Você está na página 1de 5

PORTARIA Nº 004/2001 DE DE OUTUBRO DE 2001.

A GERENTE EXECUTIVA DO INSTITUT0


BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
RENOVÁVEIS no Estado do Acre – IBAMA/AC, no Estado do Acre, no uso das
atribuições que lhe são conferidas pelos artigos nºs. 68 e 87 do Regimento
Interno do IBAMA, aprovado pela Portaria nº 445/GM/MINTER, de 16 de agosto
de 1989, publicado no Diário Oficial da União do dia subseqüente, Portaria nº
1.123/01-P, de 12 de julho de 2001, publicada no Diário Oficial da União de 17
de julho de 2001, e Portaria 1.045/01-P, de 05 de junho de 2001, publicado no
Diário Oficial do dia 09 de julho de 2001,

R E S O L V E:

Regulamentar a expedição de ATPF e dá outras


providências para o transporte e preservação do cipó Jagube/Mariri -
(Bannisteriopsis caapi) e da folha - Rainha/Chacrona (Psychotria viridis),
utilizadas na confecção da “Santo Daime/Vegetal” – (Ayahuasca).

Art. 1º. A expedição de ATPF (Autorização de


Transporte de Produtos Florestais) do cipó Jagube/Mariri - (Bannisteriopsis
caapi) e da folha Psychotria Viridis (Rainha/Chacrona) fica condicionada à
comprovação prévia mediante cadastro no IBAMA/AC, por parte do requerente,
de tratar-se de entidade regularmente constituída na forma da lei civil em vigor,
que faça uso da bebida Ayahuasca em caráter estritamente religioso,
obedecendo a critérios legais para as áreas de conversão e nas áreas de
Reserva Legal.
§ 1º. O cadastro das entidades usuárias da
Ayahuasca, com validade de um ano, consiste no preenchimento integral do
formulário constante do Anexo I deste ato, o qual deve ser instruído com cópias
autenticadas do estatuto da entidade devidamente registrado no Cartório de
Títulos e Documentos, ata de nomeação e posse dos responsáveis pela
administração da entidade, bem como cópia do CNPJ e do Alvará de
Funcionamento.
§ 2º. A fim de verificar a veracidade das informações
cadastrais de que trata o parágrafo anterior, o IBAMA poderá realizar vistorias
nos locais de culto ou de sessões das entidades cadastradas, lavrando auto
circunstanciado que deverá ser arquivado na pasta cadastral da entidade,
observado, durante as vistorias, o estrito respeito ao princípio de livre exercício
religioso e proteção aos locais do culto e suas liturgias (consagrado pela
Constituição Federal em seu artigo 5o., VI).

Art. 2º. As entidades regularmente constituídas


interessadas na ATPF devem formular requerimento, de acordo com o modelo
constante no Anexo II, dirigido à Gerência Executiva do IBAMA/AC com pelo
menos 15 (quinze) dias de antecedência da data da coleta do material,
subscrito pelo responsável pela administração da entidade ou por procurador
por este constituído, com poderes específicos para tal.

Art. 3º. Compete ao setor competente do IBAMA/AC,


facultativamente, antes de expedir a ATPF, realizar vistorias no local indicado
para a coleta, atestando a existência dos produtos florestais na quantidade
requerida, bem como realizar vistorias imediatamente após a coleta, a fim de
verificar se foram observadas as regras estabelecidas pela presente Portaria.

§ único. Ficando comprovado que a entidade


beneficiária da ATPF extraiu o cipó Jagube/Mariri - (Bannisteriopsis caapi)
e/ou a folha Rainha/Chacrona - (Psychotria viridis) sem atentar para as regras
estabelecidas na presente Portaria, o IBAMA lavrará o respectivo auto de
infração, aplicando-se à infratora a pena de suspensão, pelo prazo de uma
ano, do direito de obter a ATPF para o cipó e a folha mencionados, sem
prejuízo das multas cabíveis.

Art. 4º. As entidades beneficiárias da ATPF, no ato


de extração ou coleta do cipó Jagube/Mariri - (Bannisteriopsis caapi) e da
folha Rainha/Chacrona - (Psychotria viridis), deverão obrigatoriamente cercar-
se de cautelas necessárias no sentido de não causar danos ambientais que
ponham em risco o habitat natural do cipó e da folha, bem como deverão zelar
pela conservação das espécies, observando as seguintes regras mínimas de
extração e coleta:

a) o cipó Jagube/Mariri - (Bannisteriopsis caapi)


será colhido subindo-se na árvore hospedeira sem destruí-la, quando for o
caso, cortando ou desenrolando o mesmo de cima para baixo, sem causar
danos à parte vegetativa da árvore e do Vegetal.

b) o corte do cipó, deverá ser feito sempre em


diagonal, observando-se uma altura mínima de 30cm (trinta centímetros) do
solo, a fim de que fique garantida a regeneração natural da planta;

c) a folha Rainha/Chacrona - (Psychotria viridis)


deverá ser colhida, uma a uma, sem destruição dos galhos, mantendo os brotos
para que permita a regeneração natural da espécie.

Art. 5º. O produto florestal apreendido em face de


extração irregular por falta de ATPF será destinado, no prazo máximo de 48
horas, às entidades previamente cadastradas que manifestem expressamente
interesse em aproveitar o cipó e/ou a folha na confecção de “Daime” ou
“Vegetal” ou no replantio.

§ único. Em caso de apreensão de cipó e folha por


falta de ATPF o IBAMA/AC imediatamente manterá contato com as entidades
interessadas, cujos nomes constem de cadastro, para fins de aproveitamento
do material apreendido. A distribuição dar-se-á em lotes de 5 (cinco) sacos por
entidade cadastrada e que queira, naquele momento, receber o material
apreendido, em rodízio.

Art. 6º. O IBAMA disponibilizará às entidades


cadastradas, pelo meio que lhe for mais conveniente, informações sobre as
áreas em fase de licenciamento de desmate, com indicação dos nomes e
endereços de seus proprietários, a fim de que as entidades interessadas,
mediante acordo prévio com os proprietários dessas áreas, possa pesquisar e
coletar o cipó e a folha antes da derrubada.

Art. 7º. Em caso de ser realizada coleta das


espécies florestais para confecção da bebida Ayahuasca em floresta nativa
sem autorização do IBAMA, a entidade responsável pela irregularidade, além
da apreensão do material, perderá o direito à obtenção de ATPF pelo prazo de
12 (doze) meses.

Art. 8º. As entidades que por conveniência ou


economia necessitem confeccionar a bebida Daime/Vegetal - (Ayahuasca) em
local distinto daquele em que a mesma será consumida, deverão comunicar
previamente esse fato ao IBAMA, a fim de obter autorização para coleta das
espécies vegetais utilizadas, indicando a quantidade de produto que será
extraída e o local da extração.

Art. 9º. No prazo improrrogável de um ano, a contar


do início da vigência desta Portaria, a expedição de ATPF para o cipó -
Jagube/Mariri (Bannisteriopsis caapi) e para a folha Rainha/Chacrona -
(Psychotria viridis) ficará condicionada à apresentação do projeto de plantio
para fins de reposição florestal, na forma da Portaria nº 117, de 17 de agosto de
1998.

§ 1º - Será facultado às entidades previamente


cadastradas e beneficiadas por este instrumento, realizar o pagamento da taxa
correspondente a reposição florestal, ou apresentar Projeto de Reposição
Florestal, repondo toda a matéria prima florestal consumida durante o período
de carência.

§ 2º - O período de carência previsto no caput deste


artigo não se aplica à hipótese de coleta das espécies florestais nele indicadas,
quando destinadas a outros Estados da federação.

Art. 10. Esta portaria entra em vigor na data de sua


publicação, revogando-se as disposições em contrário.

Rio Branco/AC, de outubro de 2001.

IDELCLEIDE RODRIGUES DE LIMA


Gerente Executiva – Portaria nº 1.123/01

Você também pode gostar