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ARTIGO ARTICLE 195

Gestores do SUS: apoio e resistências à


Homeopatia

Support for and resistance to Homeopathy among


managers of the Unified National Health System

Sandra Abrahão Chaim Salles 1


Lilia Blima Schraiber 1

Abstract Introdução

1 Faculdade de Medicina,
This article presents partial findings from a study Este artigo propõe algumas reflexões sobre a as-
Universidade de São Paulo,
São Paulo, Brasil. on trends towards greater or lesser proximity be- sistência médica homeopática no Sistema Único
tween homeopathic and allopathic physicians, de Saúde (SUS) com base em parte dos resulta-
Correspondência from the perspective of the latter. Forty-eight dos de pesquisa conduzida entre os anos de 2002
S. A. C. Salles
Departamento de Medicina health professionals were interviewed (faculty, e 2005.
Preventiva, Faculdade de managers, and physicians working in the public O objetivo principal era investigar as carac-
Medicina, Universidade de
health system). This specific article focused only terísticas presentes na relação que se estabelece
São Paulo.
Rua Tomé de Souza 130, São on the interviews with health system managers. nos dias atuais entre a Homeopatia e a Biomedi-
Paulo, SP 05079-000, Brasil. The following concepts were used as references: cina, segundo o ponto de vista dos médicos não
sandrachaim@terra.com.br
social and scientific field (Bourdieu); medical homeopatas.
rationalities (Madel Luz); technological arrange- A Homeopatia é um sistema médico com-
ments in health work (Mendes-Gonçalves); and plexo. Diferencia-se da medicina ocidental con-
physician’s professional identity (Donnangelo temporânea (Biomedicina) em seu sistema diag-
& Schraiber). According to the findings, support nóstico e de intervenção terapêutica, que opera
by managers for the presence of Homeopathy in segundo concepções próprias sobre a morfologia
the Unified National Health System is related to humana, dinâmica vital e doutrina médica 1. Não
their perception of social demand, defense of pa- deve ser reduzida, portanto, a um recurso tera-
tients’ right to choose, and the observation that it pêutico. Apesar de ser uma outra racionalidade
is a medical practice that reclaims the human- médica, ela vem sendo gradativamente incorpo-
ist dimension of medicine, thus contributing to rada às instituições de saúde do nosso país, se-
user satisfaction. The difficulties and resistances jam elas de assistência, pesquisa ou ensino. Esse
identified by managers highlight that the lack of processo de institucionalização teve início a par-
information on homeopathic procedures limits tir do seu reconhecimento como especialidade
the possibilities for use of Homeopathy because it médica, pelo Conselho Federal de Medicina, em
leads to insecurity towards this area of medicine. 1980, que, por sua vez foi uma decorrência de sua
legitimação social.
Homeopathy; Medicine; Public Health Na saúde pública os movimentos iniciais de
inclusão da Homeopatia foram iniciativas indi-
viduais de alguns médicos que tinham forma-
ção em homeopatia e obtiveram permissão para

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atender pacientes, como homeopatas, em agen- a conseqüente necessidade de ampliar a divul-


da paralela. Mas foi a ação coletiva de grupos de gação de informações a respeito destas práticas
homeopatas desenvolvendo um trabalho políti- entre os profissionais de saúde 2,3,4,5,6.
co e técnico em defesa da Homeopatia na saú- Os resultados aqui apresentados falam das
de pública que resultou em um movimento de características dessa aproximação que vem sen-
institucionalização de fato da Homeopatia, com do observada no campo da saúde em nosso país,
a progressiva inserção do atendimento no plane- onde agentes/sujeitos de seus respectivos sabe-
jamento dos serviços e nas políticas de saúde. res interagem, como em todo universo social, em
Atualmente, a Homeopatia é uma opção para tensão, refletindo conflitos e convergências his-
os usuários do SUS, uma vez que é oferecida pela tóricos. Este artigo vai se restringir a apresentar
rede ambulatorial de cerca de 108 municípios. um dos elementos investigados – a relação dos
Mas, a falta de uma política ministerial para o gestores com a presença da Homeopatia no SUS,
desenvolvimento da Homeopatia no SUS ainda buscando analisar aspectos relevantes envolvi-
repercute no campo e uma das evidências desta dos no seu apoio a este movimento, assim como
condição atípica da Homeopatia, reconhecida as resistências que eles observam e descrevem
como especialidade médica e farmacêutica, mas em suas entrevistas.
não contemplada pelas políticas publicas, é a fal-
ta de acesso dos usuários ao medicamento ho-
meopático. A aprovação e publicação da Política Desenho da pesquisa e
Nacional de Práticas Integrativas e Complemen- referenciais usados
tares no Sistema Único de Saúde, em maio de
2006 pelo Ministério da Saúde, poderá modificar A investigação como um todo foi realizada a par-
essa situação, uma vez que propõe uma política tir de entrevistas em profundidade com profis-
nacional para a assistência homeopática. sionais de saúde não-homeopatas, docentes e
Nas faculdades de medicina, a Homeopatia pesquisadores, gestores e médicos que atendem
ainda é pouco presente, dependendo sempre no SUS, de diferentes municípios e faculdades
da iniciativa dos homeopatas, que têm busca- de medicina do país. Foram escolhidos, para as
do estas instituições como espaços de ensino e entrevistas, 16 gestores dos seis municípios que
pesquisa, contribuindo para incrementar a pro- tiveram a maior produção ambulatorial de con-
dução e a publicação de trabalhos sobre o saber sultas em Homeopatia no ano de 2003 (Depar-
e a prática homeopáticos. tamento de Informática do SUS. http://www.
Nesses dois ambientes, Academia e SUS, a datasus.gov.br): Rio de Janeiro, São Paulo, Vitó-
convivência entre essas duas medicinas é uma ria (Espírito Santo), Juiz de Fora (Minas Gerais),
realidade que se impõe, seja por meio do contato Dourados (Mato Grosso do Sul) e Brasília (Dis-
direto entre os profissionais, ou indiretamente trito Federal).
por intermédio dos pacientes usuários das duas Esses gestores possuem diferentes graus de
medicinas. envolvimento com a Homeopatia – enquanto al-
A contínua ampliação do uso da Homeopatia guns apenas administram uma diretoria regional
e outras formas de cuidado, diferentes da Bio- de saúde que abriga um serviço de Homeopa-
medicina, têm sido observadas em quase todo tia, outros participaram ativamente de projetos
o mundo, o que tem despertado o interesse de de implantação da assistência homeopática no
muitos pesquisadores em conhecer melhor es- município. Dessa forma, a amostra contemplou
se processo. Alguns artigos têm sido publicados alguns simpatizantes da Homeopatia e também
com reflexões sobre a percepção de profissionais outros, que são indiferentes ou não acreditam
de saúde (médicos ou não) a respeito de um con- nesta proposta, mas que são instados, no exer-
junto de práticas em saúde diferente da medicina cício de suas funções, a conviver com ela. Todos
hegemônica, denominadas medicinas alternati- eles foram convidados a refletir sobre a presença
vas, complementares ou não convencionais, que da Homeopatia no SUS.
englobam a Homeopatia, Acupuntura, Naturo- Neste estudo foram usadas, de maneira com-
patia, Fitoterapia, práticas manipulativas como plementar, as concepções de Bourdieu a respeito
Osteopatia e Reflexologia, entre outras. Ainda que de campos sociais e as reflexões de Maria Cecilia
mereçam ressalvas, por avaliarem um conjunto Donnangelo, apresentando as diferentes ideo-
que inclui especialidades médicas reconhecidas logias sustentadas pelos médicos, tendo como
no Brasil (Homeopatia e Acupuntura) e práticas sistema de referência a sua condição de categoria
terapêuticas com diferentes níveis de regulação, profissional homogênea e também de trabalha-
uma conclusão comum aos diferentes trabalhos dores especializados ocupando posições no con-
merece ser citada pois aponta para a realidade junto do sistema de produção de serviços. Os es-
do pluralismo terapêutico no campo da saúde e tudos sobre a identidade de médico descrevendo

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os conflitos que surgem nas dimensões éticas da Os gestores reconhecem a demanda social
profissão, com base na sua inscrição no mercado como força de pressão política para promover
de trabalho 7, também foram referências impor- mudanças dentro do sistema, sugerindo que sua
tantes para a análise dos resultados. ação para universalizar o acesso à Homeopatia
O projeto de pesquisa foi submetido e apro- se baseia em razões de natureza administrativa
vado pela Comissão de Ética para Análise de Pro- e também política. Perceber a demanda social
jetos de Pesquisa do Hospital das Clínicas e Fa- e a impossibilidade de acesso pela escassez de
culdade de Medicina, Universidade de São Paulo médicos homeopatas foi fator motivador para
(USP), e todos os participantes assinaram o Ter- atitudes de apoio dos gestores entrevistados às
mo de Consentimento Livre e Esclarecido. iniciativas para a ampliação dos serviços de Ho-
meopatia na rede. Nesse momento eles tomam
para si a função de, enquanto gestores da assis-
Resultados tência pública à saúde, promover a justiça social
por meio da universalização do acesso a uma
Os resultados das entrevistas com os gestores medicina que é reconhecida como especialida-
abrangem vários temas ligados às grandes ques- de médica. Esse argumento é relevante, pois foi
tões da saúde pública e do ensino médico, reve- apresentado por gestores de todos os municípios
lando os valores nos quais baseiam seus argu- visitados e já havia sido utilizado em outros es-
mentos em defesa da Homeopatia no SUS ou su- tudos, como o de Novaes 8 (p. 93) ao considerar
as resistências à aceitação plena desta medicina que “a possibilidade de se estender à população,
como uma opção para a população. Serão apre- pelo menos à parcela que acredita e busca, uma
sentados a seguir os principais núcleos temáti- determinada terapêutica, constitui-se em direito
cos identificados como argumentos de apoio ou de cidadania”.
resistência dos gestores à Homeopatia, com as
citações dos entrevistados em itálico identifica- O olhar administrativo do gestor
das apenas pelo cargo que já exerceram.
“Não porque era um bando de gente santinha, era
Possibilidade de escolher: muito uma exigência da prática mesmo, a ques-
direito de cidadania tão filosófica – de escutar a pessoa, de vê-lo como
um todo, que exigia uma consulta maior, que ge-
“Então, o quê que na verdade eu vislumbrava? A rava um acolhimento melhor e confortava as pes-
possibilidade de universalização do seu acesso. soas. Isso do ponto de vista da gestão publica, das
Quer dizer, aqueles que desejam ser usuários dessa nossas dificuldades no SUS que tem um grande
prática, eu gostaria muito de poder estar disponi- problema de respeito ao cidadão, de acolhimento,
bilizando universalmente, da mesma forma que de consultas de baixa qualidade, isso foi muito
uma prática alopática” (Coordenador de atenção motivador” (Ex-secretário municipal de saúde).
primária, Secretaria Estadual de Saúde, ex-secre- “...Eu tenho que te confessar, o meu olhar é o
tário de saúde). do gerente de serviço, do conjunto de serviços. A
“Promover a eqüidade. Ela estava restrita aos Homeopatia tem uma adesão fantástica dos usu-
pacientes abonados que poderiam pagar uma ários – quem entra não quer sair do serviço. Mais
consulta na rede privada. Nada mais justo então de 95% de adesão. O serviço de Homeopatia requer
que facilitar o acesso à Homeopatia e Acupuntura muito pouco aparato de apoio de diagnóstico. En-
para todos” (Subsecretário de assistência à saú- tão, dentro da minha racionalidade, eu imagino
de, Secretaria Estadual de Saúde). o seguinte: se a gente tem um modelo de prática
“...Eu tinha essas coisas do SUS como quase médica, a medicina, que tem se mostrado incapaz,
um mote existencial, então aqueles princípios da insuficiente de garantir integralidade, universali-
universalidade de acesso, de que o cidadão tem dade, igualdade de acesso e satisfação do usuário,
direito, isso tudo me motivava muito porque era nós temos um outro modelo, outros modelos de
uma ferramenta a mais... o que nos motivou mui- prática que podem, sem ser excludentes, igual a
to era que nós tínhamos uma leitura política mui- medicina foi ao longo das décadas com as tera-
to aguçada da questão do direito e do acesso. Então pêuticas não convencionais, mas estar sendo uma
aquilo era uma coisa que já era reconhecida pelo opção terapêutica do usuário, por que não im-
Conselho Federal de Medicina, havia uma expec- plementá-lo?” (Coordenador de planejamento,
tativa de usuários, havia um grupo de médicos que ex-superintendente de assistência à saúde – Se-
queria trabalhar com isso e nós entendíamos que cretaria Municipal de Saúde).
era direito do povo, aquela coisa muito politizada “...Entre consultas, exames complementares e
mesmo, então isso ajudou muito a gente a viabili- medicação, o paciente sai muito mais barato do
zar o serviço” (Ex-secretário municipal de saúde). que um paciente que é atendido na alopatia. Isso

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na questão financeira. Na questão do paciente, eu dos principais aspectos negociados nesse pro-
acho que a questão, vendo agora lado do paciente, cesso. Simultaneamente em que os homeopatas
do usuário do SUS, ele vai ter um atendimento que atuavam na rede buscavam se adaptar a um
muito mais humanitário: sem aquela correria do tempo de consulta menor do que aquele que era
alopata que atende ali e em poucos minutos, já proposto por algumas escolas de Homeopatia,
pedindo vários exames... o homeopata, por tocar o sem comprometer a qualidade de sua prática 10,
paciente, por atender e gastar um tempo necessá- os seus representantes demandavam a regula-
rio pro atendimento, ele fica todo já coberto, então mentação do direito de consultas de uma hora
qualquer procedimento que ele faz ele está total- (primeira vez) ou trinta minutos (retornos). Essa
mente embasado daquilo que ele está fazendo” prerrogativa para sua prática, justificada nas ca-
(Gerente de atenção secundária). racterísticas do seu saber, permitiu aos home-
Os gestores são sensíveis à avaliação da clien- opatas a preservação da consulta como espaço
tela de serviços homeopáticos sobre a qualidade relevante para o exercício da medicina. Ao fazê-
do atendimento e ao assumir a defesa do direi- lo, a Homeopatia se diferencia das demais espe-
to de acesso a toda a população que demandar cialidades da medicina que, por valorizarem a
a Homeopatia, esses entrevistados expressam a tecnologia como uma garantia da cientificidade
ideologia ocupacional do gestor, que tem na pro- dos seus atos, foram, aos poucos, construindo
moção da satisfação do usuário uma das metas o atual arranjo tecnológico em saúde, em que a
de sua função no sistema de saúde. consulta representa parcela de menor valor, sim-
Ao apontar, como justificativa de apoio à bólico e econômico.
Homeopatia, o seu baixo custo, levantam a sus- Portanto, não podemos dizer que apenas o
peição de estarem em defesa de uma medicina homeopata é capaz de uma prática médica que
barata que poderia possibilitar a ampliação da resgata a dimensão humanista da medicina, pois
cobertura da atenção primária. Mas desfazem todos os médicos são formados como profissio-
essa impressão apresentando esse argumento de nais com uma ideologia que preserva este valor.
forma vinculada à qualidade do cuidado homeo- Mas, podemos afirmar que as escolhas da me-
pático, descrevendo-o como um encontro entre dicina, em seu caminho de aproximação com a
médico e paciente que se realiza segundo os pa- ciência, construíram para ela um modelo de as-
drões éticos da boa prática médica. sistência que dificulta esse resgate. E os gestores
Os entrevistados demonstram reconhecer utilizam suas observações sobre a Homeopatia
que a consulta homeopática envolve uma ana- para explicitar críticas a esse modelo, ou desvio
mnese extensa, acompanhada de um exame de modelo, como propõem alguns.
detalhado de cada paciente e que estes passos Os entrevistados também observam que a
são necessários para que o homeopata efetive Homeopatia está adentrando em um sistema de
sua terapêutica – não se trata, portanto, de uma saúde que a desconhece, pois foi a Biomedicina,
característica pessoal do homeopata, mas sim como saber dominante, a construtora do modelo
de uma exigência técnica da racionalidade em de saúde que hoje tenta abrigar a Homeopatia.
que ele opera, pois o homeopata assume para Essa hegemonia se faz presente em todas as esfe-
si o papel de reflexão crítica sobre o diagnósti- ras do campo da saúde: política, científica, de di-
co, freqüentemente delegado à tecnologia pela vulgação e reprodução do saber, como o estudo
Biomedicina. Quando descrevem o ato médico procurou demonstrar. Eles observam ainda que
homeopático como um ato dirigido e assegu- mesmo após anos de discussões, críticas e refor-
rado pela escuta e observação dos pacientes, os mas, esse modelo de atenção que aí está ainda
gestores estão reafirmando um valor universal valoriza muito a medicina hospitalar em detri-
para a prática médica, ou seja, descrevem o que mento das atividades ambulatoriais. Além disso,
seria a boa prática. Ao descrever a prática mé- a lógica interna da prática na qual esse modelo
dica não-homeopática, em contraposição, refe- se baseia, a Biomedicina, avaliza um conjunto
rem-se ao excesso de pedidos de exames e às de características – “o uso excessivo de exames
consultas rápidas. As representações sobre uma complementares, a desvalorização da subjetivi-
e outra medicina são claramente expressas por dade do paciente e do próprio médico e a farma-
esses gestores e merecem uma atenção reflexi- cologização excessiva” 11 (p. 135) – que se opõem
va, uma vez que “cada indivíduo é portador da frontalmente àquelas valorizadas pela prática
cultura e das subculturas às quais pertence e é homeopática.
representativo delas” 9 (p. 194). Concluindo, podemos afirmar que a prática
Ao buscar se institucionalizar, a Homeopatia homeopática é caracterizada como uma ação
o fez defendendo alguns elementos de sua prá- que preserva a dimensão humanística da prática
tica considerados essenciais para garantir a efi- médica, pois defendeu, no processo de institu-
cácia de suas ações. O tempo de consulta foi um cionalização, a preservação da consulta médica

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como ato de maior valor, pois sem isto não seria um argumento que já foi usado por alguns estu-
capaz de garantir a efetivação da sua atividade diosos da saúde ao se colocarem em defesa do
terapêutica. reconhecimento e incorporação de racionalida-
des médicas alternativas, pois as supunham mais
amistosas para com a integralidade 12.
A Homeopatia como uma medicina Os gestores associam, ainda, a visão do to-
do ser integral do do homeopata a uma possibilidade de atuar
na promoção da saúde. Eles apresentam a idéia
“Então, como eu tava te falando, por que a Home- de que os conceitos de prevenção e promoção
opatia é maior? Por isso, porque a Alopatia, quan- da saúde são mais compatíveis com práticas que
to mais se subespecializa, fica mais ligada mesmo trabalham o cuidado dos indivíduos dentro de
à doença, aí trata dessa partezinha, enquanto ele um conceito positivo de construção da saúde co-
vai no outro e trata do todo, ele não vai voltar em mo a Homeopatia, e não direcionadas para a do-
mim, então existe esse medo mesmo” (Gerente de ença, como a Biomedicina. Apontam ainda que
atenção secundária). essa mudança de visão que vem ocorrendo no
“A cada dia que passa, onde a Alopatia não campo da saúde pode aumentar a aceitação da
consegue dar conta do sujeito, e não consegue prática homeopática. Alguns estudos já haviam
mesmo, do indivíduo como um todo... Você fala sugerido que a Homeopatia, sendo uma práti-
de outra coisa, você fala de um sujeito na íntegra, ca que se propõe a cuidar do ser integral, numa
você fala de um sujeito que precisa de tempo, você perspectiva positiva de saúde, desenvolveria
fala de um sujeito que precisa ser observado com uma prática de promoção da saúde 13,14,15. Essa
as suas conexões físicas e psíquicas. ...Acho que observação, vinda de gestores que tiveram conta-
o problema maior que eu vejo é exatamente essa to com a Homeopatia em ação, na atenção bási-
questão da integralidade que a medicina não dá ca, é importante testemunho que rebate aqueles
conta, a oficial” (Coordenador de centro de refe- que argumentam que a Homeopatia perderia,
rência de saúde do trabalhador). quando inscrita na rotina da saúde pública, suas
“Eu acho que realmente tem questões da saúde características de prática humanista.
que a população demanda que não se enquadram
nos clássicos quadros clínicos da Alopatia, não se
enquadram, e a gente não dá conta, enquanto que As origens da resistência
a Homeopatia consegue fazer, pela própria abor-
dagem global, dá um atendimento que satisfaz “Eu entendo que a Homeopatia rompe com a vi-
mais a pessoa...” (Coordenador de centro de saú- são do biologicismo dentro da saúde. Ela rompe
de escola). com o biologicismo e ela rompe exatamente com
Os gestores falam das dificuldades da Biome- a fragmentação que existe dentro da abordagem.
dicina, baseada na tecnologia das especialida- Então eu entendo a Homeopatia como uma es-
des, em lidar com sintomas comumente trazidos pecialidade médica, mas para além da medicina
pela população às unidades de saúde, por sua tradicional, da concepção médica hegemônica.
impossibilidade de compreender o indivíduo em ...Há todo esse confronto que é uma coisa muito
sua totalidade. Apontam, ao mesmo tempo, co- comum quando você traz uma nova linguagem,
mo atributo distintivo, a Homeopatia como uma quando você traz uma nova experiência e quan-
prática mais voltada para o sujeito integral. do você rompe um pouco com essa questão que
Considerando que existem diversos sentidos está colocada, com a linguagem habitual ... Você é
de integralidade nos discursos que se apresen- uma ameaça. Você, da Homeopatia é uma amea-
tam no campo da saúde, é preciso saber reconhe- ça à minha linha tradicional, biológica, centrada
cer que os gestores entrevistados adotam, nessa na doença onde o indivíduo não importa. Então o
avaliação que fazem das duas medicinas, um que você vai fazer? Os caras cerceiam mesmo. Acho
sentido de integralidade que se refere à medicina que isso é o que eu tenho visto” (Coordenador de
integral como aquela que não reduziria o pacien- centro de referência à saúde do trabalhador).
te aos sistemas biológicos ou a suas queixas – em “Olha, eu acho que é uma diferença tão gran-
oposição à medicina reducionista e fragmentária de, é uma questão epistemológica de princípio,
apresentada pelos currículos das escolas médi- de início: eu trato diversos doentes com o mesmo
cas nos anos setenta. Ao apresentarem as suas medicamento e a Homeopatia trata o doente com
experiências de ver a Homeopatia abordando a sua doença, não sei nem se eles usam o termo
os indivíduos doentes com essa compreensão e, doença. Então, o remédio é personalizado, eu acho
paralelamente, constatarem a impossibilidade muito difícil, há realmente uma distância muito
da Biomedicina de proceder da mesma forma, grande até de leitura das coisas, a leitura do bio-
alguns profissionais entrevistados reapresentam lógico, do funcionamento, então eu acho muito

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difícil a troca de figurinhas entre homeopatas e 18,19,20,21,mas faltam explicações sobre os meca-
alopatas, porque eles têm lógicas muito distintas” nismos e o local de sua ação.
(Ex-secretário municipal de saúde). “A primeira coisa que se diz é: ‘isso é um qua-
A capacidade de resolver problemas trazidos dro agudo, você não pode usar isso, a Homeopa-
pelos pacientes é um valor essencial para a pro- tia é para questões crônicas, arrastadas, processos
fissão 16, mas a identidade profissional também outros’... Eu acho que o que pega realmente é isso
é construída no compartilhamento de saberes ‘eu não acredito por isso, é muito lento, você toma
sobre as doenças, tendo como base o conheci- muita coisinha, umas bolinhas, essas coisas todas
mento científico. E se o conhecimento científi- e você não sabe bem para quê que é’, etc. Não é uma
co confere aos participantes dessa profissão – os coisa direcionada, porque a primeira pergunta é
médicos – autoridade para legitimar um saber so- ‘esse aqui é para quê?’. Esse é para tratar asma, esse
bre as doenças, será a experiência clínica que lhes é para tratar não sei o quê, porque é a lógica da
fundará o saber sobre doentes 17. Por essa razão Alopatia” (Coordenador da atenção primária).
eles valorizam as práticas capazes de demonstrar “Essa coisa da cura através da Homeopatia, a
resultados, mas a impossibilidade de comparti- concepção dela é divergente de todo modelo que
lhar com elas os saberes herdados e reconheci- a gente tem histórico aí de mais de cem anos, das
dos como científicos vai lhes impedir de atribuir a bactérias da vida. E você dizer que vai fazer um
elas a legitimidade científica que lhes garantiria o princípio ativo através de similares e diluições,
mesmo valor profissional no campo da saúde. isso tem um impacto. A construção dessa concep-
“Olha, eu acho que o que leva a maioria dos ção na cabeça de um profissional que tradicional-
profissionais a não adotar a Homeopatia, ou não mente lida com comprovação de drogas que vão
dar essa credibilidade à Homeopatia é o desco- lá e matam, né? Que é uma visão ainda que vem
nhecimento, vamos dizer assim, do princípio ati- lá de trás, mas que ainda é muito forte na medi-
vo e da ação do medicamento homeopático. ...En- cina, você mudou toda uma concepção teórica,
tão eu acho assim, falta muita discussão em torno mas é aquela concepção unicausal, foi um troço
disso, falta esclarecimento para os profissionais” que foi lá e causou a doença no cidadão, eu tenho
(Secretário municipal de saúde). que ir lá e matar aquele negócio, fazer com que ele
“Modelo que não tem as bases bioquímicas, desapareça. A nossa cultura médica é muito forte
biofísicas e fisiopatológicas que conhecemos. E em torno ainda do conceito da unicausalidade,
como todo doutor, pelo menos a sua maioria, o voltada para o momento agudo da doença” (Sub-
que ele não compreende, ele refuta, ele diz que não secretário Estadual de Saúde).
serve, ele simplesmente abomina; a não compre- Não compreendendo como age o medica-
ensão de ações energéticas, quer seja no desenvol- mento homeopático, os entrevistados atribuem
vimento do processo terapêutico, quer seja no seu a ele uma ação geral e inespecífica, não direcio-
resgate, a não compreensão leva a refutá-lo. Quer nada a um determinado distúrbio, o que constrói
dizer, eu não vou admitir que eu não entendo, eu uma imagem de que a Homeopatia seria uma
não vou admitir que isso tá além daquilo que eu medicina incapaz de dar respostas imediatas às
consigo compreender fisiologicamente, fisiopato- doenças agudas e graves em contraposição à Bio-
logicamente, bioquimicamente, biofisicamente, medicina, que, em conformidade com a cultura
isso tá além da minha compreensão, não foram atual, atende a exigência de resultados imedia-
essas bases que eu aprendi na minha formação, tos. A Biomedicina define, então, como padrão
mas eu não posso dizer isso, então simplesmente de boa prática que não basta resolver, é preciso
eu refuto e digo que é uma prática que eu não acei- resolver rapidamente. Para uma determinada
to, porque eu prefiro a Alopatia” (Coordenador de queixa é preciso contrapor uma determinada
atenção primária, Secretaria Estadual e Saúde, substância que atue rapidamente fazendo-a de-
ex-secretário de saúde). saparecer. Os entrevistados ressaltam que a for-
Eles descrevem acima o desenvolvimento da mação dos médicos é voltada para o imediatis-
principal resistência de cunho cientifico à Ho- mo, dificultando sua aceitação de uma medicina
meopatia, que se baseia na não compreensão que teria uma outra mensuração do tempo: do
da ação das ultradiluições. Relatam que é difícil tempo terapêutico, do tempo de adoecimento e
compreender uma medicina, como a Homeopa- do tempo de cura.
tia, que não oferece a mesma explicação farma-
cológica para a ação das substâncias que utiliza.
As ultradiluições há muito têm sido apontadas Considerações finais
como o tendão de Achiles da Homeopatia pe-
las dificuldades na comprovação científica de Pode-se perceber que entre os entrevistados pre-
sua ação. Muitos experimentos laboratoriais fo- domina a noção de Homeopatia como uma “me-
ram desenvolvidos para confirmar a essa ação dicina suave”, que lentamente poderia promover

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a melhora dos sintomas. Alguns fatores contri- dentre as publicações, muitas serem realizadas
buem para a construção dessa percepção e, um com pequeno número de sujeitos e muitas vezes
deles, certamente, é a falta de contato com resul- não seguirem o modelo exigido pela academia,
tados da Homeopatia em quadros agudos. Essa ou seja, ensaio clínico duplo cego, placebo con-
condição não se deve apenas à falta de estrutura trolado 23,24,25,26,27,28 não sendo, portanto, sufi-
dos serviços para atendimentos de casos agu- cientes para mudar a percepção dominante no
dos, mas também às dificuldades que ocorrem campo da saúde de que a Homeopatia é indicada
no Brasil na formação dos homeopatas, pois os apenas nos casos de doenças crônicas.
cursos de especialização não oferecem aos seus As dificuldades e resistências apontadas pe-
alunos um treinamento em serviço para aten- los gestores ressaltam que a falta de informações
dimento de casos agudos. Conseqüentemente, esclarecedoras sobre os procedimentos home-
diante desses casos, grande parte dos formados opáticos limita as possibilidades de utilização
em Homeopatia se sente insegura para utilizar da Homeopatia porque gera insegurança sobre
apenas esta medicina e optam por associar re- esta medicina. Cabe aos homeopatas, portanto,
cursos da Biomedicina 22. Essa atitude reafirma nesse momento da interlocução com seus pares,
a noção de que a Homeopatia é insuficiente para promover reflexões sobre sua própria medicina,
lidar com situações mais graves ou que exijam definindo conceitos e esclarecendo sua tecnolo-
respostas imediatas. gia, de forma a tornar públicas as características
Soma-se a isso o fato de serem poucas as pu- da sua boa prática, os limites de sua ação e as
blicações de resultados de pesquisas com a uti- possibilidades de parcerias com outras ações de
lização da Homeopatia em situações agudas, e, saúde.

Resumo Colaboradores

Este artigo apresenta parte dos resultados de pesqui- O artigo foi escrito por S. A. C. Salles com a colaboração
sa que investigou características do movimento de e revisão de L. B. Schraiber.
aproximação e afastamento entre homeopatas e mé-
dicos da Biomedicina, segundo o ponto de vista dos
profissionais não homeopatas. Foram entrevistados Agradecimentos
48 profissionais de saúde (docentes, gestores e médicos
que trabalham na rede publica). Toma-se para aná- À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
lise apenas os resultados das entrevistas com gesto- Paulo pelo apoio (processo nº. 04/05973-8) e à Coorde-
res. Foram usadas como referências as concepções de: nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
campo social e científico de Bourdieu; racionalidades pela bolsa de Doutorado concedida à S. A. C. Salles.
médicas de Madel Luz; arranjos tecnológicos do tra-
balho em saúde de Mendes-Gonçalves e de identidade
profissional de médico de Donnangelo e de Schraiber.
Os resultados indicam que o apoio de gestores à pre-
sença da Homeopatia no SUS relaciona-se à percepção
da demanda social, à defesa do direito de escolha dos
usuários e à constatação de tratar-se de uma prática
médica que resgata a dimensão humanista da medi-
cina, contribuindo assim para a satisfação do usuário.
As dificuldades e resistências apontadas pelos gestores
ressaltam que a falta de informações sobre os procedi-
mentos homeopáticos limita as possibilidades de utili-
zação da Homeopatia porque gera insegurança sobre
esta medicina.

Homeopatia; Medicina; Saúde Pública

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(1):195-202, jan, 2009


202 Salles SAC, Schraiber LB

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Recebido em 10/Mar/2008
Aprovado em 26/Mai/2008

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(1):195-202, jan, 2009

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