Você está na página 1de 4

1.

1 HISTÓRIA DA HOTELARIA

A história da hotelaria começa com os primeiros deslocamentos do homem, que, devido às longas distâncias e os
meios de locomoção utilizados, obrigavam os viajantes a pernoitar em lugares seguros, onde também tivessem acesso
à alimentação; as razões do deslocamento dos povos foram muitas: a conquista de novas terras, motivos religiosos ou
comércio; estes lugares chamados de “pousadas” eram similares às “tabernas”. O ofício de “taberneiro” já era
mencionado no “Código de Hammurabi”.

Na antiga Grécia, as “tabernas” se situavam próximas aos templos, onde muitas vezes depois do sacrifício de animais,
serviam os mesmos nas refeições, formando os banquetes.

No Império Romano ocorreram fatos fundamentais, como a construção da Via Apia, a cargo de Appius Claudius
Crassus no ano 312 a.C. (século IV a.C.), e a construção destinada a albergue público em Lenidaran, Olímpia, também
no século IV a.C., edificada por causa dos Jogos Olímpicos.

Pouco a pouco o Império Romano se foi estendendo por toda Europa e já no ano 117 d.C. as estradas chegavam a
possuir uma extensão de mais de 80.000 quilômetros. Ao longo das estradas, surgiram lugares destinados a
hospedagem dos viajantes (pousadas) e desprovidos de luxo, que ofereciam um teto e camas forradas com feno. Estes
locais, em alguns casos, também ofereciam serviços de alimentos e bebidas, com cardápio à base de carne, pão e
vinho.

Cidades como Pompeia e Herculano eram lugares de descanso para os romanos. Soterradas no ano 79 d.C., pela
erupção do vulcão Vesúvio, foram preservadas até a época atual e é possível apreciar as “pousadas”, conhecidas como
as Cauponae e os Hospitii, palavra derivada do vocábulo latim hospitium que significa “hospitalidade”.

Com o Cristianismo, determinados princípios foram se generalizando, como o de dar um melhor tratamento ao
próximo e hospedá-lo em sua residência, tornando-o um hóspede distinto. Com o fim do Império Romano, o comércio
diminuiu e as pousadas construídas ao longo das estradas foram desaparecendo.

Na Idade Antiga, no ano 622 d.C. (século VII d.C.), o Islã surgiu na Arábia, se expandindo junto com o Cristianismo,
sobretudo na Idade Média. A rivalidade entre as duas religiões trouxe consigo o enfrentamento: as Cruzadas ou
Guerras Santas, grandes expedições religioso-militares cujo fim era resgatar as Terras Santas: Jerusalém, Belém e
Nazareth, em poder dos Seljúcidas ou Seljuques (turcomanos que dominaram a Ásia Ocidental do século XI ao XII d.C.).
Depois da recuperação das Terras Santas, no ano 1137 d.C., foi fundada a ordem de “São João de Jerusalém”, integrada
por cavaleiros que em suas finalidades tinham o objetivo de oferecer proteção e hospedagem aos peregrinos das
Terras Santas, fato que trouxe a fundação de “hospitais”, do latim Hospes, que significa “hóspede”. A palavra “hotel”
também deriva do mesmo vocábulo. Estes “hospitais” serviam mais como albergues do que como centros assistenciais.
Ainda durante a Idade Média, foram os mosteiros que ofereceram hospedagem aos viajantes sem pedir nenhum
pagamento. Os viajantes contribuíam voluntariamente com os gastos locais e na medida de suas possibilidades.

Com o fim da Idade Média e o consequente renascismento da cultura ocidental, aumentou o incremento e a
frequência das viagens, fazendo com que voltassem a aparecer os estabelecimentos de hospedagem, chamados
“hospedarias” e “vendas”, que ofereciam, com fins lucrativos: hospedagem, alimentos e bebidas e descanso para os
cavalos. As “hospedarias” se localizavam nos povoados e as “vendas” na beira dos caminhos.

Foi assim que surgiu uma casa especial de hóspedes chamada Inn o Meson, a primeira de origem inglesa e a segunda
do vocábulo francês maison, que significa “casa”. A palavra inn foi utilizada na Grã-Bretanha até 1956 (ano de
aprovação da “Ata de Proprietários de Hotel”).

Na Idade Moderna, mais precisamente no ano de 1539, aconteceu um fato importante na Inglaterra: o fim dos
mosteiros. Este fato provocou a proliferação dos Inns (um censo do ano 1577 já os contava na quantidade de 1631).

Desde o século XVII, os caminhos melhoraram consideravelmente permitindo assim surgir as primeiras diligências.
Isto trouxe como consequência, a criação das estradas públicas, e com elas o incremento das viagens e a demanda por
hospedagem.

Durante o reinado de Luís XV (1715-1774), na França, os estabelecimentos de hospedagem já eram denominados


Hotel garni, cuja derivação, a palavra “hotel”, foi introduzida em Londres com os estabelecimentos “The Grand Hotel”,
“The Cantre Hotel” e “St. Ames Hotel”, a cargo do Duque de Devonshire.

Cabe destacar também na evolução da Hotelaria, a inauguração em Paris no ano 1765 do primeiro “restaurante”, a
cargo do chef Boulanger, se diferenciando das pousadas e tabernas, que, como mencionado anteriormente, também
ofereciam hospedagem. O restaurante tinha em sua entrada um letreiro que mostrava em latim, a seguinte frase:
“Venite ad me omnes qui stomacho laboratis et ego restaurabo vos” (“Vinde a mim os homens cujo estômago está
trabalhando e eu os restaurarei”, do qual deriva o vocábulo “restaurante”.

A invenção da máquina a vapor teve efeitos importantíssimos no desenvolvimento da hotelaria, assim como o
surgimento da ferrovia, que permitiu que muito mais pessoas se deslocassem com maior frequência e em direção a um
maior número de cidades. Com o consequente surgimento de locais turísticos, apareceram os primeiros edifícios
destinados a prestar o serviço de hospedagem, alimentação e recreação, denominados “hotéis”.

Nos Estados Unidos, em 1794, foi inaugurado em Nova York o primeiro edifício com fins especificamente hoteleiros,
batizado com o nome de “City Hotel”. Este estabelecimento oferecia ao público o número de 73 quartos. A partir desse
momento, a concorrência na construção de hotéis aumentou, em cidades como Boston, Baltimore e Filadélfia. No ano
1801 foi inaugurado na Filadélfia o Francis Union Hotel e em 1824 foi inaugurado o primeiro grande hotel de lazer, com
300 quartos, o Mountain House.
No ano de 1829 apareceu na cidade de Boston, o Tremont House Hotel, o que foi considerado como “o nascimento da
indústria hoteleira”. O hotel possuía 170 quartos (em três andares) e era o mais caro edifício que havia sido construído
até então com o intuito de ser um hotel. Esta construção introduziu uma série de inovações que a colocaram em um
lugar privilegiado e de respeito pelos concorrentes: foi o primeiro hotel com staff uniformizado (mensageiros), quartos
privativos (solteiros e casais), banheiros no interior dos quartos, portas com fechaduras, fornecimento de água
corrente e sabonetes de forma gratuita, restaurante com cozinha francesa, além de treinamento sobre a maneira
adequada de servir e atender os hóspedes. Nasceu assim a ideia da Escola Hoteleira da América.

Muitas pessoas contribuíram para o desenvolvimento do turismo e da hotelaria, mas devemos destacar dois grandes
homens: Thomas Cook e Cesar Ritz. Cook foi pioneiro da comercialização das viagens e Ritz é conhecido como o criador
da hotelaria moderna. Ritz aos 28 anos já era gerente do Grand Hotel National de Lucerna (Suíça). Com a colaboração
de Auguste Escoffier (segundo especialistas, o melhor chef de cozinha de todos os tempos), Ritz inaugurou em 1898 o
primeiro restaurante dentro de um hotel. Ritz ainda chegou a dirigir simultaneamente uma dúzia de hotéis, sendo
essas empresas o sinônimo do maior luxo possível em hotelaria, como o Savoy, o Claridge etc.

Assim, com o fim do século XIX e os primeiros anos do século XX, iniciou-se a chamada “Bela Época”, na qual os
grandes e luxuosos hotéis floresceram, muitos dos quais estão em atividade até os dias atuais.

No período compreendido entre 1875 e 1950, se desenvolveram as chamadas “Sociedades do Consumo”. Os hotéis
cresceram ao mesmo tempo em que as cidades tiveram crescimento econômico e populacional, e sob a influência
norte-americana, se tornaram “empresas públicas”.

A influência dos Estados Unidos na Hotelaria foi crescendo ano a ano, ao ponto de chegar a ter quase a metade dos
hotéis do mundo (50.000 em um total aproximado de 100.000), chegando à média de 15 quartos com banheiro
privativo (entre hotéis e motéis), para cada mil habitantes.

A expansão das cadeias ou redes hoteleiras iniciou-se a partir dos anos 1930, quando o mercado hoteleiro era
dominado pela rede Statler (cujo primeiro hotel foi construído por Ellsworth Statler em 1908). O pioneirismo de
Conrad Hilton e Ernest Henderson e Robert Moore (este últimos foram os criadores do primeiro Sheraton Hotel em
1937) e suas respectivas redes hoteleiras Hilton e Sheraton, fez crescer a hotelaria norte-americana. A utilização
massiva dos automóveis originou a popularização dos motéis, na década de 1950.

Em 1948 começou a expansão norte-americana fora de fronteiras, a Pan American Airways (hoje extinta) e seu grupo
IHC (Intercontinental Hotels Corporation), construiu hotéis no México, Brasil, Colômbia, Cuba, Chile, República
Dominicana, Uruguai e Venezuela. Conrad Hilton definiu o modelo dos Hiltons Internacionais, com o Caribe Hilton San
Juan, aberto em Porto Rico em 1949.

Em 1959 começaram os voos comerciais internacionais, contribuindo ainda mais com o desenvolvimento da indústria
hoteleira.
Aos poucos, essas redes foram se expandindo conquistando fronteiras através de concessões exclusivas, franquias ou
contratos de administração. As demais redes hoteleiras norte-americanas e europeias seguiram este caminho. As redes
latino-americanas (por exemplo: Grupo Posadas, México), assim também fizeram a partir da década de 1980.

Você também pode gostar