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MARIA LEONOR GARCÍA DA CRUZ

A GOVERNAÇÃO DE D. JOÃO III:

A FAZENDA REAL

E OS SEUS VEDORES

VOLUME

Dissertação de Doutoramento em História Moderna


apresentada à Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa

LISBOA
1998
PALAVRAS PRÉVIAS

Neste momento, em que apresento a minha Dissertação de Doutoramento,

uma palavra de gratidão dirijo, antes de mais, à Faculdade que me formou, a

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e ao Departamento que me

acolheu no seu corpo docente, o Departamento de História, proporcionan-

do-me um serviço continuamente exigente e, por isso mesmo, sempre

gratificante. Aos mesmos devo, agradecida, a concessão de três anos de

licença para uma dedicação exclusiva à pesquisa e aprofundamento da

problemática respeitante ao tema proposto.

Ao Ex.mo Senhor Professor Doutor António Dias Farinha, Presidente da

Comissão Executiva do Departamento de História e ao Ex. mo Senhor

Professor Doutor A A Marques de Almeida, Coordenador da Área de História

Moderna, agradeço todo o incentivo e apoio sempre manifestados.

A mais Professores, a Colegas e Amigos que pela sua atitude e palavras

me incentivaram a prosseguir, bem como aos Estudantes que o fizeram

através do diálogo e da participação activa nas aulas, aqui fica o meu

reconhecimento.

Uma particular menção desejo expressar, nesse sentido, ao Ex. mo Senhor

Professor Doutor João Medina a quem devo o início de carreira e desde

sempre um apoio constante, inclusivamente na publicação de alguns dos

meus estudos.

Dedico, por fim, uma palavra de especial apreço à Ex. ma Senhora

Professora Doutora Maria do Rosário de Sampaio Themudo Barata de

Azevedo Cruz, minha orientadora pedagógica e científica, que com o seu

grande saber e inabalável postura me proporcionou um diálogo sempre

frutuoso.
fNDICE GERAL

6 [NDICE DO APÉÔNDICE DOCUMENTAL

12 Pré-requisitos e pressupostos de uma função ("ofício")

17 INTRODUÇÃO

18 Na inter-relação de poderes e instituições

33 A nomeação do Vedar da Fazenda: uma escolha condicionada

49 I A BEM DA JUSTIÇA-- A MESA DA FAZENDA

54 O contencioso em matérias judiciais: competências e procedimentos


58 Esquema I

64 Alternâncias no despacho dos feitos


68 Esquema 11
74 O novo regimento da Fazenda de 1560: uma outra realidade. Preocupações subjacentes

81 Pleitos em terras senhoriais

89 Uma conduta que não dê azo a alguma corrupção da Justiça régia


96 Para lá do contencioso ...

99 II PELOUROS, GRAU DE INTERVENÇÃO, PARECERES -AO SERVIÇO DO REI


E DA "REPÚBLICA"

100 Os Pelouros: diversidade e repartição das matérias da Fazenda real

107 O registo escrito, completo e actualizado, dos bens da Coroa - condição necessária à
arrecadação de rendas e direitos e à "boa ordem" da Fazenda real.

122 Rendas, taxas e direitos

125 Rendeiros e arrecadação de rendas do rei

135 A propósito das sisas- tributo versus direito real


156 Gráfico I

163 Os assentamentos: alternância e continuidade dos Vedares da Fazenda numa função


fundamental
164 Gráfico 11

172 Demasiados requerimentos

177 Da provisão dos ofícios ao controlo de contas de oficiais da Fazenda

186 Retribuição e mercês pelo ofício de Vedar da Fazenda: Rendimentos e potencialidades


193 III OS AGENTES- A MEDIAÇÃO SOCIAL

194 Definições jurídicas: dos privilégios do ofício ao estatuto social e à submissão à autoridade
régia

200 A posse do ofício: uma questão não resolvida

208 Uma percepção diferente dos fenómenos sociais

214 A vontade régia: condicionantes e liberdades no discurso e na acção

217 Registos da Chancelaria

220 APÊNDICE DOCUMENTAL

221 Observações Ao Apêndice Documental

225 VARIANTES DE SINAIS E DE ASSINATURAS

235 DOCUMENTOS I A XLVIII

403 BIBLIOGRAFIA

404 FONTES

405 Documentação Manuscrita

440 Documentação publicada avulsa ou em colecção

445 Textos dos sécs. XVI a XVIII

452 Genealogias

453 Guias de documentação

456 Guias metodológicos e bibliográficos, dicionários, enciclopédias, cronologias, atlas

462 ESTUDOS
ÍNDICE DO APÊNDICE DOCUMENTAL

I 1516, Julho, 4. Lisboa. Alvará de lembrança de D.Manuel. A propósito recorda


a transacção efectuada entre o Conde de Vila Nova de Portimão e o Conde do Vimio-
so do ofício de Vedor da Fazenda. ANTT, Corpo Cronológico, 11 - 65 - 101. 235

11 1520, Janeiro, 1. Évora. Distribuição pelo rei dos negócios que a cada um dos
três Vedares da Fazenda compete gerir. ANTT, NA 16, Livro de Registo de Leis e
Regimentos d'EI-Rei D. Manuel, ff. 121-121v. 237

III 1521, Agosto, 27. Lisboa. Alvará alterando disposições do Regimento de 1516
sobre feitos-crime. ANTT, NA 19, Duarte Nunes de Leão, Leis Extravagantes, f. 156v. 239

IV 1521, Outubro, 21. Lisboa. Nuno da Cunha emite uma ordem dirigida ao conta-
dor Luis Vaz. ANTT, Corpo Cronológico, 11 - 98 - 95. 240

V 1523. Caderno de arrematações do ano de 1523 do Almoxarifado de Ponte de


Lima. ANTT, Corpo Cronológico, 11-106-2. 241

VI 1523, Julho, 9. Funchal. Mandado do Provedor da Fazenda Real da Madeira e


Porto Santo, Francisco Alvares. ANTT, Corpo Cronológico, 11 - 109- 1. 244

VIl 1523, Julho, 1O. Punhete. Recibo da despesa mensal de papel do Escrivão
dos Feitos da Fazenda Jerónimo Ferraz. ANTT, Corpo Cronológico, 11 - 109 - 4. 246

VIII 1523, Julho, 16. Tomar. Mandado do Vedor da Fazenda D.Pero de Castro ao
Recebedor da Imposição do Sal de Lisboa. ANTT, Corpo Cronológico, 11-109-17. 247

IX 1525, Dezembro, 4. Almeirim. Nomeação por D.João III de D.Rodrigo Lobo, seu
Conselheiro, para Vedorda Fazenda. ANTT, Chancelaria de D.João III, Liv.8 --144v. 249

X 1526, Janeiro, 5. Almeirim. Ordem de D.João III ao capitão de Arzila, António da


Silveira, com o sinal do Conde do Vimioso, Vedor da Fazenda. BN. Fundo Geral de
Manuscritos, COO 8163, f. 12. 251
XI 1526, Janeiro, 9. Almeirim. Ordem de D.João III ao capitão de Arzila sobre
pagamentos em dívida (rações e soldos) e levantamento sigiloso de reparações ne-
cessárias, quantidade e estado das armas e munições, gente a pé e de cavalo, mora-
dores e fronteiros. BN, Fundo Geral de Manuscritos, COD 8163, f. 14. 253

XII 1526, Maio, 30. Vila Viçosa. Alterações na ordem judicial levam o Duque de
Bragança a solicitar que as apelações sobre feitos da sua fazenda continuem a ir à
Casa da Suplicação. ANTT, Corpo Cronológico, I- 34-61. 255

XIII 1526, Agosto, 24. Tomar. Despesas extraordinárias com o casamento da


imperatriz, e com o aprovisionamento em trigo dos lugares do Norte de Atrica, impe-
dem D.Joâo III do total pagamento das dívidas atrasadas. BN. Fundo Geral de Ma-
nuscritos, COD. 8163, f. 26. 257

XIV 1527, Julho, 24. Coimbra. Indicações de D.João III com o sinal do Vedar da
Fazenda Nuno da Cunha, dirigidas ao capitão de Arzila sobre rações, vencimentos e
envio de trigo. BN, Fundo Geral de Manuscritos, COD. 8163, ff. 32-32v. 259

XV 1527, Setembro, 30. Coimbra, Nomeação de D.João de Meneses e Vascon-


ce/os, Conde de Penela, Vedor da Fazenda, pela qual se aumenta o número destes
oficiais. ANTT, Chancelaria de D.João III, Liv. 30-160. 261

XVI 1529, Julho, 3. Lisboa. Carta ao capitão de Arzila assinada pelo Rei e com o
sinal do Conde do Vimioso sobre futuro aprovisionamento com cereal da Flandres, da
Andaluzia e das Ilhas. BN, Fundo Geral de Manuscritos, COD. 8163, f. 49. 263

XVII 1530, Abril, 11. Lisboa. Nomeação para Vedor da Fazenda de D. António
de Ataíde, Conselheiro do monarca e por este declaradamente considerado como
servidor exemplar. ANTT, Chancelaria de D.João III, Liv. 42- 94. 265

XVIII 1531, Julho, 1. Évora. Alvará sobre feitos a despachar na Fazenda, no cível
e no crime, relativos a ofícios. ANTT, NA 19, Duarte Nunes de Leão, Leis Extrava-
gantes, f. 157v. 267
XIX 1533, Outubro, 4. Évora. Alvará de D.João III notificando as autoridades das
Casas da fndia e Mina, do Armazém da Guiné e fndia, bem como as de S.Jorge da
Mina, Ilha de S. Tomé e de Cabo Verde, das novas responsabilidades assumidas, por
sua concessão, pelo Conde da Castanheira, seu Vedor da Fazenda. ANTI, Manus-
critos da Uvraria 2597, "Bens da Casa da Castanheira", ff.94-95. 268

XX 1533, Outubro, 7. Lisboa. Minuta da carta enviada pelo Conde da Castanhei-


ra a O. João III sobre o paradeiro de Diogo Rodrigues Pinto, rendeiro das Ilhas.
ANTI, Misceltineas Manuscritas de N• Sr.• da Graça, T. IV, "Documentos Vários",
f. 351. 270

XXI 1533, Novembro, 1O. Viana. Carta do Marquês de Vila Real a O. João III
sobre as vantagens para o monarca e para o povo (incluindo o das terras do Mar-
quês) do arrendamento directo das Sisas. ANTI, Corpo Cronológico, I - 51 - 103. 272

XXII 1536, Setembro, 22. Lisboa. Minuta de carta de D. António de Ataíde, Vedor
da Fazenda, a D. João III informando-o da falta de dinheiro na Casa da fndia e da
necessidade urgente de o obter. ANTI, Misceltineas Manuscritas de N. • Sr. • da Gra-
ça, T. IV "Documentos Vários", ff. 149-150 e 167-170. 275

XXIII 1536, Outubro, 9. Mafra. Excerto de uma carta do Conde de Penela D.


João de Meneses e Vasconcelos a O. João III sobre as dificuldades financeiras em
manter os lugares do Norte de Africa. Biblioteca Pública de Évora, Códice Clll/2-26,
ff. 34-35. 277

XXIV 1538, Janeiro, 7. Lisboa. Mandado do Conde da Castanheira para paga-


mento a O. Rodrigo Lobo. ANTI, Corpo Cronológico, 11- 125- 19.
278

XXV 1538, Janeiro, 8. Ordem em nome de O. Rodrigo Lobo ao Recebedor da


Chancelaria da Corte. ANTI, Corpo Cronológico, 11- 215- 20. 279
XXVI 1538, Novembro, 29. Lisboa. Pedido em Cortes para que o Procurador do
Rei dos Feitos da Fazenda não assista às reuniões em que Vedores da Fazenda e
Desembargadores se devam pronunciar. Capitolos de cortes E leys que se sobre
alguuns delles fezeram, 1539, ff. 10-10v. 280

XXVII 1538, Novembro, 29. Lisboa. Corregedores actuando como contado-


res em matérias da Fazenda originam contestação em Cortes. Capitolos de cortes
leys ... ff. 13-13v. 281

XXVIII 1538, Novembro, 29. Lisboa. Protesto dos povos em Cortes contra a
arrecadação das sisas. Capitolos de cortes E leys... caps. LII e Lili e Resposta (f. 14v)
e caps. LXXIV e LXXV e Resposta (ff. 19-21 ). 283

XXIX 1538. Novembro, 29. Lisboa. Pedido dos povos nas Cortes de 1535 para
que O. João III revogue os contratos feitos para arrecadação das sisas por renda
certa, tendo em vista o ''proveito público". Capitolos de cortes E leys... cap. XCV e
Resposta (ff. 26v-27) e Lei XVII (ff. 62-62v). 289

XXX 1541. Janeiro, 27. Lisboa. Mediante resultados de exame apurado a moe-
das entradas em Portugal, O. António de Ataíde adverte o monarca para os prejuízos
de índole económica advindos da sua circulação e propõe medidas. ANTI, Miscelâ-
neas Manuscritas de N. a Sr. a da Graça, T. IV, "Documentos Vários", ff. 269-270 e
287-288. 293

XXXI 1543, Maio, 28. Almeirim. Mercê pela qual o filho do Conde do Vimioso
obtem de D. João III a serventia do ofício de Vedor da Fazenda. ANTI, Chancelaria
de O. João III, Liv. 6 -- 88v. 295

XXXII 1543, Agosto, 13. Sintra. Justificações e salvaguardas de O. João III pela
venda de padrão de juro em vida ao Barão do Alvito. ANTI, Chancelaria de O. João
III, Liv. 6 - 145, 145v. 297

XXXIII 1545. Lisboa. Lembranças de agravo do Conde do Vimioso O. Francisco


de Portugal a O. João III. BN, Fundo Geral, Ms. 7- n• 4. 300
XXXIV 1547, Novembro, 24. Lisboa. Carta régia determinando a limpeza de
sangue de importantes oficiais da Fazenda cristãos-novos que no âmbito do seu ofí-
cio e fora dele prestaram inestimáveis serviços a O. Manuel e a O. João III. ANTI,
Chancelaria de D. João III, Liv. 70 - 14v. 321

XXXV 1547, Novembro, 28. Lisboa. Mercê de D. João III concedida ao Duque
de Bragança para que possa arrendar e arrecadar as suas rendas bem e dispor dos
ofícios dos seus agentes, à semelhança da prática na Fazenda Real. ANTI, Chan-
celaria de O. João III, Liv. 70- 2v. 323

XXXVI 1548, Janeiro, 25. Lisboa. Avaliação e transacções do ofício de Rece-


bedor da Alfândega e porto de Arronches. ANTI, Chancelaria de O. João III, Liv. 70 --
-- 9v, 1O. 324

XXXVII 1548, Março, 7. Lisboa. Mercê relativa ao aluguer e utilização de sacos


para o transporte de trigo e biscoito das armadas do rei. ANTT, Chancelaria de O.
João III, Liv. 70-23. 326

XXXVIII 1548, Abril, 5. Lisboa. Nomeação régia de Belchior Nunes Peçanha


para Escrivão exclusivo dos feitos relativos à Fazenda do rei de que for juiz o Dr. Rui
Gago. ANTT, Chancelaria de O. João III, Liv. 70 - 143, 143v . 327

XXXIX 1549, Março, 21. Almeirim. Mediante compra autorizada do ofício, pré-
vio exame e pagamento dos direitos, nomeação régia do novo juiz das sisas de Pe-
drógão Grande. ANTT, Chancelaria de O. João III, Liv. 70- 137v. 330

XL 1549, Julho, 9. Lisboa. Demanda contra o Recebedor da sisa dos panos de


Vila Viçosa, inicia processo judicial que acaba por se permitir que venha ao Juízo da
Fazenda. ANTI, Chancelaria de D. João III, Liv. 67- 166v, 167. 332

XLI 1549, Junho, 1O. Lisboa. Licença régia para que o filho sirva como Escrivão
dos feitos e causas da Fazenda perante os Vedares e Desembargadores desta, na
vez do pai, detentor do ofício. ANTT, Chancelaria de O. João III, Liv. 67 -- 166 334
XLII 1550, Agosto, 1. Lisboa. Preito e menagem de O. Afonso de Portugal, Ve-
dor da Fazenda, a D. João III pelo castelo de Tomar. Lisboa, BN, Fundo Geral de
Manuscritos, COD. 8574 "Livro de registos dos termos de menagem a el rei de Portu-
gal (1544-1559)", f. 6. 335

XLIII 1553. Parecer do Conde da Castanheira, Vedor da Fazenda, a O. João III


relativo à devassa geral que se projectava realizar sobre os oficiais da Justiça da
Corte. ANTT, Miscelâneas Manuscritas de N• s• da Graça, T. IV, "Documentos Vári-
os", ff. 57-71. 337

XLIV 1553. Junho, 15. Comportamentos e sentimentos de indivíduos e grupos


sociais motivam o comentário crítico de D. António de Ataíde que propõe leis e regi-
mentos. ANTT, Miscelâneas Manuscritas de N.a sr• da Graça, T. IV, "Documentos
Vários", ff. 33-48. 349

XLV 1555, Maio, 20. Lisboa. Cabe ao Ldo. Bernardim Ribeiro, Juiz dos feitos
da Fazenda do rei do negócio da fndia e Mina conhecer e com os Desembargadores
da Fazenda sentenciar, sem apelação nem agravo, num processo. ANTT, Chancela-
ria de D. João III, Liv. 71 - 59v. 365

XLVI Post 1555, Novembro, 27 (data da morte do infante D. Luís). Lisboa. Diri-
gindo-se a D.João III, resposta do Conde da Castanheira, Vedor da Fazenda, a pro-
postas junto do monarca para alterar a forma de negociar as especiarias. ANTT, Mis-
celâneas Manuscritas de Na s• da Graça, T. IV "Documentos Vários", ff. 73-84. 367

XLVII Post. 1560, Junho. Propostas de alteração do novo Regimento da Fa-


zenda, concluído em Março de 1560, dão conta de profundas alterações entretanto
efectuadas na Fazenda. ANTT, Cartas Missivas, Maço 1, n• 86 378

XLVIII 1563, Janeiro, 13. Lisboa. Cópia da cédula de testamento do Conde da


Castanheira O. António de Ataíde. ANTT, Miscelâneas Manuscritas de N. a Sr. a da
Graça, T. IV, "Documentos Vários", ff. 1-24. 383
Pré-requisitos e pressupostos de uma função ("ofício")

Se qualidades como a de "honradez" e de "boas e sãs consciências" constituem condições que,


à partida, se consideram indispensáveis a todos os que se dediquem, seja em que função for, ao

serviço do rei, já determinados pressupostos, pelo contrário, particulariz-am os Vectores da Faz-en-

da no Regimento que lhes foi dado em 1516 por D. Manuel' (cap. 1):

1. serem "práticos na ordem judicial das cousas, que a seus ofícios pertencem";

2. serem cuidadosos no olhar por tudo o que diz respeito ao serviço do rei, principalmente no

tocante à fazenda;

3. serem "abastados".

Está-se assim perante três grandes planos que marcam simultaneamente a condição e a função

destes grandes servidores dos interesses régios. Ainda mais explícitos se tornam esses vectores

ao serem de novo invocados, agora pelos próprios nomeados, nas sucessivas passagens que

compõem a fórmula do seu juramento (cap. I do Regimento, constando já do Códice manuelino de

1514).

Na verdade, antes de começar a servir, o contemplado pela mercê régia de um ofício, jura

perante o Chanceler-mar e pelos Santos Evangelhos, sobre os quais coloca a mão, servi-lo bem e

respeitar o Regimento ao serviço de Deus e do Rei.

Movido e orientado por estes princípios maiores, compromete-se o Vector a aplicar todo o seu

"entender'' e "verdadeiro juizo" num ofício deveras multifacetado. Fiel ao serviço de Deus e do Rei,

isto é, aos princípios da justiça divina e da ordem régia que daquela emana, o Vedor da Fazenda

actua, antes de mais, como juiz.

Deverá o Vedor da Fazenda proceder sem paixão (sem "ódio", "amizade", "ira" ou "piedade"),

fazendo "direito e justiça equitativamente", não exceptuando ninguém, não considerando a difere-

12
renciação das partes pela sua "preeminência, sorte, estado" ou "condição". Independentemente

desta (trate-se de um "grande" ou de um "pequeno"), das suas posses (rico/pobre) ou da sua si-

tuação (natural/estrangeiro) actuará com justiça, ou seja, com equidade e imparcialidade. Neste

sentido e provando no exercício das suas funções ser de facto honrado, não receberá, de qual-

quer requerente, dádivas, presentes ou serviços, além do estabelecido por direito. É, aliás, de

forma a garantir a preservação desta atitude que se requer que o Vedor seja abastado, não sendo

levado a fazer do ofício um meio de sustento.

Diversos capítulos ou passagens do Regimento irão reforçar mais ainda esta postura, ao possi-

bilitar às partes em qualquer processo recursos legais caso suspeitem dos vedores2•

Todo o sistema de justiça e, neste particular caso, o que se aplica à organização da Fazenda,

expressa o mesmo rigor quanto à conduta dos oficiais da Fazenda de qualquer escalão e à possi-

bilidade, em casos específicos, de recurso pelas partes a outras instâncias judiciais (corolárias ou

superiores).

Em segundo lugar- não, porém, secundariamente -, deverão os Vedores da Fazenda ser cui-

dadosos e diligentes na observação de tudo o que respeita ao serviço do rei, embora em particular

no tocante à sua fazenda. Quer isto dizer que não se confina exclusivamente a este sector a sua

actuação. Seja na fórmula do juramento e nalgumas passagens do Regimento, seja em orienta-

ções práticas para a execução do ofício3 são os Vedores da Fazenda solicitados a dar o seu pare-

cer em qualquer matéria que ocorra, parecer esse fornecido sem "interesse" ou "adulação" ( con-

forme juramento).

Frisa-se, pois, -e necessário se torna desde já salientá-lo- que o monarca conta com a obser-

vação e o comentário oportuno e objectivo quanto baste destes homens de "sã consciência". Não

admira, pois, que actuem como conselheiros e cedo obtenham a sua integração de direito no Con-

selho do rei. Estarão, de certo, em posição mais fundamentada para avaliar as questões nacio-

nais, incluindo as ultramarinas, num contexto alargado. É extensa a sua rede de contactos, cons-

tantes as informações sobre ocorrências no Reino e as provindas da África ou da Índia, às quais

13
se soma activa correspondência de agentes e embaixadores, radicados ou em trânsito pela

Europa.

Articulando, por último, a definição de "honrado" com a condição de "abastado" completa-se o

perfil ideal do Vedor da Fazenda. Se na ética cristã honra significa virtude e esta é própria se não

exclusiva do nobre (numa concepção aristocrática de sociedade), o facto de ser rico assegura tais

qualidades em lugar de as ameaçar.

À partida, a escolha para este ofício não recai, pois, num indivíduo que pela riqueza ganhe

prestígio e poder e se torne honrado, nem se admite - antes se condena - a possibilidade de se

tornar abastado pelo seu desempenho.

A nomeação para uma função tão crucial que requer respeitabilidade, consciência cristã, subti-

leza e discernimento e uma inequívoca fidelidade ao rei, terá, desta forma que recair preferencial-

mente sobre um nobre de antiga linhagem, próximo do monarca, e com alguma experiência em

missões congéneres.

A finalização do livro que contém este Regimento dado aos Vedores da Fazenda assim como

diversos outros regimentos que regulam a actividade de Contadores, Almoxarifes, Recebedores e

de outros oficiais da Fazenda, para Já de inserir ordenações sobre a própria Fazenda, foi datada

de 17 de Outubro de 1516. É produto da compilação e revisão de todos os documentos relativos

aos ofícios da Fazenda (ordenações, determinações e regimentos) que, embora registados num

Livro de Regimentos de utilização na Fazenda, se concluiu não constituirem, na sua totalidade,

uma base segura (inequívoca e actualizada) que funcionasse como regra para o seu governo.

Foram, pois, corrigidos, emendados ou mesmo substituídos, total ou parcialmente, esses anterio-

res documentos.

As novas disposições relativas à Fazenda são, assim, fruto de um trabalho ponderado e levado

a cabo pelos próprios Vedores da Fazenda- a quem D. Manuel expressamente cometeu tal tare-

fa - "que nisso estiveram com pessoas que o bem entendiam", conforme se lê no Prólogo desta

publicação.

14
Eram então, em Outubro de 1516, possuidores do ofício de Vedar da Fazenda D. Martinho de

Castelo Branco Conde de Vila Nova de Portimão e D. Diogo Lobo Barão do Alvito, D. Pedro de

Castro e Tristão da Cunha, este desde 1504 e os três primeiros exercendo de facto o ofício há

mais de 15 anos. Remonta, aliás, a reinados anteriores a experiência de D. Martinho nestas lides.

Quando se retira do ofício para assumir outras funções, para o seu lugar é nomeado D. Francisco

Conde do Vimioso que juntamente com D. Diogo Lobo e D. Pedro de Castro irá a partir de Janeiro

de 1517, nas suas múltiplas tarefas, respeitar e fazer cumprir as cláusulas deste novo Regimento.

Estes mesmos grandes oficiais, juntamente com Nuno da Cunha, serão os Vedares da Fazenda

de D. João III nos primeiros anos do seu reinado.

A norma definida em 1516 será a partir de então frequentemente invocada para regular o expe-

diente ordinário da Fazenda. A título de excepção, todavia, e por graça régia, pode ser menciona-

da mas para dela se isentarem pessoas ou procedimentos.

Significativamente o Regimento de 1516 será reimpresso para uso nas diversas instâncias da

Fazenda em 1548, não se tendo procedido a qualquer alteração no seu conteúdo4 .

Resultante, todavia, de uma prática quotidiana em funções multifacetadas, sujeita a vicissitudes

conjunturais e a reorientações políticas, vai-se gerando toda uma panóplia de documentação vari-

ada que não se esgota no âmbito normativo, de clarificação de matérias e de competências liga-

das à Fazenda Real.

Novas solicitações e propostas, revelando dinamismos e tensões, exigem desta respostas e

adaptações de forma a garantir uma adequação constante e uma permanente integração no con-

junto social.

15
NOTAS

1
Regimento dado aos Vedares da Fazenda Em ho qual se contem a maneyra em que eles serui-
ram seus oficias E as cousas a que sam obriguados prouer E seus poderes, de 59 capítulos, re-
portando-se os últimos a outros oficiais, nomeadamente os Escrivães e o Porteiro da Fazenda.
Integra-se num livro bem mais vasto, de 243 capítulos, intitulado Regimentos E ordenações da
fazenda, que passo a designar por Livro dos Regimentos e ordenações da Fazenda, expressão
por que é nomeado no cólofon da edição saída do prelo em Lisboa, a 17 de Outubro de 1516.
Inclui ainda este livro o Regimento dos Contadores das Comarcas, de 40 capítulos e o dos A/mo-
xerifes e Recebedores, de 23 capítulos, bem como inúmeras regras, algumas constantes das Or-
denações do reino, outras específicas de procedimentos na Fazenda real. Além dos citados por A.
J. Anselmo na Bibliografia das obras impressas em Portugal no século XVI (Lisboa, Oficinas Gráfi-
cas da Biblioteca Nacional, 1926)- 441, refira-se a existência de dois exemplares desta impres-
são no Arquivo da Torre do Tombo, um encadernado juntamente com documentação do século
XVII, o outro com um brazão de armas desenhado à pena e uma assinatura a abri-lo, anotações
nas margens com letra do século XVI, e ainda com cópia manuscrita embora com ortografia pró-
pria, tanto da última folha como do texto, assinaturas e cólofon constantes na impressão de 1548,
deste mesmo livro.

2
Regimento dado aos Vedares da Fazenda, cap. XXVIII, e Ordenações de 1521, Liv. I, T. 11, § 7,
acerca da actuação do Chanceler-mar. V. tb. Esquema 11.

3
V. documento de 1 de Janeiro de 1520 sobre a distribuição de tarefas entre os Vedares da Fa-
zenda. Lisboa, ANTT, Núcleo Antigo 16, Livro de Registo de Leis, Regimentos e outras Mercês do
Senhor Rei D. Manuel, ff. 121-121v. V. Apêndice documental. Quanto ao perfil de conselheiros,
impõe-se toda uma problemática levantada já, aliás, por Armando Luís de Carvalho Homem para
os finais do século XV.

4
A edição de 1548 possui um título geral impresso na folha de rosto, Regimento E ordenações da
fazenda, e representa de facto, uma segunda impressão acabada na casa de Germão Galharda,
em Lisboa, a 25 de Fevereiro, conforme se lê no cólofon. Contém, aliás, uma errata das alterações
introduzidas nesta data à versão impressa em 1516. Apresenta a designação de "fólio" em vez de
"folha" na numeração das suas 116 folhas (aliás 115), as capitais foram modificadas ou desapare-
ceram, os títulos passaram de vermelho a negro, alterou-se a grafia das palavras. Todos os
exemplares levavam, autenticando-os, as assinaturas do Dr. Rui Gago e do então Licenciado Ber-
nardim Esteves, tendo este último, por alvará régio de 10 de Dezembro de 1544 (Évora) publicado
no verso da folha de rosto, o privilégio da sua impressão durante dez anos.

16
INTRODUÇÃO

17
Na inter-relação de poderes e instituições- estímulos e dificuldades de uma época conturbada

Os regimentos, e as ordenações, apesar de vigorarem como normas fundamentais de organiza-

ção e dinâmica dos elementos internos de cada serviço, mais ou menos especializado e mais ou
menos autónomo - essas normas regulam relações com o exterior, definem competências eo
diálogo necessário com outras instâncias e serviços (dependência ou interajuda) --. são princípios

reguladores que funcionam como base mas passíveis de serem adaptados. As necessidades sur-

gidas por novas circunstâncias motivam a excepção ou, face a uma modificação maior do contexto

ou da forma de o compreender, levam por vezes a alterações de cláusulas dessa norma, sem

contudo ameaçar, e muito menos subverter os seus princípios orientadores (concepções ideológi-

cas, éticas, políticas, sociais, económicas, etc.).

Preocupações pela clarificação do próprio texto, prevendo dúvidas e respondendo-lhes através

de um discurso mais explicativo ou detalhado, estão na base de reelaboração a longo prazo de

textos ou de projectos de textos normativos e da publicação de sucessivas disposições que os

alteram pontualmente. Se isso é notório a nível de Ordenações e da reunião de leis extravagantes,

também o é no que toca a regimentos e artigos da Fazenda.

Quanto mais clara for a norma e se conseguir uniformizar regras de actuação em sectores con-

géneres, mais fácil e imediata se torna a actuação e, portanto, mais eficaz, evitando-se simulta-

neamente tensões e excesso de queixas e requerimentos.

Sem perder a matriz de controlo, conseguir - descentralizando órgãos ou, pelo menos, mobili-

zando células- ultrapassar barreiras burocráticas e assegurar um diálogo contínuo (a circulação

de informação oral e escrita, e de documentação) entre entidades diversas mas complementares,

18
que na ocasião oportuna, e documentadas, de imediato actuem segundo objectivos preestabeleci-

dos, reflecte, sem dúvida, um esforço do poder real. Revela mais do que isso, a sua capacidade

de intervenção dinâmica, como eixo de poderes e instituições1, nestes e, simultaneamente, no

todo social.

Testemunhando-o a nível dos mecanismos centrais da Fazenda Real, e não omitindo a íntima

relação dos Vedares da Fazenda com o rei, poder-se-á salientar a relação evolutiva entre institui-

ções judiciais -- Vedares da Fazenda I Juiz dos Feitos I Casa da Suplicação --, financeiras - Ve-

dares da Fazenda I Contos do Reino e Casa--, ou de âmbito económico- Vedares da Fazenda I

I Casas da Índia e Mina.

Seja como for, nem as regras próprias de cada uma destas instâncias permanecem inalteráveis

ao longo do séc. XVI - verificando-se, pelo contrário, alterações pontuais ou mesmo reelabora-

ções globais de regimentos (reflexo de pressões externas e de mudanças ou adaptações na di-


2
nâmica interna dos elementos da organização ) --, nem a relação de umas com as outras é linear

ou num sentido único.

Procuro neste estudo reunir elementos reveladores de um percurso - aliás nada pacífico nem

apaziguador para os homens seus contemporâneos- sofrido pela Fazenda real de 1516 data do

Regimento manuelino que antecede e marca nesta área a governação de D. João III, a 1560, épo-

ca da regência da Rainha em que foi publicado um novo Regimento, produto decerto de vicissitu-

des, reorientações e controvérsias que assinalaram toda a época daquele monarca.

Reflexo, de facto, de mutações geradas por fenómenos de conjuntura e condições estruturais

de diferente natureza, testemunha esse percurso um país em mudança tanto no continente como

nas áreas ultramarinas. Sem pretender um levantamento exaustivo de apenas uma das fases o'u

temas que com ele se prendem, optei por procurar captar uma globalidade que transmitisse a

imagem diversificada como é

1) dos problemas e áreas respeitantes à Fazenda do Rei I Reino de Portugal e à qualidade de

trabalho dos seus diferentes Vedares no Centro do poder (enquanto juízes e controladores da

administração da Fazenda e conselheiros do monarca);

19
2) da existência de áreas periféricas onde actuam, com maior ou menor extensão de autorida-

de, entidades locais (cidades, donatários diversos) que, de variados modos, limitam e se articulam

com as instâncias centrais, no que respeita ao usufruto de bens, rendas e direitos pertencentes ao

Rei;

3) de quanto a gestão da Fazenda real, com as características que apresenta, revela e condici-

ona a governação régia do ponto de vista interno como externo, nas relações com diferentes po-

deres, com os corpos sociais, na lei, na justiça, na guerra e na paz;

4) do oficial da Fazenda, sobretudo, nas suas mais altas instâncias- que serve um ofício públi-

co equiparado ao dos grandes magistrados, auferindo por isso de rendimentos e privilégios e no

desempenho do qual se espera competência e diligência;

-- que, simultaneamente, se revela o conselheiro quotidiano do monarca e a quem deve servir

com uma fidelidade incondicional até em missões fora do âmbito do ofício;

-- e que, além de tudo o mais, acumula doações e mercês régias, multiplicando o seu patrimó-

nio familiar e consolidando um tal prestígio social e político junto do rei que acaba por subver-

ter a sua função numa acção fortemente personalizada.

Na verdade, não há um factor único ou preponderante a agir e que explique globalmente fenó-

menos institucionais ou políticos, económicos, sociais ou religiosos. Para a explicação destes há

que considerar um complexo ou feixe de factores que se interinfluenciam, condicionando favora-

velmente o desenvolvimento deste ou daquele fenómeno ou, pelo contrário, motivando reorienta-

ções, mudanças ou adaptações. Aliás as ligações funcionais entre fenómenos distintos elas pró-

prias variam e evoluem.

Quando se fala de instâncias políticas ou de mecanismos internos do poder dificilmente o estu-

do se confina no âmbito conjuntural. A análise do poder ou poderes existentes na sociedade3 pas-

sa pela explicação da sua articulação com as suas estruturas internas e com o conjunto da forma-
4
ção social, sendo pois uma análise de fenómenos de longa duração

Desde finais do século XV que se assiste na Europa a uma maior estabilidade, visível tanto na

melhoria global da situação económica como no reforço político de Estados territoriais (caso da

20
França, Inglaterra, Espanha, alguns Estados italianos e Portugal) ou de grandes principados (em

Itália ou na Alemanha). Trata-se de poderes que alargaram consideravelmente, por diferentes

meios, a sua área de influência e conseguiram, não sem tensões e um sucesso variável, a inte-

gração das cidades, importantes fontes de recurso, garantia do sistema defensivo, domínio social

e político de grupos com poder económico.

Impulsionando as técnicas políticas e administrativas como, aliás, as de divulgação cultural, o

aperfeiçoamento das práticas comerciais, o desenvolvimento das técnicas de transporte, de cons-

trução, de produção mineira e metalúrgica, de produção industrial (aumento e diversidade de in-

dústrias para lá das ligadas ao sector têxtil), com importante projecção no século XVI, conjugam-

-se diversas condicionantes estruturais, embora em primeira instância se considere a demográ-

fica5.

Além da influência de um crescimento contínuo da população (pela baixa de mortalidade, ver-

dadeiro factor desestabilizador), que continuará a fazer-se sentir, e do fenómeno da migração,

outras condicionantes se sopesam como a da mobilidade e da reestruturação social, sobre fenó-

menos económicos, políticos, institucionais, religiosos. As influências vêm de longa data quando

se consideram os grupos sociais em ascensão em meios comerciais e financeiros desde o desen-

volvimento económico do século XII, representando uma clivagem ou diferenciação social a nível

da 3" ordem da sociedade, quando se considera a ascensão geral das camadas médias dominan-

do política e socialmente as cidades, ganhando representação politica, tomando parte em órgãos

e assembleias locais e centrais nos finais da Idade Média.

Há uma ligação funcional entre o fenómeno social, o económico e o político. Basta recordar nos

esforços pela unificação do poder político e na luta pela soberania dos Estados do ponto de vista

interno e externo, a forma como o poder central interfere na disciplina social como árbitro e ga-

rante do bem comum, interessando-lhe a manutenção de uma ordem hierárquica definida juridi-

camente, embora não correspondendo de há muito às diferenciações socioeconómicas dos seus

componentes. O desenvolvimento de todo um suporte ideológico, o aumento do prestígio do cen-

tro do poder preeminente, a Corte, imagem através da qual dita comportamentos, a maneira como

21
coordena os seus interesses com os das forças com poder económico, ao mesmo tempo que as-

segura às camadas nobres funções de prestígio e os necessários suplementos ao seu rendimento,

levam o poder central a prosseguir a sua orientação unificadora (vantajosa também do ponto de

vista económico), assegurando-lhe negociações favoráveis e apoios financeiros. Com esses ob-

jectivos desenvolve os seus mecanismos de centralização tendo de coordenar-se de diferentes

maneiras com os grupos locais, ao mesmo tempo que com um funcionalismo crescente abre vias

de promoção social e garantias de apoio através de lugares na administração central e local, em

tribunais e órgãos do conselho.

Através desses mesmos mecanismos institucionais centralizados - cuja competência se vai

regulamentando - garante o poder real o fortalecimento da justiça régia, definida de há muito, do

ponto de vista doutrinário, como a função fundamental do monarca, e a aplicação da lei geral dele

emanada (a que ele próprio não tem necessariamente de submeter-se, conforme se defende em

controvérsias sobre o tema), assim como procura revelar-se como elemento legitimador do que

emana do poder local (no processo de clarificação e unificação dos costumes ou na revisão dos

forais). Conta, uma vez mais, nesses órgãos, com as camadas ascendentes, a quem facilita a

infiltração na nobreza e no clero, o acesso à Universidade, para criar um corpo de letrados juristas,

profissionais, simultaneamente teóricos do poder, conhecedores de diversas fontes de direito e

criadores do direito nacional.

Com a construção da ideia de soberania, que se pressupõe exercida no domínio temporal, em-

bora com o fim último de cumprir os desígnios divinos para que foi instituída, procura-se um con-
6
trolo sobre todos os corpos da sociedade, incluindo os da própria Igreja nacional , remetendo-se

para o soberano Pontífice a orientação espiritual do povo cristão e a legitimação de atitudes tem-

porais que sirvam para preservar essa mesma Cristandade e aumentá-la7 . Nestas tanto se inclui a

evangelização por meio de iniciativas de política expansionista, simultaneamente, bélicas e co-

merciais, como um apertado controlo social através de órgãos de inquisição da fé e da conduta

moral.

22
Repercutem-se, pois, no século XVI necessariamente as controvérsias políticas e doutrinais da

Idade Média, as tendências de secularização do pensamento político, ao mesmo tempo que se

herdam os debates dos finais da Idade Média (debate sobre irreconciliação entre fé e razão, con-

testações ao pensamento escolástico, crítica filológica pelos humanistas e discussão de elemen-

tos de tradição patrística, polémicas em torno do tema da salvação) que conduzirão ao aprofun-

damento da espiritualidade, à renovação da própria Igreja ou a atitudes de ruptura.

Seja no âmbito religioso, com a valorização da reflexão individual e da liberdade do crente, seja

no secular com a valorização do indivíduo face à divindade, controlador de parte das suas acções,

agindo como poderoso chefe político ou como servidor hábil com vista à preservação da sua "re-

pública", ou ainda como mercador ou financeiro, rendeiro ou grande proprietário, negociando com

vista ao lucro pessoal e à perpetuação do seu património e do seu nome, o homem conscienciali-

za-se do peso e valor das suas acções.

Mais do que o sangue, para muitos a virtude espiritual e/ou a virtude cívica enobrecem o indiví-

duo, colocando-se também em debate o valor da educação. Uma vez mais, o poder político domi-
8
nante interfere na estruturação social e nos juízos de valor ou avaliações que se estabelecem a

respeito de funções, utilidade destas, e capacidade dos indivíduos para exercê-las. Certos ofícios

passam a proporcionar a nobilitação aos seus detentores, outros a representar etapas fundamen-

tais de uma carreira promocional.

As transformações aceleram-se no século XVI com o desenvolvimento do grande comércio e o

impulso da economia monetária. A expansão europeia, a abertura a novos mercados e o afluxo de

riquezas ultramarinas vão constituir novas oportunidades. Mas as modificações não se geram

subitamente nem se explicam, convém salientá-lo uma vez mais, em virtude de um factor único ou
preponderante.

Fenómenos do foro económico como a alta de preços, uma maior produção industrial e agríco-

la, uma maior quantidade de metal precioso circulando, amoedado ou por amoedar, e um volume

acrescido e diversificado de mercadorias em circulação, cuja correlação positiva caracterizaria,

aliás, o trend secular do "próspero" século XVI, não bastam para definir a complexa realidade. Há

23
oscilações mais ou menos prolongadas e opostas, desajustamentos cronológicos, repercussões

que motivam alterações de diferente profundidade, crises. A acção é recíproca em regiões e áreas

com níveis diferentes de desenvolvimento (na Europa a própria penetração da economia monetá-

ria é diversificada) e são diferentes complexos económico-sociais que entram em contacto"-

Muitos dos fenómenos salientados pelas análises económicas funcionam como factores adju-

vantes e só introduzidos numa malha de dados de natureza diferente servem de instrumento à


10
percepção da realidade As formas capitalistas detectadas na indústria ou no comércio, que al-

guns trabalhos têm ligado prioritariamente ao desenvolvimento de certos regimes políticos ou à

adopção de diferentes profissões de fé no século XVI, antecedem de facto esta época e geram-se

em condições que problematizam mais do que confirmam qualquer explicação que coloque o poli-

tico ou o religioso como fenómeno determinante11 .

Estudos de economia têm salientado o papel do capitalismo comercial e a sua relação com a

monarquia absoluta, considerando positivamente a articulação do poder do príncipe com determi-

nados grupos sociais. Mediante a sua protecção contra obstáculos colocados por leis e privilégios,

pela Igreja, por cidades e corporações, conseguiram grandes mercadores, por vezes também liga-

dos à banca e à indústria, obter contratos de monopólio, exploração de domínios, funções no âm-

bito das finanças, vantagens na especulação e serem grandes financiadores do próprio príncipe.

Em contrapartida garantiram ao governante o levantamento de fundos para a manutenção da

guerra e para o desenvolvimento das estruturas administrativas, ao mesmo tempo que ele conso-

lidava uma intervenção irrevogável na vida económica.

Se num segundo momento há casos em que essa coordenação de interesses desaparece, ou

porque não há solvência das dividas e se sucedem as falências ou porque se considera a regula-

mentação estatal demasiado limitadora das ambições e capacidades de grupos poderosos de não

nobres, sabe-se que, em circunstâncias de alguma forma diferentes as vantagens se mantêm

durante muito mais tempo. Muito depende, na verdade, dos factores adjuvantes em presença. Se

as pré-condições ao desenvolvimento podem diferir consideravelmente de caso para caso, consi-

derando-se entre numerosas condicionantes as características dos grupos sociais de apoio (que,

24
12
aliás, podem vir a alterar-se ou a ser substituídos por outros) , muito continua a depender dos

apelos e formas de intervenção do Estado, assim como das reacções dos diversos grupos às suas

propostas.

A este propósito basta recordar a variedade de comportamentos do grupo nobre, ou melhor, das

diferentes categorias de nobre em cada Estado ou território, face à politica de integração e unifica-

ção, à mobilidade social e aos negócios lucrativos. Do mesmo modo se deveria observar a atitude

daqueles que, providos dos meios comerciais e financeiros, obtêm capital e o investem. Muito

depende de o investirem no comércio ou na produção, ou na compra de cargos, casas e rendas e

noutras operações financeiras. A mesma questão se coloca no que diz respeito à própria Fazenda

real. Donde lhe vêm os rendimentos, em que gasta, em que investe?

Quando se fala de Fazenda real em Portugal logo ressalta uma necessidade de diferenciar o

que pertence ao Rei e o que é do Reino, necessidade essa, aliás, sentida desde o século XII, em

debate desde então, e de certa forma respondida em fórmulas oficiais cada vez mais precisas que,

todavia, não encerram o assunto, nem impedem na prática a confusão frequente entre o patrimó-

nio do rei e o património da Coroa. Vão-se aduzindo a "Reino" e a "Coroa" termos como "repúbli-

ca" (séc. XV) e "Estado" (séc. XVI), sempre representando uma realidade jurídico-política que se

distingue do governante mas só até certo ponto.

Realidade que ultrapassa a figura do soberano, por mais absoluto que este o seja do ponto de

vista politico, o Reino é uma entidade, marcada pela permanência no tempo e com características

imutáveis no seu fundamento. Para defendê-lo e garantir o bem comum dos seus naturais - qual

"pai" ou "pastor" - existe um ministro, rei "pela graça de Deus", que cumpre uma função, de que

não pode escusar-se, e de cujo cumprimento dará contas ao Supremo Criador.

O exercício do seu oficio confere ao rei a definição de "pessoa pública", na doutrina e na prática

politica, pois existe e age para o reino. A origem do seu poder é divina, tendo a instituição sido

feita de forma imediata por Deus ou de forma mediatizada. Nega-se, contudo, em Portugal qual-

quer superioridade jurídica do Império (peninsular ou romano-germânico) a nível de justiça e de


13
leis, assim como se torna cada vez menos aceitável a ideia de mediação papal . Os atributos de

25
dignidade imperial, seja o título de majestade (esporadicamente utilizado porque referência ainda

no séc. XVI à divindade), seja a coroa fechada, parecem consolidar cem D. Sebastião um percur-

so que ganhara com D. Manuel uma nova dimensão (a esfera, símbolo nacional, para lá do título

dos reis de Portugal) 14.

Definidos desde a primeira dinastia os princípios da primogenitura e masculinidade na sucessão

hereditária da Coroa (admitida, todavia, na sua falta, a sucessão feminina), precisam-se definitiva-

mente nos finais do séc. XVI e no séc. XVII outros cerno a indivisibilidade, a inalienabilidade e a

perpetuidade do reino na estirpe régia, regras estas que se sobrepõem ao arbítrio real e que se
1
revelam verdadeiras leis fundamentais do Estado s_ Está esta questão intimamente relacionada

com o dualismo Rei-Reino e tem muito a ver com o debate em torno da investidura do poder e

com o carácter público da pessoa do rei.

Juridicamente, por morte do rei o seu sucessor recebe a administração e jurisdição do reino,

mas considera-se que o rei só o é de facto depois de aclamado. Esta concepção corrente implica

todo um cerimonial carregado de simbologia política, no âmbito do qual o rei ocupa o trono, recebe

do Camareiro-mor o ceptro, símbolo da justiça que consubstancia o próprio poder régio, presta um

juramento de guardar privilégios, liberdades e costumes do reino, governar bem e cem justiça, só

após o que- saliente-se- toma posse do reino (simbolizado no desfraldar da bandeira) e recebe
1
as homenagens "- Embora não constitutiva do estado real, a aclamação sela, todavia, a união

Rei-Reino segundo princípios éticos e uma interdependência funcional (António Pinheiro nas Cor-

tes de 1562), devendo o monarca cumprir a lei divina a bem do reino, assim como os súbditos

obedecerem à lei por ele emanada, tendo para isso, se (e só se) necessário for (questão não pa-

cífica), de desrespeitar alguns compromissos.

Mas ao assumir a governação, nem o Rei se torna dono do Reino nem desaparecem os seus

direitos ou são incorporados na Coroa os seus bens. Pelo menos teoricamente - e com aplicação

prática a nível do discurso e de fórmulas patentes na chancelaria régia --, centinua uma distinção:

a do Rei/Reino - entidade pública e a do Rei - entidade privada, circunstância que simultanea-

26
mente origina e é reforçada pelo direito, através do princípio da inalienabilidade dos bens da Co-

roa.

Cresce, assim, em Portugal uma organização do poder político central, numa tendência unifica-

dora e integradora (processo faseado do absolutismo ''), de forte simbologia, com órgãos e pode-

res delegados, mas sempre atenta à fundamentação ideológica e jurídica dos actos do poder,

derrogando o Rei disposições das Ordenações ou da Lei Mental, efectuando doações e vendas,

segundo termos estabelecidos pelo direito e mediante a consulta frequente de juristas e canonis-

tas.

Uma vez reconhecida, com D. João 11, a superioridade do monarca, e definido o carácter indivi-

sível/inalienável do património de que o Rei é administrador, caberá a D. Manuel uma preocupa-

ção sistemática por definir, em vários campos da governação, instrumentos legais para uma eficaz

manifestação da autoridade soberana num Portugal que expande o seu domínio.

Vai fazê-lo a nível de legislação e de práticas administrativas e judiciais, numa política que terá

a sua natural continuidade com D. João III. Reeditam-se no novo reinado muitos dos textos legis-

lativos recentemente reformados e procede-se por diversas formas com vista a um melhor conhe-
cimento da realidade do Reino e a uma maior eficácia do aparelho burocrático'"-
Recorde-se, a esse propósito, a reforma e revisão dos forais até 1520, a reformulação das Or-

denações do Reino (desde 1505, com impressões em 1512/13, ed. corrigida em 1514 até à edição

de 1521), as compilações e reorganização de Regimentos que atingem oficiais de cidades, vilas e


lugares do Reino e núcleos específicos da administração régia, podendo salientar-se de algumas
etapas decisivas:

1509 Regimento da Casa da fndia traduz adaptação das Casas da Guiné, Mina e Índia a nova
conjuntura.
1512 Artigos das Sisas
1514 Transformação da contadoria da Casa Real em Contos do Reino e Casa. Regimento dos
Contadores das Comarcas
1516 Regimentos e ordenações da Fazenda
1519 Legislação sobre Sisas

27
1520 Ordenações da Índia
1521 Ordenações do Reino
1526 Nova edição das Ordenações do Reino
1527/28 Encabeçamento das sisas
1527/32 "Numeramento" da população do reino
1532 Mesa da Consciência e Ordens
1532 e ss. Reformas administrativas civis, seguidas de eclesiásticas
1533 Alvará projectando nova impressão das Ordenações
1534 Redefinição de funções: Chanceler-mar, Chanceler da Casa da Suplicação, Juiz da Chan-
celaria, Desembargador do Paço
1536 Estabelecimento do Tribunal do Sto. Ofício
1537 Protecção à Universidade e sua transferência para Coimbra
1539 3" ed. das Ordenações do Reino.
Publicação de capítulos das Cortes de 1525 e 1535 seguidos de leis
1548 Governo geral no Brasil. Regimento de Tomé de Sousa
1551 Incorporação na Coroa dos mestrados das Ordens de Santiago e Avis
1552 Aprovação régia do Regimento do Tribunal do Sto. Ofício
1555 Colégio das Artes entregue à Companhia de Jesus
1560 Fusão dos Contos de Lisboa com os Contos do Reino e Casa.
Repertório dos Cinco Livros das Ordenações pelo Ldo. Duarte Nunes de Leão
Novo Regimento da Fazenda

O quadro de condicionantes é, todavia, diferente ao tempo de D. João III, influenciando de for-

ma marcante a política do novo monarca em diversas ocasiões, obrigando-o a uma ponderação e

cuidado que partilha com conselheiros, mais ou menos experimentados, e, sobretudo, com oficiais

da sua administração, especializados em matérias de direito, da fazenda, de política internacional.

A sua governação ganha uma feição personalizada, tanto através de grandes medidas de longo

alcance como num quotidiano de auscultação - argumentação - decisão, gerador de atitudes de

circunstância e de adaptação mais ou menos temporárias. Reflecte e integra-se a sua política num

tempo de perturbação e de transformações profundas que alteraram a história da Europa e do

Mundo e onde Portugal teve um papel decisivo.

28
NOTAS

1
Conforme a definição de Estado de Maurice Hauriou, num reencontro entre a história jurídico-
-constitucional e a história social, inserindo o direito, a realidade jurídica (muito além da norma e
da lei) num sistema de relações. Maurice Hauriou, Précis de Droit Administratif et de Droit Public,
Lib. du Recuei! Sirey, 1914 e Santi-Romano, L 'ordinamento giuridico. Studi sul concetto, /e fonti e
caratteri dei diritto, Pisa, 1918.
Da importância do problema institucional para a compreensão do Estado, Maria do Rosário The-
mudo Barata A. Cruz, "Para a História da Europa no século XVI: Tipologia de Regime e Institui-
ções" in Estudo de Homenagem a Jorge Borges de Macedo, Lisboa, JNJC I C.Arqueologia e Histó-
ria da Universidade de Lisboa, 1992, pp. 199-225. Sobre o carácter pluralista do poder, António
Manuel Hespanha, "Poder e instituições na Europa do Antigo Regime" in Colectânea de Textos,
Lisboa, F. C. Gulbenkiam, 1984.

2
Com base no conceito de Instituição proposto por Maurice Hauriou: "Uma organização social,
estabelecida em relação à ordem geral das coisas, cuja permanência é assegurada por um equilí-
brio de forças ou por uma separação de poderes, e que constitui por si mesma um estado de di-
reito". Précis de Droit Administratif et de Droit Public, p. 8.

3
Considerando que o estado ou o poder que se toma preeminente não esgota o poder existente
na sociedade, há organizações, comunidades e grupos sociais que, fora do governo, combatem a
integração. V. Roland Mousnier, Les lnstitutions de la France sous la Monarchie Absolue (1558-
-1789), Paris, 1980, 2 vais ..

4
Jacques Julliard, "A Política" in Fazer História, V. 2, Amadora, Liv. Bertrand, 1981, pp. 263-285.
Sobre o estudo da longa duração em vários campos da História, Fernand Braudel, "Histoire et
Sciences Sociales: 'la Jongue durée' ", Annales E.S.C., n• 4, Out.-Dez. 1958, Débats et Combats,
pp. 725-753; in Écrits sur I'Histoire, Paris, Flammarion, 1988; in História e Ciências Sociais, 6" ed.,
Lisboa, Presença, 1990.

5
Maria do Rosário Themudo Barata A. Cruz, História Institucional e Política - Séculos XIV a XVIII.
Relatório sobre o programa (apresentado à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), Lis-
boa, 1987, pp. 51-55, concorde, aliás, com Cario Cipolla, História económica da população mundi-
al, Lisboa, Ulisseia, s.d., pp. 43-52.

29
6
A nacionalização das Igrejas ou de corpos que se aproximaram do poder real foi também impul-
sionada pelas reacções ao próprio centralismo papal avignonense, às tomadas de posição do
clero de cada nação nos debates conciliares e em virtude da desordem disciplinar no interior da
Igreja durante o Cisma. A nacionalização das Igrejas ..... Cisma. Francis Rapp, L'Église et la Vie
Ré/igieuse en Occident à la fin du Moyen Age, Paris, PUF, 1971, J. Calmette, L'Éiaboration du
Monde Moderne, Paris, PUF, 1934, Manual de Historia de la lglesia (dir. Hubert Jedin), 2• ed.,
Barcelona, Herde r, 1978-1988, v. vols. e État et Église dans la génese de I'État Moderne (coord.
J.-Ph. Gene! e B. Vincent), Actas do Colóquio do CNRS e C. Velazquez (Madrid, 3 Nov.- 1 Dez.
1984), Madrid, Casa de Velazquez, 1986.

7
Nesse sentido se pronunciram no primeiro quartel do século XVII Francisco Suarez em Defensio
Fidei III. Principatus politicus e Fr. Serafim de Freitas em Do Justo Império Asiático dos Portugue-
ses, ao desenvolverem concepções sobre a soberania dos Estados e o poder indirecto do Papa.

8
Já Marc Bloch ao debruçar-se sobre A sociedade Feudal (Lisboa, Edições 70, 1979) caracteriza-
va os grupos sociais tanto pela sua dinâmica própria como pela influência sobre eles exercida pelo
fortalecimento do governo. Roland Mousnier retoma a questão para a Época Moderna. Muito em-
bora salientando a existência de todo um complexo de factores políticos, institucionais, sociais,
económicos e culturais que condiciona a configuração de qualquer estratificação social, valoriza
três vectores que decididamente a explicam: a diferenciação social motivada pela divisão de tare-
fas, os juízos de valor que se estabeleciam tanto sobre a utilidade de cada função como sobre as
capacidades de cada grupo ou indivíduo para as desempenhar e, por fim, o contributo do próprio
Estado para a hierarquização das ordens e sua caracterização. As Hierarquias Sociais. De 1450
aos nossos dias, M. Martins, Pubs. Europa-América, s.d .. Sobre o modo dos homens da época
olharem e justificarem o estatuto, o lugar de cada indivíduo na hierarquia social, o seu comporta-
mento, etc., apresentam-se com interesse a comunicação de Génicot "Nascimento, função e ri-
queza na ordenação da sociedade medieval. O caso da Nobreza do Noroeste do Continente", e a
de G. E. Aylmer, "Casta, Ordem (ou Estatuto) e Classe nos primeiros tempos de Inglaterra moder-
na", in Problemas de Estratificação Social (ed. Roland Mousnier), Actas do Colóquio Internacional
de 1966, Lisboa, Edições Cosmos, 1988.

9
Vitorino Magalhães Godinho, "Flutuações Económicas e Devir Estrutural do século XV ao século
XVII" e "A 'revolução dos preços' e as flutuações económicas no século XVI" in Ensaios - 2, Lis-
boa, Liv. Sá da Costa, 1968, pp. 175-205 e 155-174.

30
10
Braudel e Spooner que projectaram um novo olhar sobre o movimento dos preços e a sua de-
pendência da quantidade de metal amoedável e do volume de bens oferecido em mercado, ao
considerar um terceiro factor actuante, isto é, a velocidade de circulação das moedas e a acelera-
ção dessa velocidade, não deixam de acrescentar que a teoria quantitativa da moeda só explica
em parte a alta de preços. As séries de dados obtidas no campo económico não preenchem todos
os campos necessários à compreensão dos fenómenos em estudo e muitas outras influências tê-
-los-ão decerto condicionado, desde o aumento demográfico (condicionante por vezes negativa na
vida económica), a mobilidade e reestruturação social, a intervenção dos governantes no valor de
moedas reais e de conta, os acontecimentos político-militares, etc.. F. Braudel e F. S. Spooner,
"Prices in Europe from 1450 to 1750" in The Cambridge Economic History of Europe, V. IV, 1967,
cap. VIl, pp. 374-486; "Os Preços na Europa de 1450 a 1750" in Escritos sobre a História, Lisboa,
Presença, 1992, pp. 35-176.

11
Questões em debate em Frederic Mauro, "Économie et Civilisation", cap. III de Le XVI" siécle
européen. Aspects économiques, Paris, PUF, 1970, pp. 308-329. Sobre a realidade económica na
Época Moderna dependendo de diversos factores condicionantes e da diversidade de situações,
refira-se para além de Mauro, Heaton, Ehrenberg, Cipolla, I. Wallerstein, entre outros autores.

12
Jorge Borges de Macedo, "Absolutismo" in Dicionário de História de Portugal, Lisboa, Iniciativas
Editoriais, V. I, 1971 e Polis Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado, V. 1, 1983.
Sobre a centúria de 1450-1550, de consolidação da Expansão portuguesa e por isso determi-
nante no processo global de desenvolvimento do capitalismo em Portugal, referindo particular-
mente as condicionantes que marcaram fases económicas e as relações da Coroa com mercado-
res, nacionais e estrangeiros, de amplos capitais, saliento o estudo de A. A. Marques de Almeida,
"A evolução da economia portuguesa de 1450 a 1550", in Portugal no Mundo {direcção de Luís de
Albuquerque), Lisboa, Pubs. Alfa {1989) I Selecções do Reader's Digest, 1993, V. I, pp. 432-444.

13
O direito romano é nas Ordenações do reino aceite enquanto justo e conforme à boa razão se-
gundo salienta Martim de Albuquerque em O Poder Político no Renascimento Português {Lisboa,
Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, 1968), considerando-se o direito im-
perial subsidiário em lacunas do direito comum do reino.
Quanto à mediação do povo na instituição do poder divino do rei, concepção que pode conduzir
a formulações teóricas sobre a noção de "pacto de sujeição" e à ideia de resistência {caso a lei ou
determinação régia se revele injusta com os súbditos) ou, radicalmente, à defesa do carácter re-
vogável do poder real e mesmo a uma justificação do tiramicídio, V. Martim de Albuquerque, já

31
citado, e Paulo Merêa, "A Ideia da Origem Popular do Poder nos Escritores Portugueses Anterio-
res à Restauração" in Estudos de História do Direito, (Coimbra; Coimbra Editora, 1923).

14
A propósito deste tema, abordado por Martim de Albuquerque na obra atrás citada, de referir em
diferentes perspectivas "O conceito de império português" por A. Dias Farinha (in História de Por-
tugal, direcção de João Medina, v. V, pp. 11-18); "L'idée impériale manuéline" por Luís Filipe Tho-
maz (in La Découverte. Le Portugal et I'Europe. Actas do Colóquio de 1988, Paris, F. C. Gulbenki-
an, 1990); de Ana Maria Alves a Iconologia do Poder Real no Período Manuelino (Lisboa, lN-CM,
1984).

15
Martim de Albuquerque, Op. cit., p. 95.

16
O juramento régio que, aliás, se renova no filho primogénito do monarca quando em Cortes é
jurado pelos três estados sucessor da Coroa e recebe a homenagem (e, uma vez mais, na sua
aclamação quando rei), parece ser, em certa medida, como o salientou Paulo Merêa, "Sobre a
aclamação dos nossos reis" (Revista Portuguesa de História, T. X, 1962, pp. 411 ss. ), vestígio do
princípio consensual, ou até conforme a definição de Romero Magalhães em "Os régios protago-
nistas do Poder'' (in História de Portugal, direcção de José Mattoso, v. III, p. 513), solenizar "o
contrato do rei com os súbditos", fazendo parte este acto, segundo o mesmo investigador, de uma
"legitimidade plena do rei" (p. 521 ). D. Manuel é aclamado rei a 27 de Outubro de 1495 e D. João
III sê-lo-á a 19 de Dezembro de 1521 numa cerimónia descrita com algumas diferenças de porme-
nor nas Relações de Pero de Alcáçova Carneiro, Conde da ldanha (Lisboa, lN L, 1937, pp. 207-
-213), por Fr. Luís de Sousa nos Anais de D. João III e por Francisco de Andrada na Crónica de
D. João III, acontecimento que levou Gil Vicente a conceber "o que cada um dos Senhores de
Portugal diriam ao beijar da mão" (Obras Completas, v. Vl, Lisboa, Sá da Costa, 1944).

17
Jorge Borges de Macedo, aplicando ao caso português a tipologia proposta por Roland Mousni-
er e Fritz Hartung no X Congresso lnternazional di Scienze Storiche no trabalho conjunto sobre
"Quelques problêmes concernant la monarchie obsolue" (Relazioni, v. N Storia Moderna, Firenze,
1955, pp. 1-55), considera que corresponderia o governo de D. João III, aliás, os reinados desde
D. Manuel até D. José (exclusive), a uma segunda fase da monarquia absoluta em Portugal, ca-
racterizada pelo poder pessoal do rei, iniciada logo que encerrado o debate sobre a superioridade
jurisdicional, nos finais do século XV.

18
Conforme a interpretação de Romero Magalhães in Op. cit., pp. 516, 521 e 531.

32
A nomeação do Vedar da Fazenda: uma escolha condicionada

Qualquer dos Vedares da Fazenda em exercício em 1521, aquando da mudança de reinado,

fora escolha de D. Manuel no começo do seu governo. Recebem carta de ofício logo nos primeiros
1
meses de 1496 D Martinho de Castelo Branco (em exercício pelo menos desde Fevereiro e com
toda uma experiência acumulada neste tipo de serviço enquanto reinou D. João 11) e D. Diogo
2
Lobo (em Março, substituindo D. Lopo de Almeida). De 1501 data a nomeação de D. Pedro de
3
Castro e de Março de 1504 a mercê de ofício dada a Tristão da Cunha que renuncia logo após a

morte do monarca a 20 de Dezembro de 1521, passando (com autorização real datada de Outubro

de 1513) o lugar a seu filho, Nuno da Cunha, a quem D. João III nomeia por carta a 27 desse

mês4 . Quanto ao Conde do Vimioso, transacciona em Junho de 1516 com D. Martinho diversas

propriedades, incluindo o ofício deVedor da Fazenda. Trata-se pois de uma venda autorizada por

D. Manuel. O seu exercício quase imediato na função fica atestado em registo da Chancelaria

régia5 e por documentos originais de Janeiro de 1517, embora D. Martinho assine ainda como

Vedor da Fazenda despachos em Dezembro de 15166 .

Antecipando a data de sua carta de ofício, emitia já Nuno da Cunha a 21 de Outubro de 1521

ordens no âmbito da sua função de Vedor da Fazenda'-

Mediante o estudo na longa duração dos detentores do ofício de Vedar da Fazenda, seus as-

cendentes e ligações familiares, constata-se a continuidade de um mesmo grupo exercendo estas

funções junto do monarca, adquirindo experiência e passando-a a sucessivas gerações.

Houve desde finais da Idade Média uma secularização e uma acentuada aristocratização desta

função tão importante no serviço real quanto zeladora dos bens e direitos da Coroa e da Casa

33
Real em Lisboa e por todas as comarcas do reino. O fenómeno torna-se evidente na escolha dos

servidores e na graça real de que vão gradualmente auferindo.

Letrados ao tempo de D. João I serão preferencialmente escolhidos entre os descendentes de

leais auxiliares da dinastia de Avis, pertencentes a uma nova nobreza, para ao tempo de D. Afon-

so V conseguirem no desempenho das suas funções ascender a uma nobreza titular.

D. Diogo Lobo descende do 1• Barão do Alvito e sê-lo-á, tal como seu filho que lhe sucede de

imediato no ofício8 , muitos anos antes de ganhar em pleito judicial legitimidade para usufruir do

título de Barão. Nunca D. Diogo conseguirá, todavia, obter o de Conde que lhe fora prometido.

D. Martinho de Castelo Branco, por sua vez, embora com promessa régia desde 1504, só em

1514 usará do título de Conde de Vila Nova de Portimão. Também D. Pedro de Castro tardia-

mente se tornará Conde de Monsanto. Já D. Francisco, Conde do Vimioso, é um caso à parte.

Ao tempo de D. João III, todavia, o quadro modifica-se ao juntarem-se ao Barão do Alvito e ao

Conde do Vimioso, para lá de Nuno da Cunha, o Conde de Penela D. João de Meneses e Vas-

concelos em 1527, O Conde de Monsanto (mercê a D. Pedro de Castro em 1528) e D. António de

Ataíde (1530) com relativa brevidade tornado Conde da Castanheira (1532).

Se a linhagem de sangue nobre pesa na escolha dos principais servidores do rei na Justiça e na

Fazenda, neste sector específico o título prestigia os seus detentores, passa a identificar os indiví-

duos e leva-os a disputar a precedência.

Depois de D. Diogo assinar ho baram d'aluyto (em sinal ho baram) em desembargas da Fazen-

da real mais de uma década, seu filho substituirá a assinatura de D. Rodrigo Lobo (em sinal dom

Rodrigo) por ho barão logo qur toma posse do título (1541 ). Enquanto isso, já o senhor de Vila

Nova de Portimão, substituíra em 1514 a sua tradicional assinatura dom martjnho (e o sinal de

castel branco) por o conde de vj/a nova à semelhança do que fará em 1532 D. António de Ataíde

uma vez ho conde da castanheira. Encontram-se por isso em originais por eles rubricados sinais

que, embora patenteando uma grafia personalizada, interpretam, numa mesma função, um mes-

mo título: o de Conde.

34
Após a clara distinção de sinais entre de castro, (de dom pero de castro) de castel branco e ho

baram, que perdurou por mais de doze anos durante o reinado de D. Manuel, mantida ainda em

1514 de castel branco (substituído por o conde) e em 1517 (ho conde do Conde do Vimioso subs-

titui o sinal do seu antecessor, o conde de Vila Nova de Portimão), acaba por se tornar menos

nítido e, quiçá, menos inequivoco (até para os homens da época) o sinal escolhido por cada Vedor

da Fazenda durante a governação do novo monarca.

Já após o desaparecimento, no final de 1525, do sinal pertencente a D. Diogo Lobo Barão do

Alvito (retomado somente na segunda metade de 1541 por D. Rodrigo Lobo sob a forma de ho

barão), e ainda com Nuno da Cunha exercendo as funções deVedor da Fazenda e rubricando da

cunha (de nuno da cunha) em 1527, vão-se pois aduzindo à d'ho conde (d'ho conde do vymyoso),

as rubricas de outros detentores deste mesmo título. Concorrem com aquela O conde (d'O conde

de pene/a) de 1527 a princípios de 1543, O comde (do de Monsanto) entre 1528 e 1529, e ho

conde (do da Castanheira) a partir de 1532.

Dado o carácter exaustivo que imprimi à pesquisa de assinaturas e sinais utilizados pelos Veda-

res da Fazenda do Reino durante os governos de D. Manuel e de D. João III, como validação de

documentos da Fazenda, e como testemunho do grau e ritmo de distribuição dos pelouros, consi-

derei de interesse integrar no presente trabalho uma compilação das Principais variantes de sinais

e de assinaturas encontradas em documentos originais de Vedares da Fazenda em exercício no

Reino- V. Apêndice documental.

Passo a salientar alguns dados de índole biográfica de forma a clarificar um pouco mais o perfil

destes importantes oficiais da Fazenda real.

Tristão da Cunha (c. 1460-1539) Senhor de Gestaçô, filho de Nuno da Cunha camareiro-mar e

governador da casa do infante D. Fernando, pai de D. Manuel, começou a vida de cortesão como

camareiro do Duque de Viseu D. Diogo, sendo, pois, um homem ligado ao futuro monarca. Pelo

menos desde 1503 que se conta entre os seus conselheiros - "Cavaleiro do Conselho" na lista de

moradores da casa real (1518), ascendendo a sua tença de moradia a 400 000 rs (referente ao
9
ano de 1503) . Pela análise que efectuei da numerosa documentação que a ele se refere, bem

35
como aos restantes Vedares da Fazenda do tempo de D. Manuel e de D. João III, confirma-se

a suposição levantada por Braamcamp Freire e por Banha de Andrade de não ter exercido de
10
facto, embora nomeado em 1504, o cargo de Vedar da Fazenda Suponho que tal ocorreu não

por lhe "barrarem a tomada de posse" os outros Vedares, segundo sugestão deste último investi-

gador, mas devido às outras ocupações - serviços de natureza administrativa, funções de recebe-

dor ou pagador de certos dinheiros, e, sobretudo, interveniente activo em contratos, armadas para

a Índia, fretamento de naus, transacções de terras, casas e especiarias, não falando jà das mis-

sões como capitão da armada em 1506 e na embaixada a Roma de 1513/14. Nestas viagens fez-

-se sempre acompanhar de seu filho primogénito, futuro Vedar da Fazenda de D. João III, Nuno da

Cunha (1487-1539). Nomeado por carta de ofício de 27 de Dezembro de 1521 e pertencendo ao

Conselho desde 17 de Fevereiro de 1522 exerce as funções até partir para o Oriente como capi-

tão-mar e governador da Índia a 18 de Abril de 1528.

Convém destacar algumas referências de ordem familiar, marcando proximidades com o rei e

figuras preeminentes.

Um outro filho de Tristão da Cunha, Simão da Cunha, Comendador de Torres Vedras, foi capi-

tão-mar na Índia e exerceu funções de Trinchante junto de D. João III. Foi casado com uma filha

de Rui Gomes da Grã e aliou-se pelo casamento do seu primogénito com os Condes de Atouguia.

Um filho segundo, Rui Gomes da Cunha, exerceu funções de Copeiro-mar de D. João III e de D.

Sebastião (garantindo este tipo de funções na sua descendência).

Quanto a Nuno da Cunha, Comendador de Fonte Arcada, terá do primeiro casamento um filho,

Pedro da Cunha, casado com uma filha de D. Pedro de Castro, Conde de Monsanto e Vedar da

Fazenda, para além de uma união com os Condes de Portalegre através do matrimónio de uma

filha. De um segundo casamento Nuno da Cunha reforça as ligações com os Silveira, casando

com uma irmã de D. Luís da Silveira, Guarda-mar de D. João III (1° Conde de Sortelha).

Uma vez em Goa, em 1529, cumprirá ordens do monarca enviando para o Reino, preso, e com

um inventário da Fazenda (31 de Janeiro), o Vedar desta na Índia Afonso Mexia, neste ofício des-
11
de Fevereiro de 1524, depois de ocupar durante anos funções de escrivão na Fazenda real ·

36
Podendo prover quem quisesse para o seu lugar, opta Nuno da Cunha por ocupar ele próprio a

função. Ver-se-á envolvido na questão das Malucas no tempo pós-Saragoça, recebendo sobre a
12
matéria cartas e instruções sigilosas do monarca em Abril de 1531

Glorificando-se desde 1530 no combate aos Rumes. permanecerá no Governo da Índia quase

até ao fim do seu 4° triénio, embora num crescente de tensões envolvendo outros dois pólos da

administração da Índia: o Vedar da Fazenda desta, desde 1532 Pera Vaz do Amarai, e o capi-

tão-mar dos Mares da Índia, Martim Afonso de Sousa parente próximo do Conde da Castanheira,

tal como este da criação do monarca, e que acabara de cumprir uma importante missão na defesa

da costa e no impulso da política de fixação portuguesa nas terras do Brasil.

Após um breve regresso a Portugal (1537) partirá Sousa com o novo governador D. Garcia de

Noronha que chega a Goa em Setembro de 1538 mas, apesar das suas críticas violentas a Nuno

da Cunha, tanto no que toca à política de guerra como à da fazenda, é o nome deste que ainda

surge em primeiro lugar na via da sucessão em Março desse ano. Morrerá no ano seguinte de

regresso a Portugal Nuno da Cunha que sempre se considerou um fiel servidor do monarca na
13
forma como dispôs dos seus bens e da sua pessoa • Pouco tempo lhe sobreviverá Tristão da

Cunha, desde há muito insatisfeito com o insuficiente reconhecimento régio dos serviços de seu

filho e seus.

Foi, por seu turno, D. Diogo Lobo ( da Silveira), 2• Barão do Alvito, Mordomo-mar de D. João 11

e de D. Manuel e por este nomeado Vedar da Fazenda. Filho e neto de letrados, seu pai, o Dr.

João Fernandes da Silveira, 1• Barão do Alvito desde 1475, fora Regedor da Justiça, Chanceler-

-mar, Escrivão da Puridade e Vedar da Fazenda de D. Afonso V. Constam, além disso, do seu

itinerário, missões diplomáticas e acções bélicas em Tânger e Arzila. Da sua união com uma filha

do Corregedor da Corte, Joanes Mendes da Aguada, não conseguira descendência, mas obtê-la-á

do consórcio com a filha e herdeira do 3" Senhor do Alvito, D. Maria de Sousa Lobo, com a qual

alcançará de juro e herdade aquele título.

Pelo seu primeiro casamento, com D. Joana de Noronha, torna-se D. Diogo Lobo genro de D.

João de Almeida 2• Conde de Abrantes . Tal facto transmitirá ao ofício de Vedar da Fazenda uma

37
continuidade dentro do grupo Almeida- Malafaya- Lobo Silveira, após a sucessão em D. Lopo de

Almeida, 3° Conde de Abrantes, e, mediante renúncia deste, a passagem para D. Diogo Lobo

nomeado a 23 de Março de 1496. Da união mencionada nascerá em 1525 o seu sucessor no ofí-

cio de Vedar da Fazenda de D. João III, e muitos anos depois no título de Barão, D. Rodrigo Lobo.

Este reforçará ligações com o Regedor João da Silva em 1521 ao casar com uma das suas filhas

D. Guiomar de Castro. Só o seu segundo casamento, porém, lhe garantirá descendência, no enla-

ce com D. Joana de Castro, filha do 2° Conde da Feira, D. Diogo Pereira . O parentesco com o

Regedor ficará, todavia, selado pelo casamento de Diogo da Silva, filho mais velho deste, com

uma filha de D. Diogo Lobo D. Antónia de Vilhena, irmã, portanto, de D. Rodrigo Lobo.

A grande proximidade com o governante e o desempenho de funções cimeiras como a de Ve-

dar da Fazenda manter-se-ão na descendência do Barão do Alvito. D. João Lobo (da Silveira)

assume o lugar de Vedar da Fazenda a 10 de Abril de 1560, uma vez falecido o pai (muito antes

de 14 de Fevereiro de 1560 conforme carta de Roma de Lourenço Pires de Távora) 14. Como o seu

próprio filho D. Rodrigo Lobo da Silveira participará com D. Sebastião na batalha de Alcácer Qui-

bir, nela morrendo o primeiro e ficando cativo o segundo, aliás assumido critico da politica de

guerra. Este, 5° Barão do Alvito, casado com a filha e herdeira do Vedar da Fazenda Manuel Qua-

resma, tornar-se-á governador do Reino ao tempo de Filipe I. Mas a sua descendência virá a ser-

vir desde logo na Guerra da Restauração, tornando-se o 7° Barão, em 1653, 1o Conde de Oriola e

o 10° Barão (3° Conde), Vedar da Fazenda da repartição de África ao tempo de D. José I e dos

Conselhos de Estado e da Guerra, obtendo o titulo de Marquês do Alvito a 4 de Junho de 1766.

A continuidade de serviços na paz e na guerra de todos os senhores da Casa do Alvito em car-

gos na Corte, seja como de Vedares da Fazenda, Regedores da Casa da Suplicação ou de Escri-

vães da Puridade, é, aliás, salientada na carta que o 4° Barão do Alvito, D. João Lobo, escreve a

D. Sebastião pouco depois deste assumir o governo pessoal em 1568. Pretendia que finalmente

lhe fossem reconhecidos os grandes e contínuos serviços dos seus antepassados e os seus, atra-

vés de novas mercês para a Casa do Alvito, entre as quais, a de há muito prometida, o titulo de

Conde, feita ainda a D. Diogo Lobo 1"-

38
Saliente-se agora a intervenção da Casa do Vimioso no âmbito da Fazenda. Quando a 28 de

Junho de 1516 D. Francisco, Conde do Vimioso, é nomeado por O. Manuel Vedor da Fazenda,

toda uma negociação prévia se estabelecera entre particulares se não por incentivo do monarca,

pelo menos com o seu conhecimento e autorização. De facto, numerosos documentos referem

com mais ou menos pormenores a transacção que se efectuara entre o Conde do Vimioso e o

Conde de Vila Nova de Portimão, na qual fora incluída a venda do ofício deVedor da Fazenda.

Entre outros, tem-se acesso: à confirmação régia do ofício no Conde O. Francisco a 28 de Ju-
16
nho de 1516 ; à nomeação do Conde de Vila Nova para Camareiro-mora 4 de Julho de 151717 e

ao alvará de lembrança dessa data para que o filho venha a ocupar o lugar do pai quando este

falecer, ocorrência que se cumpre por carta régia de O. João III de 14 de Novembro de 152718.

Muitos anos depois, em 1573, voltará a aludir-se à venda deste ofício num Apontamento do Tes-

tamento de O Afonso 19• Curiosamente não se refere o Conde do Vimioso a este facto quando ela-

bora as suas Lembranças de agravo de 1545, mencionando apenas ter recebido de O. Manuel a

mercê do ofício de Vedor da Fazenda e pretender o monarca fazê-lo único Vedor em 1518, cir-

cunstância que teria desencadeado uma forte oposição dos outros grandes oficiais, o Barão do
20
Alvito e O. Pedro de Castro . Queixava-se na época O. Francisco de Portugal, talvez exagerada-

mente, que desde os inícios da década de 30 até 45 D. João III deixara de o agraciar com mercês,

fenómeno que, nas palavras do filho, se teria prolongado até à data da sua morte, em 1549.

Sabe-se que este filho, legitimado (1505), de O. Afonso de Portugal, Bispo de Évora (1485) neto

do 1o Marquês de Valença e bisneto do 1o Duque de Bragança, desde cedo esteve envolvido na

política régia e diplomática, acompanhando O. Manuel em 1498 a Castela para o juramento e em

1542 sendo procurador de O. João III nos contratos de casamento do príncipe O. João com a in-

fanta O. Joana e da infanta O. Maria com o príncipe Filipe. Homem de grande cultura, representa-

do no Cancioneiro Geral compilado por Garcia de Resende21 e publicado em 1516, assim como

autor de Sentenças que um seu neto trouxe a lume em 160522 , notabilizou-se igualmente nas ar-

mas e na diplomacia no que toca às relações de Portugal com Marrocos. A ele se refere Bernardo

39
Rodrigues em diversas passagens dos Anais de Arzila e, fortemente inspirado neste, Damião de

Góis na sua Crónica de O. Manuel 23 •

Mazagão (1502), Arzila (150911510) e Azamor (151311514)24 onde, em apoio do Duque de Bra-

gança D. Jaime, comanda duas centenas de lanças e nela permanecerá mais tempo à frente da

Casa do Duque, garantem-lhe um conhecimento do ambiente de guerra no Norte de África, por

certo enriquecido ao longo dos anos, a título particular e no desempenho do ofício de Vedar da

Fazenda. Com ele trocam importante correspondência de âmbito sigiloso agentes e informadores,

seja Bastião de Vargas ou Jacob Rute no contexto de negociações (desde 1539) e da embaixada

de 1541 de Lourenço Pires de Távora ao Rei de Fez, assim como anos depois quando alguns

julgam aperceber-se de novas condições favoráveis a uma aliança com o mesmo reino, contra o

poder político e territorial, em pleno desenvolvimento do Xerife de Suz, desde 1544 senhor tam-

bém de Marrocos e com importantes aliados em Xexuão e no porto de Tetuão25 .

Apesar de algumas desinteligências com o Conde da Castanheira reveladas nas Relações de

Pero de Alcáçova Carneiro, pelo Secretário que com eles assistiu a muitas sessões de despacho

régio, virão a ser aproveitadas algumas oportunidades de união. Basta recordar o casamento da

filha do Conde do Vimioso com o 2° Conde da Vidigueira e como o filho e a filha mais velhos desta

união casaram com filhos de D. Amtónio de Ataíde.

A 28 de Maio de 1543 D. Afonso de Portugal recebe por mercê régia a serventia do ofício de

que seu pai é titular por este se ocupar de assuntos que o afastam do seu exercício. Não constitui

aparentemente qualquer mudança na política de escolha dos Vedares da Fazenda dado que se

chama a atenção para a existência de um alvará de lembrança a favor do filho do Conde do Vimi-

oso para que ocupasse o lugar quando este falecesse. Na verdade, porém, não se trata de uma

antecipação, conforme o monarca aparentemente sugere no documento.

D. Afonso é certo que passaria a gozar dos privilégios e de outras vantagens inerentes aos Ve-

dares da Fazenda mas usufruiria apenas da serventia do ofício. Para lá de ter de atender, ao que

tudo indica, em dois pelouros, o do Conde do Vimioso e o do Conde de Penela entretanto falecido,

exerceria a função por tempo limitado, uma vez que substituindo no serviço seu pai, conforme o

40
monarca explicita no documento de nomeação: "tenho por bem E me praz que ele dito Dom Afon-

so. sirva logo em vida do dito conde seu pai o dito ofício de vedor da dita minha fazenda ... ei por
26
bem que sirva naquela parte em que o Conde de Penela por minha ordenança servia" .

Trata-se de uma situação pouco clara visto que nem D. Afonso assumia em pleno o ofício do

pai nem constituía um 4° Vedor da Fazenda. Pouco esclarecido fica o facto de após esta carta,

continuarem, como antes, a emitir-se mercês em nome do rei tendo por autor o Conde do Vi-

mioso27.

Todavia, passou de facto a exercer o ofício e as suas palavras em 1573 comprovam-no pois

declara servi-lo no Conselho há 31 anos. Só após a morte de D. Francisco de Portugal se irá por

vezes especificar na documentação o nome de D. Afonso de Portugal, seguido do título de Conde,

da qualidade de Conselheiro e da condição de Vedor da Fazenda.

Por fim, quanto a D. António de Ataíde (c. 1500-1563), neto do Conde de Atouguia e, por parte

da mãe, D. Violente de Távora, do Conde do Prado, cria-se no Paço, afecto ao príncipe D. João

futuro rei, recebendo desde cedo mercês de D. Manuel, particularmente desde a morte do pai D.

Álvaro de Ataíde (1505). Por parte da mãe contam-se nos seus ascendentes homens da Justiça

ao serviço da Casa de Bragança.

Vedor da Fazenda por carta de 11 de Abril de 1530, é nessa qualidade e na de Embaixador

que desempenha a sua missão em França. Outras missões se seguirão em Castela e na Alema-

nha. Casou com D. Ana de Távora neta do Senhor do Mogadouro e do Conde de Penela.

Quanto ao seu património, foi crescendo desde que herdou, por morte do sobrinho, o senhorio

das vilas de Castanheira, Povos e Chileiros, obtendo em 1532 (1 de Maio) o título de Conde da

Castanheira e garantindo a sucessão. Importante se tornou a instituição do morgado por D. Vio-


28
lente de Távora (falecida a 3 de Juiho de 1555), várias aquisições e mercês de casas, direitos e

bens de raiz nas regiões de Vila Franca, Santarém, Almeirim, Colares e Lisboa. Serviram-lhe as

diversas comendas que recebeu ao longo da vida para engrandecimento da sua Casa e manuten-

ção dos filhos, sem manifestar demasiado agrado no legado que lhe deixou o infante D. Luís.

41
Seu primogénito e herdeiro do título, autor de um Nobiliário e de um Livro de Brasões, unir-se-á

por casamento sucessivamente aos Condes da Vidigueira (4° Conde D. Francisco da Gama), aos

Marqueses de Vila Real (3° Marquês D. Pedro de Meneses) e ao Governador do Brasil D. Luís de

Meneses e Vasconcelos.

Amante da virtude e da honra, da verdade e piedade e do bem comum mais do que do proveito

próprio, o 1o Conde da Castanheira revelou, além disso, especial carinho pelos franciscanos, no

restauro ou edificação de Conventos. No de Santo António da Castanheira, de que foi padroeiro e

que constituía o seu retiro, quis ser sepultado (morre a 7 de Outubro de 1563), tal como sua mu-

lher, na capela-mar. Seu filho, D. Jorge de Ataíde, na altura envolvido nas sessões do Concílio de

Trento (sobre que fez Actas) e na reforma do missal e breviário romano (que lhe cometera Pio IV),

aí lhe erguerá um mausoléu. Este ilustre filho do 1° Conde da Castanheira, afilhado dedicado de

João de Barros, será eleito Bispo de Viseu em 1568 e sagrado na Igreja do Convento de N.• Sr"

da Graça na presença de figuras reais e da nobreza de Corte, notabilizando-se na acção pastoral

enquanto naquele bispado (resigna em 1578) e depois como Capelão-mar do Cardeal Rei D. Hen-

rique. Ao tempo de Filipe, o Prudente, tornar-se-à Esmoler-mor, Presidente da Mesa de Consciên-

cia, Inquisidor Geral (dignidade a que renuncia e confere a D. Alexandre, filho do Duque de Bra-

gança a 23 de Agosto de 1602), e membro do Conselho de Estado de Portugal em Madrid. Em

1610 (21 de Março) sagra Bispo de Viseu seu sobrinho D. João Manuel.

Morre D. Jorge de Ataíde a 17 de Janeiro de 1611 repousando em sepultura rasa, por ele pró-

prio mandada fazer, junto aos mausoléus de seus pais no mesmo Convento de Santo António da

Castanheira, onde seu irmão D. António, falecido a 20 de Janeiro de 1603 fora sepultado (na Ca-

pela de Cristo Crucificado). Um filho deste 2° Conde da Castanheira, também ele de nome D. An-

tónio de Ataíde, virá a herdar o título de um sobrinho (D. João, 4° Conde) juntamente com a alcai-

daria-mor de Colares e diversas comendas de Cristo. Para lá de General de armadas de Espanha

e de Portugal, embaixador, conselheiro, D. António de Ataíde presidiu à Mesa de Consciência e

esteve directamente envolvido na governação de Portugal (1631). Foi nomeado 1° Conde de Cas-

tro Daire (30 de Abril de 1625) por Filipe III, obtendo a Alcaidaria-mor de Guimarães e o senhorio

42
de diversas terras. Futuramente (cerca de 1637 em diante), até herdar o título de Conde de Castro

Daire, o primogénito herdeiro da Casa usaria o título de Conde da Castanheira.

Embora não vinculativa em termos de obrigação régia, a promessa de continuidade do mesmo

ofício num filho após a morte do pai -criando, do ponto de vista do monarca, uma espectativa de

mercê que obrigará o candidato ao lugar a mostrar-se digno dele- pode provocar alguma insatis-

fação e tensão caso não seja concretizada. Abertamente se queixam ao próprio monarca os "le-

sados" ou, em determinadas circunstâncias não só lembram como exigem o cumprimento do que

consideram seu direito. Com maior violência se verifica esse tipo de discurso se a demora depen-

de de uma confirmação régia baseada não apenas na liberalidade do monarca mas tenha envolvi-

do na prática qualquer tipo de transacção material.

Assim se pode interpretar o tom do discurso de D. Afonso de Portugal em 1573: "E assi lhe

peço pera ele o ofício de Vedar de sua fazenda que razão é que fique o meu a meus filhos e este

ofício foi comprado por meu pai e dado a mim em satisfação de serviços e pelo que tenho feito

nele e passado o tenho bem merecido"29•

43
NOTAS

1
ANTT, Chancelaria de O. Manuel, Liv. 33-108v, 109,117,118,123.

2
ANTT, Chancelaria de O. Manuel, Liv. 26-105v. Carta de oficio de 23 de Março de 1496. Em
exercício de imediato (Ch. O. M., Liv. 33-106v, de 121411496).

3
Em pleno exercício a 15 de Novembro de 1501, conforme ANTT, Corpo Cronológico, 11 - 4 - 146.

4
ANTT, Chancelaria de O. Manuel, Liv.18-118v, 119. V. nota 10.

5
Carta régia dada em Lisboa a 16 de Setembro de 1516, a mando do Conde do Vimioso Vedar da
Fazenda, transcrita em carta de confirmação de oficio de escrivão das sisas e dos direitos reais de
Freixo de Espada-à-Cinta dada em Lisboa a 25 de Março de 1527 - ANTT, Chancelaria de o.
João III, Liv. 30-102v, 103. A propósito da venda do oficio de Vedar da Fazenda que lhe fez D.
Martinho, V. entre outros, o documento de 4 de Julho de 1516 no Apêndice documental.

6
D. Martinho, Conde de Vila Nova de Portimão, assina ainda a 29 de Dezembro de 1516, na qua-
lidade de Vedar da Fazenda, um desembargo de ordenado que pode ser visto em original no
ANTT, Corpo Cronológico, 11-67-62. Neste núcleo documental encontram-se com a assinatura
do Conde do Vimioso documentos datados de Janeiro de 1517. V. a titulo de exemplo ordens que
dá aos Contadores a 4 e 19 desse mês, no Corpo Cronológico, 11 - 68 - 13 e 35.

7
ANTT, Corpo Cronológico, 11 - 98 - 95 -V. Apêndice documental.

8
Carta de mercê do oficio de Vedar da Fazenda a D. Rodrigo Lobo tendo em conta serviços
prestados e alvará de lembrança de D. Manuel confirmado por D. João III, dada em Almeirim a 4
de Dezembro de 1525-ANTT, Chancelaria de O. João III, Liv. 8 -144v.

9
Conforme alguns dados recolhidos por Banha de Andrade no seu trabalho sobre a História de um
Fidalgo Quinhentista Português Tristão da Cunha, Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa I
/Instituto Infante D. Henrique, 1974.

10
Nomeado Vedar da Fazenda a 12 de Março de 1504, segundo consta na carta de nomeação de
Nuno da Cunha a 27 de Dezembro de 1521 (Chancelaria de O. Manuel, Liv. 18 - 118v, 119 e Mís-
ticos, Liv. 4- 156v, 157), publicada por Banha de Andrade in Op. cit., pp. 222-224.

44
Renunciou à posse do ofício alguns dias antes, a 20 desse mês. Ainda em 1527 recebia privilé-
gios e liberdades próprios dos desembargadores da Casa da Suplicação (Chancelaria de D. João
III, Liv. 45 - 150v).

11
Afonso Mexia, Cavaleiro da Casa do rei e Escrivão da Fazenda, foi nomeado, com Regimento,
Vedar da Fazenda da Índia por carta de 10 de Fevereiro de 1524 (Chancelaria de D. João III, Liv.
45- 132v), publicada por Braamcamp Freire no Archivo Historico Portuguez, v. 11, pp. 223-224.
Sobre o envolvimento desde poderoso personagem nas tensões politicas do Reino e, sobretu-
do, nas lutas politicas em torno do governo da Índia, debruçou-se de forma aprofundada Jorge
Borges de Macedo no seu estudo intitulado Um caso de luta pelo poder na fndia e a sua interpre-
tação n' "Os Lusíadas", publicado inicialmente pela Academia Portuguesa da História em 1976,
com documentação, e, depois, adaptado e integrado no Os Lusídas e a História, Lisboa, Ed. Ver-
bo, 1979.

12
Documentação da Biblioteca Nacional (Cx. 201 - 90, 136) e publicação por António Baião, Do-
cumentos inéditos sobre João de Barros, Coimbra, 1917, pp. 97-1 01, referidas por Banha de An-
drade.

13
De destacar os documentos referidos por Banha de Andrade: ANTT, Colecção S. Lourenço, 1-
Cartas de Martim Afonso de Sousa ao Conde da Castanheira, publicadas por Luciano Ribeiro em
"O primeiro cerco de Diu", Studia, n° 1, Lisboa, 1958; Biblioteca da Academia das Ciências de
Lisboa, Ms. 905- Ordem de prisão de 16 de Junho de 1539, publicada por Luciano Ribeiro, "Em
5
torno do primeiro cerco de Dia", Studia n° 13-14, 1964.

14
B. Ajuda, Cartas de Lourenço Pires de Távora, f. 61, publicada por José da Silva Mendes Leal
no Corpo Diplomático Português, v. VIII, 1884, (pp. 349-354), p. 353.

15
Encontra-se uma cópia desta lembrança no ANTT, Miscelânea Manuscrita 1104, f. 307.

16
ANTT, Chancelaria de D. Manuel, Liv. 25 - 133v. Segundo Caetano de Sousa que a publica nas
Provas da História Genealógica da Casa Real Portuguesa, T. IV- 11 P. (Coimbra, Atlântida, 1952),
pp. 311-312, retirara a transcrição do original conservado no Cartório da Casa do Vimioso, Maço
78, n° 351.

17
ANTT, Chancelaria de D. João III, Li v. 47- 104v- documento de 7 de Agosto de 1522 que con-
firma a mercê de D. Manuel de 4 de Julho de 1516. Desta existe cópia também no Corpo Cronoló-

45
gico, 11-65-- 104. A 13 de Agosto de 1522 confirmava D. João III alvarás de D. Manuel, também
de 4 de Julho de 1516, onde, uma vez mais, se faz referência ao conceito firmado e ao facto do
Conde do Vimioso ter deixado a D. Martinho, entre outras coisas, a sua moradia e cevada (equi-
valente a tença não superior a 80 DOO reaes)- Chancelaria de D. João III, Liv. 97- 108 e 108v.

18
ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 30 - 186 - Carta de Camareiro-mar de D. Francisco de
Castelo Branco, com mercê anual de 1DO dobras de 370 rs cada pelo ofício, quantia conferida a
D. Martinho a 4 de Julho de 1516 e confirmada por D. João III a 7 de Agosto de 1522, mencionan-
do-se ser o valor de que D. João de Meneses já usufruíra. Tratava-se de uma quantia a receber da
Fazenda real enquanto o Príncipe não tivesse Casa apartada com os seus oficiais.

19
Documento de 1537, existente no Cartório da Casa do Vimioso, Maço 78, e publicado por Cae-
tano de Sousa, Provas de História Genealógica da Casa Real Portuguesa, T. V- 11 - p. 362.

20
Lembranças escritas cerca de 1545, conforme data mais recente invocada no documento e
menção a um papel semelhante dirigido ao monarca e a ele entregue nessa data pelo filho do
Conde do Vimioso, D. Afonso. Conforme Apontamentos do Testamento referido na nota anterior.

21
Foi Garcia de Resende (1470?-1536) homem de muitos talentos e atento observador de uma
sociedade e de um mundo em mudança. Desde 1516 que exerce a função de Escrivão da Fazen-
da de D. João, enquanto príncipe e depois de rei, exercício este profusamente documentado em
originais inclusos no Corpo Cronológico do ANTT. Trata-se do culminar de uma carreira que co-
meçara ao tempo de D. João 11 como moço de câmara, e em ascenssão transpusera o reinado de
D. Manuel, colmatando nos anos 30 com a instituição de um morgado (1533). Entre os rendimen-
tos somados contam-se tenças e benefícios recebidos de mercê ou comprados, alguns proveni-
entes directamente dos empreendimentos ultramarinos. A coroar um itinerário de vida, ficaram
gravadas as suas armas na capela que Resende mandara edificar e onde foi sepultado. Para lá
destas, uma obra revelada em crónicas, apontamentos em verso (Miscelânea escrita entre 1530 e
1534), obras de moralidade. V. Veríssimo Serrão "Garcia de Resende: A Crónica de D. João 11 e
Miscelânea" in Figuras e Caminhos do Renascimento em Portugal, Lisboa, lN-CM, 1994, pp. 15-
-42 ..

22
Sentenças do primeiro Conde do Vimioso D. Francisco de Portugal em Apêndice documental do
estudo de Jorge Borges de Macedo "Para o Estudo da Mentalidade Portuguesa do século XVI
Uma Ideologia de Cortesão. As Sentenças de D. Francisco de Portugal", ICALP, Revista Instituto
de Cultura e Língua Portuguesa, n•• 7 e 8, Março-Junho 1987.

46
23
Bernardo Rodrigues, Anais de Arzila (pub. David Lopes, Lisboa, Academia das Ciências de Lis-
boa, 1915-1919, 2 tomos e Damião de Góis, Crónica da Felicíssima Rei D. Manuel (pub. David
Lopes), Coimbra, 1949-1955, 4 tomos.

24
Juntava-se decerto a uma carta enviada de Mazagão a 2 de Dezembro de 1502 dirigida a D.
Manuel uma outra, "de Dom Francisco filho do Bispo", por ora perdida - ANTT , Carpa Cronológi-
co 11 - 6 - 149, publicada em Les Sources inédites de /'histoire du Maroc Portugal (pub. Cenival),
T. I (1486-1516}, Paris, P. Geuthner, 1934. Designando-o da mesma forma, Jorge Pires relata a
sua acção quando escreve de Azamor a 4 de Setembro de 1513, a D. Fernando de Castro -ANTT,
Cartas dos Governadores de Atrica, n° 102, in Op. cit., pp. 403-409. Menciona-o também o Duque
D, Jaime em carta do Rei de (c.) 6 de Setembro de 1513 (Azamor) publicada por Cenival, Op. cit.
41 0-429 a partir das Provas da História Genealógica da Casa Real Portuguesa de Caetano Velo-
so, T. IV, Lisboa, 1746, pp. 32-43. Será ainda referido em cartas de 21 de Fevereiro de 1514
(Azamor)- Cartas dos Governadores de Africa, n° 114) e num comentário de D. Manuel em carta
pouco posterior a D. João de Meneses capitão de Azamor " ... e de D. Francisco certo somos do
que nos dizeis, nem esperamos dele senão que fará tudo mui bem feito" (Carpo Cronológica, I -
--15 - 15, minuta), publicadas por Cenival, Op. cit., pp. 489-501 e 542-544 (a última também por
Baião, Documentos da Corpo Cronológica).

25
Em 1541 a embaixada de Távora revelou-se importante peça na estratégia política de D. João
III, como tive ocasião de aprofundar na minha Dissertação de Mestrado sobre Lourenço Pires de
Távora e a Política Portuguesa no Norte de Atrica na Século de Quinhentos (Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa, 1988, 614 pág.) e em "Portugal no jogo de poderes no Norte de África
no segundo quartel do século XVI" in Cadernos Históricas IV, Lagos, Comissão Municipal dos
Descobrimentos, 1993, pp. 113-128. Também sobre a problemática subjacente aos acontecimen-
tos de 1545 e a negociações envolvendo Mulei Zidão, filho do Xerife de Marrocos e aliado de Fez,
tive oportunidade de alargar recentemente o estudo em As Controvérsias ao Tempo de D. João IJI
05
Sobre a Política Portuguesa na Norte de Atrica, Separata Especial de Mare Liberum (n 13 e 14,
1997), Lisboa, CNCDP, 1998, 166 pags.

26
ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 6 - 88v. V. Apêndice documental.

27
Veja-se a título de exemplo, documentos de Maio e Junho de 1545 de nomeação de juízes das
sisas na Chancelaria de D. João III, Liv. 25-99v e 134.

47
28
Morgado da Quinta da Foz (termo de Benavente) confirmado a 1 de Outubro de 1554- Chan-
celaria de D. João III, Liv. 53 -133. Avalie-se o seu extenso património pelo Testamento de 1563
que publico em Apêndice documental e a forma como encara os seus serviços e mais preza a
honra e merecimento que a renda, pela "Lembrança" que terminou a 1O de Janeiro de 1557 e dei-
xou aos seus descendentes, publicada postumamente em Madrid, em 1598- B.N., COD 2889P.

29
Apontamento do Testamento publicado por Caetano de Sousa, Op. cit., p. 362. Curiosamente
garante D. Manuel em 1516 ao Conde de Vila Nova de Portimão a passagem do ofício de Cama-
reiro-mar a seu filho quando falecesse, da mesma forma que garantira anteriormente quanto ao
ofício de Vedar da Fazenda. V. Apêndice documental.

48
A BEM DA JUSTIÇA-- A MESA DA FAZENDA

49
São acentuadas as modificações que desde o Regimento de 15161 se verificam no Juízo da

Fazenda. Refiro-me tanto à composição da Mesa da Fazenda, como ao procedimento a seguir até

ao despacho ou sentença. A estas matérias se referem com particular cuidado os capítulos XXVI,

XXVII e XXVIII daquele documento.

Como controladores da Fazenda real (bens e rendas) e dominando uma rede de múltiplos ofici-

ais, cabe aos Vedares da Fazenda assegurarem-se de uma informação contínua sobre proprieda-

des e negócios do monarca no Reino e fora dele e prover às situações irregulares. Compreensível

se torna assim:

1) A existência de um número mínimo de três Vedares em exercício, número este referido em

várias passagens do Regimento e quando em 1520 D. Manuel pretende estipular uma divisão

mais clara das funções de cada um embora ressalvando a necessidade ocasional de se juntarem

os três, ou pelo menos dois, no despacho de alguns casos2 . Refere-se em 1520 ao Conde do

Vimioso, ao Barão do Alvito e a D. Pedro de Castro, Vedares que se manterão em funções na

governação de D. João III, juntando-se-lhes desde o início Nuno da Cunha, com carta formal de

Vedor da Fazenda - por renúncia de Tristão da Cunha, seu pai, - desde 27 de Dezembro de
3
1521 .

2) Terem conhecimento de toda a documentação referente à Fazenda, incluindo cartas e avisos

dirigidos ao Rei por parte não só de oficiais mas também de diversas proveniências. O cap. V do

Regimento torna-se, aliás deveras esclarecedor sobre a importância e autoridade dos Vedares da

Fazenda no seu pelouro: cabe-lhes abrir e ver as cartas fechadas sobre Fazenda e, a partir daí,

encaminhar os assuntos para despacho, determinando assim o que será decidido por eles, direc-

tamente, na Mesa da Fazenda (com os escrivães da Fazenda) e o que despacharão com o rei.

50
As instruções de D. Manuel para 1520 sobre a distribuição de funções entre os Vedores, aponta

nesse sentido, dado que cada um na sua respectiva área de actuação recebe e exige informa-

ções, controla rendas e gastos, toma providências e emite ordens, numa esfera de actuação e

decisão próprias, dando informação e parecer ao monarca quando oportuno/necessário (V. tam-

bém cap. VI do Regimento), ou quando assim o considerar.

Claro está que se esse poder de decisão existe ele fica regulado de certa forma noutros capítu-

los e itens do Regimento ou por precedentes práticos. Todavia, em determinados casos, essa

decisão tomar-se-á mais pessoal. Os dois documentos citados admitem como necessária e frutu-

osa a reunião dos Vedores para o despacho de certas matérias.

Se na Mesa da Fazenda em assuntos do foro judicial cada Vedor enquanto Juiz obrigatoria-

mente recorre à acessoria de outro Vedor para o despacho e assinatura de sentenças, como ex-

planarei de seguida, em assuntos da Fazenda referentes exclusivamente ao serviço do rei - e são

de uma amplitude notória - os Vedores deverão, reunidos "praticar", confrontar informações e

planejar as iniciativas (cap. VI do Regimento).

A isso obriga a defesa incondicional dos interesses do rei, quer seja em assuntos respeitantes

ao comércio ultramarino e suas exigências, à provisão de armadas, ao abastecimento e defesa de

posições militares, à arrecadação de rendas e ao estabelecimento de contratos, ou em matérias

de controlo de oficiais régios e das suas contas.

Recorde-se, a este propósito, as reflexões do Conde da Castanheira em 1553 ao considerar as

vantagens e desvantagens de uma devassa geral aos oficiais da Justiça da Corte. Compara, a

dado passo, os procedimentos inerentes aos negócios da Justiça e da Fazenda, considerando

estes bem maiores e exigindo um grande comprometimento pessoal: " ... não sofrem os da fazenda

a quietação e descanso com que se processam e julgam os feitos na Casa da Suplicação, e mui

poucas coisas se determinam por ordenações por onde nenhuma pessoa que negoceie fazenda

de Vossa Alteza pode ter o espírito descansado, pois que das mais das cousas que passam por

ele há-de dar razão sua sem se poder desculpar com Baldo nem Bártolo. Mas isto deve-lhe de dar
4
merecimento... " •

51
3) Dada a responsabilidade extrema afecta ao serviço do rei e à defesa dos seus bens e direitos,

exigir-se muita diligência e brevidade no desembargo de petições, debates e causas e guardar-se

justiça (cap. V do Regimento).

A fim de alcançar tais objectivos, expressam-se no Regimento regras de actuação tendentes a

organizar todo o trabalho dos Vedares da Fazenda. No que respeita ao despacho ordinário de

assuntos da Fazenda, ganham especial atenção, como já se referiu, os tempos de trabalho e de

reflexão conjunta sobre matérias referentes ao serviço do rei, a que se destinam pelo menos dois

dias, durante os quais não se tratam assuntos de partes nem se assinam cartas (cap. VI). Há in-

formações a fornecer ao rei, assuntos que só poderão despachar-se com ele.

São necessárias depois deslocações ao Paço a fim de informar o monarca de certas matérias,

de lhe fornecer pareceres, colocar questões ou a ele remeter a resolução final de determinados

assuntos. No cap. VIl do Regimento, sobre desembargas, frisa-se, por exemplo, a necessária as-

sinatura régia nos despachos de assentamentos depois de vistos pelos Vedares ou em alvarás

pelos quais se quitam rendeiros e outras pessoas em dívida com a Fazenda real e que, da mesma

forma, passando pelos Vedares e levando o visto destes terão de ser, contudo, assinados pelo

monarca.

Há, de facto, toda uma série de despachos de petições, doações, casamentos, quitas, mercês,

satisfações, ofícios, tratos, contratos, etc. (cap. VIII), respeitantes a tributos, foros e rendas da

Fazenda, que são despachados ordinariamente pelos Vedares.

Todavia, salvaguarda-se sempre, também no domínio da Fazenda real, matérias destas e des-

pachos em que impera o "moto próprio" régio, limitando ou alterando as Ordenações, ou conce-

dendo mercês de pura graça, cabendo ao rei o seu desembargo, embora os Vedares tenham dele

conhecimento e lhes venham a pôr depois "a vista".

A organização do trabalho dos Vedares da Fazenda explanada com minúcia no Regimento de

1516 - do horário à abordagem de assuntos -tem em vista, de facto, economizar tempo e asse-

gurar, em termos de Fazenda, um bom despacho, isto é, justo e rápido, fundamento indispensável

tanto à segurança das rendas reais, como aos interesses e actuação dos súbditos.

52
NOTAS

1
"Regimento dado aos Vedares da Fazenda ... " in Regimentos e ordenações da fazenda de 17 de
Outubro de 1516. Publicados por J. R. Monteiro de Campos Coelho e Soisa, Systema ou Colecção
dos Regimentos Reaes... , Lisboa, T. I, 1783.

2
ANTT, Núcleo Antigo 16, Uvro de Registo de Leis, Regimentos e outras Mercês do Senhor o.
Manuel, ff. 121-121v. V. Apêndice documental

3
Chancelaria de O. Manuel, Liv .18-118v,119; carta publicada por Banha de Andrade, Op. cit.,
pp. 222-224. Note-se, todavia, a presença da sua assinatura num documento de carácter finan-
ceiro, anterior a esta data-- Corpo Cronológico, 11-98-95, 2111011521 -V. Apêndice docu-
mental.
Ao percorrer no ANTT os originais coligidos no Corpo Cronológico (Partes I, 11 e III) com assi-
naturas dos Vedares da Fazenda autenticando múltiplos desembargas, verifica-se a coexistência
dos quatro Vedares devidamente identificados como tal e no exercício das suas funções. Mencio-
ne-se, a titulo comprovativo, ainda para 1526, alguns desses documentos: rubrica do Conde do
Vimioso em documento de quita de 171111526- 1--33--63; de D. Pedro de Castro e de D. Rodrigo
Lobo em desembargas de tenças, respectivamente de 241111526- 1--33--70 e 11211526- P.ll--
131-59; de Nuno da Cunha, sobre dividas de sisas, de 21/7/1526-11--134-140.
O testemunho documentalmente provado de tal prática contraria, pois, a ideia de ter existido um
quarto Vedar da Fazenda somente depois da nomeação do Conde de Penela a 30 de Setembro
de 1527. Esta suposição, agora definitivamente ultrapassada, decorria da leitura da carta de ofício
de D. João de Meneses e Vasconcelos (V. Apêndice documental) onde o monarca parece indicar
esta nomeação (de um quarto Vedar da Fazenda) como se de uma novidade se tratasse em ter-
mos administrativos. Desde a nomeação de Tristão da Cunha a 12 de Março de 1504, substituído
em 1521 pelo filho, são quatro os Vedares da Fazenda, embora aquele não tenha, com toda a
probabilidade exercido funções (o rei identifica-o apenas como conselheiro). Nuno da Cunha, po-
rém, actuou desde logo e até partir para a Índia como Governador em 1528. O Conde de Penela
terá sido assim acrescentado aos quatro Vedares já existentes.

4
ANTT, Miscelâneas Manuscritas de N. a Sr. a da Graça, T. IV, "Documentos Vários", f. 64 - V.
Apêndice documental.

53
O contencioso em matérias judiciais: competências e procedimentos

Respeitam à função de Juiz e aos trâmites de diversos processos no âmbito da Fazenda, com

particular incidência, os capítulos XXII a XXIX do Regimento dos Vedares da Fazenda de 1516.

Uma vez que implicam a delimitação de uma esfera de actuação face à de ofícios de Justiça pró-

ximos (incluindo no campo da Fazenda do Rei) ou subalternos, natural se torna que determinados

temas venham a adquirir outros desenvolvimentos e explicações em regimentos afastados deste


1
ou mesmo nas Ordenações Manuelinas de 1521 onde, dada a publicação recente das normas da
2
Fazenda ( e das Ordenações da fndia em 1520 ), não se incluíram títulos a este respeito específi-

cos, ainda presentes, se bem que de forma muito abreviada nas Ordenações Afonsinas3 (O .A.) e,

com mais desenvolvimento nas normas manuelinas de 1514.

Lê-se nas Ordenações Afonsinas Livro I - Título III "Dos Vedares da Fazenda", § 2, que da

competência destes são todos os feitos respeitantes às sisas do rei, mesmo que fundamentados

numa questão entre partes mas que possa provocar algum prejuízo nos direitos reais. Com origem

na Corte, conhecê-los-ão por acção nova; fora dela receberão as apelações a eles dirigidas pro-

venientes de lugares onde são para esse fim "deputados" pelo rei e agem os Juízes das sisas.

Noutras matérias, respeitantes também a direitos e bens de que o rei é proprietário, nomeada-

mente desvios ou sonegações (§1 ), compete-lhes avaliar as informações provenientes de Almo-

xarifes e Contadores, corrigir o que for de sua esfera de actuação ou, em casos contenciosos,

transmitir a informação e a condução do assunto ao Procurador do Rei e ao Juiz dos seus Feitos.

Este juiz, por seu turno, tema do Título VI ( O.A.) tem ampla acção em todos os feitos em que o Rei

54
é parte, directa ou indirectamente, e esteja em causa a jurisdição régia sobre bens e direitos (ex-

cepto sisas, dado o Regimento que têm os Vedares da Fazenda, conforme se lê no§ 4).

De salientar, contudo, desde já, quanto o Juiz dos seus Feitos depende do funcionamento da

Casa da Suplicação, uma vez aqueles concluídos. Na verdade, a Relação é feita numa Mesa

constituída obrigatoriamente pelo Regedor, Doutores e Desembargadores do Paço, onde senten-

ças e desembargas dependem do acordo da maioria dos presentes. Durante os processos, qual-

quer petição, inquirição ou informação, terá, aliás de ser conhecida do Regedor e Desembargado-

res deste tribunal, e ter o seu acordo, para que o Juiz possa efectuar um desembargo, ou sequer,

citar alguma das partes de fora da Corte.

Marcantes alterações se deram até às Ordenações de 1521 nas circunstâncias que envolvem o

exercício de funções, tanto dos Vedares da Fazenda como do Juiz dos Feitos do rei. Acerca dos

primeiros, como já se referiu, desenvolvem-se com maior especificidade no código de 1514 os

parágrafos sobre a acção dos Vedares em juízo (Liv. I- T. III, ff. 10v- 16), para ganharem toda

uma dimensão própria em 1516, no Livro dos Regimentos e ordenações da Fazenda.

No que toca aos Juízes dos Feitos do Rei (T. VIl no código de 1514 e nas Ordenações Manueli-

nas de 1521 ), o texto tende a ser mais explícito, definindo com maior clareza a diferença de esfe-

ras relativamente aos Vedares e com maior rigor certos procedimentos, inclusive na elaboração de

documentos segundo forma e cláusulas estabelecidas para outros grandes oficiais da Justiça da

Corte (remete, aliás, mais do que uma vez, para títulos como o do Corregedor da Corte dos feitos-

-crimes).

Continua este Juiz a despachar sentenças e desembargas em Relação, na Mesa Grande, mas

agora com desembargadores para isso ordenados pelo Regedor. Os feitos que a ela chegam seja

por acção nova e petição de agravo provenientes do lugar (incluindo até cinco léguas) de fixação

da Corte ou da Casa da Suplicação, seja por apelação ou instrumento de agravo, cartas testemu-

nháveis de feitos e demandas, provenientes de fora da Corte e de todo o Reino, continuam a ser

os do âmbito específico da Fazenda real ou, melhor dizendo, relativo a bens e direitos de jurisdi-

ção régia.

55
Nestes processos é, de facto, a propriedade de bens da Casa do Rei (reguengos, jugadas, etc.)

ou a de direitos reais (dízimas, portagens, etc.) que terá sido, de uma forma ou de outra, posta em

causa mesmo que se trate de direito ou bem na posse directa não do Rei mas de outrem por mer-

cê régia, ou se encontre vago (para devolução), podendo pois tratar-se de questões entre partes.

Este amplo e complexo âmbito dos direitos reais, requer, de facto, uma ressalva importante que

define competências diferentes dentro da mesma esfera do contencioso: "nos feitos das sisas, e

feitos das rendas e foros e tributos que se pera Nós arrecadam; porque em estes casos quando se

não tratar sobre a propriedade deles, mas somente sobre as rendas, conhecerão os Vedares da

Fazenda, e não os Juizos dos Nossos Feitos"(§ 1).

Esta diferenciação fundamental no conteúdo dos feitos dos dois juízos que se relacionam com a

Fazenda real é naturalmente também esclarecida no próprio Regimento de 1516, no seu capítulo

XXN, até com maior minúcia. Reporta-se este a demandas sobre direitos reais, movidas por pes-

soas a quem o rei fez doação de rendas e que as recebem directamente ou por intermédio dos

seus rendeiros. Pertence, neste caso, o seu conhecimento ao Juiz dos Feitos, conforme o regi-

mento deste.

Nos restantes casos, por apelação, agravo ou por acção nova (na Corte ou no lugar da Fazenda

e ao redor por cinco léguas), recebem os Vedares da Fazenda todas as demandas movidas por

Almoxarifes, Recebedores e Rendeiros dos direitos reais.

Quanto às sisas, os Vedares continuam a controlar directa ou indirectamente, através de oficiais

da Fazenda, todo o processo (cap. XXIII do Regimento de 1516). Os caminhos percorridos depen-

dem do montante em causa, do local de origem do processo em relação à Corte e à Fazenda, da

vontade das partes ou daquilo que na ocasião parece melhor serviço do rei.

Desta forma, apelações e agravos em causas até 2000 reais, de sentenças de juízes das sisas,

fazem fim no Contador-mar de Lisboa (mesmo estando a Corte nesta cidade ou até cinco léguas

dela), muito embora as partes possam requerer junto dos Vedares da Fazenda - considerando a

brevidade do despacho - e estes chamem a si os casos, ordenando-o ao juiz ou ao próprio Con-

tador-mar (caso a apelação ou o agravo já esteja na posse deste) e efectivando o seu despacho.

56
Estando em causa maior quantia, cabe às partes levar a apelação ou o agravo perante o Conta-

dor-morou perante os Vedares (excepto as partes contrárias), ou partir a iniciativa destes, consi-

derando ser desta maneira efectuado um melhor despacho.

Em feitos e causas novas que se tratem perante os juízes das sisas podem sempre os Vedares

da Fazenda desembargar quando verificarem ser esse o melhor serviço do rei ou quando requeri-

dos a isso pelas partes. Aliás são estas as razões invocadas para que os feitos das sisas por ac-

ção nova, ou por apelação e agravo, perante os juízes delas (ou os juízes ordinários, onde estes

não existirem), sem irem aos contadores sejam canalizados para os Vedares da Fazenda quando

deflagrarem no local da Corte ou onde estiver, por mandado do rei, a Fazenda, e até cinco léguas

a seu redor.

Nas terras distanciadas da Corte ou da Fazenda além das cinco léguas, os feitos das sisas até

400 reais fazem fim nos próprios juízes, se de quantia até 800 reaes, por apelação irão aos conta-

dores das comarcas, e se forem de montante superior as partes poderão apelar para os Vedares

como última instância.

V. ESQUEMA I

Se conforme "a qualidade da coisa sobre que for a contenda" (Ordenações de 1521, Liv. I, T. X,

§ 6) os feitos sobre os direitos reais pertencem aos Vedares da Fazenda ou ao Juiz dos Feitos - e

a este se remete toda a causa que, em questões de justiça, respeite à propriedade sobre bens da

Coroa e do Rei -, depara-se-nos uma inequívoca distinção destas duas entidades relativamente a

outros órgãos e competências no âmbito da Justiça. Pertencem, pois, a um campo próprio, o da

Fazenda, com toda uma especificidade perfeitamente delimitada e publicitada já nas Ordenações

Afonsinas e, no caso dos Vedares da Fazenda, significativamente em texto apartado em 1516, no


4
Regimento da Fazenda •

Embora faça as audiências na Casa da Suplicação e despache em Relação na Mesa Grande, o


Juiz dos Feitos, como atrás referi autonomiza-se mais do Regedor, ao trabalhar em 1521 apenas

57
TRÂNSITO DE PROCESSOS RELATIVOS A SISAS
ESQUEMA I
REGIMENTO DE 1616

LISBOA I CORTE E FAZENDA ATÉ 5 LÉGUAS FORA, ALÉM DAS 5 LÉGUAS

. r:·_-:-::~--=-=·EI~=~"~-~---·1__._1_._
I VEDORES DA FAZENDA I
.
-.-.-·-. -·-.J. -·-·-·-·-·-.
A REQUERIMENTO DAS PARTES APElAÇÃO
01
00
A SERVIÇO DO REI
·-·r·-·-·-·-·-·-·-·-·-·-·-·-·-·-·-·-· -·-·1·-· -·-·- ·-· -·-·- ·-· -·-·- ·-
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ICONTADOR-MORDE
CONTADOR DA COMARCA
LISBOA
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JUIZ DAS SISAS NOVA
ATÉ 400 rs
com Desembargadores, (embora por aquele escolhidos), dependendo da maioria destes em sen-

tenças e desembargos. O que toca a jurisdição, feitos e contendas a elas respeitantes, vem ao

seu conhecimento. Pode citar as partes, mesmo com o desacordo da Relação, se os feitos forem

tratados perante si, enquanto depende de informações e inquirições e do desembargo favorável

da maioria dos desembargadores se as partes forem de fora da Corte. As Ordenações de 1521

referem-se ainda a alguns assuntos específicos que lhe cabem, mas distinguindo a sua esfera de

acção, sobre apelações e agravos, do âmbito do Corregedor da Corte dos feitos-crime, garantin-

do-lhe da mesma forma um campo exclusivo em que não se intromete o Corregedor da Corte dos

Feitos-cível (Ordenações, Liv. I, T. VI, §4).

Também pelas Ordenações de 1521 o Ouvidor dos Feitos das Terras da Rainha que, em perío-

dos limitados e sem a presença do rei nessas terras, actua equiparado ao Corregedor da Corte,

fazendo correição e conhecendo os feitos-cível por acção nova por agravo dos juízes da terra ou

do corregedor da comarca, "não tomará conhecimento de nenhuma cousa que pertença aos Di-

reitos Reais, convém a saber, Portagem, Jugada, ou qualquer outra cousa que pertença ao haver

Nosso, ou da Rainha; porque tal conhecimento pertence aos Vedores da Fazenda, ou ao Juiz dos

Nossos Feitos, segundo a qualidade da cousa sobre que for a contenda ... " (Ordenações, Liv. I,

T. X. §6).

Conclui-se, portanto, que os Vedores da Fazenda deverão ter amplo conhecimento de todos os

assuntos referentes à Fazenda do rei (mesmo que suscitadas por questões entre partes) e em

matérias de justiça uma acção francamente decisiva inclusivamente no contencioso, em tudo o

que se relacione com o recebimento, arrecadação ou aplicação das rendas reais (Regimento de

1516, cap. XXIII).

As demandas que vêm ao seu conhecimento originam-se frequentemente entre os oficiais da

Fazenda e o povo, mas também ocorrem muitas vezes entre os próprios almoxarifes, recebedo-

res, rendeiros e outros oficiais.

Infracção aos privilégios dos Rendeiros5 , entre os quais o de nada se lhes poder tomar por apo-

sentadoria enquanto rendeiros do rei deve ser de imediato punida. A pena estabelecida no Regi-

59
mento da Fazenda de 1516 (cap. CLIII) e, em texto muito próximo, nas Ordenações de 1521 (Liv.

11, T. XXIX) é de dez mil reais brancos e destina-se aos cativos e ao Meirinho e ao Alcaide que

cumprirem a sua execução. Pretender-se-ia talvez com isto uma mais pronta resposta dos oficiais

da Justiça, mas prevê-se na própria lei que assim não aconteça.

Cabe aos Vedares da Fazenda, caso a transgressão se verifique na Corte ou dentro do limite de

5 léguas, ou aos Contadores das Comarcas, emitir os mandados que logo o Corregedor da Corte

manda executar e o Meirinho, Alcaides e seus Homens devem cumprir. Caso não o façam, têm os

Vedares autoridade para lhes aplicar qualquer pena, inclusivamente a prisão e o degredo.
Da mesma forma caem sob a alçada dos Vedares da Fazenda ou dos Contadores das Comar-

cas (na sua falta, dos Almoxarifes), os casos despoletados por agressão ao Rendeiro impedindo-o
6
de arrecadar as rendas . Uma vez encampando-as no ponto em que estiverem deverá este rece-

ber ainda trinta mil reais de indemnização à custa dos bens do agressor conforme se estipula no

cap. CLVIII do Regimento, incluído nas Ordenações de 1521 (Liv. 11, T. XXIX,§ 11). Caso o valor

destes seja inferior, o Almoxarife toma toda a fazenda do réu e desconta a soma obtida no mon-

tante que o Rendeiro lhe iria pagar.

Processando-se o pleito fora das cinco léguas de distância da Corte, sendo dos Contadores da

Comarca ou dos Almoxarifes o conhecimento do processo, a causa pode subir, contudo, por ape-

lação e agravo, à instância superior dos Vedares da Fazenda. Reserva-se ainda o direito do Ren-
deiro demandar o seu agressor por injúria.

Considere-se agora que é o Rendeiro do rei o réu num processo judicial. Em qualquer caso em

que estejam em causa as rendas reais, cabe aos oficiais da Fazenda o conhecimento do proces-

so, mesmo que o réu deixe entretanto de ser rendeiro. Se tal se verificar já depois de condenado

por sentença do Contador da Comarca (na sua falta, do Almoxarife) ou dos Vedares da Fazenda,

a execução prosseguirá por mandado desses mesmos juízes. Mesmo que lhe sejam postos em-

bargos, caberá a estes despachá-los7 . Os feitos-cível findam com o despacho dos Vedares da

Fazenda, sem mais apelação ou agravo8 .

60
Os trâmites da justiça tomam-se, contudo, diversos quando os processos que atingem os ren-

deiros não implicam as rendas reais.

Qualquer indivíduo que for condenado e depois se tornar rendeiro do rei, sofrerá a execução da

pena por mandado do respectivo juiz e mesmo que coloque embargos à execução da sentença ou

à arrematação de penhores, o mesmo juiz emitirá os desembargas, devendo nestas circunstâncias

notificar os Oficiais da Fazenda relacionados com as rendas, sob pena de vir a responder por

qualquer perda sofrida pela Fazenda real 9 .

Nos feitos-crime - "crimes dos malefícios" - cometidos depois de rendeiros e durante os arren-

damentos, assim como nos cíveis praticados mesmo antes de se tornarem rendeiros, não tendo

havido citação perante qualquer outro juiz, compete ao Contador ou, na falta deste, ao Almoxarife,

o seu conhecimento. Acontece, todavia, que neste caso - não havendo envolvimento das rendas

reais- as Ordenações de 1521 estipulam que apelações e agravos não vão nem ao Contador da

Comarca nem aos Vedares da Fazenda, mas sim às Justiças que, por Direito e Ordenação, cum-

prir.

Em 1521, aliás, reforçava-se, em texto próximo, o estipulado no Regimento de 1516, em virtude

do que se proibia aos Vedares da Fazenda e Contadores da Comarca de conhecerem- por acção

nova, agravo, apelação, etc. - feitos-crime envolvendo Rendeiros, mesmo que o crime se desse

no local onde estivessem. Ignorariam também feitos-cível entre partes e independentes das ren-

das reais. De outra forma incorriam numa pena de três mil reais que iria beneficiar a parte contrá-

ria (ou os cativos) e veriam anulados os autos.

Fraudes praticadas pelas supostas vítimas, referidas no Regimento da Fazenda terão levado a

estipular por lei que se remetessem aos Contadores ou Almoxarifes todas as querelas e denúncias

contra os Rendeiros do rei e Requeredores, não devendo aceitá-las nenhum corregedor, juiz ou

justiça, nem prendê-los. Havia casos de indivíduos penhorados por dívidas de rendas que "ma-

nhosamente", segundo se lê no referido texto de 1516 (cap. CL), acusavam os Rendeiros perante

as Justiças de forçarem a entrada em suas casas, roubarem, ferirem, injuriarem, a fim de conse-

guirem a sua prisão e ficarem desobrigados dos pagamentos devidos.

61
Claro que se a vítima patenteasse feridas abertas, jurasse e apresentasse testemunhas, qual-

quer juiz teria de aceitar a querela e mandar prender o Rendeiro ou o Requeredor acusado mas,

uma vez efectuada a prisão, logo o deveria remeter com o processo no próprio dia ou no seguinte,

para o Contador ou o Almoxarife (sob pena de dois mil reais para os cativos). A estes cabia uma

determinação, com apelação e agravo para as Justiças competentes.

Convém lembrar a este propósito e com base no cap. XXIV do Regimento que cabe também

aos Vedores da Fazenda todo o feito ocasionado por erros cometidos por oficiais desta.

As acusações e o processo daí decorrente pertencem ao conhecimento dos responsáveis má-

ximos deste sector da administração régia a quem cabe o despacho final mas, note-se, apenas no

âmbito dos ofícios e do cível. De facto, em 1516, deveriam ainda os Vedores da Fazenda remeter

os processos às instâncias judiciais competentes, caso os erros dos oficiais motivassem penas-

-crime.

Estas disposições, aliás como muitas outras, depressa foram alteradas. O Regimento de 1516

constitui uma ordenação da Fazenda cuja fixação se sentira imprescindível, dada a grande diver-

sidade de matérias e a actualização constante das leis sobre a Fazenda régia. Continuará a man-

ter-se nesta área como o texto jurídico fundamental, reimpresso ainda em 1548, perdurando até

1560, data em que foi elaborado um novo Regimento.

Muito embora O. João III o conserve bem como às Ordenações Manuelinas e outras ordena-

ções e regimentos definidos nas vésperas do seu reinado, não deixou de alterar alguns dos seus

tópicos mais ou menos circunscritos através de disposições legislativas que ficaram registadas na

Chancelaria da Corte ou da Casa da Suplicação, no Livro da Fazenda, nas Comarcas, e foram por

vezes transcritos no todo ou em parte em documentação régia destinada à posse de particulares.

Das compilações de leis extravagantes de 1566 e 1569 de Duarte Nunes de Leão fazem parte

muitas dessas iniciativas; outras, entretanto perdidas, ficam, todavia, testemunhadas em actos que

traduzem inequivocamente situações entretanto modificadas por ordem régia. A muitas delas me

reportarei sempre que se mostre oportuno.

62
NOTAS

1
Ordenações Manuelinas (Nota de Apresentação de Mário Júlio de Almeida Costa), Ed. fac-simile
da 2" ed. 1797, Coimbra, F. Calouste Gulbenkian, 1984, 5 livros.

2
"Ordenações da india" in As Ordenações da fndia de Luz Fernando de Carvalho Dias, Separata
de Garcia de Orla, n• especial de 1956, pp. 235-242.

3
Ordenações Afonsinas (Nota de Apresentação de Mário Júlio de Almeida Costa e Nota Textoló-
gica de Eduardo Borges Nunes), Ed. fac-simi/e da ed. 1792, Coimbra, F. Calouste Gulbenkian,
1984, 5 livros.

4
Conforme a designação utilizada na edição de 1521 das Ordenações Manuelinas.
Elaborei o Esquema I "Trânsito de processos relativos a sisas" a partir do texto do Regimento de
1516 procurando nele contemplar as várias hipóteses do circuito.

5
Só gozam dos privilégios de rendeiro do rei os rendeiros das rendas reais que cheguem ou ultra-
passem a quantia de vinte mil reais. Os restantes, como se rendeiros não fossem, podem ser de-
mandados perante qualquer Justiça. Regimento de 1516, cap. CXUX e Ordenações de 1521, Liv.
11, T. XXIX, § 7.

6
Casos crimes ou cíveis porque os Rendeiros quisessem demandar alguém, não se referindo às
rendas reais, não o poderiam fazer perante os oficiais da Fazenda, mas sim perante os Juízes
competentes. Regimento de 1516, cap. CU.

7
Disposições já incluídas no Regimento da Fazenda de 1516, cap. CU!.

6
Regimento de 1615, cap. CXUX.

9
Disposições incluídas já em 1516 no Regimento da Fazenda (cap. CU I). Note-se que o estipula-
do nas Ordenações sobre fianças pode também, em virtude de se preservar uma boa arrecadação
das rendas, ser alterado. V. Liv. V, T. XCI e XCII e Liv. 11, T. XXIX, § 8.

63
Alternâncias no despacho dos feitos

Na Casa da Fazenda, espaço delimitado e assim designado no Regimento (cap. VI), se proces-

sa em 1516 o trabalho rotineiro dos Vedares e dos Escrivães da Fazenda, seus auxiliares directos.

De Verão das 7 às 1O horas e no Inverno (finais de Outubro a 15 de Abril) das 8 às 11 horas, ex-
cepto feriados e dois dias (3••. e 6"".) dedicados exclusivamente ao desembargo dos inúmeros

assuntos da Fazenda referentes ao serviço do rei (reunião dos Vedares conforme já referi), dedi-

cam-se estes grandes oficiais régios a dar audiências, ouvir as partes, despachar todos os feitos

que a estas se referem, com a maior brevidade possível e sem interrupções. Vêem e assinam

respostas e despachos elaborados pelos Escrivães da Fazenda que, assistindo os Vedares todas

as manhãs, ordenam e efectuam o seu trabalho de tarde. Enquanto isso, se não necessários na

Fazenda, os Vedares encontram-se no Paço informando o monarca e com ele despachando de-

terminadas matérias.

No que diz respeito aos assuntos judiciais, o Regimento torna-se mais minucioso no cap. XXVI.

Se tudo o que toca ao rei requer atenção especial e exclusiva, também as audiências em que o

monarca é autor ou réu, efectuadas na Casa da Fazenda, exigem um tempo exclusivo, antes ou

depois do restante trabalho, enquanto as outras audiências podem efectuar-se nas casas dos

Vedares, duas tardes por semana (4."" e Sábados). É sempre necessária, contudo, em audiência

a presença do Escrivão adstrito a cada Vedor.

Importante se torna frisar desde logo esta relação pessoal entre Vedor e Escrivão em assuntos

de justiça. Uma vez distribuídos os feitos, instrumentos e cartas testemunháveis pelos Vedores da

Fazenda, "segundo lhes por sua verdadeira distribuição vier'' (cap. XXVI do Regimento de 1516},

64
cada um dos Vedores examina os respectivos processos e faz audiências com um escrivão pró-

prio que dará depois continuidade aos feitos, elaborará as sentenças e despachos e tratará de

outras diligências necessárias.

Distinguindo-se de outros escrivães, de juízes e desembargadores (do Paço e dos Agravos da

Casa da Suplicação, do Juiz dos feitos, dos Corregedores da Corte, dos Ouvidores do Rei e do

Ouvidor da Rainha), examinados previamente pelo Chanceler-mor (que notifica o rei caso encon-

tre neles defeitos para o ofício, ficando a nomeação a depender da mercê régia) e prestando na

Chancelaria o seu juramento de "escrever" "bem e fielmente" e guardar segredo (Ordenações

Manuelinas, Liv. I, T. XX), o Escrivão de cada Vedor da Fazenda é, pelo contrário, a este que

presta juramento ao ser provido do ofício (Regimento de 1516, cap. XXVI).

Pressupõe-se, contudo, que as exigências para exercer esta função sejam idênticas às daque-

les escrivães da Corte: "homens de bom siso, e entendimento" que antes de mais sejam ·~iéis e

entendidos" e que "saibam bem escrever e nota~· (0. M., Liv. I, T. XX). No que respeita ao seu

desempenho este aproximar-sa-ia mais do exigido ao Escrivão dos Feitos do Rei (único) a quem

se incumbe da guarda dos feitos, da redacção dos desembargas a serem assinados para diligên-

cias necessárias e inquirições, da redacção de sentenças, da sua cópia e do seu registo (O. M.,

Liv. I, T. XVIII) 1•

Ainda se mantém esta prática quando Cristóvão Álvares, uma vez apresentado ao rei por D.

Rodrigo Lobo, se torna a 18 de Novembro de 1527 Escrivão dos feitos da Fazenda adstrito ao

ofício deste Vedor da Fazenda, assim como Jerónimo Ferraz o será a partir de 12 de Setembro de

1532, substituindo Antão Rodrigues, junto do Conde do Vimioso. As suas cartas de ofício são as-

sinadas em nome do rei pelos respectivos Vedores da Fazenda que os apresentaram. Embora

Cristóvão Álvares preste o seu juramento na Chancelaria, é na Fazenda que toma posse tendo

sido para isso notificados os Vedores da Fazenda e Desembargadores, enquanto Ferraz em 1532

recebe a posse na Fazenda mas- note-se- pelo Juiz e Desembargadores desta2 .

O Regimento de 1516 torna-se bem claro ao definir a função de juiz que cada Vedor da Fazen-

da assume no desembargo dos feitos realizado na Mesa da Fazenda quatro dias por semana

65
(cap. XXVI): Tendo de reunir-se nessas ocasiões, deverão os Vedores da Fazenda acordar-se

para estabelecer o dia certo de desembargo dos feitos de que cada um é juiz; pelo menos dois

deverão obrigatoriamente estar presentes e, uma vez de acordo, colocarem por escrito os despa-

chos e sentenças nos feitos, assinando-os.

O papel fundamental do Vedor da Fazenda na Mesa ganha ainda maior dimensão nos capítulos

XXVII e XXVIII do Regimento ao esclarecer-se a sua indispensável assinatura para a validação

dos despachos e sentenças.

Afirmara-se no cap. XXVI que na impossibilidade dos Vedores - dadas as suas ocupações -

estarem presentes ao despacho dos feitos, o Rei poderia encarregar dessa tarefa alguns Desem-

bargadores que seguiriam a forma ordenada. Ora o cap. XXVII esclarece que estando apenas um

Vedor da Fazenda na Corte, este assinaria sozinho o despacho (cartas ou sentenças), para acres-

centar que tal se faria mesmo que ele tivesse estado ausente na sua realização ou - note-se -

fosse de voz contrária. Quer isto dizer que a cláusula a colocar nos documentos, declarando ter

passado por um só Vedor por o outro se encontrar ausente, validaria o despacho acordado por

outros dois Vedores atendendo ao estipulado no cap. XXVIII sobre a conformidade necessária dos

despachos com o parecer da maioria. Será, assim, que uma única assinatura de um Vedor da

Fazenda bastaria- e seria obrigatória- para validar o despacho concluído só por desembargado-

res? Creio que ela se tomava neste caso absolutamente indispensável, ainda em 1516, dado o

desenvolvimento do cap. XXVIII.

Aborda este capítulo os procedimentos a seguir caso não haja entre os Vedores da Fazenda

acordo, nem unânime nem maioritário. Face a dois Vedores de opiniões diferentes, solicita-se a

um terceiro Vedor presente na Corte que, ao concordar com um dos pareceres, possibilita as duas

assinaturas necessárias para o desembargo e a execução do mesmo. Tudo fica registado, inclusi-

vamente a posição que cada um assumiu quando em desacordo.

O procedimento complexifica-se quando o terceiro Vedor da Fazenda está ausente da Corte,

discorda de ambos ou é suspeito às partes. Nestas circunstâncias terá o Vedor juiz do processo

que chamá-las ou, na ausência de alguma delas, ao seu procurador (devidamente identificado

66
como tal), para "que se louvem em Juiz para despachar" o feito. Caso não se decidam, cabe ao

Vedar da Fazenda designar um juiz. Acordando-se este, como terceiro, com um dos pareceres

registados pelos Vedares, o desembargo colocado no processo levará as duas assinaturas, sendo

uma a do juiz.

Bem mais grave seria, contudo, a situação se todos os Vedares da Fazenda estivessem au-

sentes da Corte ou fossem suspeitos às partes, circunstância que o Regimento também contem-

pla. Impunha-se, neste caso, a intervenção do Rei, chamando a si todo o processo e ordenando

juízes para dele tomarem conhecimento e se pronunciarem. A sentença ou despacho, todavia,

será assinada pelo Vedar da Fazenda porque, conforme a vontade régia explicita nesta ordena-

ção, "queremos que o sinal do dito Vedar baste para as tais sentenças e despachos".

V. ESQUEMA 11

Uma vez que procuro apreender fases de uma evolução no desempenho de funções dos Veda-

res da Fazenda, convém desde já acentuar alguns dos aspectos analisados3 :

Em 1516, o Rei só intervém neste âmbito- não delegando funções- na ausência da totalidade

dos Vedares da Fazenda ou se todos se tornarem suspeitos às partes no processo em juízo -na

primeira das eventualidades, substituindo-os no despacho por Desembargadores; na segunda

hipótese assumindo ele próprio a condução do assunto e requerendo parecer de juízes sobre a

finalização do processo.

Por outro lado, um Vedar da Fazenda que se torne suspeito às partes, além de substituído cir-

cunstancialmente no processo, a que inquérito está sujeito? Sabendo-se que é perante o Chan-

celer-mar que ele jura guardar justiça no exercício das suas funções, que tipo de ascendente

mantém ou não esse alto oficial em eventuais desvios ou erros praticados pelos Vedares da Fa-

zenda?

O Chanceler-mar é, então, o homem "de grande confiança, e em que muita parte da Justiça

pende", como se lê nas Ordenações de 1521 no Título 11 Do Chanceler-mor, que na ausência do

Regedor da Casa da Suplicação assume o seu lugar (Ordenações, T. I,§ 52); que ordinariamente

67
DESPACHO DE MATÉRIAS JUDICIAIS NA MESA DA FAZENDA ESQUEMA li
REGIMENTO DE 1516

~-----------------------
[_ EXA~E DO PROCESSO
t -----------------------
1 AUDIENCIAS
[ MESA DA FAZENDA I REI
i PREPARAÇÃO DO DESPACHO
~------------------r-----
1
I
ESCRIVÃO PRÓPRIO 1
VEDOR DA FAZENDA 2' VEDO RDA FAZENDA
JUIZ DO FEITO

2ASS. VF ACORDO-------------+------------~
I
5
(j)
(X) lil
~ ----------------··
~
DESACORDO
!!lo
REGISTO REGISTO i1l
2ASS. VF ACORDO------------r-------------+-------------~ ~
(:J"VF + 112)

DESACORDO,.OUSÊNCIA
~
DESACORDO OU SUSPEIÇÃO SOBRE
36 \IEOOR DA FAZENDA
___ J
REGISTO REGISTO
JUIZ+VF JUIZ
DESEMBARGO ACORDO------------~--------------~----------------------~ LOUV.oDO POR PAATES
COM2ASS. DPDO POR \lEDOR DA FAZENDA
r--------M----------I
1
I CONHECIIIIENTO DOS FEITOS :
•---- -----r---------~
••

DESPACHO ESENTENÇA
L..-------------------iJol BASTAAASSINJrrURADEUIA\IEDORDAFAZENDA -------------------------------·•
verifica, antes de serem selados, o conteúdo de despachos emanados das principais instâncias,

colocando advertências ou expondo dúvidas ao monarca sobre a sua legitimidade, face às Orde-

nações e ao Direito, assim como aos direitos do rei, do povo e do clero (T. 11, § 3 e 4); a quem

pertence publicar Leis e Ordenações na sua audiência e na Chancelaria que acompanha o rei ou a

Casa da Suplicação e envia aos Corregedores das Comarcas os respectivos treslados sob o seu

sinal e com selo régio (§ 9); a quem cabe a dada de importantes ofícios de justiça na Corte, nas

Casas da Suplicação e do Cível e nas Comarcas (§ 11 e ss.) e ser juiz em alguns casos (§ 33 e

34); é quem, enfim, conhece das suspeições postas aos Desembargadores e Oficiais da Corte e

aos Vedores da Fazenda (§ 7).

Todavia, enquanto para os primeiros pode mandar fazer comissões a não suspeitos (excepto no

que está sob a alçada do Regedor), no caso dos Vedores da Fazenda não cometerá a outrem os

feitos, antes terá de consultar as partes e seus procuradores, respeitando o Regimento da Fazen-

da de 1516.

Ressalta de tudo isto, uma vez mais, o lugar singular que a figura do Vedor da Fazenda assume

neste âmbito específico da governação régia.

Cabe ainda a este propósito um comentário à presença de Desembargadores na Mesa da Fa-

zenda e uma resposta à pergunta que formulei páginas atrás acerca da necessária validação pe-

los Vedores da Fazenda de despachos concluídos apenas por Desembargadores. Refere o Regi-

mento (cap, XXVI) a necessidade destes- encarregados pelo Rei e devendo seguir normas esta-

belecidas por aquela ordenação quando as ocupações dos Vedores da Fazenda impedem a sua

presença no despacho dos feitos. O Regimento nada mais especifica, facto que terá certamente

concorrido na época para a formulação de dúvidas e, quiçá, para atitudes equívocas e sujeitas a

rectificações. Circunstâncias provavelmente como estas terão fundamentado o alvará de D. Ma-

nuel de 19 de Agosto de 1517, impedindo que os Desembargadores da Fazenda (assim identifica-

dos no documento) despachassem ofícios, perante si ordenados, tocantes ao rei sem estarem

presentes no despacho dois Vedores da Fazenda. Qualquer desembargo por eles passado na

ausência destes ficaria, pois, sem efeito4

69
Elii Jariéiro de 1520.tóriiâra-sé jâ pratica usual e mésriiõ õorigâtôriâ õs Védores da Fazenda âõ

terem· de- despachar feitos relativos à Fazenda do· rei chamare-m à Casa da Fazenda os "[}esamc

bargadores deles", efectuando em conjunto o despacho em dia certo (6.• feira) e estando presen-

tes pelo menos dois dos então três Vedares. Testemunha-o o último ponto da distribuição de ser-

viço que O. Manuel pretende levar a efeito e para isso estipula por alvará no primeiro dia desse

ano"-

Tais disposições indicam, por outro lado, terem-se dado desde 1516, alterações acentuadas no

processo de despacho na Mesa da Fazenda. O serviço do rei exige não só colaboração activa

entre os Vedares da Fazenda, já atrás realçada, como a cooperação de homens de direito conhe-

cedores destas matérias. A sua deslocação propositada à Fazenda revela que fariam o seu traba-

lho ordinário noutro local, com toda a probabilidade na Casa da Suplicação. Em 1534, todavia, no

novo regimento dado por D. João III ao Chanceler-mar já são claramente enunciados Desembar-

gadores da Fazenda. Em caso de suspeição sobre estes deveria aquele alto oficial da Justiça

cometer os feitos respectivos a pessoas de quem as partes (ou os seus procuradores) não tives-

sem igual suspeição6.

Desde Agosto de 1521 que os Vedares da Fazenda passaram a conhecer dos feitos-crime im-

petrados contra Rendeiros e Oficiais vinculados à arrecadação das rendas reais, neles se incluin-

do ofensas e injúrias aos seus ofícios. Vedares e/ou Desembargadores funcionariam como última

instância em processos chegados por apelação ou por acção nova à Corte ou dentro do habitual

perímetro de cinco léguas ao seu redor. O texto restritivo das Ordenações era remetido, desta
7
forma, para o âmbito de crimes que não interferissem na arrecadação de Rendas .

Dez anos depois, a 1 de Julho de 1531 já se dirigia D. João III não apenas aos Vedares da Fa-

zenda e Desembargadores mas também aos Juízes dela para ordenar nova ordem no despacho

dos feitos relativos a ofícios da Fazenda. Contrariamente ao Regimento de 1516- e pretendendo-

-se um mais breve despacho e menos despesa para as partes - passam a despachar-se na Fa-
8
zenda tais feitos tanto no cível como no crime .

70
De há muito que se verificara profunda transformação no processo do Juízo na Fazenda, mes-

mo a nível de sisas, sua arrecadação e erros de oficiais, quando em 1549 o Recebedor das sisas

dos panos de Vila Viçosa acusado de se ausentar do ofício por dívidas e má conta pode vir a ser

citado e ouvido judicialmente pelo Contador da Comarca de Évora e Estremoz e setenciado a per-

da de ofício, embora com apelação e agravo para a alçada superior da Fazenda. Na verdade se a

demanda se viesse a ccncretizar na Corte caberia ao Juízo da Fazenda a condução do processo.

Nele se incluíam um Juiz e Desembargadores", sem referência à intervenção do Vedar da Fazen-

da.

As profundas alterações decorreram, segundo os documentos parecem indicar, nos inícios dos

anos 30, embora se sintam já fortes indícios de mudança desde 1525 quando se reúnem num só

escrivão (Cristóvão Álvares de Matos) todos os feitos referentes à fazenda do rei, tornando-se

esse mesmo escrivão adstrito a um juiz dos feitos. Ser-lhe-à comprado o oficio anos depois, conti-

nuando o novo escrivão dos feitos da fazenda, Belchior Nunes Peçanha, ligado ao juiz, em 1548 o

Dr. Rui Gago, que lhe dá posse. Teria os mesmos privilégios dos escrivães dos feitos da Casa da

Suplicação e partilharia de funções semelhantes ao escrivão dos feitos, entretanto criado na Fa-

zenda, adstrito ao "negócio da Índia" e ao seu juiz dos feitos Licenciado Bernardim Esteves 10.

Desdobram-se competências e funções entre a Casa da Suplicação e a Fazenda real. Em 1549

o Escrivão dos feitos da Casa da Suplicação, assoberbado como está com o trabalho na Relação,

consegue do monarca a possibilidade de um seu filho o substituir em funções similares na Fazen-

da, perante os Vedares e Desembargadores desta 11 •

71
NOTAS
1
O Escrivão dos Feitos do Rei funcionava ainda como controlador da diligência ou negligência do
Juiz e do Procurador dos Feitos do Rei para desembargas e requerimentos, uma vez que, medi-
ante uma lista dos processos com a data do começo (se vindos por apelação) e o dia de chegada
à Corte, podia denunciar qualquer negligência ao Rei ou ao Regedor. A isso se referem as Orde-
nações em 1521, Liv. I, TIT. XVIII.

2
ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 30-187v e Liv.19-34v.

3
Elaborei o Esquema 11 sobre o "Despacho de matérias judiciais na Mesa da Fazenda" a partir da
informação contida no Regimento de 1516. Na época, e marcando parte do reinado de D. João III,
foi esse o esquema adoptado, recorrendo-se, até se tornar prática habitual, a Desembargadores,
mas não a Juízes (de fora da Fazenda), senão em situações muito específicas e por ordem régia.
Convém salientar que os esquemas normalmente divulgados sobre a Mesa da Fazenda, embo-
ra pretendam retratar a realidade de 1516 reportam-se, quase todos, a uma situação muito poste-
rior, como terei ocasião de explicar adiante. É o caso da Fig. 2 "Sistema de Vedorias (1516)" que
acompanha o estudo de José Manuel Subtil sobre "A Administração Central da Coroa" in História
de Portugal (direcção José Mattoso), v. III, p. 84.
Afasto-me, por isso, das interpretações, diferentes também entre si, deste Autor e de Ruy d'A-
breu Torres que escreve sobre os 'Vedores da Fazenda" no Dicionário de História de Portugal
(direcção de Joel Serrão), v. IV, 1973, pp. 261-262.

4
ANTT, Núcleo Antigo 16, Livro de Registo de Leis, Regimentos e outras Mercês ... , f. 58v.

5
ANTT, Livro de Registo de Leis, Regimentos e outras Mercês... , f. 121v --V. Apêndice docu-
mental.

6
Duarte Nunes de Leão, Leis Extravagantes ... , ed fac-simile da ed. 1569, Coimbra, F. C. Gul-
benkian, 1987, P. I, T. I, Lei I, §7.

7
ANTT, Duarte Nunes de Leão, Leis Extravagantes, Núcleo Antigo 19, f. 156v- V. Apêndice do-
cumental.

8
ANTT, Duarte Nunes de Leão, Leis Extravagantes, Núcleo Antigo 19, f. 157v.

9
ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 67 - 166v, 167- V. Apêndice documental.

72
10
ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 70, ff. 143, 143v- V. Apêndice documental.

11
ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 67, f. 166- V. Apêndice documental.

73
O novo regimento da Fazenda de 1560: uma outra realidade. Preocupações subjacentes

Determinavam-se em 1516, no trabalho dos Vedores da Fazenda, dois dias da semana (3" e

e• f.) para o desembargo na Fazenda de assuntos referentes exclusivamente ao serviço do rei, o


que significa que os restantes quatro dias úteis se destinavam a audiências, onde se escutavam

as partes, e ao despacho, incluindo o dos feitos que a elas se reportavam.

A realidade dos finais da década de 50, perceptível pelos Apontamentos que se conhecem dos

inícios da década seguinte, elaborados a partir do novo regimento de 1560 (Março), é assaz dife-

rente. O tempo reservado exclusivamente à fazenda do rei é agora muito mais amplo, de três dias

(2•, 4• e e• f.) tendo-se tornado equivalente ao tempo que se determina para análise e despacho
das petições das partes e para a conclusão dos feitos destas (Cap. 3 do Novo Regimento, Ponto 1

dos Apontamentos)1.

A presença na Fazenda de Juízes trabalhando coordenados com os Vedares da Fazenda e

Desembargadores, agora definida por Regimento, marca um distanciamento abissal do Regimento

manuelino adoptado por D. João III e efectivamente cumprido, embora com algumas alterações,

durante parte do seu reinado.

Os Apontamentos constituem apreciações críticas a alguns dos capítulos do novo Regimento,

concluído em 1560, mas não impresso de imediato. Reportam-se concretamente a algumas novi-

dades por ele introduzidas ao sistema que antes vigorava na Fazenda, circunstância esta que

permite projectar mais alguma luz sobre uma realidade em plena transformação desde 1516 até

1560, sofrendo modificações de tal envergadura que justificaram o estabelecimento de novas

normas.

74
Esta reforma e os projectos de alteração ao novo Regimento reflectem, assim, ajustamentos e

adaptações nas instâncias centrais da Fazenda, verificados ao longo de décadas e considerados

necessários - do ponto de vista interno ou/e respondendo a pressões externas. Importante se

torna, pois, procurar captá-las e compreendê-las no contexto maior do aparelho central da gover-

nação régia, pressupondo a conexão de instituições e de órgãos e as múltiplas tensões da se-

cidade.

Coincidem os dias para tarefas de diferente tipo referentes às partes, seja a análise e desem-

bargo de petições, seja o despacho de feitos. Cada uma das funções, porém, tem as suas exigên-

cias fundamentais quanto a intervenientes e a particularidades na abordagem. Daí a pertinência

do comentário crítico expresso nos Apontamentos exigindo maior clarificação das regras para

maior eficácia, "mais serviço de Deus e de Vossa Alteza e melhor despacho".

Particularmente sensibilizado com as matérias da justiça, preocupa-se o autor destas observa-

ções, por um lado com a insuficiência de tempo disponível para o estudo dos feitos e, por outro,

com a condição indispensável da presença de um Vedor da Fazenda no despacho final destes ou

dos três Vedores da Fazenda no despacho final das petições de agravo dos Contos que se tornam

na realidade processos do âmbito do direito.

São agora apenas três os dias reservados ao tratamento de petições e despachos de feitos das

partes (3.", s.• e sábados). Ao despacho dos feitos requer-se a presença de um dos três Vedores
da Fazenda, dos Juízes (três) e dos desembargadores (três), enquanto a petição das partes obri-

ga igualmente à presença de um daqueles juízes. Esta coincidência exige naturalmente um maior

rigor na exposição do Regimento (cap. 18) para tornar a prática mais clara. Segundo o autor dos

Apontamentos, o juiz que assiste às petições das partes não deve nesse dia colaborar na Mesa

dos feitos, deixando para outro dia (o que lhe for distribuído para os feitos), o despacho das peti-

ções de justiça e direito que lhe forem remetidas.

O despacho desta passaria a ser feito, assim, no seu dia dos feitos e com um Vedor da Fazen-

da, os restantes Juízes (dois ou apenas um) e os Desembargadores. Tratando-se de "ponto de

75
direito e de justiça" e, por isso, remetido a um juiz, haveria, desta forma, segundo o mesmo obser-

vador, um melhor despacho junto do trabalho já não individual mas de quatro ou cinco "letrados".

Num raciocínio semelhante comenta-se nos Apontamentos o capítulo 25 do novo Regimento,

pugnando-se pela maior assistência de gente especializada nas matérias de direito e por um me-

lhor e mais rápido despacho. Em causa está agora o despacho final de petições de agravo dos

Contos (Ponto 2 dos Apontamentos) que segundo as novas normas (cap. 25) deveria ser feito por

um juiz, dos Contos, e por todos os Vedares da Fazenda. Dado que estas petições iniciam fre-

quentemente morosos processos judiciais, não entenderiam melhor no seu despacho "cinco letra-

dos com um Vedar que três Vedares com um letrado"?

Mediante uma petição de agravo, o Vedar da Fazenda manda dar vista dos autos ao Procurador

do Rei e depois ao Juiz, procedendo-se a partir daí por desembargas a muitas diligências, haven-

do argumentação pela parte e pelo Procurador do rei, inquirindo-se testemunhos, até que Vedares

e Juiz dos Contos procedam ao despacho final. Propõe-se escusar os Vedares da Fazenda de

uma função que lhes ocupa demasiado tempo (quiçá de uma manhã inteira para cada despacho),

podendo mais eficientemente ser efectuado somente pelo Vedar da Fazenda que tem no ano em

curso o pelouro das matérias dos Contos, assistido no despacho por todos os juízes e desembar-

gadores (como nos outros feitos da Fazenda).

Na mesma linha se pronuncia o autor dos Apontamentos, no seu Ponto 3, a propósito do des-

pacho dos feitos do Rei. O capítulo 36 do novo Regimento, baseado, aliás, pelo menos em parte,

numa provisão geral de D. João III que autorizava os Desembargadores a despacharem feitos do

rei mesmo na ausência dos Vedares da Fazenda2 , fixava que embora estes processos fossem

por norma despachados na presença de um Vedar da Fazenda pelos três Juízes e Desembarga-

dores, o despacho se pudesse realizar sem um dos juízes ou mesmo na ausência do Vedar da

Fazenda (por seu impedimento). Esta última ressalva fora, todavia, inviabilizada pelo capítulo 43

ao estabelecer-se que nenhum feito final deveria ser despachado sem a presença de um Vedar.

O cumprimento das novas regras estaria já a provocar, na época deste testemunho escrito, se-

gundo ele, nefastas consequências no quotidiano da Fazenda no que toca ao contencioso, e a

76
causar, por isso mesmo, certo mal-estar e, provavelmente, a "murmuração" tão cara aos portu-

gueses da Corte quinhentista, conforme o testemunho de D. António de Ataíde ccnfirmado pelo de

muitos outros observadores atentos do comportamento social. O que afirma a seguir indica que se

exigia a presença não apenas de um dos Vedares da Fazenda mas a do Vedar que no ano em

curso tivesse o respectivo pelouro, facto que aumentava sem dúvida a probabilidade dos despa-

chos se adiarem por um seu atraso ou falta.

Uma vez mais se reflecte no discurso em estudo um saber e uma perspicácia por parte do autor

dos Apontamentos- que, aliás, o identifica quase inquestionavelmente como jurista3 --, ao sen-

sibilizar o governante para as vantagens práticas de recuperar nestas circunstâncias as disposi-

ções primitivas. Além de possibilitar o regular despacho dos processos, esta medida alcançaria

outro objectivo salientado pelo mesmo autor: o de reabilitar os Juízes e os desembargadores da

Fazenda, devolvendo-lhes o merecido crédito de confiança (que D. João III dera aos desembarga-

dores na Fazenda) no exercício da justiça nos feitos do Rei e- atenção -sem a presença de um

Vedar da Fazenda.

O trabalho dos três juízes é, de facto, intenso na Fazenda, explicitando-se em diversos capítu-

los do novo Regimento (caps. 23 e 36) a distribuição do serviço por dias obrigatórios: mais uma

tarde para despacho dos feitos do Reino, duas tardes de ida aos Contos pelo juiz deste pelouro, a

tarde de 2. • feira destinada ao despacho das interlocutórias pelos juízes e as duas restantes tar-

des, de 4• feira e sábado, preenchidas pelas audiências. Conclui o autor dos Apontamentos

(Ponto 4) que se suprimiu neste novo Regimento o tempo a devotar ao estudo dos feitos, funda-

mental ao labor do juiz.

Propõe algumas soluções alternativas (Pontos 4 e 5), qualquer delas, porém, libertando as tar-

des para o exame dos feitos, as audiências, e para "ccisas extraordinárias de serviço de Vossa

Alteza que cada hora sucedem". As manhãs, na sua totalidade, seriam destinadas fundamental-

mente para o despacho dos feitos do Rei, cabendo a cada juiz despachar em duas manhãs os

feitos a ele distribuídos, juntamente cem os outros juízes e com os desembargadores.

77
Caso fosse necessário para serviço do rei a assistência de um juiz na Mesa dos Vedores da

Fazenda, este seria chamado, continuando os restantes letrados no despacho. A segunda hipóte-

se apontada sugeria que todos os feitos do Rei, tanto os do Reino, da Índia, como os dos Contos e

África, fossem distribuídos logo aos três juízes, conforme procedimento semelhante ao dos agra-

vos na Casa da Suplicação.

Os Juízes recuperavam desta forma tempo para de tarde examinarem os feitos e os Desembar-

gadores entre partes (Ponto 6) ficariam com três tardes para os feitos destas e outras três para os

examinarem. Na realidade, porém, --segundo deduzo- com a concretização destes projectos de

reforma, os Juízes conseguiriam não apenas tempo mas jurisdição quase autónoma dos Vedores

da Fazenda sobre todo o contencioso relativo à Fazenda do rei, tal como os Desembargadores

sobre os feitos das partes.

No Novo Regimento da Fazenda, de Março de 1560, pretende-se ainda no seu capítulo 9 aferir

os pelouros ou partes dos Vedores da Fazenda com os dos Juízes dos diferentes "negócios": que

o Vedor da Fazenda da Índia provesse nas matérias de África, desligando-se estas da mesa da

fazenda dos Contos, uma vez que para os contratos e arrendamentos de África se chama o Juiz

da Fazenda da Índia (cap. 17) e que nas petições de partes respeitantes a África se chama igual-

mente o Juiz da Índia (cap. 18).

Comenta o Autor dos Apontamentos (pontos 7 e 8), ciente do trabalho desenvolvido pelos dife-

rentes Juízes não se coadunar o novo Regimento com o âmbito de atribuições contemplado nas

cartas de nomeação de juízes como o Licenciado Mateus Esteves (África e Contos, 20 de Junho

de 1560) ou o Dr. Jerónimo Valadares (Índia, Mina e Guiné, 28 de Junho de 1560)4

Nem o primeiro - cuja posse do ofício recebeu do Conde do Vimioso na qualidade de Vedor da

Fazenda - possuía qualquer referência às novas disposições na sua carta de nomeação, nem o

segundo que substituira o Ldo. Bemardim Esteves (Juiz dos feitos da Fazenda do negócio da Índia

e Mina desde 1542 5 ).

As sugestões de alteração ao novo Regimento de 1560 sugerem ainda que os Juízes dos Fei-

tos da Fazenda mantenham cada qual o seu pelouro sem alterações mas que passem a um sis-

78
tema rotativo anual como tinha voltado a ser com os Vedares da Fazenda, podendo, desta forma,·

facilmente entender em todas as matérias.

A ser assim deixaria de haver juízes diferenciados de forma tão estanque. Por certo a discussão

seria facilitada e as decisões mais facilmente tomadas numa Mesa em Relação.

Pretenderia o Autor dos Apontamentos, por certo, garantir aos letrados da Fazenda um trabalho

de maior notoriedade face às novas orientações que via veiculadas no recente Regimento de

1560. Nota-se tal preocupação em recuperar o "crédito" que detinham ao tempo de D. João III na

tentativa de subjugar ao especialista do direito feitos e petições que as novas normas atribuíam ao

conhecimento do Vedar da Fazenda, embora, nalguns casos com a acessoria de juristas.

Com o mesmo espírito, procura frisar (ponto 11) f a posição subalterna de grandes oficiais como

o Contador-mar ou o Provedor da Alfândega perante os desembargas e mandados dos Juízes e

Desembargadores da Fazenda servindo na qualidade de Vedares, pois que- como expressa-

-- aqueles "são inferiores" 6 .

79
NOTAS

1
ANTT, "Apontamentos sobre o regimento nouo da fazenda", Cartas Missivas, Maço 1, n• 86 - V.
Apêndice documental. Virgínia Rau sintetizou estes Apontamentos, esclarecendo alguns pontos
que os relacionavam possivelmente com as transformações verificadas pela mesma época (1560)
na unificação da contabilidade na Casa dos Contos do Reino e Casa, na sua investigação sobre A
Casa dos Contos, Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra I Instituto de Estu-
dos Históricos Dr. António de Vasconcelos, 1951.

2
Provisão citada nos Apontamentos. Revela explicitamente uma orientação contrária à de D. Ma-
nuel no documento de 1517 que citei em capítulo anterior. Prova, além do mais, as reorientações
sucessivas, ou mudanças drásticas, no Juízo da Fazenda ao longo da governação de D. João III,
atrás mencionadas.

3
A reforçar a ideia de se tratar de um jurista o autor dos Apontamentos sobre alterações projecta-
das ao texto no novo Regimento de 1560, saliente-se também o conhecimento que denota de
certos procedimentos internos na Casa da Suplicação que pretende que se implantem de forma
semelhante na Fazenda- referências ao trabalho em Relação dos Desembargadores dos Agravos
e ao processo de distribuição dos feitos de agravo naquele Tribunal (Pontos 3 e 5).

4
ANTT, Chancelaria de O. Sebastião e O. Henrique, Liv. 7- 48v, 49 e 5- 69v, 70.

5
ANTT, Chancelaria de O. João III, Liv. 38 - 116v. Continuava em 1560 a sua carreira ascencio-
nal, nomeado em Maio desse ano Chanceler da Casa do Cível, conforme Chancelaria de O. Se-
bastião, Liv. 7- 48v.

6
Queixava-se, ao que tudo indica, de uma atitude que supunha decorrente das recentes transfor-
mações administrativas: "depois que se juntaram as [ .... ] nom se cumprem os ditos mandados ... ".
O termo ilegível devido à falta de um pedaço do manuscrito, talvez não se refira à fusão dos Con-
tos de Lisboa (extintos) com os Contos do Reino e Casa (fixos em Lisboa e com o seu Contador-
-mor), mas sim a fusão das fazendas, hipótese que levanto dada a mudança verificada na rotação
de pelouros entre os Vedores da Fazenda. Indício disso parece-me a expressão utilizada por Al-
cáçova Carneiro nas suas Relações p. 400 quando afirma: "Que no que é feito nesta parte, na
Fazenda, assim em ajuntar os Vedores dela ... ".

80
Pleitos em terras senhoriais

Apesar de estabelecido o texto das Ordenações e do Regimento da Fazenda, por vezes em

extensos e pormenorizados capítulos, as leis que foram saindo posteriormente a 1521 na sua pro-

cura em atender, em diversas ocasiões, a casos específicos em que o monarca introduz a excep-

ção à regra geral ou por estabelecerem pontuais alterações na divisão de funções na Fazenda

real, conduzem na época a dúvidas e a controvérsias nos próprios órgãos centrais.

Recorde-se a propósito como ainda em 1518, o Chanceler-mar Dr. Rui Boto embargara uma

sentença dos Vedares da Fazenda, desencadeada por um instrumento de agravo de um morador

a quem se pretendia nomear recebedor das sisas da vila, ao passar pela Chancelaria. Uma vez do

conhecimento da Fazenda tal atitude, logo desencadeará um alvará dirigido ao Chanceler-mar

ordenando-lhe o desembargo, pois a decisão pertencia legitimamente aos Vedares da Fazenda,

na sua qualidade de supremos juízes no que toca a arrecadação das sisas e a causas que envol-

vam os seus oficiais1.

Sabe-se que com o novo regimento dado por D. João III ao Chanceler-mar, em 1534, concreti-

za-se no texto da lei a transferência de certas funções por ele exercidas anteriormente para outras

instâncias, como o Chanceler da Casa da Suplicação, o Juiz da Chancelaria, os Desembargado-

res do Paço. Com o tempo caberá precisamente a este tribunal determinar, em caso de dúvida, a

que instância pertence conhecer certas matérias.

Mais complexo se tornaria delimitar por vezes as esferas de acção de diferentes oficiais e juízes

a nível local. Casos há em que é necessário averiguar previamente a condição e as relações das

81
partes (pessoas e bens), com os diferentes poderes e grau de jurisdição. Só então é possível jul-

gar a legitimidade dos actos pelas instâncias competentes2•

Os donatários que juntamente com as terras, incluindo lugares, recebem por mercê o direito a

arrecadar foros, tributos e rendas reais respondem de quando em quando a processos movidos

pela própria Coroa ou vêem esta participar em sua defesa contra outros queixosos. Na verdade,

apesar de doados, os bens continuam a ser da Coroa, conforme o princípio fundamental da inalie-

nabilidade do domínio desta, consagrado na Lei Mental e Ordenações do Reino. Depende, em

muito, da natureza da contestação relacionada com esses direitos e rendas (posse ou arrecada-

ção), como já foi salientado, o envolvimento de diferentes instâncias judiciais.

A variedade de situações é extremamente complexa, sobretudo, quando as demandas são entre

lavradores num domínio senhorial e envolvem o próprio senhor ou um seu oficial porque respei-

tantes ao levantamento de rendas. Da sentença pode-se, por apelação e agravo, recorrer âs últi-

mas instâncias. São estas, porém, a Fazenda ou a Casa da Suplicação ou ainda a do Cível?

Quando o Duque de Bragança se via envolvido como autor ou réu nalguma demanda respei-

tante â sua fazenda, mais propriamente à patrimonial, ou a dívidas de rendeiros ou caseiros, pro-

cedia da mesma forma que com as demandas dos seus almoxarifes respeitantes a questões en-

volvendo direitos reais: as apelações iam à Casa da Suplicação, ao Juiz dos Feitos ou a Desem-

bargador designado para examinar a questão.

O Duque possuía, aliás, Procurador e Solicitador contínuos na Casa da Suplicação.

De certo que qualquer modificação nestes procedimentos (como passarem os processos para

Lisboa, para o Cível), causar-lhe-ia perplexidade e transtorno. A isso se refere em 1526 ao escre-

ver para a Corte, ao Secretário António Carneiro, a fim de obter por seu intermédio um alvará régio

que lhe garantisse a continuação no mesmo sistema, apesar das alterações entretanto verifica-

das3.

Dos Vedores da Fazenda, todavia, continua a depender sempre o controlo supremo dos bens e

direitos da Coroa (que deve ser efectuado a nível local e de comarca por oficiais da Fazenda sub-

82
alternos), de forma a impedir sonegações e, caso estas se verifiquem de imediato se proceder à

sua devolução à Coroa, se necessário for através de sentença judicial, seguida de execução.

Diferentes problemas suscita por vezes, a sucessão do património senhorial. O filho segundo,

de D. Diogo Lobo, Barão do Alvito, nomeado pelo Rei Vedar da Fazenda no lugar deixado pelo

pai, envolve-se desde 1525 num litígio judicial demorado, pela posse da Casa, disputando-a com

um sobrinho, filho do primogénito de D. Diogo, falecido ainda em vida do pai. O processo sobe às

instâncias superiores da Casa da Suplicação para ser estudado por juízes, que o rei nomeia de

novo em 1536, e só em 1541, uma vez ganha a causa, obterá D. Rodrigo Lobo a confirmação
4
régia do título de Barão do Alvito O título fora criado a 27 de Abril de 1475 e confirmado por D.

João li a 10 de Abril de 1482, a favor do Dr. João Fernandes da Silveira e de sua segunda mulher

D. Maria de Sousa Lobo (filha e herdeira do 3° Senhor do Alvito Diogo Lopes Lobo), de juro e her-

dade e para todo o sempre, sem carecer de licença régia na transmissão aos sucessores.

Grande do Reino, confronta-se, por outro lado, o Conde de Penela com a mulher do 1o Marquês

de Ferreira, D. Leonor de Almeida filha e herdeira do Vice-Rei D. Francisco de Almeida de quem o

Conde de Penela era sobrinho, e foi testamenteiro, e como tal pretendia cumprir as disposições.

Acabará a questão num acordo com assentimento régio por parte ainda de D. Manuel.

Com consequências menos felizes, todavia, será o pleito com o Conde do Vimioso, de outra

natureza, fundamentado na precedência, e que redundará para o Conde de Penela, não só na

perda da causa, como num certo desamor por parte de D. João III.

Será D. Afonso de Portugal quem virá a assumir em 1543, como Vedar da Fazenda, a parte do

Conde de Penela após a morte deste, além de assegurar a serventia da parte do pai, o Conde do

Vimioso. Enquanto isto, o filho do 2° Conde de Penela, D. Afonso de Vasconcelos e Meneses pos-

sui a função de Capitão-mar dos ginetes e terá como seu sucessor um filho ilegítimo. Por esse

facto, e não sem litígio, a Justiça virá a considerar vagos para a Coroa os bens de Penela por sua

morte (1573).

Dados de excepcional interesse advêm, contudo, de uma análise de demandas surgidas em

terras senhoriais e particularmente aquelas que vêm a despertar dúvidas na identificação de dife-

83
rentes instâncias judiciais, na relação destas e no estabelecimento de um circuito inequívoco de

trânsito de apelações e agravos, desde a sentença do juiz local até à sentença final das instâncias

superiores. De maior importância se tornam no presente estudo quando tais questões se colocam

em terras de um Vedar da Fazenda e precisamente em matérias que envolvem direitos reais.

Seleccione-se como objecto de análise os senhorios do Conde da Castanheira, em especial as

vilas da Castanheira, Povos e Chileiros, património este que incluía terras, jurisdições, reguengos,
5
rendas, direitos e tributos . Terras da Coroa na posse do Conde de Atalaia, confirma D. Manuel

em 1497 e D. João III em 1522 as disposições de D. Afonso V de 1480 e 1481 de transmiti-las aos

descendentes do Conde, conservando-se em D. Leonor de Noronha sua filha mais velha, no mari-

do D. Álvaro de Ataide e nos seus descendentes, de juro e herdade. Graça pura do monarca (por

moto próprio ... ). atendendo aos serviços do Conde de Atalaia e seus ascendentes a aos do genro,

estabelecia-se, sem embargo da Lei Mental e de direitos civis e canónicos, que D. Álvaro/D. Leo-

nor herdasse por morte do cônjuge, lhe sucedesse o filho D. Pedro de Ataide ou, falecido este, o

neto (D. Fernando) ou ainda, na falta deste, qualquer filho legitimo varão que asseguraria a suces-

são por linha direita masculina. Nem D. Pedro (documento de 9 de Março de 1481) nem D. Fer-

nando (documento de 19 de Junho de 1522) poderiam vender, permutar, escambar, penhorar ou

trespassar este património (que incluía, também, padreados e igrejas) a outrem.

Para respeitar tais disposições e empossar os herdeiros legítimos, eram informados todos os

oficiais da Fazenda e da Justiça (Vedares da Fazenda, Corregedores da comarca, Juizes, Justi-

ças, oficiais, homens bons e povo da terra, Contadores e Almoxarifes).

Preocupa-se D. António de Ataide, então ainda somente fidalgo da Casa Real, em confirmar de

D. João III esta doação logo nos inícios do reinado, obtendo a carta de confirmação a 19 de Junho

de 1522. Era filho legitimo de D. Álvaro de Ataide e de sua segunda mulher D. Violante de Távora

e seu sobrinho D. Fernando sem descendência. Depois do falecimento deste, obtém D. António, a

2 de Janeiro de 1526, então já Conselheiro do monarca, nova carta de doação e de sucessão


6
(mercê de juro e herdade) , autorizando-o o rei a partir de 27 de Julho de 1527 a denominar-se,

84
assim como os seus descendentes, Senhores das vilas da Castanheira, Povos e Chileiros, pas-
7
sando a chamar-se por eles os juízes e tabeliães desses lugares .

Entre os numerosos documentos transcritos do Cartório do Conde, encontram-se vestígios de

questões locais nas sentenças ainda de meados ou dos finais do séc. XV sobre o pagamento do

quinto do pão e do oitavo do vinho e do linho, da obrigação do povo pagar o jantar, ou do prior da
8
Igreja de Povos pagar das terras e vinhas da Igreja o mesmo que os moradores Já do tempo de
9
D. Álvaro de Ataíde, uma outra sentença, de 1502, assinada pelo Licenciado Pero de Gouveia ,

determinava que os moradores de Castanheira e de Povos lhe pagassem o oitavo do azeite de

oliveiras postas nas vilas e seus termos.

De maior vulto, todavia, terá sido a demanda levantada pelos Concelhos de Povos e Castanhei-

ra sobre direitos que antigamente se levavam, além dos de então, e sobre pontos de jurisdição,

motivando uma sentença em 1503 e esclarecendo-se temporariamente o que D. Álvaro de Ataíde

poderia ou não exigir (apelações possíveis depois do conhecimento do ouvidor). Pouco mais de

um ano decorrido, em Junho de 1504, o monarca irá, todavia, estabelecer novo procedimento,

partindo da sua própria vontade sem embargo da sentença, obtendo D. Álvaro doação e mercê

depois confirmado pelo rei nos seus sucessores, entre os quais D. António de Alaíde.

Obtinha desta forma, o Conde da Castanheira, por confirmação, que o seu ouvidor conhecesse

dos agravos e apelações e que aos seus almoxarifes coubesse o conhecimento dos direitos re-

ais10.

Impunha-se este tipo de carta porque direitos reais e jurisdição não se doavam por doações

genéricas - "com todos os direitos que aí tenha ou possa te~·. Só a doação "de toda a jurisdição

com mero e misto império" implicava a doação de jurisdição. Da mesma forma concessões de

tributos (que não costumavam ser doados) ou padroados, bem como a correição (através do ouvi-

dor senhorial), o conhecimento das apelações, a confirmação das justiças ou a apresentação ou

dada dos ofícios (esta era direito de carácter real), para serem válidas teriam por isso de ser espe-

cificadas nas cartas de doação. Trata-se, pois, de poderes que normalmente ou eram da compe-

tência régia ou concelhia.

85
De salientar ainda, no que diz respeito à justiça, o alcance da jurisdição senhorial. Reserva-

va-se-lhe uma jurisdição de segunda instância pertencendo a primeira às justiças concelhias,

justiças estas da eleição dos concelhos e confirmadas pelo Corregedor ou pelo Desembargo do

Paço. Note-se, porém que por privilégio ou doação, poderia pertencer a apresentação ou confir-

mação desses mesmos juízes locais aos senhores ...

Relativamente aos recursos de sentenças de juízes das terras, as justiças senhoriais só podiam

conhecer os agravos (que pelo esquema normal subiam directamente ao corregedor ou ao de-

sembargador competente das instâncias centrais) se com expressa doação, circunstâncias, con-

tudo, frequente no tocante a grandes casas senhoriais.

Quanto às próprias decisões das justiças senhoriais o recurso seguia para o tribunal da Corte,

mas, de facto, se na doação houvesse expressa menção à doação das apelações e dos agravos,

cabia o conhecimento destes ao senhor, enquanto os feitos cíveis terminavam no ouvidor, sem

mais recurso.

Concluindo, tinha o rei determinados direitos reais que lhe eram reservados porque sinais do

supremo poder, da sua soberania: a feitura de leis gerais, reunião de Cortes, a criação de magis-

traturas, a justiça suprema Oustiça em última instância ou revisão de sentença). Mas, sobretudo,

tinha ainda o direito a usar o poder extraordinário e o direito à concessão de medidas de graça.

Desta liberalidade própria do soberano usufruíram em muito, a título particular os seus Vedares

da Fazenda, da mesma forma que nela intervieram muitas vezes no exercício do seu ofício.

86
NOTAS

1
Alvará de 13 de Agosto de 1518- ANTT, Núcleo Antigo 16, Livro de Registo de Leys, Regimen-
tos e outras Mercês ... , ff. 75-75v.

2
São múltiplos e diferenciados os casos que receberão sentença a favor da Corte, uma vez julga-
dos pelo Juiz dos Feitos da Corte e Casa da Suplicação, tendo antes passado por outras instân-
cias inferiores de cuja decisão houve agravo (caso de Almoxarifes das jugadas, entre muitos ou-
tros, conforme a natureza da demanda inicial). Pede-se por vezes o parecer dos Vedares da Fa-
zenda em determinadas matérias antes da sentença final emitida pelo Juiz dos Feitos da Corte e
Casa da Suplicação. V. ANTT, Núcleo Antigo 246, e Sentenças a favor da Coroa, com documen-
tos do séc. XV e do XVI (1533-1576).

3
ANTT, Corpo Cronológico, I - 34 - 61 -V. Apêndice documental.

4
Arquivo da Casa do Alvito (Lobos da Silveira), Livro I da Reforma... .
Caso citado por António João Feio Valéria na sua disertação de mestrado intitulada Alvito- o Es-
paço e os Homens (1251-1640). Subsídios para a História de uma Vila Alentejana, Lisboa, 1993,
v. I, p. 118.
De interesse os documentos de 1549 e 1552 publicados neste mesmo estudo a respeito de
setença a favor de D. Rodrigo Lobo Barão do Alvito, contra os moradores e povos das vilas de
Alvito, Vila Nova e Oriola, sobre o pagamento das jugadas. Op. cit., v. 11, pp. 259-265.

5
Lisboa, ANTT, Manuscritos da Livraria 2597 "Bens da Casa da Castanheira", ff. 1-7. A carta de
confirmação de D. João III dada em Lisboa a 19 de Junho de 1522 a O. António de Ataíde, inclui
cartas de D. Afonso V de 23 de Agosto de 1480 e de 9 de Março de 1481 e de D. Manuel de 27 de
Julho de 1497.

6
Manuscritos da Livraria 2597, ff. 7-8.

7
Manuscritos de Livraria 2597, ff. 13v -14v.

8
Sentenças de 15 de Fevereiro de 1454, 15 de Março de 1456, de 1499 e de 16 de Julho de
1502. Manuscritos da Livraria, ff. 92-92v.

9
Manuscritos da Livraria, f. 91v. Sentença de 22 de Junho de 1502.

87
°Cartas de D. Manuel de 27 de Junho de 1504 a D. Álvaro de Ataide e de 30 de Abril de 1509 a
1

D. Fernando, confirmadas e acrescentadas por D. João III a D. António de Ataide a 1 de Janeiro


de 1526 e a 3 de Fevereiro de 1543 com repercussão nos seus descendentes. ANTT, Chancelaria
de D. João III, Li v. 36 - 4v, 5 e Manuscritos da Livraria 2597, ff. 10-13 e 13-13v (7 de Setembro de
1543).

88
Uma conduta que não dê azo a alguma corrupção da Justiça régia

Tanto aos oficiais da Justiça como aos da Fazenda, à semelhança, aliás, dos restantes oficiais,

fossem da Casa Real ou do governo de cidades, vilas e lugares, impunham-se sérias restrições e

penas ao recebimento de dádivas ou de serviços (compra, venda ou empréstimo) que se pudes-

sem confundir com peitas (Ordenações de 1521, Liv. V, T. LVI). O acto era severamente punido

mesmo que o presente não acompanhasse qualquer requerimento ou não tivesse passado de

promessa. A lei, assim como pelo seu rigor desincentivava ao crime, encorajava por seu turno a

confissão e a denúncia, absolvendo as culpas ou tornando as penas bem mais brandas neste

caso. Feroz, contudo, se revelava contra quem injuriasse um oficial, sujeitando o difamador a um

castigo dobrado e a penas-crime (§ 6). Nesta matéria, aliás, não bastava à acusação apresentar

três testemunhas singulares mas "requer-se-à prova abastante, segundo disposição de Direito"

(§8).

A troca de favores é punida, de um modo geral, pela perda de todos os ofícios régios que o

receptor da peita possuir e o pagamento de vinte por um do que tiver recebido (para acusador e

Câmara real), enquanto o que presenteia outrem, para lá de perder igualmente os ofícios régios,

perde toda a sua fazenda (para acusador e Câmara real) e sofre degredo de pelo menos cinco

anos para as áreas ultramarinas. Se foi um oficial que peitou um seu superior, tendo-lhe "feitoriza-

do" alguma coisa, comprado, vendido ou emprestado, para lá das penas previstas, nunca mais

poderá deter o ofício pretendido.

A penalização agrava-se mais ainda se o suborno ocorrer em virtude do requerimento de um

desembargo ou despacho (mesmo que por intermédio de outrem) e durante o processo. O oficial

89
que aceita uma promessa de dádiva, mesmo que não receba do rei mantimento, perde o ofício e

paga o tresdobro do montante prometido (para a Coroa, § 3). O que recebe um presente além da

perda do ofício paga trinta por um do que recebeu (para o acusador e para a Câmara do rei, § 2).

Quem, por seu turno, dá ou promete o presente, seja em géneros como pão, vinho, azeite, carne,

fruta, em ouro ou prata, ou em dinheiro, além de todas as penas já mencionadas perde qualquer

direito que tiver no processo em que está envolvido (§ 4 ). A única forma de impedir a aplicação do

castigo é confessar o delito ao rei, antes deste receber por outra via qualquer denúncia (§ 5). Só

assim poderá conservar os seus direitos, anular uma sentença ou validar um despacho que lhe

seja favorável, entretanto emitido.

O oficial juiz do caso que aceita uma dádiva será naturalmente o que maior punição terá (§ 1).

Perde para a Coroa todos os seus bens, o ofício e, de acordo com o montante recebido, sofre um

degredo de cinco anos para cada um dos Lugares do Norte de África (se peita de um cruzado ou

inferior), um degredo perpétuo na Ilha de S. Tomé ( se peita superior a um cruzado) ou a conde-

nação à morte (morte natural), caso o suborno fosse de dois marcos de prata 1 ou mais valesse.

De forma a garantir um correcto despacho dos feitos não apenas se impedem os Desembarga-

dores de acolher em sua casa ou pousada algum hóspede que não seja seu familiar directo, cria-

do ou amo (§ 9), como se proíbe a qualquer julgador de pedir a outrem que quite, perdoe ou favo-

reça alguém (§ 12). Aliás o rogo oral ou escrito ao julgador do feito poderia trazer sobre este sus-

peição, prevendo-se nas Ordenações (Liv. V, T. LVII) os diversos casos e respectivas soluções.

Enquanto durasse o litígio ou o requerimento para um despacho, ficava qualquer dos oficiais

envolvido nesse processo impedido de negociar (comprar ou vender) com o requerente (§ 11 ), sob

pena de ser acusado e sujeito às condenações estipuladas para os casos de peitas.

O mesmo tipo de restrição que se aplicava a promessas, dádivas, negócios ou empréstimos,

impedia - salvo provisão régia, assinada pelo monarca no prazo de quatro meses, autorizando-o

(§ 1O) - a doação e a aceitação de tenças, rendas, prazos e Igrejas, provenientes de entidades

laicas ou eclesiásticas, favorecendo o próprio oficial ou um seu subordinado, filho ou dependente.

90
A graça régia actuava nestas circunstâncias, como em muitas outras, libertando de certas amarras

legais determinados indivíduos.

Outro aspecto a reter desde já, em virtude do valor em que se estimavam na época as relações

pessoais e de parentesco, reporta-se ao facto dos oficiais, incluindo os que actuavam como juízes,

poderem receber dádivas, assim como rogos para despacho de algum feito (desde que em lugar

público e não na casa do oficial em questão), se advindes de um familiar próximo ou aparentado

até ao 4° grau ou de um amigo chegado (Ordenações de 1521, Liv. V, T. LVI e LVII).

Semelhante à relação do julgador ou de qualquer outro oficial da fazenda para com o litigante

ou requerente, que as Ordenações primam por que seja limpa de suspeita de dádivas, negócios

ou promessas passíveis de se interpretarem como peitas, deve ser a relação desses mesmos

oficiais com os rendeiros e com os oficiais subalternos (Ordenações de 1521, Liv. V, T. LVI).

Não devem receber deles a título pessoal nem com eles ter "parçaria" em qualquer renda, sob

pena de todos perderem os ofícios, pagarem vinte por um do suborno ou, em caso de parceria na

renda, perderem além do ofício toda a quantia por que a renda for arrendada.

Tais disposições aplicam-se a qualquer oficial da Fazenda, embora com especial menção dos

Juízes, Escrivães, Tesoureiros, Almoxarifes e Recebedores das Alfândegas, os Escrivães e Rece-

bedores dos Direitos reais e das Rendas do rei, os Contadores que tomam as contas e os Arren-

dadores.

Aliás já ficara clara no Regimento da Fazenda de 1516 (Cap. 11) a proibição dos Vedares da

Fazenda se dedicarem ao arrendamento de qualquer renda ou ao trato de mercadorias. Nas Or-

denações, aliás (num título extensivo a Corregedores de comarcas, Ouvidores de grandes senho-

res de terras, juízes temporais e juízes régios colocados sem tempo fixo em cidades, vilas e luga-

res, bem como oficiais seus subalternos, especificam-se as proibições e mencionam-se os oficiais

da Fazenda por elas abrangidos (Liv. IV, T. XXXVIII).

Se, numa preocupação comum, se desenvolvem as ressalvas e limitações impostas aos oficiais

de Justiça nos lugares onde exercem funções e enquanto durar o seu serviço, não podendo, salvo

em raros casos, comprar, aforar,escambar ou arrendar bens de raiz ou rendas, praticar o comércio

91
ou contrair empréstimos e receber doações, é num breve parágrafo que, uma vez mais, se sali-

entam as proibições que atingem os agentes régios da Fazenda. No T. XXXIX das Ordenações

proíbe-se aos Provedores e Contadores de Comarca e a outros oficiais de arrendar rendas régias

ou de senhores que as tenham recebido do rei, não podendo ser rendeiros na terra ou comarca

onde exercem o ofício. No§ 3 do T. XXXVIII para lá de se nomearem os Vedares da Fazenda e os

Contadores das Comarcas mencionam-se também os Escrivães da Fazenda, os Contadores dos

Contos e seus Escrivães e todos os outros oficiais deste âmbito para os interditar de arrendarem

alguma coisa aos rendeiros das rendas reais, mesmo que renda sua, sob pena de perderem o

ofício e tudo o que pela renda lhe deram ou prometeram (metade para o acusador, metade para

os cativos).

Num período de fortes pressões exercidas sobre o monarca para que mandasse realizar uma

devassa geral a todos os oficiais da Justiça da Corte, pronuncia-se o Conde da Castanheira, ex-

pondo as suas reflexões e argumentos, dadas as importantes implicações -- muito positivas ou

extremamente prejudiciais - que uma iniciativa deste género traria inevitavelmente tanto à consci-

ência do rei como ao governo do Reino. Independentemente das opiniões, pois, preocupava-o o

que seria mais conveniente para a "república", nas circunstâncias então vividas (f. 59)

Considera Ataíde a preservação da Justiça a principal obrigação do rei, se não a única funda-
2
mental, inerente ao "cargo que lhe Deus deu" , decorrendo da sua concretização as diversas ac-

ções do monarca, inclusivamente a da defesa de vassalos e estados, e a da guerra. A Justiça no

Reino e senhorios deve, pois, ser ministrada por indivíduos "apurados" ou dignos de cargos de

tanta autoridade como o de Regedor, Chanceler-mar, Desembargadores do Paço e Desembarga-

dores da Casa da Suplicação (f. 60).

Devassar estes oficiais seria não só imprudente, como viria também a fortalecer a "murmura-

ção" e com ela libertar ódios e paixões, prejudicando o natural desempenho da Justiça e tornando

temerosos da calúnia alguns dos seus executantes. Nos Juízes, pior ainda que a crueldade, o

aceitarem peitas das partes ou o pretenderem comprazer a amigos - principais imputações que na

época se lhes faziam -- seria, no parecer do Conde da Castanheira, a brandura ou a parcialidade

92
no julgar respondendo a pedidos de poderosos e validos e evitando com isso descomprazer a

gente influente (f. 61 e 62).

As suas palavras recordam o discurso lamentoso da Justiça, que trinta anos antes Gil Vicente

colocara em cena na Frágua do Amor (1524), velha corcovada pelos subornos, muito mal feita e

torta (com a vara torcida e a balança quebrada), suplicando que lhe reduzam as mãos demasiado

vastas e ávidas e que a impediam de escutar "esses rogos de Senhores, I que me fazem entortar''3

(IV, 118, 4-5). Já então o próprio Júpiter sentenciava que "los que mas la han de emendar I la

hacen mas corcovada" (IV, 118, 14-15) 4

Na verdade Gil Vicente não poupara os oficiais da Justiça, em múltiplas ocasiões e ao longo de

toda a sua criação, num claro reflexo, aliás, de situações denunciadas que motivaram inclusiva-

mente queixas em Cortes em 1525 e 1535.

A perda do gosto pela Justiça é, para ele, sintoma inequívoco do primeiro dos sinais de fim do

mundo no Sermão de 1506 e expressa e significativamente demonstra como os homens seus

"negros" servidores desvirtuaram a Justiça, transformando-a em malícia (Auto de Sibila Cassan-

dra, 1513), condenando-se com ela. De certo que os arrogantes e ambiciosos Juízes e ouvidores,

bacharéis e almotacés, que Gil Vicente coloca no cortejo marítimo de 1521 nas Cortes de Júpiter,

identificando-os a peixes-voadores, peixes-cavalos, tubarões e cações (IV, 237-238), iriam ter o

mesmo destino- "negros fados"- do corregedor (ou "santo descorregedor''), do procurador e dos
múltiplos escrivães que no uso do seu ofício asseguraram uma passagem sem retorno para as

penas infernais, no Auto da Barca do Inferno em 1517.

A crítica moral e social vicentina é dura e profunda mesmo ao provocar o riso ou precisamente

porque o provoca em meios como o da Corte. Tanto atinge globalmente os diversificados homens

da Justiça como particulariza características pessoais facilmente identificadas na época. Numa

constante e firme proposta de denúncia daquilo que deforma ou se afasta de um modelo de socie-

dade e de valores, Gil Vicente extrema frequentemente situações e imagens, utilizando técnicas
no discurso que o tornam carnavalesco ou absurdo, e só por isso passível de ser escutado. O riso
que provoca não é, no seu caso, pouco intencional.

93
Não causaria, pois, estranheza, embora pudesse eventualmente despertar muitos outros senti-

mentos, surgir em cena, em 1536, um homem profundamente corrupto e imoral usando a vara da

Justiça. Trata-se do Dr. Justiça Maior, magistrado supremo do Reino a quem o Rei Telebano con-

fia o governo enquanto ausente, na Floresta de Enganos. Se em 1525126 aquando das Cortes de

Torres Novas Gil Vicente satirizara amplamente n'O Juiz da Beira o sistema judicial, na escolha

dos homens e em certas regras do direito, após as Cortes de Évora de 1535, atinge directamente

a suprema magistratura, dando-lhe uma magistral lição de moral.

Despidas as vestes de juiz e sem a vara - "a vara de condon, I que me da gruesa hacienda; I y

aunque ella poco me rienda, I dame mucha ocasion", segundo confissão do próprio Dr. Justiça (III,

194, 3-B) -, é disfarçado de negra padeira que o grande magistrado irá ouvir as maiores condena-

ções ao seu "peneirar'' (ou modo de julgar).

Quando escreve o seu parecer em 1553, o Conde da Castnheira sabe como um simples dito,

mais ou menos jucoso, proferido sem intenção, pode e é utilizado no seu tempo pelos "murmura-

dores", sobretudo da Corte, para caluniar os homens, manchar-lhes a honra e, caso consigam

mover uma devassa geral aos oficiais da Justiça da Corte, atingir a própria dignidade e autoridade

de juiz, ferindo com isso a do Rei.

Num sentido próximo, aliás, se pronunciam homens de letras e de direito como Sá de Miranda e

António Ferreira.

94
NOTAS

1
Emquanto o cruzado valia cerca de 400 reais (em 1538 e 40 como cerca de vinte anos antes em
1517), o marco de prata equivalia a cerca de 2400 reais pela mesma época (1539). Dados a partir
de Teixeira de Aragão, Descrição Geral e História das Moedas cunhadas... (1, 398, A. A. Marques
de Almeida, Aritmética como Descrição do Real (1519-1679), v. I, Lisboa, CNCDP, lN-CM, 1994.
(180- Ruy Mendes), Maria José Ferro Tavares "A Moeda de D. João 11 aos Filipes (1481-1640)"
(H. Portugal, IV, 277..!0 e 282). Mauro em Portugal, o Brasil e o Atlântico (11, 157) considera para o
reinado de D. João III valer o marco de prata 2500 reais.

2
Parecer de 1553 do Conde da Castanheira relativo à devassa real que se projectava fazer sobre
os oficiais da Justiça da Corte -V. Apêndice documental.

3
Obras Completas de Gil Vicente (Pref. notas de Marques Braga), Lisboa, Sá da Costa, 1942-44,
6 vols ..

4
Capitolos de cortes E leys que se sobre alguuns delles fezeram, Lisboa, 1539. Principalmente
gritante o protesto no Capítulo XXXIX sobre o Procurador do Rei, face ao despacho de Vedares da
Fazenda e Desembargadores, e no Capítulo XLIX a propósito dos Corregedores, que se dedicam,
desde as últimas reformas administrativas realizadas por D. João III, mais à fazenda do que à
justiça -V. Apêndice documental. E que dizer do corregedor da Ilha de Santiago que deixa per-
plexo e indignado o contador porque nunca teve antes qualquer cargo de justiça "sendo homem
muito pobre de fazenda e sua mãe que mora na Ilha da Madeira muito mais" e, acrescenta, "tais
necessidade não são para Corregedores pera tão longe" ... ANTT, Corpo Cronológico, 11-241-104
(27 de Março de 1549). A crítica é de uma amplitude bem maior dado que se condena não só o
corregedor corrupto e ignorante como o facto de ter sido nomeado sem preparação alguma, con-
trariando, aliás, o espírito da governação de D. João III, atento a legislação sobre esta matéria.

95
Para lá do contencioso...

Através da recepção de petições e requerimentos que terão de ser despachados na Mesa da

Fazenda, tomam os Vedares conhecimento pormenorizado de situações que, se não fora a de-

núncia, continuariam encobertas aos olhos das instâncias centrais. Reportam-se prioritariamente a

matérias de ordem financeira e fiscal, como

pedidos

de isenções ou de confirmação de privilégios e doações,

de acrescentamentos,

de quitas de dívidas,

de pagamentos não efectuados pela Coroa,

de revisão de contas tomadas,

de serventia de ofícios,

de nomeação para funções em falta.

Muito têm a ver com a política de graça do soberano, desempenhando o Vedar da Fazenda, a

título pessoal ou no cumprimento das suas funções, o papel de intermediário entre a comunidade,

o grupo ou o indivíduo e o Rei. Se nalguns casos a solicitação ao Vedar visa a reparação de al-

guma injustiça sofrida no âmbito da arrecadação de rendas e é requerida por devedores, rendeiros

ou oficiais da Fazenda, ou se prende às cláusulas não cumpridas de um contrato ou à sua neces-

sária reformulação e adaptação dos termos a novas circunstâncias, noutras ocasiões trata-se de

pedidos de intervenção pessoal junto do monarca.

96
Confundem-se e alternam-se facilmente, neste último caso, as faces ou funções de um mesmo

ofício: quem leva a questão ao soberano é o vedar da sua fazenda, o político, o conselheiro para

matérias de graça, impliquem elas, a avaliação de fenómenos sociais, económicos, políticos, reli-

giosos, ou jurídicos, ou o amigo pessoal e valido? Provavelmente acabam por confundir-se na

prática todas estas cambiantes que particularizam a personalidade de um ou outro Vedar da Fa-

zenda, ganhando especial interesse a correspondência particular que directamente se lhes dirige.

Mas as mesmas interrogações emergem quando a mediatização do Vedar da Fazenda em certas

questões é naturalmente provocada pelo próprio monarca.

Pessoalmente ou através do seu Secretário Pera de Alcáçova Carneiro ou do seu Tesoureiro e

Escrivão da Fazenda Fernão d'Aivares (em que qualidade?) o Vedar da Fazenda recebe informa-

ções e pedidos, frequentes vezes com vista à obtenção do seu parecer pessoal com base em

conhecimentos e experiências, noutras ocasiões solicitando a sua mobilização para obter de di-

versas entidades opiniões fundamentadas, disponibilidade pessoal ou material, determinado tipo

de intervenção. Conhece-se melhor esta mediatização quando a ausência da Corte desencadeia

vasta correspondência pois, de outra forma, a comunicação seria decerto oral e sigilosa. Tal práti-

ca fica provada tanto nas cartas trocadas com o Conde da Castanheira sempre que este está fora

da Corte, em Lisboa, como nas referências de índole biográfica e documentos, deixados por Pera
1
de Alcáçova Carneiro .

Igualmente na Mesa da Fazenda se prestam exames e juramentos do candidato a determina-

dos ofícios, assim como se recebem as renúncias dos mesmos.

Verificou-se que o trabalho do Vedar da Fazenda não se confina ao texto da lei nem a normas

de comportamento imutáveis. Muito depende da sua capacidade de ajuizar das multifacetadas

matérias que se lhe apresentam, da maior ou menor necessidade de consultar técnicos (contado-

res) e juristas (desembargadores e juízes) ou das próprias circunstâncias epocais e novas orienta-

ções politicas que motivam sucessivas adaptações na organização interna da Fazenda Real.

97
NOTAS

1
Publicados por Ernesto de Campos de Andrada nas Relações de Pero de Alcáçova Carneiro
Conde da ldanha do tempo que ele e seu pai, António Carneiro, serviam de secretários (1515 a
1568), Lisboa, lN, 1937. Ford, J. D. M., Letters of John III King of Portugal. 1521-1557, Cambridge,
Massachusetts, Harvard University Press, 1931. A intervenção dos Vedares da Fazenda, a título
de influência pessoal, reflecte-se em numerosas outras cartas, publicadas também por Ford (e L.
G. Moffatt) em Letters of the Court of John III King of Portugal (Cambridge, Massachusetts, Har-
vard University Press, 1933) e, a partir da Colecção de São Lourenço (ANTI), por Elaine Sanceau
em 1973-83 (Lisboa, Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, 3 tomos). Sobre matérias expos-
tas ou a expor ao Papa os Vedares são muitas vezes o destinatário por excelência a fim de servi-
rem de intermediários e de conselheiros junto do monarca (Corpo Diplomático Português).

98
11

PELOUROS, GRAU DE INTERVENÇÃO, PARECERES- AO SERVIÇO

DO REI E DA "REPÚBLICA"

99
Os Pelouros: diversidade e repartição das matérias da Fazenda real

Encarregados do bom cuidado da Fazenda real e, em certa medida, da sua gerência, cabe aos

Vedares da Fazenda o controlo de uma ampla gama de mecanismos de actuação e a reflexão e

apresentação de propostas e soluções para assuntos do serviço do rei tão complexos e diferenci-

ados como o trato da Mina e o da Índia, o provimento dos Lugares de domínio no Norte de África

(em mantimentos e munições), a boa ordem na arrecadação das rendas e a preservação dos di-

reitos reais nas Ilhas e no Reino, ou a vigilância sobre oficiais da Fazenda, as boas contas destes,

o cumprimento de termos de contratos, de arrendamentos e aforamentos, os assentamentos e o

desembargo de mantimentos e ordenados, tenças e mercês.

Particularmente no domínio de mercês, doações, satisfações, quitas, decorrentes da graça ré-

gia, é por demais compreensível a necessária consulta e a maior dependência dos Vedares da

Fazenda da decisão do rei.

Fruto de prerrogativa régia é, na verdade, o desembargo de matérias do foro da Fazenda real

que impliquem pura graça ou uma alteração às leis vigentes, incluindo as Ordenações, revelando

uma vontade soberana, o "moto próprio". Embora formalmente se atenha ao enquadramento jurí-

dico (fórmulas a respeitar, de contrário pode ser embargado), o despacho régio ultrapassa qual-

quer limite, do ponto de vista do conteúdo. Cartas, alvarás e desembargas dependem, assim, por

vezes, exclusivamente do arbítrio real, da ordem do rei, embora passem pelos Vedares da Fazen-

da e venham a incluir o seu visto.

Outros despachos, em contrapartida, são vistos previamente pelos Vedares levando depois a

assinatura régia. Tudo depende, ao fim e ao cabo, do teor do assunto em despacho (provisão de

100
mercê, ordem de pagamento, mandado de arrecadação, etc.). Dele decorrem, na verdade, os

trâmites necessários à validação do documento, bastando as assinaturas dos Vedores da Fazen-

da ou, em vez disso, implicando ainda uma assinatura do rei ou uma verificação pelos oficiais da

Chancelaria.

Importante se toma procurar descortinar, na diversidade e complexidade dos assuntos por eles

tratados, o grau de autoridade de que dispõem os Vedores da Fazenda relativamente aos outros

poderes e organizações sociais.

Agem de um modo geral individualmente, conforme se preconiza na distribuição (periódica ou

não) de tarefas. Possui, pois, cada qual, uma área mais ou menos delimitada de actuação, caben-

do-lhe necessariamente conhecer determinadas matérias e a sua evolução quotidiana, supervisio-

nar ou controlar auxiliares directos e agentes, que continuamente em contacto com o Vedor cum-

prem as suas ordens e o mantêm informado, localizar a origem dos problemas e solucioná-los

quanto possível.

Acontece, todavia, que não só as suas esferas de actuação e gestão não são absolutamente

independentes, como há ocasiões em que, forçosamente, mais do que uma mera colaboração -

pontualmente necessária--, se exige cooperação. Viu-se a necessidade dos Vedores da Fazenda

colaborarem entre si, assim como com desembargadores e até com juízes, no despacho de pro-

cessos que neles findam como última instância. Nesta esfera a sua actuação é de maior autorida-

de e, por isso, mais independente do monarca.

A colaboração entre Vedores da Fazenda é desejada, todavia, noutros momentos, originados

por problemas maioritariamente de ordem financeira, onde a figura do Vedor emerge como autori-

dade fundamental da matéria. Recorde-se as palavras escritas por um dos conselheiros que

em 1534 no seu parecer sobre a estratégia a seguir no Norte de África, incentiva o rei a depositar

no Conde do Vimioso e no Conde da Castanheira os problemas da Fazenda e a sua devida reso-

lução1.

O próprio monarca, quando as circunstâncias o exigem, destaca diversos Vedores para tarefas
2
conjuntas (em 1541, o Conde de Penela e o Conde da Castanheira trabalham juntos).

101
Fora essas ocasiões extraordinárias - que não foram poucas nem tão distantes umas das ou-

tras- a cooperação torna-se necessária, seja a nível prático, seja, sobretudo a nível do confronto

de informações e de pareceres para uma acção mais eficaz. D. Manuel no documento de 1520

sobre a distribuição de tarefas salienta essa necessidade ocasional de se juntarem para o despa-

cho de certos casos e o Regimento de 1516 especificava os dias de tratamento de assuntos ex-

clusivamente do serviço do rei como dias por excelência de reunião dos Vedares, de diálogo e de

planejamento.

Em qualquer destas actuações, contudo, cabe em grande parte ao Vedar da Fazenda seleccio-

nar os assuntos e questões que irá colocar ao monarca, pessoalmente ou por carta (caso esteja

fora da Corte), porque assim o acha necessário ou porque somente ao rei compete a resolução

definitiva de determinada matéria.

A apresentação do assunto requereu muitas vezes antecipadamente a atenção do Vedar, a

execução de ordens suas e uma recolha segura de informações, mediante as quais o monarca

toma a decisão final. Para esta contribuem eventualmente outras iniciativas. ordenadas pelo rei a

diferentes auxiliares, que não os Vedares, a auscultação de informações e pareceres de âmbito

específico, todas elas consideradas necessárias ao conhecimento aprofundado da questão em

causa e das implicações de qualquer resolução. Através do Secretário do Rei, pelo Tesoureiro do

Reino, ou ainda por outro auxiliar directo do monarca, em contacto com diversos agentes e órgãos

e redes de informação, o soberano obtém um conhecimento ou a confirmação de uma análise - só

possível enquanto elemento coordenador- análise que lhe permitirá decidir.

Nessas ocasiões fica visível a estreita ligação de cada Vedar da Fazenda com o soberano, a

quem exclusivamente dá conta das suas iniciativas (de foro, aliás, sigiloso em determinadas áre-

as), e de quem recebe ordens. Nesta se contém uma transmissão de poder que autoriza o Vedor

da Fazenda a agir como executante da decisão régia ou, mais do que isso, uma transferência de

autoridade para que em certos assuntos possa o Vedar da Fazenda decidir com plenos poderes.

O Vedar da Fazenda age, assim, de acordo com as circunstâncias - algumas previstas no seu

Regimento - como:

102
1) autoridade suprema numa esfera específica da administração da Justiça régia no tocante à Fa-

zenda real, embora limitada por princípios ideológicos e normas de actuação (com alterações

no tempo);

2) mandatário do rei no supremo controlo de toda a Fazenda real excepto em áreas ultramarinas

com uma gestão própria decorrente da delegação de poderes num Vice-Rei ou Governador (Ín-

dia e Brasil);

3) vértice de toda uma gama de oficiais régios cuja actuação deve controlar directamente ou atra-

vés de escalões intermédios e a quem manda executar determinadas funções;

4) garante da execução da vontade do soberano em assuntos decorrentes da graça real, do re-

gisto nos Uvros da Fazenda de padrões, cartas e alvarás até ao seu despacho, por carta régia por

si assinada;

5) conselheiro do monarca em assuntos da Fazenda e seu consultor no âmbito mais alargado da

governação, na gestão económica e financeira da totalidade do território enquanto intimamente

ligada às orientações políticas e medidas estratégicas a prosseguir em diversas frentes, no âm-

bito nacional e internacional.

A rotação anual dos Vedares nos diferentes assuntos da Fazenda seria visivelmente vantajosa

do ponto de vista da governação régia. Exigindo-se da parte de cada um conhecimento aprofun-

dado do seu sector, acabariam todos a médio prazo por conhecerem bem e de forma ampla a

globalidade das questões. Decorrente deste facto, com maior aptidão por certo aconselhariam o

rei e captariam o alcance das medidas a tomar, assim como fariam a avaliação e o despacho das

petições e requerimentos, e ajuizariam nas diferentes causas do foro judicial.

É, aliás, este o argumento fundamental que o letrado, autor dos Apontamentos para uma revi-

são do Regimento da Fazenda de 1560, utiliza ao propor que os três Juízes dos Feitos da Fazen-

da não permanecessem arreigados só ao pelouro para o qual cada um fora nomeado, mas, pelo

contrário, e à semelhança dos Vedares da Fazenda, anualmente alternassem nas matérias em

que exerciam o seu ofício.

103
Por outro lado a permanência apenas temporária em determinadas funções traria por certo ou-

tras implicações benéficas. Impediria o desenvolvimento de relações demasiado duradouras e,

quiçá, contrárias ao interesse régio, com grupos e indivíduos, da mesma forma que a consolidação

e o risco de imobilidade de uma orientação política demasiado pessoal se erradicavam.

A rotação anual dos pelouros durante o governo de D. Manuel e parte do de D. João li Iterá, de

facto, trazido vantagens reconhecidas? Terá exigido uma maior dinâmica na acção e uma obser-

vação mútua atenta e crítica, resultando daí um diálogo mais frequente entre os próprios Vedares

da Fazenda e entre estes e o rei?

Verifica-se, todavia, que a partir de 1534 cada Vedar estabiliza e consolida a sua actuação em

determinadas funções, fenómeno que durará mais de uma década.

Pretenderia alguma vez D. Manuel, já depois do Regimento da Fazenda de 1516, alterar em

profundidade a gestão superior da Fazenda, deixando nela um só Vedar, como se conclui das

palavras do Conde do Vimioso, quando em 1545 faz uma análise retrospectiva da sua relação

com o rei e os outros Vedares da Fazenda? Segundo este testemunho o monarca não o consegui-

ra devido à resistência do Barão do Alvito e de D. Pedro de Castro que não aceitaram qualquer

satisfação em troca do ofício.

Certo é que continua a legislar-se abundantemente nos últimos anos do reinado do Venturoso,

e que para lá da publicação das Ordenações da fndia e da redacção definitiva das Ordenações do

Reino, se publicam leis no âmbito da Fazenda e se elaboraram alguns projectos que não chega-

ram, todavia, a ser impressos. Refiro-me concretamente ao novo Regimento das Sisas que se

pretenderia de maior coesão e clareza que o texto de 1512, e que se destinava a vigorar, ao que

tudo indica, ainda em 1520.

Do início deste mesmo ano, aliás, data da tentativa de D. Manuel para estipular uma determina-

da divisão nas tarefas dos três Vedares da Fazenda, colocando efectivamente o Conde do Vimio-

so à cabeça com uma extraordinária concentração de funções.

104
A seu cargo ficariam os assentamentos e arrendamentos desse ano - peça fundamental de

controlo dos réditos régios e da sua aplicação (incluindo redistribuição de rendimentos por tenças,

mantimentos, mercês e ordenados).

No tocante aos Lugares de África receberia o Conde do Vimioso as contas e recados, providen-

ciando pagamentos de dinheiro e trigo e mais aprovisionamento necessário. Ocupar-se-ia ainda

dos preparativos das armadas da Índia do ano de 1521, cuidando de avaliar o número necessário

de naus e de navios a aprestar, do seu fornecimento e aparelhagem e do transporte de mercado-

rias, para o que teria de proceder a inquéritos e contactos a fim de determinar a origem dos mes-

mos e a maneira de os prover.

Directamente relacionado com o aprovisionamento dos Lugares de África e com a preparação

das armadas da Índia, cabia-lhe assegurar a canalização do trigo e do biscoito, também necessá-

rios para os navios do trato da Guiné e da Mina.

Prendem-se estas questões, uma vez mais, com contratos e arrendamentos e com a manuten-

ção e adaptação de toda uma rede de canais de circulação de mercadorias, exigindo contínua

vigilância sobre os diferente agentes envolvidos no processo e domínio total (quanto possível) de

informação proveniente do Reino e de fora dele.

Ao Barão do Alvito reservara D. Manuel os despachos na Mesa da Fazenda e matérias respei-

tantes ao Mestrado da Ordem de Cristo, às Ilhas, à Mina e a "todalas partes de guine", numa fun-

ção de vigilância sobre o cumprimento de ordens e de fornecimentos necessários. Cuidaria ainda

do aprovisionamento dos Armazéns, incluindo um controlo sobre a existência de artilharia, pólvora

e salitre. Fundamental seria o seu cuidado e exigência no registo pormenorizado, em livro próprio,

de todas as existências, entradas e saídas, controlando os montantes despendidos e o seu desti-

no. Ficaria assim continuamente apto a informar o monarca sempre que oportuno.

A D. Pedro de Castro, por fim, remetia o rei a função de mandar tomar todas as contas e a

tarefa árdua de verificá-las, fossem elas respeitantes às rendas do Reino e de feitorias, às da

Índia, Guiné, Ilhas e Lugares do Norte de África ou se tratasse de contas extraordinárias. Na se-

quência desse trabalho, caber-lhe-ia mandar executar todas as dívidas contra a Fazenda real.

105
Embora se frise no documento régio a necessidade ocasional de cada Vedor da Fazenda infor-

mar o monarca das ocorrências no seu pelouro, a chamada de atenção final remete para o traba-

lho conjunto de dois vedores no despacho de certas matérias, conforme o estipulado em Regi-

mento, e a preferível presença dos três aquando do despacho com desembargadores de feitos

respeitantes à Fazenda real.

Enquanto o trabalho do Barão e o de D. Pedro de Castro me parecem mais ligados à execução

do Regimento, à vigilância da actuação e prestação de contas de oficiais e outros agentes e ao

julgamento de causas, as funções do Conde do Vimioso exigiam maior mobilidade nas matérias e

nos contactos e um contínuo diálogo com o monarca. De perto, lidaria o Conde necessariamente

com a política de mercês do rei e com os principais problemas de ordem político-estratégica, mil i-

lar, financeira e económica.

NOTAS

1
Contexto que aprofundei no meu trabalho, publicado recentemente, sobre As Controvérsias ao
Tempo de D.João III sobre a Política Portuguesa no Norte de Africa, Separata de Mare Liberum
(n"" 13 e 14 de 1997), Lisboa, CNCDP, 1998.

2
Carta de D.João III ao Conde da Castanheira, de 7 de Março de 1541, publicada por Ford, Le-
tters of John III, pp.365-366.

106
O registo escrito, completo e actualizado, dos bens da Coroa - condição necessária à arrecada-
ção de rendas e direitos e à "boa ordem" da Fazenda real.

A primeira obrigação a que ficam desde logo vinculados os Vedares da Fazenda é a de prove-

rem à arrecadação de todas as rendas, direitos, tributos e tudo o mais que ao Rei pertence dentro

e fora do Reino (cap. III do seu Regimento). Pessoalmente ou através de cartas suas ou do mo-

narca possuem, assim, competência e responsabilidade para arrendar e arrecadar as rendas, bem

como para aforar e emprazar todas as propriedades do rei.

Intimamente ligada a essa gestão das arrecadações desenvolvem obrigatoriamente a função de

controladores da Fazenda Real (cap. IV do seu Regimento), assegurando, por uma informação

contínua, a preservação de bens e rendas do rei, acautelando a sua integridade e provendo nas
situações de violação.

Só conseguirão actuar plenamente através de toda uma rede controlada de outros oficiais ré-

gios e de agentes ao serviço do monarca, de quem recebam informações correctas e rápidas ea


quem possam confiar avisos e ordens.

Para assegurar o desempenho regular dos principais ofícios oontrolados pelos Vedares da Fa-

zenda e, através deles, a vigilância das actividades de oficiais sob a sua responsabilidade directa,
e mais agentes subalternos, recorre-se continuamente aos diferentes Regimentos e capítulos das

Ordenações que em 1516 se definiram e compilaram num conjunto de 243 capítulos. Esse Uvro
dos Regimentos e ordenações da Fazenda, saído do prelo em Lisboa a 17 de Outubro de 1516,

de uso obrigatório na Fazenda real, reimpresso em 1548 sem alterações, incluía para além do

Regimento dado aos Vedares da Fazenda (59 capítulos), o Regimento dos Contadores das Co-

marcas caps. LX a XCIX) e o Regimento para os Almoxarifes e Recebedores (caps. C a CXXII),

seguidos de inúmeras regras, algumas retomadas nas Ordenações do Reino de 1521, especifi-

107
cando procedimentos a propósito de despachos e assentamentos, dada de ofícios, ordenados,

transgressões e penas, etc..

Não se confinava somente a este conjunto de normas, apesar de minuciosas em determinados

aspectos, a gestão da Fazenda real. Com ele se cruzavam, condicionando-o, inúmeros outros

textos legislativos, estatutos de indivíduos, grupos e ordens, normas de ofícios e de instituições,

disposições locais.

Boa parte das decisões tomadas pelos oficiais da Fazenda real, principalmente pelos principais

responsáveis por ela, dependeriam, muitas vezes, mais da sua própria apreciação de cada caso

específico do que simplesmente de ordenações estabelecidas, conforme o Conde da Castanheira

confessa ao monarca em 1553 1.

Há, contudo, noções e normas básicas a que os gestores da Fazenda real teriam de ater-se

para o cumprimento das suas funções, execução do Regimento e delimitação de actuação.

Para zelar pela propriedade da Coroa, incluindo bens e direitos de usufruto directo, arrendados

ou doados, necessitavam os homens da Fazenda de ter um levantamento minucioso dos bens que

a ela pertenciam e de tudo o que fosse passível de se considerar direito real, controlando um re-

gisto cuidado de todas as alterações que fossem acontecendo, decorrentes da graça régia ou do

castigo (sentenciado por diferentes tribunais), de penas e execuções fiscais, de vicissitudes de

negócios, arrendamentos, e contratos, de confiscos e de retorno de bens à posse da Coroa.

A definição de direitos reais, assim como as regras por que se regia a transmissão de bens da

Coroa encontram-se publicadas nas Ordenações do Reino de 1521. Decorrem de disposições

reunidas e organizadas nos primórdios da dinastia de Avis, passadas a lei por iniciativa de D. Du-

arte, e desde então citadas em prol da defesa do património e da soberania do rei.

De interesse se torna evidenciar quanto o Regimento da Fazenda de 1516, apesar da sua pro-

ximidade cronológica com as disposições legislativas impressas em 1521, inclui no seu cap.

CCXXXVII, com pouquíssimas modificações o texto mais antigo sobre direitos reais inserto nas

Ordenações Afonsinas (Liv. 11, T. XXIV, fruto da análise ordenada por D. Duarte ao Dr. Rui Fer-

108
nandes). De facto a versão do Regimento acompanha-o a par e passo, exceptuando na subtrac-

ção do preâmbulo (§ 1 e 2), de dois itens (§ 19 e 30) e da parte final (§ 36 a 38).

De diferente ordenação se apresentam significativamente os mesmos itens quando publicados

em 1521 nas Ordenações manuelinas (Liv. 11, T. XV).

Na verdade, entre 1516 e 1521, para a definição Dos Direitos Reais que aos Reis pertencem

haver em seus Reinos (por Direito comum, acrescentava ainda o Regimento, como as Ordena-

çlles afonsinas), antecipou-se para ponto 1 do§ 22 do Regimento definindo o direito real de poder

criar oficiais de Justiça, "senhorio" este preservado mesmo quando as cidades e vilas também o
podem fazer, dado que necessitam da confirmação régia (também as mercês régias a determina-

dos senhores caberiam neste ponto). Seguia-se-lhe o § 2 do Regimento sobre a permissão de

fazer armas e o § 8 sobre a autoridade para cunhar moeda, enumerando-se logo após dois pará-

grafos respeitantes ao direito real de lançar pedidos(§ 17 e 21 do Regimento), fosse ao tempo de

casamento régio, em altura de guerra ou em época de grande necessidade, considerando-se lícito

além dos pedidos, o rei estabelecer imposições com o acordo do seu Conselho, "por ser serviço

de Deus, e bem de seu Reino, ou conservação de seu Estado". Definia-se de seguida como direito

real poder o monarca, a bem do seu serviço, tomar carros, bestas e navios e exigir a construção

de pontes e o transporte de mercadorias (§ 19), considerando-se do "património fiscal" a proprie-


dade de estradas e ruas públicas e rios navegáveis, de uso comum (§ 3). Conservam-se na se-

quência destes itens os que mencionam a posse de portos de mar e as rendas e direitos de mer-
cadorias trazidas a estes, bem como a propriedade das ilhas adjacentes (§ 4 e 5), acrescentando-
-se-lhes o referente à posse dos Paços do Concelho(§ 24).

Reuniram-se nas Ordenaçlles de 1521 pontos antes dispersos que definem como direitos reais

os direitos e portagens pagos pela passagem de pessoas e mercadorias (§ 6 e 7), as rendas das
pescarias, no mar e nos rios, e das marinhas, onde preparam o sal (§ 25 e 26), bem como os di-
reitos pagos para cavar veios de metal precioso (§ 23).

Direito real se tornam os bens vagos, os confiscados por pena-crime e os que os seus proprie-

tários perderam por desmerecimento (§ 9, 1O e 11 ), bem como as rendas de navios, carros, pon-

109
tes, etc., descaminhados (§ 20). Sob a mesma definição ficam os bens dos que cometeram crime

de heresia ou crime de lesa-majestade (no Regimento, § 27, a menção dos crimes vinha na ordem

inversa), ou consumavam ligações proibidas com parentes (não havendo descendência de um

casamento legítimo,§ 12, especificado em dois itens nas Ordenações).

Confisco sobre heranças, na sequência de acções fraudulentas, de bens do Procurador do Rei

que contra o interesse deste perdeu maliciosamente uma causa, de coisas litigiosas alheadas, de

bens de raiz adquiridos por oficial com jurisdição durante o exercício do seu ofício, de venda ilegal

de casas, tudo se transforma em direito real (§ 28 a 32). O mesmo acontece com os bens de con-

denados que morrem ou os perdem sem deixar descendência legítima(§ 13 er 14), com os dos

que desobedeceram ao seu Rei (§ 16), ou que acusados de crime se mantiveram ausentes, ape-

sar de citados por éditos (§ 15), ou que se mataram com medo da pena (ponto 32 das Ordena-

ções). É, por fim, direito real todo o encargo real, pessoal ou misto, imposto por lei ou por costume

longamente aprovado (§ 18).

É igualmente importante recordar que é em 1521 que, pela primeira vez, se incorpora em Orde-

nações do Reino a Lei Mental e mais determinações de D. Duarte, decorrentes de dúvidas e de

debates suscitados por ela, "pera dar certa limitação e verdadeira interpretação das Doações das

Terras e cousas da Coroa de Nossos Reinos" (Liv. 11, T. XVII).

Estabelecia-se que terras, bens e herdamentos da Coroa doados sucedam por linha masculina,

indivisas (mesmo quanto a Padreados de Igreja na posse da Coroa), obrigando-se o possuidor a

servir o Rei quando este o exigir. Só herdaria uma mulher por especial graça do monarca, por

mercê, e segundo contratos e doações feitos pelo Rei. O mesmo se aplica a foros, rendas e direi-

tos reais de que foi feita mercê ou doação de juro e de herdade para o próprio e seus sucessores,

"salvo quando por nossa especial graça for outra cousa em contrario ordenada com expressa e

especial derrogação desta Lei" (§ 5).

As restantes disposições posteriormente anexadas à Lei Mental impediam a sucessão em indi-

víduo possuidor de ordens sacras ou beneficiado, filho que não fosse legitimado por autoridade

110
régia e onde expressamente se declarasse a sua capacidade de herdar (ou sendo-o, existisse um

irmão legítimo), irmão ou ascendente do falecido possuidor (excepto se já fora dele a terra).

Com expressa autoridade do monarca e sua mercê as disposições podem sofrer sérias adapta-

ções, tal como permitir-se ao dono de terras da Coroa doar uma terra (se única, apenas com o

consentimento do filho primogénito) ou parte das terras que possui da Coroa a um segundo ou

terceiro filho ou, como dote de casamento, a uma filha. Neste caso, por falecimento desta, passa-

riam a herdar os seus descendentes por via masculina legítima ou, na falta destes e cumprindo-se

a lei, regressariam à posse da Coroa.

Não há livre disponibilidade para vender ou dar terras da Coroa a um estranho, excepto com

autorização do rei, e estabelecem-se condições para que o monarca permita um escambo com

outra terra também da Coroa. Isto acontece mesmo quando no documento de doação se afirma

que o donatário pode vender, dar, doar ou escambar os bens como se fossem seus. Na verdade,

nestes actos como em muitos outros, atende-se prioritariamente às fórmulas do discurso jurídico

que validam ou podem invalidar um acto, para que se considere a sua legitimidade. Só se poderia

interpretar como havendo autorização para dispor livremente dos bens se expressamente fosse

afirmado tal e acrescentado "sem embargo desta Lei e de outra guisa não".

Todavia se a venda ou escambo fosse feita ao próprio monarca, mesmo havendo um herdeiro

legítimo, poderia realizar-se livremente. A soberania do rei define-se na superioridade em relação

às leis positivas, como o monarca afirma a dado passo nas Ordenações (Liv. 11, T. XVII, § 18):

"porque Somos enfermado por Letrados, que nenhuma Lei per Nós feita Nos liga, nem obriga,

senão enquanto Nós fundado em bom juizo e igualdade Quisermos a ela subjugar o Nosso Real

Poderio". Além disso não faltavam argumentos legitimantes da excepção, com o desejo de con-

cretizar uma das suas obrigações -a de acrescentar o património real ...

Dúvidas e debates em casos particulares terão conduzido a soluções práticas que vieram a

ganhar peso na lei.

111
A autorização régia, por outro lado, acaba por resolver situações diversas, entre as quais poder-

-se dispor dos bens para assegurar dotes ou arras, embora sujeitando-se a determinados proce-

dimentos.

Persistem dúvidas sobre a natureza dos bens que por diversas razões ainda não figuravam no

Livro dos Próprios nem se fazia expressa menção na carta de mercê que haviam sido incorpora-
2
dos no Património Fiscal. Deveriam ser ou não julgados como da Coroa e submetidos a esta lei?

E as terras ou os direitos reais que foram escambados por bens de património particular, como

seriam encarados? Procurava-se nas Ordenações responder com minúcia a estas interrogações,

escudando-se o discurso régio constantemente em pareceres de Letrados do seu Conselho.

A diversas entidades interessaria esclarecer se uma doação de terra, vila ou castelo, feita a um

fidalgo com toda a sua jurisdição, "Mero e Misto Jmperio", e outro qualquer direito real, implicava

que os padreados das Igrejas da região tivessem sido de igual modo transferidos para o donatário.

Uma vez mais, cabe a resposta fundamentalmente aos letrados conhecedores do Direito: passari-

am ao novo senhor e a seu descendente segundo a Lei se na doação o rei o declarasse especial-

mente, de outro modo não, tanto mais que por graça especial de juro e de herdade podem os pa-

dreados ser dados apartados a alguém sem que se lhe dê terra, vila ou castelo, permitindo-lhe, tal

como nas terras da Coroa, a transmissão segundo a forma da Lei.

Com idêntico interesse se observa a estratégia de preservação do interesse régio na última

questão colocada a propósito da Lei Mental (§ 22). As doações régias feitas em vida ou enquanto

for mercê do rei, trazem ao monarca - Jogo que revogada a doação - qualquer compromisso de

manter contratos, feitos pelo ex-donatário de casas, herdades ou direitos, dados a prazo ou afora-

dos para sempre, isto é, ultrapassando em duração a própria mercê?

Na prática, o rei só os mantém se tiver interesse nisso, pois nada o constrange a fazê-lo. Mais

se exige que tais contratos se façam somente com especial autoridade do monarca pois se, uma

vez recuperada para a Coroa a posse directa das terras, mesmo as de juro e herdade, for detecta-

do um contrato "feito maliciosamente ou em perda conhecida" das rendas e direitos reais, ele será

de imediato desfeito "se ao dito Senhor Rey aprouver".

112
A Lei Mental, e determinações que a completam ou esclarecem, se procura manter indivisas e

dentro de uma mesma família, por linha direita masculina, os bens da Coroa por esta doados,

sujeitando-os e disciplinando os seus possuidores a princípios de obediência e de fidelidade aos

interesses do monarca, possibilita e esclarece ela própria a forma como o Rei pode patentear ex-

traordinariamente o seu poder numa manifestação inconfundível da aplicação da sua "especial

graça" e autoridade, sobrepondo-se à Lei e derrogando-a.

Aliás no próprio texto o soberano expressa essa intenção e vontade e concretiza-a na prática

governativa com frequência: "Pera não é Nossa tenção tolhermos a Nós o Poderio, pera dispensar

com esta Lei em todo caso que Nos Parecer justo, ou razoado, ou for Nossa Mercê, assim em

parte, como em todo, ante o Possamos livremente fazer, quando Nos bem Parecer, não embar-

gante quaisquer Direitos Canónicos, Cíveis, Costumes, Façanhas, Estilos, que em contrário disto

sejam, em parte ou em todo" (§ 23).

Zelando pelo serviço do rei, pela boa ordem do património da Coroa e arrecadação dos pro-

ventos, actuação da justiça e execução das suas sentenças, inclusivamente no domínio do fisco,

impunha-se deste modo a existência de inventários completos, escritos e sempre actualizados de

todos os Bens próprios que o Rei possuía em cada lugar, fossem reguengos, foros, rendas, direi-

tos ou tributos, sujeitos a uma arrecadação directa para o rei ou, por doação, na posse de outrem.

Estes inventários, que se pretendiam minuciosos (Regimento da Fazenda, cap. XVIII), deveriam

informar sobre confinações de terras, título de propriedade, registo de cartas de doação, etc..

Um papel fundamental teriam na concretização desse objectivo os Contadores das Comarcas.

Deveriam: 1) prover para que se criassem livros de tombos dos lugares e almoxarifados de cada

contadoria, 2) conjugar com os dados assim obtidos outras informações e fazer o seu Livro de

Tombo, conservado na casa dos Contos da Comarca, 3) enviar uma cópia deste à Fazenda.

Os Vedares da Fazenda tinham, desta forma, acesso a registos supostamente exaustivos dos

Bens da Coroa de todo o Reino. Para uma consulta rápida e eficaz sobre tudo o que pertencia ao

Rei em cada Almoxarifado e Comarca, em termos de Rendas, bens e direitos, mandavam proce-

der à elaboração de um Livro do Tombo, organizado com esse objectivo, que copiava dos outros

113
livros apenas as informações necessárias para utilização na Fazenda real e onde os Vedares pro-

videnciariam oportunamente o registo de declarações e acrescentamentos.

Digo "supostamente" exaustivos os Livros dos Contadores das Comarcas porque, independen-

temente do seu empenho pessoal em tal tarefa, esta decorre da diligência de diferentes outros

oficiais e, de uma forma que não se pode subalternizar, das informações facultadas pelos próprios

particulares detentores de bens da Coroa.

Se bem que nas cartas régias de mercê e de doação, de terras ou de direitos, se faça, de um

modo geral, expressa menção do registo das mesmas que os oficiais deveriam fazer no Livro do

Almoxarifado ou no dos Contos da Comarca, mediante a sua apresentação (decorrendo desse

acto ou não a posse dos bens), a verdade, todavia, é que nem sempre os detentores dessas doa-

ções régias as declaravam nos tempos devidos. Cabe, aliás, ao próprio monarca, em certos ca-

sos, a responsabilidade por tal omissão.

Pode-se, a esse propósito, afirmar que foi com regularidade e frequência que D. João III assim

procedeu em doações feitas ao Conde da Castanheira, seu Vedar da Fazenda.

A título exemplificativo refira-se a doação de casais e reguengo do Chouto no termo da vila de

Santarém. Bens da Coroa vagos, são-lhe doados pelo monarca de juro e herdade a ele e a seus

herdeiros conforme a Lei Mental, por um alvará de lembrança de 24 de Maio de 1536 (Tomar),

mas em segredo, por se considerar então cumprir assim o melhor serviço do rei. Posteriormente

D. João III manda elaborar outra carta, em Lisboa, a 7 de Novembro de 1537 na qual já ordena ao

Contador da Comarca de Santarém que dê posse da nova doação 3 . Atenda-se, contudo, ao con-

teúdo da postila transcrita juntamente com estes documentos numa Relação de Bens da Casa da

Castanheira feita pelo mesmo escrivão, Fernão d'Áivares, em Almeirim, a 18 de Janeiro de 1541:

Em virtude do soberano ter ordenado que os possuidores de bens e propriedades da Coroa no

Almoxarifado de Santarém mostrassem as doações ao Contador da Comarca a fim de se fazer

tombo e demarcação, o Conde da Castanheira, dado o sigilo imposto pelo rei à mercê mostrara

não este mas um outro documento anterior, ainda de doação em vida, da mesma terra. Nessas
4
circunstâncias o Rei escusava-o em Janeiro de 1541 de mostrar a doação, isentando-o de qual-

114
quer pena, e invalidando desta forma provisões e regimentos. Já em Dezembro de 1540, aliás,

cumprindo a Lei, o Conde solicitara ao monarca autorização para fazer emprazamentos em vida

ou aforamentos em fatiota nas terras, casais e outras propriedades pertencentes ao mesmo re-
5
guengo, de forma ao seu melhor aproveitamento. O soberano não só o permite como deixa ao

parecer de D. António de Ataíde os preços de foro, dispensa o pregão e a confirmação na Fazen-

da, bem como qualquer diligência ou solenidade habitual nos emprazamentos e aforamentos de

bens da Coroa.

Poucos anos depois, em 1544, efectua-se entre D. João III e D. António de Ataíde uma troca de

terras situadas em lezírias, umas provavelmente na posse directa da Coroa outras decerto doadas

a diferentes entidades, num processo que foi acompanhado desde o início por Aires do Quental,

na qualidade de Contador das Lezírias e Pauis e Provedor das Valas. Alertado por este para a

necessidade de construir na Lezíria de Albacetim um curral para gado acoimado, cujo melhor local

seria nas terras do Conde da Castanheira, o monarca manda-o propor a Ataíde a troca das suas

terras 6 por outras, de rendimento equivalente, na Lezíria de Alcoelha.

As mesmas isenções de tributos (excepto do dízimo) que possuía pela posse das outras doa-

ções mantinham-se - não pagava alças, terço ou quarto, nem para valas das Lezírias, nem palha

para o rei, sem embargo do Regimento e de outras provisões -, e recebia agora mercê de um

acréscimo de rendimento, dada a qualidade das novas terras. A doação destas, em vida, implica-

ra, conforme se menciona no documento, algumas permutas promovidas pelo rei com outras enti-

dades, e alargava-se a todas as terras que o Conde da Castanheira viesse a criar e a juntar a

estas, das quais também não teria que pagar direito algum ao monarca. Poderia livremente, como

suas, mandar lavrar, granjear ou arrendar, e receber todas as novidades.


7
Esta doação de 6 de Abril de 1544 , onde se discriminava com pormenor todas as confronta-

ções, seria mandada registar por Aires do Quental no Livro do Tombo das Propriedades das Lezf-

rias, bastando para a posse imediata pelo Conde a apresentação, nas costas da carta de doação,

de certidões do Guarda-mor da Torre do Tombo e de Pero Gomes, que servia de escrivão da

115
Chancelaria da Corte, atestando a colocação de verbas nos registos das doações de que as terras

permutadas eram do rei.

Cerca de mês e meio após este acto de doação devidamente registado, concretizava D. João

III, sobre as mesmas terras, uma mercê e doação "pura livre e irrevogável" de juro e herdade a D.

António de Ataíde e seus descendentes, nos termos da Lei Mental, em virtude dos grandes servi-
8
ços e merecimentos da pessoa do Conde da Castanheira . Tratava-se, contudo, de uma carta

régia sem selo real e que não iria passar pela Chancelaria, nem seria apresentada na comarca,

muito embora o rei lhe garantisse força e vigor e validasse a doação. A razão encontra-se na pró-

pria carta dada em Almeirim a 26 de Maio de 1544: "E porque eu tenho mandado por minhas pro-

visões por todas as comarcas de meus Reinos que todas as pessoas de qualquer estado e condi-

ção que sejam que algumas cousas tiverem por minhas doações em cada uma das ditas comar-

cas as apresente(m) dentro no tempo nelas declarado aos Contadores das ditas comarcas pera se

assentarem nos tombos que ora mando fazer das cousas que pertencem a mim e à minha coroa e

que não se apresentando dentro no tempo que não valham como mais largamente se contem nas

ditas provisões, hei por bem e me praz porquanto por alguns Justos Respeitos quero que esta

doação e mercê seja em segredo ... "


9
Um ano depois, a 2 de Julho de 1545, acrescentava-se na doação a mercê de todas as terras

que, dentro das confrontações daquela tivessem sido dadas, pelo monarca ou por oficiais régios, a

pessoas que por suas vidas ou durante alguns anos as deveriam aproveitar e delas pagar ao rei.

Passariam assim a fazê-lo ao Conde até ao fim dos tempos estipulados e, após isso, caberia ao

novo proprietário determinar o seu futuro (mandá-las lavrar, arrendar ou aproveitá-las de qualquer

outro modo).

Depois de D. João III ter feito mercê à Condessa da Castanheira D. Ana de Távora, a 25 de

Agosto de 1548, de terras nas Lezírias de Vila Franca, da parte de Alcoelha, em sua vida, com

cláusulas semelhantes às das doações anteriores feitas a seu marido - com posse por Aires de

Quental e registo no Uvro dos Contos das Lezfrias --, passado cerca de um mês, a 1 de Outubro

desse mesmo ano, ao doar essas mesmas terras de juro e herdade ao Conde e seus descenden-

116
tes, dispensa-o uma vez mais de apresentar a doação às entidades competentes e impõe "por
10
alguns dias este em segredo" Esta salvaguarda, contudo, já não se coloca na Postila feita junto
11
daquela doação de juro e herdade, acrescentando-a, a 20 de Dezembro seguinte .

A política régia da graça, ao escusar desta forma certos agraciados de apresentarem as suas

doações ao Contador da Comarca, impede, pelo menos temporariamente, um registo que se exi-

gia rigoroso nos Livros do Tombo dos Almoxarifados e das Comarcas, quiçá com repercussão na

análise comparativa e colectora das instâncias centrais da Fazenda.

Não admira, pois, que o Conde do Vimioso, embora permanecendo continuamente na Corte

como Vedar da Fazenda, não possua informações completas sobre as mercês dadas pelo rei

a determinadas individualidades que ele propositadamente nomeia nas suas Lembranças


12
de 1545 Alguns dados que possui ele próprio os registou ou foram-lhe fornecidos por escrivães

da Fazenda, mas muito lhe escapa, apercebendo-se disso através de rumores e comentários que

circulam no meio cortesão.

Impunha-se, na verdade, pelo Regimento dos Contadores das Comarcas (caps. XCIV e XCV),

uma prospecção minuciosa da situação de tudo o que pertence à Coroa, principalmente de terras,

direitos e rendas que estejam doados seja a quem for. O objectivo é não permitir que esses bens

andem alguma vez sonegados ou alheados. Compete, pois, aos Contadores um registo constante

das doações régias no Livro do Tombo, discriminando cada bem, sua localização com as con-

frontações, o rendimento, o actual possuidor e a condição da mercê "ou segundo acharem que a

traz", pela análise da escritura que lhe mostrarem. Atentos a prazos e a falecimentos, e uma vez

conferidas as situações pelos respectivos registos no Livro do Tombo e no Livro dos Contos, pro-

cederão estes oficiais da Fazenda de acordo. Se for caso disso, deslocar-se-ão ao local para, em

nome do rei, dele tomarem posse.

De tudo os Contadores das Comarcas darão conhecimento ao monarca por carta e directa-
mente aos Vedares da Fazenda quando obrigatoriamente se deslocarem à Corte para prestarem

contas do desempenho do seu ofício. A época é aproveitada para um confronto de informações

com o Livro do Tombo da Fazenda, actualizando-se qualquer dos registos.

117
Tal corno os Contadores que ao visitarem as Comarcas deverão verificar os Livros do Tombo de

cada Almoxarifado e com os Almoxarifes e Escrivães tomarem todas as informações que se im-

põem, fazendo arrecadar para o Rei o que de direito lhe pertence e tudo registando devidamente,

também de forma muito semelhante actuam os Vedares da Fazenda onde o Rei se encontrar (cap.

XIV do Regimento da Fazenda).

De facto, na sua superior qualidade de controladores da Fazenda real, no local onde o rei per-

manecer (comarca, lugar ou senhorio) os Vedares da Fazenda tomam conhecimento, quer pelos

Livros do Tombo de cada Almoxarifado e Comarca, quer pelos próprios Contadores e Escrivães,

da situação em que se encontram as propriedades da Coroa, casas, herdades, rendas, direitos,

foros, tributos, censos, emprazamentos, jugados, citavas, reguengos, montados, rossios, pacigos,

coutadas, soutos, sesmarias, matas, olivais, padreados de igrejas, bens de intestados, "cousas de

renda de vento", rios, pescarias e peixes, aparelhos e ainda tudo o que de navios o mar lança à

costa, desconhecendo-se o dono, descaminhados, etc.. Indagando e provendo ao que cumpre

ordenar ou arrecadar, igualmente deveriam providenciar o duplo registo em falta, no Livro do

Tombo do Almoxarifado ou Comarca e no Livro do Tombo da Fazenda.

As obrigações dos Vedares da Fazenda não terminam, porém, quando afastados do local da

Corte, bem pelo contrário. Deverão manter-se vigilantes no controlo dos oficiais da Fazenda seus

subalternos, para que cumpram os seus Regimentos (cap. XV), tendo poder de decisão próprio no

que à boa ordem da Fazenda toca. Quanto ao mais, cabe-lhes sempre o importante papel de in-

formadores do rei e o de seus conselheiros, seja em que matéria for.

Não desenvolvo por ora funções que definem o seu grau de actuação mais autónomo em rela-

ção ao monarca, seja a dada de ofícios por "se assim é" ou por vaga; a emissão de alvarás e des-

pachos que assinam na Corte, ou fora dela e que não passam sequer pela Chancelaria, relativos a

devedores à Fazenda; ou ainda a expedição de mandados para pagamentos até mil reaes.

Interessa, contudo, frisar desde já, e a propósito do que tenho abordado neste capítulo, o poder

que os Vedares da Fazenda têm de passar cartas de doação, embora, note-se, de "se assim

118
é", tanto de fazendas e bens, como de mercadorias, dinheiros, ouro ou prata, que, segundo os

critérios da lei se perdem para o Rei (cap. XIX do Regimento). Podem fazê-lo enquanto não forem

as situações devidamente apreciadas por oficiais da Fazenda ou da Justiça e os requerentes pa-

garem o sétimo. As cartas assim assinadas pelos Vedares da Fazenda passarão pela Ementa e

pela Chancelaria mas, nesse caso, se aqueles que as pediram não conseguirem provar a legitimi-

dade da perda para o rei, nada conseguirão nem sequer a restituição do sétimo (só havendo uma

carta anterior passada pela Chancelaria), medida esta tendente a evitar um excesso de pedidos

sem fundamento.

Ditava ainda o Regimento de 1516 no seu cap. VI a propósito dos pelouros dos Vedares da

Fazenda que lhes pertencia, no tocante ao serviço do rei, prover na reparação de paços, casas e

celeiros do rei, nas lezírias, vales e pauis e ainda no que diz respeito a armazéns e tercenas, cas-

telos e fortalezas.

119
NOTAS

1
Parecer sobre a devassa geral, de 1553, transcrito no Apêndice documental. Lisboa, ANTT, Mis-
celâneas Manuscritas de N." Sr" da Graça, f. 64.

2
Ficavam incorporados embora verbalmente, os bens que haviam sido confiscados se, nas doa-
ções se utilizassem termos como "que Nós Confiscamos, Apropriamos, ou Unimos, ou Encorpo-
ramos os ditos bens, terras, herdamentos à Coroa dos Nossos Reinos" (§ 24), equivalendo esta a
uma incorporação solene, "autua!", escrita nos Livros dos Próprios bens da Coroa. Assim fica de-
terminado nas Ordenações (Liv. 11, T. XVII, § 24).

3
Lisboa, ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 24 - 238 e Manuscritos da Livraria 2597, "Bens
da Casa da Castanheira", ff. 55-56.

4
Lisboa, ANTT, Manuscritos da Livraria 2597, ff. 56-56v. A postila foi feita em Almeirim, a 18 de
Janeiro de 1541.

5
Lisboa, ANTT, Manuscritos da Livraria 2597, ff. 58-59. Doação feita em Almeirim, a 12 de De-
zembro de 1540, uma vez mais feita pelo escrivão Fernão d'Áivares.

6
As terras do Conde da Castanheira situadas na Lezíria de Albacetim provinham de diversas doa-
ções régias, cuja enumeração se apresenta truncada na cópia do documento existente no ANTT,
Manuscritos da Livraria 2597, ff. 37v- 41v, relativamente à da Chancelaria de D. João III, Liv. 25-
126v, 127. Na origem, umas eram terras bravias e juncal (doação de 1522), outras com capacida-
de de 12 a 15 moias de semeadura (doações de 1541 e 1542).
A sugestão por parte do Contador das Lezírias para que fossem essas as terras a adquirir por
troca, liga-se ao facto de se situarem entre outras áreas também pertença da Coroa e poder-se
acabar com dúvidas e inconvenientes suscitados por lavradores (em detrimento da lavoura e da
arrecadação dos direitos reais).

7
Doação feita em Almeirim por Aires Fernandes e, segundo o registo na Chancelaria, escrita a
mando de Damião Dias. Segue-se-lhe um assento de 2 de Maio de 1544 feito pelo mesmo escri-
vão.

8
Doação dada em Almeirim a 26 de Maio de 1544, feita por António Ferraz. Transcrita nos Ma-
nuscritos da Livraria 2597 (ANTT), ff. 41-41v. Não mencionada na Chancelaria de D. João III, Liv.
25, ff. 126v-127, onde se registaram sobre essas mesmas terras documentos anteriores e posteri-
ores

120
9
Chancelaria de D. João III, Liv. 25- 126v, 127. Texto feito em Évora a 2 de Julho de 1545 por
Aires Fernandes.

10
ANTT, Manuscritos da Uvraria 2597, ff. 42-44v. Documento de 1 de Outubro de 1548, feito es-
crever em Lisboa por Fernão d'Áivares a João de Andrade. Inclui a doação de 25 de Agosto feita
escrever por Damião Dias a Aires Fernandes.

11
Postila de 20 de Dezembro de 1548 feita em Almeirim por Manuel de Moura. ANTT, Manuscritos
da Uvraria 2597, ff. 44v-45v.

12
Lembranças de agravo do Conde do Vimioso, 1545, Lisboa, BN, Fundo Geral, Ms. 7- n• 4. O
próprio Conde, em virtude do sigilo imposto pelo monarca a determinadas mercês, viu-se envolvi-
do, assim como um dos infantes, numa teia de equívocos difícil de esclarecer: " ... como havia de
cuidar que Vossa Alteza me fazia mercê dela [Cuba] sem o ele saber ou como lho podia dizer se
Vossa Alteza mo deu em segredo?" (f. 6).

121
Rendas, taxas e direitos

Queixam-se os povos em Cortes dos tributos das sisas e dízimas em mercadorias provenientes

de fora do Reino, dos que sobrecarregam a manutenção de gado em certas coutadas, das restri-

ções ao acesso ao pescado. Fazem-no porque se trata de direitos reais pertença da Coroa, mes-

mo que cedidos a particulares. De um modo geral o rei não acede aos pedidos, remetendo-os

para o texto da lei e para os recursos previstos à Justiça, caso se considerem alvo de qualquer

contravenção.

Com efeito, nem sempre o monarca se reserva rendas e direitos para lá das sisas, mas estas

são referidas como bens da Coroa em diversas doações.

Seja como for, e quanto à sua situação, o lavrador- base tradicional do todo social, o que tra-

balha e sofre para alimentar as outras camadas - é considerado um dos mais prejudicados com a

política de tributos e taxas. Não lhe bastam as opressões nos domínios de senhores laicos ou

eclesiásticos, também o poder real o obriga a pagar.

Se lavrador em terras de grandes oficiais da Fazenda ou da Justiça, goza de determinadas

isenções para o poder real mas, em contrapartida, tais privilégios não o dispensam de outros en-

cargos.

Pugnava D. António de Ataíde, no seu parecer de 15531, para que se olhasse à situação dife-

renciada do lavrador ao estabelecer uma nova política de taxas. Teria de ser beneficiado, à se-

melhança de outros grupos protegidos, como os pescadores e os criadores de gado. Do seu tra-

balho e excedentes dependeria em muito a qualidade do sustento do próprio e de sua família, a

permanência dos filhos no ofício e a continuidade no cultivo da terra, para bem da "república".

122
Face à agrura da sua existência, quantos "João Mortinheiras" não ambicionariam colocar seus

filhos num trabalho menos árduo e mais considerado pelos conterrâneos, conduzi-los à vida ecle-

siástica ou introduzi-los no serviço do Paço?

Capelães de fuão, pagens, moços do Paço, todos de origem humilde, filhos de lavradores ou de

criadores de gado, perpassavam nas peças vicentinas como na realidade da época.

As referências reportam-se a foreiros que têm de pagar uma percentagem da produção ao pro-

prietário das terras e que produzindo excedente comercializável, sofrem novas taxas que lhe le-

vam qualquer possibilidade de crescer acima do nível de sobrevivência.

Pelos anos de 1527-32 obteve D. João III os dados recolhidos nas diversas comarcas do Reino

sobre população e meios de sobrevivência, propriedades e manancial de gente para a guerra. Até

que ponto essa auscultação mais ou menos difícil e credível, conseguida por meios directos ou

através de agentes dos senhores locais, irá influenciar a governação régia? 2 Período de espectati-

va, de apaziguamento de ânimos após os resultados e iniciativas decorrentes das Cortes de 1525.

Período de definições externas e internas"-

123
NOTAS

1
Por certo influenciado pelo espírito e conhecimento de iniciativas como a de D. Fernando de
Meneses Coutinho e Vasconcelos à frente do Arcebispado de Lisboa que originou o levantamento
de Cristóvão Rodrigues de Oliveira. ANTT, Parecer de 15 de Junho de 1553 in Miscelâneas Ma-
nuscritas de N8 sr• da Graça, T. IV, "Documentos Vários .. V. Apêndice documental. Retoma o
tema das taxas, sobretudo do trigo, numa outra reflexão da mesma Miscelânea, ff. 49-56.

2
Mediante uma análise do Numeramento, embora deste importante conjunto documental não se
possuam todas as peças originais, têm alguns investigadores como Braamcamp Freire, António de
Oliveira, A. Borges Coelho, Júlio Galego e Suzanne Daveau, Alves Dias ou António dos Santos
Pereira, salientado em perspectivas diferenciadas algumas das questões de fundo da época e
encontrado a explicação de futuras acções governativas ou a ausência destas. O levantamento da
população é, de facto, acompanhada de dados fundamentais sobre as características populacio-
nais, de regiões e de poderes, embora não segundo ums grelha uniforme de questionário e, muito
menos, de minúcia nos levantamentos efectuados.

3
Nova conjuntura se irá desenhar entre 1527 e 1532 na cena europeia. É o tempo de reequilíbrio
em Itália, após a Paz de Cambrai de 1529 com a França; são as crescentes dificuldades no Impé-
rio Alemão, ameaçado externamente pelos ataques de Solimão II o Magnífico, que chega a cercar
Viena, e internamente a constituição definitiva da Liga de Smalkalde de príncipes protestantes. Em
Inglaterra o monarca rompe definitivamente os laços com a Igreja de Roma e obtém a submissão
do clero nacional.

124
Rendeiros e arrecadação de rendas do rei

Sendo uma correcta e eficaz arrecadação de rendas e de direitos, uma base fundamental para

a boa gestão da Fazenda régia, naturais se tornam os cuidados que desde cedo se tomaram, em

termos legais, para um controlo de todo o mecanismo e dos agentes e outras pessoas envolvidas

no levantamento e canalização dos réditos reais. O Regimento da Fazenda de 1516 consagra

vários capítulos a esta matéria, alguns dos quais retomados em texto aproximado ou mais sintéti-

co nas Ordenações de 1521.

Quando da parte dos Contadores, Almoxarifes ou outros oficiais da Fazenda se manifesta uma

intenção de arrendar alguns dos direitos ou rendas do rei e, para esse efeito, recebem lanços de

particulares, de imediato se deve desenvolver todo um processo de controlo dos candidatos a

rendeiros a fim dos interesses reais serem sempre preservados (Regimento, caps. CLV e CLVI).

Com este intuito, durante nove dias lançavam-se pregões a fim de se manifestarem todos os

credores do futuro rendeiro. Averiguando-se se este teria ou não fazenda suficiente para pagar as

suas dívidas - tanto as dos credores como os compromissos com o rei -, ou fiador que se obri-

gasse às rendas reais, assim os oficiais da Fazenda fariam ou não os contratos e arrendamentos.

Os pagamentos ao rei, todavia, passariam sempre adiante das outras dívidas e qualquer credor

que surgisse após o prazo dos nove dias teria de se apresentar com toda a documentação da

dívida, em dia estipulado para isso, perante os Vedares da Fazenda. Somente a estes competia

avaliar a credibilidade das obrigações e determinar a resolução do problema.

Uma vez as rendas arrendadas, ficavam os bens dos rendeiros e dos seus fiadores cativos até

nada deverem à Fazenda real, impedindo desta forma que os mesmos bens fossem entretanto

125
vendidos ou empenhados e se verificasse qualquer execução sobre eles por outras dívidas, preju-

dicando com isso a Fazenda.

Gozam os Rendeiros pelo Regimento da Fazenda de 1516 (caps. CXLIX e CLJJJ) e pelas Orde-

nações de 1521 (Liv. 11, T. XXIX), de uma condição privilegiada quando o valor do arrendamento é

superior a vinte mil reais. Dispensados de servir na guerra e nas armadas enquanto durar o arren-

damento, é-lhes dada a possibilidade, no caso de serem requeridos, de optar por aceitar ou não o

serviço.

O texto do Regimento de 1516 é, a este propósito, mais esclarecedor que as Ordenações de

1521. No cap. CLJV estipula-se o prazo de um mês após a notificação da guerra (que se admite

apenas com Castela), tanto para o Rendeiro deixar a renda (na totalidade dos anos arrematada),

entregando todo o rendimento até aí obtido, como para o rei lha retirar, pagando-lhe as despesas

ordenadas feitas até ao momento e o mantimento equivalente ao do Recebedor das rendas.

Se for ordenada alguma Armada real, as mesmas cláusulas de condição de guerra se aplicam

no tocante, todavia, apenas a rendas que a Armada possa prejudicar.

Nos dois casos, ficam sem efeito quaisquer alças nas rendas, bem como o pagamento destas

aos lançadores, uma vez que os arrendamentos não se efectivam. Nada disto se aplica, no en-

tanto, quando se trata de armadas de socorro aos Lugares do Norte de África, por muito grandes

que sejam, porque delas os Rendeiros não receberão perda.

Livres de aposentadorias, a pretexto das quais lhes pudessem tomar a casa, o celeiro, a adega,

as estrebarias, ou roupas, géneros e animais, ficam, pelo contrário, os Rendeiros com rendas do

rei protegidos por lei.

Cabe na verdade aos Contadores das Comarcas ou aos Vedares da Fazenda, caso a trans-

gressão do privilégio se verifique no local da Corte até cinco léguas ao redor, Jogo que dela te-

nham conhecimento, emitir mandados de execução das penas previstas, ao Corregedor da Corte

mandar de imediato executá-los e os Meirinhos e Alcaides cumprirem as ordens. Têm, aliás, os

Vedares da Fazenda poder para, além de mandar executar a pena de dez mil reais brancos que

126
recai sobre o infractor, proceder contra estes oficiais se não respeitarem os seus mandados, de-

terminando penas de prisão ou de degredo.

É vontade expressa do soberano que os seus Rendeiros "sejam de todos favorecidos e honra-

dos, e que sem temor de pessoa alguma possam correr e arrecadar nossas rendas: por tal que

nelas folguem de acrescentar, e que por receio das semelhantes ameaças e injúrias as ditas ren-

das não recebam abatimento algum" (Regimento de 1516, cap. CLVIII, e Ordenações, Liv. 11, T.

XXIX,§ 11).

Tal salvaguarda deve-se fundamentalmente à violência manifestada contra os Rendeiros em

virtude sobretudo de oposição ao pagamento das Sisas.

A qualquer hora do dia e mesmo em lugares onde vigoram interdições, os Rendeiros podem,

nas suas bestas muares de sela, andar armados por toda a sua Comarca e fazerem-se acompa-

nhar dos seus Requeredores igualmente com armas. Há, todavia, quem, apesar de tudo, procure

impedi-los de exercer a arrecadação das rendas, fazendo-o através de ameaças físicas e orais.

Por vezes seriamente prejudicado nas somas, vê-se o Rendeiro impelido a requerer do Rei a en-

capação. As Ordenações de 1521, incluindo o cap. CLVIII do Regimento da Fazenda de 1516

preveem para o atacante sérias penalizações, procurando-se que o Rendeiro lhe encampe a ren-

da no estado em que estiver e venha a receber ainda uma indemnização de trinta mil reais.

Não posuindo o agressor bens e fazenda suficientes, ser-lhe-á tudo tomado em nome do Rei

pelo Almoxarife que descontará o montante obtido no pagamento a efectuar pelo Rendeiro. Todo

este processo tão intimamente ligado à obtenção das rendas reais pertence, por isso mesmo, aos

Vedores da Fazenda ou, fora das cinco léguas ao redor da Corte, aos Contadores das Comarcas

(ou aos Almoxarifes, na sua ausência). De qualquer forma, por apelação e agravo, a palavra final

cabe aos Vedores. O Rendeiro pode ainda iniciar contra o seu agressor uma demanda por injúria.

Em capítulo anterior já salientei a existência de outros pleitos envolvendo Rendeiros, já não

como vítimas mas sim como réus, originando feitos-crimes e cíveis que, embora julgados por

Contadores ou Almoxarifes, conforme o Regimento de 1516 e as Ordenações do Reino de 1521,

nem sempre são conduzidos por apelação e agravo ás instãncias superiores da Fazenda, isto é,

127
aos Contadores das Comarcas e aos Vedores da Fazenda, particularmente se não tiverem direc-

tamente a ver com a preservação das rendas reais.

Nos caps. CLXI e CLXII do Regimento da Fazenda de 1516 preveem-se por parte dos Rendei-

ros atitudes fraudulentas que deverão ser detectadas e corrigidas pelos Contadores régios. Refiro-

-me a conluios entre lançadores para o arrendamento das rendas a fim de se desobrigarem dos

lanços feitos ou virem a conseguir a arrematação por menor preço.

Já assinados os lanços, há rendeiros que, por preverem perdas nos seus bens, se arrependem

e encobertamente combinam com indivíduos "que pouco ou nada têm de seu" lanços posteriores

de forma a que estes ao garantir a arrematação desobriguem os primeiros do compromisso. Quem

sai prejudicado é, por certo, a Fazenda real, dado que os últimos lançadores que não têm nem

bens nem fiadores para garantir as rendas, fogem, e ninguém nem a fiança dada (décima parte)

impede a quebra daquelas. O Regimento estipula que nessas circunstâncias os Contadores procu-

rem os lançadores anteriores e, achando-os, os constranjam a tomar as rendas, sob pena de não

possuindo bens para isso, sofrerem a prisão e demais processo judicial.

Pertence aos Contadores o controlo de tudo isto e defenderem o interesse régio incluindo nos

contratos a condição dos rendeiros não se desobrigarem até se assegurarem as rendas, pois, se o

não fizerem, serão os próprios oficiais da Fazenda que responderão pessoalmente e com os seus

bens - na falta dos Rendeiros -caso se verifique qualquer perda para o Rei.

Também os conluios para se baixar significativamente o preço das arrematações é severa-

mente punido por lei. Promessas de comparticipação nas rendas, dinheiro em mão, quitas nas

sisas das mercadorias que comprarem e venderem durante todo o período (por vezes anos) do

arrendamento, são alguns dos processos utilizados para se impedirem lanços maiores. Por eles

sofre o preço do contrato um abatimento francamente prejudicial à Fazenda régia. Por isso, se

detectados, os autores da fraude perdem as rendas e os novos arrematantes nada lhes pagarão

de alças.

Aos Vedores da Fazenda e aos Contadores compete não autorizarem certas parcerias entre os

rendeiros que arremataram as rendas e aqueles que com eles competiram nos lanços, mesmo

128
que nomeados no conto dos parceiros. Seria, para todos os efeitos legais, considerado conluio. No

mesmo sentido, aliás, se tomam providências para que indivíduos que lançaram juntos em certas

rendas não sejam autorizados a dar parte a mais pessoas posteriormente, sem primeiro partir das

mesmas instâncias da Fazenda uma investigação aos nomes propostos, a fim de averiguar se

foram lançadores supostamente concorrentes.

Também se procura por regras incluídas no Regimento da Fazenda (caps. CLXIV e CLXV) re-

gular a maneira de se averiguar, entre os diversos lanços realizados ou na Fazenda ou noutro

local na presença de oficiais régios ou de testemunhas, qual o de maior quantia realizada antes da

arrematação concluída. Há sempre a hipótese de se requerer por Justiça a anulação desta, pro-

vando a anterioridade de um lanço maior e o impedimento que justifica ter sido este feito fora do

local da arrematação.

Pretendia-se também acabar com lanços feitos directamente aos Vedares da Fazenda antes do

dia da arrematação e sobre qualquer quantia por que se viriam a arrematar nas Comarcas. Consi-

derava-se importante respeitar o tempo de pregão e os lançadores terem conhecimento uns dos

outros até para não prejudicar o valor a atingir.

Ao mesmo tempo que se estabelecem condições para os rendeiros lançadores em rendas reais

obterem alças (mediante lanço seguro com fiança) e se especifica a forma de as vencer, o limite

do montante e o pagamento 1, vão-se enumerando algumas excepções, decorrentes por vezes do

parecer dos Vedares da Fazenda e do conhecimento que têm dos bens dos rendeiros lançadores.

Casos há que acabam por se reger por regras de costume anterior a esta lei.

Seja como for, o Regimento incentiva os oficiais da Fazenda a tentar que os Rendeiros abatam

na percentagem das alças, que virão a ser pagas pelo rendimento das rendas. Aos Almoxarifes e

Recebedores cabe também garantir a entrega de boas fianças por parte daqueles que arrematam

as rendas e terão de assegurar os respectivos pagamentos.

As circunstâncias em que os Contadores das Comarcas podem aceitar os lanços decorrem da

aprovação régia e, sempre que se apresentar qualquer novidade nas condições propostas, com-

pete ao Rei a decisão "porque as condições podem ser tais, que não prejudicarão a nosso serviço,

129
nem ao povo, e serão de receber pela quantia que mais derem; e podem ser de qualidade, que

por muito que deem não sejam de receber" (Regimento da Fazenda, cap. CLXIII, último§).

É, aliás, neste mesmo sentido de preservar o serviço régio e as rendas, que se estipulam nor-

mas específicas para os lanços e as alças que respeitam as rendas e direitos das Ilhas e da Gui-

né.

Uma vez as arrematações concluídas e delas notificados os Almoxarifes ou Recebedores (por

mandado do Contador ou Oficial que as tenha feito e que sobre eles carrega as rendas) com men-

ção dos quantitativos e dos Rendeiros, cabe a estes e aos oficiais da Fazenda cumprir o Regi-

mento (caps. CLXVI, CLXVIII, CLXIX). Deverão os Rendeiros Jogo enfiar as rendas e dar fiança da

quarta parte do arrendamento (desobrigando-se da anterior fiança da décima parte), embora só

possam vir a receber as rendas depois de dar fiança de metade do preço, prestando então, no fim

de cada quartel do ano, contas do seu rendimento ao Almoxarife.

Os arrendamentos começam em Janeiro e durante todo esse mês, até 1 de Fevereiro, terão os

Rendeiros de entregar as fianças, abonadas, sob pena de perderem o direito a receber as rendas

e virem a ser substituídos por Recebedores com mantimento à sua custa, que as arrecadarão para

a Fazenda real. Arriscam-se ainda a ser constrangidos a pagar a fiança perante o Contador e ain-

da à perda de bens e à prisão.

É prevendo tais situações que a lei obriga o Rendeiro, ao enfiar a renda, a nomear, tal como os

seus fiadores e abonadores, os bens obrigados à fiança, que serão depois examinados por avalia-

dores indicados pelos Juízes do lugar a pedido do Almoxarife. Dessa avaliação (do valor e situa-

ção dos bens) se fará um auto dado ao oficial régio por instrumento público passado pelos Juízes,

facto que não impede um segundo exame de tudo e as devidas correcções pelo próprio Almoxari-

fe, antes de receber a fiança. Finalmente, quando esta for entregue acompanhada de um instru-

mento de fiança que ficará na posse do Almoxarife (por ele se fará execução) será lavrado pelo

Escrivão um auto no Livro de Notas, assinado pelo Rendeiro, pelo Almoxarife e por testemunhas.

A abonação dos bens de um Rendeiro ou de seus fiadores e abonadores, por parte dos Juízes

gerais de cidades, vilas e lugares, requer por tudo isso registos pormenorizados (sobre qualidade,

130
localização, preço, condições de forros ou não) e uma cuidada averiguação da verdade sobre os

dados fornecidos. Esse inquérito servirá para certificar a disponibilidade dos bens e o seu preço2.

Só um público instrumento feito pelo tabelião público do lugar com a relação dos bens e da

qualidade e valor de cada um, atestará uma boa fiança. Mesmo assim, apesar de todos esses

cuidados, acontece algumas vezes descobrirem-se fraudes aquando da execução dos bens, im-

pedindo a Fazenda régia de vendê-los ou arrematá-los a fim de cobrir as dívidas de Rendeiros e

fiadores e não lhe permitindo, portanto, corrigir os défices com a brevidade necessária.

A perda nas rendas, só por si, não conduz à prisão do Rendeiro tendo este dado a fiança esti-

pulada. A prisão é, contudo, inevitável no caso de não terem nem a fiança nem bens para segurar

as rendas. Nestas circunstâncias também serão atingidos os fiadores e abonadores, assim como

os próprios oficiais da Fazenda (Aimoxarifes, Recebedores ou Contadores), se tiver havido negli-

gência da sua parte, até toda a dívida ser saldada.

Os conluios já atrás referidos e outras manobras de Rendeiros contra o serviço do rei, erros

cometidos e dinheiro recebido mas não pago aos oficiais régios, assim como recebimentos de fora

sem se assentarem nos livros das sisas pelos Escrivães destas3 , tudo lhes acarreta a prisão, ten-

do do cárcere que pagar a dívida.

O cap. CLX do Regimento da Fazenda de 1516 menciona e procura extirpar uma outra ofensa

ao serviço do rei e ao bem das partes, concretizada por alguns Rendeiros na sua qualidade de

Recebedores {após terem dado fiança a metade das rendas). Indo pelas suas Comarcas a receber

dinheiro e tudo o que dissesse respeito às rendas do rei - assentados em Livros para se proceder

à sua arrecadação -, faziam-no à revelia do Escrivão competente que, desta forma, nenhuma das

pagas assentava. Os Rendeiros não só sonegavam os pagamentos como os tornavam depois a

exigir, facto que, logo que descoberto, os conduzia à cadeia donde deveriam pagar o tresdobro de

tudo o que fosse provado que assim tinham obtido fraudulentamente, cabendo dois terços ao Rei

e um terço ao acusador.

Prima uma vez mais o Regimento da Fazenda de 1516, e todas as disposições consequentes,

por uma maior eficácia e uma maior rapidez na arrecadação dos rendimentos régios, assim como

131
na execução do que é devido ao monarca. Distancia-se de forma notória do processo ccmplexo e

moroso verificado a nível das entidades particulares.

Natural se toma, pois, que seja um dos meios do poder real agraciar os seus súbditos que pos-

suem rendas o conceder-lhes o privilégio de arrecadá-las e executar as dívidas de modo idêntico

ao dos oficiais da Fazenda régia. Tal privilégio é solicitado e concedido em 1532 ao Conde do

Vimioso por certo bem familiarizado cem as vantagens de agir segundo o Regimento da Fazenda
4
no que toca a estas matérias

Queixava-se o Conde de receber muita perda e despender demasiado na arrecadação de ren-

das que ele e seus filhos tinham na comarca de Entre Douro e Minho e em diversas outras regi-

ões, devido à falta de pagamento por parte dos rendeiros ou dos devedores destes, às necessári-

as demandas, ao recurso à justiça e aos morosos procedimentos habituais (citações e diligências),

sendo obrigado a uma espera prejudicial, impedido como estava de proceder às execuções das

dívidas.

Pretendia que o rei o autorizasse a mandar arrecadar e da mesma forma executar as dívidas

dos respectivos pagamentos por pessoas por ele nomeadas que agiriam de forma semelhante aos

Almoxarifes régios, arrecadando e executando aquelas que contra o rei se faziam.

Atendendo ao pedido deste seu "muito amado primo", conforme o designa oficialmente, D. João

III conceder-lhe-é o ambicionado privilégio. Se bem que determinados pormenores no procedi-

mento - particularmente no que diz respeito às arrematações - estejam devidamente enunciados

no Regimento dos A/moxarifes, referenciado nesta carta de privilégio como norma a seguir, o mo-

narca não omite no documento alguns princípios fundamentais a serem respeitados.

Por assinados seus, o Conde do Vimioso podia a partir de então nomear quem quisesse para

arrecadar as suas rendas e as dos filhos em seu poder, requerer junto de rendeiros e devedores

tudo o que lhes fosse devido em virtude de arrendamentos, conhecimentos, obrigações e contas,

estabelecidos entre eles e o Conde (ou seus Feitores e Provedores), bem como penhorar bens

móveis e de raiz, de rendeiros, devedores destes e fiadores, e executar as dívidas.

132
Os agentes nomeados pelo Conde agiriam assim com rapidez, em penhoras e execuções, da

mesma forma que os Almoxarifes do rei, mandando-as executar por um tabelião ou escrivão da

vila, acompanhado de um meirinho, porteiro ou homem do almoxarifado, isto é, de um oficial da

terra onde os devedores morassem ou tivessem as suas fazendas. Seguia-se nas penhoras e

arrematações a forma declarada no Regimento dos Almoxarifes, ficando a sua validade assim

assegurada.

Da mesma forma se firmava a legalidade de todas as cartas de venda em forma feitas pelo es-

crivão ou tabelião, respeitantes aos bens e fazenda arrematados. Os gastos com o salvo e percal-

ços dos agentes do Conde, por seu tumo, garantia-se que ficavam a cargo dos devedores aquan-

do da execução, do mesmo modo que se salvaguardavam os dos Almoxarifes e outros oficiais

régios.

Todas estas disposições que garantiam ao Conde do Vimioso "os poderes e liberdades" que por

Regimento e provisões possuíam os agentes do rei, tinham um importante efeito retroactivo, apli-

cando-se aos anos anteriores como aos vindouros e deveriam ser acatados, por ordem expressa

do monarca, por todas as entidades envolvidas nestes casos, de Corregedores, Juízes e Justiças

a Contadores, Almoxarifes e outros oficiais.

Ficava, desta forma, definida com um carácter individualizado e de excepção, a maneira con-

sentida de actuar do Conde do Vimioso e dos seus agentes na arrecadação das suas rendas e na

penhora e execução das somas que lhe eram devidas, enquanto entidade privada.

Do ponto de vista do direito, coube à autoridade real assegurar- embora cumprindo determina-

das formalidades na elaboração deste documento - a legalidade de todo o procedimento, definin-

do-o como fruto de um acto de graça régia.

133
NOTAS

1
São numerosas as cláusulas do Regimento a respeito das alças, especificando-se particularida-
des sobre os lanços serem ou não nas cabeças dos Almoxarifados, poderem ou não as alças ser
repartidas pelas rendas dos Ramos, haver lanços que serão considerados como um só, arremata-
ções conjuntas de rendas sem permitir repartição, etc.. Regimento cap. CLXIII.

2
O cap. CLXX do Regimento altera disposições de D. Afonso V, impedindo que um homem casa-
do ficando por fiador de um rendeiro ou de qualquer outro devedor do rei sem outorgamento de
sua mulher possa obrigar por fiança a parte dos bens de raiz que a esta pertençam. Da mesma
forma, se proíbem as execuções na metade dos bens de raiz se as mulheres não tiverem consen-
tido nas respectivas fianças.

3
Da prisão terão que pagar tudo o que receberam, a noveado para o Rei, sendo um terço das
noveas para o acusador e o restante para o monarca, caso tenha havido denúncia. Regimento,
cap. CLIX.

4
Carta de 101811532, Lisboa, pub. Caetano de Sousa, Provas do Uv. X da História Genealógica
da Casa Real Portuguesa, pp. 315-317.

134
A propósito das sisas - tributo versus direito real

Embora a sua criação decorra de um acto concelhio, na verdade destinava-se o tributo das si-

sas a conseguir uma facilidade maior na obtenção de somas para servir a Coroa e reparar fortale-

zas e obras públicas nas respectivas terras. Tratava-se, pois, de uma contribuição com vista ao

interesse comum mas que decorreria de uma vontade expressa pela comunidade. Resiste-se, por

isso, e manifesta-se em Cortes do séc. XIV a oposição a sisas impostas por reis, não obstante se

responda favoravelmente a pedidos feitos pelo monarca em Cortes ou directamente a câmaras,

sobretudo, sendo o objectivo sustentar a guerra. A aprovação das sisas gerais nessas circunstân-

cias, todavia, não é prática contínua nem pacífica, discutindo-se em Cortes sucessivas o carácter

geral do tributo.

No último quartel do séc. XV em Coimbra (era de 1425) acordam prelados e procuradores de

cidades e vilas que o lançamento de sisas gerais em todo o Reino seria o melhor meio de susten-

tar a guerra com menor prejuízo para o povo. Trata-se, pois, de uma contribuição consentida, por

um tempo limitado e mediante condições na arrecadação. Irá, contudo, perdurar durante a guerra,

como tributo geral, sem excepção de pessoa, aplicado a bens de raiz, marçaria e panos, colectado

por oficiais nomeados pelo rei e suscitando legislação adequada.

Mediante agravos apresentados, acabam por se exceptuar do pagamento fidalgos e vassalos

(depois também besteiros de cavalo) em transacções que redundariam no serviço do rei, envol-

vendo ouro, prata, cavalos e armas.

Quando D. João I quita a terça parte das sisas gerais (Cortes de Évora, era de 1446), foram os

prelados, fidalgos e povo que decidiram aplicá-la para despesas e rendimentos da casa que se

135
projectava dar aos infantes, mas com D. Afonso V (Cortes de Lisboa, 1439) pretende-se a anula-

ção ou diminuição do tributo, que se caracteriza - conforme se salientou - de imposição entre os

povos e não de direito real.

D. João 11, por seu turno, nas Cortes de 1482 (Évora-Alvito) considera no fundamento desta

tributação não apenas a guerra mas o sustento do Estado e, por isso, obrigação do povo. É, aliás,

nesta linha que se apresentam os argumentos régios ao tempo de D. Manuel e de D. João III,

justificando a permanência do tributo. Passa este a ser encarado como benefício, tanto para o rei

que com as sisas e outros dinheiros supre muitas necessidades, como para o próprio Povo, uma

vez que os proventos conseguidos se canalizavam para moradias, casamentos, tenças e ajudas a

fidalgos, cavaleiros, escudeiros, etc., sem o agravar. Apenas os membros da Igreja viriam com D.

Manuel a sair isentos do que comprassem ou vendessem para suprir as suas necessidades e as

de seus dependentes. Medida que resultara da consulta régia a letrados e elementos do Conselho

salvaguardava, todavia, o pagamento por inteiro dos direitos no caso de transacções comerciais.

A permanência do tributo durante períodos prolongados e depois com continuidade implicou

para a sua devida cobrança a nomeação de oficiais régios nas diversas terras e a colocação de

juízes do rei, com o acordo dos concelhos e por períodos determinados. Foi acompanhado igual-

mente pelo estabelecimento de normas que, com os anos se foram precisando, adaptando e

acrescentando. Aos regimentos e ordenações primitivas sobre a arrecadação das sisas aduziram-

-se artigos, provisões e declarações do tempo de D. Afonso V, D. João 11 e D. Manuel.

Sai finalmente uma compilação impressa dos "Artigos das Sisas" em 1512 (4 de Fevereiro) mas

sem a organização e coesão interna que caracteriza outros corpos legislativos manuelinos publi-

cados em anos posteriores.

Convém, contudo, atender uma vez mais, aos últimos anos do reinado de D. Manuel, à abun-

dância de disposições legislativas, incluindo no campo da Fazenda, e a algumas orientações,

umas claramente definidas, outras apenas vislumbradas.

O autor da Synopsis chronologica salientou a importância de um outro códice impresso intitula-


1
do Os Artigos das Sisas, cujo único exemplar conhecido , porque danificado na última folha, não

136
permite uma datação rigorosa. Pela leitura do Prólogo, todavia, conseguiu aperceber-se de algu-

mas das intenções de D. Manuel ao pretender dos Vedares da Fazenda e Desembargadores e de

outras pessoas entendedoras da matéria uma nova compilação dos Artigos anteriores, provisões e

de alguns contratos, contudo, reformada. Atribuía-se a uma terminologia por vezes já desactuali-

zada, sobretudo, das moedas, e à pouca clareza de certos textos, dificuldades e dúvidas em pa-

gamentos, arrecadações, e até no julgar. Havia, pois, necessidade não apenas de uma nova com-

pilação para regular os novos arrendamentos mas de um corpo de textos coerente, redutor de

todas as disposições a uma determinação geral.


2
Juntando-se ao alvará de 12 de Dezembro de 1519 , ordenando que os Rendeiros das rendas

utilizassem de Janeiro de 1520 em diante o novo regulamento das sisas aprovado, embora ainda

não impresso, a referência do Título 12 § 1 dos novos Artigos das Sisas quando se determina o

que fazer de "Janeiro de quinhentos e vinte em diante", pode-se seguramente datar o códice ma-

nuelino de 1519. Ao publicar a Tabuada dos 61 títulos que o compunham, José Anastásio de Fi-

gueiredo estranha que ao fazer-se nova impressão dos Artigos das Sisas a 12 de Maio de 1542,

com autorização de D. João III (alvará de 1 de Março), se tivesse copiado o texto de 1512, igno-
3
rando por completo o de 1519 (que se supunha em uso e o anterior "roto") .

A possível anulação dos Artigos de 1519, não a atribuiu o mesmo autor à desistência do intento

de D. Manuel de lançar um novo imposto, projecto este que terá tido oposição suficientemente

vigorosa para fazer o rei alterar os seu desígnios, conforme o deixou testemunhado Damião de

Góis na Crónica de D. Manuel.

Parece-me que não havendo de facto uma identificação dos temas há, pelo menos, a coinci-

dência no tempo de duas circunstâncias que podem revelar facetas de uma mesma orientação

política na área da Fazenda.

Quando ao tempo de D. João III, entre 1527 e 1528, diversos lugares, vilas e cidades assinam

com o Procurador do Rei um contrato comprometendo-se a pagar ao rei uma renda anual como

tributo e direito real, à custa da cabeça do Almoxarifado, e repartindo entre si a renda a pagar,

pode-se dizer que se chegara a uma solução após anos de dificuldade crescente na arrecadação

137
do tributo, que não deixara de aumentar, e, principalmente de uma pressão da máquina fiscal in-

suportavelmente sentida pelas populações.

Se a 4 de Julho de 1524 o monarca deseja atalhar as "grandes demandas e longos requeri-

mentos" que chegam à Mesa da Fazenda movidas por Rendeiros das rendas do rei que, alegan-

do perda - devido a esterilidades ou casos fortuitos - pretendem encampação ou desconto, preo-

cupa-o, sobretudo, a má arrecadação das rendas e a falta de liquidez para pagar no tempo certo

às pessoas que possuem desembargas a contar com essas rendas decorrentes de arrendamen-

tos. Restringe por isso as encampações de rendas exclusivamente às causas contempladas no

Regimento e estipula o prazo de um mês para os rendeiros requererem na Fazenda quando lesa-
4
dos (em prejuízo das rendas) por alguma atitude régia .

Esta disposição que seria mandada publicar pelos Vedares da Fazenda na Mesa da Fazenda,

assentada no Livro desta, tresladada aos Contadores das Comarcas e por estes publicada nas

Casas dos Contos, decerto que em nada aliviaria a carga tributária que pesava sobre as popula-

ções, podendo ainda contribuir para uma maior pressão dos Rendeiros na sua arrecadação

De facto, nas Cortes de Torres Novas de 1525 o problema é claramente posto. Tentava-se, uma

vez mais e de novo sem êxito, invocar a falta do motivo inicial - a guerra - e a ausência de um

consentimento pelos povos para que perdurasse o tributo, a fim de extingui-lo. Não conseguindo a

anuência real para tanto, solicitavam-se alterações na arrecadação (que a não houvesse por limi-

tes), mas a imposição acaba por mostrar-se definitivamente estabelecida, como obrigação que os
5
povos tinham de sustentar o Rei .

As negociações tornam-se viáveis quando, uma vez reconhecida a permanência das sisas,

representantes de algumas cidades e vilas apelam para que o soberano receba anualmente uma

renda certa, deixando aos povos a tarefa de a repartir entre si e de a cobrar. Evitar-se-ia com isso

um constante acréscimo anual gravoso às populações e o contínuo sacrificio destas face à violên-

cia de rendeiros e oficiais da arrecadação. As vantagens parecem na altura evidentes para ambas

as partes, dado que o monarca, também ele, passaria a gozar de maior segurança, sem ter ren-

138
deiros a pedir-lhe quitas, a prejudicá-lo com conluios e com maus pagamentos, aliás, como em
6
1533 lembrará ao monarca o Marquês de Vila Real .

A resposta régia será favorável ao estabelecimento de contratos com concelhos, vilas e cida-

des, para o que o monarca nomeia seus procuradores e desembargadores Ldo. Cristóvão Men-

des, a 16.9.1526, e Ldo. Cristóvão Esteves, a 2.1.1527, identificado como Desembargador da


7
Fazenda e nos contratos como Procurador do Rei, do Desembargo e Juiz dos Feitos da Fazenda •

Tomás Luís, enquanto escrivão público dos contratos, acompanha o primeiro na Comarca de En-

tre Douro e Minho, na Beira, etc., enquanto que Fernão Álvares, Escrivão da Câmara do Rei é

escolhido (alvará de 5.2.1527) para com o segundo fazer os contratos em livros de pergaminho,

assinados pelo Procurador e pelas partes e guardados na Torre do Tombo, devendo também ele

como escrivão com poder do rei para fazer sinal público, subscrever e assinar as cópias destina-

das às partes.

Também as câmaras elegeram os seus procuradores em sessões públicas muitas vezes nos

Paços do Concelho, estando presentes os juízes e vereadores, o procurador do Concelho e mais

oficiais, bem como um número variável de moradores da própria localidade ou de lugares do seu
8
termo. Conhecem-se mais de duas centenas de contratos confirmados pelo monarca

0 estabelecimento destes acordos sobre montantes e arrecadação das sisas esteve longe de

ser uma questão pacífica. Não só não foi tomada uma determinação comum a todos os povos,

conservando-se pelo contrário, diversos sistemas de acordo com a vontade expressa por cada

localidade, como nas reuniões que se efectuaram nos diferentes lugares nem sempre os morado-

res manifestaram uma voz uníssona, obrigando a várias negociações antes do estabelecimento do

contrato.

Basta recordar, a esse propósito, que alguns dos Concelhos estabeleceram um primeiro acordo

com o Ldo. Cristóvão Mendes, expondo as condições e sobretudo os montantes de arrendamen-

tos do passado recente ou correntes, ou de lanços de rendeiros entretanto aceites, propondo ao

monarca quita das somas que representavam um acréscimo não suportável pelas populações,

139
para vir a assinar finalmente o contrato, em condições bem mais favoráveis, com o Ldo. Cristóvão

Esteves.

Para as primeiras negociações, assim como para a assinatura do contrato definitivo, reuniram-

-se os moradores para escolher o seu representante ou representantes para dialogar com o Pro-

curador do Rei. Dada a variedade de características, interesses e até dimensão das localidades e

o diferente grau de intervenção das várias camadas sociais em decisões da colectividade, de inte-

resse extraordinário se torna, não só no campo da Fazenda, o estudo destes documentos que

captaram momentos de intensa participação comunitária.

Vieram a estabelecer contratos sobre as sisas cidades e vilas, englobando localidades dos seus

termos, concelhos, julgados, honras e coutos. Muitas dessas terras encontravam-se na dependên-

cia de um senhor laico ou de um mosteiro ou grande eclesiástico, verificando-se sempre, de algu-

ma forma, a presença de um representante deste nas reuniões com os oficiais e moradores e o

Procurador do Rei.

É do máximo interesse, de facto, reunir e conjugar informações recolhidas nas procurações

passadas aos desembargadores atrás referidos, com elementos das procurações que os povos de

cada localidade(s) passam ao seu porta-voz nas negociações e ao seu representante legal para

assinar os contratos (nem sempre o mesmo) e, por fim, confrontá-los com os termos do próprio

contrato. Através dos diferentes discursos podem-se captar algumas linhas de força definidas ago-

ra claramente depois do diálogo em Cortes.

Uma das razões fundamentais para o pedido dos povos na assembleia de 1525 fora a opressão

de que eram vítimas por parte de rendeiros e oficiais da arrecadação das sisas, razão, aliás, invo-

cada de novo em reuniões com o Procurador do Rei para a efectivação dos contratos. Pretendiam

que fossem os seus oficiais eleitos, ou por seu intermédio, e não de oficiais da fazenda, que se

procedesse à repartição, aos lanços e à arrecadação das rendas. A reacção sente-se, pois, vio-

lentamente contra os oficiais régios da Fazenda e não propriamente contra o Regimento e os Arti-

gos das Sisas. Na verdade, mais do que uma vez se encontra nos Contratos referência a siseiros,

recebedores, escrivães e porteiros e mais gente ordenada por Regimento, considerados necessá-

140
rios e a utilizar desde que da confiança dos Concelhos, e controlados na sua actuação exclusiva-

mente pelos oficiais da justiça.

As populações de certas localidades é certo que invocam não suportarem sisas tão elevadas e

em crescimento de ano para ano, mas as suas queixas incidem fundamentalmente no facto dos
9
siseiros sacarem à força determinadas somas ou, numa acusação directa ao Corregedor da co-

marca de dar a renda em maior valia e preço 10. Pretendiam por isso - e expressam-no claramente

nas procurações - que todo o processo de repartição e levantamento das sisas, assim como a

execução e agravos respeitantes às rendas deixassem de ser realizados por contadores, almoxa-

rifes, recebedores, feitores ou outro oficial maior ou menor. Denunciam particularmente uma situa-

ção extremamente gravosa desde 1519, quando se colocaram novos e muitos oficiais em lugares

onde não era costume havê-los.

A maior intervenção de oficiais régios para arrecadação do tributo deu-se, pois, ao tempo de D.

Manuel, na época precisamente em que se pretendeu impor novo código com os Artigos das Sisas

e, segundo Góis, um novo imposto. Este não terá ido avante mas, em contrapartida, a rede de

oficiais da fazenda reestruturou-se, tornando-se mais densa e controladora sobre o território nacio-

nal.

Acresce a tudo isto a natural e sempre viva repulsa e revolta contra os cobradores, a quem se

imputam - ora legitimamente ora caluniosamente - excesso de zelo no recolher das rendas ou

atitudes à margem da lei que em nada beneficiavam a Fazenda real. Negociavam com as faltas,

atrasos e dificuldades de pagamento, propunham empréstimos, cobravam a dobrar certas dívidas.

A legislação que exaustivamente levanta estes problemas para de forma rigorosa os combater,

através de penas e de castigos corporais, acaba por ser, ela própria, o espelho revelador da cor-

rupção da Justiça e da Fazenda que lavrava na sociedade da época.

O pagamento dos oficiais representava um acréscimo à renda a pagar ao Rei e que caberia,

sobretudo agora, ao Concelho despender. A isso se comprometem os povos por contrato no que

respeita a oficiais cuja nomeação fosse anterior a 1519.

141
Clamam, contudo, pela extinção dos oficiais criados desde essa data e por nada se lhes pagar

de mantimento. No caso de ser obrigatório mantê-los - conforme os artigos da lei e os compro-

missos assumidos na nomeação --, exigiam que a morte do oficial ou a ocorrência de uma vaga,

representasse o fim do ofício, não havendo para o mesmo lugar novas provisões do Rei ou de

oficiais da Fazenda. Ficariam ao serviço, por necessidade do mesmo ou por direito dos oficiais, só

os indispensáveis, com mantimento pago pelo Concelho, correspondente à parte que a este cou-

besse na totalidade do Almoxarifado.

Pretendia-se com tudo isto substituir repartidores e lançadores e, simultaneamente, eliminar

formas de corrupção atribuídas a oficiais da Fazenda, como a exigência de prémios e interesses

na recepção das rendas ou, pelos escrivães, na passagem dos respectivos conhecimentos. Aos

oficiais da justiça exclusivamente passariam a competir penas e execuções em pessoas, bens e

fazendas.

É extremamente elucidativa, para o conhecimento da época, esta tendência local para valorizar

a justiça régia ao mesmo tempo que se procurava depositar uma confiança maior nos juízes, ve-

readores, procurador e homens bons dos concelhos e na sua capacidade de intermediários para

garantir o serviço do Rei e, ao mesmo tempo, a protecção dos povos, contra qualquer acto vio-

lento tirânico ou fruto de cobiça pessoal.

Conforme o Regimento da Fazenda há oficiais propositadamente nomeados para julgar os

pleitos referentes a rendas e direitos reais e às sisas. Pertence a estes, pois, um papel crucial na

nova orientação a imprimir a todo o processo, uma vez assentes e validados os contratos. Não

admira, pois, que a sua presença seja notada em algumas dessas reuniões em que se pretendia

discutir vantagens e desvantagens em alterar todo o processo de repartição e arrecadação das

rendas e nomear um procurador que, com objectivos bem definidos, tratasse com o Procurador do

Rei as cláusulas do novo acordo. O seu nome chega a surgir no das testemunhas arroladas na

procuração ou lançado mesmo como Procurador.

É o caso do juiz das sisas da vila de Belmonte, João Homem, cavaleiro da casa real, morador

na vila, nomeado para negociar com Cristóvão Mendes o contrato sobre sisas relativo a Belmonte

142
e seu termo, na comarca da Beira. Uma vez escolhido para Procurador, é ele que manda "tomar

as vozes", ouve os pareceres dos oficiais da câmara, de moradores ·(em grande número mestei-

rais), de juízes, etc., para dois dias depois, a 20 de Dezembro de 1527, enfrentar o Procurador do

Rei e propor-lhe condições mais favoráveis à região. Argumentava que eram "pobres foreiros" que

não suportariam de novo uma renda de 59000 reais como fora a resultante do arrendamento do

ano anterior (acrescido do 1% e da cera, e fora as ordinárias que o Concelho teria de pagar aos

oficiais). Começou por escutar a proposta do Ldo. Cristóvão Mendes que lhe ofereceu uma quita

de 3000 rs mas, numa atitude sempre evidenciada de mandatário do Concelho, acabou por con-

seguir um desconto maior, de 4000 rs, devendo Belmonte e seu termo pagar apenas 55000 rs de

sisa, somando uma renda de 56350 rs. Assim ficou firmado no contrato feito em Almeirim a 1O de

Janeiro de 1528 (confirmado no mesmo dia), com o Ldo. Cristóvão Esteves, Procurador do Rei, do

Desembargo e Juiz dos Feitos da sua Fazenda, servindo Henrique da Mota, escrivão da câmara

do rei, de notário público por especial mandado para estes contratos, e como testemunhas Pera
11
Ribeiro, escudeiro do infante D, Fernando (destacado para notário público noutros contratos) ,

entre outros.

Também em terras senhoriais, em reuniões com vista ao esbelecimento de contrato sobre as

sisas, se verifica com frequência a presença de homens directamente envolvidos na questão das

rendas, preferencialmente ligados a registos e processos judiciais, para lá, evidentemente, dos

juízes ordinários, oficiais diversos e homens das câmaras, do maior ou menor número de morado-

res e dos tabeliães do público e judicial, pelo rei ou pelo senhor da terra, que validam, com as

respectivas testemunhas, actas e procurações 12

De destacar, aliás, porque as terras andavam num único arrendamento, a conjugação de inte-

resses que anima as reuniões das autoridades locais e moradores da vila de Favaios, do concelho

de Alijó e do couto de S. Mamede que pertenciam respectivamente os primeiros aos Senhores do


13
Mogadouro e o último ao Arcebispo de Braga .

Escolhem entre Dezembro de 1527 e Janeiro de 1528 um único Procurador, morador em Alijó,

que estabelecerá com o Procurador do Rei o valor final da renda, obtendo uma quita de 780 rs,

143
facto que anula qualquer acréscimo relativo aos anos anteriores. Por ser analfabeto, assinará em

seu lugar Gaspar de Paço, escudeiro do Marquês de Vila Real, uma das testemunhas do contrato

firmado com o Ldo. Cristóvão Esteves em Almeirim a 16 de Janeiro de 1528 e confirmado a 28

desse mesmo mês 14

Na sequência do que atrás referia, entre os numerosos intervenientes, devidamente identifica-

dos nas sessões ocorridas para discussão dos contratos e escolha de Procuradores das diferentes

terras, encontram-se juízes e escrivães das sisas e porteiros das mesmas. Apenas menciono al-

guns casos elucidativos, para lá do Procurador de Belmonte já referido:

-- Para o contrato de Pinhel e seu termo (Almeirim, 27 de Janeiro de 1528), Lopo Gonçalves e

Domingos Fernandes, respectivamente juiz e escrivão das sisas, juntamente com o escrivão dos

órfãos, figuram entre os presentes na sessão de 27 de Novembro de 1527, juntamente com um

licenciado juiz de fora, dois bacharéis, um comendador da Ordem de Cristo, diversos cavaleiros

escudeiros e inúmeros nomes não identificados. Esteve presente o Ldo. Cristóvão Esteves. Nessa

ocasião foi escolhido um morador de Pinhel, cavaleiro da Casa Real, para Procurador e assinaram

como testemunhas quatro indivíduos todos eles ligados à Justiça: dois bacharéis sendo um ouvi-

dor e outro procurador na Correição, o meirinho e o escrivão da mesma Correição. Houve vozes

que discordaram de ser a vila a entender na repartição das sisas, ficando registada a dissidência
15
do juiz e moradores de alguns lugares, entre os quais, o Concelho do Lamegal •

-- A 30 de Março de 1527 os oficiais da câmara e moradores da vila de Alcoentre, entre os quais

se salienta Pera Anes, almoxarife do Marquês de Vila Real, senhor da terra, escolheram para seu

Procurador João Martins, escudeiro da Casa do Marquês e juiz das sisas que assinará contrato
16
com o mesmo Licenciado em Almeirim a 27 de Junho (confirmação a 9 de Agosto em Coimbra) .

-- Em diversas terras da comarca da Estremadura, seja no Cadaval, de D. Rodrigo, Conde de

Tentúgal (contrato em Janeiro de 1528), seja em Alvorninha (idem) ou em Aldeia Galega a par de

Merceana (a 20 de Dezembro de 1527), em reuniões, aliás, onde houve bastante discordância de


17
pareceres , estiveram presentes mais juízes das sisas, respectivamente Brás Alves que assinou

como testemunha no dia 12 de Outubro de 1527, Rui Correia, cavaleiro, e Luís Eanes (que já dei-

144
xara o ofício). Foram numerosos os participantes na decisão da vila e termo do Cadaval, ao longo

de cinco sessões entre Outubro e Dezembro de 1527, ficando numa delas registado o acordo da

maioria. Quanto às outras duas vilas e respectivos termos, depois de certa oposição, o monarca

enviou a tomar as vozes um seu Desembargador, o Ldo. Rui Pires, Corregedor da Beira, tendo-se

finalmente apurado o consentimento da maioria.

Neste contexto local de valorização dos homens da justiça no processo de repartição e arreca-

dação das sisas, devo salientar que o "muito honrado" Ldo. Rui Pires, do Desembargo régio e

Corregedor nas comarcas da Beira, vai ser ele próprio escolhido como Procurador da cidade de
18
Viseu, ramos e termos , após reuniões diárias da câmara com um sem número de moradores de

diversas localidades durante Agosto de 1527, entre os quais vários mercadores e numerosos ho-

mens de ofício e diversificados mesteres. Entre os homens da câmara e os primeiros nomeados

entre os moradores contam-se bacharéis, um licenciado, um cavaleiro da Ordem de Santiago e

alguns escudeiros, estes já distribuídos entre mercadores e mesteirais. As testemunhas dos autos,

por seu turno, são escrivães da Correição ou maioritariamente, pertencem ao corpo de funcionári-

os da cidade. Entre os participantes nas sessões, conta-se pelo menos um Porteiro das sisas,

Rodrigo Álvares.

Mais ou menos activos nas tomadas de posição acerca das condições dos contratos estiveram

também, como já referi, escrivães das sisas, por vezes nomeados como testemunhas no docu-

mento de procuração ou nas actas das sessões. Aponto como exemplo dessa participação activa

a do escrivão das sisas de Penamacor Martim Vaz, entre Novembro e Dezembro de 1527, quando

se discutia e argumentava com o Ldo. Cristóvão Mendes através do Procurador da vila e seu ter-
19
mo , antes da assinatura do contrato a 8 de Janeiro de 1528 (confirmação a 10). Também foi

participante nas discussões sobre o contrato da vila de Porto de Mós e termo (e ramos) Bastião
20
Roque, qua assina como testemunha no documento de procuração

Deve-se recordar que os juízes das sisas eram, tal como os escrivães e os porteiros das mes-

mas, nomeados pelos Vedores da Fazenda por carta régia. Moradores na terra, o ofício passava

naturalmente de pais para filhos ou parentes próximos, por meio de licença real ou alvará de !em-

145
brança que o Vedar da Fazenda confirmava na carta de oficio. A ocupação também podia ser por

vaga, renúncia ou venda.

Uma vez pago o ordenado na Chancelaria, mediante certificado do Recebedor desta, e feito o

juramento no mesmo local ou na Contadoria, ficavam aptos a servir, bastando para tal o Contador

da Comarca (ou seu equivalente) dar-lhe a posse conforme as instruções da carta de ofício.

Ao Contador da Comarca competia, igualmente, a função judicial. Em caso de erro denunciado,

por vezes por petição do candidato ao lugar, cumpria-lhe, por ordem dos Vedares da Fazenda,

citar o oficial acusado, ouvi-lo, inquirir testemunhas e orientar todo o processo até dar a sentença

final, com apelação e agravo para aqueles como instância final.

Nestas circunstâncias mais se compreende ainda a presença nas sessões de diversos homens

da justiça, desempenhando ou não funções de direcção, e dos que, entre eles, em particular a

exercem no âmbito das sisas, nomeados pelas instâncias centrais, apresentados ou não pelos

poderes locais. As reuniões das câmaras com os moradores para se chegar a acordo e nomear

um procurador contam também com juízes de fora, letrados, ou oficiais do senhor da terra. Ocasi-

onalmente nomeiam-se de facto alguns indivíduos ligados a um determinado senhor ou instituição

em reuniões ocorridas em terras suas, do tabelião e de vozes entre os moradores reunidos até ao

Procurador escolhido por eles assinar o contrato das sisas21 .

Significativo se torna, a partir do que foi salientado, que a desconfiança ou animosidade das

populações relativamente à cobrança das sisas incide muito mais nos oficiais da Fazenda respon-

sáveis pela repartição das sisas, pela aceitação dos lanços dos rendeiros e pela escolha de de-

terminados recebedores do que por aqueles que, originários da localidade, com raízes e relações

locais, são nomeados pelos Vedares da Fazenda em nome do monarca Uuízes e escrivães das

sisas, porteiros, recebedores e requeredores das mesmas).

A crítica a erros, corrupção e falta de justiça incidiriam, pois, nas instâncias intermédias, isto é,

nos Contadores das Comarcas e Almoxarifes.

São estes também que estariam melhor colocados para assegurar a nomeação, embora tempo-

rária, de oficiais menores, enquanto o rei o não providenciasse. Durante o tempo em que não hou-

146
vesse carta de ofício de um novo titular, poderia, contudo, a sua serventia ser usufruída por diver-

sos indivíduos.

O conteúdo de todos estes contratos assumidos entre o Rei e as câmaras e moradores de cida-

des, vilas e lugares, através dos seus Procuradores, representa muito mais do que uma mera ga-

rantia em termos financeiros e de justiça. A renda anual fixa, paga aos quarteis do ano à custa da

cabeça do Almoxarifado, representaria para os povos se não um travão, pelo menos um freio a

crescentes dificuldades nos pagamentos. Para o monarca, que continuaria a receber das terras

sem contrato o produto, talvez crescente, dos arrendamentos, conseguiria deste modo pacificar os

ânimos e obter com maior regularidade e segurança uma determinada maquia, embora acedendo

no presente a descontos que poderiam variar de caso para caso. De 500 reais, de 30000 ou de

60000 rs, as quitas foram calculadas tendo em atenção os argumentos apresentados {pobreza da

terra e dos homens, exploração desmedida pelos oficiais da fazenda ... ) e, sobretudo, em função

dos valores estabelecidos nos arrendamentos dos anos anteriores ou ainda vigentes, por vezes

por mais dois anos. Atenderam-se também a lanços de rendeiros já aceites no ano que corria. Por

vezes, como se viu, não basta um primeiro encontro na localidade em questão com o Procurador

do Rei para acertar os valores, vindo esse concerto a verificar-se provisório.

Para determinadas terras importaria, sobretudo, clarificar o processo de repartição das sisas e,

nesse âmbito, esclarecer a quem competiria o seu controlo, quem se reponsabilizaria pela sua

arrecadação e pelo exercício da justiça sobre os infractores. A reacção é assaz violenta à inter-

venção opressora e castradora de oficiais da Fazenda que controlam lanços e repartições das

sisas e as arrecadam ou mandam arrecadar. Invectivam-se contadores, almoxarifes e recebedores

porque também intervêm nos processos judiciais e nas execuções fiscais. Aliás, como os oficiais

ao serviço da Fazenda real, são eles próprios, julgados- no âmbito cível como no do crime - por

oficiais superiores, em última instância pelos próprios Vedares da Fazenda. Apelações e agravos

seguem estas mesmas vias.

Mas a solução estará em substituí-los por oficiais nomeados pelas autoridades locais e subme-

tê-los ao controlo de oficiais da justiça?

147
Há vozes discordantes até ao fim, vencidas pela decisão de uma maioria. Nem sempre é fácil o

consenso, vendo-se o monarca compelido a enviar alguém a tomar vozes, seja um cavaleiro da
22
sua Casa, conforme no lugar de Punhete que acaba por celebrar o contrato em Janeiro de 1528 ,

28
seja, como atrás mencionei nalguns exemplos, o Corregedor da Beira e Desembargador do Rei

O protesto lavrado identifica-se por vezes claramente com uma recusa de um controlo excessi-

vo das autoridades da cidade sobre os lugares do seu termo, através da repartição das sisas e

suas consequências. Não estariam sob a ameaça de consentir na substituição apenas de um jugo

por outro?

É desconhecido o volume de contratos negociados, apenas um número referente àqueles que

foram fechados e confirmados pelo rei. Mas sabe-se seguramente que nem todas as localidades

aderiram ao novo modelo e que, mesmo encontrando-se muitas delas sob um mesmo senhorio,

laico ou eclesiástico, não manifestaram um comportamento uniforme.

Os documentos registados em Chancelaria e outros de arquivos particulares, comparados com

o Cadastro de 1527, permitem uma base fundamental de dados sobre os diferentes senhorios à

data oficialmente conhecidos. Subtraindo os casos que atrás anotei de cidades, vilas ou lugares

sob um senhor juntamente com os restantes inclusos nos Livros de Contratos sobre sisas que se

conservam na Torre do Tombo, comprova-se ter havido decisões autónomas de cámaras e mora-

dores relativamente à vontade do senhor da terra. Reforça esta conclusão o testemunho inequívo-

co do Marquês de Vila Real em cartas onde para lá de emitir o seu próprio parecer, comenta as

atitudes, opiniões e decisões dos homens que dirigem ou influenciam a vida pública das cidades e

vilas sobre as quais possui jurisdição.

Antes, porém, de passar à análise desse testemunho, convém realçar as restantes traves-

-mestra do discurso explícito e implícito nos diferentes contratos assinados sobre matéria de sisas

entre o Rei e as diferentes terras neles interessadas.

Se no compromisso assumido, a repartição das sisas escapava de todo ao controlo dos oficiais

régios da Fazenda, o monarca obtinha dos povos em contrapartida, um consentimento expresso

para arrecadar e possuir as sisas como tributo e direito real para sustento do seu Estado, governo

148
da Justiça e defesa da terra. O soberano, com poder de decisão sobre o quantitativo da renda

(embora não podendo no futuro alterar livremente o montante estabelecido), assegura definitiva-

mente o seu carácter de tributo permanente e, enquanto direito real, pertença da Coroa e inaliená-

vel. A partir deste postulado, a forma de repartição das sisas tornar-se-ia para o rei uma questão

secundária, pelo menos, de momento, assim como as somas acordadas. Quanto à sua cobrança,

um Regimento prometido pelo Rei nos contratos regularia todo o processo de forma a assegurar

uma boa arrecadação para a Fazenda Real.

A maior segurança e concretização na obtenção destas receitas que se pretendiam regulares e

que teriam constituído 3/4 do rendimento interno do Reino24, assegurava ao poder real uma redis-

tribuição que lhe garantia fidelidades e serviços. Com as rendas e direitos obtinha o rei meios de

satisfazer os numerosos moradores da Casa Real e os oficiais, agentes e auxiliares por meio dos

quais administrava o seu património e desenvolvia relações com poderes e instituições, como

entidade arbitral ou/e depositária do interesse comum. Com eles alargava a sua política da graça,

distribuindo mercês em doações, títulos, ofícios, oportunidades e engrandecimento pessoal (do

ponto de vista social, político ou económico), prestigiando os seus súbditos e, com isso, a sua

própria imagem dentro e fora do Reino.

Tratava-se de certo de uma fonte de rendimentos mais sólida, mas não tão exposta como o

fluxo dos proventos ultramarinos às vicissitudes da guerra, da concorrência comercial e política.

Com o monarca, e por seu intermédio, beneficiavam, pois, directamente os poderes. Nestas

circunstâncias, como não estar de acordo com processos que vinham a beneficiar a Fazenda ré-

gia?

Nos contratos de diversas terras com o Ldo. Cristóvão Esteves, Procurador do Rei, seu Desem-

bargador e Juiz dos Feitos da Fazenda, de um modo geral realizados na Casa da Fazenda do rei

(integrada no Paço) quando em Lisboa ou Coimbra, ou nas pousadas do Licenciado, nesta cidade

ou em Almeirim, é frequente a presença conjunta ou alternada (por vezes repetida) de cavaleiros

fidalgos da Casa Real, fidalgos ou escudeiros da mesma e de escrivães e moços de câmara do

Rei. Os próprios escrivães da câmara que em certos contratos servem de notários públicos por

149
especial mandado para estes, assinam como testemunhas quando não nessas funções. Assim o

faz, Pera Ribeiro, escudeiro do infante D. Fernando, em contratos feitos por Anrique da Mota pelo

notário público e geral da Corte Gomes Eanes de Freitas, e vice-versa 2"-

Constituem testemunhas alguns moradores da comarca referente à localidade que estabelece o

contrato, não sendo porém regra. A sua estada, bem como a de procuradores por diversas terras,

é provavelmente aproveitada para que testemunhem em contratos realizados dentro desse perío-

do de tempo. Certos cidadãos de Coimbra, do Porto ou de Lisboa, alguns identificados claramente

como mercadores são citados mais de uma vez no local das testemunhas de contratos de dife-

rentes áreas. Qualquer destes indivíduos pode ter de assinar em lugar de um procurador analfa-

beto, caso não pouco frequente.

Interessa, contudo, destacar por ora a localização frequente de oficiais da Fazenda mas, na sua

grande maioria, relacionados com a Casa Real ou com as instâncias centrais da Fazenda real

(com cargos superiores ou subalternos). São poucas as excepções, como a representada pelo Dr.

João de Avelar, cavaleiro da Ordem de Cristo, na época com cargo de Vedar da Fazenda do Por-
26
to, que encabeça o rol das testemunhas de mais do que um contrato . Cite-se, como exemplo o

do Concelho de Lanhoso, pertença de D. Diogo de Castro, realizado em Coimbra a 19 de Setem-

bro de 1527, onde aliás, assinará também pelo Procurador (analfabeto). Também detectei o tes-

temunho, em mais do que um contrato do Feitor da Alfândega do Porto Nuno Fernandes, que as-

sina no contrato de Barcelos, em Almeirim a 26 de Junho de 1527, e dois dias depois no do lugar

de Águeda, assim como o de Henrique Pimentel, Escrivão dos Contos de Coimbra, e seu filho o

Bacharel Alexandre Pimentel.

Outros nomes e funções surgem directamente ligados à Fazenda real ou aos Contos, dos quais

destaco Fernão d'Áivares, fidalgo da casa real e Escrivão da Fazenda, Francisco Lopes, Escrivão

dos Contos, Heitor Rodrigues, Caminheiro da Fazenda (muito frequente), Pera Freire (idem) e

Fernão Lopes, Moços da Fazenda. Natural se torna também a presença como testemunhas de

homens relacionados aos Feitos da Fazenda, seja o Escrivão deles Cristóvão Álvares, cavaleiro

150
da casa real, o Porteiro do Desembargo da Fazenda Rui Fernandes, ou Diogo de Aguiar (muito

frequente) e Afonso Gomes, criados do Ldo. Cristóvão Esteves.


27
Ao assinar do contrato de Mafra (vila e termos) , da jurisdição do Conde de Penela, a alguns

meses apenas deste se tornar Vedar da Fazenda, embora já gozasse dos privilégios inerentes a

este ofício, reúnem-se a 5 de Abril de 1527 em Lisboa na Casa da Fazenda (passando depois

para onde pousava o Ldo. Cristóvão Esteves), os Procuradores das duas partes, Fernão d'Áivares

Escrivão da Câmara do Rei na qualidade de público escrivão, e como testemunhas Álvaro Pache-

co cavaleiro fidalgo da Casa Real, o Ldo. Gaspar Pegado, juiz de fora com alçada na cidade de

Beja, e dois outros membros da família do Procurador do Rei, o Ldo. Bernardim Esteves e o Ba-

charel Mateus Esteves, na época desempenhando as funções de Procuradores respectivamente

da Casa da Suplicação e da Casa do Cível.

Desembargadores como Dr. Pedro Nunes e o Ldo. Rui Monteiro, o Corregedor da Estremadura

(Dr. Afonso Serrão}, o Procurador e o Escrivão da Chancelaria da Correição da Beira (Ldo. Antó-

nio Álvares) e Tomás Luís, Juízes de fora, ouvidores, escudeiros e capelães de infantes e de

grandes senhores, mercadores diversos, surgem com maior ou menor frequência nos diferentes

contratos entre numerosos nomes, uns claramente identificados, outros sem explícita menção do

ofício ou da condição.

Diria o Marquês de Vila Real alguns anos depois, por carta de 1O de Novembro de 1533 a D.

João III que estes contratos tinham sido para os povos- e continuavam a sê-lo- "serviço de deus
28
E de seu Rey E bem comum de suas patrias" Fora desde sempre essa a sua opinião e ainda a
2
reforça em 1535, após votação contrária em Cortes "-

Escreve a 20 de Junho de 1535 ao Conde da Castanheira que, aliás, o representara nas Cortes,

no juramento do príncipe D. Manuel. Faz-lhe nessa carta um balanço de importantes reacções que

foi verificando desde o início da discussão dos contratos, tanto por parte de conselheiros, como

dos povos, como ainda dos "regedores" destes.

O seu parecer pessoal fora sempe favorável a conceder aos povos a repartição das sisas. O

problema colocara-se desde o início numa discussão assaz generalizada, participando dela o

151
Marquês que não deixou de aconselhar vivamente as suas vilas a aderirem aos contratos propos-

tos pelo monarca.

O estabelecimento das sisas como renda certa representava para os povos "grã mercê e liber-

dade", particularmente para todos os que viviam "per seus tratos e fazendas" (carta de 1535) pois,

logo que conseguida a soma estipulada, ficavam "livres de todo o mais que quiserem vender E

comprar e negociar" (carta de 1533). Esse facto viria a beneficiar inclusivamente o crescimento e

proveito dos lugares, visto que aumentariam os lucros sem se ter por isso que pagar mais sisa.

Daí o seu parecer favorável à adesão das terras sob sua jurisdição, parecendo-lhe que seria muito

vantajoso para todas elas pois, além do proveito material libertar-se-iam igualmente dos abusos

por parte de rendeiros e oficiais. Tais contratos serviriam, pois, ao bem comum e ao bom governo

das terras. Com esse espírito muitas os tomaram e todas, segundo ele, "se acham disso mui bem"
30
(em 1535). Vila Real fora a principal excepção

Como explicar a recusa por parte de alguns lugares a assinar contratos tão vantajosos para as

terras e de grande serviço para o Rei ? O Marquês encontra a explicação precisamente no "dese-

jo" ou paixões negativas que animam aqueles que colocam o seu proveito particular acima do

colectivo e dos preceitos de justiça. Oficiais e governantes de terras que pessoalmente gozam de

privilégios relativamente às sisas não só não incentivam nem orientam convenientemente o povo,

como procuram na recusa deste, oportunidade de mais reforçar uma aliança com os siseiros - "os

querem ter contentes para com eles atribularem os fracos" (1533) -, numa "manifesta malícia"

(Junho de 1535) contra o bem comum, o serviço de Deus e o do seu Rei.

Vila Real fora, segundo ele, tal como as outras localidade que não realizaram os contratos ou

que já em 1533 os pretendiam desfazer, vítima do logro desses cobiçosos, mais numerosos entre
31
o povo dessa vila por ser ela maior e mais populosa • Na verdade, porém, a influência pessoal do

Marquês, na época ausente, teria porventura tido algum peso na decisão final mesmo que não

conseguisse reverter a situação. Em 1533 verifica-se que por via do diálogo tenta modificar as

posições, mas na prática não domina a opinião geral. Esta pende para a terceira solução no que

diz respeito às sisas: conseguir do Rei um arrendamento de longa duração.

152
A apreciação do senhor de Vila Real ccntinua a ser a de um poder intermédio que aconselha ou

procura influenciar politicamente a tomada de posição de uma das suas vilas pelo que lhe será do

maior proveito, demonstrando simultaneamente ao monarca a sua fidelidade incondicional ao ser-

viço do Rei que, conforme declara em 1535, "é o primeiro fundamento que em todolas cousas

deste mundo eu tenho e ponho ante mim".

Conselheiro atento de D. João III, como o fora de D. Manuel, avalia igualmente as vantagens

para a Fazenda real de rendas certas e seguras garantidas pelos contratos, a dispensa de irregu-

laridades nos pagamentos por parte de rendeiros, a eccnomia em mantimentos de oficiais, razões

mais do que suficientes para justificar esta "mercê" do rei aos povos representada pelos contratos.

Salienta igualmente os benefícios futuros que o poder real pode retirar da actual conjuntura

(1533), tendo em vista a proposta da vila e os lanços dos rendeiros.

Note-se, todavia, que ao colocar-se com as suas vilas sob a protecção justa de um rei "tão vir-

tuoso" como é D. João III "que quando alguma coisa quiser de seus povos não há-de ser senão

tão justa ou cem tal causa e necessidade que eles mesmo" - em Cortes - "a deviam oferecer ain-

da que se lhe não requeresse" (Maio de 1535), assume uma posição legitimada em princípios de

justiça e de bem comum contra elementos que agem com maior autonomia na direcção dos luga-

res.

Procura ccmbater tendências de controlo local ccncorrentes que tanto prejudicam o interesse

régio na questão das sisas como o podem prejudicar na recolha de outros direitos, na aplicação da

justiça e na sua própria imagem de poder superior e paternal. Daí colocar-se inequivocamente ao

lado do monarca numa política fiscal de nivelamento que procura destruir conluios de particulares

contra o interesse geral, conforme se pode deduzir do seu comentário na carta que escreve em

Junho de 1535 ao Conde da Castanheira: " ... e os lugares que as não tomaram ou que as querem

leixar achar-se-à que são daqueles em que os principais que neles há e governam os ditos lugares

mais pera seus proveitos que para o ccmum estes as não querem tomar ou se as têm tomadas as

querem leixar porque estes seus poderes e mandos os privilegiavam das sisas e agora a todos lhe

cabe seu lançamento".

153
Quando escreve ao Conde a 20 de Junho de 1535 tomara recentemente conhecimento pelos

Procuradores da vila de Caminha - seus "vassalos" que colocara sob a protecção e ao serviço de

D. António de Ataíde, instruídos para em tudo servi-lo e cumprir em Cortes qualquer desejo mani-

festado pelo monarca, "sem curar de nenhuas réplicas nem pequices em que povos às vezes
32
caem" - da consulta de D. João III fizera àcerca do tributo das sisas e do seu resultado. Entre

tomarem as sisas em preço certo ou regressar ao sistema anterior de "arredondamentos abertos",


33
a maioria pronunciara-se a favor destes .

Para lá de denunciar a "manifesta malícia" que estaria por detrás desta opinião expressa pelos

Povos nas Cortes de Évora de 1535, preocupa o Marquês de Vila Real a decisão que o Rei iria

tomar. Pode, por isso, a intercessão do Conde da Castanheira para que lembre ao monarca estar

a lidar não com um privilégio concedido por mercê - reversível - mas com um contrato, com obri-

gações que por direito se não podem quebrar. É agora o senhor das vilas com contratos que se

revela, defendendo os seus povos e aquilo que continua a considerar interesse de todos, princípi-

os de justiça e de bom governo.

Considera mesmo preferível à tomada de decisões uniformizadoras e prejudiciais, a coexistên-

cia de situações diversas - conservando uns o contrato e outros mantendo ou passando ao siste-

ma de arrendamentos --, à semelhança do que se verificava com os direitos reais, cuja arrecada-

ção muito dependia, ao fim e ao cabo, das condições de foral de cada vila.

Não é por certo casualmente que o Marquês de Vila Real menciona a arrecadação dos direitos

do rei. Com efeito, como atrás referi, o texto dos contratos definitivamente consagrava a sisa como

tributo geral permanente e direito real, património da Coroa e inalienável.

O que estaria então em causa era voltar à repartição, lançamento e cobrança das sisas pelo

sistema de arredondamento, controlado por oficiais do rei, ou generalizar o regime de contratos

pelo qual se estabelecia uma renda anual fixa, remetendo-se para a responsabilidade dos órgãos

do concelho todo o processo, inclusivamente a apresentação de oficiais para arrecadação das

sisas e a resolução do contencioso.

154
De qualquer das formas, os povos são convidados nas Cortes de 1535 a expressar a sua von-

tade. É a maioria que opta pelo anulamento dos contratos, apesar de algumas terras as quererem

manter.
34
Na verdade, na origem da decisão que virá a motivar uma nova lei publicada em 1538 , en-

contra-se um pedido dos povos, atitude que decerto não constituiu novidade para o monarca e

seus mais próximos colaboradores. Efectivamente, se as queixas em Cortes em 1525 desencade-

aram a realização de contratos, a fim de impedir o contínuo aumento do tributo e as exigências de

contadores e almoxarifes, as vozes dos agravados continuaram a fazer-se ouvir junto de todas as

instâncias da Fazenda Real, chegando os protestos e requerimentos aos Almoxarifes, passando

por Escrivães e Contadores, subindo aos Vedores da Fazenda e ao soberano.

V. GRÁFICO I

Elucidativos desse ambiente que continua a viver-se após 1527-1528 são diversos documentos

originais conservados até hoje que retratam dificuldades e tensões envolvendo a arrecadação das

sisas e de outras rendas, as contas a prestar pelos oficiais da fazenda, o desajuste entre somas

previstas e somas obtidas, os cálculos e adaptações a fazer, por ordem das instâncias centrais,

com consequências nas contas dos oficiais, nas quebras das partes a despachar, nos assenta-

mentos dos anos seguintes. Cite-se a título de demonstração o conjunto de registos que acompa-

nha um caderno de assentamento do Almoxarifado da Guarda de 27 de Julho de 1529 35 , assina-

do pelo Rei e pelo conde do Vimioso. Ao contrário deste caderno, tais registos não foram publica-
36
dos por Braamcamp Freire • Constituem, todavia, um testemunho vivo dos mecanismos internos

da Fazenda, de comunicação entre as instâncias, de procedimentos e até de situações de latente

conflito. Requeria Lopo de Abreu, Almoxarife da Guarda, a 11 de Outubro de 1529, ao Contador

do Almoxarifado que lhe "descarregasse" certa soma e rendas, uma vez que o quantitativo carre-

gado no caderno como sendo o valor do arrendamento não correspondia ao seu valor real dado

que alguns lugares ou tinham sido arrendados por menos do que em anos anteriores ou tinham

155
GRÁFICO I

REPERCUSSÃO DE DIFICULDADES E TENSÓES ENVOLVENDO A ARRECADAÇÃO DAS SISAS


Estimativa aproximada com base em registos da Chancelaria régia

200~------------------------------------------------------~
195
190
185
180
175
170
185
180
155
150
145
140
135
130
125
120 .,
115 \ :
1~ \:.
15 \\
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25
20
15
10
5
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1522 24 26 28 1530 32 34 35 38 1540 42

100
95
90
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30
25 ' .• •
20
15
10
5
o+---r---~~~~--~--~
1546-47 1548-49 1550-51 1552-53 1554-55 1556-57
156
1-juizos - + oscrlvães - - • • ' recebed. j
quebrado. Através desse escrito nota-se os cuidados que tem o Almoxarife em proceder por ca-

nais institucionais, confiando ao Escrivão a entrega do requerimento que dirige ao Contador, pe-

dindo-lhe um assentamento de somas para lhe servir em sua defesa, calculando que virá a ter de

apelar por justiça na própria Fazenda. Com efeito o Contador não atenderá o seu pedido por im-

possibilidade do seu ofício, visto que a folha com as somas excessivas é proveniente da Fazenda

Real e se baseia em dados que o próprio Almoxarifado apresentara sobre o valor das rendas arre-

cadadas. A pedido do Almoxarife será passado um instrumento assinado pelo Escrivão e pelo

Contador a ser analisado nas instâncias centrais da Fazenda. Verificada aí a quebra sofrida em

1529 no Almoxarifado, será emitido em Lisboa um alvará, a 15 de Dezembro de 1530 assinado

pelo Rei e de novo rubricado pelo Conde do Vimioso, estipulando os quantitativos a serem levados

em conta a Lopo de Abreu e em quebra às partes, segundo forma do Regimento.

Mas para além do procedimento interno em casos como este, o que importa, sobretudo, salien-

tar nestes documentos é a tensão que se vive no Almoxarifado da Guarda em 1529. Diversas refe-

rências aludem a arrendamentos e a somas nas mãos de rendeiros, mas as que mais importa

agora realçar são as que se referem à recusa de localidades em pagar o tributo- Marialva, Fama-

licão e Proença - e de outras que têm apelado por não quererem estar com os contratos de Cris-

tóvão Mendes.

De certo que à Fazenda, mais propriamente aos Vedores dela, subiriam na época inúmeras

petições, requerimentos, apelações e agravos, provenientes tanto das populações vitimadas por

dificuldades materiais como por parte dos próprios rendeiros e dos oficiais da Fazenda que não só

não receberiam as rendas como provavelmente se veriam envolvidos em situações de violência

latente.

157
NOTAS

1
Lisboa, ANTT, Leis e Regimentos sem data, Maço 2 - Li v. 2.
José Anastasio de Figueiredo, Synopsis chronologia ... para a Historia e Estudo Critico da Legisla-
ção Portuguesa, T. I, pp. 235-245.

2
Lisboa, ANTT, Uvro de Registo de Leis e Regimentos de D. Manuel, f. 119 v.

3
As emendas mandadas introduzir já após o reinado de D. João III aos Artigos das Sisas, de novo
impressos em 1566, não passariam de adaptações da impressão de 1542, da responsabilidade de
Duarte Nunes de Leão (com concessão assinada pelo Cardeal Infante, de Lisboa, 28 de Novem-
bro de 1564). Exemplar autografado em ANTT, Leis, Maço 2- n• 23.

4
Estas disposições de D. João III (Évora, 4 de Julho de 1524) serão confirmadas a 27 de Março
de 1582, pretendendo-se de novo restringir as encampações e impedir a redução de valores esti-
pulados em contratos. As mesmas determinações aplicavam-se nas rendas encabeçadas pelos
povos e nas que estes arrendassem a rendeiros. ANTT, Leis, Liv. 1, f. 72 e Núcleo Antigo.

5
ANTT, Cortes, Maço 2 - n• 6, f. 19 e Núcleo antigo.

6
Parecer que publico em Apêndice documental a partir do original do ANTT, Corpo Cronológico,
P. I- M. 51 - D. 103, e de que existe uma transcrição no Núcleo Antigo.

7
Qualquer destes documentos encontra-se transcrito nos Uvros de Contratos de D. João III. A
procuração feita em Coimbra a 16.9.1526 encontra-se, por exemplo, no contrato de Cabeceiras de
Basto e seu termo (Concelho e couto do Mosteiro de S. Miguel de Refoios), realizado a 6.9.1527 e
confirmado a 10.9 seguinte, (Liv. 7, ff. 68v e ss, com cópia no Núcleo Antigo 80, ff. 222v e ss) e a
procuração de Cristóvão Esteves dada em Alcochete a 2 de Janeiro de 1527 num outro contrato
registado no mesmo livro (Liv. 7, ff. 82v e ss, com cópia no Núcleo Antigo 81, ff. 3 e ss), da vila e
Concelho de Lanhoso.

8
Foram guardados na Torre do Tombo cerca de 234 contratos cuja notícia chegou até aos nossos
dias. Realizou-se já nos finais do séc. XVIII uma cópia a mando do Guarda-mar do Arquivo e De-
sembargador do Paço, Procurador da Coroa, o Dr. João Pereira Ramos de Azevedo Coutinho. V.
Núcleo Antigo.

158
9
Contrato da vila de Oliveira do Conde e seu termo (Beira) de 20 de Setembro de 1527, confirma-
do a 30 do mesmo mês. Livros de Contratos de D. João III, Liv. 7, ff. 87v e ss e Núcleo Antigo 81
(Liv. 7-11), ff. 31v-48v.

10
Referência às intervenções do Corregedor Cristóvão Mendes de Carvalho nos contratos de Pe-
namacor (Beira), Porto Carreiro (Entre Douro e Minho), Louriçal (Estremadura), etc. Livro de Con-
tratos de D. João III, Liv. 7, ff. 112v esse Núcleo Antigo 81 (Liv. 7-11), ff. 156-169v, 298-306v e
279-289v.

11
Lisboa, ANTI, Livros de Contratos de D. João III, Liv, 7, ff. 120v esse Núcleo Antigo 81 (Liv. 7-
-11), ff. 188v-198.

12
Encontram-se múltiplos registos desta última situação nos Livros de Contratos de D. João III,
dos quais saliento a título de comprovação e de exemplo alguns retirados do livro 7 (1527-1528): o
do tabelião do público e judicial por Rui Teles de Meneses na honra de Unhão, por Pera da Cunha
Coutinho nos Concelhos de Celorico de Basto e Penaguião, pelo Arcebispo de Braga nesta cida-
de, pelo Duque de Bragança na vila e termo de Barcelos, por D. Diogo de Castro no concelho de
Lanhoso, por D. António Conde de Unhares nos concelhos de Algodres e Figueiró da Granja, por
D. Francisco Coutinho, Conde de Marialva e Loulé e senhor do couto de Leomil, na vila e termo de
Souto, por D. Jorge de Meneses na vila de Cantanhede, pelo Mestre Duque no concelho do Louri-
çal, pelo Conde de Tentúgal nas vilas do Cadaval e do Rabaçal, etc. Núcleo Antigo 80 e 81.

13
Serve de tabelião do público e judicial por Álvaro Pires de Távora, fidalgo da casa real e do
Conselho, Gonçalo Gabriel, enquanto Manuel Martins é o escrivão do público e judicial do Couto
de S. Mamede e, conforme o documento explicita, de vários outros que o Arcebispo de Braga ti-
nha na Comarca de Vila Real. De certo se referia pelo menos aos coutos de Provesende, Peso,
Gouvães e Vila Grande, embora o Arcebispo possuísse outros coutos em Miranda do Douro e
Torre de Moncorvo, bem como algumas câmaras, todas pertencentes à Comarca de Trás-os-
-Montes, cf. Cadastro de 1527 e Anselmo Baamcamp Freire, "Povoação de Trás-os-Montes no
XVI Seculo", Archivo Historico Portuguez, V. VIl, Lisboa, 1909, pp. 241-290.

14
Contratos de D. João III, Liv. 7, ff ---e Núcleo Antigo 81 (Liv. 7-11), ff. 266-279. Sobre a feição
desigual ou a realidade social multiforme das administrações dos concelhos "atomizada em diver-
sos microcosmos", marcando orientações de conduta diferencidas, condicionada por estruturas
socioeconómicas variadas, V. O Poder Concelhio das origens às Cortes Constituintes. Notas de
História Social de Maria Helena Cruz Coelho e Joaquim Romero de Magalhães, Coimbra, 1986.
Salientam, aliás, estes autores como apesar do aparente avanço da administração régia, desde o
séc. XV, e do poder territorial do rei "absoluto" em termos de "mando", variava a eficácia do seu

159
poder em termos de exercício, condicionado como era pela pouco coesa e articulada rede buro-
crática, pela distância e pela manutenção de privilégios locais, pessoais e de grupo e pelas barrei-
ras oligárquicas (face também aos senhorios).
Importantes análises para o século XVI, entre outras, de António de Oliveira (Coimbra), Romero
de Magalhães (Algarve) e Maria Ângela Beriante (Santarém).

15
Núcleo Antigo 81, (Liv. 7-11), ff. 244-256v.

16
Esse mesmo juiz das sisas virá, aliás, a servir de testemunha no contrato da vila de Recardães
realizado no dia seguinte (Almeirim, 28 de Junho de 1527) e confirmado a 26 de Julho em Coim-
bra. Núcleo Antigo 80, (Liv. 7-1), ff. 121-129v e 243-253.

17
Livros de Contratos de O. João III e Núcleo Antigo 81 (Liv. 7-11). ff. 143-156v, 170-179 e 179-
-188v.

18
Livros de Contratos de o. João III e Núcleo Antigo 80 (Liv. 7 -1), ff. 264 ss. Contrato assinado
com o Ldo. Cristóvão Esteves em Coimbra a 3 de Setembro de 1527 e confirmado duas semanas
depois.

19
De interesse notar que assinou como testemunha da sessão de 1O de Dezembro de 1527 o
Promotor da Justiça na Correição da Beira, o Bacharel António Fernandes. Livros de Contratos de
O. João III e Núcleo Antigo 81, ff. 156-169v.

20
Núcleo Antigo 81, ff. 306v ss.

21
Na vila de Alcoentre, do Marquês de Vila Real, assim acontece sendo um dos seus moradores,
João Martins, juiz das sisas e escudeiro da Casa do Marquês, o escolhido para Procurador a 30
de Março de 1527. Os Procuradores de Cabeceiras de Basto, termo e couto do Mosteiro de S.
Miguel de Refóios são, por seu turno, um sapateiro do Couto e um escudeiro morador em Guima-
rães que é Solicitador dos feitos do Duque de Bragança, e das testemunhas da procuração desta-
cam-se um criado do abade de Refóios e um filho do prior da mesma localidade.

22
Livros de Contratos de O. João III e Núcleo Antigo 81, ff. 217-226.

23
Nalguns documentos ficaram registados os lugares ou os indivíduos que não quiseram assinar
os contratos (no contrato com Algodres e Figueiró da Granja, por exemplo). Na documentação de
Torres Vedras e seu termo, onde se discriminam para lá dos oficiais da câmara e de muitos mora-
dores, em grande parte lavradores e oficiais mecânicos, juízes e moradores de diferentes julga-
dos, registou-se, a dado passo a votação dos que queriam e dos que não queriam tomar a sisa

160
nos novos moldes. Apuraram-se roles com 940 e 186 pessoas respectivamente. Estiveram pre-
sentes o juiz de fora, diversos escudeiros entre os quais um vereador e o procurador do Concelho
e do judicial, que foram testemunhas no documento de procuração juntamente com o porteiro do
Concelho e um homem do juiz. Livros de Contratos de D. João /II e Núcleo Antigo 80, (Liv. 7-1, ff.
13 ss).

24
"Que o Estado Português teve desde então o seu alicerce nesta fonte de receita, prova-o o facto
de já em 1402 representar 314 da receita total". Magalhães Godinho, sobre o que considera ser "o
primeiro imposto geral, definidor do Estado", em "Finanças Públicas e Estrutura do Estado" in Di-
cionário de História de Portugal (direcção de Joel Serrão), v. 11, p. 255.

25
Testemunhado nos contratos realizados, por exemplo, em Almeirim a 25 e 27.6.1527, em Coim-
bra a 14.8.1527 ou de novo em Almeirim a 3 e 8.1.1528.

26
Seus filhos, Vasco de Avelar e Aleixo de Avelar, servindo de testemunhas à Procuração passa-
da pelo Concelho e vila de Melres, feita pelo Escrivão da Fazenda Real no Porto, Álvaro Fernan-
des (com especial mandado para fazê-lo com público sinal) a 4 de Outubro de 1527. Livros dos
Contratos de D. João III, Liv. 7, ff. 100 ss e Núcleo Antigo 81 (Liv. 7-11), ff. 93-103.

27
Livros de Contratos de D. João III, Liv. 7, ff. 57 ss e Núcleo Antigo, 80 (Liv. 7-1), ff. 141-150v.
Contrato confirmado em Lisboa a 8 de Abril de 1527.

28
Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico P. 1-M. 51- D. 103, transcrito no Apêndice documental.

29
Lisboa, ANTT, Colecção de S. Lourenço, I, ff. 243-244 e na publicação do Centro de Estudos
Históricos Ultramarinos (1973) pp. 447-448.

30
Confrontando a lista de senhorios do Marquês de Vila Real cerca de 1527-28 com os lugares
que estabeleceram por essa época contrato com o Rei, são de facto escassos os que não aderi-
ram.

31
Contava 2711 fogos segundoo Numeramento de 1527. Todavia, outras localidades menores
optaram também pela recusa ...

32
Carta do Marquês de Vila Real ao Conde da Castanheira, Caminha, 6 de Maio de 1535. Colec-
ção de S. Lourenço, f. 246, e na publicação p. 441. O conteúdo da carta é muito semelhante, aliás,
à que o Marquês enviara ao mesmo destinatário 3 dias antes a propósito dos procuradores da vila
e marquesado de Vila Real. Colecção de S. Lourenço, f. 245, e p. 440 da publicação.

161
33
Carta de 20 de Junho de 1535, de Caminha, escrita pelo Marquês de Vila Real a D. António de
Ataíde (ff. 243-244), publicada na Colecção de S. Lourenço, I, pp. 447-448.

34
Lei publicada a 29 de Novembro de 1538. Foi elaborada na sequência de um pedido dos povos
nas Cortes de 1535 a que D. João III responde favoravelmente. V. transcrição no Apêndice docu-
mental a partir de Capitolos de cortes E leys que se sobre alguuns delles fezeram, Lisboa, 1539,
Cap. XCV e Resposta (ff. 26v-27) e Lei XVII Que reuoga os contractos per que algOas cidades E
vilas tinham tomadas as sisas em certa contia pera sempre (ff. 62-62v).

35
Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico, P. 11-M. 161- D. 81. Para lá de 9 páginas de caderno de
assentamento dirigido ao Almoxarife da Guarda para o ano de 1529 (Lisboa, 2717/1529), inclui
registo da entrega do caderno a 18 de Setembro por um moço de estribeira do rei, um escrito do
Almoxarife (Guarda, 1111011529) com transcrição de requerimento ao Contador do Almoxarifado,
apontamentos da entrega e da resposta deste, outras referências e o concerto pelo tabelião da
cidade a 1111011529, a passagem de um instrumento assinado pelo Escrivão e pelo Contador a
pedido do Almoxarife (1211011529), e, por fim, a verificação na Fazenda e o Alvará régio definindo
a solução do caso (151211530).

36
Braamcamp Freire, V. Archivo Historico Portuguez, V. X, pp. 192-194, Caderno de assenta-
mento do Almoxarifado da Guarda, de 27 de Julho de 1529, assinado pelo Rei e de facto com o
sinal do Conde do Vimioso. Corresponde apenas a parte do doe. 81 do Corpo Cronológico, P. II-
--M.161.

162
Os assentamentos: alternância e continuidade dos Vedares da Fazenda numa função fundamental

A exclusividade de um Vedar da Fazenda durante o ano em matérias de assentamentos, traba-

lhando com um Escrivão da Fazenda, também ele destacado para esse fim, ficou claramente

enunciada no Regimento de 1516. Trata-se, na verdade, de uma prática vigente, comprovada

documentalmente, em primeiro lugar pelos cadernos de assentamento enviados a Almoxarifes e

Recebedores de que se conservam cerca de duas centenas de exemplares, abrangendo o reinado


1
de D. Manuel e parte do de D. João III (até 1542)

V. GRÁFICO 11

A partir do gráfico de registo anual de assinaturas de Vedares da Fazenda em cadernos de

assentamento de 1502 a 1542, mediante confronto com original manuscrito (identificação da assi-

natura nem sempre concorde com a encontrada por Braamcamp Freire), é possível perceber o

ritmo de rotação de Vedares da Fazenda nesta função, isto é, a maior ou menor regularidade na

transferência deste tipo de trabalho, assim como a sua permanência num só Vedar a partir dos

anos 30 do séc. XVI:

1502-1520- grande regularidade de três Vedares da Fazenda em rotação anual.

1521 - irregularidade e mudança de reinado.

1522-1526- restabelece-se com novo reinado uma regularidade com quatro Vedares em rota-

ção anual.

163
GRÁFICO 11

ASSINATURA DEVEDORES DA FAZENDA EM CADERNOS DE ASSENTAMENTO


(1502-1542)

10 DP 8 B-RL 6 CB-CV 4 NC 2 CP

12
10
8
6
4
2
o
N '<I" CD co o
..... N '<I"
..... ..... CD CO O
..- ..- N

N ..,. CD ., o ., o ., o
N N
"' "' ..,.

DP D.PEDRO DE CASTRO
1503-1506-1509-1512-1515-1518-1523
B-RL BARÃO DO ALVITO (D.Diogo Lobo) I 1525 D.RODRIGO LOBO, 1542 ass. BARÃO
1504-1507-1510-1513-1516-1519-1521-1524115272 -1530-1531-1533 a 1535-(1536)·
-1537 a 1541-1542
CB-CV D.MARTINHO DE CASTELO BRANCO, 1514 ass.CONDE DE V.N. DE PORTIMÃO 11
//1517 CONDE DO VIMIOSO
1502-1505-1508-1511-1514 11 1517-1520-1522-1526-1529
NC NUNO DA CUNHA
1525-15271
CP CONDE DE PENELA
1528-1532

164
1527- irregularidade e, durante o ano, passagem da função de Nuno da Cunha a D. Rodrigo

Lobo.

1528-1530- restabelecida a rotação anual.

1531 -irregularidade.

1532-1533 - rotação anual.

1534-1542 - continuidade de um só Vedar da Fazenda nesta função.

Dada a grande regularidade na rotação anual (entre três Vedares) verificada de 1502 a 1520, e

uma vez que a assinatura num caderno mais antigo, de 1499, pertence, segundo verifiquei no
2
original, a D. Martinho de Castelo Branco (na função em 1502) é provável que ela fosse cumpri-

da pelo menos nos anos imediatamente anteriores a este.Trata-se de uma série de dados anuais

praticamente completa, exceptuando-se o ano de 1536 de que não se encontrou por ora qualquer

exemplar de caderno de assentamento.

Uma pesquisa nos mandados originais compilados no Corpo Cronológico da Torre do Tombo

permitiu-me, todavia, confirmar a continuidade de D. Rodrigo Lobo a assinar desembargas, dirigi-

dos tanto ao Tesoureiro das moradias como ao Tesoureiro das Casas de Lisboa e a outros ofici-

ais, para se pagarem moradias e vestiarias3 ou tenças, casamentos, graças por tença e manti-

mentos4, bem como a expedir mandados a fim de se exigir o pagamento de determinadas ren-

das (ordem, por exemplo, ao Contador-mar de Lisboa para que o providencie").

Os assentamentos pressupõem todo um trabalho prévio de levantamento de dados e de infor-

mações na Fazenda e fora dela, alguns dos quais resultantes de um inquérito efectuado pelos

Contadores das comarcas do Reino (cap. XLIII). A estes cabe, de facto, desde Outubro de cada

ano, segundo estipula o Regimento, providenciar o arrendamento dos réditos reais e, uma vez

concluídas as arrematações para o ano seguinte, remeterem os respectivos cadernos de registo

aos Vedares da Fazenda (até ao fim de Janeiro).

Vedar e escrivão assentam a quantia em que foi arrematado cada almoxarifado no Sumário de

todas as rendas começado no princípio do ano. Anexados a este, e prontos a serem consultados,

165
ficarão os diferentes cadernos das arrematações provindos das comarcas, devidamente enfiados

numa linha em caderno apartado e guardado pelo Porteiro da Fazenda.

Com o assentamento começa para o Vedar da Fazenda e o seu escrivão todo um trabalho de

registo (cap. XLIV) discriminando para cada almoxarifado as somas a obter- montante das ren-

das pelas arrematações realizadas ou, então, cálculo aproximado, e outras arrecadações à parte -,

bem como as despesas previstas mas que não se efectuaram no ano anterior, a partir da consulta

do respectivo livro de registos. Estas virão a constituir no Sumário do ano em curso a alínea das

"despesas não certas" que se reportam a épocas anteriores ao assentamento e que constará

igualmente do caderno de assentamentos a enviar aos Almoxarifes. Os desembargas respeitantes

a tais despesas requerem uma atenção especial por parte do Escrivão em termos de registo das

somas que transitam de um para outro ano, dada a absoluta necessidade de constarem do novo

assentamento.

Outras alterações ocorrem necessariamente de um ano para o outro, seja o falecimento de indi-

víduos que recebiam mantimentos ou tenças, o cessamento destes por diferentes motivos, seja a

mudança do local do pagamento para outro almoxarifado. De qualquer das formas, tais mudanças

exigem uma revisão do Uvro da Fazenda do ano findo e a sua correcção.

Etapa fundamental para a ordenação das despesas do ano que se inicia, essa revisão requer

não só a presença de todos os Vedares da Fazenda na sua verificação como, uma vez esta con-

cluída, a sua apresentação ao monarca (cap. XLV). Só depois de visto por este ficará o Uvro da

Fazenda actualizado, podendo ser então passado a limpo para um novo livro que será de uso

constante na Fazenda.

Na verdade, o rigoroso registo de padrões, cartas e alvarás assentados, permitirá aos Vedares

da Fazenda desembargar tenças, graças por tenças, mantimentos e ordenados sem ter que con-

sultar de novo o soberano. Bastar-lhes-à expedir os desembargas em nome do rei, assinando-os.

Os documentos deste teor terão apenas de passar pela Chancelaria da Corte (cap. VIl do Regi-

mento).

166
A partir desse mesmo registo se preenchem por Almoxarifado como dados importantes a cons-

tar do Sumário as somas das ordinárias e mantimentos, das tenças, etc..

Quanto às verbas de assentamento do rei, isto é, os montantes ordenados para as compras e

para as moradias da Casa real, assim como para o pagamento dos seus moços de estribeira,

constam do Sumário do ano anterior, devendo o Vedar da Fazenda e o Escrivão seu auxiliar con-

sultar os respectivos registos. Na posse dos números nele mencionados, tomarão informações

sobre a forma como foram despendidos, a fim de, aumentando ou diminuindo os quantitativos,

ajustá-los às necessidades. Também aqui, antes de se efectivar o assentamento, terão os Veda-

res da Fazenda que consultar o monarca, não só para que possam apurar as somas a despender

com despesas extraordinárias que o rei pretende levar a efeito no ano em curso, como para dar ao

soberano a palavra final sobre tais matérias.

No âmbito da Casa real conservam-se grandes funções como a do Mordomo-mar e Camareiro-

-mar, etc., que compunham títulos do Liv. I das Ordenações Afonsinas após o Regimento da Guer-

ra e as funções a esta ligadas (Condestável, Marechal, Almirante, Capitão-mar, Alferes-mar do

Rei), imediatamente antes do título dedicado aos Conselheiros do Rei (T. LIX) a que se seguiam

outros funcionários da Casa real como o Meirinho-mar, Aposentador-mar, Alcaides-mores dos

Castelos, Cavaleiros, etc. Diferençavam-se, pois, e juntavam-se em bloco os títulos e as funções

de todos os que exerciam cargos na Casa do Rei.

Ao tempo de D. Manuel, todavia, a cada qual cabe um título distinto, é certo, mas localizado

junto do de grandes funcionários do Reino com funções em esferas próximas. Daí o Meirinho-mar

e o Almotacé-mor virem após os grandes oficiais da Justiça do Reino ligados à Casa da Suplica-

ção e à Corte e antes de meirinhos, escrivães, solicitadores, porteiros, etc., de todos os oficiais

relacionados com a Casa do Cível, a Justiça nas Comarcas, nas cidades e vilas, etc..

Quanto aos Oficiais-mores, isto é, ao Escrivão da Puridade, Mordomo-mar, Camareiro-mar,

Alferes-mar, Guarda-mar, Meirinho-mar, Reposteiro-mar, Anadel-mor, Monteiro-mar, Copeiro-mar,

Aposentador-mar, Coudel-mor, Porteiro-mar, Caçador-mar, Almotacé-mor e Vedar da Casa (sem

coincidência total nas situações descritas) mereceram um destaque no Liv. III, T. IV das Ordena-

167
ções de 1521 ao ser-lhes permitido, em virtude dos seus privilégios, resolver judicialmente seus

litígios na Corte, quando nela continuamente em serviço do Rei, trazendo-lhe os seus contendo-

res. Cabia ao Mordomo-mar ou "maior homem da Casa do Rei" tudo o que dissesse respeito ao

mantimento desta, controlando todos os Oficiais, emitindo alvarás seus para se pagarem a oficiais

e moradores os respectivos mantimentos ou moradias. Só se ausentes da Corte, mesmo que com

licença régia, mas não sendo a serviço do rei, necessitariam de um especial mandado deste para

se efectuar o pagamento.

As qualidades requeridas decerto se aplicariam a outros grandes oficiais do Rei com funções no

âmbito da Fazenda. As Ordenações Afonsinas caracterizavam-nas do seguinte modo: " ... há mis-

ter que seja de boa linhagem e aguçoso e sabedor e leal: ca se for de boa linhagem guardar-se-

há de fazer cousa que lhe estê mal, per que receba perda ele nem os que dele vierem; outrossim

aguçoso deve ser porque ele há-de saber todas as despesas que em nossa Casa houverem de

ser feitas e ter acerca delas tal maneira que se façam como devem e não se mascabem; e sabe-

dor convém que seja pera saber tomar as contas bem e certamente, e pera dar outrossim recado

delas de maneira que saiba guardar nosso serviço e a boa andança de si mesmo; e sobretudo

convém que seja leal em maneira que ame nossa prol e saiba ganhar os homens por amigos e

desviá-los de seu dano". Acrescenta ainda o mesmo texto: "e isto pode fazer melhor que outro

Oficial algum, porque todo o haver passa per sua mão, que é cousa que move muito os corações

dos homens" (Ordenações Afonsinas, Liv. I, T. LVII).

Ausente da Corte o Mordomo-mar, os alvarás para pagamento de moradias deveriam ser pas-

sados pelo Vedar da Casa. Ao tempo da subida ao trono de D. João III era ainda Mordomo-mar o

Conde de Tarouca, mas logo a 1 de Janeiro de 1522 nomeava o novo monarca para essa função
6
o Conde de Portalegre .

São abundantes os mandados originais do Conde Mordomo-mar conservados no Corpo Cro-

nológico e os registos de Chancelaria precisam a subalternidade que daquele tinham determina-

dos oficiais da Casa Real. Quanto às ordens de pagamento, distinguem-se, pois dos mandados

emanados dos Vedares da Fazenda real, dado o carácter apartado que os dinheiros da Casa des-

168
de logo ganhavam. Distingue-se também, pelos mesmos motivos, a função do Vedar da Casa real,

oficial este subalterno do Mordomo-mar como atrás referi.

Tal facto, todavia, não invalida que, em virtude da política de graça do monarca, e do registo de

assentamentos nos Livros da Fazenda, venham os Vedares da Fazenda real a assinar, também

eles, em nome do rei, ordens de pagamento de moradias e vestiarias. Dirigem-se, pois, a oficiais

da Fazenda para que a transferência do dinheiro se realize e providenciam de forma a que futura-

mente as somas constem de determinados cadernos de assentamento para que, tal como as res-

tantes verbas, sejam canalizadas para o Tesoureiro da Casa Real.

Uma vez registados os assentamentos no Livro da Fazenda, impunha-se aos Vedares da Fa-

zenda, anualmente, despachar os variadíssimos desembargas, mediante os quais se efectuariam

os pagamentos pelos oficiais da fazenda de diversas repartições por todo o Reino.

Os desembargas não podiam ser comprados mesmo que se alegasse a entrega do seu valor

em dinheiro ou em mercadoria, nem podiam ser tomados em pagamento de qualquer dívida. As

penas para os infractores são severas e só suspensas se houver uma confissão prévia à acusa-

ção. Montam geralmente ao dobro da valia do desembargo e recaem sobre o comprador e o ven-

dedor. Se na compra estiver envolvido um Contador do rei ou Escrivão dos Contos, um Tesourei-

ro, Almoxarife ou Recebedor, um Escrivão do Tesoureiro ou do Almoxarifado, ou outro qualquer

oficial da Fazenda real, da Corte ou da Justiça, estipulam as Ordenações de 1521 (Liv. IV, T. XL)

que perca toda a fazenda, móvel e de raiz (para o Hospital de Todos-os-Santos de Lisboa e para o

acusador), incorrendo ainda em pena-crime.

Muitos dos desembargas originais que consultei, referentes a mantimentos, são acompanhados

de recibos que comprovam ter sido efectuado o pagamento ordenado, ou de certidões prévias a

este, provenientes de um juiz, um corregedor, etc., certificando que Fuão serviu de facto e durante

quanto tempo. Só assim a Fazenda autorizaria o pagamento. Também são frequentes as procura-

ções em pública forma a nomear alguém bastante procurador para receber de um tesoureiro os

dinheiros devidos, uma tença, etc

169
Em 1532, estando o Conde de Penela encarregado dos Assentamentos é ele quem assina os

desembargas em nome do rei para pagamento de mantimentos. A título de exemplo, o pagamento

ao juiz de fora da vila de Ponte de Lima a efectuar-se pelo Almoxarife, mediante certidão dos ve-

readores da vila em como aquele servia continuamente com um homem, uma vez que a soma

referente a 1532, incluía o mantimento do Juiz e o do seu homem7.

Esta função confere ao Vedar da Fazenda que a executa um controlo efectivo sobre os registos

de importantes doações e mercês.

A permanência nela do Barão do Alvito iria conferir-lhe seguramente a estabilidade neste tipo de

trabalho. É o Vedar da Fazenda mais nomeado por D. João III em numerosíssimos documentos

(cartas e alvarás) para que mande registar padrões de juro, vendas, aforamentos, etc., assim

como para verificar a regularidade de determinadas situações e disso informar o monarca ou para

ordenar citações e execuções que advêm de fugas às normas estabelecidas.

170
NOTAS

1
Publicados entre 1908 e 1916 por Braamcamp Freire no Archivo Historico Portuguez, dispersos
pelos vols. VI (233- 240, 443 - 444), VIl (220 -226, 291 - 292, 376, 478 - 480), VIII (70- -75) e X
(60- 208).

2
Corpo Cronológico, P. 11-241--103. Esta identificação diverge da leitura de Braamcamp Freire,
tal como acontece nas rubricas ou "sinais" dos Vedores da Fazenda presentes em cadernos de
assentamento dos anos de 1528, 1530 a 1535 e de 1537 a 1541.
A verificação de cada assinatura foi feita a partir de uma análise comparativa com a de docu-
mentos onde se inclui o nome do Vedor da Fazenda, comprovando pois a sua identificação. É,
todavia, em sinais de diferentes Vedores com o título de Conde e fazendo dele a sua rubrica, que
o confronto é extremamente importante, pois revela-se o único meio de testemunhar a presença
de cada um destes grandes oficiais nos respectivos despachos régios, já que habitualmente não
são nomeados no documento.
Fruto de uma exaustiva pesquisa e de forma a definir as principais variantes encontradas na
assinatura e no sinal utilizados por cada um dos Vedores da Fazenda do Reino em exercício du-
rante o governo de D. João III, para que sirva de base a futuras análises, integrei um conjunto
seleccionado no Apêndice documental.
Mediante a sua consulta e comparação com os originais, verifica-se divergências de leitura rela-
tivamente às identificações consideradas por Braamcamp Freire, facto que veio a alterar conside-
ravelmente as conclusões do gráfico incluso neste capítulo e a proporcionar os respectivos co-
mentários.

3
V., entre outros documentos do Corpo Cronológico, P. 11--205--165 de 241111536 e 11--208--59 de
251811536.

4
Corpo Cronológico, P.ll--207--58 de 2/611536, dirigido ao Recebedor das Casas de Lisboa. V.
ainda, a título exemplificativo dos diferentes casos, 11--208--54 de 181811536, 11--206--55 de
21311536 e 11-206--22 de 912/1536.

5
Corpo Cronológico, P.ll-206--19 de 81211536

6
Carta de ofício transcrita por Pero de Alcáçova Carneiro nas suas Relações, pp. 214-215.

7
Data a carta de 18 de Agosto de 1532, registada por Antão da Fonseca. A soma foi recebida já
em 1533 pelo Ldo. Manuel de Araújo, o referido juiz de fora. Corpo Cronológico, P. 11- 178-66.

171
Demasiados requerimentos

A Romagem de Agravados que Gil Vicente coloca em cena em 1533 para lá de retratar possi-

velmente a procissão de queixas e petições trazidas à Corte ou, mais propriamente, aos tribunais

desta, poderia reflectir igualmente ou sobretudo, uma romagem de requerentes a graças e favores

régios.

A deslocação ao centro do poder a requerer era prática corrente trazendo inconvenientes bem

visíveís a todas as instâncias: requeriam-se pagamentos de facto já efectuados - a isso alude o

Regimento da Fazenda de 1516, procurando em novas definições ou introduzindo um sistema

mais apertado de controlo dos registos obviar a tais situações (cap. LI); requeriam-se mercês do

rei (em tenças ou ofícios) alegando serviços prestados- alguns o mereceriam de facto, apresen-

tavam certidões passadas por capitães e governadores testemunhando o alto valor dos seus fei-

tos, ou o próprio rei tinha conhecimento directo da sua contribuição para o êxito de determinadas

missões; outros, porém, conseguiriam apoios e intercepções junto do monarca ou de altas figuras

da Corte esperando respostas favoráveis aos seus requerimentos, não tanto por merecimento

reconhecido mas por empenhos cultivados.

A este propósito são duras as críticas na literatura quinhentista e, de uma forma ostensivamente

direccionada para os oficiais da Fazenda, as que desenvolve D. António de Ataíde em pareceres

de 1553.

Considera os supostos serviços alegados (na Índia, por exemplo) muitas vezes um encobri-

mento de actividades fraudulentas e, portanto, prejudiciais do ponto de vista da consciência, da

imagem do rei de Portugal, e da Fazenda régia; a boa recepção que têm junto de gente influente e

do monarca provaria apenas que se tratava de requerentes bem sucedidos em demasia e suspei-

172
lesamente, enquanto que os servidores mais honestos nunca conseguiriam vozes favoráveis que

os apoiassem na obtenção de recompensas.

Ataíde fala do que conhece. Há décadas que como Vedar da Fazenda convive com uma plêiade

de funcionários da Corte, dos Tribunais, da Fazenda, de instituições, armazéns e alfàndegas. Co-


nhece os bastidores de qualquer destes cenários, as subtilezas da política, a força da "murmura-

ção", os meandros das negociações. Mas é nos oficiais da Fazenda e nos homens do dinheiro
(nem sempre diferenciados, como se vê pelo seu comentário) que o Conde da Castanheira en-

contra os mais recompensados "servidores" do monarca.

Requerem pelo que serviram, mas que tipo de serviço foi esse? Emprestar dinheiro e nem sem-
pre o dinheiro próprio. O empréstimo à Coroa tomou-se um bom negócio, mas não para esta. Às

boas colocações no aparelho administrativo, onde podem usufruir pingues rendimentos, vão-se

juntando as mercês régias e as oportunidades de realizar compras de cargos, de propriedades, a

particulares e ao rei, de tenças avultadas em troco de empréstimos, de partipação em negócios e


contratos, de promoção social. De beneficiários de influências fortes na Corte passaram muitos

destes indivíduos a influentes e a serem alvo de assíduos pedidos de favores por parentes chega-
dos.
2
Ataide, de certa forma na linha do próprio discurso do Conde do Vimioso em 1545 considera -

talvez não por motivos perfeitamente coincidentes nestes dois grandes oficiais da Fazenda régia-

que são os de baixa condição que maior perturbação causam na ordem social, subindo por meios

tortuosos, conseguindo o favor régio, que outros mereciam, e nunca se coibindo de alardear a sua
nova condição.

Requerimentos e demandas ocupam, por vezes desnecessariamente, o tempo de juízes, e de


Vedares da Fazenda, quando não os atingem directamente, lançando sobre eles ou seus oficiais

subalternos suspeição, provocando com isso novos exames e um envolvimento maior de interve-

nientes no processo. Em textos da lei prevê-se estas situações e determina-se a forma a col-
matá-las com a maior brevidade possível, procurando simultaneamente travar situações de nítido

abuso. Recorde-se, a esse propósito que o lançamento de suspeição sobre os juízes em muitos

173
casos só é permitido antes de dada a sentença, a fim de evitar o falseamento do verdadeiro moti-

vo da queixa (Ordenações de 1521, Li v. III, T. XXII).

Contribuindo - decididamente, segundo constantes criticas veiculadas na época - para a exis-

tência de demasiados requerimentos e demandas na Corte está o facto dos requerentes usufrui-

rem de apoio material durante todo o tempo que nela permanecem, fenómeno decerto perturbador

para quem, como D. António de Ataíde, tem conhecimento dos problemas financeiros com que o

rei se debate. Em 1553, ao avaliar as despesas com os moradores da Casa Real, alude a esse

problema propondo abertamente ao monarca a sua supressão pela raiz.

Que se trata de um fenómeno generalizado, este vício do requerer, indicam-no discursos e per-

sonagens na obra vicentina: na Romagem dos Agravados ouvem-se as lamúrias de leigos e ecle-

siásticos, de ricos e pobres, do pregador Frei Narciso, próximo a príncipes e nobres, ao guloso

Cerro Ventoso, privado de reis, até ao inconformado lavrador e às insatisfeitas camadas vilãs.

Pela mesma época Garcia de Resende, o Escrivão da Fazenda que numa Miscelânea de teste-

munhos elaborada por volta de 1530-34, traça com invulgar destreza o retrato, sem artifícios nem

máscaras, de Portugal quinhentista, comenta o excesso de requerimentos e a futilidade das suas

causas.

O assunto preocupa desde cedo D. João III. É com veemência que em Janeiro de 1526 alerta o

capitão de Arzila, António da Silveira, e lhe ordena uma nova política ao licenciar homens e mulhe-

res que pretendem partir para a Corte a requerer mercês.

Desde a morte de D. Manuel que se verificava uma maior frequência nos requerimentos, facto

que trazia consigo um acréscimo de requerentes na Corte, uma espera maior pelos despachos e,

consequentemente, uma ausência prolongada de portugueses dos lugares do Norte de África.

Que deixem as praças só aqueles que "têm razão de requerer'', isto é "causa, necessidade e me-

recimento" para obter licença do capitão e levarem cartas deste com informações detalhadas so-

bre a pessoa, o tempo e as provas de serviço, mercês anteriormente recebidas, etc.: só em tais

condições seriam ouvidos e despachados com brevidade "como me parecer bem e meu serviço",

segundo os termos do monarca. Prendem-se estas preocupações expressas, necessariamente

174
com problemas de ordem financeira e militar, na origem, aliás de outras iniciativas régias tenden-

tes à inventariação e controlo mais rigoroso dos lugares do Norte de África, para seu melhor

aprovisionamento e defesa3 .

175
NOTAS
1
Conde da Castanheira, pareceres de 1553 in (ANTT) Miscelâneas Manuscritas de N. • Sr. a da
Graça, T. IV, "Documentos Vários", ff. 57-71 e 33-48- V. Apêndice documental.

2
Conde do Vimioso, Lembranças de agravo de 1545, (BN) Fundo Geral de Manuscritos, Ms. 7 - n"
4 -Apêndice documental.

3
Ao lado da assinatura régia encontra-se neste tipo de documentos o sinal de um Vedar da Fa-
zenda, em 1526 o do Conde do Vimioso. Ordem régia ao capitão de Arzila, de 5 de Janeiro de
1526, (BN) Fundo Geral de Manuscritos, COD. 8163, f. 2- V. Apêndice documental.

176
Da provisão dos oficias ao controlo de contas de oficiais da Fazenda

"Pera se não poder alegar ignorância", publicam-se leis nas Ordenações no sentido de permitir

ao monarca destituir de funções oficiais da Justiça e da Fazenda, desobrigando-se tanto no foro


da consciência de lhes dar qualquer satisfação, como no foro judicial, de lhes permitir que deman-

dem o seu Procurador. Matéria já de si delicada, atendendo aos requisitos básicos exigidos na

nomeação para determinados lugares no âmbito da Justiça e da Fazenda - confiança num bom

desempenho e fidelidade ao serviço do rei - mais melindrosa se torna quando quem incorre na
perda do ofício foi da escolha pessoal do soberano.

Mau serviço, erros, actos contrários à consciência, danos e roubos à Fazenda do rei, provados

claramente ou de que o monarca tem suspeita suficiente, conduzem à destituição, substituindo-se

o detentor do ofício sem qualquer encargo para o monarca, legitimada como fica a actuação deste,

uma vez que movido pelo "muito serviço de Deus e Nosso e bem de Justiça e governança de

Nossos Reinos e Senhorios" (Liv. I. T. LXXVI).

O facto de haver demasiados casos de negligência, intencional ou não, por parte de indivíduos

que, denunciando situações e obtendo de oficiais régios (com autoridade do rei para isso) cartas

de ofício ou de bens "por se assim hé", não citam nem iniciam demanda contra a parte contrária,

leva à inclusão nas Ordenações (Liv. I, T LXXV) de disposições que impeçam os inconvenientes e

as situações equívocas que uma tal atitude geraria. Impõe-se um período de tempo de seis meses

a partir da elaboração da carta para que a parte contrária seja citada, prazo a contar do qual se

tornará nulo aquele documento e para sempre impossível iniciar a referida demanda. Se o proces-

177
so tiver início dentro dos prazos, mesmo que o réu venha entretanto a conseguir o perdão régio, o

novo possuidor do ofício ou da fazenda em causa não sairá prejudicado.

Nas Ordenações de 1521 registam-se inequivocamente condições a cumprir por todo aquele

que pretender um ofício de qualquer qualidade quer seja no âmbito da Justiça, da Fazenda ou do

Governo de cidades, vilas e lugares, frisando-se no Liv. I, títulos LXXIII e LXXII li, não só a idade

mínima para assumi-lo (26 anos) como a condição de casado (a cumprir, inclusivamente pelos

viúvos, no prazo de um ano, excepto se de idade superior a 40 anos). Estas cláusulas que em

relação à idade se aplicam tanto a quem foi dado o ofício como ao que em seu nome o serve, sob

pena de perder um o ofício e outro a "estimação" do mesmo (metade para o denunciante e meta-

de para os cativos), torna-se, no que diz respeito à condição de casado, relevante particularmente

em ofícios de "julgar ou de escrever".

Fica definido pelas Ordenações do reino (Liv. I, T. LXXIII I) não poderem os oficiais régios dispor

livremente dos seus ofícios, não podendo vendê-los, trespassá-los nem a eles renunciarem sem

uma especial licença do rei. A transgressão deste preceito equivaleria antes demais à anulação do

acto, com a perda quer do valor da venda quer do próprio ofício para vendedor e comprador.

O direito régio a reapossar-se do ofício fica, por seu turno, garantido em certas circunstâncias,

mesmo que o soberano tenha anteriormente concedido licença ao antigo oficial para dele renunci-

ar ou vendê-lo a outrem e o novo possuidor haja recebido, do rei ou de alguém com esse poder, a

respectiva mercê régia. São principalmente dois os casos em que se salvaguarda a possibilidade

de anular a transferência do ofício: 1) o oficial que pretende renunciar esteja doente, em perigo de

vida ou, tendo renunciado, venha a falecer no prazo de trinta dias; 2) o oficial que renuncia ou

vende tenha cometido erros no exercício do ofício, mesmo que venha a ser acusado já não estan-

do na posse deste.

Se no primeiro dos dois casos o objectivo parece ser a anulação da nova mercê (evitando com

isso um comprometimento que o rei não pudesse quebrar), no segundo, garante-se ao novo pos-

suidor do ofício a concessão, mas pune-se severamente o delinquente. Se acusado dentro de dois

anos, a contar da data da renúncia, este será condenado na valia do ofício (metade para o denun-

178
ciante, metade para a Câmara real) e às penas da justiça, conforme os erros cometidos; de outro

modo só poderá ser acusado e punido por estes dentro dos limites de tempo que o direito estabe-

lece.

Possuem os Vedares da Fazenda a dada de certos ofícios da Fazenda e da Justiça, conforme

ficou estipulado no respectivo Regimento de 1516, e, eventualmente, a de outros ofícios por mercê

régia. Fica, porém, estabelecido nas Ordenações do Reino (Liv. IV, T. XLI) que ninguém, seja qual

for o seu "estado, proeminência, sorte e condição" com poder para prover ofícios do âmbito da

Justiça ou da Fazenda reais ou do governo das cidades, vilas e lugares, os possa transaccionar

ou mandar vender ou pela sua dada receber pagamento. Para reforço destas disposições exige-se

que o candidato a qualquer dos ofícios em questão preste antecipadamente um juramento pelos

Santos Evangelhos, transcrito na carta de ofício, em como o pretende para si e não para vendê-lo,

sob pena de "fé perjuro" caso venha a quebrar o compromisso.

Em caso de transgressão do acordado, perdem os possuidores da dada de ofícios para sempre

este poder que será definitivamente devolvido ao monarca. Quem deu dinheiro pelo ofício, por seu

turno, perde-o em favor do seu denunciante, podendo ser demandado pela justiça em qualquer

altura, sem prescrição de tempo. Perde, além disso, toda a sua fazenda que será repartida pelo

mesmo acusador e pela Câmara real.

No que toca à serventia dos ofícios, as Ordenações do reino proíbem-na, estipulando pesadas

penas aos infractores: perda do ofício para um, o seu possuidor e pena sobre a valia do ofício

(metade para o denunciante e metade para a Câmara real) para o que serve de facto. Sem ter

para isso uma especial autorização do rei, ninguém pode, pois, servir por outrem qualquer ofício

no Reino ou fora dele (Liv. I, T. LXXIII!) e, caso cometa erros no seu exercício, sofre as penas de

justiça correspondentes, como se o delito fosse praticado pelo próprio possuidor do ofício.

A fim de contrariar desvios ao ordenado por lei, geradores de situações equívocas que propor-

cionavam por vezes negligência e indisciplina no serviço do rei e, particularmente neste âmbito da

Fazenda, utilização não autorizada nem controlada de rendimentos régios, novas disposições

179
legislativas são emitidas cerca de um ano após a morte de D. João III, sobre a posse e serventia

de ofícios da Fazenda.
1
Estipulava-se a 30 de Novembro de 1558 que quem fosse à Corte pedir um ofício aos Vedares

da Fazenda, sendo dada sua, ou de uma serventia do mesmo, teria desde Jogo de ir munido de

uma certidão do contador da Comarca com informações detalhadas sobre a qualidade do ofício e

razões da sua vaga, ou, no caso de serventia, sobre razões e impedimentos do seu proprietário e

necessidades de serviço. Deveria levar também informações do solicitante (qualidade, costumes e

aptidões), De outra forma a petição não seria recebida e muito menos despachada.

Embora o Vedar da Fazenda superintendesse - ou mesmo subordinasse porque fazia impor os

seus mandados - o Contador-mar de Lisboa, od Vedares da Fazenda do Porto e do Algarve, os

diversos Provedores, Contadores, Almoxarifes, Recebedores, Tesoureiros, Escrivães, Rendeiros e

muitos outros oficiais da Fazenda, não era da sua competência nomeá-los, reservando-se o mo-

narca a escolha de importantes oficiais, permitindo-se com isso satisfazer determinadas individua-

lidades ou agraciar seus moradores.

A Jurisdição dos Vedares da Fazenda efectiva-se em qualquer lugar onde haja um oficial com

cargo de rendas, tributos, direitos, tratos ou com a sua arrecadação. Assim o estipula o Regimento

da Fazenda de 1516. Não admira pois verificarmos a influência exercida pelo Conde da Casta-

nheira junto dos oficiais da Casa da Índia e até mesmo a sua ligação pessoal com o feitor João de

Barros, apesar de nada indicar qualquer jurisdição sobre os mecanismos internos daquela reparti-

ção, fosse ao nível administrativo ou de justiça. Do Regimento dado em 1509 à Casa da Índia

nada se explicita nesse sentido.

Apesar da seu controlo em Lisboa sobre determinadas disposições que de certa forma sobre

aquele teriam influência, particularmente quanto a rendimentos ou gastos através do Tesoureiro

daquela casa - assentamentos, contratos sobre mercadorias, pagamentos, empréstimos, etc. - na

verdade é ao Feitor e oficiais que cabe a gestão mediante as normas do seu ofício.

São eles e o Provedor e oficiais dos Armazéns que empossam o Solicitador das compras e

vendas grossas e miúdas "de tudo do negócio do trato das Casas da Índia e Mina e dos Armazéns

180
de Guiné e Índia" (1543). Tinha este ofício em 1555 Rui Fernandes que ausentando-se de Lisboa,

deixando de servi-lo, acasionou a denúncia de um criado do Conde da Castanheira que pretendia

o seu lugar. Ora todo o processo será então, em 1548, conduzido pelo Ldo. Bernardim Esteves

que desde 1542 ocupava as funções de Juiz dos Feitos da Fazenda do Negócio da Índia e Mina,

como já referi na primeira parte deste trabalho. Com ele colaboraram Desembargadores da Fa-

zenda e da sua sentença não havia apelação nem agravo2 Ao Conde da Castanheira competiu

durante anos o assentamento no Livro da Fazenda do negócio da Índia de diversos oficiais que

partiram para a Índia, para a Mina, Ilha de S. Tomé, etc..

Outras matérias, porém, relativas a fretes, avarias, custos e soldos de naus da Guiné, Arguim,

Índia, Brasil, Sofala e lugares determinados pelas Ordenações da fndia estipulava-se desde 1520

que seriam do conhecimento do Juiz da Guiné e Índia. Nestas áreas distinguia-se, por seu turno,
3
do Juiz da Alfândega de Lisboa que ganha regimento nesse mesmo ano .

A maior ou menor influência dos Vedares da Fazenda sobre os diversos oficiais - a nível de

nomeações, como a nível de coacção - evolui, ao fim e ao cabo, com as vicissitudes já explana-

das na primeira parte deste estudo a propósito do Juízo da Fazenda.

Com D. Manuel haviam obtido, à custa do Chanceler-mar (a quem o rei satisfez por isso) poder

para nomear mais oficiais além dos Juízes e Escrivães das sisas (com estes misticamente o ofício

de escrivães dos feitos das sisas) por vaga, renúncia ou "se assim é". Destes apenas se exceptua-

ram os que exerciam o ofício em Santarém, Elvas, Estremoz, Portalegre, Olivença, Beja, Tavira,

Faro, Lagos, Setúbal, Leiria e Guimarães. Alargava-se o poder de nomeação a a Escrivães da

Ribeira, Requeredores, Porteiros, Sacadores, Homens do Almoxarifado, Escrivães, Requeredores


4
e Juízes dos direitos reais, Recebedores das sisas

Os principais oficiais da Fazenda a nível de Comarcas e Almoxarifados, Contos e Alfândegas,

continuavam a ser de nomeação régia, assim como os Juízes das Sisas de Lisboa, Santarém e

Évora, os Escrivães das sisas dos panos, herdades e marçaria de Lisboa, os oficiais das moedas

e tercenas, os oficiais da Casa da Guiné e Índia e Armazéns.

181
Exigia-se em muitos deste ofícios, como já referi, competência. Ma maioria dos casos, o seu

exame na Fazenda confirmava uma escolha condicionada a laços de parentesco ou a promessas

régias efectuadas de há muito.

Acumulavam-se funções ou por mercê régia ou por necessidade, dada a escassez de funcioná-

rios. Enquanto Rui de Figueiredo Correia, pelo ofício de Escrivão da Fazenda ganhava em 1551

10000 rs de mercê, 3000 rs de vestiaria e 4100 rs de escrivaninha e saco, 1 escravo de 10000 rs

no Tesoureiro da casa da Mina e 1 arroba de especiaria no Tesoureiro desta, Manuel Lobo nesse

memo ano iria auferir de mantimento anual 20000 rs em satisfação do ofício não só de Escrivão da

Fazenda como também dos Contos do Reino do Algarves

Provavelmente no âmbito da Fazenda ninguém terá conseguido acumular tantos cargos e ren-

dimentos como o Tesoureiro do Reino Fernando Álvares, uns por mercê, outros por compra. Os

documentos da Chancelaria e as ordens de pagamento cujos originais ainda se conservam teste-

munham-no.

É aliás com o Tesoureiro fundamentalmente que D. António de Ataíde se corresponderá e rece-

berá informações que o rei comenta em correspondência particular e muitas vezes sigilosa com o

seu Vedor da Fazenda a quem enaltece Jogo aquando da nomeação classificando-o como modelo

de servidor.

O seu valimento junto de D. João III terá provavelmente desconsolado o Conde do Vimioso que,

segundo um autor anónimo, num tom a que não se retiraria a malícia, exigira o pelouro de África já

que D. António de Ataíde ficava com a Índia!

Convém acrescentar que o estudo de Virgínia Rau sobre as Repartições dos Contos muito es-

clareceu a respeito dos "técnicos" de contas que as tomavam a diversos oficiais que lidavam com

rendas régias.

Durante grande parte da governação de D. João III continuaram os Vedores da Fazenda a con-

trolar de uma forma diferenciada agora, receitas e despesas dos rendimentos reais através da

vigilância das contas dos oficiais da fazenda que no Reino, em África ou nas Ilhas, administravam

determinadas somas e delas prestavam contas ao fim de alguns anos de serviço. Uma vez "toma-

182
da a conta" nos Contos, vista nestes ou na Fazenda a arrecadação de receitas e "linhas dos de-

sembargas" justificando as despesas, era o oficial régio ou, no caso do seu falecimento, os herdei-

ros, agraciado com uma carta régia de quitação - facto que lhe permitia reocupar cargos onde

lidassem com dinheiro régio - ou confrontado com exigências do pagamento de somas em dívi-

da6.

Embora tivesse crescido o papel do Provedor-mar neste controlo da contas, para "aliviar" o dos

Vedares, como o salientou a citada investigadora, ainda quem "via" as contas fazia-o "em lugar

de" um dos Vedares da Fazenda, fosse em 1535 ou 15397 .

Temos, aliás, notícia da preocupação de D. João III em alterar também a nível de contas o sis-

tema, pedindo parecer sobre a matéria ao Conde da Castanheira em 1536"-

Apesar de controlador dos oficiais da Fazenda, assim como do cumprimento de contratos, tem-

pos de pagamento, etc., nem sempre o Vedar da Fazenda ou o Contador da Comarca ou Almoxa-

rife conseguia evitar as quebras de contratos ou o bandono dos ofícios. Recordo, para finalizar,

como este problema -- que contemplo no Apêndice documental deste meu trabalho - se prendia

frequentes vezes com as vicissitudes do contexto social, político e religioso da época. O cris-

tão-novo ocupa muitas vezes uma posição de destaque em funções da Fazenda. Basta lembrar

aqueles grandes oficiais que conseguiram "limpeza de sangue" mediante carta régia ou os que,

temendo-se das decisões tomadas em Roma na sequência das longas e perturbantes negocia-

ções com o Rei de Portugal sobre o estabelecimento do Sto. Ofício da Inquisição, abandonavam,

em fuga, o ofício ou, como no caso de Diogo Rodrigues Pinto9 , simulavam a continuação do negó-

cio mas colocavam-se e à fazenda (à custa do rei) em lugar seguro. Neste caso particular o prejuí-

zo foi tanto maior quanto o contrato que quebrou implicava o aprovisionamento dos lugares portu-

gueses do Norte de África.

Resta acrescentar que qualquer dos Vedares da Fazenda em exercício conseguiu ampliar os

seus poderes através de mercês, não só de acrescentamento do património familiar (quantas ve-

zes dando mais tarde origem à instituição de morgado), como da dada de certos ofícios fora dos

consagrados no Regimento da Fazenda.

183
Publico em Apêndice documental as prerrogativas conseguidas por D. António de Ataíde, em

parte em detrimento do Feitor e oficiais da Casa da Índia, respeitantes a capitanias de navios,

escrivães, pilotos, mareantes de caravelas do trato (não da armada, de nomeação régia) que fre-

quentavam a costa da Guiné e Malagueta, Ilha de S. Tomé, Cabo Verde, Mina e Axim, Cabia-lhe

ainda a nomeação do feitor dos algodões da Ilha do Fogo.

No exercício das suas responsabilidades por preparar as armadas para a Índia, outras prerro-

gativas obteve. Um correspondência quotidiana, sempre que a Corte estava fora de Lisboa, troca-

da com D. João III evidencia a confiança que o monarca nele depositava, chegando a enviar-lhe

cartas assinadas em branco a fim de D. António de Ataíde agir com rapidez e segundo o seu pró-

prio parecer em diversas circunstâncias. A insistência do Vedar da Fazenda em matérias de ape-

trechamento de navios e, sobretudo na composição de algumas naus, modificaram por vezes a

primitiva decisão régia.

Frequentemente o seu contacto assíduo e facilitado com homens experientes na guerra no Ori-

ente, nobres, mercadores de Lisboa, juristas, agentes régios ou particulares, leva-o a ser um ex-

celente intermediário para auscultar pareceres que o rei posteriormente confrontava com os emiti-

dos na Corte.

184
NOTAS

1
Leão, Leis Extravagantes, P. I, T. XXXVIII I, Lei 11, ?Ov-71.

2
Com o tempo tomará conta de todos os feitos-cível e crime por que forem acusados e demanda-
dos pelo Procurador (por erros cometidos contra o Regimento e as obrigaçõe dos seus cargos, os
oficiais da Casa da Índia e Mina, Armazéns, capitães, escrivães, mestres, pilotos de naus da Índia,
Mina, Guiné e Brasil, capitães das fortalezas, alcaides-mor, juízes das alfândegas, feitores, almo-
xarifes, recebedores, escrivães dos cargos da Índia, Mina, Guiné e Brasil. Em 1565 estipula-se
que despachará com Juízes e Desembargadores da Fazenda até sentença final, estando presente
o Vedor da Fazenda da repartição da Índia, escrevendo o Escrivão dos Feitos desta Repartição e
exercendo o Procurador dos feitos do rei na Fazenda a sua respectiva função.

3
Duarte Nunes de Leão, Leis Extravagantes, P. I, T. XII, 33v-35v.

4
Dos direitos pagos por muitos destes oficiais, auferiam os Vedores da Fazenda uma taxa de que
falarei adiante.

5
O Barão daria a posse ao primeiro enquanto o Vedor da Fazenda do Porto o mesmo faria ao
segundo. Chancelaria de O. João III, Liv. 66- 233v, 234 e 66-255v. Equivalia o ordenado mencio-
nado ao dos Escrivães de Chacelaria da Corte pela mesma época.

6
ANTT, Chancelaria de O. João III, Liv. 52 - 101 v.

7
ANTT, Chancelaria de O. João III, Liv. 10- 3v e 50-20, para citar alguns exemplos significativos.

8
ANTT, Miscelâneas Manuscritas de N. • Sr. • da Graça, T. IV, "Documentos Vários" e Ford, Letters
of John III. Documentos de 1536.

9
Cartas trocadas entre o Conde da Castanheira e o monarca completam-se com informações
posteriores provenientes de Roma que dão conta da presença deste cristão-novo junto de Duarte
da Paz e em 1535 já falecido.

185
Retribuição e mercês pelo ofício de Vedar da Fazenda: Rendimentos e potencialidades

Em virtude fundamentalmente da responsabilidade dos Vedares da Fazenda na arrecadação

das rendas reais e, mais do que isso, devido à diligência e proveito que demonstraram no seu

crescimento anual, estipulou D. Manuel em 1503 um aumento do seu mantimento. Definia nesse
1
documento de 15 de Fevereiro de 1503 a forma como lhes deveriam ser outorgados os ordena-

dos e o pagamento anual.

O aumento, com efeito a partir de 1 de Janeiro desse ano, foi de 70 000 rs a cada um dos três

Vedares então em exercício. Reportando-se à soma total do acréscimo (21 O 000 rs) definia-se a

origem dos diferentes valores que deveriam perfazer:

60 000 rs equivalentes a seis escravos assentados e pagos no trato de Arguim

50 000 rs do rendimento proveniente dos dízimos dos ofícios e dos sétimos dos ofícios por

"se assim é"

c. 30 000 rs por lanços de conluios realizados nas rendas depois de arrematadas (Rei não

satisfaz se não chegar àquele valor)

50 000 rs provenientes de rendas e pagos ou à custa dos rendeiros principais dos respec-

tivos Almoxarifados ou à custa do Rei, caso não tenha havido arrendamentos:

Setúbal 15 000 rs

Évora 1O 000 rs

Estremoz 15 000 rs

Beja 1O 000 rs

c. 20 000 rs do dinheiro que devem pagar as pessoas que recebem por mercê ofícios da

Fazenda.

186
Verifica-se, assim, que para lá dos escravos, o dinheiro a receber pelos Vedares da Fazenda,

de acrescentamento, provém ou das percentagens recebidas de diferentes ofícios - podendo re-

ceber mais ainda do que o valor estipulado se maiores as somas detidas pela mercê dos ofícios

da Fazenda -, ou do processo de arrecadação de rendas. O seu pagamento era praticamente

garantido na totalidade, uma vez que assegurado por um lucrativo trato, pelos seviços de Chan-

celaria e por rendas de cidades e vilas reservadas para o Rei, nas quais os juízes das sisas e os

escrivães eram de nomeação régia directa.

Ao ser publicado em 1516, o Regimento da Fazenda de novo garantia pertencerem aos seus

Vedares determinados quantitativos respeitantes às taxas pagas pelos recém-nomeados para

ofícios da Fazenda por mercê régia, fossem estes adquiridos por preenchimento de vaga ou por

renúncia do anterior possuidor, ou ainda por "se assim é". Chegava ao ponto de especificar certas

quantias, frisando não se tratar de somas que fossem descontadas a rendeiros das chancelarias,

pois não se incluíam nos seus arrendamentos (V. Tabela).

Rendimento dos Vedares da Fazenda


da taxa paga por diversos oficiais da Fazenda real

Regimento da Escri- Contado- Almoxari- Porteiros Recebe- Requere- Jufzes Homens


Fazenda -1516 vães res fes dores dores

Casa da Mina 1500

Contos do Reino 600

Contos de Lisboa 300 600 600

Contos das Co- 1500 300


marcas
Contos das Ilhas 1500 150

Contos do Norte 600 150


de África
Casas de Lisboa 400 100

Armazéns 400 600

Tercenas 400 600 100


de Lisboa 300
Alfândegas aoo' 800
de Lisboa 200
Ribeira 3002

187
Portos de terra 400

Portos 200

Almoxarifados 400 600 100 100

Lezfrias e Re-
Iguengos 20o'

Panos - Selador 100

Pão - Pedidor 200

Jufzes Escrivães Requere- Recebe-


dores dores
100'

Direitos reais 400

Rendas 100

Sisas 3005 3006 2008


2007
de Lisboa 1500

1
com excepção de Peniche e alfândegas menores.
2
e Guardas das caravelas.
3
com mantimentos.
4
sem mantimentos.
5
com mantimentos.
6
e feitos, de lugares acastelados.
7
e feitos, de lugares chãos.
a por carta, com mantimento superior a 1500 reais.

As taxas proviriam dos mais variados ofícios da Fazenda, neles se incluindo desde os Escrivães

da Casa da Mina que pagariam 1500 rs até Recebedores e Requeredores que pagavam 100 rs,

somando-se as percentagens de Escrivães de Casas e Armazéns de Lisboa, de Alfândegas, Ter-

cenas e Almoxarifados; de Contadores das diversas comarcas, de Lisboa, das Ilhas e do Norte de

África; de Almoxarifes, Porteiros, Recebedores, Requeredores, Juízes, fossem de organismos

esprecíficos ou intrinsecamente ligados a rendas, direitos reais e tributos. De alguns menciona-se

apenas os que correspondiam a ofícios com mantimentos, mas a lista publicada não esgota o

número de ofícios subalternos da Fazenda abrangidos por estas disposições.

Em 1514, de facto, expediam os Vedores da Fazenda desembargos individuais, em nome do

monarca, dirigidos ao Almoxarife ou Recebedor (e ao Escrivão) dos escravos provenientes da

Guiné, para que se lhes fosse pago os 20 000 rs a que cada um tinha direito 2 .

188
Que os valores a receber da Chancelaria não eram fixos, dependendo em grande medida do

número de nomeações para ofícios da Fazenda do ano em curso, confirma-se pelo documento de

12 de Fevereiro de 1521 assinado pelo contador da Casa do Rei Bastião Gonçalves e dirigido aos

Vedares da Fazenda. Fora-lhe requerido em 1520 por Heitor Machado, Recebedor da Chancela-

ria, uma certidão que especificasse o montante que por Regimento deveriam ter aqueles oficiais

dos ordenados dos ofícios. As informações foram colhidas e registadas mediante dados da Fa-
3
zenda real e calculado o valor de 66 650 reais .

4
Na verdade, conforme um recibo assinado pelo Conde do Vimioso , onde se explicita o mon-

tante recebido da parte dos ofícios da chancelaria daquele ano de 1520, cada Vedar da Fazenda

terá sido pago de 22 216 rs.

Esta informação é por demais importante, pois confirma que,apesar de possuir o título de Vedar

da Fazenda, Tristão da Cunha não auferia do respectivo pagamento. A soma acima mencionada

foi dividida em partes apenas por três Vedares em exercício e não corresponde senão a uma par-

cela do seu ordenado cujo valor varia de ano para ano.

Recebiam também os Vedares da Fazenda inerentes ao seu ofício escrivaninha e saco, geral-

mente transformado num pagamento pela Chancelaria da Corte, no valor de 41 00 reais, montante
5
este que se terá mantido por mais de uma década (testemunhos em 1528 e 1538) . Podiam optar

por receber os próprios objectos. Em 1524 o Barão do Alvito ordenava ao Recebedor da Chance-

laria que mandasse fazer as escrivaninhas de Nuno da Cunha porque este não queria recebê-las

em dinheiro e, de facto, datadas de 9 de Janeiro e de 16 de Março de 1525 localizei dois recibos


6
deste Vedar da Fazenda um por ter recebido duas escrivaninhas e o outro dois sacos .

Na carta de ofício, onde sempre se garante por ano "todo o mantimento vestiaria proes e per-

calcas interesses que ao dito ofício pertencem" (1525), ou, mais expressivamente, "todolos pode-

res jurisdição superioridade mando honras privilégios graças mercês e franquezas jurisdição [ten-

ças, em vez da repetição, em 1530] ordenados proes vestiaria mercês percalços foros interesses e

toda outra cousa que hão e com que de mim tem os outros meus Vedares da fazenda os ditos

189
oficies" (1527 e 1530), raramente se introduz uma quantificação, aliás, pela impossibilidade de o

fazer.

Ainda cem D. Manuel e depois confirmado por O. João III, receberam o Conde do Vimioso e o

Barão do Alvito 100 000 rs para a Índia, de certo censiderados inerentes ao ofício, dado que O.
7
António de Ataíde igualmente os recebeu uma vez Vedar da Fazenda .

Pelo Sumário tirado por Afonso Mexia em Maio de 1523, recebia O. Diogo Lobo, Barão do Alvi-

to, na Alfândega de Lisboa entre outros dinheiros, 115 000 rs "por outros tantos que deu poJo ofi-
8
cio da vedaria da fazenda além d'outra ajuda que lhe EI-Rei pera isso deu" (f. 22) , registo que

parece reportar-se aos 1000 000 rs que o Barão e o Conde de Vimioso receberam do Monarca.

Se, como atrás salientei, nem todas as fontes de rendimento que deviam completar o ordenado

dos Vedares da Fazenda permitem fazer cálculos rigorosos, visto que baseados em somas variá-

veis conforme as circunstâncias, mais difícil, porém, seria contabilizar os "proes e percalços" e

tudo o mais que em acréscimo os Vedares da Fazenda recebiam. Outra importante questão se

coloca a este propósito quando a carta de nomeação menciona privilégios, mercês, tenças, ves-

tiaria, interesses, foros, etc., recebidos do rei com os ofícios. Muito difícil, senão impossível, dis-

tinguir a partir da nomeação o que cada Vedar da Fazenda recebe em virtude do desempenho do

seu oficio e o que, independentemente deste, receberia por outros serviços e merecimentos.

A indistinção dos rendimentos adquiridos por iniciativa pessoal (compra a particulares, por

exemplo), por graça régia ou por remuneração do ofício (mercês régias), acaba por contribuir para

caracterizar o complexo perfil desta importante figura do reinado de D. João III.

Nos últimos capítulos da presente dissertação analisarei cem maior detença os privilégios con-

signados pelas leis do Reino a grandes oficiais da Justiça e da Fazenda no exercício do serviço do

Rei.

De por fim, salientar, o testemunho do Conde do Vimioso no que toca à avaliação do ordenado

do seu ofício de Vedar da Fazenda. Ao escrever em 1545 indentifica-o a parte da sua "medrança"
9
do tempo de O. Manuel (410 000 rs), quantificando-o em 160 000 rs de ordenado .

190
NOTAS

1
Regimento da Fazenda de 1516, cap. XXII. Transcreve carta régia de 15 de Fevereiro de 1503.
Refira-se que D. Diogo Lobo ao ser nomeado Vedar da Fazenda a 23 de Março de 1496- Chan-
celaria de O. Manuel, Liv. 26- 105v- iria vencer anualmente 5000 rs assentes nos Livros da Fa-
zenda.

2
Desembargo de 25 de Abril de 1514 (Lisboa) mandado em nome do rei pelo Conde de Vila Nova
de Portimão, um dos Vedares da Fazenda, para que a soma fosse paga ao Barão do Alvito, pos-
suidor do mesmo ofício. Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico, P. 11-M. 46- D. 125.
O valor foi de facto entregue por António do Porto ao Barão, conforme recibo deste de 1O de Maio.
V. tb. desembargo para o respectivo pagamento de D. Pedro de Castro, a 24 de Maio de 1514
(Lisboa), no Corpo Cronológico, P. 11-M. 47- D. 141.

3
Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico, P. 11-M. 94- D. 43. Documento de 12 de Fevereiro de 1521
dirigido a 'Vossas senhorias", os Vedares da Fazenda.

4
Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico, P. 11-M. 94- D. 66. Recibo do Conde do Vimioso, datado de
16 de Fevereiro de 1521 (Lisboa).

5
Valor a receber pelo Conde de Penela por desembargo de 17 de Janeiro de 1528 e por D. Rodri-
go Lobo por desembargo de 7 de Janeiro de 1538, assinado pelo Conde da Castanheira e levan-
tado por aquele a 14 de Fevereiro. Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico, P. 11-M. 146- D. 57 e P. 11
- M. 215- D. 19. A 8 de Janeiro expedia D. Rodrigo Lobo, por seu turno, o desembargo por ele
assinado e feito por Álvaro de Avelar, para que o Recebedor da Chancelaria da Corte, Francisco
Fernandes, pagasse ao Conde da Castanheira os seus 4100 rs de saco e escrivaninha desse ano
de 1538. No mesmo dia D. António de Ataide recebeu a soma. Corpo Cronológico, P. 11-M. 215-
- D. 20.

6
Ordem do Barão do Alvito a João Rodrigues, de 11 de Dezembro de 1524, e recibos de Nuno da
Cunha de 9 de Janeiro e de 16 de Março de 1525. Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico, P. 11-M.
122-D.1 eP.II-M.123-D. 3.

7
Lembranças do C. Vimioso f. 2. Poucos dias depois de saber do Rei a intenção de nomear o
novo Vedar da Fazenda, recebeu o assentamento prometido por D. Manuel desde 1516 (f. 72).

191
8
Também em 1525 (f. 120). "Livro das tenças dei Rei", Archivo Historico Portuguez, V. 11, 81 -
132.

9
De recordar que quando comprara o ofício deVedor da Fazenda a D. Martinho de Castelo Bran-
co, mediante acordo autorizado pelo monarca, o Conde do Vimioso deixara-lhe entre outras coi-
sas, a sua moradia e cevada, estipulando D. Manuel que não passaria de 80 000 rs por ano--
-- carta de 4 de Julho de 1516, confirmada pelo novo monarca a 20 de Agosto de 1522, Chancela-
ria de O. João III, Liv. 47 - 108v.
Enquanto isso vendia Francisco de Sá, ao partir para a fndia, o ofício deVedor da Fazenda na
cidade do Porto a Garcia de Sá, com as condições estipuladas "a retro" e o Monarca pelo mesmo
valor e cláusulas o comprara daquele. A transacção volta a efectuar-se mediante a intervenção da
viúva de Francisco de Sá (1 004 300 rs) e do filho José Rodrigues de Sá que D. João III nomeia
Vedor da Fazenda do Porto com um mantimento anual de 51 400 rs acrecido de 3000 rs de vestia-
ria, à semelhança do que o pai recebia. Chancelaria de O. João III, Liv. 62 -153v, 154.

192
III

OS AGENTES -A MEDIAÇÃO SOCIAL

193
Definições jurídicas: dos privilégios do ofício ao estatuto social e à submissão à autoridade régia

À semelhança do Regedor, do Governador, do Escrivão da Puridade e do Chanceler-mar, go-

zam os Vedares da Fazenda de "privilégios, graças e mercês, e liberdades", contemplados nas

Ordenações do reino (Liv. 11, T. 43), como pessoas "mais chegadas" ao soberano, enquanto exer-

cem os seus ofícios. Em conformidade com estas altas individualidades também são abrangidos

pelas mesmas cláusulas os Escrivães da Fazenda, em situação assim equiparada à dos Desem-

bargadores das Casas da Suplicação e do Cível, ao Procurador dos Feitos do rei e aos Promoto-

res da Justiça, aos Escrivães de Chancelaria e ao Almotacé-mor.

Trata-se de privilégios e liberdades outorgados "por especial graça e mercê" do rei somente a

determinadas pessoas -e enquanto no exercício de funções do serviço real - e não a seus apani-

guados. Este tratamento diferenciado isenta-os de encargos ordenados nos lugares onde possu-

em bens e propriedades (serviços, pedidos, empréstimos, fintas, talhas, aduas, etc.), mesmo que

destinados ao serviço do rei, para proveito do concelho ou para fins piedosos e necessários ao

bem de todos (construção e conservação de pontes, muros, fontes, caminhos, etc.).

No que toca à Justiça, enquanto estiverem ao serviço do rei, só perante o Corregedor da Corte

poderão ser, por feitos cíveis ou crimes, citados, acusados ou demandados. Da mesma forma

poderão iniciar na Corte demandas contra os seus devedores (de prata, ouro, dinheiro, bens mó-

veis e de raiz) em arrendamentos, heranças, aforamentos e outros contratos, sendo todo o pro-

cesso aí conduzido.

Mesmo que tenham de acusar alguém fora da· Corte, gozam da possibilidade de o fazer por um

Procurador, não tendo, pois, de se deslocar pessoalmente, como o estipulavam as Ordenações.

194
Perante o Corregedor da Corte vêm , aliás, tanto as causas em que estes grandes oficiais são

autores como aqueles em que são réus, se envolverem como parte contrária viúvas e outros de-

tentores de privilégios (caso dos oficiais do cível, Escolares, Moedeiros, etc.), dado que, pela sua

condição e importância superior do serviço prestado ao rei, os seus privilégios sempre precedem

os daqueles.

Se alguém desrespeitar tais prerrogativas causando algum dano a pessoas e bens, cabe aos

juízes ordinários dos lugares onde isso ocorre corrigir o mal e exigir o pagamento de 6 mil reais

(os "encoutos" do rei, cabendo um terço ao acusador, outro ao Desembargador e o último â Câ-

mara real). Daí se preferir, segundo o §11 deste título das Ordenações, que sejam os Almoxarifes

ou Recebedores dos lugares a arrecadá-los e a serem deles juízes, indo as apelações e agravos

ao Juiz dos Feitos do rei. Não se consente a nenhum oficial da Justiça ou da Fazenda quebrar

estes privilégios, por muito especial que seja a condição da terra ou do seu detentor ou o manda-

do que tiverem do rei.

Embora não se estendam estas regalias a apaniguados, nem a autorização de andar em bestas

muares abranja pessoas que vivam e cavalguem com tais oficiais, nem as que a seu serviço se-

jam enviadas a algum lugar (salvo tendo outro privilégio para isso), muitos dos parágrafos que

constam deste título das leis do Reino beneficiam de facto, inquestionavelmente, os seus depen-

dentes, principalmente caseiros, criados, mordomes, lavradores, servidores contínuos que deles

recebem satisfações e não sejam "acostados" a mais ninguém.

São, porém, explícitas as reservas do rei em tudo o que possa vir a afastar esses indivíduos de

obrigações devidas ao concelho onde moram - exercício de ofícios como os de Juízes, Vereado-

res e Procurador - ou de uma actividade produtiva como a da lavoura. Manifesta-se, na verdade,

com particular insistência, uma preocupação por que todas as terras e bens dos seus oficiais se-

jam plenamente aproveitados, disponibilizando para eles em primeiro lugar todos os obreiros e

servidores necessários à taxa em vigor nos respectivos lugares, protegendo de diversas maneiras

as pessoas e os bens daqueles que lavram ou exploram as suas herdades (próprias ou de que

gozem o usufruto). Estejam estas encabeçadas ou não, e sejam exploradas através de diversifica-

195
das formas de arrendamento ou aforamento, os que as aproveitam ficam isentos, tal como os

grandes Oficiais, senhores dessas terras, de pagar ao Rei ou a qualquer outra pessoa jugadas de

pão, vinho, linho, etc..

Tais disposições visam de certo colmatar possíveis prejuízos advindes do absentismo de pro-

prietários de terras e bens, cuja ausência se justifica pelo serviço do rei. Combatem simultanea-

mente a negligência no trabalho e a parasitagem social dos seus dependentes.

Haveria para muitos possibilidade de ascenderem do ponto de vista social e quiçá material,

continuando no serviço pessoal de um destes detentores de importantes ofícios públicos.

Não é precisamente baseado num conhecimento pessoal da linhagem, da lealdade e dos bons

serviços prestados que o próprio monarca escolhe os seus principais oficiais?' Porque não confiar

nestes a selecção dos seus auxiliares directos e, mediante a sua apresentação (ou simples su-

gestão que seja) preencher lugares na Corte ou fora dela, pelas comarcas do reino, onde se exige

dedicação ao serviço do rei? Como dispensar o monarca a fidelidade de um homem que a provou

ao serviço de um seu leal servidor? A sua competência será testada muitas vezes na prática, em

cargos administrativos em Portugal ou nos domínios ultramarinos, na capitania de navios da ar-

mada, em missões políticas dentro e fora do Reino.

No que diz respeito a funções no âmbito da Justiça e da Fazenda, mais cuidado haveria que ter

na escolha dos auxiliares, fossem escrivães, escrivães dos escrivães, porteiros, etc.. Exigia-se

sigilo absoluto em determinadas instâncias e em muitas matérias.

Se é certo que este critério assegura no seio da administração régia laços de fidelidade pessoal

porque vinculados pela obediência absoluta à autoridade do monarca, consolida igualmente redes

de relações com origem em grandes famílias nobres ou em grandes oficiais da Coroa. O que virá

a imperar em momentos decisivos? a lealdade ao monarca tradutor dos interesses do Reino e do

bem de todos ou a voz de parentes e amigos, os interesses de família ou de grupo?

Na balança ficam em avaliação a "sã vontade e boa consciência" que se pressupõe na escolha

régia dos grandes oficiais da Justiça e da Fazenda, o sangue nobre destes, os seus valores tradi-

cionais, o juramento prestado sobre os Santos Evangelhos de servir a Deus e ao Rei (e com isso a

196
todos?). Para os homens da Justiça em particular, cumprir o Regimento do seu ofício, as leis do

Rei e as Ordenações e, bem assim, trabalhar por que se preserve sempre o Direito e a Justiça às

partes, independentemente da sua condição e estado, isenta-os de facto de compromissos políti-

cos, de opções pessoais e de atitudes de fidelidade pessoal?

As Ordenações claramente enunciam a esse propósito o compromisso assumido pelo Regedor:

" ... deve ser Nosso natural, que como bom, e leal Nos deseje servir, e ame perfeitamente Nossa

Pessoa, Estado, e Serviço... seja tal, de que Nosso Senhor seja servido, e em que Nosso cuidado

descanse, e Nossa consciencia quanto a isso ande sempre descarregada".

A situação de vantagem em que, logo à partida, as suas funções os colocam - se bem que ob-

tenham o ofício por mercê régia e ele não se torne bem patrimonial --, não os conduzirá a construir

uma imagem de corpo social diferenciado, árbitro até certo ponto da disciplina social, escudado

num comportamento definido em leis fundamentais e com uma autoridade soberana em determi-

nados sectores da sua actividade?

Se há limites à própria autoridade real para lá dos de natureza doutrinal - o rei cristão cumpre

objectivos de Justiça, encarna a lei divina e através das leis positivas preserva os direitos naturais

dos súbditos--, esses limites são de natureza jurídica e político-institucional.

Advêm do carácter da sua jurisdição e do diálogo definido com todo um conjunto de poderes

existentes, de organizações sociais, de indivíduos e de corpos com estatuto definido.

Mas se esses princípios e regras servem para preservar o indivíduo e as organizações sociais

face a qualquer tentativa de intervenção arbitrária da autoridade real, a sua própria definição jurí-

dica relativamente aos outros corpos simultaneamente os coarcta e, além disso, subjuga a com-

promissos de equilíbrio e de paz com o conjunto da sociedade, submetendo muito do seu com-

portamento ao interesse geral, personalizado com crescente nitidez na pessoa do soberano2•

Desta forma se estabelecem normas de conduta também para os privilegiados em geral e para

os grandes oficiais que nas suas múltiplas esferas de actuação motivaram a minha análise.

197
Evidentes se tornam, logo à partida, as disposições da lei para definir um compromisso que o

grande oficial de justiça assume de imediato de autonomia plena da sua pessoa e bens no âmbito

do exercício do seu novo ofício. Para garanti-lo na prática deverão ser o Regedor, e o Chanceler-

-mar do mesmo modo que os Vedares da Fazenda, pessoas de grossa fazenda, não necessitan-

do pois de "ajudas", "prendas" e "peitas" para garantir o seu modus vivendi compromissando-se

por elas de alguma forma na prática do seu ofício, nem de se envolverem em negócios que pos-

sam em quaisquer circunstâncias opor os seus interesses pessoais aos do rei.

Além de extenso patrimónimo em terras, casas, tenças e padrões de juro, possuem de facto os

Vedares da Fazenda bens em áreas ultramarinas, seja Brasil ou nas Ilhas, ou em especiarias e

artigos licenciados pelo rei.

Estabelece-se como cláusula fundamental do Regimento da Fazenda de 1516, constituindo o


3
seu capítulo 11, não poderem os Vedares da Fazenda dedicar-se ao trato de mercadorias nem ao

arrendamento de rendas pertencentes ou não ao rei: "Item os ditos Vedares da fazenda não tra-

tarão de mercadorias, nem arrendarão nenhuma renda, que nos pertença, nem outra alguma".

Jurando perante Deus e o Rei não se deixarem envolver pelos interesses dos particulares e não

darem causa "a alguma corrupção" da Justiça régia (T. I das Ordenações), comprometem-se os

grandes oficiais da Justiça e da Fazenda, no cumprimento dos respectivos Regimentos, a vigiar e

controlar, corrigindo e castigando, os oficiais subalternos que incorram em tal crime. Diversos itens

determinam o "grande cuidado e diligência" a ter na obtenção de informações sobre o trabalho de

cada um, as devassas ou inquirições que se podem levar a efeito quando oportuno e aquelas que

ordinariamente se exigem (do novo Corregedor de comarca relativamente ao anterior, por exem-

plo). Da repreensão pública ou privada à pena pecuniária e à suspensão no ofício ou a interdição,

ou a penas corporais, a sanção participa do direito disciplinar que impregna Ordenações e Regi-

mentos. -

198
NOTAS

1
Deveria o Regedor da Justiça ser "homem fidalgo de limpo sangue, bom, virtuoso ... temente a
Deus, e de sã vontade, e boa consciência, justo, e em bondades experimentado, inteiro e cons-
tante ... " e o Chanceler-mar "de grande confiança", devendo o Rei escolher "tal homem que seja de
boa linhagem, e bom siso, discreto... " e com todas as qualidades que se exigem a um grande ma-
gistrado (Ordenações de 1521, T. I e 11) que perante o Regedor presta juramento e pode substituí-
lo na sua ausência, e que recebe, por seu turno, o juramento do Condestável e do Regedor, do
Governador da Casa do Cível, dos Vedares da Fazenda, do Escrivão da Puridade, do Almirante e
do Marechal, dos Capitães dos Lugares de África e das Ilhas, dos Oficiais-mores da Casa Real,
dos Fronteiros-mores, dos Desembargadores da Casa da Suplicação e do Cível, dos Corregedo-
res das comarcas e dos Juízes de fora, enfim, dos Conselheiros do monarca. Não deveria o prório
Regedor "procurar mercê e honra aos Desembargadores e Oficiais outros da Justiça", como se lê
no § 15 do Título respeitante a este ofício ?

2
Um dos fortes argumentos utilizados em processos contra os grandes nobres ao tempo de D.
João 11 não foi precisamente usarem a tirania nas suas terras?

3
Não será essa condição existente de há muito que terá impedido Tristão da Cunha de exercer de
facto o cargo de Vedar da Fazenda, para que fora nomeado por D. Manuel, conservando todavia a
posse do ofício até renunciar no filho, sob licença régia, em 1521? As actividades económicas de
Tristão da Cunha, independentemente das outras funções que exerceu ao serviço do rei - estuda-
das por Banha de Andrade - serviriam assim para responder a dúvidas levantadas por Braa-
mcamp Freire.

199
A posse do ofício: uma questão não resolvida

Para a ocupação por Fuão de um ofício conjugam-se múltiplas razões, nem sempre claramente

enunciadas na carta de ofício.

Antes de mais, há que atender à qualidade da própria função, à sua maior ou menor valorização

na escala social, que não advem apenas da sua utilidade e benefícios para o bem comum, nem se

expressa exclusivamente nos rendimentos auferidos no seu desempenho. Mais do que tudo, a sua

classificação decorre ainda de juízos de valor arreigados numa sociedade concebida numa divisão

tripartida de funções inerentes a grandes ordens de indivíduos classificados em oratores, belatores

e laboratores. A grande clivagem social que separa o nobre do não nobre não impede o acentuar

de outras clivagens dentro de uma mesma ordem, a definição de corpos e de uma heterogeneida-

de complexa de condições.

Multiplicam-se e distinguem-se situações que se procura definir juridicamente mas, na prática,


confundem-se e misturam-se elementos de grupos diversos, todos eles actuantes numa sociedade
em plena transformação. Nos vários escalões da nobreza, tal como entre os não nobres busca-se

uma promoção social e esta é proporcionada muitas vezes pelo desempenho de determinadas

funções pelas quais e com as quais se ganha mais prestígio.


Acaba por se conseguir uma ascensão social proporcionada (nalguns corpos em menor escala)

pelos próprios grupos sociais e em progressivo grau pelo poder real. Influenciado é certo, como de

resto os diferentes corpos sociais, por condicionantes de ordem espiritual e ética, política, institu-

cional, económica e militar, pelas características internas de Portugal continental, pelas vias aber-

tas pela Expansão ultramarina e exploração das novas áreas da presença portuguesa, assim

200
como por preocupações decorrentes de uma concorrência e de confronto internacionais, compete,

todavia, ao Rei efectivar gradualmente uma intervenção marcante na ordenação social, no diálogo

com os grupos sociais, nas relações destes e nos canais de interpenetração, configurando quanto

possível a sociedade de acordo com a sua estratégia política.

Claro se torna que o monarca age sob influências diversas, e a maior ou menor agilização do

seu governo depende em muito da captação de apoios junto daqueles que possuem prestígio

social, jurisdição de poderes ou cabedal para investimento. Natural se torna que o rei lhes distri-

bua graças, faça doações e com eles e seus apaniguados preencha cargos. São meios régios de

pagar serviços, consolidar acordos, garantir fidelidades.

Os liames a compromissos assumidos por reis anteriores e no decorrer do reinado vão sempre

constituir, todavia, sérias limitações que, mais cedo ou mais tarde, exigem atitudes, seja a do natu-

ral cumprimento do prometido, seja, em troca deste, satisfações de valor equivalente.

Assim acontece no governo de D. João III. As últimas vontades de D. Manuel expressas no seu

testamento servirão para reforçar, a nível de consciência do jovem monarca, as obrigações assu-

midas e que deverá consolidar com leais servidores, além de outros comprometimentos de diversa

natureza.

Basta recordar que muitos dos homens que, enquanto príncipe, compõem a sua casa - escolhi-

dos pelo rei anterior- irão manter-se como altos funcionários da Casa Real, frequentemente em

funções semelhantes relativamente à figura real, preservando-se com isso uma continuidade de

serviços, a estabilidade, a disponibilidade de homens de confiança - sua descendência ávida de

honras e de favores herdados e conquistados - para a missão dentro e fora do Reino, como em-

baixadores, chefes militares e governadores. Também nos grandes cargos da Justiça e da Fazen-

da há heranças que se conservam e tigações pessoais que se estimulam.

A vaga de um importante ofício, tal como o retorno à posse directa do rei de terras, títulos e

jurisdições antes doados pela Coroa, constituem momentos de decisão de consequências impor-

!antes. Cabe exclusivamente ao soberano escolher o futuro detentor e com ele estabelecer com-

201
premisses políticos novos. Ocasiões como esta permitem ao poder real deixar extinguir influências

e semear novas relações ou renovar antigas.

Há, no entanto, outros processos de promover uma continuidade ou uma mudança sem ruptura.

A intervenção régia na política de casamentos, à qual subjazem não poucas vezes promessas de

futuros favores ou a promoção social de elementos da Casa real, constitui um dos meios utiliza-

dos. Pressupõe-se, todavia, que para que tal estratégia resulte haja um entendimento entre indiví-

duos, grupos e poder real. Na prática, contudo, nem sempre os interesses coincidem e a vontade

individual rebela-se, dando ocasião a que a punição substitua a graça.

As tensões instalam-se e torna-se delicada a relação tanto entre os membros de uma mesma

família como entre esta e outras candidatas à aliança. Particularmente grave pode tornar-se cair

no desagrado régio, ser-se afastado da Corte e chegar ao ponto de sofrer um processo judicial e

vir a ser condenado.

A uma importante doação ou ao preenchimento de um ofício de prestígio social podem também

concorrer diversos interessados. Num meio de permanentes tensões individuais e colectivas como

é o cortesão, o poder real joga quanto possível a seu favor, procurando agir quando não como juiz

pelo menos como árbitro apaziguador de conflitos latentes. Não se sabe até que ponto é sempre a

paz entre os nobres o objectivo real.

Se se atender à narração dos factos pelo Conde do Vimioso nas suas Lembranças de 1545

parece pretender D. João III manter um certo mal-entendido entre o Conde e o infante D. Luís,

nunca permitindo ao primeiro explicar-se directamente com o segundo. Um mesmo jogo de basti-

dores, gerador de desconfianças entre nobres solicitantes de mercês régias, parece poder dedu-

zir-se do sigilo que rodeia determinadas doações. A partir do mesmo testemunho do Conde do

Vimioso deduz-se que este, apesar de exercer o ofício deVedor da Fazenda- com acesso a re-

gistos de múltipla natureza e, particularmente, a dados específicos sobre patrimónios e rendimen-

tos--, não possui pleno conhecimento de determinadas situações.

202
Sigilo absoluto pelo menos durante uns dias pede D. João III a D. António de Ataide quando em

1536, 1544 e 1548 lhe faz novas doações de terras de reguengo no termo de Santarém ou em
1
lezírias na região de Alcoelha •

Ao segredo em redor de doações ou de propostas de permutas de bens patrimoniais, de rendas

ou de ofícios, juntam-se promessas orais- de cuja falta de cumprimento por parte de D. Manuel e,

sobretudo, do novo monarca se queixa continuamente D. Francisco de Portugal- e comprometi-


mentos escritos, po~ alvarás de lembrança, para terem execução em circunstâncias especificadas.

Procura-se, desta forma, satisfazer algumas ambições particulares ou familiares que, acolhidas

favoravelmente pelo monarca não têm, todavia, uma concretização prática imediata mas irão

manter por mais ou menos tempo o candidato à graça régia - e quase sempre os seus descen-

dentes directos - em fiel e servil expectativa.

Não será precisamente conseguir essa estabilidade, embora aparente porque construída artifi-

cialmente pelo monarca, e uma consequente domesticidade da nobreza de Corte à sua vontade,
que pretende D. João III? Uma certa fricção entre nobres de escalões próximos, tal como entre

letrados e entre altos funcionários da administração real, gera naturalmente uma competitividade

nos serviços prestados à Coroa e pessoalmente ao soberano.


Este tipo de estratégia na distribuição de mercês incluindo ofícios, repercute-se nas diferentes

camadas dos "requerentes" às variadas vias de promoção social proporcionadas pelo poder ré-

gio.

Levanta de imediato interrogações esta matéria e exige uma reflexão sobre a maior ou menor

autonomia dos "oficiais" do rei, uma vez em exercício com carta de posse de um ofício. A questão

torna-se ainda mais pertinente quando o acesso a um ofício se deu não por clara iniciativa do rei

para preenchimento de uma vaga, mas por um acordo tácito entre o antigo detentor e o candidato

ao lugar, renunciando do cargo o primeiro, nas mãos do rei, para que o monarca o dê a outrem já

previamente estipulado.

Dado o formulário padronizado para as cartas dos diferentes ofícios, nem sempre fica no docu-

mento registado na Chancelaria régia uma menção desenvolvida e inequívoca dos diferentes trâ-

203
miles do processo, e, particularmente, das premissas do acordo prévio. Pelo estudo de inúmeros

documentos pode, todavia, enxergar-se informações que projectam luz sobre pormenores de ca-

sos variados. Seja como for, desde logo há que frisar, que a transmissão só é feita porque permiti-

da pelo Rei, pois há razões por ele conhecidas que o levam a aceitar a renúncia por parte de um

individuo e a conceder a sua graça e mercê ao novo titular do oficio.

Como comecei por referir, decorre da qualidade da função a exercer os requisitos prévios ne-

cessários para que um candidato seja admitido pelo rei. Diversas disposições legislativas, entre as

quais as próprias Ordenações do Reino, revelam o perfil mais adequado do executor de determi-

nadas funções junto do monarca e à frente dos grandes órgãos da justiça. Regimentos, provisões

e diferentes outras normas completam esse perfil no âmbito especifico de diferentes ofícios.

Para lá, pois, de directrizes fundamentais que condicionam a escolha ou a aceitação do candi-

dato, este terá de estar apto a corresponder às exigências do oficio e jurar guardar o respectivo

regimento. Em determinadas circunstâncias exige-se mesmo um prévio exame do candidato feito

pelos oficiais superiores.

Particularmente exigentes são as normas para os oficiais da Justiça e da Fazenda, mas até que

ponto se cumprem?

Atenda-se fundamentalmente nos ofícios que não são ocupados por tempo previamente esta-

belecido. Dificilmente se encontraria argumento suficiente contra o candidato perante a petição

que apresenta ao monarca acompanhada de um alvará régio de promessa, de uma renúncia do

anterior detentor do ofício funcionando como apresentação, ou até de um testamento onde o ofici-

al entretanto falecido transmitira entre os seus bens também o oficio, geralmente a um parente

próximo.

É de salientar esta particularidade, pois o oficio não sendo patrimonial parece ser, todavia, en-

carado como tal. Em frequentes casos torna.-se vitalício e, mediante a graça régia, continua em

poder da mesma família, passando do pai para o filho ou genro, para um irmão, um sobrinho, etc..

A reserva do direito ao oficio mais evidente se torna quando, mediante alvará de lembrança por

parte do rei, é deixado por um indivíduo à pessoa com quem a filha venha a casar. Embora em tal

204
documento se imponham cláusulas legais como a de ser apto para o seu exercício, na verdade,

porém, o fundamental será a apresentação de uma prova da realização do casamento. Outra hi-

pótese, também geralmente aceite, é a apresentação de um outro candidato com um documento

de renúncia da filha do antigo oficial.

Este tipo de transmissão, que para ter validade necessita de aprovação real, pode ter lugar em

vida do agraciado, porque o rei o autoriza a renunciar em outrem.

A questão principal torna-se, por um lado, conhecer as razões invocadas para a renúncia e para

a apresentação de outro indivíduo e, por outro, tentar descortinar se houve uma transmissão ape-

nas, ou se algo mais se verificou, como, por exemplo, um acordo de compra e venda entre parti-

culares.

Até que ponto - embora não esteja institucionalizada a hereditariedade dos ofícios - a trans-

missão pelo rei de pais para filhos ou parentes próximos de um mesmo ofício é uma prática nota-

da e de interesse também para o soberano ? Que vantagens poderá o poder real obter ao aceitar

a indicação por parte do anterior oficial de um nome para lhe suceder? O mesmo se poderia ques-

tionar a respeito da aceitação da compra e venda do ofício. Neste caso de certo que um montante

estipulado selou o acordo e trouxe benefícios pelo menos a uma das partes.

Na venda do ofício de Vedor da Fazenda concertada entre D. Martinho de Castelo Branco e o

Conde do Vimioso não se esclarece facilmente de quem terá partido a iniciativa da transacção. A

D. Francisco, titular desde 1515, interessava o acesso directo ao centro do poder, a honra e o

prestígio que lhe adviria da aquisição do ofício deVedor da Fazenda. O Conde de Vila Nova, com

uma longa permanência em ofícios congéneres neste concerto não só aumentou os seus rendi-

mentos como foi agraciado com o ofício de Camareiro-mar do príncipe.

A justificação para licenciar a venda encontra-a D. Manuel nos "merecimentos de ambos, e aos

muitos serviços que deles temos recebido e ao diante esperamos receber", bem como às qualida-

des de D. Francisco apropriados ao desempenho do ofício: competência e lealdade.

205
Cita mais de uma vez na carta de nomeação, como regra a seguir na função de Vedor da Fa-

zenda o "Regimento e ordenança" reportando-se indubitavelmente ao que estava na época ainda

a ser impresso e viria a concluir-se em Outubro de 1516.

Apesar da legislação contrária, continuaram a vender-se, desde que com autorização real, car-

gos considerados de maior ou menor prestígio, do Escrivão dos Feitos da Fazenda que auxilia o

Dr. Rui Gago, ofício equiparado ao de Escrivão dos Feitos da Casa da Suplicação, até ao de Juiz

das Sisas que deveria ser examinado antes da nomeação.

E quanto ao interesse do Rei, a mercê régia terá sido verdadeiramente gratuita? Entra-se com

esta interrogação directamente num outro conjunto de questões, a dos direitos pagos na Chance-

laria (acrescidos quando por renúncia do anterior possuidor), pagamento esse prévio e indispen-

sável para a passagem de uma carta de ofício.

206
NOTAS

1
Documentos de 7 de Novembro de 1537 (Chancelaria de O. João III, Liv. 24- 238} e 18 de Ja-
neiro de 1541 (postila), de 26 de Maio de 1544 e de 1 de Outubro de 1548, transcritos em Manus-
critos da Livraria 2597, "Bens da Casa da Castanheira" (ANTT) respectivamente ff. 55-56, 56-56v,
41-41v e 42-44v.

207
Uma percepção diferente dos fenómenos sociais

Nobres de linhagem se bem que por motivos diferentes colocados num plano secundário aos

grandes titulares patenteiam nas suas concepções sociais pontos de contacto, na verdade parti-

lhados pelo todo social em termos de sentimentos e atitudes. A concepção aristocrática de socie-

dade define efectivamente, a ordem jurídica e está impressa no quotidiano tanto do fidalgo, do

membro da Igreja; como do lavrador e do mercador.


O. Conde_ do Vimioso é neto do primogénito do 1• Duque de Bragança mas por via bastarda, só

nele se legitimando. Por seu tumo o conde da Castanheira herda os senhorios de um sobrinho e

descende de um filho segundo dos Condes de Atouguia. Em qualquer dos casos foi fundamental a

intervenção régia para a sua ascensão a primeiro plano da cena política, muito embora a antigui-

dade e honra do sangue a isso mesmo condtJZissem o monarca.

De qualquer forma, nenhum deles nem os seus antecessores Unham historial na função de

Vedar da Fazenda. Todavia, da parte de Ataíde (via materna), detectam-se visivelmente letrados

ao serviço da Casa de Bragança,_ com a qual o primeiro possuía ligação sanguínea.

Ao invés, O Conde de Monsanto herda e assume funções de cortesãs, enquanto o Barão do

Alvito e o Conde de Penela, ambos (o primeiro, sobretudo) possuem de antepassados toda uma

ligação a funções de prestígio na Justiça e na Fazenda.

Se "é cousa justa que aos tais criados e servidores como ele[s} se faça mercê e acrescenta-

mento" (palavras régias na nomeação de D. António de Ataíde ). tal valimento, extensivo sobretudo

à nobreza de armas e aos letrados trás por vezes sérios inconvenientes. Basta recordar as la-

mentações do Conde do Vimioso por ver tantos homens com menos nobreza de sangue e de alma

208
do que ele e seus filhos, receberem pingues proveitos e títulos, rendas e ofícios. De entre os no-

mes de bispos e titulares leigos cujas mercês vê acumularem-se realça o Conde de Penela com a

Ilha do Fogo e os engenhos, o Regedor, o Secretário, o Governador, o Tesoureiro, os filhos do

Barão do Alvito, cuja fortuna ultrapassaria a do pai, o Conde da Castanheira com comendas "a

Casa da Índia", lezírias e "um poço de ouro em dinheiro". Cita nomes como o de Pera Carvalho,

de Rui Carvalho e de Cristóvão Esteves, não só pelos rendimentos que auferem mas pelas vanta-

gens que conseguem para seus criados.

D. Francisco de Portugal chega a disputar com outro parente do rei a precedência. A conhecida

disputa com o Conde de Penela evidencia essa grande preocupação de marcar um lugar bem

definido e cimeiro numa nobreza de sangue fronteiriça da primeira nobreza do reino e que se

sente de certa forma ameaçada pela promoção social que o Rei facilita a elementos inferiores que

se introduzem no círculo régio. Preocupam-no' as "liberdades" I prestígio que alguns tomam na

presença do monarca e que a ele lhe estão vedados, os rendimentos, títulos e ofícios que em lu-

gar de servirem ao seu próprio engrandecimento e de seus filhos, favorecem indivíduos sem o

sangue, a cultura e o refinamento dos seus.

Fora grande o seu prestígio ao tempo de D. Manuel, suscitando-se por isso intrigas que de certa

forma impediram um protagonismo quase exclusivo junto do rei, antes e depois da morte daquele

soberano. D. João III confirma-lhe mercês e promessas mas a partir dos anos 30 acentuou-se,
2
segundo um testemunho que o filho mais velho confirma décadas depois , a travagem de uma

maior ascensão.

Um novo homem colocado junto do monarca concorre com ele não só na influência inerente ao

cargo de Vedar da Fazenda -disputando o controlo de determinadas matérias ligadas aos negó-

cios ultramarinos - como na própria confiança do rei. Mesmo não estando junto do monarca na

Corte, Ataíde em Lisboa domina negócios e informações e mantém viva correspondência com D.

João III. Quiçá ganhe por isso uma maior independência e capacidade de decisão.

Não são apenas os nobres os contemplados pela graça régia, ou os membros da Igreja, são-no

também os juristas que disputam com D. Francisco de Portugal certos lugares para os seus apa-

209
niguados. O· Conde· do Vimioso vive· intensamente no seio das intrigas da- Corte, enquanto D·. An·

Iónio, conhecendo·as, delas. se. afasta. mantendo-se, todavia, em alerta.. Lida. de. perto com outros

negociantes, os que têm poder económico, e de quem o rei tanto necessita em horas de aflição.

Ataíde não encara o favor régio aos emergentes como uma afronta à sua honra, mas sopesa-o

enquanto benéfico ou prejudicial à "República".

Numa visão mais alargada dos novos tempos, olha a actividade do mercador como função es-

sencial enquanto distinta das práticas usurárias, pois estas, conforme quotidianamente constata,

minam o todo social, inclusivamente deturpando a política de distribuição de mercês e a aplicação

de leis. É por isso que critica a magnanimidade do monarca no que considera incentivar as más

inclinações dos portugueses e, com isso, levar ao prejuízo moral e material do Reino.

De maior sentido prático nas suas reflexões, O. António de Ataíde não é menos consciente que

O. Francisco dos valores éticos e sociais a estimar. Dada a sua percepção dos pilares económicos

do Estado, mais rigoroso se mostra nas considerações de ordem moral e em tudo o que possa

perturbar a consciência individual e colectiva.

Os seus pareceres de 1553 e 1555 evidenciam o político que olha à preservação da "República"

mais do que a si próprio, acredita como tantos dos seus contemporâneos - entre os quais juristas,

acessores directos com quem se habituou a dialogar desde a sua estada em França como embai-

xador -- na força de leis e ordenações e conveniência de contratos.

Preocupado em esbelecer acordos, envolvendo grandes somas de dinheiro que impedissem o

corso tão prejudicial à Coroa, a particulares e ao próprio Reino, sabia das maiores dificuldades de

abastecimento e das ameaças tanto no Mediterrâneo (acordo da França com os Turcos, aliados a

potentados do Norte de África, combatendo forças imperiais), como no Atlântico, nos mares dos

Açores, na costa marroquina, na da Guiné ou no litoral brasileiro. Ao lado de um homem do direito,

avalia as cláusulas de propostas, mede as consequências a longo prazo de um acordo que viesse

a colocar em risco para lá da segurança de navios e de rotas, a própria integridade do domínio

português e das suas potenciais áreas de expansão.

210
No Reino, nas funções de Vedor da Fazenda, vai ganhando experiência, como ele próprio afir-

ma, parecendo-lhe ameaçadora a atitude de alguns conselheiros que se pronunciavam acerca da

política interna e externa, nomeadamente sobre as linhas de rumo a desenvolver quanto ao Norte

de África e à Índia, tal como representam perigosos conselhos alguns pareceres que se desenvol-

vem acerca dos contratos de especiarias.

D. António de Ataíde conhece - porque elabora e prepara para apresentar ao monarca e, por

este, sigilosamente, a outros conselheiros de D. João III - balanços de gastos3 não só dos rendi-

mentos internos e do comércio externo, como de pedidos em Cortes e a particulares, mediante

venda de casas, terras e tenças de juro. Salienta a existência contínua de despesas extraordinári-

as, seja de casamentos, grandes armadas, socorro a lugares do Norte de África e os juros altíssi-

mos cobrados no exterior.

Propõe ao monarca uma política de previsão- a ter de conseguir mais crédito para financiar o

quotidiano da Casa da Índia pondere-se sobre grandes despesas a médio prazo, estabeleça-se

contratos com outros prazos de pagamento, tendo em consideração o ritmo da venda das especia-

rias pelos mercadores e, sobretudo, as épocas de maior necessidade de liquidez para novos in-

vestimentos por parte da Coroa. Sugere, numa orientação pré-mercantilista, medidas de entesou-

ramento de metal precioso, de desenvolvimento do comércio externo mediante cooperação com

mercadores - de preferência portugueses ou com sede em território nacional --, formando compa-

nhias de quatro grandes mercadores com outros menores de forma a estabelecer contratos de

arrendamento da Alfândega, das Ilhas da Madeira e Açores, da Guiné, S. Tomé e Príncipe, de

Cabo Verde e Ilhas bravas, abrangendo também outros tratos.

À Fazenda real seria benéfico e com isso se procuraria o enriquecimento dos próprios mercado-

res. Perante a sua argumentação mais facilmente se compreende o parecer favorável ao abando-

no dos lugares de África e ao desenvolvimento do negócio que mais lucros trazia a Portugal, o da

Índia, cujo arrendamento só não propunha porque o empreendimento da Coroa ultrapassava em

muito a mera empresa comercial, exigindo uma constante e reforçada defesa militar no mar e em

terra contra a concorrência política e económica de europeus e não europeus em três oceanos.

211
O investimento, não apenas no comércio mas também na produção, mediante um levantamento

prévio das características regionais 4 e de medidas de protecção e incentivo à agricultura, à pesca,

à criação de gado, poderia vir, segundo ele, a morigerar as próprias "inclinações dos portugue-

ses" da época.

Na verdade Ataíde, aliás como tantos outros conselheiros que se manifestaram em épocas de

forte controvérsia, como foram as décadas de 30 e 40 do século XVI, com grande impacto nas

belas-letras, condena a usura, a ociosidade, a vaidade e o egoísmo.

Num mesmo espírito que se depreende da acção régia, tão veiculada como se manifesta à for-

ça do direito, à ética cristã e, simultaneamente, às necessidades de um poder soberano, assim

pugna Ataíde pelo interesse do bem público.

212
NOTAS

1
Lembranças de agravo de 1545. V. Apêndice- documental.

2
Apontamento do Testamento do Conde do Vimioso O. Afonso publicado por Caetano de Sousa
nas Provas, T. V- 11, p. 361.

3
Frei Luís de Sousa, Anais de D.João)/1, V. II, Lisboa, Sá da Costa, 1954, pp.272-275.

4
Ataíde integrava-se, decerto, num espírito comum a outras grandes figuras ligadas à governação
régia. O capelão-mor de D.João m, Arcebispo de IJsbea, D.Fernando Coutinho de Vasconcelos e
Meneses, irmão do já falecido Vedor da Fazenda, manda pela mesma época proceder a um minu-
cioso levantamento.

213
A vontade régia: condicionantes e liberdades no discurso e na acção

Agindo por sua iniciativa, pela petição de um requerente ou ainda pela intercessão de terceiros

a favor deste, o monarca emite documentos que colocam pessoas ou instituições em situação de

privilégio, distinguindo-as assim de uma posição comum à dos seus iguais definida juridicamente.

Cabe, pois, ao poder real esta capacidade de promover socialmente agentes que, de uma forma

ou de outra, o servem ou serviram, preservando o interesse régio ou o do bem comum (frequen-

temente identificados). Nesta perspectiva será, sem dúvida, mais fácil a quem conseguir tornar-se

morador da Casa Real e servir num ofício desta ou da administração do reino, obter mais e maio-

res graças, sendo preferido a outros candidatos aos mesmos benefícios que não estejam ainda

tão familiarizados com o sistema ou não tenham obtido influentes "padrinhos".

Seja como for, pode o rei agir contra disposições gerais- Ordenações do Reino, Leis, provisões

--, desde que obedecendo a regras básicas definidas como obrigatórias para a validação do acto.

Condicionado assim de certa forma - sobretudo do ponto de vista formal --, pertence contudo ao

monarca uma grande liberdade de acção. Consegue mesmo escusar-se de algumas particularida-

des impostas por lei ao seu discurso, utilizando fórmulas convencionais. A título de exemplo pode

citar-se a carta de privilégio concedida a 10 de Agosto de 1532 ao Conde do Vimioso para que

possa-arrBcadar- e maRdar. executar- cobFaRças--que lhe eram devidas, segundo o modo estipulado

no Regimento da Fazenda para as cobranças régias.

Declara o monarca a dado passo, eximindo-se da transcrição enfadonha de diversas cláusulas

da lei: " ... e isto ei assi por bem, sem embargo de quaisquer leis, e ordenações, e determinações

de Doutores, que em contra iro aja, posto que delas, e da substância delas aqui houvesse de fazer

de verbo·ad-verbum·expressa menção, e sem embargo da Ordenação do 2 livro título 49 que

mar:1da, que. se não entenda derrogada per mim ordenação alguma, se da substância dela não

fizer expressa menção, porque sem embargo de tudo quero, que esta se cumpra, e guarde intei-

ramente, como se neela contem ... " 1.

214
Desde-quEHJtilizando-conforme-o estipulado expressões como "sem embargo de ... ", altera o rei

inclusivamente a- duração- da- validade de. um- documento, Reco~de-se a- esse título os inúmeros

alvarás régios que em lug<~r de. vigorarem apenas um ano, conforme as Ordenações determina-

vam, continuam a usar-se ao longo de décadas.

Muito embora fique claramente enunciado o percurso que cada documento deve seguir desde a

sua redacção, leitura, validação, verificação e selagem até ao seu registo em diversos livros de

diferentes instituições, percurso-esse variáve~ consoante -a- entidade -emissora; a- matéria- nele -tra-

tada.e .o .tipo .de .documento, também .neste .âmbito .pode .o .monarca. introduzir a.excepção.

Citando o documento atrás enunciado saliente-se a propósito,_ e de novo como exemplo de múl-

tiplos outros casos semelhantes, um outro passo do mesmo discurso régio: "E por firmeza de tudo

lhe mandei passar esta Carta per mim assinada, a qual mando, que se cumpra, e guarde inteira-

mente, como se nela contem, posto que não vá passada pela Chancelaria, sem embargo de mi-

nha- Ordenação do-2 livro-título-2{)-que-diz, que-todas- minhas cartas; ou- Alvarases-, que-não-forem-

passadas per minha Chancelaria,. se não. guardem... " (Idem,. p.. 3.1.7) ..

215
NOTA

1
carta retirada do Cartório da Casa do Vimioso e publicada por Caetano de Sousa nas Provas do
Uv. X da História Genealógica da Casa Real Portuguesa, (pp. 316-317)

216
Registos da Chancelaria

Apesar de se reportar a determinado ano ou anos, indicados logo no início, os Livros de registo

da Chancelaria da Corte incluem o registo de cartas de doações, padrões, ofícios, aforamentos e

mercês que, muito embora passando pela Chancelaria no ano indicado, datam, por vezes, de

épocas bem recuadas. Tomando por exemplo o livro 55 da Chancelaria de O. João III com registos

feitos em 1548 e 1549 não se encontram somente documentos datados destes anos e de 1547

mas também de 1543.

Circunstâncias diversas levam, com alguma frequência, a que o cuidado com a abertura de

cada Livro de Registo não cumpra rigorosamente o estebelecido em Regimento. Porque o Chan-

celer-mar não estava em condições de fazê-lo na devida altura, manda D. João III a Simão Gon-
çalves Preto, por alvará de 28 de Janeiro de 1548, que proceda no lugar daquele oficial à numera-

ção e assinatura dos Livros em 1548, isto já estando o livro (actual Liv. 55) a ser de facto preen-

chido desde 3 de Janeiro por Luís Carvalho. Uma nova ordem de 30 de Janeiro acrescenta que o

mesmo assinará o Livro de Receita da Chancelaria do ano de 1547, apesar de já todo escrito, e o

de 1548, embora já começado.

São vários os nomes que num mesmo Livro surgem ao longo do ano verificando os diversos

registos, observando-se uma rotação frequente de um dos dois elementos que concertam e assi-

nam cada documento copiado, e uma mais lenta dos dois restantes. É variável o número de re-

gistos por mês, ocorrendo uma total ausência em Agosto de 1548 e em Março de 1549, neste li-

vro 55.

217
Nem sempre se regista o mesmo tipo de documentação em apenas um só livro durante o ano-

para os mesmos anos de 1548 e 1549 conservaram-se os Livros 60, 67 e 70, remetendo este

último o restante registo dos documentos para o Liv. 2 de Privilégios (também de 1548-49).

Daí a conveniência de elaborar um inventário dos diversos livros de Chancelaria de D. João III

que se conservam na Torre do Tombo, tendo em conta o número total de fólios, o ano ou anos do

seu preenchimento (declarados no início e necessariamente verificados), bem como as datas dos

documentos registados. Confirmei quanto podia distar em anos uma data da outra, fruto de cir-

cunstâncias da época. Ex.: Documento de 1524 em Livro de registos de 1532 (Liv. 16) ou docu-

mento de 1528 em livro de 1536 (Liv. 22).

Mais grave ainda do que os livros respeitantes aos mesmos anos não estarem com numeração

próxima é, todavia, a verdadeira miscelânea de registos de diferentes anos em que alguns se

transformaram, uma vez que lhe incorporaram indistintamente fólios soltos ou cadernos inteiros de

anos díspares como 1521, 1524, 1529, 1530 e 1544 no Liv. 41, entre muitos outros casos, que

representam verdadeiros escolhos a qualquer investigação que se pretenda sistemática. Os índi-

ces de Próprios e Comuns levados a efeito na época não minoram em nada este problema de

organização, dado que não incluem qualquer indicação cronológica.

Se só mesmo um contacto directo com os Livros e uma observação atenta de cada registo per-

mitem de facto colher com rigor o testemunho que cada um encerra, dificilmente se conseguirá de

outra forma perceber a nível de suportes de escrita e de tintas as junções de um mesmo códice de

registo provenientes de livros de Chancelaria diferentes. Hoje em dia cada vez se toma mais difícil

a análise deste teor que implica um acesso directo aos originais. Em processo de microfilmagem

ou uma vez filmados (por vezes em longos rolos de filme visto que há livros com mais de 380 fo-

lhas), nega-se a facilidade de acesso aos livros originais. Toma-se na prática impossível, ou ex-

tremamente complexificada, além de tudo o mais, uma análise comparativa de documentos dis-

tantes ou de livros distintos.

Dado o conteúdo caótico de alguns destes livros e as alterações ao seu ordenamento de origem

dificilmente se conseguirá obter certezas em termos quantitativos da totalidade de registos. É certo

218
Dado o conteúdo caótico de alguns destes livros e as alterações ao seu ordenamento de origem

tfificilmente se conseguirá obter certezas em termos quantitativos da totalidade aé régistõs. É céftõ

que muita documentação, por graça régia ou por iniciativa particular - incorrendo neste caso, os

autores em falta e penas que Ordenações e Regimentos apontam --,. não passa pelo exame e

registo da Chancelaria régia. Saliento-o mais de uma vez ao longo do presente estudo. Conhece-

-se o conteúdo de determinadas mercês e doações apenas porque vieram a ser transcritas literal-

mente noutros documentos posteriores, esses sim registados (geralmente em ocasiões em que se

exigia uma confirmação de posse, devido à mudança de donatário ou no início de governo de um

novo monarca). Esse facto obrigaria, aliás, a consultar criteriosamente registos de reinados anteri-

ores e posteriores para garantir um levantamento verdadeiramente exaustivo da documentação de

uma determinada época, só possível a longo prazo. Da mesma forma só o completo conhecimento

da Chancelaria de D. Manuel em conjunto com diversificadas outras fontes, incluindo as do séc.

XVI que ainda subsistem em arquivos locais e particulares, permitirá um levantamento dos oficiais

e diversos agentes da Fazenda real do reinado de D. João III, juntamente com os dados obtidos

para o período da sua governação. Trata-se pois de um trabalho "titânico" - como o definiria Ar-

mando Luís de Carvalho Homem no seu trabalho sobre o Desembargo Régio nos sécs. XIV-XV

ao referir-se ao estudo das épocas posteriores, dada a quantidade de documentação existente e,

sobretudo, a complexidade dos serviços régios- só realizável por equipas de investigadores.

Todo o esforço pessoal, por muito empenhado que seja, pode apenas considerar-se como um

contributo e provisório. A investigação terá de continuar.

219
MARIA LEONOR GARCÍA DA CRUZ

A GOVERNAÇÃO DE D. JOÃO III:

A FAZENDA REAL

E OS SEUS VEDORES

11
VOLUME

Dissertação de Doutoramento em História Moderna


apresentada à Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa

LISBOA
1998
APÊNDICE DOCUMENTAL

220
OBSERVAÇÕES AO APÊNDICE DOCUMENTAL

Para um melhor acompanhamento da leitura de esquemas, gráficos e quadros de interpretação,

optei por incluí-los no texto sempre que oportuno.

Quanto a uma compilação das principais variantes de assinaturas e sinais utilizados pelos Ve-

dares da Fazenda do Reino, dada a sua extensão, e porque directamente ligados a uma variadís-

sima documentação emanada da Fazenda ou do despacho régio, considerei preferível que ante-

cedesse neste Apêndice documental, a publicação dos 48 documentos seleccionados (1516-

-1563).

O Índice detalhado destes pode ser consultado no início do Volume I deste estudo logo após o

Índice Geral.

221
A compilação de documentos

Trata-se de uma selecção de 48 documentos distribuídos pelos anos que decorrem de 1516,

data do Regimento da Fazenda e da nomeação do Conde do Vimioso para Vedor desta, até 1563,
data do testamento do Conde da Castanheira e época de repercussão do Novo Regimento da

Fazenda de 1560.

Os critérios da escolha decorrem dos objectivos da própria pesquisa, traçados na Introdução.

Procura-se a variedade dos temas como reflexo da amplitude das questões que, dado o seu ofício,
deveriam merecer a observação e intervenção dos Vedores da Fazenda: Pelouros, juízo da Fa-

zenda, rendas e tributos, contratos, provimento de ofícios, dívidas, empréstimos e pagamentos,

provimentos e preparação de armadas, etc .. Por outro lado, valorizam-se os reflexos de tensões

sociais no funcionamento da Fazenda e de como a situação desta os condiciona. Por fim, cuidou-

-se na escolha de textos de significado mais personalizado, porque referentes à condição e perfil

do Vedor da Fazenda (interesses e rendimento) ou às suas concepções de Justiça, Bem da Re-

pública e disciplina social, política económica.

222
As normas paleográficas

Ao transcrever documentos manuscritos e impressos segui fundamentalmente as normas elabo-


radas pelo Senhor Professor Doutor Eduardo Borges Nunes no seu A/bum de Paleografia Portu-

guesa (Lisboa, Instituto de Alta Cultura. Centro de Estudos Históricos, 1969). Desta forma, res-

peitei o texto original quanto possível no que respeita a maiúsculas e minúsculas (reduzindo por

comparação as letras intermédias a uma das duas formas), consoantes simples e dobradas, "u" e
"v", "i", ']'', "ij" e "y independentemente do valor de vogal ou consoante, como meras variantes
11

gráficas, assim como "g" e "q" seguidos ou não de "u", e o uso indiscriminado de cedilha no "c".

O mesmo critério me orientou ao transcrever números, traduzindo letras romanas (maiúsculas e


minúsculas) ou algarismos árabes, pelos respectivos caracteres actuais.

Quanto ao desenvolvimento de abreviaturas segui sempre que possível o critério manifestado

pelo próprio escriba. Nas abreviaturas ilógicas, todavia, foram assinaladas com •, tal como quando

se verifica algum desencontro entre a leitura (e acrescentamento de letras) e a palavra original. Foi

o caso frequente de •crista ou +sprivão, entre outros termos. A abreviatura taquigráfica, aliás muito

frequente nalguns documentos, foi substituída por "E" maiúsculo.

Nas abreviaturas de tipo nasal, a resolução em "m" ou "n" dependeu, uma vez mais, do critério

do escriba. O sinal de abreviatura foi substituído por til sempre que à vogal nasalizada se seguia

um "h" ou outra vogal (excepto no caso de geminadas, consideradas como uma só), ou quando

incidia sobre ditongo. Devo observar que por insuficiência técnica, não pude rectificar a vogal "u"

223
com til que surge sempre semelhante a "u" com trema, pelo que deve ser considerado e lido da-

quela forma.

Ainda no tocante à acentuação, embora aceitando os de razão fonética, aboli sinais diacríticos

de função meramente gráfica.

Em manuscritos ou impressos, procedi à divisão de palavras, introduzindo separação ou junção

completas, e, nas articuladas, utulizando o hífen ou o apóstrofe (no caso de elisão ou crase).

Passo em seguida a descrever os sinais que utilizei para sinalizar determinadas ocorrências no

texto:

(?) - após leitura duvidosa

(sic) -- depois de erro não corrigido

<> -- assinalando lapsos

[1 assinalando leitura provável

[ ... 1 nas lacunas não reconstruídas

I[ 11 - assinalando o cancelado no original

I I -- assinalando entrelinhado ou à margem

{ } -- assinalando o repetido

Procurando não deixar de respeitar o texto original, reduzi os sinais primitivos de pontuação,

traduzindo-os simultaneamente para . : , ; ? . O sinal de fim de texto foi substituído por um

ponto final maior do que o usual.

224
ASSINATURA DEVEDORES DA FAZENDA EM EXERC[CIO NO REINO

NA TRANSIÇÃO DO REINADO DE D. MANUEL PARA O DE D. JOÃO III E DURANTE O REINADO DESTE MONARCA

Principais variantes de sinais e de assinaturas encontrados em documentos originais

Cópia aproximada a partir da leitura e compreensão de assinaturas e rubricas presentes em origi-

nais com a seguinte localização:

CC = ANTI, Corpo Cronológico, Parte- Maço - N• Doe.

Liv. registos = BN, Fundo Geral de Manuscritos, COO. 857 4 "Livro de registos

dos termos de menagem a el rei de Portugal (1544-1559)"

Does. vários = ANTI, Miscelâneas Manuscritas de N. 8 Sr. 8 da Graça, T. IV

"Documentos Vários"

225
D. MARTINHO DE CASTELO BRANCO

VEDOR DA FAZENDA ATÉ 1516. CONDE DE VILA NOVA DE PORTIMÃO DESDE 1514

Assinatura usual em cartas régias e desembargas por ele mandados:

Ex: 1/12/1504
CC 11-9-27

Sinal em documentos assinados pelo Rei:

Ex: 6/8/1505
CC 1-5-33

Ex: 20/3/1512
CC 11-9-52

Assinatura e sinal uma vez de posse do título de Conde:

Ex: 28/6/1514
CC 11-46-85

(em recibo)

Ex: 8/4/1514
CC 11-46-47

(em caderno de assentamento)

Ex: 7/5/1515
CC 11-57-39

226
BARÃO DO ALVITO

D. DIOGO LOBO, VEDOR DA FAZENDA ATÉ À SUA MORTE EM 1525

Assinatura e sinal correntes:

Ex: 16/9/1502
CC 11-6-124

Ex: 2/6/1515 -- CC 11-58-11

227
D. RODRIGO LOBO

VEDOR DA FAZENDA NO LUGAR DO ANTERIOR. BARÃO DO ALVITO A PARTIR DE 1541

Variantes de um mesmo sinal e de uma mesma assinatura:

Ex: 12/6/1526 -- CC 1-34-70


(semelhante à assinatura de 1/2/1526, CC 11- 131 -59
dom Rodrigo lobo)

Ex: 18/8/1527
CC 1-37--50

Ex: 13/1/1529
CC 11-150-19

Ex: 817/1530 -- CC I - 45 - 64

Ex: 31/3/1533 - CC 11-182-16


(sinal em caderno de assentamento)

Ex: 14/5/1540
CCII-232-14

228
Assinatura e sinal uma vez titular:

Ex: 13/10/1542
CC 1-72-134
(sinal em caderno de assentamento)

Assinaturas em termos de menagem por castelos e fortalezas:

Ex: 26/5/1546 -- Liv. registos, f. 2v


19/2/1559 - Liv. registos, f. 16

229
D. PEDRO DE CASTRO

VEDOR DA FAZENDAATÉÀ SUA MORTE EM 1529. CONDE DE MONSANTO DESDE 1528

Assinatura e sinal correntes:

Ex: 19/1 0/1504


CC 11-9-12

Ex: 13/2/1505
CC 11-9-49

Ex: 11/5/1515
CC 11-57-68

230
CONDE DO VIMIOSO

O. FRANCISCO DE PORTUGAL, VEDOR DA FAZENDA DE 1516 ATÉ A SUA MORTE EM 1549

Assinatura e sinal correntes:

Ex: 24/9/1516
CCII-58-188

(assinatura em recibo de sua letra)

Ex: 30/5/1520 Ex: 5/3/1521


CC 11- 96- 114 CCII-94-145

O. AFONSO DE PORTUGAL, SERVE O OFICIO DESDE 1543. TORNA-SE SEU DETENTOR E CONDE DO VIMIOSO

POR MORTE DO ANTERIOR.

Assinatura em termo de menagem

Ex: 1/8/1550
Liv. registos, f. 6

231
NUNO DA CUNHA

FILHO DE TRISTÃO DA CUNHA. VEDOR DA FAZENDA DESDE FINAIS DE 1521 ATÉ AO EXERCICIO DE NOVAS

FUNÇOES EM 1528, COMO GOVERNADOR DA INDIA

Assinatura e sinal correntes:

Ex: 21/10/1521
CC 11-98-95

Ex: 17/6/1527
CC 1-40-50

o
~

Como Governador da fndia

Ex: 12/11/1533 Cochim


CC 1-51-104

232
CONDE DE PENELA

D. JOÃO DE MENESES E VASCONCELOS, VEDOR DA FAZENDA DESDE 1527 ATÉ À SUA MORTE (C.1543)

Assinatura em carta dirigida ao Rei, Mafra, 31/7/1503

CC 1-4-31

Variantes de assinatura e sinal:

Évora, 11/7/1524
CC 1-31 -28

(em procuração de sua letra)

Ex: 5/7/1528 Ex: 15/7/1528


CC 1-40-50 CC 11-158-31

(sinal em caderno de assentamento)

Ex: 16/8/1532
CC 11-178-61

Ex: 9/3/1540

233
D. ANTÓNIO DE ATAfDE

CONDE DA CASTANHEIRA

VEDOR DA FAZENDA DESDE 1530 ATÉ 1557. CONDE DESDE 1532

Sinal e assinatura correntes:

Ex: 25/6/1530
CC 1-45-47

Em carta ao Rei de 1/8/1530


Does. vários, f. 317

Uma vez titular:

Assinatura em carta ao Rei de 22/2/1535, semelhante à do mandado de


4/8/1541, em CC 11-236-5 ·
Does. vários, f. 277

Ex: 20/8/1541 Ex. em termo de menagem


CC 11-236-5 25/4/1544
Li v. registos, f. 1v

234
1516, Julho, 4. Lisboa. Alvará de lembrança porque O. Manuel faz mercê do ofício de Camareiro-
-mar do príncipe a um dos filhos do Conde de Vila Nova de Portimão. A propósito recorda a tran-
sacção efectuada entre este e o Conde do Vimioso do ofício de Vedor da Fazenda. ANTT, Corpo
Cronológico, P.II-M.65-D.101.

Nos el Rey fazeemos saber A quamtos este noso aluara vireem que esgardamdo nos como

pera seruir o primcipe meu sobre todos muyto amado E precado filho no oficio de seu Camareiro

moor, comuynha buscarmos tall pesoa de que nos E elle foseemos seruido Com muyto noso pra-

zer E comtemtamemto E que pellas cousas de noso seruisso E descamso E do dito primcipe meu

filho, olhase com aqueella fielldade amor E boom cuidado que a noso seruico comveem, despois

de muy beem consyrarmos Naquellas pesoas que no dito oficio Nos poderiam E saberiam beem

seruir e em que ouuese todas as calidades necesarias, a pesoa que em tall oficio ouueseemos de

poher E encaregar aVeemdo respeito a experriencia que teemos da pesoa vertude fieldade E

bomdade de dom martynho de castelbramco Comde de villa nova de portymaão E como nos teem

seruido com muyto amor E booa Vomtade E nos teem dada de sy muy booa comta E recado nam

soomemte no oficio de noso veeador da fazeemda em que sempre muy fielememte seruio A el

Rey dom afomso meu tio E a el Rey dom Joam meu primo que deus aJa E asy a nos, Mas em

todas as outras cousas de lmpurtançia em que delle elles E asy nos nos servyimos E que lhe

emcaregamos, lhe fallamos que por a muy lmteira comfiança que delle tynhamos lhe prounese

(sic) de No dito ofiçio Nos serujr E ao dito primcipe meu filho. E elle Recebeo de nos em muyta

mercee E homrra pera yso ho escolhermos E o açeitou E nos Leixou pello dito oficio de camareiro

moor do dito primcepe meu filho de que o proueemos por nosa carta como nella he comtyudo ho

seu oficio de noso Veeador da fazemda E mais todo aqueello que amtre elle E o comde do Vemio-

235
so com noso prazer foy comcertado que lhe leixase pera a elle dito comde do vemioso vyr o dito

ofiçio posto que tam gramde E tam homrrado E de tamto proueito fose, aveemdo por maior homrra

proueito e deScamso seu ho escolheermos pera no dito oficio a nos E ao primcipe servyr. Porem

por elle asy nos leixar o dito ofiçio de veeador de nosa fazeemda pera delle fazermos o que nosa

merce fose em todo o mais que asy lhe

(f. 2)

Leixou o Comde do vemioso como dito he, do quall oficio lhe tynhamos feita merçee pera huum de

seus filhos por seu faleçimemto segumdo he comtyudo nos aluaraes E prouisoes nosas que diso

teem E esgardamdo aos muytos E muy comtynuados seruiços que delle teemos Recebidos dynos

de mercee E acrecemtamemto Nam soomemte a elle mas a seus filhos, por este presente aluara

Nos praz por seu faleçimemto fazermos merçee E de feyto por ele fazeemos do dito oficio de ca-

mareiro moer do primcipe meu filho a huum de seus filhos Naquella propra (sic) forma modo E

maneira que lhe tynhamos dado o oficio da veadorya de nosa fazeemda E como nas provisoões

que diso teem he comtyudo. porem declaramos que nam aveemdo Nos ou o dito primcipe meu

filho por o noso seruico de o dito seu filho ficar no dito oficio de camareiro moer por algumas Jus-

tas E onestas causas que nos movam E pelas quaes Nos pareca que Nam he nosso seruico nem

do dito príncipe meu filho de elle nelle ficar, que em tall caso lhe dareemos trezemtos mi li reaes de

temca em cada huum anno em dias de sua vida por satisfacam do dito oficio emtramdo nelles o

que valler a moradia E ceuada do dito comde do vemioso que elle dito comde de villa Noua ha

d' aver com a temca que por respeito dello elle ao tal tempo teuer Segundo he comtyudo em huum

noso aluara que diso lhe mandamos dar pera aver a dita moradia. porem por sua garda E nosa

lembranca lhe mamdamos dar este aluara por nos asynado o qual quereemos E nos praz que

valha E teenha força E vigor ·como se fose • carta por nos asynada E aseellada de noso seello E

pasada por nosa chamçelaria sem embargo de nosa ordenacam em comtrario <.> Feyto em

lixboa a iiij dias de Julho <,> o secretario o fez<,> de mil b0 xbj •

Rey7

aluara do comde de villa nova

236
11

1520, Janeiro, 1. Évora. Distribuição por parte do rei dos negócios que a cada um dos três Veda-
res da Fazenda compete gerir, salvaguardando a necessidade ocasional de despachos conjuntos
sobretudo no tocante a matérias judiciais. Lisboa, ANTT, Núcleo Antigo 16, Uvro de Registo de
Leis e Regimentos d'EI-Rei O. Manuel, ff. 121-121v.

aluara do que este anno am-de fazer cada huum dos veadores da ffazenda

Nos ei-Rey fazemos saber a uos veadores de nosa fazenda que semtimdo asy por noso seruiço

ordenamos deeste anno presemte de b0 XX nos seruirdes E terdes carguo cada huum de vos das

cousas que lhe aquy apomtamos pera que com mais cuidado e deligemçia quamdo o neguocio
sobre cada huum carreguar o dever de fazer como a noso seruiço E aas cousas de que tever car-

guo comprir:

Item o comde do vjmjoso lera carguo do asentamemto e dos aRemdamemtos que forem E

pertemçerem ao mesmo anno E dos lugares D'alem pera dar ordem E aviamemto aas pagues de

dinheiro e pam E prouisões outras que lhe forem neçeSarias E Recebera as comtas E Recados

que de llaa vierem E ffara todo o que a iso mays comprir E de nos dar dello Rezão quamdo ffor

neçeSario E asy lera cuidado das armadas da Jndia do anno que vem de saber aas naos E navios

que pera laa devem de hjr E como são fforneçidos E aparelhados E das mercadorias que am-de

levar domde e de que maneira se am-d'auer E prouer E asy de toda outra cousa que para yso

mais comprir. E asy tera cuidado dos biscoutes que forem necesarios pera aas Ditas armadas E

pera as outras armações dos tratos de guine E mina E darão ordem domde se a-d'auer o triguo

que pera yso comprir;

237
Item O barão lera cuidado das couSas E neguoçios que tocarem a mesa de nosa fazemda E

asy ao mestrado de cristos E aas jlhas E a mina, E asy a todalas partes de guine E sabera como

se fornesem E avyam todalas cousas que pera Jso fforem neçesarias damdo pera ello todo avia-

memto que comprir. E asy tera cuidado de prouer E saber como estam os nosos almazens de

todalas artelharias poluara salitre E toda outra cousa D'almazens que ffor neceSaria. E dara or-

dem E aviamemto como tudo este prouido do que lhe comprir E mandara ffazer huum liuro em

que todo prolomendo seya asentado E asy em que se guasta no dito anno de cada cousa. E nele

ffara poer omde se gastou ou emviou pera quamdo comprir de o sabermos nos dar diso Rezam

(f. 121v)

Item dom pero de crasto lera cuydado de fazer tomar E ver todalas comtas asy Das Remdas

do Rejno como de todalas outras partes da Jndia guine Jlhas lugares D'alem E de nosas ffeitorias

E de todalas outras coussas extraordenarias das quaes ffara dar a eixicuçam todo o que achar

que nos he devido segumdo fforma de noso Regimemto E nos Dara conta E Rezam do que se faz

quamdo vir que compre de o ssabermos <.>. ffeito em evora ao primeiro dia de Janeiro anno de
0
mjll b xx. E posto que vos aqui apartemos os neguocios que cada huum I [aquyJI a-de fazer

quamdo comprir E o caso ffor pera yso vos ajumtares todos os dous de vos pera os asy averdes

de despachar segumdo forma de noso Regimemto. E quamto aos ffeitos que tocam a nosa fazem-

da fares vyr os desembargadores deles a fazemda as sestas ffejras E hy despachares com eles

todos Ires ou dous de vos •

238
III

1521, Agosto, 27. Lisboa. Alvará alterando disposições do Regimento de 1516. Feitos-crime com
origem na arrecadação das rendas reais passam a pertencer ao Juízo da Fazenda. Lisboa, ANTI,
Núcleo Antigo 19, Duarte Nunes de Leão, Leis Extravagantes, f. 156v.

Veadores de nossa fazenda Amigos hauemos por bem que Vos ou os Desembargadores della

posaes conheçer E conheçais de todos os feitos E causas que se ordenarem sobre quaisquer

offensas ou Jnjurias que forem feitas ou ditas aos Rendeiros de nossas Rendas ou aos offiçiais

dellas sobre seus offiçios, E Jsto assi por apelação que vier dante os contadores ou Almoxarifes

como por aução noua E em nossa corte ou a çinco legoas d'arredor, E sem embargo de na arde-

nação do Segundo enuio dizer que não tomes conhecimento por apelação nem por aução noua de

feito crime que a Rendeiro pertença, porque a dita ordenação entendemos nos crimes que não se

causarão sobre a Recadação das nossas Rendas, mas os que Vierem ou se causarão sobre a

Recadação dellas hauemos por bem que pertencão a nossa fazenda. E este queremos que se

treslade no Jiuro dos Regimentos de nossa fazenda E se cumpra E guarde como nelle he conteu-

do <.>feito em lixboa a 27 dias d'agosto, Aluara neto o fez<,> de 1521 anos •

239
IV

1521, Outubro, 21. Lisboa. Mediante uma petição que João de Figueiredo lhe dirige, para que o
contador considere como despesa na sua conta da feitoria da Mina o ouro e mercadorias que en-
tregara aos capitães dos navios posteriormente capturados pelo corso francês (por isso não re-
gistados como receita na Casa da Mina), Nuno da Cunha emite uma ordem dirigida ao contador
Luís Vaz. Lisboa, ANTI, Corpo Cronológico, P. 11 - M. 98- D. 95.

Contador Luis Vaaz leuay em conta a Joham de figueiredo estes conhecimentos que lhe pasa-

ram os capitães dos nauyos que Vieram da myna os quaes he notorio que foram tomados dos

cosayros E esto sso de uysta ate se fazer Relação da conta a El Rey noso Senhor onde lhe sera

dado Rezam deste caso <.> feyto em lixboa a xxj d'ouytubro de }b0 xxj •

Nuno da cunha

240
v

1523. Caderno de arrematações do ano de 1523 do Almoxarifado de Ponte de Uma (arrematado


por cabeça) com mandado do Contador da Comarca a cavaleiro de Viana da Foz do Uma, encar-
regando-o de na qualidade de Recebedor assegurar as respectivas fianças e citar perante o Con-
tador os Rendeiros em falta, cumprindo o Regimento dos Almoxarifados (Excertos). Lisboa, ANTI,
Corpo Cronológico, P. 11-M. 106- D. 2.

Caderno das arematacõees do allmoxarifado De pomte de Jljma do anno de qujnhemtos E vimte

he tres.

Amrjque da cunha comtador nesta comarqua d'amtre doiro E mjnho faca saber a uos marfim

fernandez de castelo cavaleiro morador em Viana da foz de lyma* que aluaro pachequo caualeiro
0
da casa do dito senhor Rematou o dito almoxarifado ho anno de b vjnte he tres a premçjpio per

Ramos E depois per cabeça ha !Iopo pereira almoxarife E has pescas adiante declaradas ho qual!

!Iopo pereira nomeou por seus pracejros scilicet: a Jorge pereira E a Iopo malheiro E a duarte fer-

nandez moradores na dita vjlla de pomte de Jljma per jguaes qujnhoes. porem vos mando que asy

a huns como aos outros que tem aRendado o dito almoxarifado a eiiRey em saluo em comthya

de tres comtos trezemtos coremta E sete mjll trymta E tres E dous cejtis <,> diguo <:> iij comtos

ii{ Rbij xxxiij e ij fi- <,> vos tomejs taes ffjamças se lhas !Iopo perejra não tem tomadas que vos

emtregara as que teuer scilicet: aos que Reeberem (sic) <,> a metade do rendimemto que Rende-

rem has Rendas que teuerem aRendadas <,>

241
(f. 1v)

E aos que não Receberem <,> a quartaa parte da comtja de seus arendamentos <,> E bem asy

das ordjnarjas cera he mantimentos que montar a cada huum per que o dito senhor este seguro do

seu <.> E no que toca aos mantimentos ordjnarjas cera no cabo hira decrarado o que monta aver

de pagar cada huum por mjlheiro <.> E não vos querendo hos Rendeiro dar has ditas fjanças se-

gumdo ordenamça E Regjmento dos almoxarifes avjsar-me-ejs cjtamd'os peramte mjm pera lhas

Remover <,> em fejçam que siruaes ao dito senhor em ho careguo de reebedor (sic) em que vos

emcareguo <,>por llopo pereira ao presente não poder Reçeber <,>como se de vos espera<.> E

guardejs ho Regjmento dos almoxarifes como sua alteza manda sob pena de tudo pagardes por

vossos beens E de vossos fjadores <.> E mando a manuell cerveira sprivaão de vosso careguo

que vos notefique este E faça asento de tudo em seu llivro E cumpra o que o dito senhor manda

como he obrigado <.> E as Remdas E has pescas a que sam Rematadas sam has segujntes:

(f. 2)
0
Item as sjsas Jeraes E vinhos do Julgado da nobrega sam Rematadas pera o dito anno de b xxiij

em comtja de cemto E {E} trymta mjll Reaes <,> diguo <:> cento xxx reaes

scilicet: aluara menezes escudeiro morador na ponta da barqua E he seu fjador ha deçjma parte

aluara Gonçaluez ...

(f. Bv)

nos quaes custos E ordinarjas emtra huum por cemto E vjnte aRobas de çera que avejs d'aRe-

cadar pera ell Rey <.> E todollos Rendeiro aquj contheudos ham-de pagar os ditos custos he

mantimentos cera E ordjnarjas ajnda que não va espaceficado Em suas adicõees E o que creçe

fazer pelos Rendeiros prjmcjpaes.

(f. 9)

porem vos mando a uos dom martim fernandez a que emcareguo de Reçebedor ese ano de

b0 xxxiij anos que vos façaees ho quanto (?) he em feyção que siruaees sua alteza como se deue e

242
espera sob pena de tudo pagardes por uosos beens E de uosos fiadores. E mando ao espriuam

do allmoxarifado que trelade ese em seu liuro E uo-lo notefique E cumpra comnosquo ho que lhe

el Rey manda sob as penas que vos sua alteza da. E alem do que dito he que Ha-d'aRecadar per

cada Rendeiro Recadareis dos mantimentos hum por cento çera E ordinaryas de cada Rendeiro a

Rezam de trynta E cinquo reaes por milheyruo E compry-o Sem embargue de nam jr aspeçefiqua-

do em cada adiçam.

Anrjque da cunha

• O itálico corresponde a uma letra e tinta diferentes do restante original.

243
VI

1523, Julho, 9. Funchal. Mandado do Provedor da Fazenda Real da Madeira e Porto Santo, Fran-
cisco Alvares, para o Recebedor da Alfândega pagar o mantimento de um outro oficial da fazenda.
Recibo de 14 de Julho desse mesmo ano. Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico, P. 11-M. 109- D. 1.

Francisco aluarez Provedor da fazenda d'el Rej noso senhor nesta Ilha da madeira E porto sam-

to cetera <,> per este mamdo a vos gonçalo coelho Recebedor desta fazenda que paguees a fran-

cisco Vieira esprivam dos contos sejs mjll reaes que esta anno presente de mjll bc xxiij ha-d'aVer

de mantimento por espriVer o ofiçio de esprivam da Ribeira de que ho tenho encarregado dos

quaes bj reaes lhe vos fazeej boom pagamento E por este conhecimento (?) vos sejam Levados

em comta <.> feito no funchal a ix dias do mes de Julho <,> francisco Vieira ho fez <,> de mjll b0

xxiij annos •

francisco alluarez

Diguo eu francisco Vieira que eu Receby de gonçalo coelho Recebedor d'allfamdega os sejs

mjll reaes conteudos neste mandado açima esprito E por Verdade lhe dey este conhecimento per

mjm feito E asynado E per fernam d'afonso esprivam d'allfandega <,> oje xiiijO de {de} julho de

j bcxxi ij annos •

fernam d'afonso francisco biejra


vylla noua

244
0
No cimo: bj de •spryuam da Ribeira b xxiij [? Jl [fernam d'afonso]l \ francisco bieira I spriuam

(f. 4)

gonçalo coelho

Na dobra: 15231 bj reaes a francisco bieira esprivam I da Ribeira de mantimento I deste anno

Em baixo: 6000
4000
6470
16470

245
VIl

1523, Julho, 1O. Punhete. Recibo da despesa mensal de papel do Escrivão dos Feitos da Fazenda
Jerónimo Ferraz. Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico, P. 11-M. 109- D.4.

Eu geronjmo feraz scrivam dos feytos da fazenda conheço que Receby de fernam Iopez sejs

maos de papell pera despesa de mey ofycyo deste mes de julho feyto em punhete aos x dyas do

dyto mes de i b0 xxiij annos

ffeRaz

No cimo: feraz

246
VIII

1523, Julho, 16. Tomar. O Vedar da Fazenda O. Pera de Castro manda por carta régia ao Rece-
bedor da Imposição do Sal de Lisboa que pague o ordenado desse ano ao Escrivão da Fazenda
Fernão de Alcáçova, incluindo no valor referido a sua vestiaria, uma mercê e o preço de um escra-
vo. O mandado foi cumprido, datando o respectivo recibo de 14 de Setembro de 1523. Lisboa,
ANTT, Corpo Cronológico, P. 11-M. 109- D. 17.

dom Joam per graça de deus Rey de purtugall E dos alguarues d'aquem E d'alem mar em africa

senhor de guinee cetera mamdamos a vos Reçebedor da empoçisam do sall da nosa cidade de

lixboa E ao espriuão dese ofiçio que deis a fernam d'alcaçoua fidalgo de nosa casa E esprivão de

nosa fazemda vimte e Ires mill reaes que este ano presemte de b0 xxiij de nos ha d'auer de seu
ordenado com o dito ofiçio scilicet: x reaes per hum sprauo do dito preço E iij de sua vistiaria e x

de merçe dos quaes dinheiros lhes vos fazey bom pagamento E por esta nosa carta com seu co-

nhecimento mandamos que vos sejam leuados em comta <.> dada em tomar aos xbj dias de Julho

<,> el Rey o mandou per dom pero de castro do seu comselho E Vedor de sua fazemda <,> Ruy

gomez a fez<,> de b0 xxiij •

dom pero de castro

Registado damiam diaz Taueira

247
xxuj reaes a femam d'alcacoua spriuão da fazenda de seu ordenado com o dito ofiçio deste ano

scilicet: x de merce E x de hum esprauo E iij de vistiaria no sall.

persy

No verso:

conheceo E comfesou fernam d'alcaceva comteudo neste desembargo Receber d'andre de

tavora Recebedor da emposysam do sall desta cydade de lixboa os vinte e tres mill reaes que se

no dito desembargo comtem <.> E por asy ser dito elle Receber o dito dinheiro lhe mandej

• spreuer este por mjm duarte nunez spriuam da dita emposysam E asynado por ambos em xiiij

dias do mes de setembro de b0 xxiij annos •

E mostrou aluara dos deputados

duarte fernam d'alcacoua


nunez

248
IX

1525, Dezembro, 4. Almeirim. Nomeação por O. João III de D. Rodrigo Lobo, seu Conselheiro,
para Vedor da Fazenda, preenchendo o lugar do Barão do Alvito, seu pai, recentemente falecido.
Lisboa, ANTT, Chancelaria de O. João III, Liv. 8 - 144v.

dom Joham E cetera. A quamtos esta minha carta virem face saber que esguardamdo eu hos

mujtos serujcos que dom Rodrigo Loboo do meu comselho fez a el Rey meu senhor E padre que

Samta glorja aja E a mym e Aos que Ao diamte \dele/ espero Receber E lso mesmo pela com-
fiamça que de sua bomdade fieldade E descrycam tenho E semdo que em todo me serujra bem

Como compre a meu seruico E queremdo-lhe fazer graça E merçe tenho por bem E ho dou daquy

em diamte por veador de mjnha ffazemda asy E pella guisa que ho deve ser E como ate quy foy o

barram d'aluyto seu paay que se ora finou <.> A qual! merçe lho o dito senhor Rey meu paay fez

segundo vy per huum seu aluara per ello asynado E per mym Comfirmado <.> E porem mamdo

Aos esprivaes da minha fazemda E a todollos prouedores comtadores das comarquas destes

meus Reynos E senhorjos E A todollos almoxarifes Recebedores E A quaesquer outros offiçiaes E

pescas A que esta minha carta for mostrada E ho conteudo della pertemçer que daquy em diamte

ajam o dito dom Rodrigo por vedor da dita mjnha fazenda E lhe obedeçam E cumpram Em todo o

que por meu serujco de mjnha parte lhe mamdar como se per mym lhe fose Mamdado E como

sempre se fez E ora faz Aos outros meus veadores da fazemda sem lho nyso ser posto duujda

nem embargo Alguum porquamto me asy apraz E ho ey por meu seruico E ysto sob aquellas pe-

nas que lhe por elle forem postas Ao qual dou poder de has mamdar executar da maneira que por

bem de seu ofiçio lhe pertemce <.> Com o qual! avera Em cada huum Anno todo ho mamtimemto

249
vestearya proes E percalcos lmtareses que hao dito offiçio pertemçem como todo tynha E avya o

\dito/ baram seu paay em Cujo lugar E oficio elle emtra <.> Co quall dom Rodrigo jurou a mjnha

chamcelaria Aos samtos avamjelhos que bem E direitamemte serua o dito ofiçio guardamdo em

todo meu seruico E as partes seu direito <.> dada em a mjnha villa d'almeirim a iiij dias de dezem-

bro<,> Amtonio paez a fez<,> Anno de noso senhor •Jesu •cristo de mjll E b0 xxb <.>E eu da-

myam diaz a fez esprever •

A margem esquerda: dom Rodrigo Lobo I oficio

250
X

1526, Janeiro, 5. Almeirim. Ordem de O. João III ao capitão de Arzila, António da Silveira, para que
este passe a seleccionar previamente as pessoas que possuem uma razão válida para partir para
a Corte a requerer uma mercê régia. A licença e as informações pelo capitão fornecidas funciona-
a qualquer audiência e despacho, evitando aglomeração de
riam como condição prévia necessária
casos e estadas prolongadas. Documento com o sinal do Conde do Vimioso, Vedar da Fazenda.
Lisboa, BN. Fundo Geral de Manuscritos, COD 8163, f. 12*

Amtonio da Silueira Eu el Rey vos emvio muito saudar. Porque depois do faleçimento d'el Rey

meu sennhor E padre que samta glorja aja, vem desa vila A minha corte mmuytas pescas dela

com Requerimentos maes Ameude do que se fazia em tempo do dito senhor de maneira que pela

moor parte do Anno sempre desa vila e dos outros lugares desas partes Amda mmuyta gemte em

minha corte E por asy virem mmuytos nam podem ser tam bem e breuemente despachados como

o seriam se ca nom viesem mais que aqueles que tem Rezam de Requerer, E queremdo ora njso

prouer, Eey por bem E vos mando que tamto que vos esta for dada mandes noteficar nesa vila E

de mjnha parte defemder que nenhuum amem nem molhar dela venha a minha corte com ne-

nhuum Requerimento sem vasa liçemça porque quando vos virdes que a pesca he de calidade E

tem causa neçesidade E mereçimento pera me vir Requerer merçe vos lhe dares a dita liçemça E

aos que as ditas calidades teverem Eey por bem que a dees E nam a todos geralmente como se

ora faz E aos que derdes a dita liçemça dares vasas cartas pera mym E me fares emtam saber a

pesca que he E quamto ha que serue E a emformaçam de seus seruiços E se ouue Ja de mym

algüa merçe E queJamda foy <.> E asy mesmo sera nas molhares porque os que asy vierem

mandarey logo despachar em breue como me pareçar bem E meu servjço E os outros que asy

nam vierem E vasas cartas nam trouxerem nam seram ouuydos nem Respomdidos A seus Reque-

251
rimentos. Eemcomendo-vos E mando que asy o cumpraes E façaes comprir porque ho ey asy por

mais proueitoso pera as pescas desa vila a que ouuer obrigaçam E rezam de fazer merçe <.>

•sprita em almeirym a b dias de Janeiro<,> aires fernamdez a fez<,> de mill E b0 xxbj •

Rey+

ho conde

Em baixo: outra tal pera o capitam d'arzila.

Na dobra (verso): Por el Rey. I A amtonio da sylueira fidalgo I de sua casa capitam E gouernador I

da sua villa d'arzilla.

Registada I nos contos as folhas xxbiij"

* Gabriel Pereira terá provavelmente consultado este códice de pergaminhos quando publica,
numa transcrição segundo critérios diferentes dos meus, as cartas dirigidas a António da Silveira,
no Boletim da Sociedade de Geografia de Usboa (17". série, 1898-99, n° 8), Lisboa, Imprensa
Nacional, 1901. Na sua "Notícia prévia", todavia, não lhe faz qualquer menção.

252
XI

1526, Janeiro, 9. Almeirim. Ordem de O. João III ao capitão de Arzila para fornecer ao enviado
régio informações minuciosas e precisas sobre pagamentos em dívida (rações e soldos) e, sigilo-
samente, efectuar com ele um levantamento sobre reparações necessárias, quantidade e estado
das armas e munições, condição e condições da gente a pé e de cavalo, de moradores e de fron-
teiros. Lisboa, BN, Fundo Geral de Manuscritos, COO 8163, f. 14

Amtonio da Sylueira Eu el Rey vos emvio muito saudar. Eeu mando llaa afonso de matos

caualleiro de minha casa a saber quamto trigo se deue nesa vila das minhas Raçoes dos anos

pasados E quamto dinheiro dos soldos E se ha y neçesidade d'algüas obras ou Repairos E a ver o

almazem E artelharya que hy ha E quamtas peças dela E de que sortes E se ha{y} hy algüas que-

bradas E que nam sirvam E asy a saber que gemte ha de cavalo E de pee E que homens sam E

os que sam fidalgos E caualeiros E escudeiros E meus criados ou cujos criados foram; E de que

Idade E quamtos moradores E quamtos fromteyros. os quaes lhe mando que •spreva por nome

scilicet: huuns E outros declaramdo quamto tempo ha que ho tal morador ou fronteyro estaa na

dita vila E cada huum dos moradores E que fazenda tem E queJamda he E em que cousas a tem

E de huuns E outros quamtos são naturaes E quamtos estramgeiros E de que naçam sam E

quamtos cavalos E homens cada huum tem asemtados em Raçam E se estam bem armados E se

Ham os cavalos E homens pera que tem as ditas Raçõees E se seruem com eles com hos ditos

homens ou com moços E de que Idade sam os moços. E porque desejo saber muito pelo meudo

todalas cousas desa vila E as neçesidades das pesoas dela porque sam emformado que hos

tempos pasados da estrelidade E peste que nela ouue causaram aver hy muitos pobres E neçesi-

tados <,> Eey por bem E vos emcomendo E mando que de todas estas cousas E de cada hua

253
delas dees ao dito afonso de matos lmteira emformaçam +mmuy declaradamente E o que vos

d'algüa das ditas cousas per vos bem nam souberdes vos emformay o mjlhor que poderdes e lhe

day diso emfformaçam pera ele o escreuer em seu memoreal E de todo me trazer lmteira emfor-

maçam E vos nem dees diso comta A njguem porque aimda que eu tenha temçam de niso prouer

como seja bem E meu seruiço quero que vos somente sejaes por agora sabedor diso nam se

emtemdendo isto no que toca aos soldos e meas Raçoes porque acerqua diso poderes noteficar

que ho mando saber pera se lhe pagar das quaes minhas Raçoes E soldos lhe mandares dar çer-

tidam do liuro dos comtos do que se delas deue E a que pescas E se estam na dita vila ou sam

veyvas ou ausentes a qual çertidam vira asynada per vos E pelo comtador E escrivão dos comtos

E pelo dito afonso de matos que sera presemte ao fazer dela. Eemcomendo-vos E mando que

tamto que a esa vila chegar emtendaes logo em todas estas cousas E cada hüa delas E o despa-

ches de laa legue porque se nam detenha E me posa trazer Recado de tudo muito na verdade E

declaradamente como de vos o confio<.> •sprita em almeirim a ix dias de janeiro<,> aires ferna-

mdez a fez <,> de mjll E b0 xxbj •

Rey+

Em baixo: pera o capitam d'arzila.

Na dobra (verso): Por el Rey. I A amtonio da sylueira capitão E gouernador I da sua villa d'arzylla.

254
XII

1526, Maio, 30. Vila Viçosa. Alterações na ordem judicia/levam o Duque de Bragança a solicitar
ao Rei, através do Secretário, que as apelações sobre feitos da sua fazenda em que for réu ou
autor continuem a ir à Casa da Suplicação para conhecimento do juiz dos feitos da Fazenda do rei
ou desembargador para tal designado. Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico, P. I- M. 34 -- D. 61

Senhor secretario. amtre as demandas que se ofereçam nas cousas de minha fazemda se

emtremete as vezes algüa de fazemda patrimonial E dividas d'alguns Remdeiros ou caseiros os

quoaes sempre soeem vir a casa da sopricação como as outras que vem dos meus almoxarifes E

cousas dos dereitos reaes. aguora me poheem alguns desembargadores pejo dizemdo que hão

de jr aos sobrejuizes E por outras vias <.> E posto que eu poderia alegar-lhes com o alvara E pri-

vylegios que tenho de vsar como sempre vsey he tamanha pena com estes desembargadores

que pareçe que nas minhas cousas nom cuidam em ai senom esgaravatar como deminuyão E

desfação nestas graças que homem teem. peço-vos por merçe me ajaes de sua alteza hum alvara

per que mamde que todalas apelações que ouverem de hir amte quoaesquer seus desembargado-

res omde eu seja autor ou Reo vaão a casa da sopricação ao juiz de seus feitos ou aquele de-

sembargador que for ordenado pera juiz de minhas cousas. E com isto satisfaremos a estes de-

sembargadores porque jrem agora novamente minhas cousas a casa do çivel ser-m'ya neçesario

fazer la outro procurador E outro solicitador pera quoatro nadas E nisto nom veem prejuízo a

nimgem E a mym farees grão merçe porque tenho hi meus procuradores E solicitador comtinuo E

mamdo hi meus memsajeiros E a lixboa sera cousa muito forte em spicial agora com os jmpedi-

memtos E nom he muy grão cousa pois todolos oficiaes E desembargadores de Sua alteza podem

citar per nova aução qualquer pesoa do cabo do Regno pera vir a esa Rolação pera serem ouvi

255
dos peramte o corregedor E eu nom peço senom as [ ............. ] E peço-vos por merçe que isto seja

brevememte se posivel for porque se ofereçe casos pera isso pera que sera neçesario E Joham

rodriguez meu solicitador vo-lo Requeira E ha mester que lhe mamdeis poher que valha como

carta. noso senhor vasa prezada pesca goarde, de villa Viçosa a xxx dias de maio de 1526 •

ho duque

verso: Ao senhor amtonio carneiro do comselho d'ei-Rei meu senhor e seu secretario

verso, zona lateral (letra diferente): do senhor duque pera fallar a ei-Rey

256
XIII

1526, Agosto, 24. Tomar. Despesas extraordinárias com o casamento da imperatriz, e com o
aprovisionamento em trigo dos lugares do Norte de Atrica, impedem D. João III de lhes enviar
mais que 20 mil cruzados para pagamento das dívidas atrasadas, dispensando por ora os morado-
res das praças de pagar de seu soldo o que devem aos mercadores. Lisboa, BN. Fundo Geral de
Manuscritos, COD. 8163, f. 26.

Amtonio da Sylueira, Eu el Rey vos emuio muito saudar <.> eu tenho ordenado de emuiar este

anno com Jorge machado caualeiro de mjnha casa trimta mjll cruzados pera as pagas deses

quatro lugares d'alem das diujdas pesadas que lhe deuem E porque ca sobçederão muitas neçe-

sidades asy do casamemto da emperatriz mjnha jrmaã E da prouisam do pam pera os ditos luga-

res que sabeis que se não pode escusar a qual custa agora muyto mais que os annos pesados, E

asy outras !alies per que se não pode emuiar por este anno mais que vimte mjll cruzados pera se

Repartirem per eles soldo A liura segundo cada huum a gemte tiuer. E pera o anno que vem com

ajuda de noso sennhor se emuiara ho mais que poder ser. Emcomemdo-uos muito que sejaes

presemte as pagas que se fizerem as quaees se farão aas mesmas partes em sua maão do que

cada huum ouuer d'aver que pareçe que sera huum anno pouco mais ou menos. E per esta vez ey

por bem que se não pague a nenhuum mercador diujda nenhüa que lhes os moradores deuam

sobre seus soldos. E direis aos ditos mercadores de mjnha parte que ho ajam asy por bem porque

pela gramde neçesidade que os moradores tem desta paga pera seu soprimento se não pode per

esta vez mais fazer, E quamdo as outras pagas forem se lhes pagara o que lhes for deujdo. Com

257
pri-o asy porque desta maneira ey por meu seruiço que seja. •sprita em Tomar a xxiiij dias de

agosto<,> pero amriquez a fez<,> de jb0 xxbj •

Rey + ho conde

Em baixo: pera o capitão d'arzilla.

Na dobra (verso): Por el Rey. I A amtonio da Silueira fidalgo I de sua casa E capitam da sua vi lia I

d'arzilla.

258
XIV

1527, Julho, 24. Coimbra. Indicações de O. João III com o sinal do Vedor da Fazenda Nuno da
Cunha, dirigidas ao capitão de Arzila, para que se risquem das rações os ausentes e não se pre-
encham vagas; não usufruam de vencimento os que partem por tempo limitado mediante licença;
que futuramente o envio de trigo seja calculado a partir dos alardos a efectuar duas vezes por ano.
Lisboa, BN, Fundo Geral de Manuscritos, COD. 8163, ff. 32-32v.

Amtonio da Silueira, Eu el Rey vos emvio muito saudar. Eu são emformado que nesa villa ha hy

agora cento E dezaseis Reções de homens de cauallo E dozentas e corenta E çinquo Reções de

homens de pee, E ey por bem que estem asy como estão. porem semdo allgüas pescas das que

nas ditas Reções estão asentadas Idas a viuer fora desa villa lmda que a ella tornem se não

asemtarão nem menos se asentara de nouo nas ditas Reções nenhüa pesca asy de pee como de

cauallo de quallquer calidade que seJa posto que allgüas vaguem por qualquer maneira que seJa

E Isto se não emtenda nos moradores desa villa que ora estão asemtados porque quando a estes

morrer o cauallo Ey por bem que se lhe torne a asemtar tamto que o comprar se continuadamente

estiuerem nesa villa posto que la teuese • sprito que quando lhe morrese o cava li o o não tornasem

a asemtar porque não quero que seJão Riscados salluo aquelles que se da dita villa forem ou

vagarem como dito he. E porem vimdo allgüas pescas a este Reynno ou a qualquer outra parte

com vasa Licença que lhe podereis dar por tempo limitado não serão por Jso Riscados da dita

Reção. E salluo se para verba em seu asemto que não hão-de vemçer o tempo que asy fora

amdarem. emcomendo-vos que Isto façaes asy comprir E mandeis que açerqua das ditas Reções

o comtador E oficiais tenhão a maneira sobredita porque asy ey por meu seruiço que se faça, E o

•spriuo ao dito comtador. E vos teres cuidado de fazer allardo em cada huum anno duas vezes da

gemte que nesa villa ha scilicet: huum por natall E outro por são Johão. E porque queria que pe-

259
rante vos se fezesem sempre os ditos alardes segundo Regymento vos emcomendo muito que

sejaes presemte a elles E veJaes muy bem a jemte que nas ditas Reções he asemtada se os de

cauallo são pescas de jdade E desposição pera nelles poderem bem seruir E asy a gemte de pee

queJanda he E se todos estão continos E estão na dita villa prestes pera o que comprir. E disto

follgaria muyto que teveseis lo/ cuidado que eu de vos confio porque são emformado que allgüas

das pescas que nas ditas Reçoes estão asemtadas não são taes como a meu seruiço

(f. 32v)

Compre E Isto se faz mais largue do que he neçesaryo e os Reis dos ditos alardes mandareis com

muita delijençia que se entreguem nesta corte I [com muita delliJençiaJI a fernão d'alluarez meu

thesoureiro e • sprivão da minha fazenda pera se saber per elles o pão que h e necesario E se

prouer lloguo <.>E agora •spreuo ao meu feitor d'andalozia que por este anno proveJa esa villa do

pão que he neçesaryo pera as ditas Reções <.> •sprita em cojmbra a xxiiij0 dias de Julho<,> ma-

nuell da costa a fez<,> de mill b0 XXbij • fernam d'alluarez a fez escreuer •

Rey ..,. da cunha

Em baixo: pera o capitão d'arzilla

Na dobra (verso ): Por el Rey. I Antonio da Sylueira fidalgo I da sua casa E capitam da sua villa

d'arzilla.

260
XV

1527, Setembro, 30. Coimbra, Nomeação de D. João de Meneses e Vasconcelos, Conde de Pe-
nela, Vedor da Fazenda, pela qual se aumenta o número destes oficiais. Lisboa, ANTI, Chancela-
ria de D. João III, Liv. 30 - 160 *

Dom Joham, Etc. A quamtos esta minha Carta virem fazemos saber que por minha fazemda e o

negoceo dela ser tal e de tam gramdes calidades como louvores a noso Senhor e me pareceo

couSa muy necesarea e de muito meu serviço aver nela mais oficiaes para nela proverem e me

servirem com aquele bom recado cuidado e diligencia que acerca dela se deve ter e por iso quis

acrecentar e fazer mais hum Vedar de minha fazenda e vendo o muito amor e fieldade com que

Dom João de Meneses e de Vasconcelos Conde de Penela meu muito amado primo sempre ser-

via a El Rey meu Senhor e Padre que santa gloria aja e asy a mym e a boa conta que de sy tem

dada em todalas cousas em que foy encareguado e como com muita razão pela experiencia de

sua muyta vertude e bondade devo dele esperar e confiar que nos caregese que dele me quiser

servir o fara com aquele bom recado fieldade e limpeza com que pelo preço de sua pesca e obri-

gaçam que tem de bem e fielmente me servir ele o deve fazer e esguardando a seus muitos servi-

ços e merecimentos e por folgar de lhe fazer merce me prouve lhe fazer merce e por esta presente

Carta faço do dito oficio de Vedar de minha fazenda que agora de novo acrecento com todolos

poderes jurdiçam superioridade mando honras privjlegios graças merces e franquezas jurdição

vestiaria merces ordenados proes percalços foros intereses e toda outra cousa que hão e com que

de mim tem os outros meus Vedares da fazenda os ditos oficies <.> Porem mando aos ditos Vedo-

res de minha fazenda que o metam em pose do dito oficio e lho leixem servir e usar dele inteira-

mente e aver todalas sobreditas cousas asy como eles ditos Vedares de minha fazenda h o hão • e

261
como direitamente lhe pertencer sem duvida nem embargo algum que nisso lhe seja posto por-

que asy he minha merce o qual Conde jurou na minha Chancelaria aos Santos Avangelhos que

bem e verdadeiramente e como deve obre e huse do dito oficio guardando em todo muy inteira-

mente meus Regimentos que são ordenados e dados ao dito oficio e todo meu serviço e as partes

direito e justiça <.> Dada em Coimbra a xxx dias de Setembro <,> o Secretario a fez <,> Ano de

noso Senhor •Jesu Christo de mil b0 xxbij •

• Este documento foi publicado por Caetano de Sousa em Provas do Liv. IV da História Genealó-
gica da Casa Real Portuguesa, T. 11 -11 P, pp. 418--419. Ao fazer uma nova transcrição a partir
do original e seguindo normas diferentes, corrigi algumas imprecisões de leitura como a assinala-
da, transcrevendo "ho hãou em vez de "os são".

262
XVI

1529, Julho, 3. Lisboa. Carta ao capitão de Arzila assinada pelo Rei e com o sinal do Conde do
Vimioso, informando-o do próximo descarregamento de trigo naquela vila e em Ceuta, mero palia-
tivo de um aprovisionamento maior a efectuar-se só depois de Agosto, com cereal da Flandres, da
Andaluzia e das Ilhas. Lisboa, BN, Fundo Geral de Manuscritos, COD. 8163, f. 49

Amtonio da Silueira. Eu el Rey vos emuio muito saudar <.> nesta armada que agora veio de

frandes vieram tres ou quatro navios de triguo, dos quaaes mando a esa villa çem moyos em

huum nauyo de que he mestre Johão alluarez carneiro no quall vão sesemta moyos aallem dos

ditos çento pera Çeita. emcomendo-uos que tamto que o dito naujo a esa villa chegar mandes

descaregar delle os ditos çem moyos com muita deligençia de maneira que não posa vyr tempo

com que Reçeba perigue. E com estes çem moyos vos Remedeay por Agora como mjlhor poder-

des mamdando por Regra nelles porque eu espero agora com ajuda de noso senhor que venha

outra armada de framdez com soma de triguo E asy delle como de andaluzia E das Jlhas tanto

que pasar agosto vos mandarey prover em abastança. manuel da costa a fez em llixboa a tres de

Julho de jb0 xxlx. fernam d'allvarez a fez escreuer.

E da casa da lndia vos • sprevem como o dito mestre leua a medida por que laa ha d'entregar o

dito triguo que he a propia que veio de frandes •

Rey ho conde

263
Em baixo: pera Amtonio da silueira sobre os çem moyos de triguo que lhe vão.

Na dobra (verso): Por El Rey. I A amtonio da silueira fidalgo I de sua casa E capitam da villa d'ar-

zilla.

264
XVII

1530, Abril, 11. Lisboa. Nomeação para Vedor da Fazenda de D. António de Ataíde, Conselheiro
do monarca e por este declaradamente considerado como servidor exemplar. Lisboa, ANTI,
Chancelaria de D. João III, Liv. 42 - 94.

Dom Joham etc. A quamtos esta mjnha carta virem faco saber que esguardamdo eu a cryacam

que fiz em dom amtonio de 'tayde do meu comselho E ao muyto amor com que sempre me serujo

E pela espiryemcia que tenho de sua pesoa E muyta comfiança que naquelas cousas de que ho

emcaregar me syrujra com toda dilygemcia fieldade E bom cuydado E me dara de sy toda booa

comta E porque he cousa Justa que aos taes cryados E serujdores como elle he faca merçe E

acrecemtamento <,> por estes Respeitos E por o amor E boa vomtade que lhe tenho E esperar

delle que toda merçe que lhe fizer me syrujra ao diante asy bem E fielmente que pelos mere-

çymentos dos seus bons seruycos seya aJnda mays acreçemtados E por folgar de lhe fazer mer-

ce <, > tenho por bem E lhe faço merçe do oficio de veador de minha fazenda com todos os pode-

res Jurdicam soperyorydade mamdo homras preuylegios gracas E merces E framquezas temcas

vestearyas merçes ordenados proes E percalcos foros emtareses E toda outra Cousa que ham E

com que de mym tem os outros veadores de mjnha fazenda dos ditos oficias <.> Porem mamdo

aos ditos veadores de mjnha fazenda que ho melão Em pose do dito oficio E lho leixem serujr E

vsar delle Jmteyramente e aver todas as sobreditas cousas asy como elles ditos veadores de

mjnha fazenda ho am E como djreitamente lhe pertemçer sem duujda nem embargo alguum que

nyso lhe seya posto porque hasy he mjnha merça <.> o qual dom amtonio fez em mjnha chance-

laria o Juramento dos samtos avamgelhos que he ordenado fazer os veadores de mjnha fazenda

E que bem E verdadeyramente E como deue obre E vse do dito oficyo guardamdo em todo muy

265
Jmteyramente meus Regimentos que sam ordenados E dados ao dito oficyo E todo meu serujco E

as partes djreito E Justica <.> dada em a cydade de lixboa a xj d' abryll <,> pero d'alcaçeva car-

neyro a fez <,> anno de noso senhor • Jesu •cristo de mjll b0 xxx annos. diz no Respamcado: su-

peryorydade •

A margem esquerda: dom antonio I de 'tayde I oficio de I veador da I fazenda

266
XVIII

1531, Julho, 1. Évora. Alvará sobre feitos a despachar na Fazenda, no clvel e no crime, relativos a
ofícios, alterando disposições do Regimento de 1516. Lsboa, ANTT, Núcleo Antigo 19, Duarte
Nunes de Leão, Leis Extravagantes, f. 157v.

Veadores de minha fazenda amigos Juiz E desembargadores della Ey por bem por mais breue

despacho E menos despesa das partes, que os feitos que a minha fazenda pertençerem por Re-

zão de culpas de offiçios da dita fazenda ou per qualquer outra cousa se despachem nella Junta-

mente assi no çiuel como no crime, sem embargo do Regimento da dita fazenda per que estaa

determinado que somente se detreminem quanto aos erros dos offiçios E çiuel, E quanto ao crime

se Remetão aas justiças a que o conteudo pertençer, porquanto pellos ditos Respeitos E outros

que me a Jsso mouem, o ey assy por bem. Notefico-uo-lo asy E mando que asy o cumpram E

mandeis Registar este na dita fazenda para se saber como o tenho assy mandado. Diogo de

Paiua o fez em Euora ao primeiro de Julho de mil E b0 xxxj <.> E este não pasaraa pella chancela-

267
XIX

1533, Outubro, 4. Évora. Alvará de D.João III notificando as autoridades das Casas da fndia e
Mina, do Armazém da Guiné e fndia, bem como as de S. Jorge da Mina, Ilha de S. Tomé e de Cabo
Verde, das novas responsabilidades assumidas, por sua concessão, pelo Conde da Castanheira,
seu Vedar da Fazenda. Desde então caberia a este, entre outras prerrogativas, nomear os capi-
tães dos navios enviados (fora da armada) à costa da Guiné e Malagueta e à Ilha de S. Tomé, os
escrivães destes e dos navios de resgate de S. Tomé e de Cabo Verde (e respectiva tripulação}, o
feitor dos algodões da Ilha do Fogo, e ainda os escrivães, pilotos, mareantes e restante composi-
ção das caravelas que andavam entre aquelas ilhas e entre a Mina e Axim. Lisboa, ANTT, Manus-
critos da Uvraria 2597, "Bens da Casa da Castanheira", ff.94-95.

Prouisão per que Sua Altesa fez merce ao conde da castanheira das datas (sic) das cappitanias e

escryuaninhas E mareantes dos nauios de todo o guine no 2° 1• do almaro f.151

Eu el Rey faco saber a quantos este meu Aluara uirem que per alguns justos Respeitos que a

isso me mouem e por folgar de faser mece (sic) ao Conde da castanheira ueador de mynha fa-

zenda ey por bem E me pras que daqui En diante elle tenha E seya sua a dada destes cargos E

oficios abaixo declarados E os possa prouer E proueja por suas cartas E Aluaras pelo tempo E

com os ordenados conteudos Em meu Regimento:

Cappitanias E escryuaninhas dos nauios que por nos inuiaren-se a costa de guine E malagueta

E ilha de sanctome asy por trato como por qualquer outra uia de meu seruiço que não serão

nauios da armada porque nestes tais mandarey Eu prouer como me bem pareser.

Escryuaninhas de nauios de Regaste da ilha de Sanctome E cabo uerde pera os Rios (?) E ma-

reantes E gentes delles.

A feitoria dos algodoes na ilha do fogo.

268
As Escryuaninhas, Pilotages, mareantes E gentes das carauelas que andão da ilha de sanctome

per'a ilha, isso mesmo das carauelas que andam da mina pera axem E outrosy prouera o dito

Conde

(f. 94 v.)

daqueles cargos e oficias que forem per mim prouidos quando as pessoas que os tiuerem pera os

auerem de ir seruir não acudirem pera isso no tempo que lhes couber como ate gora esteue En

vso E costume prouer o feitor E oficiaes das casa da lndia E mina. E as pessoas que nos ditos

cargos E oficias asima declarados forem prouidos pelo dito Conde como dito he os irão seruir E

lhes serão compridas E guardadas as cartas E aluaras que dele tiuerem asy tan inteiramente

como por my fosem asinados e passados pela chancelaria porquanto me pras que seya sua a dita

dos ditos oficias como dito he () notefico asy ao feitor E oficiais das casas da lndia E mina E ao

prouedor tisoureiro E oficiais do almasem de guine E jndias E ao cappitão feitor E officiais da cida-

de de san jorge da mina E da ilha de Sthome (síc) E de cabo uerde E a outros que lhe pertenser E

lhes mando que aquelas pessoas que dos ditos cargos E oficias forem prouidos pelo dito comde E

que mostrarem disso Seus asinados as Metam de posse delles E deixem ter E seruir pelo tempo e

com os ordenados conteudos Em meu Regimento Sem a isso lhe ser posta duuida nem Embargo

algum perque o ey asy per meu seruico E mando que Este aluara se cumpra En todo E nelle con-

teudo como se fosse carta Em pergaminho por min

(f. 95)

as inada e pasada pela chancelaria posto que esta por ella não passe Sem enbargo da ordena-

sois (síc) do 2" I" que dispoen o contrairo. Em Euora a ib de outubro de 1533 •

269
XX

1533, Outubro, 7. Lisboa. Minuta da carta enviada pelo Conde da Castanheira a D. João III sobre
o paradeiro de Diogo Rodrigues Pinto, rendeiro das Ilhas e com contrato firmado com a Fazenda
real para aprovisionar de trigo as posições portuguesas do Norte de Africa. Lisboa. ANTT, Misce-
lâneas Manuscritas de N. • Sr. • da Graça, T. IV, "Documentos Vários", f. 351 *.

Senhor

aVera dez ou xij dias que dioguo rrodriguez pimto he Jdo desta cidade E em sua casa diziam

que era la na corte E d'omtem pera ca se soube que elle E Joam pimto seu lrmaão E hum seu

feitor que he o correo que daquy ha com Recados a duarte de paaz são fogidos E posto que de-

vese muyto dinheiro a Vosa Alteza ele estaua tão bem que pareçe CJ!Je se nom era por nom poder

pagar o que devia E Nem era tão emvergonhado que o fezese pollo Eu comprender ha poucos

dias em hum erro per que ouuera de leuar a Vosa Alteza ao menos jb cruzados se pe~açerto me
0

nom viera ter aa mão o negocio em que se leuaua por outra diuyda que nelle avia E por ysto E por

se eles Irem no proprio tempo em que la foram Respomdidos os cristãos nouos em seu negoçio,

esta craro que se nom forom senão com Reçeo de se poder em allgum tempo saber o moodo de

suas vidas <.> amenhã parte daquy huüa carauella que mando aas Ilhas embargar a qualquer

ffazemda sua que la achar E tãobem mamdo < ...... > moço da camara de Vosa Alteza que corra

todos os portos de maar daquy atee crunha em busca delles com carta da Justica E outras minhas

pera os embargarem em qualquer parte em que os acharem. aos portos do allgarue E d'amdaluzia

270
nom mandey porque della se pode fazer avemdo-o Vosa Alteza por seu seruiço <.> Noso senhor

Acrecente a Vida e Reall estado de Vosa alteza<.> de lixboa a bij dias d'outubro de 533 •

* Esta carta juntamente com a do f. 353 do mesmo núcleo documental do ANTI constitui resposta
de D. António de Ataíde a pedidos urgentes de informação solicitados pelo monarca. Deste, estão
publicadas as cartas de 18 de Agosto e 8 de Outubro de 1533 existentes sobre o mesmo assunto.
V.J.D.M. Ford, Letters of John III King of Portuga/1521-1557, Cambridge, Massachusetts, Harvard
University Press, 1931, pp. 128-129 e 151.

271
XXI

1533, Novembro, 10. Viana. Carta do Marquês de Vila Real a D. João III sobre as vantagens para
o monarca e para o povo (incluindo o das terras do Marquês) do arrendamento directo das Sisas,
por vários anos, prescindindo-se dos rendeiros e oficiais da Fazenda que habitualmente recolhiam
o tributo. Lisboa, ANTI, Corpo Cronológico, P. 1-M. 51 - D. 103 *

Senhor

nesta meteria de vasa alteza dar a sysa aos povos por cousa çerta sempre mynha oupenyam

foy, como creo que Vasa Alteza seraa lembrado que vos fazies muyta merce a vasos povos em

lhas dar e que vos'alteza lambem ficava nyso mylhor seruydo, E que nysto aja muytas rezoes pera

se provar o serujço de vasa alteza E proveito dos povos as qoaes todos se praticaram no tempo

que da materia se tratou. duas soas tornarei aguara a lembrar aquy a vos'alteza; hüa da parte de

seu serujço E a outra do bem E descamso dos povos <.> Camto ao serujço de Vasa Alteza tem

per esta maneira suas Rendas seguras E certas, sem Remdeiros lhe pedirem qujtas nem fazerem

outros emlheos E maos pagamemtos e escusa ofeciaes E mamtimemtos E algüas vexações a seu

povo que como os mjnystros destas negosiacões tays nom som frades d'ouservamcia nem no

podem ser, nom se pode escusar eles muytas vezes serem lembrados de seu proveito E esqueci-

dos do servjco de deos E do vosso E tratarem mal vaso povo. E quoamto a Rezam para o proveito

do povo desta mesma do serujco de Vasa Alteza se segue E comclue, que he serem escusas

d'avexacões E fadigas nesta parte, E por esta soo contia certa que pagarem fycarem liures de

todo o majs, que qujserem vender E comprar e negociar, E posto que em jente E em fazemda

creçam os lugares, nom lhe creçer majs este !rebulo, o que par'eles he muj gram proueito

272
(f. 2)

e descanso, mas torvou e danou este negocio o que pola mayor parte em todo o mundo torva

outros muytos beens que he serem as pesoas Iam cebiçosas E ceguas com o desejo do seu pro-

veito particular que se esqueçam E torvam o que comvem a serujco de deos E de seu Rey E bem

comum de suas patrias. E porque neste caso os que aviam de provocar os povos e emsyna-los,

heram os officiais E Rejedores os quoaes por seus officios E poder sempre dos mesmos syseiros

som priujligiados E os querem ter comtentes para quo eles atrjbularem os fracos, estes tays fforom

os que fizeram nom tomar a todo povo, E os que lambem fazem a alguuns que as tem tomadas

que as tornem a deixar. Eu senhor a todas mjnhas !eRas sempre hacomselhej E escreui que as

tomasem E lhes mamdava dizer a mercê que Vosa Alteza lhes niso fazia. os que me creram toma-

ram-nas e estam cem isso muy comtentes <.> Vila Real cerno he mayor E como ha nele majs

Jemte da calidade destes qu'estorvam Jsto E lambem como eu era ausente, nom me qujserom

crer, despois que eu ca soo alguüas vezes o pratiqei com eles E lhes dise o que njso eRavam E

parece-me que vão estamdo nese conhecimento; mandam aguora a vosa alteza E querem-lha

tomar por muytos annos E per via d'aRendamento o que lambem nom he contra serujco de vosa

alteza antes Contr'eles porque lhe vynria mjlhor o comtrato porque no cabo destes annos se uosa

alteza achar que lhe Rende muyto pode-a aRendar a quem mais lhe der, E vosa alteza lhe deue

de fazer esta merçe, porque ajmda que dem algüa ceusa menos que ho que dizem que os Rendei-

ros aguora lamçam, em ser o aRendamento do povo por tantos majs annos E no mjlhor paga-

mento E majs certeza dele se torna afoRar o que diso se deminue, E majs se estes Remdeiros

aguora perderem, pera os outros annos achar-se-ya muyto menos lance do que a ujla daa por

todos estes Respeitos E serujço que Vossa Alteza njso faz a noso senhor E merce grande a ujla.

Receberey eu lambem em grande merce que vos'alteza lha queira aRendar por estes annos que a

pedem E por mais se mais for seu serujço. E o porque eu Jsto primcipalmente desejo he porque

como nysto entrarem por esta via, espero que lha ham-de tornar a pedir per comtrato pera sem-

pre. noso senhor a muyto Real pesoa E estado de uos'alteza guoarde E acrecente com muy

273
lomgos dias de vida E acrecentamento de majs Reinos E senhorios <.> beijo as Reays mãos de

vos' alteza. de viana a X dias de novenbro de 1533 •

uasalo he cryado [de vos'alteza]

ho marqes

• Esta nova leitura do documento difere em muito, quanto às normas de transcrição, da cópia in-
seria no Núcleo Antigo- 113 do ANTT. A nível de conteúdo soma informações aos dados recolhi-
dos dos documentos de Maio e Junho de 1535 da Colecção de S. Lourenço publicados no V.
(1973), pp. 440, 441 e 447-448.

274
XXII

1536, Setembro, 22. Lisboa. Minuta de carta de D. António de Ataíde, Vedar da Fazenda, a D.
João III informando-o da falta de dinheiro na Casa da fndia e da necessidade urgente de o obter
por meios que exigem uma reflexão prévia. A escolha do melhor expediente deverá depender,
segundo ele, não apenas das despesas ordinárias mas de uma previsão de despesas de maior
vulto inevitáveis a médio prazo. Lisboa, ANTT, Miscelâneas Manuscritas de N. a Sr. a da Graça, T.
IV "Documentos Vários", ff. 149, 150 (branca), 169 (branca) e 170.

Senhor

O tesoureiro da casa da lndia I [ nom tem dinheiro E Jl ha muitos dias que esta sem Dinheiro E

as despesas que faz sam muytas e muy gramdes E ate'gora se Remedearão o milhor que eu pude

sem se tomar Dinheiro a caymbo Depois que I [eu] I são nesta çidade nem se vemder Juro E por-

que \ as I dos dias pasados forão tantas que nam tão somente tem gastado o dinheiro mas almda

o modo de desemular a necesydade delle me pareça que pera as de hüa folha que com esta vay

se nom pode escusar de vemder alguum Juro ou tomar dinheiro a caymbo. E averia por seruiço de

Vosa Alteza I [Detriminar-seJI que primeiro que se fezese hüa I [destas]! coisa ou outra se detri-

minase I [\/osa Alteza]! n'armada da lndia ou em I [qualquer] I \quaisquer/ outras despesas gro-

sas se se ouesem de fazer I [ ..... JI \no/ ano que vem porque de tal maneira pode ser que I [nom

poseies]l seja forçado vemder juro I [E então na volta delles se poderão do mesmo dinheiro soprir

esta neseciJI que he muito mais provisão que tomar dinheiro a caymbo E então na volta delles Ido

mesmo dinheiro de juro/ se supririão estas necesydades presentes I [E f "li porque I [por elas

segui] I nom I [avemdo outras senão elas]l se avendo de buscar dinheiro senão pera as d'agora

275
qualquer outro I [mo]l modo de aver averia por milhar que vender juro por nom ficar em custume

I [pera]l ser ese o suprimento das despesas ordinarias E porem de hüa maneira ou d'outra I [de-

vem-se de forcadamente]l deve-se cedo de buscar dinheiro pera elas por serem de calidade

I [que Vasa Alteza vera]l que são I [E a esta me mande Vasa Alteza Responder porque emquan-

ro nom vier a Resposta]! o que não pode ser sem I [a ReposJI me Vasa Alteza \depois de vista

esta/ mandar o que ha por serviço que I [se faca] I nysto se faca •

(f. 170)

menuta da carta I I [d'el Rey]l que foy pera I el Rey noso senhor a xxij I Setembro 536.

276
XXIII

1536, Outubro, 9. Mafra. Excerto de uma carta do Conde de Penela O. João de Meneses e Vas-
concelos a O. João III aludindo às dificuldades financeiras em manter os lugares do Norte de Atri-
ca. Évora, Biblioteca Pública de Évora, Códice C/1112-26, ff. 34-35 •

... mas não leixarey de dizer que sendo Vossa Alteza muy indiuidado quando Reinou dotou e

cazou sua jrmaã mais grandemente do que nunca cazou outra algüa prinçeza que deste Reino

sahise nem creo que outros uejão no que ama e quer Vossa Alteza ao infante D. Luis e sua gran-

de ppessoa lhe mereçe que muj pouco lhe deixou el Rey uosso padre para o que lhe Vossa Alteza

vai fazendo e faraa, uejo como estaa uossa fazenda e o muyto trabalho com que Vossa Alteza

sostem todos os oito lugares de africa pelo que toqa a fee de Nosso Senhor e a grandeza de Vos-

sa ppessoa Real deue-lhe de dar muytas graças por tamanhas obras pello meresimento dellas

pois não pode ser sem sua Vontade e ajuda ...

... de Mafra a jx de Outubro de 1536

• Transcrito por Otília Rodrigues Fontoura na sua dissertação de Licenciatura Portugal em Marro-
cos na Época de O. João III. Abandono ou permanência?, Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa,
1966, dactilografada, pp. 248-249.

277
XXIV

1538, Janeiro, 7. Lisboa. Mandado do Conde da Castanheira para que o Recebedor da Chancela-
ria cumpra pagamento que D. Rodrigo Lobo tem a haver decorrente do exercício do seu ofício de
Vedor da Fazenda. Virá a efectuar-se somente a 13 de Fevereiro, conforme recibo feito em Us-
boa. Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico, P. 11-M. 125- D. 19.

O conde da castanheira veador da fazenda d'el Rey noso senhor cetera mando a vos ffrancisco

fernamdez Reçebedor da chamçelaria da corte que deis ao senhor dom Rodrigo lobo quatro mi li E

çem reaes da sua • sprivaninha E saco deste ano presemte de quinhentos trymta E oyto que tem

com ho offiçio de veador da fazenda E per este com seu conhecimento vos serão leuados em

comia. Aluara do auellar o fez em lixboa aos a bij dias de Janeiro de b0 xxxbiij0 •

ho conde da castanheira

He Verdade que Reçeby de francisco fernandez Reçebedor na chancelaria o conteudo neste

escrito. em Jyxboa a xiij de feuereiro de 38.

dom Rodrigo

Registado andre pirez

verso

Registado pero Ribeiro

278
XXV

1538, Janeiro, 8, Lisboa, Mandado feito em nome de D. Rodrigo Lobo para que o Recebedor da
Chancelaria pague ao Conde da Castanheira uma quantia que lhe é devida pelo exercício das
suas funções. No mesmo dia se efectua o respectivo pagamento, conforme o recibo assinado pelo
Conde. Lisboa, ANTT, Corpo Cronológico, P. 11-M. 215- D. 20.

dom Rodrigo lobo do conselho d'el Rey noso senhor E veador de sua fazemda cetera mando a

vos francisco fernandez Reçebedor da chamçelaria da corte que deis ao senhor conde da casta-

nheira quatro mil I E çem reaes do ssaco E • esprivaninha que este ano presemte de qynhemtos

trymta E oyto ha-d'aver com offiçio de veador da fazemda. E por este com seu conhecimento

mando aos contadores que vo-los leuem em conta. Aluaro do auelar o fez em lixboa aos biij0 dias

de Janeiro de b0 xxxbiij•. E este se regystara primeiro E desta maneira o compryres ho que vos(?)

per ele he conteudo •

Registado Amtão da fonseca

verso

diguo eu o comde da castanheira que he verdade que Reçeby de francisco fernandez Recebe-

dor da chamçelaria da corte os quatro mi li E çem reaes contheudos no mando atras •sprito E por-

tamto Asyney este em lixboa aos biij" dias de Janeiro de b0 xxxbiij0

ho conde

Registado gonçalo do amarall

279
XXVI

1538, Novembro, 29. Lisboa. Pedido em Cortes para que o Procurador do Rei dos Feitos da Fa-
zenda não assista às reuniões em que Vedares da Fazenda e Desembargadores se devam pro-
nunciar sobre feitos entre o Rei e as partes. Lisboa, Capitolos de cortes E /eys que se sobre a/-
guuns de/les fezeram, 1539, ff. 10-1 Ov.

Capitolo XXXIX

Pedem a vossa alteza que aja por bem que o procurador dos seus feytos da fazenda não estee

presente ao despacho dos feytos em que elle he procurador por vossa alteza - assi nas interlocu-

terias como definitiuas - porque he azo com os modos que tem por se mostrar seu seruidor E

fazer sua razam boa com que enformou vossa alteza pera fazer as ditas demandas, que os de-

sembargadores E veedores da fazendo (sic) não podem dar seus votos

(f. 1Ov)

liuremente E lhes faz muyta toruaçam; E pode hir contar a vossa alteza os pareçeres dos que de-

terminam as causas em fauor das partes contra o dito seu procurador, do que se seguem muytos

escandalos a seu pouo, E muyto descontentamento aos determinadores.

Reposta

'11 Por minhas ordenações E per dereito comuum estaa ordenado que o procurador dos meus

feytos estee ao dar das vozes, E agora não vejo razam porque se deua de quebrar cousa tam

antiguamente ordenada, E sempre vsada E praticada.

280
XXVII

1538, Novembro, 29. Lisboa. Corregedores actuando como contadores em matérias da Fazenda
originam contestação em Cortes não aceite pelo monarca. Lisboa, Capitolos de cortes E leys que
se sobre alguuns delles fezeram, 1539, ff. 13-13v.

Capitolo XLIX

Item vossa alteza tem ordenado que os corregedores de suas comarcas conheçam aalem dos

casos de justiça de sua fazenda E residas que sam cousas tam doçes que se ocupam mais em

ellas E por serem mais proueitosas a elles que não entendem tam compridamente E como deuem

nos casos da justiça assi çivel como crime e as cadeas estão cheas de presos sem despacho,

Pedem a vossa alteza que aja por bem que os ditos corregedores não co-

(f. 13v)

nheçam de sua fazenda E dos residas, E sejam estes casos cometidos a outros letrados, de ma-

neira que não andem estes carregues juntos em hüa pessoa soo, porque assi se prouera melhor a

tudo.

Resposta

11 Por as correições serem grandes não podiam em cada hum anno ser tam bem visitadas E

prouidas de justiça como compria E esta ordenado por minhas ordenações. E por isso as reparti

ordenando a cada hüa dellas aquelles lugares que boamente se podessem em cada huum anno

visitar, e a cada hüa proui seu corregedor. E porque não ficauam com tanta ocupaçam como pode-

281
riam ter, por se escusar a oppressam que o pouo reçebe de muitos offiçiaes em cada lugar, orde-

ney que os corregedores entendessem nos residos, capelas E orfãos como proueedores, E bem

assi nas cousas de minha fazenda como contadores. E sam enfermado que a justiça he melhor E

mais liuremente menistrada E as capelas, residos E orfãos melhor prouidos E assi o que toca aa

minha fazenda.

282
XXVIII

1538, Novembro, 29. Lisboa. Protesto dos Povos em Cortes contra a arrecadação das sisas, tri-
buto que os Reis portugueses consideravam direito real. Lisboa, Capitolos de cortes E leys que se
sobre a/guuns delles fezeram, 1539, caps. LII e Lili e Resposta (f. 14v) e caps. LXXIV e LXXV e
Resposta (ff. 19-21).

Capitolo LII E Lili

Item emquanto vossa alteza quer leuar as ditas sisas contra vontade de seus pouos seja no

modo que foram conçedidas a el rey dom Joam da boa memoria que vossa alteza podara ver pelo

dito contracto, scilicet: que de todo o pam que os mercadores trouuerem de fora do reyno não

paguem sisa. E que os carniceiros não paguem sisa do talho somente da compra E o vendedor da

venda que fezer segundo lhe montar.

Item que se algum talhar seu gado pague huum soldo de cada liura daquilo que lhe assi mon-

tar.

Reposta

'lf Por os reys passados foy ordenado que de todas as cousas que se vendessem E compras-

sem, trocassem E escaymbassem se pagasse sisa: de dez huum. E assi se vsou E praticou de

entam ate gora. E por isso E pelas razões per que me pareçe que leuo bem as sisas que mais

283
largamente vam apontadas na reposta do capitolo setenta E quatro, per que me pedis que largase

todas as ditas sisas, ey por escusado o que neste capitolo me requereys.

(f. 19)

Capitolo LXXII li E LXXV

Pedem a vossa alteza que aja por bem E seruiço de deos E descarrego de sua consciençia E

repouso de seus pouos tirar todas as sisas porque pareçe çessar a causa por que foram outorga-

das. E protestam não as querendo vossa alteza tirar, não consentirem em nenhum tempo nellas

ainda que lhe requeyram algüas cousas açerca dellas, porque o requerem por menos veraçam, E

por não poderem ai fazer por seu supremo poderio.

(f. 19v)

Querendo vossa alteza leuar as ditas sisas com a protestaçam açima declarada lhe pedem que

não aja recadaçam per !emites como o Pacheco ordenou, E se torne aos almoxarifes como sem-

pre foy.

Reposta

1f A este capitolo E ao outro per que nas cortes de Torres nouas me pedistes o que agora neste

me pedis vos respondo. Que posto que me pareçesse que as sisas que foram conçedidas aos

Reys passados, sendo elles tam catholicos E vertuosos as não leuariam se as não poderam leuar

justamente E com saã conçiençia. E que eu pelas muyto moores despesas que tenho em cousas

muy necessarias E que se não podem escusar pera sostentar E conseruar meus reynos E assi

meus senhorios, de que ao pouo dos ditos reynos se segue muyto proueyto, as poderia per de-

reyto nouamente poer ainda que as hi não ouuera, pelo muy grande amor que tenho a meus natu-

raes, subditos E vassalos, quis mandar ver se elles em pagarem as ditas sisas eram agrauados E

284
fazendo-se pera isso as deligençias necessarias se ajuntaram todos os capitolos de cortes antre

os quaes se achou hüa determinaçam d'el rey dom Joam o segundo meu tio que saneia gloria aja

em reposta de huum capitolo per que nas cortes que em nouembro de oytenta E huum se come-

çaram em Euora E se acabaram em Viana em Abril de oytenta E deus, lhe pediram sobre as ditas

sisas o que me agora pedis, do qual capitolo E determinaçam o theor de verbo a verbo he o se-

guinte.

Item senhor deueys de acorrer com misericordia a vosso pouo da sobeja carrega que per vos-

sos anteçessores lhes foy E he posta de que padeçam asperas paixões pelo longo tempo que lhe

dura. Assi he que elrey dom Joam vosso bisauo que deos tem foy posto em grã trabalho nestes

vossos reynos pelo qual fez cortes em que pedia condicionalmente pera soprir aos trabalhos o

!rebulo das sisas que ao pouo muyto carrega, E o pedia por çarto tempo, em espeçial emquanto

durassem as guerras de Castela que entam eram com estes reynos muy rijas. E o pouo vendo a

sua grande neçessidade lho outorgou por aquelle tempo E mays não. E el rey com aquella condi-

çam lhes

(f. 20)

recebeo o !rebulo da sisa prometendo ao pouo E fazendo-lhe muy grande firmeza per contracto

que tanto que as guerras çessassem dantre estes Reynos E Castela de logo tirar o !rebulo da

sisa, o qual elle nunca fez. E os outros reys despoys delle scilicet: vosso auo E padre que deos

tem: quando ouueram o regimento E gouernança destes reynos, logo per o pouo lhes foy requeri-

do que lhes leuantasse este trebuto segundo o contracto passado E elles lhe fezeram sempre

esperança de si. nunca a trouxeram a fim de o fazerem carregando todos suas consciençias de

leuarem o !rebulo das sisas per força contra dereito, como as leuaram. E o pior que he que sobre

o tal !rebulo fezeram os senhores reys artigos Iam asperos per que o pouo não pode viuer. E suas

fazendas sam roubadas E perdidas como se o !rebulo fosse dereito real. E o mais pior que he que

os seruos dos judeus por sopearem E sogigarem os liures christãos, todos se lançam a rendar

esta sisa, E com asperos artigos os reuoluem per tal modo que dão em elles taes tanazadas per

que lhes bebem o sangue E quebram os ossos. E os judeus em atriuimento das taes rendas an-

285
dão com taes vestidos E sem sinaes E armas Iam deshonestos por que se mostram senhores E

fazem dos christãos seruos. Pedimos senhor os vossos pouos por merçe que do tal !rebulo os

liurees E que lhes cumpraes a promessa que el rey dom Joam prometeo de tirar esta sisa tanto

que as guerras çessassem, o que he muy notorio per pubricas E autenticas escripturas. E isto vos

receberam em muy alta merçe E lhes fareis justiça.

Responde el Rey: que posto que alguuns reys antecessores sendo-lhes feito semelhante reque-

rimento açerca do leuar destas sisas não quisessem em ello entender pareçendo-lhes segundo o

que cree que as leuauam justamente E como deuiam, porque sem ellas não podiam manter seus

estados E o que pertencia aa honra E bem destes reynos E de si. Porque ja antes d'el Rey dom

Joam da immortal E gloriosa memoria seu bisauo eiRey dom Afonso o quarto E el Rey dom Pedro

E el rey dom Fernando lançaram E leuaram sisas aas vezes geraes outras oras em certas cousas

pera o que lhe compria segundo mais largamente se contem no segundo liuro das ordenações no

titulo dos artigos que

(f. 20v)

foram requeridos por parte dos fidalgos a elrey dom Joam E cetera. Porem a elle aprouue agora

pelo amor E affeiçam que tem a seus pouos de querer entender no que de sua parte lhe he apon-

tado E requerido açerca destas sisas. E mandou aos procuradores dos ditos pouos que por en-

formaçam delle E guarda do dereito delles viessem com quaesquer escripturas que acerca desto

teuessem E alegassem todo o que fezesse por sua parte. Os quaes em comprimento de seu man-

dado, despoys de per palaura alegarem algüas cousas, offereçeram çertas scripturas autenticas

que falauam de sisas que foram dadas ao dito Rey dom Joam seu bisauo scilicet: hüa carta do dito

Rey dom Joam que passou per Diogo Iopez Pacheco nas cortes de Coymbra a doze dias de mayo

de mil E quatrocentos E vinte E cinco annos, E hum estormento dado per autoridade do dito rey

em as cortes de Braga a Xlllj de Nouembro de mil E quatroçentos E vinte E çinco annos, feito per

Esteuão dominguez tabaliam geral em estes reynos, E huum estormento outro feito per Gonçalo

Iourenço escriuam da camara do dito Rey E notairo em sua corte em outras cortes de Coymbra a

286
vinte E dous dias de Feuereiro de mil quatrocentos E vinte E oyto annos. E outro estormento feito

pelo dito Gonçalo Iourenço sendo jaa escriuam da puridade do sobredito rey nas cortes D'euora

aos sete dias D'abril De mil E quatrocentos corenta E seys annos, E hüa reposta do dito rey dada

a hum capitolo geral de cortes que porem não trazia lugar, dia, mes, nem era. As quaes escriptu-

ras com muyta diligençia E madureza vistas E examinadas per elle com seus letrados E do seu

conselho final E claramente per ellas achou que os pouos destes reynos per muytas E desuaira-

das vezes E modos outorgaram E outorgauam ao dito rey dom Joam seu bisauo sisas geraes E

este não somente pera os encarregas da guerra mas ainda durando ella E despoys de çessada

auendo paz, pera manter E soportar seu estado E da raynha sua molher E dos infantes seus filhos

E pera aos ditos infantes dar casa, E lhes comprar terras, E pera prouer aos desembargadores E

officiaes da justiça E outras muitas pessoas, donde manifestamente se mostra que a necessidade

da guerra não foy a soo causa d'el rey dom Joam auer as sisas mas não menos principal causa

era por poder soster seu estado. E isso mesmo elle acha que todo o pouo deue

(f. 21)

E he obrigado per dereito E pera ello pode ser costrangido de manter E prouer a seu rey de todo o

que lhe for necessario, não o tendo em outra maneira, pera segundo o costume dos reys comar-

cãos soportar E manter seu estado E dos seus E o bem E honrra de seu reyno. nem dello per

dereito se pode o pouo escusar posto que o rey por sua causa E culpa viesse em mingoa E ne-

çessidade, o que tudo saamente E bem esguardado E examinado, poys esta cousa vem ja de

tanto tempo E assi aos pouos como a todos em estes reynos he notorio que elle não se pode

manter nem soportar em maneira algüa seu estado, nem o bem E honrra de seus reynos sem esta

renda das sisas ou outra equiualente. A elle pareçe que seus pouos não sam em justo agrauados

E a neçessidade que tem o escusa do carrego que açerca desta alguem lhe queira dar, o que

certo sera sem causa E contra razam E dereito

Porquanto se pela dita determinação mostra que os ditos procuradores foram ouuidos E que

apresentaram as escripturas de que se poderam E quiseram ajudar E alegaram sobre isso de seu

287
dereyto, E não embargante o que assi por sua parte mostraram E alegaram, foy pelo dito rey dom

Joam com os do seu conselho E letrados sobre isso dada a dita determinaçam como se nella

contem. Portanto ouue por escusado o mandar ver, E pelas sobreditas razões tenho por çerto que

as leuo bem E como deuo E que meus pouos não sam nisso agrauados. E assi ao que me pedis

que não aja recadaçam per lemites não se prouee porque a tal recadaçam não he em prejuyzo

dos pouos E he pera melhor recadaçam de meus dereitos.

288
XXIX

1538. Novembro, 29. Lisboa. Pedido dos povos nas Cortes de 1535 para que O. João III revogue
os contratos feitos com vilas e cidades sobre a arrecadação das sisas por renda certa, tendo em
vista o "proveito público". Resposta favorável do monarca e emissão de lei sobre a matéria. Lis-
boa, Capitolos de cortes E leys que se sobre alguuns delles fezeram, 1539, cap. XCV e Resposta
(ff. 26v-27) e Lei XVII (ff. 62-62v).

Capitolo XCV

Pedem a vossa alteza que aja por bem alargar aas çidades E vilas de seus reynos E senhorios

os contractos que algüas dellas se fezeram sobre tomarem as sisas em çertas contias cada anno

E torna-las a tomar sobre si pera serem arrecadadas per seus offiçiaes ou rendeyros sem veraçam

algüa, E que ainda que algüas vilas ou çidades queyram estar pelos ditos contractos que vossa

alteza todavia o não consenta por o proueyto publico que he em as vossa alteza ter E as não te-

rem sobre si nenhüa cidade ou vila, o que vossa alteza pode fazer fazendo esta ley geral por o

proueyto da reepublica das ditas çidades E vilas E de todo seu reyno, E esta não as querendo

vossa alteza tirar com a protestaçam açima feyta. E que aja vossa alteza por bem declarar logo

que não se receba condiçam algüa nos arrendamentos das ditas sisas que altere a natureza dellas

E as faça de mayor renda E veraçam a seus pouos E se per algüas condições desta calidade cre-

çeram no tempo passado que vossa alteza o queyra emmendar por lhes fazer merçe.

289
Reposta

11 Nas cortes que fiz no anno de mil E quinhentos E vinte E çinco na vila de Torres nouas me foy

pedido por os procuradores d'algüas çidades E vilas de meus reynos que me prouuesse lhe dar as

sisas per contractos em çertas contias por lhes pareçer que era proueito do pouo por algüas cau-

sas que me apontaram E por lhe fazer merçe lhe concedi o que me assi requereram, E as mandey

dar pela dita maneyra aas cidades E vilas que as quiseram tomar E porque a mi não lembra cousa

algüa tanto despoys do seruiço de nosso senhor como o bem E proueito de meu pouo, agora que

aueys por melhor pera o bem comum que se desfaçam os contractos E se arrecadem por meus

offiçiaes E rendeyros, por vos fazer merçe ey por bem de reuogar E anullar os ditos contractos

pera que se não vse mays delles E se arrecadem minhas rendas como se os taes contractos não

foram feitos. E disso farey ley. E quanto

(f. 27)

ao modo do arrendar das ditas rendas eu mandarey que se faça como for seruiço de deos E meu

E bem do pouo.

(f. 62)

11 Ley. XVII Que reuoga os contractos per que algüas cidades E vilas tinham tomadas as sisas em

certa contia pera sempre.

Nas cortes que fiz em torres nouas no anno de mil E quinhentos E vinte E cinco, os procurado-

res d'algüas cidades E vilas me pediram lhes desse as sisas dellas em certa contia cada huum

ano pera sempre pera as repartirem antre si segundo cada pessoa as deuesse pagar, E não se-

rem arrendadas a rendeiros, dizendo que dos ditos rendeiros recebiam grandes oppressões, E

que posto que ao tal tempo todos as não requeressem, ao diante veriam por experiençia ho

proueito que se seguia aas cidades E vilas que as eu desse E as tomariam todos E que tomando-

290
-as todo ho reyno, todas as cidades E vilas E lugares delle gozariam em particular dos proueitos

acima ditos E cessariam os inconuenientes que se poderiam recrecer a muytas cidades vilas E

lugares emquanto não fossem tomadas em todo ho reyno, E assi ficaria todo o reyno fora das

ditas oppressões E que pelas ditas razões ouuesse por bem de lhas conceder como me pediam. E

parecendo-me bem as sobreditas razões E por folgar de lhes fazer merce, me prouue de as man-

dar dar aas cidades vilas e lugares que mas entam pediram. E assi as dey a todas as outras que

mas despois pediram E foram feytos contractos com elles. E agora nestas cortes que se começa-

ram na cidade D'euora em Junho do anno de MDXXXV me foy pedido por casi todos os procura-

dores das cidades E vilas que a ellas vieram que tinham tomadas as ditas sisas per contractos,

(f. 62v)

que ouuesse por bem de lhe mandar tomar as sisas que lhes tinha dadas por çerta contia que

antre si auiam de repartir E os desobrigasse dos ditos contractos per que as tinham tomadas E as

mandasse arrendar como antes dos ditos contractos se fazia. Alegando-me que porquanto por

experiencia se vio no tempo que atee ora as teueram, que do repartir E arrecadar dellas se segui-

am muyto mayores oppressões E dannos do que deziam que tinham quando se arrecadauam por

rendeiros, E que donde cuydauam que reçebiam de mi merçe em lhas dar por certas contias por

algüas causas que despoys sobcederam se deminuyam em alguuns lugares as ditas rendas

muyto daquillo em que as tinham tomadas, E por bem de seus contractos ficauam obrigados a

pagar mais do que as rendas verdadeyramente valiam E elles podiam pagar, dizendo-me os ditos

procuradores E assi todos os mays que aas ditas cortes vieram (tirando alguuns poucos dos que

tinham as ditas sisas E as não queriam alargar) que pelas ditas razões não vinha bem aas outras

cidades vilas E lugares que atee gora as não tinham tomadas as tomarem. E por isso as não es-

perauam de tomar E que querendo eu desobrigar dos contractos aos que mo pediam E não to-

mando todos os outros lugares do reyno que as não tem, E ficando a alguuns que as não querem

alargar seria em grande prejuyzo geral do reyno, Portanto me pediam que pelas ditas razões

ouuesse por bem de tornar a tomar as ditas sisas assi aos que mo pediam E as quisessem alargar

como aos que queriam estar por seus contractos, E pera isso fezesse ley geral per que reuogasse

291
todos os ditos contractos posto que alguuns não sejam disso contentes. E parecendo-me bem as

razões que me alegauam, mandey ver por letrados se por dereyto podia reuogar os ditos contrac-

tos posto que algüas cidades ou vilas que as jaa em si tinham tomadas as não quisessem alargar,

E se achou que por ser pera bem comuum ho podia fazer fazendo sobre isso ley geral. Pelo que

me proue fazer esta ley. Pela qual ey por bem de reuogar E reuogo todos os ditos contractos, E

cada huum delles, E mando que delles mais se não vse porque os ey por de nenhuum effecto E

vigor como se nunca foram feytos. E ey por bem que minhas rendas se arrecadem como dantes

se arrecadauam E se arrecadaram se os taes contractos não foram feytos.

292
XXX

1541. Janeiro, 27. Lisboa. Mediante os resultados de um exame apurado a moedas entradas em
Portugal provenientes do Norte de Atrica, D. António de Ataíde, Vedor da Fazenda, adverte o mo-
narca para os prejuízos de índole económica advindes da sua circulação e para os benefícios a
colher da concretização de determinadas medidas propostas. Lisboa, ANTT, Miscelâneas Manus-
critas de N. • Sr. a da Graça, T. IV, "Documentos Vários", ff. 269, 270 (branca), 287 (branca) e 288.

senhor

o eysame que Vosa alteza mandou que se fizese nas dobras que d'alguuns dias a esta parte

vem da terra dos xerifes a estes Reinos, se fez per peso e per enssays do ouro E \per hüa cousa

E pela outra s'achou o que Vosa Alteza vera por hum papel que [.... ] vuy/ porque se achou I[ que
são Jl deferentes hüas das outras no peso e na ley do ouro pareçeo aas pescas com quem este

caso pratiquey E a mim que se lhe nem podia por Certa valia per que Corresem E porque corre-

rem sem ela he cousa muy perJudicial Ao pouo nos pareçeo tãobem que Vosa alteza deve de

mandar com muyta breujdade pasar hüa proVisão per que mande que nem Corra esta moeda <.>

E antes que nos nisto detriminasemos nos lembrou que se poderia dizer que torvaria esta defesa

entrar daquelas partes Ouro nestes Reinos E nem ouuemos este Jnconviniente por tão grande

I
aJnda que o hy ouuesse como he com hüa moeda tão falseficada [que em algüas destas dobras

faleçam graãos afora o que podem quebrar na valia do ouro quanto mais]! \quanto mais/ que pa-

I
reçe que nem deixara [o]l por Jso d'emtrar porque o mercador que la vay vender suas mercado-

rias nem he o que Recebe nisto emgano porque nem ffaz sua conta senão do preço verdadeiro

que I[elas]! \estas dobras/ tem E aJnda asy folga de as trazer pelo que ganha nas mercadorias E

depois de as ca ter as gasta pelo pouo meudo que entende pouco em moedas, ao preço per que

293
ca correm E este ganho derradeiro por ser Jnçerto E se aVer como cousa furtada nom he o que os

ffaz andar nesta negoçeação E Isto que soo por este fim Vosa alteza deve demandar, Aproueitara

alguüa cousa pera se achar ouro pera o cabedal d'armada porque loguo estas dobras se am-de

vyr desfazer aa moeda \I [E apurar pera ser purarem]J/ domde eu faço fumdamento de se ele

aver a troco de praata porque per todolas outras vias custara mais E sera pior d'achar. noso se-

nhor acreçente a vida E Real estado de Vosa alteza<.> de lixboa a xxbij dias de Janeiro de 541•

(f. 288)

Na dobra da carta: trelado da carta que foy pera el Rey noso senhor sobre o eysame que se fez

nas dobras.

294
XXXI

1543, Maio, 28. Almeirim. Mercé pela qual o filho do Conde do Vimioso obtem de D. João III a
serventia do ofício de Vedor da Fazenda, passando a exercé-lo no lugar do pai e na parte que
antes fora pelouro do Conde de Penela. Lisboa, ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 6 -- 88v.

Dom Joham cetera faço saber A quamtos esta mjnha carta virem que avemdo eu Respeito aos

muitos mereçimemtos do comde do vimioso meu muito amado primo veedor de minha fazemda E

aos muitos seruiços que me tem feitos E comtynuadamemte faz em outras cousas de muyto meu

seruiço E pela quall Rezão elle não pode seruyr o dito officio de veedor de mjnha ffazemda E

avemdo Respeito a lhe ter ffeito merçe de lhe por seu faleçimemto pera dom afomso de purtuguall

seu ffilho meu amado sobrjnho E comffiamdo do dito dom affomso que em dele o em que amear-

regar me sabera muy bem seruyr E como quem elle he, tenho por bem E praz que elle dito dom

afomso syrua loguo Em vida do dito comde seu pay o dito offiçio de veedor da dita mjnha ffazem-

da E aJa todas as omras prjuilegyos E liberdades E priminemçias proes E percallços que tem ho

dito seu pay com ho dito offiçio. E ey por bem que sjrua naquela parte em que ho comde de pene-

lia por mjnha ordenamça seruja. Porem o noteffico asy ao comde da castanheira E ao barão d'all-

vito meus veedores da ffazemda E lhes mamdo que ho metam em pose da servemtya do dito offi-

çio de veedor da ffazemda E não emtendão em allgüa das ditas cousas que ha dita sua parte

pertemçer E asy mesmo elle não emtendera nas que pertemçerem a elles E mamdo a todos os

outros meus offeçeaes E pescas a que posa pertemçer que cumprão seus mamdados como o

ffariam ao comde seu pay Em tudo o que a meu seruiço posa comprir asy como por minhas orde-

nações E Regymemtos são obriguados a o ffazer. o quall dom affomso Jurara Em a mjnha cha-

mçelaria que bem E verdadeyramemte sirua o dito offiçio guardando Em todo meu serujço E as

295
partes direito E Justiça. dada em a villa d'allmeyrjm a xxbiij dias de mayo. amtonio ferraz a fez

anno do naçimemto de noso senhor +Jesu •crista de mjll b0 Riij •

296
XXXII

1543, Agosto, 13. Sintra. Padrão de cem mil reaes de juro. Justificações e salvaguardas de O.
João III pela venda ao Barão do Alvito de tença de juro em sua vida em troca de dinheiro destina-
do a fortificar Mazagão. Lisboa, ANTT, Chancelaria de O. João III, Liv. 6-145, 145v.

Dom Joham cetera <.> A quamtos esta minha carta virem faço saber que vemdo eu o gramde

perjguo E dano que se seguirja a meus Reynos E sennhorjos se ho Xariffe Rey de marocos vyese

ser poderoso por maar na costa d'afrjca pera poder fazer armadas E amdar livrememte por e lia de

que Aos lugares de meu Reino do alguarve E outros portos do maar dos ditos meus Reinos E

sennhorjos se Recreccja mujto perjuizo comsyderey per diversas vezes com hos do meu comse-

lho que maneira se poderia ter pera com a graça E ajuda do semhor deus lhe poder estrovar E

Resystir <.> E praticamdo-se sobre lso per mujtas vezes tomey com pareçer dos do dito meu

comselho por convenjemte Remedjo ao presemte fazer forte quamto fose posyuel a minha villa de

mazaguão que he na dita costa d'afrjca <,> porque da dita villa com a graça do sennhor deus se

lhe podia estrovar seu danado preposyto E por ella ficarem as portas abertas pera cada vez que

em meus Reinos ouver opurtunjdade E pareçer que cumpre a serujço de deus E meu poder emtrar

nas taras do dito Xariffe fazer-lhe guera <.> E despois que em meu conselho se tomou esta de-

treminaçam se começou por em efejto a obra da dita villa pera a qual mandey hir offiçiaees E arte-

ffiçios de diversas partes E muitas achegues petrechos E munjçõees neçesarjos <.> E porque

pera se a dita obra acabar de por em perffeiçam segumdo o ffumdamento que leva he neçesarjo

soma de dinheiro E as neçesydades de minha ffazemda são ao presemte mujto gramdes E se não

pode dela aver pera comprjmemto da dita obra com a brevjdade de que se Requere E por tanbem

Evitar de dar ffadigua a meus povos <,> detremjney E com hos do meu comselho de mamdar

297
vemder allgüas temças de dinheiro de juro E em vida sobre as Remdas de meus Rejnos a quem

os quysese comprar porque se achou que esta hera a mais licita E onesta maneira E menos per-

judiçiall que neste tempo se podia achar pera aver o dito dinheiro que pera a dita obra he neçesa-

rio as quaees vemdas se fizesem a comdiçam que hos que has ditas temças comprasem mas

tornarem a vemder quando eu ou meus sobçessores lhas quisesem comprar <,> dando-lhe o

mesmo preço que por ellas tiuesem dado Jumtamemte sem descomtar cousa allgüa do prymçipall.

E ora o barao d'allujto do meu comselho E veador de mjnha ffazemda de allguum dinheiro que

tinha pera comprar hos beens de Raiz quys por me serujr leixar de hos comprar E se comçertou

comiguo E me conprou çem mil! reaes de temça em sua vida por huum comto de reaes que he a

Razam de dez mill reaes ho milheiro <,> o quall huum comto de reaes o dito barão d'allujto emtre-

guou a Joham rodriguez de vascomçeles tesourejro do dinheiro da casa da lmdja per meu ma-

mdado <,>segundo se vjo por seu conheçimemto em fforma feyto per ffrancisco diaz •sprivão da
0
dita casa E asynado per ambos a omze dias deste mes d'aguosto do Ano presemte de mil! b Riij

<,> pelo quall por esta presemte carta ey por bem E me praz que ho dito barão d'allujto pelo modo

sobredito tenha E aJa de mym de temça em cada huum Anno em dias de sua vjda os ditos çem

mill reaes do primejro dia de Janeiro que vem de b0 Riiij em diamte E isto com pauto de Retro ve-

mdemdo de maneira que quamdo quer que eu quyser tornar a comprar a dita temça toda jumta-

memte pelo dito preço <,> E dando-lho Jumtamemte asy como mo elle deu E pagou sem des-

comtar cousa allgüa do prjmçipall <,> que ho posa ffazer E doutra maneira não <.> E não poderey

desffazer a dita vemda por dizer que ffoy menos a quarta parte do que vallja sem embargue da

hordenança do liuro 4° titulo 27 que despem que em tall Caso seja a vemda avyda por vssurarja

<,> porque não quero que nesta aJa luguar <.> E quero que hos ditos çem mill reaes de temça lhe

sejam asemtados E pagues per esta soo carta gerall na allffandegua da Çidade de lixboa pelo

Remdjmemto della aos quarteis de cada huum anno cada quartel do primeiro Remdjmemto della

per lmteiro E sem quebra allgüa posto que ha asy aJa. E isto sem mais aver outra provysão de

mjnha ffazemda E mando ao allmoxarife ou Reçebedor da dita allfamdegua que hora he E ao dia-

mte ffor que do dito Janeiro que vem de b0 Riiij em djamte em cada huum ano dee E pague ao dito

298
barão em sua vjda os ditos çem mil I reaes aos quarteis Como dito he posto que ajmda não tenha a

folha do asemtamemto que lhe em cada huum anno he emvyada de mjnha fazemda ou que não

vaa nella sem embarguo do Regujmemto em comtrairo <.> E não ho comprjmdo o dito allmoxariffe

ou Reçebedor asy ey por bem que emcorra em penna de Çimcoemta Cruzados a metade pera hos

catiuos E a outra pera quem ho acusar

(f. 145v)

porquamto quero que ho dito barão seJa muy bem paguo na maneira que dito he <.> E per esta

prometo que não vaa nem comsimta hir comtra esta mjnha carta de vemda em parte nem em todo

amtes mamdo que lnteiramemte se cumpra E guarde como se nella comthem <.> E pelo trelado

desta que se Regujstara no liuro do Regujsto da dita allfamdegua per hum dos • sprivãees deli a E

conheçimemto do dito barão mamdo que lhe seJam levados em comta. E esta carta gerall não

perJudjcara a outras cartas geraees que estam asemtadas na dita allffandegua amtes deli a. E

mamdo ao dito barão que hos faça asy asemtar no liuro das geraees de mjnha fazemda no titulo

da dita allfandega pera em cada hum ano Irem na folha do asemtamemto E aver delle paguamem-

to <.> E por firmeza de todo lhe mamdey daar esta mjnha carta per mym asynada E asellada do

meu sello pemdemte. E dos trimta E oyto mi li E oytoçemtos oytemta E seys reaes que lhe momta-

ram aver solido a lliura dos ditos omze dias deste mes d'aguosto atee ffym deste dito Anno prese-

mie a Rezam dos ditos çem mi li reaes por anno leva mamdado meu pera bras d'arauJo tesourejro

dos dinhejros do Rejno lhos paguar <.> E o dito conhecimento em forma foy Roto ao asynar desta.

Ayres ffernamdez a fez em symtra a xiij dias d'aguosto de j b0 Riij E eu damiam diaz a ffiz • spri-

uer <.> os quaees çem mill reaes de temça se asemtaram no liuro da fazemda com çertidam do

feitor E ofiçiaes da dita casa da lmdia de como na Reçepta dos ditos J comto de reaes ffica posta

verba que houve este padram pera na dita allffandegua lhe serem paguos os ditos çem mill reaes

de temça •

Na margem esquerda do f 145: o barão d'allvito padram de çem mill reaes em sua vida.

299
XXXIII

1545. Lisboa. Lembranças de agravo do Conde do Vimioso D. Francisco de Portugal a D. João III
sobre um longo percurso de serviços prestados ao rei, despesas feitas e graças prometidas que o
monarca nunca teria satisfeito. Lisboa, BN, Fundo Geral, Ms. 7 - n• 4. •

Deus sabe a penna que he pera mym tal escritura E se cuidaua oye ha L"'. anos que desta

minha hidade nela me avija De ocupar. E he verdade que de seis meses pera qua nunqua passou

Dia que não Cuidasse que Derya a Vossa Alteza e muitas maneiras se me ofereçerão mas De

nenhüa me satisfazia, porque se de minhas obras não faço Conta que devo fazer Das palavras?

mas aguora que me sinto muito mal desposto E são Contente de não querer outra Cousa pera

mym senão pedir a deus que elle seya sempre Com Vossa Alteza E me Dee a saluaçam, me

pareçeo que são obrijguado porque tenho ffilhos a lhe fazer esta Recordação de minha Vida, pelas

obryguações que me tem, pera Vosa Alteza por seu seruiço E Vosso Deles se Lembrar.

Eu fuij sempre tão Descontente De pequenas Cousas que todas as que fiz não Soomente as

não afermosendey mas sempre Desfiz nelas, porque na verdade como os homens qua de nos

outros por Letras ou por armas Se não perpetuão por formiguas Se devem De ter. E se per Regra

tão custumada quysera falar em minhas obras fora mais sabido que em nenhuüa Cousa De

nenhüa Calidade me açertey onde não devesse ser muito Louuado de todos, E Semper o fuij Dos

verdadeiros. mas Jaa que asy se ordenou A vijda esta honra me fiqua: não querer nenhuüa senão

fora muito grande, E por jsso soomente Das outras Cousas que não São mereçimento Da pessoa

300
ffaço esta Lembrança A Vossa Alteza sabendo bem quanto mais Val que todas as do mundo a

honra E verdade que naçe Com quem a tem.


1
Neste outubro fez L ". annos que siruo continuamente, tirando deus de casado que estiue fora

da Corte, E em todos elles nunqua fiz Cousa per que me el Rey vosso pay que deus tem nem

Vossa Alteza Dessem Castigue nem lho mereçesse nem Reprimssão E a maneira de que seruy co

trabalho E co a fazenda, prouuesse a deus que aqueles que o viram passar E o ouuiram o

Disessem como São obriguados a deus ou não o neguassem pera o que me Compre com Vossa

Alteza que pera mais o não quero.

Nestes L... annos tenho Despesas ifcruzados nas continuas Despesas Da Corte E das fe[...... ]
Da guerra, com Voso pay fuij a Castela E d'então ate oJe em todolos Reçebimentos se [...... ]

(f. 2)

fuy a Raija E em todas as festas sendo mançebo fuij tão contino que dezia que deseJaua de ver

algüa çle fora. nem os dias me tirarão a despesa dellas, mas acreçentaram-me a de meus filhos. E

estes i{ cruzados que despendy foram de minha propia fazenda E aalem Das nouydades de

toda a Renda que tenho Reçebida de merçe. E Diguo i{ cruzados porque isto he o menos Como

poderey mostrar per conta E quem souber como sempre guastey E em tão comprido tempo veraa

que falo como quem sempre Diz verdade E não sey homem nestes Reinos que de sua propia

fazenda não contando o que despenderão Das merçes que tem Recebidas tanto tenha Despesa

em voso serviço E de voso pay como eu.

Neste tempo me naçerão ffilhos huum ha xxbiij" annos, outro xxbij, outro xxiij. E estes na Corte

naçerão E sempre nela serujrão tirando Dom João de que Vossa alteza se deuja d'aver por muito

serujdo pela maneira De que guastou seu tempo conforme a seu abijto, porque de hydade de seis

annos ate oije nunca aleuantou os olhos dos Livros E De noue era hum dos milhares cleryguos

que avia nesta see E daqueles ix ate oye que haa xbiij' sempre estudou Latim E grego E artes E

theologia.

Os trabalhos de minha pessoa nestes xxiij annos que haa que Vossa alteza Reinou Rezão serja

que lhe Lembrassem, posso dizer que em todos elles ate este, E asy nunqua soube quando

301
esmanhana (?) seruindo continuadamente os meus offiçios E os alheos. E porque não trato de

mereçimento de pessoa, não falareij nos contentamentos E descontentamentos que Vossa alteza

me deu de meus seruiços E me mostrou de dez annos pera qua nem se por ventura muitas

cousas passeij que por ellas podia dizer: memento Domine Dauid.

O que guanheij co este Cabedal que empreguei no seruiço de vosso pay E voso elle pelo que

lhe fiz me casou E fe [z con]de no anno de b0 xb. E no anno de b0 xbj me fez merçe do ofiçio de

veador da fazenda [E me] fez merçe Da alcaidarya moer De tomar, Dizendo-me que ma dava

porque Daquela villa E daquela Comarqua o poderya Seruyr com biij homens quando a seu ser-

uiço Comprisse. E no anno de xbiij0 quis que eu fosse veador da fazenda soo E quis satisfazer o

barão D'aluito E dom pero de Castro. E porque o ouuerão por deshonra E teue fortes

Resistençias Leixou de ser, E loguo me fez merçe de seu Camareiro moer com a Rezão que me

deu De o não Dever de ser Dom bernaldo, que avia de satisfazer. E com a vinda da Rainha de

frança porque vinha Dom aluaro Da costa seu açeito E por fazerem com Dom bernaldo que não-

tomasse a satisfação que Sua Alteza lhe dava, Durou todos aqueles dias o negocio ate que deus

foy serujdo De Leuar el Rey pera sij. E me fez merçe De C reais de tença que vossa alteza por

me fazer merçe ouue por bem que passase em minha filha quando casou. E me fez merçe de C

reais pera lndia E de L'•. quintaes d'azougue E vermelhão por hum anno. mas muito moer merçe

me fez que todas em me conheçer E em tal conta me tinha que sendo muito mais mançebo que os

outros fuij o primeiro nas suas deRadeiras palauras com que vos encomendou que vossa Alteza

Se guovernasse. E bem se pode vossa alteza Lembrar em quão diferente estima me aguora tem

proçedendo vinte E tres anos de taes Seruyços.

Vossa Alteza nos fez merçe Dos Ditos C reaes pera a lndia ao barão E a mym em Santos

Loguo como Reinou E assy fez Delles merçe ao Conde da castanheira logo como lhe

(f. 3)

Deu o offiçio. fez-me mais Vossa Alteza merçe De xxxbij reaes com o offiçio de Camareiro moer

Do princepe nosso sennhor E de Lx reaes de tença que Comprey de Dom manuel de Sousa nos

Liuos do Cardeal Vosso Jrmão que deus aJa que vaguarão por elle. he verdade que per

302
faleçimento de minha Jrmaã ficarão L reaes que ella tinha Comprados E os quysera vender pera

Leixar o Dinheiro a dom Afonso meu filho E eu não quis pareçendo-me que Vossa Alteza lhos não

tirasse. E Vossa Alteza foy seruydo de lhe não fazer delles merçe. E assy me fez Vossa Alteza

merçe de hüas Capelas que farão de huum Cantor que valem xxxb reaes Cada anno. E de

Casamento pera minha ffilha no qual casamento Sendo nos comçertados Cometeo o barão a que

deus perdoe ao Conde almirante que o não fizesse E lhe disse que lho dezia da parte de Vossa

Alteza E que Casarija seu filho com Dona Isabel d'alencrasto E lhe farya muitas merçes, a que o

Conde E eu não Deemos Credito E elle lhe Respondeo como quem era. fez-me Vossa Alteza mais

merçe De xx quintaes De seda quando foij Dom esteuão a lndia que me Custarão Casy tanto

como o porque as vendy.

Isto he o que em Renda E Dinheiro tenho aproueitado em todos estes Lta annos E algüas

Cousas me tirou Vasa Alteza d'estas De que el Rey vosso pay me fez merçe E Doutras como

abaixo Declararey. E meus ffilhos nenhüa merçe Receberão nem de hüa agulheta, soomente

seruyr Dom Afonso por mym o meu offiçio E Das pessoas A que Vossa Alteza estas seruentias de

seus offiçios pera seus ffilhos Deu em suas vydas pode Ser Lembrado.

Em todos estes annos fuy presente ante Vossa Alteza nos despachos de todos os homens sem

tirar disso outro nenhum fruito, o que não Segujo a Regra do triturante. avendo nesta minha prove

casa tantos azos pera Vossa Alteza me fazer merçe porque tenho o habito ha xxx annos com que

ate oije nenhuüa Cousa ouue Da ordem Senão a comenda D'aRaijolos, que me o papa deu. tem

Dom Afonso o abito haa xbij sem pão e aguoa E pois Vossa Alteza manda chamar os escudeiros a

tralosmontes pera lho dar porque o haa por obryguação de sua Conçiençia, bem Se podera

Lembrar de dom Afonso que nenhüa Cousa tem co elle porque os fruytos da Comenda

D'aRayolos como-hos eu em minha vijda E foy a tunez E Laa não mostrou mao Lembrante

Louuado deus E Despendy co elle nisso b cruzados. lambem me podera fazer merçe porque

sempre os Reijes a fizerão aos homeens D'alguüa Calidade co habito no peito por suas honras,

como pode ver pelos passados e presentes nas ordeens que tiuerão. E assy podera fazer merçe a

303
dom manuel por- que Jnda que tenha comendas pera o Vossa Alteza não fazer com obrijguação

De Conçiençia

(f. 4)

Como com Dom Afonso Aquij vos naçeo E Sempre Servuijo E não tem nada nem as comendas de

Vossa Alteza. Em dom João não sey falar porque Verdadeiramente se fora ffilho de huum voso

Çapateiro com seu trabalho, Letras E Custumes, Vossa Alteza lhe fizera merçe em tantas

vaguantes como aos outros a que a fiz. E por meu ffilho E pelos outros seus mereçimentos não sei

quem milhor mereçia huum bispado que elle pois pelos mereçimentos Das pessoas Vossa Alteza

as prove, E lambem pelo Custume destes Reinos, que o filho de aluaro gonçalvez D'almeida De

xxiij annos sem Letras foy bispo De Coimbra E Dom João de melo Irmão do conde D'oliuença, de

xx annos ffoy bispo do alguarue E De xxiij arcebispo de bragua, E outros muytos porque com os

de boom Sangue E boons Custumes he Seruyço de deus descompenssar o papa com a hydade,

quanto mais sendo De xxbij annos. E ante Vossa Alteza meus pecados são os que tudo me estor-

uão E çerto Sennhor que me não fuy Com tal agravo o azambuJaL mas Doente E com medo de

morer me Lembrou quantas Coresmas avya que tinha posto em minha Vontade De as não ter na

Corte E o que tinha dito a Vossa Alteza. E em almeirym estiue pera me hyr a belem Se me

Vossa Alteza não mandara que {que} o não fizesse pelas Rezões De que deve ser Lembrado E

por me pareçer que não avya cousas De Jmportançia E Jnda que as ouuera bem podera fazer

Conta Da que Vossa Alteza pera ellas ffaz de mym. E mandey Dizer a Vossa Alteza que estaua

muito perto que cada vez que Comprysse me podia mandar que Viesse. E espanto-me como pode

cuidar de mym que me hey-de mostrar agrauado Sem lho primeiro Dizer. E se me fosse agrauado,

o que deus não quereraa nunqua, que me avya de tornar como os outros fazem, sem muy Jnteyra

Satisfação, mas em tudo me posso Aver por acabado ante Vossa Alteza E assy o São ante mym.

E quando vim Reçebeo-me Vossa Alteza como que tiuesse ffeito moeda falssa, E assy me tem

trazido o tempo que esta Comparação me vem conforme. E se Vosa Alteza cuydaua que me fora

agrauado como me não mandaua Contentar por Damião Diaz, como o fez a • cristouão esteues,

que com muita mais Rezão me podia agraVar De Vossa Alteza em tantas vaguantes não fazer

304
nenhüa merçe a meu ffilho que elle della não fazerdes de chançareL moer. E se dizem a Vossa

Alteza que tenho que Comer e que meu ffilho o tem, Eu Senhor nunqua Vij que os Reys não fação

moeres merçes aos que mais tem E com mais o seruem. E se assy ouuesse de ser milhar me

veryão os meus i{ cruzados que tenho guastados E ter poupada a Compreysão que te-los

guastados E a mym com os trabalhos E trystezas que Daa a Vida, que não tem os que Viuem em

suas casas com que me não posso ter asentado em hüa Cadeira. E se Vossa Alteza nestas

Vaguantes fez algüas merçes pera se manterem lambem coubera em meu ffilho que tem iii" reaes

de Renda muito maL pagues E deue miL E tantos cruzados porque se não pode Soster, E agora
1
teraa menos L ' reaes De hüa mea conesia porque os b{ reaes que dizem a Vossa Alteza que ele

tem são de nome. E çerto he Senhor Se aos Reis cheguassem verdadeiras enformações

(f.S)

Não serião huuns tam bem aventurados E outros tão maL nem pode ser moer seu desserujço que

não lhes faLarem verdade.

Vossa Alteza me tem ffeito merçe Do ofiçio de Camareiro moer do principe nosso sennhor não

Sey se duas vezes se hüa, pareçe-me que hüa pela nota desta minha Carta E pelo que me dizem.

mas pera o conheçimento dela tenho que me fez delle merçe duas Vezes. E se Vossa Alteza

deste ofiçio não faz a conta que lhe mereço, chamar-lh'-ya o ofiçio nouo de pano velho E tão velho

que haa Ires meses que nunqua hüa Soo Vez pude hyr a Sua casa pera poder andar apos elle por

las Varandas E pela orta pois que doutras cousas pela Sua hydade o não posso Seruyr. E não me

queixo da pouca conta que Vossa Alteza faz de mym Na pratica E nos offiçios de sua Casa posto

que Sey os Comprimentos que os Reis sempre fizerão em taes casos Com as pessoas que os

mereçem E como Vossa Alteza tão Jnteiramente os guarda aos que folgua de daar honra E

contentamento no que lhes toca.

O trato de minha pessoa he conforme a pouqua Conta que Vossa Alteza faz de mym E nisso

não faLo quanto ao espirita que Ja diguo, que não trato do mereçimento de minha pessoa mas

quanto ao trabalho Canso eu no Vso E custume dos meus Joelhos porque me aJudo delles assy

305
como quando era De XX annos, E sempre os Velhos se tratarão doutra maneira E aa mesa da

Rainha vossa may Vy o conde De marijalua asentado em hüa cadeira no qual tempo não era

necessaryo estar elle aly E aJnda que elle fosse aleiJado, eu muy mal [dis]posto São E VeJo

entrar escabelos diante de muitos o que nunqua Vy Custumar, mas como São cousas de que

não trato mais que pela Carne Vay-me pouquo nelas Emquanto ella poder cos trabalhos De Vaso

serujço porque cada vez que me sinto pera o não poder fazer me pesa.

Cousa he sabida que pera soster a vida pouquo basta E os pensamentos são os que

atormentão E no enguano deles tudo são Comparações: o prove Laurador com o seu Vezinho

Compile E os Reis c'os Reis. E se isto assy he queira Vossa Alteza ver o que sentirey Vendo as

merçes que a tantos tem feitas E de que lhe faço Lembrança per outro papel E não de todas, pera

se dever de Lembrar do que me toca, a huuns de honras a outros de fazenda, A outros de

dinheiro, a outros de ofiçios E de carguos E a outros de tudo Junto, que são tanto mores Sem

Comparação Do que nesta terra se fizerão quando o Vosso animo he mais pera as fazer Des que

Vossa Alteza Reinou. De Rta títulos fez merçe afora o do barão que não ouue effeito. a huuns

achou Vossa Alteza bispos por faleçimento de Vaso pay fe-Los arcebispos; a outros Condes ffe-

Los marqueses; a outros Marqueses E Sem titulas ffe-Los Duques; a outros que não sonhauão

que podião Ser Condes Nem bispos ffe-Los Vossa Alteza bispos E Condes, Outros que cuidauam

que o mereçião

(f. 6)

a que vaso pay o não quis fazer E Vossa Alteza lhes deu os titulas E os Luguares e as Jurdições

pera serem condes. não sei como Cahy ante Vossa Alteza pera não achar em mym merçe de

tantas honras E tão grandes proueitos Como tantos outros. Da cuba me fez Vossa Alteza merçe

De que tynha muito Contentamento. nunqua Com tamanha Deshonra Se tjrou a nenhuum homem

o que tinha per doação. E não podia Aver em mym Culpa ante o Sennhor lffante porque nunqua a

ouue ante ninguem E Vossa Alteza Sera Lembrado que me não quis dar Licença pera o praticar

co elle senão por escrito E aJnda Dahy a muito tempo. E não pode ser que Sua Alteza se esqueça

que sempre me Disse que não querya beJa E a não pedia senão per negocio pera o Vossa Alteza

306
mandar A arzilla, nem Vossa Alteza se esqueçia que sempre me Disse que lha não avya de dar.

E eu o Seruja nisto como fiel seruydor assy como elle mandaua que o fizesse porque o que ele

me mandaua era o Verdadeiro Serujço De Vossa Alteza E seu. pois que culpa lhe podia ter na

cuba se elle não querya beja nem Vossa Alteza lha querya dar ou como avya de Cuidar que Vossa

Alteza me fazia merçe della Sem o elle saber ou como lho podia dizer Se Vossa Alteza mo deu em

segredo? E mal me podera pareçer então que elle a não pedyra a Vossa Alteza pera mym E alem

disto como passou deus o Sabe E eu tinha tanto moer Conta com minha Verdade E meu segredo

que com tudo o al que quando as Rezões açima ditas craramente me não Desculparão antes

quisera Aver--me por culpado Sem o ser que descobryr Como passou. E quando elle quis beJa E

Vossa Alteza lhe fez della merçe nunqua Dysso soube parte nem cheguou a minha Notiçia tal

pratica E o ouue Depois por nouas De villa. tendo-me Vossa Alteza feito merçe Da cuba Avya

muito quando lhe Deu beJa ffez-me Vossa Alteza merçe D'agujar Da beira por ella muitas Vezes

lhe disse que não querya satisfação. quis Vossa Alteza que a tomasse. ffi-Lo porque o meu boom

ensino nunqua Se negua ante Vos. Jurey ao Conde da Castanheira aos evangelhos que por ij

vasalos na beira a não Darya, que Vossa Alteza a Julguase Como quysesse pois querya que

tomasse satisfação que me não Auya de por em preço. mandou-me Dar agujar o qual Vossa

Alteza pode saber que Cousa he. E desta maneira açeitey aguara o mosteiro pera meu ffilho não o

querendo Como o Disse o dia dantes ao Senhor Jffante. E me quis escusar a Vossa Alteza E se

fora Liure me não pareçera Jguaal merçe pera Reçeber pelas outras comparações, quanto mais

De maneira que Verdadeiramente he como hüa ystorya de Jsopet. E a maneira De que passou

Ante Vossa Alteza seraa Lembrado.

O que me deve são xb cruzados do meu com huüa çerta prata que me mandou tomar quando

Reinou E meu pay que deus aJa faleçeo sem me querer ouvir co Justiça Dizendo eu A Vossa

Alteza que huum soo Leterado aSinasse que podia fazer aquilo Com Justiça E que a nenhum de

todos querya poor Sospeyção que

307
(f. 7)

fosse por minha honra por não pareçer que mo tomaua. não o ouue Vossa Alteza por bem mas

então daua grande Credito ao barão E a Luis da Silueira que me querião destroyr E estaua por

elles mesmos em Vida de VaSo pay posto em deScontentamento de mym. deus lhes perdoe por-

que em mym não aVya Culpa ante Vossa Alteza mas avia muito mereçimento como elle bem

sabia. Item fuy acomselhado de todos os com que o pratiquey que farão sete ou oito Velhos

honrados que me fosse de VaSo Seruiço pois me tomaveis o meu Sem me querer guardar Justiça,

soomente Ruy telez que me aconSelhou o em que eu estaua: que primeiro me Vossa Alteza

Conheçerja per sy que me apartasse de Seu Serujço porque então os meus Jmigos mo fazião De

que nunqua fuy Jmiguo antes por Luis da silueira co VaSo pay fiz sempre o que pude, mas cauSa

avia pera Jsso pois o barão passara pelo descontentamento De lhe querer tomar o officio E

satisfazer-lho pera eu Ser veador da fazenda soo, no que lhe eu não tinha Culpa. E Despois

Lembrey A Vossa Alteza que me tornasse a minha posse não o ouue por bem E me disse que se

vysse a Justiça Da propriedade. E sempre dyse a Vossa Alteza que co tal Disfavor não me

atreuja com seus Letrados. E porem por deRadeiro vim ao querer E pedy a Vossa Alteza que

mandasse so Secretaryo que Viessem aquy A evora os papeis de meu pay que elle tinha em

Lixboa porque neles aVya Declaração de minha diuyda. E Vossa Alteza lho mandou. DiSe-me o

Secretaryo que lhe veo o cofre dos papeis E que lhe vierão todos Roydos dos Ratos E que se não

podião Ler porque vinha tudo em farelos, Cousa poucas Vezes aconteçida assy que perdidos os

papeis morarão lambem muitas testemunhas E Ja aguara são mortas todas senão hüa da prata

que me tomarão que a tinha de minha mão em seu poder em casa de meu pay E assy perdy o

meu E não Diguo \o/ mais que ficou de meu pay que todo o podera Aver Se quysera sem se me

provar. mas como cheguey ao seu faleçimento entreguey as chaues do seu E do que me devya

E as casas ao Corregedor e huum papel que avya mes E meo que meu pay fizera eScrito de sua

mão em que declaraua toda Sua fazenda que bem podera Romper. guardey E metj na mão A

Vossa Alteza E ficarão a Vossa Alteza de meu pay De Lta pera Lx cruzados em dinheiro prata e

triguo E Diuydas. Item destes xocruzados pera o mundo não tenho outra prova Senão que o Leixo

308
assy declarado em meu testamento ao que Vossa Alteza daraa o Credito que quyser. mas não

são oras de mentjr. E assy me tomou Vossa Alteza montagraço que por o Custume do Reino me

não Diuera tirar porque avya quinze annos que o Comya E o deu a Luis da Silveira. Mas foy tudo

naquela ComJunção do mesmo Luis da Silueira E o barão aconSelharem a Vossa Alteza Contra

mym. Dos quais Dinheiros de meu pay E meus elle guastou em Castela grande parte E a elle

ficarão caualos E eScrauos meus que em CaSa de meu pay estauão E todos os outros seus.

(f. 8)

Deu-me Vossa Alteza xij cruzados pouquo mais ou menos Do meu aSentamento do tempo que

o não leuey E el-Rey vaSo paij me disse sem eu nisso falar quando me fez merçe de veador da

fazenda no anno de b0 xbj que loguo mo assentarja E com neguocios que Soçederão em que

andaua pera me fazer merçe nunqua lhe mais nisso faley porque o que tinha çerto não o avya de

perder. E em tores nouas Dey a Vossa Alteza huum Rezoado de minha Justiça per Dioguo

baradas E per Afonso Fernandez com o auto que fizerão comiguo que lhe Desse it cruzados E

que elles me segurauão que serya por mym a sentença por ser a Justiça crara. Dey-ho A Vossa

Alteza E pedi-lhe por merçe que ma mandasse guardar e quiSese não o dilatar. Cimquo annos

me não Respondeo Lembrando-lho muitas Vezes senão que elle serya Lembrado nem soube a

quem Vossa Alteza Dera o Rezoado. Despois me disserão que a Bras neto E no cabo deste

tempo quando Vossa Alteza me falou que querya fazer o Conde da Castanheira veador da

fazenda passando comiguo as praticas De que se deue Lembrar, Dahy a pouquos dias me Sahyo

com o assentamento asy como per Justiça lho pedia por que lhe beiJey a mão. E em Vossa alteza

me dever este dinheiro Daquele tempo que o não Leuey bem deve de ver que não haa Duuyda

nem he couSa pera que Cumpra Letrados, pois Vossa Alteza nos Disse per sy meSmo no seu

Conselho em Lixboa que os ij cruzados que dera a dom francisco de noronha quando partira pera

frança fora por saber de Letrados que quando os homeens Requeryão suas moradias Naquelas

contias que as devião D'aver E lhas Vinhão a dar, que todo o tempo que Durou o Requerymento

Vençião as moradias. pois Sennhor mais proprio he isto nos asentamentos porque elles em

Luguar de moradias Se dão aos que mereçam E Vençen-se sem os pontos dos apontadores. E

309
pois isto estaa de Riguor de Justiça não mo deve Vossa Alteza De neguar a mym, E quando fora

por merçe queira Vossa Alteza ver quem o milhar mereçe porque Jnda que dom francisco seya tão

boa peSca meus ffilhos coteJarão co elle os mereçimentos Da pessoa.

Deve-me Vossa Alteza a terça parte da Renda que me quebrou em tomar nas moendas que

frey antonio fez em que me não foy guardada Justiça, antes Vossa Alteza mandou per huum seu

alluara que se fizesse a obra, sem embargue do que nisso tinham mandado os veadores da

fazenda, E Dahy a annos quis Vossa Alteza saber a perda que Reçeby per frey Antonio a que

deus perdoe. E per sua Carta disse a Vossa Alteza que perderya xb reais cada anno, os quaes

não quis açeitar mas haa Jaa tantos annos que fazem soma E mais pera quem elle tanto aperta

por x reais de fora de hüa quinta que pague ao mosteiro de tarouca, E pais a sua Recadação he

tão-pobre que asy me aperta por estes'X reais não São eu tão Riquo que Vossa Alteza ma não

deua de mandar paguar o que me deve dos xb reais E que eu deles por este exempro não deva

fazer conta E isto he afora outras Cousas da alcaidarya muito mais prinçipaes E outras pequenas

em que não falia.

Deue-me Vossa Alteza a Lizira de Ratões De que el Rey vosso pay me tinha feito merçe pera

fazer nella huüas maendas que me Dezião que me Custaryão

(f. 9)
0
[ ... ] reais E me Renderiãa seSenta moyos, o que he mais verdade que outra nenhüa enformação

que a Vossa Alteza Dysso Dessem sem eu ser ouuydo, E mais sete moyos de Semeadura nela, a

qual merçe Vossa Alteza confirmou. E despais mandou tomar a Lizira E aproueita-la pera sy sem

antes nem depois me dizer hüa Soo palaura nem me fazer por isso nenhüa stisfação nem merçe.

Deue-me Vossa Alteza o offiçio de escriuão dos orfãos desta Çidade de que vaSo paij me fez

merçe pera huum ffilho de Dioguo mendez aJnda que elle por eRas o perdesse E que se não

podesse nunqua partjr o offiçio. E Vossa Alteza ma confirmou tudo assij. E sendo confirmado lho

tirou ha onze ou doze annos E o mandou seruijr per huum moço d'esparas de pero Carualho E per

outro Cryado de •cristouão esteuez E per outro escriuão, os quaes te ora o seruem por ventura

com mais eras que os que cometea Diaguo mendez. faley mil vezes a Vossa Alteza E lhe

310
mandej falar pelo arçebispo que he de bragua Sem aver por seu serujço de me compryr os

aluaras de seu paij E seus nem me daar nenhüa satisfação nem aver por bem que apresentasse

pescas que o Seruyssem de milhares gerações E Custumes que os Crjados de pero Carualho E

•cristouão esteuez.

Deue-me Vossa Alteza os iij cruzados que aguara ouue por seu serujço que lhe emprestase

A vendo tantos dos Vasos cantinas E não de tanto tempo como eu que nenhüa cousa emprestarão

E outros muitos a que Vossa Alteza o não pedia, que todos com mais Rezam o diueram de

emprestar aJnda que não quijseSem por quão grandes honRas E merçes tem Reçebidas de

Vossa Alteza pera suas calidades.

Na casa da Jndia me são Deuydos haa xxbij annos bj" cruzados que nunqua pedy. deos Sabe o

porque E não o diguo porque era pequyçe minha em tão pequena cousa.

ffez-me Vossa Alteza merçe do que tenho pera meus ffilhos E aJnda não entrou nisto os Cem

mil reais da Jndia. eu lha tiue E tenho em muy grande merçe mas Senhor de cem annos pera ca

poderya Vossa Alteza ver como ficarão muitos ffilhos de muitos homens que com os offiçios dos

Reijs farão Cantinas em seu Serujço E dos que o foram no VaSo. E as merçes que pera elles

ouueram por çerto Sennhor não Serujram milhar que eu nem mais tempo nem Com tanta despesa

porque a não tinham. E também deve Vossa Alteza olhar como Se contentaram que seus filhos

fiquem os que aguara asij o seruem.

Assy que o que de Renda tenho medrado he d'el Rey VaSo pay Cl reais que valia a

alcaidarya de tomar e Clx reais que Val o ordenado do offiçio de veador da fazenda, E çem mil

reais de tença que Val tudo iiii"x reais. em moradia E asentamento não falo porque entram aa

conta de me fazer Conde pera o assentamento E d'estar em seus Liuros pera a moradya.

(f. 1O)

Vossa Alteza me fez merçe de xxxbij reais com o offiçio de Camareiro moor Do prynçepe E de

Lx reais de tellÇa, E de xxxb em hüas capelas E de C reais pera a Jndia que huns annos pelos

outros Valem ii{l reais que Val tudo iiij0 Lxxxij reais E isto com os Descontos E Diujjdas Açyma

ditos que em Renda Soomente Valem CaSy tanto de maneira que ate oJe de meus Seruijços

311
não tenho de Vossa Alteza Avijda nenhuüma satisfação, aalem do que me deue do meu em foro

de Conçiençya.

Se em allgüas destas cousas ouuer Repryca queira Vossa Alteza que seya eu ouuydo porque

com minha enformação veraa que todas asy passarão E que he Justiça E Rezão a que diguo que

nelas tenho.

pelo qual peço a Vossa Alteza cofirando bem todas estas cousas meta a mão em sua vertude

E com ellas se Lembre de mym E o faça em tudo como lhe bem pareçer. E quanto mais em geral

lho peço milhar espero que o veJa E o determine. E peço por merçe a Vossa Alteza que aJa que

assym me acho quebrantado E Cansado e cortado que o modo de viuer que tomo enquanto me

não achar milhar he pera poder Viuer E me Restaurar pera o Seruyr E com algüa pequena de

Lembrança de minha alma.

Pode ser que do mereçimento da pessoa E das pessoas lhe farey outro papel pera ser a

satisfação dele estimar-me Vossa Alteza Como eu mereço E paguardes-me com amor o que eu

Sempre tiue ao Vosso Verdadeiro serujço.

(f. 11)

Estas são as merçes que me Lembrão que Vossa Alteza fez E não todas procurey de saber as

que não Sey que são Jnfindas e nomea-las-hey pela preçedençia do tempo segundo me Lembrar

E primeiro as dos titulas E todas são muito bem mereçidas dos que as Reçeberão E soomente as

Lembro em comparação das que Reçeby:

ffez Vossa Alteza merçe a dom TheodoSyo Do titulo de duque de barçelos E aguara em seu

testamento lhe fez a moor merçe que nunqua foij feita em portugual. Segundo dizem que lhe Deu

a casa de braguança per Contrato E condição de Casamento pera seu Jrmão se não ouuesse

filhos de sua molher. E não falo no dote nem nos Dinheiros que lhe soltou que pertençião a Vossa

Alteza que tudo foij hüa grande Soma;

ffez merçe Do titulo de duque D'aveiro ao marques de torres nouas;

312
fez merçe ao Conde D'alcoutim do titulo De marques De villa Real E de sua Casa pera sua filha

com a guovernança deuyta contra Ley mental;

fez Vossa Alteza per seu faleçimento a este menino seu ffilho do mesmo titulo de marques De

villa Real E a elle mandou co a emperatryz E lhe fez merçe de Dinheiro da hijda E Vinda aalem

do que lhe deu o Emperador E lhe fez merçe da Renda de santarem que seu pay tinha E pera o

ter em seu Comselho lhe fez merçe de CL reais cada mes pera aJuda de Custa, o que nunqua se

deu a nenhum homem em portugual que eu sayba, E mais em tempo das neçessydades de

Vossa Alteza;

fez Vossa Alteza merçe ao Conde de tentuguel Do titulo de marques de fereira E do paul de

Juro E de herdade que Val huum Conto E meo de Renda E hum conto quando Val pouquo E

Rendeo Jaa dous E el Rey que deus tem lhe fez merçe do Seu pera seus filhos que Val de Renda

perto de quatro Contos sobre tantas Villas e Vasallos;

fez Vossa Alteza merçe a Luis da Silueira do titulo De Conde de sortelha E lhe deu a meSma

Sortelha E o offiçio de guarda moor de Vossa Alteza pera seu filho E outras tantas merçes de

dinheiro E doutras couSas como Vossa Alteza seraa Lembrado;

fez Vossa Alteza merçe a dom pedro de Sousa Do titulo de Conde do prado E comprou a terra

do prado de Juro por seu dinheiro em tempo de suas neçessydades pera lhe fazer della merçe E

lhe fez merçe do Reguemguo de beJa que dizem que Val b0 reais de Renda E em tempos

esteriles muito mais, E pera seus netos lhe tem feito merçe do seu, De por vida, que Val hum

conto E çem mil reais de Renda;

313
(f. 12)

ffez Vossa Alteza merçe a dom Antonyo do titulo de Conde de Unhares E da mesma vil la que

he muy boa E de todo o seu pera seus ffilhos E dos offiçios ou satisfação que Val de merçe de

Renda o de por Vida huum Conto E tantos mil reais;

ffez Vossa Alteza merçe a Dom Antonjo de tayde do titulo de Conde da castanheira E de veador

da fazenda cetera E de tudo o que tem na ordem, casa da Jndia E Uzirias que he o que Vossa

Alteza E o mundo Sabe E de huum poço de ouro em Dinheiro segundo dizem; fez Vossa Alteza

merçe a Dom pedro de Crasto do titulo de Conde de monsanto;

ffez Vossa Alteza merçe De titulo de Conde pera seu filho ao Conde almirante;

ffez Vossa Alteza merçe ao barão velho de titulo de Conde que não ouue efeito por não cheguar

ao termo que lhe tinha Dado pera o ser E a seus filhos tantas merçes E tantas honras como o

mundo Vee Aalem de tudo o que seu paij tinha E o offiçio;

No anno de xxuiiij• fez Vossa Alteza frey João de chaues bispo de Viseu;

No anno de xxb fez Vossa Alteza merçe per faleçimento de frey João do mesmo bispado a dom

miguel da silua, fficando-lhe o seu ofiçio E mosteiros, o qual ofiçio não me Lembra se deu Vossa

Alteza por elle algüa satisffação ao Conde de Unhares;

No mesmo anno fez Vossa Alteza merçe a dom martinho do titulo d'arcebispo do funchal;

314
No anno de xxxiij fez Vossa alteza merçe a francisco de melo de bispo de guoa E não o

aceytou;

No mesmo anno a dom manuel de sousa de tomar E não o aceytou;

No mesmo anno A Dioguo ortiz do bispado de São thome;

No mesmo anno A bras neto de bispo de Santiaguo;

A Antonjo d'azeuedo o bispado d'angra;

Por seu faleçimento ffez merçe do mesmo bispado a manuel de noronha E o nam quis;

No mesmo ffez Vossa Alteza merçe do bispado de ceyta a frey dioguo da Silua;

No memo anno de b0 xxxbj ffez Vossa Alteza bispo do bispado de guoa ao frade que Laa estaa;

(f.13)
0
No mesmo anno a mestre baltesar do bispado do porto com penssão de mil b cruzados que

Dizem que sempre Vossa Alteza lhos mandou paguar De vossa fazenda te que o Liurou da

pensão;

No mesmo anno Ao aguostinho o bispado d'angra;

No mesmo anno ao pinheiro o bispado de çafjm;

315
Per faLeçimento do bispo de tangere ao mesmo pinheiro fez Vossa Alteza merçe do bispado

detangere E nesta Vaguante de muita Renda;

No anno de b0 xxxbiif a mestre parue o bispado de Santiaguo;

No mesmo anno o bispado do aLguarue a dom manueL de sousa;

No anno de Rta. o arcebispado de Lixboa a dom fernando o bispo de Lameguo E a elle mesmo

aLem doutras muitas merçes E muitas vezes de muito dinheiro pera aJuda de Custa lhe fez merçe

do offiçio de Capelão moer porque Vossa Alteza deu a dom pauLo o mosteiro de aVeLaãs que

VaL bj" reais de Renda que pretendia o arçebispo do funchaL;

No mesmo anno fez Vossa Alteza arcebispo de bragua a frey dioguo da siLua E o dinheiro pera

as Letras ou os JntereSes delle tanto tempo;

No mesmo anno o bispado de çeyta ao adayão;

No mesmo anno Ao aguostinho o bispado de Lameguo E Soltou o bispado das Jlhas;

No mesmo anno a Ruij gomez (sic) pinheiro o bispado d'angra;

Ao frade Domenjco o bispado de são Thomee;

No anno de Rb bragua A Dom ManueL de Sousa co depoSito;

No mesmo anno o bispado de miranda a dom Torybio Iopes;

316
No mesmo anno coJmbra a frey João co deposito;

No mesmo anno Leyrya a frey bras;

(f. 14)

Çeijta a dom gemes (sic) co Deposito;

o bispado do alguarue ao arçebispo do funchal.

quem ha de nomear os mosteiros De que Vossa Alteza proueo a tantos E as penSões que deu

a tantos E as que Vossa Alteza de sua Casa a alguns paguou Enquanto lhas não Remijo?

Serya Comprydo proçesso Dizer todas as comendas de que Vossa Alteza ffez merçe a tantos E

em Soma todas as que Vaguaram Vossa Alteza proveo des que Reynou Vaguaram Casy todas.

E assy o serya das outras merçes mas Soomente Direy algüas que fazem ao preposito:

Ao Conde de penela o offiçio de Veador da fazenda E a Jlha do foguo E pera os engenhos que

fez as armações De que lhe fez merçe com que os fezz que me Dezia Damião diaz que Valião

mais que quanto eu tinha;

Ao Conde de Villa noua o que tinha pera seus ffilhos E a seu filho Villa Noua que não açeitou

pera o Seu, E os ofiçios de Camareyro moer E meirinho moer E as merçes Das ffilhas;

Ao Regedor que seruysse o offiçio por seu pay estando seu pay em montemoor o Velho

Leuando boa Vyda; E despois merçe do offiçio pera Dyoguo da Sillua; E do offiçio de guarda moer

317
do prynçipe nosso senhor para Ruy pereira; E osliij" reais de Renda pelos do mestre sem

obryguação senão por merçe; E a alcaidarya moor de laguos; não falo em casamento pera

ffilhas nem em outras merçes de que eu não Saberya parte nem mandado;

A vosso amo tudo o que elle tinha E em sua Vida Seruyão dous genros Seus o offiçio por elle. E

por sua morte fiquou a huum delles;

Ao Secretaryo assy mesmo Seruyão por elle em sua Vyda seus filhos seu ofiçio E por sua morte

fiquou como Vossa Alteza sabe;

(f. 15)

Ao Conde do Redondo as suas Comendas que Valem biij0 reais E C reais de Juro E arzilla

pera seu ffilho E neto;

todas as pessoas a que fez merçe do guoVerno da Jndia E a Nuno da cunha o oficio de veador

da fazenda em vyda de seu pay;

A Dom AmRique guovernador de Lixboa E as comendas E tenças a seus filhos;

A fernão d'aluarez o que dizem que tem de Renda E o aluytre da Jndia que se pode saber o

que val E os offiçios e tudo o que tem de Vossa Alteza pera seus ffilhos que Val dous contos

larguos de Renda de merçe;

Pero carualho tem mais de huum conto de Renda E Dizem que o seu Juro comprou com

Dinheiro de que Vossa Alteza lhe fez merçe E seus offiçios;

318
Ruy Carualho Dizem que bj" reais de Renda E bij ou biij cruzados em dinheiro fez consiguo pera

o CaSamento;

Guaspar gonçalvez huum conto E meo de Renda Dizem que tem;

Dom fernando de faraao o offiçio De mordomo da Rainha nossa senhora E outras merçes E

aguara quando eu emprestey, o meu iiij cruzados de merçe, E C reais de tença E aluitres pera

casamentos de ffilhos E se isto he da fazenda da Rainha nossa sennhora tudo he huum E a

vossas altezas Seruymos, tanto monta a huum como a outro por Rezão;

A Dom Duarte de meneSes o Sabugual;

A Dom guarçya seu Jrmão o que tinha Do Cardeal.

As merçes pera casamentos De damas Da Rainha nossa senhora E aos que caSarão co ellas,

Nunqua acabarya se todas ouuesse de dizer, nem eu sey a metade.

(f. 16)

Outras alcaidaryas moores E mil offiçios que serya proçesso Jmfinyto E a quem ha-d'alem-

brar. Soomente que ha hij homeens que dos aluytres E merçes que Vossa Alteza lhe tem ffeito

tem pregues d'ouro E muita Renda pera quem delles São.

todos os aluitres da Jndia que Vossa Alteza Daa delles muito grandes E outros que lambem

São muito grandes segundo as pessoas a que os Daa ...

319
• O ano de 1545, data provável da redacção destas Lembranças, foi calculado a partir de
referências percebidas no documento que transcrevo e confirmado na menção feita a um papel
deste tipo enviado a Évora a D. João III neste mesmo ano, colhida no Apontamento do
Testamento do Conde do Vimioso O. Afonso que Caetano de Sousa copiou do Cartório da Casa
do Vimioso e publicou nas Provas do Livro X da História Genealógica da Casa Real Portuguesa,
T. v- 11 (pp. 359-364), p. 361.

320
XXXIV

1547, Novembro, 24. Lisboa. Carta régia determinando a limpeza de sangue de importantes ofi-
ciais da Fazenda cristãos-novos que no âmbito do seu ofício e fora dele prestaram inestimáveis
serviços a D. Manuel e ao próprio D. João III. Refere-se a Alvaro Pacheco, antigo Provedor e
Feitor-mar das alfândegas e rendas, e a Gaspar Pacheco seu filho, Provedor das rendas do Reino,
bem como a familiares próximos como a mulher deste, a irmã e o cunhado, Diogo Fernandes das
Póvoas, então Provedor e Feitor-mar das alfândegas e portos. Lisboa, ANTI, Chancelaria de
D.João III, Liv. 70 -14V.

Dom João cetera faço saber a quamtos esta minha carta virem que avemdo eu Respeito aos

serujços que a el Rey meu senhor E padre que samta glorja aja E a mym fez aluara pachequo que

foy prouedor E ffeytor moer das allfamdegas E Remdas de meus Reynos, E asy aos que me them

ffeitos gaspar pachequo seu filho caualeyro fidalgo de minha casa, prouedor de minhas Remdas

do Reyno asy no dito ofiçio como na çidade de tamJere omde foy seruir com caualos E homeens a

sua custa, E por ser emformado de quam bem o ele la fez o prouy quamdo veyo do abito da

ordem E cavalarja de noso senhor +Jesuu •crista E avemdo outrosy Respeito a me ter bem

serujdo em outros cousas de que ho emcarregey E como em tudo deu de sy boa comta, E por

folgar de lhe fazer merçe, E asy a giomar Rodriguez sua molher E a moor pachequa sua lrmaã

filha do dito aluara pachequo E molher de dioguo ffernamdez das poucas caualeiro fidalgo de

minha casa prouedor E feytor mor das allfamdegas E portos de meus Reinos, pelos ditos

Respeitos E pela minha boa emformação que delles E de seu viver tenho, por esta presemte

carta, de meu moto propio certa çiemçia ey por soprjdos todos E quaesquer defeitos que os ditos

gaspar pachequo E sua molher E moer pachequa sua Jrmaã E todos seus deçemdemtes tenham

ou posam ter por se dizer que saão +cristaãos novos E ey a todos os sobreditos E a cada huum

321
deles E a todos seus desçemdemtes por apartados da geraçam de +cristaãs novos como se

seus pays, avoos E bisauos naçeram E foram •cristaãos limdos E numqua foram da dita geraçam.

E quero E me praz que nam aJa lugar neles ordenaçam algüa nem estatutos nem ordenamças

que ata ora sejam feitas ou ao diante se fizerem sobre +cristaãos novos porque eu ey por bem que

se não emtemda aos sobreditos nem em todos seus deSçemdemtes. E mamdo que sejam em

todo Regulados E avjdos por +cristaãos velhos, como se numca foram +cristaãos novos nem desa

geraçam vieram. E ey por derogadas todas as lejs ordenações estatutos custumes ou estillos que

pera nam aver lugar o que dito he sejam ou forem em comtrario posto que seja neçesarjo ffazer

dellas expresa memçam de Verbo a Verbo. E posto que tenham clausola que deroge outras

derogatoreas porque todas as que em comtrario dito forem ey por casadas, nulas J Ritas (sic) E

que não tenham força nem vigor alguum como se cada huüa dellas aquy fase expresamemte

derogada. o que todo o sobredito E cada cousa per sy quero, mamdo, detremino E despenho de

minha certa çiemçia, poder Reall E ausalluto se neçesarjo for porque minha merçe E vomtade he

que pera sempre se cumpra \todo/ o sobredito, sem numca em tempo allguum poder ser quebrado

nem derogado todo o comteudo nesta carta, posto que se posa dizer que se ouuera de ffazer nela

memçam d'allguum outro defeito, ou que se ouuera de fazer algüa derogaçam expresa, sem

embargo da ordenaçam do liuro segumdo titolo coremta E noue dizer que nam abasta geral

deroguaçam mas que expresamemte se deroge allgüa ordenaçam com declaraçam da sustamçia

della, porque tudo ey por soprjdo E derogado com as clausolas sobreditas de minha çerta çiemçia

E poder ausaluto como dito he. E Mamdo que ao trelado desta carta em ppubrjca forma se dee

Jmteira fee E se cumpra em todo como esta propria original a quall lhe mamdey daar per mym

assynada E aselada com ho meu selo de çhumbo <.> dada em lixboa, a xxiiij dias do mes de

novembro <.> Joam de seixas a fez <,> Anno do naçimemto de noso senhor+ Jesuu •crista de
0
mill b Rbij. manuel da costa a fez escreuer •

Comçertada Conçertada

Ipor Amtonio Vieira I Ipor manuel gomez I

322
XXXV

1547, Novembro, 28. Lisboa. Mercê de O. João III concedida ao Duque de Bragança para que
possa arrendar e arrecadar as suas rendas, bem como facultativamente dispor dos offcios dos
seus agentes, à semelhança do modo por que se efectuam tais iniciativas na Fazenda Real.
Lisboa, ANTI, Chancelaria de O. João III, Liv. 70- 2V.

Eu ell Rey faço saber A quamtos este meu alluara virem que eu ey por bem por fazer merçe ao

duque de braguamça E de barçellos meu muito amado E prezado sobrinho que elle aRemde E

mamde aRemdar E aRecadar todas suas Remdas asy E da maneira que se aRemda e aRecada

as minhas Remdas per meus offiçiaees per bem do Regimemto de minha fazemda, do quall o dito

duque per sy ou seus ofiçiaees podera vsar nesta parte lmteiramemte. E quamto a vemderen-se

os offiçios dos seus allmoxarifes pelas diujdas que ficarem devemdo ficara em liberdade do dito

duque pera o poder mamdar !fazer segumdo forma do dito Reguimemto ou não como lhe pareçer

E vier milhar <.> Notefico-o assym a quaeesquer Justiças offiçiaees E pescas a que este alluara

!for mostrado E o comteudo pertemçer E lhes mamdo que asy o cumpram E guardem E façam

comprir E guardar como nele he comteudo, o qual! quero que valha como carta per mym asynada

E aselada do sello pemdente E passada pela chamçelaria sem embargo da ordenação do

segumdo liuro titulo 20 que diz que as cousas cujo Efeito ouver de durar mais de huum anno

pasem per carta E nam per alluara <.> Ayres fernamdez o fez em lixboa a xxbiij dias de novembro

de mill quynhemtos coremta E sete •

Concertado Concertado

I Luis carualho I I Manuel gomez I

A margem esquerda : o duque de bragança

323
XXXVI

1548, Janeiro, 25. Lisboa. Avaliação e transacções do ofício de Recebedor da Alfândega e porto

de Arronches. Lisboa, ANTT, Chancelaria de D. João III, Li v. 70 -- 9v, 1O

Dom João catara A quantos esta minha carta virem faço saber que por parte de francisco

tauares morador na Villa d'aRomchez me foy apresentada hüa minha carta de oficio de Recebedor

d'allfamdega E porto da dita villa per mym asynada E aselada E passada pela chançelaria, da

quall o teor tall he: 11 dom João per graça de deus Rey de portuguall E dos allgarues d'aquem E

d'allem maar em afrjca, senhor de gine E da comquysta, navegação comerçio d'ethiopia, arabia,

persya, E da lndia A quamtos esta minha carta virem faço saber que comfiamdo eu de ambrosyo

marquez crjado de dom Rodrigo lobo, do meu comselho E vector de minha fazemda, que nisto me

serujra bem e fielmente como A meu seruiço compre, queremdo-lhe fazer graça E merçe tenho

por bem E lhe faço merçe do offiçio de Recebedor d'allfamdega da villa E porto d'aRomchez, asy

como o ele deve

(f. 1O)

E como o foy bemto gero que o dito ofiçio tinha E lhe foy tomado para mym em preço de lx reaes

em que esta avalliado em minha fazemda, E por diujda de seu Reçebimemto, dos quaees sesemta

mil I reaes o dito bemto gero levou mamdado para lhe serem levados em comta com o quall offiçio

o dito ambrosyo marquez avara de mamtimento de cada huum ano ij reaes a custa dos Remdeiros

quamdo a dita allfamdega for aRemdada, E quamdo não a minha. porem mamdo ao meu

prouedor em a dita comarqua que o meta logo em pose do dito ofiçio E lhe leixem seruir usar E

aver o dito mamtimento E todollos proees e percalços que lhe direitamente pertemçerem sem lhe

niso ser posta duujda nem embargo alguum porque asy he minha merçe. Ele jurara aos samtos

avamgelhos que syrua bem E verdadeiramemte guardamdo em todo a mym meu seruiço E as

324
partes seu direito. E o dito juramento lhe sera dado em minha chamçeLaria omde pagou

d'ordenado seys mil reaes que ficam carregados em Reçepta sobre o Recebedor della, E ele dara

fiamça ao dito Reçebimemto segumdo forma de meu Regimento. manueL da costa a fez em allujto
0
aos xxiiij d'outubro Ano de noso senhor •Jesu •cristo de mill b xxxj. ffernão d'alluez a fez

escreuer • Pedimdo-me o dito francisco tauares que lhe mamdase fazer carta do dito ofiçio em

seu nome porquamto ele comprara, per minha Liçemça ao dito ambrosyo marquez como se vyo

per huum alluara da dita liçemça, que me apresemtou, E per huum publico estormemto de

Renuciaçam que pareçia ser feito E asynado per João gomez notairo na dita villa d'aRomchez aos
0
dezanoue dias do mes de dezembro do anno pasado de mil b Rbij com testemunhas em elle

nomeadas. E queremdo-lhe fazer graça E merçe tenho por bem E o dou ora por Reçebedor

d'allfamdegua da dita Villa E porto d'aRomchez, asy como o ele deue ser E como ate quy o foy

ambrosyo marquez que o dito ofiçio tinha. Com o quall ofiçio avera de mamtimemto em cada hum

anno ij reaes a custa dos Remdeiros quamdo a dita allfamdega for aRemdada E quando não ha

minha. E porem Mamdo ao comtador da dita comarqa que o meta logo em pose do dito ofiçio E

lho leixe serujr vsar E aver o dito mamtimemto E todollos proees e percalços que lhe direitamemte

pertemçerem sem lhe niso ser posta duujda nem embargo allguum, porque asy he minha merçe. E

elle jurara aos samtos avamgelhos em minha chamçeLaria que sirua bem E verdadeiramemte

guardamdo em todo meu seruiço E as partes seu direito. E pagou d'ordenado x reaes per

Renuciação E o terço, que ficam caregados em Reçepta sobre o Reçebedor della, segumdo se
0
vyo per hüa certidam de pero gomez •sprivão della feita aos xxiiij dias de Janeiro de mill b Rbiij. E

ele dara fiamça ao dito Reçebimemto segumdo fforma de meu Regimemto amtes de serujr o dito

ofiçio. E a carta que tinha o dito ambrosyo marquez E alluara de Liçemça E Renuciação I [comJI

tudo ffoy Roto ao asynar desta Amtonio d'abreu a fez em lixboa a xxb dias de Janeiro, Anno do

naçimemto de noso senhor • Jesuu •cristo de mill b0 Rbiij annos. E eu amtão sequeira a fiz

espriver •

Concertado Conçertada
I Joam da costa I manuel gomez I

325
XXXVII

1548, Março, 7. Lisboa. Mercê relativa ao aluguer e utilização de sacos para o transporte de trigo e
biscoito das armadas do rei, por parte de oficiais das Casa da fndia e Mina, dos Armazéns de
Usboa e dos fomos de Vai de Zebro. Lisboa, ANTT, Chancelaria de O. João III, Li v. 70 - 23.

Eu ell Rey ffaço saber a vos feytor E officiaes das casas da lmdia E mina E ao prouedor de

meus allmazeens desta çidade de lixboa, e ao allmoxarife dos fornos de vali dazevro E a

quaeezquer outros meus offiçiaees desta çidade que eu ey por bem E que me praz que os sacos

que se ouuerem mester pera seruiços de todas as ditas casas pera trigo E biscouto de minhas

armadas se tomem a Isabel Rodriguez Barosa, molher de charceles fernamdez, caualeiro de

minha casa, ou a pesoa que por ella estiver. E que lhe page o alluger E serujço dos ditos sacos a

Rezão de meyo real por dia, de cada huum delles E se não tomem d'outra allgüa pesoa Assy

como o tinha comçedido per minha proujsão a João pimto que se finou, porquamto me praz fazer

dello merçe a dita Ysabel Rodriguez em sua vjda. E ey por bem que este alluara Valha E tenha

força E vigor como se fose carta per mym asynada pasada per minha chamçelaria sem embargo

da ordenação do segundo liuro titolo vymte que diz que as cousas cujo efeito ouuer de durar mais

de huum anno pasem per cartas E pasamdo per aluaras não valham <.> ffrancisco Jacome o fez
0
em lixboa a bij de março de mill b Rbiij". E Isto se emtendera nos sacos que se ouuerem de tomar

pera as ditas casas •

Concertado Concertado
ILuis carualho I Por manuel gomez

A margem esquerda: Isabel Rodriguez Barosa

326
XXXVIII

1548, Abril, 5. Lisboa. Nomeação régia de Belchior Nunes Peçanha para Escrivão exclusivo dos
feitos relativos à Fazenda do rei de que for juiz o Dr. Rui Gago e em que entre como parte o
Procurador daquele. Substitui nessas funções Cristóvão Álvares, a quem comprou o ofício. Lisboa,
ANTT, Chancelaria de D. João 1/1, Liv. 70- 143, 143v *

Dom Johão cetera A quamtos esta minha Carta virem ffaço saber que comfiamdo eu de belchior

nunnez peçanha que no ofiçio de +sprivão dos meus ffeitos de minha fazem da me seruira bem E

como cumpre a meu serujço ey por bem E o dou ora daquy em diamte por eScriuão dos ditos

meus ffeitos de que conheça E he Juiz o doutor Ruy guago d'amdrade ffidalguo de minha caSa E

Juiz dos ditos meus ffeitos E em que ffor parte o meu precurador na dita fazemda posto que por

minhas proujsões se tratem em outros Juizos o qual ofiçio elle comprou per minha Liçença a

+cristouão aluarez de matos que o Renumçiou segumdo vy per hum estromemto de

Renumçiaçãoque pareçia ser soescrito per dioguo orelha publico tabeliam em esta çidade de
0
lixboa E asynado de seu sinal publico feito a xxxj dias d'aguosto do anno pesado de b Rbij com

testemunhas em elle nomeadas <.> E me praz que o dito belchior nunnez seJa eScriuão E

eScreua soo em todos os ditos feitos como dito he sem nemhüa outra pesca eScreuer nelles

porquamto por o eu asy semtir por meu seruijço E milhar despacho das partes ouue por bem que

todos os ditos feitos amdasem Jumtos em hüa soo pesca que delles ffose +sprivão que foy o dito

+cristouão aluarez que lho vemdeo com o qual ofiçio o dito belchior nunnez lera E avara cada

anno de mamtimemto do dia que comecou de serujr per minhas proujsões em diamte dez mjll

reaes que lhe serão pagues na minha chamçelaria da corte aa custa de minha fazemda dos xb

327
reaes que o dito •cristouão alluarez tinha porque os cimquo mil! reaes que falleçem se tirarão pera

o • sprivão que ha-de eScreuer os ffeitos de minha fazemda

(f. 143v)

do neguoçio da lmdia de que he Juiz o Liçençiado bernaldim esteuez do meu desembargue E asy

avera todolos proees E precalços ao dito offiçio djreitamemte ordenados como os tynha E avya o

dito •cristouão aluarez E milhor se os elle com djreito poder ter E aver <.>E mamdo ao dito doutor

Ruy guago que o meta loguo em pose do dito ofiçio pera o serujr na maneira que dito he E aver o

dito mamtimemto proees E precalços E lhe faça emtregar todos os ffeitos autos liuros E papees

que ao dito ofiçio tocarem E asy mamdo a quaesquer Julgadores em cujos Jujzos se tratarem

ffeitos meus que pertemção a minha fazemda em que for parte o dito meu precurador que

cumprão E fação Jmteiramemte comprir esta carta como se nella comtem E leixem eScreuer nos

ditos ffeitos o dito belchior nunnez como dito he o qual guozara de todolos pryuilegios graças

liberdades que per minhas I[ proujsões Jl ordenações sam comçedidas ao eScriuão dos meus

ffeitos da casa da sopricação E lhe seja lmtejramemte guardados E ele Jurara em minha

chamçelaria aos samtos avamgelhos que bem E verdadeiramemte sirua o dito ofiçio guardamdo

em todo meu serujço E as partes seu djreito E paguou d'ordenado nella quimze mil! reaes que

ffiquão caregados em • Receita sobre o Reçebedor da dita chamçelaria E por esta carta mamdo

ao eStrebujdor que os ffeitos de que o dito doutor Ruy guago asy ffor Juiz E parte o dito meu

precurador os estrebuya e de todos do dito belchior nunnez E a outro eScriuão não E aos ofiçiaes

de minha fazemda que façam asemtar os ditos x reaes de mamtimemto no liuro das ordinarias

della E leuar cada anno no caderno do asemtamemto da dita chamçelaria pera aver delles

pagamemto <.> E a carta do dito •cristouão aluarez E aluara de Liçemça E estromemto de

Renumçiação ffoy tudo Roto ao asynar desta <.> ayres fernamdez a fez em lixboa a cimquo dias

d'abrill de jb0 Rbiij" 11 não faca duujda no RiScado que dizia prouisões que se fez por Ir na

verdade •

328
Conçertada Concertada

IAmtonio Vieira I Ipero d'oliueira I

Na margem esquerda: belchior nunnez peçanha officio

• Antes deste documento, em nove linhas, e na margem esquerda da primeira folha, em catorze
linhas, foi redigida e assinada por Cristovão de Benavente, escrivão da Torre do Tombo, uma
Verba datada de 3 de Janeiro de 1564.

329
XXXIX

1549, Março, 21. Almeirim. Mediante compra do ofício autorizada pelo rei, prévio exame do
candidato na Fazenda e pagamento dos direitos ordenados, nomeação régia do novo juiz das
sisas de Pedrógão Grande. Lisboa, ANTT, Chancelaria de D. João III, Liv. 70 -137v

Dom Johão cetera A quamtos esta minha carta virem ffaço Saber que comfiamdo eu d'amtonio

arnão escudeiro morador na vylla do pedroguão gramde que nisto me serujra bem E fielmemte E

I I
queremdo-lhe ffazer graça E merçe tenho por bem e o dou (aos] daquy em diamte por Juiz das

sysas da dita villa E seu termo asy E pela maneira que o ele deue ser E o ate quy ffoy manuel

colaço morador na dita villa que o dito offiçio tynha per minha carta E o nele Renumçiou por hum

pubrico estromemto de Renumciação que pareçia ser ffeito na vyla de figueiro dos vynhos por

Lopo leitão publico tabeliam nela E asynado de seu ppublico synal aos xj dias do mes d'aguosto
0
do anno de jb Rbj com testemunhas em ele nomeadas a qual Renumçiação ele asy fez per

vertude de hum meu aluara de que o teor tal he como se ao diamte segue: 1f barão amiguo ey por
bem dar Liçemça a manuel colaço Juiz das sysas da villa do pedrogão gramde pera vemder o dito

offiçio a hüa pesoa aula a qual pasareis carta em fforma do dito offiçio mostramdo sua

Renumçiação E a carta que o dito manuel colaço dele tem E paguamdo primeiro os direitos

ordenados <.> ayres fernamdez o fez em euora a xiiij dias d'agosto de j b0 Rb • com o qual offiçio

o dito amtonio arnão avera de mamtimemto em cada hum anno do que as ditas sysas Remderem

dous mill reaes que lhe serão paguos a custa dos Remdeiros quamdo as ditas sysas fforem

aRemdadas E quamdo não ha custa de minha fazemda E asy to?olos proes E precalços ao dito

offiçio direitamemte ordenados per meu Regimemto E ele ffoy examinado em minha fazemda E se

achou ser auto pera ele. E mamdo ao comtador da comarça de tomar que o meta em pose do dito

330
offiçio E lho leyxe serujr E dele vsar E aver o dito mamtimemto proes E precalços da maneira que

dito he sem lhe a elo ser posta duujda nem embargue algum E o dito amtonio arnão Jurara em

minha chancelaria aos samtos avamgelhos que bem E verdadeiramemte sirua o dito offiçio

guardamdo em todo meu serujço E as partes seu direito na quaL ele paguou d'ordenado dele lf
0
b xxxiij reaes em que emtrão o terço por ser por Renumciação que fforão caregados em Recepta

sobre o Recebedor dela como se vio per seu conhecimemto em forma que foy Roto ao asynar

deSta com o dito estromemto de Renumciação E aluara de Liçença E com a carta que o dito

manueL colaço tynha do dito ofiçio <.> luis tauares a fez em almeirim a xxj dias de março do anno

do naçimemto de noso senhor+Jesu +crista de j b0 Rix •

Comçertada Comçertada

IAntonio Vieira I IPera d'oliveira I

Na margem esquerda, em letra diferente:

'!!antonio arnão nesta conteudo nam ha-de seruir mais Este officio de juiz das sisas porquanto

Sua Alteza ouue por bem extinguir o dito officio e em satisfação delle lhe deu de tenca cada ano

deus miL reaes em dias de Sua uida pagos no aLmoxariffado de tomar e lhe pasou diso prouisão

pera se uencer de janeiro de b0 lxxiiij em diante E lhe ser pago o que lhe era diujdo antes <.>

portanto se pos Esta uerba per mandado do dito senhor conteudo na dita prouisão que foi feita em

euora a xxx dias de junho dãj b0 lxxiij a qual uerba a pus eu •cristouão de benauente escriuão da

torre Do tombo.

I+cristouão de benauente I

À margem esquerda: Amtonio ar.não I ofiçio

331
XL

1549, Julho, 9. Lisboa. Demanda contra o Recebedor da sisa dos panos de Vila Viçosa, movida
pelo candidato ao ofício, inicia um processo judicial que o Barão do Alvito, Vedar da Fazenda, em
nome do rei ordena que seja conhecido e sentenciado, com apelação e agravo, pelo Contador da
comarca de Évora e Estremoz. Dada a presença das partes na Corte, acaba por se permitir que o
caso venha a ser julgado no Juízo da Fazenda. Lisboa, ANTT, Chancelaria de O. João III, Liv. 67 -
- 166V, 167.

Dom Joam cetera A quamtos esta mynha carta virem faço Saber que diogo aluarez morador em

Vyla Viçosa me emviou dizer que framcisco Caualeiro Recebedor da sySa dos panos da dita Vyla

aVia quatro anos pouquo majs ou menos que não seruja o dito oficio E andaua ausemlado por

diujdas que ficaua deuemdo do dilo Recebymemto e por ma comia que dera de sy E pela qual
Rezam

(f. 167)

perdia o dito oficio pelo asy leyxar de serujr tamto tempo E eu o podia dar a quem me prouvese

pedimdo-me lhe fizese \dele/ merçe E Vjsto seu Requerymemto queremdo-lhe fazer graca e merçe

tenho por bem E lhe faço merçe do dito oficio se asy he como me emViou dizer E o dito framcisco

Caualeiro pelo dito caSso o perde E eu com djreito lho dar poso <.> E portamto mamdo ao

comtador da comarqua d'eVora E estremoz que semdo o dito framcisco caualeiro peramte ele

citado, o ouca Judiciallmemte com o dito diogo aluarez E lmdo pelo feyto em diamte achamdo que

he asy per lmquerjcam de testemunhas que Sobre yso tirara E pela majs proua que for neceSarja

E que o dito framcisco caualeiro perde o dito ofiçio pelo dilo CaSo o Julgue asy per sua semtem-

ça defenetiua dando apelacão E agrauo as partes pera omde pertemçer E semdo Julgado na mar

alcada que o perde meta em poSse dele o dito diogo Aluarez E lho leyxe serujr E dele vsar E aver

332
de mamtimemto em cada huum Ano a Rezam de Sasemta reaes por mylhejro do que a dita sySa

dos panos Remder ate chegar a comtia de Ires mjll reaes em cada huum Ano e majs não posto

que majs Remdão os quaes lhe seram pagos a custa dos Remdeiros quamdo a Remda for aRem-

dada E quamdo não ha de mynha fazemda E asy avera os proes E percalcos que lhe

pertemçerem per Regimemto do dito oficio semdo em pose dele goardamdo em todo meu seruyço

E as partes seu direito E pagou d'ordenado na dita chamcelaria quatrocemtos reaes so Recebedor

dela sobre o qual foram caregados Em Receyta como se vyo por hum seu conhecimemto E

do •stprivam de seu cargo que os sobre ele caregou na dita Reçeyta <.> el Rey noSo senhor o

mamdou pelo barão d'aluyto Vedar de Sua fazemda <.> djogo Iopez o fez em lixboa aos sejs dias

do mes de Julho Ano do nacimemto de noSo senhor • Jesu •crista de jb0 Rix Anos <.> E por

quamto se diz que o dito framcisco caualeiro amda nesta corte omde o dito djogo aluarez o quer

demamdar pelo comteudo nesta carta pode-Lo-a çitar no Jojzo da fazemda omde o Jujz E

desembargadores dela os ouujrão E farão no caSso comprimemto de Justica posto que a

dita carta vaa der I[ r Jl emçada ao comtador da comarqua pera peramte ele Se fazer a dita

demamda em lixboa a ix de Julho de jb0 Rix. diz na amtrelynha: dele, E no mail •esprito remçeda,

E fese (sic) por jr na verdade.

Concertada Com certada

Iluis carualho I IJoam da costa I

Na margem esquerda: Diogo aluarez oficio

333
XLI

1549, Junho, 1o. Lisboa. Ucença régia para que o filho sirva como Escrivão dos feitos e causas da
Fazenda perante os Vedares e Desembargadores desta, na vez do pai, detentor do ofício, mas
demasiado ocupado como Escrivão dos feitos do rei na Casa da Suplicação. Lisboa, ANTI,
Chancelaria de D. João III, Liv. 67 - 166

Eu eiRey faço Saber A quamtos este meu aluara virem que eu ey por bem E me praz que Lujs

de neyva ffilho de Amtonio de nejva • stprivam dos meus feytos da caSa da Soprjcacão • stpva

em lugar do dito seu pay em todolos feytos E cauSas em que I[h]ao dito seu pay por Rezão do
dito oficio pertemçer • stpriver peramte os Vedares E desembargadores de mjnha fazemda por ele

ser ocupado na Relacão da dita casa E não poder per sy fazer <.> Notefiquo asy aos ditos

Vedares da fazemda E aos desembargadores dela E a quaesquer outros oficiaes E pescas a que

ho conteudo deste pertemçer E lhe mamdo que lhe cumprão E facão comprjr este aluara como se

nele comtem E ele Jurara na chamcelaria aos Samtos aVamgelhos que Sirua nySo bem E

Verdadeiramemte goardamdo em todo a mym meu seruyço E as partes seu dereito E ey por bem

que este aluara valha E tenha força E Vygor como se fase carta feyta em meu nome per mym

asynada E paSada per mynha chamcelaria sem embargo da ordenação do segumdo Livro titolo

vymte que diz que as couSas cujo efeyto ouVer de durar majs de hum ano pasem per cartas E

paSamdo per aluaraes não valhão. Joam de seyxas o fez em lixboa a x de Ju I[I Jl ho de jb 0
Rix.

Manuel da costa o fez •estprever <.>diz Junho no mail •esprito •

Comcertado Comcertado
I Amtonio Vieira I IJoam da costa I

Na margem esquerda: Luis de nejua pera que posa espriver por seu pay

334
XLII

1550, Agosto, 1. Lisboa. Preito e menagem de D. Afonso de Portugal, Vedar da Fazenda, a D.


João III pelo castelo de Tomar, perante o Secretário e diversas testemunhas. Lisboa, BN, Fundo
Geral de Manuscritos, COO. 8574 "Livro de registos dos termos de menagem a el rei de Portugal
(1544-1559)", f. 6. Leitura a partir do original em pergaminho microfilmado.

Ao primeiro dia I [sJI do mes d'agosto De MDL, Na cidade de lixboa nos paços d'el rrei nosso

senhor Dom afonso de portugual conde do vimioso veador de sua fazenda, fez menagem a sua

alteza pelo seu castelo E fortaleza da vila de Thomar, Na forma Seguinte:

Muito alto E muito Poderoso Rey Dom Joham meu verdadeiro E natural Rey e senhor, Eu Dom

afonso de portugual, comde do vimioso veador de vasa fazenda, Vos faço preito E menagem pelo

vaso castelo E fortaleza da vila de thomar, de que ora vossa alteza me encarregua, E da carregue

que o tenha E guarde, E vos acolherey E Receberei no alto E no baixo dele de noute E de dia, E a

quaesquer oras E tempos que seia Yrado E paguado com muitos E com poucos vindo uos em

vosso liure poder. E dele farei guerra E mantherei treguoa E paz segundo me per vossa alteza for

mandado E a nam entreguarei a nenhuüa pessoa de qualquer graao, dignidade E preheminencia

que seia, Senam a vos meu senhor ou a vaso Çerto Recado loguo sem delongua arte nem cautela

A todo o tempo que qualquer pessoa me der vasa carta asinada per vos E ascelada com ho vaso

selo ou sinete de vasas armas per que me quitaes este dieta preito E menagem. E se se aconteçer

que eu no dieta castelo aia de deixar alguüa pessoa por alcaide E guarda dele, eu lhe tomarei este

dieta preito E menagem, na forma E maneira E com as Clausulas condições E obriguações nele

contheudas, E eu por iso nam ficarei desobriguado deste dieta preito e menagem, E das

335
obriguações E cousas que se nela conthem Mas antes me obrigue que o dicto alcaide E pesca

que asi deixar no dicto castelo, tenha, mantenha, guarde E cumpra Todas estas cousas E cada

huüa delas Jntheiramente. E eu dicto Dom afonso de portugual Face preito E menagem nas

maãos de vossa alteza que a de mim Reçebe huüa, duas E tres vezes segundo vso E custume

destes vossos Regnnos E me obrigue que cumpra E guarde este dicto preito E menagem E

todalas clausulas condições E obriguações E todalas cousas E cada huüa delas em ela

contheudas, sem arte cautela enguano nem minguoamento alguum. E por firmeza dele asignei

aqui de minha mão <.> Testemunhas que a este foram presentes: * o Conde do Redondo E

Manoel de Sampayo Camareiro E do Conselho d'el Rey noso senhor E o barão d'alvito seu veador

da fazenda E pero carvalho fidalgo de sua Casa e eu pero d'alcacoua Carneiro do Conselho do

dito senhor E Seu Secretario que esta menagem ly a Sua Alteza E a Soescrevy ho dito dia mes e

anno E lugar acima ditos •

Iho conde do vymyoSo I Ipero d'alcacoua carneiro I


[Conde do Redondo] ho barão I IManuel de Sampayo I
pero carvalho I

• Termina aqui o texto/formulário semelhante ao de todos os outros documentos deste tipo, onde a
uma minuta se acrescentam dados pontuais como a data, o nome do indivíduo que presta
menagem e a fortaleza pela qual a faz. A partir deste ponto passam a enumerar-se os nomes e a
condição das diferentes testemunhas, seguindo-se as respectivas assinaturas. É Pero de
Alcáçova Carneiro, na sua qualidade de Secretário do Rei, quem lê o documento ao monarca,
verifica a informação específica e acrescenta de seu punho o nome das testemunhas. Assina de
seguida, sempre do lado direito, deixando o espaço central e inferior às restantes assinaturas.

336
XLIII

1553. Parecer do Conde da Castanheira, Vedar da Fazenda, a O.João III relativo à devassa geral
que se projectava realizar sobre os oficiais da Justiça da Corte. Menos prejudicial e
indubitavelmente com maior justificação se deveria, antes, inquirir, segundo afirma, os oficiais da
Fazenda. Lisboa, ANTI, Miscelâneas Manuscritas de N• s• da Graça, T. IV, "Documentos Vários",
ff. 57, 58 (branco), 59-71.

(f. 57)
Em letras diferenciadas do texto: Sobre a deuassa geral/ no ano de 1553

(f. 59)

Senhor

na deuaaSa Jeral que algüas peSoas dizem a vooSa alteza que deue de mamdar tirar de todos

os ofiçiaes da Justiça da corte, tenho cuidado tamto como era Razão que o fizese, pois de se tirar

ou não tirar se poode seguir gramde carreguo ou descarreguo da comciemçia de vosa alteza E

muyto proueyto ou dano ao gouemo de Seus Reynos. E porque o meu emtemdimemto foy E hee

comtra se ella tirar Jeralmemte nem com nome de deuaasa, trabalhey E trabalho muyto por achar

Razoes per que me pareça bem o que o pouo Sempre nisto mostra que deSeJa E o que agora

veJo amte voosa alteza muyto aprouado. E não Somemte as não pude nem poSso achar taaes

que me tirem da minha oppinião mas quamto mais as busco pera me nisto comformar com o que

deuo de preSumir que he o milhar pois o aSy pareçe a muytos, tamto mais hacho outras com que

minha comçiemçia me obriga a neSte negoçio dizer Liurememte o que me pareçe. E o que de todo

me comstramJe ao fazer E o por por escrito, he ver claro que aymda que poSa ser que a minha

oppinião pareça mais comforme ao que neste tempo comuem a esta terra, se poode preSumir que

337
eu não cahy nela se não de não ter a comçiemçia tão estreita como cada hüa das outras peSsoas

com que voosa alteza estes negoçios pratica, E não a ter eu taal como eles se poode bem prouar.

E quamdo pareçer maal o que nisto diguo, pois pareçemdo bem poderia eu aymda Ser maal
1
Julgado, Visto estaa que o maal se avera emtão por avelutado • E como ysto asy SeJa2 , não

tinha

(f. 60)

amte deus desculpa de deixar de dizer o que neste negoçio3 emtemdo, pois que ao dizer me não

poode Leuar ymtereSe alguum que Se me Represemte, E de dizer o comtralro estou uemdo que

se me poderia seguir ser tido por uertuoso.


4
Item ter uosa alteza muito cuidado da Justiça de seus Reynos he tão obrigatoria cousa que a

nenhüa outra oobrigua tamto o carreguo que lhe deus deu ou a nenhüa outra oobriga porque o

defemder seus VaSalos E estados lambem he fazer Justiça E com eela dyamte E asim dela se

deue uSar das armas.

Item pemder a Justica de seus Reinos E Senhorios do Regedor, chamçeler moor E

deSembargadores do paaço E dos outros deSembargadores da caaSa da Sopricação não avera

quem o negue.

Item Como estaa çerto que destes homems pemde toda a Justiça desta terra Loguo dahy se

segue que eles deuem de Ser tão apurados como comuem pera cargos de tamta ymportamçia E

autoridade.

Item aver preSumção de Seruirem maal seus carregos os que na corte ministrão a Justiça que

he o porque se deue de deuaSar deles, Se do que dizem os corteSãos Se de todo5 ha-de colher

preSumção Largamente Se poode presumir.

Item EStas cousas que atras diguo todas são çertas E lambem he çerto que o mais amtiguo E

mais proprio pecado dos portugeSes he o da mermuração

(f. 61)

Item terem a mermuração E outros algüas cousas que naaçem dela, deuasada E mazcabada

nestes tempos a autoridade em todos os estaados prouado estaa.

338
Item Cumprir muyto aos que gouernão ter autoridade pera bem gouernar he cousa sem

comtradição.

Item De tudo ysto me pareçe que se poode colher deuer voosa alteza de ter muyta comta com

a Justiça, E com os ofiçiaes que em Sua corte a ministrão6 E lambem se poode colher não se
7
deuer de deuaSar deles Jeralmemte, nem com nome de deuaaSa.

Item pois aSy he que a mermuração he tão propria desta terra E que deste viçio naaçem

gramdes danos aas almas E aas homrras E vydas dos homems E ao bom gouerno da terra,

Deuem-Se buscar meyos com que curamdo-Se os outros maales, se ela tire de todo, E não

ordenar-Se cousa que a acreçemte E faça a muitos dizer de Siso e com danada temção o que a

outros ouuirão dizer Rimdo E por pasarem tempo no eixerçiçio que agora amtre os homems he

mais acustumado o que pareçe que se fara como ahy ouuer devaaSa Jeral. E não Somemte se

fara ysto, mas pareçe que o que huum tiuer dito Rimdo E Sem temção de o afirmar, trabalhara

depois por o prouar com testemunhas, E por ysto seraa mais comuenyemte cousa pera tudo

deuaSar dos mermuradores que Julgão maal o que não tem a Seu carreguo, que dos ofiçiaes da

Justiça que no que não podião Leixar de Julgar avyão de descomtemtar a hüa das partes E poode

ser que com se deuaSar da mermuração Se emmendarão todos.

Item O DeuaSar dos offiçiaes da Justiça Jeralmemte deSautoriza-os

(f. 62)

E DeSacredita-os E fa-Los ti medos que he cousa muy perJudiçial neste tempo porque estaa muy

sabido que não pereçe a Justiça tamto por sobegidoes E cruezas dos Juizes como por bramduras

nem tamto por peitas das partes como por Rogos dos que poodem E vaalem que por elas falão

nem tamto por comprazer a amigos como por não descomprazer a algüas peSoas. E nestes
8
entrão homems de moos campãs de mermurações que se deuem muyto de Reçear porque São

bem ouuidos em toda a parte.

Item a deuaSa pera se dela Seguir fruito 9 ou o a que aquy chamom devasa pareçe que deue

de Ser apurar o que se diSer com querer Saber quem o diSe, E Se he verdade o que se diSe, E

castigar Loguo o culpado, oora SeJa em fazer o que dele diSerão, hora em o aSacar a outrem. E

339
com correr apos algüas destas cousas que Vierem ha noticia de VaSa alteza (porque apos todas
10
não poode Ser nem he bem que Seja, porque se gastara com ySso a autoridade da Justiça,

pareçe que Se tirarião muitos maales da terra. E com devasa Jeral e Vagarosa Se não aRimcarão

as Sem Justiças, E Se criarão e aReigarão murmuraçoes, hodyos E outros muitos maales.

Item Com VaSa alteza asy tirar por cada cousa que se diSer mostrara o cuidado que tem da

Justiça E os officiaes dela verão que lhes comuem faze-La E viuerem Limpamemte E ver-Se-aa

lambem que estranhara vaSa alteza aSacarem-lhe o que não fizerão.

Item ysto que atras diguo me pareçera aymda que ouuera por çerto que os offiçiaes da Justiça

farião muytos erros em seus carregas porque não me daa o meu Juizo poderem-se nesta terra E

neste tempo emmemdar por milhar vya, quanto mais pareçemdo-me que não haa neles

(primçipalmemte nos mais conheçidos) muytas culpas. E que se ha algüas são muito fracas E

naaçem mais da fraqueza que de cobiça. E ca asy se podera prouar aver

(f. 63)

neles poucas culpas pois que aymda com a mermuração Ser cousa tão propria dos portugeSes, E

com ela estar tão descoutada neSte tempo, Se dizem deles muy poucas E muy pequenas

couSas em comparação das que se dizem da outra Jemte. tambem o proua uer-Se que haa

poucos offiçiaes da Justiça a que se saiba em sua Vyda muita fazemda aquirida nem a que se

hache depois de Sua morte, E dos mais que tem algüa Se Sabe muy bem que a herdarão ou

ouuerão em caSamemto. E tão maa cousa he Serem eles proues E acanhados que ey por mais

neçeSario cuidar Voosa alteza em como poderião Ser menos pera Serem mais abastados e

ystimados, que em como se ordenara a devaaSa E mais em como lhes tirara medo que em como

lho poera.

Item maal poode ser auer nesta terra E neste tempo quem tome a fazemda a huum por a dar

a outro sem auer gramdes clamores por parte do a que a tomão pois se muy bem ue quamtos E

quam gramdes fazem muitas peScas de lhes voosa alteza não daar do Seu E posto que diguão

que tem Justiça no que Requerem, E queirão daar a emtemder que se queixão e agrauão porque

se lhe não guarda, sabido estaa que deferemte Justiça he hüa da outra. E diferemte cousa não

340
darem a huum homem o que pede de lhe tirarem o de que viVe e darem-no a outro como os

deSembargadores fazem com hüa Semtença na qual a parte aalem de Reçeber mayor perda

que no maao despacho quamdo nela he agrauado, tem milhar moodo de o prouar porque os

despachos não Se Julguão por ordenações nem Se !irão neles ymquiriçoes em que se ve Jurar as

testemunhas nem Se daa Vista do proçeSo E nas demamdas amtre partes aalem de aver tudo

ysto, haa procurador que fica caaSy tão escamdalizado de Se daar Semtemça comtra a parte por

que precura como a mesma parte comtra quem se ella daa, o qual saabe por suas Letras Se lhe

não fizerão Justiça E pela pratica que tem dos negoçios E de como eles correm Sabe os caminhos

per que Se deixa de fazer .

Item quamdo se ouueSe de deuaSar de offiçiaes, Dos da fazemda deuya

(f. 64)
11
De Ser , porque os mais dos que o agora São E dos que nos tempos peSados o farão naçerão

tão proues como os da Justiça, E farão depois tão Ricos que amtre eles ouue E haa alguns que

Sem herdarem de seus antepasados nem Se por a esta comia as merces que de Voosa alteza ou

dos Reis pesados Reçeberão, alcamcarão tanta fazenda que estou caaSy em afirmar que cada

hum deles aquirio mais do que aquirirão todos os deSembargadores que em Seu tempo ouue na

caaSa da Sopricação.

Item não deue porem de esqueçer que os trabalhos dos negoçios da fazemda São muito

mayores que os dos negoçios da Justiça, porque não Soofrem os da fazemda a quyetação E

descamso com que se procesão E Julgão os feitos na caSsa da sopricação, E muy poucas cousas

Se detreminão por ordenações por omde nenhüa peSca que negoçee fazemda de voosa alteza

poode ter o esprito descamsado, pois que das mais das cousas que pasão por elle haa-de dar

Razão Sua Sem Se poder desculpar12 com baldo nem bartolo. mas ysto deue-lhe de daar

mereçimemto E não Liçemça pera aquirir per maaos moedas E lambem não se emtemde Senão

nos offiçiaes a que Lembra muito Sua alma E a homrra Verdadeira. E os que tem postos os

colhas em aquirir, alguns por caminhos maaos, E outros por vyas que aymda que Se não aaJão

por Reprouadas eu as não ey por Liçitas, trabalhão pouco Se não se he em aquirir. E os

341
deSembargadores quer Siruão Seus cargos bem, quer os Siruão maal, am-de ter comta com

ambas as partes amtre que pemde o feito que Julgão, E oora Julguem bem, ora maal, am-de

descomtemtar hüa, E Se for com não fazer Justiça mais trabalho am-de ter, pois que como atras

diguo estaa tamto ha mão darem-

-lhe no Rosto. E os ofiçias (sic) da fazemda não curão de emriqueçer nos negoçios damtre partes

porque eSes vão-lhe poucos ter aas maos, E aymda que fosem muitos não Se embaraçarião

muyto niso porque nauegão em maar mais alto E em que não haa tamtos prigos. dão mais

(f. 65)

Do que tomão, não aquirem com miSeria se não com Largeza, não com se Reçearem de ymigos

Se não com ganharem muitos amigos E tamtos ganhão que ate o fauor de Voosa alteza E o

te-Los em boa comta aquirem alguns com Seus offiçios, E tudo ha custa da fazemda de voosa

alteza.

Item haa nas devaSas tamtos ymcomueniemtes que nem dos offiçiaes da fazemda em que ha

tamtas mais Razoes pera se deuasar deles, me pareçe que se deue de deuasar nem dar-Se aazo

a que preSumão elles taal cousa porque deuasamdo-se deles ou presumimdo elles que se

deuasaria, VSarião mais Largamemte das manhas de que o evamJelho diz que VSou aquele

offiçial a que se pedia comta do que por vemtura alguns Vsão E precurarião por comtemtar as

partes que he o que mais daua ha fazemda de vasa alteza E o com que os offiçiaes mais aquirem

a Sua.

Item não Sey eu pera que SeJa neçeSario deuaSar de quem temdo ofiçio da fazemda aquire

tamto Sem Se Saber outra parte de que lhe vinha, que nem peytas que elles não poodem tomar

poodem chegar ha decima parte do que tem, nem trato poode daar tamtos proueytos como não for

em couSa aymda mais defesa do que he todo o trato a alguns offiçiaes 13.

Item os offiçiaes gastão mais que os Seus ygoais, huns porque por seruir bem seus carregas

não poodem Leixar de ter mais gasto E menos tempo pera olharem pala despesa de suas caaSas,

E outros pala oppinião em que sobeJamemte Se poem primçipalmemte os de baixo E meão

naçimemto, porque os mais destes gastão mais que as peSoas com que poodem viuer ou com

342
que viuerão, E todos os offiçiaes São mais conheçidos buscados E emportunados dos paremtes E

criados que a outra Jemte, pela qual Razão

(f. 66)

os que não tem por comdição tomarem muito, não podem deixar de dar E despemder muyto. os

que não herdarão muita fazemda nem a medrarão que Razão am-de daar a como ouuerão a que

tem E que Razão dara o mumdo a estar em custume officiaes depois de terem muito Sem

medrarem nem herdarem o que tem, Requererem merçes, com auerem que a mayor Rezão de

Seu mereçimemto he não terem medrado? E premite-Se-lhe tamto esta Razão que Se haa por

certo que com ela tem o taal ofiçial mais Justica no que pede, que o que não tem outra cousa

Senão o que medrou E herdou. E tudo he muito menos que o que elle comfesa que aquerio, pois

diz que não medrou E Se Sabe que herdou pouco ou nada.

Item por Se neste negoçio não Saltar de huum estremo em outro, E Se escuSarem os ym-

comuenyemtes que ha nas deuaSas Jeraaes, Seria bom começar Voosa alteza a emmemdar os

ofiçiaes da fazemda, com não Serem estes que aSy aquirem os que mais valeSem nem os que

ouueSem mais merças E mais homrras E acreçemtamentos E com os que fazem caaSy o que

deuem não Serem tão abatydos como o São porque Se alguum medra algüa cousa E aymda que

SeJa muito, não chega a aqui rir (com muyto trabalho E paSar muytas afromtas que São anexas

ao seruir bem E lambem ao Requerer) o dizimo do que os outros hão com boa vyda E com não

Somemte não pedirem dinheiro emprestado mas como poderem emprestar muyto do Seu. E não

faalo nos que fazem de todo o que deuem porque posto que Sey que haa alguns fieis E homens

de uerdade, E zeloSos de Justiça, creo que nenhum haa que de todo faaça o que deue. E

lambem creo que se o ouueSe que o apedreJarião. E porque ysto asy estaa emtemdido E

prouado por lhe sofrerem comprir com o primçipal querem eles aprazer ou não querem desprazer ·

no em que não vay tamto. tudo ysto he bem gramde maal mas mayor maal he estar o mumdo

em poose de tamtos males que aymda destes offiçiaes que ysto fazem seria bom aver muytos.

343
(f. 67)

Item Se Se emmemdarem nos offiçiaes da fazemda as cousas que Se fazem na praça não

Sera neçeSario deuaSar deles, E não se emmemdamdo o que muyto bem Se Sabe, não poodem

os culpados Reçear que os castigarão pelo que elles fizerão com tamta manha que se lhes

poderaa maal prouar. E os que não são culpados E empregarão todo Seu emtemdimemto em

Seruir bem E fazer Justiça tem muito que Reçear porque os taaes não se temem se não do que

não fizerão E disto se temem muito, não porque cuydem que lho am-de prouar nem com

testemunhas faLSas, mas porque he mayor afromta pera os que verdadeiramemte são homrrados

porem-lhe duuida em Sua homrra, do que pera os outros he perderem (sic) ser tidos em boa

comta, que he a mayor pena que se das deuaaSas tyra, E esta tem eles sem deuaaSa porque da
14
Jemte Julgados São os taaes, E diSSo lhes daa a eles muy pouco .

Item todos estas cousas que São tão Justificadas E em que não haa os ymcomueniemtes das

devaSas se deuem aymda de fazer com muyto temto. E castigarem-Se estas deSordens como o

ellas mereçerem E porem com a moderação com que comuem que se castiguem os males que

não são os naturaes da terra. E não Serem estes tão naturaes desta como de outras estaa

prouado pello que fazem os offiçiaes da fazemda em todas as partes do mumdo nas quaes a

fazemda não he tão espalhada 15 E nas mais delas não he tão grooSa nem tão trabalhosa de

aRecadar E gramJear.

Item tornamdo aos offiçiaes da Justiça em que começey a falar porque veJo praticar-se em Se

deuaSar delles, Diguo que me pareçe que aymda que vossa alteza ouueSe de mamdar tirar

devaaSa deles em nenhüa maneira do mumdo devya de Ser do chamçeler-moor E

deSembargadores porque não pareçe Razão ter tão pouca comfiamça de homens que depois de

muito expri-memtados E de pasarem por muytos carregas, vyerão aos em que estão, que pelo

que diSerem mermuradores Se aaJão de deSacreditar. E o pyor he que

(f. 68)

Se deSacreditarão lambem os carregas, E Se deSacreditara o moodo em que deles São

prouidos. E Se a voosa alteza dizem de algum deles taes cousas E com tamtas mostras de

344
Serem verdades que por ellas Se mooue a querer mamdar deuaSar deles, como em peScas de

que deue de ter tamta comfiamça E em que pera bem da Justiça cumpre que a tenha, haa-de

estranhar tam pouco o que deste moodo lhe diSerem que o emcomemde ao Vagar e Jeralidade de

hüa deveSa. E porque haa-de querer pela Sospeita que tem de huum mazcabar E deSacreditar

todos as peScas de que Se vooSa alteza muyto Serue São dele muito conheçidas, porque a

muyta comtinuação das praticas E dos negoçios descoobre muyto as comdições dos homens E

aymda que não seJão maas, daa o muyto tempo deles taal fastyo que os mais São milhares do

que pareçam a quem os muito comuerSa? E o que Se poode afirmar he que os que muyto

tratados Se sofrem E mais atee a especulação de voosa alteza Se deuem de auer por muyto
16
apurados. E Se não São apurados porque não Serão Repremdidos pera que Se emmemdem E

não deSomrrados amtes de Serem YmSinados? tão Justa cousa he a Justiça que não cuydo eu

que ela primi-tira 17 devaSarem vereadores de Regateiras, se podeSe Ser Serem eelas muito

conheçidas, quamto mais de homens postos em homrra E que Justamemte vyerão a ela E que

não São tratados E conheçidos dos vereadores Senão de vooSa alteza.

Item pois com muyta Razão me ysto pareça do chamçeler moor E dos deSembargadores do

paaço que Sera do Regedor que tem carguo de mais autoridade, E veyo a ele com (por Ser quem

he E polo moodo de que os taaes são criados) Ser conheçido des que naçeo, E que haa perto de

coremta annos que serue o carregue, E por deçemder de peSSoas muy primçipaes nesta terra E

que fizerão gramdes seruiços aos Reis pesados, E pelas muitas calidade da sua peSca E por

Sua ydade E polos filhos, Jemrros E netos que tem he huum dos homens destes Reynos a que

Justamemte caabe Serem homrradamemte tratados? Se ysto aSy he porque Se ha-de preSumir

(f. 69)

De taal homem que serue maal, E mais pois se não preSumia quamdo era mamçebo e nouo no

carregue? E porque o que se numca fez nesta terra Se haa-de começar nele Sendo de huum

Samgue Iam amtigo como a mesma terra E de hüa ydade que lambem he Jaa terra? Se os

primeiros dez annos não seruio bem seu carregue porque Voosa alteza o não Repremdeo e

emmem-

345
dou? E Se aos outros Dez lhe diSerão aLgüa cousa dele Jaa a não diuera de ser Senão quamdo

lha mostrarão tão clara que a podeSe caaSy aver por prouada E Semdo taal porque a não tirou

Legue a Llimpo pera que achamdo que era çerta fase emmemdada E ele se a cousa o mereçese

fase foora do ofiçio com o Sagrado E deSemulação no porque lho tiraua que em Semelhamtes

caaSos das taaes peScas Se Sempre teue? E Se aos trimta annos de seu carregue ou depois dos

trimta Se diSe dele maaL da maneyra de que atras diguo, diuera voosa alteza de Saber a

verdade diSso E achamdo-se que não era çerto o que Se dele diSe E que era certo ter elle seruido

lambem como eu creo que o ele fez, homrra-lo E por sua ydade aposemta-Lo E por no carregue

seu filho que he muyto pera o Seruir E pera tudo o de que for emcarregado. E Se Se achase que

nos derradeiros annos não Seruio bem emmemdar os erros E por no carregue Seu filho E com

achaque da ydade deSimular suas culpas por homrra do carregue E pela homrra de tudo porque

como o primeiro marques de Vyla Real diSe a el Rey dom Joam o Segumdo homrra E autoridade

he dos Reys Serem Senhores de homrrados E Se o Regedor não he homrrado não ha muytos no

mumdo dos homens que amdão nele que o SeJão. Se as aruores que se fazem em muyto tempo

com muyta Razão se deuem de guardar E gramJear muyto E trata-Las com muyto temto, porque

se não Seque em poucos dias o que se criou em muytos, como não Sera Razão que os homens

de que a Jeração E a homrra E o SerVem de muito LomJe se tratem homrradamemte?

Item o que comuem em todo o tempo E em todo o mumdo he ymSinar-Se e Repremder-Se a

Jemte em taaL maneira que viua bem E por derradeiro Remedia castiga-La, o saber suas culpas

pera que

(f. 70)

as não aaJa E com zelo disSo he bom e neçeSario. Sabe-las não faleçe neSte tempo E nesta

terra, dizerem-Se as que não haa he culpa E muy gramde, E como ysto aSy esta, o que pareçe

que voosa alteza deue de fazer com todos primçipalmemte com as peScas de que Se muyto

serue he ymSina-Los com o amor que voosa alteza tem a Seus vaSalos E quamdo mais for

neçeSario Repremde-los com a grauidade E brandura que lhe deus deu. E Se ambas estas

cousas não abastarem castiga-Los com o Rygor que a Justiça primitir pela obrigação que por Seu

346
carregue a ySso tem. E desta maneira avera poucos maaos offiçiaes E poucos que das suas

hobras boas queirão fazer maas.

Item pode-Se dizer que este moodo não Serue pera os offiçiaes miudos E de que voosa alteza

não tem muyto conheçimemto, E dira bem quem o diSer. porque Juntamemte com ySso não

poode deixar de dizer que muyto mais não Serue pera os muito conheçidos E de que Se vasa

alteza muyto Serue deuaSar deles o Senhor cardeal que os não conheçe. E pera os pequenos

abasta huum beltaSar Vyeira quamdo não abastaSe outro alguum moodo pera Se Saber Se

Seruem bem Seus carregas Sem nome de deuaasa. bem creo eu que não Levaria bem o Senhor

cardeal nem outras algüas pescas deuaSar voosa alteza dos que se eles comtinuadamemte

Seruem, porque lhes pareçeria que não era Razão que Se preSumise maal dos que por elles farão

escolhidos E aprouados E Se ysto aSy he E voosa alteza o ve bem emquamto cada huum amte

elle abona os Seus porque dizem que os conheçem por bos, como se ha-de preSumir que Sendo

bons todos os de que se elles seruem, São maaos todos os De que Se Serue voosa alteza?
18
claro estaa ysto E lambem he claro que faalo pouco nesta materia pera como o diuera de fazer

por comprir com a obrigação que tenho a voosa alteza 19• E porem comtemto-me com ter dyto o

que abastara pera pareçer que Reçeo de deuaSarem lambem dos veadores da fazemda E com

não dizer outras cousas porque a pena correria milhar E que com muyta Razão Se ouvirão mais

promtamemte. E não ouuerão de Ser culpas de pesca algüa porque aalem de não Saber outras

senão as minhas. Louuores a deus não tenho a comdição tão ymcrinada a dize-las como a

precurar porque as não aaJa

(f. 71)

Item posto que o que tenho dyto em fauor desta minha oppinião me pareça acaaz abastamte

pera eela Ser tida por boa, muyto mais me afirmo em o que voosa alteza fizer com a Sua muyta

Vertude E muyta prudemçia E com a Sua Real comdição E com a muyta pratica que tem dos

negoçios aVer de Ser Sempre o milhar.

347
1
Para além da natural diferença ortográfica, verificam-se algumas divergências de palavras ou
na construção de frases relativamente a uma cópia deste parecer, provavelmente seiscentista,
inseria no Códice 51-IX-8(67) da Biblioteca da Ajuda, ff. 67-71 e intitulada "Papel sobre as
devassas que fez o Conde da Castanheira". Anotarei apenas as mais complexas que poderão
suscitar incertezas na leitura. Numa análise global parece-me, no entanto, tratar-se na maioria dos
casos, de diferenças motivadas por descuido na cópia do códice da BA. Neste caso, em vez de
avelutado lê-se no referido códice arcelutado (f.67).
2
como assy seja ,BA, f. 67.
3
o que nisto ,BA, f.67.
4
e senhorios,BA, f.67.
5
todos, BA, f.67v.
6
administrão, BA, f.67v.
7
deles nem, BA, f.67v.
8
maos campos, BA, f.67v.
9
se dela fructo, BA, f.68.
10
bem porque, BA, f.68.
11
dos officiaes de fazenda de cuja deue ser, BA, f.68v.
12
despachar, BA, f.68v.
13
nenhuns, BA, f.69.
14
eles bem pouco, BA. f.69v.
15
ezaltada, BA, f.70.
16
rendidos, BA, f. 70.
17
não premitirá, BA, f. 70.
18119
O extracto assinalado não consta no códice da Biblioteca da Ajuda.

348
XLIV

1553. Junho, 15. Comportamentos e sentimentos de indivíduos e grupos sociais motivam o


comentário crítico de D. António de Ataíde. Expõe ao monarca o que considera passível de uma
reforma através de leis e regimentos, incentivando a uma intervenção ordenada nos principais
sectores da economia e na conscencialização dos portugueses. Lisboa, ANTT, Miscelâneas
Manuscritas de N. a Sr. a da Graça, T. IV, "Documentos Vários", ff. 33-48.

Senhor

As leis E ordenações se deuem de fazer en tall modo que emderemçem todas as pescas a

melhorarem suas comçiençias E a acreçemtarem liçitamemte suas fazemdas porque de ambas

estas coussas se segue louuor de deus saluação das almas, mulltiplicação da gemte, quietação E

paaz amtre os homens. Portamto pera se ver se as taxas que se agora fazem seruem pera Jsto

pera que se ellas deuem de fazer, se deue de saber quall neste tempo he o pecado mais gerall

nesta terra E em que coussas os purtugeses são mais Yncrinados E estão mais avezados a

acreçemtar suas fazemdas, E quaes dellas E doutras são as mais liçitas E proueitosas a

Repubrica E as em que gastão demasiadamente.

Item Pareça que o pecado mais gerall neste tempo antre os purtugeses he darem dinheiro a

ynterese. eSte pecado Iras apos sy outros mmuitos E mmuitos danos ha Repubrica. naçe da

mmuita cobiça dos que dão o dinheiro E da mmuita neçesidade dos que o tomão que são duas

coussas que agora corem mmuito, E aJuda-as a ysso fazer-se mmuita homra aos que dão E

mmuita merçe aos que o tomão. dos que o tomão não digo por agora outra cousa senão que se

deue de Justificar mmuito a caussa por que o tomarem; os que o dão aquirem fazemda com pouco

349
trabalho fazem-se mmuito depresa mmuy Ricos são estimados de todos, casão seus filhos com

os das pesoas com que viuerão ou com os das com que podem viuer, não paguão dizimo da

nouidade que colhem nem sisa da que vendem. Item com dizerem que são mercadores E por Jso

proueitosos ha lera E com alegarem seruiços E os mais delles são terem dado a omzena a João

gomez thesoureiro da casa da Jndia dinheyros seus E d'outras pesoas que por suas mãos nysso

empreguão suas fazemdas, toma Vasa alteza alguuns delles por fidallgos E a casy todos daa

gramdes preuilegios E das Justiças tem tamtos fauores que leuão maall Jullgarem-se suas cauSas

pellas leis per que se Jullguão as da outra gemte E querem que por nenhüa cousa se lhes veJão

seus liuros E não se lhe vem senão por • mmuy poucas. se huum fidallgo ou quallquer outra pesoa

(f. 36)

lhes falia desemtoadamente acode a Justiça logo por Jso com mais Rigor que por huum mmuito

gramde crime. Item os que mais empreguão seus dinheyros em os dar a ymterese são os que

destas coussas mais tem e por que os ofiçiaes de vossa alteza lhe mais vezes falamos.

Item A yncrinação dos purtugeses se pode Jullgar por suas obras. farão sempre de mmuita

openião E de pouca yndustria E nos tenpos mmuito atras tinhão pouca cobiça. Veuião

Rusticamente E com pouca despesa, grangeauão pouco E sostinham-se porque era a lera pouco

pouoada. os prymçipaes da lera veuião do pouo meudo barbera e desordenadamente. allguns dos

Reis pasados prouocarão a gemte a laurar com darem preuilegios aos que fosem lauradores. Item

outros Reis os derão aos pescadores. Aos criadores não sey se tiuerão preuilegios nestes Reinos

mas sey que ouue sempre nelles poucos E booa proua diso he aRemdarem-se as defesas aos

castelhanos que caa trazião seus gados ate que o Vasa allteza defemdeo. em outros Reinos tem

os criadores priuilegios E grandes fauores na ordem do criar. asy que nos tempos pasados por

sua pouca yndustria e não mmuita cobiça entrauão maall em laurar, criar, E pescar senão a força

de fauores e merçes. Andando o tempo mais adiamte se derão mmuitos a pramtar vinhas

prymcipallmente os que tinhão ou podião aver fazemdas neste RibateJo de hüa parte E da outra

ate alamquer E allcouchete E os demais calidade do Reino erão os que mais fazenda desta tinhão

E se della mais prezauão.

350
Item Des que os purtugeses enfiarão em nauegar começarão a tratar E porem pouco Ate se

descobrir a yndia. E de emtão pera caa creçerão tamto os proueitos E cobiça que o laurar E criar

E pescar de que os fazia desgostar o não terem Yndustria nem cobiça E terem mmuita openião

lhes avoreçeo de todo porque com verem os proueitos do trato da Jndia E de todo outro trato que

se mmuito com ella engrosou ouuerão todos os outros modos de viuer por mmuito trabalhosos E

de mmuito pouco proueito. Item esta cobiça do trato vay paran I[do nos que podem tratar] I com
ha das omzenas a que chamão caynbos I em que metem suas fazemdas os que podião tratar/. os

que têm pouco se querem todos Jr a Jndia E I[se] I uão-se E mmuitos porque mais sem peJo
!ratão laa com pequeno cabedall E tem mais aparelho pera o poderem fazer E com fazerem suas

fazemdas seruem alguuns E outros dizem que o fizerão. E a mayor parte delles Reçebem merçe

de vasa alteza E tãobem se vão pela largueza em que naquellas partes Viuem.

Item da-lhes a sua openião quererem todos viuer com Vasa alteza

(f. 37)

Pela honra que se lhe disso segue E tãobem o fazem pello proueito, o quall por esta via vem ha

aver pello modo per que o elles deseJão. E Vasa alteza toma mmuitos porque toma os mais dos

que tem seruido na Jndia, huns porque seruirão E não furtarão E estes são poucos E em baixo

foro porque não tem fazemda pera Requirir nem pera soster outro milhar, E dos que

emRiqueçerão mais do que seruirão toma Vasa alteza mais E em mmuito milhar foro porque não

faleça quem por sua parte afirme que seruirão E proue que podem seruir. outros mmuitos toma a

Requerymento de pesoas que lhos dão.

Item A andar na corte são mmuito Yncrinados porque se achão bem diso. E as pesoas

homradas se farão tirando de vinhas porque gostarão della E das merçes de el Rey que deus tem

E de Vasa alteza, as quaes não soyão a ser tão geraes a todos nem tão façeis de aver porque de

comendas soas de samtiago se podião dar aos que erão ou querião ser casados E temças não se

dauão como se depois derão. Item tão Yncrinados são todos os purtugeses a amdar na corte que

da propia maneira de que a Vasa Alteza he trabalhasse o fazer com as pesoas prymçipaes E

fidallgos E outros criados seus que se vão della he a todas as pesoas emquamto andão na corte o

351
fazer Jr de suas cassas seus criados. E esta Visto ser Jsto somemte pela corte E pello que ate os

I
de mais baixa sorte cuidão de medrar com Vosa alteza pois [se vee]l \estaes?/ que como huum

omen se vay pera sua casa E esta nella allguuns dias o leyxão os mais dos seus.

Item São agora tãobem os purtugeses Yncrinados a letras E chamam-os pe~ (?) as apremder

os estudos que Vosa alteza lhes ordenou em coynbra em que tem gastado e gasta mmuito de sua

fazemda e em que elles mmuy façillmente E com pouca despesa vão apremder E toma-llos Vosa

alteza como são letrados E depois toma-lhe os filhos E os mais delles por moços fidallgos.

Item Os que podem aver ofiçios da fazemda de vosa allteza ou da Justiça logo em os avemdo

se hão por deferemtes de toda a outra gemte E asy o são em se tratarem E os tratarem doutra

maneira E dahy a poucos dias o são tãobem nas fazemdas E em tudo o mais. Item como Jsto asy

I
he logo esta [Visto]l quamto procurarão pellos aver e por ynuemtar ofiçios nouos que aJão.

Item Outros se dão a naueguar porque ha no Reino mmuitos portos de maar que hão que he

omrosso modo de ganhar de comer E são aJudados com merçes pera fazerem nauios E

fauoreçidos em todas as coussas E a mmuitos dos que se dão a bem toma Vossa alteza por seus

criados.

(f. 38)

Item mmuitos se fazem Remdeiros porque o ganho he pera elles E a perda paguam-na mmuito

maall E os que ate gora aRemdauão as Remdas de vosa alteza poucas Vezes pagauão a perda E

aynda que ganhasem pagauão com descomtos de di ui das da casa da Jndia I[......]I E alem diso

os mais ou mmuitos delles tem tomado Vosa alteza E alguuns em boom foro .

Item em amdar em demandas se ocupa mmuita gemte emquamto nellas amdão vemcem suas

moradias as que são criados de vosa allteza E Requerem satisfação de seus seruiços E ha comta

dos seruiços poem tãobem o tempo que gastarão na demanda.

Item A ofiçios macanicos forão sempre pouco Yncrinados mas agora ocupa-se melles mmuita

gemte porque com as cousas Jrem emgrosando nestes Reinos ganhão mais E trabalhão menos

em seus ofiçios que em laurar, criar E pescar. Item tãobem vem que a mmuitos tem Vossa alteza

tomado por seus criados E a elles e a outros tem feitas outras mmuitas merçes.

352
Item toda a gemte que se ocupa nas couSsas atras eScritas E em outras mmuitas em que não

falia porque não trato senão das • mmuito gerais gasta os mantimentos da !era E não Iaura nem

cria, nem pesca que são os meos por que se elles hão.

Item de todas as ocupações em que se ocupão os que tenho apomtado ha de dar dinheiro a

ymterese se deue de tirar de todo e com tamta presa como demanda coussa a que se tem tamta

obrigação.

Item As outras ocupacões são liçitas E proueitossas E porem ha nellas algüas em que

comvem moderação.

Item O tratar he coussa que deue de ser fauoreçida de vossa alteza E porem a gemte he tão

ymcrinada a Jso E a terão com a negoçeação da Jndia Jlhas guine E brasill tão aparelhada ao

grossamemte poder fazer que abastara tirarem-se as omzenas pera o trato em pouco tempo

emgrosar mmuito.

Item O Jr gemte a yndia he mmuito neçesaryo mas deue de ser com moderação porque a

fallta della neste Reino E a sobeJa naquellas partes não he proueitossa E a mmuita de mmuita

calidade he mmuito danossa.

(f. 39)

Item O tomar Vasa alteza mmuitos criados ey por preJudiçiall couSsa porque os que não são

mmuito ocupados em seruir nem mmuito conheçidos he gemte sem fruito E de maaos custumes E

pera Jsto ha mmuitas Razões E abasta pera proua do que digo ver-se que não são emsinados

nem pastorados. gemte de homra E openião sabido esta que he proueitossa mas pera que a ella

seJa comuem ordem E doutrina. Vasa alteza deue de criar E emsinar as pescas primçipaes como

o faaz os quaes como forem casados deuem de estar em suas cassas onde poderão milhar criar E

emsinar E soster os filhos dos caualeyros E eScudeiros E de seus paremtes bastardos ou proues.

Item desta maneira pagara Vasa alteza menos moradias E a !era sera milhar gramgeada E cada

huum comformar-se-a milhar viuendo onde naçeo com o modo de que via viuer seu pay. E quando

huns E outros vierem a seruir pode-llo-ão fazer milhar E serão milhares de aRumar E temperar do

que são como estão praticas nas vaidades da corte E tãobem milhares de satisfazer. E pera o

353
seruiço da cassa de vosa alteza que amda em escudeyros, caualeyros E filhos seus, abastara

tomar allguuns dos filhos de seus criados.

Item Dos gramdes danos que se segue a fazemda de vosa allteza E a todo o Reino de amdar

mmuita gemte na corte he mmuito dito em todos os tempos E allgüa coussa diso dise atras sobre

o tomar da gemte. Mas muito mais se poderia dizer porque cada uez mostra mais o tempo quão

danoso Jsto he.

Item Sobre os leterados disse Ja o que me pareçia em huum papel que dey a Vosa alteza na

parte em que nelle fallo nos estudos de coymbra.

Item Os ofiçios neçesaryos pera se menistrar Justiça E se gramgear E aRecadar a fazemda de

vossa alteza não se podem eScusar nem o serem homrados e fauoreçidos os ofiçiaes que os ser-

uirem I [ de maneira que o mereçãoJI. os ofiçios sobeJos são danossos a tudo E os sopriores

deuem de I [ ....................... JI E oulhar por como seruem os \ otyciaes I que tem a seu cargo E

vosa alteza por todos.

Item Os pillotos mestres de naaos E nauios E marynheyros E grumetes deuem de ser mmuito

fauoreçidos como o são porque com elles se sostemtão as comquistas E comerçios de vosa alteza

E s'enobreçe E ymRequeçe a lera.

Item dos Rendeiros ha hy neçesidade mas não ha delles a custa da fazemda de vosa alteza E

do que não paguão. adquirem honras E merçes que eScandalizão a gemte E embaração as

comçiemçias das pesoas que lhos hão.

(f. 40)

Das demandas dizem que ha mmuitas sobre couSsas • mmuy leues E viSto esta que se seguem

dellas odios E eScamdallos E mmuita despesa E o em que me eu afirmo he I [em]l que não deue

de vemçer moradia os que vierem a corte a demandas.

Item dos ofiçios macanicos ha mmuitos que são • mmuy neçesaryos a Repubrica E alguuns

delles são em parte danossos E outros mmuitos desneçesaryos. Ouriuez d'ouro E de prata E

saralheyros neçesaryos são, mas deuya-se de por !ali limitação no que hão de fazer que seruisem

em poucas cousas E ouuesse poucos. pedreyros são neçesaryos porque seruem mmuito No

354
tempo da paaz E mmuito mais no da gera, mas pera que o seu trabalho se empregue todo no que

convem pera sostemtação da Saude da Jemte E das obras que fazem E fumda mais que as obras

custem menos se lhe deue de limitar o ofiçio E pareçe-me a mim que a limitação deue de ser

mandar vosa alteza que nenhüa pedrarya se laure senão ao picão. \ carpymteyros de casas são

tão necesaryos como pedreros E porque he funda seu trabalho E lhe empregue no neçesaryo

serya boom que não podese nenhuum laurar com mais pequena feramenta que enxoo/.

douradores craro esta quamto dano fazem pois que os outros ofiçios por Reprouados que seJao

não fazem mais dano que lamçarem a perder o tempo que se nelles ocupa E alguuns prouocarem

a gemte a viuer bramda E deleytossamente porque do dinheiro não se faaz mais com elles que

pasa-llo de hüas maãos pera outras; mas os douradores afora gastarem o tempo em couSsas

desneçesarias gastão com o seu ofiçio o dinheiro ou o ouro E prata de que se elle deue de fazer

amtes em goyas E prata de seruico, quamto mais dourar E pratear em que se de todo perde o que

se despemde E portamto deuia-se de ver se de todo se podem eScusar douradores como mo a

mim agora pareçe E não se podendo eScusar devem-se-lhe delimitar mmuito o que hão-de fazer.

Brosladores, marceneyros E marchetadores, me pareçe que se deuião de tirar de todo. Os ofiçios

de sirgueyros, botoeiros, colchoeyros de collchões E de collchas, comfeiteiros çerieyros e

esteyreyros se deuião de fazer por mulheres pois ha mmuitas mmuy desacupadas E os homens

não são mmuitos E são mmuy neçesaryos pera outras cousas. Calldeyreyros dos que lamção

canterllas ey por tão danossos em lugares pequenos como ciganos E nos gramdes tãobem os não

ey por proueitossos; emtrão no Reino sem nenhuum cabedal! E com +mmuy pouca Yndustria; he

gemte que se não asemta em lugar çerto domde se segue poder-se mail saber pellas Justiças

eclesiasticas nem secullares se são cristãos nem como viuem. nesta mesma comta tenho os que>

Vemdem aguoardemte E alem disto ey por ynconueniemte venderem-na porque a fazem beber a

algüas pesoas a que ella faaz mmuito dano, E se ha doenças pera que seJa necesarya devia de

estar na\s/ boticas como estão outras

355
(f. 41)

mesinhas mmuito mais façais de fazer. Os que fazem E vemdem obreas E allfeloas são o mesmo

E mais empeden a algüas molhares de bem que viuem destas couSsas E outras que poderyão

viuer I[diso]l \dellas se os não ouuese/. Item tãobem pareça que não deuia de aver pastileyros

porque molhares podem seruir nysto Coussas são estas mmuito meudas E emquanto ha omzenas

em nenhüa por gramde E sostamçiall que fase em que podese aver dillação se deuia de em-

temder senão em se ellas tirarem. mas o tratar-se de taxas que são tamto mais meudas E hão de

Jncrinar hos ofiçiaes a fallsificar suas obras faaz lembrar Jsto que em allgüa maneira limitara

despesas E aRumara a Acupação desta gemte.

Item Os mais liçitos ganhos E mais proueitosos a Repubrica são os de laurar E criar. E asy

esta o mundo nestes tempos afeiçoado a cousas desneçesaryas E ynliçitas que os que se nysto

acupão não somemte não são fauoreçidos mas tão vetuperados que não ha quem queyra

confesar que he filho de huum laurador ou criador nem amtre elles quem por fazer bem seu ofiçio

fase per nenhüa via acreçamtado nem que adqueryse fazenda pera mais que pera se soster.

Viuem com mmuito trabalho comem maaos mantimentos semdo elles os que os crião boons

Vestem maaos panos dando-lhe As suas ovelhas mmuito boca laã callção maao callçado tendo

boom couro. dormem em maa cama tendo de sua nouidade o de que se fazem as bocas, porque

he tamto o que paguão E despendem em soster o seu meneo que não podem deixar de vemder o

boom E comeren vestirem E callçarem o que a outra gemte não quer comprar. Item avemdo taxas

ha-de careguar todo o peso dellas sobre os lauradores E cryadores E tãobem sobre os

pescadores per cuJas maãos nos nosso senhor da o que pera sostemtação da vida nos he

neçasaryo. E não he boca satisfação do trabalho que leuão em soster a outra gemte com pagarem

os lauradores E criadores tamtas Remdas porque mmuy poucos ha que laurem nem criem em lera

sua, E os pescadores tamtos direitos E com huns E outros pagarem pedidos E fimtas E lhe

lamçarem os pedes E obrigarem aos lauradores E criadores a seruir com bestas E trazerem

mantimentos E aos pescadores com carauellas barcas E bateis, sobretudo fazerem-nos vemder o

356
seu por taixa Aos mercadores que lhe hão-de vemder a elles o que ouuerem mister pelos mayores

preços que poderem.

Item pareçe que de os obrigarem a vemder asy o seu se siguira Jr em creçimento o que seJa

mmuito faaz que he não querer a gemte laurar nem criar

(f. 42)

nem pescar E dar-se aynda mais a outros modos de viuer. E se de pomto em pomto Jsto asy fase

creçemdo mimguoarya mmuito o pouo porque com laurarem E criarem E pescarem poucos não se

podem mamter mmuitos.

Item pode-se dizer que como valem tanto as eramças pois tão abatido esta o laurar E criar. E

ysto porem tem crara Reposta: valem ellas porque amda o dinheyro por mãos de omens que o

ganhão depresa e o estimão E empreguão como tafuis E os mais dos que comprão as eramças

não emçetão o que trazem a caimbo de que fazem comta de viuer E não do que comprão senão

são Juros que tem huum sabor de omzena E empreguão hüa pequena parte em fazemda de Raiz

porque qualquer homem por pouco que emtemda Reçea que as mesmas omzenas fação acabar

tudo E querem ter aquelle palamque a que se acolhão.

Item tãobem se me pode dizer que se tão abatido esta o laurar E criar como he agora mais

!era aproueytada do que soya ? E ysto tem Resposta: mais matos são Rotos E mais leras se lla-

urarão que nos tempos atras mas creçeo tamto mais a despesa do paão E tudo o mais que vem a

ficar o laurar e criar muito atras do em que estaua E pode-se prouar porquamto mais paão agora

emtra de fora do que soya. o aproueitar das leras em vinhas • mmuito notaria couSsa he ser agora

•mmuito menos do que I[ls]l foy pois esta sabido que ouue Ja nestes Reinos nos tempos

pasados tamto vinho que depois de a tera ser abastada deli e se careguaua • mmuito pera fora do

Reino E agora vem de fora pera elle. o criar sempre foy pouco mas Avia poucos que comesem E

mmuitas caças de que se aproueitauão, E agora louuado deos he a gemte mmuito mais E as

caças menos E o gado não creçeo tamto como com estas couSsas creçeo a neçesidade delle.

Item Pois que asy he que os homens estão nestes tempos Ymcrinados E acustumados a

omzena cousa tão Reprouada E que de todo faz tirar a gemte de emtemder no de que !irão liçitos

357
proueitos E o estão tãobem a outras algüas cousas que a sobegidão dellas he perigosa pera as

Almas E pouco proueitosa pera sostemtação E multiplicação do pouo. ViSto como o deseJar de

acreçemtar I[e nas][ fazemdas se lhe não pode tirar com ordenações de vossa alteza E que a

lera tem neçesidade de mamtimentos boom seraa que com ellas se lhe ponha o çeuo em laurar E

criar E pescar que são cousas neçesaryas E proueitosas a Repubrica. E ysto os aJudara a tirar

das ocupações emlicitas E das pouco proueytosas.

(f. 43)

Item pera a gemte emtrar em laurar E criar E pescar de maneira que se emxergue çedo abas-

tamçe na lera cumpre que não somemte não aJa taxa nos lauradores, criadores E pescadores

mas que se lhe fação fauores E seJão costramgidos a fazer nestas cousas seu proueyto com

ordenações que fauoreção A yncrinação naturall que os homens tem de adquerir porque estas tais

se comprirão milhar que as que os obrigarem a vemder barato. Item seguir-se-a dellas folgarem

os omens de aproueitar a lera E criar E pescar E com taxas tirar-se-ão diso. Item se •mmuitos

laurarem, criarem E pescarem avera abastamça E se a ouuer tudo sera barato e da fallta das

couSas seguir--se-a careza porque por deradeyro o de que ouuer mmuito pouco ha se de vemder

caro. E aos que não compryrem As ordenações E Regimentos que os emderemçarem aproueitar

Suas fazemdas E fazerem seus proueitos estara milhar o castigo que aos que não quyserem

vemder o seu por • mmuito menos do que lhe custa.

Item eStas são as coussas de que me pareçe que depois de bem ViStas E apuradas deuen

de tratar as ordenações E Regimemtos pera a lera ser aproueitada E aver abastamça de

mantimemtos.

Item Que em cada lugar se veJão as erdades de todas as pescas E leras do comçelho E a

calidade de cada hüa E obriguem aos hereos E comçelhos A laurar E a pramtar as que forem

para Jso porque em todas hão-de achar • mmuito que fazer pryncipallmemte nas do comçelho.

Item que sameem milho na estremadura E em alemteJo nas leras que forem pera Jso E Se sache

e momde como em amtre douro E minha porque por fallta de o aproueitarem bem não !irão nestas

duas comarcas proueito de o semearem E por Jso semeão tão pouco. Item boom sera tãobem

358
mondarem-se das mais lauouras tudo o que se poder mondar como o têm apomtado o arçebispo

de lixboa. E que se semeem legumes nas leras que os derem.

Item que se Rompão os matos que estiuerem amtre machiães omde os ouuer E booamemte

se poder fazer porque a lera dara cemteo E os machieyros far-se-ão souereyros E os soueraes

são mmuito proveitosos E deuem-se de guardar mmuito em todo o Reino. Item de abramtes E

avis ate lixboa E setuuel se não deue de gastar madeyra de souaio (sic) em outra allgüa couSsa

senão em naaos E navios E barcas E no neçesaryo pera as lauouras, porque avemdo souerais em

abastamça avera porcos E Rama pera se sosterem os bois E vacas em tempo de neçesidade E

avera madeyras pera naaos. Item lambem avera pombos tercazes que mantem mmuita gemte no

ymuerno quando os ha, E açaz proua

(f. 44)

de serem gastados a mayor parte dos souerais desta lera he ver quamto menos pombos agora ha

nella que nos tempos pasados E do que ha em castella.

Item deue-se de ordenar que aJa criações de gado nas leras em que as poder Aver E que se

sameem pinhões nas leras em que pareçer que deue d' aver pinhaes porque dão mmuyto proueito

E são • mmuito neçesaryos pera mmuitas couSsas em que serue a madeyra de pinho E porque

sem aver pinhais não se poderão guardar os souerais E olhando-se bem por estas couSas não

amdarão cabras desde cezimbra ate camora nem ao lomgo do teJo E dos Vales que corem pera

elle se Romperão leras da Reta d'allmeirym ate abramtes que são duas cousas mmuy danosas

hüa aos pinhais E outra aos campos de santarem. nem ao lomgo do teJo da bamda do sull de

allcouçhete pera çima pramtarão Vinhas senão peguadas com as casas em que viuem porque

nesta lera não dão cousa de que se possa fazer comia E toruão • mmuito Ao criar E embaração a

gemte com coimas E brigas sobre ellas. nem da bamda do norte de lixboa ate alamquer trarão

criações de gado que são nesta parte de • mmuy pouco proueito porque não podem ser • mmuitas

E por poucas que seJão fazem • mmuito dano nas vinhas E oliuais de que a lera tem mmuito, com

quamto tem mmuito menos do que com boa ordem lera. Item semelhaueis a estas couSas que

359
digo da tera de que sey o fruyto que daa se acharão outras mmuitas que amdem trocadas E mail

aRumadas em todas as outras comarcas destes Reinos.

Item que em todas as erdades amdem as criações que com se fazer lauoura poderem amdar

E se decrare quaes E quamtas se hão-de trazer pera que traguão as que pareçer que a tera milhar

E com menos opressão dos vizinhos criara. Item boom seria tomar-se bem a ver o que apomtou

bras palha sobre o defesar das cidades.

Item que do gado se não matem as femeas senão depois de serem de çertos anos pera çima,

os quaes serão aquelles em que pareçer que Ja dahy por diamte não poderem criar. Item pellos

comluyos que nysto pode aver serya eu em que nem as que Ja não podesem criar cortasem no

açougue senão as pescas que as criarão.

Item que todas as pescas que viuerem fora das çidades E Villas ou que nellas tiuerem quim-

taes seJão obrigados a criar as galinhas que lhe taxarem

(f. 45)

como creo que o Ja a vasa alteza lembrou gaspar d'anaão. Item que com os framgos se não vem-

dão as femeas.

Item No gastar dos ovos se podese ser deuia de aver algüa moderação porque se não

gastarem tamtos em cousas que fazem maall a allma E a compreysão, E gastamdo-se menos

nestas cousas averya mais galinhas E os mesmos ovos aJudarião a manter a gemte.

Item que em todo o lugar quimta ou cassall em que ouuer Rio ou Ribeiro se criem patas.

Item que todos os que tiuerem orlas seJão obrigados a ter coelheyras.

Item deue-se de ver se sera boom E proueitosso aver • mmuitos pombais. nysto tenho eu

allgüa duuyda porque creo que fazem dano as sememteyras.

Item A ordenação que el Rey que deos tem fez per que mandou que não caçasem nos meses

de marco, abrill E mayo foy mmuy proueitosa E emquanto se guardou se emXerguaua o fruito que

se della seguia. agora serya boom manda-lia Vasa alteza guardar E acreçemtar-lhe que com ovos

E ninhos das avees que se comem e aJudão a soster a gemte se não bulia. E tãobem serya boom

dar-se ordem a se matarem as que fazem dano no paão E matam os pimtãos E se lhe quebrasem

360
os ovos E dar-se por Jso allgüa coussa que farya casy tamto proueito como esta viSto que fez e

faaz mamdar Vosa alteza que se dese Ires mil! reaes a quem matase lobo gramde E quinhemtos

reais por Cada lobo pequeno.

Item As cousas que a fim de aver mantimemtos em abastamça Vosa allteza asemtar que se

fação deuem de ser emcomendadas aos coregedores E ouuydores pera que saibão o que se

nellas faaz. Item em cada lugar deue hum dos vereadores ter cuidado particullarmemte de lias E a

elle se deue de tomar comta em cada huum ano do que se fez E no abrir das !eras E aproueita-

-llas se deue de prouer este ano porque com louuores A deos a nouidade do paão ser booa terão

os omens mais vomtade pera emtemder nysto E pode-llo-ão milhor fazer.

Item Aos pescadores fauor lhe sera guardar-se-lhe bem seus preuilegios os quaes não estão

eSqueçidos como os dos lauradores. Tãobem sera gramde aJuda pera aver sempre nestes

Reinos os neçesaryos guar-

(f. 46)

darem-se os souerais E dar-se ordem a que aJa pinhais e outras aruores que dem madeiras pera

suas carauellas, barcas E bateis. Item porque o mais que desta obra se ha-de fazer ha-de ser

nos termos dos lugares em que elles viuem ou nos dos com que tem vizinhamça não sey eu em

outra nenhüa parte milhor aparelho pera que fumda E seJa proueytoso o que se nella fizer nem

que tenha mais desposta !era pera se ocupar nysto. deuião os pescadores por ordem que lhes

Vosa allteza mamdase dar em cada lugar dos em que Viuem emleger huum que tiuese cuidado de

lembrar, Requerer e soleçitar o que disto se ouuer de fazer no termo do mesmo lugar E nos dos

lugares com que tiuerem vizinhamça E de acusar as falltas em que caysem os que

prymçypallmemte hão-de ter este cuidado.

Item As desordeens que d'outros Reinos vem a corte E se espalhão pello Reino faaz aas mais

das pesoas por em despesas que neste tempo são +mmuy desordenadas pera o que soya a ser.

Item lambem aJuda a Jsto verem que o que mais despemde he tido por mais homrado E

estimado E que por esta via tem mmuitos adquerydo cargos E homras E Remdas E pera o a que

nysto não aJuda a dita não falleçe piedades.

361
Item em adereços de cassas E de suas pescas. Item de suas molheres E filhos despemdem

os purtugeses agora mmuito mais do que soya.

Item tãobem despemdem em mamJares demasiados.

Item gastão tãobem mmuito em edificar.

Item Aos gramdes casamemtos que dão a suas filhas os poem em mmuita neçesidade.

Item As taxas pera serem proueitosas deuem de taxar os custumes E tirar sobegidoes que

aos omens não os poem em neçesidade comprarem caro o que a lera daa porque asy como

comprão asy vemdem E ha poucas pescas que comprem mais couSas das que vemdem. E os

que despemdem mais do que colhem he em comprarem sedas E panos de llaã E olamdas E

outros panos de linho que vem de fora do Reino E se não hão-de vemder pela taxa. Item os

ofiçiaes macanicos E trabalhadores tãobem vemdem tamto como comprão pois vemdem o seu

trabalho. Item os filhos menores E criados dos

(f. 47)

homens estão ha comta de quem os mamtem que se compra tãobem vemde.

Item Ja que se não pode tirar de todo a despesa que se faz nos adereços de cassas e vestidos

das pescas devia-se de lemitar porque As mais das cousas em que se nysto despemde vem de

fora do Reino E leuão o dinheiro em moeda ou per letra pera fora E milhar E mais Justo sera tirar

a gemte de comprar por mmuito preço o que lhe não he neçesaryo que costramge-lla a vemder

por pouco o que as mais das vezes hão mais mister os que o vemdem que os que o comprão.

Item vemdem-no porque lhe compre aver dinheyro pera se prouerem de outras couSsas de que

têm mais neçesidade.

Item O sobeJo comer faaz noJo a allma E a homra E a compreysão E gasta a fazemda E

craro esta que o sobeJar mmuito a huns faaz mimgoar a outros o neçesaryo.

Item os Edefiçios demasiados deu em-se de eScusar porque custão • mmuito a fazer E tãobem

custão a soster. Item as gramdes cassas obriguão a boons adereços E a outras gramdes

despesas.

362
Item darem os homens gramdes cassamentos a suas filhas alem de a todos por em mmuita

necesidade faaz aas pescas prymçipaes E nobres do Reino Requerer E empurtunar a vasa alteza

por cousas que a elles não acreçemta em homra nem em fazenda E ha de vossa alteza E ao

gouerno da lera dana mmuíto. Disto se tratou Ja mmuyto E a meu ver não ha milhar Remedia pera

se atalhar que fazer Vasa alteza hüa ley per que defemda dar-se as molhares em casamemto

outra cousa senão o que ellas erdarem de suas legítimas ou por quallquer outra Vya E o de que

lhes Vasa allteza fizer merçe por morte de seus país ou pera quamdo elles morerem em defeito de

filho varão E não em maneira outra. E que os país lhe não posão em suas vidas dar a comta das

legítimas cousa allgüa nem fazer com os outros filhos nem filhas nem com os moesteyros em que

se metem allgüas que I [pera entao Jl lhe alarguem do que lhes couber erdar. disto se asemtar

desta maneira me pareçe a mim que se seguirão gramdes beens porque sera azo de as molhares

casarem mais E mais çedo E tãobem os homens se não deterão tamto em eScolher os dotes

porque díso !ratão mais que de todas as outras couSsas

(f. 48)

E casara cada huum mais comveniemtememte E com as damas E filhas das pescas a que Vasa

alteza por seus seruiços tem obrigação casarão de milhar vomtade por mmuitas Razões. Item de

tudo Jsto naçerão gramdes beens afora naçer mais gemte que não he pequeno bem. Item tirar-

-se-ão comtratos Usuraryos E outros casy tão Jlíçítos E os pemsamentos dos homens se tiraryão

das tais comtratações E das cousas que pera ellas se fazem.

Item Mostra-se a meu ver pello que esta dito que o pecado mais gerall deste tempo he o de

dar dinheyro a Ymterese; E tãobem se mostra que as taxas não somemte o não atalhão ma o

atiçarão mmuíto; E que os purtugeses são Ymcrínados E estão avezados a coussas que

comtraryão haver mamtímentos na tera; E que as taxas aJudarão mmuito a esta sua Ymcrínação.

tãobem se mostra que os proueitos de laurar E criar E pescar são os mais líçitos E neçesaryos ha

Repubrica E que as taxas os comtradizem. Item pode-se bem ver pelo que esta Apomtado que

taxar-se o que ha nestes Reinos não atalha as despesas em que se desordenão os homens.

363
Item Segue-se de algüas Razões das que estão postas neste papel que as taxas prouocarão

mais os omens a fazer emganos que ha apurarem suas obras E que do que ate agora colhião,

criauão ou pescauão vemdião o de mais preço por tirarem do seu trabalho mais proueito pera

Remedearem suas neçesidades. Item com as taxas se avezarão a escolherem o milhor pera sua

deleytação E aver que mmuitas vezes neste mumdo polas Regras delle Vali tamto o maao como o

boom.

Item Porque pode ser que allgüas das pesoas que emtemdem nestes negoçios com lhes

pareçer que he seruiço de deus E de vosa allteza ave r taxas estem tão tomados deli as que aymda

estas Razões os não satisfação, lembro mais que as cousas que se taxão não creçerão tamto em

camtidade E preço de çem anos a esta parte como creçeo em ambas estas cousas o dinheyro

com que se ellas comprão.

a xb dias de Junho de 1553 •

364
XLV

1555, Maio, 20. Lisboa. Cabe ao Ldo. Bernardim Ribeiro, Juiz dos feitos da Fazenda do rei do
negócio da fndia e Mina conhecer e com os Desembargadores da Fazenda sentenciar, sem
apelação nem agravo, no processo movido contra o Solicitador das compras e vendas
perlencentes ao negócio do trato das Casas da fndia e Mina e dos Armazéns de Guiné e fndias,
condenando-o ou não à perda do ofício. Move a demanda e pretende o seu lugar um criado do
Conde da Castanheira, Vedorda Fazenda. Lisboa, ANTT, Chancelaria de D.João III, Liv. 71-59V.

Dom Joam cetera faço saber Aos que esta minha carta virem que manuel homem criado do

comde da castanheira Vedar de minha fazenda me emviou dizer que Ruj fernandez culycitador

das compras e Vemdas grosas E meudas de todo o que pertemçe ao negocio do trato das casas

da lmdia E myna E dos almazes de gujne E lmdias aVia omze meses que se ausemtara desta

cidade de lixboa E não seruja o dito oficio pala que por bem do Regymemto de minha fazemda

I[o]! perdia o dito oficio E eu podia dele prouer que ouuese por bem pedimdo-me que lhe fezese

dele merçe do que A mym praz se asy he que o dito Ruy fernandez se Ausemtou E ha omze

meses que nam serue o dito oficio como diz E por ele o perde <.> E portamto mamdo Ao

Licenciado bernamdin esteuez d'alte fidalgo de mynha caSa do meu desembargo E Juiz dos meus

feytos da fazemda do negoçio da lndia e mjna que semdo o dito Ruj fernandez Sobre este caso

peramte ele citado o ouca acerque dyso com o dito manuel homem Judiciallmemte segundo forma

de minhas ordenaças E detremjne o dito caso finallmemte com os desembargadores de minha


fazemda como for Justiça <.> E semdo o dito Ruj fernandez comdenado em perdimemto do dito

oficio per semtenca de que não AJa apelacam nem Agrauo ho dito manuel homem o lera E serujra

emquamto eu ouVer por bem E não mamdar o contrairo <.> E mamdo Ao feitor E oficiaes das I

365
ditas I casas da Jmdia E myna E ao prouedor E oficiaes dos ditos almazes que semdo o dito Ruy

fernandez comdenado em perdymemto do dito oficio como dito he melão em pose dele ao dito

manuel homem E lho deyxem serujr E dele vsar E aVer o I[dito]l mamtimemto a ele ordenado

que Sam doze mjll reaes em cada huum Ano <.> E asy mamdo ao comde da castanheira

que lhe faça

asemtar os ditos xij reaes no Liuro da dita fazemda do negocio da lmdia E dar em cada huum Ano

desembargo pera ser deles pago no thesoureiro do dinheiro da dita caSa da lmdia omde sera o

dito Ruj fernandez e ele Jure \ na chancelaria I aos Samtos aVamgelhos que semdo em pose do

dito oficio o syrua bem E Verdadejramente goardamdo em todo A mym meu Serujco E as partes

seu direito <.> E pagou d'ordenado dele na dita chancelaria oyto mill reaes que ficam caregados

em Receyta sobre o Recebedor dela segumdo se vyo per seu conhecimemto em forma que foy

Roto Ao asynar desta os quaes lhe seram pagos peles beems E fazemdas do dito Ruy fernandez

semdo ele comdenado em perdimemto do dito oficio <.> dada em lixboa A xx dias do mes de

mayo <,> Joam de sejxas A fez<,> Ano do nacymemto de noSo senhor+Jesu •crista de]b0 lb <.>

E porem nam avemdo ahy outra proua do dito caso pera o dito Ruj fernandez aVer de perder o

dito oficio senam sua comfisão posto que o ele pella tall comfisão perca E seja per semtença

Julgado por perdido nam aVera o dito manuel homem per Vertude desta carta o dito oficio E eu

podrey prouer dele a quallquer outra pessoa que ouuer por bem <.> nam faça duVida as

amtrelynhas que dizem I ditas I na chancelaria E Riscado, que dezia dito porque se fez por

Verdade.

Concertada Concertada

IAmtonyo Vieira I IJoam da costa I

366
XLVI

Post 1555, Novembro, 27 (data da morte do infante D. Luís). Lisboa. Dirigindo-se a D.João III,
resposta do Conde da Castanheira, Vedor da Fazenda, a propostas junto do monarca para alterar
a forma de negociar as especiarias. Considerações de ordem moral e de organização prática
sobre os contratos e a venda a dinheiro de contado, o monopólio da Coroa e a relação com os
mercadores naturais, a previsão dos montantes, os tempos das vendas e os tempos dos
pagamentos. Planejamento para a boa ordem da Fazenda real e o crescimento dos mercadores.
Lisboa, ANTI, Miscelâneas Manuscritas de N" s• da Graça, T. IV "Documentos Vários", ff. 73-84.

Em letra diferenciada do texto: Sobre a uenda da • especiaria

(f. 75)

Senhor

De algums anos a eSta parte começarão algüas pescas ou • mmuytas A emtemder nos

neguoçyos da ffazemda de VaSa allteza como que farão os offiçiaes que os tem a seu careguo:

hums o ffaryão com zello de seruyr VaSa allteza E de deseJarem que nella se ffizese o que ffose

mylhor, outros por Vemtura por emtemderem amtes nyso que em allgüas cousas A que são

obrigados, porque Sabydo eSta que os mais dos homems se emffadão das suas obrigações E

folguão de emtemder nas alheas; outrosi por mostrarem que são abeis pera os VaSa allteza

prouer de gramdes Careguos. E não ponho aquy outros Respeytos que se podião presumyr

porque são maos, E pois o são deve-se de aver por çerto que os não averya. Amtre as couSas em

que eStas pesoas emtemderão se ffalou • mmuyto na vem da das eSpeçearyas Reprouamdo os

comtratos E louuamdo Vemderem-se a dinheyro de comtado, dmdo cada huum seu talho ao

367
eSpediemte dellas. E disto cheguou +mmuyto a VaSa allteza porque se buscauão meos per que

corese E fase bem Reçebydo. E neste negoçyo Se tynhão tais modos E com tamto cuydado E

trabalho que bem creo eu que ha poucos ofiçiaes que melão tamto cabedal! destas cousas em

fazer bem seus offiçios. E por Isto Vyr ter a VaSa allteza per pescas que posto que não erão

apasyonadas no neguocyo não Saão •mmuyto pratycas nos desta calydade <.> E o

sobreeS<.>cryto da openyão dos que comtradezião os comtratos ser Vemderem-se as

eSpeçearyas a dinheyro de comtado que pareça mais seguro para a comçyemçia, E pareçar que

o corarem por • mmuytas mãos farya gastarem-se mais E abramger a proueyto deli as a mais

pescas \ I[ E isto ]I/ serya proueytoso a eSta !era, E que seryão os pagamemtos nesta çydade de

que se seguerya Vyr a ella a eSse ffym • mmuyto dinheyro E mercadoryas. Pemdeo tamto o

neguocyo a eSta bamda que Se não fora o modo que Vasa allteza sempre teue E tem em

maduramemte Ver E detremynar as couSas, E trabalhar •mmuyto o senhor lfamte que deus tem

por Ver o que nisto era mais seruiço de deus E de Vasa allteza não se ffizera Comtrato. E pareça

que com Se elle

(f. 76)

Não Fazer se não pudera leyxar de bulyr com allgüas Cousas para suprymemto das despesas de

sua ffazemda que fforão • mmuyto preJudiçiaes E pouco abastamtes para as Remedear. E porque

Ja que Isto çheguou a taes termos [E] podara outra ora Çheguar a elles, ou a outros piores, me

pareçeo que era obrigado a por neste papell o que me sempre deu o meu emtemdymemto que

nisto he mais seruyço de Vasa allteza:

Item para dizer como naquella comJumção não comvynha Vemderem-se as eSpeçearyas por

Vemdas eSpalhadas, nem podia ser outra couSa senão fazer-se Comtrato com que se podesem

paguar as dyuydas, Comuynha tratar diSo •mmuyto preluxamemte porque era necesaryo pymtar-

se neste papell o tempo em que se ffez sem fficar diuyda das quaes coryão a ymtereSe Ires

comtos d'ouro, nem despesa que se nelle não posese. E das despesas alem das ordynaryas E

das extraordynaryas que casy ordinaryamemte dão de sy as comquistas de Vasa allteza, avya

368
emtão as que socedião com a Vymda da prymçesa. mas pera que he dizer o que naquelle tempo

fazia não Se deuerem de Vemder as eSpeçearyas A dinheyro de comtado, se ay ha outras

Rezões per que pareça que em todos os tempos não comvem Vemderem-se dese modo?

Item Porque em todos os neguoçyos de deue de asemtar prymeyro que tudo o que comvem

pera seguramça da comçyemçia, deve-se de Ver neste se Vemderem-se as eSpeçearyas a

dynheyro comtado he mais seguro pera ella que pagarem-se ellas a tempos. E nisto digo que

posto que o pouo falle em dynheyro de comtado, ellas se não Vemderão em tempo allguum nem

se podem Vemder a dynheyro de comtado porque não ha tamto dinheyro em mao de mercadores

de lixboa, nem de nenhüa çydade do mumdo que abaste pera as paguar a dinheyro de comtado; E

avemdo-o pareçe-me a mim que se o neguocyo das eSpeçearyas for bem Visto E pratycado per

teoleguos se achara que he mais perygoso pera comçyemçia o Vemderem-se a dinheyro de

comtado que a tempos, porque quem Vemde allgüa couSa não ha com ella de Vemder tempo nem

compra-llo, E quamdo se pela Remda ou mercadorya da dinheyro per comdição de comtrato

amtes que a mesma Remda ou mercadorya

(f. 77)

Va damdo o dinheyro que Se daa por ella o que Vemde a mercadorya compra o tempo, E quamdo

os pagamemtos São tão largues que o que compra amtes de paguar se pode aproueytar allguum

tempo do dinheyro que tyra della, o que Vemdeo ou aRemdou Vemdeo o tempo porque nos que

Vemdem E comprão não ha em hums tão pouca neçesydade nem em outros tão pouca cobiça E

em hums E em outros não há tamto descuydo que eSte estreytar ou allarguar dos tempos se ffaça

sem por allgüa Vya aver ganho ou perda na mercadorya ou Remda em que se Isto faz. E se asy

for que per eSta Razão seJa ymlyçito o Vemderem-se as eSpeçearyas a dinheyro de comtado

loguo quamto os pagamemtos se ffizerem mais comfformes aos tempos em que se dellas tyra o

dinheyro tamto mylhor sera.

Item o porque me a mim pareçe que o Vemderem-se as eSpeçearyas Jumtamemte per

comtrato he mais duuydoso pera a comçiemçia que pella Rezão que se apomta, he poder-se aver

por monypodio ocorerem ellas todas por hüa maão porque por hüa soo mao se deuem d'aver as

369
dos mercadores que as comprão pois as Vemdem pella ordem que say damtre os nomeados no

comtrato depois de serem todos comformes no que se ha de ffazer. Isto • mmuyto he pera se Ver E

detremynar neste caSo, E porem tãobem se deue de Ver nas casas do sall E saboaryas E vemdas

\ E compras I de outras •mmuytas mercadoryas em todas as partes do mumdo em que emtrão

allgüas que se não corerem por hüa mão, se perdera o curso E meneo dellas. E se as

eSpeçearyas coresem eSte peryguo Visto eSta que o mesmo perygo que ellas coresem corerya

todo o eStado da lndia porque sem ellas elle se não podera soster.

Item depois de se asemtar que com tamta seguramça da comçyemçia Se podem as

eSpeçearias Vemder Jumtamemte por comtrato como a •mmuytas pescas a cada hüa

partycullarmemte as que quiser comprar, pareçe que se deue de Ver que a todos os homems

compre • mmuyto pera se bem poderem governar, medirem suas despesas com a posebelydade

de sua ffazemda E pera o poderem fazer comvem que de huum ano pera o outro procurem por

saber o mais çerto que puder ser o que podem despemder E as despeSas A que são obrigados.

Aos Reys compre Isto tamto mais que a todos os outros homems como se pode bem Jullgar pois

de sua ffazemda pemde o defemder-se a tera dos lmigos E menystrar-se Justyça pera seus

Vasallos Vyuerem quyetamemte E com ella se sostemtão as mais das

(f. 78)

pescas conheçydas de seus Reynos. como Isto asy seJa E tão bem seJa çerto que nestes

Reynos o Remdymemto das eSpeçearyas he o que sostemta a lndia E lugares d'além armadas da

costa E as mais destas despesas são ordinaryas E çertas, Jogue neçesaryo he não ser ymçerto o

Remedio dellas. E tão neçesaryo he ser Isto asy que se o trato da lndia não fora tão misturado

com a obrigação de se nella soster o ganhado E comquistar o que ffaz maa Vyzinhamça, fora

•mmuyto seruyço de Vosa allteza aRemdar-se o proueyto delle. mas Ja que as naos comvem que

Juntamemte com as mercadoryas leuem solidados E • mmuytas Armas, munyções E outros apare-

lhos pera a guera que Se naquellas partes ffaz E que os omems leuem com as armas particullares

mercadoryas tãobem suas proprias porque pera se soster aquelle eStado compre que amde hüa

couSa Jumta com outra, E o amdarem ellas asy não Comsemte poderem-se aRemdar os Rem-

370
dymemtos E proueytos das eSpeçearyas, E aJnda o armarem mercadores allgüas naaos per

comtratos que para lso ffazem posto que tenha allgums beems he couSa para se não dever de

ffazer senão por Remedia. pois que nem Isto soffre o negocyo da lndia, devem-se de vemder as

eSpeçearyas em tall maneyra guardamdo-se o que prymçypallmemte compre que he não

aRemdar nem comtratar Jumtamemte todo o negocyo da lndia nem em partycullar o que empada

o neçesaryo para sua defemsão E acreçemtamemto que das que ouuer na casa eSte çerto de

huum ano para o outro o que se ha de despemder, porque não eStamdo çerto o dinheyro das

eSpeçearyas aJnda que fase em tempo em que Vasa allteza não tyuese diuydas, se não tyuese

•mmuyto dinheyro deposytado para as despeSas neçesaryas comvyr-lhe-ya ter sempre huum

offiçiall de caymbos ou de vemder Juros que de hüa couSa ou da outra tyuese dinheyro seis

meses amtecypado por se eScusar o perygo das couSas que se hão de prouer, ou de se ffazerem

os maos baratos para se prouerem, que se não podem eScusar quamdo se busca o Remedia das

despeSas depois que chegue a neçesydade do em que se ha de despemder.

Item o Vemderem-se por Vemdas apartadas a cada huum segumdo a quyser comprar, dizem

que serya proueyto da ffazemda de Vasa allteza porque por • mmuytas maãos corerya mais. Isto

aJinda que não estyuera eSprememtado E Visto o que deste modo de Vemder as eSpecearyas

Resulltou de proueyto ou de perda ho mostra bem a Rezão estamdo a pymemta sempre em huum

preço como pareça que deVe de estar, E não aVemdo de aVer compytemçias no preço della nem

aproueytarem-se os ofiçiaes de Vosa allteza que a vemdem da cobyça ou neçesydade que o que

a compra tem de a comprar porque ha pouca em fframdes

(f. 79)

ou por pesar o seu dinheyro sem perda ou por outras Razões não sey para que posa ser boom

para a ffazemda de Vosa allteza comprar-se por •mmuytas mãos. E sey que pode aVer com Jso

gramdes perdas porque para o eSpedyemte das eSpeçearyas craro eSta que sere preJudiciall

cousa corarem alias per pesoas que não curem de mais que de a pesar a fframdes por não

perder no dynheyro ou de ganharem somemte naquelas que leuarem amtre as mãos em !ali

maneyra e com ter tão pouca comia com alias que se lhe offereçer dar o seu dynheyro a lnterese

371
ou comprar outra mercadorya em que ganhe mais, has dem a menos do que lhe custarão. todos

os que as comprarem por pequena camtydade que dellas tomem hão de procurar por danarem

aos outros E não avemdo de aVer compytyção no preço ave-lo-a no abatymemto dellas. hão-se

•mmuytas Vezes de pasar de hüas pescas a outras por sopryr neçesydades no que hão-de

Reçeber •mmuyto dano. E Se na casa ouuerem de darffyadores os que as comprarem, vemder-

-se-hão poucas E se os não derem +mmuyta parte dellas se pagara maall.

Item dizem que Jumtamemte com ser proueyto de VoSa allteza o Vemderem-se as

eSpeçearyas a dynheyro de comtado sera mylhor pera eSta çydade porque sera mayor E mais

gerall o proueyto dellas, a Isto se poderya Respomder se se disese em qualquer outro neguocyo

que craro eSta que como pareçe que de se ellas asy neguoçearem Se ha-de seguyr

desacreditarem-se E ffazerem-se maos baratos dellas no modo de se Vemder E por Vemtura com

a fforça das necesydades tãobem no preço loguo não poderya leyxar de ser proueyto pera os que

as comprasem. mas neste caso não serue eSta Rezão nem tãobem he neçesaryo lembrar que o

que comvem ha eSta çydade E ao Reyno he soster-se o trato E meneo da lndia, o qual por ser tão

trabalhoso, perygoso, E custoso se não pode soster senão com as eSpeçearyas estarem em

+mmuyta estyma. mas tratamdo somemte do proueyto presemte dos cobyçosos sem curar das

comsyderaçoes que os sesudos devem de ter digo que aJnda eSta guloSiçe não terão dellas

senão muy poucos dias porque coremdo por • mmuytos não podem deixar de ser abatydas E

abatydas não hão de daar proueytos.

Item serem os pagamemtos das eSpeçearyas nesta çydade que dizem que j[o]J se seguyra de

se vemderem a dinheyro de comtado he couSa tão

(f. 80)

proueytosa na fazemda de Vosa alteza E a todo o pouo que esta soo Rezão que tenha por sy o

Vemderem-se a dinheyro de comtado h e abastamte pera desbaratar • mmuytas das outras que

aJa em comtrayro. mas ate Agora eu não Vy em huum ano tamto dinheyro pago nesta çydade

como ffoy no em que começou a corer a comtrato dos cymquo anos que ora aJinda core E não

lozio nem se emxerguou porque não foy dinheyro E todo se paguou no que João Gomez per

372
comia da ffazemda de Vasa alteza trazia a lnterese, nem no tempo em que se vemdeo a dinheyro

de comtado apareçeo dinheyro porque tãobem se pagaua com o que deVya João Gomez. E Ja vy

quererem os mercadores dos comtratos pasados pagar nesta çydade E os offiçiaes de Vasa

allteza não quererem Senão em framdes porque se devya la •mmuyto dinheyro; E outras oras

querem-no os offiçiaes nas ffeyras de castella porque nellas se deuya. asy que quamdo os ofiçiaes

de Vasa allteza deVem por comia de sua ffazemda • mmuyto dinheyro nesta çydade Se as

eSpeçearyas se paguão nella serue o dinheyro pera Remedia das diuydas, mas pera os proueytos

da allfamdegua E de toda a çydade tamto momta como pagar-se em framdes. E por Isto esta craro

que de Vasa allteza deVer ou não deVer dinheyro a lnterese se segue Vyr ou não Vyr o dinheyro

das eSpeçearyas a eSta çydade E que o Vemder-se de hüa maneyra ou de outra não faz nem

desffaz nyso pois que em cada hüa dellas se podera por as comdições que bem pareçerem.

Item Apos o proueyto que he neçesaryo que a ffazemda de Vasa allteza Reçeba das

eSpeçeryas pera que em todo o curso, meneo E proueyto dellas se guarde ordem Rezão E

Justiça, compre que Se Vemdão a mercadores naturaes deStes Reynos ou que por terem suaS

caSas E negocyo nesta çydade E nella eStarem os primçypaes da caSa de que fforem os

neguocyos seJão avydos por naturaes. JuSta couSa he que na lndia pesca allgüa não compre

eSpeçearyas senão os ffeytores de Vasa allteza que a comprarem pera elle E que as pescas que

la amdão posto que amdem seruymdo Vasa alteza não tratem nellas porque alem de com eSa

comdição Irem aquellas partes a Rezão mostra que as não deuem de comprar pois Vasa allteza

ffaz todas as despesas necesaryas pera que ellas posão Vyr a eSte Reyno a qual couSa se não

poderya ffazer senão com o proueyto de se as eSpeçearyas per seus ofiçiaes somemte A comia

de sua ffazemda comprarem na lndia pera neste Reyno se Vemderem per seus offiçiaes

somemte. E tãobem he Justo que despois de ellas serem nesta çydade se não Vemda senão aos

purtugeses que com • mmuyto trabalho as descobryRão, sostemtão,

(f. 81)

E trazem a eSte Reyno. E desta maneyRa ficão ellas coremdo per camynhos direytos E lguoaes

porque os naturaes da lera em que as eSpeçearyas naçem as Vemdem pelo preço que esta

373
asemtado E de que elles Serão comtemtes E se lhe comprão per Vasa allteza que a pode trazer E

pode com as despesas que se ffazem por Respeyto dellas; E depois de vymdas a eStes Reynos

se Vemdem a naturaes delles. E esta parte de se não averem de vemder senão aos naturaes se

poderya male guardar sem gramde dano no eSpedyemte das eSpeçearyas com se vemderem

por Vemdas eSpalhadas.

Item o que tenho dito me pareça que abasta pera se dever de ter por mais proueytosa cousa

Vemderem-se as eSpeçearyas Jumtamemte que por Vemdas eSpalhadas. E posto que abaste

tãobem pera se ver o modo de que me pareça que se deuem de vemder, por de todo satisfazer

nysto ao que são obrigado, digo que o tempo de se Vemderem as eSpeçearyas deve de ser em

setembro porque eSte he o em que se acaba de saber as de que se fara ffumdamemto y o modo

de se vemder deve de ser per comtrato com os mercadores do comtrato serem obrigados a

vemderem na casa da lndia da soma que comprarem ate coremta quymtaes de pymenta a cada

pesca que a quyser comprar por eSta maneyra; que quem comprar ate dez quymtaes a compre a

dinheyro de comtado porque por ser tão pequena soma pareça que a comprarão pescas que não

SeJão abonadas pera se ffyar dellas E por eSe Respeyto E por ser couSa • mmu meuda em

comparação do neguocyo da pymenta parece que não avera nysto o perygo da comçyemçia que

atras digo que por Vemtura avera em se vemderem todas as eSpeçearyas a dinheyro de comtado.

E quem comprar mais soma ate os coremta quymtaes pague ametade loguo E a outra ametade

dahy a seis meSes semdo Vymte quymtaes ou mais de Vymte quymtaes os que se comprarem E

semdo menos pague loguo os dez E a demasia pague dahy a seis meSes. E porque se não posão

os mercadores eScusar de a Vemder aos que comprarem mais de dez quymtaes com dizerem

que não fião dos que a comprão se deuya loguo de declarar que neste caso os offiçiaes de vasa

allteza podesem abonar as pescas que pareçesem capazes disto, E os mercadores tosem

obrigados Vemderem-na aos que per elles ffosem abonados E o Risco diSo corese pela ffazemda

de Vasa allteza. a soma das eSpeçearyas que se vemderão em cada huum ano deve de ser as

que pareçer segumdo as que ouuer na caSa E as que emtão aJnda eStyuerem em mão dos

mercadores. E eu averya por gramde dita comprarem-se, E

374
(f. 82)

gastarem-se, E pagarem-se tamtas em cada huum ano como as que Se comprarão em cada

huum dos dous anos do comtrato que se ffez apos o dos cymquo que ora core. A começar a corer

o comtrato deve de ser do Janeyro seguymte apos o setembro em que se ffizer porque sera ffauor

pera os mercadores que o fizerem dar-se-lhe o tempo que ha de setembro A Janeyro pera se

ordenarem E aperceberem posto que não aJão de começar a Reçeber as eSpeçaaryas senão por

Janeyro. o preço das eSpeçaaryas deve de ser: o da pymemta o ordinaryo da casa sem se darem

aos comtratadores os dous cruzados por quymtall pera o seguro da que navegarem como de

• mmuytos anos a eSta parte se deu; E o das drogas que não podem ter preço çarto deVe de ser o

que o tempo E a camtydade dellas que ouuer na casa E que se ouuer de Vemder lhe der. E se

compryr pera bem do comtrato fazer-se allguum fauor aos que comtratarem nellas se podera

mylhor ffazer que em outra allgüa couSa. o tempo do comtrato deve de ser dous anos não avemdo

tamtas diuydas ou outras necesydades que obriguem a ser por mais anos; E porem numca deve

de ser por mais de quatro anos nem por menos de dous porque não ha couSa em que não aJa

çaffra, E por lso he boom ser por dous Anos pera que no segumdo trabalhem os mercadores por

se Remedear das falltas do prymeyro, E se no prymeyro se gastarão muytas eSpeçearyas he bem

que em Recompesa diso corão o outro que per boa Rezão ha-de dar lugar a se gastar a que se

mais vemdeo no prymeyro. os tempos dos pagamemtos devem de ser vymte E cymquo mill

cruzados cada mes, comecamdo no mes de Janeyro porque com os mercadores terem

comtratado desde Setembro E com a soma que em cada huum dos meSes hão-de paguar não ser

• mmuyta, o poderão bem ffazer com se aJudarem das eSpeçearyas do comtrato E pera Asy poder

ser. o pagamemto de Janeyro devem de ffazer em ffim do mes, E o de ffiuyreyro a quymze do

mes, E todos os dos outros meSes em prymçypio do mes. E o mais dinheyro de comtado se deue

pagar no ano seguymte em Janeyro, ffeuyreyro E março çymquoemta mi li cruzados cada mes per

todo o mes, em !ali maneyra Repartydos que por boa comia ffiquem paguos a quymze do mes E a

demasya ametade em mayo seguymte E a outra ametade em setembro. serem os pagamemtos

do comtrato nesta maneyra Atras declarada, he proprio pera tudo porque se poderão fazer com o

375
dinheyro das eSpeçearyas, E não obrigarem os mercadores a os fazer amtecypados <,>

aproueytara pera se acabar com elles que comtratem sem os dous cruzados por quymtall da

pymemta que navegarem, E tãobem eStão asy bem pera o dinheyro Respomder aos tempos das

despesas da fazzemda de VoS a allteza, porque os Vymte

(f. 83)

E çymquo mill cruzados que hão-de paguar cada mes, seruyrão pera allmazem E despesas da

casa E soprymemto do prouymemto dos lugares d'além. E os çemto E çymquoemta que hão-de

paguar em Janeyro, feuyreyro, março, do ano seguymte pera as despesas E cabedall da armada

da lndia E outras armadas que se começão no mesmo tempo; ho que se ha-de paguar em mayo,

pera pagamemto de diuydas da lndia porque eSse he o proprio tempo em que se ellas deuem de

ffazer por não Receber a Jemte tamto trabalho em camynhar nem fazer tamta ffallta na

gramgearya de suas ffazemdas neste mes como em todos os outros do ano. E seruyra pera

pagamemto do comtrato do cobre E de outras mercadoryas da caSa. E o de setembro pera soldos

da torna Vyagem das naos da lndia E pagamemtos das couSas que per comtratos se hão pera o

allmazem.

Item pera se bem poder neguoçear o Vemderem-se as eSpeçearyas de qualquer maneyra que

Se uemdão he necesaryo ter-se •mmuyta Informação dos mercadores desta çydade E tomar-se

• mmuyto a meude porque de hüa ora pera a outra se mudão todas as couSas deste mumdo por

mais ffyxas que pareção, quamto mais as que amdão Sempre no ar E não tem Raizes na lera. E

avemdo-se as eSpeçearyas de Vemder na maneyra que digo cumpre aRumarem-se os

mercadores desta çydade a que Respomdem todos os destes Reynos quamto se boamemte

puder ffazer em tall modo que se posão aJumtar ao menos tres companhias de quatro pesoas

nomeadas em cada companhia pera que cada hüa dellas com os mercadores mais meudos que

se aJumtarem aos nomeados seJa abastamte pera ffazer o comtrato. E pera Isto poder ser E toda

a fazenda de Vosa allteza amdar na ordem que compre a seu seruyço se deVya de aRemdar a

allffamdegua a hüa companhya destas, a Ilha da madeyRa E a dos acores a outra, Guyne, Ilha de

sam tome E do prymcipe, Ilhas do cabo Verde E Ilhas brauas a outra; E Repartyrem-se comtratos

376
de naos da lndia emquamto as ouuer, com trato de cobre e de mercadoryas da myna E de couSas

pera o allmazem E Remdas de lixboa E do brasyll E arguim por outros mercadores que se Vão

nestas cousas acreditamdo pera poderem emtrar nas mayores. E desta maneyra aproveytar-

-se-a a fazemda de Vosa allteza E avera mais E mais grosos mercadores do que agora ha.

(f. 84)

Item posto que todas eStas cousas se não posão Asy ordenar ou que o tempo faça ser milhor

ordenarem-se allgüas dellas em outra maneyra pera o que emtão em cada hüa se ouuer de fazer

Ainda nao sera maao Ver-se por eSte papel! o que pareça que agora he bem que se ffaça. E se

pareçer que nem pera agora serue o que digo aJnda fficarey comtemte de o ter dito porque digo o

que emtemdo em couSa • propria do ofiçio de que me Vosa allteza tem emcarreguado. E não he

fora de Rezão cuydar que poso nysto emtemder allgüa couSa pois ha tamto tempo que pratico

eStes neguocyos •

377
XLVII

Post. 1560, Junho. Propostas de alteração do novo Regimento da Fazenda, concluído em Março
de 1560 (em Junho ainda não publicado), dão conta de profundas alterações entretanto
efectuadas na Fazenda no despacho de matérias de âmbitos diferenciados e onde intervêm de
diferentes modos Vedares da Fazenda, Juízes e Desembargadores desta. Lisboa, ANTT, Cartas
Missivas, Maço 1, n° 86

Apontamentos sobre o regimento nouo da fazenda

1. Diz o Regimento no capitulo 3. o que aas terças quintas E sabados tosem dias em que se

tratasse da fazenda de sua Alteza E depois se mudou aas segundas E quartas E sestas, E que as

terças quintas E sabados fossem pera as petições das partes.

Isto pareçe que se encontra com o capitulo 18 do mesmo regimento que diz que sempre

hum dos juizes seja presente nas petições das partes E nestes dias de terças e quintas E sabados

que sam das partes são lambem dos feitos de maneira que concorrem os feitos com as petições

de partes da mesa; Pello que se deue mandar que o juiz de que for o dia das petições de partes

nem vaa aos feitos porque abastam deus juizes E Ires desembargadores E hum veedor que ha-de

estar aos feitos, E o tal juiz estee na mesa nas petições das partes ou que nem vaa aa mesa o dia

das petições de partes; E que as petições de justiça E direito que lhe remeterem as despache no

seu dia dos feitos com o veedor da fazenda E mais juizes E desembargadores, como haa-de fazer

nos feitos; E isto sera mais seruiço de deus e de Vossa Alteza E milhar despacho porque pois he

ponto de direito E de justiça E por iso as mandão ao juiz, milhar despachada sera com quatro E

çinco Letrados que com hum juiz somente.

2. Diz no dito regimento no capitulo 25 que as petições d'agrauo dos contos se despachem em

final por o juiz delles E por todos os veedores da fazenda. Pareçe que pois sam autos que

378
começão per petições d'agrauo E se manda dar vista <ao> procurador de Vossa Alteza E depois

ao juiz E se fazem muitas diligençias per desembargos E se Rezoa em cada hüa dellas muitas

vezes por a parte E per o procurador de Vossa Alteza E se tiram aas vezes testemunhas E fica em

ser ponto de direito que em final se deuem despachar os taes autos por o veedor da fazenda dos

contos com todos os juizes E mais desembargadores porque pois he ponto de direito, milhor o

entenderão cinco letrados com hum veedor que Ires veedores com hum Letrado, E tem tanto que

fazer os veedores que hum papel destes peja hüa menhã toda como os veedores bem sabem,

Pello que se deue declarar o dito regimento E que os autos de tal quallidade em que se manda per

os ditos veedores dar vista ao vosso procurador E depois ao Juiz, que em final se despachem por

todos os ditos desembarguadores com o veedor que esse anno effectuar as cousas dos contos E

desta maneira sera o despacho milhor E mais breue.

3. Diz o dito regimento no capitulo 36 que os feitos de Vossa Alteza se despachem por todos

Ires juizes E desembarguadores E que se algum não for por algum impedimento que os outros

despachem. E lambem diz o mesmo capitulo que tendo impedimento o veedor que ouuer de estar

nos feitos, que despachem os juizes como fariam se o veedor fosse presente, E depois se mudou

por o capitulo 43 per que se mandou que nunca se despachasse nenhum feito final sem ser

presente hum veedor da fazenda, de que se seguem muitos inconuenientes que se jaa virão por

experiençia porque estão sem despachar por tardar ou não vir o veedor da fazenda daquelle

neguoçeo. E pois se confia na Rellação de Ires desembarguadores do agrauo toda contia do

mundo se deue de confiar de Ires juizes E Ires desembargadores de partes que hão-de estar nos

feitos de Vossa Alteza que farão justiça E o que deuem, ainda que o veedor da fazenda não seja

presente, por tardar ou não vir. E isto se faz sempre as i E el-rrei que saneia gloria aja vosso auo o

mandou asi geralmente que os desembargadores despachassem quando não viessem os

veedores da fazenda, de que ha i prouisão do dito senhor que Vossa Alteza podera ver. E por

Vossa Alteza ser disto enfermado, quando ora fez o Regimento nouo o mandou asi no dito capitulo

36. Pello que por se não impedir o despacho dos feitos quando tardarem ou não vierem os ditos

veedores, E por que os juizes E desembargadores que ora são nom tenhão menos credito que os

379
passados, pareçe que deue Vossa Alteza mandar que se cumpra a prouisão do dito senhor E o

dito capitulo 36 do regimento nouo.

4. Por o dito regimento no capitulo 23 manda Vossa Alteza que o juiz dos contos vaa cada

somana duas tardes aos contos E no capitulo 36 manda que segunda feira aa tarde se

despachem as interlucutorias por os juizes, E ora manda que se dee mais hüa tarde pera

despacho dos feitos do Regno que são asi 4 tardes por obrigação. E porque os feitos se han-de

ver E nom fica tempo pera se verem, porque as outras duas tardes que ficão se guastão no fazer

das audiençias que são cada somana duas aa quarta feira E ao sabado, pollo que pareçe que se

não pode comprir o dito regimento E Vossa Alteza deuia de mandar neste caso hüa de duas

cousas:

Ou que os feitos de Vossa Alteza se despachem em todos os dias pellas menhãs E que cada

juiz teuesse duas menhãas E que quando os veedores da fazenda tiuessem neçessidade de

algum dos juizes pera seruiço de Vossa Alteza podiam chamar o juiz desse neguoçio, E ficariam

dous juizes E Ires desmbarguadores despachando, E asi se poderiam despachar todos os feitos,

E a mesa dos veedores poderia ser seruida, quando fosse neçessario hir Laa algum dos juizes;

5. Ou que todos os feitos de Vossa Alteza asi do Regno como da india como dos contos E africa

se destribuissem por os ditos Ires juizes E que cada hum despachasse duas menhãas os feitos

que lhe cahissem por destribuição E que o destribuidor asi como distribue os ditos feitos aos

escriuães os distribuisse por cada hum dos juizes, como se faz nos feitos do agrauo da casa da

suplicação que o distribuidor que distribue o escriuão os distribue logo ao juiz. E asi per qualquer

destas maneiras ficam as tardes pera se verem os feitos E se fazerem as audiençias E pera outras

cousas extraordinarias de seruiço de Vossa Alteza que cada hora soçedem.

6. E pera os desembargadores antre partes ficariam tres tardes da somana pera os seus feitos

E outras tres pera os verem.

7. Diz mais o capitulo 9 do dito regimento que as cousas d'africa se prouejam por o veedor da

fazenda da india posto que atee ora se prouessem na mesa da fazenda dos contos, E no capitulo

380
17 diz que nos cont[os]ratos E arrendamentos d'africa seja chamado o juiz da fazenda da india, E

no capitulo 18 que nas petições de partes d'africa seja chamado o juiz da india.

8. E este Regimento se fez em Março de 1560 como se mostra por a data, E depois delle feito,

el-rrei nosso senhor fez merçe ao Licenciado Mateus esteuez do offiçio de juiz da fazenda do

neguoçio d'africa E contos como se mostra per sua carta feita aos XX de junho do dito anno E o

dito Regimento que sua Alteza tinha feito não era pobricado pera se poder dizer que era

neçessario derogar-se na sua carta que lhe antes fezerão, E depois de feita a carta delle

Licenciado Mateus esteuez E depois de ser tomada posse de seu offiçio como se mostra por sua

carta E posse nas costas della dada por o conde do vimioso se fez a carta ao doutor jeronimo de

valladares em que lhe deram o offiçio de juiz da india asi como o tinha o Licenciado Bernardim

esteuez, o qual nunca foi juiz da fazenda do negoçio d'africa, por o que vistas as cartas E posse

em que o dito Mateus esteuez estaa, Pede a Vossa Alteza mande conçertar o dito regimento

emquanto diz que o juiz da india seja presente nas cousas dafrica, porque elle Mateus esteuez

pode muito bem fazer o seu offiçio nas cousas d'africa E hir aa mesa como sempre fez sem o

offiçio dos contos lho impedir. E pois por sua carta feita depois do dito regimento E antes de ser

publicado o fez Vossa Alteza juiz da fazenda do negoçio d'africa E contos, E mais pois o dito

Regimento nom diz sem embargo de pertençer atee ora ao juiz da fazenda do negoçio d'africa E

contos, nem se presume Vossa Alteza querer perjudicar aos offiçios que tem dados.

9. E sse çertefica a Vossa Alteza que se os veedores da fazenda nom farão cada anno

mudados que tirando Vossa Alteza africa ao que a tinha com os contos lhe dera muito grande

satisfação, Mas pois que han-de ser mudados cada anno, tanto lhe monta ajuntarem nouamente

Africa ao negoçio da india como não, porque haa cada hum delles de seruir seu neguoçio cada

anno.

1O. E asi deue Vossa Alteza mandar que os juizes siruão cada ano em seu neguoçio E se

mudem como os veedores, E nom se agrauara ninguem nem Vossa Alteza sera obrigado a

satisfação, E sera mais seruiço de Vossa Alteza porque cada juiz sabera em todos os negoçios de

todas as fazendas sendo mudados como os veedores cada anno.

381
11. Atee ora sempre o contador moer E prouedor da Alfandega Responderam aos

desembargues E mandados dos juizes E desembargadores da fazenda E nunca o contador moer

pasado que era dom Dinis d'almeida, nem os prouedores mores que foram nisto duuidarão como

Vossa Alteza pode mandar ver por muitos mandados que lhe serão mostrados antiguos E

modernos, porque sam inferiores dos ditos juizes E desembarguadores que seruem como

veedores E asi o diz hüa prouisão d'el-rrei que saneia gloria aja per que asi o mandou quanto ao

prouedor moer dos contos que entam era Pero (sic) d'alcaçoua. E ora deue Vossa Alteza mandar

ver isto por todos os desembargadores do paço E ouuir os juizes E desembargadores E contador

moer E prouedor d'alfandegua E que se faça o que pareçer justiça E seruiço de Vossa Alteza

porque nisto da jurdição pareça que se não deue de mudar nada, do que sempre se usou, E as

partes serão despachadas porque despois que se ajuntarão as [fazendas (?)] nem se cumprem os

ditos mandados como se sempre fez, o que não he seruiço de Vossa Alteza •

382
XLVIII

1563, Janeiro, 13. Lisboa. Cópia da cédula de testamento do Conde da Castanheira O. António de
Ataíde que nesse mesmo dia o aprovou na presença de um tabelião e de diversas testemunhas.
Lisboa, ANTT, Miscelâneas Manuscritas de N. a Sr. a da Graça, T. IV, "Documentos Vários", ff. 1-24.

Em nome da Santisima trindade padre filho esprito santo três pescas em hum soo deus

verdadejro em que eu bem e verdadeiramente creo sometendo-me em todas as cousas da fee ao

que cree e tem a santa madre Jgreija conhecendo coão çerta cousa he a morte e coão jnçerta a

ora em que a-de çer detremjnej de fazer meu testamento o coai faço na maneira segujnte:

primeiramente encomendo a minha alma a deos que ha crjou pera a glorja e peço-lhe perdão de

meus pecados e de nesta vjda não fazer tais obras que disese com os desejos que todo crjstão

deve ter de com deos mostrar que tem conhecymento do muito que lhe deve e confio que pelos

mereçymentos com a sua morte e pajxão quejra vsar comjguo de mja e peço a virgem marja

madre de nosso senhor Jesu crjsto deos e homem verdadejro e nosa senhora e a São mjgell o

anjo e a São joão bautysta e a São pero e a Sam paulo e a São tyaguo e a São bertolameu e a

São João evagelista e a Santo estevão e a Santo agostinho e a São fraçisco e Santo antoneo e a

todos os Santos da glorja do parajso que sejão meus interçeçores.

Item mando que o meu corpo seja enterrado no mostejro de Santo antoneo que estaa no

termo de pouos na capela que fez mjnha may abaixo da sepultura de meu pay e que ponhão em

syma de meu corpo hua campa como a de meu pay e no mesmo dyrejto dela da propea grandura

383
fejção e lauor de que a sua he. e na a dita campa não porão major lytreyro do que bastar pera se

saber quem Jaz aly.

Item mando que a noyte segujnte \do dia/ que a noso senhor aprouver de me leuar pera sy seja

o meu corpo leuado ao dyto mosteiro de Santo antoneo moRendo eu em lugar donde em hum dia

naturall se posa leuar ao dito mostejro sem se chamar pera Isso mais gente que dos meus crjados

e chegados a minha casa os que pareçer neseçarjos e coantos serão e o modo de que leuarão

carreto aos meus testamentejros

(f.2)

Ao diante nomeados e encomendo-lhes muito que tenhão tall maneira em se asy leuar o meu

corpo que nem por alto nem por demasyadamente baixo de aso a algem pecar com murmuração e

no conto dos que teverem de acompanhar acons que a Santa madre Jgreija tem ordenado que

leue os fyeis crjstãos a sepultura como os merecjmentos dela leuão as suas (?) almas a glorja se

eles se querem a sabem aprovejtar da morte e paixão que noso senhor Jesu crjsto nela por toda a

geração vmana padeçeo serão çinco clerjguos os coais no dia de meu enteramento dirão mjsas de

Requeam por minha alma e se naquele dia as não dyserem por não chigarem ao dito mostejro de

Santo antoneo a oras em que as posão dizer di-las-ão no dia segujnte e a pesoa que meus

testamentejros encarregarem de em meu enterramento fazer o que por eles for ordenado teraa tall

aviso que mande diante dizer ao prjor ou cura da Jgrejsa da castanheira coão se hay asertar o dia

e oras em que chegarão ao mostejro e mandar-lhe-a pedjr que faça ji ao dito mostejro os clerjguos

que se poderem escusar do serujço da Jgreija pera no dito mostejro dizerem mjsas e asy avisara

ao prjol ou cura da Jgreija de pouos pera que lambem mande ao mostejro alguns crerjguos seos

no Lugar ou ver que se posão escusar na Jgreija e outro tal Recado mandara ao vjgajro ou cura

de vila francua e se lhe pareçer que chegarão ao mostejro depois de meo dia mandar-lhes a pedir

que os mandem pera o dia segujnte.

Item os ditos clerjguos dos dytos Ires lugares Jrão çinco dias a Reo ao dito mostejro onde dirão

misas de Requea por minha alma e a dita pesoa pedira lambem ao gardeão do dito mostejro que

384
em cada hum destes çinco dias mande dizer çinco mysas das chaguas por mjnha alma e dar-se-a

de vestir a trynta e Ires pobres e serja bem serem todos naturais da castanheira e pouos se os hay

ouvese e se não ouver tantos nos ditos lugares os que mjmgarem serão de vila franqua e a cada

hum destes pobres se dara cem reaes por dia em cada hum dos dito çinco

(f. 3)

dias em que se ão-de dizer as mysas encomendar-lhes-ão que em cada hum destes dias Rezem

por minha alma trjnta e Ires pater nostres a conta dos trjnta e Ires anos que nosso senhor andou

neste mundo, e o mesmo asy do mjsar como de vestidos a pobres e esmola se fara do dia de meu

faleçymnto a hum mês e outro tanto dahy a hum ano e aos outros clerjguos e frades se dara

d'esmola pera cada hüa das djtas mysas cem reaes e no lugar em que eu faleçer se dirão trjnta e

Ires mjsas no dia meu falecymento e não semdo ja esse dia oras pera se dizerem dir-se-ão no dia

segujnte posto que o meu corpo seja Ja dahy leuado e as ditas trjnta e Ires misas se dirão a conta

dos trjnta e Ires anos que nosso senhor andou neste mundo. e na castanheira se mandarão dizer

outras trjnta e Ires misas pala mesma maneira e outras trjnta e Ires misas se dyrão em pouos e

outras trjnta e Ires em Chelejros e outras trinta e Ires na Jgreja de Boçelas e outras trjnta e Ires em

vila franqua e outras trjnta e Ires em Colares e outras trjnta e tres em lixboa e outras trjnta e Ires

em euora e outras trjnta e Ires em Santarem e outras trjnta e Ires em almejrim e outras trjnta e Ires

na Jgreja prjnçjpall e São migel danqujra (?) de que fuj comendador e outras trjnta e Ires na Jgreija

d'alcanede e outras trjnta e Ires na Jgreija do chouto (?) e outros trjnta e Ires no mostejro das

vertudes e outras trjnta e Ires na capela da foz e outras trjnta e Ires na Jgreija pryncipall da vila da

langroina, e se no lugar em que eu faleçer não ouver tantos clerjguos ou frades que posão dizer

en hum dia as ditas trjnta e Ires mjsas delas ha hum creliguo em trjnta e tres dias e pala mesma

manejra se dirão em cada hum dos ditos lugares em que não ouver tantos clerjguos ou frades que

posão dizer todas em hum

(f. 4)

dia e pera cada hüa das ditas mjsas que se ão-de dizer nos djtos lugares se darão d'esmola trjnta

e Ires reaes.

385
Item faleçendo eu em parte donde em hum dya naturall não posa o meu corpo ser leuado ao

dito mostejro de Santo antoneo em tal caso me enterarão em coai quer outro mosteiro da ordem de

São francisco que mais perto estyuer do lugar em que eu faleçer e depois se pasarão os meus

osos a Santo antoneo pera capela de meu pay onde serão enterados como atras decrarado e

pasar-se-ão coando a meus testamentejros e a meu filho dom antoneo pareçer tempo pera Jso

não pasando de çinco anos e Jrão os cynco cleriguos como atras onde falo no enteramento fyqua

decrarado os coais dirão mysas os dias que poserem no caminho ate chegarem ao mosteyro de

Santo antoneo e aos ditos clerjguos se dara d'esmola por cada mjsa çem reaes e ordenarão meus

testamenteiros e meu filho Dom antoneo que os que leuarem os meus osos partão a tais oras e

andem o caminho de tal maneira que vão repousar as noytes dos dias que poserem no caminho a

lugares em que aJa lgreija em que os osos posão estar encoanto eles repousarem.

Item el Rey nosso senhor que santa glorja aja me fez merçe de hum aluara porque ouve per

bem que eu podese mandar a Jndia çem mil reaes em cada hum ano pera me virem caregados

em pymenta ao partido do meo com condycão pera lho eu asy pedir e do dinheiro dela

acresentase o morgado que minha may pera mym fez como he conteudo no dito aluara de que o

trelado he o seguynte: eu eiRey faço saber a coantos este meu aluara vjrem que o conde da

Castanheira veador de minha fazenda tynha hum aluara por my asynado com hüa pastilha ao pee

dele lambem asynado por my de que o teor do dito aluara e pastilha he o segynte: eu eiRey faço

saber

(f. 5)

A coantos este meu aluara vjrem que avendo eu Respejto aos mujtos e muy contynuados seruiços

que do conde da castanheira veador de mjnha fazenda tenho Reçebidos e aos que espero que ao

dyante me fara e asy a Seus mereçymentos e por folgar de lhe fazer merçe me apras e ey por

bem de lhe dar lugar e lyçença que ele posa caRegar pera a Jndia na armada do ano que vem de

qujnhentos e trjnta e tres em diante em sua vida cem mil reaes cada ano pera lhe virem caregados

em pimenta ao partido do meo, e antes da partida de cada armada nomeara o Risco dos dytos

386
çem mil reaes nas naoes que quiser asy pera a Jda como pera a vynda e tanto que ha dyta

pymenta de cada ano for vendida se lhe fara conta do que lhe couber aver do Retorno dela ao dito

partido do meo e lhe sera fejto pagamento do que njso montar Segundo ordenaça e ej por bem

que o dito conde não entrege ao tySourejro da casa da Jndia os dytos çem mil reaes que asy a-de

caRegar e o fejtos e ofyçiais lhos ajão por caRegados e descontem em cada hum ano do que

montar no dito Retorno posto que ho dynheiro das tais lyçenças aja de ser primeiro entregue na

dyta casa e caRegado em Receita sobre o tysourejro dela e porque eu faço esta merçe ao dito

conde pera a obra do castelo que faz na Castanheira e outras obras e cousas pera

acreSentamento do Seu morgado que sua may fez e foy por my confyrmado, ej por bem que todo

o que ele ouver em Sua vida ou lhe for devido depois de seu faleçymento dos Retornos dos ditos

çem mil reaes seja pera o dito morgado e Se despendera nele e não em outre algüa cousa e o

erde Seu fylho major ou a pesca que o dito morgado erdar, e Sua malher nem outro fylho nem

fylha nem outro erdejro erde cousa algüa da dyta merçe nem entre em partilha

(f. 6)

Antre os erdejros Somente fique todo o que se dela ouver ln Soljdo ao dito morgado como dito he,

e Sendo caso que o dito Conde despenda algum dinheiro do que ouver da dita merçe em outra

algüa cousa que não Seja do dito morgado depois de Seu faleçimento Se entregare o erdeiro dele

per coalquer fazenda patrimonjall partiuell que per Seu faleçimento ficar por coanto a dita merçe

lho faço pera melhoramento e acreSentamento do dito morgado e não pera outra Cousa algüa. e

Isto mando que se cumpra Inteiramente Sem embargue de coaisquer leis ordenaçoes e derejtos

que hy aja em contrajro. E este aluara ey por bem que valha e tenha força e vigor como se fase

carta per my asinada e aselada do meu çelo pendente Sem enbargo da ordenação que manda

que as couSas cujo efeito ouver de pasar de ano e dia não pasem per aluaras e asy mando que

se cumpra posto que este não Seja pasado por minha chançalarja da camara Sem embargue da

ordenação em contrajro. Fernam d'Aiuares o fez na Cydade d'evora a quatro dias de dezembro de

mil e qujnhentos e trinta e deus. estes cem mil reaes ey por bem que vão caRegados em todas as

naos que em cada hum ano partyrem pera a Jndia e aSy nas que partyrem com caregua da Jndia

387
pera qua e que o dyto Conde corra o Risco nellas Jguoalmente tanto em hüa como em outra asy

da Jda como da vjnda porque desta maneira fuy contente de nomear o Risco e a este Respeyto

mando que se lhe faça conta do que montar no Retorno dos ditos çam mil reaes em todos os anos

asy das armadas que forem daquj em diante como das que farão depois da fejtura deSte aluara

açyma esprito posto que não nomease o Risco segundo forma dele. e esta postylla mando que se

cumpra posto que não pase pela chançalarya, sem embargue da ordenação em contrajro <.>

Fernão d'aluares o fez em Euora a xbj de Setenbro de mjl e qujnhentos trjnta e çinco.

(f. 7)

Item por coanto o dito Conde foy pague das ditas armações por tempo de doze anos que Se

acabarão na armada do ano de qujnhentos e corenta e quatro segundo estava decrarado nas

Verbas que no dito aluara estauão postas o coai foy Roto ao aSynar deste ej por bem de lhe aver

por caRegados na armada que foy pera a Jndia o ano paSado de qujnhentos e corenta e çynco e

asy na deste preSente de qujnhentos e corenta e Seis os dytos çem mil reaes em cada hüa delas.

e aSy me praz que posa caRegar os ditos çem mjl reaes em cada hum ano daquj em dyante em

sua vjda empregados em pymenta ao partido do mejo e aver o Retorno deles Segundo forma do

dito aluara. e o dito Conde ouve por nomeado o Risco em todas as armadas aSy como se contem

na pastilha dele. e por este mando ao fejtor e ofiçiais da caSa da Jndia que aJão por caRegados

os dytos çem mjl reaes em cada armada ao dito Conde pela dyta maneira, e lhe acudão Com o

Retorno deles en Sua vida como dito he. e este aluara ey por bem que valha e tenha força e vigor

como se fase carta por my aSynada Sem embargue da ordenação do !juro Segundo titolo vjnte

que diz que as couSas cujo efeito ouver de pasar de hum ano pasem por cartas e que se cumpra

Jnteiramente posto que não SeJa pasado pela chamçalaria sem embargue da ordenação em

contrajro. Fernão d'aluares o fez em Santarem a vjnte e ojto de outubro de mjl e qujnhentos e

corenta e Seis.

Item Pera meu filho Dom antoneo Soçeçor do meu morgado se entregar do dinheiro que pelas

verbas que no dito aluara estyuerem postas Se mostra que por ele tenho Reçebjdo, declaro as

cousas Segujntes e pera que pode Ser que todas as couSas que aquy nomear

388
(f. 8)

não cajbão no dito dinheiro querja eu que há preçedençja das cousas que Se asy ão-de thomar

pera o dito morgado a conta do dyto dinheiro do aluara da pymenta fose por esta maneyra:

Scilicet:

qujnhentos mil reaes que cuStarão vjnte e çinco mjl reaes de Juro que comprey per'a capela da

foz polos coais ouve depois de Sua alteza os moios que aguora tem porcoanto por a capela ser

naquela qujnta e (?) apresentação do capelão dela aver de ficar aos erdejros do morgado com

pareçer de quem o bem devja de entender aSentey em que Se poSeSem estes qujnhentos mjl

reaes a conta deSte dynheiro.

Item as obras I das casas I da fooz em que pareçe que Serão gastados ate guora vjnte e Ires

myl cruzados.

Item a terra dos camaroejros que valera tres mil cruzados.

Item as obras do caStelo da caStanheira e os chãos em que as ditas obras estão comeSadas

que como parrerese que valerão Ires mjl cruzados

Item o cajz de povos o coai posto que não Seja couSa que Renda pera o morgado he

nobreçymento daquela vila que fiqoa a Dom antoneo de Juro pelo que ele Reçebe njso provejto e

Seus Jumãos não e asy a calçada que vai Ter ao dito caez no coall caiz e calçada pareçe que Se

gastarjão Ires mjl cruzados.

Item duzentos mjl reaes que pareçau que se deSpenderjão em hüa parede que mandey fazer

no terrejro das caSas que forão de minha may que deos tem que estão nesta çydade de Lixboa na

fregeSya de São crjstouão que erão do morgado e em outras

(f. 9)

obras meudas que Se lambem fizerão em propeadades do morgado.

389
Item descontar-se-ão mais do dyto aluara da pymnta trezentos myl reaes que me pareçe que

minha may que deos tem gastarja nas obras da qujnta de Colares depois de ser metida no

morgado.

Item as obras que Se achar que São feytas na qujnta que estaa a par do mostejto de Santo

antoneo a coai e qujnta he forejra a Jgreja de noSa snora de povos e fiqua pera mjnha morte a

meu fylho Dom antoneo e depois dele a Seus Soçeçores que erdarem o meu morgado poJa coai

Razão deve de Ser as ditas obras a conta do dynhejro do dito aluara.

Item a orta que comprey a antoneo dias que estaa Junto da fooz que me cuStou com Sysa e

outras despesas coRenta e çinco mil reaes .

Item a mata dos poços que por ser neSeçaria pera o gado da fooz deve de Ser do morgado a

coai mata posto que a não ouveSe por compra folgarja eu por asy ser neSeçaria pera o gado da

foz que ficaSe no morgado em satisfação doutra tanta contya como a em que a dita mata fase

avalyada.

Item os pumares de Colares que farão de mestre Jeronimo que por serem junto da qujnta de

colares que he do morgado serja bom que ho fosem eles lambem que me custarão com SySa e

outras despesas çento e ojtenta e coatro mjl e tresentos e Setenta reaes.

Item hum pumar que esta no termo de Colares omde chamão a costa que foy de Vicente

carrasco que me custou ojtenta mil reaes.

(f. 1O)

Item hüa vinha que eStaa em termo de Syntra onde chamão o monte dos seruos que foy de

mathias fernandez que me custou corenta e nove mjl reaes.

Item as boticas da fejra das vertudes que me cuStarão dous mjl cruzados na coai compra (?)

dey em pagamento cyncoenta mjl reaes de tença de que el Rey que deos tem me fez merçe pera

dar por elas e porque ma não fez com decraração em que a valya deles fase pera o morgado

decraro que os dous mil cruzados I (que] I hao todo custarão as boticas se ão de descontar do

dinheiro que tyuer Reçebydo da pymenta as coaes boticas por estarem tão mjsturadas com a

390
portagem da mesma fejra que he de juro de meus deSendentes sera cousa convynjente serem do

morgado.

Item Se em todas as dytas cousas montar mais do que tenho Reçebydo meu fjlho dom antoneo

Sera obrjgado a Satisfazer a demaSya e montando menos nas ditas couSas ele avera o

comprimento per coalquer outra fazenda minha per que boamente o poder aver. Se a ahy ouver

que Sobeje depoys de pagar minhas divjdas e a condeSa o seu dote e aRas por que estas couSas

quero eu que presedão as diujdas que eu ficar devendo ao morgado e Se não ficar fazenda de

que o morgado depois de comprjdas estas cousas poSa Ser satisfeito peço por amor de deus a

meu filho dom antoneo e a todos os outros posujdores que pelo tempo em djante fosem do dyto

morgado que me perdoem o coai perdão eu deles quero por Syma de Ser jnformado por deus

bons teologuos a que dey conta deste caso que visto como eu fuy o que medrey ysto pera o

morgado e como medrey outras cousas de juro podia bem tomar deste dinheiro o que qujsese

pera pagamento de mjnhas dyvjdas e descarguos de minha conçyençya

(f. 11)

E podendo-çe satisfazer ao morgado o que lhe asy fiquar devendo do dinheiro da dita pymenta

sera em bens de Raiz Se os hay ouver e não os avendo e dando-se em dinheiro meus

testamentejros terão cujdado de o fezerem Jogue comprar em bens de Raiz pera o morgado e asy

terão cujdado de fazer aRecadar o dinheiro que poJo dito alvara se aJnda dever de o fazer em

empregar em bens de Raiz pera o dito morgado e de averem hüa proujsão d'eiRey noso Senhor

em que decrarem como por vertude do dyto aluara eu ouve os bens que nomeo pera dito morgado

e Se ouverão os mais que Se comprarão pera que em todo o tempo Se Sayba como os ditos bens

são do morgado. a coai proujsão pareçe que deve Ser feyta ao pee do comprjmjso do morgado e

nela deve de ser declarado as obras que Se fyzerão do dito dinhejro.

Item eu comprey hum casal! de !eRas que com ele andão na Rybejra de canha a antonio

estaço e sua molher que se chama frejxoall o coai era forejro a ordem d'avis e ora he foReiro por

que dey a ordem d'avis hüa quintam que tinha forra ao barco descarunpin e pode montar no que o

casal cuStou de compra e no que menos valja a qujntam fjcão do forejro qujnhentos mjl reaes e

391
porque me pareçe que este caSal tjnha mais algüa valja que a qujnta que por ele dey tenho

detremjnado de Junto desta qujnta que esta ao barquo descaroupin comprar algüa fazenda que

valha duzentos mil reais que fique anexa ao prazo desta quinta e com a mesma obrjgação em que

ela estaa a ordem d'avis Sendo caSo que eu esta compra não faça em mjnha vida dedaro que

mjnha vontade he que os ditos duzentos mjl reaes s'empreguem em fazenda que fique anexa ao

dito prazo e com

(f. 12)

A mesma obrigação que ho prazo tem a ordem d'avis a que he forejro como dyto he e peço a

meus testamenteiros que o mais breuemente que poder Ser ordene que Se faça a dita compra e

que a escretera ou escreturas que Se delas fizerem as fação Registar no Ljuro das propradades

da ordem d'avis pera se saberem como lhes pertençe e os dytos duzentos mjl reaes se tomarão

pera Se fazer a dyta compra do dinheiro que meu fylho Dom Antonio a d'aver a conta do aluara

da pymenta vjsto como o dyto caSal do freixoall e leRas dele por cujo Respeyto ordeno que Se

faça este empregue fiqua a ele em morgado e anexo a fooz aquele mujto proveytoso o coai entrou

no lugar das caSas que estão na fregjSya de São Crjstouão que farão de mjnha may que deus

tem e erão do morgado que eu vendy a manoell d'almeida por Seisçentos e çinco mjl reaes por

vertude de hua provjsão d'el Rey que deus tem que pera Jso ouve em que Se contem que em

lugar das ditas caSas fyquem obrjgados ao morgado o dito caSal do frejxoal e terras que com ele

andão e outro caSall que estaa em termo de benavente que comprey aos erdejros de Luis da

Gama por Sua alteza ser enfermado que estes caSais valyão larguamente a contia por que as

dytas caSas farão vendidas como Se vera pela escretura que Se fez da venda das ditas caSas em

que a dita provisão d'el Rey que deus tem estaa treladada.

Item a pagua de serviço de meus crjados se fara Vendo-se prjmeiro o ljvuro em que estão

aSentadas e por ele Se sabera o tempo que cada hum serujo e o que de my tem Reçebydo de

minha fazenda e outras cousas que lhe tenho avjdas e visto hua cousa e outra se detremjnara o

que cada hum deve d'aver e aos que tenho dados a eiRey que deus tem

392
(f. 13)

E el Rey nosso Senhor tomar per vertude de hum aluara que tenho Se vera se alem dyso Se lhe

deve de pagar Seu servjço ou parte dele ou não e coando se dysto tratar se vera hum papell que

se achara com este meu testamento em que estaa declarado o que sobre cada hum deles

pareçeo a te vemado (?) e frey mjgell porque alumjava Jsto muito as pessoas que ouverem de

tornar a ver este caso e o que depois dysto vjsto detreminarem se pora por obra.

Item peço a meus testamenteiros que tomem enformação do testamento de dona Ljanor mjnha

cunhada de que São testamenteiro e do de dom fernando de que ela tinha cujdado e os fação

comprir em algüa cousa Se ainda ha pera comprir e aSy peço a meus testamentejros que de

minha parte quejrão lembrar ao marques de vjla Reall o cujdado que deve ter de comprir o

testamento do marques seu pay que deus tem e que lhe mando fazer esta lembrança para comprir

com o que me o marques Seu pay dejxou encomendado em Seu testamento e tambem lhes peço

que lembrem ao Senhor Cardeall que em todos os negoçios e Requerimentos em que Se ouver de

tratar da casa do marques deve ter prynçypall Intento ao pagamento das djujdas de Seu pay e de

Seus avoos e que mujtos serujços daquela caSa mereçam a Sua alteza o lembrar-se deles o que

aos antepaSados dele mais vay e aSy mais peço que Se quejrão Informar do testamento do conde

do prado e lembrar a Seus testamenteiros que ho cumprão porque me dejxou ele encomendado

que lho fezeS e comprir

(f. 14)

Item eu devoo as diujdas que Se acharem em hum papell em que estão aSentadas ao coai Se

não dara mujto credito porque ho não fiz Senão pera minha lembrança e pode Ser que depois de

fejto algüas se acreçentaSem e outras Se paga Sem ou parte delas. Saber- Se ha as que São per

conheçymentos meus ou da condeSa minha molher que as partes terão e a prjnçypal CouSa que

encomendo a meus testamentejros he que procurem coanto for posyuell por que Se pagem com

mujta breujdade e o modo que quero que Se tenha pera se aver de lyqujdar he o segujnte:

393
Como eu faleçer da vida deste mundo mandarão por hum escrito em algum lugar pubrjco do

lugar em que eu faleçer que digua que toda pesoa a que eu dever dynheiro va ou mande dahy a

tres meses ao lugar em que meus testamentejros ordenarem que se faça o jnventajro de minha

fazenda e partilha dela a qual sera o que parecer menos trabalhoso as partes que ão de vir

Requerer o seu e pera jso serja bom fazerem-se estas cousas nesta cydade e que leuem ou

mandem conhecymentos se os tyverem ou coalquer outra prova que tenhão pera justificarem

Suas dyvidas e que os apresentem a eles testamentejros e far-se-a todo posivel pera que dentro

nos mesmos Ires meses se faça o jnventajro e partilhas pera como chegarem as partes com

certeza das dyujdas se lhes jrem pagando se se poder fazer. e podendo-se ainda mais cedo aver

algum diynhejro peço a meus testamentejros que eles tenhão cuidado de o mandar pagar as

pesoas a que devo. e pera Jso poder ser se vendera do movell todo o que for neseçario pera se

pagerem as ditas diujdas e neste movell não entrarão escravos nem o que pareçer neseçarjo pera

serujço da condesa e de meus e seus filhos. e não podendo chegar o movell que açyma diguo ao

pagamento das diujdas então se venderão os ditos escrauos e tudo o mais porque eu sej bem que

jsto avera a condesa por milhor que ficarem-lhe e ficando-lhe sera em desconto

(f. 15)

de Seu dote arras e a meus testamentejros torno a pedir e encomendar mujto que fação todo o

posyuell por se mjnhas diujdas pagarem o mais cedo que poder ser e asy o seruiço de meus

crjados e aos descarguos que se acharem escrjtos e asentados em papeis asynados por my se

dara tão Jnteiramente o credyto como se neste meu testamento tosem postos e decrarados.

Item coaando mjnha fazenda e as cousas atras decraradas não abastasem pera pagamento de

minhas diujdas e dote e aRas da condeSa, as que ficarem se pagarão das Rendas de meu filho

dom antoneo na maneira em que o dereyto o premetyr.

Item se depois de pagas minhas dyvjdas e o dote aRas a condesa sobejar algua fazenda diguo

e declaro que tomo a terça de tudo o que asy ficar pera minha alma e ej por bem que do que nela

montar se comprem e ajão xxb reaes de Renda de Juro ou fazenda de Raiz que Renda a dita

394
contia o coai juro ou fazenda seJa anexa a ermjda de São Sebastião que se faz ao caez de pouos

pera da Renda do dyto juro ou fazenda que se comprar se manter hum clerjguo que sera

apresentado polos posujdores do morgado que minha maj Jnstitujo com obrjgação de dizer mysa

cotidiana na dita ermjda pola ordem e maneira conteuda na lnstitujção que tenho fejta sobre a

mjsa que se a-de dizer na capela de São Sebastião da fooz. por quanto quero que esta mjsa que

asy ordeno e apresentação do crerjguo que ha a-de dizer e todas as cousas pera efejto disto se

Regam em todo e per todo pola djta Jnsljtujção e se vse dela tão Jntejramente como

(f. 16)

Se pera este caso fora fejta com tal decraração que o dito clerjguo que a-de ser apresentado pera

dizer mjsa na dita ermjda do caiz de pouos sera confirmado pelo arçebispo de lixboa e vysytado

per seus vjsytadores como na dita Jnstitujção da capela da foz declara que ho seja capelão dela

polo arçebispo d'evora e não teraa o dito clerjguo que asy a-de dizer mjsa na dita Jrmjda

obrjgação de Jncynar a doutrjna como ordeno que ho faça o da foz por coanto a dita ermjda esta

na vila de pouos polo que o prjol da JgreiJa dela pode bem comprir a obrigação que a Jso tem.

porem sera obrigado a serujr na JgreiJa parrochiall da dita vila de pouos em ajudas ao 'ofiçiar as

mjsas vesporas completas e as mais oras cantadas ou entoadas que se nela dyserem e asy nas

pryçyções e em coaisquer outras cousas da obrigação da JgreJa como cada hum dos

benefyçyados dela que a Jso são obrjgados pera que com a dyta obrjgação e encarguo ej por bem

que aja os ditos vjnte e çinco mil reaes de Renda pera sua mantença e pera o bem poder fazer

sera obrjgado a vjuer na dita vjla de pouos e ordenara de dizer na dita Jrmjda sua mjsa todos os

dias a taes oras e em tal maneira que posa ser presente na dita Jgreija às mjsas cantadas e

outros ofiçios dyvjnos a que a-de ajudar como ja he declarado as coais mjsas que ho dito clerjguo

a-de dizer na dita Jrmjda serão as dos dominguos por el Rey que deos tem, e das segundas fejras

por my, e as das terças pola condesa minha molher, e as das coarias por meu pay e por minha

may, e as das qujntas por meus cryados a que for em algüa obrigação, e as das sestas por todas

as outras

395
pescas a quem tyver obrigação, e as de sabados por todas as almas que estyuerem no

puragatoreo e Sendo caso que por se não poder aver o dito Juro se aja de comprar fazenda

(f. 17)

de Raiz se compraraa e averaa pera Jso foraa do termo da dita vila de pouos e asy da castanheira

o mais perto delas que pode~ ser por coanto nas ditas vilas e seus termos não ej por bem por

alguns Respeytos que se compre pera Jso. e se pera compra dela ou do dito juro não bastar

minha terça peço a meu fylho dom antoneo que de suas Rendas quejra apartar algum dinheiro de

que se posa aver o que faleçer pera se comprar a dita Renda e se anexar a dita Jrmjda na

maneira que diguo.

Item peço e encomendo muito a condesa e a dom antoneo meu filho e a dona barbera sua

molher que procurem muito por sostentar a confrarja da misericordia que ha na vila da castanhejra

e dem tod'a a boa ordem e a ajuda que poderem pera que as obras dela vão em creçymento. e ej

por bem que da minha terça se dem pera ajuda das despesas da djta confrarya çem mil reaes.

Item Se depois de fejtas as ditas despesas sobeJar dinheiro de mjnha terça ej por bem que

tudo o que asj sobejar se compre em fazenda pera o ispytal da castanhejra a coai fazenda não

sera no termo da castanhejra nem de pouos.

Item o que se pagara a meus crjados asy aos que tenho dados a e!Rey que deos tem e a

outros que E! Rey noso senhor por meu falecymento tomar se lhe pagara seu serujço e coanto

seraa e asi a preçedençea das diujdas pera o modo do pagamento e todas as mais dyuydas que

reçreçerem nas cousas conteudas neste meu testamento e coaisquer outra que sobre o

comprimente dele tyuerem meus testamentejros serao detremjnadas por frey mygell de valença da

ordem de São Jeronjmo e por frey Ruis de montoya da ordem de Sãoto agostinho e por frey

francisco de boabadilha da

(f. 18)

Ordem de São domjnguos e por o padre gonçalo vaaz da Companhya de Jesus os coais nomeo

pera de todos coatro os Ires deles que mais desocupados estyuerem doutras cousas entenderem

neste negoçeo, e a todos juntamente e a cada hum por sy peço por amor de noso senhor que

396
quejrão entender njsto como pelo que deles sey confio que ho farão e esta detremjnação deles

sera somente pera o que toquar a mjnha conçyençya porque claro esta que has partes que não

forem contentes do que eles detremjnarem pode ficar Resgoardado Requererem Sua Justiça

ordinarjamente.

Item a meu filho dom antoneo encomendo mujto e mando pelo que cumpre a ele que sempre

se Reja e governe pelo conçelho de sua may e ele \me/ deve de crer njsto porque eu lhe afirmo

que sempre pera a alma e pera a onRa e pera a fazenda me achey bem dos seus conçelhos.

Item e! Rey noso senhor que deos tem me fez merçe por Suas procrjsões que diso tenho de

per meu faleçymnto dar a meus filho outra tanta Renda em comendas velhas ou da mesa mestrall

encoanto elas não vagarem como valeçem as comendas de vila franqua e de São mjgell da

nogoejra e que as dytas comendas e Rendas sejão Repartidas por meus filhos como me a my

bem pareçer. e asy me fez merçe da granja pera cada hum de meus fylhos a quem eu qujser que

fique e eu tinha declarado em hum testamento que antes deste tynha feito que a Renda que Sua

alteza ouvese de dar por a dita comenda de vjla franqua fycase a dom antoneo meu filho e asy a

granJa e (?} a dom jeronjmo meu filho ficase a Renda que Sua alteza ouvese de dar pola

comenda de São mjgell da nogoejra e porque depois me fez e!Rey noso senhor merçe da

comenda da langrojua e ouve por bem que Renuncyase a de São mjgell da nogejra como

(f. 19}

Ja tenho Renunçyado e pedindo eu a Rajnha nosa senhora que me fyzese merçe da dita

comenda da langrojua pera hum de meus filhos ou netos coall eu mais quysese, sua alteza me fez

dela merçe por minha morte pera meu filho mais velho ou pera cada hum de meus netos fjlhos do

dito meu fjlho mais velho coai eu mais quysese, diguo e declaro que por vertude da dyta provjsão

ej por bem que a dita comenda da lamgrojua fique a meu filho dom antoneo e por Jsto asy estar e

não poder deixar a meu filho dom Jeronjmo em que tinha nomeado a comenda que por ela largey

avendo Respejto ao mujto que tenho fejto por meu fjlho dom antoneo no que por mjnha morte lhe

fiqua e no que tenho gastado com ele e lhe ter lejxado comer a comenda de vila franqua e a

granJa des que casou com dona maria de vilhana que deos tem até que lhe asentey os seteçentos

397
mil reaes que aguora de my tem em cada hum ano e asy ao que tenho feyto por dom Jorje meu

filho e por minhas filhas e que por dom Jeroinjmo não tenho fejto mais que sostenta-lo na corte e

ainda com pouqua despesa diguo e declaro que minha vontade he que a Renda que el Rey noso

senhor ouver de dar pela dyta comenda de vila franqua ha aja dom Jeronjmo meu filho e a granja

ficara ao meu fjlho que se achara nomeado em hum papell de fora deste testamento asynado per

my.

Item Se ha condesa e a meus testamenteyros comprjr algüa aJuda de pero d'alcaçeuia pera se

bem comprir meu testamento ou a meus filhos pera bom avjamnto e concrução de seus negoçeos

Requejra-se-lhe porque eu o tenho por tão honRado homem e tanto meu amjguo que ej por sem

duvida que comprjra jntejramente com a confiança que eu sempre nele tjue.

(f. 20)

Item el Rey que deos tem me fez merçee das casas d'almejrim com condisão que eu podese

em mjnha vida ou por mjnha morte despor delas como me a my bem pareceçe a coai merçee me

asy fez pera (sic) hüa carta de que ho trelado he o segujnte: dom João per graça de deos Rey de

portugall e dos algarues d'aquem e d'alem mar em afrjca, senhor de gujnee e da conquista

navegação comerçjo d'etiopea aRabja perçya e da Jndia, a quantos esta mjnha carta vjrem faço

saber que a my apraz e ej por bem de fazer doação e merçe deste dia pera todo sempre ao conde

da castanheira vedor de minha fazenda de hüas casas que eu tenho nesta vila d'almejrim em que

ele ora pousa que parte da banda do leste com a mjnha orla estrebarias da Rajnha mjnha sobre

todas mujto amada e prezada mulher e casas do seu estrjbejro moer, e da banda norte com o Rrio

do conçelho e da banda d'oeste com a Rua e estrada que vaj pera Santarem, e de bando (sic) do

sull com a mjnha orla e casas de bernaldo corte Reall, as coais casas ej por bem que ele tenha e

aJa e posua como cousa sua propea patrjmonjal com tall decraração que em sua vjda as posa

vender trocar e escamjbar e fazer delas o que lhe aprouver e não fazendo delas nada em sua vjda

as podara deixar a coalquer de seus filhos que qujser com coalquer obrjgação que lhe qujser por

ou despor delas da maneira que mais lhe aprouver sem os ditos seu (sic) filhos a que as não

dejxar poderem entrar nelas em partilha. E por esta casa (sic) ej ao dito conde por metido em pose

398
das ditas casas e quero que as tenha e pesua e as posa verider e escamjbar ou dejxar a coalquer

de seus filhos como dito he ou fazer delas o que mais lhe aprouvar como de cousa sua propea

foRa e Jsenta sem embargue da ley mentall e de coaisquer capitolos dela que em contrajro dysto

sejam, posto que os ditos capitolos

(f. 21)

Sejão tais que fase neçesarjo fazer deles expresa menção sem embargue da ordenação que diz

que se não entenda ser deRogada ordenação algüa de dela e da sustançia dela se não fizer

expresa menção, porque sem embargue de tudo quero que esta doação seja fjrme e valiosa e se

cumpra e guarde jntejramente asy e da maneira que se nela contem sem embargue da ordenação

do ljuro segundo tytolo vjnte que diz que todas as cartas e provisões mjnhas pasem pela ·

chançalarja. manoell de moura a fiz em almejrim a doze d'abrjl do ano do naçimento de noso

Senhor Jesu crjsto de mjl e qujnhentos e Corenta e Ires. Por bem da qual carta eu ej por bem de

nomear nas ditas casas a dom Jeronjmo meu filho pera que as aja e pesua per mjnha morte asj e

da maneira de que as eu tenho. com tall decraração que se lhe descontara e ele dom Jeronjmo

de sua legityma as obras que eu fiz nas ditas casas depois que me foy fejto merçe delas as coais

obras são duas casas que estão e vão sobre a orla armadas sobre pegões de tysolo de maneira

que posão per debajxo delas e o oratoreo e hüa varandinha que esta diante deles e as casynhas

sobradados e estrjbarias e outras casas tereas que estão no tyrejro das ditas casas e qujntall e

poço que se nelle fez.

Item no campo de Santarem Junto com a qujntã do Judeu tenho hum prazo do mostejro de

cheias que trague per aforamento em Ires pescas de que eu são a primeira noneo (sic) a ele dom

Jeronjmo meu fjlho.

Item nomeo mais ao dyto dom Jeronjmo meu filho no prazo da quintá que estaa ao barquo

descoroupim que

399
(f. 22)

trague per foro da ordem d'avis em tres pescas de que eu São a prjmejra e asy o nomeo nas

tensas que ordeno que se comprem de duzentos mjl reaes pera se ajuntarem ao prazo da dita

qujnta como atras neste testamento fjqua decrarado, onde diguo que tinha em vontade que os

ditos duzentos mjl reaes se empregem em fazenda que fique anexa ao dito prazo e com a mesma

obrjgação que o prazo tem a ordem d'avis a que he forejro como dito he.

Item declaro e nomeo por meus testamentejros ha condesa mjnha molher e a dom dioguo de

castro e Thome de sousa aos coais peço por amor de noso senhor que o quejrão ser e que tenhão

cujdado de mjnha alma como convem. pera comprjrem com as suas e com a de hum bom amyguo

e posto que nomee todos tres por testamentejros a condesa com cada hum deles coando anbos

se não acharem no lugar em que ela estyuer podera daar a enxucução as cousas declaradas

neste meu testamento e as mais que comprirem pera descareguo de mjnha alma e pala mesma

maneira o farão eles anbos sendo a condesa faleçyda ou enpedida em maneira que não posa

entender njsto e ao que não for presente peço que depois tome tambem enformação do que asy

fez por que se lhe pareçer que se deue de ennendar (sic) se enmende pareçendo asy bem aos

outros e avendo duvida antre eles se detremjnara na maneira em que se ão de detremjnar algüas

cousas declaradas neste meu testamento e as mais que Recreçerem.

H todo o neste meu testamento escrjto e decrarado ey por fyrme e valioso pera sempre e quero

que jntejramente se cumpra e goarde como se nele contem por coanto esta he mjnha deradejra

vontade e

(f. 23)

de Rogue e ey por deRogados e nulos todos os outros testamentos que antes destes tiuer fejtos os

coais posto que pareção não averão efejto nem se fara por eles obra algüa e este somente se

cumprira e goardara muj Jntejramente como dito tenho. E sobre tudo encomendo a mjnha alma a

Santisima trjndade, padre e filho e esprjto santo amem, que a fez e Rymjo com as prjçyosas

chagas que neste mundo honde a pesca do fjlho veio tomar carne Vmana. Reçebeo por nos

400
Remjr e Saluar. e em todo o mjsterjo da Santisijma trjndade e em todas as mais cousas da nosa

santa fee catolyqua creo muj verdadejra e Jntejramente e a uirgo maria madre de noso senhor

Jesu crjsto deos e homem verdadejro e nosa senhora peço paio amor que tem ao seu bento fjlho e

ele a ela e palas dores que pasou em lhe ver pasar as que ele pasou neste mundo, lhe quejra

Rogar por mj e a todos os Santos e Santas da corte do çeo peço que seJão meus jnterçesores

pera que mjnhas maldades seJão perdoadas e que (?) meu testamento seJa ante ele acejto.

Item peço a noso senhor que haja por acejta esta mjnha deradejra vontade e que quejra

ordenar como Se em tudo cumpra de manejra que ele seJa serujdo e a mjnha alma

desencaRegada. aluara borges o escreueo em Iisboa a xiij de Janeiro de mjl e qujnhentos e

sesenta e tres.

Say bão quantos este estromento d'aprovação vjrem que no ano do naçymento de noso senhor

Jesus crjsto de

(f. 24)

mil e qujnhentos e sesenta e Ires anos aos treze dias do mes de março na çydade de ljsboa nos

paços dos estacas em que pousa o mujto Jlustre Senhor dom antonio d'atayde conde da

castanheira es {es}tando o dito senhor conde hy presente andãodo per seus pees en todo seu

syso e entendimento comprjdo que lhe deos noso snor deu segundo a my tabaljão ao diante

nomeado pareçeo, loguo por sua senhorja per sua propea mão perante as testemunhas abajxo

nomeadas foy entrege a my tabalyão esta çedola de testamento e sendo-me asy emtrege lhe

perguntej se era este o seu propeo e verdadejro testamento e se o aprovaua e avja por bom, firme

e valijoso e o dito senhor conde me Respondeo perante as testemunhas que este era o seu

propeo e verdadejro testamento e que o aprovaua e a por bom fjrme e valioso e manda e quer que

em todo se cumpra como nele he conteudo por que esta he a sua vitima e deradejra vontade e em

testemunho de verdade asy o outorgou e mandou ser fejto este estromento d' aprovação nas

costas da dita cedola. testemunhas que farão presentes pera Jsto chamados e Rogados: Symão

pinto veador da casa do dito senhor conde e aluara borges (?) e pero Iopez e crjstovão pachequo

e francisco de frança criados do dito senhor Conde. E eu anrjque nunez pubrjco tabeliam por el-

401
Rej noso senhor na dita çydade de lixboa e seus termos que este estromento escreuy e de meu

pubrjco synal asynei que tall he --

e vaj a dita çedola de testamento e este estromento de aprovação todo escrjto em doze folhas

com esta que todas vão contadas e numeradas por mj de minha propea letra

em Lisboa a treze de Janeiro de mil e quinhentos e sessenta e três •

402
BIBLIOGRAFIA

403
FONTES

404
DOCUMENTAÇÃO MANUSCRITA

BIBLIOTECA DA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA

Manuscritos Azuis

475 Capítulos das Cortes

ARQUIVO DO TRIBUNAL DE CONTAS

Colecção de cartas de padrão de tenças, mercês e doações, escrituras e alvarás

(século XVI, pergaminho)

ARQUIVO HISTÓRICO DO MINISTÉRIO DAS FINANÇAS

Conventos suprimidos e extintos

Inventário no 81 - Convento de N• s• da Piedade da Ordem de

S. Francisco (1834)

Comendas

Autos das posses e arrendamentos das comendas e alcaidarias -

-Maço 34 (1564/1831) -Ordens de Cristo e Avis

ARQUIVO HISTÓRICO MILITAR

ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE LISBOA

Chancelaria Régia

Livro 1o de Cortes, 1331-1580

ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE CASCAIS

Faro da Casa Vimieiro 1413-1743, 3 ex.

Marqueses de Cascais 1387-1881, 10 ex., 31 pastas

Casa da Castanheira 1556-1844, 7 pastas


- nomeação de juizes e oficiais; - documentação sobre Brasil

Casa de Unhão 1387-1877, 29 ex, pastas

405
Sousa e Melo 1519-1754, 1 pasta

Cartas de arrendamento, aforamento, emprazamento, escrituras, tombos, procurações,


privilégios, correspondência diversa

ARQUIVO NACIONAL I TORRE DO TOMBO

Arquivos Particulares

Casa de Lafões, 23, 1410-1537

Casa de Bragança, 1517-1552

Breves e Bulas

Cartas dos Governadores de Atrica 16, 21 A e B, 26, 30, 42, 50, 52, 56, 62, 64, 68, 75, 85, 86,

111,260,346,351,354,361,410,439

Cartas Missivas Maços 1, 2, 4

Chancelaria de D.Manuel livros 16, 24, 29, 39

Chancelaria de D. João III- Doações

1 135 13 86 25 205 37 186 49 272 61 163 +2

2 124 14 231 26 264 38 178 50 240 62 286

3 197 15 159 27 115 39 135 51 196 63 332

4 110 16 190 28 64 40 256 52 219 64 218

5 152 17 152 29 77 41 112 53 334 65 375

6 152 18 138 30 207 42 128 54 385 66 269

7 237 19 256 31 168 43 130 55 237 67 236

8 156 20 196 32 96 44 169 56 317 68 322 +3

9 108 21 222 33 217 45 193 57 333 69 202

10 180 22 160 34 72 46 253 58 327 70 238

11 167 23 96 35 112 47 161 59 274 71 382

12 144 24 256 36 197 48 136 60 237 72 185

406
Observações: Para uma informação mais detalhada e ordenada, V. quadro a seguir PARA UM
INVENTÁRIO.
A cada ano (1" coluna, 1521 a 1557) corresponde um Livro ou mais de registos de Chancela-
ria, um ou mais cadernos inclusos em vários Livros (2• coluna) ou ainda documentos dissemi-
nados por diversos Livros (3" coluna).

Chancelaria de D. João III- Contratos- 8 Livros

Livros- V. Observações e Quadro Para um Inventário.

Chancelaria de D. João III- Privilégios- 6 Livros

Livros -V. Observações e Quadro Para um Inventário.

Chancelaria de D. João III- Perdões e Legitimações- 27 Livros.

Chancelaria de O. Sebastião e O. Henrique

Códices da Casa Forte

35 Legislação (ff 19-66v); Livro de juramentos dos desembargadores e regedores da Casa da


Suplicação, corregedores das comarcas e juízes de fora (séc. XVI-XVIII, ff 66v ss)

51 Colecção Moreira

Colecção de Leis, liv. 2, fls. 93-113 e M0 2, n° 5

Colecção de São Lourenço- 6 Livros

Colecção de São Vicente

Conselho da Fazenda

Corpo Cronológico

Pesquisa intensiva da totalidade dos documentos de cada um dos maços da

Parte 1, Parte 2, Parte 3

Cortes - Capítulos

Ementas

Fragmentos Maços 1 a 9

Gavetas

Levantamento de todos os documentos da época estudada

407
Genealogias Manuscritas

Leitura Nova

Manuscritos da Uvraria

1155 Correspondência do rei, infantes, de rainhas e princesas, e de outras altas figuras, ao Con-

de da Castanheira

2261 Casa do Cível, regra da Chancelaria

488 Lista das comarcas do Reino

1194 Santarém

1919 Desembargo do Paço

857-870 Desembargo do Paço - leis, alvarás, regimentos. Assentos de exame de bacharéis

61 (LN) Livro de Demarcações entre Portugal e Castela

1147 Miscelânea. Correspondência de D.João III com o Rei de Fez. Relação da armada que
participou na empresa de Tunes em 1535

359 Colecção dos Manuscritos da Biblioteca do Rei de França, copiados pelo Visconde de
Santarém

2597 Bens da Casa da Castanheira 1454-1627

1106 Miscelânea. Advertências de Lourenço Pires de Távora ao Cardeal Regente

1110 Cartas de diversas personalidades a Lourenço Pires de Távora

1652 Genealogia

Miscelâneas Manuscritas

1160 Época de D. João III

170 Oficiais-mores das Casas dos Infantes (ff 49-52)

Oficiais da Casa Real (f 4)

168 Oficiais-mores dos Infantes (f 19)

1104 Lista dos títulos queexistiam em 1568 (f 149)- Barão do Alvito (1568, f 53)

Regimento da Fazenda (1591, f 84)

1118 Cartas de D. João III

408
Miscelâneas Manuscritas de N" s• da Graça

P.27, 40, 41 Cartas régias incluindo documentos sobre a ida de Lourenço Pires de Távora ...

Corte de Carlos V

T. IV, "Documentos Vários" do Conde de Castanheira

Moadias da Casa Real 1504-1575, 1O Maços

N6cleo Antigo

17 e 18 --Ordenações de D. Manuel- Livros 1° a 5°- 1514.


16 -- Leis e Regimentos de D. Manuel - 1516-1520.
19 -- Leis Extravagantes compiladas por Duarte Nunes de Leão - 1566.
246 --Registo de sentenças-1441-1442; 1533-1576.
309 --Aldeias de Portelo e Montesinho, termo de Bragança, e lugar de Calaboz, termo da vila
de Seabra no reino de Castela - 1538.
294 --Terras da Coroa, incluindo a raia. Contém o registo sumário do número de moradores
das terras do Duque de Bragança- 1527.
247 -Celorico de Basto: Reguengos e foros da vila e seus limites -1571-1576.
286 - Évora: Bens, propriedades, rendas e direitos da cidade e termo - 1534-1536.
276 -- Évora: Capelas da cidade de Évora e das vilas de Montemor-o-Novo, Alcáçovas, Via-
na, Redondo, Cabeção, Mora e Lavre- 1533-1535.
212 --Azevedo (D. Filipa de)- Testamento de D. Filipa de Azevedo, condessa de Atouguia,
pelo qual instituiu o morgado de Vaqueiros, aos 18 de Maio de 1519. Duas públicas-
-formas, uma de 24 de Março de 1580 e outra de 7 de Junho de 1782, passadas
pelo Notário Apostólico.
190 --Costa (D. Gil Eanes da)- Tombo do morgado instituído por D. Gil Eanes da Costa,
Vedar da Fazenda, e por sua mulher D. Joana da Silva, sendo possuidor seu filho
D. António da Costa- 1570.
203 -Lima (D. Manuel de)- Documentos referentes à instituição da capela de D. Manuel
de Lima no convento de S. Francisco de Lisboa, em 24 de Janeiro de 1579, de que
eram administradores D. António de Ataíde e sua mulher D. Ana de Lima, filha de D.
António de Lima, irmão do instituidor, lançados na Torre do Tombo por provisão régia
de 24 de Março de 1609.
213 -- Mexia (Afonso)- Instituição de morgado por Afonso Mexia, fidalgo da Casa Real, feito
em 3 de Outubro de 1550, pelo tabelião Afonso Luís. Com aditamento de 25 de Maio
de 1533.

409
197 -- Ponte (Diogo Vaz da)- Tombo da capela instituída por Diogo Vaz da Ponte, escudeiro
do Mestre de Santiago, e seu testamento feito em Torres Novas, 15 de Julho de 1526,
em certidão de 22 de Julho de 1572, a pedido de Paulo Heitor de Sousa, administrador
capela de António de Sousa e Aldonça de Sousa, por ter sido notificado que devia dis-
tratar o padrão de vinte mil reais inscrito no almoxarifado de Tomar.
195 --Silva (D. Filipa da)- Instituição de morgado por D. Filipa da Silva, filha de Vasco Eanes
Corte Real e de D. Joana da Silva -18 de Abril de 1548; confirmado em 18 de Julho de
1548 e lançado na Torre do Tombo em 12 de Junho de 1549 por Damião de Góis.
196 --Sousa (D. Aldonça de)- Instituição de capela por D. Aldonça de Sousa, mulher de
D. António de Sousa, fidalgo da Casa Real, na igreja paroquial de Santa Cristina de
Condeixa, segundo testamento feito a 18 de Março de 1550. Livro assinado pelo Admi-
nistrador da capela, Paulo Heitor de Sousa, em 20 de Março de 1579.
198 --Sousa (D. Aldonça de)- Carta perdão de vinte mil reais inscrito no almoxarifado de
Tomar, concedido por tença separada aos administradores da capela de D. António
de Sousa e Aldonça de Sousa.
240 --Paiva (Bartolomeu de)- Sentença cível sobre administração da capela instituída por
Martim Anes Rebouça e sua mulher Margarida Tareja, na igreja de Santa Maria de
Almonda, termo de Santarém, a favor de Bartolomeu de Paiva, amo e camareiro de
D. João III, e do seu Conselho, na acção que lhe foi movida por Simão de Faria, fidalgo
da Casa Real. Évora, 18 de Julho de 1533.
871 --Cartas missivas de e para o Rei -1520-1630.
881 -- Cartas missivas e outros documentos - 1499-1690.
877 -- Cartas dos governadores de África - 1501-1542.
876 --Cartas dos vice-reis e governadores da Índia -1504-1588.
875 -- Sumário das cartas que vieram da Índia e respostas que tiveram - 1525.
873 - Registo sumário de nomeações para cargos e ofícios no Estado da Índia, Guiné, Mina,
ilha de São Tomé, China, para as armadas, e para feitores em Andaluzia, e na
Flandres -1515-1526.
314 -- Contos de Lisboa I Contos do Reino e Casa.
586 -- Rendimento do reguengo de Algés - 1537.
Livro do sumário dos rendimentos e assentamentos das chancelarias e das alfândegas e
almoxarifados do Reino e lhas:
919 - 1519-1521
819 --1523-1525
590 -1525
826 --1533

410
931 -1535
921 --Assentamento de tenças -1535-1542
560 - Livro de recebimentos de Álvaro Pacheco - 1527-1528.
559 -- Dízimas das sentenças- 1522
561 -- Dízimas das sentenças- 1530-1531.
906 -- Dízimas das sentenças - 1534.
588 --Arrendamento das rendas do Mestrado de Cristo e das jugadas de Santarém - 1555-
-1559.
915 --Mantimentos e tenças pagas por Lopo Dias, recebedor do almoxarifado de Tomar-
-séc. XVI.
777 - Receitas de Gonçalo Mendes, tesoureiro-mar da redenção dos cativos - 1523-1539.
780 - Receita de Afonso de Almeida, mamposteiro da redenção dos cativos na comarca de
Santarém - 1536.
563 -- Almoxarifado do termo de Lisboa: receita do ano de 1532, sendo almoxarife Jorge
de Paiva.
733 -- Casa da Portagem: mantimentos e tenças pagas pelo rendimento da Casa - 1540.
822 -- Casa da Portagem: mantimentos e tenças pagas pelo rendimento da Casa - 1541.
929 -- Casa dos Vinhos: receita das jugadas - 1530.
574 - Casa do Pescado: dízima do pescado de Lisboa - 1519
735 - Casa do Pescado: dízima do pescado de Lisboa - 1575
577 - Casa das Carnes: sisa das carnes de Lisboa- 1545
579 -- Casa das Carnes: sisa das carnes de Lisboa - 1546
886 -- Relação das rezes mortas e das peles para curtir no ano de 1539
Casa das Frutas: mantimentos e tenças pagas pelo rendimento da Casa sendo
recebedor Francisco Lopes:
565 --1534
822A-1540
823 --1541
Casa das Herdades:
548 - dízima e sisa de mercadorias, entre as quais panos e escravos, sendo recebe-
dor Duarte Barbudo.
549 -- Casa do Haver do Peso: Livro dos varejos que pertencem à sisa - 1538-1539
Casa da Marçaria:
824 Livro de avenças - 1523
91 O - Avenças conm os rendeiros de Lisboa-Registos - 1542-1551
909 - Declaração de venda de diversas mercadorias - séc. XVI

411
Três Casa (Herdades, Haver do Peso e Maçaria):
551 - Mantimentos e tenças pagas pelo rendimento das Casas - 1539-1540
932 - Registo de produtos vendidos ou dados em tença a diversas pessoas-
-- 1525-1530
136 -Casa da Moeda: Livro de Rui Leite tesoureiro-morda Cruzada -1515-1524
890 -- Casa da Guiné: Instruções e mercadorias para uma viagem à Serra Leoa entregues
a André Afonso, capitão do navio - 1526
722 -- Casa da Mina: Receita e despesa da feitoria de S. Jorge da Mina, sendo feitor
Manuel de Campos -1529-1530
809 -- Casa da Índia: Receita e despesa do tesoureiro Heitor Nunes - 1515
820 --Conhecimento das especiarias dadas a mosteiros do Reino e de Castela- 1518-
-1521
821 -- Conhecimento das especiarias dadas a mosteiros do Reino e de Castela - 1526
818 -- Receita e despesa do almoxarife dos Fornos reais de Vale do Zebro - 1526
922B -- Receita e despesa do almoxarife dos Fornos reais de Vale do Zebro - 1527
Receita e despesa do feitor Bastião Álvares (Málaga):
709-1522
710-1523
720- 1524-1525
Receita e despesa do feitor Luís Ribeiro (Sevilha):
715-1520-1521
716-1522-1523
721 -1524-1525
763 -Receita para as obras da Casa da Relação. Recebimentos assinados pelo
escrivão Afonso Mexia - 1505-1507
767 -Despesa das obras da Igreja de Santa Maria do Bispo, em Montemor-o-Novo,
mandada construir pelo Cardeal Infante - 1534
617 -Pagamento de soldos à armada do capitão Pero Botelho que foi ao Estreito de
Gibraltar levar pagas aos lugares d'além - 1524
752 -Receita de trigo e milho entregue pelos rendeiros Bastião Dias e Diogo Gomes ao
recebedor Rodrigo de Pina- 1530
778 -Receita e despesa da Casa da Leitura- s.d.
Livros de recebimento dos portos [secos]
516-1521-1522
522 - 1526-1527
515-1528-1530

412
523-1530
554 - Almoxarifado de Monção: Livro das jugadas do ramo de Monção - 1526

Almoxarifado de Ponte de Lima: Mantimentos e Tenças pagas pelo rendimento do almoxarifado:


914-1526
568,569-1541-1542
Alfândega de Caminha: Receita da dízima e sisa dos panos:
524-1527
534-1532
529 -Alfândega de Ponte de Lima: Livro das avenças da sisa geral da vila de Ponte de
Lima e seu termo - 1530-1532
Alfândega de Vila do Conde: Receitas das dízimas:
513-1527
576-1531
514-1532
566 - Almoxarifado de Aveiro: Mantimentos e tenças pagas pelo rendimento do almoxa-
rifado, sendo almoxarife Francisco Rodrigues - 1538
Alfândega de Aveiro: Receita da dízima e sisa dos panos:
916- [1521]
545-1522
536-1526
535 - 1534-1535
547-1536-1537
Alfândega de Buarcos:
530 - Livro da sisa dos panos - 1534
531 -Receita dos direitos de saída- 1535
543 - Receita dos direitos de saída- 1536
584 --Livro de jugadas do ramo de Calhariz, sendo almoxarife Pero Fernandes
(Santarém) - 1526
583 - Livro de jugadas do ramo da Tojosa, sendo feitor e escrivão Francisco
Jácome (Santarém) - 1526
Comarca da Beira
907- Chancelaria da comarca: Receita do rendeiro Diogo Rodrigues- 1524
562 - Almoxarifado de Castelo Branco: Mantimentos e tenças pagas pelo rendi-
mento do almoxarifado, sendo almoxarife Simão Vaz- 1541
Almoxarifado da Guarda: Mantimentos e tenças pagas pelo rendimento do almoxa-

413
rifado, sendo almoxarife Lopo de Abreu:
729-1537-1538
573-1540
567A- 1540-1542
Alfândega de Almeida e Sabugal:
731 -Receita e despesa dos portos, sendo feitor Gonçalo de Távora e escrivão
Diogo de Mendonça -1532
542 -- Alfândega de Marvão: Rendimentos correntes e avenças - 1533
564 -- Almoxarifado do termo de Tavira: Receita do Almoxarife Afonso Lopes -1533-
-1534
762 --Alfândega de Portimão: Descarga de pau Brasil, vindo na nau "Francesa" -1531
Capitania do Funchal:
589- Funchal: Livro dos quintos- 1530
747- Calheta: Livro dos quintos -1534
527- Ponta do Sol: Livro dos quintos -1526
748- Ponta do Sol: Livro dos quintos -1537
745 - Ribeira Brava: Livro dos quintos - 1536
541 -Alfândega do Funchal: Livro de entradas e saídas - 1523
Capitania de Machico:
905 - Almoxarifado de Machico: Direitos do açúcar- 1530
746 -Alfândega de Santa Cruz: Livro de receitas e despesas -1522-1523
724 -Alfândega de Santa Cruz: Livro de saídas- 1524
728 -- Ilhas dos Açores: Receita e despesa do almoxarife da Ilha de S. Miguel,
João Tavares -1527
528 -- Ilhas de Cabo Verde: Receita dos quartos e vintenas e despesa - 1528-1529
624 --Alcácer Ceguer: Pagamento à gente da ordenança - 1533
626 --Alcácer Ceguer: Pagamento à gente da ordenança- 1533-1534
738 -- Arzila: Receita e despesa de João Álvares de Oliveira - 1517-1523
739 -- Arzila: Receita e despesa de Estêvão de Oliva, almoxarife do armazém - 1523
608 -- Arzila: Traslado das ordens de pagamento relativas aos anos de 1519 a 1521,
em que foi recebedor Francisco Ribeiro, feito por Job Queimado, provedor da
Fazenda nos lugares de África, e por Fernão Caldeira contador de Arzila, segun-
do carta régia que lhe foi apresentada em 21 de Novembro de 1522
575 -- Azamor: Dízima do peixe
627 -- Azamor: Pagamentos à gente da ordenança, efectuados por João Rodrigues,
feitor e almoxarife -1537-1538

414
779 -- Azamor: Pagamentos aos trabalhadores das obras - 1528
628 -- Azamor: Receita e despesa de Pedro Álvares de Faria, feitor e recebedor
dos mantimentos - 1541
Ceuta: pagamentos à gente da ordenança (soldos e tenças), efectuados pelo almoxarife
António da Costa:
619 - Primeiro semestre - 1530
621 -1532
625 - 1533-1534
741 - Pagamentos em trigo no mês de Setembro - 1535
753 - Pagamentos em trigo - 1537
607 --Mazagão: Pagamentos à gente da ordenança da fortaleza- 1522-1523
740 -- Mazagão: Receita e despesa, Almoxarife Lopo Lobato - 1533-1536
613 -- Tânger: Receita do almoxarife Vicente Fernandes - 1521-1525
Contos do Estado da Índia:
296- Tombo Geral da Índia, por Simão Botelho- 1554
865 - Livro de pesos, medidas e moedas da Índia- 1554
623 - Cananor: Pagamento de soldos à guarnição da fortaleza - 1532-1533
595 - Cochim: Pagamento de soldos em mercadorias e dinheiro , efectuado pelo
feitor Nuno de Mascarenhas; escrivão Estêvão Gago - 1520-1522
61 O - Cochim: Pagamento de soldos efectuado pelo feitor Nuno de Mascarenhas-
--1521-1522
616- Goa: Pagamento de soldos efectuados pelo feitor Miguel do Vale -1525-1526
620- Goa: Pagamento de soldos efectuados pelo feitor Estêvão Gago- 1531
622 - Goa: Pagamento de soldos- 1532
615- Goa: Receita e despesa de Gomes Freire, almoxarife dos mantimentos, sendo
feitor Miguel do Vale - 1524-1525
766 - Ormuz: Despesa das obras efectuadas pelo feitor Cristóvão da Gama - 1525-
-1527
609 - Despesa da nau Santa Maria do Monte- 1520-1521
592- Livro de presas da armada de D. Luís de Menezes- 1522
761 -Receita e despesa de Pero Sola, feitor da armada- 1526
934 - Conhecimento das despesas efectuadas por Pero Sola, feitor da armada -
-- 1526-1527
Contas da Casa Real:
789 - Livro de receita das jóias e vestidos, livros, armas e outros objectos da guarda-
-roupa e tesouro de D. Manuel que ficaram por seu falecimento, de que Rui

415
Leite foi recebedor e testamenteiros o Conde de Vila Nova [D. Martinho de
Castelo Branco] e o arcebispo de Braga [D. Diogo de Sousa]. Escrivão Vicente
Saraiva -1522-1525
927- Receita e despesa do tesoureiro Manuel Velho- 1534-1536
925 - Ordenados e tenças pagos por Francisco Pereira - 1522-1525
142 -"Livro de adições de moradias" - 2° quartel de 1525
141 -Pagamento de moradias e soldos à guarda da câmara do Rei e à capitania
geral da gente de ordenança - 1527-1528
140- "Alfabeto" de um livro de moradias- séc. XVI
Receita e despesa de Mestre Nicolau:
829-1522
830-1523
832-1527
832A-1529
833-1533
Contas da Ucharia:
787A- Receita e despesa relativa a Janeiro - 1532
787 - Receita e despesa relativa a Agosto - 1532
Contas da Casa da Rainha D. Catarina:
Receita e despesa dos recebedores da câmara e tesouro:
--Camareira D. Cecília Boca Negra e seu marido Francisco Velazques, de que foi
escrivão Lucas de Atiença
926 - Livro de recebimento- 1528
790 - Livro de recebimento - 1528-1530
791 - Livro de recebimento - 1534-1536
-Camareira D. Mércia de Andrade, ama da Princesa, sendo escrivães Lucas de
Atiença e Diogo Martins
754-1545-1546
793 - 1545-1552
794-"Livro da nova receita"-1550-1554
Receita e despesa de tesoureiros:
--Tesoureiro Diogo Salema, sendo escrivão Lucas de Atiença
795-1530-1532
792-1534-1545
--Tesoureiro Francisco de Villa Castin, sendo escrivão Diogo Martins
797-1557-1561

416
Receita e despesa de almoxarifes e feitores:
•• Receita e despesa do almoxarife das jugadas da Rainha em Alenquer
732-1539
734-1547
Moradias da Casa da rainha D. Catarina:
•• Pagamentos efectuados pelo tesoureiro Diogo Salema
785 - 1526, 2° quartel
143 - 1530, 1o quartel
143A- 1530, 2° quartel
1438 - 1530, 3° quartel
-- Pagamentos efectuados pelo tesoureiro Álvaro Lopes
143F - 1550, 1o quartel
144 - 1550, 2° quartel
143E - 1550, 3° quartel
144A- 1550, 4° quattel
146- 1553, 2° quartel
147 - 1553, 4° quartel
148- 1554, 1o quartel
149 - 1554, 2° quartel
150 - 1554, 4° quartel
151 -1555, 1° quartel
152- 1555, 2° quartel
153- 1555, 3° quartel
154- 1555, 4° quartel
155- 1556, 2° quartel
156- 1556, 3° quartel
157 - 1556, 4° quartel
158-1557, 1° quartel
159 - 1557, 2° quartel
488 --Rendimento do Infante D. Fernando na comarca da Beira, relativa aos anos de
1528 e 1529 (Certidão feita em 1530)
Casa da Rainha D. Catarina: Livros de matrícula dos moradores
143C -1543
1430-1550
145-1553
Casa do infante D. Luís (1536-1555): Livros de matrícula dos moradores

417
177-1536
178-1538
179-1542
180-1543
182-1544
181 -1545
183-1551
184-1552
185-1553
185A-1554
186-1555
Cópias dos contratos de encabeçamento de sisas feitos no reinado de D. João III:
76- Livro 2°, 1a parte
77 - Livro 2°. 2a parte
78- Livro 2°, 3a parte
79- Livro 3°
80 - Livro 7°' 1a parte
81 -Livro 7°, 2a parte
113 - Cópia de documentos relativos aos donatários dos bens da Coroa:
-- Relação dos donatários dos bens da Coroa, abrangidos pelo decreto de 24 de Outubro
de 1796 e entregue ao Conselho da Real Fazenda. Notícia das sisas em Portugal. Leis
e outros documentos sobre a posse de bens de raiz e corpos de mão morta (1211-
-1789). Licenças de posse de juros reais concedidas a comunidades religiosas e cor-
pos de mão morta, do reinado de D. João III até ao de D. João V (1789, 1790, 1798)
897 - Cópia de documentos relativos a licenças dadas às comunidades religiosas e corpos de
mão morta sobre a posse de juros reais, de D. João III a D. João V (1549-1726)
897A (4/8) --Gavetas: Cópia de diversos documentos
897A (4/7)- "Colecção de manuscritos políticos da livraria do Mosteiro de São Vicente de Fora

Ordens Militares

418
PARA UM INVENTÁRIO

CHANCELARIA DE O. JOÃO III- DOAÇÓES


LN Leitura Nova CF Casa Forte

REGISTO EM LIVROS
ANO
Com caderno específico Em documentos disseminados

1519 ant. 1, 4, 41 CF (f. 74),


1520 41 CF (f. 74)

1521 1, 41 CF (f.74), 51,72 LN

1522 1, 38, 46 (ff. 1-65 e 106-253) 3, 4, 35, 36, 37, 39?, 41 CF


47 (ff. 39-46 e 55-158), 51 (ff. 65-88), 45 (ff. 79-193), 48

1523 3, 45 (ff. 79-193) 4, 35, 36, 37, 41 CF (ff. 65-88),


48, 51,72 LN

1524 4, 35, 37, 41 CF (ff. 65-88) 2, 8, 13, 16, 36, 42, 72 LN


45 (ff. 79-193), 50

1525 8, 13 2, 4, 36, 45 (ff. 79-193), 50, 72 LN

1526 12,36 2, 13, 17, 45 (ff. 79-193), 72 LN

1527 2, 30, 45 (ff. 79-193) 11, 17, 48,72 LN

1528 11' 14, 28, 47 (ff. 31-38) 17, 18,22 CF, 30, 39, 41 CF
(ff. 89-112), 46 (ff. 66-105),
47 (ff. 9-26 e 31-38), 52, 72 LN

1529 17, 41 CF (ff. 57-84), 45 (ff. 79- 9, 14, 16,22CF,39,42,43


-193), 48, 50 (ff. 107-130), 45 (ff. 1-78)
47 (ff. 9-26 e 31c38), 52, 72 LN

1530 17, 39,41 CF (ff. 89-112), 42 10, 16, 19,22 CF, 48, 72 LN
43 (ff. 107-130), 47 (ff. 9-26 e
47-54), 50, 52

1531 9, 47 (ff. 9-26), 50 16, 18, 19, 20, 41 CF (ff. 89-112),


47 (ff. 47 -54), 50

1532 16, 18 19, 20, 24,45 (ff. 1-78), 50

1533 19, 45(ff.1-78), 46(ff. 66-105) 7,20,50

419
REGISTO EM LIVROS
ANO
Com caderno específico Em documentos disseminados

1534 7, 20,47 (ff. 159-161), 50 10,22 CF, 45 (ff. 1-78), 50


1535 10, 47 (ff. 27-30 e 159-161) 22 CF, 50
1536 21,22 CF, 50 23,44
1537 23,24 22 CF (ff. 135-136), 32, 44, 49
1538 44,49 26
1539 26,27,44 34,40,50
1540 40,50 34
1541 31,34,50 32,38,50
1542 32, 38, 47 (ff. 1-8), 50 6,28,31
1543 6,28 5, 38?, 41 (ff. 1-56), 55
1544 5, 41 CF (ff. 1-56) 25, 28, 35, 43 (ff. 1-1 06)
1545 25,35 33, 43 (ff. 1-1 06), 60

1546 33, 43 (ff. 1-1 06) 15,29,35,64, 70

1547 15,29,33 55,60,67, 70

1548 55,60,67 66, 70


1549 55,60,67, 70 62,64,66,69, 71
1550 62,64,66,69
1551 62,64,66,69 56,68
1552 56,61,68 57,63
1554 53,57,58,63
1555 53,57,58,63 54,65, 71
1556 54,59,65, 71 58
1557 54,59,65, 71

420
CHANCELARIA DE O. JOÃO III- PRIVILÉGIOS
LN Leitura Nova

REGISTO EM LIVROS
ANO
Com caderno específico Em documentos disseminados

1522 6 LN

1523 6 LN

1524 6LN

1525 6 LN

1526 6 LN

--
1528 6LN

--
1547 2

1548 2

1549 2

1550 4

1551 4

1552 1

1553 1

1554 3

1555 3,5

1556 5

1557 5

Observações: Liv. 1- 361f. Liv. 2- 315f. Liv. 3- 328f. Liv. 4- 314f. Liv. 5- 342f. Liv. 6 -184f.

421
CHANCELARIA DE O. JOÃO III- CONTRA TOS

LIVROS DE CHANCELARIA E N° DE FÓLIOS NÚCLEO ANTIGO


ANO
Registos originais Confirmação régia Cópias do Séc. XVIII

2
1 (112 f.) 5 (128f.)

1527 4 (102f.)
1
8 (216 f.)

1527-28 7 (154f.) 7 -I, 11


NA 80-81

1528 6 (88 f.) 2 (167 f.) 2- I, 11, III


NA 76-78

3
1534-35 3 (28f.) 3
NA 79

1 2 3
NOTAS: Antigo 3° Livro ; Antigo 1o Livro ; Antigo 6° Livro

422
BIBLIOTECA DA AJUDA

NÚCLEO ANTIGO

44- XIV- 1035 -Administração-Funcionários: Para o ofício de Procurador da Fazenda se no-


meia
pessoas seguinte

11
49- 11-48 --África-História Militar: Alvará sobre rendas aplicados para a fortificação dos luga-
res de África (Évora, 1570, Jan. 3)

52-XII-13 -Alvito, Foral: 1516, Nov.20

51 -VI- 46 Casa Real-Funcionários: Treslado do Regimento do oficio do Reposteiro-mar


(Lisboa, 1522, Julho 30)

54 - IX- 33 - Castanheira: Cópia das Doações das Vilas de Castanheira e Povos

51 -IX- 8 Conde da Castanheira (Fazenda): Papel sobre as devassas feito pelo Conde
da Castanheira onde se diz ser a murmuração o vício próprio dos Portugue-
ses em todos os tempos, s/data

44-XIV-1 -- Conselho da Fazenda: Livro do Conselho da Fazenda de Decretos e Consul-


tas. Originais.

44-XIV-1 -- Conselho da Fazenda: Consulta sobre a Jurisdição que tem o Vedar da Fazen-
da sobre o Procurador dela (da Índia)

54-XI-20 -- Cópia do Foral da Castanheira e Povos

51-X-22 -- Fazenda Pública: As grandes despesas que este Reino tem feito desde a
tomada de Ceuta até 58 anos adiante questa - 1525

49 -XII-14 Fazenda Pública: Tenças, Moradias e Ordenados de D. João III pelos anos
de 1534-1534

423
44-XIV-12 - Impostos: Artigos ou Regimentos das Sisas do tempo de D. João e D. Manuel
(1509)
50- v- 31 Índia, Governo: Notícia e sucessão dos governadores da Índia de 1505
a 1558

54-X-16 Índia: Memórias dos fidalgos que passaram à Índia - 1530-1531

51- Vll-19 a 22- Índia Portuguesa: Documentos vários -1542-1548

51 --VIII- 8 - Índia: Livro das mercês que fez o Sr. D. João de Castro sendo Vice-Rei da
Índia aos Capitães e Fidalgos daquele Estado, e a todas as pessoas que
o ajudaram no cerco de Dio: 1545-1548

49-XII-24 -- Livro de Mercadores da Casa dei-Rei no ano de 1570

54-X-7 Regimentos (Séc. XVI): Regimento do Provedor, Tesoureiro e Escrivão que


reside nas Ilhas

44-XIII-52 Regimento (1499-1591): Regimentos, Cartas, Alvarás e Resoluções Reais

44 -XIII- 59 -- Regimento (1576): Livro manual dos Regimentos e Provisões que são pas-
sadas sobre a ordem e maneo dos Contos do Reino e Casa, e arrecadação
das dívidas deles: e sobre o ofício de Contador-mor dos ditos contos

49-11-87 - Regimentos: Regimento sobre Casas e Provisões que se despacham pelos


Desembargadores do Paço (Lisboa, 1576, Julho 20)

44-XIII-61 Regimentos: Tombo de todos os Regimentos e Provisões das Coutadas e


Montarias que S. M. tem nestes Reinos (1584 Dez.)

51-VI-25 -- Sentenças: Sentença sobre um Instrumento de agravos entre partes o Bispo


d'Angra D. Jorge de Santiago e o Corregedor da mesma Cidade sobre ex-
cesso de Jurisdição Eclesiástica Em 1555.
Sobre o mesmo objecto Alvará de D. João III ao Regedor avocando os Au-
tos em 6 de Nov. 1555. Outro Alvará sobre o mesmo objecto 27 de Março

424
1556. Último Acórdão contra o Bispo mas com declarações 24 Ou!. 1556

51-VI-7 -- Sobre padroado da lg. de Povos dos Condes da Castanheira 63-66

51 - IX- 8 (67) - Papel sobre as devassas

49 -XII -11 e 12 --Avaliação de ofícios do Reino 1610

51 -V -37 -- Colon. de Sacramento -suma riqueza e tirar das terras

51-V-32 -- Notícia do Brasil de Gabriel Soares de Sousa

51-VI-36 -- Cartas do séc. XVI. Parecer de D. João III para se não largarem as praças
e Parecer sobre ccnq. Índia; guerra; armas e brazões

51-VI-40 -- Docuementação do Séc. XVI. Levant. João III, recebimentos, casamentos,


morte
c. 1535. Pareceres sobre Norte de África
1529 Carta sobre Molucas
1536 Trib. do Rei de Portugal/ Fr.
Sentenças:
Évora, 28/7/1544 - Pedido de empréstimo a Nuno Fernandes referente à
Flandres; também a D. Álvaro de Ataíde e D. Rodrigo de Castro

50-V-22 -- Norte de África 1532


51 -VI -52/54
49-IX-36 -- 1549
49-IX-38 --1550/49

50- V- 31/50- V -33 -Anais de D. João III

50-IV-19 --Da sucessão dei Rey D. João III

50-V-32 --Carta de D. João III ao embaixador em Roma

50-V-35 -- Capítulos em que deixou EI-Rei D, João III nomeada a Rainha D. Catarina

425
sua mulher por Regente do Reino

50-V-22 Carta do povo de Lisboa a ei-Rei D. João III sobre a ida da Rainha sua ma-
drasta para Castela

426
BIBLIOTECA DE COIMBRA

CÓDICES

104 -Imperador Carlos V (C. a D. João III); Instruções D. João III.


166- Carta de Carlos V a D. João III; Índia.
170- Carta de D. João III.
214- D. Francisco Lobo.

320- Conde de Penela, D. João de Vasconcelos (5 cartas) 1535/36.


324- Conde de Portalegre, D. João da Silva.
358 --Conde de Sortelha (poesias).
441 - D. Martinho de Portugal.
442- Livro de registo de Consultas, decretos e despachos do Conselho da Fazenda, dos Contos
do Reino e Casa e de outros tribunais (séc XVIII)
448- D. Catarina (Barão d'Aivito).
473- Casa do Cível.
474- Cadastro e Censo da População (D. João III).
475- Papéis vários (D. João III).
479- Criação da Mesa de Consciência (D. João III).
482- Livros 2• e 3° do Reinado de D. João III.
488- Papéis vários (D. João III).
496- Papéis vários (C. do Conde de Penela).
502- C. elo falecimento de D. João III.
504- C. e/o falecimento de D. João III.
554- Portarias régias e dos Vedares da Fazenda (séc. XVIII)
566- Papéis vários (D. João III- 1522).
581 -Crónicas de Portugal (D. João III).
599- Cadastro do Reinado de D. João III.
619- Papéis vários (D. João III).
624- Carta de privilégios (D. João III).
630- Papéis vários (D. Duarte, filho natural)
633- Documentos de 13.12.1521 a 11.6.1557 (D. João III).
665 - Segundo Conde de Penela.
695- Cortes (D. João III).
699- Cortes (D. João III)

427
701 -Cortes (apontamentos especiais) D. João III.
705- Cartas e Alvarás (D. João III).

1104- Ditos célebres (D. João III); ditos célebres Conde da Castanheira; ditos célebres Res. da
Casa da Suplicação; ditos célebres Conde do Vimioso, Vedor da Fazenda de D. João III.

2584- Carta do Povo de Lisboa a D. João III; Carta do Barão do Alvito D. Rodrigo Lobo a
D. João III.

428
BIBLIOTECA NACIONAL

CÓDICES E MANUSCRITOS

Códices

Cartas Régias- século XVI:


10641 -- Anos vinta a anos cinquenta
886 --1556
10456-464 - Livro das fortalezas - Duarte de Armas
9913 --Ásia: Fortalezas portuguesas séculos XVI e XVII
8570 - Naus da Índia séc. XVI e XVII
8574 - Livro de registos dos termos de menagem a ei-Rei de Portugal - 1544-1559
8570 -- Índia: Governadores e Vi ce-Reis- até 1622
2943 --Cartas políticas de D. João de Castro a D. João III e a seu irmão o infante D. Luís
2257 -- Náutica: construção de navios e galés - medidas, lotações, despesas, etc.
2161 -- D. João de Castro e D. Fernando de Castro- Cartas da Índia
1311-12 -Memórias tiradas dos registos dos Reis de Portugal (até Filipe 11)- Jacinto Leitão
Manso de Lima
887 -- Ilha da Madeira: corsários franceses - armada de socorro. Castigo que teve Gaspar
Caldeira, Antão Luís e o piloto Contreiras - 1556
886 --Ordem em que D. João III e Carlos V assentaram em que devem andar as suas arma-
das na guarda das costas marítimas de Portugal e Espanha (p. 778)- 1552
886 -- D. João III: como e quando teve casa sua (p. 744)
886 -- D. João III: sua aclamação (p. 28)- 1521
683 --História de Portugal dividida em 5 épocas- até ao reinado de D. José
917 -Fazenda: relação das rendas reais de Portugal
675 --Cortes marcadas pelos Reis de Portugal- 1249 a 1668
655 --Reis de Portugal até D. João V: quanto tempo reinaram e onde estão sepultados
637 -- Rol de mantimentos de uma nau para a Índia- séc. XVI
656 -Visareis que houve na Índia Oriental: Reis D. Manuel, D. João III e D. Sebastião
600 -- Botafogo: Galeão S. João, célebre no ataqe da Goleta - 1535
581 --Índia: Governadores, viso-reis e capitães-mores: datas de partida e chegada -1500-
-1608

429
2633 -- Carta para Lourenço Pires de Távora, capitão e Governador de Tânger
484 -Parecer de O. João III sobre os lugares e passagem da África
398 --Notícias históricas dos reinados de D. Manuel, D. João III, D. Sebastião e domínio
castelhano até 1637 - séc. XVII (?)
8920- 3551 -3563 --Miscelânea com Sentenças do Conde do Vimioso
543 --Vedares da Fazenda (D. Fernando até D. João V, com impresições)
6464 --Alfândegas- alvarás, sentenças, provisões (sécs. XVI-XVIII)
206 -- Armada: Regimentos e ordens de Sua Magestade - 1539-1626
6806, 6651 e 1507 -- Roteiros portugueses da viagem de Lisboa à Índia nos sécs. XVI e XVII
679 --Tratado de magestade, grandeza e abastança, da cidade de Lisboa (Estatística de
Lisboa de 1552)
916, 295, 940 -- Anais de Arzila: crónica inédita do século XVI
6468 --Desembargo do Paço e Relação- Papéis vários (sécs. XVI-XVII)
411, fl.50 -- 1485-1628: Pessoas que serviam o cargo de Mordomo-mar e Vedar entre estas
datas
411, fl.12 -- Catálogo dos Chanceleres-mores deste reino de Portugal
411, fl,18 -Catálogo dos Regedores das Justiças (1385-1477, séc. XVI incluído)
411, fl.21v --Regedores da Suplicação (1400-1710)
411, fi. 36 e 55- Catálogo de Vedares da Fazenda desde D. João I (1485-1628)
411, fi 50 --Mordemos-mar e Vedares (1485-1628)
543 --Vedares da Fazenda
1073-78 -Notícias biográficas
8457 --Miscelânea. Francisco Pereira Pestana (f 40 ss)
8567 -- Casa do lnfantado. Doações ao Conde da Castanheira
3022 - Doações ao Conde do Vimioso
8574 --Termos de menagem
3737 --Fazenda- Regimentos
886, p.44 - Carta régia nomeando Mordomo-mar da Casa Real ao Conde de Portalegre- 1522
(Lisboa, 1 de Janeiro)
886, p.46 -Carta régia nomeando D. Pedro de Mascarenhas Estribeira-mar da Casa Real -
-- 1522 (Lisboa, 2 de Janeiro)
163 - Capelães-mores (f 59)
10615 - Livros de moradias- séc. XV e XVI
9796-803 -População 1527-1800
10607 -Sobre subsídio pedido por D. João III
737 -Cartas

430
886 -Cartas
1758 -Cartas de D. João III a respeito dos lugares de África
7638 - Cartas sobre o Norte de África
1598 -Carta de D. Afonso de Vasconcelos e Meneses, de agravo 1547
3551 - Memórias e pensamentos do Conde do Vimioso
11001 -Crónica de D. João III de C. Rodrigues Acenheiro

Manuscritos

Cartas régias -- anos vinte a cinquenta:


199-95; 201-66; 201-122; 201-144; 206-53; 206-54; 206-94; 206-126; 206-176; 206-181; 206-183;
206-185; 206-192; 206-204; 206-205; 206-210; 206-212; 206-215; 206-217; 206-218; 206-221;
206-222; 206-224; 206-225; 206-228; 206-230; 206-231; 206-233; 206-236; 206-238; 206-239;
206-256; 207-2; 207-3; 207-4; 207-5; 207-11; 207-23; 207-28; 207-49; 207-68; 207-75; 218-94;
218-95; 218-107; 218-116, entre outras.

7-4 -Memorial de queixas do Conde do Vimioso


220-32 --Aqueduto de Évora: cópia de uma carta de quitação de D. João III em favor dos
herdeiros de Duarte Moniz
218-100 - D. João III: relação da armada de Tunis mandada em ajuda ao Imperador Carlos V
em 1535
207-74 -Carta de D. João III para o Duque de Bragança sobre os roubos que os franceses
faziam aos vassalos de S. A - séc. XVI
207-27 - St. Germain en I'Maye: carta para D. João III acerca dos conflitos com navios fran-
ceses- 1527 (24 de Fevereiro)
207-59 -Instruções para André Soares alcançar do Rei de França compra de 20 mil moios
de trigo para abastecimento do Reino -séc. XVI
207-23 - Carta régia para António de Azevedo Coutinho seu embaixador na Corte do Impe-
rador sobre o conceito de Maluco- 1528 (13 de Setembro)
206-236 - D. João III: carta para Carlos V sobre o casamento da Princesa D. Joana da Áustria
com o príncipe D. João- 1552 (Almeirim, 9 de Fevereiro)
206-219 -Brasil/História (1549-1624): Carta de Tomé de Sousa para o Rei noticiando as
vilas e povoações que fundou no Brasil- 1553 (S. Salvador da Baía, 1 de Junho)
206-186 -Credencial a favor de Honorato de Caix, embaixador de França em Portugal-1527
206-185 - Carta régia para Álvaro de Vasconcelos sobre o socorro enviado a Carlos V para a

431
empresa de Tunis -1535
206-181 -Carta régia para Álvaro Mendes de Vasconcelos sobre a Inquisição e a rivalidade
entre Francisco I e Carlos V -1536
206-176 - Carta régia para Álvaro Mendes de Vasconcelos sobre as relações luso-francesas
e a pirataria francesa - 1536
201-132 -Sumário de todas as cartas que vieram da Índia ao Rei D. Manuel e de outros reca-
dos que também vieram nas naus
201-125 - Sumário das cartas que vieram da Índia assim como na Armada como no Caravelão
e se declararam suas matérias - 1533
201-131 - Planta das Cortes de Torres Novas de 1525 (cópia do séc. XIX)
201-90 -Carta de D. João III a Nuno da Cunha sobre coisas de Maluco-1550 (Lisboa, 18 de
Março)
199-151 -Auto de testemunhas ordenado em Goa por D. João de Castro ao Ouvidor Geral Dr.
Simão Martins para averiguar do estado dos Armazens e do Arsenal de Goa-
--1545 (30 de Dezembro)- 1546 (11 de Janeiro)
199-150 -Carta para D. João de Castro de Rafael Lobo sobre o estado da Índia-1546 (Mas-
cate, 11 de Novembro)
199-149 - Carta para Francisco Barreto sobre o reforço da Índia e o estado de Moçambique
199-138 -Carta de D. João de Mascarenhas para D. João de Castro sobre os sucessos de
Dia- 1546 (11 de Julho)
199-137 -Cartas para D. João de Castro de D. João de Mascarenhas sobre os sucessos de
Dia- 1546 (28 de Agosto)
199-136 -Carta para D. João de Castro de D. João de Mascarenhas sobre Dia- 1546 (27 de
Novembro)
199-134 -Carta para D. João de Castro de D. João de Mascarenhas com notícias de Dia-
-- 1545 (Dia, 17 de Novembro)
199-133 -Carta para D. João de Castro de D. João de Mascarenhas com notícias vária
sobre Di o- 1545 ( 23 de Novembro)
199-128 - D. Garcia de Albuquerque escreve a D. João de Castro com novas de Portugal-
-- 1545 (Lisboa, 20 de Novembro)
199-127 -Carta para D. João de Castro de D. João de Mascarenhas com notícias de Dia-
--1546 (27 de Setembro)
199-126 - Azamor: carta de D. Álvaro de Noronha sobre o socorro a Azamor e o recrutamento
de soldados- s.d.
199-122 -Carta para D. João de Castro de Vasco da Cunha, escrita em Chaul, com novas de
Dia, e outras -1546 (Chaul, 16 de Setembro)

432
199-123 -Carta para D. João de Castro de D. João de Mascarenhas com notícias de Dia-
--1546 (Dia, 5 de Outubro)
207-28 -2° Conde da Vidigueira: Alvará de D. João III relativo à transmissão do cargo de Es.
!ribeiro-mar na família do Conde- 1542
199-121 - Carta para D. João de Castro de Vasco da Cunha, sobre os sucessos de Dia -
-- 1546 (?) (Chaul)
199-118 -Carta de D. João de Mascarenhas para D. João de Castro com notícias de Dia-
-- 1546 (11 de Abril)
206-77 -Carta para Estêvão Gago sobre o Xerife e o Rei de Fez- 1547 (Lisboa)
206-49 - D. João III: carta de Mercê em favor de 300 mil réis e da Alcaidaria de Arzila se
a Vila voltar ao domínio português- 1551 (20 de Março)
203-19 - Resgate de Cativos: Vários documentos sobre o Resgate dos cativos cristãos-
-Séc. XVI
201-152 -Carta do Senado da Câmara da Cidade de Goa a D. João III sobre várias coisas
tocantes ao Governo do Estado da Índia- 1520 (12 de Novembro)
201-151 -Carta de D. João III ao bispo de Coimbra sobre o abandono de Safim e Azamor-
-- 1534
201-146 - Minuta do alvará mandando soltar os franceses que haviam sido capturados (por
negociarem com os mouros em Larache pelo capitão da armada Lisuarte Peres)
201-142 -Carta da Rainha D. Catarina para o Duque de Bragança D. Teodósio I sobre os
sucessos de Mazagão e o estado da Fazenda real
210-118 -Carta de Baltazar de Castro para D. João III sobre várias notícias do Congo e o
descobrimento do mesmo rio -1526 (15 de Outubro)
199-74 -Carta de D. António de Ataíde, Conde da Castanheira, para D. Garcia de Castro
estante na Índia com notícias da Corte- 1544 (Almeirim, 14 de Abril)
206-187 -Carta para o Rei D. João III sobre os casamentos do infante D. Luís e do filho do
infante D. Duarte- 1534 (27 de Janeiro)
201-71 - Carta sobre o provimento de trigo para Marrocos e outros assuntos - 1536
(2 de Março)
201-58 - Carta para Madim Correia da Silva sobre o Xerife de Marrocos e a guerra que teve
com o Rei de Argel
201-43 -Relação das despesas que se faziam com a guarnição de Ceutra- s.d.
201-6 -Carta de Luís de Loureiro a D. João III sobre as cousas de Mazagão -1542 (Maza-
gão, 15 de Dezembro)
201-5 - Carta de Sebastião de Vargas ao Rei com a notícia de ter mandado chamar o Rei de
Fez, para que sossegasse certas desavenças entre D. Afonso e Cite Alhora, que

433
eram causa de estar cerrado o porto de Ceuta, em que recebia muita perda - 1542
(Ceuta, 8 de Outuro)
199-38 - Minuta de carta de D. João III para os do seu conselho, sobre o negócio de Safim e
Azamor, e intentos da Armada de Barbarroxa - 1555 (?)
207-97 -Apontamento sobre o pedido de aliança feito pelo Rei de Velez contra os turcos e de
um empréstimo ao Rei de Portugal, na importância de 60 mil cruzados
251-28 -Índice Alfabético dos Moradores da Casa de D. João III
199-101 -Memorial para Álvaro Mendes que vai como enviado de D. João III ao Imperador
Carlos V- 1536 (Évora, 14 de Junho)
199-72 - Pero de Alcáçova Carneiro: Carta sobre vários assuntos públicos e particulares-
--1544 (Évora, 6 de Junho)
73-45 - Subrogação que fizeram os Condes da Castanheira D. António de Ataíde e D. Ana
de Távora a João Gomes Tesoureiro da Casa da Índia de várias terras do seu mor-
gado na Costa dos amaroeiros - 1544
73-28 - Provisão pela qual o rei nomeia desembargador da Casa da Suplicação o Dr. Antó-
nio Machado - 1533
44-34 -Documentos que interessam à História do domínio português no Oriente (1531-1676)
-1531
27-201 - Questões e negociações com a Espanha sobre os direitos à posse das Ilhas Molucas
-- 1524
26-153 -Relação das Armadas que partiram para a Índia (1509-1640)
10-69 -Contrato entre D. João III e o Imperador Carlos V sobre as Ilhas de Moluco
5- -Lista da morte de D. João III e de como se ordenou o enterramento que lhe fizeram e
de como levantaram seu Neto como Rei
207-163 -Relação de como o Rei de Fez tomou por combate a vila de Arzila e o socorro que
lhe os portugueses da armada deram
207-156 -Carta de D. Francisco de Lima, 3° Visconde de Vila Nova de Cerveira, a D. João III
sobre o abandono de Azamor e Safim- 1534 (6 de Novembro)
207-154 -Carta de Nuno Rodrigues Barreto a D, João III dando-lhe parecer sobre o abandono
de Azamor e Safim -1534 (1 de Novembro)
207-155 -Carta de D. Pedro de Meneses, 3° Marquês de Vila Real a D. João III sobre o aban-
dono de Safim e Azamor- 1534 (Caminha, 30 de Outubro)
207-118 -Carta de Luís Sacoto para D. João III sobre a guarnição deSta. Cruz do Cabo de
Gué -1527 (14 de Março)
207-82 - Instruções para Inácio Nunes mandado por D. João III ao soberano de Fez com
vários conselhos para tratar do abastecimento de trigo - 15...

434
207-78 -Carta do Arcebispo de Braga a D. João III sobre a defesa das praças marroquinas-
-- 1549 (9 de Março)
207-1 O - Carta régia para o Marquês de Vila Real dando-lhe parte dos perigos que corria a
cidade de Tânger- s.d.
206-254 - Carta de Bastião de Vargas para o rei sobre vários assuntos de Marrocos - 1540
(9 de Dezembro)
206-215 -Carta régia para António de Saldanha e Rui Gomes da Silva sobre o desbarato do
Xerife e a segurança dos lugares de África- 1554
206-192 -Carta régia para Cristóvão de Moura a fim de se dar conta ao Papa do desastre de
Sta. Cruz de Cabo de Gué- 1541
206-191 --Carta de O. Fernando de Meneses Coutinho e Vasconcelos, bispo de Lamego para
O. João III sobre o abandono de Safim e Azamor- s.d.
206-190 --Carta de Fernão Vaz de Sampaio a O. João III sobre o abandono de Safim e Aza-
mor- 1543 (15 de Novembro)
206-136 -Notícia das despesas com Ceuta, Tânger e Mazagão feitas cada ano -1562
(30 de Julho)

COLECÇÃO POMBALINA

147 --Cartas familiares de D. João III


152 --Conselho da Fazenda (f 180-182v)
- Corte de Portugal. Dos Título do Reino e Nobreza
- Regedores da Justiça (f 218 ss); Chanceleres da Casa da Suplicação (f 227 ss)
- Da Casa do Cível e Governadores (f 233 ss)
178 -- Conselho da Fazenda - Registos do séc. XVIII comn transcrição de documentos
anteriores
249 --Miscelânea histórica. Vida de Miguel de Moura (1594-1596, f 143). Oficiais (1559-
-1588, f162).
--Levantamento de O. João III, 1521 (f 411), juramento a O. Manuel, 1535 (f 417)
263 - Nobiliário das Famílias de Portugal
323 -- Livro de Linhagens de Portugal
648 --Miscelânea 1437- 1667. Moradias e despesas

435
BIBLIOTECA DE ÉVORA

CÓDICES

Cl/2-28 --Provisão para os Vedares da Fazenda conhecerem das causas-crime dos


oficiais. Évora 1.6.1531.
Clll/2-15 --Governadores e Vice-Reis da Índia até 1640
Clll/2-16 --Fala de Dr. Diogo Pacheco, quando D. João III tomou o ceptro.
Clll/2-17 -Armadas e Capitães-mores e mais Capitães e Naus (até 1597)
-Relação da jornada do Infante D. Luís a Tunes.
-Sumário que o Arcebispo de Lisboa (1545, sic) mandou fazer das ruas, oficinas, etc.,
da cidade de Lisboa.
Clll/2-20 -Carta de D. João III ao Rei de Fez.
-Carta do Rei de Fez a D. João III (1530).
-Carta de D. João III para o Capitão de Azamor D. Fernando de Noronha 2.9.1541.
-Carta de D. Jorge de Almeida, Bispo de Coimbra a D. João III (20.3.1541).
-Carta de D. Afonso de Ataíde para D. Jorge de Almeida, Bispo de Coimbra
(7.4.1541).
-Carta de Nuno da Cunha a Fernão d'Aivares (10.12.1537) Portugal
-Carta de Nuno da Cunha Governador da Índia a D. Garcia de Noronha Vice-Rei
- (1538).
-Carta do Marquês de V. Real D. Fernando de Menezes a D. Manuel sobre os
agravos de D. Antão de Noronha (depois Conde de Linhares).
- Ordem que havia nos Lugares em que se assentavam as Cortes dos três Estados
(Nas Cortes de 1526) (?)
-Fala do Dr. Gonçalo Vaz, sendo Procurador de Lisboa em nome de todos os outros
Procuradores, nas Cortes de Évora (1535) [também códice Clll/2-26].
- Relação da Armada que D. João III mandou em ajuda do Imperador quando foi sobre
Tunes, e o que nesta rota sucedeu.
-Apontamentos vários do Reinado de D. João III.
Clll/2-22 -- Carta do Camareiro-mar D. Francisco de Castello Branco a ei-Rei aconselhando-o a
que olhe pelo Reino (s.d.).
-Carta do Duque de Bragança D. Jaime a D. João III sobre o casamento de sua filha

436
com o lnf. D. Duarte (Vila Viçosa, 7.11.1530).
- Carta de D. João III a Diogo Leite, Alcaide da Moeda do Porto, sobre os meios de
pagar as dívidas em Flandres (Évora, 1544).
-Cartas do 3° Marquês de Vila Real, D. Pedro de Menezes
- 14" a D. Rodrigo Lobo, 3° Barão do Alvito, Lisboa 16.11.1541,
-Carta de D. Rodrigo Lobo, 3° Barão do Alvito a D. João III sobre a sua prisão em
Soure (6.12.1546).
- Doação feita a Luís da Silveira, em nome do Bispo de Évora, da câmara de Monte-
agraço, com todas as suas rendas, jurisdição e dada de ofícios e padreados de
igreja, Lisboa 5.6.1522.
- Notícias desde 1522 a 1573.
-Oração do Licenciado Gaspar Moreira em Évora, à entrada de D. João III e D. Cata-
rina, em 30. 12.1524.
- Alvará de precedência do Conde do Vimioso ao Conde de Penela. Évora,
21.11.1533
Clll/2-26 -Carta do Conde da Feira a D. João III, tomada do Cabo de Gué (25.4.1541).
-Carta de D. Jorge de Almeida, Bispo de Coimbra a D. João III (20.3.1541).
- Parecer que um homem disse na Índia a Nuno da Cunha pedindo-lhe conselho sobre
a armada dos Rumes que se fazia em Suez para vir à Índia no ano de 1532.
-Carta do Rei de Seles a D. Pedro de Menezes, Capitão de Ceuta (28.12.1539).
-Carta de D. Francisco Conde do Vimioso ao Vice-Rei D. João de Castro (Lisboa,
8.1 0.1547).
-Carta de Gonçalo Misurado a Paio Rodrigues, Contador-mar e Vedar da Fazenda em
Lisboa (s.d.).
-Carta de D. João Afonso de Menezes, filho do Arcebispo de Lisboa D. Fernando
1" a D. António de Menezes de Vasconcelos filho do Conde de Penela, pela morte de
seu irmão D. Afonso. 2" a D. João de Vasconcelos por falecimento de seu Pai
D. Afonso.
- Cartas de D. João de Vasconcelos Menezes, Conde de Penela:
-a D. João III, Mafra 9.10.1536.
- à Infanta D. Isabel de Bragança, Mafra 9.1 0.1536.
-Cartas do 3° Marquês de Vila Real, D. Pedro de Menezes
- 1" a D. Afonso de Menezes de Vasconcelos,
- 2" ao Conde de Unhares, seu tio
- 3" ao Conde de Redondo (Lisboa, 16.11.1541 ).
- 4" à Condessa de Penela,

437
- 5• a D. Francisco de Castelo Branco.
- Rendimento da cidade de Lisboa do que pertence ao Rei e assim a todo o Reino em
1523 (sic); despeza ordenada de Portugal e rendimento do Ducado de Coimbra.
-Fala de Francisco de Melo nas Cortes de Torres Novas (1525) em 28.9.
CIV /1-14 -Apontamentos vários do Reinado de D. João III.
CV /1-6 --Carta de D. Martinho de Castelo Branco, Conde de Vila Nova de Portimão a D. João
III, para que se lembre de seus filhos (s.d.).
CV /1-19 --Apontamentos vários do Reinado de D. João III.
CV /1-27 --Apontamentos vários do Reinado de D. João III.
CV /2-1 --Alvará de D. João III para que o Bispo e Cabido do Porto arrecadem por seus
oficiais ou rendeiros a dízima. Évora, Agosto 13, 1534.
CVII/1-24 - Catálogo de Vice-Reis e Governadores da Índia até 1611.
CIX /1-3 -Capitulação entre Carlos V e D. João III (posse e propriedade de Maluco)
(19.2.1524).
CIX /2-1 --Carta de Cristóvão de Sousa a D. João III sobre negócios de Estado (Roma,
9.7.1541).
-Carta de Fernando Ortiz, Chantre de Viseu a D. João III, sobre a cobrança das déci-
mas eclesiásticas do Bispado. Viseu, 14 de Maio de 1543.
-Carta Régia dando o título de Conde de Unhares a D. António de Noronha. Idem ao
primogénito daquele. Torres Vedras, 20.10.1526.
-Determinações que D. João III fez nos conselhos que teve em Évora em 1534, e que
começaram a 2 de Dezembro.
CIX /2-5 -Mapa das Sisas que se obrigaram a pagar a D. João III as cidades, vilas e lugares
deste Reino.
- Folha do que rende o Reino e despesa dele no ano de 1557.
CX I 2-15 - Cartas patentes de Francisco I sobre os processos de represálias entre portugue-
ses e franceses. 1539.
CXI/1-1 -- Notícias das Cortes de Évora em 1535.
CXI/1-11 --Carta de D. João III a D. Margarida de Mendonça Camareira-mar da Princesa de
Castela, mulher do Príncipe D. João, como se havia de ter com o Duque e Duquesa
de Guandia. Évora 5.12.1544.
CXI/1-15 -- Carta de quitação passada a Gomes Carneiro, fidalgo da Casa Real e Almoxarife
da Alfândega de Vila do Conde, na sua gerência de 1532.
-- Carta de Francisco I nomeando João Calenmont e Bertrand de Moncamp para Juí-
zes das represálias entre os portugueses e franceses. Tournay, 2.6.1537.
-- Carta de D. João III nomeando Brás Neto, Bispo de Santiago e Afonso Fernandes

438
para o mesmo cargo. Évora, 15.6.1537.
- Sentenças dos sobreditos Juízes comissários por causa de Pedro Álvares Gentil e
Henrique Nunes. Maio de 1538, Baiona.

- Procurações em causas de represálias entre portugueses e franceses. (Também


Códice CX I 2-15).
CXII2-2 -Notícias das Cortes de Torres Novas em 1525.
CXIII1-24- Panegírico a D. João III, por João de Barros.
CXIV 12-2- Carta de Francisco Sá de Miranda ao Infante D. Duarte, mandando-lhe a Comédia de
Vilhalpandos.
CXV 11-20 - Livro das Armadas e Capitães que foram à Índia desde o descobrimento até 1596.
CXV I 2-3 - Traslado autêntido do Uvro Dourado da Relação da Baía.
- Regimento dos Vedores da Fazenda.
CXV I 2-7 --Carta de D. João III a D. Pedro de Mascarenhas Vice-Rei da Índia
(Lisboa 28.3.1556)
CXVII1-39- Catálogos das Armadas que foram do Reino à Índia (1511 a 1687).
CXVII2-11 -Referências a Nuno Mexia (1540).
CXIX 11-1 O -- Lei de 23.2.1553 contra a exportação de panos nacionais.
CXXX 11-9 - Évora ilustrada, etc. tomo 2°.

SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA

Reservados

Est. 145 Pasta A - 25 Inscrição existente em Dia comemorativa da tomada da cidade e ilha

por D.João de Castro em 1546 (cópia ms.)

439
DOCUMENTAÇÃO PUBLICADA, AVULSA OU EM COLECÇÃO

ALVAREZ, Manuel Femández, Corpus documental de Carlos V, 5 Vols., Salamanca, 1973

Archivo Historico Portuguez, Lisboa, 1903-1916, 11 vols.

Arquivo Português Oriental, 6 Fascículos

BRÁS lO, António, Monumenta Missionaria Africana

CAMPOS, José Roberto Monteiro de, Systema ou col/ecção dos regimentos reaes, Lisboa,
Tipografia Lacerdina, 1818.

Capítulos de Cortes e Leis que se sobre alguns deles fizeram, 1538

CARNEIRO, Francisco, Relação de (todas) as rendas da Coroa (deste Reyno) de Portugal (que
nele se arrecadam, de que procedem, modo e lugares em que se pagam), Coimbra, Univ.
Biblioteca, 1949

CARNEIRO, Pero de Alcaçova, Relações de ... Conde da ldanha do tempo que ele e seu pai,
António Carneiro, serviram de secretários (1515 a 1568) (Rev. e notas de Ernesto de Campos
de Andrade), Lisboa, Imprensa Nacional, 1937

Cartas de Afonso de Albuquerque seguidas de documentação que as elucidam (Dir.R. A Bulhão


Pato e H. Lopes de Mendonça), Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1884-1935, 7 tomos

Colecção chronologica dos assentos das Casas da Suplicação e do Cível, 2" ed., Coimbra, 1786;
Appendices

Colecção de Legislação Fiscal Relativa às Principais Contribuições Directas, Contabilidade Pública


e à Organização e Administração da Fazenda Pública_ (Coord. António de Assis Teixeira de
MAGALHÃES), Coimbra, 1894; 4" ed., I. Univ., 1903, 4 veis. (vol. 3, 327)

Cartas de D.João de Castro (Pub.Eiaine Sanceau), Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1955

440
Colecção de São Lourenço (Pref.not. Elaine Sanceau), Lisboa, Centro de Estudos Históricos Ultra-
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