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ANAIS DA X MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA – NOV.

/ 2016
ISSN – 2317-5915

Psicodiagnóstico infantil: um estudo de caso


Daiane Rocha de Oliveira¹
Daniela Pereira Ribeiro²

Resumo: O presente artigo tem por objetivo apresentar e descrever os resultados de um estudo de
caso realizado a partir de um psicodiagnóstico clínico infantil, em contexto de uma clínica-
escola, localizada em uma instituição de Ensino Superior da região metropolitana de Porto
Alegre – RS. Para alcance dos objetivos, foram realizadas 10 sessões, sendo a primeira e a última,
respectivamente, apenas com a responsável pela criança, a fim de uma anamnese e uma devolução
quanto aos resultados obtidos no processo. Como instrumentos, foram utilizados: a Escala do
TDAH, a Escala Wechsler (WISC-IV), a Escala do Stress Infantil (ESI), o Wisconsin e o HTP,
além da anamnese realizada com a mãe, observações e uma entrevista com a atual professora. Ao
longo das sessões, através de observações comportamentais da criança e do conhecimento prévio
sobre a perspectiva da mãe e da professora, foi possível construir um entendimento fundamentado
junto aos testes aplicados, compreendendo o quanto o comportamento atual da criança vem
prejudicando em seu desenvolvimento esperado, principalmente em relação ao contexto escolar e
de aprendizagem. Os resultados alcançados sugeriram uma hipótese diagnóstica de Transtorno do
Déficit de Atenção/Hiperatividade – Tipo Combinado, concomitante ao Transtorno Específico da
Aprendizagem. Concluiu-se que o processo psicodiagnóstico é de extrema importância, visto a
possibilidade que este indivíduo tem de melhora a partir da compreensão frente ao problema que
lhe causa prejuízo. Além disso, foi de extrema valia quanto ao enriquecimento profissional da
estagiária quanto à prática, visto a possibilidade de poder desempenhar o processo de forma
supervisionada. Após o término das sessões, como devolução e encaminhamento foi feito o
esclarecimento quanto as possíveis intervenções necessárias, sendo estas: a psicoterapia individual,
o reforço escolar e o reforço comportamental dos pais e responsáveis.

Palavras-chave: Psicodiagnóstico infantil; Clínica-escola; Estudo de caso.

Abstract: This article aims to present and describe the case study results performed from a child
clinical psychological diagnosis in the context of a clinical school, located in a higher education
institution in the metropolitan region of Porto Alegre - RS. To achieve the goals, it was held 10
sessions, the first and the last, respectively, with only responsible for the child to a medical history
and a return on the results obtained in the process. The instruments were used: the ADHD Scale,
the Wechsler Intelligence Scale (WISC-IV), the Child Stress Scale (ESI), the Wisconsin and HTP
in addition to the interview held with her mother, observations and an interview with the current
teacher. Throughout the sessions, through behavioral observations of the child and previous
knowledge about the prospect of mother and teacher, it was possible to build a reasoned
understanding with the tests applied, including how the child's current behavior is damaging in its
expected development, especially regarding the school environment and learning. The results
obtained suggested a diagnosis of Attention Deficit Disorder / Hyperactivity Disorder - Combined
Type, concomitant with Specific Learning Disorder. It was concluded that the psychological
assessment process is of utmost importance, since the possibility that this individual has to improve

¹Acadêmica de Psicologia (CESUCA), Cachoeirinha, RS, Brasil. E-mail: daianero88@hotmail.com


²Mestre em Psicologia, Docente na instituição (CESUCA), Cachoeirinha, RS, Brasil. E-mail: danielaribeiro@cesuca.edu.br.

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from the understanding with the problem which causes him damage. Moreover, it was extremely
valuable as the professional development of the trainee about the practice, as the possibility to play
in a supervised manner process. After the end of the sessions, such as return and referral was made
to clarify as possible necessary interventions, these being: individual psychotherapy, school
reinforcement and behavioral reinforcement from parents and carers.

Keywords: Psychodiagnostic child; Clinic-school; Case study.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, dentro do contexto clínico-psicológico, é possível perceber uma


crescente na procura de atendimentos, principalmente em relação ao público infantil,
apresentando encaminhamentos feitos principalmente pela escola e por pais, que de
maneira geral, não sabem o que fazer para auxiliar esses indivíduos frente a problemas de
aprendizagem, comportamentais, etc. (CUNHA e BENETTI, 2009). Com base na
importância e entendimento frente à necessidade de intervenção dessa demanda, este
presente estudo tem por objetivo descrever um Psicodiagnóstico Clínico, uma das práticas
do Estágio Profissional realizado em uma clínica-escola vinculada ao curso de Psicologia,
localizada em uma instituição de Ensino Superior da região metropolitana de Porto Alegre
– RS. Este processo ocorreu sob orientação de um psicólogo, supervisor local, além de
acompanhado através de supervisões semanais com a professora da disciplina de Estágio
Profissional.

Este artigo tem como principal objetivo apresentar e descrever a experiência direta
com a realidade dos atendimentos nas sessões do Psicodiagnóstico, focando no contato
junto ao paciente, além disso, demonstrar as percepções frente a experiência vivenciada
durante o processo, à aplicação e correção dos testes utilizados. Entende-se que ao entrar
em contato com a prática, o aluno, através do seu relato, compartilha com o supervisor sua
vivência e este tem o papel fundamental de orientar e modelar este aluno, conforme seu
aprendizado teórico (BITONDI e SETEM, 2007).

O Psicodiagnóstico tem um importante papel de orientar e informar o paciente e seu


responsável, quanto ao diagnóstico clínico ao qual o mesmo está enfrentando no momento,
além disso, de elucidar ao próprio terapeuta um possível encaminhamento para a
continuidade do atendimento deste indivíduo, voltado diretamente na resolução do seu
problema (CUNHA, 2000). Outro ponto que cabe como justificativa e importância quanto
à aplicação do processo Psicodiagnóstico, refere-se ao fato de ser uma atividade que
permite ao estudante desenvolver suas habilidades técnicas e interpessoais, explorando
suas competências, priorizando sempre a ética e a responsabilidade frente ao indivíduo que
nos solicita, em prol da prevenção e promoção da sua qualidade de vida.

Para alcance dos objetivos propostos no processo Psicodiagnóstico, foram


utilizados: uma anamnese com a mãe e responsável pela criança, observações
comportamentais realizadas nas sessões com a criança, uma entrevista com a professora,

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buscando a sua compreensão e percepção frente ao comportamento da criança e alguns


instrumentos padronizados como: a Escala do TDAH, a Escala Wechsler (WISC-IV), a
Escala do Stress Infantil (ESI), o Wisconsin e o HTP.

A seguir, uma revisão de literatura sobre tema relacionado, o processo


Psicodiagnóstico. Além disso, trazendo aspectos e características com um viés teórico
específico, a Teoria Cognitivo-Comportamental (TCC), este sendo o embasamento teórico-
prático utilizado pela autora para o desenvolvimento do processo em si e de sua
compreensão frente à demanda solicitada.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Psicodiagnóstico

O Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica, feita com objetivos clínicos, um


processo que visa identificar as forças e as fraquezas dos indivíduos envolvidos, podendo
haver um foco voltado ou não à psicopatologia, assim como utilizando em seu processo
uma gama de instrumentos clínicos para alcance dos seus objetivos, sendo estes:
entrevistas, testes, documentos, observações, etc (CUNHA, 2000).

A origem do Psicodiagnóstico é baseada na Psicologia Clínica, sendo introduzida


no final do século XX. Com o passar dos anos o Psicodiagnóstico ganha forças devido a
sua tradição psicométrica, esta iniciada com Binet, Galton e Cattell, intitulados como os
pais do Psicodiagnóstico (MADER, 1996).

Como descrito anteriormente, o Psicodiagnóstico é um tipo de avaliação


psicológica, um processo científico, limitado no tempo, que com o suporte de um
referencial teórico visa alcançar os objetivos específicos àquela situação. Necessita de
hipóteses a serem confirmadas ou refutadas, visto que através delas o profissional terá um
guia para o desenvolvimento da sua investigação diagnóstica (CUNHA, 2000).

Por se tratar de um processo, o Psicodiagnóstico segue um plano de avaliação,


iniciando pela anamnese ou entrevistas iniciais, passando para o levantamento de algumas
hipóteses com base principalmente nas sessões inicias, em seguida o profissional
selecionando uma bateria de testes relacionados ao entendimento da demanda visualizada
já nas primeiras sessões. Por se tratar de uma avaliação psicológica voltada a área clínica,
esta deve contar com o suporte de testes com boas características psicométricas e/ou
técnicas projetivas, que em sua maioria usa a exploração dos aspectos dinâmicos da
personalidade, dando maior ênfase na interpretação qualitativa dos resultados (CUNHA,
2000). O diagnóstico psicológico facilita o diálogo entre profissionais e o aprimoramento
de pesquisas frente às psicopatologias encontradas (SOUZA e CÂNDIDO, 2010).

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2.2 O Viés Cognitivo-Comportamental

Na perspectiva clínica, especificamente com base na teoria cognitivo-


comportamental (TCC), a avaliação proporciona uma estrutura de entendimento ao
paciente, através de formulações de hipóteses que nortearão o processo psicodiagnóstico e
o possível tratamento posterior à avaliação (BECK, 2013). Além dos testes, o psicólogo
cognitivo-comportamental costuma utilizar instrumentos de registro e medidas, como
escalas e inventários, para auxiliar na compreensão do caso (KNAPP, 2004).

Com base no modelo cognitivo, compreendendo que as emoções, comportamentos


e reações emocionais ou fisiológicas são influenciados conforme as percepções que temos
de cada evento, mais especificamente pelos pensamentos disfuncionais (BECK, 2013), faz-
se um entendimento, uma formulação cognitivo-comportamental deste indivíduo. Desta
maneira, seguindo este viés para a compreensão e observação comportamental da criança,
assim como para a análise e conclusão dos resultados obtidos no processo
Psicodiagnóstico.

3 METODOLOGIA

3.1 Participante

A criança avaliada é do sexo masculino, encaminhado para uma avaliação


psicológica por uma escola da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. O critério de
escolha para o atendimento foi à necessidade de um Psicodiagnóstico, visto o motivo de
seu encaminhamento, uma suspeita de um diagnóstico de Transtorno do Déficit de
Atenção/Hiperatividade e de sua dificuldade de aprendizagem.

Foi trazido ao atendimento pela mãe, por indicação da antiga escola onde a criança
estudava no ano anterior ao atendimento. Na época, a queixa para o encaminhamento
referia-se a problemas comportamentais e de baixo desempenho escolar. Conforme um
documento encaminhado pela orientação da escola, a criança apresentava dificuldade de
atenção, impulsividade e agitação psicomotora elevada, sendo esta a queixa confirmada
pela escola atual, enfatizando o quanto essas dificuldades vêm prejudicando a
aprendizagem escolar. A mãe enfatiza que em casa, nos últimos tempos, vem precisando
de muito estímulo para iniciar algumas atividades rotineiras, além disso, a agitação vem
aumentando.

3.2 Histórico da criança

Gravidez normal com parto realizado através de cesariana, já que a mãe não

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conseguiu indução para o parto normal. A gravidez não foi planejada, sendo aceita aos
poucos pelos familiares. Durante a gravidez os pais do avaliando se separaram, voltando ao
relacionamento próximo a data do parto. Conforme descrição da mãe, o filho foi um bebê
tranquilo, que não chorava muito, exceto quando tinha alguma doença ou dor, como
exemplo a bronquiolite, o que lhe deixou alguns dias nos hospital. Amamentou até os seis
meses, gatinhou e começou a andar em torno dos onze meses de idade e começou a falar
com quinze meses. Seu desfralde aconteceu com vinte e oito meses, sendo feito aos
poucos. Era uma criança aparentemente calma, mas gostava de mexer bastante nas coisas a
sua volta. Entrou na creche com aproximadamente oito meses, sempre se demonstrando
tranquilo, chorando apenas na hora de deixar a mãe, mas se acalmando aos poucos com o
passar do tempo. Desde bebê, foi descrito como carinhoso com os familiares e professores,
em especial com a avó, com quem o mesmo acaba passando a maior parte do dia desde que
nasceu. Atualmente, toma banho e veste-se sozinho, porém nos últimos tempos precisa de
estímulo para iniciar essas atividades. A mãe relata que nos últimos tempos a agitação vem
aumentando, fato que é percebido pelo grande interesse que o mesmo tem de ficar
brincando e correndo na pracinha do seu condomínio. Além disso, parece que nos últimos
meses o interesse para as tarefas de aula e de casa vem diminuindo, aumentando os
comportamentos opositores quanto às ordens da mãe e da avó. A rotina familiar da criança
está principalmente relacionada com a avó e a mãe, sendo que os pais se separaram quando
o avaliando tinha dois anos. Conforme informações repassadas pela mãe, o filho sente
muita falta do pai e gostaria que este ainda morasse na mesma casa que eles. Atualmente
não vê o pai com frequência, acontecendo as visitas apenas quando o pai vai até a sua casa
buscá-lo para sair. Cabe salientar que no histórico familiar existe uma queixa semelhante,
relacionado à dificuldade de alfabetização e atenção por parte do próprio pai do avaliando,
porém, este nunca teve qualquer diagnóstico confirmado, mas sabe-se que fez uso de
Ritalina enquanto criança.

3.3 Instrumentos

Entrevista Diagnóstica e Anamnese

Inicialmente, partindo da importância e compreensão sobre a entrevista clínica,


entende-se que a mesma é uma técnica de investigação que se utiliza de conhecimentos
psicológicos na relação profissional-paciente, com objetivo de identificar aspectos pessoais
do indivíduo, relacionais ou sistêmicos, dependendo do seu foco de interesse. Dentro da
entrevista clínica, existem diferentes tipos de entrevistas possíveis a serem realizadas, estas
sendo diferenciadas quanto ao seu objetivo e estrutura (TAVARES, 2000). Para este
processo, foi realizada a entrevista diagnóstica, visando através da entrevista em si e da
própria relação terapêutica, estabelecer o diagnóstico e prognóstico do paciente em
questão, assim como possibilitando um encaminhamento mais específico frente à demanda
identificada. As entrevistas realizadas foram não estruturadas, visando à coleta de dados
com base nas dúvidas e direcionamentos do próprio entrevistador, entendendo a
necessidade de explorar as questões que se considerarem mais importantes, adaptando no
momento da própria entrevista (TAVARES, 2000).

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Pensando em um atendimento voltado à criança, para entrevista com os pais foi


utilizada uma anamnese, com objetivo de coletar informações sobre o desenvolvimento da
criança, assim como sobre a estrutura familiar do indivíduo. Cabe salientar que a anamnese
é um tipo de entrevista voltado ao entendimento do indivíduo desde o seu nascimento até o
período atual que está sendo avaliado (TAVARES, 2000).

Hora do Jogo e Brincadeiras Livres

Sabendo da necessidade de criarmos um vínculo com o paciente ao qual estamos


em atendimento, indiferentemente da idade, é necessário adaptarmos estratégias para o
desenvolvimento do processo Psicodiagnóstico. Ao voltarmos nossa atenção as crianças,
sabemos que as técnicas utilizadas para o atendimento, assim como a própria forma de
comunicação deve ser adaptado a sua realidade. Na terapia ou atendimento psicológico
com crianças, é comum e indicada a utilização do brinquedo, a fim de acessar as suas
formas de pensar, uma maneira vista pela perspectiva da teoria cognitivo-comportamental
como um método de acesso ao mundo da criança, com a possibilidade de entender e
modificar suas cognições, emoções e comportamentos em relação ao problema em questão
(HADLER e PERGHER, 2011).

WISC-IV

A Escala Wechsler de Inteligência para Crianças – 4° Edição (WISC-IV), tem


objetivo de avaliar a inteligência como um aspecto global, compreendendo-a como um
constructo complexo que justifica as diferenças individuais em termo de funcionamento
intelectual de cada indivíduo (CUNHA, 2000). É um instrumento clínico de aplicação
individual, composto por 15 subtestes dispostos em 4 índices de interpretação:
Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Memória Organizacional e Velocidade de
processamento. A soma dos índices é equivalente ao escore de QI total da criança. O
instrumento é adaptado para a faixa etária de 6 anos e 0 meses a 16 anos e 11 meses.

Wisconsin

O Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST) é um instrumento de


avaliação neuropsicológica, com intuito de verificar a flexibilidade cognitiva e a tomada de
decisão dos participantes. O teste é constituído de 128 cartas-respostas e 4 cartas-estímulo.
Como forma de avaliação é solicitado que o participante associe as cartas-respostas às
cartas-estimulo, seguindo assim o feedback do avaliador, indicando quando o participante
deve mudar a forma de associação (CUNHA, TRENTINI, ARGIMON, OLIVEIRA,
WERLANG e PRIEB, 2005).

Escala do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade

É uma escala aplicada junto ao professor do avaliado, com objetivo de verificar a


presença e intensidade dos sintomas característicos ao TDAH em crianças. A partir de uma
escala likert o professor deve avaliar o quanto seu aluno se encaixa com as afirmativas em

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questão, assim fornecendo informações sobre a atenção, a impulsividade, o comportamento


antissocial e a dificuldade em aprendizagem do indivíduo (BENCZIK, 2000).

HTP

O HTP (House, Tree end Person) é um instrumento projetivo, de aplicação simples


onde é solicitado ao indivíduo que desenhe uma casa, uma árvore e uma pessoa,
respectivamente. Para a interpretação desses desenhos, é usada a interpretação qualitativa,
buscando o entendimento dos símbolos frente às três figuras desenhadas. Entende-se que
em casos de avaliações com crianças, estas tenham a tendência de projetar suas relações
familiares. Outro ponto de destaque frente à interpretação do HTP refere-se a sua
sensibilidade na avaliação de comprometimento em situações mais regressivas (FREITAS
& CUNHA, 2000).

3.4 Procedimento de Psicodiagnóstico

Detalhamento das sessões

O processo Psicodiagnóstico foi realizado em uma Clínica de Saúde Mental,


serviço-escola de um município da região metropolitana de Porto Alegre/RS, ocorrendo em
10 sessões. Cabe salientar que anterior ao início do processo, o paciente e a sua
responsável foram orientados com relação às questões contratuais, principalmente em
relação aos aspectos éticos, respeitando o assentimento da criança e a assinatura do Termo
de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) por parte do seu responsável.

Na primeira sessão, foi aplicada a anamnese com a mãe e responsável pelo


paciente. Neste encontro foi possível compreender melhor a queixa inicial, a percepção da
mãe frente ao comportamento da criança e principalmente conhecer aspectos do
desenvolvimento relacionados à demanda trazida para o processo Psicodiagnóstico.

Na segunda sessão, houve o primeiro momento somente com a criança. Nesta


sessão foi possível identificar aspectos comportamentais da criança, observar o seu brincar
e a forma de interação com própria terapeuta. Além disso, iniciar um vínculo com a
criança, aspecto fundamental para um processo efetivo.

Na terceira sessão, houve o início da aplicação dos testes. Neste encontro foram
aplicadas as seguintes tarefas do WISC-IV: Semelhanças, Dígitos e Conceitos Figurativos.
Ao final do encontro, finalizamos com a Hora do Jogo.

Na quarta sessão, houve a continuação das tarefas do WISC-IV: Cubos,


Vocabulário, Sequência de Números e Letras, Raciocínio Matricial, Compreensão e
Cancelamento. Finalizando o encontro com a Hora do Jogo.

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Na quinta sessão, houve o término das tarefas do WISC-IV: Códigos, Procurar


Símbolos, Completar Figuras, Informação e Aritmética. Como de costume, finalizando o
encontro com a Hora do Jogo.

Na sexta sessão, houve a aplicação do Wisconsin e a Escala TDAH. Além do


atendimento com a criança, neste mesmo dia houve a entrevista com a professora da
criança, havendo assim a aplicação da Escala TDAH.

Na sétima sessão, houve um encontro somente de Hora do Jogo Diagnóstica,


possibilitando um maior tempo para criança poder expressar seu comportamento em
sessão. Desta maneira, sendo possível compreender e perceber aspectos relacionados à sua
demanda.

Na oitava sessão, houve a aplicação do HTP. Neste encontro, através de uma


técnica de desenho, a criança pôde mais livremente expressar alguns de seus pensamentos
e sentimentos.

Na nona sessão, houve a aplicação da ESI. Sendo o último encontro com a criança,
fazendo um desfecho e uma explicação frente ao que estaria ocorrendo nas próximas
semanas, como à devolução para a criança sobre o tempo que passamos juntos.

Na décima sessão, houve a devolução para a mãe e responsável pela criança. Após
a finalização do processo e a compreensão teórico-prática do Psicodiagnóstico, foi efetuada
a formulação de um Laudo Psicológico, documento este que direcionou o encaminhamento
e as intervenções necessárias à criança.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

É importante salientar que o processo de avaliação psicológica em um contexto


clínico o objetivo inicial é apontar um perfil de potencialidades e fraquezas, não somente a
realização de um diagnóstico em si (CUNHA, 2000). Logo, serão apresentados os
principais resultados avaliados no processo realizado com a criança.

Diante do processo realizado, pôde-se verificar que é uma criança muito carinhosa
e atenciosa. Mesmo com dificuldades claras para desenvolver e terminar tarefas, não
desistiu em momento algum, mesmo daquelas que aparentemente lhe causavam maior
ansiedade, demonstrando persistência e obediência quanto às instruções passadas. Foi
possível perceber que as tarefas e atividades estruturadas lhe causavam maior agitação e
incômodo, visto que em vários momentos o mesmo agitava-se na cadeira e expunha ainda
em questionamentos a importância de certo ou errado e o sentimento de vergonha quanto
ao seu desempenho. Foi possível ainda, identificar a dificuldade que a criança tem de
manter o foco nas atividades estruturadas, como testes e escalas, porém não se repetindo

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em situações de brincadeiras livres, escolhidas pela terapeuta ou por ele próprio, fato que
indica uma dificuldade de atenção em algumas situações que lhe causam maior ansiedade,
no caso, situações em que o mesmo necessita demonstrar seu desempenho, principalmente
em situações relacionadas à aprendizagem.

A criança apresenta uma boa capacidade de relacionamentos interpessoais, visto a


sua facilidade de adequação ao ambiente e empatia junto aos que estão ao seu redor, porém
apresenta indícios de carência no relacionamento e interação com os pais, trazidos
principalmente em comparação aos momentos vividos na avaliação em relação a sua rotina
diária. Possui uma autoestima baixa, indicando a existência de fatores relacionados à
ansiedade e depressão.

Com base nos resultados obtidos através dos métodos e técnicas utilizados, é
possível salientar duas hipóteses para o diagnóstico da criança: o Transtorno do Déficit de
Atenção/Hiperatividade – Tipo Combinado (F90.0 – 340.01) e o Transtorno Específico da
Aprendizagem. Compreendendo a importância do encaminhamento frente ao
reconhecimento dos resultados obtidos, sugeriram-se as seguintes intervenções:
Psicoterapia individual, Reforço escolar e Reforços Positivos em casa, com pais e
responsáveis.

Psicoterapia individual, a fim de auxiliar a criança nos aspectos relacionados a sua


autoestima, ansiedade e autoconfiança. Além disso, buscando a compreensão e aquisição
de comportamentos e habilidades sociais esperadas para a sua faixa etária, assim como a
possibilidade de desenvolvimento de aspectos deficitários na relação com a aprendizagem.

Reforço escolar, em contato a professora do mesmo, salientado a importância de


uma continuidade com o trabalho focal diretamente com o aluno, na inclusão do mesmo
em projetos em turno inverso com a possibilidade de um melhor aprendizado e
acompanhamento.

Reforços Positivos em casa, com pais e responsáveis, enfatizando a importância do


incentivo a criança frente as suas atitudes e atividades desempenhadas. Salientando-se a
importância do elogio, da estimulação frente às atividades do dia-a-dia. Além disso, frente
às dificuldades de aprendizagem e desinteresse, solicitando a estimulação dos estímulos,
como exemplos em brinquedos lúdicos que possam integrar conhecimento e diversão.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esperou-se ao final deste processo, que o paciente ao qual foi feito o


psicodiagnóstico, tenha se beneficiado com o trabalho realizado, independentemente dos
resultados diagnósticos obtidos. Entendendo que, a partir do diagnóstico clínico e
encaminhamento propiciado a essa criança, este tem a possibilidade de receber as
intervenções propostas, assim como uma melhor condição do desenvolvimento dos

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aspectos que hoje lhe causam prejuízos. Além disso, que tenha sido algo que possa vir a
auxiliar em seu dia-a-dia e de seus responsáveis, de forma que busquem novos recursos e
maneiras diferentes de pensar ou se portar frente às situações cotidianas.

REFERÊNCIAS

BECK, J. S. (2013). Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática 2° Ed. Porto


Alegre: Artmed.

BENCZIK, (2000). Manual da Escola de Transtorno de Déficit de


Atenção/Hiperatividade: Versão para professores. São Paulo: Casa do Psicólogo.

BITONDI, F. R.; SETEM, J. (2007). A importância das habilidades terapêuticas e da


supervisão clínica: uma revisão de conceitos. Revista Uniara , v.20, 203-211.

CUNHA, T. R.; BENNETI, S. P. (2009). Caracterização da clientela infantil numa


clínica-escola de psicologia. Boletim de Psicologia, v.59,130, 117-127.

CUNHA, J. A. (2000). Psicodiagnóstico V. 5°. Porto Alegre: Artmed.

CUNHA, J. A., TRENTINI, C. M., ARGIMON, I. L., OLIVEIRA, M. S., WERLANG, B.


G.; PRIEB, R. G. (2005). Teste Wisconsin de Classificação de Cartas: Adaptação e
padronização brasileira. São Paulo: Casa do Psicólogo.

FREITAS, K. N.; CUNHA, J. A. (2000). Desenho da Casa, Árvore e Pessoa (HTP). In J.


A. Psicodiagnóstico V. 5° (Ed. Ver). Porto Alegre: Artmed.

HADLER, A.; PERGHER, G. K. (2011). O Uso da Brincadeira na Terapia Cognitivo-


Comportamental In: Novas Temáticas em Terapia Cognitiva. Porto Alegre : Sinopsys,
v.1, p. 417-442.

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KNAPP, P. (2004). Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto


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