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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS
DISCIPLINA: AUDITORIA I
PROFESSORA: CARITSA SCARTATY MOREIRA

ATIVIDADE AVALIATIVA

Leia os textos a seguir e, logo após, responda às questões propostas

TEXTO 1:

GE desaba na bolsa após denunciante de esquema de pirâmide de Madoff acusar


empresa de fraude

Queda de mais de 11% seguiu declarações de investigador de que a empresa está


escondendo profundos problemas financeiros

As ações da General Electric despencaram mais de 11% nesta quinta-feira (15 de


agosto), após o investigador de fraudes Harry Markopolos, que denunciou o esquema de
pirâmide de Bernard Madoff, dizer que o conglomerado industrial está escondendo
profundos problemas financeiros, algo que foi rapidamente rejeitado pelo novo
presidente-executivo da companhia.
O presidente-executivo da GE, Larry Culp, afirmou que o relatório de 175 páginas
de Markopolos tem erros factuais e constitui "manipulação de mercado, pura e simples",
porque Markopolos lucrou com uma posição de venda a descoberto vinculada à
divulgação do documento.
As vendas a descoberto, ou apostas de que o preço de uma ação vai cair, subiram
17% no caso da GE no mês passado, disse Matthew Unterman, diretor na S3 Partners,
uma companhia de análise financeira em Nova York.
No levantamento, Markopolos acusa a GE de esconder US$ 38 bilhões em perdas
potenciais e afirma que as posições de caixa e de dívida da empresa são muito piores do
que as divulgadas pelo grupo.
"A relação de dívida total da GE é de 17 para 1, não de 3 para 1, o que vai
prejudicar sua situação de crédito", disse Markopolos.
O documento também afirma que a GE é insolvente e sustenta que suas unidades
industriais têm um déficit de capital de giro de US$ 20 bilhões.
"Ele está divulgando seletivamente processos regulatórios largamente divulgados
e investigações rigorosas sem o benefício de qualquer acesso aos livros e registros da
GE", disse Leslie Seidmanm, membro do conselho da GE e presidente da comissão de
auditoria, referindo-se a Markopolos.
O relatório ecoa afirmações de alguns dos analistas mais céticos de Wall Street,
que há muito tempo dispararam alarmes sobre o baixo fluxo de caixa da GE, frequentes
mudanças e baixas contábeis, o que descrevem como balanços financeiros opacos.
Culp, primeiro executivo de fora da GE a assumir o comando da companhia, não
tem feito segredo sobre os problemas da empresa. Ele assumiu o comando do grupo em
outubro.
Os negócios industriais viram uma saída de US$ 2,2 bilhões de caixa até agora
neste ano e Culp afirmou no mês passado que a GE poderá incorrer em custos de caixa
de US$ 1,4 bilhão neste ano devido à suspensão dos voos do Boeing 737 MAX. A GE
produz as turbinas do avião por meio de uma joint venture com a francesa Safran.
O relatório afirma que a GE enfrenta US$ 38 bilhões em despesas futuras não
divulgadas anteriormente. "Os US$ 38 bilhões em fraude contábil da GE são equivalentes
a mais de 40% do valor de mercado da empresa, o que torna isso muito mais sério que as
fraudes da Enron e da WorldCom", diz o documento.
Em comunicado, a GE afirmou: "Continuamos focados em tocar nossos negócios
... não vamos nos distrair por este tipo de especulação sem mérito e enganosa."
A GE afirmou que "garante seus números financeiros" e que opera "no mais alto
nível de integridade" na divulgação de seus dados financeiros.
A companhia também afirmou que Markopolos é conhecido por trabalhar para
fundos de hedge anônimos que tipicamente se beneficiam de posições a descoberto em
ações de empresas.
Falando à CNBC nesta quinta-feira, Markopolos afirmou que vai receber um
percentual de qualquer lucro gerado pelo relatório. Ele não deu detalhes sobre a
compensação ou indicou o nome do fundo envolvido, descrito por ele como "um fundo
de hedge de médio porte dos Estados Unidos".
Nos últimos dois anos, a GE anunciou mais de US$ 40 bilhões em baixas e
encargos contábeis. A companhia também afirmou que sua contabilidade está sendo
investigada pela SEC e pelo Departamento de Justiça dos EUA.
Markopolos é mais conhecido por ter alertado reguladores no início dos anos 2000
sobre sinais de que a gestora de recursos de Madoff era um esquema de pirâmide
financeira. Madoff foi preso em 2008 e condenado a 150 anos de cadeia.
John Hempton, co-fundador do fundo de hedge australiano Bronte Capital,
publicou num post nesta quinta-feira que a margem de lucro média da GE nos últimos
anos, de 14,7%, está em linha com retornos de seus pares industriais e não "boa demais
para ser verdade" como Markopolos alega.

Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/08/15/ge-desaba-na-bolsa-apos-denunciante-de-
esquema-de-piramide-de-madoff-acusar-empresa-de-fraude2019.ghtml

Questões acerca do texto 1

Ressalta-se que as questões apresentam caráter subjetivo, isto é, reflexivo e pessoal.

a) Há um trecho na notícia que retrata o seguinte: “O relatório ecoa afirmações de


alguns dos analistas mais céticos de Wall Street, que há muito tempo dispararam
alarmes sobre o baixo fluxo de caixa da GE, frequentes mudanças e baixas
contábeis, o que descrevem como balanços financeiros opacos.” De acordo com
o seu ponto de vista, em que o trabalho de auditoria poderia ser útil nesse processo
de identificação de alertas sobre possíveis irregularidades (fraudes/manipulações)
nas atividades da empresa?

b) Em sua opinião, no que essas informações/apurações de irregularidades servirão


para a sociedade (entenda sociedade como todos os que estão direta ou
indiretamente relacionados com a situação)? Esse caso colocará em discussão a
atuação da empresa de auditoria da referida organização?
TEXTO 2:

Combinação de tecnologia e cultura reduz fraudes

Fator humano ainda é desafio no combate a práticas ilegais nas companhias, diz
especialista

Robert Hirth, ex-presidente do Coso: “Quanto mais duras ficam as sanções, você
vê que a incidência de fraude recua”
O avanço da tecnologia oferece ferramentas poderosas para a auditoria das
empresas no combate a fraudes. O desenvolvimento de programas de mineração de dados
permite o monitoramento constante das atividades, ajudando a identificar indícios de
corrupção com maior antecedência, não apenas internamente, mas também em
fornecedores e terceirizados.
No entanto, a tecnologia ainda não é capaz de impedir que pessoas encontrem
incentivos para tentar enriquecer ilicitamente ou galgar posições praticando atos ilícitos,
diz Robert Hirth, um dos principais especialistas em combate a fraudes no mundo.
“A auditoria interna precisa vir para a próxima geração. Precisa ser mais eficiente
em termos de pessoal e de tecnologia”, afirmou Hirth ao Valor.
Hirth possui larga experiência no tema de combate a fraudes. Ele é ex-presidente
do Comitê de Organizações Patrocinadoras da Comissão Treadway (Coso, na sigla em
inglês). Fundado em 1985 por representantes de cinco entidades, como a Associação
Americana de Contabilidade (AAA) e o Instituto de Auditores Internos (IIA), o Coso é
uma entidade sem fins lucrativos dedicada à melhoria das demonstrações financeiras com
ênfase na conduta ética, efetividade dos controles internos e governança.
Os parâmetros criados pela organização para lidar com riscos empresariais e
controles internos acabaram sendo adotados pelo governo dos Estados Unidos para as
companhias de capital aberto depois da aprovação da lei Sarbanes-Oxley, em 2002. O
texto estabelece regras para governança relativas à elaboração de demonstrações
financeiras.
A lei foi aprovada na esteira do caso Enron, um escândalo contábil que abalou o
mercado de capitais americano em 2001. Hirth era sócio da Arthur Andersen, que
auditava os balanços da empresa de energia. A Andersen foi acusada de obstrução da
Justiça quando seu escritório de Houston destruiu documentos relacionados à Enron. A
firma começou a perder clientes e, rapidamente, fechou as portas.
Um dos principais protagonistas do caso foi David Duncan, auditor responsável
pela conta da Enron, que teria ordenado a destruição dos documentos.
Hirth conhecia Duncan e, para ele, o episódio mostrou como uma pessoa
gananciosa é capaz de derrubar uma organização centenária como a Arthur Andersen,
que estava entre as maiores auditorias do mundo. Hirth esteve na auditoria por 26 anos,
até o seu fechamento.
O caso mostrou também que o sistema de cobrança e a recompensa por resultados
pode estimular maus funcionários a praticarem fraudes, caso não se tenham os
mecanismos necessários de dissuasão.
“A Enron era o maior cliente da Andersen, e David Duncan era um sócio júnior.
A forma como incentivávamos sócios, à medida que iam bem, era distribuir cotas, o que
provavelmente aconteceu com David. E o escritório, quando você tem um grande cliente
e o escritório vai bem, recebia mais [recursos]”, afirmou.
A responsabilização de executivos, incluindo a possibilidade de prisão, é vista por
Hirth como uma importante forma de dissuasão, algo presente na Sarbanes-Oxley. Ao
exigir que os principais executivos atestem seu compromisso com o combate a fraudes e
que as demonstrações financeiras passaram por minuciosa auditoria, sob o risco de
condenação penal, a lei ajudou a reduzir o número de fraudes e reapresentação de
balanços.
“O diretor-presidente não pode ter liberdade para fazer qualquer coisa em
contabilidade. O diretor financeiro não deveria poder fazer as suas entradas [de custos e
gastos no sistema de controle]”, afirmou. “Multas e sanções para fraudes precisam ser
altas. Quanto mais duras ficam as sanções, você vê que a incidência de fraude recua.”
Considerando os parâmetros de governança criados pelo Coso, Hirth faz críticas
ao relatório 20-F, documento que empresas internacionais com ações e recibos de ações
(ADRs) listados nos Estados Unidos, precisam entregar ao regulador de mercado
americano (SEC). Segundo ele, muitos relatórios trazem poucas informações sobre os
controles internos. “É uma questão cultural, de capacidade, o que se perde na tradução, e
pelo que eu vi tem muitos problemas nas companhias do 20-F”, afirmou.
Ele entende que uma eficiente estratégia de combate a fraudes passa pela
combinação de mecanismos de controle, o que inclui tecnologia, com uma cultura ética
nas companhias, que precisa ser constantemente reforçada, para prevenir mal-feitos. “O
primeiro princípio [para controlar fraudes] é a companhia demonstrar compromisso com
princípios e valores íntegros. E para isso é preciso uma cultura de abertura e honestidade”,
afirmou.
No entanto, nem toda a tecnologia do mundo e treinamento será capaz de reduzir
a zero os casos de fraudes nas empresas, porque ainda existirão pessoas dispostas a burlar
os mecanismos de controle. Além disso, dependendo dos custos, algum tipo de fraude
acabará passando.
“Você não consegue reduzir [a zero], mas você pode se perguntar, por meio da
avaliação de risco, quanto de fraude é aceitável. Mesmo se eu não gosto de fraude, eu
estou disposto a aceitar US$ 5 de fraude em meu balanço? Talvez sim, porque custará
mais de US$ 5 para achar a fraude de US$ 5”, disse Hirth. “Eu acredito que o conceito de
dissuasão de fraude, mais do que eliminação de fraude.”
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2019/10/08/combinacao-de-tecnologia-e-cultura-reduz-
fraudes.ghtml

Questões acerca do texto 2

Ressalta-se que as questões apresentam caráter subjetivo, isto é, reflexivo e pessoal.

a) De acordo com o texto, por que a conduta ética do ser humano (pessoa) precisa
estar aliada à tecnologia para os dois funcionarem como redutores de fraudes?

b) Em sua opinião, quais as pessoas envolvidas com a organização, seja direta ou


indiretamente, que precisam desenvolver e manter conduta ética quanto aos seus
atos para prevenir e até detectar as fraudes? Cite exemplos de como essas condutas
poderiam ser desenvolvidas e exigidas dentro da organização.

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