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Inicialmente, e para auxiliar na compreensão do tema objeto deste artigo, serão abordados os seguintes assuntos:
histórico e evolução do autodiagnóstico automotivo, objetivo e requerimentos do padrão OBDII, análise dos modos/
serviços de diagnóstico OBDII e, em particular, do modo/serviço falhas.
OBDII - Histórico
Desde a sua criação, em meados dos anos ’60, o CARB (Comitê de Administração dos Recursos do Ar da Califórnia) tem
legislado no sentido de promover a diminuição da poluição provocada pelas emissões automotivas. Uma das primeiras
medidas foi, a partir de meados dos anos ´60, implantar a “recirculação” dos vapores do cárter através do sistema de
“Blow-By”. Anteriormente, estes eram despejados na atmosfera através de um tubo de ventilação direcionado para
baixo e para trás. Ao movimentar-se o veículo, o efeito venturi favorecia o escoamento dos vapores.
Já, para atender a uma nova legislação, no início dos anos ´70, foi necessário adicionar o sistema de recirculação dos
gases de escape (EGR) e fazer modificações no sistema de ignição e no carburador.
Na medida em que a legislação ia se tornando mais rígida, no ano 1975 foi incorporado o catalisador. Este fato exigiu
a retirada do chumbo da gasolina o que diminuía o poder anti-detonante do combustível utilizado. Como resultado, os
motores passaram a trabalhar com taxas de compressão menores.
O próximo passo (início dos anos ´80) foi a aplicação do controle eletrônico aos sistemas de injeção e ignição.
A denominação OBD deriva do inglês “On Board Diagnostics” que significa “diagnóstico de bordo” realizado
pelas próprias unidades de eletrônica embarcada.
As primeiras especificações surgiram de resoluções do comitê CARB (no estado da Califórnia), que trabalha em
conjunto com outra entidade, a EPA, que no nível federal, estabelece normas de controle dos recursos energéticos e
de proteção ao meio ambiente.
A legislação ambiental impõe limites máximos às emissões provocadas por veículos automotivos e para atender a tais
normas, os fabricantes fazem uso de diversos mecanismos e dispositivos, os que por sua vez, devem ser supervisionados
e diagnosticados quanto ao correto funcionamento. O padrão OBDII pretende, precisamente, padronizar tudo aquilo
relacionado com o diagnóstico de dispositivos, funções e sistemas utilizados no controle das emissões.
As disposições estabelecidas para OBDII são uma evolução daquelas promovidas pelo padrão OBDI, que vigorou entre
1988 e 1995, nos Estados Unidos.
A partir de 1988 o CARB estabeleceu que todos os veículos vendidos no estado da California incorporassem, em sua
unidade de comando, um sistema de diagnóstico capaz de detectar defeitos nos elementos e sistemas de controle de
emissões. Esta norma (sem padronização), denominada OBDI, especificava que, um aviso luminoso deveria acender
na presença de falha relacionada com as emissões e desligada, assim que desaparecesse. Os sistemas OBDI são,
também, conhecidos como “sistemas pré-OBDII”.
Após um curto período, o CARB concluiu que o padrão OBDI não era suficientemente eficiente na determinação
do elemento que provocara o defeito; em alguns casos, veículos com falha passavam os procedimentos oficiais de
inspeção veicular (denominados “Procedimentos de I/M”; inspeção e manutenção), sem que elas fossem detectadas.
Por tanto, um novo conjunto de especificações foi desenvolvido pelo CARB, e que a EPA incorporou ao seu conjunto de
normas em 1990. Esta nova especificação resultou na reformulação do sistema de diagnóstico. Surgiu assim, a norma
OBDII, a qual deveria ser aplicada, nos Estados Unidos, a partir de 1994-1996.
Evolução
OBDI: Estabelecida nos EE.UU., em 1988. Aplicada em veículos com motor de ciclo Otto, não é padronizada.
OBDII: Estabelecida nos EE.UU. em 1996/1997. Aplicada em veículos com motor de ciclo Otto a partir de 1996 e, em
veículos de ciclo Diesel, desde 1997.
EOBD: Implantada em Europa, com pequenas modificações (com relação à norma OBDII) a partir do ano 2000, em
veículos com motor de ciclo Otto, e a partir de 2003, em veículos leves com motor de ciclo Diesel ou GNV/GLP.
A partir de 2005 a norma foi implantada em veículos pesados.
JOBDII: Implantada no Japão a partir do ano 2000, em veículo com motor de ciclo Otto. Esta norma é utilizada na maior
parte dos países asiáticos.
Um dos itens fundamentais estabelecidos pela norma é o da padronização. Nesse sentido, os padrões propostos
baseiam-se em normas estabelecidas pela SAE (Society of Automotive Engineers ou Sociedade dos Engenheiros
Automotivos) e pela ISO (International Standard Organization ou Organização Internacional de Normatização).
As especificações iniciais estavam contidas em documentos da SAE (normas SAE Jxxxx), entidade responsável pela
sua atualização. A partir do ano 2000 a responsabilidade pela manutenção da norma OBDII passou para a ISO. Por seu
lado, as normas SAE acompanham a evolução.
De forma gradual, normas similares ao padrão OBDII foram sendo aplicadas em outros países. No Brasil, a resolução
CONAMA 354/2004 “dispõe sobre os requisitos para adoção de Diagnose de Bordo-OBD, nos veículos automotores
leves, objetivando preservar a funcionalidade dos sistemas de controle de emissão”.
Não confundir falhas do Tipo B e do Tipo C com códigos de falha (DTC) Bxxxx e Cxxxx.
Gravação de Falhas
DTCs de um ciclo de condução (falhas do tipo “A”): Se a falha corresponde a um elemento ou sistema, monitorado de
forma contínua, o DTC correspondente, será gravado na memória como “código confirmado” e a MIL/LIM, ligada.
Juntamente com o DTC e se este for o de maior prioridade, será armazenado o “Quadro Instantâneo de Parâmetros
- QIP” (dados congelados) associado à falha. Estes códigos podem ser recuperados através do Modo $03 e os dados
congelados, através do Modo $02.
DTCs de dois ciclos de condução (falhas do tipo “B”): Correspondem a dispositivos ou sistemas monitorados de
forma não contínua. Quando a falha é detectada pela primeira vez, o DTC correspondente é gravado como “código
pendente” juntamente com os dados congelados associados. Isto, se não houver, já gravado, outro DTC mais
prioritário. A lâmpada MIL/LIM não é ligada. O DTC pode ser recuperado através do Modo $07.
Se a falha se apresenta num segundo ciclo consecutivo de condução, o DTC é gravado como “código ativo” ou
“código confirmado” e pode ser recuperado através do Modo $03.
Neste caso, a lâmpada MIL/LIM é ligada, e o QIP, atualizado.
Ao serem gravados como confirmados, os DTCs relacionados com as emissões são também, gravados como
permanentes e podem ser recuperados através do Modo $0A.
Alguns defeitos podem provocar a gravação de DTCs de tipos diferentes. Assim, a perda de sinal de um sensor de
velocidade de roda, num veículo com ABS, implicará na gravação de DTC do tipo Bxxxx (na UC de carroçaria) e de
outro, do tipo Pxxxx (na UC do motor), isto último, se o referido sensor é utilizado como VSS ou para a detecção de
“piso irregular” pelo Monitor de Falhas de Combustão.
Também, uma falha de comunicação, num sistema multiplexado, que impeça a UC do motor de receber informações
de outros módulos, pode provocar a gravação de falhas do tipo Pxxxx e Uxxxx.
O Modo $07 (códigos pendentes) e o $03 (códigos confirmados) se complementam na verificação de reparos:
Se, após apagar os códigos e conduzir o veículo, a falha reaparece, está poderá ser visualizada, através de um
desses modos, não importando se corresponde a um DTC do tipo “A” ou do tipo “B”.
A detecção de falha, e a consequente gravação de um código DTC, podem resultar nas seguintes situações:
Provocar a parada imediata do motor.
Não causar alteração aparente no funcionamento do veículo. Neste caso, a UC correspondente compensa a
deficiência.
Funcionamento no modo degradado de emergência (“limp-home”). Nesta condição, verifica-se uma limitação do
modo de operação do veículo (geralmente, através da intervenção na velocidade do veículo ou na rotação do
motor) visando garantir condições mínimas e seguras de funcionamento, na ocorrência de determinadas falhas de
componentes ou sistemas do conjunto propulsor.