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ARTIGO ARTICLE 1207

Avaliação da gestão descentralizada da


assistência farmacêutica básica em municípios
baianos, Brasil

Evaluation of decentralized management of basic


pharmaceutical care in Bahia State, Brazil

Joslene Lacerda Barreto 1,2


Maria do Carmo Lessa Guimarães 2

Abstract Introdução

1 Secretaria da Saúde do This article analyzes the decentralized manage- Com a Política Nacional de Medicamentos
Estado da Bahia, Salvador,
Brasil.
ment of pharmaceutical care at the municipal (PNM) 1, a assistência farmacêutica passa a ser
2 Faculdade de Farmácia, (local) level in the State of Bahia, Brazil. The entendida como parte integrante de um con-
Universidade Federal da working hypothesis is that conditioning factors junto de práticas voltadas para a promoção, pre-
Bahia, Salvador, Brasil.
for such management results mainly from an venção e recuperação de saúde, contemplando
Correspondência essentially technical and procedures-based ap- atividades que extrapolam o simples abasteci-
J. L. Barreto
proach that still prevails in pharmaceutical care. mento de medicamentos. Assim, os municípios
Núcleo de Estudos e Pesquisa
em Assistência Farmacêutica, Two research strategies were used: an extensive passam a assumir uma “série de responsabili-
Faculdade de Farmácia, strategy, based on the Protocol of Indicators de- dades que exigem mobilização de conhecimento
Universidade Federal da
veloped by the Nucleus for Studies and Research e habilidades técnicas, gerenciais e políticas em
Bahia.
Rua Barão de Jeremoabo in Pharmaceutical Care (NEPAF) at the School relação à assistência farmacêutica” 2 (p. 53).
s/n, Campus Universitário, of Pharmacy, Federal University in Bahia, in two No entanto, as condições da assistência
Salvador, BA
40170-115, Brasil
Bahian municipalities. Data were collected with farmacêutica nos municípios brasileiros ainda
joslenebarreto@ig.com.br questionnaires, a checklist, and document analy- estão bem distantes daquelas necessárias para
sis. The intensive phase used semi-structured in- que estes assumam suas funções de executores
terviews with key informants. The findings con- desta política. Estudos realizados sobre a imple-
firm the initial premises, detecting management mentação da PNM apontam para problemas na
practices limited to the operational dimension, organização das atividades voltadas para o medi-
with an emphasis on aspects of the logistic cycle camento decorrentes da falta de prioridade para
in pharmaceutical care. Some limited strides were com este campo de assistência, observada histo-
identified in the organizational and sustainabili- ricamente na organização do sistema de saúde
ty dimensions, focused on promoting greater par- no Brasil.
ticipation and autonomy in the management of Mayorga et al. 3 (p. 208), ao analisarem a situ-
pharmaceutical care at the municipal level. ação da assistência farmacêutica no Brasil, con-
cluíram que os municípios e estados, enfrentam
Pharmaceutical Services; Health Management; “problemas relacionados ao desenvolvimento e
Evaluation qualidade dos serviços farmacêuticos, debilidade
na infra-estrutura e operacionalidade, além da
dificuldade no atendimento da demanda popu-
lacional por medicamentos”.

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Do mesmo modo, Fraga 4 verificou que ape- Este modelo está orientado por um concei-
sar de alguns avanços resultantes da PNM, a as- to guia de gestão, o qual, por sua vez, pauta-se
sistência farmacêutica desenvolvida nos muni- também em princípios orientadores do SUS tais
cípios brasileiros ainda é incipiente, mantendo como: descentralização, flexibilidade, transpa-
a ênfase na aquisição de medicamentos. Além rência, participação e autonomia decisória.
disso, os municípios ainda não são capazes de Neste sentido, o NEPAF 8 assume, tomando
garantir a necessária segurança, eficácia e quali- de empréstimo de Junquilho 9 e Guimarães et
dade, a promoção do uso racional e o acesso da al. 7 (p. 1646) o conceito de gestão como “um pro-
população aos medicamentos essenciais, propó- cesso técnico, político e social capaz de produzir
sitos maiores desta política 3,4,5. resultados” e o de “capacidade de gestão” como
Vale ressaltar que, numa perspectiva sistê- “a faculdade de uma organização em decidir com
mica mais ampla, o acesso e o uso racional de autonomia, flexibilidade e transparência, mobili-
medicamentos mantêm uma interrelacão que zando recursos e construindo a sustentabilidade
ultrapassa as fronteiras do setor saúde, envolven- dos resultados de gestão”.
do principalmente os setores social, econômico, Orientado por estes conceitos e apoiado
educacional, político, entre outros. nos princípios orientadores do SUS, o NEPAF 8
Para Marin et al. 2, todos os componentes do (p. 5) construiu um conceito-guia de assistên-
ciclo da assistência farmacêutica podem e de- cia farmacêutica básica, como um “conjunto de
vem contribuir para a promoção do uso racional práticas que envolvem atividades de regulação,
de medicamentos, o que de acordo com Fraga 4 planejamento, distribuição e dispensação de me-
(p. 23) é caracterizado pela “adoção de atitudes dicamentos essenciais na rede de atenção básica
alicerçadas em informações técnico-científicas e da saúde pública, garantindo o acesso e a promo-
operacionais durante o diagnóstico, a prescrição, ção do uso racional de medicamentos de forma
a dispensação e a utilização dos medicamentos”. descentralizada e compartilhada”. E o conceito
Estudos mais analíticos e menos diagnósti- da gestão da assistência farmacêutica na atenção
cos vêm chamando atenção para a concepção básica da saúde como a “capacidade de formular,
que ainda prevalece sobre o medicamento como articular e criar condições de implementação e
bem de consumo e não como insumo básico de de sustentabilidade da Assistência Farmacêutica
saúde, passando assim, segundo Marin et al. 2 (p. Básica de forma descentralizada e compartilhada
130), a ser um “objeto desvirtuado no Sistema de no âmbito municipal”.
Saúde, inviabilizando o desenvolvimento de um Tais concepções de gestão segundo estes
enfoque que priorize o cuidado com a terapêu- autores, envolvem não apenas aspectos técni-
tica medicamentosa, envolvendo nessa concep- co-administrativos, mais próximos da teoria da
ção a formação dos profissionais, o processo de Administração Clássica, como também aspec-
educação continuada, a orientação à população tos estratégicos, sociais e políticos que se apro-
e o acompanhamento do uso adequado e racional ximam mais da ciência política. Estas escolhas
dos medicamentos”. estão também sustentadas na discussão levan-
Tais problemas, segundo Nascimento Jr. 6 e tada por Carlos Matus 10 sobre a possibilidade da
Fraga 4, refletem atitudes e condutas de diver- capacidade de governo ser aferida a partir de três
sos atores: governos, prescritores, dispensadores, dimensões, interdependentes entre si, e ilustra-
consumidores e da própria indústria farmacêuti- da através de uma linguagem esquemática, que
ca e se manifestam na falta de infra-estrutura, de passou a ser conhecida como o “Triângulo de Go-
recursos humanos e de recursos financeiros ou verno de Matus”.
orçamentários. Nesta direção, Guimarães et al. 7, inspirados
Considerando a relevância do processo de no Triângulo de Governo de Matus, defendem a
implementação de política de saúde e seus pro- capacidade de gestão como capacidade de go-
gramas, na perspectiva de consolidação do SUS, vernar, a qual se revela através de três dimen-
alguns estudos vêm sendo realizados no sentido sões também interdependentes: organizacional,
de acompanhar e avaliar este processo em parti- operacional e da sustentabilidade. A organiza-
cular no âmbito dos municípios. cional revela aspectos relacionados à capacida-
No caso específico da assistência farmacêuti- de de planejar e decidir de forma participativa,
ca, ressalta-se aqui o modelo teórico metodológi- autônoma e transparente. A operacional revela
co de avaliação da gestão, desenvolvido por Gui- a capacidade de manter e ampliar os recursos
marães et al. 7, adaptado pelo Núcleo de Estudos e logísticos e gerenciais. A sustentabilidade reve-
Pesquisas em Assistência Farmacêutica (NEPAF) la a capacidade de sustentar os resultados da
da Faculdade de Farmácia da Universidade Fede- gestão, contemplando aspectos relacionados à
ral da Bahia (UFBA) para avaliar a gestão descen- institucionalização de mecanismos e estratégias
tralizada da assistência farmacêutica básica. que ampliam e/ou consolidam apoios e alianças

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capazes de favorecer a sustentabilidade das de- à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), para
cisões e dos resultados pretendidos pela gestão. validação do modelo de avaliação proposto pe-
Os autores da proposta do NEPAF 8 defen- lo NEPAF 8. A seleção dos municípios obedeceu
dem que a avaliação da gestão da assistência far- a critérios técnicos e estratégicos que eviden-
macêutica implica verificar a inter-relação entre ciassem condições diferenciadas para “melhor”,
suas três dimensões, ou seja, a aferição integrada recomendadas para validação de modelos de
e ampla dos problemas que envolvem a gestão, avaliação 13. Isto porque, em estudos avaliativos,
tendo como objetivo definir estratégias para su- estas condições podem assegurar minimamente
peração ou minimização dos obstáculos iden- que a maior probabilidade de melhores resulta-
tificados conforme prevê a pesquisa avaliativa dos estaria nestas realidades 13.
discutida por Novaes 11 e Draibe 12. Assim, foram selecionados dois municípios,
Nesta perspectiva, este artigo apresenta os um por ser a capital do estado e por congregar
principais resultados da avaliação da gestão da um conjunto de condições técnicas e de oferta
assistência farmacêutica realizada pelo NEPAF 8 de serviços de saúde diferenciada em relação
identificando os fatores condicionantes desta aos demais municípios do estado. O outro por
gestão no âmbito municipal do Estado da Bahia, ter mais de 300 mil habitantes, estar na gestão
Brasil. plena da saúde, apresentar continuidade admi-
Parte-se dos pressupostos de que os cons- nistrativa, ou seja, duas gestões consecutivas de
trangimentos que a gestão da assistência far- um mesmo partido do executivo municipal e ter
macêutica municipal enfrenta têm como fator programas de saúde voltados para a expansão
condicionante o predomínio de uma concepção do acesso e resolubilidade da rede do SUS reco-
minimalista de assistência farmacêutica a qual nhecidos através de premiação por organismos
ainda orienta a organização dos serviços farma- nacionais e internacionais de saúde.
cêuticos no sistema público de saúde. A pesquisa se deu em duas fases: uma exten-
Tal concepção está pautada numa matriz siva e outra intensiva. Na primeira utilizaram-se
conceitual funcionalista que prioriza práticas os seguintes instrumentos de coleta de dados 8:
procedimentais e tecnicistas. Ou seja, privilegia a (i) um questionário com questões abertas e fe-
gestão da logística de aquisição de medicamen- chadas para verificação de aspectos concernen-
tos em detrimento de iniciativas de gestão de na- tes a cada dimensão da gestão da assistência far-
tureza estratégica e política para a promoção do macêutica e conformação dos seus respectivos
uso racional de medicamentos e que fomentem indicadores. Foram elaborados questionários
maior participação, autonomia e sustentabilida- para cada categoria de informante-chave; (ii) um
de dos seus resultados. formulário (check list), aplicado por pesquisado-
res no dia da visita para a avaliação das condições
logísticas das unidades básicas que dispensam
Procedimentos metodológicos medicamentos e para contagem física de medi-
camentos essenciais em estoque, (iii) análise de
Para a avaliação da gestão da assistência farma- documentos institucionais inclusive as atas de
cêutica nos municípios baianos o NEPAF 8 cons- todas as reuniões dos conselhos municipais dos
truiu um protocolo de indicadores a partir do dois municípios do ano de 2005.
proposto por Guimarães et al. 7 com 49 indica- Para o segmento dos trabalhadores e usuá-
dores distribuídos nas três dimensões da gestão: rios, foi utilizada a estratégia do “dia típico”, sem
dimensão organizacional (Tabela 1), dimensão aviso ou comunicado prévio, com o objetivo de
operacional (Tabela 2) e dimensão da sustenta- não criar situações de excepcionalidade para a
bilidade (Tabela 3). Contempla indicadores que pesquisa como forma de observar situações co-
identificam (i) a existência de normas e de estra- tidianas dos serviços 14. Assim foram aplicados
tégias para a implementação e sustentação de um questionários aos profissionais de saúde presen-
modelo diferenciado de gestão da assistência far- tes no dia da visita e para os usuários foi constru-
macêutica, (ii) a autonomia decisória, (iii) a par- ída uma amostra aleatória e a aplicação de ques-
ticipação, (iv) a disseminação de conhecimentos tionário foi interrompida quando se percebeu
estratégicos sobre a assistência farmacêutica e que os dados começaram a se repetir, utilizando-
(v) a satisfação com a qualidade dos serviços e/ se o princípio de saturação, de acordo com Polit
ou com o atendimento de demandas referidas et al. 15.
por usuários e/ou por gestores e trabalhadores O total de informantes da pesquisa foi de 263,
do sistema local de saúde. distribuídos por categoria nos dois municípios-
Este protocolo foi aplicado em dois municí- piloto: 2 Secretários Municipais de Saúde, 2 coor-
pios do Estado da Bahia, à título de estudo pilo- denadores municipais da Assistência Farmacêu-
to, com financiamento da Fundação de Amparo tica, 12 Gerentes de Unidades Básicas de Saúde

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Tabela 1

Protocolo de indicadores da dimensão organizacional.

Indicadores Fórmulas Tipo/Natureza

1. Condição de existência da CMAF na SMS Existe formalmente/Existe informalmente/ Indicador de existência de condição
Não existe normativa
2. Percentual de farmacêuticos que conhecem Número de farmacêuticos que conhecem a Indicador de conhecimento
a existência da CMAF CMAF/Total de gestores informantes x 100
3. Percentual de gestores (secretário, Número de gestores que conhecem a Indicador de conhecimento
coordenadores de programa e dirigentes existência da CMAF/Total de gestores
de unidades básicas) que conhecem a CMAF informantes x 100
4. Regularidade no funcionamento da CFT Regular/Irregular Indicador de existência de condição
normativa
5. Participação do CMS nas decisões sobre Sim/Não Indicador de participação
questões concernentes à assistência
farmacêutica no município
6. Percentual de gestores que conhecem o PMAF Número de gestores que conhecem o PMAF/ Indicador de conhecimento
Total de informantes x 100
7. Percentual de farmacêuticos que conhecem Número de farmacêuticos que conhecem o Indicador de conhecimento
a existência de PMAF PMAF/Total de informantes x 100
8. Percentual de gestores (gerentes de unidades Número de gestores e que participam da Indicador de participação
e coordenadores de programa) que participam elaboração do PMAF/Total de informantes
da elaboração do PMAF x 100
9. Percentual de farmacêuticos que participam Número de farmacêuticos que participam da Indicador de participação
da elaboração do PMAF elaboração do PMAF/Total informantes x 100
10. Grau de incorporação das propostas para Totalmente/Parcialmente/Não incorpora Indicador de existência de condição
a assistência farmacêutica no PMS estratégica
11. Participação da CMAF na elaboração do PMS Sim/Não Indicador de participação
12. Participação da CMAF na PPI do estado Sim/Não Indicador de participação
13. Percentual de UBS que realizam programação Número de UBS que realizam programação Indicador de existência de técnica gerencial
de necessidades de medicamentos essenciais de necessidades medicamentos/Total de
UBS x 100
14. Percentual de informantes que referem a Número de informantes que utilizam critérios Indicador de existência de condições técnicas
utilização de critérios técnicos na elaboração da na programação de medicamentos na UBS/ e gerenciais
programação necessidades de medicamentos Total de informantes x 100
15. Percentual de UBS em que o farmacêutico é o Número de UBS em que o farmacêutico é o Indicador de existência técnica/operacional
responsável pela elaboração da programação responsável pela elaboração da programação
de necessidades de medicamentos essenciais de medicamentos/Total de UBS x 100
16. Grau de autonomia decisória da CMAF Sim/Não (segundo parâmetros definidos) Indicador de autonomia

CMAF: Coordenação Municipal da Assistência Farmacêutica; CMS: Conselho Municipal de Saúde; CFT: Comissão de Farmácia e Terapêutica; PMAF: Plano
Municipal de Assistência Farmacêutica; PMS: Plano Municipal de Saúde; PPI: Programação Pactuada e Integrada; SMS: Secretaria Municipal de Saúde; UBS:
unidades básicas de saúde.

(Postos e Centros de Saúde), 9 farmacêuticos, 38 Os resultados da pesquisa de campo foram


prescritores, 9 coordenadores de programas de analisados a partir do levantamento das freqü-
saúde e 191 usuários. ências das respostas ao questionário e com base
Na segunda fase foram realizadas entrevis- em um plano de análise dos indicadores. O corte
tas semi-estruturadas com os coordenadores da temporal de toda pesquisa contemplou os anos
assistência farmacêutica e o gestor máximo de de 2005 e 2006.
saúde de um município com o objetivo de iden- Os dados coletados pelo questionário e for-
tificar com mais profundidade os fatores condi- mulário foram inseridos e trabalhados no pro-
cionantes dos problemas da gestão apontados grama SPHINX (SPHINX Brasil, Canoas, Brasil),
no estudo extensivo. as entrevistas foram gravadas e transcritas na

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Tabela 2

Protocolo de indicadores da dimensão operacional.

Indicadores Fórmula Natureza

1. Percentual de gestores, farmacêuticos e Número de gestores, farmacêuticos e Indicador de conhecimento


prescritores que conhecem a REMUME prescritores que conhecem a REMUME/Total
de informantes x 100
2. Percentual de medicamentos prescritos com Total de medicamentos prescritos que Indicador de existência de condições
base no elenco pactuado de medicamentos constam no elenco pactuado/Total de técnicas e gerenciais
para a atenção básica medicamentos prescritos/Paciente por dia
x 100
3. Existência de regularidade recomendada na Sim/Não Indicador de existência de condições
revisão da REMUME pela CFT técnicas e gerenciais
4. Existência de medicamentos vencidos no Sim/Não Indicador de existência de condições
estoque da farmácia da UBS técnicas e gerenciais
5. Existência de condições físicas e ambientais Sim/Não Indicador de existência de condições
mínimas/indispensáveis para armazenamento técnicas e gerenciais
de medicamentos
6. Percentual de UBS em que o farmacêutico é o Número de UBS em que o farmacêutico é o Indicador de existência estratégica
profissional responsável pela dispensação de profissional responsável pela dispensação de
medicamentos medicamentos/Total de UBS x 100
7. Tipo de orientação fornecida pelo farmacêutico Posologia/Retorno do paciente/Modo de uso Indicador de existência de condições
ao paciente no ato de dispensação do técnicas e gerenciais
medicamento
8. Percentual de UBS com cadastro do paciente Número de UBS com cadastro do paciente Indicador de existência de condições
em uso regular de medicamentos em uso regular de medicamentos/Total de técnicas e gerenciais
UBS x 100
9. Existência de banco de preços para orientar a Sim/Não Indicador de existência de condições
aquisição de medicamentos técnicas e gerenciais
10. Existência do uso da DCB no processo de Sim/Não Indicador de existência de condições
programação e aquisição de medicamentos técnicas e gerenciais
11. Existência de parecer técnico para aquisição de Sim/Não Indicador de existência de condições
medicamentos fornecidos pela coordenação de técnicas e gerenciais
assistência farmacêutica
12. Existência da aquisição de medicamentos fora Sim/Não Indicador de existência de condições
da lista dos pactuados técnicas e gerenciais
13. Percentual de gestores que referem a existência Número de gestores que referem Indicador de existência de condições
de regularidade do fluxo de abastecimento de regularidade do fluxo de abastecimento técnicas e gerenciais
medicamentos da unidade central para UBS de medicamentos para as UBS/Total de
informantes x 100
14. Percentual de gestores, farmacêuticos e Número de atores que consideram suficiente Indicador de satisfação
prescritores que consideram suficiente a a quantidade de medicamentos nas UBS
quantidade de medicamentos nas UBS para para atendimento da demanda/Total de
atendimento da demanda informantes x 100
15. Percentual de gestores, farmacêuticos e Número de atores que consideram a Indicador de satisfação
prescritores que consideram adequada diversidade de medicamentos suficiente nas
a diversidade de tipos de medicamentos UBS para atendimento da demanda/Total de
disponível nas UBS para atendimento da informantes x 100
demanda
16. Condições adequadas do transporte de Sim/Não (base: resolução CIB-BA) Indicador de existência de condições
medicamentos para distribuição nas UBS técnicas e gerenciais

(continua)

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Tabela 2 (continuação)

Indicadores Fórmula Natureza

17. Existência de recursos orçamentários Sim/Não Indicador de existência de condições


específicos para a aquisição de medicamentos estratégicas
dentro do orçamento global da saúde
18. Existência de contrapartida financeira municipal Sim/Não Indicador de existência de condições
do PIAFB exigida pela legislação para aquisição estratégicas
de medicamentos pactuados
19. Percentual dos recursos do PIAFB gastos com Total de recursos gastos em aquisição de Indicador de existência de condições
aquisição de medicamentos pactuados em medicamentos pactuados por ano/Total de técnicas e gerenciais
relação ao orçado recursos orçados por ano x 100 (PIAFB)
20. Observância de regularidade recomendada Sim/Não Indicador de existência de condições
no envio da prestação de contas dos recursos normativas
aplicados em aquisição de medicamentos pelo
município para o estado

CIB-BA: Comissão Intergestores Bipartite-Bahia; CFT: Comissão de Farmácia e Terapêutica; DCB: Denominação Comum Brasileira; PIAFB: Programa Incentivo
à Assistência Farmacêutica Básica; REMUME: Relação Municipal de Medicamentos; UBS: unidades básicas de saúde.

íntegra num processador de texto, e submeti- cionais devido à falta de farmacêutico, precisa-
dos a um trabalho de análise e decomposição, va ter farmacêutico o tempo todo fazendo essas
selecionando as idéias centrais dos discursos dos atividades de programação, controle de estoque,
entrevistados 16. dispensação...” (Município 2, Ator 1).
Os resultados apresentados a seguir conside- “Somos poucos farmacêuticos (...) nós faze-
ram os achados analisados a partir do conjunto mos supervisão semestral nas unidades. Então,
dos indicadores privilegiando para efeito de ilus- é complicado para nós, mesmo enquanto coor-
tração os relatos das entrevistas. denação estar interferindo no dia a dia de uma
unidade que efetivamente não participamos”
(Município 1, Ator 1).
Resultados e discussão A ausência do farmacêutico na programação,
segundo Marin et al. 2 pode desencadear uma
Dimensão organizacional série de outros problemas para a gestão da assis-
tência farmacêutica propiciando o predomínio
A dimensão organizacional da gestão da assis- da improvisação e da não observância de reco-
tência farmacêutica revela a capacidade de deci- mendações técnicas.
dir e planejar de forma autônoma, participativa Ao buscar conhecer os fatores condicionan-
e transparente. Os resultados apontam para situ- tes dessa situação, verificou-se que o baixo grau
ações de constrangimentos nos dois municípios de autonomia decisória que detém a CMAF nos
tais como: condição de informalidade da Coor- dois municípios foi considerado um dos fatores
denação Municipal de Assistência Farmacêutica relevantes.
(CMAF) e funcionamento irregular da Comissão A autonomia foi verificada através das ques-
de Farmácia e Terapêutica (CFT). Esta comissão tões que vinham sendo objeto de decisão da
é uma instância colegiada de caráter consultivo CMAF. Buscou-se identificar se a CMAF decide
e deliberativo que tem entre suas finalidades se- sobre (i) questões relativas à formulação de di-
lecionar medicamentos essenciais e assessorar a retrizes para a organização da assistência farma-
gestão da CMAF nas questões referentes a medi- cêutica no município, (ii) as atividades do ciclo
camentos 17. logístico e (iii) as atividades de acompanha-
Constatou-se também que nos dois municí- mento, orientação e supervisão das farmácias
pios o farmacêutico não é o profissional respon- das unidades básicas de saúde (UBS). Partiu-se
sável pela programação de necessidades de me- da premissa de que quanto maior a autonomia
dicamentos essenciais, a qual vem sendo realiza- da CMAF para decidir sobre estas questões,
da sem obedecer a critérios técnicos, confirmada maior é a capacidade de decisão desta coorde-
pelos depoimentos: nação sobre aspectos de interesse da assistência
“...Existem problemas com o estoque de me- farmacêutica.
dicamentos das unidades, problemas organiza-

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Tabela 3

Protocolo de indicadores da dimensão da sustentabilidade.

Indicadores Fórmula Natureza

1. Percentual de gestores e farmacêuticos que Número de gestores e farmacêuticos Indicador de existência de condições
referem a existência de estratégias sistemáticas que referem a existência de estratégias estratégicas
de comunicação entre as UBS e a unidade sistemáticas de comunicação entre as UBS e
central da SMS para resolução de questões a unidade central da SMS/Total de gestores
sobre medicamentos informantes x 100
2. Percentual de prescritores que referem receber Número de prescritores que referem receber Indicador de existência de condições
material informativo sobre a disponibilidade de material informativo sobre a disponibilidade estratégicas
medicamentos nas farmácias da unidade de medicamentos nas farmácias da unidade/
Total de informantes x 100
3. Percentual de gestores que referem a existência Número de gestores que referem a Indicador de existência de condições
de mecanismos de divulgação da REMUME existência de mecanismos de divulgação da estratégicas
para os prescritores REMUME para prescritores/Total de gestores
informantes x 100
4. Grau de satisfação de prescritores com a Número de prescritores satisfeitos com Indicador de satisfação
qualidade da informação para a prescrição de a qualidade das informações/Total de
medicamentos informantes x 100 (atributos definidos em
parâmetro)
5. Percentual de gestores que referem a Número de gestores que referem a existência Indicador de existência de condições
existência de estratégias de articulação entre de alguma estratégia de trabalho articulado estratégicas
a coordenação da assistência farmacêutica e o entre coordenação da assistência farmacêutica
PSF e PACS e o PSF e PACS/Total de informantes x 100
6. Existência de parceria entre a CMAF e o estado Sim/Não Indicador de existência de condições
estratégicas
7. Tipo (diversidade) de recursos incorporados Recursos técnicos/Recursos financeiros/ Indicador de existência de condições
a assistência farmacêutica através de parceria Recursos logísticos estratégicas
com o estado
8. Percentual de farmacêuticos que participam de Número de farmacêuticos que participam Indicador de participação
treinamento na área de assistência farmacêutica de treinamento na área de assistência
farmacêutica/Total de farmacêuticos x 100
9. Percentual de gestores que referem a existência Número de gestores que referem a existência Indicador de existência de condições
de canais institucionalizados nas UBS para de canais institucionalizados nas UBS para estratégicas
receber críticas e sugestões dos usuários sobre receber críticas e sugestões dos usuários
medicamentos sobre medicamentos/Total de informantes
x 100
10. Percentual de usuários que referem conhecer Número de usuários que refere conhecer Indicador de conhecimento
a existência de canais institucionalizados para algum canal institucionalizado nas UBS para
receber críticas, sugestões sobre os serviços receber suas críticas e sugestões relacionadas
relacionados com medicamentos oferecidos na aos medicamentos/Total de informantes x 100
unidade
11. Grau de satisfação do usuário em relação às Número de usuários satisfeitos com as Indicador de satisfação
condições físicas da farmácia onde recebeu o condições físicas da farmácia onde recebeu o
medicamento medicamento/Total de usuários x 100
12. Grau de satisfação do usuário em relação Número de usuários que atribuíram satisfação Indicador de satisfação
ao tempo de espera e atendimento pelo com o tempo de espera e atendimento na
profissional na dispensação de medicamentos dispensação de medicamentos/Total de
usuários x 100
13. Grau de satisfação do usuário em relação ao Número de usuários satisfeitos quanto ao Indicador de satisfação
recebimento dos medicamentos prescritos recebimento de medicamentos prescritos/
Total de usuários x 100

CMAF: Coordenação Municipal da Assistência Farmacêutica; PACS: Programa de Agentes Comunitários de Saúde; PSF: Programa Saúde da Família;
REMUME: Relação Municipal de Medicamentos; SMS: Secretaria Municipal de Saúde; UBS: unidades básicas de saúde.

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Contudo, chama atenção o fato de que o grau farmacêutico que possa substituir” (Município 2,
de autonomia da CMAF está na dependência de Ator 1).
iniciativas do profissional farmacêutico, ou de “Nós sabemos que há uma deficiência de pro-
seu comprometimento com o trabalho da assis- fissionais. O medicamento não pode ser dispensa-
tência farmacêutica, como ilustra o depoimento: do por outro profissional que não seja farmacêu-
“...O que facilitou essa autonomia foram as tico. E as unidades de saúde não estão contempla-
próprias ações da AF, apesar do grupo ser pequeno, das com a presença desse profissional em todas
todos assumiram o compromisso de buscar as coor- elas. O concurso público se faz necessário!” (Ata
denações e mostrar nosso trabalho” (Município 1, da Reunião 258 do Conselho Municipal de Saúde,
Ator 2). Município1 – 29/06/2005).
Vale ressaltar o fato de que a maioria dos ges- A análise dos resultados relativos à dimen-
tores e de outros profissionais de saúde conhecia são organizacional evidenciou alguns avanços,
a CMAF enquanto que alguns farmacêuticos dis- embora tímidos, no que diz respeito a iniciati-
seram não a reconhecer. Ainda que este achado vas para promoção do envolvimento e da par-
possa ser justificado pelo fato da CMAF não exis- ticipação de diferentes atores no processo de
tir formalmente no organograma da Secretaria planejamento. Tais avanços entretanto, pare-
Municipal de Saúde, do ponto de vista da gestão cem estar ocorrendo muito mais por força do
da assistência farmacêutica, é bastante significa- cumprimento de normas do que pela assunção
tivo, na medida em que revela o distanciamento dos princípios democráticos e do planejamento
do profissional farmacêutico da coordenação da participativo. Ou seja, a participação ainda se dá
área em que atua. de forma restrita e com poucas iniciativas pró-
Verificaram-se também problemas na ges- prias do nível municipal da gestão da assistência
tão relacionados à participação na elaboração farmacêutica.
e divulgação do Plano Municipal de Assistência Em síntese, é possível concluir, no que diz res-
Farmacêutica, documento que define as metas peito à dimensão organizacional da gestão, que o
e estratégias das ações do setor no município. A constrangimento na autonomia da coordenação
sua elaboração teve baixa participação de geren- da assistência farmacêutica, a inexistência de
tes de unidades, coordenadores de programas de funcionamento da CFT, e sobretudo, a ausência
saúde e também dos farmacêuticos nos dois mu- do farmacêutico na operacionalização de ativi-
nicípios estudados. Muitos informantes também dades essenciais para a gestão da assistência far-
referiram desconhecer estes instrumentos. macêutica como a dispensação e a programação
No entanto, outros resultados sobre a parti- de medicamentos, limitam o âmbito de ação da
cipação chamaram atenção de forma positiva. O assistência farmacêutica no SUS municipal do
fato de o Conselho Municipal de Saúde participar Estado da Bahia.
das decisões sobre questões relativas à assistên-
cia farmacêutica e o fato de a CMAF participar Dimensão operacional
da elaboração do Plano Municipal de Saúde e da
Programação da Atenção Básica com o Estado. A dimensão operacional da gestão revela a exis-
Tais resultados apontam para uma situação apa- tência de um conjunto de procedimentos técni-
rentemente favorável à gestão da assistência far- cos e administrativos e investimento dos gestores
macêutica no âmbito municipal. do sistema municipal de saúde para assegurar e
Contudo, esta situação ainda não foi sufi- ampliar as condições logísticas, técnicas e geren-
ciente para assegurar a existência de condições ciais que impactam a capacidade de executar da
normativas e técnicas importantes para o fun- assistência farmacêutica.
cionamento da CFT e para garantir a presença do Os resultados da pesquisa nos dois muni-
farmacêutico na execução de atividades impor- cípios constataram a existência de uma Re-
tantes para a gestão da assistência farmacêutica lação Municipal de Mediamentos Essenciais
nas unidades básicas, como a programação e a (REMUME) orientadora das prescrições. Contu-
dispensação de medicamentos, conforme reve- do esta Relação não tem sofrido revisões regula-
lam os relatos dos entrevistados: res, o que provavelmente explica o achado que
“...Acredito que a CFT não está funcionando revela a insatisfação dos prescritores e gestores
em função da falta de reconhecimento dos farma- dos dois municípios no que diz respeito à diver-
cêuticos sobre a necessidade de colocar a CFT para sidade e à quantidade dos medicamentos adqui-
funcionar” (Município 1, Ator 1). ridos e dispensados à população.
“Temos uma dificuldade grande devido ao Por outro lado, em ambos os municípios es-
problema da falta de profissionais, por exemplo, a tudados os recursos para aquisição dos medica-
mesma pessoa que coordena a AF, faz supervisão, mentos estão sendo garantidos, há disponibili-
faz programação, faz tudo porque não tem outro dade financeira da contrapartida municipal do

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AVALIAÇÃO DA GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA 1215

Programa Incentivo à Assistência Farmacêutica camentos (utilização da Denominação Comum


Básica (PIAFB) 17,18, bem como os prazos para o Brasileira – DCB –, emissão de parecer técnico da
envio da prestação de contas financeira ao Esta- CMAF, cadastro de pacientes nas unidades) e de
do vem sendo cumpridos. Contudo, observou-se distribuição dos medicamentos às UBS. No en-
através dos relatórios do Sistema Informatizado tanto, apesar da garantia dos recursos financei-
para a prestação de contas dos recursos financei- ros para aquisição dos medicamentos nos dois
ros do PIAFB (SIFAB) 15,16 que os recursos desse municípios, estes apresentaram situações que
programa, nos dois municípios, não foram apli- comprometem a qualidade do serviço ofertado.
cados na sua totalidade na aquisição de medi- Assim, por exemplo, verificou-se a irregulari-
camentos, mantendo saldos financeiros maiores dade na revisão da REMUME, ausência das con-
que os valores a serem disponibilizados para os dições físicas e ambientais para armazenamento
recursos trimestrais. de medicamentos, seja nas centrais de abaste-
“...Por falta de orientação, a equipe do setor fi- cimento farmacêutico (CAFs) municipais, seja
nanceiro não utilizava o recurso da contrapartida nas UBS, ou transporte inadequado desses me-
federal, esse continuava aplicado aumentando o dicamentos, além da ausência do farmacêutico
saldo” (Município 1, Ator 1). responsável pela dispensação.
“O saldo está alto devido (...), por exemplo, é “...Muitas unidades não têm a menor condi-
feito a compra e ai demora um pouco de pagar ção de espaço físico para poder armazenar e temos
ao fornecedor e fica nesse circulo o medicamen- muita dificuldade no controle da dispensação,
to é adquirido, mas às vezes tem uma demora no não temos farmacêuticos em todas as unidades e
processo de pagamento, mas acredito que a partir há realmente um descontrole importante, inclu-
desse ano isto já vai... não zerar, mas vai pratica- sive com perdas de medicamentos” (Município 1,
mente normalizar” (Município 2, Ator 1). Ator 3).
De acordo com a legislação do PIAFB 18, este “...Tem unidades que são ótimas em relação
recurso deve ser aplicado em medicamentos pa- à parte estrutural com estantes com pallets e tem
ra atender a população na atenção básica de saú- unidades que faltam tudo (...) a estrutura preci-
de, no entanto, conforme os depoimentos acima sa ser urgentemente melhorada” (Município 2,
descritos, o processo de aquisição e distribuição Ator 1).
de medicamentos não vem suprindo de forma É importante ressaltar que os municípios es-
suficiente as UBS, o que foi reforçado através das tudados congregam um conjunto de fatores que
manifestações de insatisfação dos prescritores e poderiam favorecer a gestão da assistência far-
gestores quanto à quantidade de medicamentos macêutica em patamares aceitáveis, principal-
disponíveis nas unidades básicas. mente em relação à infra-estrutura e às condi-
Outra questão evidenciada nos dois muni- ções técnicas. No entanto, observou-se através
cípios é o desconhecimento sobre o volume de do formulário (check list) que os dois municí-
recursos destinados à assistência farmacêutica, o pios apresentam problemas como: temperatura
que revela a falta de transparência do setor finan- inadequada nos locais de armazenamento dos
ceiro e ausência de controle por parte da CMAF. medicamentos, ausência de prateleiras e pallets,
“O setor financeiro estava pagando os me- ausência do controle de estoque, inadequação da
dicamentos da farmácia básica com outra fonte programação e das aquisições, além de transpor-
de recursos, nem estava utilizando os recursos da te inadequado.
farmácia básica. Porque eles não sabiam... o Fun- Esses fatores levam a perdas de medicamen-
do não tinha esse conhecimento” (Município 1, tos por validade implicando desperdício de re-
Ator 2). cursos, como confirmam o relato:
O que se pode depreender destes resultados “...Os medicamentos são transportados e ar-
é que a CMAF mesmo reconhecendo que estes mazenados de forma inadequada, a dispensação
problemas constrangem a gestão da assistên- e programação de forma inadequada (...) temos
cia farmacêutica, impactando principalmente problemas em toda a cadeia desde o momento
o abastecimento de medicamentos para a rede da programação das necessidades passando pelo
básica de saúde, não toma o problema para si. processo de aquisição, armazenamento, distri-
Isto porque entende que se trata de problemas buição, condições de dispensação nas unidades e
da administração municipal de saúde, não sen- orientação, prescrição, problemas também de fa-
do de sua responsabilidade direta, até porque lhas dos profissionais, de controle na dispensação
a coordenação nem se constitui em unidade nas unidades enfim é o processo de AF é uma ca-
orçamentária. deia em que há problemas nos diversos elos dessa
Em um dos municípios foi registrada a uti- cadeia” (Município 1, Ator 3).
lização de alguns procedimentos técnicos para Mesmo com o reconhecimento de que essas
a execução do processo de aquisição de medi- condições trazem prejuízos ao serviço farma-

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cêutico, a CMAF não busca solucioná-los pela Saúde da Família (PSF) e de Agentes Comunitá-
mesma razão apontada anteriormente, ou seja, rios de Saúde (PACS) e a existência de parceria
entende que se trata de problemas de adminis- entre a coordenação de assistência farmacêutica
tração central da Secretaria Municipal ou Esta- do município e a coordenação estadual.
dual de saúde, não sendo da sua competência Contudo, foram detectadas fragilidades nes-
resolvê-los. Por esta razão os problemas de infra- ses achados, como o baixo grau de satisfação
estrutura se cronificam e os problemas técnicos dos prescritores com a qualidade das informa-
operacionais ficam sendo vistos como deles de- ções recebidas sobre medicamentos e o desco-
correntes gerando na maioria das vezes uma pa- nhecimento dos usuários quanto à existência de
ralisia gerencial. canais institucionalizados para receber críticas
Vale destacar por fim, no que diz respeito à e sugestões sobre os serviços relacionados aos
dimensão operacional, que a dispensação de me- medicamentos oferecidos na unidade. No que
dicamentos, aqui entendida como um processo diz respeito à insatisfação dos prescritores com a
informativo referente ao tratamento, acompa- qualidade das informações recebidas é possível
nhamento e avaliação farmacoterapêutica da que esteja associada, em parte, a falta de divul-
prescrição 11, requer a presença do profissional gação da REMUNE, conforme se depreende dos
farmacêutico, pois esta é requisito essencial para relatos abaixo:
sua realização. Nesse sentido, sua ausência nas “Tivemos um sério problema na divulgação
unidades básicas, autoriza concluir que nestes da REMUNE que aconteceu de uma forma lenta
municípios não vem ocorrendo uma das ativi- e na mudança de gestão isto praticamente parou,
dades mais importantes do ciclo da assistência porque o material impresso tinha o logotipo da
farmacêutica que é a dispensação de medica- gestão anterior. Outro motivo foi a falta de divul-
mentos na atenção básica. gação dos farmacêuticos em função de descom-
promisso por não entender a necessidade desse
Dimensão da sustentabilidade trabalho” (Município 1, Ator 1).
“Existe uma relação e a unidade de saúde tem
A dimensão da sustentabilidade examina a exis- um formulário onde tem todas as medicações que
tência de mecanismos de gestão com potencial fazem parte do elenco municipal (...) a divulgação
para dar sustentabilidade às ações da assistência ocorre quando nós fazemos a supervisão e nem
farmacêutica, a exemplo da construção de parce- sempre conseguimos falar com toda a equipe”
rias, da inter-relação da assistência farmacêutica (Município 2, Ator 1).
com outros setores da instituição, bem como da Além disso, também não se verificaram situa-
satisfação referida de usuários e prescritores com ções que evidenciassem diversidade de recursos
a qualidade dos serviços prestados. A satisfação incorporados à assistência farmacêutica muni-
dos prescritores foi aferida através de questões cipal através de parceria com a coordenação es-
que revelavam a qualidade da informação para tadual. As parcerias referidas foram apenas para
subsidiar a prescrição de medicamentos consi- apoio técnico para organização dos programas
derando os atributos de tempestividade, de con- de medicamentos.
fiabilidade e de precisão. A satisfação do usuário Apesar do reconhecimento sobre a impor-
foi aferida em relação à qualidade das: (i) condi- tância das articulações e parcerias, segundo os
ções físicas e ambientais do espaço de dispen- depoimentos, sua efetivação não é tão simples,
sação do medicamento, (ii) ao tempo de espera, uma vez que esta depende do apoio do gestor
(iii) ao atendimento dado pelo profissional na municipal e da motivação e investimento dos
dispensação e (iv) ao acesso a todos os medica- profissionais.
mentos prescritos. “É muito difícil para o profissional trabalhar
Os resultados da pesquisa nesta dimensão na coordenação, na programação, na parte ad-
revelaram avanço em um dos municípios nas ministrativa e ao mesmo tempo ser executor. No
iniciativas da gestão voltadas para a socializa- momento que começa interagir com outras coor-
ção de informações e para a implantação de denações (...) vai demandar tempo para reuniões
estratégias sistemáticas de comunicação entre ou discussões. Como a demanda da AF é muito
as UBS e a unidade central da Secretaria Muni- grande e somos poucos, praticamente não sobra
cipal de Saúde para resolução de questões sobre tempo para essa articulação, que é muito impor-
medicamentos. tante” (Município 1, Ator 1).
Assim, foi referida a existência de material Outra dificuldade revelada é o entendimento
informativo sobre a disponibilidade de medica- equivocado de que articulação significa delegar
mentos nas farmácias da unidade, a existência a outros setores as atividades ou atribuições que
de estratégias de articulação entre a coordena- a assistência farmacêutica não tem condições de
ção da assistência farmacêutica e os programas realizar por falta de pessoal.

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AVALIAÇÃO DA GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA 1217

“...Assim, a gente passou algumas atividades, Considerações finais


que deveria ser nossas para a coordenação da
atenção básica (...). E eles começaram a desempe- Esta análise revelou como importantes fatores
nhar, um papel que seria da AF, pela nossa falta condicionantes da gestão da assistência far-
de pessoal e impossibilidade de estar mais roti- macêutica: (i) o entendimento dos diferentes
neiramente na unidade de saúde” (Município 2, atores evolvidos sobre a sua abrangência, (ii) a
Ator 1). autonomia decisória da CMAF, (iii) a existência
Chama atenção que, com exceção da referên- de recursos (físicos, humanos e materiais), (iv) a
cia para o envio da prestação de contas financei- participação, (v) a articulação e (vi) a construção
ra do PIAFB e o recebimento dos medicamentos de parcerias.
referentes às contrapartidas gerenciadas pelo Contudo, o que chama atenção nos resulta-
estado, não foram encontradas evidências de dos da pesquisa é que, apesar de avanços obser-
macro articulação ou parcerias entre a coorde- vados com a consolidação do SUS com o aporte
nação municipal de assistência farmacêutica e a de recursos financeiros da esfera federal para
instância estadual e a Federal. a saúde nos municípios e, em particular, para
Cabe supor que a rede de compartilhamen- a assistência farmacêutica, os espaços físicos
to de informações e conhecimentos instituídos destinados ao armazenamento e dispensação
entre as instâncias de governo não é ainda sufi- de medicamentos nas unidades de saúde con-
ciente para promover a articulação da assistên- tinuam sendo os mais reduzidos do ponto de
cia farmacêutica e disseminar de forma clara as vista da área física, além de não contarem com
competências e responsabilidades do referido requisitos essenciais para preservar a qualidade
setor. do medicamento.
A depender do entendimento do gestor, a as- Por outro lado, a não destinação de um es-
sistência farmacêutica pode ou não ser prioriza- paço adequado para o serviço farmacêutico in-
da no plano de governo, ou seja, os municípios viabiliza a prática da dispensação e da atenção
ou assumem o ônus na adoção de estratégias farmacêutica, que requer uma relação mais pró-
locais para solucionar problemas comuns no ce- xima, inclusive física com o paciente, impossibi-
nário nacional, ou ficam aguardando providên- litando o exercício de uma atividade voltada para
cias da instância federal ou estadual para resolver a garantia do uso racional do medicamento.
problemas locais. Na verdade, nenhuma dessas Os achados evidenciaram que a assistência
atitudes é recomendável para a gestão, podendo farmacêutica ainda é vista apenas como um setor
trazer prejuízos econômicos e sociais à institui- responsável pelo fornecimento de medicamen-
ção e à população. tos com enfoque na sua aquisição e distribuição,
“Ficávamos esperando que o Estado tomasse orientado por princípios organizacionais com
essa iniciativa (treinamento), juntamente com o forte viés burocrático. Estes princípios, ainda
Ministério da Saúde. Tínhamos aquela mentali- que sustentem a organização da assistência far-
dade de esperar os níveis superiores de gestão que macêutica no âmbito do sistema de saúde, limi-
é o estadual e o federal propor parcerias ao muni- tam de forma excessiva seu campo de atuação,
cípio” (Município 2, Ator 1). levando a uma fragmentação das atividades com
Diante do exposto, é possível constatar que impacto na construção de uma prática centrada
embora as parcerias e articulações possam se no medicamento.
constituir em importantes fatores facilitadores Confirmando o pressuposto inicial desse
da gestão, os resultados apontam para iniciativas estudo, a visão minimalista sobre a assistência
ainda tímidas de articulação intra-setorial e não farmacêutica traz constrangimentos para a sua
para as macro-articulações, o que sustenta o re- gestão, reduzindo-a a aspectos logísticos centra-
sultado de baixo grau de inter-relação da assistên- lizados no medicamento, priorizando atividades
cia farmacêutica. Estas iniciativas fazem parte do operacionais com prejuízos das atividades rela-
elenco de outras ações de natureza mais política cionadas à supervisão e orientação sobre o uso
e estratégica que não vêm sendo priorizadas pela racional de medicamentos.
gestão municipal da assistência farmacêutica e Esta situação favorece uma gestão voltada
que são essenciais na gestão de programas e po- mais para o desenvolvimento de atividades de
líticas públicas, a exemplo do SUS, cujo desenho natureza administrativa e menos para as de na-
prevê compartilhamento, co-responsabilidades tureza estratégica que fomentem maior partici-
e participação social. pação, autonomia e sustentabilidade dos resulta-
dos da gestão, revelando assim a prevalência do
enfoque mais tecnicista da gestão da assistência
farmacêutica centrada no medicamento e não
no usuário.

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Esses achados indicam que há ainda um ca- tionável que tal autonomia vem representando
minho relativamente grande a ser construído em um avanço para a construção do campo da assis-
termos de capacidade operativa dos municípios tência farmacêutica.
no processo de descentralização da gestão da Nesta perspectiva, as articulações e constru-
assistência farmacêutica. Observa-se ainda um ções de parcerias se afirmam como fatores que
grande distanciamento entre o disposto na le- podem facilitar a gestão da assistência farmacêu-
gislação sobre a assistência farmacêutica e o que tica e indicam progressos no processo de cons-
efetivamente vem sendo compreendido pelos trução deste campo de práticas.
gestores e pelos próprios farmacêuticos, gerando Cabe aqui ressaltar que as articulações e par-
práticas equivocadas no âmbito da organização cerias são diretamente dependentes do compor-
dos serviços de saúde municipais. tamento dos farmacêuticos, o que significa dizer
Assim, ao considerar que os dois municípios- que apesar do número ainda insuficiente deste
piloto desta pesquisa são aqueles que apresentam profissional e de denúncias de seu descompro-
condições técnicas, gerenciais e administrativas metimento com o desenvolvimento desta área,
diferenciadas para melhor, quando comparadas iniciativas desta natureza são reveladoras de
com os demais municípios do Estado da Bahia, oportunidades para o crescimento e consolida-
não é demais supor que os constrangimentos à ção da assistência farmacêutica no SUS no âm-
gestão da assistência farmacêutica no conjunto bito municipal.
dos municípios baianos possam ainda ser mais É possível concluir, ainda que de forma provi-
severos. sória, como todo estudo exploratório, que a ges-
Contudo, é importante ressaltar que os avan- tão da assistência farmacêutica nos municípios
ços observados são reveladores de que a cons- estudados apresenta avanços, embora tímidos,
trução deste campo de atividade está em pleno no sentido de incorporar práticas mais estraté-
curso. Registra-se aqui a autonomia das CMAFs gicas e participativas. Tais avanços parecem evi-
para decidir questões relativas ao ciclo logísti- denciar tentativas de reversão de uma lógica tec-
co da assistência farmacêutica, apesar de serem nicista para uma lógica pautada numa concep-
constrangidas pelo número insuficiente de pro- ção mais ampla de gestão, por reconhecer que
fissionais farmacêuticos. a construção de novas práticas de gestão é um
Ainda que estas decisões tenham, na maioria processo social e histórico e transcende em mui-
das vezes, um caráter meramente administrativo, to as mudanças de arranjos formais e logísticos.
do ponto de vista histórico conjuntural é inques-

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Resumo Colaboradores

Este artigo avalia a gestão descentralizada da assistên- J. L. Barreto participou da concepção, planejamento,
cia farmacêutica no âmbito municipal do Estado da análise e interpretação dos dados, elaboração do ras-
Bahia, Brasil. Parte-se do pressuposto de que seus fato- cunho e da aprovação da versão final do manuscrito.
res condicionantes decorrem principalmente de uma M. C. L. Guimarães contribuiu com a concepção e pro-
visão tecnicista e procedimental que ainda prevalece jeto, interpretação dos dados, elaboração do rascunho,
sobre a assistência farmacêutica. Utilizaram-se duas na revisão crítica do conteúdo e participou da aprova-
estratégias de pesquisa: uma extensiva, realizada a ção da versão final do manuscrito.
partir da aplicação do Protocolo de Indicadores cons-
truído pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em Assistên-
cia Farmacêutica (NEPAF) da Faculdade de Farmácia Agradecimentos
da Universidade Federal da Bahia em dois municípios
baianos. A coleta de dados foi feita com questionários, Agradecemos a toda a equipe do Núcleo de Estudos
formulário (check list) e análise de documentos. Na e Pesquisa em Assistência Farmacêutica (NEPAF), aos
fase intensiva utilizaram-se entrevistas semi-estru- secretários municipais, farmacêuticos e demais profis-
turadas com informantes-chave. Os resultados con- sionais dos municípios-piloto.
firmam os pressupostos revelando práticas de gestão
reduzidas à sua dimensão operacional, com ênfase em
aspectos do ciclo logístico da assistência farmacêutica.
Identificaram-se avanços, ainda tímidos, na dimensão
organizacional e da sustentabilidade voltadas para
fomentar maior participação e autonomia da gestão
da assistência farmacêutica municipal.

Assistência Farmacêutica; Gestão em Saúde; Avaliação

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Recebido em 22/Jan/2009
Versão final reapresentada em 12/Mar/2010
Aprovado em 05/Abr/2010

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