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Processo Civil

Aula 01

Para a organização da sociedade é preciso a existência de regras, que são de direito


material e regras processuais.

Quando ocorre a formação da sociedade existe a necessidade de regras para


cuidar das relações de direito material, como propriedade.

Se ocorresse uma violação ao direito as pessoas utilizavam da própria


força, gerando um outro conflito, o que muitas vezes geravam injustiças, pois nem sempre os
donos do direito saiam vencedores.

Diante disso o Estado pegou para si o poder/dever de


solucionar os conflitos, através do poder jurisdicional.

Ao falar em solução de conflitos, o Estado deve pensar em regras iguais para todos, ou
seja, a mesma regra utilizada por ele para solucionar um conflito deve ser a mesma para o
particular.

As normas processuais se dedicam a trabalhar os mecanismos para que o


Estado juiz e as pessoas que participam do processo devem observar durante o andamento do
processo.

INTRODUÇÃO

Em determinada época histórica o Estado assumiu o poder-dever de solucionar


conflitos de variados interesses.

Finalidade: é gerar a mais adequada/razoável solução de conflitos.

Os conflitos tentam ser selecionados porque não pode perder de vista o


jurisdicionado.

Se trouxer ao jurisdicionado a melhor solução se estará zelando pela


paz social, no qual o direito de cada um será observado.
Em qual momento entra o processo civil nisso?

Atualmente se vive o neoconstitucionalismo, que tem o foco voltado na


dignidade da pessoa humana.

O processo não é um fim em si mesmo, mas um meio de gerar a melhor solução para
os conflitos.

Ramo: é um ramo do direito que contém regras e princípios que tratam da jurisdição
civil.

Quando fala em processo é preciso haver um conflito de interesses + uma


determinada pretensão, que é levada a solução pelo Estado juiz.

Relação processual: é triangular, havendo no topo o estado-juiz, havendo as referidas


partes, como o autor e réu.

Hoje existe um modelo cooperativo de processo, onde o juiz deixa de ser um


mero expectador para ser um sujeito de diálogo processual.

Observação: o processo civil cuida das normas processuais, se aplicando a tudo, sejam
questões de direito privado ou questões de direito público.

O processo civil cuida das normas processuais, que são direcionadas à solução
de conflitos, seja o interesse envolvido público ou privado.

Regras de direito público:

Falar de direito público envolve uma situação de verticalidade, onde o Estado


participa da relação.

A atividade jurisdicional é regida pelas regras processuais, com o


Estado exercendo a função jurisdicional.

A atividade jurisdicional é realizada por meio do processo, que é um instrumento da


jurisdição, utilizado para alcançar o resultado final, que é a prestação jurisdicional.

Isso faz com que o direito processual tenha uma autonomia com relação ao
direito material.
Instrumentalidade das formas: como o processo é um meio utilizado para alcançar
uma determinada formalidade não haverá o apego a certas formalidades.

Se um ato processual praticado alcança a finalidade este deverá ser


preservado.

VALORES DO ATUAL PROCESSO CIVIL

a. A facilitação de acesso ao Judiciário – é a universalização da Justiça.


b. Constitucionalização do processo – os princípios fundamentais do processo
civil estão na CF88, e as normas processuais devem ser interpretadas
conforme a CF88.

Aula 02

c. Facilitação do acesso à Justiça – é evitar a litigiosidade contida, que é a


insatisfação que não é levada a juízo e permanece latente.
d. Razoável duração do processo.
e. Instrumentalidade – o processo é um instrumento e deve ser o amis
adequado possível para solucionar o direito material.
f. Busca de formas alternativas de solução de conflitos.

Observação: o novo CPC tenta trazer uma ideia de desjudicialização.

g. Efetividade do processo – isso significa que um jurisdicionado deve ter


acesso a uma tutela justa, efetiva e adequada.

NORMAS PROCESSUAIS

Cuidam da chamada jurisdição civil, que é chamada não penal.

Há no ordenamento o princípio da supremacia da lei, da norma escrita que vai


sair das mãos da autoridade competente.

Dentre as categorias das normas há duas importantes:

a. Cogentes: são normas de ordem pública, ou seja, a


vontade do particular não pode alterar a norma. Sua
finalidade é resguardar os interesses da coletividade.
b. Não cogentes: são dispositivas, não possuindo um
comando absoluto.
Podem ser:
b.1 – Permissivas: autorizam o usuário a derrogar;
b.2 – Supletivas: serão aplicadas na falta de uma
disposição em contrário das partes.

Observação: dentro do processo civil existem normas cogentes e não cogentes,


havendo também normas permissivas e supletivas no último caso.

Dentro do processo civil atual existe um fenômeno chamado autoregramento da


vontade, que é a liberdade das partes entrando no processo civil.

Ex.: hoje existe a possibilidade de formação de contratos processuais.

As normas processuais cuidam da relação processual e do procedimento que será


adotado.

As normas são direcionadas a solução de conflitos de interesse público e


interesses privados.

Norma processual no espaço: tem a ver com o local que a norma será aplicada, que é
todo o território nacional.

Norma processual no tempo: a lei do tempo é a que está em vigência.

OBSERVAÇÕES – LINDB: a regra vigente é o CPC de 2015, que foi promulgado em


16/03/2015, com um período de vacatio legis de um ano.

Sua vigência começou em 18/03/2016.

A aplicabilidade da lei é imediata e geral:

a. Imediata: a lei nova tem aplicabilidade imediata aos casos pendentes e


futuros;
A lei nova deve respeitar o direito processual adquirido, por causa da
regra do tempus regit actum, isto é, a lei que vai reger o ato é a lei do
tempo daquele ato.

A lei nova é aplicada para o futuro.

A lei nova não pode prejudicar direitos processuais adquiridos.

PILARES DO CPC2015
a. Contraditório substancial;
b. Boa fé objetiva;
c. Cooperação;
d. Efetividade;
e. Respeito ao auto-regramento da vontade.

Aula 03

NORMAS FUNDAMENTAIS

Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores


e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil ,
observando-se as disposições deste Código.

A Cf88 é a norma maior, sendo que as regras processuais devem ser interpretadas de
acordo com a Constituição.

O caráter deste artigo é propedêutico, em que o processo deve observar a cf88


primordialmente.

Haverá a observância dos princípios e garantias constitucionais do processo.

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial,
salvo as exceções previstas em lei.

A jurisdição é inerte, começando mediante provocação das partes.

Princípio da demanda (dispositivo): as partes iniciam o processo, e não o juiz.

Impulso oficial: o juiz ordena o prosseguimento do processo de ofício, com exceções.

Hoje o juiz é visto como sujeito de diálogo processual, participando no processo.

Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.

No “caput” já traz o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional.

É uma repetição do artigo 5º, XXXV, da cf88.


Importante: o legislador, o próprio órgão jurisdicional e o administrador não podem
criar empecilhos para poder julgar uma situação.

OBSERVAÇÃO: o juiz vai ter que julgar uma ameaça ou lesão que lhe forem
apresentadas.

Questão: Se não houver lei para um determinado caso, o juiz vai ter que julgar
de qualquer jeito.

A LINDB diz para o juiz utilizar métodos de integração, que é a analogia,


costumes e princípios gerais de direito.

§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.

A arbitragem é regulada pela lei 9307/96.

Observação: a arbitragem é uma solução particular.

Pontos importantes:

A arbitragem pode ser instituída mediante cláusula compromissória ou


compromisso arbitral.

A decisão do árbitro tem o mesmo valor de sentença cível do juiz, e


constitui título executivo judicial.

§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.

§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos


deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério
Público, inclusive no curso do processo judicial.

O atual CPC busca variadas formas e técnicas de solução de conflitos.

Justiça multiportas: negociação. Mediação, conciliação, etc.

O CPC deve estimular a autocomposição e formas consensuais de resolução de


conflitos.

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa.

Esse artigo traz a idéia de dois princípios:


A. Razoável duração do processo: tem embutido o princípio da efetividade, pois não
basta que o processo termine rapidamente, mas deve ser efetivo, dando a parte
exatamente o que ela quer;

B. Princípio da primazia da decisão de mérito: decorre do princípio da cooperação.

Este princípio fala que o juiz deve julgar o mérito, seja da inicial, pedido
recursal etc.

Deve julgar em tempo razoável.

Observação: sempre que houver vícios que sejam corrigíveis, o juiz, antes de
qualquer coisa, deve oportunizar as partes a possibilidade de correção dos
vícios.

Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de


acordo com a boa-fé.

Boa-fé processual é objetiva.

Enunciado 374, do FPPC + Enunciado 1, da JPC: diz que a violação da boa-fé objetiva
dispensa a comprovação do animus do sujeito processual, porque exige de todo mundo que
participa do processo condutas que sejam corretas, leais e coerentes.

Aula 04

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha,
em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

É tipicamente o princípio da cooperação.

O jurisdicionado tem direito a receber uma tutela justa, efetiva e adequada.

IMPORTANTE: essas idéias de tutela estão relacionadas ao princípio da


cooperação, pois todas as partes devem cooperar para que o processo tenha a melhor solução
possível no prazo adequado.

Isso significa que devem ser observados o dever de lealdade,


informação, proteção, esclarecimento, etc.

Princípio da cooperação: decorre do contraditório substancial e da boa-fé objetiva. É o


dever de colaboração para o resultado final.
O processo não possui protagonistas, mas sujeitos do processo, que fazem decorrer
algumas vertentes:

a. lealdade processual: todos devem agir com boa-fé dentro do processo


(arts. 80, 142, 143, etc);
b. Dever de esclarecimento: o juiz deve esclarecimento as partes, bem como
pode exigir esclarecimentos das partes (arts. 77, 330, 379, etc);
c. Proteção: uma parte não pode causar prejuízo aas outras partes e sujeitos
do processo no exercício dos seus poderes processuais (arts. 77, 448, 495,
etc);
d. Prevenção: o juiz deve indicar as irregularidades e questões a serem
corrigidas, quando forem possíveis de correção (arts. 321, 932);
e. Consulta: um exemplo é o artigo 10.

IMPORTANTE: o enunciado 6 da FPPC diz que os negócios jurídicos


processuais não podem afastar os deveres inerentes de boa-fé e
cooperação.
IMPORTANTE: enunciado 373, FPPC diz que as partes devem atuar de
modo leal dentro do processo;
IMPORTANTE: enunciado 377, da FPPC diz que a boa-fé objetiva impede
que o julgador profira, sem motivar a alteração, decisões diferentes sobre
uma questão do direito aplicável em situações de fato que sejam análogas,
ainda que em processos diferentes.

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