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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS
DISCIPLINA: AUDITORIA I
PROFESSORA: CARITSA SCARTATY MOREIRA
ATIVIDADE AVALIATIVA
TEXTO 1:
Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/08/15/ge-desaba-na-bolsa-apos-denunciante-de-
esquema-de-piramide-de-madoff-acusar-empresa-de-fraude2019.ghtml
Fator humano ainda é desafio no combate a práticas ilegais nas companhias, diz
especialista
Robert Hirth, ex-presidente do Coso: “Quanto mais duras ficam as sanções, você
vê que a incidência de fraude recua”
O avanço da tecnologia oferece ferramentas poderosas para a auditoria das
empresas no combate a fraudes. O desenvolvimento de programas de mineração de dados
permite o monitoramento constante das atividades, ajudando a identificar indícios de
corrupção com maior antecedência, não apenas internamente, mas também em
fornecedores e terceirizados.
No entanto, a tecnologia ainda não é capaz de impedir que pessoas encontrem
incentivos para tentar enriquecer ilicitamente ou galgar posições praticando atos ilícitos,
diz Robert Hirth, um dos principais especialistas em combate a fraudes no mundo.
“A auditoria interna precisa vir para a próxima geração. Precisa ser mais eficiente
em termos de pessoal e de tecnologia”, afirmou Hirth ao Valor.
Hirth possui larga experiência no tema de combate a fraudes. Ele é ex-presidente
do Comitê de Organizações Patrocinadoras da Comissão Treadway (Coso, na sigla em
inglês). Fundado em 1985 por representantes de cinco entidades, como a Associação
Americana de Contabilidade (AAA) e o Instituto de Auditores Internos (IIA), o Coso é
uma entidade sem fins lucrativos dedicada à melhoria das demonstrações financeiras com
ênfase na conduta ética, efetividade dos controles internos e governança.
Os parâmetros criados pela organização para lidar com riscos empresariais e
controles internos acabaram sendo adotados pelo governo dos Estados Unidos para as
companhias de capital aberto depois da aprovação da lei Sarbanes-Oxley, em 2002. O
texto estabelece regras para governança relativas à elaboração de demonstrações
financeiras.
A lei foi aprovada na esteira do caso Enron, um escândalo contábil que abalou o
mercado de capitais americano em 2001. Hirth era sócio da Arthur Andersen, que
auditava os balanços da empresa de energia. A Andersen foi acusada de obstrução da
Justiça quando seu escritório de Houston destruiu documentos relacionados à Enron. A
firma começou a perder clientes e, rapidamente, fechou as portas.
Um dos principais protagonistas do caso foi David Duncan, auditor responsável
pela conta da Enron, que teria ordenado a destruição dos documentos.
Hirth conhecia Duncan e, para ele, o episódio mostrou como uma pessoa
gananciosa é capaz de derrubar uma organização centenária como a Arthur Andersen,
que estava entre as maiores auditorias do mundo. Hirth esteve na auditoria por 26 anos,
até o seu fechamento.
O caso mostrou também que o sistema de cobrança e a recompensa por resultados
pode estimular maus funcionários a praticarem fraudes, caso não se tenham os
mecanismos necessários de dissuasão.
“A Enron era o maior cliente da Andersen, e David Duncan era um sócio júnior.
A forma como incentivávamos sócios, à medida que iam bem, era distribuir cotas, o que
provavelmente aconteceu com David. E o escritório, quando você tem um grande cliente
e o escritório vai bem, recebia mais [recursos]”, afirmou.
A responsabilização de executivos, incluindo a possibilidade de prisão, é vista por
Hirth como uma importante forma de dissuasão, algo presente na Sarbanes-Oxley. Ao
exigir que os principais executivos atestem seu compromisso com o combate a fraudes e
que as demonstrações financeiras passaram por minuciosa auditoria, sob o risco de
condenação penal, a lei ajudou a reduzir o número de fraudes e reapresentação de
balanços.
“O diretor-presidente não pode ter liberdade para fazer qualquer coisa em
contabilidade. O diretor financeiro não deveria poder fazer as suas entradas [de custos e
gastos no sistema de controle]”, afirmou. “Multas e sanções para fraudes precisam ser
altas. Quanto mais duras ficam as sanções, você vê que a incidência de fraude recua.”
Considerando os parâmetros de governança criados pelo Coso, Hirth faz críticas
ao relatório 20-F, documento que empresas internacionais com ações e recibos de ações
(ADRs) listados nos Estados Unidos, precisam entregar ao regulador de mercado
americano (SEC). Segundo ele, muitos relatórios trazem poucas informações sobre os
controles internos. “É uma questão cultural, de capacidade, o que se perde na tradução, e
pelo que eu vi tem muitos problemas nas companhias do 20-F”, afirmou.
Ele entende que uma eficiente estratégia de combate a fraudes passa pela
combinação de mecanismos de controle, o que inclui tecnologia, com uma cultura ética
nas companhias, que precisa ser constantemente reforçada, para prevenir mal-feitos. “O
primeiro princípio [para controlar fraudes] é a companhia demonstrar compromisso com
princípios e valores íntegros. E para isso é preciso uma cultura de abertura e honestidade”,
afirmou.
No entanto, nem toda a tecnologia do mundo e treinamento será capaz de reduzir
a zero os casos de fraudes nas empresas, porque ainda existirão pessoas dispostas a burlar
os mecanismos de controle. Além disso, dependendo dos custos, algum tipo de fraude
acabará passando.
“Você não consegue reduzir [a zero], mas você pode se perguntar, por meio da
avaliação de risco, quanto de fraude é aceitável. Mesmo se eu não gosto de fraude, eu
estou disposto a aceitar US$ 5 de fraude em meu balanço? Talvez sim, porque custará
mais de US$ 5 para achar a fraude de US$ 5”, disse Hirth. “Eu acredito que o conceito de
dissuasão de fraude, mais do que eliminação de fraude.”
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2019/10/08/combinacao-de-tecnologia-e-cultura-reduz-
fraudes.ghtml
a) De acordo com o texto, por que a conduta ética do ser humano (pessoa) precisa
estar aliada à tecnologia para os dois funcionarem como redutores de fraudes?