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Ainda em estágio inicial, a apuração foi confirmada pelo procurador federal Ivan Cláudio
Marx. Embora o investigador seja responsável pela operação Pausare, deflagrada há duas
semanas para apurar fraudes em investimentos do fundo, a averiguação sobre os órgãos
fiscalizadores é conduzida em outro procedimento.
A CVM fiscaliza e normatiza o mercado de capitais e tem como uma das funções proteger
investidores. Nessa função, deve acompanhar instituições financeiras e entidades
relacionadas, como as agências de classificação de risco. Com o aval de agências de
rating, o Postalis aplicou recursos de seus cotistas em fundos de investimentos. Por causa
dessas operações no mercado de capitais, a CVM virou também objeto da investigação
do MPF.
O Ministério Público atua em situações que envolvam o interesse público. Neste caso, o
interesse dos cotistas dos fundos de pensão. A suspeita é de que os prejuízos, que irão
pesar para os participantes do fundo de previdência, tenham ocorrido também por
negligência dos órgãos reguladores: a CVM da parte das agências de rating e fundos de
investimentos; e a Previc, que fiscaliza e supervisiona o mercado de previdência
complementar, como os fundos de pensão.
O procurador Marx explicou ao ESTADO que a investigação dos órgãos que regulam e
fiscalizam o mercado financeiro é resposta a uma representação que chegou ao MPF.
Além dessa suspeita sobre a efetividade da fiscalização de CVM e Previc, o procurador
também indica que, no âmbito da operação Pausare, vai se debruçar sobre as agências de
classificação de risco e consultorias usadas pelos gestores do Postalis.
“De uma forma geral, foi verificado que as análises de risco de mercado e de crédito dos
investimentos, quando realizadas, eram conduzidas de forma superficial e sem qualquer
técnica”, cita relatório da investigação no fundo de pensão dos Correios.
O documento produzido pela PF e MPF cita que avaliações sobre o potencial dos
investimentos eram produzidas com base em “informações repassadas pelas próprias
empresas investidas, as quais, invariavelmente, indicavam dados inverídicos”.
Operações que descobriram rombos indicam expediente semelhante com três fases em
fundos que aplicaram em empresas que deram calote ou fracassaram: 1) gestores
contratam agências de classificação ou consultorias para avaliar o potencial investimento;
2) uma análise é produzida com dados fornecidos pela própria empresa candidata a
receber o dinheiro e 3) relatório favorável ao investimento é usado para que gestor aplique
o dinheiro.
Investigadores citam que as fraudes usam dados falsos sobre fluxo de caixa de empresas,
taxa de retorno de projetos, saúde financeira dos empreendimentos e projeções sobre o
potencial do negócio. Apesar dessa constatação, agências de classificação e consultorias
não foram punidas por eventuais avaliações incorretas.
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,mpf-investiga-cvm-e-previc-no-postalis,70002194525
O diretor de fiscalização da Previc, Sérgio Taniguchi, diz que o órgão ainda não foi
notificado. O diretor rejeita a percepção de que houve falha. “Essa possibilidade de
omissão, especialmente no Postalis, foi levantada na CPI dos Fundos de Pensão e pelo
Tribunal de Contas da União e não há apontamento de omissão”, diz, ao argumentar que,
ao contrário, o trabalho da Previc permitiu à PF deflagrar ações para investigar o tema.
“Diria que, se não tivesse o trabalho da Previc, o rombo não só no Postalis como em
outras fundações seria muito maior”, diz. Taniguchi argumenta que a Superintendência
fez diversas autuações no fundo e a intervenção foi decidida após percepção de que
gestores “flertavam com novas operações inadequadas ou de maior risco”.
Citado como uma das entidades que avaliou o investimento do fundo dos carteiros no
projeto Mudar Master, o escritório Bocater, Camargo Costa e Silva Advogados explica
em nota que foi contratado “para a análise exclusivamente dos aspectos legais de
propostas de investimentos”. A empresa cita que “não externou qualquer opinião sobre a
adequação valores ou riscos financeiros”.
As consultorias Baker Tilly Brasil e LF Rating – também citadas pela PF e MPF – foram
procuradas, mas não se pronunciaram até o fechamento desta reportagem.
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,sem-fiscalizacao-rombo-no-fundo-seria-ainda-maior-defende-
previc,70002194526
27/12/2017 - O Tribunal Regional Federal da 3ª Região concedeu, nesta quarta-feira (27/12), decisão
liminar favorável à Previc e restabeleceu os efeitos originais das Portarias nº 955/2017 e 956/2017,
relacionadas à intervenção no Postalis. Segundo a decisão, a suspensão da tutela provisória nº 5024905-
66.2017.403.000 evita grave lesão à ordem social e econômica.
A intervenção no Postalis foi decretada em 4/10/2017 devido, dentre outros motivos, ao descumprimento
de normas relacionadas à contabilização de reservas técnicas e aplicação de recursos.
http://www.previc.gov.br/central-de-conteudos/Noticias/decisao-judicial-restabelece-os-efeitos-da-intervencao-no-postalis
Questões:
1. Qual das 5 vertentes sobre a Teoria da Regulação melhor explica o fenômeno e porquê?
3. Quais as principais consequências, para a contabilidade, a partir dos acontecimentos desses fatos?