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Caso Clínico: Síndrome da

fragilidade no idoso
MSc. Nadia Pinheiro
ESTUDO DE CASO: M.J.S.C. 86
anos
— D a d o s s ó c i o - e c o n ô m i c o s : Vi ú v a ,
pensionista, reside em Belém-PA. com filha e
mais 4 pessoas natural do Acará-PA. Renda
familiar aproximada de 4 salários mínimos.

— Motivo de Internação: Há + ou – 7 dias


apresenta disúria, astenia e dor abdominal.

— Diagnóstico médico: Cirrose Hepática + ITU


(K. pneumoniae).
— AMP: HAS, cardiopatia, DPOC,
Depressão. Apresenta Hep. C + cirrose
hepática. Idosa frágil. Dificuldade de
deambulação e história de queda. Há 3
anos faz acompanhamento amb.
Inclusive com a geriatria. 4ª Internação
no HUJBB.

— Hábitos: Tabagismo desde infância,


nega etilismo, não pratica atividades
físicas.
Continuação – AMP:
— 1ª Int.: 27/10/2005 – ID: TB Pulmonar (80
anos).
— 2ª Int.: 03/02/2008 – ID: Bronquiectasia. (83 a)
— 3ª Int.: 27/09/2010 – ID: Desnutrição grave,
desidratação (85 anos).

— AMF: nega.
Exame Físico:
— REG, consciente, desorientada no espaço,
astenia, inapetência, diminuição da acuidade
visual e auditiva, acianótica, anictérica, afebril,
hipocorada, sem edema em extremidades.
Estável hemodinamicamente.

— Queixas: Dor em HTD (queda de própria altura,


DPOC?).
Cont. Exame físico
— AP: MV+, SRA AC: BCNF em 2T s/
sopros
— ABD: plano, normotenso, doloroso à palp.
Profunda em HD e HE, s/ massas
palpáveis ou visceromegalias.
—MMII: fraqueza, dificuldade de
deambulação (deamb. com auxílio)
— FFE: disúria, oligúria, fezes líquidas,
dificuldade para evacuar 3/3 dias.
— Exames laboratoriais: HGB, HEM e LEU
— EAS: HGB +, Piócitos: 12-14 p/ c, HMC: 10-
12 p/c.
— Cultura: K. pneumoniae.
— Medicamentos: Antes: captopril. Agora:
— ATB: Cefepime
— Med: Captopril 25mg 1x dia + HCTZ 25mg
1xdia
— Outros: Dipirona, Bromiprida- se dor, O2
inalatório – se dispneia, nebulização 8/8
horas SF 0,9% - 4ml Berotec 5 gts. +
Atrovent 20 gts.
— Dieta: Hiposódica para hipertenso e branda
FRAGILIDADE NA PESSOA
IDOSA
SENESCÊNCIA X FRAGILIDADE

6 Bortz (2002) defende que fragilidade é


distinta do envelhecimento porque
apresenta o potencial de reversibilidade
após as intervenções.

6 Porém intimidade relacionados com as


alterações fisiológicas ocasionadas com o
envelhecimento.

(TEIXEIRA; GUARIANTO, 2010)


FRAGILIDADE E
RELEVÂNCIA
— Idoso Frágil: aquele que sofreu declínio
funcional em conseqüência da
combinação de efeitos de doença e idade

— O idoso frágil é extremamente vulnerável


a uma piora na capacidade funcional.

— Representa alto risco para mortalidade,


institucionalização, quedas, internações.
POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA
IDOSA
Pessoas Independentes
Pessoas que mesmo tendo alguma doença
(p.ex., HAS ou DM) são capazes de viver
de forma independente e autônoma no
ambiente familiar e no meio social.
Pessoas Frágeis
Indivíduos que, por qualquer razão,
apresentam determinadas condições que
comprometem ou põem em risco sua
capacidade funcional Condições capazes
de serem identificadas
Dr. Marco Polo Dias Freitas, Manaus, 2007
CONSIDERA-SE IDOSO FRÁGIL OU EM
SITUAÇÃO DE FRAGILIDADE AQUELE QUE:
(Portaria nº 2528/GM, de 19 de outubro de 2006)

6 vive em ILPI ou acamado,


6 esteve hospitalizado recentemente,
6 apresente doenças causadoras de incapacidade funcional
6 encontra-se com pelo menos uma incapacidade funcional básica,
ou viva situações de violência doméstica.
6 por critério etário, a literatura estabelece que também é frágil o
idoso com 75 anos ou mais de idade.
6 outros critérios poderão ser alterados de acordo com as realidades
locais.

Dr. Marco Polo Dias Freitas, Manaus, 2007


CONCEITO: FRAGILIDADE
— Autores divergem quanto ao conceito.

— Síndrome multidimensional envolve a interação


complexa dos fatores biológicos, psicológicos e
sociais no curso de vida individual, que culmina
com um estado de maior vulnerabilidade (declínio
funcional, quedas, hospitalização,
institucionalização e morte).

— Aqueles que apresentam características clínicas


atribuídas ao envelhecimento associada as co-
morbidades.
TRÍADE DA SÍNDROME DE
FRAGILIDADE
CAUSAS PRIMÁRIAS: IDADE
Alterações na expressão dos genes
Dano oxidativo no DNA
Encurtamento do
Telômero

Desregulação
neuroendócrina
FRAGILIDADE
Alterações Síndrome clínica
neuromusculares
(sarcopenia)
Disfunção do
Sistema
Imunológico
CAUSAS SECUNDÁRIAS:
DOENÇAS
Depressão Perda de peso
Neoplasias Fadiga
Infecção crônica Força de preensão
Insuficiência cardíaca congestiva Velocidade da marcha
Atividade física

MODELO PROPOSTO POR FRIED E COLABORADORES.


EPIDEMIOLOGIA DA FRAGILIDADE
— Estima-se que 10 a 25% das pessoas
acima de 65 anos. E 46% acima dos 85
anos sejam frágeis.
— Em uma população com idade superior a
65 anos 6,3% apresenta fenótipos de
fragilidade.
— Entre os frágeis 68,5% eram mulheres.
— Aumento da prevalência com o passar da
idade.
Fried e cols. (2001)
IMPORTANTE
OBSERVAR:

— Nem todas as pessoas com declínio


funcional são frágeis;
— Nem todas as pessoas frágeis
apresentam declínio funcional;
— Medidas preventivas parecem interferir
na instalação dessa síndrome;
— Predominantemente em mulheres;
— Quanto maior a idade maior o risco.
PRINCIPAIS MUDANÇAS
RELACIONADAS À
FRAGILIDADE

— Alterações neuromusculares (principalmente


sarcopenia);

— Desregulação do sistema neuroendócrino;

— Disfunção do sistema imunológico.


Componentes mensuráveis (5 fenótipos)
relacionados à fragilidade

— Perda de peso não intecional = 4,5 kg ou


= 5% peso corporal no último ano;
— Fadiga auto referida – na última semana
— Diminuição da força de preensão palmar
– dinamômetro na mão dominante e
ajustada p/ gênero e IMC.
— Baixo nível de ativ. física (auto relato)
— Diminuição da velocidade da marcha
— * pelo menos 3 desses identificados
AUMENTO DO RISCO DE
FRAGILIDADE:
— Baixo nível sócio-econômico;
— Antecedente de doença isquêmica
cardíaca;
— Diabetes Melitos (DM);
— Fratura de quadril;
— Doença Pulmonar Obstrutica Crônica
(DPOC);
— Osteoartrite;
— Acidente Vascular Encefálico (AVE) e
— Depressão.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

• Incapacitação: é um desfecho ou fator


contribuinte da fragilidade.

• Comorbidades: duas ou mais doenças


associadas constituem fator de risco.

(NETO, 2005)
FATORES ASSOCIADOS
• Alcoolismo;
• Tabagismo;
• Inatividade física;
• Depressão;
• Isolamento social;
• Autopercepção de saúde precária
• Prevalência de sintomas crônicos.

(TEIXEIRA.GUARIANTO, 2010)
AGRAVOS DA FRAGILIDADE

6Quedas
6Lesões
6Doenças agudas
6Hospitalizações
6Incapacitação
6Dependência
6Institucionalização
6Morte

(DUARTE, 2009)
AGRAVOS DA FRAGILIDADE

6 A ocorrência de doenças crônicas sobrepostas


ao fenótipo da síndrome da fragilidade resulta nas
síndromes geriátricas geradoras de dependência,
entre as quais se destacam:

6 Alterações cognitivas,
6 Imobilidade,
6 Instabilidade da marcha e quedas
6 Incontinência urinária.

(TEIXEIRA.GUARIANTO, 2010)
EXAME CLÍNICO

!Manifestações clínicas do idoso, sobretudo o idoso


frágil são silenciosas e atípicas
!Delirium, incontinência, quedas, imobilidade, etc.
!Avaliação geriátrica ampla e multifatorial
!Pesquisar polifarmácia e iatrogenia
!Pesquisar úlceras de pressão
!Pesquisar capacidade funcional, cognição, humor,
equilíbrio, comunicação, mobilidade, eliminações,
nutrição, recursos sociais e ambientais

(TEIXEIRA.GUARIANTO,2010)
DIAGNÓSTICOS DE
ENFERMAGEM

— Dor aguda em gradil costal HTD auto referida, relacionada a


queda de própria altura.
— Risco para eliminação urinária prejudicada relacionada a
infecção por K. pneumoniae, evidenciado por oligúria e
disúria.
— Nutrição prejudicada: menos que as necessidades
corporais, evidenciado pela inapetência e astenia.
— Deambulação prejudicada relacionada à diminuição de
força muscular.
— Padrão de sono perturbado: privação de sono.
— Risco de quedas relacionado a confusão mental e astenia.
INTERVENÇÕES DE
ENFERMAGEM
— Atenção básica - caderneta de saúde da
pessoa idosa.
— Supervisão e controle de medicamentos em
horário correto;
— Observação e auxílio durante a alimentação
- nutrição;
— Estimular a mudança de decúbito a cada 2
horas.
—Preservar a integridade da pele
(hidratante/AGE) / colchão caixa de ovo.
INTERVENÇÕES DE
ENFERMAGEM
— Observar e monitorar a capacidade
funcional de AVD’s e AIVD’s e orientar
que a acompanhante evite que a
paciente se locomova sozinha, pois há
risco de quedas - fisioterapia.

— Orientar técnicas de relaxamento não-


farmacológicas.
TRATAMENTO

!Tratar as causas e fatores associados;


!Estimular capacidade funcional;
!Estimular autonomia;
!Exercícios de resistência e equilíbrio (fisioterapia);
!Reposição hormonal (testosterona no hipogonadismo –
médico que verificará a necessidade);
!Suporte nutricional e social.

(TEIXEIRA.GUARIANTO,2010)
OBJETIVOS DO TRATAMENTO

• Reduzir a incidência, a prevalência e


consequências da síndrome.

• Preserva/manter a capacidade funcional do


indivíduo idoso.

(TEIXEIRA.GUARIANTO,2010)
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2007

. CALDAS, C.P. Fatores de risco em envelhecimento – o idoso frágil e as síndromes


geriátricas. In: Saúde do Idoso: a arte de cuidar. RJ: Interciência, 2004.

DUARTE, Y.A.O. Indicadores de fragilidade em pessoas idosas visando o estabelecimento


de medidas preventivas. Bol.Inst.Saúde. No 47 SP apri.2009.

NETO, N.C. Envelhecimento bem-sucedido e envelhecimento com fragilidade. In: Geriatria


e Gerontologia. Guias de medicina-UNIFESP. SP: Manole, 2005.

VERAS, R. P. et al. Promovendo a Saúde e Prevenindo a Dependência: identificando


indicadores de fragilidade em idosos independentes. Rev. Bras. Geriatr.
Gerontol. v.10 n.3 Rio de Janeiro 2007.

MAUÉS, D.M.Sespa pesquisa a fragilidade em idoso de Belém, 2010. Disponível em:


http://www.agenciapara.com.br. Acesso em 09 de Março de 2011.

TEIXEIRA, I.N.D.A.O; GUARIANTO, M. E. Fragilidade no idoso: possibilidades de avaliação


e intervenção.In: Assistência ambulatorial ao idoso. SP: Editora Alínea,2010.
OBRIGADA!

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