiometria única raramente existe. fície dos implantes também tem sido investigado.
O uso de fatores de crescimento de citocina imobi-
lizada como a proteína morfogenética óssea (BMP),
R ecobrimentos de Superfície o fator de transformação do crescimento (TGF-[3), o
O uso de um tratamento adicional de recobri- fator de crescimento de fibroblasto (FGF), o fator de
mento de superfície merece uma discussão adi- crescimento endotelial vascular (VEGF) e o fator de
cional. Coberturas à base de fosfato de cálcio têm crescimento derivado de plaquetas (PDGF) mostrou
sido tradicionalmente investigadas de forma mais aumentar positivamente a regeneração tecidual
intensa. Estes materiais são comumente aplicados à ao redor de um implante. Entretanto, coberturas
superfície do implante com spray de plasma. Neste homogêneas das superfícies do implante e a libe-
processo sob altas temperaturas, uma camada de ração destas proteínas para os tecidos circundantes
material de espessura de 25 a 50 µ.m é depositada são bastante imprevisíveis e incontroláveis no que
sobre a superfície rugosa do implante e resfriada. diz respeito à duração e à dosagem. Embora mais
Estas coberturas são baseadas em um embricamento pesquisas sejam necessárias para esclarecer estas
mecânico relativamente fraco entre a camada de questões não resolvidas, este tratamento é uma
recobrimento e a superfície rugosa para manter a promessa como terapia futura.
392 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

MATERIAIS E PROCESSAMENTO 95o/o dos casos, 5 anos após a instalação. Apesar


DOS IMPLANTES dos avanços na fabricação e no processamento
dos materiais, na técnica cirúrgica e nos protoco-
Em geral, duas classes básicas de materiais (cerâ- los clínicos, as falhas clinicas ocorrem a taxas de
micas e metais) são utilizadas como implantes, tanto aproximadamente 2 a So/o ao ano. As causas de
individualmente quanto de forma htôrida. Materiais falhas e os problemas atuais com os impla ntes
de implantes metálicos são geralmente à base de dentários incluem (1) perda precoce por falta de
titânio - tanto li CP (titânio comercialmente puro) osseointegração inicial; (2) perda tardia ou perda da
quanto li~AJ-4V. Todavia, é essencial notarmos que osseointegração; (3) reabsorção óssea; (4) infecção;
as relações sinérgicas entre processamento, compo- (5) fratura do implante ou do pilar protético e (6)
sição, estrutura e propriedades do corpo dos metais delaminação da cobertura do corpo do implante
e de seus óxidos superficiais deixam efetivamente no caso de implantes revestidos. O mecanismo de
disponíveis mais de dois metais. A fundição, a forja falha mais comum é a reabsorção da crista alveolar
e a usinagem, para formar produtos próximos da devido à sobrecarga. Isso inevitavelmente leva a
forma final, alteram a mlcroestrutura, a química lesões peri-implantares progressivas, áreas reduzi-
de superfície e as propriedades do corpo do metal das de suporte tecidual e, por fi.m, à perda do im-
Da mesma forma, a densificação de cerâmicas e a plante. Falhas assépticas são mais frequentemente
deposição de recobrimentos cerâmicos e metálicos o resultado cumulativo de mais de um fator dentre
por pressão isostática a quente ou sinterização os anteriormente mencionados.
podem modificar a composição, a estrutura e as Modificações nos desenhos e nos materiais dos
propriedades do corpo e da superfície. Assim, as implantes serão realizados por grupos compostos
várias sequências de processamento de material ne- por pesquisadores em odontologia e pelos próprios
cessárias para se produzir o implante em seu estado fabricantes. Eles continuarão desenvolvendo estudos
final têm uma forte influência sobre as propriedades clínicos multi-institucionais cuidadosos e estudos
e as funcionalidades do implante, principalmente prospectivos de compatibilidade, de remodelação ós-
pelos efeitos de temperatura e pressão. sea proximal adaptativa (stress shielding) e de carrega-
Implantes dentários metálicos são quase que mento ósseo, entre outros fatores. Essas três áreas em
exclusivamente de ligas à base de titânio, embora particular representam urna grande motivação para
ligas à base de cobalto tenham sido utilizadas histo- a mudança dos materiais para implantes. Embora
ricamente e experimentalmente na odontologia. Os bastante biocompatíveis, as ligas atuais apresentam
atributos do titânio, a saber, a resistência à corrosão uma discrepância de módulo de elasticidade muito
e a alta resistência, são discutidos no Capítulo 10. grande em relação ao osso de suporte. Trabalhos de
A justificativa inicial para se utilizar cerâmicas pesquisa estão em andamento para criar materiais
na odontologia foi baseada na inércia biológica rela- compósitos que sejam biologicamente compatíveis
tiva das cerâmicas em comparação à dos metais. As e tenham o mesmo módulo de elasticidade que o
cerâmicas são materiais totalmente oxidados e, por osso. Módulos semelhantes resultarão em urna dis-
isso, quimicamente estáveis. Assim, as cerâmicas são tribuição de tensões mais próxima ao encontrado
menos propensas a provocar uma resposta biológica fisiologicamente. Além disso, os trabalhos que estão
adversa do que os metais, que se oxidam apenas em sendo desenvolvidos para investigar os efeitos da
sua superfície. Conforme discutido previamente, textura dos implantes certamente revelarão outros
uma maior ênfase foi dada recentemente às cerâ- princípios fundamentais que irão melhorar gradual-
micas bioativas e biorreabsorvíveis, materiais que mente os desenhos dos implantes.
não apenas provocam a formação de tecido normal, Entretanto, apesar destas novas direções em pes-
mas que também podem formar uma íntima união quisa, o futuro da implantodontia está nas mãos do
com o tecido ósseo e até mesmo ser substituídos por dentista restaurador. Após a instalação e a cicatriza-
tecido ao longo do tempo. ção de um implante, é o dentista o responsável por
confeccionar e entregar a restauração ou prótese ao
paciente. A satisfação do paciente com a função e a
DESAFIOS E O FUTURO estética de urna prótese implantossuportada define
o sucesso, ou o fracasso, de um caso de implante.
Embora não haja consenso a respeito dos méto- Os implantes são parte da rotina de atendimento
dos de avaliação dos implantes dentários e sobre odontológico em muitos países. Seu sucesso clinico
quais critérios são mais importantes, as avaliações justifica a oferta de implantes junto a terapias mais
clínicas têm geralmente mostrado que os implantes tradicionais de próteses parciais fixas ou removíveis
dentários são bem-sucedidos em aproximadamente para a restauração de espaços edêntulos.
15. ltv!PLANTES DENTARIOS E OROFACIAIS 393

PROBLEMAS SELECIONADOS

PROBLEMA 1 Solução
Nomeie e defina as três classificações dos im- Osseointegração é a formação de um contato
plantes dentários. íntimo e forte entre a superfície de um implante e
o tecido 6sseo circundante. A interface resultante é
Solução capaz de suportar as forças normais geradas durante
As três classificações são as seguintes: a mastigação. A presença de um recobrimento cerâmi-
1. O implante subperiostal - um desenho pelo co sobre um implante irá impedir a formação de tal
qual uma estrutura metálica implantada repousa superfície de contato. No mínimo, duas interfaces são
diretamente em cima do osso, abaixo do periósteo, criadas nas superfícies interna e externa da cobertura.
e fornece pilares protéticos que se estendem pelo Entretanto, se a cob ertura cerâmica é bioativa, ela
tecido gengival para a ancoragem da prótese. pode vir a se fundir quimicamente ao osso adjacente
2 O implante transósseo - um desenho utilizado na sua superfície externa, enquanto mantém uma
apenas na região anterior da mandibula, no qual os forte ligação física à superfície metálica do implante
pilares se estendem completamente pela mandibula na superfície interna da cobertura. Neste caso, a in-
e pela gengiva para fornecer ancoragem à prótese. terface com o osso é denominada biointegração, pois
3. O implante endósseo - um desenho cilíndrico ou o conta to osso-implante apresenta uma camada in-
em forma de parafuso pelo qual o implante é ci- terveniente com duas fortes interfaces.
rurgicamente instalado diretamente na manchbula
ou na maxila e fornece ancoragem para a prótese
por meio de uma rosca interna em seu corpo. PROBLEMA 4
Descreva o desenho de implante dentário que
possui a melhor taxa de sucesso e a mais ampla apli-
PROBLEMA 2
cação clínica.
Um novo tipo de implante totalmente metálico
é instalado e deixado cicatrizar sem intercorrências Solução
por 12 semanas. Duas semanas ap6s a restauração, ele Os implantes são geralmente classificados de acor-
começa a apresentar mobilidade e falha. Quais são as do com a maneira pela qual são posicionados na man-
causas prováveis? díbula do paciente. O desenho de implante end6sseo
mais bem-sucedido u tiliza um implante cilíndrico
Solução
ou em forma de parafuso, que é posicionado quase
Se um implante se movimenta dentro do local completamente dentro do local 6sseo. A extremidade
preparado, ele não conseguiu se osseointegrar ade-
coronal do corpo do implante permite uma conexão
quadamente. Um aspecto crucial para se possibilitar direta de uma superestrutura pela mucosa. Esta su-
a osseointegração é a preparação do osso. O osso deve
perestrutura é fixada a um conector, que por sua vez
ser perfurado lentamente e preparado sob irrigação é fixado por meio de um parafuso diretamente às
copiosa para se evitar aquecimento ou traumatismo
roscas internas do corpo do implante.
ósseo. O local deve também ser inspecionado à pro-
cura de um tecido ósseo em quantidade e qualidade
adequadas previamente à instalação. Outro aspecto PROBLEMA 5
que afeta a osseointegração é o material com o qual o Ap6s um implante posterior e sua restauração
implante é fabricado. Nem todos os materiais promo- estarem em função por um período de tempo, uma
verão osseointegração. O titânio ou a liga Ti-6Al-4V pigmentação escura da mucosa ao redor da restaura-
são os materiais atuais de escolha para os implantes ção é visualizada. Quais são as causas prováveis?
dentários. Finalmente, após a aplicação de cargas,
a micromovimentação entre o osso e o implante irá Solução
impedir a osseointegração, pois resultará na formação Mesmo em um estado passivo, íons são sempre
de uma encapsulação fibrosa. liberados de superfícies metálicas na boca. A pigmen-
tação do tecido pode ser resultado da liberação de
PROBLEMA 3 íons de titânio pelo implante. Pode ser ainda devido à
Descreva a diferença entre osseointegração e bio- corrosão e à liberação de íons pelos metais da superes-
integração. trutura da restauração.
394 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

PROBLEMA 6 patibilidade a um implante metálico. Estes materiais


são geralmente compostos por fases contendo cálcio
Qual o papel que uma cobertura de cerâmica
e fósforo, e eles tomam a superfície eletricamente
bioativa desempenha na superfície de um implante
não condutora. Além disso, a dissolução/ degradação
metálico?
das coberturas fornece os principais constituintes
Solução iônicos do mineral ósseo (cálcio [Ca) e fósforo [PJ)
livremente disponíveis no local do implante. Isto
Materiais cerâmicos bioativos são únicos entre os
parece incentivar uma osseointegração mais rápida.
biomateriais pois induzem uma união química dire-
Finalmente, a superfície rugosa oferece um guia de
ta a tecidos vivos quando implantados in vívo. Esta
contato para a migração celular.
resposta pode promover uma melhora na biocom-

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CAPÍTULO

16

Engenharia Tecidual

SUMÁRIO

Enxerto Autógeno Células-Tronco


Enxerto Alógeno Biornateriais e Arcabouços
Enxerto Xenógeno Materiais Biológicos
Materiais Cerâmicos e Vítreos
Aloplásticos
Materiais Poliméricos
Estratégias para Engenharia Tecidual
Métodos de Cultura Celular
lnjeÇ'âo de Células
RegeneraÇ'âo Tecidual Guiada Tecidos Dentários Originados da Engenharia
lnduÇ'âo Celular Tecidual
Células dentro de Arcabouços Matriciais

397
398 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Engenharia Tecidual é um termo CUJ1hado em uma ra reposição. Durante 2010, somente nos Estados
reunião patrocinada pelos Institutos Nacionais de Unidos, mais de 28.600 órgãos sólidos (coração,
Saúde em 1987. Esta disciplina é um ramo multi- pulmão, intestino, rim, pâncreas e fígado) foram
disciplinar da ciência que está em rápido desen- transplantados. Mais de três quartos desses órgãos
volvimento e que combina muitos dos princípios vieram de doadores falecidos. Enquanto isso, du-
básicos da Biologia, Medicina e Engenharia. A meta rante o mesmo período, 56.437 novos receptores
primária da Engenharia Tecidual é a restauração, potenciais foram adicionados à lista de espera e
manutenção e melhoria das funções dos tecidos quase sete mil pacientes morreram enquanto es-
e órgãos. peravam por um transplante (Quadro 16-1). Cla-
Além de aplicações terapêuticas, nas quais um ramente, a demanda por órgãos excedeu em muito
órgão em particular é criado para substituir uma a oferta. O entusiasmo pela Engenharia Tecidual
parte do corpo ausente ou com função deficiente, vem da promessa de tornar os transplantes mais
a Engenharia Tecidual tem aplicações diagnósti- fáceis e comuns. Na Odontologia, as disciplinas de
cas nas quais os tecidos são fabricados in vitro e Periodontia e Cirurgia Oral e Maxilofacial frequen-
usados para testes de biocompatibilidade in vitro temente usam materiais de transplante de tecido
de compostos. Exemplos incluem aplicação no ósseo para reparar defeitos.
metabolismo e absorção, toxicidade ou patogeni- Hoje, existem quatro classes primárias de
cidade de medicamentos. Pesquisas em Engenha- transplante de tecidos/órgãos: enxerto autógeno,
ria Tecidual, portanto, traduzem conhecimentos enxerto alógeno, enxerto xenógeno e aloplástico
fundamentais em Física, Química e Biologia em (Quadro 16-2).
materiais, dispositivos e estratégias. Ela também
integra biomateriais, Biologia Celular e pesquisa em
células-tronco; características de engenharia de es- ENXERTO AUTÓGENO
truturas tridimensionais e problemas de transporte
de massa; características biomecânicas de tecidos Um enxerto autógeno é um tecido ou órgão que
nativos e de reposição, biomoléculas e fatores de é transferido de um local para outro dentro de um
crescimento; e bioinformática para possibilitar o mesmo indivíduo (Fig. 16-1). É comum transplantar
estudo da expressão e análise de gene/proteína. tecidos como cabelos, sangue e mesmo quantidades
A Engenharia Tecidual como disciplina surgiu limitadas de pele e ossos. Esses tecidos se regene-
da necessidade crescente de tecidos e órgãos pa- ram até certo ponto, reparando o vazio deixado

QUADRO 16-1

Resumo dos Dados de Transplantes, Estados Unidos


Lista de espera de candidatos até 19/8/2011t Tempos médios de espera para transplante
Todos* 111.733 de rimt
Todos - inseridos Sangue Tipo O 1.763 dias (4,8 anos)
em2010 56.437 1999-2000
Rim 89.442 SangueTipoO 1.833 dias (5 anos)
Pâncreas 1.363 2001-2002
Rim/pâncreas 2.137 SangueTipoO 1.852 dias (5,1 anos)
Fígado 16.151 2003-2004
Intestino 255
Coração 3.185 "Todos os candidatos serão menos do que a soma devido
Pulmão 1.747 a candidatos esperando por órgãos múltiplos.
tBaseado em dados da Organ Procurement an.d Transplant
Coração/ pulmão 69
Network (OPTN) até 19/8/2011.
Removidos da lista 6.946 tBaseado em dados da OPTN {2004 - últimos dados
por morte, 2010 disponiveL~).
Transplantes realizados em 201ot
Total 28.662
Doador falecido 22.103
Doador vivo 6.559
16. ENGENHARIA TECJDUAL 399

QUADRO 16-2

Fontes de Tecidos para Enxerto


Enxerto autógeno: tecido do próprio paciente Enxerto xenógeno: tecido de espécie diferente
Enxerto alógeno: fonte humana que não do Aloplástico: origem sintética
paciente (pode ser cadavérica)

FIGURA 16-1 Osso autógeno (B) é colhido (A) do paciente em quem ele será reimplantado (De Newman MG, Takei
HH, Klokkevold, e outros: Periodontologia Clínica de Carratrm, 11ª Edição, Saunders, St. Lmâs, 2012).

após sua remoção. Este método de transplante evita po humano, células, tecidos ou órgãos que tiveram
complicações imunológicas e é considerado o "pa- contato ex vivo com células animais não humanas
drão-ouro" de sucesso. vivas, tecidos ou órgãos". Este regime terapêutico
vem sendo usado experimentalmente para tratar
desordens neurodegenerativas, falência hepática e
ENXERTO ALÓGENO diabetes, quando materiais humanos compatíveis
não estão amplamente disponíveis.
Enxertos alógenos são tecidos ou órgãos que Os enxertos xenógenos são comuns na Odon-
são transplantados de um indivíduo para outro tologia. Dois exemplos são o BioOss (um produto
dentro da mesma espécie (Fig. 16-2). Rotineiramen- derivado do osso da vaca) e o BioCoral (um produto
te, tecidos e órgãos são removidos de indivíduos de corais) que são usados para defeitos em maxila
falecidos (bem como doadores vivos) e transferidos e mandíbula (Fig. 16-3).
para um indivíduo diferente. Sangue, osso, pele,
córneas, ligamentos e tendões são coletados em
bancos e congelados, para serem usados em futuros ALO PLÁSTICOS
procedimentos cirúrgicos.
Os aloplásticos representam o mais novo tipo
de materiais para procedimentos de enxerto. Esses
ENXERTO XENÓGENO enxertos são fabricados completamente a partir de
materiais sintéticos, tomando-os bem diferentes dos
O Centro para Avaliação e Pesquisa Biológica outros tipos de enxertos, pois nenhum componente
(Center for Bielogies Evaluation and Research, CBER) é vivo é usado. Aloplásticos tais como os implantes
o ramo do Food and Drug Administration (FDA) para dentários estão se tomando cada vez mais comuns
transplantes. Eles definem xenotransplantes como na Odontologia. Implantes dentários fabricados
"transplante, implantação ou infusão em receptor de metais e cerâmica são considerados tratamen-
humano de (a) células vivas, tecidos ou órgãos de to restaurador de rotina em muitos países. Esses
uma fonte animal não humana ou (b) fluidos do cor- materiais se integram ao osso e ajudam a restaurar
400 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Code: DGC1t4 Graf i 10: 8'-24S1B-2SS Codt: CC1t18 Cnft 10: 84-S:S788-
S1z_~: nPPROX. 1.2e CéE ·~ · º~~~: "AR 38 et S1 :.•: 141'f'AOX. e. :se cc E:aip . 0.&t.~: APA ~

D•scrtptoon: DEftlft.GR.CORllC!IL Oucro pt oon: CROUftO CORTICAi.


BOftE BM
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Soltetc ~nd/or Ceotan11c1n

FIGURA 16-2 Enxerto alógeno de osso liofilizado é colhido de humanos e vendido em forma desmineralizada (A)
assim como em forma totalmente mineralizada (B). (Cortesia de Mitchell /C, OHSU School of Dentistry, Portúmd, OR).

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Storo ai room te111pP.1At11re From U.S. source bovine bone
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f.1111 by: OSTEOHfAl.TH CO,,
llv. oi L'11tpf)Jd Ph<1rm.;iceuVc.sts. lrl<c
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Rev. 2/00 StMrt.y, HY tl~T i

FIGURA 16-3 Matrizes ósseas. BioOss, A, é um enxerto xenógeno de matriz mineral de osso poroso preparado a
partir de fontes bovinas; Pepgen P-15, B, combina um componente orgânico - uma sequência aminoácida fabricada
sinteticamente (P-15) projetada para estimular a adesão celular, com uma matriz inorgânica de cálcio-fosfato que atua
como transportadora para a sequência aminoácida e como arcabouço para o crescimento ósseo (Cortesia.de 1\Aitchell ]C,
OHSU School of Dentistry, Portland, OR).
16. ENGENHARIA TECJDUAL 401

BIOGRAN ~ )0·355,m)
BÍOl!Ctive Glass Synthetic Bone Grafe Material

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2ti QAU.,T V MJ.aV Pt<W'f EUAOP.<ol..MN \O
2~00 OEi$$C:L. ef:lcO IUM
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FIGURA 16-4 Os vidros bioativos têm recebido cada vez mais atenção devido a sua bioatividade superficial. Estão
apresentados aqui o PerioGlas, A, e o Biogran, B (O:!rtesia de Mitchel /C, OHSU School of Dentistry, Portland, OR).

a função do paciente, com excelente sucesso em para combater doenças sistêmicas, tais como doença
longo prazo. de Alzheimer e mal de Parkinson, bem como diabe-
Enxertos ósseos aloplásticos também são comuns tes juvenil e esclerose múltipla. Este método tam-
(Fig. 16-4). Osso autógeno usado na reconstrução de bém possui potencial para tratar nervos danificados
estruturas craniofaciais pode ser aumentado com e regiões musculares. Comumente referidas como
cerâmica e vidros bioativos. Esses aloplásticos estão células-tronco, as células injetadas são mais apro-
disponíveis em quantidade quase ilimitada e sem priadamente denominadas células indiferenciadas
apresentar nenhuma reação adversa. Uma grande ou progenitoras (ver discussão posterior sob Célu-
vantagem é que eles não apresentam o risco de las-Tronco). Essas células são capazes de formar
transmitir doenças de um indivíduo para outro. novos tecidos com um ou mais fenótipos. Como
regime terapêutico, as células são injetadas nos
arredores do local no qual elas devem se propagar
ESTRATÉGIAS PARA e migram para a área do ferimento, começando a
ENGENHARIA TECIDUAL se replicar e substituir o tecido perdido, ou pro-
duzir um composto desejado, tal como a insulina
A Engenharia Tecidual se iniciou com o conceito (Fig. 16-5). Esta estratégia tem sido bem-sucedida
de se usar biomateriais e células para auxiliar o cor- em regenerar pequenas áreas de cartilagem em
po no processo reparador. Com o amadurecimento articulações temporomandibulares.
desta disciplina, seu alvo passou a se desenvolver
estratégias lógicas para otimizar a formação de no-
vos tecidos pela seleção criteriosa de condições que Regeneração Tecidual Guiada
melhorem o desempenho de progenitores de tecidos A regeneração tecidual guiada (RTG) é um pro-
em locais de enxerto, estimulando a produção de cedimento cirúrgico para regenerar o tecido através
um tecido ou órgão desejado. Várias estratégias do aumento da oportunidade para um tipo de célula
estão d isponíveis atualmente para desenvolver povoar uma área enquanto fornece uma guia de con-
novos órgãos e tecidos (Quadro 16-3). tato para as células em desenvolvimento. Os tipos de
células desejados podem, então, povoar a área sem
qualquer competição, uma vez que os tipos de cé-
Injeção de Células lulas indesejados estão excluídos. Em laboratório, o
Com o método de injeção de células, células método tem sido bem-sucedido em criar um conduto
desagregadas em estágio indiferenciado de desen- de polímero biodegradável através do qual a rege-
volvimento são injetadas no receptor. Considerável neração e a reconexão de células nervosas podem
pesquisa tem sido realizada no uso deste método ocorrer. A RTG é comumente usada no tratamento
402 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

QUADRO 16-3

Estratégias para a Engenharia Tecidual


Injeção de células: células não diferenciadas Alternativamente, vetores de genes são
(geralmente não são do paciente) são injetados e provocam a produção
injetadas diretamente nos arredores do endógena dos fatores de crescimento/
ferimento. diferenciação.
Regeneração tecidual guiada: células Células em matriz de arcabouço: arcabouços
indesejáveis são impedidas de repovoar pré-formados são semeados com
um local com defeito ou ferimento células de um paciente. Este conjunto
colocando-se uma barreira física para é cultivado in vitro para expandir o
evitar sua migração. Células desejáveis número de células e permitir que elas
conseguem entrar no local a partir do comecem a produzir uma matriz. Após
tecido circundante. um intervalo de crescimento adequado,
Indução celular. fatores de crescimento e de o conjunto é implantado de volta no
diferenciação são injetados (ou implantados paciente. Conforme as células crescem e
com um substrato de liberação ao longo do se desenvolvem em tecidos, o arcabouço
tempo) dentro do local do ferimento ou do é lentamente reabsorvido, sem deixar
defeito. Células circulatórias são induzidas nenhum traço de sua presença anterior.
a se diferenciarem e povoar o local com o
fenótipo desejável.

Paciente _
(biópsia tecidual) Suspensao celular
Células semeadas
Células expandidas
sobre o arcabouço
em cultura

---Células do implante OU
do arcabouço no paciente

FIGURA 16-5 Terapia de injeção de células. Podem envolver o uso de um arcabouço no qual as células são expandidas,
ou podem ser injetadas diretamente no local desejado sem uso de um substrato.

periodontal para regenerar tecidos periodontais permitindo a migração do ligamento periodontal


perdidos, tais como osso, ligamento periodontal e e das células ósseas, ambos de crescimento mais
fixação do tecido conjuntivo que suporta os den- lento, para as áreas protegidas.
tes. O procedimento envolve a colocação de uma
membrana sob a mucosa e acima do osso residual
(Fig. 16-6). A barreira ajuda a excluir o epitélio e o Indução Celular
tecido conjuntivo gengival, que apresentam rápido Na última década, houve um crescimento notá-
crescimento durante a fase de cura pós-cirúrgica, vel no entendimento da função das citocinas, das
16. ENGENHARIA TECJDUAL 403

nado fator de crescimento ou composto terapêutico


é inserida integralmente no genoma da célula re-
ceptora. A inserção é conseguida por uma barreira,
chamada de vetor, para entregar o gene terapêutico
às células-alvo do paciente. O vetor mais comum é
um vírus geneticamente alterado que foi modificado
para transportar DNA humano. Uma vez que os
vírus desenvolveram uma maneira de encapsular e
entregar seus genes às células humanas, eles podem
ser manipulados para inserir esses genes terapêu-
ticos nas células receptoras. Então, os vetores são
injetados em um local, juntamente com uma certa
quantidade inicial do composto terapêutico, e os
vetores então carregam seus genes para as células re-
sidentes. Após incorporar este DNA em seu genoma,
as células recém-transferidas começam a replicar o
fator de crescimento desejado endogenamente. Este
método promove produção contínua de proteína no
local, mesmo muito tempo após os fatores de cresci-
mento inicialmente injetados se difundirem de seus
tecidos-alvo ou se degradarem enzimaticamente.
FIGURA 16-6 Regeneração óssea guiada (RO G).
ROG está sendo usada para isolar o local em regeneração C élulas dentro de A r cabouços
dos tecidos de recobrimento por meio de uma barreira
de membrana reforçada com titânio (pontas de setas). O
Matr iciais
osso recém-formado pode ser aumentado pela adição de Arcabouços porosos tridimensionais podem
material de enxerto particulado. A barreira é fixada com ser usados com células para promover muitas das
segurança às margens do defeito para evitar seu desloca- vantagens dos métodos descritos acima. Esses ar-
mento durante a reparação. Note que a decorticação óssea cabouços pré-formados são geralmente feitos de
do osso subjacente permite a invasão do local por células
materiais biorreabsorvíveis e promovem a neofor-
precursoras osteogênicas a partir da corrente sanguínea e
do osso circundante. mação tecidual ao fornecer uma superfície e vo-
lume de espaços vazios que induzem a inserção,
migração, proliferação e a diferenciação desejada
proteínas de desenvolvimento e fatores de cresci- dos progenitores de tecido conjuntivo por toda a
mento em biologia molecular. Muitos desses fatores região onde o novo tecido é necessário. Tipicamente,
de crescimento estão disponíveis como proteínas o arcabouço é semeado com células progenitoras que
liofilizadas humanas recombinantes. Grandes avan- podem se fixar e proliferar in vitro. As construções
ços foram conseguidos na administração de várias celulares são frequentemente cultivadas em meio
misturas desses fatores de crescimento diretamente de nutrientes suplementados com fatores de cresci-
nos tecidos para forçá-los em uma determinada mento necessários para o desenvolvimento celular e
linhagem de diferenciação. Frequentemente, esses tecidual. Durante a fase de crescimento, uma carga
fatores de crescimento e diferenciação podem ser mecânica estática ou dinâmica pode ser aplicada
simplesmente injetados no local. Esta técnica, como à construção, para alinhar as células em resposta
regime de Engenharia Tecidual, tem como alvo os à carga. As células alinhadas tendem a produzir
progenitores locais do tecido conjuntivo já presentes uma matriz extracelular altamente organizada que
na região onde os novos tecidos são desejados e resulta em estrutura e função tecidual melhorada.
induz as células a gerarem o tecido. Algumas das Após o tempo adequado in vitro, todo o conjunto é
proteínas injetadas podem servir como mitógeno em implantado in vivo, onde o tecido precisa contínuar
recrutar células para migrarem para a área, onde ou- a se desenvolver enquanto forma uma ligação com
tros fatores de crescimento as fazem se diferenciar. o sistema vascular existente. O arcabouço é gradual-
Alternativamente, elas podem ser carreadas por um mente degradado até ser completamente substituído
substrato que as libera ao longo do tempo. por novos tecidos. Conforme o arcabouço degrada,
A terapia genética pode ser usada com métodos os tecidos em desenvolvimento são gradualmente
de indução celular. Nesta aplicação, uma sequência submetidos a frações maiores de cargas sobre o teci-
de genes que decodifica a produção de um determi- do e começam a funcionar como tecidos nativos.
404 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Portanto, o arcabouço pode apresentar função Os pacientes que recebem tecido alógeno e trans-
dupla, tanto como substrato rígido para o crescimen- plantes de órgãos são frequentemente tratados du-
to celular, bem como um veículo de entrega para a rante toda a sua vida com drogas imunossupressoras
liberação de compostos regulatórios terapêuticos in para prevenir a rejeição do tecido enxertado. Essas
vivo. A liberação de moléculas bioativas que estão drogas podem apresentar efeitos colaterais severos.
ligadas à superfície do arcabouço ou encapsuladas A fonte ideal de células para terapias de Engenharia
dentro da matriz do arcabouço pode alterar a fun- Tecidual é o paciente. O tecido de enxerto autógeno
ção das células progenitoras de tecido conjuntivo elimina o potencial de reação imunológica adversa.
(ativação, proliferação, migração, diferenciação ou Porém, tecidos de enxertos autógenos geralmente
sobrevivência) para criar tecidos novos ou melhora- necessitam de sítio cirúrgico adicional e o custo,
dos (Fig. 16-7). Existem muitas variáveis críticas no desconforto e tempo de reparação associados.
projeto e função do arcabouço. Dentre elas estão a
composição do arcabouço, sua arquitetura tridimen-
sional, química da superfície, propriedades mecâni- CÉLULAS-TRONCO
cas e o ambiente físico, químico e biológico na área
ao redor do arcabouço durante seu tempo de vida Células-tronco que não são terminalmente dife-
funcional, a qual é frequentemente determinada por renciadas e são capazes de migrar dentro do corpo
suas características de degradação. e se autorreplicar são utilizadas em terapias de
Todas as células requerem acesso a moléculas Engenharia Tecidual. Adicionalmente, elas conse-
metabólicas (oxigênio, glicose e aminoácidos) e re- guem produzir células progenitoras com múltiplos
moção de resíduos do metabolismo celular (dióxido fenótipos. Existem diferentes tipos de células-tronco
de carbono, compostos de nitrogênio e sais). Deve dentro do corpo: células pluripotentes podem se
haver também um equilíbrio entre o consumo e a tomar qualquer um dos mais de 200 tipos de células
entrega dessas moléculas para a sobrevivência das no corpo, enquanto que células multipotentes são
células. O projeto do arcabouço deve prever esses limitadas a formar somente tecidos específicos.
aspectos. Eventualmente, um rico suprimento de Até bem recentemente, a maioria dos pesquisado-
sangue desempenhará essas tarefas, mas tal sistema res de células-tronco trabalhavam somente com dois
circulatório leva tempo para amadurecer. tipos de células: células-tronco embrionárias (que são

Matriz po rosa
Polímero
1

Poro

FIGURA 16-7 Sistemas de arcabouço. Esses sistemas podem servir como substratos para administração de vários
compostos terapêuticos, além de proporcionar às células urna superfície adequada na qual crescer. Fatores múltiplos
podem até mesmo ser administrados com diferentes perfis de liberação, pela variação do método no qual eles são in-
corporados no substrato. Neste exemplo, o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) é largamente incorporado
perto da superfície do arcabouço, e está sujeito a rápida liberação in vivo. Em contraste, o fator de crescimento derivado
de plaqueta pré-encapsulada (PDGF) é mais uniformemente incorporado por todo o arcabouço e está sujeito a liberação
regulada pela degradação do polímero matriz (ModificacÚJ de Richardson T., Peters M., Emett A. e colaboradores: Nat11re
B'ÍOtech, 19, 1029, 2001).
16. ENGENHARIA TECJDUAL 405

pluripotentes) e células-tronco somáticas ou "adul- decíduos esfoliados naturalmente. Essas células


tas" (geralmente consideradas células progenitoras foram denominadas SHED (Stem cells from human
multipotentes). Além de sua origem, existem impor- exfoliated deciduaus teeth, ou células-tronco de den-
tantes diferenças entre esses tipos de células-tronco. tes decíduos humanos esfoliados). Células SHED
Por exemplo, células-tronco mesenquimais adultas parecem ter maior capacidade proliferativa do que
(ou estromais) têm mostrado serem somente capazes células-tronco adultas e também mantêm a habili-
de transdiferenciação em tecido neural, cartilagem, dade de produzir a mesma faixa de progenitura que
osso e gordura. Então, essas células "adultas" eram as células-tronco mesenquimais (Fig. 16-8).
consideradas limitadas por se desenvolverem em Ainda mais recentemente, condições de cultura
somente um dentre um número limitado de tipos e vetores virais foram encontrados nos quais um
celulares. Células mesenquimais são encontradas número limitado de células adultas diferenciadas
em pequeno número na medula óssea e também pode ser "reprogramada" para assumir um estado
são encontradas circulando na corrente sanguínea. É de célula-tronco embrionária. Esses novos tipos de
difícil isolar essas células a partir de tecidos maduros células-tronco são chamados células-tronco pluripo-
e os métodos de rotina para multiplicá-las in vitro tentes induzidas (induced pluripotent stem cells, iPSCs).
ainda não foram aperfeiçoados. Células-tronco em- Elas são capazes de gerar células que possuem todas
brionárias, por outro lado, podem ser cultivadas com as três camadas de germe e podem se diferenciar
relativa facilidade em meios de cultura. Uma vez em muitos diferentes tipos de tecidos. Uma vez que
que um grande número de células é necessário para essas células são derivadas do paciente, a rejeição
a terapia bem-sucedida de substituição com célu- imunológica é improvável Para reduzir o potencial
las-tronco, a escolha do tipo de célula é importante. de desenvolvimento de câncer a partir de vetores
Apesar de serem mais fáceis de cultivar, as cé- virais durante a reprogramação, métodos de car-
lulas-tronco embrionárias são propensas à rejeição reamento não viral estão sendo pesquisados. Esses
imunogênica. Este é um obstáculo significativo. Por tipos de células-tronco são as mais promissoras para
outro lado, as células-tronco adultas e os tecidos o sucesso futuro com terapias de células-tronco.
delas derivados têm menor chance de induzirem Pesquisas sobre a diferenciação das células-tron-
rejeição porque a origem das células é o paciente. co têm levado a significativas descobertas, mas a
Nesse caso, as próprias células do paciente pode- causa final da diferenciação não está clara. Deixados
riam ser multiplicadas na cultura, induzidas a se apenas em uma placa de cultura de células, um único
diferenciarem no tipo de célula específica e, então, tipo de células-tronco mesenquimal poderá resultar
reimplantadas. em vários tipos de tecidos. Porém, com adminis-
Recentemente, dois tipos adicionais de célu- tração no tempo adequado dos fatores de cresci-
las-tronco foram descobertos. Um tipo anterior- mento apropriados, um único tipo de célula surge
mente desconhecido foi isolado da polpa de dentes e começa a se organizar em um tecido. O destino de

{;:- Célula-tronco mesenquimal

)___
' t
Proliferação
, -----:/-;;-
.......
Osteogênese Condrogênese Miogênese
::::~:::::::-----~........ Tendogênese/
Estroma medular Ligamentogênese

Compromisso
~
t
Osteoblastos
t
Condrócito
t
Mioblastos fundidos
t
Células de estroma
t
Fibroblastos

Diferenciação
e maturação J - rr->

FIGURA 16-8 Caminhos de diferenciação das células mesenquimais. Uma célula mesenqtúmal circulante pode
tomar-se uma de qualquer dos tipos de célula mostrados aqui. O caminho pelo qual ela se diferencia é influenciado
tanto por fatores locais quanto sistémicos.
406 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

uma célula também é controlado por alterações na Seu uso como arcabouço é limitado devido aos longos
migração, proliferação, diferenciação ou sobrevivên- tempos de degradação in vivo e baixa porosidade.
cia de sua progenia. Células-tronco transplantadas Algumas dessas limitações podem ser superadas
podem até mesmo se fundir com células existentes em um futuro próximo, com recentes avanços em
em um corpo e assumir as características daquele métodos de síntese sol-gel para vidros nanoporosos
tecido. Estímulo tátil ou outros fatores que possam e nanoparticulados. Esses materiais mais novos são
regular positiva ou negativamente os genes para mais bioativos e reabsorvíveis do que materiais fa-
iniciar essas mudanças estão sendo estudados. bricados por processos de aquecimento e fusão. Em
geral, o processo sol-gel converte um liquido coloi-
dal, sol, em um gel sólido de particulas com líquidos
BIOMATERIAIS E ARCABOUÇOS presos nos poros. Os precursores iniciais são geral-
mente compostos orgânicos metálicos, ou alcóxidos
Três tipos de biomateriais têm sido estudados co- M(OR)n-nosquaisMéummetalformadorderedee
mo arcabouços e sistemas carreadores: (1) materiais Ré um grupo alquila. Esses precursores líquidos são
naturais (ou biológicos), (2) materiais cerâmicos ou misturados e hidrolisados. Isso forma grupos silanol
vítreos e (3) materiais poliméricos. Cada tipo tem que se condensam para criar uma rede interligada de
vantagens e desvantagens, de acordo com os locais ligações de siloxano, com água e álcoois como sub-
e os tecidos a serem regenerados. Todos os arcabou- produtos. O controle preciso da síntese e passos de
ços devem ser atóxicos e não imunogênicos, biode- secagem resulta em um sólido vítreo final com grau
gradáveis, esterilizáveis, capazes de resistir a cargas muito alto de mesoporosidade interligada (diâmetros
mecânicas, suficientemente porosos para permitir dos poros na faixa de 2-50 nm) e alta área superficial
migração e crescimento de células em seu interior e específica. Este vidro nanoporoso é uma matriz ex-
darem apoio a um novo sistema circulatório fractal celente para captar e adsorver citocinas e drogas, por
para promover a troca de constituintes metabólicos. exemplo. Conforme a matriz vítrea é absorvida, esses
compostos são liberados em forma ativada.
Adicionalmente, esses vidros bioativos se ligam
Materiais Biológicos quimicamente tanto com tecidos duros quanto
Materiais naturais tais como colágeno, osso liofi- moles e estimulam a neoformação óssea in vivo.
lizado (tanto alógeno quanto xenógeno) e coral tém Os vidros bioativos trocam íons com os fluidos cir-
sido usados como substratos de Engenharia Teci- cundantes segundos após sua imersão no corpo ou
dual. O colágeno tem sido testado extensivamente meio. De forma resumida, os processos na superfí-
como arcabouço para a regeneração óssea. Um dos cie do vidro são caracterizados por esta rápida troca
primeiros materiais usados para engenharia de de íons, seguida por dissolução da rede do vidro
tecido ósseo foi a matriz colágena insolúvel após e reprecipitação e crescimento de uma camada de
extração da matriz óssea com vários agentes quí- sílica gel na superfície, a qual por sua vez precipita
micos. Esta matriz colágena, com osso liofilizado, uma camada de apatita de carbonato deficiente em
formava novo osso endocondral quando usada in cálcio (apatita de carbonato de hidroxila, HCA)
vivo com fatores de crescimento. O coral, baseado sobre sua superfície. Esta camada se reorganiza e
em carbonato de cálcio, é incrivelmente similar à es- rapidamente resulta na formação de uma camada
trutura do osso alveolar. Muitos pacientes preferem de HCA cristalina na superfície do vidro. Conforme
substratos implantáveis não biológicos devido ao estas camadas estão se formando e crescendo para
alto potencial de transmissão viral, príon e doença fora da superfície, proteínas extracelulares ficam
a partir desses materiais biológicos. presas nas camadas em crescimento e causam sub-
sequentes reações celulares, incluindo inserção e
colonização, proliferação e diferenciação de células
Materiais Cerâmicos e Vítreos nas células progenitoras (Fig. 16-9).
Três décadas de pesquisa mostraram que certos A interação dos vidros bioativos com o tecido vi-
tipos de vidros, cerâmica vítrea e cerâmica pura po- vo, em particular formando fortes ligações químicas
dem se unir intimamente ao tecido ósseo vivo. A hi- com um tecido, é chamada biorreatividade ou bio-
droxiapatita (HA), o principal constituinte inorgânico atividade. Acredita-se que uma camada superficial
(cerâmico) do osso, foi um dos primeiros materiais de apatita ativa induzida biologicamente deve se
aloplásticos a serem usados como arcabouço para o formar na interface entre o material e o osso para
aumento ósseo. Materiais cerãnúcos e vitrocerâmicos criar uma ligação do material com o osso. Além
são geralmente biocompativeis e atuam adequada- disso, as espécies iônicas liberadas a partir de vi-
mente quando cargas biomecânicas são aplicadas. dros reativos estimulam pelo menos sete famílias
16. ENGENHARIA TECJDUAL 407

As células, neste caso


os osteoblastos. migram
em direção à área para
modelar o "esqueleto".

Enquanto os íons
deixam uma grade de

/
'J f
silicato, os íons de
Ca e P começam
a modelar no •esqueleto".
·~

1•


o Semanas
Tempo

FIGURA 16-9 As reações in vivo que ocorrem quando um vidro bioativo é implantado. Ca, Cálcio (verde); P, fósforo
(roxo).

de genes encontrados em células mesenquimais e modelados em uma malha ou outra forma desejada
osteoblastos. ou podem simplesmente ser extruidos para formar
fibras, as quais são usadas para preencher livremente
um molde anatomicamente projetado. O mesmo
Materiais Poliméricos material do qual o arcabouço foi projetado pode ser
Os polímeros são notadamente os materiais mais usado para encapsular os fatores de crescimento
comumente usados para arcabouços de Engenharia de modo a proporcionar um tempo de liberação da
Tecidual. Ácido polilático e ácido poliglicólico (e proteína conforme a cápsula se degrada. Polímeros
seus copolímeros), bem como a policaprolactona, liberam produtos ácidos e tóxicos ao se degradarem;
são exemplos comuns. Esses polímeros são metabo- isso cria inflamação em tomo do local implantado. Seu
lizados in vivo, e seus produtos de degradação ácidos tempo de sobrevivência no corpo é difícil de controlar
são removidos do corpo. Eles podem facilmente ser e eles se tomam rígidos conforme se degradam.
408 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

MÉTODOS DE CULTURA
CELULAR
As células podem ser cultivadas como uma mo-
nocamada (ou folha) em uma placa de crescimento
de poliestireno tratada para otimizar a inserção e a
proliferação celular. Cultivar células em arcabouços
tridimensionais para posterior implantação é mais
difícil. Arcabouços com espessura superior a 1 mm
frequentemente produzem uma camada externa de
células viáveis e nova matriz extracelular que envol-
vem um núcleo necrótico. Algum tipo de sistema de
biorreator de perfusão (Fig. 16-10) deve ser usado
para reproduzir o ambiente in vivo de transporte FIGURA 16-1 O Imagem do biorreator da National
de massa. Alternativamente, os tecidos podem ser Aeronautics and Space Administration -NASA (Cortesia
fabricados em região bem vascularizada, in vivo. de NASA/folmson Space Center, Hoi1ston, TX).
Isso permite um sistema circulatório se desenvolver
juntamente com as células.
Condições ideais de cultura para arcabouços TECIDOS DENTÁRIOS
de Engenharia Tecidual requerem alta eficiência ORIGINADOS DA ENGENHARIA
de semeadura para minimizar o tempo de cresci- TECIDUAL
mento e distribuição homogênea das células no
arcabouço, de modo a garantir um tecido uniforme Uma grande quantidade de pesquisas tem sido
e organizado. Cargas mecânicas podem melhorar a realizada para desenvolver métodos de regenerar a
organização se estas forem aplicadas às células em estrutura do dente e seus tecidos de suporte. O FDA
desenvolvimento conforme as células começam já aprovou dois produtos de pele viva obtida por
a serem envolvidas em sua matriz extracelular. Engenharia Tecidual e que estão comercialmente
Cargas fisiológicas são continuamente aplicadas a disponíveis. É provável que osso e cartilagem ob-
tecidos naturais durante seu desenvolvimento e uso; tidos por Engenharia Tecidual estejam disponíveis
assim, algumas cargas aplicadas in vivo começam a em pouco tempo.
preparar as células em uma matriz mais organizada Duas abordagens estão sendo usadas para fa-
e mais forte, o que por sua vez contribuem para bricar ligamento periodontal (LP). A primeira colhe
uma melhor função tecidual. células do LP existentes do paciente. As células são
cultivadas e expandidas in vitro (Fig. 16-11). Elas são,

T Célula do
ligamento pe riodontal
\"""~
Transplante Ligamento
periodontal
- - ) da placa celular

Placa sensível
---
à temperatura
l
Lençol de células do
ligamento periodontal

FIGURA 16-11 Um método de engenharia de ligamento periodontal em desenvolvimento. Células periodontais


são extraídas do dente de um paciente e cultivadas in vitro em placas de cultura sensíveis à temperatura. Ao baixar a
temperatura nessas culturas, a camada confluente de células se descola espontaneamente da placa como uma camada
de células com junções celulares intactas. Essas placas são, então, implantadas com vários tratamentos na tentativa de
regeneração dos tecidos periodontais (Modificado de Yamato M., Okano T.: 1\Aater. Hoje. 7, 42, 2004).
16. ENGENHARIA TECJDUAL 409

então, cultivadas como monocamada sem qualquer A segunda abordagem é um método de célula
substrato. Uma vez que a camada é contínua, com e arcabouço no qual as células são novamente co-
junções intercelulares firmes, o lençol de células lhidas do LP do paciente. As células são semeadas
é liberado da placa de cultura e colocado in situ em uma matriz polimérica tridimensional. Esta é
sobre a superfície do dente para reparar o defeito cultivada in vitro e implantada novamente no de-
periodontal. feito periodontal do paciente (Fig. 16-12).

Células semeadas no arcabouço ou matriz

B
A
Nova matriz produzida por células no arcabouço Defeito periodontal
(matriz de engenharia)

Bolsa

Perda da
inserção

e D
Defeito periodontal preenchido com matriz Defeito regenerado
obtida a partir de engenharia

Vedação
epitelial ---e----- Nova
inserção
epitefial
Novo
cemento
~_:-_-_.....-.1.-T~~----Novo LP
.,. ~ Novo osso
• • alveolar
E F
FIGURA 16-12 Abordagem mais prática para regeneração do tecido periodontal sendo desenvolvida. A, O arcabouço
de suporte é desenvolvido e moldado para a geometria desejada. B, Neste método, as células são novamente colhidas
do ligamento periodontal do paciente (LP) e semeadas num arcabouço, onde elas são expandidas itr vitro. C, As células
crescem por um tempo que permita a síntese de uma matriz apropriada para implantação. D, Um defeito periodontal é
apresentado. E, A matriz obtida a partir da Engenharia Tecidual é implantada no local do defeito, levando a uma resposta
regenerativa. F, Neste método, espera-se que o defeito periodontal totalmente regenerado seja idêntico aos outros locais na
boca do paciente (Modificado de Bartold PM., McCiúloch CA., Narayanan AS. e co/abrrradnres: Periodontologia. 24, 253, 2000).
410 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES

Outro tecido oral alvo de diversas pesquisas é a de um germe dental. Esta construção de células
glândula salivar obtida por Engenharia Tecidual. A semeadas foi implantada no peritônio de um rato
técnica usa células da parótida humana cultivadas para fornecer a transferência de fluidos e nutrientes
in vitro para desenvolver um tecido funcional, se- durante seu crescimento e desenvolvimento. Uma
cretor de fluido e possível de ser implantado na mistura de tipos de células da raiz do dente migrou
cavidade bucal. para a região apropriada durante o crescimento e se
Finalmente, vários grupos de pesquisa anuncia- diferenciou para formar tecido da polpa, dentina e
ram em 2004 que haviam tido sucesso em cultivar esmalte nas relações anatômicas e proporções cor-
dentes primitivos usando métodos de Engenharia retas. Embora esses experimentos iniciais tenham
Tecidual. Eles criaram um arcabouço poroso na apenas produzido dentes com cerca de dois milíme-
forma de dente usando polímero biorreabsorví- tros de largura, eles mostraram que o conceito irá
vel e o semearam com células individuais tiradas funcionar para criar dentes inteiros.

PROBLEMAS SELECIONADOS

PROBLEMA 1 Solução
Um paciente completamente edêntulo deseja Os materiais são classificados como materiais bioló-
receber implantes dentários, mas não possui altura e gicos, materiais cerâmicos e vítreos e materiais poliméri-
largura óssea suficientes para sustentar os implantes. cos. Os materiais biológicos apresentam duas vantagens
Quais são os tipos de material de enxerto disponíveis distintas sobre os materiais sintéticos: (1) eles apresen-
atualmente para aumentar o volume ósseo? Discuta os tam geometria já evoluída para permitir a circulação dos
méritos e limitações de cada um para este paciente. nutrientes de todas as células com sua estrutura; e (2)
eles contêm células e proteínas nativas, as quais podem
Solução ser benéficas para a regeneração tecidual. Esta última
Atualmente, pode-se usar enxerto autógeno, en- vantagem também é uma deficiência. Considerando a
xerto alógeno, enxerto xenógeno ou aloplástico. O possibilidade de que esses arcabouços possam transmitir
enxerto autógeno é a fonte preferida, porque geral- um vírus indesejável ou mortal ao local implantado, um
mente grande número de células está presente e não substrato derivado de fonte não biológica é desejável.
há risco de rejeição imunológica. Porém, o suprimento Os materiais de cerâmica e vidro podem ser bioativos
limitado de osso, especialmente em um paciente des- e formar ligações químicas diretamente com os tecidos
dentado, somado aos custos adicionais e aos riscos e vivos. Eles também fornecem moderadas vantagens
desconfortos de um segundo sítio cirúrgico limitam mecânicas sobre as outras duas classes de arcabouços
a atratividade desta fonte. O enxerto alógeno tem as em situações onde estiver sujeito à carga compressiva.
vantagens de apresentar morfologia de osso normal Porém, eles geralmente apresentam porosidade limita-
e geralmente apresentar bom resultado cirúrgico. Po- da e não são facilmente degradados e reabsorvidos in
rém, o risco de transmissão de doença ou virai tem mvo. A classe final são os polímeros. Esses materiais são
tomado esta opção inaceitável para muitos pacientes. relativamente fáceis de fabricar em uma forma desejada,
O enxerto xenógeno tem vantagens similares ao alóge- podem ser projetados para degradar com algum grau
no, porém, com a possibilidade demonstrada de trans- de previsibilidade e podem servir como substrato de ad-
missão virai de espécies cruzadas, esta técnica também ministração para compostos terapêuticos encapsulados
tem sido vista com desconfiança pelos pacientes. A dentro de sua matriz. Entretanto, eles não são úteis em
opção final, o enxerto aloplástico, tem a vantagem situações onde estiverem sujeitos a cargas e geralmente
de apresentar suprimento ilimitado. Ela, porém, não causam inflamação durante sua degradação. Como tal,
fornece geometria adequada para o crescimento e nenhum tipo de material de arcabouço é adequado para
reabsorção celular. todas as aplicações.

PROBLEMA 2 PROBLEMA 3
Liste e discuta as classes de biornateriais usados O uso de células-tronco é um tópico de grande
como arcabouços em Engenharia Tecidual. controvérsia na imprensa popular. Quais estratégias
16. ENGENHARIA TECJDUAL 411

de Engenharia Tecidual fazem uso dessas células e por porque elas são capazes de migrar dentro do corpo,
que essas células, em particular, são desejadas? passam por autorreplicação e não são terminalmen-
te diferenciadas. As células-tronco não estão com-
Solução prometidas em se tomarem um determinado tipo
O método de injeção da célula e o método de de célula; portanto, elas e sua progenitura podem
rultivá-las dentro de uma matriz de arcabouço usam formar qualquer tipo de tecido que seja necessário
este tipo de célula. As células-tronco são importantes no corpo.

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APÊNDICE

Conversão de Unidades
Este apêndice apresenta várias tabelas que ajudarão o leitor na conversão de unidades.

TABELA DE PESOS E MEDIDAS

COMPRIMENTOS

1 milímetro (mm) = 0,001 metro = 0,03937 polegada


1 centímetro (cm) = 0,01 metro = 0,3937 polegada

1 metro (m) = 39,37 polegadas


1 jarda (yd) = 0,9144 metro = 36 polegadas
1 polegada (in) = 2,54 centímetros = 25,4 milímetros

1 micrômetro (µm) = 0,001 milímetro = 0,00003937 polegada

1 micrômetro (µm) = 10.000 unidades Angstrom



1 unidade Angstrom (A) = 0,1 nanômetro = 3,937 x l<T9 polegadas
1 nanômetro (nm) = 0,001 micrômetro = 10 unidades Angstrom

PESOS

1 miligrama (mg) = 0,001 grama = 0,015 grão


1 grama (g) = 0,0022 líbra = 15,432 grãos

1 grama (g) = 0,035 onça


1 quilograma (kg) = 1.000 gramas = 2,2046 libras
1 onça (oz) = 28,35 gramas
1 libra (lb) = 453,59 gramas = 16 onças
1 penn)"l'l'eight (Troy d\vt) = 1,555 grama = 24 grãos

1 grão (gr) = 0,0648 grama

415
CARREGANDO PÁGINA: Oo/o
CARREGANDO PÁGINA: Oo/o
418 AP~DICE A CONVERSÃO DE UNIDADES

TABELA COMPARATIVA QE PESOS TROY,


AVOIRDUPOIS E METRICOS

Grão Thoydwt Thoyoz Avoirdupois oz Avoirdupois lb Grama (g)

1 0,042 0,002 0,00228 0,00014 0,065


24 1 0,05 0,0548 0,0034 1,555
480 20 1 1,097 0,0686 31,10
437,S 18,23 0,91 1 0,063 28,35
7.000 291,67 14,58 16 1 453,59
15,43 0,64 0,032 0,035 0,0022 1

PREFIXOS E SÍMBOLOS PARA NÚMEROS EXPONENCIAIS

Fator Prefixo Símbolo


1018 Exa E
1015 Peta p
1012 Tera T
109 Giga G
1!1' Mega M
101 Quilo k
102 Hecto h
10 Deca da
1([1 Deci d
10-2 Centi e
1()-3 Mili m
1{/ó Micro µ

10"9 Nano n
10-12 Pico p
1()-15 Femto f
1()-18 Atto a
/

lndice

A Agentes de união Angulo de contato, problemas, 80


Abertura na restauração de compósito nano-lubrido, Anisotropia, 148
compósito 184-185 Apatita, 6, 8 Ver tanibém
espécime de microinfiltração, funções, 184 Problemas selecionados com
357f Agentes de união do silano, 184 hidroxiapatita, 22-23
Absorção, 56 Agregado de trióxido mineral Arcabouços para engenharia
Ação capilar, 80 (MTA), 131 tecidual
Acelerador do silicone de adição Água condições de cultura para,
como material de moldagem, ângulos de contato na, em 407-408, 409f
313-315 materiais dentários, 58 materiais poliméricos, 407
Ácido algínico, 305, 305f-306f IVs, 198 Arranjo CCC. Ver Arranjo cúbico
Ácido desoxirribonucleico. Ver Alcóxido, 406 de corpo centrado
Síntese de DNA Alergia ao paládio, 136 Arranjo CFC. Ver Arranjo cúbico
Ácido poliglicólico (PGA), 138 Alginato de cálcio, 306 de face centrada
Ácido poWático (PLA), 138 Alginato, propriedades de, 307t Arranjo cristalino metálico, 147
Aço, 258 Aloenxerto ósseo desmineralizado Arranjo cúbico de corpo centrado
Aço inoxidável, composição, e liofilizado (DFDBA), 400f (CCC), 147
258-259 Aloenxerto, 399, 399q, 400f Arranjo cúbico de face centrada
Aços aus teníticos, próteses Aloplástico, 399, 399q (CFC), 147
parciais e, 259 Alteração dimensional, 226t, 227-228 Au. Ver Ouro
Aços martensíticos, 258-259 molde de silicone de adição Autoenxerto, 398, 399q
Acu Vol, 107 elastomérico, 319t Automistura estática, 311
Adesão, 58-59 Alumina, 285-286
agentes de cimentação, 364 Amálgama mesio-ocluso-distal B
considerações da superfície, (MOD), 77 Berílio, 245-246
58-59 Amálgama MOD. Ver Amálgama Biocompatibilidade (de material
materiais para, 353 mesio-ocluso-distal dentário), 117, 118f, 356-358
problemas selecionados, 373 Amálgama. Ver tam.béni Amálgama agentes de cimentação, 364
princípios em, 354-363 mésio-ocluso-distal biomateriais, 117
problemas, 80 produtos de corrosão, 135 compósitos, 196
Adsorção, 56 quebras, 225f de materiais dentários, 126-138
Ag. Ver Prata resistência à corrosão, 135 ligas para fundição, 242-243
Agentes clareadores, 134 Amálgamas de alto teor de cobre, medição, normas de regulação,
Agentes de cimentação, 364 reação do mercúrio, 222-224 125-126
adesão, 364 Amálgamas de cobre em pó, 135-136 mensuração, 118-126
atividade anticariogênica, 364 Ambiente oral, 5 problemas selecionados, 138
b iocompatibilidade, 364 American Dental Association, sistema implante/tecido, 389-392
características de, 363-365 Classificação de Ligas sistemas de união, 356-358
classificação, 363-365 Protéticas, 231 t sumário, 138
estética, 365 Análise de elemento finito (FEA), testes in vitro, 118-121
propriedades de manipulação, 279 normatização de, 119
364 Análise fotoelástica, teste de testes, 119t, 124f
propriedades mecânicas, 364 resistência flexural, 91f Biofilmes, 18-22
radiopacidade, 364 Análise mecânica dinâmica controle químico, 22
selamento interfacial, 364 (DMA), 68, 68f, 100-102 formação, 18
solubilidade, 364 Análise térmica diferencial (DTA), restaurações em resina
temporários, 363 67-68, 68f composta, problemas
viscosidade, 364 Análise termomecânica (TMA), 68 selecionados, 23-25

Referências das páginas seguidas por "f" indicam figura, por "q" indicam quadro e por "t" indicam tabela.

4 19
420 ÍNDICE

Biofilmes (cont.) Células mesenquimais, vias de Cerâmicas slip cast de alumina


superfícies de restaurações e, 18 diferenciação, 405f endurecidas por zircônia, 286
titânio, 21 Células primárias, 119 CEREC AC com Bluecam, 379
Biogran, 385-386, 401f Células unitárias de estrutura Cermets, 199
Biointegração, 384-386, 385f cristalina, metais e ligas Ciclo de planejamento, integração
Biomateriais dentários, 148f de, 32f
arcabouços e, 406-407 Células-tronco, 404-405 Ciência dos materiais,
biocompatibilidade de, 117 pesquisa da diferenciação, 405 fundamentos, 35
classes gerais de, 145 tipos, 404 Ciências, várias, aplicação das, 2-3
problemas, 155 Células-tronco embrionárias, 405 Cimentação, 354
como substratos de engenharia Células-tronco pluripotentes Cimentação, materiais de, 353
tecidual, 406 induzidas (iPSCs), 405 problemas selecionados, 373
desenvolvimentos futuros em, 3 Células-tronco SHED, 405 Cimento dentário. Ver Cimentos
reação tecidual a, 117 Cemento, 6, 100-101 Cimentos. Ver também Ionômeros
Bioüss, 400f Cerâmica à base de alurnina, de vidro; Cimentos
Biorreator, 408f 283-284 resinosos; Cimentos
Biovidro, 385-386 Cerâmica à base de leucita, resinosos autoadesivos;
Bis EMA6, estrutura de, 179f 284-285 Cimentos de óxido de
Bis-GMA, 129, 134, 154, 160 estrutura de, 293f zinco-eugenol; Cimentos de
espectro no infravermelho de, Cerâmica reforçada por leucita, 284 óxido de zinco sem eugenol
102-104, 104f Cerâmicas, 153-154. Ver também. ácido-base, 365-370
estrutura de, 179f Materiais de cerâmica pura; citotoxicidade de tecidos moles,
resinas, 162 Cerâmica baseada em 134
Blocos, 3Y-TZP, 287 leucita; Materiais de condutividade térmica, 68-70
Bruxismo, 15, 54 cerâmica pura usinados constante dielétrica, 73t
classificação de, 276-277, 276t hidróxido de cálcio, 74f
e por aplicação, 277, 277f ionômero de vidro, 369
Calor de fusão, 68-80 por fase cristalina, 279f não resinosos, 131-134
materiais dentários, 69t por método de fabricação, normalizações ISO para, 363,
Calor específico (S,), 70, 70t 279f 363q
Calorimetria de varredura composição de, 291t poliacrilato de zinco, 133-134
diferencial (DSC), 102 dados comparativos, 279-281 valores para resistividade
Camada de Stern, 76 em prótese dentária, 277-278 elétrica, 72, 72t
Camada lubrida. Ver Zona de inlays, 277-278 Cimentos de óxido de zinco-
interpenetração de resina para ligas de alta temperatura, eugenol (Cimentos de OZE),
Carcinogênese, 121 fusão para, 291 t 122-123, 133-134, 365-366
Cargas pré-polimerizadas, para sistemas para cerâmicas composição, 365
requisitos para, 192t puras, gráfico propriedades, 365-366
Cargas, 179 organizacional, 283f reação de presa e estrutura, 365
tipos de, 181f propriedades de, 154 Cimentos de óxido de zinco-sem
Cáries propriedades mecânicas, eugenol, 365-366
formação de, 18 278-281 composição, 365
ionômero de vidro e, 164-166 métodos de teste, 279 propriedades, 365-366
tratamentos de propriedades térmicas, 278-281 reação de presa e estrutura, 365
remineralização, 10 reparo, 363 Cimentos de OZE. Ver Cimentos
Cáries dentárias. Ver Cáries restaurações de óxido de zinco-eugenol
Catalisador de platina, 314f biofilme e, 21 Cimentos resinosos, 370-372
Células eletromicrografias de composição, 371
ensaios in vitro com, 119 varredura, 96f para restaurações provisórias, 372
indução de, 402-403 origem da fratura em, 96, 96f propriedades, 371-372
linhagens de, 119 união de, 362 reação de presa e estrutura, 371
métodos de cultura de, 407-408 venners, 277-278 vi~ão geral, 370-371
morte de, 119 Cerâmicas bioativas, 385 Cimentos resinosos autoadesivos,
testes de função de, 120-121 Cerâmicas dentárias à base de 362-363, 372
testes de metabolismo de, 120 zircônia, 278, 279f composição, 372
Células de crescimento contínuo, Cerâmicas slip cast à base de propriedades, 372
119 espinélio, 285-286 reação de presa e estrutura, 372
ÍNDICE 421

Citotoxicidade, 134 Compósitos (cont.) Compósitos universais, 177-188


amálgama, 135-136, 136f dentina e, 193, 194f composição, 177-185
ligas de amálgama, 136f dureza Knoop, 193 visão geral e classificação,
plastificadores, 137 esmalte, 193 177-178
polímeros, 407 iniciadores e aceleradores, 185 Composto de cobre-estanho,
testes, 119, 120f, 140 núcleo de resina, 197f 221-222
Cobre (Cu), 235, 237f outros substratos, 193 Compressão, 37
Cobre e paládio, 237f para aplicações especiais, Concreto, 154
Coeficiente de absorção, 64 196-198 Condicionamento ácido. Ver
para matizes de compósitos, partículas finas/microfinas, 178f tanibém Condicionamento do
65f pigmentos, 185 esmalte; Condicionamento
Coeficiente de espalhamento, 64 propriedades clínicas, 193-196 da porcelana
Coeficiente de expansão térmica propriedades de, 190-196, 191t da dentina, 13, 13f
linear, 70-71, 70t visão geral, 190 do esmalte, 8, 9f
materiais dentários, 70t propriedades físicas, 190-193 Condicionamento da porcelana,
sílica, 71, 72f tempos de trabalho e presa, 362f
Coeficiente de penetração, 59 190 Condicionamento do esmalte. Ver
Colágeno, 406 propriedades mecânicas, 193 tanibém Sistemas
Coloides, natureza de, 54-55 reparo, 363 autocondicionantes
Colonização bacteriana oral, 18, resistência de união, a com ácido, 8, 9f
20f substratos dentários, 193 dentina, 359, 358f
Combinações binárias, diagrama resistência e módulo, 193 para selante, 163f
de fases de, 237f restauração penetração do selante, 163f
Compômeros, 205-206 biocompatibilidade, 196 Condutividade elétrica, 71-72
propriedades de, 191t cor, 192-193 Condutividade térmica
usos de, 165t FEM, 109f cimentos, 68-70
Comportamento elástico propriedades térmicas, 192 ligas de amálgama, 68
conceitos, 41-42 radiopacidade, 195 materiais dentários, 68-70, 69t
do sólido, 49f solubilidade, 192 Constante dielétrica, 72
problemas, 79 sorção de água, 192 cimentos dentários, 73t
Comportamento plástico, 41-42 taxas de desgaste, 195 para dentina, 73t
Compósito de matriz polimérica, tensões de polimerização, 108 Constantes ópticas secundárias,
176 usos de, 165t calculadas, 64
Compósito de matriz polimérica Compósitos ativados por luz, 189, Constantes ópticas, 64-66
com reforço de partículas, 193-195 Contração, 318
176 Compósitos autopolimerizáveis, mensuração, 106-109
Compósito de cura dual, 189f 189 volumétrica do silorano, 189f
Compósito de silorano de baixa reação de polimerização, 185 Contração volumétrica, 188f
contração, 184 Compósitos compactáveis, 196 Coordenadas de cromaticidade,
Compósito nanotubrido, 184 Compósitos de baixa viscosidade, 60-61, 61f
agentes de união, 184-185 196 Copolímero, 149, 151f, 152f
fase interfacial, 184-185 como selantes, 164f Cor, 118. Ver tanibém sistema de
Compósito resinoso, 113, 129, 154, Compósitos de laboratório, 196 cor Munsell
176 Compósitos de metacrilato, 185 determinação visual de, 70
biofilmes em, problemas polimerização de, 185-188 estabilidade, restaurações
selecionados, 23-25 Compósitos de nanopartículas, compostas, 192-193
contração e tensão, 106-109 181-184, 183f instrumentos de mensuração,
curvas de reflectância espectral, Compósitos de silorano, 60-61
60f polimerização de, 188, 189f ligas de metais nobres, 244t
requisitos clínicos para, 194t Compósitos híbridos, 179, 183f materiais dentários, 59-60
tipos de restaurações, 177t Compósitos indiretos, união de, mensuração de, 60-62
tipos de, características de, 177t 362 restauração em comixísito, 126-193
Compósitos, 154, 175 Compósitos Microfill, 183f, 196 Coral, 406
acondicionamento de, 189, 189f Compósitos micro-tubridos, 179 Coroa metalocerâmica, seção
classificação de, 179 Compósitos para construção de transversal, 289f
como selantes, 163-164 núcleo, 196-198 Coroas, 277-278, 277f
cores, 195 Compósitos provisórios, 198 metalocerâmica, 277, 289f
422 ÍNDICE

Coroas de cerâmica pura, 277-278, Dente (cünt.) DSC. Ver Calorimetria de


277f polpa, 74f, 127 varredura diferencial
Coroas de cerâmica pura, reações, 126-134 DTA. Ver Análise térmica
microestrutura de, 286f superfície, colonização diferencial
Corrosão, 229, 251 bacteriana oral, 20f Ductilidade (do material
problemas, 81 tecidos calcificados no, 6, 6f dentário), 44-45
resistência, 34 Dentina, 6, 6f, 10-18. Ver tambéni Dureza
Corrosão eletroquímica, 75 Dentina transparente ligas de metais básicos, 251
Cp. Ver Calor específico agentes de união, 128-129, 130f ligas para fundição, 242
CPP-ACP (Fosfopeptídeo de apatitas, 10 moldes de silicone de adição
caseína-fosfato de cálcio compósitos e, 193 elastomérico, 320
amorfo), 169 condicionamento ácido, 13, 13f Dureza Knoop, compósitos, 193
Creep (Jt), 50-51, 320-321, 320f constante dielétrica, 73t Durômetro, 99
Cristais de modelo de gesso, 327f corte, 128f
Cristais, prismas do esmalte, 7f desmineralização, 12, 12f E
Cromo, 247 efeito da barreira de dentina, E'. Ver Módulo elástico dinâmico
Cu. Ver Cobre 122-123 Eo. Ver Módulo dinâmico
Curva de carga-deflexão, fio esclerótica, 15 EDTA, 133-134
ortodôntico Ni-Ti, 46f esmalte condicionado e, 359, 358f Efeito da memória de forma, 260
Curva de fadiga flexural, liga, formação, 133, 132f Elastômeros
93-95, 94f imagem em M.Ev, lOf valores de módulo dinâmico, 52t
Curva de recuperação da propriedades de, 14-17, 17t valores de resiliência dinâmica,
deformação, 50-51, 50f propriedades físicas e 52t
Curvas de compósito resinoso, mecânicas, 15-17 Elementos de liga
60-61, 60f remineralização, 131 função de, 247
Curvas de creep, amálgamas, 50, 50f superfície de fratura em, llf resistência química e, 259
Curvas de deflexão e flexão em túbulos, problemas Elementos, em ligas para
momento angular, 91f, 261f selecionados, 23 fundição, 233t
fios de liga, 261f união, 127-129, 359-361, 360f Eletroforese, 76
Curvas de reflectância espectral, 60f Dentina intratubular, 10 Elongação, 4 lf, 43
Curvas de rotação de momento Dentina radicular, 17 ligas de metais básicos, 251
angular torsional, 94f Dentina transparente, 15, 16f ligas para fundição, 242
Curvas de tendência à lesões cariosas e, 6, 14f Endurecimento instantâneo (do
deformação (Jt), 51f Desgaste (de materiais dentários), poliéter), 318f
Curvas de tensão-deformação, 54, 54f, 100-101 Endurecimento por solução
39-48 problemas, 79 ordenada, 238-240
mapeando, 41f taxas, 195 Energia de rasgamento (R), 96
propriedades do material e, Desinfecção materiais dentários
47-48, 47f moldes de alginato, 309-311 selecionados, 97t
resiliência, 45f moldes de elastômero, 321-297 valores para, 92f, 96
resistência à fratura, 45f Deslocamentos, 148, 150f Engenharia tecidual, 397
Detergentes, tensão de superfície estratégias, 401-404, 402q
D e, 56, 57f problemas selecionados, 410
Deflexão em equação de flexão, 78 DFDBA. Ver Aloenxerto ósseo Ensaio clínico, 121-122
Deformação, 38f, 226-227, 226t desmineralizado e liofilizado Ensaio de mutagênese, 121
tensão e, 37-39 Diagrama de união Enxertia, fontes teciduais para, 399q
tipos, 46f metalocerâmica, 243f Enxertos ósseos aloplásticos, 399
Deformação elástica, 42 Difusão (através de membranas), 56 Esmalte, 6-8, 6f
Deformação plástica, 41f Difusividade térmica, 70, 70t adesão selante ao, 160
Densidade tubular, 10 Dilatômero de mercúrio, 106 apatitas, conteúdos de
comparação de, 10, 12t Dispersalloy, 218 carbonato, 10
Dente. Ver tambén1 Irritação Dispositivos de processamento, 379 compósitos e, 193
pulpar DMA. Ver Análise mecânica condicionamento ácido, 8, 9f
câmara pulpar, 6f dinâmica mapeamento da
estrutura, valores DMLS. Ver Sinterização a laser nanoindentação, 9f
de resistividade direta de metal microestrutura, 7f
elétrica, 72, 72t Dor, amálgamas e, 130 problemas selecionados, 22
ÍNDICE 423

Esmalte (cont.) Estudo em animais, irritação Força, 36-37


prismas, 6, 7f pulpar e, 127 duração de, 387
propriedades de, 14-17, 17t Expansão de presa higroscópica, magnitude de, 387, 387f
rachaduras em, 19f 339-340 tipo de, 388
superfície de, para preparação Expansão de presa normal, 339-340 Força axial, 37
de selante, 162, 163, 163f Força de cisalhamento, 37
união,359 F Força de mordida, posição da
variações estruturais, 8 Fabricação, flexão permanente, 92 arcada e, 387f
Espaço de cor CIE Lab, 61f, 62 Fadiga, 251 Força eletromotriz, 72-74
Espatulação,309,335,340 Fator de configuração cavitária Força friccional, 53, 53f
tempo de presa e, 331-332, 332t (fator-C), 108-109, 108f Força-deformação, características,
Especificação ANSI/ ADA, 126, Fator-C. Ver Fator de configuração 39f
219, 230, 308-309 cavitária Forças da mastigação, 76
ligas para fundição dentária, FEA. Ver Análise de elemento Forças oclusais, 36
propriedades mecânicas finito com aparelhos protéticos, 36
de, 231t Feldspato, 292 Fórmula da hidroxiapatita, 8, 386
molde de silicone de adição FEM. Ver Método de elemento Formulações de fosfato de cálcio,
elastomérico, 318-321, 319t finito 169, 169f, 386
para liga de amálgama, 225 Fenda de contração, 358f Forno de porcelana, 284f
produtos de gesso, 330 Fio beta-titânio, propriedades, 261 Forradores cavitários, 131-134,
próteses parciais removíveis, Fio de aço inoxidável, 168-169
247 propriedades, 261 condutividade térmica, 68
revestimento para soldagem, Fio ortodôntico de Ni-Ti, curva hidróxido de cálcio, 131, 168-169
344 carga-deflexão,46f ionômero de vidro modificado
revestimentos para fundição Fios de liga por resina, 168
dentária aglutinados por curvas de deflexão e flexão em Forradores cavitários de ionômero
fosfato, 342 momento angular, 261f de vidro modificado por
Especificações ADSI/ ADA, momento torsional fixo abaixo resina, 168
revestimentos aglutinados do limite proporcional, 261f Forradores resilientes para
por sulfato de cálcio, 337 Fios ortodônticos, propriedades prótese total, respostas ao
Espécime de microinfiltração, de, 260t tecido mole, 137
abertura na restauração de Fissura, incompletamente Fosfato de zinco, 133
compósito, 357f preenchida, 163f Fosfopeptídeo de caseína-fosfato
Espectroscopia FI'IR. Ver Flexão, fios ortodônticos de, 260t de cálcio amorfo. Ver
Espectroscopia no Flexão permanente, durante CPP-ACP
infravermelho por fabricação, 92 Fotosensibilizador, 185
transformada de Fourier Flexibilidade, 308 Fractografia, 95-96
Espectroscopia no infravermelho Fluido dilatante, 49, 49f materiais frágeis, 95f
por transformada de Fourier Fluido, molde de silicone de Fratura marginal, 218
(FTIR), 102-104 adição elastomérico, 320 Fricção, 53
Espessura do filme, agentes de Fluido ne\vtoniano, 51 Fricção cinética, 53
cimentação, 364 viscosidade, 49, 49f
Estabilidade dimensional, Fluido pseudoplástico, 49, 49f G
alginato, 309 Fluidos, 49f. Ver tambéln Ga. Ver Gálio
Estado coloidal, 54-56 VIScosidade Gálio (Ga), 236
problemas, 80 classificação de, 49 Galvanismo, 74
Estanho (Sn), 236 comportamento de, 48-49 Géis condicionantes, 355, 359
Estética, 33-34 pseudoplástico, 49f Gel de ácido fosfórico,
agentes de cimentação, 365 taxa de cisalhamento, 49f condicionamento (do
Estreptococos, 18, 20f Fluorescência, restauração esmalte), 8, 9f
Estrutura atômica, metais, 147, 147f dentária, 62-63 Geometria, implante endosteal,
Estrutura cristalina metálica, 155 Fluoreto, 3. Ver tambéni Selantes 386-387
Estrutura espacial, 153 liberação, 167f, 370 Gesso
Estruturas cristalinas, 147f na placa, 168f compatibilidade, alginato, 309f
Estruturas de gel, 55 reliberação/recaptação, 167f materiais
Estruturas forjadas, processo, vernizes, 169 dureza de superfície, 333-334
257f Folha de ouro condensada, 234t resistência à abrasão, 333-334
424 ÍNDICE

Gesso (cünt.) Homopolírneros, 152f Impressão de alginato (cont.)


modelos, 304 Hydrocal, 326 gesso pedra, 310f
pH,330 produtos, 304, 304f
produtos, 325, 330 1 propriedades, 307-311
água requerida/em excesso Imagem em MEV Ver Imagem em recuperação elástica, 308
do, 328t microscopia eletrônica de resistênáa, 308-309
contração volumétrica, varredura tempo de presa, 307-308
308-309 Imagem em microscopia tempo de trabalho, 307
efeito da espatulação, 309 eletrônica de varredura Impressão de silicone de adição
efeitos da temperatura, 309 (imagem em MEV), 96f, 356 elastomérico, 312f
expansão de presa, 334 dentina, 10f alteração dimensional, 3191
manipulação,334-335,335f Imaginologia digital hidrofilização, 321, 322f
mecanismo de e processamento, 377 molhabilidade de, 321, 321t
endurecimento, 328-329 problemas selecionados, 381 propriedades mecânicas,
mensuração do tempo de Implante dentário. Ver Implante 318-321, 319t
presa, 330-331 Implante Endoósseo, 384, 384f aplicações clínicas e, 323
natureza físico-química, Implante Endosteal recuperação elástica, 318, 319t
326-330 comprimento do, 389 reprodução de detalhe, 319t, 321
propriedades de, 330-334 diâmetro do, 389 tendênáa à deformação,
variáveis de manipulação, duração da força, 387 320-321, 320f
336t fatores afetando, 386-389 tensão na compressão, 3191
reação química, 311-312 Implantes, 383. Ver tarnbh11 tensão, 318
reprodução de detalhe, 334 Implante endoósseo; Impressões digitai~, 378-379
requisitos de propriedade, 330t Implante endosteal Impressões elastoméricas
revestimentos para fundição, desafios e perspectivas, 392 desinfecção de, 321-322
335-337 em forma de parafuso, 389 materiais, 311-323
tempo de presa, 330-332 falhas, 392 consistências, 311
Gesso dentário. Ver produtos de ligas, reações a, 137-138 propriedades de presa, 315
gesso materiais sistemas de mistura, 311
Gesso Paris, 325 cerâmica, reação à, 137 técnicas de moldagem,
Gesso pedra de alta resistência processamento, 392 312-313
fabricação de, 326-328 reação óssea, 137-138 viscosidade, 315, 317f
propriedades químicas e teádos moles, 137-138 sistemas de impressão digital
físicas, 324-325 materiais cerâmicos, tecido comparados a, 381t
propriedades, 332t ósseo e, 406-407 Índice de especificações e normas
relação água/pó, 312 metálico, 392 federais, 113
resistênáa à compressão de, 333t reações ao, 137-138 Índice de refração, 63, 64t
viscosidade, 332-333, 332t no osso, 122 Índio (ln), 236
Glândula salivar gerada por planejamento Integrinas celulares, 391
engenharia tecidual, 410 biointegração, 384-386 Interseção, 6
classificação, 384, 384t Intervalo de fusão, ligas para
H osseointegração, 384-386 fundição,240-241
HA. Ver Hidroxiapatita problemas selecionados, 393 Íon fluoreto, 8
Habilidade de registro de detalhe, superfíáe, 390 Ionômero de vidro modificado
322f alterações, 390-391 por resina (lonômeros
Hibridização, 359 padronizações, 390f tuôridos; IVMR), 166-168,
Hidrocoloides de alginato, revestimentos, 391-392 176, 369-370
304-311 titânio usinado para, 255 comercializado, componente
Hidrocoloides irreversíveis, 304 titânio, 21 polirnérico, 200f
Hidrofilização, 322f Implantes orofaciais, 383 como forrador cavitário, 168
molde de silicone de adição problemas selecionados, 393 composição e reação, 166, 199-200
elastomérico, 321, 322f Impressão de alginato, 303f composição, 369
Hidroxiapatita (H.A), 406 alteração dimensional, 310f manipulação, 167-168
Hidróxido de cálcio compatibilidade com o gesso, 309 materiais, 168f
bases, 168-169 desinfecção, 309-311 propriedades, 166-167, 191t, 370
forradores cavitários, 131, estabilidade dimensional, 309 reação de presa e estrutura,
168-169 flexibilidade, 308 369-370
ÍNDICE 425

Ionômero de vidro modificado (amt.) L Ligas (COll t.)


reação de presa, 20lf Lactobaálos, 18 séries galvânicas de, 74t
restaurações, 166f Lama dentinária (camada de titânio, 246, 253-254
Ionômero de vidro resinoso esfregaço, smear layer) Ligas de alta temperatura, 291t
(lon ômeros lubridos) formação d e, llf Ligas de alto ponto de fusão,
propriedades d e, 165t remoção, 128 fundição, revestimentos
funções d e, 165t LCNCs. Ver Lesões cervicais não para, 340-344
Ionômeros d e vidro (IVs), 131, cariosas Ligas de alto teor de cobre,
176-177, 198-205 Lei de Hooke, 43 218-219, 219f, 222-224
acondicionamento de, 202-203, Lesões carioS<'lS, dentina composição, 220t
203f transparente, 6, 14f Ligas de amálgama, 75, 129-130,
aplicações clínicas, 204 Lesões cervicais não cariosas 135, 218-230
biomateriais, biofilmes, 22 (LCNCs), 15 átotoxicidade, 135-136, 136f
cáries e, 164-166 Lesões orais, locais com composição e morfologia,
cinientos,366-369 amálgama, 135 219-220
composição, 366-367 Liberação de íon, materiais de condutividade térmica, 68
liberação de fluoreto, 167f implante e, 389-390 curvas de creep, 50, 50f
propriedades, 367-369 Liga de 1i-6Al-4V tratada com curvas de polarização anódica,
reação de presa e estrutura, 367 hidrogênio, microestrutura em saliva sintética, 75f
reliberação / recaptação de de, 256f fases
fluoreto de, 167f Liga forjada em beta-titânio, 260-261 propriedades físicas e
testes de erosão, 369 composição e microestrutura, m ecânicas, 225-229
composição e reação, 164 260-261 resistência nas, 225
funções dos, 165t Liga fotjada em níquel-titânio, 260 histórico, 218-219
propriedades de, 164-166 Liga ortodôntica de níquel-titânio, lesões orais, 135
classificação de, 165t propriedades e manipulação, núcroestrutura de, 224-225, 224f
Ionômeros de vidro convenáonais 260 produção, 221
(IVs), 176 Liga unicornposicional, 219-220 quebra em, 225f
componentes e reação de presa, reação do mercúrio, 224 união de, 230, 362
198-199, 199f Ligações C-C, 153 Ligas de Au-Pd -Ag. Ver Ligas de
propriedades d e, 191t Ligamento periodontal (LP) ouro-prata-paládio
Ionômeros lubridos. Ver engenharia, 408f Ligas de Au -Pd. Ver Ligas de
Ionôrneros de vidro fabricação, 410 ouro-paládio
resinosos. Ionômeros Ligantes de sulfato de cáláo, efeitos Ligas de Au-Pt-Pd. Ver Ligas de
de vidro modificados por da temperatura em, 339 ouro-platina-paládio
resina Ligas, 146Ver também Ligas Ligas de baixo teor de cobre,
iPSCs. Ver Células-tronco específicas 218-219, 219f, 222
pluripotentes induzidas alongamento, 43 composição, 220t
Ir. Ver Itídio células unitárias do sistema Ligas de fase múltipla, 239f
Irídio (lr), 235 cristalino, 148f Ligas de fase única, 239f
Irritação pulpar composição, temperatura e, Ligas de metais básicos, 235-236,
estudo em animais, 127 236-238 245-261
testes, 122 curva de fadiga flexural, 93-95, alongamento, 251
ISO 10993, 126 94f dureza, 251
IVMRs. Ver lonômero de vidro deflexão na equação da flexão, 78 módul o e elasticidade, 251
modificado por resina elementos metálicos usados, para próteses fixas, 252
IVs. Ver Ionômeros de vidro 232-245 propriedades físicas, 250
convencionais. Ionômeros em saliva artificial, séries requisitos, 246-247
de vidro galvânicas de, 74t resistência à tração, 251
fundição em níquel-cromo, temperatura de fusão, 250
tratamento térmico, 247
J 247-253
Ligas de metais nobres, 243-245
JDE. Ver Junção dentina-esmalte memória de forma, 260
Jt. Ver Curvas de tendênáa à m.icroestru tura, 249 faixas de composição e cor, 244t
deformação Pd-Ag, 245 propriedades e temperaturas
Junção dentina-esmalte (JDE), 6, Pd-Cu, 245 de fundição, 244t
10, 18, 19f resistência à fratura, 42-43 restaurações metalocerâmicas,
problemas selecionados, 23 resistência máxima, 4lf, 42 243-245
426 ÍNDICE

Ligas de níquel-cromo, 252 LP. Ver Ligamento periodontal Materiais de moldagem, 324-325
próteses parciais removíveis, Luvas de látex, impressões em comparado a materiais de
247-253 silicone de adição e, 315 moldagem, 325
Ligas de ouro, 75 Luz composição, 305-306
propriedades físicas e interações com sólido, 64f flexíveis, 302
mecânicas, 234t reflectividade, 64-66 modelos em gesso pedra,
Ligas de ouro-paládio (Ligas molhabilidade/
Au-Pd), 245 M reprodução de detalhes
Ligas de ouro-platina-paládio Maleabilidade (de material de, 58t
(Ligas Au-Pt-Pd), 243-245, 243f dentário), 44-45 materiais de impressão em
Ligas de ouro-prata-paládio Mapeamento da nanoindentação, comparação com, 325
(Ligas Au-Pd-Ag), 245 do esmalte, 9f proporção e mistura, 306-307
Ligas de ouro, quilate e pureza, Máquina de testes universal, 39, propósito, 302-303
234, 234t 39f qualidades desejáveis, 303-304,
Ligas de prata-estanho, 221-222 Marcas de desgaste por broca, 324
Ligas em forma de aparas, 221 10-11, llf química, 305-306
Ligas fotjadas, 256-258 Materiais à base de dissilicato de tipos de, 304
composição, 257-258, 257t lítio, 285 Materiais de registro
microestrutura de, 257 Materiais biológicos. Ver elastoméricos, 323, 324t
propriedades, 258, 258t Biomateriais Materiais de registro oclusal, 323
Ligas fotjadas em aço inoxidável, Materiais de cerâmica pura em propriedades usadas, 324t
258-259 slip cnst, 285-286 Materiais de replicação,
composição, 258-259 Materiais de cerâmica pura impressão e fundição, 301
Ligas fotjadas em metal base, 246b injetados a quente, 284-285 problemas selecionados, 344
Ligas misturadas, 219-220, 221f Materiais de cerâmica pura Materiais de vidro, tecido ósseo
amálgama com alto teor de sinterizados, 283-284 vivo, 406-407
cobre, reação do mercúrio, Materiais de cerâmica pura Materiais dentários (restauração)
222-224 usinados, 286-287 água em, ângulos de contato
Ligas nobres de fundição dentária usinagem pós-sintetização, de, 58, 58t
composições, 231 t 286-287 andorinha, 76
endurecimento de, 238-239 usinagem pré-sinterização e calor de fusão, 69t
estrutura de fase de, 238 sinterização, 287 calor específico, 70t
formulação de, 239-240 Materiais de duplicação, 302-303 condutividade térmica, 68-70,
propriedades físicas e Materiais de fundição, 129-130, 69t
mecânicas, 240t 136,230-245,324-325 descoloração, 76
Ligas para fundição alongamento, 242 desgaste, 54, 54f, 100-101
Co-Cr, 253 biocompatibilidade, 242-243 ductilidade e maleabilidade,
próteses parciais removíveis, densidade, 241 44-45
247-253 dureza, 242 dureza, 52-53
ligas de cobalto-cromo, 253 elementos em, 233t função a longo prazo de, 78
materiais de replicação, 301 problemas, 77 módulo de elasticidade, 44t
ouro puro, propriedades físicas propriedades mecânicas de, propriedades elétricas, 71-76
e mecânicas, 234t especificação ANSI/ ADA, propriedades mecânicas de
resistência, 241 231t superfície, 52-54
titânio, 255-256 propriedades, 240-243 propriedades mecânicas
microestruturas de, 255-256 qualidades desejáveis, 324 dinâmicas, 51-52
união de, 361-362 tipos e composição, 230-232 propriedades ópticas, 59-66
Ligas para fundição de metais Materiais de impressão de propriedades, 76
básicos poliéter, 315, 315f resiliência, 45
aplicações, 246b, 253 composição e reações, 313-315 resistência à fratura de, 45-47,
microestrutura, 247, 249 Materiais de impressão pesados 47t
Ligas para fundição dentárias. Ver de hidrocoloide de ágar, resistência de, 45
Ligas para fundição propriedades de, 307t saliva, ângulos de contato
Limites elásticos, 40-42 Materiais de modelagem, 324-325 na, 58
Limites proporcionais, 40-42 Materiais de modelo epóxicos, 325 temperaturas de transição,
Líquidos, tensão superficial, Materiais de modelo 67-68
56-58, 57f-58f fotoativados, 324 teste de, 89
ÍNDICE 427

Materiais dentários Metais, 146Ver também Metais Módulo de Young. Ver Módulo
intermediários, 159 específicos elástico
problemas selecionados, 170 calor de fusão, 69t Módulo dinâmico (En), 51-52
Materiais dentários preventivos, células unitárias da estrutura Módulo elástico (Módulo de
159 cristalina, 148f elasticidade; módulo de
problemas selecionados, 170 estrutura atômica, 147, 147f Young), 43-44, 226
Materiais dentários restauradores, estrutura química e atômica, de materiais dentários, 44t
18-22 146-149 ligas de metais básicos, 251
ciclo do planejamento, 28-29, materiais restauradores, 217 Módulo elástico dinâmico (E'), 102
28f propriedades de corrosão, 148 Molde de gesso, viscosidade,
construção de, 33-34 propriedades físicas, 147-149 332-333
planejamento do produto, tensão de superfície de, 59t Moldeiras, 302-303, 303f, 324
evidência usada em, 29 Metais nobres, 232-235 Molécula de HEMA, 369
princípios do planejamento, 27 classes de, 232 Molhabilidade
requisitos para, 192t combinações binárias, 236-240 ângulo de contato e, 355, 355f
Materiais friáveis Metaloides, 146-147 materiais de moldagem, 58t
fractografia, 95, 95f Metamerismo, 62, 63f Molhamento, tensão de superfície
propriedades em tração de, 48 Metilmetacrilato, 151f e, 56-58
tensão de tração em, 92f Método brasileiro. Ver Teste de Momento torsional fixo abaixo do
Materiais poliméricos, arcabouços tração por compressão limite proporcional, fios de
para engenharia tecidual, diametral liga, 261f
407 Método da cisalhamento, 92-93 Monômero de silorano de baixa
Materiais reabsorvíveis, 138 Método de difusão em ágar, 120, contração, 178
Materiais resinosos, 129 120f Monômeros de metacrilato de
Materiais restauradores, 175 Método de elemento finito (FEM), baixa contração, 178
amálgama, problemas 109, 109f Monômeros, 149, 362
selecionados, 261-262 Método de injeção de células efeitos citotóxicos, 371
cerâmicos, 275 engenharia tecidual, 401-402, 402f estrutura de, 180f
especificações para, 113 terapia gênica, 404 metacrilato, 178
hipotéticos, curvas de Método de teste com barreira do Montagem do teste de contração,
tensão-deformação para, disco de dentina, 120f 107f
44f Método do disco aderido, 106-107 MTA. Ver Agregado de trióxido
metais, 217 Método superficial de Rockwell, 99 mineral
propriedades mecânicas de, Método visual, cor, 70
36-77 Métodos de biofabricação, 3 N
tecidos moles orais e, 134-137 Métodos de bioimpressão, 3 Nanoagregado, 181, 182f-183f
Materiais superelásticos, 40-41 Microinfiltração, 126-127, 140, Nanocompósito, 180-184, 183f
Materiais viscoelásticos, 49-50 227-228, 228f Nanoinfiltração, 127
Material aglutinante, Microrachaduras, 154 Nanoionômero, 202
revestimentos para fundição, Mineral (de tecidos calcificados), 8 Nanômeros, 183f
336 Mistura de cera de carnaúba, Nanopartículas, 180-184
Material refratário, 336 67-68, 67f Nanotecnologia, 3
Matriz resinosa, 178 Mistura de parafina, termogramas Necrose focal, 133
Matrizes carreadoras de células, de, 67-68, 67f Ne\vtons, 148-149
engenharia tecidual, 404, Mistura mecânica dinâmica, 311 Ni. Ver Níquel
404f Modelo, 302-303 Níquel (Ni), 236
Matrizes ósseas, 400f Modelo atômico, após
Mecanismo de presa deformação plástica, 4 lf o
produtos de gesso, 328-329 Modelo em gesso pedra, 303f Odontologia baseada em
teoria de, 328-329 Modelos em gesso pedra de alta evidências, 29-31, 29f
Medicamentos resistência, 325 evidência no paciente, 29
imunossupressores, tecido fotoeletromicrografia de integração em, 32f
enxertado e, 404 varredura, 308f plano, 31-33
Mercúrio, 229 Modelos epóxicos, 325 Odontologia restauradora,
em mistura, 225, 226t Módulo de armazenamento, 51 escopo da, 2
reação, 222-224 Módulo de elasticidade. Ver Opacidade, 63
liga decomposicional, 224 Módulo elástico Opalescência, 63, 64f
428 ÍNDICE

Organismos Streptoroccus mutans, Plastificantes, citotoxicidade, 137 Primers autocondicionantes, 355


ionômero de vidro e, 164 Platina (Pt), 234-235 Priorização, 33
Oscilação sinusoidal, 52f Pó de alginato, ingredientes e Procedimentos diretos, 33, 139
Osseointegração, 384-386 funções, 307t Procedimentos restauradores,
Osso autógeno, 399f Poli (metacrilato de metila), 151f alteração na dentina e, 13
Ouro (Au), 233-234, 237f Poliéteres, pseudoplasticidade Processo de arnalgamação,
porcentagem em peso de, 234, em, 317f 222-225
234t Polimerização Processo de fundição por cera
Ouro e platina, 237f contração e tensão, 190 perdida, efeitos da
ÓXidos de superfície, 391 inibição do ar na, 160 temperatura no, 337
ÓXidos inorgânicos, 185 quúnica de, 188f-189f Processo de planejamento,
reações, 185-188, 186f-187f conceitos de, 34
p Polimerização por adição de Produtos de com)São, do
Paládio (Pd), 235 radical-livre a monômeros amálgama, 135
Paládio e ouro, 237f de metacrilato Produtos de fio dental, 28
Partículas de estanho, diagrama correspondentes, 185 Produtos de gesso
de equilíbrio de fase, 222f Polímeros, 149-153, 175 fabricação de, 326-328
Partículas de prata, diagrama de dureza Shore A, 99t modelo de gesso
fase de equili'brio, 222f natureza básica, 149-153 material de moldagem de
Partículas esféricas, 221 composição quúnica, 149-153 alginato, 310f
Partículas nanoagregadas, 183f percentual de recuperação, 99t resistência à compressão
Partículas nanoméricas, 183f produtos tóxicos, 407 de, 333t
Pastas remineralizantes de profundidade de indentação, moldes de alginato, 310f
esmalte, 169f 99t moldes de gesso, 332-333
Pd. Ver Paládio temperatura de transição viscosidade, 332-333, 332t
Pedra dentária vítrea, 102 propriedades quúnicas e
estrutura cristalina, 327f Polimetilhidrosiloxano,315 físicas, 324-325
fabricação de, 326-328 Ponto gel, 102 resistência à compressão,
material de moldagem de Ponto Yield, 42 332-333
alginato, 310f Porcelana feldspática, viscosidade, 332-333, 332t
propriedades quúnicas e microestrutura de, 293, 293f impressão no gesso, 332t
físicas, 324-325 Porcelana, 153, 276 Programa de planejamento, 379
relação água/pó, 312 composição, 292-293 Programa ldentallcy, 243, 243f
resistência à compressão de, condicionamento, 362f Promutágenos, 121
333t, 336t fabricação, 292-293 Propriedades em flexão. Ver
Película, 18, 20f feldspática, 293f Propriedades flexurais
Penetrômetro de Vicat, 101, lOlf, sinterizada a vácuo, 289f Propriedades flexurais
318f sinterizada ao ar, 289f (Propriedades de flexão),
Percentual de elongação total, 43 Posição mandibular, força de 90-91
Percentual de recuperação, 99 mordida e, 387f Propriedades ópticas, problemas, 81
polímeros dentários, 99t Potenciais de oxidação-redução, Propriedades térmicas
PerioGlas, 401f para reações de corrosão, problemas, 81
Peso molecular, 153 água/água salgada, 73t restauração em compósito, 192
PGA. Ver Ácido poliglicólico Potencial zeta, 75-76, 76t Prótese dentária, cerâmicas em,
pH, produtos de gesso, 330 Prata (Ag), 235 277-278
Picnometria, 104 Prata e ouro, 237f Próteses, 259. Ver també1n Próteses
Pigmentação, 62 Preparos cavitários, problemas parciais fixas; Próteses
Pinos de fibra, união de, 362-363 selecionados, 23 parciais removíveis
PLA. Ver Ácido poWático Pressão (em cavidade oral), 37-39 aços austeníticos, 259
Placa, 18 análise, 109 forças oclusais com, 36
fluoreto em, 167f cálculo de, 39-40 metalocerârnicas, margem
Planejamento ajudado por distribuição, 38f, 104f labial de, 294
computador/ fabricação mensuração, 105-106, 109f parciais fixas metalocerârnicas,
ajudada por computador. Ver relaxamento, 50, 50f 290f
Tecnologia CAD-CAM tipos de, 37, 38f Próteses fixas, ligas de metais
Planejamento da estrutura dentária, Pressão osmótica, 56 básicos para, 251-253
análise de tensão e, 109 Primers, 359 Próteses parciais fixas, 277, 294
ÍNDICE 429

Próteses parciais removíveis, 250t Relação água/pó, 340 Resposta viscosa, 48-51, 49f
composição, 247-247, 248t resistência à compressão e, 333t Restaurações à base de zircônia,
elementos principais, 247 tempo de presa e, 331, 331t impressões digitais e,
especificação ANSI/ ADA, 247 Relação de contraste, 66 379-381
ligas para fundição de Relação de Poisson, 44 Restaurações cervicais,
cobalto-cromo, 247-253 Relação sílica/ligante, 340 problemas, 25
ligas para fundição de Reologia, 102 Restaurações dentárias
níquel-cromo, 247-253 Resiliência acabamento de superfície, 62
propriedades mecânicas, 250 curvas de tensão-deformação, 45f capacidade de mascaramento,
Próteses totais materiais dentários, 45 64f, 66
adesivos, respostas dos tecidos Resiliência dinâmica, 52 espessura de superfície, 62
moles a, 137 Resina de metacrilato, contração de imaginologia digital e
biofilme e, 21 polimerização de, 188, 188f processamento de, 377
materiais de base, reações Resistência à abrasão, materiais propriedades físicas de,
imunes de de gesso, 333-334 sumário de, 77-78
hipersensibilidade, 137 Resistência à compressão, 90, 226t propriedades mecânicas,
Prototipagem, 33-34 de gesso pedra, 336t problema, 78-79
Pseudoplasticidade, em ligas de amálgama, 225-226 propriedades térmicas, 66-71
poliéteres, 317f materiais dentários recolocação de, 21-22
Pseudoplástico, 79 selecionados, 90, 90t resistência ao escoamento, 42
Pt. Ver Platina produtos de gesso, 332-333 resistência de, problema, 78
Pureza,234 razão água/pó e, 333t Restaurações metalocerâmicas,
Resistência à compressão final 276, 287-289
Q (RCF), 42 cerâmicas para, 291-292
Qualidade da evidência, 29-31, 30t Resistência à deformação plástica, efeito do planejamento sobre, 294
Quilate, 234 42, 250-251 falha e reparo, 294
Resistência à fadiga, 93-95 ligas de metais nobres, 243-245
R Resistência à fratura, 42-43, 95 metais básicos, faixas de
R. Ver Energia de rasgamento curvas de tensão-deformação, 45f composição para, 252t
Rachaduras (trincas) ligas, 42-43 reparo, 363
anáJi~e, 110 materiais dentários, 45-47, 47t faixas de composição e cor,
em esmalte, 19f Resistência à tração final (RTF), 42 244t
em ligas de amálgama, 225f Resistência à tração, 226, 226t propriedades e temperaturas
formação, cisalhamento ligas de metais básicos, 251 de fundição, 244t
plástico, 150f materiais dentários Restaurações MOO de amálgama
superfície, 154 selecionados, 93t adesivo, 230
Radiopacidade Resistência ao cisalhamento, 92-93 Restaurações suportadas por
agentes de cimentação, 364 Resistência ao rasgamento, 96 implante, distribuição da
restauração em compósito, 195 materiais dentários tensão, 38f
RCF. Ver Resistência à compressão selecionados, 97t Restaurações, forças sobre, 36-37
final material de moldagem de Retardador, 306
Reação óssea, materiais de alginato, 309f Retenção, 354
implante, 137-138 molde de silicone de adição Revestimento. Ver també1n
Reação tecidual elastomérico, 320 Revestimentos agregados
a biomateriais, 117 Resistência de união interfacial, 105 por sulfato de cálcio;
materiais dentários Resistência de união sob Revestimentos para fundição
restauradores, 3 cisalhamento, cimentos idade do, 340
Reações imunes de resinosos, 372 resfriamento do, 339
hipersensibilidade, 137 Resistência diametral tensional, 92 Revestimento aglutinado por
Recristalização, 257 Resistência flexural, 91-92, 226 sílica, 342-343
Recuperação elástica, 308, 318, 319t materiais dentários Revestimento para fundição de
Refratários de dióxido de silicone, selecionados, 91 t ouro higroscópico-térmica, 340
efeitos da temperatura sobre, Resistência química, elementos de expansão térmica de, 341f
337-339 liga e, 259 presa e expansão higroscópica,
Regeneração Tecidual Guiada Resistência, 45 341f
(RTG), 402, 402f Resistividade elétrica, 71-72 Revestimento para fundição
Região elástica, 40-41 Resposta imune, 138 higroscópica, 340-344
430 ÍNDICE

Revestimento para fundição Silicone de adição como material Sistemas de planejamento


térmica, 340-344 de impressão, 312f, 315f ajudado por computador
Revestimento para soldagem, 344 acelerador, 313-315 (CAD), 253
Revestimentos aglutinados por alteração dimensional, 318 Sistemas metalocerârnicos
fosfato, 340-342 composição e reações, 313-315 requisitos, 277-278
curvas de expansão térmica, 342f tempos de trabalho e presa, Sistemas pasta-pasta, 372
especificação ANSI/ ADA, 342 317-318 Sn. Ver Estanho
Revestimentos aglutinados por viscosidade, 317f Sólidos
sulfato de cálcio, 337-340 Silorano, 178 água nos, ângulos de contato
expansão de endurecimento de, estrutura do, 180f de, 58t
339-340, 339f Sinterização a laser direta de interações com a luz, 64f
expansão térmica de, 339f metal (DMLS), 253 Solubilidade
propriedades de, 337 Síntese de DNA (Ácido agentes de cimentação, 364
Revestimentos para fundição desoxirribonucleico), 120 restauração em compósito, 192
composição, 336-337 Sistema adesivo comercial, 358 temperatura e, 329t
produtos de gesso, 335-337 Sistema de Ag-Pd. Ver Sistema de Solução sólida de endurecimento,
propriedades requeridas, 336 prata-paládio 238-240
Revestimentos para fundição de Sistema de Au-Cu. Ver Sistema de Soluções de endurecimento, 324
etil silicato, 342-343, 342f ouro-cobre Soluções de tampão de fosfato,
Revestimentos para soldagem, 344 Sistema de automistura, 311, 311f corrosão e, 229
Rh. Ver Ródio Sistema de cor Munsell, 61, 62f Soluções sólidas, 238
Ródio (Rh), 235 Sistema de ionômero de vidro Sorção de água, 76
Rótulos de selantes, 60f Tri-Cure, 200-202 restauração em compósito, 192
RI'F. Ver Resistência tênsil final reações de endurecimento, 202f Sorção, 56
RTG. Ver Regeneração Tecidual Sistema de ouro-cobre (Sistema Substâncias quúnicas,
Guiada (RTG) de Au-Cu), 238 revestimentos para fundição,
Ru. Ver Rutênio Sistema de paládio-cobre (Sistema 336
Rutênio (Ru), 235 de Pd-Cu), 238 Substratos, união a, 361-363
Sistema de Pd-Cu. Ver Sistema Sulfato de cálcio dihldratado, 329,
s paládio-cobre 329t
Saliva Sistema de prata-paládio (Sistema Sulfato de cálcio hemihldratado,
ângulos de contato da, 58 de Ag-Pd), 237f, 238 326, 329, 329t, 337
sintética, 74t, 75f Sistema implante/tecido, superfícies Superfícies de restauração rugosa,
Segunda fase, 238 e biocompatibilidade, 389-392 problemas, 25
Selamento interfacial, agentes de Sistemas adesivos, 355-361 Superfícies restauradoras,
cimentação, 364 classificação e componentes biofilmes e, 18
Selantes, 161f básicos, 355-356
aplicação, 162-163 definiçãodetermos,354f T
compósitos fluidos como, 163-164 performance clínica, 358-359 Tabela periódica de elementos,
dentro do esmalte Sistemas CAD. Ver Sistemas de 146f
condicionado, 163f planejamento ajudado por Tamanho de grão, 240
estudos clínicos, 162 computador Tatuagem macroscópica, 135-136
fissura, 160-164, 163f Sistemas coloidais Taxa de cisalhamento
fossa, 160-164 materiais restauradores e, 55 fluidos, 49f
fotopolimerizados, 160 produtos de gesso, 330 problemas, 79
ionômeros de vidro como, 163 Sistemas de arcabouço, 404f silicones de adição, 315, 317f
liberação de fluoreto, 162 Sistemas de autocondicionamento, TCi. Ver Tensão de cisalhamento
propriedades, 160-162 355, 359-361 TCo. Ver Tensão de compressão
Sensibilidade à taxa de Sistemas de dupla-mistura de Tecido enxertado, medicamentos
carregamento, 17 silicone, 312 imunossupressores e, 403
Silano, 178 Sistemas de impressão digital, Tecido ósseo, vivo, materiais de
Sílica 379t, 379f, 380t implante cerâmicos, 406-407
coeficiente de expansão térmica comparado a moldes Tecidos dentários gerados por
linear, 71, 72f elastoméricos, 381t engenharia tecidual, 408-410
concentração sol, curva de dispositivos de processamento, Tecidos moles
expansão térmica, 342f 379 citotoxicidade, 134
tamanho de partícula, 340 problemas selecionados, 381 materiais de implante, 137-138
ÍNDICE 431

Tecidos moles orais, materiais Tensão (cont.) Teste de resistência flexural,


restauradores e, 134-137 cálculo de, 37-39 análise fotoelástica, 91f
Técnica de dupla mistura, 313 deformação e, 37-39 Teste de tenacidade à fratura, 95
Técnica de lavagem, 313 em compressão, 318, 319t Teste diametral tensional, 92
Técnicas espectrométricas, fios ortodônticos, 260t Teste estático, 51
102-104 Tensão da fratura, 42-43 Teste flexural. Ver Teste de flexão
Tecnologia CAD-CAM Tensão de cisalhamento (TCi), 90f em três pontos
(planejamento ajudado por Tensão de compressão (TCo), 90f Testes de abrasão de dois corpos,
computador/ fabricação Tensão de superfície 100-101, lOOt
ajudada por computador), de metais, 59t Testes de desgaste, tradicionais,
153-154, 378 detergentes e, 57f 101
benefícios, 378 líquidos, 56-58, 57f-58f Testes de erosão, cimentos de
componentes, 378 molhamento e, 56-58 ionômero de vidro, 369
em serviço, 379f problemas, 80 Testes de extrusão, 106
fabricação de restaurações em Tensão de tração (TT), 90f, 105 Testes de implantação, 121, 130
cerâmica pura, 286f materiais frágeis, 92f Testes de microresistência de
problemas selecionados, 381 Tensilômetro, 110, lllf união, 357f
resultados clínicos, 379 Tensômetro, 110, 112f Testes de nanoindentação, 99-100
TEGDMA, estrutura de, 179f Terapia gênica, método de injeção propriedades do tecido
Temperatura de células, 403 dentário segundo, lOOt
composição de liga e, 236-238 Termoendurecimento, 153 Testes de permeabilidade de
efeitos, ligantes de sulfato de Termoplásticos, 153 membrana, 119
cálcio, 339 Terpolímeros, 149, 151f Testes de resistência de união ao
refratários de dióxido de Teste 3PB. Ver Teste de flexão em microcisalhamento, 106
silicone, 337-339 três pontos Testes de screening, 123t
restauração dentária, 66-67, 66f Teste da pirâmide de diamante. Testes de uso, 121-123, 123t, 130,
revestimentos e, 337-339 Ver Teste de indentação 135
solubilidade Vickers Testes de uso em gengiva, 122
sulfato de cálcio dihidratado, Teste de Ames, 121 Testes de uso em mucosa, 122
329t Teste de cisalhamento, 106 Testes do filtro Millipore, 120
sulfato de cálcio Teste de compressão diametral Testes em animais, 121
hemihidratado, 329t para tensão (método correlação de testes, 122-123
sulfato de cálcio dihidratado, brasileiro), 92 Testes in vitro
329, 329t Teste de deformação, 227 correlação de testes, 122-123
transições beta-quartzo, 339f Teste de dureza, 53f, 96-99 tipos de células, 119
valores de módulo dinâmico, 52t Teste de dureza Barcol, 99 Testes in vitro, testes em animais e
valores de resiliência dinâmica, Teste de dureza Brinell, 97, 98f testes de uso juntos, 123-125
52t Teste de dureza Knoop, 97-98, 98f, Testes indiretos, 120
Temperatura de banho-maria, 340 98t Ti PC. Ver Titânio puro comercial
Temperatura de transição vítrea, Teste de dureza Rockv.. ell, 98-99 Ti-6Al-4V, 254-255
102 Teste de dureza Shore A, 99 rnicroestrutura de, 255f-256f
Tempo de presa final, 101, 330 polímeros dentários, 99t Tipo Karste4t, 313-315
Tempo de presa, 76, 101 Teste de dureza Vickers, 98 Titânio puro comercial (Ti PC),
controle de, 331-332 Teste de flexão em três pontos 253-254
definição e importância, 101 (Teste 3PB; Teste flexural), densidade, 254
espatulação e, 331-332, 332t 91, 91f temperatura, 254
material de moldagem de Teste de indentação Vickers (Teste Titânio, 246t, 255-256. Ver tambéni
alginato, 307-308 da pirâmide de diamante), 98f Titânio puro comercial
mensuração, 101 Teste de irritação da membrana biofilmes e, 21
produtos de gesso, 330-332 mucosa, 121 e ligas, 253-256
relação água/pó, 331, 331t Teste MARC, 107-108, 108f liberação de íons, 390
Tempo de trabalho, 222 Teste de pressão de rnicroestruturas de, 255-256
material de impressão de polimerização, 110-111, 153 propriedades mecânicas, 254t
alginato, 307 Teste de resistência de união sob reações ao, 137
Tendência elástica, problema, 79 macrocisalhamento, 105 superfícies de implantes, 21
Tensão Teste de resistência de união sob usinado, 255
amálgama MOO, 78 macrotensão, 105-106 Tixotropia, 49
432 ÍNDICE

TMA. Ver Análise tennomecânica u Vernizes, 131-134


Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
tempos de espera para, 398q Uretano dimetacrilato (UDMA), Volume de Van der Waals, 185-188
Tratamento térmico, ligas em base estrutura de, 179f
metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
Tratamentos de remineralização, Valor de alongamento, liga de
131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359
432 ÍNDICE

TMA. Ver Análise tennomecânica u Vernizes, 131-134


Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
tempos de espera para, 398q Uretano dimetacrilato (UDMA), Volume de Van der Waals, 185-188
Tratamento térmico, ligas em base estrutura de, 179f
metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
Tratamentos de remineralização, Valor de alongamento, liga de
131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359
432 ÍNDICE

TMA. Ver Análise tennomecânica u Vernizes, 131-134


Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
tempos de espera para, 398q Uretano dimetacrilato (UDMA), Volume de Van der Waals, 185-188
Tratamento térmico, ligas em base estrutura de, 179f
metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
Tratamentos de remineralização, Valor de alongamento, liga de
131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359
432 ÍNDICE

TMA. Ver Análise tennomecânica u Vernizes, 131-134


Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
tempos de espera para, 398q Uretano dimetacrilato (UDMA), Volume de Van der Waals, 185-188
Tratamento térmico, ligas em base estrutura de, 179f
metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
Tratamentos de remineralização, Valor de alongamento, liga de
131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359
432 ÍNDICE

TMA. Ver Análise tennomecânica u Vernizes, 131-134


Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
tempos de espera para, 398q Uretano dimetacrilato (UDMA), Volume de Van der Waals, 185-188
Tratamento térmico, ligas em base estrutura de, 179f
metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
Tratamentos de remineralização, Valor de alongamento, liga de
131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359
432 ÍNDICE

TMA. Ver Análise tennomecânica u Vernizes, 131-134


Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
tempos de espera para, 398q Uretano dimetacrilato (UDMA), Volume de Van der Waals, 185-188
Tratamento térmico, ligas em base estrutura de, 179f
metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
Tratamentos de remineralização, Valor de alongamento, liga de
131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359
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Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
tempos de espera para, 398q Uretano dimetacrilato (UDMA), Volume de Van der Waals, 185-188
Tratamento térmico, ligas em base estrutura de, 179f
metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
Tratamentos de remineralização, Valor de alongamento, liga de
131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359
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Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
tempos de espera para, 398q Uretano dimetacrilato (UDMA), Volume de Van der Waals, 185-188
Tratamento térmico, ligas em base estrutura de, 179f
metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
Tratamentos de remineralização, Valor de alongamento, liga de
131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359
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Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
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Tratamento térmico, ligas em base estrutura de, 179f
metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
Tratamentos de remineralização, Valor de alongamento, liga de
131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359
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TMA. Ver Análise tennomecânica u Vernizes, 131-134


Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
tempos de espera para, 398q Uretano dimetacrilato (UDMA), Volume de Van der Waals, 185-188
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metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
Tratamentos de remineralização, Valor de alongamento, liga de
131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359
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Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
tempos de espera para, 398q Uretano dimetacrilato (UDMA), Volume de Van der Waals, 185-188
Tratamento térmico, ligas em base estrutura de, 179f
metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
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131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359
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Tomada de decisão clínica, UDMA. Ver Uretano dimetacrilato Vidro de silicato de sódio,
integração de, 32f Umidade, produtos de gesso, 330 estrutura do, 293f
Torção,37,93,94f União Vidros bioativos, 169, 385-386,
fios ortodônticos, 260t a estruturas dentárias, 369 40lf, 406, 407f
Toxicidade, 3. Ver tambéni agentes de, 129, 355-356 em tecido vivo, 406-407
Citotoxicidade biocompatibilidade, 356-358 Viscoelasticidade, 48-51
Trabalho a frio, 256-257 compósitos, 176 Viscosidade, 317f, 355
Transições beta-quartzo, falha, 267f comportamento de fluido e, 48-49
temperatura e, 339f performance, avaliação in vitro, 356 fluido Newtoniano, 49, 49f
Transluscência, 63 resistência, 104-105 impressão em gesso, 332-333,
Transparência, 63 teste de resistência, 104-105, 356f 332t
Transplantes União metalocerâmica, 290-291 materiais de molde de silicone
lista de espera para, 398q falha de, 291 de adição, 317f
realizados, 398q Unidades méricas, 149-153 Vitrocerâmica A-W, 385-386
tempos de espera para, 398q Uretano dimetacrilato (UDMA), Volume de Van der Waals, 185-188
Tratamento térmico, ligas em base estrutura de, 179f
metal, 247 X
Tratamentos de alívio de tensões, V Xenoenxerto, 399, 399q, 400f
259 Validade de produto, 76 Xenoestrogênicos, 196
Tratamentos de remineralização, Valor de alongamento, liga de
131, 168-169 fundição, problemas, 78 z
cáries e, 10 Valores de resistência ao Zinco (Zn), 219, 236
Tratamentos dentários cisalhamento, Método do Zircônia, mecanismo de
restauradores, problemas push-out, 92-93 resistência, 279f
selecionados, 23 Valores de resistividade elétrica, Zn. Ver Zinco
TT. Ver Tensão de tração estrutura do dente humano, Zona de interpenetração de resina
Tytin, 218 72, 72t (camada luôrida), 359

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