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Apresentação
As equações diferenciais parciais estão presentes em muitos fenômenos que ocorrem na ótica, na
eletricidade, na ondulatória, no magnetismo, na mecânica, na biologia, entre tantos outros. Na
maioria das vezes, faz-se a tentativa de transformar a equação diferencial parcial em uma ou mais
equações diferenciais ordinárias, com a finalidade de simplificar os trabalhos na obtenção da
solução do problema.
Uma equação diferencial ordinária tem derivadas de apenas uma variável, enquanto uma equação
diferencial parcial tem derivadas parciais da função incógnita. Leis físicas como: leis de Newton
para o resfriamento dos corpos, equações de Maxwell, equações de Navier-Stokes e equações da
mecânica quântica de Schrödinger são escritas por equações diferenciais parciais que relacionam o
espaço e suas derivadas com o tempo. Cabe destacar que nem todas as equações podem ser
construídas a partir de modelos matemáticos reais, mas o estudo de modelos é fundamental para
explicar como e porquê funcionam muitas equações diferenciais parciais.
Para que você possa acompanhar adequadamente esta Unidade, é necessário que conheça
conceitos básicos de álgebra, equações algébricas, além de conceitos envolvendo
derivadas, integrais e equações diferenciais, pois precisará recordar algumas propriedades e
teoremas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá a distinção entre equações diferenciais ordinárias e
parciais, bem como problemas envolvendo tais equações.
Bons estudos.
Neste Infográfico, você vai ver a definição de equação diferencial ordinária e equação diferencial
parcial, com exemplos de equações diferenciais parciais.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
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Conteúdo do livro
O estudo das equações diferenciais, de modo geral, oferece ferramentas importantes para analisar
matematicamente o mundo. Elas são utilizadas para descrever o comportamento populacional,
assim como resfriamento e aquecimento, queda livre com resistência do ar, problemas financeiros e
problemas envolvendo outros fenômenos, os quais são apenas alguns poucos exemplos do que é
possível resolver por meio das equações diferenciais.
No capítulo Equações diferenciais parciais, da obra Equações diferenciais, base teórica desta
Unidade de Aprendizagem, você vai ampliar os seus conhecimentos sobre algumas técnicas do
estudo das equações diferenciais parciais. Além disso, vai conhecer algumas das suas classificações
importantes.
Boa leitura.
EQUAÇÕES
DIFERENCIAIS
Cristiane da Silva
Equações diferenciais
parciais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
As equações diferenciais podem ser divididas em parciais e ordinárias. As
equações diferenciais parciais, especificamente, têm fundamental impor-
tância para a ciência e a engenharia, por exemplo. Além disso, existem
alguns modelos matemáticos que envolvem equações diferenciais, com
diferentes métodos de resolução.
Neste capítulo, você estudará a respeito das equações diferenciais
parciais. Além disso, conhecerá o método de separação de variáveis,
importante para resolver equações diferenciais parciais, com grande
aplicação. Por fim, verá exemplos de resoluções de problemas envolvendo
equações diferenciais parciais.
1ª
2ª
3ª
4ª
1ª
E a equação da onda:
Tudo o que for diferente da forma desta equação, é dito uma equação
não linear. Já a equação é uma equação diferencial
ordinária linear, ao passo que as equações são
equações diferenciais parciais lineares (BOYCE; DIPRIMA, 2017).
Outra classificação das equações diferenciais depende do número de fun-
ções desconhecidas.
Observe o exemplo de um problema físico que leva a uma equação diferencial não
linear, o problema do pêndulo. O ângulo θ que um pêndulo de comprimento L oscilando
faz com a direção vertical, como pode ser observado na Figura 1, satisfaz a equação:
4 Equações diferenciais parciais
Na prática, pode-se encontrar problemas que são modelados por mais de uma equação
diferencial, os chamados sistemas de equações diferenciais. Para saber mais sobre
esse assunto, consulte o capítulo 1 da obra Equações diferenciais elementares e problemas
de valores de contorno, de Boyce e Diprima (2017).
Equações diferenciais parciais 5
Como visto, a equação diferencial parcial é uma equação que envolve duas
ou mais variáveis independentes (x, y, z, t, …) e derivadas parciais de uma
função incógnita (a variável dependente que se deseja determinar) u ≡ u(x, y,
z, t, …). Além disso, a ordem de uma equação diferencial parcial é a ordem
da derivada parcial de maior ordem que surge na equação.
A solução de uma equação diferencial parcial é uma função que verifica
identicamente essa equação. Cabe destacar que a forma geral de uma equação
diferencial parcial de segunda ordem linear em duas variáveis independentes
x e y é dada por:
Exemplo 1
Seja u = u(x, y). Por integração, determine a solução geral para ux = 0.
Determina-se a solução por integração parcial, assim como a técnica aplicada para
resolver equações exatas. Logo, u(x, y) = f(y), onde f(y) é qualquer função diferenciável
de y. Essa equação pode ser escrita simbolicamente como:
Observe que um “+C” não é necessário, pois essa constante é “absorvida” em f(y);
isto é, f(y) é a “constante” mais geral em relação a y.
Exemplo 2
Seja u(x, y, z). Por integração, determine a solução geral para ux = 0.
Aqui, observa-se, por inspeção, que a solução pode ser escrita como f(y, z).
Exemplo 3
Seja u = u(x, y). Por integração, determine a solução geral para uxy = 2x.
Ao integrar primeiro em relação a y, tem-se ux = 2xy + f(x), onde f(x) é qualquer
função diferenciável de x. Em seguida, ao integrar ux em relação a x, obtém-se
u(x, y) = x2y + g(x) + h(y), onde g(x) é uma antiderivada de f(x) e h(y) é qualquer função
diferenciável de y. Observe que, se a equação diferencial parcial for escrita como
uyx = 2x, o resultado será o mesmo.
Fonte: Bronson e Costa (2008, p. 320).
Hauser (2019) explica que, para resolver uma equação diferencial parcial
por separação de variáveis, supõe-se que uma solução pode ser expressa como
o produto de duas funções desconhecidas, em que uma delas é função de
apenas uma das variáveis independentes, e a outra, das restantes. A equação
resultante escreve-se de modo a que um dos membros dependa apenas de uma
das variáveis, e o outro, das variáveis restantes. Sendo assim, cada um dos
membros terá de ser uma constante, o que permite determinar as soluções.
Substituindo u, dado pela equação anterior, na equação diferencial α2uxx = ut, 0 <
x < L, t > 0, obtém-se:
Obtém-se, então, as duas equações diferenciais ordinárias a seguir para X(x) e T(t),
respectivamente:
A constante de separação foi denotado por –λ (em vez de λ) porque essa constante
será negativa, de modo que é conveniente exibir o sinal de menos explicitamente.
Portanto, o produto de duas soluções das equações X'' + λX = 0 e T' + α2 λT = 0, respec-
tivamente, fornece uma solução da equação diferencial parcial α2uxx = ut, 0 < x < L, t > 0.
Considere a equação diferencial y'' + p(x)y' + q(x)y = g(x) com as condições de contorno
y(α) = y0, y(β) = y1. A ocorrência natural de problemas de valores de contorno envolve,
em geral, uma coordenada espacial como variável independente, de modo que se usa
x, em vez de t, nas equações y'' + p(x)y' + q(x)y = g(x) e y(α) = y0, y(β) = y1.
Para resolver o problema de valores de contorno, é preciso encontrar uma função
y = ∅(x) que satisfaça à equação diferencial no intervalo α < x < β e assuma os valores
especificados y0 e y1 nos extremos do intervalo. De modo geral, procura-se primeiro
a solução geral da equação diferencial e, depois, utiliza-se as condições de contorno
para determinar os valores das constantes arbitrárias.
Uma classificação importante de problemas de valores de contorno lineares é se estes
são homogêneos ou não. Se a função g é um valor nulo para todo x e se os valores y0
e y1 também são nulos, então o problema y'' + p(x)y' + q(x)y = g(x) e y(α) = y0, y(β) = y1
é dito homogêneo. Caso contrário, o problema é não homogêneo.
Equações diferenciais parciais 9
Cabe destacar que os problemas de valor inicial em que se utiliza apenas o valor
inicial α, sob condições relativamente fracas, têm, certamente, uma única solução. Por
outro lado, os problemas de valores de contorno em que se utiliza os extremos do
intervalo, ou seja, α e β, sob condições semelhantes, podem ter uma única solução, mas
podem, também, não ter solução ou, em alguns casos, ter uma infinidade de soluções.
Exemplo 1
Resolva o problema de valores de contorno y'' + 2y = 0, y(0) = 1, y(π) = 0. A solução
geral da equação diferencial é . Para que a primeira
condição de contorno seja satisfeita, é preciso que c1 = 1. A segunda condição de
contorno implica que:
de modo que .
Logo, a solução do problema de valores de contorno y'' + 2y = 0, y(0) = 1, y(π) = 0 é:
Exemplo 2
Resolva o problema de valores de contorno y'' + y = 0, y(0) = 1, y(π) = a, em que a é
um número dado. A solução geral dessa equação diferencial é y = c1 cos x + c2 sen x,
e, da primeira condição de contorno, observa-se que c1 = 1. A segunda condição
de contorno requer que –c1 = a. Essas duas condições sobre c1 são incompatíveis se
a ≠ –1, de modo que o problema não tem solução nesse caso. Contudo, se a = –1, então
ambas as condições de contorno são satisfeitas, desde que c1 = 1, independentemente
do valor de c2. Nesse caso, existe uma infinidade de soluções, todas elas da forma:
Exemplo 3
Resolva o problema de valores de contorno y'' + 2y = 0, y(0) = 0, y(π) = 0. A solução
geral da equação diferencial é . A primeira condição de
contorno requer que c1 = 0, ao passo que a segunda condição de contorno implica
que . Como , segue que c2 = 0. Em consequência,
y = 0 para todo x é a única solução do problema de valores de contorno y'' + 2y = 0,
y(0) = 0, y(π) = 0.
Esse exemplo ilustra o fato de que um problema de valores de contorno homogêneo
pode ter somente uma solução trivial y = 0.
Exemplo 4
Resolva o problema de valores de contorno y'' + y = 0, y(0) = 0, y(π) = 0. A solução
geral da equação diferencial é y = c1 cos x + c2 sen x. A primeira condição de contorno
requer que c1 = 0. Como sen π = 0, a segunda condição de contorno é satisfeita
independentemente do valor de c2. Logo, a solução do problema y'' + y = 0, y(0) = 0,
y(π) = 0 é y = c2 sen x, em que c2 permanece arbitrário.
Esse exemplo ilustra o fato de que um problema de valores de contorno homogêneo
pode ter uma infinidade de soluções.
Fonte: Boyce e Diprima (2017, p. 488–490).
Exemplo 5
Resolva:
Considera-se:
Então,
Equações diferenciais parciais 11
Assim,
A solução procurada é .
Fonte: Hauser (2019, documento on-line).
Exemplo 6
Um típico problema com condições iniciais e de contorno para uma equação diferencial
parcial do calor é:
Exemplo 1
Resolva o problema de condução de calor transiente em uma placa:
Considera-se:
Então,
Equações diferenciais parciais 13
Assim,
Ao aplicar a condição inicial u(x, 0) = 5 sen (4πx) –3 sen (8πx) + 2 sen (10πx), obtém-se
n = 12 → B12 = 5, n = 24 → B24 = –3 e, n = 24 → B30 = 2 e Bn = 0 para n ≠ 5, n ≠ 24, n ≠ 30.
Portanto, a solução do problema de condução de calor transiente dado é:
Exemplo 2
Resolva o problema do fluxo de calor:
De acordo com os dados do enunciado, β = 3, L = π e f(x) = sen (x) –7 sen (3x) + sen
(5x). Substituindo β em L, obtém-se que:
ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. v. 2.
BOYCE, W. E.; DIPRIMA, R. C. Equações diferenciais elementares e problemas de valores de
contorno. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
BRONSON, R.; COSTA, G. B. Equações diferenciais. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.
HAUSER, E. B. Exemplos de equações diferenciais parciais. [2019]. Disponível em: http://
www.clicmates.com.br/arquivosparadonwloads/EDP%20Exerc%C3%ADcios.pdf. Acesso
em: 17 jan. 2020.
IMATEEL. Exercícios resolvidos: equações diferenciais parciais e séries de Fourier. 2017. Dis-
ponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ixdzyPwyfTc. Acesso em: 17 jan. 2020.
SODRÉ, U. Equações diferenciais parciais. 2003. Disponível em: http://www.uel.br/projetos/
matessencial/superior/pdfs/edp.pdf. Acesso em: 17 jan. 2020.
UNISINOS. Transferência de calor: condução de calor em regime transiente. 2016. Dis-
ponível em: http://professor.unisinos.br/mhmac/Transcal/Conducao%20transiente.
pdf. Acesso em: 17 jan. 2020.
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Dica do professor
Muitos problemas físicos importantes estão associados a duas ou mais variáveis independentes, de
modo que o modelo matemático correspondente para solucionar esses problemas
envolve equações diferenciais parciais.
Nesta Dica do Professor, você vai retomar conceitos importantes sobre as EDPs.
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Exercícios
A) y = e2x
B) y=0
C) y=1
D) y = 2π
2) Aplicações físicas levam, muitas vezes, a um tipo de problema, no qual o valor da variável
dependente y, ou de sua derivada, é especificado em dois pontos diferentes. Tais condições
são denominadas condições de contorno, para distingui-las das condições iniciais que
especificam os valores de y e de yʹ no mesmo ponto. Uma equação diferencial junto com
uma condição de contorno apropriada forma um problema de valores de contorno com dois
pontos.
A) Solução única y = 0.
C) x = 1.
Neste contexto, considere u = u(x, y), por integração, determine a solução geral de ux = 2x, e
assinale a alternativa que contém a resposta correta.
A)
A solução geral é .
B)
A solução geral é .
C)
A solução geral é .
D)
A solução geral é .
4) Se uma função u(x, y, z, ...) for suficientemente diferenciável, é possível verificar se é uma
solução simplesmente diferenciando u o número de vezes que for necessário em relação às
variáveis apropriadas; substitui-se, então, essas expressões na equação diferencial parcial.
Se uma identidade for obtida, então u soluciona a equação diferencial parcial. Uma técnica
de solução é a integração básica.
Neste contexto, considere u = u(x, y), por integração, determine a solução geral de ux = 2x,
u(0, y) = In y, e assinale a alternativa que contém a resposta correta.
Neste contexto, considere u = u(x, y), por integração, determine a solução geral de uy = 2x, e
assinale a alternativa que contém a resposta correta.
Neste Na Prática você vai ver o estudo de um problema da condução de calor por meio das
equações diferenciais.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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Equação do calor
Neste vídeo, você vai ver uma aplicação do método de separação de variáveis para resolver uma
equação diferencial parcial sujeita a condições iniciais e de contorno. O problema em questão é o
do calor em uma barra unidimensional com extremidades isoladas, isto é, não há fluxo de calor nas
suas extremidades. Assim, a solução geral tem os coeficientes de uma série de Fourier de cossenos.
Confira.
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Equações diferenciais
Neste vídeo, o professor resolve um exercício que pede para verificar se uma função é ou não
solução para uma dada equação diferencial ordinária (EDO). Acompanhe.
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Lista de exercícios
Para aprender equações diferenciais parciais, é importante que você exercite o conteúdo. Para
tanto, baixe a lista de exercícios a seguir e resolva as questões.
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