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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO

Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH


Programa de Pós-Graduação em Gestão de Documentos e Arquivos – PPGARQ
Mestrado Profissional em Gestão de Documentos e Arquivos – MPGA
Disciplina Perspectivas da Arquivologia Contemporânea
Prof.ª Mariana Lousada
16/09/2018

Estudante: Beatriz Carvalho Betancourt

FICHAMENTO SOBRE O TEXTO

“Arquivologia e Pós-modernismo: novas formulações para velhos conceitos”


de Terry Cook

1. Papel da arquivologia num mundo pós-moderno – desafia arquivistas a repensar sua


disciplina e prática.
2. Profissão mais enraizada no positivismo do século XIX do que em estudos anteriores
ligados à Diplomática – estratégias e metodologias inviáveis num mundo pós-moderno
e computadorizado.
3. Há problemas conceituais no termo e corpo teórico da Arquivologia que precisam ser
esclarecidos nas novas realidades em que vivemos e trabalhamos – mudança
paradigmática ou adaptação de seus princípios? O autor defende que é uma mudança
paradigmática.
4. Mudanças no paradigma:
 Antes: Os documentos arquivisticos não são mais vistos como objetos físicos estáticos
Depois: Conceitos virtuais dinâmicos
 Antes: Produto passivo da atividade humana ou administrativo
Depois: Agentes ativos na formação da memória humana e organizacional
 Antes: Contexto de criação dos documentos descansando dentro das organizações
hierárquicas estáveis
Depois: Criação de documentos dentro de redes de fluxo horizontal na funcionalidade
do fluxo de trabalho
5. Demandas da mudança de paradigmas para os arquivistas:
 Antes: guardiões passivos de um legado herdado
Depois: Papel na formação ativa da memória coletiva (ou social).

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6. Novo paradigma – mudança do produto para o processo, da estrutura para a função,
dos arquivos para o arquivamento, do documento para o seu contexto; do
“resíduo”natural ou subproduto passivo da atividade administrativa para a
conscientemente construída e ativamente mediada “arquivização” da memória social.
7. Os princípios fundamentais arquivisticos só serão preservados se as suas atuais
interpretações, implementações estratégicas e aplicações praticas forem descartadas.
8. Deve-se manter as pesquisas eruditas e formulações teóricas dos princípios
fundamentais tradicionais centrados na origem – respeito aos fundos, contexto,
evolução, interrelações, ordem dos documentos – as mudanças percebidas nesses
estudos são capazes de indicar a ocorrência de mudanças de paradigmas.
9. Thomas Khun (A estrutura das revoluções cientificas, de 1962) – Mudança de
paradigma ocorre quando:
 As respostas para as questões da pesquisa não mais explicam suficientemente os
fenômenos observados – a informação registrada e seus criadores
 As metodologias práticas baseadas na teoria de tal observação não mais funcionam –
como acontece em muitas atividades arquivista e não somente na lida com
documentos eletrônicos.
10. O texto pretende:
 Explorar a natureza do pós-modernismo e da arquivologia e sugerir ligação entre
ambos.
 Descrever brevemente duas amplas mudanças no pensamento arquivístico que
sustentam o deslocamento paradigmático.
 Sugerir novas formulações para os tradicionais conceitos em Arquivologia,

Pós-modernismo e ciência arquivística


1. A mentalidade pós-modernista afeta os arquivos de duas maneiras.
2. Vivemos numa era pós-modernista de discussão teórica.
3. O pós-modernismo tem crescido e influenciado quase todas as disciplinas.
4. Terry Eastwood: “é necessário entender o meio político, econômico, social e cultural
de qualquer sociedade para entender seus arquivos”; “as ideias existentes sobre
arquivo, num dado momento, não são, senão, uma reflexão das mais amplas correntes
da história intelectual”.

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5. Tendência intelectual atual é o pós-modernismo – isso afeta os arquivos – necessidade
de especular como e por que mudar adequadamente as formulações da Arquivologia
(primeiro impacto do pós-modernismo).
6. Segundo impacto do pós-modernismo – especulação sobre a natureza de textos
históricos e de outros textos.
7. Jacques Derrida – “O Mal de Arquivo”, 1995/1996 – trata do arquivo e seu significado
na sociedade – seguido de outros estudos sobre o tema.
8. Pós-modernismo preocupado com a criação e natureza dos documentos e suas
designações, sobrevivência e preservação como arquivos.
9. Críticos pós-modernistas preocupados com os Arquivos como instituições e seu rol na
formação da memória oficial ou sancionada pelo Estado.
10. É importante distinguir o impacto do pós-modernismo e da informática nos
documentos e na Arquivologia.
11. Desde que a linguagem e a escrita começaram a serem usadas, as mesmas perguntas
são feitas sobre a instabilidade do texto e das relações autor-texto ou sobre a sombra
fantasmagórica do rastro de atividades passadas. Essas questões são mais aparentes
com mídia eletrônica, mas tem sido presentes desde o começo da linguagem e da
escrita.
12. A definição de pós-modernismo é problemática.
13. Formulações gerais pós-modernistas com ênfase nas suas implicações para os arquivos
e seu impacto na Arquivologia:
 O pós-modernismo descarta a noção de verdade universal ou conhecimento objetivo
baseada nos princípios do racionalismo cientifico do iluminismo; ilógica de textos
alegadamente racionais.
 Contexto por trás do texto, relações de poder que modelam o patrimônio
documental e ate a estrutura do documento, o sistema de informação residente
e as convenções narrativas são mais importantes do que a coisa objetiva em si
ou o seu conteúdo.
 Fatos em textos não podem ser separados da sua atual ou passada
interpretação.
 O autor não pode ser separado do assunto.
 O público ou o autor não podem ser separados da obra.
 A obra não pode ser separada do contexto.

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 Nada é neutro, imparcial, objetivo.
 Tudo é moldado, apresentado, representado, simbolizado, significado, assinado
etc.
 Nenhum texto é mero subproduto da ação, como Jenkinson afirmava – o texto
é um produto conscientemente construído, são uma forma de narração mais
preocupada com a construção de consistência e harmonia para o autor em
conformidade com as normas de organização e os padrões de discurso retórico
do que com evidencias de atos e fatos, ou enquadramentos jurídicos ou legais.
 Não existe somente uma narrativa numa serie ou coleção de documentos, mas
muitas narrativas e historias, servindo a muitos propósitos para muitos
públicos, através do tempo e do espaço.
14. Jacques Le Goff – “o documento não é objetivo, nem matéria prima inocente, mas
expressa o poder passado (ou presente) da sociedade sobre a memória e sobre o futuro:
o documento é o que fica”.
15. Não há nada neutro, objetivo ou “natural”no processo de lembrança e esquecimento.
16. Pós-modernistas tem profunda ambivalência sobre o documento: duvidam da verdade
histórica, percebem o arquivo como meros rastros de universos de registros e
atividades, veem os documentos distorcendo fatos e realidades passados em favor do
objetivo narrativo do autor/público, mas recorre à historia e à analises históricas.
17. O conhecimento do passado é semiótico.
18. O documento é um sinal, um significante, uma construção mediada e em constante
mudança, não um receptáculo vazio, no qual atos e fatos são derramados.
19. Positivismo: documento parcial e inocente subproduto da ação – ideia desacreditada.
20. Pós-modernismo e Arquivologia não são uma antítese, é preciso um novo tipo de
Arquivologia – ou paradigma – para casar os dois.
21. O que é Arquivologia? Dependendo da resposta, pode ser incompatível com o
pensamento pós-moderno.
22. Eric Ketelaar: “Torre de Babel dos arquivistas” – países, idiomas e tradições
arquivísticas nacionalizadas e de “culturas” arquivísticas enraizadas que causam
divisões – é necessário trazer as diferenças à luz em vez de negá-las ou impor uma
universalidade que não existe.

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23. Para arquivistas australianos e norte-americanos o termo “arquivologia” não existe em
seus glossários de publicações. Recentemente tem aparecido nos discursos
profissionais.
24. Para os arquivistas europeus, a Arquivologia está arraigada em sua postura
profissional. Usam o termo em títulos de publicações sem a preocupação de defini-la,
pressupondo que seu entendimento é dado.
25. Para o autor, norte americano, o termo parece abranger todo o conhecimento
profissional que constitui a disciplina intelectual dos arquivos, incluindo teoria
arquivística, historia arquivística, estratégia arquivística, metodologia arquivística e
mesmo a diplomática e aspectos da gestão documental.
26. Porem, para os escritores europeus, a Arquivologia parece mais equiparada o que os
americanos entendem como Teoria Arquivística e, mais especificamente, com
conceitos relativos à disposição e descrição de arquivos para proteger sua proveniência
ou integridade contextual.
27. Oddo Bucci, europeu – Arquivologia ≠ conhecimento arquivístico.
 Conhecimento arquivístico – forma articulada da prática diária por vários momentos,
lugares, usos, mídias e “valores” de arquivos.
 Arquivologia – “construção sistemática e conceitual” do conhecimento arquivístico
em integridade disciplinar.
28. Cook conclui: Arquivologia não é nem universal nem imutável.
29. A vertente tradicional da Arquivologia deu à disciplina a sua inclinação empírica, a
construiu como ciência descritiva e a adaptou ao imperativo da historiografia
positivista, que visava à acumulação de fatos, mais do que à elaboração de conceitos.
30. Bucci – “as inovações radicais nas práticas arquivísticas estão se tornando cada vez
mais incompatíveis com a continuação de uma doutrina que procura permanecer
encerrada nos baluartes de seus princípios tradicionais”. “É necessário que a
arquivologia saia do seu isolamento, se abra para a sociedade e procure numa Teoria
da Sociedade as garantias de unidade disciplinar que a Teoria do Estado não é mais
capaz de prover” – foco deve ser mais no ‘ato criativo ou intenção de autoria ou
contexto funcional por trás dos documentos” e menos no interior dos próprios
documentos.
31. Luciana Duranti discorda

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 Arquivologia é “o corpo do conhecimento sobre a natureza e as características dos
arquivos e do trabalho arquivístico sistematicamente organizado em teoria,
metodologia e prática“.
 Conexão com a Diplomática, que se preocupa com o conhecimento sistemático sobre
a natureza e as características de documentos individuais. A arquivologia constitui a
necessária mediação entre a teoria diplomática e sua aplicação a casos concretos e
reais.
 Não desconsidera o meio ambiente social que rodeia a criação de documentos, mas
localiza-o definido pela doutrina legal e por costumes jurídicos no contexto do
produtor.
 Cook a considera positivista – para Duranti:
 Os princípios e conceitos da arquivologia são universalmente válidos e
trazem objetividade às pesquisas arquivísticas em contextos documentais.
 Preceitos da Arquivologia encontram sua validade em lógica e consistência
internas, mais do que no seu contexto histórico, legal ou cultural.
 A Arquivologia é um sistema autorreferente, totalmente autônomo das
influências de concepções políticas, jurídicas ou culturais.
32. Cook – noções de universalidade, autonomia lógica, interiorização e anti-
historicidades – oposto do pensamento pós-modernista.
33. Abismo entre as visões de Bucci e Duranti maior do que o abismo entre a visão geral
da Arquivologia entre europeus e norte-americanos e australianos.
34. Pré-modernistas acreditam que os arquivistas deveriam permanecer como
mediadores neutros entre criadores e usuários dos documentos.
32. Críticas de dois erros:
 Confusão entre ciência e cientificismo.
 Arquivologia é uma pseudociência (segundo a lógica de Neil Postman). - tenta
legitimar o seu trabalho aplicando os métodos de pesquisa e análise lógica da
observação de objetos naturais (ou fenômenos) das ciências físicas para os
assuntos sociais
- como os sistemas de informação?
- esperança de ganhar status?

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- A Arquivologia moldada sobre as leis universais das ciências físicas colocaria
o humano, histórico e idiossincrático, fora do processo social – manutenção de
documentos – com o qual está conectado.
 As ciências físicas tradicionais há muito abandonaram as reivindicações de
objetividade, neutralidade, imparcialidade, autonomia e universalidade.
 Nossa percepção de arranjo, organização e classificação da informação reflete a
tradicional noção ocidental de racionalismo científico e positivismo lógico. – lógica
aparentemente racional de categorização da informação em sistemas.
33. O pós-modernismo analisa a linguagem, metáforas, e os padrões de discurso das palavras,
ou o documento, ou a totalidade do sistema de informação, no contexto do seu tempo e
lugar, para revelar a mentalidade subjacente, as motivações, e estruturas de poder de quem
produziu os documentos usando estes padrões.
34. Os arquivistas deveriam aceitar mais do que negar a sua própria historicidade, a sua
própria participação no processo histórico.
35. Os arquivistas deveriam reintegrar o subjetivo (a mente, o processo, a função) ao objetivo
(a matéria, o produto registrado, o sistema da informação) na sua construção teórica.
36. A primazia deve ser do processo, onde a dependência contextual do todo seja mais
importante que a autonomia das partes, onde a ciência esteja situada no seu contexto
histórico e ideológico.
37. Pós-modernismo e Arquivologia não precisam ser opostos – antigo interesse arquivístico
pela contextualidade, pelo mapeamento do interrelacionamento entre produtor e
documentos, para a determinação do contexto ao ler através e por trás do texto.
38. Os arquivistas podem ter sido os primeiros pós-modernistas.
39. O pós-modernismo deveria preocupar os arquivistas pelas muitas formulações tradicionais
sobre Arquivologia – de que os arquivistas são neutros e imparciais guardiões da verdade
(Jenkinson). Arquivos como documentos arquivisticos são subprodutos de ações
administrativas isentos de interesse, a procedência está enraizada no lugar de origem mais
do que no processo e no discurso de criação; a ordem e a linguagem impostas nos
documentos através do arranjo e descrição do arquivo são recriações sem julgamento de
valor de alguma realidade anterior; nossa orientação fixada, física, focada na estrutura não
precisa mudar quando confrontada com um mundo pós-moderno desestabilizado, virtual,
descentralizado.
40. Se a Arquivologia não se adaptar às realidades pós-modernas, a sua relevância para a
profissão será cada vez mais remota.

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41. Sugestão do autor: olhar as ideias de Arquivo, estratégias e metodologias ao longo dos
últimos séculos e dos séculos vindouros como conceitos que estão evoluindo
constantemente, mudando, se adaptando, continuamente, por causa de mudanças
radicais na natureza dos documentos, estruturas de organização de documentos,
culturas organizacionais e de trabalho, funções sociais e institucionais, preferências de
manutenção de documentos individuais e pessoais, sistemas institucionais de sua
manutenção, seus usos contemporâneos e as tendências culturais, legais, tecnológicas,
sociais e filosóficas mais amplas da sociedade.
42. Os arquivistas devem ser capazes de pesquisar, reconhecer e articular todas essas
mudanças radicais na sociedade para então tratar conceitualmente do seu impacto na
teoria, metodologia e prática arquivística – formação do discurso coletivo como
profissão – foco da Arquivologia no novo século.

Mudanças no pensamento Arquivístico


1. O pós-modernismo não é a única razão para a reformulação dos principais preceitos da
Arquivologia - mudanças significativas no propósito dos arquivos como instituições +
mudanças na natureza dos documentos + ideias pós-modernistas = base da nova
percepção dos Arquivos como documentos, instituições e profissão na sociedade.
2. Duas mudanças ocorridas nos arquivos de Estado:
 Justificativa:
Antes: justificação jurídico-administrativa – domínio dos historiadores como força
motriz da profissão; arquivos criados para servir ao Estado, como parte de sua
estrutura hierárquica e organização cultural (legitimidade inicial da Arquivologia em
teorias e modelos estatais e em estudos das características e propriedades de velhos
documentos estatais).
Depois: justificativa sociocultural – manutenção da responsabilidade do governo e da
continuidade administrativa + proteção dos direitos pessoais + oferta de senso de
identidade, localidade, história, cultura e memória pessoal e coletiva.
 Não é mais aceitável limitar a definição da memória da sociedade
apenas ao resíduo documental deixado ou escolhido por poderosos
produtores de documentos.
 Os arquivistas devem se inteirar dos processos de governança –
conhecer as interações dos cidadãos com o Estado, o impacto do Estado

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na sociedade e as funções ou atividades da própria sociedade tanto
quanto das estruturas internas do governo e seus burocratas –
perspectiva que também complementa o trabalho com Arquivos
Pessoais ou Privados.
 Deve-se preservar evidências registradas de governança e não somente
de governos cumprindo sua função de governar.
 Os arquivistas servem à sociedade e não ao Estado – devem-se
encorajar as pessoas a usar os arquivos.
 Forma como os documentos são tratados para preservar a autenticidade, a
confiabilidade como evidencia de ideias e transações:
Antes: preservação da prova – tentativa de recriação do contexto original, custódia
ininterrupta do resíduo.
Depois: foco na criação e avaliação – organizações muito complexas em constantes
mudanças, muita produção documental volumosa, virtual e transitória.
 Intervenção antes da criação dos documentos
 Necessidade de revisão da noção de valor permanente dos documentos
únicos de arquivo ao longo do tempo – documentos eletrônicos ficam
ilegíveis em pouco tempo.
 Substituição da tradicional preservação de arquivo com foco em reparo,
restauração, armazenamento e uso do meio físico – no meio eletrônico o
meio físico para preservação torna-se quase irrelevante num prazo
menor.
3. Foco nas analises funcionais dos processos de criação dos documentos e da teoria
social contemporânea em vez da organização e descrição dos produtos registrados
encontrado nos arquivos.
4. Ketellar: a Arquivologia funcional substitui a Arquivologia descritiva – interpretação
funcional do contexto de criação do documento para entender a integridade dos fundos
de arquivo e das funções dos documentos de arquivo no seu contexto orgânico
original.
5. Otto Bucci – a Arquivologia descritiva foi positivista, física e moderna. A
Arquivologia funcional será histórica, virtual e pós-moderna.
Novas formulações para a Arquivologia

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1. Mudança do paradigma de pesquisa da análise das propriedades e características de
documentos individuais ou de series documentais para análise das funções, processos
e transações que geram documentos ou series.
2. Foco no processo de criação e não nos produtos refletirá nas formulações teóricas
nucleares sobre arquivos.
3. Oito sugestões do autor:
 Proveniência – vinculada à função e à atividade em vez da estrutura e do lugar. Virtual
em vez de física.
 Ordem original – intervenção conceitual do software em vez da manutenção da
localização física inicial dos documentos num sistema de registro ou classificação.
 Documentos arquivisticos (record) – agentes ativos desempenhando um permanente
papel nas vidas dos indivíduos, das organizações e da sociedade em vez de passivos,
“registros”de evidencias.
 Fundos arquivisticos – realidade virtual de relacionamento que reflete um produtor
múltiplo, dinâmico, e uma autoria múltipla focada na função e na atividade, que
capture precisamente o contexto em vez de um reflexo de alguma ordem física estática
baseada em regras de transferência, arranjo ou acumulação de grupamentos de
documentos.
 Arranjo e descrição – desenvolvem entendimentos contextuais enriquecidos com os
inter-relacionamentos e usos do meio social de sua criação e incorporam um sistema
de documentação arquivística relacional e metadados funcionais do produtor às
ferramentas de descrição em vez de concentrar em entidades e grupos de documentos
físicos que não significam nada para a mídia eletrônica.
 Avaliação – análise de macro avaliação das funções, programas e atividades sociais do
produtor e da interação cidadã com elas + seleção mais sucinta para a preservação e
acesso continuo que reflita essas funções + busca de fontes do setor privado ou orais e
visuais para complementar registros institucionais oficiais em vez de basear-se no
valor potencial de pesquisa – procurar provas de governança mais do que de governo.
 Preservação – concentração na migração ou emulação continua dos conceitos e inter-
relações que definem os documentos virtuais e fundos virtuais para novos softwares
em vez de focar na reparação, conservação e salvaguarda do meio físico.

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 Arquivos (archives) – lugares virtuais, que facilitam o acesso ao público em vez de
lugares de armazenamento de documentos velhos, onde pesquisadores visitam para
consultar.
4. Do foco teórico e pratico da Arquivologia do documento de arquivo para o foco no ato
criativo da intenção de autoria ou processo ou funcionalidade por trás do registro.
5. Âmago do trabalho intelectual deve estar centrado:
 No esclarecimento do contexto funcional e estrutural e sua evolução ao longo do
tempo.
 Na construção de sistemas de conhecimento capazes de capturar, recuperar, exibir e
compartilhar a informação de origem conceitual como base para tomada de decisões
em arquivos.
 Projeto do sistema de avaliação antes da programação pública e de atividades de
disseminação.
6. Arquivista como mediador ativo na formação da memória coletiva através dos
arquivos – injeção de valores próprios em pesquisas e atividades – necessidade de
verificação consciente de suas escolhas nos processos de criação de arquivos e
formação de memória.
7. Necessário deixar provas claras explicando as escolhas – melhor equilíbrio da inclusão
das funções, atividades, organizações e pessoas da sociedade na memória coletiva do
mundo.
8. Processo em vez de produto - se tornar em vez de ser; dinâmico em vez de estático;
contexto em vez de texto; tempo em lugar em vez de absolutos e universais – palavras
de ordem para analisar e entender ciência, sociedade, organizações e atividades
empresariais, entre outros. Devem ser as palavras de ordem para a Arquivologia do
novo século e o fundamento de um novo paradigma conceitual da profissão.

REFERÊNCIA
COOK, T.. Arquivologia e Pós-modernismo: novas formulações para velhos conceitos.
Informação Arquivística, Rio de Janeiro, V.1, n.1, 2012. Disponível em:
<http://www.aaerj.org.br/ojs/index.php/informacaoarquivistica/article/view/9>. Acesso em:
16 Out. 2018.

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