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EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM: PROBLEMA DE VALOR INICIAL (PVI) E MÉTODOS DE
RESOLUÇÃO
Uma equação diferencial ordinária de primeira ordem pode ser escrita como
Note que para não sermos redundantes, optamos por escrever a primeira derivada da função (incógnita)
como ; entretanto, a rigor, poderia ser , tal como mencionado anteriormente no primeiro tópico da
notação para a primeira derivada, por facilidade de escrita, mas lembre-se sempre de ficar atento(a) se a
É importante ter em mente que não existe uma única maneira de se resolver equações diferenciais
ordinárias. Ao contrário, existem métodos diferentes, que serão utilizados para equações com formas
diferentes.
Como nosso curso visa a aplicação prática das equações diferenciais em problema de Engenharia, em
especial de sistemas mecânicos, vamos estudar apenas dois métodos de resolução de equações diferenciais
ordinárias de primeira ordem. Para aprofundar seus conhecimentos com relação a esses métodos e aos
demais, igualmente importantes, sugerimos que consulte a bibliografia sugerida ao final deste tópico.
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O problema de valor inicial se refere a uma equação diferencial ordinária passível de resolução por
integração direta. Lembre-se que as equações diferenciais de primeira ordem são relações do tempo, da
função desejada e sua primeira derivada . Como a integração é a operação inversa da derivação, é
possível, para alguns casos especiais, determinar a função . Para esses casos, a EDO deve assumir a
seguinte forma:
ou seja, deve ser possível isolar a derivada da função, , em um dos membros da equação, mantendo o
É importante ressaltar que problemas de valor inicial nessa forma são resolvidos por integração direta é
natural o aparecimento de uma constante real aditiva (um termo constante somado à primitiva). Portanto,
sua solução completa exige uma informação a respeito das condições iniciais do problema. Por isso o nome
problema do valor inicial. Nota: estamos tratando de problemas cuja variável independente é o tempo, por
isso falamos em valor inicial ( ). Caso o problema fosse função de posições iniciais, o nome mais
adequado seria problema do valor de contorno. Apesar da nomenclatura diferente, os procedimentos de
Note que a última igualdade garante que se trata de um problema de valor inicial (função dependente
exclusivamente do tempo t).
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Então:
já que a integral de uma derivada é a própria função, chamada de primitiva, adicionada à uma constante
(mencionada anteriormente).
Utilize uma tabela de derivadas, como a apresentada no primeiro tópico da nossa disciplina, para resolver
essa integral.
Note que é impossível a determinação do valor da constante C, a menos que nos seja fornecida uma
informação inicial (denominada condição inicial). Essa solução é denominada solução geral. Dessa maneira,
o problema como formulado tem solução dada pela equação anterior, sem que saibamos o valor de C.
Vamos, então, complementar o enunciado, reformulando-o.
Suponha que determinada partícula móvel tenha sua velocidade dada pela equação , para .
Desejamos determinar sua posição , sabendo que no instante segundos a partícula móvel se
anterior.
Substituindo na equação :
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Note que, nesse caso, sequer sabemos o significado da função . Além disso, a equação diferencial
ordinária, , dada garante que temos um PVI, por isso nos foi fornecida a segunda informação,
. Integremos a ambos os membros da EDO em relação ao tempo:
E, portanto, . Logo:
Com esses exemplos você já pode resolver o primeiro dos exercícios apresentados ao final deste tópico.
forma:
ou seja, para a aplicação desse método precisamos isolar a derivada em um dos membros da equação, de
maneira que no outro membro apareça uma multiplicação de funções em que uma delas depende apenas da
variável e a outra exclusivamente de .
Para a resolução desse tipo de EDO é conveniente escrever a derivada como e não como , como é usual.
A ideia central desse método consiste, literalmente, em separar (em cada membro da equação), a função
da variável independente .
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Vamos a um exemplo de como fazer essa separação e, em seguida, resolver a EDO por integração, como no
método anterior.
Agora, “multiplique em cruz”, de maneira a aparecerem apenas multiplicações de fatores (sem somas ou
subtrações):
Note que, nesse momento, o membro esquerdo da equação possui apenas termos em , enquanto o membro
direito apenas a variável independente . Nem sempre isso é possível apenas fazendo a “multiplicação em
cruz”. O próximo exemplo tratará desse caso. Continuando...
Como as variáveis já se encontram separadas pelo sinal de igualdade, basta integrarmos ambos os membros
da equação obtida. Assim:
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Cuidado para nunca se esquecer da constante aditiva C ao integrar. Finalizando...
Essa é solução geral do problema. Lembre-se que, como não nos foi dada uma condição de contorno, é
impossível determinar o valor de C. É importante que as soluções gerais nos dão uma "família de soluções"
(ou de funções), que variam de acordo com os possíveis valores que C pode assumir. No caso desse nosso
exemplo, as soluções são curvas de nível do parabolóide elíptico . Veja a figura a
seguir para soluções gráficas da equação anterior.
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À esquerda, as soluções da equação diferencial para diferentes valores de C. À direita, as soluções da EDO
como curvas de nível do parabolóide elíptico . Fonte: SANTOS (2011).
Vamos resolver agora um segundo exemplo.
2. Determine a solução geral da seguinte equação diferencial ordinária:
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Novamente, o primeiro passo é escrever a derivada como , assim como no exemplo anterior:
Agora, “multiplique em cruz”, de maneira a aparecerem apenas multiplicações de fatores:
Note que, desta vez, os termos em e em ainda não estão em membros diferentes, como no exemplo
anterior. Portanto, mais uma passagem algébrica é necessária, a fim de que os termos em fiquem no
primeiro membro da equação, enquanto que o segundo membro apresente apenas a variável independente
.
Para facilitar o entendimento dessa equação e sua resolução por integração, podemos reescrevê-la da
seguinte forma:
Essa já é a solução geral da EDO. Entretanto, é comum (se for possível) isolarmos a função que desejamos
(sempre) determinar. Para tanto, neste caso, basta utilizarmos a exponencial em ambos os membros
(inverso da função logaritmo), assim:
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Como é constante, então também é constante. Então:
EXERCÍCIOS
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REFERÊNCIA
SANTOS, R. J. Introdução às Equações Diferenciais Ordinárias. UFMG, 2011.
DOERING, C. I.; LOPES, A. O. Equações Diferenciais Ordinárias. IMPA, 2016.
STEWART, J. Cálculo. Vol. 2. Pioneira Thomson Learning, Cap. 9, 2001.
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