ADMOESTAÇÃO
Precisamos pregar nossas
mensagens distintivas — 3
Robert S. Folkenberg
Presidente da Associação Geral
os artigos anteriores, des-
N ta série, partilhei duas
convicções sobre a prega-
ção dos Adventistas do Sétimo
Dia. Nossa pregação deve ser bí-
blica e deve apresentar o Evan-
gelho clara e convincentemente.
Desta feita, partilharei outra
preocupação: nossos pregadores
também devem proclamar aque-
las verdades que nos distinguem
como um povo.
Somos chamados para pregar
"o evangelho etemo" (Apoc. 14:6
e 7) 1 mas num contexto
especIfico. Os mensageiros de
Deus têm proclamado Seu único
meio de salvar homens e mulhe-
res através da história humana; e
enquanto a mensagem essencial
não pode mudar, seu contexto
muda. No tempo de Noé, o Evan-
gelho foi pregado com relação ao
dilúvio iminente. Nos dias de
Moisés, o Êxodo modelou o
Evangelho. Para os discípulos do
tempo de João, o Batista, a men-
sagem foi anunciada na expectati-
va do aparecimento do Messias.
Jesus, a Palavra encarnada, proclamou
o Evangelho com referência ao reino
do Céu que se manifestava em Sua
vida e obra.
Do mesmo modo, Deus hoje nos
comissiona a pregar as boas novas no
contexto de um chamado mundial:
"Temei a Deus, e dai-Lhe glória; por-
que vinda é a hora do Seu juízo. E
adorai Aquele que fez o céu, e a terra,
e o mar. e as fontes das águas" (Apoc.
Revista AdventIsta. Maio 94
(Conclusão)
14:7). A pregação adventista do séti-
mo dia, portanto, não pode ser igual à
dos batistas, dos presbiterianos, ou
dos metodistas. Somos um povo pro-
fético com uma mensagem profética!
Quais são nossas mensagens dis-
tintivas?
As três mensagens angélicas de
Apocalipse 14:6-14 dão-nos a ordem
de marcha. Para nós, o evangelho
eterno é apresentado no contexto de:
1. Missão global. Cada con
gregação, não importa quão pe-
quena ou humilde em seu local
de reunião, é parte de nossa con-
gregação mundial. Nossa mensa-
gem, de fato, está indo a toda na-
ção, tribo, língua e povo. Deus
mantém a igreja remanescente
unida como um povo especial
em mais de 200 países. A prega-
ção adventista deve ampliar os
horizontes dos ouvintes, ajudan-
do-os a pensar em coisas gran-
des, planejar e realizar coisas
grandes e ter uma visão global.
Além disso, nossa pregação deve
apelar para que nos regozijemos
na maravilhosa diversidade do
povo de Deus, ao nos respeitar-
mos uns aos outros sem precon-
ceito de cor, raça, língua, idade,
sexo, ou classe social. Somos um
em Cristo.
2. A hora do juizo. Esta ver-
dade descortina a compreensão
do santuário celestial, com Jesus
como nosso grande sumo sacer-
dote que nos representa diante do
trono de Deus. Ela desvia a nossa
mente das insignificantes coisas
terrenas para a sede do Universo.
3. Adoração do Criador. Numa
época em que homens e mulheres
adoram a si mesmos, bem como o
sexo, os esportes, o prazer e o di-
nheiro, a pregação adventista deve
exaltar a Deus como o único ser dig-
no de adoração. Deve proclamá-Lo
como o Criador e a Fonte de todas as
coisas, como também Nosso Reden-
tor e Senhor.
 4. A lei de Deus. O povo de
Deus, nos últimos dias, O amará, não
importa o preço. "Aqui estão os que
guardam os mandamentos de Deus e
a fé de Jesus" (verso 12). Somos ob-
servadores da lei, não para que seja-
mos salvos, mas porque fomos sal-
vos. Obediência, para nós, é a expres-
são do que somos como filhos do Rei
celestial.
5. o sábado. Dentre todos os
mandamentos, o sábado é o selo de
nosso amor e nossa lealdade ao nosso
amorável Pai celestial. Ao decidirmos
separar para Ele o dia que Ele santifi-
cou e abençoou, honramo-Lo como
Criador e Senhor do tempo e do espa-
ço. O sábado, para nós, não é um far-
do mas um privilégio e uma bênção.
Mais do que nunca, aguardamos suas
sagradas e pacíficas horas em meio ao
corre-corre da vida moderna.
6. A grande controvérsia. Cre-
mos que estamos engajados numa
batalha cósmica entre o bem e o mal.
A "besta" mencionada em Apocalip-
se 14:9-11 representa as forças que
se opõem ao povo de Deus, nos últi-
mos dias. Nós, porém, servimos
Àquele que é poderoso, Aquele que
sustém o destino do mundo em Suas
mãos e nos conduzirá através de to-
das as provações. Ele ganhou. na
cruz, a decisiva batalha na luta com
os poderes demoníacos, e Seu triunfo
está assegurado.
7. A Segunda Vinda. "E olhei, e
eis uma nuvem branca, e assentado
sobre a nuvem um semelhante ao Fi-
lho do homem, que tinha sobre a Sua
cabeça uma coroa de ouro, e na Sua
mão uma foice aguda" (Apoc.
14:14). Somos Adventistas do Séti-
mo Dia — cremos que Jesus voltará
outra vez. Sabemos que Ele cumprirá
Sua promessa (João 14:1-3). Cremos
que as grandes linhas do tempo pro-
fético e os sinais ao nosso redor
apontam para o clímax do tempo em
que Deus enviará Seu Filho pela se-
gunda vez, como O enviou à Terra
2.000 anos atrás, na "plenitude do
tempo" (Gál. 4:4).
8. O Espirito de Profecia. Outra
mensagem distintiva dos Adventistas,
a qual não se encontra nas três mensa-
gens angélicas mas identificada em
Apocalipse 12:17; 19:10, é a nossa
crença de que Deus revelou a Si mes-
mo à Sua igreja no tempo do fim por
meio do Espírito de Profecia. Cremos
que Deus usou Ellen White para dar
Suas mensagens à Igreja Adventista
do Sétimo Dia. Os conselhos de Ellen
White não acrescentam nada às Escri-
turas, nem tomam seu lugar, mas nós
os aceitamos como uma contínua fon-
te de guia e fortalecimento. A prega-
ção adventista deve afirmar a confian-
ça no Espírito de Profecia, ao mesmo
tempo que deve ser vigorosamente bí-
blica em sua base e conteúdo.
Que assuntos maravilhosos! Eles
falam poderosamente sobre a vida em
nosso tempo. A pregação adventista
deve ter sentido!
Em vários lugares Ellen White
descreve nossos ensinos distintivos
como "pilares", "marcos", ou "os
fundamentos". Ela os especifica
como o santuário e sua purificação,
as três mensagens angélicas, a lei de
Deus, o sábado e a mortalidade da
alma (ver, por exemplo, Counsels to
Writers and Editors, págs. 30 e 31).
"Que as mensagens que constituem
o fundamento da nossa fé sejam pos-
tas perante o povo", ela admoesta.
"Devemos entender agora quais são
os pilares da nossa fé — as verdades
que nos fizeram o que somos, con-
duzindo-nos passo a passo" (Idem,
pág. 29).
Ela ainda aconselha: "Os ministros
devem apresentar a firme palavra da
profecia como o fundamento da fé dos
adventistas do sétimo dia... O capítu-
lo vinte e quatro de S. Mateus é-me
apresentado repetidamente como de-
vendo ser exposto à atenção de to-
dos... O tempo em que vivemos pede
vigilância contínua, e os ministros de
Deus devem apresentar a luz sobre a
questão do sábado. Devem advertir os
habitantes do mundo quanto a estar
Cristo para vir em breve, com poder e
grande glória. A derradeira mensagem
de advertência ao mundo tem de levar
homens a ver a importância que o Se-
nhor dá à Sua lei." — Obreiros Evan-
gélicos, pág. 148.
Como apresentar as mensagens
distintivas?
Devemos sempre e tão-somente
apresentar nossas verdades distintivas
em termos do evangelho eterno. Isto
significa que Cristo será o centro de
cada doutrina, seja ela o santuário, o
sábado, a lei, ou o estado dos mortos.
Cristo não pode ser adicionado como
um pensamento tardio. Ele deve ser o
fundamento, o coração, o alfa e o
Mega. o primeiro e o último.
Penso, às vezes, que alguns adven-
tistas não se interessam em apresentar
as doutrinas. Não é porque, em minha
opinião, nossas mensagens distintivas
não toquem a vida de nosso povo. O
que poderia ser mais relevante do que
o Sábado e a Segunda Vinda? Muitas
vezes, no passado. pregamos essas
verdades de uma maneira seca, teórica
e argumentativa. Não as apresentamos
com o amor de Jesus. Não as temos
aplicado à vida diária de tal modo que
as pessoas vejam a diferença que tais
doutrinas operam.
Portanto, todos nós devemos estu-
dar e orar, se desejamos apresentar
eficazmente as nossas verdades dis-
tintivas. Devemos pedir ao Senhor
que afaste nosso orgulho. Nosso pro-
pósito não é provar que estamos cer-
tos e que outros estão errados. Não se
trata de derrotar alguém, até mesmo
um de nossos próprios membros. Não
fomos chamados para pregar por
mero debate mas para proclamar o
evangelho eterno, o qual constitui
sempre as boas novas, seja qual for o
assunto.
Finalmente, se desejamos que nos-
sa pregação seja poderosa, devemos
suplicar o poder do Espírito Santo
para vivermos as mensagens distinti-
vas, bem como falar sobre elas. Deve-
mos entesourar o sábado como um
precioso dom de nosso amorável Pai.
A Segunda Vinda deverá ser a "bem-
aventurada esperança" quando encon-
trarmos nosso Senhor face a face, e
não um acontecimento marcado pelo
horror e pela ansiedade. O julgamento
deve dar-nos esperança ao confiarmos
nAquele que fala a nosso favor e nos
livra de toda incerteza e apreensão. A
Grande Controvérsia deve focalizar o
poder e a vitória de Jesus, não os en-
ganos de Satanás e as provas de nos-
sos dias.
O que somos é mais importante do
que o que pregamos. Nosso melhor
sermão será uma vida transbordante
de amor cristão por todos.
Possa o Senhor enviar Seu Espíri-
to para reavivar Seu povo. Seja a
nossa pregação uma pregação bíbli-
ca que proceda da Palavra e centrali-
zada na Palavra. Que a nossa prega-
ção seja evangélica, apontando aos
ouvintes o Cordeiro de Deus que tira
nossos pecados e nos dá a certeza da
salvação agora. E que nossa prega-
ção possa retratar fielmente as men-
sagens adventistas distintivas, as
quais provêem o contexto para a
proclamação do evangelho eterno
em nossos dias. •
Revista Adventista, Maio 94