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PM-SP

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL


GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL

Pós-edital

Livro Eletrônico
LUIS FELIPE ZIRIBA

Formado em Geografia pela Universidade de


Brasília, leciona desde 2001 em cursos e pla-
taformas variadas pelo Distrito Federal, tendo
começado em pré-vestibulares, seguindo para
preparatórios para o concurso de admissão à
carreira diplomática, escolas de ingresso na
carreira militar (espcex) além de lecionar para
os mais concorridos concurso do Brasil, tais
quais Câmara dos Deputados, Senado Federal,
BC ,PF, PCDF ,entre outros, promovendo nes-
tes últimos, principalmente, aulas na frente de
Atualidades e de Realidade do DF

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GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL
Geografia Geral
Prof. Luis Felipe Ziriba

Geografia Geral...........................................................................................5
Parte 1: A Nova Ordem Global e a Globalização...............................................5
1. As Novas Escalas Produtivas e Geopolíticas.................................................5
1.1. A Nova Ordem Multipolar.......................................................................8
1.2. O Novo Mapa Europeu...........................................................................8
1.3. A D.I.T. Clássica e as Novas Escalas Produtivas.........................................9
2. A Globalização....................................................................................... 15
O Sistema Bretton Woods........................................................................... 16
FMI – Fundo Monetário Internacional............................................................ 16
Banco Mundial.......................................................................................... 17
Parte 2: Os Principais Problemas Ambientais................................................. 18
1. O Aquecimento Global............................................................................ 18
1.1. O IPCC e Suas Conclusões Alarmistas.................................................... 19
2. A Questão da Água no Brasil................................................................... 57
2.1. Os Grandes Aquíferos Brasileiros........................................................... 60
2.2. Uso, Desperdício e o Agronegócio.......................................................... 62
2.3. A Questão da Poluição, do Assoreamento e dos Sistemas Urbanos............. 64
Exercícios................................................................................................. 82
Gabarito................................................................................................... 84
Gabarito Comentado.................................................................................. 85

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Caro(a) aluno(a),

É um prazer participar desta etapa tão importante de preparação para um dos

concursos mais respeitados do Brasil: de ingresso ao quadro efetivo como Soldado

da PM/SP.

Chamo-me Luis Felipe, sou professor há mais de 15 anos de Geografia Geral e

do Brasil e de Atualidades (Brasil e Mundo) e conduzirei você nesta aula acerca dos

temas mais importantes pedidos em nosso edital; disciplina Geografia Geral.

Para tal, dividi nossa aula em duas partes didáticas: a primeira sobre a Nova Or-

dem Mundial, Globalização e o Espaço Geopolítico; e a segunda sobre os Principais

Problemas Ambientais.

Vamos juntos então!

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GEOGRAFIA GERAL

Parte 1: A Nova Ordem Global e a Globalização


1. As Novas Escalas Produtivas e Geopolíticas

A geopolítica é o estudo das escalas de poder dos estados e suas ações empre-

endidas ao longo dos tempos até os dias atuais em âmbitos regionais e globais.

É um conteúdo nada estanque, que se encontra vinculado a dinâmicas as-

sociadas por complexas estruturas de cunho político, demográfico, físico,

produtivo, social, religioso, militar, entre outros.

Ter poder geopolítico atualmente, é  importante destacar, demanda o domínio

sobre estruturas e uma gama de articulações em consonâncias diferenciadas da-

quelas que outrora eram imprescindíveis aos Estados há, por exemplo, 50 anos.

A  revolução tecnológica e das comunicações, os  mercados financeiros e, claro,

a própria globalização tal qual impressa em tempos recentes mudaram parte das

cartas no jogo geopolítico global.

Durante a Guerra Fria (1945-1989), a  ordem bipolar comandada por dois

polos bem marcados – EUA e União Soviética – tolheu uma série de ações,

as quais, se conduzidas pelos países que não apenas estes dois citados, pode-

riam resultar em novas escalas geopolíticas fora deste eixo bipolar. É interes-

sante perceber que, por um lado, países da Europa Ocidental, leia-se Alemanha

(Ocidental), França, Itália e Reino unido, se desenvolviam em inúmeros setores

de forma vertiginosa; Ciência, indústria, bem-estar humano, divisão de renda,

entre outros, porém nas primeiras duas décadas (1950 e 1960) do pós-Segunda

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Guerra Mundial, para estes países o fundamental (e seus papéis globais assim

estiveram bem demarcados) era conectar-se com os erros do passado recente,

e promover a reconstrução de suas cidades. Ou seja, viver, de fato, o luto rela-

tivo as milhares de perdas humanas que a guerra trouxe e alçar uma busca em

torno dos rumos econômicos (sólidos); objetivos estabelecidos como a tônica

perseguida por todos estes países. Já no Japão, derrotado na guerra, também o

mesmo processo de soerguimento em tais bases fora instaurado. A Alemanha,

tinha um muro que dividia a capital, e o país, em Berlim, entre os campos de

poder dos aliados (com os EUA no comando) e a URSS, vale lembrar.

No campo militar, dentro da paranoia da guerra fria, a OTAN – Organização

Tratado Atlântico Norte – era o guarda-chuva protetor das nações europeias

aliadas do campo geopolítico impresso pelos EUA. Na outra ponta, a chamada Cor-

tina de Ferro, comandada pela mão forte do regime socialista soviético, abraçava

vários países, com totalitarismo e planificação econômico-estratégica centralizada

em Moscou e a proteção militar oriunda do Pacto de Varsóvia. Assim, tem-se a

geopolítica do período da Guerra Fria; uma égide bipolaridade ideologicamente,

calcada em poder militar e salvaguardas econômicas dirigidas pelos EUA e pela

União Soviética.

Obs.: veja o mapa a seguir que elucida bem os campos antagônicos da

Guerra Fria:

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Em: q=ordem+geopolitica+guerra+fria&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwivlZO7r-
PXdAhVLhaYKHXZfDTgQ_AUIDigB&biw=1600&bih=789#imgrc=-nISbMRkV396BM:

Com o fim da Guerra Fria, entre os anos de 1989 (queda do Muro de Berlim) e 1991
(o fim da União Soviética), os EUA se estabelecem tal como nunca antes visto em um
patamar hegemônico global incontestável. Contudo, por mais antagônico que possa
parecer, uma nova ordem global multipolar ganhou espaço ao mesmo tempo. Se nas
décadas anteriores, dentro da égide bipolaridade da Guerra Fria, as escalas de trocas
comerciais entre os países cresceu de forma contundente e inédita (e veremos este
processo um pouco mais à frente nesta aula), e a globalização, tal qual conhecemos, se
implantara, é tão somente a partir da década de 1990 que um novo desenho geopolíti-
co e econômico, de fato, se consolida e consegue determinar uma nova ordem mundial.

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A seguir, vamos analisar pontos bases da nova conjuntura pós-Guerra Fria:

1.1. A Nova Ordem Multipolar

O desenho bipolar dos campos econômico-ideológico estruturados pela rigidez


implementada na divisão entre os EUA (capitalista) e a União Soviética (socialista)
desaparece. Vários países do Leste Europeu, e também do “terceiro mundo”, ga-
nham espaço. São inseridos na economia de mercado globalizada e arranjos com
vistas ao fomento de trocas entre países em mesma região.

1.2. O Novo Mapa Europeu

Com o fim da União Soviética, uma série de países europeus que viviam desde o
fim da Segunda Guerra Mundial sob o guarda-chuva do socialismo e da “cortina de
ferro” retomam sua soberania e promovem a redivisão de seus territórios. O caso
da fragmentação da Iugoslávia é o mais emblemático, como podemos ver a seguir:

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1.3. A D.I.T. Clássica e as Novas Escalas Produtivas

A rigidez do sistema produtivo instrumentalizado pela ordem da Guerra Fria, por

seus campos antagônicos bem determinados ideologicamente regeu as relações e

modelo industrial no pós-Segunda Guerra. Os países industrializados e os paí-

ses periféricos consolidam, portanto, a clássica DIT – Divisão Internacio-

nal do Trabalho – em dois polos:

A DIT CLÁSSICA:

Países Centrais – Países Periféricos

Na DIT tradicional, o primeiro grupo (países centrais) comandam de cima a ati-

vidade industrial e de serviços especializados, concentrando a renda, os processos

decisórios e a criação de produtos e valor. São os países desenvolvidos, leia-se

EUA, Europa Ocidental (Alemanha, França, Reino unido, Itália, Suíça). Na outra

ponta, os países subdesenvolvidos respondem basicamente pelo fornecimento de

matérias-primas, sublevados a uma periferia produtiva dentro deste sistema di-

cotômico por excelência.

Contudo, ao fim da Guerra Fria (em fins da década de 1980), um novo desenho

produtivo global finalmente ganha espaço. Vários países relegados à periferia pro-

dutiva até então (aquela instrumentalizada pela Divisão Internacional do Trabalho

Tradicional) se projetam. Inseridas a fórceps pelo capitalismo globalizado dos anos

1990, uma gama de nações, tanto da Ásia como da América Latina, saíram da re-

doma da DIT Clássica – onde constavam apenas uma periferia e passam a integrar

uma nova conjuntura globalizada.

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Vejamos alguns casos:

China
O imenso país comunista passa a se integrar de fato à economia global quando,
em fins da década de 1970, seu presidente, Deng Xiao Ping, anuncia a liberalização
à entrada de capital estrangeiro na parte Leste do território – em porção voltada
para o Pacífico e nuclearizada em cidades como Shenzhen, Guangzhou, Pequim e
Xangai, entre outras, com o intuito cirúrgico em torno da busca de atrair, portanto,
investimentos de empresas estrangeiras para esta imensa área.
Formam-se assim as ZEEs – Zonas Economias Especiais –, ou seja, enclaves
patrocinados pelo capital produtivo estrangeiro com vistas à produção industrial em
território chinês (e sob um guarda-chuva estatal do Partido Comunista), em que
estes se beneficiariam, em enorme escala, das vantagens competitivas abundantes
que a China possuía: leia-se, mão de obra barata e farta, em associação a uma qua-
se nulidade de leis ambientais e trabalhistas, além de inúmeros incentivos fiscais.

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Por este modelo das ZEEs, empresas estrangeiras foram obrigadas, contudo,

a entrarem associadas às empresas chinesas que, mesmo criadas do dia para noite

pelo estado comunista, seriam simplesmente parceiras até o fim de quem caísse

para dentro do país (e muitos grupos empresariais entraram). Com isso, é interes-

sante percebermos que uma expertise produtiva foi impulsionada, de forma forçada

e dirigida, pela mão pesada do PCC – Partido Comunista Chinês –, dando início a

uma enorme escala de produção industrial em que sempre os chineses estiveram

associados aos grupos capitalistas/industriais estrangeiros.

A China se integra à economia global pelo ineditismo de um modelo

criado por eles próprios: o “socialismo de mercado”, que, em fins dos anos

1970, Deng Xiao Ping, como motor, faz crescer absurdamente sua econo-

mia a partir dali, em voo sustentado por mais de três décadas, alçando

também, como consequência, posições cada vez mais proeminentes den-

tro do contexto geopolítico mundial. Em fins da década de 2000, o  país

ultrapassa os EUA se tornando o maior produtor industrial do Mundo.

Para se ter uma ideia, em 2017, em torno de ¼ dos carros fabricados no Pla-

neta, além de quase a totalidade de componentes eletrônicos periféricos, foram

fabricados em território chinês (e a maioria por empresas chinesas). Por lá, como

resultado direto deste rearranjo, cidades que há 40 anos eram pobres e precárias

(Pequim, Xangai, Shenzhen, Guangzhou..) viraram o jogo, tornando-se pujantes

centros urbanos globais modernos e inseridos completamente no capitalismo

globalizado.

Por fim, a China ao liberar em uma segunda fase (a partir do início da década

de 1990) o seu imenso mercado interno ao consumo, vira parte fundamental à

promoção de uma nova estruturação em termos globais, tanto do ponto de vista

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mercadológico como produtivo, e que altera sensivelmente a típica Divisão Interna-

cional do Trabalho – estratagema que colocava de um lado os países desenvolvidos

(donos das indústrias e do capital produtivo e financeiro) e de outro os países sub-

desenvolvidos (periferias produtivas e fornecedores de matérias-primas).

Os Tigres Asiáticos – Coreia do Sul, Hong Kong e Cingapura.

O capitalismo industrial japonês industrial vive o seu renascimento no pós-se-

gunda guerra mundial. A condução deste soerguimento produtivo se dera, em uma

primeira fase, pelas atividades das indústrias locais em 3 ramos basicamente: os

ramos têxtil, naval e siderúrgico. Um pouco mais a frente, recebem também imple-

mentos os setores industriais eletrônicos e automotivo. Assim, a partir da década

de 1960, se aproveitando das vantagens competitivas (salários menores,

leis ambientais e trabalhistas mais frouxas e isenções fiscais diversas),

em Hong Kong, Cingapura e a Coreia do Sul (nações próximas ao Japão,

as quais ainda se encontravam alocadas na periferia produtiva da DIT tra-

dicional) se tornam receptoras de uma série de implementos com vistas a

dispersar plantas industriais e os investimentos produtivos de um Japão

que dava a volta por cima após, quase ter sido ceifado do mapa pela 2a

guerra.

E nestes 3 países asiáticos citados, adotou-se o capitalismo japonês com uma

série de implementos com a fim de estruturar-se as chamadas “plataformas de

exportação”. Direcionado por corporações nipônicas em sua origem, a  partir da

década de 1960, e ao longo das décadas que se seguiram, os Tigres Asiáticos se

desenvolveram de forma vertiginosa e nunca mais ocuparam a periferia produtiva

global. Coreia do Sul, Hong Kong e Cingapura se tornam países de intensa produ-

ção industrial, pinçadas a atender aos mercados globais de bens manufaturados

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(e produtos cada vez mais especializados e com valor agregado). Estes “Tigres”

passaram a ostentar também, como consequência direta deste desenvolvimento

produtivo, níveis em seus indicadores de desenvolvimento humano, de renda e de

escolaridade dentre os mais elevados no planeta.

Por fim, na década de 1990 outros países asiáticos também receberam in-

vestimentos de fora. Em processo similar ao que fora empreendido antes nos

Tigres Asiáticos, os chamados Dragões Asiáticos: Malásia, Tailândia, Vietnã

e Indonésia, recebem investimentos dos japoneses, americanos e europeus e

transformam o jogo, fazendo com que um novo grupo de países; pinçados exa-

tamente a receber implementos, pois ofereciam (e oferecem ainda) uma gama

vantagens competitivas – ou seja, baixos salários, leis ambientais frouxas e isen-

ções diversas integram-se também ao capitalismo globalizado e à nova DIT mais

recentemente.

A Industrialização na América Latina

Em processo dirigido por multinacionais estrangeiras (porém sob coordenação

de diretrizes dos governos de algumas das principais nações da América Latina –

tais quais o México, Brasil, Chile e a Argentina, a partir da década de 1950) tem-se

o início de um acelerado processo de industrialização em parte do subcontinente

Sul-Americano e também no México. Calcado sobre as bases da chamada ISI – In-

dustrialização por Substituição de Importações –, de forma simplificada, fun-

cionou do seguinte modo o desenvolvimento nessas localidades da América Latina:

empresas multinacionais estrangeiras entravam com capital e as plantas

fabris e os estados forneciam as estruturas de base, tais quais energia,

estradas e incentivos fiscais variados.

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Como resultado, ocorre um retumbante processo de industrialização e a nacio-

nalização de uma imensa gama de produção de produtos industrializados (eletro-

domésticos, carros… os principais exemplos), com vistas exatamente a atender às

necessidades dos mercados internos destes países que viviam em comum, fases de

intensa urbanização e também explosão demográfica.

Note bem isso, caro(a) aluno(a):

Os Tigres Asiáticos, os Dragões, China e também os países citados acima da Amé-

rica Latina, são considerados NICs sigla criada para denominar os New Indus-

trialized Countries, ou seja, os países de industrialização tardia (pós-se-

gunda-Guerra).

Contudo, vale o destaque: as bases adotadas nestes grupos de países fo-

ram diferenciadas. Assim, nos Tigres Asiáticos adotara-se um modelo com vistas

à formação das “plataformas de exportação”, ou seja, de estruturas industriais

capitaneadas por países de fora (leia-se Japão), a fim de consolidar Coreia do Sul,

Hong Kong e Cingapura como potências eminentemente exportadoras.

Já nos países da América Latina, o desenvolvimento industrial se baseou sob a égi-

de do modelo ISI – Industrialização por Substituição de Importações –, em

que (e diferentemente da Ásia) o que se buscara era exatamente aproveitar o pro-

cesso de modernização das sociedades locais e suas novas demandas associadas,

instalando-se assim indústrias com investimento de capital estrangeiro as quais su-

prissem as demandas dos próprios mercados internos (e o Brasil como exemplo) de

bens de consumo, pois eram países que cresciam de forma vertiginosa, isso tanto

em termos econômicos (poder aquisitivo) quanto demograficamente (população).

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Finalmente, a  nova DIT – Divisão Internacional do Trabalho – que se

consolida no pós-Guerra Fria (mas com força somente após a década de

1990) acrescenta uma SEMIPERIFERIA PRODUTIVA à DIT tradicional, con-

tendo um epicentro na China, mas abrangendo os Tigres e também os Dra-

gões Asiáticos e, claro, as nações mais industrializadas da América Latina

(Brasil incluído).

A NOVA DIT:

Países Industrializados – Países emergentes (semiperiferia)


– Países periféricos

2. A Globalização

A primeira metade do século XX é marcada por progressos científicos e tecno-

lógicos e uma explosão das escalas de consumo nunca antes percebidas em toda

a história humana. Contudo, a  ocorrência de duas guerras mundiais acrescidas

da ascensão de regimes nacionalistas radicais de direita (fascismo e nazismo) e

também de esquerda (o socialismo/comunismo), em associação a uma depressão

econômica nascida justamente no seio da maior potência do período (na bolsa de

Nova York nos EUA), não colaboraram para que as escalas de trocas comerciais

globais pusessem o seu esplendor neste período. Assim, a globalização tal como

conhecemos hoje, tem suas raízes fincadas no crescimento acelerado das

escalas produtivas e comerciais alçadas no período pós-segunda guerra

mundial (após 1945).

As décadas de 1950/1960 marcam a entrada de novos paradigmas produtivos

industriais e o renascimento de parques produtivos importantes, como no Japão e

na Europa Ocidental, baseados estes em uma produção de bens de consumo cal-

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cados em tecnologias eletrônicas e o uso da petroquímica (plástico e fibras sinté-

ticas). Ao centro, os EUA, disparados como sendo a maior economia do mundo e

financista do capitalismo global fazem a roda girar; emprestando dinheiro a juros

módicos, extraindo petróleo a custo baixíssimo no Oriente Médio e dominando o

campo geopolítico ocidental-capitalista da Guerra Fria. Assim, logicamente, impri-

mem mundo afora o seu modo de vida, estruturado no consumo e no valor de sua

moeda e cultura. Como resultado, até a entrada da década de 1970, o cresci-

mento médio do comércio global se situa na casa dos 7,5% ao ano – índice

inédito até então.

O Sistema Bretton Woods

A costura para o fomento de estruturas comerciais e financeiras dentro do mun-

do capitalista, em meio a bipolarização impressa pela Guerra Fria – com seus cam-

pos antagônicos comandados pelos EUA (capitalismo) e pela União Soviética (co-

munismo), tem suas bases no chamado Sistema de Bretton Woods. Em reunião

realizada no ano de 1944, os EUA e o Reino Unido estabelecem as bases financeiras

globais e os organismos – FMI – e Banco Mundial – ambos quais serviriam como

pilares da econômica global sob a ótica capitalista pelas décadas seguintes.

FMI – Fundo Monetário Internacional

Foi concebido em julho de 1944 para criar um quadro de cooperação econômica

a fim de se evitar que desregulamentações, como as que promoveram uma desva-

lorização de produtos e mercados jamais vista anteriormente no Mundo e geraram

a Grande Depressão de 1929, se repetisse. Cabe ao “fundo” financiar o desenvolvi-

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mento pós-guerra e também conceder empréstimos para socorrer países em crise,

exigindo em contrapartida que tais devedores adotem medidas ortodoxas de con-

trole de suas finanças públicas e uma maior liberalização de suas economias frente

a presença de investimentos estrangeiros. Atualmente com 188 países é gerido por

fundos proporcionais, em que os EUA detém praticamente 20% (e maior cota) den-

tre os países. Vale destacar que o Brasil vem projetando uma ampliação de sua pre-

sença ao longo dos últimos anos, já se situando como o décimo maior cotista (2016).

Banco Mundial

Nasce com o mesmo viés desenvolvimentista e de integração econômica, sendo

a instituição responsável por financiar diretamente a reconstrução dos países alia-

dos atingidos pela Segunda Guerra Mundial, além de promover projetos com vistas

a fomentar o desenvolvimento em diversas áreas em países da Ásia, África e da

América Latina. Seu Presidente é sempre um cidadão norte-americano.

Os grandes mercados financeiros internacionais e o intercâmbio mundial de mer-

cadorias e serviços funcionam como pilares principais da globalização. Durante dé-

cadas, os Estados Unidos, as nações centrais europeias (leia-se Reino unido, França

e Alemanha) e o Japão figuraram como atores hegemônicos na economia global.

Eles não perderam suas posições centrais no jogo financeiro e econômico global,

porém nas formatações do tabuleiro produtivo global é importante percebemos que

novos atores ganharam força ao longo dos últimos 40 anos (desde a déca-

da de 1970). São os países em desenvolvimento – nações que ao longo da Guerra

Fria estiveram num campo determinado como Terceiro Mundo, não sendo estes,

portanto, nem a via capitalista desenvolvida que constituiu o grupo dos chamados

“Países de Primeiro Mundo”, nem os países socialistas, ou seja, os “Países do Se-

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gundo Mundo”.
Os países subdesenvolvidos, ou em desenvolvimento, iniciam uma franca pro-
jeção dentro das escalas produtivas e econômicas globais, auxiliados em uma pri-
meira fase pelos ganhos que a revolução tecnológica nos meios de comunicação
propiciou a uma efetiva e acelerada transferência de valores ao redor do globo, em
que em apenas um clique no teclado do computador o dinheiro se move de mãos
para qualquer lugar do mundo. Houve também novos arranjos produtivos que favo-
receram as nações menos desenvolvidas, propiciados pela flexibilização na aloca-
ção das plantas industriais promovidas pela ascensão do modo de acumulação (ou
de produção) Toyotista, iniciado também na década de 1970.
Já na década de 1990, com o chamado “fim das ideologias”, ou seja, com o fim da
rígida divisão global em campos antagônicos capitalista x socialista, esta “captura” por
atores globais ganha mais força para. Por fim, em mesma época, o forte crescimento
dos mercados internos, da renda e em associação ao fortalecimento de democracias
nos países mais pobres, servirem a que uma nova conjuntura econômico-produtiva e
de mercados ganhasse forma. Esta nova conjuntura abraçou os países outrora ditos
periféricos – ou emergentes (países com grandes economias e médio nível de desenvol-
vimento humano) – no sistema econômico global, estando incluído neste jogo o Brasil.

Parte 2: Os Principais Problemas Ambientais


1. O Aquecimento Global

Tema recorrente em Atualidades, o aquecimento global hoje representa as es-


calas de alterações climáticas percebidas em todo Planeta, as quais não se res-
tringem apenas ao aumento da temperatura global em si, mas a toda uma
gama de padrões de alterações em inúmeros eventos, tais quais tempesta-
des, ondas de seca, avanço ou retração dos mares e geleiras, entre outros.
Nesta parte inicialmente, abordaremos alguns dos principais temas de atualidades

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sobre este tema extremamente importante que, portanto, merece muita atenção.

1.1. O IPCC e Suas Conclusões Alarmistas

O principal documento balizador sobre as alterações climáticas é o IPCC – In-

ternational Painel of Climate Change, ou Painel Intergovernamental de Mudanças

Climáticas –, um arrazoado de estudos feitos por milhares de cientistas ao redor do

mundo, os quais são coletados pela ONU e servem para exprimir as observações da

comunidade científica acerca do estado das mudanças climáticas.

Há 30 anos (em 1988), a ONU apresenta o seu primeiro IPCC. À época este do-

cumento inovador era bastaste reticente em determinar que o aquecimento global

em curso possuía responsabilidades antrópicas. Mas hoje tudo mudou, e os mais de

2000 cientistas envolvidos nos últimos documentos apresentados – o 5º de 2014,

e o 6º, o mais recente, apresentado em set./2019, são contundentes ao afirmar

que a Terra vivencia um severo processo de aquecimento global, em que

em torno de 95% desta dinâmica tem vinculação com a ação humana (o

viés antrópico). Assim, a  produção industrial, os  usos de energia, as  práticas

agrícolas e formas como nos transportamos estão na base do processo de aqueci-

mento global.

O mundo aqueceu, segundo o que se constata atualmente, em média, de 0,9ºC

entre o período compreendido de 1880 a 2012. A atmosfera e os mares aque-

ceram, o gelo e a neve diminuíram, e as concentrações de gases do efeito

estufa aumentaram. Cenários drásticos.

A manifestação do fenômeno sobre o mundo, bem como dos seus efei-

tos, não é uniforme, vale o destaque, e no Ártico é onde o aquecimento se

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faz sentir com maior intensidade. Sobre tal assunto (o aquecimento do Ártico),

abordaremos com mais profundidade um pouco mais à frente, ok?

Vamos por partes: antes de iniciarmos uma leitura sobre as principais constata-

ções dos últimos IPCC (os painéis da ONU sobre a mudança climática, apresenta-

dos em 2014 e, mais recentemente, em Setembro de 2019), vamos nos debruçar

primeiramente sobre o conceito de Gases de Efeito Estufa, os GEE, a base do

processo de aquecimento global.

Então, vamos juntos:

Os GEE, ou Gases de Efeito Estufa, são uma gama de gases que ocorrem

naturalmente na atmosfera terrestre os quais permitem a retenção do ca-

lor. Sem eles a atmosfera seria gélida, e não haveria a biodiversidade e a

possibilidade de vida como conhecemos. Assim, são elementos de vital impor-

tância à vida no Planeta.

Eles ocorrem naturalmente na atmosfera e em proporção menor a 1%

na composição normal do ar, sendo denominados como gases-traço exata-

mente por causa da baixíssima proporção que representam na composição at-

mosférica.

Lembrando que a atmosfera é constituída pelos seguintes elementos em ordem

proporcional:

• Nitrogênio: 78%

• Oxigênio: 20%

• Argônio: 1%

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• Outros gases: menos de 1%

Vista a importância e, ao mesmo tempo, a ínfima parcela que os GEE – Gases de

Efeito Estufa – têm, é importante sabermos a gama destes gases de forma resumi-

da. A seguir tem-se a nomenclatura e os nomes dos GEE mais comuns:

• CO2 – Dióxido de Carbono

• N2O – Óxido nitroso

• CH4 – Metano

• CFCs – A gama de Clorofluorcarbonetos

• HFCs – A gama de Hidrofluorcarbonetos

• PFCs – Os Perfluorcarbonetos

• SF6 – Hexafluoreto de enxofre.

Bom, seguindo: uma questão crucial sobre os gases de efeito estufa re-

side no fato de que estes elementos de retenção do calor na atmosfera

vêm sendo adicionados de forma artificial na atmosfera, em função, exata-

mente, das atividades antrópicas empreendidas ao longo dos dois últimos

séculos (período industrial), ocasionando um padrão de aumento da tem-

peratura global fora dos padrões normais esperados.

As matrizes destas emissões de GEE residem em 4 campos:

1 – Produção de Energia

2 – Atividades Industriais

3 – Uso de Transportes

4 – Produção Agrícola.

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A seguir um ranking recente acerca dos países que mais emitem Gases

de Efeito Estufa no mundo:

Fonte: http://www.diretodaciencia.com/2018/11/22/emissoes-cairam-23-em-2017-mas-brasil-
-esta-longe-de-cumprir-metas/

Sobre o último relatório do IPCC (2019), que referenda o que no docu-

mento anterior (de 2014) fora expresso, eis algumas das conclusões a se-

guir. Vale uma leitura atenta deste quadro alarmante em resumo, caro(a)

aluno(a)!

• A principal causa do aquecimento presente é, com elevadíssimo grau de

certeza, a emissão de gases de efeito estufa pelas atividades huma-

nas, com destaque para a emissão de gás carbônico. A evidência indicando

a origem humana do problema se fortaleceu desde os relatórios anteriores

(2007 e 2014).

• As três últimas décadas foram as mais quentes desde 1850.

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• Os oceanos têm acumulado a maior parte do aquecimento, servindo

como um amortecedor para o aquecimento da atmosfera, estocando mais

de 90% da energia do sistema do clima e muito gás carbônico. À medida

que o oceano aquece, ele perde capacidade de absorver gás carbôni-

co, o que pode acelerar os efeitos atmosféricos quando ele atingir

a saturação.

• O mar está se tornando mais ácido pela continuada absorção de gás car-

bônico.

• O aumento da acidez nos oceanos causa mortandade de recifes (ambiente

de imensa biodiversidade marinha) e animais marinhos variados (como

peixes, crustáceos, entre outros).

• De acordo com o relatório mais recente, de 2019, e em grau de conformida-

de ao que fora apresentado no documento anterior, de 2014, mesmo que as

emissões de gases de efeito estufa sejam reduzidas e o aquecimento global

seja limitado a no máximo 2ºC, o nível das águas aumentará entre 30 e

60 centímetros até 2100. Se nada for feito para conter o aquecimento

global, esse crescimento pode chegar a 1 m ou mais.

O Acordo do Clima de Paris de 2015 se baseou na busca por ações globais e meca-

nismos realmente efetivos que fossem chancelados pelo maior número de países

(e mais de 180 nações assinaram o compromisso) em busca de não deixar o aque-

cimento global, até o ano de 2100, ultrapassar 2º C.

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A elevação do nível do mar impactará diretamente fenômenos naturais que têm

relação com os oceanos, como marés altas, tempestades e ciclones tropicais. Um

exemplo disso é o furacão Dorian, que atingiu as Bahamas e os Estados Unidos no

início de setembro de 2019 e, segundo os especialistas, foi particularmente forte

por conta das mudanças climáticas.

• O gelo está em recuo acelerado na maior parte das regiões frias do mundo.

• O Permafrost, camada de solo que fica escondida embaixo do gelo, como no

caso da Groenlândia, vem sendo exposto cada vez mais por causa do aque-

cimento global. Com isso ocorre uma grande liberação de gás carbônico,

à medida que este solo possui concentrado bastante carbono que ao ser ex-

posto vai, naturalmente, para a atmosfera.

• O regime de chuvas, as correntes marinhas e o padrão dos ventos estão sen-

do perturbados, aumentando a tendência de secas e enchentes.

• Os efeitos se combinam para gerar novas causas, tendendo a amplificar em

cascata o aquecimento e agravar suas consequências.

• Mesmo que as emissões cessassem imediatamente, haveria um aquecimen-

to adicional pela lentidão de algumas reações e pelos efeitos cumulativos.

O aquecimento produz efeitos de longo prazo e afeta toda a biosfera.

• Se as emissões continuarem dentro das tendências atuais, o aquecimento

vai aumentar, podendo chegar a 4,8ºC até 2100, e os efeitos negativos

se multiplicarão e perturbarão todos os componentes do sistema climático,

com graves repercussões sobre o bem-estar da humanidade e de todas as

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outras formas de vida. O mar subiria mais, ficaria ainda mais quente e mais

ácido, haveria mais perda de gelo, as chuvas ficariam mais irregulares e os

episódios de tempo severo, mais frequentes e intensos; entre outras conse-

quências.

• Evitar que as previsões mais pessimistas se concretizem exigirá uma rápida

e significativa redução nas emissões.

A conclusão dos especialistas após a publicação do novo documento não foi sur-

presa para ninguém: é preciso agir agora. “Só conseguiremos manter o aqueci-

mento global bem abaixo de 2ºC […] se efetuarmos transições sem precedentes em

todos os aspectos da sociedade”, apontou Debra Roberts, uma das especialistas.

“Quanto mais decisiva e rapidamente agirmos, mais capazes seremos de en-

frentar mudanças inevitáveis, gerenciar riscos, melhorar nossas vidas e alcançar

sustentabilidade para ecossistemas e pessoas ao redor do mundo — hoje e no fu-

turo”, disse Roberts.

O Painel sobre Mudanças Climáticas e Uso do Solo

Antes de ser apresentado este Painel de Setembro de 2019 em atualização ao

de 2014, um novo relatório especial do Painel Intergovernamental sobre

Mudanças Climáticas (IPCC) com o tema Clima e Uso do Solo foi apresen-

tado, se tratando de uma interessante inovação.

De fato, o relatório constatou que, uma vez que o solo sequestra quase um terço

de todas as emissões de dióxido de carbono causadas pelo homem, será impossível

limitar a elevação da temperatura a níveis seguros sem alterar fundamentalmente

a forma como o mundo produz alimentos e administra o uso da terra.

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Confira alguns dos principais tópicos do relatório:


1. A maneira como estamos usando o solo está piorando as mudanças
climáticas
Cerca de 23% das emissões globais de gases de efeito estufa causadas pelo
homem provêm da agropecuária, da silvicultura e de outros usos da terra. A mu-
dança no uso da terra, como pela derrubada de florestas para dar lugar à pecuária,
impulsiona essas emissões. Além disso, 44% das recentes emissões antrópicas de
metano, um potente gás de efeito estufa, vieram da agropecuária, da destruição de
turfeiras e de outras fontes ligadas à terra.
2. Mas, ao mesmo tempo, o solo funciona como um enorme sumidouro
de carbono
Apesar do aumento dos desmatamentos e outras mudanças no uso da terra, as ter-
ras ao redor do mundo estão capturando mais emissões do que emitem. De 2007 a
2016, o solo sequestrou 6 gigatoneladas (Gt) líquidas de CO2 por ano, equivalente a cer-
ca de três vezes as emissões anuais totais de gases do efeito estufa do Brasil. Mais des-
matamento e degradação da terra, no entanto, destruirão esse sumidouro de carbono.

Fonte: https://wribrasil.org.br/pt/blog/2019/08/7-coisas-para-saber-sobre-o-relatorio-de-mu-
dancas-climaticas-e-uso-da-terra-do-ipcc

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3. O mesmo solo do qual dependemos para estabilizar o clima está sen-

do atingido pela mudança climática

Os cientistas descobriram que a temperatura do solo aumentou 1,5ºC entre os

períodos de 1850 a 1900 e de 2006 a 2015, 75% a mais do que a média global (que

combina mudanças de temperatura tanto em terra quanto nos oceanos).

Esse aquecimento já teve impactos devastadores sobre a terra, incluindo in-

cêndios florestais, mudanças na precipitação e ondas de calor. Impactos adicionais

prejudicarão a capacidade da terra de agir como um sumidouro de carbono.

Por exemplo, o  estresse hídrico poderia transformar as florestas em ambientes

semelhantes ao cerrado, comprometendo sua capacidade de sequestrar carbono,

sem mencionar os danos aos serviços ecossistêmicos e à vida selvagem.

O relatório descobriu que “a janela de oportunidade, o período em que mudan-

ças significativas podem ser feitas para conter as mudanças climáticas dentro de

limites toleráveis, está se estreitando rapidamente”.

4. Várias soluções climáticas baseadas na terra podem reduzir as emis-

sões e/ou sequestrar carbono

O maior potencial para reduzir as emissões do uso da terra é conter o des-

matamento e a degradação florestal, que podem evitar a emissão de 0,4 a 5,8

GtCO2 eq (gigatoneladas de carbono equivalente) por ano. Também precisare-

mos de mudanças em larga escala na forma como os alimentos são produzidos

e consumidos em nível mundial, incluindo mudanças na agropecuária, maior

inclusão de vegetais na dieta e redução do desperdício de alimentos e dos re-

síduos agropecuários.

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Além de reduzir as emissões, o setor também pode remover dióxido de carbono

da atmosfera. O relatório concluiu que a restauração florestal e o reflorestamento

têm o maior potencial de captura de carbono, seguidos por melhorar o armaze-

namento de carbono no solo e pelo uso de bioenergia combinada com captura e

armazenamento de carbono (BECCS), um processo que utiliza biomassa para gerar

energia e captura e armazena o carbono resultante antes de ser liberado na atmos-

fera. Dito isso, os  autores observam que a maioria das estimativas não leva em

consideração fatores como competição pelo acesso à terra e questões de susten-

tabilidade, de modo que o potencial real de remoção de carbono dessas soluções

pode ser significativamente menor do que a maioria dos modelos sugere.

5. Muitas soluções climáticas baseadas na terra têm benefícios signifi-

cativos além da mitigação

O relatório descobriu que as seguintes soluções têm os maiores cobenefícios:

manejo de florestas, redução do desmatamento e degradação, aumento da quanti-

dade de carbono orgânico no solo, aumento do intemperismo mineral (um processo

de aceleração da decomposição de rochas para aumentar a absorção de carbono),

mudança de dieta e redução do desperdício de alimentos.

Por exemplo, o aumento do armazenamento de carbono do solo pode não apenas

sequestrar emissões, mas também tornar as culturas mais resilientes às mudanças

climáticas, melhorar a saúde do solo e aumentar a produtividade.

6. Algumas soluções climáticas baseadas na terra acarretam riscos e

contrapartidas importantes e devem ser buscadas com prudência

Por um lado, será importante ponderar os benefícios líquidos de qualquer

intervenção.

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Por exemplo, o plantio de florestas em campos nativos poderia na verdade diminuir

a quantidade de carbono armazenada no solo, prejudicando um importante sumi-

douro de carbono.

Algumas intervenções podem reduzir as emissões, mas causam outras mudanças

que acabam aumentando as temperaturas.

Por exemplo, plantar uma floresta perene em altas latitudes tornaria as superfícies

mais escuras. Durante o inverno, ao  invés de estar exposta, a  camada de neve

estaria encoberta, aumentando a absorção da radiação solar – como ao trocar uma

camiseta branca por uma preta em um dia ensolarado.

Plantar certas espécies de árvores ou plantas pode ameaçar outras espécies

e ecossistemas. E  a maior parte dos sumidouros biológicos de carbono eventu-

almente chegará a um ponto de saturação em que não absorverá mais carbono.

Além disso, a absorção de carbono florestal futura não é garantida, uma vez que é

provável que os incêndios florestais e a propagação de doenças aumentem em um

mundo mais quente.

7. Soluções climáticas baseadas na terra que exigem grandes áreas

podem ameaçar a segurança alimentar e exacerbar problemas ambientais

Os esforços de redução de emissões e de remoção de carbono baseados no uso

da terra que exigem grandes áreas – por exemplo, o plantio de florestas em grande

escala e os cultivos para bioenergia – competirão com outros usos da terra, como

a produção de alimentos. Isso pode, por sua vez, aumentar os preços dos alimen-

tos, agravar a poluição da água, prejudicar a biodiversidade e levar a uma maior

conversão de florestas em outros usos da terra, aumentando assim as emissões.

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Além disso, o  relatório constatou que, se o mundo não conseguir reduzir as

emissões em outros setores, como energia e transporte, dependeremos cada vez

mais de soluções baseadas na terra, exacerbando as pressões alimentares e am-

bientais.

Aprendendo com o relatório do IPCC

Talvez o insight mais abrangente do relatório do IPCC seja sobre o delicado pon-

to de equilíbrio entre uso da terra e estabilidade climática: acertá-lo pode reduzir

as emissões e, ao mesmo tempo, criar cobenefícios significativos; errar pode inten-

sificar as mudanças climáticas e agravar a insegurança alimentar e os problemas

ambientais.

Na verdade nós podemos alimentar o mundo ao mesmo tempo em que com-

batemos as mudanças climáticas, protegemos as florestas e fazemos avançar a

economia – mas temos de melhorar a forma como produzimos e agimos sobre o

planeta.

A seguir, apresento-lhes uma matéria interessante, publicada na ver-

são on-line da revista Exame, de 08/06/2019, sobre uma economia criati-

va que pode ser gerada pelas oportunidades do aquecimento global.

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42 bilhões de dólares no caminho do aquecimento global

Esse é o valor que 91 empresas abertas da América Latina identificaram em

oportunidades da economia regenerativa, no combate ao aquecimento global

Se os governos de alguns países recuaram em relação ao desafio das mudanças

climáticas, pelo menos o setor privado parece ter acordado – e está agindo. Não é

só pela consciência de que o aquecimento global é uma ameaça ao planeta como

um todo, mas também porque as soluções para a crise climática têm o potencial

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de aumentar a competitividade. E este caminho já está sendo trilhado por grandes

grupos empresariais da América Latina – que tem condição privilegiada para gerar

energia limpa, fornecer alimentos com menor impacto e produzir serviços e produ-

tos bons para o clima.

É isso o que mostram os dados do CDP, iniciativa criada há décadas pelos gran-

des fundos internacionais de investimento para catalisar o esforço privado pelo cli-

ma. Nas palavras de Lauro Marins, diretor executivo para a América Latina do CDP:

“Em 2018, 91 empresas de capital aberto, 895 fornecedores e 184 cidades da

América Latina reportaram suas informações por meio do sistema de divulgação

ambiental do CDP. Essas 91 empresas de capital aberto representam 90% do capi-

tal negociado em bolsa na região. Juntas, elas reportaram um valor 42 bilhões de

dólares em oportunidades identificadas na área de clima. Essas empresas fizeram

um investimento de 5 bilhões de dólares, que resultou na redução do equivalente

a 921 milhões de toneladas de CO2.

Não foram só empresas que mostraram seus investimentos ao CDP. Também

184 cidades latino-americanas participantes reportaram conjuntamente ao CDP um

total de 326 projetos climáticos que estão buscando mais de 5,6 bilhões de dólares

de financiamento. Observa-se aí uma grande oportunidade para colaboração entre

o setor público e privado por meio de estratégias já bem conhecidas, como PPPs,

aliadas a novas abordagens como emissão de títulos verdes de projetos executados

pela iniciativa privada em áreas-chave para a resiliência urbana.

O senso de urgência é o que move esses atores a agir já, uma vez que o quinto

relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), lançado em

outubro de 2018, deixou claro que temos apenas 12 anos para reduzir as emissões

de gases de efeito estufa pela metade para evitar uma crise climática sem prece-

dentes na história da humanidade.

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Essa é a janela de tempo de que dispomos para converter a crise em oportu-

nidade e botar de pé uma nova economia regenerativa, formada por soluções que

contribuam para reverter as mudanças climáticas e ao mesmo tempo gerem pros-

peridade para as pessoas. A Universidade de Michigan estima que o mercado para

produtos que capturam carbono da atmosfera, ajudando a reverter as mudanças

climáticas, movimentará de 800 bilhões a 1,1 trilhão de dólares por ano até 2030.

Esse novo mercado trará novas oportunidades de negócios e atuação profissional.

Aqueles que primeiro reagirem a esses sinais colherão os frutos do seu pioneirismo,

posicionando-se na liderança dessa nova e próspera economia.

É crescente o coro formado pela comunidade de negócios e governos subnacio-

nais de que a mudança climática é o principal vetor de riscos e oportunidades para

a economia e para a sociedade.

Começamos a ver na América Latina um movimento similar ao que ocorreu nos

Estados Unidos após a eleição de Donald Trump, em que, diante dos retrocessos

vindos da Casa Branca em relação a políticas climáticas, a comunidade de negó-

cios, governos subnacionais e sociedade civil se reuniram em torno de uma coalizão

chamada We are still in (nós ainda estamos dentro). Esses atores levantaram as

suas vozes em apoio ao Acordo de Paris, se comprometendo a ajudar a alcançar os

objetivos climáticos nele traçados.

Um episódio recente no Brasil dá sinais de que esse contraponto também come-

ça a ganhar corpo no país. Depois de retirar a sua candidatura como sede da Con-

venção do Clima, o governo federal também tentou intervir na decisão da cidade

de Salvador de sediar a conferência Climate Week, evento tradicional no calendário

de discussões internacionais sobre clima. Apesar disso, o prefeito Antonio Carlos

Magalhães Neto se colocou à disposição da organização da Climate Week para rea-

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lizar a conferência na capital baiana. Diante da pressão da sociedade civil, governos

subnacionais e empresas, o governo federal retrocedeu e decidiu apoiar a realiza-

ção da Climate Week. Experiências como essa levam especialistas a afirmar que os

governos subnacionais e os negócios terão papel protagonista para manutenção e

implementação das políticas climáticas no país.”

Uma amostra dessa discussão acontecerá nos dias 11 e 12 de junho, em

São Paulo, na primeira feira de negócios pelo clima da América Latina, uma re-

alização do CDP, O Mundo Que Queremos e WWF-Brasil, com apoio de EXAME.

O  evento reunirá mais de 300 pessoas, incluindo prefeitos, CEOs de grandes

empresas, fundadores de start-ups de negócios pelo clima, lideranças jovens e

financiadores. Ao longo dos dois dias de evento, eles debaterão soluções tecno-

lógicas, modelos de negócios inovadores e também exemplos de ações coleti-

vas e coordenadas entre setor privado, público e a sociedade civil para acelerar

uma nova economia regenerativa capaz de reverter as mudanças climáticas e

gerar prosperidade.

A feira trará ainda uma missão comercial patrocinada pelo Governo do Canadá

e uma comitiva de 15 cidades e start-ups latino-americanas, financiada pela Fun-

dação Konrad Adenauer. Esses grupos participarão de rodadas de negócios que

vão reunir mais de 200 participantes, entre representantes de prefeituras, grandes

corporações, start-ups e instituições financeiras – com a missão de consolidar a

posição da América Latina como um lugar privilegiado para fazer brotar iniciativas

boas para o clima.”

Fonte: https://exame.abril.com.br/blog/ideias-renovaveis/42-bilhoes-de-dola-

res-no-caminho-do-aquecimento-global/

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O Acordo de Paris e as Convenções Quadro da ONU sobre Mudança


Climática
A década de 1990 representou um avanço nunca antes visto em torno da dis-
cussão acerca do aquecimento global. Foi quando os países (ao menos um grupo)
se conscientizaram pela primeira vez da história em torno de produzir um modelo
e consensos que pudessem, de forma efetiva, contribuir a mitigar tal preocupante
questão. A  Segunda Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, ou Rio 92, foi organizada pelas
Nações Unidas e, entre 4 a 14 de junho de 1992, ganhou lugar na cidade do Rio de
Janeiro obtendo uma imensa repercussão global.
E desta conferência um postulado importante foi parametrizado e regeu a questão
relativa ao aquecimento global, isso longo das últimas décadas.
Vamos a ele:
A ECO-92 consagra haver um compêndio de “responsabilidades comuns,
porém diferenciadas” em torno do aquecimento global. Ou seja, há uma
questão global, fato; o aquecimento global, e tal desafio deve, contudo, ser enca-
rado por todos os países como um compromisso (e entendimento) comum, porém
com níveis de assunção de responsabilidades que estejam baseados por contextos
históricos, estes quais atenentes a forma como cada grupo de países tem respon-
sabilidade na questão do aquecimento global.
Divide-se assim, aqueles países que haviam há tempos se industrializado (e
portanto tinham uma responsabilidade maior frente a questão do aquecimento glo-
bal), e em outra ponta os países tipificados como em desenvolvimento; conhecidos
também como “emergentes”, tais quais o Brasil, China e Índia, ou seja, nações que
iniciaram de forma tardia sua entrada no mundo industrial e, portanto, detentores
de parcelas ainda reduzidas de responsabilidades (até os anos 1990) acerca dos
padrões de emissões de gases de efeito estufa em nível global.

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São as responsabilidades comuns, porém diferenciadas, corolário que atual-

mente veremos, não cabe mais em 2019 para que se resolva de forma efetiva a

questão do aquecimento global, mas que fora fundamental nos anos 1990 a que

ali houvesse início um arcabouço de discussões (e ações) com vistas ao estabeleci-

mento de uma agenda global de enfrentamento desta importante pauta ambiental.

Orientados pela ONU, planos e ações em torno do tema aquecimento global

começam a eclodir nos anos 1990, contudo ainda separando os países emergentes

(China, Índia, Brasil…. Hoje grandes emissores de gases de efeito estufa), daqueles

países que se industrializaram antes (leia-se: países da Europa, a União Soviética

e seus estados – satélites, mais o Japão, os EUA e Canadá).

As Convenções Quadro da ONU para o Clima

A partir da ECO-92, no Rio de Janeiro, fica estabelecida uma agenda de en-

contros anuais em lugares diferentes ao redor do globo com vistas a se discutir

o aquecimento global. São as Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mu-

dança do Clima – UNFCCC, ou as Convenções do Clima – e COP – Convenção das

Partes. Desde 1994 elas vêm sendo realizadas anualmente, sendo a primeira em

Berlim. Algumas destas convenções, e já foram 24 as realizadas até 2018, serviram

apenas de forma protocolar se discutisse a questão climática global, contudo outras

Convenções foram bastante importantes.

Para chegarmos ao contexto de atualidades recente sobre o tema, é  importante

que entendamos o que fora estabelecido no longínquo ano de 1997, na 3ª COP,

realizada em Kyoto no Japão.

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À época do Protocolo de Kyoto, isso há mais de 20 anos, a imensa maioria das

emissões globais de gases de efeito estufa eram atreladas a países industrializados,

à medida que estas nações detinham responsabilidades históricas sobre o aqueci-

mento global, pois foram grandes emissores de gases por séculos. Os países em

desenvolvimento, em contrapartida, eram vistos como as maiores vítimas do clima,

e não tinham, até ali, responsabilidades sobre o problema e, igualmente, portanto

não deveriam também assumir ônus nem contribuir para a solução. O Protocolo de

Kyoto de 1997 definiu limites e metas de redução para as emissões de gases de

efeito estufa, para um grupo de 39 países apenas. Ou seja, todos os países con-

siderados como “desenvolvidos” acrescidos dos países do Leste Europeu mais a

Rússia.

Assim, o Protocolo só entraria (e entrou) em vigor quando a conta dos signatá-

rios envolvesse dois parâmetros:

1 – Ao menos 55% dos países chamados (39 países) assinassem o acordo

2 – E 55% das emissões de gases de efeito estufa no total no globo (e somados,

os 39 países representavam, a época, 78% das emissões globais de GEE) ratificas-

sem o mesmo protocolo.

Resultado: Assim, tais cotas só foram conseguidas quando a Rússia, em 2004,

assinou o acordo.

Vigorando, em termos reais, entre os anos de 2008-2012, o Protocolo de Kyo-

to, ao estabelecer metas em média de redução de 5,2% de gases por parte dos

países signatários do acordo, não conseguiu ao fim (em 2012) reduzir os níveis de

emissão de gases de efeito estufa em enorme parte dos países que se cotizaram.

Ou seja, os próprios países envolvidos, em sua imensa maioria, não conseguiram

cumprir as metas de redução assumidas individualmente. Contudo, vale desta-

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car, o Protocolo de Kyoto foi um marco positivo, sem dúvidas, pois nele (e

pela primeira em toda história humana) um grupo de países assumiu me-

tas (voluntárias) de redução de Gases de Efeito Estufa.

Em 2019 a COP-25, a  25a Conferência do Clima, deveria ser realizada no Bra-

sil, contudo nosso atual mandatário, Presidente Jair Bolsonaro, desistiu de sediar

esse encontro em nosso país. Pesaram em sua decisão, segundo declaração dele,

os fatos de que (e tal qual seu companheiro, Donald Trump, presidente norte-a-

mericano) a sua política externa em torno deste assunto é 100% refratária ao que

a ONU vem propalando, além de considerar um desperdício gastar, segundo sua

contabilidade, uma quantia em torno de R$ 500 milhões para realizar-se no Brasil

tal conferência. Então a conferência de dezembro de 2019 teve a sua realização

transferida para Santiago, no Chile.

O Acordo de Paris – 2015

Terminado o prazo de vigor de Kyoto (2012), uma nova costura para o clima

global, mas que não envolvesse apenas um grupo de países (e pudesse resultar em

um novo protocolo de Kyoto) precisava ganhar corpo. Assim, ficou estabelecido que

em 2015, na COP-21, de Paris, tal documento ganharia forma.

E sentados à mesa de negociação na “cidade-luz”, pela primeira vez na história,

em meio a ministros do meio ambiente, consultores, chanceleres, entre outros,

consegue-se alinhavar um acordo climático gigantesco e inédito, o qual envolveu

mais de 190 países.

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A COP-21 de Paris (2015) se torna o maior avanço em termos desta dis-

cussão do clima global de todos os tempos. Por ela fica estabelecido, pri-

meiramente, um compromisso a longo prazo: limitar o aquecimento global

abaixo de 2º neste século. Depois fazer-se-ia esforços com para limitar a

elevação da temperatura global em nível acima de 1,5 ºC. 195 países em

primeira instância assinam o compromisso que envolve todos os maiores

emissores de Gases de Efeito Estufa do Mundo.

No mesmo documento, depois de serem atingidas as macrometas cita-

das, cria-se um modelo para se limitar as metas de emissões de GEE nacio-

nais, em que cada país proporia um limite próprio: são as chamadas NDC

(Contribuição Nacional Determinada).

E Paris inovou também, na medida em que o Protocolo não teria

prazo determinado, tal qual como o Protocolo de Kyoto, por exemplo

e as suas diretrizes seriam revisadas a cada 5 anos, com metas que,

dentro de uma ótica em que enquanto houver o problema (a emissão de

gases de efeito estufa), se conjugariam em torno das necessidades de

cada país.

Mas nem tudo são flores, pois dando seguimento ao que prometera na cam-

panha presidencial, Donald Trump se retira do Acordo de Paris em Julho

de 2017, dando atualmente sinais de que poderia até voltar ao acordo, mas

somente se os interesses econômicos dos EUA estiverem acima de qualquer

outra questão, sendo um entrave, tal posição. Um verdadeiro contrassenso e

ponto anacrônico, à medida que para se reduzir as emissões de gases

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de efeito em uma imensa maioria dos países, mandatório é sejam alte-

radas as matrizes de produção energética, industriais e de transportes

deles. E tais mudanças, via de regra, promovem alterações econômicas

e envolvem custos. Por fim, vale destacar que, mesmo com a saída dos

EUA, o  Acordo de Paris segue ainda firme em seu rumo na busca de

não se deixar que padrões calamitosos de aquecimento global ganhem

mais força.

Vejamos as cenas dos próximos capítulos:

A Questão do Ártico

Por fim, caro(a) aluno(a), atualmente a questão do aquecimento global passa

por uma discussão importante acerca da forma acelerada como o Ártico vem per-

dendo sua massa de gelo.

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Situado ao Norte do Planeta, o Ártico é uma imensa massa oceânica de água


congelada que vem mudando conforme os cientistas já previam, mas de forma
muito mais acelerada.

Fonte: http://www.monteirolobatomaceio.com.br/repository/files/regioes-polares-unidade-9-te-
mas-3-e-4.pdf

Nos últimos 3 anos, vários recordes climáticos de aquecimento na imensa área


gélida em tela foram atingidos. Expectativas relativas emanadas por cientistas de
que, somente em algum dia do verão de 2100 pudesse haver degelo completo do
Ártico, já se encontram reduzidas em 60 anos. Possivelmente em 2040, segundo
matéria publicada pela renomada revista Scientific American, em sua edição de
maio de 2018, um dia no verão será de degelo completo do ártico. A última vez,
segundo os cientistas em que o Ártico esteve em tempestes temperatura pareci-
da com agora faz algo em torno de 125 mil anos, e os oceanos estiveram à época
elevados, em comparação a hoje, em algo perto de 4 a 6 m. Era outra situação e
nada se compara ao que vemos, em sua velocidade, como nestes tempos recentes.

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Em 2018, a temperatura média no Inverno, para se ter uma ideia, no Ártico ficou

em 9º (!!!), mais elevada que em 1979. Assim, mais aquecimento, mais vapor

d’água (um dos gases de efeito de estufa) na atmosfera e maior elevação do nível

dos oceanos.

A atenção dedicada por parte da comunidade científica ao Ártico reside

no fato de a região ser muito sensível às mudanças climáticas. Em apenas

40 anos as extensões congeladas no ártico reduziram-se pela metade, ha-

vendo também uma forte retração do volume de gelo perene (em torno de

25%). Quanto maior o calor derretendo a superfície branca (de gelo), uma área

maior escura fica exposta. Assim, os  raios de sol antes refletidos pela superfície

branca agora ficam retidos muito mais na superfície escura. Ou seja, torna-se o

aquecimento um ciclo vicioso.

Texto Complementar:

Os Plásticos e Os Oceanos: Uma Nova Batalha Ambiental

Por: Luis Felipe

19/09/2019

Há mais ou menos 80 anos, o uso de plásticos pela sociedade começou a ter

seu início. O polímero barateou enormemente os custos de produção e insuflou um

poderoso ramo industrial – a indústria petroquímica. Hoje parece que não sabe-

mos mais viver sem o plástico e o conforto que produtos como papel filme, copos,

garrafas, recipientes variados, canudos, entre outros, nos oferecem, mas isso tem

literalmente um peso para a natureza.

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O plástico é um produto que não se decompõe facilmente na natureza, pois suas


moléculas são bastante estáveis e os organismos não conseguem quebrá-las. Se-
gundo a Cetesb (a Companhia Paulista de Saneamento), em aterros sanitários, ou
seja, ambientes com forte presença de organismos decompositores, uma garrafa
Pet pode demorar mais de 200 anos para ser decomposta por total. Há até plásticos
biodegradáveis (ou mais fáceis de se decompor), mas estes são de uso extrema-
mente restritos, sendo que o que fica realmente é uma carga de plásticos, todos
simples e baratos, que poluem a cada segundo o mundo em milhares de toneladas
e são indigestos à decomposição.
E o uso indiscriminado do plástico vem causando um dano ambiental que trans-
cende os ambientes terrestres e os lixões. Esse dano se estende drasticamente
aos oceanos, o verdadeiro pulmão do planeta, vítimas da indiscriminada utilização
desses produtos.
Vamos aos dados: recentemente, cientistas estimaram que, por volta do ano de
2050, o peso dos seres vivos nos oceanos será superado pelo peso do plástico adi-
cionado aos ambientes marinhos. Isso mesmo que você leu caro(a) aluno(a)! Até
2050 haverá provavelmente mais plástico que seres marinhos nos oceanos. Esti-
ma-se que atualmente uma carga de mais de 150 milhões de toneladas de plástico
esteja boiando pelos oceanos, sendo que anualmente algo entre 5-10 milhões de
toneladas seja adicionado a esta perversa conta. A imensa maioria do lixo nos oce-
anos aliás é plástico, oriundo quase todo do próprio lixo descartado e (em menor
escala) dos restos de materiais plásticos deixados por pescadores, de diferentes
envergaduras.
Sobre reciclagem, não há ainda salvação, pois e todo plástico produzido no
Planeta, nem 10% atualmente vem sendo reciclado. E estes são os produtos mais
adicionados ao mar: canudos plásticos, garrafas, isqueiros, canetas, linhas de pes-
ca, anzóis, fora o resto.

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E o problema do plástico nos oceanos não se encontra apenas na questão de

poluir as margens costeiras. Há uma cadeia de danos que vão desde ferir animais

até a absorção de micropartículas de plásticos pelos plânctons. Em determinadas

áreas do Pacífico, entre a próspera costa leste costa americana e a superpovoada

costa asiática, já se percebe algo em torno de 100 partículas de microplástico para

cada plâncton – e o pior cenário, segundo os cientistas era 6 para um

O lixo marinho também causa perdas econômicas aos setores e comunidades

dependentes do mar, exatamente por causa mortandade em espécies de peixes e

poluição da água, além de diminuição crítica no atrativo natural que as áreas turís-

ticas costeiras possuem.

Algumas medidas (tímidas) por parte de governos vem sendo tomadas frente a

esta questão. Destaques para a União Europeia que, em 2018 aprovou por unani-

midade um conjunto de normas e sanções aos usos de materiais plásticos por parte

dos países (28, até a saída do Reino unido), englobando também instrumentos de

pesca. Já Distrito Federal, na capital do Brasil, por decreto proíbe desde Fevereiro

de 2019 o uso e comercialização em todo o território distrital a comercialização de

canudos e copos plásticos.

Por mais anacrônico que pareça, o plástico em parte veio para salvar animais,

ao substituir, por exemplo o uso do marfim, muito comum até o início do século

passado, mas agora mata em torno de 100.000 animais marinhos por ano. Por

mais esquisito que pareça, agora o polímero, que foi a base de produtos baratos e

práticos, requer iniciativas urgentes e ações efetivas para tolher seus danos que a

disseminação que veio em uma enorme conta ambiental.

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Meio Ambiente e Problemas Ambientais: Brasil

ONGs: Atualidades e Polêmicas

O presidente Jair Bolsonaro afirmou dia 21 de agosto de 2019 que as organiza-

ções não governamentais (ONGs) poderiam de fato estar por trás de uma série de

queimadas na região amazônica, promovidas estas com vistas a “chamar atenção”

contra o governo do Brasil. O presidente não citou nomes específicos de ONGs e,

questionado se há embasamento para as alegações, disse não haver registros es-

critos sobre tais suspeitas, mas deixou tal questão no ar.

Segundo dados do Programa Queimadas, publicados no Portal G1 e oriundos do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia concentra 52,5% dos

focos de queimadas de 2019 no Brasil. O G1 mostrou após receber tais dados do

INPE onde revela-se que o número de queimadas aumentou 82% em relação ao

mesmo período de 2018 (de 1 de janeiro a 18 de agosto).

Ainda de acordo com nosso Presidente, o governo precisa fazer o possível para

que esse tipo de crime não aumente, mas disse que sua gestão retirou dinheiro que

era repassado para ONGs, o que poderia justificar uma reação das instituições e a

deflagração de queimadas intencionais por parte das ONGs e de grupos que atuam

em defesa da floresta. Bolsonaro declarou que “o crime existe, e isso aí nós temos

que fazer o possível para que esse crime não aumente, mas nós tiramos dinheiros

de ONGs. Dos repasses de fora, 40% ia para ONGs. Não tem mais. Acabamos tam-

bém com o repasse de dinheiro público. De forma que esse pessoal está sentindo

a falta do dinheiro”, declarou na saída do Palácio da Alvorada, ao ser questionado

sobre a onda de incêndios na região.

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O Presidente Jair Bolsonaro, é bem verdade, não apresentou provas que sus-

tentassem sua afirmação. Motivado por um relatório governamental que recebera,

o qual denunciava irregularidades em uma gama de repasses para ONGs que lidam

com saúde indígena, uma semana depois reiterou sua posição de completa oposi-

ção as atividades das Organizações.

E no Congresso cresce também a intenção por parte dos parlamentares de se

criar uma CPI das ONGs com vistas a se detectar qual o uso de recursos e influência

estrangeira das instituições no Brasil, principalmente na Amazônia.

Vale destacarmos que tais posturas como a do Presidente Bolsonaro, de des-

confianças em relação ao trabalho de ONGs não são uma particularidade deste

governo. Houve, por exemplo, ao  longo da administração de Luiz Inácio Lula da

Silva também discursos de que a atuação das ONGs precisava ser vigiada de perto.

“Grande parte dessas ONGs não está a serviço de suas finalidades estatutárias”,

afirmou, por exemplo, o então Ministro da Justiça, Tarso Genro, em 2008. “Muitas

delas escondem interesses relacionados à biopirataria e à tentativa de influência

na cultura indígena, para apropriação velada de determinadas regiões, que podem

ameaçar, sim, a  soberania nacional” disse o comandante-geral da Amazônia na

mesma época, General Augusto Heleno, um crítico enfático da política indigenista

do governo Lula, por ele vista como: “lamentável, para não dizer caótica”.

Mas qual é o perfil das ONGs na Amazônia?

Para essa análise em tela, basear-me-ei inicialmente e, é importante fazermos

este recorte, em matéria publicada pelo Nexo Jornal, um veículo de jornalismo

eletrônico brasileiro que publica textos jornalísticos multidisciplinares sobre políti-

ca, economia, acontecimentos internacionais, cultura, ciência e saúde, tecnologia,

arte e outros temas, em perspectiva de contextualização (jornalismo de contexto),

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além da cobertura factual, interatividade com dados e recursos multimídias o qual

se encontra inserido como parte da Slow Media (mídia vagarosa, em tradução

livre), em que se preconiza o jornalismo reflexivo e de profundidade e uma veloci-

dade diferente daquela acelerada comum às culturas cibernética e digital, sendo

também inserido como veículo da mídia independente brasileira.

Sigamos então, ok?

Com base em matéria publicada pelo Nexo Jornal de 01/09/2019 intitulada:

Qual o papel das ONGs ambientais na Amazônia? (Fonte: https://www.nexojor-

nal.com.br/expresso/2019/09/01/Qual-o-papel-das-ONGs-ambientais-na-Am%-

C3%B4nia), um levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada) sobre as ONGs brasileiras indica que há 102.080 organizações

da sociedade civil com sede em municípios da Amazônia Legal. Esta estima-

tiva, contudo, difere radicalmente dos números do IBGE – Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística –, que calcula haver 15.919 apenas.

Pelo IPEA, 12,4% das ONGs do Brasil são sediadas em municípios da Amazônia

Legal (área do planejamento estatal que envolve todos os estados da região Nor-

te, mais o Mato Grosso e parte do Maranhão). E são diversas as áreas de atuação

de ONGs na Amazônia. Outro levantamento do Ipea demonstra que quase metade

(49,9%) das Ongs atua em “defesa de direitos e interesses”, nomenclatura abran-

gente a qual inclui associações de moradores, centros comunitários e organizações

de defesa de direitos de grupos de minorias, meio ambiente e proteção animal.

ONGs desse tipo também são majoritárias (41,3%) no restante do país. Na Ama-

zônia, a  atuação pode se traduzir em ações de vigilância ambiental, capacitação

de povos indígenas para a agricultura, assistência à saúde e projetos de educação,

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entre outras atividades. Dessas ONGs, 422 são de defesa do meio ambiente e pro-

teção animal. “A atuação das ONGs ajuda as populações indígenas, ribeirinhas, ex-

trativistas a conhecer melhor seus direitos sociais”, disse ao Jornal Nexo Ageu Lobo,

beiradeiro e presidente da Associação de Moradores das Comunidades de Montanha

e Mangabal, localizada na região de Itaituba, Pará. “Ajudam os povos nas aldeias e

comunidades com oficinas que realizam e ajudam as pessoas a irem até as cidades

para cobrar seus direitos.”

Atuando na Amazônia ao menos desde a década de 1960, as ONGs e ou-

tras entidades que não estão vinculadas ao governo ocupam a floresta

com projetos de infraestrutura e reprimem ações contra povos indíge-

nas promovidas desde a ditadura militar (1964-1985). Exemplo é o Cimi

(Conselho Indigenista Missionário), que, mesmo não se definindo como ONG,

nasceu em 1972 após denunciar o chamado Massacre do Paralelo 11, ocorrido

em 1966 em uma região entre Rondônia e Mato Grosso, quando uma empresa

seringalista foi responsável pela chacina de uma aldeia do povo indígena Cintá-

-larga. De acordo com o Ipea, 3.626 organizações (0,03% do total na região)

que atuam na Amazônia obtiveram verba federal entre 2010 e 2018, no valor

de R$ 6,8 bilhões. O aporte representou 5,7% do total destinado a ONGs pelo

governo no período. A destinação de recursos diminuiu com os anos. As infor-

mações do Ipea são relativas apenas a entidades registradas em municípios

da Amazônia Legal, sendo que ainda não existe um estudo detalhado sobre a

atuação de organizações internacionais em território brasileiro, aponta o insti-

tuto de pesquisa. ONGs internacionais que atuam na Amazônia, por exemplo,

também estão editadas no Sudeste.

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Principais ONGs Ambientais no Brasil

Considerado o maior reservatório de biodiversidade do globo, onde praticamen-

te 20% de todas as espécies conhecidas de fauna e flora se encontram, o território

do Brasil é foco principal acerca da questão da preservação do meio – ambiente

no mundo. Há décadas um enorme quantidade de ONGs aqui se encontram ou

se constituíram levantando a bandeira da preservação ambiental, em âmbito que

transcende o bioma amazônico.

Vejamos a seguir algumas destas organizações principais:

– CIMA (www.cima.org.br)

O Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente (CIMA) é uma entidade ci-

vil, que não conta com lucro para existir tal qual versa em seu estatuto. Possui

sua sede no Rio de Janeiro e desenvolve ações relacionadas à educação, cultura,

e meio ambiente, contando com parcerias com instituições governamentais, priva-

das, e multilaterais.

O objetivo dessa entidade é a contribuição por meio de diferenciadas ações e de

maneira eficiente, em busca de uma melhor qualidade de vida, como informa-nos

em sua página oficial.

Nas áreas de meio ambiente e de educação, o CIMA organizou inúmeros proje-

tos, dentre eles podemos citar o “Protetores da Vida”, “A Natureza e a Paisagem”,

que são Programas de Educação para o Desenvolvimento Sustentável, mobilizando

vários setores para proteger os ecossistemas existentes na Bacia da Baía de Gua-

nabara. A expedição do projeto passou por muitos estados e ainda por sítios pa-

leontológicos do Brasil e teve seu registro compilado numa exposição realizada no

Museu Nacional, intitulada “Em busca dos Dinossauros”.

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Além dos programas citados ainda houve a implantação do “Programa Coca-Cola

de Valorização do Jovem”, em colégios estaduais e municipais de inúmeros estados e

ainda o “Gente é para Brilhar”, que promove a estimulação de ações que causam a

inclusão do indivíduo na sociedade, como por exemplo, a capacitação de adolescentes

na produção de documentários e também na área audiovisual. Esse evento direcionado

ao público jovem permite o acesso ao mercado da mídia, chamado de “RioTecnomídia”.

E finalmente o PROCEL, um programa que promove o combate e a educação

para que não haja o desperdício de energia – este provavelmente para o público

pouco inteirado sobre as atividades desta ONG, o maior programa em termos de

repercussão de sua atuação em âmbito nacional.

– WWF (https://www.wwf.org.br/)

O WWF-Brasil é uma organização da sociedade civil brasileira, de natureza não

governamental e constituída como associação civil sem fins lucrativos que trabalha

para mudar a atual trajetória de degradação ambiental e promover um futuro em

que sociedade e natureza vivam em harmonia.

Criado em 1996, o WWF-Brasil mantém 137 funcionários atuando em 67 proje-


tos na Amazônia, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga, além dos ecossis-

temas marinhos, na costa brasileira.

A Governança do WWF-Brasil é realizada por meio de órgãos previstos em seu

Estatuto Social e Regimento Interno, com o objetivo de zelar pelos compromissos e

relacionamento com a Rede WWF, cumprir as políticas, os princípios e os objetivos

da organização e assegurar, dessa forma, o cumprimento da Missão Institucional

do WWF-Brasil:

“Contribuir para que a sociedade brasileira conserve a natureza, harmonizando

a atividade humana com a conservação da biodiversidade e com o uso racional dos

recursos naturais, para o benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações”.

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– GREENPEACE (https://www.wwf.org.br)

Em 1971, uma equipe de 12 pessoas, entre jornalistas, hippies e ecologistas,

partiu de Vancouver, Canadá, a bordo de um velho barco de pesca rumo ao Ártico.

Esses ativistas acreditaram que a ação de indivíduos comuns poderia fazer a dife-

rença e sua missão era testemunhar e tentar impedir os testes nucleares realizados

pelos EUA nas ilhas Amchitka, no Alaska.

Para levar adiante tal empreitada, o grupo tentou arrecadar fundos com a venda

de broches. Verde (Green) e Paz (Peace) eram as palavras de ordem, mas segun-

do eles mesmo dizem: “não cabiam separadas no broche”. E assim nascia o nome

Greenpeace.

Interceptados antes de chegar a seu destino, os ativistas não impediram os Es-

tados Unidos de detonarem a bomba. Mas sua obstinação e coragem despertou a

atenção do planeta. Após forte pressão popular, os testes nucleares foram suspen-

sos em Amchitka, então declarada santuário de pássaros.

O protesto pacifista teve ainda consequências muito além da esperada. A ideia

de que alguns indivíduos podiam fazer a diferença por um planeta mais verde e

pacífico se tornou realidade e arrebatou uma legião de seguidores. Foi também o

embrião do que é hoje a maior organização ambientalista do mundo.

O Greenpeace, oficialmente destaca não aceitar doações de estados, nem de

partidos políticos. Possui ainda atualmente 3 navios ao redor do mundo: Rainbow

Warrior, Arctic Sunrise e Esperanza

No Brasil, o Greenpeace chega em 1992, ano em que o país abrigou a primeira

e a mais importante conferência ambiental da história, a Eco-92 (a qual vimos em

nossa aula).

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Conservação Internacional (https://web.conservation.org/global/bra-

sil/Pages/default.aspx)

A CI (Conservação Internacional) é uma organização brasileira sem fins lucrati-

vos, que trabalha a proteção da natureza para o bem-estar humano. Seu trabalho

primordial consiste em conservar a natureza promovendo a sustentabilidade e o

bem-estar humano por meio de projetos socioambientais, educacionais e culturais

que geram uma sociedade mais saudável e sustentável. Segundo sua página ofi-

cial, busca tudo isso a partir dos de três eixos centrais:​ Capital Natural, Produção

Sustentável e Governança.

Uma ação interessante que a CI promove consiste na busca por fundos e ações

multilaterais a que se protejam os “hotspots” que em tradução livre são os lugares

onde se manifestam imensa biodiversidade de fauna e flora. No Brasil inúmeras

iniciativas desde a década de 1990 foram alçadas por esta associação com vistas a

redimensionar a proteção destes lugares. Vale a pena conhecê-las.

S.O.S. Mata Atlântica (https://www.sosma.org.br/quem-somos/historia/)

Essa foi a primeira ONG destinada a defender os últimos remanescentes


de Mata Atlântica no país. O ideal de conservação ambiental da entidade, criada

em 20 de setembro de 1986, associa-se ao objetivo de profissionalizar pessoas e

partir para a geração de conhecimento sobre o bioma. A proposta representa tam-

bém um passo adiante no amadurecimento do movimento ambientalista no país.

A história da Fundação SOS Mata Atlântica foi construída por meio da mobili-

zação permanente e da aposta no conhecimento, na educação, na tecnologia, nas

políticas públicas e na articulação em rede para consolidação do movimento socio-

ambiental brasileiro.

Atualmente, fica o registro, apenas 5%, ou menos, da Mata Atlântica original

ainda está de pé.

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As Tragédias Ambientais de Mariana e Brumadinho


No dia 5 de novembro de 2015, ocorre aquele que seria o maior acidente am-
biental da história do Brasil até então. A Barragem do Fundão de rejeitos de mi-
neração se rompe. Administrada pela empresa join-venture Samarco – criada pela
união entre a brasileira Vale do Rio Doce e a inglesa Bp. Hilton –, a barragem de
rejeitos de mineração de ferro, nas cercanias de Mariana, na área conhecida como
sendo o Quadrilátero Ferrífero, o nosso maior polo de produção mineral situado em
Minas Gerais, se rompe e leva uma carga de mais de 40 milhões de metros cúbicos
de lama para uma área de raio de mais de 700 km. De rios em Minas Gerais e no
Espírito Santo mais de 11 milhões de toneladas de peixes mortos foram retirados
de suas águas em relação direta com a tragédia e 19 pessoas morreram.
Eis que três anos depois, em Janeiro de 2019, outra tragédia em Minas
Gerais com o mesmo tipo de barragem ocorre. Em Brumadinho, bem na hora
do almoço e em dia de expediente comum, a barragem da Mina do Feijão, adminis-
trada pela Vale do Rio do Doce se rompe. A primeira leva de vítimas se dá exata-
mente no refeitório lotado que ficava logo a seguir da barragem. Aqui vale alguns
destaques. Essa era uma tragédia anunciada, pois embora fosse uma barragem de-
sativada, o modelo obsoleto de construção dela era do tipo a montante (o mesmo
de Mariana), em que diques vão sendo gradativamente construídos para segurar a
entrada de novas rejeitos. A fiscalização por parte da Secretaria de Meio Ambiente
de Minas Gerais e de uma gama lateralmente de órgãos públicos foi falha, e a Vale
tinha ciência de que a barragem poderia se romper a qualquer hora. Em documen-
tos internos da empresa Vale do Rio Doce, revelados logo após o acidente, soube-se
que esta e outras várias barragens da mesma empresa estavam em vigente estado
de “atenção”. Até agora, mais de 200 mortes foram confirmadas, ou seja, mais de
10 vezes mais vidas ceifadas que em Mariana, revelando uma lógica perversa que
demonstra não termos aprendido com nossos erros.

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O Brasil é atualmente o maior produtor de minério de ferro do mundo, onde

quase 10% das nossas exportações (atrás apenas do complexo da soja) se con-

centra apenas nessa commoditie*. Importa-nos, mais que nunca, questionarmos a

que preço sustentamos tal posição e se vale a pena de fato.

Conceito de Commodities

As commodities são uma palavra derivada do inglês commodity, que significa mer-

cadoria. São de forma genérica produtos minerais e agrícolas primários (ou se-

mimanufaturados, como o suco de laranja) de uso global. Vale destacar que seus

preços diariamente são taxados em bolsas específicas de commodities, tais quais a

de Seul, Amsterdam, Chicago e São Paulo.

Texto Complementar:

A Nuvem Tóxica do Agrotóxico

Por: Luís Felipe

05/08/2019

Em Junho foram autorizadas 42 novas marcas de agrotóxicos para atuarem em

nosso concorrido mercado de defensivos agrícolas. Quem libera? A Coord. Geral de

Agrotóxicos e afins do Min. Agricultura. Assim, somente nos primeiros seis meses

de 2019, 232 novas marcas estão autorizadas. Um recorde. Entre 2009 até 2018 a

média foi alta, vale o destaque, com 136 novas marcas atualmente. Em 2018; 450.

Há sem dúvidas hoje um direcionamento na questão dos agrotóxicos, pois se

vínhamos de um crescimento enorme no uso destes produtos de forma geral nos

anos do Lula e da Dilma, o que se percebe nos últimos dois, ou três anos, e neste

governo de forma mais aguda, é a perda de qualquer tensionamento entre pastas

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frente a esta questão. Antes havia possibilidades de salvaguardas e freios ao uso

indiscriminado de defensivos tóxicos antes. Já hoje, ao  que tudo indica, não há

mais prevalecendo única e exclusivamente interesse do Min. Agricultura.

Entre 2012 e 2017, em apenas 5 anos, cresceu em 24% a quantidade (que já

era alta) de agrotóxicos. Atualmente consumimos mais 500.000 toneladas por ano

o que dá 2,5 quilos de agrotóxicos por habitante por ano. É muito, e só aumenta.

Texto Complementar:

As Queimadas e o Fundo Amazônia

Por: Luís Felipe Sampaio

15/09/2019

Ao longo de 2018, os governos de Alemanha, Noruega e França, sob o lema O

Brasil Cuida. O mundo apoia. Todos ganham, recebeu mais de 1,8 bi de recursos

com vistas a preservação da maior floresta tropical do planeta para ações de pre-

servação em 103 projetos.

Contudo, e, dia 15 de agosto de 2019 a Noruega suspendeu o pagamento de

recursos. Na mesma esteira, entrou a Alemanha. Tudo isso justificado por ambos

em função da decisão do Presidente Jair Bolsonaro ter promovido a extinção dos

conselhos que orientam o fundo.

Na verdade, o descontentamento por parte dos países apoiadores a causa de

proteção da Amazônia se deve a várias questões relacionadas forma que o atual

presidente vem conduzindo sua política ambiental. Bolsonaro não se furta em dei-

xar claro que não compactua com ONGs de preservação e que não vê com bons

olhos qualquer ingerência internacional sobre questões amazônicas. A nomeação

de Ricardo Salles, persona non grata ao setor ambientalista, em nada contribui à

questão. Mas para muitos, a  inflexão veio de fato após Bolsonaro questionar os

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dados exprimidos pelo INPE que indicavam um considerável aumento no desma-

tamento da Amazônia em 2019 em se comparado aos anos anteriores e, simples-

mente, demitir o Diretor do Instituto, Ricardo Galvão, que alertou pessoalmente à

impressa.

E contra dados fica difícil contestar: entre jan.-ago. de 2019 houve um total de

72.800 focos de incêndio na Amazônia. Um aumento de 83% em relação ao mesmo

período do ano de 2018.

A Evolução da Política Ambiental no Brasil

O Brasil é o país que detém em seu território a maior biodiversidade entre to-

dos. O conceito de biodiversidade diz respeito à quantidade de espécies existentes

em um lugar, sendo estimado que abriguemos em torno de 20% da variabilidade

genética já conhecida.

Até os anos 1980 não era uma agenda relevante para o Estado brasileiro

a defesa de suas riquezas naturais, deste patrimônio ecológico absurdamente

grande, mas alguns marcos legais já haviam sido constituídos, além de cria-

ção de Unidades de Conservação. Mas hoje é diferente, temos um dos Códigos

Ambientais mais avançados do mundo e mais de 12% do território nacional

protegido dentro de Unidades de Conservação, com enorme crescimento desta

taxa nos últimos 15 anos. A seguir veremos portanto alguns pontos importan-

tes acerca da evolução na política ambiental nacional e a proteção de recursos

naturais.

• O Código de Águas e de Fauna e Flora (1934): criado em 1934 por Var-

gas, preparava o terreno para uma expansão no uso da água pelo Estado com

vistas à produção de energia hidrelétrica.

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• Código Florestal (1965): estabelece que os recursos ambientais são de

bem comum. Cria também a Amazônia Legal (veja mapa a seguir e como

ela transcende as fronteiras da Região Norte para o Maranhão (NE) e Mato

Grosso (C-O). Neste é estabelecida a “Reserva Legal” – obrigatoriedade de se

conservar em imóveis rurais uma taxa de vegetação nativa, escalonada por

biomas onde na Amazônia é de 80%, no Cerrado 35% e em outros 20%. Em

2012 o Código foi revisado.

• SEMA (1973): secretaria Especial do Meio Ambiente: secretaria criada de

forma protocolar após o Brasil, na primeira conferência da ONU para o Meio-

-Ambiente em Estocolmo (1972), ter se mostrado refratário a qualquer nível

de pressões externas ambientalistas.

• PNMA (1981): política Nacional do Meio Ambiente – Lei n. 6938/81; esta-

belece o ZEE – Zoneamento Econômico Ecológico – o ensino ambiental e cria

também o LICENCIAMENTO AMBIENTAL

• CF/1988: a Constituição recepciona o LICENCIAMENTO AMBIENTAL e in-

troduz um capítulo apenas para tratar do meio-ambiente. Em seu art.  215

(caput) estabelece como direito fundamental de todos cidadãos brasileiros a

proteção ambiental.

• IBAMA (1989) – IBDF + SEMA: é criado o IBAMA – Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. Uma fusão entre o Instituto

Brasileiro de Florestas e a Secretaria Especial do Meio Ambiente. Em 2007 a ad-

ministração das Unidades de Conservação Federais passa para o recém-criado

ICMbio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

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• Lei de Crimes Ambientais (9.605/1998): estabelece uma série de ilícitos

e suas penas.

• SNUC Lei n. 9.985/2000:Cria o Sistema Nacional de Unidades de Con-

servação, elencando os 12 tipos de Unidades a serem divididas entre as de

Proteção Integral (sem possibilidade de manejos pelo homem) e as de Uso

Sustentável (com regras específicas para o manejo).

2. A Questão da Água no Brasil

Sem dúvidas, o principal de todos os recursos naturais e minerais exis-

tentes no Planeta é a ÁGUA, sendo o Brasil chave dentro da questão hídrica

global. Contudo, antes de falarmos das potencialidades hídricas do Brasil é impor-

tante que entendamos algumas questões acerca da água no Planeta.

Embora seja chamado de Planeta Terra, o nosso Planeta bem verdade pode-

ria ser denominado como o Planeta Água, pois em torno de 73% do invólucro

planetário é coberto por este precioso líquido, e  não por terra, mas aí temos

uma peculiaridade: esta imensidão de água não está pronta para o consumo,

nem é saudável, pois ao menos 97% deste volume se constitui de água

salgada. Ou seja, a  água potável doce se encontra apenas na casa dos

3%, sendo que, para piorar, desta pouca água doce, mais de 98%, encontra-se

submersa, ou congelada, não estando assim pronta para o consumo imediato.

Temos portanto o seguinte gráfico da água no planeta e sua disponibilidade.

Veja o quanto é reduzida a oferta de água doce pronta para o consumo, aquela

acumulada em rios em lagos:

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É nesta que entra o Brasil; país detentor de quase 12% de toda a água

doce do planeta pronta para o consumo em seus rios e (pouquíssimos) lagos.

Nenhum outro país no mundo tem este privilégio, que é assegurado basica-

mente por um clima de chuvas abundantes e regulares, em que as 12 grandes

bacias hidrográficas nacionais (mapa a seguir) retêm boa parte desta água.

Outras nações continentais, vale o adendo, até maiores territorialmente do

que o Brasil, têm bastante água, mas no caso dos EUA, Rússia, Canadá e Chi-

na (os 4 países maiores que o Brasil), nenhum destes países têm tanta água

em rios pronta para o consumo, onde em época nenhuma se congela. Além do

mais, nenhum destes países possui, ao menos até o que se conhece até hoje,

reservatórios de água tão grandes submersos como os do Aquífero Guarani e

o Álter do Chão.

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Sobre a rede hidrográfica brasileira, vale destacar inicialmente que possuímos

o maior rio do mundo em volume de água: o Rio Amazonas. Se calcularmos todas

as vazões dos rios do Planeta em suas foz ou deltas (os dois nomes referem-se aos

ambientes de encontro dos rios com os mares), nada mais, nada menos, que 30%

de todas as vazantes somadas em quantidade total se dão no Rio Amazonas. Mas

toda esta abundância não significa que estejamos imunes a escassez hídrica e a

questões referentes a poluição e a baixa disponibilidade de água em nosso territó-

rio. O manejo inadequado da água, em associação a escalas de poluição em função

do péssimo saneamento nacional, além das escalas de desperdício são a tônica

atualmente da questão hídrica no Brasil. Para irmos com foco em cima dos aspectos

fundamentais sobre os pontos nevrálgicos acerca da questão hídrica no Brasil, se-

parei alguns pontos importantes acerca da questão da água no Brasil. Vem comigo!

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2.1. Os Grandes Aquíferos Brasileiros

Os aquíferos são sistemas subterrâneos de água geralmente compactados entre

rochas, mas em terrenos sedimentares em função da alta permeabilidade de água

neste solo.

Aquífero Típico

Ao longo da década de 80 e 90, com o avanço das tecnologias de sensoriamen-

to, o Brasil descobriu constar em seu território aquele que pode ser considerado (ou

podia) o maior aquífero do mundo; o Guarani, envolvendo também outros países

do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai).

Em área de terrenos sedimentares (Bacia Sedimentar do Paraná), esta imensa

massa de água Subterrânea auxilia bastante à produção agrícola nesta enorme

área do território Brasileiro de grande pujança econômica, servindo também ao

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abastecimento de uma série de prósperas cidades médios nos interiores dos esta-

dos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul,

chegando até Goiás. Vale destacar que as grandes regiões metropolitanas do Brasil,

até onde se sabe, não estão acima do aquífero Guarani.

Aquífero Guarani

Mais recentemente, outro enorme sistema de águas subterrâneas foi sensorea-

do no Brasil. Em fase final de mapeamento de seu real tamanho, e suas potenciali-

dades, tem-se o Aquífero Álter do Chão, com área menor que o Guarani, mas pelo

que já se estima, possuidor de um volume de água maior.

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2.2. Uso, Desperdício e o Agronegócio

Primeiramente, vamos falar sobre a questão do consumo versus o desperdício

de água no Brasil. O consumo de água per capita no Brasil se encontra dentro da

média global – algo em torno de 150 litros por habitante. Assim, a nossa “pegada

d’água” encontra-se alinhada na média dentre os países do Planeta, mas o nosso

problema reside nas escalas de desperdício de água, estas sim são brutais e va-

mos entender o “porquê” disto a seguir, e a relação deste fato com a atividade do

agronegócio.

O Brasil é um enorme produtor agrícola, como sabemos, mas para chegar-

-se a estes excedentes na produção agrícola e possuirmos esta “moral” nos

mercados agrícolas globais, muita água é utilizada, sendo que é aí que mora

o perigo: nossa agressividade nos mercados agrícolas baseia-se em produtos

primários oriundos de enormes plantações monocultoras, estas em sua grande

maioria irrigadas. Aliás, em nossa aula sobre o campo no Brasil vimos uma ma-

téria que falava exatamente sobre a dimensão da irrigação no Brasil de mono-

culturas. Então, para alçarmos tais posições de destaque inequívoco dentro dos

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mercados globais, em torno de 70% do consumo de água no país já se destina

aos usos agropecuários. Usa-se muita água no campo e mau. E esta água até

existe em quantidade, mas uma questão crucial é primeiramente o nível de

poluição gerada por seu uso descabido em irrigações de monoculturas lotadas

de agrotóxicos. Ora, uma fartura de água que percola as plantas, lavando-as

literalmente, e há estudos que demonstram que se obteria o mesmo efeito para

as irrigações na sedentação pela água em plantações com apenas 20% da água

usada. Ou seja, 80% é desperdício que retorna ao ciclo hidrológico contamina-

da. Isto é muito, mas muito sério mesmo.

Outro ponto a se pensar, que faz tempo que merece um debate mais sério, é o

seguinte:

Até quando valerá a pena fornecer tanta água para usos agropastoris que não

servem necessariamente à questão da segurança alimentar e ao abastecimento

de alimentos na mesa dos brasileiros?

Pergunto melhor:

Vale a pena disponibilizarmos bilhões e bilhões de litros para irrigar pastos para

rebanhos de uma carne a ser exportada em boa parte, ou para enverdecer a

soja, entre outras monoculturas (como cana-de-açúcar e milho) que não são

necessariamente o alimento na mesa do brasileiro e sem garantir a segurança

alimentar de nosso país?

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2.3. A Questão da Poluição, do Assoreamento e dos Sistemas


Urbanos

Outro ponto fundamental ao analisarmos a questão da água no Brasil é saber-

mos como estamos cuidando dos nossos mananciais e investindo em uma captação

que dê conta das necessidades em grandes concentrações urbanas. É fato que te-

mos água em abundância em nosso território. Para se ter uma noção, em termos

de balanço hídrico, apenas a Região interior do Nordeste possui déficit hídrico, de-

terminado este pela escassez de chuvas e pela evapotranspiração. No resto do país,

em tese, a abundância predomina, mas mesmo assim há escassez de água, ou a

água vem sendo extremamente poluída causando danos ambientais e sanitários

por vezes irreparáveis.

Então, vejamos inicialmente os casos de São Paulo e de Brasília; a maior cidade

e a capital do país. Ambas localidades situam-se no regime tropical, havendo chu-

vas em abundância, fato com chuvas concentradas em período de sete meses ao

longo do ano, embora em Brasília o regime seja sazonalmente bem marcado. Mes-

mo assim, chove bem em ambas cidades (1200 mm em média em Brasília, e 1400

em SP), contudo ambas importantes metrópoles brasileiras experimenta-

ram recentemente questões relacionadas à escassez no abastecimento de

água exatamente pelas mesmas causas: ou seja; uso inadequado dos mananciais,

associado principalmente a uma ocupação urbana completamente desassociada de

fatores de sustentabilidade frente ao abastecimento e também à inépcia do poder

público em agir antecipadamente com vistas a que não se delineasse para ambas

estes quadros de racionamento e de insegurança hídrica.

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Assim, em São Paulo, no ano de 2012, após um ano com pouco menos chu-

vas que o normal, o Sistema Cantareira, que fora projetado nos anos 1960 e para

abastecer 2,5 milhões de pessoas, já suportava a “pegada d’ água” de mais de 6

milhões de pessoas. O mesmo se reproduziu em Brasília, onde o principal reserva-

tório da capital, o do Descoberto, teve drástica queda em sua lâmina d’água; em

novembro de 2016, recorde negativo histórico, com 22% de água. Passa-se o ano

de 2017 e em outubro, auge da seca, caiu para inimagináveis 7%. Interessante

notar que a recente volta das chuvas não fizeram, ao menos numa primeira fase,

com que os níveis dos reservatórios voltassem a subir bastante tal qual se espe-

rava, muito em função da baixa capacidade de captação do solo já extremamente

impermeabilizado em função da ocupação humana.

Assim, tanto em São Paulo como em Brasília, são fatores associados que fizeram

com que os sistemas nestas cidades colapsassem, valendo o adendo de que Brasília

ainda experimenta o racionamento de água em todas suas regiões administrativas.

A capital federal passou pelo seu primeiro racionamento hídrico entre fev./2017 a

jul./2018.

Ainda no Centro-Sul brasileiro um outro padrão alarmante em relação à água há

décadas vem só piorando; o da poluição dos mananciais. Nossos rios em áreas

urbanas consolidadas estão morrendo.

O caso mais clássico, mas não único, é o de poluição do Rio Tietê, este imen-

so curso d’água que cruza todo o estado de São Paulo até desaguar no Rio Paraná.

Nascido na Serra do Mar, e correndo para dentro do território do Estado mais rico

e populoso do Brasil, o Rio Tietê literalmente morre quando passa pela cidade de

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São Paulo. Tal processo de degradação ambiental se deu exatamente em função da

acelerada expansão urbana, de como a cidade se debruçou sobre o rio e também

muito em função também das atividades industriais com seus dejetos químicos

sendo ostensivamente depositados no rio. Como agravante, quando o rio enche

(várias vezes ao longo do ano) suas cheias ainda fazem piorar sua própria situação,

porque as águas adentram em áreas urbanas da metrópole, e ao retornarem aos

níveis normais uma enorme quantidade de lixo e dejetos de todos os tipos é depo-

sitado dento do rio aumentando a poluição.

Interessante (senão drástico) é que o governo do estado de São Paulo vem há

mais de 25 anos tentando despoluir o rio.

Ao que tudo indica, vem realmente enxugando gelo, como o demonstra a ma-

téria a seguir feita pela BBC Brasil. Peço que leia com atenção.

Matéria

Por que São Paulo ainda não conseguiu despoluir o rio Tietê?

Leticia Morida, BBC Brasil em São Paulo

4 dezembro 2017

Com 56 metros de largura e 26 km de leito canalizado dentro de São Paulo, o rio

Tietê é uma das primeiras paisagens a cumprimentar quem chega à cidade pelo

aeroporto de Guarulhos ou pelas rodovias Anhanguera e Bandeirantes.

E não é uma paisagem agradável: o cheiro de esgoto, o aspecto sujo e a falta

de vida aquática tornam evidente que o maior rio do Estado está morto no trecho

em que passa pela região metropolitana.

A mancha de poluição – onde a oxigenação é praticamente 0% – ocupa hoje 130

km, entre as cidades de Itaquaquecetuba, a leste da capital, e Cabreúva, a noroes-

te. Os dados são do monitoramento da ONG SOS Mata Atlântica.

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• De testes com cães a ‘medo de deixar cair’, as histórias por trás do 1º

transplante de coração no Brasil

• 6 indicadores em que os EUA estão no mesmo nível dos países sub-

desenvolvidos

É preciso ter no mínimo 5% de oxigenação para que haja peixes em um rio.

O ideal é em torno de 7%.

A tentativa do governo do Estado de limpar o curso d’água começou há 25 anos,

em 1992, após uma ampla campanha popular feita pela SOS Mata Atlântica e pela

Rádio Eldorado, em que foram colhidas 1,2 milhão de assinaturas.

O Projeto Tietê foi então lançado com financiamento do BID (Banco Interame-

ricano de Desenvolvimento) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-

nômico e Social). O governador à época, Antônio Fleury Filho, chegou a dizer que

beberia água do rio ao fim da iniciativa. Em 1993, a gestão prometeu publicamente

limpar o rio até 2005.

Mas 25 anos e US$ 2,7 bilhões (R$ 8,8 bilhões) depois, ele está longe de ser

despoluído. Afinal, o que deu errado?

Por que o Estado ainda não conseguiu recuperar o rio?

“Muitas pessoas têm uma ideia equivocada de que limpar o rio é pegar a água

ali que está suja e tratá-la. Recentemente teve um projeto de flotação para tirar a

sujeira que já estava na água. Isso não funciona”, diz José Carlos Mierzwa, profes-

sor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo (USP).

Ele explica que limpar um rio é basicamente parar de despejar poluentes nele.

“Se você manejar corretamente o esgoto, o que está ali vai embora e o rio se ‘limpa

sozinho’”, afirma.

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A maior parte dos detritos que vão hoje para o Tietê é de origem doméstica.

Quando a despoluição começou, em 1992, 70% do esgoto residencial da região

metropolitana de São Paulo era coletado e apenas 24% disso – 17% do total – pas-

sava por tratamento.

As duas primeiras fases do projeto foram focadas em criar estações de trata-

mento e rede de coleta. Na Grande São Paulo, hoje 87% é coletado e 59% do total

é tratado, segundo a Sabesp (a companhia de saneamento). Na capital, 88% do

esgoto é coletado e 66% do total é tratado.

É uma taxa de saneamento bem maior do que a média do Brasil, onde 61% do

esgoto nas áreas urbanas é coletado e 43% é tratado, segundo dados de setembro

da Agência Nacional das Águas (ANA). Mas ainda é insuficiente para evitar a con-

taminação do Tietê: 41% do esgoto doméstico da Grande São Paulo vai parar in

natura no rio e em seus afluentes.

“Em uma região metropolitana como São Paulo, com 22 milhões de habitan-

tes, 41% do esgoto não receber tratamento é um volume muito grande”, afirma

Mierzwa.

A cidade de Pirapora do Bom Jesus, no interior de SP, sofre com a espuma pro-

duzida pelos poluentes que se acumulam no rio.

Ele explica que a maior dificuldade – a parte mais cara e difícil – é a construção

da rede de coleta de esgoto.

Nos bairros que já são consolidados, é preciso passar a tubulação por debaixo

de ruas e prédios. Nos outros, a ocupação irregular impede que a concessionária

do serviço passe a tubulação que levaria os detritos já coletados às estações de

tratamento. Nesses locais o esgoto produzido cai direto nos córregos, que depois

desembocam no Tietê.

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“A principal dificuldade da despoluição é que são 39 municípios envolvidos e há

uma falta de comprometimento dos prefeitos com o plano de uso e ocupação do

solo”, afirma o professor.

Uma Questão Urbana

O problema da poluição do rio está intimamente ligado ao problema da habi-

tação. Segundo os especialistas, eles precisam ser resolvidos em paralelo. Não

adianta apenas remover famílias de áreas de várzea de rio e deixá-las em situações

precárias – isso só empurra as ocupações e posterga o problema.

“São Paulo empurrou e continua empurrando as pessoas de baixa renda para as

áreas de manancial, que tem baixo valor econômico”, afirma Malu Ribeiro, da Rede

de Águas da SOS Mata Atlântica.

Conforme a cidade foi se desenvolvendo e expandindo, as pessoas mais pobres

foram expulsas de regiões centrais, com infraestrutura, para a periferia, onde aca-

baram ocupando áreas de várzea e mananciais.

“É um problema de gestão. Equivocadamente as pessoas pensam só em trata-

mento de esgoto, não têm o entendimento de que está tudo interligado”, explica

Ribeiro.

A competência em lidar com os problemas é dividida entre diferentes instâncias.

A do saneamento é majoritariamente dos municípios, e o uso do solo também. Mas

o governo federal também lida com a questão da habitação e fornece financiamento

para obras de infraestrutura; e a responsabilidade pela bacia hidrográfica é do Estado.

“Não há integração. Um exemplo: o estado de São Paulo, que contrata a Sa-

besp, está há mais de 20 anos sob a gestão política do PSDB. E a cidade de Guaru-

lhos ficou 13 anos sob governo do PT. Nesse meio tempo, não houve entendimento

para tratar o esgoto de Guarulhos na estação do Parque Novo Mundo, que é a mais

próxima”, diz Malu Ribeiro.

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Segundo dados da própria Sabesp, o Sistema Parque Novo Mundo foi projetado

para atender parte de Guarulhos, mas atende apenas trechos das zonas leste e

norte de São Paulo.

Na Coreia do Sul, que conseguiu limpar os quatro rios que cortam a capital, Seul,

a despoluição foi uma ação integrada entre diversos órgãos. O setor do governo

responsável pelo projeto assumiu a competência de lidar com todas as questões

envolvidas e organizar os outros agentes. Além da parte técnica, houve questões

culturais, ambientais e sociais – como habitação e transporte.

Já o Tâmisa, em Londres, foi despoluído ao longo de 50 anos com o estabele-

cimento da coleta de esgoto a partir dos anos 1960, endurecimento da regulação

do uso de pesticidas e fertilizantes nas décadas de 1970 e 1980 e maior controle

sobre metais pesados no tratamento dos dejetos industriais a partir dos anos 2000.

Em 1957, o  Museu de História Natural local declarou que o rio estava morto.

Hoje existem 125 espécies de peixes ali, segundo a autoridade portuária da cidade.

Também podem ser vistas focas e golfinhos. Mas o crescente acúmulo de plástico

nos últimos anos pode ser uma ameaça aos avanços.

Uso do Solo

Assentamento irregular é um fator crucial quando se fala sobre como a ocupação

do solo prejudica o curso d’água, mas não é o único.

A ocupação de beira de rios e córregos em São Paulo é comum na metrópole

toda – as próprias marginais Pinheiros e Tietê impermeabilizaram uma área de vár-

zea que deveria ser reservada para o transbordamento natural do rio.

Há muitos bairros regulares – alguns até de alto padrão – onde existe a capta-

ção do esgoto, mas ele nunca chega às estações de tratamento. Cerca de 32% do

que é coletado não é tratado.

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“A pessoa liga a casa à rede pública de coleta e vê que o esgoto está sendo

retirado. Ninguém vê o que acontece depois, se existem interceptores (tubulações

maiores que recebem o esgoto de vários bairros e levam às estações de tratamen-

to)”, diz o engenheiro Francisco Toledo Piza, professor de saneamento da Universi-

dade Mackenzie e ex-funcionário da Sabesp.

O despejo de esgoto in natura direto no rio pela própria Sabesp levou o Ministé-

rio Público de São Paulo a entrar com uma ação contra a empresa, citando a con-

taminação da bacia do Tietê e das represas Billings e Guarapiranga.

A Justiça considerou que havia provas robustas de prática ilícita por Sabesp, Es-

tado e município, mas a ação foi indeferida. Entre outros pontos, a juíza considerou

que a companhia estava cumprindo sua obrigação, inclusive com a apresentação de

um cronograma de metas razoável quando se analisa a magnitude da empreitada.

A Promotoria recorreu, afirmando que a empresa não vinha cumprindo as etapas

do cronograma.

Na apelação, o Ministério Público afirma que a empresa pratica em sua estraté-

gia de gestão negocial “forte marketing enganoso quanto às metas atingidas e sua

responsabilidade ambiental”. A ação está em análise em segunda instância.

Mudanças no zoneamento sem preocupação com o reforço da infraestrutura

também são um problema, segundo Mierzwa.

“As companhias de saneamento criam uma rede de coleta para uma região de

casas. Depois a prefeitura decide mudar o zoneamento, empreiteiras compram os

terrenos e constroem prédios, mas a rede de coleta não tem capacidade de lidar

com o novo fluxo”, afirma.

A mancha de poluição ocupa um trecho de 130 km do rio | Foto: marco Santos/

USP Imagens

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O que a rede de esgoto não consegue absorver extravasa para as galerias plu-

viais – que recebem a água da chuva – e desemboca diretamente nos rios.

Sobrecarregadas, as  tubulações que recebem esgoto também acabam tendo

uma série de rupturas. “Quando isso acontece, muitas vezes as concessionárias

vão fazer o conserto dos canos rompidos e liga na rede pluvial em caráter emer-

gencial, o que piora a situação”, explica Toledo Piza.

As galerias pluviais também acabam recebendo ligações irregulares de casas

que ligam o encanamento na rede errada por diversos motivos – por não existir

rede de esgoto ou pelo fato de as pessoas não quererem pagar a taxa de sanea-

mento.

Na Região Metropolitana de São Paulo há mais de 134 mil imóveis com rede de

coleta passando na porta, mas que não fizeram a ligação.

São 67 mil só na região oeste, que inclui bairros como Butantã e Rio Pequeno e

cidades como Carapicuíba, Cotia e Barueri. O dejeto de todos esses imóveis poderia

ser tratado na estação de Barueri, que foi recentemente ampliada.

O que tem no rio Tietê?

Há três principais contaminantes no rio hoje.

O esgoto doméstico é a maior parte, já que as regulações sobre dejetos indus-

triais obrigaram as indústrias a passar a entregar a água tratada.

Mas, segundo Toledo Piza, existe ainda um residual industrial. Ele vem de pro-

duções que burlam o regulamento ou de pequenas manufaturas, como fábrica de

bijuterias de fundo de quintal. A  quantidade é pequena, o  problema é o tipo de

material que esse esgoto pode conter.

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Há ainda a chamada “carga difusa” – sujeira que está nas ruas e é levada pela

chuva para os córregos ou para a rede pluvial, que desemboca no rio. Isso inclui

fuligem de carros, bitucas de cigarro, lixo que as pessoas jogam nas ruas, cocô de

animais e água com detergente da lavagem de quintais que vai para a rua, e não

para o ralo, entre outros.

Esse lixo todo gera o assoreamento: o acúmulo de lixo, entulho e outros detritos

no leito do rio, diminuindo a capacidade de vazão da água e gerando enchentes.

A isso se soma o desmatamento da mata ciliar ao longo dos córregos da bacia, que

causa erosão do solo e ida de ainda mais detritos para o curso d’água.

Outros projetos contemplam o desassoreamento, mas de nada adiantam se os

detritos continuarem a chegar ao rio.

“A cada década é um novo vilão. Nos anos 1990 havia muito despejo industrial.

Agora é esgoto doméstico, responsabilidade do poder público. Quando isso for

resolvido, teremos que lutar para limpar os tóxicos farmacológicos”, explica Malu

Ribeiro.

Boa parte dos remédios que são consumidos pelas pessoas não é assimilada

pelo organismo e vai também para o esgoto.

“A quantidade desses contaminantes é pequena em termos de massa, mas

pode ser grande em termos de efeito”, explica Mierzwa. “Nos EUA, uma pesquisa

da agência ambiental viu que há presença desse tipo de contaminante na água de

abastecimento. Os efeitos possíveis nas pessoas estão sendo estudados agora.”

O problema é que o tratamento não retira esse tipo de poluente da água.

Hoje, ele é feito com lodos ativados. Resíduos sólidos são retirados por um

processo de sedimentação e a decomposição da matéria orgânica ocorre com o

uso de bactérias.

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“O projeto feito nos anos 1990 e a tecnologia selecionada na época não assegu-

ram que o despejo do esgoto já tratado não impacte o rio”, explica Mierzwa.

“Ela tem uma eficiência limitada de remoção da matéria orgânica – em condi-

ções ótimas remove 80% a 90% da carga orgânica. Mas não remove certos con-

taminantes, como fósforo e nitrogênio”, afirma. E também não remove remédios e

hormônios.

Hoje já existem tecnologias mais avançadas. Os sistemas de filtragem com uso

de membranas, por exemplo, retira esse tipo de poluente, fósforo, nitrogênio e

99% da matéria orgânica.

“É uma tecnologia que hoje é um pouco mais cara, mas conforme o país se

apropria e vai desenvolvendo, vai ficando mais barata. Caro é não ter água para

abastecimento porque os rios são poluídos, caro é o sistema de saúde atender um

monte de gente com doença resultante de contato com a água mal tratada”, afirma

Mierzwa.

Quanto dinheiro?

Para Malu Ribeiro, da SOS Mata Atlântica, os  R$ 8,8 bilhões já investidos na

despoluição do rio não foram desperdiçados – mesmo que os avanços tenham sido

em um ritmo muito mais lento do que o prometido.

“Na verdade é um valor pequeno para o tamanho do problema. E  não chega

nem perto dos números da Lava Jato ou do investimento do país na Copa, por

exemplo”, afirma.

O Brasil investiu cerca de R$ 28 bilhões com a Copa do Mundo. Disso, R$ 8,3

bilhões foram gastos só com estádios. O banco Morlan Stanley estimou que o to-

tal desviado com propina na Petrobras tenha sido de R$ 21 bilhões – oficialmente,

o rombo causado por corrupção nas contas da estatal é de mais de R$ 6 bilhões.

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Para Ribeiro, o investimento em saneamento precisa ser alto e constante. “Se-

não corremos o risco de perder os avanços que já foram feitos. Aí sim o dinheiro

gasto terá sido por nada.”

A mancha de poluição, por exemplo, já foi menor: em 2014 estava contida em

71 km. No ano seguinte, a Sabesp diminuiu o investimento na despoluição do rio

de R$ 516 milhões para 378 milhões, e a mancha mais do que dobrou. No ano pas-

sado o investimento caiu de novo, para R$ 342. Isso em um ano em que o lucro da

empresa foi de R$ 2,9 bilhões, muito acima dos anos anteriores.

A companhia afirma que seu investimento total em água e esgoto na verdade

aumentou, e que o investimento em abastecimento de água foi priorizado em rela-

ção ao esgoto por causa da crise hídrica.

A Sabesp diz que investiu em água e esgoto, com ajuda de financiamentos,

cerca de R$ 3,8 bilhões no ano passado – mas não detalha que tipo de gasto foi

considerado nessa conta.

A empresa afirma também que o Projeto Tietê “é o maior programa de sanea-

mento do Brasil”.

“O projeto tem resultados claros, como a redução de 400 quilômetros da man-

cha de poluição do rio e a despoluição de 151 córregos na capital”, diz em nota.

O projeto está hoje em sua terceira fase, que deve terminar até o ano que vem.

A quarta etapa, segundo a Sabesp, está em fase de planejamento e captação – mas

não há previsão de quantidade de recursos investidos ou quais serão as fontes de

financiamento.

Segundo a companhia, algumas obras da quarta fase foram antecipadas, como

a construção de um interceptor de 7,5 km embaixo da marginal Tietê.

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Obra Enterrada

Para Malu Ribeiro, outra dificuldade é que saneamento não é prioridade eleitoral

no Brasil.

“Nunca foi. Nem saneamento nem água. É só ver como a crise hídrica não colou

no (governador Geraldo) Alckmin”, afirma. “Temos a cultura de uma falsa ideia de

abundância.”

“E a questão que sempre se fala de ser uma obra enterrada, que ninguém está

vendo.”

“Existem soluções para essa falta de interesse. Uma delas é monetizar o proces-

so: incluir o saneamento no ciclo econômico. É preciso responsabilizar. Você gerou,

você paga.”

O dinheiro poderia ser usado inclusive para compensar quem é prejudicado.

“A cidade de Pirapora do Bom Jesus, por exemplo, recebe todos os poluentes da

região metropolitana. Há estâncias naturais que não poluem e também deveriam

ter incentivos”, afirma.

Para Ribeiro, as falsas promessas feitas por políticos fazem com que as pessoas

desacreditem que é possível uma solução.

Em 1993, o  governo de Antônio Fleury Filho prometeu a limpeza para 2005.

Em 2004, o então secretário de recursos hídricos afirmou que o rio teria peixes até

2010. Em 2012, o governador Geraldo Alckmin disse que a cidade poderia ter 94%

do esgoto coletado até 2015. Em 2014, ele prometeu a despoluição do rio até 2019.

Segundo Ribeiro, a solução é possível, mas só virá quando houver mudanças

culturais em relação aos recursos naturais, maior integração entre as instâncias

competentes e a recuperação das águas for um projeto de Estado.

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42204606.

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Biomas Brasileiros: Uso de Recursos Naturais e Questões Ambientais

Caro(a) aluno(a), o Brasil possui seis biomas, tal qual definido pelo IBGE, como

podemos ver no mapa a seguir: o Mapa de Biomas do Brasil. Destaco que, com

vistas à preparação focada em nossa prova, não cabe aqui esmiuçar as caracte-

rísticas físicas e naturais de cada um desses biomas, pois o edital não pede este

tipo de conhecimento literalmente, mas sim que entendemos alguns impasses e as

questões ambientais principais relacionadas às atividades econômicas, e à presen-

ça humana nos principais biomas nacionais (Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata

Atlântica) enquanto o uso de recursos naturais. Atenção, portanto, ao esquema a

seguir, com comentários, ok?

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Bioma Amazônico
Desmatamento em alta recentemente: o desmatamento na Amazônia vem
sendo monitorado pelo INPE – Instituto de Pesquisas Espaciais –, desde 1988. As séries
históricas dão conta de dois momentos de altíssimo desmatamento tal como podemos
observar no gráfico a seguir. Ações efetivas do governo federal, leia-se Ibama e Polícia
Federal, e de alguns estados, fizeram com que a partir de meados da década passada
houvesse uma forte redução do desmatamento. Se em 2004 o número de quilômetros
quadrados desmatado atingiu 27.000 km2, em 2012, pela primeira vez este indicador
ficou abaixo de 5.000 km2. Esta redução tem a ver também com a diminuição das áreas
disponíveis às monoculturas e alocação de rebanhos, uma vez que boa parte das terras
altas e firmes da Amazônia, propícias à fixação de grandes fazendas de soja, milho,
feijão e de rebanhos bovinos, entre outras, já se encontram ocupadas e desmatadas.

Estima-se para 2019 que o desmatamento na Amazônia tenha crescido em mais de


70% segundo dados do próprio INPE em comparação ao mesmo período (jan.-ago.)

de 2018.

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Poluição hídrica: embora haja uma fartura de água doce na Bacia Amazônica,

cuida-se pessimamente destes mananciais. A  Região Norte possui os piores

indicadores de saneamento básico do Brasil. Cidades que se debruçam sobre

rios importantes tratam pessimamente seus esgotos e o depositam in natura nos

rios, como no caso de Belém (PA), Marabá (PA), Santarém (PA), Manaus (AM), Rio

Branco (AC), Boa Vista (RR).

Desvalorização das atividades extrativistas locais: os modelos econômi-

cos impostos na Amazônia desde a década de 1970 atendem uma diretriz vinda

de fora, introduzida por pessoas e empresas do Centro-Sul brasileiro, ou de outros

países. Estas, em nada valorizam os grupos locais, ou a base social previa existente

antes a esta ocupação desenfreada iniciada no Regime Militar.

Corte ilegal de madeira: vem diminuindo, mas ainda é uma realidade e

vale destacar que mais de 80% da madeira ilegal extraída na Amazônia fica no

Brasil.

Biopirataria: biopirataria pode ser definida como a apropriação de conheci-

mento e de recursos genéticos dos biomas realizada por indivíduos ou por insti-

tuições que procuram o controle exclusivo do monopólio sobre estes recursos e

conhecimentos tradicionais.

A biopirataria se encontra em desacordo com os princípios estabelecidos na

Convenção sobre Diversidade Biológica, o  qual postula que a soberania

dos Estados sobre seus recursos genéticos e a necessidade de consentimento

prévio e informado dos países de origem dos recursos genéticos para as ativi-

dades de acesso, bem como a repartição justa e equitativa dos benefícios de

sua utilização.

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Para uma leitura mais aprofundada sobre este tema, com foco em casos espe-

cíficos e mais conhecidos de biopirataria na Amazônia, recomendo a visita a estes

dois links. O primeiro é um artigo científico sobre o caso do cupuaçu e a apropria-

ção da patente deste fruto. O segundo, sobre outros casos de biopirataria na Ama-

zônia relatados no site de uma ONG de proteção à floresta.

Seguem os links:

http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=73ca2872fcef4234

http://www.amazonlink.org/biopirataria/

Cerrado

A baixa preservação oficial: o Cerrado ainda necessita de maior atenção

acerca de se preservar maiores quantidades de áreas. Apenas algo em torno de

10% do bioma se encontra sob conservação governamental.

Desmatamento em função das atividades monoculturas e da expansão

urbana: a expansão desenfreada da fronteira agrícola em solos de cerrado, em

associação ao processo de urbanização (sendo que atualmente, a Região Centro-

-Oeste e a Sudeste são as duas Regiões com maior taxa de urbanização no Brasil)

fazem com que o desmatamento do bioma já tenha atingido a taxa de 50% de so-

lapamento de sua cobertura vegetal original.

Queimadas: as queimadas embora sejam também fenômeno natural bem co-

nhecido no Brasil Central (chamadas de espontâneas), em grande parte, e  cada

vez mais, são provocadas por fazendeiros com vistas a limpar as suas propriedades

onde, via de regra, perde-se o controle e extrapolam para enormes áreas. No ano

de 2017, na Chapada dos Veadeiros em Goiás, uma das maiores queimadas de to-

dos os tempos engoliu o cerrado nativo. Segundo a Polícia Federal, o incêndio não

foi espontâneo (em função da seca), e sim provocado.

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Pantanal

Baixa preservação oficial: no Pantanal a conservação oficial não consegue

abranger nem 5% do bioma.

Mineração: atividades mineradoras tanto ao Norte do Pantanal quanto ao Sul,

poluem e assoreiam os cursos d’água.

Mata Atlântica

Alto desmatamento histórico: bioma brasileiro mais desmatado, em função

dos ciclos históricos agrários, urbanos e industrial, restando apenas algo em torno

de 7% de sua cobertura vegetal original.

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EXERCÍCIOS
Questão 1    (INÉDITA/2019) Os racionamentos urbanos de água no Brasil tiveram

sua origem em áreas do semiárido nordestino para mais recentemente se expandi-

rem para os grandes centros urbanos.

Questão 2    (INÉDITA/2019) O sistema de unidades de conservação no Brasil ain-

da não é extensivo a biomas fora da Amazônia.

Questão 3    (INÉDITA/2019) A porcentagem do uso da água em centros urbanos

no Brasil tende a ser o inverso da média brasileira. Já o total nacional as atividades

agropecuárias levam a maior parte da água, nas cidades grandes são as atividades

comerciais e residenciais que ficam com boa parte deste precioso recurso natural.

Questão 4    (INÉDITA/2019) O desperdício nos usos urbanos ainda se encontra

fortemente marcado nas perdas em redes adutoras, ou seja, entre os reservatórios

até as torneiras.

Questão 5    (INÉDITA/2019) Baixas taxas de saneamento básico na Região Norte

não podem interferir na qualidade da água local ainda, mas podem vir a causar

problemas sanitários em futuro próximo.

Questão 6    (INÉDITA/2019) A formação das bacias hidrográficas brasileiras via de

regra é baseada em rios exorreicos; cursos de água que correm em direção ao mar.

Questão 7    (INÉDITA/2019) O regime de chuvas no território brasileiro facilita as

cheias dos rios, mas não permite qualquer uso de águas represadas para o abas-

tecimento urbano.

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Questão 8    (INÉDITA/2019) A perda dos recursos naturais no Brasil ainda se reve-

la gritante e menos de 1% de nosso território se encontra protegido por qualquer

tipo de unidade de conservação.

Questão 9    (INÉDITA/2019) No cerrado o desmatamento das fronteiras agrícolas

é uma realidade, contudo o que se percebe é que pelo advento da construção de

Brasília, e toda a pressão que envolveu construir-se a Capital Federal imersa por

total no bioma savânico, é que acabou ocorrendo um freio providencial nas escalas

de desmatamento da vegetação do cerrado.

Questão 10    (INÉDITA/2019) As queimadas e a supressão dos recursos naturais

de biomassa no cerrado brasileiro que elas causam não chegam a representar uma

perda de biodiversidade considerável, mas em contrapartida afetam uma série de

atividades econômicas.

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GABARITO
1. C 5. E 9. E

2. E 6. C 10. E

3. C 7. E

4. C 8. E

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GABARITO COMENTADO
Questão 1    (INÉDITA/2019) Os racionamentos urbanos de água no Brasil tiveram

sua origem em áreas do semiárido nordestino para mais recentemente se expandi-

rem para os grandes centros urbanos.

Certo.

As cidades mais recentemente atingidas pelo racionamento foram: São Paulo, em

2012, e Brasília ainda atualmente.

Questão 2    (INÉDITA/2019) O sistema de unidades de conservação no Brasil ain-

da não é extensivo a biomas fora da Amazônia.

Errado.

O sistema de Unidades de Conservação já abrange outros biomas, não sendo res-

trito à Amazônia.

Questão 3    (INÉDITA/2019) A porcentagem do uso da água em centros urbanos

no Brasil tende a ser o inverso da média brasileira. Já o total nacional as atividades

agropecuárias levam a maior parte da água, nas cidades grandes são as atividades

comerciais e residenciais que ficam com boa parte deste precioso recurso natural.

Certo.

O uso de recursos hídricos no país, como um todo, possui na matriz agropecuária a

maior fatia proporcional (70%) em se comparado aos setores industriais e residen-

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cial/comercial. Já se levando em conta o uso da água apenas em centros urbanos,

a maior parcela da água é consumida exatamente por residências e uso comercial,

e não pelo setor agropecuário.

Questão 4    (INÉDITA/2019) O desperdício nos usos urbanos ainda se encontra

fortemente marcado nas perdas em redes adutoras, ou seja, entre os reservatórios

até as torneiras.

Certo.

Estima-se que em cidades como Rio e São Paulo a perda seja em torno de 40 a

50%. Em Porto Velho chega a 70%.

Questão 5    (INÉDITA/2019) Baixas taxas de saneamento básico na Região Norte

não podem interferir na qualidade da água local ainda, mas podem vir a causar

problemas sanitários em futuro próximo.

Errado.

As taxas de saneamento baixas já resultam em poluição da água e problemas sa-

nitários como tifo e hepatite.

Questão 6    (INÉDITA/2019) A formação das bacias hidrográficas brasileiras via de

regra é baseada em rios exorreicos; cursos de água que correm em direção ao mar.

Certo.

Como complemento, endorreicos são rios que correm para dentro, em geral para

grandes lagos ou mares internos, como na Ásia.

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Questão 7    (INÉDITA/2019) O regime de chuvas no território brasileiro facilita as

cheias dos rios, mas não permite qualquer uso de águas represadas para o abas-

tecimento urbano.

Errado.

O bom regime de chuvas auxilia bastante na cheia das represas.

Questão 8    (INÉDITA/2019) A perda dos recursos naturais no Brasil ainda se reve-

la gritante e menos de 1% de nosso território se encontra protegido por qualquer

tipo de unidade de conservação.

Errado.

Este índice chega a 12% de conservação.

Questão 9    (INÉDITA/2019) No cerrado o desmatamento das fronteiras agrícolas

é uma realidade, contudo o que se percebe é que pelo advento da construção de

Brasília, e toda a pressão que envolveu construir-se a Capital Federal imersa por

total no bioma savânico, é que acabou ocorrendo um freio providencial nas escalas

de desmatamento da vegetação do cerrado.

Errado.

O cerrado experimentou com o advento de Brasília um aumento exponencial em

seu desmatamento.

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Questão 10    (INÉDITA/2019) As queimadas e a supressão dos recursos naturais

de biomassa no cerrado brasileiro que elas causam não chegam a representar uma

perda de biodiversidade considerável, mas em contrapartida afetam uma série de

atividades econômicas.

Errado.

O cerrado tem aquela que é considerada a maior biodiversidade dentre toadas as

savanas do Planeta. Biodiversidade imensa inclusive enterrada por enormes raízes

e toda carga de micro-organismos embutidos.

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