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Craig Materiais Dentarios Restauradores 13 Ed - OCR Interativo
Craig Materiais Dentarios Restauradores 13 Ed - OCR Interativo
DENTARIOS
RESTAURADORES
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•
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13ª EDIÇÃO
EDITADO POR
Copyright © 2012, 2006, 2002, 1997, 1993, 1989, 1985, 1980, 1975, 1971, 1968, 1964, 1960 by Mosby Inc., an affiliate of
Elsevier Inc.
This edition of Craig's Restorative Dental Materiais, Thirteenth Edition by Ronald L Sakaguchi, John M. Powers. is
published by arrangement with Elsevier Inc.
ISBN: 978--0-323-08108-5
Capa
Studio Creamcrackers
Editoração Eletrônica
Thomson Digital
Consulte também nosso catálogo completo, os últimos lançamentos e os serviços exclusivos no site ww·w.elsevier.com.br
Nota
Como as n<}vas pesquisas e a experiência ampliam o nosso conhecimento, pode haver necessidade de alteração dos
métodos de pesquisa, das práticas profissionais ou do tratamento médico. Tanto médicos quanto pesquisadores
devem sempre basear-se em sua própria experiência e conhecimento para avaliar e empregar quaisquer informações,
métodos, substâncias ou experimentos descritos neste texto. Ao utilizar qualquer informação ou método, devem ser
criteriosos com relação a sua própria segurança ou a segurança de outras pessoas, incluindo aquelas sobre as quais
tenham responsabilidade profissional.
Com relação a qualquer fármaco ou produto farmacêutico especificado, aconselha-se o leitor a cercar-se da mais
atual informação fornecida (i) a respeito dos procedimentos descritos, ou (ü) pelo fabricante de cada produto a ser
administrado, de modo a certificar-se sobre a dose recomendada ou a fórmula, o método e a duração da administração,
e as contraindicações. É responsabilidade do médico, com base em sua experiência pessoal e no conhecimento de seus
pacientes, determinar as posologias e o melhor tratamento para cada paciente individualmente, e adotar t<}das as
precauções de segurança apropriadas.
Para todos os efeitos legais, nem a Editora, nem autores, nem editores, nem tradutores, nem revisores ou colabo-
radores, assumem qualquer responsabilidade por qualquer efeito danoso e/ou malefício a pessoas ou propriedades
envolvendo responsabilidade, negligência etc. de produtos, ou advindos de qualquer uso ou emprego de quaisquer
métodos, produtos, instruções ou ideias contidos no material aqui publicado.
O Editor
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
G77
Graig, materiais dentários restauradores / [editado por Ronald L. Sakaguchi, John M. Powers;
tradução de Cintia Garcia Cardoso ... et ai.]. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 416p.: il.; 24cm
REVISÃO CIENTÍFICA
Roberto Ruggiero Braga
Professor Titular do Departamento de Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo (USP)
TRADUÇAO -
Caroline Cotes Marinho (Caps. 11 e 14)
Mestre e Doutoranda em Odontologia Restauradora (Prótese Dentária) pela Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos - UNESP
V
.
Vl REVISÃO CIENTIFICA E TRA DUÇÃO
Roberto R. Braga, DDS, MS, PhD Grayson W. Marshall, DDS, MPH, PhD
Professor Distinguished Professor and Chair
Department of Dental Materials Division of Biomaterials and Bioengineering
School of Dentistry Vice-Chair, Department of Preventive and
University of São Paulo Restorative Dental Sciences
São Paulo, SP, Brazil School of Dentistry
Capítulo 5 University of California San Francisco
Capítulo 13 San Francisco, California
Capítulo 2
Isabelle L. Denry, DDS, PhD
Professor Sally J. Marshall, PhD
Department of Prosthodontics and Dows Institute Vice Provost, Academic Affairs
for Dental Research Director of the Office of Faculty Development and
College of Dentistry Advancement
The University of Iowa Distinguished Professor Division of Biomaterials
lo'"'ª City, Iowa and Bioengineering
Capítulo 11 Department of Preventive and Restorative Dental
Sciences
Jack L. Ferracane, PhD School of Dentistry
Professor and Chair University of California San Francisco
Department of Restorative Dentistry San Francisco, California
Division Director, Biomaterials and Biomechanics Capítulo 2
School of Dentistry
Oregon Health & Science University John C. Mitchell, PhD
Portland, Oregon Associate Professor
Capítulo 6 Division of Biomaterials and Biomechanics
Department of Restorative Dentistry
Sharukh S. Khajotia, BDS, MS, PhD School of Dentistry
Professor and Chair Oregon Health and Science University
Department of Restorative Dentistry Portland, Oregon
College of Dentistry Capítulo 6
University of Oklahoma Health Sciences Center Capítulo 15
Oklahoma City, Oklahoma Capítulo 16
Capítulo 2
Sumita B. Mitra, PhD
David B. Mahler, PhD Partner
Professor Emeritus Mitra Chemical Consulting, LLC
Division of Biom.aterials and Biomechanics West St. Paul, Minnesota
Department of Restorative Dentistry Capítulo9
School of Dentistry Capítulo 13
Oregon Health and Science University
Portland, Oregon Kiersten L. Muenchinger, AB, MS
Capítulo 10 Program Director and Associate Professor
Product Design
School of Architecture and Allied Arts
University of Oregon
Eugene, Oregon
Capítulo 3
••
Vll
...
Vlll COLABORADORES
Carmem S. Pfeifer, DDS, PhD Ronald L. Sa.kaguchi, DDS, MS, PhD, MBA
Research Assistant Professor Associate Dean for Research and Innovation
Department of Craniofacial Biology Professor
School of Dental Medicine Division of Biomaterials and Biomechanics
University of Colorado Department of Restorative Dentistry
Aurora, Colorado School of Dentistry
Capftulo 4 Oregon Health and Science University
Capftulo 5 Portland, Oregon
Capftul.o 1
John M. Powers, PhD Capftul.o 3
Editor Capftul.o 4
The Dental Advisor Capftul.o 5
Dental Consultants, Inc. Capftul.o 7
Ann Arbor, Michigan Capftul.o 8
Professor of Oral Biornaterials Capftul.o9
Department of Restorative Dentistry and Capftul.o 1O
Biomaterials Capftul.o 14
UTHealth School of Dentistry Capftul.o 15
The University of Texas Health Science Center at
Houston
Houston, Texas
Capftulo 12
Capftulo 14
1
Nós somos profundamente gratos a John Dolan, vários outros da Elsev:ier por seu trabalho e con-
Editor-Executivo da Elsevier, por sua orientação tribuições ao livro.
no planejamento inicial e aprovação deste projeto, Por último, agradecemos aos nossos colegas em
e a Brian Loher, Editor de Desenvolvimento Sênior nossas respectivas instituições por muitos diálogos
da Elsevier, por suas muitas sugestões, apoio e informais e sugestões oferecidas e às nossas famílias,
estímulo ao longo do processo do projeto e da es- que se colocaram conosco em nossos computadores
crita do manuscrito. Jodie Bernard e sua equipe de até tarde da noite e em muitos finais de semana.
programadores visuais foram surpreendentes na Isso verdadeiramente leva uma comunidade a criar
habilidade de criar novas imagens de quatro cores uma linha de trabalho como este livro didático e nós
a partir das figuras originais em preto e branco. agradecemos a todos.
Nós agradecemos a Sara Alsup, Gerente de Projetos
Associada da Elsevier, e sua equipe de editores de
texto pela grandiosa melhora de estilo, consistência Ronald L. Sakaguchi
e legibilidade do texto. Agradecimentos também a John M. Powers
X
Prefácio
A 13ª edição deste livro didático clássico foi reescrita de Odontologia da Northwestern University. Os dou-
para incluir os desenvolvimentos mais recentes na tores Bill e Sally Marshall foram instrutores para
ciência dos biomateriais dentários e novos materiais aqueles cursos. Após muitos anos de preceptoria
para uso clúúco. Um de nossos objetivos para esta recebida dos doutores Bill Douglas e Ralph DeLong
edição foi incluir mais aplicações e exemplos clúú- e da Sra. Maria Pintado, da University of Minnesota.,
cos, com a esperança de que este livro seja mais útil Dr. Sakaguchi juntou-se à equipe de pesquisa em
para os dentistas atuantes na clínica. O livro conti- biomateriais na Escola de Odontologia de OHSU
nua a ser planejado para estudantes de graduação com os doutores David Mahler, Jack Mitchem e Jack
em Odontologia e também propicia uma excelente Ferracane. O laboratório de OHSU beneficiou-se
atualização da ciência de biomateriais dentários de contribuições de muitos professores visitantes,
e aplicações clínicas de materiais restauradores colegas de pós-doutorado e alunos de gradução,
para estudantes em programas de pós-graduação incluindo a Dra. Carmem Pfeifer, que conduziu
e residências. sua pesquisa de doutorado em nosso laboratório.
O Dr. Ronald L. Sakaguchi é o novo editor-chefe Nossos agradecimentos aos muitos mentores que
desta edição. Dr. Sakaguchi obteve bacharelado em generosamente contribuíram, direta ou indireta-
Cibernética pela University ofCalifárnia, Los Angeles mente, para esta edição do livro.
(UCLA), graduação em Odontologia pela North- Nós acolhemos os seguintes novos colaborado-
rvestern University, mestrado em Prótese Dentária res para a 13ª edição e agradecemos a todos por seus
pela University of Minnesota e doutorado em Bioma- esforços e sua experiência: Drs. Bill e Sally Marshall,
teriais e Biomecânica pela Tharnes Polytechnic (hoje da University of Califórnia, San Francisco (UCSF);
University of Greenwich, Londres). Ele é atualmente Dr. Sumi.ta Mitra, da Mitra. Chemical Consulting, LLC,
Pró-Reitor Associado de Pesquisa e Inovação e pro- e muitos anos da 3M ESPE; Dr. Jack Ferracane, da
fessor na Divisão de Biomateriais e Biomecânica OHSU; Dr. Roberto Braga, da Universidade de São
no Departamento de Odontologia Restauradora Paulo; Dr. Sharukh Khajotia, da University of Okla.-
na Oregon Health & Science University (OHSU), em hama; Dra. Carmem Pfeifer, da UniversihJ ofColora.do;
Portland, Oregon. e Professor Kiersten Muenchinger, da University of
O Dr. John M. Powers é o novo coeditor desta Oregon. Nós também agradecemos aos seguintes
edição. Ele atuou como editor-chefe da 12ª edição e autores, citados por suas valorosas contribuições e
contribuiu com oito edições anteriores. Dr. Powers refinamentos de conteúdo na 13ª edição: Dr. David
obteve bacharelado em Química e doutorado em Mahler, da OHSU; Dr. John Mitchell, da OHSU; e
Engenharia Mecânica e Materiais Dentários pela Dra. Isabelle Denry, da UniversihJ of Iowa. (anterior-
University of Michigan, foi membro de faculdade mente, The Ohfo State University).
da Escola de Odontologia da University of Mi- A organização desta edição foi modificada
chigan por muitos anos, e atualmente é professor bastante para refletir a sequência de conteúdo
de Biomateriais Orais no Departamento de Odon- apresentado a estudantes de graduação em Odon-
tologia Restauradora e Biomateriais na UTHealth tologia da OHSU. Os capítulos foram organizados
School of Dentistn;, Th.e University of Texas Health por procedimentos clúúcos principais. O Capítulo 2
Science Center, em Houston. Ele foi primeiramente apresenta novo conteúdo sobre esmalte, dentina,
Diretor do Houston Bio·materials Research Center. junção amelodentinária e biofilmes. O Capítulo 3,
Dr. Powers é também vice-presidente sênior da outro capítulo novo, descreve os conceitos do
Dental Consulta.nts, Inc., e é coeditor de The Dental projeto do produto e suas aplicações na seleção de
Advisor. materiais restauradores e no plano de tratamento.
A equipe de editores e autores para esta edição Fundamentos de ciência dos materiais, incluindo
abrange três gerações de pesquisadores e educa- a apresentação de propriedades físicas e mecâni-
dores em Odontologia. Dr. Sakaguchi teve seu cas, os conceitos de biomecânica, química de su-
primeiro contato com a ciência de biomateriais perfície e propriedades ópticas são consolidadas
dentários como aluno do primeiro ano na Escola no Capítulo 4. Testes de materiais são discutidos
.
Xl
XII PREFÁCIO
no largamente revisado Capítulo 5, que tem maior cessamento e aos materiais para esses métodos.
ênfase em métodos de teste e padronizações con- Todos os outros capítulos foram reorganizados
temporâneos. O Capítulo 14, novo nesta edição, e atualizados com a ciência e as aplicações mais
é dedicado às técnicas de imagem digital e pro- recentes.
Sumário
...
Xlll
.
XlV SUMARIO
1
O Papel e a Importância
dos Materiais Dentários
Restauradores
SUMÁRIO
1
2 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Desenvolvimentos nas ciências dos materiais, na acrílicas e outros materiais utilizados em proce-
robótica e na biomecânica mudaram radicalmente a dimentos restauradores. As exigências quanto às
forma como olhamos para a substituição de compo- características e ao desempenho do material vão
nentes da anatomia humana. Ao longo da história, desde alta flexibilidade, exigida pelos materiais de
encontramos muitas abordagens visando repor estru- moldagem, até alta rigidez, necessária em coroas e
turas dentárias perdidas ou dentes inteiros. A subs- próteses fixas. Materiais para implantes dentários
tituição de estruturas perdidas por doença e trauma requerem ainda integração com o osso.
continua sendo uma grande parcela da prática odon- Alguns materiais são desenvolvidos para atin-
tológica. Materiais dentários restauradores são a base girem excelente adaptação à estrutura dentária,
para a substituição da estrutura dentária. enquanto outros são usinados para reproduzirem
Forma e função são aspectos importantes na dimensões e geometrias definidas. Ao descrever
substituição da estrutura dentária perdida. Embora esses materiais, características físicas e químicas
a forma e a aparência dos dentes sejam aspectos são muitas vezes utilizadas como critérios para
mais facilmente reconhecidos, a função dos dentes comparação. A fim de entender como um material
e dos tecidos de suporte contribui muito para a qua- funciona, estudamos sua estrutura química, suas ca-
lidade de vida. A relação entre saúde bucal e saúde racterísticas físicas e mecânicas, e como ele deve ser
geral é amplamente aceita. O bom funcionamento manipulado para atingir o melhor desempenho.
dos elementos da cavidade oral, incluindo os dentes A maioria dos materiais restauradores é caracte-
e os tecidos moles, é necessário para a mastigação, a rizada por parâmetros físicos, químicos e mecânicos
fala, a deglutição e a respiração adequadas. derivados de dados experimentais. Melhoras nes-
Materiais dentários restauradores tornam pos- sas características podem se mostrar interessantes
sível a reconstrução dos tecidos dentários duros. em estudos laboratoriais, mas o verdadeiro teste é
Em muitas áreas, o desenvolvimento dos materiais o desempenho do material na boca e a capacidade
dentários progrediu mais rapidamente do que para deste material ser manipulado adequadamente pela
outras próteses anatômicas. Por causa de seu sucesso equipe odontológica. Em muitos casos, erros de
a longo prazo, muitas vezes os pacientes esperam que manipulação podem se contrapor aos avanços tec-
próteses dentárias tenham um desempenho supe- nológicos do material. Por isso, é muito importante
rior ao dos materiais naturais que elas substituem. A que a equipe odontológica entenda os fundamentos
aplicação da ciência dos materiais em Odontologia é da ciência dos materiais e da biomecânica a fim de
única devido à complexidade da cavidade oral, que selecionar e manipular os materiais odontológicos
inclui bactérias, forças elevadas, variações constantes de forma correta.
de pH, e ambiente quente e úmido. A cavidade oral
é considerada o meio mais hostil para um material
no corpo. Além disso, quando materiais dentários CIÊNCIAS BÁSICAS
são colocados diretamente em cavidades como APLICADAS AOS MATERIAIS
restaurações, há exigências muito específicas para RESTAURADORES
sua manipulação. O conhecimento de ciência dos
materiais e de biomecânica é muito importante A prática odontológica depende não apenas do
na escolha de materiais para aplicações dentárias entendimento completo das várias técnicas clínicas,
especificas e no planejamento da melhor solução mas também da valorização dos princípios biológicos,
para a restauração da estrutura dentária e para a químicos e físicos fundamentais que dão suporte às
reposição de dentes. aplicações clínicas. É importante compreender o
'como' e o 'porquê' associados à função de materiais
dentários naturais e sintéticos.
ESCOPO DOS MATERIAIS A avaliação conjunta dos aspectos físicos, quí-
UTILIZADOS EM ODONTOLOGIA micos e de engenharia dos materiais dentários
RESTAURADORA e da função oral, juntamente com estudos sobre
os tecidos de suporte, sua fisiologia, patologia e
Materiais dentários restauradores incluem re- demais aspectos biológicos, proporcionam os me-
presentantes das grandes classes de materiais: me- lhores resultados para o paciente. Esta abordagem
tais, polímeros, cerâmicas e compósitos. Materiais integral, quando combinada com a melhor evidên-
dentários incluem itens como resinas compostas, cia científica disponível, a experiência do clínico,
cimentos, ionômeros de vidro, cerâmicas, metais as preferências do paciente e a orientação dada ao
nobres e básicos, ligas de amálgama, gessos, reves- paciente, resultam no melhor tratamento que pode
timentos, ceras, materiais de moldagem, resinas ser oferecido ao indivíduo.
1. O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DOSMATERIAISDENTÁRIOSRESTAURAOORES 3
estruturas e materiais. Este é um momento muito Nakamura M, l\\•anaga S, Henmi C, et al: Biomatrices and
estimulante para pesquisa de materiais e os clínicos biomaterials for future developments of bioprinting
têm muito que esperar num futuro próximo, à me- and biofabrication, Bfofaúricatian 2(1): 014110, 2010
dida que o conjunto de pesquisas desenvolve novos Mar 10. Epub.
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materiais para aplicações clínicas.
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2
O Ambiente Oral
•
Esmalte Biofilmes Orai~ e Materiais Dentários
O Mineral Restauradores
Dentina
Propriedades Físicas e Mecânicas
Dificuldades em Testes
A Junção Amelodentinária
5
6 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
O dente contém três tecidos calcificados dife- de materiais que deverão mimetizar sua estrutura
renciados: esmalte, dentina e cemento (Fig. 2-1). O e função. Adicionalmente, muitas aplicações, tais
esmalte é único, pois é o tecido do corpo com maior como a adesão dentária, necessitam que apliquemos
teor mineral e menor conteúdo orgânico. O esmalte materiais sintéticos nos tecidos calcificados, e esses
fornece o revestimento externo duro da coroa procedimentos são baseados no conhecimento deta-
dentária, permitindo uma mastigação eficiente. A lhado da estrutura e das propriedades dos sub~
dentina e o cemento, como o osso, são estruturas tratos adesivos teciduais.
compósitas biológicas, hidratadas, vitais, formadas
principalmente de uma matriz de colágeno do tipo
1, reforçada com um mineral de fosfato de cálcio ESMALTE
denominado a:patita. A dentina forma a maior parte
do dente e está unida ao esmalte pela junção ame- A Figura 2-1 apresenta um diagrama esquemático
lodentinária (JAD). A dentina da raiz do dente é de um dente posterior seccionado para evidenciar a
revestida pelo cemento, que propicia a conexão do dentina e o esmalte. O esmalte forma o revestimento
dente com o osso alveolar por meio do ligamento externo duro da coroa dentária e, sendo o tecido
periodontal. Embora a estrutura desses tecidos seja mais calcificado, é bastante adequado para resistir
frequentemente descrita em textos odontológicos, ao desgaste devido à mastigação.
suas propriedades são, em geral, discutidas apenas O esmalte é formado pelos ameloblastos, inician-
superficialmente. Entretanto, essas propriedades do na junção amelodentinária (JAD) e prosseguindo
são importantes no que diz respeito ao inter- em direção à superfície externa do dente. Os amelo-
relacionamento dos fatores que contribuem para blastos trocam sinais com os odontoblastos localiza-
o desempenho necessário ao bom funcionamento dos do outro lado da JAD no início da formação da
desses tecidos. dentina e do esmalte, e os odontoblastos se movem
Na odontologia restauradora, estamos interes- no sentido interno ao JAD, enquanto os ameloblastos
sados em oferecer tratamentos preventivos que que formam o esmalte se movem no sentido externo
manterão a integridade dos tecidos e substituirão os para formar o esmalte da coroa dentária. A maior
tecidos danificados com materiais que, idealmente, parte da matriz orgânica do esmalte dentário com-
irão mimetizar a aparência natural e o desempe- posta de amelogeninas e enamelinas é reabsorvida
nho daqueles tecidos. Portanto, o conhecimento durante a maturação do dente, deixando um tecido
da estrutura e das propriedades desses tecidos é calcificado que é amplamente composto de minerais
importante como referência na determinação das e de uma matriz orgânica escassa. A disposição es-
propriedades e no desempenho de materiais restau- trutural do esmalte forma estruturas com o aspecto
radores e como parâmetro para o desenvolvimento de um buraco de fechadura conhecidas como pris-
mas de esmalte, que apresentam cerca de 5 µm de
diâmetro, conforme observado na Figura 2-2.
A composição geral é cerca de 96'Yo de mineral
Esmalte Dentina
•
""- Externo
em peso, com 1 o/o de lipídio e proteína, e o res-
tante sendo de água. A porção orgânica e a água
provavelmente desempenham papéis importantes
na função e na patologia do dente, e muitas vezes
é mais útil descrever a composição em relação
ao volume de seus componentes. Desta forma,
•
•••
Interno
observamos que os componentes orgânicos cons-
Polpa
••• Cervical
•..
tituem cerca de 3ºk e a água aproximadamente12%
da estrutura. O mineral cresce na forma de cristais
interno
hexagonais muito longos com cerca de 40 nm de
largura; esses cristais ainda não foram duplicados
FIGURA 2-1 Diagrama esquemático de um dente cor- sinteticamente. Existe alguma evidência de que os
tado longitudinalmente para expor o esmalte, a dentina cristais podem, em seu comprimento, atingir toda
e a câmara pulpar. No lado direito, estão as ilustrações
a espessura do esmalte; porém, isso é difícil de ser
com a vista superior dos túbulos dentinários, mostran-
do a variação do número de túbulos de acordo com a
comprovado, pois a maioria dos procedimentos de
localização. À esquerda, há uma ilustração da alteração preparo de amostra causa fratura dos cristalitos
na direção dos túbulos dentinários primários, quando a individuais. Aparentemente, esses cristais apre-
dentina secundária é formada (De Marshall Sj, et ai.: Acto sentam pelo menos milhares de nanômetros de
Mater. 46, 2529-2539, 1998). comprimento. Se isso for verdade, os cristais do
2. O AMBIENTE ORAL 7
Esmalte
-+-7.-~I
interprismático
Cabeça -+>~'·:.:·:.' ~.. '.,.
......
•... ."
Cauda _,.__,...·. •··
.
40.0
30.0
20.0
10.0
o
o 10.0 20.0 30.0 40.0
e
FIGURA 2-2 Microestrutura de esmalte dentário mostrando um diagrama esquemático dos prismas de esmalte
arranjados sob a forma de um buraco de fechadura com cerca de 5 µ.m em diâmetro (B). Imagens de microscopia de
força atômica (MFA) mostrando seções transversais do prisma em A, e os longos eixos dos prismas em C. A orientação
de cristalitos se desvia nas áreas entre os prismas na região de cauda, e o conteúdo orgânico aumenta na área entre os
prL>mas (Modificado de Habelitz S, et ai.: Ardi. Oral Bü:JI. 46, 173·183, 2001).
esmalte oferecem uma razão de "aspecto" extraor- são necessários para formar o diâmetro de um
dinário (razão comprimento/largura) para um prisma, e os longos eixos dos cristais tendem a se
material em nanoescala e são muito diferentes dos alinhar ao longo dos eixos dos prismas, conforme
cristais de dentina, muito menores. Os cristais são observado na Figura 2-2.
empacotados dentro dos prismas de esmalte, que Os cristais próximos da periferia de cada prisma
têm cerca de 5 µ.m de diâmetro, conforme mostra- desviam-se um pouco do eixo longo em direção à
do na Figura 2-2. Esses prismas são evidenciados interface entre prismas. O desvio na extremidade do
facilmente por meio de condicionamento ácido e se prisma é ainda maior. Os cristais individuais dentro
estendem em um arranjo densamente empacotado de um prisma são revestidos com uma camada fina de
a partir da JAD até a superfície do esmalte e se lipídios e/ ou proteínas que desempenham papéis
dispõem de forma aproximadamente perpendicu- importantes na mineralização, embora necessite
lar ao JAD, exceto nas áreas de cúspides onde os muito ainda serem aprendidos sobre os detalhes.
prismas se torcem e se cruzam, efeito conhecido Trabalhos recentes sugerem que esse revestimento
como "esmalte nodoso", que pode aumentar are- proteico pode proporcionar um aumento da tenaci-
sistência à fratura. Cerca de 100 cristais do mineral dade do esmalte. As interfaces entre os prismas do
8 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
esmalte contêm os principais componentes orgâni- externa da coroa, também denominada esmalte apris-
cos dessa estrutura e funcionam como vias de passa- ·rnático. Essa camada é observada com mais frequên-
gem para água e movimento iônico. Essas áreas são cia em dentes decíduos e é, muitas vezes, removida
também conhecidas como bainhas dos prismas. Essas por desgaste nos dentes permanentes. Entretanto,
regiões são de grande importãncia nos processos se estiver presente, causa alguma dificuldade na ob-
de condicionamento associados a procedimentos tenção de um padrão de condicionamento efetivo e
adesivos e outros processos de desmineralização, pode necessitar de desgaste para aumentar a rugosi-
como a cárie. dade da superfície ou de tratamentos condicionantes
O condicionamento do esmalte dentário com áci- adicionais. A superfície externa do esmalte apresenta
dos, tais como o ácido fosfórico, usado geralmente grande significado clínico, pois é a superfície sujeita
na adesão ao esmalte, elimina camadas de esfregaço ao desgaste diário, e passa por repetidos ciclos de
(smear layers) associadas ao preparo cavitário, dissol- desmineralização e remineralização. Como resultado
ve camadas remanescentes de esmalte aprismático desses ciclos, a composição dos cristais do esmalte
em dentes decíduos e dissolve seletivamente os pode se alterar, por exemplo, como resultado de ex-
cristais do esmalte em cada prisma. O padrão de posição ao flúor. Assim, as propriedades do esmalte
condicionamento do esmalte é classificado como: podem variar da superfície externa para a superfície
tipo 1 (condicionamento preferencial do núcleo do interna. Essas variações, incluindo uma camada fina
prisma, Fig. 2-2, A); tipo 2 (condicionamento prefe- de cristais de apatita ricos em flúor, criam diferenças
rencial da periferia do prisma, Fig. 2-3, C); e tipo 3 regionais nas propriedades do esmalte de um mesmo
(misto ou uniforme). Algumas vezes, esses padrões dente. O esmalte dentário é normalmente mais duro
aparecem lado a lado na mesma superfície do dente nas áreas oclusais e nas cúspides e é menos duro
(Fig. 2-3, E). Não foram estabelecidas diferenças na na proximidade da JAD. A Figura 2-4 mostra um
resistência de união micromecânica dos diferen- exemplo da diferença em dureza.
tes padrões de condicionamento. Em um preparo
cavitário padrão para compósito, a orientação das
superfícies do esmalte que são condicionadas pode O MINERAL
ser perpendicular aos prismas (na área adjacente
às margens da cavidade), oblíqua aos prismas (no O mineral encontrado em todos os tecidos cal-
caso de as margens proximais ou oclusais serem cificados é um similar extremamente imperfeito do
biseladas) e paralelas às paredes axiais dos prismas mineral hidroxiapatita ou HA. As apatitas biológicas
(paredes do preparo cavidade). Durante os estágios de tecidos calcificados são diferentes da estrutura
iniciais do condicionamento, quando ocorre somente ideal da hidroxiapatita pelo fato de que defeitos e
uma pequena quantidade de dissolução de cristais substituições químicas, de modo geral, as tomam
de esmalte, pode ser difícil ou impossível detectar mais fracas e mais solúveis em ácidos. A hidroxia-
a extensão do processo. Entretanto, à medida que o patita apresenta a fórmula simples Ca1o(P04) 6 (0H)z,
padrão de condicionamento começa a se desenvol- com uma razão molar ideal de cálcio para fósforo
ver, a superfície condicionada com ácido fosfórico (Ca/P) de 1,67 e uma estrutura cristalina hexagonal.
adquire uma aparência opaca (Fig. 2-3, B), que tem A apatita de esmalte e dentina apresenta uma com-
sido usada tradicionalmente como o indicador posição muito mais variável que depende de sua
clínico para um condicionamento suficiente. Essa história formativa e de outras exposições químicas
s uperfície rugosa oferece o substrato para a infil- durante a maturidade. Assim, o mineral existente
tração de agentes de união, que são polimerizados no esmalte e na dentina é deficiente em cálcio, rico
após a penetração na estrutura condicionada, de em carbonato e uma forma altamente substituída
modo a formar uniões micromecânicas ao esmalte. de hidroxiapatita (HA). fons metálicos tais como
Com sistemas adesivos autocondicionantes, essa o magnésio (Mg) e o sódio (Na) podem substituir
aparência opaca não pode ser detectada. o cálcio, enquanto o carbonato substitui o fosfato e
Existem duas outras importantes variações es- os grupos hidroxila. Essas substituições distorcem
truturais de esmalte. Próxima da JAD, a estrutura do a estrutura e a tornam mais solúvel. Talvez a subs-
prisma do esmalte não é tão bem desenvolvida no tituição mais benéfica seja o ion flúor (F), que subs-
primeiro esmalte formado, de modo que o esmalte titui o grupo hidroxila (OH) na fórmula e torna a
muito próximo da JAD pode aparecer aprismático, estrutura mais forte e menos solúvel. A substituição
ou sem estrutura prismática. De forma similar, na completa do (OH) pelo flúor na hidroxiapatita re-
superfície externa do esmalte, na terminação dessa sulta no mineral fluorapatita, Ca11i(P04) 6 (F)z, que é
superfície, os ameloblastos degeneram e deixam uma muito menos solúvel do que HA ou do que a apatita
camada sem características definidas na superfície defeituosa dos tecidos calcificados. É importante
2. O AMBIENTE ORAL 9
FIGURA 2-3 Condicionamento de esmalte dentário. A, Gel condicionador aplicado na região do preparo em esmalte.
B, Aparência opaca após condicionamento, lavagem e secagem. C, Visão ampliada de padrão de condicionamento com
condicionamento preferencial da periferia do prisma (tipo 1). D, Agente de wúão evidenciado após dissolução do esmalte.
E, Padrões de condicionamento mistos mostrando condicionamentos do tipo 1 (prismas claros com periferia escura) e
do tipo 2 (núcleos escuros com periferia clara) na mesma superfície. Após Marsha11 et al, 1975 [DR. Marshall GW, O/son
LM, Lee CV: SEM Inve.stigatian of the variability of erunnel surfaces after simulated clinicai acid etching for pit an fiss11re sealants,
f Dent Res 54:1222-1231, 1975. Part C de Marshall, O/son and Lee, [DR 1975 (o mesmo especificado anteriormente) e Parte E
fram Ma.rshall, Marshall and Bayne, 1988: Marshall GW, Marshal Sj, Bayne SC: Restorative dental materiais: scanning electron
111icroscopy and x-ray microanalysis, Scanning 1\Aicrosc 2:2007-2028, 1988.
10 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
altamente mineralizada de dentina peritubular com dentina peritubular não contém colágeno e, dessa
aproximada.mente 0,5 a 1 µm de espessura (Fig. 2-6). forma, pode ser considerada um tecido calcificado
Tendo em vista que a dentina peritubular se forma à parte. Os túbulos são separados por dentina in-
após a luz dos túbulos, existe alguma discussão tertubular composta por uma matriz de colágeno
sobre se uma denominação mais apropriada seria do tipo 1 reforçada por apatita (Figs. 2-5 e 2-6).
dentina intratubula:r. A dentina peritubular contém Esse arranjo significa que a quantidade de dentina
principalmente cristais de apatita com pouca ma- intertubular varia com a localização. Os cristais
triz orgânica. Diversos estudos concluíram que a de apatita são muito menores (aproximada.mente
-
.. -,.-
.,
.._
...... •
5 x 30 x lOOnm) do que a apatita encontrada no
esmalte dentário e contêm 4o/o a 5% de carbonato.
O pequeno tamanho dos cristalitos, a estrutura
•
-- •
• defeituosa e o teor mais elevado de carbonato cau-
sam a maior susceptibilidade à dissolução descrita
anteriormente.
Estimativas do tamanho dos túbulos, a espessura
da região peritubular e a quantidade de dentina in-
tertubular foram apresentadas em diversos estudos.
Os cálculos para a dentina oclusal em função da
posição mostram que a área percentual dos túbulos
e seu diâmetro variam de 22% e 2,5 µ.m próxima
da polpa a 1°/o e 0,8 µ.m na JAD. A área da matriz
intertubular varia de 12°/o na pré-dentina para 96°/o
próxima da JAD, ao passo que a dentina peritubular
FIGURA 2-5 Imagem de microscópio eletrônico de varia entre mais de 60o/o até 3% na JAD. As densi-
varredura (MEV) de dentina normal evidenciando sua dades dos túbulos são comparadas na Tabela 2-1
estrutura única observada de duas direções. Na parte com base no trabalho realizado por vários investi-
superior encontra-se uma visão dos túbulos, cada um gadores. É evidente que os componentes estruturais
circundado pela dentina peritubular. Os túbulos se ini- podem variar de forma considerável durante as
ciam na junção arnelodentinária (JAD) e convergem em suas trajetórias e isso necessariamente resulta em
direção à câmara pulpar. A superfície perpendicular na
variações locais na morfologia, distribuição dos
parte inlerior da imagem mostra urna superfície de fratura
revelando alguns dos túbulos, que constituem vias de
elementos estruturais e propriedades importantes
comunicação como túneis em direção à polpa. A luz dos como permeabilidade, conteúdo de umidade e área
túbulos normalmente contêm fluido e prolongamentos de superfície disponível para adesão. Essas varia-
das células odontoblásticas (De Marshall GW: Quintessettce ções podem afetar também a resistência de união,
Int.24, 606-617, 1993). a dureza e outras propriedades.
.
....""
FIGURA 2-6 Superfície de fratura da dentina vista por oclusal em A e longitudinalmente em B. Dentina Peritubular
(P) (denominada também intratubular) forma uma faixa ou um revestimento ao redor de cada túbulo. Os túbulos são
separados entre si pela dentina intertubular (I). (Cortesia.de G. W. Mn.rshall.)
12 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
TABELA 2-1 Comparação da Densidade Numérica limite entre a dentina primária e a secundária é geral-
Média de Túbulos na Dentina Oclusal* mente evidenciado por uma mudança na orientação
dos túbulos dentinários. Além disso, os odontoblastos
Dentina Externa Dentina Média Dentina Interna
reagem a estímulos irritantes, tais como cárie ou pre-
15.000/mm2 35.000/mm2 65.000/mm2 paros cavitários para formar a dentina terciária, e essa
forma de dentina é muitas vezes menos organizada
20.000/mm2 35.000/mm2 43.000/mm2
do que a dentina primária ou secundária.
24.SOO/mm2 40.400/mm2 51.100/mm2 Lesões cariosas iniciais em esmalte podem ser
18.000/mm2 39.000/mm2 52.000/mm2 revertidas por tratamentos remineralizadores. En-
tretanto, tratamentos remineralizadores efetivos
*De dados relatndüs na.literatura (MarsliaU GW: Q11intessence ainda não estão disponíveis para dentina e, dessa
Int. 24, 606-617, 1993).
forma, o padrão atual de tratamento determina in-
tervenção cirúrgica para remover o tecido altamente
Pelo fato de os odontoblastos se localizarem na danificado e depois a restauração, se for necessário.
dentina e revestirem as paredes da câmara pulpar Assim, é importante entender as formas alteradas de
após a formação do dente, o complexo dentina-polpa dentina e os efeitos de tais intervenções clinicas.
pode ser considerado um tecido com vitalidade. Isso é Quando a dentina é cortada ou desgastada por
diferente do que ocorre com o esmalte dentário madu- instrumentos dentários, uma camada de esfregaço
ro. Ao longo do tempo, a dentina secundária se forma se desenvolve, recobrindo a superfície e impedindo
e a câmara pulpar gradualmente se torna menor. O o acesso à estrutura subjacente (Fig. 2-7).
FIGURA 2-7 Formação de camada de esfregaço. A, Marcas do instrumento cortante rotatório no preparo em dentina
B, Ampliação maior mostrando a superfície da camada de esfregaço e detritos de cortes. C, Região mostrando a camada
de esfregaço (SL) e tampões de esfregaços (smearplugs) (S.P.) (A e B de Marshall GW, et ai: Scanning Microsc. 2, 2007-2028,
1988; C de Pashley DH, et ai.: Arch. Oral Biol. 33, 265-270, 1988).
2. O AMBIENTE ORAL 13
As marcas de corte produzidas por instrumentos da dentina superficial, abrindo canais para a infil-
rotatórios são mostradas na Figura 2-7, A, e em maior tração dos agentes de união. A Figura 2-8 mostra o
aumento na Figura 2-7, B. A Figura 2-7, C, mostra a que acontece nesse tratamento. A luz dos túbulos
espessura da camada de esfregaço em vista lateral, e aumenta quando a dentina peritubular é removida
tampões de esfregaço (s·mear plugs) formados pelos preferencialmente, pois seu conteúdo é predomi-
resíduos de dentina cortada forçados para o interior nantemente mineral, com proteína distribuída de
do túbulo. As vantagens e desvantagens da camada forma esparsa. Os túbulos dilatados adquirem uma
de esfregaço têm sido discutidas intensamente du- forma de funil que não é muito retentiva.
rante muitas décadas. Ela reduz a permeabilidade, A Figura 2-9 mostra esses efeitos de uma forma li-
auxiliando na manutenção de um campo mais seco, geiramente diferente. A dentina não condicionada na
e reduz a infiltração de agentes nocivos dentro dos Figura 2-9, A, apresenta túbulos pequenos e dentina
túbulos e possivelmente na polpa. Entretanto, atual- peritubular, que é removida após o condicionamento
mente é aceito que a camada de esfregaço representa (parte inferior). A rede bidimensional de fibras de
um obstáculo para os procedimentos adesivos em colágeno tipo 1 é mostrada após o tratamento na
dentina e, assim, é normalmente removida ou modifi- Figura 2-9, A . A Figura 2-9, B, evidencia a desmine-
cada por alguma forma de condicionamento ácido. ralização progressiva de uma fibrila de colágeno da
O ataque ou condicionamento ácido permite dentina, na qual o mineral externo e as proteínas são
a remoção da camada de esfregaço e a alteração removidos lentamente para revelar padrões de faixas
-===- -
o
o o
o
FIGURA 2-8 Etapas de desmineralização da dentina. A, Diagrama esquemático mostrando as etapas progressivas de
desmineralização da dentina. B a D, Imagens de microscopia de força atômica (MFA) mostrando as etapas de condicio-
namento. O condicionamento conduz a túbulos com luz mais ampla à medida que a dentina peritubular é dissolvida e
são formadas aberturas com o formato de funil (Imagens de MFA de Marshall GW: Quintessence ltrt. 24, 606-617, 1993).
14 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
•
Não condicionado
FIGURA 2-9 O condicionamento da dentina remove o mineral da matriz da dentina intertubular, deixando uma
camada rica em colágeno e ampliando os orifícios dos túbulos dentinários. A, Após o condicionamento, a luz dos
túbulos é aumentada e a rede de colágeno circundando os túbulos pode ser vista após o tratamento complementar.
B, A fibra de colágeno de dentina isolada é lentamente desmineralizada, revelando o padrão de repetição de 67 nm típico
do colágeno tipo 1. C, Vista em maior aumento das fibras de colágeno em A (A e C de Marshall GW, et aí: Surface Science.
491, 444-455, 2001; B modificndo de Balooch M, et al: }. Struct. Bü:JI. 162, 404-410, 2008).
típicas de colágeno tipo I. Na Figura 2-9, C, esse pa- cariosas que ocorrem em várias regiões e incluem
drão é observado em maior aumento da dentina também a dentina transparente que se forma sob a
tratada na Figura 2-9, A. camada de dentina infectada por cárie. A dentina
Se a dentina desmineralizada estiver seca, a ma- transparente ocorre quando os túbulos dentinários
triz da dentina remanescente contrai-se e as fibrilas ficam preenchidos com mineral, o que muda o ín-
de colágeno formarão uma camada emaranhada e dice de refração dos túbulos e produzem uma zona
densa, de difícil penetração pelos agentes de união. translúcida ou transparente.
Isso é mostrado na Figura 2-10, que compara a den- A Figura 2-11 mostra um corte através de um
tina desmineralizada e seca à dentina desminerali- dente com uma lesão cariosa, que foi corada para
zada e hidratada. revelar suas regiões. A zona cinza sob a dentina
A maioria dos procedimentos restauradores en- corada e severamente desmineralizada é a camada
volve a dentina que foi alterada de alguma forma. transparente (Fig. 2-11, A). A Figura 2-11, B, mos-
As alterações comuns incluem a formação de lesões tra a dentina transparente na qual a maior parte
2. O AMBIENTE ORAL 15
FIGURA 2-10 A dentina desmineralizada é sensível à umidade, contraindo-se durante a secagem. A, A dentina
desmineralizada sofre contração quando é seca com o ar, formando uma camada colapsada de colágeno que é difícil para
infiltrar com agentes de união. B, Quando mantida úmida, a rede de colágeno permanece aberta e pode ser penetrada
pelos agentes de união. (De Marshall GW, et nl: f. Dent. 25, 441-458, 1997).
da luz dos túbulos está preenchida com mineral. lesões de cáries estacionárias conterão dentina
Após o condicionamento, conforme evidenciado transparente denominada muitas vezes de dentina
na Figura 2-11,C, a dentina peritubular foi remo- esclerótica, uma terminologia que significa que ela
vida, mas os túbulos retêm os tampões de mineral pode ser mais dura do que a dentina normal. En-
precipitado, que são mais resistentes ao condiciona- tretanto, outros estudos indicam que as proprie-
mento. Essa resistência ao condicionamento toma o dades elásticas da dentina intertubular podem ser
procedimento adesivo mais difícil. inalteradas ou inferiores àquelas apresentadas pela
Diversas outras formas de dentina transparente dentina normal.
são formadas como resultado de diferentes proces-
sos. Uma segunda forma de dentina transparente é
consequência de bruxismo. Uma forma adicional de Propriedades Físicas e M ecânicas
dentina transparente é resultado de envelhecimen- Variações marcantes nos elementos estruturais
to, quando a dentina da raiz se toma gradualmente da dentina localizados dentro de um mesmo dente
transparente. Além dessas, as lesões cervicais não significam que as propriedades da dentina podem
cariosas (LCNC), com frequência denominadas variar consideravelmente dependendo da locali-
de lesões de abfração ou de en.talhe, formam-se nas zação. Em outras palavras, uma estrutura variável
junções esmalte-cemento ou esmalte-dentina, nor- conduz a propriedades variáveis.
malmente nas superfícies vestibulares. A etiologia Tendo em vista que uma das principais funções
dessas lesões não é clara até o momento; sua forma- da estrutura dentária é resistir à deformação sem
ção tem sido atribuída à abrasão, à flexão do dente, se fraturar, é interessante conhecer as forças a que
à erosão ou alguma combinação desses processos. são submetidos os dentes durante a mastigação.
De qualquer forma, essas lesões ocorrem com maior Mensurações apresentam valores nas pontas das
frequência com o envelhecimento, e a dentina ex- cúspides de cerca de 77 kg distribuídos sobre a área
posta se torna transparente quando os túbulos são das pontas das cúspides de 0,039 cm2, o que resulta
preenchidos. A Figura 2-12 mostra exemplos de em uma tensão de cerca de 200 MPa.
dentina transparente na qual a luz dos túbulos está
completamente preenchida. Dificuldades em Testes
As propriedades da dentina transparente podem Na Tabela 2-2, são apresentados valores para
diferir de uma para outra, dependendo do proces- algumas propriedades importantes do esmalte e
so que levou ao depósito do mineral nos túbulos. da dentina. A ampla dispersão dos valores encon-
Diversos estudos mostraram que as propriedades trados na literatura é notável. Algumas das razões
elásticas da dentina intertubular não são alteradas para essas discrepâncias devem ser compreendidas
pelo envelhecimento, embora a estrutura possa se e levadas em consideração na prática, ou ao se es-
tomar mais susceptível à fratura. De forma similar, tudar a literatura.
16 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
/Trans
FIGURA 2-11 Dentina transparente associada a lesões cariosas. A, Lesão cariosa mostrando zonas de dentina cariosa
reveladas por coloração, incluindo a zona transparente acinzentada. B, Microscopia de força atômica (MFA) de dentina
transparente cariosa antes do condicionamento. C, Após o condicionamento, a luz dos túbulos permanece preenchida,
mesmo quando a dentina peritubular foi removida pelo condicionamento (A de Zheng L, et nl.: Eur. f. Oral Sei. 111,
243-252, 2003; B e C de Marshall GW, et ai: Derll. Mater. 17, 45-52, 2001b).
Em primeiro lugar, dentes humanos são peque- toma-se claro também que testar amostras tão hete-
nos e, portanto, é difícil obter amostras grandes e rogêneas e pequenas significa que as propriedades
fixá-las de tal forma que seja possível medir suas não serão uniformes.
propriedades. Isso torna difícil o uso de testes Outro problema é a grande variação na estrutura
mecânicos padrões, tais como os testes de tração, em ambos os tecidos. Os prismas do esmalte geral-
compressão ou cisalhamento. Quando dentes são mente são alinhados de forma perpendicular à JAD,
testados em relação a procedimentos adesivos, o ao passo que os túbulos dentinários alteram sua
problema é ainda mais complicado, e testes es- densidade numérica com a profundidade, à medida
peciais foram desenvolvidos para conhecer essas que se aproximam da câmara pulpar. O preparo de
propriedades com maior profundidade. A partir uma amostra uniforme, com as estruturas seguindo
da discussão anterior sobre as variações estruturais, uma única direção, é desafiador. Além disso, as
2. O AMBIENTE ORAL 17
FIGURA 2-12 Dentina transparente. Quando observada a partir das direções transversal, A, e longitudinal B. A
dentina transparente é resultante do preenchimento dos túbulos com depósitos de trúneral que alteram as propriedades
ópticas do dente (Cortesia de Marshall GW).
TABELA2-2 Propriedades do Esmalte e da Dentina devem ser tratados como potencialmente infeccio-
sos. Como você esteriliza os dentes sem alterar suas
Propriedade Esmalte Dentina propriedades? A autoclavagem, sem dúvida algu-
Densidade 2,96g/cm3 2,1 g/cm3 ma, altera as propriedades de proteínas e, portanto,
não é adequada para a dentina, podendo também
Compressão afetar o esmalte.
Módulo de elasticidade 6(}-120 GPa 18-24GPa Finalmente, o conteúdo de fluido desses tecidos
7(}-353 MPa
deve ser considerado. A umidade é um componente
Limite proporcional 100-190MPa
muito importante em ambos os tecidos (esmalte e
Resistência 94-450MPa 230-370MPa dentina) e as condições in vivo não podem ser re-
Tração plicadas se os tecidos forem desidratados (Fig. 2-10).
Isso se toma criticamente importante na adesão a
Módulo de elasticidade 11-19 GPa
esses tecidos, conforme é discutido em detalhes
Resistência 8-35MPa 3Q-65MPa no Capítulo 13. Em contraste com a importância
Resistência ao cisalhamento 90MPa 138MPa dessa questão, está a conveniência. É muito mais
difícil testar os tecidos em uma condição comple-
Resistência flexural 6(}-90 MPa 245-280MPa tamente hidratada do que em uma condição seca.
Dureza 3-6GPa 0,13-51 GPa Todos esses fatores e muitos outros, tais como a
temperatura de teste, influenciarão os resultados
e contribuirão para a variação nos valores de pro-
propriedades geralmente variam com a direção e priedades relatados.
a localização, e o material não é isotrópico; dessa Apesar dessas limitações, algumas generaliza-
forma, o melhor que um valor isolado pode repre- ções sobre as propriedades desses tecidos são úteis
sentar é um valor médio para o material. (Tabela 2-1). A dentina radicular é geralmente mais
O armazenamento e o tempo decorrido desde fraca e menos dura do que a dentina coronária. O es-
a extração são também considerações importantes. malte parece também variar em suas propriedades,
As propriedades que existem em uma situação com o esmalte das cúspides sendo mais resistente e
natural ou in situ ou in vivo são aquelas de maior mais duro do que em outras áreas, provavelmente
interesse. Evidentemente, essa condição é prati- como uma adaptação às forças mastigatórias. A
camente impossível de ser alcançada na maioria dentina é menos rígida do que o esmalte (ou seja,
dos testes de rotina e, desse modo, as alterações apresenta um módulo de elasticidade inferior), e
que ocorreram como resultado das condições de apresenta uma maior tenacidade à fratura. Isso pode
armazenamento antes do teste devem ser levadas ser contraintuitivo, porém ficará mais bem esclare-
em consideração. Também é importante avaliar os cido quando definirmos esses termos no Capítulo 4.
riscos biológicos, uma vez que os dentes extraídos Adicionalmente, a dentina é viscoelástica, o que
18 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
significa que suas características de deformação me- mensurações das variações de propriedade ao longo
cânica são dependentes do tempo e a recuperação da espessura da JAD evidenciam que essa é uma in-
elástica não é instantânea. Assim, a dentina pode terface graduada com propriedades variando entre
ser sensível ao quão rapidamente ela é deformada, aquelas do esmalte e da dentina ao longo de toda a
um fenômeno denominado sensibil-idade à taxa de sua extensão. Esse gradiente, que é devido em parte
defarmação. A sensibilidade à taxa de deformação é à natureza dos recortes da JAD, torna a espessura
característica de materiais poliméricos; a matriz de funcional da JAD muito mais ampla do que sua
colágeno é responsável por essa propriedade em espessura anatômica aparente e reduz ainda mais as
tecidos como a dentina. Em circunstâncias normais, tensões. Adicionalmente, embora o colágeno esteja
o esmalte e outros materiais cerâmicos não apre- ausente do esmalte, as fibras de colágeno cruzam
sentam essa característica em suas propriedades a JAD a partir da dentina para dentro do esmalte,
mecânicas. aumentando a integração entre os dois tecidos. Até
o momento, nenhum componente que tivesse a
função de um adesivo especial para unir esmalte e
A Junção Amelodentinária dentina, como proteínas, foi identificado.
A junção amelodentinária GAD) é muito mais do
que o limite entre o esmalte e a dentina. Tendo em
vista que o esmalte é muito duro e a dentina é mui- BIOFILMES ORAIS E MATERIAIS
to mais macia e tenaz, eles precisam estar unidos DENTÁRIOS RESTAURADORES
para constituírem um sistema biomecanicamente
compatível. A junção de materiais tão heterogêneos Biofilmes são comunidades polimicrobianas
é um desafio, e não está completamente esclarecido organizadas espacialmente, complexas, aderentes
como a natureza alcançou este feito. Entretanto, a às superfícies, que contêm bactérias circundadas
JAD não apenas faz a junção desses dois tecidos, por uma matriz de polissacarídeos. Os biofilmes
mas parece também impedir que trincas no esmalte orais que se formam nas superfícies dos dentes
penetrem na dentina, levando à fratura do dente, e nos biomateriais na cavidade oral também são
conforme é mostrado na Figura 2-13, A. Existem conhecidos como placa bacteriana. Quando a dieta
no esmalte muitas dessas trincas, porém elas não humana é rica em carboidratos fermentáveis, os or-
parecem se propagar dentro da dentina. Se a JAD ganismos mais predominantes na placa bacteriana
estiver intacta, não é comum que o dente sofra fratu- são as bactérias aderentes acidogênicas e acidúri-
ra, exceto no caso de trauma grave. Na Figura 2-13, cas, tais como estreptococos e lactobacilos, que são
B, indentações de microdureza foram introduzidas primariamente responsáveis pela cárie dentária.
para orientar as trincas em direção à JAD (na cor la- Outras consequências a longo prazo do acúmulo de
ranja). A interrupção da trinca ocorre na interface ou biofilme oral podem incluir doenças periodontais
logo após ultrapassar a JAD. Essa imagem mostra e peri-implantite (inflamação dos tecidos moles e
também que a JAD apresenta diversas concavidades duros que circundam um implante), dependendo
direcionadas para o esmalte. Isso significa que a do local de fixação do biofilme.
maior parte das trincas se aproxima da JAD de for- A formação de biofilme nas superfícies duras da
ma não perpendicular e isso pode levar à contenção cavidade oral é um processo sequencial. Um filme
de muitas dessas trincas. A estrutura recortada apre- condicionante proveniente da saliva (conhecido
senta atualmente três níveis: recortes, microrrecortes como película) que contém macromoléculas adsor-
dentro dos recortes e uma estrutura mais fina. As vidas, tais como fosfoproteínas e glicoproteínas, é
Figuras 2-13, C, e 2-13, D, mostram imagens de re- depositado na estrutura do dente e biomateriais
cortes mais amplos nos molares (- 24 µ.m de largura) minutos após uma limpeza minuciosa. Essa etapa é
e recortes menores (-15 µ.m de largura) nos dentes seguida pela fixação de bactérias planctônicas (livre
anteriores após a remoção do esmalte. Modelos de flutuação) na película. A divisão das espécies bacte-
elementos finitos sugerem que os recortes reduzem rianas colonizadoras inicial produz microcolônias,
a concentração de tensões na interface. Porém, não e a fixação subsequente de espécies de colonização
existe conhecimento se o recorte de tamanho mais posterior resulta na formação de biofilmes multies-
amplo nos dentes posteriores é uma adaptação para pécies. Esses biofilmes podem amadurecer ao longo
as cargas mastigatórias maiores ou uma variação do tempo se não forem removidos mecanicamente
de desenvolvimento. Na Figura 2-13, E, os cristais de ou por fatores intrínsecos.
dentina estão quase em contato com os cristais do A formação de biofilme ocorre por meio de
esmalte, de forma que a JAD anatômica é consi- complicadas interações celulares e físicas entre o
derada como sendo opticamente fina. Entretanto, substrato, a película e as bactérias. Essas interações
2. O AMBIENTE ORAL 19
. . •
•
- •
·-- . • •
~
•
•
•
• .. •
50µm \
•
-
FIGURA 2-13 As trincas no esmalte parecem interromper-se na junção amelodentinária QAD). A, Trincas no esmalte
vistas em pequeno aumento. B, As trincas geradas por indentação terminam próximas ou na JAD recortada (na cor laranja).
C, Recortes amplos nos molares. D, Recortes menores nos dentes anteriores. E, Cristais de esmalte estão praticamente em
contato com os cristais da dentina na JAD, formando uma união opticamente fina, porém funcionalmente ampla. (A, C-E
de Marsliall S], et ai: f. European Ceram. Soe. 23, 2897-2904, 2003; B fram Imben'Í V, et ai: Nature Mater. 4, 229-232, 2005).
20 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
de biofilme nas superfícies de materiais dentários alta de lesões de cárie secundárias observadas no
ainda não foram identificados, apesar de décadas esmalte nas margens de restaurações em compósito
de esforços em pesquisas, mas são considerados e em amálgama.
como processos complexos que dependem de um As investigações de biofilmes orais depositados
grande número de fatores. Os estudos in vitro têm sobre materiais restauradores podem, de forma
demonstrado que a adesão de proteínas salivares geral, ser divididas em estudos in vivo, in situ e in
e bactérias em distâncias pequenas (5-lOOnm) a vitro, esse último abrangendo investigações mo-
partir de superfícies de biomateriais é influenciada noespécies ou multiespécies. Biofilmes formados
por uma combinação de forças de Lifshitz-van der sobre materiais restauradores podem variar em
Waals, interações eletrostáticas e união ácido-base. espessura e viabilidade. Estudos in vivo e in situ
Outras propriedades, tais como hidrofobia do subs- sobre a formação de biofilme em materiais dentários
trato, energia livre de superfície, carga de superfície têm produzido resultados inconsistentes, e até o
e rugosidade de superfície têm sido geralmente in- momento não existe consenso sobre uma possível
vestigadas in vitro para a correlação com o número tendência para o acúmulo sobre os materiais.
de bactérias aderentes. Muitas das propriedades Os níveis mais elevados de organismos cario-
das superfícies ora mencionadas estão descritas em gênicos (capazes de produzir ou facilitar o de-
capítulos posteriores. senvolvimento de cáries), tais como Streptococcus
O papel da rugosidade superficial na formação mutans, foram encontrados em biofilmes adjacentes
do biofilme tem sido amplamente investigado. As a restaurações posteriores em compósito do que
superfícies lisas têm demonstrado menor atrativi- em biofilmes ao redor de restaurações de amál-
dade para os biofilmes in vivo do que as superfí- gama ou de ionômero de vidro. A formação de
cies rugosas. Tem sido observado também que as biofilmes orais está associada a um aumento na
superfícies hidrofóbicas que estão localizadas na rugosidade da superfície de compostos de resina,
região supragengival são menos atrativas para os à degradação do material devido à produção de
biofilmes in vivo do que as superfícies hidrofflicas ácidos por organismos cariogênicos, à hidrólise da
durante um período de nove dias. Um aumento na matriz resinosa e a uma redução na microdureza
média do parâmetro de rugosidade superficial (R0 ) da superfície de restauração. Adicionalmente, foi teo-
acima de um valor limite de 0,2 µ.m ou um aumento rizado que bactérias planctônicas podem penetrar
na energia livre de superfície resultaram em um na interface adesiva entre o material restaurador
acúmulo maior de biofilme em materiais dentá- e o dente, levando a cáries secundárias e a pato-
rios. Quando ambas as propriedades de superfície logias pulpares. Por outro lado, foi demonstrado
interagem entre si, observou-se que a rugosidade que quantidades muito pequenas de resina não
tem um efeito maior no acúmulo de biofilme. A polimerizada, monômeros resinosos e produtos de
criação de uma restauração com superfície rugosa biodegradação da resina modulam o crescimento
causada por abrasão, erosão, polimento com ar ou de bactérias orais nas proximidades de restaurações
instrumentação ultrassónica, ou uma falta de poli- de resina. Todos esses fatores criam um ciclo de
mento após a confecção de uma restauração, tem interação bactéria-superfície, que contribui para
sido associada à formação de biofilme. aumentar a rugosidade superficial e para estimular
A aderência bacteriana in vivo é reduzida de a fixação bacteriana na superfície, colocando desse
forma considerável pela formação de uma película, modo o esmalte dentário adjacente em maior risco
independentemente da composição do substrato de desenvolvimento de cáries secundárias.
subjacente. A formação de películas também tem A aderência bacteriana em ligas para fundição
demonstrado certo efeito de mascaramento em e amálgamas dentários tem recebido uma atenção
características específicas das superfícies de bioma- reduzida em tempos recentes. Os biofilmes nas
teriais. Superfícies com uma energia de superfície ligas de ouro são considerados de baixa viabilida-
baixa retêm uma quantidade menor de biofilme de, possivelmente devido ao efeito bacteriostático
aderente, devido às forças de ligação reduzidas do ouro. Os biofilmes em amálgama também são
entre bactérias e substratos, mesmo após vários considerados de baixa viabilidade, o que poderia
dias de exposição na cavidade oral humana. Reci- ser atribuído à presença de mercúrio (Hg-11) em
procamente, a energia de superfície mais alta de amálgamas dentários. É interessante ressaltar que
muitos materiais restauradores comparada àquela restaurações de amálgama parecem aumentar os
da superfície dentária pode resultar em uma maior níveis de bactérias resistentes ao mercúrio in vitro e
tendência da superfície e margens da restauração em in vivo. Resistência a antibióticos, especificamente à
acumular detritos, saliva e bactérias. Isso pode, em tetraciclina, é uma característica concomitante à re-
parte, ser responsável pela incidência relativamente sistência ao mercúrio nas bactérias orais. Entretanto,
22 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
é importante observar que as bactérias resistentes ao papéis fundamentais na aderência bacteriana sobre
mercúrio foram também encontradas em crianças materiais de implantes dentários. Além disso, as
sem restaurações de amálgama ou sem exposição características da superfície da bactéria, o dese-
prévia ao amálgama. nho do implante e dos conectores e a microfenda
As informações referentes à morfologia de bio- entre o implante e o conector têm demonstrado in-
filmes sobre restaurações cerâmicas são limitadas, fluenciar a colonização microbiana sobre implantes
embora geralmente se considere que coroas cerâmi- dentários.
cas acumulam menos biofilme do que a estrutura A razão mais comum para a substituição de
do dente adjacente. A demonstração recente do restaurações dentárias é a incidência de cárie se-
aumento da rugosidade superficial de superfícies cundária nas margens gengivais das restaurações. É
de zircônia in vitro, após o uso de instrumentos estimado que 50%. a 80'% das restaurações de resina
manuais ou ultrassónicos, permite inferir que, teo- sejam substituídas anualmente apenas nos Estados
ricamente, haveria um acúmulo maior de biofilme Unidos. O custo da substituição de restaurações é
nas restaurações de zircônia após os procedimentos estimado em bilhões de dólares em todo o mundo,
de profilaxia dentária. e o número e os custos dessas substituições estão
Os biofilmes que aderem às resinas para base aumentando anualmente. Embora os estudos bac-
de próteses totais contêm predominantemente le- teriológicos sobre cáries secundárias indiquem que
veduras do gênero Candida. Entretanto, a aderência sua etiologia é similar àquela das cáries primárias,
inicial de bactérias, tais como estreptococos sobre a os mecanismos pelos quais as cáries secundárias
base da prótese, deve ocorrer antes que as espécies ocorrem são objeto de pesquisas atualmente em
de Candida possam formar biofilmes. Isso é atribuí- curso.
do à observação de bactérias nas próteses em horas A remoção de biofilmes orais de firme aderência
e de espécies de Candida após dias, e também da de superfícies rígidas é crucial para o controle das
capacidade das espécies de Candida de se ligarem cáries, e é conseguida mais efetivamente pela esco-
aos receptores da parede celular em estreptococos. vação mecânica com creme dental, especialmente
Os biofilmes nas próteses têm sido associados ge- nas regiões interproximais e nos dentes posteriores,
ralmente à estomatite protética (inflamação crônica juntamente com agentes químicos acessórios. Apesar
da mucosa oral) em idosos e pacientes imunocom- de a escovação dentária estar associada ao aumento
prometidos. A remoção de biofilmes das próteses da rugosidade superficial de restaurações com o
necessita tipicamente de meios mecânicos e/ou passar do tempo devido ao processo de desgaste
químicos e é um problema clinico importante por que poderia permitir a fixação bacteriana adicional
causa da aderência do biofilme nas resinas para base na superfície, a remoção mecânica tem demons-
de próteses totais. trado ser mais efetiva do que a intervenção química.
O acúmulo de biofilmes sobre titânio e ligas de Isso ocorre porque as bactérias nos biofilmes estão
titânio que são usados nos implantes dentários tem tipicamente bem protegidas da resposta imune do
recebido muita atenção, pois os biofilmes desempe- hospedeiro, de antibióticos e de antibacterianos
nham um papel significativo na determinação do quando envoltas por uma matriz complexa de bio-
sucesso de um implante. A sequência de colonização filmes. Além disso, a maioria dos agentes antimi-
microbiana e a formação de biofilmes nos implantes crobianos são comumente testados contra bactérias
dentários são semelhantes às dos dentes, porém di- planctônicas, que são mortas por concentrações mais
ferem nos padrões de colonização precoce. Diversos baixas de antimicrobianos do que as bactérias do
estudos in vivo têm confirmado que uma redução na biofilme. O controle químico de biofilmes também
rugosidade média das superfícies (R.) de materiais tem sido limitado por preocupações referentes ao
de implantes abaixo do valor limite de 0,2 µm não desenvolvimento de micro-organismos resistentes
apresenta maiores efeitos na aderéncia, colonização resultantes do uso prolongado de antimicrobianos.
ou na composição microbiana. Comparadas a su- Além disso, acredita-se na hipótese de que a micro-
perfícies de titânio polido, superfícies de implantes flora não deve ser eliminada, devendo-se, em vez
de titânio que foram modificadas com nitrito de disso, prevenir que uma ecologia favorável mude
titânio (TiN) evidenciaram aderência bacteriana para uma ecologia que favoreça doenças orais.
e formação de biofilmes in vivo significantemente O acúmulo de biofilmes nos ionômeros de vidro
menores, desse modo minimizando potencialmente e nos ionômeros de vidro modificados por resina é
o acúmulo de biofilmes e a peri-implantite subse- um fator que está associado a um aumento na rugo-
quente. Outros fatores envolvidos, tais como a hi- sidade superficial desses biomateriais. Materiais que
drofobia, a química da superfície e a energia livre de liberam flúor, ionômeros de vidro e compômeros
superfície do material de implante, desempenham em particular podem neutralizar ácidos produzidos
2. O AMBIENTE ORAL 23
pelas bactérias nos biofilmes. O flúor pode oferecer vidro podem ser recarregados pela exposição diária
benefícios cariostáticos e pode afetar o metabolismo aos cremes dentais que contêm flúor, compensando
bacteriano sob condições cariogênicas simuladas desse modo a redução significativa na liberação
in vitro. Embora se acredite que o grande volume de flúor que ocorre com o passar do tempo. É in-
de saliva normalmente presente na cavidade oral teressante observar que estudos clínicos não de-
resulte em concentrações de flúor muito baixas monstraram claramente que a liberação de flúor
para proteger a cavidade oral como um todo, a dos materiais restauradores reduz a incidência de
quantidade de flúor liberada poderia teoricamente cáries secundárias, em comparação a biomateriais
ser suficiente para minimizar a desmineralização que não liberam flúor. Assim, estudos adicionais são
na estrutura dentária adjacente às restaurações de necessários para determinar o impacto da liberação
ionômero de vidro e de ionômeros de vidro modi- de flúor de restaurações no desenvolvimento e na
ficados por resina. Adicionalmente, ionômeros de progressão de cáries secundárias.
P.ROBLEMAS
Solução
PROBLEMA 4
O esmalte tende a ser frágil e menos tenaz do
Preparos cavitários na coroa quase sempre en- que a dentina. A dentina é necessária para suportar
volvem o esmalte e a dentina, e muitas vezes ao e distribuir tensões. A JAD une esses dois tecidos
menos algumas porções da dentina podem ter sido calcificados diferentes e auxilia no estabelecimento
afetadas pelas cáries. Quais as dificuldades que essa de uma estrutura integrada que resiste à propagação
situação apresenta para os tratamentos dentários de trincas do esmalte para a dentina. Parece funcio-
restauradores? nar desse modo por proporcionar uma superfície
geométrica complexa que ajuda a desviar trincas, e
Solução proporciona para a estrutura dentária uma transição
Essas dificuldades são particularmente impor- mais gradual nas propriedades do esmalte para a
tantes na adesão a substratos mistos e são menos im- dentina. Tanto a complexidade geométrica quanto o
portantes para o amálgama ou preparos para coroas gradiente de propriedades melhoram a união entre os
protéticas. Nos procedimentos adesivos, procuramos tecidos e evitam as transições bruscas nas proprieda-
estabelecer ligações micromecânicas ao esmalte e à des mecânicas. Essas alterações repentinas poderiam
dentina. Isso geralmente é mais fácil para o esmalte produzir tensões mais elevadas na interface, as quais,
do que para a dentina, e as regiões de esmalte da de outro modo, poderiam favorecer a separação entre
maior parte dos preparos são em esmalte sadio. esmalte e dentina. Adicionalmente, a JAD é uma in-
Além disso, o esmalte não é tão sensível ao teor de dicação de diagnóstico-<liave na prática atual, pois as
umidade, e o esmalte dentário pode ser secado com- cáries que progridem além dessa junção são tratadas
pletamente, se necessário, para realizar procedimento de forma restauradora, enquanto lesões restritas ao
adesivo. A dentina é intrinsecamente únúda com o esmalte podem ser tratadas pela remineralização.
nível de umidade aumentando com a profundidade Nos tratamentos restauradores em que é necessário
na coroa dentária. Na dentina desmineralizada pelo remover a estrutura do dente além da JDE, o dente
condicionamento ou pelas cáries, a secagem causa restaurado provavelmente se toma mais fraco e mais
colapso da matriz exposta, o que toma difícil a pene- propenso à fratura.
tração dos agentes adesivos. Além disso, o corte da
dentina resulta na formação de camada de esfregaço,
que pode interferir na adesão. Isso pode ser menos PROBLEMA 6
preocupante com alguns sistemas autocondicionan- Enumere alguns dos fatores que contribuem para
tes, que incorporam a camada de esfregaço ou seus o aumento do acúmulo de biofilmes orais sobre res-
fragmentos na camada adesiva. Além disso, o subs- taurações de compósitos resinosos.
trato dentinário pode ter sido alterado por cáries.
Essas alterações podem incluir perda de mineral, Solução
tornando-o mais susceptível aos condicionadores, ou A aderência bacteriana e a formação de biofilmes
a formação de uma camada transparente que bloqueia nas superfícies de biomateriais dentários são proces-
os orifícios dos túbulos, e pode restringir a adesão. A sos complexos que dependem de um grande número
maioria das pesquisas tem sugerido que a resistência de fatores. Um aumento na rugosidade superficial de
de união em dentina alterada por cárie são inferiores uma restauração devido a um processo de abrasão ou
àquelas apresentadas pela dentina normal. de erosão e fatores que possam afetar a degradação da
2. O AMBIENTE ORAL 25
restauração de resina, tais como a produção de ácidos de limpeza com ultrassom. Com o que você deve se
pelos organismos cariogênicos e a hidrólise da matriz preocupar a esse respeito?
da resina pela saliva, são capazes de influenciar no
acúmulo de biofilmes em urna restauração de resina. Solução
O polimento insuficiente de urna restauração de resina A criação de uma superfície rugosa na restauração
também está associado à formação de biofilmes. Além por abrasão, erosão, polimento com ar ou instrumen-
disso, a liberação de quantidades diminutas de resina tação ultrassônica tem sido associada ao aumento na
não polimerizada e os produtos de biodegradação da formação de biofilme. As restaurações poderiam ser
resina podem afetar o crescimento de bactérias orais polidas novamente ou recobertas com um selante de
próximas das restaurações em compósito. superfície para retificar a rugosidade das superfícies.
As restaurações devem ser monitoradas periodica-
mente, pois os estudos clínicos não têm demonstrado
PROBLEMA 7 claramente que a liberação de flúor por biomateriais
Você tem um paciente que apresenta um grande dentários reduz de forma significativa a incidência
número de restaurações cervicais feitas de ionômero de cáries secundárias, e também porque as cáries
de vidro modificado por resina. As restaurações e secundárias ocorrem geralmente na margem gengival
os dentes passaram recentemente por um processo das restaurações.
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3
Critérios para
o Desenvolvimento
de Materiais Dentários
Restauradores
SUMÁRIO
27
28 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Conforme discutido no Capítulo 2, os materiais Para ilustrar como este processo pode ser aplica-
restauradores estão expostos a desafios químicos, do ao desenvolvimento de produtos relacionados a
térmicos e mecânicos no ambiente oral. A combi- materiais para higiene dental, vamos usar o simples
nação de forças, deslocamentos, bactérias, biofilme, exemplo do fio dental. O trabalho que esse produto
fluidos, flutuações térmicas e alterações no pH con- precisa realizar é a remoção da placa e dos resíduos
tribuem para a degradação de biomateriais naturais interproximais. As regiões e superfícies interproxi-
e sintéticos. Cada paciente possui uma combinação mais não são iguais. Alguns contatos interproximais
única desses fatores. Ao considerar a necessidade são apertados, outros são abertos e algumas regiões
de uma nova restauração ou substituição de uma podem ter restaurações proximais com graus varia-
restauração antiga em um paciente, o histórico do dos de adaptação marginal. O desenvolvimento de
desempenho das restaurações existentes do pacien- um novo fio dental pode começar com o problema
te pode fornecer informações importantes para o de um cliente em potencial que tem uma restauração
prognóstico da nova restauração. A avaliação do de- posterior com duas faces, com excesso na região pro-
sempenho de materiais em condições controladas, ximal. Os produtos atuais disponíveis no mercado se
in vitro e in vivo, também é eficiente na seleção de desfiam ou se rompem quando usados em tal região.
materiais e estimativas sobre sua vida útil. Fazer a Esta observação principal é analisada e considerada
escolha final sobre o material a ser utilizado envolve significativa porque muitas pessoas com esse pro-
um complexo processo de tomada de decisões que blema e problemas similares poderiam ser ajudadas
pode ser guiado por princípios de desenvolvimento por uma mudança de projeto para este fio dental.
de produtos. Ideias diversas e variadas são geradas para solucio-
nar o problema: (1) a seção transversal do fio dental
poderia ser uma fita em vez de um fio, para facilitar
CICLO DE PROJETO a passagem sobre o degrau proximal; (2) o produto
poderia ter um fio simples em vez de um trançado de
Considerar muitos fatores e integrar muitas múltiplos fios, para reduzir o número de superfícies
especificações em um produto final é uma exigên- no fio que poderiam se prender ao degrau; ou (3) o
cia de qualquer objeto que requer fabricação. Em fio poderia ser feito de um material diferente, ou uma
desenvolvimento de produtos, uma abordagem camada lisa poderia ser acrescentada para reduzir o
cíclica de análise e teste de problemas é usada para atrito (note que todas essas soluções foram apresen-
determinar o melhor desenho para o produto final. tadas aos consumidores em diferentes ocasiões).
Três categorias de solução de problemas são usadas Com base nestas possíveis alterações de projeto,
no ciclo de desenvolvimento: observe, planeje e um plano é feito incorporando um método ou com-
construa. Então esses passos são repetidos conforme binação de métodos que parecem ser mais promis-
o tempo, o número de problemas e a dificuldade dos sores no sentido de abordar o problema observado.
problemas permitirem (Fig. 3-1). Todas essas possibilidades podem ter méritos, mas
ao escolher aquelas que abordem o problema obser-
vado mais diretamente, podemos testar as soluções
de forma mais precisa. Neste exemplo, diremos que
Observe
o fio será formado com seção transversal em forma
de fita e uma alteração no material será feita para
reduzir o atrito. O novo fio dental é construído e
testado em ambientes simulados e reais.
Um ciclo de nosso processo de desenvolvimento
de um novo fio dental foi concluído. Esperamos des-
cobrir em nossos testes que o problema observado
foi resolvido. Que a solução mostrou-se eficaz. Po-
rém, ao testar nosso produto construído, poderíamos
Construa Planeje
notar que o material é muito liso e escorregadio para
remover efetivamente a placa, ou a fita é muito larga
para ficar plana quando passada através do contato
interproximal e nos sulcos gengivais. Com base nes-
sas observações, um novo plano é traçado, uma nova
versão do produto é criada, e nós percebemos que
FIGURA 3-1 O ciclo de projeto: Observe, Planeje, concluímos um novo ciclo do projeto. Repetimos este
Construa, .... Repita. processo, criando versões mais refinadas do produto
3. CRITÉRIOS PARA O DESENVOLVJMENTO DE MATERIAIS DENTÁRJOS RESTAURADORES 29
As opções de materiais a serem selecionadas evidência", porque uma correlação clínica pode ser
devem ser consideradas de acordo com os proble- feita apenas como uma extrapolação dos dados de
mas e necessidades exibidas pelo paciente. Esses laboratório. A classificação de pesquisa de bancada
dados são encontrados na literatura científica. A ou laboratório como "outras evidências" não deve
integração de dados do paciente com dados dos ser interpretada como se a pesquisa de bancada não
materiais ajuda a fazer um plano de tratamento seja válida. A hierarquia de evidências, conforme
mais completo. apresentada para dados baseados nelas, baseia-se
em dados clínicos humanos, para os quais dados de
bancada podem somente ser substitutos.
Evidências de Laboratório (ln Vitro) Ao se buscar evidências cientificas, os melhores
Na busca por evidências científicas, a melhor dados disponíveis, ou mais válidos, devem ser esco-
disponível, geralmente compilada de uma revisão lhidos. Desenvolvimentos de novos materiais que
da literatura cientifica, fornece indícios científicos são aperfeiçoamentos de produtos existentes não
para informar o clínico e o paciente. O nível de precisam passar por testes clínicos segundo a Food
validade mais alto é escolhido para minimizar in- and Drug Administration (FDA). Estudos publicados
formações tendenciosas. Esses estudos são tipica- feitos em laboratório ou in vitro são frequentemente
mente meta-análises de estudos clínicos randomi- as únicas formas de evidência cientifica disponível
zados (randornized clinicai triais, ou RTCs), revisões para os materiais. Isto não significa que nenhuma
sistemáticas ou RCT individuais. Níveis mais bai- evidência esteja disponível. É simplesmente uma
xos de evidência são encontrados em estudos de indicação que estudos de laboratório devem ser
casos, estudos de grupos (cohort) e relatos de casos. admitidos como evidência para a tomada de uma
Estudos de laboratório são listados como "outra decisão clínica (Tabela 3-1).
Tratamento/Prevenção(
Qualidade do Estudo Diagnóstico Análise Prognóstico
Nível 1: boa qualidade, Regra de decisão clínica validada SR/meta-análise ou RCTs SR/ meta-análise de estudos
evidência orientada SR/meta-análise de estudos com achados consistentes em grupo de boa qualidade
ao paciente de alta qualidade RCT individual de alta Estudo em grupo
Estudo de grupo de diagnóstico qualidadet prospectivo com bom
de alta qualidade* Estudo tudo ou nada* acompanhamento
Nível 2: evidência Regra de decisão clínica não SR/ meta-análise de SR/ meta-análise de estudos
de qualidade limitada validada experimentos clínicos em grupo de qualidade
orientada ao paciente SR/ meta-análise de estudos de qualidade inferior ou inferior ou com resultados
de qualidade inferior ou a<>tudos de estudos com achados inconsistentes
com achados inconsistentes inconsistentes
Estudo de diagnóstico de Experimento clínico Estudo em grupo
qualidade inferior ou estudo de qualidade inferior retrospectivo ou estudo
diagnóstico de controle de caso Estudo em grupo em grupo prospectivo com
acompanhamento ruim
Estudo de controle de caso
Estudo de controle de caso Série de caso
Nível 3: outras Orientações de consenso, extrapolações de pesquisa laboratorial, prática comum, opinião,
evidências evidência orientada à doença (resultados intermediários ou fisiológicos apenas), ou série de
casos para estudos de diagnóstico, prevenção ou análi~e.
De Newman MG, Weyant R, Hujoel P: J. Evid. Based Dent. Pract 7, 147-150, 2007.
*Esh100 em gn1po diagnóstico de alta qualidade: projeto em grupo, tama11ho adequado, espectro adequa® do pacimte, cegmmmto e um
padrífo de referbicia C011sistente e bem definido.
tRcr de alta qualidade: aloc:aÇt1o oculta, cegamento, se possível, análise de intençifo de tratamento, poder estatfstico adequa®,
acompanhamento adequadb (maior crue 80%).
1Em um eshtdb tudo ou nada, o tratamcmto causa uma.mudança dramática nos resultados, tais COTPW anh11i6tico para meningite ou cin1rgia
para apendicite, o que impede o estudo em um experimento controlado.
SR, Rroisífo sisten1ática; RCT, estudb clbrico ra1100111iz:ado.
3. CRITÉRIOS PARA O DESENVOLVJMENTO DE MATERIAIS DENTÁRJOS RESTAURADORES 31
Pesquisadores da área de ciência de materiais pilares, hábitos parafuncionais, higiene oral, res-
dentários têm buscado correlacionar uma ou duas taurações existentes nos dentes pilares, forma da
propriedades físicas ou mecânicas de materiais com área edêntula e aspectos estéticos. Outros elementos
desempenho clínico. Embora seja possível usar para o plano e projeto integrados são a geometria
testes de laboratório para classificar o desempe- tridimensional da área edêntula, a força de oclusão
nho de diferentes formulações da mesma classe de potencial que pode ser gerada, o histórico de ou-
material, o preditor clínico perfeito ainda não foi tras restaurações na região, a causa da perda do
encontrado. Com frequência, a comparação de es- dente e os materiais potenciais e suas propriedades.
tudos laboratoriais é difícil, devido a uma descrição O preparo do dente ocorre após a restauração ser
incompleta dos métodos e materiais. Pesquisadores conceitualmente projetada, uma vez que o projeto
em materiais dentários são encorajados a fornecer da restauração determinará a quantidade e forma
um conjunto completo de condições experimentais do preparo e redução do dente.
para possibilitar a comparação de dados entre estu- Ao criar um plano, a meta é ser sucinto, o que é
dos. Esse processo facilitará revisões sistemáticas de difícil fazer considerando que um dos objetivos da
estudos de laboratório que podem ser usados como fase de observação deve ser abrangente na coleta
fonte de evidência científica quando estudos clínicos de dados. Algumas informações serão externas ao
não estiverem disponíveis. problema a ser tratado e isso pode impedir que se
Cada paciente é único, inclusive seu ambiente chegue ao melhor plano de tratamento. Haverá
oral e sua fisiologia geral. Isto fornece um conjunto opções que se complementam e outras contradi-
único de circunstâncias e desafios para implementar tórias para os possíveis planos de ação. Haverá
escolhas de materiais bem-sucedidos em um plano características e restrições apresentadas em cada
de tratamento. Os elementos da odontologia baseada escolha possível de materiais. A priorização dessas
em evidências (evi.dence-based dentistn;, ou EBD) e as informações guiará o clínico para as soluções que
propriedades de materiais devem ser considerados serão mais eficazes.
como um sistema para propiciar o melhor cuidado Alguns diagnósticos de uma situação clínica
centralizado no paciente. A evidência observada du- podem ter uma forte influência do tratamento que
rante a avaliação do paciente, a evidência analisada foi anteriormente dado. Um paciente pode ter um
dos dados de laboratório, a experiência do clínico e dente posterior superior que apresenta desgaste ex-
as necessidades e desejos do paciente estão todas cessivo. Uma coroa posterior inferior com superfície
relacionadas e tudo tem impacto sobre o prognóstico oclusal cerâmica poderia ser o culpado. A cerâmica
da restauração. Embora possa ser tentador catego- foi escolhida por razões estéticas. Porém, a super-
rizar as necessidades de um paciente por idade, fície oclusal dura da cerâmica está atritando com o
gênero ou aspecto clínico geral, coleta cuidadosa dente superior, resultando em severo desgaste oclu-
de dados, planejamento e análise fornecem a me- sal da superfície do esmalte. Este prognóstico pode-
lhor solução. Esta visão é a base para o complexo ria ser abordado restaurando-se o dente superior,
processo de reabilitação oral (Fig. 3-3). e/ ou trocando-se a restauração do dente inferior
por um material menos duro ou menos abrasivo.
Como a preservação de material do dente natural
CRIANDO O PLAN O é de alta prioridade, a substituição da coroa inferior
por um material mais harmonioso com o esquema
Afase de planejamento associa elementos de tomada oclusal seria a melhor solução para o paciente. A
de decisão baseada em evidências e considerações importância de uma abordagem sistemática na
sobre propriedades e desempenho de materiais. O observação e planejamento é ilustrada aqui, onde
processo de planejamento de tratamento é familiar todos os fatores devem ser considerados juntos,
a clínicos, mas a prática de projetar restaurações seguido por priorização.
tendo as propriedades do material em mente talvez Priorização também é uma oportunidade para
não seja feita rotineiramente. Inicialmente, as exi- educar o paciente e realçar seu nível de ativação.
gências de desempenho são analisadas. O ambiente Não é raro pacientes não terem consciência de sérios
no qual a restauração irá trabalhar é usado como problemas orais. Por exemplo, cáries interproxirnais
um modificador das exigências de desempenho. ou lesões orais podem não ser evidentes ao paciente,
Por exemplo, ao planejar o tratamento com uma enquanto um simples dente anterior descolorido
prótese parcial fixa posterior de três elementos, as pode ser notado. Embora o desejo do paciente possa
considerações usuais incluirão comprimento do vão ser tratar o dente descolorido, priorizar o tratamento
protético, localização, condição dos dentes pilares, no sentido de atuar primeiramente contra o perigo
condições oclusais, suporte periodontal dos dentes de infecção imediata e progressão da doença ajuda
32 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
a saúde oral total do paciente. As prioridades e ex- material cerâmico poderia não ser a escolha mais
pectativas podem ser alteradas de modo que os pro- sábia devido ao potencial para lascamento ou des-
blemas mais sérios são abordados primeiro. gaste do dente oposto. Neste caso, um compósito
O paciente pode chegar com um material espe- resinoso é uma melhor escolha para longevidade da
cífico em mente, tal como uma faceta cerâmica no dentição natural. Uma discussão sobre os materiais
dente descolorido mencionado anteriormente. Se disponíveis e os planos potenciais podem modificar
o dente estiver com má oclusão ou potencialmente o entendimento do paciente quanto ao problema,
tocando a superfície de esmalte natural oposta, um enfatizando a natureza única do caso, o desejo por
Coleta de Dados
1. lnfonnações
2. Queixa principal
3. Histórico médico e odontológico
Observe 4. Avaliação física
5. Exame clínico
6. Exame radiográfico
7. Desempenho de restaurações existentes/
materiais
8. Avaliação do risco
Planeje
Modificadores clínicos
1. Experiência clínica
2. Manuseio dos materiais
- Objetivos do tratamento integrativo
''
Projeto de tratamento Plano de tratamento
Evidência científica 1. Opções de procedimento 1. Procedimentos
1. Revisões sistemáticas 2. Restauração e opções do 2. Projeto da restauração
>-- -
2. Experimentos clínicos projeto de preparo e do preparo
3. Estudos laboratoriais 3. Opções de materiais 3. Materiais selecionados
4. Resultados previstos 4. Justificativa
5. Prognóstico
''
1
Tratamento Tratamento
definitivo - provisório -
Con strua
' '
Revisão de desempenho,
manutenção e preven ção
FIGURA 3-3 Um diagrama de processo que ilustra a integração de tomada de decisão clinica, evidência e o ciclo de projeto.
3. CRITÉRIOS PARA O DESENVOLVJMENTO DE MATERIAIS DENTÁRJOS RESTAURADORES 33
uma restauração de aspecto natural, duradoura e restauração é uma aplicação direta ao dente. As
os materiais mais adequados para atender à meta propriedades de manipulação de um material são
inicial do paciente. O planejamento, então, desvia-se uma importante consideração que é frequentemente
da faceta cerâmica inicialmente pensada. Incluir o difícil de mensurar e descrever.
paciente no estabelecimento de prioridades para Em restaurações indiretas que requerem várias
seu tratamento fornece um ciclo de feedback pes- visitas e um procedimento laboratorial, a prototipa-
soal imediato que pode ser incorporado na fase de gem ocorre antes da construção. Ela também pode
planejamento. ser feita com restaurações diretas, por exemplo,
Os materiais restauradores representam ao mes- simulando a forma e a cor da faceta de resina com-
mo tempo uma solução e uma limitação. Resinas posta sem polimerizar o material. Para restaurações
compostas, cerâmicas e metais oferecem caracte- indiretas, a prototipagem é feita rotineiramente.
rísticas importantes e limitações que fazem com Criar modelos da restauração final é útil porque
que seu uso varie sutilmente de caso a caso. O ciclo permi te ao clinico e ao paciente discutirem e
observe, planeje, construa ...repita é um processo que concordarem sobre os resultados do tratamento.
auxilia na identificação e análise de características Esta discussão inicial reduz surpresas quando a
e limitações. Cada passo do ciclo oferece oportuni- restauração final for entregue ao paciente. O uso de
dades para priorizar as características e limitações modelos também é excelente auxilio para projetar
de materiais para o caso e selecionar aqueles que preparos dentários que transfiram força oclusal
melhor se encaixam no esquema oclusal. Em cada através da restauração ao dente e tecidos de apoio
ciclo do projeto, solução e problema tomam-se mais de maneira ideal.
convergentes e a qualidade do produto final ou do O conceito de prototipagem também é útil na fa-
serviço aumenta. bricação de restaurações provisórias ou temporárias
para restaurações indiretas. Quando a restauração
provisória simula com precisão o projeto final em
CON STRU INDO A RESTAURAÇÃO forma e aparência, o paciente e o clinico podem
discutir resultados do projeto, expectativas e mo-
Construir é a próxima fase. A construção da dificações necessárias. A estética é particularmente
restauração pode ocorrer diretamente no dente ou importante de ser simulada da forma mais precisa
pode requerer vários passos sequenciais para criar possível, devido à sua subjetividade. Cor, forma,
o produto final, incluindo um procedimento de tamanho e posição são todos importantes fatores
laboratório. Em muitas restaurações intracoronárias a serem avaliados para garantir a satisfação do pa-
e em algumas facetas, a restauração é aplicada dire- ciente com a restauração. Restaurações provisórias
tamente ao dente e tipicamente finalizada em uma também atuam como importante auxilio diagnóstico
visita. Essas são mencionadas como procedirnentos para estudar oclusão, forças oclusais, hábitos para-
diretos. Para esses procedimentos, as decisões sobre funcionais, higiene oral e resposta do tecido mole. A
o material final são tomadas antes de qualquer pro- análise do desempenho de restaurações temporárias
cedimento de "construção". O plano de tratamento cuidadosamente fabricadas pode fornecer muitas
deve incluir todas as escolhas de materiais. Ajustes sugestões para o projeto ideal e fabricação da res-
finos são feitos acrescentando e/ ou removendo ma- tauração permanente. A restauração temporária é
terial baseado na avaliação oclusal, questionando o onde se deve testar e fazer rnodificafões sequenciais
paciente sobre sentido tátil e avaliando a estética e aos conceitos do projeto antes da fabricação da
harmonia da restauração com o restante da dentição restauração permanente. Observações de facetas
e ambiente oral. de desgaste oclusal, trincas, deslocamentos, des-
Alguns materiais restauradores são mais sen- coloração e desconforto da restauração provisória
síveis a variações de técnica do que outros. Por são indicadores de condições de que o projeto pode
exemplo, colocação de restaurações de compósito estar extrapolando seus limites. O estudo das causas
em dentes posteriores requer mais passos do que desses eventos pode auxiliar o laboratório protético
para um amálgama. Cada um desses passos requer na determinação das propriedades necessárias para
um nível específico de precisão que, quando tota- material permanente.
lizados, resultam em um processo mais complexo. A seleção do material é preferencialmente reali-
Um erro em qualquer passo pode afetar o sucesso zada durante o planejamento e projeto, em vez de
da restauração. Conheci·mento clínico, portanto, é após o preparo do dente. Opções de material para
um fator importante quando do desenvolvimento um cenário restaurador particular irá diferir em
de um plano de tratamento e da seleção de ma- suas propriedades mecânicas e físicas. Por exemplo,
teriais restauradores, particularmente quando a ligas fundidas para uma prótese fixa diferem em
34 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
4
Fundamentos da Ciência
dos Materiais
SUMÁRIO
35
36 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Os materiais dentários restauradores são subme- bem confeccionadas ficam inutilizadas porque o
tidos a um ambiente muito hostil, em que o pH, o tecido de suporte falha. Neste caso, esta é uma falha
fluxo salivar e as forças mecânicas oscilam de forma de interface ou de substrato. Consequentemente,
constante e, muitas vezes, rapidamente. Esses desa- no planejamento de restaurações e na interpretação
fios exigem pesquisas e desenvolvimentos substan- dos resultados de ensaios, é importante lembrar que
ciais para oferecer produtos para o dentista clinico. o sucesso de uma restauração depende não só de
Muitas dessas pesquisas são possíveis por meio da suas qualidades físicas, mas também da qualidade
aplicação de conceitos fundamentais de ciência dos biofísica ou fisiológica dos tecidos de suporte.
materiais. O conhecimento das propriedades de po- As propriedades físicas descritas neste capítulo
límeros, cerâmicas e metais é crucial para a seleção e incluem propriedades mecânicas, térmicas, elétricas
para o planejamento de restaurações dentárias. e eletromecânicas, de cor e ópticas.
Não existe uma propriedade única que defina a
qualidade de um material. De modo geral, muitas
propriedades, determinadas a partir de ensaios PROPRIEDADES MECÂNICAS
laboratoriais padronizados e testes clínicos, são
utilizadas para descrever tal qualidade. Ensaios No meio oral, os materiais restauradores estão
laboratoriais, embora sejam apenas substitutos para expostos a desafios químicos, térmicos e mecânicos.
ensaios clínicos, fornecem medições padronizadas Esses desafios podem causar a deformação do mate-
para comparar materiais e orientar a interpretação rial. A ciência que estuda como materiais biológicos
dos testes clínicos. interagem e se deformam é chamada biomecânica.
A padronização dos ensaios de laboratório é Esta seção apresenta os conceitos de deformação
essencial para controlar a qualidade e permitir a elástica, plástica e viscoelástica e de grandezas mecâ-
comparação dos resultados entre os diferentes gru- nicas, incluindo força, tensão, deformação, resistên-
pos de pesquisa. Quando possível, o corpo de prova cia, tenacidade, dureza, atrito e desgaste em termos
deve simular o tamanho e a forma de uma estrutura do desempenho dos materiais no meio oral.
no ambiente clinico, devendo ser os procedimentos
de mistura e manipulação equivalentes às condições
clinicas de rotina. Força
Embora seja importante conhecer os valores Quando um corpo interage com outro, uma
comparativos das propriedades dos diferentes força é gerada. As forças podem ser aplicadas pelo
materiais restauradores, também é essencial co- contato real entre os corpos envolvidos ou à dis-
nhecer a qualidade dos tecidos duros e moles de tância (p.ex., a força da gravidade). O resultado da
suporte e revestimento. Muitas restaurações fa- aplicação de uma força sobre um corpo é a trans-
lham clinicamente pela ocorrência de fratura ou de lação ou deformação do corpo, dependendo se o
deformação. Essa é uma questão pertinente à pro- corpo é rígido ou deformável e se esse corpo está
priedade do material. Mesmo algumas restaurações fixo. Se o corpo está fixo (ou seja, não se move ou
4. FUNDAMENTOS DA Cl~CIA DOS MATERIAIS 37
transla~a), a força causa a deformação do corpo ou Tensão
alteraçao de sua forma. Se o corpo está livre para
se movimentar, a aplicação de uma força resulta em Quando uma força age sobre um corpo fixo, esse
movimento ou translação. corpo resiste à força. Esta reação interna é igual
Uma força é definida por três características: o em magnitude e oposta em direção à força externa
ponto de aplicação, sua magnitude e a direção da aplicada e é chamada de tensão, normalmente re-
aplicação. A direção de uma força é característica do presentada por Sou a. Tanto a força aplicada quan-
tipo da força. A unidade de força de acordo com o to a resistência interna (tensão) são distribuídas ao
Sistema Internacional de Unidades (SI) é Newton (N). longo de uma área do corpo, de modo que a tensão
Uma libra-força (lb-f) equivale a 4,4 Newtons (N). em um objeto é definida em força por área, ou ten-
são= força/área. É difícil medir a tensão diretamen-
Forças oclusais te, de forma que se mede a força e a área na qual
A faixa de forças oclusais máximas varia de a força é aplicada, e calcula-se a tensão a partir da
200 a 3.500 N. As forças oclusais entre os dentes razão entre a força pela área. A unidade de tensão
de um adulto são mais altas na região posterior é, ~ortanto, a unidade de força (N) dividida pela
mais próxima do eixo de articulação mandibular urudade de área e é comumente expressa em uni-
~ v~~ diminuindo da região molar em direção aos dades SI como Pascal (1Pa=1N/m2=1MN/mm2).
mos1vos. As forças no primeiro e segundo molares É comum expressar uma tensão em megapascaJs
variam de 400 a 800 N. A força média nos pré- (MPa) ou milhões de Pascal, 1MPa=l06Pa.
molares, caninos e incisivos é de cerca de 300, 200 Uma vez que a tensão em urna estrutura varia
e lSON, respectivamente. Um tipo de aumento de diretamente com a força e inversamente com a área
alguma maneira não linear mas bem definido, de a área sob ação de uma força é uma consideraçã~
235 para 494.N, ocorre em crianças em crescimento, importante. Isto é especialmente verdadeiro em
com um aumento médio anual de cerca de 22N. restaurações dentais em que a área sob ação das
forças, muitas vezes, é extremamente pequena.
Forças em Restaurações Por exemplo, a área de contato transversal de uma
Forças oclusais entre dispositivos protéticos cúspide pode ser de apenas 0,16 a 0,016cm2.
dentários são geralmente inferiores em relação à Como um exemplo numérico, um fio ortodôn-
dentição natural. Pacientes com próteses parciais tico de calibre 20 tem um diâmetro de 0,8mm e
removíveis geram forças oclusais na faixa de 65 a uma área transversal de 0,5 rru:n2. Se uma força de
235N. Para os pacientes com próteses totais, a força 220N é aplicada a um fio desse diâmetro, a tensão
média sobre os molares e pré-molares é de cerca de desenvolvida é equivalente a 220N/0,5 mm2 ou
lOON; as forças médias sobre os incisivos é de 40N. 440N/mm2 (MPa).
As variações de gênero e de idade nas diferentes A tensão é sempre normalizada para uma área
populações de pacientes contribuem para a gran- de 1 m 2, mas uma restauração dental, como um
de variação de valores de força. Em geral, a força ponto oclusal pequeno, pode ter não mais que
oclusal produzida pelas mulheres é cerca de 90N 4mm 2 de superfície, se a restauração tem 2mm de
menor do que a aplicada pelos homens. O formato lado. Se uma força oclusal de 440 N for concentrada
da fac~ e a definição muscular são bons preditores da nesta área, a tensão resultante seria de lOOMPa.
capacidade de força oclusal. Pacientes com ângulos Portanto, tensões de várias centenas de MPa podem
mandi~ulares grandes geralmente apresentam forças ocorrer em muitos tipos de restaurações. Tensões na
oclusais menores em relação aos pacientes com ângu- faixa de milhares de MPa podem ser produzidas
los pequenos e formato mandibular quadrado. quando a área de urna cúspide ou de uma sonda
A força oclusal máxima e a resposta dos tecidos explodadora é utilizada para aplicar urna força. Esta
subjacentes mudam de acordo com a localização é uma razão para que os contatos prematuros, em
anatômica, a idade, o esquema oclusal e a presença que pequenas áreas de superfície estão recebendo
de uma prótese dentária. Ao projetar restaurações grandes forças oclusais, sejam tão prejudiciais.
e selecionar os materiais, é importante considerar a Em uma oclusão equilibrada, múltiplos contatos
localização, a dentição antagonista e a capacidade simultâneos oclusaís são desejáveis. A distribuição
de geração de forças pelo paciente. Esses fatores das forças oclusais sobre áreas de superfície maiores
muitas vezes podem. ser estimados pelo sucesso reduz as tensões oclusais locais.
ou falha de outras restaurações presentes na boca
do paciente. Um material ou um desenho capaz de Tipos de Tensão
suportar as forças de oclusão no segmento anterior Uma força pode ser aplicada de qualquer ân-
pode não ser suficiente para o segmento posterior. gulo ou direção, e muitas vezes, várias forças se
38 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Cisalhamento Cisalhamento 1 1
F
F
FIGURA 4.3 Características de força e alongamento. A, Características de força e alongamento para um mesmo
material, mas com diierentes dimensões. B, Características de tensão-deformação do mesmo grupo de barras. A curva
tensão-deformação é independente da geometria da barra.
40 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
~70 A /
~60 I
/
';'50 /
·~ 40 ,'
=xtensômetro - <::: I
~30 /
' -
Amostra 20
10
I
/
/
0 +-~~'~~~~~~~~~~~~~~
o 2 4 6 8 10 12 14
A Deformação (mm/mm)
SF --------- ~
--~-~
--~
--~-~
--~
--~-~~l\lrm
Parte móvel
e '...> o
FIGURA 4.4 Máquina de ensaios Universal.
"""'"'
~
como limite de escoamento, do original yield brar também que uma maloclusão altera as tensões
strength, YS ou ay) de um material é uma proprie- desenvolvidas em uma restauração; uma restaura-
dade que pode ser determinada imediatamente e ção deformada pode, portanto, estar submetida a
é usada com frequência para descrever a tensão tensões superiores àquelas originalmente planeja-
na qual o material começa a funcionar de maneira das porque a oclusão que seria distribuída por um
plástica. Neste ponto, uma pequena quantidade maior número de contatos oclusais pode agora se
de deformação permanente ocorre no material. A concentrar em um número menor de contatos. Sob
resistência à deformação plástica é definida como a essas condições, não ocorre fratura se o material for
tensão na qual o material se deforma plasticamente capaz de se deformar plasticamente. O resultado
e está presente uma quantidade definida de defor- é a deformação permanente, o que representa um
mação permanente. A quantidade de deformação exemplo destrutivo de deformação. A deformação
permanente é arbitrariamente selecionada para permanente e as tensões além do limite elástico são
o material a ser examinado e pode ser indicada desejáveis durante a dobra de um fio ortodôntico
como 0,1 'Yo, 0,2o/o ou 0,5% (0,001, 0,002, 0,005). A ou o ajuste de um grampo de uma prótese parcial
quantidade de deformação permanente é conhecida removível. Nestes exemplos, a tensão deve exceder
como percentual de dejormaçiio. Muitas especificações a resistência à deformação plástica para dobrar o
utilizam 0,2°/o como convenção, mas isso depende fio ou para adaptar o grampo permanentemente.
do comportamento plástico do material ensaiado. A deformação elástica ocorre quando o fio ou o
Para materiais rígidos, com pequeno alongamento, grampo entra e sai de uma região retentiva na área
o cálculo da resistência à deformação plástica irá cervical de um elemento dental. A retenção é obtida
considerar valores de deformação maiores do que pela deformação elástica em pequena escala. Essa
os materiais que sofrem maior alongamento ou deformação elástica ou reversível descreve a função
deformação. dos elásticos, grampos, o-rings e parafusos de im-
A resistência à deformação plástica é determi- plantes.
nada selecionando a deformação desejada no eixo
x e traçando uma linha paralela à região linear da Resistênda Máxima
curva de tensão-deformação. O ponto em que a Na Figura 4.5, o corpo de prova apresenta tensão
linha paralela cruza a curva de tensão-deformação máxima no ponto C. A tensão ou resistência ·máxima
é a resistência à deformação plástica. Na curva à tração (RMT) é definida como a tensão máxima
tensão-deformação mostrada na Figura 4.5, por que um material pode suportar antes da falha sob
exemplo, a resistência à deformação plástica é re- tração, enquanto a tensão ou resistência máxima à com-
presentada por B. Este valor representa uma tensão pressiio (RMC) é a tensão máxima que um material
de cerca de 360MPa com 0,25% de deformação. A pode suportar em compressão. A tensão máxima
resistência à deformação plástica é ligeiramente de engenharia é determinada dividindo a carga
maior do que o limite de proporcionalidade, uma máxima em tração (ou compressão) pela área ori-
vez que inclui uma quantidade específica de defor- ginal da secção transversal do corpo de prova. A
mação permanente. Observe que, quando uma es- resistência máxima à tração do material na Figura
trutura é permanentemente deformada, mesmo em 4.5 é de cerca de 380 MPa.
pequeno grau (como a quantidade de deformação A resistência máxima de uma liga utilizada em
no limite de escoamento), ela não retorna comple- odontologia determina a carga máxima e a área
tamente para as suas dimensões originais quando a transversal mínima ao se projetar uma restauração.
tensão é removida. Por esta razão, o limite elástico e Observe que uma liga que tenha sido tensionada
a resistência à deformação plástica de um material até próximo de sua resistência máxima terá sido
estão entre as suas propriedades mais importantes permanentemente deformada, de forma que uma
porque definem a transição do comportamento restauração que recebe esta quantidade de tensão
elástico para o plástico. durante função se torna inútil. Uma margem de
Qualquer restauração dentária permanente- segurança deve ser considerada durante o projeto
mente deformada por forças mastigatórias em de uma restauração e a escolha do material deve
geral indica um "fracasso funcional" em algum garantir que a resistência máxima não será exigi-
grau. Por exemplo, uma prótese parcial fixa per- da em função normal. A resistência à deformação
manentemente deformada por forças oclusais ex- plástica é muitas vezes mais importante do que a
cessivas exibirá contatos oclusais alterados. Uma resistência máxima para o planejamento de uma
restauração é permanentemente deformada por restauração e para a seleção dos materiais, pois é
causa da ação de uma tensão igual ou superior à sua urna estimativa de quando o material começa a se
resistência à deformação plástica. É importante lem- deformar permanentemente.
4. FUNDAMENTOS DA CJ~CIA DOS MATERIAIS 43
l
Ductilidade e Maleabilidade
Duas propriedades significativas de metais e
ligas são a ductilidade e a maleabilidade. A ducti- o
•<li
lidade de um material representa sua capacidade <J)
e Tenacidade
de ser transformado e moldado em forma de fio ~
por meio de tração. Quando forças de tração são
aplicadas, um fio é formado por deformação per- Deformação--.,_
manente. A maleabilidade de um material representa
sua capacidade de ser laminado ou enrolado em fo-
B
lhas finas, sem que ocorra a fratura. Maleabilidade
FIGURA 4.9 Curvas tensão-deformação mostrando
vem do latim mal/eus, martelo.
A, a área indicando a resiliência e B, a área representando
Um alto grau de alongamento indica boa ma- a tenacidade de um material.
leabilidade e ductilidade, embora alguns metais
sejam uma exceção a essa regra. A redução da área
de uma amostra, juntamente ao alongamento no elástica de uma curva tensão-deformação, como
ponto de ruptura, é, no entanto, uma boa indicação ilustrado na Figura 4.9, A.
da ductilidade relativa de um metal ou liga. A resiliência tem uma importância especial na
A ductilidade é uma propriedade que tem sido avaliação dos fios ortodônticos. Um exemplo é a
relacionada à trabalhabilidade de um material na quantidade de trabalho que se espera de uma deter-
boca (p. ex., a brunidura das margens de uma res- minada mola para mover um dente. A quantidade de
tauração fundida). Apesar da ductilidade ser impor- tensão e deformação no limite de proporcionalidade
tante, a quantidade de força necessária para causar também é de interesse porque esses fatores determi-
deformação permanente durante um procedimento nam a magnitude da força que pode ser aplicada a
de brunidura também deve ser considerada. Um ín- um dente e o quanto este dente pode se mover antes
dice de brunidura tem sido usado para classificar a da mola deixar de ser funcional. Por exemplo, a Figu-
facilidade das ligas para sofrer brunidura e é igual à ra 4.10 ilustra uma curva de carga-deflexão de um fio
ductilidade (alongamento) dividida pela resistência ortodôntico de níquel-titânio (Ni-Ti). Observe que a
à deformação plástica. região da curva sob ação de carregamento (ativação)
O ouro e a prata, usados extensivamente em é diferente da região sem carregamento (desativação).
odontologia, são os metais mais maleáveis e dúcteis; Esta diferença é chamada de histerese. As unidades de
entretanto, outros metais não seguem o mesmo pa- resiliência são m.MN/m3 oumMPa/m.
drão para maleabilidade e ductilidade. Em geral, os
metais tendem a ser dúcteis, enquanto as cerâmicas Tenacidade
tendem a ser frágeis. A tenacúiade, que é a capacidade de um material
de resistir à fratura, é uma indicação da quantidade
Resiliência de energia necessária para provocar a fratura. A
Resiliência é a capacidade de um material para área sob as regiões elástica e plástica de uma curva
resistir à deformação permanente. Ela indica a tensão-deformação, como mostrado na Figura 4.9,
quantidade de energia necessária para deformar B, representa a resistência do material. As unidades
o material até o limite de proporcionalidade. Are- de resistência são as mesmas que as unidades de
siliência é, portanto, medida pela área sob a região resiliência - m.MN/ m 3 ou mMPa/ m. A tenacidade
46 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
emax = 8%
Deformação e (°lo)
500 0,24
400
,g 0, 16
'Oi 300 °"
(1!
~
E
Q
Plástico ~ 0,08
Liga de alta performance
100 ~--------~~~~~~~..-!:la
~ tex
2 4 8 12 16 20 24
Tempo (horas)
12345678 1 5 10 15 20
Horas Dias FIGURA 4.1 7 Curvas de creep para um amálgama
convencional (baixo cobre) e de alta performance (alto
FIGURA 4.16 Diminuição da carga aplicada em anéis cobre). (De O'Brien Wf: Dental Materiais: Properties and
de látex e de plástico em função do tempo sob extensão SelecN.on. Quintessence, Chicago, p. 25, 1989)
constante de 95mm. (De Craig RG (Ed.): Dental Materiais: A
Problem-ariented Approach Mosby-Year Book, St. Louis, 1978)
Módulo Dindmico
determinado momento. Uma vez que uma curva O módulo dinârnico (E 0 ) é definido como a razão
de creep é obtida, uma curva de relaxamento por entre tensão e deformação para pequenas defor-
creep correspondente pode ser calculada. A curva mações cíclicas em uma dada frequência e em um
de relaxamento por creep mostrada na Figura 4.19 ponto determinado da curva tensão-deformação.
é caracterizada pela seguinte equação: Quando medido em um instrumento de oscilação
dinâmica, o módulo dinâmico é calculado por:
f1 = Jo + fR + (t/'Y})
ED= mqp2
em que Jo é o relaxamento elástico instantâneo,
JR é o relaxamento elástico tardio (inelástico) e em que m é a massa do elemento de carrega-
t/'Y] representa a resposta viscosa no tempo t para mento, q é a altura dividida por duas vezes a área
uma viscosidade TI· A deformação associada a Jo e da amostra cilíndrica e p é a frequência angular
JR é completamente recuperável após a remoção das vibrações.
da carga; no entanto, a deformação associada a JR Em geral, o módulo de elasticidade calculado a
não é recuperada imediatamente e requer algum partir de ensaios dinâmicos é maior do que quando
tempo finito. A deformação associada a t/'Y] não é calculado por ensaios estáticos. Para materiais elásti-
recuperada e representa a deformação permanente. cos ideais submetidos a uma deformação oscilatória,
Se uma única curva de relaxamento por creep for a onda senoidal da tensão resultante combina perfei-
calculada a partir de uma família de curvas de creep tamente a onda de deformação; é dito, portanto, que
determinadas por diferentes cargas, o material é a tensão e a deformação estão "em fase" (Fig. 4.20, A
dito linearmente viscoelástico. Neste caso, as qua- e B) ou que não há energia perdida para o ambiente,
lidades viscoelásticas podem ser descritas de forma porque toda a energia é usada para gerar deforma-
concisa por uma única curva. ção. Para os fluidos newtonianos (líquidos ideais), a
A curva de relaxamento por creep, portanto, per- resposta à deformação acontece com atraso, e a fase
mite estimar a quantidade relativa de comportamen- se atrasa equivalente ao maior ângulo possível (8 = 90
to elástico, inelástico e viscoso de um material. Jo graus) entre ondas de tensão e deformação, para
indica a flexibilidade e recuperação inicial após a de- qualquer dado ciclo (Fig. 4.20, A). Conforme discu-
formação, JR a quantidade de recuperação tardia que tido anteriormente, um módulo complexo (E*) pode
pode ser esperada e t/'Y] a magnitude de deformação ser calculado a partir das curvas tensão-deformação.
permanente esperada. Curvas de relaxamento por O módulo complexo, portanto, é a razão entre a am-
creep para materiais de moldagem elastoméricos são plitude de tensão e a amplitude de deformação e
mostradas no Capítulo 12, Figura 12-17. representa a rigidez do material.
A maioria dos materiais reais sujeitos a tensões
oscilatórias comporta-se em algum ponto entre
Propriedades Mecânicas Dinâmicas perfeitamente elásticos e perfeitamente plásticos e,
Embora as propriedades estáticas possam mui- nesses casos, resolvendo o módulo complexo (E*)
tas vezes estar relacionadas à função de um mate- em um componente elástico "em fase" (chamado de
rial sob condições dinâmicas, existem limitações rnndulo de armazena·mento ou E') e um componente
ao uso de propriedades estáticas para estimar as viscoso "fora de fase" (chamado rrtódulo de perda ou
52 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
- - Tensão o
- - Deformação e
...
rnt
A E*
E'
- - Tensão o
- - Deformaçao e e E"
rol
FIGURA 4.20 Oscilação sinusoidal e resposta de (A) um líquido ideal e (B) um material puramente elástico; 8 =ângulo
de fase. (C) correlação matemática do módulo complexo (E*), de armazenamento (E') e de perda (E").
E"), é possível ter uma ideia dos componentes elás- TABELA 4-3 Valores de Módulo Dinâmico e
ticos e viscosos, respectivamente (Fig. 4.20, B). Eles Resiliência Dinâmica em Função da Temperatura de
se relacionam de acordo com a relação matemática Alguns Elastômeros Odontológicos
mostrada na Figura 4.20, C, em que E'= E• sen 8 e
Módulo Resiliência
E" =E* cos 8. Um conceito útil que surge é o fator de
Temperatura Dinâmico Dinâmica
perda tg 8 (calculada como tg 8=E' /E"). Essa relação Material (º C) (MPa) (o/o)
nos permite determinar se um material apresentares-
posta predominantemente elástica ou viscosa quando MATERIAIS MAXILOFACIAIS
submetido a uma carga quando em serviço. Poliuretano - 15 5,98 15,0
Em conjunto com o módulo dinâmico, valores
de atrito interno e resiliência dinâmica podem ser 37 3,06 19,9
determinados. Por exemplo, alongamento cíclico ou Cloreto de - 15 12,2 6,0
compressão de um elastômero resultam em perda Polivinila (PVC)
irreversível de energia, que é exibida na forma de
37 2,51 19,6
calor. O atrito interno de um elastômero é compa-
rável à viscosidade de um líquido. O valor de atrito Elastômero à - 15 2,84 16,0
interno é necessário para o cálculo da resiliência base de silicone
dinâtn.ica, que é a razão entre a energia perdida e 37 2,36 23,2
a energia gasta.
PROTETOR BUCAL DE POUACETATO
O módulo dinâmico e a resiliência dinâmica de DE VINILA-POUETILENO
alguns elastômeros odontológicos estão listados
na Tabela 4.3. Essas propriedades são afetadas pela Novo 37 9,39 23,4
temperatura (de -15 a 37ºC) para alguns elastôme- Usado 37 7,23 20,2
ros maxilofaciais, como o policloreto de vinila e o
poliuretano plastificados, mas nem tanto em silico-
nes. Conforme mostrado na Tabela 4.3, o módulo concreto, a resiliência dinâmica de um polímero
dinâmico diminui e a resiliência dinâmica aumenta utilizado em um protetor bucal para esportes é uma
com o aumento da temperatura. Como um exemplo medida da capacidade do material de absorver a
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 53
energia de um impacto e, assim, proteger as es- Knoop, Vickers, Rockwell, Barco) e ensaios de du-
truturas orais. reza Shore A. Cada um desses ensaios se diferencia
um pouco em relação ao indentador utilizado e ao
cálculo da dureza. Cada um apresenta algumas
Propriedades Mecânicas de Superfície vantagens e desvantagens, descritas em detalhes
Até agora, introduzi.mos e discutimos as proprie- no Capítulo 5. Eles têm uma característica comum,
dades mecânicas que são principalmente dependen- no entanto, já que cada um depende da penetração
tes das características "de corpo" do material. Nesta de um pequeno indentador de formato simétrico na
seção, propriedades mecânicas que estão mais rela- superfície do material a ser ensaiado. A escolha do
cionadas ao estado da superfície do material serão ensaio de dureza depende do material de interesse,
apresentadas. Em particular, serão abordados os da faixa de dureza esperada e do grau desejado da
conceitos de dureza, atrito e desgaste. localização.
Dureza Atrit.o
A dureza pode ser definida de um modo geral O atrito é a resistência entre corpos em contato
como a resistência à penetração ou à indentação quando um se move em relação ao outro (Fig. 4.22).
superficial permanente. Elaborar uma definição A força de contenção que resiste ao movimento é a
mais rigorosa de dureza é difícil, pois qualquer mé- força de atrito (estática) e resulta da ligação entre
todo de ensaio envolve morfologias complexas de moléculas dos dois objetos cujas superfícies estão
superfície e tensões no material ensaiado, em nível em contato próximo. A força de atrito, F 01, é pro-
microscópico, englobando assim, uma variedade de porcional à força normal (N) entre as superfícies e
qualidades em um único ensaio de dureza. Apesar o coeficiente de atrito (estático) (fl5):
desta condição, o conceito mais comum de subs-
tâncias duras e moles é a sua resistência relativa à
Fat=11sN
penetração. A dureza é, portanto, uma medida da O coeficiente de atrito varia entre Oe 1 e é uma
resistência à deformação plástica e é medida como função do contato entre os dois materiais, suas
força por unidade de área da identação (Fig. 4.21). composições, acabamento de superfície e lubrifi-
Com base nessa definição de dureza, está claro o cação. Materiais semelhantes em contato têm um
porquê desta propriedade ser tão importante para maior coeficiente de atrito e, se um meio lubrificante
a odontologia. A dureza influencia a facilidade de está presente na interface, o coeficiente de atrito é
corte, o acabamento e o polimento de um objeto e reduzido.
sua resistência ao risco durante o uso. O acabamento
ou o polimento de uma estrutura é importante para
fins estéticos e, conforme discutido anteriormente,
riscos podem comprometer a resistência à fadiga e
levar a falhas prematuras.
Alguns dos métodos mais comuns de ensaio
de dureza dos materiais restauradores são Brinell,
p
i t
Indentador .-Q
o' Q Deformação
plastica
.,.,- A
ser minimizado se as superfícies são lisas e duras e de superfície e à energia de superfície. Não apenas a
se partículas de um terceiro material são mantidas energia de superfície é importante, mas a interface
fora de contato com as superfícies. O desgaste cor- entre as duas fases também contribui com impor-
rosivo é secundário em relação à remoção física de tantes propriedades e características ao sistema.
uma camada protetora e, portanto, está relacionado Exceto pela dispersão de um gás em um gás, que
à atividade química das superfícies de desgaste. A é uma solução verdadeira, cada um dos três estados
ação de deslizamento entre superfícies acelera a da matéria - gás, liquido e sólido - pode ser disperso
corrosão. No desgaste de fadiga de superfície, as- como partículas coloidais em outro e também em si
perezas ou partículas livres com pequenas áreas de mesmo. A fase dispersa, que pode estar na forma de
contato contribuem para altas tensões localizadas e gás, liquida ou sólida, também pode existir em uma
produzem fissuras superficiais ou subsuperficiais. variedade de condições. Alguns exemplos dessas
As partículas se rompem sob carregamento cíclico fases dispersas são (1) sílica coloidal como carga em
e deslizamento. compósitos resinosos, (2) sílica coloidal em água para
Em geral, os metais são suscetíveis ao desgaste ser misturada com gesso pedra de alta resistência
adesivo, corrosivo e de três corpos, enquanto os para melhorar a resistência à abrasão, (3) gotas de
polfmeros são mais suscetíveis ao desgaste abrasivo óleo em água para a esterilização a vapor evitando a
e de fadiga. ferrugem do instrumental odontológico, (4) cargas em
materiais de moldagem elastoméricos para controlar
propriedades como a viscosidade e (5) aglomerados
Estado Coloidal de moléculas de detergente em água que servem
Os coloides foram primeiramente descritos por como agentes umectantes para padrões de cera.
Thomas Graham (1861) como resultado de seus
estudos de difusão em soluções. Ele observou que Sistemas Coloidais Típicos
substâncias como o amido, a albumina e outros Alguns sistemas coloidais são mais importantes
materiais gelatinosos não se comportavam da que outros em relação aos materiais restauradores.
mesma maneira que os ácidos, as bases e os sais. O Por exemplo, a distinção entre um sol e um gel é im-
termo coloide agora é utilizado para descrever um portante porque vários exemplos de cada uma dessas
estado da matéria, em vez de um tipo de matéria. A formas são encontrados em aplicações dentárias. Um
principal característica dos materiais coloidais é o sol se assemelha a uma solução, mas é composto de
seu alto grau de microssegmentação. Estas partícu- partículas coloidais dispersas em um liquido. Quando
las finas também têm certas propriedades físicas, um sol é refrigerado ou posto a reagir pela adição de
como cargas elétricas e energias de superfície que produtos químicos específicos, pode ser transformado
controlam as características dos coloides. O tama- em um gel. Na forma de gel, o sistema assume uma
nho das partículas, por si só, não define de forma característica de semissólido ou gelatinoso.
adequada os coloides. A fase liquida de qualquer sol ou gel normal-
mente é a água, mas pode também ser um liquido
Natureza dos Coloides orgânico, como o álcool. Sistemas que têm a água
As substâncias são chamadas de coloides quando como componente são chamados de hidrossóis ou
apresentam duas ou mais fases, em que as unidades hidrogtis. Um termo mais geral pode ser hidroco-
de pelo menos uma das fases tem dimensão ligeira- loide, que é frequentemente usado em odontologia
mente maior do que o tamanho de uma molécula para descrever os géis de alginato utilizados como
simples. Embora a faixa de tamanho seja um tanto materiais de moldagem flexíveis. Um termo geral
arbitrária, é geralmente definida como tendo de para descrever um sistema que possui um liquido
cerca de 1 a SOOnm em sua maior dimensão. Desta orgânico como componente seria organossol ou
forma, os sistemas coloidais podem ser dispersões organogel.
finas, géis, filmes, emulsões ou espumas. Em outras Dois exemplos de materiais que envolvem estru-
palavras, o estado coloidal representa um sistema turas em gel são o ágar e os materiais de moldagem
altamente disperso, de partículas finas de uma fase hidrocoloide alginato. Os géis possuem uma rede
na outra, e com uma propriedade característica em emaranhada de partículas coloidais sólidas na qual
que a fase dispersa possui uma enorme área de su- um liquido é aprisionado nos interstícios e mantido
perfície. Isso é verdade quando urna fase dispersa assim por capilaridade. Tais géis possuem algum
de gotículas de óleo em uma emulsão ou um sólido grau de rigidez, dependendo da quantidade de
finamente dividido suspenso em um liquido são sólidos estruturais presentes.
considerados. Este aumento na área de superfície Os géis que se formam com água são hidrofili-
dá origem a um aumento correspondente às reações cos (possuem afinidade por água) por natureza e
56 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
tendem a absorver grandes quantidades de água se à adsorção. Considera-se que uma substância que
forem mantidos submersos. A embebição é acompa- é facilmente molhada pela água em sua superfície,
nhada de inchaço e mudança nas dimensões físicas. como o vidro, a porcelana ou o esmalte dental, possui
No ar seco, o gel perde água para o meio, acompa- uma camada de moléculas de água adsonridas em
nhando uma contração. Tais mudanças podem ser sua superfície. Quando a superfície do esmalte huma-
observadas facilmente em géis de alginato. no molhado é dessecada, as primeiras moléculas de
água a evaporar são aquelas presentes no seu interior,
deixando a água física e quimicamente adsorvida.
Difusão através de Membranas e Pressão
Uma quantidade de calor considerável é necessária
Osmótica para remover a água adsonrida fisicamente, e tem-
A pressão osmótica é a pressão resultante da peraturas ainda mais elevadas são necessárias para
dllusão de um líquido ou solvente através de uma remover a água quimicamente adsonrida. Assim,
membrana. O solvente passa da solução mais qualquer tentativa de aderir um material restaurador
diluída para a mais concentrada através de uma ao esmalte deve considerar que tal adesão será à água
membrana que separa as duas soluções. A presen- adsonrida e não à hidroxiapatita. Superfícies com alta
ça de material dissolvido em um solvente reduz a energia, como a dos metais, irão adsonrer moléculas
tendência das moléculas de solvente de escapar; mais rapidamente do que as superfícies de baixa
quanto maior a concentração, mais essa tendência energia, como a das ceras. Já os óxidos apresentam
é reduzida. Assim, o solvente se difunde ou passa energia de superfície intermediária.
através desta membrana para a solução de maior O processo de adsorção difere um pouco do
concentração, diluindo assim, a solução. processo de absorção. No processo de absorção, a
O conceito de pressão osmótica tem sido utilizado substância absonrida se difunde no material sólido
para explicar a hipersensibilidade dentinária. A mu- por um processo de difusão, sendo esse processo
dança de pressão na dentina exposta e cariada, pelo caracterizado pela concentração das moléculas na
contato com a saliva ou com soluções concentradas, superfície.
provoca difusão em toda a estrutura, o que aumenta Nos casos em que ambos os processos, de ad-
ou diminui a pressão sobre o sistema nervoso. sorção e absorção, ocorrem e não é claro qual deles
Assim como a difusão através de membranas predomina, todo o processo é conhecido como
é importante, a difusão de uma substância a uma sorção. Na medição do teor de umidade em resinas
dada concentração para outra é importante em odontológicas, o processo é descrito como sorção
muitos materiais odontológicos. Sais e corantes se de umidade pela resina.
difundem através da dentina humana. Manchas e Numerosos exemplos desses processos ocorrem
agentes clareadores se difundem pelos materiais com o uso dos diferentes materiais restauradores
restauradores poliméricos. A difusão de sais e áci- odontológicos. O processo de absorção de água
dos através de agentes forradores de cavidade é um por materiais de moldagem à base de alginato é
problema potencial. particularmente importante para a sua estabilidade.
Quando a quantidade de líquido absorvido por
uma substância é relativamente grande, é provável
Adsorção, Absorção e Sorção que seja acompanhada de inchaço do absonrente.
No processo de adsorção, um líquido ou gás se
adere firmemente à superfície de um sólido ou de
um líquido pela ligação entre moléculas, reduzindo Tensão Superficial e Molhamento
assim a sua energia livre de superfície. No sentido A tensão superficial é medida em força (dinas)
físico, se as duas substâncias são semelhantes, como, por centímetro de superfície do líquido. No caso
por exemplo, duas peças sólidas de um mesmo metal da água a 20 ºC, o valor é de 72,8 dinas /cm. À mes-
pressionadas juntas, a massa é dita coerente. Quando ma temperatura, o benzeno possui 29dinas/cm; o
substâncias diferentes, como um gás ou líquido, estão álcool, 22dinas/ cm; e o éter, 17 dinas/ cm. Em con-
em contato íntimo com a superfície do sólido, diz-se traste, o mercúrio a 20 ºC possui tensão superficial
que são aderentes à superfície. O processo de adsor- de 465 dinas /cm. Os valores para cada uma dessas
ção ou adesão de uma substância a uma superfície é substâncias são influenciados por fatores como
importante no processo de molhamento, no qual uma temperatura e pureza. Em geral, há uma redução
substância é recoberta ou umedecida com uma subs- na tensão superficial de todos os líquidos com o
tância diferente, como um líquido. O grau em que a aumento da temperatura. Por exemplo, a tensão
saliva, por exemplo, molha ou adere à superfície do superficial da água (em dinas/cm) é de 76 a OºC,
esmalte dental depende da tendência da superfície 72 a 25 ºC, 68 a 50ºC e 59 a lOO ºC.
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 57
Agua
Cera
e
o Água
Sabão-Água
Cera
e
ÓSabão
FIGURA 4.25 Relação entre ângulo de contato com
FIGURA 4.24 Espalhamento de água pura (acima) e o espalhamento ou molhamento de um liquido em um
água que contém moléculas de sabão (abaixo) em cera. sólido.
58 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
-;R
luz com comprimentos de onda longos (700nm) é e.,
60
vermelha. Entre esses dois comprimentos de onda "'eo Fundo Preto
estão aqueles comprimentos que correspondem ao ""u
azul, verde, amarelo e laranja. Este atributo da per-
cepção de cor também é conhecido como matiz.
-
"'
Q)
a:
40
20
De todas as cores e tons visíveis, existem apenas
três cores primárias: vermelho, verde e azul (ou
o
violeta). Qualquer outra cor pode ser produzida 400 soo 600 700
pela combinação adequada dessas cores. Por exem- Comprimento de onda (nm)
plo, a luz amarela é uma mistura da luz verde com
a vermelha. FIGURA 4.28 Curvas de reftectância espectral versus
A reflectância luminosa de uma cor classifica um comprimento de onda de um compósito resinoso antes e
objeto dentro de uma escala acromática de cinza, após exposição a condições de envelhecimento acelerado.
A amostra foi exposta ininterruptamente por 300 horas
que vai do preto ao branco para objetos que difun-
à radiação de uma lâmpada de xenon de 2.500 \Vatts e
dem a luz e do preto ao perfeitamente transparente
pulverizada intermitentemente com água. A câmara de
e incolor para objetos transmissores de luz. A um envelhecimento foi mantida a 43 ºC e 90o/o de umidade
padrão preto é atribuída uma reflectância luminosa relativa. Curvas de reflectância espectral para amostras
de O, enquanto a um padrão branco é atribuída 100. translúcidas são frequentemente obtidas sobre fundos
Este atributo da percepção da cor é descrito como preto e branco.
valar em um sistema visual de medição de cor.
A pureza da excitação ou da saturação de uma
cor descreve o grau da sua diferença em relação EQUIPAMENTOS PARA MEDIÇÃO DA COR
à percepção de cor acromática mais próxima. Os As curvas de reflectância espectral versus com-
números que representam a pureza de excitação primento de onda podem ser obtidas na faixa vi-
variam de Oa 1. Este atributo da percepção da cor sível (de 405 a 700nm) com um espectrofotômetro
é também conhecido como cro·ma. e uma esfera integradora. Curvas típicas para um
compósito resinoso antes e após 300 horas de enve-
Medidas de C01' lhecimento acelerado em câmara de envelhecimento
A cor dos materiais restauradores dentários é são mostradas na Figura 4.28. A partir dos valores
mais comumente medida pela luz refletida, por de reflectância e das funções de correspondência
um instrumento de medição de cor ou pelo método de cor tabuladas, os valores triestimulares (X, Y, Z)
visual. podem ser determinados em relação a uma fonte
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 61
0,8 520
C.l.E. 1931
0,6 -ti• - a•
azul verde
500
+bw
amarelo
de luz específica. Esses valores triestimulares estão Compósito 62,1 a 77,8 - 1,9 a -2,8 - 2,9 a 1,7
microparticulado
relacionados à quantidade de cada uma das três
cores primárias necessárias para resultar, pela mis- Cor controle 1Ml 62,9 ~,8 2,9
tura de aditivos, na cor considerada. Tipicamente, Cor controle 81 58,2 ~,8 1,5
os valores triestimulares são dados em relação à
Commission Intemationale de l'Eclairage (CIE) Modificado de Pnravina RD, Ontiveros JC, Powers JM:]. Esthet.
(Comissão Internacional de Iluminação), fonte 055, Restar. Dent., 16, 117, 2004.
065 ou C. A proporção de cada valor triestimular de
uma cor para a soma desses valores é chamada de
coordenada de cromaticiàade (x, y, z). O comprimento ciação de cor. Tal fórmula tem a seguinte apre-
de onda dominante e a pureza de excitação de uma sentação:
cor podem ser determinados em relação às suas
~Eab*(L*a*b*) = [(õL*)2+ (8a*) 2 + (8b*)2]!7
coordenadas de cromaticidade em um diagrama
de cromaticidade, como mostrado na Figura 4.29. em que L •,a• e b* dependem dos valores triesti-
A refletância luminosa é igual ao valor do segundo mulares da amostra e de um objeto perfeitamente
(Y) dos três valores triestimulares. branco. Um valor de ~E· igual a 1 pode ser obser-
Um diagrama do espaço de cor CIE L *a• b* é vado visualmente apenas pela metade dos observa-
mostrado na Figura 4.30. O espaço de cor L•a* b* dores em condições controladas. Já um valor de 8E*
é caracterizado por cromaticidades uniformes. O igual a 3,3 é considerado clinicamente perceptível.
valor (preto a branco) é indicado como L •, enquanto
o croma (a* b*) é indicado como o vermelho(+ a*), MÉTODO VISUAL
verde (- a*), amarelo (+ b*) e azul (- b*). Intervalos Um sistema popular para a determinação visual
de valores de CIE L•a• b* para diferentes resinas da cor é o sistema de cores Munsell, cujos parâmetros
compostas com tons de clareamento estão listados são representados em três dimensões, como mostrado
na Tabela 4.7. na Figura 4.31. Um grande conjunto de guias de cor é
As diferenças entre duas cores podem ser de- utilizado para determinar a cor. O valor (luminosida-
terminadas a partir de uma fórmula de diferen- de) é determinado primeiro pela seleção de um guia
62 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Absorção (K)
•
Luz
incidente (1 0 ) ;f /"'
)Ili Espalhamento~ Jlr TransmissãQ
/ (~) \ ....... ...........
Reflexão de
superfície /
Retroespalhamenlo
- Espessura-
FIGURA 4.33 Demonstração de opalescência em uma
restauração cerâmica. O dente parece marrom sob luz FIGURA 4.34 Esquema das possíveis interações da
transmitida e azul sob luz refletida. luz com um sólido.
2,6 2,0
CAE -
co
CO -
CCL
cu CA -
cc
-
~
-e 2.2 CA ~
• CCL -
E CA E E 1,5
~
g E CT
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0,5
ü
~
ü 1,0
- - -
0,8
o.z....~~~~~~~~~~~~-----<
600 700
0,0 -1------------~--.
400 500 600
-- 700
400 500
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)
FIGURA 4.35 Coeficiente de espalhamento vers11s FIGURA 4.36 Coeficiente de absorção versus com-
comprimento de onda para diferentes cores de um com- primento de onda para cores de um compósito, C. As
pósito, e. As cores são O, opaca; CL, clara; U, universal; A, cores são AE, amarelo escuro; O, opaco; A, amarelo; C,
amarelo;AE, amarelo escuro;T, translúcida e C, cinza. (De cinza; CL, clara; T, translúcido e U, universal (De Yeh CL,
Yeh CL, Miyagawa Y, Powers /M: /. Dent Res. 61, 797, 1982.) Miyagmua Y, Powers /M: f. Dent. Res. 61, 797, 1982.)
66 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
10,0
cu
CT
~ CCL
E 7,5
E CA
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~
<1l cc
e
CAE
.s
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...,
u 5,0
a.
'º
<1l
~
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(/)
~
a.
(/) 2,5
w
FIGURA 4,3 7 Espessura ópt ica infinita verst1s comprimento de onda para cores de um compósito, C. As cores são
U, universal; T, translúcida; CL, clara; A, amarelo; C, cinza; AE, amarelo escuro e O, opaco. (De Yeh CL, Miyngawa Y,
Powers ]M: ]. Derll. Res. 61, 797, 1982.)
ideal atingiria 99,9o/o de sua refletividade de luz. o caso em pacientes que apresentam pigmentação
A espessura óptica infinita, XI, é definida para luz devido a fatores intrínsecos ou extrínsecos (p. ex.,
monocromática como segue: a coloração por antibióticos e o tabagismo, res-
pectivamente) ou em restaurações nas quais uma
XI= (1/bS) arccotg [(1-0,999aRI)/0,999bRI] mm
estrutura opaca de reforço é necessária, como no
A variação de XI com o comprimento de onda é caso da indicação de materiais metálicos ou pinos
mostrada na Figura 4.37 para um compósito resinoso. de cerâmica altamente cristalina. A capacidade de
É interessante que os compósitos são mais opacos ao mascaramento de materiais restauradores depende
azul do que à luz vermelha, já que a luz azul é aquela de suas constantes ópticas, como descrito anterior-
utilizada para fotopolimerizar os compósitos. mente, e de sua espessura. Na Figura 4.34, há exem-
plos de materiais com a mesma espessura, mas com
RAZÃO DE CONTRA STE diferentes propriedades ópticas contra um fundo
Uma vez que a, b e S são obtidos, a reflexão de preto e branco para demonstrar as variações em
luz (R) para urna amostra de qualquer espessura (X) suas capacidades de mascaramento.
sobre um fundo de qualquer refletância (Rg) pode
ser calculada pela seguinte fórmula: Propriedades T érmicas
R= (1-Rg(a-b ctgh bSX]/(a+bctgh bSX-R8) Temperatura
Uma estimativa da opacidade de uma amostra A temperatura de urna substância pode ser me-
de 1 mm de espessura pode ser calculada a partir dida com um termômetro ou com um termopar.
da relação de contraste (C) como segue: Uma importante aplicação da medição da tempe-
ratura em odontologia é a medida do calor produ-
C=Ro!R zido durante um preparo cavitário ou durante a
em que R0 é a reflexão de luz registrada para a fotoativação de compósitos resinosos. Exemplos do
amostra sobre um fundo preto. efeito da velocidade de rotação de urna peça de mão
e de substâncias refrigerantes na temperatura da es-
Capacidade de Mascaramento trutura dental durante o preparo cavitário são mos-
Restaurações dentárias são frequentemente in- trados na Figura 4.38. Neste caso, a temperatura foi
dicadas para resolver problemas estéticos, mesmo medida por um termopar inserido em urna pequena
quando lesões de cárie não estão presentes. Este é abertura através da junção amelodentinária. O den-
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 67
o 1~~B,
o
~5 c
~c~/§m ~
i
25
n ~
2~, 2§N~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
50 75 100 125 150 175 200
Velocidade de rotação (rpm x 1.000)
o o
31 ,5 35
-05
' 25
68,7
~
-10
• o~
~
ü 50 o
o ~
1-- -1 •5
<J
75
-"'
<U
~
e
Ql
[l_
-20
'
DTA
-25 100
' - TMA 0,013 MN/m2
TMA 0,26 MN/m 2
52
20 40 60 80 100 120
•e
FIGURA 4.39 Termogramas de uma mistura de para.fina a 75o/o e cera de carnaúba a 25°/o.
te foi, então, cortado na direção do termopar e a O termograma foi obtido quando a diferença de
temperatura máxima registrada. temperatura entre a cera e o padrão de referência
foi registrada sob as mesmas condições de aqueci-
Temperaturas de Transição mento, ensaio em que são utilizados termopares. A
O arranjo atômico e das moléculas nos materiais diferença de temperatura foi registrada como uma
é influenciado pela temperatura e, desta forma, a ca- função da temperatura ambiente. A diminuição
racterização térmica é importante na compreensão do valor da l!.T indica um processo endotérmico
das propriedades dos materiais dentários. na amostra. As endotermas em 31,5 e 35 ºC são
A análise térmica diferencial (ATO) tem sido transições sólido-sólido que ocorrem na cera de
aplicada para estudar os componentes das ceras parafina como resultado de uma mudança na es-
odontológicas. A curva ATO de uma mistura de pa- trutura cristalina. A endoterma a 52 ºC representa
rafina e cera de carnaúba é mostrada na Figura 4.39. uma transição sólido-líquido na parafina, enquan-
68 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
TABELA4-9 Calor Latente (L) de Alguns Materiais TABELA 4-10 Condutividade Térmica (K)
de Diversos Materiais
Temperatura Calor Latente
Material (ºC) (cal/g ij/g)) Condutividade T érmica
TABELA 4-11 Calor Específico (Cp) de Materiais TABELA 4-12 Difusividade Térmica (o.)
Diversos de Materiais Diversos
TABELA 4-13 Coeficiente de Expansão Térmica Tanto a expansão linear como a expansão vo-
Linear (u) de Materiais Diversos lumétrica são importantes em materiais e proce-
dimentos restauradores. É óbvio que, com uma
Material Coeficiente (x 10.,;/ºC)
redução de temperatura, ou resfriamento, há uma
Ceras para inlay 350 - 4.50 contração do material, que é igual à expansão que
resulta do aquecimento. Assim, a estrutura dental e
Material de moldagem à base 210
de silicone
os materiais restauradores presentes na boca se ex-
pandem quando aquecidos por alimentos e bebidas
Material de moldagem à base 140 quentes, mas se contraem quando expostos a subs-
de polissulfeto tâncias frias. Tais expansões e contrações podem
Selante.~ de cicatrículas e fissuras 71 - 94 romper o selamento marginal de uma restauração
com o dente, principalmente se a diferença entre
Resina acrílica 76
o coeficiente de expansão do dente e do material
Mercúrio 60,6 restaurador é grande. O alto coeficiente de expansão
Compósito resinoso 14-50 de ceras padrão é um fator importante na confecção
de restaurações com as dimensões adequadas. A
Cimento de óxido de zinco 35 mudança de volume como resultado de um res-
e eugenol
friamento é responsável pela formação de pontos de
Amálgama 22-28 contração e fissuras superficiais, que muitas vezes
Prata 19,2 se desenvolvem em ligas de ouro durante a solidi-
ficação. A compensação da contração que ocorre
Cobre 16,9 durante o resfriamento das ligas de ouro deve ser
Ouro 14,4 feita para que se obtenham peças fundidas em ouro
precisas. Os valores da Tabela 4.13 mostram que,
Porcelana 12
com mudanças de temperatura semelhantes, ma-
Dente (porção coronária) 11,4 teriais como resina acrílica e amálgama expandem
lonômero de vidro (tipo 2) 10,2 -11,4 mais do que o tecido dental, enquanto as cerâmicas
se expandem menos. O coeficiente das ceras padrão
utilizadas em inlays é excepcionalmente elevado
quando comparado ao de outros materiais.
As propriedades de expansão térmica de três
apresentar tal coeficiente em partes por milhão formas polimórficas cristalinas de sílica são de parti-
(ppm) e, neste caso, o número anterior seria ex- cular importância em revestimentos para fundição.
presso como 22 ppm. Sendo um dos principais componentes dos revesti-
Os coeficientes de expansão térmica linear para mentos, os quais devem ser aquecidos como parte
alguns materiais importantes na odontologia restau- do processo de fundição, a quantidade de expansão
radora estão apresentados na Tabela 4.13. Embora nestes materiais nas diferentes temperaturas é im-
o coeficiente seja uma constante do material, ele portante e crítica. Essas propriedades dos compostos
não permanece constante ao longo de uma faixa de sílica em relação ao seu uso como revestimentos
de temperatura ampla. Por exemplo, o coeficiente de para fundição foram descritas em 1932. As curvas
expansão térmica linear de uma cera odontológica na Figura 4.41 ilustram a porcentagem relativa de
pode ter um valor médio de 300X10-6 / ºC até 40°C, expansão térmica das quatro formas de sílica em
enquanto entre 40 e 50 ºC esta cera pode apresentar diferentes temperaturas, abaixo de 800 ºC. Das
um valor médio de 500 X 10-6 / ºC. O coeficiente de formas cristalinas, a cristobalita apresenta a maior
expansão térmica de um polímero muda conforme expansão na temperatura mais baixa e o quartzo
o polímero sai do estado vítreo para um estado em requer uma temperatura mais alta para atingir uma
que o material está mais macio, como uma borra- quantidade igual de expansão como a cristobalita. A
cha. Esta mudança no coeficiente corresponde à sílica fundida tem sido reconhecida por apresentar
temperatura de transição vítrea (Tg). uma expansão térmica extremamente baixa.
Tanto o coeficiente de expansão térmica linear
quanto o volumétrico podem ser medidos e, para a Propriedades Elétricas
maioria dos materiais que funcionam como sólidos
isotrópicos, o coeficiente de expansão térmica volu- Condutividade e Resistividade Elétrica
métrico pode ser considerado três vezes maior do A capacidade de um material de conduzir uma
que o coeficiente de expansão térmica linear. corrente elétrica pode ser expressa quer como con-
72 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
~
o
1,4 Material Resistividade
~
o 1,2
""e:
(/)
1,0 T ridimita ESMALTE HUMANO
polares em comparação com os cimentos de óxido efetivamente um dente de forma a atingir o estado
de zinco e eugenol e a dentina humana. original de equilíbrio não são dados conhecidos.
O problema de isolamento elétrico torna-se mais
complexo pela presença de correntes galvânicas na Força Eletromotriz
cavidade bucal, resultantes de células formadas entre
as restaurações metálicas. Estudos recentes indicam Trabalhar com metais e ligas metálicas para res-
tauração odontológica ou com instrumentos que são
que uma base de cimento não isola efetivamente a
polpa das correntes elétricas produzidas entre as res- suscetíveis à corrosão requer algum entendimento
da posição relativa do metal na série de força eletro-
taurações metálicas presentes na cavidade bucal. O
quanto de isolamento é necessário ou como restaurar motriz. A série eletromotriz é uma lista de potenciais
de eletrodo de metais de acordo com a tendência
decrescente a oxidar em solução. Esta série serve de
TABELA 4-15 Constante Dielétrica (E,.) base de comparação da tendência de metais a oxidar
para a Dentina Hu1nana e Diversos Cimentos Dentários no ar. Metais com um alto potencial de eletrodo
Material Constante Dielétrica
negativo são mais resistentes a manchas do que
aqueles com um alto potencial de eletrodo positivo.
Dentina humana 8,6 Em geral, os metais acima do cobre na série, tais
Cimentos dentários (curados) como alumínio, zinco e níquel, tendem a oxidar de
forma relativamente fácil, enquanto os abaixo do
lonômero de vidro 2a7X1(}5
cobre, como prata, platina e ouro, são resistentes à
óxido de zinco e eugenol 10 oxidação. Alista de potenciais de oxidação-redução
para algumas reações de corrosão comuns em água
Policarboxilato de zinco 4 X 1(}1 a 2 X 1(}5
e em água salgada é apresentada na Tabela 4.16.
TABELA 4-16 Potenciais de Oxirredução para ReaÇÕes de Corrosão e1n Á gua e em Água com Sal
.•..,.,
• ·'· o •
-.-~
"·'
., ,,
Coroa de estanho +0,048
Hidrogênio/H 0,000
Amálgama
Convencional esférica --0,023
Dispersa alto conteúdo de cobre --0,108 . . ..
Liga de níquel-cromo --0,126 a 0,240 ,,. .. · ;
Liga de cobalto-cromo --0,292
Liga de ouro
' .•••
. . .
Au-Cu-Ag
Au-Pt-Pd-Ag
--0,345
. •
.. ' . .·"'.
., .v. ' . ·' ••'
--0,358 a --0,455 ~
Modificado de Ar11idson K, fohnnsso11 EG: Scand. J. Dent. Res. 85, FIGURA 4.42 Polpa humana capeada com cimento
485,1977. de hidróxido de cálcio. Período de observação: 70 dias.
*Sinal de alta positivo indica 11111a farte tendt ncin do metal a.entrar Uma fina ligação de tecido duro revestida por células está
em soluçao. cobrindo a maior parte do local da exposição (Classe B).
Tecido calcificado em relação a partículas de cimento de
hidróxido de cálcio deslocadas (seta) (Hematoxilina-eosina,
Os valores de potencial de eletrodo e a ordem da aumento original x 100). (De Horsted Binds/ev-P, Vilkinis V,
série muda quando este é medido em uma solução Sidlauskas A: Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radio/
salina em vez de água. Os potenciais de eletrodo de Endod 96 (5), pp 591 -600, 2003)
algumas ligas dentais medidos em saliva artificial a
35 ºCestão listados na Tabela 4.17.
Da mesma forma, é possível determinar a partir quando elas são postas em contato. Essa corrente
da série de força eletromotriz que a redução dos cai rapidamente se as restaurações são mantidas
óxidos de ouro, platina e prata para metal puro em contato, provavelmente como resultado da po-
pode ser realizada mais rapidamente do que entre larização da célula. A magnitude da voltagem, no
os metais que têm um maior valor de força ele- entanto, não é de primordial importância, porque
tromotriz. há indícios mostrando que a sensibilidade do pa-
ciente à corrente é que tem urna influência maior na
Galvanismo possibilidade de sentir dor. Embora a maioria dos
A presença de restaurações metálicas na boca pacientes sinta dor quando expostos a um valor
pode causar um fenômeno chamado açiio galvânica, entre 20 e 50 µA, alguns podem sentir dor em 10 µA,
ou galvanismo. Esse fenômeno é resultado de uma enquanto outros não experimentam dor mesmo até
diferença de potencial entre diferentes materiais 110 µA. Esta é uma possível explicação para o fato
restauradores em dentes antagonistas ou adjacentes. de que alguns pacientes se incomodam com a ação
Esses materiais, combinados a saliva ou fluidos den- galvânica e outros não, apesar de apresentarem
tais como eletrólitos, formam uma célula elétrica. condições bucais semelhantes.
Quando dois materiais restauradores antagonistas As correntes galvânicas resultantes do contato
fazem contato entre si, a célula fica em curto-circuito entre duas restaurações metálicas dependem da
e, se ocorre um fluxo de corrente para a polpa, o composição das ligas e da área de superfície. Uma
paciente sente dor e a restauração mais anódica liga de aço inoxidável desenvolve uma maior den-
pode sofrer corrosão. Uma única restauração mais sidade de corrente do que as ligas de ouro ou as de
o fluido salivar e os fluidos dentais podem também cobalto-cromo quando em contato com uma restau-
constituir uma célula do tipo junção líquida. Con- ração de amálgama. Com o aumento do tamanho do
forme mostrado na Figura 4.42, os íons capazes de catodo (como uma liga de ouro) em relação ao ano-
conduzir eletricidade podem facilmente migrar pela do (como um amálgama), a densidade de corrente
dentina e ao redor das margens da restauração. pode aumentar. Da mesma forma, quanto maior o
Estudos têm indicado que correntes relativa- catodo, maior o poder de corrosão de restaurações
mente altas fluem através de restaurações metálicas menores que funcionam como anodo. Densidades
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 75
Amálgama
Amálgama
AgSn + AgCu
AgSn
0,2
w
o
ü
e,
>• - 02
• --Quebrada
ai
·o _..-/----""'~passividade
e
~ - 0,4 Oxidação do Cu
Q_
0,6
------...,,...__ Oxidação do Sn
- 08
•
7 6 5 4 3 2
- Log da densidade da corrente (A/cm2)
FIGURA 4.43 Curvas de polarização anódica de dois tipos de amálgama em saliva sintética. (Modificado de Fairl111rst
CW, Marek 1\.11 MB Butts, et ai: f. Dent Res 57.725, 1978)
associadas a amálgamas livres de "'2 parecem ser Estudos de corrosão do aço inoxidável cirúrgico
menores do que aquelas associadas aos amálgamas e de braquetes ortodônticos de aço inoxidável têm
que contêm fase -y 2 • sido reportados na literatura. A corrosão dessas
ligas e de outras pode resultar no comprometi-
Corrosão Eletroquímica mento das propriedades mecânicas e na formação
O comportamento eletroquímico e o compor· de produtos de corrosão, que em alguns casos se
tamente frente à corrosão dos materiais restaura- acumulam nos órgãos humanos. Como mostrado
dores recebeu um novo interesse com o estudo de anteriormente na Tabela 4.16, a corrosão pode ser
sistemas multifásicos, como as ligas de ouro e o afetada pelo ambiente, e certos metais, como o co-
amálgama. Por exemplo, a corrosão das fases -y, -y1 e balto e o cobre, corroem mais rapidamente quando
-y2 no amálgama foi estudada por análises eletroquí· em uma solução salina que contém proteínas do
micas. Medidas de polarização anódica e catódica soro, como a albumina e o fibrinogênio.
não indicam um comportamento fortemente p~
sivo dessas fases em saliva artificial. Amostras de Potencial Zeta
amálgama dentário apresentam pontos de corrosão Uma partícula carregada suspensa em uma
nos limites entre tais fases ou na fase -y 2 • Outros solução eletrolítica atrai os íons de carga oposta
estudos, no entanto, indicam que as ligas de amál- que estiverem próximos à sua superfície. A camada
gama apresentam um decréscimo dos potenciais formada por esses íons é chamada de camada de
eletroquímicos, resultando em valores equivalentes Stern. Para manter o equilíbrio elétrico do fluido em
a metais nobres, quando armazenados em soluções suspensão, os íons de cargas opostas são atraídos
neutras. A adição de cobre às ligas de amálgama pa- para a camada de Stern. O potencial na superfície
ra formar compostos cobre-estanho durante a presa desta parte da dupla camada difusa de íons é cha-
do material melhora a resistência do amálgama à mado de eletrocinética ou potencial zeta.
corrosão em cloreto e à corrosão galvânica. Confor- A eletroforese pode ser utilizada para aumentar
me mostrado na Figura 4.43, a atividade anódica de a estabilidade dos coloides, estimular a adsorção de
amálgamas à base de AgSn é bastante diferente dos íons e caracterizar a superfície das partículas. Os
amálgamas à base de AgSn + AgCu. O amálgama efeitos do pH, de agentes ativos de superfície e de
AgSn + AgCu permanece passivo nas condições do enzimas sobre o potencial zeta são importantes. O
ensaio, enquanto o amálgama AgSn não. potencial zeta pode afetar as propriedades mecâni-
76 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
TABELA 4.18 Potencial Zeta (~)de Alguns em sulfetos, cloretos e fosfatos. Mais recentemente,
Materiais Dentários a descoloração de ligas expostas a tais soluções foi
avaliada por métodos espectrofotométricos, a fim
Material Potencial Zeta
de determinar parâmetros de diferença de cor dis-
Hidroxiapatita - 9,0 a - 10,9 cutidos anteriormente neste capítulo.
,
Estrutura dental* Sorção de Agua
Cálculo - 15,3 A sorção de água por um material representa a
Cemento quantidade de água adsorvida na superfície e absor-
vida pelo corpo do material durante a preparação ou
Exposto -6,96 enquanto a restauração está em serviço. A sorção de
Não exposto - 9,34 água por uma base de acrílico de uma prótese, por
exemplo, é medida gravimetricamente em µg/ mm3
Dentina -6,23
após sete dias em água. A tendência de materiais
Esmalte - 9,04 a - 10,3 poliméricos para bases de prótese apresentarem um
*Medido em solução de Hnnks salina balanceada.n 30 °C. alto grau de sorção de água é a razão para esta pro-
Modificado de O'Brien WJ (Ed.): 1997. Materiais Dentários e suas priedade ter sido incluída na especificação n°12 do
Seleç!ÜJ, ed 2, Carol Stream, Q11íntessence. Instituto Americano Nacional de Normatização/
American DentalAssociation (ANSI/ ADA) para este
tipo de material. Geralmente um empenamento e
cas próximas à superfície (tais como o desgaste) de uma alteração dimensional séria do material estão as-
um material. Os potenciais zeta de alguns materiais sociados a uma alta porcentagem de sorção de água.
estão listados na Tabela 4.18. A tendência dos materiais de moldagem à base de
alginato a embeber em água, se permanecerem imer-
sos, e alterar suas dimensões requer procedimentos
Outras Propriedades de desinfecção cuidadosos e vazamento do gesso
Certas propriedades são por vezes muito im- dentro do tempo recomendado pelo fabricante.
portantes na seleção e na manipulação de materiais
com indicação para uso na cavidade bucal ou nas Tempo de Presa
aplicações laboratoriais. Cinco dessas propriedades As características do tempo de presa estão as-
são a tendência ao manchamento e à descoloração, sociadas à velocidade da reação e afetam as aplica-
a sorção de água, a solubilidade e a desintegração, ções práticas de muitos materiais em odontologia
o tempo de presa e o praz-0 de validade. restauradora. Materiais como cimentos, materiais
de moldagem, gesso comum, gesso pedra e reves-
Manchamento e Descoloração timentos dependem de um tempo de reação e de
A descoloração de um material restaurador por uma taxa de endurecimento críticos para o sucesso
qualquer causa é um fenômeno muito problemático. da sua aplicação. Do ponto de vista prático de ma-
O manchamento de restaurações metálicas pela ação nipulação e do sucesso da aplicação, o tempo neces-
de óxidos, sulfetos ou qualquer outro material, cau- sário para um material tomar presa ou endurecer a
sando uma reação na superfície é uma propriedade partir do seu estado plástico ou fluido pode ser sua
fundamental das restaurações metálicas presentes qualidade mais importante. O tempo de presa não
na cavidade bucal e do instrumental laboratorial indica a conclusão da reação, que pode continuar
e clínico. O processo de esterilização a vapor do por períodos muito mais longos. Esse tempo varia
instrumental cirúrgico há muito tempo apresenta para os diferentes materiais, dependendo de cada
um sério problema de escurecimento e corrosão. aplicação em particular, mas a reprodutibilidade
Muitos materiais não metálicos, como cimentos e dos resultados de um lote para outro ou de uma
restaurações em compósito, apresentam tendência marca comercial para outra é altamente desejável.
a descolorir ou manchar em serviço, uma vez que A influência dos procedimentos de manipulação no
substâncias pigmentantes penetram no material e tempo de presa dos diversos tipos de materiais é
reagem com seus componentes. importante para o dentista e para o assistente.
Vários ensaios in vitro têm sido propostos para
estudar o manchamento e perda de brilho, particu- Prazo de Validade
larmente em ligas para coroas, próteses fixas e pró- Prazo de validade é um termo aplicado à deterio-
teses parciais. Esses ensaios geralmente se baseiam ração geral e mudança na qualidade dos materiais
na exposição controlada da liga a uma solução rica durante o transporte e o armazenamento. A tempe-
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 77
PROBLEMAS SELECIONADOS
PROBLEMA 2
Por que a resistência à deformação permanente (li- PROBLEMA 5
mite de escoamento ou yield strength) de um material Considerando que o módulo das ligas de níquel-
restaurador é uma propriedade tão importante? cromo é cerca duas vezes aquele mostrado pelas
ligas de ouro, por que não é correto reduzir a es-
Solução pessura pela metade e esperar obter a mesma de-
A resistência à deformação permanente define a flexão?
tensão no ponto em que o material muda de compor-
tamento elástico para comportamento plástico. Na Solução
região elástica, as tensões e deformações retomam a Embora a deflexão seja diretamente proporcional
zero depois que as forças de mastigação são removi- ao módulo, é inversamente proporcional ao cubo da
das, enquanto na região plástica, alguma deformação espessura. Portanto, apenas reduções mínimas na es-
permanente é observada após a remoção da força. pessura são possíveis para que a liga de níquel-cromo
Uma deformação permanente significativa pode re- mantenha a mesma deflexão.
sultar na falha funcional de uma restauração, mesmo
que a fratura não ocorra.
PROBLEMA 6
Como é possível usar um único material de mol-
PROBLEMA 3 dagem elastomérico e ainda ter a viscosidade correta
Por que o valor de alongamento de uma liga fun- para usar na seringa e na moldeira?
dida nem sempre indica a capacidade de brunidura
de tal peça? Solução
A composição correta do polímero e das cargas
Solução produz um material que tem a característica de pseu-
Embora o alongamento de uma liga dê uma indi- doplástico. Esse material diminui sua viscosidade
cação de sua ductilidade ou de sua capacidade de ser quando sob altas taxas de cisalhamento, como du-
conformada em fio sem se romper, para a brunidura rante espatulação ou aplicação em seringa, e possui
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 79
uma viscosidade mais elevada quando sob baixas complacência viscosa muito baixa, como o produto
taxas de cisalhamento, como quando ele é utilizado seria caracterizado?
em moldeira.
Solução
O material seria altamente flexível, deve se recu-
PROBLEMA 7 perar de deformação moderadamente rápido e a recu-
Depois que um elástico ortodôntico é estendido peração da deformação deve ser quase completa.
e colocado em posição, a força aplicada dirrUnui ao
longo do tempo mais do que o esperado para a mo-
vimentação dental. Por quê? PROBLEMA 9
Por que o desgaste é um motivo de preocupação
Solução quando da seleção do material e do planejamento
Elásticos de látex se comportam elasticamente e da restauração?
viscoelasticamente. É principalmente a deformação
viscosa, que não é recuperável, que é responsável Solução
pela maior diminuição da força na medida em que o O desgaste dos materiais dentários pode ser pro-
bandão elástico se encurta como resultado do movi- vocado, por exemplo, por restaurações antagonistas
mento do dente. Este efeito é ainda mais pronunciado com valores de dureza diferentes, um problema que
quando são utilizados plásticos em vez de látex. é ainda mais evidente em pacientes com hábitos pa-
rafuncionais. Por essa razão, a seleção dos materiais
a serem utilizados em áreas com elevada solicitação
PROBLEMA 8 oclusal tem que ser criteriosa. A resistência ao des-
Se um fabricante de material dentário mostra gaste dos compósitos em restaurações posteriores
uma curva de complacência versus tempo para o seu tem melhorado ao longo dos últimos anos com o
material de moldagem elastomérico e afirma que o desenvolvimento de polímeros capazes de atingir
material apresenta um elevado grau de complacência maior conversão, mas, principalmente, devido a
elástica, complacência viscoelástica moderada e uma modificações nos sistemas de carga.
80 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
PROBLEMAS SELECIONADOS
Solução
PROBLEMA 2
Com grande probabilidade, um material de mol-
Inlays de ouro confeccionadas pelo processo de dagem à base de silicone hidrofóbico foi utilizado e
cera perdida ficaram ásperas. O que poderia ter sido o molhamento desta superfície pela mistura de gesso
o problema? pedra de alta resistência seria problemático. Confira a
bula do fabricante e observe que provavelmente não
Solução há nenhuma indicação de que este é um material do
Pode haver várias causas para próteses fundidas tipo hidrofílico. Os fabricantes deverão especificar
ásperas. Por exemplo, a ausência de um detergente se um material de moldagem de silicone de adição é
ou agente umectante no padrão de cera antes da in- hidrofílico, mas não se ele é hidrofóbico.
clusão em revestimento. Os padrões de cera não são
facilmente molhados por um revestimento à base
gesso e água, a menos que um agente umectante seja PROBLEMA 5
utilizado. Se não for usado, as superfícies internas do
molde ficam ásperas, produzindo peças ásperas. Um paciente com prótese total está tendo difi-
culdade com a retenção da prótese maxilar. Quais
Por outro lado, a aplicação de agente umec-
tante em excesso na cera irá interferir na presa do os fatores que você deve verificar para melhorar a
retenção?
revestimento e da mesma maneira, resulta em uma
superfície áspera. O agente umectante é pincelado
sobre o padrão de cera e o excesso é removido pelo Solução
pincelamento com um pincel seco. Muito pouco de Certifique-se de que a extensão das bordas da
agente umectante é necessário. prótese está adequada, de forma que o selamento não
seja rompido quando ocorrer movimentação.
O ajuste, especialmente nas bordas, é importante
PROBLEMA 3 porque irá controlar a espessura da película de saliva
A adesão entre um material de selante que tinha entre a prótese e os tecidos e a força necessária para
acabado de ser retirado do refrigerador e o esmalte con- remover a prótese. Quanto mais fina a película de
dicionado foi observada como insuficiente. Por quê? saliva, maior a retenção.
4. FUNDAlvfENTOS DA CJ~CIA DOS Jv!ATERIAIS 81
PROBLEMAS SELECIONADOS
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CAPÍTULO
5
Testes de Materiais Dentários
e Biomecânica
SUMÁRIO
89
90 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
A ' -
Dentina 297
RESISTENCIA A COMPRESSAO Amálgama 189
FLEXÃO
As propriedades de flexão de diversos materiais
são muitas vezes mais importantes que suas pro-
priedades de tração ou compressão. As proprie-
dades flexurais de fios de aço inoxidável, limas e
afastadores endodônticos e agulhas hipodérmicas
são especialmente importantes. Por exemplo, a
especificação nº 28 do American National Stanàards
Institute/American Dental Association (ANSI/ ADA)
para limas e afastadores endodônticos exige testes
de flexão.
As propriedades de flexão são mensuradas pelo
encurvamento de um corpo de prova em formato de
FIGURA 5-1 Padrão de tensões complexas desenvolvi- barra. Em uma configuração de cantilever simples,
do em um cilindro submetido a uma carga de compres- a barra é fixada em uma extremidade e uma força é
são. Tensão de compressão (TC), Tensão de cisalhamento aplicada em uma distância determinada da extremi-
(TCis), Tensão de tração (TT). dade que está fixada. Na configuração de cantilever
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 91
Compressão
~ 60 70 Eixo neutro
E
E Tração
z'
~
o 60
l!ll
X
Q)
40 FIGURA 5-3 Esquema do teste de flexão em três pon-
tos. Os três pontos são os dois suportes na região inferior e
Q)
-o o ponto central de carregamento na região superior.
-o
eQ) 50
~ 20
r
40 666 N
~
30
20 EN
5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deflexão angular (graus)
666 N
duplo, as duas extremidades da barra são fixadas
e a carga é posicionada no centro da viga. Em uma
configuração de flexão de três ou quatro pontos, a
barra é apoiada em dois roletes e a carga é aplicada
na parte superior da barra. Os corpos de prova são
submetidos a condições que se assemelham à flexão
pura, e a teoria das vigas é usada para analisar os B
dados. Conforme a força é aumentada e o corpo
de prova é flexionado, valores correspondentes ao FIGURA 5-4 Análise fotoelástica do teste de resistência
ângulo de flexão e o momento fletor (força x distân- à flexão. A, Modelo fotoeláslico com franjas isocromáticas.
cia) são obtidos. Gráficos do momento fletor versus B, Ilustração para mostrar a ordem das franjas isocromáti-
o ângulo de flexão são semelhantes em aparência a cas. Eixo neutro (EN).
curvas de tensão-deformação. Como exemplo, uma
série de curvas para vários tamanhos de afastado- TABELA 5-2 ResL~tência à Flexão de Alguns
res endodônticos são mostrados na Figura 5-2. Um Materiais Dentários
instrumento será permanentemente dobrado se o
ângulo de flexão exceder o valor que está no fim Resistência à
da porção linear da curva. Os instrumentos maiores Material Flexão (MPa)
são mais rígidos, como mostrado pela inclinação
Compósito resinoso 139
inicial mais acentuada. A porção linear inicial da
curva é mais curta para os instrumentos maiores e, Amálgama em forma de aparas 124
portanto, o desvio da linearidade ocorre em ângulos Porcelana feldspática 65
de flexão menores.
Gesso especial 17
lonõmero de vidro modificado por resina 42-68
A ' -
RESISTENCIA A TRAÇAO
' -
Ou DIAMETRAL
e;= 3Pl/2bd2
A deformação resultante ou o deslocamento Um método alternativo para testar materiais
nesta barra ou ponte pode ser calculada a partir da frágeis, em que a resistência à tração é determinada
seguinte equação: através do teste de compressão, é popular devido
a sua relativa simplicidade e reprodutibilidade. O
Deformação = carga x comprimento3 / 4 X método é descrito na literatura como o teste de co·m-
módulo de elasticidade X largura X espessura3 pressão dia:metral pa:ra tração ou o teste brasileiro. Neste
Ou teste, um disco de um material frágil é comprimi-
8 = P1!4Ebd3 do diametralmente em uma máquina de ensaios
A flexão em quatro pontos é frequentemente mecânicos até a fratura ocorrer, como mostrado
preferida ao teste de flexão em três pontos quando na Figura 5-5. A carga de compressão aplicada ao
se quer medir módulo de flexão e resistência à espécime introduz uma tensão de tração no material
flexão. Se um material que se deforma facilmente no plano da aplicação de força da máquina de teste
for testado com dispositivos de carregamento e de por causa do efeito de Poisson. A tensão de tração
( c;x) é diretamente proporcional à carga (P) aplicada
suporte inadequados, os elementos podem causar
em compressão através da seguinte fórmula:
deformações localizadas. Isto é indesejável porque
a teoria da viga utilizada para calcular a deflexão c;x = 2P /nDT
assume que ocorre uma deformação uniforme na Note que este teste é desenhado para materiais
barra, sem tensões localizadas ou fatores que pos- frágeis. Se o espécime deforma significantemente
sam impedir essa deformação. Uma configuração
de flexão em quatro pontos utiliza dois elementos de Carga (P)
carregamento em vez de um utilizado na flexão em
três pontos. Os dois elementos de carregamento
aplicam uma carga mais uniforme à barra, o que
previne sua deformação em formato de "V" e con-
centração de tensões no meio do corpo, como acon-
tece quando um único elemento de carregamento 1
1
é utilizado. Nesta configuração, uma área maior e .. 1 ,.. \.k'+- Espessura
1
mais representativa do espécime é testada. Tensão de 1
• 1 ,.
tração O"x 1 D
~ 1 ,...
1
FLEXÃO PERMANENTE 1 Diâmetro
1
antes de falhar ou fraturar em mais de dois pedaços e tem sido usado extensivamente. Alternativamen-
iguais, os dados podem não ser válidos. Alguns te, as propriedades de cisalhamento podem ser
materiais exibem diferentes valores de resistência determinadas submetendo-se um corpo de prova
à tração diametral quando testados em diferentes ao carregamento torcional. Valores de resistência
trocas de carregamento e são descritos como sendo ao cisalhamento de alguns materiais estão listados
sensíveis à relação taxa de deformação. O teste de na Tabela 5-4. As especificidades do teste de cisa-
tração diametral não é válido para esses materiais. lhamento para interfaces adesivas são discutidas
Valores de resistência à tração diametral e à tração em detalhes na seção de métodos de resistência de
para alguns materiais dentários são listados na união neste capítulo.
Tabela 5-3.
TORÇAO -
RESISTÊNCIA AO
CISALHAMENTO Outro modo de carregamento importante para a
Odontologia é a torção. Por exemplo, quando uma
lima endodôntica está presa na ponta e a parte su-
A resistência ao cisalhamento é a tensão máxi-
perior é rotacionada, o instrumento é submetido à
ma a que um material pode resistir antes de falhar
torção. O fato de a maioria das limas e dos afastado-
em um modo de carregamento em cisalhamento.
res serem rotacionados no canal radicular durante
Isto é particularmente importante no estudo de in-
o tratamento endodôntico toma suas propriedades
terfaces entre dois materiais, como uma interface
em torção de particular interesse. A especificação nº
cerâmica- metal ou implante-osso. Um método para
28 para limas e afastadores endodônticos da ANSI/
testar a resistência ao cisalhamento de materiais
ADA descreve um teste para medir a resistência à
dentários é o método da perfuração (punch) ou
fratura por torção com um torquímetro. A torsão
push-out, em que um carregamento axial é apli-
resulta em tensões de cisalhamento e rotação do
cado para empurrar um material através de outro.
espécime. Neste tipo de aplicação, estamos interes-
A resistência ao cisalhamento ('t) é calculada pela
sados na relação entre o momento torcional (M. =
seguinte fórmula:
força de cisalhamento X distância) e rotação angular
Resistência ao cisalhamento ('t) = F /mi.h n. Urna série de gráficos em que o momento torcio-
Em que Fé a força de compressão aplicada ao nal é medido como uma função de torção angular
espécime, d é o diâmetro do perfurador e h é a es- é mostrada na Figura 5-6. Neste exemplo, os ins-
pessura do corpo de prova. Note que a distribuição trumentos foram rotacionados no sentido horário,
das tensões causada por este método não é um cisa- contra o sentido das espiras do instrumento. Como
lhamento puro e que os resultados frequentemente no caso da flexão, as curvas se parecem com curvas
diferem por causa das diferenças em dimensões dos tensão-deformação, com urna porção linear inicial
corpos de prova, geometria da superfície, composi- seguida de uma porção não linear. Os instrumen-
ção e preparação, e procedimento mecânico do teste. tos devem ser usados clinicamente de modo a não
No entanto, este é um teste simples de ser realizado apresentarem rotação angular permanente; assim,
94 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
60
E ~
E 40 &. 1500
z'
~
55 ~
o
"'
e:
o
·13
50
45
'"'e:
(/)
~
~
.9
.9 20 40
e: 750
Q)
E
o 1 10 100
~ 30
Ciclos x 1os
oL..:~==:=:=:==::=::::;::==!
o 30 60 90 120 150 180 FIGURA 5-7 Curva de fadiga em ftexão para liga de
Rotação angular (graus) cobalto-cromo- niquei utilizada para próteses parciais
removíveis.
FIGURA 5-6 Curvas de momento torcional- rotação an-
gular para limas endodõnticas de tamanhos de 15 até 60.
sob carregamento repetitivo ou cíclico é, portanto,
dependente da magnitude de carga e do número
os ângulos de rotação devem ser limitados a valo- de repetições do carregamento. Dados de fadiga
res dentro da porção linear das curvas momento são frequentemente representados pela curva S-N,
angular torcional-rotação angular. Os instrumentos uma curva que representa a tensão (ou deforma-
maiores são mais rígidos em torção do que os me- ção) (S) em que o material irá falhar em função
nores, mas sua porção linear é menor. O formato do número de ciclos de carregamento (N). Um
irregular das curvas em alta rotação angular é resul- exemplo de curva S-N é mostrado na Figura 5-7.
tado da distorção dos intrumentos. A torção é uma Quando a tensão é suficientemente alta, a amostra
consideração importante para fixações rosqueadas irá fraturar em um número de ciclos relativamente
como aquelas utilizadas em restaurações com im- pequeno. Conforme a tensão diminui, o número
plantes. O uso de um torquímetro é recomendado de ciclos necessários para causar fratura aumenta.
para rosquear parafusos de conectores para preve- Portanto, quando um valor de resistência à fadiga
nir uma sobrecarga sobre o parafuso e uma possível é especificado, o número de ciclos também deve
fratura torcional no pescoço do parafuso. ser especificado. Para alguns materiais, um valor
de tensão a que a amostra pode ser submetida a
A '
um número infinito de ciclos sem se fraturar é
RESISTENCIA A FADIGA eventualmente utilizado. Esta tensão é chamada
litnite de fadiga.
Baseado nas discussões prévias, um objeto sub- A determinação de propriedades de fadiga é de
metido a tensões abaixo do limite de elasticidade e importância considerável para restaurações dentais
subsequentemente aliviado dessa tensão deve re- submetidas a forças cíclicas durante a mastigação.
tornar à sua forma original sem nenhuma mudança A aplicação de cargas durante a mastigação pode
em sua estrutura interna ou propriedades. Alguns ser de aproximadamente 300 mil flexões por ano.
ciclos de carregamento e descarregamento não afe- Como os materiais dentários podem ser submetidos
tam sensivelmente um material. Entretanto, quando a tensões moderadas repetidas um grande número
essa tensão é repetida muitas vezes, a resistência do de vezes, é importante durante o planejamento
material pode ser drasticamente reduzida e por fim da restauração sabermos qual tensão ela pode su-
causar a fratura. Fadiga é definida como uma fratura portar para um número de ciclos predeterminado.
progressiva sob carregamento repetido. Os testes As restaurações devem ser planejadas com uma
de fadiga são realizados submetendo-se um corpo de margem de segurança de forma que as tensões cí-
prova à aplicação de tensões alternadas abaixo do clicas desenvolvidas clinicamente estejam abaixo
limite de elasticidade até a fratura ocorrer. Testes do limite de fadiga.
de fad iga por tração, compressão, cisalhamento, As fraturas por fadiga se desenvolvem a partir
flexão e torção podem ser realizados. de pequenas falhas que coalescem e por fim levam
A resistência àfadiga é o nível de tensão em que a uma falha macrocópica e à fratura catastrófica.
o material falha sob carregamento repetitivo. Falha Áreas de concentração de tensão, como defeitos de
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 95
superfície e ranhuras, são particularmente perigosas muda com o comprimento da trinca e com o es-
e podem levar a falhas catastróficas. As proprie- tresse de acordo com a seguinte fórmula:
dades de fadiga são principalmente dependentes K = Ycra17
da microestrutura do material e da história de fa-
Em que Y é uma função que é dependente do
bricação e tratamento; portanto, elas nem sempre
tamanho e da geometria da trinca. Um material
se correlacionam a outras propriedades mecânicas.
fratura quando a intensidade de tensão alcança um
Além disso, o ambiente também influencia, pois o
valor critico, K,,. Esse valor de intensidade de tensão
meio em que o material está submerso quando em
no momento da fratura é chamado de tenacidade à
uso também pode causar degradação. Temperatu-
fratura. A tenacidade à fratura dá um valor relativo
ras elevadas, umidade, meio aquoso, substâncias
da habilidade do material de resistir à propagação
biológicas e desvios do pH neutro podem reduzir
da falha. As unidades de Kcsão unidades de tensão
as propriedades de fadiga. Como resultado, os da-
(força/comprimento2) X unidades de comprimen-
dos de fadiga, que tipicamente são apresentados
to17, ou força X comprimento17, e são tipicamente
com base em testes feitos em laboratório a seco e à
reportadas como MN m.:!/2 ou MPa ml/2.
temperatura ambiente, nem sempre são relevantes
para as condições de uso na cavidade oral. A tem-
peratura elevada, a umidade, o ambiente salino
com proteínas e pH variável tendem a reduzir a ANÁLISE FRACTOGRÁFICA
resistência à fadiga-nível em relação aos valores
obtidos no laboratório. A análise fractográfica tem sido usada em enge-
nharia por muitos anos para ajudar a definir a causa
de falhas e ajudar em desenhos de estruturas, assim
TENACIDADE À FRATURA como para melhorar materiais existentes. Sua utili-
zação em odontologia é relativamente recente, mas
O teste de tenacidade à fratura é geralmente avanços neste campo têm ajudado a identificar opa-
realizado utilizando barras em flexão com um pel das tensões residuais, temperatura e defeitos pree-
entalhe, em cuja extremidade uma falha é in- xistentes na longevidade de restaurações dentais.
troduzida com uma ponta de tamanho nanomé- Materiais frágeis são mais fáceis de analisar com
trico. Nesta configuração, os materiais podem ser fractografia, pois eles tipicamente falham catastrofi-
caracterizados pela taxa de liberação de energia, camente. As caraterísticas típicas da propagação de
G, e o fator de intensidade de tensão, K. A taxa trincas (Fig. 5-8) são prontamente identificadas e a
de liberação de energia é uma função da energia origem da fratura pode ser determinada. A origem
envolvida na propagação da trinca, enquanto o da fratura é o ponto em que a pior combinação de
fator de intensidade de tensão descreve a tensão na severidade do defeito (determinada pelo tamanho
ponta da trinca. O fator de intensidade de tensão e pela forma do mesmo) e solicitações de tensão
Origem Espelho
FIGURA 5-8 Características típicas da superfície de fratura frágil. A, Ilustração de uma superfície de fratura. B, A
fotografia mostra uma superfície de fratura em um bastão de quartzo que falhou catastroficamente. É possível identificar
uma região "espelho", com linhas "hackle" apontando a origem da fratura. (Parte B de Quim, GD: Fracwgraplty ofCernmics
attd G/asses, NIST, U.S. Depnrtment ofCmnmerce, Specia/ pub/icati.on 960-16,2007).
96 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
estão presentes. Diferenças no processamento das fractográfica permite que a origem seja identificada,
cerâmicas, por exemplo, podem levar a estruturas mas, nesses casos, as características da fratura são
significamentemente diferentes, como mostrado na muito mais complexas. Na Figura 5-10, o lascamento
Figura 5-9, em uma estrutura homogênea. O cres- causou uma falha catastrófica na margem onde a es-
cimento de defeitos é observado a partir de erros trutura da porcelana estava excessivamente fina.
cumulativos durante o processamento. Defeitos
maiores que aqueles mostrados na Figura 5-9, D são
considerados críticos. Na Figura 5-9, D, o problema RESISTÊNCIA AO RASGAMENTO
é maximizado pela presença de um defeito muito E ENERGIA DE RASGAMENTO
agudo que concentra tensões.
Nas situações clinicas, um planejamento ruim Resistência ao rasga·mento é uma medida de re-
de próteses também podem levar à falha, mesmo sistência de um material a forças de rasgamento. A
na ausência de um defeito preexistente. A análise resistência ao rasgamento é uma importante pro-
priedade de polímeros dentários utilizados em finas
camadas, como materiais de moldagem flexíveis em
áreas proximais, materiais maxilofaciais e reembasa-
dores resilientes para próteses totais. Espécimes para
o teste de resistência ao rasgamento são geralmente
de formato de arco e com entalhe. A resistência ao
A _B rasgamento de amostra com entalhe é calculada di-
vidindo a carga máxima pela espessura do espécime.
A unidade para resistência ao rasgamento é N/m.
\
Por causa da natureza elástica dos materiais
testados, a resistência ao rasgamento depende da
taxa de carregamento. Taxa de carregamento altas
resultam em valores maiores de resistência ao ras-
e D \ gamento. Clinicamente, a remoção rápida de um
molde de alginato é recomendada para aumentar
a resistência ao rasgamento e também para mini-
FIGURA 5-9 Micrografias de microscópio eletrônico
mizar deformações permanentes. Valores típicos
de varredura (MEV) de materiais cerâmicos. A, Mostra
um material bem processado, com poucos ou nenhum
de resistência ao rasgamento para alguns materiais
defeitos presente. A sequência de B a te D mostra materiais dentários estão listados na Tabela 5-5.
com defeitos cada vez maiores e mais nítidos, resultante de A energia de rasgamento (T) é uma medida da ener-
processamento ruim (cortesia de Scherrer SS, Universidade gia por unidade de área de superfície recém-rasgada
de Genebra). e é determinada a partir da força (F) necessária
3 4 K
-- 5 1
~
r----.=__:l~n~fra:;::e:_:s:::tr:utura \
A
FIGURA 5-10 Determinação da origem da fratura em uma restauração cerâmica. Uma ilustração esboçada dos achados
em e_<;tereomicrocópio (A) assim como uma imagem do mapeamento em MEV da direção geral da propagação da fratura de
parte de uma coroa fraturadade Procera AllCeram quebrada (B). (De Scherrer SS, et ai: Dent. Mater. 24, 1107-1113, 2008.)
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 97
TABELA 5-5 ResL~tência ao Rasgamento de Alguns que pode ser medida através de um microscópio
Materiais Dentários para determinação da sua profundidade, área ou
largura. As dimensões da indentação são então re-
Resistência ao lacionadas a valores de dureza tabelados. Com urna
Material Rasgamento (KN/m)
carga fixa aplicada a um aplicador padronizado,
Reembasadores de prótese 2,6-45 as dimensões da indentação variam inversamente
com a resistência à penetração do material testado.
Material de duplicação à base 0,22
de ágar Assim, cargas menores são utilizadas para materiais
menos duros.
MateriaL~ de moldagem
Ágar-ágar 1,0
Teste de Dureza Brinell
Alginato 0,47
O teste de dureza Brinell é um dos métodos
Polissulfeto 3,6 mais antigos utilizados para testar metais e ligas
Protetores bucais de 114 usadas em Odontologia. O método depende da
polivinilacetato-polietileno (EVA) resistência à penetração de urna esfera de aço ou
carbeto de tungstênio, tipicamente com 1,6mm de
diâmetro, quando submetida a urna carga de 123N.
TABELA 5-6 Energia de Rasgamento* (T) de Durante o teste de dureza Brinell de um material, o
Alguns Materiais Dentários penetrador permanece em contato com a amostra,
testado por um período fixo de 30 segundos, depois
Energia de do qual é removido e o diâmetro da indentação é
rasgamento cuidadosamente medido. Um diagrama mostrando
Material (J/m2 [mergs/cm2])
o principio do teste de dureza de Brinell, junto a
MATERIAIS DE MOLDAGEM urna vista microscópica de indentações em uma liga
de ouro, é mostrado na Figura 5-11. Como o teste de
Silicone de adição 390-1150 (0,39 - 1,15) dureza Brinell produz uma área de indentação
Alginato 66 [0,066) relativamente grande, ele é bom para determinar
valores médios de dureza e é pobre para determinar
Poliéter 64-0 [0,64)
valores muito localizados.
Po!L~sulfeto 1.100 - 3.000 (1,1 - 3,0)
MATERIAIS MAXJLOFACIAIS Teste de Dureza Knoop
Poliuretano 1.800 [1,8) O teste de dureza Knoop foi desenvolvido para
Poli(cloreto de vinila) 11.000 (11) satisfazer as necessidades de um método de micro-
indentação. Esse método é adequado para plásticos
Silicone 660 [0,66)
finos ou folhas de metal, ou materiais frágeis em que
a força aplicada não exceda 3,6Kgf (quilograma-
força; 35N). O método Knoop foi projetado de
modo que cargas variadas possam ser aplicadas ao
para propagar o rasgamento em uma amostra em
instrumento de indentação. A área de indentação
forma de "calça" como segue:
resultante, portanto, varia de acordo com a força
T = (F/t) (>.. +1) aplicada e a natureza do material testado. A vanta-
Em que t é a espessura da amostra e A é uma gem desse método é que materiais que apresentam
relação de extensão. Valores típicos de energia de grandes variações em dureza podem ser testados
rasgamento determinados para alguns materiais de simplesmente variando a carga do teste. Como a
moldagem e materiais maxilofaciais estão listados aplicação de cargas muito leves produzem microin-
na Tabela 5-6. dentações extremamente delicadas, esse método po-
de ser utilizado para examinar materiais que variam
em dureza ao longo de uma área de interesse. As
DUREZA principais desvantagens desse método são a neces-
sidade de amostras altamente polidas e planas e o
O teste de dureza consiste na aplicação de uma tempo necessário para completar a operação, o qual
força ou um peso padronizado a um indentador. Es- é consideravelmente maior do que o requerido por
te produz urna indentação de um formato simétrico outros métodos menos precisamente controlados.
98 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
p
p
1
1
.. .. 1
.. ..
1
A B 8
FIGURA 5-11 Teste de dureza Brinell. A, Indentação em material macio. B, Indentação em material mais duro.
C, Vista microscópica das indentações.
Os valores KHN (número de dureza Knoop) de quadrada, cujas diagonais são medidas como mos-
alguns materiais estão listados na Tabela 5-7. trado na Figura 5-12.
TABELA 5-8 Profundidade de Indentação TABELA 5-9 Valores de Dureza Shore A para
e Porcentagem de Recuperação de Alguns Polímeros Alguns Polímeros DentaL~
Dentais
Material Dureza Shore A
Profundidade de •;.,de
Material Indentação (µ.m) Recuperação Reembasador resiliente de prótese 48-85
Protetores bucais de polivinilacetato- 67
Dentes de estoque 93 88
polietileno (EVA)
Selante de fóssulas e 85-158 74-86
Elastômero maxilofacial de silicone 25
fissuras
Compósito resinoso 56-72 70-83
Esmalte 4,48 (0,44)< 457 (45) 2,90 (0,23) 295 (23) (87,7 95,9)
valiosos para avaliações iniciais de materiais e para respectivamente. É de interesse especial o módulo
determinar valores relativos entre diferentes mate- de elasticidade de 53,2 GPa para a região de junção
riais, esses testes estão sujeitos a limitações. Alguns dentina-esmalte, o qual é intermediário entre os
materiais têm constituintes microestruturais ou, no valores para esmalte e dentina. O teste de nanoin-
caso de compósitos microparticulados, fases das dentação é especialmente útil no estudo dessa
partículas que são substancialmente menores que a pequena região, o que não é possível com testes de
dimensão do indentador. Para medir precisamente compressão ou tração.
as propriedades dessas microfases, é necessário que Nano-DMA (dynamic mechanical analysis ou
se consiga criar indentações em menor escala e con- análise mecãnica dinâmica) é possível com alguns
trolar espacialmente a localização as indentações. nanoindentadores pela medição da resistência à
Estas técnicas, comumente referidas como nanoin- força de indentação durante a remoção da força.
dentação, são capazes de aplicar cargas que variam Esse método permite a medição do módulo de ar-
de 0,1 a 5.000 mg-f (miligrama-força), resultando mazenagem e de perda em materiais viscoelásticos.
em indentações de tamanho aproximado de 1 µm. DMA é descrita de forma mais completa ainda neste
Adicionalmente, a profundidade de indentação é capítulo.
continuamente monitorada, eliminando a necessi-
dade de realizar uma imagem da indentação para
calcular as propriedades mecãnicas. Embora mais DESGASTE
comumente utilizada para medir dureza de fases de
micrométricas, a técnica é também útil para medir O desgaste tem sido estudado (1) pelo teste em
o módulo de elasticidade. Para materiais frágeis, o serviço ou clinico, (2) por medições de serviço simu-
limite de escoamento e a tenacidade à fratura po- lado, (3) por sistemas que utilizam várias máquinas
dem ser determinados. de desgaste, (4) por medições de propriedades me-
Os valores de nanodureza, dureza dinâmica e cãnicas relacionadas, tais como a dureza, e (5) por
módulo de elasticidade do esmalte e da dentina exame da quantidade e do tipo de falha superficial
humana estão listados na Tabela 5-10, juntamente a partir de um único ou de um pequeno número de
com a nanodureza e o módulo de elasticidade para golpes deslizantes.
a região da junção amelodentinária. A nanodureza Teste de abrasão de dois corpos têm sido uti-
da dentina de 71 kg/ mm2 (696MPa) concorda com o lizados para classificar a resistência ao desgaste
valor Knoop de 68kg/mm2 (666MPa) reportado na dos materiais restauradores. Como mostrado na
Tabela 5-7; entretanto, a nanodureza de 457 kg/ mm2 Tabela 5-11, a resistência à abrasão de compósitos
(4,48 GPa) para o esmalte é consideravelmente maior resinosos depende da natureza das partículas de
que o valor Knoop de 343 Kg/mm2 (3,36GPa). Essa carga (vidro ou quartzo) e da silanização das cargas.
diferença pode ser resultante da indentação bem Os testes de abrasão de três corpos são frequen-
menor usada no teste de nanoindentação em relação temente utilizados para comparar a resistência à
ao tamanho dos prismas do esmalte. Os valores de abrasão da estrutura dentária à dos dentifrícios ou
dureza dinâmica são inferiores aos correspondentes materiais de profilaxia. O esmalte é cerca de cinco
à nanodureza porque eles são calculados a partir a vinte vezes mais resistente à abrasão do que a
do máximo deslocamento, enquanto os valores de dentina. O cemento é o menos resistente. Medições
nanodureza são calculados a partir de deformações de perda de esmalte durante uma profilaxia de
permanentes. O módulo de elasticidade de 87,7 e 30 segundos têm mostrado que o flúor é removi-
24 GPa para esmalte e dentina pela nanoindentação do da superfície do esmalte e têm permitido uma
estão razoavelmente de acordo com os valores de estimativa de remoção do esmalte de 0,6 a 4 µm,
amostras de testes de compressão de 84,1e18,3GPa, dependendo do abrasivo.
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 101
TABELA 5-11 Abrasão de Dois Corpos gesso é o tempo decorrido em que a massa semiflui-
de Materiais Restauradores Dentários da já não pode escoar facilmente dentro dos finos
detalhes de um molde. Um exemplo para mate.riais
Abrasão de dois
de moldagem é o tempo decorrido em que a pasta
corpos (10~'/mm
Material
se torna muito rígida para registrar os detalhes dos
de percwso)
tecidos duros e moles.
AMÁLGAMA O tempo de presa final é definido como o tempo
em que um material como o alginato pode ser retira-
Esférico 7,0
do sem distorção ou rasgamento. Para o gesso, esse
AgSn/ AgCu 5,6 é o tempo em que ele pode ser separado do molde
COMPÓSITO RESINOSO sem fratura. O tem.po de presa inicial é o tempo em
que certo estágio arbitrário de consitência sólida é
Partículas de vidro 7,7 alcançado no processo de presa.
Partículas de vidro - sem silano 13,8
Partículas de quartzo 3,8 Medição
Partículas de quartzo - sem silano 5,6
O tempo de presa inicial é geralmente medido
Microparticuladas 12,0 arbitrariamente por algumas formas de teste de
Resina de cliacrilato 17,0 penetração, embora ocasionalmente o utros tipos
de testes tenham sido desenvolvidos. Por exemplo,
Selante de fóssulas e flssu ras 21,5
a perda de brilho da superfície da massa misturada
Resina acrilica sein carga 13,3 do gesso comum ou do gesso pedra é uma indicação
deste estágio na reação química e algumas vezes
pode ser usada para indicar a presa inicial da mas-
Infelizmente, raras vezes existe uma relação de sa. Da mesma forma, o tempo de presa pode ser
1:1 entre o desgaste observado clinicamente e aquele mensurado pelo aumento da temperatura da massa,
medido no laboratório. Assim, a maioria dos testes porque a reação química é exotérmica.
se esforça para classificar os mate.riais na ordem que O aparelho de Vicat mostrado na Figura 5-13 é
são vistos clinicamente. Os testes tradicionais de comumente utilizado para medir o tempo de presa
desgaste medem o volume de material perdido, mas inicial de produtos de gesso. Ele consiste em um
não revelam os mecanismos de desgaste, enquanto bastão que pesa 300 g com uma agulha de 1 mm
uma técnica de única passagem deslizante pode ca-
racterizar os m odos de falha na superfície. Em geral,
os dados de desgaste não se correlacionam bem com
dados de outra propriedade mecânica, fazendo com
que seja mais díficil inferir propriedades de desgaste
a partir de outros testes laboratoriais mais simples.
TEMPO DE PRESA
Definição e Importância
O tempo necessário para a reação ser completada
é chamado ternpo de presa final. Se a taxa de reação
é muito rápida ou se o material tiver um tempo de
presa pequeno, a mistura pode endurecer antes
que o operador possa manipulá-la corretamente.
Por outro lado, se a taxa de reação for muito lenta,
um tempo excessivamente longo é necessário para
completar a operação. Portanto, um tempo de presa
apropriado é uma das características mais impor-
tantes de materiais como o gesso.
O tempo de trabalho se refere ao tempo após o qual
o material não pode ser manipulado sem originar FIGURA 5-13 Penetrômetro Vkat utilizado para deter-
distorções no produto final. Um exemplo para o minar o tempo de presa iniàal de produtos de gesso.
102 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
de diâmetro. Um anel é preenchido com a mistura estrutura. Embora virtualmente todos os materiais
cujo tempo de presa será medido. O bastão é abai- utilizados em Odontologia apresentem TsS bem aci-
xado até que ele toque a superfície do material, em ma da temperatura corporal ou ambiente, uma boa
seguida a agulha é solta, permitindo-se que pene- correlação entre outras propriedades mecânicas e T
tre a ~sa. Q~a~do a agulha não penetra a parte faz com que este seja um preditor útil da resistênci!
supenor do reop1ente, o material terá alcançado o e da estrutura dos materiais.
Vicat ou o tempo de presa inicial. Outros tipos de
instrumentos, como a agulha de Gillmore, podem
REOLOGIA
ser utilizados para obterem-se os tempos de presa
inicial e final de produtos de gesso.
A reologia é o estudo da deformação e da fluidez
dos materiais. Semelhante ao DMA, este teste envolve
, ~
1.6 2.2
1,4 2,0
1,2 1,8
1,0 1,6
o ,g 1,4
'@-0,8
o o~ 1,2
.l!l
0,6 (/)
~ 1,0
~ 0,4
0,8
0,2
0,6
o.o 0,4
- 02
• 0.2
4.000 3.000 2.000 1.000 7.000 6.000 5.000 4.000
1
A Números de onda (cm- ) B Números de onda (cm- 1)
transição dos materiais, como a T8 e a temperatu- fornecendo uma imagem muito precisa da estru-
ra de fusão (Tm). O calorímetro mede a diferença tura molecular. Utilizando este método, materiais
de fluxo de calor entre a amostra e uma referên- recém-sintetizados podem ser caracterizados e rea-
cia controle ao longo de um intervalo amplo de ções podem ser acompanhadas através do apareci-
temperaturas ou ao longo de um fenômeno não mento ou desaparecimento de determinadas bandas.
isotérmico, como a polimerização e a fusão de me- Isto é de particular interesse para reações de polime-
tais, respectivamente. Durante um experimento rização, por exemplo, de monômeros vinílicos, em
utilizando variações de temperatura, picos endo- que a vibração de estiramento da dupla ligação de
ténnicos são observados à medida que o material carbono C-H pode ser acompanhada. O espectro do
passa pela transição vítrea e fusão. A endotermia Bis-GMA, um monômero muito comumente utiliza-
é provocada pelo súbito aumento no número de do em materiais restauradores dentais, no infraver-
graus de liberdade molecular nestas transições, as melho médio e próximo, é mostrado na Figura 5-14,
quais requerem ganho de energia do ambiente. Para A e B. Esta ligação tem picos tanto nas regiões do
reações dinâmicas exotérmicas, como é o caso de infravermelho médio (400-4.000cm-1) quanto nas
polimerizações ativas, o calor liberado pelo material regiões do infravermelho próximo (4.000-7.000cm-1).
durante experimentos exotérmicos pode estar corre- Outros picos de interesse incluem vibração de es-
lacionado à quantidade de ligações duplas vinílicas tiramento de C-H de anéis aromáticos. A amostra-
formadas e ao grau de conversão em tempo real. gem na região do infravermelho médio é um pouco
Este método mede uma manifestação indireta da complicada porque as absorções são tipicamente
reação (entalpia) e, portanto, não é preciso para a muito altas, requerendo a utilização de amostras bem
avaliação de estruturas químicas. finas. Outra preocupação é que a água e o dióxido
de carbono têm absorções muito fortes nesta região
e, portanto, o sistema necessita ser purgado (limpo)
TÉCNICAS DE ESPECTOMETRIA com um gás inerte para permitir medições precisas.
Para compósitos dentários, outro obstáculo é a banda
A espectroscopia no infravermelho transformada muito ampla das partículas de vidro, que encobre
de Fourier (Ft'IR) é uma ferramenta muito útil para a muitas bandas de interesse no infravermelho médio.
caracterização molecular e para acompanhar reações Isto requer o uso de placas de sal como substrato. Na
químicas. Cada ligação química entre os átomos de região do infravermelho próximo, absorções são rela-
um material tem uma vibração característica espe- tivamente mais fracas, então amostras relativamente
cífica, que produz interferência em ondas eletro- mais espessas podem ser utilizadas. Adicionalmen-
magnéticas, em comprimentos de onda altamente te, o vidro ou o dióxido de carbono não mostram
específicos. Conforme a luz é transmitida através absorção nesta região, eliminando a necessidade de
da amostra, as ligações químicas podem ser identi- purga e permitindo o uso de amostras prensadas
ficadas com o uso de um detector de infravermelho entre lâminas de vidro para uma preparação mais
(IV) de bancada. O algoritmo tranformado de Fou- conveniente dos espécimes. Isto também permite o
rier produz um espectro com bandas características uso de fibras ópticas para monitoramento remoto da
ao longo de uma série de comprimentos de onda, conversão de duplas ligações de carbono.
104 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
devido a diferenças no substrato de adesão, pre- onde a carga é distribuída por uma área maior. Va-
paro do espécime, condições de armazenagem e lores típicos de resistência de união à dentina com
método de aplicação da carga. Infelizmente, existe testes de cisalhamento situam-se entre 10 a 50 MPa.
pouquíssima padronização entre os laboratórios Falhas coesivas e mistas são muito frequentes e
de pesquisa. Comparações entre diferentes estudos podem afetar mais de 55o/o dos espécimes.
devem ser feitas cuidadosamente. Outro aspecto interessante é o módulo de elas-
Carência de significância clínica dos testes de resistên- ticidade do compósito utilizado para confeccionar
cia de união - baseado no que foi descrito anterior- o cilindro do corpo de prova. Quanto maior a dife-
mente, não pode ser determinado um valor mínimo rença entre o módulo de elasticidade do compósito
de resistência de união que pode ser associado a um e o módulo de elasticidade do substrato, maior é a
bom desempenho clínico. Entretanto, podem ser concentração de tensões na interface. Isto diminui
encontradas na literatura tendências semelhantes os valores de resistência de união obtidos.
para alguns sistemas adesivos. Sistemas que exibem
desempenho insatisfatório in vitro geralmente têm
desempenho clínico ruim. Teste de Macrotração
A resistência de união de uma interface pode ser A distribuição de tensões no teste de tração é
testada por uma variedade de métodos. Utilizando mais uniforme do que em testes de cisalhamen-
as dimensões da área de adesão, os métodos de to. Isto fornece uma estimativa mais fiel do nível
resistência de união podem ser classificados como de tensão que iniciou o descolamento. Nos testes de
macro (4-28mm2) ou micro (aproximadamente macrotração, um alinhamento perpendicular da
1 mm2) . A interface pode ser carregada tanto em interface de adesão ao eixo de carregamento é muito
tração quanto em cisalhamento. importante. Caso contrário, tensões de flexão serão
desenvolvidas. A preparação da amostra é, portan-
to, mais difícil para testes de tração do que para
Teste de Macrocisalhamento testes de cisalhamento.
Em um teste de rnacrocisalhamento, um cilindro Assim como o teste de cisalhamento, uma di-
de compósito é construído no substrato de adesão. ferença entre os módulos de elasticidade entre o
Após um tempo predeterminado de armazenagem, compósito e o substrato também influencia os va-
o espécime é posicionado em uma máquina uni- lores de resistência de união. Valores de resistência
versal de ensaios na qual um cinzel biselado, uma de união à dentina típicos são em tomo de lO:MPa.
haste de extremidade plana ou um fio é acoplado Falhas coesivas e mistas podem acontecer em 35°/o
ao atuador usado para deslocar o cilindro de com- das amostras.
pósito do substrato.
É importante notar que em testes de cisalha-
mento é uma tensão de tração que realmente causa Teste de Microtração
o rompimento da adesão. Em outras palavras, o Os testes de rnicrotração utilizam amostras
termo teste de cisalhamento refere-se ao modo de em formato de palito ou de ampulheta com uma
carregamento, e não à tensão que causa a falha in- área de colagem de aproximadamente 1 mm2• Este
terfacial. Quando a distância entre dispositivo de método fornece uma incidência bem menor de fa-
aplicação da carga e a interface aumenta, as tensões lhas mistas e coesivas comparado a outros métodos
de tração também aumentam devido à criação de (menos de 20%). A preparação do espécime é mais
um momento fletor no cilindro de compósito. trabalhosa do que para testes "macro", porque en-
A localização e configuração do dispositivo de volve o seccionamento com discos diamantados de
carregamento influenciam a distribuição de tensões grandes interfaces de união em fatias finas. Essas
na interface adesiva e, portanto, afetam a resistência fatias são desgatadas para obter amostras em ampu-
de união. Simulações em computador utilizando lheta ou novamente seccionadas para obterem-se
o método de elementos finitos mostram que, para palitos. Dependendo das condições de teste ou
uma tensão nominal de 15 MPa, a máxima tensão dos materiais, um número significante de falhas
de tração na interface é 178:MPa quando um cinzel pré-teste podem ocorrer. Não há consenso entre
é usado para carregamento. Com o fio, a máxima os pesquisadores do tratamento estatístico dessas
tensão de tração é 69 MPa. Quanto maior é a concen- falhas pré-teste.
tração de tensões na área de aplicação da carga, me- Vários equipamentos de teste estão disponíveis
nor é a resistência de união. Portanto, a utilização de para os testes de microtração. As amostras podem
cinzéis biselados resulta em valores de resistência ser coladas utilizando adesivo de cianoacrilato ou
de união mais baixos do que quando se utiliza o fio, acoplados ativa ou passivamente aos dispositivos
106 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
diâmetro e 1,Smm de altura colado a uma lâmina da parte inferior do espécime, através da lâmina de
de vidro. O compósito, que não toca o anel de bron- vidro. Conforme o compósito polimeriza e se contrai,
ze, é coberto com uma lâminula (aproximadamente ele puxa a lamínula para baixo e sua deflexão é moni-
0,1 mm de espessura). Uma sonda LVDT é colocada torada pela sonda TLDV. Os dados de deslocamento
em contato com o centro do anel de bronze (Fig. 5-16). (em µ.m) são obtidos a partir da saída do sinal do
A amostra de compósito é fotopolimerizada a partir transdutor (em m V) e são aplicados a uma curva de
calibração. A contração é calculada dividindC>-\5e a de-
flexão mensurada da lâminula pela altura inicial do
compósito. Como a amostra de compósito necessita
possuir certa rigidez para defletir a lâminula, esse
método é mais indicado para medir a contração pós-
gel No entanto, os valores registrados são geralmen-
te maiores que aqueles obtidos por outros métodos
usados na determinação da contração pós-gel
AcuVol
É um dispositivo de vídeo desenvolvido para me-
dir a contração de compósitos que utiliza uma câmera
CCD (charge-coupled device) para capturar e analisar
perfis do corpo de prova. Uma amostra de compósito
de 12 µ,L é acomodada em formato de semiesfera e
posicionada em um pedestal de Teflon®. A ponta da
unidade de fotopolimerização é colocada 1 mm acima
da amostra. As curvas de contração-tempo são obti-
das de uma única vista ou com a amostra rodando no
pedestal (modo de multivistas). O modo de multivista
permite a correção de assimetrias na superfície da
amostra. Os valores medidos expressam o volume de
contração do compósito e são bastante semelhantes
àqueles obtidos com o dilatômetro de mercúrio.
FIGURA 5-16 Visão esquemática de um corte trans-
versal de um dispositivo de teste para contração. A, Trans- Teste MARC (Managing Accurate
dutor; B,Amostra de teste; C, Lamínula; D, Suporte de anel Resin Curing)
de cobre; E, Placa rígida de vidro; F, Fotopolimerizador; G,
Parafuso de ajuste da altura (De Watts DC, Cash A],: Denl O teste MARC mede a contração do compósito
1\Aater. 7, 281, 1991). em uma configuração confinada (Fig. 5-17). As
Fotopolimerizador
r -.....
r
"
~
4mm
Detector
o
<I>
<D
' a.m
lll ~
-
o
o
~
1\)
3
3
e:
N
ãl
3
e:
1
lll
!5-
• '
Classe 1 Classe V
FIGURA 5-17 MARC (Managing Acc11rate Resin C11ring). Esquema da localização dos detectores de luz colocados
em preparos Classe I e Classe V. Os dentes são colocados dentro de um manequim simulador da cabeça (De Price RBT,
Felix CM, Wlralen /M: f. Can. Dent. Assoe, 76:a94,2010).
108 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
paredes internas de um anel de vidro, 5 mm de de contração podem ser avaliados, por exemplo, por
diâmetro e 2 mm em altura, são condicionadas com testes de rnicroinfiltração in vitro, de resistência de
ácido hidrofluorídrico. O volume e a densidade do união e de deflexão de cúspides.
anel são medidos, e ele é então revestido por um A tensão de polimerização dos compósitos é
primer de cerâmica e uma camada de resina sem definida pela combinação de propriedades do dente
carga. O anel é preenchido com o compósito e, após e dos materiais restauradores envolvidos: a geome-
a polimerização, o espécime é novamente medido tria (ou anatomia) do dente e da restauração, a qua-
para volume e densidade. O volume do compósito lidade da interface adesiva e a técnica restauradora
polimerizado é calculado pela diferença entre os utilizada (preenchimento em bloco único ou em
volumes do anel de vidro preenchido com compó- incrementos e protocolo de polimerização). Entre
sito e o anel vazio. A contração de polimerização é os fatores relacionados à geometria da restauração,
calculada como a porcentagem de variação entre o fator de configuração cavitária (fator C), definido
o volume interno do anel de vidro e o volume de pela relação entre as áreas aderidas e não aderidas
compósito polimerizado. da restauração, é um índice utilizado para expres-
sar o nível de confinamento imposto ao material
restaurador durante sua contração (Fig. 5-18). Este
Fator de Configuração Cavitária índice foi desenvolvido com base em experimentos
Quando uma resina composta ou um cimento laboratoriais em que a força de contração gerada
de ionõmero de vidro polimerizam aderidos às por espécimes cilíndricos de compósito foi deter-
paredes de um preparo cavitário e sua reação de minada para diferentes razões de aspecto (ou seja,
presa é acompanhada de contração volumétrica relação entre altura e diâmetro). Para um dado
e desenvolvimento de módulo de elasticidade, material e condição laboratorial, quanto maior o
tensões se desenvolvem no material, na interface fator C do corpo de prova, maior a tensão nominal
dente/restauração e na estrutura dentária. As ten- calculada.
sões são induzidas no dente pela resistência deste à Baseada nesses achados, uma restauração de
contração. Essas tensões têm relevância clínica por- classe I representa uma situação menos favorável
que podem ser criados espaços na interface ou, se a que uma configuração classe Il devido ao seu maior
adesão é suficientemente forte, causar deformação fator C. Uma cavidade classe Item uma relação
do dente ou deflexão de cúspides. Infelizmente, a de área de superfície aderida/ não aderida maior
tensão de polimerização não pode ser diretamente do que uma cavidade classe II típica. Pelo mesmo
medida em dentes restaurados. Somente os efeitos motivo, restaurações de classe V em forma de caixa
I
{
;1t.-":_-.::.::.:::::;:/7'1
-+-1-- não aderida- - - + - -
aderida
____,......___. ,,,
t . C _ 1 superfície aderida _ 5 superfícies aderidas
1 1 t0 r C = 4 superfícies aderidas
ª or -5 superfícies não aderidas ª f t C
2 superfícies não aderidas a or - 1 supe rf'1cre
. nao
- ad err'da
FIGURA 5-18 Fator C. Relação entre preparos retangulares, valores C correspondentes e preparos cavitários padrão
(Modificado de Feilzer, AJ, De Gee A/, Davidson CL: f Denl Res. 66(11), 1636-1639,1987).
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 109
devem gerar maiores tensões do que aquelas con- extensa e além do propósito deste texto para ser
feccionadas em cavidades com fundo arredondado. revisada. Somente um breve resumo da análise por
Esses pressupostos parecem ser válidos em linhas elementos finitos é apresentado aqui.
gerais. No entanto, a aplicabilidade do fator C em
situações clínicas, de forma generalizada, deve ser
cuidadosamente considerada, pois a complexidade Análise por Elementos Finitos
das situações clínicas não permite a predição de O método ou análise por elementos finitos (FEM,
níveis de tensão baseado somente no fator C. finite e/ement method ou FEA, finite element analysis)
Outro aspecto importante relacionado à dis- é um método numérico e oferece vantagens con-
tribuição de tensões em um dente restaurado é a sideráveis sobre os métodos de modelagem física
quantidade de estrutura dentária remanescente. Em (Fig. 5.19). O método é útil para analisar geometrias
uma restauração classe Il extensa, a rigidez reduzi- complexas e pode determinar as tensões e deforma-
da das paredes cavitárias aumenta a concentração ções em toda a extensão de um objeto tridimensio-
de tensões no dente. Uma classe II pequena com nal. Neste método, um número finito de elementos
relação de área aderida/não aderida semelhante, estruturais discretos é interligado por um número
por outro lado, mostra altas tensões na interface de finito de pontos ou nós. Esses elementos finitos são
adesão e no compósito. Portanto, duas restaurações formados quando a estrutura original é dividida
com o mesmo fator C podem apresentar distribui- em diversas áreas com formas definidas, onde para
ção das tensões muito diferentes e, possivelmente, cada elemento é atribuído as propriedades mecâ-
diferentes resultados clínicos. Embora alguns estu- nicas do material a ser simulado. As informações
dos in vitro tenham verificado um efeito significante necessárias para calcular a tensão e o deslocamento
do fator C na resistência de união na interface e no modelo de elemento finito são (1) a descrição do
na microinfiltração, outros não confirmaram esses nó e do elemento, (2) o módulo de elasticidade e o
achados. Até mesmo no mesmo estudo, a influência coeficiente de Poisson para os materiais associados
do fator e na integridade interfacial pode variar a cada elemento, (3) o tipo de condição de contorno
dependendo do sistema adesivo testado. Um estudo de cada elemento, (4) a descrição de forças aplicadas
clínico a longo prazo também não verificou um aos nós externos, e (5) uma descrição do comporta-
efeito significativo do fator e na longevidade de mento mecânico do material, por exemplo, linear ou
restaurações de compósito classe I. não linear elástico, viscoelástico, isotrópico, aniso-
trópico e ortotrópico.
Observe que os métodos de elementos finitos
ANÁLISE DE TENSÕES E são puramente numéricos e são baseados em muitas
DESENHO DAS ESTRUTURAS
DENTÁRIAS
As propriedades mecânicas dos materiais utili-
zados em restaurações dentárias devem ser capazes
de suportar as tensões e deformações causadas pelas
forças mastigatórias repetitivas. O desenho das res-
taurações é particularmente importante para tirar
proveito das melhores propriedades do material
restaurador. Um bom planejamento evita tensões
ou deformações que excedam as propriedades de
resistência do material em situações clínicas.
Tensões nas estruturas dentárias têm sido
estudadas por técnicas tais como análise de re-
vestimentos friáveis, extensômetros (strain gages),
holografia, fotoelasticidade bidimensional e tridi-
mensional, análise por elementos finitos e outros
métodos numéricos. Estudos de análise de tensões
em inlays, coroas, bases de restaurações, próteses
fixas, próteses totais, próteses removíveis, pinos FIGURA 5-19 Análise por elemento finito das ten-
endodônticos e implantes têm sido relatados, assim sões resultantes da contração de polimerização de uma
como estudos sobre dentes, ossos e tecidos moles restauração Classe II de compósito (Cortesia de Sr. Svenn
orais. A literatura de análise de tensões é muito Borgersen, Eagnn, MN).
110 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
hipóteses limitantes. A análise de elementos finitos (em ordem decrescente de módulo de elasticidade)
é utilizada no delineamento de experimentos labo- os materiais mais comuns (Fig. 5-20). As hastes são
ratoriais, incluindo tamanho do espécime e desenho conectadas a uma máquina ou a um sistema univer-
do acessório fixação. Ela também é útil para inter- sal de testes com um extensõmetro, onde um bastão
pretar resultados desses experimentos. A simulação é conectado ao atuador e o outro é fixo. Este é o
por FEA pode reduzir o número de testes necessá- único sistema no qual um extensõmetro é ligado aos
rios e otimizar o delineamento de experimentos por bastões para manter uma distância constante entre
meio de predições de resultados e desempenho. as duas interfaces adesivas durante o teste. A com-
Quando a análise por elementos finitos é realizada, placência do sistema é muito baixa, e isto pode ser
é importante entender os materiais que estão sendo adicionalmente controlado pelo ajuste do módulo
testados e como avaliar os dados da simulação. de elasticidade dos bastões. A célula de carga na
Essa é uma ferramenta poderosa, mas que pode ser máquina de ensaio universal grava a força exercida
facilmente mal utilizada se os conceitos envolvidos pelo material durante a polimerização sob estas
não estiverem completamente entendidos e se o condições de confinamento, e a tensão é calculada
modelo numérico não estiver validado através de dividindo-se a carga pela área da secção transversal
experimentos físicos ou outros métodos. inicial do corpo de prova.
FIGURA 5-20 Tensilômetro para mensuração da tensão de polimerização durante a cura de compósitos, mostrando
a fonte de luz, o corpo de prova e o extensõmetro para mensuração do deslocamento.
com base na mudança no comprimento da trinca e Conselho de Assuntos Científicos da ADA, o qual é
da tenacidade à fratura do substrato frágil. responsável pela adoção das especificações. Até o
momento, 68 especificações foram adotadas (Tabela
1 do Apêndice). Um grupo mais amplo, denominado
ESPECIFICAÇÕES PARA de Especificações e Normas Federais, é designado para
MATERIAIS RESTAURADORES regular os requisitos das agências de serviços fede-
rais governamentais para aquisição e utilização dos
As propriedades descritas neste e em outros materiais. Normas deste tipo têm estado disponíveis
capítulos servem como a base para uma série de es- desde a metade do século passado, e especificações
pecificações que foram desenvolvidas para materiais adicionais continuam a ser acrescentadas em cada
restauradores, instrumentos e equipamentos. Um grupo. Uma série de especificações similares estão
grupo é o Instituto de Normas Nacionais America- disponíveis para produtos na Austrália, Japão e em
nas (American National Standards Institute, ANSI)/ alguns outros países. Em 1963, um programa para
Comitê de Normas sobre Produtos Odontológicos da normas internacionais que combinava os esforços
American Dental Association. As normas desenvol- da Federação Odontológica Mundial (FDI) e a Or-
vidas e aprovadas por esse comitê são revisadas pelo ganização Internacional para Normatização (ISO) foi
112 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Complacência do cantilever
Amostra
Luva
Bastão de quartzo
silanizado/ fotopolimerizador
FIGURA 5-21 Tensômetro ADAF para mensuração da tensão de polimerização d urante a cura dos comp ósitos.
Configuração do teste antes da exposição da luz (A); durante a exposição da luz (C); ilustração do dispositivo de teste
(B) e a ampliação da região mostrada nas partes A e C.
estabelecido. A prática de utilização de testes físicos especificações foram ou estão sendo formuladas,
através da aplicação de métodos descritos nas nor- como indicado na Tabela 1 do Apêndice.
mas é bem estabelecida e provavelmente continuará Cópias das especificações e planilhas para
a existir. Tanto o estudante de odontologia quanto o auxílio no registro de dados estão disponíveis no
dentista devem não somente saber da existência de Conselho de Assuntos Científicos da American
normas para certos materiais, mas também aprender Dental Association em Chicago. O site do Conse-
quais qualidades são controladas por cada especifica- lho lista os nomes comerciais e os fabricantes dos
ção. Através das especificações, a qualidade de cada produtos odontológicos aceitos. Esta publicação
produto é mantida e melhorada. pode também ser obtida na American Dental
Association.
ESPECIFICAÇÕES DA Um exame de cada especificação revela um
AMERICAN DENTAL padrão geral de normatização comum para cada
material.
ASSOCIATION
1. Estas características incluem um item sobre
A primeira especificação da American Dental o objetivo e a classificação do material, o
Association foi para liga de amálgama, formulada que define a aplicação e a natureza de cada
e publicada em 1930. Desde este período, outras material.
5. TESTES DE MATERIAIS DENTÁRIOS E BIOMECÂNICA 113
PROBLEMAS SELECIONADOS
Lohbauer U, Amberger G, Quinn GD, Scherrer SS: Frac- FeHzer AJ, De Gee AJ, Davidson CL: Setting stress in
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Scherrer SS, Quinn GD, Quinn JB: Fractographic failure Price RB, Riskalla AS, Hall GC: Effect of stepped light
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6
Biocompatibilidade e Reação
Tecidual a Biomateriais
•
Avaliando a Biocompatibilidade B iocompatibilidade dos Materiais Dentários
Testes ln Vitro Reações da Polpa
Testes de Citotoxicidaáe Microinfilti·açao
Testes de Metabolismo Celular ou Função Adesao Dentinária
Celular Agentes de Uniao
Testes Que Usam Ban·eiras (Testes Indiretos) Materiais Resinosos
Outros Ensaios de Funçao Celular Amálgama e Ligas para Fundiçéio
Ensaios de Mutagênese Ionômei·os de Vidro
Testes em Animais Forradores, Vernizes e Cimentos Nao
Testes de Uso Resinosos
Testes de lrritaçéio da Polpa Dentária Agentes Clareadores
Implantes Dentáiios em Osso Reações de Outros Tecidos Moles Orais
Testes Clínicos em Mucosa e Gengiva a Materiais Restauradores
Correlação entre Testes ln Viti·o, ln Vivo Reação do Osso e Tecidos Moles
e Testes de Uso a Materiais de Implante
Usando Testes ln Vitro, ln Vivo e Clínicos Reações a Mateiiais de Implante Cerâmicos
Juntos Reações a Metais e Liga.s para Impla.nte
Nonnalizações que Regula1n a Mensuração Reações a Mateiiais Reabsorvíveis
de Bioco1npatibilidade Resumo
Especificaçao n." 41 ANSI!ADA
ISO 10993
117
118 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
isolado. O contato pode ser direto, quando o material são as células coletadas diretamente de um animal
contacta o sistema celular sem barreiras, ou indireto, e cultivadas. Essas células crescerão somente por
quando existe algum tipo de barreira entre o material um tempo limitado em cultura, mas normalmente
e o sistema celular. Testes diretos podem ser subdivi- retêm muitas das características das células in vivo.
didos naqueles em que o material está fisicamente pre- Células de crescitnento contínuo ou linhagens celulares
sente com as células e naqueles em que algum extrato são células que foram previamente transformadas
do material entra em contato com o sistema celular. para que consigam crescer em cultura por períodos
Os testes in vitro podem ser basicamente subdivididos mais ou menos indefinidos. Devido a essa transfor-
naqueles que medem citotoxicidade ou crescimento mação, essas células não conservam todas as carac-
celular, naqueles que medem alguma função da célula, terísticas in vivo, mas podem exibir as características
metabólica ou outra, e naqueles que medem o efeito que elas retêm de forma consistente. As culturas de
sobre o material genético na célula (ensaios de mutagê- células primárias são vistas como mais relevantes
nese). Muitas vezes existe uma sobreposição em o que do que as linhagens celulares contínuas para men-
um teste avalia. Testes in vitro têm um número de van- suração da citotoxicidade de materiais. Contudo,
tagens significantes sobre outros tipos de testes de bio- células primárias, sendo de um único indivíduo,
compatibilidade (Tabela 6.1). Eles são relativamente têm uma variabilidade genética limitada, podem
rápidos, geralmente custam menos do que os testes em abrigar agentes virais ou bacterianos que alteram
animais ou testes de uso, podem ser padronizados, são seu comportamento e muitas vezes perdem sua
apropriados para exames em larga escala e podem ser funcionalidade in vivo quando mantidas em cultura.
bem controlados para direcionar questões científicas Além disso, a estabilidade genética e metabólica de
específicas. A principal desvantagem dos testes in vi- linhagens celulares contínuas contribui significati-
tro é sua relevância questionável para o uso final in vivo vamente para padronização dos métodos de ensaio.
(consulte última seção sobre a correlação entre testes na Por fim, ambas as células primárias e contínuas exi-
página 123). Outra vantagem significante inclui a falta bem papéis importantes nos testes in vitro e ambas
de mecanismos inflamatórios e protetores do tecido podem ser usadas para avaliar materiais.
no ambiente in vitro. Deve ser enfatizado que os testes
in vitro por si só não podem predizer inteiramente a Testes de Citot.oxicúlade
biocompatibilidade de um material Os testes de citotoxicidade avaliam a morte celular
A padronização dos testes in vitro é uma preo- causada por um material por meio da mensuração
cupação fundamental. Dois tipos de células podem do número ou do crescimento de células antes e após
ser usados para ensaios in vitro. Células pritnárias a exposição àquele material. Materiais de controle
devem ser bem definidos e disponíveis comer- Testes de Metabolismo Celular ou Função
cialmente para facilitar comparações entre outros Celular
laboratórios de teste. Testes de permeabilidade de rnem- Alguns testes in vitro para biocompatibilidade
brana são usados para mensurar citotoxicidade pela usam a atividade biossintética ou enzimática
facilidade com que um corante consegue passar de células para avaliar a resposta citotóxica. Testes
pela membrana celular, porque a permeabilidade que medem a síntese de ácido desoxirribonucleico
da membrana é equivalente ou quase equivalente à (DNA) ou a síntese d e proteínas são exemplos
morte celular (Figuras 6.2 e 6.3). comuns desse tipo de teste. Um teste enzimático
comumente usado para citotoxicidade é o teste
do MTT [3-(4,5-dimetiltiazol-2-yl)-2,5-difenil bro-
meto de tetrazólio], bem como o NBT (nitroazul
de tetrazólio), XTT [sal 2,3-bis-(2-metoxi-4-nitro-5
-sulfofenil)-2H-tetrazólio-5-carboxanilida] e WST
(um tetrazólio solúvel em água), todos esses sendo
ensaios colorimétricos baseados em diferentes sais
de tetrazólio. Os testes de azul de Alamar medem
quantitativamente a proliferação celular usando um
indicador fluorescente que permite monitoramento
contínuo das células ao longo do tempo.
Camada de células
coradas com VN
FIGURA 6.3 Interação citotóxica. Vista em microscó-
pio óptico de uma interação citotóxica entre um material FIGURA 6.4 Método de difusão em ágar. O método
(imagem escura ao fundo) e fibroblastos de ligamento pe- de difusão em ágar é usado para avaliar a citotoxicidade
riodontal em um teste de cultura celular. Os libroblastos de materiais dentários. Acamada de células, que é previa-
estão arredondados e soltos (consulte a Figura 6.2 para mente corada com Vermelho Neutro (Vl\0, é coberta com
contraste), indicando que eles já morreram ou estão mor- uma camada fina de Ágar (A). As amostras são colocadas
rendo. O material é um tipo de agente capeador pulpar em cima do ágar por um tempo. Se o material é citotóxico,
de hidróxido de cálcio, diferente daquele mostrado na irá lesionar as células e o vermelho neutro será liberado,
Figura 6.2. deixando uma zona de irubição.
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 121
O teste de irritação da mernbrana rnucosa determina os dentes são extraídos e seccionados para exame
se o material causa inflamação a membranas muco- microscópico, com tecido necrótico e reações infla-
sas ou em pele abrasionada. No teste de sensiUilidade matórias classificadas de acordo com a intensidade
cu.tâ.nea, materiais são injetados intradermicamente da resposta. Embora a maioria dos testes de irrita-
para testar o desenvolvimento de reações de hi- ção da polpa dentária envolva dentes intactos, não
persensibilidade na pele, seguidas de tratamento cariados, sem polpa inflamada, existe uma crescente
secundário com curativos adesivos que contêm a preocupação com o fato de o tecido pulpar inflamado
substância teste. Testes de im.plantação são usados poder responder diferentemente de polpas normais
para avaliar materiais que irão contactar tecido aos forradores, cimentos e agentes restauradores. Por
subcutâneo ou osso. A localização do sítio de im- isso, testes de uso em dentes com pulpite induzida,
plantação é determinada pelo uso do material e que permitem avaliação do tipo e quantidade de
pode incluir tecido conjuntivo, osso ou músculo. dentina reparadora formada, provavelmente conti-
Embora amálgama e ligas sejam testados porque nuarão a ser desenvolvidos e aperfeiçoados.
as margens de materiais restauradores contactam a
gengiva, a maioria dos testes subcutâneos é usada Implantes Dentários em Osso
para materiais que entram em contato direto com No momento, os melhores preditores do sucesso
tecidos moles durante a implantação, tais como ma- de implantes são a seleção cuidadosa do paciente e as
teriais de tratamento endodôntico e periodontal. condições clinicas ideais. Os termos a seguir são usa-
dos para definir vários graus de sucesso: sucesso inicial
de implante para sobrevida de implantes de um a três
Testes de Uso anos, sucesso intermediário de implante para sobrevida
Testes de uso podem ser feitos em estudos animais de implantes de três a sete anos e sucesso a longo prazo
ou com participantes humanos. Eles são distintos de para sobrevida de implantes maior que sete anos.
outros testes animais porque requerem que o material Como tal, existem três tipos de testes comumente
seja disposto em uma situação idêntica ao seu uso usados para predizer o sucesso do implante: (1) pene-
clínico pretendido. A utilidade para a previsão da tração de sonda periodontal ao longo da lateral do im-
biocompatibilidade é diretamente proporcional à fide- plante, (2) mobilidade do implante e (3) radiografias
lidade com que o teste mimetiza o uso clínico do ma- que indicam ou integração óssea ou radioluscência
terial em cada aspecto, incluindo tempo, localização, ao redor do implante. Um implante ósseo é consi-
ambiente e técnica de colocação. Por essa razão, testes derado bem-sucedido se ele não exibe mobilidade,
de uso em animais normalmente empregam animais não tem evidência radiográfica de radioluscência
maiores que têm ambiente oral similar aos humanos, peri-implantar, tem mínima perda óssea vertical,
como cães, miniporcos ou macacos. Quando huma- é completamente envolto pelo osso e tem ausência
nos são usados, os testes de uso são chamados testes de complicações peri-implantares persistentes dos
clí:nicos. A impressionante vantagem para testes de tecidos moles. Qualquer formação de cápsula fibrosa
uso é a sua relevância (Tabela 6.1). Esses testes são é um sinal de irritação e inflamação crônica, o que pro-
o padrão-ouro, pois fornecem a principal resposta se vavelmente leva a micromovimentos do implante e,
o material é ou não biocompatível e clinicamente apli- em última análise, ao seu afrouxamento e fracasso.
cável. Alguém poderia perguntar, então, por que se
preocupar com testes in vi.tro ou animais para os ma- Testes Clínicos em Mucosa e Gengiva
teriais. A resposta está nas significantes desvantagens A resposta tecidual a materiais em contato direto
do teste de uso. Esses testes são extremamente caros, com os tecidos gengivais e mucosos é avaliada pela
duram um longo período, envolvem várias questões sua inserção em preparos cavitários com extensões
éticas e muitas vezes legais, são excepcionalmente subgengivais. O efeito do material sobre os tecidos
difíceis de controlar e interpretar de forma precisa e gengivais é observado e as respostas são categoriza-
podem prejudicar os participantes do teste. Adicio- das como suave, moderada ou severa, dependendo
nalmente, a análise estatística desses testes é muitas do número de células inflamatórias polimorfonu-
vezes um processo assustador. Em odontologia, polpa cleares (neutrófilos) e mononucleares (especialmen-
dentária, períodonto e tecido gengival ou mucoso são te linfócitos) no epitélio e nos tecidos conjuntivos
os principais alvos de testes de uso. adjacentes. A dificuldade com esse tipo de estudo
é a presença frequente de algum grau preexistente de
Testes de Irritação da Polpa Dentária inflamação no tecido gengival devido à presença
Geralmente, materiais testados na polpa dentária de placa bacteriana, rugosidade de superfície do
são colocados em preparos cavitários de classe 5 em material restaurador, margens abertas ou com ex-
dentes intactos, não cariados. Ao final do estudo, cesso e sobre ou subcontomo da restauração.
6. BIOCOMPATIBILIDADE E REAÇÃO TEC!DUAL A BIOMATERIAIS 123
grande valor na demonstração de efeitos citotóxicos refletiam aquelas do uso do material. O próximo
de materiais e avaliação de materiais que serão usa- nível mostra testes de toxicidade específica que pre-
dos em contato com osso alveolar e tecidos conjun- sumidamente lidaram com condições mais relevantes
tivos periodontais. Nestes casos, o local do implante para uso do material. A camada final representava
e os locais de uso são suficientemente similares para os ensaios clínicos do material. Mais tarde, outro
comparar os resultados de testes desses dois sítios. esquema em pirâmide foi proposto, dividindo os
testes em primários, secundários e testes de uso. A
filosofia foi similar ao primeiro esquema, exceto os
Usando Testes ln Vitro, ln Vivo tipos de testes que foram ampliados para abranger
e Clínicos Juntos outras respostas biológicas além de toxicidade, como
Por cerca de 25 anos, cientistas, indústria e go- imunogenicidade e mutagenicidade. O conceito de
verno têm reconhecido que os meios mais precisos testes de uso em um animal foi também adicionado
e de maior custo-benefício para avaliar biocompa- (contra um ensaio clínico em humanos). Há muitas
tibilidade de um novo material é a combinação de características importantes nesses esquemas iniciais.
testes in vitro, em animais e testes de uso. Implícito a Primeiro, somente materiais que "passaram" pela
essa filosofia é o conceito de que nenhum teste isola- primeira fase de testes foram habilitados para a segun-
do será adequado para caracterizar completamente da fase, e somente aqueles que passaram pela segunda
a biocompatibilidade de um material. As maneiras fase foram habilitados para os ensaios clínicos.
em que esses testes são associados, entretanto, são Presumidamente, então, esse esquema canalizou
controversas e têm evoluído ao longo de muitos materiais seguros para a área de ensaios clínicos e
anos à medida que o conhecimento tem crescido e eliminou materiais inseguros. Essa estratégia foi
novas tecnologias são desenvolvidas. É esperado bem-vinda porque ensaios clínicos são os mais
que essa evolução continue na medida em que se dispendiosos e demorados entre os testes de bio-
exija dos materiais a realização de funções mais compatibilidade. Segundo, qualquer material que
sofisticadas por períodos mais longos. resistisse às três fases de testes era considerado
Esquemas de combinação mais antigos propu- aceito para uso clínico. Terceiro, cada fase do sis-
seram um protocolo de teste piramidal, em que tema dava grande importância aos testes usados
todos os materiais eram testados a partir da base da para avaliar se o material estaria" dentro" ou "fora"
pirâmide e iam sendo eliminados à medida que os da fase seguinte. Embora ainda usado em princípio
testes progrediam até o topo da pirâmide (Fig. 6.6). até hoje, a inabilidade de testes in vitro e em animais
Testes na base da pirâmide eram testes de "toxici- para inequivocadamente selecionar materiais levou
dade inespecífica" de qualquer tipo (in vitro ou em ao desenvolvimento de novos esquemas em testes
animais) com condições que não necessariamente de biocompatibilidade.
Ensaio
clínico t Uso
Progresso
cios
Toxicidade específíca testes Secundário
Dois novos esquemas de teste foram desenvol- Infelizmente, as recomendações para materiais e
vidos nos últimos cinco anos com relação ao uso de condições de compatibilidade biológica não manti-
associações de testes de biocompatibilidade para veram o ritmo com o desenvolvimento tecnológico
avaliar materiais (Fig. 6.7). Ambos os esquemas aco- dos materiais dentários. As razões para isso são:
modaram muitas ideias importantes. Primeiro, todos (1) o avanço rápido da biologia celular e molecular,
os testes (in vitro, em animais e de uso) continuam a (2) a variedade de testes disponíveis para avaliar a
ser de valor na avaliação de biocompatibilidade de biocompatibilidade de materiais e (3) a carência de
um material durante seu desenvolvimento e mesmo normatização desses testes.
em seu emprego clínico. Por exemplo, testes de res- Anormatização é um processo difícil e demora-
posta inflamatória em animais podem ser úteis não do, tornado mais difícil pela discordância na per-
somente durante o desenvolvimento do material, mas tinência e na significância de testes específicos. Uma
também se um problema for notado com o material das primeiras tentativas para deselvolver um teste
após este ter entrado no mercado há algum tempo. uniforme para todos os materiais foi o estudo de
Segundo, esses novos esquemas reconhecem a ina- Dixon e Rickert em 1933, em que a toxicidade da
bilidade dos métodos de teste atuais para selecionar, maioria dos materiais dentários em uso naquele
de maneira precisa e absoluta, quais materiais devem tempo foi investigada por meio de implantes dos
continuar sendo avaliados e quais não. Finalmente, materiais em bolsas cirúrgicas no tecido subcutâ-
eles incorporam a filosofia de que a avaliação de bio- neo. Pequenos fragmentos padronizados de ouro,
cornpatibilidade de um material é um processo contí- amálgama, guta-percha, silicatos e amálgama de co-
nuo. Sem dúvida alguma, novas estratégias surgirão bre foram esterilizados e inseridos em bolsas de
para combinações de testes de biocompatibilidade, à tamanho padronizado dentro do tecido muscular
medida que os papéis do material se modificam e as esquelético. Amostras biopsiadas foram avaliadas
tecnologias de teste são aprimoradas. rnicroscopicamente após seis meses. Outra tentativa
inicial para padronizar técnicas foi conduzida por
Mitchell (1959) no tecido conjuntivo e por Mas-
Normalizações que Regulam sler (1958) no tecido pulpar. Até a criação da Lei
a Mensuração da Biocompatibilidade de Dispositivos Médicos pelo Congresso dos Es-
Os primeiros esforços da American Dental Asso- tados Unidos em 1976, os testes biológicos para
ciati.on (ADA) para estabelecer diretrizes para ma- todos os dispositivos médicos (incluindo mate-
teriais dentários vieram em 1926, quando cientistas riais dentários) não tiveram alta prioridade. Em
do Natianal Bu.reau ofStamiards (NBS), agora Nati.onal 1972, o Conselho da ADA em Materiais Dentários,
Institu.te of Science and TechnolngtJ (NIST), desenvol- Instrumentos e Equipamentos (agora Conselho em
veram especificações para o amálgama dentário. Assuntos Científicos) aprovou a especificação N°.
t [ uso l
~
Progresso
~
de
teste
Uso
A B
FIGURA 6. 7 Duas futuras estratégias sugeridas para testes de biocompatibilidade de materiais. A, O esquema
piramidal da Figura 6.6 é mantido, mas é reconhecido que os testes primários e secundários representarão um papel
contínuo (mas menor) enquanto o progresso dos testes continua. B, Os testes de uso têm maior importância e a progressão
mais comum de testes é de primário para secundário para uso, mas a necessidade de realizar muitas interações entre os
tipos de testes é reconhecida. Além disso, a natureza contínua da biocompatibilidade é reconhecida pela necessidade de
testes primários e secundários após avaliação clínica de um material. Neste esquema, a ordem de teste é determinada
conforme os testes e o uso clínico do material continua a fornecer novos dados.
126 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Esses materiais foram inseridos diretamente sobre benefícios que possam derivar dessas interações. Ex-
o tecido pulpar. Metade das restaurações foram posição subtóxica a certos materiais dentários, como
seladas superficialmente com cimento de OZE. Em- condicionadores ácidos, resinas adesivas, forradores
bora alguma irritação tenha sido evidente em todas e bases, cimentos e materiais restauradores, pode
as restaurações aos sete dias, após 21 dias as restau- solubilizar moléculas sequestradas dentro da dentina
rações seladas mostraram menor irritação pulpar do durante o desenvolvimento dentário. Essas moléculas
que as não seladas, presumidamente devido à eli- incluem fatores de crescimento e outras proteínas e en-
minação da microinfiltração. Somente o cimento de zlinas capazes de estimular odontoblastos existentes
fosfato de zinco causou uma resposta inflamatória a ou sinalizar para células indiferenciadas a migrarem
longo prazo. Além disso, os dentes selados exibiram para o local e começar o processo de regeneração den-
uma incidência muito maior de ponte de dentina sob tinária. Esses eventos podem ocorrer caso o material
o material. Somente o amálgama pareceu impedir produza ou não uma margem vedada com o dente e
a formação dessa ponte. Esses estudos sugerem que a é provavelmente moderada pela saúde do dente em
microinfiltração tem importante papel na irritação relação ao nível de inflamação e à presença de in-
pulpar, mas que os materiais podem também alterar fecção bacteriana. O aspecto interessante de adquirir
a reparação normal da polpa e da dentina. esse novo conhecimento é o potencial de formular
Recentemente, o conceito de nanoinfiltração foi materiais dentários capazes de iniciar o processo de
apresentado. Assim como a microinfiltração, a na- reparo dentário de uma forma sistemática em vez
noinfiltração se refere à infiltração de saliva, bactérias de aleatória. Isto é discutido em maior profundidade
ou componentes de material através da interface en- no Capítulo 16.
tre um material e a estrutura dentária. Contudo, a
nanoinfiltração refere-se especificamente à adesão Adesão Dentinária
dentinária e pode ocorrer entre a dentina mineralizada Tradicionalmente, a resistência de adesivos ao
e um material adesivo em espaços muito pequenos de esmalte tem sido maior do que à dentina. A adesão
matriz colágena desmineralizada na qual o material à dentina tem se mostrado mais difícil por causa de
adesivo não penetrou. Assim, a nanoinfiltração pode sua composição (tanto orgânica quanto inorgânica),
ocorrer mesmo quando a adesão entre o material e a sua umidade e seu menor conteúdo mineral. Amo-
dentina está intacta. Não é sabido o quão é significante Jhabilidade da matriz colágena de dentina desmi-
o papel de uma nanoinfiltração na resposta biológica neralizada também tem se mostrado problemática.
a materiais, mas considera-se que tenha alguma in- Como os túbulos dentinários e seus odontoblastos
fluência e que é suspeito de contribuir para a degra- são extensões da polpa, a adesão à dentina envolve
dação hidrolítica da união dentina-material, levando questões de biocompatibilidade.
a uma microinfiltração muito mais séria. Após ser seccionada, como ocorre em um prepa-
A totalidade dos efeitos biológicos de materiais ro cavitário, a superfície de dentina que permanece
restauradores sobre a polpa não está ainda clara. está recoberta por uma camada de 1 a 2 µ.m de re-
Materiais restauradores podem afetar tecidos pul- síduos orgânicos e inorgânicos. Essa camada tem
pares diretamente ou podem ter um papel auxiliar sido chamada de camada de esfregaço ou smear /.ayer
causando mudanças subletais nas células pulpares, (Fig. 6.8). Além de recobrir a superfície da dentina,
tomando-as mais sucetíveis a bactérias ou neutró- os resíduos da smear layer também estão deposita-
filos. Está claro, entretanto, que o delineamento de dos dentro dos túbulos para formar tampões den-
testes de mensuração da irritação pulpar a materÍilis tinários. A stn.ear layer e os tampões dentinários,
deve incluir medidas para eliminação de bactérias, que parecem impermeáveis quando vistos por
produtos bacterianos e outras microinfiltrações. microscopia eletrônica, reduzem o fluxo de fluido
Além disso, o papel da dentina em atenuar os efei- (transporte convectivo) significantemente. Contudo,
tos da microinfiltração precisa ser completamente pesquisas mostraram que a difusão de moléculas tão
entendido. Uma pesquisa recente focou nos efeitos grandes quanto albumina (66 kDa) ocorre através
que componentes de resinas apresentam sobre a da smear layer. A presença da camada de esfregaço
habilidade dos odontoblastos de formar dentina se- é importante para a resistência de união a materiais
cundária. Outra pesquisa estabeleceu as taxas com restauradores e para a biocompatibilidade desses
as quais esses componentes atravessam a dentina materiais colados.
(próxima seção Adesão Dentinária). Numerosos estudos têm mostrado que a remoção
Embora seja verdade que a maioria dos estudos da smear layer melhora a resistência da união en-
nessa área tenha no passado focado sobre os efeitos tre a dentina e os materiais restauradores mediada
danosos de materiais em células da polpa e da dentina, por agentes de união dentinários atuais, embora
uma evidência mais recente sugere que há potenciais pesquisas anteriores com agentes de união antigos
128 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
metaloproteinases e uma variedade de fatores de pressão pulpar normal. O efeito do HEMA em células
crescimento, podem ser liberadas da dentina in- da polpa in situ não é conhecido, mas foi observado
tacta por substâncias químicas básicas ou ácidas, in- que o HEMA estimula a expressão de fatores de cres-
cluindo condicionadores ácidos usados em adesivos cimento em células odontoblastoides murinas.
dentários. Estudos têm mostrado que muitas dessas Outros estudos estabeleceram a citotoxicidade in
moléculas podem servir como agentes de sinaliza- vitro da maioria das resinas comuns em agentes de
ção celular para recrutar células indiferenciadas união, como Bis-GMA, dimetacrilato de trietileno-
ou como estimulantes diretos à sobrerregulação da glicol, dimetacrilato de uretano (UDMA) e outros.
produção da matriz extracelular como uma fase do Combinações de HEMA e outras resinas encontradas
processo de remineralização da dentina. O papel em agentes de união dentinária podem agir sinergica-
específico de cada molécula nesse processo não é mente para causar efeitos citotóxicos in vitro. Poucos
atualmente conhecido, nem é conhecida qual é a estudos clínicos sobre a difusão dos componentes resi-
concentração desejada de uma proteína específica nosos hidrofílicos e hidrofóbicos ao longo da dentina
ou da combinação de moléculas para produzir estão disponíveis. Esses estudos indicam que alguma
resultados ótimos. Contudo, o fato de que essas difusão desses componentes ocorre também in vivo.
moléculas naturalmente presentes podem ser libe- É interessante destacar a existência de um relato no
radas por procedimentos rotineiros de restauração qual alguns componentes resinosos aumentam o cres-
dentária e servem como participantes no processo cimento de bactérias orais. Se confirmado, isso seria
de reparo fornece uma oportunidade para o desen- motivo de preocupação pela possibilidade de mate-
volvimento e planejamento de futuros materiais. riais resinosos aumentarem a formação de placa.
Finalmente, estudos mostraram também a libera-
Agentes de União ção de metaloproteinases da matriz (MMPs) denti-
Numerosos agentes de união foram desenvolvidos nária em virtude de sua interação com componentes
e são aplicados à dentina preparada durante a restau- ácidos em adesivos dentinários, que podem causar
ração do dente. Diversos estudos sobre biocompati- degradação da união adesiva por ação enzimática
bilidade desses sistemas de união foram realizados. sobre o colágeno exposto dentro da camada híbrida.
Muitos desses agentes são citotóxicos para células in A aplicação de um inibidor de MMP, como clorexidina,
vitro se testados isoladamente. Contudo, quando colo- tem minimizado esse efeito e tem sido recomendado
cados na dentina e lavados com água entre aplicações para manter a durabilidade da união dentinária. Con-
dos reagentes subsequentes, conforme prescrito pelo tudo, o efeito geral da clorexidina nas células pulpares
fabricante, a citotoxicidade é reduzida. Estudos in tem ainda que ser determinado.
vitro de longo prazo sugerem, entretanto, que com-
ponentes dos agentes de união podem penetrar até Materiais Resinosos
O,Smm da dentina e causar supressão significante Para restaurações dentárias, materiais resinosos
do metabolismo celular por até quatro semanas após têm sido usados como cimentos e materiais restau-
a aplicação. Isto sugere que constituintes residuais radores. Devido à sua combinação de fases orgâni-
livres podem causar reações adversas. ca e inorgânica, esses materiais são chamados de
O metacrilato de hidroxietila (HEMA), uma resina compósitos resÍ'lwsos. ln vitro, resinas quimicamente
hidrofílica presente em muitos sistemas adesivos, é ativadas ou fotoativadas recém-manipuladas fre-
no mínimo 100 vezes menos citotóxica em cultura quentemente causam reações citotóxicas moderadas
celular do que o Bis-GMA. Estudos que utilizam em células cultivadas em períodos de exposição de
sistemas in vitro de longo prazo têm mostrado, 24 a 72 horas, embora muitos novos sistemas tenham
contudo, que efeitos adversos causados por resinas apresentado toxicidade mínima. A citotoxicidade é
ocorrem em concentrações muito menores (por um significativamente reduzida em 24 a 48 horas após a
fator de 100 ou mais) quando tempos de exposição exposição e pela presença de urna barreira de dentina
são aumentados para quatro a seis semanas. Muitos Muitos estudos têm mostrado que alguns materiais
efeitos citotóxicos de componentes de resinas são são persistentemente citotóxicos in vitro mesmo em
reduzidos significativamente pela presença de uma até quatro semanas, enquanto outros gradualmente
barreira de dentina. Contudo, se a dentina no soalho melhoram, e alguns poucos sistemas mais recentes
do preparo cavitário é fina ( <0,1 mm), há alguma mostram baixa toxicidade mesmo inicialmente. Em
evidência de que o HEMA é citotóxico in vivo. Além todos os casos, considera-se que a citotoxicidade é
disso, estudos têm mostrado que o HEMA é capaz de mediada por componentes resinosos liberados do
se difundir através da dentina, presumidamente via material. Evidências indicam que resinas fotoativadas
túbulos dentinários, mesmo em oposição a um fluxo são menos citotóxicas que sistemas quimicamente
de fluido dentinário em sentido oposto resultante da ativados, mas esse efeito é altamente dependente da
130 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
as cavidades profundas. Novamente, isso pode es- conter alumínio, cálcio, manganês, zinco, estrôncio
tar mais relacionado à necessidade de isolamento e outros elementos metálicos.
térmico e elétrico do que a uma preocupação com a A biocompatibilidade pulpar, de modo geral, dos
citotoxicidade. Além disso, a difusão dos elementos materiais de ionômero de vidro tem sido atribuída
metálicos liberados dentro da estrutura dentária pro- à natureza fraca do ácido poliacrílico, tal como ao
duz descoloração e pode ser minimizada pela presen- seu alto peso molecular. Dessa forma, o ácido polia-
ça de um forrador interposto. Existem alguns relatos crilico não está apto a se difundir através da dentina
de reações inflamatórias da dentina e polpa, similar devido ao seu tamanho grande. Em testes de uso,
a reações a outros materiais restauradores. Mercúrio a reação pulpar a esses cimentos é suave e estudos
tem sido encontrado em lisossomos de macrófagos e histológicos mostram que qualquer infiltrado in-
fibroblastos em alguns pacientes com lesões. flamatório provocado pelo ionômero é mínimo ou
Embora não seja um material comumente usado, ausente após um mês. Existem muitos relatos de
o amálgama à base de gálio foi desenvolvido para hiperalgesia pulpar por curtos períodos (dias) após
proporcionar materiais restauradores diretos livres de colocação de ionômeros em cavidades cervicais. Este
mercúrio. Em cultura celular, essas ligas não parecem efeito é provavelmente o resultado da permeabilida-
ser mais citotóxicas do que os amálgamas com alto teor de dentinária aumentada após o condicionamento
de cobre tradicionais. Essas restaurações liberam quan- ácido. De qualquer forma, ionômero de vidro não
tidades significantes de gálio in vitro, mas o significado é bem tolerado quando colocado diretamente sobre
biológico dessa liberação não é conhecido. Em testes o tecido pulpar vivo como agente capeador pulpar
de implantação, ligas de gálio causaram uma reação direto.
de corpo estranho significante. Clinicamente, esses Como previamente discutido com os agentes
materiais mostram maiores taxas de corrosão do que de união dentinários, os materiais dentários ácidos
os amálgamas que contém mercúrio. Isso leva à rugo- têm a capacidade de desmineralizar dentina e ainda
sidade de superfície e à descoloração. Existem poucos liberar moléculas bioativas presentes dentro deste
relatos de respostas pulpares a esses materiais. tecido. Embora esse efeito não tenha sido visto espe-
Ligas para fundição têm sido usadas para res- cificamente para ionômeros de vidro até o momento,
taurações unitárias, próteses parciais fixas, coroas é razoável assumir que isso ocorra clinicamente. Em
metalocerãmicas e próteses parciais removíveis. O estudo recente em primatas não humanos, foi mostra-
conteúdo de ouro nessas ligas varia de Oo/o a 85% do que proteínas da matriz dentinária aumentaram a
(em peso). Essas ligas contêm muitos outros me- formação de dentina reacional sobre as polpas expos-
tais nobres e não nobres que podem ter um efeito tas, comparado a hidróxido de cálcio ou ionômero
adverso em células se eles forem liberados das de vidro modificado por resina. Embora a resposta
ligas. Contudo, os íons metálicos liberados desses ao ionômero de vidro modificado por resina tenha
materiais mais provavelmente entram em contato sido menos consistente do que o hidróxido de cálcio,
com tecidos gengivais e mucosos, enquanto a polpa em muitos casos seu uso resultou em formação de
é provavelmente mais afetada pelo cimento usado nova dentina, até mesmo quando diretamente expos-
para reter a restauração. to à polpa. É importante notar que o processo natural
de reparo do dente para produzir dentina reacional
Ionômeros de Vidro ocorre, seguindo uma reação inflamatória inicial, sob
O ionômero de vidro tem sido usado como um o ionômero de vidro quando o material é colocado
cimento (agente de fixação), forrador, base e mate- sobre uma superfície dentinária existente. Portanto,
rial restaurador. Sistemas ionoméricos fotoativados é possível que o processo de reparo seja novamen-
foram introduzidos no mercado; esses sistemas usam te auxiliado pela presença de moléculas bioativas
HEMA ou outros monômeros ou oligômeros como liberadas da dentina pela suave desmineralização
aditivos ou como cadeias ramificadas da cadeia prin- produzida pelo material sob essas condições.
cipal de ácido poliacrílico. Em testes iniciais, o ionô-
mero recém-preparado é levemente citotóxico, mas Forradores, Vernizes e Cimentos Não
esse efeito é reduzido ao longo do tempo. O fluoreto Resinosos
liberado desses materiais, que é provavelmente de Forradores cavitários de hidróxido de cál.cio se apre-
algum valor terapêutico, tem sido implicado nessa sentam de diversas formas, variando de suspensões
citotoxicidade in vitro. Alguns pesquisadores têm salinas com pH muito alcalino (acima de 12) a formas
relatado que certos sistemas são mais citotóxicos modificadas que contêm óxido de zinco, dióxido de
que outros e, embora as razões para isso não sejam titânio e resinas. Formulações que contêm resina
claras, presumidamente isso está relacionado à com- podem ser polimerizadas quimicamente, mas siste-
posição de vidros usados no material, que podem mas fotoativados estão também disponíveis. O alto
132 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
casos de dermatite de contato alérgica, gengivite, pela presença de infiltrado inflamatório intenso no LP
estomatite e reações cutâneas remotas. Isso não é adjacente aos amálgamas ao longo de duas semanas.
surpreendente, porque não existe material ao qual Um efeito similar foi observado de três a seis meses
100°/o da população seja imune em lOO'Yo do tempo. com compósitos resinosos. Esse resultado sugere
Tais respostas normalmente desaparecem em pou- que compósitos resinosos e amálgama liberam ma-
cos dias ou, se não, com a remoção do amálgama teriais citotóxicos que causam respostas teciduais,
ou com o uso de um forrador cavitário. Outros pelo menos nos locais de implantação. Para mate-
efeitos locais ou sistêmicos do mercúrio contido no riais inseridos em locais onde existe ação do fluxo
amálgama dentário não foram demonstrados. Em salivar, esses agentes citotóxicos são provavelmente
nenhum estudo científico bem conduzido foi mos- lavados antes que prejudiquem a gengiva.
trado conclusivamente que o amálgama dentário, Contudo, superfícies rugosas nesses tipos de
inserido e usado corretamente, produz qualquer restaurações têm sido associadas à inflamação
efeito prejudicial. aumentada in vivo. Testes de uso em que restaura-
Em pacientes com lesões orais próximas a locais ções foram estendidas para o sulco gengival mos-
com anuílgama, testes de contato positivos foram traram que o material com acabamento provocou
relatados. Contudo, o teste de contato apropriado uma resposta inflamatória muito mais leve do que
ainda não foi determinado. Restaurações de amál- os materiais sem acabamento. O efeito prejudicial
gama subgengivais podem causar inflamação da da rugosidade de superfície tem sido atribuído à
gengiva por causa dos produtos de corrosão ou retenção de placa aumentada nessas superfícies.
de placa bacteriana. Sete dias após colocação do Todavia, superfícies rugosas em restaurações de
amálgama, aparecem algumas células inflamató- ligas também causaram efeitos citotóxicos aumen-
rias no tecido conjuntivo gengival, e degeneração tados in vitro, em que a placa estava ausente. Este
hidrópica de algumas células epiteliais pode ser e outros estudos in vitro novamente sugerem que
vista. Alguma proliferação de células epiteliais no a resposta citotóxica a ligas pode estar associada
tecido conjuntivo pode também ocorrer em 30 dias, à liberação de elementos das ligas, e que a área de
e um infiltrado crônico de células mononucleares superfície aumentada de uma superfície rugosa
no tecido conjuntivo é evidente. A vascularização pode aumentar a liberação desses elementos.
aumentada persiste, com mais células epiteliais Estudos de implantação têm mostrado que o
invaginando no tecido conjuntivo. Algumas dessas amálgama é razoavelmente bem tolerado pelos te-
mudanças podem ser urna resposta crônica da gen- cidos moles e duros. Em modelo de implantação em
giva à placa nas margens do amálgama. Todavia, músculo de coelho, reações biológicas ao amálgama
produtos de corrosão do amálgama não podem ser se mostraram dependentes do tempo de implanta-
descartados neste período já que amálgamas im- ção. Todos os amálgamas foram altamente tóxicos
plantados produzem respostas similares em tecidos urna hora após a presa. Após sete dias, somente um
conjuntivos de animais. Além disso, embora o cobre amálgama de alto teor de cobre mostrou alguma
melhore as propriedades físicas do amálgama e sua reação.
ação bactericida, ele é também tóxico a células do Em outra série de estudos, pós de amálgamas
hospedeiro e causa reações teciduais severas em de baixo e alto teor de cobre e várias fases de amál-
testes de implantação. Com o uso aumentado de gama foram implantados subcutaneamente em
amálgamas mais resistentes à corrosão, o volume porquinhos-da-índia. Após 1,5 a 3 meses, pequenas
de produtos de corrosão e as reações subsequentes partículas secundárias que continham prata e esta-
são reduzidos. Estudos de implantação em animais nho estavam distribuídas ao longo de toda a lesão.
têm mostrado reações severas às ligas de gálio que Isso resultou em uma tatuagem macroscópica da
têm sido usadas em substituição ao amálgama. pele. Material secundário e partículas primárias,
Existe um relato na literatura em que restau- pequenas e em degradação, de ambos os tipos
rações de amálgama e compósito resinoso foram de amálgama foram detectadas em linfonodos
colocadas em preparos cavitários em incisivos cen- submandibulares. Níveis elevados de mercúrio
trais de macacos menos de uma hora pós-extração. foram detectados no sangue, bile, rins, fígado, baço
As cavidades, com profundidades de cerca de e pulmões, com concentrações mais altas no córtex
2 mm, foram preparadas na metade da distância renal. Em outro estudo, primatas receberam restau-
entre a junção cemento-esmalte e a ponta da raiz. Os rações oclusais de amálgama ou implantes ósseos
dentes foram imediatamente reimplantados após maxilares de amálgama por um ano. Restaurações
a restauração, e os animais foram sacrificados em de amálgama causaram deposição de mercúrio
intervalos de até seis meses. O reparo do ligamento em gânglios espinhais, pituitária anterior, adrenal,
periodontal (LP) ocorreu de maneira normal exceto medula, fígado, rins, pulmões e glândulas linfáticas
136 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
metálicos necessária in vitro para causar problemas Reação do Osso e Tecidos Moles
com essas células foram maiores do que aquelas libe- a Materiais de Implante
radas da maioria das ligas para fundição. Contudo,
algumas pesquisas recentes mostraram que exposi- O interesse na biocompatibilidade de materiais
ções prolongadas a doses baixas de íons metálicos de implante te.m crescido porque o uso de implantes
podem também ter consequências biológicas. &ses na prática clínica aumentou substancialmente nos
novos dados são dignos de nota porque as concen- últimos 10 anos. Materiais de implante dentário
trações em baixa dose se aproximam daquelas sabi- bem -sucedidos promovem osseointegração ou
damente liberadas por algumas ligas. A significância biointegração (Imp lantes Dentários e Orofaciais,
clínica dessa pesquisa, contudo, não é conhecida. Capítulo 15).
Materiais de base para prótese total, especialmente
metacrilatos, têm sido associados a reações de Reações a Materiais tk Implante Cert'imicos
hipersensibilidade imune da gengiva e mucosa Materiais cerâmicos podem ser convenientemen-
mais do que qualquer outro material dentário. O te divididos em dois grupos: materiais bioativos e
maior potencial para hipersensibilização é para as cerâmicas não bioativas. A maioria dos materiais
equipes de laboratório ou o consultório dentário, cerâmicos de implante tem efeitos tóxicos muito
que são expostos repetidamente a uma variedade baixos nos tecidos, uma vez que eles estão em um
de componentes não regidos. A hipersensibilidade estado oxidado e são resistentes à corrosão. Como
também é registrada em monômeros acrílicos e dia- um todo, eles não apenas são minimamente tóxicos
crllicos, certos agentes ativadores, antioxidantes, como também são não imunogênicos e não carcino-
aminas e formaldeído. Para os pacientes, contudo, gênicos. Contudo, mecanicamente, eles são frágeis
a maioria desses materiais já sofreu a reação de po- e não apresentam resistência ao impacto e ao cisa-
limerização e a incidência de hipersensibilização lhamento. Adicionalmente, materiais cerâmicos não
é muito baixa. Testes de screening para o potencial bioativos geralmente causam encapsulação fibrosa,
de sensibilização incluem testes com ingredientes como mencionado anteriormente.
não reagidos, substância polimérica após a reação
e extratos oleosos, salinos ou aquosos do polímero Reações a M etais e Ligas para Implante
usando os testes in vitro previamente descritos. Em Metais puros e ligas são os tipos mais antigos de
adição à hipersensibilidade, resinas fotoativadas materiais para implante oral. Todos os implantes
para base de prótese total e selantes resinosos para metálicos compartilham a qualidade da resistência.
base para prótese total têm demonstrado evidências Inicialmente, materiais metálicos para implante
de citotoxicidade às células epiteliais em cultura. foram selecionados com base na facilidade de fabri-
Algumas respostas de tecidos moles a reem.basa- cação. Ao longo do tempo, contudo, a biocompatibi-
dores resilientes para prótese total e adesivos para.prótese lidade com tecidos ósseos e moles e a longevidade
total são de interesse porque esses materiais são usa- do implante se tornaram mais importantes. Embora
dos em contato íntimo com a gengiva. Plastificantes, uma variedade de materiais para implante tenha
incorporados em alguns materiais para torná-los sido usada previamente (incluindo aço inoxidável
macios e flexíveis, são liberados in vivo e in vitro. e cromo-cobalto-molibdênio), os únicos materiais
Testes em cultura celular têm mostrado que alguns metálicos para implante dentário habitualmente
desses materiais são extremamente citotóxicos e usados hoje são as ligas de titânio.
afetam diversas reações metabólicas celulares. Em Titânio é um metal puro quando inicialmente
testes em animais, muitos desses materiais têm fundido. Contudo, em menos de um segundo uma
causado alterações epiteliais significantes, presu- fina camada conformacional de vários óxidos de
midamente de plastificantes liberados. Em testes titânio se forma na superfície. Essa camada de óxi-
de uso, os efeitos dos p lastificantes liberados são dos é resistente à corrosão e possibilita a osseointe-
provavelmente muitas vezes mascarados pela in- gração. A principal desvantagem desse metal é sua
flamação já presente nos tecidos em que esses ma- dificuldade de fundição. Ele pode ser usinado nas
teriais são postos. Adesivos para prótese total têm mais variadas formas, mas esse processo introduz
sido avaliados in vitro e mostram reações citotóxicas impurezas metálicas em sua superfície que podem
severas. Muitos tiveram um conteúdo substancial afetar adversamente a resposta das células ósseas, a
de formaldeído. Os adesivos também permitiram menos que um cuidado extremo seja tomado duran-
um crescimento microbiano significante. Novas te sua fabricação. Os implantes de titânio têm sido
formulações que adicionam agentes antifúngicos ou usados com sucesso como "raízes" para suportar
antibacterianos não tiveram sua efetividade clínica uma prótese. Com acompanhamento frequente e
demonstrada. boa higiene oral, os implantes têm se mantido em
138 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
tecidos sadios por mais de três décadas. Ligas de um copolímero de ácido polilático (PLA) e ácido
titânio-alumínio-vanádio (Ti-6Al-4V) também têm poliglicólico (PGA). Quando implantados no corpo,
sido usadas com sucesso. Essa liga é significativa- eles sofrem uma decomposição em COz e H 20. No
mente mais resistente do que o titânio comercial- meio da década de 1980, o uso clínico de suturas
mente puro (Ti PC), tem melhor resistência à fadiga, poliméricas reabsorvíveis se tomou bastante difun-
mas tem a mesma rigidez desejável e propriedades dido. Logo em seguida, surgiram placas e parafusos
térmicas do metal comercialmente puro. Embora reabsorviveis para fixação de fraturas, membranas
implantes de titânio e de liga de titânio tenham de regeneração tecidual guiada e sistemas con-
taxas de corrosão que são marcadamente menores trolados de liberação de medicamentos. Embora
do que outros implantes metálicos, eles liberam geralmente bem tolerados pelos tecidos in vivo, a
titânio no corpo. Atualmente, não há evidência de reabsorção desses materiais depende do volume de
que a liberação de íons de titânio seja um problema material implantado e, pelo fato de esses materiais
local ou sistêmico. Contudo, permanecem questões se degradarem em subprodutos ácidos, a subse-
sobre o risco representado pelo alumínio e pelo quente queda no pH nos tecidos circundantes pode
vanádio liberados das ligas. causar uma resposta inflamatória. Outros materiais
Em tecidos moles, a ligação que o epitélio forma poliméricos como policaprolactona e derivados do
com o titânio é morfologicamente similar àquela hialuronato, bem como polímeros naturais como
formada com o dente, mas essa interface não foi colágenos reticulados, amido e celulose estão atual-
totalmente caracterizada. O tecido conjuntivo apa- mente sendo investigados pela sua capacidade de
rentemente não se liga ao titânio, mas forma uma reabsorção in vivo após cumprirem sua função como
interface selada bastante efetiva que limita o in- um implante.
gresso de bactérias e produtos bacterianos. Técnicas
estão sendo desenvolvidas para limitar a migração
apical do epitélio e a perda de altura óssea ao redor
RESUMO
do implante porque isso levará à perda do implante.
Peri-implantite é agora uma doença registrada ao
A biocompatibildiade de um material dentário
redor dos implantes e envolve muitas das mesmas
depende de sua composição, localização e interação
bactérias da periodontite. O papel do material de
com a cavidade oral. Materiais metálicos, cerâmicos
implante ou dos componentes liberados por ele na
e poliméricos causam respostas biológicas dife-
progressão da peri-implantite não são conhecidos.
rentes devido às diferenças na composição. Além
disso, respostas biológicas diversas desses materiais
Reações a Materiais Reabsorviveis dependem se eles liberam seus componentes e se
Inicialmente, a escolha de materiais para implan- esses componentes são tóxicos, imunogênicos ou
tes na cavidade oral dependeu da disponibilidade mutagênicos nas concentrações liberadas. A locali-
comercial do material, com a maioria dos materiais zação do material na cavidade oral determina, em
objetivando minimizar a resposta imune ao material parte, a sua biocompatibilidade. Materiais que são
implantado. Com a sobrevida dos materiais implan- biocompatíveis em contato com a superfície da mu-
tados por mais de décadas, o pensamento predomi- cosa oral podem causar reações adversas se forem
nante começou a mudar, da ênfase de alcançar ex- implantados subjacentes a ela. Materiais que são
clusivamente uma reposta tecidual benigna (ou de tóxicos em contato direto com a polpa podem ser
tolerância) para a produção de materiais bicativos essencialmente inócuos se colocados em dentina ou
que pudessem estimular ação e reação controladas esmalte. Finalmente, as interações entre o material
no ambiente fisiológico. Continuando nesse sentido, e o corpo influenciam a biocompatibilidade do
foram desenvolvidos biomateriais reabsorvíveis material. Uma resposta do material a mudanças
que exibem degradação e reabsorção química con- de pH, a aplicação de força ou o efeito de fluidos
troladas e clinicamente apropriadas. Nesses ma- biológicos podem alterar sua biocompatibilidade.
teriais, o problema da interface tecido-material é Características superficiais de um material podem
resolvida, porque os materiais provocam uma res- promover ou dificultar a adesão de bactérias, célu-
posta fisiológica para a substituição do material com las do hospedeiro ou moléculas biológicas. Esses
tecidos regenerados. Um dos exemplos mais antigos efeitos também determinam se o material promo-
desses materiais foi o desenvolvimento de suturas verá retenção de placa, integração com o osso ou
reabsorvíveis. Esses materiais foram compostos de adesão à dentina.
1
6. BJ()(X)MPATIB!LIDADE E REAÇÃO TECIDUAL A BIOMATERIAIS 139
PROBLEMAS SELECIONADOS
PROBLEMA 1 Solução
Você tem um grupo de seis materiais, todos os Você poderia produzir o material em discos e
quais podem ser classificados como compósitos pos- deixá-lo tomar presa por vários períodos (de um
teriores, mas cada um deles tem uma fórmula ligeira- a muitos dias). Depois, o disco correspondente a
mente diferente. C()mo você p()deria determinar qual cada período d everia ser colocad() em um poço
dl'SSes materiais recém-manipulad()S 6 o menos tóxico de cultura celular ou extraído com um solvente
usando testes menos dispendiosos e demorados? que seria colocado no p()ÇO de cultura celular. Em
seguida, suas opções deveriam ser as m esmas que
1 e 1t aquelas apresentadas nas solu ções dos Problemas
Você poderia escolher um teste i11 vitro d ireto, 1ou2.
usando cultura celular para avaliar os materiais. Com
esse teste, discos de dimensões equivalentes são pro-
duzidos com os materiais. Os discos devem ser esta- PROBLEMA 4
bilizados na base dos poços da cultura celular. Células Você leu um artigo de pesquisa sobre a citotoxi-
então são semeadas nos poços com os materiais e s<'l.o cidade i11 vitro de compósitos que mostra que alguns
incubadas em meio de incubação e ambiente apropria- compósitos são inicialmente muito citotóxicos mas
dos por 24 horas ou mais. Depois, os discos e os poços melhoram com() tempo de eluição em saliva artificial,
são observados e fotografados sob um microscópio enquanto outros continuam a ser tóxicos. Como você
de contraste de fase, tomando-se nota especialmente pode interpretar esses resultados em termos d e u so
dos efeitos citopáticos ao redor de cada disco para clínico dos compósitos?
determinar os resultados semiquantitativos.
Soh.:ção
A extrapolação dos testes in tJitro para situações
PROBLEMA 2 clínicas é sempre difíàl, mas uma interpretação po-
Se você tem a mesma situação apresentada no Pro- deria ser de que os compósitos que melhoram com o
blema 1, mas você quer quantificar seus resultados, tempo in vitro refletem menores riscos a longo prazo
quais são s uas opções? do que aqueles que continuam a ser citotóxicos. Con-
tudo, essa linha de raciocínio pode ser perigosa se o
Soluçao material for projetado para liberar uma substância
Vod} poderia escolher o mesmo modelo de teste cC>- que é tóxica in v itro mas terapêutica in vivo. É esse
mo foi usado na solução para o Problema l, mas você de- o caso da liberação de fluoretos a partir de alguns
veria medir a ~-posta celular quantitativamente em vez cimentos compósitos e de ionômero de vidro.
da observação visual. Existem duas opções principais:
(1) medir a permeabilidade da membrana de células que
se mantém ao redor dos discos usando vennelho neutro PROBLEMA 5
ou 51Cr ou (2) medir alguns aspectos da biossfntese ou Se você tem uma ~rie de compósitos e quer clas-
do metabolismo celular (teste do MIT, síntese de DNA, sificá-los de acordo com a toxicidade qu e eles devem
síntese proteica, protefnas totais). Você poderia também ter especificamente para os tecidos pulpares, o que
escolher algum outro modelo de teste como aquele em você deveria fazer?
que amostras são extraídas por um a três dias em dados
volumes de solvente, tendo depois as células tratadas Solução
com diluiçõt"S seriadas desses eluentes. Você pod eria escolher um modelo de teste em
que a dentina estivesse intercalada entre o material
e o sistema de teste celular. A barreira de dentina
PROBLEMA 3 poderia alterar os efeitos de componentes liberados
Se você encontra a mesma situação no Problema do material e mudar a resposta das células pul-
1, mas quer conhecer o efeito da reação ou do tempo pares. Sem tal barreira, os compósitos pareceriam
de presa na citotoxicidade do material, como você mais citotóxicos i11 vitro do q u e eles devem ser
deveria proceder? clinicamente.
140 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
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7
145
146 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Os biomateriais dentários são geralmente categori- diretas, implantes e instrumentos usados no preparo
zados em quatro classes: metais, polímeros, cerâmicas dos dentes. Metais e ligas têm propriedades ópticas,
e compósitos. As quatro classes são claramente diferen- físicas, químicas, térmicas e elétricas que são únicas
tes umas das outras em termos de densidade, rigidez, dentre os tipos básicos de materiais e adequadas pa-
translucidez, método de processamento, aplicação e ra muitas aplicações em Odontologia. Apesar de os
custo. Uma classe, a dos compósitos, é uma combina- materiais estéticos serem frequentemente desejados
ção de duas ou mais classes que produz materiais que para restaurações, metais proporcionam resistência,
podem ser desenvolvidos para aplicações especificas. rigidez e longevidade para aplicações dentárias de
Para algumas aplicações, como restaurações intraco- longo prazo que são frequentemente inalcançáveis
ronárias, várias classes oferecem materiais adequados. com outras classes de materiais. Evidências sobre o
Para outras aplicações, como implantes intraósseos, desempenho clínico para essa classe de material são
somente uma classe é apropriada. Requisitos como bastante extensas na literatura científica.
estética, rigidez e osteointegração ditam a escolha Como classe, metais são dúcteis e maleáveis e, por-
da classe do material. O desenho da restauração e tanto, exibem comportamento elástico e plástico; eles
a classe de material estão sempre associados para são bons condutores elétricos e térmicos, têm densida-
alcançar o melhor resultado para o paciente. de maior do que outras classes, eXIbem boa tenacidade,
Este capítulo está organizado em quatro sessões são opacos, e podem ser polidos para obter brilho.
divididas pela classe de material. Conceitos funda- Metais podem ser fundidos, trefilados ou usinados
mentais de cada classe são apresentados aqui. Deta- para criar restaurações dentárias e instrumentos.
lhes adicionais são apresentados em outros capítulos,
quando aplicações específicas são discutidas.
EST13.UTURA QUÍMICA E
ATOMICA DOS METAIS
METAIS E LIGAS
Um metal é qualquer elemento que ioniza po-
Metais e ligas são usados em quase todos os aspec- sitivamente em solução. Como um grupo, metais
tos da prática odontológica, incluindo o laboratório de constituem aproximadamente dois terços da tabela
prótese dentária, restaurações dentárias diretas e in- periódica (Fig. 7-1). Durante a ionização, metais
H He
Li Be e e N o F Ne
Na Mg AI Si p s CI Ar
K Ca Se Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
Rb Sr V Zr Nb Mo Te Ru Ah Pd Ag Cd ln Sn Sb Te 1 Xe
Cs Ba La* Hf Ta w Re Os 1r Pt Au Hg TI Pb Bi Po At Rn
Fr Ra Ae' *
FIGURA 7-1 Tabela periódica de elementos. A tabela periódica dos elementos pode ser subdividida em metais (fundos
azuis), rnetaloides <fundos roxos) e não metais <fundos amarelos). Elementos em negrito são utilizados em ligas odontológicas
ou como metais puros. Os metais são elementos que se ionizam positivamente em solução e abrangem a maioria dos
elementos da tabela periódica. Note que nem todos os elementos são mostrados. O hidrogênio é frequentemente incluído
no grupo IA (coluna da esquerda) porque ele forma compostos com números de oxidação tanto +1 corno -1. Além di~so,
sob pressões muito altas, o hidrogênio exibe as propriedades de um metal. O asterisco simples indica o ponto de inserção
na tabela para a série de elementos lantanídeos, enquanto o asterisco duplo indica o ponto de inserção para a série de
elementos actinideos. Referência: The AJnerican Chemicnl Society.
7. CLASSES GERAIS DE BIOMATERIA IS 147
liberam elétrons. Esta habilidade de existir como puros não têm carga liquida (ou seja, não apresentam
ions livres estáveis, carregados positivamente, é o resultante de carga positiva ou negativa).
fator-chave no comportamento dos metais e é As relações entre os centros atômicos em um
responsável por muitas propriedades dos metais arranjo cristalino metálico nem sempre são unifor-
que são importantes em Odontologia. Outro grupo mes em todas as direções. As distâncias nos eixos x,
importante de elementos mostrados na Figura 7-1 y (horizontais) e z (vertical) podem ser as mesmas
são os metaloides ou semimetais, incluindo carbo- ou diferentes, e os ângulos entre esses eixos po-
no, silício e boro. Embora metaloides nem sempre dem ou não ser de 90 graus. Ao todo, existem seis
formem íons positivos livres, suas propriedades sistemas cristalinos (Fig. 7-3), e eles podem ainda
condutoras e eletrônicas fazem deles componentes ser divididos em 14 arranjos cristalinos. Núcleos
importantes de muitas ligas odontológicas. metálicos podem ocorrer no centro das faces ou
vértices do cristal. Dentro de cada arranjo, a menor
unidade repetida que captura todas as relações en-
Estrutura Atômica tre os centros atômicos é chamada de célu/.a unitária
No nível atômico, metais puros existem como (Fig. 7-2). As células unitárias dos arranjos mais
estruturas cristalinas (Fig. 7-2) que são contínuas em comuns nos metais odontológicos são apresentadas
três dimensões. Nestes arranjos, os núcleos e os elé- na Figura 7-4. No arranjo cúbico de corpo centrado
trons próximos ao núcleo ocupam o centro do átomo, (CCC), todos os ângulos são de 90 graus e todos os
com os elétrons ionizáveis flutuando livremente en- átomos são equidistantes entre si nas direções ho-
tre as posições atômicas. A mobilidade dos elétrons rizontal e vertical. Átomos metálicos estão localiza-
de valência é responsável por muitas propriedades dos nos vértices da célula unitária, e um átomo está
dos metais, como a condutividade elétrica. É im- no centro da célula unitária (dai o nome cúbico de
portante notar que os centros atômicos carregados corpo centrado). Esta é a estrutura do cristal do ferro e
positivamente são mantidos unidos pelos elétrons e é comum em muitas ligas de ferro. O arranjo cúbico
sua carga positiva é simultaneamente neutralizada de face centrada (CFC) tem ângulos de 90 graus e
pelos elétrons negativos. Como resultado, metais centros atômicos que são equidistantes horizontal
e verticalmente (assim como o CCC), mas átomos
estão localizados nos centros das faces com nenhum
átomo no centro da célula unitária (dai o nome cú-
bico de face centrada). A maioria dos metais puros e
ligas de ouro, paládio, cobalto e níquel exibem o
arranjo CFC. O titânio exibe um arranjo hexagonal
compacto, mais complexo. Neste arranjo, os átomos
são equidistantes entre si no plano horizontal, mas
não na direção vertical.
A B e
FIGURA 7-4 As três células unitárias de grades cristalinas mais comuns em metais e ligas odontológicas. A, Célula
cúbica de corpo centrado; B, Célula cúbica de face centrada; e C, Célula hexagonal compacta. Os átomos (circulos) em
todos os três casos seriam maiores e encostando uns nos outros. Eles estão desenhados menores para tornar as estruturas
mais fáceis de visualizar.
Em um cristal metálico, os centros atômicos são pode ganhar quando diluído em solução. Para me-
carregados positivamente porque os elétrons deva- tais como sódio e potássio, a ligação metálica é mais
lência livre flutuam no cristal. Embora pudéssemos fraca porque os elétrons de valência são mantidos
esperar que os centros atômicos se repelissem, os frouxamente, e a energia de solvatação é alta. Assim,
elétrons que flutuam livremente unem os centros e esses metais corroem em água, com liberação de
criam uma grande força entre os centros atômicos. energia explosiva. Para metais como ouro e platina,
Isto é conhecido como ligaç.ão metálica e é um tipo a ligação metálica é mais forte; elétrons de valência
fundamentalmente importante de ligação primária. estão mantidos mais firmemente, e as energias de
A ligação metálica é fundamentalmente diferente de solvatação são relativamente baixas. Assim, ouro e
outras ligações primárias, como as ligações covalen- platina são muito menos suscetíveis à corrosão. A
tes que ocorrem em compostos orgânicos, e ligações corrosão de metais sempre envolve oxidação e redu-
•A • A •
iorucas que ocorrem em cerarrucas. ção. O íon liberado é oxidado porque os elétrons são
abandonados e os elétrons (que não podem existir
sozinhos) são incorporados a algumas moléculas da
Propriedades Físicas dos Metais solução (que são, portanto, reduzidas).
Todas as propriedades dos metais resultam da Pelo fato de que as distâncias entre átomos
estrutura metálica cristalina e ligações metálicas. do metal em uma grade cristalina podem ser di-
Em geral, metais têm altas densidades resultantes ferentes nas direções horizontal e vertical (Fig.
de um eficiente empacotamento dos centros atô- 7-4), propriedades como condutividade elétri-
micos no reticulado cristalino. Metais são elétrica e ca e térmica, magnetismo, e resistência podem
terrnicamente condutores por causa da mobilidade também variar em função da direção se um
dos elétrons de valência no reticulado cristalino. A único cristal é observado. Essas propriedades
opacidade e a natureza refletiva dos metais resultam direcionais dos metais e metaloides têm sido ex-
da habilidade dos elétrons de valência em absorver ploradas na indústria de semicondutores para fa-
e emitir luz. Sua fusão ocorre conforme a energia da bricar microchips para computadores. Contudo,
ligação metálica é superada pelo calor aplicado. É em odontologia, um único cristal é raramente
interessante notar que o número de elétrons deva- observado. Em vez disso, uma coleção de cris-
lência por centro atômico influencia de certo modo tais aleatoriamente orientados, cada uma delas
o ponto de fusão. Conforme o número de elétrons denominada grão, geralmente compõe uma liga
de valência aumenta, a ligação metálica desenvolve odontológica. Neste caso, as propriedades dire-
um caráter covalente que contribui para pontos de cionais estão distribuídas por todo o material. Em
fusão mais elevados. Este fenômeno ocorre com o geral, uma estrutura de granulação fina é desejável
ferro (F&+) e com o niquei (Ni2+). para se obter ligas com propriedades urriformes em
As propriedades de corrosão dos metais depen- qualquer direção. Não uniformidade das proprie-
dem da habilidade dos centros atômicos e dos elé- dades direcionais recebe o nome de anisotrapia.
trons de serem liberados em troca de energia. A quan- Assim como as propriedades físicas, as proprie-
tidade de energia necessária depende da resistência dades mecânicas dos metais são também resultado
da força metálica, que está relacionada à liberdade da estrutura metálica cristalina e ligações metálicas.
do elétron de valência e à energia que o íon liberado Metais geralmente têm boa ductibilidade (habili-
7. CLASSES GERAIS DE BIOMATERIA IS 149
A B
•~t--41.._11._--411._-9-•-•-a Carregamento
..
e D
Carregamento
)lo
E F
FIGURA 7-6 Diagramas mostrando o cisalhamento plástico com formação de trinca no lugar de uma impureza
(círculos Tara11ja). Sem a impureza (A, B, C), a carga força as discordâncias completamente através do reticulado sem
fratura (note a progressão dos círculos vermelhos da esquerda para a direita). Contudo, quando a impureza está presente
(D, E, F), ela para o progresso da discordância. Conforme outras discordâncias se acumulam, a grade abaixo, então, não
consegue acomodá-las e uma trinca se forma na grade (E). Em E, note as ligações quebradas entre os átomos. Uma vez
formada, uma trinca pode crescer rapidamente e de maneira relativamente fácil e levar a uma falha catastrófica.
7. CLASSES GERAIS DE BIOMATERIA IS 151
to. Dessa forma, poli(metacrilato de metila) é um derivadas do metacrilato de metila, como indicado
polímero que possui unidades químicas estruturais pela reação simplificada e fórmula estrutural I.
1
CHa
1
o
1
CHs CH3 CHs C= O CHs
1 1 1 1 1
n CH 2=C ~ · ·· -CH 2-C-CH2-C-CH2-C- ·.. or CH2-C--+-
1 1 1 1 I
C= O C= O C= O CHa C= O
1 1 1 1 n
o o o o
1 1 1 1
CH3 CHa CHa CHa
As moléculas a partir das quais o polímero é mero são distribuídas numa orientação aleatória
construído são chamadas mon6meros (uma parte). ao longo da cadeia do polímero. É possível, con-
Moléculas poliméricas podem ser preparadas a par- tudo, produzir copolímeros com unidades mero
tir de uma mistura de tipos diferentes de monôme- arranjadas de tal forma que um grande número
ros. Eles são chamados capolímeros se contêm duas de determinado tipo de mero esteja conectado a
ou mais unidades químicas diferentes e terpolímeros um grande número de outro tipo de mero. Este
se contêm três unidades diferentes, como indicado tipo especial de polímero é chamado polímero e·m
pelas fórmulas estruturais, II e III. bloco. Também é possível produzir polímeros tendo
unidades mero com arranjo espacial especial com
li relação às unidades adjacentes; estes são chamados
polímeros estereoespecíficos.
CHa CHa Os meros dos polímeros estão unidos através de
1 1
CH2-C--+ CH2-C--+- ligações covalentes tipo C-C. Tipicamente, durante
1 I o processo de polimerização, ligações duplas e= e
C=O C=O são convertidas em ligações simples C-C e um mero
1 n 1 m
é ligado a um dos átomos de carbono que fazia parte
o o da ligação dupla C=C. A próxima seção descreve
1 1
CH 3 CH2CH3 várias configurações de rede para meros, incluindo
ligação cruzada, onde cadeias são ligadas numa
Metilmetacrilato-Copolfmero etilmetacrilato configuração não linear.
rial ou, em outras palavras, a distribuição do peso processo de polimerização. Esses materiais, então,
molecular tem um pronunciado efeito nas proprie- não possuem nenhuma constante física precisa,
dades físicas assim como o peso molecular médio. como ponto de fusão, da maneira que ocorre com
Portanto, dois corpos de prova de poli(metacrilato moléculas pequenas comuns. Por exemplo, quanto
de metila) podem ter a mesma composição quimica, mais alto o peso molecular, maiores os pontos de
mas propriedades físicas bastante diferentes porque amolecimento e fusão e mais rígido é o polimero.
um dos espécimes tem uma alta porcentagem de
moléculas de baixo peso molecular, enquanto o Estrutura Espacial
outro tem uma alta porcentagem de moléculas de Além da composição química e do peso mole-
alto peso molecular. Variações na distribuição do cular, a estrutura física e espacial das moléculas do
peso molecular podem ser obtidas alterando-se o polímero é também importante na determinação de
LINEAR RAMIFICADO
Homopolímero Homopolfmero
Em bloco Grafitizado
Polímero reticulado
FIGURA 7-7 Homopolimeros e copolimeros lineares, ramificados e reticulados. Circulos vermelhos, um tipo de unidade
mero; círculos azuis, outro tipo de unidade mero; linhas tracejadas, continuação do segmento de polímero.
?. CLASSES GERAIS DE BIOlvlATERIAIS 153
superficiais. Os mecanismos de fratura envolvem uma pasta. A utilização isolada de um polímero não
propagação de trincas a partir dessas falhas. Defeitos alcançará rigidez e estabilidade suficientes, que são
de fabricação são criados durante o processamento e propriedades conferidas pelas partículas cerâmi-
consistem em inclusões no estágio de condensação cas. Compósitos resinosos continuam a crescer em
ou em vazios gerados durante sinterização. Inclusões popularidade conforme as preocupações sobre os
são frequentemente ligadas à limpeza inadequada da efeitos na saúde e no ambiente do mercúrio presen-
estrutura metálica ou ao uso de instrumentos sujos. te no amálgama aumentam. O polímero utilizado
Porosidades na superfície interna de restaurações em muitos compósitos odontológicos, metacrilato
fraturadas de vitrocerâmicas foram identificadas de glicidila bisfenol A (Bis-GMA), tem sido objeto de
como o local de origem da fratura. Microtrincas análise minuciosa devido a uma notada conexão com o
também se desenvolvem com o resfriamento em bisfenol A, que apresenta alguns riscos à saúde. Até
porcelanas feldspáticas e isso pode ser devido à con- o momento, nenhum risco significante à saúde foi
tração térmica desencontrada entre os cristais de associado ao Bis-GMA utilizado em resinas compostas
Jeucita e a matriz vítrea ou ao choque térmico, se a odontológicas.
porcelana foi resfriada muito rapidamente. Em indústrias e profissões outras que não a Odon-
Trincas superficiais são induzidas por meio de tologia, outras classes são combinadas para formar
usinagem ou de desgaste. O tamanho médio de um compósitos, tais como compósitos metalocerâmicos
defeito natural varia de 20 a 50 µ.m. Geralmente, a utilizados na indústria aeroespacial. Um material
fratura da cerâmica se origina no maior defeito. comumente utilizado na indústria da construção,
Cerâmicas odontológicas estão sujeitas a cargas concreto, é um compósito de areia, cascalho e cimen-
repetidas (cíclicas) em um ambiente úrnido (masti- to Portland. Assim como ocorre com os compósitos
gação), condições que são ideais para o crescimento resinosos, o cimento no concreto é o aglutinante para
dos defeitos ou trincas preexistentes. Este fenôme- as partículas de areia e cascalho. Compósitos diferem
no, chamado crescimento lento de trincas, pode con- das ligas no fato de que, no nível microscópico, os
tribuir para uma grave redução da probabilidade de componentes individuais do compósito são visíveis.
sobrevivência de restaurações cerâmicas. No caso do concreto, um fator limitante é a adesão
entre o cimento Portland e as partículas de areia-casca-
lho. Na superfície, o cimento é removido com o uso,
COMPÓSITOS deixando as partículas rodeadas de maneira incomple-
ta pelo cimento. Essas partículas são, então, facilmente
Os compósitos são uma combinação de duas ou desalojadas, deixando um espaço vazio na superfície
mais classes de materiais. Em Odontologia, o compó- do concreto. Nos compósitos resinosos odontológicos,
sito mais comum é uma combinação de um polímero agentes de união são utilizados para melhorar a ade-
e cerâmica, em que o polímero é usado para ligar as são entre as partículas cerâmicas e a matriz polimérica,
partículas de cerâmica. O polímero funciona como aumentando dessa forma sua resistência ao desgaste
a matriz em compósitos odontológicos e as partícu- e integridade de superfície a longo prazo.
las são materiais de reforço. Compósitos de matriz Atenção considerável tem sido voltada à con-
polimérica, também conhecidos como compósitos tração de polimerização dos compósitos restaurado-
resinosos, são usados como selantes, restaurações in- res. Durante polimerização, ocorre uma contração
tracoronárias e extracoronárias, restaurações provisó- volumétrica da matriz polimérica que resulta em
rias, facetas, dentes de prótese, cimentos e núcleos de tensão no interior da matriz. Essa contração está
preenchimento. Enquanto classe, compósitos odon- associada ao aumento do módulo de elasticidade
tológicos são modeláveis, opacos ou translúcidos, conforme o compósito polimeriza. A combinação
moderados em rigidez e dureza, isolantes térmico e da contração e desenvolvimento do módulo de elas-
elétrico, pouco solúveis e podem ser feitos para ser ticidade produz tensões no interior do compósito
usinados. Muitos avanços foram conseguidos recen- porque a periferia da restauração está contida pela
temente na tecnologia das partículas (Capítulo 9). adesão ao esmalte e dentina das paredes cavitárias.
Em um compósito, as propriedades são inter- Métodos para reduzir a tensão residual incluem o
mediárias entre os dois materiais que o compõem. uso de polímeros com reduzida contração durante
O benefício de combinar duas classes de material é a cura, inserção incremental do material no preparo
a possibilidade de produzir um novo material com dentário, unidades fotopolimerizadoras com intensi-
propriedades de manipulação desejáveis, não alcan- dades de luz moduladas e uso de agentes forradores
çáveis com um material isoladamente. Por exemplo, sobre as paredes cavitárias. Mais detalhes sobre a
partículas cerâmicas individuais não são condensáveis determinação da contração de polimerização podem
ou compactáveis, mas a adição de um polímero para ser encontrados no Capítulo 5 e o mecanismo de
ligá-las possibilita ao compósito ser utilizado como polimerização pode ser encontrado no Capítulo 9.
7. CLASSES GERAIS DE BIOMATERIA IS 155
PROBLEMAS SELECIONADOS
Solução PROBLEMA 5
A será mais resistente por pelo menos uma ordem Um paciente apresentou desgaste considerável
de magnitude. Sem falhas, nenhum escorregamento do esmalte no dente em oclusão com coroas de por-
mediado por discordâncias pode acontecer e o total celana. Explique.
de ligações metálicas pode ser superado de uma só
vez. Com a presença de falhas, o metal pode deformar Solução
uma fileira de átomos por vez e, assim, a deformação A porcelana odontológica é mais dura que o
ocorre sob menor tensão (Fig. 7-5). esmalte dental e pode desgastá-lo. Restaurações
metalocerâmicas com superfícies linguais em metal
em coroas anteriores resultam em menos desgaste.
PROBLEMA 3 Contudo, como as coroas de porcelana já estão ci-
Se a você é dado um único cristal de um metal mentadas, a utilização de uma placa oclusal no caso
puro com um reticulado hexagonal compacto no for- de bruxismo pode ser indicada.
mato de um cubo com 3 mm em um lado, e você testa
a resistência à compressão nas direções horizontal e
vertical, as resistências seriam as mesmas? Se você PROBLEMA 6
pega uma amostra, do mesmo tamanho, que é feita Duas amostras de poli(metacrilato de metila)
de uma coleção de cristais microscópicos, qual seria foram listadas pelo fabricante como sendo 100°/o pu-
o resultado das resistências medidas? ras, o que era verdade; mesmo assim uma tinha uma
temperatura de amolecimento significativamente
Solução menor do que a outra. Por quê?
Para o cristal isolado, as resistências não serão
as mesmas vertical e horizontalmente porque a dis- Solução
tribuição dos átomos numa grade de cristal não é iso- As duas amostras podem ter pesos moleculares
trópica (independente da direção). Como a amostra de médios diferentes, distribuição de peso molecular
metal é um cristal único puro, a resistência nas direções diferentes ou estruturas espaciais diferentes (linear,
horizontal e vertical irão depender da conformação dos ramificada ou com ligação cruzada).
156 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
PROBLEMA 9 Solução
Pelo fato d e os compósitos serem misturas de um Não. Um agente de união silano melhora a união
ou mais classes de materiais, o produto resultante entre a matriz polimérica e a carga de reforço para
exibe propriedades que são uma média ponderada prevenir a perda de partículas de carga.
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CAPÍTULO
8
Materiais Preventivos
e Intermediários
SUMÁRIO
159
160 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
FIGURA 8-1 Molar típico com fissuras e manchas e sem diagnóstico de cárie. A, Antes da aplicação de selante,
e B, após a aplicação de selante com cor natural (De Hatrick CD, Eakle WS, Bird WF: Dental materials: clinicai applications
for dental assis-tants and dental hygienists, ed 2, Sa11t1ders, St. Louis, 2011).
constante baixo, que pode ou não ser suficiente para definidas e retentivas aos alimentos, e em pacientes
fornecer proteção adicional clinica contra a cárie. com risco elevado de cárie nessas superfícies.
sem recobrimento extensivo. Um agente de união pode introduzir poros que aparecem mais tarde
fotoativado (Capítulo 13) aplicado sobre o esmalte como defeitos de superfície.
recém-condicionado antes da aplicação do selante A camada superficial que sofre inibição por ar
irá melhorar a retenção. deve ser removida imediatamente após a polimeri-
Sistemas adesivos de passo único (all-in-one) zação e a camada de selante deve ser inspecionada
parecem fornecer uma união mais fraca ao esmalte com cuidado para detecção de vazios ou áreas com
intacto, quando comparados ao esmalte desgastado cobertura incompleta. Defeitos podem ser reparados
ou biselado por pontas diamantadas. e cobertos neste momento, repetindo-se todo o pro-
cedimento de aplicação e incluindo-se o condicio-
APLICAÇÃO DO SELANTE namento ácido e a aplicação de selante apenas nas
Dependendo de sua viscosidade e tempo de áreas com cobertura insuficiente. Após o selante ser
presa, o selante pode ser aplicado de maneira mais aplicado e totalmente polimerizado, a oclusão deve
eficiente com um pincel fino, um aplicador ou uma ser checada e ajustada se necessário, para eliminar
seringa. Material em excesso deve ser evitado, pois contatos prematuros.
pode interferir na oclusão. Uma quantidade suficien-
te de material deve ser colocada cobrindo completa-
mente todas as fóssulas expostas e proporcionando lonômeros de Vidro como Selantes
uma transição suave ao longo das vertentes das Devido à sua comprovada capacidade de liberar
cúspides. Excesso de manipulação durante a apli- flúor e fornecer alguma proteção contra cárie em
cação, até mesmo dos selantes fotopolimerizáveis, superfícies dentárias, ionômeros de vidro têm sido
propostos e testados quanto à capacidade de fun-
cionar como selantes de fissuras. O ionômero de
vidro é, de forma geral, viscoso e sua penetração
em toda a profundidade de uma fissura é difícil Sua
falta de penetração também torna difícil a obtenção
do mesmo grau de retenção mecânica na superfície do
esmalte conseguida com resinas de Bis-GMA. Eles
também são mais frágeis e menos resistentes ao des-
gaste oclusal. Estudos clinicos que utilizam várias
formulações de ionômero de vidro têm demonstra-
do taxas de retenção significativamente menores do
1
que os selantes resinosos, mas uma maior deposição
100 µ m de flúor na superfície do esmalte. Assim, há um
maior potencial para a proteção contra lesões de
cárie latentes após a perda do selante, caso ocorra.
A
20 µm too µm
TABELA 8-1 Usos de Co1npósitos, Compômeros, TABELA 8-2 Ranqueamento das Propriedades
Ionômeros Híbridos e Ionômero de Vidro de lonômeros Híbridos e lonômero de Vidro
protegendo-se a restauração da saliva após a inser- nômero híbrido é quase o dobro da apresentada por
ção do material e adiando-se o acabamento final por um ionômero de vidro padrão. Ionômeros híbridos
um dia ou mais, se possível. liberaram mais flúor do que compõmeros e compósi-
tos, mas quase a mesma quantidade que o ionômero
de vidro. A Figura 8-7 ilustra a liberação de íons de
IONÔMERO DE VIDRO flúor a partir de um ionômero de vidro padrão e de
MODIFICADO POR RESINA um ionômero de vidro modificado por resina ao
longo de um período de 30 dias. Há um período
Ionômeros de vidro modificados por resina, tam- inicial de alta liberação, que diminui após cerca de
bém conhecidos como ianômeros híbridos, são usados 10 dias, chegando a 1 ppm. Ionômeros de vidro e
para restaurações em áreas de baixa solicitação oclu- ionômeros híbridos recarregam quando expostos a
sal e são recomendados para pacientes com alto tratamentos com flúor ou a dentifrícios fluoretados.
risco de cárie (Tabela 8-2). Essas restaurações são A Figura 8-8 ilustra essa capacidade de recarga com
mais estéticas do que o ionômero de vidro por causa uma curva de liberação tempo-dependente similar.
de seu conteúdo de resina. Exemplos de erosões Na avaliação da eficácia desta liberação, o flúor tem
cervicais, abfrações e restaurações com ionômeros sido medido em amostras de placa imediatamen-
híbridos são mostrados na Figura 8-6. te adjacente a restaurações de ionômero de vidro
(Fig. 8-9). Para esses dois materiais do mesmo fabri-
cante, a placa adjacente à restauração de ionômero
Composição e Reação de vidro modificado por resina apresentou conteúdo
O pó do ionômero de vidro modificado por resi- de flúor significativamente maior do que a placa ad-
na é semelhante ao do ionômero de vidro. O líquido jacente a restaurações de compômero entre dois e 21
contém monômeros, poliácidos e água. O ionômero dias após a inserção das restaurações.
de vidro modificado por resina toma presa pela
combinação de uma reação ácido-base ionoméri-
ca e a polimerização fotoativada do 2-hidroxietil Manipulação
metacrilato. O uso de um agente de união antes Um exemplo de um ionômero híbrido embalado
da inserção do ionômero de vidro modificado por em cápsulas é mostrado na Figura 8-10. Para ionô-
resina é contraindicado porque diminui a absorção meros híbridos embalados a granel, como pó e líqui-
de flúor pela dentina e esmalte. do, a manipulação é aquela conforme descrita para
o ionômero de vidro padrão. A mistura mecânica
das cápsulas de dose unitária fornece uma massa
Propriedades uniforme com muito menos poros grandes que
O ionômero de vidro modificado por resina se podem ser introduzidos durante a espatulação ma-
une à estrutura dentária sem o uso de um agente de nual. Respeitar a relação pó /líquido recomendada é
união. Normalmente, o dente é condicionado com o fundamental para a manutenção das propriedades
ácido poliacrílico ou um primer antes da colocação físicas a longo prazo e sucesso clínico das restaura-
do ionômero híbrido. A resistência à flexão de um io- ções. Ao contrário das restaurações de ionômero de
FIGURA 8-6 Restauração de lesões da superfície radicular. A, Lesões na superfície vestibular de pré-molares inferiores
abrasão/ erosão. B, Restaurações com cimento de ionõmero de vidro modificado com resina e compósitos (Cmtesin de
Dr. Thomas}. Hilton, Portlnnd, OR).
8. MATERIAIS PREVENTIVOS E INTE!Uv!EDIÁRIOS 167
6
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1 2 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Dias
FIGURA 8-7 Liberação de flúor de cimentos de ionômero de vidro e resina composta em água destilada por 30 dias
(Modificados de Strothers, ]M, Kohn, DH, Dennison, [B, et. AI. 1998. Dent. Mater. 14, 129).
6
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Dias
FIGURA 8-8 Recaptação de flúor e nova liberação de flúor dos cimentos de ionômero de vidro após a recarga do material
com 1,1% de fluoreto de sódio gel neutro (Modificado de Strothers fM, DH Kohn, fB Dermison, et ai: Dent.Mater 14, 129, 1998).
REMINERALIZAÇÃO
Remineralização é um processo natural de re-
paro de lesões de cárie. Níveis elevados de flúor
em dentifrícios têm se mostrado eficazes na remi-
neralização da cárie radicular. Uma pasta de den-
tes com S.OOOppm F- remineraliza 76% das lesões
em comparação a 35% de um grupo de 1.lOOppm
F·. O conceito de equilíbrio da cárie proposto por
Featherstone descreve três fatores patológicos e três
fatores de proteção da cárie dentária. Os fatores pa- FIGURA 8-11 Pasta para remineralização do esmalte
tológicos são (1) bactérias produtoras de ácido, (2) (Orrtesia da GC A111erica, Alsip, IL).
170 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
PROBLEMAS SELECIONADOS
PROBLEMA 1 PROBLEMA 5
Qual é a vantagem de um verniz fluoretado diante Avaliação pós-operatória de um selante recém-co-
de outros meios de aplicação de flúor para os dentes? locado pode revelar alguns poros na subsuperfície ou
alguma comunicação com a superfície externa. Que
Solução variáveis podem ser controladas para minimizar esse
São duas vantagens: uma delas é a maior concen- problema?
tração de flúor utilizada, e a outra o tempo prolongado
de exposição dos dentes ao ingrediente ativo de flúor Solução
em comparação a outras formas de aplicação tópica. O problema pode ser minimizado por meio do
controle das seguintes variáveis: (1) se possível, evitar
misturar ou agitar o selante depois que ele é dispen-
PROBLEMA 2 sado para aplicação, ou usar um resina fotoativada;
Por que os selantes de fóssulas e fissuras são (2) evitar o uso de um pincel para aplicação, que
necessários para controle da cárie em superfícies tende a levar excesso de material e incorpora ar; (3)
oclusais de dentes permanentes? uso de um aplicador com ponta de bola, o que per-
mite a aplicação de quantidades menores de material
Solução para locais específicos na superfície do dente com
Fóssulas e fissuras nas superfícies oclusais dos manipulação mínima do selante; (4) evitar a conta-
dentes permanentes são suscetíveis à cárie porque seu minação por umidade durante a aplicação, pois pode
tamanho e sua morfologia servem como abrigo para produzir vazios subsuperficiais por meio da absor-
organismos e obstruem os procedimentos de higiene ção de água; (5) evitar o uso de um material além de
oral. Como resultado, tratamentos à base de aplicação sua vida útil ou que tenha sido armazenado em um
de flúor não são eficazes na redução da cárie em fóssu- ambiente quente, porque o aumento da viscosidade
las e fissuras oclusais. resulta em aprisionamento de ar durante a aplicação e
(6) evitar a aplicação do selante em uma superfíáe sem
molhabilidade ou inadequadamente condicionada.
PROBLEMA 3
Ao selecionar-se um material como selante de
fóssulas e fissuras, quais características de um selante PROBLEMA 6
de resina com carga são relevantes? Seis meses após a aplicação do selante, um pri-
meiro molar foi clinicamente avaliado em consulta de
Solução revisão e não foi encontrado nenhum selante. Quais
As características relevantes são melhores pro- são as possíveis causas para esse fracasso precoce?
priedades físicas e resistência à abrasão melhorada
(mas interferências oclusais devem ser ajustadas após Solução a
a inserção); uma viscosidade ligeiramente superior a Urna das causas pode ser a superfície do esmalte
um selante sem carga, mas urna vi~cosidade muito inadequadamente preparada, possivelmente o re-
menor do que um compósito; e um melhor controle sultado de (1) falha em remover película e detritos
nos procedimentos de aplicação. da superfície por falta de profilaxia pré-operatória;
(2) condicionamento ácido inadequado por utilização
de condicionador concentrado ou diluído, exposição
PROBLEMA 4 ao condicionador por tempo insuficiente ou presença
Ao selecionar-se um selante, quais características de esmalte ácido-resistente com alta composição de
de um selante resinoso sem carga são relevantes? flúor; (3) lavagem insuficiente da solução de ácido
ou gel, deixando os sais contaminantes presentes
Solução reduzir a energia de superfície; (4) contaminação ou
As características relevantes são menor viscosidade; umidade salivar durante a aplicação do selante; ou
menor resistência ao desgaste (mas, em presença de con- (5) contaminação do local do esmalte condiáonado
tatos prematuros oclusais, vai se desgastar rapidamen- por óleo ou água do ar comprimido utilizado para
te); e menor controle nos procedimentos de aplicação. a secagem.
8. MATERIAIS PREVENTIVOS E INTE!Uv!EDIÁRIOS 171
Solução b PROBLEMA 8
Um segundo fator causal pode ser a p olimerização Embora a resistência de união do ionômero de
inadequada do selante fotoativado, possivelmente o vidro à dentina seja menor do que a de compósitos,
resultado de (1) a fonte emissora de luz foi mantida experiências clínicas têm demonstrado qu e a retenção
m uito acima da superfície do dente; (2) fracasso em de ionômero de vidro para áreas de erosão cervical
fazer múltiplas aplicações de luz para expor com- são melhores. Por quê?
p letamen te toda a superfície; (3) tempo de exposição
inadequado para a fon te de luz; (4) uso de um selante Solução
que tenha sido previamente exposto à luz ou qu e te- Embora a resistência de união de ionômero de
nha sido usado além de sua vida ú til; ou (5) uso de vidro à dentina seja de apenas 2 a 3MPa, durante
um selante opaco ou com cor forte, sem aumentar o a reação de presa ocorre quelação com o cálcio na
tempo de exposição. superfície dentária, produzindo uma união adesiva,
enquanto a união de compósitos à estrutura dentária
é essencialmente micromecânica.
PROBLEMA 7
Nas avaliações periódicas, selantes podem apre-
sentar uma mancha laranja-marrom junto a áreas PROBLEMA 9
marginais específicas, o que é um indicativo de fa- Em comparação a ionômeros de vidro e compó-
lha de união e de infiltração marginal. Quais são os sitos, quais são as vantagens de ionômeros tubridos
fatores causais para esse fracasso? para regiões de baixa solicitação oclusal?
Solução Solução
Os fatores causais são preparo inadequado do A resistência à flexão de ionômeros tubridos é
esmalte no local da falha ou contaminação do esmalte cerca de duas vezes maior do que aquela apresentada
condicionado; sobre-extensão do selante além da pelo ionômero de vidro. Eles liberam mais fluoreto
periferia do esmalte adequadamente condicionado; e do que os compósitos e são mais estéticos do que o
força oclusal funcional diretamente sobre as extensões ionômero de vidro.
finas de selante, produzindo tensões que excedem a
resistência de união do selante ao esmalte.
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CAPÍTULO
9
Materiais Restauradores -
Compósitos e Polímeros
SUMÁRIO
175
176 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
•
•
. .
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•••• •
• • • • • ••• • •••
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•
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duplas de carbono reativas em cada extremidade,
que podem sofrer polimerização por adição ini-
ciada por radicais livres. O uso de grupamentos
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aromáticos oferece uma boa equiparação de seus
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• • • •• • indices de refração aos índices de refração dos vi-
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•
•• .,. • ....• ••
•
• •• • •
• dros radiopacos e, sendo assim, estes grupamentos
fornecem de modo geral melhores propriedades
•• ••
• • :·• ópticas aos comp6sitos. Alguns produtos utilizam
A . ....•• • tanto o monômero Bis-GMA quanto o UDMA .
A viscosidade dos monômeros, principalmente
a do Bis-GMA, é tão alta que é necessário adicionar
•• •••••• diluentes para atingir uma consistência clínica ade-
' .. ...•.•.r·.. • ..........
•
.• •. ••
• •• "•"' I • • •
Estrutura do Bis-GMA
Estrutura do UDMA.
Estrutura do TEGDMA.
Estrutura do Bis-EM A 6.
e sistemas obtidos por sol-gel), o compósito pode mais eficiente. Recentemente, cargas nanométricas,
se tomar instável. Além disso, um sistema adesivo que serão descritas na seção Na.nncargas e Na:TWcom-
especifico deve ser usado para a adesão destes ma- pósitos, foram introduzidas em compósitos.
teriais durante o procedimento clinico. Há um método prático para classificar os com-
pósitos dentários pelo tamanho, pelo formato e
Cargas e Classificação dos Comp6sitos pela distribuição das partículas. Esta classificação
As cargas compõem uma parte importante em é apresentada a seguir.
volume ou em peso do compósito. A função da
carga é reforçar a matriz resinosa, fornecer o grau MACROPARTÍCULAS
adequado de translucidez e controlar a contração Os compósitos mais antigos eram de macropar-
volumétrica do compósito durante a polimeriza- tículas. Estes compósitos continham partículas es-
ção. As cargas têm sido tradicionalmente obtidas féricas grandes ou de formato irregular com tama-
pela moagem de minerais como quartzo, vidros nho médio de 20 a 30 µ.m. Os compósitos resultantes
ou cerâmicas obtidas por síntese sol-gel. A maioria apresentavam grande opacidade e baixa resistência
dos vidros contém metais pesados, como óxidos de ao desgaste.
bário ou zinco, para fornecer radiopacidade e per-
mitir a visualização do compósito quando exposto COMPÓSITOS HÍBRIDOS E
a raios-x. É vantajoso ter uma distribuição de tama- MICRO-HÍBRIDOS
nho das cargas para que as partículas menores se Os compósitos híbridos são preparados com dois
encaixem nos espaços entre as partículas de maior tipos de cargas misturadas: (1) partículas finas com
tamanho, atingindo, assim, um empacotamento tamanho médio de 2 a 4 µ.me (2) 5 a 15%, de partículas
180 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
o
o~
•
Estrutura de u1n monômero com unidades cicloalifáticas
o
o
Siloxano
Ox irano
o
Silorano
microfinas, geralmente sílica, com tamanho de par- dos para suportar as tensões de certas aplicações. No
tículas de 0,04 a 0,2 µ.m. Em compósitos micro-hi- entanto, eles perdem o polimento superficial com o
bridos, partículas finas de menor tamanho médio tempo e se tomam ásperos e rugosos.
(0,04 a 1 µ,m) são misturadas com sílica microfina.
As partículas finas podem ser obtidas por moagem NANOCOMPÓSITOS
de vidro (p. ex., vidro de borossilicato, vidro de Recentemente, a incorporação da nanotecnologia
aluminossilicato de lítio ou de bário, vidro de estrôn- na concepção e na fabricação de compósitos tem me-
cio ou de zinco), quartzo ou materiais cerâmicos e têm lhorado muito suas propriedades. Os nanocompósi-
formatos irregulares. A distribuição de partículas de tos descrevem essa classe de compósitos. A tecnologia
carga fornece empacotamento eficiente de modo que a de nanopartículas é descrita na próxima seção.
incorporação de uma alta porcentagem de carga é pos-
sível mantendo-se uma boa consistência e pegajosida- Nanocargas e Nanocomp6sitos
de para utilização clinica. Compósitos micro-híbridos O mais recente avanço na tecnologia de compó-
podem conter de 60o/o a 70% em volume de carga, sitos tem sido o uso da nanotecnologia no desenvol-
o que, dependendo da densidade da carga, resulta vimento de cargas. A nanotecnologia é a produção
em 77°k a 84% em peso do compósito. A maioria dos de materiais e estruturas funcionais na faixa de 1 a
fabricantes reporta a concentração de partículas de 100 nanômetros (nm) - a nanoescala - por vários
preenchimento em porcentagem em peso (rveighí % ou métodos físicos e químicos. A nanotecnologia re-
v.rt%). Uma micrografia típica de cargas de vidro finas quer dispositivos e sistemas para criar estruturas
é mostrada na Figura 9-2, A. Compósitos lubridos e que têm novas propriedades e funções por causa
micro-híbridos possuem boa resistência ao desgaste de seu tamanho pequeno. Assim, implica na capaci-
clinico, boas propriedades mecânicas e são adequa- dade de controlar e manipular estruturas em escala
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 181
NANOCOMPÓSITOS
Todas as partículas de um nanocompósito ver-
dadeiro estão na escala nanométrica. Existem vários
motivos para se incorporar cargas nanométricas em
compósitos odontológicos. Primeiro, o tamanho das
nanopartículas é menor que o do comprimento de
onda da luz visível (400-800nm), o que oferece a
possibilidade de desenvolvimento de materiais alta-
mente translúcidos. Além disso, a área de superfície
das nanopartículas é bastante grande em relação ao
volume. Os tamanhos das menores nanopartículas
se aproximam daqueles das moléculas de polímero
e, desta forma, elas podem interagir em escala mo-
lecular com a matriz de resina.
Dois tipos de nanopartículas vêm sendo sinteti-
zadas e utilizadas para a elaboração dessa classe de
compósito. O primeiro tipo consiste em partículas
nanométricas, essencialmente partículas de sílica ou
zircônia, monodispersas, não agregadas e não aglo-
meradas. A superfície das nanopartículas é tratada
com agentes de ligação silano que lhes permitem
serem ligadas à matriz de resina quando o compó-
sito é polimerizado. Nanômeros são sintetizados
a partir de sols, resultando em todas as partículas
com o mesmo tamanho. Por este motivo, se apenas
partículas nanoméricas forem usadas para preparar
composições com alto teor de carga, as propriedades
reológicas do compósito serão bastante ruins. Para
superar esse problema, um fabricante desenvolveu
FIGURA 9-2 Eletromicrografias de varredura dos um segundo tipo de nanocarga, que é chamado de
tipos de cargas. A, Cargas inorgânicas finas; B, Cargas de na1waglomerado. O nanoaglomerado é composto
sílica microfinas; C, Cargas de sílica microfinas em matriz por óxidos nanoméricos levemente sinterizados,
polirnérica.
formando aglomerados com distribuição controlada
de tamanho de partículas. Nanoaglomerados vêm
atômica e/ ou molecular. Apesar de nanocompósitos sendo sintetizados a partir de sois de sílica, bem co-
verdadeiros deverem apresentar todas as partículas mo de óxidos mistos de sílica e zircônia. O tamanho
no tamanho nanométrico, o termo nanotecnologia é principal dos nanômeros utilizados para preparar
utilizado de maneira exagerada e muitas vezes é mal- os aglomerados varia de 5 a 75 nm.
-empregado, quando da descrição de um material. É importante lembrar que, em um nanoaglome-
Até o momento, as nanopartículas de óxidos têm si- rado, as nanopartículas ainda mantêm sua forma
182 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
individual, tal qual um cacho de uvas. Os aglome- dos nanômeros, nanoaglomerados e partículas mi-
rados podem ser produzidos para apresentarem cro-híbridas convencionais são facilmente percep-
uma distribuição de tamanho ampla, variando de tíveis em micrografias por microscopia eletrônica
lOOnm até o nível submicrométrico, e têm um tama- de transmissão (transrnission electronic tn.icroscopy,
nho médio de 0,6 micrômetros. A Figura 9-3, A, TEM) de compósitos preparados a partir dessas
mostra uma imagem de microscopia eletrônica de cargas. A Figura 9-4, A, mostra uma imagem de
varredura (MEV) de um nanoaglomerado de sílica TEM de um nanocompósito preenchido apenas
em um produto comercial após a matriz de resina com nanopartículas de 75 nm de diâmetro; Figu-
ter sido removida por lavagem com acetona. Neste ra 9-4, B, mostra um nanocompósito preenchido
material, a superfície dos nanoaglomerados é tra- com uma mistura de nanoaglomerados apenas e
tada com um agente de ligação silano para fornecer a Figura 9-4, C, mostra uma composição micro-hí-
compatibilidade e ligação química com o sistema de brida convencional. Até o momento, há apenas um
resina. A Figura 9-3, B, mostra a imagem de uma nanocompósito odontológico verdadeiro disponível
micrografia de um nanoaglomerado constituído comercialmente. Na fabricação desse compósito,
por sílica e zircônia. As diferenças na arquitetura uma combinação de partículas nanoméricas e na-
noaglomerados é utilizada em um proporciona-
mento ideal. A Figura 9-5, A, mostra um diagrama
esquemático desse nanocompósito contendo uma
mistura de nanoaglomerados e partículas de preen-
chimento nanoméricas e a Figura 9-5, B, um TEM do
nanocompósito, mostrando a presença de ambos os
tipos de carga nanométricas.
O que toma o nanocompósito um material
único é que ele tem a resistência mecânica de um
micro-híbrido, mas ao mesmo tempo mantém a li-
sura durante seu uso clínico como um compósito de
micropartículas. O brilho inicial de muitos compósi-
tos restauradores é muito bom, mas em compósitos
híbridos (micro-híbridos, nano-Jubridos) a perda das
partículas de preenchimento maiores leva à perda de
brilho. Por outro lado, no nanocompósito, os nanoa-
glomerados se desgastam em uma taxa semelhante
à da matriz circundante durante a abrasão. Isso
permite a restauração manter sua superfície mais
lisa com retenção do polimento em longo prazo. A
análise óptica da manutenção do polimento pode ser
feita usando-se microscopia de força atômica após o
ensaio de abrasão por escovação prolongada.
Cargas nanométricas também oferecem van-
tagens quanto às propriedades ópticas. Em geral,
é desejável que os compósitos odontológicos não
pigmentados possuam opacidade visual baixa. Isto
permite a criação de uma ampla gama de tons e opa-
cidades, de modo que o clínico possa projetar uma
restauração altamente estética. Em compósitos do
tipo híbridos, as partículas variam de 0,4 a 3,0 µ.m de
tamanho. Quando as partículas e a resina possuem
FIGURA 9-3 A, Micrografia eletrônica de varredura índices de refração diferentes, que medem a capaci-
(MEV) de um nanoaglomerado de sílica em um compósito dade do material de transmitir luz, as partículas es-
comercial 3Ml'M ESPETMFiltek'rMSupreme. B, Imagem
palharão a luz, resultando em um compósito opaco.
de um nanoaglomerado de zircônia-sOica em FiltekTM
Supreme Ultra (A, cortesia do Dr. ]arge Perdigão, Uniuersity of
As partículas de preenchimento nanométricas são
Minnesota; B, de SARodrigues fr., SS Sdierrer, ]LFerracane, A muito menores do que o comprimento de onda da
Della Bona Microstructural characterization and frachtre beha- luz, tornando-as não mensuráveis quanto ao ín-
vior ofa nricrohybrid anda nanofill cmttposite. Dental Materiais, dice de refração. Quando a luz entra, os maiores
Volume 24, Issue 9, September 2008, Pages 1281-1288). comprimentos de onda atravessam diretamente o
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 183
FIGURA 9,4 A, Imagem de Micrografia eletrônica de transmissão (TEM) de compósitos com nanoaglomerados de
partículas (x 300.000 de aumento). B, TEM de compósitos com partículas nanoméricas (x 60.000 de aumento). C, Imagem
de TEM de compósito com cargas lubridas (x 300.000 de aumento) (A, B e C de SB Mitra, Wu D, BN Holmes: Dent }. Atn
Assoe 134, 1382, 2003).
1o •9 22.b -
100
-
<
1 1.7 22 -
• 77.4 o
. .J. I) 93.l J.2) 94.5 (0.3) 96.8 (Ó
várias tonalidades, dependendo das necessidades adjacentes dos silanos hidrolisados ou com a água
estéticas. A resistência ao desgaste desse material absorvida na superfície da partícula. Isso resulta
após 3 ou 5 anos de uso clínico se mostrou seme- na formação de um filme polimérico muito fino em
lhante à do esmalte humano. mono- ou multicamadas na superfície da partícula
com ligações duplas não reagidas. Durante a reação
COMPÓSITOS NANO-HÍBRIDOS do compósito, as ligações duplas dos grupos meta-
Vários fabricantes têm adicionado partículas na- criloxi das superfícies tratadas correagem com as
nométricas em seus micro-híbridos. Estes compósitos resinas monoméricas. O agente de ligação desempe-
têm sido descritos como nano-lubridos. Uma vez que nha um papel crítico no compósito. As suas funções
a lisura e o desgaste de qualquer compósito muitas estão resumidas a seguir:
vezes são determinados pelo tamanho de suas partí- • Fazer uma ponte interfacial que liga
culas maiores, como nos micro-híbridos, a superfície fortemente as cargas à matriz de resina.
dos nano-lubridos torna-se gradualmente mais rugo- • Melhorar as propriedades mecânicas do
sa depois de alguns anos em função clínica. compósito e minimizar a perda de cargas
da matriz durante o desgaste decorrente do
Interface e Agentes de Ligação uso clínico.
Para um compósito apresentar desempenho cli- • A fase interfacial resultante fornece um
nico satisfatório, uma boa adesão entre as partículas meio para distribuição de tensões entre as
inorgânicas e a matriz orgânica resinosa deve ser partículas e a matriz de polímero adjacente.
assegurada durante a polimerização. Isto é possível • Fornecer um ambiente hidrofóbico
pelo uso de agentes de ligação, sendo os mais comuns que minimiza a absorção de água pelo
deles os compostos orgânicos de silício, chamados compósito.
agentes de ligação silâtticos. A superfície das partículas
é tratada com um agente de ligação durante a fa-
Matriz
bricação do compósito. Um agente de ligação silâ-
1 1 1
nico típico é o 3-metacriloxipropiltrimetoxisilano R
r r R
r1~~
(MPTS), cuja estrutura é mostrada a seguir. 1
nCH30.,~0CH3
o OCH3
Carga
Inidadores e Aceleradores
A polimerização dos compósitos é deflagrada
por luz ou por uma reação química, sendo a primei-
Em compósitos de baixa contração à base de si- ra a mais comum. A ativação pela luz é conseguida
loranos, um agente de ligação funcionalizado com com luz azul, com um pico de comprimento de onda
grupos epóxi, 3-glicidoxipropiltrimetoxisilano, é uti- em aproximadamente 465nm, o qual é geralmente
lizado para unir as partículas à matriz de oxirano. absorvido por um fotoativador, como a canforo-
quinona, adicionado pelo fabricante à mistura de
monômeros durante o processo de fabricação, em
"'-o quantidades que variam de 0,1 a 1,0°/o.
/O'-~i~O~ Em compósitos de metacrilato, os radicais livres
1 o são gerados após a ativação. A reação é acelerada
o.....__, pela presença de uma amina orgânica e várias ami-
nas têm sido utilizadas, tanto aromáticas quanto
Durante o processo de tratamento das partícu- alifáticas. Exemplos de tais aminas são mostrados a
las de carga, os grupamentos metóxi hidrolisam e seguir. A amina e a canforoquinona são estáveis na
geram grupos hidroxila por meio de uma reação presença do oligômero à temperatura ambiente en-
catalisada por ácido ou base. Estes grupos hi- quanto o compósito não for exposto à luz. Embora
droxila, em seguida, passam por um processo de a canforoquinona seja o fotoativador mais comum,
condensação com os grupos hidroxila presentes na outros compostos são por vezes usados para atingir
superfície da partícula e assim se unem por ligações condições estéticas especiais, uma vez que a canfo-
covalentes (veja o desenho esquemático a seguir). A roquinona traz uma leve coloração amarela para a
condensação também é possível com os grupos -OH pasta de compósito não polimerizado. Embora a cor
9. MATERIAIS RESTAURAOORES - C01'~PÓSITOS E POLfMEROS 185
do compósito se torne mais clara durante a reação, Agentes fluorescentes são por vezes adicionados
em alguns casos, os clinicos acham difícil fazer a para melhorar a vitalidade óptica do compósito e
seleção de cor em função dessa mudança. mimetizar a aparência dos dentes naturais. São
corantes ou pigmentos que absorvem luz na região
do ultravioleta e violeta do espectro eletromagnético
(entre 340-370nm) e reemitem Luz na região azul
(tipicamente420-470nm). Estes aditivos são frequen-
./'"'.o f ' I temente utilizados para melhorar a aparência da cor,
\ causando um efeito de "branqueamento" e fazendo
C.nforoquinon1 Amina típica com que o material pareça menos amarelo por au-
mentar a quantidade total de luz azul refletida.
A-
Iniciação
Luz, calor
Iniciador- - - - - - - - - - - _ _ _ .... Radical livre (R')
ou reação química
Exemplo
o o o
11 11 11
>--- c --o--o-- c -~ ~ 2 >---C--O·
IÍ IÍ
Peróxido de benzofla Radical livre (R )
Canforoquinona Amina
CH 3 CH 3
1 1
R' + CH2 e R CH 2 e·
1
1
C02CH3 C02CH3
Radical
livre Monõmero
Propagação
Cadeia em crescimento
A resina polimerizada possui muitas ligações acordo com a distância entre o compósito e a luz e
cruzadas devido à presença das ligações duplas a duração da exposição à luz. A porcentagem de li-
d isfuncionais de carbono. O grau de conversão gações duplas que reagem pode variar de 35 a 80'%.
varia, dependendo da região do compósito se si- O grau de conversão é mais alto para os compósitos
tuar no interior ou na superfície inibida pelo ar. A laboratoriais que são posteriormente polimerizados
polimerização dos compósitos fotoativados varia de em temperaturas e intensidade de luz elevadas.
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 187
Terminação
Reação de combinação
CH3 CH 3 CH3
1 1 1
R-CH2 e CH 2 e· + R. R CH2 e R
n n+1
1 1 1
C02CH3 C02CH 3 C02CH3
Reação de desproporcionamento
1 1 1 1
R- CH 2 - c· + • C-CH 2R RCH e + HC-CH2R
1 1 1 1
C02CH 3 C02CH3 C02CH 3 C02R
Reacão
, de transferência
CH 3 CH 3 CH3 CH3
1 1 1 1
R CH 2 e· + CH 2 e RCH e + CH3 e·
1 1 1
C0 2R C0 2R C02R C02R
Luz azul
Fotoiniciador catiônico - ---.
r
lrl
•
ô o~
o
ó
H•
lrl
•
Q i +
~~
'- / º
Contração por
b ,
:
p
,O
'
Compósitos Fotoativados
Uma vez que a cura de compósitos fotopolimeri-
záveis é deflagrada pela luz visível, esses materiais
.,
LuxaCore• z Ili
Du~I
..._...._........,._
---
. . . . _ _ ............ 1.............. $1 . .
--·-- -
c.....,_-lo-..iu.. .._ _
...........
~I* .. -~.
FIGURA 9-9 Compósito em pasta única fotopolimeri- FIGURA 9-1 O Compósito de cura dual para confecção
zável em seringa (A) e cápsulas (B) (Cortesia de 3M ESPE, de núcleos (Cortesia de DMG Chemisch-Pfwrmazeutische
St. Pa1d, 1\AN). Fabrik Gn1bH, Hamburgo, Alemanha).
190 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
materiais em baixas temperaturas para prolongar sua capacidade de fluir facilmente sobre o dente
seu prazo de validade. e trabalhar com o material na cavidade se torna
difícil. A pasta retirada da seringa pode ser coberta
com uma tampa opaca ou cor de laranja para evitar
a exposição prematura à luz.
Os tempos de presa dos compósitos quimicamen-
te ativados podem variar entre 3 e 5 minutos. Estes
tempos de presa curtos foram conseguidos contro-
Visão Geral
lando-se a concentração de iniciador e acelerador.
A fim de garantir uma boa atuação clínica, os
compósitos têm de cumprir determinados critérios Contração e Tensão de Polimerização
de desempenho. Propriedades físicas, mecânicas e Como explicado na seção sobre Reações de Po-
clínicas importantes são descritas nesta seção. Algu- limerização, todos os compósitos sofrem contração
mas propriedades para vários tipos de compósitos de polimerização durante a presa. Valores típicos de
estão listadas na Tabela 9-3. Os valores das pro- contração estão listados na Tabela 9-3. A contração
priedades para materiais restauradores poliméricos de polimerização resulta do desenvolvimento de
com base na ISO 4049 (ANSI/ ADA nº . 27) estão tensões de contração tão elevadas quanto 13 MPa
resumidos na Tabela 9-4. entre o compósito e a estrutura dental. Estas ten-
sões deformam severamente a interface de adesão
Propriedades Físicas entre o compósito e o dente, levando à formação de
pequenas fendas que podem permitir a infiltração
Tempos de Trabalho e de Presa de saliva e micro-organismos para o seu interior.
Para compósitos fotopolimerizáveis, a reação Como resultado, podem ocorrer cárie recorrente e
pode ser considerada "sob demanda". A polimeri- pigmentação marginal. Esta tensão pode ultrapassar
zação é iniciada no momento em que o compósito a resistência à tração do esmalte e resultar em fis-
é exposto à luz do fotopolimerizador. O enrije- suras e fraturas ao longo da interface com o esmalte.
cimento acontece em questão de segundos após Uma vez que as tensões de contração dependem da
o inicio da exposição à luz de uma fonte de alta deformação decorrente da contração volumétrica
intensidade. Embora a restauração de compósito e da rigidez do compósito no momento d a con-
pareça dura e completamente polimerizada após a tração, os compósitos de baixa contração podem
exposição à luz fotopolimerizadora, a reação conti- apresentar altas tensões internas se o compósito
nua por um período de 24 horas. Não são todas as tiver um alto módulo de elasticidade. O efeito da
ligações duplas de carbono insaturado disponíveis contração de polimerização pode ser reduzido
do compósito de metacrilato que reagem; estudos adicionando-se o compósito em incrementos de
mostram que 25'% permanecem não reagidas no 2 mm e polimerizando cada incremento de forma
interior da restauração. Uma fina camada de ma- independente. A tensão resultante da contração é
terial inibida por ar permanece não polimeriz.ada menor porque um volume menor de compósito se
na superfície da camad a polimerizada, o que é contrai antes de cada adição sucessiva. Um estudo
vantajoso para a colocação incremental das cama- recente analisou as propriedades clínicas e labora-
das subsequentes. É útil proteger a superfície da toriais de diversos compósitos de baixa contração/
restauração com uma matriz transparente, para baixa tensão. Esses produtos, em sua maioria, são
minimizar a quantidade de resina não polimeri- compósitos universais, mas dois produtos são des-
zada na restauração final. Embora, para alguns critos como compósitos floivable. Os valores de
compósitos, as propriedades físicas finais não contração são dependentes do método utilizado.
sejam atingidas até cerca de 24 horas após o inicio A contração volumétrica de compósitos universais
da reação, grande parte da resistência mecânica é de baixa contração medida por picnometria varia
atingida imediatamente após a exposição à luz, de entre 0,9o/o e 1,8%, enquanto que a dos compósitos
modo que a restauração pode ser acabada e polida fluidos é de 2,4% a 2,5%. Quando um linômetro
com abrasivos e entrar em função. ACTA é utilizado, os valores variam de 1,0% a
Para a maioria dos compósitos que são iniciados 1,4%, e 2,6°/o a 2,9%, respectivamente. A tensão de
pela luz visível, a iluminação brilhante do refletor polimerização é de 1,2 a l,6MPa. Em comparação,
pode iniciar a reação prematuramente se o com- para os compósitos universais tradicionais, tem sido
pósito for deixado desprotegido em um bloco de relatadas tensões de polimerização de 0,8 a 2,4MPa
mistura. Entre 60 a 90 segundos de exposição à luz e, para os compósitos flowable, os valores de tensão
ambiente, a superfície do compósito já pode perder variam de 1,3 a 3,2MPa.
TABELA 9.3 Propriedades de várioo tiins de oomjXÍ5it05 resinosoo, oom~meroo, ionômeros ele vidro convencionais eionômeros ele vidro modiúcados (Xlr resina
Propriedade Nanocompórito' CompÍl5ito Compósito Compósito Compósito CompÍl5itn Compórito Ionômero lonômero de
universal microparticulado compactável de baixa laboratorial para núcleo de vidro vidro modificado
'~scoridade convencional por resina
Resistência àflexão 180 8().160 00-120 &5-110 70-120 9().15()1 7-15 51}{:A) IO
.
(MPa)
Módulo flex11tAf (GPa) 8,8-13 4,o-6,9 9,0-12 2,6-5~ 4,7-151
1
....
;i.
Limite de fadiga àflexão - 00-110 00
(MPa) ~
Resistência àcompres- 4W 240-m 240-300 220-300 210-300 210-280 210-250 10-15 21J0.250 ~
são~11Pa)
zação linear(%) ~
(/)
nas cargas de vidro, são liberados em vários níveis resistência, (3) tenacidade à fratura, (4) resistência ao
(6 a 19µg/mL) pelos vários sistemas de carga. A desgaste, (5) expansão térmica e (6) resistência
" .
perda da união e a infiltração podem ser fatores con- q=ca e a.. corrosao.
,..,
FIGURA 9-11 Seção transversal de um compósito aderido à dentina mostrando o compósito (C), a camada de
adesivo (A), a camada híbrida (H) e os prolongamentos de resina (P).
é áspera o suficiente e adequadamente preparada resinosos indicados para uso irrestrito, incluindo
substituição de cúspides em dentes posteriores
(Capítulo 13). Em geral, a superfície a ser colada
é asperizada com jato de alumina de 50 µm e, em Propriedade Critério
seguida, tratada com um primer contendo silano e
resina para os compósitos, um primer silãnico para Manutenção da cor (18 meses) Não mais que 5o/o
as cerâmicas à base de sílica, um monômero acídico de falhas
de fosfato para a zircônia ou um primer especial Descoloração marginal Não mais que 5%
para ligas. A resistência de união às superfícies (18 meses) de falhas
tratadas é normalmente maior que 20MPa. Integridade marginal Não mais que 5%
(18 meses) de falhas
Propriedades Clínicas Cárie recorrente ou marginal Não mais que 5%
(18 meses)
Os requisitos clínicos para compósitos aceitos para
uso irrestrito, incluindo a reconstrução de cúspides Manutenção dos contatos 95% não apresentando
em dentes posteriores, como definido pelas Dire- interproximais (18 meses) contatos abertos
trizes (Propostas) para Compósitos à base de Resina Sensibilidade pós-operatória Por meio do histórico de
para Restaurações Posteriores da A.merican Dental sensibilidade adversa
Association (ADA), estão listados na Tabela 9-5. ao calor, frio e estímulos
mastigatórios
Profundidade de Polimerização
Falha (18 meses) Não mais que 5%
(comp6sitos fotoativados)
A intensidade da luz diminui à medida que a fonte Desgaste entre 6 e 18 meses Não mais que 50 µm
de luz é afastada da superfície do objeto. Além disso, à Fa11te: American Dental Association Acceptance Program guidelines
medida que a luz viaja através de um meio dispersivo, far resin-based camposi!J!s for posteriar restarations, 2001.
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 195
Dos compósitos atualmente aceitos para uso na dessas reações ocorre com os dentistas ou o pessoal
região posterior, são exigidos estudos clínicos que técnico que regularmente manipula o compósito não
demonstrem, ao longo de um período de 18 meses, polimerizado e, portanto, têm maior exposição. Não
perdas de contorno da superfície inferiores a 50 µ,m. existem bons trabalhos documentando a frequência
Diversos estudos clínicos têm sido publicados mos- de alergia aos compósitos na população em geral.
trando que a última geração de compósitos com Por fim, tem havido alguma controvérsia sobre
carga (nanocompósitos) tem excelente resistência a capacidade dos componentes de compósitos em
ao desgaste. Os compósitos nanoparticulados têm atuar como xenoestrógenos. Estudos mostram que o
demonstrado resistência ao desgaste semelhante bisfenol A é estrogênico em testes in vitro que me-
ao esmalte humano natural em estudos clínicos de dem este efeito no crescimento de células cance-
3 anos e 5 anos. rosas de mama. Traços desses componentes têm
sido observados em alguns compósitos comerciais
Biocompatibilidade não polimerizados. No entanto, a estrogenicidade
Detalhes sobre a biocompatibilidade dos compó- de compósitos comerciais polimerizados não foi
sitos são discutidos no Capítulo 6, mas alguns dos demonstrada. Além disso, há considerável con-
temas centrais serão discutidos aqui. Quase todos os trovérsia sobre a precisão e a utilidade dos ensaios
principais componentes de compósitos (Bis-GMA, in vitro utilizando células de câncer de mama para
TEGDMA e UDMA, entre outros) são citotóxicos medir um verdadeiro efeito estrogênico. Um es-
in vitro, se testados na forma de um bloco de mo- tudo anterior nesta área, alegando que os selantes
nômero; mas o risco biológico de um compósito dentários e os compósitos sejam estrogênicos em
polimerizado depende do grau de liberação destes crianças, tem sido, desde então, desacreditado.
componentes pelo material. Apesar de os compósi-
tos poderem liberar baixos níveis de componentes , -
COMPOSITOS PARA APLICAÇOES
por semanas após a cura, há uma considerável con-
trovérsia sobre os efeitos biológicos desses compo- ESPECIAIS
nentes. A quantidade liberada depende do tipo de
compósito, do método e da eficiência da polimeriza- Compósitos Microparticulados
ção. Uma barreira dentinária reduz acentuadamente Compósitos microparticulados são indicados
a possibilidade desses componentes atingirem os para restaurações de classe IlI e classe V submeti-
tecidos pulpares, mas estes componentes podem das a baixas tensões, nas quais um alto polimento
atravessar tais barreiras, embora em concentrações e estética são importantes. Um produto tem sido
menores. Os efeitos da exposição prolongada e de utilizado com sucesso em restaurações posteriores.
baixas doses dos componentes da resina às células São compostos por resinas de dimetacrilato fotoa-
não são, de modo geral, conhecidos. Por outro lado, tiváveis com carga de 0,04 µ,m de sílica coloidal e
o uso de materiais compósitos como agentes capea- resinas pré-polimerizadas, que por vezes contêm
dores pulpares diretos representa um risco maior sílica coloidal. A porcentagem de carga inorgânica
de respostas biológicas adversas, uma vez que não total é de 32°/o a SOo/o em volume (Tabela 9-2).
existe barreira dentinária para limitar a exposição Propriedades típicas dos compósitos micropar-
da polpa aos componentes liberados. ticulados estão listadas na Tabela 9-3. Por apresen-
Os efeitos dos componentes liberados pelos tarem quantidade de carga relativamente baixa, os
compósitos para os tecidos orais ou outros tecidos compósitos microparticulados sofrem mais sorção
não são conhecidos completamente, embora ne- de água e dilatação térmica do que compósitos
nhum estudo tenha documentado efeitos biológicos micro-híbridos ou nanocompósitos. Dependendo
adversos. A norma da Organização Internacional da quantidade de resina pré-polimerizada, a con-
para Padronização (International Organization for tração pode ser maior que a de micro-híbridos ou
Stamiardization, ISO) para os ensaios de toxicidade de nanocompósitos.
de materiais dentários exige o teste de compósitos
após imersão em vários meios de eluição aquosos e
orgânicos seguido pela avaliação do eluato parares-
Compósitos Compactáveis (packable
postas biológicas adversas. O tecido com maior risco
composites)
para esse tipo de liberação parece ser a mucosa em O termo compactável é usado para compósitos
contato direto e de longo prazo com os compósitos. que têm alta viscosidade e reduzida pegajosidade.
Os componentes dos compósitos são conhecidos Estes materiais não são condensáveis como amál-
como alergênicos e, de fato, há alguma literatura gamas, mas podem ser comprimidos e forçados a
sobre alergia de contato com compósitos. A maioria escoar com o uso de instrumentos de ponta plana.
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 197
Esses compósitos (Tabela 9-1) são indicados para uso Propriedades típicas de compósitos de labora-
em preparos cavitários classes 1e II. Estes materiais tório estão listadas na Tabela 9-3. Para maior resis-
contêm resinas de dimetacrilato fotoativáveis com tência e rigidez, os compósitos de laboratório po-
carga (partículas porosas ou irregulares), ocupando dem ser reforçados por fibras. As restaurações são
66o/o a 70o/o em volume (Tabela 9-2). A interação entre geralmente cimentadas com cimentos resinosos.
as partículas e modificações na fase resinosa tornam
esses compósitos compactáveis.
Propriedades típicas dos compósitos compac- Compósitos para Confecção de Núcleos
táveis estão listadas na Tabela 9-3. Propriedades Se existe estrutura dentária suficiente para reter e
importantes incluem uma maior profundidade de suportar uma restauração com cobertura total, mas
cura, menor contração de polimerização, radiopaci- regiões extensas de dentina tenham sido perdidas, o
dade e menor taxa de desgaste (3,5 µm/ ano). Vários núcleo do dente pode ser refeito antes do preparo e da
compósitos condensáveis são apresentados em moldagem final. Compósitos são comumente utiliza-
cápsulas de dose unitária. A técnica de inserção dos nesta aplicação. Compósitos para confecção de
em bloco única é recomendada pelos fabricantes, núcleos estão disponíveis como produtos autopolime-
mas sua eficácia ainda não foi demonstrada em rizáveis (Fig. 9-4), fotopolimerizáveis e duais. Compó-
estudos clínicos. sitos para núcleos geralmente contêm corantes (azul,
branco ou opaco) para contrastar com a estrutura do
dente. Alguns produtos liberam flúor. Um exemplo de
Compósitos de Baixa Viscosidade um núcleo confeccionado com compósito é mostrado
(flowable composites) na Figura 9-12. Propriedades típicas de compósitos
Compósitos e baixa viscosidade, fotoativados, para núcleos estão listadas na Tabela 9-3.
são recomendados para lesões cervicais, restaurações Núcleos confeccionados em compósito têm as
em dentes decíduos e outras restaurações pequenas e seguintes vantagens em comparação ao amálgama:
submetidas a baixa ou nenhuma tensão (Tabela 9-1). eles podem ser aderidos à dentina, podem receber
Contêm resinas de dimetacrilato e cargas inorgânicas acabamento imediatamente, são fáceis de esculpir e
com tamanho de partícula de 0,4 a 3,0 µ,m e porcenta- fornecem uma cor mais natural sob restaurações de
gem de carga de 42% a 53% em volume (Tabela 9-2). cerâmica. Núcleos confeccionados em compósito são
A nova geração de compósitos fluidos contém na- aderidos ao esmalte e à dentina remanescente por
noparticulas em um volume de carga um pouco meio de agentes de união. Deve-se usar um agente
menor que nos compósitos universais ou multiuso. adesivo recomendado pelo fabricante do material do
Recentemente, compósitos de baixa viscosidade núcleo, pois alguns materiais de núcleo autopolime-
autoadesivos foram lançados no mercado. rizáveis são incompatíveis com alguns agentes de
Propriedades típicas de compósitos de baixa vis- união fotopolimerizáveis. A retenção da restauração
cosidade estão listadas na Tabela 9-3. Compósitos de final não deve contar apenas com a estrutura de com-
baixa viscosidade têm um baixo módulo de elastici- pósito, uma vez que somente a adesão do núcleo de
dade, o que pode tomá-los úteis em áreas de abfra- compósito à dentina remanescente é insuficiente para
ção cervical. Por causa do menor conteúdo de carga, resistir às rotações e aos deslocamentos da coroa.
eles apresentam maior contração de polimerização e
menor resistência ao desgaste do que os compósitos
universais. A viscosidade desses compósitos permite
que eles sejam dispensados com uma seringa com
ponta de agulha, para fácil manuseio. Um aqueci-
mento leve de compósitos com maior viscosidade
pode aumentar o seu escoamento e permitir-lhes
serem inseridos como compósitos fluidos.
O cimento, depois da reação de presa, é cons- ouro, prata e titânio, para melhorar sua resistência.
tituído por um hidrogel de poliacrilatos de cálcio, Esses materiais são chamados de cermets. Os siste-
alumínio e fluoroalumínio envolvendo as partículas mas comercialmente disponíveis são produzidos
de vidro não reagidas, as quais estão envolvidas com prata fundida ao vidro. Embora a resistên-
por uma camada de hidrogel de sílica fracamente cia ao desgaste seja melhor que a dos materiais
aderida. Cerca de 20'Yo a 30% do vidro é dissolvido convencionais, a resistência à flexão e à abrasão
na reação. Partículas menores de vidro podem ser não são significativamente melhoradas, enquanto
totalmente dissolvidas e substituídas por partícu- que a liberação de flúor é reduzida. Por causa da
las de hidrogel de silício contendo cristalitos de presença de fase metálica, os cimentos tipo cermets
fluorita. A estabilidade da matriz é dada por uma apresentam cor cinza.
combinação do entrelaçamento das cadeias, ligações
cruzadas iônicas fracas e pontes de hidrogênio. Componentes e Reação de Presa
Avanços significativos foram feitos na formulação de lonômeros de Vidro Modificados
do ionômero de vidro convencional nos últimos anos por Resina
para melhorar a sua manipulação e suas proprieda-
des mecânicas. Uma presa mais rápida foi conseguida Com a intenção de desenvolver tempos de traba-
pela alteração do tamanho e da distribuição de tama- lho mais longos e ainda assim uma presa rápida de
nho das partículas do pó de vidro. Um fabricante forma a permitir o acabamento imediato, foi intro-
recobre as partículas de pó com um material poli- duzido o conceito ionômero de vidro modificado por
mérico para facilitar a mistura. resina no final dos anos 1980. Os componentes essen-
ciais são semelhantes aos cimentos convencionais em
que uma solução aquosa de ácido carboxílico sofre
Cennets uma reação ácido-base com um vidro de fluoroalu-
Os primeiros ionômeros de vidro convencionais minossilicato. O cimento de ionômero de vidro modi-
não eram muito resistentes mecanicamente. Por ficado por resina também contém alguns compostos
isso, os vidros eram fundidos com metais, como de metacrilato comuns em compósitos resinosos.
Co,H
.
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,
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(1)
H20
H,o· + Vidro de FAS _ _.. •
S~OH)4 •
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AIF2 , AF , AI , C~ , Sr
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ele. (2)
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COi
! (3)
Além desses metacrilatos, são adicionadas peque- vidro modificado por resina, o polímero é o ácido
nas quantidades de outros componentes de forma carboxílico sem modificacões. Neste caso, o líquido
a permitir uma reação de polimerização fotoativada é formulado como uma mistura de monômeros
ou ativada quimicamente (redox) das ligações du- de metacrilato hidrofílicos e água. Geralmente, o
plas de carbono. Embora os materiais comerciais teor de água desses materiais é menor e o teor de
A ; • ..., • •
variem muito na composição, os componentes es- monomero e maior em comparaçao com o pnmerro
senciais de ionômeros de vidro modificados por tipo. Como resultado, o coeficiente de expansão tér-
resina "verdadeiros" são as seguintes: mica desses ionômeros de vidro é alto. Iniciadores
de radicais livres são adicionados para desencadear
• Polímero do ácido policarboxílico - um
a reação de polimerização dos grupos metacrilato.
fabricante usa um ácido carboxílico no qual
Iniciadores sensíveis à luz visível e/ ou iniciadores
alguns grupos metacrilato pendentes estão
redox autopolimerizáveis são utilizados para desen-
presentes
cadear a formação de ligações cruzadas covalentes.
• Vidro de fluoroaluminossilicato
O vidro do FAS dos sistemas de ionômero de vi-
• Água
dro modificado por resina possui composição similar
• Monômero metacrilato hidrofilico
ao descrito para os vidros de ionômero de vidro
• Iniciadores de radicais livres
convencionais, apesar de algumas variações terem
Há duas maneiras de se introduzir os componen- sido feitas de forma a coincidir o índice de refração
tes de metacrilato. No primeiro tipo de sistema de do vidro com o da matriz. Também é comum tratar a
ionômero de vidro modificado por resina, as cadeias superfície do vidro com um modificador orgânico.
do polímero de ácido carboxílico são modificadas Dois tipos distintos de reação de cura ocorrem em
de modo a apresentarem um grupo metacrilato um ionômero de vidro fotopolimerizável verdadeiro,
pendente. Uma maneira comum de fazer isso é a tradicional cura por meio da reação ácido-base dos
reagir alguns dos grupamentos de ácido carboxílico ionômeros de vidro e a polimerização dos meta-
com metacrilato de isocianatoetila, resultando em crilatos por meio de radicais livres. Em laboratório,
grupos metacrilato pendentes unidos através de liga- a primeira reação pode ser monitorada por espec-
ções hidrolíticamente estáveis tipo amida. O primeiro troscopia no infravermelho (FTIR) mediante o sur-
ionômero de vidro modificado por resina lançado gimento dos picos relativos aos íons carboxilato.
comercialmente apresentava esse tipo de química. Isto é mostrado no esquema de reação a seguir. A
reação do metacrilato, sendo uma reação tipo po-
limerização em cadeia, progride a uma taxa que é
HOOC várias ordens de grandeza maior do que a taxa da
reação ácido-base. Na prática, a fração em que cada
uma dessas duas reações ocorre é muito dependente
COOH de cada sistema em particular. Se o sistema possui
n
baixa quantidade de água e alta quantidade dos
HOO componentes de metacrilato, a ionização do ácido
\ carboxílico será suprimida severamente, resultando
NH
em pouca reação ácido-base. A quantidade de reação
ácido-base é facilmente detectada por técnicas quí-
micas como a Espectroscopia no Infravermelho com
Transformada de Fourier (FTffi) e por Espectrosco-
o pia Eletrônica para Análises Químicas (ESCA).
>==O
Sistema de lonômero com Tripla Cura
Estes ionômeros de vidro modificados por resina
apresentam um modo de cura adicional. Se apenas
Componente polimérico frequente em alguns
ionô1neros de vidro modificados por resina
fotoiniciadores forem utilizados para fazer as ligações
cruzadas dos grupos metacrilato, o ionômero de vidro
modificado por resina de tem de ser polimerizado em
Além do ácido carboxílico modificado por meta- camadas, uma vez que a penetração da luz visível só
crilatos, o líquido contém um monômero metacrilato ocorre até uma profundidade limitada. Esta não é uma
miscível em água, por exemplo, o metacrilato de desvantagem nas aplicações em que finas camadas de
hidroxietila (HEMA) ou o dimetacrilato de glicerol materiais sejam necessárias, por exemplo, em forra-
(GOMA). No outro tipo de sistema de ionômero de mentos ou bases. No entanto, para aplicações como
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 201
material restaurador e na confecção de núcleos de ativada por luz. A introdução da tecnologia tri-cura
preenchimento, a necessidade de inserção incremental permite que o ionômero de vidro modificado por
é uma desvantagem. Este problema foi eliminado pelo resina possa ser inserido em volumes maiores,
chamado sistema de ionômero de vidro tri-cura. Aqui, poupando tempo do cirurgião-dentista. Em um
além dos fotoiniciadores, são adicionados iniciadores sistema comercial, os iniciadores redox são micro-
redox de autopolimerização para que a polimerização encapsulados e adicionados ao pó. A espatulação
do metacrilato possa continuar mesmo na ausência de e a mistura do pó com o liquido desencadeiam
luz. As três reações de cura são as seguintes: a liberação dos catalisadores das microcápsulas,
resultando na autocura.
1. Reação ácido-base do ionômero de vidro
Apesar de vários produtos comerciais alegarem
2. Polimerização ativada pela luz
ter a química tri-cura, é importante se familiarizar
3. Polimerização quimicamente ativada
com as instruções de uso e perceber que existem
As reações 2 e 3 são quimicamente semelhantes, diferenças significativas entre eles. Em um sistema
mas diferem no modo de iniciação. As reações 1 e 3 verdadeiramente tri-cura, a polimerização redox é
ocorrem espontaneamente quando o pó e o liquido bastante rápida e permite que o material seja colo-
são misturados. A reação 2 ocorre somente quando cado em grandes quantidades, se desejado.
(1)
+3 "2 •
+ AI • AIF • AIF2 elo. (3)
l
(4)
h• j HEMA
(5)
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Cura por luz Luz Catalisadores redox Cura no escuro tipo
tipo Radical livre Oxidação-Reduçll<>
HEMA HEMA
FIGURA 9, 13 Dispensadores de ionômero de vidro modificado por resina pasta-liquido (A & B) (A. Cortesia de GC
América, Alsip, IL; B. Cortesia de 3M ESPE, St. Paul, MN).
FIGURA 9-14 Cápsulas de automistura em dose única para um ionômero de vidro modificado por resina pasta-pasta.
A ponteira contém um minimisturador estático para automistura quando acionado pelo dispositivo (Cortesia. de 3M
ESPE, St. Paul, MN).
204 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
4.000
E
2: 3.500
Vitremer
.~ 3.000 Fuji li LC
õí
:::> Ketac Nano
§ 2.500
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~ 2.000
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~ 1.500
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500
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0 -1-~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~__,
aqueles pacientes com alto risco de cárie dental. O mecanismo de adesão à estrutura dental é
Uma vasta quantidade de pesquisas in vitro e in principalmente de natureza quimica e ocorre por
situ e um número limitado de estudos clínicos têm meio da troca iônica entre o dente e a restauração.
sido realizados para avaliar o benefício clínico do As ligações poliacrilato-cálcio foram estudadas em
flúor. A maioria destes estudos tem demonstrado a alguns produtos in vitro por Espectroscopia Eletrô-
eficiência desses materiais quando altas e médias nica para Análise Química (ESCA). Uma pequena
atividades de cáries estão presentes. quantidade de ligações micromecânicas tem sido
observada com alguns ionômeros de vidro modi-
Adesão ficados por resina.
Os ionômeros de vidro apresentam boa adesão As forças de adesão dos ionômeros de vidro
clínica à estrutura dental. Ao contrário dos compó- convencionais e modificados por resina à estrutura
sitos à base de resina, o condicionamento ácido da dental, medidas em laboratório, geralmente pos-
superfície do esmalte e da dentina com ácido fosfóri- suem valores menores quando comparados com a
co não é necessário. Assim, estes materiais são por combinação de adesivos resinosos e compósitos. A
vezes considerados autoadesivos. Um pré-condicio- falha é geralmente coesiva no ionômero de vidro;
namento da superfície dental é recomendado apenas portanto, pode-se questionar sobre o quanto essas
para alguns produtos, especialmente aqueles com medições laboratoriais refletem a adesão interfacial
alta proporção pó/líquido para garantir um bom real. No entanto, estudos retrospectivos de análises
molhamento da superfície. Um dos procedimentos clínicas in vivo têm mostrado que os ionômeros de
a seguir pode ser usado como pré-tratamento: vidro modificados por resina proporcionam excelente
retenção e vedação do dente. Uma das razões para is-
• Condicionar a superfície do preparo,
to é o alívio de tensões externas resultante das reações
usando ácido poliacrilico entre lO'Yo e 20%
de cura dual que ocorrem nessa classe de material.
por 10 segundos, lavar bem para remover
Os ionômeros de vidro modificados por resina
o condicionador e os resíduos presentes na
têm sido reconhecidos como um dos melhores tra-
superfície e secar.
tamentos para minimizar a sensibilidade pós-ope-
• Para alguns ionômeros de vidro modificados
ratória em dentes restaurados. Há duas razões para
por resina restauradores, uma solução
isto. Primeiro, porque o condicionamento prévio não
à base de ácido policarboxílico diluído
é necessário para a colocação do material e, como
(identificados pelos fabricantes como primer
resultado, as fibrilas de colágeno não são desmine-
ou autocondicionador) é aplicada sobre a
ralizadas e não existe risco de colapso da camada de
superfície do preparo e toma presa pela luz.
colágeno exposto. Segundo, o mecanismo de presa
Isto garante um bom contato da mistura
é dual e o aumento do valor do módulo é gradual,
viscosa do ionômero de vidro com o dente,
permitindo que o material possa absorver uma
sem impedir as trocas iônicas.
quantidade considerável de tensões de contração,
206 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Visão Geral
COMPÔMEROS
As fontes de luz mais comuns utiliVldas em odon-
Compômeros ou compósitos modificados por tologia para fotoativar compósitos são as de quart-
poliácido são indicados para restaurações em regiões :zo-tungstênio-halogênio e as luzes tipo LED (liglzt-ciút"
submetidas a baixas tensões, embora um produto ting diode). As definições dos termos utilizados para
recente venha sendo recomendado pelo fabricante descrever as fontes de luz utilizadas para ativar resinas
para restaurações classe 1e II em adultos (Tabela 9-1). odontológicas estão listadas na Tabela 9-6.
Compômeros são recomendados para pacientes com
risco médio de desenvolvimento de cárie. Aparelhos de Luz Halógena de
Quartzo-Tungstênio-Halogênio
Composição e Reação de Presa Um exemplo de um aparelho fotopolimerizador
Os compômeros contém monômeros modifi- de quartzo-tungstênio-halogênio (QTH) utilizado
cados por poliácidos com vidros de silicato que para ativar a polimerização dos compósitos é mostra-
liberam fluoretos e são formulados sem água. do na Figura 9-16. O pico do comprimento de onda
Alguns compômeros possuem monômeros modi- varia entre os aparelhos entre aproximadamente 450
ficados, que permitem liberação adicional de flúor. a 490nm. Normalmente, os intervalos de irradiância
A fração volumétrica de carga varia entre 42o/o e são de 400 a 800mW /cm2, mas unidades de QTH
67°/o e o tamanho médio das partículas varia de com maiores intensidades estão disponíveis. Algu-
0,8 a 5,0 µ.m. Os compômeros são apresentados na mas unidades podem ser controladas para fornecer
forma de uma pasta única e embalados em seringas duas ou três intensidades diferentes (polimerização
o u compules. em etapas) ou com intensidade continuamente cres-
A reação de presa ocorre principalmente por cente (polimerização em rampa). Um incremento tí-
meio da polimerização fotoativada, mas uma reação pico de 2mrn de espessura para uma restauração de
ácido-base também ocorre à medida que o compô- resina composta requer urna exposição radiante
mero absorve água em contato com a saliva após sua de8J/cm 2 (400mW/cm2 x 20s= 8.000mW s/cm2)
inserção na cavidade. A a.bsorção de água também é para uma polimerização suficiente.
importante para a transferência de flúor.
TABELA 9-6 DeJiniçX\es de termos utilizados JYdra
Propriedades descrever as fontes de luz para polimerização de resinas
odontológicas
As propriedades típicas de compômeros estão
listadas na Tabela 9-3. Os compômeros liberam Tenno Unidade Definição
fluoretos por um mecanismo semelhante ao dos
Emissão nm Amplitude efetiva dos com-
ionômeros de vidro convencionais e híbridos. Por
espectral primentos de onda emitidos
causa da menor quantidade de vidro de ionômero pela fonte de luz
presente nos compômeros, a quantidade de flúor
liberado e a duração da liberação são menores do Requisitos nm Faixa de comprimentos de
que em ionômeros de vidro convencionais e lubri- espectrais onda necessária para ativar o(s)
foto.injciador(es) das resinas
dos. Além disso, os compômeros não se recarregam
tanto quanto os ionô.m eros de vidro convencionais Fluxo mW Número de fótons por segul\do
e híbridos quando expostos a tratamentos à base emitidos pela fonte de Luz
de flúor ou com a escovação com dentifrícios fluo- lrradiância mW/cm 2 Número de fótons por segundo
retados. ou excitação emitidos pela fonte de luz
radi<mte por unidade de área da ponta
polimerizadora
Manipulação
Energia J* Potência x tempo
Os compômeros necessitam de um agente de
união para aderirem à estrutura dental. O mate- Densidade J/cm2 lrradiãncia x tempo
rial deve ser fotoativado em incrementos de 2 a de energia
2,Smm. 'Joide (JJ = 1000mW r s
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 207
TABELA 9-7 Fatores que causam a diminuição na faz as fontes de LED mais eficientes na ativação da
intensidade da luz de aparelhos fotopolimerizadores canforoquinona do que as fontes de QTH. A geração
de quartzo-tungstênio-halogênio (QTH) e dicas de de fótons depende apenas da energia aplicada nos
manutenção comprimentos de onda absorvíveis.
Fatores Dicas de manutenção
Compósitos fotoativados com unidades de LED
têm propriedades em flexão semelhantes àqueles
Pó ou deterioração do refletor Limpeza ou troca do fotoativados com unidades de QTH. A profundida-
refletor de de cura com as unidades LED parece ser maior.
Queima do filamento da Troca da lâmpada
lâmpada
APLICAÇÕES DQS POLÍMEROS EM
Escurecimento/ opacidade da Troca da lâmpada
lâmpada
PROTESE
Idade dos componentes Monitorar intensidade, Polímeros acrílicos têm uma ampla variedade
trocar o aparelho de aplicações em odontologia restauradora, como
Lascamento na ponta Trocar a ponteira bases de próteses, dentes artificiais, materiais
para reparo de próteses, moldeiras, restaurações
Restos de resina na ponta Limpeza ou troca da
ponteira provisórias e no reparo de defeitos do esqueleto
maxilofacial. A grande maioria das próteses confec-
Flutuações na voltagem da Providenciar um cionadas atualmente é fabricada com poli(metacri-
rede regulador de voltagem lato de metila) ativado pelo calor e poli(metacrilato
Falta de uniformidade ao Sobrepor fotopofuneri- de metila) reforçado com borracha. Fraturas das
longo da ponteira de luz zações nas superfícies próteses ainda ocorrem, mas são geralmente as-
maiores sociadas a negligência ou uso inadequado pelo
Distância aumentada entre a Manter a ponteira paciente. Considerando-se as tensões funcionais,
ponteira e o material próxima ao material o meio oral e a vida útil esperada, o desempenho
dos materiais para base de próteses se mostra ex-
tremamente satisfatório.
absorção da canforoquinona do que o espectro das
fontes de QTH, supõe-se que as fontes de LED azuis
sejam mais eficientes. Nas fontes de QTH, a maioria Forma e Composição
da energia da luz é filtrada e descartada, já que a A resina acrílica para base de prótese é comu-
lâmpada de QTH é uma fonte de amplo espectro e mente apresentada na forma de pó e líquido ou na
somente os comprimentos de onda absorvidos pela forma de um gel. Materiais apresentados na forma
canforoquinona são desejados. Para as fontes de pó-líquido podem conter os materiais listados no
LED, a emissão não é filtrada. Isso, no entanto, não Quadro 9-1.
QU ADR0 9.1
INGR
, E DIENTE
, S PRINCIPAIS DE A C RÍLICO
, S
PO - LIQUIDO PARA BA S ES D E PROTESE
P6 Líquid o
Pérolas de polímero (ou copolímero) acrílico Monõmero
Iniciador Inibidor
Pigmentos Acelerador
Corantes Plastificante
Opacificante Agente de ligações cruzadas
Plastificante
Fibras orgânicas tingidas
Partículas inorgânicas
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLfMEROS 209
PROBLEMAS SELECIONADOS
PROBLEMA 1 mente atingida por meio da aplicação de incrcmcntos
Na seleção de um compósito a ser utilizado em uma de compósitos de cores diferentes e menos excesso de
restauração d e classe IV extensa, quais as vantagens material estará presente após a inserção e a cura da
em se utiliz."lr um compósito fotopolimerizável? restauração, facilitando assim o acabamento.
Solução PROBLEMA 2
O contorno pode ser mais adequadamente alcan- A confecção de um núcleo extenso posterior é ne-
çado por meio da técnica incremental; menos bolhas cessária em um molar inferior. Por que um compósito
d e ar são incorporadas, pois a mistura d e duas pastas tipo autopolimerizável para o núcleo é o material de
não é necessária; a cor adequada pode ser mais facil- escolha?
210 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Solução PROBLEMA 6
É possível atingir a cura uniforme sob uma coroa Que variáveis de manipulação podem ser con-
usada como molde para o núcleo; compósitos de troladas para melhorar a profundidade de cura de uma
baixa viscosidade se adaptam melhor aos pinos e restauração de compósito fotopolimerizável extensa?
compósitos opacos ou coloridos podem ser utiliza-
dos para diferenciar o núcleo da estrutura dentária Solução
durante a preparação da coroa. As seguintes variáveis podem ser controladas: o
tempo de exposição à luz pode ser aumentado para
os tons mais escuros e para os incrementos maiores
PROBLEMA 3 (maiores que 2 mm); a fonte de luz pode ser mantida
Quando pequenas bolhas de ar aparecem na su- a 1 mm da superfície da resina e a extremidade da
perfície de urna restauração de compósito fotopoli- ponta do fotopolimerízador pode ser distribuída
merizável durante o acabamento, quais são os fatores sobre a superfície do compósito em etapas, com
causais relacionados à manipulação? várias exposições, garantindo a uniformidade da
polimerização.
Solução
O problema pode ter sido causado por exposição
do compósito dispensado à luz operatória antes da PROBLEMA 7
inserção incremental; pelo trabalho prolongado em Quais são as propriedades dos compósitos mi-
cada incremento, a ponto de incorporar vazios entre cro-Ju'bridos que os tornam o material de escolha para
as camadas; pela mistura de incrementos de pastas a restauração de uma classe IV anterior extensa com
de dois tons diferentes em um bloco de mistura antes significativa função incisai?
da inserção ou pelo uso excessivo de álcool como
lubrificante do instrumento de inserção. Solução
As propriedades positivas são mais resistência
e maior módulo de elasticidade, menor contração
PROBLEMA 4 de polimerização, menor coeficiente de expansão
Há alguma razão para se esperar que a cor de uma térmica, baixa absorção de água e maior resistência
restauração classe IV extensa seja mais estável quando ao desgaste.
um compósito fotopolimerizado é utilizado em vez
de um compósito quimicamente ativado? Por quê?
PROBLEMA 8
Solução A avaliação clínica de uma restauração após 2 anos
Sim. Um compósito autopolimerizável contém mostra uma descoloração marginal que parece penetrar
um acelerador à base de arnina aromática que é mais em profundidade na interface da restauração. Que
suscetível à degradação por oxidação do que a arnina fatores contribuem para esse fracasso na adesão?
alifática, presente no sistema fotopolimerizável.
Solução
Os fatores que contribuem são a tensão residual
PROBLEMA 5 decorrente da contração de polimerização; tensões
Quando uma faceta fina anterior de compósito é de fadiga sobre a interface decorrentes de ciclagem
indicada para modificar a cor dos dentes, quais são as térmica; contaminação da área de adesão durante a
vantagens de uma resina composta microparticulada? inserção do material; tensões de flexão nas margens
da restauração causadas pela aplicação de forças fun..
Solução cionais intermitentes na restauração e na degradação
As vantagens são as seguintes: uma maior trans- hidrolítica da interface adesiva (especialmente se for
lucidez melhora o aspecto final; uma textura de su- em dentina).
perfície mais lisa fornece uma superfície brilhante e
com padrões de reflexão da luz semelhantes ao do
esmalte; em uma camada fina aderida ao esmalte, PROBLEMA 9
elevadas propriedades mecânicas e físicas não são tão Durante o reparo de uma restauração de faceta an-
importantes como em uma restauração classe IV. terior com uma pequena área de infiltração marginal
9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 211
Solução Solução
A adesão é principalmente micromecânica e é Esses fatores são a perda de material, como resulta-
formada na superfície áspera do compósito origi- do da deterioração do agente de ligação silano entre as
nal. Uma ligação química fraca pode ocorrer entre partículas de preenchimento e a matriz; a contração de
o adesivo antigo exposto não reagido e o adesivo/ polimerização excessiva em restaurações com volume
compósito novo. O compósito reparado tem menos relativamente grande, a propagação de trincas através
força de coesão do que o compósito original e será das interfaces entre as partículas de preenchimento
mais durável se a área adjacente de esmalte também com o polímero e a baixa resistência à abrasão de um
puder ser condicionada por ácido. volume relativamente grande da matriz polimérica.
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9. MATERIAIS RESTAURADORES - COMPÓSITOS E POLÍMEROS 215
•
Amálgama Ligas para Fundição Odontológica
Ligas de amálgama dentário Tipos e ComposiÇio
História Elementos Metálicos Usados en1 Ligas
Composição e Mmfologia Dentárias
Produção Metais Nobres
Liga de Pi·ata-estanlw Metais Básicos
Processos de An1algamaÇio Combinações Binárias de Metais Nom·es
Ligas de Baixo Teor de Cobre Tamanho do Grão
Ligas de Alto Teor de Cobre Propiiedades
Microestrutura do Amálgama Composição e Prop?iedades de Ligas de
Propriedades Físicas e Mecânicas Metais Nobres para Restaurações
Especificação ANSI/ADA para Liga Metalocerâmicas
de Amálgama Ligas de Metais Básicos
Mercúrio na Mistura Exigências Gerais para Ligas de Metais
Resi.stência à Compressao Básicos para Uso O dontológico
Resi.stência à Traçao Ligas de Cobalto-cromo e Níquel-cromo
Resi.stência à Flexao para FundiÇio de Próteses Parciais
Módulo de Elasticidade Re1novíveis
Creep* Especificação ANSI/ADA No.
Alw·ação Dimensional 14 (ISO 6871)
Con·osão Composição
Propriedades do Mercúrio Microest?-u.tura de Ligas de Metais Básicos
Adesão do A1nálgan1a pai·a Fundição
Tratamento Ténnico de Ligas de Metais Básicos
*Nota da R evisão C ientífica: O cermo "creep" não foi Prop?iedades Físicas
traduzido por não existir na lfngua porcuguesa palavra Propiiedades Mecânicas
que expresse o seu significado de forma inequívoca.
Cm·rosão
Po..<>síveis craduções co1no "escoa1ne11to" ou "fluê11cia"
se refe.r em a outras propriedades. Em engenharia, o
Ligas de Fundição de Metais Básicos para
termo "creep" é algumas vezes craduzido como "es- Pi·óteses Fixas
corregan1e11to" ou 11 ra.c;cejan1ento11, referindo.-se a um Out?·as Aplicações para Ligas de Metais
fenômeno lento e progressivo. Básicos Fundidas
217
218 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
TABELA 10-1 Composição aproximada de ligas de amálgama com baixo e alto teor de cobre
Ag, prata; Cu, cobre; In, fndio; Pd, paládio; Sn, estanho; Zn, zi11co.
tardia, caso fluidos à base de água, como sangue ou 33°/o a 60% de partículas esféricas que têm uma com-
saliva, estejam presentes no interior do amálgama posição próxima à composição eutética de A~Cu2
durante a condensação. Por isso, profissionais são (Fig. 10-2); o restante são partículas irregulares.
informados desse possível problema. Possíveis solu- Como nas ligas do tipo mistura, as ligas uni-
ções incluem o uso de ligas sem zinco e atenção redo- composicionais têm maior teor de cobre do que
brada ao isolamento do campo operatório. A presença as ligas tradicionais em limalha ou as esféricas de
de contaminação dentro do amálgama precisa ser baixo teor de cobre, mas todas as partículas são
evitada porque pode comprometer a integridade da esféricas, como visto na Figura 10-2. O teor de prata
restauração. A composição aproximada de ligas de das ligas unicomposicionais varia de 40% a 60%,
amálgama comerciais é mostrada na Tabela 10-1. o teor de cobre varia de 13% a 30% e o de estanho
As ligas são classificadas, em linhas gerais, como varia apenas ligeiramente.
ligas de baixo teor de cobre (So/o ou menos cobre) e de Também se encontra disponível uma liga tipo
alto teor de cobre (13o/o a 30% de cobre). As partícu- mistura de alto teor de cobre, em que ambas as partí-
las podem apresentar formato irregular, esférico de culas esféricas e irregulares têm a mesma composição
diferentes tamanhos ou uma combinação de ambos. e o teor de cobre está entre 29% e 30%. Ligas de alto
A Figura 10-2 mostra imagens das partículas obtidas teor de cobre com partículas unicomposicionais e ir-
em microscópio eletrônico de varredura. As ligas regulares podem ser encontradas, porém são menos
de baixo teor de cobre têm partículas irregulares comuns. Essas ligas em forma de aparas (limalhas)
ou esféricas. Ambos os tipos morfológicos contêm de alto teor de cobre contêm mais de 23% de cobre.
prata e estanho em uma proporção que se aproxima Estima-se que mais de 90% d os amálgamas
do composto intermetálico Ag3Sn. As ligas de alto dentários utilizados atualmente sejam de ligas de
teor de cobre contêm partículas esféricas da mesma alto teor de cobre. Das ligas de alto teor de cobre,
composição (unicomposicional) ou uma mistura de ligas do tipo mistura são mais utilizadas do que
partículas irregulares e esféricas de composições as esféricas, e ligas de partículas irregulares são
diferentes ou semelhantes (mistura). as menos utilizadas. Uma liga de alto teor de co-
Quando as partículas têm composições diferen- bre é selecionada para obter uma restauração com
tes, fazem-se as ligas mistas, misturando-se partí- alta resistência inicial, baixo creep, boa resistência à
culas de prata e estanho com partículas de prata e corrosão e boa resistência à fratura marginal.
cobre. A partícula de prata-estanho é normalmente Em geral, a composição da liga - tamanho, for-
de forma irregular, enquanto que a partícula de ma e distribuição de partículas - e o tratamento
prata-cobre é normalmente esférica. A composi- térmico controlam as propriedades características
ção de partículas de prata-estanho na maioria das do amálgama.
ligas comerciais é a mesma encontrada nas ligas
de baixo teor de cobre. Diferentes fabricantes, no
Produção
entanto, têm composições um pouco diferentes para PARTÍCULAS IRREGULARES
a partícula de prata-cobre. A Tabela 10-1 mostra as Para produzir ligas com partículas em forma de
variações composicionais das partículas esféricas de limalha, é preciso aquecer os ingredientes metálicos
prata-cobre. A liga do tipo mistura regular contém e protegê-los da oxidação até que sejam fundidos,
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 221
FIGURA 10-2 Microscopias eletrônicas de varredura. A, limalha; B, esférica; e C, mi<>tura de ligas de amálgama.
e então derramá-los em um molde para formar um cidas, mas algum envelhecimento da liga é desejado
lingote. O lingote é resfriado de forma relativamente para aumentar a vida útil do produto. O envelhe-
lenta, levando à formação principalmente de Ag3Sn cimento está relacionado ao alívio de tensões nas
(-y) e algum Cu3 Sn (e), Cll6Sns (Tt ')e Ag.iSn ([3). Após partículas produzidas durante o corte do lingote. As
o lingote esfriar completamente, é preciso aquecê-lo partículas da liga são envelhecidas sujeitando-as a
por períodos de tempo variados (normalmente 6 a 8 uma temperatura controlada de 60° a lOOºC por 1 a
horas) a 400ºC para produzir uma distribuição mais 6 horas. Partículas de alto teor de cobre com formas
homogênea de Ag3Sn. Reduz-se, então, o lingote irregulares são confeccionadas borrifando-se a liga
a limalhas cortando-o em um tomo e moendo as fundida em água sob alta pressão.
aparas. As partículas são passadas por uma peneira
fina e são novamente moídas para atingir o tama- PARTÍCULAS ESFÉRICAS
nho de partícula desejado. As partículas têm tipica- Partículas esféricas de ligas de baixo ou alto teor
mente de 60 a 120 µ.m de comprimento, 10 a 70 µ.m de cobre são produzidas quando todos os elementos
de largura e 10 a 35 µ,m de espessura. A maioria desejados são fundidos juntos. Na fase de fundição, os
dos produtos é rotulada como contendo aparas de ingredientes metálicos formam a liga desejada. A liga
corte fino. A Figura 10-2, A, mostra o tamanho e líquida é então borrifada, sob alta pressão de um gás
a forma das partículas em ligas de amálgama do inerte, através de uma fenda fina de um cadinho para
tipo limalha. uma grande câmara. Dependendo da diferença na
Em geral, ligas recém-usinadas reagem e tomam energia de superfície da liga fundida e do gás usado
presa mais rapidamente do que partículas envelhe- no spra11 a forma das partículas pode ser esférica ou
1
222 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
um pouco irregular, como mostrado na Figura 10-2, Se a concentração de estanho for menos do que 26%,
B. O diâmetro das esferas varia de 2 a 43 µm. a fase beta (13), que é uma solução sólida de prata e
estanho, se forma. A substituição da prata por uma
Liga de Prata-estanho quantidade igual de cobre produz um composto de
Uma vez que dois dos principais ingredientes na cobre-estanho (Cu$n).
liga de amálgama são prata e estanho, é importante Em geral, quantidades maiores (acima de 30%)
conhecer o diagrama de equilíbrio de fases para ou menores (abaixo de 26°/o) de estanho na liga são
estes dois metais, mostrado na Figura 10-3. prejudiciais para as propriedades finais do amálga-
A característica mais importante nesse diagrama, ma.Considera-se como a razão para essa mudança
no que se refere à liga de prata-€stanho, é que, quan- desfavorável nas propriedades uma redução na
do uma liga contendo aproximadamente 27o/o de quantidade de Ag3 Sn em casos em que a porcen-
estanho esfria-se lentamente abaixo da temperatura tagem de estanho é alterada além dos limites in-
de 480ºC, produz-se um composto intermetálico dicados. Esta é a base para os limites relativamente
(Ag$n) também conhecido como fase gama (-y). Este estreitos das composições das ligas encontradas em
composto Ag3 Sn é um ingrediente essencial na liga produtos com propriedades aceitáveis.
de amálgama de prata e se combina ao mercúrio Ligas de amálgama de prata-€stanho compos-
para produzir um amálgama dentário de pro- tas para produzir em grande parte Ag3 Sn reagem
priedades mecânicas e características de manuseio favoravelmente com mercúrio para produzir apenas
desejadas. Este composto de prata-estanho é for- ligeiras alterações dimensionais de presa quando
mado apenas sob uma faixa estreita de composição. devidamente manipuladas. Além disso, encurta-se
O teor de prata para uma liga como esta seria de o tempo de presa ao se aumentar o teor de prata, e
aproximadamente 73%. Em termos práticos, o teor as propriedades mecânicas são superiores quando
de estanho se mantém entre 26'% e 30o/o, e o restante se usa uma liga de Ag$n em vez de uma com teor
da liga consiste em cobre e, em alguns casos, zinco. mais alto de estanho.
1.000
960,5º
800
Líquido
13 +Líquido
~
9 600
480°
a +
1
1
J3: J3 J3
'Y
221º \
200
"'{, 1
1
1
+
'Y 96,5'%_/
11 1 'Y + õ
r
11 1
11
, 1
1 õ
1
1, 1 26,8"/o
11 1
o
Ag 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Sn
Porcentagem de peso de estanho
FIGURA 10-3 Diagrama de fase de equilíbrio para prata e estanho. Ag, prata; Sn, estanho. (modificado de Murphy
Af, ltrst. Metais. f. 35, 107, 1926).
10. MATERIAIS RESTAURAOORES - METAIS 223
Processo de Amalgamação porcentagens das fases 'Y e 'Y2 são 27o/o a 35o/o e 11% a
13%, respectivamenre. A fase Agifi& serve como a fase
Ligas de Baixo Teor de Cobre matriz em torno das partículas não reagidas da liga,
Todas as ligas de amálgama dentário, inclusive enquanto a fase S~.afig (-y2) permeia a estrutura em
ambos os tipos de baixo e alto teor de cobre, têm urna forma do tipo de esqueleto contínuo.
Ag 3Sn como o componente principal, que reage
com mercúrio para formar Ag2Hg3, a fase princi- Ligas de Alto Teor de Cobre
pa l da matriz do amálgama cristalizado. Por causa A principal diferença entre ligas de amálgama d e
dessa semelhança básica, uma discussão inicial da baixo e alto teor de cobre não é meramente a porcen-
amalga mação de ligas de baixo teor de cobre é uma tagem de cobre, mas também o efeito que o teor de
preliminar importante para aquela das ligas de alto cobre mais alto tem na reação do amálgama. O maior
teor de cobre. teor de cobre nessas ligas é fornecido pelo eutético
A liga de amálgama é intimamente misturada prata-<:obre ou pela fase Cu~n (e). Essa quantidade
com mercúrio líquido para molhar a superfície das de cobre resulta na eliminação da fase Sn 7.gHg ('Y2),
partículas de modo que a reação entre o mercúrio que é a fase mais fraca e mais suscetível à corrosão
líquido e a liga possa proceder a uma velocidade em um amálgama de baixo teor de cobre. Portanto,
razoável. Essa mistura é chamada de trituração, cuja restaurações usando amálgamas feitos com cobre
dupla função é a de misturar os ingredientes e remo- suficiente tendem a ter propriedades físicas e me-
ver camadas superficiais de óxido que se formam nas cânicas superiores e um período mais longo de uso
partículas da liga. Durante esse processo, o mercúrio clínico do que as restaurações feitas com amálgamas
se d ifunde para o interior das partículas da liga e de baixo teor de cobre.
reage com as porções de prata e estanho para formar
predominantemente compostos de prata-mercúrio REAÇÃO DO M ERCÚRIO EM UMA LIGA
e estanho-mercúrio. O composto de prata-mercúrio é DE AMÁLGAMA D E ALTO TEOR DE
Ag2H~ e é conhecido como a fase gama um ('Y1), e o COBRE DO TIPO MISTURA
composto de estanho-mercúrio é SI?-sfig, conhecido Em ligas do tipo mistura com alto teor de cobre,
como fase gan111 dais ('Y0· Contudo, as fases prata-es- cobre adicional é fornecido, acrescentando-se partí-
tanho, prata-mercúrio e estanho-mercúrio não são culas esféricas da liga eutética de prata-cobre à liga
puras. Por exemplo, as partículas da liga normalmen- de limalha de baixo teor de cobre em urna proporção
te contêm pequenas quantidades de cobre na forma de 1:2. As solubilidades da prata, estanho e cobre no
de Cu3Sn e, ocasionalmente, pequenas q uantidades mercúrio diferem-se consideravelmente. Um mg d e
de zinco. Ag2Hg3 contém 1o/o a 2% de estanho. cobre, 10mg de prata e 170mg de estanho podem se
Enquanto os cristais das fases 'Yi e 'Y2 estão sen- dissolver no mercúrio, todos na mesma temperatura.
do formados, o amálgama é relativamente mole, Portanto, o mercúrio dissolve principalmente a prata
sendo facilmente condensado e esculpido. À medi- e o estanho presentes na Ag_.,Sn, enquanto que muito
da que o tempo avança, formam-se mais cristais de pouco das partículas eutéticas de prata-<:obre é dis-
'Yt e 'Y 2; o amálgama se torna mais duro e resistente solvida. Durante a trituração, a prata dissolvida das
e não pode mais ser condensado ou esculpido. O partículas de prata-estanho reage, assim como em
lapso de tempo entre o fim da trituração e quando o ligas de baixo teor de cobre, para formar a fase 'Y1 en-
amálgama endurece (cristaliza) e não é mais traba- quanto o estanho dissolvido migra para a superfície
lhável é denominado tempo de trabalho. das partículas de prata-cobre para formar CUi;Sns,
A quantidade de mercúrio líquido usada para fase eta. prime (11') do sistema cobre-estanho. Assim,
amalgamar as partículas da liga não é suficiente o estanho se une com o cobre suficiente para evitar
para reagir completamente com as partículas. Por- a formação de -y2. fl possível simplificar a reação da
tanto, a massa cristalizad a do amálgama contém por amalgamação como se segue:
volta de 27% de partículas não reagidas. É possível
y(A~Sn)+Ag-Cu (eutético)+Hg~
resumir de forma simplificada a reação de uma liga
'Y1 (Ag2H~) +ri'(Cu&Sns) +1(A~Sn) não
de amálgama de baixo teor de cobre com mercúrio
reagido+Ag-Cu não reagido (eutético)
do seguinte modo:
Microestrutura do Amálgama
Em aplicações dentárias, a quantidade de mercú-
rio líquido usada na amalgamação com partículas da
liga é menor do que aquela exigida para completar a
reação. Assim, a massa do amálgama cristalizado é
composta por partículas que não reagiram rodeadas
por uma matriz dos produtos da reação. A reação é
principalmente uma reação de superfície, e a matriz
une as partículas que não reagiram. A difusão e a
reação inicial de mercúrio e liga são relativamente
rápidas, e a massa muda rapidamente de uma con-
sistência plástica para uma massa dura. A reação
completa pode levar vários dias a semanas, o que FIGURA 10-4 Microestruturas de amálgamas cristalim-
se reflete na mudança das propriedades mecânicas dos dos tipos (A) baixo teor de cobre, limalha, (B) alto teor
ao longo do tempo. de cobre, mistura e (C) alto teor de cobre, composição úni-
ca. Estas fotografias foram feitas sobrepondo-se varreduras
A Figura 10-4 mostra a microestrutura de amál-
de microssonda de raios-x dos elementos através de filtros
gamas cristalizados dos tipos de baixo teor de cobre coloridos; azul para prata, vermelho para cobre e verde
em forma de limalha, de alto teor de cobre do tipo para estanho. A fase da matriz azul/ preta é A2HSJ (-y1) para
mistura e de alto teor de cobre do tipo composição todos os amálgamas. A fase Sn7 .aHg (-yJ de cor verde está
única. Estas fotografias foram feitas superpondo presente somente na liga de baixo teor de cobre A. A fase
varreduras de microssonda de raio&-x através de Cu~lló (11') de cor tangerina é mínima na liga A, mas subs-
filtros coloridos; azul para prata, vermelho para tancial nas ligas B e C. Na Liga B, a fonte do aumento de
cobre e verde para estanho. A fase azul/ preta da cobre está na fase eutética de prata-cobre esférica em que
matriz é AiHg3 ( 'Yi) para todos os amálgamas. A fase o 11' envolve esta partícula esférica. Na liga C, a fonte do
aumento de cobre está no CUJSn ad idoJ1a 1 acrescentado à
Sn1-sHg ('Y2) de cor verde está presente somente na
partícula Ag3Sn esférica e fases Cu~Sns (11') estão presentes
liga de baixo teor de cobre A. A fase C~Sn5 (11 ') de em volta dessa particula esférica (Corlesin de Mnhler 08,
cor tangerina é mínima na liga A, mas substancial OHSU School o/Dentistry, Portland, Oregon).
nas ligas B e C. Na liga B, a fonte do aumento de
cobre é a fase eutética esférica de prata-cobre em
que 11' rodeia esta partícula esférica. Na liga C, a A RESISTÊNCIA DAS VÁRIAS FASES
fonte do aumento de cobre está no Cu3Sn adicional As resistências relativas das diferentes fases do
acrescentado à partícula esférica A&Sn, e a fase amálgama são importantes. Ao estudar a iniciação e a
CllóSns(ll ') está presente ao redor dessa partícula propagação de uma trinca em amálgama cristalizado,
esférica. é possível observar a resistência relativa das diferen-
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 225
..
FIGURA 10-5 Propagação de uma trinca em um amálgama dentário. A, sem condicionamento. B, após condiciona-
mento (de Asgar K, Sutfin L: }. Dent. Res. 44, 985, 1965).
tes fases. A Figura 10-5 mostra a propagação de uma tário. A especificação lista três propriedades físicas
trinca em um corpo de prova de amálgama dentário. como meio de medir a qualidade do amálgama:
É possível ver a iniciação e propagação da trinca de resistência à compressão, creep e alteração dimensio-
um corpo de prova de amálgama sob um micros- nal. A resistência à compressão mínima permitida é
cópio metalográfico com um visor de deformação. de 80MPa para 1 hora após a presa e 300MPa para
A propagação da trinca pode ser interrompida e o 24h após a presa; o creep máximo permitido é 1 o/o e
espécime condicionado para identificar as várias a alteração dimensional entre 5 minutos e 24 horas
fases. O resultado de tais estudos levou ao seguinte deve estar dentro do intervalo de - 15 a +20 µ,m/
ordenamento das diferentes fases de um amálgama cm. A Tabela 10-2 mostra as propriedades físicas
de baixo teor de cobre cristalizado, do mais forte para de diversos amálgamas.
o mais fraco: Ag:$n (-y), a fase prata-mercúrio (-y1), a
fase estanho-mercúrio (-y2) e os vazios. Mercúrio na M istura
Prata-mercúrio e estanho-mercúrio agem como Em geral, partículas irregulares têm áreas de
uma matriz para unir a liga de amálgama que não superfícies mais elevadas do que partículas esfé-
reagiu. Quando quantidades relativamente menores ricas e, portanto, precisam de mais mercúrio para
das fases prata-mercúrio e estanho-mercúrio se for- molhar suas superfícies. Por sua vez, porcentagens
mam, até um mínimo exigido para unir as partículas mais altas de mercúrio na mistura resultarão em
que não reagiram, o amálgama cristalizado é mais maiores teores de mercúrio e menores resistências
resistente. Quando uma porcentagem mais alta de dos amálgamas endurecidos. Mostra-se claramente
mercúrio é deixada na massa final, ele reage com este efeito na Tabela 10-2.
volumes maiores da liga de amálgama, produzindo
maiores quantidades das fases prata-mercúrio e Resistênd a à Compressão
estanho-mercúrio e deixando relativamente me- Resistência a forças de compressão é uma im-
nores quantidades de partículas não reagidas. O portante característica de resistência do amálgama.
resultado é uma massa mais fraca. Em amálgamas Como o amálgama é mais resistente na compressão
de alto teor de cobre, a propagação de trincas ocorre e muito mais fraco na tração e no cisalhamento, o
preferencialmente através da fase -y1 e ao redor de modelo de preparo cavitário deveria maximizar
partículas contendo cobre. tensões de compressão durante o uso e minimi-
zar tensões de tração e cisalhamento. Quando sub-
Propriedades Físicas e Mecânicas metido a uma rápida aplicação de carga gerando
tensões em tração ou em compressão, um amálgama
Especificação ANSYADA para Liga dentário não apresenta deformação ou alongamento
de Amálgama significativos e, como resultado, funciona como um
A especificação ANSI/ ADA No. 1 (ISO 24234) material frágil. Portanto, uma aplicação repentina
para liga de amálgama contém requisitos que aju- de força excessiva no amálgama pode levar à fratura
dam a controlar as qualidades do amálgama den- da restauração de amálgama.
226 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
TABELA 10-2 Mercúrio na mistura, resistência à compressão, resistência à tração, creejJ e alteração dimensional
Resistência à Resistência à tração
compressão (MPa) (MPa) Alteração
Mercúrio na dimensional
mistura (0/o) lhr 7 dias 15min 7 dias Creep (%) (mm/cm)
BAIXO COBRE
Ligas
Limalha
Ligas
Mistura
Dispersalloy 50,0 118 387 3,8 43 0,45 -1,9
composição única
Sybraloy 46,0 252 455 8,5 49 0,05 --S,8
Tytin 43,0 292 516 8,1 56 0,09 --S,1
(Adaptado de 1\Aalhotra lvtL, Asgar K: JAmer Dent Assoe 96:44<i, 1978)
A Tabela 10-2 lista as resistências à compressão são; portanto, o desenho do preparo cavitário deve
iniciais após 1 hora de cristalização para diversas tentar reduzir as resistências à tração resultantes
ligas de baixo e alto teor de cobre. Os materiais de das forças de mordida. As resistências à tração aos
alto teor de cobre de composição única apresentam 15 minutos para ligas de alto teor de cobre de com-
as resistências à compressão iniciais mais altas, aci- posição única são significativamente mais altas do
ma de 250'MPa. A resistência à compressão após 1 que para outras ligas.
hora é mais baixa com a liga de baixo teor de cobre
do tipo limalha (45'MPa). Esses dados indicam que Resistênda à Flexão
somente algumas das ligas em forma de limalha Determina-se a resistência à flexão (também
mais antigas atenderiam à exigência para resistência conhecida como resistência transversal) por meio
à compressão no limite de 1 hora da especificação da aplicação de carga para provocar dobramento
ANSI/ ADA No. 1. Valores altos para resistência em um corpo de prova retangular de amálgama.
à compressão inicial são uma vantagem para um Neste teste, a camada superior do espécime está sob
amálgama, pois reduzem a possibilidade de fratura tensões de compressão enquanto a camada inferior
pela aplicação prematura de forças oclusais altas está sob tensões de tração. Os resultados desse teste
pelo paciente antes da resistência final ser atingida. se correlacionam com a resistência à tração e o teste é
As resistências à compressão em 7 dias são nova- muito mais fácil de conduzir.
mente mais altas para ligas de alto teor de cobre de
composição única, com apenas diferenças modestas Módulo de Elastiddade
nas outras ligas. Quando se determina o módulo de elasticidade
para um amálgama dentário, obtêm-se valores
Resistênda à Tração entre 40 a 60 GPa. Como comparação, o módulo
A Tabela 10-2 lista também as resistências à de elasticidade para um compósito resinoso é
tração de diversos amálgamas após 15 minutos e somente de 5 a 20 GPa, o que pode ser importante
7 dias. As resistências à tração em 7 dias para ambas ao considerar amálgamas versus compósitos em
as ligas não contendo -y2 e contendo -y2 são mais certas aplicações clinicas. Ligas de alto teor de
ou menos as mesmas. As resistências à tração são cobre tendem a ser mais rígidas do que as ligas
apenas uma fração de suas resistências à compres- com baixo teor.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 227
10,0 s
n s
~
•Ol
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1
-
Ligas
FIGURA 10-6 Microinfiltração in vitro de diversos amálgamas comerciais (Malrler DB, Nelsoo LW: }. Anr. Detrt. Assoe.
125, 282, 1994).
Uma importância clínica adicional da alteração de classe l simuladas. Estes estudos mostraram
d imensional está relacionada à ocorrência oca- que ligas de partículas esféricas apresentavam
sional de sensibilidade pós-operatória associada maior microinfiltração do que ligas de partículas
a restaurações de amálgama recém-colocadas. O tipo limalha, apesar de suas respectivas altera-
amálgama não adere à estrutura dentária; portanto, ções dimensionais não serem significativamente
uma alteração dimensional negativa resultaria na diferentes. Um exame mais aprofundado revelou
presença de uma fenda interfacial entre a restaura- que as superfícies desses amálgamas próximos às
ção de amálgama e a estrutura do dente. Quando a paredes da cavidade apresentavam uma textura
dentina é cortada durante um preparo cavitário, o relativamente irregular para as ligas de partículas
fluido pulpar nos túbulos tende a ocupar a fenda esféricas se comparada à textura mais lisa das ligas
na interface. As alterações na pressão desse fluido de limalha. Assim, o espaço interfacial preenchido
são uma das principais causas de sensibilidade pós por fluido pulpar foi maior para as ligas de partí-
-operatória. Aparentemente, o tamanho das fendas culas esféricas, o que não é detectado pelo teste de
interfaciais é um fator chave para determinar se a alteração dimensional. Na Figura 10-6, mostra-se
sensibilidade ocorrerá, com fendas maiores sendo a microinfiltração de uma série de amálgamas
particularmente propensas a desencadear esse dentários em que as ligas de partículas esféricas
problema. são marcadas com um S maiúsculo. Está claro que
Embora muitas das ligas que cumprem a a presença de valores mais altos de microinfil-
especificação ANSI/ ADA No. 1 para alterações tração está associada a ligas esféricas. As barras
dimensionais negativas de - 15 µ.m/ cm ou menos sombreadas se referem a ligas em que existiam
não mostrarem uma frequência incomum de sen- dados para indicar uma propensão incomum para
sibilidade pós-operatória, alguns dos amálgamas sensibilidade pós-operatória.
de alto teor de cobre mais recentes consistindo O uso de materiais formadores de películas
apenas de partículas esféricas parecem mostrar como agentes de adesão dentinária para selar os
uma propensão para esta ocorrência. Descobriu-se túbulos dentinários antes da colocação da restaura-
a razão para esta anomalia por meio de estudos ção de amálgama provou ser uma solução eficiente
de microinfiltração in vitro usando-se pressão de para o problema da sensibilidade pós-operatória de
ar através das fendas marginais de restaurações amálgamas de partículas esféricas.
l O. MATERIAJS RESTAURADORES - METAIS 229
Mercúrio com um grau muito alto de pureza Outros estudos mostraram que a retenção de MODs
apresenta um ligeiro manchamento após um curto de amálgama adesivo era tão grande quanto a dos
tempo, porque impurezas contaminam o metal amálgamas retidos com pino. Além disso, restaura-
e produzem uma aparência de superfície opaca. ções adesivas de amálgama reduziram a infiltração
Impurezas no mercúrio podem reduzir a velocidade marginal em restaurações de classe 5 comparadas
em que ele se combina com a liga de prata. com amálgamas não adesivos. Finalmente, os
agentes adesivos para amálgama não foram bem-
-sucedidos em aumentar a resistência adesiva entre
Adesão do Amálgama amálgamas em casos de reparos de restaurações.
Embora o amálgama seja um material restaura-
dor altamente bem-sucedido quando usado em res-
taurações intracoronárias, ele não adere à estrutura LIGAS PARA Fl)NDIÇÃO
do dente e, portanto, não restaura a resistência da ODONTOLOGICA
coroa clinica. Para grandes restaurações, recursos
para retenção adicional, como pinos, ranhuras, pe- Esta seção é dividida em ligas nobres e ligas de
quenas cavidades e sulcos, devem estar presentes, metais básicos. As flutuações no preço do ouro, da
mas elas não reforçam o amálgama ou aumentam platina e do paládio influenciam a seleção de ligas
a sua resistência. para restaurações fundidas. Cada liga tem proprie-
Com o desenvolvimento de sistemas adesivos dades físicas e mecânicas específicas que afetam sua
para compósitos dentários surgiu a oportunidade manipulação e aplicação. O preparo do dente e o de-
de tentar aderir amálgamas à estrutura dentária. senho de restauração determinarão quais proprieda-
Agentes adesivos contendo 4-META, um acrônimo des físicas e mecânicas serão exigidas da liga; assim,
para 4-metacriloxietil anidrido trimelitico (Capí- todos esses fatores devem ser considerados durante
tulo 13), têm sido os produtos mais bem-sucedidos. o processo de planejamento do tratamento.
Tem-se relatado resistências ao cisalhamento do
amálgama à dentina tão altas quanto lOMPa usan-
do esses adesivos, enquanto os valores comparáveis Tipos e Composição
para a resistência ao cisalhamento de compósitos A especificação ADA para as ligas de fundição
microparticulados à dentina usando esses mesmos odontológicas classifica as ligas por composição,
adesivos são da ordem de 20 a 22MPa. dividindo-as em três grupos: (1) altatn.ente nobres,
Não há verdadeira adesão entre o amálgama e a com um teor de metais nobres de pelo menos 60°/o
estrutura dentária. A adesão mostrada por testes de em peso e um teor mínimo de ouro de 40ºk; (2) no-
cisalhamento é estritamente produzida pela interpe- bres, com um teor de metais nobres de pelo menos
netração de agentes de união e o amálgama em suas 25% (nenhuma especificação para o teor de ouro);
interfaces comuns. A técnica para colocação de um e (3) predotnina.ntemente de tn.eta.is básicos, com um
amálgama adesivo consiste em inicialmente colocar o teor de metais nobres inferior a 25% (Tabela 10-3).
agente adesivo na cavidade e, antes do agente adesivo É importante ter em mente que as porcentagens
polimerizar completamente, condensar-se o amálga- usadas como limitadoras na especificação são de
ma na cavidade. Isto representa o desafio técnico de certa forma arbitrárias.
preencher as formas de retenção adicionais do preparo A especificação ANSI/ ADA No. 5 (ISO 1562)
com amálgama misturado a agentes adesivos. utiliza um sistema de classificação de tipos I a
A resistência à fratura de dentes restaurados IV, no qual cada tipo de liga é recomendado para
com restaurações MOO (mésio-oclusal-distal) de aplicações específicas, além da classificação com
amálgama adesivo foi mais do que o dobro daquela base na composição previamente descrita (Tabela
de restaurações contendo amálgamas não adesi- 10-4). Assim, uma liga altamente nobre pode ser
vos. Além disso, apesar da menor resistência ao tipo I ou tipo IV, dependendo de suas propriedades
cisalhamento do amálgama aderido à dentina em mecânicas. Esta situação é de certo modo confusa,
comparação aos compósitos, a resistência à fratura pois na antiga especificação o tipo da liga era de-
de MODs em dentes restaurados com amálgamas finido pela sua composição e praticamente todas
adesivos foi tão alta quanto a de dentes restaurados as ligas eram à base de ouro. No sistema atual, os
com compósitos, embora nenhuma tenha sido tão diferentes tipos de liga são recomendados para uso
alta (45'Yo a 80%) quanto os valores obtidos para o intraoral com base na quantidade de tensões a que
dente intacto. Como esperado, MODs de amálga- provavelmente estará submetida a restauração. Os
ma adesivo com preparos estreitos tinham maior tipos I e II têm alongamento elevado e são, portanto,
resistência do que aqueles com preparos amplos. facilmente brunidos, mas estão indicados somente
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 231
em situações de baixa tensão, como -inlays que não vem tensões muito altas, como próteses fixas com
experimentam forças oclusais. As ligas do tipo IV vão protético amplo. As ligas do tipo m são as mais
devem ser usadas em situações clinicas que envol- comumente usadas na prática dentária.
Embora o número de ligas de fundição seja imen-
so, é possível subdividir cada grupo composicional
TABELA 10-3 Classificação de ligas de prótese do ADA em diversas classes (Tabela 10-5). Estas
da America.n Dental A~sociation revisada. classes são simplesmente um modo conveniente de
Teor Teor de Teor de organizar as diversas estratégias que foram usadas
nobre ouro titânio para formular as ligas de fundição. Para cada classe
exigido exigido exigido de liga mostrada na Tabela 10-5, há muitas varia-
O asse (ºlo) (%) (%) ções; as composições mostradas são apenas exem-
plos representativos. Observe que na Tabela 10-5
Ligas altamente nobres >60 >40
são mostradas ambas as composições das ligas em
Titânio e ligas de titânio :<:85 wto/o (porcentagem em peso) e ato/o (porcentagem
Ligas nobres >25 atômica). Para fins de simplificação, a discussão a
seguir será em termos de composição percentual
Predominantemente >25 em peso. A maioria das ligas contém algum zinco
de metais básicos como desoxidante e irídio (Ir) ou rutênio (Ru) como
De Givan DA: Dent. Clin. N. Am. 51, 591-601, 2007. refinadores de grãos. Algumas dessas composições
TABELA 10-4 Especificação ANSI/ADA No. 5, Propriedades mecânicas de ligas para fundição odontológica.
TABELA 10-5 ComposiÇÕes típicas (peso%/at%) de ligas nobres para fundição dentárias
ALTAMENTE NOBRE
são usadas tanto para peças totalmente metálicas As composições das ligas determinam suas cores.
quanto para restaurações metalocerâmicas. Em geral, se o teor de paládio for acima de 10 \.vtºk,
Existem três classes de ligas altamente nobres: as a liga será branca. Então, as ligas de Pd-Cu-Ga e
ligas de Au-Ag-Pt; as ligas de Au-Cu-Ag-Pd com um Ag-Pd na Tabela 10-5 são brancas, enquanto que as
teor de ouro maior do que 70 wto/o (Au-Cu-Ag-Pd-I outras ligas são amarelas. As ligas de Au-Ag-Pd-In
na Tabela 10-5); e as ligas de Au-Cu-Ag-Pd com um são uma exceção porque elas têm um teor de paládio
teor de ouro por volta de 50°/o a 65°k (Au-Cu-Ag-Pd- acima de 20% e retêm uma cor amarelo claro. A cor
-ll). As ligas de Au-Ag-Pt tipicamente consistem de dessa liga é resultado da interação do índio com o
78 wto/o de ouro com quantidades mais ou menos paládio na liga. Entre as ligas amarelas, a compo-
iguais de prata e platina. Estas ligas são usadas sição modificará a tonalidade de amarelo. Geral-
para fundição de peças totalmente metálicas e em mente, o cobre dá uma cor avermelhada e a prata cla-
restaurações metalocerâmicas. As ligas de Au-Cu- reia os tons avermelhados ou amarelados das ligas.
·Ag-Pd-I contêm tipicamente 75 wt% de ouro com
aproximadamente 10 wt% cada de prata e cobre e
2 a 3 wt% de paládio. As ligas de Au-Cu-Ag-Pd-II
Elementos Metálicos Usados
tipicamente têm menos de 60 wt% de ouro, com o em Ligas Dentárias
teor de prata aumentado para acomodar a redução Para restaurações dentárias, vários elementos
do teor de ouro. Ocasionalmente, essas ligas podem são combinados para produzir ligas com proprie-
apresentar porcentagens de paládio ligeiramente dades adequadas às aplicações dentárias porque
maiores e conteúdos de prata menores. nenhum dos elementos isoladamente apresenta
Existem quatro classes de ligas nobres: as ligas propriedades satisfatórias. É possível usar essas
deAu-Cu-Ag-Pd (Au-Cu-Ag-Pd-III na Tabela 10-5); ligas para a obtenção de restaurações fundidas ou
as ligas de Au-Ag-Pd-In; as ligas de Pd-Cu-Ga; conformá-las em fios ou outras formas forjadas. Os
e as ligas de Ag-Pd. As ligas de Au-Cu-Ag-Pd elementos metálicos que compõem as ligas dentá-
-III tipicamente têm um teor de ouro de 40 wt%. rias podem ser divididos em dois grupos principais:
Compensa-se a redução de ouro principalmente os metais nobres e os metais básicos.
com prata, então os teores de cobre e paládio não
mudam muito em relação às ligas de Au-Cu-Ag-Pd- Metais Nobres
·II. As ligas de Au-Ag-Pd-In têm um teor de ouro Metais nobres são elementos com uma boa
somente de 20 wt% e têm por volta de 40 \.vi:% de superfície metálica que retêm suas característi-
prata, 20 wt0/o de paládio e 15 wtºk de índio. As cas superficiais quando expostos ao ar seco. Eles
ligas de Pd-Cu-Ga têm pouco ou nenhum ouro, reagem facilmente com enxofre para formar sulfitos,
por volta de 75 wt% de paládio e aproximadamente mas a sua resistência à oxidação, ao manchamento
quantidades iguais de cobre e gálio. Finalmente, as e à corrosão durante o aquecimento, a fundição, a
ligas de Ag-Pd não têm nenhum ouro, mas têm 70 soldagem e o uso na boca é muito boa. Os metais
v,rt% de prata e 25 wt% de paládio. Pela especifica- nobres são o ouro, a platina, o paládio, o irídio, o
ção ADA, essas ligas são consideradas nobres por ródio, o ósmio e o rutênio (Tabela 10-6). É possível
causa de seus teores de paládio. subdividir esses metais em dois grupos. Os metais
Como mostra a Tabela 10-5, o wt% e o at% das do primeiro grupo, composto por rutênio, ródio e
ligas para fundição odontológica podem diferir paládio, têm massas atômicas de aproximadamente
consideravelmente. Por exemplo, por peso, as ligas 100 e densidades de 12 a 13g/cm3. Os metais do
Au-Cu-Ag-Pd-I têm 76% de ouro. Contudo, somen- segundo grupo, composto por ósmio, irídio, platina
te 57°/o dos átomos nessas ligas são de ouro. Ou- e ouro, têm massas atômicas de aproximadamente
tros elementos que têm menos massa do que ouro 190 e densidades de 19 a 23g/cm3. Os pontos de
aumentam em porcentagem atômica. Para estas fusão de membros de cada grupo diminuem com
mesmas ligas, o teor de cobre por peso é de lOºk, o aumento da massa atômica. Assim, o rutênio se
mas por átomos é de 24°/o. Para outras ligas cujos funde a 2.310ºC, o ródio a 1.966ºC e o paládio a
elementos têm massa semelhante, as diferenças entre 1.554°C. No segundo grupo, os pontos de fusão
v.rt% e at°/o são menos acentuadas. Por exemplo, nas variam de 3.045ºC para o ósmio a l.064ºC para o
ligas Ag-Pd, as porcentagens em peso e atômicas são ouro. Os metais nobres, junto com a prata, são às
semelhantes. Porcentagens em peso de ligas são mais vezes chamados de metais preciosos. O termo precioso
comumente usadas por fabricantes na produção e na vem do custo relativamente alto desses metais e
venda das ligas. No entanto, as propriedades físicas, por serem negociados no mercado de comtnodities.
químicas e biológicas são melhor entendidas em Alguns metalúrgicos consideram a prata como um
termos de porcentagens atômicas. metal nobre, mas ele não é considerado um metal
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 233
NOBRE
Rutênio Ru 44 101,07 12,48 2.310,0 Branco Refinador de grão, duro
Ródio Rh 45 102,91 12,41 1.966,0 Prata-branco Refinador de grão, macio,
dúctil
Paládio Pd 46 106,42 12,02 1.554,0 Branco Duro, maleável, dúctil
Ósmio Os 76 190,20 22,61 3.045,0 Branco-azulado Não se usa em odontologia
lrfdio 1r 77 192,22 22,65 2.410,0 Prata-branco Refinador de grão, muito
duro
Platina Pt 78 195,08 21,45 1.772,0 Branco-azulado Rígido, dúctil, maleável
Ouro Au 79 196,97 19,32 1.064,4 Amarelo Dúctil, maleável, macio,
condutor
BASE
Níquel Ni 28 58,69 8,91 1.453,0 Branco Duro
Cobre Cu 29 63,55 8,92 1.083,4 Avermelhado Maleável, dúctil, condutor
Zinco Zn 30 65,39 7,14 419,6 Branco-azulado Macio, frágil, oxida
Gálio Ga 31 69,72 5,91 29,8 Branco-acinzen- Fusão baixa
tado
Prata Ag 47 107,87 10,49 961,9 Macio, maleável, dúctil,
condutor
Estanho Sn 50 118,71 7,29 232,0 Branco Macio
Índio ln 49 114,82 7,31 156,6 Cinza-branco Macio
QUTLATE E PUREZA DE LIGAS À BASE DE se deve listar um valor exato. Um ouro 18k seria
OURO chamado ouro 750, ou, quando se usa o sistema
Há muitos anos tem-se descrito o teor de ouro decimal, seria 0,750; isto indica que 750/1.000 do
em ligas contendo ouro com base em quilates, ou em total é ouro. A comparação entre quilate, pureza
termos de pureza, em vez de baseado em porcenta- e porcentagem em peso de ouro é apresentada na
gem de massa. O termo quilate se refere somente ao Tabela 10-8. Tanto o número inteiro quanto o sis-
conteúdo de ouro na liga; um quilate representa uma tema decimal são de uso comum, especialmente
parte de V2• do todo. Assim, 24 quilates indicam ouro para soldas nobres odontológicas. O sistema de
puro. O quilate de uma liga é designado pela letra pureza é, de certo modo, menos relevante nos dias
minúscula k, por exemplo, ouro 18k ou 22k. de hoje por causa da introdução de ligas que não
O uso do termo quilate para designar o teor de contêm ouro. É importante enfatizar que os termos
ouro na liga dentária é menos comum hoje. Não é quilate e pureza se referem somente ao conteúdo em
incomum encontrar a porcentagem de massa de ouro, e não ao conteúdo de metais nobres.
ouro listada ou ter a liga descrita nos termos de
pureza. Pureza. também se refere somente ao con- PLATINA (Pt)
teúdo de ouro, e representa o número de partes do A platina é um metal branco azulado. É tenaz, dúctil
ouro em cada 1.000 partes da liga. Então, ouro 24k e maleável, podendo ser produzida como folha ou fios
é o mesmo que lOOo/o de ouro ou 1.000 de pureza finos. A platina tem a dureza semelhante à do cobre.
(p. ex., ouro 1.000 ou ouro puro). A pureza repre- Platina pura tem inúmeras aplicações na odontologia
senta uma medida precisa do teor de ouro na liga e por causa de seu elevado ponto de fusão e resistência
é normalmente o parâmetro a ser utilizado quando às condições orais e temperaturas elevadas.
TABELA 1O-7 Propriedades físicas e mecânicas de ouro puro fundido, ligas de ouro e folha de ouro condensada
TABELA 10-8 Comparação de quilate, pureza e porcentagem de peso do ouro em liga~ de ouro
Pureza
Quilate Quantidade de ouro por quilates Peso (%) do ouro Partes/1000 Decimal
de paládio, nas quais ele pode ser utilizado para de fusão muito baixo de 29,SºC e uma densidade de
reduzir o ponto de fusão e aumentar a resistência da somente 5,91'Yo g/ cm3 . Não se usa o gálio em sua
liga por meio de solução sólida de endurecimento e forma pura na odontologia, mas usa-se como um
formação de fases ordenadas quando Cu está pre- componente de algumas ligas dentárias à base de
sente entre 15 e 55 \.Vto/o. A proporção entre prata e ouro e paládio, especialmente ligas cerâmicas. Os
cobre deve ser cuidadosamente balanceada em ligas óxidos do gálio são importantes para a ligação da
à base de ouro e paládio, porque prata e cobre não cerâmica ao metal.
são miscíveis. O cobre é também um componente
comum da maior parte das soldas dentárias. NÍQUEL (Ni)
O níquel tem uma aplicação limitada em ligas
ZINCO (Zn) dentárias à base de ouro e paládio, mas é um compo-
O zinco é um metal branco-azulado com uma nente comum em ligas dentárias não nobres. O niquei
tendência ao mancharnento em ar úmido. Em sua tem um ponto de fusão de 1.453° c e uma densidade
forma pura, é um metal macio, frágil e com pouca re- de 8,91 g/ cm3 . Quando usado em pequenas quanti-
sistência. Quando aquecido ao ar, o zinco oxida pron- dades em ligas à base de ouro, o niquei embranquece
tamente para formar um óxido branco de densidade a liga e aumenta a resistência e a dureza.
relativamente baixa. Esta propriedade de oxidação é
aproveitada nas ligas dentárias. Embora o zinco pos- Combirnlfões Binárias de Metais Nobres
sa estar presente em quantidades de somente 1% a Embora a maior parte das ligas nobres para fun-
2'Yo por peso, ele age como um "caçador" de oxigênio dição tenha três ou mais elementos, as propriedades
quando a liga é fundida. Assim, refere-se ao zinco de certas ligas binárias são importantes porque es-
como um agente desoxüian.te. Por causa da sua baixa tas combinações binárias constituem a maior parte
densidade, durante o procedimento de injeção da da massa de muitas ligas nobres. A compreensão
liga fundida no interior do molde de revestimento, das propriedades físicas e de manipulação dessas
o óxido de zinco não ganha tanta aceleração quanto ligas binárias é, portanto, útil para se entender o
o restante da liga. Por isso, não ocupa as partes mais comportamento de ligas mais complexas. Entre as
importantes da peça fundida final, sendo facilmente ligas nobres, seis combinações binárias de elementos
removido durante o acabamento. Se muito zinco são importantes: Au-Cu, Pd-Cu, Au-Ag, Pd-Ag,
estiver presente, ele aumentará marcadamente a Au-Pd e Au-Pt. Diagramas de fases para esses sis-
fragilidade da liga. temas binários são apresentados na Figura 10-7.
Diagramas de fases são ferramentas importantes
ÍNDIO (ln) para o entendimento das propriedades físicas e de
O índio é um metal branco-acinzentado, macio e manipulação das ligas binárias.
com ponto de fusão baixo de 156,6°C. O índio não se
mancha pelo ar ou pela água. É usado em algumas COMPOSIÇÃO DA LIGA E TEMPERATURA
ligas à base de ouro como um substituto para o zin- Em cada diagrama de fases na Figura 10-7, o
co e é um componente menor comum em algumas eixo horizontal representa a composição da liga
ligas nobres para metalocerâmica. Recentemente, binária. Por exemplo, na Figura 10-7, A, o eixo
tem-se usado o índio em maiores quantidades (até horizontal representa uma série de ligas binárias
30°/o por peso) para fornecer uma cor amarela a ligas de ouro e cobre variando na composição de Oo/o de
de paládio-prata. ouro (ou 100% de cobre) a 100% de ouro. É possível
dar a composição em porcentagem atômica (ato/o)
ESTANHO (Sn) e porcentagem em peso (wtºk). Composições em
O estanho é um metal branco, macio e brilhante porcentagem em peso dão a massa relativa de cada
que não está sujeito a manchas no ar normal. Al- elemento na liga, enquanto que porcentagens atô-
gumas ligas à base de ouro contêm quantidades micas dão os números de átomos relativos nas ligas.
pequenas de estanho, normalmente menos de 5ºk É um cálculo simples para converter porcentagens
em peso. O estanho também é um ingrediente em em peso para porcentagens atômicas, e vice-versa.
soldas dentárias à base de ouro. Combina-se com Observe que, para as ligas binárias mostradas na
platina e paládio para produzir um efeito endure- Figura 10-7, a composição em porcentagem atômica
cedor, mas também aumenta a fragilidade. é mostrada ao longo da parte inferior do diagrama
de fases, enquanto que se mostra a composição
GÁLIO (Ga) percentual em peso na parte superior.
O gálio é um metal acinzentado que é estável em As composições em porcentagem atômica e em
ar seco, mas mancha em ar úmido. Tem um ponto peso das ligas binárias podem diferir consideravel-
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 237
L /
~ 900 1.083
7 1.200
L 1.555
ü s 884 1.064 s
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"' 600 800 '--962
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A Composição (at. % Au) D at. ºlo Pd
25 50 75 25 50 75
1.600 ..,.....-~---~·------''-------. 1.600 ..,....-_...___ ___.__ _ _ _ ~------.
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Cu 25 50 75 Pd Pd 25 50 75 Au
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1.000
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-:_o_,...AgAu
....
'
Ag 25 50 75 Au Au 25 50 75 Pt
e at. % Au F at. % Pt
FIGURA 1O-7 Diagramas de fase para composições b inárias. A, Cobre (Cu) e ouro (Au); B, cobre e paládio (Pd); C,
prata e ouro; D, prata e paládio; E, paládio e ouro; e F, ouro e platina (Pt). As porcentagens atômicas são mostradas ao
longo da parte inler ior de cada gráfico; as porcentagens em peso são mostradas ao longo da parte superior. L, liquidus;
S, solidus (Modificado de Hansen M: C1mstit11tion of binnry allnys. McGraw Hill, New York, 1958).
mente. Por exemplo, para o sistema Au-Cu mostra- em peso. A diferença entre porcentagens atômicas
do na Figura 10-7, A, uma liga que é 50°/o de ouro em e em peso depende da massa atômica do elemento
peso é somente 25'Yo de ouro em átomos. Para outros envolvido. Quanto maior for a diferença na mas-
sistemas, como o sistema Au-Pt na Figura 10-7, F, sa atômica, maior a diferença entre porcentagens
há pouca diferença entre porcentagens atômicas e atômicas e de peso no diagrama de fases binárias.
238 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Por ser mais conveniente usar massas na fabri- -Au (Fig. 10-7, E) são exemplos de sistemas de solu-
cação de ligas, o método mais comum para relatar ção sólida. Se a área abaixo da linha solidus contiver
a composição é por meio de porcentagens em pe- linhas pontilhadas, então uma solução ordenada
so. Contudo, as propriedades físicas e biológicas está presente dentro das linhas pontilhadas.
das ligas se relacionam melhor com porcentagens Uma solução ordenada ocorre quando os dois
atômicas. É, portanto, importante ter em mente a elementos na liga assumem posições específicas e
diferença entre porcentagem atômica e em peso ao regulares na grade cristalina da liga. Esta situação
selecionar e usar ligas dentárias nobres para fundi- difere daquela de uma solução sólida em que as
ção. Ligas que parecem altas em ouro por meio da posições dos elementos na rede cristalina são alea-
porcentagem em peso podem, em realidade, conter tórias. Exemplos de sistemas contendo soluções
bem menos átomos de ouro do que se pensa. ordenadas são o sistema Au-Cu (Fig. 10-7, A), o
Outros aspectos dos diagramas de fases que sistema Pd-Cu (Fig. 10-7, B) e o sistema Au-Ag
merecem atenção são as linhas li.quidus e solidus. O (Fig. 10-7, C). Observe que as soluções ordenadas
eixo-y na Figura 10-7 mostra a temperatura. Se a ocorrem em uma faixa limitada das composições
temperatura estiver acima da linha lii/uidus (mar- porque as relações entre os elementos precisam
cada L), a liga estará completamente fundida. Se a estar corretas para permitir as posições regulares
temperatura estiver abaixo da linha solidus (marcada nas grades cristalinas.
S), a liga estará sólida. Se a temperatura ficar entre Se a área abaixo da linha solidus contiver uma
as linhas liquidus e solidus, a liga estará parcialmente linha sólida, isso indica a existência de uma segunda
fundida. Observe que a distância entre as linhas fase. Uma segunda fase é uma área com uma com-
lii/uidus e solidus varia entre sistemas na Figura 10-7. posição claramente diferente da primeira fase. No
Por exemplo, a diferença de temperatura entre essas sistema Au-Pt (Fig. 10-7, F), uma segunda fase se
linhas é pequena para o sistema Ag-Au (Fig. 10-7, C), forma entre 20 e 90 at'Yo de platina. Se a temperatura
é muito maior para o sistema Au-Pt (Fig. 10-7, F) e varia estiver abaixo da linha de limite da fase, dentro desta
consideravelmente com a composição para o sistema faixa de composições existirão duas fases na liga.
Au-Cu (Fig. 10-7, A). A presença de uma segunda fase é importante
Do ponto de vista de manipulação, é desejável porque muda significativamente as propriedades de
ter uma variação estreita de lii/uidus-solidus porque corrosão de uma liga. A Figura 10-8 mostra micro-
é interessante manter a liga no estado líquido pelo grafias eletrônicas de ligas com fases únicas e múlti-
menor tempo possível antes da fundição. Enquanto plas. A liga de fase única tem pouca microestrutura
em estado líquido, a liga está suscetível à oxidação visível porque a sua composição é mais ou menos
e à contaminação significativas. Se a variação li- homogênea. Na liga de múltiplas fases, áreas que
quidus-solidus for ampla, a liga permanecerá pelo têm composições distintas são claramente visíveis.
menos parcialmente fundida por um período de Essas áreas correspondem às diferentes fases sob o
tempo mais longo após ser injetada para o interior solidus em um diagrama de fases. Uma vez que as di-
do molde de revestimento. ferentes fases podem interagir eletroquímicamente,
A temperatura da linha liquidus também é im- a corrosão de ligas de múltiplas fases pode ser mais
portante e varia consideravelmente entre ligas e alta do que para uma liga de fase única.
com a composição. Por exemplo, a linha li.quidus
do sistema Au-Ag varia de 962º a l.064ºC (Fig. 10- ENDURECIMENTO DE LIGAS NOBRES
7, C), mas a linha liquidus do sistema Au-Pd varia O uso de ouro puro fundido não é prático para
de 1.064° a 1.554°C (Fig. 10-7, E). É frequentemente restaurações dentárias porque ouro fundido não
desejável ter uma liga com uma linha liquidus em tem resistência e dureza suficientes. Endurecimento
temperaturas mais baixas; o método de aquecimen- por solução sólida e por solução ordenada são duas
to é mais fácil, menos reações colaterais ocorrem e a maneiras comuns de aumentar suficientemente a
contração é geralmente menos problemática. resistência das ligas dentárias nobres para uso na
boca. Ao se misturar dois elementos aleatoriamente
ESTRUTURA DE FASES DAS LIGAS NOBRES na grade cristalina (formando uma solução sólida),
A área abaixo das linhas solidus na Figura 10-7 a força necessária para distorcer a rede pode ser
também é importante para o comportamento da significativamente aumentada. Por exemplo, ao se
liga. Se essa área não tiver limites, então o sistema adicionar só 10°/o em peso de cobre ao ouro, a resis-
binário é uma série de soluções sólidas. Isto significa tência à tração aumenta de 105 para 395l'v!Pa e a
que os dois elementos são completamente solúveis dureza Brinell aumenta de 28 para 85 (Tabela 10-7).
um no outro em todas as temperaturas e composi- Se as posições de ambos os elementos se tornarem
ções. O sistema Ag-Pd (Fig. 10-7, D) e o sistema Pd- ordenadas (formando uma solução ordenada), as
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 239
FIGURA 10-8 Microscopia eletrônica de varredura de ligas de fase única (A) e fases múlt iplas (B). A, Veem-se
poucas características de núcroestrutura porque a liga é praticamente homogênea. São apenas visíveis alguns arranhões
do polimento e alguns detritos na superfície. B, É evidente uma microestrutura rica, refletindo as diversas fases presentes.
Cada fase tem uma composição diferente.
propriedades da liga melhoram ainda mais (Tabe- O resfriamento rápido preservará a solução sólida
la 10-7). Para uma típica liga para fundição à base e a condição macia, ao passo que um resfriamento
de ouro, a formação de uma solução ordenada pode lento permitirá a formação da solução ordenada e a
aumentar a resistência à flexão em 50°/o, a resistência à condição endurecida. Em ligas de ouro e cobre com
tração em 25'Yo e a dureza em ao menos 100/o. É impor- outros elementos, soluções ordenadas de Au-Cu ain-
tante observar que se reduz o alongamento de urna da são possíveis contanto que a razão do cobre para o
liga pela formação da solução ordenada. Para a liga ouro seja maior do que 30:70 (at%). Como mostrado
à base de ouro típica, a porcentagem de alongamento na Figura 10-8, a formação de soluções ordenadas é
diminuirá de 30% para por volta de 12%. possível em outros sistemas de liga nobre, como Pd-
A formação de soluções ordenadas tem sido uti- -Cu e Au-Pt. A solução ordenada do sistema Ag-Au-
lizada comumente para aumentar a resistência de existe, mas não é possível usá-la porque a tempera-
restaurações dentárias fundidas, particularmente em tura de transição é muito baixa (quase a temperatura
ligas à base de ouro. Como mostrado na Figura 10-7, do corpo).
A, o sistema Au-Cu apresenta soluções ordenadas Também se tem usado a formação de uma
entre 20 e 70 at% de ouro. No entanto, a manipulação segunda fase para endurecer ligas dentárias, mas
da liga durante a fundição determinará se a solução este método não é comumente usado para ligas
ordenada se formará. Se Au-Cu contendo por volta dentárias nobres. A dispersão da segunda fase é
de 50 at% de ouro for aquecida para o estado liquido muito importante para a eficácia do endurecimento.
e então lentamente resfriada, a massa solidificará por Evidência recente indica que algumas ligas à base
volta de 880ºC como uma solução sólida. À medida de Au podem conter precipitados coerentes ricos em
que a massa esfria lentamente até 424°C, a solução Ag que, junto com soluções ordenadas, contribuem
ordenada se formará e permanecerá presente à para o endurecimento da liga. Devem-se equilibrar
temperatura ambiente. Contudo, se a massa esfriar as vantagens do endurecimento com vulnerabili-
rapidamente para temperatura ambiente após a dade à corrosão elevada frequentemente vistas em
solidificação inicial, a solução ordenada não se for- sistemas de múltiplas fases. É preciso observar que,
mará porque não há tempo suficiente para a massa ao contrário das soluções ordenadas, a formação de
se reorganizar. Então, a liga ficará aprisionada em segundas fases não é normalmente controlada com
um estado de não equilíbrio de urna solução sólida facilidade por meio de tratamentos térmicos e pode
e será mais macia, menos resistente e apresentará não ser reversível no estado sólido. Na verdade, o
maior alongamento. tratamento térmico normalmente causa uma dete-
A conversão entre solução ordenada e solução rioração das propriedades com estes sistemas.
sólida é reversível no estado sólido. Ao se aquecer
a liga em qualquer das condições acima de 424ºC FORMULAÇÃO DE LIGAS NOBRES
(mas abaixo do solidus), o estado da liga pode ser As qualidades desejáveis em urna liga nobre para
selecionado ao se escolher a taxa de resfriamento. fundição odontológica determinam a seleção de
240 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
elementos que serão usados para formulá-las. A liga SOppm) de elementos como irídio e rutênio, produ-
nobre ideal deveria ter: (1) um intervalo de fusão zem-se fundições de granulação fina. Acredita-se
pequeno e um intervalo de temperatura solidus-li- que, ao se adicionar um desses elementos à liga,
qu:i.dus estreito; (2) resistência, dureza e alongamento centros para nucleação dos grãos se desenvolvem
adequados; (3) urna baixa tendência à corrosão no por toda a liga. A maior parte dos fabricantes de
ambiente oral; e (4) baixo custo, entre outras proprie- ligas usa refinamento de grão nos produtos atuais.
dades. Tradicionalmente, os elementos nobres ouro As propriedades mecânicas de resistência à tração e
e paládio têm sido geralmente a fundação à qual do alongamento são melhoradas significativamente
outros elementos são adicionados para formular (30o/o) pela estrutura de grãos finos em fundições, o que
ligas para fundição dentárias. O ouro e o paládio são contribui com a uniformidade das propriedades
preferíveis a outros elementos porque apresentam de uma fundição para a outra. Outras propriedades,no
pontos de fusão relativamente baixos, baixa corrosão entanto, como a dureza e a resistência à flexão, mos-
e formam soluções sólidas com outros elementos tram menos efeitos do refinamento de grãos.
da liga, como cobre ou prata (Fig. 10-7). Sistemas
de solução sólida são desejáveis para a formulação Propriedades
de ligas porque eles são geralmente mais fáceis de INTERVALO DE FUSÃO
fabricar e de manipular, têm urna menor tendência Ligas de fundição dentárias não têm ponto de
à corrosão do que sistemas de múltiplas fases e fusão, mas sim intervalo de fusão, pois são combi-
fornecem resistência elevada pelo endurecimento nações de elementos em vez de elementos puros. A
por meio de solução sólida e de solução ordenada. magnitude do intervalo de fusão do solidus-liqui.dus
Além disso, os sistemas mostrados na Figura 10-7 é importante para a manipulação das ligas (Fig. 10-7
geralmente têm intervalos liqui.dus-soli.dus estreitos. e Tabela 10-9). A variação solidus-liquidus deveria ser
Portanto, não é surpreendente que a combinação estreita para evitar manter a liga no estado fundido
desses elementos tenha sido extensamente usada por longos períodos durante a fundição. Se a liga
na formulação de ligas nobres. permanecer por muito tempo no estado parcialmen-
te fundido, cria-se mais oportunidade para a forma-
Tamanho do Grão ção de óxidos e para contaminação. A maioria das
Estudos mostraram que quantidades mínimas ligas na Tabela 10-9 tem variações solidus-liquidus
de diversos elementos podem influenciar o tama- de 70°C ou menos. As ligas Au-Ag-Pt, Pd-Cu-Ga e
nho do grão de ligas para fundição odontológica. Ag-Pd têm variações mais amplas, o que as faz mais
Com a adição de pequenas quantidades (0,00So/o ou difíceis de se fundir sem problemas.
TABELA 10-9 Propriedades físicas e mecânicas de diversos tipos de ligas nobres para fundição dentária
Propriedades
Resistência à
deformação Dureza
permanente Alongamento Vickers
Liquidus Densidade a 0,2 (macio/ (macio/duro) (Macio/duro)
Liga SoUdus (ºC) (ºC) Cor (g/cm3 ) duro) (MPa) (º/o) (kg/mm2 )
ALTAMENTE NOBRE
A temperatura do liqui.dus das ligas determina contêm maiores quantidades de elementos mais
a temperatura de injeção, o tipo de revestimento densos, como o ouro e a platina. Assim, as ligas de
e o tipo de fonte de calor que precisa ser usado Au-Ag-Pt e Au-Cu-Ag-Pd-I estão entre as ligas para
durante a fundição. Em geral, a temperatura de fundição mais densas.
injeção precisa ser por volta de 500ºC abaixo da
temperatura liquidus. Para as ligas Au-Cu-Ag-Pd-I, RESISTÊNCIA
portanto, uma temperatura de injeção de cerca de A resistência das ligas pode ser medida por
450° a 475° C deveria ser usada. Se a temperatura meio da resistência à flexão ou da resistência à de-
de injeção se aproximar de 700ºC, um revestimento formação plástica (yield strength). Embora a resis-
aglutinado por gesso não pode ser usado porque tência à tração represente a resistência máxima da
o sulfato de cálcio irá se decompor e fragilizar as liga, a resistência à deformação plástica é mais útil
ligas. Em temperaturas próximas a 700°C ou mais, em aplicações dentárias porque representa o valor
um revestimento aglutinado por fosfato é usado. de tensão em que ocorre deformação permanente
Como mostrado na Tabela 10-9, um revestimento das ligas (Capítulo 4). Como a deformação per-
aglutinado por gesso pode ser usado com as ligas manente da peça metálica fundida é geralmente
Au-Cu-Ag-Pd-I, e III e Au-Ag-Pd-In, mas um re- indesejável, a resistência à deformação plástica é
vestimento aglutinado por fosfato é aconselhável um valor de resistência máxima de maior impor-
para outras ligas. Um maçarico gás-ar aquecerá tância na prática. As resistências à deformação
adequadamente ligas com temperaturas liquidus plástica para as diferentes classes de ligas são mos-
abaixo de 1.lOOºC. Acima dessa temperatura, um tradas na Tabela 10-6. Onde aplicável, as condições
maçarico gás-oxigênio ou um método de indução endurecida e amaciada, resultantes da formação
elétrica deve ser usado. Novamente pela Tabela 10-9, de soluções ordenadas, são mostradas. Para várias
um maçarico gás-ar seria somente aceitável para ligas, como Au-Cu-Ag-Pd-I, II e III, a formação
ligas de Au-Cu-Ag-Pd-I, II e ili e Au-Ag-Pd-In. da fase ordenada aumenta a resistência à defor-
A composição das ligas determina as temperatu- mação plástica significativamente. Por exemplo,
ras de liquidus. Se uma liga contém urna quantidade a resistência à deformação plástica das ligas Au-
significativa de um elemento que tem um alto ponto -Cu-Ag-Pd-II aumenta de 350 para 600 MPa com a
de fusão, é provável que tenha um liquidus alto. formação de uma fase ordenada. Para outras ligas,
Então, ligas que contêm quantidades significativas como as ligas Au-Ag-Pt e Ag-Pd, o aumento na
de paládio ou platina, ambas das quais têm altos resistência à deformação plástica é mais modesto
pontos de fusão (Tabela 10-6), terão altas tempera- na condição endurecida. As ligas Pd-Cu-Ga não
turas de liqui.dus. Na Tabela 10-9, essas ligas incluem suportam a formação da fase ordenada porque a
as ligas de Pd-Cu-Ga, Ag-Pd e Au-Ag-Pt. proporção de paládio e cobre não está no intervalo
A temperatura de solidus é importante para correto para formação da fase ordenada (Tabela
soldagem e formação de fases ordenadas porque, 10-9 e Fig. 10-7, B).
durante ambas as operações, o formato das ligas As resistências à deformação plástica destas
deve ser mantido. Portanto, durante a soldagem ligas variam de 320 para 1.145MPa (condição du-
ou o endurecimento-amaciamento, a liga pode ser ra). A liga mais resistente é Pd-Cu-Ga, com uma
aquecida somente até o solidus antes que a fusão resistência à deformação plástica de 1.145"MI'a. As
ocorra. Na prática, é desejável limitar o aquecimen- outras ligas apresentam valores de resistência entre
to até 50ºC abaixo do solidus para evitar fusão local 320 e 600MPa. Estes valores são adequados para
ou distorção da peça fundida. aplicações odontológicas e estão geralmente na
mesma variação daquelas encontradas para as ligas
DENSIDADE de metais básicos, que variam de 495 a 600 MPa. O
A densidade é importante durante a aceleração efeito do endurecimento por solução sólida pela
da liga fundida para o interior do molde durante o adição de cobre e prata à base de ouro ou paládio é
processo de fundição. Ligas com altas densidades significativo para estas ligas. O ouro fundido puro
geralmente irão acelerar mais rápido e tendem a tem uma resistência à tração de 105 MPa (Tabela
formar fundições completas mais facilmente. Entre 10-7). Com a adição de 10 v.1 t'Yo de cobre (ouro
as ligas mostradas na Tabela 10-9, todas têm densi- de moeda), o endurecimento por solução sólida
dades suficientes para fundições sem inconvenien- aumenta a resistência à tração para 395MPa. Com
tes. Densidades mais baixas (7 a 8 g/ cm3) vistas nas a adição a mais de 10 wt0/o de prata e 3 wt%1 de
ligas contendo predominantemente metais básicos paládio (Au-Cu-Ag-Pd-I), a resistência à tração
às vezes apresentam problemas a esse respeito. Li- aumenta para cerca de 450 MPa e 550 MPa na con-
gas na Tabela 10-6 com altas densidades geralmente dição endurecida.
1
242 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
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5. A alta resistência ao escoamento a altas corrosão. índio, estanho e ferro (Fe) estão presentes
temperaturas é essencial. Os capings metálicos e formam óxidos para produzir uma ligação entre o
são relativamente finos; nenhuma distorção metal e a cerâmica. Rênio (Re) é adicionado como refi-
deve ocorrer durante a queima da cerâmica, nador de grão. O endurecimento das ligas de Au-Pt-
caso contrário o ajuste da restauração será -Pd é resultado de endurecimento por solução sólida
comprometido. e da formação do precipitado FePt3. O tratamento
6. Um processo de fundição preciso do caping térmico ideal para o endurecimento é de 30 minutos a
metálico é necessário mesmo com o intervalo SSOºC, mas praticamente o endurecimento ocorre du-
mais elevado de fusão da liga. rante a queima da cerâmica. Durante a fundição des-
7. Um desenho adequado da restauração é sas ligas, alguns desses elementos básicos se perdem.
crucial. O preparo deve prever uma espessura Portanto, é recomendado que SO'Yo de liga nova seja
adequada da liga, bem como espaço suficiente usada com o botão de fundição se este for utilizado
para uma espessura adequada da cerâmica para em uma segunda fundição. A nova liga fornecerá
permitir uma restauração estética. elementos básicos em quantidade suficiente para a
formação de óxidos e para o endurecimento.
A variação de composição e cores dos cinco tipos
Pela Tabela 10-11, vê-se que essas ligas têm alta
de ligas nobres para restaurações metalocerâmicas
rigidez (módulo de elasticidade), resistência, dure-
estão listadas na Tabela 10-10. As propriedades
za e alongamento razoável; contudo, elas têm de
dessas ligas são mostradas na Tabela 10-11.
certo modo baixa resistência à deformação a altas
temperaturas. As ligas são bastante caras por causa
Ligas de Au-Pt-Pd de seu alto teor de metais nobres e alta densidade;
As ligas de Au-Pt-Pd contêm um teor muito alto elas são vendidas com base no peso, mas usadas
de metal nobre, principalmente ouro com platina e com base no volume. A temperatura de fusão é
paládio, para aumentar o intervalo de fusão. O alto razoavelmente alta e, embora relativamente d e
teor de metais nobres fornece uma boa resistência à fácil soldagem, é preciso tomar cuidado porque a
TABELA 10-10 Intervalos de composição e cores de ligas nobres para restauraç:ões metalocerâmicas (wt %)
Teor de metal
Tipo Au (%) Pt (o/o) Pd (%) Ag (º/o) Cu(%) O utra (o/o) nobre total (0/o) Co r
Au-Pt-Pd 84-86 4-10 5-7 0-2 Fe, ln, Re, Sn 2-5 96-98 Amarelo
Au-Pd 45-52 38-45 o Ru, Re, ln 8,5, Ga 1,5 89-90 Branco
Au-Pd-Ag 51-52 26-31 14-16 Ru, Re, ln 1,5, Sn 3-7 7S-83 Branco
Pd-Ag 53-88 30-37 Ru, ln 1-5, Sn 4-8 49-62 Branco
Pd-Cu 0-2 74-79 10-15 ln,Ga9 76-81 Branco
Ag, prata; Au, auro; Cu, cobre; Fe, Ferro; Ga, gâlio; ln, fndio; Pd, paládio; Pt, platina; Re, r2'1io; Ru, n1ttnio; Sn, estanho.
Resistência à
deformação Mód ulo de Temperatura
Tensão de plástica a 0,2 elasticidade Alongamento VHN Densidade de fundição
Tipo ruptura (MPa) (MPa) (GPa) (%) (kg/rnm2 ) (glcm3) (º C)
Ag, prata; Au, m1ro; Cu, cobre; Pd, paládio; Pt, platina; VHN, número de dureza de Vickers.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 245
temperatura de soldagem é só cerca de SOOC abaixo índio e estanho para ligação e rutênio para melhorar
do intervalo de fusão das ligas. Finalmente, embora a reprodução de detalhes do molde de revestimento.
uma quantidade considerável de platina e paládio Suas propriedades são semelhantes àquelas das ligas
esteja presente, essas ligas ainda são amarelas, o que Au-Pd-Ag, exceto pelo fato de serem menos densas
toma a produção de uma estética agradável com a (.,llg/cm3 contra 14g/cm3). Algumas cerâmicas
cerâmica mais fácil do que com ligas brancas. usadas com essas ligas de ouro alto resultaram no
que se chamou "esverdeamento", na verdade uma
Ligas de Au,Pd tendência de alteração de cor para o amarelo. Con-
taminação e dificuldades com a técnica utilizada
As ligas altamente nobres de Au-Pd com uma boa foram responsabilizados por esse problema.
resistência à corrosão têm um teor de ouro menor,
mas um teor de paládio maior. Essas ligas não contêm
platina ou ferro e, assim, são endurecidas por meio Ligas Pd,Cu
de solução em vez de precipitação. Elas contêm índio As ligas Pd-Cu contêm um teor muito alto de
para união, gálio (Ga) para diminuir a temperatura de paládio e lOo/o a 15% de cobre. Elas contêm fndio
fusão, rênio para refinamento de grão e rutênio (Ru) para união à cerâmica e gálio para controlar a tem-
para melhorar a reprodução de detalhes do molde de peratura de fundição. Estas ligas têm alta resistência
revestimento. Por causa de seu alto teor de paládio, e d ureza, rigidez e alongamento moderados e baixa
as ligas são brancas (alguns a chamam de cinza) em densidade. Contudo, elas têm baixa resistência à
vez de amarelas, apesar d.e conterem cerca de 50°/o de deformação em altas temperaturas e formam óxidos
ouro. Essa cor causa maior dificuldade na p rodução escuros. São ligas brancas, como todas as outras,
de restaurações estéticas. exceto as ligas Au-Pt-Pd amarelas.
Essas ligas são mais resistentes, rígidas e duras
do que as ligas de Au-Pt-Pd e têm maior alonga-
mento (mais dúctil) e temperaturas de fundição LIGAS DE METAIS BÁSICOS
(mais fácil de soldar). Elas têm densidades mais
baixas e, quando foram introduzidas no mercado, Ligas de metais básicos são extensivamente
eram menos caras do que as ligas de Au-Pt-Pd por- usadas em odontologia para uma variedade de res-
que o paládio era mais barato do que o ouro. Com taurações e instrumentos, como mostra o Quadro
o paládio sendo agora mais caro do que o ouro, 10-1. Ligas de cobalto-cromo têm sido utilizadas
não há mais uma vantagem de custo. A diminuição há muitos anos para fabricar estruturas de próteses
da densidade indica que mais cuidado deve ser parciais removíveis e praticamente substituíram as
tomado durante o procedimento de injeção por ligas de ouro tipo IV para essa aplicação. Ligas de
causa da diminuição na força com que a liga en- níquel-cromo e cobalto-cromo são usadas em res-
tra no anel de fundição. Contudo, essas ligas são taurações metalocerâmicas.
fáceis de se fundir e a soldagem é fácil por causa A adição de berilio a ligas de metais básicos me-
da temperatura de fusão mais alta. lhora a qualidade das peças fundidas, pois diminui a
temperatura de fusão e a tensão superficial, e melhora
Ligas Au,Pd,Ag a resistência da união metal/ porcelana. Contudo, o
AsligasAu-Pd-Ag contêm menos paládio do que berílio, em forma de vapor ou particuJada, está asso-
as ligas Au-Pd; essa diminuição é compensada pela ciado a várias doenças, incluindo dermatite de conta-
adição de prata. Contudo, elas ainda têm boa resistên- to, doença pulmonar crônica, carcinoma de pulmão e
cia à corrosão. Novamente, adicionam-se índio e esta- osteossarcoma. Técnicos atuantes em laboratórios de
nho para união com a cerâmica, rutênio para melhorar prótese correm grande risco de exposição ao berílio
reprodução de detalhes do molde de revestimento e ao realizarem procedimentos de fusão, desgaste,
rênio para o refinamento de grão. O endurecimento polimento e acabamento. A norma de segurança para
resulta da formação de solução sólida. Como visto na o pó do berílio é de 2 µ,g/ m 3 de ar para um período
Tabela 10-11, as propriedades das ligas Au-Pd-Ag são de oito horas diárias. Um limite mais alto de 25 µ,g/
semelhantes àquelas das ligas Au-Pd. m3 é permitido para um tempo de exposição mínimo
menor do que 30 minutos. Sistemas de exaustão local
e filtragem eficientes, assim como ventilação geral
Ligas Pd,Ag adequada, deveriam ser usados durante a fundição,
As ligas Pd-Ag, que não contêm ouro e têm um acabamento e polimento de ligas contendo berílio.
teor de prata moderadamente alto, têm o menor teor O Conselho para Assuntos Científicos da ADA re-
de metal nobre das cinco ligas nobres. Elas contêm comenda que, sempre que possível, ligas contendo
246 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
QUADRO 10- 1
berílio não devam ser utilizadas na fabricação de O uso de titânio e de ligas de titânio está aumen-
restaurações dentárias. Se for necessário usar ligas tando rapidamente para implantes, fios ortodônti-
contendo berílio, deve-se seguir as diretrizes des- cos e limas endodônticas. Ligas de aço inoxidável
critas no Boletim Informativo de Riscos da OSHA são usadas principalmente nos fios ortodônticos,
02-04-19 (Occupational Safety and HealthAdminis- na fabricação de instrumentos endodônticos e em
tration). Diversos fabricantes eliminaram o berilio coroas pré-fabricadas.
nas suas ligas. O padrão ISO limita o teor de berilio
em 0,02'Yo em peso. A Food and Drug Administra-
tion (FDA) aceitou o padrão ISO, mas isentou ligas Exigências Gerais para Ligas de Metais
contendo berílio no mercado antes de 1976 de se Básicos para U so Odontológico
adequarem às novas normas. Ligas contendo berílio
Os metais e as ligas usados como substitutos
não serão enfatizadas neste capítulo.
para ligas nobres em restaurações dentárias pre-
A presença de niquei em ligas de niquei-cromo
cisam possuir certas características fundamentais
e em aço inoxidável é de importância significativa
mínimas:
por se tratar de um conhecido alergênico. Tem-se
reportado que a incidência de sensibilidade alérgica 1. A natureza química da liga não deve
a niquei é de 5 a 10 vezes mais alta para mulheres do produzir efeitos tóxicos ou alérgicos no
que para homens, com So/o a 8% de mulheres mostran- paciente ou no operador.
do sensibilidade. No entanto, não se encontrou uma 2.. As propriedades químicas da prótese
correlação entre a presença de restaurações intraorais devem fornecer resistência à corrosão e a
à base de niquei e sensibilidade. Deve-se usar uma liga mudanças físicas quando em fluidos orais.
de cobalto-cromo sem niquei ou outra liga que não 3. As propriedades físicas e mecânicas, como
contenha níquel em pacientes com um histórico médi- condutividade térmica, temperatura de
coindicando uma resposta alérgica a níquel. O padrão fusão, coeficiente de expansão térmica e
de segurança para o níquel puro é de 15 µ,g/ m 3 de ar resistência, devem ser todas satisfatórias,
para uma semana de 40 horas. A quantidade de níquel cumprindo certos valores mínimos,
em ligas de metais básicos usadas em contato direto variáveis entre as diferentes aplicações.
com tecidos moles, como em estruturas de próteses 4. O conhecimento técnico necessário para
parciais removíveis, está diminuindo. Encontra-se fabricação e uso deve ser viável para o
níquel principalmente em ligas para restaurações me- dentista e o técnico especializado médio.
talocerâmicas e em fios. Para minimizar a exposição 5. Os metais, as ligas e materiais acessórios
de pacientes a pó metálico contendo niquei ou berílio, para fabricação devem ser abundantes,
o acabamento intraoral deve ser feito com um sistema relativamente baratos e prontamente
de evacuação de alta velocidade e preferivelmente em disponíveis, mesmo em períodos de
um ambiente úmido. emergência.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 247
Quando ligas de metais básicos são usadas em sentativas de cinco ligas comerciais para fundição
sistemas metalocerâmicos, as mesmas exigências odontológica, incluindo três que são usadas para
listadas para as ligas nobres se aplicam. restaurações metalocerâmicas, estão listadas na
A lista de exigências para o substituto ideal Tabela 10-12. Cromo, cobalto e niquei compõem
para ligas nobres chama atenção para o fato de que cerca de 85% do peso total dessas ligas, mas mesmo
uma combinação de qualidades químicas, físicas, assim seus efeitos nas propriedades físicas são bas-
mecânicas e biológicas está envolvida na avaliação tante limitados. Como discutido neste capítulo, as
de cada liga. Propriedades dependem de fatores propriedades físicas dessas ligas são controladas
relacionados ao material, sua composição e seu pela presença de elementos menores da liga como
processamento. carbono, molibdênio, tungstênio, manganês, ni-
Ligas de metais básicos para fundição e forja, trogênio, tântalo, gálio e alumínio.
incluindo-se as ligas cobalto-cromo-niquei, ní-
quel-cromo-ferro, titânio comercialmente puro, titâ- A FUNÇÃO DE VÁRIOS ELEMENTOS
nio-alumínio-vanádio, aço inoxidável, niquei-titânio DE LIGA
e titânio-molibdênio (beta-titânio), são discutidas O cromo é responsável pela resistência ao man-
nesta seção. A discussão se baseia na relação de si- chamento e à corrosão dessas ligas. Quando o teor
nergia entre processamento, composição, estrutura de cromo de uma liga é maior do que 30%, é mais
e propriedades dos materiais. difícil de fundi-la. Com essa porcentagem de cromo,
a liga também forma uma fase frágil, conhecida
como fase sigma (cr). Portanto, ligas dentárias de
Ligas de Cobalto-cromo e Níquel-cromo metais básicos não devem conter mais de 28% ou
para Fundição de Próteses Parciais 29% de cromo. Em geral, cobalto e niquei, até certa
Removíveis porcentagem, são elementos intercambiáveis. O
Quase todas as estruturas metálicas para pró- cobalto aumenta o módulo de elasticidade, a resis-
tese parcial removível são feitas de ligas de cobal- tência e a dureza da liga mais do que faz o niquei.
to-cromo. O efeito de outros elementos nas propriedades
dessas ligas é muito mais pronunciado. Uma das
Especificação ANSYADA No. 14 (ISO 6871) maneiras mais eficazes de aumentar a dureza das
De acordo com a especificação ANSI/ ADA No. ligas à base de cobalto é aumentando o seu teor
14, o conteúdo de cromo em peso não deve ser de carbono. Uma mudança no teor de carbono de
inferior a 20°/o e o peso total de cromo, cobalto e aproximadamente 0,2% muda as propriedades a
niquei não deve ser inferior a 85o/o. Ligas com ou- tal ponto que a liga não seria mais utilizável na
tras composições também podem ser aceitas pela odontologia. Por exemplo, se o teor de carbono é
ADA, desde que cumpram satisfatoriamente com aumentado 0,2°k acima da quantidade desejada,
as exigências de toxicidade, hipersensibilidade e a liga se torna muito dura e frágil e não deve ser
corrosão. A embalagem da liga deve trazer a com- usada para próteses dentárias. Reciprocamente,
posição elementar arredondada para mais próximo uma redução de 0,2% no teor de carbono reduziria
de 0,5%, juntamente com a presença e a porcen- as resistências à deformação plástica e à fratura para
tagem de elementos de risco e as recomendações valores tão baixos que, mais uma vez, a liga não
para processamento dos materiais. A especificação seria utilizável na odontologia. Além disso, quase
também exige valores mínimos para alongamento todos os elementos nestas ligas, como cromo, silício,
(1,5°/o), resistência à deformação plástica (500MPa) molibdênio, cobalto e niquei, reagem com carbono
e módulo de elasticidade (170GPa). para formar carbonetos, que mudam as proprie-
Uma importante característica dessa especi- dades das ligas. Observe que, como mostrado na
ficação é que descreve um método padronizado Tabela 10-12, as ligas de níquel-cromo usadas com
de teste, o que tornou possível a comparação de cerâmica contêm significativamente menos carbo-
resultados entre diferentes investigações. no do que as ligas usadas para próteses parciais
removíveis. A presença de 3% a 6°/o de molibdênio
Composiçã.o contribui para a resistência das ligas.
ELEMENTOS PRINCIPAIS
Os principais elementos presentes em metais bá- Microestrutura de Ligas de Metais Básicos
sicos para fundição de próteses parciais removíveis para Fundição
são cromo, cobalto e niquei, que juntos respondem A microestrutura de qualquer substância é o fator
por 82 a 92% do peso da maioria das ligas usadas básico que controla as propriedades. Em outras pala-
em restaurações dentárias. Composições repre- vras, uma mudança nas propriedades físicas de um
248 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
TABELA 10-12 Composição das principais ligas de metaL~ básicos para fundição usadas em odonto logia
Cromo(Cr) 30 17 13 22 26 30
Cobalto (Co) o restante o restante o restante
Níquel (Ni) o restante o restante o restante
Mohbdênio (Mo) 5 5 5,5 9 6 4
Tungstênio (W) 5
Nióbio (Nb) 3,5
Alumínio (AJ) 5 2,5 0,25 2
Ferro (Fe) 1 0,5 1,75 0,5
Carbono (C) 0,5 0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0.1
Berílio (Be) 1,0 1,9
Silicone (Si) 0,6 0,5 0,6 1
Manganês (Mn) 0,5 5 0,3 4
Ouro (Au) 2
Gálio (Ga) 6
Terras raras 0,5 <0,25
*Dados de Asgar K: An overall study of partia! dentures, USPHS Researcli Gra:nt DE-02017. Natumal Instit11te of Health (NIH):
Viashington, DC; Bara:n G: J. Prostlret. Dent. 50, 539, 1983.
1Tfpicas ccmposiçlfes de ligas para.restaurações metalocerhmicas com porcelanas ccnvencumais.
1Uga adequada para porcelana.de alta expa:nsíJo.
material é uma forte indicação de que deve ter havido pode formar muitos tipos de carbetos. Além disso,
alguma alteração na sua microestrutura. Algumas a disposição desses carbetos pode também variar
vezes essa variação na microestrutura não pode ser dependendo da condição de manipulação.
detectada por meios comuns. Nem as ligas de cobal- A microestrutura de uma liga de cobalto-cro-
to-cromo nem as de níquel-cromo têm microestrutu- mo comercial é ilustrad a na Figura 10-12. Na
ras simples e as suas microestruturas mudam com Figura 10-12, A, os carbetos são contínuos ao longo
ligeiras alterações das condições de manipulação. dos limites de grãos. Tal estrutura é obtida quando
A microestrutura das ligas de cobalto-cromo na o metal é injetado assim que ele é completamente
condição fundida é não homogênea, consistindo em fundido. Nessa condição, a liga fundida apresenta
uma matriz austenítica composta de uma solução valores de alongamento baixos com uma superfície
sólida de cobalto e cromo envolvendo uma estrutura boa e limpa. Carbetos esféricos e descontínuos, como
dendrítica tubular. As regiões dendríticas são ricas ilhas, são mostrados na Figura 10-12, B. É possível
em cobalto, enquanto que as regiões interdendríticas obter uma estrutura como essa se a liga for aquecida
podem ser misturas quaternárias consistindo em a cerca de lOOºC acima de sua temperatura de fusão
uma fase -y rica em cobalto; uma fase M 23C 6 rica em normal; isto resulta em uma fundição com bons
cromo, em que M é Co, Cr ou Mo; uma fase de carbe- valores de alongamento, mas com uma superfície
tos ~C3; e uma fase <J' rica em cromo e molibdênio. muito ruim por causa de uma maior reação com o
Associa-se também a essa estrutura a porosidade revestimento. A superfície é tão ruim que a peça
interdendrítica resultante da fundição. fundida não poderia ser usada em odontologia.
Muitos dos elementos presentes nas ligas de Áreas eutetoides escuras, que são lamelares por
metais básicos fundidas, como cromo, cobalto e mo- natureza, são mostradas na Figura 10-12, C. Tales-
libdênio, são elementos formadores de carboneto. trutura é responsável por valores de alongamento
Dependendo da composição de uma liga de metais muito baixos, mas uma fundição boa e limpa. Por
básicos e as suas cond ições de manipulação, ela esses três exemplos, é claro que a microestrutura
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 249
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FIGURA 10-12 Microestrutura de ligas. A, Liga de cobalto-cromo fundido, em que os carbetos são contínuos em
volta dos limites granulares. B, As estruturas tipo ilha são carbetos, que estão dispersos por toda a área. C, As áreas
escuras são eutetoides, que são lamelares por natureza. D, núcroestrutura de uma liga de níquel-cromo contendo berílio.
E, microestrutura de uma liga de níquel-cromo contendo boro e silicio (A, B, mui C Jrotn Asgar K, Peyt.on FA: f. Dent.Res.
40, 68, 1961; D and E, Cm1rtesy of G. Barnn, Ternple University).
Resistência à Número de
deformação Módulo de dureza
plástica a 0,2o/o Resistência à Alongamento elasticidade de Vickers
(MPa) tração (MPa) (%) (GPa) (kglmm2)
um material. Por causa da sua tenacidade, grampos 10-13. Em geral, ligas de metais básicos têm valores
de próteses parciais removíveis feitos com ligas de dureza cerca de um terço maiores do que as ligas
com um alto alongamento e resistência à tração não de ouro usadas para a mesma finalidade.
fraturam em serviço tão frequentemente quanto A dureza é uma indicação da facilidade de
aqueles com baixo alongamento. acabamento da estrutura e sua resistência ao risco
A porcentagem do alongamento é uma pro- durante o uso. A maior dureza das ligas de metais
priedade critica em relação à sua determinação básicos quando comparadas com as ligas de ouro
em laboratório, exigindo testes precisos e controle requer o uso de equipamentos para polimento e
adequado durante a preparação dos corpos de abrasivos diferentes, o que pode ser considerado
prova. Por exemplo, uma pequena quantidade de uma desvantagem, mas a operação de acabamento
microporosidades no corpo de prova reduz conside- pode ser realizada sem dificuldade por operadores
ravelmente o valor de alongamento, enquanto que experientes.
o efeito sobre a resistência à flexão, módulo de elas-
ticidade e resistência à tração é bastante limitado. FADIGA
Portanto, pode-se presumir que da mesma forma, na A resistência à fadiga das ligas usadas para
prática, peças metálicas fundidas podem apresentar próteses parciais removíveis é importante quando
variações com relação ao alongamento. Até certo se leva em consideração que estas próteses são in-
ponto isso se confirma, com algumas fundições do seridas e removidas diariamente. Nestas horas, os
mesmo produto mostrando uma tendência maior grampos são deformados ao serem deslizados sobre
para fragilidade do que outras. Esta observação in- os dentes-pilares, e a liga sofre fadiga. Comparações
dica que o controle das variáveis de fusão e injeção entre as ligas de cobalto-cromo, titânio e ouro mos-
da liga é de extrema importância para a obtenção tra que as ligas de cobalto-cromo possuem maior
de resultados reproduzíveis. resistência à fadiga, como é indicado pelo maior
Embora níquel e cobalto sejam intercambiáveis número de ciclos necessário para fraturar o grampo.
em ligas de cobalto-níquel-cromo, aumentar o Quaisquer procedimentos que resultem em um au-
teor de níquel com uma redução correspondente mento da porosidade ou do teor de carbetos na liga
no cobalto geralmente aumenta a ductilidade e o reduzirão a resistência à fadiga. Também, uniões
alongamento. Valores de alongamento altos são soldadas, que frequentemente contêm inclusões
obtidos ao se fundir a liga utilizando a tempera- ou poros, representam elos fracos na resistência à
tura de fusão recomendada e ao não se aquecer a fadiga da prótese.
liga lOOºC acima da sua temperatura de fundição
normal. Um alto alongamento pode ser conseguido Corrosão
sem sacrificar a resistência pela combinação correta Em sua maioria, os trabalhos recentes sobre ligas
e exata dos conteúdos de carbono, nitrogênio, silí- para fundição odontológica se referem a estudos de
cio, manganês e molibdênio. corrosão e potenciais efeitos biológicos da liberação
de íons metálicos. Em geral, testes de corrosão in
MÓDULO DE ELASTICIDADE vitro avaliam uma série de variáveis importantes,
Para uma peça metálica fundida com dimensões como os efeitos de meios eletroliticos e saliva artifi-
definidas, quanto mais alto o módulo de elastici- cial, composição da liga, microestrutura da liga e o
dade da liga, tanto mais rígida é uma estrutura. estado superficial do metal. Estas variáveis são res-
Alguns profissionais da odontologia recomendam ponsáveis por variações da ordem de 2 a 4 ordens de
o uso de uma prótese rígida e bem planejada, pois magnitude na quantidade espécies liberadas. O es-
assim as forças nos tecidos de apoio serão distri- tado da superfície do metal é um fator de influência
buídas adequadamente quando em função. Com extremamente importante na corrosão, porque a
um módulo de elasticidade maior, é possível dese- composição da superfície da liga é quase sempre
nhar a restauração com dimensões ligeiramente diferente daquela encontrada em regiões subsuper-
reduzidas. Pela Tabela 10-13, pode-se ver que o ficiais. Outra consideração importante é a corrosão
módulo de elasticidade das ligas de metais básicos associada ao desgaste. Em ligas de níquel-cromo
é aproximadamente o dobro do valor apresentado (Ni-Cr), a massa de íons metálicos, como níquel (Ni),
por ligas de ouro do tipo IV. liberada durante o atrito oclusal em combinação
com a corrosão é três vezes maior do que durante
DUREZA a corrosão isoladamente. Não existe nenhum es-
Diferenças na composição das ligas de metais tudo de longo prazo para monitorar o impacto da
básicos para fundição têm algum efeito na sua du- liberação dessas concentrações tão grandes de íons
reza, como indicado pelos valores dados na Tabela metálicos para a saúde geral dos pacientes.
252 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Ligas de Fundição de Metais Básicos para nos pesos atômicos do níquel e cromo, 2% em peso
Próteses Fixas é aproximadamente igual a 6'Yo em átomos.
A maioria das ligas de níquel-cromo contém Essas ligas são mais duras do que as ligas nobres,
60o/o a 80% de níquel, 10% a 27% de cromo e 2% mas normalmente têm resistências à deformação
a 14% de molibdênio. Como comparação, as ligas plástica menores. Elas também têm módulos de
de cobalto-cromo contêm 53% a 67°/o de cobalto, elasticidade mais altos, e acreditava-se que capings e
25% a 32% de cromo e 2°/o a 6% de molibdênio. estruturas mais finas seriam possíveis. Elas têm den-
Elas também podem conter pequenas quantidades sidades muito mais baixas (7 a 8g/ cm3) e geralmente
de alumínio, carbono, cobalto, cobre, cério, gálio, temperaturas de fundição mais elevadas. As vezes, a
ferro, manganês, nióbio, silício, estanho, titânio e correta compensação da contração de fundição é um
zircónio. As variações de composição de ligas de problema, assim como o ajuste do caping.
metais básicos para restaurações metalocerâmicas LIGAS DE COBALTO-CROMO (Co-Cr)
são dadas na Tabela 10-14, e propriedades típicas
Novamente, o cromo fornece resistência ao man-
dessas ligas estão listadas na Tabela 10-15. Variações
chamento e à corrosão. Ao contrário das ligas de
consideráveis na composição e nas propriedades
Co-Cr para prótese parcial removível, as ligas para as
são mostradas nestas duas tabelas.
restaurações metalocerãmicas têm sua resistência au-
Ligas de fundição de metais básicos apresentam
mentada por meio de endurecimento por solução em
dureza e módulo de elasticidade mais altos do que
vez de formação de carbetos. O molibdênio ajuda a
as ligas nobres, mas elas exigem uma abordagem
reduzir o coeficiente de expansão, e o rutênio melhora
ligeiramente diferente na fundição e na soldagem
a reprodução de detalhes do molde de revestimento.
para acomodar sua maior contração de solidifi-
Ligas de Co-Cr são mais resistentes e duras do que a
cação e geralmente menores densidades do que
nobre e ligas de Ni-Cr e têm aproximadamente ames-
ligas nobres.
ma densidade e temperatura de fusão do que ligas
Ni-Cr. A fundição e soldagem dessas ligas são mais
LIGAS DE NÍQUEL-CROMO (Ni-Cr) difíceis do que para ligas nobres, bem como a obten-
O cromo fornece resistência ao manchamento e ção de um alto grau de precisão nas fundições.
à corrosão, enquanto que ligas contendo alumínio
(AI) são fortalecidas pela formação de precipitados TITÂNIO (Ti) E LIGAS DE TITÂNIO
coerentes de Ni3 Al. Molibdênio (Mo) é adicionado Titânio puro (Tt) e titânio em liga com alumínio e
para diminuir o coeficiente de expansão térmica. vanádio (Tt-6Al-4V) podem, futuramente, se tomar
Observe que, por causa dessas grandes diferenças importantes para restaurações, mas atualmente são
TABELA 10-14 Intervalos de composição de metais básicos para restauraÇÕes metalocerâmicas (wt%)
Tipo Ni Cr Co Ti Mo A1 V Fe Be Ga Mn Nb w B Ru
AI, alumb1io; B, boro; Be, berilío; Co, cobalto; Cr, cromo; Fe, Ferro; Ga, gálio; Mo, molibd2nio; Mn, manganês; Nb, ni6bio; Ni, niquei;
Ru, rutênio; Ti, titflnio, V, vanádío; W, t1111gstr!nio.
Resistência à
deformação Módulo de Temperatura
Resistência à plástica a elasticidade Alongamento VHN Densidade de fundição
Tipo tração(MPa) 0,2•;. (MPa) (GPa) (%) (kg!mm2) (g/cm3 ) (º Cl
Titânio N e H Fe o AI V Ti
CP série I 0,03 0,10 0,015 0,02 0,18 o restante
CP série II 0,03 0,10 0,015 0,03 0,25 o restante
CPsérieill 0,03 0,10 0,015 0,03 0,35 o restante
CP série IV 0,03 0,10 0,015 0,05 0,40 o restante
Liga TI-6A1-4V 0,05 0,08 0,012 0,25 0,13 5,50-6,50 3,50-4,50 o restante
C, carbono; CP, comercialme.1te p1tr0; Fe, ferro; H, hidrogênio; N, nitrogtnio; O, oxigênio; TI, tit1tnio.
Dados de 1\1cCrncke11 1\1. JProsthodcnt 1999 8(1):40-43.
TABELA 10-17 Propriedades mecânicas de titânio Em geral, o alfa-titânio é soldável, mas difícil de
e outros materiaL~ selecionados conformar ou trabalhar em temperatura ambiente.
Beta-titânio, no entanto, é maleável em temperatura
Material Módulo de Resistência à Resistência à
ambiente e, assim, é usado em ortodontia. As ligas
elasticidadde tração (MPa) deformação
plástica (a + 13) são resistentes e conformáveis, mas difíceis
(MPa) de soldar. Tratamentos térmicos e termoquímicos
podem refinar as microestruturas depois de fundi-
316LSS 200 965 690 das e melhorar as propriedades.
Co-Cr-Mo 240 700 450
Ti-6Al-4V
Ouro tipo IV 90 770 >340
Em temperatura ambiente, Ti-6Al-4V é uma
CP série 1 Ti 102 240 170 liga de duas fases (a + 13). A cerca de 975°C, ocorre
CP série4 Ti 104 550 483 uma transformação da fase alotrópica, modifican-
do a microestrutura em uma liga de fase única 13
Ti-6Al-4V 113 930 860
CCC. Tratamentos térmicos ditam as quantidades
Co, cobalto; CP, comercialmente p11ro; Cr, cromo; Mo, molibdtnio; relativas das fases a e 13 e as morfologias da fase e
n, tiltlnio. permitem diversas microestruturas e variações de
Data de McCracken M: JProsthodont 8(1): 40-43, 1999 e Watahn
propriedades mecânicas. Variações microestruturais
J:J Prostli Dent 87:351-63, 2002.
variam em função da realização os tratamentos a
frio e térmicos acima ou abaixo da temperatura de
A densidade do CP Ti (4,5 g/ cm3) é cerca de transição 13 e da velocidade de resfriamento.
metade do valor de muitos outros metais básicos. Seguindo-se à forja em temperaturas no interva-
O módulo (lOOGPa) também é cerca de metade do lo de 700° a 950°C, tratamentos térmicos abaixo da
valor dos outros metais básicos. As resistências à temperatura de transição 13 (tipicamente realizado
deformação plástica e à fratura variam, respectiva- a aproximadamente 700° C) produzem micro-
mente, de 170 a 480MPa e 240 a SSO:tv!Pa, depen- estruturas recristalizadas tendo grãos a equiaxiais
dendo do grau do titânio. A Tabela 10-17 lista as finos (Fig. 10-13). Microestruturas equiaxiais são
propriedades mecânicas para o TI CP de graus 1 a caracterizadas por grãos pequenos (3 a 10 µm) e
4 para comparação com ligas nobres e outras ligas arredondados que têm razões de aspecto próximas
de metais básicos. a um. Essa classe de microestrutura é recomendada
para implantes cirúrgicos TI-6Al-4V.
Ligas de TiMnio: Geral As propriedad es mecânicas de ligas de titânio
Elementos de liga são adicionados para estabili- (a + 13) são ditadas pela quantidade, pelo tama-
zar ou a fase a ou a 13, pela mudança da temperatura nho, pela forma e pela morfologia da fase a e a
de transformação 13. Por exemplo, no TI-6Al-4V, o densidade das interfaces a/13. As propriedades de
alumínio é um estabilizador a, que expande o cam- tração e fadiga de Ti-6Al-4V foram estudadas ex-
po da fase a ao aumentar a temperatura de trans- tensivamente. Microestruturas com um grão a de
formação (a+ 13) para 13, enquanto que o vanádio, tamanho pequeno (menos de 20 µm), uma fase 13
assim como o cobre e o paládio, são estabilizadores bem dispersa e uma área de interface a/13 pequena,
13, que expandem o campo da fase 13 ao reduzir a como em uma microestrutura equiaxial, resistem
temperatura de transformação (a + 13) para 13. melhor à iniciação d e trincas por fadiga e têm a
l O. MATERIAJS RESTAURADORES - METAIS 255
pio, as ligas de Ti-Pd e TI-Cu têm pontos de fusão próximas à unidade e limite de grão a descontí-
de 1.350° C. Temperaturas de fundição mais baixas nuo, atributos microestruturais que aumentam
também podem reduzir a reatividade do titãnio com resistência à tração e à fadiga. Essas mudanças na
oxigênio e outros gases. Outras ligas de titãnio, co- forma e na estrutura microestruturais resultam em
mo Ti-6Al-4V, TI-15V, TI-20Cu, TI-30Pd, TI-Co, TI-Cu aumentos significativos na resistência à deformação
e TI-Cu-Ni, estão ainda em estágios experimentais e permanente (974 al.119MPa), na resistência à tração
não foram avaliadas em grandes estudos clínicos. (1.025 a 1.152MPa) e na resistência à fadiga (643 a
As rnicroestruturas de materiais de titãnio fundido 669 MPa), se comparadas com os respectivos valores
são semelhantes àquelas descritas previamente, ou para as m.icroestruturas lamelar (902, 994 e 497MPa)
seja, grãos lamelares grossos, um resultado do res- e equiaxial (914, 1.000 e 590MPa).
friamento lento mediante a temperatura de transfor- O titãnio puro é normalmente fundido utilizan-
mação de f3 para a ou de f3 para (a + f3) (Fig. 10-14). do-se uma máquina de fundição de pressão por vá-
As propriedades mecãnicas de CP TI fundido são cuo. Outros fabricantes desenvolveram máquinas de
semelhantes àquelas das ligas de ouro dos tipos me fundição centrifugas que usam um arco elétrico para
Jv, enquanto que TI-{ÍAl-4V e TI-15V fundidos apresen- fundir o titânio em uma atmosfera de argônio ou
tam propriedades, exceto para o módulo, semelhantes hélio. A fusão é realizada em um cadinho de cobre,
àquelas de ligas de niquei-cromo e cobalto-cromo. seguido pela injeção centrífuga em um molde que
Recentemente, microestruturas de Ti-6Al-4V usa revestimento. Tais máquinas proporcionam um
fundido têm sido refinadas pela formação de ligas ambiente relativamente livre de oxigênio e, com
temporárias com hidrogênio. As microestruturas o uso de um arco de tungstênio, podem chegar a
resultantes (Fig. 10-15) podem ter grãos a de ta- temperaturas de 2.000ºC. Este método é utilizado
manhos menores do que 1 µ.m, razões de aspecto para fundir coroas de CP TI. Coroas fundidas dessa
maneira foram avaliadas clínicamente e os resultados
revelaram que, embora o ajuste seja inferior àquele
da liga de prata-paládio, é superior ao do níquel-cro-
mo. Ajuste oclusal não foi mais difícil do que com
coroas convencionais, e a descoloração, o desgaste
oclusal e a retenção de placa foram semelhantes para
outros metais.
Observações de coroas aleatoriamente escolhidas
fundidas usando máquinas antigas e revestimentos
contendo sílica revelaram porosidades de superfície
grosseiras, até uma profundidade de 75 µ.m, tanto na
superfície interna e externa. Polimento mecãnico é
insuficiente para remover esta porosidade. Porosida-
des internas, às vezes, medindo até 30°/o da área de se-
ção transversal, também são facilmente observadas.
FIGURA 10-14 Microestrutura de Ti-6Al-4V fundido. A superfície também pode estar contaminada com a
case. A causa do a case é provavelmente um controle
de atmosfera ruim ou a contaminação proveniente
do cadinho e do revestimento. Para funcionalidade
ideal da fundição final, a camada superficial deve ser
removida durante o acabamento. Contudo, mesmo
após a remoção do a case, a oxidação interna pode
permanecer e comprometer as propriedades mecâ-
nicas da prótese final Um exame mais aprofundado
dessas fundições também revelou múltiplas microfis-
suras nas extremidades das margens. Algumas
fissuras apresentavam 100 µm de comprimento. Fis-
suras deste comprimento são catastróficas para um
material sensível a defeitos como o titãnio.
Conforme descrito, as dificuldades com titânio
fundido para fins dentários incluem alto ponto de
FIGURA 10-15 Microestrutura de Ti-6Al-4V tratado fusão e alta reatividade, baixa eficiência de fundição,
com hidrogênio (X200). expansão inadequada do revestimento, porosidade
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 257
Composição
Fundida Pelas definições ADA atuais, todas as ligas usadas
na forma forjada são ligas altamente nobres exceto
uma, que é uma liga nobre (Tabela 10-18). Assim
como com as ligas para fundição, diversas estraté-
gias são usadas para formular ligas com diferentes
Trabalho mecânico
I
TABELA 10-18 Composição de típicas ligas
forjadas de uso odontológico ( % em peso)
Liga Ag Au Cu Pd Pt Outra
Pt-Au-Pd 27 27 45
Au-Pt-Pd 60 15 24 Ir 1,0
Forjada Au-Pt-Cu-Ag 8,S 60 10 S,S 16
Au-Pt-Ag-Cu 14 63 9 14
FIGURA 10-16 Diagrama do processo de trabalho Au-Ag-Cu-Pd 18,S 63 12 s Zn 1,5
mecânico que transforma estruturas fundidas em es- Pd-Ag-Cu 39 16 43 1
truturas forjadas. A míc.r oestrutura e propriedades mecã-
rúcas de formas fundídas e forjadas são fundamentalmente Ag, prata; Au, auro; Cu, cobrt; Ir, irldio; Pd, pal4dio; Pt, platina;
diferentes. Zn, zinco.
258 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
propriedades. As composições na Tabela 10-16 não peça fotjada for fundida ou soldada, o solidus precisa
incluem todas as ligas fotjadas disponíveis, mas mos- ser suficientemente alto para que esta não derreta
tram ligas típicas. Essas composições foram definidas ou perca a sua estrutura fibrosa durante as fases de
para fornecer uma gama de intervalos de fusão e queima ou injeção. O solidus necessário dependerá
propriedades mecânicas apropriadas para aplicações dos metais a serem unidos, da solda e das tempera-
de ligas fotjadas. As ligas Pt-Au-Pd contêm princi- turas de queima e fundição usadas. Em geral, ligas
palmente platina com quantidades iguais (27o/o em com temperaturas solidus altas tambêm têm tempe-
peso) de paládio e ouro. Usam-se comumente essas raturas de recristalização mais altas. Essas ligas são
ligas POP (platina-ouro-paládio) como grampos em na sua maioria brancas por causa dos altos teores de
próteses parciais removíveis. As ligas de Au-Pt-Pd platina e paládio. Exceções são as ligas Au-Pt-Ag-
são principalmente ouro com platina e paládio. As -Cu e Au-Ag-Cu-Pd, que são de cor amarelo claro e
ligas de Au-Pt-Cu-Ag, Au-Pt-Ag-Cu eAu-Ag-Cu-Pd amarelo, respectivamente. Resistência à deformação
contêm aproximadamente 60%. em peso de ouro, plástica, alongamento e dureza são propriedades
mas apresentam diferentes estratégias para os 40°/o importantes para ligas fotjadas (Tabela 10-19). A peça
restantes da massa. As duas primeiras ligas contêm fotjada precisa geralmente ter resistência à deforma-
cerca de 15o/o de platina e o restante de prata, cobre e ção plástica baixa o suficiente para permitir ajustes
paládio, enquanto que a terceira liga não contêm ne- (de um grampo ou encaixe), mas ser alta o suficiente
nhuma platina e quantidades mais altas de prata. A para que deformações permanentes não ocorram du-
última liga mostrada na Tabela 10-7 não contém ouro rante o uso clinico. Além disso, o alongamento deve
ou platina em quantidades consideráveis, contendo ser suficiente para permitir ajustes sem fratura. Três
paládio e prata em quantidades aproximadamente das ligas fotjadas, como mostradas na Tabela-10-19,
iguais e cerca de 16°/o em peso de cobre. A liga fotjada podem ser endurecidas pela formação de fases orde-
de Au-Ag-Cu-Pd (Tabela 10-16) é semelhante à liga nadas. As ligas de Au-Pt-Ag-Cu e de Au-Ag-Cu-Pd
de fundição Au-Cu-Ag-Pd-II (Tabela 10-5). Estas são endurecidas por uma fase ordenada de Au-Cu,
ligas se diferem apenas ligeiramente nas proporções enquanto que as ligas de Pd-Ag-Cu são endurecidas
de ouro/prata. Outras ligas fotjadas diferem de ligas por uma fase ordenada de Pd-Cu. Assim como ocorre
de fundição principalmente em seus teores de platina com as ligas para fundição, a fase ordenada confere à
mais altos e na ausência dos refinadores de grão irí- liga resistência e dureza significativamente maiores e
dio e rutênio. Adiciona-se platina para aumentar as menor alongamento.
temperaturas de fusão das ligas. O refinador de grãos
não é necessário porque essas ligas são trabalhadas
a frio em suas formas finais. Ligas de Aço Inoxidável Forjado
O aço é uma liga de ferro-carbono. Aplica-se
Propriedades o termo a.ço inoxidá.vel a ligas de ferro e carbono
As propriedades de ligas fotjadas são mostradas que contêm cromo, níquel, manganês e talvez ou-
na Tabela 10-19. O solidus dessas ligas varia de 875ºC tros metais para melhorar as propriedades e dar a
para Au-Ag-Cu-Pd a 1.SOOºC para Pt-Au-Pd. Se a qualidade inoxidável ao aço. Essas ligas diferem
Propriedade
em composição das ligas para fundição de cobalto- liga, e nenhum outro elemento adicionado ao ferro
cromo, niquei-cromo e titânio. Normalmente, ligas é tão eficaz em produzir resistência à corrosão. O
de aço inoxidável não são fundidas, sendo usadas ferro não pode ser usado sem a adição de cromo
em odontologia na forma forjada, o que representa porque o óxido de ferro (Fe2(h), ou ferrugem, não é
uma segunda diferença entre o aço inoxidável e as aderente ao corpo do metal. Cerca de 11% de cromo
ligas de metais básicos fundidas. Como resultado, são necessários para produzir resistência à corrosão
os tipos de próteses construídas a partir desses dois em ferro puro, e a quantidade necessária aumenta
materiais diferem. As aplicações mais comuns do com a adição de carbono para formar o aço. O cromo
aço inoxidável para fins dentários atualmente são resiste bem à corrosão por causa da formação de um
na preparação de aparelhos ortodônticos e na fa- revestimento de óxido fortemente aderido à super-
bricação de instrumentos endodônticos, tais como fície, o que evita que a reação de oxidação progrida
limas e alargadores. Algumas aplicações especiali- subsuperficialmente. A formação dessa camada de
zadas de aço inoxidável existem para mantenedores óxido é chamada passÍV11fãO. Essa camada superficial
de espaço temporários, coroas pré-fabricadas ou não é visível, mesmo em grande ampliação, mas a
outras próteses colocadas na boca, e para vários película aumenta brilho metálico da liga. O grau de
instrumentos clínicos e de laboratório. passividade é influenciado por uma série de fatores,
como composição da liga, tratamento térmico, con-
Composiçã.o dição da superfície, tensão na prótese e ambiente em
Diversas classificações abrangentes de aço ino- que a prótese é colocada. Em aplicações dentárias, as
xidável são geralmente reconhecidas. Os vários características inoxidáveis das ligas podem, portanto,
grupos são referidos como ferríticos, martensíticos e ser alteradas ou perdidas por aquecimento excessivo
austeníticos, e eles têm diferentes composições, pro- durante a confecção ou adaptação da peça, o uso
priedades e aplicações. Os aços inoxidáveis ferritices de abrasivos ou agentes de limpeza reativos, o que
são aços de cromo empregados na fabricação de ins- pode alterar as condições de superfície da prótese,
trumentos ou partes de equipamentos em que algum e até mesmo por meio de práticas de higiene oral
grau de resistência ao manchamento é desejável. deficientes durante períodos prolongados.
Uma ampla variedade de composições está dispo- Das ligas de aço inoxidável de uso geral, o tipo
nível nesse grupo, no qual quantidades de cromo, o austenitico de aço inoxidável 18-8 mostra a maior
principal elemento que contribui para sua qualidade resistência à corrosão e ao manchamento. Nessas
inoxidável, podem variar de 15°/o a 25o/o. Elementos ligas, cromo e niquei formam soluções sólidas com o
como carbono, silício e molibdênio estão inclusos, ferro, o que dá proteção contra corrosão. O conteúdo
mas são mantidos dentro de limites estreitos. de cromo nessas ligas deve ser entre 13% e 28% para
Os aços martensíticos também são principal- a melhor resistência à corrosão. Se o teor de cromo
mente aços de cromo com um teor de cromo mais for menor do que 13%, a camada de óxido de cromo
baixo (cerca de 12°/o a 18o/o). Estes aços podem ser aderente não se forma. Se houver mais de 28% de
endurecidos até certo ponto por meio de tratamento cromo, carbetos de cromo se formam nos limites de
térmico, e eles têm uma resistência moderada ao grãos, fragilizando o aço. A quantidade de carbono
manchamento. Eles são usados principalmente na também precisa ser rigidamente controlada. Do con-
fabricação de instrumentos e, de forma limitada, trário, o carbono reagirá com o cromo, formando
para aparelhos ortodônticos. limites de grãos de carbeto de cromo, o que leva ao
Os aços austeniticos representam as ligas usadas esgotamento do cromo no limite granular e diminui
mais extensivamente para próteses dentárias. O aço a resistência à corrosão em um processo conhecido
austenitico mais comum usado em odontologia como sensibilizaçiW. O molibdênio aumenta a resis-
é o aço inoxidável 18-8, assim chamado porque tência à corrosão localizada.
contém aproximadamente 18°/o de cromo e 8% de Os elementos presentes em pequenas quantida-
niquei. O teor de carbono está entre 0,08°/o a 0,20°/o des tendem a evitar a formação de carbetos entre
e titânio, manganês, silício, molibdênio, nióbio e o carbono presente na liga e o ferro ou o cromo
tântalo estão presentes em menores quantidades e, como resultado, são frequentemente descritos
para dar importantes modificações às propriedades. como elernentos estabilizadores. Alguns aços, cunha-
O restante ("'72%) é ferro. dos aços inoxidáveis estabilizados, contêm titânio,
nióbio ou tântalo, para que os carbetos que de fato
Função dos Elementos da Liga de formam sejam carbetos de titânio em vez de
e Resistência Química carbetos de cromo.
A resistência à corrosão do aço inoxidável é A resistência química de ligas de aço inoxidável
atribuída em grande parte à presença de cromo na é maior se a superfície estiver limpa, lisa e polida.
260 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Irregularidades promovem ação eletroquímica na da m, uma liga pode ser deformada plasticamente.
superfície da liga. Procedimentos de soldagem em Quando a liga é então aquecida de uma temperatura
aço inoxidável com solda de ouro e prata podem abaixo da m para uma temperatura acima desta,
contribuir para uma redução nas qualidades ino- uma transformação cristalográfica, induzida pela
xidáveis por causa da ação eletrogalvânica entre temperatura, de uma microestrutura martensítica
metais diferentes ou por causa de composição loca- para uma austenitica ocorre e a liga irá retornar
lizada imprópria do fio de aço inoxidável. para sua forma original. Por isso, niquei-titânio é
chamado de uma liga ccrrn rnemória de forma. A liga
Tratamentos para Alivio de Tensões ortodôntica contém diversas porcentagens de cobal-
As ligas 18-8 não estão sujeitas à melhora nas to para diminuir a m. Uma série de variações da
propriedades por meio de tratamento térmico, mas liga de Ni-Ti foram desenvolvidas na odontologia.
respondem ao encruamento como resultado de tra- Variações composicionais levam a mudanças nas
balho a frio durante ajuste e adaptação da liga para temperaturas iniciais e finais e nas propriedades
formar a prótese. O tratamento térmico acima de mecânicas martensíticas e austeníticas. Somente fios
650ºC resulta em recristalização da microestrutura, com temperatura austenítica finais menores do que
mudanças composicionais e formação de carbeto 37ºC apresentam superelasticidade.
de cromo, três fatores que podem reduzir as pro-
priedades mecânicas e a resistência à corrosão. Propriedades e Manipulação
Próteses formadas por essas ligas podem, no As propriedades mecânicas de uma liga orto-
entanto, ser submetidas a um procedimento de alí- dôntica de niquei-titânio com aquelas de uma liga
vio de tensões para remover os efeitos do trabalho de aço inoxidável e titânio beta em tração, flexão
mecânico a frio durante a fabricação, aumentar a e torção são comparadas na Tabela 10-20. A liga
ductilidade ou produzir algum grau de endureci- de níquel-titânio tem o módulo de elasticidade e
mento em algumas ligas. Caso o tratamento térmico a resistência à deformação plástica mais baixos,
seja realizado, devem-se utilizar temperaturas entre mas o mais alto retomo elástico (deflexão elástica
400° e 500ºC por 5 a 120 segundos, dependendo máxima). Como mostram as Figuras 10-17e10-18,
da temperatura, do tipo de prótese e da liga sendo
aquecida. Em média, um tempo de 1 minuto a 450ºC
TABELA 10-20 Propriedades de fios ortodônticos
representaria um tratamento usado em aparelhos
na tração, flexão e torção
ortodônticos. Tenha em mente que temperaturas
acima de 650ºC irão amolecer e recozer a liga, e as Propriedade 18-SAço Níquel- Titânio-
propriedades não podem ser restauradas com mais inoxidável -titânio -beta
tratamento. A principal vantagem em realizar um
TRAÇÃO
tratamento térmico à baixa temperatura é que se
estabelece uma uniformidade das propriedades Resistência ao 1.200 343 960
em toda a prótese após adaptação e fabricação, o escoamento, 0,1% de
que pode reduzir a tendência à fratura durante o compensação,:r.Jl"a
uso. Fatores que afetam a suscetibilidade da liga ao Módulo Elástico, GPa 134 28,4 68,6
tratamento térmico e ao alívio de tensões incluem
composição da liga, histórico de trabalho (p. ex., Mola lateral (CT,/E), 10-2 0,89 1,40 1,22
processo de fabricação), e a duração, a temperatura FLEXÃO
e a atmosfera do tratamento térmico.
Resistência ao escoa- 1.590 490 1.080
mento, 2,9 graus de
Liga Forjada de Níquel-titânio compensação,:r.Jl"a
Uma liga de níquel-titânio forjada conhecida Módulo Elástico, GPa 122 32,3 59,8
como Nitinol é usada como fio para aparelhos Constante de mola, 0,80 0,17 0,37
ortodônticos. Nitinol é caracterizado por sua alta mm-N/grau
resiliência, conformabilidade limitada e memória
TORÇÃO
térmica.
Constante de mola, 0,078 0,020 0,035
Composiçã.o e Efeito de Memória de Forma mm-N/grau
A liga industrial é composta por 55'% de níquel Modificado de Drake SR, Way11e DM, Powers JM, et ai: Am. J.
e por 45°/o titânio e possui um intervalo de tempe- Orthod. 82, 206, 1982. Os valores sífo para fios retangulares de
ratura de transição (ITT). Em temperaturas abaixo 0,43 X 0,64-rmn.
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 261
6,0 AI
~ 5,0
E'
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E 4,0
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X ____ rs 4,0
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Q)
PROBLEMAS SELECIONADOS
Amálgama PROBLEMA 3
PROBLEMA 1 Quando se realizam procedjmentos restaurado-
res extensos com amálgama, o amálgama é diffcil
Está difícil remover da cápsula uma mistura de de esculpir e parece cristalizar antes que se possa
amálgama, que parece excessivamente molhada. O que completar a escultura adequadamente. O que pode
pode ser feito para se obter uma mistura melhor? causar esse problema?
S:ll
Solução a
A causa mais comum é relacionada à supertritura-
ção. É preciso diminuir o tempo de trituração em um O tempo de trabalho de uma liga pode ser influen-
ou dois segundos, e a mistura deve então ser testada ciado pela composição específica (ou pelo tamanho
quanto à plasticidade. da partícula) e pelo tratamento de envelhecimento
durante a fabricação. Se as características de trabalho
Soluçao b de uma liga parecem mudar daquelas previamente
A velocidade da trituração pode ter sido muito experimentadas, é possível que a causa seja uma al-
alta; uma velocidade majs lenta deve ser escolhida teração feita pelo fabricante. Por outro lado, se uma
para a próxima mistura. Lembre que a energia da reação mais rápida ocorrer em testes iniciais com ligas
trituração é importante para a obtenção de uma novas ou pouco familiares, isto pode simplesmente
mistura normal e que a energia é uma função da indicar que a liga tem um tempo de cristalização curto
velocidade e da duração da trituração; aumentan- e é inadequada para uso por certos operadores ou
do-se qualquer um dos dois, aumenta-se a energia com técnicas específicas.
da trituração.
Solução b
PROBLEMA 2 As duas variáveis de manipulação mais comuns
que podem acelerar a reação e tornar a escultura
Misturas de amálgama estão secas e sem plastici-
difícil são a supertrituração e a diminuição na pro-
dade durante a condensação. Qual pode ser a causa
porção mercúrio/liga. Uma mistura supertriturada
de uma mistura seca e como é possível corrigi-la?
é reconhecível pela sua aparência brilhante e muito
So. i. molhada e pela sua alta plasticidade inicial. Uma
proporção mercúrio/liga baixa parece bastante seca
Em contraste ao Problema 1, uma mistura seca é
durante a condensação e apresenta dificuldade no
normalmente causada por subtrituração. Diversas
manuseio.
misturas deveriam ser feitas em tempos maiores de
trituração (um a dois segundos adicionais), e cada
uma deveria ser testada para plasticidade. Procure
Solução e
escutar mudanças significativas de som durante a É possível compensar o aumento na velocidade
trituração; o pistilo pode ficar preso pelos primeiros da reação ao se fazer diversas misturas menores à
segundos, e a energia de trabalho durante este tempo medida que se usa o material. Não tente completar
é perdida. Outra opção seria usar uma velocidade grandes restaurações a partir de uma única mistura
mais alta no amalgamador. ou continuar usando uma mistura depois de ela ter
excedido a faixa utilizável para plasticidade. Al~m
Solução b disso, a técnica d eve ser avaliada; a maioria dos pro-
Uma mistura seca pode ser o resultado de uma blemas ao esculpir pode ser remediada obtendo ajuda
perda de m.e rcúrio da cápsula duran te a trituração. e melhorando a velocidade do operador.
As duas partes da maioria das cápsulas pré-medidas
mantêm-se juntas por um encaixe de atrito e, oca-
sionalmente, algum mercúrio pode vazar durante a PROBLEMA 4
mistura. Verifique o interior da caixa que cobre a área Ao experimentar uma nova liga, alguns amál-
da cápsula para pequenas gotas de mercúrio, que gamas parecem secos e frágeis na fase de esculpir e
também podem se assemelhar a um pó. Sugere-se tendem a romper em grandes incrementos cm vez
mudar para uma cápsula hermeticamente selada se de serem esculpidos suavemente. O que pode causar
o problema persistir com o produto usado. esse problema?
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 263
Solução
Qualquer vapor de mercúrio liberado irá reagir PROBLEMA 13
com os íons de tiossulfato e diminuir a pressão de Uma revisão da Tabela 10-5 indica que a maior
vapor do mercúrio para níveis abaixo do nível de parte de ligas de fundição nobres tem como base
detecção do instrumento de 0,01 mg/m3. Caso ar- ouro, paládio ou prata, com menores quantidades
mazenar o resíduo de amálgama apenas embaixo de de cobre, platina e zinco adicionadas. Por que fa-
água, a quantidade de mercúrio no ar acima da água bricantes dentários escolhem esses elementos para
aumenta com o tempo. ligas dentárias de fundição nobres?
Solução
PROBLEMA 11 Ouro e paládio são selecionados como os prin-
Quais garantias são possíveis dar a um paciente cipais elementos para ligas de fundição nobres por-
para afastar medos da toxicidade do mercúrio a partir que eles dão resistência à corrosão para as ligas e
de amálgamas dentários? são miscíveis (livremente solúveis) com os outros
elementos (Fig. 10-7). No passado, o paládio era fre-
s, . .10 quentemente usado porque era consideravelmente
Exceto por reações aMrgicas raras, não há docu- mais barato do que o ouro, e mantinha a resistência
mentação científica de efeitos locais ou sistêmicos à corrosão da liga. Contudo, o preço do paládio se
de amálgamas dentários. Pacientes com nove su- aproximou e até mesmo ultrapassou aquele do ouro
perfícies oclusais de amálgama irão inalar menos em tempos recentes. Não obstante, o paládio é usado
de 1'Yo de mercúrio do que uma pessoa iria inalar para adicionar resistência e dureza sem sacrificar
em um ambiente de trabalho tendo um nível per- a resistência à corrosão.A prata é usada como uma
mitido pela Occupational Safety and HealthAdminis- alternativa menos cara ao paládio, mas não pode
tration (OSHA). Elimina-se o mercúrio ingerido por fornecer tanta resistência à corrosão porque não é
fezes e urina. A ingestão diária de mercúrio do ar, da um metal nobre. Além disso, a prata não é misdvel
água e de alimentos excede aquela dos amálgamas com o cobre. Outros elementos na Tabela 10-5 (cobre,
dentários. zinco, gálio, irídio, rutênio e índio) são inadequados
como elementos principais. Cobre, zinco, gálio e ín-
Ligas nobres dio não têm resistência à corrosão, e irídio e rutênio
têm pontos de fusão extremamente altos e são muito
PROBLEMA 12 caros. Esses elementos menores são usados porque
A Tabela 10-7 mostra que ouro 24k fundido tem melhoram as propriedades dos elementos principais.
uma dureza e resistência que não são suficientes para Por exemplo, o cobre fornece um endurecimento de
266 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
PROBLE MA 16
Um dentista diz para um técnico de laboratório que PROBLEMA 18
deseja urna liga do tipo .m para uma restauração. O U ma coroa de ouro feita em liga Au-Cu-Ag-Pd-I
laboratório então pergunta ao dentista se ele quer uma foi inadvertidamente resfriada lentamente em tem-
liga altamente nobre ou nobre. O dentista acredita que a peratura ambiente após a fundição. Como a coroa
pergunta do laboratório é desnecessária, pois o tipo m estava então na condição endurecida, foi colocada em
especifica a composição da liga. Quem está correto? um fogão a 400ºC por 20 minutos e então resfriada
10. MATERIAIS RESTAURADORES - METAIS 267
em água. Contudo, o acabamento da fundição ainda podem ser feitas e ainda manter a mesma rigidez que
estava difícil. Por quê? a viga da liga de ouro.
Solução
Para converter a liga endurecida a uma condição PROBLEMA 20
amolecida, é preciso aquecê-la acima de 424ºC para Durante a solda da prótese parcial removível
afetar a conversão (diagrama de fase na Fig. 10-7, de cobalto-cromo, a temperatura do maçarico ficou
A). Ligas dessa composição são frequentemente muito alta. Quais podem ser os efeitos esperados nas
aquecidas a 700ºC, o que está acima da temperatura propriedades da estrutura fundida?
de transição da fase ordenada, mas bem abaixo da
solidus, para afetar a conversão. A essa temperatura, Solução
a liga se converte para a condição amolecida, então O aquecimento excessivo da estrutura irá resultar
o resfriamento a mantém na condição amolecida ao em uma redução da resistência à deformação per-
esfriá-la tão rápido que ela não tem tempo suficiente manente e da porcentagem de alongamento. Isto pode
para formar a fase ordenada. resultar da migração de átomos e da formação de
carbetos, resultando na diminuição de cromo nos
Ligas de metal base
grãos, o que pode levar à corrosão elevada.
PROBLEMA 19
Os valores do módulo de elasticidade das ligas
de níquel-cromo e cobalto-cromo são cerca do dobro
PROBLEMA 21
daqueles das ligas de ouro; assim, a espessura de uma Ligas de níquel-cromo que podem ser fundidas
restauração na direção de uma resistência à flexão em revestimentos aglutinados por gesso contêm até
pode ser de cerca de metade e ainda ter a mesma 2o/o de berílio para reduzir a temperatura de fusão.
deflexão. Isto é uma conclusão justificável? Defenda Uma liga classificada como contendo 77% de níquel,
a sua resposta. 21°/o de cromo e 2% de berílio (Be) contém 2 at% de Be.
Esta afirmação está correta? Defenda a sua resposta.
Solução
Não. Embora uma curva de tensão-deformação Solução
em tração possa levar você a responder afirmativa- Não. Os valores listados são porcentagens de pe-
mente, é preciso lembrar que, embora a deflexão de so. Para obter a porcentagem atômica, você precisa
uma viga seja diretamente proporcional ao módulo, primeiramente dividir a porcentagem do peso de
é inversamente proporcional ao cubo da espessura. cada elemento pelo número atômico respectivo. Esses
Como resultado, reduzir pela metade a espessura quocientes são então adicionados, e a porcentagem
da viga de níquel-cromo irá aumentar dramatica- atômica calculada ao dividir cada quociente pela
mente a deflexão se comparada com aquela da viga soma vezes 100. Por exemplo, 77 \vt% Ni 59 = 1,305,
de ouro, mesmo que tenha duas vezes o módulo de 21 wt% Cr + 52 = 0,404 e 2 \vt% Be + 9 = 0,222. A
elasticidade. Pode ser mostrado que somente peque- soma dos quocientes é 1,931, e 0,222 + 1,931 X 100
nas reduções na espessura da viga de níquel-cromo = 11,5 ato/o Be.
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11
Materiais Restauradores
Cerâmicas
275
276 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
O termo cerâtn.ica se refere a qualquer produto cidas pelo dentista. Técnicos e artesãos habilidosos
confeccionado com material inorgânico não me- são também responsáveis pela fabricação de dentes
tálico geralmente preparado pela queima em alta artificiais de prótese, para produzir variadas formas,
temperatura para alcançar propriedades desejáveis. tipos e tonalidades necessárias nessa aplicação da
O termo mais limitado, porcelana, se refere a uma porcelana. Entretanto, uma variedade de cerâmicas
classificação composicional específica de materiais usinadas está também disponível para a confecção
cerâmicos originalmente confeccionados por uma de restaurações totalmente cerâmicas no consultório
mistura de caulim (silicato de alumínio hidratado), por meio do softv.rare Desenho Assistido por Com-
quartzo (sílica), e feldspato (silicato de alumínio de putador/U.sinagem Assistida por Computador (CAD/
sódio e potássio), e aquecidas em alta temperatu- CAM). Uma discussão sobre os sistemas CAD/
ra. As cerâmicas odontológicas para restaurações CAM é apresentada no Capítulo 14.
metalocerâmicas pertencem a essa classificação
composicional e são comumente denominadas de - A
TABELA 11-1 Classificação dos Materiais Odon tológicos Cerâmicos co1n Exe1nplos de Produtos e Seus
Fabricantes
Direção da propagação
da trinca
O Zircônia monoclínica
transformada
o Zircônia tetragonal
parcialmente estabilizada
FIGURA 11-2 Esquema do mecanismo de tenacificação por transformação de fase em zircônia parcialmente
estabilizada.
Porcentagem
Técnica de Processamento Fase Cristalina Resistência à Flexão (MPa) de Cristalinidade
Dados de: Guazzato M, Albakary M, Ringer SP, et ai: Dent. Mater. 20, 441-448, 2004; G11azzato M, Albakary M, Rít1ger SP, et ai: Dent
Mater. 20, 449-456, 2004; D1mry TL, Holl111aay, JA, Tarr LA: J. Biomed. Mater. Res. (Appl. Biomater.), 48, 791-796, 1999; Dei/a Bona
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S-OCiety, Westeruille, 011, 2002.
•Dados do fabricante.
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 281
62 27,85 27,88
65 23,31 20,39 35,39 33,50 22,10
91 31,81 38,41
Adaptado de Brodbelt RHW, O'Brien Wf, Fnn PL: f. Dent. Res. 59, 70, 1980.
efeito de reforço. Considera-se que a excelente adesão As restaurações totalmente cerâmicas sinteri-
entre a alumina e a fase vítrea é responsável por esse z.adas estão sendo atualmente substituídas pelas
aumento na resistência, comparado às cerâmicas à restaurações cerâmicas prensadas a quente ou
base de leucita. A primeira porcelana de infraestru- usinadas, com melhor controle das etapas de pro-
tura aluminizada continha 40°/o a 50°/o de alumina em cessamento.
peso, dispersa em uma matriz vítrea de baixa fusão.
A infraestrutura era queimada em uma placa de
platina e depois recoberta com uma porcelana com Materiais Totalmente C erâmicos
expansão semelhante. Cerâmicas de infraestrutura de Prensados a Quente
alum.ina são atualmente queimadas diretamente no A prensagem a quente se baseia na aplicação
modelo refratário. As porcelanas de infraestrutura de de pressão externa em alta temperatura para
alum.ina têm resistência à flexão aproximadamente sinterizar e dar forma à cerâmica. A prensagem a
duas vezes maior (139 a 145 MPa) do que a das por- quente é utilizada em odontologia para produzir
celanas feldspáticas. coroas totalmente cerâmicas, inlays, onlays, facetas
As cerâmicas à base de alumina densamente e, mais recentemente, próteses parciais fixas. Du-
sinterizadas podem também ser produzidas por rante a prensagem a quente, os lingotes cerâmicos
pressão a seco, seguida por sinterização. Com o são levados a altas temperaturas num molde de
objetivo de compensar a contração de sinterização revestimento aglutinado por fosfato, produzido
(linear de 12o/o a 20%), um modelo aumentado é pela técnica da cera perdida. A temperatura da
gerado pelo desenho auxiliado por computador. prensagem é próxima ao ponto de amolecimento
Uma cerâmica à base de alumina de alta pureza é da cerâmica. Em seguida, uma pressão de 0,3 a
depois fabricada por pressão a seco e sinterizada 0,4MPa é aplicada por meio de um êmbolo re-
em altas temperaturas (1.550 ºC). O produto final é fratário, resultando no preenchimento do molde
uma cerâmica altamente cristalina com o tamanho com a cerâmica amolecida. A alta temperatura
médio do grão por volta de 4 µ.m e resistência à é mantida durante 10 a 20 minutos. A prensagem
flexão em tomo de 600 MPa. Todo o processo deve a quente requer um forno automático de pressão
ser controlado cuidadosamente pelo fabricante. Os especialmente projetad o para essa finalid ade
últimos passos consistem em recobrimento com (Fig. 11-4) e classicamente promove uma boa
porcelana translúcida, caracterização e glazeamen- dispersão da fase cristalina no interior da matriz
to. O desempenho clínico dessa cerâmica in vivo vítrea. As propriedades mecânicas de muitos sis-
após 15 anos é considerado excelente. A mesma temas cerâmicos são maximizadas com a excelente
tecnologia está também disponível para cerâmicas dispersão dos cristais, alta cristalinidade e menor
de infraestrutura à base de zircônia. tamanho dos cristais, comparada aos sistemas
totalmente cerâmicos sinterizados.
Cerllmicas Reforçadas por Leucita
As cerâmicas reforçadas por leucita, com conteú-
do de mais de 45% de volume de leucita tetragonal,
estão disponíveis para a fabricação de restaurações
totalmente cerâmicas sinteriz.adas. A leucita atua
como uma fase de reforço; o maior conteúdo de
leucita (comparado com as porcelanas feldspáticas
convencionais para restaurações metalocerãmicas)
levam a uma alta resistência à flexão (104MPa) e
resistência compressiva. A grande quantidade de
leucita no material também contribui para o alto
coeficiente de contração térmica. Além disso, a
grande diferença na contração térmica entre a leu-
cita (20 a 25 x 10-6/ ºC) e a matriz vítrea (8 x 10-6/ ºC)
resulta no desenvolvimento de tensões compressi-
vas tangenciais no vidro em tomo dos cristais de
leucita durante o resfriamento, porque os cristais
contraem mais do que a matriz vítrea adjacente.
Essas tensões pod em atuar como defletores de
trinca e contribuem para aumento da resistência FIGURA 11-4 Forno para porcelan a. (Modificado de
da cerâmica à propagação de trincas. Whip Mix Corporntian, Louisville, KY).
284 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
estabilizada pela adição de 3o/o em mols de ítrio efeitos a longo prazo podem ser prejudiciais devi-
(3Y-TZP). Restaurações unitárias ou múltiplas são do à presença de tensões de tração subjacentes. É
produzidas pela fresagem direta da cerâmica (FDC) por isso que as instruções do fabricante devem ser
de blocos pré-sinterizados de 3Y-TZP. Os blocos seguidas com extremo cuidado nos sistemas à base
são fáceis de usinar, o que leva a uma economia de zircônia parcialmente estabilizada.
considerável de tempo e de desgaste das fresas. O As técnicas de fresagem pós-sinterização tomam
processo envolve a confecção um padrão de cera possíveis a fabricação de restaurações no consultório
completo da restauração, que é posteriormente di- odontológico com uma única consulta. Entretanto,
gitalizado com um escãner a laser. As restaurações os materiais totalmente cerâmicos disponíveis com
são maiores no desenho e no estágio de usinagem, essa técnica exibem somente resistência de baixa a
para compensar a grande contração (20°/o a 25%) moderada, restringindo as indicações para restau-
que ocorre durante o processo de sinterização em rações unitárias.
alta temperatura (1.350 ºC por duas horas). O benefício da fabricação da restauração em uma
Desde a introdução da técnica de FDC, uma consulta é perdido com as técnicas de fresagem pré-
larga variedade de blocos de 3Y-TZP parcialmente sinterização, porque as restaurações necessitam
sinterizados se tomou disponível para fresagem pré- de sinterização a altas temperaturas após serem
-sinterização por CAD/CAM. Neste caso, a etapa usinadas. Esta desvantagem é contrabalanceada
do enceramento é eliminada, a moldagem digital pelas propriedades mecânicas ímpares da 3Y-TZP,
do preparo é realizada e o desenho da restauração tomando possível a realização de restaurações tanto
é executado pelo computador. Semelhante à técnica unitárias quanto múltiplas anteriores ou poste-
de FDC, as restaurações usinadas são completamen- riores. Inicialmente uma preocupação, a precisão
te sinterizadas em altas temperaturas. marginal é atualmente aceitável com essas técnicas.
A microestrutura destas cerâmicas 3Y-TZP poli- O impacto negativo da alta opacidade da zircônia é
cristalinas consiste em grãos de zircônia tetragonal atenuado pela habilidade de redução da espessura
densamente compactados com tamanho médio do da infraestrutura para 0,4 a 0,5mm.
grão de 0,2 a 0,7 µ,m, dependendo da temperatura e
da duração da sinterização (Fig. 11-5, F). Dependen-
do do fabricante, as temperaturas de sinterização RESTAURA,ÇOES -
recomendadas variam de 1.350° C a 1.550° C e a METALOCERAMICAS
duração de duas a seis horas. Elas exibem a maior
resistência à flexão (900-1500 MPa) e a maior tenaci- As restaurações metalocerâmicas consistem em
dade à fratura (maior que 5 MPa • m 0,5) entre todas uma infraestrutura metálica fundida sobre a qual,
as cerâmicas odontológicas atualmente disponíveis. no mínimo, duas camadas de cerâmica são queima-
Em todos os sistemas, o último passo consiste na das (Fig. 11-7). A primeira camada aplicada é a ca-
cobertura da infraestrutura da cerâmica 3Y-TZP mada opaca, que consiste em porcelana modificada
com porcelana de expansão térmica compatível. É por óxidos opacificadores. Sua função é mascarar a
importante ressaltar que a maioria dos problemas coloração escura da infraestrutura de metal oxidado
clínicos enfrentados até o momento com esses sis- para atingir uma estética satisfatória. Esta camada
temas envolve o aparecimento de microfissuras ou fina de opaco também contribui para a união entre
trincas na interface entre porcelana de cobertura e metal e cerâmica. O próximo passo é a construção
cerâmica da infraestrutura. Estes achados têm sido de porcelanas para dentina e esmalte (mais trans-
explicados pela desestabilização da fase tetragonal lúcidas) para obtenção de aparência estética similar
na interface entre cobertura/infraestrutura, com a à dos dentes naturais. O pó de porcelana de dentina
transformação para a fase monoclínica, causando ou esmalte é misturado a um líquido modelador
tensões localizadas devido à diferença do coeficiente (basicamente água destilada) até atingirem uma
de expansão térmica entre as duas fases cristalo- consistência pastosa, e então aplicados sobre a
gráficas. camada de opaco. A porcelana é condensada por
A metaestabilidade das cerâmicas 3Y-TZP deve vibração (sendo o excesso de água removido com
ser lembrada quando são realizados tratamentos papel absorvente) e é lentamente secada para per-
que alteram a superfície, como o desgaste e o ja- mitir a difusão e a evaporação da água. A aplicação
teamento. Dependendo do tamanho do grão, tais da porcelana deve ser em tamanho aumentado para
tratamentos tem o potencial de disparar a transfor- compensar a grande contração (25o/o-30%) associada
mação da fase tetragonal para monoclínica, com a ao processo de sinterização. Após a aplicação do pó
consequência benéfica inicial imediata de produzir de porcelana, as restaurações metalocerâmicas são
tensões compressivas na superfície. Entretanto, os sinterizadas sob vácuo num forno para porcelana.
288 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
~
porção cerâmica da restauração.
FIGURA 11-8 Porcelanas sinterizadas sob pressão atmosférica e a vácuo. A, Micrografia óptica da porcelana
sinterizada sob pressão atmosférica, mostrando a porosidade. B, Micrografia óptica de porcelana sinterizada a vácuo,
mostrando porosidade minima (Cortesia de f. O. Semmelman, York, PA, 1959, Dentsply Internacional).
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 289
qualidade da união que se forma. Angulos de con- na porcelana durante a queima, conduzindo a uma
tato pequenos indicam bom molhamento. O ângulo descoloração visível em áreas onde a porcelana é
de contato da porcelana numa liga áurica (Au) é mais delgada, por exemplo, próxima à margem
em tomo de 60 graus. Uma micrografia eletrônica gengival da restauração. Algumas ligas formam
de varredura da superfície oxidada de uma liga camadas de óxidos ricas em Cri03 , que não se unem
nobre de 98'Yo ouro (Au)-platina (Pt)-paládio (Pd) ou não aderem bem à liga. Essas ligas tipicamente
é mostrada na Fig. 10-10. Entretanto, a rugosidade exigem a aplicação de um agente de união na sua
da superfície pode reduzir a adesão se a porcelana superfície para modificar o tipo de óxido formado.
não molhar a superfície e vazios permanecerem na Em alguns casos, o fabricante recomenda uma quei-
interface. ma para oxidação sob pressão reduzida para limitar
A formação de uma camada de óxido na super- a espessura da camada de óxido. Uma queima de
fície metálica é a chave para a adesão metalocerâ- oxidação sob pressão atmosférica pode produzir
mica. Ligas metálicas nobres, que são resistentes à camadas de óxido mais espessas.
oxidação, geralmente têm outros elementos mais Tensões térmicas residuais elevadas entre o metal
facilmente oxidáveis adicionados, como o índio (ln) e a porcelana podem levar ao insucesso. Se o metal
e o estanho (Sn), para formar uma camada oxidada e a cerâmica apresentarem coeficientes de expansão
e melhorar a união. A camada de óxidos é formada térmica muito diferentes, os dois materiais vão se
durante um ciclo especial de queima antes da apli- contrair em taxas diferentes durante o resfriamento
cação da porcelana. Algumas ligas nobres contendo e uma grande tensão residual térmica se formará ao
prata causam descoloração ou o esverdeamento da longo da interface metalocerâmica. Se essas tensões
porcelana, explicado pela difusão iônica da pra- forem muito altas (seja de compressão ou tração),
ta na porcelana. Ligas de metais básicos contêm a porcelana irá se quebrar e/ou se delaminar do
elementos como o niquei (Ni) e o cromo (Cr), que metal. Mesmo se essas tensões não causarem fa-
oxidam facilmente, e deve ser tomado cuidado para lha imediata, elas podem ainda assim enfraquecer
evitar a formação de camadas de óxido espessas a união e levar a uma fratura tardia. Para evitar
demais. Os fabricantes especificam as condições esses problemas, as porcelanas e as ligas são elabo-
de queima para a formação de uma camada de radas para terem coeficiente de expansão térmica
óxido ideal e geralmente indicam a cor do óxido. compatíveis. Muitas porcelanas têm seu coeficiente
Os óxidos ricos em niquei (NiO) tendem a ser cinza de expansão térmica entre 13,0 e 14,0 x 10·6/°C,
escuro, enquanto que os ricos em cromo (Cr2(h) são e os metais entre 13,5 e 14,5 x 10-6/ ºC. A diferença
esverdeados. Se as recomendações de queima não de 0,5 x 10·6/ ºC na contração térmica entre metal
forem seguidas, esses óxidos podem se dissolver e porcelana faz com que o metal se contraia ligei-
ramente mais do que a cerâmica durante o res-
friamento. Esta condição coloca a porcelana sobre
uma leve compressão residual, o que a torna menos
sensível a tensões de tração induzidas por cargas
1---------~--i -Falha A •
mecarucas.
A A adesão metalocerâmica pode falhar em qual-
quer dessas possíveis três localizações (Fig. 11-10).
Conhecer o local da fratura fornece informações
importantes sobre a qualidade da união. A maior
1---------~--1 -Falha
resistência de união conduz à falha no interior
B
da porcelana quando testada (Fig. 11-10, C); essa
fratura coesiva é observada com algumas ligas es-
-Falha pecialmente preparadas para promover uma mo-
lhabilidade excelente pela porcelana. Testando essas
e amostras de alta resistência, utilizando o teste de
cisalhamento (ou push-out), foi demonstrado que a
D CerãmicaD Óxido D Metal
resistência de união é aproximadamente a mesma
FIGURA 11-1 O Diagrama demonstrativo dos três da resistência ao cisalhamento da porcelana. Outra
tipos de falhas de união observadas em sistemas me- possível falha coesiva está no interior da camada
talocerâ.micos. A , Metal - óxido metálico (adesiva); de óxido (Fig. 11-10, B). As falhas que ocorrem na
B,ÓXidometálico-óxidometálico(coesiva);eC,cerâmica- interface entre metal e camada de óxidos (Fig. 11-10,
cerãmica (coesiva). NITTA: as dimensões das camadas não A) são chamadas de falhas aàesivas e são comumente
estão em escala. observadas com ligas metálicas que são resistentes
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 291
à formação de óxidos superficiais como ouro puro A presença de grande quantidade de fase vítrea
ou platina, e exibem adesividade baixa. Ligas de em porcelanas odontológicas (80-90 volº/o) permite
metais básicos comumente exibem falhas no interior uma translucidez semelhante à do esmalte. Óxidos
da camada de óxidos se a camada de óxido for ex- corantes e opacificadores permitem o ajuste fino
cessivamente espessa. da aparência final e o controle da tonalidade. A
porcelana é fornecida como um pó fino.
CERÂMICAS PARA
COMPOSIÇÃO E FABRICAÇÃO DE
RESTAURA,ÇÕES
METALOCERAMICAS PORCELANAS ODONTOLÓGICAS
TABELA 11-4 Composição das Cerâmicas Odontológicas para Uso com Ligas de Alta fusão
Opaco Biodent Opaco Ceramco Opaco V.M.K. Dentina Biodent Dentina Ceramco
Composto BG 2 (o/o) 60 (ºlo) 131 (%) BD27(%) T 69 (%)
De Nnlly JN, Meyer JM: Schweíz, Monatsschr, Zahnlteilked. 80, 25, 1970.
292 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
GO CINa
(Si, AI) 0 4
FI GURA 11-11 Estrutura bidimensional do vidro
de silicato de sódio. Si, silício; O, oxigênio; Na, sódio.
(Modificado de Warren Be, Biscoe f: f . Am. Ceram. Soe. 21, FIGURA 11-12 Estrutura tridimensional da leucita
259, 1938). (KAISi20 6 ). K, potássio; Si, silício; AI, alumfnio; O, oxigênio.
l 1. MATERIAJS RESTAURADORES - CERÂMICAS 293
de sucesso, em 10 anos, em tomo de 95°/o. A maioria procedimento demorado. Assim, diversas técnicas
dos retratamentos são devido a fatores biológicos, foram desenvolvidas para reparos de porcelanas
como fratura do dente, doença periodontal e cáries utilizando compósitos odontológicos. Todas essas
secundárias. A fratura da prótese e as falhas estéti- técnicas apresentam o desafio da adesão química
cas representam somente 20'Yo dos casos de retrata- entre materiais diferentes. Quando os fragmentos
mento das restaurações unitárias. Para as próteses da porcelana estão disponíveis e nenhuma carga
parciais fixas (PPF) metalocerâmicas, a fratura da funcional é exercida na posição da fratura, os agen-
prótese é a causa mais comum de retratamento, com tes de ligação silânicos podem ser utilizados para
PPF com espaços protéticos longos (cinco ou mais uma boa adesão entre o compósito e a porcelana;
unidades) tendo aproximadamente duas vezes mais entretanto, ligas metálicas não possuem tal agente
incidências de falhas quando comparadas às PPF de de união e este tipo de reparo é considerado somen-
espaços protéticos pequenos. te temporário. Existem sistemas disponíveis para
Quando uma prótese metalocerâmica falha, ge- recobrimento da superfície metálica com partículas
ralmente ocorreu falha adesiva entre porcelana e de sílica por meio de jatos abrasivos. As partículas
metal ou falha coesiva dentro da cerâmica próxima são embebidas em uma superfície metálica por
à interface metalocerâmica. Idealmente, a prótese impacto, e depois um agente de ligação silânico
deveria ser retirada, a superfície do metal deveria pode ser aplicado. Alternativamente, as ligas de
ser limpa, e uma nova camada de óxido deveria ser metais básicos podem ser recobertas com estanho
formada na área exposta do metal antes da aplicação seguida pela aplicação de um primer ácido. Ambos
e da queima da porcelana. Entretanto, isto não pode os métodos levam a uma resistência de união ade-
ser feito intraoralmente, e a remoção da prótese quada e podem impedir a necessidade eventual de
é tanto desagradável para o paciente quanto um reparo da prótese.
Solução b Solução e
Foi utilizada uma cerâmica imprópria para a Somente um lingote cerâmico foi utilizado quando
cobertura; por exemplo, urna cerâmica de cobertura eram necessários dois. Os padrões de cera devem ser
aluminízada com coeficiente de expansão térmica pesados antes da prensagem para assegurar que exis-
incompatível. te material suficiente disponível para prensagem.
11. MATERIAIS RESTAURADORES - CERÂMICAS 295
PROBLEMA 3 Solução
Uma coroa sinterizada totalmente cerâmica fratu- Qualquer sistema cerâmico rico em fase vítrea
rou como resultado da porosidade excessiva. O que com sílica pode ser quimicamente condicionado
pode ser feito para prevenir a porosidade? com soluções condicionantes à base de ácido fluorí-
drico. Isto inclui os sistemas totalmente cerâmicos
Solução a reforçados por leucita e por dissilicato de lítio. Os
Deve-se tomar cuidado ao se misturar a porcelana sistemas totalmente cerâmicos à base de alumina
com o líquido modelador em uma consistência pas- ou zircônia não oferecem uma fase vítrea rica em
tosa sem aprisionar bolhas de ar. sílica e portanto não podem ser condicionados com
soluções condicionantes à base de ácido fluorídrico,
Solução b independentemente da concentração.
A porcelana deve ser aquecida gradualmente na
primeira queima para evaporar a água que aglutina Sistemas metalocerâmicos - porcelana
as partículas sem a criação de vapor. Se a taxa de PROBLEMA 6
evaporação da água for maior que a taxa de difusão
Um paciente apresentou desgaste de esmalte con-
da água, o vapor produzido pode criar porosidade.
siderável no dente natural antagonista a uma restaura-
Solução e ção metalocerâmica. Explique as possíveis causas.
O nível de vácuo no forno de porcelana foi regu-
Solução
lado de maneira incorreta. A queima a vácuo reduz a
pressão do forno para em tomo de 0,1 atm; quando a A porcelana odontológica é mais dura do que o
temperatura de queima é atingida, o vácuo é hberado e esmalte humano e pode causar desgaste excessivo.
a pressão do forno torna-se pressão atmosférica (1 atm). Isto é particularmente verdadeiro se os ajustes oclu-
Isto favorece a sinterização e a eliminação de poros. A sais tiverem sido realizados na superfície cerâmica
queima sob pressão atmosférica não permite a elimina- sem o polimento cuidadoso para alisar a superfície.
ção apropriada dos poros durante a sintetização. As restaurações metalocerâmicas com superfícies
oclusais metálicas resultam em menor desgaste. A
superfície oclusal de porcelana deve ser evitada nos
PROBLEMA 4 casos de bruxismo.
Em uma cerâmica de cobertura que normalmente
é glazeada a 982 ºC, foi verificada a necessidade de
1.010° C para o glazeamento. Explique por quê. PROBLEMA 7
A superfície de urna coroa metalocerâmica finali-
Solução a zada exibe algumas inclusões escurecidas. Quais são
Um forno de porcelana necessita de calibração as possíveis causas desses defeitos?
periódica de temperatura. Isto é geralmente realizado
com discos ou filamentos de prata que se fundem Solução a
na temperatura fixa de 962ºC e são fornecidos pelo São inclusões metálicas criadas durante o pre-
fabricante do forno. paro e o desgaste da infraestrutura. Elas não foram
eliminadas devido à limpeza inadequada após o
Solução b desgaste. Elas são depois incorporadas na porcelana
Se o tamanho da partícula do pó da porcelana for durante a aplicação e ficam embebidas após a queima
alterado, as temperaturas de sinterização e glazea- subsequente.
mento também são alteradas. É importante agitar
o frasco do pó da porcelana antes de usá-lo, para Solução b
neutralizar qualquer fixação de partículas grandes no Pincéis ou espátulas contaminadas com fragmentos
fundo do frasco e garantir uma distribuição uniforme metálicos foram utilizados para mi~turar ou aplicar a
dos tamanhos das partículas. mistura da porcelana sobre a infraestrutura metálica.
Solução e
PROBLEMA 5
Instrumentos metálicos foram utilizados em
Quais sistemas totalmente cerâmicos podem ser qualquer momento da preparação ou da aplicação
quimicamente condicionados? da porcelana.
296 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Solução d
PROBLEMA 10
A reutilização de ligas metálicas pode ser prejudicial
para a qualidade da camada de óxidos. Quando botões Uma restauração metalocerâmica está finalizada,
de fundição são reciclados e utilizados para fundir uma porém sua coloração parece muito acinzentada. O que
nova subestrutura, a quantidade de Estanho ou Índio pode ter sido a causa da diferença de cor, e como isto
pode ser significativamente reduzida, e o resultado é pode ser evitado?
uma adesão muito frágil com a porcelana. O uso de
ligas novas para fundição da subestrutura é ideal, mas Solução a
a combinação de 50o/o (75°/o é melhor) de ligas novas Quando a camada de porcelana opaca é muito
com25% a 500/o de ligas recicladas podem ser utilizadas fina, a translucidez da porcelana de corpo permitirá
sem efeitos maléficos na adesão metalocerâmica. a exibição, através dela, da infraestrutura metálica
escurecida oxidada. A camada opaca deve ser exa-
minada nas áreas escurecidas que podem se mostrar
PROBLEMA 9 inteiramente e uma segunda queima de opaco deve
Quando uma restauração metalocerâmica foi ser realizada se quaisquer destas áreas estiverem
removida do forno, observaram-se trincas na porce- presentes.
l 1. MATERIAJS RESTAURADORES - CERÂMICAS 297
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CAPÍTULO
12
Materiais para Replicação
Moldagem e Fundição
SUMÁRIO
301
302 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Materiais de moldagem são utilizados para regis- modelos. Um modelo positivo que pode ser removi-
trar ou reproduzir a forma e a relação dos dentes do depois que o seu material do modelo toma presa
e tecidos orais. Os hidrocoloides e os polímeros é obtido. Um molde e um modelo de gesso-pedra
elastoméricos sintéticos estão dentre os materiais feitos a partir do molde são apresentados na
mais comumente utilizados para fazer moldagens de Figura 12-1. Modelos da cavidade oral são utiliza-
várias regiões dos arcos dentários. Cada uma dessas dos para avaliar a dentição em casos de problemas
classes de materiais tem certas vantagens e desvan- ortodônticos, oclusais ou outros e na fabricação em
tagens. A compreensão das características físicas e laboratório de restaurações e próteses.
das limitações de cada material é necessária para Geralmente o material de moldagem é levado à
sua utilização bem-sucedida na odontologia clínica. boca, numa condição não endurecida (plástica), numa
Moldagens digitais são descritas no Capítulo 14. moldeira e aplicado à área sob tratamento. Quando o
material de moldagem toma presa, ele é removido da
boca com a moldeira. O modelo é obtido pelo preen-
FINALIDADE DOS MATERIAIS chimento do molde com gesso-pedra ou outro mate-
DE MOLDAGEM rial para modelo. A precisão, reprodução de detalhes
e qualidade desta réplica final são da maior importân-
Materiais de moldagem são utilizados para fazer cia. Quando a reprodução positiva tem a forma dos
uma réplica precisa ou molde dos tecidos duros e tecidos dos arcos superior ou inferior e serve para a
moles orais. A área envolvida pode variar de um confecção de próteses totais, coroas, próteses fixas e
dente isolado até a dentição inteira, ou uma molda- outras restaurações, ela é denominada nwdeln. Are-
gem feita de uma boca edêntula. O molde é uma re- produção positiva da forma de um dente preparado
produção negativa dos tecidos e pelo preenchimento apenas constitui um troquei para o preparo de inlays
do molde com gesso-pedra ou outro material para ou próteses dentais fixas. Às vezes os materiais de
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 303
FIGURA 12-1 Molde de alginato (A) e modelo de gesso-pedra (B) (Cortesia do Dr. Charles Mark Malloy e Dr. Kyle
1\Aalloy, Portland, OR).
FIGURA 12-2 A, moldeiras superior e inferior com frisos para retenção. B, moldeira individual (Cortesia do Dr. Charles
Mark Malloy, Portlattd, OR).
5. Fácil de utilizar com o múúmo de equipamento para registro dos tecidos moles e relações oclu-
6. Características de presa que atendam aos sais.
requisitos clínicos
7. Consistência e textura satisfatórias HIDROCOLOIDES DE ALGINATO
8. Se espalha prontamente sobre os tecidos orais
9. Propriedades elásticas que permitam remoção Materiais para moldagem odontológica do tipo
fácil do material que tomou presa da boca e alginato mudam da fase sol para a fase gel por causa
boa recuperação elástica de uma reação química. Uma vez que a geleifica-
10. Resistência adequada para evitar quebra ou ção se completa, o material não pode ser liquefeito
rasgamento durante sua remoção da boca novamente para o estágio sol. Estes hidrocoloides
11. Estabilidade dimensional sob intervalos são chamados irreversíveis para distingui-los dos
de temperatura e umidade encontradas hidrocoloides reversíveis do tipo ágar. Os moldes
normalmente em procedimentos clínicos e de de alginato são amplamente utilizados para fazer
laboratório por um periodo longo o suficiente para modelos de estudo utilizad os para planejar o
permitir a produção de um modelo ou troquei tratamento e monitorar alterações das condições
12. Compatibilidade com os materiais para bucais ao longo do tempo e fabricar restaurações
modelos e troquéis provisórias e próteses parciais removíveis.
13. Precisão no uso clínico O alginato para moldagem tem propriedades
14. Desinfetados imediatamente sem perda de elásticas aceitáveis. A preparação para o uso requer
precisão somente a mistura de quantidades bem determinadas
15. Não há liberação de gás ou outros subprodutos de pó e água. A pasta resultante flui bem e registra os
durante a reação de presa dos materiais para detalhes anatômicos de maneira aceitável. Modelos de
moldagem ou para modelo e troquei. gesso são feitos a partir do vazamento de gesso comum
ou gesso-pedra no molde; nenhum meio de separação
TIPOS DE MATERIAIS é necessário. O pó é fornecido em grandes recipientes
DE MOLDAGEM com medidores apropriados para a dosagem das
quantidades corretas de pó e água. O pó também está
Hidrocoloides de alginato e materiais de mol- disponível em pequenos pacotes selados contendo
dagem elastoméricos são os mais amplamente uti- uma quantidade suficiente para uma única molda-
lizados atualmente e as propriedades destes serão gem e pronta para misturar com uma quantidade
examinadas primeiro. Os materiais de moldagem bem definida de água. Estes métodos de embalagem
elastoméricos substituiram materiais rígidos como juntamente com os dispositivos medidores fornecidos
gesso comum, godiva e óxido de zinco e eugenol pelo fabricante são mostrados na Figura 12-3.
A B
FIGURA 12-3 Materiais de moldagem tipo alginato (A, rortesia da Dentsply Rait1tree Essix, Bradentnn, FL; B, cortesia da
DUX Dental, Oxnn.rd, CA).
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 305
o·"
1
Na
H H H H
Na
1
306 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
COONa o 'o
OH
HO NaOOC
Manuronato Guluronato
Sol
''
Gel
reticulado
Soluções destes sais solúveis, quando reagem formação torna o material um gel. Esta reação é
com um sal de cálcio, produzem um gel elástico irreversível; não é possível converter o alginato de
insolúvel comumente denominado de alginato de cálcio em sol após a presa.
cálcio; as estruturas são apresentadas acima. Quan- Para atender os requisitos críticos de um mate-
do misturados com água, o material de moldagem rial de moldagem odontológico, esta reação deve ser
de alginato primeiro forma um sol. Após a reação controlada para alcançar as propriedades desejáveis
quúnica descrita anteriormente, a presa do material de consistência, tempo de trabalho, tempo de presa,
se caracteriza pela formação de um gel. A habilidade resistência, qualidade elástica e superfícies lisas e
dos alginatos em formar um gel está principalmente duras nos modelos de gesso. Estes requisitos são
relacionada à proporção de blocos de L-guluronan. alcançados pela adição de agentes para controlar
Os conceitos de sol e gel são apresentados na ~ a taxa de reação, desenvolver resistência e elasti-
cussão sobre coloides no Capítulo 4. cidade no gel e neutralizar o efeito retardador do
A natureza desta reação química está apresen- alginato sobre a presa de produtos à base de gesso.
tada acima para o sal de sódio. O sal de potássio, A adição de cargas inertes produz uma consistência
também utilizado com frequência, reage de maneira compatível com vários usos clínicos.
semelhante. No alginato para moldagem, sulfato A composição de um alginato típico e a função dos
de cálcio <li-hidratado, alginato solúvel e fosfato de seus ingredientes são apresentados na Tabela 12-1.
sódio estão presentes no pó. Quando a água é adi- Os fabricantes ajustam a concentração de fosfato de
cionada ao pó, os compostos se dissociam conforme sódio para produzirem alginatos de presa normal
é mostrado. Os íons de cálcio do sulfato de cálcio e rápida. Eles também ajustam a concentração de
<li-hidratado reagem preferencialmente com os íons carga para controlar a flexibilidade do material de
fosfato do fosfato de sódio e pirofosfato para formar moldagem pós-presa. Embora as moldagens com
fosfato de cálcio insolúvel. O fosfato de cálcio é for- alginato sejam geralmente feitas em moldeiras,
mado, em vez de alginato de cálcio, porque ele tem existem alginatos injetáveis, que são muito mais
uma menor solubilidade; assim, o fosfato de sódio é fluidos após mistura e mais flexíveis após a presa.
chamado de retardador e proporciona um tempo de Os fabricantes adicionam glicóis orgânicos ao pó do
trabalho suficientemente longo para o alginato. alginato a fim de reduzir a poeira. A terra de dia-
Depois que os íons fosfato são esgotados, os íons tomácea ou partículas finas de sílica são utilizadas
cálcio reagem com o alginato solúvel para formar como carga. Pelo fato destas partículas poderem ser
o alginato de cálcio insolúvel o qual, junto com a irritantes respiratórios, a inalação da poeira deve
água, forma o gel de alginato de cálcio irreversí- ser minimizada. Os moldes devem ser desinfetados
vel. O alginato de cálcio é insolúvel em água e sua com uma solução em spray após a remoção da boca
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 307
TABELA 12-2 Propriedades Típicas dos MateriaL~ de Moldagem Hidrocoloides do Tipo Alginato e Ágar de
ConsL~tência Pesada
Tempo de Resistência ao
Trabalho Tempo de Geleificação Recuperação• Flexibilidadet Resistência à Rasgamento§
(min) Presa (min) (ºCl (%) (%) Compressão* (MPa) (kN/m)
e antes de vazar o material do modelo. Outros in- presa rápida devem ser misturados com água por
gredientes em alguns produtos incluem agentes 45 segundos. O pó e a água devem ser misturados
antimicrobianos e indicadores de pH que mudam vigorosamente em uma cuba flexível de borracha
de cor quando a presa ocorre. com uma espátula para alginato ou uma espátula
para gesso. Também estão disponíveis equipamen-
Proporção e Manipulação tos para manipulação mecânica.
A proporção de pó e água antes da manipulação
é critica para a obtenção de resultados consistentes. Propriedades
Mudanças na proporção pó/ água irão alterar a con- Algumas propriedades típicas de um alginato pa-
sistência e o tempo de presa do material manipula- ra uso em moldeiras estão listadas na Tabela 12-2.
do, assim como a resistência e qualidade do molde.
Geralmente, os fabricantes fornecem recipientes Tempo de Trabalho
para a dosagem do pó e da água por volume e estes Os materiais de presa rápida têm tempos de tra-
são suficientemente precisos para o uso clinico. balho de 1,25 a dois minutos, enquanto o tempo do
O tempo de manipulação para o alginato do material de presa regular é comumente três minu-
tipo "regular" é de um minuto; o tempo deve ser tos, mas pode chegar a 4,5 minutos. Com um tempo
cuidadosamente medido, porque tanto a submani- de manipulação de 45 segundos para os alginatos de
pulação quanto a sobremanipulação são prejudiciais presa rápida, sobram 30 a 75 segundos de tempo
à resistência do molde após a presa. Os alginatos de de trabalho para completar a inserção da moldeira
308 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
7,0
~
E
~ 6,0
e
-
~
o
e 5,0
Q)
•..
•'
FIGURA 12-7 Qualidade de superfície e reprodução utilizando gesso comum e gesso-pedra. A, gesso comum vazado
contra o alginato; B, gesso-pedra vazado contra o mesmo alginato; e C, o mesmo gesso-pedra vazado contra polissulfeto.
Deve ser enfatizado que outro alginato com o mesmo gesso comum e pedra poderia produzir resultados opostos (De
Craig RG, MacPherson GW: University of Michigatr School of Dentistry, Ann Arbor, 1965).
de superfície, mas foi mostrado que um produto de "dobrados" um sobre o outro várias vezes conforme
alginato foi melhor imerso em iodóforos, enquanto eles são empurrados através da espiral, resultando
outra marca foi melhor em glutaraldeido glioxal. O numa mistura uniforme ao final da ponta. Como um
efeito da desinfecção em materiais de moldagem cilindro pode estar levemente mais preenchido do
do tipo ágar não foi relatado, mas considerando a que o outro, a primeira parte da mistura de um
semelhança dos dois hidrocoloides, recomendações novo cartucho deve ser descartada.
semelhantes são raz-0áveis. O material misturado pode ser dispensado dire-
tamente numa seringa de injeção ou no interior de
uma moldeira. Pontas intraorais de inserção podem
MATERIAIS DE MOLDAGEM ser colocadas no fim da ponta de mistura estática e o
ELASTOMERICOS material misturado pode ser injetado no interior e ao
redor do preparo cavitário. A ponta pode ser remo-
Existem quatro tipos de materiais de moldagem vida e mais material misturado pode ser dispensado
elastoméricos sintéticos disponíveis para registro de no interior da moldeira. Os sistemas de automistura
moldagens odontológicas: polissulfetos, silicones de resultam em misturas com muito menos porosi-
condensação, silicones de adição (polivini.lsiloxanos) dade do que as misturas manuais. Embora para
e poliéteres. Os polissulfetos foram os primeiros cada mistura o material que sobra na ponta dela seja
materiais de moldagem elastoméricos sintéticos desperdiçado, a perda média é de apenas 1- 2 mL
introduzidos (1950). Os silicones de condensação dependendo do fabricante da ponta, enquanto que
foram disponibilizados para dentistas em 1955, o em uma mistura manual a quantidade desprezada é
poliéter em 1965 e os silicones de adição em 1975. três ou quatro vezes maior, como resultado de uma
Polivinilsiloxanos e poliéteres formam a grande superestima da quantidade necessária. Inicialmente,
maioria dos moldes elastoméricos utilizados no a automistura foi utilizada para baixas consistências,
mundo inteiro atualmente. Mudanças em anos re- mas novos designs de pistolas e pontas de mistura
centes proporcionaram mais opções de consistência permitem que todas as consistências, com exceção
e novas técnicas de manipulação. da massa densa, sejam utilizadas neste sistema. Os
silicones de adição e poliéteres estão disponíveis
com estes meios de manipulação.
Consistências O segundo e mais novo sistema é um mistura-
Os materiais de moldagem elastoméricos são dor mecânico dinâmico, ilustrado na Figura 12-9. O
tipicamente fornecidos em diversas consistências catalisador e a base são fornecidos em embalagens
(viscosidades) para acomodar uma gama de téc- plásticas grandes e alojadas em um cartucho, que é
nicas de moldagem. Os silicones de adição estão inserido na parte de cima do dispositivo de mistu-
disponíveis: consistências extrabaixa, baixa (de se- ra. Uma ponta plástica de mistura nova é colocada
ringa ou ivash), média (regular), monofase, alta (de na parte da frente da máquina e quando o botão é
moldeira) e massa densa (extra-alta). Os materiais pressionado, êmbolos paralelos empurram as bolsas
de moldagem de poliéter estão agora disponíveis plásticas, forçando o material para dentro da ponta de
em consistências baixa, média e alta. mistura dinâmica. Esta ponta de mistura difere da de
automistura pelo fato que a espiral interna é movida
Sistemas de Mistura
Existem dois tipos de sistemas disponíveis para
misturar o catalisador e a base cuidadosamente
antes de fazer a moldagem: automistura estática e
·mistura mecânica dinâmica. Um meio bem popular
de misturar o catalisador e a base é com o chamado
sistema de a.utomistura. Base e catalisador estão em
cilindros separados do cartucho plástico. O cartucho •
é colocado numa pistola de mistura contendo dois
êmbolos que avançam por um mecanismo de que
permite seu movimento em apenas uma direção para
FIGURA 12-9 Materiais de moldagem tipo silicone de
dispensar quantidades iguais de base e catalisador. adição embalados com cartuchos para automi'ltura, pis-
A base e o catalisador são forçados através da ponta tola de mistura e pontas de mistura estática e misturador
de mistura estática contendo uma espiral interna mecânico dinâmico (O:!rtesia da 3M ESPE Dental Products,
estacionária de plástico; os dois componentes são St. Paul, MN).
312 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
CH3
~1 . 1
O-S1-CH=CH2 + H-Si-CH3
1 1
CH3 o CH3
Catalisador de Platina 1 1. ~
CH3- Si- H + CH2= CH - S1- 0
1 1
CH3 o CH3
~1. Catalisador de Platina
1
o-s1-CH= CH2 + H-Si-CH3
1 1
CH3
Catalisador de Platina
CH3 AS2
~ 1 1
O-Si-CH2-CH2-Si-CH3
1 1
CH3 O CHa
1 1 ~
CH3- Si- CH2- CH2 - Si- O
1 1
CH3 O CH3
~ 1 1
O- Si- CH2- CH2 - Si- CH3
1 1
CH3
1 1
o o
CH3- Si- H
1
+ O
Catalisadoi 1.
de Platina CHa- T1 - 0H + Hz
oI H/ \H
o
1 1
AS3=
1 1 1 1
o o o o
CH 3 -Si-H
1 1
+ H-Si-CH3 catar158dor) CH -Si-Si-CH3
1 1
+ H2
3
I 1 de Platina I I
o o o o
1 1 1 1
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FIGURA 12-12 Moldes de silicone de adição vazados com gesso-pedra de alta resistência aos 15 minutos. A, as
bolhas são causadas pela liberação de hidrogênio. B, não há bolhas aparentes porque o paládio absorvedor de hidrogênio
está incltúdo no material de moldagem.
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 3 15
IR" l R"
CH3- TH - R' - o-l:.tH- (CH2)n - o_ktH- (CH 2)n- 0 - R' - H?- CH 3 PE1
R R
vazado após 15 minutos sobre o silicone de adição,
Anel terminal
com e sem absorvedor de hidrogênio. reativo
Foi demonstrado que as luvas de látex afetam
adversamente a presa dos moldes de silicone de
adição. Compostos de enxofre que são utilizados na (_, + (\ -----+
) %D PE2
vulcanização das luvas de látex de borracha podem 1niciador W
catiônico
migrar para a superfície das luvas armazenadas. Estes
compostos podem ser transferidos aos dentes prepa-
rados e tecidos moles adjacentes durante o preparo
do dente e quando da colocação do fio de retração.
Eles podem também ser incorporados diretamente no
interior do material de moldagem quando da mani-
Copolímero-
pulação manual de duas massas densas. Estes com-
postos podem "envenenar" o catalisador contendo
platina, o que resulta no retardamento ou na ausência
+
de polimerização na área contaminada do molde.
Uma lavagem criteriosa das luvas com detergente (D--copolímero-
e água imediatamente antes da manipulação pode
minimi2ar este efeito e algumas marcas de luvas in-
terferem mais na presa do que outras. Luvas de vinil
e nitrila não têm este efeito. O monômero residual
PE3
l
de restaurações acrílicas provisórias e de núcleos D
em compósito tem um efeito inibidor semelhante na Copolfmero-
presa de silicones de adição. O preparo e os tecidos
moles adjacentes podem também ser limpos com
clorexidine a 2o/o para remover os contaminantes. - Copolímero
Poliéter
Os poliéteres são fornecidos em consistências
baixa, média e pesada. A pasta base consiste de um catalisadora e podem então, como um cátion, atacar e
copolimero poliéter de cadeia longa com átomos al- abrir anéis adicionais. Sempre que um anel é aberto, a
ternados de oxigênio e grupos metileno (0-[CHi].,) e função catiônica permanece ligada, alongando assim
grupos terminais reativos (poliéter 1 [PEl]). Há tam- a cadeia (PE3). Por causa da base química idêntica, to-
bém incorporação de carga de sílica, plastificantes das as consistências do poliéter podem ser livremente
compatíveis do tipo não ftalato e triglicerídeos. Na combinadas entre si. Durante a cura se desenvolve
pasta catalisadora, o antigo 2,5-dicloro benzeno sulfo- uma adesão quimica entre todos os materiais.
nato foi substituído por um iniciador catiônico alifáti-
co como um agente de ligação cruzada. O catalisador Propriedades de Presa
também inclui carga de sílica e plastificantes. Agentes Os valores típicos das propriedades de presa dos
corantes são adicionados à base e ao catalizador para materiais de moldagem elastoméricos são apresen-
auxiliar no reconhecimento dos diferentes tipos de tados na Tabela 12-3. O aumento da temperatura
materiais. Na Figura 12-9 são mostrados exemplos em misturas típicas de materiais de moldagem foi
de materiais de moldagem do tipo poliéter. destacado na seção anterior, mas a Tabela 12-3 ilus-
O mecanismo de reação é mostrado (PE2) de uma tra que o aumento de temperatura é pequeno e não
maneira simplificada O elastômero é formado por po- é motivo de preocupação clínica.
limerização catiônica pela abertura dos anéis terminais
reativos. Acredita-se que a espinha dorsal do polímero Viscosidade
seja um copolímero de unidades de óxido de etileno e A viscosidade dos materiais 45 segundos após a ma-
óxido de tetrametileno. Os anéis terminais reativos se nipulação está listada na Tabela 12-3. Como esperado,
abrem sob a influência do iniciador catiônico da pasta a viscosidade aumenta para o mesmo tipo de material
3 16 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
P OUSSULFETOS
da consistência baixa para a alta. A viscosidade é uma silicones de adição de consistência única (monofá-
função do tempo depois do inicio da manipulação. sicas) é apresentado na Figura 12-14. Embora todos
Uma força de cisalhamento pode afetar a visco- os produtos tenham demonstrado uma redução
sidade de materiais de moldagem do tipo poliéter e na viscosidade com um aumento da taxa de cisa-
silicone de adição, conforme foi mencionado na seção lhamento, o efeito foi muito mais pronunciado para
sobre técnicas de moldagem. Este efeito é chamado de dois produtos, Ba e Hy, com diminuição de cerca
pseudaplasticidade. Para os materiais de moldagem que de oito a 11 vezes da menor para a maior taxa de
possuem esta característica, a viscosidade do material cisalhamento. A redução substancial na viscosidade
antes da presa diminui com uma força externa cres- em alta tensão de cisalhamento, a qual é comparável
cente ou um aumento na velocidade de cisalhamento. com a redução durante a injeção pela seringa, per-
Quando esse fator externo é interrompido, a viscosi- mite a utilização de uma mistura única do material,
dade aumenta imediatamente. Esta propriedade é com uma porção a ser utilizada como material para
muito importante para a utilização de materiais de seringa e outra porção a ser utilizada como material
moldagem monofásicos e está ilustrado para o polié- de moldeira na técnica da seringa-moldeira.
ter na Figura 12-13. No caso do poliéter, as proprie-
dades de pseudoplasticidade são influenciadas por Tempos de Trabalho e de Presa
uma fraca rede de cristais triglicerideos. Os cristais se Os tempos de trabalho e de presa dos materiais
alinham quando o material de moldagem é cisalhado, de moldagem do tipo poliéter e silicone de adição
como ocorre quando é misturado ou extruido através estão listados na Tabela 12-3. Em geral, para uma
da ponta da seringa. A rede microcristalina de tri- dada classe de material de moldagem elastomérico
glicerideos assegura que o poliéter permaneça viscoso de um fabricante especifico, os tempos de trabalho e
na moldeira ou no dente, mas flua sob pressão. Isto de presa diminuem conforme a viscosidade aumen-
permite que um material único ou monofásico seja ta de baixa para alta. Os poliéteres apresentam um
utilizado como um material de consistência baixa e tempo de trabalho bem definido com uma súbita
média. O resfriamento das pastas resulta em aumento mudança para o estado de presa. Este comporta-
substancial de viscosidade. Antes de usar, as pastas mento é frequentemente chamado de sna:p-set. Esta
devem ser trazidas a temperatura ambiente. transição da condição plástica para propriedades
O efeito da taxa de cisalhamento (velocidade elásticas é um tanto curta comparada a silicones
rotacional do viscosímetro) na viscosidade dos de adição mais antigos, conforme demonstrado
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 3 17
A B
e
FIGURA 12-13 Demonstração do mecanismo da pseudoplasticidade em poliéteres. A rede de triglicerídeos, A, dentro
do material de moldagem alinha quando sob tensão como na injeção pela seringa, e B, para alcançar uma viscosidade
menor. Uma vez que a força de cisalhamento é removida, a viscosidade aumenta com conformação aleatória da rede
de triglicerídeos, e.
§
5 Rede forte Re4e fo1te:
100 poli merização das
cadeiasde
copolfmeros do
poli·eter
Propriedades Mecânicas
FIGURA 12-16 O penet:rômetro Vicat utilizado para Propriedades mecânicas típicas dos materiais de
determinar o tempo de presa dos materiais de moldagem moldagem elastoméricos estão listadas na Tabela 12-4.
e outros materiais restauradores. A deformação permanente (na especificação atual,
recuperação elástica, a qual é lOOo/o menos a defor-
mação permanente), a deformação em compressão e
uma agulha de três milímetros de diâmetro e um
a alteração dimensional são propriedades utilizadas
peso total de 300 g, foi utilizado por diversos pes-
na Especificação Nº 19 (ISO 4823) da ANSI/ ADA para
quisadores. Um anel de metal com oito milímetros
classificar materiais de moldagem elastoméricos como
de altura e 16 mm de diâmetro é preenchido com
tipos de viscosidade baixa, média, alta e muito alta.
material recém-misturado e colocado na base do
Os requisitos para estas propriedades são dados na
penetrômetro. A agulha é aplicada à superfície do
Tabela 12-5. Mais requisitos desta especificação para os
material de moldagem por dez segundos e uma
materiais de moldagem elastoméricos estão indicados
leitura é feita. Isto é repetido a cada 30 segundos. A
na Tabela 12-6. O diâmetro de consistência é utilizado
presa inicial é aquele tempo no qual a agulha não
para classificar a viscosidade através da mensuração
penetra mais completamente a amostra até o fun-
do diâmetro do disco formado quando 0,5 mL de
do do anel. A presa final é o tempo da primeira de
material manipulado é sujeito a 5,6-N de peso por
três leituras idênticas de penetração não máximas.
12 minutos, iniciando 1,5 minuto depois de manipula-
Quando o material tomou presa, sua elasticidade
do. Como os tempos de presa dos materiais de molda-
ainda permite penetração da agulha, mas esta é a
gem elastoméricos variam, o diâmetro de consistência
mesma em cada aplicação.
é afetado não apenas pela viscosidade, mas também
pelo tempo de presa. A classificação de um material
Alteração Dimensional na Presa
pelo diâmetro de consistência pode ser diferente da-
O material de moldagem sofre alteração dimen- quela por verdadeira medição da viscosidade.
sional durante a presa. O fator principal para a con-
tração durante a presa é o estabelecimento de ligações Recuperação Elástica
cruzadas e rearranjo de ligações intra moleculares e A ordem na qual a deformação permanente dos
entre as cadeias de polímeros. Moldes podem ex- materiais de moldagem e lastoméricos está listada
pandir se ocorrer absorção de água e um molde na Tabela 12-4 demonstra que os silicones de adição
pode ser distorcido se for assentado depois que o têm a melhor recuperação elástica dura,nte a remo-
material já tomou presa em algum grau. Finalmente, ção da boca, seguidas pelos poliéteres. Um material
distorção (ou creep) vai ocorrer se o material não se com uma deformação permanente de 1°/o tem uma
recuperar elasticamente quando o molde que tomou recuperação elástica de 99%.
presa é removido de áreas retentivas. Embebição é
discutida na seção sobre desinfecção de moldes e DeforttrafãoemCompressão
distorção induzida por creep é discutida em recu- A deformação em compressão sob uma tensão de
peração elástica. 0,1 MPa é uma medida da flexibilidade do material.
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 319
Resistência ao
Deformação Deformação em Dureza Rasgamento
Material Consistência Permanente• (ºlo) Compressão (o/o) Fluidez(%) ''Shore A'' (kN/m)
POUSSULFETOS
TABELA 12-5 Requisitos de Recuperação Elástica, Deformação em Compressão e Alteração Ditnensional para
Materiais de Moldagem Elastoméricos
TABELA 12-6 Requisitos da Especificação Nº 13 (ISO 4823) da ANSI/ADA para as Vária~ Viscosidades dos
Materiais de Moldagem Elastoméricos
Diâmetro do Disco
de Consistência (mm) Reprodução de Detalhes
Tempo de
Tempo Máximo de nabalho Largura de Linha Largura de Linha
VJScosidade Manipulação (min) Mínimo (min) Mínimo Máximo no Molde (mm) no Gesso (mm)
A Tabela 12-4 mostra que, em geral, os materiais resistências ao rasgamento listadas na Tabela 12-4
de baixa consistência são mais flexíveis do que os são uma medida da força necessária para iniciar
moldes elastoméricos de alta consistência. Para uma e continuar rasgando uma amostra de espessura
dada consistência, os poliéteres são geralmente mais unitária. Conforme a consistência aumenta, a resis-
rígidos, seguidos pelos silicones de adição. tência ao rasgamento sofre um pequeno aumento,
mas a maioria dos valores estão entre 2 e3,9 kN/m.
Fluidez Os valores para os tipos de consistência muito alta
A fluidez é medida em uma amostra cilíndrica não estão listados porque esta propriedade não é
com uma hora de idade e o percentual de fluidez é importante para estes materiais. Idealmente, valo-
determinado 15 minutos após a aplicação de uma car- res de resistência ao rasgamento ainda mais altos
ga de 1 N. Conforme pode ser visto na Tabela 12-4, os seriam desejáveis para materiais de moldagem
silicones e poliéteres têm baixos valores de fluidez. elastoméricos, mas comparados aos valores para
Os materiais de moldagem elastoméricos típicos os materiais de moldagem hidrocoloides de 0,3 a
aparentemente não tem dificuldade em alcançar os re- 0,7kN/m, os elastômeros são muito superiores.
quisitos de propriedades mecânicas da Especificação
Creep
Nº 19daANSI/ADA (Tabela 12-6). Embora a fluidez,
dureza e as resistências ao rasgamento dos materiais Os materiais de moldagem elastoméricos são
de moldagem elastoméricos não sejam mencionadas viscoelásticos e suas propriedades mecânicas são
na especificação, estas são propriedades importantes; tempo-dependentes. Por exemplo, quanto maior a
elas estão também listadas na Tabela 12-4. taxa de deformação, maior é a resistência ao rasga-
mento; e quanto mais tempo os moldes ficam sob
Dureza deformação, maior a deformação permanente. Como
A dureza "Shore A" aumenta de baixa para alta um resultado, curvas de creep versus tempo descre-
consistência. Quando são dados dois números, o pri- vem melhor as propriedades destes materiais do que
meiro representa a dureza um minuto e meio após curvas tensão-deformação. As curvas de creep para
remoção da boca e o segundo número é a dureza polissulfetos, silicones de condensação e silicones
após duas horas. Os silicones de adição de baixa, de adição de baixa viscosidade e poliéter de média
média e alta viscosidade não mudam de dureza sig- consistência são mostrados na Figura 12-17. O creep
nificativamente com o tempo, enquanto que a dureza
dos poliéteres aumenta com o tempo. Além disso, a
dureza e a deformação em compressão afetam a força 3,5
necessária para remover o molde da boca. A baixa 3,0
flexibilidade e alta dureza podem ser compensadas
2,5
clinicamente se o espaço para o material de moldagem
2,0
entre a moldeira e os dentes for aumentado. Isto pode
ser conseguido aumentando-se a camada de alívio na 1,5
~
inicial ilustra que o polissulfeto é o mais flexível e o TABELA 12-7 Capacidade de Molhainento dos
poliéter é o menos flexível. O nivelamento ou para- Materiais de Moldage1n Elastoméricos
lelismo das curvas com respeito ao eixo do tempo
indica baixa deformação permanente e excelente Reprodução
Ângulo de de Detalhes do
recuperação da deformação durante a remoção de Gesso-Pedra de Alta
Contato Inicial
um material de moldagem; os silicones de adição e os Material da Água (graus) Resistência (o/o)
poliéteres possuem a melhor recuperação elástica.
A qualidade viscoelástica recuperável dos mate- Polissulfeto 82 44
riais é indicada por diferenças entre o creep inicial e Silicone de 98 30
o valor do creep obtido por extrapolação da porção condensação
linear da curva no tempo zero. Como resultado, sili-
Silicone de
cones de adição têm a menor qualidade viscoelástica
adição
e requer menos tempo para recuperar a deformação
viscoelástica, seguida pelos poliéteres. Hidrofóbico 98 30
Hidrofílico 53 72
Reprodução de Detallu!s
Poliéter 49 70
Os requisitos dos materiais de moldagem
elastoméricos estão listados na Tabela 12-6. Todos
devem reproduzir um sulco em forma de V e uma mais precisamente chamada de silicones de adição
linha de 0,02 mm de largura, exceto os produtos de hidrofilizadas. Mais comumente, são utilizados sur-
altíssima viscosidade. O molde deve ser compatível factantes não iônicos. Estas moléculas consistem de
com produtos de gipsita de modo que a linha de uma subestrutura de oligoéter ou poliéter como a
0,02 mm seja transferida para os modelos de gesso. parte hidrofílica e uma parte hidrofóbica compatí-
Os materiais de moldagem elastoméricos de baixa, vel com silicone (Fig. 12-18, A). Acredita-se que o
média e alta viscosidade têm uma pequena dificul- modo de ação destes agentes de molhamento seja a
dade em alcançar este requisito. transferência por difusão controlada de moléculas
de surfactante do polivinilsiloxano para o interior
da fase aquosa, como mostrado, alterando dessa
Molhabilidade e Hidrofilização dos forma a tensão superficial do líquido ao redor. Co-
Materiais de Moldagem Elastoméricos mo resultado, uma redução da tensão superficial
A capacidade de molhamento pode ser avaliada e uma maior capacidade de molhamento do poli-
pela medição do ângulo de contato inicial da água na vinilsiloxano são observados (Fig. 12-18, B). Este
superfície do material de moldagem após a presa ou mecanismo difere dos poliéteres, que possuem um
pela utilização de um tensiõmetro para medir forças alto grau de molhabilidade porque sua estrutura
enquanto o material é imerso e removido (técnica de molecular contém átomos polares de oxigênio, que
Wilhelmy). Os ângulos de contato iniciais para os têm afinidade por água. Por causa dessa afinidade,
materiais de moldagem elastoméricos estão listados poliéteres fluem por sobre as superfícies intraorais
na Tabela 12-7. De todos os materiais de moldagem hidratadas e são, portanto, mais facilmente preen-
discutidos neste capítulo, apenas os alginatos podem chidos pelo gesso do que os silicones de adição.
ser considerados verdadeiramente hidrofílicos. Todos Esta afinidade também permite que os moldes de
os materiais de moldagem elastoméricos possuem poliéter consigam aderir fortemente aos tecidos
ângulos de contato inicial e final maiores do que moles e duros.
45 graus. Existem, contudo, diferenças no molhamen- Ao observar as gotículas de água nas superfícies
to entre os tipos de materiais de moldagem elastomé- do molde, foi demonstrado que os silicones de adi-
ricos e entre materiais do mesmo tipo. Os silicones ção hidrofilizados e os poliéteres apresentam maior
de adição tradicionais não são tão molháveis quanto molhamento do que os silicones de condensação e
o poliéter. Quando o gesso é vazado nos silicones silicones de adição convencionais. A capacidade de
de adição - hidrofóbicos - grandes ângulos de molhamento foi diretamente correlacionada à faci-
contato são formados, fazendo com que a preparação lidade de vazamento de modelos de gesso-pedra de
de modelos livres de porosidades seja difícil. alta resistência de um troque! extremamente crítico,
Surfactantes foram adicionados aos silicones conforme mostrado na Tabela 12-7. Utilizando um
de adição pelos fabricantes para reduzir o ângulo tensiõmetro para registrar as forças das amostras de
de contato, melhorar o molhamento e simplificar moldes imersos (método de Wilhelmy), o poliéter
o vazamento dos modelos de gesso. Esta classe mostrou se molhar significativamente melhor do que
com características de molhamento melhoradas é os silicones de adição hidrofilizados para ambos os
322 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Água
Água
- ----'- Hidrofílico
--- Lipofílico
A B
FIGURA 12-18 Hidrofilização dos silicones de adição. A, A hidrofilização dos silicones de adição é obtida com a
incorporação de surfactantes não iônicos mostrados como micelas. Estas moléculas consistem de uma parte hidrofílica e
uma parte hidrofóbica compatível com o silicone. O modo de ação destes surfactantes é considerada uma transferência
por difusão controlada de moléculas de surfactante do polivinil siloxano para a fase aquosa, como mostrado. Dessa
maneira, a tensão superficial do liquido ao redor é alterada. B, Esta capacidade de molhamento aumentada permite ao
silicone de aclição se espalhar mais livremente pela superfície. PVS, Polivinilsiloxan.
TABELA 12-8 Propriedades dos Materiais de Moldagem Elastoméricos Utilizados para RegL~tros Oclusais
Alteração Dimensional
Tipo de Tempo de Tempo na Deformação em
Material Manipulação Trabalho (min) Boca (min) Compressão (o/o) Fluida(%) 1 Dia (0/o) 7 Dias(%)
Silicone
de adição
Auto mistura 0,5-3 1-3 1-2,9 0-0,01 ºª -0,15 -0,04 a -0,20
automistura. As propriedades destes materiais para fazer, não contêm metacrilato de metila e apresen-
registro oclusal estão listados na Tabela 12-8. Estes tam uma contração de polimerização insignificante
materiais são caracterizados por tempos de traba- na câmara de luz onde ocorre a fotoativação. Eles
lho e o período de tempo deixado na boca curtos, podem ser utilizados logo após seu processamento
quando comparados a materiais de moldagem elas- porque não há alteração dimensional clinicamente
toméricos típicos. Eles também são conhecidos por significante após a polimerização.
sua alta rigidez, indicados pelo baixo percentual de
deformação em compressão, e pela sua baixa fluidez
e alteração dimensional mesmo após sete dias. A MATERIAIS PARA TROQUEL
propriedade que distingue os silicones de adição E MODELO
dos poliéteres é sua menor alteração dimensional
após remoção; contudo, ainda é superior à estabili- Os gessos-pedra, gesso comum, resina epóxi e
dade das ceras para fazer registros oclusais. materiais refratários são alguns dos materiais utili-
zados para construir modelos ou troquéis a partir
MOLDEIRAS de moldes. A seleção de um destes é determinada
pelo material de moldagem específico em uso e
Moldeiras individuais proporcionam uma distân- pelo objetivo para o qual o troque! ou modelo vai
cia quase constante entre a moldeira e os tecidos, per- ser utilizado.
mitindo uma distribuição mais uniforme do material Moldes em hidrocoloide do tipo alginato podem
de moldagem durante o procedimento de moldagem ser utilizados somente com gesso comum, pedra
e maior precisão. Polimeros fotoativados e formados ou revestimento para fundição. Vários materiais
a vácuo têm sido utilizados mais frequentemente do de moldagem elastoméricos podem ser utilizados
que acrílico quimicamente ativado para produzir mol- para preparar troquéis de gesso ou epóxi.
deiras individuais por causa da volatilidade do monô-
mero acrílico e da sensíbilidade ao monômero relatada
pela equipe odontológica. O poliestireno conformado Qualidades Desejáveis de um Material
a vácuo é popular em laboratórios comerciais porque para Modelo ou Troquei
as moldeiras podem ser feitas rapidamente. Estas Os materiais para modelo e troque! devem re-
moldeiras devem ser manuseadas cuidadosamente produzir um molde com precisão e permanecerem
porque elas são mais flexíveis do que as moldeiras estáveis dimensionalmente sob condições normais de
de acrílico e podem ser deformadas facilmente pela utilização e armazenamento. Expansão e contração de
aplicação de calor. Moldeiras pré-fabricadas são muito presa, bem como as variações dimensionais em respos-
populares. Estas moldeiras de estoque variam conside- ta às mudanças de temperatura devem ser mantidas
ravelmente entre fabricantes. Quando uma moldeira ao mínimo. O modelo não apenas deve ser preciso,
de estoque é escolhida, devem ser tomados cuidados mas também deve reproduzir satisfatoriamente deta-
para assegurar que a moldeira está bem adaptada aos lhes finos e ter uma superfície lisa e dura. Um modelo
tecidos e adequadamente reforçada para evitar flexão ou troquei tão preciso também deve ser resistente e
durante a fabricação e remoção do molde. durável e suportar os procedimentos de manipulação
Os materiais fotoativados para moldeira têm subsequentes sem fratura ou abrasão da superfície.
muitas vantagens sobre o acrílico quimicamente Qualidades como resistência, resistência às forças de
ativado. Eles são semelhantes aos materiais fotoa- cisalhamento ou resistência ao Jascamento e resistên-
tivados para base de dentadura, mas têm uma cor cia à abrasão são, portanto, importantes e necessárias
diferente. As moldeiras são resistentes, fáceis de em diferentes graus, de acordo com o objetivo para o
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 325
qual o modelo ou troquei será utilizado. Por exemplo, a maioria dos procedimentos de manipulação envolvi-
como não será submetido a muitas tensões no uso, um dos na produção de dispositivos e restaurações.
modelo de estudo satisfatório pode ser feito de gesso Previamente à construção de padrões de cera
comum, no qual as qualidades supracitadas estão sobre troquéis de gesso-pedra de alta resistência,
em seu mínimo. Contudo, um molde elastomérico algum agente separador ou lubrificante de troquei é
utilizado para produzir um inlay indireto deveria ser necessário para prevenir que a cera fique aderida ao
vazado em gesso-pedra de alta resistência ou epóxi gesso. O lubrificante é aplicado generosamente ao tro-
para produzir um troquei no qual estas qualidades são quei de gesso-pedra de alta resistência e é absorvido;
suficientes para resistir à escultura e procedimentos de geralmente, várias aplicações podem ser feitas antes
acabamento que são uma parte desta técnica. que qualquer excesso se acumule na superfície. O
A cor de um modelo ou troquei pode facilitar os excesso é removido com um jato de ar antes de se
procedimentos de manipulação, tais como enceramen- prosseguir na construção do padrão de cera.
to de padrões de inlay, apresentando um contraste
de cor com a cera do inlay. A facilidade com a qual o
Materiais de Epóxi para Troquei
material pode ser adaptado ao molde e o tempo neces-
sário antes do modelo ou troquei estarem prontos para Até recentemente, os materiais de epóxi eram
o uso são de considerável significado prático. fornecidos na forma de uma pasta à qual um líquido
ativador (amina) era adicionado para iniciar o endu-
recimento. Por causa da toxicidade dos ativadores,
Gesso Comum e Gesso-pedra eles não devem entrar em contato com a pele durante
A química e as propriedades físicas do gesso a mistura e a manipulação do material que ainda
comum, do gesso-pedra e do gesso-pedra de alta não tomou presa. Durante o endurecimento, que
resistência (também conhecido como gesso-pedra pode levar 24 horas, ocorre uma contração de 0,1°/o.
melhorado ou gesso especial) são discutidas poste- A resina endurecida é mais resistente à abrasão e
riormente neste capítulo. Os materiais de gipsita são mais forte do que um troquei de gesso-pedra de alta
utilizados extensivamente para construir modelos e resistência. A pasta viscosa não escoa tão prontamen-
troquéis a partir de moldes odontológicos e podem ser te nos detalhes de um molde extenso quanto o faz o
utilizados com qualquer material de moldagem. Os gesso-pedra de alta resistência; urna máquina cen-
modelos de gesso-pedra, os quais são mais resistentes trífuga para modelos foi desenvolvida para auxiliar o
mecanicamente e à abrasão do que os modelos de ges- vazamento de resinas epóxi. Materiais epóxi de presa
so comum, são utilizados sempre que uma restauração rápida são fornecidos em sistemas de automistura
ou dispositivo serão confeccionados sobre o modelo. semelhantes àqueles descritos para automisturar
O gesso comum pode ser utilizado para modelos de os silicones de adição. A resina epóxi fica em um
estudo, destinados apenas para fins de registro. cartucho e o catalisador em outro. Ao se forçar as
Soluções endurecedoras, geralmente contendo duas pastas através da ponta de mistura estática,
30o/o de sol de sílica em água, são misturadas com o ocorre a mistura completa do material, o qual pode
gesso-pedra. O aumento da dureza dos troquéis de ser injetado diretamente em um molde de borracha.
gesso-pedra vazados em moldes varia de 2% para Uma pequena ponta intraoral de inserção pode ser
silicones a llOo/o para poliéter. A alteração dimen- acoplada à ponta de mistura estática se for desejado
sional na presa dos gessos-pedra misturados com o injetar nas áreas mais detalhadas do molde. O epóxi
endurecedor é levemente maior do que quando as de presa rápida endurece rapidamente, tanto que o
misturas são feitas com água, 0,07% versus 0,05%. troquei pode ser utilizado 30 minutos após o epóxi
Na maioria das vezes, a resistência à abrasão ou ao ter sido injetado no molde. Como a água retarda a
lascamento das misturas de gesso-pedra feitas com polimerização da resina, resinas epóxi não podem ser
soluções endurecedoras é maior do que misturas utilizadas com materiais de moldagem que contêm
comparáveis feitas com água. Uma variedade de água, como ágar e alginato, e por isso são limitadas
efeitos dos tratamentos de superfície dos gessos- ao uso com materiais de moldagem elastoméricos.
pedra na resistência à abrasão foi relatada. Os sprays
de troquei geralmente aumentam a resistência ao las-
camento, enquanto que lubrificantes podem diminuir
Comparação de Materiais
a dureza superficial e a resistência o lascamento. de Moldagem e de Troquei
Os gessos-pedra de alta resistência fazem excelentes Os troquéis de gesso-pedra de alta resistência po-
modelos ou troquéis, facilmente reproduzem detalhes dem ser de 0,35ºk maiores a 0,25% menores do que o
finos de um molde e ficam prontos para o uso após modelo-mestre (padrões metálicos utilizados em es-
aproximadamente uma hora. O modelo resultante é es- tudos laboratoriais para avaliar a precisão de moldes
tável dimensionalmente por longos períodos e suporta e modelos), dependendo do local em que é realizada
326 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Desidratação por
aquecimento ou
Gipsita outros meios Gessos Formulação Gesso comum para
mineral comuns modelo
Gesso ele laboratório
Hidrocal - - - - > Gesso-pedra
Densite Gesso-pedra de
alta resistência
cloreto é lavado com água quente (100 ºC) e o mate- ção química. Quando o material que tomou presa
rial é moído até a granulação desejada. O pó obtido seca, o excesso de água evapora, deixando poros na
por este processo é o mais denso de todos os tipos. estrutura, enfraquecendo-a. Sendo assim, o modelo
Estes materiais são geralmente formulados como de gesso comum é mais fraco do que o de gesso-pe-
gesso-pedra de alta resistência e baixa expansão ou dra, o qual, por sua vez, é mais fraco que o de gesso-
gesso-pedra de alta resistência e alta expansão. pedra de alta resistência. Se 100 g de gesso comum
Os produtos de gipsita podem ser formulados são misturados com 50 g de água, a massa resultan-
com substâncias químicas que modificam suas te é mais diluída, sendo mais facilmente espatulada
características de manipulação e propriedades. O e vazada no molde, mas o gesso após a presa é in-
sulfato de potássio, K2S04 e terra alba (outra deno- ferior e mais fraco do que quando são utilizados 45 g
minação para o sulfato de cálcio <li-hidratado) são de água. Quando o gesso comum é misturado com
aceleradores eficazes. O cloreto de sódio em pe- uma quantidade menor de água, a massa misturada
quenas quantidades acelera a reação de presa, mas é mais espessa, mais difícil de manipular e aprisiona
aumenta a expansão de presa da massa de gesso. O bolhas de ar facilmente quando é vazada em um
citrato de sódio é um retardador confiável. O bórax, molde, mas o gesso após a presa é geralmente mais
Na2B40 7, é tanto retardador como acelerador. Uma resistente. Portanto, o controle cuidadoso da quan-
mistura de óxido de cálcio (0,1 'Yo) e goma-arábica tidade de água na mistura é necessário para uma
(1%) reduz a quantidade de água necessária para manipulação apropriada e a qualidade da massa
misturar produtos de gipsita, resultando em pro- pós-presa.
priedades melhoradas. O gesso tipo quatro difere ,
do tipo cinco devido ao fato do tipo quatro conter Proporção Agua/Pó do Gesso-Pedra
sais extras para reduzir sua expansão de presa. e Gesso-Pedra de Alta Resistência
A razão para as diferenças entre as quantida-
des recomendadas de água para manipulação do
Reação Química gesso comum, gesso-pedra e gesso-pedra de alta
A reação química que acontece durante a presa dos resistência está no formato dos cristais de sulfato de
produtos de gipsita determina a quantidade de H 20 cálcio hemi-hidratado. Alguns cristais deste sulfato
necessária para a reação. A reação de 1 g mo! de gesso são comparativamente irregulares no formato e
comum com 1,5 g molde água produz 1 g molde gesso. porosos, como o são os cristais no gesso comum,
Em outras palavras, 145 g de gesso comum necessitam enquanto que os cristais do gesso-pedra e dos dois
de 27 g de água para reagir e formar 172 g de gesso, gessos-pedra de alta resistência são densos e mais
ou 100 g de gesso comum requerem 18,6 g de água regulares no formato, conforme demonstrado nas
para formar 118 g de sulfato de cálcio <li-hidratado. Figuras 12-20 e 12-21. Esta diferença no formato
Contudo, na prática, uma quantidade tão pequena físico e na densidade dos cristais torna possível
de água não é suficiente para produzir uma massa obter consistências semelhantes com menos excesso
adequada para manipulação. A Tabela 12-9 mostra a de água com os gesso-pedra e gesso-pedra de alta
água recomendada para mistura, a necessária para a resistência em comparação ao gesso comum.
reação e o excesso de água para gesso comum, gesso- Quando misturados com água, gesso comum,
pedra e gesso-pedra de alta resistência. gesso-pedra ou gesso-pedra de alta resistência to-
Por exemplo, para misturar 100 g de gesso co- mam presa formando uma massa dura de gipsita.
mum a uma consistência fluida utilizável, utilize 45 g Os produtos de gesso conhecidos como gesso-pedra
de água. Perceba que somente 18,6 g dos 45 g de água de alta resistência (tipos quatro e cinco) são os mais
reagem com os 100 g de gesso comum; o excesso resistentes; a massa produzida como gesso comum
(45 g - 18,6 g = 26,4 g) é distribuído como água livre é a mais fraca e o gesso-pedra produz um material
na massa que tomou presa sem tomar parte na rea- de resistência intermediária. Perceba, contudo, que
todos os produtos de gipsita têm a mesma fórmula a expansão de presa do material. Dentro de limites
química e que a natureza química das massas pro- práticos, um aumento na velocidade de espatulação,
duzidas pela mistura deles com água é também no tempo ou em ambos reduz o tempo de presa. Ob-
idêntica; as diferenças entre eles são, principalmen- viamente, quando o pó é colocado na água, a reação
te, em suas propriedades físicas. química se inicia e algum sulfato de cálcio <li-hidra-
tado é formado. Durante a espatulação, o sulfato de
Mecanismo de Presa
cálcio di-hidratado recém-formado é quebrado em
A teoria mais importante e bem reconhecida para cristais menores e inicia novos centros de nuclea-
o mecanismo de presa é a teoria cristalina. Ela foi ção, sobre os quais o sulfato de cálcio <li-hidratado
desenvolvida em 1887 por Henry Louis Le Chatelier, pode precipitar. Como uma maior espatulação
um químico francês. A teoria recebeu total apoio de causa formação de mais núcleos de cristalização,
Jacobus Henricus van't Hoff, um famoso qtúrnico a conversão de sulfato de cálcio hemi-hidratado a
holandês em Berlim no começo do século XX. De <li-hidratado é acelerada.
acordo com a explicação de van't Hoff, a reação de
presa da água com sulfato de cálcio hemi-hidratado
Efeito da Temperatura
para formar o sulfato de cálcio <li-hidratado é cau-
sada pela diferença de solubilidade entre estes dois A temperatura da água utilizada para a mistura,
componentes. Sulfato de cálcio <li-hidratado é menos assim como a temperatura ambiente, tem um efeito
solúvel do que a forma hemi-hidratada. Quando na reação de presa dos produtos de gipsita. O tempo
o hemi-hidrato dissolve na água, o <li-hidratado de p resa provavelmente é mais afetado por mu-
formado, menos solúvel, se torna supersaturado e danças na temperatura do que por qualquer outra
precipita ("sai" da solução) em centros denucleação propriedade física. Evidentemente, a temperatura
sob a forma de cristais em forma de agulha. A união tem dois efeitos principais na reação de presa dos
produtos de gipsita.
entre os cristais que entram em contato é responsável
pela coesão da estrutura final. O primeiro efeito do aumento da temperatura é
urna alteração nas solubilidades relativas do sulfato de
Contração Volumétrica cálcio hemi-hidratado e sulfato de cálcio di-hidratado,
Teoricamente, o sulfato de cálcio hemi-hidratado a qual altera as taxas de reação. A razão entre as
deve contrair volumetricamente durante o processo de solubilidade do sulfato de cálcio di-hidratado e
sulfato de cálcio hemi-hidratado a 20 º C é por volta
presa Contudo, experimentos determi.naram que todos
os produtos de gipsita expandem linearmente durante de 4,5. Conforme a temperatura aumenta, as razões
a presa. Conforme indicado anteriormente, quando de solubilidade diminuem, até que se alcance lOO ºC
145,15 g de sulfato de cálcio hemi-hidratado reage com e a razão se tome igual a 1 (um). Conforme a razão
de solubilidades se torna mais baixa, a reação se
'lJJYl. g de água o resultado é a produção de 172,17 g de
sulfato de cálcio d.i-hidratado. Contudo, se o volume, torna mais lenta e o tempo de presa aumenta. As
em vez do peso, de sulfato de cálcio hemi-hidratado solubilidades do sulfato de cálcio hemi-hidratado
é adicionado ao volume de água, a soma dos volumes e sulfato de cálcio di-hidratado são mostradas na
será cerca de 7"/o menor do que o volume de sulfato de Tabela 12-10.
cálcio <li-hidratado. Na prática, cerca de 0,2o/o a 0,4%
de expansão linear é obtida. De acordo com a teoria
cristalina de Le Chatelier e van't Hoff, a expansão é TABELA 12-10 Solubilidade do Sulfato de Cálcio
resultado da ação de empurramento dos cristais de Hemi-Hidratado e Sulfato de Cálcio Di-hidrdtado em
gesso, CaS04 · 2H20, durante seu crescimento em Diferentes Temperaruras
urna solução supersaturada. O fato de que a contração
CaSO, · 'h H10 CaS0, · 2 H10
do gesso não é visível não invalida sua existência e Temperatura (ºC) (g/100 g de água) (g/100 g de água)
quando a contração volumétrica é mensurada por um
dilatômetro, este determina que ela é de cerca de 7"/o. 20 0,90 0,200
Por causa da expansão linear das dimensões externas, 25 0,80 0,205
a qual é causada pelo crescimento do sulfato de cálcio
di-hidratado, com uma simultânea contração volumé- 30 0,72 0,209
trica verdadeira do sulfato de cálcio d.i-hidratado, estes 40 0,61 0,210
materiais são porosos após a presa
50 0,.50 0,205
O segundo efeito é a mudança na mobilidade estão em contato com CaS04 • ~ H20 durante a presa,
iônica com a temperatura. Em geral, conforme a uma superfície mole e facilmente abrasionável é ob-
temperatura aumenta, a mobilidade dos íons cálcio tida. Aceleradores como sulfato de potássio são adi-
e sulfato aumenta, o que tende a aumentar a taxa cionados para melhorar a qualidade de superfície do
de reação e reduzir o tempo de presa. CaS04 • 2H20 após presa contra ágar ou alginato.
Praticamente, os efeitos destes dois fenômenos Estes coloides não retardam a presa por alterar a
são superpostos e o efeito total é observado. Desse razão de solubilidade das formas hemi-hidratada e
modo, aumentando a temperatura de 20 ºC para <li-hidratada, mas sim por serem adsorvidos nos sí-
30°C, a razão de solubilidade diminui de 0,90/0,200 = tios de nucleação do hemi-hidratado e di-hidratado,
4,5 para 0,72/0,209 = 3,4 - o que normalmente de- interferindo, assim, na reação de hidratação. A
ve retardar a reação. Ao mesmo tempo, contudo, a adsorção destes materiais nos sítios de nucleação
mobilidade dos íons aumenta, o que deve acelerar a retarda a reação de presa mais efetivamente do que
reação de presa. Portanto, de acordo com os valores a adsorção no sulfato de cálcio hemi-hidratado.
da solubilidade, a reação deve ser retardada, enquan- Llquidos com pH baixo, como a saliva, retardam a
to que, de acordo com mobilidade dos íons, a reação reação de presa. Líquidos com pH alto a aceleram.
deve ser acelerada. Experimentos demonstraram que
o aumento da temperatura entre 20ºC (temperatura
ambiente) para 37ºC (temperatura corporal) aumenta PROPRIEDADES
a taxa de reação levemente e reduz o tempo de presa.
Contudo, conforme a temperatura é elevada acima Propriedades importantes dos produtos de
de 37°C, a taxa de reação diminui e o tempo de presa gipsita incluem qualidade, fluidez no momento
aumenta. A lOO ºC as solubilidades do <li-hidratado do vazamento, tempo de presa, expansão linear
e hemi-hidratado são iguais, caso em que não ocorre de presa, resistência à compressão, dureza e resis-
reação e o gesso não toma presa. tência à abrasão e reprodução de detalhes. Alguns
destes requisitos de propriedades, descritos pela
Efeito da Umidade Especificação Nº 25da ANSI/ ADA (ISO 6873), estão
A partir de 70'Yo de umidade relativa, a umidade no resumidos na Tabela 12-11.
ar pode causar alguma conversão de hemi-hidratado
a di-hidratado. Pelo fato dos cristais de <li-hidratos Tempo de Presa
acelerarem a reação ao fornecerem mais núcleos para
Definição e Importância
cristalização, o resultado inicial é uma presa mais
rápida. Contudo, um excesso de contaminação por O tempo necessário para que a reação se com-
umidade pode reduzir a quantidade de hemi-hidrato plete é chamado de tempo de presa final. Se a taxa de
remanescente para formar gesso e isto acarretará reação é muito rápida ou o material tem um curto
retardo na presa. Sendo assim, todos os produtos tempo de presa, a massa espatulada pode endurecer
de gipsita devem ser mantidos em um recipiente antes que o operador possa manipulá-la apropria-
fechado e bem protegido da umidade do ar. damente. Por outro lado, se a taxa de reação é muito
lenta, um tempo excessivamente longo é necessário
Efeito dos Sistemas Coloidais e pH para se completar a operação. Sendo assim, um tem-
Sistemas coloidais como ágar e alginato retardam po de presa apropriado é uma das características
a presa dos produtos de gipsita. Se estes materiais mais importantes dos materiais de gipsita.
A reação química se inicia no momento que o TABELA 12-12 Efeito da Propo~o Água/Pó no
pó é misturado à água, mas na fase inicial somente Tempo de Presa
uma pequena porção do hemi-hidratado é conver-
tida em gesso. A massa recém-espatulada tem uma Tempo
Inicial
consistência sem.ifluida e pode ser vertida em um
Proporção Voltas na (VlcaO de
molde de qualquer formato. Conforme a reação Material A/P (mUg) Espatulação Presa (min)
prossegue, contudo, mais e mais cristais de sul.fato
de cálcio di-hidratado são p roduzidos. A viscosi- Gesso comum 0,45 8
dade da massa aumenta e ela não consegue mais 0,50 100 11
fluir facilmente pelos detalhes finos do molde. &te
tempo é chamado de tettrpo de trabalho. 0,55 14
O tempo de presa final é definido como o tempo Gesso-pedra 0,27 4
no qual o ma teria! pode se.r separado do molde sem
0,30 100 7
distorção ou fratura. O tempo de presa inicial é o
tempo necessário para que os produtos de gipsita 0,33 8
alcancem um estágio arbitrário de consistência em Gesso-pedra de 0,22 5
seus processos de presa. Este estágio arbitrário é re- alta resistência
0,24 100 7
presentado por uma massa semiendurecida que ul-
trapassou a fase de trabalho, mas ainda não tomou 0,26 9
presa completamente. Na presa final, a conversão
de sulfato de cálcio h.emi-hidratado em sulfato de
(A/P) p ode também afetar o tempo de presa; utili-
cálcio di-hidratado está virtualmente completa.
zar mais água na mistura pode prolongar o tempo
Medição de presa, conforme é mostrado na Tabela 12-12.
O tempo de presa inicial é geralmente medido A maneira mais fácil e mais confiável de mudar
arbitrariamente por alguma forma de teste de pene- o tempo de presa é adicionar diferentes substâncias
tração, embora existam outros métodos de teste. químicas. O sulfato de potássio, K:z&)4, é conhecido
Por exemplo, a perda de brilho da superfície da como um efetivo acelerador, e a utiliz.ação de uma
massa misturada de gesso comum ou gesso-pedra solução aquosa a 2°,{, deste sal em vez de água reduz
é uma indicação deste estágio na reação química e o tempo de presa do gesso comum de aproximada-
é utiliz.ado, às vezes, para indicar a presa inicial da mente dez minutos para cerca de quatro minutos. Por
massa. Da mesma forma, o tempo de presa pode outro lado, citrato de sódio é um retardador seguro. A
ser medido pela elevação da temperatura da massa, utiliz;ição de uma solução aquosa a 2o/o de bórax para
porque a reação química é exotérmica. misturar com o pó pode prolongar o tempo de presa
O aparelho de Vicat, mostrado na Figura 12-16, de alguns produtos de gipsita para algumas horas.
é comumente utilizado para medir o tempo de presa Se uma quantidade pequena de sulfato de cálcio
inicial dos produtos de gipsita. Ele consiste de uma di-hidratado é desgastada e misturada com gesso
haste que pesa 300 g com uma agulha de 1 mm de comum, ela fornece núcleos de cristalização e age
diâmetro. Um anel é preenchido com a mistura e como um acelerador. O gesso após presa utilizado
a haste é abaixada até entrar em contato com a su- como um acelerador é eh.amado de terra alba e tem
perficie do material. Então, a agulha é liberada para um efeito pronunciado em concentrações baixas.
penetrar a mistura. Quando a agulha não penetra O tempo de presa muda significativamente se a
até o fundo do recipiente, o material alcançou o quantidade de terra alba presente na mistura é
Vicat ou o tempo de presa inicial. Outros tipos de modificada de 0,5o/o para 1%. Contudo, as concen-
instrumentos, tais como as agulhas de Gillmore, trações de terra alba acima de 1°/o têm menos efeitos
podem ser utilizados para obter os tempos de presa no tempo de p resa. Os fabricantes geralmente tiram
inicial e final dos materiais de gipsita. vantagem deste fa to e adicionam cerca de 1% de
terra alba ao gesso comum. Assim, o tempo de presa
Controle do Tempo de Presa do gesso comum é menos alterado no uso normal
Métodos para controlar o tempo de presa foram pela abertura e fechamento do recipiente.
discutidos previamente. Inicialmente, o fabricante A proporção A/P tem um efeito pronunciado
pode adicionar vários componentes que agem tanto no tempo de presa. Quanto mais água houver na
como aceleradores quanto como retardadores. O mistura do gesso comum, gesso-pedra ou gesso-pe-
operador pode alterar o tempo de presa modifican- dra de alta resistência, mais longo será o tempo de
do a temperatura da água da mistura e mudando a presa, conforme é mostrado na Tabela 12-12. O efeito
intensidade da espatulação. A proporção água-pó da espatulação no tempo de presa do gesso comum
332 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
TABELA 12-13 Efeito da Espatulação no Tempo TABELA 12-15 Viscosidade de Vários Gessos-Pedra
de Presa de Alta Resistência e Gessos-Comum para Moldagem
Gesso-pedra 0,24
0,50 10,5
38
-
e
<Q)
"'
·u;
Q)
de alta resistência a: 30
0,30 21,5
0,50 10,5
FIGURA 12-24 Cuba de borracha flexível para ma- FIGURA 12-26 Espatulador mecânico automático com
nipulação e espátula de metal com uma lâmina rígida um acessório à vácuo (Cortesia de Whip Mix Corporatian,
(Cortesia de Whip Mix Corporatian, Louisvil/e, KY). Louisville, KY).
336 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
TABELA 12-17 Resumo do Efeito das Variávei~ de Manipulação nas Propriedades dos Produtos de Gipsita
Resistência à
Variável de Manipulação Tempo de Presa Consistência Expansão de Presa Comp ressão
Efeito da Temperatura nos Refratários estáveis. Assim, as temperaturas de 220ºC para a cris-
de Dióxido de Sil{ci.o tobalita, 573 ºC para o quartzo e 105ºCe160°C para a
Cada uma das formas polimórficas da sílica - tridimita são temperaturas de transição displacivas.
quartzo, tridimita e cristobalita - expande quando Uma mudança displaciva envolve expansão ou con-
aquecida, mas a porcentagem de expansão varia de tração no volume da massa sem quebrar nenhuma
um tipo para outro. A cristobalita pura expande 1,6o/o ligação. Na mudança da forma a (que é a forma mais
a 250 ºC, enquanto que o quartzo expande cerca de estável em temperatura ambiente) para a forma 13 (que
1,4% a 600 º C e a e.x pansão térmica da tridimita a é estável em altas temperaturas), todas as três formas
600º C é menor que 1%. A porcentagem de expansão de sílica expandem. A quantidade d e expansão é mais
dos três tipos de sílica versus a temperatura é mos- alta para cristobalita e menor para a tridirnita.
trada na Figura 4-41. Como visualizado na figura, A sílica na forma de quart2o é encontrada abun-
nenhuma das três formas de sílica expande uniforme- dantemente na natureza e pode ser convertida a
mente; todas elas apresentam uma quebra (não linea- cristobalita e tridimita ao ser aquecida através de
ridade) nas suas curvas de expansão térmica. No caso urna transição reconstrutiva durante a qual as liga-
da cristobalita, a expansão é razoavelmente uniforme ções são quebradas e uma nova estrutura de cristal
até 200 ºC. Nesta temperatura, sua expansão aumenta é formada. O quartzo a é convertido em quartzo
bruscamente de 0,5o/c> para 1,2o/o e, então, acima de 13 a uma temperatura de 573 º C. Se o quartzo 13 é
250°C, a expansão se torna novamente uniforme. A aquecido a 870 ºC e mantido nesta temperatura, ele
573ºC o quartzo também apresenta uma quebra na é convertido a tridimita 13. Da trldimita 13, é possível
curva de expansão e trldimita apresenta urna quebra obter tanto a tridimita a corno a crlstobal ita 13. Se a
semelhante em uma temperatura bem mais baixa. tridimita 13 é resfriada rapidamente a 120 ºC e man-
As quebras nas curvas da expansão versus tem- tida nesta temperatura, ela é transformada em tridi-
peratura indicam que cristobalita e quartzo existem mita a, estável em te mperatura ambiente. Por outro
em duas formas polimórficas, uma das quais é mais lado, se a tridimita 13 é aquecida a 1475 ºC e mantida
estável e m temperaturas mais altas e a outra em urna nesta temperatura ela é convertida em cristobalita
temperatura mais baixa. A forma que é mais estável 13. Mais aquecimento da cristobalita 13 produz sílica
em temperatura ambiente é chamada a farn111 a, e a fundida, mas se ela é resfriada a 220 ºC e mantida
mais estável em altas temperaturas é designada como nesta temperatura, cristobalita a é formada. Estas
forma {3. A tridimita tem três formas polimórficas transições são mostradas na equação a seguir.
14750
quartzo 13
8700
e) tridimita ~ e> cristobalita p 1700
º e> sílica fundida
J1so e0
J 105• e
quartzo a tridimita a cristobalita a
Todas as formas de sílica estão em sua forma mistura como excesso de água. Durante as fases
a no revestimento e durante o processo de aque- iniciais do aquecimento, o excesso de água evapora.
cimento elas são convertidas completamente ou Conforme a temperatura sobe a cerca de 105 º C, o
em parte para suas formas ~ correspondentes. Esta sulfato de cálcio di-hidratado começa a perder água.
transição envolve uma expansão da massa, a qual A massa de revestimento é, então, aquecida ainda
ajuda a compensar as contrações de fundição. mais até a temperatura apropriada para a injeção do
metal Dessa forma, s ulfato de cálcio anidro, sllica e
Efeito da Temperatura nos Aglutinantes certos aditivos químicos permanecem para formar o
de Sulfato de Cálci.o molde no interior do qual a liga áu rica é injetada.
O aglutinante utilizado para os revestimentos de Experimentalmente, foi observado que o reves-
fundição de liga áurica em Odontologia é o a-sulfato timento expande quando é aquecido da tempera-
de cálcio hemi-hidratado. Durante o processo de tura ambiente até cerca de 105 ºC, então ele contrai
inclusão, um pouco da água misturada com o re- levemente ou permanece sem mudanças até cerca
vestimento reage com o hemi-hidratado e é conver- de 200 ºC e registra graus de expansão variados,
tido em sulfato de cálcio di-hidratado, enquanto o dependendo da composição de sílica do revesti-
restante da água é uniformemente distribuído na mento, entre 200 ºC e 700 º C. Estas propriedades
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 339
1,4 1,0
B
1,2 0,8
~
~
1,0 ~
~ <U 0,6
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o
o 200 400 600 -0,4
Temperatura (ºC)
-0,6 +----~---.,...----.--=-
200 400 600
FIGURA 12-27 Curvas de expansão térmica para
revestimentos aglutinados por sulfato de cálcio. A, tipo
º Temperatura (ºC)
higroscópico; B, Tipo de expansão térmica (Modificndo de
Asgnr, K., 1976. Casting Restorntions. ln: Clark,}. W [Ed}., FIGURA 12-28 Curvas de expansão térmica e contração
1976. Clit1ical dentistry, vol 4. Harper & Row, New York). para revestimento aglutinado por sulfato de cálcio (usado
com técnicas térmicas). Curva 1 é primeiro aquecimento,
curva 2 é resfriamento e curva 3 é reaquecimento.
são explicadas como segue. Até cerca de 105°C, a
expansão térmica comum ocorre. Acima de 105 ºC, o mensões antes do aquecimento. No reaquecimento à
sulfato de cálcio di-hidratado é convertido a sulfato temperatura anteriormente alcançada, o revestimento
de cálcio anidro. A desidratação do di-hidratado não expande termicamente ao nível anterior; além
e uma mudança de fase do sulfato de cálcio ani- disso, o processo de resfriamento e reaquecimento
dro causam uma contração. Contudo, a forma ex da causa rachaduras internas no revestimento que po-
tridimita (que pode estar presente como uma impu- dem afetar a qualidade da fundição.
reza) está se expandindo e compensa a contração do
sulfato de cálcio suficientemente a ponto de evitar
que o revestimento registre um grau de contração Expansão de Presa do Revestimento
significativo. Em temperaturas elevadas, as formas u Aglutinado por Sulfato de Cálcio
de sílica presentes no revestimento são convertidas a Todos os revestimentos aglutinados por sulfato
formas 13, que causam alguma expansão adicional. de cálcio atualmente disponíveis para fundição de
As curvas de expansão térmica para um reves- ligas áuricas têm expansão de presa e térmica. A soma
timento tipo higroscópico atualmente disponível destas duas expansões resulta em uma alteração di-
contendo quartzo (A) e um tipo de revestimento mensional total que é uma propriedade essencial dos
com expansão térmica contendo cristobalita (B) são revestimentos odontológicos para fundição porque
mostrados na Figura 12-27, a qual ilustra o grau ela proporciona a compensação para a contração de
esperado de expansão em diferentes temperaturas. fundição das ligas. A expansão de presa de um reves-
A expansão do conteúdo de sílica do revestimento timento, assim como aquela dos outros produtos de
deve ser não somente suficientemente alta para gipsita discutidos anteriormente neste capítulo, é a
superar toda a contração, mas também deve ocorrer expansão linear que ocorre durante a presa do revesti-
em temperaturas próximas das temperaturas em mento. Se o revestimento toma presa rodeado por ar, a
que ocorre a contração do hemi-hidratado. expansão é referida como expansão de presa normal. Por
outro lado, se o revestimento manipulado toma presa
Resfriamento do R evesHment.o em contato com água, a expansão é substancialmente
Quando o revestimento é resfriado, o refratário maior e é chamada de expansão higroscópica de presa.
e o aglutinante contraem de acordo com uma curva Tal contato com água pode ser alcançado nas técnicas
de contração térmica, que é diferente da curva de ex- de fundição comumente utilizadas de (1) colocar um
pansão térmica do revestimento (Fig. 12-28). No res- forro molhado dentro do anel de fundição no interior
friamento até a temperatura ambiente, o revestimento do qual o revestimento é vertido, ou (2) se após a in-
exibe uma contração total comparada com suas di- clusão, o anel de fundição é colocado em um banho de
340 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
água. O mecanismo atualmente aceito para a expansão hidratado e cerca de 2% a 3% de alguns aditivos
higroscópica de presa também está relacionado com a químicos para controlar as diferentes propriedades
expansão normal de presa que ocorre quando a mistu- físicas e para dar cor aos revestimentos. Se a pro-
ra do revestimento toma presa em contato com o ar. A porção sílica/ gesso-pedra é aumentada, a expansão
base para este mecanismo está no papel desempenha- higroscópica do revestimento também aumenta,
do pela tensão superficial da água da mistura e pode mas a resistência do revestimento diminui.
ser descrito como segue. Depois que o revestimento ,
é manipulado, a água circunda os componentes do Proporção Agua/Pó
revestimento. Conforme a reação do aglutinante de Assim como ocorre com a expansão de presa dos
sulfato de cálcio progride, a água circundante é redu- produtos de gesso, quanto mais água na mistura
zida e cristais de gesso em crescimento colidem com (quanto mais diluída a mistura ou quanto maior a
a superfície da água restante, cuja tensão superficial proporção A/P), menores são as expansões de presa
inibe o crescimento externo do cristal. Quando a água normal e higroscópica. Uma menor expansão térmica
necessária para a reação é esgotada e a reação está também é obtida com uma mistura mais diluída.
virtualmente completa, o crescimento de cristais de Espatulação
gesso para na sua forma inibida.
O efeito da espatulação na expansão de presa e
Se o revestimento é vertido no interior de um anel
higroscópica do revestimento é semelhante àquele na
de fundição que contenha um forro molhado, os cristais
expansão de presa de todos os produtos de gipsita.
de gesso podem crescer mais; porém, somente até que
a nova superfície de água proporcionada pela água Idade do Revestimento
adicional no forro seja alcançada; a tensão superficial, Revestimentos que têm dois ou três anos não
então, inibe que haja mais crescimento. Se for fornecida expandem tanto quanto os revestimentos recém-
água à massa do revestimento por imersão do anel em fabricados. Por esta razão, os recipientes do reves-
um banho de água, após inclusão, nenhuma superficie timento devem ser mantidos fechados o melhor
nova está próxima o bastante para proporcionar a ini- possível, especialmente se o revestimento é arma-
bição do crescimento do cristal. A expansão de presa zenado em uma atmosfera úmida.
higroscópica resultante na completa imersão conforme ,
mensurada em um recipiente não confinado (Especi- Temperatura do Banho de Agua
ficação N º 126da ANSI/ ADA) é mais do que duas Para a técnica da imersão no banho de água, a
vezes aquela da expansão normal. Contudo, quando temperatura do banho tem um efeito mensurável
o revestimento toma presa em um anel confinado, a no padrão de cera. Em temperaturas mais elevadas
expansão higroscópica é limitada pelo confinamento do mesmo, o padrão de cera expande, necessitando
do anel. Para a expansão higroscópica, a água adicional de uma menor expansão do revestimento para com-
deve ser fornecida ao revestimento durante a presa Isto pensar a contração total de fundição. Além disso,
é significativamente diferente de adicionar mais água temperaturas maiores do banho de água amolecem
aos componentes no momento da manipulação (isto a cera. A cera amolecida, então, proporciona menor
é, aumentar a proporção A/P). Outro requisito para resistência à expansão do revestimento; portanto,
a expansão higroscópica é que a água adicional seja faz com que a expansão de presa seja mais efetiva. O
fornecida antes da perda de brilho ser observada, o que efeito final é maior expansão do molde com maiores
se dá quando a reação de presa não está completa e a temperaturas do banho de água.
água usada na manipulação pode ainda ser observada
na superfície do revestimento. Isto permite que a água
adicional possa se juntar à água de mistura remanes-
REVESTIMENTO
, TÉRMICO E
HIGROSCOPICO PARA FUNDIÇAO
-
cente e ampliar sua superfície de maneira que a ação da
tensão superficial seja ou atrasada ou inativada.
As técnicas de fundição que envolvem revesti-
Tamanho das Particulas de saica mentos aglutinados por gesso são frequentemente
O tamanho da partícula de sulfato de cálcio classificadas como técnicas térmica ou higroscópica.
hemi.-hidratado tem pouco efeito na expansão hi.- Na técnica térmica, o anel de fundição é colocado
groscópica, enquanto que o tamanho da partícula de dentro do forno após a presa do revestimento a uma
sílica tem um efeito significativo. A sílica mais fina temperatura relativamente alta (649 º C), enquanto
produz maiores expansões de presa e higroscópica. que na técnica higroscópica o anel é imerso antes
da presa do revestimento em um banho de água e,
Proporção saica!Aglutinante então, após a presa, ele é colocado dentro do forno,
Os revestimentos geralmente contêm 65o/o a ajustado para uma temperatura relativamente baixa
75% de sílica, 25°/o a 35% de sulfato de cálcio hemi- (482 ºC). Embora todos os revestimentos aglutinados
1
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 341
1
Temperatura de fundição
1,2 para a técnica térmica 1,4
xpansão higroscópica
(sob água)
,g
·~ãi 1 1,2
<J)
e:
~ [ 1,0
Q) 0,8 X
Q)
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Temperatura de fundição
~ 0 ,6
-
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higroscópica
<11
~
e:
Q)
0 ,6
~ 0,4 ~
a. rl1'. 0,4 Expansão normal de presa
0 ,2 0 ,2
o o
o 100 200 300 400 500 600 700 o 15 30 45 60 75 90 105 120
Temperatura (ºC) Tempo em minutos
FIGURA 12-29 Expansão térmica de revestimento FIGURA 12-30 Expansão de presa e higroscópica de
higroscópico-térmico para fundição de ouro (Cartesi11 de revestimento higroscópico-térmico para fundição de ou:ro
Wl1ip Mix Corporntiori, Louisville, KY). (Cortesia de Whip Mix CorpornNori, Louisville, KY}.
A água produzida por esta reação à temperatura água. Com uma mistura contendo sol de sílica, a
ambiente reduz a viscosidade da mistura conforme massa do revestimento é capaz de expandir higros-
a espatulação continua. copicamente, enquanto que se a mistura é só com
Conforme a reação acontece, são formadas partí- água, a expansão higroscópica de tal revestimento é
culas coloidais com forte interação entre si. Durante insignificante. Porém, nem todos os revestimentos
a presa e a eliminação (queima) do padrão de cera, a aglutinados por fosfato podem expandir higrosco-
sequência de reações químicas e térmicas causa várias picamente. Utilizando o sol de sílica em vez de água
mudanças de fase, proporcionando resistência em com revestimentos aglutinados por fosfato também
temperatura ambiente (resistência verde) e resistência aumenta sua resistência consideravelmente. A Figura
em altas temperaturas que possibilita ao revestimento 12-32 mostra as curvas de expansão térmica de duas
suportar o impacto das ligas de alto ponto de fusão. marcas comerciais de revestimentos aglutinados
As fases formadas em altas temperaturas incluem por fosfato misturados de acordo com a proporção
MgiP2ÜJ, e subsequentemente, M~(P04)2• Para pro- líquido/ pó recomendada pelos fabricantes. Tanto a
duzir maior expansão, uma combinação de diferentes expansão de presa como a térmica devem ser consi-
tamanhos de partículas de sílica é utilizada. deradas na seleção destes revestimentos.
Estes revestimentos podem ser misturados com A Especificação Nº 126da ANSI/ ADA (ISO 9694)
água ou com um líquido especial fornecido pelo para os revestimentos para fundição aglutinados por
fabricante. O líquido especial é uma forma de sol de fosfato especifica dois tipos de revestimentos para ligas
sílica em água. Conforme mostrado na Figura 12-31, que têm temperatura de solidus acima de 1.080°C:
revestimentos aglutinados por fosfato possuem Tipo 1: para in/ays, coroas e outras restaurações
maior expansão de presa quando eles são misturados fixas.
com o sol de sílica do que quando misturados com Tipo 2: para próteses parciais removíveis.
1,2
1,2
A I
1,0 I A
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o 25 75 50 100 o 200 400 600 800
Concentração de sol ("%) Temperatura (ºC)
FIGURA 12-31 Efeito da concentração de sol de sílica FIGURA 12-32 Curvas de expansão térmica de dois
na expansão térmica (linhas sólidas) a 800 ºC e expansão de revestimentos aglutinados por fosfato manipulados em
presa (tiniras pontilhadas) de dois revestimentos aglutinados proporções recomendadas de líquido/ pó. A, indicado
por fosfato. A, indicado para técnicas térmicas; B, indica- para técnicas térmicas; B, indicados para técnicas higros-
dos para técnicas higroscópicas (Dados de Zarb GA, Bergman cópicas (Dados de Zarb GA, Bergnran G, Clayton JÁ, MacKay
G, Clayt.on JÁ, MacKay HF [Eds].: Prostlrodnntic treatmentfar HF [Eds.]: Prosthodontic treatment for partially edent1llous
partially edentulous patients. Mosby, SI. Louis, 1978). patients. Mosby, St. Louis, 1978).
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 343
As seguintes propriedades e seus valores especifi- uma solução ácida adequadamente diluída, tal co-
cados são descritos pela especificação: fluidez, tempo mo uma solução de ácido clorídrico. Os conteúdos
de presa inicial, resistência à compressão e expansão de cada frasco podem ser armazenados quase inde-
térmica linear. O tempo de presa não deve diferir por finidamente. Antes de usar, volumes iguais de cada
mais de 30'Yo do tempo estabelecido pelo fabricante. frasco devem ser misturados e deve-se aguardar
A resistência à compressão em temperatura ambiente tempo prescrito pelo fabricante para que a hidrólise
não deve ser menor do que 2,5 MPa para os revesti- possa ocorrer, com a formação de ácido silicico.
mentos tipo 1, e 3 MPa para os revestimentos tipo 2. A Especificação Nº 126 (ISO 11246) da ANSI/ ADA
A expansão térmica linear não deve diferir por mais para revestimentos para fundição de silicato de etila
do que 15% do valor estabelecido pelo fabricante. discrimina o tempo de presa, resistência à compres-
são e expansão térmica linear. O tempo de presa não
Revestimento Aglutinado por Sllica deve diferir por mais de 30o/o do tempo estabelecido
Outro tipo de material aglutinante para revesti- pelo fabricante. A resistência à compressão em tem-
mentos utilizado na fundição de ligas de alto ponto peratura ambiente não deve ser menor que 1,5 MPa.
de fusão é um aglutinante de sílica. Este tipo de reves- A expansão térmica linear não deve diferir por mais
timento pode derivar sua ligação de sílica do silicato que 15% do valor estabelecido pelo fabricante.
de etila, uma dispersão aquosa de sílica coloidal, ou
do silicato de sódio. Tal revestimento consiste de sílica
Revestimento para Soldagem
refratária, a qual é unida pela hidrólise do silicato de
etila na presença do ácido clorídrico. O produto da Quando da soldagem de partes de uma restaura-
hidrólise é uma solução coloidal de ácido silicico e ção, tais como grampos de uma prótese odontológica
álcool etílico, que pode ser escrito como segue: removível, as partes devem ser envolvidas por uma
cerâmica ou um material de revestimento antes da
operação de aquecimento. As partes posicionadas
são temporariamente unidas com cera pegajosa até
Na prática, contudo, a reação é mais complicada que estejam envolvidas pelo material de revestimen-
e, em vez do ácido tetrasilicico, que é convertido em to, depois do que a cera é amolecida e removida. A
Si02 - 2H20, um composto polimerizado de silicio porção a ser soldada é deixada exposta e livre de
é formado com a estrutura abaixo: revestimento para permitir a remoção da cera e o efe-
tivo aquecimento antes de ser unida com a solda.
A Especificação Nº 126 da ANSI/ ADA (ISO
1 1
-Si-0-Si- 11244) para revestimentos para soldagem odonto-
I 1 lógica define dois tipos de revestimento:
o o
1 1 Tipo 1: revestimentos odontológicos para
-Si-0-Si- soldagem aglutinados por gesso.
I 1
Tipo 2: revestimentos odontológicos para
o o soldagem aglutinados por fosfato.
1 1
-Si-0-Si-
I 1 A especificação determina a qualidade, fluidez,
tempo de presa, resistência à compressão, expansão
Este material tem um conteúdo ainda maior de térmica linear e expansão de presa linear. O tempo de
sílica e propriedades refratárias melhores do que presa não deve diferir por mais de 30°/o do tempo es-
Si02 · 2H20. O silicato de etila tem a desvantagem tabelecido pelo fabricante. A resistência à compressão
de desprender componentes inflamáveis durante deve estar na faixa de 2 MPa a 10 MPa. As expansões
o processamento e o método é caro; assim, outras lineares de presa e térmica não devem diferir por mais
técnicas e métodos foram desenvolvidos para redu- que 15% do valor estabelecido pelo fabricante.
zir a utilização deste material. O silicato de sódio O revestimento para soldagem de ligas de bai-
e a sílica coloidal são os aglutinantes mais comuns xo ponto de fusão é semelhante aos revestimentos
à base de sílica. para fundição contendo quartzo e um aglutinante
Atualmente, este revestimento é geralmente de sulfato de cálcio hemi-hidratado. Para ligas de
fornecido com dois frascos de liquido especial, alto ponto de fusão, é utilizado um revestimento
em vez de água, com o qual o pó do revestimento aglutinado por fosfato.
deve ser misturado. Em um dos frascos o fabricante Os revestimentos para soldagem são projetados
geralmente fornece uma solução diluída de silicato para ter menores expansões de presa e térmica do que
solúvel em água. O outro frasco geralmente contém os revestimentos para fundição, uma característica
344 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
que é desejável para que as partes montadas não de revestimento para fazer restaurações de cerâmica
mudem de posição durante a presa e o aquecimento pura é um material para troque! refratário, que é
do revestimento. Revestimentos para soldagem são utilizado para facetas, inlays e coroas de cerâmica
frequentemente constituidos por ingredientes que pura. Troquéis refratários são feitos pelo vazamento
não têm um tamanho de partícula tão fina quanto o de revestimento nos moldes. Quando o revestimento
revestimento para fundição, porque a lisura da massa toma presa, o troque! é removido e é aquecido para
é menos importante. Existe relativamente pouca in- remover gases que podem ser prejudiciais à cerâmica
formação disponível na literatura odontológica sobre (desgaseificação). Um espaçador de troque! refratá-
as propriedades dos revestimentos para soldagem. rio pode ser adicionado à superfície. Posteriormente,
a porcelana ou outros pós de cerâmica são adicio-
nados à superfície do troque! e levados ao forno
REVESTIMENTO_ para sinterização. Estes materiais devem reprodu-
PARA RE§TAURAÇOES zir precisamente o molde, permanecer inalterados
DE CERAMICA PURA durante a queima da porcelana e ter uma expansão
térmica compatível com aquela da cerâmica (senão,
Dois tipos de materiais de revestimento foram a cerâmica pode rachar durante o resfriamento).
desenvolvidos recentemente para a confecção de Estes materiais são também aglutinados por fosfato
restaurações de cerâmica pura. O primeiro tipo é e geralmente contêm cargas refratárias de grão fino
utilizado com cerâmicas injetáveis. Este revesti- para permitir a reprodução precisa de detalhes. A
mento é fornecido pelo fabricante do equipamento Especificação Nº 126 (ISO 11245) da ANSI/ ADA
para injeção de lingotes cerâmicos e é composto de para materiais de troque! refratários aglutinados por
refratários aglutinados por fosfato. O segundo tipo fosfato descreve as propriedades exigidas.
PROBLEMAS SELECIONADOS
PROBLEMA 1
Uma mistura de alginato foi feita e o tempo de alta, porque a densidade aparente do pó é maior de-
presa foi mais curto do que o experimentado anterior- vido ao assentamento. A quantidade aumentada de
mente com esta marca. No momento da inserção, o pó faz com que o tempo de presa ou geleificação seja
material estava muito rígido para obter assentamento menor do que o experimentado normalmente.
adequado e detalhe de superfície. Que fatores devem
ser considerados na correção deste problema? Solução e
O envelhecimento do pó do alginato em uma
Solução a atmosfera quente e úrnida pode afetar a presa pela
A causa mais comum para o tempo mais curto redução da efetividade do retardador, resultando em
de presa é urna temperatura muito alta da água da um tempo de presa mais curto do que o normal.
mistura. A reação de presa é uma típica reação quí-
mica que é acelerada pelo aumento na temperatura;
PROBLEMA 2
um aumento de 10 ºC na temperatura quase dobra a
taxa de reação. Em muitas operações, uma torneira só Uma mistura de alginato pareceu mais grossa do
de água está presente, com urna válvula misturadora que o normal. Depois que o molde foi obtido, sua su-
para controlar a temperatura da água. Uma falha gra- perfície parecia granulada e com falta de detalhes de
dual da válvula misturadora pode, inadvertidamente, superfície. Que precauções devem ser tomadas para
resultar na utilização de água substancialmente mais evitar esta condição quando o molde for refeito?
quente do que os 21 ºC geralmente recomendados.
Solução
Solução b Uma consistência mais grossa pode resultar ou da
O tempo de presa também pode ser encurtado pelo falta de descompactação do pó antes do proporcio-
proporcionarnento incorreto, resultando em uma pro- narnento ou de um número incorreto de medidas de
porção pó/líquido muito alta. Se o pó do alginato não pó e água. Contudo, uma mistura grossa e granulada
é descompactado antes de cada proporcionamento, a pode ocorrer pela espatulação incorreta. Uma mistura
massa dispensada em cada porção de pó será muito inadequada pode ser causada por urna espatulação
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 345
"casual", em vez de vigorosa, ou por não espatular boca pode ser atrasada até próximo do fim do tempo
pelo tempo recomendado. A água quente utilizada de trabalho, mas permitindo tempo suficiente para
em combinação com dois fatores que acabaram de assentar a moldeira. O molde deve então ser removi-
ser mencionados acentuam o problema das misturas do no tempo mais cedo possível depois da presa, mas
grossas e granuladas. Se a próxima mistura for cuida- quando já apresenta propriedades adequadas. Assim,
dosamente proporcionada, a temperatura da água for o molde fica na boca o menor tempo possível.
checada e a duração da manipulação for cronometrada,
o resultado será uma consistência lisa e cremosa.
Solução b
Um alginato de presa rápida pode ser selecio-
nado, pois não somente toma presa em um tempo
PROBLEMA 3
mais curto, mas também tem melhores propriedades
Um molde de alginato foi tomado de um paciente mecânicas em um menor tempo do que o material
com aparelho fixo e o rasgamento do molde ocorreu
de presa normal.
em áreas críticas como resultado de áreas severamen-
te retentivas. O que pode ser feito para melhorar a Solução e
próxima moldagem, uma vez que moldes de alginato Deve-se tornar cuidado durante o preenchimen-
são supostamente elásticos? to da moldeira superior com o material para evitar
quantidade excessivas de alginato na porção poste-
Solução
rior da moldeira. A parte posterior da moldeira deve
A flexibilidade das moldagens de alginato é verda-
ser assentada antes da porção anterior, com a cabeça
deira, embora não sejam inteiramente elásticos (eles
do paciente numa posição que evite que o excesso de
exibem recuperação incompleta), e têm uma resistência
alginato escorra numa direção posterior no palato.
ao rasgamento muito baixa se comparados a materiais
elastoméricos de moldagem. Várias precauçfies podem
ser tomadas para melhorar as chances de um molde PROBLEMA 5
aceitável. As áreas severamente retentivas podem O molde de alginato soltou da moldeira durante
ser aliviadas, colocando menos tensão no alginato sua remoção da boca, resultando em distorção e ras-
durante a sua remoção. Lembre-se que a resistência gamento. O que pode ser feito para evitar isso?
do alginato melhora muito rapidamente por cinco a
dez minutos após a presa e o molde pode ser deixado Solução
na boca alguns minutos extras antes da sua remoção. Duas escolhas podem ser feitas. Urna mudança
Lembre-se também que a resistência ao rasgamento na marca do alginato para um que consiga aderir
é urna função da velocidade de remoção do molde à moldeira de metal é uma opção. Contudo, se for
e velocidades rápidas aumentam as chances de um desejada a utilização de um alginato não adesivo,
molde aceitável. Por fim, misturas com alta proporção escolha uma moldeira com perfurações que propor-
pó/líquido têm resistência ao rasgamento mais altas; cionam retenção mecânica. Segundo, utilize adesivos
contudo para obter uma consistência lisa que irá re- de moldeira comerciais formulados especificamente
gistrar o nível desejado de detalhes de superfície, a para retenção de moldes de alginato.
proporção não deve ser aumentada além do limite.
PROBLEMA 4 PROBLEMA 6
Um modelo impreciso é obtido, apesar do uso
Um molde de alginato está para ser obtido em um
correto da técnica de manipulação para o alginato
paciente conhecido por ter um problema de náusea.
Que passos podem ser tomados na manipulação dos
e do procedimento de vazamento apropriado para
o modelo de gesso. Que possíveis fatores devem ter
materiais para reduzir o problema e ainda obter um
resultado em um molde impreciso?
molde satisfatório?
Solução a Solução a
A viscosidade do alginato após mistura permane- A moldeira selecionada pode ter sido muito
ce razoavelmente constante até o tempo de presa pequena, proporcionando, assim, pouco alginato
ser alcançado porque a reação de retardamento pre- entre a moldeira e os tecidos. Durante a remoção do
vine a formação do gel de alginato de cálcio. Quando alginato após presa, o percentual de compressão pode
os tempos de trabalho e de presa são precisamente ter sido muito alto quando a parte mais volumosa do
conhecidos, a inserção do material de moldagem na dente comprimiu o alginato nas áreas retentivas. Esta
346 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
compressão excessiva resulta em deformação per- esperar até que o solvente orgânico volátil evapore e o
manente mais alta do que o normal. Corrija o pro- adesivo seque. Quando a moldeira é preenchida com
blema selecionando uma moldeira que proporcione o material de alta consistência logo depois de aplicado
cerca de 5 mm de espaço entre a moldeira e os tecidos. o adesivo, a retenção falha e o material de moldagem
Com a mesma quantidade de retenção, o alginato se separa da moldeira. Neste momento, uma distorção
é sujeito a um menor percentual de compressão e do molde está sempre presente e resulta em mode-
resulta em menor deformação permanente. lo e troquéis distorcidos. É melhor refazer o molde
do que continuar com o procedimento. Quando a falha
Solução b é causada pelo adesivo em si, uma melhor retenção
Uma segunda causa possível do problema pode mecânica para o material de moldagem pode ser ob-
ser a remoção prematura do molde. A deformação tida fazendo perfurações com uma broca na moldeira
permanente do molde durante a remoção diminui individual. Estas travas mecânicas retêm o material de
com o tempo pós-presa. Portanto, a remoção pre- moldagem na posição e a espessura uniforme do ma-
matura do molde, mesmo que o material não esteja terial de moldagem na moldeira personalizada ajuda a
mais pegajoso, pode ser a causa de deformação per- controlar a contração de polimerização do material.
manente excessiva do molde nas áreas retentivas.
Solução e PROBLEMA 8
Uma terceira causa possível do molde impreciso
Um molde de um quadrante com dentes foi feita
pode ser uma velocidade muito lenta de remoção do
com um material de moldagem do tipo poliéter, de con-
material de moldagem após presa. Com todo o resto
sistência média, em uma moldeira individual de acríli-
sendo igual, uma velocidade lenta de remoção, ao invés
co. O alívio normal de 2 mm foi feito entre a moldeira e
de uma remoção vigorosa, resulta em quantidades de
as estruturas orais. Depois da remoção do molde, vários
deformação permanente mais altas do que a normal.
locais apresentaram rasgamento. Que ajustes podem
Solução d ser feitos para que a possibilidade de rasgamento seja
Uma quarta razão para a dificuldade pode ser minimizada na retomada da moldagem?
sobre-extensão do alginato em áreas não apoiadas Solução a
pela moldeira. O peso destas áreas sobre-extendidas
Os poliéteres aderem muito bem aos tecidos duros
pode deformar o molde; se elas não são cortadas,
e moles e a consistência média é bem rígida quando
pode ocorrer a deformação e distorção permanente
toma presa (baixa deformação em compressão). A
do molde nestas áreas.
adesão e rigidez, combinada à uma resistência ao
Solução e rasgamento moderada, aumentam a probabilidade de
Por fim, o molde de alginato pode ser distorcido rasgamento do molde. Antes de sua remoção, primeiro
permanentemente se após a sua remoção ele é arma- rompa o selamento do molde aos tecidos puxando
zenado de maneira que o molde se deforme. Duas levemente o molde na área vestibular.Jogar água com
possíveis condições podem causar este efeito: colocar a seringa na área também pode ajudar a romper o
o molde voltado para baixo com o peso da moldeira selamento. Por fim, aumente o espaço de alívio entre
sobre ele e envolver o molde com muita força em a moldeira e os tecidos pelo menos 4 mm para per-
uma toalha úmida. mitir maior flexibilidade do material de moldagem,
aumentando, assim, a facilidade de remoção.
PROBLEMA 7 Solução b
Quando um molde de silicone de adição foi retira- Utilize o novo material de moldagem tipo poliéter
do da boca, o material de moldagem estava separado "macio" de consistência média na moldeira; ele é menos
da moldeira em algumas áreas. O que causou esta rígido e possui dureza "Shore A" reduzida na condição
separação e o quão precisos são os troquéis obtidos após presa. Também, propicie um espaço de alívio adi-
de tal molde? cional entre a moldeira e os tecidos (pelo menos 4 mm)
para aumentar a flexibilidade efetiva do elastômero.
Solução
A adesão de um material de moldagem à moldeira
individual é obtida revestindo a moldeira com um ade- PROBLEMA 9
sivo. Para conseguir uma boa adesão à moldeira, utilize O fabricante de um silicone de adição para mol-
camadas suficientes de adesivo. Também é necessário dagem especificou que os troquéis de gesso-pedra de
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 347
alta resistência não devem ser vazados até uma hora parando o dente. Em termos da precisão dimensional
depois. Um troquei de epóxi ia ser feito e, assim, o da moldeira, o que deve ser considerado?
vaz;imento foi atrasado em uma hora. Na separação,
o troquei estava coberto com bolhas negativas. O que Solução
causou o problema e como ele pode ser evitado? Materiais para moldeira autopolimerizados con-
tinuam a se alterar dimensionalrnente durante as pri-
Solução meiras horas depois de serem feitas. A utilização de
Algumas marcas de silicones de adição liberam uma moldeira antes desta polimerização se completar
hidrogênio após sua presa. Esperando por uma hora pode afetar a precisão do molde. Duas coisas podem
antes de vazar o gesso-pedra de alta resistência e ser feitas para eliminar este problema: (1) pedir ao
presa rápida permite que a taxa de hidrogênio li- assistente que ferva a moldeira por um curto tempo
berado seja reduzida suficientemente para troquéis para forçar a reação de polimerização completa ou (2)
livres de bolhas possam ser produzidos. Contudo, utilizar um material de moldeira fotopolimerizável
muitos materiais epóxi para troquel tomam presa que não apresente alteração dimensional significativa
vagarosamente se comparados com o gesso-pedra após processada.
de alta resistência, e hidrogênio suficiente ainda está
sendo liberado após uma hora para produzir bolhas
PROBLEMA 12
na superfície do troquei de epóxi. Mesmo e.-perando
por quatro horas. pode não resultar em um troquel de Os troquéis de gesso-pedra de alta resistl?ncia às
epóxi livre de bolhas. Permitir que o molde descanse vezes fraturam durante a separação dos moldes elasto-
durante a noite, antes de vazar o troquei de epóxi, méricos. Como podemos minimizar esta dificuldade?
resolve o problema. Perceba também que a precisão Solução a
de moldes com silicone de adição é excelente após
Deve ser utilizada a proporção de água/pó reco-
24 horas, mesmo com a liberação de hidrogênio. mendada. A proporção de água/pó pode variar de
0,19 a 0,24 para vários tipos de produtos de gipsita. A
P ROBLEMA 10 água e o pó devem ser proporcionados precisamente.
Um molde feito com um silicone de adição não A resistência ótima é atingida somente na proporção
hidrofilizado foi obtido pela t<?cnica da espatulação correta de água/pó.
manual. O troquei de gesso-pedra de alta resistência Solução b
resultante tinha muitas bolhas positivas e negativas,
Mistura à vácuo do gesso-pedra de alta resistílncia
especialmente ao longo dos ângulos internos e térmi-
garante resistência máxima por minimizar a poro-
no dos preparos; então, uma repetição da moldagem
sidade.
foi necessária. O que poderia ser feito para reduzir o
número de bolhas? Solução e
O troquel vazado deve ser deixado para tomar
Solução presa por pelo menos 20 minutos ou até a presa final
Mudar para um silicone de adição fornecido em antes de removê-lo do molde.
cartuchos para automistura reduz substancialmente
o número de bolhas na mistura, quando comparada Solução d
com uma preparada por espatulação manual e mi- Aumentar a espessura de materiais rígidos de
nimiza o número de bolhas positivas. Além disso, moldagem (poliéter) aumenta a facilidade de remo-
mudar para um silicone de adição hidrofilizado e por ção do troquei.
automistura diminui o número de bolhas negativas
no troquei por causa do melhor molhamento do mol-
de pela mistura de gesso-pedra de alta resistência.
PROBLE MA 13
As superfícies oclusais dos dentes de um modelo
vazado com gesso tipo três de um molde de alginato
PROBLEMA 1 1
apresentavam aspecto de giz e friáveis. O que pode ter
Um paciente fraturou uma cúspide lingual e vem acontecido e oomo este problema pode ser resolvido?
ao consultório para cuidados de emergência. Você
gostaria de preparar o dente para uma coroa de ouro Solução
e pede ao assistente para fazer uma moldeira indivi- O excesso de água da lavagem nas depressões de
dual para a moldagem final enquanto você está pre- uma moldagem de alginato (ou qualquer moldagem)
348 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
aumenta a proporção água/pó do gesso-pedra. San- por imersão do modelo em "água de gesso", que é
gue e saliva remanescentes no molde retardam a presa utilizada para minimizar a dissolução da superfície
do gesso-pedra. Ambas as condições podem fazer durante a imersão.
com que o gesso-pedra fique com aspecto de giz e
friável. Lave cuidadosamente e remova o excesso de PROBLEMA 17
água do molde antes de vazá-lo em gesso-pedra.
Um revestimento aglutinado por gesso foi mistu-
rado com água nas proporções recomendadas pelo
PROBLEMA 14 fabricante, mas o tempo de trabalho foi muito curto
A superfície de um troquei de gesso-pedra de para incluir o padrão de cera. O que pode ter aconte-
alta resistência sofreu abrasão durante preparo do cido e como este problema pode ser resolvido?
padrão de cera. O gesso tipo 4 pode ser tratado para
Solução a
criar uma superfície mais resistente à abrasão que
O pó pode ter sido contaminado por água, devido
seja menos suscetível a danos durante a construção
a uma alta umidade ou uma colher dosadora mo-
do padrão e acabamento da fundição?
lhada. O revestimento deve ser armazenado em um
Solução recipiente hermético e à prova d'água.
Aparentemente não, porque as soluções endure-
Solução b
cedoras disponíveis e várias técnicas de impregnação
A temperahrra da água da mistura deve ter sido
têm pouco efeito na resistência à abrasão do gesso
mais alta do que 23ºC. A recomendação é água em
tipo 4. As soluções endurecedoras resultam em urna
20 ºC a 23 ºC. Maiores temperaturas encurtam o
expansão de presa levemente maior de troquéis de
tempo de trabalho.
gesso-pedra de alta resistência.
Solução e
PROBLEMA 15 A espatulação deve ter sido feita incorretamente
com um mishrrador mecânico. Manipulação excessi-
Um modelo-mestre de gesso-pedra para uma pró-
va, muito longa ou muito rápida encurtam o tempo
tese total foi colocado numa vasilha de água antes de
de trabalho.
ser montado em um articulador. Inadvertidamente, o
modelo foi deixado na água durante a noite. Depois Solução d
que o modelo foi montado e seco, uma superfície A cuba de manipulação ou a espátula podem ter
incomumente áspera apareceu. O que aconteceu? sido contaminadas com partículas de revestimento
Solução endurecido contendo sulfato de cálcio di-hidratado,
acelerando a reação. Instrumentos de mishrra devem
O gesso-pedra é levemente solúvel em água. Dei-
ser limpos após o uso.
xar o modelo em água por um tempo extenso pode
dissolver parte da superfície, tomando o modelo ás-
pero. Esta rugosidade é transferida para a superfície PROBLEMA 18
da prótese. Se o modelo for ser armazenado em água, Uma fundição de uma coroa total preparada por
utilize urna solução sahrrada de sulfato de cálcio <li- uma técnica de imersão higroscópica ficou muito
-hidratado ("água de gesso"). frouxa. Que condições devem ter causado este proble-
ma e como podemos obter urna coroa mais justa?
PROBLEMA 16 Solução a
As margens de um modelo-mestre em gesso-pedra O banho de água deve ter sido mais quente do que o
foram aparadas em um recortador de modelos vários normal Quando é utilizada água mais quente, o padrão
dias depois de ter sido vazado. O recorte foi muito mais de cera oferece menor resistência à expansão do revesti-
difícil do que quando feito logo após o gesso-pedra ter mento, produzindo um molde maior. A temperatura do
tomado presa. Por que o modelo estava mais difícil de banho de água deve ser monitorada regularmente.
cortar e como esta dificuldade pode ser corrigida?
Solução b
Solução Uma mistura de revestimento mais espessa do que
Conforme o gesso-pedra seca durante um período a média deve ter sido utilizada, causando expansões
de vários dias, sua resistência à compressão aumenta de presa e higroscópica aumentadas. A proporção
para cerca de duas vezes aquela de quando estava água/pó recomendada pelo fabricante deveria ser
molhado. A resistência molhada pode ser recuperada utilizada e a água e o pó precisamente dispensados.
12. MATERIAIS PARA REPLICAÇÃO - MOLDAGEM E FUNDIÇÃO 349
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CAPÍTULO
13
Materiais para Adesão
e Cimentação
SUMÁRIO
,
Princípios de Adesão Cimentos Acido-Base
,
Siste1nas Adesivos Cimentos de Oxido de Zinco com Eugenol
Classificação e Componentes Básicos e Livres de Eugenol
Avaliação ln Vin·o do Desempenho Adesivo Composição
Biocompatibilúiade Reação de Presa e Estrutura
Desempenho Clínico Propiiedades
Adesão ao Esmalte Ionômero de Vidro
Adesão à Dentina Composição
Adesão a Outros Substratos Reação de Presa e Estrutura
Ligas Fundúias Propiiedades
Cerâmicas Ionô1nero de Vidro Modificado por Resina
Compósitos Indiretos (de Laboratório) Composição
Amálgama Reação de Presa e Estrutura
Pinos de Fibra Propiiedades
Reparo de Restaurações de Compósito, Cimentos à Base de Resina
Cerâmica e Metalocerâmica Cimento de Resina
Classificação e Características dos Agentes Visão Geral
de Cimentação Composição
Classificação Reação de Presa e Estrutura
Biocon1patibilidade Propiiedades
Sela1nento lnterfacial e Atividade Cimentos Resinosos Autoadesivos
Anticariogênica Composição
Adesão Reação de Presa e Estrutura
Propriedades Mecânicas Propiiedades
Propriedades de Manipulação e Cimentos Resinosos para Restaurações
Radiopacidade Provisórias
Viscosidade e Espessura da Película
Solubilidade
Estética
353
354 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
A cimentação é um dos passos finais na sequên- mente a interface da restauração contra penetração
cia de procedimentos clínicos para restaurações de bactérias que possam causar cáries secundárias.
indiretas. Há dois objetivos para a cimentação: Reduz a necessidade de áreas retentivas no preparo,
ajudar a reter a restauração no lugar e manter a as quais exigiriam remoção de estrutura dentária
integridade da estrutura dental remanescente. A sadia. Em alguns casos, a adesão pode ajudar a
retenção é alcançada por atrito (ou embricamento reforçar a estrutura dental remanescente. O de-
micromecânico), por uma junta adesiva que con- senvolvimento das técnicas de cimentação adesiva
siste em dente preparado, cimento e restauração, ampliou a aplicação de materiais como cerâmicas
ou uma combinação de ambos os mecanismos. Um de baixa resistência e compósitos indiretos para
selamento interfacial efetivo depende da habilidade coroas, in/.ays e onlays.
do cimento em preencher as irregularidades entre O termo adesão se refere ao estabelecimento de
o dente e a restauração e em resistir à ação do meio interações moleculares entre um substrato (aderente)
ambiente oral, a curto e longo prazo. Adesão é tam- e um adesivo colocados em íntimo contato, criando
bém importante neste contexto porque uma união uma junção adesiva (Fig. 13-1). Já o termo coesão
forte entre o agente de cimentação e os substratos é utilizado para descrever a interação de átomos
dentais pode ajudar a prevenir a colonização bacte- similares e moléculas no interior de um material,
riana na interface e minimizar o trânsito de fluidos envolvendo ligações primárias (p. ex., covalente ou
que possam causar hipersensibilidade dentinária. iônica) ou ligações secundárias fortes (p. ex., pontes
Este capítulo apresenta os aspectos básicos da de hidrogênio).
aplicação da ciência da adesão à odontologia e des- Em odontologia, a adesão química verdadeira
creve a composição, as propriedades, a manipulação entre estrutura dentária e materiais restauradores ou
e as indicações de cimentos ácido-base e à base de de cimentação é muito difícil de ser conseguida por
resina. Cimentos ácido-base são fáceis de usar e, causa da composição complexa de alguns substratos
quando indicados corretamente, proporcionam bom como a dentina, da presença de contaminantes e a
resultado clínico a longo prazo. Alguns liberam flúor presença de água. Cimentos de policarboxilato de
e aderem às estruturas dentárias. Cimentos resinosos zinco, ionõmero de vidro, ionômero de vidro modi-
têm sua química baseada nos compósitos resinosos. ficado por resina, e cimentos resinosos autoadesivos
Eles apresentam alta resistência de união às estru- são exemplos de materiais dentários capazes de
turas dentárias. Alguns produtos contêm também estabelecer interação química com a hidroxiapatita.
monõmeros ou são compatíveis com primers que Contudo, na prática diária, a adesão é acompanha-
permitem adesão a ligas metálicas e cerâmicas. Em da por um embricamento micromecânico entre o
geral, cimentos resinosos têm melhores propriedades adesivo e o substrato. É importante ressaltar que
mecânicas do que os cimentos ácido-base, contudo o quando dois materiais estão em íntimo contato,
processo de cimentação é mais sensível à técnica.
As bases tecnológicas e químicas utilizadas para
formular os vários tipos de adesivos e cimentos
para fixação são derivadas de seus correspondentes
materiais restauradores. Contudo, na maioria dos Adesão
Interface 1 - Adesivo
dental
casos foram necessárias modificações para adequar
as formulações para tal aplicação clínica em termos
de viscosidade e características de manipulação.
Sistema adesivo ou
Diferentes situações clínicas requerem diferentes cimento para cimentação
agentes de cimentação e não há um só material in-
dicado para todos os casos. Portanto, é importante
diferenciar os cimentos para fixação com base em Interface 1 ~~ Interface 2
suas propriedades mecânicas e características gerais
Junta
para identificar as melhores opções disponíveis Aderente 1 Aderente 2 dentária
para cada situação clínica.
PRINCÍPIOS DE ADESÃO
FIGURA 13.1 Definições da terminologia associada
A criação de uma interface resistente, durável com os sistemas adesivos (adesivos, aderentes ou subs-
e aderida com o esmalte ou a dentina proporciona tratos e interfaces). A maioria das uniões dentárias envolve
importantes benefícios. Ela protege significativa- pelo menos um adesivo, dois substratos e duas interfaces.
1
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 355
A /
Adesão à Dentina
O alto conteúdo de água na dentina representa
um desafio extra para o estabelecimento de uma
zona de interdifusão. Para lidar com esse problema,
os prfrners têm componentes hidrofílicos tais como
HEMA, que umedecem a dentina e penetram na
sua estrutura. Nos sistemas do tipo condicionamen-
to-enxágue, o condicionamento com ácido fosfórico
remove o conteúdo mineral, criando microporosi-
dades em meio à rede de colágeno. Uma vez que
o componente de hidroxiapatita da camada mais
externa da dentina é removi.do, a dentina contém
aproximadamente 50'% de espaço não preenchido
e aproximadamente 20%. de água remanescente.
Depois que o ácido é enxaguado, a secagem da
dentina deve ser feita cuidadosamente. Até mesmo
um pequeno jato de ar de um spray ar-água pode
inadvertidamente desidratar a superfície mais ex-
FIGURA 13.7 Micrografia eletrônica de varredura terna e causar colapso da rede colágena. Uma vez
(MEV) do esmalte e dentina condicionados. A, MEV por que isso ocorre, a malha colágena prontamente
emissão de campo da dentina condicionada com ácido impede a penetração do primer e a adesão falhará.
fosfórico a 40o/o por 15 segundos. Note as fibras colágenas Contudo, a umidade excessiva tende a diluir o
desprovidas de cristai~ de hidroxiapatita como resultado primer e interferir com a interpenetração da resi-
da desmineralização ácida. A descalcificação mais intensa na. O nível ideal de umidade da dentina varia de
em torno da área peritubular pode ser um resultado tanto acordo com o solvente presente no adesivo. A esse
do alto conteúdo mineral da região peritubular como da respeito, sistemas autocondicionantes têm a enorme
penetração mais fácil do ácido por meio da luz tubular. B,
vantagem de eliminar este passo tão subjetivo do
Esmalte condicionado com ácido fosfórico a 38°/o (Pulp-
procedimento adesivo.
dent) por 15 segundos (De Perdigão f: Dent. Clin. N. Am.
51, 333-357, 2007). A infiltração da resina por dentro da rede de
colágeno é chamada de hibridização (Fig. 13.8). O
resultado desse processo de difusão é chamado zona
Depois do tempo de condicionamento desejado, de interpenel:rt1fãO da resina ou zona de interdifusão da
o gel ácido é enxaguado e a estrutura dentária é resina ou simplesmente camada h:fbrida. Concomitan-
seca para receber a resina adesiva. Se um prirner temente com a formação da camada híbrida, ocor-
hidrofflico ou um sistema de dois passos do tipo re a penetração do primer no interior dos túbulos
condicionamento-enxágue é usado, a superfície dentinários preenchidos de fluidos. Isto cria tags de
pode ser mantida úrnida para o próximo estágio do resina bem longos. Contudo, estes parecem ser de
procedimento adesivo. Então, o primer pode ser apli- pequeno valor para o todo da adesão. Esse material
cado sobre a superfície para penetrar nas irregulari- é geralmente subpolimerizado e se comporta como
dades de superfície criadas. Após a polimerização, tags flexíveis e macios. Se a dentina é desidratada
o prirner e o adesivo produzem macrotags de resina antes da aplicação do primer e do adesivo, estes tags
ao penetrar no espaço que circunda os prismas de de resina tendem a ser bem extensos.
esmalte. Microtags se formam onde o adesivo flui Os primers contêm solventes para deslocar a
pelos prismas condicionados que envolvem cristais água e carregar os monômeros por entre as micro-
individuais de hidroxiapatita. Microtags são muito porosidades na rede colágena. Durante a aplicação
360 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
~-Microtag
Macrotag~ --- --
Partículas residuais -- ~ _ _ _ }Compósito
de smear layer """lf _ } Adesão }
Partículas residuais ~~li ' <:;1r ~} Aplicação Condicionamento
~
1
de smear ptug < do Pnmer.
Dentina intertubular - i
Dentina pe!itubular ---,
Túbulo dentinário----'
8
FIGURA 13.8 Adesão à dentina. A, Micrografia eletrônica de varredura da interface aderida com um adesivo dental
(magnificação final: x4000). Note a espessura visível da camada de adesivo (A, pontas de seta) abaixo da resina composta
(RC). A camada híbrida (H, pontas de seta) tem 2 µm de espessura. Os tags de resina tubular (T) apresentam ramificações
laterais (asteriscos). B, Esquema mostrando que o condicionamento remove os cristais de hidroxiapatita na dentina
intertubular e ao longo da dentina peritubular. O primer penetra nos espaços intertubulares e nos espaços tubulares
cheios de fluido. O primer polimerizado forma micrrYtags na dentina intertubular e macrotags dentro dos túbulos (A, de
Fnmkenberger R, Perdigão}, Rosa BT, et a!: Dent. Mater. 17, 373-380, 2001).
do primer, a maior parte do solvente evapora ra- A espessura de uma camada híbrida não é um
pidamente. Por isso, geralmente várias camadas requisito crítico para o sucesso. A resistência de
devem ser aplicadas para assegurar uma completa união à dentina é provavelmente proporcional ao
impregnação. Como regra geral, devem-se aplicar embricamento entre resina e colágeno, assim como
tantas camadas quantas forem necessárias para à "qualidade" da camada híbrida, não à sua espes-
produzir uma aparência brilhante persistente na sura. O condicionamento efetivo da dentina não
dentina. requer tempos longos para produzir resistências de
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 361
união à dentina aceitáveis. Geralmente, 15 segundos mentos resinosos. Ele cria uma superfície rnicrorre-
são empregados. Se o tempo de condicionamento tentiva, com alta energia. O ataque eletrolítico pode
é muito longo e a zona condicionada é muito pro- ser usado com ligas de metais básicos, mas não é
funda, a dentina descalcificada pode não ser com- tão efetivo com ligas nobres por causa de sua rnicro-
pletamente impregnada. O espaço condicionado estrutura homogênea. Eletrodeposição de estanho
mas não impregnado pode permanecer como uma pode ser usada para melhorar a retenção de ligas
zona mecanicamente fraca e promover nanoinfil- nobres aos cimentos resinosos. Sistemas comerciais
tração. Embora essa zona tenha sido detectada em que utilizam revestimento de sílica a altas tempera-
experimentos de laboratório, os resultados clínicos turas ou aplicação triboquímica de uma camada de
desse processo nunca foram demonstrados como sílica utilizando óxido de alumínio modificado por
um problema. ácido silicico também são encontrados. Em ambos
Após aplicar o prirner à superfície, um adesivo os casos, uma solução de silano é aplicada ao metal
é aplicado e fotopolimerizado. As superfícies dos tratado para criar uma superfície capaz de aderir às
agentes adesivos polimerizados são inicialmente ini- resinas à base de dimetacrilatos.
bidas pelo ar e não reagem imediatamente. Contudo, Monômeros como o 10-MDP e o 4-META são
conforme o compósito é colocado sobre a superfície, usados nas formulações de cimentos resinosos para
o ar é deslocado e ocorre a copolimerização. melhorar a retenção a restaurações de ligas fundi-
Sistemas autocondicionantes têm as grandes van- das. Eles parecem ser mais efetivos com ligas de
tagens de eliminação do risco de penetração incomple- metais básicos, em comparação com as ligas nobres.
ta do primer/adesivo na rede colágena e também de Primers para metal desenvolvidos para melhorar
eliminação da subjetividade, quando da determinação a resistência de união entre a liga e os cimentos
da quantidade de umidade na superfície da dentina resinosos também são úteis. Contudo, resultados de
ideal para a difusão do primer. Com estes sistemas, pesquisas laboratoriais são inconsistentes.
a smear layer é dissolvida e incorporada na camada
híbrida. O mecanismo de adesão para adesivos auto- Cer8micas
condicionantes fortes é muito semelhante àquele dos As cerâmicas de baixa resistência, à base de
sistemas de condicionamento-enxágue. Sua resistência sílica, têm sido coladas aos cimentos resinosos
de união, especialmente para os sistemas all-in-ane, é com sucesso, utilizando-se o condicionamento da
relativamente baixa, provavelmente por causa da sua superfície interna da restauração com uma solução
acidez inicialmente alta e alto conteúdo aquoso. Os sis- de ácido fluorídrico, seguida pela aplicação de um
temas autocondicionantes moderados desmineralizam primer silânico (Fig. 13.9). Diferentes concentrações
a dentina somente superficialmente (poucos micrôme- de ácido estão disponíveis comercialmente, de
tros) e deixam a hidroxiapatita residual unida às fibras 2,S'Yo a lOo/o, nas formas líquida ou gel, e os tempos
colágenas. Embora o principal mecanismo de adesão recomendados de condicionamento variam de 1 a
seja o embricamento entre fibras colágenas e a resina 4 minutos. O ácido fluorídrico ataca a fase vítrea
polimerizada, monômeros como o 4-META (4-meta- das cerâmicas, até o ponto em que cristais são re-
criloxietil-trimetil anidro) e 10-MDP (10-metacriloxietil movidos, deixando uma superfície microrretentiva,
dihidrogênio fosfato) podem aderir à hidroxiapatita com alta energia, semelhante a um favo de mel.
residual. Também a presença de hidroxiapatita pode A aplicação do silano melhora a capacidade de
ajudar a proteger o colágeno contra a degradação, a molhamento do cimento resinoso na superfície da
qual enfraquece a interface adesiva. Sistemas auto- cerâmica e estabelece ligações covalentes tanto com
condicionantes moderados podem apresentar valores a superfície cerâmica (via ligações siloxano, -Si-O
de resistência de união relativamente baixos quando -Si) como com o cimento resinoso (por polimeri-
aplicados em dentina esclerótica. Outra desvantagem zação das ligações duplas de carbono). A hidrólise
associada aos sistemas all-in.-ane é que, devido ao seu da molécula de silano é necessária para converter
alto conteúdo de água, eles se comportam como mem- os grupos metoxi (-OCH3) em silanol (-Si-OH). Os
branas semipermeáveis, o que aumenta a degradação silanos são apresentados de forma não hidrolisada
por hidrólise. (dois frascos) ou pré-hidrolisada (frasco único).
Em geral, os silanos pré-hidrolisados são menos
estáveis, com prazo de validade mais curto do que
Adesão a Outros Substratos
as soluções não hidrolisadas.
Ligas Fundidas Adesão às cerâmicas de alta resistência continua
A limpeza com jatos de óxido de aluminio é o sendo um tema de debate entre clínicos e pesquisa-
método mais comumente usado para preparar subs- dores. Quanto maior o conteúdo cristalino, menos
tratos metálicos para receber resinas adesivas ou ci- eficiente é o condicionamento ácido. Abrasão por
362 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
..
Esmalte cond1c10nado-
f f cerâmico A adesão de pinos de resina reforçados por fi-
bra à dentina radicular é uma das situações mais
por ácido -Superticie condicionada desafiadoras enfrentadas pelo clínico. A aplicação do
Sistema adesivo- -
I por ácido fluorídrico
adesivo é crítica, porque é praticamente impossível
L.._superf icie silanizada
ao esmalte controlar a umidade dentro do canal radicular. O uso
e adenda
Cimento
de sistemas adesivos autocondicionantes não é indi-
compósito,t
do inlay j. cado porque sua acidez impediria a ativação química
do cimento resinoso. O uso de cimentos resinosos
B autoadesivos tem demonstrado resultados promis-
sores nas avaliações de laboratório. O tratamento da
FIGURA 13.9 Porcelana condicionada. A, Micrografia superfície do pino também tem sido debatido. A si-
eletrônica de varredura (MEV) de porcelana condicionada. lanização, o jateamento ou a associação de ambos os
B, Esquema dos materiais e interfaces envolvidas na ade- tratamentos são frequentemente citados como sendo
são de restaurações de cerâmica pura à estrutura dentária
procedimentos efetivos para melhorar a adesão entre
(Parte A de Cesar PF, Yoshimum HN, Miranda Junior WG, et nl:
Correlations bel:ween fracture toughness and leucite contenl: in
o cimento resinoso e o pino de fibra.
dental porce/ains. }. Dent. 33 (9): 721-729, 2005).
Reparo de Restaurações de Compósito,
jateamento de alumina com partículas de 110 µme Cerâmica e Metalocerâmica
revestimento triboquimico com sílica são recomenda- O reparo de restaurações fraturadas é indicado
dos com cerâmicas de alumina infiltradas por vidro quando a extensão da fratura não recomenda a
ou densamente sinterizadas, assim como zircõnia. substituição da restauração ou quando há outros
Cimentos resinosos autoadesivos também têm mos- fatores a serem levados em consideração, tais como
trado bons resultados com restaurações de zircônia. conservação da estrutura dental, custo, tempo ou,
em caso de prótese fixa, substituição de múltiplos
Compósitos Indiretos (de Laboratório) elementos.
Uma superfície microrretentiva de união é obti- O envelhecimento de restaurações de compósito
da com jateamento com alumina. Condicionamento no ambiente oral diminui severamente a resistência
com ácido fosfórico a 37'Yo é usado para limpar a da união compósito-compósito. Portanto, o uso de
superfície de detritos, previamente à aplicação do sistemas adesivos para mediar a adesão entre o
cimento resinoso. O condicionamento com ácido compósito antigo e o novo é recomendado. A super-
fluorídrico não é recomendado porque causa de- fície pode ser asperizada com o uso de jateamento
gradação da superfície do compósito. intraoral ou brocas diamantadas, seguido por apli-
cação de ácido fosfórico para limpeza previamente
Amálgama à aplicação do adesivo.
Sistemas adesivos, adesivos com carga e cimen- O reparo de restaurações cerâmicas lascadas
tos resinosos podem ser utilizados em associação inclui condicionamento com ácido fluorídrico,
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 363
silanização, aplicação de uma resina adesiva e óxido de zinco e eugenol, policarboxilato de zinco
restauração com resina composta. O uso intraoral e fosfato de zinco) e aqueles que tomam presa por
de ácido fluorídrico deve ser feito sob isolamento polimerização (cimentos resinosos, compômeros e
absoluto com dique de borracha por causa do seu cimentos resinosos autoadesivos). Em alguns casos,
efeito cáustico em tecidos moles. esta classificação se refere ao mecanismo de presa
O reparo de restaurações metalocerãmicas inclui predominante porque ionômeros de vidro modifica-
a adesão a diferentes substratos. Quando há uma dos por resina contêm grupos polimerizáveis, assim
grande área da infraestrutura metálica exposta, é como compômeros e cimentos resinosos autoadesi-
recomendado o jateamento com alumina ou alu- vos podem apresentar reação ácido-base.
mina modificada com ácido silicico, seguido pela Os requisitos físicos dos cimentos para fixação
aplicação de silano e resina adesiva previamente são descritos nas seguintes normas da Intema-
à aplicação do compósito. A superfície fraturada tional Association for Standardization: normas
da cerâmica pode ser jateada e condicionada com ISO 3107:2004 (óxido de zinco e eugenol e livres
ácido fluorídrico antes da silanização, da aplicação de eugenol), ISO 9917-1:2007 (cimentos tipo áci-
do adesivo e da restauração com compósito. do-base em pó/líquido ISO 9917-2:2010 (cimentos
modificados por resina) ISO 4049:2009 (cimentos à
base de polímeros) (Quadro 13.1). Esses requisitos,
CLASSIFIC~ÇÃO juntamente com outras características importantes,
E CARACTERISTICAS são descritas abaixo.
DOS AGENTES DE CIMENTAÇÃO
Biocompatibilidade
Classificação
Os agentes de cimentação são frequentemente
Os agentes de cimentação podem ser classifi- colocados em contato com grandes áreas de dentina
cados de acordo com o período de tempo que se
exposta. Além disso, a espessura da dentina rema-
espera que eles fiquem em função como provisório nescente pode ser insuficiente para proteger o tecido
ou definitivo. Cimentos provisórios (temporários)
pulpar dos estímulos externos. A maioria dos agentes
são indicados para fixação de restaurações tempo- de cimentação apresenta citotoxicidade in vitro, em
rárias usadas entre as consultas clínicas necessárias
diferentes graus. Estudos histológicos também de-
para finalizar a restauração definitiva. Como as monstram uma reação inflamatória inicial a cimentos
restaurações temporárias frequentemente precisam
colocados perto do tecido conjuntivo. Tais respostas
ser removidas durante o tratamento, os cimentos estão geralmente associadas ao pH inicial baixo dos
provisórios devem ter uma resistência relativamen-
cimentos ácido-base e dos cimentos resinosos autocon-
te baixa e ser facilmente manipulados. Eles também dicionantes ou monômeros presentes em ionômeros de
não devem irritar a polpa. São exemplos de agentes
vidro modificados por resina e cimentos resinosos.
de cimentação temporários os cimentos de óxido
de zinco e eugenol, os sem eugenol e as pastas de
hidróxido de cálcio. Cimentos definitivos devem
Selamento Interfacial e Atividade
permanecer em função pelo maior tempo possível Anticariogênica
e devem apresentar propriedades para tal. O perfeito selamento da interface dente/res-
De acordo com o mecanismo de presa, os tauração é importante para prevenir penetração
agentes de cimentação são divididos naqueles que bacteriana que possa levar a cáries secundárias e
apresentam reação ácido-base (que inclui ionômero também, quando a dentina está envolvida, preve-
de vidro, ionômero de vidro modificado por resina, nir movimento excessivo de fluidos nos túbulos
QUADRO 13.1
ISO 3107:2004 (cimentos de óxido de zinco ISO 9917-2:2010 (cimentos modificados por
e eugenol e sem eugenol) resina)
ISO 9917-1:2007 (cimentos ácido-base ISO 4049:2009 (cimentos à base de polímero)
pó:líquido)
364 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
dentinários que possa causar hipersensibilidade. O porários, por outro lado, devem ter uma resistência
se!amento está relacionado à capacidade do cimento relativamente baixa, ou a remoção da restauração
de penetrar nas irregularidades de ambos os subs- temporária pode se tomar uma tarefa diffcil.
tratos e estabelecer um íntimo contato com eles.
Idealmente cimentos para fixação não deveriam
contrair durante a presa; do contrário, vazios po- Propriedades de Manipulação
dem se desenvolver na interface. A adesão também e Radiopacidade
contribui para um bom selamento interfacial. Ci- Facilidade de utilização, tempo de trabalho longo
mentos que contém flúor supostamente inibem a e tempo de presa curto são características desejáveis
atividade bacteriana; contudo, a significância clínica dos cimentos para fixação. Juntamente com os ma-
da liberação de flúor pelos cimentos para fixação teriais do tipo pó e liquido, produtos recentes são
ainda está para ser confirmada. encapsulados ou apresentados como duas pastas,
sistemas de automistura, o que faz com que o propor-
cionamento e a mistura sejam mais rápidos e menos
Adesão propensos ao erro. Um tempo de trabalho longo é
A falta de retenção é uma causa comum de fa- importante para assegurar que o cimento apresente
lha de restaurações indiretas. O uso de materiais baixa viscosidade enquanto a restauração é assentada.
adesivos pode reduzir o risco de deslocamento. Em Caso contrário, a adaptação pode ficar comprometida.
alguns casos (p.ex., coroas de porcelana) a adesão Para alguns materiais (p. ex., cimentos resinosos), a
pode reduzir o risco de fratura da restauração. A remoção dos excessos de cimento também precisa ser
adesão pode também ajudar a melhorar o sela- feita antes da presa. A radiopacidade é importante
mento interfacial. A adesão pode ocorrer por união para permitir diagnóstico radiográfico.
química ou física, embricamento rnicromecânico
ou atrito. Alguns cimentos ácido-base e cimentos
resinosos autoadesivos aderem aos tecidos dentais Viscosidade e Espessura da Película
por quelação, envolvendo ions metálicos e grupos Uma pequena espessura de película é importante
carboxilicos ou fosfato. Cimentos resinosos reque- para permitir o correto assentamento da restauração.
rem o uso de sistemas adesivos para estabelecer A espessura de película é geralmente determinada
uma adesão forte à dentina e ao esmalte. pelo tamanho médio das partículas do cimento e
sua viscosidade. Alguns cimentos são pseudoplás-
ticos, parecendo excessivamente espessos ao fim do
Propriedades Mecânicas período de mistura, mas fluem bem sob carga. Em
Mecanicamente, os cimentos para fixação são geral, se for devidamente manipulado e aplicado
descritos em termos de resistência (geralmente à dentro do tempo de trabalho recomendado, todos
compressão ou à flexão), módulo de elasticidade, os materiais disponíveis atualmente são capazes
resistência à fadiga, resistência à fratura e desgaste. de alcançar uma espessura abaixo da exigida pelas
Desgaste é um problema menor quando a linha de normas ISO. Todavia, alguns cimentos podem de-
cimento não está exposta às forças mastigatórias monstrar um súbito aumento da viscosidade e da
(p. ex., uma coroa total). A resistência à fadiga é espessura de película em curtos intervalos após o
geralmente considerada mais representativa do fim do tempo de trabalho recomendado.
tipo de carga que os cimentos devem enfrentar na
clínica. Contudo, testes de fadiga consomem muito
mais tempo do que testes de resistência estática. O Solubilidade
módulo de elasticidade expressa a quantidade de A solubilidade se refere à resistência à desinte-
deformação elástica (recuperável) que o cimento gração e à dissolução quando o cimento é imerso
apresenta com relação a um estado de tensão cau- em água ou outras soluções. Ela afeta a integrida-
sado por uma carga externa. A tenacidade à fratura de marginal na restauração indireta, o que pode
descreve a resistência à propagação instável de trin- aumentar o acúmulo de placa. Cimentos à base de
cas que causará falha catastrófica do material. resina apresentam solubilidade muito menor do que
Cimentos para fixação permanente devem ter alta os cimentos ácido-base.
resistência (tanto estática quanto à fadiga) e tenaci-
dade à fratura e boa resistência ao desgaste. Valores
ideais para o módulo de elasticidade são discutíveis, Estética
e os valores podem variar substancialmente mesmo Quando utilizados com materiais translúci-
entre os cimentos permanentes. Os cimentos tem- dos ou quando as margens da restauração estão
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 365
A baixa resistência apresentada pelos cimentos de três a sete vezes maior para um cimento de EBA-
de OZE fazem deles um material adequado para alurnina comparado a outros cimentos de reação
cimentação temporária. A norma ISO 3107 (2004) ácido-base. Clinicamente, próteses fixas cimentadas
estabelece uma resistência máxima à compressão com cimento de EBA-alurnina mostraram uma taxa
em 24 horas de 35MPa para os materiais do tipo 1 de sucesso de 92% após 2,5 anos, enquanto que,
(isto é, destinados à cimentação temporária). Um para o policarboxilato de zinco, a taxa foi de 95%.
aspecto importante relacionado ao comportamento O fosfato de zinco, o "padrão-ouro" para os agentes
mecânico dos cimentos de OZE é que suas pro- de cimentação permanente por muitas décadas,
priedades são muito sensíveis à temperatura. Por apresentou urna taxa de sucesso de 98%.
exemplo, a resistência à compressão a 37ºC pode O efeito inibitório dos metoxifenóis, tais como o
representar somente 20o/o do que foi encontrado a eugenol, na polimerização de resinas de metacrilato
23 ºC. Cimentos de EBA-eugenol podem ser várias é de importância clínica. O eugenol é considerado
vezes mais resistentes do que a formulação básica um destruidor de radicais livres, devido à presença do
(72MPa versus 26MPa, à compressão em tempera- grupo alil na sua estrutura, atuando como um agente
tura ambiente). Cimentos de EBA-alumina podem de transferência de cadeia degradativo (isto é, quan-
apresentar resistência 20% mais alta se comparados do ativado, ele preferencialmente promove termina-
aos materiais de EBA-eugenol. Ainda que esses ção em vez de propagação). Cimentos temporários
valores estejam acima da resistência à compressão que contêm eugenol podem afetar negativamente
mínima exigida para os materiais do tipo 2 (isto é, a polimerização do metacrilato de metila usado em
cimentos para cimentação permanente) de 35 MPa, restaurações provisórias. Se a restauração final for
ambos os cimentos de OZE reforçados são os mais aderida ao dente preparado, a polimerização tanto
fracos dentre os agentes de cimentação utilizados do sistema adesivo como do cimento resinoso pode
para cimentação permanente. O módulo de elasti- ser inibida, aumentando o risco de descolamento, ou
cidade dos cimentos de EBA-€ugenol (determinado até mesmo fratura em caso de cerâmica de baixa re-
a temperatura ambiente) é de 3GPa. sistência ou restaurações de compósito indireto. De
Cimentos de OZE apresentam plasticidade au- fato, nas interfaces do cimento de OZE/ compósito,
mentada mesmo depois de endurecidos e se defor- as propriedades mecânicas do compósito foram
mam sob carga. A deformação plástica residual após reduzidas até 100 µm além da interface, o que pode
fratura mostrou-se acima de 15% a 37°C, contra ser relevante se o cimento resinoso é aplicado a
um valor máximo de 4% apresentado por outros uma superfície contaminada por eugenol. Contudo,
cimentos de reação ácido-base e resinosos. Este creep várias investigações in vitro têm demonstrado que a
pode explicar o bom selamento marginal alcançado resistência de união à dentina não é adversamente
com estes materiais, mesmo considerando-se sua afetada se a superfície for cuidadosamente limpa
contração de presa. Os valores de contração linear antes da aplicação do adesivo.
de amostras úmidas após 24 horas mostraram ser
de 0,31% para os cimentos de OZE de formulação
básica, de 0,38% para os de EBA-€ugenol e de 0,12% lonômero de Vidro
para os de EBA-eugenol/alumina. O cimento de ionômero de vidro (ou polialceo-
A espessura de película medida de acordo com nato de vidro) é, sem dúvida, um dos materiais mais
a norma ISO varia entre 16 e 28 µm para materiais populares para cimentação permanente utilizados
de EBA/alumina; portanto, é próximo do valor na clinica, juntamente com os cimentos resinosos.
máximo permitido. Coroas simuladas cimentadas A química que é a base para esses cimentos é seme-
com uma formulação básica e um cimento de EBA- lhante àquela de materiais de ionômero de vidro
-€ugenol apresentaram espessuras de película seme- para restauração, base e prevenção (Capítulo 9),
lhantes na superfície oclusal (20-25 µm), enquanto embora haja algumas diferenças importantes nas
que, para o cimento de EBA-alumina, a espessura características de trabalho e presa para atender às
de película foi maior (57 µ,m). necessidades dos agentes para cimentação. Além
O quelato de eugenolato de zinco da matriz é das boas propriedades físicas, ionômeros de vidro
muito instável em água. Sua hidrólise forma eu- aderem à estrutura dental e a metais e, o mais im-
genol e hidróxido de zinco, liberando as partículas portante, libera quantidades significativas de flúor,
de óxido de zinco expostas no processo. Estudos in que aumenta a resistência do esmalte e da dentina à
vitro mostraram que a matriz de 2-etoxibenzoato de dissolução ácida e tem ação bacteriostática. A libe-
zinco formada em cimentos de EBA-eugenol é ainda ração de flúor faz desse material a primeira escolha
mais propensa à hidrólise do que o eugenolato de para cimentação de bandas ortodônticas. Ele é in-
zinco. ln vivo, a perda de material após seis meses foi dicado para cimentação de restaurações metálicas
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 367
e metalocerâmicas, assim como coroas cerâmicas la geral: [Si0x(OH)4-zxln. Consulte a página 198 do
de alta resistência e próteses fixas. Sua reação de Capítulo 9. O ácido silícico se condensa na camada
presa é sensível às condições de umidade e, por mais externa da partícula (na qual os íons foram
esta razão, é extremamente importante proteger o removidos), formando uma camada de gel de sílica.
cimento contra o ganho e a perda de água durante Íons de cálcio são preferencialmente liberados do
as primeiras 24 horas. vidro. Conforme a concentração de íons aumenta na
solução, o pH se eleva e os íons metálicos começam
Composiçã.o a se condensar entre as cadeias de ácido poliacrílico,
Os detalhes da composição química e da reação de precipitando os sais de poliacrilato, inicialmente
presa são fornecidos no Capítulo 9. O pó é um vidro em estado de sol (presa inicial) e posteriormente se
de fluoraluminossilicato de cálcio com tamanho de transformando em um gel. A precipitação de sais
partícula máximo de 15 µ.m. Outros vidros, nos quais de alumínio tem início algumas horas após o início
o cálcio é substituído por estrôncio ou Jantânio para da reação porque é liberado do vidro na forma de
aumentar a radiopacidade, podem ser formulados. O um forte complexo com flúor. A reação continua até
caráter básico do vidro é definido por sua proporção que todos os íons se unam ao poliacrilato. Do ponto
de alumina:sílica e a fim de reagir com ácidos; ela de vista clínico, o fato de os íons permanecerem
deve exceder 1:2 em massa. Grandes quantidades de em solução por períodos extensos antes de reagir
flúor são incorporadas ao vidro pela adição de fluo- com os poliânions, mesmo depois da presa inicial,
reto de cálcio e sódio aos outros óxidos. O flúor é um é crítico. Se os íons forem lavados (lixiviados) para
componente importante porque ele diminui o ponto fora do cimento, a estrutura da matriz do polissal
de fusão, aumenta a translucidez do pó e melhora a é irreversivelmente comprometida. Além disso,
consistência da pasta e a resistência do material após o poliacrilato de cálcio é mais vulnerável à disso-
a presa. A presença de íons eletropositivos, tais como lução em água do que o poliacrilato de aluminio
Ca•2 e Na•, é importante para balancear as cargas formado nos estágios mais avançados. Por outro
elétricas na grade básica do aluminossilicato. óxido lado, a água desempenha um importante papel na
de zinco e vidros de bário podem ser adicionados ao reação e na presa do cimento, porque ela permanece
pó para aumentar a radiopacidade. fortemente unida à estrutura do cimento, hidratando
O líquido contém homopolírneros de ácido acrí- a camada de gel de sílica e envolvendo as ligações
lico ou copolímeros de ácidos acrílico, itacõnico, cátion-poliacrilato. Portanto, uma umidade relativa
maleico e tricarboxílico. Em geral, altos pesos mole- alta (aproximadamente 80o/o) é a condição ideal para
culares e concentrações maiores de ácido melhoram que a reação de presa aconteça.
as propriedades físicas do cimento após a presa, mas O ácido (+)-tartárico é mais forte do que o ácido
também aumentam a viscosidade do líquido. Por- poliacrílico e, portanto, reage primeiro com o vidro
tanto, materiais comerciais geralmente empregam e pode formar complexos com cátions metálicos
poliácidos de peso molecular médio de 10.000 g/ mol em pH mais baixo. Sua presença estende o tempo
e concentrações por volta de 45°/o em massa. O ácido de trabalho por atrasar a formação do poliacrilato
dextrotartárico, ou (+)- tartárico (por volta de 5%, em de cálcio e após geleificação ele acelera a presa,
massa), é um componente importante do líquido, aumentando a taxa de deposição de poliacrilato
porque ele acelera a presa sem diminuir o tempo de alumínio.
de trabalho. Sua presença aumenta a resistência do O cimento endurecido é constituído por um hi-
cimento e permite o uso de vidros com maior con- drogel de poliacrilatos de cálcio, alumínio e fluora-
teúdo de flúor e, portanto, maior translucidez. luminio envolvendo as partículas de vidro que não
Para impedir o aumento de viscosidade do líquido reagiram revestidas por uma camada de hidrogel
após armazenamento prolongado, alguns produtos de sílica fracamente aderida. Cerca de 20% a 30%
contêm poliácido liofilizado e adicionado ao pó. Nes- do vidro é dissolvido na reação. Partículas meno-
te caso, o pó é misturado à água destilada ou a uma res de vidro podem ser inteiramente dissolvidas
solução de ácido tartárico. Tal apresentação adiciona e substituídas por partículas de hidrogel de sílica
a vantagem de permitir o uso de poliácidos com peso contendo cristais de fluoreto. A estabilidade da ma-
molecular mais alto e em concentrações mais altas, o triz é dada por uma associação de entrelaçamento
que aumenta a resistência do material endurecido. de cadeia, ligação iônica cruzada fraca e pontes de
hidrogênio.
Reaçã.o de Presa e Estrutura
Quando o pó é colocado em contato com a solu- Propriedades
ção ácida, o H• do ácido ataca o vidro, liberando íons Os cimentos de ionõmero de vidro são conside-
metálicos (AJ3+, ea2+, Na•e F) e ácido silícico (fórmu- rados suaves para a polpa se comparados a seus
368 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
para fixação. Esta classe de cimentos não apresen- uma reação de polimerização foto ou autoativada dos
ta a sensibilidade inicial às condições de umidade grupos metacrilatos, presentes como grupos penden-
apresentada pelos ionômeros de vidro convencionais tes na cadeia do ácido poliacrílico, na molécula de
por causa da presença de uma fase polimérica que HEMA ou nos monômeros de dimetacrilatos. Con-
previne a perda de água e íons metálicos pela matriz sulte as reações no Capítulo 9. A reação ácido-base,
de polissais imatura. Disponível como pó-líquido, descrita na seção anterior, é mais lenta do que nos io-
pasta-pasta ou cápsulas, cimentos para fixação de nômeros de vidro convencionais por causa do menor
ionômeros de vidro modificados por resina auto- conteúdo de água. O polímero de HEMA e o polissal
polimerizáveis são indicados para cimentação per- são unidos por pontes de hidrogênio. Contudo, po-
manente de coroas metalocerãmicas e próteses fixas; de ocorrer separação de fase entre as duas matrizes
inlays, onlm;s e coroas metálicas; pinos pré-fabricados formadas. O uso de um ácido poliacrílico modificado
ou fundidos; cerâmicas para infraestrutura de alta previne a separação de fases, porque a ligação dupla
resistência; e cimentação de aparelhos ortodônticos. de carbono na estrutura do HEMA pode polimerizar
Uma versão fotopolimerizável indicada para adesão com o metacrilato pendente da cadeia do poliácido.
de bráquetes foi também desenvolvida. Como resultado, a matriz do cimento é formada por
ligações cruzadas iônicas e covalentes. Para discussão
Composiçã.o adicional, consulte o Capítulo 9.
A química dos ionômeros de vidro modificados
por resina é mais complexa do que aquela dos io- Propriedades
nômeros de vidro convencionais (Capítulo 9). Nos Os ionômeros de vidro modificados por resina
sistemas pó-líquido, o pó contém partículas de vidro são considerados menos biocompatíveis do que os
de fluoraluminossilicato semelhantes em compo- ionômeros de vidro convencionais por causa da
sição àqueles encontrados em ionômeros de vidro presença de HEMA. Além do seu efeito alergênico
convencionais. Catalisadores para a autopolimeri- já mencionado, ele é uma fonte potencial de reação
zação (redox) são adicionados ao pó. O líquido pode adversa na polpa. A maior quantidade de HEMA
conter ácidos poliacrílicos modificados com grupos é liberada nas primeiras 24 horas, mas a liberação
metacrilatos pendentes substituindo uma pequena continua por vários dias. Quando o ionômero de
parte dos radicais carboxílicos, HEMA (metacrilato vidro modificado por resina é colocado em contato
de 2- hidroxietila), água e ácido tartárico. O HEMA direto com o tecido conjuntivo pulpar humano,
substitui parte da água e é uma molécula pequena respostas inflamatórias de suaves a severas e uma
(peso molecular: 130g/mo!) solúvel em água devido grande área necrótica foram observadas após quase
à presença de um grupo hidroxila em sua estrutura. um ano. Ele é volátil; portanto, há risco de inalação
Outra formulação do líquido contém concentrações e irritação dos olhos. A liberação de HEMA livre do
semelhantes (em torno de 25'%-30'% cada) de um cimento é mais elevada em materiais subpolime-
copolímero de ácido poliacrílico, HEMA e água e pe- rizados. Portanto, uma técnica de mistura correta
quenas quantidades de resinas dimetacrilato de baixa deve ser usada para otimizar a polimerização. Em
viscosidade (tais como uretano ou dimetacrilato de materiais fotopolimerizáveis, o tempo de exposição
trietilenoglicol). Iniciadores para a fotopolimerização, recomendado deve ser seguido.
se presentes, são encontrados no líquido. Foi descoberto que a liberação de flúor in vitro
As formulações dos materiais pasta-pasta são pelos ionômeros de vidro para cimentação con-
específicas para cada marca comercial. Basicamen- vencionais e modificados por resina é semelhante
te, uma das pastas contém as partículas de vidro, ao longo de um período de 28 dias, variando de
HEMA e um agente de dispersão. A água e o agente 99 a 198ppm. Perda mineral e profundidade de
redutor da autoativação podem estar presentes, ou lesão ao redor de bráquetes ortodônticos -ili vitro
um dimetacrilato de uretano. A outra pasta contém foram significativamente menores com ionômeros
o ácido poliacrílico modificado, a água e o agente de vidro modificados por resina comparados a um
oxidante do sistema de ativação e cargas, podendo cimento resinoso e um compômero de cimentação.
apresentar HEMA ou um monômero dimetacrilato A liberação de flúor é mais alta depois de 24 horas,
de alta viscosidade, tal como o Bis-GMA (meta- estabilizando-se depois de duas semanas.
crilato de glicidila bisfenol A). Cimentos de ionômero de vidro modificados
por resina apresentam resistência de união ao cisa-
Reaçã.o de Presa e Estrutura lhamento em dentina (ácido cítrico a 10'%, cloreto
A reação de presa do cimento de ionômero de férrico a 2o/o por 20 segundos) ou em esmalte (solução
vidro modificado por resina compreende dois me- de ácido poliacrílico a 10% por 20 segundos) condi-
canismos diferentes. A presa inicial é o resultado de cionados na faixa de 8 a 12MPa. Os mecanismos de
370 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
adesão são os mesmos descritos para os ionõmeros -fabricados e aparelhos ortodônticos. São mate-
de vidro convencionais. A resistência de união ao riais mandatórios para cimentação de cerâmicas
esmalte mais baixa comparada aos cimentos resi- de baixa resistência e de compósitos processados
nosos pode, na verdade, facilitar o descolamento de em laboratório, mas podem também ser usados
bráquetes ortodônticos. Eles aderem a ligas metálicas com restaurações fundidas, especialmente em casos
e cerâmicas de alta resistência, com resistências de em que é necessária retenção extra. A especificação
união ao cisalhamento iniciais de 2 a 5 MPa. A resis- ISO 4049 (2009) classifica os cimentos resinosos de
tência de união à liga metálica é significativamente acordo com o modo de polimerização como classe
aumentada com o uso de primers para metal. Por 1 (auto), classe 2 (foto) ou classe 3 (dual). A maioria
causa da presença de grupos metacrilatos, estes ci- dos produtos comerciais é de polimerização dual,
mentos aderem bem a resinas compostas. A retenção combinando mecanismos de ativação químico e
de coroas metalocerâmicas aos dentes preparados foto. Esses materiais apresentam um tempo de
pode variar significativamente entre as versões de trabalho confortável e a cura sob controle carac-
duas pastas e de pó-líquido do mesmo produto e é terísticas dos compósitos fotoativados e também a
geralmente maior na última. segurança de altos graus de conversão mesmo em
Em termos de propriedades mecânicas, cimen- áreas não alcançadas pela luz. Os materiais classe
tos de ionômero de vidro modificados por resina 1 e classe 3 são tipicamente sistemas de duas pas-
apresentam resistência à compressão semelhante tas misturadas manualmente ou apresentadas em
aos ionômeros de vidro convencionais, entre 90 e sistemas de automistura (base e catalisador). Os
140MPa e módulo de elasticidade mais baixo (3- materiais autopolimerizáveis e de presa dual po-
6 GPa). A resistência à flexão pode variar entre 15 dem ser opacos ou translúcidos e aqueles indicados
e 30MPa. A espessura de película determinada em para cimentação de restaurações de cerâmica são
temperatura ambiente dois minutos após o inicio geralmente fornecidos em várias cores. Os materiais
da mistura pode variar entre 9 e 25 µ,m. Contudo, a fotopolimerizáveis são indicados para adesão de
espessura de película pode aumentar substancial- facetas laminadas cerâmicas (cimentos estéticos) ou
mente se a restauração não for inserida com o tempo bráquetes ortodônticos. Alguns cimentos resinosos
de trabalho recomendado. estéticos usados para cimentação de facetas incluem
A presença de REMA aumenta a absorção de pastas "teste" à base de glicerina e solúvel em água
água dos ionômeros de vidro modificados por resina para ajudar na seleção de cor.
comparados aos ionômeros de vidro convencionais
e cimentos resinosos. De fato, alguns fabricantes não Composição
recomendam seu uso para cimentação de coroas A maioria dos cimentos resinosos compartilha
de cerâmica de baixa resistência por causa do risco uma composição muito semelhante àquela dos
de fratura causado pela dilatação do cimento. A compósitos restauradores que são descritos no Ca-
absorção de água após sete dias, medida de acordo pítulo 9. A matriz orgânica contém monõmeros e
com a ISO 4049, pode ser três a nove vezes mais alta oligômeros dimetacrilato. Moléculas com alto peso
comparada aos cimentos resinosos. A solubilidade molecular tais como Bis-GMA (dimetacrilato de
em água é também mais elevada comparada aos glicidila bisfenol A, peso molecular=512 g/mol),
cimentos resinosos, em tomo de duas a quatro vezes. UDMA (dimetacrilato de uretano, peso molecular=
Em ácido lático (pH = 4) a solubilidade de alguns io- 480 g/mol) e Bis-EMA(Bis-GMAetoxilado, peso mo-
nômeros de vidro modificados por resina é em tomo lecular = 540 g/mol) são combinados com molécu-
de 10 vezes maior do que os cimentos resinosos. las menores geralmente derivadas do dimetacrilato
de etilenoglicol (DEGDMA, peso molecular = 242 g/
mo! e TEGDMA, peso molecular= 286 g/mol) para
' BASE DE RESINA
CIMENTOS A alcançar um alto grau de conversão com uma con-
tração volumétrica relativamente baixa. A fração
Cimento de Resina de carga pode variar entre 30o/o e 66°/o por volume
e contém vidros radiopacos silanizados, tais como
Visão Geral bário, estrôncio ou zircônia, juntamente com partí-
Cimentos resinosos são materiais compósitos de culas de sílica. O tamanho médio das partículas de
baixa viscosidade com distribuição de carga e con- carga pode variar entre 0,5 µ,m e 8,0 µ,m. Cimentos
teúdo de iniciadores ajustados para permitir uma microparticulados estão também disponíveis com
espessura de película baixa e tempos de trabalho e tamanho médio de partículas de carga de 40 nm.
presa adequados. Eles têm uma ampla variedade Pigmentos e opacificadores também estão presentes
de aplicações, de inlays a pontes fixas, pinos pré- em ambas as pastas.
13. MATERIAIS PARA ADESÃO E CIMENTAÇÃO 371
Alguns cimentos resinosos adesivos contêm mo- tomo de 70'Yo e depende da formulação da matriz,
nômeros especiais. Um exemplo combina 10-meta- da viscosidade inicial e do modo de cura. A conver-
criloxietil dihidrogênio fosfato (MDP), um éster são é geralmente maior nos casos em que o cimento
de ácido fosfórico polimerizável, com o Bis-GMA. é dual, comparado ao autopolimerizável.
Outro produto contém 4-metacriloxietil-trimetil
anidro (4-META) e metacrilato de metila no liquido, Propriedades
poli(metacrilato de metila) no pó e tri-n-butilborano Sabe-se que os monômeros liberados pelos
(TBB) como catalisador. cimentos resinosos produzem efeitos citotóxicos
A canforoquinona e uma amina terciária estão nas células do tecido conjuntivo. Os cimentos
presentes em uma das pastas a fim de iniciarem a resinosos duais apresentam maior citotoxicidade
reação fotoativada. Peróxido de benzoíla, o ativa- nas fases mais iniciais de presa quando testados no
dor da autopolimerização, está presente na pasta modo autopolimerizado, comparados a amostras
catalisadora. A amina funciona como doadora de expostas a fotopolimerização. Depois de sete dias
prótons e é considerada um acelerador da pro- de incubação, cimentos duais à base de Bis-GMA
dução de radicais livres. Aminas aromáticas (tais são menos citotóxicos do que policarboxilato de
como 4-dimetilaminobenzoato de etila, EDMAB) zinco, ionômero de vidro modificado por resina e
são consideradas mais eficientes do que as aminas um cimento resinoso contendo monômero MDP.
alifáticas (tais como metacrilato de 2-dimetilamino As propriedades mecânicas dos cimentos resi-
etila, DMAEMA). A presença da amina na matriz de nosos são definidas por seu conteúdo de carga e
compósitos levanta algumas preocupações clinicas grau de conversão alcançado pela matriz orgânica.
relevantes. Primeiro, sabe-se que as aminas se de- Como regra geral, níveis mais elevados de carga
gradam com o tempo, alterando a cor do cimen- e conversão mais alta correspondem a melhores
to. Segundo, elas se tomam inativas quando em propriedades mecânicas. O grau de conversão dos
contato com sistemas adesivos ácidos e, quando cimentos duais está entre 50% e 73% no modo au-
a polimerização do cimento acontece na ausência topolimerizável e entre 67% e 85°/o quando fotopoli-
de fotoativação, o efeito deletério sobre o grau de merizados. A resistência à compressão dos cimentos
conversão pode aumentar o risco de descolamen- resinosos duais e fotopolimerizados são de 180 a
to da restauração. É importante assinalar que as 300 MPa, portanto muito superior aos cimentos áci-
quantidades relativas de iniciadores de autopoli- do-base. A resistência à flexão é entre 80 a lOOMPa,
merização e fotopolimerização variam muito dentre mais elevadas do que o valor mínimo exigido pela
as marcas comerciais. Consequentemente, alguns norma 1504049 (50Jv1Pa). O módulo de elasticidade
materiais são mais dependentes da fotoativação pode variar significativamente dentre as marcas
para alcançar um alto grau de conversão. Da mesma comerciais, entre 4 e lOGPa, valores comparáveis a
forma, alguns materiais comerciais polimerizam outros cimentos. Para cimentos duais, as proprie-
mais prontamente na ausência de luz do que os dades mecânicas são ligeiramente mais elevadas
outros. quando o cimento é fotopolimerizado.
As espessuras de película medidas de acordo
Reação de Presa e Estrutura com as normas ISO estão entre 13 e 20 µ,m, por-
Os cimentos resinosos tomam a presa por poli- tanto, dentro do máximo de 50 µm exigido pela
merização via radical livre, resultando na formação ISO 4049. A sorção de água e a solubilidade dos
de uma estrutura densamente reticulada envol- cimentos resinosos é muito menor do que aquelas
vendo as partículas de carga. Os radicais livres dos cimentos de ionômero de vidro modificados por
são gerados pela fotoativação, na qual a canforo- resina. Contudo, a linha de cimento pode se tomar
quinona no estado ativado se combina com duas aparente depois de um período prolongado de uso
moléculas de amina para gerar dois radicais livres. clinico por causa de descoloração. A contração dos
Na ausência da luz, os radicais livres são formados cimentos resinosos varia entre 2% e 5%.
por reação redox do sistema amina-peróxido. Uma A resistência de união imediata ao cisalhamento
ligação cruzada é formada quando uma cadeia em em dentina dos cimentos resinosos varia entre 12 e
propagação encontra uma ligação dupla de carbono 18 MPa. MDP consegue aderir a estruturas dentais,
não reagida em uma cadeia de polimero diferente. cerâmicas e ligas fundidas pela reação entre seus
A polimerização prossegue até que a mobilidade grupos fosfato e cálcio ou com óxidos metálicos. A
das espécies reativas se torna restrita pelo aumento integridade da interface adesiva é desafiada pelo
de viscosidade do material e os radicais livres não desenvolvimento de tensões de polimerização.
conseguem mais se propagar, tornando-se aprisio- Tensões de polimerização surgem por causa da
nados no polimero. O grau de conversão final é em contração de polimerização do cimento resinoso,
372 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
PROBLEMAS SELECIONADOS
Solução b
Escolha um agente adesivo dual ou use um mate- PROBLEMA 6
rial comp6sito para núcleo fotopolimerizável. U rna coroa cerâmica prensada à base de leucita
foi cimentada com cimento de ionômero de vidro
PROBLEMA 3 modificado por resina. Subsequentemente, a coroa
Depois do condicionamento, um dentista inadver- se fraturou e teve de ser substituída. O que poderia
tidamente secou excessivamente o dente. Explique o ter sido feito para prevenir esta falha?
problema e ofereça uma solução.
Solução
Solução Qualquer cerâmica à base de leucita é condicioná-
A maioria dos agentes adesivos modernos adere vel e também não tão forte quanto os materiais à base
melhor a um dente úmido. Se a dentina está exces- de alumina ou zircônia. Assim, essa restauração deve-
sivamente seca, é melhor reidratá-Ja aplicando uma ria ter sido condicionada com gel de ácido fluorídrico,
bolinha de algodão úmida por 15 segundos antes de silanizada e então unida com um cimento resinoso.
aplicar o primer do sistema adesivo. O procedimento adesivo fornece resistência a todo o
complexo restauração-dente. Outros materiais de ce-
râmica pura tais como restaurações à base de zircônia,
PROBLEMA 4 ou alumina não são condicionáveis, mas são muito
U rna restauração feita em liga de ouro assentou mais fortes e, dessa forma, podem ser cimentados
corretamente antes da cimentação, mas falhou no com cimentos à base de água.
374 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
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14
Imagem e Processamento
Digital para Restaurações
•
Sistemas CAD/CAM Odontológicos Dispositivos de Processamento
Moldagem Digital Resultados Clínicos
Programas de Desenho
377
378 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
3MESPELava 3M ESPE (St. Paul, MN) LED Vídeo continuo Não Sim
Chairside Oral
Scanner C.0.S.
CERECAC Sirona Dental Systerns BluecamLED 1-3 Sim Sim
(Charlotte, NC)
E4D Dentist D4D Technologies Laser 9+ Sim Sim
(Richardson, TX)
iTERO Cadent, lnc. (Carlstadt, NJ) Laser 21 Não Sim
LED, Diodb emissor de luz.
PROGRAMAS DE DESENHO
Cada sistema inclui um programa próprio
para a visualização dos dados escaneados e para
o desenho da restauração. Uma ampla variedade
de restaurações podem ser desenhadas, incluindo
B inlays, onlays, coroas totais e próteses parciais fixas.
Os troquéis e modelos digitalizados podem ser vi-
sualizados por qualquer perspectiva, com e sem a
FIGURA 14-1 Sistemas CAD/CAM para consultório.
A, CEREC AC. B, E4D Dentist. (A, ó:>rtesin de Sirona Dental dentição antagonista. As restaurações são desenha-
Systems LLC, Charlotte, NC; B, Cortesia de 040 Technologies, das interativamente pelo clínico e pelo computador,
Richardson, TX.) adaptando os contornos pata se harmonizarem com
os dentes antagonistas e adjacentes. Uma "argila"
virtual é utilizada para modelar a restauração a
3D. O sistema E4D Dentist utiliza uma varredura perfis de emergência, contatos interproximais e
em alta velocidade com feixe de laser associada a planos oclusais adequados. A dentição antagonista
uma câmera pata obter uma série de escaneamentos pode ser movida por meio de trajetórias excursivas
3D do dente usando o princípio da triangulação do para promover o desenvolvimento de um perfil de
laser. A utilização do laser permite o escaneamento oclusão funcional.
380 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
B
'e
FIGURA 14-2 Sistemas de moldagem digital. A, iTero. B, Lava Chairside Oral Scanner C.0.S. C,CEREC AC.
(A, Cortesia de Cadent, Inc., Car/stadt, N/; B, OYrtesia de 3M ESPE, St. Paul, MN; C, Cortesia de Sirona, Charlotte, NC.)
PROBLEMAS SELECIONADOS
PROBLEMA 1 Solução
Quais os tipos de materiais que podem ser usina- As restaurações podem ser fresadas com uma
dos com os sistemas CAD /CAM? variedade de materiais, como compósitos, cerâmicas
feldspáticas, cerâmicas reforçadas por leucita, cerâ-
micas de dissilicato de lítio e zircônia.
382 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
PROBLE MA 2 PROBLEMA 3
Por que é necessário pulverizar o preparo com o A taxa de sobrevivência a longo prazo das restau-
pó de dióxido de titânio em alguns sistemas? rações fabricadas pelo CAD/CAM é similar àquela
das que foram confeccionadas com a utilização de
Sou. métodos convencionais?
Os sistemas CAD/CAM utilizam vídeos ou ima-
gens estáticas que apresentam melhores resultados Solução
quando o preparo é isento de reflexão especular. O Sim. As revisões sistemáticas mostram taxas de
pó proporciona superfícies uniformes em cor e re- sobrevivência após cinco anos entre 92o/o e 95%, o
fletância. que se compara favoravelmente às restaurações fa-
bricadas pelos métodos convencionais.
383
384 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
A prática da odontologia restauradora busca implantes mais comumente usados nos últimos
devolver a forma e a função da estrutura dentária 40 anos são o implante subperiostal, o implante
perdida. Por isso, era esperado que a odontologia transósseo e o implante endósseo (Tabela 15-1).
seguisse a medicina ortopédica no uso de im-
plantes para ancorar peças protéticas e, como as
previsões, isso aconteceu. Em 2010, o mercado Implante Endósseo
mundial de implantes movimentou $3,2 bilhões. Os implantes endósseos são, sem dúvida, o tipo
Espera-se que em 2015 as vendas alcancem apro- mais comum de implante instalado atualmente. Os
ximadamente $4,2 bilhões em uma taxa composta implantes são instalados diretamente na mandí-
de crescimento anual de 6'Yo. Em 2010, a Europa bula ou maxila (Fig. 15-1). Uma perfuração piloto
exibiu uma participação no mercado de 42%. Até é realizada no osso alveolar ou basal subjacente
2015, a região da Ásia-Pacífico terá a maior taxa de (nos casos em que o osso alveolar tenha sido parcial
crescimento anual. ou totalmente absorvido), e o corpo do implante é
Os implantes dentários são pilares que servem inserido neste local. O topo do implante é posicio-
como substitutos para as raízes de um dente natu- nado de tal forma que fique ligeiramente acima da
ral perdido. Os implantes devem ser instalados na lâmina cortical ou fique nivelado com a superfície
mandíbula ou na maxila. Quando adequadamente do osso. Normalmente, uma sobrestrutura contendo
desenhados e instalados, ligam-se ao osso ao longo
do tempo e servem como pilares para as próteses
dentárias. Os implantes dentários são usados para
IMPLANTES ENDÓSSEOS
repor um único dente perdido ou vários dentes, ou
para suportar uma prótese total removível.
Em todo o mundo, os implantes unitários mo-
dernos têm uma taxa de sobrevida após 15 anos
de aproximadamente 95%. Os implantes são dis- Cilindro Parafus()
positivos permanentes, cirurgicamente ancorados
na cavidade oral, que geralmente proporcionam /
1
vantagens significativas em relação a outras opções
protéticas fixas ou removíveis. São geralmente mais
.....··-·
conservadores do que as próteses fixas tradicionais,
pois conservam a estrutura dental, eliminando a
necessidade de desgaste dos dentes pilares adja-
centes, e favorecem a manutenção de osso saudável
.
-
Osso maxilar
inferior
(mandíbula)
L
' ~
Co-Cr-Mo, Cobnlto-crcnno-molibídênio
15. ltv!PLANTES DENTARIOS E OROFACIAIS 385
um ou vários dentes protéticos se liga ao corpo do do que 10 nm e não deve conter tecido fibroso, e a
implante por meio de um conector que é parafusado interface osso-implante deve ser capaz de suportar
diretamente pela mucosa. cargas de uma prótese dentária. Na prática atual, a
osseointegração é um requisito absoluto para o su-
cesso de urna prótese dentária implantossuportada.
OSSEOINTEGRAÇ_Ã-0 Para atingir a osseointegração entre um implante
E BIOINTEGRAÇAO e o osso, diversos fatores devem estar corretos. O
osso deve ser preparado de uma maneira que não
Uma questão importante no projeto de um ocorra necrose ou inflamação. Ao implante deve
implante é o desenvolvimento de materiais que ser permitido cicatrizar por um tempo sem carga.
sejam física e biologicamente compatíveis com o Finalmente, um material apropriado deve ser im-
osso alveolar. De forma ideal, o osso deve se in- plantado, pois nem todos os materiais promoverão
tegrar ao material, substância ou dispositivo, e osseointegração.
remodelar a estrutura óssea ao seu redor, em vez Nos últimos anos, diversas configurações de
de responder ao material como um corpo estranho, superfície foram propostas como maneiras de me-
encapsulando-o com tecido fibroso. Sob circuns- lhorar a coesividade da interface implante/tecido,
tâncias ótimas, a diferenciação óssea ocorre direta- maximizar a transferência de carga, minimizar a
mente adjacente ao material (osseointegração). De movimentação relativa entre implante e tecido,
forma ideal, essa ossseointegração proporciona uma minimizar a fibrointegração e a perda e aumen-
conexão osso-implante estável, que pode suportar tar a vida útil do conjunto. Devido à necessidade
uma prótese dentária e transferir as cargas aplicadas de se desenvolver uma interface estável antes do
sem concentrar tensões na interface entre o osso e carregamento, esforços vêm sendo empregados no
o implante. desenvolvimento de materiais e métodos para ace-
A osseointegra.ção é hoje formalmente definida lerar a aposição de tecido à superfície do implante.
como a aproximação íntima do osso a um material Implantes com superfícies rugosas e coberturas
de implante (Fig. 15-2). Para se alcançar a osseoin- cerâmicas vêm sendo implementados na prática
tegração, o osso deve estar em boas condições, o clínica. Além disso, outras técnicas experimentais
espaço entre o osso e o implante deve ser menor incluem estimulação elétrica, enxertos ósseos, uso
o
'
Mulher
o módulo de elasticidade (ou rigidez) do material desfavorável possível. Estes desenhos de implantes
que deve ser considerado. A menos que o osso ex- se baseiam tanto na textura microscópica do corpo
perimente pelo menos 50 microdeformações rotinei- do implante para oferecer algum embricamento
ramennte, ele começará a ser reabsorvido. A maioria mecânico e promover retenção ou ainda eles bus-
dos materiais cerâmicos é extremamente rígido, por cam retenção no recobrimento. Se o recobrimento
exemplo, o óxido de alumínio policristalino possui sobre o implante falha ou é reabsorvido, a perda
um módulo de elasticidade de aproximadamente óssea normalmente resulta da ausência de trans-
372 GPa. Tal rigidez é demasiadamente alta para ferência de carga.
transferir ao osso uma quantidade adequada de Em contrapartida, implantes em forma de para-
força aplicada. Em vez disso, o material de implante fuso possuem roscas que travam no osso sob com-
mais rígido absorverá uma quantidade despropor- pressão e transferem a carga aplicada. Os desenhos
cional da carga, evitando que o osso seja estimulado. das roscas têm sido extensivamente estudados para
Em contraste, o titânio apresenta módulo de elasti- promover o mínimo de forças de cisalhamento e o
cidade de aproximadamente 100 GPa, ainda muito máximo de compressão ao osso. Isto permite uma
alto para ser o ideal, mas bem mais perto daquele resposta óssea mais favorável. Foi apresentada recen-
do osso (aproximadamente 20 GPa). Isto permitirá temente uma variedade de desenhos de roscas que
um carregamento fisiológico normal do osso. possuem pontas arredondadas (para reduzir as forças
de cisalhamento na ponta), mudanças no ângulo das
roscas (para maximizar a compressão), dois ou mais
Duração da Força perfis de roscas no mesmo implante (que cortarão
Quando se consideram cargas repetitivas como em diferentes localidades durante a osteotomia, au-
as que ocorrem durante a mastigação, é mais apro- mentando assim a área de contato), e/ ou uma altura
priado considerar o limite de tolerância de um ma- de rosca reduzida acompanhada de um aumento do
terial em vez de sua resistência máxima. O limite de passo da rosca (difundindo a carga sobre uma maior
tolerância é a quantidade máxima de tensão à qual área de contato e aumentando simultaneamente a
um material pode ser repetidamente submetido resistência do corpo do implante).
sem falhar. Esse limite, em geral, é apenas cerca de O conceito de osseointegração ao redor de im-
metade da resistência à fratura do material. plantes cilíndricos ou em forma de parafuso re-
O implante em forma de raiz dentária é desen- presenta urna situação de crescimento ósseo sobre
volvido para receber cargas paralelas ao longo eixo a superfície. Um método alternativo de fixação de
e é vulnerável à falha por fadiga oriunda de cargas implantes baseia-se no crescimento do tecido ósseo
de flexão cíclicas. Estas cargas de flexão frequente- em superfícies ásperas ou porosas tridimensionais.
mente resultam de contatos prematuros, bruxismo, Tais desenhos incorporando pérolas sinterizadas
esquema oclusal incorreto e uso de conectores angu- ou uma tela metálica sinterizada são típicos de im-
lados. Cargas fora do longo eixo devem ser evitadas plantes ortopédicos. Recentemente, implantes com
no planejamento da sobrestrutura do implante. corpos metálicos porosos têm sido desenvolvidos e
comercializados. Estes novos desenhos incorporam
porosidade em macroescala ou estruturas celulares
Tipo de Força porosas, assemelhando-se ao osso esponjoso. Isso
Um implante experimenta três tipos de carga resulta em um módulo de elasticidade próximo
em função: forças de tração, forças de compressão àquele do osso, reduzindo assim a remodelação
e forças de cisalhamento. Conforme discutido, um óssea proximal adaptativa indesejável em conse-
implante bem planejado transfere e distribui essas quência de urna transferência de cargas desfavorá-
forças ao osso de suporte. O osso é composto tanto vel. Tais sistemas de retenção demonstram possuir
de constituintes inorgânicos quanto de orgânicos, e uma maior resistência ao cisalhamento osso/ metal
os componentes inorgânicos se tornam mais fortes do que outros tipos de fixação. O aumento da resis-
quando carregados em compressão. O osso é apro- tência ao cisalhamento interfacial resulta em urna
ximadamente 30'Yo mais fraco quando submetido à melhor transferência de tensões do implante para o
tração, e aproximadamente 70% mais fraco quando osso circundante, uma distribuição de tensões mais
submetido às forças de cisalhamento. Por isso, a uniforme entre o implante e o osso e tensões mais
oclusão é uma consideração crucial quando se pla- baixas no implante. E, em princípio, o resultado
neja o carregamento do implante. de uma união interfacial mais forte é uma menor
Os desenhos de implantes cilíndricos lisos colo- propensão à perda do implante. A progressão teó-
cam a interface entre o osso e o implante sob cisalha- rica dos efeitos de superfície em macroescala, da
mento quase puro, o cenário de carregamento mais mais baixa à mais alta resistência ao cisalhamento
15. ltv!PLANTES DENTARIOS E OROFACIAIS 389
implante/tecido, é a seguinte: modelo liso, texturi- relativamente fina (na ordem de 0,1 nm), seus cons-
zado, em forma de parafuso, com spray de plasma tituintes (óxidos metálicos heterogêneos, camada pro-
e com recobrimento/ corpo poroso. téica e tecido conjuntivo) têm um efeito substancial na
manutenção da integridade interfacial Além disso, a
integridade interfacial depende de fatores materiais,
Diâmetro do Implante mecânicos, químicos, de superfície, biológicos e do
Um aumento no comprimento ou no diâme- ambiente local, todos os quais se alteram em função
tro do implante aumenta a área total da superfície do tempo in vivo. Assim, o sucesso do implante é urna
do implante. Em consequência, aumenta-se a área função de fatores biomateriais e biomecânicos, tanto
para distribuição das forças oclusais e se diminui quanto de técnicas cirúrgicas, cicatrização tecidual e
a tensão no osso. A resistência à fratura sob flexão do estado geral e dentário do paciente.
(e consequentemente a rigidez) do implante au-
menta enormemente com o aumento da largura ,
e está relacionada ao raio do implante elevado à Liberação de Ions
quarta potência. Este aumento significativo pode Os materiais de implantes podem sofrer corrosão
ser deletério se o diâmetro escolhido causar uma ou desgaste, levando à formação de partículas de
remodelação óssea proximal adaptativa por reduzir detritos, que podem, por sua vez, evocar respostas
as deformações no osso a níveis subfisiológicos. biológicas locais e sistêrnicas. Os metais são mais
suscetíveis à degradação eletroquímica do que as
cerâmicas. Por esse motivo, um critério fundamental
Comprimento do Implante ao se escolher um material de implante metálico é
Assim como o aumento da largura, o aumento que ele não deve provocar urna resposta biológica ad-
do comprimento do implante também aumenta a versa relevante. As ligas de titânio são bem toleradas
área da superfície e reduz as tensões no osso. En- pelo organismo por causa de suas camadas passivas
tretanto, recomenda-se uma análise cuidadosa da de óxidos. Os ingredientes elementares principais,
qualidade óssea. No tipo de osso altamente denso a exemplo dos constituintes menores das ligas, são
que é normalmente encontrado na região anterior tolerados pelo organismo em pequenas quantida-
da mandíbula, o sobreaquecimento do osso durante des. No entanto, grandes quantidades de qualquer
a perfuração é a principal causa de falhas futuras. A metal não podem ser toleradas. Assim, minimizar
preparação do local para um implante extralongo a degradação mecânica e química dos materiais de
tende a aumentar o aquecimento neste tipo de osso. implantes é um objetivo primário.
Quaisquer vantagens de uma estabilidade imediata O titânio e outros metais para implantes estão em
promovida por estes implantes longos são transi- estado passivo sob condições fisiológicas típicas, e
tórias, pois uma vez que o implante osseointegra, a quebra da passividade não deve ocorrer. O titânio
sua região apical recebe uma transferência mínima comercialmente puro (Ti CP) e a liga de titânio Ti
de tensões. A maioria das tensões ainda estarão -6Al-4V possuem uma excelente resistência à corro-
concentradas ao redor da tábua óssea cortical su- são para urna gama completa de estados oxidativos
perior de onde o implante emerge. Por outro lado, e níveis de pH. É a camada de óxido extremamente
em regiões de qualidade óssea pobre, encontradas coerente e adaptada e o fato de que o titânio repas-
normalmente nas regiões posteriores de maxila e siva quase que instantaneamente por meio de uma
mandíbula, considerações anatômicas ditam o com- cinética de oxidação controlada superficial que dá ao
primento do implante instalado. titânio tanta resistência à corrosão. A baixa taxa de
dissolução e a quase inércia química dos produtos
de dissolução do titânio permitem ao osso crescer e
SUPERFÍCIES assim osseointegrar ao titânio. Entretanto, mesmo
E BIOCOMPATIBILIDADE em sua condição passiva, o titânio não é inerte. A
liberação de íons de titânio ocorre como resultado
Ao se analisar um sistema implante/tecido, da dissolução química do óxido de titânio.
três aspectos são importantes: (1) os constituintes
individuais, ou seja, os materiais do implante e os
tecidos; (2) o efeito do implante e de seus produtos Superfícies
de decomposição nos tecidos locais e sistêrnicos e A análise da superfície do implante é necessária
(3) a zona interfacial entre o implante e o tecido. Em para garantir um duplo requisito. Primeiramen-
relação à ultraestrutura da interface implante-tecido, te, os materiais d o implante não podem afetar
é importante entender que, embora esta área seja adversamente os tecidos locais, os sistemas orgânicos
390 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
e as funções orgârúcas. Em segundo lugar, o ambiente sulcos e cristas nano a micrométricos na superfície
in vivo não pode degradar o implante e comprometer de um implante. Estes minúsculos sulcos influen-
sua função a longo prazo. A zona interfacial entre o ciam o comportamento das células por causar seu
implante e o osso circundante é, portanto, a entidade alinhamento na direção do sulco e sua migração
mais importante na definição da resposta biológica ao guiada pelos sulcos da superfície (Fig. 15-4). Além
implante e da resposta do implante ao organismo. disso, a modificação da superfície do implante pa-
O sucesso de qualquer implante depende das pro- ra incorporar características de superfície nano e
priedades do seu corpo e da sua superfície, do local micrométricas sobre a macrotexturização aumenta
de implantação, do trauma tecidual durante a cirur- a área de contato osso-implante e a interação bio-
gia e da movimentação na interface implante-tecido. mecânica entre o implante e o osso de ancoragem,
Por isso, a análise de superfície em implantodontia especialmente no período imediato, após a implan-
auxilia na caracterização do material, determinando tação. O formato das células, a taxa de proliferação
alterações estruturais e de composição ocorridas e a taxa de diferenciação também dependem em
durante o processamento, identificando reações de grande parte da textura da superfície do implante.
superfície induzidas biologicamente e analisando os Entretanto, ainda não existem evidências conclu-
efeitos ambientais nas interfaces. sivas de que esta textura de nano a micrométrica
A superfície de um material é sempre diferente tenha um papel relevante na ancoragem do im-
em composição quimica, forma e estrutura do corpo plante in vivo.
do material, porque os átomos da superfície são Um segundo princípio é de que a variação ma-
fundamentalmente diferentes daqueles do corpo crométrica da textura de superfície de um material
do metal do implante. A superfície de um metal de implante afeta significativamente a interface
pode ser considerada uma interrupção abrupta do entre o implante e o osso in vivo. Em geral, implan-
empilhamento ordenado dos átomos subjacentes. tes com superfícies rugosas exibem resistências de
Assim, o número de coordenação destes átomos é união ao cisalhamento maiores do que os implantes
diferente e, consequentemente, suas propriedades com superfícies lisas. Sob exame microscópico, os
físicas e quimicas são diferentes das de átomos mais implantes rugosos exibem aposição óssea direta,
profundos no corpo, decorrentes de seu arranjo enquanto os implantes lisos exibem vários graus
molecular, reações de superfície e contaminação de encapsulação por tecido fibroso. Pelo fato de que
potencial com outras variedades. esta aposição óssea direta é o método pelo qual os
Neste sentido, a quimica da interface é principal- implantes dentários são retidos nos ossos maxilares,
mente determinada pelas propriedades dos óxidos eles parecem ser significativamente influenciados
metálicos e não tanto pelo metal propriamente dito. pela textura superficial macroscópica. Nem todas
Existe pouca ou nenhuma semelhança entre as pro- as superfícies rugosas, no entanto, apresentam os
priedades do metal e as propriedades do óxido, mas mesmos efeitos desejáveis. As dimensões exatas ou
os fenômenos de adsorção e dissolução podem ser
influenciados pelas propriedades do metal subja-
cente. Por isso, a caracterização da composição, do
estado de ligação, da forma e da função da super-
fície são importantes na análise das superfícies dos
implantes e das interfaces implante-tecido.
Alterações de Superfície
No esforço para melhorar o desempenho in vivo
dos implantes dentários, muitas pesquisas estão
sendo conduzidas para investigar os efeitos de
características superficiais macro, micro e nanomé-
tricas na osseointegração. Embora muitas destas
pesquisas sejam contraditórias e poucos dados defi-
nitivos tenham sido identificados, alguns princípios
orientadores estão surgindo lentamente. O primeiro
deles é de que células in vitro (e possivelmente in FIGURA 15-4 Imagem de microscopia óptica de cé-
vivo) são guiadas por contato sobre a superfície do lulas cultivadas sobre uma superfície padronizada. É
implante. Em outras palavras, as células crescem possível observar o crescimento guiado pelo contato das
preferencialmente dentro e ao longo de padrões de células com a textura da superfície.
15. ltv!PLANTES DENTARIOS E OROFACIAIS 391
o grau de rugosidade ideal ainda é ambíguo até o união à superfície metálica. Além disso, o resfria-
presente momento. mento rápido da cerâmica fundida pulverizada so-
Como resultado destas observações, durante os bre a superfície produz alterações cristalinas incon-
últimos 10 a 15 anos, as superfícies de implantes troláveis dentro do material e resulta em trincas em
mudaram de forma significativa. Anteriormente, larga escala desta camada de recobrimento. Embora
superfícies usinadas eram a norma. Hoje, superfí- os estudos científicos tenham notado uma melhora
cies preparadas por jateamento, seguido por condi- da bioatividade com estes tipos de recobrimento,
cionamento ácido ou revestimento para melhorar seu uso tem sido limitado na odontologia, pois esta
a topografia e/ ou remover partículas abrasivas camada, em última análise, cria interfaces adicionais
incorporadas, dominam o mercado. As caracte- que podem sofrer falhas induzidas por tensões que
rísticas retentivas resultantes em microescala não levam a incertezas quanto a sua vida útil, conforme
apenas tomam a superfície rugosa, criando uma discutido previamente.
maior área de contato implante-osso, mas também Uma outra abordagem de recobrimento sob in-
desempenham um papel na ativação de sequências vestigação envolve a incorporação de mediadores
bioquímicas importantes que aceleram o processo biológicos à superfície do implante. Em particular,
de cicatrização e estimulam a osteogênese. tem sido demonstrado que a imobilização de pe-
Está bastante claro que a química da superfície quenas sequências de peptideos sobre a superfície
do implante também desempenhará um papel rele- do implante influencia a resposta celular in vitro.
vante na ancoragem do implante no osso. Esta é uma As integrinas celulares, que se aderem a pequenas
área de intensa pesquisa comercial. Recentemente, sequências especificas de peptideos, são responsá-
uma técnica de modificação de superfície que incor- veis por estas respostas celulares. Em particular,
pora jateamento seguido de condicionamento ácido a sequência de tripeptideos L-arginina, glicina e
com uma solução que resulta em íons fluoreto sobre ácido L-aspártico (RGD) desempenha um papel
a superfície do implante foi trazida ao mercado. importante na adesão celular. Esta sequência está
Este procedimento resulta em uma superfície com presente em muitas proteínas da matriz extracelu-
composições químicas variadas dentro da camada lar, incluindo a fibrina, o colágeno, a vitronectina,
superficial de óxidos. Esta superfície contendo fluo- a fibronectina e a osteopontina, e ajuda a mediar a
retos mostrou melhorar a expressão genética e levar adesão celular a superfícies. A ligação covalente de
a uma melhora na osteogênese. Outros tratamentos formas recombinantes destes compostos, via quí-
quimicos de superfície que estão sendo investigados mica do silano, sobre a superfície de um implante
incluem a hidroxilação da superfície para melhorar pode estimular a aderência de células mesenqui-
sua hidrofilia e a anodização eletroquímica para mais e provocar a proliferação e a diferenciação de
crescer camadas de óxidos espessas e porosas com osteoblastos no local. Outras sequências de peptí-
quimica variada. O tipo de óxido metálico na super- deos sob investigação incluem as seguintes: YIGSR,
fície do implante dita o tipo de células e proteínas IKVAV e KRSR (para melhorar a adesão celular)
que se aderem a essa superfície. Os óxidos da su- e FHRRIKA (para aumentar a mineralização dos
perfície são continuamente alterados pela difusão osteob lastos).
de oxigênio para o seu interior e pela formação de Além das pequenas sequências de peptideos, o
hidróxidos e pela saída de ions metálicos. Assim, um uso de proteínas recombinantes inteiras na super-
óxido de estequiometria única raramente existe. fície dos implantes também tem sido investigado.
O uso de fatores de crescimento de citocina imobi-
lizada como a proteína morfogenética óssea (BMP),
R ecobrimentos de Superfície o fator de transformação do crescimento (TGF-[3), o
O uso de um tratamento adicional de recobri- fator de crescimento de fibroblasto (FGF), o fator de
mento de superfície merece uma discussão adi- crescimento endotelial vascular (VEGF) e o fator de
cional. Coberturas à base de fosfato de cálcio têm crescimento derivado de plaquetas (PDGF) mostrou
sido tradicionalmente investigadas de forma mais aumentar positivamente a regeneração tecidual
intensa. Estes materiais são comumente aplicados à ao redor de um implante. Entretanto, coberturas
superfície do implante com spray de plasma. Neste homogêneas das superfícies do implante e a libe-
processo sob altas temperaturas, uma camada de ração destas proteínas para os tecidos circundantes
material de espessura de 25 a 50 µ.m é depositada são bastante imprevisíveis e incontroláveis no que
sobre a superfície rugosa do implante e resfriada. diz respeito à duração e à dosagem. Embora mais
Estas coberturas são baseadas em um embricamento pesquisas sejam necessárias para esclarecer estas
mecânico relativamente fraco entre a camada de questões não resolvidas, este tratamento é uma
recobrimento e a superfície rugosa para manter a promessa como terapia futura.
392 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
PROBLEMAS SELECIONADOS
PROBLEMA 1 Solução
Nomeie e defina as três classificações dos im- Osseointegração é a formação de um contato
plantes dentários. íntimo e forte entre a superfície de um implante e
o tecido 6sseo circundante. A interface resultante é
Solução capaz de suportar as forças normais geradas durante
As três classificações são as seguintes: a mastigação. A presença de um recobrimento cerâmi-
1. O implante subperiostal - um desenho pelo co sobre um implante irá impedir a formação de tal
qual uma estrutura metálica implantada repousa superfície de contato. No mínimo, duas interfaces são
diretamente em cima do osso, abaixo do periósteo, criadas nas superfícies interna e externa da cobertura.
e fornece pilares protéticos que se estendem pelo Entretanto, se a cob ertura cerâmica é bioativa, ela
tecido gengival para a ancoragem da prótese. pode vir a se fundir quimicamente ao osso adjacente
2 O implante transósseo - um desenho utilizado na sua superfície externa, enquanto mantém uma
apenas na região anterior da mandibula, no qual os forte ligação física à superfície metálica do implante
pilares se estendem completamente pela mandibula na superfície interna da cobertura. Neste caso, a in-
e pela gengiva para fornecer ancoragem à prótese. terface com o osso é denominada biointegração, pois
3. O implante endósseo - um desenho cilíndrico ou o conta to osso-implante apresenta uma camada in-
em forma de parafuso pelo qual o implante é ci- terveniente com duas fortes interfaces.
rurgicamente instalado diretamente na manchbula
ou na maxila e fornece ancoragem para a prótese
por meio de uma rosca interna em seu corpo. PROBLEMA 4
Descreva o desenho de implante dentário que
possui a melhor taxa de sucesso e a mais ampla apli-
PROBLEMA 2
cação clínica.
Um novo tipo de implante totalmente metálico
é instalado e deixado cicatrizar sem intercorrências Solução
por 12 semanas. Duas semanas ap6s a restauração, ele Os implantes são geralmente classificados de acor-
começa a apresentar mobilidade e falha. Quais são as do com a maneira pela qual são posicionados na man-
causas prováveis? díbula do paciente. O desenho de implante end6sseo
mais bem-sucedido u tiliza um implante cilíndrico
Solução
ou em forma de parafuso, que é posicionado quase
Se um implante se movimenta dentro do local completamente dentro do local 6sseo. A extremidade
preparado, ele não conseguiu se osseointegrar ade-
coronal do corpo do implante permite uma conexão
quadamente. Um aspecto crucial para se possibilitar direta de uma superestrutura pela mucosa. Esta su-
a osseointegração é a preparação do osso. O osso deve
perestrutura é fixada a um conector, que por sua vez
ser perfurado lentamente e preparado sob irrigação é fixado por meio de um parafuso diretamente às
copiosa para se evitar aquecimento ou traumatismo
roscas internas do corpo do implante.
ósseo. O local deve também ser inspecionado à pro-
cura de um tecido ósseo em quantidade e qualidade
adequadas previamente à instalação. Outro aspecto PROBLEMA 5
que afeta a osseointegração é o material com o qual o Ap6s um implante posterior e sua restauração
implante é fabricado. Nem todos os materiais promo- estarem em função por um período de tempo, uma
verão osseointegração. O titânio ou a liga Ti-6Al-4V pigmentação escura da mucosa ao redor da restaura-
são os materiais atuais de escolha para os implantes ção é visualizada. Quais são as causas prováveis?
dentários. Finalmente, após a aplicação de cargas,
a micromovimentação entre o osso e o implante irá Solução
impedir a osseointegração, pois resultará na formação Mesmo em um estado passivo, íons são sempre
de uma encapsulação fibrosa. liberados de superfícies metálicas na boca. A pigmen-
tação do tecido pode ser resultado da liberação de
PROBLEMA 3 íons de titânio pelo implante. Pode ser ainda devido à
Descreva a diferença entre osseointegração e bio- corrosão e à liberação de íons pelos metais da superes-
integração. trutura da restauração.
394 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
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CAPÍTULO
16
Engenharia Tecidual
SUMÁRIO
397
398 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Engenharia Tecidual é um termo CUJ1hado em uma ra reposição. Durante 2010, somente nos Estados
reunião patrocinada pelos Institutos Nacionais de Unidos, mais de 28.600 órgãos sólidos (coração,
Saúde em 1987. Esta disciplina é um ramo multi- pulmão, intestino, rim, pâncreas e fígado) foram
disciplinar da ciência que está em rápido desen- transplantados. Mais de três quartos desses órgãos
volvimento e que combina muitos dos princípios vieram de doadores falecidos. Enquanto isso, du-
básicos da Biologia, Medicina e Engenharia. A meta rante o mesmo período, 56.437 novos receptores
primária da Engenharia Tecidual é a restauração, potenciais foram adicionados à lista de espera e
manutenção e melhoria das funções dos tecidos quase sete mil pacientes morreram enquanto es-
e órgãos. peravam por um transplante (Quadro 16-1). Cla-
Além de aplicações terapêuticas, nas quais um ramente, a demanda por órgãos excedeu em muito
órgão em particular é criado para substituir uma a oferta. O entusiasmo pela Engenharia Tecidual
parte do corpo ausente ou com função deficiente, vem da promessa de tornar os transplantes mais
a Engenharia Tecidual tem aplicações diagnósti- fáceis e comuns. Na Odontologia, as disciplinas de
cas nas quais os tecidos são fabricados in vitro e Periodontia e Cirurgia Oral e Maxilofacial frequen-
usados para testes de biocompatibilidade in vitro temente usam materiais de transplante de tecido
de compostos. Exemplos incluem aplicação no ósseo para reparar defeitos.
metabolismo e absorção, toxicidade ou patogeni- Hoje, existem quatro classes primárias de
cidade de medicamentos. Pesquisas em Engenha- transplante de tecidos/órgãos: enxerto autógeno,
ria Tecidual, portanto, traduzem conhecimentos enxerto alógeno, enxerto xenógeno e aloplástico
fundamentais em Física, Química e Biologia em (Quadro 16-2).
materiais, dispositivos e estratégias. Ela também
integra biomateriais, Biologia Celular e pesquisa em
células-tronco; características de engenharia de es- ENXERTO AUTÓGENO
truturas tridimensionais e problemas de transporte
de massa; características biomecânicas de tecidos Um enxerto autógeno é um tecido ou órgão que
nativos e de reposição, biomoléculas e fatores de é transferido de um local para outro dentro de um
crescimento; e bioinformática para possibilitar o mesmo indivíduo (Fig. 16-1). É comum transplantar
estudo da expressão e análise de gene/proteína. tecidos como cabelos, sangue e mesmo quantidades
A Engenharia Tecidual como disciplina surgiu limitadas de pele e ossos. Esses tecidos se regene-
da necessidade crescente de tecidos e órgãos pa- ram até certo ponto, reparando o vazio deixado
QUADRO 16-1
QUADRO 16-2
FIGURA 16-1 Osso autógeno (B) é colhido (A) do paciente em quem ele será reimplantado (De Newman MG, Takei
HH, Klokkevold, e outros: Periodontologia Clínica de Carratrm, 11ª Edição, Saunders, St. Lmâs, 2012).
após sua remoção. Este método de transplante evita po humano, células, tecidos ou órgãos que tiveram
complicações imunológicas e é considerado o "pa- contato ex vivo com células animais não humanas
drão-ouro" de sucesso. vivas, tecidos ou órgãos". Este regime terapêutico
vem sendo usado experimentalmente para tratar
desordens neurodegenerativas, falência hepática e
ENXERTO ALÓGENO diabetes, quando materiais humanos compatíveis
não estão amplamente disponíveis.
Enxertos alógenos são tecidos ou órgãos que Os enxertos xenógenos são comuns na Odon-
são transplantados de um indivíduo para outro tologia. Dois exemplos são o BioOss (um produto
dentro da mesma espécie (Fig. 16-2). Rotineiramen- derivado do osso da vaca) e o BioCoral (um produto
te, tecidos e órgãos são removidos de indivíduos de corais) que são usados para defeitos em maxila
falecidos (bem como doadores vivos) e transferidos e mandíbula (Fig. 16-3).
para um indivíduo diferente. Sangue, osso, pele,
córneas, ligamentos e tendões são coletados em
bancos e congelados, para serem usados em futuros ALO PLÁSTICOS
procedimentos cirúrgicos.
Os aloplásticos representam o mais novo tipo
de materiais para procedimentos de enxerto. Esses
ENXERTO XENÓGENO enxertos são fabricados completamente a partir de
materiais sintéticos, tomando-os bem diferentes dos
O Centro para Avaliação e Pesquisa Biológica outros tipos de enxertos, pois nenhum componente
(Center for Bielogies Evaluation and Research, CBER) é vivo é usado. Aloplásticos tais como os implantes
o ramo do Food and Drug Administration (FDA) para dentários estão se tomando cada vez mais comuns
transplantes. Eles definem xenotransplantes como na Odontologia. Implantes dentários fabricados
"transplante, implantação ou infusão em receptor de metais e cerâmica são considerados tratamen-
humano de (a) células vivas, tecidos ou órgãos de to restaurador de rotina em muitos países. Esses
uma fonte animal não humana ou (b) fluidos do cor- materiais se integram ao osso e ajudam a restaurar
400 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Code: DGC1t4 Graf i 10: 8'-24S1B-2SS Codt: CC1t18 Cnft 10: 84-S:S788-
S1z_~: nPPROX. 1.2e CéE ·~ · º~~~: "AR 38 et S1 :.•: 141'f'AOX. e. :se cc E:aip . 0.&t.~: APA ~
FIGURA 16-2 Enxerto alógeno de osso liofilizado é colhido de humanos e vendido em forma desmineralizada (A)
assim como em forma totalmente mineralizada (B). (Cortesia de Mitchell /C, OHSU School of Dentistry, Portúmd, OR).
FIGURA 16-3 Matrizes ósseas. BioOss, A, é um enxerto xenógeno de matriz mineral de osso poroso preparado a
partir de fontes bovinas; Pepgen P-15, B, combina um componente orgânico - uma sequência aminoácida fabricada
sinteticamente (P-15) projetada para estimular a adesão celular, com uma matriz inorgânica de cálcio-fosfato que atua
como transportadora para a sequência aminoácida e como arcabouço para o crescimento ósseo (Cortesia.de 1\Aitchell ]C,
OHSU School of Dentistry, Portland, OR).
16. ENGENHARIA TECJDUAL 401
BIOGRAN ~ )0·355,m)
BÍOl!Ctive Glass Synthetic Bone Grafe Material
OATHOVITR
2ti QAU.,T V MJ.aV Pt<W'f EUAOP.<ol..MN \O
2~00 OEi$$C:L. ef:lcO IUM
MA&.V'iFIN. fl;iA. , tGM VAA
lJli P • l...1 ~J0410G EP P&•- • 039'142
FIGURA 16-4 Os vidros bioativos têm recebido cada vez mais atenção devido a sua bioatividade superficial. Estão
apresentados aqui o PerioGlas, A, e o Biogran, B (O:!rtesia de Mitchel /C, OHSU School of Dentistry, Portland, OR).
a função do paciente, com excelente sucesso em para combater doenças sistêmicas, tais como doença
longo prazo. de Alzheimer e mal de Parkinson, bem como diabe-
Enxertos ósseos aloplásticos também são comuns tes juvenil e esclerose múltipla. Este método tam-
(Fig. 16-4). Osso autógeno usado na reconstrução de bém possui potencial para tratar nervos danificados
estruturas craniofaciais pode ser aumentado com e regiões musculares. Comumente referidas como
cerâmica e vidros bioativos. Esses aloplásticos estão células-tronco, as células injetadas são mais apro-
disponíveis em quantidade quase ilimitada e sem priadamente denominadas células indiferenciadas
apresentar nenhuma reação adversa. Uma grande ou progenitoras (ver discussão posterior sob Célu-
vantagem é que eles não apresentam o risco de las-Tronco). Essas células são capazes de formar
transmitir doenças de um indivíduo para outro. novos tecidos com um ou mais fenótipos. Como
regime terapêutico, as células são injetadas nos
arredores do local no qual elas devem se propagar
ESTRATÉGIAS PARA e migram para a área do ferimento, começando a
ENGENHARIA TECIDUAL se replicar e substituir o tecido perdido, ou pro-
duzir um composto desejado, tal como a insulina
A Engenharia Tecidual se iniciou com o conceito (Fig. 16-5). Esta estratégia tem sido bem-sucedida
de se usar biomateriais e células para auxiliar o cor- em regenerar pequenas áreas de cartilagem em
po no processo reparador. Com o amadurecimento articulações temporomandibulares.
desta disciplina, seu alvo passou a se desenvolver
estratégias lógicas para otimizar a formação de no-
vos tecidos pela seleção criteriosa de condições que Regeneração Tecidual Guiada
melhorem o desempenho de progenitores de tecidos A regeneração tecidual guiada (RTG) é um pro-
em locais de enxerto, estimulando a produção de cedimento cirúrgico para regenerar o tecido através
um tecido ou órgão desejado. Várias estratégias do aumento da oportunidade para um tipo de célula
estão d isponíveis atualmente para desenvolver povoar uma área enquanto fornece uma guia de con-
novos órgãos e tecidos (Quadro 16-3). tato para as células em desenvolvimento. Os tipos de
células desejados podem, então, povoar a área sem
qualquer competição, uma vez que os tipos de cé-
Injeção de Células lulas indesejados estão excluídos. Em laboratório, o
Com o método de injeção de células, células método tem sido bem-sucedido em criar um conduto
desagregadas em estágio indiferenciado de desen- de polímero biodegradável através do qual a rege-
volvimento são injetadas no receptor. Considerável neração e a reconexão de células nervosas podem
pesquisa tem sido realizada no uso deste método ocorrer. A RTG é comumente usada no tratamento
402 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
QUADRO 16-3
Paciente _
(biópsia tecidual) Suspensao celular
Células semeadas
Células expandidas
sobre o arcabouço
em cultura
---Células do implante OU
do arcabouço no paciente
FIGURA 16-5 Terapia de injeção de células. Podem envolver o uso de um arcabouço no qual as células são expandidas,
ou podem ser injetadas diretamente no local desejado sem uso de um substrato.
Portanto, o arcabouço pode apresentar função Os pacientes que recebem tecido alógeno e trans-
dupla, tanto como substrato rígido para o crescimen- plantes de órgãos são frequentemente tratados du-
to celular, bem como um veículo de entrega para a rante toda a sua vida com drogas imunossupressoras
liberação de compostos regulatórios terapêuticos in para prevenir a rejeição do tecido enxertado. Essas
vivo. A liberação de moléculas bioativas que estão drogas podem apresentar efeitos colaterais severos.
ligadas à superfície do arcabouço ou encapsuladas A fonte ideal de células para terapias de Engenharia
dentro da matriz do arcabouço pode alterar a fun- Tecidual é o paciente. O tecido de enxerto autógeno
ção das células progenitoras de tecido conjuntivo elimina o potencial de reação imunológica adversa.
(ativação, proliferação, migração, diferenciação ou Porém, tecidos de enxertos autógenos geralmente
sobrevivência) para criar tecidos novos ou melhora- necessitam de sítio cirúrgico adicional e o custo,
dos (Fig. 16-7). Existem muitas variáveis críticas no desconforto e tempo de reparação associados.
projeto e função do arcabouço. Dentre elas estão a
composição do arcabouço, sua arquitetura tridimen-
sional, química da superfície, propriedades mecâni- CÉLULAS-TRONCO
cas e o ambiente físico, químico e biológico na área
ao redor do arcabouço durante seu tempo de vida Células-tronco que não são terminalmente dife-
funcional, a qual é frequentemente determinada por renciadas e são capazes de migrar dentro do corpo
suas características de degradação. e se autorreplicar são utilizadas em terapias de
Todas as células requerem acesso a moléculas Engenharia Tecidual. Adicionalmente, elas conse-
metabólicas (oxigênio, glicose e aminoácidos) e re- guem produzir células progenitoras com múltiplos
moção de resíduos do metabolismo celular (dióxido fenótipos. Existem diferentes tipos de células-tronco
de carbono, compostos de nitrogênio e sais). Deve dentro do corpo: células pluripotentes podem se
haver também um equilíbrio entre o consumo e a tomar qualquer um dos mais de 200 tipos de células
entrega dessas moléculas para a sobrevivência das no corpo, enquanto que células multipotentes são
células. O projeto do arcabouço deve prever esses limitadas a formar somente tecidos específicos.
aspectos. Eventualmente, um rico suprimento de Até bem recentemente, a maioria dos pesquisado-
sangue desempenhará essas tarefas, mas tal sistema res de células-tronco trabalhavam somente com dois
circulatório leva tempo para amadurecer. tipos de células: células-tronco embrionárias (que são
Matriz po rosa
Polímero
1
Poro
FIGURA 16-7 Sistemas de arcabouço. Esses sistemas podem servir como substratos para administração de vários
compostos terapêuticos, além de proporcionar às células urna superfície adequada na qual crescer. Fatores múltiplos
podem até mesmo ser administrados com diferentes perfis de liberação, pela variação do método no qual eles são in-
corporados no substrato. Neste exemplo, o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) é largamente incorporado
perto da superfície do arcabouço, e está sujeito a rápida liberação in vivo. Em contraste, o fator de crescimento derivado
de plaqueta pré-encapsulada (PDGF) é mais uniformemente incorporado por todo o arcabouço e está sujeito a liberação
regulada pela degradação do polímero matriz (ModificacÚJ de Richardson T., Peters M., Emett A. e colaboradores: Nat11re
B'ÍOtech, 19, 1029, 2001).
16. ENGENHARIA TECJDUAL 405
)___
' t
Proliferação
, -----:/-;;-
.......
Osteogênese Condrogênese Miogênese
::::~:::::::-----~........ Tendogênese/
Estroma medular Ligamentogênese
Compromisso
~
t
Osteoblastos
t
Condrócito
t
Mioblastos fundidos
t
Células de estroma
t
Fibroblastos
Diferenciação
e maturação J - rr->
FIGURA 16-8 Caminhos de diferenciação das células mesenquimais. Uma célula mesenqtúmal circulante pode
tomar-se uma de qualquer dos tipos de célula mostrados aqui. O caminho pelo qual ela se diferencia é influenciado
tanto por fatores locais quanto sistémicos.
406 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
uma célula também é controlado por alterações na Seu uso como arcabouço é limitado devido aos longos
migração, proliferação, diferenciação ou sobrevivên- tempos de degradação in vivo e baixa porosidade.
cia de sua progenia. Células-tronco transplantadas Algumas dessas limitações podem ser superadas
podem até mesmo se fundir com células existentes em um futuro próximo, com recentes avanços em
em um corpo e assumir as características daquele métodos de síntese sol-gel para vidros nanoporosos
tecido. Estímulo tátil ou outros fatores que possam e nanoparticulados. Esses materiais mais novos são
regular positiva ou negativamente os genes para mais bioativos e reabsorvíveis do que materiais fa-
iniciar essas mudanças estão sendo estudados. bricados por processos de aquecimento e fusão. Em
geral, o processo sol-gel converte um liquido coloi-
dal, sol, em um gel sólido de particulas com líquidos
BIOMATERIAIS E ARCABOUÇOS presos nos poros. Os precursores iniciais são geral-
mente compostos orgânicos metálicos, ou alcóxidos
Três tipos de biomateriais têm sido estudados co- M(OR)n-nosquaisMéummetalformadorderedee
mo arcabouços e sistemas carreadores: (1) materiais Ré um grupo alquila. Esses precursores líquidos são
naturais (ou biológicos), (2) materiais cerâmicos ou misturados e hidrolisados. Isso forma grupos silanol
vítreos e (3) materiais poliméricos. Cada tipo tem que se condensam para criar uma rede interligada de
vantagens e desvantagens, de acordo com os locais ligações de siloxano, com água e álcoois como sub-
e os tecidos a serem regenerados. Todos os arcabou- produtos. O controle preciso da síntese e passos de
ços devem ser atóxicos e não imunogênicos, biode- secagem resulta em um sólido vítreo final com grau
gradáveis, esterilizáveis, capazes de resistir a cargas muito alto de mesoporosidade interligada (diâmetros
mecânicas, suficientemente porosos para permitir dos poros na faixa de 2-50 nm) e alta área superficial
migração e crescimento de células em seu interior e específica. Este vidro nanoporoso é uma matriz ex-
darem apoio a um novo sistema circulatório fractal celente para captar e adsorver citocinas e drogas, por
para promover a troca de constituintes metabólicos. exemplo. Conforme a matriz vítrea é absorvida, esses
compostos são liberados em forma ativada.
Adicionalmente, esses vidros bioativos se ligam
Materiais Biológicos quimicamente tanto com tecidos duros quanto
Materiais naturais tais como colágeno, osso liofi- moles e estimulam a neoformação óssea in vivo.
lizado (tanto alógeno quanto xenógeno) e coral tém Os vidros bioativos trocam íons com os fluidos cir-
sido usados como substratos de Engenharia Teci- cundantes segundos após sua imersão no corpo ou
dual. O colágeno tem sido testado extensivamente meio. De forma resumida, os processos na superfí-
como arcabouço para a regeneração óssea. Um dos cie do vidro são caracterizados por esta rápida troca
primeiros materiais usados para engenharia de de íons, seguida por dissolução da rede do vidro
tecido ósseo foi a matriz colágena insolúvel após e reprecipitação e crescimento de uma camada de
extração da matriz óssea com vários agentes quí- sílica gel na superfície, a qual por sua vez precipita
micos. Esta matriz colágena, com osso liofilizado, uma camada de apatita de carbonato deficiente em
formava novo osso endocondral quando usada in cálcio (apatita de carbonato de hidroxila, HCA)
vivo com fatores de crescimento. O coral, baseado sobre sua superfície. Esta camada se reorganiza e
em carbonato de cálcio, é incrivelmente similar à es- rapidamente resulta na formação de uma camada
trutura do osso alveolar. Muitos pacientes preferem de HCA cristalina na superfície do vidro. Conforme
substratos implantáveis não biológicos devido ao estas camadas estão se formando e crescendo para
alto potencial de transmissão viral, príon e doença fora da superfície, proteínas extracelulares ficam
a partir desses materiais biológicos. presas nas camadas em crescimento e causam sub-
sequentes reações celulares, incluindo inserção e
colonização, proliferação e diferenciação de células
Materiais Cerâmicos e Vítreos nas células progenitoras (Fig. 16-9).
Três décadas de pesquisa mostraram que certos A interação dos vidros bioativos com o tecido vi-
tipos de vidros, cerâmica vítrea e cerâmica pura po- vo, em particular formando fortes ligações químicas
dem se unir intimamente ao tecido ósseo vivo. A hi- com um tecido, é chamada biorreatividade ou bio-
droxiapatita (HA), o principal constituinte inorgânico atividade. Acredita-se que uma camada superficial
(cerâmico) do osso, foi um dos primeiros materiais de apatita ativa induzida biologicamente deve se
aloplásticos a serem usados como arcabouço para o formar na interface entre o material e o osso para
aumento ósseo. Materiais cerãnúcos e vitrocerâmicos criar uma ligação do material com o osso. Além
são geralmente biocompativeis e atuam adequada- disso, as espécies iônicas liberadas a partir de vi-
mente quando cargas biomecânicas são aplicadas. dros reativos estimulam pelo menos sete famílias
16. ENGENHARIA TECJDUAL 407
Enquanto os íons
deixam uma grade de
/
'J f
silicato, os íons de
Ca e P começam
a modelar no •esqueleto".
·~
1•
•
•
o Semanas
Tempo
FIGURA 16-9 As reações in vivo que ocorrem quando um vidro bioativo é implantado. Ca, Cálcio (verde); P, fósforo
(roxo).
de genes encontrados em células mesenquimais e modelados em uma malha ou outra forma desejada
osteoblastos. ou podem simplesmente ser extruidos para formar
fibras, as quais são usadas para preencher livremente
um molde anatomicamente projetado. O mesmo
Materiais Poliméricos material do qual o arcabouço foi projetado pode ser
Os polímeros são notadamente os materiais mais usado para encapsular os fatores de crescimento
comumente usados para arcabouços de Engenharia de modo a proporcionar um tempo de liberação da
Tecidual. Ácido polilático e ácido poliglicólico (e proteína conforme a cápsula se degrada. Polímeros
seus copolímeros), bem como a policaprolactona, liberam produtos ácidos e tóxicos ao se degradarem;
são exemplos comuns. Esses polímeros são metabo- isso cria inflamação em tomo do local implantado. Seu
lizados in vivo, e seus produtos de degradação ácidos tempo de sobrevivência no corpo é difícil de controlar
são removidos do corpo. Eles podem facilmente ser e eles se tomam rígidos conforme se degradam.
408 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
MÉTODOS DE CULTURA
CELULAR
As células podem ser cultivadas como uma mo-
nocamada (ou folha) em uma placa de crescimento
de poliestireno tratada para otimizar a inserção e a
proliferação celular. Cultivar células em arcabouços
tridimensionais para posterior implantação é mais
difícil. Arcabouços com espessura superior a 1 mm
frequentemente produzem uma camada externa de
células viáveis e nova matriz extracelular que envol-
vem um núcleo necrótico. Algum tipo de sistema de
biorreator de perfusão (Fig. 16-10) deve ser usado
para reproduzir o ambiente in vivo de transporte FIGURA 16-1 O Imagem do biorreator da National
de massa. Alternativamente, os tecidos podem ser Aeronautics and Space Administration -NASA (Cortesia
fabricados em região bem vascularizada, in vivo. de NASA/folmson Space Center, Hoi1ston, TX).
Isso permite um sistema circulatório se desenvolver
juntamente com as células.
Condições ideais de cultura para arcabouços TECIDOS DENTÁRIOS
de Engenharia Tecidual requerem alta eficiência ORIGINADOS DA ENGENHARIA
de semeadura para minimizar o tempo de cresci- TECIDUAL
mento e distribuição homogênea das células no
arcabouço, de modo a garantir um tecido uniforme Uma grande quantidade de pesquisas tem sido
e organizado. Cargas mecânicas podem melhorar a realizada para desenvolver métodos de regenerar a
organização se estas forem aplicadas às células em estrutura do dente e seus tecidos de suporte. O FDA
desenvolvimento conforme as células começam já aprovou dois produtos de pele viva obtida por
a serem envolvidas em sua matriz extracelular. Engenharia Tecidual e que estão comercialmente
Cargas fisiológicas são continuamente aplicadas a disponíveis. É provável que osso e cartilagem ob-
tecidos naturais durante seu desenvolvimento e uso; tidos por Engenharia Tecidual estejam disponíveis
assim, algumas cargas aplicadas in vivo começam a em pouco tempo.
preparar as células em uma matriz mais organizada Duas abordagens estão sendo usadas para fa-
e mais forte, o que por sua vez contribuem para bricar ligamento periodontal (LP). A primeira colhe
uma melhor função tecidual. células do LP existentes do paciente. As células são
cultivadas e expandidas in vitro (Fig. 16-11). Elas são,
T Célula do
ligamento pe riodontal
\"""~
Transplante Ligamento
periodontal
- - ) da placa celular
Placa sensível
---
à temperatura
l
Lençol de células do
ligamento periodontal
então, cultivadas como monocamada sem qualquer A segunda abordagem é um método de célula
substrato. Uma vez que a camada é contínua, com e arcabouço no qual as células são novamente co-
junções intercelulares firmes, o lençol de células lhidas do LP do paciente. As células são semeadas
é liberado da placa de cultura e colocado in situ em uma matriz polimérica tridimensional. Esta é
sobre a superfície do dente para reparar o defeito cultivada in vitro e implantada novamente no de-
periodontal. feito periodontal do paciente (Fig. 16-12).
B
A
Nova matriz produzida por células no arcabouço Defeito periodontal
(matriz de engenharia)
Bolsa
Perda da
inserção
e D
Defeito periodontal preenchido com matriz Defeito regenerado
obtida a partir de engenharia
Vedação
epitelial ---e----- Nova
inserção
epitefial
Novo
cemento
~_:-_-_.....-.1.-T~~----Novo LP
.,. ~ Novo osso
• • alveolar
E F
FIGURA 16-12 Abordagem mais prática para regeneração do tecido periodontal sendo desenvolvida. A, O arcabouço
de suporte é desenvolvido e moldado para a geometria desejada. B, Neste método, as células são novamente colhidas
do ligamento periodontal do paciente (LP) e semeadas num arcabouço, onde elas são expandidas itr vitro. C, As células
crescem por um tempo que permita a síntese de uma matriz apropriada para implantação. D, Um defeito periodontal é
apresentado. E, A matriz obtida a partir da Engenharia Tecidual é implantada no local do defeito, levando a uma resposta
regenerativa. F, Neste método, espera-se que o defeito periodontal totalmente regenerado seja idêntico aos outros locais na
boca do paciente (Modificado de Bartold PM., McCiúloch CA., Narayanan AS. e co/abrrradnres: Periodontologia. 24, 253, 2000).
410 CRAIG MATERIAIS DENTÁRIOS RESTAURADORES
Outro tecido oral alvo de diversas pesquisas é a de um germe dental. Esta construção de células
glândula salivar obtida por Engenharia Tecidual. A semeadas foi implantada no peritônio de um rato
técnica usa células da parótida humana cultivadas para fornecer a transferência de fluidos e nutrientes
in vitro para desenvolver um tecido funcional, se- durante seu crescimento e desenvolvimento. Uma
cretor de fluido e possível de ser implantado na mistura de tipos de células da raiz do dente migrou
cavidade bucal. para a região apropriada durante o crescimento e se
Finalmente, vários grupos de pesquisa anuncia- diferenciou para formar tecido da polpa, dentina e
ram em 2004 que haviam tido sucesso em cultivar esmalte nas relações anatômicas e proporções cor-
dentes primitivos usando métodos de Engenharia retas. Embora esses experimentos iniciais tenham
Tecidual. Eles criaram um arcabouço poroso na apenas produzido dentes com cerca de dois milíme-
forma de dente usando polímero biorreabsorví- tros de largura, eles mostraram que o conceito irá
vel e o semearam com células individuais tiradas funcionar para criar dentes inteiros.
PROBLEMAS SELECIONADOS
PROBLEMA 1 Solução
Um paciente completamente edêntulo deseja Os materiais são classificados como materiais bioló-
receber implantes dentários, mas não possui altura e gicos, materiais cerâmicos e vítreos e materiais poliméri-
largura óssea suficientes para sustentar os implantes. cos. Os materiais biológicos apresentam duas vantagens
Quais são os tipos de material de enxerto disponíveis distintas sobre os materiais sintéticos: (1) eles apresen-
atualmente para aumentar o volume ósseo? Discuta os tam geometria já evoluída para permitir a circulação dos
méritos e limitações de cada um para este paciente. nutrientes de todas as células com sua estrutura; e (2)
eles contêm células e proteínas nativas, as quais podem
Solução ser benéficas para a regeneração tecidual. Esta última
Atualmente, pode-se usar enxerto autógeno, en- vantagem também é uma deficiência. Considerando a
xerto alógeno, enxerto xenógeno ou aloplástico. O possibilidade de que esses arcabouços possam transmitir
enxerto autógeno é a fonte preferida, porque geral- um vírus indesejável ou mortal ao local implantado, um
mente grande número de células está presente e não substrato derivado de fonte não biológica é desejável.
há risco de rejeição imunológica. Porém, o suprimento Os materiais de cerâmica e vidro podem ser bioativos
limitado de osso, especialmente em um paciente des- e formar ligações químicas diretamente com os tecidos
dentado, somado aos custos adicionais e aos riscos e vivos. Eles também fornecem moderadas vantagens
desconfortos de um segundo sítio cirúrgico limitam mecânicas sobre as outras duas classes de arcabouços
a atratividade desta fonte. O enxerto alógeno tem as em situações onde estiver sujeito à carga compressiva.
vantagens de apresentar morfologia de osso normal Porém, eles geralmente apresentam porosidade limita-
e geralmente apresentar bom resultado cirúrgico. Po- da e não são facilmente degradados e reabsorvidos in
rém, o risco de transmissão de doença ou virai tem mvo. A classe final são os polímeros. Esses materiais são
tomado esta opção inaceitável para muitos pacientes. relativamente fáceis de fabricar em uma forma desejada,
O enxerto xenógeno tem vantagens similares ao alóge- podem ser projetados para degradar com algum grau
no, porém, com a possibilidade demonstrada de trans- de previsibilidade e podem servir como substrato de ad-
missão virai de espécies cruzadas, esta técnica também ministração para compostos terapêuticos encapsulados
tem sido vista com desconfiança pelos pacientes. A dentro de sua matriz. Entretanto, eles não são úteis em
opção final, o enxerto aloplástico, tem a vantagem situações onde estiverem sujeitos a cargas e geralmente
de apresentar suprimento ilimitado. Ela, porém, não causam inflamação durante sua degradação. Como tal,
fornece geometria adequada para o crescimento e nenhum tipo de material de arcabouço é adequado para
reabsorção celular. todas as aplicações.
PROBLEMA 2 PROBLEMA 3
Liste e discuta as classes de biornateriais usados O uso de células-tronco é um tópico de grande
como arcabouços em Engenharia Tecidual. controvérsia na imprensa popular. Quais estratégias
16. ENGENHARIA TECJDUAL 411
de Engenharia Tecidual fazem uso dessas células e por porque elas são capazes de migrar dentro do corpo,
que essas células, em particular, são desejadas? passam por autorreplicação e não são terminalmen-
te diferenciadas. As células-tronco não estão com-
Solução prometidas em se tomarem um determinado tipo
O método de injeção da célula e o método de de célula; portanto, elas e sua progenitura podem
rultivá-las dentro de uma matriz de arcabouço usam formar qualquer tipo de tecido que seja necessário
este tipo de célula. As células-tronco são importantes no corpo.
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APÊNDICE
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COMPRIMENTOS
PESOS
415
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418 AP~DICE A CONVERSÃO DE UNIDADES
10"9 Nano n
10-12 Pico p
1()-15 Femto f
1()-18 Atto a
/
lndice
Referências das páginas seguidas por "f" indicam figura, por "q" indicam quadro e por "t" indicam tabela.
4 19
420 ÍNDICE
Ligas de níquel-cromo, 252 LP. Ver Ligamento periodontal Materiais de moldagem, 324-325
próteses parciais removíveis, Luvas de látex, impressões em comparado a materiais de
247-253 silicone de adição e, 315 moldagem, 325
Ligas de ouro, 75 Luz composição, 305-306
propriedades físicas e interações com sólido, 64f flexíveis, 302
mecânicas, 234t reflectividade, 64-66 modelos em gesso pedra,
Ligas de ouro-paládio (Ligas molhabilidade/
Au-Pd), 245 M reprodução de detalhes
Ligas de ouro-platina-paládio Maleabilidade (de material de, 58t
(Ligas Au-Pt-Pd), 243-245, 243f dentário), 44-45 materiais de impressão em
Ligas de ouro-prata-paládio Mapeamento da nanoindentação, comparação com, 325
(Ligas Au-Pd-Ag), 245 do esmalte, 9f proporção e mistura, 306-307
Ligas de ouro, quilate e pureza, Máquina de testes universal, 39, propósito, 302-303
234, 234t 39f qualidades desejáveis, 303-304,
Ligas de prata-estanho, 221-222 Marcas de desgaste por broca, 324
Ligas em forma de aparas, 221 10-11, llf química, 305-306
Ligas fotjadas, 256-258 Materiais à base de dissilicato de tipos de, 304
composição, 257-258, 257t lítio, 285 Materiais de registro
microestrutura de, 257 Materiais biológicos. Ver elastoméricos, 323, 324t
propriedades, 258, 258t Biomateriais Materiais de registro oclusal, 323
Ligas fotjadas em aço inoxidável, Materiais de cerâmica pura em propriedades usadas, 324t
258-259 slip cnst, 285-286 Materiais de replicação,
composição, 258-259 Materiais de cerâmica pura impressão e fundição, 301
Ligas fotjadas em metal base, 246b injetados a quente, 284-285 problemas selecionados, 344
Ligas misturadas, 219-220, 221f Materiais de cerâmica pura Materiais de vidro, tecido ósseo
amálgama com alto teor de sinterizados, 283-284 vivo, 406-407
cobre, reação do mercúrio, Materiais de cerâmica pura Materiais dentários (restauração)
222-224 usinados, 286-287 água em, ângulos de contato
Ligas nobres de fundição dentária usinagem pós-sintetização, de, 58, 58t
composições, 231 t 286-287 andorinha, 76
endurecimento de, 238-239 usinagem pré-sinterização e calor de fusão, 69t
estrutura de fase de, 238 sinterização, 287 calor específico, 70t
formulação de, 239-240 Materiais de duplicação, 302-303 condutividade térmica, 68-70,
propriedades físicas e Materiais de fundição, 129-130, 69t
mecânicas, 240t 136,230-245,324-325 descoloração, 76
Ligas para fundição alongamento, 242 desgaste, 54, 54f, 100-101
Co-Cr, 253 biocompatibilidade, 242-243 ductilidade e maleabilidade,
próteses parciais removíveis, densidade, 241 44-45
247-253 dureza, 242 dureza, 52-53
ligas de cobalto-cromo, 253 elementos em, 233t função a longo prazo de, 78
materiais de replicação, 301 problemas, 77 módulo de elasticidade, 44t
ouro puro, propriedades físicas propriedades mecânicas de, propriedades elétricas, 71-76
e mecânicas, 234t especificação ANSI/ ADA, propriedades mecânicas de
resistência, 241 231t superfície, 52-54
titânio, 255-256 propriedades, 240-243 propriedades mecânicas
microestruturas de, 255-256 qualidades desejáveis, 324 dinâmicas, 51-52
união de, 361-362 tipos e composição, 230-232 propriedades ópticas, 59-66
Ligas para fundição de metais Materiais de impressão de propriedades, 76
básicos poliéter, 315, 315f resiliência, 45
aplicações, 246b, 253 composição e reações, 313-315 resistência à fratura de, 45-47,
microestrutura, 247, 249 Materiais de impressão pesados 47t
Ligas para fundição dentárias. Ver de hidrocoloide de ágar, resistência de, 45
Ligas para fundição propriedades de, 307t saliva, ângulos de contato
Limites elásticos, 40-42 Materiais de modelagem, 324-325 na, 58
Limites proporcionais, 40-42 Materiais de modelo epóxicos, 325 temperaturas de transição,
Líquidos, tensão superficial, Materiais de modelo 67-68
56-58, 57f-58f fotoativados, 324 teste de, 89
ÍNDICE 427
Materiais dentários Metais, 146Ver também Metais Módulo de Young. Ver Módulo
intermediários, 159 específicos elástico
problemas selecionados, 170 calor de fusão, 69t Módulo dinâmico (En), 51-52
Materiais dentários preventivos, células unitárias da estrutura Módulo elástico (Módulo de
159 cristalina, 148f elasticidade; módulo de
problemas selecionados, 170 estrutura atômica, 147, 147f Young), 43-44, 226
Materiais dentários restauradores, estrutura química e atômica, de materiais dentários, 44t
18-22 146-149 ligas de metais básicos, 251
ciclo do planejamento, 28-29, materiais restauradores, 217 Módulo elástico dinâmico (E'), 102
28f propriedades de corrosão, 148 Molde de gesso, viscosidade,
construção de, 33-34 propriedades físicas, 147-149 332-333
planejamento do produto, tensão de superfície de, 59t Moldeiras, 302-303, 303f, 324
evidência usada em, 29 Metais nobres, 232-235 Molécula de HEMA, 369
princípios do planejamento, 27 classes de, 232 Molhabilidade
requisitos para, 192t combinações binárias, 236-240 ângulo de contato e, 355, 355f
Materiais friáveis Metaloides, 146-147 materiais de moldagem, 58t
fractografia, 95, 95f Metamerismo, 62, 63f Molhamento, tensão de superfície
propriedades em tração de, 48 Metilmetacrilato, 151f e, 56-58
tensão de tração em, 92f Método brasileiro. Ver Teste de Momento torsional fixo abaixo do
Materiais poliméricos, arcabouços tração por compressão limite proporcional, fios de
para engenharia tecidual, diametral liga, 261f
407 Método da cisalhamento, 92-93 Monômero de silorano de baixa
Materiais reabsorvíveis, 138 Método de difusão em ágar, 120, contração, 178
Materiais resinosos, 129 120f Monômeros de metacrilato de
Materiais restauradores, 175 Método de elemento finito (FEM), baixa contração, 178
amálgama, problemas 109, 109f Monômeros, 149, 362
selecionados, 261-262 Método de injeção de células efeitos citotóxicos, 371
cerâmicos, 275 engenharia tecidual, 401-402, 402f estrutura de, 180f
especificações para, 113 terapia gênica, 404 metacrilato, 178
hipotéticos, curvas de Método de teste com barreira do Montagem do teste de contração,
tensão-deformação para, disco de dentina, 120f 107f
44f Método do disco aderido, 106-107 MTA. Ver Agregado de trióxido
metais, 217 Método superficial de Rockwell, 99 mineral
propriedades mecânicas de, Método visual, cor, 70
36-77 Métodos de biofabricação, 3 N
tecidos moles orais e, 134-137 Métodos de bioimpressão, 3 Nanoagregado, 181, 182f-183f
Materiais superelásticos, 40-41 Microinfiltração, 126-127, 140, Nanocompósito, 180-184, 183f
Materiais viscoelásticos, 49-50 227-228, 228f Nanoinfiltração, 127
Material aglutinante, Microrachaduras, 154 Nanoionômero, 202
revestimentos para fundição, Mineral (de tecidos calcificados), 8 Nanômeros, 183f
336 Mistura de cera de carnaúba, Nanopartículas, 180-184
Material refratário, 336 67-68, 67f Nanotecnologia, 3
Matriz resinosa, 178 Mistura de parafina, termogramas Necrose focal, 133
Matrizes carreadoras de células, de, 67-68, 67f Ne\vtons, 148-149
engenharia tecidual, 404, Mistura mecânica dinâmica, 311 Ni. Ver Níquel
404f Modelo, 302-303 Níquel (Ni), 236
Matrizes ósseas, 400f Modelo atômico, após
Mecanismo de presa deformação plástica, 4 lf o
produtos de gesso, 328-329 Modelo em gesso pedra, 303f Odontologia baseada em
teoria de, 328-329 Modelos em gesso pedra de alta evidências, 29-31, 29f
Medicamentos resistência, 325 evidência no paciente, 29
imunossupressores, tecido fotoeletromicrografia de integração em, 32f
enxertado e, 404 varredura, 308f plano, 31-33
Mercúrio, 229 Modelos epóxicos, 325 Odontologia restauradora,
em mistura, 225, 226t Módulo de armazenamento, 51 escopo da, 2
reação, 222-224 Módulo de elasticidade. Ver Opacidade, 63
liga decomposicional, 224 Módulo elástico Opalescência, 63, 64f
428 ÍNDICE
Próteses parciais removíveis, 250t Relação água/pó, 340 Resposta viscosa, 48-51, 49f
composição, 247-247, 248t resistência à compressão e, 333t Restaurações à base de zircônia,
elementos principais, 247 tempo de presa e, 331, 331t impressões digitais e,
especificação ANSI/ ADA, 247 Relação de contraste, 66 379-381
ligas para fundição de Relação de Poisson, 44 Restaurações cervicais,
cobalto-cromo, 247-253 Relação sílica/ligante, 340 problemas, 25
ligas para fundição de Reologia, 102 Restaurações dentárias
níquel-cromo, 247-253 Resiliência acabamento de superfície, 62
propriedades mecânicas, 250 curvas de tensão-deformação, 45f capacidade de mascaramento,
Próteses totais materiais dentários, 45 64f, 66
adesivos, respostas dos tecidos Resiliência dinâmica, 52 espessura de superfície, 62
moles a, 137 Resina de metacrilato, contração de imaginologia digital e
biofilme e, 21 polimerização de, 188, 188f processamento de, 377
materiais de base, reações Resistência à abrasão, materiais propriedades físicas de,
imunes de de gesso, 333-334 sumário de, 77-78
hipersensibilidade, 137 Resistência à compressão, 90, 226t propriedades mecânicas,
Prototipagem, 33-34 de gesso pedra, 336t problema, 78-79
Pseudoplasticidade, em ligas de amálgama, 225-226 propriedades térmicas, 66-71
poliéteres, 317f materiais dentários recolocação de, 21-22
Pseudoplástico, 79 selecionados, 90, 90t resistência ao escoamento, 42
Pt. Ver Platina produtos de gesso, 332-333 resistência de, problema, 78
Pureza,234 razão água/pó e, 333t Restaurações metalocerâmicas,
Resistência à compressão final 276, 287-289
Q (RCF), 42 cerâmicas para, 291-292
Qualidade da evidência, 29-31, 30t Resistência à deformação plástica, efeito do planejamento sobre, 294
Quilate, 234 42, 250-251 falha e reparo, 294
Resistência à fadiga, 93-95 ligas de metais nobres, 243-245
R Resistência à fratura, 42-43, 95 metais básicos, faixas de
R. Ver Energia de rasgamento curvas de tensão-deformação, 45f composição para, 252t
Rachaduras (trincas) ligas, 42-43 reparo, 363
anáJi~e, 110 materiais dentários, 45-47, 47t faixas de composição e cor,
em esmalte, 19f Resistência à tração final (RTF), 42 244t
em ligas de amálgama, 225f Resistência à tração, 226, 226t propriedades e temperaturas
formação, cisalhamento ligas de metais básicos, 251 de fundição, 244t
plástico, 150f materiais dentários Restaurações MOO de amálgama
superfície, 154 selecionados, 93t adesivo, 230
Radiopacidade Resistência ao cisalhamento, 92-93 Restaurações suportadas por
agentes de cimentação, 364 Resistência ao rasgamento, 96 implante, distribuição da
restauração em compósito, 195 materiais dentários tensão, 38f
RCF. Ver Resistência à compressão selecionados, 97t Restaurações, forças sobre, 36-37
final material de moldagem de Retardador, 306
Reação óssea, materiais de alginato, 309f Retenção, 354
implante, 137-138 molde de silicone de adição Revestimento. Ver també1n
Reação tecidual elastomérico, 320 Revestimentos agregados
a biomateriais, 117 Resistência de união interfacial, 105 por sulfato de cálcio;
materiais dentários Resistência de união sob Revestimentos para fundição
restauradores, 3 cisalhamento, cimentos idade do, 340
Reações imunes de resinosos, 372 resfriamento do, 339
hipersensibilidade, 137 Resistência diametral tensional, 92 Revestimento aglutinado por
Recristalização, 257 Resistência flexural, 91-92, 226 sílica, 342-343
Recuperação elástica, 308, 318, 319t materiais dentários Revestimento para fundição de
Refratários de dióxido de silicone, selecionados, 91 t ouro higroscópico-térmica, 340
efeitos da temperatura sobre, Resistência química, elementos de expansão térmica de, 341f
337-339 liga e, 259 presa e expansão higroscópica,
Regeneração Tecidual Guiada Resistência, 45 341f
(RTG), 402, 402f Resistividade elétrica, 71-72 Revestimento para fundição
Região elástica, 40-41 Resposta imune, 138 higroscópica, 340-344
430 ÍNDICE