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Ao falarmos das relações entre Rei e Igreja devemos abordar o facto de que,
estas duas identidades, ambas poderosas, sempre disputaram entre si o exercício do
poder temporal e o exercício do poder espiritual. Existindo, por isso, ao longo dos
séculos inúmeros conflitos entre monarcas portugueses e senhores laicos e
eclesiásticos.
Como exemplo disso, possuímos o reinado de Afonso IV, o Bravo, que ficou
marcado pelos conflitos existentes com o bispado de Braga e do Porto. O primeiro
conflito dá-se entre Afonso IV e o arcebispo de Braga, o D. Gonçalo Pereira. O
confronto inicia-se em 1326 e teve como causa a nomeação e, posteriormente, a
excomungação de tabeliães régios elegidos pelo monarca, o que levou a um detrito
aceso entre estas duas figuras, uma vez que, para o rei Afonso IV era ele que possuía
a jurisdição temporal sobre Braga, tinha o direito de receber apelações, nomear
tabeliães, exercer o direito de padroado e administrar através dos seus oficiais. Não
obstante a isto, o arcebispo D. Gonçalo Pereira reage a estas afirmações do monarca
mostrando-lhe o documento (carta de couto de D. Afonso Henriques e bulas dos
papas Eugénio e Adriano), que legitimava a sua jurisdição temporal sobre Braga.
Os ânimos só acalmaram nos finais da década de 30, já que a guerra no exterior os
unia, assim como a administração interna do reino de Portugal.
No Porto, o enfrentamento entre o poder régio e eclesiástico foi progredindo
até atingir um momento de rutura. Os envolventes nesta contenda foram Afonso IV e
o bispo D. Vasco Martins, encontrando-se dividida em dois momentos.
O primeiro momento, datado do ano de 1328, ficou marcado pelos protestos
entre o cabido e o procurador João Palmeiro para com o corregedor de Entre Douro
e Minho, João Anes Marvão, por este se envolver na administração da justiça da
cidade do Porto.
O segundo momento, iniciou-se em 1339, quando o rei Afonso IV mandou
executar as inquirições sobre os rendimentos e a jurisdição do prelado do Porto. Por
conseguinte, em 1341, o monarca após a realização dessas mesmas inquirições, e
no sentido de averiguar a verdade, declarou a jurisdição crime de vários coutos
episcopais, tais como: o couto de Santo Tirso, o couto da Régua, o couto de Loriz, o
couto de Santa Maria de Campanhã, o couto de S. Pedro da Cova, o couto de Santo
Tirso de Meinedo, o couto de S. Doado e o couto de Castromanha, o que só lhe
permitiu o exercício da justiça cível. Como resposta, o bispo Vasco Martins irá tomar
Maria João Queijo Lopes – up202007274 Licenciatura em História