Big Tech

Ano de publicação: 2018

Autor: Evgeny Morozov
196 páginas

Você já deve ter ouvido a expressão “os dados são o novo petróleo”, certo?
Apesar da evolução indiscutível no desenvolvimento humano, proporcionado pela
ascensão das informações, você já parou para pensar em todas as maneiras que elas
têm nos impactado?
A resposta é que, apesar de o extrativismo de dados ser diferente do de petróleo,
ele, assim como o petróleo no século XX, está revolucionando a economia, a política
democrática, a segurança e outros incontáveis meios, moldando e influenciando a
sociedade do século XXI.
Evgeny Morozov desenvolve o contexto e aplicação da coleta de dados digitais na
atualidade.
Refletindo sobre o motivo de termos como “Big Pharma”, “Big Food” e “Big Oil”,
(grandes companhias farmacêuticas, alimentícias e petrolíferas, respectivamente)
serem termos pejorativos para descrever a ganância desses setores, o autor
questiona por que “Big Data” e a “Big Tech” não recebem a mesma aversão.
Neste resumo, você entenderá que quem domina a tecnologia mais avançada, é
capaz, também, de dominar o mundo. Não nos referimos a grandes planos malignos
como em desenhos animados, mas em controle e influência em decisões político-
sociais.
Você pode estar se perguntando, nesse momento, “o que é Big Tech?” Aqui, você
descobrirá que estamos falando das grandes plataformas de tecnologia e toda a sua
estruturação de dados e informações. Pronto para conhecê-la? Já lhe adiantamos que
elas já conhecem você, desde o primeiro clique.

Ideias principais do livro

• Atualmente, o mundo é regido e controlado através da coleta e da produção de dados;
• Os dados digitais tornaram possível mercantilizar praticamente tudo, em qualquer lugar do mundo e
instantaneamente;
• A ascensão dos dados é capaz de influenciar positiva ou negativamente o desenvolvimento político
mundial, tudo depende da forma com que é aplicada;
• Se você não paga para usufruir de um produto ou serviço, a moeda de troca são os seus dados;
• O mercado de dados digitais é monopolizado por cinco grandes
potências: Apple, Google, Facebook, Microsoft e Amazon;
• Apesar do profundo impacto gerado pela Big Data, algoritmos ainda não são capazes de tomar decisões
críticas da mesma maneira que os seres

Esse livro é indicado para quem?

Esta obra é indicada para pessoas interessadas pelos avanços e mudanças causadas pelo crescimento e
desenvolvimento da era dos dados. Bem como para quem deseja compreender de que maneira nossas
informações podem ser coletadas e utilizadas para nos influenciar, persuadir, analisar e acompanhar.

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 Visão geral do livro
Como o capitalismo tecnológico influencia a cidadania?

Atualmente, é fato inegável que as plataformas digitais ocupam um grande espaço no nosso dia a dia, e que a
grande maioria das pessoas usufrui de suas funcionalidades diariamente e, inclusive, várias vezes ao dia.
Uber, Airbnb, Google, Facebook, Amazon… Os nomes são infinitos, e abrangem todos os âmbitos da sociedade,
desde saúde, educação, segurança, economia e comércio, até as partes mais “inofensivas” do nosso cotidiano,
como a arte, cultura e lazer.
Sabemos que o desenvolvimento tecnológico nos proporcionou eliminar problemas, facilitar nossas
atividades e otimizar tarefas. Apesar disso, as plataformas tecnológicas globais não devem ser vistas como
ferramentas cujo único intuito é descomplicar nossas vidas de maneira transparente.
Com a difusão da informação, proporcionada, inclusive, através dessas mesmas plataformas, hoje temos a
consciência de que a Big Tech é um bloco poderoso.

Qual é o Poder das Plataformas Digitais?

Monopolizada pelas gigantes tecnológicas, com poder e influência necessários para coletar nossas
informações a cada novo clique, e utilizá-las da maneira que for mais conveniente, a também denominada Era
dos Dados é capaz de simplificar nossa vida, ao preço da nossa própria liberdade e privacidade informacional.
Dessa forma, a Big Tech nada mais é do que uma composição muito mais complexa do que ciência e TI
aplicados, e, segundo Evgeny Morozov, trata-se de:

“Um emaranhado confuso de geopolítica, finança global, consumismo desenfreado e acelerada apropriação
corporativa dos nossos relacionamentos mais íntimos.”

As plataformas digitais, no fim das contas, lucram com a promessa de transformar direitos públicos,
conquistados com muita luta e esforço, em serviços eficientes oferecidos pelo setor privado.
Direito à liberdade de expressão, à segurança, ao transporte, ao acesso à cultura e educação: podemos
usufruir de tudo isso ao alcance de um download de aplicativo ou login em um site, e, mesmo que sejam
direitos garantidos, ao sermos obrigados a recorrer aos frutos do Vale do Silício, tornamo-nos reféns da sua
estrutura.
Por fim, Evgeny Morozov nos faz refletir sobre o poder que as plataformas exercem sobre o funcionamento
do mundo, visto que são retroalimentadas pelos efeitos em rede produzidos pela obtenção de dados e pelas
operações de um serviço que se torna ainda mais rentável conforme aumenta a quantidade de usuários.

De que maneira podemos ser manipulados através de nossos dados?

A obtenção de dados na Era da Informação é constante e indiscriminada. Atualmente, nossas informações são
coletadas em todos os âmbitos rastreáveis da internet, muitas vezes, inclusive, sem o nosso
consentimento.

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 Não se trata apenas de informações como seu nome completo ou endereço, a Big Tech, através do
desenvolvimento de algoritmos, baseados em aprendizagem profunda (ou deep learning), é capaz de
analisar, conectar e tomar decisões através de praticamente todas as suas ações na rede.
Hoje, temos nossa localização e dados de saúde monitorados por smartwatches, nossa alimentação
acompanhada por aplicativos, nossas preferências descritas com base no que interagimos em redes sociais,
e nossos desejos e curiosidades registrados pelas pesquisas dos mecanismos de busca.
Talvez essas informações, separadamente, não digam muita coisa sobre nós, mas, quando cruzadas,
compartilhadas e estudadas por organismos de inteligência artificial, podem nos influenciar em diversas
ações e tomadas de decisão, mesmo que, para nós, isso aconteça de maneira imperceptível.
Os anúncios personalizados já são uma estratégia conhecida. Quem nunca pesquisou um produto
na internet e, em seguida, começou a receber muito mais conteúdo relacionado? Isso não é nenhuma
mágica, é, apenas, a Big Tech agindo.
O caso é que os dados não são utilizados somente para nos influenciar somente através de compras
ou marketing personalizado, podem se tornar meios políticos, sociais e até mesmo militares, para que
certas situações sejam beneficiadas e influenciadas em detrimento de outras.
É o caso das fake news, por exemplo, capazes de impactar política e socialmente em decisões importantes,
como as eleições e outras deliberações governamentais.
Na era dos dados, o fator analisado é o engajamento, mesmo que seja a partir de mentiras e discursos de
ódio. Segundo o autor, “o ódio, infelizmente, vende bem mais que a solidariedade”.

Porque o Solucionismo é um conto de fadas?

Um dos aspectos destacados pelo autor de Big Tech, é o de que, atualmente, todos os problemas parecem
ser resolvidos por uma startup do Vale do Silício, e que, socialmente, nossas dificuldades são consideradas
apenas falta de informação.
Um exemplo disso é o desenvolvimento de plataformas de controle financeiro e de auxílio psicológico ou
alimentar. Elas proporcionam informações sobre assuntos relevantes, e oferecem apoio para combater
problemas relacionados.
A questão principal é que, muitas vezes, uma pessoa sabe que deve economizar dinheiro, que meditação
reduz os níveis de estresse ou que comer fast food não é a melhor escolha.
Apesar disso, muitos não conseguem economizar quando recebem o mínimo para sobreviver, possuem
jornadas de trabalho tão exaustivas que não encontram tempo para cuidar da saúde mental ou sabem que
comprar um hambúrguer congelado sai mais barato do que ir à feira.
Dessa forma, Evgeny Morozov reflete sobre a necessidade de debater profundamente sobre os problemas
enfrentados na sociedade, a fim de resolvê-los a partir dos dados, proporcionando um avanço real à
humanidade.
Enquanto as necessidades humanas fazem barulho, devemos erradicar o som, ao invés de produzir tampões
de ouvidos inteligentes.

Mediação digital de tudo: políticas, tecnologia e finanças

Mesmo que não saibamos, possuímos um histórico de ações registradas através de nossos dados e, com a
digitalização de tudo e com cada vez mais mecanismos inteligentes, isso se expande exponencialmente.

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 Interações sociais, operações bancárias, dados de saúde, atividades políticas, serviços contratados, compras,
etc. São infinitas as maneiras com que somos analisados. A Big Tech é o centro das ações políticas,
financeiras e sociais globais, onde cada decisão, transação e atividade importante é rastreada por ela.
Apesar disso, não podemos afirmar que a implementação da tecnologia digital baseada em dados é
apenas um monstro a ser enfrentado. Na realidade, os algoritmos inteligentes também são os responsáveis
por proporcionar oportunidades e desenvolvimento.
Aqui, falamos do acesso a conteúdos, informação, ensino e conexão gratuitas ou a um preço muito mais
acessível. Também mencionamos a criação de novas oportunidades e auxílio informacional para aqueles
que não possuíam acesso.
Apesar disso, não queremos assustar você em relação à tecnologia, ao desenvolvimento e à inovação.
Temos consciência que a Quarta Revolução Industrial proporcionou e continua proporcionando avanços
inimagináveis, muito rápidos e indiscutivelmente importantes para a nossa sociedade.
Evgeny Morozov apenas nos traz reflexões sobre o funcionamento e impacto da coleta, produção e
análise de dados no meio digital, para que tenhamos consciência e senso crítico para usufruir de todos os
seus benefícios, sem nos tornarmos manipuláveis por eles.
Apesar do profundo impacto gerado pela Big Tech e pela sua maior capacidade de armazenamento e
processamento de informações, somente o raciocínio humano é capaz de observar e analisar um fato com
base em um ponto de vista histórico e ideológico, necessário para tomadas de decisões justas.

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 O que outros autores dizem a respeito?

Larissa Kakizaki de Alcantara, autora da obra “Big Data e Internet das Coisas”, trata sobre a utilização
de IoT, da obtenção de dados na internet, e sobre os principais desafios enfrentados para garantir que tais
informações permaneçam seguras e secretas.

Já em “A Quarta Revolução Industrial”, Klaus Schwab aborda o desenvolvimento proporcionado pela

revolução homônima à obra, de que maneira essas inovações constantes nos afetam, e como podemos
lidar com elas.

Por fim, no livro “A Sociedade em Rede”, de Manuel Castells, compreendemos os impactos

da Transformação Digital em diversas áreas da sociedade em todo o mundo, além dos impactos
provocados pelo desenvolvimento tecnológico na Era da Informação.

Certo, mas como aplicar isso na minha vida?

• Conheça os seus direitos em relação a proteção e privacidade de dados digitais;

• Sempre leia os termos e condições de uso de plataformas, aplicativos, sites e equipamentos
eletroeletrônicos que possam coletar seus dados;
• Apesar de, na maioria das vezes, ser inevitável que seus dados sejam coletados e analisados, trabalhe o
seu senso crítico para que a obtenção deles e as ações proporcionadas com base nisso não sejam capazes
de manipulá-lo;
• Busque conhecer alternativas de produtos e serviços além daqueles proporcionados pelas grandes
potências tecnológicas mundiais. Um exemplo disso é o DuckDuckGo, buscador adversário da Google,
que trabalha com código aberto e se destaca pela segurança e privacidade das informações;
• Lembre-se que apesar do aprendizado profundo dos algoritmos, eles não são capazes de tomar
decisões críticas, portanto, possua percepção analítica para que as máquinas não pensem por você.

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