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Quelimane
2021
CARIMO GORGES ARMANDO
Quelimane
2021
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................... 3
2. Objectivos ............................................................................................................................... 3
3. Metodologia ............................................................................................................................ 3
7. Conclusão ............................................................................................................................. 11
1. Introdução
Este tema pretende debater em torno das construções sociais, culturais, políticas, económicas
e históricas das diferenças entre homens e mulheres. O tema objectiva, inclusive, fazer uma
desconstrução e discussão de posicionamentos sobre a masculinidade e feminilidade (o que é
ser homem ou mulher, macho ou fêmea) e entender como a compreensão de género em
Moçambique. Com o tema pretende-se ainda dar ao estudante um contributo na formação
íntegra da personalidade humana, de seus valores, nos quais a noção de género e sexualidade
são parte integrante e igualmente importante. Por isso e muito mais, julgamos premente
discutirem-se as questões relativas ao género e sexualidades, das desigualdades e estereótipos,
dos conceitos e preconceitos no âmbito sócio educacional.
2. Objectivos
3. Metodologia
Para a realização do trabalho cingimo-nos em fazer uma pesquisa bibliográfica feita a partir
do de consultas de livros, artigos e manuais que abordam questões relacionadas com género e
sexualidade. A metodologia opcionada para a realização deste trabalho foi o método
descritivo, esta opção justifica o facto do método escolhido permitir uma descrição clara e
flexível em relação as ideias que foram reunidas e analisadas neste trabalho. Enquanto
procedimento, o trabalho realizou-se por meio da observação indirecta.
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Gênero: refere-se às relações sociais desiguais de poder entre homens e mulheres que são o
resultado de uma construção social do papel do homem e da mulher a partir das diferenças
sexuais.
Por exemplo, as meninas são incentivadas a serem passivas, sensíveis, frágeis, dependentes e
todos os brinquedos e jogos infantis reforçam o seu papel de mãe, dona de casa, e
consequentemente responsável por todas as tarefas relacionadas ao cuidado dos filhos e da
casa. Ou seja, as meninas brincam de boneca, de casinha, de fazer comida, de limpar a casa,
tudo isto dentro do lar. Pelo contrário, os meninos brincam em espaços abertos, na rua. Eles
jogam bola, brincam de carrinho, de guerra, etc. Ou seja, desde pequenos eles se dão conta
que pertencem ao grupo que tem poder. Até nos jogos os meninos comandam. Ninguém os
manda arrumarem a cama, ou lavarem a louça, eles são incentivados a serem fortes,
independentes, valentes.
A sexualidade na mulher tem sido relacionada com a reprodução, ou seja, para a mulher o
centro da sexualidade é a reprodução e não o prazer. A sexualidade reduzida à genitalidade se
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apresenta para as mulheres como algo sujo, vergonhoso, proibido. Os homens, ao contrário
das mulheres, recebem mensagens e são preparados para viver o prazer da sexualidade através
do seu corpo, já que socialmente o exercício da sexualidade no homem é sinal de
masculinidade. De um modo geral podemos dizer que as mulheres desde que nascem são
educadas para serem mães, para cuidar dos outros, para “dar prazer ao outro”. A sua
sexualidade é negada, reprimida e temida.
Outro dos eixos onde se constrói e se concretiza a desigualdade entre homens e mulheres é a
reprodução. A mulher pode gerar um filho, e isto que em si é uma fonte de poder tem sido
controlado e tem determinado outros papéis diminuindo as possibilidades e limitando a vida
das mulheres em outros âmbitos, como por exemplo, no campo do trabalho.
O terceiro eixo é a divisão sexual do trabalho. Pelo fato biológico que a mulher é quem
engravida e dá de mamar, tem sido atribuído a ela a totalidade do trabalho reprodutivo. Às
mulheres, portanto, se atribui o ficar em casa, cuidar dos filhos e realizar o trabalho
doméstico, desvalorizado pela sociedade e que deixava as mulheres “donas de casas”
limitadas ao mundo do lar; com menos possibilidade de educação, menos acesso à
informação, menos acesso à formação profissional, etc.
A situação nos últimos tempos tem mudado e cada vez mais um número maior de mulheres
está saindo do lar e estão ingressando no mercado de trabalho, no entanto, as desigualdades
ainda permanecem. Diferentes estudos mostram que em geral as mulheres ganham menos que
os homens em todos os campos, e que as mulheres têm menos possibilidades de obter um
cargo diretivo.
Por outro lado, isto tem significado que as mulheres, além da jornada de 8 horas de trabalho
remunerado, têm um número variável de horas de trabalho em casa, o que aumenta nos finais
de semana. Esse excesso de trabalho, soma do esforço realizado no âmbito público e privado
é o que se chama: dupla jornada de trabalho.
Isto significa que todo o poder e independência que tem trazido para as mulheres a saída do
lar, têm por outro lado significado um desgaste e impacto na sua saúde tanto física como
mental, incluindo o sentimento de culpa por não conseguir realizar bem todas as tarefas de
casa ou pelo “descuido” dos filhos.
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O quarto eixo refere-se ao espaço público e ao reconhecimento da cidadania. Embora nos dias
de hoje, uma grande proporção de mulheres trabalhe e muitas delas sejam a principal fonte
para o sustento da família, isto não tem significado um maior desenvolvimento e
reconhecimento de sua cidadania. Em todos os países da América Latina, incluindo o Brasil,
os dados mostram que existe uma grande diferença entre homens e mulheres e que a falta de
eqüidade prejudica as mulheres. É muito difícil ter mulheres em altos cargos, como diretoras
de empresas, de hospitais, reitoras de universidades, etc. Em geral, é muito difícil ter
mulheres nos lugares de tomada de decisões. Isto se explica pelo processo de socialização que
ao determinar o trabalho reprodutivo (casa e filhos) para a mulher, cria condições que a
marginalizam do espaço público, e pelo contrário, o homem é quem assume o trabalho
produtivo e as decisões da sociedade.
secundário. Na área da Saúde, as taxas de mortalidade materna ainda são elevadas, entre
outras fragilidades. Persistem desafios no empoderamento económico das mulheres, no que se
refere a formação, acesso aos meios produtivos e ao financiamento.
A condição da mulher africana tem sido frequentemente estudada. A definição do seu papel
sociocultural e político assumiu diferentes contornos, ao longo da história colonial, e do
período pós-colonial. “Género” e “raça”, enquanto construções sustentadas e sustentadoras do
conceito de alteridade, têm delineado diferentes protagonismos da mulher em África:
submissa ou interventiva em contextos tradicionais distintos; trabalhadora rural ou urbana;
profissional liberal; dirigente política. Todos estes contextos e condições sociais, culturais e
económicas são veiculados por diferentes vozes interpretativas e práticas discursivas.
“Género” e “raça” assumem, deste modo, uma plasticidade resultante de processos de
construção e de reconstrução conceptual, que emergem de realidades culturais, sociais e
políticas particulares (TEIXEIRA, s/d, p. 5077).
Outra situação de natureza sociocultural também acontece no centro e sul do país, onde a
viúva deve aceitar fazer sexo sem protecção com um cunhado para sua purificação, prática
denominada pitakufa/kudjinga.
Trata-se de prática tradicional moçambicana: quando o marido morre, a viúva deve fazer sexo
não protegido com o cunhado para purificá-la. Se o acto for recusado pela viúva, ela pode
perder os bens da família, retirados pelos familiares do falecido. Esse fenómeno social
reveste-se de muitos riscos em contextos de disseminação de HIV/aids e das infecções de
transmissão sexual
Ademais, a mulher perde o poder de decidir sobre a sua saúde sexual e reprodutiva, de
usufruir de direitos e deveres consagrados em vários instrumentos internacionais e nacionais.
O mais complicado no caso de Moçambique é que muitas vezes o marido é quem decide se a
esposa deve ir ou não ao hospital caso ela esteja doente. Em contextos de gravidez, é a sogra e
a cunhada que têm o poder de decidir se a nora deve ter o parto no hospital ou em casa, por
exemplo (ESTAVELA & SEIDL, idem).
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Um outro aspecto ligado à continuidade em relação à tradição e que procura assegurar o poder
e autoridade dos homens mais velhos encontra-se nas práticas religiosas tradicionais4. Os
seniores das unidades domésticas, ritualmente ligados aos antepassados que lhes transmitiram
funções, privilégios e poder, encontram nelas o fundamento e a justificação do seu encargo. A
religião reproduz a ideologia do poder patriarcal expressando as diferenças de género. À
excepção da tia paterna, o poder religioso é predominantemente dos homens. No culto dos
ancestrais, o direito de oficiar é reservado aos indivíduos mais velhos, do sexo masculino.
Apresentando-se como sacerdotes e mágicos que asseguram a protecção dos espíritos e a
derrota das forças agressoras, eles organizam e presidem aos rituais para a manutenção da
ordem e do bem-estar.
A posição subalterna das mulheres na religião é ainda visível entre as seitas religiosas zione,
onde estão presentes elementos das tradições culturais locais como seja o respeito pelo culto
dos antepassados, os modelos de adivinhação, os rituais de cura, o simbolismo das cores, etc.
Com efeito, a dominância masculina, baseada nos dogmas e nos rituais religiosos, está
presente nesta congregação religiosa, pois as mulheres marcadas pela ciclicidade biológica
(menstruação e parto) são normalmente excluídas dos escalões mais altos da hierarquia e dos
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7. Conclusão
8. Referências bibliográficas
JÚNIOR, Durval Muniz de Albuquerque. (2010). Máquina de fazer machos: género e práticas
culturais, desafio para o encontro das diferenças. In: NUNES et al., (2010). Género e práticas
culturais: Desafios históricos e saberes interdisciplinares. Campina Grande-PB. 21. ed. CDD.
Editora filiada a ABEU. Disponível em: <books.scielo.org/id/tg384/pdf/machado-
9788578791193.pdf>; Acesso no dia 23-12-2021 às 10:15.