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Abstract This study of theoretical revision dis- Resumo Este artigo é um estudo de revisão teóri-
cuss the Pharmaceutical Assistance in the Basic ca que discute a Assistência Farmacêutica no Sis-
Units of Health, rescuing briefly the history of tema Único de Saúde, resgatando-se brevemente a
the National Drug Policy, the mechanisms of fi- história da Política Nacional de Medicamentos, os
nancing in the process of health decentralization mecanismos de financiamento no processo de des-
and Pharmaceutical Assistance on the Basic At- centralização da saúde e a Assistência Farmacêu-
tention to Health. The expansion of the popula- tica na Atenção Básica à Saúde. A ampliação do
tion access to the health system has demanded acesso da população ao sistema de saúde exigiu
changes on drug distribution in order to increase mudanças na distribuição de medicamentos, de
the coverage and at the same time to reduce costs. maneira a aumentar a cobertura e ao mesmo tem-
It was identified advances in legal and institu- po minimizar custos. Identificam-se avanços no
tional structures: the management decentraliza- arcabouço jurídico e institucional: descentraliza-
tion of actions on pharmaceutical assistance; the ção da gestão das ações da assistência farmacêuti-
expansion of the population access to essential ca; ampliação do acesso da população aos medica-
medicines; and the establishment of the pharma- mentos essenciais; e estruturação da assistência
ceutical assistance in some cities. However, it still farmacêutica nos municípios. No entanto, persis-
persists priority actions in relation to the financ- tem ações prioritárias em relação ao financiamen-
ing and population coverage, in detriment of qual- to e cobertura populacional, em detrimento da
ity processes. The conclusion is that, many Bra- qualidade dos processos. Conclui-se que em mui-
zilian cities has low availability and discontinu- tos municípios brasileiros ocorrem baixa disponi-
ity of essential medicine offer; dispensation by bilidade e descontinuidade da oferta de medica-
workers without qualification; inadequate con- mentos essenciais; dispensação por trabalhadores
ditions of storage that compromise the quality of sem qualificação; condições inadequadas de arma-
medicines; medicine prescription that does not zenamento que comprometem a qualidade dos
belong to the National Reference of Essential Med- medicamentos; prescrição de medicamentos que
icines; and problems related to the access of users não pertencem à Relação Nacional de Medicamen-
1
Universidade Estadual de to the pharmacotherapy. tos Essenciais; e problemas relacionados ao acesso
Feira de Santana. Av. Key words Pharmaceutical assistance, Basic dos usuários à farmacoterapia.
Transnordestina s/no, Novo
Horizonte. 44036-900
Attention to Health Palavras-chave Assistência Farmacêutica, Aten-
Feira de Santana BA. ção Básica à Saúde
feltrinlc@yahoo.com.br
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Oliveira LCF et al.
Diante desse cenário, foi elaborada e aprova- execução; promover o uso racional de medica-
da em 1998 a PNM brasileira, com base nos prin- mentos junto à população, aos prescritores e aos
cípios e diretrizes do SUS, integrando esforços dispensadores; assegurar a dispensação adequa-
para a consolidação do novo sistema de saúde da de medicamentos; definir a relação municipal
brasileiro e norteando as ações das três esferas de medicamentos essenciais com base na Rena-
de gestão. A PNM traz como diretrizes a adoção me e no perfil epidemiológico da população; as-
da Rename; a regulação sanitária de medicamen- segurar o suprimento dos medicamentos desti-
tos; a reorientação da assistência farmacêutica nados à atenção básica; investir na infraestrutu-
com descentralização da gestão; a promoção do ra das centrais farmacêuticas e das farmácias dos
uso racional de medicamentos; o desenvolvimen- serviços de saúde, visando assegurar a qualidade
to científico e tecnológico; a promoção da pro- dos medicamentos5.
dução de medicamentos; a garantia de seguran- Em março de 2006, com a aprovação da Por-
ça, eficácia e qualidade dos medicamentos; e o taria GM 698/200617 instituiu-se então o bloco de
desenvolvimento e capacitação de recursos hu- financiamento para a AF constituído por quatro
manos envolvidos com a AF8. componentes: Componente Básico da Assistên-
A premissa básica seria a descentralização da cia Farmacêutica; Componente Estratégico da
aquisição e distribuição de medicamentos essen- Assistência Farmacêutica; Componente Medica-
ciais, respeitando as necessidades das populações mentos de Dispensação Excepcional e Compo-
locais através de critérios epidemiológicos – preo- nente de Organização da Assistência Farmacêu-
cupação pertinente, diante de fracassos anterio- tica, este último foi retirado do bloco de financia-
res com a experiência centralizadora da extinta mento pela Portaria nº 204/200718.
Ceme. O gestor federal, a partir desse momento, O componente básico da AF destina-se à aqui-
passa a participar do processo de aquisição, me- sição de medicamentos e insumos de AF no âm-
diante o repasse fundo a fundo de recursos fi- bito da ABS e aquelas relacionadas a agravos e
nanceiros e a cooperação técnica6. A partir de programas de saúde específicos, inseridos na rede
então se dá início ao processo de descentraliza- de cuidados. Ele é composto de uma parte finan-
ção da AF no SUS. ceira fixa e de uma parte financeira variável. A
parte financeira fixa consiste em um valor per ca-
pita destinado à aquisição de medicamentos e in-
Os mecanismos de financiamento sumos de AF em ABS, transferido ao Distrito Fe-
no processo de descentralização da AF deral, estados e/ou municípios, conforme pactu-
ação nas Comissões Intergestores Bipartite (CIB).
No final da década de 1990, os municípios pas- Nessa perspectiva, os gestores estaduais e
sam a gerir a aquisição de medicamentos essen- municipais devem compor o financiamento da
ciais distribuídos na ABS, enquanto a aquisição parte fixa, como contrapartida, em recursos fi-
dos outros medicamentos referentes a progra- nanceiros ou insumos, conforme pactuação na
mas específicos continua centralizada nas esferas CIB e normatização da política de AF vigente18.
estadual e federal. Já a parte financeira variável do componente
O financiamento passa a ser norteado pelo básico consiste em valores per capita destinados
Incentivo à Assistência Farmacêutica Básica esta- à aquisição de medicamentos e insumos de as-
belecida na Portaria GM no 176/995, e a participa- sistência farmacêutica dos Programas de Hiper-
ção do nível federal passa a ser através de repasse tensão e Diabetes, Asma e Rinite, Saúde Mental,
fundo a fundo, do fundo federal para os fundos Saúde da Mulher, Alimentação e Nutrição e Com-
estaduais e municipais de saúde com recursos no bate ao Tabagismo. Os recursos poderão ser exe-
valor de R$ 1,00 (um real) por habitante/ano, cutados pelo próprio Ministério da Saúde ou des-
repassados em parcelas de 1/12 mensais. A parti- centralizados, conforme pactuação na Comissão
cipação dos estados e municípios é feita através Intergestores Tripartite, mediante a implemen-
das contrapartidas financeiras que, somadas, não tação e organização dos serviços previstos nesses
podem ser inferiores ao valor repassado pelo programas 18.
governo federal5. Configura-se então, a atual conformação le-
O gestor municipal passa a ter algumas res- gal da AF no SUS, que, apesar de bem estrutura-
ponsabilidades importantes, como coordenar e da através das várias diretrizes e intenções ex-
executar a AF no seu respectivo âmbito; associ- pressas na legislação, ainda está restrita basica-
ar-se a outros municípios por intermédio de or- mente às atividades relacionadas ao processo de
ganização de consórcios, tendo em vista a sua abastecimento de medicamentos.
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Neste aspecto, há também a necessidade de calização orientada para o autocuidado, por meio
aproximação do profissional farmacêutico com de orientações educativas, em que a equipe é
as unidades de saúde que dispensam o medica- mediadora dos processos e a intervenção tera-
mento, de maneira a se comprometer não só com pêutica é compartilhada.
as atividades relacionadas ao processo de pro- Para que a ABS seja resolutiva, estabeleça vín-
gramação e aquisição, como também com a rela- culo e se responsabilize pelos usuários, alguns
ção existente entre o usuário e o uso racional dos fatores são importantes; dentre eles, é necessário
medicamentos. A Atenção Farmacêutica é uma que o usuário tenha acesso a medicamentos de
nova perspectiva de conduta do farmacêutico pe- qualidade no momento oportuno e de maneira
rante o usuário do medicamento; nela, o profissi- coerente, ou seja, receba todas as orientações per-
onal teria que estabelecer uma relação estreita e tinentes quanto ao uso correto das medicações.
acolhedora com o usuário, comprometendo-se As contribuições da legislação e das normati-
com o sucesso de sua farmacoterapia. Desta ma- zações do MS para a organização e o estabeleci-
neira, o farmacêutico deixará de se ocupar estri- mento de financiamento para a AF na ABS são
tamente com atividades de caráter burocrático indiscutíveis. No entanto, existe um grande dis-
relacionadas com a aquisição de medicamentos tanciamento entre a AF básica legalmente esta-
para se ocupar também do usuário. belecida e a AF básica real dos municípios brasi-
leiros. Os problemas encontrados vão desde o
desabastecimento de medicamentos essenciais e
Considerações finais má conservação deles no processo de armazena-
mento até a ausência total de orientação ao usuá-
É inegável a importância da AF na ABS, visto que rio quanto à utilização correta desses produtos.
este nível de atenção deve resolver os problemas Muitos são os fatores que comprometem a
de saúde de maior relevância em seu território, qualidade da AF nos municípios brasileiros; des-
utilizando “tecnologias de elevada complexidade tacam-se: insuficiência de recursos financeiros,
e baixa densidade”, dentre estas o uso de medica- necessidade de melhor capacitação dos trabalha-
mentos para cura, reabilitação, promoção da dores envolvidos com os processos, bem como
saúde e prevenção de doenças25. Em síntese, ao de seus gestores.
procurar um serviço na porta de entrada da rede Haja vista a possibilidade de melhoria ante as
SUS, a complexidade da AF é traduzida em ações demandas claramente perceptíveis, os estudos de
relacionadas às demandas que são construídas avaliação vêm contribuindo para diagnosticar pos-
no cotidiano das pessoas, da família e dos gru- síveis problemas, identificar suas causas e contri-
pos sociais, exigindo da equipe preparo para li- buir através da proposição de ações corretivas e
dar com questões subjetivas como anseios e dú- preventivas que venham melhorar a organização e
vidas sobre a terapêutica, que ultrapassam as a gestão da AF básica nos municípios, fazendo-a
queixas apresentadas nos encontros entre os di- cumprir efetivamente sua função social, qual seja:
ferentes componentes da equipe e os usuários assegurar o acesso universal e igualitário dos usu-
dos serviços. A baixa densidade envolve o uso de ários do SUS à AF de qualidade e com responsabi-
tecnologia na AF básica que opera com a medi- lidade por parte dos responsáveis por esta atenção.
Colaboradores
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19 set. Versão final apresentada em 10/09/2008