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O presente esquema são trechos da obra VERBUM VITAE, La Palabra de Cristo, Mons.

Angel Herrera Oria, Tomo V, Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, MCMLV.

Domingo de Pentecostes
I – Situação Litúrgica
1. Significado da festa – No Antigo Testamento celebrava-se os cinquenta dias da Páscoa
e foi instituída por Moisés como recordação da promulgação da lei sobre o Sinai. No
Novo Testamento celebra-se também os cinquenta dias da Pascoa para comemorar a
promulgação da nova lei, não escrita em tábuas de pedra, mas esculpida nos corações
vivos dos moradores do cenáculo pelo Espírito Santo.
2. Fim do ciclo da redenção – A festa de Pentecostes encerra o ciclo da redenção já que a
missão do Espírito Santo constitui o último ato de Cristo como Redentor da
humanidade. Por ser a Festa do Espírito Santo é por isso mesmo a festa do Amor.

II – Epistola (Foi mantida a leitura dos Atos dos Apóstolos do rito S Pio V)
1. Perseveravam unânimes na oração com Maria – Nesta passagem aparecem as duas
condições necessárias para receber as graças do Espírito Santo, reunidos em
companhia da Virgem e rezando. A mãe do Cristo físico, Mãe também do Cristo
místico. Como o Espirito Santo veio sobre Ela na encarnação para constituí-la Mãe de
Deus, assim vem em Pentecostes novamente para proclamá-la Mãe da Igreja.
2. Estavam todos – Possivelmente não só os doze, mais sim, os cento e vinte de que se
fala no capítulo anterior.
3. Ruído do céu como de vento impetuoso – Significava o ímpeto de amor a grandeza de
Deus. O vento é a imagem usada por Jesus para comparar a obra do Espírito Santo (Jo
3,8).
4. Línguas de fogo – Por ser fogo, aquece e ilumina para amar e entender e penetrar
intimamente, convertendo em chama o corpo de que se apodera. Por ser língua,
parece indicar a fé e o amor que devem encher a palavra, fim e elemento essencial de
todo apóstolo.
5. Começaram a falar em línguas estranhas – Não devemos confundir com o dom da
glosolália das primeiras reuniões cristãs em que, quem recebia podia expressar-se em
línguas desconhecidas para ele que outro necessitava interpretar (I Cor 14,28).
Pensamos que foi um dom dirigido especialmente aos apóstolos para que pudessem
propagar a boa nova entre gente que não falava aramaico nem grego, como era
frequente no império romano.
6. Segundo o Espírito lhes dava – É o ideal do pregador. Os apóstolos seguiram a moção
do Espírito Santo. O apóstolo deve aplicar todos os meios e esforços da natureza
humana que Deus lhe deus, para abandonar-se depois ao Espírito, a quem primeiro
ganhou com a oração e a penitência, sem falar nunca nada que o mesmo Espírito não
possa inspirar. “non in persuasibilibus humanae sapientiae verbis” (I Cor 2,4)
7. Estupefatos de admiração – A admiração dos judeus malévolos, dos de boa vontade e
dos peregrinos foi muito diferente. Destes últimos nascia do milagre que
presenciavam, não estavam muito interados do acontecido anteriormente. A dos
judeus sinceros, incluso sacerdotes lhes levou a batizar-se em massa, atônitos ao ouvir
as testemunhas da ressurreição. Com efeito, em Anás, Caifás e seus sequazes já
conhecemos. É um exemplo triste de como a mesma graça que converte uns serve de
condenação para outros.
8. Pedro – “Levantou-se Pedro...” assim a Igreja se apresentou ao mundo. Após justificar
os seus começa o sermão centrado em um dogma e uma prova: a divindade de Cristo
é o dogma; o vimos ressuscitado é a prova.
Santos:
I - São João Crisóstomo – Trechos das homilias da festa de Pentecostes deste santo.
1. A frequência em assisti a missa
a. A festividade de hoje volta a adornar esta igreja com a multidão de seus
amados filhos. Mas, o que vale este amor revelando-se apenas nas
grandes solenidades? Vale o mesmo que um formoso vestido a uma
mulher honesta se não o veste. Vós sois o adorno da igreja, que brilha
mais quanto maior é vossa assiduidade aos divinos ofícios. Que formosa e
tão decorada luz neste dia! Mas... que pena... os mesmos que hoje a
vestem, amanhã a desnudam.
Aos judeus foi ordenado que se apresentassem três vezes ante o Senhor,
porque só possuíam um templo em Jerusalém e para chegar a ele haviam
de percorrer grandes distâncias e inclusive atravessar os mares. Deus quer
que nós estejamos sempre com Ele, e por isso nos deu as igrejas de modo
que quase não tenhamos nem mesmo de cruzar uma rua.

2. O Espírito Santo e os apóstolos


a. Muitos dons desceram do céu, porém nenhum semelhante ao de hoje.
Caíram o maná, o fogo e a água que desceram sobre o povo judeu. Hoje
flui do alto uma chuva espiritual que fertiliza os corações. A tal ponto que
quem recebe uma gota dessa fonte divina se transforma em anjo. Porque
tal foi a extraordinária maravilha que, ao invés de descer os anjos do céu,
nosso barro se converteu em angélico.
Admirável! Umas línguas de barro mandassem nos demônios, umas mãos
de barro curassem as doenças e que até a sua sombra ressuscitasse os
mortos. Verdadeiramente, os apóstolos foram médicos, agricultores e
timoneiros de todo o universo. Médicos que curavam as doenças,
agricultores que semeavam a palavra, timoneiros que aplacavam a
tempestade.
Nossa natureza havia subido dez dias antes ao trono régio e hoje desce a
ela o Espírito Santo; Enviamos ao céu nossa fé e o Espírito Santo nos dá
seus dons; lhe enviamos a obediência e recebemos a santidade...

3. O Espírito opera a reconciliação


a. Quando o Senhor está irado, retira o Espírito Santo. Assim ocorreu com
Heli pela condescendência com seus filhos (1Reis 3,11). E o mesmo
aconteceu no tempo de Daniel quando foi negado o dom de profecia (Dan
3,38). Vivíamos no ódio, na ofensa, ainda não se havia imolado o Cordeiro
e como inimigos de Cristo, nos era negado o Espírito Divino, sinal de
reconciliação.
4. Onde está hoje o Espírito Santo?
a. Por que não vemos aqueles sinais e prodígios? Se o Espírito Santo não
estivesse em nós, não poderíamos ne mesmo chamar Senhor a Jesus nem
orar dizendo: “Pai nosso, que estais nos céus”, porque é o Espírito enviado
a nossos corações quem nos ensina a chamar Pai. Se o Espírito Santo não
vivesse em nós não teríamos pastores nem doutores na Igreja, pois Ele os
consagra (At 20,28). Se não estivesse nesta mesma comunidade, não
poderíamos dirigir nossos olhos para o santuário e ver vosso Padre e
Doutor (aqui São João Crisóstomo refere-se ao bispo Flaviano. Pode-se
fazer uma relação a Mons., etc), a cuja saudação respondemos: “Et cum
Spiritu tuo”, quer dizer, com o Espírito que repousou sobre ti e que te deu
o poder de oferecer o místico sacrifício. Mesmo sendo homem, é Deus que
fala por ele. Não há nada de humano nos ofícios que se realizam no altar.
Se não estivesse conosco o Espírito de Deus, a Igreja não subsistiria, logo,
se subsiste, é porque habita nela o Espírito Santo.
b. O Espírito Santo não se manifesta hoje mediante prodígios. Isto constitui
uma honra para nós, pois Ele nos julga já suficientemente espirituais e não
necessitamos de sinais exteriores. Alguém poderia dizer: “Por que, por
exemplo, apareceram línguas de fogo, enquanto que a um profeta se
manifestou em forma de livro cheio de dores e lamentações?” (Ez 2,9).
Porque era preciso que este profeta falasse dos castigos que viriam sobre
Israel; ao contrário, aos apóstolos deveria dar corações de fogo para que
pregando a todo o mundo.

III – Santo Agostinho


1. Espírito Santo, o vinho novo – Diziam os judeu: “Estão bêbados e cheios de
vinho”. Que acusação caluniosa! O ébrio não só não aprende nenhuma língua,
mas acaba perdendo a própria. Mas, aqueles ignorantes diziam a verdade,
porque estavam cheios de vinho novo e haviam sido convertidos em novos
odres. Eram os odres velhos que se admiravam dos novos.
2. Dom das línguas, símbolo da unidade da Igreja – A Igreja contava com poucos
membros, mas já se falava nas línguas de todo o orbe. Aquele diminuta Igreja
que nascia já falava todos os idiomas. Sinal da grande Igreja de hoje, desde o
oriente ao ocaso já difundida.

IV – São Tomás de Vilanova

1. Por que veio? – três razões: 1) Porque era desconhecido – Deus Pai era conhecido
ou pelo menos podia ser conhecido em todo o mundo. O Verbo havia sido
conhecido pelos antigos filósofos e, ademais, se havia manifestado em Cristo,
porém o Espírito Santo permanecia desconhecido. 2) Para manifestar a bondade e
caridade de Deus – Como nos ensina São Paulo: Não recebemos o espírito do
mundo, mais sim o espírito de Deus, para que conheçamos os dons que Deus nos
concedeu (1Cor 2,12) 3) Para completar a obra de Cristo – o qual, vindo a terra nos
fez filhos de Deus e co-herdeiros de sua glória. Cristo deixa a semente, são os
apóstolos. Porém, desce o Espírito Santo e faz florescer a geração nova de águias
que se lançam a conquistar o orbe.

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A Paz
1. O mundo perdeu a Paz.
a. Uma civilização que se diz discípula de Cristo, cuja vinda foi saudada
com o cântico de “paz na terra” (Lc2,14), se suicida em guerras civis,
sociais e internacionais.

2. Por que?
a. Sem embargo, Cristo não se limitou a deixar a paz, mas nos deu e nos
deixou. Deu-nos pois os meios para viver nela. Porque não
desfrutamos dela?
i. II Guerra mundial – Na véspera dos nazistas ocuparem Paris,
que ardia em chamas. A rádio transmitia um ato
emocionante. “O povo católico congregado na basílica
nacional dedicada ao Sagrado Coração de Montmartre. O
locutor interrompeu a recitação das ladainhas nas quais
invocava todos os santos franceses repetindo: “Rogai pela
pátria!” e começou a anunciar o nome dos políticos franceses
que , para levantar o ânimo da população (tarde demais) ,
vinham unir-se a oração coletiva. Estavam ali reunidos
diversos nomes de uma longa tradição de irreligião. Podiam
ver ali um símbolo. Uma humanidade que se empenha em
rechaçar a “paz de Cristo” e substituí-la pela “paz do mundo”

3. A falsa paz do mundo – Palavras de Santa Tereza – Nove classes de falsa


paz
a. Quietude nos pecados, sossego nos vícios
i. “Sinal de que o demônio e o pecador estão muito amigos”
b. Paz das riquezas
i. Que se tem muito dinheiro, e como se guardam de cometer
pecados graves, tudo lhe parece que está feito. Gozam do que
tem, dão uma esmola de vez em quando. Não percebem que
aqueles bens não são seus, mas foram dados pelo Senhor
como se entrega algo a mordomos seus que deverão prestar
contas.
c. Paz das honras mundanas
i. Pode causar grande dano (o mundo) se não se tem cuidado
com os louvores. Cuidado, jamais o mundo eleva senão para
abaixar. Devemos sempre receber com Guerra interior os
louvores.
d. Paz da carne
i. Pessoas que tão sossegadamente passam os dias com comer
bem, dormir e buscar recreações e todos os descansos que
uma pessoa pode buscar. Não parece que haja outro mundo e
que naquele haja o menor perigo para ele.
e. A paz dos reincidentes
i. Há algumas pessoas que alcançam a amizade de Deus pois se
confessaram bem e se arrependeram, mas não passam dois
dias e já voltam a eles. É verdade que não podemos está sem
faltas, mas se queremos mudar....

f. A Paz dos que não se guardam dos pecados veniais


i. A pessoa que se guarda de ofender a Deus mortalmente mas
não deixam de cair de quando em quando nos pecados
veniais por fazerem pouco caso disso e cometem muitos ao
dia.
g. A paz concertada
i. Pessoas que totalmente não querem ofender em nada, mas
não se afastam das ocasiões próximas de pecado. Tem suas
orações, dão ao Senhor ternuras e lágrimas, mas não querem
deixar esta vida, mas tê-la boa e concertada.
h. A paz dos que tem muita honra
i. Deixou tudo pelo Senhor, e não tem casa nem fazenda, nem
tão pouco gostam de presentes, antes, são penitentes, não
gostam das coisas do mundo, pois o Senhor já mostrou
quanto miseráveis são. Mas tem muita honra. Não gostariam
de fazer as coisas como o Senhor, Grande discrição e
prudência... Estas almas, na maior parte, se lastimam de
qualquer coisa que se diga delas. Não abraçam a cruz, a
levam, mas a arrastando.
i. A paz dos que não tem mortificação
i. Há almas que fazem pouco caso do que dizem os homens e
das honras, mas não estão exercitadas na mortificação e em
negar sua própria vontade.

4. A Paz de Cristo
a. Santo Agostinho: diz que a Paz é a “tranquilidade da ordem” (Civita
Dei XIX 13: Pl 41,640)
i. Se em uma família reina a ordem devida, residindo na
autoridade do pai, na sujeição amorosa da mãe e na
obediência dos filhos, se admira a paz em que vive.
Introduzindo a desordem, desaparece a paz; tudo se
transforma em desgosto.

b. Elementos essenciais da paz

i. Ordem dentro de nós mesmos, subordinando as paixões a


razão - Onde reinam as paixões surge as lutas para impor
nossos desejos. O homem desordenado em si mesmo não
pode ser ordenado para os demais. Quem tem como norma
de vida seu prazer não pode ter como tal a razão e a justiça
ii. Ordem nas relações dos homens entre si, observando as
obrigações impostas pela justiça e a hierarquia. – Onde não
há equidade, justiça e obediência, não pode existir paz social.
iii. Ordem de todos para com Deus reconhecendo-o como
legislador e Senhor – Tirando Deus, tribunal supremo, diante
de quem responderão os Estados por suas usurpações e
crimes? Diante de si mesmo! Eles que colocaram a própria
vontade por norma de sua moral.

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