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Pudesse eu remediar
o como a história acabou,
que não estaria a chorar
ainda ela mal começou.
No meio do pó do varrer
encontrou uma moeda,
«Estou rica. Não querem ver!»
Aqui a história se enreda.
1
Acorreram as vizinhas
cada qual com seu conselho:
«Compre fitas e lacinhos.
Compre brincos. Compre espelhos .»
E cantando, apregoava
a cantiga ladainha:
«Quem quer, quem quer, quem quer
casar com a Carochinha?»
Enfeitada, apregoava,
com colares de camarinha:
«Quem quer, quem quer, quem quer
casar com a Carochinha?»
2
E com palavras assim
em meiga voz de paixão
lá ficou a Carochinha
cativa do João Ratão.
Combinado o casamento
juntaram comeres para a boda
dez feijões de cozimento
que era a riqueza toda.
E se a sopa se pegar?
E se a sopa se pegou?
E se ficamos sem jantar?
Vou lá eu e venho e vou.
Ia casar-se feliz
com a linda Carochinha...
Foi tentado pelo cheiro
que saía da cozinha...
3
Empoleirou-se num banco
para provar o feijão.
Deu o banco um solavanco
ficou-lhe no caldo a mão.
4
Mal soube do sucedido
a pomba deu o alarme:
«Se morreu o João Ratão
fico eu a depenar-me.»
António Torrado, Histórias Tradicionais Infantis Contadas de Novo, Civilização Editora, 2005